miq12013

Upload: warley-egidio-costa

Post on 09-Mar-2016

79 views

Category:

Documents


7 download

DESCRIPTION

Pelletizing-of-Iron-Ores

TRANSCRIPT

  • U N I V E R S I D A D E D E S O P A U L O

    Escola de Engenhar ia de Lorena EEL

    Marina Brando Leoni

    O processo Tecnored frente ao alto-forno e s

    novas tecnologias de produo de ferro primrio

    Lorena SP

    2012

  • Marina Brando Leoni

    O processo Tecnored frente ao alto-forno e s

    novas tecnologias de produo de ferro primrio

    Trabalho de Concluso de Curso I apresentado

    Escola de Engenharia de Lorena da

    Universidade de So Paulo como requisito para

    realizao do Trabalho de Concluso de Curso II

    e concluso do curso de graduao em

    Engenharia Industrial Qumica, rea de

    concentrao: produtividade e materiais.

    Orientador: Prof. Dr. Fernando Vernilli Jnior

    Lorena SP

    2012

  • DEDICATRIA

    Aos nossos pais e irmos,

    Aos nossos amigos,

    Aos nossos professores

    ...os quais serviram de alicerce para que pudssemos concretizar mais uma etapa

    de nossas realizaes profissionais.

  • AGRADECIMENTOS

    Deus que sempre me deu foras e iluminou minha vida.

    Aos meus pais, que sempre foram a base de todos os passos que tomei em

    minha vida, pelo carinho, dedicao e amor. Sem eles com certeza no

    conseguiria chegar at aqui.

    Ao meu namorado, Thomaz Pelegatti Viel Zanivan, que compartilhou comigo

    tantos momentos de alegria durante minha vida universitria. Agradeo pelo

    amor, companheirismo e pacincia.

    s minhas amigas de repblica pelos momentos de alegrias durante toda a minha

    graduao, fazendo com que esse tempo fosse um dos melhores da minha vida.

    Amanda Borges Rodrigues e Helena Ruiz Ramos de Oliveira pelas longas

    horas de conversa nos momentos difceis e pela valiosa e sincera amizade.

    Ao Fernando Vernilli pela dedicada orientao, disponibilidade e profissionalismo.

    Tecnored pelo apoio e oportunidade.

    Ao Vinicius Mendes e Rochelle Gontijo pelo imensurvel apoio e contribuio para

    o meu crescimento profissional.

    Ao Marcos Contrucci pelo apoio, carinho e incentivo a trilhar o caminho para o

    sucesso.

    Maira Elizabeth Vicente Gouva pela ajuda no desenvolvimento desse trabalho.

    A todos que, de alguma forma, colaboraram para a realizao deste trabalho, o

    meu sincero agradecimento.

  • O sucesso nasce do querer,

    da determinao e persistncia em se chegar a um objetivo.

    Mesmo no atingindo o alvo, quem busca e vence obstculos,

    no mnimo far coisas admirveis.

    Jos de Alencar.

  • RESUMO

    Leoni, M. B. O processo Tecnored frente ao alto-forno e s novas

    tecnologias de produo de ferro primrio. 2012. Monografia (Trabalho de

    Graduao em Engenharia Industrial qumica) Escola de Engenharia de

    Lorena, Universidade de So Paulo, Lorena, 2012.

    A indstria siderrgica tem se mostrado cada vez mais exigente em relao a

    qualidade do minrio de ferro, pois a demanda de ao tem aumentado cada vez

    mais em diversos pases. Porm o problema que essas indstrias tm enfrentado

    a diminuio na qualidade dos minrios, os quais apresentam teores cada vez

    mais baixos de pureza alm da constante degradao de suas reservas. Diante

    dessa situao a soluo encontrada o uso de finos de minrio, que necessitam

    de tratamento prvio para adequao nos processos de reduo convencionais

    (Alto-forno), o que gera diversos impactos ambientais. Esse caminho abriu espao

    para o surgimento de novas rotas de reduo para a produo do ferro-gusa,

    como o processo Tecnored. Basta agora saber se ele um processo vivel.

    Palavras chaves: Minrio de ferro, Alto-forno, Novas tecnologias de reduo,

    Tecnored.

  • ABSTRACT

    Leoni, M. B. The process Tecnored against the blast furnace and the new

    technologies of primary iron production. 2012. Monografia (Trabalho de

    Graduao em Engenharia Industrial qumica) Escola de Engenharia de

    Lorena, Universidade de So Paulo, Lorena, 2012.

    The steel industry has proven increasingly demanding about the quality of iron ore

    as steel demand has grown increasingly in several countries. But the problem that

    these industries have faced is the decrease in the quality of ores, which have

    increasingly lower levels of purity beyond the steady degradation of its reserves.

    Faced with this situation the solution is the use of ore fines, which require

    treatment prior to adaptation processes in conventional reduction (Blast Furnace),

    which generates many environmental impacts. This paved the way for the

    emergence of new routes to reduce the production of pig iron, as the process

    Tecnored. Just now whether it is a viable process.

    Keywords: iron ore, blast furnace, new abatement technologies, Tecnored.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Classificao do minrio de ferro por produto...................................... 20

    Figura 2 - Demanda de minrio de ferro e sua tendncia..................................... 21

    Figura 3 - Produo de ao por regio em 2010............................................ 23

    Figura 4 - Produo Mundial de ao com projees de 2007-2021..................... 23

    Figura 5 - Produo de ao no Brasil com projees at 2021............................ 24

    Figura 6 - Crescimento da produo de ao na China......................................... 25

    Figura 7 - Briquetes e pelotas auto-redutoras....................................................... 28

    Figura 8- Fabricao e cura das pelotas auto-redutora........................................ 29

    Figura 9 - A minerao de ferro e a siderurgia..................................................... 30

    Figura 10 - Estgio de evoluo das tecnologias alternativas a fuso redutora em

    alto-fornos............................................................................................................. 32

    Figura 11- As zonas de um Alto-forno................................................................ 34

    Figura 12 - Zonas de reao do Alto-forno........................................................... 36

    Figura 13 - Fora impulsora de um alto-forno....................................................... 39

    Figura 14 - Perfil de temperatura num alto-forno.................................................. 40

    Figura 15 - Fluxograma do processo FINEX......................................................... 47

    Figura 16 - Fluxograma do processo HISMELT.................................................... 49

    Figura 17 - Viso geral do fluxo............................................................................ 50

    Figura 18 - Fluxograma do processo ITMK3..................... 52

    Figura 19 - ITmk3 nuggets..... 53

  • Figura 20 - O forno Tecnored................................................................................ 58

    Figura 21 - Ciclo de gerao e sequestro de CO2............................................................... 64

    Figura 22 - Alimentao lateral de combustvel no forno...................................... 65

    Figura 23 - Conceito de modularidade.................................................................. 66

    Figura 24 - Fatia modular do forno Tecnored ...................................................... 66

    Figura 25 - Cintica do processo Tecnored em comparao com o alto-

    forno...................................................................................................................... 67

    Figura 26 - CAPEX dos processos de reduo.................................................... 68

    Figura 27 - OPEX dos processos de reduo por parmetros..............................69

    Figura 28 - Comparativo do OPEX de cada processo.......................................... 71

    Figura 29 - Taxa de emisso de gs carbnico por tonelada de ferro produzido,

    por processo..........................................................................................................72

    Figura 30 - Taxa de emisso de SOx por tonelada de ferro produzido, por

    processo................................................................................................................ 72

    Figura 31 - Taxa de emisso de NOx por tonelada de ferro produzido, por

    processo................................................................................................................ 73

    Figura 32 - Taxa de emisso de poeira por tonelada de ferro produzido, por

    process.................................................................................................................. 73

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Teor de ferro contido nas reservas brasileiras.................................19

    Tabela 2 - Exportao do minrio de ferro brasileiro.........................................19

    Tabela 3 - Comparativos entre as tecnologias de reduo....................................45

    Tabela 4- Combustveis alternativos com potencial uso no forno

    Tecnored................................................................................................... 63

    Tabela 5 - Comparativo do OPEX de cada processo........................................... 70

    Tabela 6 Regras de classificao dos itens avaliados na comparao entre os

    processos.............................................................................................................. 74

    Tabela 7 Pontuao geral.................................................................................. 76

    Tabela 8 Pontuao adicional............................................................................ 76

  • SUMRIO

    1. OBJETIVOS 14

    1.1. Objetivo Geral 14

    1.2. Objetivos especficos 14

    2. JUSTIFICATIVA 15

    3. METODOLOGIA 16

    4. REVISO DA LITERATURA 18

    4.1. Premissas 18

    4.2. Minrio de Ferro 18

    4.2.1. Aspectos Gerais 18

    4.3. Ao 22

    4.4. Beneficiamento do minrio de ferro 25

    4.5. Pelotizao 26

    4.6. Sinterizao 26

    4.7. Coqueria 27

    4.8. Aglomerados auto-redutores 27

    4.8.1. Pelotas auto-redutoras 28

    4.8.2. Briquetes auto-redutores 29

    4.9. Reduo 29

    4.10. Rotas siderrgicas 33

    4.11. Alto-Forno 33

    4.11.1. Reaes no alto-forno 40

    4.11.2. A viabilidade do Alto-forno 41

    4.12. Tecnologias Alternativas de Reduo 44

    4.13. FINEX 47

    4.14. HISMELT 49

    4.15. ITMK3 52

    4.16. Tecnored 54

    4.16.1. A histria do processo Tecnored 55

    4.16.2. O forno Tecnored 57

  • 4.16.2.1. Cuba Inferior 58

    4.16.2.2. Zona de Fuso 59

    4.16.2.3. Zona Superior 59

    4.16.3. Verses do Forno Tecnored 60

    4.16.4. Caractersticas do processo Tecnored 61

    4.16.5. Flexibilidade de Matria-prima 62

    4.16.5.1. Carga metlica 62

    4.16.5.2. Combustvel 62

    4.16.6. O conceito de Modularidade 65

    5. DISCUSSO DOS RESULTADOS 68

    6. CONCLUSO 77

    7. REFERNCIAS 79

  • 14

    1. OBJETIVOS

    1.1. Objetivo Geral

    Estudar o processo Tecnored comparando-o com os processos convencionais

    e com as novas tecnologias de produo de ferro-gusa.

    1.2. Objetivos especficos

    Analisar de forma geral as tendncias do mercado de minrio de ferro;

    Discutir a viabilidade econmica do processo Tecnored;

    Avaliar os impactos ambientais dos processos;

    Verificar a adequao do processo Tecnored no cenrio metalrgico atual;

    Estudar as matrias-primas e combustveis usados nos processos.

  • 15

    2. JUSTIFICATIVA

    A minerao vem experimentando uma expanso substancial nos ltimos anos

    devido ao aumento da produo e consumo do ao. Um exemplo so os pases

    asiticos, que devido ao crescimento de suas economias, o consumo de produtos

    siderrgicos tem aumentado cada vez mais. Em destaque temos a China, que

    impulsionada por investimentos na infra-estrutura e pelo aumento crescente do

    consumo de bens durveis vem exigindo uma demanda maior de ferro e ao.

