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www.spoftalmologia.pt EDIçãO DIáRIA 55.º Congresso Português de Oftalmologia/1.º Congresso de Oftalmologia de Língua Portuguesa | 6 a 8 de Dezembro 2012 Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros marcou presença neste Congresso SáBADO DEZ. 8 Ao final da manhã de ontem, Paulo Portas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, falou aos oftalmologistas presentes neste 55.º Congresso Português de Oftalmologia/1.º Congresso de Oftalmologia de Língua Portuguesa. Depois de aludir à atual situação económica que o País atravessa, o ministro afirmou que «a Saúde é uma das áreas mais importantes para atrair investimento estrangeiro». «Queremos abrir o nosso País a investimentos de qualidade na área da Saúde. E tenho também verificado que grupos económicos portugueses que apostam nesta área se estão a internacionalizar em países lusófonos», realçou Paulo Portas.

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Edição diária

55.º Congresso Português de oftalmologia/1.º Congresso de oftalmologia de Língua Portuguesa | 6 a 8 de dezembro 2012

Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros marcou presença

neste Congresso

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Ao final da manhã de ontem, Paulo Portas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, falou aos oftalmologistas presentes neste 55.º Congresso Português de Oftalmologia/1.º Congresso de Oftalmologia de Língua Portuguesa. Depois de aludir à atual situação económica que o País atravessa, o ministro afirmou que «a Saúde é uma das áreas mais importantes para atrair investimento estrangeiro». «Queremos abrir o nosso País a investimentos de qualidade na área da Saúde. E tenho também verificado que grupos económicos portugueses que apostam nesta área se estão a

internacionalizar em países lusófonos», realçou Paulo Portas.

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o caminho da oftalmologia na língua de camões

Uma viagem no tempo, pelo trilho de al-guns dos oftalmologistas portugueses

que mais se destacaram no mundo, é o que propõe o Dr. Fernando Bívar, do Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, em Lisboa. Na comunicação sobre «Oftalmologistas portugueses no mundo», este especialis-ta vai lembrar nomes como o do Dr. José Gama Pinto, responsável pelo curso teóri-co-prático de Oftalmologia fundado 1889, e do Prof. José António Marques, fundador da Cruz Vermelha Portuguesa, em 1865.

Mas a viagem vai mais longe, até ao século XIII, época de Pedro Hispano, o médico português que, antes de ser eleito Papa (João XXI), se notabilizou na Europa graças a um tratado de Oftalmologia. «Há uma história documentada na Sociedade das Ciências Médicas e na Sociedade de Geografia. Penso que vou surpreender os colegas com um passado que não conhe-cem», promete Fernando Bívar.

De regresso ao presente, o Dr. Paulo Freitas, presidente do Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), fala sobre as iniciativas desta organização não governamental para

inês Melo e Luís Garcia

a sessão «oftalmologia falada em português» vai estimular a reflexão sobre o estado desta especialidade nos diferentes países de língua portuguesa, entre as 08h30 e as 09h45, no auditorium 1.

o desenvolvimento, nomeadamente do pro-jeto «Cooperação em Saúde».

Três países, três projetos distintos: a reabilitação da Faculdade de Medicina em Moçambique, o projeto «Saúde para Todos» em São Tomé e Príncipe, e um programa de redução da mortalidade materno-infantil na Guiné-Bissau. «As necessidades são di-ferentes dependendo do país e alteram-se com o tempo», sublinha Paulo Freitas

«Médicos da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]» é o tema que vai ser abordado na sessão pelo Dr. Júlio Barros de Andrade, Bastonário da Ordem dos Médicos de Cabo Verde.

O futurO é AgOrA! Para discutir os desafios inerentes às no-vas tecnologias de informação e comunica-ção (TIC), a Dr.ª Helena Prior Filipe, do Ins-tituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, em Lisboa, intervém com o tema «E-learning e desenvolvimento profissional contínuo (DPC): uma iniciativa global. A língua por-tuguesa na Oftalmologia mundial».

Segundo Helena Prior Filipe, as TIC

assumem-se como uma excelente plata-forma capaz de catalisar este paradigma: «Disponibilizam ferramentas baseadas na socialização, muitas delas gratuitas e de fácil utilização, uma vez que são usadas com finalidade prática e diária, fomentando a globalização do conhecimento médico.»

Na sua comunicação, para além de con-ceptualizar e exemplificar algumas ferra-mentas da Web 2.0, esta especialista fará ainda referência a alguns exemplos da par-ticipação lusófona neste âmbito.

«Conhecimento científico, investigação e universidades ‒ uma nova realidade» é o tema a abordar pelo Prof. Eduardo Silva, oftalmologista pediátrico no Centro Hospi-talar e Universitário de Coimbra, na mesma sessão. «No século XXI, há uma necessi-dade premente de responder a novos desa-fios e de evoluir do conceito de universida-de para pluriversidade», contextualiza este orador. Na sua intervenção, Eduardo Silva irá também discutir como esta evolução conceptual é feita através de uma «adap-tação às mudanças sociais e económicas com que hoje nos confrontamos».

Em entrevista ao Visão SPO, o Prof. José Manuel Silva, bastonário da Ordem os Médicos (OM), fala sobre os projetos em desenvolvimento na OM e co-menta o impacto da situação económica atual na cooperação com os países da CPLP.

Que projetos está a Ordem dos Médicos a desen-volver com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa?Em 2007, entre a Comunidade Médica de Língua Portuguesa (CMLP), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o governo de Cabo Verde, foi assinado o acordo para a criação do Centro de formação Médica Especializada (CfME). O projeto, um sucesso no período experimental, foi constituído como uma ponte entre a investigação e a formação médica nos países da CPLP. Neste

momento, o seu futuro está a ser discutido, preten-dendo-se que mantenha e reforce as suas ações.

As restrições económicas dificultam ou tornam mais necessária a partilha de conhecimentos e meios entre as nações da CPLP?As dificuldades económicas complicam a coopera-ção, mas, além das ameaças, trazem as oportunida-des para implementar novas formas de cooperação. A Saúde, sendo particularmente sensível e caren-te, é uma área excelente para Portugal promover essa mesma cooperação, pois tem uma expertise e recursos de altíssima qualidade. Por outro lado, a formação de quadros superiores na área da Saúde, que também não exige volumosas somas financei-ras, tem um impacto positivo nas populações com um fator multiplicador muito relevante.

