ministro marco aurélio - 25 anos no stf

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Ministro Marco Aurélio25 ANOS NO STF

Brasília, junho de 2015

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Ministro Enrique Ricardo Lewandowski (16-3-2006), Presidente

Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha (21-6-2006), Vice-Presidente

Ministro José Celso de Mello Filho (17-8-1989), Decano

Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello (13-6-1990)

Ministro Gilmar Ferreira Mendes (20-6-2002)

Ministro José Antonio Dias Toffoli (23-10-2009)

Ministro Luiz Fux (3-3-2011)

Ministra Rosa Maria Weber Candiota da Rosa (19-12-2011)

Ministro Teori Albino Zavascki (29-11-2012)

Ministro Luís Roberto Barroso (26-6-2013)

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Secretaria-Geral da PresidênciaManoel Carlos de Almeida Neto

Secretaria de DocumentaçãoDennys Albuquerque Rodrigues

Coordenadoria de Divulgação de JurisprudênciaJuliana Viana Cardoso

Redação: Amélia Lopes Dias de Araújo, Dennys Albuquerque Rodrigues, Dimitri de Almeida Prado, Juliana Viana Cardoso, Mariana Sanmartin de Mello, Patrícia Keico Honda Daher, Patrício Coelho Noronha, Priscila Heringer Cerqueira Pooter, Rochelle Quito e Valquirio Cubo Junior

Produção gráfica e editorial: Juliana Viana Cardoso, Renan de Moura Sousa e Rochelle Quito

Revisão: Amélia Lopes Dias de Araújo, Lilian de Lima Falcão Braga, Mariana Sanmartin de Mello, Patrícia Keico Honda Daher, Patrício Coelho Noronha, Rayane Lima Martins (estagiária), Rochelle Quito e Vitória Carvalho Costa

Capa e projeto gráfico: Eduardo Franco Dias

Diagramação: Camila Penha Soares, Eduardo Franco Dias, Neir dos Reis Lima e Silva e Roberto Hara Watanabe

Fotografias: Secretaria de Comunicação do Supremo Tribunal Federal; Secretaria de Documentação do Supremo Tribunal Federal; Sérgio Amaral (p. 114 e 119)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Supremo Tribunal Federal — Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal)

Ministro Marco Aurélio : 25 anos no STF / Supremo Tribunal Federal. — Brasília : STF, 2015.

157 p. : il., fots.

Modo de acesso: < http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/publicacaoPublicacaoInstitucionalComemoracoes/anexo/Ministro_Mar-co_Aurelio_25_anos_no_STF.pdf >

ISBN : 978-85-61435-50-9.

1. Ministro do Supremo Tribunal Federal, homenagem. 2. Ministro do Supremo Tribunal Federal, biografia. 3. Tribunal supremo, jurisprudência. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). II. Mello, Marco Aurélio Mendes de Farias, 1946-.

CDD 341.4191

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APRESENTAÇÃO

O ano de 2015 reserva um momento raro para o Supremo Tribunal Federal. Em 13 de junho, o Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello completa um quarto de século de exercício

judicante nesta Casa. São vinte e cinco anos honrando a cadeira que um dia foi ocupada pelo Mi-nistro Carlos Madeira.

Para celebrar a ocasião, muito especial para a Corte, vem a lume a presente obra, no propósito despretensioso de homenagear o eminente Ministro Marco Aurélio, um juiz à moda antiga, como ele mesmo se descreve.

Neste livro-homenagem, procura-se traçar um breve perfil do homem público de firmes opi-niões e do brasileiro que sempre faz questão de deixar claro seu zelo e carinho pela Carta Maior da República.

Nascido no Rio de Janeiro e formado na tradicional Faculdade Nacional de Direito, da Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro — o que é motivo de orgulho e frequente menção em seus pronunciamentos no Tribunal —, o Ministro Marco Aurélio, antes de compor o STF, já detinha um passado de sucesso no serviço público: fora Membro do Ministério Público do Trabalho junto à Justiça do Trabalho da 1ª Região, Juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região e Ministro Togado do Tribunal Superior do Trabalho.

Ao longo dessa trajetória, o Ministro Marco Aurélio construiu uma bela família na capital brasi-leira e uma carreira jurídica irretocável, da qual se extrai para os anais da história judiciária pátria o retrato de um humanista cuja reputação ímpar o coloca no panteão dos nossos consagrados juristas.

Com a maestria que lhe é peculiar, guiou os trabalhos deste Supremo Tribunal Federal ao presidi-lo, no período de 2001 a 2002. Para além da Presidência da mais alta Corte brasileira, a contribuição para a formação da moderna jurisprudência constitucional do STF é inegável. O Ministro Marco Aurélio participou de praticamente todos os debates de maior relevância na Corte no período pós-1988.

Por três vezes esteve à frente do Tribunal Superior Eleitoral, e é importante realçar que, na pri-meira ocasião, foi responsável por conduzir as até então inéditas eleições informatizadas no Brasil. Vale registrar, ainda, os exercícios interinos como Presidente da República, em especial quando sancionou a lei de criação da TV Justiça, marco na história do Judiciário nacional.

São esses e outros momentos marcantes que, humildemente, foram retratados nesta singela porém cuidadosa homenagem.

Secretaria de Documentação do Supremo Tribunal FederalJubileu de Prata do Ministro Marco Aurélio

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BIOGRAFIA

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BIO

GRA

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Marco Aurélio Mendes de Farias Mello nasceu no Rio de Janeiro/RJ, em 12 de julho de 1946, filho do Dr. Plínio

Affonso de Farias Mello e de D. Eunice Mendes de Farias Mello. É casado com a Dra. Sandra De Santis Mendes de Farias Mello, Desembargadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, com quem tem quatro filhos: Letícia, Renata, Cris-tiana e Eduardo Affonso.

Cursou o primário e o ensino médio no Colégio Souza Mar-ques e o científico no Colégio Pedro II, ambos em sua cidade natal. Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Fa-culdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1973 e cursou o Mestrado em Direito Privado na mesma Faculdade, tendo-o concluído em 1982.

Advogou no foro do Estado do Rio de Janeiro e chefiou o Departamento de Assistência Jurídica e Judiciária do Conse-lho Federal dos Representantes Comerciais e o Departamento de Assistência Jurídica e Judiciária do Conselho Regional dos Representantes Comerciais no Estado do Rio de Janeiro, tendo sido também advogado da Federação dos Agentes Autônomos do Comércio do Antigo Estado da Guanabara.

Entre 1975 e 1978, integrou o Ministério Público junto à Justiça do Trabalho da 1ª Região. Ingressando na Magistratura, foi Juiz Togado do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região no período de 1978 a 1981, quando presidiu a Segunda Turma, no biênio 1979/1980.

Foi Ministro Togado do Tribunal Superior do Trabalho en-tre setembro de 1981 e junho de 1990. Ao longo desse período, foi Membro do Conselho da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, atuou como Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, entre dezembro de 1988 e junho de 1990, e foi eleito Presidente da Primeira Turma para os biênios 1985/1986 e 1987/1988.

Nomeado Ministro do Supremo Tribunal Federal, por de-creto de 28 de maio de 1990, para a vaga decorrente da apo-sentadoria do Ministro Carlos Madeira, tomou posse em 13 de junho do mesmo ano.

Escolhido pelo Supremo Tribunal Federal, participou do Tribunal Superior Eleitoral como Ministro Substituto, nos pe-

ríodos de 13 de agosto de 1991 a 31 de maio de 1993 e de 7 de agosto de 2003 a 28 de fevereiro de 2005, e Efetivo, de 1º de junho de 1993 a 5 de dezembro de 1994. Como Vice-Presidente eleito, em sessão de 29 de novembro de 1994, atuou entre 6 de dezembro de 1994 e 31 de maio de 1995 e de 1º de junho de 1995 a 19 de maio de 1996. Foi Presidente em exercício de 20 de maio a 12 de junho de 1996, quando tomou posse como Presidente, cargo que exerceu de 13 de junho de 1996 até 1º de junho de 1997. Novamente tomou posse como membro efe-tivo em 1º de março de 2005 e tornou-se Presidente da Corte de 4 de maio de 2006 a 6 de maio de 2008. Em 12 de maio de 2009 voltou a tomar posse como membro substituto. Em 19 de novembro de 2013, torna-se, pela terceira vez, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, cargo em que permaneceu até 13 de maio de 2014.

Foi eleito Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal, em sessão de 14 de abril de 1999, para o biênio 1999/2001, tomando posse em 27 de maio de 1999. Escolhido por seus pares para a Presidência do Tribunal em 18 de abril de 2001, assumiu o cargo em sessão solene realizada em 31 de maio seguinte.

Ocupou o cargo de Presidente da República, no período de 15 a 21 de maio de 2002, durante a viagem do Presidente, Fernando Henrique Cardoso, ao exterior. Nessa oportunidade sancionou, em solenidade realizada no Palácio do Planalto, a Lei 10.461, que criou a TV Justiça, destinada a divulgar notícias do Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública e da advocacia. Voltou a ocupar interinamente a Presidência da República nos dias 4, 5 e, posteriormente, 25 a 27 de julho, 20 e 21 de agosto e de 31 de agosto a 4 de setembro de 2002, pelo mesmo motivo anterior.

Em 2 de agosto de 2002, o Ministro Marco Aurélio inau-gurou o estúdio da TV Justiça, cuja programação entrou no ar no dia 11 do mesmo mês, data em que se comemora a criação dos cursos jurídicos no Brasil.

Representou a República Federativa do Brasil na posse do Presidente da Bolívia, Gonzalo Sanchez, e na do Presidente da Colômbia, Alvaro Uribe Velez, em 5 e 7 de agosto de 2002,

respectivamente. De 21 a 31 de agosto esteve na China, a convite de autoridades, com o objetivo de conhecer o sistema judiciário daquele país. Em 21 de maio de 2003, viajou para Portugal, convidado pelas autoridades judiciais do país, em visita oficial ao Tribunal Constitucional português.

Seu mandato como Presidente do Supremo Tribunal Federal findou-se em 5 de junho de 2003.

Desde setembro de 1982, é Professor Universitário, inte-grante do Quadro Docente do Departamento de Direito da Faculdade de Estudos Sociais Aplicados da Universidade de Brasília e Professor do Curso de Pós-Graduação lato sensu em Direito Processual Civil do Centro Universitário de Brasília — UniCEUB.

Entre as inúmeras atividades didáticas exercidas pelo Mi-nistro Marco Aurélio no âmbito jurídico-acadêmico, podem-se salientar as seguintes: foi conferencista no V Curso de Especia-lização em Direito do Trabalho, Processo e Previdência Social, realizado na Faculdade Cândido Mendes e promovido pelo Instituto de Direito do Trabalho e Previdência — IDTP, sobre o tema “Processo Civil e Processo Trabalhista”, no Rio de Janeiro/RJ, em outubro de 1979; proferiu Aula Magna do segundo pe-ríodo letivo de 1986 na Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense, sobre o tema “Constituição — Reivin-dicação Básica dos Trabalhadores”, no Rio de Janeiro/RJ, em setembro de 1986; foi conferencista em evento realizado na Associação dos Magistrados do Trabalho da 3ª Região, sobre o tema “Os Enunciados da Súmula do Tribunal Superior do Trabalho”, em Belo Horizonte/MG, em abril de 1988; foi paine-lista no III Fórum Brasileiro da Justiça do Trabalho, promovido pelo Sindicato do Comércio Varejista de Veículos e de Peças e Acessórios para Veículos no Estado do Rio Grande do Sul, com o tema “Justiça do Trabalho como Poder Normativo”, em Gramado/RS, em maio de 1988; foi conferencista no seminário A Crise Econômica e o Direito do Trabalho, promovido pela Academia Nacional de Direito do Trabalho, na Universidade de Brasília, em maio de 1988; foi conferencista no III Fórum Jurídico — A Nova Ordem — Aspectos Polêmicos, promovido

pela Fundação Dom Cabral em convênio com a Pontifícia Uni-versidade Católica de Minas Gerais e Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais, com apoio da Academia Internacio-nal de Direito e Economia, sobre o tema “O Poder Normativo na Justiça do Trabalho”, em Belo Horizonte/MG; participou de mesa-redonda sobre o tema “A Constituição de 1988 — Alguns Temas Polêmicos”, durante a Semana Universitária, promovida pela Universidade de Brasília em abril de 1991; foi painelista no I Fórum Nacional de Debates sobre o Poder Judiciário, com o tema “O Judiciário: Como Deve Ser?”, promovido pelo Supe-rior Tribunal de Justiça e pelo Conselho da Justiça Federal, em junho de 1997; foi painelista no seminário A Constituição de 1998 é ainda a Constituição Cidadã?, promovido pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil em Brasília/DF, em outubro de 1998, sobre o tema “Jurisdição Constitucional — A Ampliação do Controle de Constitucionalidade: Um Balanço de Dez Anos”; proferiu palestra na inauguração do novo Au-ditório do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios sobre o tema “Justiça do Terceiro Milênio”, em Brasília/DF, em abril de 2000; presidiu o I Congresso das Américas de Ciências Criminais (Penal, Processo Penal, Criminologia e Vitimologia), realizado em maio de 2000 no Centro de Convenções de Per-nambuco, na cidade de Recife, cujo tema central foi “As Ciências Criminais e a Realidade Social do Terceiro Milênio”, sobre o qual também proferiu conferência; foi palestrante no Tribunal Superior do Trabalho em 20 de novembro de 2001, em Brasília/DF, sobre o tema “Óptica Constitucional — A Igualdade e as Ações Afirmativas”; proferiu Aula Magna da Escola de Direito da UniverCidade sobre o tema “O Judiciário e a Paz Social”, no Rio de Janeiro/RJ, em 25 de março de 2002; foi Presidente da Mesa no painel Paz e Direito Social, durante o XX Seminário Roma-Brasília, promovido pela Universidade de Brasília, GDF, CNPq, Consiglio Nazionale delle Ricerche — CNR e Associa-zione di Studi Sociali Latino-Americani — ASSLA, em 29 de agosto de 2003; foi palestrante no XXXIII Encontro Nacional do Colégio de Corregedores Gerais da Justiça do Brasil, promo-vido pelo Colégio de Corregedores Gerais da Justiça do Brasil

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e realizado no Centro de Convenções do Hotel Intercontinen-tal, no Rio de Janeiro/RJ, em 7 de novembro de 2003, sobre o tema “A Reforma do Judiciário”; foi palestrante no Seminário de Verão — A Ordem Mundial e a Resolução de Conflitos, promovido pela Faculdade de Direito de Coimbra, em 13 de julho de 2005, em Coimbra, Portugal, sobre o tema “A Primazia da Constituição: A Experiência Brasileira”.

Membro de diversas bancas examinadoras de concursos públicos para a magistratura e a Procuradoria, participou, entre outros, do Concurso para Provimento de Cargos de Juiz do Trabalho Substituto da 1ª Região realizado em 1979, no qual atuou como Presidente; do Concurso para Provimento de Car-gos de Juiz do Trabalho Substituto da 1ª Região realizado em 1980 e 1981, que coordenou; do Concurso para Provimento de Cargos de Procurador da Fazenda Nacional realizado em 1986; do III Concurso para Provimento de Cargos de Juiz do Trabalho Substituto da 10ª Região, realizado em 1988; do IV Concurso para Provimento de Cargos de Juiz do Trabalho Substituto da 10ª Região, realizado em 1989; do V Concurso Público para Ingresso na Magistratura do Trabalho da 10ª Região, realizado em outubro de 1989; do X Concurso para Provimento de Car-gos de Procurador da República; do I Concurso Público para Provimento de Cargos de Juiz do Trabalho Substituto da 18ª Região, na condição de Presidente da Comissão Examinadora da prova escrita de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho, Direito Processual Civil e Direito Civil (Parte Geral e Obrigações); e do Concurso Público para Provimento de Car-gos de Procurador do Distrito Federal realizado pelo Instituto de Desenvolvimento de Recursos Humanos — IDR em 1998.

Além de atuar no Supremo Tribunal Federal, o Ministro Marco Aurélio também é membro, entre outras, das seguintes instituições: Instituto Brasileiro de Direito Social; Academia Nacional do Direito do Trabalho, com assento na Cadeira 119; Academia Internacional de Direito e Economia; Conselho de Minerva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da qual recebeu o título de Conselheiro Emérito; Associação Paulista de Magistrados; Conselho Editorial da Revista da UPIS — Fa-

culdades Integradas; Conselho Superior do Instituto Metropoli-tano de Altos Estudos — IMAE; Conselho Editorial da Revista do Curso de Direito do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas — UniFMU.

Da copiosa lavra de publicações da autoria do Ministro, po-dem-se destacar as seguintes: “Coletânea de Pareceres Jurídicos” (emitidos quando Marco Aurélio era membro do Ministério Público — 1977); “Empregador, Insalubridade e a Segurança do Trabalho”, Diário do Comércio & Indústria de 11 de maio de 1985; “A Questão da Insalubridade”, Correio Braziliense de 14 de junho de 1985; “O Alcance da Sentença Normativa”, Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, Paraná, janeiro e junho de 1985; “Temas de Direito Penal. ‘1. Nosso Direito Po-sitivo e a Tortura; 2. Da Inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25-7-1990’”, Revista Brasileira de Ciências Criminais — publicação oficial do Instituto Brasileiro de Ciên-cias Criminais —, Editora Revista dos Tribunais, ano 2, n. 8, outubro/dezembro de 1994; “O Estado Democrático de Direito e as Minorias”, artigo publicado na Revista Trimestral de Direito Público, n. 47/2004, e nos livros Temas Atuais de Direito Eleito-ral, em janeiro de 2009, e Os Alicerces da Redemocratização, em 2008; “O Uso de Algemas e a Dignidade da Pessoa Humana”, artigo publicado na revista Justiça & Cidadania, edição n. 102, em janeiro de 2009. Constam ainda do seu currículo colabora-ções diversas para o periódico ADT, do Centro de Orientação, Atualização e Desenvolvimento Profissional — COAD, e para a revista LTr.

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LINHA DO TEMPO

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Em 12 de julho, nasce na cidade do Rio de Janeiro/RJ, filho de Plínio Affonso de Farias Mello e Eunice Mendes de Farias Mello.

Passa a integrar o Ministério Público junto à Justiça do Trabalho da Primeira Região.

Ingressa no cargo de Ministro Togado do Tribunal Superior do Trabalho.

Toma posse, em 13 de junho, como Presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Comanda as primeiras eleições informatizadas do País.

Passa a exercer o cargo de Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, em dezembro. Permanece no cargo até junho de 1990.

Ingressa na Magistratura, como Juiz

Togado do Tribunal Regional do Trabalho da

Primeira Região.

Conclui o Mestrado em Direito Privado na mesma faculdade em

que se graduou. Em setembro, torna-se integrante do Quadro

Docente do Departamento de Direito da Faculdade de

Estudos Sociais Aplicados da Universidade de Brasília, onde

atua até 2007.

Toma posse, em 13 de junho, no cargo de Ministro do

Supremo Tribunal Federal.

Exerce o cargo de Presidente da República no período de 15 a 21 de maio, durante viagem do Presidente, Fernando Henrique Cardoso. Na oportunidade, sanciona, em solenidade realizada no Palácio do Planalto, a Lei 10.461, que criou a TV Justiça. Ainda em maio, recebe a Ordem do Mérito das Comunicações, grau Grã-Cruz, concedida pelo Presidente da República. Novamente, ocupa interinamente a Presidência da República, em 4 e 5 e, posteriormente, de 25 a 27 de julho, entre 20 e 21 de agosto e de 31 de agosto a 4 de setembro. Em 2 de agosto, inaugura a TV Justiça.

Gradua-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela

Faculdade de Direito da Universidade Federal

do Rio de Janeiro.

1946 1973 19811975 1978 1988 19901982 2001 2002 2003 2004 2006 2007 20091996 2010 2011 2013 2015

Toma posse, em 31 de maio, como Presi-dente do Supremo Tribunal Federal, para

o biênio 2001/2003. Torna-se Professor do Curso de Pós-Graduação lato sensu em Direito Processual Civil do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB.

Recebe da Suprema Corte da Ucrânia

medalha de honra “pela fidelidade à lei”.

Toma posse, em 4 de maio, como Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, para sua segunda gestão na Corte.

É agraciado com o Mérito Tamandaré, concedido pelo

Comandante da Marinha do Brasil, em Brasília/DF.

Completa, em junho, Jubileu de Prata, por

25 anos de exercício no cargo de Ministro do

Supremo Tribunal Federal.

É agraciado com a Ordem do Ipiranga, grau Grã-Cruz, concedida pelo Governador do Estado de São Paulo.

Recebe o Troféu Raça Negra, concedido pela Sociedade Afro Brasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural – AFROBRAS,

em São Paulo/SP.

Recebe o Mérito Marechal Cordeiro de Farias, concedido pela Escola Superior de Guerra – ESG, no Rio de Janeiro/RJ.

Pela terceira vez, toma posse no cargo de Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em 19 de novembro.

Recebe da Academia Brasileira de Letras a Medalha Machado de Assis, alta condecoração da ABL.

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VENCIDO E VENCEDOR

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– MI 219 –

“(...) tenho externado convencimento quanto ao mandado de injunção, tal como definido no texto constitucional, que não coincide, não se harmoniza, com a jurisprudência da Corte.

(...)Creio que, frente à jurisprudência da própria Corte, há, no

caso concreto, o reconhecimento explícito da omissão, há o reconhecimento de que, a persistir o quadro atual, inexiste a possibilidade do exercício das prerrogativas concernentes à nacionalidade, à soberania e, no caso concreto, à cidadania.

Indaga-se: é possível contemplar essa situação sem ca-minhar no sentido direcionado pela Carta? É possível, na espécie, chegar-se à confusão de institutos, como se não tivessem, consagrados que são pela Carta, sentido próprio, porque integram a ciência do Direito? É plausível que se es-

CARáTER MANDAMENTAL DO MANDADO DE INJUNÇÃO

– MI 670 –

No julgamento do MI 670, no qual se pretendia o reconhe-cimento da mora legislativa, considerado o direito de greve dos servidores públicos civis, o Colegiado do STF confirmou a mora — que já havia sido declarada por diversas vezes — e estabeleceu prazo para que o Legislativo procedesse ao sa-neamento, restando consignada a aplicação do disposto nas Leis 7.701/1988 e 7.783/1989, enquanto perdurasse a omissão. Nesse sentido, em 2007, o Tribunal promoveu uma evolução da garantia fundamental do mandado de injunção, ao modi-ficar o seu alcance para entender que, se reconhecida a inércia do legislador, não configura afronta ao princípio da separação dos poderes a tomada de medidas, pelo Poder Judiciário, que tornem efetivo o direito previsto no texto constitucional.

tanque o provimento judicial na mera ciência da omissão ao órgão? A meu ver, não; não podemos frustrar a expectativa generalizada do povo brasileiro, e até mesmo do mundo jurídico — especialmente deste —, em torno da matéria. Aguarda-se muito mais da Suprema Corte do que, data venia, o que até aqui vem sendo proporcionado aos juris-dicionados, quanto ao instituto do mandado de injunção.

(...)(...) a minha consciência de magistrado, a minha forma-

ção humanística e profissional são conducentes à conclusão em torno de colar-se ao inciso LXXI do art. 5º da Carta da República a eficácia e o alcance que nele se contêm sobre o mandado de injunção, distinto, sobremaneira, da ação direta de inconstitucionalidade por omissão.”

EMENTA

“Mandado de injunção. Garantia fundamental (CF, art. 5º, inciso LXXI). Direito de greve dos servidores públicos civis (CF, art. 37, inciso VII). Evolução do tema na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF). (...) Em observância aos ditames da segurança jurídica e à evolução jurisprudencial na interpretação da omissão legislativa sobre o direito de greve dos servidores públicos civis, fixação do prazo de 60 (sessenta) dias para que o Congresso Nacional legisle sobre a matéria. Mandado de injunção deferido para determinar a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989.

