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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ 3ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE TOLEDO VARA DE FAMÍLIA e SUCESSÕES PROMOTORIA DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS DO IDOSO PROMOTORIA DO MEIO AMBIENTE PROMOTORIA DE HABITAÇÃO E URBANISMO ______________________________________________________________________________________ Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara da Fazenda Pública da Comarca de Toledo - PR Prioridade na Tramitação Pessoa Idosa (art.71 da Lei nº 10.741/2003 1 e art.1.048, inciso I, do CPC 2 ) O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por meio de seu Promotor de Justiça, titular da 3ª Promotoria de Justiça desta Comarca de Toledo/PR, em observância ao que dispõe a Lei nº 10.741/2003, na condição de substituto processual , vem à presença de Vossa Excelência propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA APLICAÇÃO DE MEDIDA DE PROTEÇÃO com pedido de tutela antecipada em prol dos direitos da idosa GEMMA ANNA PARISOTTO, brasileiro, aposentada, solteira, nascida aos 13/07/1937, natural de Nova Prata/RS, com RG nº 5.829.091-2, filha de Angelo Parisotto e de Veronica Cappellaro, residente à Rua Padre Aloys Mann, nº 1329, centro, nesta cidade de Toledo/PR, em face do : MUNICÍPIO DE TOLEDO, pessoa jurídica de direito público, CNPJ n.º 76.205.806/0001-88, por seu representante legal, o Prefeito Municipal Luiz Adalberto Beto Lunitti Pagnussatt , que pode ser encontrado junto a Prefeitura Municipal, localizada na Rua Raimundo Leonardi, n. 1586, centro, nesta cidade de Toledo (PR), com base nos fundamentos de fato e de direito abaixo expostos: 1 Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. 2 Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais: I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6 o , inciso XIV, da Lei n o 7.713, de 22 de dezembro de 1988;

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ 3ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE TOLEDO

VARA DE FAMÍLIA e SUCESSÕES – PROMOTORIA DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS DO IDOSO PROMOTORIA DO MEIO AMBIENTE – PROMOTORIA DE HABITAÇÃO E URBANISMO

______________________________________________________________________________________

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara da Fazenda Pública da Comarca de Toledo - PR

Prioridade na Tramitação Pessoa Idosa (art.71 da Lei nº 10.741/20031 e art.1.048, inciso I, do CPC2)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por meio de seu Promotor de Justiça, titular da 3ª Promotoria de Justiça desta Comarca de Toledo/PR, em observância ao que dispõe a Lei nº 10.741/2003, na condição de substituto processual, vem à presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA APLICAÇÃO DE MEDIDA DE PROTEÇÃO com pedido de tutela antecipada

em prol dos direitos da idosa GEMMA ANNA PARISOTTO, brasileiro, aposentada, solteira, nascida aos 13/07/1937, natural de Nova Prata/RS, com RG nº 5.829.091-2, filha de Angelo Parisotto e de Veronica Cappellaro, residente à Rua Padre Aloys Mann, nº 1329, centro, nesta cidade de Toledo/PR, em face do:

MUNICÍPIO DE TOLEDO, pessoa jurídica de direito público,

CNPJ n.º 76.205.806/0001-88, por seu representante legal, o Prefeito Municipal Luiz Adalberto Beto Lunitti Pagnussatt, que pode ser encontrado junto a Prefeitura Municipal, localizada na Rua Raimundo Leonardi, n. 1586, centro, nesta cidade de Toledo (PR), com base nos fundamentos de fato e de direito abaixo expostos:

1 Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos

e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.

2 Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais: I -

em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6

o, inciso XIV, da Lei

no 7.713, de 22 de dezembro de 1988;

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VARA DE FAMÍLIA e SUCESSÕES – PROMOTORIA DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS DO IDOSO PROMOTORIA DO MEIO AMBIENTE – PROMOTORIA DE HABITAÇÃO E URBANISMO

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I – FUNDAMENTOS DE FATO.

Conforme se extrai do Procedimento Administrativo nº MPPR-

0148.15.000930-3 (em anexo), instaurado em outubro/2015, no âmbito desta Promotoria de Justiça de Proteção à Pessoa Idosa, a senhora NOELI PARIZOTTO buscou orientação visando travar acordo com os demais familiares (cunhados), a fim de obter auxílio em relação aos cuidados de sua cunhada, a idosa GEMMA ANNA PARISOTTO, medida que restou infrutífera.

Considerando o agravamento da situação da idosa, o caso foi

remetido ao Ministério Público para providências. Segundo se extrai das peças de informação remetidas ao

Ministério Público, a idosa GEMMA, nascida em 13/07/1937, é solteira, aposentada, conta com 78 anos de idade, não gerou filhos e residia sozinha, no entanto, por conta idade avançada e de seu estado de abandono, foi acolhida pela cunhada Noeli, esposa de Ivo Parizotto.

