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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES TESE PLANTABILIDADE DE SEMENTES DE SOJA CLASSIFICADAS POR LARGURA CLAITON RODRIGUES PELOTAS RIO GRANDE DO SUL BRASIL 2012

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Page 1: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE … · Plantabilidade de sementes de soja classificadas por largura. Pelotas, 2012. 73f. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES

TESE

PLANTABILIDADE DE SEMENTES DE SOJA CLASSIFICADAS POR LARGURA

CLAITON RODRIGUES

PELOTAS RIO GRANDE DO SUL – BRASIL

2012

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES

PLANTABILIDADE DE SEMENTES DE SOJA CLASSIFICADAS POR LARGURA

CLAITON RODRIGUES

Tese apresentada à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação do Prof. Luis Osmar Braga Schuch, Dr., como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, para obtenção do título de Doutor em Ciências.

PELOTAS RIO GRANDE DO SUL – BRASIL

2012

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Dados de catalogação na fonte: (Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744)

R696p Rodrigues, Claiton Plantabilidade de sementes de soja

classificadas por largura / Claiton Rodrigues; orientador Luís Osmar Braga Schuch. Pelotas, 2012. 73f.: il. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2012.

1.Glycine max (L) Merril; 2.Classificação de

sementes; 3.Peneira dominante; 4.Espaçamento. I.Schuch, Luís Osmar Braga (orientador); II.Título.

CDD 633.34

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PLANTABILIDADE DE SEMENTES DE SOJA CLASSIFICADAS POR LARGURA

AUTOR: Engo Agro CLAITON RODRIGUES ORIENTADOR: Prof. LUIS OSMAR BRAGA SCHUCH, Dr. COMITÊ DE ORIENTAÇÃO:

ORIENTADOR: Prof. Luis Osmar Braga Schuch, Dr.

CO-ORIENTADOR: Prof. Silmar Teichert Peske, Ph.D.

CO-ORIENTADOR: Prof. Francisco Amaral Villela, Dr.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Luis Osmar Braga Schuch, Dr. Orientador

Prof. Francisco Amaral Villela, Dr.

Prof. Leopoldo Mario Baudet Labbé, Dr.

Prof. Antônio Lilles Tavares Machado, Dr.

Pesq. Francisco de Jesus Vernetti Junior, Dr.

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Dedico esta conquista

A minha esposa, Rubia F.R. Barbosa,

aos meus filhos, Verediana e Gabriel B. Rodrigues,

pelo amor incondicional.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela perfeição de sua criação, pela sua presença constante em

nossa vida, iluminando-nos e nos guiando em seu caminho.

Aos meus pais, Otávio e Clarice Rodrigues, pelos anos de luta, pelo exemplo

de vida, pelo caminho a ser seguido.

À família Poland, pelo exemplo de trabalho, honestidade, humildade, pela

compreensão do tempo dedicado à realização do doutorado.

Ao Prof. Luis Osmar Braga Schuch, Dr., pela valiosa orientação, dedicação e

amizade durante a execução do trabalho.

Aos Professores Silmar Teichert Peske, Ph.D., e Francisco Amaral Vilela,

Dr., pela valiosa co-orientação.

Ao Dr. Luis Carlos Miranda, pelo exemplo profissional.

Ao Engo Agro João Carlos Nunes e à equipe do Seed Care Institute, pela

colaboração na realização deste trabalho.

Aos Professores do Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de

Sementes, pelos conhecimentos transmitidos e pelo exemplo profissional.

Aos colegas da empresa “Sementes Iruña”, pelo auxílio prestado e

companheirismo.

À Embrapa Soja, em especial à equipe de Transferência de Tecnologia,

pelos serviços prestados, pelas oportunidades criadas e pelo desenvolvimento

agrícola proporcionado ao Paraguai.

A todos, os mais sinceros agradecimentos.

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LISTA DE TABELAS

Página

I - Estratificação em peneiras e retenção na peneira dominante em lotes de sementes de soja classificadas por largura Tabela 1. Percentagem de retenção de sementes de soja na peneira dominante em função do intervalo de classificação por largura e do diâmetro básico ............................................................................................................... 24 Tabela 2. Número de peneiras encontradas no teste de retenção em função da classificação de sementes de soja por largura e do diâmetro básico .......... 24 Tabela 3. Percentagem de retenção de sementes de soja na peneira dominante em função do intervalo de classificação por largura, em quatro cultivares de soja .............................................................................................. 24 Tabela 4. Número de peneiras encontradas no teste de retenção em peneiras em função do intervalo da classificação por largura, em quatro cultivares de soja .............................................................................................. 24

II - Plantabilidade de sementes de soja classificadas por largura Tabela 1. Percentual de falhas em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em soja ................................................. 38 Tabela 2. Percentual de espaçamentos normais em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em soja ............................... 38 Tabela 3. Percentual de espaçamentos múltiplos em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em soja ............................... 38 Tabela 4. Percentual de duplas falhas em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em soja ................................................. 39 Tabela 5. Número de sementes por metro linear em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em de soja .......................... 39 Tabela 6. Número de sementes por hectare de uma cultivar de soja em função do diâmetro de semente e intervalo de classificação por largura ......... 39 Tabela 7. Espaçamento médio (cm) em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em uma cultivar de soja........................ 40

III - Plantabilidade de sementes classificadas por largura em diferentes cultivares de soja Tabela 1. Percentual de falhas em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja ....................................... 52 Tabela 2 Percentual de sementes distribuídas em espaçamento normal em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja .............................................................................................. 52 Tabela 3. Percentual de espaçamentos múltiplos em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja ........... 52 Tabela 4. Percentual de duplas falhas em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja ........... 53

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Tabela 5. Número de sementes por metro linear em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja ........... 53 Tabela 6. Número de sementes por hectare em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja ........... 53 Tabela 7. Espaçamento médio (cm) em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja ................................ 54

IV - Qualidade da classificação por largura de lotes de sementes de soja de diversas origens Tabela 1. Quantidade de peneiras, percentagem de participação dos diferentes diâmetros de lotes de sementes produzidas no Brasil, Paraguai, Argentina, “Sementes Iruña” e semente caseira, e respectivas percentagens de retenção de sementes na peneira dominante (RPD) .................................. 65

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RESUMO

RODRIGUES, Claiton. Plantabilidade de sementes de soja classificadas por largura. Pelotas, 2012. 73f. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Universidade Federal de Pelotas. A mudança no perfil das variedades de soja que favorecem a redução de população vem acompanhada da necessidade de aperfeiçoamento no processo de classificação das sementes por largura, uniformizando a distribuição na linha de semeadura. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar a classificação de sementes de soja por largura, com fins de precisão de semeadura. O primeiro experimento conceituou lotes classificados em intervalos de 0,5mm, 1,00mm e sem classificação por largura. Para tal, usou-se como parâmetros a retenção na peneira dominante e o número de diâmetros encontrados em cada um dos intervalos avaliados. No segundo experimento foram avaliadas as combinações de intervalos de classificação por largura em 0,5mm, 1,0mm e sem classificação por largura, com diferentes diâmetros base de sementes em uma cultivar de soja. Foram utilizados os diâmetros: 5,0mm, 5,5mm, 6,0mm e 6,5mm. Também, foram avaliados: percentagem de semeadura em espaçamento normal, espaçamento duplo, espaçamento em falha, espaçamento em dupla falha, espaçamento médio, número de sementes por metro linear e população por hectare. Para a avaliação fixou-se a velocidade de 6,5Km-1h e densidade de semeadura desejada de 14 sementes por metro linear. No experimento três, foram avaliados os mesmos parâmetros do experimento dois, porém em quatro diferentes cultivares de soja. Para os experimento dois e três, o equipamento utilizado para plantabilidade foi o Corn Counter, da Syngenta No experimento 4 a avaliação envolveu 182 amostras de lotes de sementes de soja coletadas em armazéns de empresas compradoras de sementes. Nesse experimento, fez-se uma avaliação da qualidade da classificação por largura de empresas de sementes originadas do Brasil, Paraguai, Argentina, semente caseira e da empresa “Sementes Iruña”. Todas as amostras foram submetidas ao teste de retenção de peneiras. Avaliaram-se, ainda, os parâmetros: retenção na peneira dominante (RPD), número de peneiras e participação em percentagem de cada diâmetro de semente. Com base nos resultados, obtiveram-se as seguintes conclusões: a classificação de sementes de soja por largura favorece a plantabilidade, demonstrando menores índices de semeaduras duplas, falhas e duplas falhas, e uma melhor distribuição em espaçamento normal, favorecendo um melhor ajuste na densidade de semeadura; a classificação em intervalo de 0,5mm favorece os índices de plantabilidade, apresentando alta retenção na peneira dominante, favorecendo a escolha de discos de semeadura. Palavras-chave: classificação de sementes; peneira dominante; Glycine max.

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ABSTRACT RODRIGUES, Claiton. Plantability soybean seed classified by size. Pelotas, 2012. 73f. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Universidade Federal de Pelotas. The change in the profile of soybean varieties which favor the reduction of population is accompanied by the necessity of enhancement in the process for classifying seeds by size, standardizing the distribution in the sowing row. The present study aimed to characterize the classification of soybean seeds by size with the purpose of precision sowing. The first experiment conceptualized sorted lots at intervals of 0.5mm, 1.00mm, and unrated by size. To that end, the retention in the dominant sieve and number of diameters found in each of the intervals evaluated were used as parameters. In the second experiment combinations of intervals of classification by size of 0.5mm, 1.00mm, and unrated by size with different seed base diameters in a soybean cultivar. 5.0mm, 5.5mm, 6.0mm, and 6.5mm diameters were used. We evaluated the percentage of sowing at normal spacing, double spacing, spacing at failure, spacing at double failure, average spacing, number of seeds per linear meter, and population per hectare. A speed of 6.5km/hr was set for evaluation and desired sowing density of 14 seeds per linear meter. In the Experiment 3 the same parameters of the Experiment 2 were evaluated, but in four different soybean cultivars. The equipment used in the Experiments 2 and 3 to evaluate the plantability was Corn Counter from Syngenta. In the Experiment 4 the evaluation involved 182 samples of soybean seed lots collected in the warehouses of seeds buying companies. A quality assessment of classification by seed company size from Brazil, Paraguay, Argentina, saved grains, and “Sementes Iruña” company was done. All samples were subjected to sieving retention test. RDS parameters, number of sieves, and the percentage participation of each seed diameter. Based on the results, the following conclusions were drawn: the classification of soybean seeds by size favors plantability, showing lower rates of double sowing, failures and double failures, and a better distribution in lower spacing that favors a better fit in the sowing density. The classification in the range of 0.5 mm favors the plantability indexes with high retention in the dominant sieve, and favoring the choice of sowing disks. The great majority of seeds producing companies from Brazil, Paraguay, and Argentina have no rigor in seed classification by size classification. Key words: seed classification; dominant sieve; Glycine max.

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SUMÁRIO

Página

COMITÊ DE ORIENTAÇÃO ................................................................................ 2 BANCA EXAMINADORA .................................................................................... 2 DEDICATÓRIA ..................................................................................................... 3 AGRADECIMENTOS ........................................................................................... 4 LISTA DE TABELAS ........................................................................................... 5 RESUMO ............................................................................................................. 7 ABSTRACT ......................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11 I - ESTRATIFICAÇÃO EM PENEIRAS E RETENÇÃO NA PENEIRA DOMINANTE EM LOTES DE SEMENTES DE SOJA CLASSIFICADAS POR LARGURA ................................................................................................... 13 RESUMO.......................................................................................................... 14 ABSTRACT ...................................................................................................... 15 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 17 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 19 CONCLUSÕES ................................................................................................ 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 22 II - PLANTABILIDADE DE SEMENTES CLASSIFICADAS POR LARGURA EM UM CULTIVAR DE SOJA .......................................................................... 25 RESUMO.......................................................................................................... 26 ABSTRACT ...................................................................................................... 27 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 28 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 29 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 31 CONCLUSÕES ................................................................................................ 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 36 III - PLANTABILIDADE DE SEMENTES CLASSIFICADAS POR LARGURA EM DIFERENTES CULTIVARES DE SOJA .................................................... 41 RESUMO.......................................................................................................... 42 ABSTRACT ...................................................................................................... 43 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 44 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 45 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 47

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CONCLUSÕES ................................................................................................ 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 51 IV - QUALIDADE DA CLASSIFICAÇÃO POR LARGURA DE LOTES DE SEMENTES DE SOJA DE DIVERSAS ORIGENS .......................................... 55 RESUMO.......................................................................................................... 56 ABSTRACT ...................................................................................................... 57 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 58 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 59 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 59 CONCLUSÕES ................................................................................................ 63 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 63 DISCUSSÃO......................................................................................................... 66 CONCLUSOES .................................................................................................... 72 REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 73

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INTRODUÇÃO

No processo produtivo de qualquer cultura, a semeadura constitui-se em um

dos fatores fundamentais para o sucesso no estabelecimento e, posteriormente, na

produtividade da lavoura. Do ponto de vista da competição por espaço nas

comunidades vegetais, os rápidos crescimentos da parte aérea, da parte

subterrânea e das partes responsáveis pela reprodução serão decisivos para o

futuro do individuo, pois é durante a fase de crescimento que se manifestam as

características de plasticidade fenotípica e, sobretudo, as ações modificativas em

relação às condições do habitat (LARCHER, 2000).

Com relação à uniformidade de espaçamentos entre as plantas distribuídas

na fileira, podem ocorrer grandes falhas que influenciam na produtividade da cultura

(TOURINO et al., 2002). Por esse motivo, a classificação de sementes de soja por

largura, semelhante ao milho, tornou-se uma necessidade técnica para a obtenção

de lavouras com alto potencial de rendimento (COPETTI, 2003).

De acordo com RAMBO et al. (2003), a melhor distribuição de plantas na

área pode contribuir para o aumento da produtividade, pois permite o melhor

aproveitamento da água, da luz e dos nutrientes disponíveis no solo, com os quais

concordam Ventimiglia et al. (1999) e Tourino et al. (2002).

Em relação à dosagem adequada de sementes, Siqueira e Casão-Junior

(2002) afirmam que, na linha de semeadura, não deve ocorrer desvio maior que 10%

para que se tenha adequada dosagem, sendo que valores de 10,1% a 20%

correspondem à dosagem regular, sendo que desvios maiores que 20% indicam

dosagem inadequada. Casão-Junior et al. (2000) demonstraram que, se os

produtores conseguirem regular adequadamente as máquinas, obterão a quantidade

de sementes desejadas em todas as linhas.

O sistema de semeadura de soja mais difundido no Brasil, portanto o mais

comumente utilizado na grande maioria das semeadoras de precisão é o sistema

mecânico do tipo disco alveolado. Nesse sistema, a individualização da semente é

realizada através de um disco perfurado. Existe uma gama enorme de discos

disponíveis, com diferentes espessuras, larguras de alvéolos e com diferentes

números de alvéolos, o que faz com que o sistema se adapte às mais diversas

culturas e às mais diversas formas e larguras de sementes (COPETTI, 2003).

