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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental PROAMB Larissa Resende Martins Ferreira BOAS PRÁTICAS DE TRANSPARÊNCIA, INFORMATIZAÇÃO E COMUNICAÇÃO SOCIAL DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO E DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL NOS WEBSITES DOS ÓRGÃOS LICENCIADORES ESTADUAIS Ouro Preto 2015

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Federal de Ouro Preto

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental – PROAMB

Larissa Resende Martins Ferreira

BOAS PRÁTICAS DE TRANSPARÊNCIA, INFORMATIZAÇÃO E

COMUNICAÇÃO SOCIAL DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO E DO

LICENCIAMENTO AMBIENTAL NOS WEBSITES DOS ÓRGÃOS

LICENCIADORES ESTADUAIS

Ouro Preto – 2015

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Federal de Ouro Preto

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental – PROAMB

Larissa Resende Martins Ferreira

BOAS PRÁTICAS DE TRANSPARÊNCIA, INFORMATIZAÇÃO E

COMUNICAÇÃO SOCIAL DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO E DO

LICENCIAMENTO AMBIENTAL NOS WEBSITES DOS ÓRGÃOS

LICENCIADORES ESTADUAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Engenharia Ambiental, da Universidade Federal de

Ouro Preto, como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do título: Mestre em Engenharia Ambiental –

Área de Concentração: Meio Ambiente”,

Orientador: Prof. PhD. Alberto de Freitas Castro Fonseca

Ouro Preto – 2015

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v

DEDICATÓRIA

Primeiramente, a Deus, pelas suas bênçãos.

Ao pai Sebastião (in memoriam), pelo amor e

exemplo.

À minha mãe Elza, pelo amor, dedicação,

incentivo e companheirismo em todas as

horas, principalmente nas mais difíceis pelas

quais passei.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela iluminação e sabedoria.

Ao Sílvio, pelas orações.

Meus agradecimentos especiais à minha mãe, aos meus irmãos, Rogério e Vinícius, ao meu

sobrinho Cainã e a todos os meus familiares, principalmente às tias Dalila, Maria Carmen e

Nícia e tio Antônio, pelo apoio e incentivo durante estes anos, sem os quais este mestrado não

seria possível. Obrigada, por me incentivarem, por compartilharem meus sonhos e por

ajudarem a realizá-los.

Ao Tiago, pela amizade, companheirismo e tranquilidade na reta final do mestrado.

Ao meu orientador Dr. Alberto Fonseca, pelas orientações e aprendizado. Obrigada, por me

mostrar os caminhos muitas vezes tortuosos ao longo desta jornada.

Aos colegas companheiros de pesquisa, Carol e, especialmente Diogo, pelas valiosas

contribuições que somaram muito a este trabalho.

À professora Mônica, pelo apoio.

À Fundação Gorceix, pela concessão da bolsa de mestrado.

Ao Rogerio Lucas e Humberto, pelas contribuições.

A todas as pessoas que colaboraram direta ou indiretamente para a conclusão deste trabalho.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 1

1.1 Objetivo Geral _______________________________________________________________ 2

1.2 Objetivos Específicos __________________________________________________________ 2

2 REVISÃO DE LITERATURA _______________________________________________ 2

2.1 Conceito e Origem da Avaliação de Impacto Ambiental ______________________________ 2

2.1.1 A Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental no Mundo _________________________________ 4

2.1.2 Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil ______________________________________________ 8

2.2 Licenciamento Ambiental no Brasil ______________________________________________ 9

2.3 Legislação Relacionada à AIA e LA ______________________________________________ 12

2.3.1 Legislação Estadual ________________________________________________________________ 12

2.3.2 Legislação Federal _________________________________________________________________ 13

2.3.3 Lei Complementar nº 140/2011 ______________________________________________________ 14

2.4 O Processo de Avaliação de Impacto ____________________________________________ 16

2.4.1 Apresentação da Proposta e Triagem _________________________________________________ 17

2.4.2 Escopo __________________________________________________________________________ 19

2.4.3 Elaboração dos Estudos ____________________________________________________________ 20

2.4.4 Análise Técnica ___________________________________________________________________ 21

2.4.5 Processo Decisório ________________________________________________________________ 21

2.4.6 Acompanhamento ________________________________________________________________ 22

2.4.7 Participação Social ________________________________________________________________ 24

2.5 Principais Problemas do Licenciamento e da Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil ___ 26

2.5.1 Morosidade do Processo ___________________________________________________________ 27

2.5.2 Baixa Qualidade dos Estudos Ambientais ______________________________________________ 27

2.5.3 Fragilidade Institucional dos Órgãos Licenciadores ______________________________________ 28

2.5.4 Subjetividade nas Análises __________________________________________________________ 29

2.5.5 Decisões Políticas e Ideológicas ______________________________________________________ 29

2.6 Princípios de Melhores Práticas na Visão da IAIA __________________________________ 30

2.7 O Desafio de Definir e Utilizar “Boas Práticas” em Análises Científicas _________________ 32

3 METODOLOGIA ________________________________________________________ 34

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ____________________________________________ 41

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viii

4.1 CONSOLIDAÇÃO DO ATENDIMENTO ÀS BOAS PRÁTICAS NO GRUPO AMOSTRAL _________ 41

4.3.1 Proposta _________________________________________________________________________ 47

4.3.2 Triagem _________________________________________________________________________ 54

4.3.3 Escopo __________________________________________________________________________ 55

4.3.4 Elaboração dos Estudos ____________________________________________________________ 56

4.3.5 Processo Decisório ________________________________________________________________ 59

4.3.6 Acompanhamento _________________________________________________________________ 61

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ___________________________ 64

REFERÊNCIAS ___________________________________________________________ 67

PRINCIPAIS WEBSITES CONSULTADOS _____________________________________ 71

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ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Etapas da Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental ________________________________ 17

Figura 2 – Formulário de caracterização padrão de requerimento de licença da SEDAM (Rondônia) _________ 49

Figura 3 – Primeira das sete páginas do formulário de caracterização padrão da FATMA (Santa Catarina) ___ 50

Figura 4 – Portal do Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos Hídricos do INEMA (Bahia) __ 51

Figura 5 – Tela inicial do portal do Licenciamento Ambiental da FEPAM (Rio Grande do Sul) _______________ 52

Figura 6 – Sistema informatizado de análise de risco e classificação de propostas do IMAC (Acre) __________ 55

Figura 7 – Capa do Manual de Estudos Ambientais da CETESB (São Paulo) _____________________________ 58

Figura 8 – Calendário, RIMAS e atas das audiências públicas do IMASUl (Mato Grosso do Sul) _____________ 59

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x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Órgãos Licenciadores e Respectivos Websites e Legislações Analisadas no Estudo ____________ 36

Quadro 2 – Lista de Verificação das Boas Práticas de AIA e Licenciamento nos Órgãos Licenciadores

Brasileiros ________________________________________________________________________________ 39

Quadro 3 - Percentuais de atendimento às boas práticas no grupo amostral __________________________ 42

Quadro 4 – Percentuais ordenados de atendimento às boas práticas no grupo amostral ________________ 43

Quadro 5 - Percentual de atendimento ao grupo de boas práticas nas regiões geográficas e em cada um dos

27 entes federados _________________________________________________________________________ 44

Quadro 6 - Percentual ordenado de atendimento ao grupo de boas práticas nas regiões geográficas e em

cada um dos 27 entes federados ______________________________________________________________ 46

Quadro 7- Expedição e indeferimento de licenças ambientais em órgãos licenciadores estaduais (2013)

comparados ao IBAMA ______________________________________________________________________ 61

Quadro 8 - Principais sistemas informatizados de controle de licenciamento ambiental dos órgãos licenciadores

estaduais _________________________________________________________________________________ 62

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LISTA DE SIGLAS

AAE – Avaliação Ambiental Estratégica

AIA – Avaliação de Impacto Ambiental

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

BPR – Best Practice Research

CNI – Confederação Nacional das Indústrias

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

EUA – Estados Unidos da América

IAIA – International Association for Impact Assessment

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis

LI – Licença de Instalação

LO – Licença de Operação

LP – Licença Prévia

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MPF – Ministério Público Federal

NEPA – National Environmental Politcy Act

OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

SAE – Secretária de Assuntos Estratégicos

SISNAMA – Sistema Naciontal do Meio Ambiente

TCU – Tribunal de Contas da União

TR – Termo de Referência

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RESUMO

A avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e o licenciamento ambiental são instrumentos da

Política Nacional do Meio Ambiente do Brasil instituídos pela Lei n° 6.938, de 1981. O

sistema de avaliação de impacto e licenciamento ambiental brasileiro evoluiu muito desde que

os estados de São Paulo e Rio de Janeiro implantaram seus pioneiros sistemas em meados da

década de 1970. Apesar desse avanço, são muitos os desafios dos sistemas estaduais que, de

maneira geral, parecem carecer de capacidade institucional para administrar suas

competências no licenciamento e na avaliação de impacto. Esta dissertação focou nas boas

práticas ao tentar responder à seguinte pergunta: quais são as boas práticas de transparência,

informatização e comunicação social da avaliação de impacto e licenciamento ambiental

adotadas pelos órgãos licenciadores estaduais brasileiros? A metodologia baseou-se em

técnicas predominantemente qualitativas de coleta e análises de dados. Foi montado um

checklist de 28 boas práticas, o qual foi avaliado com base em pesquisas documentais nos

websites dos órgãos licenciadores de competência estadual. Os dados foram compilados por

meio de uma simples análise de estatística descritiva. Os resultados, apesar das limitações

metodológicas, permitem afirmar que este trabalho resultou em um dos primeiros

diagnósticos de boas práticas dos órgãos licenciadores estaduais brasileiros. Diversas boas

práticas aqui identificadas e discutidas podem ser replicadas ou, ao menos, servir de

inspiração para melhorias em jurisdições e contextos específicos. Ao analisar as diferenças

geográficas, este estudo também ajudou a apontar a necessidade de políticas nacionais de

fortalecimento institucional, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste do País. É importante

frisar que as várias boas práticas analisadas oferecem oportunidades de pesquisas específicas.

Finalmente, este estudo mostrou que o desenvolvimento de sistemas ágeis, simplificados e

informatizados de triagem, escopo e acompanhamento dos processos de licenciamento

ambiental ainda está em estágio embrionário. São muitas as oportunidades de melhoria e

pesquisa nesta área.

Palavras-chave: Avaliação de Impacto Ambiental, Licenciamento Ambiental, Boas Práticas,

Procedimentos, Estados Brasileiros.

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ABSTRACT

The Environmental Impact Assessment (EIA) and environmental licensing are instruments of

the National Environmental Policy of Brazil established by Law No. 6,938 of 1981. The

Brazilian impact assessment environmental licensing system have evolved much since the

states of São Paulo and Rio de Janeiro deployed their pioneering systems in the mid 1970’s.

Despite this progress, the system still faces many challenges.. This dissertation focused on the

good practices in order to try to answer the following question: what are the good practices of

impact assessment and environmental licensing realted to transparency, electronic procedures

and social communication adopted by Brazilian state licensing agencies? The methodology

was based predominantely on qualitative techniques of data collection and analysis. A

checklist of 28 good practices was assembled, which was evaluated based on content analysis

of the websites of State licensing agencies. Data were collected through a descriptive

statistics. The results, despite the methodological limitations, can be regarded as one of the

first diagnosis of good practices across Brazilian state licensing agencies. Various good

practices identified and discussed herein can be replicated or at least serve as inspiration for

improvement in specific jurisdictions and contexts. On analyzing the geographical

differences, this study also helped to point out the need for national capacity building policies,

particularly in the North and Northeast regions of Brazil. Importantly, the various good

practices analyzed offer specific opportunities. Finally, this study showed that the

development of agile, streamlined and electronic screening, scoping and monitoring, is still in

an embryonic stage. There are many opportunities for improvement and research in this area.

Keywords: Environmental Impact Assessment, Environmental Licensing, Good practices,

procedures, Brazilian States.

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1

1 INTRODUÇÃO

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e o Licenciamento Ambiental são

instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente do Brasil, instituída pela Lei nº 6.938,

de 1981. Esses instrumentos são utilizados não apenas no Brasil, mas em dezenas de países,

como ferramenta decisória de projetos, políticas, planos e programas que possam afetar

significativamente o meio ambiente (MORRISON-SAUNDERS, 2011). O licenciamento

ambiental é definido na lei brasileira como um processo administrativo por meio do qual o

órgão ambiental autoriza a localização, instalação, ampliação e operação de atividades

consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras e que, por sua vez, possam causar

degradação ambiental (BRASIL, 1997). Nesse processo, o órgão ambiental geralmente exige

uma AIA que compreenda o processo de identificar, prever, avaliar e mitigar os efeitos

relevantes de naturezas biofísica e social e de outros efeitos das atividades ou projetos de

desenvolvimento antes que decisões importantes sejam tomadas (IAIA, 1999). Nesse sentido,

a AIA insere-se como ferramenta de análise de estudos ambientais dentro do procedimento de

licenciamento ambiental (IBAMA, 2012). A vinculação desses dois instrumentos no Brasil é

enorme a ponto de serem tratados como sinônimos por diversos analistas.

Desde a institucionalização da Política Nacional do Meio Ambiente, o licenciamento

ambiental difundiu-se consideravelmente no Brasil. Apesar do avanço, o licenciamento

ambiental ainda é marcado por controvérsias e ineficiências. Dentre os principais problemas

do licenciamento, destacam-se sua complexidade, burocracia, morosidade e judicialização

(CNI, 2007; BANCO MUNDIAL, 2008). Tais problemas estão, frequentemente, associados a

fragilidades institucionais e gerenciais no âmbito dos órgãos licenciadores brasileiros: e.g.

superposição de funções, excesso de discricionariedade, baixo orçamento, falta de

investimentos, problemas de infraestrutura e carência de recursos humanos qualificados,

dentre outros. Nesse contexto, face à necessidade de se estabelecerem procedimentos mais

ágeis e eficazes para determinadas atividades, os órgãos licenciadores, sobretudo os estaduais,

têm reagido a tais “gargalos” com uma série de mecanismos legais, procedimentais e

informacionais, entre outros. Tais melhorias, todavia, ainda foram pouco abordadas por

pesquisadores brasileiros. O valor e o potencial de replicação dessas “boas práticas” restam

praticamente inexplorados.

Esta pesquisa pretendeu contribuir para o preenchimento dessa lacuna de

conhecimento ao responder à seguinte pergunta: quais são as boas práticas de

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2

transparência, informatização e comunicação social da avaliação de impacto e

licenciamento ambiental adotadas pelos órgãos licenciadores estaduais brasileiros?

Assim, esta pesquisa objetiva identificar quais ações facilitam, colaboram e otimizam

os procedimentos de licenciamento ambiental nos órgãos estaduais brasileiros, de modo a

tornar os processos mais ágeis, transparentes, simples, participativos e acessíveis aos

empreendedores, consultores e população em geral. Em outras palavras, esta dissertação

pretende realizar um diagnóstico pioneiro de parte das boas práticas de licenciamento

ambiental estadual no Brasil segundo a perspectiva do órgão licenciador estadual.

1.1 Objetivo Geral

O presente trabalho teve como objetivo geral identificar as “boas práticas” de

transparência, informatização e comunicação social da avaliação de impacto e licenciamento

ambiental adotadas pelos órgãos licenciadores estaduais brasileiros.

1.2 Objetivos Específicos

Descrever e caracterizar o sistema de avaliação de impacto e licenciamento ambiental

brasileiro.

Identificar os principais problemas desse sistema.

Elaborar uma lista de checagem de “boas práticas” de transparência, informatização e

comunicação aplicável aos órgãos licenciadores estaduais brasileiros.

Quantificar e comparar o atendimento às “boas práticas” do checklist em relação aos 26

órgãos licenciadores estaduais, bem como ao distrito federal.

Salientar as principais boas práticas e discutir seus potenciais de replicação.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 CONCEITO E ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

Muitos autores argumentam que a avaliação de impacto ambiental (AIA) teve sua

origem nos Estados Unidos (EUA), em 1969, como uma exigência legal da National

Environmental Politcy Act (NEPA). A AIA foi um método para mostrar como as agências

federais fizeram a execução da política ambiental dentro de suas atividades de grandes

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3

projetos de desenvolvimento (IAIA, 2009). Ela surgiu para atender a uma necessidade: que o

planejamento de projetos ou de quaisquer ações que possam afetar negativamente o ambiente

humano leve em conta as consequências ambientais das decisões acerca desses projetos

(SÁNCHEZ, 2008).

Diversos autores e instituições conceituaram a AIA e seus objetivos (MUNIER, 2004;

MORRISON-SAUNDERS; ARTS, 2004; JAY et al., 2007; IAIA, 2009; SÁNCHEZ, 2008).

Algumas das definições são transcritas a seguir:

A avaliação de impacto ambiental é uma análise sistêmica dos impactos

potenciais que um projeto pode produzir no ambiente. (MUNIER, 2004, p.

8).

A avaliação de impacto ambiental é um processo para levantar as possíveis

consequências ambientais de uma ação proposta durante o planejamento do

projeto, da tomada de decisão e implementação das etapas de ação

(MORRISON-SAUNDERS; ARTS, 2004, p. 1).

A avaliação de impacto ambiental é a avaliação dos efeitos que podem surgir

a partir da implantação de um grande projeto que afete significativamente o

meio ambiente (JAY et al., 2007, p. 1).

A avaliação de impacto ambiental (AIA) pode ser definida como um

processo de identificação, previsão, avaliação e mitigação dos efeitos

relevantes – biofísicos, sociais e outros, de propostas de desenvolvimento

antes de decisões fundamentais serem tomadas e de compromissos serem

assumidos (IAIA, 2009, online).

Nessa mesma linha de pensamento, segundo Sánchez (2008), “a avaliação de impacto

ambiental é um exercício prospectivo, antecipatório, prévio e preventivo. Na avaliação de

impacto ambiental, parte-se da descrição da situação atual do ambiente para fazer uma

projeção de sua situação futura com e sem o projeto em análise” (p. 40).

Desse modo, a avaliação de impacto tem uma natureza dual, cada uma com as suas

próprias abordagens metodológicas: como um instrumento técnico para a análise das

consequências de uma intervenção planejada (política, planos, programas, projetos),

fornecendo informação às partes interessadas e aos gestores, e de intervenções não planejadas,

tais como desastres naturais, guerras e conflitos; e como um procedimento legal e

institucional ligado ao processo de decisão de uma intervenção planejada (IAIA, 2012). Para

Partidário (2012), nessa concepção, ao longo dos anos, a AIA tem sido reconhecida como um

instrumento para o futuro, que é capaz, de forma antecipada, de embasar as decisões sobre o

que poderia acontecer se uma ação proposta fosse implementada.

Nesse contexto, a AIA, de acordo com a IAIA (2012), Sánchez (2008) e Sadler (1996),

tem os seguintes objetivos:

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4

Identificar procedimentos e métodos para o seguimento (monitoramento e

mitigação das consequências adversas) ao longo dos ciclos de política,

planejamento e projeto (IAIA, 2012, online).

Considerar os impactos ambientais antes de se tomar qualquer decisão que

possa acarretar significativa degradação da qualidade do meio ambiente

(SÁNCHEZ, 2008, p. 92).

Informar e facilitar a análise dos efeitos ambientais e suas consequências no

desenvolvimento de decisões (SADLER, 1996, p. 13).

Assim, os objetivos apresentados pela IAIA (2012), por Sánchez (2008) e por Sadler

(1996) ressaltam que a finalidade central da AIA é contribuir para um desenvolvimento

ambientalmente seguro e sustentável e que otimize o uso dos recursos e as oportunidades de

gestão, buscando, assim, o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o meio ambiente.

2.1.1 A Difusão da Avaliação de Impacto Ambiental no Mundo

A introdução da AIA por meio da lei da política nacional do meio ambiente, a NEPA,

em 1969, entrou em vigor no dia 1° de janeiro de 1970 nos EUA. Nesse país, a lei aplica-se a

decisões do governo federal nos projetos privados que possam causar danos ambientais

significativos. Desse modo, a lei evoluiu internamente e adaptou-se conforme foi aplicada em

outros contextos culturais ou políticos (SÁNCHEZ, 2008).

A partir de então, a AIA difundiu-se por diversos países, mediante procedimentos

formais, agências bi e multilaterais de desenvolvimento, como requisito prévio para análise de

projetos que possam causar modificações ao meio ambiente. Assim, a história da AIA tem

tido notáveis progressos. A adoção da AIA tem sido aplicada e adotada em vários países a

partir de sua origem norte-americana (IAIA, 2009). Entre outros, é importante ressaltar a

difusão e a evolução da AIA nos países do hemisfério norte, Europa e América Latina durante

o período de 1970 a 2012.

Nos países desenvolvidos do hemisfério norte, o processo de avaliação ambiental é

conduzido pelo órgão ou instituição setorial ou de jurisdição territorial que lidera o processo

de aprovação de projetos de potencial significativo. As entidades de meio ambiente, de modo

geral, atuam como assessores do processo, estabelecendo guias e critérios de avaliação,

conduzindo a revisão dos documentos e emitindo pareceres (VEROCAI, 2011).

