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A miologia é a área da anatomia responsável pelo estudo dos músculos e seus anexos. O músculo é definido como uma estrutura anatómica capaz de se contrair quando estimulado, ou seja, é capaz de diminuir sua longitude mediante um estímulo...TRANSCRIPT
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MÓDULO 2 – MIOLOGIA
“Os músculos permitem-nos fazer movimentos. Os músculos movem-nos. Sem músculos
seriamos incapazes de abrir a boca, falar, andar ou até mesmo digerir a comida. Não
conseguiríamos mover nada dentro ou fora do nosso corpo. De facto, sem músculos, não
conseguiríamos viver …”
ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS
O QUE É A MIOLOGIA?
A miologia é a área da anatomia responsável pelo estudo dos músculos e seus anexos. O
músculo é definido como uma estrutura anatómica capaz de se contrair quando
estimulado, ou seja, é capaz de diminuir sua longitude mediante um estímulo;
Propriedades dos músculos
Tipos de músculo
O sistema muscular dos animais é o conjunto de órgãos que lhes permite o movimento, tanto
externa, como internamente. O sistema muscular dos vertebrados é formado por três tipos de
músculo: liso, estriado cardíaco, estriado esquelético;
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Os MÚSCULOS ESTRIADOS ESQUELÉTICOS são controlados pela vontade do homem, e por
serem ligados aos ossos permitem a movimentação do corpo;
Apresentam estrias nas suas fibras. São os responsáveis pelos movimentos voluntários. Estes
músculos inserem-se sobre os ossos e sobre as cartilagens e contribuem para formar o invólucro
exterior do corpo. A maioria dos músculos está presa ao esqueleto, junto a articulações, abrindo-
as e fechando-as e permitindo mover o corpo. Nas articulações, esses músculos são presos a
ossos por meio de tendões, que são cordões de tecido conjuntivo. São formados por células
bastante compridas e polinucleadas;
O MÚSCULO ESTRIADO CARDÍACO é um músculo estriado, no entanto, possui como
característica o facto de não estar sob qualquer controle voluntário;
O músculo estriado cardíaco é o tipo de tecido muscular que forma a camada muscular do
coração, conhecida por miocárdio. Também é chamado tecido muscular estriado esquelético
cardíaco. As fibras musculares cardíacas têm discos (membranas que delimitam a célula)
intercalados entre uma fibra e outra. O músculo cardíaco possui contrações involuntárias,
permitindo levar o sangue a todo o corpo;
Os MÚSCULOS LISOS são involuntários e trabalham para acionar os órgãos internos
(movimentos do esôfago ou intestinos).
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Músculo liso é um tecido muscular de contração involuntária e lenta, composta por células
fusiformes mononucleadas. O músculo liso encontra-se nas paredes de órgãos ocos, tais como
os vasos sanguíneos, na bexiga, no útero e no trato gastrointestinal. O músculo liso é
responsável por movimentos peristálticos, que são contrações lentas e involuntárias, em ondas,
que deslocam o alimento pelo sistema digestivo. Estas contrações peristálticas são controladas
automaticamente pelo Sistema Nervoso Autónomo;
Comparação entre tipo de músculos
Características Músculo Esquelético Músculo Liso Músculo Esquelético
Cardíaco
Localização Inserido nos ossos
Paredes dos órgãos ocos,
vasos sanguíneos, olhos,
Glândulas e pele
Coração
Forma das células Muito longas e cilíndricas Em forma de fusos Cilíndricas e ramificadas
Núcleo Múltiplos, com localização
periférica
Único, com localização
central
Único, com localização
central
Estrias Sim Não Sim
Controle Voluntário e involuntário
(reflexos) Involuntário Involuntário
Capacidade de contração
espontânea Não Sim (alguns músculos lisos) Sim
Função Movimento corporal
Ex.: esvaziamento da bexiga,
alteração do tamanho da
pupila, movimento dos pêlos,
etc.
