ministÉrio da economia acÓrdÃo gerado no pgd-carf … · 2019-11-11 · df carf mf fl. 3436. ......
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S1-C 2T1
MINISTEacuteRIO DA ECONOMIA
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
Processo nordm 165617200702017-19
Recurso Voluntaacuterio
Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 ndash 1ordf Seccedilatildeo de Julgamento 2ordf Cacircmara 1ordf Turma Ordinaacuteria
Sessatildeo de 16 de outubro de 2019
Recorrente OWENS-ILLINOIS DO BRASIL INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO LTDA
Interessado FAZENDA NACIONAL
ASSUNTO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendaacuterio 2013
CERCEAMENTO DE DEFESA NULIDADE INOCORREcircNCIA
Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
e os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com
pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e 59 ambos do
Decreto nordm 7023572
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA
(IRPJ)
Ano-calendaacuterio 2013
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO DEDUTIBILIDADE
Natildeo tendo sido trazida pelo fisco qualquer irregularidade na formaccedilatildeo dos
aacutegios em questatildeo os mesmos satildeo dedutiacuteveis de acordo com a combinaccedilatildeo do
art 386 com o art 250 I todos do RIR99
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO ABUSIVO FRAUDE INOCORREcircNCIA
Na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se
auto-organizar e de gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal natildeo haacute que
se falar em fraude agrave lei tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil
a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa de ofiacutecio
Em que pese as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico
indireto e inexistecircncia de propoacutesito negocial natildeo tenham amparo no Direito
Tributaacuterio Brasileiro o que por si soacute jaacute deveria afastar as exigecircncias do IRPJ e
da CSLL restou evidenciado no caso concreto a existecircncia razotildees
extratributaacuterias relevantes Natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica
adotada em relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de
forma juriacutedica anormal atiacutepica e inadequada
CONTRATO DE MUacuteTUO PESSOAS LIGADAS DESPESAS COM JUROS
E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL NECESSIDADE DEDUTIBILIDADE
Diante da comprovaccedilatildeo da necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para o
pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e consequentemente
ACOacuteRDAtildeO GERADO N
O PGD-CARF PROCESSO 165617200702017-19
Fl 3436DF CARF MF
Fl 2 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e variaccedilatildeo
cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis nos termos do
artigo 47 da Lei nordm 450664
TRIBUTACcedilAtildeO REFLEXA CSLL
Em se tratando de exigecircncia reflexa que tecircm por base os mesmos fatos do
lanccedilamento do imposto de renda a decisatildeo de meacuterito prolatada no processo
principal constitui prejulgado na decisatildeo da CSLL
Vistos relatados e discutidos os presentes autos
Acordam os membros do colegiado por maioria dar provimento ao recurso
voluntaacuterio Vencidos os conselheiros Lizandro Rodrigues de Sousa Allan Marcel Warwar
Teixeira e Efigecircnio de Freitas Juacutenior que negavam provimento
(documento assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Neudson Cavalcante
Albuquerque Luis Henrique Marotti Toselli Allan Marcel Warwar Teixeira Gisele Barra Bossa
Efigecircnio de Freitas Junior Alexandre Evaristo Pinto Baacuterbara Melo Carneiro e Lizandro Rodrigues
de Sousa (Presidente)
Relatoacuterio
1 Trata-se de processo administrativo decorrente de autos de infraccedilatildeo de
Imposto de Renda da Pessoa Juriacutedica (IRPJ) e de Contribuiccedilatildeo Social sobre o Lucro Liacutequido
(CSLL) sob a alegaccedilatildeo de que a Recorrente teria supostamente realizado deduccedilotildees indevidas na
apuraccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL no ano-calendaacuterio de 2013 referentes agrave
amortizaccedilatildeo de aacutegio por rentabilidade futura pago na aquisiccedilatildeo de investimentos e juros de
empreacutestimo externo contraiacutedo para aquisiccedilatildeo dos referidos investimentos culminando (i) nos
lanccedilamentos de R$ 2526433 a tiacutetulo de principal de IRPJ e de R$ 1515860 a tiacutetulo de
principal de CSLL supostamente devidos no ano-calendaacuterio de 2013 (ii) aleacutem de ajustes de R$
18788475830 nos saldos de prejuiacutezo fiscal e de base negativa de CSLL do ano-calendaacuterio de
2013 e de R$ 7218382 nos saldos de prejuiacutezos fiscais e base negativa de CSLL de periacuteodos
anteriores
2 Sobre os valores de principal lanccedilados foram acrescidos juros de mora e a
multa qualificada de 150 prevista no artigo 44 inciso I sect1ordm da Lei nordm 943096 sob a alegaccedilatildeo
de que a contribuinte teria cometido fraude por supostamente ter efetuado ldquoplanejamento
Fl 3437DF CARF MF
Fl 3 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
tributaacuterio abusivordquo o que ensejou tambeacutem a formalizaccedilatildeo de representaccedilatildeo fiscal para fins
penais objeto do processo administrativo nordm 165617201162016-19
3 Por economia processual e por bem descrever os fatos adoto como parte
deste trechos do relatoacuterio constante do Acoacuterdatildeo nordm 16-81665 da DRJSPO (e-fls 32043262)
especialmente no que toca as informaccedilotildees do Termo de Notificaccedilatildeo Fiscal (e-fls 28352866)
ldquo1 Do auto de infraccedilatildeo
A autoridade fiscal assim resumiu as operaccedilotildees societaacuterias objeto de anaacutelise(fls 2836)
ldquoEm primeiro lugar trata-se da aquisiccedilatildeo da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO ndash ICAL SA (doravante designada simplesmente ICAL) pela
OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (OI LATAM) junto agrave
famiacutelia BRENNAND conforme contrato de compra e venda datado de 01092010
Verificaremos que o real interesse nesta negociaccedilatildeo era a aquisiccedilatildeo pelo Grupo
Illinois via OI LATAM da Companhia Industrial de Vidros ndash CIV ateacute entatildeo
integralmente detida pela ICAL e que era de fato a empresa operacional do grupo
Brennand
A OI LATAM em 290411 incorporou a ICAL passando a ser soacutecia direta da CIV
Em segundo lugar na data de 300511 a OI LATAM adquiriu 206 da OI BRASIL
INDUacuteSTRIA E COMERCIO LTDA (doravante OI BRASIL) que era detida pela
empresa Monteiro Aranha SA (MASA)
E finalmente em 010611 a OI LATAM foi incorporada pela OI BRASIL incorporaccedilatildeo
reflexa ocasiatildeo em que passou a amortizar o aacutegio registrado na aquisiccedilatildeo da ICAL
ocorrida em 010910 e na proacutepria OI-BRASIL cujo restante de accedilotildees foi adquirida em
300511
Para concretizar as negociaccedilotildees a OI LATAM recebeu de O-I MANUFACTURING
NETHERLANDS BV todo o volume de recursos necessaacuterio para a aquisiccedilatildeo da ICAL e
do restante das accedilotildees da OI BRASIL entatildeo pertencente ao Grupo MASA sendo a
maior parte destes recursos foi e estaacute sendo remunerado com juros por empreacutestimos
recebidos de empresa vinculada residente no Reino dos Paiacuteses Baixos (Holanda) e a
menor parte como capital
Do exame das respostas prestadas pelo contribuinte e da documentaccedilatildeo suporte
acostada aos autos do presente exame fiscal constatamos que os procedimentos
adotados para a aquisiccedilatildeo da CIV pela OI LATAM e a aquisiccedilatildeo residual de accedilotildees da
OI BRASIL se tratou de planejamento tributaacuterio abusivo visando natildeo somente a
reduccedilatildeo da base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL atraveacutes do lanccedilamento de despesas
com a amortizaccedilatildeo de aacutegio mas tambeacutem pelo registro de despesas financeiras com
juros remetidos ao exterior (gn)
Os diagramas a seguir trazidos pela autoridade fiscal detalham as operaccedilotildees societaacuterias
ocorridas e a sua cronologia
Fl 3438DF CARF MF
Fl 4 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Fl 3439DF CARF MF
Fl 5 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Sobre a reorganizaccedilatildeo societaacuteria empreendida pelo contribuinte a autoridade fiscal
assim concluiu
Fl 3440DF CARF MF
Fl 6 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
A incorporaccedilatildeo da ICAL se deu em pouco mais de 8 meses apoacutes sua aquisiccedilatildeo pela
OI LATAM
30 dias apoacutes essa incorporaccedilatildeo a OI EUROPEAN cedeu suas accedilotildees da OI BRASIL
para a OI LATAM
No mesmo dia da transferecircncia das accedilotildees da OI BRASIL para a OI LATAM pela OI
EUROPEAN houve a aquisiccedilatildeo do restante das accedilotildees da OI BRASIL junto agrave
MONTEIRO ARANHA SA (MASA) com recursos de empreacutestimos originaacuterios do
exterior por empresa vinculada
No dia seguinte a OI BRASIL incorpora a OI LATAM e passa a amortizar o aacutegio
proveniente da aquisiccedilatildeo da ICAL
Em 2014 a CIV foi incorporada pela OI Brasil
O grande volume de recursos para as aquisiccedilotildees foi tomado como empreacutestimo de
empresa vinculada sediada na Holanda
Diante os fatos e intervalos de tempo entre as operaccedilotildees a autoridade fiscal entendeu se
tratar de planejamento tributaacuterio abusivo em que o uacutenico propoacutesito negocial foi a
economia de tributos por meio de incorporaccedilatildeo reversa de empresas
Tambeacutem entendeu a autoridade fiscal que houve reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo
tributaacutevel com a deduccedilatildeo de despesas de juros provenientes do empreacutestimo contraiacutedo
pela OI LATAM junto a OI MANUFACTORING NETHERLANDS INC vez que
ambas as empresas seriam controladas pela mesma administraccedilatildeo central (OI
EUROPEAN) conforme demonstrado nos diagramas anteriores Sobre esse ponto a
fiscalizaccedilatildeo assim concluiu a partir de respostas do contribuinte quanto agrave origem dos
recursos para pagamento da aquisiccedilatildeo da ICAL (fls 2842)
ldquoEacute de se registrar que a maior parte foi remetida para a OI LATAM atraveacutes de
empreacutestimos de uma subsidiaria da OI EUROPEAN a OI MANUFATURING B V e a
menor parte como aporte de capital pela proacutepria OI EUROPEAN ou seja se houvesse
a capitalizaccedilatildeo integral da OI LATAM natildeo existiria os juros sobre empreacutestimos ou se
a OI EUROPEAN tivesse adquirido diretamente ICALCIV natildeo havendo nenhum oacutebice
para tanto natildeo existiria nem os juros nem a criaccedilatildeo do aacutegio portanto a accedilatildeo
deliberada foi a economia tributaacuteria trazendo para o Brasil o aacutegio que eventualmente
na Holanda natildeo seria aproveitadordquo(gn)
Na sequecircncia a fiscalizaccedilatildeo questiona o contribuinte sobre o motivo da sequecircncia de
incorporaccedilotildees visto que em sua opiniatildeo seria mais razoaacutevel a OI Brasil ter incorporado
a ICAL Dessas respostas assim concluiu
ldquoO fiscalizado informa que dentre as consideraccedilotildees para a accedilatildeo de sequecircncia de
incorporaccedilotildees ocorridas a intenccedilatildeo do Grupo Illinois em adquirir a participaccedilatildeo detida
na OI BRASIL A OI EUROPEAN jaacute detinha em conjunto com a BROCKWAY cerca de
80 da OI BRASIL sendo que o restante pertencia a grupo brasileiro (MASA) e da
mesma forma que a OI EUROPEAN detinha 80 poderia ter adquirido diretamente
dos investidores brasileiros os restantes 20 diretamente sem a utilizaccedilatildeo da OI
LATAM para efetivar o negoacutecio
Como se constata a OI BRASIL natildeo tinha a OI LATAM como acionista e eacute da mesma
forma que a CIV empresa efetivamente produtiva Assim nas sequencias de
incorporaccedilotildees e cessotildees de accedilotildees tratou-se de encaixar a OI LATAM como acionista de
ambas as empresas produtivas atraiacuteda pela possibilidade de amortizaccedilatildeo de aacutegio e
remessa de juros
Fl 3441DF CARF MF
Fl 7 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Em tempo os coacutedigos de atividade econocircmica da OI LATAM e da ICAL registrado nos
cadastros da Receita Federal (CNAE-Fiscal) eacute 7020-4-00 - Atividade de consultoria
em gestatildeo empresarial exceto consultoria teacutecnica especifica
Ainda em anaacutelise agraves respostas apresentadas pelo contribuinte a fiscalizaccedilatildeo considerou
discutiacuteveis as seguintes justificativas para a sequecircncia de incorporaccedilotildees
a) Sobre a menccedilatildeo de que a reorganizaccedilatildeo traria o fortalecimento da base de
sustentaccedilatildeo dos negoacutecios crescimento de suas capacidades financeiras propiciaria
maior acesso ao mercado financeiro no paiacutes e no mundo
Esta afirmaccedilatildeo preliminarmente para a consolidaccedilatildeo do Grupo OI Illinois no paiacutes e
mundialmente a operaccedilatildeo nos moldes em que foi realizada natildeo acrescentou nenhum
fortalecimento ou crescimento da capacidade financeira pois ateacute mesmo o investimento
saiu de uma subsidiaria OI MANUFACTURING NETHERLANDS para outra
subsidiaria OI LATAM logo na consolidaccedilatildeo mundial do grupo teriacuteamos saiacuteda do
caixa global e entrada na conta de investimento Assim insisto se a OI EUROPEAN
tivesse adquirido diretamente da famiacutelia BRENNAND a participaccedilatildeo na ICALCIV e
tambeacutem a quantidade residual de accedilotildees em poder de terceiros da OI-BRASIL (agrave eacutepoca
soacutecia majoritaacuteria) na anaacutelise global natildeo seria alterado o resultado uma vez que a
consolidaccedilatildeo patrimonial do grupo natildeo sofreria reflexos Tampouco se pode falar em
capacidade financeira aumentada Soa falaciosa tal argumentaccedilatildeo
b) Quanto ao alinhamento de interesses da OI LATAM em uma uacutenica pessoa juriacutedica
tambeacutem eacute uma questatildeo de aparecircncia considerando que a OI LATAM natildeo era uma
empresa produtora e sim uma empresa de consultoria cuja existecircncia sob o ponto de
vista econocircmico alegado eacute bastante discutiacutevel
c) Natildeo enxergamos que padratildeo de qualidade poderia propiciar a incorporaccedilatildeo de
consultoria e investidora uma vez que os parques industriais jaacute estavam consolidados
E assim concluiu a autoridade fiscal sobre as incorporaccedilotildees empreendidas pela OI
BRASIL
De tudo quanto alegado pelo contribuinte entendemos que os fins almejados pela
fiscalizada poderiam ser alcanccedilados sem que houvesse a tomada de empreacutestimos do
exterior se a OI EUROPEAN tivesse adquirido diretamente da famiacutelia Brennand eou
capitalizado a OI BRASIL para este fim
Assim os procedimentos embora formalmente corretos foram abusivos quanto ao seu
propoacutesito final pois que engendrados com o fim exclusivo de economia tributaacuteria
Com os procedimentos relacionados o contribuinte logrou economizar tributos com a
amortizaccedilatildeo do aacutegio transferido para o Brasil e pagamento de juros sobre valor que
poderia ser capitalizado (Conforme registro no Syscomex ndash taxa de juros de 10 a a)
Ademais natildeo existe qualquer dificuldade de uma empresa estrangeira em adquirir uma
empresa brasileira ou estabelecida no Brasil aliaacutes tanto a OI BRASIL como a OI
LATAM jaacute tinham soacutecios residentes no exterior
Em anaacutelise da documentaccedilatildeo apresentada em especial os contratos de compra e venda
atas de alteraccedilotildees de alteraccedilatildeo dos contratos sociais e laudos de avaliaccedilatildeo a autoridade
fiscal assim concluiu
A ICALCIV teve como preccedilo negociado o montante de R$ 105066800000 (um
bilhatildeo cinquenta milhotildees e seiscentos e sessenta e oito mil reais) acrescidos de um
valor de caixa estimado e diminuiacutedo de um valor de diacutevidas estimado A forma de
pagamento foi depoacutesito em garantia no valor de R$ R$ 3483200000 e posterior
Fl 3442DF CARF MF
Fl 8 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
pagamento por TED - Transferecircncia Eletrocircnica Disponiacutevel no valor de R$
98142947049 divididos igualmente entre os 7 (sete) soacutecios pessoas fiacutesicas
A participaccedilatildeo de 206 que o Grupo MASA detinha na OI- BRASIL foi adquirido
por R$ 206838638 29 produzindo um aacutegio de R$ 15160724990 considerando que
o valor do patrimocircnio liacutequido proporcional da OI-Brasil na ocasiatildeo era de R$
5123138860 (206 de R$ 24869606117 ndash base balanccedilo de 200411)
No 7ordm Alteraccedilotildees do Contrato Social da OI LATAM foi aprovado a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV bem como o aumento de capital em R$ 13932800000 com emissatildeo de
139382800000 novas quotas totalmente integralizadas pela OI EUROPEAN
Em Ata da OI LATAM de 29042011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da ICAL Chama a
atenccedilatildeo a indicaccedilatildeo de que o patrimocircnio liacutequido da ICAL avaliado em laudo teacutecnico
aponta que a empresa tem participaccedilatildeo apenas na CIV
Em 29042011 na Ata da 9ordf Alteraccedilatildeo do Capital Social da OI LATAM foi aprovado
o aumento de capital no valor de R$ 23561188788 com emissatildeo de 23561188788
novas quotas integralizadas com 17443213419 accedilotildees que a OI EUROPEAN BV
detinha na OI BRASIL
Na Ata da 10ordf Alteraccedilatildeo do Contrato Social da OI LATAM de 29042011 foi
aprovado novo aumento de capital integralizado em espeacutecie na quantidade de USD
4500000000 (quarenta e cinco milhotildees de doacutelares) equivalente a R$ 7177500000
pela soacutecia OI EUROPEAN conforme contrato de cacircmbio de nuacutemero 11023366 datado
de 300511
A verdadeira intenccedilatildeo do Grupo Owens era a aquisiccedilatildeo da CIV pois os laudos de
avaliaccedilatildeo se reportavam basicamente a essa empresa operacional
Em 01062011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela OI BRASIL O valor
que a APSIS Consultoria Ltda apurou como patrimocircnio liacutequido da OI LATAM foi de
R$ 46631551494 mas o aumento de capital na OI BRASIL foi de R$ 22361689338
correspondente a 22361689398 novas accedilotildees Isto porque a OI LATAM era a maior
acionista da OI BRASIL e do patrimocircnio liacutequido apurado foi descontado a participaccedilatildeo
na OI BRASIL no valor de R$ 24269862096
Com base nas informaccedilotildees a fiscalizaccedilatildeo concluiu pelos seguintes valores amortizados
de aacutegio
Sobre o contrato de muacutetuo assim se pronunciou a autoridade fiscal
O contribuinte apresentou o contrato de empreacutestimo e mais os trecircs aditivos ao
contrato elaborados nas datas de 240810 151210 280211 e 300511 e que
resumidamente apresentam as seguintes informaccedilotildees
A) O emprestador eacute a empresa OI MANUFACTURING NETHERLANDS B V e o
tomador a OI AMEacuteRICA LATINA ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA
B) O valor tomado no 1ordm aditamento importava em R$ 88982250000 equivalente agrave
USD 52500000000 (taxa de cacircmbio USD 100=R$ 16949) valor utilizado para
aquisiccedilatildeo da ICAL junto agrave famiacutelia Brennand
C) Os juros acumulados ateacute 280211 somavam R$ 3911286355 que deduzido do
imposto de renda retido na fonte de R$ 586692953 resultando no valor liacutequido de R$
Fl 3443DF CARF MF
Fl 9 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
3324393402 que foi adicionado ao valor total dos empreacutestimos passando de R$
88982250000 para R$ 92306843402
D) Em 310511 houve mais um acreacutescimo no saldo de empreacutestimos ateacute entatildeo existente
passando de R$ 92306843402 para R$ 109054343402 Este aumento fez parte do
3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos no valor de R$ 16747500000 valor este
utilizado na aquisiccedilatildeo de 206 de participaccedilatildeo na OI BRASIL pela OI LATAM
junto agrave MASA E) Os juros foram estabelecidos inicialmente com carecircncia de 6 (seis)
meses muito embora tenham sido calculados jaacute a partir de 010910 inicialmente agrave
taxa libor em USD para 6 meses acrescido de uma margem de 9 ao ano
Assim aproveitando o exemplo do valor de juros transferido para empreacutestimos em
010311 demonstramos como foram feitos os caacutelculos
De 010910 a 181110 (79 dias) USD 52500000000 a 900319aa
De 181110 a 141210 (26 dias) USD 52500000000 a 794219aa
De 141210 a 280211 (76 dias) R$ 88982250000 a 97850 aa
Total apurado = R$ 3911286355 ndash (IRRF) R$ 586692953 = R$ 3324393402
F) Conforme terceiro aditivo a diacutevida deve ser quitada ateacute 240815
G) Durante o ano calendaacuterio de 2010 foram contabilizados juros no valor de R$
2084320033
H) Em 2011 foram debitados a resultados juros no valor de R$ 9587743466 parte
contabilizada na OI LATAM e parte contabilizada na OI BRASIL em virtude da
incorporaccedilatildeo da primeira na segunda
Registre-se a resposta enviada pelo contribuinte em 080916 sobre a vinculaccedilatildeo entre as
empresas especificamente entre o mutuaacuterio e o mutuante onde chamamos a atenccedilatildeo
que a empresa emprestadora tinha como soacutecio a mesma OI EUROPEAN GROUP BV
ldquoInformamos ainda que nos anos-calendaacuterios de 2010 e 2011 a relaccedilatildeo societaacuteria
entre as empresas Owens- Illinois Manufacturing Netherlands BV Owens-Illinois
European Group BV e Owens Brockway Glass Container Inc era a seguinte
(a) Owens Brockway Glass Container Inc era soacutecia indireta da Owens-Illinois
European Group BV e da Owens-Illinois Manufacturing Netherlands BV e
(b)Owens-Illinois European Group BV era soacutecia direta da Owens-Illinois
Manufacturing Netherlands BV
Diante o contrato de muacutetuo celebrado os seguintes valores de despesa de juros foram
contabilizados
Fl 3444DF CARF MF
Fl 10 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Ao teacutermino da anaacutelise empreendida pela autoridade fiscal assim concluiu
Conclui-se da anaacutelise da documentaccedilatildeo acostada aos autos do presente procedimento
fiscal a utilizaccedilatildeo das empresas ICAL e OI LATAM (duas empresas com objetos sociais
de administraccedilatildeo) para permitir que parte do grupo OI ILLINOIS Inc sediado na
Holanda trouxesse para o Brasil o aacutegio gerado na aquisiccedilatildeo das empresas brasileiras
ICALCIV (internalizaccedilatildeo de aacutegio) com a consequente economia tributos
Aleacutem disso a empresa holandesa logrou receber juros dos empreacutestimos ao mesmo
tempo em que economizava tributos quando da reduccedilatildeo do lucro tributaacutevel no Brasil
atraveacutes da apropriaccedilatildeo da despesa financeira
Eacute de se registrar que as leis nordm 1163807 e 1194109 que vieram substituir a lei
societaacuteria nordm 640476 introduziu o Brasil na contabilidade internacional e com essa
padronizaccedilatildeo universal podemos afirmar que a pratica contaacutebil no exterior natildeo
aproveita aacutegios porque trata os ajustes de investimentos via ldquoimpairtmentrdquo ou seja
pratica testes de avaliaccedilatildeo no investimento
No Brasil ainda eacute possiacutevel diminuir tributos por amortizaccedilatildeo no aacutegio atraveacutes da
utilizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria vigente ateacute 31122007 indicando neste contexto a
motivaccedilatildeo para trazer para o Brasil o aacutegio e aqui aproveitaacute-lo
Fica claro que para o contribuinte poder usufruir esse benefiacutecio fiscal deve existir
uma negociaccedilatildeo um custo de aquisiccedilatildeo com um comprador que efetivamente pague
por uma participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio Para isso o aacutegio deve ter efetividade e
legitimidade o que natildeo eacute o caso pois quem efetivamente pagou foi a empresa sediada
na Holanda e o objeto da venda foi efetivamente a CIV e natildeo a ICAL Estamos nos
referindo aos artigos 386 391 do RIR99
()
Natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como foi feita
Trata-se em verdade de demonstrar que o uacutenico propoacutesito para a participaccedilatildeo das
empresas OI LATAM e OI Brasil como adquirentes da ICALCIV e da quantidade
residual de accedilotildees da proacutepria OI BRASIL foi permitir aos seus acionistas estrangeiros
usufruir benefiacutecio fiscal natildeo contemplado pelo ordenamento juriacutedico do paiacutes de seu
domiciacutelio
No relatoacuterio do grupo verifica-se que existe uma uacutenica direccedilatildeo econocircmica que eacute
responsaacutevel pela estrateacutegia global do grupo no caso a proacutepria OI EUROPEAN (veja
Fl 3445DF CARF MF
Fl 11 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
arquivos ldquodados OI European e Oi Manufactoringrdquo e resposta sobre a ligaccedilatildeo entre as
empresas)
Conforme dito ateacute aqui o art 386 traz a uacutenica possibilidade de computar a despesa de
amortizaccedilatildeo de aacutegio na determinaccedilatildeo do lucro real que eacute a pessoa juriacutedica que
absorver o patrimocircnio da outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual
detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio apurado segundo o
disposto no artigo 385 do RIR99 mesmo que a empresa incorporada fusionada ou
cindida for aquela que detinha a propriedade da participaccedilatildeo societaacuteria
Com esse foco foi concentrada as remessas de dinheiro na OI LATAM para aquisiccedilatildeo
da ICAL e do restante das accedilotildees da OI-BRASIL (em poder da MASA)
para posteriormente ser incorporada pela controlada OIBRASIL objetivando buscar o
enquadramento no art 386 do RIR99
Eacute de se registrar como regra geral o RIR99 impede a deduccedilatildeo do aacutegio decorrente da
aquisiccedilatildeo de investimentos avaliados pelo patrimocircnio liacutequido (art 391) ressalvada a
hipoacutetese de adicionar o valor do aacutegio ao valor contaacutebil do investimento para efeito de
determinar o ganho ou a perda de capital na alienaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo de investimento
em coligada ou controlada avaliada pelo patrimocircnio liacutequido (art 426) logo a uacutenica
possibilidade de deduzir a amortizaccedilatildeo do aacutegio na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL se daacute na situaccedilatildeo em que a pessoa juriacutedica absorve o patrimocircnio de
outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual tenha participaccedilatildeo
societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio ou em que a empresa incorporada
fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade de participaccedilatildeo societaacuteria e
adicionalmente que o aacutegio tenha sido fundamentado em rentabilidade futura (art3 86)
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio ou desaacutegio eacute uma transaccedilatildeo de
capital entre soacutecios que natildeo envolve as atividades normais da empresa e portanto
natildeo deve influenciar o resultado (art 391) assim como a equivalecircncia patrimonial
apurado sobre os resultados da adquirida investida
No caso com a incorporaccedilatildeo da OI-LATAM e sua consequente extinccedilatildeo os resultados
das atividades da controladora OI-LATAM absorvidas pela controlada OI-BRASIL
passaram a ser apuradas dentro da mesma empresa natildeo havendo mais a transmissatildeo
de resultados de uma para outra empresa via mecanismo da equivalecircncia patrimonial
Assim tornando-se um soacute patrimocircnio liacutequido consagra o fenocircmeno da ldquoconfusatildeo
patrimonialrdquo
Lembro que a OI LATAM era uma empresa com objeto social de participaccedilatildeo em
outras empresas e que a OI BRASIL era efetivamente a grande e importante
representante do patrimocircnio da OI LATAM Para permitir a dedutibilidade da
amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva extinccedilatildeo do
investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre empresas
controladas a que arcou efetivamente com o desembolso do investimento e controlada
a que foi realmente adquirida de terceiros vendedores Ou seja instituiu um
disciplinamento para a tributaccedilatildeo de um negoacutecio juriacutedico particular que culmina em
uma confusatildeo patrimonial em que natildeo haacute mais distinccedilatildeo entre os patrimocircnios das
empresas controladora e controlada
No caso em anaacutelise a opccedilatildeo do grupo OI natildeo foi pela extinccedilatildeo do investimento O aacutegio
apurado na compra da ICAL e do restante das accedilotildees da OI BRASIL detidas por
terceiros jaacute que se concentrou na uacutenica empresa originariamente produtiva do grupo
OI que era a OI BRASIL para onde foi afinal a real empresa adquirida e produtiva
CIV (pertencente agrave ICAL) o seja o investimento natildeo foi extinto
Fl 3446DF CARF MF
Fl 12 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
4 Devidamente cientificada (17082017) a contribuinte apresentou impugnaccedilatildeo (e-fls 28732948) em 18092017
5 Em sessatildeo de 9 de marccedilo de 2018 a 1ordf Turma da DRJSPO por maioria de
votos julgou improcedente a impugnaccedilatildeo nos termos do voto vencedor Acoacuterdatildeo nordm 16-81665
(e-fls 32043262) cuja ementa recebeu o seguinte descritivo verbis
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA - IRPJ
Ano-calendaacuterio 2013
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO PROPOacuteSITO NEGOCIAL AUSEcircNCIA DE
COMPROVACcedilAtildeO
Natildeo tendo a interessada comprovado o propoacutesito negocial para a sequecircncia de
operaccedilotildees societaacuterias engendradas em curto periacuteodo de tempo correto a glosa da
despesa de amortizaccedilatildeo do aacutegio
LANCcedilAMENTO DE OFIacuteCIO FRAUDE MULTA 150
Em lanccedilamento de ofiacutecio eacute devida multa qualificada de 150 calculada sobre a
totalidade ou diferenccedila do tributo que natildeo foi pago ou recolhido quando demonstrada
accedilatildeo ou omissatildeo fraudulenta do contribuinte
EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO
UTILIZADA PARA VIABILIZAR A AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL
INDEDUTIBILIDADE DOS JUROS DECORRENTES DE TAL EMPREacuteSTIMO
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria por empresa veiacuteculo natildeo eacute bastante para a fruiccedilatildeo
dos benefiacutecios fiscais afetos agrave amortizaccedilatildeo do aacutegio suportado em tal aquisiccedilatildeo Em
consequecircncia se tal aquisiccedilatildeo foi viabilizada mediante a celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil os juros vinculados a tal contrato satildeo indedutiacuteveis em nosso paiacutes
GLOSA DE JUROS DECORRENTES DE EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL
DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO UTILIZADA PARA VIABILIZAR A
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL POSSIBILIDADE DE DEDUCcedilAtildeO DOS
VALORES ADICIONADOS A TIacuteTULO DE SUBCAPITALIZACcedilAtildeO QUANDO
EFETIVAMENTE COMPROVADA A VINCULACcedilAtildeO ENTRE A ADICcedilAtildeO E A
GLOSA EMPREENDIDA PELA FISCALIZACcedilAtildeO
Determinada a indedutibilidade dos juros decorrentes da celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil o reconhecimento da vinculaccedilatildeo da despesa de juros glosada na
autuaccedilatildeo com os valores anteriormente adicionados pela empresa em cumprimento aos
limites legais afetos agrave legislaccedilatildeo de combate agrave subcapitalizaccedilatildeo somente eacute possiacutevelrdquo
6 De antematildeo cumpre destacar que a parte vencida refere-se a glosa das despesas
de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas ligadas Para o I Relator Daniel Takahashi ldquodiante a
inexistecircncia de evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos para
aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de despesas de juros
decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada sediada na Holandardquo
Fl 3447DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 3 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
tributaacuterio abusivordquo o que ensejou tambeacutem a formalizaccedilatildeo de representaccedilatildeo fiscal para fins
penais objeto do processo administrativo nordm 165617201162016-19
3 Por economia processual e por bem descrever os fatos adoto como parte
deste trechos do relatoacuterio constante do Acoacuterdatildeo nordm 16-81665 da DRJSPO (e-fls 32043262)
especialmente no que toca as informaccedilotildees do Termo de Notificaccedilatildeo Fiscal (e-fls 28352866)
ldquo1 Do auto de infraccedilatildeo
A autoridade fiscal assim resumiu as operaccedilotildees societaacuterias objeto de anaacutelise(fls 2836)
ldquoEm primeiro lugar trata-se da aquisiccedilatildeo da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO ndash ICAL SA (doravante designada simplesmente ICAL) pela
OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (OI LATAM) junto agrave
famiacutelia BRENNAND conforme contrato de compra e venda datado de 01092010
Verificaremos que o real interesse nesta negociaccedilatildeo era a aquisiccedilatildeo pelo Grupo
Illinois via OI LATAM da Companhia Industrial de Vidros ndash CIV ateacute entatildeo
integralmente detida pela ICAL e que era de fato a empresa operacional do grupo
Brennand
A OI LATAM em 290411 incorporou a ICAL passando a ser soacutecia direta da CIV
Em segundo lugar na data de 300511 a OI LATAM adquiriu 206 da OI BRASIL
INDUacuteSTRIA E COMERCIO LTDA (doravante OI BRASIL) que era detida pela
empresa Monteiro Aranha SA (MASA)
E finalmente em 010611 a OI LATAM foi incorporada pela OI BRASIL incorporaccedilatildeo
reflexa ocasiatildeo em que passou a amortizar o aacutegio registrado na aquisiccedilatildeo da ICAL
ocorrida em 010910 e na proacutepria OI-BRASIL cujo restante de accedilotildees foi adquirida em
300511
Para concretizar as negociaccedilotildees a OI LATAM recebeu de O-I MANUFACTURING
NETHERLANDS BV todo o volume de recursos necessaacuterio para a aquisiccedilatildeo da ICAL e
do restante das accedilotildees da OI BRASIL entatildeo pertencente ao Grupo MASA sendo a
maior parte destes recursos foi e estaacute sendo remunerado com juros por empreacutestimos
recebidos de empresa vinculada residente no Reino dos Paiacuteses Baixos (Holanda) e a
menor parte como capital
Do exame das respostas prestadas pelo contribuinte e da documentaccedilatildeo suporte
acostada aos autos do presente exame fiscal constatamos que os procedimentos
adotados para a aquisiccedilatildeo da CIV pela OI LATAM e a aquisiccedilatildeo residual de accedilotildees da
OI BRASIL se tratou de planejamento tributaacuterio abusivo visando natildeo somente a
reduccedilatildeo da base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL atraveacutes do lanccedilamento de despesas
com a amortizaccedilatildeo de aacutegio mas tambeacutem pelo registro de despesas financeiras com
juros remetidos ao exterior (gn)
Os diagramas a seguir trazidos pela autoridade fiscal detalham as operaccedilotildees societaacuterias
ocorridas e a sua cronologia
Fl 3438DF CARF MF
Fl 4 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Fl 3439DF CARF MF
Fl 5 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Sobre a reorganizaccedilatildeo societaacuteria empreendida pelo contribuinte a autoridade fiscal
assim concluiu
Fl 3440DF CARF MF
Fl 6 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
A incorporaccedilatildeo da ICAL se deu em pouco mais de 8 meses apoacutes sua aquisiccedilatildeo pela
OI LATAM
30 dias apoacutes essa incorporaccedilatildeo a OI EUROPEAN cedeu suas accedilotildees da OI BRASIL
para a OI LATAM
No mesmo dia da transferecircncia das accedilotildees da OI BRASIL para a OI LATAM pela OI
EUROPEAN houve a aquisiccedilatildeo do restante das accedilotildees da OI BRASIL junto agrave
MONTEIRO ARANHA SA (MASA) com recursos de empreacutestimos originaacuterios do
exterior por empresa vinculada
No dia seguinte a OI BRASIL incorpora a OI LATAM e passa a amortizar o aacutegio
proveniente da aquisiccedilatildeo da ICAL
Em 2014 a CIV foi incorporada pela OI Brasil
O grande volume de recursos para as aquisiccedilotildees foi tomado como empreacutestimo de
empresa vinculada sediada na Holanda
Diante os fatos e intervalos de tempo entre as operaccedilotildees a autoridade fiscal entendeu se
tratar de planejamento tributaacuterio abusivo em que o uacutenico propoacutesito negocial foi a
economia de tributos por meio de incorporaccedilatildeo reversa de empresas
Tambeacutem entendeu a autoridade fiscal que houve reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo
tributaacutevel com a deduccedilatildeo de despesas de juros provenientes do empreacutestimo contraiacutedo