(...)(...) o STF flexibilizou a interpretação constitucional pri-

meiramente fixada para conferir uma compreensão mais abrangente à garantia fundamental do mandado de injun-ção. A partir de uma série de precedentes, o Tribunal passou a admitir soluções ‘normativas’ para a decisão judicial como alternativa legítima de tornar a proteção judicial efetiva (CF, art. 5º, XXXV).”

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– HC 69.657 –

“É que tenho como relevante a arguição de conflito do § 1º do art. 2º da Lei 8.072/1990 com a Constituição Federal, considerado quer o princípio isonômico em sua latitude maior, quer o da individualização da pena previsto no in-ciso XLVI do art. 5º da Carta, quer, até mesmo, o princípio implícito segundo o qual o legislador ordinário deve atuar tendo como escopo maior o bem comum, sendo indisso-ciável da noção deste último a observância da dignidade da pessoa humana, que é solapada pelo afastamento, por completo, de contexto revelador da esperança, ainda que mínima, de passar-se ao cumprimento da pena em regime menos rigoroso.

(...)(...) tenho o regime de cumprimento da pena como

algo que, no campo da execução, racionaliza-a, evitando a famigerada ideia do ‘mal pelo mal causado’ e que sabida-mente é contrária aos objetivos do próprio contrato social. A progressividade do regime está umbilicalmente ligada à própria pena, no que, acenando ao condenado com dias melhores, incentiva-o à correção de rumo e, portanto, a empreender um comportamento penitenciário voltado à ordem, ao mérito e a uma futura inserção no meio social. O que se pode esperar de alguém que, antecipadamente, sabe da irrelevância dos próprios atos e reações durante o período no qual ficará longe do meio social e familiar e da vida normal a que tem direito um ser humano; que ingressa em uma penitenciária com a tarja da despersonalização?

Sob esse enfoque, digo que a principal razão de ser da progressividade no cumprimento da pena não é em si a

PROGRESSÃO DE REGIME — CRIMES HEDIONDOS

– HC 82.959 –

O Plenário do Supremo Tribunal Federal, fundado na garan-tia da individualização da pena (art. 5º, XLVI, da CF/1988), decidiu por maioria de votos, em 6 de agosto de 2003, rever o posicionamento anterior e deferir pedido de habeas corpus, declarando a inconstitucionalidade (incidenter tantum) da proibição de progressão de regime em crimes hediondos, em decorrência da imposição normativa do cumprimento de regime integralmente fechado pelo § 1º do art. 2º da Lei 8.072/1990.

EMENTA

“Pena — Regime de cumprimento — Progressão — Razão de ser. A progressão no regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado, semiaberto e aberto, tem como razão maior a ressocialização do preso que, mais dia ou menos dia, voltará ao convívio social.

Pena — Crimes hediondos — Regime de cumprimento — Progressão — Óbice — Art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990 — Inconstitucionalidade — Evolução jurisprudencial. Conflita com a garantia da individualização da pena — art. 5º, inci-so XLVI, da Constituição Federal — a imposição, mediante norma, do cumprimento da pena em regime integralmente fechado. Nova inteligência do princípio da individualização da pena, em evolução jurisprudencial, assentada a inconsti-tucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990.”

minimização desta, ou o benefício indevido, porque con-trário ao que inicialmente sentenciado, daquele que acabou perdendo o bem maior que é a liberdade. Está, isto sim, no interesse da preservação do ambiente social, da sociedade, que, dia menos dia, receberá de volta aquele que inobservou a norma penal e, com isso, deu margem à movimentação do aparelho punitivo do Estado. A ela não interessa o retorno de um cidadão, que enclausurou, embrutecido, muito embora o tenha mandado para detrás das grades com o fito, entre outros, de recuperá-lo, objetivando uma vida comum em seu próprio meio, o que o tempo vem demonstrando, a mais não poder, ser uma quase utopia. (...)

(...)Assentar-se, a esta altura, que a definição do regime e

modificações posteriores não estão compreendidas na in-dividualização da pena é passo demasiadamente largo, im-plicando restringir garantia constitucional em detrimento de todo um sistema e, o que é pior, a transgressão a princí-pios tão caros em um Estado Democrático como são os da igualdade de todos perante a lei, o da dignidade da pessoa humana e o da atuação do Estado sempre voltada ao bem comum. A permanência do condenado em regime fecha-do durante todo o cumprimento da pena não interessa a quem quer que seja, muito menos à sociedade que um dia, mediante o livramento condicional ou, o mais provável, o esgotamento dos anos de clausura, terá necessariamente que recebê-lo de volta, não para que este torne a delinquir, mas para atuar como um partícipe do contrato social, observados os valores mais elevados que o respaldam.”

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– HC 72.131 –

“Ainda que se pudessem colocar em plano secundário os limites constitucionais, a afastarem, a mais não poder, a possibilidade de subsistir a garantia da satisfação do débito como meio coercitivo, no caso de alienação fiduciária, que é a prisão, tem-se que essa, no que decorre não da Carta Política da República, que para mim não a prevê, mas do Decreto-Lei 911/1969, já não subsiste na ordem jurídica em vigor, porquanto o Brasil, mediante o Decreto 678, de 6 de novembro de 1992, aderiu à Convenção Americana sobre Direitos Humanos, ao chamado Pacto de São José da Costa Rica, de 22 de novembro de 1969. (...) Entrementes, a adoção mostrou-se linear, consignando o art. 1º do Decreto me-diante o qual promulgou a citada Convenção que a mesma

PRISÃO CIVIL DE DEPOSITáRIO INFIEL

– HC 87.585 –

Em 2008, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 87.585, aplicando o § 7º do art. 7º da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), reviu o entendimento anterior da Corte e excluiu a possibilidade de haver, em qualquer hipótese, prisão de depositário infiel.

EMENTA

“Depositário infiel — Prisão. A subscrição pelo Brasil do Pacto de São José da Costa Rica, limitando a prisão civil por dívida ao descumprimento inescusável de prestação alimentícia, implicou a derrogação das normas estritamente legais referentes à prisão do depositário infiel.”

há de ser cumprida tão inteiramente como nela se contém. Ora, o inciso VII do art. 7º revela que ‘ninguém deve ser detido por dívida’. Esse princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente, expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. Constata-se, assim, que a única exceção contemplada corre à conta de obrigação alimentar. A promulgação sem qualquer reserva atrai, necessariamente e no campo legal, a conclusão de que hoje somente subsiste uma hipótese de prisão por dívida civil, valendo notar a importância conferida pela Carta de 1988 aos tratados internacionais que a República Federativa do Brasil seja parte.”

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– RHC 71.959 –

“As hipóteses ensejadoras da prisão estão contidas no corpo da Carta de 1988: ‘ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão mili-tar ou crime propriamente militar definidos em lei’. A par da previsão do inciso LXI, exsurge a relativa ao cumprimento da pena, cuja execução há de se fazer em campo que revele absoluta segurança no que tange à imputação e à condena-ção operadas. É preciso que se tenha, portanto, o trânsito em julgado do decreto condenatório, pois somente assim transparece constitucional o cumprimento da pena, tendo em vista o princípio da não culpabilidade insculpido no inciso LVII do rol das garantias constitucionais — ‘ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sen-tença penal condenatória’.

ExECUÇÃO PROVISóRIA DA PENA E PRINCíPIO DA NÃO CULPABILIDADE

– HC 84.078 –

No julgamento do HC 84.078, em 5 de fevereiro de 2009, o Plenário do Supremo Tribunal Federal consignou que a prisão, antes do trânsito em julgado de decreto condenató-rio, somente seria possível a título cautelar, tendo em vista o princípio da não culpabilidade. Assim, concluiu-se pela não recepção do art. 637 do Código de Processo Penal pela Carta da República.

EMENTA

“Habeas corpus. Inconstitucionalidade da chamada ‘execução antecipada da pena’. Art. 5º, LVII, da Constituição do Brasil. Dignidade da pessoa humana. Art. 1º, III, da Constituição do Brasil.

1. O art. 637 do CPP estabelece que ‘[o] recurso extraor-dinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância para a execução da sentença’. A Lei de Execução Penal condicionou a execução da pena privativa de liberdade ao trânsito em julgado da sentença condenató-ria. A Constituição do Brasil de 1988 definiu, em seu art. 5º, inciso LVII, que ‘ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória’.

(...)8. Nas democracias mesmo os criminosos são sujeitos de

direitos. Não perdem essa qualidade, para se transformarem em objetos processuais. São pessoas, inseridas entre aquelas beneficiadas pela afirmação constitucional da sua dignidade (art. 1º, III, da Constituição do Brasil). É inadmissível a sua exclusão social, sem que sejam consideradas, em quaisquer circunstâncias, as singularidades de cada infração penal, o que somente se pode apurar plenamente quando transitada em julgado a condenação de cada qual.

Ordem concedida.”

(...)(...) Como, então, entender que, em questão a liberdade,

bem maior dos cidadãos, ao qual somente se sobrepõe o relativo à própria vida, possa-se, antes da preclusão maior, impor a execução da pena e, portanto, ter quadro que pres-supõe a certeza quanto à culpabilidade? A razão de não se poder executar de imediato sentença condenatória, ainda pendente apreciação de recurso, é constitucional e decorre da impossibilidade de, uma vez fulminada, atrair o retorno ao status quo ante. A natureza das coisas — e disse Napoleão que ela é um amo implacável — obstaculiza a devolução ao Paciente — esmagado pela força do Estado, em que pesem os direitos constitucionais assegurados — dos dias de clausura, de recolhimento à custódia do Estado.”

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– ADI 1.922 MC –

“Entendo que a Constituição Federal encerra um princípio implícito que se revela como garantia de todo cidadão. Que princípio é esse? É o princípio segundo o qual deve haver campo próprio ao exercício, à exaustão, do direito de defesa.

(...)A Carta de 1988 contém até mesmo dispositivos explí-

citos, expressos, conducentes à conclusão de não se poder exigir, visando a contar o erário com parte do numerá-rio controvertido, depósito de percentagem do tributo. Refiro-me ao inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, no que revela, inclusive nos processos administrativos, que ficam assegurados aos acusados ‘o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes’. A ampla defesa está prevista via o recurso administrativo contemplado em lei. Ora, é consentâneo com essa regra constitucional exigir-se o depósito, mesmo que parcial?

INCONSTITUCIONALIDADE DA ExIGIBILIDADE DE DEPóSITO PRéVIO PARA RECURSO ADMINISTRATIVO

– RE 389.383 –

Em 2007, o Supremo Tribunal Federal entendeu que a exi-gência de depósito prévio como pressuposto de admissibi-lidade de recurso administrativo ofendia a garantia cons-titucional da ampla defesa. Em 2009, o Plenário editou a Súmula Vinculante 21, cujo enunciado apresenta a seguinte evolução: “É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a admissibi-lidade de recurso administrativo”.

EMENTA

“Recurso administrativo — Depósito — §§ 1º e 2º do art. 126 da Lei 8.213/1991 — Inconstitucionalidade. A garantia constitucional da ampla defesa afasta a exigência de de-pósito como pressuposto de admissibilidade de recurso administrativo.”

(...) compreendo o recurso administrativo como inserto no gênero ‘direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos’, tal como previsto na alínea a do inciso XXXIV do art. 5º.

(...)(...) o Estado não pode dar com uma das mãos e tirar

com a outra. A exigibilidade do depósito importa em dar com uma das mãos e tirar com a outra, e, repito, quase sem-pre impede a própria continuidade da atividade. É certo que o recurso administrativo não é uma garantia constitucional. Mas, a partir do momento em que previsto, não se pode ter, relativamente ao contribuinte, um obstáculo que conflite com a própria razão de ser que motivou a previsão.”

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– Inq 2.462 –

“A competência do Supremo é de direito estrito e está pre-vista em diploma de envergadura maior — a Constituição Federal. Normas instrumentais comuns não acarretam o aditamento a essa mesma competência, a ponto de apanhar situações concretas em que envolvido quem não detém a prerrogativa de foro. Aliás, quanto à prerrogativa de foro, vejo-a como uma exceção e, por isso mesmo, interpreto as normas que a revelam de forma estrita.

Há mais, verifica-se o envolvimento de cidadãos que teriam, constitucionalmente, direito a certos juízos naturais.

COMPETêNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA JULGAR CORRéUS SEM PRERROGATIVA DE FORO

– Inq 3.515 AgR –

Em 13 de fevereiro de 2014, o Plenário do Supremo Tribunal Federal negou provimento ao Inq 3.515 AgR, por unanimi-dade, consagrando o entendimento de que a Corte é compe-tente para julgar apenas os corréus com prerrogativa de foro. O posicionamento anterior restou, portanto, modificado.

EMENTA

“Competência — Prerrogativa de foro — Natureza da disci-plina. A competência por prerrogativa de foro é de Direito estrito, não se podendo, considerada conexão ou continên-cia, estendê-la a ponto de alcançar inquérito ou ação penal relativos a cidadão comum.”

E a atração do processo para esta Corte, sem norma consti-tucional que a preveja, acaba por ferir de morte — é o meu convencimento — o princípio do juiz natural, o princípio do devido processo legal, até porque ocorrerá julgamento em penada única, aspecto negativo da própria prerrogativa de foro, quando normalmente existe a possibilidade de revisão de possível decreto condenatório. O Supremo também pode errar quer na arte de proceder, quer na de julgar e, decidin-do, não há a quem recorrer.”

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DO MINISTROFrases, pensamentos e citações

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“No imaginário popular, a figura do herói sempre se mostrou associada a feitos extraordinários, a batalhas em princípio invencíveis, as quais, todavia, ao fim, não se sustentariam diante do comando desse mítico ser dotado de poderes especiais. Talvez por isso a humanidade frequentemente busque líderes onipotentes cujas soluções, mágicas, tenham o condão de superar, num instante, problemas por vezes seculares. Entretanto, um olhar mais atento, uma reflexão mais cautelosa conduzirá, com certeza, a conclusão diversa. O grande homem, sem dúvida alguma, é aquele que, no dia a dia, cioso dos próprios deveres, consegue, com simplicidade, mas com a galhardia da honradez, vencer os percalços que a existência cotidiana incessantemente lhe oferece. Ao contrário do que sói apregoar-se, uma nação digna e respeitável se forma de grandes homens, e não de falsos heróis.”

Discurso proferido na solenidade de entrega da medalha “Medalha-Prêmio” ao Ministro José Néri da Silveira, em reconhe-

cimento aos cinquenta anos de serviço público, em 17/4/2002

“Eu sou um juiz ainda à antiga, eu não delego a quem quer que seja o ato de julgar.”

Jornal da Cidade de 7/10/2003

“Por certo haveríamos de nos defrontar com realidade menos cruel se abandonássemos o medo e nos envolvêssemos com a dor alheia para amenizá-la.”

Discurso proferido na festa de confraternização natalina dos servidores e colaboradores do STF, em 12/12/2001

“Numa época em que o tecnicismo exacerbado, a quase obsessiva especialização das ciências, a danosa impessoalidade das relações econômicas contemporâneas promovem desvirtuamento ímpar de valores, convém a toda a sociedade, sobretudo aos magistrados, restabelecer o enfoque no ser humano. Por dever de ofício, cabe a nós, magistrados e operadores do Direito, não medir esforços para colocar o homem como cerne, princípio e finalidade última de todas as ações.”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do STF, em 31/5/2001

“Precisamos perceber que não somos infalíveis, não somos os censores da República de uma forma geral. A nossa atuação é vinculada ao direito posto, à Constituição Federal.” O Estado de S. Paulo de 14/11/2009

“É tempo de aproximar-se não o povo do Judiciário, mas este daquele, o que só se concretizará efetivamente, com a total transparência do que vem sendo realizado neste Poder.” Gazeta Mercantil de 3/7/2001

“É possível afirmar que testemunhamos época alvissareira, já que a impunidade, outrora prática habitual, está a se revelar, dia após dia, e cada vez mais, coisa do passado. Caminha-

-se a passos largos para a constatação de uma mudança cultural, provocada pela percepção, do homem comum, da existência de freios inibitórios.”

O Globo de 20/5/2002

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“Cada qual tem uma formação técnica, um perfil. Não ocupamos cadeira voltada às rela-ções públicas. Dizem que eu sou um juiz polêmico. Se nós entendermos o vocábulo no sentido grego, realmente sou polêmico. Porque, no sentido grego, quer dizer guerreiro. Eu realmente sou guerreiro. Não tenho o menor receio de desagradar a quem quer que seja.”

Correio Braziliense de 13/4/2006

“No futuro, meu sonho é que o próprio eleitor afaste corruptos. Ou que ele, naturalmente, não vote em candidatos investigados, até que tudo esteja claro.”

O Estado de S. Paulo de 2/10/2006

“Naquele plenário não temos semideuses, temos homens, dos quais se espera uma conduta que honre o cargo.” Folha de S.Paulo de 24/4/2009

“O magistrado não pode evitar a decisão. Está na virtude do equilíbrio, do bom senso e na aptidão para a tarefa, o segredo da descoberta do direito. E não é só. É na busca da justiça que se encerra toda a problemática jurídica, que lança mão da lei, do costume e de princí-pios para resolver as questões.”

Palavras proferidas por ocasião da aposentadoria do Ministro Ildélio Martins no TST, em 1986

“A Constituição Federal não há de ser tida como um documento lírico, que pode ser metamorfoseado em função dos acontecimentos e da vontade das maiorias reinantes.”

Jornal do Commercio de 1º/10/2001

“Voto é poder. Deve ser exercido. (...) É preciso que se tenha pre-sente que a sociedade não é vítima. A sociedade é autora.” Jornal do Brasil de 1º/10/2006

“A sociedade brasileira não quer semideuses; ela quer homens investidos desse ofício, o qual é sublime, de julgar os semelhantes, os concidadãos e os conflitos que os envolvam e que ajam a partir da formação humanística, da formação profissional que possuem e de acordo com a própria consciência.”

Entrevista concedida à rádio Jovem Pan em 17/12/2002

“Nada é mais alvissareiro que o justo reconhecimento, principalmente quando o aplauso não se alicerça somente num instante de bravura, num ato de heroísmo, ou em algum feito genial, espetacular, mas vem referendado pelo aval incontestável do tempo, consolidando-

-se no veredicto do cotidiano — e não existe, de fato, aprovação mais exigente.”

Discurso proferido na solenidade de entrega da medalha “Mérito do Servidor do Supremo Tribunal Federal”, em 6/12/2001

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“Não há dúvidas: quanto maior for o grau de confiabilidade dos cidadãos no Judiciário, mais respeitadas serão as normas e princípios que asseguram a convivência social pacífica. Em síntese, sem leis, não há pacto social duradouro.” Gazeta Mercantil de 3/7/2001

“A justiça é obra do homem.”Palavras proferidas no TSE por ocasião do encerramento do segundo semestre forense e

da despedida do Ministro Carlos Velloso, em 19/12/2005

“Hoje é quase consensual o entendimento de que o juiz precisa se fazer atento aos problemas sociais rotineiros, e não alheio, estar de olhos bem abertos ao cotidiano, retirando quaisquer vendas, mormente as ideológicas, para poder sabiamente decidir. (...) finalmente a magistra-tura parece haver entendido a necessidade de sair das torres de marfim nas quais se procura resguardar, de onde provém a maioria das sentenças inverossímeis, apartadas da realidade e, por isso mesmo, desacreditadas já no nascedouro.” Folha de S.Paulo de 19/5/2002

“Temos de homenagear mais as decisões de primeira instância, já que é o juiz que mantém contato direto com as partes, é quem percebe a sinceridade de uma testemunha, de uma parte que é ouvida.” Consultor Jurídico de 23/4/2003

“O juiz não deve ser algoz. Mas não deve passar a mão na cabeça de quem teve procedimento à margem do figurino legal.” O Estado de S. Paulo de 5/2/2005

“No estágio em que nos encontramos, simples críticas são infrutíferas. A sociedade não é vítima, é autora. Necessário se faz que cada um, dando o melhor de si, contribua para o afastamento da impunidade, ainda que, num primeiro momento, possa parecer que se trata de uma luta contra moinhos de vento.”

Mensagem aos formandos da Faculdade de Direito da UPIS — primeiro semestre de 2010

“Centro nevrálgico do Poder, aqui se traçam as diretrizes vitais para o bem-estar do nosso povo; coração pulsante da enorme nação brasileira, daqui emanam os exemplos que hão de nortear a conduta de todos — dos mais simples aos mais empertigados. E não me refiro só à seara política. Brasília é mais que uma tribuna, de vez que encarna a própria representação do que a vontade humana sucede conseguir.”

Discurso proferido por ocasião do recebimento do título de Cidadão de Brasília, em 28/5/2003

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“Eu, particularmente, apenas confio no ofício judicante a partir da maior espontaneidade possível por parte daquele que o exerça. Sou contrário ao efeito vinculante. (...) Sou um juiz à antiga, que pega no pesado, não delego o ofício judicante. (...) Agora, julgamento a partir de bateção de carimbo — e implicará a súmula vinculante uma bateção de carim-bo — não se coaduna sequer com a separação de Poderes.”

Entrevista concedida ao programa Direito em Debate, da TV Educativa, em 1º/8/2002

“Por serem os alicerces do Estado Democrático de Direito, os poderes constituídos deve-riam merecer mais reverência ou, quando menos, nesses tempos de tão pouca liturgia, a presunção de honorabilidade.”

Folha de S.Paulo de 9/5/2003

“Pelo fato de nós não termos acima um órgão que possa corrigir as nossas decisões, nós precisamos ter uma responsabilidade maior.” O Estado de S. Paulo de 14/11/2009

“Um juiz, quando tem de tomar a sua decisão, não pode atropelar a lei para votar de acordo com pressões externas ou com a política governamental vigente. Tem que votar com a sua consciência jurídica e não com as circunstâncias políticas. Se isso significa que o teto vai cair em cima do governo, vai cair, paciência. O que não se pode fazer é atropelar o que está estabelecido pela lei.”

Gazeta de Alagoas de 18/7/2004

“Pela participação do povo na escolha de seus representantes revelam-se as forças políticas vivas do país. Esse é o clima a prevalecer em todo Estado que almeje a qualificação de democrático de direito.”

O Globo de 18/9/1996

“Todo privilégio é odioso.”Folha de S.Paulo de 31/5/2012

“Impõe-se a reorientação do Judiciário nacional, para exercer ativamente atribuições que possibilitem a realização do objetivo principal e último: a concretização inquestionável, e não apenas teórica, virtual, da garantia de acesso à Justiça a todos, indistinta e eficaz-mente, sem o que qualquer democracia não passa de caricato arremedo ou mera utopia.”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do STF, em 31/5/2001

“Sinto-me — e sempre me senti assim — um servidor dos meus semelhantes. Encaro a missão de julgar, o ofício judicante, como ofício verdadeiramente sublime, no que en-frentamos conflitos substituindo a vontade das partes e damos solução a esses conflitos, devendo atuar, portanto, de acordo com a ciência e consciência possuídas.”

Discurso proferido por ocasião dos trinta anos de seu ingresso na magistratura, em 6/11/2008

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“O regime democrático pressupõe segurança jurídica (...). A paz social embasa-se na confiança mútua e, mais do que isso — em proveito de todos, em prol do bem comum —, no respeito a direitos e obrigações estabelecidos, não se mostrando consentâneo com a vida gregária, com o convívio civilizado, ignorar-se o pacto social, a única possibilidade de entendimento.”

Jornal do Commercio de 1º/10/2001

“O juiz vocacionado, que entende a judicatura como algo pessoal, trabalha vinte e quatro horas por dia, sábados, domingos e feriados; e o faz prazerosamente.”