Ponto de vista do bastonário Português da ordem dos médicos

o dr. Fernando Bívar, a dr.ª Helena Prior Filipe, o Prof. Eduardo Silva, o dr. Júlio Barros de andrade e o dr. Paulo Freitas são os oradores da sessão

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«a saúde é uma das áreas mais imPortantes Para atrair investimento estrangeiro»

inês Melo

a presença do ministro de estado e dos negócios estrangeiros, Paulo Portas, neste 55.º congresso Português de oftalmologia/1.º congresso de oftalmologia de língua Portuguesa, foi um dos pontos-altos do dia de ontem.

curso Prático sobre PtosesExplicar como fazer o estudo da ptose para chegar a um diagnósti-

co e tratamento corretos é o grande propósito do Curso «Ptoses: avaliação, indicações e tratamento», que decorre esta tarde, entre as 17h00 e as 18h30, no Auditorium 2. Esta formação é organizada pelo Dr. João Cabral, coordenador do Grupo Português de Patolo-gia, Oncologia e Genética Ocular da SPO, também responsável pela introdução ao tema e por fazer uma revisão anatómica da ptose.

«A ptose palpebral é uma das patologias mais frequentes nas consultas de oculoplástica», nota a Dr.ª Mara Ferreira, também oradora neste Curso e oftalmologista no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), que falará sobre a avalia-ção clínica desta patologia.

Segundo Mara Ferreira, os mecanismos fisiopatológicos da ptose dividem-se em quatro: aponevrótico, muscular, neurológico ou me-cânico. Esta patologia pode surgir de forma congénita ou adquirida e a sua evolução pode ser progressiva ou estática. «Estas variadas causas e formas de apresentação requerem uma disciplina metó-dica na observação dos doentes, para que seja possível chegar a um diagnóstico correto e a um tratamento adequado, normalmente cirúrgico», explica a oftalmologista.

Para abordar o tratamento, este Curso conta ainda com a inter-venção do Dr. Guilherme Castela, oftalmologista no Hospital Geral/

/Covões e no Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar e Universitá-rio de Coimbra. Reforçando a ideia de que o tratamento da ptose é quase sempre cirúrgico, este especialista sublinha a importância do timing da cirurgia, bem como a necessidade de eleger a técnica con-soante o tipo de ptose. «É muito importante salientar que o estudo aprofundado da ptose e a escolha da técnica mais adequada se re-fletem no resultado final», conclui Guilherme Castela. Inês Melo

oS ForMadorES: dr.ª Mara Ferreira, dr. João Cabral e dr. Guilherme Castela

Num encontro que será recordado pelo esforço dos oftalmologistas na

afirmação da lusofonia, a Dr.ª Manuela Carmona, presidente da Sociedade Por-tuguesa de Oftalmologia (SPO), elogiou o potencial da língua portuguesa, realçando que a presença do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros «representa um importante incentivo ao desenvolvi-mento de uma sociedade de Oftalmologia de língua portuguesa».

Tomando a palavra a seguir, Paulo Portas começou por evidenciar o valor «cultural, económico e diplomático» da

língua portuguesa. «A globalização não é apenas uma competição entre economias abertas, é também uma competição entre línguas que querem garantir o estatuto de “línguas vivas” para o futuro», disse o mi-nistro, para depois acrescentar que o por-tuguês está particularmente bem posicio-nado como uma língua com «elevadíssimo potencial de crescimento».

Afirmar o português é uma necessidade e, neste contexto, as reuniões científicas são um importante contributo. «É vanguar-dista e moderno organizar congressos cien-tíficos que reúnem o “mundo” que fala por-

tuguês, porque é um “mundo” muito maior do que, por vezes, os nossos olhos podem ver», notou Paulo Portas, referindo-se à organização deste 1.º Congresso de Oftal-mologia de Língua Portuguesa.

Depois de aludir à atual situação econó-mica que o País atravessa, Paulo Portas afirmou que «não há crescimento sem in-vestimento», acrescentando que «a Saúde é uma das áreas mais importantes para atrair investimento estrangeiro». «Quere-mos abrir o nosso País a investimentos de qualidade na área da Saúde. E tenho tam-bém verificado que grupos económicos por-tugueses que apostam nesta área se estão a internacionalizar em países lusófonos», realçou ainda Paulo Portas.

Nesse sentido, o ministro destacou a par-ceria entre a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e o Health Cluster Portugal, cujo trabalho conjunto se tem refletido na partilha de in-formação sobre tendências de produtos e serviços inovadores, bem como em ações de networking entre pequenas e médias empresas (PME).

o ministro Paulo Portas ladeado pelo Prof. rui Proença, presidente do Colégio de oftalmologia da ordem dos Médicos, e pela dr.ª Manuela Carmona, presidente da Sociedade Portuguesa de oftalmologia

Paulo Portas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros

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A primeira intervenção é a do Dr. Marco Antônio Rey de Faria, presidente

do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), que fala sobre as causas e solu-ções para as descentralizações das len-tes intraoculares (LIO). «As lentes intra-oculares estão cada vez mais próximas do cristalino do olho humano. No entanto, os progressos exigem uma técnica mais precisa e uma centralização cada vez mais perfeita, porque uma mínima inclina-ção – provocada, por exemplo, por uma capsulrrexe imperfeita – pode resultar em coma e em distúrbios visuais», sublinha este especialista.

Rey de Faria refere ainda que as prin-cipais causas para a ocorrência de des-centralizações das LIO são «o diâmetro inadequado da háptica da LIO; a coloca-ção no sulco ciliar de uma LIO desenhada para o saco capsular; o implante da LIO com uma alça no saco capsular e outra no sulco ciliar; a capsulorrexe assimétrica ou irregular; a falta de um adequado su-porte capsular no caso das lentes tóricas e deslocamento das mesmas».

alterações da córnea e lentes de contacto em destaque no simPósio do cbo

o simpósio do conselho brasileiro de oftalmologia (cbo) decorre entre as 11h00 e as 12h00, no auditorium 1, e conta com as intervenções de quatro especialistas brasileiros: dr. marco antônio rey de faria, Prof. milton

ruiz alves, dr. nilo holzchuh e dr. mauro nishi.