Bombeia o sangue
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FUNÇÕES DO MÚSCULO
a) Produção dos movimentos corporais: Movimentos globais do corpo, como andar e correr;
b) Estabilização da Posição e distribuição do peso corporais: A contração dos músculos
esqueléticos estabilizam as articulações e participam da manutenção das posições corporais,
como a de ficar em pé ou sentar, bem como a distribuição do peso;
c) Manutenção dos contornos corporais, proteção dos órgãos viscerais e regulação do
Volume dos Órgãos: A contração sustentada dos músculos lisos pode impedir a saída do
conteúdo de um órgão oco;
d) Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos das
paredes vasos sanguíneos regulam a intensidade do fluxo, podem mover alimentos, urina e
gâmetas do sistema reprodutivo e promovem o fluxo de linfa e o retorno do sangue para o
coração;
e) Regulação da temperatura: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e grande
parte desse calor libertado pelo músculo é usado na manutenção da temperatura corporal.
A – ORGANIZAÇÃO MACROSCÓPICA E PROPRIEDADES DO MÚSCULO ESQUELÉTICO
Organização e estrutura geral
Ventre muscular
Ventre muscular é a porção contrátil do músculo, constituída por fibras musculares que se
contraem. Constitui o corpo do músculo (porção carnosa).
Aponevroses
São terminações ou origens musculares, em forma de leque ou qualquer membrana
constituída por fibras conjuntivas densas que envolve um músculo. Possuem cor
esbranquiçada ou amarelada. São finas e delgadas, porém muito resistentes. Como um
invólucro ao redor dos músculos, as aponeuroses criam resistência e aderem à superfície
da região do osso em que o músculo se prende.
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Tendões
O tendão é constituído por um cordão fibroso formado por tecido conjuntivo. Através do
tendão os músculos se inserem nos ossos ou noutros órgãos. possuem a função de manter o
equilíbrio estático e dinâmico do corpo, através da transmissão do exercício muscular aos ossos
e articulações;
PAPEL DA ELASTICIDADE MUSCULAR
Como fator protetor da atividade muscular
A elasticidade muscular é a capacidade dos músculos se distenderem e recuperarem o seu
comprimento inicial, depois de efetuarem uma
contração. Este processo depende, sobretudo, do
comprimento inicial das fibras musculares, já que
quanto maior for a longitude, mais amplo será o
movimento de contração e distensão e,
consequentemente, maior será a elasticidade
muscular;
Esta propriedade pode ser aperfeiçoada através do
alongamento muscular, já que os exercícios de
alongamento, essenciais em todas as atividades de
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aquecimento, aumentam o comprimento das fibras musculares;
Exercícios de alongamento garantem maior elasticidade, evitando situações de rutura
muscular.
Como fator de organização da atividade muscular
Quando se intenta à realização de qualquer exercício, deve considerar-se a capacidade de
elasticidade individual do praticante,
segundo a realização prévia de um
esquema de exercícios, devidamente
monitorizados;
Os objetivos do alongamento centram-
se em restaurar a amplitude de
movimento normal; prevenir o
encurtamento dos músculos; facilitar
o relaxamento muscular; aumentar a
amplitude de movimento de uma área
particular do corpo antes de iniciar os
exercícios de fortalecimento; e reduzir
o risco de lesões músculo-tendinosas.
Principais elementos elásticos do músculo
Os elementos elásticos do músculo também apresentam alguma resistência ao alongamento,
tendo capacidade de, quando estirados, armazenar energia elástica que posteriormente restituem
quando se verifica o encurtamento.
A sua função é transmitir tensão dos
músculos aos ossos e assim
produzir movimento;
São componentes elásticos, as
membranas celulares das fibras
musculares e as membranas
envolventes (endomisio – tecido
que envolve uma fibra muscular,
perimisio – tecido que envolve o
fascículo; e epimisio – tecido que
envolve o músculo), constituídas
por tecido conjuntivo. Também
constituídos por tecido conjuntivo
são os tendões (elemento elástico ).
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B – ORGANIZAÇÃO MICROSCÓPICA E PROCESSO DE CONTRAÇÃO MUSCULAR
Constituição da fibra muscular
Fibras musculares, células musculares ou miócitos são as células que constituem os
músculos. Podem chegar a 30 cm de comprimento. Para além do seu tamanho e forma, estas
células têm ainda outra particularidade: são preenchidas por feixes longitudinais de
miofibrilhas, responsáveis pela contração muscular.