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Porém, verifica-se que, na maioria das vezes, tais semeadoras perdem o caráter de

precisão, devido a alguns fatores que influenciam diretamente na performance do

mecanismo dosador. Dentre outros fatores, pode-se destacar, principalmente, a

velocidade de deslocamento da semeadora e a qualidade física das sementes. De

acordo com Cantarelli (2005), a prática de corrigir a densidade de semeadura

utilizando os valores da germinação ou do vigor de lotes de sementes de baixa

qualidade fisiológica, pode ser útil em estabelecer uma população de plantas

adequada ou mais próxima do desejado. No entanto, a distribuição espacial das

plantas na comunidade ficará comprometida.

Diante disto, o trabalho apresentou como objetivo a quantificação de

retenção de sementes de soja na peneira dominante e número de peneiras

encontradas em lotes classificados em intervalo de 0,5mm, 1,0mm e sem

classificação por largura (Capítulo 1); avaliar a qualidade de semeadura de lotes de

sementes de soja classificados em intervalos de 0,5mm, 1,0mm e sem classificação,

em função da largura das sementes em uma cultivar de soja (Capítulo 2); avaliar a

qualidade de semeadura de lotes de sementes classificados em intervalos de

0,5mm, 1,0mm e sem classificação, em diferentes cultivares de soja (Capítulo 3);

avaliar a qualidade da classificação por largura de sementes, em lotes de soja

produzidos por diferentes empresas do Brasil, Paraguai, Argentina, “Sementes

Iruña” e semente caseira, produzidos na safra 2008-09 e 2009-10 (Capítulo 4).

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I - ESTRATIFICAÇÃO EM PENEIRAS E RETENÇÃO NA PENEIRA DOMINANTE EM LOTES DE SEMENTES DE SOJA CLASSIFICADAS

POR LARGURA1

CLAITON RODRIGUES2, LUIS OSMAR BRAGA SCHUCH3, SILMAR TEICHERT PESKE4, FRANCISCO AMARAL VILLELA3

1 Trabalho a ser submetido à Revista Brasileira de Sementes.

2 Eng° Agr°, M.Sc., Responsável Técnico da Empresa “Sementes Iruña”, Alto Paraná, Paraguai.

3 Professor Associado, Dr., Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”

(FAEM), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, RS. 4 Professor Titular, Ph.D., Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”

(FAEM), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, RS.

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RESUMO Do ponto de vista técnico e comercial, é importante diferenciar lotes de sementes de soja classificados por largura e seus intervalos de classificação normalmente utilizados pelas empresas sementeiras. O presente trabalho objetivou caracterizar lotes de sementes de soja classificados em intervalos de 0,5mm, 1,0mm e sem classificação por largura e sua correlação com diâmetro base de sementes e cultivares. Os diâmetros base utilizados foram 5,0mm, 5,5mm, 6,0mm e 6,5mm. As cultivares avaliadas foram NA 66 R, A 7321 RG, RA 518 e IGRA 526. Todas as unidades experimentais foram submetidas ao teste de retenção de peneiras, pesando-se em balança digital 100g de sementes e submetendo as mesmas à passagem nas peneiras de diâmetros de 4,5mm até 8,00mm com intervalos de 0,5mm entre elas, sendo cada amostra agitada por 1 minuto. Após essa etapa, as sementes segregadas em cada diâmetro de peneira foram pesadas, determinando-se a percentagem individual de participação em cada uma delas. Para cada unidade experimental, quantificou-se a percentagem de retenção na peneira dominante (RPD), ou seja, aquela de maior participação no teste de retenção de peneiras. Também, determinou-se o número de peneiras ou diâmetros encontrados em cada unidade experimental. Relacionou-se o intervalo de classificação de sementes com diâmetro base de sementes e com cultivares e verificou-se que: lotes classificados por largura em intervalos de 0,5mm apresentam alta RPD, acima de 90% e baixo número de diâmetros encontrados no teste de retenção, em geral de 1 a 2 diâmetros; lotes de sementes de soja classificados por largura em intervalos de 1,0mm apresentam RPD mediana com valores entre 50 a 60%, com 3 a 4 diâmetros de sementes; lotes sem classificação por largura apresentam RPD abaixo de 50%, com 5 a 6 diâmetros de sementes. Palavras chave: retenção em peneiras; Glycine max; plantabilidade.

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ABSTRACT From technical and commercial standpoint it is important to differentiate commercially lots of seeds classified by size and their intervals of classification, usually used by seed companies. This study aimed to characterized lots of soybean seeds at 0.5mm, 1.0mm intervals, without classification by size, and its correlation with base diameter of seeds and cultivars. The base diameters used were 5.0mm, 5.5mm, 6.0mm and 6.5mm. The cultivars evaluated were NA 66 R, A 7321 RG, RA 518, and IGRA 526. All experimental units were submitted to sieving retention test, weighing up in a digital scale 100g of seeds and submitting them to sieve diameters of 4.5mm to 8.00mm, spaced at 0.5mm between them. Each sample was stirred for one minute. After this stage, the seeds segregated in each sieve diameter were weighed and the individual percentage of participation in each one of them was determined. The percentage of retention in the dominant sieve (RDS) for each experimental unit was quantified, i.e. that with higher participation in the sieves retention test. The number of sieves or diameters found in each experimental unit was also determined. We related the interval of classification with base diameter of seeds and cultivars. Based on the results the following conclusions were drawn: lots at intervals of 0.5mm showed high RDS, above 90%, and low number of diameters found in the retention test, in general from one to two diameters. Lots classified at intervals of 1.0mm show median RDS, with values between 50% to 60%, from three to four seeds diameters. Lots unclassified by size show RDS below 50 %, with five to six seeds diameters. Key words: sieving retention; Glycine Max.; plantability

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INTRODUÇÃO

De acordo com Silva (2003), o principal mecanismo dosador utilizado nas

semeadoras de precisão é o do tipo disco horizontal, com orifícios correspondendo a

77,3% do total de mecanismos dosadores das semeadoras de tração mecânica.

Conforme Pacheco et al. (1996), as sementes, ao serem liberadas do disco

alveolado horizontal, adquirem, em queda livre, um componente vertical de

velocidade devido à aceleração da gravidade, e um componente horizontal

decorrente da velocidade de avanço da semeadora. A componente horizontal faz

com que, normalmente, as sementes rolem ou saltem para fora do local de destino

pretendido no momento do impacto com o solo.

O prejuízo técnico na precisão de semeadura pode ser incrementado pela

velocidade de semeadura. Delafosse (1986) relata que a velocidade na operação de

semeadura vem a ser um dos parâmetros de maior influência no desempenho de

semeadoras, sendo a distribuição longitudinal de sementes no sulco de semeadura

alterada, afetando a produtividade da cultura.

Portella (1999) afirma que as semeadoras empregadas no estabelecimento

dessas culturas, em sua quase totalidade, perdem o caráter de precisão em virtude

da velocidade de trabalho em que são usadas, ou seja, acima de 8km/h,

independentemente do tipo de mecanismo dosador de sementes que possuam.

Krzyzanowski et al. (2008) informam que, para se estabelecer lavouras com

menor população de plantas, requer-se, além do tratamento com fungicidas,

sementes de alta qualidade fisiológica e sanitária, classificadas por largura e por

densidade, para se atingir um alto grau de plantabilidade (distribuição precisa da

semente quanto à quantidade e distância entre as mesmas), bem como o uso de

semeadoras com adequada precisão de distribuição.

De acordo com o mesmo autor (1991), há a possibilidade de classificar

sementes de soja em categorias de largura, conforme preconizado pela tecnologia

de sementes, sem que ocorram reduções significativas nas qualidades fisiológica

(vigor e germinação) e física (danos mecânicos).

Há diversos trabalhos de avaliação da competição entre plantas, como

relatam Rambo et al. (2003), os quais, avaliando o rendimento de grãos em função

do arranjo de plantas, constataram que o aumento da população resultou no

decréscimo linear do rendimento.

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Estudos do arranjo de plantas com novas disposições na lavoura permitem

minimizar a competição intraespecífica e maximizar o aproveitamento dos recursos

ambientais. Tais modificações no arranjo podem ser feitas por meio da variação do

espaçamento entre as plantas dentro da linha de semeadura e da distância entre

linhas (PIRES et al., 1998).

Além do arranjo mais adequado, a uniformidade de espaçamento entre as

plantas distribuídas na linha também pode influir na produtividade dessa cultura.

Plantas distribuídas desuniformemente implicam em aproveitamento ineficiente dos

recursos disponíveis, como luz, água e nutrientes. No caso da soja, o acúmulo de

plantas em alguns pontos pode provocar o desenvolvimento de plantas mais altas,

menos ramificadas, com menor produção individual, diâmetro de haste reduzido e,

portanto, mais propensas ao acamamento (ENDRES, 1996). Por outro lado, espaços

vazios deixados na linha, além de facilitar o desenvolvimento de plantas daninhas,

levam ao estabelecimento de plantas de soja com porte reduzido. O estande

produzido dessa forma pode acarretar redução na produtividade, além das

dificuldades por ocasião da colheita mecanizada.

O presente trabalho objetivou avaliar a distribuição da largura das sementes

e a retenção na peneira dominante em lotes de soja, em função do intervalo de

classificação de sementes.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido no laboratório de sementes da Empresa

“Sementes Iruña”, localizado em Cruce Raul Peña Alto Paraná – Paraguai. A

primeira avaliação envolveu a cultivar NA 66 R. Utilizaram-se 4 larguras base de

sementes 5mm, 5,5mm, 6,0mm, 6,5mm de diâmetro, com intervalos de classificação

por largura de 0,5mm, 1,0mm e sem classificação por largura.

Também, foram usados quatro sacos de semente de um mesmo lote para

cada diâmetro de classificação, ou seja, para os intervalos de classificação de

0,5mm, para cada largura base de sementes de 5,0mm, 5,5mm, 6,0mm e 6,5mm

coletou-se uma repetição de cada saco. Para os intervalos de classificação de

1,0mm usaram-se sementes retidas nos diâmetros 5,0mm a 5,5mm, 5,5mm a

6,0mm, 6,0mm a 6,5mm e 6,5mm a 7,0mm, para cada uma das larguras base de

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semente. Nessa, também se coletou uma repetição de cada saco de cada largura

base.

Para o tratamento sem classificação por largura, coletaram-se quatro

repetições de sementes sem classificação em cada saco de semente, uma para

cada largura base. A segunda avaliação envolveu quatro cultivares, representadas

por NA 66 R, RA 518, IGRA 526 e A 7321 RG . Utilizou-se a largura 6,0mm como

largura base para todas as cultivares, sendo que cada uma das cultivares foi

beneficiada em intervalos de 0,5mm, 1,0mm e sem classificação por largura.

Ainda, usaram-se quatro sacos de semente de um mesmo lote de cada

cultivar e coletou-se uma repetição de cada tratamento de cada saco. Assim,

coletou-se uma repetição de cada saco de sementes classificada em intervalo de

0,5mm do saco de sementes número um, outra de mesma classificação do saco

dois, outra do saco três e outra do saco quatro.

Para a classificação em intervalo de 1,0mm, adotou-se o mesmo

procedimento, tirando uma repetição de cada saco de semente. Para o tratamento

sem classificação por largura, também se coletou uma repetição de sementes sem

classificação em cada saco.

Para as duas avaliações, todas as amostras foram submetidas ao teste de

retenção de peneiras, pesando-se em balança digital 100g de sementes,

submetendo-se à passagem nas peneiras de diâmetros de 4,5mm até 8,0mm, com

intervalos de 0,5mm entre elas, sendo cada amostra agitada por um minuto. Após

essa etapa, as sementes segregadas em cada diâmetro de peneira foram pesadas e

determinadas à percentagem individual de participação em cada uma delas.

Posteriormente, determinou-se o número de peneiras em que as amostras foram

estratificadas no teste de retenção, bem como a percentagem de retenção de

sementes na peneira dominante. Entende-se por peneira dominante aquela de maior

participação em percentagem no teste de retenção de peneiras.

Os experimentos foram configurados em um esquema fatorial 3 x 4 (3

classificações por largura x 4 larguras básicas de sementes e 3 classificações por

largura x 4 cultivares), utilizando o delineamento experimental inteiramente

casualizado. Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância pelo

teste F.

Quando os tratamentos foram significativos, as médias foram comparadas

pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. A análise estatística dos dados foi

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realizada com auxílio do software Winstat versão 2.11(MACHADO e CONCEIÇÃO,

2004).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por meio do teste de retenção de peneiras, realizado na cultivar NA 66 R,

observou-se uma alta taxa de retenção na peneira dominante, quando da

classificação em intervalo de 0,5mm. Os valores atingidos foram superiores a 97%

em todos os diâmetros básicos de sementes, não havendo diferença estatística

entre eles. A semente classificada em intervalo de 0,5mm proporcionou a ocorrência

de uma alta percentagem de retenção na peneira dominante, podendo ter uma

segunda peneira, geralmente com baixa percentagem de participação.

Ainda observando os dados da classificação com base 0,5mm, percebe-se a

baixa quantidade de peneiras encontradas (Tabela 2). Entende-se por peneiras,

cada diferente diâmetro encontrado no teste de retenção de peneiras. Nesta

avaliação, o número médio de peneiras encontradas foi de 1,3 para o diâmetro base

5,0mm e duas peneiras para os demais diâmetros básicos. Esses números

evidenciam o alto padrão de classificação por largura em lotes beneficiados em

intervalos de 0,5mm. Considerando que, para utilização de semeadoras de precisão

cuja deposição de sementes se dá em discos alveolados, a escolha dos discos de

semeadura será facilitada.

Para escolha dos discos de semeadura, a maioria dos fabricantes

recomenda em função do maior diâmetro de semente encontrado no lote amostrado.

Em geral, emprega-se como regra o uso de discos de semeadura com diâmetro 10%

superior a maior semente encontrada no teste de retenção, ou a utilização de discos

de semeadura 0,5mm acima da semente de maior largura.

Torres e Garcia (1991) constataram que um dos fatores que afeta a

distribuição de sementes é a uniformidade da largura da semente. Lotes de

sementes mais uniformes favoreceram a precisão de semeadura e a população de

plantas desejada. Quando isso não ocorreu, houve dificuldade na seleção dos

discos de semeadura. Os lotes classificados com intervalos de 1,0mm geralmente

apresentam uma percentagem mediana de participação na peneira dominante,

podendo ter duas a três peneiras (Tabela 2). A participação da peneira dominante

supera facilmente os 50%.

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Na Tabela 1, observa-se que na classificação em intervalo de 1,0mm

ocorreu uma menor percentagem de retenção na peneira dominante, quando

comparada com a classificação em intervalos de 0,5mm. O valor maior obtido foi de

74,16% no diâmetro base de 6,5mm, diferenciando-se ao nível de 5% de

significância. Essa percentagem menor de retenção na peneira dominante, bem

como a maior quantidade de peneiras dificultará a escolha dos discos de

semeadura, quando comparada com lotes de sementes classificados em intervalos

de 0,5mm. Essas variações podem favorecer a semeadura em falhas, semeadura

múltipla ou duplas falhas quando comparados a lotes com classificação em

intervalos de 0,5mm.