Entrevista concedida à rádio Jovem Pan em 17/12/2002

“Não é justa a opressão do homem pelo homem.”Discurso proferido por ocasião de sua posse na

Presidência do STF, em 31/5/2001

“Precisamos de uma mudança cultural. Primeiro para se buscar meios de composição amigáveis; em segundo lugar, para que os dirigentes observem o Direito posto e, portanto, não venham a espezinhar direito do cidadão; e, em terceiro lugar, devemos abandonar a mania de acreditar que podemos corrigir o Brasil, afastar as mazelas brasileiras mediante novos diplomas, gerando uma instabilidade normativa enorme.”

Entrevista concedida ao Programa Econômico em 5/3/2003

“Se nós queremos a observância das regras jurídicas, nós temos de dar o exemplo.”

O Estado de S. Paulo de 14/11/2009

“São tantas e tão deslavadas as mentiras, tão grosseiras as justificativas, tão grande a falta de escrúpulos que já não se pode cogitar somente de uma crise de valores, senão de um fosso moral e ético que parece dividir o País em dois segmentos estanques — o da corrupção, se-duzido pelo projeto de alcançar o poder de uma forma ilimitada e duradoura, e o da grande massa comandada que, apesar do mau exemplo, esforça-se para sobreviver e progredir.”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do TSE, em 4/5/2006

“Ao Supremo incumbe a chefia do Judiciário nacional, mas esse comando surge em regime essencialmente democrático, no qual o diálogo construtivo entre todos os membros deve imperar, sob pena de dar-se exemplo negativo de intolerância e autoritarismo.”

Discurso proferido por ocasião da posse do Ministro Ricardo Lewandowski na Presidência do STF, em 10/9/2014

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“O Judiciário não atua politicamente. O Judiciário atua, como eu disse, a partir do que está estabelecido. Agora, busca implementar a almejada justiça; busca dar a cada um o que é seu.”

Entrevista concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 11/12/2001

“A esperança é a mola mestra da própria vida. Acredito na re cupe ração de qualquer pessoa.”

Jornal do Brasil de 15/9/2002

“Não podemos presumir o excepcional, o extravagante, o extraordinário, o teratológico. Não podemos presumir que todos os homens, todos os juízes, todos os desembargadores, todos os ministros dos tribunais superiores são salafrários. Eu tenho de presumir uma postura digna por parte de alguém que personifica o Estado, o Estado-Juiz.”

O Estado de S. Paulo de 18/10/2009

“O juiz só deve se curvar à própria consciência. Ele não deve julgar pela capa dos autos, pelas pessoas envolvidas, não deve julgar considerando o conteúdo econômico da ação, nem temeroso da repercussão, da incompreensão do que deva implementar em termos de decisão judicial.”

Diário da Manhã de 18/8/2002

“A bondade é um exercício que não será recompensado apenas com o galardão do reino dos céus. Antes, a satisfação em sermos bons, aperfeiçoando-nos, só nos tornará, dia após dia, mais completos, mais dignos, mais elevados.”

Discurso proferido na festa de confraternização natalina dos servidores e colaboradores do STF, em 12/12/2001

“Claro está que somente o substrato da educação norteia a consciência.”Mensagem por ocasião da inauguração da Biblioteca Reitor João Herculino, em 20/2/2003

“Compete ao Presidente, com força de caráter, velar pela harmonia no Colegiado con-siderados diferentes experiências, estilos e pensamentos. Como sempre digo, ‘ser um algodão entre os cristais’, o exemplo maior de tolerância com as ópticas dissonantes, não permitindo que desacordos em votos afetem a interação. Deve coordenar, com a cortesia indispensável, as opiniões convergentes e divergentes na direção do resultado comum que todos almejam: proclamar a melhor aplicação da Constituição.”

Discurso proferido por ocasião da posse do Ministro Ricardo Lewandowski na Presidência do STF, em 10/9/2014

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“Mais do que nunca, o cidadão há de compreender o valor de uma decisão individual, mas de crucial e definitiva consequência para a coletividade: a participação interessada e construtiva nas eleições. A força está no voto consciente, não apático.”

O Globo de 20/5/2002

“O Supremo não governa. O Supremo é um fator de equilíbrio. Surge como poder moderador, destinado a garantir a estabilidade e os valores nacionais, que são perenes.”

O Estado de S. Paulo de 22/3/2006

“Por ser caixa de ressonância a exercer decisiva influência na opinião nacional, a mídia deveria contribuir cada vez mais para aumentar a historicamente reduzida autoestima dos brasileiros. Crescemos sob o estigma de que fomos colonizados pelo que resultou de uma mistura indigesta: brancos criminosos — por isso condenados ao degredo — e negros caça-dos selvagemente e escravizados — portanto, rudes e rebeldes — teriam se miscigenado com índios indolentes e obtusos — porque teimosamente se recusaram a uma aculturação malé-vola e covarde. Essa lição disparatada foi-nos incutida desde os primórdios e está no nosso inconsciente coletivo, daí talvez a razão pela qual supervalorizamos tudo que é importado e cultivamos o vício de achar que nada do que é daqui presta, mormente a classe política.”

Gazeta Mercantil de 15/4/2002

“O Ministro do Supremo Tribunal Federal (...) não ocupa uma cadeira de forma balizada no tempo. Ele é vitalício naquela cadeira. Então, ele se encontra praticamente ungido para exercer essa missão sublime, que é julgar o próprio semelhante e os conflitos de interesse que envolvam os semelhantes.”

Entrevista concedida ao programa Direito em Debate, da TV Educativa, em 1º/8/2002

“Prefiro pecar por excesso a pecar por omissão.”O Estado de S. Paulo de 20/8/2006

“Se pudesse colocar na balança da experiência uma decisão unânime e uma decisão por maioria, diria que a decisão por maioria tem o valor maior do que a unânime, porque mostra que os aspectos do processo — o acerto ou desacerto do que decidido pela última instân-cia — foram realmente discutidos, surgindo, no julgamento da apelação, correntes diversas, e a maioria elegendo uma dessas correntes como a mais consentânea com o direito posto.”

Pronunciamento na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal, em 8/8/2001

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“O nosso dever, já que a nossa atuação é uma atuação vinculada ao direito posto, é de preservar a lei maior do País, que é a Constituição Federal, lei que precisa inclusive ser um pouco mais amada pelos brasileiros, especialmente pelos homens públicos.”

Folha de S.Paulo de 31/5/2012

“O Brasil não precisa de novos diplomas legais, mas de homens que observem os existen-tes. O entulho legislativo é causa de insegurança jurídica, não devendo ser ainda mais exacerbado.”

O Globo de 20/5/2002

“Brasília se me revela como a própria configuração da serenidade.”Discurso proferido por ocasião do recebimento do título de Cidadão de Brasília, em 28/5/2003

“Como julgador, aprendi, nos primeiros dias de ofício judicante, que a lei é feita para os ho-mens e não os homens para a lei. O que está revelado nessa premissa? Está revelada a óptica do julgador que, ao defrontar-se com interesses resistidos, não empolga, em primeiro lugar, a dogmática, para fazê-la incidir nos fatos da causa. A partir desses fatos, isto sim, idealiza, à mercê de formação humanística e profissional toda própria, a solução mais justa para a controvérsia. Somente após, busca, então, na ordem jurídica em vigor, o apoio indispensável à consagração da solução eleita.”

Pronunciamento por ocasião de sua despedida da Presidência do TSE, em 27/5/1997

“A prisão temporária não pode resultar da capacidade intuitiva de quem quer que seja. Não pode estar alicerçada em suposições. Se houver um fato concreto, que se submeta o suspeito à segregação. Mas o que é pior? Um inocente na cadeia? Ou um culpado em liberdade até que se tenha a causa transitada em julgado?”

Correio Braziliense de 27/6/2005

“A virtude está no meio-termo.”Folha de S.Paulo de 24/4/2009

“Dias melhores não tardam. Não. Ainda que haja muito por fazer, dias melhores devem ser sempre os que vivemos, porque não se repetem jamais. Então é abrir as portas do coração à alegria e ao entusiasmo e, enfim, ao agradecimento por tudo que de bom con-seguimos com o só mister do trabalho contínuo e honesto, sem guerras, trapaças, ódios ou intolerâncias, e celebrar o ano que se avizinha com alvíssaras e cantos de paz.”

Folha de S.Paulo de 30/12/2001

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“Eu não sou um justiceiro. Eu sou juiz. Não ocupo cadeira voltada a relações públicas. Se há coincidência entre o anseio popular e o meu convencimento, eu atuo. Mas, se não há, eu continuo atuando da mesma forma. Não posso dar esperança vã à sociedade.”

O Estado de S. Paulo de 19/6/2010

“A última palavra será do Supremo, trincheira maior da cidadania.”Jornal do Brasil de 29/7/2003

“A legislação penal em vigor é suficiente. O que falta é sanar os vícios na infraestrutura do País. Não dá para escapar do óbvio — é urgente que se enfrente a corrupção, desfazendo nós górdios, como a obsolescência do modelo de segurança em uso. Não bastam as medi-das paliativas usuais, em que se notam muito aparato e pouco siso. Sobejam marqueteiros e politicagens, a contrastar com a notória falta de estratégia e de políticas públicas, agora definitivamente insuportável.”

O Globo de 15/4/2004

“Ouso sustentar que o que diferencia os povos, o que torna uma nação soberana interna e externamente é a dignidade, o respeito e a confiança na pronta prestação jurisdicional.”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do TSE, em 13/6/1996

“A sociedade quer, sim, juízes, e não semideuses encastelados em torres de marfim.”

Folha de S.Paulo de 30/12/2001

“O voto é o maior indicativo do estágio democrático de uma nação. Eis instrumento da manifestação da vontade de um povo. Deve ser genuinamente livre, refletido e resultado das convicções e expectativas de cada cidadão sobre o futuro do país. Não pode estar atrelado a cabrestos ideológicos, promessas vãs, interesses particulares e circunstanciais.”

Folha de S.Paulo de 1º/1/2014

“Fiz do Supremo a minha casa e, já acostumado com o colegiado, percebendo-o como um somatório de forças distintas no que nós nos completamos mutuamente, apenas bus-quei, nesse espaço de tempo, revelar, segundo ciência e consciência possuídas, a minha concepção sobre a matéria em debate, a matéria em julgamento.”

Discurso proferido por ocasião da homenagem pelos seus vinte anos no STF, em 17/6/2010

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“É fácil ser bom e generoso sob aplausos e holofotes; difícil é ser e permanecer íntegro em meio a uma vida inteira de provações e dificuldades. O mais complicado é se manter fiel aos próprios valores, apesar de tanta adversidade.”

Discurso proferido por ocasião da formatura dos alunos do Programa de Aprimoramento Educacional dos Empregados Terceirizados do STF, em 3/12/2001

“As pessoas não podem se comportar como se o problema não fosse delas, como se fossem apenas vítimas. O voto tem um poder incrível, e a chave de parte do problema está nas escolhas que fazemos.” O Estado de S. Paulo de 20/8/2006

“A democracia é construção de todos.”O Globo de 18/9/1996

“A democracia é obra de construção diária, ininterrupta, a ser erguida, tijolo a tijolo, por aqueles que não desistem ante as dificuldades, não temem a dor do cansaço, não cedem diante de vis ameaças, não toleram a indiferença, não admitem a injustiça. É obra que depende de fundação sólida, alicerçada em pilares que nem o tempo poderá destruir: verdade, justiça e solidariedade, em última análise, a ética.”

Mensagem aos formandos do curso de Direito da FMU, em 31/7/2009

“Parece-me contraditório cultivar o pessimismo num país em que contamos com a garantia de um processo eleitoral isento, ágil e seguro, no qual impera, soberana, a vontade do eleitor, principalmente quando este se mostra cada vez mais esclarecido e participante.”

Folha de S.Paulo de 30/12/2001

“É inegável que a profusão de processos amesquinhou o papel do Supremo Tribunal Federal, que não pode ficar reduzido à simples condição de quarta instância deliberativa.”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do STF, em 31/5/2001

“Das melhorias ninguém fala, como se não existissem. Tornamo-nos uma nação de quei-xosos, circunstância que também deixa antever um aspecto positivo, já que reflete a salutar exigência do cidadão por direitos básicos: reclama bons serviços, porquanto tem consciência de que a contrapartida do pagamento de impostos há de ser necessariamente o alcance do bem-estar social. Estamos longe disso, infelizmente, mas nem assim cabe defenestrar as autoridades públicas e as instituições nacionais — não se há de matar a galinha porque um ovo apodreceu.”

Gazeta Mercantil de 15/4/2002

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“Nosso compromisso não é com políticas governamentais, e sim com algo maior, que é o previsto na Carta. Assusta-me quando se proclama que se deve homenagear a gover-nabilidade ao interpretar as leis. A governabilidade é que tem de se adaptar à legislação.”

O Estado de S. Paulo de 22/3/2006

“Cada qual atue com a independência e a coragem, que é a síntese de todas as virtudes.” Folha de S.Paulo de 31/5/2012

“Prestam um desserviço à Magistratura aqueles que não elegeram a bondade, a compreen-são desapaixonada, a visão predispostamente flexível, a serenidade e lucidez de propósitos como instrumentos de trabalho. A esses que sucumbiram ao ceticismo, à amargura, aos ressentimentos advindos com as inevitáveis desventuras, cabe partir em busca de outros afazeres, porquanto a Justiça há de requerer sempre o tributo da fé na célere caminhada da humanidade em direção ao bem comum.”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do TSE, em 13/6/1996

“Não consigo imaginar o ofício sem a independência, a espontaneidade; sem se ter o juiz apenas submetido à própria consciência.”

Entrevista concedida ao programa Direito em Debate, da TV Educativa, em 1º/8/2002

“Entendo assim a sagrada missão de julgar, de dar (...) a cada um o que é seu.”

Pronunciamento por ocasião de sua despedida da Presidência do TSE, em 27/5/1997

“No Brasil, acredita-se que teremos melhores dias editando leis. Precisamos, sim, de uma mudança cultural quanto à observância ao direito posto.”

Folha de S.Paulo de 3/7/2005

“Cabe ao Supremo o papel de Corte constitucional, afirmadora de valores essenciais, ina-fastáveis, a serem reverberados por todo o Judiciário de maneira sintonizada com o tempo, com as necessidades da população, com o reequilíbrio das posições, de forma a fazer justiça social, sem a qual não há Justiça nem, portanto, Estado Democrático de Direito pleno.”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do STF, em 31/5/2001

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“Paga-se um preço por se viver em uma democracia, o qual não chega a ser exorbitante, importando apenas na observância irrestrita ao que validamente pactuado pelas partes e previsto no arcabouço normativo. Urge o restabelecimento da confiança dos brasileiros naquilo que (...) foi posto no papel.”

Jornal do Commercio de 1º/10/2001

“Sou juiz, sou humano, sou emotivo.”O Estado de S. Paulo de 20/8/2006

“Eu já disse na bancada do Supremo que tenho uma profissão de fé, tenho uma convicção. O Supremo não é um cemitério de inquéritos, de ações penais contra autoridades. Tocamos os processos normalmente, agora a avalanche de processos é algo desumano. Como o ofício de julgar não é passível de delegação, não se pode delegar. Nós somos lá no Supremo apenas 11, no STJ são 33. Não damos conta. Eu me considero um estivador do direito, é como se eu estivesse enxugando gelo. Busco conciliar celeridade e conteúdo, mas não dá para sair julgando como se fosse uma bateção de carimbo.”

Folha de S.Paulo de 15/2/2010

“Há pessoas que escolhem o mundo como pátria, mas estou entre aqueles que não sabe-riam ter outra nacionalidade que não a brasileira.”

Discurso proferido por ocasião do recebimento do título de Cidadão de Brasília, em 28/5/2003

“Faz-se em jogo o Brasil, gigante em dimensões, riquezas e problemas.”Folha de S.Paulo de 1º/1/2014

“É possível dizer que o voto é, talvez, o símbolo mais preciso da esperança, da crença dos povos em dias cada vez melhores, em um tempo em que a miséria, a violência, a igno-rância, a fome, a injustiça, entre outros, serão vocábulos adequados apenas para remissão a tristes épocas passadas.”

O Estado de S. Paulo de 11/10/1996

“Sou contra a visualizar-se a Constituição como algo que possa ser modificado ao sabor das circunstâncias reinantes. Sou favorável a um documento perene, a um documento estável (...). Não se dê uma esperança vã ao povo brasileiro quanto à rapidez na solução dos processos com a reforma do Judiciário a partir da alteração da Constituição Federal.”

Entrevista concedida à rádio Jovem Pan em 17/12/2002

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“Somente fortalecendo os homens, serão fortalecidas as instituições. Somente potenciali-zando as qualidades relacionadas ao desenvolvimento social — o respeito ao próximo, à coisa pública e ao povo brasileiro —, com real abandono de práticas desleais, poderemos voltar a crer na vitória da honra e da dignidade.”

Mensagem aos formandos da Faculdade de Direito da UPIS — primeiro semestre de 2010

“Se o teto, com o meu voto, tiver que cair sobre a minha cabeça, vai cair. Porque vou me pronunciar segundo a ciência e consciência possuídas e nada mais.”

Folha de S.Paulo de 31/5/2012

“Quem inutiliza o voto presta um desserviço ao país.” O Globo de 4/5/2006

“Não imaginava, quando estava nos bancos da Nacional de Direito, chegar ao ponto que cheguei. Não me imaginava, sequer, juiz. Queria ser, realmente, advogado e seguir os passos de meu pai, ser advogado, talvez, do Banco do Brasil. Agora, o ofício que exerço é muito gratificante. Sinto-me útil ao meu semelhante e procuro atuar com a maior espontaneidade possível.”

Entrevista concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 11/12/2001

“Toda vez que se fustiga em muitas frentes também se fica na vitrine dos estilingues impiedosos.”

Folha de S.Paulo de 24/4/2009

“Mais de vinte anos são passados desde o dia em que aqui desembarquei, trazendo na bagagem a vontade impetuosa de construir um futuro voltado à causa pública. E Brasília me acolheu de coração aberto logo no primeiro instante, num abraço apertado que até hoje me aquece.”

Discurso proferido por ocasião do recebimento do título de Cidadão de Brasília, em 28/5/2003

“A população, outrora inerte por ignorância ou muitas vezes por conveniência, hoje se sente segura para reagir às distorções notadas nos diversos segmentos da vida pública e se manifesta de forma razoavelmente amadurecida. O cidadão brasileiro, mais consciente, não só observa os fatos, ainda que à distância, mas opina e pressiona, sobretudo porque os meios de comunicação aproximaram a elite dirigente dos eleitores. E o veredicto vem de forma clara, rápida, mostrando-se cada vez mais rigoroso frente às eventuais fragili-dades e deficiências na estrutura do Estado.”

Perfil Econômico de 13/9/2001

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“A divergência é uma constante no Judiciário. O colegiado é um órgão democrático por excelência. Prevalece a corrente majoritária, não minoritária.”

Folha de S.Paulo de 31/5/2012

“É a partir da abertura ao diálogo com as partes e respectivos procuradores que fazemos do processo verdadeiro instrumento da democracia.”

Discurso proferido por ocasião da posse do Ministro Ricardo Lewandowski na Presidência do STF, em 10/9/2014

“O verdadeiro protesto está em não dar o voto àqueles que real-mente não o mereçam.”

O Estado de S. Paulo de 5/2/2005

“Quem ousará discordar que a crença na impunidade é que fermenta o ímpeto transgressor, a ostensiva arrogância na hora de burlar todos os ordenamentos, inclusive os legais? Quem negará que a já lendária morosidade processual acentua a ganância daqueles que consideram não ter a lei braços para alcançar os autoproclamados donos do poder? Quem sobriamente apostará na punição exemplar dos responsáveis pela sordidez que enlameou gabinetes pri-vados e administrativos, transformando-os em balcões de tenebrosas negociações?”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do TSE, em 4/5/2006

“Nada, absolutamente nada, gratifica mais um homem do que servir aos seus semelhantes.”

Discurso proferido por ocasião da homenagem pelos seus vinte anos no STF, em 17/6/2010

“A omissão do Estado, deixando de proporcionar aos cidadãos condições mínimas de sub-sistência digna, como segurança, saúde, educação, resultou no aprofundamento das desi-gualdades sociais, cujo preço é o recrudescimento sem peias da violência urbana e até rural.”

O Globo de 15/4/2004

“A Justiça em si é obra do homem. Costumo dizer que o conhecimento técnico se presu-me, que todo aquele, investido do ofício judicante, que atue como Estado-Juiz tenha; o importante é ter a formação humanística. Eu mesmo, como juiz, não parto da lei para o caso concreto; parto do caso concreto para a lei. Quando me defronto com o conflito, primeiro idealizo a solução que entendo mais justa para esse conflito; depois vou à legis-lação buscar o apoio. E, quase sempre, porque a interpretação da lei é um ato de vontade, eu encontro esse apoio. Assim devem proceder todos os magistrados.”

Entrevista concedida à rádio Jovem Pan em 17/12/2002

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“No contexto da organização do Estado, nada se equipara a uma eleição. Daí a certeza de que os espíritos orientam-se para um fim único: o aprimoramento, por sua natureza, inesgotável, da democracia.”

O Globo de 18/9/1996

“Reconheço que não posso mais esconder a idade, mas digo-lhes que, ante uma vida di-nâmica, ante uma vida entregue de corpo e alma a servir aos meus semelhantes, o fardo foi um fardo leve.”

Discurso proferido por ocasião da homenagem pelos seus vinte anos no STF, em 17/6/2010

“Toga não pode ser usada para se chegar a um cargo eletivo.”O Estado de S. Paulo de 5/2/2005

“De novo, no entanto, é preciso voltar ao meio, onde está a virtude, segundo Aristóteles. Nem o derrotismo improducente, nem o ufanismo enganador. Basta ver a realidade com olhos limpos de ideologias vãs. Basta valorar o que se conseguiu, sem se encastelar no mau hábito do conformismo. O amadurecimento do processo democrático brasileiro é visível e irrever-sível, o que bem reflete a posição dos brasileiros em relação ao cotidiano político do País.”

Gazeta Mercantil de 15/4/2002

“É no equilíbrio entre o que já é e o que está para vir, e deve ser acolhido pela comuni-dade, que se coloca e se apoia o justo. E é no destemor em declará-lo que se reconhece o Poder Judiciário.”

Palavras proferidas por ocasião da aposentadoria do Ministro Ildélio Martins no TST, em 1986

“O Judiciário não pode se fechar em torno de si mesmo, omitindo--se, furtando-se de participar dos destinos da sociedade brasileira.”

Folha de S.Paulo de 30/12/2001

“Educar é ofício para quem nutre apaixonada esperança no gênio humano. É tarefa para os que jamais cansam de lutar, tantos são os obstáculos, mormente num país de imensas demandas como o nosso, cuja estrada para o desenvolvimento tem como alicerce ainda a instrução do povo brasileiro.”

Mensagem por ocasião da inauguração da Biblioteca Reitor João Herculino, em 20/2/2003

“E já que o Estado tudo pode — legisla, executa as leis e julga as controvérsias surgidas das múltiplas relações jurídicas —, que o faça bem; que atue com os olhos voltados à certeza de que o cidadão comum tem como parâmetro a conduta das autoridades legi-timamente constituídas.”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do STF, em 31/5/2001

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“O que nós estamos notando nos dias atuais é uma inversão de valores, como se se pre-sumisse de imediato a culpa. O princípio da não culpabilidade está ficando em segundo plano. Prende-se, para depois apurar.”

Correio Braziliense de 27/6/2005

“Devemos saber ouvir. Não somos infalíveis. Não podemos ter compromisso sequer com os próprios erros, o que dirá com os alheios. Independência não implica arrogância.”

Discurso proferido por ocasião da posse do Ministro Ricardo Lewandowski na Presidência do STF, em 10/9/2014

“Isto é o que vale cada voto: vale o Brasil inteiro!” Folha de S.Paulo de 1º/1/2014

“No Brasil, parece que se presume sempre o erro na decisão que é contrária aos respectivos interesses. (...) Se, de um lado, precisamos viabilizar algo que afaste, do cenário, erros, de outro, devemos buscar o objetivo maior da atuação do Estado-Juiz, que é restabelecer a paz social, e isso deve ocorrer num espaço de tempo satisfatório, socialmente aceitável.”