pela OI LATAM junto a OI MANUFACTORING NETHERLANDS INC vez que
ambas as empresas seriam controladas pela mesma administraccedilatildeo central (OI
EUROPEAN) conforme demonstrado nos diagramas anteriores Sobre esse ponto a
fiscalizaccedilatildeo assim concluiu a partir de respostas do contribuinte quanto agrave origem dos
recursos para pagamento da aquisiccedilatildeo da ICAL (fls 2842)
ldquoEacute de se registrar que a maior parte foi remetida para a OI LATAM atraveacutes de
empreacutestimos de uma subsidiaria da OI EUROPEAN a OI MANUFATURING B V e a
menor parte como aporte de capital pela proacutepria OI EUROPEAN ou seja se houvesse
a capitalizaccedilatildeo integral da OI LATAM natildeo existiria os juros sobre empreacutestimos ou se
a OI EUROPEAN tivesse adquirido diretamente ICALCIV natildeo havendo nenhum oacutebice
para tanto natildeo existiria nem os juros nem a criaccedilatildeo do aacutegio portanto a accedilatildeo
deliberada foi a economia tributaacuteria trazendo para o Brasil o aacutegio que eventualmente
na Holanda natildeo seria aproveitadordquo(gn)
Na sequecircncia a fiscalizaccedilatildeo questiona o contribuinte sobre o motivo da sequecircncia de
incorporaccedilotildees visto que em sua opiniatildeo seria mais razoaacutevel a OI Brasil ter incorporado
a ICAL Dessas respostas assim concluiu
ldquoO fiscalizado informa que dentre as consideraccedilotildees para a accedilatildeo de sequecircncia de
incorporaccedilotildees ocorridas a intenccedilatildeo do Grupo Illinois em adquirir a participaccedilatildeo detida
na OI BRASIL A OI EUROPEAN jaacute detinha em conjunto com a BROCKWAY cerca de
80 da OI BRASIL sendo que o restante pertencia a grupo brasileiro (MASA) e da
mesma forma que a OI EUROPEAN detinha 80 poderia ter adquirido diretamente
dos investidores brasileiros os restantes 20 diretamente sem a utilizaccedilatildeo da OI
LATAM para efetivar o negoacutecio
Como se constata a OI BRASIL natildeo tinha a OI LATAM como acionista e eacute da mesma
forma que a CIV empresa efetivamente produtiva Assim nas sequencias de
incorporaccedilotildees e cessotildees de accedilotildees tratou-se de encaixar a OI LATAM como acionista de
ambas as empresas produtivas atraiacuteda pela possibilidade de amortizaccedilatildeo de aacutegio e
remessa de juros
Fl 3441DF CARF MF
Fl 7 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Em tempo os coacutedigos de atividade econocircmica da OI LATAM e da ICAL registrado nos
cadastros da Receita Federal (CNAE-Fiscal) eacute 7020-4-00 - Atividade de consultoria
em gestatildeo empresarial exceto consultoria teacutecnica especifica
Ainda em anaacutelise agraves respostas apresentadas pelo contribuinte a fiscalizaccedilatildeo considerou
discutiacuteveis as seguintes justificativas para a sequecircncia de incorporaccedilotildees
a) Sobre a menccedilatildeo de que a reorganizaccedilatildeo traria o fortalecimento da base de
sustentaccedilatildeo dos negoacutecios crescimento de suas capacidades financeiras propiciaria
maior acesso ao mercado financeiro no paiacutes e no mundo
Esta afirmaccedilatildeo preliminarmente para a consolidaccedilatildeo do Grupo OI Illinois no paiacutes e
mundialmente a operaccedilatildeo nos moldes em que foi realizada natildeo acrescentou nenhum
fortalecimento ou crescimento da capacidade financeira pois ateacute mesmo o investimento
saiu de uma subsidiaria OI MANUFACTURING NETHERLANDS para outra
subsidiaria OI LATAM logo na consolidaccedilatildeo mundial do grupo teriacuteamos saiacuteda do
caixa global e entrada na conta de investimento Assim insisto se a OI EUROPEAN
tivesse adquirido diretamente da famiacutelia BRENNAND a participaccedilatildeo na ICALCIV e
tambeacutem a quantidade residual de accedilotildees em poder de terceiros da OI-BRASIL (agrave eacutepoca
soacutecia majoritaacuteria) na anaacutelise global natildeo seria alterado o resultado uma vez que a
consolidaccedilatildeo patrimonial do grupo natildeo sofreria reflexos Tampouco se pode falar em
capacidade financeira aumentada Soa falaciosa tal argumentaccedilatildeo
b) Quanto ao alinhamento de interesses da OI LATAM em uma uacutenica pessoa juriacutedica
tambeacutem eacute uma questatildeo de aparecircncia considerando que a OI LATAM natildeo era uma
empresa produtora e sim uma empresa de consultoria cuja existecircncia sob o ponto de
vista econocircmico alegado eacute bastante discutiacutevel
c) Natildeo enxergamos que padratildeo de qualidade poderia propiciar a incorporaccedilatildeo de
consultoria e investidora uma vez que os parques industriais jaacute estavam consolidados
E assim concluiu a autoridade fiscal sobre as incorporaccedilotildees empreendidas pela OI
BRASIL
De tudo quanto alegado pelo contribuinte entendemos que os fins almejados pela
fiscalizada poderiam ser alcanccedilados sem que houvesse a tomada de empreacutestimos do
exterior se a OI EUROPEAN tivesse adquirido diretamente da famiacutelia Brennand eou
capitalizado a OI BRASIL para este fim
Assim os procedimentos embora formalmente corretos foram abusivos quanto ao seu
propoacutesito final pois que engendrados com o fim exclusivo de economia tributaacuteria
Com os procedimentos relacionados o contribuinte logrou economizar tributos com a
amortizaccedilatildeo do aacutegio transferido para o Brasil e pagamento de juros sobre valor que
poderia ser capitalizado (Conforme registro no Syscomex ndash taxa de juros de 10 a a)
Ademais natildeo existe qualquer dificuldade de uma empresa estrangeira em adquirir uma
empresa brasileira ou estabelecida no Brasil aliaacutes tanto a OI BRASIL como a OI
LATAM jaacute tinham soacutecios residentes no exterior
Em anaacutelise da documentaccedilatildeo apresentada em especial os contratos de compra e venda
atas de alteraccedilotildees de alteraccedilatildeo dos contratos sociais e laudos de avaliaccedilatildeo a autoridade
fiscal assim concluiu
A ICALCIV teve como preccedilo negociado o montante de R$ 105066800000 (um
bilhatildeo cinquenta milhotildees e seiscentos e sessenta e oito mil reais) acrescidos de um
valor de caixa estimado e diminuiacutedo de um valor de diacutevidas estimado A forma de
pagamento foi depoacutesito em garantia no valor de R$ R$ 3483200000 e posterior
Fl 3442DF CARF MF
Fl 8 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
pagamento por TED - Transferecircncia Eletrocircnica Disponiacutevel no valor de R$
98142947049 divididos igualmente entre os 7 (sete) soacutecios pessoas fiacutesicas
A participaccedilatildeo de 206 que o Grupo MASA detinha na OI- BRASIL foi adquirido
por R$ 206838638 29 produzindo um aacutegio de R$ 15160724990 considerando que
o valor do patrimocircnio liacutequido proporcional da OI-Brasil na ocasiatildeo era de R$
5123138860 (206 de R$ 24869606117 ndash base balanccedilo de 200411)
No 7ordm Alteraccedilotildees do Contrato Social da OI LATAM foi aprovado a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV bem como o aumento de capital em R$ 13932800000 com emissatildeo de
139382800000 novas quotas totalmente integralizadas pela OI EUROPEAN
Em Ata da OI LATAM de 29042011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da ICAL Chama a
atenccedilatildeo a indicaccedilatildeo de que o patrimocircnio liacutequido da ICAL avaliado em laudo teacutecnico
aponta que a empresa tem participaccedilatildeo apenas na CIV
Em 29042011 na Ata da 9ordf Alteraccedilatildeo do Capital Social da OI LATAM foi aprovado
o aumento de capital no valor de R$ 23561188788 com emissatildeo de 23561188788
novas quotas integralizadas com 17443213419 accedilotildees que a OI EUROPEAN BV
detinha na OI BRASIL
Na Ata da 10ordf Alteraccedilatildeo do Contrato Social da OI LATAM de 29042011 foi
aprovado novo aumento de capital integralizado em espeacutecie na quantidade de USD
4500000000 (quarenta e cinco milhotildees de doacutelares) equivalente a R$ 7177500000
pela soacutecia OI EUROPEAN conforme contrato de cacircmbio de nuacutemero 11023366 datado
de 300511
A verdadeira intenccedilatildeo do Grupo Owens era a aquisiccedilatildeo da CIV pois os laudos de
avaliaccedilatildeo se reportavam basicamente a essa empresa operacional
Em 01062011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela OI BRASIL O valor
que a APSIS Consultoria Ltda apurou como patrimocircnio liacutequido da OI LATAM foi de
R$ 46631551494 mas o aumento de capital na OI BRASIL foi de R$ 22361689338
correspondente a 22361689398 novas accedilotildees Isto porque a OI LATAM era a maior
acionista da OI BRASIL e do patrimocircnio liacutequido apurado foi descontado a participaccedilatildeo
na OI BRASIL no valor de R$ 24269862096
Com base nas informaccedilotildees a fiscalizaccedilatildeo concluiu pelos seguintes valores amortizados
de aacutegio
Sobre o contrato de muacutetuo assim se pronunciou a autoridade fiscal
O contribuinte apresentou o contrato de empreacutestimo e mais os trecircs aditivos ao
contrato elaborados nas datas de 240810 151210 280211 e 300511 e que
resumidamente apresentam as seguintes informaccedilotildees
A) O emprestador eacute a empresa OI MANUFACTURING NETHERLANDS B V e o
tomador a OI AMEacuteRICA LATINA ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA
B) O valor tomado no 1ordm aditamento importava em R$ 88982250000 equivalente agrave
USD 52500000000 (taxa de cacircmbio USD 100=R$ 16949) valor utilizado para
aquisiccedilatildeo da ICAL junto agrave famiacutelia Brennand
C) Os juros acumulados ateacute 280211 somavam R$ 3911286355 que deduzido do
imposto de renda retido na fonte de R$ 586692953 resultando no valor liacutequido de R$
Fl 3443DF CARF MF
Fl 9 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
3324393402 que foi adicionado ao valor total dos empreacutestimos passando de R$
88982250000 para R$ 92306843402
D) Em 310511 houve mais um acreacutescimo no saldo de empreacutestimos ateacute entatildeo existente
passando de R$ 92306843402 para R$ 109054343402 Este aumento fez parte do
3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos no valor de R$ 16747500000 valor este
utilizado na aquisiccedilatildeo de 206 de participaccedilatildeo na OI BRASIL pela OI LATAM
junto agrave MASA E) Os juros foram estabelecidos inicialmente com carecircncia de 6 (seis)
meses muito embora tenham sido calculados jaacute a partir de 010910 inicialmente agrave
taxa libor em USD para 6 meses acrescido de uma margem de 9 ao ano
Assim aproveitando o exemplo do valor de juros transferido para empreacutestimos em
010311 demonstramos como foram feitos os caacutelculos
De 010910 a 181110 (79 dias) USD 52500000000 a 900319aa
De 181110 a 141210 (26 dias) USD 52500000000 a 794219aa
De 141210 a 280211 (76 dias) R$ 88982250000 a 97850 aa
Total apurado = R$ 3911286355 ndash (IRRF) R$ 586692953 = R$ 3324393402
F) Conforme terceiro aditivo a diacutevida deve ser quitada ateacute 240815
G) Durante o ano calendaacuterio de 2010 foram contabilizados juros no valor de R$
2084320033
H) Em 2011 foram debitados a resultados juros no valor de R$ 9587743466 parte
contabilizada na OI LATAM e parte contabilizada na OI BRASIL em virtude da
incorporaccedilatildeo da primeira na segunda
Registre-se a resposta enviada pelo contribuinte em 080916 sobre a vinculaccedilatildeo entre as
empresas especificamente entre o mutuaacuterio e o mutuante onde chamamos a atenccedilatildeo
que a empresa emprestadora tinha como soacutecio a mesma OI EUROPEAN GROUP BV
ldquoInformamos ainda que nos anos-calendaacuterios de 2010 e 2011 a relaccedilatildeo societaacuteria
entre as empresas Owens- Illinois Manufacturing Netherlands BV Owens-Illinois
European Group BV e Owens Brockway Glass Container Inc era a seguinte
(a) Owens Brockway Glass Container Inc era soacutecia indireta da Owens-Illinois
European Group BV e da Owens-Illinois Manufacturing Netherlands BV e
(b)Owens-Illinois European Group BV era soacutecia direta da Owens-Illinois
Manufacturing Netherlands BV
Diante o contrato de muacutetuo celebrado os seguintes valores de despesa de juros foram
contabilizados
Fl 3444DF CARF MF
Fl 10 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Ao teacutermino da anaacutelise empreendida pela autoridade fiscal assim concluiu
Conclui-se da anaacutelise da documentaccedilatildeo acostada aos autos do presente procedimento
fiscal a utilizaccedilatildeo das empresas ICAL e OI LATAM (duas empresas com objetos sociais
de administraccedilatildeo) para permitir que parte do grupo OI ILLINOIS Inc sediado na
Holanda trouxesse para o Brasil o aacutegio gerado na aquisiccedilatildeo das empresas brasileiras
ICALCIV (internalizaccedilatildeo de aacutegio) com a consequente economia tributos
Aleacutem disso a empresa holandesa logrou receber juros dos empreacutestimos ao mesmo
tempo em que economizava tributos quando da reduccedilatildeo do lucro tributaacutevel no Brasil
atraveacutes da apropriaccedilatildeo da despesa financeira
Eacute de se registrar que as leis nordm 1163807 e 1194109 que vieram substituir a lei
societaacuteria nordm 640476 introduziu o Brasil na contabilidade internacional e com essa
padronizaccedilatildeo universal podemos afirmar que a pratica contaacutebil no exterior natildeo
aproveita aacutegios porque trata os ajustes de investimentos via ldquoimpairtmentrdquo ou seja
pratica testes de avaliaccedilatildeo no investimento
No Brasil ainda eacute possiacutevel diminuir tributos por amortizaccedilatildeo no aacutegio atraveacutes da
utilizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria vigente ateacute 31122007 indicando neste contexto a
motivaccedilatildeo para trazer para o Brasil o aacutegio e aqui aproveitaacute-lo
Fica claro que para o contribuinte poder usufruir esse benefiacutecio fiscal deve existir
uma negociaccedilatildeo um custo de aquisiccedilatildeo com um comprador que efetivamente pague
por uma participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio Para isso o aacutegio deve ter efetividade e
legitimidade o que natildeo eacute o caso pois quem efetivamente pagou foi a empresa sediada
na Holanda e o objeto da venda foi efetivamente a CIV e natildeo a ICAL Estamos nos
referindo aos artigos 386 391 do RIR99
()
Natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como foi feita
Trata-se em verdade de demonstrar que o uacutenico propoacutesito para a participaccedilatildeo das
empresas OI LATAM e OI Brasil como adquirentes da ICALCIV e da quantidade
residual de accedilotildees da proacutepria OI BRASIL foi permitir aos seus acionistas estrangeiros
usufruir benefiacutecio fiscal natildeo contemplado pelo ordenamento juriacutedico do paiacutes de seu
domiciacutelio
No relatoacuterio do grupo verifica-se que existe uma uacutenica direccedilatildeo econocircmica que eacute
responsaacutevel pela estrateacutegia global do grupo no caso a proacutepria OI EUROPEAN (veja
Fl 3445DF CARF MF
Fl 11 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
arquivos ldquodados OI European e Oi Manufactoringrdquo e resposta sobre a ligaccedilatildeo entre as
empresas)
Conforme dito ateacute aqui o art 386 traz a uacutenica possibilidade de computar a despesa de
amortizaccedilatildeo de aacutegio na determinaccedilatildeo do lucro real que eacute a pessoa juriacutedica que
absorver o patrimocircnio da outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual
detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio apurado segundo o
disposto no artigo 385 do RIR99 mesmo que a empresa incorporada fusionada ou
cindida for aquela que detinha a propriedade da participaccedilatildeo societaacuteria
Com esse foco foi concentrada as remessas de dinheiro na OI LATAM para aquisiccedilatildeo
da ICAL e do restante das accedilotildees da OI-BRASIL (em poder da MASA)
para posteriormente ser incorporada pela controlada OIBRASIL objetivando buscar o
enquadramento no art 386 do RIR99
Eacute de se registrar como regra geral o RIR99 impede a deduccedilatildeo do aacutegio decorrente da
aquisiccedilatildeo de investimentos avaliados pelo patrimocircnio liacutequido (art 391) ressalvada a
hipoacutetese de adicionar o valor do aacutegio ao valor contaacutebil do investimento para efeito de
determinar o ganho ou a perda de capital na alienaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo de investimento
em coligada ou controlada avaliada pelo patrimocircnio liacutequido (art 426) logo a uacutenica
possibilidade de deduzir a amortizaccedilatildeo do aacutegio na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL se daacute na situaccedilatildeo em que a pessoa juriacutedica absorve o patrimocircnio de
outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual tenha participaccedilatildeo
societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio ou em que a empresa incorporada
fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade de participaccedilatildeo societaacuteria e
adicionalmente que o aacutegio tenha sido fundamentado em rentabilidade futura (art3 86)
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio ou desaacutegio eacute uma transaccedilatildeo de
capital entre soacutecios que natildeo envolve as atividades normais da empresa e portanto
natildeo deve influenciar o resultado (art 391) assim como a equivalecircncia patrimonial
apurado sobre os resultados da adquirida investida
No caso com a incorporaccedilatildeo da OI-LATAM e sua consequente extinccedilatildeo os resultados
das atividades da controladora OI-LATAM absorvidas pela controlada OI-BRASIL
passaram a ser apuradas dentro da mesma empresa natildeo havendo mais a transmissatildeo
de resultados de uma para outra empresa via mecanismo da equivalecircncia patrimonial
Assim tornando-se um soacute patrimocircnio liacutequido consagra o fenocircmeno da ldquoconfusatildeo
patrimonialrdquo
Lembro que a OI LATAM era uma empresa com objeto social de participaccedilatildeo em
outras empresas e que a OI BRASIL era efetivamente a grande e importante
representante do patrimocircnio da OI LATAM Para permitir a dedutibilidade da
amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva extinccedilatildeo do
investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre empresas
controladas a que arcou efetivamente com o desembolso do investimento e controlada
a que foi realmente adquirida de terceiros vendedores Ou seja instituiu um
disciplinamento para a tributaccedilatildeo de um negoacutecio juriacutedico particular que culmina em
uma confusatildeo patrimonial em que natildeo haacute mais distinccedilatildeo entre os patrimocircnios das
empresas controladora e controlada
No caso em anaacutelise a opccedilatildeo do grupo OI natildeo foi pela extinccedilatildeo do investimento O aacutegio
apurado na compra da ICAL e do restante das accedilotildees da OI BRASIL detidas por
terceiros jaacute que se concentrou na uacutenica empresa originariamente produtiva do grupo
OI que era a OI BRASIL para onde foi afinal a real empresa adquirida e produtiva
CIV (pertencente agrave ICAL) o seja o investimento natildeo foi extinto
Fl 3446DF CARF MF
Fl 12 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
4 Devidamente cientificada (17082017) a contribuinte apresentou impugnaccedilatildeo (e-fls 28732948) em 18092017
5 Em sessatildeo de 9 de marccedilo de 2018 a 1ordf Turma da DRJSPO por maioria de
votos julgou improcedente a impugnaccedilatildeo nos termos do voto vencedor Acoacuterdatildeo nordm 16-81665
(e-fls 32043262) cuja ementa recebeu o seguinte descritivo verbis
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA - IRPJ
Ano-calendaacuterio 2013
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO PROPOacuteSITO NEGOCIAL AUSEcircNCIA DE
COMPROVACcedilAtildeO
Natildeo tendo a interessada comprovado o propoacutesito negocial para a sequecircncia de
operaccedilotildees societaacuterias engendradas em curto periacuteodo de tempo correto a glosa da
despesa de amortizaccedilatildeo do aacutegio
LANCcedilAMENTO DE OFIacuteCIO FRAUDE MULTA 150
Em lanccedilamento de ofiacutecio eacute devida multa qualificada de 150 calculada sobre a
totalidade ou diferenccedila do tributo que natildeo foi pago ou recolhido quando demonstrada
accedilatildeo ou omissatildeo fraudulenta do contribuinte
EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO
UTILIZADA PARA VIABILIZAR A AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL
INDEDUTIBILIDADE DOS JUROS DECORRENTES DE TAL EMPREacuteSTIMO
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria por empresa veiacuteculo natildeo eacute bastante para a fruiccedilatildeo
dos benefiacutecios fiscais afetos agrave amortizaccedilatildeo do aacutegio suportado em tal aquisiccedilatildeo Em
consequecircncia se tal aquisiccedilatildeo foi viabilizada mediante a celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil os juros vinculados a tal contrato satildeo indedutiacuteveis em nosso paiacutes
GLOSA DE JUROS DECORRENTES DE EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL
DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO UTILIZADA PARA VIABILIZAR A
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL POSSIBILIDADE DE DEDUCcedilAtildeO DOS
VALORES ADICIONADOS A TIacuteTULO DE SUBCAPITALIZACcedilAtildeO QUANDO
EFETIVAMENTE COMPROVADA A VINCULACcedilAtildeO ENTRE A ADICcedilAtildeO E A
GLOSA EMPREENDIDA PELA FISCALIZACcedilAtildeO
Determinada a indedutibilidade dos juros decorrentes da celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil o reconhecimento da vinculaccedilatildeo da despesa de juros glosada na
autuaccedilatildeo com os valores anteriormente adicionados pela empresa em cumprimento aos
limites legais afetos agrave legislaccedilatildeo de combate agrave subcapitalizaccedilatildeo somente eacute possiacutevelrdquo
6 De antematildeo cumpre destacar que a parte vencida refere-se a glosa das despesas
de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas ligadas Para o I Relator Daniel Takahashi ldquodiante a
inexistecircncia de evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos para
aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de despesas de juros
decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada sediada na Holandardquo
Fl 3447DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 4 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Fl 3439DF CARF MF
Fl 5 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Sobre a reorganizaccedilatildeo societaacuteria empreendida pelo contribuinte a autoridade fiscal
assim concluiu
Fl 3440DF CARF MF
Fl 6 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
A incorporaccedilatildeo da ICAL se deu em pouco mais de 8 meses apoacutes sua aquisiccedilatildeo pela
OI LATAM
30 dias apoacutes essa incorporaccedilatildeo a OI EUROPEAN cedeu suas accedilotildees da OI BRASIL
para a OI LATAM
No mesmo dia da transferecircncia das accedilotildees da OI BRASIL para a OI LATAM pela OI
EUROPEAN houve a aquisiccedilatildeo do restante das accedilotildees da OI BRASIL junto agrave
MONTEIRO ARANHA SA (MASA) com recursos de empreacutestimos originaacuterios do
exterior por empresa vinculada
No dia seguinte a OI BRASIL incorpora a OI LATAM e passa a amortizar o aacutegio
proveniente da aquisiccedilatildeo da ICAL
Em 2014 a CIV foi incorporada pela OI Brasil
O grande volume de recursos para as aquisiccedilotildees foi tomado como empreacutestimo de
empresa vinculada sediada na Holanda
Diante os fatos e intervalos de tempo entre as operaccedilotildees a autoridade fiscal entendeu se
tratar de planejamento tributaacuterio abusivo em que o uacutenico propoacutesito negocial foi a
economia de tributos por meio de incorporaccedilatildeo reversa de empresas
Tambeacutem entendeu a autoridade fiscal que houve reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo
tributaacutevel com a deduccedilatildeo de despesas de juros provenientes do empreacutestimo contraiacutedo
pela OI LATAM junto a OI MANUFACTORING NETHERLANDS INC vez que
ambas as empresas seriam controladas pela mesma administraccedilatildeo central (OI
EUROPEAN) conforme demonstrado nos diagramas anteriores Sobre esse ponto a
fiscalizaccedilatildeo assim concluiu a partir de respostas do contribuinte quanto agrave origem dos
recursos para pagamento da aquisiccedilatildeo da ICAL (fls 2842)
ldquoEacute de se registrar que a maior parte foi remetida para a OI LATAM atraveacutes de
empreacutestimos de uma subsidiaria da OI EUROPEAN a OI MANUFATURING B V e a
menor parte como aporte de capital pela proacutepria OI EUROPEAN ou seja se houvesse
a capitalizaccedilatildeo integral da OI LATAM natildeo existiria os juros sobre empreacutestimos ou se
a OI EUROPEAN tivesse adquirido diretamente ICALCIV natildeo havendo nenhum oacutebice
para tanto natildeo existiria nem os juros nem a criaccedilatildeo do aacutegio portanto a accedilatildeo
deliberada foi a economia tributaacuteria trazendo para o Brasil o aacutegio que eventualmente
na Holanda natildeo seria aproveitadordquo(gn)
Na sequecircncia a fiscalizaccedilatildeo questiona o contribuinte sobre o motivo da sequecircncia de
incorporaccedilotildees visto que em sua opiniatildeo seria mais razoaacutevel a OI Brasil ter incorporado
a ICAL Dessas respostas assim concluiu
ldquoO fiscalizado informa que dentre as consideraccedilotildees para a accedilatildeo de sequecircncia de
incorporaccedilotildees ocorridas a intenccedilatildeo do Grupo Illinois em adquirir a participaccedilatildeo detida
na OI BRASIL A OI EUROPEAN jaacute detinha em conjunto com a BROCKWAY cerca de
80 da OI BRASIL sendo que o restante pertencia a grupo brasileiro (MASA) e da
mesma forma que a OI EUROPEAN detinha 80 poderia ter adquirido diretamente
dos investidores brasileiros os restantes 20 diretamente sem a utilizaccedilatildeo da OI
LATAM para efetivar o negoacutecio
Como se constata a OI BRASIL natildeo tinha a OI LATAM como acionista e eacute da mesma
forma que a CIV empresa efetivamente produtiva Assim nas sequencias de
incorporaccedilotildees e cessotildees de accedilotildees tratou-se de encaixar a OI LATAM como acionista de
ambas as empresas produtivas atraiacuteda pela possibilidade de amortizaccedilatildeo de aacutegio e
remessa de juros
Fl 3441DF CARF MF
Fl 7 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Em tempo os coacutedigos de atividade econocircmica da OI LATAM e da ICAL registrado nos
cadastros da Receita Federal (CNAE-Fiscal) eacute 7020-4-00 - Atividade de consultoria
em gestatildeo empresarial exceto consultoria teacutecnica especifica
Ainda em anaacutelise agraves respostas apresentadas pelo contribuinte a fiscalizaccedilatildeo considerou
discutiacuteveis as seguintes justificativas para a sequecircncia de incorporaccedilotildees
a) Sobre a menccedilatildeo de que a reorganizaccedilatildeo traria o fortalecimento da base de
sustentaccedilatildeo dos negoacutecios crescimento de suas capacidades financeiras propiciaria
maior acesso ao mercado financeiro no paiacutes e no mundo
Esta afirmaccedilatildeo preliminarmente para a consolidaccedilatildeo do Grupo OI Illinois no paiacutes e
mundialmente a operaccedilatildeo nos moldes em que foi realizada natildeo acrescentou nenhum
fortalecimento ou crescimento da capacidade financeira pois ateacute mesmo o investimento
saiu de uma subsidiaria OI MANUFACTURING NETHERLANDS para outra
subsidiaria OI LATAM logo na consolidaccedilatildeo mundial do grupo teriacuteamos saiacuteda do
caixa global e entrada na conta de investimento Assim insisto se a OI EUROPEAN
tivesse adquirido diretamente da famiacutelia BRENNAND a participaccedilatildeo na ICALCIV e
tambeacutem a quantidade residual de accedilotildees em poder de terceiros da OI-BRASIL (agrave eacutepoca
soacutecia majoritaacuteria) na anaacutelise global natildeo seria alterado o resultado uma vez que a
consolidaccedilatildeo patrimonial do grupo natildeo sofreria reflexos Tampouco se pode falar em
capacidade financeira aumentada Soa falaciosa tal argumentaccedilatildeo
b) Quanto ao alinhamento de interesses da OI LATAM em uma uacutenica pessoa juriacutedica
tambeacutem eacute uma questatildeo de aparecircncia considerando que a OI LATAM natildeo era uma
empresa produtora e sim uma empresa de consultoria cuja existecircncia sob o ponto de
vista econocircmico alegado eacute bastante discutiacutevel
c) Natildeo enxergamos que padratildeo de qualidade poderia propiciar a incorporaccedilatildeo de
consultoria e investidora uma vez que os parques industriais jaacute estavam consolidados
E assim concluiu a autoridade fiscal sobre as incorporaccedilotildees empreendidas pela OI
BRASIL
De tudo quanto alegado pelo contribuinte entendemos que os fins almejados pela
fiscalizada poderiam ser alcanccedilados sem que houvesse a tomada de empreacutestimos do
exterior se a OI EUROPEAN tivesse adquirido diretamente da famiacutelia Brennand eou
capitalizado a OI BRASIL para este fim
Assim os procedimentos embora formalmente corretos foram abusivos quanto ao seu
propoacutesito final pois que engendrados com o fim exclusivo de economia tributaacuteria
Com os procedimentos relacionados o contribuinte logrou economizar tributos com a
amortizaccedilatildeo do aacutegio transferido para o Brasil e pagamento de juros sobre valor que
poderia ser capitalizado (Conforme registro no Syscomex ndash taxa de juros de 10 a a)
Ademais natildeo existe qualquer dificuldade de uma empresa estrangeira em adquirir uma
empresa brasileira ou estabelecida no Brasil aliaacutes tanto a OI BRASIL como a OI
LATAM jaacute tinham soacutecios residentes no exterior
Em anaacutelise da documentaccedilatildeo apresentada em especial os contratos de compra e venda
atas de alteraccedilotildees de alteraccedilatildeo dos contratos sociais e laudos de avaliaccedilatildeo a autoridade
fiscal assim concluiu
A ICALCIV teve como preccedilo negociado o montante de R$ 105066800000 (um
bilhatildeo cinquenta milhotildees e seiscentos e sessenta e oito mil reais) acrescidos de um
valor de caixa estimado e diminuiacutedo de um valor de diacutevidas estimado A forma de
pagamento foi depoacutesito em garantia no valor de R$ R$ 3483200000 e posterior
Fl 3442DF CARF MF
Fl 8 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
pagamento por TED - Transferecircncia Eletrocircnica Disponiacutevel no valor de R$
98142947049 divididos igualmente entre os 7 (sete) soacutecios pessoas fiacutesicas
A participaccedilatildeo de 206 que o Grupo MASA detinha na OI- BRASIL foi adquirido
por R$ 206838638 29 produzindo um aacutegio de R$ 15160724990 considerando que
o valor do patrimocircnio liacutequido proporcional da OI-Brasil na ocasiatildeo era de R$
5123138860 (206 de R$ 24869606117 ndash base balanccedilo de 200411)
No 7ordm Alteraccedilotildees do Contrato Social da OI LATAM foi aprovado a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV bem como o aumento de capital em R$ 13932800000 com emissatildeo de
139382800000 novas quotas totalmente integralizadas pela OI EUROPEAN
Em Ata da OI LATAM de 29042011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da ICAL Chama a
atenccedilatildeo a indicaccedilatildeo de que o patrimocircnio liacutequido da ICAL avaliado em laudo teacutecnico
aponta que a empresa tem participaccedilatildeo apenas na CIV
Em 29042011 na Ata da 9ordf Alteraccedilatildeo do Capital Social da OI LATAM foi aprovado
o aumento de capital no valor de R$ 23561188788 com emissatildeo de 23561188788
novas quotas integralizadas com 17443213419 accedilotildees que a OI EUROPEAN BV
detinha na OI BRASIL
Na Ata da 10ordf Alteraccedilatildeo do Contrato Social da OI LATAM de 29042011 foi
aprovado novo aumento de capital integralizado em espeacutecie na quantidade de USD
4500000000 (quarenta e cinco milhotildees de doacutelares) equivalente a R$ 7177500000
pela soacutecia OI EUROPEAN conforme contrato de cacircmbio de nuacutemero 11023366 datado
de 300511
A verdadeira intenccedilatildeo do Grupo Owens era a aquisiccedilatildeo da CIV pois os laudos de
avaliaccedilatildeo se reportavam basicamente a essa empresa operacional
Em 01062011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela OI BRASIL O valor
que a APSIS Consultoria Ltda apurou como patrimocircnio liacutequido da OI LATAM foi de
R$ 46631551494 mas o aumento de capital na OI BRASIL foi de R$ 22361689338
correspondente a 22361689398 novas accedilotildees Isto porque a OI LATAM era a maior
acionista da OI BRASIL e do patrimocircnio liacutequido apurado foi descontado a participaccedilatildeo
na OI BRASIL no valor de R$ 24269862096
Com base nas informaccedilotildees a fiscalizaccedilatildeo concluiu pelos seguintes valores amortizados
de aacutegio
Sobre o contrato de muacutetuo assim se pronunciou a autoridade fiscal
O contribuinte apresentou o contrato de empreacutestimo e mais os trecircs aditivos ao
contrato elaborados nas datas de 240810 151210 280211 e 300511 e que
resumidamente apresentam as seguintes informaccedilotildees
A) O emprestador eacute a empresa OI MANUFACTURING NETHERLANDS B V e o
tomador a OI AMEacuteRICA LATINA ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA
B) O valor tomado no 1ordm aditamento importava em R$ 88982250000 equivalente agrave
USD 52500000000 (taxa de cacircmbio USD 100=R$ 16949) valor utilizado para
aquisiccedilatildeo da ICAL junto agrave famiacutelia Brennand
C) Os juros acumulados ateacute 280211 somavam R$ 3911286355 que deduzido do
imposto de renda retido na fonte de R$ 586692953 resultando no valor liacutequido de R$
Fl 3443DF CARF MF
Fl 9 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
3324393402 que foi adicionado ao valor total dos empreacutestimos passando de R$
88982250000 para R$ 92306843402
D) Em 310511 houve mais um acreacutescimo no saldo de empreacutestimos ateacute entatildeo existente
passando de R$ 92306843402 para R$ 109054343402 Este aumento fez parte do
3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos no valor de R$ 16747500000 valor este
utilizado na aquisiccedilatildeo de 206 de participaccedilatildeo na OI BRASIL pela OI LATAM
junto agrave MASA E) Os juros foram estabelecidos inicialmente com carecircncia de 6 (seis)
meses muito embora tenham sido calculados jaacute a partir de 010910 inicialmente agrave
taxa libor em USD para 6 meses acrescido de uma margem de 9 ao ano
Assim aproveitando o exemplo do valor de juros transferido para empreacutestimos em
010311 demonstramos como foram feitos os caacutelculos
De 010910 a 181110 (79 dias) USD 52500000000 a 900319aa
De 181110 a 141210 (26 dias) USD 52500000000 a 794219aa
De 141210 a 280211 (76 dias) R$ 88982250000 a 97850 aa
Total apurado = R$ 3911286355 ndash (IRRF) R$ 586692953 = R$ 3324393402
F) Conforme terceiro aditivo a diacutevida deve ser quitada ateacute 240815
G) Durante o ano calendaacuterio de 2010 foram contabilizados juros no valor de R$
2084320033
H) Em 2011 foram debitados a resultados juros no valor de R$ 9587743466 parte
contabilizada na OI LATAM e parte contabilizada na OI BRASIL em virtude da
incorporaccedilatildeo da primeira na segunda
Registre-se a resposta enviada pelo contribuinte em 080916 sobre a vinculaccedilatildeo entre as
empresas especificamente entre o mutuaacuterio e o mutuante onde chamamos a atenccedilatildeo
que a empresa emprestadora tinha como soacutecio a mesma OI EUROPEAN GROUP BV
ldquoInformamos ainda que nos anos-calendaacuterios de 2010 e 2011 a relaccedilatildeo societaacuteria
entre as empresas Owens- Illinois Manufacturing Netherlands BV Owens-Illinois
European Group BV e Owens Brockway Glass Container Inc era a seguinte
(a) Owens Brockway Glass Container Inc era soacutecia indireta da Owens-Illinois
European Group BV e da Owens-Illinois Manufacturing Netherlands BV e
(b)Owens-Illinois European Group BV era soacutecia direta da Owens-Illinois
Manufacturing Netherlands BV
Diante o contrato de muacutetuo celebrado os seguintes valores de despesa de juros foram
contabilizados
Fl 3444DF CARF MF
Fl 10 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Ao teacutermino da anaacutelise empreendida pela autoridade fiscal assim concluiu
Conclui-se da anaacutelise da documentaccedilatildeo acostada aos autos do presente procedimento
fiscal a utilizaccedilatildeo das empresas ICAL e OI LATAM (duas empresas com objetos sociais
de administraccedilatildeo) para permitir que parte do grupo OI ILLINOIS Inc sediado na
Holanda trouxesse para o Brasil o aacutegio gerado na aquisiccedilatildeo das empresas brasileiras
ICALCIV (internalizaccedilatildeo de aacutegio) com a consequente economia tributos
Aleacutem disso a empresa holandesa logrou receber juros dos empreacutestimos ao mesmo