Na Europa, houve certa rejeição para a adoção da AIA, pois, nas suas políticas de

planejamento, havia algumas variáveis ambientais. Em 1976, a França foi a pioneira ao adotar

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5

a AIA. Em 1985, entrou em vigor, na União Europeia, uma diretriz sobre a AIA, a qual obriga

todos os países membros a adotarem e incorporarem, em suas legislações, normas gerais de

avaliação de impacto ambiental. De modo geral, o grau de implementação dessas diretrizes e

a eficiência dos processos de avaliação ambiental dos países membros da União Europeia não

são iguais (VEROCAI, 2011; SÁNCHEZ, 2008).

Na América Latina, diversos países se sensibilizaram com a causa ambiental e

começaram a sistematizar e introduzir as avaliações de impactos ambientais como

precondição para a aprovação de empreendimentos utilizadores dos ativos ambientais:

Venezuela em 1976, Brasil em 1981, México em 1982, Peru em 1990, Bolívia em 1992,

Uruguai em 1994 e Chile em 1994.

De maneira geral, o processo de AIA na América Latina pode ser dividido em duas

fases. A primeira fase, nos anos 1970 e 1980, foi influenciada principalmente por bancos de

desenvolvimento, especialmente pelo Banco Mundial e pelo Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID) (VEROCAI, 2011). Desse modo, a AIA tornou-se uma exigência

padrão para o Banco Mundial financiar projetos de investimentos. Como resultado, outras

instituições de fomento aderiram ao modelo. A partir daí, a AIA entrou em amplo uso em

países em desenvolvimento. Então, a atuação das agências bilaterais de fomento ao

desenvolvimento, como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OCDE), assim como as agências multilaterais, que são os bancos de desenvolvimento, como

o Banco Mundial e o BID, tiveram relevante papel para a difusão da AIA nos países do

hemisfério sul, os quais são considerados menos desenvolvidos.

Muitos países recebem montantes de ajuda econômica que representam

percentagem significativa de seus orçamentos públicos, e, para manter o

fluxo de recursos, devem se submeter às exigências dos financiadores e

doadores que, por sua vez, estão sujeitos a pressões em suas jurisdições. Para

um doador internacional, nada pior que a comprovação de que, ao invés de

um projeto ter contribuído para o desenvolvimento humano, este tenha, na

realidade, piorado a qualidade de vida das populações que supostamente

deveria ter ajudado ou causado danos ambientais (SÁNCHEZ, 2008).

A partir da década de 1990, houve uma série de eventos importantes, que contribuíram

para a propagação da AIA, buscando inseri-la em acordos internacionais. Entre outros, podem

ser destacados a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a

Convenção de Espoo e a Rio +20. Além destes, houve uma expansão das organizações não

governamentais internacionais que trabalham na difusão e desenvolvimento da AIA:

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6

no ano de 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, a AIA recebeu endosso internacional. O Princípio 17 da declaração

final é dedicado à avaliação de impacto ambiental e o Artigo 14 da convenção de

diversidade biológica é sobre a AIA. Esta também foi incorporada nos princípios do

Equador, para que mais instituições financeiras mundiais e grandes bancos de

investimento participassem (PARTIDÁRIO, 2012). Os princípios são baseados em

padrões de desempenho ambiental e social da International Finance Corporation

(IFC), a fim de garantir que os grandes projetos financiados pelas instituições sejam

desenvolvidos de forma socialmente responsável e reflitam práticas de gestão

ambiental. Além disso, a Conferência incentivou a expansão da AIA no restante dos

países latino-americanos.

a Convenção de Espoo constitui o mais relevante instrumento legal internacional sobre

AIA num contexto transfronteiriço. A Convenção, aprovada em 1991, foi a primeira

convenção multilateral sobre esse tema e está em vigor desde 10 de setembro de 1997.

Ela estabeleceu as obrigações das partes para avaliarem o impacto ambiental de

determinadas atividades anteriores ao planejamento. Também, estabeleceu a obrigação

geral de os Estados notificarem e consultarem os grandes projetos que possam ter

significativos efeitos adversos que atravessem as fronteiras (IAIA, 2012).

a International Association for Impact Assessment (IAIA) é uma associação

profissional fundada em 1980, que promove ativamente a prática da avaliação

ambiental estratégica e de AIA em todo o mundo (IAIA, 2009). Recentemente, a IAIA

apresentou uma declaração para a Rio +20, com o objetivo da inclusão de Avaliação

de Impacto Ambiental e da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) no evento. Foi

elaborada uma declaração para os governantes e participantes reconhecerem as

seguintes afirmações:

Mais de 100 países já utilizam com sucesso a AIA e a AAE através de

diretrizes, políticas e legislações.

A Organização de Cooperação & Desenvolvimento Econômico – OCDE –

tem uma diretiva sobre AAE (2001) e muitos países em vias de

desenvolvimento têm vindo, nos últimos cinco anos, aplicar a AAE ao

planejamento setorial.

A AAE e a AIA ajudam a assegurar que os políticos de alto nível, os

programas e os projetos sejam estruturados e implementados com resultados

mais sustentáveis ao mesmo tempo em que reduzem a pobreza e contribuem

para os objetivos da economia verde.

Page 20: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ... - repositorio.ufop.br · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Etapas da Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental _____ 17 Figura 2 – Formulário

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A AAE e a AIA trabalham para assegurar que as atividades de

desenvolvimento de setores individuais complementem outros setores.

A AAE e a AIA permitem uma forma sistemática de minimizar os resultados

potencialmente negativos e de potencializar os benefícios, o mais cedo

possível, no ciclo de política, programa e projeto.

A AAE e a AIA são utilizadas para detectar lacunas legislativas e em

políticas que poderiam dificultar o desenvolvimento sustentável. Quando os

processos de AAE e de AIA estão inseridos em ministérios-chave ou

intersetoriais, os projetos aprovados e implementados foram submetidos a

um rigoroso filtro de sustentabilidade, nos quais os custos sociais e

econômicos foram examinados.

A AAE e a AIA podem alertar os gestores para os riscos, melhorar o

envolvimento da comunidade, incorporar o conhecimento tradicional e

facilitar a cooperação entre os setores.

Os resultados da AAE e da AIA são usados para informar o

desenvolvimento de futuras propostas e também informar os processos

correntes de decisão numa determinada entidade geográfica, como um país,

uma província ou uma bacia hidrográfica, incluindo bacias partilhadas e

transfronteiriças.

O apoio político ao desenvolvimento sustentável e à economia verde, que

constituem objetivos centrais da Rio +20, pode ser melhorado se os países

aproveitarem todas as vantagens de instrumentos existentes, como a

Avaliação Ambiental Estratégica e a Avaliação de Impacto Ambiental

(IAIA, 2012, online).

A IAIA (2012) solicitou aos secretariados da Conferência Rio +20 e aos países

participantes para considerarem a adoção da seguinte afirmação na declaração final da

conferência:

[que] A Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) e a Avaliação de Impacto

Ambiental sejam reconhecidas pelos Estados como processos efetivos de

apoio à decisão de alto nível que podem apoiar a implementação de um

compromisso político com o Desenvolvimento Sustentável e as iniciativas da

Economia Verde (online).

Conforme foi apresentado, a partir da década de 1990, houve uma expansão

significativa do processo de AIA e AAE. Em 1996, mais de 100 países tinham sistemas de

AIA. Esses sistemas variam muito em termos de procedimentos e práticas (GLASSON;

SALVADOR, 2000; SADLER, 1996). Em junho de 2009, 66 instituições financeiras,

incluindo bancos comerciais com operações em mais de 100 países, adotaram os princípios do

Equador (PARTIDÁRIO, 2012). Nos últimos anos, a AIA ficou fortemente ligada a conceitos

de sustentabilidade. A prática da AIA depende de uma série de instrumentos e ferramentas,

com base nas ciências físicas, naturais e sociais, a fim de prever futuras consequências, com a

possível implantação de um empreendimento.

Page 21: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ... - repositorio.ufop.br · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Etapas da Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental _____ 17 Figura 2 – Formulário

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Assim, a AIA está presente em vários países do mundo, e sua expansão caracteriza-se

por um longo processo de aprendizagem organizacional e institucional. Atualmente, a AIA

aparece em inúmeras convenções, tratados internacionais, organizações não governamentais e

instituições financeiras, que procuram desenvolver pesquisas, procedimentos para a difusão e

otimização do processo de avaliação de impacto ambiental.

2.1.2 Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil

Na década de 1970, o Brasil foi um dos países do hemisfério sul com significativo

crescimento. A expansão econômica, territorial e urbana, foram incentivadas por recursos

governamentais para projetos de infraestrutura. Dentre os projetos, podem ser destacadas a

rodovia transamazônica, a barragem de Itaipu e a usina hidrelétrica de Tucuruí. Nesse

contexto, o Banco Mundial teve um papel muito importante na difusão da AIA. Os grandes

projetos de infraestrutura, como as barragens de Sobradinho no rio São Francisco e de

Tucuruí no rio Tocantins e Itaipu, foram financiados por essa instituição. Entretanto, como

contarpartida foi exigido a realização de estudos de impacto ambiental como condição de

financiamento, dando, pois, um “ponto de partida” na realização de AIAs no território

brasileiro (MOREIRA, 1988).

A difusão da AIA no Brasil se deu por meio de um conjunto de fatores internos e

externos, propiciando o avanço das políticas ambientais. Os fatores internos decorreram das

demandas de determinados grupos sociais e os fatores externos foram as atuações dos agentes

financeiros multilaterais e de outras organizações internacionais (SÁNCHEZ, 2008).

Em termos de institucionalização, a AIA chegou ao País na década de 1970,

anteriormente à legislação federal, por meio de leis estaduais no Rio de Janeiro, São Paulo e

Minas Gerais. Na década seguinte, em 1981 surgiu a Lei Federal nº 6.938, que estabeleceu as

diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente. Os instrumentos dessa Política incluíram a

Avaliação de Impacto Ambiental e o Licenciamento Ambiental. A regulamentação do

instrumento AIA para o procedimento de análise de empreendimentos com potencial de

causar significativa degradação ambiental foi feita pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA), órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente

(SISNAMA), por meio da Resolução CONAMA n° 001/86 (BRASIL, 1986).

A avaliação de impacto foi criticada, desde a sua introdução, por ser uma ferramenta

tecnocrática com base em tomada de decisão racional. Do ponto de vista de Partidário (2012),

Page 22: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ... - repositorio.ufop.br · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Etapas da Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental _____ 17 Figura 2 – Formulário

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de modo geral, as diretrizes e princípios contemporâneos para a prática de avaliação de

impacto evoluíram com uma gama de instrumentos, que são formalizados mediante

procedimentos regulamentatórios. Porém, no Brasil, ainda há muito que se fazer para otimizar

o processo de AIA tanto no âmbito institucional como nos regulamentatórios, para que, assim,

haja maior eficiência, credibilidade e transparência nessa ferramenta de planejamento.

2.2 Licenciamento Ambiental no Brasil

Os primeiros licenciamentos ambientais realizados tiveram restrição na abrangência de

projetos, contemplando apenas o setor das indústrias de transformação. No decorrer da década

de 1980, passaram a abranger uma ampla gama de projetos tanto no âmbito da iniciativa

privada como no setor governamental. Dentre eles, podem ser destacados os de infraestrutura

(MOREIRA, 1988). Em 1981, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei Federal nº

6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), trazendo, entre

outros, instrumentos de ação e inovação institucional. No plano dos instrumentos de ação, por

meio da Resolução CONAMA n° 001/86, podem ser ressaltados a avaliação de impacto

ambiental e o licenciamento ambiental. No âmbito institucional, destaca-se a criação do

SISNAMA, uma estrutura articulada de órgãos governamentais dos três níveis de governo

(SÁNCHEZ, 2008).

Ainda sob a ótica de Sánchez (2008), o licenciamento ambiental tem as seguintes

funções: (i) disciplinar e regulamentar o acesso aos recursos ambientais e sua utilização; e (ii)

prevenir danos ambientais. Desse modo, o licenciamento tem a finalidade de promover o

controle prévio à construção, instalação, ampliação e funcionamento de empreendimentos que

utilizam recursos ambientais (MMA, 2009). Sendo assim, o intuito do licenciamento

ambiental refere-se à necessidade de promover a otimização dos benefícios do

desenvolvimento econômico, prevenindo seus danos ambientais.

A partir dessas considerações, cabe ressaltar que o licenciamento ambiental é um dos

instrumentos mais importantes da política ambiental, pois tem caráter preventivo de tutela do

meio ambiente. Além disso, ele é uma ferramenta fundamental para o controle ambiental,

buscando, assim, o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o meio ambiente. Nesse

sentido, o processo de licenciamento ambiental não é um simples ato administrativo, mas um

encadeamento de atos administrativos, o que lhe atribui a condição de procedimento

administrativo (TCU, 2009). Ainda nessa perspectiva, para o IBAMA (2012), o licenciamento

Page 23: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ... - repositorio.ufop.br · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Etapas da Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental _____ 17 Figura 2 – Formulário

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é um processo administrativo sistemático, que compreende desde o planejamento até o

monitoramento do futuro empreendimento. Ao se exigir licenciamento para determinados

empreendimentos, busca-se estabelecer mecanismos de controle ambiental nas intervenções

setoriais que possam vir a comprometer a qualidade do meio ambiente (MPF, 2004).

No âmbito do desenvolvimento do processo de licenciamento ambiental, este se dá por

meio da elaboração de vários estudos técnicos, os quais têm como objetivo examinar a

viabilidade do empreendimento pelo órgão ambiental. Dessa forma, é realizado um processo

de avaliação preventiva, que consiste na análise dos aspectos ambientais dos projetos em suas

etapas de planejamento, instalação e operação. Sendo assim, o ato de licenciamento ambiental

se dá em etapas mediante a concessão das Licenças Prévia, de Instalação e de Operação e o

acompanhamento das consequências ambientais de um empreendimento (MMA, 2009). Nesse

sentido, a avaliação de impacto ambiental insere-se como um instrumento de análise de

estudos ambientais dentro do procedimento de licenciamento ambiental. Assim, no Brasil, o

processo de avaliação de impacto ambiental está diretamente vinculado ao licenciamento

ambiental.

Como foi apresentado, o SISNAMA foi instituído por intermédio da PNMA. Ele é

constituído por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, bem como pelas fundações de cunho ambiental. Dentre outros órgãos, destacam-

se os seguintes: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), o Ministério do Meio

Ambiente (MMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis

(IBAMA).

O CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo vinculado ao SISNAMA,

responsável por propor diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente. Esse

órgão engloba diversos setores das esferas pública, privada e sociedade civil. O MMA é o

órgão central que possui a função de formular, planejar, coordenar, supervisionar e controlar a

política nacional e as diretrizes governamentais para o meio ambiente. Já o IBAMA tem como

finalidade ordenar e executar as políticas e diretrizes governamentais ambientais (MMA,

2009). Em 1997, a Resolução CONAMA nº 237 regulamentou o licenciamento ambiental

embora os procedimentos desse instrumento já existissem em vários Estados desde as décadas

de 1970 e 1980. Nesse sentido, o conceito de licenciamento ambiental somente é tratado nessa

Resolução e estruturado na forma de três licenças: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação

(LI) e Licença de Operação (LO), as quais serão explanadas a seguir.

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- Licença Prévia – Concedida na fase preliminar do planejamento da atividade, contempla os

requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação. Nesta

etapa, decide-se sobre a necessidade ou não do estudo de impacto ambiental e do respectivo

relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA), dependendo, dentre outros requisitos, do

tamanho, porte e localização da atividade, ou seja, da etapa de triagem no processo de

avaliação de impacto ambiental. Como já mencionado, o sistema de avaliação de impacto no

Brasil está vinculado ao licenciamento ambiental. Nesse sentido, o procedimento de avaliação

de impacto ambiental se inicia mediante a LP. Assim, nesta fase, é analisada a viabilidade

ambiental do empreendimento.

Antes de descrever a Licença de Instalação, cabe ressaltar a definição de estudos

ambientais. Esse termo foi definido pela Resolução CONAMA nº 237/97, para englobar

diferentes denominações:

[...] são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais

relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma

atividade ou empreendimento, apresentados como subsídio para a análise da

licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle

ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de

manejo, plano de recuperação de áreas degradadas e análise preliminar de

risco (BRASIL, 1997).

- Licença de Instalação – É permitida após a concessão da LP. Na LI, o empreendedor

compromete-se a cumprir as especificações do projeto proposto. Sendo assim, a Licença é

concedida após análise e aprovação do projeto executivo e de outros estudos. Dentre eles,

podem ser destacados: Plano de Controle Ambiental, Plano de Recuperação de Área

Degradada, Projetos Ambientais e Planos de Monitoramento identificados nos estudos

ambientais. A concessão desta Licença autoriza o início da instalação do empreendimento.

- Licença de Operação – Nesta etapa, o órgão ambiental outorga ao empreendedor um

documento antes de a atividade entrar em funcionamento. Sua concessão depende da inspeção

do empreendimento, a qual tem a finalidade de verificar as exigências e os detalhes técnicos

descritos no projeto aprovado, que foram desenvolvidos e atendidos ao longo de sua

implantação, ou seja, nas fases das Licenças Prévias e de Instalação.

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2.3 Legislação Relacionada à AIA e LA

2.3.1 Legislação Estadual

O licenciamento ambiental foi introduzido na legislação brasileira em 1981. No

entanto, uma das primeiras legislações nacionais a abordar o tema foi o Decreto-lei nº 1.413,

de 1975. Esse Decreto-lei possibilitou uma base legal para o licenciamento ambiental. Por

intermédio dele, foi concedido aos Estados e Municípios o poder de criarem seus próprios

sistemas de licenciamento para a localização e o funcionamento de indústrias potencialmente

causadoras de degradação ambiental. A partir desse momento, começaram a surgir normas

estaduais a respeito de licenciamento ambiental.

Os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais foram os primeiros a

introduzirem em suas legislações o licenciamento ambiental. No Rio de Janeiro, essa

introdução foi por intermédio do Decreto-lei n° 134/75, pelo qual se tornou obrigatória a

autorização prévia para a instalação e funcionamento de atividades potencialmente poluidoras.

Posteriormente, no Estado, foi instituído o Decreto n° 1.633/77, o qual estabeleceu o Sistema

de Licenciamento de Atividades Poluidoras. Nesse âmbito, o Estado deveria emitir as três

licenças ambientais: Prévia, de Instalação e de Operação. Um ano depois da introdução da

legislação no Rio de Janeiro, o licenciamento ambiental foi instituído em São Paulo por

intermédio da Lei n° 977/76. Essa Lei criou o Sistema de Prevenção e Controle da Poluição

do Meio Ambiente e foi regulamentada pelo Decreto nº 8.466/76, o qual estabelecia duas

modalidades de Licença – Instalação e Funcionamento – para empreendimentos presentes na

Lei, os quais seriam passíveis de autorização do órgão estadual de controle de poluição do

meio ambiente.

O licenciamento estadual nesses Estados foi fundamental no sentido de nortear as

ações dos governos locais em relação às atividades industriais e alguns projetos urbanos

específicos, como aterros de resíduos e loteamentos. Além disso, o sistema de licenciamento

previsto nas legislações estaduais serviu de base para a lei federal de licenciamento ambiental

no Brasil. Porém, nesses primeiros procedimentos de licenciamento ambiental do País, o

conceito de impacto ambiental foi negligenciado embora nessa mesma década estivesse sido

iniciada a difusão mundial da AIA. Por outro lado, a década de 1970 foi marcada por grandes

investimentos em infraestrutura e financiamentos de projetos industriais de base.

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Desde meados da década de 1970, a legislação estadual relacionada à AIA e

licenciamento expandiu-se substancialmente no âmbito estadual, de modo que são hoje,

literalmente, milhares de regulamentos afetos ao tema. Seria enfadonho e desnecessário

descrever essa legislação neste capítulo. Todavia, ao longo das discussões dos resultados,

trechos das legislações estaduais serão citados e comentados.

2.3.2 Legislação Federal

A década de 1980 foi muito importante na gestão ambiental do País, a partir da

publicação da política nacional do meio ambiente, o licenciamento teve sua abrangência

ampliada. Assim, ele deixou de ser necessário apenas para as atividades poluidoras e passou a

ser aplicado em atividades que utilizam recursos ambientais ou com potencial de causar

degradação ambiental. Nessa perspectiva, ressalta-se que nessa legislação estão previstas as

atividades que possam, de qualquer forma, degradar o meio ambiente, mostrando, assim, uma

evolução no entendimento das causas de degradação. Outro ponto importante é que a lei

federal foi embasada nos estágios de licenciamento ambiental das legislações estaduais do Rio

de Janeiro e São Paulo tanto para construção, instalação e funcionamento de

empreendimentos quanto para as atividades já implantadas.

A partir da instituição da política nacional do meio ambiente, foi publicada uma série

de decretos, leis e resoluções com o propósito de garantir a aplicação da mesma. O Decreto de

1990, no art. 17, estabelece a competência do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA). Dentre elas, encontra-se a fixação dos critérios básicos para o licenciamento

ambiental, em que se destacam a exigência e a definição do conteúdo dos estudos de impacto

ambiental para fins de licenciamento. O Decreto nº 99.274/90 estabeleceu os três tipos de

licenças emitidas pelo poder público durante o processo de licenciamento: Licença Prévia, de

Instalação e de Operação.