    Com isso, a necessidade crescente por produtos de ao na China e em todo o

    mundo, seja sob a forma de matria-prima para indstrias exportadoras, para

    atendimento do mercado interno ou para um crescimento econmico, o que gera

    uma demanda ainda maior para as siderrgicas.

    Porm em contrapartida a esse crescimento encontram-se teores de ferro cada

    vez mais baixos, necessitando da concentrao desses minrios. A degradao

    das reservas e a diminuio da produo de ferro granulado vem exigindo um

    aumento da utilizao de finos de minrios para produo de ferro-gusa.

    Essa necessidade de uso de finos de minrio incompatvel com o processo

    convencional mais utilizado para produo de gusa, o alto-forno, pois a matria-

    prima utilizada na alimentao desse forno necessita de uma granulometria maior,

    sendo necessrio ento aglomerar finos de minrio, por sinterizao ou

    pelotizao.

    Esses processos juntamente com a reduo em alto-fornos, apesar de sua alta

    produtividade, geram um forte impacto ambiental, pois so processos poluentes.

    Alm do que, esses processos so caros, acarretam em impactos nos custos de

    produo e exigem uma planta de produo com dimenses cada vez maiores.

    A cada dia crescem as exigncias por melhoramentos nos custos operacionais,

    na qualidade dos produtos e principalmente em medidas que reduzam os

    impactos ambientais causados pelos processos siderrgicos. Devido a esses

    fatores novas tecnologias de reduo vem surgindo em diversas partes do

    mundo, como rotas alternativas de produo de ferro-gusa, a fim de reduzir

    minrios de forma limpa e com menor custo.

  • 16

    3. METODOLOGIA

    Para a realizao desse trabalho sero utilizadas tcnicas de investigao

    bibliogrfica.

    A motivao para esse trabalho foi o estgio realizado de maro novembro na

    empresa Tecnored Desenvolvimento Tecnolgio S.A. Como uma empresa de

    desenvolvimento tecnolgico o sigilo industrial muito importante. Portanto, neste

    tarbalho s sero apresentados dados de fontes pblicas como fontes eletrnicas

    em stios da internet relacionadas ao tema, livros, artigos, seminrios, e tambm

    outras dissertaes e teses.

    Aps a realizao da pesquisa bibliogrfica e o levantamento de todo o referencial

    terico relevante para esse trabalho, as informaes sero analisadas, discutidas

    e por fim, trazidas para este trabalho para comporem o conjunto de informaes

    que serviro de subsdios para a confeco da concluso deste.

    Este trabalho teve como objetivo fazer um estudo comparativo do processo

    Tecnored com as demais tecnologias de reduo e com o alto-forno. Porm

    muitas dessas tecnologias so emergentes e possuem valores e resultados pouco

    concretos e sedimentados. Ento s ser apresentado um estudo das

    concorrentes mais diretas do Tecnored como o processo FINEX, HIsmelt, ITmk3 e

    o clssico Alto-forno.

    Primeiramente para compor esse trabalho ser apresentado um breve estudo do

    mercado do minrio de ferro e do ao, analisando importaes, exportaes e

    consumo, tanto brasileiro quanto mundial.

    Em seguida ser explicado brevemente o processo de beneficiamento do minrio

    e os processos de aglomerao (pelotizao e sinterizao) fim de proporcionar

    um certo embasamento ao leitor.

    Finalmente ser contextualizado as exigncias da siderurgia moderna com as

    tecnologias de reduo, ento, sero mostradas as tecnologias de reduo

    existentes e as possveis concorrentes diretas do processo Tecnored.

    Para cada tecnologia ser apresentado uma breve explicao tcnica do

    processo e suas caractersticas segundo a viso de vrios autores estudados.

  • 17

    Aps essa anlise das tecnologias (inclusive a do Alto-forno) ser feita uma

    anlise mais aprofundada do processo Tecnored, mostrando suas vantagens e

    desvantagens.

    Ento, depois de todo esse embasamento terico ser possvel comparar os

    processos atravs de dados estatsticos de vrias fontes e chegar a uma

    concluso sobre a adequao do processo Tecnored no cenrio metalrgico e

    siderrgico atual.

  • 18

    4. REVISO DA LITERATURA

    4.1. Premissas

    Para facilitar o entendimento de certos parmetros apresentados no decorrer

    desta monografia, algumas informaes so importantes conhecer:

    CAPEX: a sigla da expresso inglesa capital expenditure ( em portugus,

    despesas de capital ou investimento em bens de capital) e que designa o

    montante de dinheiro dispendido na aquisio (ou introduo de melhorias) de

    bens de capital de uma determinada empresa. O CAPEX , portanto, o montante

    de investimentos realizados em equipamentos e instalaes de forma a manter a

    produo de um produto ou servio ou manter em funcionamento um negcio ou

    um determinado sistema.

    OPEX: a sigla inglesa operational expenditure - refere-se ao custo associado

    manuteno dos equipamentos e aos gastos de consumveis e outras despesas

    operacionais, necessrios produo e manuteno em funcionamento do

    negcio ou sistema.

    Por exemplo, a aquisio de uma mquina CAPEX, enquanto o custo com a sua

    manuteno (OPEX).

    4.2. Minrio de Ferro

    4.2.1. Aspectos Gerais

    O ferro um dos elementos mais abundantes na crosta terrestre e de maior

    aplicao na vida do homem, desde a antiguidade.

  • 19

    O ferro ocorre na forma de xidos, hidrxidos, carbonatos e sulfetos. Os minerais

    mais importantes economicamente so hematita (Fe2O3), magnetita (Fe3O4),

    alumina (Al2O3), limonita (FeO.OH.nH2O), goethita (FeO.OH) e siderita (FeCO3)

    (DERR et all, 1981; FLEISCHER 1983; ABREU, 1973; BALL, 1973; ALECRIM,

    1982; LIMA, 1995; MAZON, 2006).

    Os principais produtos gerados com a explorao do minrio de ferro so os

    granulados e os finos, divididos em sinter feed e pellet feed, sendo esses dois

    ltimos mais direcionados para alto-forno ou reduo direta.

    De acordo com o sumrio mineral de 2011, feito pelo departamento nacional de

    produo mineral (DNPM) a reserva mundial de minrio de ferro de cerca de

    180 bilhes de toneladas e os pases que apresentam as maiores reservas so:

    Rssia, Ucrnia, China, Austrlia e Brasil. O Brasil se destaca por ter minrio de

    ferro com uma alta taxa de pureza, mais ou menos 60% nas hematitas.

    No Brasil as reservas esto localizadas em Minas Gerais (63%), Par (18%) e

    Mato Grosso do Sul (17%) como mostrado na Tabela 1.

    Tabela 1 - Teor de ferro contido nas reservas brasileiras

    Estado Teor de ferro

    Mato Grosso do Sul 55,6% Minas Gerais 43,6%

    Par 67,6%

    Fonte: Sumrio Mineral 2011.

    O sumrio mineral de 2011 indicou que a produo mundial de minrio de ferro

    em 2010 foi de 2,4 bilhes de toneladas, com 15% representado pelo Brasil, e

    este valor indica um aumento de 24,5% de aumento comparado com 2009.

    O Brasil exporta minrio de ferro e finos de minrio totalizando 310,9 mt e os

    pases consumidores so: China, Japo, Alemanha, Coria do Sul e Frana,

    como mostra a Tabela 2.

  • 20

    Tabela 2 - Exportao do minrio de ferro brasileiro

    Destino da exportao brasileira Porcentagem de exportao

    China 46%

    Japo 11% Alemanha 7%

    Coria do Sul 4% Frana 3%

    Fonte: Sumrio Mineral 2011.

    A importao chinesa foi de extrema importncia para o crescimento do comrcio

    de minrio de ferro.

    O minrio de ferro se divide em 3 grupos segundo sua granulometria: granulado,

    sinter feed e pellet feed, como mostrado na figura 1.

    Figura 1 - Classificao do minrio de ferro por produto ( Apresentao Samarco 2008 apud SOUZA, 2010).

    A indstria siderrgica a maior e mais importante consumidora de minrio de

    ferro, absorvendo em torno de 95% das vendas de minrio de ferro para a

    produo de ligas. O principal processo de produo de ao o alto-forno, sendo

    que o processo de reduo direta responde apenas a 5% da produo mundial de

    minrio de ferro. (SlDERURGIA NO BRASIL, 2010).

    Porm o processo de reduo direta vem crescendo devido aos seguintes fatores:

  • 21

    Busca de meios de produo mais limpo devido s presses ambientais;

    Necessidade do aproveitamento de finos de minrio vindos da minerao;

    Necessidade de mdulos de produo mais compactos, de menores custos

    de investimento, ao contrrio das grandes siderrgicas integradas.

    Segundo Mouro (2007), devido grande demanda e consequente produo de

    ao, principalmente na China, h um aumento expressivo na minerao de ferro.

    O aumento do PIB (Produto Interno Bruto) chins estimula o mercado do ao, j

    que o governo investe muito em infraestrutura, desenvolvimento da indstria de

    bens de capital, consumo de bens durveis, entre outros.

    Como o pas no produz todo o minrio que necessita, sua alta demanda

    fomentou o mercado mundial de minrio de ferro. (SIDERURGIA NO BRASIL

    2010).

    A China produz muito minrio, porm seu teor de ferro muito baixo, o que faz

    com que seja necessria a importao. Em 2010, a China importou cerca de 60%

    de todo o minrio exportado mundialmente e produziu cerca de 60% de todo o

    ferro-gusa produzido no mundo (Mineral Commodity Summaries, 2012).

    A Figura 2 apresenta a demanda de minrio de ferro e sua tendncia at 2035,

    evidenciando a necessidade de mtodos de produo de ferro primrio mais

    eficientes que possam suprir essa necessidade futura.

    Figura 2 - Demanda de minrio de ferro e sua tendncia (CRU ANALYSIS, 2011b).

  • 22

    4.3. Ao

    A demanda por ao aumentou consideravelmente nos ltimos anos devido sua

    inegvel importncia na vida humana. Mas o seu desenvolvimento tambm teve

    alguns momentos de baixa da histria.

    A partir dos anos 1970 at o incio de 2000, a indstria siderrgica teve baixas

    taxas de crescimento, resultado da substituio do ao por outros metais, como o

    alumnio (construo). No sculo 21, o mercado de ao se recuperou , pois

    aumentou a demanda por ao, o que fez com que o preo aumentasse e a

    rentabilidade das empresas tambm (FONSECA et al., 2007).

    De acordo com Fonseca et al. al (2007), os movimentos responsveis pelas

    tendncias atuais do mercado de ao so:

    O crescimento acelerado do mercado chins desde 2003;

    Processo de consolidao do setor, com a formao de grandes grupos

    internacionais e a privatizao do sector;

    A distribuio internacional da produo, objetivando a racionalizao da

    logstica da produo.