Inicialmente, visando solucionar o caso, o Ministério Público

notificou a cunhada Noeli e a sobrinha Márcia, as quais prestaram os seguintes esclarecimentos:

“Que GEMMA nunca se casou e nem teve filhos, possuindo 04 (quatro) irmãos vivos: ALBINA (76 anos), DANILO (80 anos), DIONÍSIO (81 anos) e IVO (73 anos); que, nos últimos 35 (trinta e cinco) anos, ela residiu com a irmã ALBINA, porém há 01 (um) ano esta irmã retirou GEMMA de sua casa e a colocou em uma quitinete para morar sozinha; após muitos pedidos de ajuda, a senhora NOELI, que é casada com IVO, decidiu construir uma ‘peça’ nos fundos de sua casa para abrigar a cunhada GEMMA, já que ela conta com 78 anos e não tem condições de morar sem companhia; ocorre que a declarante NOELI e seu marido IVO (irmão de GEMMA) estão com a saúde debilitada, tanto que este último permaneceu temporariamente hospedado na ‘Casa de Repouso Villa do Sol’ enquanto a esposa Noeli se recuperava de uma cirurgia; ademais, as declarantes relatam que a convivência diária com a idosa GEMMA é muito complicada, pois a mesma não ajuda nos serviços domésticos, não dá privacidade à família (embora tenha seu próprio espaço), cria intrigas entre os irmãos e sobrinhos, não cuida de sua higiene pessoal (permanece dias sem banho e sem limpeza íntima) e não prepara a própria comida (apesar de possuir condições físicas para tanto); que GEMMA não possui patrimônio, auferindo tão somente uma aposentadoria no valor de R$ 788,00 mensais, montante não suficiente para cobrir todos os gastos básicos, o que obrigada a declarante NOELI a suportar as demais despesas da cunhada (luz, água, mercado, roupas,

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medicação, médicos, cigarro, etc); (...) que a atual situação é insustentável, pois a saúde da declarante NOELI e de seu esposo IVO está cada vez pior por conta da convivência conflituosa com GEMMA, especialmente porque nenhum irmãos auxilia as declarantes, ficando estas sobrecarregadas.”

Após, diante da notícia de que a Associação Promocional e

Assistencial-APA de Toledo/PR possui 01 (uma) vaga para acolhimento institucional do sexo feminino, esta Promotoria de Justiça requisitou ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social-CREAS II a realização de estudo de caso.

Antes da apresentação do relatório técnico, novamente a

cunhada NOELI solicitou a intervenção deste órgão ministerial, visto que a situação em sua residência estava se agravando em relação aos cuidados e ao convívio com a idosa GEMMA, pois NOELI também precisa dispensar sua atenção marido IVO PARIZOTTO (irmão de GEMMA), o qual é idoso, incapaz e acamado.

Diante disso, o Ministério Público realizou reunião familiar com

os irmãos de GEMMA no dia 25/11/2015, oportunidade em que compareceram os seguintes familiares da idosa: (1) cunhada NOELI PARIZOTTO, representando o marido IVO, (2) irmão DYONIZIO LUIZ PARISOTTO, (3) sobrinha SONIA VERONICA PARIZOTTO MEZZOMO, representando o pai DANILO, e (4) sobrinho MARCOS MAURICIO MAIORKI, representando a mãe ALBINA.

Cientificados acerca da finalidade do encontro, cada parente

retratou sua realidade fática, justificando a impossibilidade de exercer os cuidados da anciã GEMMA, nos seguintes termos:

DYONIZIO explicou que não possui condições para acolher a irmã GEMMA em sua casa, pois conta com 81 anos de idade e sua esposa Rosalina também é idosa, sendo que ambos enfrentam diversas limitações de saúde, como hipertensão arterial, bronquite asmática, hérnia, etc. Sobre sua situação financeira, DYONIZIO explicou que o casal sobrevive apenas com o valor das aposentadorias de ambos.

NOELI argumentou que, mesmo com a ajuda da filha Márcia, está muito sobrecarregada com os cuidados do marido IVO, que depende dela para todas as atividades essenciais, pois ele é acamado, e que a permanência de GEMMA em sua casa é mais uma responsabilidade que dificulta o dia-a-dia da família.

SONIA, representando seu pai DANILO, frisou que seus genitores são igualmente idosos, doentes e dependentes dos filhos, não sendo possível, sob os aspectos físico, psicológico e financeiro, o acolhimento da tia GEMMA na residência de Danilo, já que este e a mãe LEONORA dependem dos filhos para grande parte das necessidades diárias.

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MARCOS, representando sua mãe ALBINA, asseverou que sua genitora hospedou a tia GEMMA por muitos anos, entretanto o convívio se tornou insuportável, pois esta última não auxiliava nos afazeres domésticos, não contribuía financeiramente e criava intrigas entre os familiares. Marcos também aduziu que sua mãe Albina é cuidada por ele, em razão da idade, de uma grave depressão e de uma recente cirurgia, sendo que seu irmão mais velho está em tratamento contra câncer, motivos pelos quais nem ele e nem sua mãe Albina conseguirão cuidar de Gemma.