Somente uma década após a Resolução nº 01/86, foi instituída a Resolução nº 237, de

19 de dezembro de 1997, sendo a disciplina básica do licenciamento ambiental no Brasil. Essa

Resolução detalhou as atividades e empreendimentos sujeitos ao licenciamento e elaborou a

definição de licenciamento ambiental. Além disso, a lei delimitou as competências nos níveis

federal, estadual, do distrito federal e municipal para coordenar cada processo de

licenciamento. Embora essas esferas exerçam a liderança, outras instituições podem ser

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corresponsáveis pelo processo. Dessa forma, o IBAMA, órgão integrante do SISNAMA, atua

na área de licenciamento ambiental de âmbito nacional ou regional. Assim, caberão ao

IBAMA as licenças propostas:

I- localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe,

no mar territorial, na plataforma continental, na zona econômica exclusiva,

em terras indígenas ou em unidade de conservação do domínio da União;

II- localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais estados;

III- cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do

País ou de um ou mais estados;

IV- destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar,

armazenar e dispor de material radioativo, em qualquer estágio, ou que

utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante

parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN);

V- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a

legislação específica.

2.3.3 Lei Complementar nº 140/2011

A Lei Complementar nº 140/2011 estabelece normas de cooperação entre os entes

federativos, regulamentando as competências administrativas comuns relativas à proteção do

meio ambiente. Dessa forma, a referida Lei supriu a lacuna do parágrafo único do art. 23 da

Constituição Federal. Segundo Machado (2014), uma das finalidades presentes no art. 23 da

Lei Complementar é a de se impedir a sobreposição entre os entes federativos, de modo a

evitar conflitos de atribuições, isto é, a duplicidade ou até a intervenção tríplice. Nesse

contexto, a Lei disciplinou que cabe à União promover o licenciamento ambiental de

empreendimentos e atividades localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em

país limítrofe, no mar territorial, em terras indígenas, em unidades de conservação instituídas,

em dois ou mais Estados e de caráter militar, entre outros. Aos Estados, compete promover o

licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos: localizados e desenvolvidos em

unidade de conservação instituída pelo Estado e utilizadores de recursos ambientais efetiva ou

potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,

ressalvados os de competência da União e dos Municípios. Aos Municípios, cabe promover o

licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos que causem ou possam causar

impacto ambiental de âmbito local, conforme a tipologia definida pelos respectivos Conselhos

Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza

da atividade ou localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto

em APAs.

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Além disso, a Lei Complementar nº 140/2011 estabelece instrumentos de cooperação

institucional entre os entes federativos; dentre eles, estão: os consórcios públicos, os

convênios, os acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e

entidades do Poder Público; Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e

Comissão Bipartite do Distrito Federal; fundos públicos e privados; e outros instrumentos

econômicos e delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os

requisitos previstos nessa Lei Complementar.

Outras medidas previstas pela referida Lei estão relacionadas às atividades

suplementar, subsidiária e de fiscalização pelos órgãos ambientais. Os arts. 14 e 15 deixam

claro que, quando não existe órgão ambiental executor ou ainda em caso de atraso

injustificado no procedimento de licenciamento imputável ao órgão ambiental licenciador,

outro ente federativo de maior abrangência atuará em caráter supletivo por intermédio de seu

respectivo órgão licenciador ou normativo. O art. 2º refere-se à atuação subsidiária, que

consistente na “ação do ente da federação que visa auxiliar no desempenho das atribuições

decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente

detentor das atribuições licenciatórias”. A ação subsidiária se dará mediante apoio técnico,

científico, administrativo ou financeiro, entre outros. E a competência fiscalizatória dos entes

federativos permanece comum a todos para tomarem as medidas urgentes cabíveis para se

evitar o dano ambiental.

Desde a primeira regulamentação do licenciamento ambiental, novos regulamentos

surgiram para nortear outros tipos de empreendimentos; dentre eles: a abrangência da lista de

atividades sujeitas ao licenciamento ambiental e o escopo dos estudos ambientais, diretrizes

para avaliação de impacto ambiental, prazos para vigência das licenças, suspensão da

concessão de licença e unificação das licenças.

Diante desses fatos, pode-se verificar que o CONAMA criou normas especiais para o

licenciamento de empreendimentos, que direta ou indiretamente estejam atrelados a

iniciativas governamentais. Dentre outras iniciativas regulamentares, podem ser ressaltados:

políticas habitacionais, construção e ampliação de portos, manejo de florestas públicas,

concessão de atividades relacionadas à indústria de gás natural, parcerias público-privadas e

implantação de unidades de tratamento de esgoto sanitário. Dessa forma, os órgãos ambientais

estaduais licenciadores, como executores da política de meio ambiente em nível estadual,

deverão estar preparados para promoverem atividades que visem à otimização e simplificação

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do processo de licenciamento ambiental no Brasil, dentre elas: capacitação do corpo técnico e

investimentos em tecnologia, procedimentos e institucionais.

2.4 O Processo de Avaliação de Impacto

O processo de AIA pode ser caracterizado por uma série de etapas que funcionam de

forma concatenada e cíclica entre as diferentes etapas. As etapas da AIA são interdependentes

e reconhecidas para uma habilitação de um desempenho eficaz. Conforme Sadler (1996), é

importante que as etapas da AIA sejam interativas em vez de lineares, ou seja, a integração

em cada fase de análise técnica, consulta pública e gestão de processos, incluindo

coordenação de funções e responsabilidades. Essa interação ocorre da seguinte maneira: a

participação pública deverá ser realizada nas diversas etapas da AIA, assim como o processo

decisório ocorre desde a primeira etapa do processo até a última.

Dessa maneira, a AIA é raramente um processo lógico, racional, com apenas um ponto

de decisão (GLASSON, 2008). Sendo assim, a tomada de decisão ocorre em vários estágios

da AIA. Com isso, esse mesmo autor afirma que há um crescente reconhecimento da AIA

como uma série de passos na tomada de decisões com uma abordagem mista. Nesse contexto,

verifica-se que são utilizados tanto os critérios da racionalidade por meio da base científica

quanto do conhecimento popular por meio da participação pública.

Em relação ao processo operacional da AIA, Lawrence (2003) afirma que as etapas

são realizadas dentro de um quadro institucional estabelecido por arranjos. Estes fornecem a

base para a determinação dos requisitos dos procedimentos administrativos. Dessa forma, a

parte administrativa, os procedimentos e o planejamento contribuem para a realização do

processo decisório. Assim, o processo de AIA é a ponte entre as exigências reguladoras e a

prática, as quais devem ser projetadas e adaptadas em conjunto com as partes interessadas.

Entretanto, cada jurisdição, assim como em sua estrutura institucional e seus procedimentos

administrativos, adapta o processo genérico às suas necessidades (SÁNCHEZ, 2008).

O processo de AIA, de acordo com a Figura 1, é: apresentação da proposta, triagem,

escopo, análise técnica, consulta pública, processo decisório e acompanhamento.

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Figura 1 - Etapas da Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental

2.4.1 Apresentação da Proposta e Triagem

O processo de AIA inicia-se com a apresentação da Proposta pelo empreendedor ao

órgão ambiental responsável pelo licenciamento ambiental. A partir daí, passa para a etapa de

Triagem, a qual pode ser definida como um procedimento para identificar quais projetos serão

sujeitos à AIA e qual o nível de detalhe (IAIA, 1999; SADLER, 1996). Dessa forma,

determina se a proposta vai necessitar de AIA. Em caso positivo, o projeto passa por um

procedimento completo. No entanto, se o empreendimento for caracterizado de baixo impacto

ambiental, remete-se ao procedimento de licenciamento ambiental simples.

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Nesse contexto, desde 2003, os Estados membros da União Europeia melhoraram a

eficácia da AIA em seus regulamentos mediante algumas combinações de abordagem,

incluindo, entre outras iniciativas, a implantação de procedimentos simplificados. É

interessante ressaltar que em alguns países, como Chipre, República Checa, Grécia e Hungria,

utilizam-se procedimentos na etapa de Triagem caso a caso, que assumem a forma de AIA

preliminar ou procedimento simplificado (PINHO; SABINE; CRUZ, 2010). Desse modo, os

requisitos para selecionar os projetos variam de país para país. Algumas legislações preveem

uma lista dos tipos de atividades e projetos que exigem a AIA. Já em outras leis, a AIA é

exigida para qualquer projeto que possa ter um impacto significativo sobre o ambiente.

Por sua vez, Bisset e Sadler (2004) destacam algumas técnicas utilizadas, como: lista

de projetos, lista de recursos ou áreas de importância especial ou áreas sensíveis, lista de

verificação dos impactos ambientais, estudos preliminares, mecanismos de triagem caso a

caso e combinação de mais de uma técnica. São elas:

. Caso a Caso: nesta circunstância, cada projeto é avaliado individualmente. Geralmente, esta

abordagem é realizada em conjunto com outro método de triagem, como a lista de projetos.

. Lista de Projetos: a necessidade de uma AIA é baseada em listas de projetos, organizados em

torno de diferentes categorias e tipos de projetos. Existem dois tipos de listas: listas positivas

e negativas. As listas positivas especificam quais os projetos que exigem AIA, enquanto as

listas negativas apresentam as isenções.

. Limites: a necessidade de AIA é baseada em medidas específicas e limites de acordo com

critérios predefinidos, que podem variar de acordo com o tamanho do projeto e a localização

específica.

Os métodos de Triagem baseados na definição de listas ou limites conduzem a uma

abordagem mais objetiva e padronizada. A abordagem Caso a Caso é um método

discricionário. Muitas vezes, é combinada com outros métodos como a lista de projetos.

Dessa forma, a adoção de diferentes procedimentos de AIA pode resultar em

significativas vantagens. Do ponto de vista de eficácia, é importante destacar que as decisões

na etapa de triagem sejam transparentes e defensáveis (SADLER, 1996). Assim, os

procedimentos de Triagem contribuem para assegurar que todos os projetos com eventuais

efeitos adversos sobre o meio ambiente sejam avaliados, a fim de garantir um nível suficiente

de proteção ambiental.

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19

2.4.2 Escopo

Na etapa de Escopo, determinam-se a extensão e o nível de detalhamento do estudo a

ser apresentado pelo empreendedor, visando a identificar os tipos de impactos que deverão ser

investigados. Nesse sentido, para Sadler (1996), essa fase é o passo vital do início do processo

de AIA. Assim, o escopo olha o passado, o presente e o futuro, no que diz respeito aos

elementos do projeto a ser desenvolvido, determinando as opções, os critérios, as medidas de

mitigação e os impactos residuais (MUNIER, 2004; FISCHER, 2007).

O objetivo fundamental é identificar o processo apropriado da AIA e que defina o que

precisa ser considerado na AIA (IAIA, 2010). Por sua vez, Fischer (2007) destaca sete

principais objetivos da etapa de Escopo. São eles:

. Informar ao público sobre a proposta (projeto, plano, programa ou política).

. Identificar os principais atores e as suas preocupações e valores.

. Definir opções razoáveis e práticas a serem abordadas.

. Focar as questões importantes e os impactos significativos a serem abordados pela AIA.

. Definir as fronteiras da AIA em questões de tempo, espaço e sujeito.

. Estabelecer os requisitos para a coleção de linha de base e outras informações.

. Estabelecer o termo referência para um estudo de AIA.

Nesse contexto, o escopo culmina com a elaboração de um termo de referência por

parte do órgão ambiental, contendo os principais tópicos a serem abordados no estudo. O

termo de referência é denominado como um documento que irá nortear a elaboração dos

estudos de impacto ambiental. Neste, serão abordadas as principais questões e impactos que

foram identificados durante o processo de definição do escopo. Entretanto, o termo de

referência deve ser preparado incorporando os resultados do processo de escopo e

especificando os prováveis impactos relevantes a serem identificados, previstos, avaliados,

mitigados e monitorados, projetos alternativos e locais para serem avaliados, plano de

trabalho para o estudo da AIA e cronograma de consulta (BISSET; SADLER, 2004).

Porém, caso não haja uma boa gestão na conduta da identificação das principais

questões que serão abordadas no termo de referência, poderá resultar um estudo de impacto

ambiental desfocado e volumoso; ou seja, com abrangência desnecessária e principalmente

não identificar o principal, que são os impactos ambientais significativos. Nessa abordagem,

Fischer (2007) afirma que o ponto-chave para o escopo é excluir os impactos que são

supérfluos ou de menor importância e focar nos principais impactos de um projeto, plano,

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programa ou política, de modo a investir a maior parte do tempo da avaliação na procura de

efeitos críticos de tais ações sobre o ambiente.

Entretanto, se a etapa de Escopo for feita com base nas melhores práticas de AIA,

contribuirá para a produção de um conciso e focado relatório ambiental. Assim, o processo

deverá ser conduzido de forma aberta, proporcionando a participação de todas as partes

interessadas.

2.4.3 Elaboração dos Estudos

A elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (que pode ser de vários tipos, incluindo

EIA/RIMA, PCA, RAP, EAP, EAS etc.) é realizada após a determinação dos tópicos do

termo de referência na fase de Escopo, na qual são estabelecidos projetos, estudos e

documentos necessários para os estudos. Nesse sentido, o estudo deverá ser preparado por

uma equipe multidisciplinar, de forma que possa determinar a extensão dos impactos

ambientais e formular programas que possam minimizar os efeitos negativos. Outro aspecto

importante é a identificação e comparação de opções, sejam elas tecnológicas ou locacionais,

as quais são algumas questões centrais para uma resolução criativa dos problemas do processo

de AIA (BISSET; SADLER, 2004).

A partir disso, é aconselhável a emissão de um relatório de linguagem acessível ao

público, o qual é denominado, no caso dos EIAs, de relatório de impacto ambiental (RIMA).

Dentro desse contexto, é fundamental ressaltar que o envolvimento do público nessa etapa é

essencial, a fim de garantir que os anseios da comunidade local sejam considerados na análise

e mitigação dos impactos ambientais negativos previstos na proposta. Entretanto, deve-se

observar que o EIA deverá se basear nos princípios de boas práticas de AIA.

Assim, são destacados os princípios operacionais para as melhores práticas da

Avaliação de Impacto Ambiental elaborados pela Associação Internacional de Avaliação de

Impactos, em relação ao EIA:

. Exame de Alternativas: estabelecer a opção preferida ou mais ambientalmente saudável para

atingir os objetivos de uma proposta.

. Análise de Impacto: identificar e prever os prováveis impactos ambientais, sociais e outros

efeitos relacionados à proposta.

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. Preparação do Estudo de Impacto Ambiental ou Relatório: documentar os impactos da

proposta, a importância dos efeitos, as preocupações do público interessado e as comunidades

afetadas pela proposta.

Dessa forma, percebe-se que a etapa dos estudos pode ser caracterizada como uma

atividade central do processo de avaliação de impacto ambiental, ou seja, é a base para a

análise da viabilidade ambiental embora as fases sejam interligadas.

2.4.4 Análise Técnica

A Análise Técnica é um estágio da pré-decisão para o controle de qualidade do

processo de AIA. Ela é realizada pelo órgão ambiental responsável pelo empreendimento.

Nesse contexto, esta etapa tem a função de analisar o estudo de impacto ambiental. Dessa

maneira, essa verificação deve chamar a atenção para as deficiências e indicar formas de

melhorar a qualidade do relatório. Assim, a revisão do relatório de AIA antes de sua

apresentação ao órgão de decisão é um dos controles e equilíbrios fundamentais incorporados

ao processo de AIA (BISSET; SADLER, 2004).

A partir disso, o resultado da avaliação de impacto reflete diretamente nas decisões de

aprovação ou reprovação de um projeto, bem como na definição das condicionantes para sua

aceitação. Por essa razão, algumas jurisdições procuram definir formalmente os critérios a

serem empregados para a determinação da significância dos impactos. É o caso do sistema de

AIA canadense, que considera a magnitude, a extensão geográfica, a duração e a frequência, a

irreversibilidade e o contexto ecológico como critérios de significância (SADLER, 1996).

De forma geral, na etapa de Análise Técnica, o público tem a oportunidade de se

manifestar em relação ao estudo de impacto ambiental. Normalmente, são realizadas

audiências públicas, nas quais é apresentado o RIMA e as opiniões públicas são consideradas

na tomada de decisão.

2.4.5 Processo Decisório

O Processo Decisório ocorre nas diversas etapas da AIA. Conforme Lawrence (2003),

existem múltiplos pontos de decisão em processo de AIA. Assim, há decisão, nas etapas de

triagem e escopo e, finalmente, na análise dos estudos ambientais. Para o autor, a introdução

de novos estágios de tomada de decisão, como, por exemplo, na análise de alternativas,

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poderá reduzir o tempo e o custo da AIA. Essa decisão final resultante do processo diz

respeito à viabilidade ambiental do projeto e suas condicionantes, sendo baseada na análise

técnica e na consulta pública. Entretanto, os modelos utilizados para o processo decisório

variam de acordo com a jurisdição e a política da autoridade ambiental responsável pelo

licenciamento. Dentro desse contexto, cabe ressaltar a importância da transparência e a

participação pública no processo decisório da AIA.

No estudo internacional da eficácia da AIA, Sadler (1996) identificou a transparência

na tomada de decisão como um princípio fundamental para a efetiva avaliação de impacto

ambiental. Desse modo, o método e a comunicação nos quais as decisões são tomadas na AIA

são dois fatores que contribuem para a eficácia de um processo. Sendo assim, a transparência

exige que todos os fatores relevantes para decisões de avaliação sejam claramente

identificados pelo tomador de decisão.

Morrison-Saunders e Bailey (2000) descrevem em detalhe os procedimentos adotados

na Austrália Ocidental sob a égide da EPA. Nesse contexto, um diferencial da AIA em relação

a outras práticas é a disposição formal de um período de consulta pública para todos os níveis

de avaliação e exigência de o proponente responder às apresentações públicas antes da análise

da proposta pela EPA. Essa é uma característica fundamental do processo de AIA, que

garante que este seja transparente e acessível ao público, permitindo que o público

compreenda a base do processo de tomada de decisão. Assim, a transparência na tomada de

decisões envolve o estabelecimento de metas e objetivos explícitos combinados com os

procedimentos abertos.

2.4.6 Acompanhamento

São vários os termos empregados para nomear a etapa de Acompanhamento,

designados por diversos organismos ambientais internacionais; entre outros, podem ser

ressaltados a EPA, Canadá e Austrália Ocidental. Na EPA, esta etapa é denominada como

análise pós-decisão; no Canadá, como programa de acompanhamento; e na Austrália

Ocidental, como auditoria ambiental. Entre outras designações, utilizam-se também

seguimento, follow-up e monitoramento, sendo es se mais utilizado no Brasil. Nesse contexto,

segundo Morrison-Saunders e Marshall (2007), o seguimento da AIA pode ser simplesmente

definido como o monitoramento e a avaliação dos impactos de um projeto ou plano que foi

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sujeito à avaliação de impacto ambiental. Dessa forma, para esses autores, o seguimento da

AIA é composto por quatro elementos:

. Monitoramento: acompanhamento de dados ambientais da atividade da situação atual

comparando-a posteriormente à implementação das atividades;

. Avaliação: da conformidade com as normas, previsões ou expectativas, bem como do

desempenho ambiental das atividades;

. Gestão: tomada de decisões e de ações apropriadas em resposta a questões decorrentes das

atividades de monitoramento e avaliação;

. Comunicação: informação às partes interessadas sobre os resultados do seguimento da

Avaliação de Impacto Ambiental, a fim de fornecer reações à execução do projeto/plano, bem

como reação aos processos da AIA.

Nesse contexto, o acompanhamento da AIA é muito abrangente, pois envolve um

conjunto de atividades que vão desde uma simples inspeção e fiscalização in loco até

processos sistemáticos e documentações referentes ao monitoramento durante e após a fase

em que o projeto foi implementado. Desse modo, o acompanhamento pode ser utilizado para

muitos propósitos. Morrison-Saunders e Arts (2004) identificaram diversos objetivos desta

etapa. São alguns deles:

. controlar os projetos e seus impactos ambientais: fornece tanto a verificação como o controle

das funções dos projetos executados;

. manter a flexibilidade de decisão e promover uma abordagem de gestão adaptativa: o

feedback é fundamental para a aprendizagem a partir da experiência adquirida. Dessa

maneira, promove o desenvolvimento do conhecimento científico e técnico em relação ao

processo de AIA. Entretanto, serve como subsídio para que os gerentes do projeto possam

responder às mudanças nas atividades ou no contexto ambiental;

. melhorar a consciência pública e aceitação: os programas de comunicação podem melhorar a

conscientização pública sobre os efeitos reais do projeto;

. integrar com outras informações: os processos de acompanhamento e avaliação podem ser

integrados com instalações baseadas em Sistemas de Gestão Ambiental, estabelecidas para

operação de instalações e que se estendem por todo o ciclo do projeto, contribuindo para uma

compreensão maior dos efeitos ambientais.

