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Ministério Ordenado O ministério presbiteral - O sacramento da Ordem, é o sacramento da diferenciação, pois distingue os féis dentro do único Povo de Deus. A Igreja, como Povo de Deus, se divide em leigos e clérigos. Convém lembrar, antes de tudo que, em primeiro lugar, deve-se levar em conta a unidade e a igualdade fundamental de todos os batizados na Igreja. Unidade, porque a Igreja é uma comunhão, fruto da mesma fé e do mesmo Batismo, recebido por todos igualmente, por sua vez, fundamenta a igualdade. Em segundo lugar, vem a diferenciação, pois primeiro, todo o cristão é fiel na Igreja, para só depois acontecer a diferenciação, fruto da missão ou ministério diferente ocupado na comunidade eclesial. Por isso, a Igreja não é, em primeiro lugar, o Papa, os Bispos, os presbíteros, os diáconos, a vida consagrada, aos quais os fiéis se unem, mas ela, antes de tudo, é comunidade de iguais, pois todos recebem o mesmo Batismo como fruto da mesma fé professada no mesmo Deus Uno e Trino. A diferença na comunidade dos batizados é fruto do sacramento da Ordem. Por isso, a comunidade eclesial é formada por pessoas batizadas ordenadas e não-ordenadas (cf. cap. III e IV da LG; em decorrência dos cap. I e II, que destacam a pertença de todos os batizados ao mesmo e único Povo de Deus). - Também o presbítero exerce, a seu modo, os três múnus de Cristo. O texto da Presbyterorum ordinis 4-6 explica como o presbítero exerce esses três múnus: ensinar (PO 4); santificar (PO 5); governar/pastorear (PO 6). Convém notar que esses três múnus tem igualdade de importância e são exercidos de forma igual, embora do ponto de vista histórico, o múnus de santificar, o presbítero quase que reserva as atividades à administração dos Sacramentos. - LG 28: o presbítero como “colaborador da ordem episcopal” que “prolonga a ação do Bispo em todas as comunidades locais cristãs” e “torna visível em todos os lugares a Igreja universal” (cf. PO 2 e 7). - O celibato eclesiástico tornou-se lei canônica obrigatória para todo o clero latino no II Concílio de Latrão, em 1139, concluindo um longo processo histórico, iniciado com leis locais e regionais. O estudo das motivações que levaram à decretação dessa lei mostra a crescente motivação espiritual, quando sempre mais sacerdotes renunciavam ao matrimônio, como um dos motivos preponderantes para o Magistério unir sacerdócio e celibato. Outra razão relevante é de ordem pastoral, quando sempre mais presbíteros declinam do matrimônio para melhor poderem desempenhar sua tarefa pastoral. “O celibato livre é um capítulo que não pode ser ensinado na cátedra: ele sempre permanece um aparte da Teologia que se ajoelha e reza” (Kloppenburg, op. cit., p. 177). - Resumo: - Bispos e presbíteros participam de um mesmo sacerdócio e ministério de Cristo (PO 7); - O ministério dos Bispos foi em grau subordinado confiado aos presbíteros para que fossem cooperadores da ordem episcopal com o fim de cumprirem a missão apostólica transmitida por Cristo; - Os presbíteros também participam da autoridade com que o próprio Cristo constrói, santifica e rege seu Corpo; - Os presbíteros só podem exercer seu ministério em comunhão hierárquica como o Bispo diocesano (poder de jurisdição); - Os presbíteros são os principais auxiliares e conselheiros natos do Bispo na tarefa de ensinar, santificar e governar. Não sozinho! A Igreja não é uma monarquia, mas koinonia. “O ministério da Nova Aliança possui uma dimensão colegial segundo modalidades analógicas, quer se trate dos Bispos ao redor do Papa na Igrej a universal, ou dos padres ao redor dos Bispos na Igreja local” (Comissão Teológica Internacional, 6ª proposição para o Sínodo dos Bispos). O Diaconato permanente - O Diaconato sempre existiu na Igreja Católica (cf. At 6, 1ss); - Com o passar do tempo, mais precisamente, por volta do século IV, foi desaparecendo, até ser todo extinto, permanecendo apenas como “acesso” ao ministério presbiteral; - O Concílio Vaticano II decretou sua restauração e sua valorização teórica e prática (cf. LG 29): “O diaconato futuramente poderá ser restaurado como um grau próprio e permanente da hierarquia”. Quer dizer, situa-o dentro da constituição hierárquica da Igreja como membros da Ordem sagrada, admitindo a possibilidade de diáconos casados. E declara ainda mais: “São -lhes impostas as mãos, ‘não para o sacerdócio, mas para o ministério’, porquanto, fortalecidos com a graça sacramental, servem ao Povo de Deus na diaconia da Liturgia, da Palavra e da Caridade, em comunhão com o Bispo e seu presbitério” (idem). Sacramentária Geral 2015/1