Diante destas explanações e sobretudo da situação pessoal de

cada familiar da idosa, foi sugerido aos presentes o asilamento de Gemma em instituição particular desta cidade de Toledo/PR, cujos custos poderiam ser repartidos entres os irmãos, além de ser utilizado o valor da aposentadoria da beneficiária.

Efetuado contato telefônico com as instituições de longa

permanência, constatou-se que na “Casa de Repouso Villa do Sol” a mensalidade é de R$ 2.800,00; no “Lar de Idosos Irmãos Dentzer” o custo mensal é R$ 2.300,00 (sem mobília); e na “Associação Promocional e Assistencial-APA” não há vagas privadas disponíveis (somente vagas custeadas pelo Poder Público).

Diante deste cenário, todos os familiares demonstraram a

impossibilidade financeira de assumir o compromisso de custeio de vaga em entidade de acolhimento, considerando o alto custo e os vários problemas pessoais que cada um enfrente em seu próprio lar com outros familiares idosos e com problemas de saúde.

Nesse prisma, a documentação que instruir os autos,

efetivamente demonstraram a impossibilidade física e financeira dos irmãos da idosa GEMMA em custear o asilamento da idosa.

Em seguida, juntou-se ao Procedimento Administrativo o

relatório elaborado pela equipe do CREAS II (ofício 1710/2015-SMAS), o qual informou que, em 17/11/2015, realizou-se visita à Noeli, a qual relatou que há um ano GEMMA reside consigo, sendo que já morou com os outros irmãos, fato que não prosperou em nenhuma residência devido às dificuldades de relacionamento com a idosa em questão.

Do relatório também se extrai que houve reunião familiar

sobre a situação da idosa no dia 03/12/2015, ocasião em que estiveram presentes os irmãos Albina e Dyonizio, e os sobrinhos Vera Lúcia Parizotto, Paulo C. Parizotto e Marcos Maiorki, os quais relataram que, após o falecimento dos pais, GEMMA residiu com todos os irmãos e desencadeou desentendimentos em todos os ambientes, motivo pelo qual os familiares não conseguem mais conviver com a idosa diariamente.

Com tais constatações explanadas pela equipe da Secretaria

de Assistência Social, conclui-se que os vínculos familiares entre GEMMA e os demais irmãos/sobrinhos ao longo do tempo foram fragilizados pelos intensos

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atritos, pela dependência financeira daquela e pela inevitável chegada da velhice, situação compreensível pela situação pessoal da idosa.

Além disso, a família relatou que os únicos irmãos vivos

(Albina, Dyonizio e Ivo) não possuem condições físicas e financeiras para acolher e auxiliar GEMMA, visto que contam com idade avançada, problemas de saúde e sobrevivem com suas limitadas aposentadorias.

O segundo relatório remetido pelo CREAS II (ofício nº

202/2016-SMAS), datado de 07/03/2016, anunciou que Noeli está sobrecarregada em função dos cuidados médicos com o marido, o qual depende dela para todas as atividades diárias, além de atender à cunhada GEMMA.

Entrevistada pela equipe de assistência social, a sobrinha

Márcia (filha de Noeli e Ivo) reforçou a dificuldade que sua mãe enfrenta em virtude do cuidado com o marido, dado que ela também é idosa e possui problemas de saúde.

Em 16/03/2016, GEMMA esteve nesta Promotoria de Justiça

e declarou que a situação na casa da cunhada Noeli está insustentável e que as brigas diárias estão avançando para agressões verbais; que o irmão de Noeli está em fase terminal de câncer; que, devido ao nervosismo criado pela situação atual, GEMMA deseja sair da casa do irmão Ivo, no entanto, não tem para onde ir, em razão de receber aposentadoria de apenas 01 (um) salário mínimo e não possuir bens. Quanto à possibilidade de residir em um lar de idosos, Gemma declarou que concorda com a hipótese, desde que não seja abandonada pelos familiares.

Diante da intensificação da situação de vulnerabilidade da

idosa GEMMA, a qual teve seu cenário fático agravado no curso do Procedimento Administrativo, o Ministério Público, com fundamento nos artigos 43 e 45, inciso V, ambos do Estatuto do Idoso, aplicou-lhe medida de proteção consistente em seu acolhimento em instituição de longa permanência para idosos, cujo financiamento deveria ser arcado pelo Município de Toledo/PR, ente público com responsabilidade constitucional e legal, sem prejuízo da utilização do benefício previdenciário percebido pela idosa para complementação do custeio do abrigamento, conforme previsão do art. 35, § 2o, da Lei Federal 10.741/2003.