Tiago Mota

trAtAMENtO DA CErAtItE hErPétICAO segundo orador no Simpósio do CBO é o Prof. Milton Ruiz Alves, docente no Hospi-tal das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que foca o tratamento da ceratite herpética. De acor-do com este oftalmologista, «as ceratites infeciosas são responsáveis por cerca de 30% dos casos de leucoma da córnea», que constitui «a segunda causa do número estimado de pessoas cegas – 45 milhões – e é também a segunda causa dos 135 milhões de portadores de défice visual gra-ve, em ambos os olhos». Por sua vez, «a infeção pelo herpes simples é a causa viral predominante das ceratites».

Milton Ruiz Alves indica que o tratamento da ceratite herpética infeciosa é realizado «através do desbridamento da lesão epite-lial e da administração de antivirais». Quan-to ao tratamento da úlcera trófica, este «é feito com a colocação de uma lente de contacto terapêutica, lubrificante, soro au-tólogo, tarsorrafia e recobrimento com con-juntiva ou membrana amniótica». Os ca-

sos de ceratite estromal, vasculite límbica, endotelite e ceratouveíte são «medicados com corticosteroides tópicos e cobertura antiviral». Quando existe associação entre uma ceratite epitelial infeciosa e doença es-tromal, Miltoz Ruiz Alves aconselha a tratar primeiro a infeção epitelial e, só após cica-trização, administrar corticosteroides.

Este especialista brasileiro salienta ain-da que a taxa de recorrência de ceratite herpética e de falência dos transplantes de córnea pode ser reduzida através da «administração profilática de aciclovir oral», mas ressalva que «a duração do tratamento profilático é uma questão ainda sem resposta».

LENtES DE CONtACtO NA PrESbIOPIAO papel das lentes de contacto na corre-ção da presbiopia é o tema da conferência ministrada pelo Dr. Nilo Holzchuh, secre-tário-geral do CBO e chefe da Unidade de Doenças Externas e Lentes de Contato do Departamento de Oftalmologia da Univer-sidade Estadual de Campinas (UNICAMP). «É comum ocorrer presbiopia em adul-tos com mais de 40 anos», afirma Nilo Holzchuh, sublinhando que, «quando ocorre perda de acuidade visual perante objetos mais próximos, torna-se necessário recorrer a dispositivos ópticos que devol-vem uma boa visão ao perto».

Da sua palestra, este oftalmologista des-taca «as correções ópticas atualmente dis-poníveis para ultrapassar esta deficiência visual», focando diferentes possibilidades e técnicas existentes para a resolução da presbiopia por via da utilização de lentes de contacto. Nilo Holzchuh vai explorar «os principais tipos de lentes de contacto dispo-níveis no mercado – quer as rígidas quer as hidrofílicas (ou gelatinosas) –, os seus dife-rentes modelos, desenhos e tamanhos».

O último orador do Simpósio é o Dr. Mauro Nishi, tesoureiro do CBO, que falará sobre os mais recentes avanços na abordagem da edoftalmite – uma patologia que requer imediata intervenção terapêutica e eventu-almente cirúrgica, uma vez que, em poucas horas, pode resultar em cegueira.

dr. Marco antônio rey de Faria

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dr. Nilo Holzchuh

Prof. Milton ruiz alves

dr. Mauro Nishi

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O coordenador do Curso, Dr. Augusto Magalhães, da Unidade de Oftalmolo-

gia Pediátrica e Estrabismo do Hospital de São João, no Porto, explica que o estrabis-mo é uma das áreas da Oftalmologia onde a evolução tecnológica tem sido «mais difícil e mais lenta».

«O tratamento do doente estrábico conti-nua a basear-se mais no saber individual e na experiência pessoal do que nos equipa-mentos e na tecnologia. Estas limitações e as particularidades das patologias em cau-sa fazem com que muitas delas permane-çam difíceis de tratar. Porém, a melhoria da compreensão da fisiopatologia de al-guns tipos de estrabismo e a introdução de novas técnicas cirúrgicas levaram à queda de alguns mitos e, consequentemente, à melhoria da oferta terapêutica que pode-mos proporcionar aos nossos doentes», sublinha Augusto Magalhães.

O Curso desta manhã divide-se em duas partes. A primeira está em linha com um dos conceitos mais seguidos neste Congresso («O que há de novo em estrabismo…»), ao passo que a segunda («…e o que continua

estrabismo: o que há de novo e o que continua difícil de trataruma discussão sobre os mais recentes avanços no tratamento do estrabismo e sobre os problemas que continuam difíceis de resolver nesta área é o que promete o curso «o que há de novo em estrabismo», que decorre entre as 8h30 e as 10h30, no auditorium 2.Luís Garcia

difícil de tratar») atende, essencialmente, às especificidades e às dificuldades do trata-mento da doença.

Na primeira parte do Curso, a Dr.ª Maria de Lourdes Vieira, do Departamento de Estrabismo e Oftalmologia Pediátrica do Instituto Dr. Gama Pinto, em Lisboa, fala sobre os novos conceitos fisiopatológicos no estrabismo dos altos míopes e a sua abor-dagem cirúrgica. «Trata-se de um tema re-almente novo, que tem sido alvo de muitas publicações nos últimos anos e que mudou radicalmente a forma de tratar este tipo de doentes», diz Augusto Magalhães.

Segundo Maria de Lourdes Vieira, «tem havido desenvolvimentos recentes ao ní-vel da cirurgia, que permitem uma melhor correção nos casos em que não se intervi-nha anteriormente, porque se considerava demasiado difícil, ou em que se obtinham resultados dececionantes sob o ponto de vista estético». De acordo com esta oftalmo-logista, a maior «compensação estética», possível graças aos avanços recentes, tem um importante impacto ao nível da autoes-tima e da integração social de doentes que

também têm dificuldades visuais.

CASOS DIfíCEIS EM DISCuSSãONo mesmo Curso, o Dr. Jorge Breda, chefe de serviço de Oftalmologia no Hospital de São João, fala sobre a relação entre os des-vios oculares e o desenvolvimento visual. «Este é um tema muito atual e aliciante, que tem interessado muitos investigadores nas áreas da Oftalmologia e da Neurofisiologia e que tem proporcionado uma melhoria na compreensão dos mecanismos subjacentes a alguns tipos de estrabismo», adianta Augusto Magalhães.