Assim, o acompanhamento é essencial para determinar os resultados da AIA,

permitindo a aprendizagem pela experiência adquirida, sendo considerado muito importante

na fase de implementação do projeto (BISSET; SADLER, 2004). Conforme Sadler (1996),

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sem a etapa de acompanhamento ambiental, a AIA pode ser reduzida a um procedimento

meramente formal em vez de ser um exercício efetivo no gerenciamento ambiental. Porém,

apesar de sua reconhecida importância, poucas jurisdições contemplam adequadamente a

etapa de pós-decisão. Há pouca ênfase entre as atividades que foram previstas e as que

realmente foram contempladas. Nesse contexto, alguns países, como Hong Kong e Austrália

Ocidental, implementam alguns procedimentos para melhorar essa lacuna. Em Hong Kong, os

proponentes preparam um manual de monitoramento e auditoria contendo o resumo das

recomendações do EIA para cada projeto. Na Austrália Ocidental, os proponentes devem

apresentar, no EIA, uma lista consolidada de compromissos de mitigação e monitoramento,

sendo incorporadas às condicionantes da autorização governamental (MORRISON-

SAUNDERS; ARTS, 2004).

2.4.7 Participação Social

A participação social é considerada muito importante no processo de AIA, podendo

ser definida como o envolvimento de indivíduos e grupos que são positiva ou negativamente

afetados, ou que estão interessados numa proposta de projeto, programa, plano ou política

sujeita a um processo de decisão. Em linhas gerais, podem ser ressaltadas, entre outras,

algumas características inerentes a essa etapa, como: informar, ouvir e decidir. Nesse

contexto, segundo a abordagem das melhores práticas, a AIA envolve o público em vários

pontos durante todo o processo, como uma troca de informações e pontos de vista, que vão

desde a comunicação da proposta de intervenção e análise inicial da comunidade até a decisão

de aprovação e seguimento. Assim, no processo de AIA, a consulta pública envolve

informação e negociação em ambas as partes, ou seja, do lado do proponente para a população

e vice-versa.

A consulta pública tem várias funções e serve a inúmeros objetivos no processo de

AIA. Para IAIA (2006), os principais objetivos que podem ser atingidos por meio da

participação pública no processo de AIA são:

. convidar o público afetado e interessado para o processo de decisão para promover a justiça,

a equidade e a colaboração;

. informar e educar as partes interessadas acerca da intervenção planejada e das suas

consequências;

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. reunir informações junto ao público sobre o seu ambiente (incluindo as dimensões cultural,

social, econômica e política) e os conhecimentos tradicionais e locais;

. obter as reações do público sobre a intervenção planejada;

. contribuir para melhorar a análise das propostas, levando a um desenvolvimento mais

criativo e a intervenções mais sustentáveis;

. contribuir para a aprendizagem mútua entre as partes interessadas e para a melhoria da

prática da participação pública e AIA de uma proposta.

Ainda sob o ponto de vista do referido autor, a prática contemporânea da participação

pública em AIA deve ser:

. adaptada ao contexto: compreendendo e estimando as instituições sociais, os valores

culturais das comunidades afetadas e o respeito aos antecedentes históricos, culturais,

ambientais, políticos e sociais das comunidades afetadas por uma proposta;

. informativa e proativa: reconhecendo que o público tem o direito a ser informado o mais

cedo possível e de forma séria sobre propostas que possam afetar as suas vidas;

. adaptável e comunicativa: reconhecendo que o público é heterogêneo de acordo com a sua

demografia, conhecimento, poder, valores e interesses. Devem ser seguidas as normas da

comunicação eficaz entre as pessoas, com respeito por todos os indivíduos e partes;

. inclusiva e equitativa: garantindo que todos os interesses sejam respeitados em relação à

distribuição dos impactos, compensações e benefícios. A participação ou defesa de interesses

dos grupos menos representados, incluindo os povos indígenas, mulheres, crianças, idosos e

pobres, deve ser encorajada. A equidade entre as gerações presente e futura deve ser

promovida numa perspectiva de sustentabilidade;

. educativa: contribuindo para o respeito e a compreensão mútuos de todas as partes

interessadas na AIA em relação aos seus valores interesses, direitos e deveres;

. cooperativa: promovendo a cooperação, a convergência e a criação de consenso em vez de

confrontação. Deve-se procurar um compromisso entre perspectivas e valores opostos, assim

como tentar chegar a um consenso geral sobre a aceitação da proposta, no sentido de uma

decisão que promova e apoie o desenvolvimento sustentável;

. imputável: melhorando a proposta em estudo, tendo em conta os resultados do processo de

participação pública e incluindo a informação e a resposta às partes interessadas sobre os

resultados do processo de participação pública, especialmente sobre o modo como os seus

comentários contribuíram para a tomada de decisão.

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A partir dessas considerações, é interessante ressaltar que, teoricamente, todas as

partes envolvidas ganhariam com a vinculação da consulta pública ao processo de AIA.

Porém, na prática, observa-se grande resistência à realização de consultas públicas. Nesse

sentido, ainda há desafios a enfrentar; entre outros, são alguns deles: o acesso à informação

útil e relevante por parte do público, a inclusão de leigos no sentido de focar as informações

para o processo de decisão, o envolvimento e a participação de alto nível de decisão, as

formas criativas de envolver as pessoas e o acesso à justiça e à equidade.

2.5 PRINCIPAIS PROBLEMAS DO LICENCIAMENTO E DA AVALIAÇÃO

DE IMPACTO AMBIENTAL NO BRASIL

O licenciamento ambiental tornou-se um assunto muito questionável no Brasil. O

processo é criticado por inúmeros fatores, entre outros: a demora injustificada, as exigências

burocráticas excessivas, as decisões pouco fundamentadas, a insensatez desenvolvimentista de

empreendedores e a contaminação ideológica do processo (SAE, 2009). De um lado, os

empreendedores reclamam do custo, da ineficiência e da falta de objetividade dos processos.

Do outro, os ambientalistas assinalam a falta de transparência e a ineficiência ambiental dos

procedimentos complexos. E, ainda, os governantes culpam o licenciamento por atraso nos

investimentos de obras públicas.

Em 2007, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) realizou uma pesquisa

envolvendo 1.491 empresas com experiência no requerimento de uma licença ambiental.

Dentre os empreendimentos pesquisados, 79,3% alegaram ter tido algum tipo de dificuldade

no decorrer do processo de licenciamento. Entre as empresas que já haviam enfrentado

dificuldades, 42,6% lembravam como principal dificuldade “identificar e atender a critérios

técnicos exigidos”. Com relação às causas dos problemas de relacionamento entre indústria e

órgãos ambientais, 59,9% indicaram como causa principal “os requisitos exagerados da

regulamentação ambiental”, enquanto 50,3% mencionaram “a regulamentação ambiental

muito complexa” (CNI, 2007).

Entretanto, o que se observa, na prática, é que o licenciamento, ao invés de se

configurar como pilar para o desenvolvimento econômico e social, transformou-se, também,

pelo menos do ponto de vista de diversos autores, em um obstáculo para os investimentos.

São múltiplas e interligadas as causas desses problemas, os quais estão, em parte,

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relacionados com a falta de estrutura dos órgãos ambientais licenciadores, ou seja, entre

outros, com a inexistência de banco de dados, o número reduzido e a carência de técnicos.

Somam-se a isso: falta de procedimentos, existência de procedimentos burocráticos,

comunicação deficiente entre os diversos agentes envolvidos no processo e número de

processos em tramitação ao mesmo tempo nos órgãos ambientais, comprometendo a

qualidade do processo de licenciamento, conforme detalhado a seguir.

2.5.1 Morosidade do Processo

No Brasil, há uma forte concepção negativa em relação à morosidade e burocracia

para obtenção da licença ambiental. Esse fato foi abordado no relatório do Banco Mundial

realizado em 2008 (BANCO MUNDIAL, 2008). O respectivo documento cita que o processo

para a expedição da licença ambiental se divide em: solicitação da licença e seu anúncio

público; anúncio público do recebimento do EIA/RIMA e chamada pública para solicitação

de audiência; realização ou dispensa da audiência; e aprovação do estudo e início do

licenciamento ambiental propriamente dito. A depender das características do

empreendimento e conforme as exigências do agente público licenciador, para solicitar a

licença é necessária a realização do EIA/RIMA pelos empreendedores para posterior

apresentação e avaliação dos órgãos competentes. Cabe destacar que essa avaliação passa por

um significativo número de órgãos e entidades governamentais, fato que agrava a velocidade

do processo de liberação da licença, podendo exigir um prazo bastante longo (BANCO

MUNDIAL, 2008).

2.5.2 Baixa Qualidade dos Estudos Ambientais

Dentre outros problemas que causam a morosidade no processo de licenciamento

ambiental, pode-se citar a deficiência de qualidade nas informações dos estudos ambientais.

Esse é um dos fatores responsáveis pela lentidão. Dessa forma, estudos mal elaborados

dificultam a análise dos impactos, levando os órgãos ambientais a solicitarem

complementações e acarretando demora e dificuldades no processo. Segundo o MPF (2004),

diversos EIAs elaborados com o intuito de licenciar atividades potencialmente degradadoras

do ambiente apresentam grandes deficiências no que diz respeito à utilização de metodologias

apropriadas e ao cumprimento e detalhamento de pesquisas e análises necessárias. A baixa

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qualidade dos estudos ambientais costuma ser apontada como um dos principais problemas

relativos aos procedimentos de AIA (ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO IBAMA,

2004; MENDES; FEITOSA, 2007).

Em geral, porém, a demora se deve às dificuldades que surgem ao longo de um

processo burocratizado e lento pela falta de qualificação de pessoal incumbido de analisar os

casos, escassez de técnicos, influência de fatores políticos ou ideológicos no exame dos

relatórios ambientais, superposição de funções entre órgãos públicos e até judicialização do

processo pelo Ministério Público.

2.5.3 Fragilidade Institucional dos Órgãos Licenciadores

A aparente displicência do Estado em relação aos processos de licenciamento acarreta

vários gargalos, como a carência e evasão de funcionários dos órgãos ambientais envolvidos

com o licenciamento, dentre outros. Esses fatores estão diretamente ligados ao aumento da

demanda dos processos de licenciamento ambiental, que não vem acompanhada por aumentos

de pessoal e dotação orçamentária (para custeio e investimento) dos órgãos licenciadores.

Com isso, podem ocorrer vícios procedimentais e atos de negligência quanto às análises

técnicas. Esse fato é ocasionado pela pressão de agilidade dos processos, deficiência técnica

ou até mesmo carência de pessoal, prejudicando o processo de licenciamento ambiental.

Outro agravante é que os órgãos ambientais licenciadores contratam técnicos

temporariamente para auxiliarem nas análises dos estudos ambientais em pleno curso de um

licenciamento. Esses profissionais demandam tempo para se familiarizarem com o processo,

comprometendo ainda mais a celeridade do processo. Tal situação aponta a incapacidade do

Estado em motivar a permanência do funcionário público, gerando, assim, entre outras

consequências: falta de pessoal nos órgãos ambientais licenciadores, elevada rotatividade nas

equipes técnicas e perda das referências técnicas (FREITAS, 2008). Além desses fatores,

ocorre, também, a imigração dos profissionais experientes para as grandes empresas que

buscam a certificação ambiental e oferecem melhores salários. Dessa maneira, com as equipes

técnicas reduzidas, há aumento variável de políticas nas análises dos estudos ambientais,

podendo acarretar grande prejuízo em relação à qualidade do processo de licenciamento

ambiental.

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2.5.4 Subjetividade nas Análises

Na maioria dos órgãos ambientais licenciadores, não há um procedimento

institucionalizado para a avaliação dos processos de análise do estudo de impacto ambiental,

sendo utilizados critérios subjetivos que refletem as percepções pessoais de técnicos e

gestores envolvidos no processo.

Nesse sentido, a legislação delimita as diretivas mínimas a serem cumpridas, porém os

projetos, estudos e relatório que serão produzidos, analisados e discutidos são técnicos,

exigindo conhecimentos específicos que fogem à esfera jurídica. Por essa razão, há muitos

aspectos que ficam por conta da discricionariedade do agente público que conduz o

licenciamento ambiental. De acordo com Fink (2002), não há como eliminar o aspecto

discricionário da Administração Pública no processo de licenciamento ambiental por haver

uma margem de liberdade para a escolha das opções mais vantajosas entre as que se figuram

como legítimas. Para coibir ou penalizar ilicitudes decorrentes do mau uso desse ato além de

outras irregularidades, há instrumentos jurídicos que podem ser acionados; daí, a chamada

judicialização do licenciamento ambiental, ou seja, a transposição de sua discussão da esfera

administrativa para a esfera judicial. Entretanto, para embasar e dar legitimidade à análise

realizada pelos técnicos dos órgãos ambientais licenciadores, é primordial a participação

pública, a fim de discutir a respeito dos estudos e do processo de licenciamento ambiental e

estabelecer normas regulatórias mais objetivas.

2.5.5 Decisões Políticas e Ideológicas

O processo decisório de licenciamento ambiental pode variar de Estado para Estado,

ocasionando, muitas vezes, uma desqualificação do ato administrativo, tornando a decisão

meramente política devido a uma série de fatores.

Às vezes, a etapa de decisão do processo de licenciamento ambiental de

empreendimentos com potencial degradador maior geralmente ocorre conjuntamente com o

conselho ambiental estadual, como, por exemplo, o COPAM em Minas Gerais e o

CONSEMA em São Paulo. No entanto, grande parte dos conselheiros dá seus avais e vota

com base apenas dos pareceres feitos pelos técnicos e assinados pelos diretores dos órgãos

ambientais estaduais licenciadores, nos quais os Estudos Ambientais foram analisados. Boa

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30

parte dos Estudos de Impacto Ambiental é muito volumosa e extensa, dificultando a leitura e

análise pelos conselheiros.

Outro fator é que, geralmente, na prática, ocorre um alinhamento entre governos e

empreendedores para avaliação favorável em favor do desenvolvimento econômico da região

em que o empreendimento se instalará. De outro lado, há oposição partidária que quase

sempre é desfavorável à aprovação do projeto. Diante dessa situação, o processo decisório

acaba se tornando uma disputa político-ideológica, desqualificando a imparcialidade do ato

administrativo.

2.6 PRINCÍPIOS DE MELHORES PRÁTICAS NA VISÃO DA IAIA

Os princípios das melhores práticas em AIA foram publicados pela IAIA em 1999,

com a finalidade de servir como referência para os profissionais envolvidos na avaliação de

impacto ambiental. Em linhas gerais, a sua finalidade é promover uma prática efetiva de

avaliação de impacto ambiental consistente com os sistemas institucionais e processuais em

vigor nos diversos países. Dessa forma, os princípios são genéricos e não vinculativos,

enfatizando a AIA como um processo. Os princípios são divididos em:

. Princípios Básicos: aplicam-se também à Avaliação de Impacto Ambiental e também à

Avaliação Ambiental Estratégica.

. Princípios Operacionais: referem-se à aplicação dos princípios básicos das várias etapas do

processo de AIA, tais como: seleção das ações e definição do âmbito.

A Avaliação de Impacto Ambiental deve ser:

. Útil: o processo deve informar a decisão e resultar em níveis adequados de proteção

ambiental e de bem-estar da comunidade.

. Rigorosa: o processo deve aplicar as melhores metodologias e técnicas científicas praticáveis

e adequadas ao tratamento dos problemas em causa.

. Prática: o processo deve produzir informação e resultados que auxiliem a resolução de

problemas e sejam aceitáveis e utilizáveis pelo proponente.

. Relevante: o processo deve fornecer informação suficiente, fiável e utilizável nos processos

de desenvolvimento e na decisão.

. Custo eficaz: o processo deve atingir os objetivos da AIA dentro dos limites da informação,

do tempo, dos recursos e da metodologia disponíveis.

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31

. Eficiente: o processo deve impor um mínimo de custos financeiros e de tempo aos

proponentes e aos participantes compatíveis com os objetivos e os requisitos da AIA.

. Focalizada: o processo deve concentrar-se nos fatores-chave e nos efeitos ambientais

significativos; ou seja, nas questões que têm de ser consideradas na decisão.

. Adaptativa: o processo deve ser ajustado à realidade, às questões e às circunstâncias das

propostas em análise, sem comprometer a integridade do processo, e ser interativo,

incorporando as lições aprendidas ao longo do ciclo de vida da proposta.

. Participativa: o processo deve providenciar oportunidades adequadas para informar e

envolver os públicos interessados e afetados, devendo as suas preocupações serem

explicitamente consideradas na documentação e na decisão.

. Interdisciplinar: o processo deve assegurar a utilização das técnicas e dos peritos adequados

nas relevantes disciplinas biofísicas e socioeconômicas, incluindo, quando necessária, a

utilização do saber tradicional.

. Credível: o processo deve ser conduzido com profissionalismo, rigor, honestidade,

objetividade, imparcialidade e equilíbrio, e ser submetido a análises e verificações

independentes.

. Integrada: o processo deve considerar as inter-relações entre os aspectos sociais, econômicos

e biofísicos.

. Transparente: o processo deve resultar na consideração plena de toda a informação relevante

sobre o ambiente afetado, das opções propostas e dos seus impactos, e das medidas

necessárias para monitorar e investigar os efeitos residuais.

Além desses princípios, a IAIA elencou os Princípios Operacionais, os quais orientam

que o processo de Avaliação de Impacto Ambiental deve ser aplicado:

. tão cedo quanto possível no processo de decisão e ao longo do ciclo de vida da atividade

proposta;

. a todas as propostas de desenvolvimento que possam potencialmente causar efeitos

significativos;

. considerando os impactos biofísicos e os fatores socioeconômicos relevantes, incluindo a

saúde, a cultura, a igualdade de gênero, o estilo de vida, a idade e os efeitos cumulativos

consistentes com o conceito e os princípios de desenvolvimento sustentável;

. de modo a promover o envolvimento e a participação ativa das comunidades e dos setores

econômicos afetados por uma proposta, bem como do público interessado;

. de acordo com atividades e medidas internacionalmente aceitas.

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32

2.7 O DESAFIO DE DEFINIR E UTILIZAR “BOAS PRÁTICAS” EM

ANÁLISES CIENTÍFICAS

As organizações são ambientes complexos em que as mudanças ocorrem

constantemente de forma imprevisível e em ritmo acelerado, conforme os fatores internos e

externos, influenciando o desempenho organizacional (OBADIA; VIDAL; MELO, 2007).

Nesse contexto, inserem-se os órgãos estaduais ambientais licenciadores. Os órgãos devem

estar preparados para os contínuos processos de mudanças e aprendizagem para responderem

às demandas administrativas, regulatórias e comunicacionais, entre outros fatores internos, a

fim de tornarem os processos de licenciamento mais ágeis e transparentes. A todo momento,

faz-se necessária a superação dos obstáculos decorrentes dos antigos costumes

comportamentais organizacionais. Entre outros, pode ser citadas: a subjetividade das análises

dos estudos ambientais, a emissão da licença baseada na decisão política, a morosidade dos

processos de licenciamento e a falta de pessoal nos órgãos públicos. Dessa forma, os órgãos

ambientais estaduais licenciadores terão, inevitavelmente, que investir em “boas práticas”

com o objetivo de construir uma nova realidade no processo de licenciamento ambiental.

Uma dificuldade do uso de boas práticas em análises políticas está na definição de

“boas práticas”, que não tem consenso nem na literatura de AIA, nem na literatura mais geral

de administração pública. Algumas publicações usam o termo “melhores práticas” em vez de

“boas práticas”. Eugene Bardach (2012), todavia, no seu conceituado livro sobre análise

política, condena tal uso:

[...] não seja enganado pelo termo melhores nas pesquisas sobre melhores

práticas. Raramente você poderá ter confiança que as práticas são de fato as

melhores dentre todas aquelas aplicáveis no mesmo problema ou

oportunidade. Pesquisas robustas e cuidadosas sobre melhores práticas quase

nunca foram feitas. Geralmente, você encontrará, mais modestamente, o que

se pode chamar de ‘boas práticas’ (p. 110).

Outro termo, aparentemente desconectado, mas que tem sido tratado muito

similarmente a boas práticas é o que vários autores chamam de “critério de performance” ou

de “critérios de efetividade”, que simbolizam, teoricamente, boas práticas replicáveis em

contextos diversos. A própria IAIA utilizou o termo “critérios de performance” ao emitir um

documento acerca dos atributos fundamentais em uma “boa” Avaliação Ambiental Estratégica

(IAIA, 2002). Critérios similares têm sido investigados por Hanna e Noble (2011), mas, neste

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33

caso, eles têm adotado o termo “critério de efetividade”. E muitos outros termos podem ser

utilizados, tais como: “princípios de boas práticas” e “práticas correntes”, dentre outros.

Independentemente do termo escolhido, um grande obstáculo para se trabalhar

cientificamente com boas práticas está na dificuldade de se identificarem práticas que sejam

consideradas boas em diversas jurisdições e ao mesmo tempo “específicas” o suficiente para

permitir análises políticas criteriosas. As melhores práticas da IAIA apresentadas na seção

anterior têm a pretensão de serem aplicáveis em qualquer contexto, pois elas são

excessivamente genéricas. É fácil concordar que um processo de AIA, como aconselha a

IAIA, deva ser eficiente, participativo, transparente etc. Todavia, existem diversas maneiras

organizacionais, procedimentais e legais de atenderem a tais qualidades. As melhores práticas

da IAIA não especificam as maneiras pelas quais tais práticas devem acontecer. Tal fato

dificulta o uso de suas melhores práticas na análise de processos e políticas já existentes, pois

torna a análise muito subjetiva e imprecisa, abrindo margens para julgamentos

excessivamente arbitrários por parte dos pesquisadores.