Entrevista concedida ao Programa Econômico em 5/3/2003

“O juiz não pode ser um justiceiro. Ele deve apreciar as peças apresentadas pelo titular da ação, que é o Ministério Público, e pela defesa e formar um convencimento a respeito.”

Entrevista concedida ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, em 28/7/2002

“A ninguém escapa que, quanto mais se acredita na evolução do ser humano, mais se pro-picia o exercício da cidadania. Daí o compromisso obrigatório das forças dirigentes de uma nação com outra rainha-mãe, a Democracia, por sua vez filha amada e inseparável da Liberdade, condição primeira e única vertente para a plenitude a que destinado o homem.”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do TSE, em 13/6/1996

“É tempo de deixarmos a estagnação, retomarmos o desenvolvimento; é tempo de nos preocuparmos não com uma nação simplesmente econômico-financeira, mas com uma nação social, buscando a preservação da dignidade do homem; e só há dignidade quando ele consegue ser útil ao seu semelhante.”

Entrevista concedida ao programa Direito em Debate, da TV Educativa, em 1º/8/2002

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ções“São absurdamente mais elevados os níveis de corrupção e da violência nos lugares em

que a prestação jurisdicional não se mostra de todo eficaz (...). Se longínquo é o caminho a percorrer até a definitiva realização da justiça, tíbia se revelará a vontade de diligente-mente atender aos seus ditames.”

Gazeta Mercantil de 3/7/2001

“Sou um operador do Direito, percebendo-o como a reger a vida em sociedade, tomando as leis como confeccionadas para os homens, e não o inverso.”

Discurso proferido por ocasião da homenagem pelos seus vinte anos no STF, em 17/6/2010

“O direito ao voto torna-se um dever em face da grandiosidade do bem jurídico que se protege — o país.” Folha de S.Paulo de 1º/1/2014

“A impunidade leva à irresponsabilidade, ao menosprezo pelo que está estabelecido, às regras tão caras à vida em sociedade. Toda vez que alguém é surpreendido num desvio de conduta, esse fato serve de exemplo e serve de alerta aos demais cidadãos, para que busquem a pos-tura que se aguarda do homem médio, para que mantenham os freios inibitórios rígidos.”

Folha de S.Paulo de 15/2/2010

“Há de buscar-se a conciliação dos valores ‘justiça’ e ‘segurança jurídica’, sem prejuízo, é certo, para o exercício do direito de defesa.”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do STF, em 31/5/2001

“Essa pecha de lentidão — que se transmuda em ineficiência — recai sobre o Judiciário injustamente, já que não lhe cabe outro procedimento senão fazer cumprir a lei, essa mesma lei que por vezes o engessa e desmoraliza, recusando-lhe os meios de proclamar a Justiça com efetividade, com o poder de persuasão devido.”

Discurso proferido por ocasião de sua posse na Presidência do TSE, em 4/5/2006

“Eu sou contra alterações sistemáticas da Constituição. A Constituição de 1988 já foi emendada 45 vezes em menos de 15 anos. É muito. Nós temos que acabar com essa mania de que se pode alcançar dias melhores com novas leis. Nós já temos muitas leis. O que nós precisamos no Brasil é de pessoas que observem a legislação em vigor.”

Correio Braziliense de 24/2/2003

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SOBRE O MINISTROFrases, pensamentos e citações

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“O Ministro Marco Aurélio Mello engrandece cada vez mais o nosso país, que, além de rico de natureza, é também um Brasil cheio de pessoas como ele, que segue sempre na direção do certo e progride junto com o futuro, que sempre se torna próspero quando há quem trabalhe em prol desse futuro.”

Jornal da Cidade, Sergipe, de 7/10/2003

“O gosto de sentir a prevalência dos seus votos não leva o Ministro Marco Aurélio a buscar a adesão do Tribunal, à custa das suas convicções, embora ele compreenda que, por vezes, seja necessário abdicar de um entendimento pessoal e seguir a maioria, quando não se trata de transigir com os fundamentos da sua crença quanto ao modo de exercer a mis-são a que foi convocado. A divergência não o assusta, nem combale a sua determinação, ainda quando o deixe em posição solitária.”

Doutor Sergio Bermudes, Advogado, no prefácio do livro Vencedor e Vencido, em maio de 2006

“Temos a mais sincera convicção de que saberá exercer com dignidade, competência, destemor e altanaria a Presidência da mais Elevada Corte de Justiça do País. Conhece-mos e admiramos a grandeza de suas atitudes, a postura independente do magistrado imanente a seus atos, a integridade de uma personalidade irreprochável, mesmo que possa parecer polêmica.”

Doutor Rubens Approbato Machado, Presidente do Conselho Federal da OAB, por ocasião da posse do Ministro Marco Aurélio na Presidência do STF, em 31/5/2001

“Homem de posições firmes, não se furta ao debate, não tem receio do embate e enfrenta as eventuais derrotas em votações plenárias com a tranquilidade que só a crença profunda em torno das próprias convicções assegura.”

Ministro Cezar Peluso, por ocasião dos vinte anos do Ministro Marco Aurélio no STF, em 17/6/2010

“Saiba, ilustre e estimado colega e amigo, que seu nome fica indelevelmente gravado no Tri-bunal Superior do Trabalho, como sinônimo de magistrado competente, sério, trabalhador, probo, idealista, estudioso e brilhante. Soube Vossa Excelência, como ninguém, honrar as tradições desta Corte, exercendo o seu cargo com dignidade, discrição e com a devoção de um sacerdote do Direito. Seu acendrado respeito às leis, que não o impediram de inovar e renovar com julgados magistrais espargidos em toda a jurisprudência predominante nesta Corte, a iluminar caminhos e a orientar os pósteros, muitas vezes o colocaram diante da escolha da senda mais áspera, em detrimento do aplauso fácil e ilusório, mesmo que o preço da satisfação de sua consciência fosse a perda de efêmeras popularidades.”

Ministro Marco Aurélio Prates de Macedo, do TST, em solenidade de despedida do Ministro Marco Aurélio daquela Corte, em 12/6/1990

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“O Ministro Marco Aurélio vai além: ouvindo, embora, atentamente os seus pares, não hesita em discordar deles, ainda que a divergência o deixe sozinho. O STF não procura agradar a opinião pública, nem Marco Aurélio aos seus colegas de toga. Ele afirma as suas convicções, em julgamentos destinados a permanecer, alguns minoritários hoje, mas triunfantes amanhã, como sói acontecer nos colegiados.”

Doutor Sergio Bermudes, Advogado, no prefácio do livro Vencedor e Vencido, em maio de 2006

“Ele sempre teve muita coragem de buscar a verdade, ainda que contrariasse amigos, ainda que fosse voz isolada. Ele sempre teve o cuidado para examinar o fato e as provas, foi a primeira virtude que encontrei nele, virtude que permanece.”

Desembargador Ederson de Mello Serra, em 13/6/2010, por ocasião dos vinte anos do Ministro Marco Aurélio no STF

“O Eminente Ministro Marco Aurélio, que hoje assume a Presidência desta Colenda Suprema Corte, é jurista de perfil liberal e progressista, defensor intransigente das liberdades e com grande sensibilidade às questões sociais. As qualidades morais e intelectuais de Sua Exce-lência são conhecidas de todos. Vindo de uma nova geração de juristas da melhor estirpe, amante da polêmica na medida em que o contraditório leve à aplicação do melhor Direito e da melhor Justiça, não poupa energias nos debates com sua inteligência e o seu talento na defesa de suas convicções, enriquecendo a jurisprudência deste Excelso Pretório.”

Doutor Geraldo Brindeiro, Procurador-Geral da República, por ocasião da posse do Ministro Marco Aurélio na Presidência do STF, em 31/5/2001

“[O] Supremo jamais olha para os fatos, mas só para o Direito. Ora, interpretar o Direito é aplicá-lo, e isso só é possível quando se amolda o texto do diploma legal a fatos, criando-

-se a norma. Esses fatos são, não raro, pequenos, prosaicos até, mas isso é o exercício da jurisdição constitucional que Marco Aurélio tão bem pratica.”

Consultor Jurídico de 15/6/2010

“É um grande ministro, pela cultura jurídica, pela sensibilidade social, pelo compromisso que tem com a Constituição brasileira. É um ministro corajoso, de posições próprias. Ele é desassombrado, meticuloso, estudioso. Sou fã da personalidade, do caráter, da cultura e do talento de Marco Aurélio Mello.”

Ministro Ayres Britto — Jornal da Cidade, Sergipe, de 7/10/2003

“Considero, aliás (...), o Ministro Marco Aurélio como aqueles justices americanos que, na formatação do Direito Constitucional americano ou mesmo na formatação dos grandes votos da Suprema Corte americana, desempenharam papel relevante na história da Su-prema Corte dos Estados Unidos, pelo seu ativismo jurídico, até porque, em uma nação como a nossa, ainda com fragilidades institucionais, é muito importante que a consciência jurídica e o Direito Constitucional sejam sempre lembrados e despertados com vibração e convicção por um Ministro do porte de Marco Aurélio de Farias Mello.”

Deputado Paes Landim, discurso proferido no Plenário da Câmara dos Deputados, em homenagem aos vinte anos do Ministro Marco Aurélio no STF, em 24/6/2010

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es“Sob a solidão e a renúncia de sua toga, com a generosidade de sua mocidade, o seu valor pessoal, o brilho de sua inteligência e de seu talento, a sua capacidade criadora, a força de sua integridade e a emulação de sua já vasta experiência, haverá de se plasmar e de consolidar uma das mais completas e perfeitas vocações de Magistrado já surgidas em nossa pátria.”

Ministro Marco Aurélio Prates de Macedo, do TST, em solenidade de despedida do Ministro Marco Aurélio daquela Corte, em 12/6/1990

“[É] graças ao espírito irrequieto e aos questionamentos de Marco Aurélio que muitos pontos de vista quase fossilizados, nos últimos anos, foram revistos e hoje fazem parte da jurisprudência da Casa.

(...) ele é o Ministro mais aclamado entre os advogados, que se entusiasmam com a criatividade do juiz que não hesita em contrariar um tabu da Justiça brasileira: o de que primeiro vem a lei e depois o direito de quem reivindica.”

Consultor Jurídico de 22/3/2006

“O Supremo Tribunal Federal já não tem hoje apenas a magna função de atuar como guarda da Constituição. Nessa quadra sombria da vida nacional, compete-lhe algo ainda mais importante: servir como último baluarte da defesa da dignidade do povo brasileiro e da independência do País, severamente ameaçadas pela ação das grandes potências es-trangeiras e das empresas multinacionais. Ora, no desempenho individual dessa elevada missão, o Ministro Marco Aurélio tem-se destacado pela sua intransigente independência em relação ao governo federal e às forças políticas que o apoiam, habitualmente submissas às pressões antinacionais.”

Folha de S.Paulo de 10/8/2000

“Homem de seu tempo, probo, inteligente, culto, brilhante, independente e altivo, sem arro-gância, sensível aos dramas sociais, aberto ao diálogo, sempre cortês, franco e transparente, o Ministro Marco Aurélio integra a galeria de personagens-síntese da judicatura nacional.

Assim, por personificar as qualidades exigidas do verdadeiro magistrado, não busca o aplauso fácil, não corteja os poderosos, não verga aos caprichos de governantes nem tam-pouco cede a pressões apaixonadas da imprensa e da opinião pública, por mais bem inten-cionadas que sejam, porém divorciadas da realidade dos fatos e das regras da ordem jurídica.”

Diário do Nordeste de 13/3/2002

“[O] Ministro Marco Aurélio é elogiado por seus pares pela singular eficiência — predica-do valioso em tempos de clamor por celeridade processual — e pela ousadia na prolação de votos que, mesmo quando esposam posicionamento dissidente, contribuem para a evolução da jurisprudência do STF.”

Professor Doutor Arruda Alvim, no prefácio do livro Ministro Marco Aurélio Mello — acórdãos — comentários e reflexões

“Combativo e ardoroso, esgrimindo com maestria seus argumentos, não se recusa, porém, quando apropriado, a favorecer a composição de entendimentos na busca da melhor decisão. Só não transige em relação ao Flamengo — mas isto já extrapola os limites do exigível até para um Ministro do STF.”

Ministro Cezar Peluso, por ocasião dos vinte anos do Ministro Marco Aurélio no STF, em 17/6/2010

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“O Ministro Marco Aurélio Mello, Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), é um sujeito polêmico, como costumam ser as pessoas com compromisso exclusivo com suas próprias convicções. Não se curva a patrulhamentos do governo nem da oposição e, suprema coragem, nem da opinião pública nem de sua própria corporação.”

Folha de S.Paulo de 28/3/2002

“[O] Eminente Ministro Marco Aurélio tem-se revelado um homem do seu tempo e magis-trado talvez à frente do nosso tempo (...).”

Doutor Geraldo Brindeiro, Procurador-Geral da República, por ocasião da posse do Ministro Marco Aurélio na Presidência do STF, em 31/5/2001

“Um espírito independente, cioso da autonomia da sua reflexão; um conhecimento amplo e integrado dos múl-tiplos campos do Direito; uma larga experiência de magistrado e dos desafios inerentes ao jus dicere; uma clara consciência das responsabilidades institucionais do STF como um dos poderes constitucionais da República são traços da personalidade jurídica do Ministro Marco Aurélio.

Esses traços explicam e revelam o significado próprio da sua atuação como integrante de um colegiado com a importância que tem o STF no sistema político brasileiro; o alcance específico do seu papel na vida jurídica nacional, que se expressa nos seus acórdãos e votos como Ministro do STF, e a relevância da contribuição que vem dando como jurista e magistrado ao Estado de Direito em nosso país.”

Professor Doutor Celso Lafer, na epígrafe do livro Ministro Marco Aurélio Mello — acórdãos — comentários e reflexões

“Hoje, o respeito e a admiração que granjeou no meio jurídico são de tal ordem que, quando o Ministro comparece a encontros de advogados ou juízes, sua entrada é sempre saudada com uma verdadeira aclamação. Por quê? Porque ‘a do Ministro’ — com o per-dão da expressão prosaica e do título deste artigo, talvez até mesmo desrespeitoso — é a da defesa intransigente do Direito; é a da mais inabalável independência, jamais se cur-vando à tendência de considerar indulgentemente atos praticados pelo governo apenas por provirem do poder. Seu ofício não é o de administrar, mas o de julgar, o que exige um exame isento: se lisos perante o Direito, reconhece-lhes a validade; se afrontosos ao Direito, seu voto os fulmina. ‘A dele’ é o compromisso com os valores constitucionais; é a da atenção firme e inabalável na defesa dos interesses dos mais fracos, reverente aos valores sociais insculpidos na Lei Magna.”

Folha de S.Paulo de 10/8/2000

“Marco Aurélio possui, naturalmente, o gosto pela controvérsia, que tempera com o apuro do bom senso e, sobretudo, com o sentido de obediência definitiva à norma da Lei — ainda que interpretada em decisões com as quais não concorde.”

Ministro Cezar Peluso, por ocasião dos vinte anos do Ministro Marco Aurélio no STF, em 17/6/2010

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“[O] que deve ser ressaltado são os exemplos que o Ministro Marco Aurélio nos deixa: o de homem público exigente e rigoroso com o trato da coisa pública; e o de servidor público — categoria em que o Ministro Marco Aurélio se enquadrou em certa ocasião, o que muito honrou e estimulou a todos os servidores do Poder Judiciário; (...) e, prin-cipalmente, por sua preocupação com o ser humano — servidor, advogado, enfim, com qualquer pessoa (...).”

Doutora Linda Maria Lima de Oliveira, Secretária Judiciária do TSE, em cerimônia informal de despedida do Ministro Marco Aurélio daquela Corte, em 27/5/1997

“Que bom para o Brasil seria ter alguém como Marco Aurélio em cada vara, em cada grotão, em cada juízo de primeiro grau nas grandes capitais, em cada tribunal de apelação. Não haveria maneira melhor de desafogar o Supremo das causas que ali chegam.”

Consultor Jurídico de 15/6/2010

“Figura singularíssima na Corte, (...) ele tem-se distinguido pela originalidade de muitas das suas decisões, tanto as monocráticas quanto as proferidas nos órgãos colegiados, Turma ou Tribunal Pleno. Esses julgamentos não quedam encerrados nos repositórios de jurisprudência. Frequentemente, alcançam a mídia e, por meio dela, a parte consciente, sensível e engajada dos brasileiros que, concordando com ele, ou dele divergindo, rendem-lhe a homenagem de um grande respeito.”

Doutor Sergio Bermudes, Advogado, no prefácio do livro Vencedor e Vencido, em maio de 2006

“Marco Aurélio tem interpretado a Constituição com forte consciência do social e com independência. A independência no pensar, no julgar e no exprimir opiniões tem seu preço, fazendo prever, nos próximos dois anos, que a relação entre o Judiciário e o Exe-cutivo seja tensa.”

Folha de S.Paulo de 26/5/2001

“Aquele que vota vencido (...) não pode ser visto como um espírito isolado nem como uma alma rebelde, pois, muitas vezes, é ele quem possui o sentido mais elevado da ordem e da justiça, exprimindo, na solidão de seu pronunciamento, uma percepção mais aguda da realidade social que pulsa na coletividade, antecipando-se aos seus contemporâneos, na revelação dos sonhos que animarão as gerações futuras na busca da felicidade, na construção de uma sociedade mais justa e solidária e na edificação de um Estado fundado em bases genuinamente democráticas.

Aquele que vota vencido, por isso mesmo, (...) deve merecer o respeito de seus con-temporâneos, pois a história tem registrado que, nos votos vencidos, reside, muitas vezes, a semente das grandes transformações.”

Ministro Celso de Mello, por ocasião da posse do Ministro Marco Aurélio na Presidência do STF, em 31/5/2001

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JULGADOS EM DESTAQUE

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– Singularidade do Processo –

“(...) desde cedo percebi que cada processo é uma lide individualizada, com aspectos e, portanto, parâmetros objetivos e subjetivos próprios, a obstaculizar a observância automática de precedentes.”

RE 192.568/PI

– Importância do Posicionamento Imediato do Supremo Tribunal Federal –

“Digo mesmo que a Corte há de estar sempre propensa a examinar os grandes temas nacionais, contando, para tanto, com a competência de julgar os processos objetivos. O grande número de demandas individuais, o vulto do varejo, não pode servir a posicionamento esvaziador da atividade precípua que lhe é reservada constitucionalmente — de guarda da Lei Fundamental — e da qual não deve e não pode despedir-se. Tudo recomenda que, em jogo matéria de extrema relevância, haja o imediato crivo do Supremo, evitando-se decisões discrepantes que somente causam perplexi-dade, no que, a partir de idênticos fatos e normas, veiculam enfoques diversificados. A unidade do Direito, sem mecanismo próprio à uniformização interpretativa, afigura-se simplesmente formal, gerando insegurança, o descrédito do Judiciário e, o que é pior, com angústia e sofrimento ímpares vivenciados por aqueles que esperam a prestação jurisdicional.”

ADPF 46/DF

– Importância do Direito Instrumental –

“(...) processo para mim não é forma pela forma, não é fetichismo da forma, é liberdade, como cos-tumo dizer, em seu sentido maior. É saber o que pode, ou não, ocorrer na tramitação, no andamento de uma ação ajuizada. Mesmo assim, contando a Pátria com normas processuais imperativas, há certos solavancos, certas surpresas (...).

(...) a organicidade, a dinâmica do Direito instrumental é indispensável à efetivação do Direito material, do Direito substancial, a dar-se, no exercício da missão sublime, que é a de julgar, a cada um o que é seu. Em um Estado de Direito — perdoem-me —, o fim não justifica o meio. Quando se tem embate aparentemente desequilibrado, o equilíbrio decorre, justamente, do arcabouço nor-mativo e, essencialmente, do arcabouço normativo constitucional.”

Ext 1.085/República Italiana

– Antissemitismo e Liberdade de Expressão –

“O livro do paciente deixa claro que o autor tem uma ideia preconceituosa acerca dos judeus. Acredito que, em tese, devemos combater qualquer tipo de ideia preconceituosa, mas não a partir da proibição na divulgação dessa ideia, não a partir da conclusão sobre a prática do crime de racis-mo, de um crime que a Carta da República levou às últimas consequências quando, declarando-o imprescritível, desprezou a consagrada e salutar segurança jurídica. O combate deve basear-se em critérios justos e limpos, no confronto de ideias. (...) Só teremos uma sociedade aberta, tolerante e consciente se as escolhas puderem ser pautadas nas discussões geradas a partir das diferentes opiniões sobre os mesmos fatos.”

HC 82.424/RS

– Humor Jornalístico e Charge em Período Eleitoral –

“O que nos vem da Constituição Federal? Vem-nos algo que, como ressaltei, é primordial num Estado Democrático de Direito — principalmente em uma quadra em que notamos o abandono a princípios, a inversão de valores, a perda de parâmetros, o dito passa pelo não dito, o certo pelo errado e vice-versa —, que é a liberdade, diria, o direito-dever de informar, a liberdade de expressão. Essa liberdade não se sobrepõe, porque assim o quer o texto constitucional, ao direito à privacidade. Tanto não se sobrepõe que, no caso de mau-trato à privacidade, estão previstas na própria Cons-tituição as consequências no campo cível e também no penal. É inimaginável uma censura, quer administrativa, quer normativa, quer jurisdicional, à liberdade de expressão.

(...)Claro que o exercício abusivo do Direito tem consequências, mas tem consequências no cam-

po próprio, consequências que pressupõem o próprio ato, ou seja, a prática indevida, o exer- cício indevido.

(...)Evidentemente, aquele que se apresenta na disputa de um cargo eletivo o faz sem receio de sofrer

críticas ou mesmo de ser alvo de alguma colocação mais jocosa quanto ao respectivo perfil. E não é demais ressaltar que se imagina que o homem público seja um livro aberto.”

ADI 4.451 MC-REF/DF

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– Estado Laico e Liberdade Religiosa –

“Se, de um lado, a Constituição, ao consagrar a laicidade, impede que o Estado intervenha em as-suntos religiosos, seja como árbitro, seja como censor, seja como defensor, de outro, a garantia do Estado laico obsta que dogmas da fé determinem o conteúdo de atos estatais. Vale dizer: concepções morais religiosas, quer unânimes, quer majoritárias, quer minoritárias, não podem guiar as decisões estatais, devendo ficar circunscritas à esfera privada. A crença religiosa e espiritual — ou a ausência dela, o ateísmo — serve precipuamente para ditar a conduta e a vida privada do indivíduo que a possui ou não a possui. Paixões religiosas de toda ordem hão de ser colocadas à parte na condução do Estado. Não podem a fé e as orientações morais dela decorrentes ser impostas a quem quer que seja e por quem quer que seja. Caso contrário, de uma democracia laica com liberdade religiosa não se tratará, ante a ausência de respeito àqueles que não professem o credo inspirador da decisão oficial ou àqueles que um dia desejem rever a posição até então assumida.

(...) (...) Não se cuida apenas de ser tolerante com os adeptos de diferentes credos pacíficos e com

aqueles que não professam fé alguma. Não se cuida apenas de assegurar a todos a liberdade de fre-quentar esse ou aquele culto ou seita ou ainda de rejeitar todos eles. A liberdade religiosa e o Estado laico representam mais do que isso. Significam que as religiões não guiarão o tratamento estatal dispensado a outros direitos fundamentais, tais como o direito à autodeterminação, o direito à saúde física e mental, o direito à privacidade, o direito à liberdade de expressão, o direito à liberdade de orientação sexual e o direito à liberdade no campo da reprodução.”