    Por muitos anos as estatais dominaram o cenrio mundial de ao. Porm com

    privatizao e a liberalizao do comrcio em diversas economias, a concorrncia

    no setor aumentou. Com o aumento da demanda por ao, do preo do ao e das

    matrias-primas devido participao da China no mercado, as empresas foram

    obrigadas a agilizar o processo e criar novas estratgias de marketing (Fonseca

    et al., 2007).

    A Figura 3 mostra o destaque da sia com aproximadamente 900 milhes de

    toneladas de ao produzido, o que representa 65% da produo mundial total. A

    China representa em torno de 68% do total produzido na sia.

  • 23

    Figura 3 - Produo de ao por regio em 2010 (CRU ANALISYS, 2011a)

    A Figura 4 mostra projees da produo mundial at 2021, e de 2007 at 2021 a

    produo mundial de ao ter um crescimento mdio anual de 3,2%.

    Figura 4 - Produo Mundial de ao com projees de 2007-2021 (CRU ANALISYS, 2011a).

  • 24

    A produo brasileira de ao, em 2011, foi de 35,16 milhes de toneladas de ao

    como mostrado na Figura 5. O crescimento verificado nos ltimos dois anos deve-

    se, principalmente, entrada em operao da CSA.

    Minas Gerais lidera a produo de ao com 33,2% e 94% da produo brasileira

    de ao est concentrada no Sudeste.

    Figura 5 - Produo de ao no Brasil com projees at 2021 (CRU ANALISYS, 2011a).

    Antes de 2003, a China era grande importadora de ao. Em 2003, a China

    aumenta sua capacidade de produo e passa a repor suas importaes, como

    evidenciado na Figura 6. Em 2005, o pas j era o maior produtor, contribuindo

    com quase 1/3 da produo total mundial.

  • 25

    Figura 6 - Crescimento da produo de ao na China (Steel Statistical Yearbooks 2011).

    4.4. Beneficiamento do minrio de ferro

    O processamento mineral pode ser conceituado como o conjunto de operaes

    bsicas que so realizadas no minrio bruto com o objetivo de obter sua

    adequao, ou seja, produtos comercializveis. As principais operaes unitrias

    do beneficiamento analogicamente aos conceitos colocados por Chaves (2002) e

    Luz et al (2004) so:

    1. Lavra do minrio operaes de extrao do minrio

    2. Cominuio etapa de reduo do tamanho do minrio com a finalidade de

    adequar seu tamanho para as operaes seguintes. composta pela

    britagem e moagem.

    3. Concentrao Etapa responsvel por tornar o minrio mais puro. Que

    visa separar as partculas, no s por diferentes espcies minerais, mas

    tambm por diferentes nveis de pureza. Os principais so a concentrao

    gravtica, concentrao magntica e a flotao.

    4. Aglomerao Etapa de transformao de finos de minrios em

    aglomerados mais resistentes para posterior reduo. Tem como finalidade

    Crescimento acelerado

  • 26

    a agregao de valor ao minrio de ferro. Os dois principais processos so

    a pelotizao e a sinterizao.

    5. Operaes auxiliares de armazenamento e transporte entre uma operao

    e outra.

    4.5. Pelotizao

    a etapa de aglomerao dos finos de minrio para posterior utilizao em

    fornos para produo do gusa. Os finos de minrios mais os aditivos necessrios

    so colocados em discos de pelotizao para a formao de pelotas cruas, com

    influncia da ao do Roller Press. Ento essas pelotas com a granulometria

    apropriada e resistncia mecnica suficiente so transportadas at os fornos de

    endurecimento. Os aditivos so os aglomerados e ligantes, o carvo mineral e

    calcrio, sendo a bentonita o principal aglomerante utilizado.

    A principal finalidade do carvo a introduo de energia trmica no processo

    de sinterizao da pelota, diminuindo o consumo de leo combustvel do forno. O

    carvo tambm gera uma distribuio tima de calor na pelota durante a queima,

    aumentando a produtividade do processo. J o calcrio importante para que a

    pelota sinterizada adquira resistncia mecnica e caractersticas metalrgicas

    para os processos seguintes.O produto final, denominado pelota, utilizado tanto

    em altos-fornos como em reatores de reduo direta, dependendo da composio

    qumica, das propriedades fsicas e caractersticas metalrgicas.

    4.6. Sinterizao

    Consiste em aglomerar finos de minrio de ferro, finos de coque, fundentes e

    aditivos. A carga aquecida por intermdio de queimadores e com o auxlio de

    fluxo de ar. A temperatura que se desenvolve durante o processo atinge 1.300 a

    1500oC, suficiente para promover a ligao das partculas finas do minrio,

    resultando num produto uniforme e poroso chamado snter, que um material

    slido, poroso, sendo que a granulometria necessria para os alto-fornos pode

    ser conseguida por britagem.

  • 27

    4.7. Coqueria

    Coqueria a unidade industrial que transforma mistura de carves minerais em

    coque. O coque metalrgico empregado nos altos fornos, onde pode atuar

    como combustvel, redutor, fornecedor de carbono ao gusa e permeabilizador da

    carga. No custo de produo do ferro gusa, a fatia do coque supera 40%, da a

    importncia que lhe conferida na siderurgia (BRAGA 2009).

    A produo brasileira de carvo e equivalente a 0,1% do total mundial. No pais,

    o maior consumo de carvo justamente na produo de coque de alto-forno

    (SlDERURGIA NO BRASIL, 2010).

    4.8. Aglomerados auto-redutores

    Segundo Noldin (2002), a auto-reduo caracteriza-se pelas rpidas reaes

    qumicas que ocorrem atravs do contato dos reagentes, em um ambiente livre de

    gases inertes, logo com alta presso parcial dos gases redutores. Os

    aglomerados auto-redutores so assim chamados por apresentarem em sua

    composio o agente redutor, no dependendo da ao de um agente redutor

    externo, como nos processos clssicos.

    Os aglomerados auto-redutores so curados a frio, usualmente produzidos a

    partir de uma mistura de finos de minrio de ferro ou resduos e um agente

    carbonoso que pode ser in natura ou derivados/subprodutos de outros

    processos. A Figura 7 apresenta a documentao fotogrfica de dois tipos de

    aglomerados, pelota e briquete. O ambiente interno dos aglomerados propicia

    elevadas taxas de reduo (extrao do oxignio do minrio) (NOLDIN, 2007).

  • 28

    Figura 7 - Briquetes e pelotas auto-redutoras (NOLDIN, 2007).

    4.8.1. Pelotas auto-redutoras

    As pelotas auto-redutoras so esfricas e produzidas da mesma forma que as

    convencionais utilizadas em processos metalgicos, ou seja, em discos de

    pelotizao ou tambores de pelotamento. O que difere uma da outra a fase de

    sinterizao, ou seja, a pelota auto-redutora no necessita dessa etapa de

    processo j a pelota convencional sim. Ela dispensa esse tipo de etapa pois no

    precisa de um nvel elevado de resistncia mecnica. A Figura 8 mostra

    esquematicamente o processo de fabricao de pelotas auto-redutoras.

  • 29

    Figura 8- Fabricao e cura das pelotas auto-redutoras (CONTRUCCI et al, 1992).

    4.8.2. Briquetes auto-redutores

    Os briquetes, cujo o processo de endurecimento foi realizado temperatura

    ambiente, apresentam baixa resistncia mecnica quando submetidos

    temperatura elevada. O seu uso fica restrito aos processos onde se utiliza baixa

    presso. No processo de briquetagem, a mistura passa entre rolos estampados

    que possuem forma de meio briquete. Esta mistura ao passar pelos rolos

    prensada dando forma ao briquete.

    A principal diferena entre o briquete e a pelota a faixa granulomtrica, o

    briquete apresenta uma faixa muito mais abrangente do que a pelota, pois esta

    exige uma faixa estreita de tamanho (NOLDIN, 2007).

    4.9. Reduo

    o processo de obteno do ferro primrio e consiste na reduo dos seus

    xidos por meio de um combustvel de carbono redutor, em geral coque, carvo

    vegetal e carvo mineral. Para que as reaes de reduo ocorram em

    velocidades rpidas, necessrio temperaturas acima de 1000C, obtendo assim,

    o ferro por reduo direta ou indireta (MACHADO, 2006)..

  • 30

    De acordo com Machado (2006) reduo direta consiste na reduo do minrio a

    ferro metlico sem que ocorra a fuso da carga, diferentemente da reduo

    indireta que a utilizada no convencional Alto-forno.

    Essencialmente para a obteno do ferro primrio existe duas rotas de obteno.

    Uma via Alto-forno onde o produto final o ferro-gusa e outra via reduo direta

    onde o produto final pe p ferro-esponja (KEMPKA, 2008).

    A Figura 9 mostra o esquema de obteno do ao desde s minas at o ao

    lquido.

    Figura 9 - A minerao de ferro e a siderurgia (SIDERURGIA NO BRASIL, 2010).

    Tambm existe uma terceira rota denominada Reduo/Fuso, que vem sendo

    desenvolvida ao longo dos anos. So tecnologias mais modernas, flexveis

    utilizao de matrias-primas, ambientalmente sustentveis e esto ganhando

    espao no mercado devido a reduo do custo de instalao (CAPEX) e de

    produo (OPEX) (SIDERURGIA NO BRASIL, 2010).

  • 31

    Os processos tradicionais apresentam algumas desvantagens. O clssico Alto-

    forno, por exemplo, por mais consolidada que essa tecnologia esteja, ele depende

    de fontes de carvo coqueificvel, processos de sinterizao/pelotizao

    (preparao da carga), deve ter uma elevada escala de produo e seu custo de

    implantao elevado. J os processos de reduo direta operados gs natural

    apresentam desvantagem pelo fato de dependerem da disponibilidade de gs

    natural, o que dificulta a instalao de uma planta e eleva seu CAPEX

    (NOGUEIRA, 2010).

    Esses fatos somados com as exigncias da siderurgia moderna e do estudo

    apresentado acima do mercado de minrio de ferro e ao, fica evidente a

    necessidade de desenvolvimento de tecnologias alternativas.

    De acordo com Noldin et al (2003a) tanto as tecnologias tradicionais quanto as

    novas tecnologias devem oferecer uma soluo lista de exigncias da siderurgia

    moderna, tais como:

    Baixo custo de investimento (CAPEX);

    Baixo custo operacional (OPEX);

    Flexibilidade de escala, uso de matrias-primas e de produto;

    Uso de combustveis slidos alternativos;

    Uso de finos de minrio;

    Compatibilidade ambiental (com aproveitamento de resduos, menores

    emisses, etc);

    Alta eficincia energtica;

    Eliminao de etapas de processo caras e que no so ambientalmente

    viveis (sinterizao e coquerias).

    A Figura 10 mostra o estgio de evoluo das tecnologias alternativas a fuso

    redutora em alto-fornos.

  • 32

    Figura 10 - Estgio de evoluo das tecnologias alternativas a fuso redutora em alto-

    fornos (NOLDIN et al, 2009).