tempo em que economizava tributos quando da reduccedilatildeo do lucro tributaacutevel no Brasil
atraveacutes da apropriaccedilatildeo da despesa financeira
Eacute de se registrar que as leis nordm 1163807 e 1194109 que vieram substituir a lei
societaacuteria nordm 640476 introduziu o Brasil na contabilidade internacional e com essa
padronizaccedilatildeo universal podemos afirmar que a pratica contaacutebil no exterior natildeo
aproveita aacutegios porque trata os ajustes de investimentos via ldquoimpairtmentrdquo ou seja
pratica testes de avaliaccedilatildeo no investimento
No Brasil ainda eacute possiacutevel diminuir tributos por amortizaccedilatildeo no aacutegio atraveacutes da
utilizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria vigente ateacute 31122007 indicando neste contexto a
motivaccedilatildeo para trazer para o Brasil o aacutegio e aqui aproveitaacute-lo
Fica claro que para o contribuinte poder usufruir esse benefiacutecio fiscal deve existir
uma negociaccedilatildeo um custo de aquisiccedilatildeo com um comprador que efetivamente pague
por uma participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio Para isso o aacutegio deve ter efetividade e
legitimidade o que natildeo eacute o caso pois quem efetivamente pagou foi a empresa sediada
na Holanda e o objeto da venda foi efetivamente a CIV e natildeo a ICAL Estamos nos
referindo aos artigos 386 391 do RIR99
()
Natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como foi feita
Trata-se em verdade de demonstrar que o uacutenico propoacutesito para a participaccedilatildeo das
empresas OI LATAM e OI Brasil como adquirentes da ICALCIV e da quantidade
residual de accedilotildees da proacutepria OI BRASIL foi permitir aos seus acionistas estrangeiros
usufruir benefiacutecio fiscal natildeo contemplado pelo ordenamento juriacutedico do paiacutes de seu
domiciacutelio
No relatoacuterio do grupo verifica-se que existe uma uacutenica direccedilatildeo econocircmica que eacute
responsaacutevel pela estrateacutegia global do grupo no caso a proacutepria OI EUROPEAN (veja
Fl 3445DF CARF MF
Fl 11 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
arquivos ldquodados OI European e Oi Manufactoringrdquo e resposta sobre a ligaccedilatildeo entre as
empresas)
Conforme dito ateacute aqui o art 386 traz a uacutenica possibilidade de computar a despesa de
amortizaccedilatildeo de aacutegio na determinaccedilatildeo do lucro real que eacute a pessoa juriacutedica que
absorver o patrimocircnio da outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual
detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio apurado segundo o
disposto no artigo 385 do RIR99 mesmo que a empresa incorporada fusionada ou
cindida for aquela que detinha a propriedade da participaccedilatildeo societaacuteria
Com esse foco foi concentrada as remessas de dinheiro na OI LATAM para aquisiccedilatildeo
da ICAL e do restante das accedilotildees da OI-BRASIL (em poder da MASA)
para posteriormente ser incorporada pela controlada OIBRASIL objetivando buscar o
enquadramento no art 386 do RIR99
Eacute de se registrar como regra geral o RIR99 impede a deduccedilatildeo do aacutegio decorrente da
aquisiccedilatildeo de investimentos avaliados pelo patrimocircnio liacutequido (art 391) ressalvada a
hipoacutetese de adicionar o valor do aacutegio ao valor contaacutebil do investimento para efeito de
determinar o ganho ou a perda de capital na alienaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo de investimento
em coligada ou controlada avaliada pelo patrimocircnio liacutequido (art 426) logo a uacutenica
possibilidade de deduzir a amortizaccedilatildeo do aacutegio na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL se daacute na situaccedilatildeo em que a pessoa juriacutedica absorve o patrimocircnio de
outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual tenha participaccedilatildeo
societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio ou em que a empresa incorporada
fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade de participaccedilatildeo societaacuteria e
adicionalmente que o aacutegio tenha sido fundamentado em rentabilidade futura (art3 86)
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio ou desaacutegio eacute uma transaccedilatildeo de
capital entre soacutecios que natildeo envolve as atividades normais da empresa e portanto
natildeo deve influenciar o resultado (art 391) assim como a equivalecircncia patrimonial
apurado sobre os resultados da adquirida investida
No caso com a incorporaccedilatildeo da OI-LATAM e sua consequente extinccedilatildeo os resultados
das atividades da controladora OI-LATAM absorvidas pela controlada OI-BRASIL
passaram a ser apuradas dentro da mesma empresa natildeo havendo mais a transmissatildeo
de resultados de uma para outra empresa via mecanismo da equivalecircncia patrimonial
Assim tornando-se um soacute patrimocircnio liacutequido consagra o fenocircmeno da ldquoconfusatildeo
patrimonialrdquo
Lembro que a OI LATAM era uma empresa com objeto social de participaccedilatildeo em
outras empresas e que a OI BRASIL era efetivamente a grande e importante
representante do patrimocircnio da OI LATAM Para permitir a dedutibilidade da
amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva extinccedilatildeo do
investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre empresas
controladas a que arcou efetivamente com o desembolso do investimento e controlada
a que foi realmente adquirida de terceiros vendedores Ou seja instituiu um
disciplinamento para a tributaccedilatildeo de um negoacutecio juriacutedico particular que culmina em
uma confusatildeo patrimonial em que natildeo haacute mais distinccedilatildeo entre os patrimocircnios das
empresas controladora e controlada
No caso em anaacutelise a opccedilatildeo do grupo OI natildeo foi pela extinccedilatildeo do investimento O aacutegio
apurado na compra da ICAL e do restante das accedilotildees da OI BRASIL detidas por
terceiros jaacute que se concentrou na uacutenica empresa originariamente produtiva do grupo
OI que era a OI BRASIL para onde foi afinal a real empresa adquirida e produtiva
CIV (pertencente agrave ICAL) o seja o investimento natildeo foi extinto
Fl 3446DF CARF MF
Fl 12 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
4 Devidamente cientificada (17082017) a contribuinte apresentou impugnaccedilatildeo (e-fls 28732948) em 18092017
5 Em sessatildeo de 9 de marccedilo de 2018 a 1ordf Turma da DRJSPO por maioria de
votos julgou improcedente a impugnaccedilatildeo nos termos do voto vencedor Acoacuterdatildeo nordm 16-81665
(e-fls 32043262) cuja ementa recebeu o seguinte descritivo verbis
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA - IRPJ
Ano-calendaacuterio 2013
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO PROPOacuteSITO NEGOCIAL AUSEcircNCIA DE
COMPROVACcedilAtildeO
Natildeo tendo a interessada comprovado o propoacutesito negocial para a sequecircncia de
operaccedilotildees societaacuterias engendradas em curto periacuteodo de tempo correto a glosa da
despesa de amortizaccedilatildeo do aacutegio
LANCcedilAMENTO DE OFIacuteCIO FRAUDE MULTA 150
Em lanccedilamento de ofiacutecio eacute devida multa qualificada de 150 calculada sobre a
totalidade ou diferenccedila do tributo que natildeo foi pago ou recolhido quando demonstrada
accedilatildeo ou omissatildeo fraudulenta do contribuinte
EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO
UTILIZADA PARA VIABILIZAR A AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL
INDEDUTIBILIDADE DOS JUROS DECORRENTES DE TAL EMPREacuteSTIMO
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria por empresa veiacuteculo natildeo eacute bastante para a fruiccedilatildeo
dos benefiacutecios fiscais afetos agrave amortizaccedilatildeo do aacutegio suportado em tal aquisiccedilatildeo Em
consequecircncia se tal aquisiccedilatildeo foi viabilizada mediante a celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil os juros vinculados a tal contrato satildeo indedutiacuteveis em nosso paiacutes
GLOSA DE JUROS DECORRENTES DE EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL
DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO UTILIZADA PARA VIABILIZAR A
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL POSSIBILIDADE DE DEDUCcedilAtildeO DOS
VALORES ADICIONADOS A TIacuteTULO DE SUBCAPITALIZACcedilAtildeO QUANDO
EFETIVAMENTE COMPROVADA A VINCULACcedilAtildeO ENTRE A ADICcedilAtildeO E A
GLOSA EMPREENDIDA PELA FISCALIZACcedilAtildeO
Determinada a indedutibilidade dos juros decorrentes da celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil o reconhecimento da vinculaccedilatildeo da despesa de juros glosada na
autuaccedilatildeo com os valores anteriormente adicionados pela empresa em cumprimento aos
limites legais afetos agrave legislaccedilatildeo de combate agrave subcapitalizaccedilatildeo somente eacute possiacutevelrdquo
6 De antematildeo cumpre destacar que a parte vencida refere-se a glosa das despesas
de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas ligadas Para o I Relator Daniel Takahashi ldquodiante a
inexistecircncia de evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos para
aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de despesas de juros
decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada sediada na Holandardquo
Fl 3447DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 5 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Sobre a reorganizaccedilatildeo societaacuteria empreendida pelo contribuinte a autoridade fiscal
assim concluiu
Fl 3440DF CARF MF
Fl 6 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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A incorporaccedilatildeo da ICAL se deu em pouco mais de 8 meses apoacutes sua aquisiccedilatildeo pela
OI LATAM
30 dias apoacutes essa incorporaccedilatildeo a OI EUROPEAN cedeu suas accedilotildees da OI BRASIL
para a OI LATAM
No mesmo dia da transferecircncia das accedilotildees da OI BRASIL para a OI LATAM pela OI
EUROPEAN houve a aquisiccedilatildeo do restante das accedilotildees da OI BRASIL junto agrave
MONTEIRO ARANHA SA (MASA) com recursos de empreacutestimos originaacuterios do
exterior por empresa vinculada
No dia seguinte a OI BRASIL incorpora a OI LATAM e passa a amortizar o aacutegio
proveniente da aquisiccedilatildeo da ICAL
Em 2014 a CIV foi incorporada pela OI Brasil
O grande volume de recursos para as aquisiccedilotildees foi tomado como empreacutestimo de
empresa vinculada sediada na Holanda
Diante os fatos e intervalos de tempo entre as operaccedilotildees a autoridade fiscal entendeu se
tratar de planejamento tributaacuterio abusivo em que o uacutenico propoacutesito negocial foi a
economia de tributos por meio de incorporaccedilatildeo reversa de empresas
Tambeacutem entendeu a autoridade fiscal que houve reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo
tributaacutevel com a deduccedilatildeo de despesas de juros provenientes do empreacutestimo contraiacutedo
pela OI LATAM junto a OI MANUFACTORING NETHERLANDS INC vez que
ambas as empresas seriam controladas pela mesma administraccedilatildeo central (OI
EUROPEAN) conforme demonstrado nos diagramas anteriores Sobre esse ponto a
fiscalizaccedilatildeo assim concluiu a partir de respostas do contribuinte quanto agrave origem dos
recursos para pagamento da aquisiccedilatildeo da ICAL (fls 2842)
ldquoEacute de se registrar que a maior parte foi remetida para a OI LATAM atraveacutes de
empreacutestimos de uma subsidiaria da OI EUROPEAN a OI MANUFATURING B V e a
menor parte como aporte de capital pela proacutepria OI EUROPEAN ou seja se houvesse
a capitalizaccedilatildeo integral da OI LATAM natildeo existiria os juros sobre empreacutestimos ou se
a OI EUROPEAN tivesse adquirido diretamente ICALCIV natildeo havendo nenhum oacutebice
para tanto natildeo existiria nem os juros nem a criaccedilatildeo do aacutegio portanto a accedilatildeo
deliberada foi a economia tributaacuteria trazendo para o Brasil o aacutegio que eventualmente
na Holanda natildeo seria aproveitadordquo(gn)
Na sequecircncia a fiscalizaccedilatildeo questiona o contribuinte sobre o motivo da sequecircncia de
incorporaccedilotildees visto que em sua opiniatildeo seria mais razoaacutevel a OI Brasil ter incorporado
a ICAL Dessas respostas assim concluiu
ldquoO fiscalizado informa que dentre as consideraccedilotildees para a accedilatildeo de sequecircncia de
incorporaccedilotildees ocorridas a intenccedilatildeo do Grupo Illinois em adquirir a participaccedilatildeo detida
na OI BRASIL A OI EUROPEAN jaacute detinha em conjunto com a BROCKWAY cerca de
80 da OI BRASIL sendo que o restante pertencia a grupo brasileiro (MASA) e da
mesma forma que a OI EUROPEAN detinha 80 poderia ter adquirido diretamente
dos investidores brasileiros os restantes 20 diretamente sem a utilizaccedilatildeo da OI
LATAM para efetivar o negoacutecio
Como se constata a OI BRASIL natildeo tinha a OI LATAM como acionista e eacute da mesma
forma que a CIV empresa efetivamente produtiva Assim nas sequencias de
incorporaccedilotildees e cessotildees de accedilotildees tratou-se de encaixar a OI LATAM como acionista de
ambas as empresas produtivas atraiacuteda pela possibilidade de amortizaccedilatildeo de aacutegio e
remessa de juros
Fl 3441DF CARF MF
Fl 7 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Em tempo os coacutedigos de atividade econocircmica da OI LATAM e da ICAL registrado nos
cadastros da Receita Federal (CNAE-Fiscal) eacute 7020-4-00 - Atividade de consultoria
em gestatildeo empresarial exceto consultoria teacutecnica especifica
Ainda em anaacutelise agraves respostas apresentadas pelo contribuinte a fiscalizaccedilatildeo considerou
discutiacuteveis as seguintes justificativas para a sequecircncia de incorporaccedilotildees
a) Sobre a menccedilatildeo de que a reorganizaccedilatildeo traria o fortalecimento da base de
sustentaccedilatildeo dos negoacutecios crescimento de suas capacidades financeiras propiciaria
maior acesso ao mercado financeiro no paiacutes e no mundo
Esta afirmaccedilatildeo preliminarmente para a consolidaccedilatildeo do Grupo OI Illinois no paiacutes e
mundialmente a operaccedilatildeo nos moldes em que foi realizada natildeo acrescentou nenhum
fortalecimento ou crescimento da capacidade financeira pois ateacute mesmo o investimento
saiu de uma subsidiaria OI MANUFACTURING NETHERLANDS para outra
subsidiaria OI LATAM logo na consolidaccedilatildeo mundial do grupo teriacuteamos saiacuteda do
caixa global e entrada na conta de investimento Assim insisto se a OI EUROPEAN
tivesse adquirido diretamente da famiacutelia BRENNAND a participaccedilatildeo na ICALCIV e
tambeacutem a quantidade residual de accedilotildees em poder de terceiros da OI-BRASIL (agrave eacutepoca
soacutecia majoritaacuteria) na anaacutelise global natildeo seria alterado o resultado uma vez que a
consolidaccedilatildeo patrimonial do grupo natildeo sofreria reflexos Tampouco se pode falar em
capacidade financeira aumentada Soa falaciosa tal argumentaccedilatildeo
b) Quanto ao alinhamento de interesses da OI LATAM em uma uacutenica pessoa juriacutedica
tambeacutem eacute uma questatildeo de aparecircncia considerando que a OI LATAM natildeo era uma
empresa produtora e sim uma empresa de consultoria cuja existecircncia sob o ponto de
vista econocircmico alegado eacute bastante discutiacutevel
c) Natildeo enxergamos que padratildeo de qualidade poderia propiciar a incorporaccedilatildeo de
consultoria e investidora uma vez que os parques industriais jaacute estavam consolidados
E assim concluiu a autoridade fiscal sobre as incorporaccedilotildees empreendidas pela OI
BRASIL
De tudo quanto alegado pelo contribuinte entendemos que os fins almejados pela
fiscalizada poderiam ser alcanccedilados sem que houvesse a tomada de empreacutestimos do
exterior se a OI EUROPEAN tivesse adquirido diretamente da famiacutelia Brennand eou
capitalizado a OI BRASIL para este fim
Assim os procedimentos embora formalmente corretos foram abusivos quanto ao seu
propoacutesito final pois que engendrados com o fim exclusivo de economia tributaacuteria
Com os procedimentos relacionados o contribuinte logrou economizar tributos com a
amortizaccedilatildeo do aacutegio transferido para o Brasil e pagamento de juros sobre valor que
poderia ser capitalizado (Conforme registro no Syscomex ndash taxa de juros de 10 a a)
Ademais natildeo existe qualquer dificuldade de uma empresa estrangeira em adquirir uma
empresa brasileira ou estabelecida no Brasil aliaacutes tanto a OI BRASIL como a OI
LATAM jaacute tinham soacutecios residentes no exterior
Em anaacutelise da documentaccedilatildeo apresentada em especial os contratos de compra e venda
atas de alteraccedilotildees de alteraccedilatildeo dos contratos sociais e laudos de avaliaccedilatildeo a autoridade
fiscal assim concluiu
A ICALCIV teve como preccedilo negociado o montante de R$ 105066800000 (um
bilhatildeo cinquenta milhotildees e seiscentos e sessenta e oito mil reais) acrescidos de um
valor de caixa estimado e diminuiacutedo de um valor de diacutevidas estimado A forma de
pagamento foi depoacutesito em garantia no valor de R$ R$ 3483200000 e posterior
Fl 3442DF CARF MF
Fl 8 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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pagamento por TED - Transferecircncia Eletrocircnica Disponiacutevel no valor de R$
98142947049 divididos igualmente entre os 7 (sete) soacutecios pessoas fiacutesicas
A participaccedilatildeo de 206 que o Grupo MASA detinha na OI- BRASIL foi adquirido
por R$ 206838638 29 produzindo um aacutegio de R$ 15160724990 considerando que
o valor do patrimocircnio liacutequido proporcional da OI-Brasil na ocasiatildeo era de R$
5123138860 (206 de R$ 24869606117 ndash base balanccedilo de 200411)
No 7ordm Alteraccedilotildees do Contrato Social da OI LATAM foi aprovado a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV bem como o aumento de capital em R$ 13932800000 com emissatildeo de
139382800000 novas quotas totalmente integralizadas pela OI EUROPEAN
Em Ata da OI LATAM de 29042011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da ICAL Chama a
atenccedilatildeo a indicaccedilatildeo de que o patrimocircnio liacutequido da ICAL avaliado em laudo teacutecnico
aponta que a empresa tem participaccedilatildeo apenas na CIV
Em 29042011 na Ata da 9ordf Alteraccedilatildeo do Capital Social da OI LATAM foi aprovado
o aumento de capital no valor de R$ 23561188788 com emissatildeo de 23561188788
novas quotas integralizadas com 17443213419 accedilotildees que a OI EUROPEAN BV
detinha na OI BRASIL
Na Ata da 10ordf Alteraccedilatildeo do Contrato Social da OI LATAM de 29042011 foi
aprovado novo aumento de capital integralizado em espeacutecie na quantidade de USD
4500000000 (quarenta e cinco milhotildees de doacutelares) equivalente a R$ 7177500000
pela soacutecia OI EUROPEAN conforme contrato de cacircmbio de nuacutemero 11023366 datado
de 300511
A verdadeira intenccedilatildeo do Grupo Owens era a aquisiccedilatildeo da CIV pois os laudos de
avaliaccedilatildeo se reportavam basicamente a essa empresa operacional
Em 01062011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela OI BRASIL O valor
que a APSIS Consultoria Ltda apurou como patrimocircnio liacutequido da OI LATAM foi de
R$ 46631551494 mas o aumento de capital na OI BRASIL foi de R$ 22361689338
correspondente a 22361689398 novas accedilotildees Isto porque a OI LATAM era a maior
acionista da OI BRASIL e do patrimocircnio liacutequido apurado foi descontado a participaccedilatildeo
na OI BRASIL no valor de R$ 24269862096
Com base nas informaccedilotildees a fiscalizaccedilatildeo concluiu pelos seguintes valores amortizados
de aacutegio
Sobre o contrato de muacutetuo assim se pronunciou a autoridade fiscal
O contribuinte apresentou o contrato de empreacutestimo e mais os trecircs aditivos ao
contrato elaborados nas datas de 240810 151210 280211 e 300511 e que
resumidamente apresentam as seguintes informaccedilotildees
A) O emprestador eacute a empresa OI MANUFACTURING NETHERLANDS B V e o
tomador a OI AMEacuteRICA LATINA ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA
B) O valor tomado no 1ordm aditamento importava em R$ 88982250000 equivalente agrave
USD 52500000000 (taxa de cacircmbio USD 100=R$ 16949) valor utilizado para
aquisiccedilatildeo da ICAL junto agrave famiacutelia Brennand
C) Os juros acumulados ateacute 280211 somavam R$ 3911286355 que deduzido do
imposto de renda retido na fonte de R$ 586692953 resultando no valor liacutequido de R$
Fl 3443DF CARF MF
Fl 9 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
3324393402 que foi adicionado ao valor total dos empreacutestimos passando de R$
88982250000 para R$ 92306843402
D) Em 310511 houve mais um acreacutescimo no saldo de empreacutestimos ateacute entatildeo existente
passando de R$ 92306843402 para R$ 109054343402 Este aumento fez parte do
3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos no valor de R$ 16747500000 valor este
utilizado na aquisiccedilatildeo de 206 de participaccedilatildeo na OI BRASIL pela OI LATAM
junto agrave MASA E) Os juros foram estabelecidos inicialmente com carecircncia de 6 (seis)
meses muito embora tenham sido calculados jaacute a partir de 010910 inicialmente agrave
taxa libor em USD para 6 meses acrescido de uma margem de 9 ao ano
Assim aproveitando o exemplo do valor de juros transferido para empreacutestimos em
010311 demonstramos como foram feitos os caacutelculos
De 010910 a 181110 (79 dias) USD 52500000000 a 900319aa
De 181110 a 141210 (26 dias) USD 52500000000 a 794219aa
De 141210 a 280211 (76 dias) R$ 88982250000 a 97850 aa
Total apurado = R$ 3911286355 ndash (IRRF) R$ 586692953 = R$ 3324393402
F) Conforme terceiro aditivo a diacutevida deve ser quitada ateacute 240815
G) Durante o ano calendaacuterio de 2010 foram contabilizados juros no valor de R$
2084320033
H) Em 2011 foram debitados a resultados juros no valor de R$ 9587743466 parte
contabilizada na OI LATAM e parte contabilizada na OI BRASIL em virtude da
incorporaccedilatildeo da primeira na segunda
Registre-se a resposta enviada pelo contribuinte em 080916 sobre a vinculaccedilatildeo entre as
empresas especificamente entre o mutuaacuterio e o mutuante onde chamamos a atenccedilatildeo
que a empresa emprestadora tinha como soacutecio a mesma OI EUROPEAN GROUP BV
ldquoInformamos ainda que nos anos-calendaacuterios de 2010 e 2011 a relaccedilatildeo societaacuteria
entre as empresas Owens- Illinois Manufacturing Netherlands BV Owens-Illinois
European Group BV e Owens Brockway Glass Container Inc era a seguinte
(a) Owens Brockway Glass Container Inc era soacutecia indireta da Owens-Illinois
European Group BV e da Owens-Illinois Manufacturing Netherlands BV e
(b)Owens-Illinois European Group BV era soacutecia direta da Owens-Illinois
Manufacturing Netherlands BV
Diante o contrato de muacutetuo celebrado os seguintes valores de despesa de juros foram
contabilizados
Fl 3444DF CARF MF
Fl 10 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Ao teacutermino da anaacutelise empreendida pela autoridade fiscal assim concluiu
Conclui-se da anaacutelise da documentaccedilatildeo acostada aos autos do presente procedimento
fiscal a utilizaccedilatildeo das empresas ICAL e OI LATAM (duas empresas com objetos sociais
de administraccedilatildeo) para permitir que parte do grupo OI ILLINOIS Inc sediado na
Holanda trouxesse para o Brasil o aacutegio gerado na aquisiccedilatildeo das empresas brasileiras
ICALCIV (internalizaccedilatildeo de aacutegio) com a consequente economia tributos
Aleacutem disso a empresa holandesa logrou receber juros dos empreacutestimos ao mesmo
tempo em que economizava tributos quando da reduccedilatildeo do lucro tributaacutevel no Brasil
atraveacutes da apropriaccedilatildeo da despesa financeira
Eacute de se registrar que as leis nordm 1163807 e 1194109 que vieram substituir a lei
societaacuteria nordm 640476 introduziu o Brasil na contabilidade internacional e com essa
padronizaccedilatildeo universal podemos afirmar que a pratica contaacutebil no exterior natildeo
aproveita aacutegios porque trata os ajustes de investimentos via ldquoimpairtmentrdquo ou seja
pratica testes de avaliaccedilatildeo no investimento
No Brasil ainda eacute possiacutevel diminuir tributos por amortizaccedilatildeo no aacutegio atraveacutes da
utilizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria vigente ateacute 31122007 indicando neste contexto a
motivaccedilatildeo para trazer para o Brasil o aacutegio e aqui aproveitaacute-lo
Fica claro que para o contribuinte poder usufruir esse benefiacutecio fiscal deve existir
uma negociaccedilatildeo um custo de aquisiccedilatildeo com um comprador que efetivamente pague
por uma participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio Para isso o aacutegio deve ter efetividade e
legitimidade o que natildeo eacute o caso pois quem efetivamente pagou foi a empresa sediada
na Holanda e o objeto da venda foi efetivamente a CIV e natildeo a ICAL Estamos nos
referindo aos artigos 386 391 do RIR99
()
Natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como foi feita
Trata-se em verdade de demonstrar que o uacutenico propoacutesito para a participaccedilatildeo das
empresas OI LATAM e OI Brasil como adquirentes da ICALCIV e da quantidade
residual de accedilotildees da proacutepria OI BRASIL foi permitir aos seus acionistas estrangeiros
usufruir benefiacutecio fiscal natildeo contemplado pelo ordenamento juriacutedico do paiacutes de seu
domiciacutelio
No relatoacuterio do grupo verifica-se que existe uma uacutenica direccedilatildeo econocircmica que eacute
responsaacutevel pela estrateacutegia global do grupo no caso a proacutepria OI EUROPEAN (veja
Fl 3445DF CARF MF
Fl 11 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
arquivos ldquodados OI European e Oi Manufactoringrdquo e resposta sobre a ligaccedilatildeo entre as
empresas)
Conforme dito ateacute aqui o art 386 traz a uacutenica possibilidade de computar a despesa de
amortizaccedilatildeo de aacutegio na determinaccedilatildeo do lucro real que eacute a pessoa juriacutedica que
absorver o patrimocircnio da outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual
detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio apurado segundo o
disposto no artigo 385 do RIR99 mesmo que a empresa incorporada fusionada ou
cindida for aquela que detinha a propriedade da participaccedilatildeo societaacuteria
Com esse foco foi concentrada as remessas de dinheiro na OI LATAM para aquisiccedilatildeo
da ICAL e do restante das accedilotildees da OI-BRASIL (em poder da MASA)
para posteriormente ser incorporada pela controlada OIBRASIL objetivando buscar o
enquadramento no art 386 do RIR99
Eacute de se registrar como regra geral o RIR99 impede a deduccedilatildeo do aacutegio decorrente da
aquisiccedilatildeo de investimentos avaliados pelo patrimocircnio liacutequido (art 391) ressalvada a
hipoacutetese de adicionar o valor do aacutegio ao valor contaacutebil do investimento para efeito de
determinar o ganho ou a perda de capital na alienaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo de investimento
em coligada ou controlada avaliada pelo patrimocircnio liacutequido (art 426) logo a uacutenica
possibilidade de deduzir a amortizaccedilatildeo do aacutegio na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL se daacute na situaccedilatildeo em que a pessoa juriacutedica absorve o patrimocircnio de
outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual tenha participaccedilatildeo
societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio ou em que a empresa incorporada
fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade de participaccedilatildeo societaacuteria e
adicionalmente que o aacutegio tenha sido fundamentado em rentabilidade futura (art3 86)
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio ou desaacutegio eacute uma transaccedilatildeo de
capital entre soacutecios que natildeo envolve as atividades normais da empresa e portanto
natildeo deve influenciar o resultado (art 391) assim como a equivalecircncia patrimonial
apurado sobre os resultados da adquirida investida
No caso com a incorporaccedilatildeo da OI-LATAM e sua consequente extinccedilatildeo os resultados
das atividades da controladora OI-LATAM absorvidas pela controlada OI-BRASIL
passaram a ser apuradas dentro da mesma empresa natildeo havendo mais a transmissatildeo
de resultados de uma para outra empresa via mecanismo da equivalecircncia patrimonial
Assim tornando-se um soacute patrimocircnio liacutequido consagra o fenocircmeno da ldquoconfusatildeo
patrimonialrdquo
Lembro que a OI LATAM era uma empresa com objeto social de participaccedilatildeo em
outras empresas e que a OI BRASIL era efetivamente a grande e importante
representante do patrimocircnio da OI LATAM Para permitir a dedutibilidade da
amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva extinccedilatildeo do
investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre empresas
controladas a que arcou efetivamente com o desembolso do investimento e controlada
a que foi realmente adquirida de terceiros vendedores Ou seja instituiu um
disciplinamento para a tributaccedilatildeo de um negoacutecio juriacutedico particular que culmina em
uma confusatildeo patrimonial em que natildeo haacute mais distinccedilatildeo entre os patrimocircnios das
empresas controladora e controlada
No caso em anaacutelise a opccedilatildeo do grupo OI natildeo foi pela extinccedilatildeo do investimento O aacutegio
apurado na compra da ICAL e do restante das accedilotildees da OI BRASIL detidas por
terceiros jaacute que se concentrou na uacutenica empresa originariamente produtiva do grupo
OI que era a OI BRASIL para onde foi afinal a real empresa adquirida e produtiva
CIV (pertencente agrave ICAL) o seja o investimento natildeo foi extinto
Fl 3446DF CARF MF
Fl 12 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
4 Devidamente cientificada (17082017) a contribuinte apresentou impugnaccedilatildeo (e-fls 28732948) em 18092017
5 Em sessatildeo de 9 de marccedilo de 2018 a 1ordf Turma da DRJSPO por maioria de
votos julgou improcedente a impugnaccedilatildeo nos termos do voto vencedor Acoacuterdatildeo nordm 16-81665
(e-fls 32043262) cuja ementa recebeu o seguinte descritivo verbis
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA - IRPJ
Ano-calendaacuterio 2013
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO PROPOacuteSITO NEGOCIAL AUSEcircNCIA DE
COMPROVACcedilAtildeO
Natildeo tendo a interessada comprovado o propoacutesito negocial para a sequecircncia de
operaccedilotildees societaacuterias engendradas em curto periacuteodo de tempo correto a glosa da
despesa de amortizaccedilatildeo do aacutegio
LANCcedilAMENTO DE OFIacuteCIO FRAUDE MULTA 150
Em lanccedilamento de ofiacutecio eacute devida multa qualificada de 150 calculada sobre a
totalidade ou diferenccedila do tributo que natildeo foi pago ou recolhido quando demonstrada
accedilatildeo ou omissatildeo fraudulenta do contribuinte
EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO
UTILIZADA PARA VIABILIZAR A AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL
INDEDUTIBILIDADE DOS JUROS DECORRENTES DE TAL EMPREacuteSTIMO
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria por empresa veiacuteculo natildeo eacute bastante para a fruiccedilatildeo
dos benefiacutecios fiscais afetos agrave amortizaccedilatildeo do aacutegio suportado em tal aquisiccedilatildeo Em
consequecircncia se tal aquisiccedilatildeo foi viabilizada mediante a celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil os juros vinculados a tal contrato satildeo indedutiacuteveis em nosso paiacutes
GLOSA DE JUROS DECORRENTES DE EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL
DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO UTILIZADA PARA VIABILIZAR A
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL POSSIBILIDADE DE DEDUCcedilAtildeO DOS
VALORES ADICIONADOS A TIacuteTULO DE SUBCAPITALIZACcedilAtildeO QUANDO
EFETIVAMENTE COMPROVADA A VINCULACcedilAtildeO ENTRE A ADICcedilAtildeO E A
GLOSA EMPREENDIDA PELA FISCALIZACcedilAtildeO
Determinada a indedutibilidade dos juros decorrentes da celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil o reconhecimento da vinculaccedilatildeo da despesa de juros glosada na
autuaccedilatildeo com os valores anteriormente adicionados pela empresa em cumprimento aos
limites legais afetos agrave legislaccedilatildeo de combate agrave subcapitalizaccedilatildeo somente eacute possiacutevelrdquo
6 De antematildeo cumpre destacar que a parte vencida refere-se a glosa das despesas
de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas ligadas Para o I Relator Daniel Takahashi ldquodiante a
inexistecircncia de evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos para
aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de despesas de juros
decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada sediada na Holandardquo
Fl 3447DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 6 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
A incorporaccedilatildeo da ICAL se deu em pouco mais de 8 meses apoacutes sua aquisiccedilatildeo pela
OI LATAM
30 dias apoacutes essa incorporaccedilatildeo a OI EUROPEAN cedeu suas accedilotildees da OI BRASIL
para a OI LATAM
No mesmo dia da transferecircncia das accedilotildees da OI BRASIL para a OI LATAM pela OI
EUROPEAN houve a aquisiccedilatildeo do restante das accedilotildees da OI BRASIL junto agrave
MONTEIRO ARANHA SA (MASA) com recursos de empreacutestimos originaacuterios do
exterior por empresa vinculada
No dia seguinte a OI BRASIL incorpora a OI LATAM e passa a amortizar o aacutegio
proveniente da aquisiccedilatildeo da ICAL
Em 2014 a CIV foi incorporada pela OI Brasil
O grande volume de recursos para as aquisiccedilotildees foi tomado como empreacutestimo de
empresa vinculada sediada na Holanda
Diante os fatos e intervalos de tempo entre as operaccedilotildees a autoridade fiscal entendeu se
tratar de planejamento tributaacuterio abusivo em que o uacutenico propoacutesito negocial foi a
economia de tributos por meio de incorporaccedilatildeo reversa de empresas
Tambeacutem entendeu a autoridade fiscal que houve reduccedilatildeo indevida da base de caacutelculo
tributaacutevel com a deduccedilatildeo de despesas de juros provenientes do empreacutestimo contraiacutedo
pela OI LATAM junto a OI MANUFACTORING NETHERLANDS INC vez que
ambas as empresas seriam controladas pela mesma administraccedilatildeo central (OI
EUROPEAN) conforme demonstrado nos diagramas anteriores Sobre esse ponto a
fiscalizaccedilatildeo assim concluiu a partir de respostas do contribuinte quanto agrave origem dos
recursos para pagamento da aquisiccedilatildeo da ICAL (fls 2842)
ldquoEacute de se registrar que a maior parte foi remetida para a OI LATAM atraveacutes de
empreacutestimos de uma subsidiaria da OI EUROPEAN a OI MANUFATURING B V e a
menor parte como aporte de capital pela proacutepria OI EUROPEAN ou seja se houvesse
a capitalizaccedilatildeo integral da OI LATAM natildeo existiria os juros sobre empreacutestimos ou se
a OI EUROPEAN tivesse adquirido diretamente ICALCIV natildeo havendo nenhum oacutebice
para tanto natildeo existiria nem os juros nem a criaccedilatildeo do aacutegio portanto a accedilatildeo
deliberada foi a economia tributaacuteria trazendo para o Brasil o aacutegio que eventualmente
na Holanda natildeo seria aproveitadordquo(gn)
Na sequecircncia a fiscalizaccedilatildeo questiona o contribuinte sobre o motivo da sequecircncia de
incorporaccedilotildees visto que em sua opiniatildeo seria mais razoaacutevel a OI Brasil ter incorporado
a ICAL Dessas respostas assim concluiu
ldquoO fiscalizado informa que dentre as consideraccedilotildees para a accedilatildeo de sequecircncia de
incorporaccedilotildees ocorridas a intenccedilatildeo do Grupo Illinois em adquirir a participaccedilatildeo detida
na OI BRASIL A OI EUROPEAN jaacute detinha em conjunto com a BROCKWAY cerca de
80 da OI BRASIL sendo que o restante pertencia a grupo brasileiro (MASA) e da
mesma forma que a OI EUROPEAN detinha 80 poderia ter adquirido diretamente
dos investidores brasileiros os restantes 20 diretamente sem a utilizaccedilatildeo da OI
LATAM para efetivar o negoacutecio