Pinto (2010), avaliando a produção de plantas de soja sem presença de

falhas e com distribuição equidistantes entre si obtiveram produtividade de

12,0g.planta-1, o que equivaleu a uma produção de 3.600kg.ha-1. Já em situação de

falha de sete plantas por metro linear houve diminuição de 62% na produção por

hectare, apesar da compensação individual por planta.

Observa-se, ainda, na Tabela 1 que, para avaliação de uma única cultivar

representada pela NA 66 R, os valores médios encontrados de percentagem de

retenção na peneira dominante foram 32,70%, 27,92%, 28,35% e 30,95%,

respectivamente, para os diâmetros 5,0mm, 5,5mm, 6,0mm e 6,5mm, não havendo

diferença significativa entre os diâmetros base de sementes. Lotes de semente sem

classificação por largura caracterizam-se por uma percentagem de retenção na

peneira dominante abaixo de 50% de participação e um alto número de peneiras na

amostra.

Avaliando cada diâmetro base de sementes, todos os tratamentos foram

favoráveis ao intervalo de classificação 0,5mm para menor ocorrência de peneiras e

para uma maior percentagem de retenção na peneira dominante (Tabelas 1 e 2).

Lotes sem classificação se caracterizaram pela baixa percentagem de retenção na

peneira dominante e pelos diversos diâmetros encontrados, diferenciando-se dos

demais tratamentos.

As Tabelas 3 e 4 mostraram o comportamento da ocorrência da

percentagem de retenção na peneira dominante e número de peneiras em diversas

cultivares. Nessa situação, manteve-se a tendência de alta percentagem de

retenção na peneira dominante e baixo número de peneiras, para lotes intervalados

em 0,5mm. Observou-se ainda que, ao se fixar o intervalo de classificação em

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0,5mm, 1,0mm ou sem classificação por largura, o número de diâmetros

encontrados não variou significativamente entre as cultivares (Tabela 4). Para

percentagem de retenção na peneira dominante, notou-se uma maior constância de

valores para lotes classificados em intervalos de 0,5mm. Entre as cultivares

avaliadas não houve diferenças significativas, sendo que, para todas as cultivares, a

percentagem de retenção na peneira dominante ficou acima de 97% (Tabela 3).

Para a cultivar A 7321 RG, no intervalo de classificação 1,0mm, a

percentagem de retenção na peneira dominante atingiu 69,25%, sendo esse valor

estatisticamente diferente das demais cultivares. Na ausência de classificação por

largura, a escolha do disco de semeadura apresentará maior dificuldade,

comparativamente a lotes classificados em intervalos de 0,5mm e 1,0mm. Nesse

caso, somente a semente de diâmetro maior encontrada no teste de retenção de

lotes sem classificação estará sendo submetida à determinação correta do disco

alveolado, com largura 10% ou 0,5mm superior. Os outros quatro ou cinco diâmetros

encontrados estarão sendo semeados com discos alveolados, com orifícios

superiores ao recomendado. Isso irá favorecer a redução dos índices de

plantabilidade e a baixa ocorrência de sementes em espaçamento normal.

Pinto (2010) afirma que falhas de uma a sete plantas consecutivas por metro

linear podem causar reduções na produtividade de 6 a 38%, e que o aumento da

produção das plantas localizadas nas bordas das falhas não compensa a perda de

produção causada pela falta de plantas. Além disso, Bjerkan (1947) já alertava que,

quando não se tem semente classificada por largura, há a possibilidade de que as

sementes pequenas sejam semeadas em primeiro lugar, em virtude da estratificação

por largura das sementes na caixa da semeadora em função da trepidação durante

o deslocamento do equipamento no campo, podendo acarretar em alterações na

densidade de semeadura, para mais ou para menos, em relação à calibração

inicialmente estabelecida.

Contribuindo para a classificação de sementes de soja por largura, maior

importância deve ser dada à qualidade fisiológica das sementes.

Cantarelli et al. (2004), trabalhando com sementes de aveia, relataram que

a ocorrência de falhas consecutivas ao longo da linha de semeadura foi aumentada

de forma acentuada nos lotes de mais baixa qualidade fisiológica.

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De forma semelhante, Kohls et al. (2006) constataram que a qualidade do

lote de sementes afetou a distribuição espacial das plantas dentro da comunidade

em arroz.

CONCLUSÕES

Lotes de sementes de soja classificados por largura em intervalos de 0,5mm

apresentam maior índice de retenção na peneira dominante e menor número de

peneiras no teste de retenção, facilitando a escolha de disco de semeadura e

favorecendo a plantabilidade, enquanto que lotes sem classificação por largura

apresentam os menores índices de retenção de sementes na peneira dominante e

elevado número de peneiras no teste de retenção.

Lotes classificados em intervalo em 0,5mm apresentam alta percentagem de

retenção na peneira dominante, tanto entre os diâmetros básicos de sementes como

entre as cultivares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CANTARELLI, L.D.; SCHUCH, L.O.B.; PICOLI, V.A.; SCHIAVON, R.; MIELEZRSKI, F.; PANOZZO, L. Distribuição espacial de plantas de aveia branca (Avena sativa L.), em função do vigor de sementes. In: XIX SEMINARIO PANAMERICANO DE SEMILLAS, 2004, ASSUNÇÃO. 2004, v.1, p.292.

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Tabela 1. Percentagem de retenção de sementes de soja na peneira dominante em função do intervalo de classificação por largura e do diâmetro básico

Intervalo de Diâmetro básico de sementes (mm) classificação 5 5,5 6,0 6,5 0,5mm 99,99 aA 98,66 aA 97,25 aA 99,29 aA 1,0mm 59,97 bB 58,11 bB 60,56 bB 74,16 bA Sem classificação 32,70 cA 27,92 cA 28,35 cA 30,95 cA CV(%) 5,72 Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste

de Duncan ao nível de 5% de probabilidade

Tabela 2. Número de peneiras encontradas no teste de retenção em função da classificação de sementes de soja por largura e do diâmetro básico

Intervalo de Diâmetro básico de sementes (mm) Classificação 5 5,5 6,0 6,5 0,5mm 1,3 cB 2 cA 2 Ca 2 cA 1,0mm 2 bB 3 bA 3 bA 3 bA Sem classificação 5 aB 6 aA 6 aA 5 aB CV(%) 4,30

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade

Tabela 3. Percentagem de retenção de sementes de soja na peneira dominante em função do intervalo de classificação por largura, em quatro cultivares

Intervalo de Cultivares Classificação NA 66 R A 7321 RG RA 518 IGRA 526 0,5mm 98,23 aA 97,53 aA 97,07 aA 97,86 aA 1,0mm 53,38 bB 69,25 bA 51,66 bB 51,77 bB Sem classificação 44,78 cB 47,75 cA 42,05 cC 45,30 cAB CV(%) 2,68 Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste

de Duncan ao nível de 5% de probabilidade

Tabela 4. Número de peneiras encontradas no teste de retenção em peneiras em função do intervalo da classificação por largura, em quatro cultivares de soja

Intervalo Cultivares Médias

Classificação NA 66 R A 7321 RG RA 518 IGRA 526

0,5mm 2 ns 2 2 2 2 c

1,0 mm 3 3 3 3 3 b

Sem classificação 5,5 5,8 6 5,5 5,7 a

Médias 3,5 A 3,6 A 3,7 A 3,5 A

CV (%) 7,76

ns - Interação não significativa

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II - PLANTABILIDADE DE SEMENTES DE SOJA CLASSIFICADAS POR LARGURA1

CLAITON RODRIGUES2, LUIS OSMAR BRAGA SCHUCH3, SILMAR TEICHERT PESKE4, FRANCISCO AMARAL VILLELA3

1 Trabalho a ser submetido à Revista Brasileira de Sementes.

2 Eng° Agr°, M.Sc., Responsável Técnico da Empresa “Sementes Iruña”, Alto Paraná, Paraguai.

3 Prof. Associado, Dr., Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de

Pelotas (UFPel), Pelotas, RS. 4 Prof. Titular, Ph.D., Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de

Pelotas (UFPel), Pelotas, RS.

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RESUMO A melhor distribuição ao longo da linha de semeadura é aquela em que as sementes fiquem exatamente a uma mesma distância uma da outra. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de semeadura em uma cultivar de soja, em função do intervalo de classificação por largura. Utilizaram-se quatro larguras base de sementes, 5,0mm, 5,5mm, 6,0mm e 6,5mm, com três intervalos de classificação, 0,5mm, 1,0mm e sem classificação por largura. A cultivar utilizada foi NA 66 R. O equipamento utilizado para as avaliações de plantabilidade foi o Corn Counter. Avaliou-se a percentagem de espaçamentos normais, falhas, duplas falhas, espaçamento duplo, número de sementes por metro linear, sementes por hectare e espaçamento médio. Os resultados obtidos permitem afirmar que lotes de sementes de soja classificadas por largura favorecem a plantabilidade, demonstrando menores índices de semeadura dupla, falhas e duplas falhas e uma melhor distribuição em espaçamento normal. O efeito da classificação por largura sobre a plantabilidade é afetado pelo tamanho básico das sementes, sendo que a classificação em intervalo de 0,5mm favorece os índices de plantabilidade. Palavras-chave: Glycine max; classificação; falhas; diâmetro.

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ABSTRACT The better distribution of the plants along the row is the one in which they are exactly at the same distance from each other. This study aimed to evaluate the quality of sowing in a soybean cultivar, according to the interval of classification by size. Four basic sizes of seed, 5.0mm, 5.5mm, 6.0mm, and 6.5mm with three intervals of classification, 0.5 mm, 1.0 mm, and no classification by size. The cultivar used was NA 66 R. The equipment used for plantability evaluation was Corn Counter from Syngenta Company. We evaluated the percentage of normal spacing, failures, double failures, double spacing, number of seeds by linear meter, seeds by hectare, and average spacing. The results allow to state that the lots of seeds classified by size favors the plantability of soybean seeds, showing lower indexes of double sowing, failures and double failures, and a better distribution in normal spacing. The effect of classification on plantability is affected by the basic size of seeds, and a classification at intervals of 0.5mm favors plantability indexes. Key words: Glycine max; classification; failures; diameter.

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INTRODUÇÃO

A semente é um meio de se levar ao produtor todo o potencial de uma

cultivar, tanto genético como em qualidade física, fisiológica e sanitária, e é isto que

a agricultura moderna requer (BARROS e PESKE, 1998). Para que a semente tenha

grande influência na agricultura e, consequentemente, uma produção maior de

alimentos seja atingida, a mesma deve ser de alta qualidade, de variedade

melhorada e, também, empregada em larga escala pelo produtor.

A importância da distribuição de sementes é tão grande para algumas

culturas que as máquinas que realizam a semeadura dessas são chamadas de

semeadoras de precisão. Neste tipo de máquinas, destaca-se a importância dos

mecanismos dosadores de sementes, pois são os responsáveis pela distribuição

adequada no solo. Esses mecanismos têm por função individualizar as sementes

contidas no reservatório, sem danificá-las e distribuí-las uniformemente, de acordo

com a necessidade específica da cultura (COOPETI, 2003).

A desuniformidade na distribuição longitudinal de plantas implica em um

aproveitamento ineficiente dos recursos disponíveis, como luz, água e nutrientes.

Essa, ao longo da linha de semeadura, poderá provocar prejuízos decorrentes da

competição intraespecífica dentro da população de plantas. Diversos trabalhos têm

demonstrado que a adequada distribuição de plantas pode estar diretamente

relacionada com o desempenho dos cultivos, incluindo o rendimento de grãos.

Mundstock (1977) afirma que a distribuição uniforme de plantas na linha

possibilita um melhor aproveitamento de luz, água e nutrientes, acarretando,

consequentemente, melhor rendimento da cultura. Na soja, o acúmulo de plantas

pode provocar o desenvolvimento de plantas de maior porte, porém menos

ramificadas, com menor produção individual, diâmetro de haste reduzido e, portanto,

mais propensas ao acamamento (ENDRES, 1996).

Trabalhos produzidos nos Estados Unidos indicam que a distribuição

uniforme de plantas na linha proporcionou incremento de grãos de até 13% sob

condições favoráveis de cultivo (ROSSMANN e COOK, 1996; SCHULEECK e

YOUNG, 1970).

Existe uma tendência atual na cultura da soja em que as densidades

menores, em torno de 10 a 15 plantas.m-1, vêm sendo utilizadas com sucesso, pois

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além de não reduzirem a produtividade, proporcionam redução nos custos de

produção pelo menor gasto com sementes.

Segundo Peixoto (1998), as plantas de soja compensam a redução da

densidade, por aumentarem a produção individual de legumes, o que contribui para

maior tolerância a essa variação.

O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da classificação de sementes sobre

a plantabilidade de lotes de sementes de soja, originados de diferentes larguras

base.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido no laboratório do Seed Care Institute, em

Holambra, SP, da empresa Syngenta e no laboratório de sementes da empresa

“Sementes Iruña”, localizada na cidade de Iruña, Alto Paraná, Paraguai. A cultivar

utilizada foi a NA 66 R. Utilizaram-se quatro larguras básicas de sementes, 5,0mm,

5,5mm, 6,0mm e 6,5mm, com intervalos de classificação em 0,5mm, 1,00mm e sem

classificação por largura. O sistema de semeadura utilizado foi o disco alveolado.

Nesse sistema, a individualização é realizada através de um disco perfurado.

O equipamento utilizado na avaliação foi o Corn Counter, que permite

avaliação da regularidade de semeadura. O princípio de funcionamento permite as

sementes cairem através de uma cortina de luz. Uma sombra é gerada sobre as

sementes e medida como um sinal no Corn Counter.

Um programa faz a leitura e emite relatório sobre a semeadura de múltiplos,

falhas, duplas, duplas falhas e espaçamento normal, sementes.m-1, população por

hectare, que permite também a leitura do espaçamento médio dado pela distância

em cm-1 entre as sementes. Os dados são armazenados em um computador com

posterior geração de relatórios.

O conceito de duplas, falhas e espaçamento normal foi adotado

individualmente para cada linha de semeadura avaliada, com base em normativas

da ABNT (1984), que segue os seguintes conceitos:

- Distância referência (Xref): distância entre as sementes, ou, os grupos de

semente, definida a partir da recomendação agronômica de densidade de semeadura.

A distância referência (Xref) é usada para a definição das classes de frequência dos

espaçamentos entre sementes;

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- Múltiplos ou duplos: termo que caracteriza a ocorrência de distâncias entre as

sementes menores que 0,5Xref.

- Falhas: Termo que caracteriza a ocorrência de distância entre as sementes

maiores que 1,5Xref.

- Aceitáveis ou espaçamento normal: termo que caracteriza a ocorrência de

distâncias entre as sementes dentro dos limites de 0,5 e 1,5Xref.

As amostras foram constituídas de 2.000 sementes. Para a obtenção,

usaram-se quatro sacas de semente de um mesmo lote e coletou-se uma repetição

de cada tratamento, de cada saca. Assim, foi coletada uma repetição da saca de

sementes de largura base 5,0mm classificada de 0,5mm da saca de sementes

número um, outra de mesma classificação da saca dois, outra da saca três e outra

da saca quatro.