Funções gerais dos principais elementos
Miofibrinas – responsáveis pela contração muscular; Sarcolema – membrana plasmática das
células do tecido muscular; Sarcoplasma – citoplasma das células musculares; Sarcómero –
um dos componentes básicos do músculo estriado que permite a contração muscular;
Miofilamentos – filamentos das miofibrinas, responsáveis pela contractibilidade.
Placa motora
Cada músculo possui o seu nervo motor, o qual se divide em muitos ramos para poder
controlar todas as células do músculo. O local onde as divisões destes ramos terminam e se
unem ao músculo é denominado como placa motora (região de contato, de invaginação, da
fibra nervosa na fibra muscular);
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Mitocôndria
A mitocôndria é um dos organitos celulares mais importantes. É abastecida pela célula que a
hospeda por substâncias orgânicas como a glicose, as quais processa e converte em energia
sob a forma de ATP, que devolve para a célula hospedeira, sendo energia química que pode
ser usada em reações bioquímicas que necessitem de consumo de energia;
O sarcómero e a contração muscular
Contração muscular é um
processo fisiológico
característico das fibras
musculares que corresponde à
capacidade de gerar tensão
com a ajuda de um neurónio
motor. Ocorre com a saída de
um impulso elétrico, do
sistema nervoso central, que é
conduzido ao músculo através
de um nervo.
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Processos de contração e relaxamento
A contração do músculo esquelético é voluntária e ocorre pelo deslizamento dos filamentos
de actina sobre os de miosina. Nas pontas dos filamentos de miosina existem pequenas
projeções, capazes de formar ligações com certos sítios dos filamentos de actina, quando o
músculo é estimulado;
Essas projeções (cabeças)
de miosina puxam os
filamentos de actina,
forçando-os a deslizar
sobre os filamentos de
miosina. Isso leva ao
encurtamento das
miofibrilas e à contração
muscular. Durante a
contração muscular, o
sarcómero diminui
devido à aproximação
das duas linhas Z, e a
zona H chega a
desaparecer.
Ação do cálcio
A contração muscular esquelética acontece quando há uma interação das proteínas
contráteis de actina e
miosina, que ocorre na
presença de íões de cálcio e
energia;
A função do cálcio no
músculo esquelético é expor
um sítio de ligação da
miosina na proteína actina.
Quando o impulso é
interrompido o cálcio é
removido através da bomba
de cálcio para ser armazenado
no retículo sarcoplasmático;
Formação do complexo actomiosina (ponte cruzada)
Os filamentos de actina e miosina dentro do músculo participam principalmente do processo
mecânico da contração muscular. Quando o cálcio e a adenosina trifosfato (ATP) estão
presentes em quantidades suficientes, os filamentos interagem para formar o complexo
actomiosina, o que vai acabar por resultar na contração muscular.
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Noção de tétania (tetanus) muscular
Corresponde a uma
continuada e involuntária
contração muscular, devido a
problemas no estímulo
nervoso. É um estado
patológico caracterizado por
crises de contrações
musculares espasmódicas. A
estimulação contínua faz com
que o músculo atinja um grau
máximo de contração, o
músculo permanece contraído,
condição conhecida como
tetania;
A Fadiga Muscular pode ser definida como declínio da tensão muscular com a estimulação
repetitiva e prolongada durante uma atividade.
Curvas força
A Força Máxima, que é solicitada no Powerlifting, demora em média 0,8 segundos a ser
atingida e traduz-se no máximo valor de força oferecido por uma resistência que o individuo
consiga igualar;
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A Força Rápida, requerida na Halterofilia, trata-se do máximo valor de força que o indivíduo
consegue produzir até aos 0,4 segundos;
A força inicial traduz o máximo valor de produção de força num movimento até aos 0,2
segundos.
Alongamento versus força
Um músculo flexível tende a ser mais resistente a lesões que um músculo rígido. Os
alongamentos permitem uma melhor mobilidade e flexibilidade, desenvolvendo uma certa
amplitude de movimento;
Existe a ideia que o alongamento se
opõe às lesões, sendo um músculo
alongado mais resistente que
músculos não alongados;
O exercício de alongamento
realizado em alta intensidade de
extensão muscular, acaba por
diminuir a força, por um mecanismo
conhecido como Inibição Neural;
A diminuição da força pode ser
decorrente de fatores neurológicos, mecânicos e comprimento-tensão da fibra muscular.