Como se constata a OI BRASIL natildeo tinha a OI LATAM como acionista e eacute da mesma
forma que a CIV empresa efetivamente produtiva Assim nas sequencias de
incorporaccedilotildees e cessotildees de accedilotildees tratou-se de encaixar a OI LATAM como acionista de
ambas as empresas produtivas atraiacuteda pela possibilidade de amortizaccedilatildeo de aacutegio e
remessa de juros
Fl 3441DF CARF MF
Fl 7 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Em tempo os coacutedigos de atividade econocircmica da OI LATAM e da ICAL registrado nos
cadastros da Receita Federal (CNAE-Fiscal) eacute 7020-4-00 - Atividade de consultoria
em gestatildeo empresarial exceto consultoria teacutecnica especifica
Ainda em anaacutelise agraves respostas apresentadas pelo contribuinte a fiscalizaccedilatildeo considerou
discutiacuteveis as seguintes justificativas para a sequecircncia de incorporaccedilotildees
a) Sobre a menccedilatildeo de que a reorganizaccedilatildeo traria o fortalecimento da base de
sustentaccedilatildeo dos negoacutecios crescimento de suas capacidades financeiras propiciaria
maior acesso ao mercado financeiro no paiacutes e no mundo
Esta afirmaccedilatildeo preliminarmente para a consolidaccedilatildeo do Grupo OI Illinois no paiacutes e
mundialmente a operaccedilatildeo nos moldes em que foi realizada natildeo acrescentou nenhum
fortalecimento ou crescimento da capacidade financeira pois ateacute mesmo o investimento
saiu de uma subsidiaria OI MANUFACTURING NETHERLANDS para outra
subsidiaria OI LATAM logo na consolidaccedilatildeo mundial do grupo teriacuteamos saiacuteda do
caixa global e entrada na conta de investimento Assim insisto se a OI EUROPEAN
tivesse adquirido diretamente da famiacutelia BRENNAND a participaccedilatildeo na ICALCIV e
tambeacutem a quantidade residual de accedilotildees em poder de terceiros da OI-BRASIL (agrave eacutepoca
soacutecia majoritaacuteria) na anaacutelise global natildeo seria alterado o resultado uma vez que a
consolidaccedilatildeo patrimonial do grupo natildeo sofreria reflexos Tampouco se pode falar em
capacidade financeira aumentada Soa falaciosa tal argumentaccedilatildeo
b) Quanto ao alinhamento de interesses da OI LATAM em uma uacutenica pessoa juriacutedica
tambeacutem eacute uma questatildeo de aparecircncia considerando que a OI LATAM natildeo era uma
empresa produtora e sim uma empresa de consultoria cuja existecircncia sob o ponto de
vista econocircmico alegado eacute bastante discutiacutevel
c) Natildeo enxergamos que padratildeo de qualidade poderia propiciar a incorporaccedilatildeo de
consultoria e investidora uma vez que os parques industriais jaacute estavam consolidados
E assim concluiu a autoridade fiscal sobre as incorporaccedilotildees empreendidas pela OI
BRASIL
De tudo quanto alegado pelo contribuinte entendemos que os fins almejados pela
fiscalizada poderiam ser alcanccedilados sem que houvesse a tomada de empreacutestimos do
exterior se a OI EUROPEAN tivesse adquirido diretamente da famiacutelia Brennand eou
capitalizado a OI BRASIL para este fim
Assim os procedimentos embora formalmente corretos foram abusivos quanto ao seu
propoacutesito final pois que engendrados com o fim exclusivo de economia tributaacuteria
Com os procedimentos relacionados o contribuinte logrou economizar tributos com a
amortizaccedilatildeo do aacutegio transferido para o Brasil e pagamento de juros sobre valor que
poderia ser capitalizado (Conforme registro no Syscomex ndash taxa de juros de 10 a a)
Ademais natildeo existe qualquer dificuldade de uma empresa estrangeira em adquirir uma
empresa brasileira ou estabelecida no Brasil aliaacutes tanto a OI BRASIL como a OI
LATAM jaacute tinham soacutecios residentes no exterior
Em anaacutelise da documentaccedilatildeo apresentada em especial os contratos de compra e venda
atas de alteraccedilotildees de alteraccedilatildeo dos contratos sociais e laudos de avaliaccedilatildeo a autoridade
fiscal assim concluiu
A ICALCIV teve como preccedilo negociado o montante de R$ 105066800000 (um
bilhatildeo cinquenta milhotildees e seiscentos e sessenta e oito mil reais) acrescidos de um
valor de caixa estimado e diminuiacutedo de um valor de diacutevidas estimado A forma de
pagamento foi depoacutesito em garantia no valor de R$ R$ 3483200000 e posterior
Fl 3442DF CARF MF
Fl 8 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
pagamento por TED - Transferecircncia Eletrocircnica Disponiacutevel no valor de R$
98142947049 divididos igualmente entre os 7 (sete) soacutecios pessoas fiacutesicas
A participaccedilatildeo de 206 que o Grupo MASA detinha na OI- BRASIL foi adquirido
por R$ 206838638 29 produzindo um aacutegio de R$ 15160724990 considerando que
o valor do patrimocircnio liacutequido proporcional da OI-Brasil na ocasiatildeo era de R$
5123138860 (206 de R$ 24869606117 ndash base balanccedilo de 200411)
No 7ordm Alteraccedilotildees do Contrato Social da OI LATAM foi aprovado a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV bem como o aumento de capital em R$ 13932800000 com emissatildeo de
139382800000 novas quotas totalmente integralizadas pela OI EUROPEAN
Em Ata da OI LATAM de 29042011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da ICAL Chama a
atenccedilatildeo a indicaccedilatildeo de que o patrimocircnio liacutequido da ICAL avaliado em laudo teacutecnico
aponta que a empresa tem participaccedilatildeo apenas na CIV
Em 29042011 na Ata da 9ordf Alteraccedilatildeo do Capital Social da OI LATAM foi aprovado
o aumento de capital no valor de R$ 23561188788 com emissatildeo de 23561188788
novas quotas integralizadas com 17443213419 accedilotildees que a OI EUROPEAN BV
detinha na OI BRASIL
Na Ata da 10ordf Alteraccedilatildeo do Contrato Social da OI LATAM de 29042011 foi
aprovado novo aumento de capital integralizado em espeacutecie na quantidade de USD
4500000000 (quarenta e cinco milhotildees de doacutelares) equivalente a R$ 7177500000
pela soacutecia OI EUROPEAN conforme contrato de cacircmbio de nuacutemero 11023366 datado
de 300511
A verdadeira intenccedilatildeo do Grupo Owens era a aquisiccedilatildeo da CIV pois os laudos de
avaliaccedilatildeo se reportavam basicamente a essa empresa operacional
Em 01062011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela OI BRASIL O valor
que a APSIS Consultoria Ltda apurou como patrimocircnio liacutequido da OI LATAM foi de
R$ 46631551494 mas o aumento de capital na OI BRASIL foi de R$ 22361689338
correspondente a 22361689398 novas accedilotildees Isto porque a OI LATAM era a maior
acionista da OI BRASIL e do patrimocircnio liacutequido apurado foi descontado a participaccedilatildeo
na OI BRASIL no valor de R$ 24269862096
Com base nas informaccedilotildees a fiscalizaccedilatildeo concluiu pelos seguintes valores amortizados
de aacutegio
Sobre o contrato de muacutetuo assim se pronunciou a autoridade fiscal
O contribuinte apresentou o contrato de empreacutestimo e mais os trecircs aditivos ao
contrato elaborados nas datas de 240810 151210 280211 e 300511 e que
resumidamente apresentam as seguintes informaccedilotildees
A) O emprestador eacute a empresa OI MANUFACTURING NETHERLANDS B V e o
tomador a OI AMEacuteRICA LATINA ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA
B) O valor tomado no 1ordm aditamento importava em R$ 88982250000 equivalente agrave
USD 52500000000 (taxa de cacircmbio USD 100=R$ 16949) valor utilizado para
aquisiccedilatildeo da ICAL junto agrave famiacutelia Brennand
C) Os juros acumulados ateacute 280211 somavam R$ 3911286355 que deduzido do
imposto de renda retido na fonte de R$ 586692953 resultando no valor liacutequido de R$
Fl 3443DF CARF MF
Fl 9 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
3324393402 que foi adicionado ao valor total dos empreacutestimos passando de R$
88982250000 para R$ 92306843402
D) Em 310511 houve mais um acreacutescimo no saldo de empreacutestimos ateacute entatildeo existente
passando de R$ 92306843402 para R$ 109054343402 Este aumento fez parte do
3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos no valor de R$ 16747500000 valor este
utilizado na aquisiccedilatildeo de 206 de participaccedilatildeo na OI BRASIL pela OI LATAM
junto agrave MASA E) Os juros foram estabelecidos inicialmente com carecircncia de 6 (seis)
meses muito embora tenham sido calculados jaacute a partir de 010910 inicialmente agrave
taxa libor em USD para 6 meses acrescido de uma margem de 9 ao ano
Assim aproveitando o exemplo do valor de juros transferido para empreacutestimos em
010311 demonstramos como foram feitos os caacutelculos
De 010910 a 181110 (79 dias) USD 52500000000 a 900319aa
De 181110 a 141210 (26 dias) USD 52500000000 a 794219aa
De 141210 a 280211 (76 dias) R$ 88982250000 a 97850 aa
Total apurado = R$ 3911286355 ndash (IRRF) R$ 586692953 = R$ 3324393402
F) Conforme terceiro aditivo a diacutevida deve ser quitada ateacute 240815
G) Durante o ano calendaacuterio de 2010 foram contabilizados juros no valor de R$
2084320033
H) Em 2011 foram debitados a resultados juros no valor de R$ 9587743466 parte
contabilizada na OI LATAM e parte contabilizada na OI BRASIL em virtude da
incorporaccedilatildeo da primeira na segunda
Registre-se a resposta enviada pelo contribuinte em 080916 sobre a vinculaccedilatildeo entre as
empresas especificamente entre o mutuaacuterio e o mutuante onde chamamos a atenccedilatildeo
que a empresa emprestadora tinha como soacutecio a mesma OI EUROPEAN GROUP BV
ldquoInformamos ainda que nos anos-calendaacuterios de 2010 e 2011 a relaccedilatildeo societaacuteria
entre as empresas Owens- Illinois Manufacturing Netherlands BV Owens-Illinois
European Group BV e Owens Brockway Glass Container Inc era a seguinte
(a) Owens Brockway Glass Container Inc era soacutecia indireta da Owens-Illinois
European Group BV e da Owens-Illinois Manufacturing Netherlands BV e
(b)Owens-Illinois European Group BV era soacutecia direta da Owens-Illinois
Manufacturing Netherlands BV
Diante o contrato de muacutetuo celebrado os seguintes valores de despesa de juros foram
contabilizados
Fl 3444DF CARF MF
Fl 10 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Ao teacutermino da anaacutelise empreendida pela autoridade fiscal assim concluiu
Conclui-se da anaacutelise da documentaccedilatildeo acostada aos autos do presente procedimento
fiscal a utilizaccedilatildeo das empresas ICAL e OI LATAM (duas empresas com objetos sociais
de administraccedilatildeo) para permitir que parte do grupo OI ILLINOIS Inc sediado na
Holanda trouxesse para o Brasil o aacutegio gerado na aquisiccedilatildeo das empresas brasileiras
ICALCIV (internalizaccedilatildeo de aacutegio) com a consequente economia tributos
Aleacutem disso a empresa holandesa logrou receber juros dos empreacutestimos ao mesmo
tempo em que economizava tributos quando da reduccedilatildeo do lucro tributaacutevel no Brasil
atraveacutes da apropriaccedilatildeo da despesa financeira
Eacute de se registrar que as leis nordm 1163807 e 1194109 que vieram substituir a lei
societaacuteria nordm 640476 introduziu o Brasil na contabilidade internacional e com essa
padronizaccedilatildeo universal podemos afirmar que a pratica contaacutebil no exterior natildeo
aproveita aacutegios porque trata os ajustes de investimentos via ldquoimpairtmentrdquo ou seja
pratica testes de avaliaccedilatildeo no investimento
No Brasil ainda eacute possiacutevel diminuir tributos por amortizaccedilatildeo no aacutegio atraveacutes da
utilizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria vigente ateacute 31122007 indicando neste contexto a
motivaccedilatildeo para trazer para o Brasil o aacutegio e aqui aproveitaacute-lo
Fica claro que para o contribuinte poder usufruir esse benefiacutecio fiscal deve existir
uma negociaccedilatildeo um custo de aquisiccedilatildeo com um comprador que efetivamente pague
por uma participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio Para isso o aacutegio deve ter efetividade e
legitimidade o que natildeo eacute o caso pois quem efetivamente pagou foi a empresa sediada
na Holanda e o objeto da venda foi efetivamente a CIV e natildeo a ICAL Estamos nos
referindo aos artigos 386 391 do RIR99
()
Natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como foi feita
Trata-se em verdade de demonstrar que o uacutenico propoacutesito para a participaccedilatildeo das
empresas OI LATAM e OI Brasil como adquirentes da ICALCIV e da quantidade
residual de accedilotildees da proacutepria OI BRASIL foi permitir aos seus acionistas estrangeiros
usufruir benefiacutecio fiscal natildeo contemplado pelo ordenamento juriacutedico do paiacutes de seu
domiciacutelio
No relatoacuterio do grupo verifica-se que existe uma uacutenica direccedilatildeo econocircmica que eacute
responsaacutevel pela estrateacutegia global do grupo no caso a proacutepria OI EUROPEAN (veja
Fl 3445DF CARF MF
Fl 11 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
arquivos ldquodados OI European e Oi Manufactoringrdquo e resposta sobre a ligaccedilatildeo entre as
empresas)
Conforme dito ateacute aqui o art 386 traz a uacutenica possibilidade de computar a despesa de
amortizaccedilatildeo de aacutegio na determinaccedilatildeo do lucro real que eacute a pessoa juriacutedica que
absorver o patrimocircnio da outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual
detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio apurado segundo o
disposto no artigo 385 do RIR99 mesmo que a empresa incorporada fusionada ou
cindida for aquela que detinha a propriedade da participaccedilatildeo societaacuteria
Com esse foco foi concentrada as remessas de dinheiro na OI LATAM para aquisiccedilatildeo
da ICAL e do restante das accedilotildees da OI-BRASIL (em poder da MASA)
para posteriormente ser incorporada pela controlada OIBRASIL objetivando buscar o
enquadramento no art 386 do RIR99
Eacute de se registrar como regra geral o RIR99 impede a deduccedilatildeo do aacutegio decorrente da
aquisiccedilatildeo de investimentos avaliados pelo patrimocircnio liacutequido (art 391) ressalvada a
hipoacutetese de adicionar o valor do aacutegio ao valor contaacutebil do investimento para efeito de
determinar o ganho ou a perda de capital na alienaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo de investimento
em coligada ou controlada avaliada pelo patrimocircnio liacutequido (art 426) logo a uacutenica
possibilidade de deduzir a amortizaccedilatildeo do aacutegio na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL se daacute na situaccedilatildeo em que a pessoa juriacutedica absorve o patrimocircnio de
outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual tenha participaccedilatildeo
societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio ou em que a empresa incorporada
fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade de participaccedilatildeo societaacuteria e
adicionalmente que o aacutegio tenha sido fundamentado em rentabilidade futura (art3 86)
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio ou desaacutegio eacute uma transaccedilatildeo de
capital entre soacutecios que natildeo envolve as atividades normais da empresa e portanto
natildeo deve influenciar o resultado (art 391) assim como a equivalecircncia patrimonial
apurado sobre os resultados da adquirida investida
No caso com a incorporaccedilatildeo da OI-LATAM e sua consequente extinccedilatildeo os resultados
das atividades da controladora OI-LATAM absorvidas pela controlada OI-BRASIL
passaram a ser apuradas dentro da mesma empresa natildeo havendo mais a transmissatildeo
de resultados de uma para outra empresa via mecanismo da equivalecircncia patrimonial
Assim tornando-se um soacute patrimocircnio liacutequido consagra o fenocircmeno da ldquoconfusatildeo
patrimonialrdquo
Lembro que a OI LATAM era uma empresa com objeto social de participaccedilatildeo em
outras empresas e que a OI BRASIL era efetivamente a grande e importante
representante do patrimocircnio da OI LATAM Para permitir a dedutibilidade da
amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva extinccedilatildeo do
investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre empresas
controladas a que arcou efetivamente com o desembolso do investimento e controlada
a que foi realmente adquirida de terceiros vendedores Ou seja instituiu um
disciplinamento para a tributaccedilatildeo de um negoacutecio juriacutedico particular que culmina em
uma confusatildeo patrimonial em que natildeo haacute mais distinccedilatildeo entre os patrimocircnios das
empresas controladora e controlada
No caso em anaacutelise a opccedilatildeo do grupo OI natildeo foi pela extinccedilatildeo do investimento O aacutegio
apurado na compra da ICAL e do restante das accedilotildees da OI BRASIL detidas por
terceiros jaacute que se concentrou na uacutenica empresa originariamente produtiva do grupo
OI que era a OI BRASIL para onde foi afinal a real empresa adquirida e produtiva
CIV (pertencente agrave ICAL) o seja o investimento natildeo foi extinto
Fl 3446DF CARF MF
Fl 12 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
4 Devidamente cientificada (17082017) a contribuinte apresentou impugnaccedilatildeo (e-fls 28732948) em 18092017
5 Em sessatildeo de 9 de marccedilo de 2018 a 1ordf Turma da DRJSPO por maioria de
votos julgou improcedente a impugnaccedilatildeo nos termos do voto vencedor Acoacuterdatildeo nordm 16-81665
(e-fls 32043262) cuja ementa recebeu o seguinte descritivo verbis
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA - IRPJ
Ano-calendaacuterio 2013
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO PROPOacuteSITO NEGOCIAL AUSEcircNCIA DE
COMPROVACcedilAtildeO
Natildeo tendo a interessada comprovado o propoacutesito negocial para a sequecircncia de
operaccedilotildees societaacuterias engendradas em curto periacuteodo de tempo correto a glosa da
despesa de amortizaccedilatildeo do aacutegio
LANCcedilAMENTO DE OFIacuteCIO FRAUDE MULTA 150
Em lanccedilamento de ofiacutecio eacute devida multa qualificada de 150 calculada sobre a
totalidade ou diferenccedila do tributo que natildeo foi pago ou recolhido quando demonstrada
accedilatildeo ou omissatildeo fraudulenta do contribuinte
EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO
UTILIZADA PARA VIABILIZAR A AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL
INDEDUTIBILIDADE DOS JUROS DECORRENTES DE TAL EMPREacuteSTIMO
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria por empresa veiacuteculo natildeo eacute bastante para a fruiccedilatildeo
dos benefiacutecios fiscais afetos agrave amortizaccedilatildeo do aacutegio suportado em tal aquisiccedilatildeo Em
consequecircncia se tal aquisiccedilatildeo foi viabilizada mediante a celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil os juros vinculados a tal contrato satildeo indedutiacuteveis em nosso paiacutes
GLOSA DE JUROS DECORRENTES DE EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL
DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO UTILIZADA PARA VIABILIZAR A
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL POSSIBILIDADE DE DEDUCcedilAtildeO DOS
VALORES ADICIONADOS A TIacuteTULO DE SUBCAPITALIZACcedilAtildeO QUANDO
EFETIVAMENTE COMPROVADA A VINCULACcedilAtildeO ENTRE A ADICcedilAtildeO E A
GLOSA EMPREENDIDA PELA FISCALIZACcedilAtildeO
Determinada a indedutibilidade dos juros decorrentes da celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil o reconhecimento da vinculaccedilatildeo da despesa de juros glosada na
autuaccedilatildeo com os valores anteriormente adicionados pela empresa em cumprimento aos
limites legais afetos agrave legislaccedilatildeo de combate agrave subcapitalizaccedilatildeo somente eacute possiacutevelrdquo
6 De antematildeo cumpre destacar que a parte vencida refere-se a glosa das despesas
de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas ligadas Para o I Relator Daniel Takahashi ldquodiante a
inexistecircncia de evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos para
aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de despesas de juros
decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada sediada na Holandardquo
Fl 3447DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 7 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Em tempo os coacutedigos de atividade econocircmica da OI LATAM e da ICAL registrado nos
cadastros da Receita Federal (CNAE-Fiscal) eacute 7020-4-00 - Atividade de consultoria
em gestatildeo empresarial exceto consultoria teacutecnica especifica
Ainda em anaacutelise agraves respostas apresentadas pelo contribuinte a fiscalizaccedilatildeo considerou
discutiacuteveis as seguintes justificativas para a sequecircncia de incorporaccedilotildees
a) Sobre a menccedilatildeo de que a reorganizaccedilatildeo traria o fortalecimento da base de
sustentaccedilatildeo dos negoacutecios crescimento de suas capacidades financeiras propiciaria
maior acesso ao mercado financeiro no paiacutes e no mundo
Esta afirmaccedilatildeo preliminarmente para a consolidaccedilatildeo do Grupo OI Illinois no paiacutes e
mundialmente a operaccedilatildeo nos moldes em que foi realizada natildeo acrescentou nenhum
fortalecimento ou crescimento da capacidade financeira pois ateacute mesmo o investimento
saiu de uma subsidiaria OI MANUFACTURING NETHERLANDS para outra
subsidiaria OI LATAM logo na consolidaccedilatildeo mundial do grupo teriacuteamos saiacuteda do
caixa global e entrada na conta de investimento Assim insisto se a OI EUROPEAN
tivesse adquirido diretamente da famiacutelia BRENNAND a participaccedilatildeo na ICALCIV e
tambeacutem a quantidade residual de accedilotildees em poder de terceiros da OI-BRASIL (agrave eacutepoca
soacutecia majoritaacuteria) na anaacutelise global natildeo seria alterado o resultado uma vez que a
consolidaccedilatildeo patrimonial do grupo natildeo sofreria reflexos Tampouco se pode falar em
capacidade financeira aumentada Soa falaciosa tal argumentaccedilatildeo
b) Quanto ao alinhamento de interesses da OI LATAM em uma uacutenica pessoa juriacutedica
tambeacutem eacute uma questatildeo de aparecircncia considerando que a OI LATAM natildeo era uma
empresa produtora e sim uma empresa de consultoria cuja existecircncia sob o ponto de
vista econocircmico alegado eacute bastante discutiacutevel
c) Natildeo enxergamos que padratildeo de qualidade poderia propiciar a incorporaccedilatildeo de
consultoria e investidora uma vez que os parques industriais jaacute estavam consolidados
E assim concluiu a autoridade fiscal sobre as incorporaccedilotildees empreendidas pela OI
BRASIL
De tudo quanto alegado pelo contribuinte entendemos que os fins almejados pela
fiscalizada poderiam ser alcanccedilados sem que houvesse a tomada de empreacutestimos do
exterior se a OI EUROPEAN tivesse adquirido diretamente da famiacutelia Brennand eou
capitalizado a OI BRASIL para este fim
Assim os procedimentos embora formalmente corretos foram abusivos quanto ao seu
propoacutesito final pois que engendrados com o fim exclusivo de economia tributaacuteria
Com os procedimentos relacionados o contribuinte logrou economizar tributos com a
amortizaccedilatildeo do aacutegio transferido para o Brasil e pagamento de juros sobre valor que
poderia ser capitalizado (Conforme registro no Syscomex ndash taxa de juros de 10 a a)
Ademais natildeo existe qualquer dificuldade de uma empresa estrangeira em adquirir uma
empresa brasileira ou estabelecida no Brasil aliaacutes tanto a OI BRASIL como a OI
LATAM jaacute tinham soacutecios residentes no exterior
Em anaacutelise da documentaccedilatildeo apresentada em especial os contratos de compra e venda
atas de alteraccedilotildees de alteraccedilatildeo dos contratos sociais e laudos de avaliaccedilatildeo a autoridade
fiscal assim concluiu
A ICALCIV teve como preccedilo negociado o montante de R$ 105066800000 (um
bilhatildeo cinquenta milhotildees e seiscentos e sessenta e oito mil reais) acrescidos de um
valor de caixa estimado e diminuiacutedo de um valor de diacutevidas estimado A forma de
pagamento foi depoacutesito em garantia no valor de R$ R$ 3483200000 e posterior
Fl 3442DF CARF MF
Fl 8 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
pagamento por TED - Transferecircncia Eletrocircnica Disponiacutevel no valor de R$
98142947049 divididos igualmente entre os 7 (sete) soacutecios pessoas fiacutesicas
A participaccedilatildeo de 206 que o Grupo MASA detinha na OI- BRASIL foi adquirido
por R$ 206838638 29 produzindo um aacutegio de R$ 15160724990 considerando que
o valor do patrimocircnio liacutequido proporcional da OI-Brasil na ocasiatildeo era de R$
5123138860 (206 de R$ 24869606117 ndash base balanccedilo de 200411)
No 7ordm Alteraccedilotildees do Contrato Social da OI LATAM foi aprovado a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV bem como o aumento de capital em R$ 13932800000 com emissatildeo de
139382800000 novas quotas totalmente integralizadas pela OI EUROPEAN
Em Ata da OI LATAM de 29042011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da ICAL Chama a
atenccedilatildeo a indicaccedilatildeo de que o patrimocircnio liacutequido da ICAL avaliado em laudo teacutecnico
aponta que a empresa tem participaccedilatildeo apenas na CIV
Em 29042011 na Ata da 9ordf Alteraccedilatildeo do Capital Social da OI LATAM foi aprovado
o aumento de capital no valor de R$ 23561188788 com emissatildeo de 23561188788
novas quotas integralizadas com 17443213419 accedilotildees que a OI EUROPEAN BV
detinha na OI BRASIL
Na Ata da 10ordf Alteraccedilatildeo do Contrato Social da OI LATAM de 29042011 foi
aprovado novo aumento de capital integralizado em espeacutecie na quantidade de USD
4500000000 (quarenta e cinco milhotildees de doacutelares) equivalente a R$ 7177500000
pela soacutecia OI EUROPEAN conforme contrato de cacircmbio de nuacutemero 11023366 datado
de 300511
A verdadeira intenccedilatildeo do Grupo Owens era a aquisiccedilatildeo da CIV pois os laudos de
avaliaccedilatildeo se reportavam basicamente a essa empresa operacional
Em 01062011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela OI BRASIL O valor
que a APSIS Consultoria Ltda apurou como patrimocircnio liacutequido da OI LATAM foi de
R$ 46631551494 mas o aumento de capital na OI BRASIL foi de R$ 22361689338
correspondente a 22361689398 novas accedilotildees Isto porque a OI LATAM era a maior
acionista da OI BRASIL e do patrimocircnio liacutequido apurado foi descontado a participaccedilatildeo
na OI BRASIL no valor de R$ 24269862096
Com base nas informaccedilotildees a fiscalizaccedilatildeo concluiu pelos seguintes valores amortizados
de aacutegio
Sobre o contrato de muacutetuo assim se pronunciou a autoridade fiscal
O contribuinte apresentou o contrato de empreacutestimo e mais os trecircs aditivos ao
contrato elaborados nas datas de 240810 151210 280211 e 300511 e que
resumidamente apresentam as seguintes informaccedilotildees
A) O emprestador eacute a empresa OI MANUFACTURING NETHERLANDS B V e o
tomador a OI AMEacuteRICA LATINA ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA
B) O valor tomado no 1ordm aditamento importava em R$ 88982250000 equivalente agrave
USD 52500000000 (taxa de cacircmbio USD 100=R$ 16949) valor utilizado para
aquisiccedilatildeo da ICAL junto agrave famiacutelia Brennand
C) Os juros acumulados ateacute 280211 somavam R$ 3911286355 que deduzido do
imposto de renda retido na fonte de R$ 586692953 resultando no valor liacutequido de R$
Fl 3443DF CARF MF
Fl 9 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
3324393402 que foi adicionado ao valor total dos empreacutestimos passando de R$
88982250000 para R$ 92306843402
D) Em 310511 houve mais um acreacutescimo no saldo de empreacutestimos ateacute entatildeo existente
passando de R$ 92306843402 para R$ 109054343402 Este aumento fez parte do
3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos no valor de R$ 16747500000 valor este
utilizado na aquisiccedilatildeo de 206 de participaccedilatildeo na OI BRASIL pela OI LATAM
junto agrave MASA E) Os juros foram estabelecidos inicialmente com carecircncia de 6 (seis)
meses muito embora tenham sido calculados jaacute a partir de 010910 inicialmente agrave
taxa libor em USD para 6 meses acrescido de uma margem de 9 ao ano
Assim aproveitando o exemplo do valor de juros transferido para empreacutestimos em
010311 demonstramos como foram feitos os caacutelculos
De 010910 a 181110 (79 dias) USD 52500000000 a 900319aa
De 181110 a 141210 (26 dias) USD 52500000000 a 794219aa
De 141210 a 280211 (76 dias) R$ 88982250000 a 97850 aa
Total apurado = R$ 3911286355 ndash (IRRF) R$ 586692953 = R$ 3324393402
F) Conforme terceiro aditivo a diacutevida deve ser quitada ateacute 240815
G) Durante o ano calendaacuterio de 2010 foram contabilizados juros no valor de R$
2084320033
H) Em 2011 foram debitados a resultados juros no valor de R$ 9587743466 parte
contabilizada na OI LATAM e parte contabilizada na OI BRASIL em virtude da
incorporaccedilatildeo da primeira na segunda
Registre-se a resposta enviada pelo contribuinte em 080916 sobre a vinculaccedilatildeo entre as
empresas especificamente entre o mutuaacuterio e o mutuante onde chamamos a atenccedilatildeo
que a empresa emprestadora tinha como soacutecio a mesma OI EUROPEAN GROUP BV
ldquoInformamos ainda que nos anos-calendaacuterios de 2010 e 2011 a relaccedilatildeo societaacuteria
entre as empresas Owens- Illinois Manufacturing Netherlands BV Owens-Illinois
European Group BV e Owens Brockway Glass Container Inc era a seguinte
(a) Owens Brockway Glass Container Inc era soacutecia indireta da Owens-Illinois
European Group BV e da Owens-Illinois Manufacturing Netherlands BV e
(b)Owens-Illinois European Group BV era soacutecia direta da Owens-Illinois
Manufacturing Netherlands BV
Diante o contrato de muacutetuo celebrado os seguintes valores de despesa de juros foram
contabilizados
Fl 3444DF CARF MF
Fl 10 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Ao teacutermino da anaacutelise empreendida pela autoridade fiscal assim concluiu
Conclui-se da anaacutelise da documentaccedilatildeo acostada aos autos do presente procedimento
fiscal a utilizaccedilatildeo das empresas ICAL e OI LATAM (duas empresas com objetos sociais
de administraccedilatildeo) para permitir que parte do grupo OI ILLINOIS Inc sediado na
Holanda trouxesse para o Brasil o aacutegio gerado na aquisiccedilatildeo das empresas brasileiras
ICALCIV (internalizaccedilatildeo de aacutegio) com a consequente economia tributos
Aleacutem disso a empresa holandesa logrou receber juros dos empreacutestimos ao mesmo
tempo em que economizava tributos quando da reduccedilatildeo do lucro tributaacutevel no Brasil
atraveacutes da apropriaccedilatildeo da despesa financeira
Eacute de se registrar que as leis nordm 1163807 e 1194109 que vieram substituir a lei
societaacuteria nordm 640476 introduziu o Brasil na contabilidade internacional e com essa
padronizaccedilatildeo universal podemos afirmar que a pratica contaacutebil no exterior natildeo
aproveita aacutegios porque trata os ajustes de investimentos via ldquoimpairtmentrdquo ou seja
pratica testes de avaliaccedilatildeo no investimento
No Brasil ainda eacute possiacutevel diminuir tributos por amortizaccedilatildeo no aacutegio atraveacutes da
utilizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria vigente ateacute 31122007 indicando neste contexto a
motivaccedilatildeo para trazer para o Brasil o aacutegio e aqui aproveitaacute-lo
Fica claro que para o contribuinte poder usufruir esse benefiacutecio fiscal deve existir
uma negociaccedilatildeo um custo de aquisiccedilatildeo com um comprador que efetivamente pague
por uma participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio Para isso o aacutegio deve ter efetividade e
legitimidade o que natildeo eacute o caso pois quem efetivamente pagou foi a empresa sediada
na Holanda e o objeto da venda foi efetivamente a CIV e natildeo a ICAL Estamos nos
referindo aos artigos 386 391 do RIR99
()
Natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como foi feita
Trata-se em verdade de demonstrar que o uacutenico propoacutesito para a participaccedilatildeo das
empresas OI LATAM e OI Brasil como adquirentes da ICALCIV e da quantidade
residual de accedilotildees da proacutepria OI BRASIL foi permitir aos seus acionistas estrangeiros
usufruir benefiacutecio fiscal natildeo contemplado pelo ordenamento juriacutedico do paiacutes de seu
domiciacutelio
No relatoacuterio do grupo verifica-se que existe uma uacutenica direccedilatildeo econocircmica que eacute
responsaacutevel pela estrateacutegia global do grupo no caso a proacutepria OI EUROPEAN (veja
Fl 3445DF CARF MF
Fl 11 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
arquivos ldquodados OI European e Oi Manufactoringrdquo e resposta sobre a ligaccedilatildeo entre as
empresas)
Conforme dito ateacute aqui o art 386 traz a uacutenica possibilidade de computar a despesa de
amortizaccedilatildeo de aacutegio na determinaccedilatildeo do lucro real que eacute a pessoa juriacutedica que
absorver o patrimocircnio da outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual
detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio apurado segundo o
disposto no artigo 385 do RIR99 mesmo que a empresa incorporada fusionada ou
cindida for aquela que detinha a propriedade da participaccedilatildeo societaacuteria
Com esse foco foi concentrada as remessas de dinheiro na OI LATAM para aquisiccedilatildeo
da ICAL e do restante das accedilotildees da OI-BRASIL (em poder da MASA)
para posteriormente ser incorporada pela controlada OIBRASIL objetivando buscar o
enquadramento no art 386 do RIR99
Eacute de se registrar como regra geral o RIR99 impede a deduccedilatildeo do aacutegio decorrente da
aquisiccedilatildeo de investimentos avaliados pelo patrimocircnio liacutequido (art 391) ressalvada a
hipoacutetese de adicionar o valor do aacutegio ao valor contaacutebil do investimento para efeito de
determinar o ganho ou a perda de capital na alienaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo de investimento
em coligada ou controlada avaliada pelo patrimocircnio liacutequido (art 426) logo a uacutenica
possibilidade de deduzir a amortizaccedilatildeo do aacutegio na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL se daacute na situaccedilatildeo em que a pessoa juriacutedica absorve o patrimocircnio de
outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual tenha participaccedilatildeo
societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio ou em que a empresa incorporada
fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade de participaccedilatildeo societaacuteria e
adicionalmente que o aacutegio tenha sido fundamentado em rentabilidade futura (art3 86)
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio ou desaacutegio eacute uma transaccedilatildeo de
capital entre soacutecios que natildeo envolve as atividades normais da empresa e portanto
natildeo deve influenciar o resultado (art 391) assim como a equivalecircncia patrimonial
apurado sobre os resultados da adquirida investida
No caso com a incorporaccedilatildeo da OI-LATAM e sua consequente extinccedilatildeo os resultados
das atividades da controladora OI-LATAM absorvidas pela controlada OI-BRASIL
passaram a ser apuradas dentro da mesma empresa natildeo havendo mais a transmissatildeo
de resultados de uma para outra empresa via mecanismo da equivalecircncia patrimonial
Assim tornando-se um soacute patrimocircnio liacutequido consagra o fenocircmeno da ldquoconfusatildeo
patrimonialrdquo
Lembro que a OI LATAM era uma empresa com objeto social de participaccedilatildeo em
outras empresas e que a OI BRASIL era efetivamente a grande e importante
representante do patrimocircnio da OI LATAM Para permitir a dedutibilidade da
amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva extinccedilatildeo do
investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre empresas
controladas a que arcou efetivamente com o desembolso do investimento e controlada
a que foi realmente adquirida de terceiros vendedores Ou seja instituiu um
disciplinamento para a tributaccedilatildeo de um negoacutecio juriacutedico particular que culmina em
uma confusatildeo patrimonial em que natildeo haacute mais distinccedilatildeo entre os patrimocircnios das
empresas controladora e controlada
No caso em anaacutelise a opccedilatildeo do grupo OI natildeo foi pela extinccedilatildeo do investimento O aacutegio
