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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO MDA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL SDT RELATÓRIO ANALÍTICO Projeto “Gestão de Territórios Rurais” – CNPq/MDA/SDT Nº 05/2009 TERRITÓRIO DE CIDADANIA DO SISAL BAHIA FEIRA DE SANTANA BAHIA SETEMBRO - 2011

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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO – MDA

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL – SDT

RELATÓRIO ANALÍTICO

Projeto “Gestão de Territórios Rurais” – CNPq/MDA/SDT Nº 05/2009

TERRITÓRIO DE CIDADANIA DO SISAL – BAHIA

FEIRA DE SANTANA – BAHIA

SETEMBRO - 2011

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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO – MDA

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL – SDT

RELATÓRIO ANALÍTICO

TERRITÓRIO DE CIDADANIA DO SISAL – BAHIA

Projeto “Gestão de Territórios Rurais” – CNPq/MDA/SDT

Nº 05/2009

Ildes Ferreira de Oliveira*

Robson Andrade Santos**

Tatiana Ribeiro Velloso***

Pedro Torres Filho****

Ive Aparecida de Oliveira da Silva*****

Mara Emmanuela Guimarães Santana Cunha*****

FEIRA DE SANTANA – BA

SETEMBRO – 2011

* Coordenador do projeto, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS ** Coordenador Técnico da Célula (Mestrando/UFRB) *** Professora Colaboradora, professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB **** Professor Colaborador, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS ***** Estagiárias Bolsistas.

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LISTA SIGLAS

ABRAÇO Sisal - Associação de Rádios Comunitárias do Sisal - Associação Comunitária

ADS Bahia - Agência de Desenvolvimento Solidário

APAEB - Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região Sisaleira;

ARCO Sertão - Agência Regional de Comercialização do Sertão da Bahia

ARTAB - Articulação das Entidades Urbanas de Valente e Região

BNB - Banco do Nordeste do Brasil

CAR - Companhia de Ação Regional

CEAIC - Centro de Apoio às Iniciativas Comunitárias do Semi-Árido da Bahia

CEBs - Comunidades Eclesiais de Base

CDA - Coordenação de Desenvolvimento Agrário

CEF - Caixa Econômica Federal

CMDRS - Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CODES - Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira do Estado da

Bahia

CONSISAL – Consórcio dos Municípios do Território do Sisal

COOBENCOL - Cooperativa de Beneficiamento e Comercialização

COOAMEL - Cooperativa de Apicultores e Meliponicultores do Semi-Árido do Estado da

Bahia

COOPERAFIS - Cooperativa Regional de Artesãs Fibras do Sertão

COOPERJOVENS - Cooperativa de Produção dos Jovens da Região do Sisal

COOPMEL - Cooperativa dos Apicultores do Semiárido Baiano

CUT – Central Única dos Trabalhadores

DIREC - Diretoria Regional de Educação

DIRES - Diretoria Regional de Saúde

EBDA - Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - G Regional Serrinha - EMBRAPA

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FATRES - Fundação de Apoio aos Trabalhadores da Região Sisaleira

FENASCOO - Federação de Cooperativas de Crédito de Apoio a Agricultura Familiar

FUNDAÇÃO APAEB - Fundação de Apoio ao desenvolvimento Sustentável e Solidário da

Região Sisaleira

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ICMS – Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços

ICV - Índice de Condição de Vida

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário

MMTR - Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais

MOC - Movimento de Organização Comunitária

ONGs - Organização Não Governamental

OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

PBF - Programa Bolsa Família

PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PIB - Produto Interno Bruto

PROINF - Projetos de Infraestrutura e Serviços em Territórios Rurais

PT - Partido dos Trabalhadores

PTDS - Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável

P1MC - Programa Um Milhão de Cisternas

REFAISA - Rede de Escolas Famílias Agrícolas Integradas do Semi-Árido

SDT - Secretaria de Desenvolvimento Territorial

SEAGRI - Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

SEBRAE - Sistema Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa

SINTRACAL - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Empresas Fábricas de

Calçados

SINTSEF - Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal

STR - Sindicato dos Trabalhadores Rurais

UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana

UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

UNEB - Universidade do Estado da Bahia

UNICAFES - União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia

Solidária da Bahia

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância

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ÍNDICE DOS QUADROS

Quadro 1.Identidade Territorial: Categoria, Valor e Classificação de Identidade

Territorial – 2011......................................................................................................