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Força / velocidade da fibra muscular
A velocidade na qual um
músculo varia em
comprimento (geralmente
regulado por forças externas,
tais como carregar pesos)
também afeta a força que pode
gerar. A força declina
(hiperbólica) em relação à
força isométrica medida
conforme aumenta a
velocidade de encurtamento,
eventualmente chegando a
zero à velocidade máxima.
O inverso vale para quando o músculo é esticado - aumenta a força acima do máximo
isométrico, até finalmente chegar a um máximo absoluto. Há fortes implicações para a taxa na
qual os músculos podem realizar trabalho mecânico (energia). Dado que a energia é igual à
força vezes a velocidade, o músculo gera nenhum poder em força isométrica (devido à
velocidade zero).
Velocidade da fibra muscular – contração lenta
As fibras de contração lenta são
responsáveis pela resistência da
contração, permitindo forças
suficientes para contrações
prolongadas, podendo persistir
por vários minutos ou horas.
Um músculo com função de
resistência, sustentação, que
responde de forma lenta,
suportando maior tempo de
contração, possui maior número
de fibras lentas, que são
preparadas para atender essas
características;
Estas têm uma alta capacidade de oxidar aerobicamente os glícidos e os ácidos gordos, de
modo a gerar ATP e permitindo exercícios duradouros;
As Fibras musculares lentas (tipo I) oxidativas, efectuam atividades lentas; são menores;
exercícios aeróbicos; baixa intensidade, muita vascularização; muitas mitocôndrias;
abundante mioglobina (aspeto avermelhado).
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Velocidade da fibra muscular – contração rápida
Proporcionam grandes quantidades de potência de contração, podendo suportar trabalhos de
segundos a um minuto. As fibras rápidas são
adaptadas para contrações musculares muito rápidas
e fortes, como as que ocorrem nos saltos e corridas
curtas, entrando em fadiga apenas alguns minutos
após a sua contração;
As Fibras musculares rápidas (brancas – Tipo II)
exercem atividades rápidas; exercícios anaeróbicos;
fibras maiores; maior diâmetro, retículo
sarcoplasmático extenso; poucas mitocôndrias; pouca vascularização; possuem coloração
esbranquiçada devida a menor quantidade de mioglobina;
Sub-tipo IIa – fibras rápidas oxidativas-glicolíticas; Sub-tipo IIb – rápidas glicolíticas.
Tipos de fibras musculares no nosso dia-a-dia
As fibras CL (contração lenta) são recrutadas em primeiro lugar, independentemente da
intensidade do exercício. Caso haja necessidade de um fornecimento rápido e potente de
energia, fibras adicionais do tipo IIA serão recrutadas. Somente em níveis máximos ou quase
máximos é que recrutamos as fibras IIB. Quando corremos em velocidade máxima recrutamos
todos os tipos de fibras, principalmente as do tipo IIB. No entanto, as fibras IIB entram
rapidamente em fadiga e caso quiséssemos continuar correndo, seríamos obrigados a reduzir a
velocidade, pois as fibras IIA passariam a ser preferencialmente recrutadas. Apesar de
possuírem um alto potencial energético, este é ainda assim inferior à potência das fibras IIB.
Não demoraria muito e rapidamente sentiríamos uma enorme sensação de fadiga, forçando a
reduzir ainda mais a velocidade. Assim, as fibras CR (contração rápida) passariam a ser
recrutadas preferencialmente. Estas fibras utilizam o alto potencial oxidativo para queimar,
preferencialmente as gorduras e ácido láctico, que foi acumulado durante os momentos
anteriores do exercício. Somente assim seria possível continuar sem esgotar as reservas
limitadas de glícidos que se encontram nos músculos.