apurado na compra da ICAL e do restante das accedilotildees da OI BRASIL detidas por
terceiros jaacute que se concentrou na uacutenica empresa originariamente produtiva do grupo
OI que era a OI BRASIL para onde foi afinal a real empresa adquirida e produtiva
CIV (pertencente agrave ICAL) o seja o investimento natildeo foi extinto
Fl 3446DF CARF MF
Fl 12 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
4 Devidamente cientificada (17082017) a contribuinte apresentou impugnaccedilatildeo (e-fls 28732948) em 18092017
5 Em sessatildeo de 9 de marccedilo de 2018 a 1ordf Turma da DRJSPO por maioria de
votos julgou improcedente a impugnaccedilatildeo nos termos do voto vencedor Acoacuterdatildeo nordm 16-81665
(e-fls 32043262) cuja ementa recebeu o seguinte descritivo verbis
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA - IRPJ
Ano-calendaacuterio 2013
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO PROPOacuteSITO NEGOCIAL AUSEcircNCIA DE
COMPROVACcedilAtildeO
Natildeo tendo a interessada comprovado o propoacutesito negocial para a sequecircncia de
operaccedilotildees societaacuterias engendradas em curto periacuteodo de tempo correto a glosa da
despesa de amortizaccedilatildeo do aacutegio
LANCcedilAMENTO DE OFIacuteCIO FRAUDE MULTA 150
Em lanccedilamento de ofiacutecio eacute devida multa qualificada de 150 calculada sobre a
totalidade ou diferenccedila do tributo que natildeo foi pago ou recolhido quando demonstrada
accedilatildeo ou omissatildeo fraudulenta do contribuinte
EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO
UTILIZADA PARA VIABILIZAR A AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL
INDEDUTIBILIDADE DOS JUROS DECORRENTES DE TAL EMPREacuteSTIMO
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria por empresa veiacuteculo natildeo eacute bastante para a fruiccedilatildeo
dos benefiacutecios fiscais afetos agrave amortizaccedilatildeo do aacutegio suportado em tal aquisiccedilatildeo Em
consequecircncia se tal aquisiccedilatildeo foi viabilizada mediante a celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil os juros vinculados a tal contrato satildeo indedutiacuteveis em nosso paiacutes
GLOSA DE JUROS DECORRENTES DE EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL
DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO UTILIZADA PARA VIABILIZAR A
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL POSSIBILIDADE DE DEDUCcedilAtildeO DOS
VALORES ADICIONADOS A TIacuteTULO DE SUBCAPITALIZACcedilAtildeO QUANDO
EFETIVAMENTE COMPROVADA A VINCULACcedilAtildeO ENTRE A ADICcedilAtildeO E A
GLOSA EMPREENDIDA PELA FISCALIZACcedilAtildeO
Determinada a indedutibilidade dos juros decorrentes da celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil o reconhecimento da vinculaccedilatildeo da despesa de juros glosada na
autuaccedilatildeo com os valores anteriormente adicionados pela empresa em cumprimento aos
limites legais afetos agrave legislaccedilatildeo de combate agrave subcapitalizaccedilatildeo somente eacute possiacutevelrdquo
6 De antematildeo cumpre destacar que a parte vencida refere-se a glosa das despesas
de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas ligadas Para o I Relator Daniel Takahashi ldquodiante a
inexistecircncia de evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos para
aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de despesas de juros
decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada sediada na Holandardquo
Fl 3447DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 8 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
pagamento por TED - Transferecircncia Eletrocircnica Disponiacutevel no valor de R$
98142947049 divididos igualmente entre os 7 (sete) soacutecios pessoas fiacutesicas
A participaccedilatildeo de 206 que o Grupo MASA detinha na OI- BRASIL foi adquirido
por R$ 206838638 29 produzindo um aacutegio de R$ 15160724990 considerando que
o valor do patrimocircnio liacutequido proporcional da OI-Brasil na ocasiatildeo era de R$
5123138860 (206 de R$ 24869606117 ndash base balanccedilo de 200411)
No 7ordm Alteraccedilotildees do Contrato Social da OI LATAM foi aprovado a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV bem como o aumento de capital em R$ 13932800000 com emissatildeo de
139382800000 novas quotas totalmente integralizadas pela OI EUROPEAN
Em Ata da OI LATAM de 29042011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da ICAL Chama a
atenccedilatildeo a indicaccedilatildeo de que o patrimocircnio liacutequido da ICAL avaliado em laudo teacutecnico
aponta que a empresa tem participaccedilatildeo apenas na CIV
Em 29042011 na Ata da 9ordf Alteraccedilatildeo do Capital Social da OI LATAM foi aprovado
o aumento de capital no valor de R$ 23561188788 com emissatildeo de 23561188788
novas quotas integralizadas com 17443213419 accedilotildees que a OI EUROPEAN BV
detinha na OI BRASIL
Na Ata da 10ordf Alteraccedilatildeo do Contrato Social da OI LATAM de 29042011 foi
aprovado novo aumento de capital integralizado em espeacutecie na quantidade de USD
4500000000 (quarenta e cinco milhotildees de doacutelares) equivalente a R$ 7177500000
pela soacutecia OI EUROPEAN conforme contrato de cacircmbio de nuacutemero 11023366 datado
de 300511
A verdadeira intenccedilatildeo do Grupo Owens era a aquisiccedilatildeo da CIV pois os laudos de
avaliaccedilatildeo se reportavam basicamente a essa empresa operacional
Em 01062011 foi aprovada a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela OI BRASIL O valor
que a APSIS Consultoria Ltda apurou como patrimocircnio liacutequido da OI LATAM foi de
R$ 46631551494 mas o aumento de capital na OI BRASIL foi de R$ 22361689338
correspondente a 22361689398 novas accedilotildees Isto porque a OI LATAM era a maior
acionista da OI BRASIL e do patrimocircnio liacutequido apurado foi descontado a participaccedilatildeo
na OI BRASIL no valor de R$ 24269862096
Com base nas informaccedilotildees a fiscalizaccedilatildeo concluiu pelos seguintes valores amortizados
de aacutegio
Sobre o contrato de muacutetuo assim se pronunciou a autoridade fiscal
O contribuinte apresentou o contrato de empreacutestimo e mais os trecircs aditivos ao
contrato elaborados nas datas de 240810 151210 280211 e 300511 e que
resumidamente apresentam as seguintes informaccedilotildees
A) O emprestador eacute a empresa OI MANUFACTURING NETHERLANDS B V e o
tomador a OI AMEacuteRICA LATINA ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA
B) O valor tomado no 1ordm aditamento importava em R$ 88982250000 equivalente agrave
USD 52500000000 (taxa de cacircmbio USD 100=R$ 16949) valor utilizado para
aquisiccedilatildeo da ICAL junto agrave famiacutelia Brennand
C) Os juros acumulados ateacute 280211 somavam R$ 3911286355 que deduzido do
imposto de renda retido na fonte de R$ 586692953 resultando no valor liacutequido de R$
Fl 3443DF CARF MF
Fl 9 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
3324393402 que foi adicionado ao valor total dos empreacutestimos passando de R$
88982250000 para R$ 92306843402
D) Em 310511 houve mais um acreacutescimo no saldo de empreacutestimos ateacute entatildeo existente
passando de R$ 92306843402 para R$ 109054343402 Este aumento fez parte do
3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos no valor de R$ 16747500000 valor este
utilizado na aquisiccedilatildeo de 206 de participaccedilatildeo na OI BRASIL pela OI LATAM
junto agrave MASA E) Os juros foram estabelecidos inicialmente com carecircncia de 6 (seis)
meses muito embora tenham sido calculados jaacute a partir de 010910 inicialmente agrave
taxa libor em USD para 6 meses acrescido de uma margem de 9 ao ano
Assim aproveitando o exemplo do valor de juros transferido para empreacutestimos em
010311 demonstramos como foram feitos os caacutelculos
De 010910 a 181110 (79 dias) USD 52500000000 a 900319aa
De 181110 a 141210 (26 dias) USD 52500000000 a 794219aa
De 141210 a 280211 (76 dias) R$ 88982250000 a 97850 aa
Total apurado = R$ 3911286355 ndash (IRRF) R$ 586692953 = R$ 3324393402
F) Conforme terceiro aditivo a diacutevida deve ser quitada ateacute 240815
G) Durante o ano calendaacuterio de 2010 foram contabilizados juros no valor de R$
2084320033
H) Em 2011 foram debitados a resultados juros no valor de R$ 9587743466 parte
contabilizada na OI LATAM e parte contabilizada na OI BRASIL em virtude da
incorporaccedilatildeo da primeira na segunda
Registre-se a resposta enviada pelo contribuinte em 080916 sobre a vinculaccedilatildeo entre as
empresas especificamente entre o mutuaacuterio e o mutuante onde chamamos a atenccedilatildeo
que a empresa emprestadora tinha como soacutecio a mesma OI EUROPEAN GROUP BV
ldquoInformamos ainda que nos anos-calendaacuterios de 2010 e 2011 a relaccedilatildeo societaacuteria
entre as empresas Owens- Illinois Manufacturing Netherlands BV Owens-Illinois
European Group BV e Owens Brockway Glass Container Inc era a seguinte
(a) Owens Brockway Glass Container Inc era soacutecia indireta da Owens-Illinois
European Group BV e da Owens-Illinois Manufacturing Netherlands BV e
(b)Owens-Illinois European Group BV era soacutecia direta da Owens-Illinois
Manufacturing Netherlands BV
Diante o contrato de muacutetuo celebrado os seguintes valores de despesa de juros foram
contabilizados
Fl 3444DF CARF MF
Fl 10 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Ao teacutermino da anaacutelise empreendida pela autoridade fiscal assim concluiu
Conclui-se da anaacutelise da documentaccedilatildeo acostada aos autos do presente procedimento
fiscal a utilizaccedilatildeo das empresas ICAL e OI LATAM (duas empresas com objetos sociais
de administraccedilatildeo) para permitir que parte do grupo OI ILLINOIS Inc sediado na
Holanda trouxesse para o Brasil o aacutegio gerado na aquisiccedilatildeo das empresas brasileiras
ICALCIV (internalizaccedilatildeo de aacutegio) com a consequente economia tributos
Aleacutem disso a empresa holandesa logrou receber juros dos empreacutestimos ao mesmo
tempo em que economizava tributos quando da reduccedilatildeo do lucro tributaacutevel no Brasil
atraveacutes da apropriaccedilatildeo da despesa financeira
Eacute de se registrar que as leis nordm 1163807 e 1194109 que vieram substituir a lei
societaacuteria nordm 640476 introduziu o Brasil na contabilidade internacional e com essa
padronizaccedilatildeo universal podemos afirmar que a pratica contaacutebil no exterior natildeo
aproveita aacutegios porque trata os ajustes de investimentos via ldquoimpairtmentrdquo ou seja
pratica testes de avaliaccedilatildeo no investimento
No Brasil ainda eacute possiacutevel diminuir tributos por amortizaccedilatildeo no aacutegio atraveacutes da
utilizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria vigente ateacute 31122007 indicando neste contexto a
motivaccedilatildeo para trazer para o Brasil o aacutegio e aqui aproveitaacute-lo
Fica claro que para o contribuinte poder usufruir esse benefiacutecio fiscal deve existir
uma negociaccedilatildeo um custo de aquisiccedilatildeo com um comprador que efetivamente pague
por uma participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio Para isso o aacutegio deve ter efetividade e
legitimidade o que natildeo eacute o caso pois quem efetivamente pagou foi a empresa sediada
na Holanda e o objeto da venda foi efetivamente a CIV e natildeo a ICAL Estamos nos
referindo aos artigos 386 391 do RIR99
()
Natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como foi feita
Trata-se em verdade de demonstrar que o uacutenico propoacutesito para a participaccedilatildeo das
empresas OI LATAM e OI Brasil como adquirentes da ICALCIV e da quantidade
residual de accedilotildees da proacutepria OI BRASIL foi permitir aos seus acionistas estrangeiros
usufruir benefiacutecio fiscal natildeo contemplado pelo ordenamento juriacutedico do paiacutes de seu
domiciacutelio
No relatoacuterio do grupo verifica-se que existe uma uacutenica direccedilatildeo econocircmica que eacute
responsaacutevel pela estrateacutegia global do grupo no caso a proacutepria OI EUROPEAN (veja
Fl 3445DF CARF MF
Fl 11 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
arquivos ldquodados OI European e Oi Manufactoringrdquo e resposta sobre a ligaccedilatildeo entre as
empresas)
Conforme dito ateacute aqui o art 386 traz a uacutenica possibilidade de computar a despesa de
amortizaccedilatildeo de aacutegio na determinaccedilatildeo do lucro real que eacute a pessoa juriacutedica que
absorver o patrimocircnio da outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual
detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio apurado segundo o
disposto no artigo 385 do RIR99 mesmo que a empresa incorporada fusionada ou
cindida for aquela que detinha a propriedade da participaccedilatildeo societaacuteria
Com esse foco foi concentrada as remessas de dinheiro na OI LATAM para aquisiccedilatildeo
da ICAL e do restante das accedilotildees da OI-BRASIL (em poder da MASA)
para posteriormente ser incorporada pela controlada OIBRASIL objetivando buscar o
enquadramento no art 386 do RIR99
Eacute de se registrar como regra geral o RIR99 impede a deduccedilatildeo do aacutegio decorrente da
aquisiccedilatildeo de investimentos avaliados pelo patrimocircnio liacutequido (art 391) ressalvada a
hipoacutetese de adicionar o valor do aacutegio ao valor contaacutebil do investimento para efeito de
determinar o ganho ou a perda de capital na alienaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo de investimento
em coligada ou controlada avaliada pelo patrimocircnio liacutequido (art 426) logo a uacutenica
possibilidade de deduzir a amortizaccedilatildeo do aacutegio na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL se daacute na situaccedilatildeo em que a pessoa juriacutedica absorve o patrimocircnio de
outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual tenha participaccedilatildeo
societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio ou em que a empresa incorporada
fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade de participaccedilatildeo societaacuteria e
adicionalmente que o aacutegio tenha sido fundamentado em rentabilidade futura (art3 86)
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio ou desaacutegio eacute uma transaccedilatildeo de
capital entre soacutecios que natildeo envolve as atividades normais da empresa e portanto
natildeo deve influenciar o resultado (art 391) assim como a equivalecircncia patrimonial
apurado sobre os resultados da adquirida investida
No caso com a incorporaccedilatildeo da OI-LATAM e sua consequente extinccedilatildeo os resultados
das atividades da controladora OI-LATAM absorvidas pela controlada OI-BRASIL
passaram a ser apuradas dentro da mesma empresa natildeo havendo mais a transmissatildeo
de resultados de uma para outra empresa via mecanismo da equivalecircncia patrimonial
Assim tornando-se um soacute patrimocircnio liacutequido consagra o fenocircmeno da ldquoconfusatildeo
patrimonialrdquo
Lembro que a OI LATAM era uma empresa com objeto social de participaccedilatildeo em
outras empresas e que a OI BRASIL era efetivamente a grande e importante
representante do patrimocircnio da OI LATAM Para permitir a dedutibilidade da
amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva extinccedilatildeo do
investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre empresas
controladas a que arcou efetivamente com o desembolso do investimento e controlada
a que foi realmente adquirida de terceiros vendedores Ou seja instituiu um
disciplinamento para a tributaccedilatildeo de um negoacutecio juriacutedico particular que culmina em
uma confusatildeo patrimonial em que natildeo haacute mais distinccedilatildeo entre os patrimocircnios das
empresas controladora e controlada
No caso em anaacutelise a opccedilatildeo do grupo OI natildeo foi pela extinccedilatildeo do investimento O aacutegio
apurado na compra da ICAL e do restante das accedilotildees da OI BRASIL detidas por
terceiros jaacute que se concentrou na uacutenica empresa originariamente produtiva do grupo
OI que era a OI BRASIL para onde foi afinal a real empresa adquirida e produtiva
CIV (pertencente agrave ICAL) o seja o investimento natildeo foi extinto
Fl 3446DF CARF MF
Fl 12 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
4 Devidamente cientificada (17082017) a contribuinte apresentou impugnaccedilatildeo (e-fls 28732948) em 18092017
5 Em sessatildeo de 9 de marccedilo de 2018 a 1ordf Turma da DRJSPO por maioria de
votos julgou improcedente a impugnaccedilatildeo nos termos do voto vencedor Acoacuterdatildeo nordm 16-81665
(e-fls 32043262) cuja ementa recebeu o seguinte descritivo verbis
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA - IRPJ
Ano-calendaacuterio 2013
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO PROPOacuteSITO NEGOCIAL AUSEcircNCIA DE
COMPROVACcedilAtildeO
Natildeo tendo a interessada comprovado o propoacutesito negocial para a sequecircncia de
operaccedilotildees societaacuterias engendradas em curto periacuteodo de tempo correto a glosa da
despesa de amortizaccedilatildeo do aacutegio
LANCcedilAMENTO DE OFIacuteCIO FRAUDE MULTA 150
Em lanccedilamento de ofiacutecio eacute devida multa qualificada de 150 calculada sobre a
totalidade ou diferenccedila do tributo que natildeo foi pago ou recolhido quando demonstrada
accedilatildeo ou omissatildeo fraudulenta do contribuinte
EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO
UTILIZADA PARA VIABILIZAR A AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL
INDEDUTIBILIDADE DOS JUROS DECORRENTES DE TAL EMPREacuteSTIMO
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria por empresa veiacuteculo natildeo eacute bastante para a fruiccedilatildeo
dos benefiacutecios fiscais afetos agrave amortizaccedilatildeo do aacutegio suportado em tal aquisiccedilatildeo Em
consequecircncia se tal aquisiccedilatildeo foi viabilizada mediante a celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil os juros vinculados a tal contrato satildeo indedutiacuteveis em nosso paiacutes
GLOSA DE JUROS DECORRENTES DE EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL
DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO UTILIZADA PARA VIABILIZAR A
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL POSSIBILIDADE DE DEDUCcedilAtildeO DOS
VALORES ADICIONADOS A TIacuteTULO DE SUBCAPITALIZACcedilAtildeO QUANDO
EFETIVAMENTE COMPROVADA A VINCULACcedilAtildeO ENTRE A ADICcedilAtildeO E A
GLOSA EMPREENDIDA PELA FISCALIZACcedilAtildeO
Determinada a indedutibilidade dos juros decorrentes da celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil o reconhecimento da vinculaccedilatildeo da despesa de juros glosada na
autuaccedilatildeo com os valores anteriormente adicionados pela empresa em cumprimento aos
limites legais afetos agrave legislaccedilatildeo de combate agrave subcapitalizaccedilatildeo somente eacute possiacutevelrdquo
6 De antematildeo cumpre destacar que a parte vencida refere-se a glosa das despesas
de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas ligadas Para o I Relator Daniel Takahashi ldquodiante a
inexistecircncia de evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos para
aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de despesas de juros
decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada sediada na Holandardquo
Fl 3447DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 9 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
3324393402 que foi adicionado ao valor total dos empreacutestimos passando de R$
88982250000 para R$ 92306843402
D) Em 310511 houve mais um acreacutescimo no saldo de empreacutestimos ateacute entatildeo existente
passando de R$ 92306843402 para R$ 109054343402 Este aumento fez parte do
3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos no valor de R$ 16747500000 valor este
utilizado na aquisiccedilatildeo de 206 de participaccedilatildeo na OI BRASIL pela OI LATAM
junto agrave MASA E) Os juros foram estabelecidos inicialmente com carecircncia de 6 (seis)
meses muito embora tenham sido calculados jaacute a partir de 010910 inicialmente agrave
taxa libor em USD para 6 meses acrescido de uma margem de 9 ao ano
Assim aproveitando o exemplo do valor de juros transferido para empreacutestimos em
010311 demonstramos como foram feitos os caacutelculos
De 010910 a 181110 (79 dias) USD 52500000000 a 900319aa
De 181110 a 141210 (26 dias) USD 52500000000 a 794219aa
De 141210 a 280211 (76 dias) R$ 88982250000 a 97850 aa
Total apurado = R$ 3911286355 ndash (IRRF) R$ 586692953 = R$ 3324393402
F) Conforme terceiro aditivo a diacutevida deve ser quitada ateacute 240815
G) Durante o ano calendaacuterio de 2010 foram contabilizados juros no valor de R$
2084320033
H) Em 2011 foram debitados a resultados juros no valor de R$ 9587743466 parte
contabilizada na OI LATAM e parte contabilizada na OI BRASIL em virtude da
incorporaccedilatildeo da primeira na segunda
Registre-se a resposta enviada pelo contribuinte em 080916 sobre a vinculaccedilatildeo entre as
empresas especificamente entre o mutuaacuterio e o mutuante onde chamamos a atenccedilatildeo
que a empresa emprestadora tinha como soacutecio a mesma OI EUROPEAN GROUP BV
ldquoInformamos ainda que nos anos-calendaacuterios de 2010 e 2011 a relaccedilatildeo societaacuteria
entre as empresas Owens- Illinois Manufacturing Netherlands BV Owens-Illinois
European Group BV e Owens Brockway Glass Container Inc era a seguinte
(a) Owens Brockway Glass Container Inc era soacutecia indireta da Owens-Illinois
European Group BV e da Owens-Illinois Manufacturing Netherlands BV e
(b)Owens-Illinois European Group BV era soacutecia direta da Owens-Illinois
Manufacturing Netherlands BV
Diante o contrato de muacutetuo celebrado os seguintes valores de despesa de juros foram
contabilizados
Fl 3444DF CARF MF
Fl 10 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Ao teacutermino da anaacutelise empreendida pela autoridade fiscal assim concluiu
Conclui-se da anaacutelise da documentaccedilatildeo acostada aos autos do presente procedimento
fiscal a utilizaccedilatildeo das empresas ICAL e OI LATAM (duas empresas com objetos sociais
de administraccedilatildeo) para permitir que parte do grupo OI ILLINOIS Inc sediado na
Holanda trouxesse para o Brasil o aacutegio gerado na aquisiccedilatildeo das empresas brasileiras
ICALCIV (internalizaccedilatildeo de aacutegio) com a consequente economia tributos
Aleacutem disso a empresa holandesa logrou receber juros dos empreacutestimos ao mesmo
tempo em que economizava tributos quando da reduccedilatildeo do lucro tributaacutevel no Brasil
atraveacutes da apropriaccedilatildeo da despesa financeira
Eacute de se registrar que as leis nordm 1163807 e 1194109 que vieram substituir a lei
societaacuteria nordm 640476 introduziu o Brasil na contabilidade internacional e com essa
padronizaccedilatildeo universal podemos afirmar que a pratica contaacutebil no exterior natildeo
aproveita aacutegios porque trata os ajustes de investimentos via ldquoimpairtmentrdquo ou seja
pratica testes de avaliaccedilatildeo no investimento
No Brasil ainda eacute possiacutevel diminuir tributos por amortizaccedilatildeo no aacutegio atraveacutes da
utilizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria vigente ateacute 31122007 indicando neste contexto a
motivaccedilatildeo para trazer para o Brasil o aacutegio e aqui aproveitaacute-lo
Fica claro que para o contribuinte poder usufruir esse benefiacutecio fiscal deve existir
uma negociaccedilatildeo um custo de aquisiccedilatildeo com um comprador que efetivamente pague
por uma participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio Para isso o aacutegio deve ter efetividade e
legitimidade o que natildeo eacute o caso pois quem efetivamente pagou foi a empresa sediada
na Holanda e o objeto da venda foi efetivamente a CIV e natildeo a ICAL Estamos nos
referindo aos artigos 386 391 do RIR99
()
Natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como foi feita
Trata-se em verdade de demonstrar que o uacutenico propoacutesito para a participaccedilatildeo das
empresas OI LATAM e OI Brasil como adquirentes da ICALCIV e da quantidade
residual de accedilotildees da proacutepria OI BRASIL foi permitir aos seus acionistas estrangeiros
usufruir benefiacutecio fiscal natildeo contemplado pelo ordenamento juriacutedico do paiacutes de seu
domiciacutelio
No relatoacuterio do grupo verifica-se que existe uma uacutenica direccedilatildeo econocircmica que eacute
responsaacutevel pela estrateacutegia global do grupo no caso a proacutepria OI EUROPEAN (veja
Fl 3445DF CARF MF
Fl 11 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
arquivos ldquodados OI European e Oi Manufactoringrdquo e resposta sobre a ligaccedilatildeo entre as
empresas)
Conforme dito ateacute aqui o art 386 traz a uacutenica possibilidade de computar a despesa de
amortizaccedilatildeo de aacutegio na determinaccedilatildeo do lucro real que eacute a pessoa juriacutedica que
absorver o patrimocircnio da outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual
detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio apurado segundo o
disposto no artigo 385 do RIR99 mesmo que a empresa incorporada fusionada ou
cindida for aquela que detinha a propriedade da participaccedilatildeo societaacuteria
Com esse foco foi concentrada as remessas de dinheiro na OI LATAM para aquisiccedilatildeo
da ICAL e do restante das accedilotildees da OI-BRASIL (em poder da MASA)
para posteriormente ser incorporada pela controlada OIBRASIL objetivando buscar o
enquadramento no art 386 do RIR99
Eacute de se registrar como regra geral o RIR99 impede a deduccedilatildeo do aacutegio decorrente da
aquisiccedilatildeo de investimentos avaliados pelo patrimocircnio liacutequido (art 391) ressalvada a
hipoacutetese de adicionar o valor do aacutegio ao valor contaacutebil do investimento para efeito de
determinar o ganho ou a perda de capital na alienaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo de investimento
em coligada ou controlada avaliada pelo patrimocircnio liacutequido (art 426) logo a uacutenica
possibilidade de deduzir a amortizaccedilatildeo do aacutegio na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL se daacute na situaccedilatildeo em que a pessoa juriacutedica absorve o patrimocircnio de
outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual tenha participaccedilatildeo
societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio ou em que a empresa incorporada
fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade de participaccedilatildeo societaacuteria e
adicionalmente que o aacutegio tenha sido fundamentado em rentabilidade futura (art3 86)
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio ou desaacutegio eacute uma transaccedilatildeo de
capital entre soacutecios que natildeo envolve as atividades normais da empresa e portanto
natildeo deve influenciar o resultado (art 391) assim como a equivalecircncia patrimonial
apurado sobre os resultados da adquirida investida
No caso com a incorporaccedilatildeo da OI-LATAM e sua consequente extinccedilatildeo os resultados
das atividades da controladora OI-LATAM absorvidas pela controlada OI-BRASIL
passaram a ser apuradas dentro da mesma empresa natildeo havendo mais a transmissatildeo
de resultados de uma para outra empresa via mecanismo da equivalecircncia patrimonial
Assim tornando-se um soacute patrimocircnio liacutequido consagra o fenocircmeno da ldquoconfusatildeo
patrimonialrdquo
Lembro que a OI LATAM era uma empresa com objeto social de participaccedilatildeo em
outras empresas e que a OI BRASIL era efetivamente a grande e importante
representante do patrimocircnio da OI LATAM Para permitir a dedutibilidade da
amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva extinccedilatildeo do
investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre empresas
controladas a que arcou efetivamente com o desembolso do investimento e controlada
a que foi realmente adquirida de terceiros vendedores Ou seja instituiu um
disciplinamento para a tributaccedilatildeo de um negoacutecio juriacutedico particular que culmina em
uma confusatildeo patrimonial em que natildeo haacute mais distinccedilatildeo entre os patrimocircnios das
empresas controladora e controlada
No caso em anaacutelise a opccedilatildeo do grupo OI natildeo foi pela extinccedilatildeo do investimento O aacutegio
apurado na compra da ICAL e do restante das accedilotildees da OI BRASIL detidas por
terceiros jaacute que se concentrou na uacutenica empresa originariamente produtiva do grupo
OI que era a OI BRASIL para onde foi afinal a real empresa adquirida e produtiva
CIV (pertencente agrave ICAL) o seja o investimento natildeo foi extinto
Fl 3446DF CARF MF
Fl 12 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
4 Devidamente cientificada (17082017) a contribuinte apresentou impugnaccedilatildeo (e-fls 28732948) em 18092017
5 Em sessatildeo de 9 de marccedilo de 2018 a 1ordf Turma da DRJSPO por maioria de
votos julgou improcedente a impugnaccedilatildeo nos termos do voto vencedor Acoacuterdatildeo nordm 16-81665
(e-fls 32043262) cuja ementa recebeu o seguinte descritivo verbis
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA - IRPJ
Ano-calendaacuterio 2013
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO PROPOacuteSITO NEGOCIAL AUSEcircNCIA DE
COMPROVACcedilAtildeO
Natildeo tendo a interessada comprovado o propoacutesito negocial para a sequecircncia de
operaccedilotildees societaacuterias engendradas em curto periacuteodo de tempo correto a glosa da
despesa de amortizaccedilatildeo do aacutegio
LANCcedilAMENTO DE OFIacuteCIO FRAUDE MULTA 150
Em lanccedilamento de ofiacutecio eacute devida multa qualificada de 150 calculada sobre a
totalidade ou diferenccedila do tributo que natildeo foi pago ou recolhido quando demonstrada
accedilatildeo ou omissatildeo fraudulenta do contribuinte
EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO
UTILIZADA PARA VIABILIZAR A AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL
INDEDUTIBILIDADE DOS JUROS DECORRENTES DE TAL EMPREacuteSTIMO
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria por empresa veiacuteculo natildeo eacute bastante para a fruiccedilatildeo
dos benefiacutecios fiscais afetos agrave amortizaccedilatildeo do aacutegio suportado em tal aquisiccedilatildeo Em
consequecircncia se tal aquisiccedilatildeo foi viabilizada mediante a celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil os juros vinculados a tal contrato satildeo indedutiacuteveis em nosso paiacutes
GLOSA DE JUROS DECORRENTES DE EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL
DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO UTILIZADA PARA VIABILIZAR A
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL POSSIBILIDADE DE DEDUCcedilAtildeO DOS
VALORES ADICIONADOS A TIacuteTULO DE SUBCAPITALIZACcedilAtildeO QUANDO
EFETIVAMENTE COMPROVADA A VINCULACcedilAtildeO ENTRE A ADICcedilAtildeO E A
GLOSA EMPREENDIDA PELA FISCALIZACcedilAtildeO
Determinada a indedutibilidade dos juros decorrentes da celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil o reconhecimento da vinculaccedilatildeo da despesa de juros glosada na
autuaccedilatildeo com os valores anteriormente adicionados pela empresa em cumprimento aos
limites legais afetos agrave legislaccedilatildeo de combate agrave subcapitalizaccedilatildeo somente eacute possiacutevelrdquo
6 De antematildeo cumpre destacar que a parte vencida refere-se a glosa das despesas
de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas ligadas Para o I Relator Daniel Takahashi ldquodiante a
inexistecircncia de evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos para
aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de despesas de juros
decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada sediada na Holandardquo
Fl 3447DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 10 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Ao teacutermino da anaacutelise empreendida pela autoridade fiscal assim concluiu
Conclui-se da anaacutelise da documentaccedilatildeo acostada aos autos do presente procedimento
fiscal a utilizaccedilatildeo das empresas ICAL e OI LATAM (duas empresas com objetos sociais
de administraccedilatildeo) para permitir que parte do grupo OI ILLINOIS Inc sediado na
Holanda trouxesse para o Brasil o aacutegio gerado na aquisiccedilatildeo das empresas brasileiras
ICALCIV (internalizaccedilatildeo de aacutegio) com a consequente economia tributos
Aleacutem disso a empresa holandesa logrou receber juros dos empreacutestimos ao mesmo
tempo em que economizava tributos quando da reduccedilatildeo do lucro tributaacutevel no Brasil
atraveacutes da apropriaccedilatildeo da despesa financeira
Eacute de se registrar que as leis nordm 1163807 e 1194109 que vieram substituir a lei
societaacuteria nordm 640476 introduziu o Brasil na contabilidade internacional e com essa
padronizaccedilatildeo universal podemos afirmar que a pratica contaacutebil no exterior natildeo
aproveita aacutegios porque trata os ajustes de investimentos via ldquoimpairtmentrdquo ou seja
pratica testes de avaliaccedilatildeo no investimento
No Brasil ainda eacute possiacutevel diminuir tributos por amortizaccedilatildeo no aacutegio atraveacutes da
utilizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo tributaacuteria vigente ateacute 31122007 indicando neste contexto a
motivaccedilatildeo para trazer para o Brasil o aacutegio e aqui aproveitaacute-lo
Fica claro que para o contribuinte poder usufruir esse benefiacutecio fiscal deve existir
uma negociaccedilatildeo um custo de aquisiccedilatildeo com um comprador que efetivamente pague
por uma participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio Para isso o aacutegio deve ter efetividade e
legitimidade o que natildeo eacute o caso pois quem efetivamente pagou foi a empresa sediada
na Holanda e o objeto da venda foi efetivamente a CIV e natildeo a ICAL Estamos nos
referindo aos artigos 386 391 do RIR99
()
Natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como foi feita
Trata-se em verdade de demonstrar que o uacutenico propoacutesito para a participaccedilatildeo das
empresas OI LATAM e OI Brasil como adquirentes da ICALCIV e da quantidade
residual de accedilotildees da proacutepria OI BRASIL foi permitir aos seus acionistas estrangeiros
usufruir benefiacutecio fiscal natildeo contemplado pelo ordenamento juriacutedico do paiacutes de seu
domiciacutelio
No relatoacuterio do grupo verifica-se que existe uma uacutenica direccedilatildeo econocircmica que eacute
responsaacutevel pela estrateacutegia global do grupo no caso a proacutepria OI EUROPEAN (veja
Fl 3445DF CARF MF
Fl 11 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
arquivos ldquodados OI European e Oi Manufactoringrdquo e resposta sobre a ligaccedilatildeo entre as
empresas)
Conforme dito ateacute aqui o art 386 traz a uacutenica possibilidade de computar a despesa de
amortizaccedilatildeo de aacutegio na determinaccedilatildeo do lucro real que eacute a pessoa juriacutedica que
absorver o patrimocircnio da outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual
detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio apurado segundo o
disposto no artigo 385 do RIR99 mesmo que a empresa incorporada fusionada ou
cindida for aquela que detinha a propriedade da participaccedilatildeo societaacuteria
Com esse foco foi concentrada as remessas de dinheiro na OI LATAM para aquisiccedilatildeo
da ICAL e do restante das accedilotildees da OI-BRASIL (em poder da MASA)
para posteriormente ser incorporada pela controlada OIBRASIL objetivando buscar o
enquadramento no art 386 do RIR99
Eacute de se registrar como regra geral o RIR99 impede a deduccedilatildeo do aacutegio decorrente da
aquisiccedilatildeo de investimentos avaliados pelo patrimocircnio liacutequido (art 391) ressalvada a
hipoacutetese de adicionar o valor do aacutegio ao valor contaacutebil do investimento para efeito de
determinar o ganho ou a perda de capital na alienaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo de investimento
em coligada ou controlada avaliada pelo patrimocircnio liacutequido (art 426) logo a uacutenica
possibilidade de deduzir a amortizaccedilatildeo do aacutegio na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL se daacute na situaccedilatildeo em que a pessoa juriacutedica absorve o patrimocircnio de
outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual tenha participaccedilatildeo
societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio ou em que a empresa incorporada
fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade de participaccedilatildeo societaacuteria e
adicionalmente que o aacutegio tenha sido fundamentado em rentabilidade futura (art3 86)
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio ou desaacutegio eacute uma transaccedilatildeo de
capital entre soacutecios que natildeo envolve as atividades normais da empresa e portanto
natildeo deve influenciar o resultado (art 391) assim como a equivalecircncia patrimonial
apurado sobre os resultados da adquirida investida
No caso com a incorporaccedilatildeo da OI-LATAM e sua consequente extinccedilatildeo os resultados
das atividades da controladora OI-LATAM absorvidas pela controlada OI-BRASIL
passaram a ser apuradas dentro da mesma empresa natildeo havendo mais a transmissatildeo
de resultados de uma para outra empresa via mecanismo da equivalecircncia patrimonial
Assim tornando-se um soacute patrimocircnio liacutequido consagra o fenocircmeno da ldquoconfusatildeo
patrimonialrdquo
Lembro que a OI LATAM era uma empresa com objeto social de participaccedilatildeo em
outras empresas e que a OI BRASIL era efetivamente a grande e importante
representante do patrimocircnio da OI LATAM Para permitir a dedutibilidade da
amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva extinccedilatildeo do
investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre empresas
controladas a que arcou efetivamente com o desembolso do investimento e controlada
a que foi realmente adquirida de terceiros vendedores Ou seja instituiu um
disciplinamento para a tributaccedilatildeo de um negoacutecio juriacutedico particular que culmina em
uma confusatildeo patrimonial em que natildeo haacute mais distinccedilatildeo entre os patrimocircnios das
empresas controladora e controlada
No caso em anaacutelise a opccedilatildeo do grupo OI natildeo foi pela extinccedilatildeo do investimento O aacutegio
apurado na compra da ICAL e do restante das accedilotildees da OI BRASIL detidas por
terceiros jaacute que se concentrou na uacutenica empresa originariamente produtiva do grupo
OI que era a OI BRASIL para onde foi afinal a real empresa adquirida e produtiva
CIV (pertencente agrave ICAL) o seja o investimento natildeo foi extinto
Fl 3446DF CARF MF
Fl 12 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
4 Devidamente cientificada (17082017) a contribuinte apresentou impugnaccedilatildeo (e-fls 28732948) em 18092017
5 Em sessatildeo de 9 de marccedilo de 2018 a 1ordf Turma da DRJSPO por maioria de
votos julgou improcedente a impugnaccedilatildeo nos termos do voto vencedor Acoacuterdatildeo nordm 16-81665
(e-fls 32043262) cuja ementa recebeu o seguinte descritivo verbis
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA - IRPJ
Ano-calendaacuterio 2013
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO PROPOacuteSITO NEGOCIAL AUSEcircNCIA DE
COMPROVACcedilAtildeO
Natildeo tendo a interessada comprovado o propoacutesito negocial para a sequecircncia de
operaccedilotildees societaacuterias engendradas em curto periacuteodo de tempo correto a glosa da
despesa de amortizaccedilatildeo do aacutegio
LANCcedilAMENTO DE OFIacuteCIO FRAUDE MULTA 150
Em lanccedilamento de ofiacutecio eacute devida multa qualificada de 150 calculada sobre a
totalidade ou diferenccedila do tributo que natildeo foi pago ou recolhido quando demonstrada
accedilatildeo ou omissatildeo fraudulenta do contribuinte
EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO
UTILIZADA PARA VIABILIZAR A AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL
INDEDUTIBILIDADE DOS JUROS DECORRENTES DE TAL EMPREacuteSTIMO
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria por empresa veiacuteculo natildeo eacute bastante para a fruiccedilatildeo
dos benefiacutecios fiscais afetos agrave amortizaccedilatildeo do aacutegio suportado em tal aquisiccedilatildeo Em
consequecircncia se tal aquisiccedilatildeo foi viabilizada mediante a celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil os juros vinculados a tal contrato satildeo indedutiacuteveis em nosso paiacutes
GLOSA DE JUROS DECORRENTES DE EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL
DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO UTILIZADA PARA VIABILIZAR A
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL POSSIBILIDADE DE DEDUCcedilAtildeO DOS
VALORES ADICIONADOS A TIacuteTULO DE SUBCAPITALIZACcedilAtildeO QUANDO
EFETIVAMENTE COMPROVADA A VINCULACcedilAtildeO ENTRE A ADICcedilAtildeO E A
GLOSA EMPREENDIDA PELA FISCALIZACcedilAtildeO
Determinada a indedutibilidade dos juros decorrentes da celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil o reconhecimento da vinculaccedilatildeo da despesa de juros glosada na
autuaccedilatildeo com os valores anteriormente adicionados pela empresa em cumprimento aos
limites legais afetos agrave legislaccedilatildeo de combate agrave subcapitalizaccedilatildeo somente eacute possiacutevelrdquo
6 De antematildeo cumpre destacar que a parte vencida refere-se a glosa das despesas
de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas ligadas Para o I Relator Daniel Takahashi ldquodiante a
inexistecircncia de evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos para
aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de despesas de juros
decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada sediada na Holandardquo
Fl 3447DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 11 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
arquivos ldquodados OI European e Oi Manufactoringrdquo e resposta sobre a ligaccedilatildeo entre as
empresas)
Conforme dito ateacute aqui o art 386 traz a uacutenica possibilidade de computar a despesa de
amortizaccedilatildeo de aacutegio na determinaccedilatildeo do lucro real que eacute a pessoa juriacutedica que
absorver o patrimocircnio da outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual
detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio apurado segundo o
disposto no artigo 385 do RIR99 mesmo que a empresa incorporada fusionada ou
cindida for aquela que detinha a propriedade da participaccedilatildeo societaacuteria
Com esse foco foi concentrada as remessas de dinheiro na OI LATAM para aquisiccedilatildeo
da ICAL e do restante das accedilotildees da OI-BRASIL (em poder da MASA)
para posteriormente ser incorporada pela controlada OIBRASIL objetivando buscar o
enquadramento no art 386 do RIR99
Eacute de se registrar como regra geral o RIR99 impede a deduccedilatildeo do aacutegio decorrente da
aquisiccedilatildeo de investimentos avaliados pelo patrimocircnio liacutequido (art 391) ressalvada a
hipoacutetese de adicionar o valor do aacutegio ao valor contaacutebil do investimento para efeito de
determinar o ganho ou a perda de capital na alienaccedilatildeo ou liquidaccedilatildeo de investimento
em coligada ou controlada avaliada pelo patrimocircnio liacutequido (art 426) logo a uacutenica
possibilidade de deduzir a amortizaccedilatildeo do aacutegio na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL se daacute na situaccedilatildeo em que a pessoa juriacutedica absorve o patrimocircnio de
outra em virtude de incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual tenha participaccedilatildeo
societaacuteria adquirida com aacutegio ou desaacutegio ou em que a empresa incorporada
fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade de participaccedilatildeo societaacuteria e
adicionalmente que o aacutegio tenha sido fundamentado em rentabilidade futura (art3 86)
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria com aacutegio ou desaacutegio eacute uma transaccedilatildeo de
capital entre soacutecios que natildeo envolve as atividades normais da empresa e portanto
natildeo deve influenciar o resultado (art 391) assim como a equivalecircncia patrimonial
apurado sobre os resultados da adquirida investida
No caso com a incorporaccedilatildeo da OI-LATAM e sua consequente extinccedilatildeo os resultados
das atividades da controladora OI-LATAM absorvidas pela controlada OI-BRASIL
passaram a ser apuradas dentro da mesma empresa natildeo havendo mais a transmissatildeo
de resultados de uma para outra empresa via mecanismo da equivalecircncia patrimonial
Assim tornando-se um soacute patrimocircnio liacutequido consagra o fenocircmeno da ldquoconfusatildeo
patrimonialrdquo
Lembro que a OI LATAM era uma empresa com objeto social de participaccedilatildeo em
outras empresas e que a OI BRASIL era efetivamente a grande e importante
representante do patrimocircnio da OI LATAM Para permitir a dedutibilidade da
amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva extinccedilatildeo do
investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre empresas
controladas a que arcou efetivamente com o desembolso do investimento e controlada
a que foi realmente adquirida de terceiros vendedores Ou seja instituiu um
disciplinamento para a tributaccedilatildeo de um negoacutecio juriacutedico particular que culmina em
uma confusatildeo patrimonial em que natildeo haacute mais distinccedilatildeo entre os patrimocircnios das
empresas controladora e controlada
No caso em anaacutelise a opccedilatildeo do grupo OI natildeo foi pela extinccedilatildeo do investimento O aacutegio
apurado na compra da ICAL e do restante das accedilotildees da OI BRASIL detidas por
terceiros jaacute que se concentrou na uacutenica empresa originariamente produtiva do grupo
OI que era a OI BRASIL para onde foi afinal a real empresa adquirida e produtiva
CIV (pertencente agrave ICAL) o seja o investimento natildeo foi extinto
Fl 3446DF CARF MF
Fl 12 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
4 Devidamente cientificada (17082017) a contribuinte apresentou impugnaccedilatildeo (e-fls 28732948) em 18092017
5 Em sessatildeo de 9 de marccedilo de 2018 a 1ordf Turma da DRJSPO por maioria de
votos julgou improcedente a impugnaccedilatildeo nos termos do voto vencedor Acoacuterdatildeo nordm 16-81665
(e-fls 32043262) cuja ementa recebeu o seguinte descritivo verbis
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA - IRPJ
Ano-calendaacuterio 2013
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO PROPOacuteSITO NEGOCIAL AUSEcircNCIA DE
COMPROVACcedilAtildeO
Natildeo tendo a interessada comprovado o propoacutesito negocial para a sequecircncia de
operaccedilotildees societaacuterias engendradas em curto periacuteodo de tempo correto a glosa da
despesa de amortizaccedilatildeo do aacutegio
LANCcedilAMENTO DE OFIacuteCIO FRAUDE MULTA 150
Em lanccedilamento de ofiacutecio eacute devida multa qualificada de 150 calculada sobre a
totalidade ou diferenccedila do tributo que natildeo foi pago ou recolhido quando demonstrada
accedilatildeo ou omissatildeo fraudulenta do contribuinte
EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO
UTILIZADA PARA VIABILIZAR A AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL
INDEDUTIBILIDADE DOS JUROS DECORRENTES DE TAL EMPREacuteSTIMO
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria por empresa veiacuteculo natildeo eacute bastante para a fruiccedilatildeo
dos benefiacutecios fiscais afetos agrave amortizaccedilatildeo do aacutegio suportado em tal aquisiccedilatildeo Em
consequecircncia se tal aquisiccedilatildeo foi viabilizada mediante a celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil os juros vinculados a tal contrato satildeo indedutiacuteveis em nosso paiacutes
GLOSA DE JUROS DECORRENTES DE EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL
DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO UTILIZADA PARA VIABILIZAR A
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL POSSIBILIDADE DE DEDUCcedilAtildeO DOS
VALORES ADICIONADOS A TIacuteTULO DE SUBCAPITALIZACcedilAtildeO QUANDO
EFETIVAMENTE COMPROVADA A VINCULACcedilAtildeO ENTRE A ADICcedilAtildeO E A
GLOSA EMPREENDIDA PELA FISCALIZACcedilAtildeO
Determinada a indedutibilidade dos juros decorrentes da celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil o reconhecimento da vinculaccedilatildeo da despesa de juros glosada na
autuaccedilatildeo com os valores anteriormente adicionados pela empresa em cumprimento aos
limites legais afetos agrave legislaccedilatildeo de combate agrave subcapitalizaccedilatildeo somente eacute possiacutevelrdquo
6 De antematildeo cumpre destacar que a parte vencida refere-se a glosa das despesas
de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas ligadas Para o I Relator Daniel Takahashi ldquodiante a
inexistecircncia de evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos para
aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de despesas de juros
decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada sediada na Holandardquo
Fl 3447DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 12 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
4 Devidamente cientificada (17082017) a contribuinte apresentou impugnaccedilatildeo (e-fls 28732948) em 18092017
5 Em sessatildeo de 9 de marccedilo de 2018 a 1ordf Turma da DRJSPO por maioria de
votos julgou improcedente a impugnaccedilatildeo nos termos do voto vencedor Acoacuterdatildeo nordm 16-81665
(e-fls 32043262) cuja ementa recebeu o seguinte descritivo verbis
ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIacuteDICA - IRPJ
Ano-calendaacuterio 2013
PLANEJAMENTO TRIBUTAacuteRIO PROPOacuteSITO NEGOCIAL AUSEcircNCIA DE
COMPROVACcedilAtildeO
Natildeo tendo a interessada comprovado o propoacutesito negocial para a sequecircncia de
operaccedilotildees societaacuterias engendradas em curto periacuteodo de tempo correto a glosa da
despesa de amortizaccedilatildeo do aacutegio
LANCcedilAMENTO DE OFIacuteCIO FRAUDE MULTA 150
Em lanccedilamento de ofiacutecio eacute devida multa qualificada de 150 calculada sobre a
totalidade ou diferenccedila do tributo que natildeo foi pago ou recolhido quando demonstrada
accedilatildeo ou omissatildeo fraudulenta do contribuinte
EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO
UTILIZADA PARA VIABILIZAR A AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL
INDEDUTIBILIDADE DOS JUROS DECORRENTES DE TAL EMPREacuteSTIMO
A aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria por empresa veiacuteculo natildeo eacute bastante para a fruiccedilatildeo
dos benefiacutecios fiscais afetos agrave amortizaccedilatildeo do aacutegio suportado em tal aquisiccedilatildeo Em
consequecircncia se tal aquisiccedilatildeo foi viabilizada mediante a celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil os juros vinculados a tal contrato satildeo indedutiacuteveis em nosso paiacutes
GLOSA DE JUROS DECORRENTES DE EMPREacuteSTIMO INTERNACIONAL
DIRECIONADO A EMPRESA VEIacuteCULO UTILIZADA PARA VIABILIZAR A
AMORTIZACcedilAtildeO DE AacuteGIO NO BRASIL POSSIBILIDADE DE DEDUCcedilAtildeO DOS
VALORES ADICIONADOS A TIacuteTULO DE SUBCAPITALIZACcedilAtildeO QUANDO
EFETIVAMENTE COMPROVADA A VINCULACcedilAtildeO ENTRE A ADICcedilAtildeO E A
GLOSA EMPREENDIDA PELA FISCALIZACcedilAtildeO
Determinada a indedutibilidade dos juros decorrentes da celebraccedilatildeo de contrato
internacional de muacutetuo com empresa ligada que eacute a real adquirente da participaccedilatildeo
societaacuteria no Brasil o reconhecimento da vinculaccedilatildeo da despesa de juros glosada na
autuaccedilatildeo com os valores anteriormente adicionados pela empresa em cumprimento aos
limites legais afetos agrave legislaccedilatildeo de combate agrave subcapitalizaccedilatildeo somente eacute possiacutevelrdquo
6 De antematildeo cumpre destacar que a parte vencida refere-se a glosa das despesas
de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas ligadas Para o I Relator Daniel Takahashi ldquodiante a
inexistecircncia de evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos para
aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de despesas de juros
decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada sediada na Holandardquo
Fl 3447DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 13 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
7 Cientificada da decisatildeo (Portal e-CAC de 15062018 e-fl 3272) a
Recorrente interpocircs Recurso Voluntaacuterio (fls 32753368) em 10072018 Em siacutentese por meio
de sua defesa a Recorrente traz as seguintes alegaccedilotildees e pleitos
(i) Preliminarmente a nulidade dos Autos de Infraccedilatildeo em razatildeo de
(a) erro na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal pela r fiscalizaccedilatildeo quando
do lanccedilamento de IRPJ e CSLL relacionados aos juros de empreacutestimo
considerados indedutiacuteveis uma vez que deixou de descontar a adiccedilatildeo de
R$ 1396614192 jaacute realizada pela Recorrente no ano-calendaacuterio de
2013 a tiacutetulo de ajuste feito com base nas regras de subcapitalizaccedilatildeo e
(b) ausecircncia de base legal para exigir a adiccedilatildeo de despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio para o fim da apuraccedilatildeo da base tributaacutevel da CSLL
(ii) No Meacuterito a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento de ofiacutecio
(a) relativo ao aacutegio amortizado - ressalta a existecircncia de relevante
propoacutesito negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os aacutegios
questionados pelas autoridades fiscais E ainda que tais operaccedilotildees
fossem entendidas como carentes de propoacutesito negocial tal fato nunca
poderia ter sido utilizado como fundamento para a autuaccedilatildeo fiscal face a
ausecircncia de base legal para tanto No mais sustenta jaacute ser este o
entendimento adotado agrave eacutepoca dos fatos pela jurisprudecircncia
administrativa entatildeo vigente fazendo-se necessaacuteria a sua aplicaccedilatildeo ao
presente Recurso Voluntaacuterio nos termos do artigo 24 do Decreto-Lei nordm
46571942 (LINDB) ou subsidiariamente
(b) quanto agraves despesas de juros decorrentes de muacutetuo com pessoas
ligadas - foi demonstrado que natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a
adoccedilatildeo de estrutura que seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos sendo as
partes livres para estruturar o negoacutecio juriacutedico da forma que melhor lhes
convier inexistindo no ordenamento juriacutedico qualquer dispositivo legal
que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a
operaccedilatildeo de empreacutestimo externo contraiacuteda sob a vaga alegaccedilatildeo de que o
contribuinte poderia receber recursos como aumento de capital
Demonstrou-se ainda que as despesas de juros incorridas pela
Recorrente satildeo despesas operacionais perfeitamente dedutiacuteveis uma vez
que decorrem de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no
Banco Central do Brasil contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimento
visando a expansatildeo dos negoacutecios do Grupo no paiacutes
Logo requer seja reconhecida a improcedecircncia do respectivo lanccedilamento
ou ao menos seja expurgado do lanccedilamento de ofiacutecio o montante de R$
1396614192 a tiacutetulo de glosa de despesas de juros que jaacute foram
adicionadas pela Recorrente na apuraccedilatildeo do lucro real e da base de
caacutelculo da CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 e equivocadamente incluiacutedos
no caacutelculo da Fiscalizaccedilatildeo
Fl 3448DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 14 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
(c) Quanto agrave multa qualificada (150) arguiu-se a sua inaplicabilidade
em funccedilatildeo da ausecircncia de qualquer ilegalidade nas operaccedilotildees realizadas
como inclusive reconhecido no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo
Fiscal e pela ausecircncia de qualquer comprovaccedilatildeo por parte das
autoridades fiscais de praacutetica de ato que caracterize fraude ou conluio Os
lanccedilamentos em questatildeo foram constituiacutedos sobre a premissa de que as
operaccedilotildees descritas no Termo de Constataccedilatildeo e Verificaccedilatildeo Fiscal teriam
sido realizadas com a finalidade preciacutepua de economizar tributos
conduta esta que eacute incompatiacutevel com as condutas de fraude e conluio
descritas nos artigos 72 e 73 da Lei nordm 450264 e
(d) Quanto aos juros sobre a multa de ofiacutecio arguiu-se sua
inaplicabilidade haja vista ausecircncia de previsatildeo legal expressa que
autorize tal cobranccedila
8 A douta Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou
tempestivamente contrarrazotildees ao Recurso Voluntaacuterio (e-fls 34073433) e ao final requer seja
negado provimento in totum ao recurso da contribuinte
Eacute o relatoacuterio
Voto
Conselheira Gisele Barra Bossa Relatora
9 O Recurso Voluntaacuterio interposto eacute tempestivo e cumpre os demais
requisitos legais de admissibilidade razatildeo pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar
Questotildees Preliminares
I Da Inexistecircncia de Nulidades no Lanccedilamento
10 Preliminarmente alega a manifestante a nulidade do auto de infraccedilatildeo por erro
na determinaccedilatildeo da exigecircncia fiscal vez que ao efetuar a glosa de despesa de juros decorrentes de
empreacutestimo externo tomado com pessoa ligada a autoridade fiscal teria deixado de descontar os
valores adicionados no LALUR a tiacutetulo de subcapitalizaccedilatildeo
11 Alega tambeacutem a nulidade do auto de infraccedilatildeo de CSLL por ausecircncia de
dispositivo legal que a obrigue a adicionar as despesas de amortizaccedilatildeo de aacutegio agrave base de caacutelculo do
referido tributo
Fl 3449DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
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729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 15 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
12 Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal ensejam a
nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisotildees proferidos
por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo do direito de defesa nos termos dos artigos 10 e
59 ambos do Decreto nordm 7023572 verbis
ldquoArt 10 O auto de infraccedilatildeo seraacute lavrado por servidor competente no local da
verificaccedilatildeo da falta e conteraacute obrigatoriamente
I - a qualificaccedilatildeo do autuado
II - o local a data e a hora da lavratura
III - a descriccedilatildeo do fato
IV - a disposiccedilatildeo legal infringida e a penalidade aplicaacutevel
V - a determinaccedilatildeo da exigecircncia e a intimaccedilatildeo para cumpri-la ou impugnaacute-la no prazo
de trinta dias
VI - a assinatura do autuante e a indicaccedilatildeo de seu cargo ou funccedilatildeo e o nuacutemero de
matriacuteculardquo
ldquo Art 59 Satildeo nulos
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente
II - os despachos e decisotildees proferidos por autoridade incompetente ou com pretericcedilatildeo
do direito de defesa
sect 1ordm A nulidade de qualquer ato soacute prejudica os posteriores que dele diretamente
dependam ou sejam consequecircncia
sect 2ordm Na declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade diraacute os atos alcanccedilados e determinaraacute as
providecircncias necessaacuterias ao prosseguimento ou soluccedilatildeo do processo
sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a
declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem mandaraacute repetir o
ato ou suprir-lhe a faltardquo
13 No presente caso natildeo constato qualquer nulidade formal ocasionada pela
inobservacircncia do disposto nos artigos 10 e 59 tampouco dos requisitos constantes do artigo 5ordm
incisos V e XXXIII da Constituiccedilatildeo Federal e artigo 142 do Coacutedigo Tributaacuterio Nacional
14 Da anaacutelise dos autos evidencio que houve a descriccedilatildeo detalhada do fato
gerador dos tributos assim como de seu enquadramento legal A mateacuteria e a determinaccedilatildeo da
exigecircncia tributaacuteria estatildeo perfeitamente identificadas
15 A Recorrente notoriamente compreendeu a imputaccedilatildeo que lhe foi imposta e
natildeo tive seu direito de defesa cerceado ao passo que apresentou impugnaccedilatildeo administrativa e
recurso voluntaacuterio para contrapor as exigecircncias o que demonstra de forma inequiacutevoca seu pleno
conhecimento do processo fiscal
Fl 3450DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
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Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 16 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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16 Vejam que a contribuinte natildeo pode confundir sua discordacircncia eou
inconformismo advindo da lavratura dos autos de infraccedilatildeo com o efetivo cerceamento do seu
direito de defesa eou existecircncia de viacutecio insanaacutevel apto a anular o lanccedilamento
17 No curso do presente PAF natildeo foram criados impedimentos ou limitaccedilotildees
ao contraditoacuterio efetivo e inexistem obscuridades nos fundamentos de fato e de direito que
embasaram o lanccedilamento ou a apuraccedilatildeo do creacutedito tributaacuterio
18 No mais as mateacuterias aqui suscitadas em sede de preliminar seratildeo abordadas
em momento oportuno neste voto quando da anaacutelise de meacuterito jaacute que em se confirmando as
inconsistecircncias alegadas estas poderatildeo ensejar improcedecircncia parcial ou total do lanccedilamento
19 Do exposto devem ser afastadas in totum as arguiccedilotildees de nulidade
Questotildees de Meacuterito
I Dos Pontos Controvertidos
20 Conforme relatado a presente autuaccedilatildeo envolve a glosa de despesas na
apuraccedilatildeo de IRPJ e de CSLL do ano-calendaacuterio de 2013 relacionadas agrave amortizaccedilatildeo de aacutegio de
investimentos e juros de empreacutestimos externos contraiacutedos para a aquisiccedilatildeo dos referidos
investimentos no valor total R$ 18812537105 composto da seguinte forma de acordo com a
autoridade fiscal
21 De antematildeo cumpre registar que em momento algum foi questionado nos
presentes autos a existecircncia validade e o valor dos aacutegios amortizados no ano de 2013 pela
Recorrente ou mesmo a inobservacircncia dos requisitos legais previstos nos artigos 385 e 386 do
Regulamento do Imposto de Renda (ldquoRIR99rdquo) para a amortizaccedilatildeo de aacutegio o que foi
integralmente acatado pela d fiscalizaccedilatildeo que inclusive expressamente assim consignou no
TVF natildeo se trata aqui de negar a existecircncia do aacutegio gerado na operaccedilatildeo Tampouco de
imputar ilegalidade da forma como esta foi feita (p 26 do TVF)
22 No mais diferente do que constou do voto vencedor exarado no r acoacuterdatildeo
recorrido natildeo consta do TVF ter a Recorrente utilizado ldquoempresa veiacuteculordquo para gerar os aacutegios
em comento
Fl 3451DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 17 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
23 Dito isso considero que a mateacuteria de fato controvertida aqui que motivou e
fundamentou a presente autuaccedilatildeo fiscal eacute a suposta ausecircncia de propoacutesito negocial e uso de
planejamento tributaacuterio abusivo
24 Do mesmo modo especificamente em relaccedilatildeo agraves despesas de juros de
empreacutestimo contraiacutedo com empresa no exterior para a aquisiccedilatildeo dos investimentos mencionados
a DEMACSP tambeacutem sustenta que tais despesas seriam indedutiacuteveis para fins de IRPJ e de
CSLL sob a alegaccedilatildeo de que os recursos poderiam ter sido enviados ao Brasil como aumento de
capital ao inveacutes de empreacutestimo externo e de que as aquisiccedilotildees poderiam ter sido feitas
diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV Logo tambeacutem no que toca agrave essa parcela da
autuaccedilatildeo as doutas autoridades fiscais e julgadoras consideraram que a operaccedilatildeo eacute abusiva e
portanto carece de propoacutesito negocial
25 Em vista desse contexto teacutecnico vale trazer breves consideraccedilotildees acerca de
eventual enquadramento da conduta praticada pela Recorrente como planejamento tributaacuterio
abusivo do que decorreu inclusive o enquadramento da conduta como fraude para fins de
imputaccedilatildeo da multa qualificada de 150
26 Como eacute cediccedilo e resguardado na Constituiccedilatildeo Federal o direito a livre
iniciativa deve ser observado para que de um lado se respeite a possibilidade de o contribuinte
se auto-organizar e gerir com eficiecircncia suas atividades empresariais e de outro se preserve a
justa arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
27 Da mesma forma que o tributo eacute a principal fonte de receitas para
manutenccedilatildeo do Estado a preservaccedilatildeo da ordem econocircmica tambeacutem assume protagonismo
constitucional para fins de garantir o pleno atendimento ao interesse puacuteblico primaacuterio Sem
atividade produtiva natildeo se arrecada
28 Nas palavras de Gustavo Binenbojm1 ldquoa definiccedilatildeo do que eacute interesse
puacuteblico e de sua propalada supremacia sobre os interesses particulares deixa de estar ao
inteiro arbiacutetrio do administrador passando a depender de juiacutezos de ponderaccedilatildeo proporcional
entre os direitos fundamentais e outros valores de interesse metaindividuais constitucionalmente
consagradosrdquo
29 De fato o direito administrativo deve ser explicado a partir da
proporcionalidade e natildeo mais da supremacia e o dito interesse puacuteblico prescinde da associaccedilatildeo
dos interesses puacuteblicos e particulares
1 BINENBOJM Gustavo Da supremacia do interesse puacuteblico ao dever de proporcionalidade um novo paradigma
para o Direito Administrativo In Revista de Direito Administrativo (RDA) v 239 janmar 2005 Rio de Janeiro
p 8 Disponiacutevel em httpsgooglLLUkGQ Acesso em 10052019
Fl 3452DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 18 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
30 Celso Antocircnio Bandeira de Mello2 apresenta a noccedilatildeo de interesse puacuteblico
como a projeccedilatildeo de interesses individuais e privados no plano coletivo O doutrinador rejeita a
dissociaccedilatildeo dos conceitos ao enfatizar a existecircncia de ligaccedilatildeo entre os interesses puacuteblicos e
privados Sabemos que natildeo eacute faacutecil desconstruir velhos paradigmas mas eacute evidente que o Estado
brasileiro precisa se organizar para proteger promover e compatibilizar direitos individuais e
interesses gerais da coletividade para atender de forma efetiva os ditames constitucionais
31 Especialmente em tempos de crise a balanccedila deve estar equilibrada e esta
relaccedilatildeo puacuteblico-privada natildeo deveria gerar antinomias mas conformaccedilotildees A manutenccedilatildeo e
ampliaccedilatildeo da atividade empresarial e consequentemente da ordem econocircmica eacute valor
constitucional garantidor do desenvolvimento do paiacutes
32 Assim sendo esta relatoria tem plena convicccedilatildeo de que o contribuinte natildeo
estaacute obrigado a no curso do exerciacutecio das suas atividades empresariais optar pela forma
tributariamente mais onerosa tampouco deveraacute pagar o maior imposto possiacutevel
33 Feitas essas consideraccedilotildees vamos aos aspectos juriacutedico-tributaacuterios
propriamente ditos
34 Tecnicamente o ordenamento juriacutedico brasileiro natildeo introduziu a suposta
norma antiabuso ou norma antielisatildeo O proacuteprio paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN3
natildeo eacute autoaplicaacutevel mas depende de regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria a qual natildeo ocorreu ateacute o
presente momento
35 No ano-calendaacuterio de 2002 houve tentativa de regulamentaccedilatildeo do citado
dispositivo por meio dos artigos 13 e 14 da Medida Provisoacuteria nordm 662002
36 A redaccedilatildeo proposta para citados artigos era no sentido de que a
desconsideraccedilatildeo de ato ou negoacutecio juriacutedico poderia ser feita se fosse verificada a falta de
propoacutesito negocial ou abuso de forma Entretanto essa tentativa de regulamentaccedilatildeo natildeo
logrou ecircxito pois os respectivos artigos da MP 662002 foram excluiacutedos quando da sua
conversatildeo na Lei nordm 106372002
37 O objetivo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN eacute introduzir no
sistema tributaacuterio nacional a possibilidade de as autoridades fiscais desconsiderarem
2 MELLO Celso Antocircnio Bandeira de Curso de direito administrativo 16 ed Satildeo Paulo Malheiros 2003 p 53 e
ss 3 CTN Art 116 Salvo disposiccedilatildeo de lei em contraacuterio considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus
efeitos ()
Paraacutegrafo uacutenico A autoridade administrativa poderaacute desconsiderar atos ou negoacutecios juriacutedicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrecircncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigaccedilatildeo tributaacuteria observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinaacuteria
Fl 3453DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 19 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
determinadas condutas dentro de circunstacircncias especiacuteficas a serem dispostas por meio de norma
regulamentadora que conforme consignado natildeo existe
38 E por mais que as autoridades fiscais tentem aplicar os efeitos do citado
paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN a chamada teoria da substacircncia econocircmica o
entendimento uniacutessono na doutrina e jurisprudecircncia atuais eacute o de que o referido dispositivo
permanece sem efeitos e natildeo pode ser aplicado a nenhum caso concreto ateacute que sobrevenha a
referida regulamentaccedilatildeo por lei ordinaacuteria Nesse sentido jaacute se manifestou a proacutepria Receita
Federal do Brasil
Desconsideraccedilatildeo de Atos e Negoacutecios Juriacutedicos - O paraacutegrafo uacutenico do art 116 do
CTN com redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar nordm 1042001 possui eficaacutecia limitada
sendo imprescindiacutevel para sua eficaacutecia plena a entrada em vigor de lei integrativa
(Decisatildeo nordm 3310 3ordf Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento
em Juiz de ForaMG sessatildeo de 27032003)
No mesmo sentido jaacute se posicionou o antigo Conselho de Contribuintes
IPI DESCONSIDERACcedilAtildeO DE ATOS E NEGOacuteCIOS JURIacuteDICOS O dispositivo
previsto no paraacutegrafo uacutenico do art 116 do CTN com a redaccedilatildeo dada pela LC nordm
1042001 reveste-se de eficaacutecia limitada ou seja dependia agrave eacutepoca da ocorrecircncia dos
fatos geradores alcanccedilados pelo lanccedilamento de ofiacutecio da existecircncia de norma
integradora que lhe garantisse eficaacutecia plena Inexistente esta agrave eacutepoca dos fatos o
lanccedilamento padece da falta de suporte legal para sua validade e eficaacutecia (Acoacuterdatildeo nordm
202-16959 da antiga 2ordf Cacircmara do Segundo Conselho de Contribuintes Rel Cons
Maria Cristina Roza da Costa sessatildeo de 28032006)
39 O Poder Judiciaacuterio jaacute se externou opiniatildeo acerca inaplicabilidade da
interpretaccedilatildeo visada pela d fiscalizaccedilatildeo e autoridades julgadoras no presente caso Devido agrave
eficaacutecia limitada do paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN o Tribunal Regional Federal da 4ordf
Regiatildeo proferiu a seguinte decisatildeo
TRIBUTAacuteRIO ELISAtildeO EVASAtildeO SIMULACcedilAtildeO PRESCRICcedilAtildeO () 4
Malgrado toda a discussatildeo doutrinaacuteria acerca da aplicaccedilatildeo da teoria
econocircmica agrave elisatildeo fiscal o art 116 do CTN natildeo se aplica ao caso dos
autos Eacute que o auto de infraccedilatildeo se baseou no artigo 149 do CTN isto eacute
na existecircncia de simulaccedilatildeo Independentemente de ser considerada e
aplicada com uma norma antielisiva o art 116 do CTN somente teria
uma posiccedilatildeo subsidiaacuteria no contexto da lide Explico O
art 149 do CTN eacute especiacutefico e taxativo ao prever os casos de evasatildeo
(dolo simulaccedilatildeo ou fraude) E tudo o que natildeo se subsumir no
art 149 do CTN deve ser considerado elisatildeo isto ateacute que o
art 116 do CTN (que natildeo eacute autoaplicaacutevel) venha a ser regulamentado
com outras vedaccedilotildees (TRF 4ordf Regiatildeo 2ordf Turma Apelaccedilatildeo Ciacutevel nordm