Não obstante, o Poder Público negou-se a executar a

medida, conforme razões expostas no ofício 80/2016-SMAS, datado de 08/04/2016. Contudo, o Ministério Público não tem dúvidas de que a

idosa GEMMA precisa de urgente amparo do Poder Público, visto que vários de seus direitos fundamentais estão violados e/ou ameaçados, em razão da ausência de familiar capaz de lhe dispensar cuidados e também por conta de sua condição pessoal.

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Nesta seara, cumpre destacar que a idosa GEMMA conta com 78 anos de idade, é solteira, não teve descendente e possui capacidade financeira limitada a 01 (um) salário mínimo, oriundo de sua parca aposentadoria.

Por toda a vida a idosa residiu com seus pais. Com o

falecimento destes, morou com a irmã ALBINA por vários anos, contudo a relação se desgastou, os laços afetivos se debilitaram e GEMMA foi abandonada em uma “quitinete” sozinha.

Como a idosa não possui habilidades domésticas e diante da

renda reduzida, a cunhada Noeli e o irmão Ivo a acolheram em sua morada, dando-lhe o suporte necessário para uma vida digna. Entretanto, o cenário fático que cerca as partes mudou. O irmão Ivo está muito enfermo, com limitações para a vida diária, acamado e dependente dos cuidados da esposa Noeli.

Noeli também está perdendo sua saúde, pois se viu obrigada

a cuidar de si, do marido, da cunhada GEMMA e, mais recentemente, do irmão (que também está acamado com câncer em fase terminal).

Os demais irmãos de GEMMA, do mesmo modo, não dispõem

de estrutura física, financeira e nem psicológica para executar os cuidados da anciã, visto que eles são igualmente idosos (todos têm mais de 70 anos) e com sérios problemas de saúde naturais da faixa etária.

Por conta disso, os irmãos de GEMMA recebem amparo e

cuidados dos respectivos filhos, conforme se verificou nos autos, tanto que, na reunião familiar ocorrida nesta Promotoria de Justiça (dia 25/11/2015), DANILO foi representado pela filha Sonia, ALBINA foi representada pelo filho MARCOS e IVO foi representado pela esposa Noeli.

Ademais, os sobrinhos de GEMMA já atendem aos

deveres exigidos pelo ordenamento jurídico vigente, qual seja, amparar os pais na velhice, sendo incabível obrigá-los a suportar os cuidados da tia anciã, sob pena de colocar em risco a integridade e a saúde de todos os envolvidos, considerando, especialmente, a fragilidade dos vínculos familiares e o histórico de agressões e discórdia.

Cumpre ressaltar que, em sua negativa, o Município de

Toledo/PR sugeriu dois caminhos paralelos ao acolhimento, quais sejam: (a) implantação de um sistema de divisão de cuidados entres os irmãos/sobrinhos de GEMMA, através de rodízio de moradias; (b) asilamento cotizado por todos os integrantes da família.

Quanto ao item 'b', o Ministério Público informa que tal

diligência já foi objeto de tentativa de acordo neste órgão, contudo os valores cobrados

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pelas entidades de longa permanência de Toledo/PR são elevados3 em comparação com a renda dos familiares da idosa, ainda que ocorra partilha de custos.

Já a sugestão 'a' se mostra totalmente atentatória à dignidade

da pessoa humana e frontalmente contrária à legislação de proteção à pessoa idosa. Ora, não se pode conceber que a anciã GEMMA seja “jogada” de um lado para o outro, passe de casa em casa, mude seu lar a cada 30/60 dias, esperando que os familiares tenham piedade dela!

Em verdade, a idosa GEMMA já se encontra desamparada

emocionalmente e psicologicamente, visto que seus irmãos envelheceram consigo e hoje são cuidados pelos respectivos filhos, conforme determina a ordem natural da vida. Contudo, a anciã não gerou descendentes e seus colaterais não dispõem de tempo, estrutura física e nem condições financeiras para lhe assegurar os direitos existenciais mínimos.

Por certo, não podemos esperar que GEMMA fique situação

de extremo abandono para então exigir a atuação reparadora do Poder Público. A realidade vivida pela idosa só tende a piorar e medidas preventivas devem ser tomadas imediatamente a fim de garantir que GEMMA (e, indiretamente, seus irmãos e sobrinhos) tenha uma velhice digna!

O Município de Toledo não pode alegar insuficiência de

recursos públicos, visto que a Associação Promocional e Assistencial-APA dispõe de 20 vagas financiadas pelo Poder Público local, onde se sabe que há uma vaga feminina disponível.

E mesmo que tal vaga não existisse, a legislação vigente,

confirmada pela jurisprudência pátria, determina que o ente público subsidie o respectivo serviço social e de saúde, em regime integral, em instituição privada, se preciso.

Além disso, a previsão orçamentária é feita para as despesas ordinárias. A Administração Pública deve suportar determinados gastos não previstos especificamente, mas que constituem sua responsabilidade. É assim, por exemplo, com relação às calamidades públicas derivadas de força maior. Neste caso, a vida e a saúde humana devem ter especial proteção do ente público, até mesmo porque este é o seu interesse público primário, o bem social.