Ainda na primeira parte do Curso, o coor-denador aborda o papel das torsões do glo-bo ocular no aparecimento das alterações oculomotoras. «Trata-se de uma temática que recentemente fez reequacionar sobretu-do as causas de hipertropia em adução e a forma adequada de a abordar cirurgicamen-te», sublinha Augusto Magalhães.

Na segunda parte do Curso, dedicada às situações de difícil tratamento, Maria de Lourdes Vieira mostra como se diagnostica, estuda e trata uma diplopia torsional. «Vou apresentar dois casos clínicos neuroftalmo-lógicos muito incapacitantes para o doente. São ambos de diagnóstico muito difícil e resolução cirúrgica complexa», resume a oftalmologista.

De seguida, Jorge Breda mostra as difi-culdades no tratamento das síndromes de fibrose dos músculos extraoculares. Final-mente, Augusto Magalhães fala sobre a síndrome de Duane, apresentando as difi-culdades em decidir e tratar esta doença, os cuidados a ter e a forma de gerir expetativas relativamente aos resultados.

a dr.ª Maria de Lourdes Vieira, o dr. augusto Magalhães e o dr. Jorge Breda são os formadores deste Curso

A 1.ª reunião Luso-Africana de Oftalmologia decorreu em Cabo Verde, no ano de 2009. Seguiram-se as reuniões de Moçambique (2010), Angola (2011) e São tomé e Príncipe (2012). Depois de organizadas estas quatro reuniões, importa refletir sobre o futuro da colaboração entre a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) e os países africanos de língua portuguesa. é o que vai acon-tecer na sessão que decorre entre as 9h45 e as 10h30, no Auditorium 1, na qual participam o Dr. Júlio barros de Andrade (oftalmologista e bastonário da Ordem do Mé-dicos de Cabo Verde), a Dr.ª Manuela Carmona (modera-dora e presidente da SPO), o Dr. Pedro Lara Albuquerque (diretor do Serviço de Oftalmologia do hospital Militar Principal, em Luanda, Angola) e a Dr.ª Yolanda Zambujo (diretora do Serviço de Oftalmologia do hospital Central de Maputo, em Moçambique).

o que reserva o futuro, dePois das quatro reuniões luso-africanas de oftalmologia já realizadas?

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Coordenada pelo Dr. José Henriques, oftalmologista no Instituto Dr. Gama

Pinto, em Lisboa, e editor da Oftalmologia (revista da Sociedade Portuguesa de Of-talmologia), a sessão visa dotar os pre-sentes de alguns conhecimentos sobre a forma de preparar um artigo científico com vista a publicação. «Queremos usar este espaço para dar alguma formação e infor-mação para que todos os oftalmologistas que pretendem publicar possam fazê-lo de forma mais consistente», explica.

A sessão será aberta pelo próprio coor-denador, que fará um ponto de situação relativamente ao projeto de indexação da revista Oftalmologia. «Estamos a prepa-rar o backoffice: alterámos o layout, pas-sámos a publicar a cores e agora quere-mos tratar do aspeto da revisão por pares e da submissão eletrónica. A indexação é fundamental, porque é a forma de es-tarmos nos locais de referenciação. Uma revista indexada fica valorizada e as pes-soas ganham mais desejo de publicar», sublinha José Henriques.

Na mesma sessão, o engenheiro João Mendes Moreira, da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN), vai falar sobre a iniciativa nacional de acesso aberto: o Repositório Científico de Acesso Aberto em Portugal (RCAAP) e o Serviço de Alojamento de Revistas Cien-tíficas (SARC), disponibilizado por esta iniciativa. Este tipo de acesso «apresenta vantagens significativas para os autores individuais, os investigadores, as institui-ções e para o processo de investigação em geral, respondendo à preocupação de muitas agências financiadoras que têm reconhecido que o trabalho de investiga-

regras de Publicação em oftalmologiaa produção de artigos científicos deve obedecer a normas rigorosas. entre as 10h30 e as 12h00, no auditorium 2,

são discutidas algumas dessas regras, especificamente em oftalmologia.

Luís Garcia

ção fica incompleto se os seus resultados não alcançarem maior audiência», defen-de João Mendes Moreira.

rEQuISItOS DOS ArtIgOS CIENtífICOSDe seguida, o Prof. Joaquim Murta, oftal-mologista e diretor da Faculdade de Me-dicina da Universidade de Coimbra, vai apresentar algumas ideias sobre o plane-amento de um manuscrito para comunicar com eficácia. Na mesma linha, sucede-se a intervenção da diretora do Serviço de Documentação do Centro Hospitalar e Uni-versitário de Coimbra, Dr.ª Helena Donato. «A linguagem científica é rigorosa e o dese-nho dos artigos também. É necessário que sejam preparados com o maior cuidado possível para poderem atravessar todo o processo editorial sem grandes percalços», ressalva esta interveniente.

O formato, a estrutura, o estilo, a lingua-gem e o cuidado com as tabelas e figuras são alguns dos pontos a esclarecer por Helena Donato, que também apresentará o Open Journal Systems, uma plataforma de publicação eletrónica gratuita. O conheci-mento das regras na preparação de manus-critos pode ajudar a que os médicos portu-gueses publiquem mais, porque, de acordo com esta oradora, em Portugal, publicam-se «bons artigos», mas poucos, comparativa-mente com outros países europeus.

Na mesma sessão, o Prof. Rufino Silva, chefe de serviço de Oftalmologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, vai tecer algumas considerações sobre os cri-térios de valorização dos revisores. Neste aspeto, muitos são os pontos a ter em aten-ção – da correção gramatical e ortográfica à qualidade das imagens e gráficos, passando

pela metodologia e pela análise estatística. «Quanto mais apertado é o filtro para colocar um artigo numa revista científica, melhores são os artigos publicados. Uma publicação pode ter uma taxa de rejeição superior a 50 ou 60%», sublinha Rufino Silva.

