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  • Minériode Ferro

    Sala

  • II Conferência de Controle Externo

    Tribunal de Contas do Estado deMinas GeraisPresidente

    Conselheira Adriene Barbosa de Faria Andrade

    Vice-PresidenteConselheiro Sebastião Helvecio Ramos de Castro

    CorregedorConselheiroWanderley Geraldo de Ávila

    ConselheirosCláudio Couto Terrão

    Mauri José Torres Duarte (Ouvidor)José Alves Viana

    Gilberto Pinto Monteiro Diniz

    Conselheiros SubstitutosLicurgo Joseph Mourão de Oliveira

    Hamilton Antônio Coelho

    Ministério Público juntoaoTribunal de ContasProcurador-Geral

    Daniel de Carvalho Guimarães

    Subprocuradora-GeralElke Andrade Soares de Moura Silva

    ProcuradoresMaria Cecília Mendes Borges

    Glaydson Santo Soprani MassariaSara Meinberg Schmidt Andrade Duarte

    Marcílio Barenco Correa de MelloCristina Andrade Melo

    Chefe de Gabinete da PresidênciaBernadete Carvalho Soares de Aguiar

    Diretora-GeralJúnia Bretas Leôncio Gonçalves

    Anais II Conferência de Controle ExternoCOORDENAÇÃO

    Natália Raquel Ribeiro Araújo

    EDIÇÃO E REVISÃOAnya Campos

    COLABORADORESCoordenadoria da Revista do TCE

    Coordenadoria da Biblioteca Aloysio Alves da CostaAssessoria de Jornalismo e Redação

    DIAGRAMAÇÃOMárcioWander Moura Ferreira

    ARTEAssessoria de Publicidade e Marketing Institucional

    Publicação doTribunal de Contas do Estado deMinas GeraisAv. Raja Gabaglia, 1.315— Luxemburgo— Belo Horizonte—MG—CEP: 30.380-435

    Escola de Contas— Edifício anexo— (31) 3348-2494Site:

    Ficha Catalográfica

    Conferência de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais(2. : 2014 : Belo Horizonte)

    Pedras de Minas: Minério de Ferro: Anais da II Conferência de Controle Externodo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais / coordenado por NatáliaRaquel Ribeiro Araújo. - Belo Horizonte : TCEMG, 2014.44 p.Evento realizado pelo TCEMG de 20 a 21 de março de 2014.O 1º Fórum de Governança TCEMG/TCU foi concomitante à Conferência.ISBN: 978-85-68149-06-51. Controle externo 2. Tribunal de Contas 3. Congresso I. Título

    II. ARAÚJO, Natália Raquel Ribeiro III. Minas Gerais. Tribunal de ContasCDU 336.126.55.1

  • II Conferência de Controle Externo

    SUMÁRIO

    9 Licitações de obras e serviços de engenharia:fase interna e construção de planilhas no RDCAndré Pachioni Baeta

    15 Obras de mobilidade urbana e intermunicipalCélio Freitas Bouzada

    19 Geo-Obras como sistemade gerenciamento de obras públicasLuiz Henrique Starling Lopes

    26 Licitações de obras e serviçosde engenharia: cuidados ao licitarHenrique Satuf Silva

    36 Transporte coletivo:planejamento e controle de tarifasSérgio Luís Ribeiro de Carvalho

  • Ociclo do ouro no Brasil inicia-se com a descoberta dometal, por volta de 1695, quandoa bandeira comandada por Manoel Garcia Cunha (o“Velho”), ao buscar água no Cór-rego Tripuí, deparou com um material desconhecido que chamou de “granitos corde aço” e que mais tarde constatou ser “ouro de fino quilate”, revestido por camada de palá-dio. A exploração de ouro em Minas Gerais marcou definitivamente a história do país e domundo, ao dominar a produção global durante todo o século XVIII. Das pouco mais de 1400toneladas produzidas neste período, a Capitania deMinas Gerais contribuiu comnadamenosque 700 toneladas que representavam 50% da produção mundial no período. Essa situaçãoperdurou até o início do século XIX, quando o ouro passou a ocupar um plano secundário naeconomia nacional.

    Desde os tempos do Brasil Colônia, a indústria extrativamineral atrai investidores parao territóriomineiro. Naquela época, os portugueses possuíamomonopólio da atividade na Ca-pitania e concentravam recursos na prospecção e exploração de ouro e pedras preciosas, prin-cipalmente diamante, encontrados com facilidade na superfície do solo. Décadas mais tarde,descobriu-se que o subsolo dasMinas Gerais tambémguardava outras “jóias”, igualmente va-liosas e em quantidades jamais sonhadas pelos representantes da Coroa Portuguesa.

    II Conferência de Controle Externo

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    no Quadrilátero FerríferoMineração

    Mina de Gongo-Soco;desenho a lápis

    por Ernst Hasencleverdurante sua visitaàmina; cadernode desenho, 1839(acervo pessoal deRegina Harlfinger).

    Divulgação Internet

  • A mineração, sob controle do capital inglês, iniciou-se com vários grupos, sendo umdeles a Imperial Brazilian Mining Association, em Gongo Soco, município de Caeté, em 1824.Há quase 300 anos o rico Quadrilátero Ferrífero da região central de Minas Gerais vem sendointensamente explorado. O processo de fundição do ferro, antes realizado de forma artesanalem pequenas forjas, foi implantado de forma industrial na bacia do rio das Velhas, em Caeté,por volta de 1860 e, em 1917, instalou-se em Sabará a Companhia Siderúrgica Belgo Mineira.No decorrer do século XX e neste início do século XXI, o minério de ferro transformou-se numdos pilares da economia mineral, além de item importante na pauta de exportações do país.

    A região foi responsável por toda a riqueza e prosperidade experimentadas, durante sé-culos, por Minas Gerais. Estes méritos, no entanto, vieram acompanhados por uma triste he-rança deixada pela exploração dos recursosminerais e, também, pela atividademineradora emsi: a degradação do meio físico com o aumento da dispersão de metais pesados associados àexploração do ouro. Somente agora mecanismos de controle dos impactos associados à mi-neração estão sendo implementados.

    Simultaneamente ao início do ciclo do ouro, artesãos portugueses em Vila Rica inicia-ram a utilização da pedra sabão comomatéria prima na construção civil, manufatura de uten-sílios domésticos e produção de obras de arte. Essa situaçãomodificou-se, radicalmente, como declínio da exploração aurífera e mais tarde, por volta da segunda metade do século XX, apedra sabão passou a ser utilizada como talco industrial e produto para uso em acabamentona construção civil.

    Retirado do site: . Autoria: Serviço Geológico do Brasil

    II Conferência de Controle Externo

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    Mariana fazparte doQuadriláteroFerrífero, regiãoque concentraimensas jazidasde ferro.

    Divulga

    çãoInternet

  • 1 Engenheiro graduado pela Universidade de Brasília. Auditor Federal de Controle Externo doTribunal de Contas da União, desde 2004,atuando na fiscalização e controle de obras públicas. Supervisionou diversas auditorias de obras públicas. Ocupou, por três anos, ocargo de direção da divisão encarregada da gestão do conhecimento doTCU em auditoria de obras, bem como do desenvolvimentodemétodos e procedimentos relativos ao tema, sendo responsável pela elaboração do Roteiro de Auditoria deObras Públicas doTCU.Está, atualmente, na direção da 3ª Diretoria da Secretaria de Fiscalização de Obras Aeroportuárias e de Edificações do TCU. É autordos livros“Orçamento e Controle de Preços de Obras Públicas”e“RDC - Regime Diferenciado de Contratações Públicas – Aplicado àsLicitações e Contratos de Obras Públicas”, publicados pela Editora Pini. Também é conferencista em diversos eventos e instrutor daESAF/MF e do Instituto Serzedello Corrêa, doTCU, ondeministra cursos sobre RDC, auditoria e orçamentação de obras. Foi eleito pre-sidente do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas - Ibraop para o biênio 2013/2014.

    Licitações de obras eserviços de engenharia

    fase interna e construçãode planilhas no RDC

    André Pachioni Baeta1

    1 INTRODUÇÃO

    Este trabalho se ocupará do Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC, es-pecificamente das fases interna e de construção de planilhas orçamentárias.

    Em 2011, o Poder Executivo, com a contribuição doTribunal de Contas da União –TCU,publicou a Medida Provisória 537, estabelecendo um regime diferenciado especial para asobras da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. A MP 5.37/2011 foi convertidana Lei 12.462/2011, regulamentada pelo Decreto 7.581/2011. Esse foi o ponto de partida paraa utilização do RDC.

    Após uma série demedidas provisórias, a utilização do RDC foi estendida para outras li-citações, como as obras e serviços de engenharia integrantes do PAC, as relativas ao SistemaÚnico de Saúde – SUS, ao SistemaPúblico de Ensino e aos estabelecimentos prisionais. Tambémpodem ser licitadas pelo RDC obras demodernização, construção e ampliação de aeródromospúblicos com recurso do fundo nacional de aviação civil, reforma de unidades armazenadorasda Conab para produtos agropecuários, serviços de dragagem no âmbito do Programa Nacio-nal de Dragagem e todas as obras de prevenção ou de recuperação de desastres.

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    II Conferência de Controle Externo

  • 2 NOVIDADESTRAZIDAS PELO RDC

    ORDC temmuitos pontos positivos e alguns pontos polêmicos. Entre os avanços que eletrouxe com relação à Lei 8.666/93 está a realização da fase de habilitação somente após o julga-mento das propostas de preço, o que confere celeridade ao processo licitatório, evitando que acomissão de licitação tenha que analisar documentos desnecessariamente. Trata-se de um pro-cedimentoanálogoaodopregão, emqueseanalisa apenas adocumentaçãodaempresaqueestáclassificada emprimeiro lugar.

    Outro avanço do RDC é a fase recursal única. A Lei 8.666/93 prevê uma fase recursal apóshabilitaçãoeoutra apóso julgamentodepreço. Caso se tratedeuma licitaçãode técnica epreço,está prevista, ainda, uma fase recursal no julgamento da técnica. No RDC, há apenas uma fase re-cursal, que ocorre ao final da licitação.