Em razão dessa situação insustentável, necessária a imediata

intervenção do Poder Judiciário e a adoção de providências urgentes, até mesmo para evitar consequências mais graves que possam advir em detrimento da idosa, não podendo o Município de Toledo se omitir diante de sua obrigação legal de propiciar abrigado à idosa diante do quadro demonstrando nos autos.

3Média de R$ 2.500,00 por mês.

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Convém registrar que esta Promotoria de Justiça tentou

solucionar o caso extrajudicialmente, buscando sempre a harmonia familiar, o envelhecimento saudável e o fortalecimento dos vínculos afetivos, porém o cenário fático é muito complexo e inevitavelmente violam os direitos fundamentais da idosa.

Assim sendo, visando cessar o ciclo de ameaças e violações

aos direitos e para que a idosa desfrute de uma vida com mais qualidade e dignidade, torna-se-se imprescindível o acolhimento de GEMMA ANNA PARISOTTO em instituição de longa permanência para idosos, cujo financiamento deverá competir ao Município de Toledo/PR, ente público com responsabilidade constitucional e legal, sem prejuízo da utilização do benefício previdenciário percebido pela idosa para complementação do custeio do acolhimento, conforme previsão do art. 35, § 2o da Lei Federal 10.741/2003.

II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS. a. Da Legitimidade do Ministério Público Estadual como Substituto Processual.

A Magna Carta em vigor, ampliando o campo de atuação do Ministério Público, atribuiu-lhe a incumbência da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127).

A Lei Complementar nº 75/93, que dispõe sobre a

organização e atribuições do Ministério Público da União, aplicada subsidiariamente aos Ministérios Públicos Estaduais por força da determinação contida no artigo 80 da Lei nº 8.625/93, lhe autoriza, dentre essas funções institucionais, a defesa dos bens e interesses dos idosos nos termos do artigo 5º, inciso III, alínea “e”.

A legitimidade do Ministério Público para a propositura da

presente demanda também flui da própria legislação especial de proteção à pessoa idosa, claramente estampada no artigo 74 do Estatuto do Idoso, o qual imputa ao Parquet a atribuição em casos em que os direitos de pessoas idosas estejam ameaçados e/ou violados, tanto em âmbito individual quanto coletivo, atuando como verdadeiro substituto processual, senão vejamos:

Art. 74. Compete ao Ministério Público: I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e indi-viduais homogêneos do idoso; (...) III – atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei;

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VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais asse-gurados ao idoso, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais ca-bíveis; Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilida-de por ofensa aos direitos assegurados ao idoso, referentes à omis-são ou ao oferecimento insatisfatório de: (…) IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso. Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homo-gêneos, próprios do idoso, protegidos em lei.

Também a medida de abrigamento de GEMMA é possível

com base no artigo 43 c/c o caput do artigo 45, ambos do referido Estatuto.

Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento; III – em razão de sua condição pessoal. Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: (…) V – abrigo em entidade;

À evidência, verificada qualquer das situações previstas no

artigo 43 do Estatuto do Idoso, ao juízo é possibilitada a adoção de medidas emergenciais, conforme claramente se denota dos dispositivos citados. Neste sentido, destaca-se aresto ‘in verbis’:

MEDIDA DE PROTEÇÃO. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. MINISTÉRIO PÚBLICO. IDOSO. A contar do advento da Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do Idoso - tem o Ministério Público legitimidade para atuar na condição de substituto processual de idoso em caso de urgência. Recurso provido. (TJRS, AC 70039875497, Rel. Des. Maria Isabel de Azevedo Souza, j. 24/02/2011)

Para arrematar qualquer dúvida quanto à legitimidade do Ministério Público, ainda assinala o artigo 81 do multicitado diploma:

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Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se legitimados, con-correntemente: I – o Ministério Público;

Portanto, não há dúvidas de que o Ministério Público tem o poder-dever de atuar na defesa dos direitos indisponíveis da pessoa idosa, inclusive judicialmente, na figura de substituto processual.

b. Da Responsabilidade do Poder Público

A Carta Magna, em seu art. 230, profetizou

expressamente os rumos da proteção à pessoa idosa na atualidade: “A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.”

Além do comando constitucional, o principal instrumento legal

para a proteção específica desse segmento da população é o Estatuto do Idoso. Em seu artigo 3º, o Estatuto do Idoso também

estabelece que “é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”.

Extrai-se dos citados dispositivos que as garantias da pessoa

idosa devem ser asseguradas e implementadas, em primeiro plano, pela família, salvo quando o idoso não tenha família, se esta não possuir condições de salvaguardar os direitos do ancião ou se os vínculos afetivos estiverem fragilizados ou rompidos.

Vejamos o que dispõe o Estatuto do Idoso:

Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência social. Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada. § 1º. A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será prestada quando verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios ou da família.