Para o tratamento classificação em 1,0mm, executou-se o mesmo

procedimento, retirando uma repetição de cada saca de semente, para cada uma

das larguras básicas. Para o tratamento sem classificação por largura, também se

coletou quatro repetições de sementes sem classificação, uma de cada saca de

semente. Dessa maneira, totalizaram-se 48 unidades experimentais.

Todas as unidades experimentais foram submetidas ao teste de retenção de

peneiras, o qual consiste em pesar 100g de sementes de cada repetição e submetê-

las à passagem por um conjunto de peneiras de furos redondos de diferentes

diâmetros, de 8,0mm até 4,5mm e fundo falso. As quantidades encontradas na

retenção de cada peneira foram pesadas individualmente, determinando-se a

percentagem de retenção em cada peneira.

A escolha dos mecanismos dosadores de sementes alveolado horizontal ou

disco perfurado, a serem utilizados nos testes, baseou-se no resultado do teste de

retenção de peneiras, utilizando diâmetro de furo 0,5mm acima da semente de maior

diâmetro encontrado no teste de retenção. No equipamento, fez-se a delimitação de

velocidade de semeadura em 6,5km.h-1, espaçamento entre linha de 45,0cm e

número de sementes por metro linear de 14, obtendo-se a percentagem de falhas,

semeadura em duplas, semeadura em espaçamento normal, dupla falha, número de

sementes por metro linear e população por hectare.

Os experimentos foram configurados em um esquema fatorial 3x4 (3

classificações por largura x 4 larguras básicas de sementes e 3 classificações por

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largura x 4 cultivares), utilizando o delineamento experimental inteiramente

casualizado.

Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância pelo teste

F. Quando os tratamentos foram significativos, as médias foram comparadas pelo

teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade. A análise estatística dos dados foi

realizada com auxílio do software Winstat versão 2.11(MACHADO e CONCEIÇÃO,

2004).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observando-se a Tabela 1, verifica-se que a classificação em intervalo de

0,5mm proporcionou um menor percentual de falhas para o tratamento com

classificação em intervalo de 0,5mm base 5,5mm, atingindo 4,70% de falhas. Para

as classificações com base 5,0mm, 6,0mm e 6,5mm, o resultado obtido foi de

13,35%, 10,25% e 11,71%, respectivamente.

Para classificação em intervalos 1,0mm, o desempenho no percentual de

falhas foi semelhante para classificação base 5,0mm, 6,0mm e 6,5mm, obtendo

valores de 14,48%, 13,42% e 15,90% (Tabela 1). A menor ocorrência de falhas foi

observada na classificação base 5,5mm, que foi igual estatisticamente à

classificação base 6,0 mm, cujo resultado foi de 13,42%.

A ocorrência de falhas na semente sem classificação por largura foi sempre

superior às sementes classificadas, não diferindo estatisticamente entre si. Numa

condição de alta ocorrência de falhas, como na semeadura de sementes sem

classificação por largura, pode haver a ocorrência de plantas individuais isoladas, ou

seja, aquelas distantes uma das outras na linha da semeadura.

Pinto (2010) observou um maior número de ramificações, vagens e

sementes em plantas individuais isoladas. Porém, transpondo esses arranjos para

uma área de 10.000m2, e considerando a ocorrência de uma falha por metro linear,

verificou que a produção por área diminuiu linearmente com o acréscimo do

tamanho das falhas.

Hoopper (1975) relatou que a possibilidade de ocorrer desuniformidade de

população de soja é grande quando se utiliza semeadoras com mecanismo dosador

do tipo disco horizontal perfurado, com lotes de sementes com grande variação de

largura.

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Armstrong et al. (1988), estudando a melhoria da precisão de semeadura

através da classificação de semente de soja, concluíram que a classificação pode

melhorar a precisão de distribuição da semente, particularmente com cultivares que

apresentam uma alta taxa de sementes grandes, resultando numa densidade de

semeadura mais uniforme.

Para classificação base 5,0mm, o desempenho na ocorrência de falhas foi

igual para as classificações em intervalo de 0,5mm, 1,0mm, atingindo 13,35% e

14,48%, respectivamente. Desempenho inferior foi observado para sementes sem

classificação por largura, atingindo 20,05% de falhas. O mesmo não se observou na

classificação base 5,5mm, que apresentou menor ocorrência de falhas para

intervalos de classificação 0,5mm, com 4,70%, seguido do intervalo 1,0mm, com

10,69% e novamente a maior ocorrência de falhas percebeu-se na semente sem

classificação por largura (Tabela 1). Para classificação base 6,0mm e 6,5mm,

manteve-se a tendência de uma melhor plantabilidade para sementes classificadas

em intervalos de 0,5mm, seguidos da classificação em intervalos em 1,00mm. As

maiores falhas foram encontradas nos tratamentos sem classificação por largura.

Na Tabela 2, avaliando a ocorrência de sementes distribuídas em

espaçamento normal para a classificação em intervalo de 0,5mm, todos os

tratamentos obtiveram distribuição em espaçamento adequado superior a 75%. Os

resultados obtidos foram 76,68%, 89,10%, 82,27% e 81,77%, respectivamente, para

as classificações por largura base 5,0mm, 5,5mm, 6,0mm e 6,5mm.

Resultados semelhantes foram encontrados por Mahl et al. (2008), os quais,

trabalhando com mecanismos dosadores para sementes graúdas, comparando

semeadora comercial com dosador pneumático com outra de dosador de disco

horizontal, na semeadura de milho, encontraram 70,3% de espaçamentos aceitáveis

entre plantas para a primeira e 57,7% para segunda.

Tal rigor na classificação de sementes por largura, evidenciado em lotes

classificados em intervalos de 0,5mm, faz-se necessário devido à utilização do

principal mecanismo dosador usado nas semeadoras de precisão, que é o tipo disco

horizontal perfurado. Esse modelo corresponde a 77,3% do total de mecanismos

dosadores das semeadoras nacionais de tração mecânica (SILVA (2003).

Para classificação em intervalos de 1,00mm, o resultado manteve-se acima

de 70% de sementes distribuídas em espaçamento normal, porém com valores

levemente inferiores ao da classificação em intervalo de 0,5mm.

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Para semente não classificada por largura, não houve diferença estatística

na ocorrência de sementes em espaçamento normal para os diâmetros base 5,0mm,

5,5mm, 6,0mm e 6,5mm.

Comparando a ocorrência de espaçamento adequado para o diâmetro

5,0mm, não houve diferença significativa favorável para a classificação em intervalo

de 0,5mm, em que o resultado obtido foi de 76,68%, sendo o mesmo

estatisticamente semelhante à classificada em intervalo de 1,0mm, cujo resultado foi

de 73,64% de ocorrência de sementes em espaçamento normal. Ambos os

resultados superaram o tratamento base 5,0mm sem classificação por largura, que

obteve 64,82% de sementes em espaçamento normal. Para classificação base

6,5mm, manteve-se a mesma tendência.

Reis et al. (2007), avaliando o desempenho de três mecanismos dosadores

de sementes de arroz com vistas à semeadura de precisão, constataram

percentagem máxima de espaços ou tempos aceitáveis de 38,2%, bem como 19,3%

de falhas e 45,3% de múltiplos, sendo que esses números não revelam semeadura

de precisão.

De acordo com Mialhe (1996), para que fosse considerada semeadura de

precisão a percentagem de espaçamentos aceitáveis de sementes no sulco deveria

ser superior a 60%.

Para os tratamentos base 5,5mm classificadas em intervalo de 0,5mm houve

diferença favorável à classificação em 0,5mm, em comparação à classificação em

intervalos de 1,0mm e sem classificação por largura. O mesmo observou-se para

classificação base 6,0mm.

Para ocorrência de múltiplos e para os tratamentos com intervalos de

classificação de 0,5mm, não houve diferenças significativas para os beneficiamentos

com base 5,0mm, 5,5mm, 6,0mm e 6,5mm. Nesses, os valores foram 7,63%, 5,79%,

6,37% e 5,17% (Tabela 3).

Para os tratamentos classificados com intervalos de 1,0mm, houve diferença

significativa favorável à classificação base 6,5mm, que não diferiu estatisticamente

do tratamento base 5,5mm.

Pinto (2010), relatando a presença de plantas, duplas observou arranjos na

condição de semeadura dupla com valores equivalentes ou inferiores ao tratamento

com planta individual normal, indicando desvantagem para essa situação, a qual é

de ocorrência comum em condições de lavoura.

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No presente experimento, a ocorrência de múltiplos foi de 5,94% para base

6,5mm e 7,93% para base 5,5mm. Nos demais representados pela base 5,0mm e

6,0mm os resultados foram de 9,60% e 9,37%, que não diferiram do tratamento

base 5,5mm, que apresentou 7,93% (Tabela 3).

A ocorrência de múltiplos na semente sem classificação por largura, em

todos os tratamentos, superou o índice de 10%. Neste, a ocorrência de múltiplos

também pode ser afetada pela velocidade periférica, dificultando a retirada das

sementes extras dos orifícios pelo mecanismo exclusor, causando aumento da

porcentagem de espaçamentos múltiplos. O menor valor obtido foi na base 5,0mm

com 10,72% diferindo da base 5,5mm, 6,0mm e 6,5mm (Tabela 3).

Para o percentual de duplas falhas observados na Tabela 4 os resultados

mais expressivos foram encontrados nos lotes sem classificação por largura. A

semente sem classificação por largura apresentou o maior índice de dupla falha no

diâmetro 5,0mm, não ocorrendo diferença estatística da classificação 6,0mm. Os

tratamentos com base 5,5mm e 6,5mm obtiveram 2,99% e 2,19%, e não diferiram

estatisticamente na ocorrência de dupla falha quando comparadas com a

classificação base 6,0mm.

A semente de soja, de uma maneira geral, apresenta uma grande variação

de largura entre as diversas cultivares e dentro de cada cultivar. A uniformidade de

largura na semente de soja permite o ajuste correto da população de plantas no

campo. Atualmente, em decorrência do melhoramento genético que resultou em

plantas mais produtivas, reduziu-se a densidade de semeadura em algumas

cultivares em mais de 50%. Populações baixas, em torno de 200 mil a 230 mil

plantas por hectare, requerem alta precisão na distribuição das sementes de alta

qualidade na linha de semeadura (KRZYZANOWSKI et al., 2008).

Na avaliação de população (sementes por metro e sementes por hectare),

na classificação com intervalo de 0,5mm e 1,0mm, não houve diferenças

significativas para os diâmetros 5,0mm, 5,5mm, 6,0mm e 6,5mm (Tabelas 5 e 6).

Para semente sem classificação, a menor densidade encontrada foi na base

5,00mm com 14,10 sementes por metro linear, não diferindo estatisticamente da

semente base 5,5mm e 6,0mm. A maior densidade encontrada foi de 16,55

sementes por metro linear na classificação base 6,5mm, atingindo uma população

de 367.832 sementes por hectare, não diferindo estatisticamente da classificação

base 6,0mm e 5,5mm.

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Peixoto et al. (2000) concluíram que, independentemente da densidade, as

cultivares apresentam tendência de compensação no rendimento de grãos, porém

até um determinado limite. O mesmo foi observado por Pinto (2010), que de forma

semelhante ao ocorrido com plantas individuais verificou que a compensação

apresentada pelo aumento da produção das plantas duplas nas bordas das falhas,

não foi suficiente para manter o nível de produtividade por área das populações de

soja.

Não houve diferenças significativas no número de sementes por metro e

população na classificação base 5,0mm com intervalos de classificação 0,5mm,

1,00mm e sem classificação por largura. O mesmo foi observado para classificação

base 5,5mm e 6,0mm. Para o diâmetro 6,5mm, o maior número de sementes por

metro linear foi encontrada no lote sem classificação por largura, com 16,55

sementes por metro e uma população de 367.832 sementes por hectare, contra

14,42 e 13,75 sementes por metro e população de 320.388 e 305.610

respectivamente diferindo estatisticamente para os intervalos de classificação

0,5mm e 1,0mm.

Na avaliação de espaçamento médio entre sementes para a classificação

em intervalos de 0,5mm e 1,0mm, não houve diferenças significativas (Tabela 7).

Conforme Pereira (1989) comentou, sob baixa população de plantas, com

espaçamento mais amplo, a produção individual por planta é maior, embora por área

seja mais baixa, resultados confirmados por Pinto (2010).

Na avaliação dos lotes sem classificação por peneiras, o menor

espaçamento médio foi de 6,18cm, observado no diâmetro de classificação 6,5mm,

que não apresentou diferença significativa em relação ao diâmetro 6,0mm e 5,5mm.

O maior espaçamento médio entre sementes encontrado foi no diâmetro 5,0mm,

com 7,09cm de espaço, porém, sem diferenciação em relação aos diâmetros 5,5mm

e 6,0mm.

No diâmetro de semente base 5,0mm não houve diferenças em relação ao

espaçamento médio quando classificado em intervalos de 0,5mm, 1,0mm ou sem

classificação. Nesse caso, os resultados obtidos foram de 7,05cm, 7,24cm e 7,09cm,

respectivamente. O mesmo observou-se para os diâmetros 5,5mm e 6,0mm.

Para o diâmetro 6,5mm, o menor espaçamento médio foi observado no lote

sem classificação por largura. Para o intervalo de classificação 0,5mm e 1,0mm os

resultados obtidos foram 6,93cm e 7,27cm, não diferindo entre eles.

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Os resultados obtidos neste ensaio superaram os índices de plantabilidade

obtidos por Reis (2009), quando da avaliação do desempenho e características

construtivas de um protótipo de dosador pneumático para sementes de arroz.

Nesse, os tempos falhos atingiram 36,8%, tempos aceitáveis 37,6% e tempos

múltiplos 25,6%. Esses resultados foram semelhantes aos encontrados por Reis et

al. (2007), em que, avaliando três tipos de mecanismos dosadores para arroz, a

percentagem de aceitáveis ficou sempre abaixo de 38,2%.

CONCLUSÕES

- Lotes de sementes de soja classificados por largura favorecem a

plantabilidade, demonstrando menores índices de semeadura dupla, falhas e duplas

falhas e uma melhor distribuição em espaçamento normal;

- A classificação em intervalo de 0,5mm favorece os índices de

plantabilidade.