ADPF 54/DF

– Postura do Magistrado –

“Aprendi (...) como Juiz, desde cedo, que toda vez que o magistrado se defronta com uma contro-vérsia, com um interesse resistido, deve idealizar a solução mais justa para o caso concreto. Ele deve partir para a fixação do desiderato, inicialmente, de acordo com a formação humanística que possui e, somente após, já fixado o desiderato desejável para o caso, partir para a dogmática e, aí, tentar buscar, na dogmática, o apoio para a conclusão a que chegou inicialmente. Encontrando esse apoio, como quer o Direito, torna translúcido o Direito do provimento judicial. Não encontrando, aí, sim, lamenta e conclui de forma diametralmente oposta à solução idealizada.”

RE 111.787/GO

– Excepcionalidade da Prisão Preventiva –

“Em face do princípio constitucional da não culpabilidade, a custódia acauteladora há de ser toma-da como exceção, cumprindo interpretar os preceitos que a regem de forma estrita, reservando-a a situações em que a liberdade do acusado coloque em risco os cidadãos, especialmente aqueles prontos a colaborarem com o Estado na elucidação de crime.”

HC 85.455/MT

– Farra do Boi –

“Se, de um lado, (...) a Constituição Federal revela competir ao Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, apoiando, incentivando a va-lorização e a difusão das manifestações culturais — e a Constituição Federal é um grande todo —, de outro lado, no Capítulo VI, sob o título ‘Do Meio Ambiente’, inciso VII do art. 225, temos uma proibição, um dever atribuído ao Estado:

Art. 225. (...)(...)VII — proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função

ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

(...) é justamente a crueldade o que constatamos ano a ano, ao acontecer o que se aponta como folguedo sazonal. A manifestação cultural deve ser estimulada, mas não a prática cruel. Admitida a chamada ‘farra do boi’, em que uma turba ensandecida vai atrás do animal para procedimentos que estarrecem, como vimos, não há poder de polícia que consiga coibir esse procedimento. Não vejo como chegar-se à posição intermediária. (...)

(...)Entendo que a prática chegou a um ponto a atrair, realmente, a incidência do disposto no inci-

so VII do art. 225 da Constituição Federal. Não se trata, no caso, de uma manifestação cultural que mereça o agasalho da Carta da República. (...) cuida-se de uma prática cuja crueldade é ímpar e decorre das circunstâncias de pessoas envolvidas por paixões condenáveis buscarem, a todo custo, o próprio sacrifício do animal.”

RE 153.531/SC

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– Liberdade de Expressão e Estado Democrático de Direito –

“(...) os direitos fundamentais localizam-se na estrutura de sustento e de eficácia do princípio demo-crático. Nesse contexto, o específico direito fundamental da liberdade de expressão exerce um papel de extrema relevância, insuplantável, em suas mais variadas facetas: direito de discurso, direito de opinião, direito de imprensa, direito à informação e à proibição da censura. É por meio desse direito que ocorre a participação democrática, a possibilidade de as mais diferentes e inusitadas opiniões serem externadas de forma aberta, sem o receio de, com isso, contrariar-se a opinião do próprio Estado ou mesmo a opinião majoritária. E é assim que se constrói uma sociedade livre e plural, com diversas correntes de ideias, ideologias, pensamentos e opiniões políticas. (...)

(...)(...) A liberdade de expressão serve como instrumento decisivo de controle da atividade go-

vernamental e do próprio exercício de poder. Essa dimensão foi até mesmo a fonte histórica da conquista e do desenvolvimento de tal liberdade. À proporção que se forma uma comunidade livre de censura, com liberdade para exprimir os pensamentos, viabiliza-se a crítica desimpedida, mesmo que contundente, aos programas de governo, aos rumos políticos do país, às providências da administração pública. Enfim, torna-se possível criticar, alertar, fiscalizar e controlar o próprio exercício dos mandatos eletivos.

(...)Há de se proclamar a autonomia do pensamento individual como uma forma de proteção à tira-

nia imposta pela necessidade de adotar-se sempre o pensamento politicamente correto. As pessoas simplesmente não são obrigadas a pensar da mesma maneira. Devem sempre procurar o melhor desenvolvimento da intelectualidade, e isso pode ocorrer de maneira distinta para cada indivíduo. (...)

(...)(...) Parece-me temerária, ou no mínimo arriscada, a restrição acintosa da liberdade de opinião

pautada somente em expectativas abstratas ou em receios pessoais dissociados de um exame que não leve em consideração os elementos sociais e culturais ou indícios já presentes de nossa história bibliográfica. Assim sendo, também não pode servir de substrato para a restrição da liberdade de expressão simples alegação de que a opinião manifestada seja discriminatória, abusiva, radical, ab-surda, sem que haja elementos concretos a demonstrarem a existência de motivos suficientes para a limitação propugnada.”

HC 82.424/RS

– Proatividade do Juiz a Serviço da Eficiência Judicante –

“Considerada a existência de relação direta entre o exercício da atividade probatória e a qualidade da tutela jurisdicional, a finalidade de produção de provas de ofício pelo magistrado é possibilitar a elucidação de fatos imprescindíveis para a formação da convicção necessária ao julgamento do mérito.

É claro que se recomendam temperamentos na aplicação da regra. A atenuação do princípio dispositivo no direito processual moderno não serve a tornar o magistrado o protagonista da ins-trução processual. A iniciativa probatória estatal, se levada a extremos, cria, inegavelmente, fatores propícios à parcialidade, pois transforma o juiz em assistente de um litigante em detrimento do ou-tro. As partes continuam a ter a função precípua de propor os elementos indispensáveis à instrução do processo, mesmo porque não se extinguem as normas atinentes à isonomia e ao ônus da prova.

A par desse aspecto, não se espera mais do magistrado uma atitude passiva, inerte, porquanto imparcialidade não se confunde com indiferença. Abriu-se caminho para que possa suprir a defi-ciência da instrução. Da constatação da natureza pública da relação jurídico-processual e da busca da verdade real decorre a exigência de prática de atos voltados a viabilizar a formação da certeza jurídica e da tranquilidade necessárias ao julgamento do mérito.”

ADI 1.082/DF

– Exigência de Documento com Foto para Votar nas Eleições –

“(...) o que notamos diante desse contexto? Que a inspiração do legislador, versando em lei os dois documentos — título eleitoral e carteira de identificação oficial —, esteve nos pronunciamentos da Justiça Eleitoral — merecedora (...) de encômios. Se levarmos a interpretação para o campo literal, tendo em conta o conectivo ‘e’, título de eleitor e documento de identidade, realmente estabelecere-mos que o eleitor, muito embora registrado no caderno eleitoral, na seção, ainda que se identifique e comprove que é ele mesmo, não poderá exercer esse direito-dever tão importante, ligado à cida-dania, que é o de escolher os representantes. Mas não podemos partir para essa óptica, sob pena de menosprezo à razoabilidade, sob pena de adentrarmos o campo da simples burocratização do exercício de escolher os representantes.

(...)(...) Se há eleitor, ainda que único, que possa deixar de exercer o direito de escolha de seus repre-

sentantes, ante interpretação extremada do preceito legal, a ponto de exigir-se o duplo documento, há campo para a atuação do Supremo, visando justamente esse exercício.”

ADI 4.467 MC/DF

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– Caráter Não Absoluto do Direito à Vida –

“Inexiste hierarquia do direito à vida sobre os demais direitos, o que é inquestionável ante o próprio texto da Constituição da República, cujo art. 5º, inciso XLVII, admite a pena de morte em caso de guerra declarada na forma do art. 84, inciso XIX. Corrobora esse entendimento o fato de o Código Penal prever, como causa excludente de ilicitude ou antijuridicidade, o aborto ético ou humanitá-rio — quando o feto, mesmo sadio, seja resultado de estupro. Ao sopesar o direito à vida do feto e os direitos da mulher violentada, o legislador houve por bem priorizar estes em detrimento daquele — e, até aqui, ninguém ousou colocar em dúvida a constitucionalidade da previsão.”

ADPF 54/DF

– Exame da Ordem e Garantia Constitucional do Livre Exercício Profissional –

“A liberdade de exercício de profissão é um direito fundamental de elevada significância no con-texto constitucional. (...) Por ser pressuposto à realização plena de um projeto de vida, liberdade de profissão e dignidade da pessoa humana estão inegavelmente relacionadas.

(...)(...) A escolha de determinada profissão revela a opção por certo modo de vida, que se converterá

em esteio econômico do indivíduo — e quiçá da família — de maneira que, quando o Poder Público condiciona ou simplesmente lhe impede o exercício, nega-lhe um elemento importante da própria razão de existir. (...) a proteção ao projeto de vida e à busca da felicidade tem alto valor existencial, regida pelo princípio da dignidade da pessoa humana.

(...)(...) o constituinte originário limitou as restrições à liberdade de ofício às exigências de qualifica-

ção profissional. Cabe indagar: por que assim o fez? Ora, precisamente porque o trabalho, além da dimensão subjetiva, também ostenta relevância que transcende os interesses do próprio indivíduo. Em alguns casos, o mister desempenhado pelo profissional resulta em assunção de riscos — os quais podem ser individuais ou coletivos. Quando o risco é predominantemente do indivíduo — exemplo dos mergulhadores, dos profissionais que lidam com a rede elétrica, dos transportadores de cargas perigosas, etc. —, para tentar compensar danos à saúde, o sistema jurídico atribui-lhe vantagens pecuniárias (adicional de periculosidade, insalubridade) ou adianta-lhe a inativação. (...)

Quando, por outro lado, o risco é suportado pela coletividade, então cabe limitar o acesso à profissão e o respectivo exercício, exatamente em função do interesse coletivo. Daí a cláusula cons-tante da parte final do inciso XIII do art. 5º da Carta Federal, de ressalva das qualificações legais

exigidas pela lei. Ela é a salvaguarda de que as profissões que representam riscos à coletivida-de serão limitadas, serão exercidas somente por aqueles indivíduos conhecedores da técnica.

(...)(...) É dizer: o perigo de dano decorrente da prática da advocacia sem o exame de conhecimentos serve

a justificar a restrição ao direito fundamental e geral à liberdade do exercício de profissão? Os benefícios provenientes da medida restritiva são superiores à ofensa à garantia do inciso XIII do art. 5º da Carta? (...)

(...)(...) quem exerce a advocacia sem a capacidade técnica necessária afeta outrem? A resposta é

desenganadamente positiva. Causa prejuízos, à primeira vista, ao próprio cliente, fazendo-lhe pere-cer o direito ou deixando-lhe desguarnecido, mas também lesa a coletividade, pois denega Justiça, pressuposto da paz social. Atrapalha o bom andamento dos trabalhos judiciários, formulando pre-tensões equivocadas, ineptas e, por vezes, inúteis. Enquanto o bom advogado contribui para a reali-zação da Justiça, o mau advogado traz embaraços para toda a sociedade, não apenas para o cliente.”

RE 603.583/RS

– Mandado de Injunção –

“Iniludivelmente, buscou-se, com a inserção do mandado de injunção, no cenário jurídico-cons-titucional, tornar concreta, tornar viva a Lei Maior, presentes direitos, liberdades e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Não se há de confundir a atuação no julgamento do mandado de injunção com atividade do Legislativo. Em síntese, ao agir, o Judiciário não lança, na ordem jurídica, preceito abstrato. Não, o que se tem, em termos de prestação jurisdicional, é a viabilização, no caso concreto, do exercício do direito, do exercício da liberdade constitucional, das prerrogativas ligadas a nacionalidade, soberania e cidadania. O pronunciamento judicial faz lei entre as partes, como qualquer pronunciamento em processo subjetivo, ficando, até mesmo, sujeito a uma condição resolutiva, ou seja, ao suprimento da lacuna regulamentadora por quem de direito, Poder Legislativo.

É tempo de se refletir sobre a timidez inicial do Supremo quanto ao alcance do mandado de in-junção, ao excesso de zelo, tendo em vista a separação e harmonia entre os Poderes. É tempo de se perceber a frustração gerada pela postura inicial, transformando o mandado de injunção em ação simplesmente declaratória do ato omissivo, resultando em algo que não interessa, em si, no tocante à prestação jurisdicional, tal como consta no inciso LXXI do art. 5º da Constituição Federal, ao cidadão.”

MI 721/DF

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– Importância do Advogado no Estado Democrático de Direito –

“O advogado ocupa papel central e fundamental na manutenção do Estado Democrático de Direito. O princípio geral da inércia da jurisdição, estampado no art. 2º do Código de Processo Civil, faz com que o advogado assuma um papel relevantíssimo na aplicação e defesa da ordem jurídica. A ele cabe a missão de deflagrar o controle de legalidade e constitucionalidade efetuado pelos juízos e tribunais do país. Todo advogado é um potencial defensor do Direito, e essa nobre missão não pode ser olvidada. O constituinte foi altissonante e preciso ao proclamar, no art. 133 da Lei Maior, que o advogado mostra-se indispensável à administração da Justiça. Insisto: justiça enquadra-se como bem de primeira necessidade; a injustiça, como um mal a ser combatido.

Transparece claro o interesse social relativo à existência de mecanismos de controle — objeti-vos e impessoais — concernentes à prática da advocacia. O Direito não apenas envolve questões materiais, mas também tutela situações existenciais. Já está superada a fase do Direito centrado no patrimônio, do ter, e não do ser.”

RE 603.583/RS

– Conciliação e Paz Social –

“(...) ninguém coloca em dúvida a valia, sob o ângulo da preservação da paz social, do entendimento direto entre os titulares dos direitos envolvidos na relação jurídica. Esforços devem ser direcionados no sentido da solução dos conflitos que se apresentem, sem chegar-se ao litígio, à formalização de demanda, aos ares que, induvidosamente, levam ao acirramento de ânimos, passando, por vezes, o réu a ver no autor um inimigo, quando este simplesmente aciona direito inerente à cidadania (...).”

ADI 2.139 MC/DF

– Interpretação dos Direitos Fundamentais –

“(...) cabe ao Supremo Tribunal Federal ampliar a proteção dos direitos fundamentais mediante construção constitucional e restringir-se a uma interpretação quase que literal nas hipóteses de li-mitação a esses direitos, ainda que expressas no corpo da própria Carta Política. Não é permitido a este Tribunal ou a qualquer hermeneuta da Constituição interpretar de forma aberta ou ampliativa preceitos que impliquem a diminuição de eficácia dos direitos fundamentais.”

HC 82.424/RS

– Devido Processo Legal e Prestação Jurisdicional –

“A decisão, como ato de inteligência, há de ser a mais completa e convincente possível. Incumbe ao Estado-Juiz observar a estrutura imposta por lei, formalizando o relatório, a fundamentação e o dispositivo. Transgride comezinha noção do devido processo legal, desafiando os recursos de revista, especial e extraordinário, pronunciamento que, inexistente incompatibilidade com o já assentado, implique recusa em apreciar causa de pedir veiculada por autor ou réu. O juiz é um perito na arte de proceder e julgar, devendo enfrentar as matérias suscitadas pelas partes, sob pena de, em vez de examinar no todo o conflito de interesses, simplesmente decidi-lo, em verdadeiro ato de força, olvidando o ditame constitucional da fundamentação, o princípio básico do aperfeiçoamento da prestação jurisdicional.”

RE 435.256/RJ

– Importância do Contraditório –

“Vejo o contraditório como espinha dorsal do devido processo legal, ou seja, o cidadão que tenha uma certa situação constituída não pode, sem a cientificação, ser despojado dela em Juízo. De início, essa é a regra. Deve haver o conhecimento, mesmo da medida intentada em um fórum diverso.

(...)A não ser no caso de urgência maior, de risco de perecimento de direito.”

STA 389 AgR/MG

“O direito de defender-se é, antes de mais nada, um direito natural, senão a mola-mestra do pro-cesso — o contraditório —, reveladora de predicado da dignidade do homem, fundamento que tenho como síntese dos demais previstos, também, no art. 1º da Carta Federal. Sem ele não é dado falar em soberania, cidadania, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e pluralismo político. Do homem para o homem há de ser a tônica da vida pública, da vida gregária, a interpretação ina-fastável do arcabouço normativo pátrio.”

Pet 3.388/RR

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– Antecipação Terapêutica do Parto × Aborto –

“(...) mostra-se inteiramente despropositado veicular que o Supremo examinará, neste caso, a des-criminalização do aborto, especialmente porque, consoante se observará, existe distinção entre aborto e antecipação terapêutica do parto. Apesar de alguns autores utilizarem expressões ‘aborto eugênico ou eugenésico’ ou ‘antecipação eugênica da gestação’, afasto-as, considerado o indiscutível viés ideológico e político impregnado na palavra eugenia.

Inescapável é o confronto entre, de um lado, os interesses legítimos da mulher em ver respeitada sua dignidade e, de outro, os interesses de parte da sociedade que deseja proteger todos os que a integram — sejam os que nasceram, sejam os que estejam para nascer — independentemente da condição física ou viabilidade de sobrevivência. O tema envolve a dignidade humana, o usufruto da vida, a liberdade, a autodeterminação, a saúde e o reconhecimento pleno de direitos individuais, especificamente, os direitos sexuais e reprodutivos de milhares de mulheres. No caso, não há colisão real entre direitos fundamentais, apenas conflito aparente.

Na discussão mais ampla sobre o aborto, (...) incumbe identificar se existe algum motivo que autorize a interrupção da gravidez de um feto sadio. No debate sobre a antecipação terapêutica do parto de feto anencéfalo, o enfoque mostra-se diverso. Cabe perquirir se há justificativa para a lei compelir a mulher a manter a gestação, quando ausente expectativa de vida para o feto.”

ADPF 54/DF

– Interpretação Evolutiva e Leis Anacrônicas –

“Nos nossos dias não há crianças, mas moças de doze anos. Precocemente amadurecidas, a maioria delas já conta com discernimento bastante para reagir ante eventuais adversidades, ainda que não possuam escala de valores definida a ponto de vislumbrarem toda a sorte de consequências que lhes pode advir. (...)

Portanto, é de se ver que já não socorre à sociedade os rigores de um Código ultrapassado, anacrônico e, em algumas passagens, até descabido, porque não acompanhou a verdadeira revolu-ção comportamental assistida pelos hoje mais idosos. Com certeza, o conceito de liberdade é tão discrepante daquele de outrora que só seria comparado aos que norteavam antigamente a noção de libertinagem, anarquia, cinismo e desfaçatez.

Alfim cabe uma pergunta que, de tão óbvia, transparece à primeira vista como que desnecessária, conquanto ainda não devidamente respondida: a sociedade envelhece; as leis, não?

Ora, enrijecida a legislação — que, ao invés de obnubilar a evolução dos costumes, deveria acompanhá-la, dessa forma protegendo-a —, cabe ao intérprete da lei o papel de arrefecer tanta austeridade, flexibilizando, sob o ângulo literal, o texto normativo, tornando-o, destarte, adequado e oportuno, sem o que o argumento da segurança transmuda-se em sofisma e servirá, ao reverso, ao despotismo inexorável dos arquiconservadores de plantão, nunca a uma sociedade que se quer global, ágil e avançada — tecnológica, social e espiritualmente.”

HC 73.662/MG

– Imparcialidade do Supremo Tribunal Federal –

“O Estado não pode contar com o privilégio de editar a lei, aplicá-la e vê-la sopesada pelo Judiciário ao sabor de política governamental, a partir de óptica tendenciosa, sempre isolada e momentânea, sempre a revelar o oportunismo de plantão. Ao Estado-Juiz, especialmente ao Supremo Tribunal Federal, cumpre, em razão de compromisso maior — e a história é uma cobradora infatigável —, zelar pela intangibilidade da ordem jurídico-constitucional, pouco importando que, assim o fazendo, seja incompreendido. (...) Os incautos, os míopes, os pobres de espírito democrático, não esperem do Supremo Tribunal Federal atitude acomodadora, por mais convidativa que seja a quadra, já que se afigura, na concepção da Carta da República, como o Juiz Maior da Federação, não se lhe sendo opostos óbices ao cumprimento do dever constitucional de assegurar a intangibilidade da ordem jurídica.”

ADI 1.098/SP

– Devido Processo Legal e Ofensa Indireta à Constituição Federal –

“A intangibilidade do preceito constitucional assegurador do devido processo legal direciona ao exame da legislação comum. Daí a insubsistência da óptica segundo a qual a violência à Carta Polí-tica da República, suficiente a ensejar o conhecimento de extraordinário, há de ser direta e frontal. Caso a caso, compete ao Supremo Tribunal Federal exercer crivo sobre a matéria, distinguindo os recursos protelatórios daqueles em que versada, com procedência, a transgressão a texto cons-titucional, muito embora torne-se necessário, até mesmo, partir-se do que previsto na legislação comum. Entendimento diverso implica relegar à inocuidade dois princípios básicos em um Estado Democrático de Direito — o da legalidade e do devido processo legal, com a garantia da ampla defesa, sempre a pressuporem a consideração de normas estritamente legais.”

RE 158.655/PA

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– Prouni –

“Indago: é razoável, é aceitável, observa a ordem natural das coisas, o princípio do determinismo, o Estado cumprimentar com chapéu alheio? Por que não potencializa o instituto das universidades públicas, viabilizando o acesso com maior largueza? Por que esse acesso é tão afunilado, revelando via crucis, que é revelada pelo vestibular para uma universidade pública? Não o faz porque é mais fácil utilizar-se de um poder de pressão maior, do poder que é inerente à soberania, e compelir-se a iniciativa privada a fazer o que ele próprio — Estado — deveria fazer, viabilizando o acesso uni-versitário, de uma forma larga, àqueles que tenham o requisito de escolaridade para cursar o nível universitário, sem essa carnificina — e assim rotulo — como o é o vestibular para uma universidade pública, com afunilamento insuplantável. Mas veio o Estado, como disse, a cumprimentar com chapéu alheio, deixando no ar a perda da imunidade prevista no art. 150 na Carta da República, a impor, para ter-se a isenção — e não se pode cogitar de sobreposição, a um só tempo, versar-se o direito à imunidade e o direito à isenção, já que são valores que se excluem, sendo o primeiro mais abrangente do que o segundo —, até mesmo àquelas universidades detentoras da prerrogativa estampada na imunidade, para continuarem tendo jus a essa imunidade, a adesão ao Prouni e fazer o que ele não faz: abrir vagas aos estudantes egressos de escolas públicas.

(...)O meu compromisso — e talvez esteja errado, porque voz isolada no Colegiado — não é com o

politicamente correto. É com o politicamente correto, se estiver, sob a minha óptica, segundo ciên-cia e consciência possuídas, harmônico com a Carta da República. E, no que editada essa medida provisória, convertida em lei, atropelando-se o que seria normal, o que seria o trânsito do projeto apresentado pelo próprio Executivo, não tenho algo afinado com a Constituição Federal.”

ADI 3.330/DF

– Diploma de Jornalista –

“Penso que o jornalista deve deter formação, uma formação básica que viabilize a atividade profissional no que repercute na vida dos cidadãos em geral. Ele deve contar — e imagino que passe a contar, colando grau no nível superior — com técnica para entrevistar, para se reportar, para editar, para pesquisar o que deva publicar no veículo de comunicação, alfim, para prestar serviço no campo da inteligência.

Quando se concebe — como se concebeu em 1969 — a exigência do curso superior e quando se admite essa exigência, fazendo-o no campo da opção político-normativa, tem-se em vista a presta-ção de serviço de maior valor, de serviço que sirva, realmente, à formação de convencimento sobre temas, passando-se, até, a contar com orientação na vida gregária. (...)

A existência da norma a exigir o nível superior implica uma salvaguarda, uma segurança ju-rídica maior quanto ao que é versado com repercussão ímpar, presentes aqueles que leem jornais, principalmente jornais nacionais.

(...) devo presumir o que normalmente ocorre, não o excepcional: tendo o profissional o nível dito superior, estará mais habilitado à prestação de serviços profícuos à sociedade brasileira.