    Para uma melhor compreenso da metodologia adotada, notamos na Figura 10

    que a nica tecnologia de reduo em estgio de maturidade o Alto-forno. Ento

    iremos partir do prximo captulo apresentar um estudo sobre o alto-forno e o

    Tecnored e suas possveis tecnologias concorrentes.

    O alto-forno a nica tecnologia em estgio de maturao que apresenta

    conceitos de processo e eficincia de produo j comprovados mais de 100

    anos que servem de modelo para uma comparao mais concreta e real da

    verdadeira viabilidade do Tecnored.

    A Figura 10 mostra a localizao do processo Tecnored, que se encontra no incio

    do estgio de consolidao comercial. Comparado com seus concorrentes mais

    expressivos como Hismelt e Finex, que j esto neste estgio h mais de 3 anos,

    fica claro a necessidade de um desenvolvimento mais acelerado do Tecnored

    para comprovao de sua viabilidade comercial. Tornando-o assim, um forte

    concorrente tanto para essas tecnologias em evoluo quanto para o Alto-forno

    (SIDERURGIA NO BRASIL, 2010)

    Um fator que merece destaque o declnio que o Alto-forno apresentou em 2000,

    se mostrando para os estudiosos em estgio de declneo tecnolgico eminente.

  • 33

    Porm desde 2002 o Alto-forno vem sofrendo inmeras mudanas positivas em

    seu processo, devido a estudos inovadores que foram desenvolvidos, o que

    acabou recolocando-o em posio de destaque novamente e ficou denominado

    como Alto-Forno Moderno (SIDERURGIA NO BRASIL, 2010 e ESTUDO

    PROSPECTIVO DO SETOR SIDERRGICO, 2009).

    4.10. Rotas siderrgicas

    As usinas siderrgicas so classificadas de acordo com seu processo produtivo:

    Integrada: Ocorrem os processos de reduo em que o minrio de ferro e o

    carvo aps serem processados, so carregados no alto-forno para

    produo do gusa. Depois ocorre o refino na aciaria, onde o gusa lquido

    se transforma em ao e por ltimo a laminao.

    Semi-integrada: utilizado o ferro j reduzido, proveniente do po de gusa

    (gusa slido), DRI/HBI (ferro esponja) e sucata. Ocorrem as fases de refino

    e laminao.

    4.11. Alto-Forno

    O alto-forno um reator que funciona em contra corrente com troca de calor e

    oxignio entre a carga slida descendente e os gases ascendentes (CASTRO,

    2006).

    Tem o formato similar a uma chamin, e tem estrutura interna de um material

    cermico e refratrio (resistente a altas temperaturas) para que o forno possa

    atingir a temperatura necessria para que ocorram as reaes.

    Segundo Castro (2006) o objetivo do processo reduzir os xidos de ferro para a

    produo de ferro metlico (gusa) em condies de baixo custo e alta

    produtividade.

  • 34

    Um alto-forno em operao contm, do topo para a sua base,conforme mostrado

    na Figura 11 :

    Camadas de minrio e coque.

    Uma rea onde o minrio comea a se amolecer e fundir (zona de

    amolecimentofuso).

    Uma rea onde existe apenas coque e ferro/escria lquidos a qual

    chamada de zona de coque ativo ou zona de gotejamento.

    O homem morto: o coque no cadinho do forno.

    O alto-forno possui uma forma cnica tpica. As sees do topo para a base so:

    Goela, onde se encontra a superfcie da carga.

    A cuba.

    A rampa paralela ou ventre.

    A rampa.

    O cadinho.

    Figura 11- As zonas de um Alto-forno (GUEERDES et al 2004).

  • 35

    LU, W-K (1990) descreveu o alto-forno como sendo dividido em regies como

    mostra a Figura 11. Em cada uma destas regies ocorrem reaes fsico-

    qumicas e condies termoredutoras distintas que agem de maneira diferenciada

    sobre os materiais carregados.

    Para o bom desempenho do reator, so exigidas determinadas caractersticas de

    qualidade para a carga metlica e o coque, necessrio que eles apresentem

    propriedades especficas.

    Zona Granular:

    a regio superior do alto-forno onde encontra-se a carga metlica slida, livre

    de escria ou metal lquido. constituda por camadas alternadas de carga

    metlica e coque, como mostra a Figura 12 (CASTRO, 2006).

    A carga metlica juntamente com o redutor (coque ou carvo vegetal) desce em

    contracorrente com os gases. As camadas de minrio se tornam mais finas

    medida que descem no forno, sofrendo elevada degradao (GOMES, 2004).

    O contato do gs redutor produzido nas regies inferiores com os xidos de ferro

    promove a sua reduo direta ou indireta. O fator permeabilidade essencial para

    a efetividade do processo, portanto, todas as aes que levem a gerao de finos

    devem ser evitadas. Na zona granular a carga metlica submetida a inmeros

    esforos mecnicos como abraso e impacto, crepitao e degradao

    (CASTRO, 2006).

  • 36

    Figura 12 - Zonas de reao do Alto-forno (Editada de CASTRO, 2006).

    Zona coesiva:

    onde a carga metlica amolece e funde em vrios graus de reduo.

    constituda por uma srie de anis empilhados formando um cone, onde cada

    anel a camada metlica em estado de fuso (GOMES, 2004).

    As camadas permeveis do coque permite que o gs ascendente atravesse a

    regio. O O2 remanescente combinado com a carga metlica removido pelo

    coque por reduo direta (CASTRO, 2006).

    nessa regio que ocorre a maior parte da reduo dos xidos, duso do metal e

    escria e tambm nessa regio que ocorre a reao de Boudouard

  • 37

    (CO2 + C2 CO). Alm disso uma zona de grande absoro de calor.

    De acordo com Gomes (2004) uma boa reduo dos minrios depende da

    distribuio adequada dos gases na Zona Coesiva.

    Zona de Gotejamento:

    O metal e a escria lquidos descem sob o leito poroso de coque em

    contracorrente com o gs redutor. Nessa zona est presente as fases slida,

    lquida e gasosa e pode ser dividida em 2 regies: zona de coque ativo e zona de

    coque inativo (homem morto). O homem morto pode ser consumido medida que

    o carbono do coque incorpora o gusa. A zona de combusto (raceway) a

    regio localizada em frente as ventaneiras, onde ocorre a combusto do carbono

    do coque com o oxignio do ar soprado. O raceway pode ser descrito como uma

    cavidade formada pelo efeito do jato de ar soprado, na qual as partculas de

    coque esto em alta turbulncia, como mostra a Figura 13. O gusa e a escria

    gotejam em contracorrente com os gases quentes e ento os lquidos se

    acumulam no cadinho juntamente com o empilhamento do coque. Nesta etapa o

    metal lquido absorve silcio, enxofre e impurezas, completando assim, a reduo

    completa dos xidos (GOMES, 2004 e CASTRO, 2006).

    Zona de combusto:

    O ar quente soprado pelas ventaneiras faz o coque entrar em combustai elevando

    a temperatura e os gases resultantes sobem aquecendo a carga (MACHADO,

    2006), equao 1.

    C + O2 CO2 e mais calor...................................................................................(1)

    Em presena de muito carbono (atmosfera redutora) e em temperaturas acima

    de1000 C o gs CO2 resultante da combusto do coque com o ar, reage com o

    carbonoformando o gs redutor CO (MACHADO, 2006), equao 2.

  • 38

    CO2 + C 2CO....................................................................................................(2)

    O CO em asceno o principal agente redutor do minrio de ferro.

    No que diz respeito operao do alto-forno dois fatores devem ser observados:

    a eficincia da queima e a taxa de substituio de carvo/coque (SILVA et al,

    1999).

    Para que a queima seja eficiente os seguintes fatores devem ser controlados:

    taxa de injeo (t carvo injetado/ t gusa), temperatura de sopro, concentrao de

    O2 e o tipo de carvo. Quanto maior a taxa de injeo, maior deve ser a

    temperatura do sopro e maior a concentrao de O2 para que a queima seja

    eficiente (GOMES, 2004).

    Cadinho:

    Esta regio localiza-se na base do reator onde ficam armazenados a escria e o

    ferro gusa produzidos na forma lquida, at que sejam removidos atravs dos

    furos de corrida.

  • 39

    Figura 13 - Fora impulsora de um alto-forno (GUEERDES et al, 2004).

    Sistema de limpeza de gases

    O gs que sai no topo do alto fomo arrasta consigo poeiras que no podem ser

    lanadas na atmosfera, por isso, todo o material submetido a um sistema de

    controle ambiental que separa todas as partculas slidas, formando uma lama

    que aproveitada na sinterizao.

    A limpeza do gs geralmente feita por um coletor de p, venturis, lavador de gs

    (bischoff), precipitador eletrosttico e separador de neblina (MACHADO, 2006).

  • 40

    4.11.1. Reaes no alto-forno

    Figura 14 - Perfil de temperatura num alto-forno (GUEERDES et al, 2004).

    As reaes qumicas que ocorrem no alto-forno esto citadas a seguir:

    Zona Granular:

    Para temperatura entre 200C e 950C.

    3 Fe2O3 + CO 2Fe3O4 + CO2.............(3) H = - 10,33 Kcal/mol

    Fe3O4 + CO 3FeO + CO2..(4) H = + 8,75 Kcal/mol

    Para temperatura entre 950C e 1000C.

    FeO + CO Fe + CO2........................(5) H = - 3,99 Kcal/mol

    Zona coesiva:

    Reduo direta.

    FeO + CO Fe + CO2 H = - 3,99 Kcal/mol

    CO2 + C 2 CO H = + 41,21 Kcal/mol

    FeO + C Fe + CO...............................(6) H = + 37,22 Kcal/mol

  • 41

    Formao da escria primria.

    SiO2 + 2FeO 2FeO.SiO2...........................................................................................(7)

    Al2O3 + FeO FeO.Al2O3............................................................................................(8)

    SiO2 + MnO MnO.SiO2..............................................................................................(9)

    SiO2 + 2CaO 2CaO.SiO2........................................................................................(10)

    Zona de gotejamento:

    FeO(l) + CO Fe(l) + CO2..(11)

    CO2 + C 2CO(12)

    P2O5 + 5CO 2P + 5CO2(13)

    P2O5 + 5C 2P + 5CO.(14)

    SiO2 + 2C Si + 2CO........................................................................................(15)

    FeS + CaO + C CaS + CO + Fe.....................................................................(16)

    FeS + MnO + C MnS + Fe + CO(17)

    MnS + CaO + C Mn + CaS + CO(18)

    4.11.2. A viabilidade do Alto-forno

    A usina integrada via alto-forno a rota mais utilizada para a produo de ao e

    atualmente vem sofrendo contnua modernizao devido s exigncias

    operacionais e ambientais, j mencionadas, tais como:

    Baixos nveis de emisses de gases poluentes;

    Maior compatibilidade ambiental;

    Maior eficcia no tratamento e reciclagem de resduos;

    Flexibilidade de matria-prima;

    Baixo OPEX e CAPEX.