Por sua vez, o Prof. José Guilherme Monteiro, investigador do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga-Feira (CHEDV–Feira), abordará a técnica de pesquisa bibliográ-fica e os recursos disponíveis, ao passo que a Prof.ª Conceição Manso, docente na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, vai falar sobre alguns métodos estatísticos a utilizar num artigo científico.

Finalmente, o Prof. José Salgado Borges, diretor do Serviço de Oftalmologia do CHEDV–Feira, passará em revista a refe-renciação dos artigos utilizados na elabora-ção de um trabalho científico e a importância de se cumprirem as normas de acordo com as orientações de cada revista.

iNTErVENiENTES Na SESSão (da esq. para a dta.): Prof. José Salgado Borges, Prof. Joaquim Murta, dr. José Henriques, Prof. José Guilherme Monteiro, dr.ª Helena donato, Eng. João Mendes Moreira e Prof. rufino Silva. Falta nas fotos a Prof.ª Conceição Manso

…o repositório Científico de Acesso Aberto em Portugal (rCAAP) foi cria-do em 2008 e é gerido pela fundação para a Computação Científica Nacio-nal e pela universidade do Minho;

…o Serviço de Alojamento de revis-tas Científicas (SArC) visa alargar o portefólio de serviços disponibili-zados pelo rCAAP no domínio das revistas científicas portuguesas;

…o acesso aberto visa tornar aces-síveis os resultados da investigação de forma gratuita e online, através de repositórios institucionais, revis-tas de acesso aberto e sítios web.

a saber…

Que significado tem para si ser convidado para proferir a Con-ferência Cunha-Vaz, um momento-alto do Congresso Portu-guês de Oftalmologia?Não é a primeira vez que sou convidado pela Sociedade Portuguesa de Oftalmologia para falar no seu Congresso anual. O encontro re-presenta uma ótima oportunidade para trocar experiências entre os nossos países e para comparar os avanços que conseguimos obter desde a minha última visita. O Congresso português é um dos en-contros de Oftalmologia mais importantes da Europa. Tem um nível muito elevado e todas as comunicações têm muita qualidade.

A Medicina personalizada e a investigação clínica centrada no do-ente são conceitos novos que vão marcar o futuro da Medicina aca-démica em todo o mundo. É importante partilhar a nossa experiência no Quebeque e no Canadá com os colegas portugueses. Pessoal-mente, fiquei muito honrado com o convite e sinto-me privilegiado por ter a oportunidade de proferir uma conferência tão importante.

O que pensa sobre o facto de este ser também o 1.º Congresso de Oftalmologia de Língua Portuguesa?Dois países de língua portuguesa, Brasil e Portugal, têm o maior contingente de oftalmologistas do Congresso. Poder comunicar e discutir avanços científicos na sua própria língua é extremamente importante para os profissionais e para os doentes portugueses.

Na sua opinião, quais são os principais desafios para a Oftalmologia nos próximos anos?A integração da Oftalmologia com especialidades médicas como Neurologia, Dermatologia, Oncologia, entre outras, será crucial para o desenvolvimento total do cuidado médico oftalmológico com vista à Medicina personalizada. Os doentes devem ser vistos como um todo. Além disso, é muito frequente as doenças sistémicas terem consequências ao nível ocular. Por isso, os oftalmologistas devem estar preparados para trabalharem como parte de uma equipa, de forma a providenciar aos nossos doentes os melhores cuidados médicos possíveis. A tecnologia e os seus avanços são um segun-do aspeto importante para o futuro da Oftalmologia.

Por que motivo atribui tanta importância à Medicina personalizada?A Medicina personalizada é o objetivo final dos cuidados médicos

prestados aos doentes, que devem ser o centro de qualquer siste-ma de saúde. A declaração de missão do nosso laboratório inclui esta passagem: «Não fazemos investigação como um exercício intelectual, mas sim porque, no final, existe um doente.»

Dada a crise económica atual, como pode um país manter o in-vestimento na investigação sem correr o risco de negligenciar a Medicina personalizada?A investigação clínica e a Medicina personalizada devem andar lado a lado. Sem investigação clínica competente, a Medicina per-sonalizada não pode estar completa. Os desafios económicos não nos devem impedir de providenciar os melhores cuidados aos nos-sos doentes.

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Luís Garcia

«os doentes devem ser o centro de qualquer sistema de saúde»

o Prof. miguel burnier profere a conferência cunha-vaz, com o tema «medicina personalizada e centro de pesquisa em oftalmologia. o futuro começa hoje», entre as 12h00 e as 12h30, no auditorium 1. nesta entrevista

ao visão sPo, o conferencista partilhou algumas das ideias que vai desenvolver e a sua opinião sobre o congresso Português de oftalmologia.

Prof. Miguel Burnierdiretor-geral do Centro de Investigação da Universidade McGill, no Canadá

BAYER PORTUGAL, S.A., Rua Quinta do Pinheiro, nº 5, 2794-003 Carnaxide, NIF 500 043 256L.PT

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O olhar da Dr.ª Manuela Carmona, presidente da Sociedade Portugue-

sa de Oftalmologia (SPO), sobre o proble-ma da cegueira marca o início da sessão moderada pelo Dr. Augusto Magalhães, oftalmologista pediátrico no Hospital de São João, pelo Dr. Luís Dias Pereira, do Hospital de Egas Moniz, e pela Dr.ª Isabel Almasqué, oftalmologista em Lisboa.

Estima-se que cerca de 150 milhões de pessoas no mundo sofram de deficiência visual significativa, das quais 45 milhões serão cegas. Os números são apontados pela Dr.ª Yolanda Zambujo, oftalmologis-ta no Hospital Central de Maputo, chefe do Programa Nacional de Oftalmologia do Ministério da Saúde de Moçambique e res-ponsável pelo tema do tracoma na sessão.

Em 2007, Moçambique aderiu ao pro-grama «VISÃO 2020: o direito à visão», uma iniciativa que pretende «acelerar, apoiar e coordenar os esforços mun-diais no combate à cegueira evitável, incluindo o tracoma – a segunda maior causa de cegueira no mundo», explica Yolanda Zambujo. Nesse sentido, esta oftalmologista vai apresentar os resul-tados de um estudo de prevalência do tracoma em Moçambique.