    É tambémumavantagemdoRDC, demaneira semelhante aqueocorre nopregão, a pos-sibilidade de utilização das formas eletrônica ou presencial, a exemplo da divulgação eletrônicado edital, sendo desnecessária a publicação do aviso da licitação em jornal de grande circulação,o que se torna uma faculdade, bastando que o órgão o divulgue nos sites do Compras Net, doBanco do Brasil ou da própria prefeitura do órgão licitante.

    O RDC prevê, ainda, um novo critério de julgamento, que é o critério de maior des-conto, que significa um desconto linear sobre toda a planilha, evitando os jogos de crono-grama e de planilha.

    Dois modos de disputa estão previstos no RDC, omodo aberto e omodo fechado. O pri-meiro é semelhante ao pregão, emque o participante vai dando lances abertos e sucessivos, e osegundoéummodo semelhante aoprevistopela Lei da 8.666/93, emque cadaempresa entregasuas propostas num envelope fechado.

    Ressalte-se queoRDCpermite que essesmodos sejamcombinados, podendohaver umafase inicial fechada e, após, uma fase aberta por lances ou uma fase inicial aberta de lances e, de-pois, as três empresasmelhores classificadas apresentam a sua última proposta fechada. É o queocorre hoje nos leilões de concessão.

    Existe, no RDC, umprocedimento de pré-qualificação permanente, que pode gerar um ca-dastrode fornecedor,dandoapossibilidadedeutilizaçãodaremuneraçãovariávelemfunçãodepa-râmetrosdedesempenhodacontratada. IssopermitequeaAdministraçãoPúblicapagueumbônuspara aquela empresa que executa a obra antes do prazo, commelhor qualidade, commelhor sus-tentabilidade ambiental, commelhores padrões de desempenho. Assim, se tal dispositivo do RDCfor bemutilizado, promete acabar comas obras ematraso e coma sua qualidade deficiente.

    É preciso observar, no entanto que, se, por um lado, o RDC aumenta a discricionariedadedo gestor público, por outro, aumenta sua responsabilidade e o dever demotivação.

    2.1 A contratação integrada

    Costuma-se associar o RDC à contratação integrada, um novo regime de execuçãocontratual em que o projeto básico, o projeto executivo e a execução da obra são feitos pela

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    II Conferência de Controle Externo

  • própria contratada, sendo que a Administração passa a ter a possibilidade de licitar obrasapenas com o projeto de engenharia. Então, a contratação integrada não é sinônima de RDCe, sim, um regime de execução do RDC que se configura como uma exceção. A regra deve sera utilização de outros regimes como preço global, preço unitário, empreitada integral e tarefa.

    Para que se utilize a contratação integrada, é necessário que a licitação tenha objetoscaracterizados pela inovação tecnológica ou que possam ser executados com diferentes me-todologias ou tecnologias de domínio restrito. Trata-se de uma exigência legal. Além disso, alei também exige que a contratação integrada seja sempremotivada dos pontos de vista téc-nico e econômico.

    Assim como a empreitada por preço global e a empreitada integral, a contratação in-tegrada tambémé um regime de preço global fixo. Após assinado o contrato, em tese, a cons-trutora vai fazer jus apenas àquele valor, independentemente das quantidades que foramexecutadas na obra. Então, a contratação integrada tem asmesmas aplicações, vantagens e li-mitações da contratação por preço global.

    Conforme a lei, os regimes preferenciais de execução contratual são o preço global, aempreitada integral e a contratação integrada, e oTCU estabeleceu quando cada umdeve serescolhido. O regime de empreitada por preço global, por exemplo, deve ser utilizado naque-las obras em que, a partir do projeto, é possível estimar os quantitativos com grande nível deprecisão a partir de dados geométricos. Já nos projetos cuja imprecisão é característica ine-rente, como os de reforma, o TCU recomenda o uso da empreitada com preço unitário.

    Na contratação integrada, quem faz o projeto básico é o próprio construtor, mas a leiveda a celebração de aditamentos contratuais, a não ser em algumas das hipóteses previstasno art. 65 da Lei 8.666/93, quais sejam, nas alterações requeridas pela Administração e nasocorrências de caso fortuito ou de força maior.

    Fica claro, então, que, na contratação integrada, o construtor vai assumir maior res-ponsabilidade pela execução do objeto e vai assumir riscos de atividades que sãomelhor ge-renciadas pela iniciativa privada, o que acaba levando um componente de incerteza para acontratação, uma vez que a Administração disporá demenos informações no controle de pro-postas. Acontece que os riscos alocados aos licitantes e a imprecisão do projeto que será uti-lizado para licitar na contratação integrada vão fazer comoque preço pago pela Administraçãoseja mais elevado.

    Assim, conforme alerta o autor Augusto Neves dal Pozzo, se a Administração Públicadeixar de estabelecer, de maneira completa, o conjunto de elementos suficientes para carac-terizar o que está pretendendo contratar, não haverá torneio possível, pois, na verdade, esta-rão sendo oferecidas propostas para alguma coisa que não se sabe ao certo o que realmenteé. Trata-se de um pressuposto lógico do certame. E as consequências são nefastas, pois essaimprecisão possibilita oferecimento de propostas com valores que podem ser ínfimos, inexe-quíveis de plano ou então de propostas com valoresmuito acima daqueles que, efetivamente,se poderiam conseguir caso estivesse bem delineado o objeto da contratação.

    Romiro Ribeiro, em seu artigo“O Calcanhar de Aquiles do RegimeDiferenciado de Con-tratações - RDC”, afirma que, ao não oferecer aos licitantes projetos básicos desenvolvidos a

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    II Conferência de Controle Externo

  • partir de programas de necessidades, estudo de viabilidade e anteprojetos detalhados e con-sistentes, a Administração suprime informações imprescindíveis aos interessados para avalia-ção dos riscos e dos reais custos do empreendimento a ser executado. Assim, todo anteprojetodeve ter as chamadas condições de contorno, que são aqueles dados sem os quais o particu-lar não vai conseguir formular sua proposta.

    O TCU tem recomendado que todos os riscos do empreendimento sejam elencados,quantificados e alocados entre as partes, construtor e contratante. Isso para que realmente seconsiga atribuir maior responsabilidade ao contratado, principalmente naquelas atividadesque podem ser melhor desempenhadas pela iniciativa privada. Uma maneira de fazer isso épor meio da matriz de riscos, que deve ser elemento integrante do anteprojeto.

    Independentemente de a contratação integrada permitir que a obra seja licitada comanteprojeto, a lei não proíbe que ela seja feita a partir de projeto executivo. E, lançandomãodo projeto executivo, o gestor pode conseguir um preço menor uma vez que os riscos dacontratada sãomitigados, o que permitiria a execução da obra sem aditivos. Além disso, a uti-lização de projeto executivo não significa que a empresa não possa mudar o projeto, even-tualmente, apresentando uma metodologia alternativa que seja boa para a Administração.

    3 PROJETOS E ESTIMATIVAS DE CUSTOS NO RDC

    Os projetos básicos e executivos do RDC, bem como as planilhas orçamentárias dasobras e serviços do RDC, preço global, preço unitário, empreitada integral e tarefa são iguaisaos previstos na Lei 8.666/93.

    Asmudanças ocorremnamodalidade contratação integrada, que segue os ditames doDecreto 7.581/2011.

    Conforme o art. 74 do Decreto 7.581/2011, o anteprojeto deve ter umprograma de ne-cessidades no qual se detalham o que a Administração Pública deseja contratar, a visão glo-bal dos investimentos, as condições de solidez, segurança e probabilidade do prazo deentrega, o projeto de arquitetura, o parâmetro de adequação ao interesse público, economia,utilização, acessibilidade, os impactos ambientais, a concepção da obra ou serviço, projetos an-teriores ou estudos preliminares que embasaram a concepção adotada, levantamento topo-gráfico cadastrado, sondagem,memorial descritivo, entre outros a depender do tipo da obra.

    O art. 75 do Decreto 7.581/2011 dispõe que

    Art. 75. O orçamento e o preço total para a contratação serão estimadoscom base nos valores praticados pelo mercado, nos valores pagos pelaadministração pública em contratações similares ou na avaliação do custoglobal da obra, aferidamediante orçamento sintético oumetodologia ex-pedita ou paramétrica.§ 1º Na elaboração do orçamento estimado na forma prevista no caput,poderá ser considerada taxa de risco compatível como objeto da licitaçãoe as contingências atribuídas ao contratado, devendo a referida taxa sermotivada de acordo commetodologia definida em ato do Ministério su-pervisor ou da entidade contratante.

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    II Conferência de Controle Externo

  • § 2º A taxa de risco a que se refere o § 1º não integrará a parcela de be-nefícios e despesas indiretas - BDI do orçamento estimado, devendo serconsiderada apenas para efeito de análise de aceitabilidade das propos-tas ofertadas no processo licitatório.

    Então, se o Município vai usar a contratação integrada, é necessário definir, em atonormativo da entidade contratante, uma metodologia para se quantificar riscos, anali-sando-se, em uma matriz, a probabilidade da ocorrência de cada um deles bem como seuimpacto financeiro.

    A avaliação expedita ou de ordem de grandeza é um método baseado no uso de ummacroindicador por unidade característica do empreendimento. Por exemplo, em uma obrade edificação, geralmente, usa-se o custo por metros quadrado de área construída de umaedificação semelhante.

    A avaliação paramétrica é feita a partir do orçamento de alguns elementos do projeto,separando-se a obra em macroetapas. Na construção de uma rodovia, a obra é separada emterraplanagem, base, pavimentação, sinalização, obras de drenageme obras complementares.A partir dessa separação, é feita a avaliação expedita de cada etapa.

    O orçamento sintético é a planilha orçamentária, método mais preciso de orçamenta-ção em que aparecem todos os serviços, unidades demedidas, quantidades, preços unitáriose preços totais. OTCU tem recomendado que, quando for adotada a contratação integrada, asestimativas de custo do anteprojeto sejam baseadas em orçamento sintético tão detalhadoquanto possível.

    A matriz de riscos apresenta dois problemas: o primeiro é a subjetividade para definiro que que é risco, quais são as probabilidades de ocorrência e o impacto financeiro, o que éuma operação complexa; o segundo é a necessidade de um banco histórico de dados comessas informações.

    A análise de risco pode ser feita tanto com a utilização demétodos qualitativos, que são,principalmente, baseados na experiência do estimador, quanto em abordagens quantitativas,e uma das formas de se calcular contingência é atribuir a ela um valor tal que, se adicionadoà estimativa de custo original, eleva para 50% a probabilidade de que o valor, com essa con-tingência, seja superior ao custo real do empreendimento.