Como apontou Jennings Jr (2007), existem várias maneiras de se identificarem boas

práticas. Algumas das mais utilizadas na literatura são: procurar o que aparentemente

funciona em outros lugares, analisar organizações de alta performance, pesquisar a opinião de

especialistas, sintetizar a literatura e encontrar evidências científicas. Essas técnicas têm sido

cada vez mais utilizadas globalmente em diversos contextos, tendo em vista a clara

necessidade que as organizações têm de identificar, comunicar e transferir as práticas que

parecem funcionar bem em outros lugares. Esse campo de pesquisa avançou bastante a ponto

de gerar um conhecimento que, nas últimas décadas, tem se consolidado em uma área de

pesquisa conhecida como BPR, que vem do termo inglês best practice research, ou seja,

pesquisa de melhores práticas (OVERMAN; BOYD, 1994). Esse campo de pesquisa ainda

está em formação. Numa recente revisão das teorias e metodologias de BPR, Vesely (2011)

sintetizou ironicamente o estado do conhecimento da área: ainda não há uma “melhor prática”

para se trabalhar com “melhores práticas”. No atual estágio de conhecimento, pesquisadores

estão fadados a adotarem procedimentos e critérios contextuais de análise de boas práticas.

Isso, porém, não significa que tais pesquisas devam ser ignoradas. A demanda por análises

desse tipo é indiscutível. Enquanto não existem procedimentos genéricos, cabe ao pesquisador

inovar na construção de mecanismos específicos de pesquisa (BEHN, 2003).

Nesta dissertação, foi feita uma revisão da literatura para se identificarem critérios de

boas práticas que pudessem balizar as análises necessárias para responder ao objetivo

Page 47: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ... - repositorio.ufop.br · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Etapas da Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental _____ 17 Figura 2 – Formulário

34

principal. Nas várias fontes consultadas (e.g. LIM, 1985; SADLER, 1996; SENÉCAL et al.,

1999; GLASSON; SALVADOR, 2000; IAIA, 2002; LAWRENCE, 2003; LEONARD, 2004;

MACHARIA, 2005; LEE, 2006; MACINTOSH, 2010; SPALING; MONTES; SINCLAIR,

2011; OLAGUNJU; GUNN, 2014; WHITE; NOBLE, 2013), ficou evidente a inexistência de

critérios minimamente aplicáveis ao contexto desta pesquisa. Uma nítida exceção, todavia, foi

o recente trabalho de Teixeira (2014), que nasceu no contexto de um projeto universal

financiado pelo CNPq, cujo coordenador é o professor Alberto Fonseca, da UFOP, e que tinha

objetivo similar ao desta dissertação. O trabalho de Teixeira utilizou 70 melhores práticas

para serem analisadas no contexto dos controles de licenciamento ambiental dos órgãos

licenciadores estaduais brasileiros. As melhores práticas utilizadas por Teixeira, por terem

sido testadas num contexto incipiente de monografia de bacharelado, não tinham maturidade

suficiente para serem replicadas neste trabalho. Todavia, elas se basearam em revisões das

literaturas nacional e internacional, bem como nas opiniõs de especialistas brasileiros sobre o

tema. Nesse sentido, elas serviram como importante “ponto de partida” para a criação de uma

lista aprimorada, pioneira e focada de boas práticas, conforme detalhado na seção de

metodologia a seguir.

Também, foi dada preferência ao termo “boa prática” por se concordar com o

argumento de Bardach (2012) citado anteriormente. Para fins desta pesquisa, boa prática foi

definida como ações e mecanismos administrativos e regulatórios que visam a aprimorar

a transparência, informatização e comunicação social dos órgãos ambientais estaduais,

de modo a tornar os processos de licenciamento mais simples, ágeis, participativos,

confiáveis, transparentes e eficazes.

Obviamente, algumas das boas práticas utilizadas aqui não são genéricas o suficiente

para serem utilizadas em outros países. Mas essa não foi a pretensão. Os itens de boas práticas

utilizados neste estudo, conforme se verá no decorrer desta dissertação, são aplicáveis,

sobretudo, no contexto do licenciamento e da AIA no Brasil e refletem, também, critérios que

podem ser testados dentro das limitações metodológicas deste estudo.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa, exploratória e descritiva de

investigação. Os dados coletados foram fundamentalmente qualitativos. A abordagem

qualitativa caracteriza-se por contemplar “as questões e os procedimentos que emergem, os

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35

dados tipicamente coletados no ambiente do participante, a análise dos dados indutivamente

construída a partir das particularidades para os temas gerais e as interpretações feitas pelo

pesquisador acerca do significado dos dados” (CRESWELL, 2010, p. 26). A pesquisa

exploratória tem como objetivos “desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias”

(GIL, 2011, p. 27), o que está em consonância com esta pesquisa ao contribuir para o

preenchimento dessa lacuna de conhecimento e respondendo à seguinte questão: quais são as

“boas práticas” de transparência, informatização e comunicação social da avaliação de

impacto e licenciamento ambiental adotadas pelos órgãos licenciadores estaduais

brasileiros?

As pesquisas exploratórias geralmente utilizam técnicas de coleta de dados com as

pesquisas bibliográfica e documental (GIL, 2010). Além disso, esta pesquisa é descritiva, pois

“analisa fatos fazendo uma descrição detalhada da forma como se apresentam esses fatos”

(OLIVEIRA, 2010, p. 68). O caráter descritivo aparece na presente pesquisa ao descrever

sucintamente as “boas práticas” identificadas em cada uma das etapas do processo de

licenciamento ambiental.

As principais técnicas de coleta de dados adotadas foram as seguintes: Revisão de

Literatura, Análise Documental e Entrevistas Abertas Confidenciais. O processo de pesquisa

teve início com uma revisão de literatura ou pesquisa bibliográfica para respaldo teórico em

AIA e licenciamento ambiental, bem como sobre a questão das boas práticas, tendo em mente

todo o processo, da apresentação da proposta até a etapa de acompanhamento. Foram

pesquisadas diversas fontes de informação, tais como: livros, notícias, websites e artigos

científicos de periódicos. De acordo com Marconi e Lakatos (2010), “a pesquisa bibliográfica

propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões

inovadoras” (p. 166). Dessa forma, a pesquisa bibliográfica reconstrói o conhecimento a partir

da consulta de fontes bibliográficas publicadas (GIL, 2010).

Em seguida, foi feita uma análise minuciosa dos websites dos órgãos ambientais, nos

quais estavam contidas as evidências das boas práticas de transparência, informatização e

comunicação social. A pesquisa documental difere da pesquisa bibliográfica por ser de fontes

documentais, que se caracterizam por não terem como objetivo expresso a divulgação do

conhecimento científico ainda que assim se possa fazer (MARCONI; LAKATOS, 2010). O

Quadro 1 explicita os órgãos licenciadores, seus respectivos websites e legislação ambiental

analisados.

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36

Quadro 1 - Órgãos Licenciadores e Respectivos Websites e Legislações Analisadas no Estudo

Jurisdições N

OR

TE

ACRE

Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC)

www.imac.ac.gov.br

Lei Estadual nº 1.117/1994

AMAPÁ

Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Amapá (IMAP)

www.imap.ap.gov.br

Lei Complementar nº 05/1994. Resolução COEMA nº 01/1999 e Instrução Normativa nº 01/99

AMAZONAS

Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM)

www.ipaam.am.gov.br

Lei Estadual nº 3.785/2012

PARÁ

Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA)

www.sema.pa.gov.br

Lei Estadual nº 5.887/1995

RONDÔNIA

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM)

www.sedam.ro.gov.br

Lei Estadual nº 547/1993, Decreto Estadual nº 7.903/1997 e Resolução CONSEPA nº 5/2014

RORAIMA

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM)

Indisponível

Lei Complementar nº 7/1994

TOCANTINS

Instituto Natureza do Tocantins (NATURANTINS)

www.naturatins.to.gov.br

Lei Estadual nº 858/1996 e Resolução COEMA nº 07/2005

NO

RD

ES

TE

ALAGOAS

Instituto do Meio Ambiente (IMA)

www.ima.al.gov.br

Lei Estadual nº 6.787/2006

BAHIA

Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA)

www.inema.ba.gov.br

Decreto Estadual nº 14.024/2012, Lei nº 10.431/2006, Lei nº 12.377/2011 e Portaria INEMA nº 8.578/2014

CEARÁ

Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE)

www.semace.ce.gov.br/licenciamento-ambiental

Lei Estadual nº 11.411/1987 e Resolução COEMA nº 08/2004

MARANHÃO

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA)

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37

Jurisdições

www.sema.ma.gov.br

Decreto Estadual nº 13.494/1993 e portarias e resoluções dispersas, como a Portaria SEMA nº 9/2014

PARAÍBA

Superintendência de Administração do Meio Ambiente

www.sudema.pb.gov.br

Decreto nº 21.120/2000, Deliberação COPAM nº 3.274/2005 e Decreto nº 28.951/2007

PERNAMBUCO

Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH)

www.cprh.pe.gov.br

Lei Estadual nº 14.249/2010.

PIAUÍ

Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR)

www.semar.pi.gov.br

Não disponível no website

RIO GRANDE DO NORTE

Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA)

www.idema.rn.gov.br

Lei Complementar nº 272/2004 e Resolução CONEMA nº 2/2011

SERGIPE

Administração Estadual de Meio Ambiente (ADEMA)

www.adema.se.gov.br

Lei nº 5.858/2006 e Resolução CEMA nº 06/2008

CE

NT

RO

-OE

ST

E

DISTRITO FEDERAL

Instituto Brasília Ambiental (IBRAM)

www.ibram.df.gov.br

Lei Estadual nº 41/1989, Lei Estadual nº 1.869/1998 e Resoluções CONAM nº 01, nº 02 e nº 03/2014

GOIÁS

Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH)

www.semarh.goias.gov.br

Legislação sobre licenciamento obscura, por isso não foi possível identificar no website a base legal

MATO GROSSO

Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA)

www.sema.mt.gov.br

Lei Complementar nº 38/1995 e Lei Complementar nº 232/2005

MATO GROSSO DO SUL

Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (IMASUL)

www.imasul.ms.gov.br

Resolução SEMAC nº 08/2011 e Decreto nº 12.725/2009.

SU

DE

ST

E

ESPÍRITO SANTO

Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

www.meioambiente.es.gov.br

Decreto Estadual nº 1.777/2007 e Instrução Normativa nº 10/2010

MINAS GERAIS

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38

Jurisdições

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável (SEMAD)

www.semad.mg.gov.br

Lei Estadual nº 7.772/1980 e Deliberação Normativa COPAM nº 74/2004

RIO DE JANEIRO

Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA)

www.inea.rj.gov.br

Decreto Estadual nº 44.820/2014 e diversas resoluções INEA

SÃO PAULO

Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB)

www.cetesb.sp.gov.br

Decreto Estadual nº 9.714/1977, Decreto Estadual nº 47.397/2002 e Resolução SMA nº54/2004

SU

L

PARANÁ

Instituto Ambiental do Paraná

www.iap.pr.gov.br

Resoluções CEMA nº 065/2008 e nº 70/2009

SANTA CATARINA

Fundação do Meio Ambiente (FATMA)

www.fatma.sc.gov.br

Decreto Estadual nº2.955/2010 e Resolução CONSEMA nº 14/2012

RIO GRANDE DO SUL

Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM)

www.fepam.rs.gov.br

Lei Estadual nº 11.520/2000 e Resolução CONSEMA nº 288/2014

Fonte: elaborado em conjunto com o orientador.

Uma das principais limitações metodológicas desta pesquisa foi o fato de que ela

focou nas boas práticas que estavam evidentes nos websites dos órgãos licenciadores.

Obviamente, diversas boas práticas só podem ser identificadas internamente, ou seja, dentro

das burocracias institucionalizadas e informais das administrações públicas. Obter acesso a

tais boas práticas internas demandaria técnicas de pesquisa mais aprofundadas, envolvendo,

por exemplo, entrevistas estruturadas com gestores de diversos setores organizacionais nas 27

unidades federativas da amostra. Afinal, os itens de boas práticas analisados tratam de

diversos temas, que, raramente, são de domínio de apenas um gestor. Isso acarretaria um

quantitativo de entrevistas que poderia, facilmente, passar da casa da centena, o que, por sua

vez, demandaria um tempo de coleta e análise de dados incompatível com a natureza deste

trabalho de dissertação de mestrado. Tal limitação, porém, não invalida, nem de longe, o

mérito do foco metodológico nas evidências contidas nos websites. Afinal, este trabalho é

exploratório e pioneiro. Até o momento, nenhum outro trabalho debruçou-se sobre o tema

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39

apesar da sua clara importância. Mais do que esgotar o tema, pretende-se aqui identificar

áreas relevantes de informação, que possam e mereçam ser aprofundadas em estudos futuros.

Os requisitos de boas práticas utilizados nesta análise tiveram como base o trabalho de

Teixeira (2014) citado anteriormente. Esse trabalho utilizou uma lista de 70 boas práticas, mas

muitas delas, conforme evidenciado no próprio trabalho de Teixeira (2014), tiveram

problemas de aplicação e evidenciação durante a coleta de dados. Durante a preparação desta

pesquisa, as boas práticas foram analisadas caso a caso e testadas, inclusive em entrevistas por

telefone com representantes dos órgãos licenciadores da região Sudeste, de modo a

aperfeiçoar sua redação e sua aplicabilidade no contexto metodológico desta dissertação.

Chegou-se – após tal análise do questionário de Teixeira – a uma nova lista de boas práticas,

mais reduzida e focada, que totalizou 28 boas práticas, conforme Quadro 2.

Quadro 2 – Lista de Verificação das Boas Práticas de AIA e Licenciamento nos Órgãos Licenciadores

Brasileiros

Etapa Boas Práticas

PROPOSTA

Disponibilização no website de formulário padronizado de caracterização do empreendimento

Disponibilização no website de formulário customizado de caracterização do empreendimento segundo

modalidade de licença e/ou autorização e/ou tipologia de atividade licenciável

Mecanismos de requerimento de licença ambiental online para, pelo menos, modalidades simplificadas de

licenças

Disponibilização no website de informações sobre “Dúvidas e Respostas comuns” sobre o preenchimento

do formulário de caracterização do projeto/ empreendimento

Disponibilização de Guia do Licenciamento Estadual (formato online ou PDF, ou word etc.) detalhado para

o empreendedor na internet ou de cursos de capacitação

Divulgação de linha telefônica com pessoal da área de licenciamento e avaliação de impacto para responder

a dúvidas

Disponibilização da legislação ambiental estadual relativa a licenciamento e avaliação de impacto ambiental

no website do Órgão Ambiental

Descentralização geográfica dos escritórios do órgão licenciador, de modo a facilitar protocolos, orientações

e demais serviços aos empreendedores e consultores

Disponibilização de cadastro de prestador de serviço ambiental no website, para facilitar contratação por

parte de empreendedores

TRIAGEM

Disponibilização no website ou na base legal/regulatória dos tipos de empreendimentos que são passíveis de

licenciamento ambiental (lista positiva)

Disponibilização no website ou na base legal/regulatória dos tipos de empreendimentos que não são passíveis de licenciamento ambiental (lista negativa)

Disponibilização no website ou na base legal/regulatória dos critérios de corte, como PORTE e/ou

POTENCIAL POLUIDOR

Informe dos pedidos de licenciamento disponíveis no site do órgão licenciador para CONSULTA da população

Informe dos pedidos de licenciamento no site do órgão licenciador com COLETA DE OPINIÃO da

população

ESCOPO

Disponibilização online de Termos de Referência, especificando os conteúdos dos estudos e documentos necessários no processo

Disponibilização de Termos de Referência com conteúdo predefinido, segundo tipologia de projeto/

proposta

ELABORAÇÃO DE

ESTUDOS

Licença e estudos simplificados para projetos de baixo potencial poluidor

Disponibilização em website de Guia ou Manual de Elaboração de Estudos Ambientais

Disponibilização de informações sobre os calendários de audiências públicas no Estado, se possível com

disponibilização de atas, e calendário de audiência pública agendadas no Estado

Informações explícitas no website sobre as audiências públicas, seus mecanismos de petição, base legal, meios de participação etc.

DECISÃO As licenças ambientais concedidas no Estado são fácil e amigavelmente disponibilizadas em website para

consulta de teor e autenticidade no website

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40

Etapa Boas Práticas

Os pareceres técnicos e jurídicos são disponibilizados no website para o público em geral

Estatística das atividades de licenças solicitadas e concedidas divulgadas periodicamente no website

ACOMPANHAMENTO

Sistema informatizado de recebimento de relatórios e resultados de monitoramento do empreendimento

licenciado

Sistema informatizado de comunicação com o empreendedor

Canal aberto (via telefone) específico para denúncias, inclusive de empreendimentos licenciados

Canal aberto (via internet) para denúncias acerca de empreendimentos licenciados

Disponibilização do conteúdo dos estudos ambientais para download no website

Fonte: elaborado em conjunto com o orientador.

Para fins de concisão deste manuscrito, os detalhes de cada boa prática serão descritos

na sessão seguinte durante a apresentação e discussão dos resultados. Pode-se adiantar,

todavia, que, conforme mostra o Quadro 2, as boas práticas refletem ações e mecanismos

evidenciáveis em websites, que refletem transparência, informatização e comunicação social

que podem otimizar o controle do processo de AIA e licenciamento, de modo a tornarem-se

mais simples, ágeis, confiáveis, transparentes e eficazes.

Para identificação de cada item da lista, foi feita uma pesquisa documental nos

websites dos órgãos ambientais estaduais e nas legislações norteadoras de licenciamento

ambiental. Atribuiu-se, então, a cada item da lista as seguintes categorias: Sim (item presente

no website e/ou na legislação) e Não (item ausente no website e/ou na legislação). Tal análise

foi executada dentro de uma planilha de dados no software Excel, na qual foram criados

campos para a inserção de comentários e registros de evidência dos itens identificados como

“Sim”. Tal procedimento foi fundamental na checagem dos dados por parte do orientador.

Além das análises dos websites e suas respectivas legislações, foram realizadas

entrevistas eventuais, via telefone, com representantes dos órgãos ambientais, no sentido de

esclarecer eventuais dúvidas em relação ao que ficou exposto ou não nos websites. Tais

entrevistas não foram sistematicamente aplicadas em cada jurisdição. Elas aconteceram

apenas nas ocasiões em que as fontes de dados não permitiram uma análise detalhada. As

entrevistas aconteceram na etapa final de coleta de dados, entre outubro e dezembro de 2014.

No total, foram realizadas 24 entrevistas. Apesar do desafio do tamanho da amostra, após

meses de sistemáticas avaliações dos websites e seus respectivos conteúdos, foi possível

conferir o atendimento de cada boa prática em cada ente federado, de modo a ter uma planilha

consolidada dos resultados. Para atingir tal objetivo, foi necessário, primeiramente, um

período de familiarização com o layout do website, de modo a entender a organização e a

lógica (ou falta de lógica) dos conteúdos. Foram observados, em alguns websites, links para

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41

outros websites, externos ao website principal, os quais também foram considerados na

análise. Em média, cada website deve ter consumido cerca de 40 horas de análise por parte da

autora e do orientador. Cumpre lembrar que, nas ocasiões de dúvida, foram realizadas

entrevistas com representantes dos órgãos ambientais. Além disso, os dados foram checados

pelo orientador da pesquisa, de modo a aumentar o rigor de análise e eliminar divergências de

interpretação em relação às evidências ou à falta de evidências em relação às boas práticas.

A amostra do presente estudo foram os 26 Estados brasileiros mais o Distrito Federal,

ou seja, 27 entes federados. Cabe ressaltar que, na análise e discussões deste trabalho,

considerou-se o Distrito Federal como Estado, para fins de consolidação dos dados.

Após a coleta de dados, foi feita uma análise de conteúdo seguindo as orientações de

Bardin (2011). Dessa forma, foram realizadas leituras detalhadas para identificação dos temas

de acordo com os objetivos do estudo. Nesse contexto, na análise de conteúdo desenvolvida

neste trabalho, os temas foram fixados, correspondendo às etapas do processo de

licenciamento ambiental (proposta, triagem, escopo, elaboração de estudos, análise técnica,

processo decisório e acompanhamento) e relacionando-as com as medidas administrativas. Ao

final, foram quantificados os índices de atendimento de cada Estado e de cada item de boa

prática, de modo a facilitar análises comparativas e identificar padrões de “forças e fraquezas”

(strengths and weaknesses) em áreas geográficas ou áreas temáticas de análise. Os resultados

estão apresentados a seguir.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 CONSOLIDAÇÃO DO ATENDIMENTO ÀS BOAS PRÁTICAS NO

GRUPO AMOSTRAL

Primeiramente, foi consolidado o atendimento para a amostra total dos 27 entes

federados. Em relação ao atendimento das boas práticas, foi observado que os Estados

atenderam, em média, a 47% das boas práticas, conforme mostra o Quadro 3.

A planilha consolidada com os resultados de cada ente federado, incluindo

observações e links de evidência, devido ao seu volume de informações, está disponível no

ANEXO 1. Nas páginas seguintes, porém, serão destacados os principais resultados.