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Na implementação da política nacional do idoso, a lei atribui

ao Poder Público incumbências muito claras nas mais diversas áreas. Na assistência social, há previsão de ações no sentido de atender as necessidades básicas do idoso, estimulando-se a criação de centros de convivência, centros de cuidados noturnos, casas-lares, oficinas de trabalho, atendimentos domiciliares, além da capacitação de recursos para atendimento do idoso (art. 10, I).

Sobre o tema, convém mencionar recentes registros

jurisdicionais que reconheceram a responsabilidade do Poder Público de assegurar, com prioridade, os direitos da pessoa idosa, garantindo-lhe internação em entidade de longa permanência:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MEDIDA DE PROTEÇÃO PROPOSTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO EM FAVOR DE IDOSO. INTERNAÇÃO EM ENTIDADE DE LONGA PERMANÊNCIA. OBRIGAÇÃO DO PODER PÚBLICO DE ASSEGURAR AO IDOSO, COM ABSOLUTA PRIORIDADE, A EFETIVAÇÃO DO DIREITO À VIDA, À SAÚDE, À ALIMENTAÇÃO E À DIGNIDADE. 1. Nos termos do art. 230 da Constituição Federal, o Estado - aí compreendido em sentido lato - tem o dever de amparar as pessoas idosas, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. Igualmente, o art. 3º da Lei n.º 10.741/2003 também estabelece ser obrigação do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à dignidade e ao respeito, dentre outros, de modo que compete ao Poder Público garantir aos idosos o direito a moradia digna, inclusive em entidade de longa permanência, quando verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios ou da família (art. 37, § 1º, Lei n.º 10.741/2003). 2. No caso, apesar de a idosa possuir duas filhas que poderiam, em tese, auxiliar financeiramente a genitora, descaberia atribuir, desde logo, a estas duas filhas - que, apesar de demandadas, ainda nem sequer foram citadas - a responsabilidade pelo custeio do acolhimento da idosa junto à entidade de longa permanência, porquanto tal proceder significaria deixar de prestar a assistência integral devida à idosa ao menos até que fossem as requeridas localizadas e citadas. Desse modo, sobretudo visando proteger os interesses da idosa e considerando que, nos termos do art. 3º da Lei n.º 10.741/2003, também constitui obrigação do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida e à saúde, sendo obrigação do Estado tornar efetiva a garantia da proteção desses direitos, impõe-se a manutenção da decisão agravada, que determinou o acolhimento da idosa em entidade de longa permanência a expensas do Município recorrente. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (TJRS, AI nº 70067131110, Rel. Des. Rui Portanova, j. 18.02.2016).

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APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. DIREITO À SAÚDE. MEDIDA DE PROTEÇÃO. ABRIGAMENTO DE PESSOA IDOSA. DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO - ART. 196, CF. ESTATUTO DO IDOSO - LEI N.º 10.741/03. 1. A assistência à saúde é direito de todos garantido constitucionalmente, devendo o Poder Público custear os medicamentos e tratamentos aos necessitados. Inteligência do art. 196 da CF. 2. No caso, por se tratar de pessoa idosa, incidem ainda as regras do Estatuto do Idoso. - Lei n.º 10.741/03, que garantem o atendimento à saúde com absoluta prioridade. 3. Descabe a alegação de que a responsabilidade é da família do idoso, uma vez que cabe ao Poder Público prestar, de maneira solidária, a assistência à saúde a população, consoante disposto na norma constitucional. 4. Ação julgada procedente para condenar o Município de Venâncio Aires a fornecer à autora a hospedagem na casa geriátrica Jô-Barth, por tempo indeterminado, sob pena de sequestro do valor, no caso de descumprimento da ordem judicial, o que faço com arrimo no artigo 461, § 5º, do CPC. RECURSO PROVIDO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (TJRS, AC nº 70066381195, Rel. Des. Sergio Luiz Grassi Beck, 1ª Câmara Cível, j. 16/12/2015) ILEGITIMIDADE PASSIVA. Solidariedade entre os entes de direito público, podendo qualquer deles integrar o polo passivo. Preliminar afastada. INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA. Enfermo idoso hipossuficiente. Instrução processual evidencia ausência de condições do núcleo familiar para prestar os cuidados dos quais carece e a recomendação do abrigamento como medida necessária a fim de resguardar a sua dignidade e seu bem-estar físico e mental. Sentença confirmada. Recurso não provido. (TJSP, AC nº 4004515-68.2013.8.26.0482, Rel. Des. Evaristo dos Santos, 6ª Câmara de Direito Público, J. 09/11/2015).

Conclui-se, desta forma, que a responsabilidade do Ente Público ganha forma e conteúdo na falta ou na deficiência dos recursos familiares, o que ocorre no caso concreto. c. Do Direito.

A Lei n. 10.741/03 dispõe sobre o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos (artigo 1º), o que é o caso da tutelada.