20067204004363-8 Rel Des Vacircnia Hack de Almeida sessatildeo de 19082008)
40 Assim sendo as normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios
relacionadas agraves figuras do abuso de direito abuso de forma negoacutecio juriacutedico indireto
inexistecircncia de propoacutesito negocial (razotildees extratributaacuterias relevantes) natildeo tecircm amparo no
Fl 3454DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 20 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Direito Tributaacuterio Brasileiro e portanto natildeo podem ser utilizadas como fundamento para o
lanccedilamento4
41 No mais registro ser filiada agrave doutrina que defende a impossibilidade de se
aplicar o artigo 187 do Coacutedigo Civil5 ao Direito Tributaacuterio sem os devidos ajustes normativos
especiacuteficos (dada a peculiaridade do disciplinamento) via lei complementar O abuso de direito
em mateacuteria ciacutevel foi concebido com o animus de regular relaccedilotildees de direito privado e natildeo de
direito puacuteblico daiacute a necessaacuteria conformaccedilatildeo constitucional (CF88) e legal (CTN) para fins de
aplicaccedilatildeo deste instituto em mateacuteria tributaacuteria
42 De acordo com Paulo Ayres Barreto6 os princiacutepios informadores do Direito
Privado e do Direito Puacuteblico natildeo satildeo necessariamente os mesmos enquanto em relaccedilatildeo agraves
normas ciacuteveis aceita-se com maior tranquilidade a dilargaccedilatildeo do conteuacutedo das regras em
situaccedilotildees conflituosas apreciadas pelo Poder Judiciaacuterio com base nos seus princiacutepios
informadores (eticidade socialidade operabilidade) em mateacuteria tributaacuteria prestigia-se a
certeza no direito a seguranccedila juriacutedica e a estrita legalidade de modo que seria assegurado ao
contribuinte prever com antecedecircncia o alcance preciso das normas tributaacuterias
43 No mais Humberto Aacutevila7 ao tratar da eficaacutecia do Coacutedigo Civil na
legislaccedilatildeo tributaacuteria fez questatildeo de registrar que para todos os temas reservados agraves normas gerais
em mateacuteria tributaacuteria em que se requer lei complementar o novo Coacutedigo Civil natildeo importa
Para os demais temas as normas privadas somente importariam caso natildeo houvesse normas
tributaacuterias especiacuteficas (princiacutepio da especialidade) Logo a repercussatildeo tributaacuteria do Coacutedigo
Civil eacute restrita
44 Em termos praacuteticos as diretrizes do artigo 187 do Coacutedigo Civil ecoam de
forma a anular o ato iliacutecito e natildeo permitem a requalificaccedilatildeo do ato - efeito esperado quando da
aplicaccedilatildeo do instituto em mateacuteria tributaacuteria por exemplo Logo resta niacutetida a impossibilidade de
as doutas autoridades fiscais e julgadoras buscarem tais fundamentos para a manutenccedilatildeo do auto
de infraccedilatildeo8
4 Para Ricardo Lobo Torres o objetivo das normas gerais de controle de planejamentos tributaacuterios seria combater o
abuso do direito em suas diversas configuraccedilotildees abuso de forma juriacutedica fraude agrave lei ausecircncia de propoacutesito
mercantil e dissimulaccedilatildeo da ocorrecircncia do fato gerador TORRES Ricardo Lobo A Chamada Interpretaccedilatildeo
Econocircmica do Direito Tributaacuterio a Lei Complementar nordm 104 e os Limites Atuais do Planejamento Tributaacuterio In
Rocha Valdir de Oliveira O Planejamento Tributaacuterio e a Lei Complementar nordm 104 Satildeo Paulo Dialeacutetica 2001 p
240-241 5 CC Art 187 Tambeacutem comete ato iliacutecito o titular de um direito que ao exercecirc-lo excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econocircmico ou social pela boa-feacute ou pelos bons costumes 6 BARRETO Paulo Ayres Elisatildeo Tributaacuteria Limites Normativos Tese apresentada ao concurso agrave livre docecircncia do
Departamento de Direito Econocircmico Financeiro e Tributaacuterio da Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo
- SP Satildeo Paulo USP 2008 p 215 7 AacuteVILA Humberto Eficaacutecia do Novo Coacutedigo Civil na Legislaccedilatildeo Tributaacuteria In Grumpenmacher Betina Treiger
(coord) - Direito Tributaacuterio e o novo Coacutedigo Civil Satildeo Paulo Quartier Latin 2004 p 72-73 8 Maiores aprofundamentos em SCHOUERI Luiacutes Eduardo Planejamento Tributaacuterio Limites agrave Norma Antiabuso
In Revista de Direito Tributaacuterio Atual nordm 24 Satildeo Paulo IBDTDialeacutetica 2010 p 349 NETO Luis Flaacutevio Teorias
Fl 3455DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 21 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
45 A partir destes pressupostos neste caso concreto caberia em havendo
efetiva conduta fraudulenta dolosa ou simulatoacuteria9 (evasatildeo fiscal) a aplicaccedilatildeo e motivaccedilatildeo
faacutetico-probatoacuteria agrave luz do artigo 149 inciso VII do CTN10
o que natildeo ocorreu
46 Dito isso e em anaacutelise da capitulaccedilatildeo e motivaccedilatildeo do presente auto de
infraccedilatildeo verifico que a douta autoridade fiscal natildeo cuidou de (i) capitular a suposta infraccedilatildeo nos
termos do artigo 116 do CTN (pendente de regulamentaccedilatildeo) ou do artigo 149 VII do CTN
(hipoacuteteses de dolo fraude e simulaccedilatildeo) e (ii) trabalhar a construccedilatildeo teacutecnica pertinente a
demonstrar o existecircncia do elemento doloso apto a configurar determinada conduta como
ldquoabusivardquo (leia-se fraudulenta) Limitou-se apenas a fundamentar a autuaccedilatildeo em suposta
violaccedilatildeo a dispositivos de lei geneacutericos para imposiccedilatildeo do IRPJ e da CSLL
47 Nesse sentido vale conferir os dispositivos legais que embasaram os autos
de infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
Auto de Infraccedilatildeo de IRPJ
(i) Artigo 3ordm da Lei nordm 924995 e
(ii) Artigos 247 249 e 299 do Decreto nordm 300099 (RIR)
(iii) Artigo 44 II da Lei nordm 943096 e
(iv) Artigo 72 e 73 da Lei nordm 450264
Auto de Infraccedilatildeo da CSLL
(i) Artigos 2ordm e 3ordm da Lei nordm 768988
(ii) Artigo 57 da Lei nordm 898195
(iii) Artigo 2ordm da Lei nordm 924995
(iv) Artigo 1ordm da Lei nordm 931696 e
(v) Artigo 28 da Lei nordm 943096
48 Logo na medida que as operaccedilotildees foram calcadas em atos liacutecitos e diante da
inexistecircncia de legislaccedilatildeo apta a limitar a capacidade do contribuinte de se auto-organizar e de
gerir suas atividades com o menor ocircnus fiscal - ainda que in casu tenham sido demonstradas
razotildees extratributaacuterias relevantes (existecircncia de propoacutesito negocial)- natildeo haacute que se falar em
abuso tampouco considerar a ocorrecircncia de fraude fiscal haacutebil a ensejar a qualificaccedilatildeo da multa
de ofiacutecio
do Abuso no Planejamento Tributaacuterio Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Direito
Tributaacuterio pela Faculdade da Universidade de Satildeo Paulo - SP Satildeo Paulo USP 2011 p 141 e ss 9 Natildeo eacute demais registrar que sequer foi aventada a ocorrecircncia de simulaccedilatildeo
10 CTN Art 149 O lanccedilamento eacute efetuado e revisto de ofiacutecio pela autoridade administrativa nos seguintes casos
() VII - quando se comprove que o sujeito passivo ou terceiro em benefiacutecio daquele agiu com dolo fraude ou
simulaccedilatildeo
Fl 3456DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 22 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
49 Natildeo eacute o caso mas ainda que motivado pela economia tributaacuteria (leia-se boa
gestatildeo corporativa) satildeo legiacutetimos os atos praticados pelo contribuinte quando estes satildeo liacutecitos e
sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de direito privado adotados e sua dinacircmica
operacionalnegocial Nesse sentido vale referenciar o seguinte julgado deste E CARF
ldquoAssunto Imposto sobre a Renda de Pessoa Juriacutedica ndash IRPJ
Ano-calendaacuterio 2005 2006 2007 2008
SIMULACcedilAtildeO DE NEGOacuteCIOS SUBSTAcircNCIA DOS ATOS
O planejamento tributaacuterio que eacute feito segundo as normas legais e que natildeo configura as
chamadas operaccedilotildees sem propoacutesito negocial natildeo pode ser considerado simulaccedilatildeo se haacute
natildeo elementos suficientes para caracterizaacute-la Natildeo se verifica a simulaccedilatildeo quando os
atos praticados satildeo liacutecitos e sua exteriorizaccedilatildeo revela coerecircncia com os institutos de
direito privado adotados assumindo o contribuinte as consequecircncias e ocircnus das formas
juriacutedicas por ele escolhidas ainda que motivado pelo objetivo de economia de impostordquo
(Acoacuterdatildeo nordm 1302001713 Rel Cons Heacutelio Eduardo de Paiva Arauacutejo J 25032015)
50 No caso concreto conforme seraacute evidenciado a seguir estamos diante de
operaccedilatildeo com propoacutesito negocial onde natildeo se verifica atipicidade da forma juriacutedica adotada em
relaccedilatildeo ao fim ao intenso praacutetico visado tampouco adoccedilatildeo de forma juriacutedica anormal atiacutepica e
inadequada Definitivamente natildeo estamos diante de condutas abusivas
51 A partir dessas consideraccedilotildees teacutecnicas retomo a anaacutelise das circunstacircncias
faacutetico-probatoacuterias que fortalecem o racional acima exposto e para tanto vale referenciar o
resumo da operaccedilatildeo praticada pela ora Recorrente constante do item 3 deste voto em cotejo com
os pontos levantados pela d DRJ e pela d PGFN a fim de evidenciarmos a plausibilidade da
operaccedilatildeo
II Da Glosa de Despesa de Amortizaccedilatildeo do Aacutegio
52 Quanto ao valor de R$ 8750057148 correspondente agraves despesas de
amortizaccedilatildeo de aacutegio glosadas pela d fiscalizaccedilatildeo (item ldquoardquo da tabela) a Recorrente esclareceu e
comprovou estarem relacionados a dois aacutegios por ela registrados (ano-calendaacuterio 2013)
(i) Aacutegio pago pela OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) na aquisiccedilatildeo junto agrave
Famiacutelia BRENNAND da empresa INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E
ADMINISTRACcedilAtildeO - ICAL SA (ldquoICALrdquo) ndash que detinha 100 da
COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS (ldquoCIVrdquo) - conforme
contrato de compra e venda firmado em 01092010 (arquivo natildeo paginaacutevel
do e-processo ref e-fls 3306)
(ii) Aacutegio pago pela OI LATAM na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo de 206 dos
soacutecios minoritaacuterios GRUPO MONTEIRO ARANHA (ldquoMASArdquo) na
Fl 3457DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 23 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Recorrente - conforme acordo de compra e venda de accedilotildees firmado em
30052011 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3307)
53 Evidencio ainda que a amortizaccedilatildeo do aacutegio foi feita pela Recorrente a
partir do ano de 2011 em funccedilatildeo de reestruturaccedilatildeo societaacuteria feita pelo Grupo Owens-Illinois
envolvendo (i) a incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI LATAM em 29042011 e posteriormente (ii) a
incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela ora Recorrente em 01062011
54 Dito isso passemos a analisar os valores e a contabilizaccedilatildeo de cada um dos
aacutegios supracitados em linha com o demonstrado e comprovado pela ora Recorrente
Aacutegio ICALCIV - R$ 73777983500
55 O aacutegio relacionado agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV contabilizado pela OI
LATAM em 01092010 corresponde a R$ 73777983500 de acordo com a conta 190123 do
Razatildeo da Recorrente (e-fl 2984)
56 Tal aacutegio foi apurado a partir da diferenccedila entre o valor de R$
101626147049 pago em 01092010 pela OI LATAM aos vendedores (Famiacutelia
BRENNAND) conforme claacuteusula 23 do contrato de compra e venda (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3307) e o valor patrimonial da ICAL agrave eacutepoca da aquisiccedilatildeo de R$
27848163507 registrado como investimento na ICAL conforme conta 190122 do Razatildeo (e-
fls 2986)
Aacutegio MASA - R$ 15560724900
57 Jaacute o aacutegio ldquoMASArdquo este foi registrado no contexto em que em vista da
ausecircncia de interesse dos soacutecios minoritaacuterios da Recorrente (detentores de 206 do seu capital
social) em investirem na ampliaccedilatildeo dos negoacutecios no ramo vidreiro no Brasil a OI LATAM
adquiriu em 30052011 a participaccedilatildeo desses minoritaacuterios (Grupo Monteiro Aranha ndash
ldquoMASArdquo) pagando um aacutegio por rentabilidade futura de R$ 15560724900 conforme
demonstra o laudo de avaliaccedilatildeo elaborado pela empresa Apsis (arquivo natildeo paginaacutevel do e-
processo ref e-fls 3308) e o lanccedilamento contaacutebil feito na conta 190150 do Razatildeo da OI
LATAM agrave eacutepoca (e-fl 2988)
58 A referida participaccedilatildeo dos minoritaacuterios (206) foi comprada do Grupo
MASA razatildeo pela qual conforme esclarecido os lanccedilamentos contaacutebeis da OI LATAM e da
Recorrente relacionados a tal aacutegio conteacutem em seu descritivo a expressatildeo Aacutegio MASA
59 A soma do Aacutegio ICAL (R$ 73777983500) e do Aacutegio MASA (R$
15560725000) totaliza R$ 89338708500 Verifico que o prazo para amortizaccedilatildeo dos dois
aacutegio pela Recorrente foi superior a 10 anos gerando uma parcela mensal a amortizar de R$
Fl 3458DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 24 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
729171400 conforme indicado no LALUR de 2013 (arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref
e-fls 3308) Confira-se
60 De acordo com a tabela trazida pela ora Recorrente (e-fls 3309) o valor
mensal de R$ 729171429 - que no ano de 2013 somou R$ 8750057148 valor este glosado
pelas autoridades fiscais - inclui tanto o Aacutegio ICALCIV quanto o Aacutegio MASA
61 Esclarecido para os demais membros desse Colegiado o valor apurado e
glosado pela fiscalizaccedilatildeo vale avaliar pontualmente as razotildees que demonstram a existecircncia do
propoacutesito negocial destas operaccedilotildees
Da Existecircncia de Propoacutesito Negocial
62 Conforme analisado nas premissas constantes dos itens 25 a 50 deste voto a
ausecircncia de propoacutesito negocial e a alegaccedilatildeo de suposto planejamento tributaacuterio abusivo natildeo seriam
motivaccedilotildees suficientes para que a autoridade fiscal pudesse glosar despesas legiacutetimas incorridas pelo
contribuinte aspecto teacutecnico que por si soacute jaacute bastaria para esta relatoria dar provimento ao
recurso voluntaacuterio da contribuinte neste item
Fl 3459DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 25 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
63 Isso porque repita-se o instituto do ldquopropoacutesito negocialrdquo ou as ditas ldquorazotildees
extratributaacuterias relevantesrdquo satildeo balizadores subjetivos adotados pelas autoridades fiscais e
julgadoras sem qualquer amparo legal Como dito o paraacutegrafo uacutenico do artigo 116 do CTN
carece de regulamentaccedilatildeo e natildeo eacute autoaplicaacutevel aleacutem de no caso concreto sequer ter sido
indicado dentre os dispositivos legais que embasaram os Autos de Infraccedilatildeo de IRPJ e CSLL
64 Contudo em respeito a clara tendecircncia deste E CARF de ultrapassar tais
aspectos de direito material para fins de analisar em termos faacutetico-probatoacuterios a existecircncia ou natildeo
de propoacutesito negocial terei o cuidado de considerar os elementos trazidos pela ora Recorrente para
fins de demonstrar a sua caracterizaccedilatildeo especialmente em atenccedilatildeo ao disposto no artigo 59 sect 3ordm do
Decreto nordm 702351972 Confira-se
Decreto nordm 702351972
ldquoArt 59 sect 3ordm Quando puder decidir do meacuterito a favor do sujeito passivo a quem
aproveitaria a declaraccedilatildeo de nulidade a autoridade julgadora natildeo a pronunciaraacute nem
mandaraacute repetir o ato ou suprir-lhe a faltardquo
65 De acordo com a Recorrente os atos por ela praticados ldquoguardaram propoacutesito
conexatildeo e loacutegica econocircmica-negocial com os dois objetivos estrateacutegicos traccedilados por sua
administraccedilatildeo para o Brasil os quais ocorriam paralela e simultaneamente mas que se fossem
ldquoalocados na OI BRASIL apenas trariam grande perda econocircmico-financeira ao grupordquo ldquoEsses
movimentos eram (i) a compra da ICALCIV visando um crescimento de sua atuaccedilatildeo no mercado
brasileiro de forma mais raacutepida (em contraposiccedilatildeo a um crescimento orgacircnico apenas) e (ii) a saiacuteda
dos soacutecios minoritaacuterios da sociedade (OI BRASIL) que desde 2009 jaacute demonstravam sua intenccedilatildeo
de canalizar investimentos para outros ramos de atividade distintos do segmento de fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro ramo de atividade da Recorrenterdquo
66 No mais vale transcrever os seguintes esclarecimentos prestados pela
contribuinte relativos ao racional das operaccedilotildees aqui em anaacutelise (e-fls 3317 e seguintes) verbis
ldquo87 A Recorrente pertence ao Grupo Owens-Illinois liacuteder mundial na fabricaccedilatildeo de
embalagens de vidro No segmento de fabricaccedilatildeo de embalagens de vidro a expansatildeo
das atividades da empresa pode ser feita de duas maneiras ou por meio de investimento
na construccedilatildeoaquisiccedilatildeo de novos fornos e equipamentos para a fabricaccedilatildeo dos produtos
de vidro ou investindo-se na aquisiccedilatildeo de empresas jaacute existentes neste mercado - e que
jaacute possuem os fornos e a estrutura fabril necessaacuterios para a produccedilatildeo
88 No acircmbito desse modelo de negoacutecios e visando expandir as atividades do Grupo
Owens-Illinois no Brasil a OWENS ILLINOIS AMEacuteRICA LATINA
ADMINISTRACcedilAtildeO LTDA (ldquoOI LATAMrdquo) atraveacutes do contrato de compra e venda
firmado em 01092010 (e-fls 3317 ref docs) adquiriu da Famiacutelia BRENNAND pelo
valor de R$ 101626147049 a INDUacuteSTRIA E COMEacuteRCIO E ADMINISTRACcedilAtildeO -
ICAL SA (ICAL) que detinha 100 da COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS
(CIV) empresa liacuteder no Nordeste na fabricaccedilatildeo e vendas de embalagens de vidro para
alimentos bebidas e faacutermacos Tal aquisiccedilatildeo gerou o registro na OI LATAM de aacutegio
fundamentado na rentabilidade futura da ICALCIV
89 Para possibilitar a compra desse vultoso negoacutecio no Brasil foi necessaacuterio agrave OI
LATAM contrair empreacutestimo no valor de USD 52500000000 (equivalentes a R$
91434000000) junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa
Fl 3460DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 26 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
do grupo no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM
na eacutepoca Aleacutem disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM
a tiacutetulo de aumento de capital no valor de USD 8000000000 (correspondentes agrave R$
13932800000)
891 Neste tocante a Recorrente enfatiza que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou
natildeo) injetar recursos em uma empresa brasileira eacute totalmente discricionaacuteria de
seus soacutecios natildeo havendo qualquer impedimento legal para tanto (independentemente da
necessidade de tal injeccedilatildeo de recursos financeiros)
892 Haacute de fato poucas regras tributaacuterias que acabam por impedir a dedutibilidade
(total ou parcial) de despesas financeiras relacionadas agrave forma de injeccedilatildeo de capital via
empreacutestimo por soacutecio natildeo residente quais sejam regras de subcapitalizaccedilatildeo e regras de
preccedilos de transferecircncia regras estas natildeo mencionadas e nem analisadas na autuaccedilatildeo
fiscal ora combatida Em outras palavras natildeo cabe ao fiscalizador criar regras ou
requisitos legais de ldquofinanciamentordquo que a lei natildeo estabeleccedila
90 A OI EUROPEAN GROUP BV tambeacutem era soacutecia da ora Recorrente juntamente
com a OWENS BROCKWAY GLASS CONTAINER INC e terceiros minoritaacuterios
no Brasil (do Grupo Monteiro Aranha ndash ldquoMASArdquo)
91 Neste contexto a compra da ICALCIV foi feita pela OI LATAM - e natildeo pela
Recorrente de imediato - em razatildeo da participaccedilatildeo acionaacuteria dos minoritaacuterios (MASA)
no capital social da Recorrente os quais natildeo estavam dispostos a investir contrair
empreacutestimos ou aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos no Paiacutes no
segmento de atividade da Recorrente como a ICALCIV ou a permitir ter sua
participaccedilatildeo na Recorrente diluiacuteda mediante o recebimento de aumento de capital para a
aquisiccedilatildeo de novos negoacutecios no ramo vidreiro
92 Da mesma forma a inclusatildeo de um novo investimento de tal relevacircncia
(ICALCIV) no acervo liacutequido da Recorrente (mesmo que atrelada ldquoparcialmenterdquo
a um empreacutestimo) com certeza tornaria a negociaccedilatildeo com o Grupo MASA
extremamente mais complexa e delicada enfraquecendo a posiccedilatildeo da Recorrente
na negociaccedilatildeo
921 A esse respeito cumpre agrave Recorrente ressaltar que conforme se verifica em
anaacutelise das demonstraccedilotildees financeiras do Grupo MASA relativas aos anos de 2009
2010 e 2011 - obtidas junto ao siacutetio da Bolsa de Valores de Satildeo Paulo (BOVESPA) na
internet - no ano de 2009 (fls 2990 a 3016 do e-processo) o grupo definiu como
principal objetivo estrateacutegico para anos subsequentes a intensificaccedilatildeo de
investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com grandes
ldquoplayersrdquo do setor Tal foco estrateacutegico visava fortalecer a vocaccedilatildeo original do grupo
que havia iniciado suas atividades no ramo imobiliaacuterio haacute quase um seacuteculo Na eacutepoca o
Grupo MASA estava confiante que teria excelentes oportunidades de investimento no
setor imobiliaacuterio tanto residencial como comercial nos anos vindouros e acreditava que
tais iniciativas impulsionariam o crescimento do grupo no futuro
922 Ou seja eacute visiacutevel a intenccedilatildeo do Grupo MASA em canalizar seus investimentos no
ramo imobiliaacuterio tendo o grupo firmado diversas parcerias com grandes empresas deste
setor a fim de concretizar tal objetivo estrateacutegico
923 No ano de 2010 (fl 3018 a 3083 do e-processo) o Grupo MASA prosseguiu
entusiasmado junto agrave nova proposta de investimentos agressivos no ramo imobiliaacuterio
prospectando novas oportunidades para os anos seguintes Para tanto ainda constituiu
um fundo de investimento em participaccedilotildees societaacuterias (FIP-Petra) ao qual foram
atribuiacutedas as participaccedilotildees detidas pelo Grupo MASA na Recorrente e outras
companhias Tal medida teve por objetivo buscar co-investidores para investir (ou
desinvestir quando fosse o caso) nas empresas em questatildeo e tambeacutem em outras que
Fl 3461DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 27 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
viessem a ser adquiridas ou constituiacutedas no desenvolvimento de negoacutecios de seu
interesse E foi o que de fato ocorreu no ano de 2011
924 Com efeito de acordo com as demonstraccedilotildees financeiras de 2011 do Grupo
MASA (fls 3085 a 3140 do e-processo - vide item ldquoContexto de Negoacutecios em 2011rdquo)
a liquidez proporcionada pela alienaccedilatildeo de sua participaccedilatildeo societaacuteria de 206 na
Recorrente por valor expressivo de mais de R$ 200 milhotildees permitiu ao Grupo
MASA atraveacutes de sua estrutura de fundos de investimento maior diversificaccedilatildeo de
investimentos em incorporaccedilotildees imobiliaacuterias e no mercado de capitais com uma
carteira diversificada de accedilotildees com alto pagamento de dividendos ie no novo ramo
de interesse do Grupo
925 Vale ressaltar que a Famiacutelia Monteiro Aranha fundou a CISPER atual OI
BRASIL (ora Recorrente) haacute 100 anos atraacutes (1917) e veio se desfazendo de seus
investimentos no ramo vidreiro ao longo dos anos culminando com a venda da
participaccedilatildeo societaacuteria minoritaacuteria remanescente que detinha na Recorrente em 2011
Atualmente o Grupo MASA natildeo tem qualquer participaccedilatildeo em induacutestria vidreira
apenas na aacuterea imobiliaacuteria e nos grupos Ultra e Klabin
(httpwwwmonteiroaranhacombr - fls 3142 a 3143 do e-processo)
926 Nesse sentido os fatos por si soacute jaacute comprovam as alegaccedilotildees da Recorrente
quanto agrave rejeiccedilatildeo do Grupo MASA agrave ideia de investir contrair novos empreacutestimos ou
aplicar capital para a aquisiccedilatildeo de novos investimentos como a ICALCIV do ramo
vidreiro
927 A proacutepria venda pelo Grupo MASA do total de sua participaccedilatildeo minoritaacuteria na
Recorrente demonstra a veracidade das alegaccedilotildees no sentido de que o Grupo MASA
natildeo tinha interesse na aquisiccedilatildeo da ICALCIV Se houvesse concordacircncia sobre a
estrateacutegia futura de investimentos provavelmente o Grupo MASA estaria ateacute hoje na
sociedade que fundou haacute mais de um seacuteculo
928 Aleacutem disso de um ponto de vista societaacuterio-empresarial eacute cediccedilo que se um
acionista resolve aportar capital em uma empresa haveraacute a reduccedilatildeo do patrimocircnio dos
demais devido a diluiccedilatildeo de suas participaccedilotildees societaacuterias salvo se estes mesmos
acionistas tambeacutem realizem investimentos na mesma proporccedilatildeo do percentual de suas
participaccedilotildees no capital social da sociedade Dessa forma caso o Grupo MASA viesse a
investir no crescimento da Recorrente no Paiacutes para evitar a diluiccedilatildeo do seu patrimocircnio
na sociedade o grupo estaria caminhando em sentido contraacuterio agrave sua proacutepria estrateacutegia
empresarial a qual foi informada ao mercado e aos seus investidores
929 Portanto eacute visiacutevel a ausecircncia de interesse do Grupo MASA agrave ideia de firmar
novos investimentos de grande relevacircncia na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a
operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICALCIV razatildeo pela qual tal aquisiccedilatildeo foi conduzida por
meio da OI LATAM
93 Ocorre que natildeo obstante a detalhada exposiccedilatildeo oferecida pela ora Recorrente
acima aleacutem de toda a documentaccedilatildeo de suporte a tais explicaccedilotildees a r decisatildeo de
primeira instacircncia administrativa entendeu que natildeo houve comprovaccedilatildeo de propoacutesito
negocial nas operaccedilotildees societaacuterias que geraram os Aacutegios ICALCIV e MASA
94 Para o espanto da Recorrente especificamente em relaccedilatildeo ao Aacutegio MASA ousou a
r decisatildeo alegar que a Recorrente natildeo trouxe qualquer elemento para justificar o
propoacutesito negocial contido na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA
alegaccedilatildeo esta totalmente descabida uma vez que como se pode visivelmente aferir a
Recorrente discorreu ao longo de um toacutepico inteiro de sua defesa administrativa
em extensas paacuteginas todo o contexto em que se deram as negociaccedilotildees que
originaram ambos os aacutegios tendo inclusive repassado todo o histoacuterico do Grupo
MASA e sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores no
sentido de se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio
Fl 3462DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 28 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
95 Tal farta explicaccedilatildeo apresentada pela Recorrente foi inclusive colacionada ao
proacuteprio acoacuterdatildeo ora atacado o que leva a Recorrente a crer que todo o trabalho
desenvolvido para auxiliar as d autoridades julgadoras de primeira instacircncia a
entenderem passo a passo todas as negociaccedilotildees envolvidas nas operaccedilotildees sequer foi
lido antes da prolaccedilatildeo dos votos que compotildee a decisatildeo ora recorrida
96 Quanto agrave constituiccedilatildeo do FIP-Petra pelo Grupo MASA argumentam as r
autoridades julgadoras que tal fato natildeo pode ser considerado como evidecircncia de
ausecircncia de interesse do Grupo MASA em adquirir novos investimentos no ramo
vidreiro motivando a negociaccedilatildeo da ICALCIV por meio da OI LATAM Na opiniatildeo
das r autoridades julgadoras o FIP-Petra apenas faria prova de que o Grupo MASA
teria interesse em otimizar seus investimentos mesmo tendo o relatoacuterio de
administraccedilatildeo apontado expressamente que o fundo tambeacutem teria como objetivo o
DESINVESTIMENTO quando fosse o caso conforme os interesses do Grupo o
que jaacute se comprovou por meio de tantos outros documentos
97 Ademais argumenta a d DRJSPO que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM
ao inveacutes de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal
investimento tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA argumento este que
tambeacutem natildeo se admite jaacute que o simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de
rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo automaacutetica por todas as parte envolvidas
Esta premissa tampouco merece ser admitida haja vista que as autoridades fiscais
parecem mais uma vez olvidar-se que para a realizaccedilatildeo de um investimento dessa
magnitude em termos de valores (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) ndash ainda que diretamente por
meio da OI BRASIL- seria necessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios para com
a realizaccedilatildeo de um expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob
pena destes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL
resultando em um verdadeiro prejuiacutezo financeiro
98 Isto porque apesar de a atividade empresarial pressupor a busca pelo lucro cada
pessoa juriacutedica possui estrateacutegias proacuteprias delineadas metas de investimentos
previamente definidas prospecccedilotildees para anos vindouros enfim cada uma possui suas
particularidades e interesses proacuteprios Portanto o fato de o Grupo Owens-Illinois
considerar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV um investimento que traria benefiacutecios a todos os
seus acionistas natildeo leva de forma alguma agrave suposiccedilatildeo de que todos estes
particularmente terceiros como os soacutecios minoritaacuterios obrigatoriamente deveriam ter
interesse em tal negociaccedilatildeo
99 Natildeo obstante todas as absurdas alegaccedilotildees da d DRJSPO para tentar justificar a
inexistecircncia de propoacutesito negocial repetidamente as autoridades julgadoras se
referem agrave operaccedilatildeo como se o Grupo Owens-Illinois tivesse utilizado ldquoempresa
veiacuteculordquo (OI LATAM) constituiacuteda apenas com o intuito de gerar o aacutegio ICALCIV o
que jamais poderaacute ser admitido
100 Isto porque aleacutem de tal acusaccedilatildeo nunca ter sido realizada pela proacutepria fiscalizaccedilatildeo
quando da autuaccedilatildeo da Recorrente ndash com efeito o proacuteprio TVF expressamente destaca
que natildeo se nega a existecircncia do aacutegio e tampouco se imputa ilegalidade da forma como a
operaccedilatildeo foi realizada (Vide item 6 e paacuteg 26 do TVF) - fato eacute que natildeo se trata o
presente caso de discussatildeo acerca de constituiccedilatildeo de empresa veiacuteculo
101 Com efeito conforme jaacute havia sido demonstrado ao longo da presente discussatildeo
administrativa a OI LATAM ndash outra empresa do Grupo Owens-Illinois escolhida para
a negociaccedilatildeo relacionada agrave aquisiccedilatildeo da ICALCIV junto agrave Famiacutelia BRENNAND a fim
de assegurar o interesse dos minoritaacuterios da Recorrente evitando diluiccedilotildees indesejadas
e ao mesmo tempo natildeo prejudicar o andamento das negociaccedilotildees - jaacute existia desde 2007
e detinha participaccedilatildeo societaacuteria em outras empresas do Grupo Owens-Illinois no
Brasil
Fl 3463DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 29 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
102 Cabe registrar que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 (ficha de breve
relato arquivo natildeo paginaacutevel do e-processo ref e-fls 3323) e portanto muito antes da
aquisiccedilatildeo da ICALCIV que ocorreu apenas em setembro de 2010 e da aquisiccedilatildeo da
participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na Recorrente que ocorreu em maio de 2011
Aleacutem disso a OI LATAM era uma empresa operacional com diretores gerentes e
empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como principal
atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial
Satildeo Paulo e Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) A existecircncia de empregados na
OI LATAM pode ser facilmente verificada em sua DIPJ relativa ao ano calendaacuterio de
2010 (fls 3145 a 3182 do e-processo) que indica na Ficha 05A (Despesas
Operacionais) linhas 02 (Ordenados Salaacuterios Gratif e Outras Remun a Empreg) 05
(Encargos Sociais inclusive FGTS) e 29 (Assistecircncia Meacutedica Odont e Farmac a
Empregados) as despesas da empresa com empregados
1021 A OI LATAM ademais tambeacutem tinha em seu objeto social a administraccedilatildeo de
negoacutecios e empresas administraccedilatildeo locaccedilatildeo e comodato de bens moacuteveis e imoacuteveis
bem como a prestaccedilatildeo de serviccedilos de consultoria financeira e contaacutebil recursos
humanos marketing e vendas desenvolvimento industrial suprimentos serviccedilos
juriacutedicos consultoria tributaacuteria auditoria projetos especiais e em tecnologia da
informaccedilatildeo
103 Dessa forma natildeo se pode alegar que a OI LATAM teria sido constituiacuteda como
uma empresa veiacuteculo ou que seria uma empresa de passagem constituiacuteda com
o uacutenico propoacutesito de registrar aacutegio no Brasil e se valer da regra fiscal que permite
a sua amortizaccedilatildeo fiscal como acusou a DRJSPO Sua constituiccedilatildeo ocorreu muito
antes das negociaccedilotildees para a compra da ICALCIV e sua existecircncia natildeo guarda qualquer
relaccedilatildeo com o benefiacutecio fiscal de amortizaccedilatildeo de aacutegio previsto na legislaccedilatildeo brasileira
104 Em 29042011 houve a aprovaccedilatildeo da reorganizaccedilatildeo societaacuteria das atividades da
OI LATAM e da ICAL (cujos objetivos sociais compreendiam dentre outras atividades
a participaccedilatildeo em outras sociedades) atraveacutes da incorporaccedilatildeo da ICAL pela OI
LATAM integrando-se ambas as sociedades em uma uacutenica pessoa juriacutedica Tal
incorporaccedilatildeo conforme inclusive consignado no Protocolo de Incorporaccedilatildeo e
Justificaccedilatildeo anexo agrave Ata de Reuniatildeo de Soacutecios daquela data (arquivo natildeo paginaacutevel do
e-processo ref e-fls 3324) teve como objetivo estrateacutegico central aumentar a
eficiecircncia das operaccedilotildees dessas sociedades especialmente no acircmbito financeiro e
administrativo com a centralizaccedilatildeo das atividades em uma uacutenica pessoa juriacutedica aleacutem
de fortalecer as bases de sustentaccedilatildeo de seus negoacutecios e otimizar custos
105 E no contexto acima em que os minoritaacuterios (MASA) natildeo tinham interesse em
investir capital novo ou em incorrer em financiamentos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
foi que em 30052011 (i) a OI EUROPEAN GROUP BV contribuiu na OI
LATAM a totalidade das accedilotildees que detinha da Recorrente (representativas de 786 de
seu capital) de maneira que a OI LATAM passou a ser uma das acionistas da
Recorrente e (ii) a OI LATAM adquiriu dos terceiros minoritaacuterios (MASA) a
participaccedilatildeo destes (206 de seu capital) na Recorrente Assim a Recorrente passou a
ser detida a partir de tal data exclusivamente pela OI LATAM e pela OWENS
BROCKWAY GLASS CONTAINER INC
106 Com a saiacuteda dos minoritaacuterios (MASA) do capital social da Recorrente foi que
esta em 010611 incorporou a OI LATAM momento este a partir do qual a
Recorrente passou a amortizar os aacutegios relacionados agraves aquisiccedilotildees da ICALCIV e
da participaccedilatildeo societaacuteria na proacutepria Recorrente adquirida dos minoritaacuterios
107 Registre-se que diferentemente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e