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Tabela 1. Percentual de falhas em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em soja

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade

Tabela 2. Percentual de espaçamentos normais em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em soja

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade Tabela 3. Percentual de espaçamentos múltiplos em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em soja

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade

Intervalo de

classificação

Diâmetro básico das sementes (mm)

5,0 5,5 6,0 6,5

0,5 13,35 Ab 4,70 Bc 10,25 Ab 11,71 Ac

1,0 14,48 Ab 10,69 Bb 13,42 ABb 15,90 Ab

Sem classificação 20,05 Aa 21,21 Aa 19,70 Aa 20,74 Aa

C.V. (%) 16,32

Intervalo de

classificação

Diâmetro básico das sementes (mm)

5,0 5,5 6,0 6,5

0,5 76,68 Ca 89,10 Aa 82,27 Ba 81,77 Ba

1,0 73,64 Ba 80,88 Ab 74,54 Bb 77,69 ABa

Sem classificação 64,82 Ab 61,71 Ac 64,19 Ac 63,14 Ab

C.V. (%) 4,33

Intervalo de

classificação

Diâmetro básico das sementes (mm)

5,0 5,5 6,0 6,5

0,5 7,63 Ab 5,79 Ab 6,37 Ac 5,17 Ab

1,0 9,60 Aab 7,93 ABb 9,37 Ab 5,94 Bb

Sem classificação 10,72 Ba 14,09 Aa 12,63 ABa 13,93 Aa

C.V. (%) 20,27

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Tabela 4. Percentual de duplas falhas em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em soja

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade

Tabela 5. Número de sementes por metro linear em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em de soja

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade

Tabela 6. Número de sementes por ha de uma única cultivar em função do diâmetro de semente e intervalo de classificação por largura

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade

Intervalo de

classificação

Diâmetro básico das sementes (mm)

5,0 5,5 6,0 6,5

0,5 2,43 Ab 0,40 Bb 1,10 ABb 1,35 ABab

1,0 2,28 Ab 0,50 Bb 2,66 Aa 0,46 Bb

Sem classificação 4,41 Aa 2,99 Ba 3,48 ABa 2,19 Ba

C.V. (%) 47,74

Intervalo de

classificação

Diâmetro básico das sementes (mm)

5,0 5,5 6,0 6,5

0,5 14,17 Aa 14,43 Aa 14,21 Aa 14,42 Ab

1,0 13,82 Aa 13,97 Aa 14,23 Aa 13,75 Ab

Sem classificação 14,10 Ba 15,21 ABa 15,16 Aba 16,55 Aa

C.V. (%) 7,73

Intervalo de

classificação

Diâmetro básico das sementes (mm)

5,0 5,5 6,0 6,5

0,5 314.832 Aa 320.666 Aa 315.777 Aa 320.388 Ab

1,0 307.221 Aa 310.554 Aa 316.333 Aa 305.610 Ab

Sem classificação 313.444 Ba 337.999 ABa 336.944 ABa 367.832 Aa

C.V. (%) 7,73

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Tabela 7. Espaçamento médio (cm) em função do diâmetro da semente e intervalo de classificação por largura, em uma cultivar de soja

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade

Intervalo de

classificação

Diâmetro básico das sementes (mm)

5,0 5,5 6,0 6,5

0,5 7,05 Aa 6,93 Aa 7,04 Aa 6,93 Aa

1,0 7,24 Aa 7,16 Aa 7,03 Aa 7,27 Aa

Sem classificação 7,09 Aa 6,59 ABa 6,64 ABa 6,18 Bb

C.V. (%) 6,46

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III - PLANTABILIDADE DE SEMENTES CLASSIFICADAS POR LARGURA EM DIFERENTES CULTIVARES DE SOJA1

CLAITON RODRIGUES2, LUIS OSMAR BRAGA SCHUCH3, SILMAR TEICHERT PESKE4, FRANCISCO AMARAL VILLELA3

1 Trabalho a ser submetido à Revista Brasileira de Sementes.

2 Eng° Agr°, Doutor, Responsável Técnico da Empresa “Sementes Iruña”, Alto Paraná, Paraguai.

3 Prof. Associado, Dr., Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de

Pelotas (UFPel), Pelotas, RS. 4 Prof. Titular, Ph.D., Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de

Pelotas (UFPel), Pelotas, RS.

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RESUMO Um aspecto fundamental para a maximização da produtividade diz respeito ao número de plantas a serem utilizadas e a sua distribuição na área. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de semeadura de quatro cultivares de soja, em função do intervalo de classificação por largura. As cultivares utilizadas foram NA 66 R, RA 518, IGRA 526 e A 7321 RG em três intervalos de classificação, 0,5mm, 1,0mm e sem classificação por largura. O equipamento utilizado foi o Corn Counter. Avaliaram-se a percentagem de espaçamentos normais, falhas, duplas falhas, espaçamento duplo, número de sementes por metro linear, sementes por hectare e espaçamento médio. Os resultados obtidos permitem afirmar que a classificação de sementes de soja por largura favorece a plantabilidade, demonstrando menores índices de semeaduras duplas, falhas e duplas falhas, e uma melhor distribuição em espaçamento normal, favorecendo um melhor ajuste na densidade de semeadura; a classificação de sementes de soja em intervalo de 0,5mm proporciona menor ocorrência de espaçamentos duplos e uma maior ocorrência de espaçamento normal, em todos os cultivares; o efeito da classificação das sementes de soja é variável com o cultivar considerado.

Palavras-chave: cultivares, espaçamento, Glycine max.

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ABSTRACT A key aspect for the maximization of productivity relates to the number of plants to be used and their distribution in the area. This study aimed to evaluate the quality of sowing of four soybean cultivars according to the interval of classification by size. The cultivars used were NA 66 R, RA 518, IGRA 526 and A 7321 RG, with three intervals of classification, 0.5mm, 1.0mm, and no classification by size. The equipment used for plantability evaluation was Corn Counter from Syngenta Company. We evaluated the percentage of normal spacing, failures, double failures, double spacing, number of seeds by linear meter, seeds by hectare, and average spacing. The results allow to state that the lots of seeds classified by size favors the plantability of soybean seeds showing lower indexes of double sowing, failures and double failures, and a better distribution in normal spacing favoring better adjustment in sowing density. Seeds classification at 0.5mm interval provides lower occurrence of double spacing and higher occurrence of normal spacing in all cultivars. The effect of seeds classification varies with the cultivar considered. Key words: cultivars; spacing; Glycine max.

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INTRODUÇÃO

Devido à influência da soja para o agronegócio brasileiro, procura-se

aumentar a produtividade por área cultivada e altos rendimentos somente serão

obtidos se as condições forem favoráveis em todos os estádios da cultura.

A semente é um dos principais insumos para a agricultura, sendo a sua

qualidade um fator determinante do sucesso do empreendimento agrícola. É comum

constatar, em lavouras de soja, sérios problemas de desuniformidade na distribuição

das plantas e um grande número de falhas nas linhas de semeadura (TORRES e

GARCIA, 1991).

A importância da distribuição de sementes é tão grande para algumas

culturas que as máquinas que realizam essa operação são chamadas de

semeadoras de precisão. Nesse tipo de máquina, destaca-se a contribuição dos

mecanismos dosadores de sementes, pois são os responsáveis por sua precisão.

Esses mecanismos têm por função individualizar as sementes contidas no

reservatório, sem danificá-las e distribuí-las uniformemente, de acordo com a

necessidade específica da cultura (COOPETI, 2003).

Segundo Almeida e Mundstock (2001), em aveia a desuniformidade de

semeadura afeta a alocação de massa seca nas plantas, determinando menor

emissão de afilhos e menor alocação de matéria seca no colmo principal e afilhos.

De acordo com Rambo et al. (2003), a melhor distribuição de plantas na área pode

contribuir para o aumento da produtividade, pois permite o melhor aproveitamento

da água, da luz e dos nutrientes disponíveis no solo, com o que concordam

Ventimiglia et al. (1999) e Tourino et al. (2002).

Por outro lado, estudos mostram que a desuniformidade na distribuição

espacial de plantas pode resultar em perdas de 15% ou mais na cultura do milho,

35% na cultura do girassol e 10% na cultura da soja (COOPETI, 2003).

Trabalhando com rendimento de grãos em função do arranjo de plantas de

soja, Rambo et al. (2003) relataram que o aumento da população resultou no

decréscimo linear de rendimento. Com relação à uniformidade de espaçamentos

entre as plantas distribuídas na fileira, podem ocorrer grandes falhas que influenciam

na produtividade da cultura (TOURINO et al., 2002).

As falhas que ocorrem em lavouras podem ser ocasionadas pela qualidade

das sementes, como também pelo processo de semeadura em si, levando a

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semente a não ser depositada no local pretendido. Outra situação é que, além da

falha, pode ocorrer deposição de duas sementes em um mesmo local, que

produzirão duas plantas, os chamados duplos. Nessa situação, duas plantas tentam

ocupar o mesmo espaço e o que se observa é um elevado grau de competição entre

as mesmas, com redução no rendimento de grãos das duas, bem como plantas com

caules mais finos e com menor produção de área foliar (SCHUCH e PESKE, 2008).

Assim, o trabalho objetivou avaliar a plantabilidade de sementes

classificadas em intervalos de 0,5mm, 1,0mm e sem classificação por largura, em

quatro cultivares de soja utilizadas comercialmente.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido no laboratório do Seed Care Institute, em

Holambra, SP, de propriedade da empresa Syngenta, e no laboratório de sementes

da empresa “Sementes Iruña”, localizada na cidade de Iruña, Alto Paraná, Paraguai.

As cultivares utilizadas foram NA 66 R, RA 518, IGRA 526 e A 7321 RG. As larguras

das sementes usadas foram 6,0mm, 6,0mm + 6,5mm, em todos as cultivares,

correspondentes às classificações em intervalos de 0,5mm e 1,0mm,

respectivamente, além de amostras sem classificação por largura.

O sistema de semeadura utilizado foi o disco horizontal perfurado. Nesse

sistema, a individualização da semente foi realizada através de um disco perfurado.

O equipamento utilizado na avaliação foi o Corn Counter, que permite avaliação da

regularidade de semeadura. O princípio de funcionamento permite às sementes

caírem através de uma cortina de luz. Uma sombra é gerada pelas sementes e

medida como um sinal no Corn Counter. Um programa faz a leitura e emite um

relatório sobre a distribuição das sementes em múltiplos, falhas, duplas, duplas

falhas e espaçamento normal, além de espaçamento médio, sementes por metro e

população por hectare.

O conceito de duplas, falhas e espaçamento normal foi adotado

individualmente para cada linha de semeadura avaliada, com base em norma da

ABNT (1984) que segue os seguintes conceitos:

- Distância referência (Xref): distância entre as sementes, ou, os grupos de

semente, definida a partir da recomendação agronômica de densidade de semeadura.

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A distância referência (Xref) é usada para a definição das classes de frequência dos

espaçamentos entre sementes;

- Múltiplos ou duplo: termo que caracteriza a ocorrência de distâncias entre as

sementes menores que 0,5Xref;

- Falhas: termo que caracteriza a ocorrência de distância entre as sementes

maiores que 1,5Xref;

- Aceitáveis ou espaçamento normal: termo que caracteriza a ocorrência de

distâncias entre as sementes dentro dos limites de 0,5 e 1,5Xref.

Usaram-se quatro sacos de semente de um mesmo lote para cada cultivar,

coletando-se uma repetição de cada tratamento de classificação por largura de cada

saco, totalizando quatro repetições. Assim, coletou-se uma repetição de cada saco

de sementes de largura base 6,0mm classificada de 0,5mm do saco de sementes

número 1, outra de mesma classificação do saco 2, outra do saco 3 e outra do saco

4. Da largura 6,0mm + 6,5mm, correspondente à classificação em 1,0mm, executou-

se o mesmo procedimento retirando uma repetição de cada saco de semente. Para

o tratamento sem classificação por largura também se coletaram quatro amostras de

sementes sem classificação, uma de cada saco de semente.

Todas as unidades experimentais foram submetidas ao teste de retenção de

peneiras, o qual consistiu em pesar 100g de sementes de cada unidade

experimental, submetendo-as à passagem por um conjunto de peneiras de furos

redondos de diferentes diâmetros, de 8,0mm até 4,5mm e fundo falso. As

quantidades encontradas na retenção de cada peneira foram pesadas

individualmente e determinado o valor percentual. A escolha do disco dosador de

sementes perfurado com furos de formato alveolado para uso nos testes de

plantabilidade baseou-se no resultado do teste de retenção de peneiras, utilizando-

se diâmetro de furo 0,5mm acima do diâmetro da semente de maior diâmetro

encontrado no teste de retenção.

A velocidade delimitada no Corn Counter foi de 6,5km/h-1. Em cada unidade

experimental foram submetidas 2.000 sementes ao teste. Dessa maneira,

totalizaram-se 48 unidades experimentais para avaliações de falhas, dupla

semeadura, sementes em espaçamento normal, dupla falha, sementes por metro

linear e população por hectare. Os experimentos foram configurados em um

esquema fatorial 3 x 4 (3 classificações por largura x 4 larguras básicas de sementes

e 3 classificações por largura x 4 cultivares), utilizando o delineamento experimental

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inteiramente casualizado. Os dados experimentais foram submetidos à análise de

variância pelo teste F. Quando os tratamentos foram significativos, as médias foram

comparadas pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade. A análise

estatística dos dados foi realizada com auxílio do software Winstat versão

2.11(MACHADO e CONCEIÇÃO, 2004).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observando a Tabela 1, para avaliação do percentual de falhas, na

classificação em intervalo de 0,5mm, não houve diferenças significativas entre as

cultivares avaliadas. Para a classificação em intervalos de 1,0mm, o menor

percentual de falhas observado foi na cultivar RA 518, com 5,06%, não diferindo da

NA 66 R. Para ausência de classificação, observam-se valores maiores de falhas em

relação aos lotes classificados em intervalos de 0,5mm e 1,0mm.

Falhas podem favorecer a ocorrência de plantas individuais isoladas, ou

seja, distantes uma das outras. Pinto (2010) afirma que as plantas estando isoladas

podem expressar todo o seu potencial, uma vez que não há competição com outras

por água, nutrientes e luz. Nessa condição, não enfrenta obstáculos para emitir um

grande número de ramificações, diferentemente de quanto há outras localizadas

próximas, que condicionam para o crescimento vertical. Afirma também que com

aumento do tamanho da falha também incrementa a produção individual por planta,

porém esse aumento na produção individual nas bordas das falhas não é suficiente

para manter o nível de produtividade por área das populações de soja.

Para ocorrência de falhas, a cultivar A 7321 RG apresentou valores de

5,89%, 10,67% e 21,65%, respectivamente, para as classificações em intervalos de

0,5mm, 1,0mm e sem classificação por largura. Torres e Garcia (1991) observaram

perdas de aproximadamente 300kg.ha-1 com 15% de falhas. Consideraram também

que esse padrão de falhas é frequentemente encontrado na maioria das lavouras

das diferentes regiões do país, sugerindo serem grandes as perdas causadas pela

inadequada distribuição das lavouras.

Com relação à ocorrência de sementes distribuídas em espaçamento

normal, para a classificação em intervalo de 0,5mm, o maior percentual encontrado

foi para RA 518, com 89,26%, que não diferiu da NA 66 R e A 7321 RG (Tabela 2).

Esse resultado contesta afirmativa de Tourino et al. (2002) ao afirmarem que a

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uniformidade de semeadura de soja acima de 60% dificilmente é atingida pelos

sistemas dosadores das semeadoras tradicionais, com princípios mecânicos. Para

intervalos de beneficiamento em 1,0mm, os valores de percentuais de ocorrência de

espaçamentos de normais foram menores que os observados na classificação em

intervalos de 0,5mm. Todos os resultados, porém, estiveram acima de 75%

evidenciando os benefícios da classificação de sementes por largura, mesmo em

intervalos de 1,00mm. Para semente sem classificação por largura a plantabilidade,

ficou abaixo de 70% para todos os tratamentos.