    4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Ouso da contratação integrada pode reduzir o prazo da implantação de uma obra umavez que a Administração não precisa fazer o projeto básico a ser licitado, o que vai renderganho de tempo na fase interna da licitação. Entretanto, não necessariamente, a obra seráconcluída emmenos tempo.

    É preciso que o gestor tenha em mente que a contratação integrada não foi criadacom o objetivo de poupar o tempo que se gasta fazendo uma licitação e, sim, para repartiros riscos de uma obra pública com o setor privado da economia. Assim, feita a opção pela

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    II Conferência de Controle Externo

  • contratação integrada, não há, como se disse, óbice à utilização de um projeto com maiorgrau de desenvolvimento e é melhor que a Administração o faça, pois, quanto mais desen-volvido o projeto for, menos incertezas surgirão na contratação e menor será o preço pro-posto pelas licitantes.

    .SUGESTÕES DE LEITURA

    � BAETA, André Pachioni. Orçamento e controle de preços de obras públicas. São Paulo:Pini, 2012. 456 p.

    � CAMMAROSANO, Márcio, coord.; POZZO Augusto Neves dal, coord.; VALIM, Rafael RamiresAraujo, coord. Regime diferenciado de contratações públicas - RDC: lei nº 12.462/2011;decreto nº 7.581/2011: aspectos fundamentais. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2012. 277 p.

    � RIBEIRO, Romiro.Ocalcanhar deAquiles doRegimeDirerenciadodeContratações – RdC.Disponível em: .

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    II Conferência de Controle Externo

  • 1 Formado em Administração de Empresas, especialista em Administração Financeira e mestre em Administração Pública – con-centração em Gestão Econômica. Atualmente é Diretor de Planejamento da BHTRANS e Professor da Faculdade de Ciências Eco-nômicas – FACE – FUMEC.

    Obras de mobilidadeurbana e intermunicipal

    Célio Freitas Bouzada1

    1 INTRODUÇÃO

    De acordo com a Lei 12.597, de 03 de janeiro de 2012, todos os Municípios com maisde vinte mil habitantes precisam ter Plano deMobilidade urbana, caso contrário, não recebe-rão recursos do Ministério das Cidades.

    Osmoradores da regiãometropolitana de Belo Horizonte participaram, recentemente,de uma pesquisa de origem e destino e informarampara onde se deslocam, a que horas, quaisosmotivos, como o fazem, ondemoram, sua idade, o que fazem e renda.Com as respostas, foiidentificada a relação entre o padrão da viagem e a condição socioeconômica dos usuários,elementos essenciais ao planejamento do Projeto de Mobilidade Urbana.

    Neste trabalho, serão discutidos alguns aspectos damobilidade urbana, como origeme destino, indicador demobilidade, instrumentos de planejamento damobilidade, o Plano deMobilidade e os principais projetos.

    2 CONSTRUÇÃODODIAGNÓSTICO

    Existem, atualmente, problemas sérios na mobilidade urbana como congestionamen-tos, desrespeito, acidentes, sistema de transporte precário. E é importante que esses proble-mas sejamdiagnosticados e tratados a partir do ideal de cidade emque o cidadão deseja viver.

    Na década de 1970, o jornal Estadão publicou a seguinte frase, dita por Paulo Maluf:“Congestionamento é progresso”. Essa é uma visão de cidade, mas, com certeza, uma cidadecongestionada não é a ideal para se viver.

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    II Conferência de Controle Externo

  • Asmedidas demobilidade urbana devem estar associadas amedidas de habitação, dedesenvolvimento urbano, de instalação de indústrias, de polos comerciais. Alémdisso, quandose fala de mobilidade, a Secretaria de Educação deve estar, necessariamente, envolvida, pois,um bomPlano deMobilidade urbana precisa prever sua importância para a população e paraos gestores públicos. Qualquer coisa diferente disso leva a gastos indevidos de recursos pú-blicos e resulta no subaproveitamento dos modos e, consequentemente, em uma política demobilidade urbana ineficaz.

    A falta de informação, também um problema quando o assunto é mobilidade urbana,é uma questão importante e que pode ser solucionada compesquisas. A partir da Pesquisa deOrigem eDestino –OD, alguns padrões de comportamento ou de desempenho do transportepúblico são identificados. Por exemplo, em 2002, 42% dos deslocamentos em Belo Horizonteeram feitos por meio do transporte coletivo. Em 2012, esse índice caiu para 22%.

    Acontece que Belo Horizonte, em 10 anos, cresceu 6% em termos de população. E, emtermos de frota de automóveis, 8,95% ao ano. Ou seja, o crescimento da população em 10anos foi menor que o crescimento anual do número de veículos.

    O Plano de Mobilidade deve propor solução para esse tipo de problema. É necessáriooferecer estratégias de uso para que o cidadão prefira, pelomenos em algumas circunstâncias,utilizar o transporte público a tirar seu carro particular da garagem.

    O tempo de viagem é um dos fatores predominantes na hora em que o cidadão esco-lhe a opção de deslocamento, caso haja essa opção. O tempomédio de viagemna regiãome-tropolitana de Belo Horizonte era de 60minutos em 2012,mas era de 39minutos em 2002. Ascidades do sul de Minas já estão vivenciando o mesmo problema. Um bom Plano de Mobili-dade deve tentar reduzir o tempo de viagem da maioria das pessoas.

    3 O PLANODEMOBILIDADE

    Existem empresas que constroem Planos de Mobilidade para os Municípios commais de vinte mil habitantes. Mas o custo é alto. Pensando nisso, o Ministério das Cidadesestá preparando uma série de oficinas para ensinar aos Municípios a fazerem eles mesmosseus próprios Planos de Mobilidade. Existem também publicações disponíveis sobre otema. De qualquer forma, o primeiro passo é a construção do diagnóstico, que será se-guido do Plano de Gerenciamento da Demanda, do Plano da Melhoria da Oferta e do Planode Implantação.

    O principal objetivo buscado pelos Planos de Mobilidade é, atualmente, a sustentabi-lidade econômica, social e ambiental. Além de ser uma exigência do Ministério das Cidades,hoje nenhum órgão financia projetos que não trabalhem bem a questão ambiental. A preo-cupação com omeio ambiente conduz, inevitavelmente, à valorização do transporte coletivoe das bicicletas, emMunicípios menores.

    Feito o Plano, é preciso construir a carteira de projetos e políticas públicas, que envolvequestões como redes de prioridades de pedestres, recuperação de calçadas, estacionamentosem vias públicas, recuperação do sistema viário, entre outras.

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    II Conferência de Controle Externo

  • E, a partir daí, dá-se início ao desenho do sistema de transporte, priorizando-se o pe-destre e o transporte coletivo. É importante que se fique atento ao fluxo de saída da área cen-tral. Muitas vezes, em cidades antigas, existemdistribuidoras e transportadoras na área central,o que aumenta o fluxo de veículos de carga nesses lugares. Existem tambémalgunsMunicípiosque cresceram e passaram a ocupar os dois lados de uma rodovia, ou seja, a rodovia passa nocentro da cidade. Nesses casos, é necessário o incremento das vias laterais e o investimento emum sistema de semáforos sincronizados, por exemplo.

    É importante ressaltar quenãoénecessário queoPlanodeMobilidade seja executadodeuma só vez. É preciso, sim, que haja planejamento e especificação do tempo de realização decada etapa, de acordo com a necessidade e com a disponibilidade de recursos doMunicípio.

    Dentro dos Planos de Mobilidade que estão em construção atualmente, o transportepor meio de bicicleta tem se tornado uma questão central. Em uma cidade que tenha de 60 a100 mil habitantes, 40% dos deslocamentos são feitos por bicicleta. Então, investir nesse tipode transporte pode ser muito interessante, principalmente no que diz respeito à sustentabili-dade do próprio Plano de Mobilidade.

    Para inserir e ampliar o transporte por bicicleta nos deslocamentos urbanos, é impor-tante promover sua integração ao sistema de transporte coletivo, implantar infraestrutura ci-cloviária comum conjunto de ações que garanta segurança ao ciclista e desenvolver uma boacampanha de incentivo ao transporte sustentável. É possível buscar patrocínios, o que deso-nera os Municípios

    No caso dos patrocínios, é importante lembrar que as instituições não financiam semque vejam e analisem bem os projetos. Contudo elaborar um Projeto de Mobilidade Urbanacusta caro e, muitas vezes, o Município não tem recursos suficientes para se arriscar a gastarcom um projeto que, ao final, não será financiado. Pensando nisso, o Ministério das Cidadesestá fazendo uma experiência de liberar recursos para os projetos.

    Se, por um lado, o uso da bicicleta pode ser uma solução bastante interessante para osproblemas de mobilidade urbana, por outro, o uso da motocicleta é um grave problema desaúde pública em razão do número e da gravidade dos acidentes envolvendo esse tipo detransporte. Essa também é uma questão que merece atenção dos gestores na elaboração doPlano de Mobilidade.

    4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Oproblema demobilidade urbana tem crescidomuito nos últimos anos. O aumento donúmero de veículos cresce exponencialmente a cada ano. O trânsito, já caótico nos maioresMunicípios do Brasil, começa a sofrer significativa piora também em Municípios menores. Épreciso planejar para, ao menos, retardar esse processo.

    Pensando nisso, o governo federal publicou a Lei 12.587/2012, que instituiu as diretri-zes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. A partir dessa lei, os Municípios com mais devinte mil habitantes devem elaborar Projetos de Mobilidade Urbana.

    O Ministério das Cidades, tendo em vista que 80% dos brasileiros, atualmente, moram

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    II Conferência de Controle Externo

  • em cidades, vem desenvolvendo cursos de capacitação de gestores públicos na elaboraçãodos Projetos de Mobilidade Urbana e fazendo a experiência de financiar tal elaboração.

    A maior preocupação do Ministério das Cidades e, principalmente, dos financiadoresdos Projetos de Mobilidade Urbana, é o desenvolvimento sustentável dos Municípios, o quetem levado ao destaque do transporte coletivo e por meio de bicicletas.

    Embora seja caro e, muitas vezes, de difícil elaboração e execução, o Projeto de Mobi-lidade Urbana é indispensável para que os Municípios continuem crescendo de uma formamenos danosa para a natureza e para os cidadãos.