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42

Quadro 3 - Percentuais de atendimento às boas práticas no grupo amostral

Etapa do Processo Boa Prática (BP)

Total de

Estados

Adotando a

BP

Percentual

Médio de

atendimento da

amostra

PROPOSTA

Disponibilização no website de formulário padronizado de caracterização do empreendimento 25 93%

Disponibilização no website de formulário customizado de caracterização do empreendimento segundo modalidade

de licença e/ou autorização e/ou tipologia de atividade licenciável 18 67%

Mecanismos de requerimento de licença ambiental online para, pelo menos, modalidades simplificadas de licenças 11 41%

Disponibilização no website de informações sobre “Dúvidas e Respostas comuns” sobre o preenchimento do

formulário de caracterização do projeto/empreendimento 5 19%

Disponibilização de Guia do Licenciamento Estadual (formato online ou PDF ou Word etc.) detalhado para o

empreendedor na internet ou de cursos de capacitação 7 26%

Divulgação de linha telefônica com pessoal da área de licenciamento e avaliação de impacto para responder a

dúvidas 17 63%

Disponibilização da legislação ambiental estadual relativa a licenciamento e avaliação de impacto ambiental no

website do Órgão Ambiental 24 89%

Descentralização geográfica dos escritórios do órgão licenciador, de modo a facilitar protocolos, orientações e

demais serviços aos empreendedores e consultores 16 59%

Disponibilização de cadastro de prestador de serviço ambiental no website, para facilitar contratação por parte de

empreendedores. 10 37%

TRIAGEM

Disponibilização no website ou na base legal/regulatória dos tipos de empreendimentos que são passíveis de

licenciamento ambiental (lista positiva) 20 74%

Disponibilização no website ou na base legal/regulatória dos tipos de empreendimentos que não são passíveis de

licenciamento ambiental (lista negativa) 15 56%

Disponibilização no website ou na base legal/regulatória dos critérios de corte, como PORTE e/ou POTENCIAL

POLUIDOR 22 81%

Informe dos pedidos de licenciamento disponíveis no site do órgão licenciador para CONSULTA da população 14 52%

Informe dos pedidos de licenciamento no site do órgão licenciador com COLETA DE OPINIÃO da população 0 0%

ESCOPO

Disponibilização online de Termos de Referência, especificando os conteúdos dos estudos e documentos necessários

no processo 22 81%

Disponibilização de Termos de Referência com conteúdo predefinido, segundo tipologia de projeto/ proposta 20 74%

ELABORAÇÃO DE

ESTUDOS

Licenças simplificadas para projetos de baixo potencial poluidor 20 74%

Disponibilização em website de Guia ou Manual de Elaboração de Estudos Ambientais 2 7%

Disponibilização de informações sobre os calendários de audiências públicas no Estado, se possível com

disponibilização de atas, e calendário de audiência pública agendadas no Estado. 8 30%

Informações explícitas no site sobre as audiências públicas, seus mecanismos de petição, base legal, meios de

participação etc. 4 15%

DECISÃO

As licenças ambientais concedidas no Estado são fácil e amigavelmente disponibilizadas em website para consulta

de teor e autenticidade no website 15 56%

Os pareceres técnicos e jurídicos são disponibilizados no website para o público em geral 3 11%

Estatística das licenças solicitadas e concedidas divulgadas periodicamente no website 4 15%

ACOMPANHAMENTO

Sistema informatizado de recebimento de relatórios e resultados de monitoramento do empreendimento licenciado 5 19%

Sistema informatizado de comunicação com o empreendedor 7 26%

Canal aberto (via telefone) específico para denúncias, inclusive de empreendimentos licenciados 19 70%

Canal aberto (via internet) para denúncias acerca de empreendimentos licenciados 13 48%

Disponibilização do conteúdo dos estudos ambientais para download no website 12 44%

TOTAL - 47%

Fonte: elaborado em conjunto com o orientador.

De maneira geral, foi observado que os Estados não adotam nem metade (50%) das

boas práticas analisadas. O percentual consolidado foi de 47%. Esse quantitativo, porém,

reflete a média aritmética de atendimento. Algumas boas práticas são bem frequentes; outras,

bem raras. Por exemplo, a “Disponibilização no website de formulário padronizado de

caracterização do empreendimento” foi observada em 93% da amostra (25 Estados), ao passo

Page 56: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ... - repositorio.ufop.br · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Etapas da Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental _____ 17 Figura 2 – Formulário

43

que a divulgação de “estatísticas das licenças analisadas e solicitadas” foi observada apenas

em 15% da amostra (quatro Estados).

Se se adotar um sistema qualificador das frequências, nas quais atendimentos maiores

ou iguais a 70% são considerados “frequentes”; atendimentos maiores ou iguais a 30% e

menores que 70% são considerados “ocasionais”; atendimentos menores que 30% são

considerados “raros”, percebe-se que o maior grupo de atendimento corresponde a

“ocasionais”, seguido por “frequente” e “raro”, conforme mostra o Quadro 4. Infelizmente,

neste estudo, não foi possível emitir julgamento a respeito de quais etapas do processo têm

maior predominância de boa prática, uma vez que não há um número equilibrado de boas

práticas entre as etapas. Tal equilíbrio seria possível, mas demandaria outras técnicas de

pesquisas, que exigiriam mais tempo do que o disponível para este trabalho.

Quadro 4 – Percentuais ordenados de atendimento às boas práticas no grupo amostral

Boa Prática

Percentual Médio

de atendimento da

amostra

Qualificação

das

frequências

Disponibilização no website de formulário padronizado de caracterização do empreendimento 93%

Frequente

Disponibilização da legislação ambiental estadual relativa a licenciamento e avaliação de impacto ambiental no website do Órgão Ambiental 89%

Disponibilização no website ou na base legal/regulatória dos critérios de corte, como PORTE e/ou POTENCIAL POLUIDOR 81%

Disponibilização online de Termos de Referência, especificando os conteúdos dos estudos e documentos necessários no processo 81%

Disponibilização no website ou na base legal/regulatória dos tipos de empreendimentos que são passíveis de licenciamento ambiental (lista

positiva) 74%

Disponibilização de Termos de Referência com conteúdo predefinido, segundo tipologia de projeto/proposta 74%

Licenças simplificadas para projetos de baixo potencial poluidor 74%

Canal aberto (via telefone) específico para denúncias, inclusive de empreendimentos licenciados 70%

Disponibilização no website de formulário customizado de caracterização do empreendimento segundo modalidade de licença e/ou autorização

e/ou tipologia de atividade licenciável 67%

Ocasional

Divulgação de linha telefônica com pessoal da área de licenciamento e avaliação de impacto para responder a dúvidas 63%

Descentralização geográfica dos escritórios do órgão licenciador de modo a facilitar protocolos, orientações e demais serviços aos

empreendedores e consultores 59%

Disponibilização no website ou na base legal/regulatória dos tipos de empreendimentos que não são passíveis de licenciamento ambiental (lista

negativa) 56%

As licenças ambientais concedidas no Estado são fácil e amigavelmente disponibilizadas em website para consulta de teor e autenticidade no

website 56%

Informe dos pedidos de licenciamento disponíveis no site do órgão licenciador para CONSULTA da população 52%

Canal aberto (via internet) para denúncias acerca de empreendimentos licenciados 48%

Disponibilização do conteúdo dos estudos ambientais para download no website 44%

Mecanismos de requerimento de licença ambiental online para, pelo menos, modalidades simplificadas de licenças 41%

Disponibilização de cadastro de prestador de serviço ambiental no website, para facilitar contratação por parte de empreendedores. 37%

Disponibilização de informações sobre os calendários de audiências públicas no Estado, se possível com disponibilização de atas, e calendário

de audiência pública agendadas no Estado. 30%

Disponibilização de Guia do Licenciamento Estadual (formato online ou PDF ou Word etc.) detalhado para o empreendedor na internet ou de

cursos de capacitação 26%

Sistema informatizado de comunicação com o empreendedor 26%

Disponibilização no website de informações sobre “Dúvidas e Respostas comuns” sobre o preenchimento do formulário de caracterização do

projeto/empreendimento 19%

Raro Sistema informatizado de recebimento de relatórios e resultados de monitoramento do empreendimento licenciado 19%

Informações explícitas no site sobre as audiências públicas, seus mecanismos de petição, base legal, meios de participação etc. 15%

Page 57: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ... - repositorio.ufop.br · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Etapas da Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental _____ 17 Figura 2 – Formulário

44

Boa Prática

Percentual Médio

de atendimento da

amostra

Qualificação

das

frequências

Estatística das licenças solicitadas e concedidas divulgadas periodicamente no website 15%

Os pareceres técnicos e jurídicos são disponibilizados no website para o público em geral 11%

Disponibilização em website de Guia ou Manual de Elaboração de Estudos Ambientais 7%

Informe dos pedidos de licenciamento no site do órgão licenciador com COLETA DE OPINIÃO da população 0%

Fonte: elaborado em conjunto com o orientador.

Apesar das limitações das listagens, os resultados mostrados são importantes no

sentido de estabelecer uma “linha de base” do atual estágio das boas práticas pesquisadas. Os

Quadros apresentados fornecem um pioneiro panorama do grau de maturidade dos Estados

brasileiros em relação às boas práticas pesquisadas. Tais informações, além de poderem

balizar os trabalhos de burocratas, gestores e legisladores, podem servir de benchmarking para

estudos futuros, visando a compreender o progresso do sistema de AIA e licenciamento

brasileiro. É importante frisar também que, dada a inexistência de um referencial em relação a

qual percentual constitui uma “boa” média de percentual, qualquer tentativa de qualificar o

nível de atendimento da amostra seria controversa. Esses percentuais devem, pois, ser

julgados com cuidado e com atenção ao contexto.

4.2 Consolidação do Atendimento do Grupo de Boas Práticas entre as Regiões

Geográficas e em cada um dos 27 Entes Federados

O atendimento das boas práticas também foi consolidado para cada Estado e para as

regiões geográficas brasileiras. Tal procedimento foi efetuado para se obter um melhor

entendimento das divergências geográficas e suas potenciais causas e implicações. O Quadro

5 apresenta os valores consolidados.

Quadro 5 - Percentual de atendimento ao grupo de boas práticas nas regiões geográficas e em cada um

dos 27 entes federados

Região Estado Órgão Licenciador

Número de

boas práticas

adotadas no

Estado

Percentual Médio de

atendimento às boas

práticas adotadas do

Estado

Percentual Médio de

atendimento às boas

práticas adotadas nas

regiões

NORTE

ACRE Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC) 13 46%

39%

AMAPA Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Amapá (IMAP) 5 18%

AMAZONAS Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) 16 57%

PARÁ Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) 18 64%

RONDÔNIA Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM) 10 36%

Page 58: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ... - repositorio.ufop.br · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Etapas da Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental _____ 17 Figura 2 – Formulário

45

Região Estado Órgão Licenciador

Número de

boas práticas

adotadas no

Estado

Percentual Médio de

atendimento às boas

práticas adotadas do

Estado

Percentual Médio de

atendimento às boas

práticas adotadas nas

regiões

RORAIMA Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM) 0 0%

TOCANTINS Instituto Natureza do Tocantins (NATURANTINS) 15 54%

NORDESTE

ALAGOAS Instituto do Meio Ambiente (IMA) 14 50%

44%

BAHIA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) 19 68%

CEARÁ Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE) 19 68%

MARANHÃO Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA) 10 36%

PARAÍBA Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA) 9 32%

PERNAMBUCO Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) 17 61%

PIAUÍ Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR) 0 0%

RIO GRANDE

DO NORTE Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA) 11 39%

SERGIPE Administração Estadual de Meio Ambiente (ADEMA) 12 43%

CENTRO-

OESTE

DISTRITO

FEDERAL Instituto Brasília Ambiental (IBRAM) 6 21%

43%

GOIÁS Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) 8 29%

MATO GROSSO Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) 17 61%

MATO GROSSO

DO SUL Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (IMASUL) 17 61%

SUDESTE

ESPÍRITO

SANTO Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) 18 64%

66%

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável

(SEMAD) 15 54%

RIO DE

JANEIRO Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA) 20 71%

SÃO PAULO Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) 21 75%

SUL

PARANÁ Instituto Ambiental do Paraná (IAP) 16 57%

57% SANTA

CATARINA Fundação do Meio Ambiente (FATMA) 13 46%

RIO GRANDE

DO SUL Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM) 19 68%

TOTAL - 47% Fonte: elaborado em conjunto com o orientador.

Como se depreende do Quadro 5, existem claras divergências de atendimento às boas

práticas entre as regiões geográficas brasileiras. As regiões Sudeste e Sul obtiveram os

maiores percentuais, sendo de 66% e 57%, respectivamente. A região Norte obteve o pior

nível de atendimento (39%), seguido pelo Centro-Oeste (43%) e Nordeste (44%). Tais

resultados sugerem a existência de uma correlação entre eficiência do sistema de avaliação de

impacto e desenvolvimento econômico. Todavia, a evidenciação dessa correlação demandaria

estudos futuros, envolvendo estatísticas inferenciais, o que não foi realizado neste trabalho.

De todo jeito, os resultados já servem para alertar para a necessidade de melhor capacitar

algumas regiões geográficas para a implementação das boas práticas aqui analisadas.

Este estudo também quantificou o percentual de cada Estado. No Quadro 6 são

apresentados esses percentuais de maneira ordenada, acompanhados de uma classificação de

qualidade em relação ao seu grau de atendimento. Percentuais de atendimento maiores ou

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46

iguais a 75% foram considerados “bons”; atendimentos maiores ou iguais a 50% e menores

que 75% foram considerados “regulares”; atendimentos maiores ou iguais a 25% e menores

que 50% foram considerados “insuficientes”; e atendimentos menores que 25% foram

considerados “ruins”.

Quadro 6 - Percentual ordenado de atendimento ao grupo de boas práticas nas regiões geográficas e em

cada um dos 27 entes federados

Estado Órgão Licenciador

Número de boas

práticas adotadas

no Estado

Percentual de

atendimento às boas

práticas adotadas no

Estado

Qualificação

das

Frequências

SÃO PAULO Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) 21 75% Bom

RIO DE JANEIRO Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA) 20 71%

Regular

BAHIA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) 19 68%

CEARÁ Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE) 19 68%

RIO GRANDE DO SUL Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM) 19 68%

PARÁ Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) 18 64%

ESPÍRITO SANTO Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) 18 64%

PERNAMBUCO Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) 17 61%

MATO GROSSO Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) 17 61%

MATO GROSSO DO SUL Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (IMASUL) 17 61%

AMAZONAS Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) 16 57%

PARANÁ Instituto Ambiental do Paraná (IAP) 16 57%

TOCANTINS Instituto Natureza do Tocantins (NATURANTINS) 15 54%

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável

(SEMAD) 15 54%

ALAGOAS Instituto do Meio Ambiente (IMA) 14 50%

ACRE Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC) 13 46%

Insuficiente

SANTA CATARINA Fundação do Meio Ambiente (FATMA) 13 46%

SERGIPE Administração Estadual de Meio Ambiente (ADEMA) 12 43%

RIO GRANDE DO

NORTE Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA) 11 39%

RONDÔNIA Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM) 10 36%

MARANHÃO Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA) 10 36%

PARAÍBA Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA) 9 32%

GOIÁS Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) 8 29%

DISTRITO FEDERAL Instituto Brasília Ambiental (IBRAM) 6 21%

Ruim

AMAPA Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Amapá (IMAP) 5 18%

RORAIMA Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM) 0 0%

PIAUÍ Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR) 0 0%

Fonte: elaborado em conjunto com o orientador.

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47

A ordenação das frequências de atendimento às boas práticas nos Estados permite

identificar aqueles sistemas de AIA e licenciamento que estão mais maduros em relação à

gestão dos itens de boas práticas evidenciáveis via website. Nenhum Estado evidenciou um

nível ótimo de atendimento. São Paulo foi o único estado que obteve um nível bom , fato que

pode estar relacionado à maturidade do sistema de AIA e licenciamento. Dois Estados

brasileiros não obtiveram nenhum atendimento às boas práticas, pois eles, durante o período

de realização desta pesquisa, não tinham websites funcionando. A inexistência desses websites

foi confirmada via telefone com representantes dos órgãos licenciadores. A ordenação das

frequências também permite identificar que alguns Estados, apesar de pertencerem a regiões

geográficas economicamente desenvolvidas, como Minas Gerais, têm níveis de atendimento

baixo, sugerindo, pois, problemas no sistema de licenciamento. Obviamente, os critérios

qualificadores adotados aqui são arbitrários e devem ser utilizados com cuidado e atenção ao

contexto.

Uma das implicações das análises dos Estados é que elas permitiram identificar

potenciais “exemplos” para serem seguidos em outras jurisdições. Nesse sentido, Estados da

região Norte, que tiveram menores percentuais de atendimento e que queiram aprimorar seus

sistemas, poderão buscar inspiração em São Paulo e Rio de Janeiro.

Uma das limitações desses percentuais é que eles refletem uma análise que detectou a

mera existência da boa prática na jurisdição pesquisada. Não foi emitido juízo de valor em

relação a quão bem o Estado atendeu aos requisitos. Tais considerações, porém, serão

estabelecidas nas seções a seguir, nas quais os resultados de cada boa prática serão discutidos

e ilustrados.

4.3 O Estado da Arte das Boas Práticas nos Estados Brasileiros

4.3.1 PROPOSTA

Conforme discutido no capítulo de revisão da literatura, o sistema de AIA e

Licenciamento Ambiental brasileiro tem uma série de problemas que surgem, em parte, da

complexidade regulatória e burocrática dos instrumentos. Problemas como morosidade e

estudos ambientais mal elaborados surgem, em parte, devido a vícios de processos, que

podem aparecer logo no início quando da apresentação do projeto ou da proposta de

Page 61: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ... - repositorio.ufop.br · ix LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Etapas da Avaliação de Impacto e Licenciamento Ambiental _____ 17 Figura 2 – Formulário

48

empreendimento licenciável ou não no órgão ambiental. A morosidade, frequentemente, se

deve a informações falhas ou caracterizações e estudos precários por parte dos

empreendedores. Uma das maneiras de minimizar esse problema é pela disponibilização de

informações, guias e formulários atualizados, precisos, claros e detalhados no website do

órgão ambiental. A etapa de apresentação da proposta é crucial. Falhas nessa etapa podem

acarretar problemas de triagem, escopo, estudos, decisão etc.

Uma das principais boas práticas analisadas neste estudo foi a disponibilização no

website de formulário padronizado de caracterização do empreendimento, o qual foi atendido

em praticamente todos os Estados. A exceção se deu apenas nos casos dos dois Estados (Piauí

e Roraima) que não tinham website sobre licenciamento ambiental e AIA. A maioria dos

Estados também disponibiliza formulários de caracterização customizados para certos tipos

de empreendimento e/ou licença.

Os empreendimentos e projetos potencialmente licenciáveis podem ter um nível de

complexidade alto, de modo a trazer desafios para sua caracterização. Formulários detalhados,

atualizados e claros ajudam a identificar informações que serão fundamentais no julgamento,

por exemplo, do risco para a sociedade e o meio ambiente. Na amostra, ficou clara a

inexistência de um “padrão” de formulário. Cada órgão ambiental usa critérios específicos.

Alguns órgãos ambientais têm formulários bem concisos, como é o caso da SEDAM, em

Rondônia (ver Figura 2). O formulário de caracterização padrão da SEDAM tem apenas dez

campos de preenchimento e não exige, ao menos, as coordenadas geográficas do projeto.

Além disso, a caracterização do empreendimento é solicitada de maneira “aberta”, sem

orientação em relação ao conteúdo.

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49

Figura 2 – Formulário de caracterização padrão de requerimento de licença da

SEDAM (Rondônia)

Um exemplo de formulário aprimorado, em relação ao de Rondônia, seria o

Formulário de Caracterização Integrada (FCEI) do órgão licenciador FATMA, do estado do

Rio Grande do Sul, que tem sete páginas, com campos detalhados, acompanhados de

orientação de preenchimento, incluindo observações (em cor vermelha) sobre pontos críticos.

Além disso, o FCEI da FATMA inclui informações de coordenadas geográficas e critérios

detalhados para caracterização do empreendimento, tais como área edificada, área útil,

matéria-prima etc., conforme ilustra a Figura 3.

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50

Figura 3 – Primeira das sete páginas do formulário de caracterização padrão da

FATMA (Santa Catarina)

Outra abordagem detectada na pesquisa, em relação aos formulários de caracterização,

foi a de sistemas informatizados de preenchimento de dados, que geram ou informações

customizadas, ou formulários customizados para serem protocolados presencialmente nos

escritórios dos órgãos ambientais. Esse foi o caso, por exemplo, da CETESB, em São Paulo,

que disponibiliza um programa para realizar o Memorial de Caracterização do

Empreendimento, bem como dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, que têm um

sistema de classificação e caracterização online dos empreendimentos.

A informatização dos pedidos de licenciamento, para pelo menos modalidades

simplificadas de licença, também foi avaliada como uma boa prática na pesquisa. No total, 11

Estados brasileiros estão utilizando tal prática, mas sem padronização aparente. Cada sistema

adota formato e funcionalidades específicas. Dentre os sistemas de pedido online de licença

(simplificada) avaliados, o sistema SEiA do INEMA na Bahia (Figura 4) aparentou ser um

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51

destaque. Esse órgão disponibiliza o SEiA no website (que tem, inclusive, versão de

aplicativo para celulares smartphones), que pode ser utilizado para acompanhar processos e

avançar em pedidos de licença de alteração.