C – PROCESSOS ENERGÉTICOS NO MÚSCULO ESQUELÉTICO
Necessidades energéticas da fibra muscular
A Bioenergética dedica-se ao estudo dos vários processos
químicos que tornam possível a vida celular do ponto de vista
energético, e permite entender como a capacidade para realizar
trabalho depende da conversão sucessiva, de uma em outra forma
de energias;
O trabalho muscular é uma questão de conversão de energia
química em energia mecânica, energia que é utilizada pelas
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miofibrilas para provocar o deslize dos miofilamentos, resultando em ação muscular e produção
de força
O dispêndio energético depende de vários fatores, da tipologia do exercício, da frequência, da
duração e intensidade, dos aspetos de carácter dietético, das condições de exercitação (altitude,
temperatura e humidade), da condição física do atleta e da sua composição muscular em termos
de fibras (tipo I e II)
Papel do ATP
A fonte de energia garante o fornecimento de energia às
células é o ATP. O trifosfato de adenosina (ATP) é o
instrumento bioquímico que serve para armazenar e
utilizar energia;
O ATP é necessário para as reações químicas envolvidas
em toda contração muscular. Conforme a atividade do
músculo aumenta, mais ATP é consumido;
As células obtêm energia química, pelo
catabolismo de nutrientes e empregam esta
energia para sintetizar ATP a partir de ADP +
Pi. O ATP transfere parte de sua energia para
processos de síntese de macromoléculas ou
transporte de substâncias através das membranas
contra gradientes de concentração.
A reação que transforma o ATP em energia
apresenta um conjunto de etapas:
– Quimicamente, o ATP é um nucleótido
de adenina cercado por três fosfatos;
– Há muita energia armazenada na ligação
entre o segundo e o terceiro grupo de fosfato que pode ser usada para alimentar as
reações químicas;
– Quando uma célula precisa de energia, a ligação é quebrada para produzir difosfato de
adenosina (ADP) e uma molécula livre de fosfato (Pi);
– Em alguns casos, o segundo grupo de fosfato também pode ser quebrado para
produzir monofosfato de adenosina (AMP);
– Quando uma célula tem excesso de energia, é armazenada produzindo ATP a partir de
ADP e fosfato;
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O ATP dos músculos vem de três sistemas bioquímicos diferentes, nesta ordem:
– Sistema ATP - fosfocreatina (anaeróbio alático)
– Sistema Glicolítico (anaeróbio lático);
– Sistema Oxidativo (Aeróbio).
Diferentes processos e diversos tipos de esforço
Em termos de performance, destacam-se três grupos distintos - potência, velocidade e
resistência (endurance) – aos quais associam um sistema energético específico, respetivamente,
os fosfatos de alta energia, a glicólise anaeróbia e o sistema oxidativo.
O lançamento do peso e a corrida de 400m são sistemas energéticos designados de anaeróbios,
o que significa que a produção de energia não está dependente da utilização de oxigénio;
A maratona é um sistema oxidativo (mitocôndria) com gasto de oxigénio - sistema aeróbio;
O sucesso e a operacionalidade de cada um dos grupos de atividade encontra-se dependente
do funcionamento do sistema energético preferencialmente utilizado.
Sistema anaeróbio
As fibras musculares costumam "construir" as moléculas de ATP a partir da combustão ou
oxidação dos nutrientes que armazenam no seu interior através de um processo aeróbio, ou
seja, mediante um processo que necessita da presença de oxigénio;
Todavia, como a assimilação de oxigénio a partir da circulação sanguínea, durante os
primeiros dois minutos de exercício físico, o tempo que o aparelho cardiorrespiratório
necessita para se adaptar completamente às necessidades, é muito reduzido, as fibras
musculares, durante a fase inicial do exercício físico, obtêm o ATP de que necessitam a partir
de dois mecanismos anaeróbios em que não é necessária a presença de oxigénio: o da
fosfocreatina e o da glicólise anaeróbia.
Sistema ATP - fosfocreatina (anaeróbico alático)
A fosfocreatina é uma substância composta por uma molécula de creatina e outra de ácido
fosfórico armazenada no interior das fibras musculares, que participa no primeiro mecanismo
destinado a obter moléculas de ATP e, consequentemente, energia, perante necessidades
repentinas. O mecanismo da fosfocreatina é ativado no preciso momento em que a contração
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da fibra muscular se inicia e
consiste no desdobramento desta
substância numa molécula de
creatina e noutra de ácido
fosfórico e na posterior junção
desta molécula e de outra de ADP,
de modo a formar uma nova
molécula de ATP.
Embora este mecanismo seja muito
eficaz no início da contração, o
depósito de fosfocreatina acaba
igualmente por se esgotar, obrigando
a fibra muscular a recorrer a outro
dos seus processos anaeróbios, com vista a obter mais moléculas de ATP.