É difícil, no Colegiado, após tantos votos em certo sentido, adotar entendimento diverso. No en-tanto, já afirmei que a minha sina é divergir. Detenho uma alma, reconheço, irrequieta, um espírito irrequieto e não posso menosprezar a minha ciência e a minha consciência jurídica; não posso, também, abandonar o que venho ressaltando quanto ao Colegiado, que é um somatório de forças distintas. Nós nos completamos mutuamente.”

RE 511.961/SP

– Hermenêutica e Aplicação do Direito –

“(...) a lei, documento abstrato, é universal. Assim o requer a República, assim o requer a democra-cia, assim o exige o povo brasileiro, assim há de pronunciar-se o Judiciário, especialmente na voz do guardião maior da Carta Federal — o Supremo. Descabe distinguir onde a lei não distingue. Eis princípio básico de hermenêutica e aplicação do Direito implícito na Constituição Federal. Fora isso, prevalece o despotismo, consagrando-se casta privilegiada.”

HC 102.732/DF

– O Direito e as Mudanças Histórico-Sociais –

“O Direito, para manter-se atual, tem de estar aberto aos influxos sociais. Na quadra vivida, as mudanças constantes e rápidas tornam difícil ao operador do Direito acompanhá-las e, com maior razão, ao legislador. Antes se pensava no passar do tempo como algo positivo ao Direito, necessário à maturação das questões jurídicas, à reflexão sobre temas com relevante impacto social. Hoje, um simples piscar de olhos pode nos fazer obsoletos. Cito os avanços em campos como o da genética, das relações sociais, da internet, etc. Nesse contexto, o princípio da legalidade há de ser tomado em termos, não devendo prosperar a conclusão segundo a qual, ainda que a natureza da obrigação jurídica reclame certa integração em nível administrativo, surgiria, por tal razão, inexigível.”

RE 603.583/RS

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– Atuação do Supremo Tribunal Federal no Processo Objetivo –

“Observe-se a importância dos processos objetivos. Neles, o Supremo Tribunal Federal tem oportu-nidade de enfrentar de imediato questões de repercussão maior, que interessam à sociedade como um grande todo. (...) atua o Supremo de pronto e o faz em prol da unidade do próprio Direito, no que aplicável, de forma linear, no território nacional. Mediante o processo objetivo ensejador do controle concentrado de constitucionalidade, o Supremo exerce, na plenitude, a atribuição que lhe é precípua, isto é, de guardar a Constituição Federal (...). Daí a conveniência de não ficar a Corte a reboque, a pronunciar-se processo a processo, de modo irracional, visando à prevalência do direito posto, especialmente do direito constitucional. Passo a passo, o Constituinte alargou o âmbito de atuação do Tribunal em tal campo, começando com a representação interventiva, e, hoje, conta--se não só com a ação direta de inconstitucionalidade nas duas modalidades, englobado o vício da omissão, a declaratória de constitucionalidade, mas também com a mais nova irmã dessas ações, a arguição de descumprimento de preceito fundamental. A instrumentalidade está ao alcance do Tribunal, cumprindo dar concretude ao que previsto na Carta da República. Dessa maneira, aciona--se sadia política judiciária, eliminando-se as perplexidades decorrentes de julgamentos díspares, ainda que idênticos os fatos e o arcabouço normativo.”

ADPF 54 QO/DF

Sob a óptica constitucional, a norma também é corolário da incidência do princípio da proibição de proteção insuficiente dos direitos fundamentais, na medida em que ao Estado compete a adoção dos meios imprescindíveis à efetiva concretização de preceitos contidos na Carta da República. A abstenção do Estado na promoção da igualdade de gêneros e a omissão no cumprimento, em maior ou menor extensão, de finalidade imposta pelo Diploma Maior implicam situação da maior gravidade político-jurídica, pois deixou claro o constituinte originário que, mediante inércia, pode o Estado brasileiro também contrariar o Diploma Maior.

A Lei Maria da Penha retirou da invisibilidade e do silêncio a vítima de hostilidades ocorridas na privacidade do lar e representou movimento legislativo claro no sentido de assegurar às mulheres agredidas o acesso efetivo à reparação, à proteção e à Justiça. A norma mitiga realidade de discrimi-nação social e cultural que, enquanto existente no país, legitima a adoção de legislação compensatória a promover a igualdade material, sem restringir, de maneira desarrazoada, o direito das pessoas per-tencentes ao gênero masculino. A dimensão objetiva dos direitos fundamentais, vale ressaltar, reclama providências na salvaguarda dos bens protegidos pela Lei Maior, quer materiais, quer jurídicos, sendo importante lembrar a proteção especial que merecem a família e todos os seus integrantes.”

ADC 19/DF

– Lei Maria da Penha –

“Para frear a violência doméstica, não se revela desproporcional ou ilegítimo o uso do sexo como critério de diferenciação. A mulher é eminentemente vulnerável quando se trata de constrangimentos físicos, morais e psicológicos sofridos em âmbito privado. Não há dúvida sobre o histórico de discri-minação e sujeição por ela enfrentado na esfera afetiva. As agressões sofridas são significativamente maiores do que as que acontecem contra homens em situação similar. Além disso, mesmo quando homens, eventualmente, sofrem violência doméstica, a prática não decorre de fatores culturais e sociais e da usual diferença de força física entre os gêneros.

Na seara internacional, a Lei Maria da Penha está em harmonia com a obrigação, assumida pelo Estado brasileiro, de incorporar, na legislação interna, as normas penais, civis e administrativas ne-cessárias para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, tal como previsto no art. 7º, item c, da Convenção de Belém do Pará e em outros tratados internacionais ratificados pelo país.

– Conselho Nacional de Justiça –

“(...) continuamos a acreditar que poderemos ter, no Brasil, mediante novos diplomas e novas leis, dias melhores, a retomada do desenvolvimento, o abandono da estagnação. Repito o que tenho dito: precisamos, no Brasil, de homens, cidadãos, especialmente homens públicos, que observem — é esse o preço que se paga por se viver em um Estado Democrático de Direito — a ordem jurídica.

Aponta-se, e se dá uma esperança vã à sociedade brasileira, o Conselho Nacional de Justiça como solução para os problemas do Judiciário, não se perquirindo, em si, a origem desses problemas, partindo-se quase do pressuposto de que o Judiciário nacional é composto por pessoas que, costu-meiramente, adentram o campo do desvio de conduta; que o Poder Judiciário nacional não possui, considerado o poder constituinte originário — e aqui estamos a defrontar com emenda decorrente do poder constituinte derivado —, organização própria para corrigir atos que discrepem do arcabouço normativo de regência, quer na área administrativa, quer na área jurisdicional.”

ADI 3.367/DF

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– Ação Penal Pública Incondicionada e Lei Maria da Penha –

“Sob o ângulo constitucional explícito, tem-se como dever do Estado assegurar a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. Não se coaduna com a razoabilidade, não se coaduna com a proporcionalidade, deixar a atuação estatal a critério da vítima, a critério da mulher, cuja espontânea manifestação de vontade é cerceada por diversos fatores da convivência no lar, inclusive a violência a provocar o receio, o temor, o medo de represálias. Esvazia-se a proteção, com flagrante contrariedade ao que previsto na Constituição Federal, especialmente no § 8º do respectivo art. 226, no que admitido que, verifi-cada a agressão com lesão corporal leve, possa a mulher, depois de acionada a autoridade policial, atitude que quase sempre provoca retaliação do agente autor do crime, vir a recuar e a retratar-se em audiência especificamente designada com tal finalidade, fazendo-o — e ao menos se previu de forma limitada a oportunidade — antes do recebimento da denúncia, condicionando-se, segundo o preceito do art. 16 da Lei em comento, o ato à audição do Ministério Público.

Deixar a cargo da mulher autora da representação a decisão sobre o início da persecução penal significa desconsiderar o temor, a pressão psicológica e econômica, as ameaças sofridas, bem como a assimetria de poder decorrente de relações histórico-culturais, tudo a contribuir para a diminui-ção de sua proteção e a prorrogação da situação de violência, discriminação e ofensa à dignidade humana. Implica relevar os graves impactos emocionais impostos pela violência de gênero à vítima, o que a impede de romper com o estado de submissão.

(...)Descabe interpretar a Lei Maria da Penha de forma dissociada do Diploma Maior e dos tratados

de direitos humanos ratificados pelo Brasil, sendo estes últimos normas de caráter supralegal tam-bém aptas a nortear a interpretação da legislação ordinária. Não se pode olvidar, na atualidade, uma consciência constitucional sobre a diferença e sobre a especificação dos sujeitos de direito, o que traz legitimação às discriminações positivas voltadas a atender as peculiaridades de grupos menos favo-recidos e a compensar desigualdades de fato, decorrentes da cristalização cultural do preconceito. (...)

(...)Representa a Lei Maria da Penha elevada expressão da busca das mulheres brasileiras por igual

consideração e respeito. Protege a dignidade da mulher, nos múltiplos aspectos, não somente como um atributo inato, mas como fruto da construção realmente livre da própria personalidade. Contribui com passos largos no contínuo caminhar destinado a assegurar condições mínimas para o amplo desenvolvimento da identidade do gênero feminino.”

ADI 4.424/DF

– Concurso Público: Finalidade e Direito à Nomeação –

“(...) passo a passo, constatamos que a vigorosa espada da Justiça implica equilíbrio no embate cida-dão/Estado. O Estado não pode brincar com o cidadão, principalmente ante os ares constitucionais vivenciados, em que potencializada a cidadania, a dignidade do homem.

O concurso público não é responsável pelas mazelas do Brasil. Ao contrário, busca-se, com esse instituto, a lisura, o afastamento do apadrinhamento, do benefício, considerado o engajamento desse ou daquele cidadão, o enfoque igualitário dando-se as mesmas condições àqueles que disputam um cargo.

(...) (...) qual é o objetivo do concurso público? É saber se há no mercado mão de obra habilitada ao

exercício do cargo? Não. É selecionar a partir do pressuposto segundo o qual necessita a Administra-ção Pública de mão de obra. Se a Administração Pública anuncia no edital que o concurso é realizado para preenchimento de número definido de vagas, não pode simplesmente postergar a convocação dos aprovados e classificados, para, posteriormente, até potencializando (...) critério que deveria ser expungido da Administração Pública, que é o da pessoalidade, vir a convocar outro concurso.

(...)(...) em linhas gerais, é esse, hoje, o consenso unânime do Tribunal, abandonando, portanto,

aquela jurisprudência que remetia, para ter-se o direito à nomeação, à preterição. O concursado aprovado, classificado, anunciadas as vagas no edital do concurso, tem o direito subjetivo à nomea-ção. As portas da Justiça estarão sempre abertas para agasalhar esse direito (...).”

RE 598.099/MS

– Princípio da Anterioridade Nonagesimal –

“O princípio da anterioridade representa garantia constitucional estabelecida em favor do contri-buinte perante o Poder Público, norma voltada a preservar a segurança e a possibilitar um mínimo de previsibilidade às relações jurídico-tributárias. Destina-se a assegurar o transcurso de lapso temporal razoável a fim de que o contribuinte possa elaborar novo planejamento e adequar-se à realidade tributária mais gravosa.”

ADI 4.661 MC/DF

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– Uso de Algemas e Princípio da Dignidade –

“O julgamento perante o Tribunal do Júri não requer a custódia preventiva do acusado, até então simples acusado — inciso LVII do art. 5º da Lei Maior. Hoje não é necessária sequer a presença do acusado (...). Diante disso, indaga-se: surge harmônico com a Constituição mantê-lo, no recinto, com algemas? A resposta mostra-se iniludivelmente negativa.

Em primeiro lugar, levem em conta o princípio da não culpabilidade. É certo que foi submetida ao veredicto dos jurados pessoa acusada da prática de crime doloso contra a vida, mas que merecia o tratamento devido aos humanos, aos que vivem em um Estado Democrático de Direito. Segundo o art. 1º da Carta Federal, a própria República tem como fundamento a dignidade da pessoa humana. Da leitura do rol das garantias constitucionais — art. 5º —, depreende-se a preocupação em resguar-dar a figura do preso. A ele é assegurado o respeito à integridade física e moral — inciso XLIX. (...)

(...) Ora, esses preceitos — a configurarem garantias dos brasileiros e dos estrangeiros residentes

no país — repousam no inafastável tratamento humanitário do cidadão, na necessidade de lhe ser preservada a dignidade. Manter o acusado em audiência, com algema, sem que demonstrada, ante práticas anteriores, a periculosidade, significa colocar a defesa, antecipadamente, em patamar inferior, não bastasse a situação de todo degradante. O julgamento do Júri é procedido por pessoas leigas, que tiram as mais variadas ilações do quadro verificado. A permanência do réu algemado indica, à primeira visão, cuidar-se de criminoso da mais alta periculosidade, desequilibrando o julgamento a ocorrer, ficando os jurados sugestionados.”

HC 91.952/SP

– Antecipação Terapêutica do Parto de Feto Anencéfalo –

“A incolumidade física do feto anencéfalo, que, se sobreviver ao parto, o será por poucas horas ou dias, não pode ser preservada a qualquer custo, em detrimento dos direitos básicos da mulher. No caso, ainda que se conceba o direito à vida do feto anencéfalo — o que, na minha óptica, é inadmissível, consoante enfatizado —, tal direito cederia, em juízo de ponderação, em prol dos direitos à digni-dade da pessoa humana, à liberdade no campo sexual, à autonomia, à privacidade, à integridade física, psicológica e moral e à saúde, previstos, respectivamente, nos arts. 1º, inciso III, 5º, cabeça e incisos II, III e X, e 6º, cabeça, da Carta da República.”

ADPF 54/DF

– Gravidade do Crime e Direito de Defesa –

“Se em jogo o devido processo legal, pouco importa a acusação envolvida no processo. Aliás, quanto mais grave, maior deve ser a atenção com as franquias constitucionais, viabilizando-se o direito de defesa à exaustão, atentando-se para o figurino instrumental, tão indispensável a preservar a liberdade.”

HC 85.969/SP

– Princípio da Publicidade e Atuação dos Magistrados –

“O respeito ao Poder Judiciário não pode ser obtido por meio de blindagem destinada a proteger do escrutínio público os juízes e o órgão sancionador. Tal medida é incompatível com a liberdade de informação e com a ideia de democracia (...). Faz-se necessário, portanto, que as decisões em processos disciplinares que envolvam magistrados sejam tomadas à luz do dia, à luz da democra-cia. Não é dado a juízes e órgãos sancionadores pretender eximir-se da fiscalização da sociedade. O sigilo imposto com o objetivo de proteger a honra dos magistrados contribui para um ambiente de suspeição e não para a credibilidade da magistratura, pois nada mais conducente à aquisição de confiança do povo do que a transparência e a força do melhor argumento.

Com a edição da Emenda Constitucional 45, de 2004, o constituinte derivado modificou o art. 93 da Carta Federal, assegurando, nos incisos IX e X, a observância do princípio da publicidade no exercício da atividade judiciária, inclusive nos processos disciplinares instaurados contra juízes.

(...)Os dispositivos estão em plena consonância com os ditames democrático e republicano, bem

assim com o art. 37 da Lei Maior, segundo o qual a Administração Pública — gênero — está sub-metida aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da efi-ciência. Impõe-se, portanto, o acesso a informações passíveis de serem enquadradas como públicas e iniludivelmente o são as alusivas à atuação dos magistrados, aos eventuais desvios e às sanções disciplinares aplicadas. (...)

(...)Não se cuida de caça às bruxas, quando, então, ficaria inaugurada verdadeira época de descontrole

social, de terror. A quadra é reveladora de um novo senso de cidadania, transparecendo o interesse geral em dominar, sob o ângulo do conhecimento, tudo o que se implemente na seara administrativa, presentes atos omissivos e comissivos.”

ADI 4.638 MC/DF

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– Obrigatoriedade de Realização do Exame de Paternidade –

“Discrepa, a mais não poder, de garantias constitucionais implícitas e explícitas — preservação da dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade do corpo humano, do império da lei e da inexecução específica e direta de obrigação de fazer — provimento judicial que, em ação civil de investigação de paternidade, implique determinação no sentido de o réu ser conduzido ao labo-ratório, ‘debaixo de vara’, para coleta do material indispensável à feitura do exame DNA. A recusa resolve-se no plano jurídico-instrumental, consideradas a dogmática, a doutrina e a jurisprudência, no que voltadas ao deslinde das questões ligadas à prova dos fatos.”

HC 71.373/RS

– Meio Ambiente e Poder Público –

“Consoante dispõe o art. 225 da Constituição Federal, todos têm direito ao meio ambiente ecologi-camente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Impôs-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e de preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Visando a assegurar a concretude desse direito, assentado em princípio básico, a própria Carta previu caber ao poder público — à administração pública, ressalte-se — definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos. Somente se permitem a alteração e a supressão por meio de lei, vedada qualquer utilização que com-prometa a integridade dos atributos a justificarem sua proteção — inciso III do § 1º do citado artigo.

Observem, de início, que a previsão constitucional, voltada ao coletivo, ao bem comum, não distingue áreas a serem protegidas. Vale dizer que o ditame maior alcança terras devolutas e também a propriedade privada. Outra interpretação não pode ser conferida ao mencionado preceito, sob pena de esvaziar-se o objetivo com ele previsto — a preservação da Mãe-Terra.

De qualquer modo, a proteção à propriedade não se sobrepõe ao interesse comum. Tanto é assim que a garantia constitucional respectiva está condicionada à função social, versando-se procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro. Em síntese, a propriedade, de nítido caráter individual, não é um direito absoluto. Está condicionada a valor maior presente o interesse coletivo. Confiram com os arts. 5º, incisos XXII, XXIII e XXIV, e 184 da Constituição Federal, este último a dispor sobre a desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária.”

MS 25.284/DF

– Direito de Reunião e Liberdade de Expressão –

“(...) os direitos fundamentais revelam-se essenciais para que se dê lugar à verdadeira seara pú-blica democrática. Existem para garantir a abertura dos espaços comunicativos e a possibilidade de participação geral. São imposições decorrentes do reconhecimento mútuo entre os indivíduos da condição de seres autônomos, livres e iguais, autolegisladores e membros de uma comunidade jurídica comum. (...)

Trata-se de uma concepção procedimental dos direitos fundamentais capaz de conciliá-los com o princípio democrático. A proteção dos espaços públicos de comunicação, instrumentalizada — é realmente um instrumento — pelo princípio da liberdade de expressão, assume papel preponderante, pois somente com tal garantia o Direito será produzido de forma legítima. (...)

(...)Concluo que a liberdade de expressão não pode ser tida apenas como um direito a falar aquilo

que as pessoas querem ouvir, ou ao menos aquilo que lhes é indiferente. Definitivamente, não. Li-berdade de expressão existe precisamente para proteger as manifestações que incomodam os agentes públicos e privados, que são capazes de gerar reflexões e modificar opiniões. Impedir o livre trânsito de ideias é, portanto, ir de encontro ao conteúdo básico da liberdade de expressão.”

ADPF 187/DF

– Preconceito e Discriminação –

“É preciso nesse ponto fazer uma reflexão sobre a necessária distinção entre o preconceito e a discriminação. Preconceito, no sentido etimológico, quer dizer conceito prévio, opinião formada antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos, ideia preconcebida. Ora, todos nós temos ‘pré-conceitos’ acerca de muitos fatos da vida, desenvolvidos com base em experiências nutridas ou em ideais a que perseguimos. Preconceito não quer dizer discriminação, esta sim, con-denável juridicamente, porque significa separar, apartar, segregar, sem que haja fundamento para tanto. Muito menos, preconceito revela óptica racista. A maior parte dos preconceitos fica apenas no âmbito das ideias, das reservas mentais, não chegando a ser externada. E ninguém sofre pena pelo ato de pensar, já dizia o brocardo latino. O preconceito, sem se confundir com o racismo, só se torna punível quando é posto em prática, isto é, quando gera a discriminação, ainda em seu sentido aquém do racismo, sem que se tenha, nesse caso, a cláusula da imprescritibilidade.”

HC 82.424/RS

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– Direito à Vida dos Fetos Anencéfalos –

“(...) não é dado invocar o direito à vida dos anencéfalos. Anencefalia e vida são termos antitéticos. Conforme demonstrado, o feto anencéfalo não tem potencialidade de vida. Trata-se, na expressão adotada pelo Conselho Federal de Medicina e por abalizados especialistas, de um natimorto cere-bral. Por ser absolutamente inviável, o anencéfalo não tem a expectativa nem é ou será titular do direito à vida, motivo pelo qual aludi, no início do voto, a um conflito apenas aparente entre direitos fundamentais. Em rigor, no outro lado da balança, em contraposição aos direitos da mulher, não se encontra o direito à vida ou à dignidade humana de quem está por vir, justamente porque não há ninguém por vir, não há viabilidade de vida.

Aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida em potencial. No caso do anencéfalo, repito, não existe vida possível.”

ADPF 54/DF

– Sustentação Oral do Advogado após o Voto do Relator –

“(...) vejo com simpatia a possibilidade de o advogado falar após o voto do Relator. Não receio qualquer atrito, qualquer incidente considerado esse fato. Muito menos posso dizer que se atrai para o contraditório a participação do juiz, porque na relação processual ele ocupa espaço próprio, distinto daquele reservado às partes e aos representantes processuais. Que diferença faz a concessão da palavra, logo após o relatório e antes do voto do Relator ou após este último, além de elastecer o campo reservado ao exercício do direito de defesa? Em qualquer hipótese, o advogado falará uma vez iniciado o julgamento com a efetivação do pregão e a prática de ato por integrante do Colegia-do. Não vejo diferença maior nem, muito menos, empecilho constitucional no deslocamento da oportunidade conferida para sustentação das razões recursais e das contrarrazões. Por mais que me esforce, não consigo distinguir entre a situação homenageante da oralidade e aquela da palavra escrita revelada na interposição de um recurso, no que voltado não a infirmar o voto isolado de um integrante do órgão, mas o provimento por este formalizado. Indaga-se: a protocolação de um recurso, a manifestação de inconformismo diante de uma sentença exsurgem como consubstanciadoras de crítica imprópria ao autor do ato atacado? A resposta é, desenganadamente, negativa. Como, então, dizer que a palavra falada, com as peias da inibição da presença, o é?”

ADI 1.105/DF

– Fidelidade aos Princípios –

“(...) certa vez, li — e colhi a máxima de um doutrinador — que há mais coragem em ser justo, parecendo injusto, do que em ser injusto para salvaguardar as aparências de justiça. (...) desde cedo percebi que, quanto mais remota a possibilidade de revisão de uma óptica, maior deve ser o apego ao direito posto, maior deve ser a fidelidade aos princípios, maior deve ser o receio em claudicar na arte de proceder e de julgar.

Não é por não existir, acima do Supremo, órgão capaz de examinar o acerto ou o desacerto das decisões que profira que poderemos, simplesmente, fechar a legislação e deixar de lado a Constituição Federal para implementar — segundo nosso critério, nossa formação simplesmente humanística, colocada a técnica em segundo plano — a solução que entendamos mais adequada.”

RE 363.889/DF com repercussão geral

– União Estável e Concubinato –

“(...) para ter-se como configurada a união estável, não há imposição da monogamia, muito em-bora ela seja aconselhável, objetivando a paz entre o casal. Todavia, a união estável protegida pela Constituição pressupõe prática harmônica com o ordenamento jurídico em vigor. Tanto é assim que, no art. 226 da Carta da República, tem-se como objetivo maior da proteção o casamento. (...) O reconhecimento da união estável pressupõe possibilidade de conversão em casamento. O reconhe-cimento da união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento, direciona à inexistência de obstáculo a este último. (...)

(...)Abandonem a tentação de implementar o que poderia ser tida como uma justiça salomônica,

porquanto a segurança jurídica pressupõe o respeito às balizas legais, a obediência irrestrita às balizas constitucionais. (...)