18

Quadro 2.Composição da Plenária Território do Sisal – CODES, em 2011............ 29

Quadro 3. Conselho de Administração do CODES - Sisal - Gestão 2011 - 2012... 33

Quadro 4. Indicadores de capacidade institucional no Território do Sisal – 2011.. 35

Quadro 5.Relação dos Projetos de Investimento do Território do Sisal, com

proponente, localização, recursos financeiros e situação, da Secretaria de

Desenvolvimento Territorial – SDT/ Ministério do Desenvolvimento Agrário –

período de 2003 a 2011.............................................................................................

48

Quadro 6.Indicadores............................................................................................... 51

Quadro 7.Avaliação da Fase de Planejamento.......................................................... 52

Quadro 8.Avaliação da fase de execução do Projeto................................................ 52

Quadro 9.Indícios de impactos................................................................................. 53

Quadro 10.Indicadores gerais de gestão do projeto................................................. 54

Quadro 11.Condição Familiar do Entrevistado, em 2010-2011............................... 56

Quadro 12.Faixa etária e sexo dos entrevistados, em 2010 – 2011......................... 56

Quadro 13.Perfil agrícola dos entrevistados, em 2010 – 2011.................................

57

Quadro 14. Situação educacional dos entrevistados, em 2010 – 2011..................... 57

Quadro 15.Situação dos entrevistados em termos de serviços como energia, água

e higiene familiar, em 2010 – 2011..........................................................................

58

Quadro 16.Situação do uso de equipamentos domésticos, em 2010 – 2011............ 58

Quadro 17.Avaliação das Condições de Comercialização, em 2010 – 2011........... 59

Quadro 18. Fatores de Desenvolvimento................................................................. 62

Quadro 19.Características do Desenvolvimento....................................................... 64

Quadro 20.Efeitos do desenvolvimento................................................................... 66

Quadro 21.Indicadores ICV..................................................................................... 67

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Municípios que integram o Território do Sisal, População total, urbana e

rural, Índice de Desenvolvimento Humano Médio, Produto Interno Bruto e Índice de

Indigência......................................................................................................................

14

Anexo II:

Tabela 1 - Número de membros por estabelecimento familiar............................... .....

Tabela II – Número de membros da família residentes nos domicílios rurais com

idade entre 18 a 24 anos.................................................................................................

Tabela III - Renda Familiar (Casal e filhos).................................................................

Tabela IV – Terra Disponível...............................................................................

Tabela V – Número de agricultores familiares que acessaram Pronaf nos últimos

3 anos..............................................................................................................

Tabela VI – Número de Operações e Volume de Recursos liberados pelo Ponaf no

Território do Sisal no período 2005-2009.............................................................

Tabela VII – Número de Agricultores que recebem visitas técnicas por instituições do

Território...........................................................................................................

76

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ÍNDICE DOS GRÁFICOS

Gráfico 1.Existência de um assessor técnico que apóie permanentemente a Gestão

do Colegiado...............................................................................................................

36

Gráfico 2.No caso de não existir um assessor técnico, há algum outro técnico que

apóie a ação do Colegiado...........................................................................................

37

Gráfico 3.Formas de seleção e a eleição dos membros do Colegiado do CODES

Sisal............................................................................................................................

38

Gráfico 4.Reuniões formais o Colegiado realizou desde a sua constituição.............. 38

Gráfico 5.Frequência das reuniões do Colegiado....................................................... 39

Gráfico 6.Avaliação da Capacidade de Decisão dos Membros do Colegiado............ 40

Gráfico 7.Frequência no tratamento de temáticas no Colegiado do CODES – Sisal.. 40

Gráfico 8.Freqüência dos Problemas que prejudicam o Colegiado............................ 41

Gráfico 9.Qual o papel desempenhado pelo Colegiado na elaboração do

diagnóstico territorial..................................................................................................

42

Gráfico 10. Existência de documento que contenha uma visão de longo prazo do

território (Visão de Futuro).........................................................................................

42

Gráfico 11.Caso o território tenha o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural

Sustentável - PTDRS, qual foi o papel desempenhado pelo Colegiado Territorial

na elaboração do mesmo.............................................................................................