    SUGESTÕES DE LEITURA

    � MUKAI, Toshio. Da política nacional de mobilidade urbana - diretrizes: instituição, lei n.12.587, de 03/01/2012. Revista Magister de Direito Ambiental e Urbanístico. Porto Ale-gre, v. 8, n. 45, p. 20-30, dez./jan. 2012/2013.

    � CASTRO, José Nilo de. Meio ambiente urbano.Revista Brasileira deDireitoMunicipal. BeloHorizonte, v. 11, n. 38, p. 11-30, 2010.

    � KASSMAYER, Karin; ZUGMAN,Moises. O direito àmobilidade urbana e o desestímulo ao usode modos de transporte pela aplicação de tributos: breve análise do art. 23, inc. III, da lei n.12.587 de 2012. Interesse Público. Belo Horizonte, v. 14, n. 73, p. 213-235, mai./jun. 2012.

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    II Conferência de Controle Externo

  • 1 Analista de Controle Externo no Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais desde 1993. Coordenador da Coordenadoria de Fis-calização deObras, Serviços de Engenharia e Perícia. Engenheiro Civil – Graduado pela Universidade Federal deMinas Gerais – UFMG.Especialista em Engenharia Econômica pela Fundação Dom Cabral em convênio com a PUC-MG. Especialista em Estruturas de Con-creto Armado pela Fundação Christiano Otoni/UFMG. Aperfeiçoamento em Auditoria de Obras Públicas pela Escola de Contas Prof.Pedro Aleixo.

    2 O GEO-Obras e seus manuais de utilização estão disponíveis no endereço eletrônico: .

    Geo-Obrascomo sistema de gerenciamento

    de obras públicas

    Luiz Henrique Starling Lopes1

    1 INTRODUÇÃO

    O GEO-Obras é uma ferramenta de gestão de obras que o Tribunal de Contas do Es-tado de Minas Gerais – TCE-MG disponibiliza2 de forma gratuita para o jurisdicionado, com oobjetivo de auxiliar o gestor público no acompanhamento das obras realizadas pela Admi-nistração Pública, desde a fase de licitação.

    O sistema surgiu após a publicação, peloTCE-MG, da InstruçãoNormativa nº 9, em 2003– IN9/2003, que estabelece normas a serem observadas pelas administrações direta e indiretado Estado e dos Municípios quando da execução de obras públicas e serviços de engenharia.

    Neste trabalho, será analisado o módulo jurisdicionado, que tem como base as per-guntas feitas pelo auditor doTCE ao gestor da obra pública, como, por exemplo, o que foi con-tratado? Onde foi contratado? Onde foi publicado? Quanto custou? Qual quantidade foicontratada? Qual a vigência do contrato? Qual empresa foi contratada? Como será executado?Quando foi assinado e quando foi publicado?

    O GEO-Obras foi elaborado para apresentar, de forma correta e precisa, respostas aessas perguntas, direcionando a gestão das obras públicas e diminuindo as chances de erro.E todos os dados que alimentarem omódulo jurisdicionado serão disponibilizados para os ci-dadãos no módulo cidadão, em cumprimento à Lei da Transparência. Sendo assim, o GEO-Obras se apresenta como mais uma ferramenta de contato entre Estado e cidadão,

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    II Conferência de Controle Externo

  • configurando-se como contribuição para a prestação adequada dos serviços públicos e ade-quação ao princípio da supremacia do interesse público.

    2 O PLANEJAMENTO BÁSICO

    O planejamento básico começa no Plano Plurianual – PPA, na Lei de Diretrizes Orça-mentárias – LDO, na Lei Orçamentária Anual - LOA e termina com a elaboração do Projeto Bá-sico3. A sequência para a execução de uma obra pública é, então, Programa de Governo,Projeto Básico, Projeto Executivo e execução.

    As obras e os serviços de engenharia, incluindo os serviços de limpeza urbana, devemser precedidas de Projeto Básico suficientemente detalhado, com o objetivo de subsidiar aelaboração dos orçamentos. É interessante frisar que, embora seja tratado de forma separada,o orçamento faz parte do Projeto Básico.

    Os orçamentos tambémdevem ser detalhados e conter todas as etapas da obra ou ser-viço, identificando, com clareza, as despesas diretas e as despesas indiretas. As despesas de ad-ministração local da obra ou serviço, imobilização e desmobilização são despesas diretas enão devem compor os Benefícios e Despesas Indiretas – BDI. É muito comum a inclusão, porparte dos Municípios, da administração local como BDI, prática não aceita pelo TCE-MG. Ad-ministração local, mobilização, desmobilização são despesas diretas passíveis de serem cal-culadas e devem entrar na planilha de custos diretos da obra.

    As composições de custos unitários, o detalhamento do BDI e dos encargos sociais in-tegram o orçamento, e, consequentemente, fazem parte do Projeto Básico.

    Os cronogramas de execução devem levar em conta todas as atividades e fases da exe-cução da obra. Devem ser elaborados estudos de impacto ao meio ambiente, estudos de im-pacto de vizinhança e relatórios de impacto ao meio ambiente contendo as medidasmitigadoras. E as obras que necessitem de licenças ambientais só podem ser licitadas quandoa licença já estiver sido concedida.

    O orçamento é uma previsão ou estimativa do custo ou do preço para se executar umaobra e ele corresponde à soma dos gastos necessários para cada um dos custos dos serviçosque a compõem. O orçamento é composto pelo custo direto mais o custo indireto.

    O custo direto é apropriado diretamente das composições dos serviços a serem exe-cutados, que refletem o consumo de materiais e os índices de produtividade das equipes. Ocusto indireto é o resultado do custo direto multiplicado pela taxa de BDI.

    A taxa deBDI é adicionada ao custo deumaobra para cobrir despesas indiretas, como ris-cos do empreendimento, despesas financeiras, tributos incidentes na operação, eventuais des-pesas de comercialização e lucrodoempreendedor. As unidades quepretendemcontratar obrasou serviço de engenharia devemdetalhar o BDI estimado e também a taxa de encargos sociais.O custo diretomais o custo indireto, multiplicados pela taxa de BDI, formam o preço de venda.

    3 O Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas – IBRAOP elaborou uma orientação técnica em que elenca todos os itens quedevem compor um projeto básico. As Orientações Técnicas do IBRAOP estão disponíveis no seguinte endereço: .

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    II Conferência de Controle Externo

  • 2.1 Cuidados com o Projeto Básico

    Como jámencionado, o Projeto Básico deve ser suficientemente detalhado, com o ob-jetivo de subsidiar a elaboração dos orçamentos e cronogramas de execução das obras. Osorçamentos devem também ser suficientemente detalhados prevendo todas as etapas daobra ou serviços e identificando, com clareza, as despesas diretas e indiretas.

    As despesas de administração local da obra devem ser identificadas prevendo cons-trução emobiliário do canteiro de obras, pessoal administrativo, engenheiros, material de uso,entre outras despesas.

    As despesas demobilização e desmobilização devem ser identificadas prevendo trans-porte de máquinas para o local das obras e serviços, bem como sua retirada ao fim da obra.

    As composições de custo unitário, o detalhamento do BDI e dos encargos sociais inte-gram o orçamento e devem ser apresentados no edital de licitação.

    Os cronogramas de execução devem levar em conta todas as atividades e fases da exe-cução da obra ou serviço. Devem ser elaborados estudos de impacto ao meio ambiente, im-pacto à vizinhança e relatórios desses impactos contendo asmedidasmitigadoras. Obras quenecessitem de licenças ambientais devem tê-las previamente à licitação.

    O Imposto de Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ e a Contribuição Social sobre Lucro Lí-quido – CSLL não integram o BDI.

    2.2 A execução do Projeto Básico

    O Projeto Básico pode ser executado de maneira direta ou indireta. Se houver opçãopela execução indireta, existem duas formas de contratação da obra: licitação ou dispensa einexigibilidade de licitação. Mas a regra é licitar. Os casos de dispensa ou inexigibilidade estãoprevistas nos artigos 24 e 25 da Lei 8.666/93.

    Existem muitas execuções de obras públicas que não estão previstas no Programade Governo. Para que sejam consideradas regulares pelo TCE, as obras públicas devem estarprevistas no PPA, na LDO e na LOA. É o que preveem os artigos 7º da Lei 8.666/93 e 16 daLC 101/2000.

    Então, a licitação deve conter esta sequência: Projeto Básico, Projeto Executivo e exe-cução das obras, e cada etapa deve ser, obrigatoriamente, precedida da conclusão e aprova-ção pela autoridade competente. Exceção apenas para o Projeto Executivo, que pode serexecutado concomitantemente com as obras e serviços, desde que tambémesteja autorizadopela Administração.

    As modalidades de licitação são: Convite, Tomada de Preço, Concorrência e Pregão.Convite de R$15.000,004 até R$150.000,00; Tomada de Preço de R$150.000,00 atéR$1.500.000,00; Concorrência, acima de R$1.500.000,00. Conforme entendimento doTCE-MG,o pregão não pode ser utilizado para obras, mas, para serviços, sim.

    4 É importante esclarecer que a escolha da modalidade de licitação obedece ao valor total da obra e não de cada parte, em caso defracionamento.

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    II Conferência de Controle Externo

  • O edital de licitação define as regras do certame e tem como anexos obrigatórios: oProjeto Básico e/ou Executivo, com todas as suas partes, desenhos, especificações e outroscomplementos; o orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários; acomposição de BDI; a composição de encargos sociais; a minuta do contrato a ser firmadoentre a Administração e o licitante; as especificações complementares e as normas perti-nentes à licitação.

    Alguns cuidados a serem tomados na elaboração de um edital: as obras de enge-nharia somente poderão ser licitadas se houver Projeto Básico ou Projeto Executivo dispo-níveis para consulta e existir orçamento detalhado em planilhas de quantitativos e preçosunitários; o edital deve resguardar a isonomia entre os interessados no objeto do certame;a viabilidade técnica do parcelamento do objeto deve sempre ser comprovada técnica eeconomicamente, com o objetivo de obter a maior vantagem para a Administração. A regra,hoje, é o parcelamento do objeto e, em casos de obras parceladas, os cálculos de BDI devemser diferenciados.