Sistema Glicolítico (anaeróbio lático)
Este processo consiste na degradação do glicogénio
armazenado no interior das fibras musculares, de
modo a proporcionar a obtenção de energia que
permita a junção das moléculas de ácido fosfórico
com outras de ADP, para que no final do processo se
obtenham duas moléculas de ATP e, como produtos
residuais, duas moléculas de água e outras duas de
ácido láctico.
Cerca de quarenta segundos após este tipo de
atividade, a relevância da glicólise anaeróbia diminui,
já que após este período, o aparelho
cardiorrespiratório começa a adaptar-se ao exercício
físico e a transportar uma quantidade mais significativa de oxigénio para o tecido muscular.
A velocidade da eliminação do ácido láctico provocado por este processo é menor do que a
velocidade de produção, pois tem tendência para se acumular. Cerca de dois minutos após o
início do exercício físico, os mecanismos aeróbios desempenham um papel muito mais
importante do que os anaeróbios.
Sistema aeróbio
É através do metabolismo aeróbio que as fibras musculares obtêm a energia de que necessitam
para formarem as moléculas de ATP, a partir da união de moléculas de ADP e ácido fosfórico,
mediante a degradação de nutrientes em processos que necessitam da presença de oxigénio
Este processo fornece dez vezes mais energia do que os mecanismos anaeróbios e tem a
vantagem de não gerar substâncias residuais tóxicas, formando moléculas eliminadas de dióxido
de carbono, com o ar expirado, e água. Após a adaptação do aparelho cardiorrespiratório ao
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exercício, o principal mecanismo de obtenção de energia consiste na neoglicogénese aeróbia, a
partir do momento em que as reservas de glicogénio do tecido muscular e hepático começam a
esgotar-se. As fibras musculares começam a construir moléculas de ATP através da degradação
das moléculas de proteínas e lipídios dos tecidos, provenientes dos depósitos adiposos, que se
encontram na hipoderme e à volta dos órgãos internos através do sangue.
Sistema Oxidativo (Aeróbio)
Com cerca de dois minutos de exercício, o corpo já responde para suprir oxigénio aos músculos
que se exercitam. Quando há
oxigénio, a glicose pode ser
completamente decomposta em
dióxido de carbono e água em um
processo chamado respiração
aeróbia. A glicose pode ter três
diferentes origens:
As reservas de glicogénio restantes
nos músculos; a quebra do glicogénio do fígado, através da corrente sanguínea; a absorção da
glicose dos alimentos no intestino, através da corrente sanguínea;
A respiração aeróbica também pode usar ácidos gordos das reservas de gordura do músculo e do
corpo para produzir ATP. Em casos extremos, as proteínas também podem ser decompostas em
aminoácidos e utilizadas para produzir ATP. A respiração aeróbica usaria primeiramente os
glícidos, depois as gorduras e, se necessário, as proteínas. A respiração aeróbica produz ATP
num ritmo mais lento, mas pode continuar o fornecimento por muitas horas.
Processos de resíntese de ATP
A energia necessária para a realização de todas as tarefas que nosso corpo necessita é
proveniente do ATP, fabricada em todas as células vivas como um modo de capturar e
armazenar energia. À medida que o corpo vai realizando suas funções, o ATP é degradado e,
consequentemente, restaurado por outra fonte energética que pode ser proveniente da
fosfocreatina, das ácidos gordos, dos lípidos ou das proteínas. Conforme as necessidades
energéticas, o corpo utiliza o pouco ATP que tem disponível . À medida que o ATP acaba, é
solicitado o uso da fosfocreatina para ressintetizar o ATP, porém a fosfocreatina também é
reduzida. Então, o nosso organismo solicita outro macronutriente para realizar a ressintese do
ATP. Entretanto, o organismo precisa de determinar qual o substrato energético a utilizar:
gordura, na forma de triglicerídeos, ou glícidos na forma de glicose ou glicogénio muscular,
dependendo de dois fatores: a velocidade de ressintese do ATP e se há ou não a presença de
oxigénio.
Diferentes processos e diversos tipos de esforço
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Na presença de oxigénio e na pouca necessidade de solicitação deste macronutriente, o
organismo utilizaria a gordura para ressintetizar ATP, uma vez que a gordura gera mais ATP
que a glicose, e sua fonte é praticamente ilimitada no nosso corpo, não levando-o ao risco de
sofrer pela má utilização deste substrato.