das accedilotildees antes detidas pelo Grupo MASA Ainda que tal benefiacutecio fiscal possa ter sido
Fl 3464DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 30 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
considerado - o que eacute perfeitamente liacutecito e natural e de forma alguma deslegitimaria a
transaccedilatildeo - a decisatildeo dos administradores das duas empresas de fazer a incorporaccedilatildeo foi
pautada em objetivos e finalidades negociais muito mais abrangentes
108 Com efeito dentro de uma perspectiva de expansatildeo de seus negoacutecios a decisatildeo de
incorporar a OI LATAM na Recorrente foi tomada como medida de racionalizaccedilatildeo das
atividades das sociedades flexibilizaccedilatildeo e eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito
do processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros
objetivos a simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos
acionistas minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais
acionistas e benefiacutecios de ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor
aproveitamento de recursos
1081 Ressalta-se que agrave eacutepoca da incorporaccedilatildeo a OI LATAM detinha saldo de
ldquomilhotildees de reaisrdquo de prejuiacutezo fiscal e base negativa de CSLL cuja composiccedilatildeo se
iniciou em 2007 (vide paacuteg 14 do LALUR da OI LATAM de 2011 anexo ndash fls 3184 a
3198 do e-processo) e que foi ldquojogado no lixordquo quando da incorporaccedilatildeo Este fato jaacute
mostra mais uma fragilidade da argumentaccedilatildeo apresentada no TVF quanto agrave suposta
ausecircncia de propoacutesito negocial
1082 Isto porque com a incorporaccedilatildeo da OI LATAM pela Recorrente (OI BRASIL)
perdeu-se a oportunidade de aproveitar quarenta e seis milhotildees de Reais de
prejuiacutezo fiscal de modo que natildeo haacute que se cogitar na utilizaccedilatildeo da OI LATAM
como empresa veiacuteculo
1083 Registre-se que quanto a este uacuteltimo aspecto apesar de a perda de milhotildees de
Reais em prejuiacutezos fiscais detidos pela OI LATAM ter constado no relato dos fatos do
acoacuterdatildeo ora recorrido a d DRJSPO sequer se manifesta a esse respeito seja no Voto
Vencido seja no Voto Vencedor o que demonstra o descuido com que foi proferida a
decisatildeo de primeira instacircncia no presente caso
109 Outrossim eacute totalmente incabiacutevel a alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real
investidor na aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente seria a OI EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Tal alegaccedilatildeo
da d fiscalizaccedilatildeo foi pautada meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo
empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior para poder realizar os investimentos no
Brasil Ora conforme comentaremos mais a seguir eacute cediccedilo que a tomada de
empreacutestimos e financiamentos para a realizaccedilatildeo de investimentos e expansatildeo de
negoacutecios eacute operaccedilatildeo perfeitamente comum usual e necessaacuteria agraves atividades
operacionais de uma empresa
110 Considerando-se a descriccedilatildeo dos fatos acima ao contraacuterio do que alega a d
fiscalizaccedilatildeo resta claro que as reestruturaccedilotildees societaacuterias envolvidas (i) tanto na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV (ii) quanto na aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo
MASA na Recorrente tiveram sim PROPOacuteSITOS NEGOCIAIS e natildeo foi
simplesmente uma estrutura pensada com o uacutenico propoacutesito de aproveitar-se da
amortizaccedilatildeo dos aacutegiosrdquo (destaque do original)
67 Para aleacutem dos vastos esclarecimentos bem lastreados pelo respectivo
conjunto probatoacuterio vale trazer algumas ponderaccedilotildees de ordem faacutetica que demonstram de
forma inequiacutevoca para essa relatoria que (i) as doutas autoridades fiscal e julgadora
consideraram a ocorrecircncia de planejamento tributaacuterio abusivo em situaccedilotildees que estatildeo agrave margem
de qualquer impedimento legal e (ii) a operaccedilatildeo teve efetivo propoacutesito negocial
Fl 3465DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 31 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
68 De acordo com os documentos obtidos na proacutepria bolsa de valores
demonstraccedilotildees financeiras dentre outros o grupo MASA tinha como objetivo estrateacutegico
intensificar investimentos imobiliaacuterios nos grandes centros urbanos em parceria com ldquoplayersrdquo
do setor Inclusive sua estrateacutegia prospectada e informada ao mercado e aos seus investidores
era se desfazer dos negoacutecios natildeo relacionados ao ramo imobiliaacuterio E como natildeo tinha qualquer
participaccedilatildeo em induacutestria vidreira considero natural que o Grupo MASA diante da ideia de
firmar novos investimentos na induacutestria de produccedilatildeo de vidro como foi a operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo
da ICALCIV optasse por conduzir a negociaccedilatildeo por meio da OI LATAM Novamente natildeo haacute
qualquer vedaccedilatildeo legal e portanto o fisco natildeo poderia exigir conduta diversa aos interesses
puramente privados das companhias envolvidas
69 No mais considero que o FIP-Petra natildeo soacute faz prova de que o Grupo
MASA teria interesse em otimizar seus investimentos mas com base no relatoacuterio de
administraccedilatildeo e conjunto probatoacuterio relacionado que tambeacutem teria como objetivo o
desinvestimento conforme os interesses do Grupo
70 A d DRJ sustenta que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM ao inveacutes
de diretamente pela Recorrente natildeo teria um propoacutesito negocial porquanto tal investimento
tambeacutem traria diversos benefiacutecios ao Grupo MASA Contudo concordo com a Recorrente que o
simples fato de um negoacutecio possuir alto potencial de rentabilidade natildeo eacute sinocircnimo de aprovaccedilatildeo
automaacutetica por todas as partes envolvidas ndash ldquonecessaacuteria a concordacircncia dos soacutecios minoritaacuterios
com a realizaccedilatildeo de expressivo aporte de capital ou a obtenccedilatildeo de empreacutestimo sob pena de
estes mesmos soacutecios verem diluiacuteda a sua participaccedilatildeo societaacuteria na OI BRASIL resultando em
verdadeiro prejuiacutezo financeirordquo
71 Logo evidencio que a OI LATAM natildeo foi constituiacuteda apenas com o intuito
de gerar o aacutegio ICALCIV e diferente do que afirmou d DRJ ela natildeo deve ser considerada
ldquoempresa veiacuteculordquo Vejam que nem a douta autoridade fiscal ousou assim classificaacute-la
72 Frise-se que a OI LATAM foi constituiacuteda em 10082007 e portanto muito
antes da aquisiccedilatildeo da ICALCIV No mais OI LATAM era uma empresa operacional com
diretores gerentes e empregados conta bancaacuteria em instituiccedilatildeo financeira nacional tendo como
principal atividade a participaccedilatildeo em outras sociedades sendo que em 2010 detinha participaccedilatildeo
na Owens-Illinois do Brasil (CNPJ 314522790001-78) e na Companhia Industrial Satildeo Paulo e
Rio - Cisper (CNPJ 331741450001-68) Assim sendo como pode ser considerada empresa
veiacuteculo Natildeo pode
73 Ademais como eacute possiacutevel enquadrar a OI LATAM como empresa veiacuteculo
se com a sua incorporaccedilatildeo pela Recorrente (OI BRASIL) perdeu-se a oportunidade de
aproveitar quarenta e seis milhotildees de reais de prejuiacutezo fiscal Chega a ser iloacutegico
74 Diferente do que sustentou a d fiscalizaccedilatildeo evidencio que a incorporaccedilatildeo
da OI LATAM pela ora Recorrente natildeo teve como uacutenico propoacutesito a possiacutevel economia
tributaacuteria propiciada pela amortizaccedilatildeo dos aacutegios pagos nas aquisiccedilotildees da ICALCIV e das accedilotildees
Fl 3466DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 32 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
antes detidas pelo Grupo MASA Saliente-se que tal medida claramente racionalizou as
atividades das sociedades flexibilizou e trouxe eficiecircncia na gestatildeo de patrimocircnio no acircmbito do
processo organizacional do Grupo Owens-Illinois no Brasil buscando dentre outros objetivos a
simplificaccedilatildeo da estrutura societaacuteria das empresas do grupo apoacutes a saiacuteda dos acionistas
minoritaacuterios trazendo desta forma vantagens para todos os demais acionistas e benefiacutecios de
ordem administrativa financeira e econocircmica com o melhor aproveitamento de recursos
75 No mais discordo da alegaccedilatildeo da d fiscalizaccedilatildeo de que o real investidor na
aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo minoritaacuteria do Grupo MASA na Recorrente seria a OI
EUROPEAN GROUP BV sediada fora do paiacutes Isso porque tal constataccedilatildeo foi pautada
meramente no fato de a OI LATAM ter contraiacutedo empreacutestimo de empresa do Grupo no exterior
para poder realizar os investimentos no Brasil
76 Eacute certo que a forma de uma soacutecia (estrangeira ou natildeo) injetar recursos em
uma empresa brasileira eacute decisatildeo exclusiva dos seus soacutecios e natildeo pode sofrer ingerecircncia do fisco
vez que natildeo haacute qualquer impedimento legal tampouco prescinde de comprovaccedilatildeo de que tal
injeccedilatildeo de recursos financeiros era necessaacuteria Logo o fato da OI LATAM contrair empreacutestimo
no valor de USD 525000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV natildeo
pode ser rechaccedilado pelas autoridades fiscais e julgadoras tampouco ser elemento motivador para
considerar determinada operaccedilatildeo como abusiva
77 Para as doutas autoridades fiscais e julgadoras a aquisiccedilatildeo da ICALCIV
deveria ter sido feita diretamente pela soacutecia da Recorrente no exterior (OI EUROPEAN
GROUP BV) ao inveacutes da OI LATAM e que se assim tivesse ocorrido natildeo haveria o registro
do aacutegio nem se incorreria nas despesas com juros relacionadas ao empreacutestimo externo tomado
para a aquisiccedilatildeo dos investimentos as quais teriam ocasionado prejuiacutezo aos cofres puacuteblicos uma
vez que reduziram a base tributaacutevel do IRPJ e da CSLL
78 Data maacutexima vecircnia tenho que discordar por completo de tal
posicionamento vez que (i) natildeo cabe ao Fisco impor ao contribuinte a adoccedilatildeo de estrutura que
seja a mais rentaacutevel aos cofres puacuteblicos (ii) natildeo cabe agrave fiscalizaccedilatildeo decidir se a aquisiccedilatildeo de um
negoacutecio no Brasil deve ser feita pela empresa existente no Brasil ou por seus soacutecios no exterior
(iii) natildeo haacute na legislaccedilatildeo brasileira qualquer dispositivo que impeccedila um grupo multinacional
industrial de expandir as suas atividades no Brasil (seria no miacutenimo um contrassenso ao
desenvolvimento do paiacutes) e (iv) natildeo pode o Fisco querer se valer do fato de a OI LATAM ter
tomado empreacutestimo da O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV para adquirir a
ICALCIV e posteriormente as accedilotildees detidas pelos soacutecios minoritaacuterios na Recorrente a fim de
sustentar o argumento de que a aquisiccedilatildeo da ICALCIV poderiadeveria ter sido feita diretamente
pela OI EUROPEAN GROUP BV e que o procedimento adotado seria portanto abusivo
ou de que o real investidor seria a OI EUROPEAN GROUP BV
79 Ora natildeo existe qualquer abuso em optar por adquirir investimento atraveacutes
de empresa jaacute existente e legalmente constituiacuteda no Brasil mormente quando natildeo se trata de
empresa veiacuteculo sem atividades ou constituiacuteda apenas para adquirir investimento no Brasil
Fl 3467DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 33 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Importante lembrar que a ICALCIV poderia da mesma forma ter sido adquirida diretamente
pela Recorrente o que natildeo ocorreu conforme comprovado em funccedilatildeo da participaccedilatildeo
minoritaacuteria do Grupo MASA no seu capital social e da falta de interesse destes em investir
contrair empreacutestimos e expandir as atividades da empresa no Brasil com a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV
80 E o fato de ter sido necessaacuteria a concessatildeo de um empreacutestimo agrave OI LATAM
por empresa do grupo natildeo torna a operaccedilatildeo feita no Brasil sem propoacutesito negocial ou
abusiva sendo perfeitamente usual do ponto de vista econocircmico e de gestatildeo de negoacutecios a
tomada de creacutedito para a aquisiccedilatildeo de investimentos relevantes (como o da ICALCIV que
envolveu mais de 1 bilhatildeo de reais e a aquisiccedilatildeo da participaccedilatildeo societaacuteria do Grupo MASA na
Recorrente que envolveu mais de 200 milhotildees de Reais) Nesse aspecto evidencio que o Grupo
Owens-Illinois tambeacutem natildeo dispunha de mais de 1 bilhatildeo de Reais em 2010 para simplesmente
investir na compra da ICALCIV e que houve todo um planejamento e endividamento
financeiro no exterior para propiciar o envio de recursos agrave OI LATAM para que essa
pudesse adquirir a ICALCIV ndash evidente por conseguinte o esforccedilo financeiro
81 Ainda no contexto da existecircncia de propoacutesito negocial para a operaccedilatildeo e do
fato de a aquisiccedilatildeo da ICALCIV ter sido feita pela OI LATAM e natildeo pela OI EUROPEAN
GROUP BV sob a perspectiva das tratativas com a Famiacutelia BRENNAND para a aquisiccedilatildeo da
ICALCIV a celebraccedilatildeo e execuccedilatildeo de contrato de compra e venda com empresa do Grupo
Owens-Illinois existente e constituiacuteda no Brasil facilitava conforme restou esclarecido as
negociaccedilotildees e o fechamento da compra
82 Ademais a ora Recorrente cuidou de demonstrar que a OI LATAM jaacute
possuiacutea conta corrente em instituiccedilatildeo financeira brasileira o que lhe possibilitou receber os
valores necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do investimento em territoacuterio nacional e viabilizou o
depoacutesito em garantia e a transferecircncia de recursos (via TED) para os sete soacutecios da ICAL
(ldquoFamiacutelia BRENNANDrdquo) todos pessoas fiacutesicas brasileiras Vejam que tal dinacircmica operacional
claramente trouxe celeridade agrave concretizaccedilatildeo do negoacutecio reduziu a burocracia relacionada
garantiu seguranccedila no cumprimento das obrigaccedilotildees contratadas em moeda nacional e afastou o
risco cambial
83 Outro ponto levantado pela d fiscalizaccedilatildeo no respectivo TVF eacute de que para
permitir a dedutibilidade da amortizaccedilatildeo do aacutegio a legislaccedilatildeo tributaacuteria se fundamenta na efetiva
extinccedilatildeo do investimento atraveacutes dos institutos da incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo entre as empresas
(investida e investidora) Ao fazer tal alegaccedilatildeo a d fiscalizaccedilatildeo sugere que no presente caso natildeo
teria ocorrida a extinccedilatildeo dos investimentos via incorporaccedilatildeo posto que o real investidor seria a
OI EUROPEAN GROUP BV e que a real empresa investida seria a CIV 100 detida pela
ICAL
84 Em vista deste racional a d DRJSPO julgou o empreacutestimo contraiacutedo junto
agrave OI MANUFACTURING NETHERLANDS BV como inapto a produzir efeitos fiscais no
Brasil No entender das r autoridades julgadoras como a OI LATAM foi utilizada como mero
Fl 3468DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 34 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
veiacuteculo para viabilizar a fruiccedilatildeo de benefiacutecios fiscais no Brasil os juros afetos ao empreacutestimo
tomado para viabilizar a aquisiccedilatildeo da ICALCIV somente seriam dedutiacuteveis pela OI
MANUFACTURING NETHERLANDS BV
85 Novamente esta relatoria tem que discordar de tal linha argumentativa por
patente ausecircncia de amparo legal que a justifique O fato de a OI LATAM ter necessitado de
empreacutestimo externo para adquirir os investimentos natildeo tem o condatildeo de alterar a figura do
investidoradquirente nas operaccedilotildees realizadas Se assim fosse toda empresa no Brasil que
adquirisse um investimento e se valesse de financiamento para tanto natildeo seria a
titularproprietaacuteria do investimento adquirido ou deveria obrigatoriamente contrair tal
financiamento tatildeo somente com instituiccedilotildees financeiras ou empresas no Brasil Como bem
consignou a Recorrente ldquoseria o mesmo que exigir que para ser o titular do investimento a
empresa teria que ter recursos proacuteprios em caixa natildeo podendo nunca se financiar para investir
e ampliar seus negoacuteciosrdquo
86 Nesse sentido cabe mencionar o trecho do voto do Cons Caio Cesar Nader
Quintella proferido no Acoacuterdatildeo nordm 1402-002373 que tratou com bastante clareza a questatildeo
ldquoNegar a dedutibilidade de uma despesas de investimento sob a justificativa de que os
seus reais detentores satildeo empresas estrangeiras desconsiderando anos de operaccedilotildees
societaacuterias e parcerias comerciais verdadeiras ocorridas no Brasil (natildeo foi questionada a
legitimidade da parceria com o Grupo Klabin que perdurou 9 anos e nem com o Grupo
Brasfanta que perdurou 10 anos) pelo simples fato de o financiamento efetivo de tal
investimento advir originalmente das controladoras internacionais de um grupo
mundial natildeo eacute razoaacutevel e simplesmente ignora o cenaacuterio globalizado da economia atual
Se vaacutelida essa loacutegica toda empresa sediada no Brasil que promoveu uma aquisiccedilatildeo a
qual se valeu anteriormente de financiamento de controladora ou coligada estrangeira
natildeo seria titular de suas despesas bastando apenas o Fisco regredir o necessaacuterio no
tempo ateacute encontrar o patrociacutenio estrangeiro
E uma vez demonstrado que as empresas holdings brasileiras estavam regularmente
constituiacutedas dentro de seus propoacutesitos essas naturalmente revestiram-se de
investidoras quando do dispecircndio para uma aquisiccedilatildeo societaacuteria devidamente
registrando essa sua despesa inclusive a parcela percebida como aacutegio natildeo podendo
tambeacutem manter-se a glosa sob a alegaccedilatildeo da falta de absorccedilatildeo patrimonial entre
investida e investidorardquo
87 A este respeito note-se que o proacuteprio r relator original do acoacuterdatildeo
recorrido Sr Auditor Fiscal Daniel Takahashi consignou no Voto Vencido o mesmo
entendimento acima exposto pela Recorrente tendo inclusive comentado o julgado trazido acima
pela Recorrente (e-fls 32503251)
Como bem colocado pelo ilustre Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella no acoacuterdatildeo
1402-002443 caso a interessada optasse pela injeccedilatildeo de recursos via aumento de
capital os limites para pagamento de juros sobre capital proacuteprio seriam majorados
sendo essa uma despesa tambeacutem dedutiacutevel Dessa forma caberia a autoridade fiscal
demonstrar a abusividade da forma adotada pela interessada e que gerou despesas
dedutiacuteveis de juros indevidamente
Fl 3469DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 35 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
88 Mas natildeo eacute soacute a proacutepria legislaccedilatildeo tributaacuteria aplicaacutevel ao caso natildeo traz
qualquer vedaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave aquisiccedilatildeo de investimento em empresas holding como a ICAL
Com efeito o artigo 386 caput do RIR99 dispotildee que
Art 386 A pessoa juriacutedica que absorver patrimocircnio de outra em virtude de
incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo na qual detenha participaccedilatildeo societaacuteria adquirida com aacutegio
ou desaacutegio apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm
e Lei nordm 9718 de 1998 art 10)
I - deveraacute registrar o valor do aacutegio ou desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o
inciso I do sect 2ordm do artigo anterior em contrapartida agrave conta que registre o bem ou direito
que lhe deu causa
II - deveraacute registrar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do sect
2ordm do artigo anterior em contrapartida a conta de ativo permanente natildeo sujeita a
amortizaccedilatildeo
III - poderaacute amortizar o valor do aacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do
sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo de lucro real
levantados posteriormente agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos
no maacuteximo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
IV - deveraacute amortizar o valor do desaacutegio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II
do sect 2ordm do artigo anterior nos balanccedilos correspondentes agrave apuraccedilatildeo do lucro real
levantados durante os cinco anos-calendaacuterio subsequentes agrave incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo agrave razatildeo de um sessenta avos no miacutenimo para cada mecircs do periacuteodo de apuraccedilatildeo
sect 1ordm O valor registrado na forma do inciso I integraraacute o custo do bem ou direito para
efeito de apuraccedilatildeo de ganho ou perda de capital e de depreciaccedilatildeo amortizaccedilatildeo ou
exaustatildeo (Lei nordm 9532 de 1997 art 7ordm sect 1ordm)
sect 2ordm Se o bem que deu causa ao aacutegio ou desaacutegio natildeo houver sido transferido na hipoacutetese
de cisatildeo para o patrimocircnio da sucessora esta deveraacute registrar (Lei nordm 9532 de 1997
art 7ordm sect 2ordm)
I - o aacutegio em conta de ativo diferido para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso III
II - o desaacutegio em conta de receita diferida para amortizaccedilatildeo na forma prevista no inciso
IV
()
sect 6ordm O disposto neste artigo aplica-se inclusive quando (Lei nordm 9532 de 1997 art 8ordm)
I - o investimento natildeo for obrigatoriamente avaliado pelo valor do patrimocircnio liacutequido
II - a empresa incorporada fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade
da participaccedilatildeo societaacuteria
()rdquo
89 Note-se que o artigo 386 do RIR99 estabelece como condiccedilatildeo para
amortizaccedilatildeo fiscal do aacutegio de rentabilidade futura apenas a absorccedilatildeo do patrimocircnio da
empresa investida pela empresa investidora (ou vice-versa) via incorporaccedilatildeo fusatildeo ou
cisatildeo natildeo havendo qualquer exceccedilatildeo ou restriccedilatildeo vinculada ao fato de a investida ser ou
natildeo uma holding
Fl 3470DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 36 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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90 O fato de a empresa objeto do contrato de compra e venda ter sido a ICAL e
natildeo a CIV diretamente natildeo tem qualquer influecircncia na possibilidade juriacutedica de amortizar
fiscalmente o aacutegio ateacute mesmo porque sendo a CIV 100 controlada pela ICAL e sendo esta
uma holding o valor econocircmico-financeiro e a rentabilidade futura da CIV estavam refletidos na
ICAL via equivalecircncia patrimonial
91 Portanto eacute sem amparo legal a argumentaccedilatildeo das doutas autoridades fiscais
de que natildeo teria ocorrido a extinccedilatildeo do investimento na operaccedilatildeo de aquisiccedilatildeo da ICAL para fins
de amortizaccedilatildeo do aacutegio
92 Diante das razotildees faacuteticas e juriacutedicas aqui expostas merecerem ser afastadas
as glosa de despesas com amortizaccedilatildeo dos aacutegios da ICALCIV e da MASA
III Da Glosa de Despesas de Juros Decorrentes de Muacutetuo com Pessoas Ligadas
93 Conforme acima relatado para possibilitar a compra de investimento de
mais de 1 bilhatildeo de reais no Brasil (aquisiccedilatildeo da ICALCIV) foi necessaacuterio agrave OI LATAM
contrair empreacutestimo externo no valor de USD 52500000000 equivalentes a R$
91434000000 junto agrave O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV empresa do grupo
no exterior detida pela OI EUROPEAN GROUP BV soacutecia da OI LATAM na eacutepoca Aleacutem
disso a OI EUROPEAN GROUP BV enviou recursos agrave OI LATAM a tiacutetulo de aumento de
capital no valor de USD 8000000000 correspondentes agrave R$ 13932800000
94 Adicionalmente em 3ordm aditivo ao contrato de empreacutestimos de 30052011 a
OI LATAM recebeu o equivalente a R$ 16747500000 para a aquisiccedilatildeo do percentual de
206 correspondente agrave participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente
95 Como se natildeo bastassem as alegaccedilotildees da d fiscalizaccedilatildeo de que as despesas
de juros de empreacutestimo seriam indedutiacuteveis pela suposta ausecircncia de propoacutesito negocial nas
operaccedilotildees e pela suposiccedilatildeo de que a compra da ICALCIV e da participaccedilatildeo de 206 do Grupo
MASA na Recorrente poderia ter sido feita diretamente pela OI EUROPEAN GROUP BV -
argumentos jaacute afastados nos itens anteriores - a DEMACSP ainda tentou justificar a glosa dessas
despesas sob o argumento de que os recursos poderiam ter sido enviados agrave OI LATAM pela sua
soacutecia OI EUROPEAN GROUP BV como aumento de capital ao inveacutes de empreacutestimo
96 Vale registrar que em nenhum momento a autoridade fiscal
descaracterizou a existecircncia e a efetividade do empreacutestimo cujos documentos foram
analisados no decorrer da fiscalizaccedilatildeo e acostados ao presente processo administrativo
Tampouco a d fiscalizaccedilatildeo justificou ou fundamentou a autuaccedilatildeo nas regras brasileiras de preccedilos
de transferecircncia para a dedutibilidade de juros vigentes agrave eacutepoca da compra da ICALCIV e das
accedilotildees residuais da Recorrente (registro de empreacutestimo internacional junto ao Banco Central do
Brasil) (Lei nordm 943010 art 22 sect4ordm) ou de subcapitalizaccedilatildeo (Lei nordm 1224910 arts 24 a 26) que
Fl 3471DF CARF MF
Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
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Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
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104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
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Fl 37 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
visam evitar a reduccedilatildeo da base de caacutelculo do IRPJ e da CSLL por endividamento abusivo obtido
com partes relacionadas
97 Dessa forma a justificativa usada pela DEMACSP de que a OI
LATAM poderia ter recebido os recursos integrais - para adquirir a ICALCIV e a
participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente - como aumento de capital carece de base
legal
98 Repita-se o proacuteprio relator original do julgamento de primeira instacircncia
administrativa entendeu como totalmente liacutecita e protegida pela legislaccedilatildeo paacutetria a injeccedilatildeo de
recursos para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV e da participaccedilatildeo do Grupo MASA na Recorrente via
contrato de muacutetuo tendo votado pela integral dedutibilidade dos juros decorrentes do muacutetuo
celebrado com a O-I MANUFACTURING NETHERLANDS BV uma vez que cabe a cada
empresa decidir como se organizar investir ou contratar desde que a forma adotada natildeo seja
iliacutecita (e-fls 3250 e 3254)
Agraves e-fls 3250
Dentre os fundamentos da ordem econocircmica consagrados no ordenamento
constitucional paacutetrio estaacute o da livre iniciativa alccedilado a princiacutepio tem como sentido a
liberdade de empresa de investimento de organizaccedilatildeo e de contrataccedilatildeo Por esse
fundamento as empresas tecircm liberdade de se organizarem da forma que melhor atenda
seus objetivos desde que a forma adotada natildeo seja iliacutecita
Por sua vez tal princiacutepio natildeo eacute absoluto encontrando limites em outros princiacutepios que
informam a matriz constitucional como o da capacidade contributiva e da isonomia
Inserindo o princiacutepio da livre iniciativa ao presente caso no meu entendimento natildeo
haveria qualquer oacutebice para que a OI European Group optasse por injetar os recursos
necessaacuterios para a aquisiccedilatildeo da ICALCIV pela OI LATAM via contrato de muacutetuo com
empresa ligada sediada na Holanda Natildeo poderia a autoridade fiscal considerar abusivo
dito contrato apenas colocando que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por aumento
de capital ou que a OI European poderia ter adquirido a ICALCIV diretamente sem
utilizar empresa sediada no Brasil
Agraves e-fls 3254
Assim no presente caso em meu entendimento poderia a autoridade fiscal analisar se
os contratos de muacutetuo com empresa ligada sediada na Holanda atendeu aos preceitos
dispostos na legislaccedilatildeo quanto agraves regras de subcapitalizaccedilatildeo considerando indedutiacutevel
os valores que superassem os limites postos nos sectsect 1 a 5 do art 25 Ou mesmo verificar
se os requisitos previstos no art 26 do referido comando legal foram atendidos
Mas natildeo foi esse o caminho seguido pela autoridade fiscal que optou por considerar
planejamento tributaacuterio abusivo a contraccedilatildeo de muacutetuo com empresa ligada sediada no
exterior glosando a totalidade das despesas de juros provenientes desse contrato com o
argumento de que a injeccedilatildeo de recursos poderia ser feita por meio de aumento de capital
ou mesmo que a OI European Group poderia adquirir diretamente a participaccedilatildeo na
ICALCIV sem utilizar empresa subsidiaacuteria no Brasil
Portanto em decorrecircncia do princiacutepio da livre iniciativa as empresas podem escolher a
forma mais adequada para organizar seus negoacutecios e obter os recursos financeiros
Fl 3472DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 38 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
necessaacuterios para atingir seus objetivos institucionais contanto que a forma escolhida
natildeo seja iliacutecita ou que natildeo haja abuso de direito Assim diante a inexistecircncia de
evidencias levantadas pela autoridade fiscal a caracterizar a ilicitude do contrato de
muacutetuo ou do abuso de direito decorrente da forma escolhida para a injeccedilatildeo de recursos
para aquisiccedilatildeo da ICALCIV entendo que natildeo devem ser glosados os valores de
despesas de juros decorrentes do contrato de muacutetuo celebrado com pessoa ligada
sediada na Holanda
99 Sigo o racional supra vez que inexiste no ordenamento juriacutedico qualquer
dispositivo legal que autorize a desconsideraccedilatildeo de ato juriacutedico liacutecito e efetivo como a operaccedilatildeo
de empreacutestimo externo ora em comento sob a equivocada alegaccedilatildeo de que o contribuinte poderia
receber recursos como aumento de capital
100 Eacute certo que em linha com o consignado pela ora Recorrente ldquoa norma
juriacutedica existente que mais se identificaria com esta tentativa da d fiscalizaccedilatildeo em dar agrave
autuaccedilatildeo algum vieacutes de legalidade seria a que trata das regras de subcapitalizaccedilatildeordquo Todavia
conforme jaacute ressaltado acima natildeo foi este o embasamento legal utilizado pela DEMACSP ateacute
mesmo porque natildeo obstante este natildeo seja o ponto de discussatildeo evidencio que a Recorrente
cumpriu rigorosamente com as regras de subcapitalizaccedilatildeo - manteacutem os caacutelculos dos limites de
dedutibilidade destes juros adicionando-os prontamente agraves apuraccedilotildees dos tributos IRPJ e CSLL
quando excedidos (vide DIPJ 2014 - Linha 10 Fichas 09 e 17)
101 No mais as despesas de juros poderiam eventualmente ser glosadas se natildeo
tivessem sido comprovadas e escrituradas ou se natildeo fossem necessaacuterias ou ainda se natildeo tivessem
observado o regime de competecircncia o que natildeo evidencio no presente caso
102 As despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas operacionais
perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 da Lei nordm 450664 verbis
Art 47 Satildeo operacionais as despesas natildeo computadas nos custos necessaacuterias agrave
atividade da empresa e a manutenccedilatildeo da respectiva fonte produtora
sect 1ordm Satildeo necessaacuterias as despesas pagas ou incorridas para a realizaccedilatildeo das transaccedilotildees ou
operaccedilotildees exigidas pela atividade da empresa
sect 2ordm As despesas operacionais admitidas satildeo as usuais ou normais no tipo de transaccedilotildees
operaccedilotildees ou atividades da empresa
103 In casu as despesas de juros incorridas pela Recorrente satildeo despesas
operacionais perfeitamente dedutiacuteveis como base no artigo 47 supra uma vez que decorrem de
operaccedilatildeo de empreacutestimo legiacutetimo e comprovado registrado no Banco Central do Brasil
efetivamente contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de investimentos (ICALCIV e accedilotildees residuais da
Recorrente) com vistas a expandir os negoacutecios da empresa o que se inseria dentre as atividades
da OI LATAM a qual originalmente contraiu a diacutevida (que tinha em seu rol de atividades a
participaccedilatildeo em outras sociedades) sucedida posteriormente pela ora Recorrente
Fl 3473DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 39 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
104 O proacuteprio CARF jaacute decidiu em situaccedilotildees anaacutelogas que as despesas com
juros de empreacutestimo contraiacutedo para a aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria visando a expansatildeo
dos negoacutecios da pessoa juriacutedica satildeo dedutiacuteveis para fins de IRPJ e de CSLL conforme
demonstram as ementas a seguir colacionadas
CONTRATO DE MUacuteTUO DESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO CAMBIAL
DEDUTIBILIDADE
Comprovada a necessidade da contrataccedilatildeo do muacutetuo para a complementaccedilatildeo de
recursos destinados ao pagamento de aquisiccedilatildeo de participaccedilatildeo societaacuteria e
consequentemente expansatildeo dos negoacutecios da pessoa juriacutedica as despesas com juros e
variaccedilatildeo cambial decorrentes deste contrato satildeo consideradas dedutiacuteveis para fins de
determinaccedilatildeo da base de caacutelculo da CSLL (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais ndash Acoacuterdatildeo 1103-001181)
DESPESAS FINANCEIRAS GLOSA IMPROCEDEcircNCIA
O negoacutecio juriacutedico de muacutetuo mesmo celebrado entre pessoas juriacutedicas interligadas
quando efetivamente realizado e de cujo contrato haja previsatildeo da cobranccedila de juros
eou atualizaccedilatildeo monetaacuteria faculta ao mutuaacuterio a dedutibilidade de tais encargos como
despesas operacionais Ao negar a dedutibilidade dos juros contratados tambeacutem
deveriam ser negadas as receitas tributaacuteveis posteriormente produzidas por esses
mesmos empreacutestimos Recurso Especial do Contribuinte Provido (Cacircmara Superior
de Recursos Fiscais - Acoacuterdatildeo 9101-001394)
ldquoDESPESAS COM JUROS E VARIACcedilAtildeO MONETAacuteRIA DECORRENTES DE
AQUISICcedilAtildeO DE PARTICIPACcedilAtildeO SOCIETAacuteRIA
As despesas com Juros e Variaccedilatildeo Monetaacuteria decorrentes da assunccedilatildeo de diacutevida
permutada pela participaccedilatildeo societaacuteria no caso de empresas cujo objeto eacute a participaccedilatildeo
em outras empresas satildeo dedutiacuteveis por serem necessaacuterias agrave aquisiccedilatildeo do investimentordquo
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - 1ordf Cacircmara ndash Acoacuterdatildeo 101-96152)
105 Diante do exposto natildeo restam duacutevidas que as despesas de juros de
empreacutestimo incorridas pela Recorrente no ano de 2013 satildeo perfeitamente dedutiacuteveis na
determinaccedilatildeo do lucro real e da base de caacutelculo da CSLL devendo ser cancelados os respectivos
lanccedilamentos de IRPJ e de CSLL
IV Lanccedilamento Reflexo de CSLL
106 Dada agrave iacutentima relaccedilatildeo de causa e efeito aplica-se ao lanccedilamento reflexo o
decidido no principal
Conclusatildeo
107 Diante do exposto VOTO no sentido de CONHECER do RECURSO
interposto e no meacuterito DAR-LHE PROVIMENTO
Fl 3474DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF
Fl 40 do Acoacuterdatildeo nordm 1201-003203 - 1ordf Sejul2ordf Cacircmara1ordf Turma Ordinaacuteria
Processo nordm 165617200702017-19
Eacute como voto
(documento assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa
Fl 3475DF CARF MF