  • 42

    O alto-forno opera em larga escala e produz cerca de 600 kg de resduos por

    tonelada de ao produzido, isso sem falar nos processos extremamente poluentes

    necessrios para essa rota de produo como sinterizao e coqueria (SVIO,

    2012).

    A operao do alto-forno requer uso de aglomerados de minrio de ferro, fonte

    significativa de SOx, NOx e dioxinas. Assim como requer uso de aglomerados de

    carvo, fonte significativa de SOx, NOx e benzeno. Alm do que o alto-forno

    requer elevado custo de capital e extensa rea para implantao larga escala

    (CURSO ABM, 2009).

    De acordo com o Relatrio Interno da Tecnored (2012), o alto-forno uma

    tecnologia j dominada que necessita de elevados investimentos tanto no alto-

    forno em si, mas tambm nas coquerias e plantas de sinterizao. Depende de

    fontes no-renovveis (carvo mineral) e apresenta custo de produo elevados

    devido ao preo das matrias-primas (carvo e minrio de ferro).

    Segundo Bates (2012) o alto-forno inflexvel, operando com um carregamento

    metlico e de coque com especificaes definidas, o que acarreta em impactos

    nos custos de produo. Alm do que altos preos so pagos por essas

    matrias-primas, para que as mesmas cumpram com as especificaes

    desejadas. O custo para construir um novo alto-forno ou reformar um j existente

    muito alto e o custo para manter coquerias e plantas de sinterizao nos

    padres atuais de controle de emisses podem no compensar.

    O alto-forno tambm vem se modificando para entrar nos novos padres da

    siderurgia. Como o caso do alto-forno moderno que utiliza tcnicas de melhor

    convivncia com teores mais elevados de fsforo, slica e alumina; menores

    emisses lquidas de CO2, reciclagem de resduos, baixa utilizao da gua, uso

    de minrios mais finos (atravs de tcnicas de micro-aglomerao) e reciclagem

    do gs de topo (CURSO ABM, 2009).

    A utilizao do mini alto-forno a carvo vegetal tambm se mostra uma opo

    mais vantajosa que o alto-forno a coque por apresentar (SIDERURGIA NO

    BRASIL, 2010):

  • 43

    Menor desgaste do alto-forno;

    Inexistncia de contaminantes danosos ao ao;

    Menor produo de escria;

    Menor consumo energtico.

    No entanto, limitado por restrio da capacidade de carga no alto-forno. Outro

    aspecto negativo a necessidade de elevados investimentos em terra.

    Antigamente apresentava problemas de cunho scio-ambiental, pelo uso

    inadequado de carvo vegetal de florestas nativas.

    O mini alto-forno no difundiu no Brasil porque necessrio investir em coquerias

    ou importar o coque (ficando preso ao preo do mercado). O mini alto-forno a

    carvo vegetal e no a coque tambm uma outra alternativa e apresenta como

    principais caractersticas (RELATRIO INTERNO TECNORED, 2012):

    Uso de fonte Renovvel de energia;

    No h riscos tecnolgicos;

    Baixa escala de produo;

    Necessidade de um maior controle da origem do carvo vegetal;

    Exige investimentos em terra (devido ao carvo vegetal necessitar reas

    para plantao);

    Baixo controle ambiental.

    Devido ao fato do mini alto-forno ser de baixa escala de produo ele no ser

    estudado detalhadamente e nem entrar no estudo comparativo entre os

    processos.

    sabido que o alto-forno bastante eficiente para produo do gusa e que sua

    substituio no acontecer de uma hora para a outra. Mas como o alto-forno

    no atende s novas exigncias da siderurgia moderna, ele acaba abrindo espao

    para a insero de novas rotas tecnolgicas de reduo, j que essas so

    alternativas mais sustentveis. O Mini Alto-forno tambm entra como uma outra

    alternativa pois apresenta baixo CAPEX, flexibilidade na preparao e

    composio da carga, mas faz uso do coque como combustvel. (NOLDIN et al,

    2008).

  • 44

    4.12. Tecnologias Alternativas de Reduo

    As novas tecnologias alternativas de reduo tm se mostrado fundamentais no

    processo de renovao da siderurgia, principalmente no fornecimento de ferro

    primrio para mini-mills e na reciclagem de resduos siderrgicos (Noldin et al,

    2003b).

    Essas tecnologias podem seguir 3 vertentes (Noldin et al, 2003b):

    Fuso redutora Os xidos de ferro so dissolvidos em banhos metlicos

    ou escrias lquidas, reduzidos pelo carbono dissolvido, produzindo metal

    lquido. (Ex: HIsmelt, Ausiron, AISI, Romelt).

    Reduo slida: Os reatores de leito fluidizado fazem uso da interao

    gs-slido, para reduzir as partculas suspensas de finos de minrios de

    ferro, por gases redutores, produzindo ferro-esponja. (Ex: HyL, Midrex,

    etc).

    Auto-reduo: Utiliza uma mistura de finos de minrio de ferro ou de resduos

    ferrosos, com finos de materiais carbonosos, como o carvo mineral,

    aglomerados na forma de pelotas ou briquetes que so reduzidos pelo

    modelos de reao slido-slido, via intermdirios gasosos, com alta

    velocidade de reduo, produzindo metal lquido ou ferro-esponja. (Ex: Oxycup

    e Tecnored).

    Com os dados mostrados na Tabela 3 somados com os dados presentes na

    Figura 10 fica mais fcil de observar as principais tecnologias concorrentes com o

    Tecnored.

  • 45

    Tabela 3 - Comparativo entre as tecnologias de reduo

    CARGA DE FERRO

    REDUTOR PRODUTO

    CARVO GS NATURAL

    Pelotas/ Lump AISI

    COREX

    HOT METAL OR

    FULLY REDUCED IRON

    Aglomerados auto-redutores

    TECNORED OXICUP ITMK3

    Finos HISMELT, DIOS,

    ROMELT, AUSIRON FINEX

    Pelotas/ Lump SL/RN, DRC,

    ACCAR HYL

    MIDREX

    DRI Aglomerados

    auto-redutores

    FASTMET, MAUMEE IDI,

    INMETCO, REDSMELT

    Finos CIRCOFER PRIMUS

    CIRCORED, IC (FEC), FINMET

    FONTE: Adaptado de NOLDIN, 2011.

    A primeira o Alto-forno que ainda o principal processo para produo de gusa

    e a nica tecnologia consolidada, portanto, principal concorrente do Tecnored.

    Mas fazendo uma anlise somente das novas tecnologias, nota-se que a as

    tecnologias que esto no mesmo estgio de evoluo que o Tecnored, segundo a

    Figura 10 so: ITMK3, HISMELT, OXYCUP, PRIMUS, COREX, MINI- AF (mini

    alto-forno), FINEX, FINMET, RHF (FASTMET, REDSMET) e CIRCORED.

    Porm nem todas essas tecnologias apresentam o mesmo produto final que o

    Tecnored, as que apresentam como produto o metal lquido so: COREX,

    OXICUP, ITMK3, HISMELT e FINEX.

    Todas essas tecnologias usam carvo no-coqueificvel como combustvel,

    menos o processo OXYCUP, que utiliza coque.

    Os processos COREX e FINEX so muito parecidos, diferem entre si apenas pela

    data de desenvolvimento, pelo tipo de matria-prima usada e pela granulometria

    do combustvel. O processo COREX utiliza como matria-prima pelotas ou lump e

  • 46

    como combustvel ele utiliza diretamente o carvo no-coqueificvel granulado. J

    o processo FINEX utiliza diretamente como matria-prima finos de minrio e como

    combustvel utiliza diretamente finos de carvo no-coqueificvel. Com isso pode-

    se concluir que entre esses dois processos, o FINEX mais flexvel do que o

    COREX, alm de ser uma tecnologia mais recente.

    Ento para simplificar o estudo das novas tecnologias de reduo, concorrentes

    do Tecnored, s ser mostrado nesse trabalho um breve estudo das seguintes

    tecnologias: ITMK3, HISMELT e FINEX.

    Como j mencionado anteriormente, o mini alto-forno no ser estudado nesse

    trabalho para efeito comparativo com o Tecnored, pois apresenta pequena escala

    de produo e seu controle ambiental ainda insuficiente, pois no atende as

    atuais exigncias ambientais.

    A etapa de reduo a que mais necessita de capital e energia e responsvel

    pela produo de unidades de ferro-virgem ou ferro-primrio. E por isso a

    crescente necessidade de aprimorar e desenvolver os processos de reduo.

    Apesar dos inegveis avanos de otimizao dos alto-fornos, houve pouco

    sucesso nas tentativas de substituio destes por outras tecnologias.

    Porm esses processos alternativos tm apresentado melhoras significativas em

    seus processos e com esse desenvolvimento acelerado, buscam sim, substituir o

    clssico alto-forno que, apesar de eficiente vem sofrendo diversas presses

    ambientais, tcnicas e econmicas.

    De uma maneira geral, os processos alternativos buscam oferecer s siderrgicas

    as seguintes caractersticas (Noldin et al, 2003b):

    Flexibilidade de matria-prima;

    Dispensa de uso de unidades de coqueria e sinterizao;

    Maior eficcia para a reciclagem dos resduos gerados pela unidade e por

    terceiros;

    Baixos custos fixos;

    Maior flexibilidade de produo para atender s variaes de demanda;

    Maior compatibilidade ambiental;

  • 47

    Baixo custo operacional, mesmo para escalas de produo mnimas

    (OPEX);

    Baixo custo de instalao, ampliao ou reforma (CAPEX);

    Boa adequao s instalaes e procedimentos existentes;

    Uso otimizado da rea disponvel;

    Maior eficincia energtica.

    4.13. FINEX

    Figura 15 - Fluxograma do processo FINEX (PASSOS, 2009).

    Foi desenvolvido pela POSCO e VAI-SIEMENS partir do COREX. O reator

    utilizado no processo COREX foi substitudo por uma srie de reatores de leito

    fluidizado (CURSO ABM, 2009).

    Carga metlica: finos de minrio (pr-reduzidos em leito fluidizado)

    Redutor: finos de carvo (compactados quente e injeo de carvo pulverizado)

    (CURSO ABM, 2009).

  • 48

    Neste processo o minrio carregado em uma srie de reatores de leito

    fluidizado no sentido descendente, onde aquecido e reduzido, produzindo ferro-

    esponja. Ao final da reduo o ferro esponja briquetado quente e transferido

    por gravidade at o reator onde acontece a fuso. nessa etapa que o carvo

    adicionado simultaneamente com o oxignio (SIEMENS VAI, 2012).

    De acordo com Passos (2009) o gs que gerado pela gaseificao do carvo

    (CO +H) flui em contracorrente com o minrio.

    De acordo com Siemens Vai (2012) o processo apresenta as seguintes

    caractersticas:

    Utiliza matria-prima de baixo custo;

    Apresenta CAPEX e OPEX mais baixos que o Alto-forno;

    Emisses mais baixas de SOx e NOx mais baixas que o Alto-forno.