O artigo 2º anela que o idoso goza de todos os direitos

fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata referido Estatuto, assegurando-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

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Já o artigo 3º afirma ser obrigação da Família e do Poder

Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, saúde, liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

Por sua vez, o artigo 10, § 2º, do Estatuto do Idoso

assegura o direito ao respeito, que consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral. O § 3º garante seu direito de não ser submetido a tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

O artigo 43 e incisos dispõem sobre as causas que geram a

situação de risco em que o idoso pode estar inserido, justificando a ação estatal para reparar a violação de direitos:

Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento; III – em razão de sua condição pessoal.

Nesse sentido, a proteção ao idoso deve ser efetivada quando os direitos previstos na Lei forem ameaçados e/ou violados, como no caso em comento, tendo o Ministério Público e o Poder Judiciário papéis de alta relevância.

Consoante observa Ingo Wolfgang Sarlet4, “no campo da

proteção do idoso assume relevo o papel do Poder Judiciário, provocado pelos agentes legitimados (com destaque, a exemplo do que ocorre na esfera da infância e juventude, para o Ministério Público e a Defensoria Pública), no sentido de velar pela consistência constitucional das ações dos órgãos estatais e mesmo da esfera privada”.

Em casos similares, assim se posicionaram os Tribunais pátrios:

REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ACOLHIMENTO DE IDOSO EM INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA. FAMÍLIA E IDOSO EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL. FAMÍLIA QUE NÃO POSSUI CONDIÇÕES DE ATENDER ADEQUADAMENTE DO IDOSO. DEVER DO ESTADO DE PROVER A DIGNIDADE E SAÚDE DO IDOSO. INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 196 E 230 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, E

4 SARLET, Ingo Wolfgang, MARONINI, Luiz Guilherme, MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional. São

Paulo: RT, 2012, p. 613

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ARTIGOS 3º, INCISO VIII E 9º DA LEI Nº 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO). CONDENAÇÃO DO MUNICÍPIO AO PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS, ESCORREITA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA INTEGRALMENTE MANTIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. (TJPR, Reexame Necessário 1301871-0, Desª. Relª. Cristiane Santos Leite, 4ª Câmara Cível, j. 28/05/2015)

Não é preciso grande esforço para se vislumbrar que a

situação fática da idosa GEMMA está se agravando, gerando um perigo atual e irreversível em sua saúde e dignidade, circunstância que certamente irá se acentuar caso nenhuma medida extrema seja adotada a tempo.

Aliás, é evidente que o acolhimento da idosa em instituição de

longa permanência lhe possibilitará uma melhor condição de vida, com acompanhamento especializado por conta da estrutura disponibilizada pelo Poder Público. Assim sendo, a presente ação é o instrumento jurídico adequado para que seja determinado o acolhimento institucional da anciã GEMMA, a fim de que ela goze de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. III. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA.

A concessão antecipada da medida pleiteada constitui-se em ferramenta de extrema necessidade, exigindo-se para tanto, a presença de três requisitos essenciais: elementos que evidenciem a probabilidade do direito, perigo de dano e urgência contemporânea à propositura da ação (arts. 3005, caput, e 3036, caput, ambos do NCPC), todos presentes no presente caso.

Para a agilização da entrega da prestação jurisdicional não

subsiste dúvida quanto à existência – mais do que provável na espécie – do direito alegado, consoante se infere dos argumentos e dispositivos legais mencionados.

Ademais, tal afirmativa parte do reconhecimento de que prova

documental acostada a esta peça vestibular é suficiente para formar um conjunto de dados ao convencimento sumário, permitindo, desde já, a verificação da probabilidade de o juízo antever os efeitos da sentença de mérito.

5 Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e

o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 6 Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao

requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.

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Já o perigo de dano e a urgência contemporânea são presumidos da leitura dos fundamentos de fato expostos no Capítulo I desta exordial, no qual se expôs, detalhadamente, o panorama diário da idosa GEMMA e as circunstâncias fáticas presentes da vida dos demais integrantes da família.

Com efeito, se a tutela pretendida for postergada para o final

da lide, quando da prolação da sentença, o dano à vida e à saúde da idosa poderá ser irreversível, sem falar dos possíveis prejuízos causados de forma reflexa aos demais idosos-irmãos.

Ao persistir essa situação, viola-se o direito fundamental do

homem, que é o direito à vida, à saúde, à existência, ao respeito e ao envelhecimento digno.

Desta feita, é clara a necessidade da concessão da tutela

antecipada imediatamente, pois em se tratando da vida de um ser humano, o tempo é algo fundamental, ainda mais por envolver uma pessoa com 78 anos de idade, em situação familiar complexa.

Quanto ao tema, o Estatuto do Idoso possui previsão

específica, in verbis:

Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento. § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na forma do art. 273 do Código de Processo Civil.