Para falar sobre oncocercose, a sessão recebe o Prof. José Gil Forte, oftalmolo-gista aposentado do Hospital de Egas Moniz. «Esta é uma doença endémica em África. As alterações afetam sobre-tudo o segmento anterior do olho, com graves lesões na córnea, e o segmento posterior, provocando coriorretinites gra-

olhares sobre as Patologias oftalmológicas em áfrica

a sessão «Patologia específica africana» dá a conhecer alguns dos projetos desenvolvidos nos países africanos de língua portuguesa com o intuito de melhorar a saúde ocular e prevenir a cegueira. entre as 14h30 e

as 16h30, no auditorium 1.

inês Melo

víssimas que levam à perda de visão», explica Gil Forte. No entanto, a terapêu-tica é simples: «Basta uma dose anual de ivermectin.» Na sua intervenção, este especialista vai apresentar um trabalho desenvolvido na Guiné-Bissau, a partir do qual mostrará a evolução da doença e apontará pistas para a sua prevenção.

PrOgrAMAS CIrúrgICOS Um inquérito sobre cegueira e baixa visão em Cabo Verde apontava, em 1998, para a existência de cerca de 3 mil cegos no país, «1 500 dos quais por catarata rela-cionada com a idade», adianta o Dr. Júlio Barros de Andrade, bastonário da Ordem dos Médicos de Cabo Verde e responsável pelo tema «Cirurgia de catarata sem faco».

Em 2006, o Serviço de Oftalmologia do Hospital Dr. Agostinho Neto iniciou a cirurgia manual da catarata sem su-turas. «É um procedimento seguro, de custo reduzido, que depende mais da habilidade do cirurgião do que de instru-mentos sofisticados», revela este oftal-mologista, que irá demonstrar a forma de execução desta técnica.

Ainda no âmbito cirúrgico, a Dr.ª Ana C. Almeida, interna de Oftalmologia no Hospital de Egas Moniz, vai partilhar a experiência que teve em São Tomé e Príncipe, no projeto «Saúde Para Todos: Especialidades», da responsabilidade do Instituto Marquês de Valle Flôr. «Em nove missões, foram realizadas 3 920 consul-tas, 587 atos cirúrgicos e identificaram-se dez casos em que foi necessária uma

intervenção cirúrgica urgente», diz Ana Almeida, que neste projeto contou com a orientação do Dr. Luís Dias Pereira.

DIMENSãO DA CAtArAtA E DO trAuMA OCuLAr A província de Nampula, em Moçambique, tem mais de quatro milhões de habitan-tes, «8,65% com idade igual ou superior a 50 anos, dos quais 7,1% apresentam ce-gueira, sendo a catarata apontada como a principal causa». Para o Dr. Anselmo Jacinto Vilanculos, diretor do Serviço de Oftalmologia do Hospital Central de Nam-pula, a realidade do país traduz-se numa recomendação: «Mais campanhas de in-formação, maior formação dos recursos humanos e disponibilização de meios com vista a um maior acesso e cobertura das cirurgias de catarata.»

Na sua comunicação, Anselmo Vilanculos vai apresentar os resultados do estudo RAAB (Rapid Assessment of Avoidable Blindness), que foi levado a cabo em Nampula, em julho e agosto de 2011, fo-cando ainda as ferramentas indispensá-veis para a melhoria dos resultados das cirurgias de catarata.

Por fim, a Dr.ª Sílvia Van Dúnem, oftal-mologista no Hospital Josina Machel, em Luanda, vai dar a conhecer a realidade dos traumas oculares neste hospital an-golano, entre 2009 e 2012. Que doentes foram avaliados, como foram tratados e qual o impacto social e económico dos traumas oculares são alguns dos aspetos a desenvolver por esta interveniente.

iNTErVENiENTES: dr. Luís dias Pereira (um dos presidentes da sessão) dr.as Sílvia Van dúnem, Yolanda Zambujo, ana almeida, Manuela Carmona e drs. Júlio Barros de andrade, anselmo Jacinto Vilanculos e Prof. José Gil Forte

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oS oradorES (da esq. para a dta.): Prof. amândio Sousa e drs. Nuno Gomes, antónio Sampaio (também coordenador), José Pita Negrão e João Figueira

O Dr. António Sampaio, coordenador da sessão e oftalmologista no Insti-

tuto de Microcirurgia Ocular, em Lisboa, justifica a escolha das patologias da in-terface vítreorretiniana para tema central do debate com a evolução que se tem registado neste campo. «É uma área que tem registado um grande desen-volvimento ao longo dos anos, particu-larmente com o aparecimento e desen-volvimento da tomografia de coerência óptica de elevada resolução (OCT, na sigla inglesa), que nos permitiu um me-lhor conhecimento da fisiopatologia e da evolução clínica deste tipo de doenças, alterando o timing de intervenção e o

controvérsias e novidades em retina cirúrgicaas patologias da interface vítreorretiniana estão em destaque na sessão desta tarde sobre «o que há de novo em retina cirúrgica», que decorre entre as 14h30 e as 15h30, na sala 3a.

Luís Garcia

tipo de terapêutica a realizar», explica António Sampaio.

Na sessão, o Dr. José Pita Negrão, dire-tor do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central, vai falar sobre as particularidades e controvérsias na cirur-gia do buraco macular (ver caixa). «Desde que esta cirurgia se faz, há pouco mais de 20 anos, tem havido várias evoluções e dis-cussões acerca dos diferentes passos cirúr-gicos. Vou apresentar as várias opções no que respeita aos timings, indicações, reope-rações, corantes, tamponamentos e outras questões, sem deixar de dar também a mi-nha opinião», avança Pita Negrão.

Por sua vez, o Dr. João Figueira, oftal-mologista no Centro Hospitalar e Univer-sitário de Coimbra e também docente e investigador na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, vai falar sobre o potencial da vitreólise farmacológica, que se poderá constituir como uma alternati-va de futuro no tratamento de patologias como a síndrome de tração ocular. Recen-temente, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou a utilização nos Estados Unidos de um produto - a ocriplasmina (Jetrea®) - que provoca a vitreólise química.