    De acordo com os estudos realizados sobre o processo FINEX pelo U.S

    DEPARTMENT of ENERGY (2000), esse processo ambientalmente

    sustentvel e apresenta a vantagem econmica de ter flexibilidade

    operacional e dispensar coqueria e sinterizao.

    Siemens Vai (2007), contudo, afirma que o FINEX um processo

    economicamente favorvel se comparado com o Alto-forno, apresenta

    baixas taxas de emisso de poluentes e a exportao do gs de processo

    para vrias aplicaes metalrgicas e produo de energia, agrega valor ao

    processo.

    Aps vrios testes em laboratrios e em plantas pilotos, em Agosto de 2004 foi

    assinado o contrato com a Siemens Metals & Mining Technologies, para construir

    uma planta oficial na Coria do Sul, E, finalmente, em 30 de Maio de 2007, iniciou

    a sua primeira corrida com capacidade de 1,5 milhes de toneladas de metal

    fundido ao ano (LEE, 2008).

  • 49

    4.14. HISMELT

    uma tecnologia desenvolvida pela HISMELT CO., subsidiria da Rio Tinto.

    um processo baseado na fuso redutora (Smelting reduction), em

    desenvolvimento desde a dcada de 80 (CURSO ABM, 2009). A Figura 16 mostra

    esquematicamente o fluxograma do processo HISMELT e a Figura 17 mostra

    esquematicamente o vaso de reduo.

    Carga metlica: finos de minrio

    Redutor: finos de carvo de baixos volteis (CURSO ABM, 2009).

    Produto: ferro-gusa.

    Figura 16 - Fluxograma do processo HISMELT (BATES, 2012).

  • 50

    Diferentemente dos demais processos bath smelting a reduo dos xidos e a

    gaseificao do carvo ocorrem no banho metlico (NOLDIN et al, 2003b).

    Segundo Passos (2009) os finos so injetados por lanas submersas e no pelo

    topo do reator.

    Figura 17 - Viso geral do fluxo (RIO TINTO, 2012a).

    Neste processo o minrio de ferro pr-aquecido em um sistema de ciclone

    semelhante a fornos de cimento. Depois de aquecido o minrio de ferro

    juntamente com o carvo e fundentes so injetados num banho fundido

    temperatura de 1450C (U.S DEPARTMENT of ENERGY, 2000).

    Ocorre uma rpida dissoluo e fuso do metal e os gases resultantes

    produzidos (H e CO) retornam ao banho atravs da interface escria-metal

    (PASSOS, 2009 and U.S. DEPARTMENT of ENERGY, 2000).

    De acordo com Passos (2009) duas reaes importantes ocorrem durante o

    processo:

    C (carvo) = C (dissolvido no ferro)

    3C (dissolvido no ferro) + Fe2O3 = 2 Fe + 3CO (g)

  • 51

    Caso seja necessrio remover o enxofre do produto final, o gusa passar por um

    processo de dessulfurao e caso este sistema seja implantado a planta poder

    produzir como subproduto o gesso (CaSO4). Outro ponto importante que o gs

    de topo apresenta baixo poder calorfico, porm quando enriquecido com gs

    natural ele equivalente ao gs de topo de um alto-forno e pode ser utilizado no

    pr-aquecimento do minrio e do combustvel (PASSOS, 2009).

    A Hismelt uma alternativa de menor custo, mais eficiente e mais limpa em

    relao tecnologia convencional de fabricao

    de ferro (RIO TINTO, 2012b).

    De acordo com Noldin (2011) o processo HIsmelt apresenta s seguintes

    caractersticas:

    Elevado CAPEX;

    Elevados teores de FeO na escria resultando em menor rendimento

    metlico;

    Produo excessiva de escria e com ndices de ganga elevados;

    Fundamentos de processo concretos e fortes;

    Gs de sada pode ser utilizado no pr-aquecimento do minrio, o que

    torna o processo mais eficiente.

    Porm para Bates (2012) o processo apresenta outros diferenciais como:

    Engenharia simples e robusta;

    Baixo impacto ambiental;

    Flexibilidade de matria-prima (incluindo resduos de aciarias e

    minrios fosforosos).

  • 52

    4.15. ITMK3

    ITmk3 representa a prxima gerao em produo de ferro, processando finos de

    minero em gusa ITmk3 nuggets em apenas 10 minutos (MC CLELLAND, 2008).

    Seu desenvolvimento comeou em 1996, servindo-se as operaes de teste em

    uma instalao piloto e depois em uma em larga escala. Sua primeira planta

    industrial foi construda em Minessota, EUA (KIKUSHI et al, 2010). A Figura 18

    mostra esquematicamente o fluxograma do processo ITMK3.

    Matria-prima: finos de minrio de ferro

    Redutor: finos de carvo no-coqueificvel

    Produto final: Gusa Itmk3 nuggets.

    Figura 18 - Fluxograma do processo ITMK3 (SBB STEEL MARKETS LATIN AMERICA, 2009).

  • 53

    Este processo trabalha com finos de minrios e finos de carvo no-coqueificvel

    que so aglomerados formando pelotas auto-redutoras. Porm esse processo

    requer um combustvel adicional como leo ou gs natural.

    Essas pelotas so peneiradas para 17-19 mm de dimetro e so ento

    distribudas para o forno RHF (forno de soleira rotativa). Enquanto se desloca os

    aglomerados so aquecidos at 1350C. Durante o processo de aquecimento

    ocorre a reduo do xido de ferro e a desvolatilizao do carvo. O contato

    ntimo entre o xido de ferro e carbono a uma alta temperatura resulta em uma

    rpida reao (U.S. DEPARTMENT of ENERGY, 2000).

    Depois da reduo o ferro e a escria so separados no forno e descarregados

    na forma de escria e nuggets de ferro. A Figura 20 mostra a documentao

    fotogrfica dos nuggets. O produto final no requer manuseamento especial

    durante o transporte e pode ser continuamente alimentado a um EAF.

    De acordo com U.S. DEPARTMENT of ENERGY (2000) as principais

    caractersticas dos processo so:

    Usa finos de minrio;

    Menor tempo de reduo;

    Completa separao do metal e da escria

    Figura 19 - ITmk3 nuggets (SBB Steel Markets Latin America, 2009).

  • 54

    J de acordo com o SBB (Steel Markets Latin America, 2009) os principais pontos

    so:

    Operao flexvel em matria-prima e em uso (EAF e BOF)

    Produz gusa em uma s etapa

    Alimentao contnua

    - Reduz tempo de reduo

    - Aumento da produtividade

    - Reduz consumo de energia

    E de acordo com o ponto de vista do Curso da ABM (2009), os principais pontos

    so:

    Simplicidade do processo

    Energeticamente eficiente

    Ambientalmente amigvel

    Tem-se mostrado superior na fabricao de produto de ferro pois este

    continuamente carregado em forno eltrico a arco, EAFs, o que aumenta a

    produtividade e diminui o gasto energtico.

    Para KOSUKE et al (2012) o processo atraente para as mineradoras pois

    agrega valor ao minrio devido a facilidade de manuseio e transporte.

    4.16. Tecnored

    O processo Tecnored uma tecnologia emergente desenvolvida no Brasil para

    produo de ferro-gusa, que se processa atravs da reduo de aglomerados

    auto-redutores (pelotas ou briquetes) de cura a frio, produzidos a partir de

    misturas compostas de unidades de ferro (finos de minrio de ferro, resduos de

    minerao, resduos siderrgicos) e unidades de carbono (finos de carvo

    mineral, carvo vegetal, coque verde de petrleo ou resduos industriais contendo

    carbono). Esses materiais so misturados com fundentes e ligantes e

    aglomerados em briquetadoras ou em discos tradicionais de pelotizao, na forma

    de briquetes e pelotas, respectivamente (NOLDIN, 2002).

  • 55

    Os aglomerados produzidos so ento reduzidos e fundidos em um forno de

    geometria diferenciada e de alta eficincia, o forno tecnored, que por suas

    caractersticas nicas, permite o uso variado de combustveis slidos de baixo

    custo, como coque verde de petrleo, coque siderrgico, carvo mineral ou semi-

    coques, produzindo metal lquido e escria com caractersticas similares aos

    produzidos pelos processos convencionais (NOLDIN et al, 2006b).

    Ao contrrio dos processos convencionais, o processo Tecnored foi concebido e

    desenvolvido para ser uma tecnologia coke-less, ou seja, que dispensa o uso de

    coque durante o processo produtivo, seja como agente trmico ou redutor;

    evitando assim o investimento e operao de coquerias, e qualquer emisso

    oriunda dessas unidades (CONTRUCCI et al, 2004).

    Uma caracterstica importante do processo a formao de uma atmosfera

    redutora dentro das pelotas, que resulta em elevadas taxas de reduo dos

    xidos de ferro, independentemente da natureza da atmosfera presente dentro do

    forno (CONTRUCCI et al, 1992).

    O processo est baseado ento em duas fases: no uso de aglomerados auto-

    redutores e a na operao do forno Tecnored.

    4.16.1. A histria do processo Tecnored

    O desenvolvimento do processo resultou de um esforo conjunto entre teoria e

    prtica, por meio da compilao continuada de resultados obtidos em planta

    piloto, atravs da realizao de repetidas corridas experimentais em um mdulo

    de verdadeira grandeza do forno, e atravs de modelamentos matemticos,

    estudos exploratrios, desenvolvimento em bancada, etc (NOLDIN et al, 2003b).

    O forno Tecnored foi concebido em 1985. Seu desenvolvimento foi impulsionado

    pela necessidade de um novo modelo de forno mais adaptado auto-reduo. De

    1979 a 1985 foram desenvolvidas pelotas auto-redutoras de resduos piritosos,

    como carga metlica em fornos. Assim, surgiu a necessidade de adequar as

    pelotas auto-redutoras em outros tipos de forno de reduo, evitando assim, o

  • 56

    elevado consumo de combustvel, problemas de permeabilidade e qualidade das

    pelotas (NOLDIN et al, 2005).

    De 1985 a 1990 foi desenvolvido um forno circular para comprovar a viabilidade

    do conceito proposto anteriormente. A operao se mostrou estvel e contnua, o

    que estimulou um projeto para aumentar a escala do forno (NOLDIN et al, 2005),

    Em escala maior comearam os controles de processo, melhorias, mapeamento

    de processos e uma definio da geometria do forno. Depois de diversos testes e

    operaes, ficou evidente a necessidade de uma geometria retangular para o

    forno, construindo uma fatia modular do forno industrial. Com esse conceito de

    modularidade foi possvel ampliar o forno na escala desejada e assim, aumentar a

    capacidade sempre que desejado. Ento, em 2000, foi decidido que seria

    construda a primeira planta de demonstrao industrial (NOLDIN et al, 2005).