Por outro lado, na necessidade de alta velocidade de ressintese do ATP o organismo irá optar
pela glicose ou glicogénio hepático e muscular; como em exercícios extenuantes e muito
intensos. Isso também ocorreria na ausência de oxigênio durante o processo de transformação
para gerar energia, chamado de ciclo da glicólise. Esse ciclo seria capaz de gerar energia
suficiente para ressintese do ATP, mas teria um efeito indesejável, a produção de ácido lático,
que faria com que o exercício fosse interrompido minutos depois pela instalação da fadiga
muscular dos músculos ativos (músculos exercitados).
D – TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES
Fibras dos tipos I e II
Tipo I
A classificação das fibras musculares faz-se de acordo com o metabolismo energético
dominante, da velocidade de contração e da sua coloração histoquímica, a qual depende das
atividades enzimáticas: Tipo I , de contração lenta ou vermelhas, e isto devido à densidade
capilar e ao conteúdo em mioglobina e Tipo II, de contracção rápida ou fibras brancas, as quais
se subdividem na lIa, IIb, e IIc
Fibras tipo I, de contração lenta, vermelhas ou ST(slow twitch) São fibras com menor
diâmetro, com um maior fornecimento sanguíneo, quando expresso em capilares por fibra,
possuem muitas e grandes mitocôndrias e muitas enzimas oxidativas. São por isso fibras com
um metabolismo energético de predomínio aeróbico, resultando uma grande produção de ATP,
permitindo esforços duradouros. Estas fibras predominam nos músculos dos atletas de
endurance ou resistência
Tipo II
De contração rápida, brancas ou FT(fast twitch) São fibras brancas, de maior diâmetro, com
predomínio de metabolismo energético de tipo anaeróbico. Possuem grandes quantidades de
enzimas ligadas a este tipo de metabolismo, como por exemplo a CPK (creatinofosfoquínase),
necessária à regeneração rápida de ATP a partir da fosfocreatina (CP)
O músculo tem uma velocidade de contração, uma velocidade de condução na membrana e uma
tensão máxima maior do que nas fibras do tipo I. Têm elevados níveis de atividade da ATPase
miofibrinar, o que revela grande velocidade na elaboração das interações actina-miosina
Nas Fibras subtipo IIb o metabolismo anaeróbico é dominante, o que origina uma grande
acumulação de ácido láctico. São fibras com um mau rendimento energético, de contração
rápida e facilmente fatigáveis; Fibras do subtipo lIa: são também fibras brancas, com
predomínio do metabolismo anaeróbico, mas já com uma capacidade oxidativa superior; as
fibras IIc possuem predomínio do metabolismo anaeróbico e uma capacidade oxidativa
superior.
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Distribuição dos tipos de fibras nos músculos
As percentagens de fibras rápida, intermediária e lenta num músculo esquelético pode ser
bastante variável. Músculos dominado por fibras rápidas aparecem pálidas e são chamados de
músculos brancos. Peitos de frango contêm "carne branca", porque as galinhas usam as asas
apenas por breves intervalos, como quando em fuga de um predador, e o poder de voo provém
de fibras rápidas nos músculos do peito. Os vasos sanguíneos e mioglobina nas fibras lentas
conferem uma cor avermelhada aos músculos lentos. Na galinha, o andar todo o dia confere às
fibras lentas (carne escura) o tom escuro das pernas.
A maioria dos músculos humanos contêm uma mistura de tipos de fibras e assim aparecem rosa.
No entanto, não há fibras lentas nos músculos do olho ou na mão, onde contrações rápidas, mas
breve são obrigatórios. São dominados por fibras lentas, os músculos que se contraem
continuamente para manter uma postura ereta. A percentagem de fibras rápidas versus lenta em
cada músculo é determinada geneticamente, podendo aumentar como resultado do treinamento
atlético
E – CONCEITOS RELACIONADOS COM A DETERMINAÇÃO DAS AÇÕES MUSCULARES
O músculo esquelético e a função articular
Os músculos esqueléticos ou músculos estriados, já
que apresentam estriações nas suas fibras, são os
responsáveis pelos movimentos voluntários; estes
músculos inserem-se sobre os ossos e sobre as
cartilagens e contribuem, com a pele e o esqueleto, para
formar o invólucro exterior do corpo.