«Este tratamento farmacológico pode resolver algumas patologias oftalmológi-cas, nomeadamente da interface vítreor-retiniana, sem necessidade de recurso a uma cirurgia clássica como a vitrectomia», refere João Figueira. Este oftalmologista adverte, no entanto, que o potencial e as limitações deste fármaco «ainda não são bem conhecidos, porque todos os resulta-dos disponíveis foram obtidos no âmbito de ensaios clínicos limitados, sem aplica-bilidade na prática clínica do dia a dia».

NOVIDADES NO burACO MACuLArDentro das patologias da interface vítreor-retiniana, uma das áreas que tem registado maior evolução nos últimos anos é o co-nhecimento da foveosquisis miópica, gra-ças à OCT de alta resolução, que permite o diagnóstico num timing diferente. Este tema vai ser apresentado pelo Prof. Amândio Sousa, oftalmologista no Hospital de São João e docente na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que descreverá os mecanismos fisiopatológicos da doen-ça, nomeadamente a tração exercida pe-los elementos anteriores à retina: vítreo e membrana limitante interna (MLI).

Amândio Sousa abordará também «os sinais e sintomas que desencadeiam a indi-cação cirúrgica (diminuição da acuidade vi-sual, metamosfopsias e presença de bura-co macular) e as várias opções cirúrgicas». «Tentarei estabelecer a comparação entre a vitrectomia, com ou sem interposição de explante macular, o explante macular iso-lado e a pneumopexia. Dentro da vitrecto-mia, abordarei os benefícios da extração da MLI, as vantagens e desvantagens do uso de tamponamento com gás, a terapêu-tica combinada com indentação macular e as complicações, a longo prazo, da opção cirúrgica», adianta este orador.

Na intervenção seguinte, o Dr. Nuno Gomes, oftalmologista no Hospital de Braga, vai falar sobre as técnicas cirúrgicas alternativas na recidiva do buraco macular. «Embora se trate de uma patologia relativa-mente frequente na área da retina cirúrgica e que, nos casos simples, tem uma taxa de sucesso cirúrgica acima de 90%, este valor é bem mais baixo no que respeita aos bu-racos maculares de grandes dimensões ou dos altos míopes», refere este orador, que vai também falar sobre algumas das no-vas abordagens para a cirurgia do buraco macular, como o transplante da membrana limitante interna.

As opiniões dividem-se relativamen-te a várias passos da cirurgia do bu-raco macular. Eis algumas das ques-tões que o Dr. José Pita Negrão vai levantar na sua intervenção:

Que tipo de tamponamento deve ser efetuado?

Quando deve ser realizado?

Quanto tempo deve o doente per-manecer de cabeça para baixo?

O tamponamento deve ser sem-pre feito com hexafluoreto de en-xofre, mesmo nos buracos mais pequenos?

Qual o melhor corante para pelar a membrana limitante interna?

Quando operar?

cirurgia do buraco macular – questões

Prementes

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Segundo a coordenadora da sessão e do Grupo Português de Inflamação

Ocular da SPO, Dr.ª Ana Paula Sousa, vão ser abordadas patologias infeciosas com repercussão no segmento posterior do glo-bo ocular, particularmente com atingimento retiniano ou coriorretiniano. «As doenças infeciosas são sistémicas e podem atingir qualquer órgão ou sistema. O globo ocular pode ser o primeiro a ser atingido. A dete-ção precoce da doença e o seu tratamento atempado contribuirão, seguramente, não só para a preservação da função visual como para a redução da morbilidade e da mortalidade», diz Ana Paula Sousa.

A presidência desta sessão está a cargo do Prof. Rui Proença, presidente do Colégio da Especialidade de Oftal-mologia da Ordem dos Médicos, e do Prof. Miguel Burnier, diretor-geral do Centro de Investigação da Universidade McGill, no Canadá, que também falará sobre toxoplasmose e sida.

«Na maioria dos casos, a toxoplasmose ocular resulta de infeção adquirida. Em al-guns países, é um processo ocular infecioso muito prevalente e pode ser observada tanto em doentes imunodeprimidos como imuno-competentes», explica Miguel Burnier.

Segundo este orador, as retinites por citomegalovírus em indivíduos imunodepri-midos, comum em casos de sida, podem ser acompanhadas por uma infeção de to-xoplasmose. «As manifestações oculares num doente com VIH [vírus da imunodefi-ciência humana] dependem do seu grau de imunodepressão», refere Miguel Burnier.

Também a tuberculose tem impacto a ní-vel ocular, como vão explicar na sessão as

atualidades em doenças infeciosas da retinatoxoplasmose, sida, tuberculose e sífilis são algumas das patologias abordadas na sessão «o que há de novo

em doenças infeciosas da retina», que decorre entre as 14h30 e as 16h30, no auditorium 2.Luís Garcia

Dr.as Vanda Nogueira e Conceição Ornelas, do Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, em Lisboa. Embora afete tipicamente os pulmões, a doença causada pelo bacilo mycobacterium tuberculosis pode atingir qualquer uma das estruturas oculares, englobando um grupo de manifestações clínicas muito diversas. «Esta diversidade clínica e o facto de não existir ainda um tes-te de diagnóstico definitivo de fácil utiliza-ção tornam o seu diagnóstico difícil», refere Vanda Nogueira.

MANIfEStAçõES OCuLArES DOS VíruS E fuNgOSNa mesma sessão, a Dr.ª Manuela Bernardo, do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), vai apresentar algumas novidades sobre a sífilis, uma das doen-ças infeciosas cuja prevalência tem vindo a aumentar. «Vou apresentar um panorama da sífilis em Portugal, quer em termos de epidemiologia quer de diagnóstico e trata-mento. A grande mensagem é que o ras-treio é cada vez mais importante, para que se possa fazer a terapêutica correta não só no doente, mas também no parceiro e nas crianças, no caso das grávidas», ressalva Manuela Bernardo.

O Dr. Luís Torrão, do Hospital de São João, no Porto, vai abordar as duas prin-cipais doenças inflamatórias da retina causadas por vírus. «Vou falar de necrose retiniana aguda e de necrose retiniana pro-vocada pelo vírus citomegálico, bem como as suas consequências e atuais formas de tratamento», resume.