    Desde o surgimento da ideia at hoje, o projeto Tecnored passou por vrias

    fases. A planta piloto foi construda pela Ao Villares no ano 2000 e depois

    assumida pela Gerdau, que terminou vendendo o projeto VALE.

    A VALE entrou no projeto no final de 2009 ao desembolsar R$80 milhes e

    assumindo 37% da Tecnored Desenvolvimento Tecnolgico S.A., empresa cujo

    principal ativo a planta piloto em Pindamonhangaba. Em Julho de 2011, a VALE

    aumentou a fatia para 43,04%. Os outros acionistas so a BNDESPar, brao de

    participaes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social

    (BNDES), com 31,79%, e a Logos Tecnocom, com 25,17%. A Logos rene

    pesquisadores que desenvolveram a tecnologia e a detentora de sete patentes

    com alcance em 35 pases (ROTA METAL MECNICA, 2011).

  • 57

    4.16.2. O forno Tecnored

    O forno Tecnored possui 4 verses que apresentam pequenas variaes entre

    elas, mas que iro ser detalhadas mais frente.

    A principal diferena entre o forno Tecnored e o forno de cuba clssico a

    alimentao lateral do combustvel slido separada da alimentao central da

    carga metlica. O propsito desse conceito de alimentaes individuais evitar a

    reao endotrmica de Boudouard na cuba central (CO2 + C 2CO), regio onde

    ocorre o pr-aquecimento e fuso da carga. Em alto-fornos esse tipo de

    configurao invivel pois nele a alimentao feita em camadas alternadas de

    coque e carga (CONTRUCCI, 2001).

    Como nos fornos convencionais, no forno Tecnored a carga descendente troca

    calor com o gs em contra-corrente, o que gera altos ndices de troca trmica e

    aproveitamento do calor sensvel dos gases.

    O forno Tecnored essencialmente gera a energia necessria para o processo, e o

    faz em dois estgios. O primeiro ocorre atravs da queima do combustvel slido

    pelas ventaneiras primrias, localizadas na cuba inferior do forno e o segundo

    pela queima do monxido de carbono (CO) oriundo das regies inferiores, nas

    ventaneiras secundrias, localizadas na cuba superior do reator. Essa queima

    secundria ocorre de maneira que no possibilite uma nova gerao de CO

    devido ausncia de combustvel slido nessa regio, o que evita a reao

    endotrmica de Boudouard (CO2+C 2CO) (CONTRUCCI, 2001)

    Dependendo da intensidade da queima esta ir resultar em maiores ou menores

    teores de CO no gs de topo e por consequncia maiores ou menores Fuel-

    rate. Alm disso caso haja queima externa de gs de topo (se rico em CO) esse

    pode ser utilizado para pr-aquecimento do ar primrio, na verso do forno que

    utiliza ar quente, reduzindo assim, o Fuel-rate.

    O metal lquido produzido pelo forno apresenta rendimento metalrgico da ordem

    de 98%.(CONTRUCCI, 2001).

    O forno pode ser dividido em 3 zonas distintas, conforme mostra a Figura 20:

  • 58

    Cuba Superior:

    Compreendida entre o nvel de carregamento das pelotas e as ventaneiras

    secundrias.

    Zona de Fuso:

    Compreendida entre as venatneiras secundrias e o topo da cama de

    combustvel.

    Cuba inferior:

    Compreendida entre o topo da Cmara de combustvel e as bicas de vazamento

    de metal.

    Figura 20 - O forno Tecnored (NOLDIN, 2007).

    4.16.2.1. Cuba Inferior

    A cuba inferior recebe material da cuba central (metal primrio e escria primria)

    e o combustvel dos alimentadores laterais.

    As primeiras funes da cuba inferior so garantir a queima do combustvel

    atravs do sopro primrio e promover redues de xidos de ferro residuais,

  • 59

    remoo do enxofre pela escria e a reduo e incorporao do silcio no banho

    metlico (NOLDIN, 2007).

    Para a queima do combustvel utiliza-se ar pr-aquecido a cerca de 850 C e

    sobre o combustvel a ser queimado deve-se ressaltar que este deve apresentar

    boa permeabilidade para que haja um bom fluxo das fases gasosas e lquidas, e

    tambm, deve apresentar uma resistncia suficiente para suportar a carga acima

    formada (NOLDIN, 2007). importante deixar claro que essa exigncia mecnica

    baixa se comparada aos processos convencionais de reduo que necessitam

    de uma elevada resistncia mecnica, utilizando combustveis coqueificados,

    emitindo substncias extremamente nocivas durante o processo.

    Portanto o forno Tecnored oferece uma gama de opes de combustveis, de

    baixo custo e ampla oferta, garantindo extrema flexibilidade e competitividade

    tecnolgica.

    4.16.2.2. Zona de Fuso

    Ocorre a fuso dos briquetes reduzidos, formao da escria, reduo dos xidos

    de ferro residuais e tambm parte da carburao do metal.

    A carga aquecida pelos gases provenientes da cuba inferior at a temperatura

    de amolecimento e fuso.

    Tal como no alto-forno necessrio ter uma diferena mnima entre o

    amolecimento e a fuso da carga de maneira a minimizar o tamanho da zona

    coesiva e consequentemente a perda de carga na regio (NOLDIN, 2007).

    4.16.2.3. Zona Superior

    a zona onde so carregados os aglomerados auto-redutores, outros agentes e

    uma parte dos combustveis (NOLDIN, 2007).

    Tambm na zona superior ocorre a queima secundria, gerando energia.

    Quase todas as reaes de reduo dos xidos ocorrem na cuba superior.

    A alimentao lateral garante que na regio da cuba ocorra a eliminao de

    matrias volteis e posteriormente a reao de gaseificao (Boudouard), como

    ser mostrado na Figura 22.

  • 60

    4.16.3. Verses do Forno Tecnored

    Em todas as verses o processo utiliza o mesmo tipo de forno e combustveis de

    baixo custo.

    SMELTER

    De acordo com Noldin et al (2003b) esta verso do processo compreende a

    reduo e posterior fuso dos aglomerados. Um dos maiores diferenciais do

    processo a sua rapidez (tresidncia= 20 30 minutos contra 6 8 horas no

    processo de Alfo-Forno) e isso devido aos seguintes fatores:

    A concepo e o projeto do reator permite um aproveitamento substancial

    da energia disponvel no processo.

    O ambiente interno dos aglomerados e a alta reatividade das partculas

    finamente divididas de carvo e minrio favorecem a cintica das reaes,

    resultando em altas taxas de reduo.

    FINISHER

    Esta verso utiliza DRI/HBI (ferro diretamente reduzido/ ferro quente briquetado) e

    disponibiliza ferro lquido para as aciarias eltricas, reduzindo o consumo de

    energia eltrica e aumentando a substancialmente a produtividade dos fornos

    eltricos a arco. Deste modo pode operar upstream a fornos eltricos antes

    carregados com DHI/HBI de mercado ou de plantas cativas de reduo direta

    (NOLDIN et al, 2003b).

    MELTER

    Esta verso tem como finalidade otimizar a utilizao de cargas metlicas usuais

    e no usuais em aciarias e fundies, tais como sucatas de baixa qualidade e

    cavacos de usinagem. um processo bastante vantajoso pois utiliza

  • 61

    combustveis de baixo custo ao invs do coque e possui alta eficincia (NOLDIN

    et al, 2003b).

    importante ressaltar que o uso de reatores compactos possui uma srie de

    vantagens como:

    Melhor controle da fluidodinmica do processo

    Menor perda de carga atravs do leito

    Parmetros como resistncia mecnica e porosidade de carga apresentam

    menor influncia no processo.

    4.16.4. Caractersticas do processo Tecnored

    De acordo com Noldin et al (2008) o processo apresenta as seguintes

    caractersticas:

    Forno de cuba com geometria diferenciada, otimizada em funo da

    utilizao (alta concentrao de slidos);

    Flexibilidade de matria-prima, produo, produto e escala;

    Metal lquido com qumica similar ao alto-forno

    Simplicidade operacional ( Start-up, shut down, etc);

    Projeto modular (construo modular e seo retangular);

    Alta eficincia energtica (contra-corrente, carvo agindo como

    distribuidor dos gases, permeabilidade)

    Matrias-primas no convencionais (minrios de baixo teor, carves

    de baixo rank, resduos, etc)

    No depende do uso de coque

    Cura a frio dos aglomerados

    Uso de perifricos simples e comuns de mercado

    Forno simples (metal lquido em uma etapa)

    Sem partes mveis ou transferncia entre reatores

  • 62

    4.16.5. Flexibilidade de Matria-prima

    4.16.5.1. Carga metlica

    Como j foi comentado anteriormente, o processo Tecnored utiliza aglomerados

    auto-redutores como carga metlica que so aglomerados em discos de

    pelotizao ou em mquinas de briquetar, sem a necessidade de forno para a

    queima (endurecimento). No forno Tecnored foram testados diversos tipos de

    matria-prima, e mesmo fontes com baixos teores de ferro ou mesmo resduos

    com baixo teor de ferro e alta quantidade de ganga, foram reduzidos rapidamente.

    Isso devido s excelentes condies cinticas presentes no interior dos

    aglomerados (materiais finos em contato ntimo e na ausncia de atmosfera

    inerte) (NOLDIN, 2006a).

    Na planta piloto foram testados minrios com teor de ferro da ordem de 58% ,

    obtendo sucesso na reduo, enquanto que nos testes de bancada minrios com

    teor de ferro da ordem de 52% e 55% apresentaram sucesso (NOLDIN, 2006a).

    4.16.5.2. Combustvel

    O material combustvel utilizado no forno Tecnored deve criar a permeabilidade

    necessria para um bom fluxo das fases gasosa e lquida. Para isso o

    combustvel deve apresentar no fim dos alimentadores laterais uma resistncia

    suficiente para aguentar a carga acima (NOLDIN, 2006a). A Tabela 4 mostra os

    combustveis alternativos com potencial uso no forno Tecnored.

    De acordo com Noldin (2006a) o char formado deve ter reatividade adequada

    para promover uma boa temperatura adiabtica e garantir a relao CO/CO2

    desejada no topo da cama de combustvel. A Figura 21 mostra esquematicamente

    o ciclo de gerao e sequestro de CO2.

  • 63

    Tabela 4- Combustveis alternativos com potencial uso no forno Tecnored (NOLDIN, 2007)

    Classe Tipos de Combustveis

    Carvo mineral no-coqueificvel Carvo semi-antractico Briquetes de

    finos de carvo

    Coque verde de petrleo CVP (Tipo "esponja")

    Briquete de finos de CVP

    Coque metalrgico

    Coque chins de baixa- resistncia Semi-coque (coque indiano de alto-

    cinza) Briquetes de finos de coque

    Biomassas

    Madeira seca (At 20% do total) Madeira anidra (tio)

    Carvo vegetal Briquetes de finos de carvo vegetal

    Resduos Pedaos de pneu (at 20% do total) Resduos automotivos (at 20% do

    total)

    O uso de biomassas no processo trazem grandes vantagens, tais como (NOLDIN

    et al, 2008):

    Baixas emisses de SOx;

    Uso de biomassa de crescimento rpido, tipo capim elefante;

    Uso de madeira anidra como combustvel.