A maioria dos músculos está presa ao esqueleto, junto
a articulações, abrindo-as e fechando-as. Nas
articulações, esses músculos são presos a ossos por
meio de tendões, que são cordões de tecido conjuntivo.
Quando os tendões são chatos e largos, e não possuem a
forma de cordão, recebem o nome de aponeuroses ou
aponevroses.
Noções de origem e de inserção
Por convenção, denomina-se de origem, a extremidade do músculo presa à peça do esqueleto
que não se move e inserção a extremidade do músculo presa à peça óssea que se desloca;
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Tipos de Acão muscular
Estática (isométrica) - se a tensão desenvolvida pelo músculo é igual
à resistência que ele tem de vencer, o comprimento das fibras
musculares, mantém-se essencialmente inalterado. Este tipo de ação
muscular ocorre quando se pretende exercer força contra uma
resistência inamovível;
Dinâmica concêntrica - quando a tensão desenvolvida pelo músculo
é superior à resistência que ele tem de vencer, ocorre um
encurtamento. Este tipo de ação ocorre na fase positiva (concêntrica)
da maioria dos exercícios de treino de força, como o supino ou o
agachamento;
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Dinâmica excêntrica - quando a tensão desenvolvida pelo músculo é inferior à resistência que
ele tem de vencer, apesar do músculo tentar encurtar-se, ocorre um alongamento das fibras
musculares. Este tipo de ação ocorre na fase negativa (excêntrica) da maioria dos exercícios de
treina da força, como o supino ou o agachamento.
Ciclo muscular alongamento/encurtamento
O ciclo alongamento e encurtamento
(CAE), mecanismo fisiológico cuja função
é aumentar a eficiência mecânica dos
movimentos, utiliza ações musculares
excêntricas seguidas, imediatamente, por
explosivas ações concêntricas;
A primeira fase é o pré-estiramento ou
ação muscular excêntrica. Aqui, a energia
elástica é gerada e armazenada;
A segunda fase é o período entre o fim do
pré-estiramento e do início da ação
muscular concêntrica, fase de amortização. Quanto menor esta fase, mais poderosa será a
subsequente contração do músculo. A terceira e última fase é a contração real do músculo,
que corresponde ao salto (ou lançamento).
Papéis dos músculos desempenham no movimento
Agonistas: São os músculos principais que
ativam um movimento específico do corpo,
contraindo ativamente para criar o movimento
desejado. Ex: agarrar uma chave sobre a mesa,
agonistas são os flexores dos dedos.
b) Antagonistas: Músculos que se opõem à ação
dos agonistas, quando o agonista se contrai, o
antagonista relaxa progressivamente, produzindo
um movimento suave. Ex: os antagonistas são os
extensores dos dedos.
d) Fixadores: Estabilizam a articulação e a
origem do agonista de modo que ele possa agir
mais eficientemente. Estabilizam a parte
proximal do membro quando move-se a parte
distal.
22
F – ORGANIZAÇÃO GERAL E CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS MÚSCULOS DO TRONCO
Músculos da camada profunda da região posterior do tronco
Músculos da camada superficial da região posterior do tronco
Músculos da região lateral do pescoço
23
Músculos do tórax
Paredes musculares da cavidade abdominal
Músculos da parede posterior do abdómen
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Músculos da parede antero-lateral do abdómen
G – ORGANIZAÇÃO GERAL E CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS MÚSCULOS DO MEMBRO
SUPERIOR
Músculos cintura escapular
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Músculos do braço – região anterior
Músculos do braço – região posterior
26
Regiões musculares do antebraço – Antero-interna
Regiões musculares do antebraço – Postero-externa
27
Regiões musculares da mão
H – ORGANIZAÇÃO GERAL E CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS MÚSCULOS DO MEMBRO
INFERIOR
Músculos superficiais e profundos da bacia
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Músculos da coxa – região anterior
29
Músculos da coxa – região posterior – “hamstrings”
Músculos da coxa – região interna
30
Músculos da perna – região anterior
Músculos da perna – região posterior
31
Músculos da perna – região externa
Regiões musculares do pé –superficiais