Pinto (2010), evidenciando a importância da necessidade de uma boa

distribuição e qualidade de sementes para o sucesso de uma lavoura comercial,

afirma que com falha de apenas uma planta por metro, a produtividade atinge

apenas 71% do obtido sem a presença de falhas. Se há falha de sete plantas

consecutivas, apesar da compensação apresentada pelas plantas das bordas que

produziram 63% a mais que as plantas individuais em espaçamento normal, a

produção por área ficou reduzida a apenas 36% do total estimado para a área.

O menor valor obtido de espaçamento normal foi na cultivar A 7321 RG em

sementes não classificadas, com 49,16%, diferindo estatisticamente dos demais

tratamentos. O desempenho da plantabilidade da cultivar NA 66 R foi superior no

intervalo de classificação em 0,5mm, atingindo 88,02% de espaçamentos normais,

diferindo estatisticamente do beneficiamento em 1,0mm e sem classificação por

largura, cujos resultados foram respectivamente 77,70% e 61,20%. (Tabela 2). Para

as demais cultivares, o desempenho foi semelhante, observando-se então menores

valores de plantabilidade para os tratamentos com ausência de classificação por

largura.

Os resultados observados na Tabela 3, para ocorrência de semeadura

múltipla na classificação em intervalo de 0,5mm, não demonstraram diferenças

significativas entre as cultivares. Os resultados observados foram 5,12%, 5,49%,

4,25% e 6,16%. Já para classificação em diâmetros de 1,0mm, o maior valor de

múltiplos foi com a cultivar RA 518, com 15,18% de duplas, que não diferiu da

cultivar NA 66 R, com 12,80%. O menor valor de duplas foi com a IGRA 526, com

9,49%, que não diferiu da cultivar A 7321 RG. Para os lotes sem classificação por

largura chegou a obter valores máximos de 24,70% com a cultivar A 7321 RG, que

diferiu estatisticamente das demais, evidenciando a dificuldade de plantabilidade de

lotes sem classificação por largura.

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Pinto (2010), extrapolando os dados para produção por área, considerando a

ocorrência de falhas e plantas duplas por metro linear, verificou a redução linear da

produção à medida que aumentou o tamanho das falhas.

Ocorreram diferenças favoráveis à classificação em intervalos de 0,5mm em

todas as cultivares, em comparação à classificação em intervalo de 1,00mm e sem

classificação por largura. Para a variedade NA 66 R, em intervalo de 1,0mm, o

resultado de múltiplos foi de 12,80%, contra 19,15% das sementes sem

classificação.

As cultivares modernas têm apresentado alta produtividade em baixas

populações, variando de 180 a 250 mil plantas.ha-1. Para que essas populações

sejam obtidas com segurança, requer-se o uso de sementes de alta qualidade, além

de um sistema preciso de semeadura (KRZYANOWSKI et al. 2008).

Para a avaliação do estabelecimento da população, não houve diferenças

significativas entre os intervalos de classificação de 0,5mm e 1,0mm (Tabela 5).

Para semente sem classificação por largura, o maior número de sementes

encontradas foi na variedade A 7321 RG, com 20,55 plantas por metro linear,

diferindo dos demais tratamentos. Esse valor corresponde a 456.750 plantas por

hectare no espaçamento de 45cm (Tabela 6).

Tourino et al. (2002) observaram que na menor densidade (10 plantas.m-1),

tem-se maior efeito da uniformidade entre plantas dentro das linhas. O aumento da

uniformidade, neste caso, proporcionou aumento de até 400kg.ha-1, e as maiores

respostas à densidade das plantas nas linhas ocorreram para as plantas

estabelecidas em espaços uniformes acima de 60%. As maiores produtividades,

contidas no intervalo de 2.400 a 2.500kg.ha-1, foram obtidas dentro da superfície

delimitada pela uniformidade de 60% a 100% e pela densidade de 10 a 13

plantas.m-1. Assim, a utilização de menores densidades com plantas uniformemente

distribuídas nas linhas, permitiu maior expressão do potencial produtivo das plantas,

pelo melhor aproveitamento dos fatores, do meio e dos insumos aplicados.

Na avaliação dentro das cultivares, observou-se diferença somente na

variedade A 7321 RG, em que a semente sem classificação apresentou 456.750

sementes por hectare, diferindo da classificação em 0,5mm e também da

classificação em 1,0mm, cujos valores encontrados foram de 314.507 e 317.166. A

mesma tendência foi observada na cultivar RA 518, em que uma quantidade

superior de sementes foi encontrada quando da utilização de sementes sem

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classificação por largura. Nesse sentido, Bjerkan (1947) alerta que, quando não se

tem semente classificada por largura, há a possibilidade de que as sementes

pequenas caiam em primeiro lugar, em virtude da estratificação por largura das

sementes na caixa da semeadora em função da trepidação durante o deslocamento

do equipamento no campo. Isto pode acarretar em alterações na densidade de

semeadura, para mais ou para menos, em relação à calibração inicialmente estabelecida.

Na avaliação de espaçamento médio entre sementes para a classificação

em intervalos de 0,5mm não houve diferenças significativas entre as cultivares. O

mesmo é válido para o intervalo de classificação 1,0mm, cujos resultados obtidos

foram 7,0cm, 7,01cm, 7,21cm e 7,01cm, respectivamente, para os variedades NA

66 R, A 7321 RG, RA 518 e IGRA 526 (Tabela 7).

Com relação ao ajuste da densidade das plantas na linha, Board e Haville

(1992) e Board et al. (1992) comentam a necessidade de atenção por parte do

produtor nesse quesito, podendo a inadequada distribuição favorecer o acamamento

caso esse resulte num excesso de sementes. Por outro lado, se o ajuste da

densidade resultar em poucas plantas por metro, essas poderão crescer com menos

altura e ramificar mais, porém com maior probabilidade de aumentar as perdas de

colheita pela baixa inserção das vagens, reduzindo a produção.

Na avaliação dos lotes sem classificação por peneiras, o menor

espaçamento médio foi de 4,89cm, observado na cultivar A 7321 RG, diferindo da

NA 66 R, RA 518 e IGRA 526. Para as variedades NA 66 R e IGRA 526 não houve

diferenças significativas entre os tratamentos. Para a cultivar RA 518 houve variação

estatística para semente sem classificação por largura, diferindo assim dos demais.

Para a cultivar IGRA 526 não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos.

CONCLUSÕES

- A classificação de sementes de soja por largura favorece a plantabilidade,

demonstrando menores índices de semeaduras duplas, falhas e duplas falhas, e

uma melhor distribuição em espaçamento normal, favorecendo um melhor ajuste na

densidade de semeadura;

- A classificação de sementes de soja em intervalo de 0,5mm proporciona

menor ocorrência de espaçamentos duplos e uma maior ocorrência de espaçamento

normal, em todos as cultivares;

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- O efeito da classificação das sementes é variável com a cultivar

considerado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BJERKAN, A.J. Precision planting. Agricultural Engineering, v.28, n.2, p54-57. 1947.

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BOARD, J.E.; KAMAL, M.; HARVILLE, B.G. Temporal importance of greater light interception to increased yield in narrowrow soybean. Agronomy Journal, Madison, v.84, n.4, p.575-579, 1992.

COPETTI, E. Plantadoras: distribuição de sementes. Cultivar Máquinas, Pelotas, n.18, p.14-17, 2003.

KRZYZANOWSKI, F.C.; FRANÇA-NETO, J.B.; HENNNING, A.A; COSTA, N.P. A semente de soja como tecnologia e base para altas produtividades – Série sementes. Londrina: Embrapa Soja. 2008. 7p. (Embrapa Soja. Circular Técnica, 55).

PINTO, J.F. Comportamento de plantas de soja frente a falhas e duplas dentro de uma população. 2010. 45f. Tese (Doutorado em Ciências), Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, Universidade Federal de Pelotas.

RAMBO L.; COSTA, J.A.; PIRES, J.L.F.; PARCIANELLO, G.; FERREIRA, F.G. Rendimento de grãos de soja em função do arranjo de planta. Ciência Rural, v.33, n.3, Brasil, p.405-411, 2003.

SCHUCH, L.O.B.; PESKE, S.T. Falhas e duplos na produtividade. SEED News, n.6, nov/dez, 2008.

TOURINO, M.C.C.; REZENDE, P.M.; SALVADOR, N. Espaçamento, densidade e uniformidade de semeadura na produtividade e características agronômicas da soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.37, n.8, p.1071-1078, 2002.

TORRES, E.; GARCIA, A. Uniformidade de distribuição de plantas em lavouras de soja. Londrina: Embrapa-CNPSo, 1991. 9 p. (Comunicado Técnico, 48).

VENTIMIGLIA, L.A. et al. Potencial de rendimento da soja em razão da disponibilidade de fósforo no solo e dosvespaçamentos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.34, n.2, p.195-199, 1999.

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Tabela 1. Percentual de falhas em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja

Intervalo de

Classificação

Cultivares

NA 66 R A 7321 RG RA 518 IGRA 526

0,5 mm 6,42 Ab 5,89 Ac 6,08 Ab 7,22 Ab

1,0 mm 8,00 ABb 10,67 Ab 5,06 Bb 8,75 Ab

Sem classificação 18,38 Ba 21,65 Aa 14,58 Ca 18,82 Ba

CV (%) 17,24

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade

Tabela 2 Percentual de sementes distribuídas em espaçamento normal em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja

Intervalo de

classificação

Cultivares

NA 66 R A 7321 RG RA 518 IGRA 526

0,5mm 88,02 ABa 88,17 ABa 89,26 Aa 85,55 Ba

1,0mm 77,70 ABb 75,01 Bb 79,25 Ab 81,01 Ab

Sem classificação 61,20 Bc 49,16 Cc 69,76 Ac 61,49 Bc

CV (%) 3,40

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan ao nível 5% de probabilidade

Tabela 3. Percentual de espaçamento múltiplos em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja

Intervalo de classificação

Cultivares

NA 66 R A 7321 RG RA 518 IGRA 526

0,5mm 5,12 Ac 5,49 Ac 4,25 Ab 6,16 Ac

1,0mm 12,80 ABb 12,04 BCb 15,18 Aa 9,49 Cb

Sem classificação 19,15 Ba 24,70 Aa 12,68 Ca 19,10 Ba

CV (%) 15,08

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade

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Tabela 4. Percentual de duplas falhas em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja

Intervalo de

Classificação

Cultivares

NA 66 R A 7321 RG RA 518 IGRA 526

0,5mm 0,43 Ab 0,44 Ac 0,40 Ab 1,06 Aa

1,0mm 1,49 ABa 2,26 Ab 0,49 Cb 0,74 BCa

Sem classificação 1,25 Cab 4,48 Aa 2,22 Ba 0,57 Ca

CV (%) 48,35

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan ao nível 5% de probabilidade

Tabela 5. Número de sementes por metro linear em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja

Intervalo de

Classificação

Cultivares

NA 66R A 7321 RG RA 518 IGRA 526

0,5mm 14,20 Aa 14,15 Ab 14,55 Ab 13,94 Aa

1,0mm 14,27 Aa 14,27 Ab 13,88 Ab 14,27 Aa

Sem classificação 14,10 Ca 20,55 Aa 17,28 Ba 14,28 Ca

CV (%) 7,74

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan ao nível 5% de probabilidade

Tabela 6. Número de sementes por hectare em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja

Intervalo de

classificação

Cultivares

NA 66R A 7321 RG RA 518 IGRA 526

0,5mm 315.594 Aa 314.507 Ab 323.274 Ab 308.194 Aa

1,0mm 317.142 Aa 317.166 Ab 308.444 Ab 317.110 Aa

Sem classificação 313.413 Ca 456.750 Aa 383.964 Ba 317.670 Ca

CV (%) 7,73

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade

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Tabela 7. Espaçamento médio (cm) em função do intervalo de classificação das sementes por largura em diversas cultivares de soja

Intervalo de

Classificação

Cultivares

NA 66 R A 7321 RG RA 518 IGRA 526

0,5mm 7,04 Aa 7,07 Aa 6,88 Aa 7,15 Aa

1,0mm 7,00 Aa 7,01 Aa 7,21 Aa 7,01 Aa

Sem classificação 7,09 Aa 4,89 Cb 5,93 Bb 6,99 Aa

CV (%) 5,50

Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade

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IV - QUALIDADE DA CLASSIFICAÇÃO POR LARGURA DE LOTES DE SEMENTES DE SOJA DE DIVERSAS ORIGENS1

CLAITON RODRIGUES2, LUIS OSMAR BRAGA SCHUCH3 SILMAR TEICHERT PESKE4 FRANCISCO AMARAL VILLELA3

1 Trabalho a ser submetido à Revista Brasileira de Sementes.

2 Eng° Agr°, Doutor, Responsável Técnico da Empresa “Sementes Iruña”, Alto Paraná, Paraguai.

3 Prof. Associado, Dr., Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de

Pelotas (UFPel), Pelotas, RS. 4 Prof. Titular, Ph.D., Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de

Pelotas (UFPel), Pelotas, RS.

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RESUMO A classificação de sementes de soja por largura, semelhante ao milho, tornou-se uma necessidade técnica para a obtenção de lavouras com alto potencial de rendimento. O presente trabalho apresentou como objetivo avaliar a qualidade da classificação de sementes por largura, realizado por empresas do Paraguai, Brasil, Argentina e semente caseira para semeadura. Avaliaram-se 182 amostras de sementes de soja coletadas de diversas empresas compradoras de semente no Paraguai, durante as safras 2008/09 e 2009/10. Desse total, 65 amostras eram de empresas paraguaias oriundas de 19 empresas, 18 amostras argentinas de 3 empresas, 30 brasileiras de 14 empresas, 18 amostras de produção caseira e 51 originárias da empresa paraguaia “Sementes Iruña”. Todas as amostras foram submetidas ao teste de retenção de peneiras, pesando-se em balança digital 100g de sementes e submetendo-as à passagem nas peneiras de diâmetros de 4,5mm até 8,0mm intervaladas em 0,5mm entre elas, sendo cada amostra agitada por um minuto. Anotou-se a percentagem de participação de cada uma das peneiras, obtendo-se a média de retenção na peneira dominante, ou seja, aquela de maior participação no teste de retenção de peneiras. No mesmo ensaio, realizou-se a contagem do número de peneiras encontradas em cada amostra. Conclui-se que, atualmente, os lotes de sementes de soja comercializadas no Paraguai apresentam estratificação em grande número de peneiras, com uma baixa percentagem de retenção de sementes na peneira dominante, demonstrando limitado rigor na classificação por largura das sementes oriundas das empresas produtoras de sementes do Brasil, Paraguai, Argentina e semente caseira. Palavras-chaves: empresas, Glycine max., retenção na peneira dominante.