(...)O concubinato não se iguala à união estável referida no texto constitucional, no que esta acaba

fazendo as vezes, em termos de consequências, do casamento. Gera, quando muito, a denominada sociedade de fato.”

RE 397.762/BA

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– Cláusula de Barreira e Minorias Parlamentares –

“Ainda sob o ângulo do pluripartidarismo, da representatividade dos diversos segmentos nacionais, é dado perceber a ênfase atribuída pela Carta Federal às minorias. (...)

(...)No Estado Democrático de Direito, a nenhuma maioria, organizada em torno de qualquer

ideário ou finalidade — por mais louvável que se mostre —, é dado tirar ou restringir os direitos e liberdades fundamentais dos grupos minoritários, entre os quais estão a liberdade de se expressar, de se organizar, de denunciar, de discordar e de se fazer representar nas decisões que influem nos destinos da sociedade como um todo, enfim, de participar plenamente da vida pública, inclusive fiscalizando os atos determinados pela maioria. Ao reverso, dos governos democráticos espera-se que resguardem as prerrogativas e a identidade própria daqueles que, até numericamente em des-vantagem, porventura requeiram mais força do Estado como anteparo para que lhe esteja preservada a identidade cultural ou, no limite, para que continue existindo.

Aliás, a diversidade deve ser entendida não como ameaça, mas como fator de crescimento, como vantagem adicional para qualquer comunidade que tende a enriquecer-se com essas diferenças. O desafio do Estado moderno, de organizações das mais complexas, não é elidir as minorias, mas reconhecê-las e, assim o fazendo, viabilizar meios para assegurar-lhes os direitos constitucionais. Para tanto, entre outros procedimentos, há de fomentar diuturnamente o aprendizado da tolerância como valor maior, de modo a possibilitar a convivência harmônica entre desiguais. Nesse aspecto, é importante sublinhar, o Brasil se afigura como exemplo para o mundo.”

ADI 1.351/DF

– Papel do Supremo Tribunal Federal –

“(...) o Supremo tem a guarda da Constituição e não pode despedir-se desse dever, imposto de forma expressa pelo Constituinte de 1988, sob pena de a história cobrar-lhe as consequências da omissão, de comprometimento da própria credibilidade. (...) o Supremo é órgão da República, última trincheira do cidadão, comprometido com os princípios caros a Estado que se diga organizado, a Estado de Direito, responsável, enfim, pela palavra final sobre conflitos de interesses que se lhe apresentam para julgamento. Eis a melhor síntese sobre o primordial papel do Tribunal. Paga-se um preço por se viver em uma democracia e ele não é exorbitante, mas módico, encontrando-se ao alcance de todos os homens de boa vontade. Implica apenas o respeito irrestrito ao arcabouço normativo.”

Pet 3.388/RR

– Contribuição de Inativos –

“Há aqui configurado um verdadeiro confisco, no que, a par de não se repor o poder aquisitivo dos benefícios, dos vencimentos dos servidores, tem-se a audácia, digo mesmo a audácia, de onerá-los.

(...)(...) diria que se deu uma no cravo e outra na ferradura. A Emenda Constitucional 41/2003

preservou os parâmetros alusivos aos proventos quanto à quantia a ser observada; preservou, como deveria ocorrer, em vista do instituto do direito adquirido, as pensões que vinham sendo usufruí-das. De outro lado, porém, rasgando a Carta da República, desconhecendo a norma do art. 60, surpreendendo aqueles que se encontravam nos respectivos lares, certos do respeito às regras da aposentadoria, às regras da pensão, criou essa contribuição que, a todos os olhos, não é uma con-tribuição; criou esse ônus referente ao ‘custeio’, visando ao ‘custeio’ da própria previdência. Ou seja, talvez para minimizar o rombo da previdência social e da previdência dos servidores públicos, principalmente da União — que, certamente, não foi provocado pelos servidores públicos e, por isso mesmo, não podem ser tidos os aposentados e pensionistas como bodes expiatórios —, criou-se o tributo, rotulando de contribuição, e contribuição não é.

(...)(...) precisamos preservar a Carta da República para, realmente, constatar que a República Federa-

tiva do Brasil é um Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos a cidadania, a pressupor uma vida gregária sob ordem, e a dignidade da pessoa humana. Volto a afirmar que o Estado tudo pode, mas desde que proceda com observância irrestrita ao que se contém na Constituição Federal.”

ADI 3.105/DF

– Transferência de Militar para Universidade Pública –

“(...) é consentânea com a Carta da República previsão normativa asseguradora, ao militar e ao dependente estudante, do acesso a instituição de ensino na localidade para onde é removido. Toda-via, a transferência do local do serviço não pode se mostrar verdadeiro mecanismo para lograr-se a transposição da seara particular para a pública, sob pena de se colocar em plano secundário a isonomia — art. 5º, cabeça e inciso I —, a impessoalidade, a moralidade na Administração Pública, a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola superior, prevista no inciso I do art. 206, bem como a viabilidade de chegar-se a níveis mais elevados do ensino, no que o inciso V do art. 208 vincula o fenômeno à capacidade de cada qual.”

ADI 3.324/DF

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– Doação de órgãos dos Fetos Anencéfalos e Dignidade da Mulher –

“A mulher (...) deve ser tratada como um fim em si mesma, e não, sob uma perspectiva utilitarista, como instrumento para geração de órgãos e posterior doação. Ainda que os órgãos de anencéfalos fossem necessários para salvar vidas alheias — premissa que não se confirma (...) —, não se poderia compeli-la, com fundamento na solidariedade, a levar adiante a gestação, impondo-lhe sofrimentos de toda ordem. Caso contrário, ela estaria sendo vista como simples objeto, em violação à condição de humana.

(...)A solidariedade não pode, assim, ser utilizada para fundamentar a manutenção compulsória da

gravidez de feto anencéfalo, seja porque violaria o princípio da dignidade da pessoa humana, seja porque os órgãos dos anencéfalos não são passíveis de doação.”

ADPF 54/DF

– Evolução do Conceito de Família –

“O § 5º do art. 226 da Constituição Federal equiparou homens e mulheres nos direitos e deveres conjugais, determinando a mais absoluta igualdade também no interior da família. O § 4º do men-cionado dispositivo admitiu os efeitos jurídicos das denominadas famílias monoparentais, formadas por apenas um dos genitores e os filhos. Por fim, o § 3º desse artigo expressamente impôs ao Estado a obrigatoriedade de reconhecer os efeitos jurídicos às uniões estáveis, dando fim à ideia de que somente no casamento é possível a instituição de família.

Revela-se (...) a modificação paradigmática no direito de família. Este passa a ser o direito ‘das famílias’, isto é, das famílias plurais, e não somente da família matrimonial, resultante do casamento. Em detrimento do patrimônio, elegeram-se o amor, o carinho e a afetividade entre os membros como elementos centrais de caracterização da entidade familiar. Alterou-se a visão tradicional sobre a família, que deixa de servir a fins meramente patrimoniais e passa a existir para que os respectivos membros possam ter uma vida plena comum. Abandonou-se o conceito de família enquanto ‘instituição-fim em si mesmo’, para identificar nela a qualidade de instrumento a serviço da dignidade de cada partícipe (...).

(...) Se o reconhecimento da entidade familiar depende apenas da opção livre e responsável de constituição de vida comum para promover a dignidade dos partícipes, regida pelo afeto existente entre eles, então não parece haver dúvida de que a Constituição Federal de 1988 permite seja a união homoafetiva admitida como tal. Essa é a leitura normativa que faço da Carta e dos valores por ela consagrados, em especial das cláusulas contidas nos arts. 1º, inciso III, 3º, incisos II e IV, e 5º, cabeça e inciso I.”

ADPF 132/RJ

– Sanções Políticas em Matéria Tributária –

“O abuso dos meios, com a consequente corrupção dos fins, é a nota essencial e autoritária das me-didas cujo gênero foi rotulado de sanções políticas em matéria tributária. A falta de sintonia desses mecanismos de coação fiscal com as garantias constitucionais do Estado Democrático de Direito, inaugurado com a Carta de 1988, revela caráter ditatorial e perverso.”

RE 565.048/RS

– Interpretação Constitucional e Realidade Social –

“Interpretar significa apreender o conteúdo das palavras, não de modo a ignorar o passado, mas de maneira a que este sirva para uma projeção melhor do futuro. (...)

(...) Assim, quando o intérprete analisa um texto do passado, não deve esvaziar a sua memória, nem abandonar o presente, mas levá-los consigo e utilizá-los para compreender e projetar um futuro. (...)

Nessa linha de entendimento é que se torna necessário salientar que a missão do Supremo, a quem compete, repita-se, a guarda da Constituição, é precipuamente a de zelar pela interpretação que conceda à Carta a maior eficácia possível, diante da realidade circundante. Dessa forma, urge o resgate da interpretação constitucional, para que se evolua de uma interpretação retrospectiva e alheia às transformações sociais, passando-se a realizar interpretação que aproveite o passado, não para repeti-lo, mas para captar de sua essência lições para a posteridade. O horizonte histórico deve servir como fase na realização da compreensão do intérprete, mas não pode levar à autoalienação de uma consciência, funcionando como escusa à análise do presente.”

ADPF 46/DF

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– União Homoafetiva –

“O Estado existe para auxiliar os indivíduos na realização dos respectivos projetos pessoais de vida, que traduzem o livre e pleno desenvolvimento da personalidade. O Supremo já assentou, numerosas vezes, a cobertura que a dignidade oferece às prestações de cunho material, reconhecendo obrigações públicas em matéria de medicamento e creche, mas não pode olvidar a dimensão existencial do princípio da dignidade da pessoa humana, pois uma vida digna não se resume à integridade física e à suficiência financeira. A dignidade da vida requer a possibilidade de concretização de metas e projetos. Daí se falar em dano existencial quando o Estado manieta o cidadão nesse aspecto. Vale dizer: ao Estado é vedado obstar que os indivíduos busquem a própria felicidade, a não ser em caso de violação ao direito de outrem, o que não ocorre na espécie.

Certamente, o projeto de vida daqueles que têm atração pelo mesmo sexo resultaria prejudicado com a impossibilidade absoluta de formar família. Exigir-lhes a mudança na orientação sexual para que estejam aptos a alcançar tal situação jurídica demonstra menosprezo à dignidade. Esbarra ainda no óbice constitucional ao preconceito em razão da orientação sexual.

(...)Com base nesses fundamentos, concluo que é obrigação constitucional do Estado reconhecer a

condição familiar e atribuir efeitos jurídicos às uniões homoafetivas. Entendimento contrário discrepa, a mais não poder, das garantias e direitos fundamentais, dá eco a preconceitos ancestrais, amesquinha a personalidade do ser humano e, por fim, desdenha o fenômeno social, como se a vida comum com in-tenção de formar família entre pessoas de sexo igual não existisse ou fosse irrelevante para a sociedade.”

ADPF 132/RJ

– Anistia –

“Anistia é o apagamento do passado em termos de glosa e responsabilidade de quem haja claudica-do na arte de proceder. Anistia é definitiva virada de página, perdão em sentido maior, desapego a paixões que nem sempre contribuem para o almejado avanço cultural. Anistia é ato abrangente de amor, sempre calcado na busca do convívio pacífico dos cidadãos.”

Ext 974/República Argentina

– Demarcação da Terra Indígena “Raposa Serra do Sol” –

“De tudo, surge o descompasso. Abandonou-se a premissa constitucional voltada à apuração da posse indígena em outubro de 1988 para ter-se, quem sabe considerado o menor esforço, a demarcação contínua como se, em toda a extensão territorial alcançada, houvesse a referida posse. O segundo descompasso está ligado à inviabilidade de harmonizar-se o isolamento ventilado, afastando-se a presença de brasileiros da área com a demarcação contínua. Uma coisa é dar-se a verificação da posse pelos indígenas em 1988 e preservá-la, impedindo-se a permanência de terceiros. Outra diversa, que não se coaduna com os ditames constitucionais, que a todos submetem, é fazer-se a demarcação contínua e, aí, em área de tamanho incompatível com o conceito de posse, chegar-se à exclusão dos que não sejam considerados, na via direta ou indireta, indígenas.

Neste caso, caminhar-se-á, na verdade, para o indesejável separatismo, para a limitação à liberdade de ir e vir prevista na Carta da República quanto a tantos outros brasileiros a formarem a maioria. (...)

(...)Há de fazer-se justiça. A Constituição brasileira mostra-se um todo composto de normas interli-

gadas, que não apresentam, considerado, ao menos, o texto primitivo, contradições. O que se passa a ter é visão distorcida, à mercê de interpretação discrepante do que nela se contém, potencializando-se certos dispositivos, e se lhes dando alcance insuplantável, em detrimento de outros, como se houvesse, no Documento Maior, preceitos de hierarquias diversas. Repito, à exaustão, para ouvidos que não se fazem sensíveis à realidade: a Carta Federal consagra, acima de tudo, a ordem natural das coisas, é ato de inteligência decorrente da vontade do povo brasileiro, não possuindo normas em prejuízo de outras, não possuindo normas de patamares diferentes. Deve-se perceber essa verdade maior, sob pena de grassar a insegurança jurídica no que vieram a predominar critérios circunstanciais, critérios momentâneos, destoantes de valores perenes.”

Pet 3.388/RR

– Proliferação de Cursos de Direito sem Qualidade –

“(...) a permissividade com que se consegue abrir os cursos de Direito de baixo custo, porquanto restritos ao ‘cuspe e giz’, decorrente de uma ideologia fiada no adágio ‘quanto mais, melhor’, merece severas críticas. Vende-se o sonho e entrega-se o pesadelo: após cinco anos de faculdade, o bacharel se vê incapaz de ser aprovado no exame de conhecimentos mínimos da Ordem, condição imposta para que possa exercer a advocacia e, com esta, prover a própria subsistência. A alegria do momen-to transmuda-se em drama pessoal. A reflexão sobre essa realidade cabe não só ao Supremo, mas também à sociedade brasileira.”

RE 603.583/RS

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– Imunidade Tributária para Livros, Jornais e Periódicos –

“O preceito constitucional há de merecer interpretação teleológica, buscando-se atingir, de forma plena, o objetivo visado, que outro não é senão afastar procedimentos que, de algum modo, possam inibir a produção material e intelectual de livros, jornais e periódicos. Sob o meu ponto de vista, a parte final do preceito, concernente à imunidade e à referência a livros, jornais e periódicos, não é exaustiva, e, tampouco, merecedora de interpretação literal, a ponto de dizer-se que somente se tem a imunidade quanto à venda e aos atos que digam respeito diretamente ao papel utilizado. Tal óptica redundaria no esvaziamento da regra constitucional. (...)

(...)Abandone-se, na espécie, a tentação ligada ao literalismo, perquirindo-se o objetivo maior da nor-

ma constitucional, isso diante da impossibilidade, e, diria mesmo, da inconveniência de o legislador ser casuísta. Para mim — e aí não estaríamos agora a discutir o alcance do preceito constitucional — seria suficiente a referência a livros, jornais e periódicos. A alusão ao papel, destinado a impressão, outro sentido não tem senão o de exemplificar um dos itens que entram na produção do bem. Os demais também estão abrangidos pela imunidade tributária, sob pena de tornar-se restrita a imunidade, desconhecendo-se o objetivo precípuo que, há de ser incansavelmente repetido, é o de verdadeiro estímulo à veiculação de notícias e ideias, tal como inerente ao próprio Estado Democrático de Direito.

– Quebra de Sigilo de Dados Bancários –

“Conforme disposto no inciso XII do art. 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção — a quebra do sigilo — submetida ao crivo de órgão equidistante — o Judiciário — e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal.

(...)É sempre oportuno atentar para os princípios consagrados na Carta Maior. A República Federa-

tiva do Brasil tem como fundamento a dignidade da pessoa humana — art. 1º, inciso III —, estando as relações internacionais norteadas pela prevalência dos direitos humanos — art. 4º, inciso II. A vida gregária pressupõe segurança — arts. 5º e 6º —, pressupõe estabilidade, e não a surpresa. No rol das garantias constitucionais de que desfrutam brasileiros e estrangeiros residentes no país, figura a inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas — inciso XII.”

RE 389.808/PR

Nunca é demais relembrar a importância de todos os esforços, por menores ou insignificantes que pareçam ser, no sentido da preservação da liberdade, o bem supremo e atributo maior a di-ferençar a espécie humana. Por outro lado, também já se afigura bastante conhecido o velho ardil da tributação excessiva como forma de obnubilar a livre atividade dos homens, ao tempo em que se engendra a mais vergonhosa das discriminações, porque sorrateira e subliminar: aquela que, viabilizada pela ignorância, pelo desconhecimento, conduz a uma crescente elitização, a separar os mais poderosos das massas populacionais mais carentes. Tal tipo de tributação diz com um modo ignóbil de manipular o que transparece ser direito inerente à cidadania: a liberdade de expressão e, por conseguinte, o acesso à informação.”

RE 174.476/SP

– Nepotismo –

“(...) embora sem querer enveredar os caminhos do moralismo barato, pondero ser necessária uma reflexão mais profunda sobre o sentido ético que lastreia normas deste quilate. As primeiras perguntas a serem feitas dizem com a razão de ser e o momento em que vêm à balha proposições normativas como a examinada. Pois bem, não há mesmo como olvidar as radicais transformações por que passa o Brasil. Colhemos os frutos benfazejos da democracia madura. E esperamos muito tempo por isso. O povo brasileiro já não tateia, mergulhado nas trevas da ignorância e consequente subserviência, em busca da mão ditadora e assistencialista (...). Procura, sim, firmeza na condução da nau, sem despotismo, porém. O brasileiro de hoje não mais implora pelo seus naturais direitos, exige-os.

(...)É esse o contexto no qual exsurgem as leis que, em última instância, indo ao encontro do anseio

popular pela afirmação definitiva da moralidade como princípio norteador das instituições públicas, atuam como diques à contenção da ancestral ambição humana. A um só tempo, mediante normas desse feitio, presta-se homenagem à justiça, na mais basilar acepção do termo, permitindo-se a quem de direito alcançar o patamar pelo qual pagou o preço do esforço, da dedicação e da competência. Por outro lado, usando da cartilha dos diletantes do Neoliberalismo, tão em voga nas altas esferas dirigentes do País, cabe lembrar que o mérito é a fórmula eficiente para chegar-se à qualidade total desejada aos serviços públicos, ditos essenciais. Ora, como é possível compatibilizar tais assertivas com a possibilidade de nomeação de parentes próximos para ocupar importantes — e até estraté-gicos — cargos de direção nas repartições públicas comandadas pelo protetor?”

ADI 1.521/RS

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– Dignidade da Mulher e Direito de Escolha pela Antecipação Terapêutica do Parto –

“(...) vale ressaltar caber à mulher, e não ao Estado, sopesar valores e sentimentos de ordem estri-tamente privada, para deliberar pela interrupção, ou não, da gravidez. Cumpre à mulher, em seu íntimo, no espaço que lhe é reservado — no exercício do direito à privacidade —, sem temor de reprimenda, voltar-se para si mesma, refletir sobre as próprias concepções e avaliar se quer, ou não, levar a gestação adiante.

Ao Estado não é dado intrometer-se. Ao Estado compete apenas se desincumbir do dever de in-formar e prestar apoio médico e psicológico à paciente, antes e depois da decisão, seja ela qual for (...).

(...)Não se trata de impor a antecipação do parto do feto anencéfalo. De modo algum. (...) Está em

jogo o direito da mulher de autodeterminar-se, de escolher, de agir de acordo com a própria vontade num caso de absoluta inviabilidade de vida extrauterina. Estão em jogo, em última análise, a pri-vacidade, a autonomia e a dignidade humana dessas mulheres. Hão de ser respeitadas tanto as que optem por prosseguir com a gravidez — por sentirem-se mais felizes assim ou por qualquer outro motivo que não nos cumpre perquirir — quanto as que prefiram interromper a gravidez, para pôr fim ou, ao menos, minimizar um estado de sofrimento. (...)

(...) A imposição estatal da manutenção de gravidez cujo resultado final será irremediavelmente a morte do feto vai de encontro aos princípios basilares do sistema constitucional, mais precisamente à dignidade da pessoa humana, à liberdade, à autodeterminação, à saúde, ao direito de privacida-de, ao reconhecimento pleno dos direitos sexuais e reprodutivos de milhares de mulheres. O ato de obrigar a mulher a manter a gestação, colocando-a em uma espécie de cárcere privado em seu próprio corpo, desprovida do mínimo essencial de autodeterminação e liberdade, assemelha-se à tortura ou a um sacrifício que não pode ser pedido a qualquer pessoa ou dela exigido.”

ADPF 54/DF

– Depositário Infiel –

“Ainda que se pudessem colocar em plano secundário os limites constitucionais, a afastarem, a mais não poder, a possibilidade de subsistir a garantia da satisfação do débito como meio coercitivo, no caso de alienação fiduciária, que é a prisão, tem-se que essa, no que decorre não da Carta Política da República, que para mim não a prevê, mas do Decreto-Lei 911/1969, já não subsiste na ordem jurídica em vigor, porquanto o Brasil, mediante o Decreto 678, de 6 de novembro de 1992, aderiu à Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, ao chamado Pacto de São José da Costa Rica, de 22 de novembro de 1969. (...) Entrementes, a adoção mostrou-se linear, consignando o art. 1º do Decreto mediante o qual promulgou a citada Convenção que a mesma há de ser cumprida tão inteiramente como nela se contém. Ora, o inciso VII do art. 7º revela que: ‘ninguém deve ser detido por dívida’. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente, expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. Constata-se, assim, que a única exceção contemplada corre à conta de obrigação alimentar. A promulgação sem qualquer reserva atrai, necessariamente e no campo legal, a conclusão de que hoje somente subsiste uma hipótese de prisão por dívida civil, valendo notar a importância conferida pela Carta de 1988 aos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.”

HC 72.131/RJ

– Garantias Constitucionais da Magistratura –

“As garantias da magistratura, longe de representarem um valor em si, possuem forte conotação instrumental. Destinam-se a salvaguardar a imparcialidade do juiz e o bom exercício da função judiciária. O juiz exerce o controle da atividade estatal, do que decorre a necessidade de ter garan-tida a independência em relação aos demais Poderes e a influências externas, ainda que as pressões surjam dentro do próprio tribunal.

A efetiva possibilidade de responsabilização dos juízes pela prática de infrações consubstancia conquista fundamental da democracia brasileira e traduz imperativo do sistema republicano, mas não cabe, para alcançar esse fim, flexibilizar as garantias processuais do magistrado previstas no Diploma Maior e colocar em risco a independência que lhe é essencial.”