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  • Ministrio Ordenado

    O ministrio presbiteral

    - O sacramento da Ordem, o sacramento da diferenciao, pois distingue os fis dentro do nico Povo de Deus. A Igreja, como

    Povo de Deus, se divide em leigos e clrigos. Convm lembrar, antes de tudo que, em primeiro lugar, deve-se levar em conta a

    unidade e a igualdade fundamental de todos os batizados na Igreja. Unidade, porque a Igreja uma comunho, fruto da mesma f e

    do mesmo Batismo, recebido por todos igualmente, por sua vez, fundamenta a igualdade. Em segundo lugar, vem a diferenciao,

    pois primeiro, todo o cristo fiel na Igreja, para s depois acontecer a diferenciao, fruto da misso ou ministrio diferente

    ocupado na comunidade eclesial. Por isso, a Igreja no , em primeiro lugar, o Papa, os Bispos, os presbteros, os diconos, a vida

    consagrada, aos quais os fiis se unem, mas ela, antes de tudo, comunidade de iguais, pois todos recebem o mesmo Batismo como

    fruto da mesma f professada no mesmo Deus Uno e Trino. A diferena na comunidade dos batizados fruto do sacramento da

    Ordem. Por isso, a comunidade eclesial formada por pessoas batizadas ordenadas e no-ordenadas (cf. cap. III e IV da LG; em

    decorrncia dos cap. I e II, que destacam a pertena de todos os batizados ao mesmo e nico Povo de Deus).

    - Tambm o presbtero exerce, a seu modo, os trs mnus de Cristo. O texto da Presbyterorum ordinis 4-6 explica como o presbtero

    exerce esses trs mnus: ensinar (PO 4); santificar (PO 5); governar/pastorear (PO 6). Convm notar que esses trs mnus tem

    igualdade de importncia e so exercidos de forma igual, embora do ponto de vista histrico, o mnus de santificar, o presbtero

    quase que reserva as atividades administrao dos Sacramentos.

    - LG 28: o presbtero como colaborador da ordem episcopal que prolonga a ao do Bispo em todas as comunidades locais

    crists e torna visvel em todos os lugares a Igreja universal (cf. PO 2 e 7).

    - O celibato eclesistico tornou-se lei cannica obrigatria para todo o clero latino no II Conclio de Latro, em 1139, concluindo

    um longo processo histrico, iniciado com leis locais e regionais. O estudo das motivaes que levaram decretao dessa lei

    mostra a crescente motivao espiritual, quando sempre mais sacerdotes renunciavam ao matrimnio, como um dos motivos

    preponderantes para o Magistrio unir sacerdcio e celibato. Outra razo relevante de ordem pastoral, quando sempre mais

    presbteros declinam do matrimnio para melhor poderem desempenhar sua tarefa pastoral. O celibato livre um captulo que no

    pode ser ensinado na ctedra: ele sempre permanece um aparte da Teologia que se ajoelha e reza (Kloppenburg, op. cit., p. 177).

    - Resumo: - Bispos e presbteros participam de um mesmo sacerdcio e ministrio de Cristo (PO 7);

    - O ministrio dos Bispos foi em grau subordinado confiado aos presbteros para que fossem cooperadores da ordem episcopal com

    o fim de cumprirem a misso apostlica transmitida por Cristo;

    - Os presbteros tambm participam da autoridade com que o prprio Cristo constri, santifica e rege seu Corpo;

    - Os presbteros s podem exercer seu ministrio em comunho hierrquica como o Bispo diocesano (poder de jurisdio);

    - Os presbteros so os principais auxiliares e conselheiros natos do Bispo na tarefa de ensinar, santificar e governar. No sozinho! A

    Igreja no uma monarquia, mas koinonia. O ministrio da Nova Aliana possui uma dimenso colegial segundo modalidades

    analgicas, quer se trate dos Bispos ao redor do Papa na Igreja universal, ou dos padres ao redor dos Bispos na Igreja local

    (Comisso Teolgica Internacional, 6 proposio para o Snodo dos Bispos).

    O Diaconato permanente

    - O Diaconato sempre existiu na Igreja Catlica (cf. At 6, 1ss);

    - Com o passar do tempo, mais precisamente, por volta do sculo IV, foi desaparecendo, at ser todo extinto, permanecendo apenas

    como acesso ao ministrio presbiteral;

    - O Conclio Vaticano II decretou sua restaurao e sua valorizao terica e prtica (cf. LG 29): O diaconato futuramente poder

    ser restaurado como um grau prprio e permanente da hierarquia. Quer dizer, situa-o dentro da constituio hierrquica da Igreja

    como membros da Ordem sagrada, admitindo a possibilidade de diconos casados. E declara ainda mais: So-lhes impostas as

    mos, no para o sacerdcio, mas para o ministrio, porquanto, fortalecidos com a graa sacramental, servem ao Povo de Deus na

    diaconia da Liturgia, da Palavra e da Caridade, em comunho com o Bispo e seu presbitrio (idem).

    Sacramentria Geral 2015/1