    O Projeto Básico completo deve ser disponibilizado no edital para casos de serviços deengenharia, bem como os orçamentos acompanhados dos detalhamentos das composiçõesde BDI e das taxas de encargos sociais. As verbas genéricas devem ser evitadas porque não evi-denciam, com clareza, qual é o índice de produtividade daquela unidade.

    O edital deve também prever critérios de aceitabilidade de preços com a fixação depreços máximos e evitar exigências excessivas e restritivas quanto à capacitação técnicaprofissional e operacional das empresas. São permitidas a exigência de capacitação técnicaprofissional bem como a exigência de capacitação técnica operacional, mas é preciso quehaja razoabilidade no sentido de não serem restritivas a ponto de afastar potenciais licitan-tes daquele certame.

    Publicado o edital de licitação, o gestor tem cinco dias para inserir as informações noGEO-Obras e aquele que não obedece o prazo entra na situação de inadimplência e é notifi-cado pelo TCE.

    3 O GEO-OBRAS

    O GEO-Obras pode ser acessado pelo Portal do TCE-MG, em Sistemas disponibilizadosaos jurisdicionados. Ao acessar o GEO-Obras, a seguinte tela será aberta:

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    II Conferência de Controle Externo

  • Como se percebe, há uma barra de títulos na qual é possível acessar os módulos doGEO-Obras, fazer downloads, consultar normas, jurisprudências e orientações técnicas, aces-sar links úteis e falar com o TCE. Na aba download, é possível encontrar o manual do GEO-Obras e uma vídeo-aula sobre o sistema.

    O módulo Jurisdicionado é o que mais interessa a este trabalho, tendo em vista que éo módulo utilizado pelos gestores de obras públicas. O módulo Jurisdicionado requer umasenha para cada operador. Aconselha-se que haja uma equipemultidisciplinar de operadores,a fim de que cada um acompanhe o desenvolvimento da obra conforme sua área de conhe-cimento. Os operadores deverão ser devidamente cadastrados no Sistema de Gestão de Iden-tidade do Tribunal de Contas – SGI da seguinte maneira: Primeiro, o Município é cadastrado,logo após, é cadastrado o responsável máximo (na maioria das vezes é o prefeito), que ca-dastra o administrador do sistema. O administrador convida os operadores a se cadastrarem.

    Cadastrado no sistema, o operador cadastra a solicitação e passa a gerir a obra pormeiodo GEO-Obras. Feito o projeto básico, elaborado e publicado o edital, é possível cadastrar-sea obra no sistema, informando-se a modalidade de licitação, o número e o ano da licitação, otipo de licitação, o tipo de objeto.

    Pode ser que uma única licitação tenha várias obras a serem executadas, mas não sejafeita em lotes. Uma licitação será feita em lotes quando é permitido que cada obra tenha umvencedor diferente. Nesse caso, é necessário cadastrar-se cada lote separadamente. E se,mesmo com várias obras a serem executadas, a licitação permitir apenas um vencedor, de-verá ser cadastrada no GEO-Obras como sendo lote único.

    Figura 1: Tela inicial do GEO-Obras

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    II Conferência de Controle Externo

  • Escolhida a modalidade de licitação e inseridos os dados, é preciso clicar em VerificarDados para que o sistema verifique se não existe nenhuma outra licitação com os mesmosdados inseridos. Caso não haja, basta clicar em Continuar.

    O GEO-Obras está alinhado à legislação vigente e vai disponibilizando as funcionali-dades à medida que os pré-requisitos para disponibilização vão sendo cumpridos. O sistemaaceita quantas publicações forem feitas. Após se inserirem os dados da publicação, inserem-se os dados sobre a origemdos recursos (municipal, estadual, federal ou próprio). Se o recursoé do próprio Município e não de convênio com outroMunicípio, por exemplo, deve-se cadas-trar recurso próprio e não municipal.

    Após a inserção dos dados relativos à origem dos recursos, passa-se à inserção dos de-talhes da licitação, como qual é o lote, descrição do objeto, valor orçado pela Administração,prazo estimado para execução, e outras informações que dizem respeito à LC 123/2006, quedevem ser preenchidas caso haja previsão de participação demicroempresas. Namesma tela,devem ser inseridos detalhes da obra, como tipo, medida e quantidade (quantosmetros qua-drados, quantos quilômetros de pavimentação etc.).

    O próximo passo é a inserção dos documentos da fase interna da licitação. Os docu-mentos de inserção obrigatória são edital, publicação do extrato de edital, planilha de orça-mento e cronograma físico e financeiro. É importante não confundir inserção obrigatória comdocumento obrigatório de licitação. Projeto básico, por exemplo, é um documento obrigató-rio na licitação, mas não é umdocumento de inserção obrigatória no GEO-Obras, embora sejapossível inseri-lo nesse momento.

    Até aqui, foram inseridos os dados de abertura da licitação, o que deve ser feito atécinco dias após a publicação do edital. Depois, o gestor deve esperar o prazo do edital, ho-mologar o resultado e, num prazo também de cinco dias, cadastrar a homologação no sis-tema. Cadastrada a homologação, é possível cadastrarem-se, também, os licitantes habilitadose a ordem de classificação.

    Em seguida, habilitam-se os documentos da fase externa. São documentos obriga-tórios de inserção obrigatória da fase externa: ata da seção, planilha de orçamento do lici-tante vencedor, termo de adjudicação e homologação e o cronograma físico e financeirodo licitante vencedor.

    Após a homologação, inicia-se a contratação, que, como dito no começo deste tra-balho, pode ser por licitação ou por dispensa ou inexigibilidade de licitação, caso em que asituação emergencial deve ser caracterizada por meio dos laudos da defesa civil, acompa-nhados por decreto municipal de situação de emergência ou calamidade homologado pordecreto do governador.

    Os contratos provenientes tanto da licitação quanto da dispensa de licitação são ins-trumentos que vão regular, por meio de cláusulas e preceitos de Direito Público, as relaçõesentre Administração Pública e empresas privadas na execução de obras públicas. Aplicam-se, supletivamente, a tais contratos os princípios da Teoria Geral dos Contratos, além das dis-posições de Direito Privado.

    Cuidados necessários durante a formalização do contrato: o contrato não pode ser

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    II Conferência de Controle Externo

  • verbal, o objeto do contrato deve ser definido claramente, bem como os critérios de reajuste,os prazos de vigência e de execução da obra ou serviço de engenharia. É necessário, tam-bém, ficar-se atento para que não sejam feitas alterações sem a devida formalização me-diante termos aditivos ao contrato e para que não sejam firmados contratos com sobrepreçoou com preços inexequíveis. É importante, ainda, que não se preveja antecipação de paga-mento sob qualquer pretexto. Os artigos 62 e 63 da Lei 4.320/64 preveemque somente os ser-viços devidamente liquidados, executados emedidos podem ser pagos. Deve-se ter atenção,finalmente, para que as modificações no projeto não alterem o objeto contratual e para aclassificação correta do tipo de intervenção, construção ou reforma.

    Finalmente, é interessante mostrar que o GEO-Obras fornece vários relatórios, entreeles as informações sobre as obras que estão paradas, os contratos que estão com os prazosde vigência já vencidos, relatórios gerenciais dos contratos, obras e projetos que foram evi-denciados. À medida que surgir necessidade de algum relatório não disponível no sistema, ogestor deve entrar em contato com o TCE-MG, que estudará a possibilidade de disponibilizá-los para todos os usuários.

    4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Com a interação cada vez maior do cidadão com a Administração Pública, propor-cionada pela Lei da Transparência, pela criação das ouvidorias públicas e pelo próprioavanço tecnológico que proporciona a disponibilização de grande quantidade de infor-mação, em pouco tempo, ao administrado, o Poder Público tem nas mãos a oportunidadede entregar serviços públicos de qualidade e que atendam, de forma específica, às neces-sidades das comunidades.

    O TCE-MG, em sua função primordial de fiscalizar a Administração Pública, encontravaalgumas vezes obras que não estavamde acordo com a legislação que rege o tema e, por isso,não honravam o princípio do interesse público, indo de encontro aos anseios dos cidadãos.

    O GEO-Obras surgiu como um instrumento que possibilita a melhoria na gestão decontratos públicos de obras e serviços de engenharia e tem o condão deminimizar a possibi-lidade de erros nessa gestão, o que poupa tempo e diminui os gastos públicos.

    O GEO-Obras é um sistema em desenvolvimento, mas já conta com a maioria de suasfuncionalidades prontas para uso pelo gestor público. Assim, é muito importante que os Mu-nicípios utilizemo sistema e deem sugestões para aprimorá-lo. A participação dos gestores pú-blicos nesse processo de formação contribui para uma Administração cada mais voltada aosverdadeiros interesses públicos.

    SUGESTÃODE LEITURA

    � LOPES, Luiz Henrique Starling Entrevista. Revista Contas de Minas. Belo Horizonte, v. 1, n.1, p. 6-7, mar. 2014. Disponível em: .

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    II Conferência de Controle Externo

  • 1 Analista de Controle Externo no Tribunal de Contas de Minas Gerais desde 2008. Assessor Técnico na Coordenadoria de Fiscalizaçãode Obras e Serviços de Engenharia e Perícia. Graduado em Engenharia Civil pela FUMEC.

    Licitações de obras eserviços de engenharia

    cuidados ao licitar

    Henrique Satuf Silva1

    1 INTRODUÇÃO

    Este trabalho se ocupará dos cuidados que se deve ter no ato de licitar, contratar e exe-cutar obras e serviços de engenharia. Serão abordadas aqui normas e súmulas relacionadas aoplanejamento da licitação, à contratação, bem como à execução e ao gerenciamento das obrase serviços de engenharia.

    2 LEGISLAÇÃO APLICÁVAL À FASE DE PLANEJAMENTO

    O planejamento é uma fase muito importante do processo licitatório e, mesmo assim,sabe-se que, raramente, os jurisdicionados têm condições de planejar comodeveriam, ou seja,investindo muito tempo na fase interna para investir menos tempo na fase externa.

    O § 2º do art. 7º da Lei 8.666/93 dispõe o seguinte:

    § 2o As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando:I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e dispo-nível para exame dos interessados em participar do processo licitatório;II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composi-ção de todos os seus custos unitários;III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o paga-mento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem execu-tados no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivocronograma;IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabeleci-das no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal,quando for o caso.