ADI 4.638 MC/DF

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ESTIVADOR DO DIREITO

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FIRMEZA DE CONVICÇÃO: ATRIBUTO DO HOMEM, PREDICADO DO JUIZ

� Jovialidade, pontualidade e cordialidade são caracterís-ticas tidas como marcantes da personalidade do Ministro Marco Aurélio. A tendência a polemizar também constitui nota peculiar de seu caráter. O Ministro não hesita em ado-tar posicionamentos controversos, o que faz com a inde-pendência e a segurança de quem detém vasto e profundo conhecimento do Direito, de um lado, e elevada consciência social e ética humanista, de outro.1

� Segundo o jurista Sergio Bermudes, o Ministro tem-se distinguido, desde seu ingresso no STF, “pela originalidade” das suas decisões. “Embora ouvindo atentamente os seus pares, não hesita em discordar deles, ainda que a divergência o deixe sozinho”, afirma o jurista no prefácio do livro Ven-cedor e Vencido, de autoria do próprio Ministro. Na opinião de Bermudes, a divergência não assusta o Ministro Marco Aurélio nem abala a sua determinação, ainda quando o deixe em posição solitária. Para o jurista, “vencedor ou vencido, o Ministro Marco Aurélio deixará, nos seus julgamentos, a sua marca pessoal”.1

� Certa vez, ao ser questionado sobre o caráter polêmico de suas decisões, o Ministro Marco Aurélio declarou já es-tar acostumado às reações contrárias à sua atuação no STF. Disse ele: “Se polêmico for atuar de acordo com as próprias convicções, com o que eu denomino de espontaneidade maior, eu sou um juiz polêmico.”4

� O Ministro Celso de Mello já fez defesa pública do voto vencido, ao afirmar: “Aquele que vota vencido, por isso mes-mo, deve receber o respeito de seus contemporâneos, pois a história tem registrado que, nos votos vencidos, reside, mui-tas vezes, a semente das grandes transformações”. Tal afir-mação foi feita em tom de homenagem ao Ministro Marco Aurélio, que naquela tarde assumia a Presidência do STF.1

JUIZ HUMANISTA E DE GRANDE CONSCIêNCIA éTICA E SOCIAL

� O Ministro Marco Aurélio primeiro submete os casos que precisa decidir ao crivo de sua formação humanística, em busca da solução mais justa. Somente depois ele se apoia na ordem jurídica em vigor para consagrar a solução eleita. É também com base nessa óptica humanista que o Minis-tro adotou em seu Gabinete “a preferência da preferência”, para estabelecer que prioridade dar aos tantos processos que aguardam sua apreciação. Por esse critério, costumam ser privilegiados os casos que implicam mais angústia e so-frimento às partes.5

� Em sua gestão à frente do STF, o Ministro Marco Aurélio determinou a adoção da cota de 20% para negros nas em-presas prestadoras de serviços ao Tribunal. A Suprema Corte tornou-se a segunda instituição pública do País a adotar ação afirmativa voltada à ampliação do acesso da população negra ao mercado de trabalho.6

� Em 18 de dezembro de 2002, o Ministro Marco Aurélio, então Presidente do STF, criou, por meio da Resolução 246,

� O Ministro Marco Aurélio tomou posse no Supremo Tribunal Federal com 43 anos de idade, tornando-se o mais jovem entre os Ministros daquela composição.

� Atualmente o STF está integrado às principais redes so-ciais virtuais: tem página na internet, no Twitter e no You-Tube, por exemplo. Essas ferramentas, hoje consolidadas, informam o público sobre o trabalho da Corte em tempo real. Quem deu início a esse diálogo foi o Ministro Marco Aurélio, em 2001, quando era Presidente do Tribunal.1

� Foi também na gestão do Ministro Marco Aurélio que as pautas de julgamento do Tribunal passaram a ser divulga-das na internet, para que a sociedade tivesse conhecimento prévio dos temas a serem discutidos. Essa abertura garantiu maior transparência e melhor acompanhamento pela socie-dade do que acontece no Supremo.1

� O Ministro Marco Aurélio também foi responsável pela criação, em 2001, de um sistema de protocolo dinâmico para recursos extraordinários e agravos, que chegam ao STF

enviados por outros tribunais. Esses processos passaram a receber imediatamente número e código de barras, para acompanhamento desde o primeiro dia. Antes, levavam de 30 a 60 dias para serem protocolados. Os setores responsá-veis pelos processos originários do Supremo também ganha-ram novas máquinas de protocolo durante a Presidência do Ministro Marco Aurélio, com o objetivo de tornar o sistema mais seguro e rápido.1

� Quando foi Presidente do Tribunal Superior Eleitoral em 1996, o Ministro Marco Aurélio enfrentou o desafio de con-duzir a primeira eleição totalmente informatizada nas capitais e nos municípios brasileiros com mais de 200 mil eleitores.

� O Ministro Marco Aurélio foi o primeiro Presidente do STF a participar de um bate-papo na internet. Para ele, o evento ensejaria a oportunidade de “reformular a relação entre o Judiciário e a população”.2 O debate virtual ocorreu em 18 de junho de 2001, promovido pela Folha Online. Par-ticiparam do chat aproximadamente 915 internautas, uma das maiores audiências do horário já registradas pelo site Universo Online (UOL). O Ministro respondeu a 35 das perguntas enviadas pelos internautas.3

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o Código de Ética dos Servidores do Supremo Tribunal Fe-deral e a Comissão de Ética.

� O Ministro Marco Aurélio sempre reconheceu o valor dos servidores públicos e os defendeu frente à opinião públi-ca. Em 1996, por exemplo, escreveu um artigo para o jornal Correio Braziliense intitulado “Servidor: uma questão de justiça”. No texto, registrou: “Não há como esquecer que os servidores públicos formaram, ao longo de toda a história do Brasil, a espinha dorsal que possibilitou o contínuo, ainda que lento, crescimento do país”. Coerente em suas convic-ções, durante o período em que presidiu o STF, o Ministro Marco Aurélio lutou em prol de reajuste dos vencimentos dos servidores do Judiciário.7

HOMEM INTENSO E APRECIADOR DA CULTURA POPULAR

� Fã de futebol, em agosto de 2003 o Ministro Marco Auré-lio recebeu homenagem do América Futebol Clube de Minas Gerais (o América Mineiro). A condecoração traduziu o agradecimento do clube pela contribuição do Ministro para o desenvolvimento do esporte e por sua destacada atuação no Judiciário em benefício da sociedade.1

� O time de futebol do coração do Ministro Marco Aurélio é o Flamengo, do qual já ganhou de presente uma camisa 10 com o seu nome grafado nas costas. O Ministro costuma ir a estádios para assistir aos jogos do clube, e até no Gabinete há uma bandeira do time. O hino do clube costumava ser o toque do celular do Ministro, mas isso o deixou descon-certado em certa ocasião. Ele presidia sessão plenária da Corte quando alguém lhe telefonou. Como o Presidente havia esquecido o aparelho ligado próximo ao microfone, levou o som do hino rubro-negro a todo o Plenário.1

� Quando trabalha em casa, o Ministro Marco Aurélio, apreciador de boa música que é, costuma fazê-lo ao som

de Chico Buarque, Caetano Veloso e Mozart. O Ministro também aprecia grandes nomes da literatura brasileira, tan-to que, quando lhe perguntaram quem ele ressuscitaria, se tivesse esse poder, respondeu: “Nestes tempos tão ácidos, Drummond e Vinícius para nos acalentar com mais poesia”.8

� De personalidade complexa e multifacetada, o Ministro Marco Aurélio tanto recita ditos populares como cria frases espirituosas e de impacto durante os julgamentos. É comum ver em seus votos frases como “Cesteiro que faz um cesto, faz um cento” (HC 102.732) e “Filho feio não tem pai, mas filho bonito tem” (ADI 4.638 MC), ao lado de outras de sua própria lavra, como “Paga-se um preço por se viver em uma

democracia” e “A coisa julgada tem envergadura constitu-cional. Nem mesmo a lei pode feri-la de morte”.

� Romântico, o Ministro Marco Aurélio adquiriu um fusca cor verde-musgo, ano 1969, apenas porque o veículo des-pertava nele uma lembrança especial: em 1972, foi dirigindo um veículo dessa cor e modelo que o Ministro chegou até o Paraguai para desfrutar de sua lua de mel.5

� Um dos hobbies preferidos do Ministro Marco Aurélio é andar de motocicleta. Apesar de não dispor de muito tempo para passear em sua “boneca nissei”, uma Kawasaki de 1.500 cilindradas, o Ministro afirma que já a usou como meio de transporte para chegar ao STF. “Eu perguntei à velha guarda, à época, se implicava quebra de decoro ir com a moto ao Supremo. (...) e eu próprio respondi, brincando como bom carioca e com o humor que nós devemos manter na vida, espiritualidade maior: depende da garupa.”

PROFISSIONAL COMPROMETIDO COM A MISSÃO DE JULGAR

� Quando menino, Marco Aurélio queria seguir os passos do pai e ser advogado do Banco do Brasil. Mas sua trajetó-ria foi se tornando mais ampla a cada passo que ele dava.

Em 1973, o futuro Ministro do STF graduou-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direi-to da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1982, concluiu o mestrado em Direito Privado na mesma faculdade e participou de uma série de cursos de extensão e aperfeiçoamento no Brasil e no exterior.1

� Para o Ministro Marco Aurélio, a tarefa de julgar é in-delegável. Aos assessores diretos cabe apenas a pesquisa (de legislação ou jurisprudência) e a elaboração de minutas de relatório, em que resumem todas as informações do proces-so para subsidiar o voto do Ministro.1 e 5

� O método de trabalho do Ministro Marco Aurélio é o mesmo há mais de 30 anos. Em casa, as decisões, elaboradas por ele oralmente, são registradas em um gravador. Depois, a equipe do Gabinete encarrega-se de degravar e revisar o texto. Por fim, o Ministro relê e assina o voto.1 e 10

� A servidora que há mais tempo convive com o Minis-tro Marco Aurélio, desde quando ele integrava o Tribunal Superior do Trabalho, é quem garante: o tempo passa para todo mundo, menos para ele. “É lógico que ele envelheceu, ficou com os cabelos brancos, mas continua com o mes-mo idealismo, com o mesmo entusiasmo, com a mesma coragem, com o mesmo vigor que tinha em 1987, quando o conheci. Ele é incansável. Faz cada processo, um a um, como se fosse o primeiro e como se fosse o último”, conta a assessora, que o compara à figura de Dom Quixote, só que “com o pé no chão”.1

� A mesma assessora relata que o Ministro é extrema-mente rigoroso consigo mesmo. Ele não se permite errar, e isso acaba refletindo em sua atuação como chefe. “Ele cobra o máximo de atenção no trabalho, tendo em vista que o Supremo é a ponta. Se errarmos aqui, quem vai corrigir? A quem recorrer?”, justifica a servidora. Quando o Ministro encontra algo errado, chama o responsável e conversa. Com gentileza, pondera que houve uma negligência, um descuido, e que o processo não foi tratado como deveria. No Gabinete, não há cobrança de produtividade nem estipulação de cotas

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a serem alcançadas. “A regra aqui é a qualidade, e, quando alguém erra, todos ficam contrariados”, conta.1

� Outra regra do Gabinete do Ministro Marco Aurélio é ser feliz, registra outro assessor. Quando as pessoas estão felizes, trabalham melhor, mais satisfeitas, e isso reflete no dia a dia do Gabinete. “Lido com os processos criminais, e o que sobressai é o aspecto humanista do Ministro Marco Au-rélio na aplicação da lei penal. Ele considera essencial que o Estado esteja aparelhado para julgar em tempo hábil, porque a prisão sem que haja uma sentença torna-se algo ilegal pela morosidade do Estado em aparelhar-se”, afirma o servidor.1

� O Ministro Marco Aurélio é conhecido por ser bastante acessível. Por mais que lhe falte espaço na agenda, não se recu-sa a receber advogados.9 Com paciência e cordialidade, ouve atentamente o que estes têm a dizer e demonstra preocupação com as causas, sejam quais forem. No entanto, o Ministro faz questão de ressaltar que “embargos auriculares” não têm efeito algum sobre as decisões que profere.10 Ele sempre vota de acor-do com a sua consciência e com o que consta no processo.11

� Uma característica notável do Ministro Marco Aurélio é a pontualidade. Em geral, ele é o primeiro a chegar às sessões de julgamento.

� Entre os doutrinadores preferidos do Ministro, estão José Afonso da Silva e Paulo Bonavides.12 Dotado de exce-lente memória, o Ministro Marco Aurélio não usa notebook durante as sessões de julgamento nem recorre a anotações para citar leis, jurisprudência e doutrina.

� De acordo com seus assessores, outro aspecto admirável no trabalho do Ministro Marco Aurélio é que não há, para ele, um processo mais relevante do que outro. Cada caso é único e requer o mesmo distanciamento em relação aos aspectos analisados. De fato, em várias entrevistas e dis-cursos, o Ministro afirma que “o processo não tem capa, tem conteúdo” 11 e 13, ou seja, em sua análise não importa quem seja a parte ou o patrono, mas sim a questão posta a ser julgada, o que ressalta a imparcialidade como princípio ético maior a nortear o trabalho do julgador.

Os textos foram adaptados das seguintes fontes:1. Notícias STF de 13 jun. 2010.2. Folha Online de 17 jun. 2001 (http://www1.folha.uol.com.br/

fsp/brasil/fc1706200123.htm).3. Notícias STF de 18 jun. 2001.4. Folha de S.Paulo de 18 maio 1996, p. 8.5. Anuário da Justiça — 2007, p. 73.6. Jornal do Brasil de 7 dez. 2001, p. 3.7. Correio Braziliense de 26 nov. 1996, p. 17.8. Revista Dinheiro de 17 jan. 2001, p. 32-34.9. Folha Online de 2 jan. 2001 (http://www1.folha.uol.com.br/

folha/brasil/ult96u13153.shtml)10. Anuário da Justiça — 2010, p. 53.11. Anuário da Justiça — 2011, p. 44.12. Anuário da Justiça — 2011, p. 47.13. Revista Época de 17 fev. 2010 (http://colunas.revistaepoca.

globo.com/falabrasil/tag/marco-aurelio-mello/).

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Ministro Marco Aurélio, na solenidade de sua posse no cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal, em 13 de junho de 1990.

Ministro Marco Aurélio, quando criança.

O Ministro Marco Aurélio e a esposa, Desembargadora Sandra De Santis Mendes de Farias Mello.

Composição plenária por ocasião da posse dos Ministros Carlos Velloso e Marco Aurélio no Supremo Tribunal Federal, em 13 de junho de 1990. Da esquerda para a direita, senta-dos: Ministros Sydney Sanches, Moreira Al-ves, Néri da Silveira (Presidente), Aldir Pas-sarinho (Vice-Presidente) e Octavio Gallotti. Na mesma ordem, de pé: Ministros Carlos Velloso, Sepúlveda Pertence, Célio Borja, Paulo Brossard, Celso de Mello e Marco Aurélio, e o Procurador-Geral da República, Dr. Aristides Junqueira.

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Ministro Marco Aurélio em seu Gabinete no Supremo Tribunal Federal.

Composição plenária por ocasião da segunda posse do Ministro Francisco Rezek no Supremo Tribunal Federal, em 21 de maio de 1992. Da esquerda para a direita, sentados: Ministros Octavio Gallotti (Vice--Presidente), Moreira Alves, Sydney Sanches (Presidente), Néri da Silveira e Paulo Brossard. Na mesma ordem, de pé: Ministros Ilmar Galvão, Carlos Velloso, Sepúlveda Pertence, Celso de Mello, Marco Aurélio e Francisco Rezek, e o Vice-Procurador-Geral da República, Dr. Moacir Antonio Machado da Silva.

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O Ministro Marco Aurélio assina a ata de posse no cargo de Presidente do Supremo Tribunal Federal, em 31 de maio de 2001.

Ministros Marco Aurélio e Ilmar Galvão em evento de maio de 2001.

O Ministro Marco Aurélio preside sessão plenária do Supremo Tribunal Federal, em 4 de junho de 2001.

Composição plenária do Supremo Tribunal Federal por ocasião da posse dos Ministros Marco Aurélio e Ilmar Galvão, respectivamente, na Presidência e na Vice-Presidência da Corte, em 31 de maio de 2001. Da esquerda para a direita, sentados: Ministros Sydney Sanches, Moreira Alves, Marco Aurélio (Presidente), Néri da Silveira e Sepúlveda Pertence. Na mesma ordem, de pé: Ministros Nelson Jobim, Ilmar Galvão (Vice-Presidente), Celso de Mello, Carlos Velloso, Maurício Corrêa e Ellen Gracie, e o Procurador-Geral da República, Dr. Geraldo Brindeiro.

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O Ministro Marco Aurélio, Presidente do Supremo Tribu-nal Federal, recebe o Presidente do Clube de Regatas do Flamengo, Edmundo Silva, em 3 de julho de 2001.

O Ministro Marco Aurélio, Presidente do Supremo Tri-bunal Federal, em visita oficial ao Papa João Paulo II, no Vaticano, em 3 de outubro de 2001.

Em 15 de maio de 2002, no exercício interino da Presidência da República, o Ministro Marco Aurélio despede-se do Presidente Fernando Henrique Cardoso, que embarca em viagem para o exterior.

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Solenidade de entrega ao Ministro Marco Aurélio, Presi-dente do Supremo Tribunal Federal, do título de acadêmi-co “honoris causa” da Academia Paulista de Magistrados, em 19 de fevereiro de 2002.

O Ministro Marco Aurélio, no exercício da Presidência da República, recebe em audiência o Ministro da Fazenda, Pedro Malan, em 15 de maio de 2002.

Ministro Marco Aurélio, durante aula no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), em 20 de maio de 2002.

Em 3 de julho de 2002, o Ministro Marco Aurélio, Presi-dente do Supremo Tribunal Federal, recebe o Presidente dos Estados Unidos do México, Vicente Fox, em visita oficial deste à Corte.

O Ministro Marco Aurélio, Presidente do Supremo Tribu-nal Federal, conversa com o Vice-Ministro da Justiça da República Popular da China, Fan Fangping, durante visita oficial deste à Corte, em 3 de julho de 2002.

Em 29 de julho de 2002, o Ministro Marco Aurélio, Presi-dente do Supremo Tribunal Federal, recebe o Presidente da República Federativa de Timor-Leste, Xanana Gusmão, em visita oficial.

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Ministro Marco Aurélio, Presidente do Supremo Tribunal Federal, em visita oficial ao Supremo Tribunal Popular da China, em agosto de 2002.

Em 6 de agosto de 2002, em La Paz, o Ministro Marco Aurélio, Presidente do Supremo Tribunal Federal, representa o Brasil na cerimônia de posse do Presidente da República da Bolívia, Gonzalo Sánchez de Lozada.

O Ministro Marco Aurélio posa com a família, em maio de 2002. Da esquerda para a direita: os filhos Eduardo Affonso e Renata; o Ministro Marco Aurélio; a esposa, Sandra; e as filhas Leticia e Cristiana.

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Em 17 de maio de 2002, o Ministro Marco Aurélio, Presidente da República em exercício, sanciona a lei que criou a TV Justiça, em solenidade no Palácio do Planalto.

O Ministro Marco Aurélio, Presidente do Supremo Tribunal Federal, inaugura as instalações da TV Justiça, em 2 de agosto de 2002.

O Ministro Marco Aurélio, Presidente do Supremo Tribunal Federal, recebe a visita de estudantes da rede pública de ensino do Estado de Rondônia, em 6 de setembro de 2002.

O Ministro Marco Aurélio, Presidente do Supremo Tribunal Federal, recebe grupo de índios Pataxó Hã-Hã-Hãe, em 6 de fevereiro de 2003.

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O Ministro Marco Aurélio conversa com o Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, em solenidade de instalação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, em fevereiro de 2003.

O Ministro Marco Aurélio, Presidente do Supremo Tribunal Federal, recebe o título de Cidadão Honorário de Brasília, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, em 29 de maio de 2003.

O Ministro Maurício Corrêa cumprimenta o Ministro Marco Aurélio, durante solenidade de aposição do retrato deste na Galeria de Presidentes do Supremo Tribunal Federal, em 10 de dezembro de 2003.

Solenidade de Honra ao Mérito do Servidor do Supremo Tribunal Federal, em 11 de fevereiro de 2003. Da esquerda para a direita: Ministros Aldir Passarinho (aposentado), Marco Aurélio (Presiden-te), Néri da Silveira (aposentado), Sydney Sanches, Sepúlveda Pertence e Rafael Mayer (aposentado).

Solenidade de aposição do retrato do Ministro Marco Aurélio na Galeria de Presidentes do Supremo Tribunal Federal, em 10 de dezembro de 2003.

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Ministro Marco Aurélio, em entrevista sobre a posse como Ministro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral, em março de 2005.

O Ministro Marco Aurélio recebe os cum-primentos do Ministro Nelson Jobim pela posse como membro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral, em 2005.

O Ministro Carlos Velloso cumprimenta o Ministro Marco Aurélio em cerimônia de posse deste como membro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral, em 2005.

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Em 15 de agosto de 2007, o Ministro Marco Aurélio e a Presidente do Supremo Tribunal Federal, Minis-tra Ellen Gracie, inauguram o primeiro canal da TV Justiça com sinal aberto.

Lançamento do livro “Vencedor e Vencido”, de autoria do Mi-nistro Marco Aurélio, em 6 de dezembro de 2006, no Espaço Cultural da Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal, no Supremo Tribunal Federal.

O Ministro Marco Aurélio conversa com o Ministro Eros Grau durante intervalo de sessão plenária do Supremo Tribunal Federal, em 11 de setembro de 2008.

O Ministro Marco Aurélio e o ex-jo-gador Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, durante a exposição “As Mar-cas do Rei”, em 25 de junho de 2008, no Museu Nacional da República.

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Abertura da exposição “O Supremo e o Cidadão”, em 1º de outubro de 2008.

Ministros Marco Aurélio e Menezes Direito, durante sessão plenária do Supremo Tribunal Federal, em 19 de março de 2009.

Em 1º de setembro de 2002, o Ministro Marco Aurélio, Presidente do Supremo Tribunal Federal, no exercício da Presidência da República, abre as comemorações da Semana da Pátria durante solenidade de troca da Bandeira Nacional, na Praça dos Três Poderes.

Ministro Marco Aurélio ao lado da Ministra Ellen Gracie, durante intervalo da sessão plenária do Supremo Tribunal Federal de 9 de dezembro de 2009.

Em 4 de março de 2010, o Ministro Marco Aurélio conversa com o Ministro Celso de Mello antes de sessão plenária do Supremo Tribunal Federal.

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Ministros Marco Aurélio e Gilmar Mendes, durante sessão plenária do Supremo Tribunal Federal, em 27 de outubro de 2010.

Ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso, antes de sessão plenária do Supremo Tri-bunal Federal, em 25 de fevereiro de 2010.

Cerimônia de posse do Ministro Marco Aurélio no Tribunal Superior Eleitoral, em 13 de maio de 2010.

O Ministro Marco Aurélio e a Ministra Cár-men Lúcia conversam antes do início de ses-são plenária do Supremo Tribunal Federal, em 27 de setembro de 2010.

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Ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, durante a sessão plenária do Supremo Tribunal Federal de 28 de setembro de 2011.

Ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli, em sessão de julga-mento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em 10 de maio de 2011.

O Ministro Marco Aurélio concede entre-vista sobre o atentado contra as torres do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.

Ministros Marco Aurélio e Ayres Britto, durante a sessão plenária do Supremo Tribunal Federal de 24 de agosto de 2011.

Os Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux conversam antes do início de sessão plenária do Supremo Tribunal Federal, em 15 de março de 2012.

O Ministro Marco Aurélio conversa com a Ministra Rosa Weber antes da sessão plenária do Supremo Tribunal Federal de 8 de março de 2012.

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O Ministro Marco Aurélio abre audiência pública sobre o uso do amianto na indústria brasileira, em 24 de agosto de 2012.

Os Ministros Marco Aurélio e Joaquim Barbosa, Presidente do Su-premo Tribunal Federal, dirigem-se ao Plenário, para a sessão de julgamento de 2 de outubro de 2013.

Ministro Marco Aurélio, após encontro com estudantes no Supremo Tribunal Federal, em 23 de maio de 2013.

Ministro Marco Aurélio, durante sessão de julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em 25 de novembro de 2013.

Cerimônia de posse do Ministro Marco Aurélio no cargo de Presidente do Tribunal Superior Elei-toral, em 19 de novembro de 2013.

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Em 5 de dezembro de 2013, o Ministro Marco Aurélio dirige-se a sessão de julgamento no Plenário do Supremo Tribunal Federal.

Ministros Marco Aurélio e Roberto Barroso.

O Ministro Marco Aurélio conversa com o Ministro Teori Zavascki antes da sessão plenária do Supremo Tribunal Federal de 20 de março de 2014.

O Ministro Marco Aurélio abre sessão plenária do Supremo Tribunal Federal, em 14 de maio de 2014.

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Esta obra foi concluída em 14 de maio de 2015

ISBN 978-85-61435-50-9