Também os Tribunas são uníssonos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. MEDIDA DE PROTEÇÃO A IDOSO. ABRIGAMENTO EM INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA. COMPLEMENTAÇÃO DE VALORES PELO MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO. TUTELA ANTECIPADA. CABIMENTO. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. Inexiste qualquer cominação de bloqueio de valores por descumprimento da obrigação, como referido pela parte agravante, razão pela qual não lhe assiste interesse recursal quanto ao ponto. Recurso conhecido parcialmente. MEDIDA DE PROTEÇÃO A IDOSO.

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Com base nos artigos 6º e 196 da Constituição Federal, é crível admitir que é dever do Estado (lato sensu) prestar atendimento de saúde, quando configurados os vetores da adequação do medicamento, tratamento ou cirurgia e da carência de recursos financeiros de quem postula. Compete ao Poder Público assegurar ao idoso a efetivação do direito à vida e à assistência integral em entidade de longa permanência diante da carência de recursos financeiros próprios ou da família. Inteligência dos artigos 6º e 230 da Constituição Federal, e artigos 2º, 3º e 37 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003). TUTELA ANTECIPADA. CABIMENTO. Para fins de exame da verossimilhança, os documentos juntados ao processo devem ser de tal ordem que sejam capazes de permitir a configuração de um elevado grau de probabilidade de acolhimento da pretensão posta em Juízo. Os documentos que instruem o agravo de instrumento comprovam que a idosa, com 83 anos de idade, é portadora do Mal de Alzheimer, e está em situação de vulnerabilidade. Comprovada, ainda, a precária situação financeira da família pelas declarações de renda juntadas às fls. 45-46, o que lhes impossibilita de arcarem com a integralidade das despesas do abrigamento. Em um juízo de cognição sumária, entendo que há verossimilhança no direito alegado, devendo ser assegurado o direito à saúde da idosa, nos termos da Constituição Federal e do Estatuto do Idoso. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO PARCIALMENTE E DESPROVIDO. (TJRS, AI nº

70056727027, 3ª Câmara Cível, Rel. Des. Leonel Pires Ohlweiler, j. 05/12/2013)

Sendo assim, a recusa do Município de Toledo em prover a dignidade e saúde da idosa não encontra ressonância nos autos, sobretudo por existir vaga para tal fim, estando evidenciada, diante do quadro probatório, a obrigação do Poder Público em adotar medidas emergenciais para garantir os direitos da idosa, em situação de vulnerabilidade.

Destarte, estando presentes os requisitos necessários, requer

o Ministério Público seja concedida a medida de proteção antecipada, liminarmente e sem a oitiva da parte contrária, para que os efeitos da sentença de mérito operem desde já, a fim de que o Município de Toledo/PR providencie o acolhimento de GEMMA ANNA PARISOTTO, em instituição de longa permanência para idosos, sem prejuízo da utilização do benefício previdenciário percebido pela idosa para complementação do custeio do acolhimento, conforme previsão do art. 35, § 2º, da Lei Federal 10.741/2003.

IV- DOS REQUERIMENTOS.

Diante do exposto e pelo que mais consta dos documentos

que instruem a presente ação, requer o Ministério Público:

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a. O recebimento desta peça e dos documentos anexos, registrando-se e autuando-se como Ação Civil Pública para Aplicação de Medida de Proteção para Idosa; b. Em sede liminar e sem oitiva da parte contrária, seja aplicada medida de proteção consubstanciada no imediato abrigamento de GEMMA ANNA PARISOTTO, em instituição de longa permanência para idosos, cujo financiamento competirá ao Município de Toledo/PR, ente público com responsabilidade constitucional e legal, sem prejuízo da utilização do benefício previdenciário percebido pela idosa para complementação do custeio do acolhimento, conforme previsão do art. 35, § 2o, da Lei Federal 10.741/2003. c. A fixação, pelo douto juízo, de multa diária no valor de R$1.000.00 (hum mil reais) para caso de eventual descumprimento da obrigação de fazer acima exposta, com fundamento no que dispõe os artigos 297, 536 e 537, todos do CPC/2015; d. A citação do requerido para apresentar defesa no prazo legal;

e. Ao final, sejam julgados TOTALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS, confirmando-se os efeitos da tutela antecipada, condenando-se o Município de Toledo/PR na obrigação de fazer consistente no acolhimento institucional da idosa GEMMA ANNA PARISOTTO, em instituição de longa permanência para idosos, por tempo indeterminado. f. A produção de todas as provas admitidas em direito que se fizerem necessárias para o deslinde do feito, incluindo-se prova testemunhal, documental, inspeções judiciais, perícias médicas, etc; g. Seja conferida prioridade na tramitação do processo, por envolver pessoa idosa, conforme previsão do art.71 da Lei nº 10.741/2003 e art.1.048, inciso I, do CPC.

Fixa-se à causa o valor de R$ 880,00 (oitocentos e oitenta reais) para fins de alçada.

Toledo/PR, 12 de abril de 2016.

GIOVANI FERRI Promotor de Justiça

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