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    II Conferência de Controle Externo

  • Descumpridas essas determinações, não poderá haver licitação. A Administração devepossuir recursos financeiros para iniciar a obra e para a sua execução. Além disso, existem ou-tros cuidados a serem observados, como a elaboração de uma estimativa de impactos orça-mentário e financeiro para o exercício em que se dará o início da despesa e para os exercíciossubsequentes, no caso de obras de maior duração.

    Com base nesses dados, deve ser elaborada, pelo gestor, uma declaração de adequa-ção da obra ou serviço que se deseja contratar à Lei Orçamentária Anual – LOA e de compati-bilidade ao Plano Plurianual – PPA e à Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO. Some-se a isso odisposto no art. 16 da LC 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF:

    Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamentalque acarrete aumento da despesa será acompanhado de:I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em quedeva entrar em vigor e nos dois subsequentes;II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequa-ção orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibi-lidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

    É muito importante ressaltar que as regras acima valem tanto para obras de execuçãodireta como indireta e que, conforme dispõe a LRF, serão consideradas não autorizadas, irre-gulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesas ou a sanção de obrigações quenão atendam ao disposto no art. 16.

    Percebe-se, pois, que a lei determina que as obras e serviços de engenharia devem terum amplo planejamento e ser precedidas de projeto básico suficientemente detalhado, como objetivo de subsidiar a elaboração dos orçamentos e cronogramas de execução.

    O conteúdo considerado suficiente para o projeto básico está previsto na OrientaçãoTécnica 01/20062 do IBRAOP - Instituto Brasileiro de Auditoria deObras Públicas, que reúne au-ditores do Tribunal de Contas da União – TCU, Controladoria Geral da União – CGU, Tribunaisde Contas estaduais e outros órgãos.

    Conforme o inciso X do art. 6º da Lei 8.666/93, considera-se projeto básico:

    IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, comnível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou com-plexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nasindicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabili-dade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do em-preendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e adefinição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os se-guintes elementos:a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visãoglobal da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos comclareza;b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, deforma aminimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante

    2 Disponível em: .

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    II Conferência de Controle Externo

  • as fases de elaboração do projeto executivo e de realização das obras emontagem;c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipa-mentos a incorporar à obra, bem como suas especificações que assegu-rem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar ocaráter competitivo para a sua execução;d) informações que possibilitem o estudo e a dedução demétodos cons-trutivos, instalações provisórias e condições organizacionais para a obra,sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;e) subsídios paramontagemdo plano de licitação e gestão da obra, com-preendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normasde fiscalização e outros dados necessários em cada caso;f ) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado emquantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados;

    E, conforme o item 4 da Orientação 01/2006 do IBRAOP,

    Projeto Básico é o conjunto de desenhos, memoriais descritivos, especi-ficações técnicas, orçamento, cronograma e demais elementos técnicosnecessários e suficientes à precisa caracterização da obra a ser execu-tada, atendendo às Normas Técnicas e à legislação vigente, elaboradocom base em estudos anteriores que assegurem a viabilidade e o ade-quado tratamento ambiental do empreendimento. Deve estabelecercom precisão, através de seus elementos constitutivos, todas as caracte-rísticas, dimensões, especificações, e as quantidades de serviços e dema-teriais, custos e tempo necessários para execução da obra, de forma aevitar alterações e adequações durante a elaboração do projeto execu-tivo e realização das obras. Todos os elementos que compõem o ProjetoBásico devem ser elaborados por profissional legalmente habilitado,sendo indispensável o registro da respectiva Anotação de Responsabili-dade Técnica, identificação do autor e sua assinatura em cada uma daspeças gráficas e documentos produzidos.

    É interessante lembrar que a revisão do projeto básico após a contratação é prática ile-gal, conforme dispõe a Súmula 261 do TCU:

    SÚMULA Nº 262: Em licitações de obras e serviços de engenharia, é ne-cessária a elaboração de projeto básico adequado e atualizado, assim con-siderado aquele aprovado com todos os elementos descritos no art. 6º,inciso IX, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, constituindo prática ile-gal a revisão de projeto básico ou a elaboração de projeto executivo quetransfigurem o objeto originalmente contratado em outro de natureza epropósito diversos.

    Nos casos emque essa alteração for necessária, omelhor a fazer é proceder a uma novalicitação com o projeto revisto.

    O orçamento detalhado do custo global da obra, que deve fazer parte do projetobásico, foi disciplinado pelo Decreto 7.983/2013, que estabeleceu regras e critérios para

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    II Conferência de Controle Externo

  • elaboração do orçamento de referência de obras e serviços de engenharia, contratados eexecutados com recursos do orçamento da União. Conforme os artigos 4º e 5º do Decreto7.983/2013, o custo global deve ser calculado a partir de sistemas de referência de custoscomo o SINAPI e o SICRO:

    Art. 3o O custo global de referência de obras e serviços de engenharia,exceto os serviços e obras de infraestrutura de transporte, será obtido apartir das composições dos custos unitários previstas no projeto que in-tegra o edital de licitação, menores ou iguais à mediana de seus corres-pondentes nos custos unitários de referência do Sistema Nacional dePesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - Sinapi, excetuados ositens caracterizados como montagem industrial ou que não possam serconsiderados como de construção civil.Parágrafo único. O Sinapi deverá ser mantido pela Caixa Econômica Fe-deral - CEF, segundo definições técnicas de engenharia da CEF e de pes-quisa de preço realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística - IBGE.Art. 4o O custo global de referência dos serviços e obras de infraestru-tura de transportes será obtido a partir das composições dos custos uni-tários previstas no projeto que integra o edital de licitação, menores ouiguais aos seus correspondentes nos custos unitários de referência do Sis-tema de Custos Referenciais de Obras - Sicro, cuja manutenção e divul-gação caberá aoDepartamento Nacional de Infraestrutura deTransportes- DNIT, excetuados os itens caracterizados comomontagem industrial ouque não possam ser considerados como de infraestrutura de transportes.

    E, conforme o art. 5º, o disposto nos artigos 3º e 4º não impede a utilização de outrossistemas, mas, para tanto, os seguintes critérios devem ser cumpridos:

    Art. 5o O disposto nos arts. 3o e 4o não impede que os órgãos e entida-des da administração pública federal desenvolvam novos sistemas dereferência de custos, desde que demonstrem sua necessidade por meiode justificativa técnica e os submetam à aprovação doMinistério do Pla-nejamento, Orçamento e Gestão.Parágrafo único. Os novos sistemas de referência de custos somenteserão aplicáveis no caso de incompatibilidade de adoção dos sistemasreferidos nos arts. 3o e 4o, incorporando-se às suas composições de custounitário os custos de insumos constantes do Sinapi e Sicro.

    Ressalte-se que a justificativa técnica para a utilização de um novo sistema de referên-cia de custos deve apresentar critérios e dados técnicos e, só no caso de incompatibilidade, épossível deixar de usar o SINAPI e o SICRO para usar alguma outra tabela de referência, quedeve obter aprovação formal de órgão do Poder Público Federal e ser atualizada periodica-mente e divulgada na internet. É o que dispõem os artigos 6º e 7º do Decreto 7.983/2013:

    Art. 6o Em caso de inviabilidade da definição dos custos conforme o dis-posto nos arts. 3º, 4º e 5º, a estimativa de custo global poderá ser apu-rada por meio da utilização de dados contidos em tabela de referência

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    II Conferência de Controle Externo

  • formalmente aprovada por órgãos ou entidades da administração pú-blica federal em publicações técnicas especializadas, em sistema espe-cífico instituído para o setor ou em pesquisa de mercado.Art.7o Os órgãos e entidades responsáveis por sistemas de referência de-verão mantê-los atualizados e divulgá-los na internet.

    Sobre o preço global e os Benefícios e Despesas Indiretas – BDI, é importante o quedispõe o art. 9º do Decreto 7.983/2013:

    Art. 9o O preço global de referência será o resultante do custo global dereferência acrescido do valor correspondente ao BDI, que deverá eviden-ciar em sua composição, no mínimo:I - taxa de rateio da administração central;II - percentuais de tributos incidentes sobre o preço do serviço, excluídosaqueles de natureza direta e personalística que oneram o contratado;III - taxa de risco, seguro e garantia do empreendimento; eIV - taxa de lucro.§ 1o Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de parcelamento doobjeto da licitação, nos termos da legislação em vigor, os itens de forne-cimento demateriais e equipamentos de natureza específica que possamser fornecidos por empresas comespecialidades próprias e diversas e querepresentem percentual significativo do preço global da obra devemapresentar incidência de taxa de BDI reduzida em relação à taxa aplicávelaos demais itens.§ 2o No caso do fornecimento de equipamentos, sistemas emateriais emque o contratado não atue como intermediário entre o fabricante e a ad-ministração pública ou que tenham projetos, fabricação e logísticas nãopadronizados e não enquadrados como itens de fabricação regular e con-tínua nosmercados nacional ou internacional, o BDI poderá ser calculadoe justificado com base na complexidade da aquisição, com exceção àregra prevista no § 1o.

    Ao licitar uma obra cuja parte considerável do preço corresponde ao valor de equipa-mentos que não são o objeto principal contatado, deve-se considerar que amaior parte da res-ponsabilidade por essa obra não é da empresa vencedora da licitação e, sim, daquelacontratada por esta para fabricar tais equipamentos (estruturas metálicas, por exemplo, naconstrução de um ginásio).

    Assim, haverá redução do BDI da empresa vencedora do certame com relação aosequipamentos contratados de outra empresa uma vez que essa outra empresa é que arcacom os custos dos encargos sociais com relação aos equipamentos e já cobra o BDI da ven-cedora da licitação.

    As despesas de administração local da obra ou serviço, gerenciamento,mobilização oudesmobilização são despesas passíveis de serem apuradas e não podem ser inseridas no BDIpor meio de taxa percentual. A mobilização e a desmobilização devem ser discriminadas noorçamento, não podendo ser usados para registrá-las o recurso “verba” nem a porcentagemdentro do BDI, por se tratar de custos diretos.