  • 64

    Figura 21 - Ciclo de gerao e sequestro de CO2 (NOLDIN, 2006a).

    Um ponto que deve ser destacado em relao as exigncias mecnicas dos

    aglomerados usados no forno Tecnored. Eles no necessita, de uma resistncia

    mecnica elevada igual aos utilizados em processos convencionais (Alto-forno).

    Para garantir essa resistncia exigida pelo alto-forno, os combustveis precisam

    ser coqueificveis o que gera ainda mais substncias poluentes durante o

    processo. A Figura 22 mostra o percurso realizado pelo combustvel nas laterais

    do forno Tecnored.

  • 65

    Figura 22 - Alimentao lateral de combustvel no forno (NOLDIN, 2006a).

    4.16.6. O conceito de Modularidade

    Por ser retangular o forno Tecnored permite a instalao de etapas sucessivas,

    respondendo aos planos de expanso das empresas ou demanda do mercado.

    A modularidade do equipamento suportada pela possibilidade de aumento do

    comprimento do forno e consequente volume permitindo o aumento da produo

    linearmente ao acrscimo no comprimento. As Figuras 23 e 24 mostram

    esquematicamente o conceito de modularidade dos fornos Tecnored.

  • 66

    Figura 23 - Conceito de modularidade (Relatrio interno Tecnored, 2012).

    Figura 24 - Fatia modular do forno Tecnored (Relatrio interno da Tecnored, 2012).

    Aumento do comprimento do

    forno resulta em maiores

    capacidades.

    Mdulos

  • 67

    A Figura 25 mostra a alta cintica do processo Tecnored. O alto-forno apresenta

    um tempo de residncia de 6 a 8 horas, enquanto o Tecnored apresenta um

    tempo de 0,5 horas. Portanto o Tecnored mais rpido e de menor escala

    (CONTRUCCI, 2008).

    Outro ponto que merece destaque o tamanho do forno Tecnored em relao ao

    alto-forno, enquanto o primeiro possui uma altura de 5m e o segundo tem altura

    de 20 a 100m.

    Figura 25 - Cintica do processo Tecnored em comparao com o alto-forno

    (CONTRUCCI, 2008).

  • 68

    5. DISCUSSO DOS RESULTADOS

    Neste captulo sero avaliadas as principais caractersticas de cada processo, ou

    seja, suas vantagens e desvantagens, atravs de dados numricos compilados

    em grficos e tambm de informaes proveniente de vrias fontes e autores

    mostradas na reviso bibliogrfica.

    Depois de estudo e anlise de dados provenientes de fontes como Noldin (2011)

    e alguns relatrios internos da Vale (2012), U.S. Department of energy (2000),

    Gordon (2012) e Tanaka (2010) foi possvel compilar todos esses dados

    aproximados em grficos de Capex, Opex e emisses que sero mostrados

    adiante.

    Analisando a Figura 26 fica evidente que o Tecnored o processo que apresenta

    o menor CAPEX, ou seja, o menor custo de investimento. Esse nmero de

    CAPEX reduzido devido a ausncia de sinterizao e coquerias para o

    processo, a aglomerao frio dispensa a etapa de endurecimento das pelotas e

    um processo que pode ser implantado em diversas escalas, no necessitando

    de elevados investimentos em terra.

    Figura 26 - CAPEX dos processos de reduo ( NOLDIN, 2011).

    Menor CAPEX

  • 69

    Na Figura 27 pode ser analisado o OPEX de cada processo, dividido em custo

    capital, converso e matria-prima:

    Figura 27 - OPEX dos processos de reduo por parmetros ( NOLDIN, 2011).

    De acordo com a Figura 27 possvel notar o destaque do Tecnored, perante os

    processos HIsmelt e Finex. Esse grfico interessante pois mostra que o

    Tecnored se destaca no baixo custo em matria-prima e de capital perante as

    outras duas tecnologias. Porm perde para o processo HIsmelt no quesito de

    converso.

    A partir dos dados mostrados na Tabela 5 possvel chegar ao grfico mostrado

    na Figura 27, que um comparativo do OPEX de cada processo:

    Menor OPEX

  • 70

    Tabela 5 - Comparativo do OPEX de cada processo (NOLDIN, 2011).

    Tecnored ITmk3 Alto-forno a coque Hismelt FINEX

    Unidade USD/unidade Unidade/Mt USD/ Mt Unidade/Mt USD/ Mt Unidade/Mt USD/ Mt Unidade/Mt USD/ Mt Unidade/Mt USD/ Mt

    Carga metlica

    Finos (65% Fe) T 110,73 1,55 171,63 1,55 171,63

    Sinter feed T 123,03 0,80 97,93 1,55 190,70 1,55 190,70

    Lump T 151,09 0,16 24,02

    pelotas para alto-forno T 184,01 0,64 117,21

    Carga de carbono

    Carvo pulverizado T 250 0,75 188,70 0,37 92,50 0,16 40,00 0,66 165,00

    Carvo LV T 250 0,80 200,00

    Gs natural, leo,etc Gcal 50 1,67 83,33

    Coque cativo T 466,67 0,32 149,33 0,14 66,67

    Ligantes

    Ligantes $ 40,00 40,00 10,00 10,00 10,00

    Outros

    Oxignio Nm 0,30 1,00 0,30 1,00 0,30 50,00 15,00 280,00 84,00 500,00 150,00

    Manuteno $ 28,00 30,00 40,00 35,00 35,00

    Energia MWh 70,00 0,16 11,20 0,20 14,00 0,10 7,00 0,35 24,50 0,20 14,00

    Utilidades, ect $ 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00

    Crditos

    Crditos de gs Gcal -10,00 2,00 -20,00 1,00 -10,00 0,90 -9,00 4,00 -40,00

    Escria a T -10,00 0,21 -2,10 0,25 -2,50 0,27 -2,70

    Escria b T -4,00 0,20 -0,80 0,30 -1,20

    Opex TOTAl 422,73 435,96 493,00 539,00 593,66

  • 71

    A Figura 28 nos mostra mais uma vez que o processo Tecnored se destaca

    perante os outros processos no quesito OPEX, custo de produo.

    Figura 28 - Comparativo do OPEX de cada processo (ADAPTADO DE NOLDIN, 2011).

    Na Figura 29 est a taxa de emisso de CO2 por processo, sendo que o

    processo que se destaca nesse quesito o ITmk3 pois o que possui menor

    taxa de emisso de CO2.

    J com relao s emisses de SOx o processo que merece destaque o

    FINEX, que apresenta taxas de emisses baixssimas, comparada com os

    outros processos, como mostrado na Figura 30. Outro ponto importante da

    Figura 29 a diferena brusca entre o Processo FINEX e o Alto-forno. Nesse

    caso o alto-forno apresenta valores elevados pois os processos de sinterizao

    e coquerias tambm esto presentes.

    Menor OPEX

  • 72

    Figura 29 - Taxa de emisso de gs carbnico por tonelada de ferro produzido, por

    processo.

    Figura 30 - Taxa de emisso de SOx por tonelada de ferro produzido, por processo.

  • 73

    O Finex se destaca mais uma vez quando comparamos as taxas de emisso

    de NOx entre os processos, como mostrado na Figura 31. Porm nesse

    quesito o Tecnored tambm apresenta em destaque.

    O alto-forno mais uma vez apresenta valores mais altos, pois os processos de

    sinterizao e coqueria tambm esto presentes, como tambm na emisso de

    poeira, conforme pode ser observado na Figura 32.

    Figura 31 - Taxa de emisso de NOx por tonelada de ferro produzido, por processo.

    Figura 32 - Taxa de emisso de poeira por tonelada de ferro produzido, por processo.

  • 74

    Agora todos esses dados sero avaliados e compilados em uma nica tabela

    que mostrar a pontuao para cada parmetro. Os parmetros mostrados

    anteriormente so parmetros comuns a todos os processos Tecnored,

    HIsmelt, ITmk3, FINEX e o alto-forno.

    Foi ento estabelecida uma regra para classificao de cada item, conforme

    mostrado na Tabela 6, que exibe as regras de classificao dos itens avaliados

    na comparao entre os processos:

    Tabela 6 Regras para classificao dos itens avaliados na comparao entre os

    processos

    Quantidade de estrelas preenchidas

    Pontuao

    Muito Bom

    Bom

    Regular

    Ruim

    OBS: Pode haver intermedirios entre esses valores, ento a estrela

    aparecer preenchida apenas pela metade.

    Foram estabelecidos como comum a todos os processos os seguintes

    parmetros:

    CAPEX;

    OPEX;

    Flexibilidade de matria-prima;

    Emisses de CO2;

  • 75

    Emisses de SOx;

    Emisses de NOx;

    Emisses de poeira.

    Depois de analisados todos esses parmetros comuns aos processos foi

    estabelecido uma pontuao adicional para os parmetros que s alguns

    processos apresentam (um diferencial de cada processo).

    Se um processo possui esse diferencial, recebe uma estrela e se no possui,

    no recebe nenhuma.

    Depois de estabelecidos os parmetros comuns e adicionais foi realizada a

    somatria de estrelas por processos, para assim determinar o ranking parcial e

    total de todos os processos. A Tabela 7 mostra a pontuao geral e a Tabela 8

    mostra a pontuao adicional.

  • 76

    Tabela 7 Pontuao geral

    Tabela 8 Pontuao Adicional

  • 77

    6. CONCLUSO

    O processo convencional para a produo de ao vem sofrendo inmeras

    adaptaes e melhorias ao longo dos ltimos anos, para atender s questes

    ambientais e econmicas impostas. Tais como, baixo custo de investimento

    (CAPEX), baixo custo operacional (OPEX), flexibilidade de escala, uso e

    matrias-primas e menores taxas de emisses de poluentes.

    A indstria siderrgica de uma maneira geral est preocupada e comprometida

    com a manuteno e melhoria da sade humana e do meio ambiente. A

    eliminao no meio ambiente de substncias poluidoras pela indstria

    siderrgica mundial foi reduzida em mais de 90% em relao aos anos 70,

    aps maiores investimentos para o controle ambiental. No entanto h muito

    mais a se fazer.

    nesse contexto que o alto-forno busca se adaptar s novas exigncias da

    siderurgia, modernizando seus processos e minimizando seus impactos

    ambientais. Ao mesmo tempo, surgem as tecnologias alternativas, que visam

    uma maior compatibilidade ambiental, uma diminuio do CAPEX e OPEX,

    maior flexibilidade para atender s variaes de demanda e eliminar etapas

    como coquerias e plantas de sinterizao que so extremamente nocivas ao

    meio ambiente. Porm mesmo em escala de desenvolvimento tecnolgico elas

    apresentam um forte potencial para desenvolvimento em escala industrial.

    Deve-se levar em considerao o volume de resduos slidos, principalmente