De seguida, a Dr.ª Marta Guedes, do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental/

/Hospital de Egas Moniz, vai dedicar-se às infeções fúngicas do segmento posterior, que requerem «um elevado índice de sus-peição clínica e técnicas de microbiologia adequadas». «As técnicas moleculares, como a reação em cadeia da polimerase (PCR, na sigla inglesa), vieram contribuir para um diagnóstico célere e sensível com algumas vantagens evidentes sobre os mé-todos tradicionais», explica a oftalmologista. E acrescenta: «Por outro lado, na terapêuti-ca, novos agentes, como o voriconazol, com possibilidade de injeção intravítrea, condu-zem a uma rápida resolução clínica de situ-ações oculares potencialmente graves, com toxicidade retiniana reduzida.»

Por fim, a Dr.ª Isabel Domingues, do Centro Hospitalar de Lisboa Central, vai falar sobre patologias infeciosas difíceis de encontrar, como as doenças de Lyme, Whi-pple e a bartonella ocular. Segundo Isabel Domingues, «o estudo destas três patolo-gias é dificultado pela raridade das suas manifestações oculares».

iNTErVENiENTES Na SESSão (da esq. para a dta.): dr.ª Manuela Bernardo, dr.ª Marta Guedes, Prof. rui Proença, dr.ª isabel domingues, dr.ª ana Paula Sousa, dr.ª Vanda Nogueira e Prof Miguel Burnier. Faltam nas fotos os drs. Luís Torrão e Conceição ornelas

resulta de infeção pelo parasita toxoplasma gondii;

Pode ser congénita ou adquiri-da através de alimentos ou água contaminada;

é muito prevalente em alguns países;

Afeta doentes imunodeprimidos ou imunocompetentes.

sobre a toxoPlasmose

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simPósio da sociedade brasileira de oftalmologiaos quatro palestrantes no simpósio da sociedade brasileira de oftalmologia (sbo) adiantam os principais

temas que vão estar em discussão entre as 17h00 e as 18h00, no auditorium 1.

«A retinopatia diabética é uma das mais importantes causas de ce-

gueira e o edema macular diabético a ra-zão mais comum da redução visual nesta doença. Nos últimos anos, com o apare-cimento dos antiangiogénicos, a evolução das tecnologias (como a tomografia de

coerência óptica e os vitreófagos), os corticoides, os corantes, além da segurança com as cirurgias sem suturas, ocorreram mudanças de paradigma no tratamento dos edemas difusos, agora com uma perspetiva muito maior de recuperação visual.

abordagem atual do edema macular diabético

dr. aderbal albuquerque alves jr. Presidente da sociedade brasileira de oftalmologia

The Diabetic Retinophaty Clinical Research Network (DRCR.net), RIDE, RESOLVE, RESTORE, READ são alguns dos estudos que mostram que a terapia com anti-VEGF [vascular endotelial growth factor] melhora a visão nos portadores de edema macular diabético difuso, em comparação com a estabilização visual obtida com o la-ser no EDTRS [Early Treatment of Diabetic Retinopathy Study].

Na minha comunicação, discutirei o tratamento do edema macu-lar diabético, com a apresentação de casos e propostas dentro da realidade brasileira. A associação de anti-VEGF com laser, a técni-ca subliminar e as vitrectomias com triancinolona também vão ser enfatizadas.»

«O glaucoma é, ainda hoje, uma importante causa de cegueira em todo o mundo. São muitas as iniciativas de organismos

públicos, bem como de toda a comunidade oftalmológica, no sentido de inverter este quadro. No entanto, as estatísticas mostram índices elevados de cegueira pelo glaucoma. Em relação ao glaucoma pri-mário de ângulo estreito [GPAE], existem detalhes importantes que, se forem considerados, podem ajudar a diminuir esses índices.

É importante lembrar que o GPAE é a maior causa de cegueira. Se tivermos em conta a sua fisiopatologia ‒ em que o estreitamento da profundidade da câmara anterior é um fator desencadeador da crise

glaucoma Primário de ângulo estreito

dr. marcus safady oftalmologista no Hospital Federal de bonsucesso, no Rio de Janeiro

«Vou discutir a minha experiência com as primeiras 60 lentes in-traoculares (LIO) multifocais tóricas implantadas. Vou também

apresentar os resultados da recuperação visual sem correção para longe, intermédio e perto, a diferença entre o astigmatismo topográfi-co da córnea e o astigmatismo residual manifesto pós-operatório, bem

exPeriência com lentes multifocais tóricas

dr. armando stefano crema Presidente da sociedade brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares

como a previsibilidade dos resultados. Por fim, vou discutir os detalhes pré, durante e pós-operatório que considero importantes para a obtenção de bons resultados com as LIO multifocais tóricas.»

e dá-se de forma lenta e gradual ‒, pode-mos traçar uma estratégia de prevenção dessa crise. Na minha conferência, vou apresentar a experiência do nosso Servi-ço de Oftalmologia no GPAE.

O tema está a ser estudado, sobretudo na população asiática, e certamente surgirão propostas para diminuir a incidência. É importante que todos estejamos alerta para a impor-tância de colocar os pacientes que possuam fatores biométricos pre-disponentes para a crise num regime de supervisão periódica.»

«A definição e fisiopatogenia desta síndrome multifatorial, os fato-

res de risco e os sintomas comuns na nossa prática clínica são alguns dos aspetos em destaque na minha comu-

nicação. Será feita uma classificação ampla da deficiência do aquoso e olho seco evaporativo, bem como a abordagem a cada

olho seco

dr. luiz carlos PortesChefe do serviço de oftalmologia do Hospital Geral de bonsucesso, no Rio de Janeiro

um dos seus tipos e subtipos.Os sintomas comuns no olho seco leve, moderado e grave

têm fatores agravantes como o meio ambiente, o computador, o ar condicionado, entre outros. O diagnóstico desta síndrome multifatorial é baseado na anamnese (sinais e sintomas), na bio-microscopia e em testes específicos, como quantificação, esta-bilidade e integridade do filme lacrimal. O tratamento específico é feito com medicamentos tópicos e sistémicos, para a substitui-ção e conservação das lágrimas, bem como para o estímulo da sua produção, e também com terapêutica anti-inflamatória.»

ficha técnica

Organização: Sociedade Portuguesa de Oftalmologia

Campo Pequeno, 2-13.º • 1000 - 078 LisboaTel.: (+351) 217 820 443 • Fax: (+351) 217 820 445

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