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    II Conferência de Controle Externo

  • Algumas súmulas do Tribunal de Contas da União – TCU disciplinam os valores quepodem ou não compor o BDI. Entre elas estão as súmulas 254 e 258, que dispõem o seguinte:

    SÚMULA Nº 254: O IRPJ - Imposto de Renda Pessoa Jurídica - e a CSLL -Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - não se consubstanciam emdespesa indireta passível de inclusão na taxa de Bonificações e Despe-sas Indiretas - BDI do orçamento-base da licitação, haja vista a naturezadireta e personalística desses tributos, que oneram pessoalmente ocontratado.SÚMULA Nº 258: As composições de custos unitários e o detalhamentode encargos sociais e do BDI integramo orçamento que compõe o projetobásico da obra ou serviço de engenharia, devem constar dos anexos doedital de licitação e das propostas das licitantes e não podem ser indica-dos mediante uso da expressão ‘verba’ou de unidades genéricas.

    3 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL À LICITAÇÃO

    Após o projeto básico, devem ser elaborados o orçamento e o cronograma de execu-ção. As licitações para execução de obras e de serviços de engenharia devem seguir a seguintesequência: projeto básico, projeto executivo e execução das obras e serviços.

    Cada etapa deve ser, obrigatoriamente, precedida da conclusão e da aprovação, pelaautoridade competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores. O projeto executivo,pode, no entanto, ser desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e servi-ços, desde que também autorizado pela Administração.

    O edital de licitação define as regras particulares para o certame e deve conter o objetoda licitação em descrição sucinta e clara, além de todos os elementos descritos no artigo 40da Lei 8.666/93.

    As obras e serviços de engenharia somente poderão ser licitados se houver projeto bá-sico ou executivo disponível para consulta e existir orçamento detalhado em planilhas dequantitativos e preços unitários, resguardando-se a isonomia entre os interessados no objetodo certame. O parcelamento do objeto é possível sempre que comprovada, técnica e econo-micamente, sua viabilidade.

    As súmulas 114 do TCE-MG e 253 e 259 do TCU tratam do parcelamento nos se-guintes termos:

    SÚMULA Nº 114: É obrigatória a realização de licitação por itens ou porlotes, com exigências de habilitação proporcionais à dimensão de cadaparcela, quando o objeto da contratação for divisível e amedida propiciarmelhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e a amplaparticipação de licitantes, sem perda da economia de escala, adotando-se, em cada certame, amodalidade licitatória compatível como valor glo-bal das contratações.SÚMULA Nº 253: Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de par-celamentodoobjetoda licitação, nos termosda legislação emvigor, os itensde fornecimento de materiais e equipamentos de natureza específica que

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    II Conferência de Controle Externo

  • possam ser fornecidos por empresas com especialidades próprias e diver-sas e que representem percentual significativo do preço global da obradevem apresentar incidência de taxa de Bonificação e Despesas Indiretas -BDI reduzida em relação à taxa aplicável aos demais itens.SÚMULANº 259: Nas contratações de obras e serviços de engenharia, a de-finição do critério de aceitabilidade dos preços unitários e global, com fixa-çãodepreçosmáximospara ambos, é obrigaçãoenão faculdadedogestor.

    3.1 Preços inexequíveis

    Dispõe a súmula 262 do TCU:

    SÚMULA Nº 262: O critério definido no art. 48, inciso II, § 1º, alíneas “a” e“b”, da Lei nº 8.666/93 conduz a uma presunção relativa de inexequibili-dade de preços, devendo a Administração dar à licitante a oportunidadede demonstrar a exequibilidade da sua proposta.

    O conteúdo do art. 48 da Lei 8.666/93, por sua vez, é o seguinte:

    Art. 48. Serão desclassificadas:I - as propostas que não atendam às exigências do ato convocatório dalicitação;II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido ou compreços manifestamente inexequíveis, assim considerados aqueles quenão venham a ter demonstrada sua viabilidade através de documenta-ção que comprove que os custos dos insumos são coerentes com os demercado e que os coeficientes de produtividade são compatíveis com aexecução do objeto do contrato, condições estas necessariamente espe-cificadas no ato convocatório da licitação.§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-semanifestamente inexequíveis, no caso de licitações demenor preço paraobras e serviços de engenharia, as propostas cujos valores sejam inferio-res a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valoresa) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cin-quenta por cento) do valor orçado pela administração, oub) valor orçado pela administração.

    Assim, embora o art. 48 da Lei 8.666/93 exija a desclassificação das propostas inexe-quíveis, se um licitante oferecer um preço que, a priori, é inexequível, mas é de uma enormevantagem para a Administração, antes de eliminar e desclassificar a empresa, é possível con-vocá-la e pedir a ela a demonstração técnica da exequibilidade da proposta. Uma vez com-provada a exequibilidade do preço apresentado, a empresa poderá ser contratada.

    3.2 Restrições aos licitantes

    Como se disse na seção anterior, a Administração deve promover licitações abrangen-tes o mais possível, uma vez que, por óbvio, quanto maior o número de participantes, maiora possibilidade de o Poder Público auferir vantagens.

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    II Conferência de Controle Externo

  • Nesse sentido, os Tribunais de Contas vêm sumulando algumas questões com ointuito de impedir a restrição ilegal das licitações. Umas dessas súmulas é a 263 do TCU,que dispõe:

    SÚMULANº 263: Para a comprovação da capacidade técnico-operacionaldas licitantes, e desde que limitada, simultaneamente, às parcelas demaior relevância e valor significativo do objeto a ser contratado, é legal aexigência de comprovação da execução de quantitativos mínimos emobras ou serviços com características semelhantes, devendo essa exi-gência guardar proporção com a dimensão e a complexidade do objetoa ser executado.

    Outros exemplos são as Súmulas 16, 17, 23, 24, 25 e 30 do Tribunal de Contas de SãoPaulo, cujas disposições são seguidas pelo TCE-MG. Seguem os conteúdos dessas súmulas:

    SÚMULA Nº 16: Em procedimento licitatório, é vedada a fixação de dis-tância para usina de asfalto.Súmula 17: Em procedimento licitatório, não é permitido exigir-se, parafins de habilitação, certificações de qualidade ou quaisquer outras nãoprevistas em lei.SÚMULA Nº 23: Em procedimento licitatório, a comprovação da capaci-dade técnico-profissional, para obras e serviços de engenharia, se aper-feiçoará mediante a apresentação da CAT (Certidão de Acervo Técnico),devendo o edital fixar as parcelas de maior relevância, vedada a imposi-ção de quantitativos mínimos ou prazos máximos.SÚMULA Nº 24: Em procedimento licitatório, é possível a exigência decomprovação da qualificação operacional, nos termos do inciso II, do ar-tigo 30 da Lei Federal nº 8.666/933, a ser realizada mediante apresenta-ção de atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ouprivado, devidamente registrados nas entidades profissionais competen-tes, admitindo-se a imposição de quantitativosmínimos de prova de exe-cução de serviços similares, desde que em quantidades razoáveis, assimconsideradas 50% a 60% da execução pretendida, ou outro percentualque venha devida e tecnicamente justificado.SÚMULA Nº 25: Em procedimento licitatório, a comprovação de vínculoprofissional pode se darmediante contrato social, registro na carteira pro-fissional, ficha de empregado ou contrato de trabalho, sendo possível acontratação de profissional autônomo que preencha os requisitos e seresponsabilize tecnicamente pela execução dos serviços.SÚMULANº 30 - Emprocedimento licitatório, para aferição da capacitaçãotécnica, poderão ser exigidos atestados de execução de obras e/ou servi-ços de forma genérica, ficando vedado o estabelecimento de apresenta-ção de prova de experiência anterior em atividade específica, comorealização de rodovias, edificação de presídios, de escolas, de hospitais, eoutros itens.

    3 Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com oobjeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realizaçãodo objeto da licitação, bem comoda qualificação de cada umdosmembros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos.

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    II Conferência de Controle Externo

  • 3.3 Dispensa e inexigibilidade de licitação

    A regra para contratação, pela Administração Pública, é a licitação. Entretanto há ex-ceções que preveem a contratação de forma direta mediante os expedientes de dispensaou inexigibilidade do certame. As excepcionalidades estão previstas nos artigos 24 e 25 daLei 8.666/93.

    Os processos de dispensa deverão ser instruídos com caracterização da situação emer-gencial ou calamitosa que justifique a dispensa quando for o caso. O art. 25 da Lei 8.666/93também exige que o processo seja instruído com a justificativa da escolha do fornecedor ouexecutante, bem como do preço do objeto contratado. A justificativa do preço é a apresenta-ção de um orçamento que esteja de acordo com os preços de referência do mercado, pois,apesar da emergência, não pode haver sobrepreço.

    As situações de calamidade previstas art. 24, IV, da Lei 8.666/93 devem ser, necessa-riamente, caracterizadas por meio de laudos da Defesa Civil homologados por decreto doExecutivo.

    As dispensas previstas no inciso III e ss. do art. 24 e as situações de inexigibilidade re-feridas no art. 25, ambos da Lei 8.666/93, necessariamente justificadas, deverão ser comuni-cadas, dentro de três dias, à autoridade superior para ratificação e publicação na ImprensaOficial, no prazo de cinco dias, como condição para eficácia dos atos.

    3.4 Contratos

    Os contratos são os instrumentos que regulam as relações entre a Administração Pú-blica e as empresas privadas, que, no caso de obras e serviços de engenharia, são, geralmente,empreiteiras e construtoras. Tais contratos regulam-se pelas suas cláusulas e preceitos do Di-reito Público, com aplicação supletiva dos princípios da Teoria Geral dos Contratos e do Di-reito Privado, quando necessário.

    A condições para a execução dos contratos públicos devem ser expressas, com clareza,em cláusulas que definam direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em conformi-dade comos termos do edital de licitação ao qual o contrato se vincula. Assim, o contrato nãopode exigir nemmais nemmenos que o estipulado no edital.

    Os contratos decorrentes de dispensa ou de inexigibilidade de licitação devem atenderaos termos do ato que os autorizou e da respectiva proposta.

    As eventuais alterações contratuais só podem ser efetivadas com a devida formalizaçãoe não deve haver previsão de antecipação de pagamento, sob qualquer pretexto.

    Os preços constantes nos contratos administrativos celebrados pelo Estado podem serreajustados em função do custo de produção ou da variação do preço de insumos utilizadosmediante comprovação ou utilização de fórmula aplicada a índices próprios, uma vez confi-guradas as hipóteses previstas no artigo segundo da Lei 6.423/77.