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ABSTRACT The classification of soybean seeds by size, as maize, has become a technical necessity to obtain farming with high yield potential. This study aimed to evaluate the quality of seeds classification by size performed by companies from Paraguay, Brazil, and Argentina, and grains saved for sowing. We evaluated 182 samples of soybean seeds collected from several buying seed companies in Paraguay, during 2008/09 and 2009/10 harvests. Of this total, 65 samples came from 19 Paraguayan companies, 18 samples came from Argentine companies, 30 samples were from 14 companies, 18 samples of home production, and 51 were from the Paraguayan seeds company “Sementes Iruña”. All samples were submitted to sieving retention test weighing up 100g of seeds in a digital scale, and subjecting them to a passage in sieves from 4.5mm to 8.0mm, with 0.5mm of interval between them. Each sample was stirred during one minute. The percentage of participation of each sieve was noted, and the average of dominant sieve was obtained. i.e., the one with great participation in sieving retention test. A counting of the number of sieves found in each sample was conducted in the same test. We can conclude that the lots of soybean seeds currently commercialized in Paraguay show stratification in a large number of sieves with a low percentage of seeds retention in the dominant sieve, showing low rigor in classification by the size of seeds from seed producing companies in Brazil, Paraguay, Argentina and grains saved for sowing. Key words: companies; Glycine max; retention in dominant sieve.

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INTRODUÇÃO

Qualquer cultura apresentará um potencial máximo de rendimento se as

plantas forem distribuídas equidistantemente. Deve-se, portanto, difundir entre os

sojicultores a importância da adoção do conceito de precisão de semeadura. Apesar

do sucesso da cultura da soja no Brasil, falhas grosseiras e desperdícios ocorrem

durante a fase de semeadura. A maioria dos produtores está acostumada a ajustar a

densidade de semeadura em quilogramas de sementes por hectare, sem levar em

consideração a qualidade das sementes, e nem o número de sementes utilizadas.

Para ter-se uma ideia da amplitude de variação embutida neste ajuste, um

quilograma de sementes de soja pode conter de 5.000 a 8.500 sementes,

dependendo da cultivar e das condições climáticas durante a sua produção.

Portanto, a precisão de semeadura é extremamente importante quanto à

obtenção de população adequada e redução dos custos das sementes. Segundo

Reis (2003), o desempenho das semeadoras de precisão é afetado por quatro tipos

de erros: dosagem, deposição, profundidade e acondicionamento. Os principais

fatores que afetam os erros de dosagem são as características das sementes,

relação de largura e de forma entre as células e as sementes, desempenho e

desgaste de mecanismos auxiliares e velocidade do componente rotativo. No que se

refere à deposição das sementes, a precisão é afetada pela altura do dosador,

configuração do tubo condutor, velocidade da semente e forma de deposição

(natural ou forçada). Casão-Júnior et al. (2000), testando a qualidade de semeadura

em soja com discos alveolados horizontais, com velocidades de deslocamento entre

4,5 e 8,0km.h-1, apontam erros de deposição das sementes na velocidade de

8,0km.h-1.

Smith e Camper (1975) recomendam a classificação de sementes de soja

com vistas a atingir melhor uniformidade de distribuição de sementes através de

semeadoras e maior uniformidade entre plantas. A classificação mecânica da

semente de soja em diferentes categorias de largura é viável de ser realizada, sem

redução significativa de qualidade, conforme, também constatado por Armstrong et

al. (1988). Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade

da padronização de sementes de soja realizada por diversas empresas do Brasil,

Paraguai, Argentina e de semente caseira para semeadura.

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MATERIAL E MÉTODOS

Os estudos foram conduzidos no laboratório de sementes da empresa

“Sementes Iruña”, localizada em Cruce Raul Peña, Km 162, no estado de Alto

Paraná, Paraguai. Coletaram-se amostras de 1kg de sementes de soja de cada

lote, de armazéns de empresas compradoras de sementes e de produtores

regionais e de utilizadores de semente caseira para semeadura. Avaliaram-se 182

amostras de sementes de soja coletadas de diversas empresas compradoras de

semente no Paraguai, durante as safras 2008/09 e 2009/10. Deste total, 65

amostras foram de empresas paraguaias oriundas de 19 empresas, 18 amostras

argentinas de 3 empresas, 30 brasileiras de 14 empresas, 18 amostras de produção

caseira e 51 originárias da empresa paraguaia “Sementes Iruña”.

As amostras em avaliação foram identificadas com o nome da cultivar,

obtentora, empresa sementeira produtora e peneira indicada na embalagem, além

da nacionalidade de origem. Todas as amostras foram submetidas ao teste de

retenção de peneiras, pesando-se em balança digital 100g de sementes e

submetendo-as à passagem nas peneiras de diâmetros de 4,5mm até 8,0mm, em

intervalos de 0,5mm entre elas, sendo cada amostra agitada por um minuto,

anotando-se a percentagem de participação de cada uma das peneiras.

Obteve-se, ainda, a média de percentagem de retenção na peneira

dominante, ou seja, aquela de maior participação no teste de retenção de peneiras.

Realizou-se também a contagem do número de peneiras encontradas em cada

amostra, obtendo-se, assim, a média de retenção em cada peneira e a

percentagem média de retenção na peneira dominante. Todas as amostras são

oriundas de lotes beneficiados comercialmente, com exceção dos grãos salvos para

semeadura, popularmente conhecidos como sementes caseiras.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1, observa-se a participação de diferentes larguras de sementes,

em lotes de soja produzidos e comercializados por diferentes empresas do Brasil,

Paraguai, Argentina e semente caseira para semeadura produzidas nas safras

2008/09 e 2009/10, bem como lotes produzidos pela empresa “Sementes Iruña”.

Pode-se observar que, das 65 amostras avaliadas, correspondentes a 19 empresas

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paraguaias, o número médio de diâmetros de sementes encontrado foi quatro. Na

média das avaliações, a peneira de menor participação foi a de 5,0mm, com 0,49%.

A de maior participação foi a peneira de 6,5mm, com 35,13%, com valores muito

próximos à peneira de 6,0mm, com 33,41%. A percentagem média de retenção na

peneira dominante foi de 64,61%. Das 65 amostras avaliadas somente cinco

amostras estiveram com retenção superior a 80%. Essas cinco amostras

correspondem a três empresas das 19 avaliadas.

Ludwig et al. (2009), avaliando a distribuição de largura de sementes de soja

produzidas sob solos de várzea alagada, utilizando peneiras classificadoras,

observaram, de maneira geral, que a maioria das cultivares apresentaram maior

percentual de retenção na peneira de diâmetro 6,5mm. A peneira 4,5mm foi a que

apresentou menor retenção de sementes. Com relação às empresas argentinas, o

número médio de diâmetros encontrados nas amostras avaliadas foi de cinco. A

peneira de maior participação foi a de 7,0mm, com 37,74%. O somatório das

percentagens de participação das peneiras 7,5mm e 8,0mm foi de 17,72%, o que

contribui para alto gasto de sementes em quilogramas por hectare. Ao contrário das

empresas argentinas, nas empresas paraguaias a soma das peneiras 7,5mm e

8,0mm atinge valor de apenas 8,04%, contribuindo para um menor gasto de

sementes em quilograma por hectare.

A retenção média na peneira dominante foi de 52,78%, enquanto que a

retenção máxima encontrada nas 18 amostras avaliadas foi de 71,3%.

Tradicionalmente, as empresas argentinas não classificam as sementes por largura.

São constantes as reclamações por parte dos agricultores, no que diz respeito à

falta de plantabilidade das sementes produzidas na Argentina. A ausência de

classificação por largura favorece a ocorrência de falhas e duplas na lavoura,

podendo não atingir o número mínimo de espaçamentos aceitáveis entre semente,

que deveria ser de 60% (COELHO, 1996), valor esse utilizado em ensaios de

certificação para máquinas de semeadura.

Segundo Pinto (2010), o fato de ter duplas (duas plantas na mesma cova),

mesmo com falhas, resultam na diminuição da produtividade, devido à alta

competição entre as mesmas. Outra reclamação por parte dos produtores devido à

ausência da classificação de sementes por largura é a dificuldade do ajuste de

densidade. Sementes sem padronização apresentam maior dificuldade para

regulagem do número de sementes por metro linear, sofrendo variações

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quantitativas ao longo do processo de semeadura, devido à segregação natural

dentro da caixa da semeadora.

Tourino et al. (2002) e Godói et al. (2005) observaram que a altura final de

plantas aumentou linearmente com o incremento da densidade de semeadura.

Domingues (2010) salienta que o aumento na densidade populacional pode gerar

maior custo com sementes, além de propiciar maior incidência de doenças.

As empresas brasileiras apresentaram número médio de quatro diâmetros

de peneira, valor esse semelhante ao encontrado nas empresas paraguaias. A

peneira de maior participação foi a 6,5mm, com 28,34%. Das amostras avaliadas,

chamou atenção a alta participação de peneira 7,5mm e 8,0mm, que no somatório

atingiu participação de 26,69%. Isso confirma a tese de que o Paraguai é

considerado como um mercado de menor importância para os produtores

estrangeiros. É comum o envio de lotes reprovados por mistura varietal,

contaminação de OGMs e principalmente lotes de sementes de maior largura como

7,5mm e 8,00mm, pois é sabido da atual preferência do consumidor brasileiro por

sementes de menor largura, devido ao menor gasto de sementes em quilograma por

hectare. A retenção média na peneira dominante foi de 72,11%, evidenciando uma

melhor classificação que as empresas argentinas e paraguaias.

Das 18 amostras de produção caseira avaliadas, o número médio de

peneiras encontrado foi de cinco e o diâmetro de maior participação foi de 6,5mm,

com 39,14%. A retenção média na peneira dominante foi de 51,88%, número

semelhante ao encontrado nas empresas argentinas. Observou-se alta participação

do diâmetro 6,0mm com 36,67%. A participação do diâmetro 7,5mm e 8,0mm foi

baixa. No somatório das médias este valor atingiu 4,84%. É comum com sementes

nesse padrão de classificação, a alta ocorrência de falhas e duplas na semeadura.

Da empresa “Sementes Iruña” avaliaram-se 51 amostras, observando-se a

presença média de três diâmetros de peneiras nas amostras avaliadas. Foi o melhor

resultado ao comparar com as outras empresas paraguaias, argentinas, brasileiras e

caseiras. Das 51 amostras avaliadas, nove apresentaram a presença de duas

peneiras, correspondendo a 17,6% da totalidade. Assim como na avaliação das

empresas paraguaias, brasileiras e produção caseira, o diâmetro de maior

participação na empresa “Sementes Iruña” foi a de 6,5mm, com 50,5%. De todo o

conjunto avaliado, a “Sementes Iruña” apresentou a menor participação de peneiras

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7,5mm e 8,00mm. No somatório de valores, alcançou-se 1,84%, o que indica a baixa

utilização de sementes por hectare.

A “Sementes Iruña” apresentou a maior percentagem de retenção média na

peneira dominante, com valor de 81%. Desse total, 21,5% das amostras

apresentaram retenção superior a 90%, sendo que a retenção máxima encontrada

foi de 96,4%. Em contrapartida, 8,7%, das amostras da “Sementes Iruña” foram

classificadas com retenção na peneira dominante inferior a 70%. Isso se explica

pela utilização de uma linha de produção antiga que, em momentos de pico de

beneficiamento, é utilizada e nessa o peneirão é de quatro larguras com dois

descartes.

Observou-se que a nomenclatura de identificação das peneiras na sacaria

tem variação entre as empresas. A grande maioria delas seguiu a proposta da

APASEM (2000). Essa proposta indica que a nomenclatura das peneiras deve

considerar a peneira de menor largura, considerando-se que as sementes terão no

máximo 1,0mm acima desse diâmetro. Por exemplo, a indicação P 5,5mm significa

que as sementes possuem diâmetro entre 5,5mm e 6,5mm.

Muitas empresas, porém, criaram seu próprio sistema, algumas indicando

P1 e P2 para peneiras de perfurações pequenas e grandes, respectivamente. Outras

indicam peneiras pequenas, médias e grandes. Ocorrem também empresas usando

as letras A, B e C para identificação de lotes com peneiras pequenas, médias e

grandes. Também foram encontradas empresas que indicam na etiqueta o diâmetro

do disco a ser utilizado em função de sua classificação de sementes. Essa

variabilidade de nomenclatura gera confusão ao consumidor.

Com o sentido de contribuir para uma melhor plantabilidade na cultura da

soja, apresenta-se uma proposta para que seja indicado o resultado de participação

de cada peneira no teste de retenção, na forma de valores percentuais, sendo esses

valores informados em etiqueta aderida na sacaria. No caso de sementes tratadas, o

teste de retenção de peneiras deverá ser realizado após o tratamento.

Algumas empresas já utilizam uma etiqueta aderida na sacaria como um

informe de rastreabilidade, com informações de data de semeadura, número de

vistorias, adubação utilizada, rendimento obtido, produtos químicos utilizados, entre

outras informações. O resultado da percentagem de participação em cada peneira

seria uma informação adicional e auxiliaria, de forma mais precisa, o produtor na

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escolha do disco de semeadura. Essas informações avançaram para rastreabilidade

on line acessadas através de um leitor de código 2D.

CONCLUSÕES

- Lotes de sementes de soja comercializadas no Paraguai apresentam

estratificação em grande número de peneiras, com uma baixa percentagem de

retenção de sementes na peneira dominante, demonstrando baixo rigor na

classificação por largura de sementes oriundas das empresas produtoras de

sementes do Brasil, Paraguai e Argentina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARMSTRONG, J.E.; BASKING, C.C.; DELOUCHE. J.C. Effects of mechanicallv sizing soybean seed on seed quality. J. Seed Tech., v.12, n.1, p.54-58, 1988a.

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CASÃO-JUNIOR, R.; ARAUJO, A.G.; RALISCH, R. Desempenho da semeadora-adubadora MAGNUM 2850 em plantio direto no basalto paranaense. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.3, p.523-532, 2000.

COELHO, J.L.D. Ensaio e certificação das máquinas para a semeadura. In: MIALHE, L.G. Máquinas agrícolas: ensaios e certificação. Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, 1996, cap.11, p.551-571.

DOMINGUES, L.S. Influência de cultivares e densidades de plantas sobre a eficácia da proteção química no patossistema soja Phakopsora pachyrrizi. Santa Maria, 2010. 40f. (Dissertação). Mestrado em Agronomia, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria.

GODOI, C.R.C. de; NETO, A.N. da S.; PINHEIRO, J.B. Avaliação do desempenho de linhagens de soja, resistentes ao complexo de percevejos, cultivadas em diferentes densidades de semeadura. Revista Bioscience, Uberlândia, v.21, n.1, p.85-93, 2005.

LUDWIG, M.P.; SCHUCH, L.O.B.; VERNETTI-JUNIOR, F.J.; CORRÊA, M.F; OLIVEIRA, S. Distribuição de largura de sementes de soja produzidas sob solos de várzea alagada utilizando peneiras classificadoras. Documentos. Embrapa Clima Temperado, v. 273, p.53-58, 2009. Acessado em: http://www.cpact.embrapa.br/publicacoes/download/documentos/documento_273.pdf Acessado em: 13/09/2012.