Figura 4 – Portal do Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos

Hídricos do INEMA (Bahia)

Outra área de boa prática avaliada em relação à proposta foi a disponibilização de

informações acerca de “dúvidas e respostas comuns” para o preenchimento de formulários,

bem como de “guias do licenciamento”, detalhando os procedimentos, legislação e demais

informações necessárias para educar o consultor ou o empreendedor acerca do licenciamento

e da AIA no Estado. Essas boas práticas mostram-se raras nos websites dos órgãos

licenciadores estaduais brasileiros. Apenas cinco Estados disponibilizaram informações sobre

“dúvidas e respostas comuns” e sete disponibilizaram guias. O INEA, no Rio de Janeiro,

disponibilizou 56 “perguntas mais frequentes” com suas respectivas respostas no seu website.

A CETESB, em São Paulo, disponibilizou 21 perguntas. Já o Rio Grande do Sul

disponibilizou uma lista mais modesta de dez perguntas. Infelizmente, não foi possível avaliar

a atualização das perguntas e das respectivas respostas.

A maioria dos websites apresenta informações genéricas sobre o processo de

licenciamento, tendo por premissa que o consultor ou o empreendedor já está familiarizado

com a legislação ambiental estadual e com os procedimentos, taxas e demais requisitos do

processo. Alguns Estados, no entanto, estão fortalecendo tais informações com a publicação

de guias instrutivos, os quais tomam ou o formato de um arquivo PDF para download, como

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52

no caso de Minas Gerais, ou de páginas instrutivas em “Portais do Licenciamento”, que dão

instruções detalhadas sobre vários passos do processo. A cartilha “Descomplicar” da

SEMAD, no estado de Minas Gerais, é um exemplo de guia no formato PDF. Esse exemplo,

porém, pareceu estar desatualizado e, também, não aparentava ser suficientemente completo

para instruir os empreendedores. O formato de “portais do licenciamento”, observados em

São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (Figura 5), parecem funcionar melhor como

guia na medida em que trazem informações mais atualizáveis sobre o processo.

Figura 5 – Tela inicial do portal do Licenciamento Ambiental da FEPAM (Rio

Grande do Sul)

Neste estudo, também foi avaliada a disponibilização de linhas telefônicas com

atendentes da área de licenciamento capazes de responder a dúvidas sobre o processo, uma

prática que pode corroborar ou cobrir as deficiências informacionais dos websites. A maioria

(17 Estados) dos órgãos licenciadores divulgaram linhas telefônicas com números específicos

da área técnica de licenciamento ambiental no website. Os demais Estados disponibilizavam

números genéricos da instituição, sem indicação de como solicitar informação para a área

técnica de licenciamento e avaliação de impacto.

Uma boa prática comum nos Estados foi a disponibilização no website da legislação

estadual relacionada a licenciamento e AIA. Apenas um, dos 25 Estados que tinham website,

não adotou tal prática. Foi o caso do Rio Grande do Norte. O órgão licenciador (IDEMA)

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53

desse Estado disponibilizou apenas cinco leis complementares no website, o que não foi

suficiente para avaliar a legislação sobre licenciamento. Outros Estados, como o Distrito

Federal, também tinham lacunas na legislação disponibilizada, mas que, pelo menos, permitia

entender minimamente o processo. Alguns Estados tiveram maior rigor e cuidado na

apresentação da legislação ambiental, incluindo mecanismos de busca de palavras-chave,

discriminando os atos legais e seus respectivos conteúdos, como no caso de Minas Gerais.

Outros Estados disponibilizaram a legislação por meio de arquivos organizados por tipologias

de atos legislativos, como no Mato Grosso.

Uma das principais boas práticas analisadas, na etapa de proposta, foi a existência de

escritórios regionais no Estado para recebimento de documentos e formulários, bem como

para orientação aos empreendedores e consultores. No início do licenciamento ambiental

brasileiro, os escritórios ficavam, geralmente, localizados nas capitais dos Estados, uma

situação que trazia custos e dificultava sobremaneira o acesso dos usuários ao sistema, tendo

em vista que o grosso dos procedimentos de licenciamento e AIA se dão presencialmente.

Nesta pesquisa, porém, foi observado que a descentralização institucional dos órgãos

licenciadores estaduais já é uma realidade na maioria dos Estados. Um total de 16 Estados

possui escritórios ou núcleos no interior do Estado. O número de escritórios, porém, não

indica precisamente o quão acessível está a instituição ao consultor ou empreendedor. Quando

se considera a área do território, percebe-se que alguns Estados, como Amazonas e Pará,

apesar de terem regionais, ainda apresentam grandes porções do território que ficam distantes

dos escritórios. Se isso é “bom” ou “ruim”, é difícil julgar. Obviamente, o número ideal de

escritórios depende de outros fatores, como vias de transporte, densidade demográfica etc., os

quais não foram avaliados neste estudo.

Finalmente, em relação à proposta, foi avaliada a boa prática de disponibilização de

cadastros de prestadores de serviços na área ambiental, que possam ser contratados pelos

empreendedores. Essa boa prática foi observada apenas em dez Estados. Nesses casos, porém,

foi observada a disponibilização apenas de cadastros, sem qualquer tipo de “endosso” ou

“corroboração” de qualidade de serviços, o que obviamente estaria em desacordo com os

princípios da administração pública. Alguns cadastros permitiam buscas, outros eram meros

documentos no formato Word, com listagens de consultorias e de consultores.

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54

4.3.2 Triagem

A triagem é uma das etapas mais críticas de todo o processo. Nela, é feito um pré-

julgamento em relação aos potenciais impactos das propostas por meio da sua classificação.

Equívocos nesta etapa podem acarretar análises incompletas, subdimensionadas, ou, mesmo,

na falta de análise de projetos, podem impactar o meio ambiente. Da mesma maneira,

equívocos nesta etapa podem levar projetos com baixo potencial de impacto a serem tratados

com excesso de rigor, mediante processos mais burocráticos, potencialmente mais caros e

morosos: uma situação que pode prejudicar o desenvolvimento econômico do País, sem se

traduzir, necessariamente, em melhorias ambientais.

Uma das principais preocupações dos empreendedores, durante o processo de

licenciamento, é conhecer a classificação da sua proposta pelo órgão licenciador. Afinal, tal

julgamento determinará em grande medida os custos e trâmites do processo, o que, por sua

vez, pode afetar a viabilidade do empreendimento.

Neste estudo, foi analisada a boa prática de informar no website as listagens ou

tipologias de empreendimentos que são passíveis de licenciamento (lista positiva), bem como

daqueles que não são passíveis de licenciamento (lista negativa). Constatou-se que a

disponibilização deste (observado em 15 Estados, ou 56% dos casos) é mais incomum do que

daquele (observado em 20 Estados, ou 74% dos casos). Ou seja, os websites dos órgãos

licenciadores, com maior frequência, disponibilizam informações a respeito dos tipos de

empreendimentos que são passíveis de licenciamentos e avaliações de impacto. A maneira

pela qual isso é feito também varia bastante. Por exemplo, o estado do Amapá disponibilizava

apenas a versão da lista positiva da Resolução CONAMA nº 01/86, a qual é bem genérica e

não avança no sentido de discriminar tipologias licenciáveis nos âmbitos estadual e municipal.

Grande parte dos Estados referenciava a legislação estadual, na qual constavam anexos

especificando as tipologias passíveis ou não passíveis de licenciamento.

Além disso, este estudo avaliou se as listas positivas e negativas eram divulgadas

acompanhadas dos critérios de corte (e.g. porte e potencial poluidor), utilizados na

determinação do nível de licenciamento e avaliação de impacto. Essa boa prática mostrou-se

comum, na medida em que 22 Estados (82%) evidenciaram tais critérios. Isso também foi

atendido de várias maneiras. O website do IMAC, no Acre, criou um sistema informatizado de

qualificação da proposta, baseado em Análise de Risco, que permite a evidenciação clara dos

diversos critérios considerados na classificação, conforme mostra a Figura 6. Sistemas

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55

informatizados similares foram encontrados no Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro,

dentre outros Estados. A maioria dos Estados, porém, remetia o empreendedor aos critérios da

legislação estadual.

Figura 6 – Sistema informatizado de análise de risco e classificação de propostas

do IMAC (Acre)

Também, foi avaliada a disponibilização de informações acerca dos pedidos de

licenciamento no Estado, o qual se mostrou em aproximadamente metade da amostra (14

Estados), embora em nenhum destes havia sistema específico para coleta de opinião da

população sobre o pedido. Essa boa prática, que acontece em sistemas informatizados da

América do Norte e Europa, permite que o público participe mais facilmente da etapa de

triagem mediante a opinião sistemática em relação à classificação das propostas. Conforme se

lerá adiante, as maneiras de o público opinar nos processos de licenciamento ainda estão

restritas a formulários genéricos ou ligações via denúncia para números gerais dos órgãos

licenciadores. A sistematização da coleta de opinião popular durante as etapas do processo

mostrou-se “inexistente” nos Estados.

4.3.3 Escopo

O escopo, ou seja, a especificação transparente dos documentos e estudos necessários

no processo também foi avaliada nesta pesquisa como uma boa prática. Para tal, foi avaliado

em que medida os órgãos disponibilizam os termos de referência (TRs) para download nos

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56

seus respectivos websites. Tal boa prática pareceu estar correlacionada à triagem, ou seja,

Estados que tinham websites mais transparentes em relação aos critérios de triagem também

pareciam estar preocupados em relação à especificação da documentação e estudos

necessários durante o processo de licenciamento. Isso foi feito, via de regra, por meio da

disponibilização de documentos (PDF, Word etc.) para download ou em páginas online, ou

dentro dos sistemas informatizados de licenciamento, os quais só eram acessíveis após

cadastro dos usuários. A maioria dos Estados (22, ou 82%) disponibilizam TRs genéricos, e

grande parte (20 Estados, ou 74%) também disponibilizaram formulários customizados para

tipos de licença e/ou estudos e tipologias de empreendimentos.

4.3.4 Elaboração dos Estudos

A elaboração dos estudos é uma das etapas mais onerosas e demoradas de todo o

processo. Garantir acesso à informação de qualidade, atualizada e informatizada é

fundamental para os órgãos licenciadores e, por isso, foi analisada dentro do conceito de boa

prática neste estudo. Uma das boas práticas mais relevantes analisadas aqui foi a criação de

licenças e estudos simplificados para certas modalidades de licença e tipologias de

empreendimentos.

Diante do atual cenário de grande volume de processos de licenciamento, sem a devida

capacidade institucional (pessoal e recursos orçamentários) nos órgãos licenciadores, é

fundamental que os órgãos “calibrem” suas exigências, de modo a exigir o que seja

minimamente essencial para o processo decisório. Caso contrário, os órgãos correm sério

risco de formarem um “passivo processual”, ou seja, volumes de processos não analisados

pelos analistas internos. Essa situação é bastante preocupante, pois traz profundas

inseguranças jurídicas para os empreendedores, deteriorando a credibilidade do licenciamento

ambiental e da instituição, e incentivando a instalação e operação irregular (sem devida

licença) no território brasileiro.

Como ficou discutido no capítulo de Revisão da Literatura, o sistema de licenciamento

brasileiro foi pensado para ser trifásico, ou seja, para seguir três etapas de Licença Prévia

(LP), de Instalação (LI) e de Operação (LO). Após as análises, ficou evidente que os sistemas

estaduais, nas últimas décadas, avançaram no sentido de flexibilizar o licenciamento trifásico

mediante a criação de licenças simplificadas, nas quais é necessário apenas uma ou duas

licenças. Vinte dos Estados pesquisados utilizam tais modalidades de licenças, as quais

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57

recebem diversos nomes. No Acre, no Amazonas, no Maranhão e no Mato Grosso, por

exemplo, foi criada a Licença Ambiental Única (LAU). Outro tipo de licença que se tornou

comum no Brasil é a Licença Simplificada, geralmente abreviada de LS, que já existe em

Alagoas, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Distrito Federal, Espírito Santo e

Paraná, dentre outros. Alguns estados, como Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina, apesar

de não utilizarem o termo “licença única” ou “licença simplificada”, adotam sistemas de

licenciamento mono ou bifásico. No caso de Minas Gerais e Santa Catarina, foi observada a

Autorização Ambiental, que é autodeclaratória.

Os dados aqui coletados sugerem uma importante reflexão: “Será que o sistema

trifásico de licenciamento ainda é predominante no Brasil?” Pressupõe-se que a maioria dos

empreendimentos sujeitos a licenciamento são de pequeno potencial poluidor e estão

localizados em jurisdições que permitem modalidades mono ou bifásicas de licenciamento, é

provável que o volume de licenças simplificadas seja, hoje, superior ao de licenças que

seguem o sistema trifásico. Infelizmente, devido à falta de estatísticas consolidadas nos

órgãos licenciadores (conforme será discutido novamente na seção seguinte), tal

probabilidade não pode ser confirmada neste estudo.

Outra boa prática analisada foi a disponibilização de guias ou manuais de elaboração

de estudos de impacto ambiental. A baixa qualidade dos estudos, tão frequentemente apontada

na literatura (e.g, MPF, 2004; ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO IBAMA-DF, 2004;

MENDES; FEITOSA, 2008), poderia ser minimizada caso os órgãos licenciadores melhor

informassem seus usuários (consultores e empreendedores) acerca dos requisitos dos estudos,

incluindo dicas de conteúdo, metodologia e formatação. Surpreendentemente, porém, apenas

dois Estados (São Paulo e Rio Grande do Sul) disponibilizaram guias com tal finalidade. O

guia do Rio Grande do Sul, porém, era aplicável apenas nos casos de estudos do tipo

EIA/RIMA, os quais são aplicáveis a grandes empreendimentos que constituem os casos

menos frequentes nos Estados. Nesse contexto, o guia de São Paulo destacou-se como uma

clara boa prática.

O guia de São Paulo, intitulado Manual para Elaboração de Estudos para o

Licenciamento com Avaliação de Impacto Ambiental (Figura 7), era um documento de 250

páginas, atualizado (publicado em maio de 2014), que tratava de diversos aspectos técnicos

dos estudos, tais como: estudos de alternativa locacional e tecnológica, diagnósticos e

respectivas áreas de influência, e programas de mitigação, monitoramento e compensação,

dentre outros. Esse documento é aplicável não apenas à EIA/RIMAs, mas também a

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58

Relatórios Ambientais Preliminares, ou seja, ele é aplicável a um volume substancial de

processos de licenciamento no Estado, tendo, pois, maior utilidade do que guias genéricos de

EIA/RIMAs, como o mencionado do Rio Grande do Sul.

Figura 7 – Capa do Manual de Estudos Ambientais da CETESB (São Paulo)

Outra boa prática analisada foi a facilitação para participação do público na elaboração

dos estudos por meio de audiências públicas. Foi observado que os órgãos licenciadores, com

poucas exceções, não se preocupam em informar a população acerca dos calendários de

audiências públicas, seus mecanismos de petição, participação e leitura das atas. Oito Estados

disponibilizaram os calendários das audiências públicas nos websites, mas poucos

disponibilizaram também as atas. Uma clara boa prática nesse sentido foi identificada no

website do IMASUL (Mato Grosso do Sul), que, além do calendário, disponibiliza os RIMAS

e as atas das audiências passadas, conforme mostra a Figura 8.

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Figura 8 – Calendário, RIMAS e atas das audiências públicas do IMASUl (Mato

Grosso do Sul)

Uma das fragilidades detectadas nesta pesquisa é que poucos órgãos licenciadores

(quatro, ou 15%) disponibilizaram informações esclarecedoras sobre o instrumento de

participação da audiência pública, de modo a melhor preparar o público para participar dos

processos de interesse.

4.3.5 Processo Decisório

Grande parte da dificuldade do processo de licenciamento e AIA está na decisão

acerca da concessão ou não da licença. As boas práticas decisórias (imparcialidade, rigor

técnico, equidade etc.) são mais facilmente identificáveis na rotina interna dos órgãos

licenciadores e suas instâncias colegiadas decisórias. Infelizmente, devido às limitações

metodológicas de pesquisas, não foi possível checá-las neste estudo. Aqui, foi analisado o

grau de transparência das decisões já tomadas.

Por exemplo, foi avaliado se o órgão licenciador disponibiliza informações acerca das

licenças ambientais concedidas no Estado. Surpreendentemente, pouco mais da metade da

amostra (15 estados, ou 55%) disponibilizam consultas às licenças existentes no Estado. A

maioria deles tem um sistema informatizado de consulta, no qual o público pode pesquisar

pelo número da licença ou pelo nome do empreendedor, por exemplo. Alguns estados, como

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60

Pernambuco, incluem uma sistemática de verificação da autenticidade da licença ambiental

emitida pelo órgão licenciador (CPRH).

Apenas três Estados disponibilizaram os pareceres técnicos e/ou jurídicos dos técnicos

do órgão licenciador para consulta da população. Foi o caso de Rio de Janeiro, Rondônia e

Mato Grosso. Os casos de Rondônia e Mato Grosso são explicados pelo uso da ferramenta

SIMLAM, que, conforme a empresa,

[...] possibilita à instituição organizar seu fluxo de trabalho para que todos

possam contribuir, desde o interessado, passando pela equipe de protocolo,

análise técnica e monitoramento até a fiscalização. Dessa forma, a

implantação do SIMLAM traz, junto de si, aumento de produtividade,

qualidade e transparência das atividades da instituição.

O SIMLAM se adapta à realidade da instituição, pois, no Brasil, devido à

sua extensão, cada instituição responde por um meio ambiente diferente e o

sistema deve atender a cada meio ambiente. Por esse motivo,

funcionalidades e layouts de sistema são diferentes de cliente para cliente e

as telas das funcionalidades do SIMLAM apresentadas também serão

distintas (TECNOMAPAS, 2014).

O SIMLAM é uma ferramenta de informatização dos controles de licenciamento

ambiental que, neste estudo, mostrou-se operante em Rondônia, Pará e Mato Grosso embora

em níveis diferenciados. O IBRAM, do Distrito Federal, parece utilizar o sistema também,

mas isso não ficou claro no site do próprio IBRAM.

A boa prática de disponibilizar estatísticas das licenças concedidas no órgão

licenciador também foi analisada, pois esta oferece subsídios à população para avaliar o

controle do órgão licenciador, ou seja, o quão eficientemente o órgão está analisando os

processos. Tal medida pode favorecer a confiança em relação ao órgão e aumentar a

segurança jurídica do empreendedor.

Essa informação, obviamente, é fácil de gerir, uma vez que as administrações públicas

brasileiras utilizam sistemas informatizados de controles de processo. Mas, no caso dos

órgãos licenciadores estaduais, parece não ser comum a prática de disponibilizar tal

informação para o público externo. Apenas quatro Estados disponibilizaram as estatísticas de

processos de licenciamento nos seus respectivos websites. No Amazonas, em Pernambuco e

em São Paulo, as estatísticas são divulgadas em relatórios anuais, no formato PDF, no

website. No Rio Grande do Sul, existe um sistema informatizado de consulta mensal e anual

das estatísticas de atividades do órgão ambiental, inclusive deferimentos e indeferimentos de

pedidos de licenciamento.

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61

As informações contidas nessas estatísticas mostraram-se uma rica fonte de

informações para pesquisas na área de gestão de processos de licenciamento. Por exemplo,

elas sugerem que os órgãos, na grande maioria dos casos, deferem os pedidos de

licenciamento, conforme mostra o Quadro 7. Além disso, evidenciam quão volumoso são os

processos de licenciamento nas jurisdições estaduais. Embora não seja possível ter um

quantitativo consolidado, dada a falta de informações publicadas nos websites dos demais

órgãos, é de conjeturar que, no Brasil, sejam emitidas cerca de 100 mil licenças ambientais

nos órgãos ambientais licenciadores estaduais.

Quadro 7- Expedição e indeferimento de licenças ambientais em órgãos licenciadores estaduais

(2013) comparados ao IBAMA

Órgão licenciador e jurisdição

IBAMA (BR) IPAAM (AM) CPRH (PE) CETESB (SP) FEPAM (RS)

Expedição de licença

(LP, LI, LO, Licenças

Simplificadas) anual

829 3791 719 30448 8060

Número de

indeferimentos anuais 1 Indisponível 82 5434 207

Percentual de

indeferimentos anuais 0,1% Indisponível 11,% 17% 2,6 %

Fonte: elaborado em conjunto com o orientador.

4.3.6 ACOMPANHAMENTO

Em um sistema de licenciamento e AIA, que tende a aprovar os pedidos de

licenciamento, torna-se fundamental o acompanhamento das licenças. Conforme relatam

diversos autores e estudos, os instrumentos de licenciamento e AIA têm servido mais como

um instrumento de mitigação dos impactos ambientais, bem como de aperfeiçoamento de

projetos, do que de “filtro” de projetos ruins, não viáveis ambientalmente. Uma implicação

dessa situação é que os instrumentos dependem fortemente da eficiência da etapa de

acompanhamento, ou seja, da etapa de monitoramento, calibração, treinamento, obras e

operação dos vários componentes que compõem os projetos licenciados.

As boas práticas na etapa de acompanhamento são fundamentais para a eficiência do

sistema como um todo. Neste estudo, foi avaliado o grau de informatização do sistema de

acompanhamento dos empreendimentos licenciados, mais especificamente a informatização

do recebimento de relatórios técnicos de monitoramento e informações de condicionante do

empreendedor, bem como a informatização da comunicação entre órgãos licenciadores e

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consultores/empreendedores. De maneira geral, foi observado um nível baixo de

informatização (menor que 26%) para os dois casos de boa prática analisados.