    A Administração Pública não tem autorização para começar a obra ou serviço antesda assinatura do contrato ou da emissão da ordem de serviço, nem para executar a obra em

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    II Conferência de Controle Externo

  • lugar divergente do que foi contratado e deve designar um responsável pela fiscalizaçãodo contrato.

    Ao final da obra, a Administração deve recebê-la, provisoriamente, e, depois de trans-corrido o prazo para verificação e conferência dos serviços realizados, recebê-la definitiva-mente, mediante designação de comissão para esse fim.

    4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Oprocesso de licitação, incluindo a fase interna, pode ser sintetizado nas seguintes eta-pas: planejamento, aviso da licitação, início do registro, publicidade, homologação, extrato docontrato, ordem do serviço, medição inicial, medição final e recebimento.

    O planejamento é o momento em que as equipes de engenharia devem se debruçarsobre os projetos básicos e orçamentos quantitativos, composição de custos unitários, cro-nogramas de execução, estudos de impacto ambiental e de impacto de vizinhança e proje-tos executivos.

    Apesar da necessidade domáximo detalhamento possível no projeto básico, é precisoque o gestor responsável por ele tenha emmente que o principal objetivo da licitação é con-seguir amelhor vantagempara a Administração Pública. Assim, é imperioso que o projeto bá-sico não gere a restrição indevida de competidores.

    SUGESTÃODE LEITURA

    � BRAUNERT, Rolf Dieter Oskar Friedrich.Como licitar obras e serviços de engenharia leis nº5.194/66 e nº 6.496/77 resoluções e normatizações do Confea, súmulas, decisões e acórdãosdo TCU. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum, 2010. 343 p.

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  • 1 Mestre em Transporte e Trânsito (UFMG), Especialista em Transporte e Trânsito (FUMEC), Engenheiro Civil (UFMG), Superintendentede Regulação de Transporte – DTP / BHTRANS, Professor de Economia dos Transportes – Escola de Engenharia.

    Transporte coletivoplanejamento e controle de tarifas

    Sérgio Luís Ribeiro de Carvalho1

    1 INTRODUÇÃO

    O presente trabalho pretende abordar, em linhas gerais, os principais fatores aserem observados pela Administração Pública no que diz respeito à concessão do serviçode transporte coletivo.

    2 PLANEJAMENTO

    Para planejar, de forma adequada, a oferta e o funcionamento do transporte público,celebrando, assim, um contrato de concessão que de fato beneficie a população, é precisoque o gestor leve em conta uma série de variáveis.

    Uma delas é a variação da demanda por transporte público ao longo dos anos:

    Gráfico 1: Variação anual da demanda por transporte público.(Fonte: Transporte Público, Prof. Garrone Reck – UFPR)

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  • Outra variável é a variação mensal da demanda. Se comparadas as diferenças de de-manda com relação aosmeses, incluindo-se as variações decorrentes de cada umdeles, comoférias, festas de fim de ano etc., é possível chegar-se ao seguinte quadro:

    A variação entre os dias da semana também existe e deve ser observada, conforme in-dica o gráfico 3:

    Observa-se, ainda, outra variável importante que é a diferença de demanda de acordocom os horários ao longo de ummesmo dia, conforme mostra o gráfico 4:

    Gráfico 2: Variaçãomensal da demanda por transporte público.(Fonte: Transporte Público, Prof. Garrone Reck – UFPR)

    Gráfico 3: Variação semanal da demanda por transporte público.(Fonte: Transporte Público, Prof. Garrone Reck – UFPR)

    Gráfico 4: Variaçãodiária da demandapor transporte público.(Fonte: TransportePúblico, Prof. GarroneReck – UFPR)

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    Finalmente, a variaçãodedemanda ao longodo itinerário tambémdeve ser considerada:

    Alémdessas variáveis, é interessante que se proceda a uma pesquisa demovimentaçãode passageiros que leve em consideração, pormeio de amostras, dados sobre viagens ao longodo dia como identificação do trecho crítico; número de passageiros do trecho crítico – PTc;número de passageiros transportados – PT; número de passageiros registrados – Preg; nú-mero de passageiros gratuitos / evadidos – Pgra; fator de gratuidade: FG = PT / Preg; fator derotatividade: FR = PT / PTc; estimativa da ocupação: PTc = Preg . FG / FR.

    Essas pesquisas são essenciais para ajustes no número de veículos que farão o trans-porte em cada faixa de horário, levando-se em consideração questões como a segurança dospassageiros. Abaixo, segue um exemplo de quadro de horário que considera o PTc e a capa-cidade nominal do veículo – CN (número de assentos), conforme requisitos mínimos:

    Gráfico 5: Variação da demanda por transporte público ao longo do itinerário.(Fonte: Transporte Público, Prof. Garrone Reck – UFPR)

    Tabela 1: Ajuste entre PTc e CN por viagem, conforme requisitos mínimos

    Faixa horária(partidas no PC)

    Obs.: veículo com 42 assentos e área útil de 6,33m2 para passageiros em pé.

    Nível deServiço (NS)

    IntervaloMáximoFG FR Lotação

    00:00 - 04:59 1,1 1,15 0 42,0 02:00

    05:00 - 07:59 1,14 1,26 5 73,7 00:30

    08:00 - 16:59 1,12 1,22 3 61,0 00:50

    17:00 - 20:59 1,15 1,29 5 73,7 00:30

    21:00 - 23:59 1,11 1,19 3 61,0 01:00

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    Os requisitos mínimos são definidos de acordo com o seguinte diagrama:

    3 CÁLCULO DATARIFA DETRANSPORTE PÚBLICO

    O cálculo da tarifa do transporte público deve levar em consideração os seguintes ele-mentos básicos: custo total do sistema e número de passageiros pagantes. Esses elementosdizem respeito, pois, à apuração dos cursos e à apuração da demanda.

    A apuração dos custos envolve os custos variáveis, que são aqueles diretamente de-pendentes da produção quilométrica, como combustíveis, lubrificantes, rodagem, peças eacessórios; e os custos fixos, que são aqueles assumidos mesmo sem a realização da viagem,como depreciação, seguro, IPV e despesas administrativas.

    Já a apuração da demanda envolve o controle de catracas, que são homologadas e la-cradas pelo órgão gestor e, diariamente, devem ter suas informações lidas e enviadas a ele; osistema de bilhetagem eletrônica, que conta com validadores homologados e controladospelo órgão gestor, que recebe todas as informações do sistema.

    A BHTRANS desenvolveu uma planilha simplificada com o objetivo de auxiliar as pre-feituras dos Municípios de menor porte na avaliação do reajuste tarifário. A planilha foi cons-truída em Excel e é disponibilizada gratuitamente.

    Também está disponível o Manual da Planilha de Custos Operacionais desenvolvidapela BHTRANS para referência e treinamento de sua equipe na gestão dos contratos de sub-concessão que vigoraram até 2008.

    3.1 Câmara de compensação tarifária

    Trata-se de um recurso utilizado para que haja ônibus circulando 24 horas por diamesmo em linhas e horários que não sejam lucrativos para as empresas. Os princípios fun-damentais desse método são: equilíbrio econômico-financeiro do sistema; existência de um

    Diagrama 1: Capacidade do veículo (Fonte: Anexo III, Edital Concorrência Pública Nº 131/2008 – PBH)

    Capacidade Nominal: CN = (nº de assentos) + taxa . (Área útil)

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    gestor para definição, controle e fiscalização das regras de operação; subsídio cruzado entreas linhas; e ambiente de operação sem concorrência.

    As vantagens da câmara de compensação tarifária são total autonomia do gestor sobreo sistema de transporte, respondendo ele pelos superávits; remuneração pelo custo contra-tado; facilidade de implantação de políticas públicas de caráter social.

    As desvantagens são as seguintes: necessidade de grande estrutura de especifica-ção, fiscalização e controle; responsabilidade do gestor pelos déficits; empresas operado-ras sem preocupação com a produtividade; negociação para a implantação de novaspolíticas de transporte.

    3.2 Concessão do transporte coletivo

    Os parâmetros de concessão do transporte coletivo são prazo de concessão, fluxode caixa (receita, despesas e investimentos), Taxa Interna de Retorno – TIR; e regras deoperação.

    As receitas são compostas por tarifas, dinheiro ou crédito eletrônico; receitas financei-ras; venda antecipada de créditos eletrônicos; taxa de carga a bordo; conveniências oferecidasaos usuários; venda de cartões, venda de publicidade, mídia ônibus, cartão; parcerias empre-sariais, processamento de outros sistemas, utilização da estrutura de cartões etc.

    As despesas são compostas por custos variáveis, como combustível, lubrificantes, peçase acessórios, rodagem; custos fixos, comomão de obra, despesas administrativas, treinamen-tos, estrutura de venda e processamento de créditos, seguros; e taxas e impostos, como custode gerenciamento operacional (CGO: 2% em BH) e demais impostos.

    E fazem parte dos investimentos a aquisição de veículos, garagens, instalações de sis-temas, softwares; e venda de bens na renovação ou fim da concessão (veículos, garagens etc.);

    4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    A minuta de contrato de concessão do serviço público de transporte coletivo de pas-sageiros por ônibus em Belo Horizonte prevê, na cláusula 19.1, que a revisão do contrato sedará nas seguintes hipóteses:

    I. modificação unilateral do contrato ou dos requisitos mínimos de prestação dos ser-viços previstos no edital;

    II. alteração na ordem tributária, ressalvado imposto incidente sobre a renda ou lucro;III. variação extraordinária, imprevisível ou previsível, mas de proporções imponderáveis

    à época da formulação da proposta, dos custos dos serviços;IV. ações ou omissões ilícitas do poder concedente ou de quem lhe represente;V. redução de custos da concessionária, decorrente de incentivos de qualquer gênero,

    oferecidos por Entes da Federação ou entidades integrantes de sua Administração indireta,tais como, linhas de crédito especiais, benefícios oriundos da celebração de convênios, in-centivos fiscais e outros;

  • II Conferência de Controle Externo

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    VI. caso fortuito ou força maior nos termos da cláusula 212 do contrato.A minuta prevê, ainda, que somente caberá revisão do contrato nos casos em que a

    ocorrência dos fatos indicados na subcláusula 19.1 resultar em variação do fluxo de caixa pro-jetado do empreendimento, de modo a reduzir ou majorar a TIR declarada pela concessioná-ria em sua proposta comercial.

    A cada quatro anos, contados do início da operação dos serviços, o