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PINTO, J.F. Comportamento de plantas de soja frente a falhas e duplas dentro de uma população. 2010. 45f. (Tese). Doutorado em Ciências, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, Universidade Federal de Pelotas.

REIS, A.V. Desenvolvimento de concepções para a dosagem e deposição de precisão para sementes miúdas. Florianópolis, 2003. 277f. (Tese). Doutorado em Engenharia Mecânica, Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina.

SMITH, T.J.; CAMPER, H.M. Effect of seed size on soybean performance, Agron. J., v.67, n.5, p.681-84, 1975.

TOURINO, M.C.C.; REZENDE, P.M.; SALVADOR, N. Espaçamento, densidade e uniformidade de semeadura na produtividade e características agronômicas da soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.37, n.8, p.1071-1078, 2002.

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Tabela 1. Quantidade de peneiras, percentagem de participação dos diferentes diâmetros de lotes de sementes produzidas no Brasil, Paraguai, Argentina, “Sementes Iruña” e semente caseira, e respectivas percentagens de retenção de sementes na peneira dominante (RPD)

Origem

dos

Lotes

Quantida-

de de

Peneiras

Percentagem de retenção na peneira indicada

5,0

mm

5,5

mm

6,0

mm

6,5

mm

7,0

mm

7,5

mm

8,0

mm

RPD

(1) %

Paraguai 4 0,49 8,04 33,41 35,13 14,89 7,78 0,26 64,61

Brasil 4 0,35 3,7 18,98 28,34 21,94 11,5 15,19 72,11

Argentina 5 0,38 1,49 11,07 31,6 37,74 15,65 2,07 52,78

Semente

caseira 5 0,8 6,83 36,67 39,14 11,72 3,97 0,87 51,88

“Sementes

Iruña” 3 0,65 6,77 27,16 50,5 13,08 1,84 81

(1) Retenção na Peneira Dominante

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DISCUSSÃO

As sementes classificadas em intervalo de 0,5mm caracterizaram-se pela

ocorrência de uma alta percentagem de retenção na peneira dominante, podendo ter

uma segunda peneira, geralmente com baixa participação no teste de retenção de

peneiras. Nesse caso, a peneira dominante supera facilmente os 95% de retenção.

Ainda, observando os dados da classificação com base 0,5mm, percebeu-se

a baixa quantidade de peneiras encontradas, em geral uma ou duas, evidenciando o

alto padrão de classificação por largura em lotes beneficiados em intervalos de

0,5mm.

Para escolha dos dosadores de sementes, a maioria dos fabricantes informa

que a escolha deva ser em função do maior diâmetro de semente encontrado no lote

amostrado. Em geral, utiliza-se, como regra, o uso dosadores de sementes com furo

de 10% superior à maior semente encontrada no teste de retenção, ou a utilização

de discos de semeadura 0,5mm acima da semente de maior largura.

As amostras classificadas com intervalos de 1,0mm apresentaram duas a

três peneiras diferentes, sendo que a participação da peneira dominante superou

facilmente os 50%. Em alguns casos, pode atingir 80% de retenção na peneira

dominante. Essa percentagem menor na retenção na peneira dominante, bem como

a maior quantidade de peneiras, dificulta a escolha dos discos de semeadura, em

comparação com lotes de sementes classificados em intervalos de 0,5mm. Essas

variações podem favorecer a semeadura em falhas, múltiplos ou duplas falhas,

comparativamente a lotes com classificação em intervalos de 0,5mm.

Lotes de sementes sem classificação por largura caracterizam-se por uma

retenção na peneira dominante abaixo de 50% de participação e um alto número de

peneiras na amostra. Na ausência de classificação por largura, a escolha do

dosador de sementes apresentará maior dificuldade ao comparar com lotes

classificados em intervalos de 0,5mm e 1,0mm. Nesse caso, somente a semente de

diâmetro maior, encontrada no teste de retenção de lotes sem classificação, estará

sendo submetida à classificação correta do disco alveolado, com tamanho 10% ou

0,5mm superior. Os outros quatro ou cinco diâmetros encontrados estarão sendo

semeados com dosadores de sementes de orifícios circulares com diâmetro superior

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ao recomendado. Isso irá favorecer a redução dos índices de plantabilidade e a

baixa ocorrência de sementes em espaçamento normal.

Pinto (2010) afirma que falhas de 1 a 7 plantas consecutivas por metro linear

podem causar reduções na produtividade de 6 a 38%, e que o aumento da produção

das plantas localizadas nas bordas das falhas não compensa a redução de

produção causada pela falta de plantas.

Na avaliação da plantabilidade de sementes dentro de uma cultivar de soja

com diferentes larguras de semente, os resultados para ocorrência de falhas nos

lotes sem classificação por largura foram sempre superiores às sementes

classificadas em intervalos de 0,5mm e 1,0mm sendo, porém, semelhantes entre si

nas amostras base 5,0mm, 5,5mm, 6,0mm e 6,5mm. Numa condição de alta

ocorrência de falhas, como no uso de sementes sem classificação por largura, pode

favorecer a ocorrência de plantas individuais isoladas, ou seja, aquelas distantes

uma das outras na linha da semeadura.

O mesmo autor (2010) observou maior número de ramificações, vagens e

sementes em plantas individuais isoladas. Porém, transpondo esses arranjos para

uma área de 10.000m2, e considerando a ocorrência de uma falha por metro linear,

verificou que a produção por área diminuiu linearmente com o acréscimo do

tamanho das falhas.

Na avaliação da ocorrência de sementes distribuídas em espaçamento

normal para a classificação em intervalo de 0,5mm, todos os tratamentos obtiveram

distribuição em espaçamento adequado superior a 75%.

A maior variação na densidade de semeadura foi observada em lotes sem

classificação por largura, superando de forma significativa a população desejada de

14 sementes por metro linear.

Há pouco tempo atrás, quando se fazia alusão à calibração de sementes,

falava-se em milho, por ser uma cultura altamente exigente em população correta e

distribuição precisa de plantas por metro linear, condições que se tornam

impossíveis de realizar com sementes mal calibradas. Atualmente, empresas como a

Pioneer adotam índices máximos de 5% de duplas e 2,5% falhas, para seus lotes de

sementes de milho.

No caso da soja, essa preocupação não existia até pouco tempo atrás, pois

as cultivares eram exigentes em altas populações e se utilizava um grande número

de plantas (500-700.000 plantas.ha-1).

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Variações na população pouco influenciavam na produtividade da lavoura. A

participação de cultivares de hábito determinado era superior a 95% e, na sua

maioria, com alta capacidade de engalhamento. Mais recentemente, foram

desenvolvidas novas cultivares de soja de hábito indeterminado que exigem baixas

populações de plantas.ha-1. Como exemplo, cita-se a cultivar CD 241 RR que, em

regiões de elevada altitude, aceitam até 8 plantas por metro linear, no espaçamento

de 45cm.

Na soja cultivada no cerrado, a população ideal de plantas foi reduzida de

forma acentuada, onde já se observam algumas cultivares expressando seu

potencial máximo de produção com até menos de 150.000 plantas/ha. Portanto, as

variações na população de plantas não são mais aceitáveis nos percentuais que até

então se admitiam e, dessa forma, torna-se imprescindível a correta distribuição das

plantas ao longo da linha de semeadura.

Na avaliação de plantabilidade, considerando diferentes cultivares,

observou-se também tendência favorável para lotes de intervalados em 0,5mm, em

comparação a intervalos de 1,0mm e sem classificação por largura, notando-se,

porém, que o efeito da classificação de sementes é variável com a cultivar

considerada, estando esses efeitos provavelmente associados aos caracteres de

formato distintos entre as sementes das diferentes cultivares.

A avaliação da qualidade da classificação de sementes de diversas origens

permitiu observar que o mercado oferece sementes de diversos padrões de

classificação. Existem as empresas que aplicam com rigor padrões de classificação

de sementes por largura e outras que não priorizam tal tecnologia, provavelmente

por fatores relacionados ao aproveitamento de volumes de sementes, ou pela

redução do descarte na unidade de beneficiamento. Nesse sentido, observou-se que

semente caseira para semeadura não oferece nenhuma condição de plantabilidade.

Semente caseira apresenta retenção na peneira dominante próximo a 50% e maior

número de peneiras, próximo a cinco.

A classificação das sementes de soja por largura, após as operações de

limpeza, tem sido adotada por vários produtores de sementes atualmente, buscando

atender a demanda dos produtores na precisão de semeadura mecânica. Pesquisas

têm demonstrado que, para cultivares de soja, a separação das sementes de um

lote em diferentes larguras de semente, além de facilitar a semeadura mecanizada,

permite um melhor estabelecimento da população de plantas.

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Para classificação de sementes de soja por largura existe a sugestão da

APASEM, definida em reunião realizada em 09/07/2000 ref. 004/2000, onde é

exposta a questão visando melhorar a qualidade de semeadura desta leguminosa,

que apresenta as seguintes proposições:

1) A classificação da semente de soja, assim como a escolha do diâmetro

das peneiras ficará ao livre arbítrio do produtor de sementes;

2) A classificação de sementes deverá ser feita por peneiras de furos

redondos;

3) Nas medidas das peneiras, utilizar somente intervalos de no máximo

1,0mm (Ex.: 5,5mm a 6,5mm);

4) A nomenclatura das peneiras deve considerar a peneira de menor largura

e o agricultor (consumidor) já saberá que as sementes terão no máximo

1,0mm acima desse diâmetro. (Ex.: P 5,5 significa que as sementes

possuem diâmetro entre 5,5mm e 6,5mm);

5) A padronização não deve ser fixa, pois os diâmetros das sementes variam

de acordo com a cultivar e região de cultivo. O mais importante é

identificar corretamente a sacaria e destacar essa informação na nota

fiscal de venda da semente, para orientação ao agricultor;

6) O menor diâmetro deve ser 4,5mm e o maior 8,0mm;

7) A seleção de diâmetros poderá ser feita também em intervalos de

0,25mm. (Ex.: P 4,75 subentende o intervalo 4,75mm a 5,75mm);

8) Os intervalos de classificação deverão obedecer à seguinte normalização:

P.4,50 P.5,25 P.6,00 P.6,75

P.4,75 P.5,50 P.6,25 P.7,00

P.5,00 P.5,75 P.6,50 P.0,00 (sem classificação)

9) A identificação da peneira do lote de sementes deverá constar

obrigatoriamente na embalagem, conforme sugerido no item anterior.

Através das informações levantadas no trabalho, constatou-se que a

nomenclatura de identificação das peneiras na sacaria também variou entre as

empresas. A grande maioria delas seguiu a proposta da APASEM. No entanto,

algumas empresas criaram sua própria metodologia. Por exemplo, algumas indicam

P1 e P2 para peneiras pequenas e grandes, respectivamente. Outras indicam

peneira pequena, média e grande.

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Observaram-se, também, empresas usando as letras A, B e C para

identificação de lotes com peneiras pequenas, médias e grandes. Ainda, foram

encontradas empresas que indicam na etiqueta o diâmetro do disco a ser utilizado

em função de sua classificação de sementes. Essa variabilidade de nomenclatura

gera confusão ao consumidor.

Com o sentido de contribuir para uma melhor plantabilidade na cultura da

soja, apresenta-se uma proposta para que seja indicado o resultado de participação

de cada peneira no teste de retenção, na forma de valores percentuais, sendo esses

valores informados em etiqueta aderida na sacaria. Essa informação, além de

facilitar a escolha do disco de semeadura, indicará a qualidade da classificação por

largura realizada por tal empresa. No caso de sementes tratadas, o teste de

retenção de peneiras deverá ser realizado após o tratamento industrial.

Algumas empresas já utilizam a etiqueta presa na sacaria como um informe

de rastreabilidade, em que informações como a data de semeadura, o número de

vistorias, a adubação utilizada, o rendimento obtido, os produtos químicos utilizados,

entre outras informações, já são adicionadas na etiqueta. O resultado da

percentagem de participação de cada peneira seria uma informação adicional e

auxiliaria de forma mais precisa o produtor na escolha do disco de semeadura.

Essas informações avançaram para rastreabilidade on line acessada através de um

leitor de código 2D.

A decisão sobre o intervalo de classificação por largura deverá ser adotada

pela área técnica e comercial, e deverão ser tomadas com profissionalismo.

Beneficiamento em intervalo de 0,5mm têm um maior custo para empresa de

sementes e a equipe técnica tem o desafio de criar a percepção de valor para o

consumidor. Abaixo pontos importantes para tomada de decisão:

- < número de intervalo de furos > número de lotes

- < número de intervalo de furos > uniformidade

- > uniformidade > plantabilidade

- > número de lotes > custo de análises

- > número de lotes > área de armazenamento

- > número de lotes > logística de UBS

A atividade agrícola sofisticou-se de tal forma que a aquisição de sementes

de algumas culturas passou a ser feita por unidade, visando a população ideal de

plantas por área, sendo que a soja tende a essa exigência. O conceito de

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plantabilidade, novo dentro do segmento de soja, estabelece padrão permanente e

uniforme de semeadura por linha e por área, conforme recomendação da pesquisa

para cada cultivar, cada região ou tipo de solo.

Empresas de alta tecnologia, com sistemas de controle de qualidade

apurados, já estão comercializando sementes de soja por número de sementes.

Essas empresas, além da garantia mínima de germinação entre 90 a 95%, também

fornecem a quantidade exata de semente para a semeadura em 1ha, em geral

200.000 sementes por saco. A evolução da cultura da soja pede esse tipo de ação.

Ano após ano, vem crescendo o valor tecnológico e a responsabilidade da

semente de soja na implantação da lavoura. Esse tipo de ação visa atender àqueles

produtores que, ao planejarem suas lavouras, não se limitem apenas a computar o

custo de um saco de semente, mas principalmente visem agregar em rentabilidade,

valendo-se de um produto que lhe garanta maior precisão na implantação da sua

lavoura.

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CONCLUSÕES

- Lotes de sementes de soja classificados em intervalos de 0,5mm

apresentam alta retenção na peneira dominante e baixa presença de diferentes

peneiras, facilitando a escolha do dosador de sementes e favorecendo a

plantabilidade;

- Lotes sem classificação por largura e semente caseira apresentam baixos

índices de plantabilidade;

- A classificação de sementes de soja por largura favorece a plantabilidade,

demonstrando menores índices de semeaduras duplas, falhas e duplas falhas, e

uma melhor distribuição em espaçamento normal, favorecendo um melhor ajuste na

densidade de semeadura;

- A classificação em intervalo de 0,5mm favorece os índices de

plantabilidade;

- O efeito da classificação sobre a plantabilidade é afetado pela largura base

das sementes e pela cultivar considerada;

- Atualmente lotes de sementes de soja comercializados no Paraguai

apresentam estratificação em grande número de peneiras, com uma baixa

percentagem de retenção de sementes na peneira dominante, demonstrando baixa

precisão na classificação por largura de sementes oriundas das empresas

produtoras de sementes do Brasil, Paraguai e Argentina.

- A decisão do intervalo de classificação por largura deverá ser técnica e

comercial, analisando mercado comprador e descarte na Unidade de

Beneficiamento de Sementes.

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