Ficou claro que os órgãos ambientais, embora em sua maioria tenham sistemas

informatizados de controle de licenciamento ambiental (ver Quadro 8, que identifica os

principais sistemas utilizados em 19 Estados), ainda estão num estágio incipiente de controle,

de modo que seus sistemas não permitem, por exemplo, um acompanhamento eficiente dos

processos na fase pós-licença. Os atuais sistemas focam mais nas etapas de triagem e

protocolo, facilitando, sobretudo, o acompanhamento de trâmites de processos.

Quadro 8 - Principais sistemas informatizados de controle de licenciamento ambiental dos

órgãos licenciadores estaduais

Órgão Licenciador Sigla do Sistema

Informatizado

Nome Completo do Sistema

Informatizado Link de acesso Status de funcionamento

SEMA (PA) SIMLAM

Sistema Integrado de

Monitoramento e

Licenciamento Ambiental

http://monitoramento.sema.pa.gov.br/simlam/index.htm

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

SEDAM (RO) SIMLAM

Sistema Integrado de

Monitoramento e

Licenciamento Ambiental

http://monitoramento.sedam.ro.gov.br/simlam/

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

IPAAM (AM) SICAAM Sistema de Controle

Ambiental do Amazonas http://200.174.153.66:8181/scaam/

Sistema esteve fora do ar em

algumas ocasiões.

SEMA (PA) SIMLAM

Sistema Integrado de

Monitoramento e

Licenciamento Ambiental

http://monitoramento.sema.pa.gov.br/simlam/index.htm

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

NATURANTINS

(TO) SIGA Sistema Integrado de Gestão http://sinat.naturatins.to.gov.br/siga_externo/siga_externo.html

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

IMA (AL) CERBERUS - http://cerberus.ima.al.gov.br/ Sistema esteve fora do ar em

algumas ocasiões.

INEMA (BA) SEIA

Sistema Estadual de

Informações Ambientais e de

Recursos Hídricos

https://sistema.seia.ba.gov.br/

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

SEMACE (CE) NATUUR - http://natuur.semace.ce.gov.br/

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

SEMA (MA) SIGLA

Sistema Integrado de

Gerenciamento e

Licenciamento Ambiental

http://sigla.sema.ma.gov.br/ Sistema esteve fora do ar em

algumas ocasiões.

CPRH (PE) SILIAweb - http://www.cprh.pe.gov.br/siliaweb/selis/selis.php

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

SEMA (MT) SIMLAM

Sistema Integrado de

Monitoramento e

Licenciamento Ambiental

http://monitoramento.sema.mt.gov.br/simlam/

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

IMASUL (MS) SIRIEMA

Sistema IMASUL de

Registros e Informações

Estratégicas do Meio

Ambiente

http://siriema.imasul.ms.gov.br/

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

IEMA (ES) SISL@M - https://iema.sislam.com.br/contas/registrar

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

SEMAD (MG) SIAM Sistema de Informações

Ambientais http://www.siam.mg.gov.br/siam/login.jsp

Sistema aparenta não ser confiável,

pois seu teste mostrou informações

incompletas e desatualizadas.

INEA (RJ) SLAM Sistema de Licenciamento

Ambiental http://200.20.53.7/Ineaportal

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

CETESB (SP) SILIS e PLA

Sistema de Licenciamento

Simplificado e Portal do

Licenciamento Ambiental

http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/cetesb/downloads.asp

e

https://portalambiental.cetesb.sp.gov.br/pla

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

IAP (PA) SGA Sistema de Gestão Ambiental http://www.sga.pr.gov.br/sga-iap

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

FATMA (SC) SINFATweb Sistema de Licenciamento

Ambiental Web http://sinfatweb.fatma.sc.gov.br/web/

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

FEPAM PLA Portal do Licenciamento

Ambiental http://www.licenciamentoambiental.rs.gov.br/

Aparentemente funcionando embora

não tenha sido possível pesquisar

todas suas funcionalidades.

Fonte: elaborado em conjunto com o orientador.

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As análises dos sistemas informatizados realizados nesta pesquisa são importantes,

pois permitem concluir que o problema da informatização do licenciamento ambiental nos

Estados brasileiros não é a falta de informatização, mas a limitação dos sistemas já criados.

Ou seja, o gargalo é mais de aperfeiçoamento do que de criação de sistemas informatizados.

Dezenove Estados, ou seja, cerca de 70% dos Estados já têm sistemas informatizados. O que

falta é o aprimoramento deles.

Neste estudo, foi avaliada a disponibilização de números telefônicos e de sistemas

online de denúncias para o licenciamento ambiental. Dezenove Estados (~70%)

disponibilizaram números telefônicos, na forma de “disk denúncia”, “linha verde” ou “disque

ecologia”, que, na maioria dos casos, era um número 0800, ou seja, sem custo de ligação.

Treze Estados também disponibilizaram formulários online para cadastro de denúncias. Em

alguns casos, era possível gerar um protocolo que podia ser utilizado no acompanhamento dos

trâmites das denúncias.

Finalmente, este estudo avaliou a boa prática de disponibilizar os estudos de impacto

ambiental no website, de modo a facilitar a consulta e participação do público nos estudos de

seu interesse. Surpreendentemente, apenas 12 Estados (cerca de 45% da amostra) estavam

disponibilizando os estudos nos websites. Mesmo assim, a maioria deles só disponibilizava

estudos de grande porte (EIA/RIMA), que constituem a absoluta minoria dos estudos

protocolados nos órgãos licenciadores.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

O sistema de avaliação de impacto e licenciamento ambiental brasileiro evoluiu muito

desde que os estados de São Paulo e Rio de Janeiro implantaram seus pioneiros sistemas em

meados da década de 1970. Apesar de as competências para licenciar serem dos três níveis da

federação, em termos de volume processual, são os 26 Estados os principais responsáveis pela

análise e emissão de pedidos de licença. Conforme analisado aqui, é provável que,

anualmente, cerca de 100 mil licenças ambientais sejam emitidas pelos Estados federados.

Apesar desse avanço quantitativo, são muitos os desafios dos sistemas estaduais que,

de maneira geral, parecem carecer de capacidade institucional para administrar suas

competências no licenciamento e na avaliação de impacto. Diversos autores e instituições têm

criticado o sistema de licenciamento e AIA, destacando a necessidade de simplificar e agilizar

os trâmites de processo, mas mantendo o rigor do processo decisório, de modo que os

instrumentos funcionem efetivamente na promoção do desenvolvimento sustentável.

Esta dissertação, em vez de criticar o que tem de errado nos sistemas (como tão

rotineiramente fazem trabalhos acadêmicos), focou nas boas práticas deles ao tentar responder

à seguinte pergunta: quais são as boas práticas de transparência, informatização e

comunicação social da avaliação de impacto e licenciamento ambiental adotadas pelos órgãos

licenciadores estaduais brasileiros? O objetivo principal foi identificar, quantificar e discutir

as boas práticas em cada órgão licenciador.

A metodologia baseou-se, sobretudo, em técnicas qualitativas de coleta e análise de

dados. Foi montado um checklist de 28 boas práticas, o qual foi avaliado com base em

pesquisas documentais nos websites dos órgãos licenciadores de competência estadual

(incluindo o Distrito Federal). Simples análises de estatística descritiva foram feitas, a fim de

compilar os dados.

Os resultados, apesar das limitações metodológicas, são suficientemente ricos para

afirmar que este trabalho resultou no primeiro diagnóstico de boas práticas dos órgãos

licenciadores estaduais brasileiros. Esse diagnóstico pode – e deve – ser utilizado por diversos

gestores públicos e pesquisadores que estejam interessados em entender as várias maneiras de

aprimorar os sistemas de controle dos licenciamentos ambientais não apenas nos Estados, mas

também no IBAMA e nos Municípios brasileiros. Várias das boas práticas aqui identificadas e

discutidas podem ser replicadas ou, ao menos, servir de inspiração para melhorias em

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jurisdições e contextos específicos. Ao analisar as diferenças geográficas, este estudo também

ajudou a apontar a necessidade de políticas nacionais de fortalecimento institucional,

sobretudo nas regiões Norte e Nordeste do País e também Distrito Federal.

Obviamente, os dados publicados nesta dissertação devem ser utilizados com cautela.

Afinal, este foi um dos, senão “o”, primeiros trabalhos do gênero no Brasil. Os dados refletem

diversas limitações metodológicas (sobretudo o fato de as consultas terem se dado somente

nos websites e via entrevistas eventuais). Nesse sentido, precisam ser continuamente

analisados e criticados pelos pares acadêmicos.

Sugere-se que futuros estudos continuem o desenvolvimento do que se iniciou nesta

dissertação. Uma clara necessidade de aprimoramento do que foi feito é a lista de checagem

de boas práticas. As 28 boas práticas analisadas aqui podem ser aprimoradas; algumas,

possivelmente eliminadas; outras, incorporadas. Isso precisa ser feito de maneira mais

sistematizada e balizada; se possível, por meio da consulta a especialistas de diversas regiões

geográficas e de vários setores econômicos (órgãos governamentais, ONGs, empresas,

consultorias, universidades etc.).

Outra oportunidade de aprimoramento seria o desenvolvimento de pesos para cada

uma das boas práticas. Cada boa prática analisada aqui foi tratada com o mesmo peso embora,

obviamente, algumas delas demandem mais esforços e impliquem mais benefícios que outras.

Seria interessante ver uma lista de checagem de boas práticas aprimorada, que seja capaz de

relativizar as importâncias de cada boa prática, de modo que os percentuais compilados

reflitam melhor o peso de cada ação institucional. Essa melhoria não é fácil, mas pode valer o

esforço, tendo em vista a clara demanda por aprimoramento e inovação no sistema de AIA e

licenciamento ambiental brasileiro.

Esta dissertação pode ter gerado um embrião de um pioneiro sistema de ranque do

controle público do licenciamento ambiental brasileiro. Nos moldes do que ocorre

rotineiramente no universo corporativo das grandes empresas, os órgãos públicos poderiam

ser ranqueados conforme suas práticas, de maneira a incentivar uma sadia competição de

aprimoramento de controles. Esse papel poderia ser mais legitimamente explorado por

associações civis sem fins lucrativos que tenham a missão de promover melhorias nos

sistemas, como é o caso da Associação das Entidades Estaduais de Meio Ambiente (ABEMA)

e da Associação Brasileira de Avaliação de Impacto (ABAI).

É importante frisar que as várias boas práticas analisadas aqui oferecem oportunidades

de pesquisa específicas. Por exemplo, ficou clara a necessidade de melhor compreender a

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questão dos sistemas informatizados de controle de processos de licenciamento. Ou seja,

como arquitetá-los, mantê-los e, principalmente, como aprimorá-los, de modo que suas

funcionalidades se revertam em efetivas melhorias para todas as partes envolvidas no

licenciamento ambiental. A questão da participação pública e dos mecanismos de

engajamento social também merece um foco de pesquisa especial. E, finalmente, este estudo

mostrou que o desenvolvimento de sistemas ágeis, simplificados e informatizados de triagem,

escopo e acompanhamento dos processos de licenciamento ambiental ainda está em estágio

embrionário. São muitas as oportunidades de melhoria e pesquisa nesta área.

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dezembro de 2006. Dispõe sobre a Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à

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de outubro de 2009, que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema

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232, de 21 de dezembro de 2005. Altera o código estadual de meio ambiente, e dá outras

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MATO GROSSO DO SUL. Lei n. 2.257, de 09 de julho de 2001. Dispõe sobre as diretrizes

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irrelevante e disciplina a forma de emissão da declaração ambiental eletrônica de isenção do

licenciamento nas condições que especifica. Disponível em: <http://legisweb.com.br>. Acesso

em: 17 fev. 2014.

MATO GROSSO DO SUL. Resolução SEMAC, n. 008, de 31 de maio de 2011. Estabelece

normas e procedimentos para o licenciamento ambiental estadual, e dá outras providências.

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procedimentos administrativos de fiscalização e aplicação das penalidades. Disponível em:

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RIO DE JANEIRO. Decreto n. 42.159, de 02 de dezembro de 2009. Dispõe sobre o Sistema

de Licenciamento Ambiental – SLAM – e dá outras providências. Disponível em:

<http://200.50.53-6/meioambiente/arquivos/arquivotecnico/documento/lema.pdf>. Acesso

em: 17 fev. 2014.

RIO DE JANEIRO. Decreto Estadual n. 42.050, de 25 de setembro de 2009. Disciplina o

procedimento de descentralização do licenciamento ambiental mediante a celebração de

convênios com os municípios do estado do Rio de Janeiro e dá outras providências.

Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br>. Acesso em: 15 fev. 2014.

RIO DE JANEIRO. Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente. Norma Técnica

DZ-041, de 29 de agosto de 1997. Diretriz para realização de Estudo de Impacto Ambiental –

EIA – e do respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. Disponível em:

<http://conlurb.rio.rj.gov.br/dz-041.htm>. Acesso em: 15 fev. 2014.

RIO DE JANEIRO. Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado Rio de Janeiro,

Comissão Estadual de Controle Ambiental – CECA. Deliberação CECA/CN n. 4.845, de 12

de julho de 2007. Regulamenta os prazos para convocação e realização de Audiência Pública,

como parte do processo de licenciamento de atividades sujeitas à apresentação de Estudos de

Impacto Ambiental – EIA – e respectivos Relatórios de Impacto Ambiental – RIMA.

Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br>. Acesso em: 15 fev. 2014.

RIO GRANDE DO NORTE. Conselho Estadual do Meio Ambiente – CONEMA. Resolução

n. 02/2011. Aprova nova versão do Anexo único da Resolução Conema 04/2006. Disponível

em: <http://www.adcon.rn.br/acervo/idema>. Acesso em: 25 fev. 2014.

RIO GRANDE DO NORTE. Lei Complementar n. 272, de 3 de março de 2004.

Regulamenta os artigos 150 e 154 da Constituição Estadual, revoga as Leis complementares

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estaduais n. 140, de 26 de janeiro de 1996, e n. 148, de 26 de dezembro de 1996, dispõe sobre

a política e o sistema estadual do meio ambiente, as infrações e sanções administrativas

ambientais, as unidades estaduais de conservação da natureza, institui medidas

compensatórias ambientais, e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.gabinetecivil.rn.gov.br/acess/pdf,leiscom.272.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2014.

RIO GRANDE DO NORTE. Lei Complementar n. 336, de 12 de dezembro de 2006. Altera

a Lei Complementar n. 272, de 03 de março de 2004, e dá outras providências. Disponível

em: <http://www.idema.rn.gov.br>. Acesso em: 24 fev. 2014.

RIO GRANDE DO NORTE. Lei Complementar n. 380, de 26 de dezembro de 2008. Altera

a Lei Complementar Estadual n. 272, de 03 de março de 2004, modifica o nome do Instituto

de Defesa do Meio Ambiente do RN e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.idema.rn.gov.br>. Acesso em: 24 fev. 2014.

RIO GRANDE DO NORTE. Lei Complementar n. 495, de 05 de novembro de 2013.

Dispõe sobre o processamento eletrônico dos processos de licenciamento ambiental no âmbito

do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte

(IDEMA) e altera a Lei Complementar Estadual n. 272/2004 e dá outras providências.

Disponível em: <http://www.idema.rn.gov.br>. Acesso em: 24 fev. 2014.

RIO GRANDE DO SUL. Lei n. 11.520, de 03 de agosto de 2000. Institui o Código Estadual

do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.al.rs.gov.br>. Acesso em: 20 fev. 2014.

RONDÔNIA. Lei n. 547, de 30 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a criação do Sistema

Estadual de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia – SEDAR – e seus instrumentos,

estabelece medidas de proteção e melhoria da qualidade de meio ambiente, define a Política

Estadual de Desenvolvimento Ambiental, cria o Fundo Especial de Desenvolvimento

Ambiental – FEDARO – e o Fundo Especial de Reposição Florestal – FEREF. Disponível

em: <http://www.sedam.ro.gov.br>. Acesso em: 18 fev. 2014.

RORAIMA. Instrução Normativa/FEMACT n. 001/03. Dispõe sobre a classificação das

fontes poluidoras para fins de licenciamento e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.femarh.rr.gov.br>. Acesso em: 20 fev. 2014.

RORAIMA. Resolução CEMACT n. 1, de 21 de janeiro de 2014. Dispõe sobre o Programa

Estadual de Descentralização da gestão ambiental com fins de execução do compartilhamento

da gestão ambiental mediante normas de cooperação entre os sistemas Federal, Estadual e

Municipal de Meio Ambiente; define as tipologias, considerados os critérios de porte,

potencial poluidor e natureza da atividade e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.femarh.rr.gov.br>. Acesso em: 20 fev. 2014.

SANTA CATARINA. Conselho Estadual de Meio Ambiente – CONSEMA. Resolução

Consema n. 001/2006. Aprova a listagem das atividades consideradas potencialmente

causadoras de degradação ambiental passíveis de licenciamento ambiental pela Fundação do

Meio Ambiente – FATMA – e a indicação do competente, sendo ambiental para fins de

licenciamento. Disponível em: <http://www.fatma.sc.gov.br>. Acesso em: 18 fev. 2014.

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SANTA CATARINA. Lei n. 14.675, de 13 de abril de 2009. Institui o Código Estadual do

Meio Ambiente e estabelece outras providências. Disponível em:

<http://www.fatma.sc.gov.br>. Acesso em: 18 fev. 2014.

SÃO PAULO. Decreto n. 8.468, de 08 de setembro de 1976. Aprova regulamento que

disciplina a execução da Lei 997, de 31/05/1976, que dispõe sobre controle da poluição do

meio ambiente. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/institucional/documentos>.

Acesso em: 17 fev. 2014.

SÃO PAULO. Deliberação Consema n. 50, de 20 de novembro de 1992. Aprova norma de

convocação de Audiências Públicas. Disponível em:

<http://www.licenciamento.cetesb.sp.gov.br/legislaçào/estadual/deliberações:. Acesso em: 17

fev. 2014.

SÃO PAULO. Lei n. 9.509, de 20 de março de 1997. Dispõe sobre a Política Estadual do

Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Disponível em:

<http://www.cetesb.sp.gov.br/institucional/documentos>. Acesso em: 17 fev. 2014.

SÃO PAULO. Lei Estadual n. 997, de 31 de maio de 1976. Dispõe sobre o controle da

poluição do meio ambiente. Disponível em:

<http://www.cetesb.sp.gov.br/institucional/documentos>. Acesso em: 17 fev. 2014.

SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE (SEMA). Disponível em:

<http://www.sema.mt.gov.br>. Acesso em: 13 fev. 2014.

SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE. Disponível em:

<http://www.sema.pa.gov.br>. Acesso em: 13 fev. 2014.

SECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL (SEDAM).

Disponível em: <http://www.sedam.ro.gov.br>. Acesso em: 14 fev. 2014.

SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS (SEMA).

Disponível em: <http://www.sema.ma.gov.br>. Acesso em: 15 fev. 2014.

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADO DE

GOIÁS (SEMARH). Disponível em: <http://www.semarh.goias.gov.br>. Acesso em: 13 fev.

2014.

SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL (SEMAD). Disponível em: <http://www.semad.mg.gov.br>. Acesso em: 12

fev. 2014.

SERGIPE. Resolução n. 05/2009, Norma Administrativa n. 01/2009. Estabelece parâmetros

e procedimentos para o licenciamento simplificado de empreendimentos de baixo impacto

ambiental. Disponível em: <http://www.adema.se.gov.br>. Acesso em: 19 fev. 2014.

SERGIPE. Resolução n. 06/2008, de 29 de julho de 2008. Dispõe sobre procedimentos

administrativos do licenciamento ambiental, critérios de enquadramento e tipificação de

atividades e empreendimentos potencialmente causadores de degradação ambiental e fixação

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de custos operacionais e de análise das licenças ambientais e autorizações. Disponível em:

<http://www.adema.se.gov.br>. Acesso em: 19 fev. 2014.

SERGIPE. Resolução n. 23/99, de 26 de outubro de 1999. Aprova Termo de Referência que

especifica e dá outras providências. Disponível em: <http://www.adema.se.gov.br>. Acesso

em: 19 fev. 2014.

SERGIPE. Resolução n. 19/01, de 25 de setembro de 2001. Aprova normas para

licenciamento ambiental e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.adema.se.gov.br>. Acesso em: 19 fev. 2014.

SERGIPE. Resolução n. 84/2013, de 16 de dezembro de 2013. Dispõe sobre requisitos e

procedimentos para alteração de convênio de cooperação técnica e administrativa entre

municípios e o Estado de Sergipe, visando o licenciamento ambiental das atividades ou

empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental local. Disponível em:

<http://www.adema.se.gov.br>. Acesso em: 19 fev. 2014.

SUPERINTENDÊNCIA DE ADMINISTRAÇÃO DO MEIO AMBIENTE (SUDEMA).

Disponível em: <http://www.sudema.pb.gov.br>. Acesso em: 15 fev. 2014.

SUPERINTENDÊNCIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE (SEMACE). Disponível em:

<http://www.semace.ce.gov.br>. Acesso em: 14 fev. 2014.

TECNOMAPAS. Disponível em: <http://www.tecnomapas.com.br>. Acesso em: 14 fev.

2014.

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ANEXOS

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