43

Gráfico 12.Indique quais dos seguintes mecanismos são utilizados para a tomada

de decisões no Colegiado............................................................................................

44

Gráfico 13.Quais ações são desenvolvidas pelo Colegiado para a gestão dos

projetos de desenvolvimento territorial.......................................................................

45

Gráfico 14. Em quais das seguintes áreas, os membros do colegiado receberam

capacitação..................................................................................................................

45

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.Mapa do Território do Sisal no estado da Bahia............................................. 12

Figura 2.Composição da Identidade Territorial do Território do Sisal – 2011............. 18

Figura 3.Variáveis da capacidade institucional no Território do Sisal – 2011.............. 34

Figura 4.Fabrica de ração, municípios de Itiúba............................................................ 46

Figura 5.Apresentação dos Indicadores de Avaliação de Projetos de Investimento..... 50

Figura 6.Avaliação da fase de planejamento de projeto................................................ 51

Figura 7.Avaliação da fase de Execução do projeto...................................................... 52

Figura 8.Indícios de impactos........................................................................................ 53

Figura 9.Indicadores gerais de gestão dos projetos....................................................... 54

Figura 10.Aplicação de questionário município de Tucano – Ba. .............................. 55

Figura 11.Composição dos Fatores de Desenvolvimento............................................. 60

Figura 12.Características do desenvolvimento.............................................................. 63

Figura 13.Efeitos do desenvolvimento.......................................................................... 65

Figura 14.Índice de condições de vida médio............................................................. 67

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SUMÁRIO

1.0 Apresentação..................................................................................................... 10

2.0 O Contexto........................................................................................................ 12

3.0 Identidade Territorial........................................................................................ 17

4.0 Capacidades Institucionais............................................................................... 27

5.0 Gestão do Colegiado........................................................................................ 36

6.0 Avaliação de Projetos...................................................................................... 46

7.0 Índice de condições de Vida 55

7.1 Informações relevantes sobre população, educação, serviços básicos e

comercialização do Território do Sisal: analises dos resultados......................

55

7.1.1 Características da população Território do Sisal ........................................ 55

7.1.2 Características da educação do Território do Sisal.......................................... 57

7.1.3 Características de serviços básicos do Território do Sisal............................... 57

7.1.4 Características de comercialização do Território do Sisal............................... 58

7.2 Composição do Índice de qualidade de vida – ICV......................................... 59

7.3 Índice de condições de vida médio baseado nas três dimensões..................... 66

8.0 Análise Integradora do Contexto..................................................................... 68

9.0 Propostas e Ações para o Território................................................................ 69

9.1 Proposta de pesquisa para o Território do Sisal.............................................. 69

9.2 Propostas de qualificação do Território do sisal............................................. 69

10.0 Considerações Finais....................................................................................... 71

11.0 Referências ...................... ............................................................................... 72

12.0

12.1

Anexos.............................................................................................................

Anexo I - Validação dos Instrumentos e Procedimentos.................................

74

74

12.2 Anexo II - Relatório de Pesquisa (Questionário Complementar).................... 75

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1. 0 - APRESENTAÇÃO

Em setembro de 2010, após a formação da Equipe do Projeto “Gestão de Territórios

Rurais” – CNPq/MDA/SDT, iniciou-se uma ação junto ao Território de Cidadania do Sisal,

com contatos amistosos e formais da equipe executora com o Conselho de Administração e

com Grupos de Trabalho do CODES Sisal - Conselho de Desenvolvimento Rural

Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia. Nesses encontros, apresentou-se a

pesquisa proposta pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA) em parceria do CNPq e a oferta de outros serviços que

pudessem contribuir para melhorar o desempenho do CODES Sisal, entidade civil sem fins

econômicos, constituída por representantes de organizações da sociedade civil e do poder

público. Pactuou-se, à época, sobre aspectos do relacionamento entre a Equipe do Projeto e

o CODES Sisal, envolvendo também a Fundação de Apoio aos Trabalhadores da Região

Sisaleira (FATRES1) e a Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da Região

do Sisal (APAEB2) que tem se constituído em importantes parceiras no curso do processo de

trabalho.

Passado o período de um ano, além das atividades específicas previstas no projeto,

realizou-se um conjunto de outras ações de interesse do CODES Sisal, com a contribuição

efetiva3 da Equipe da Célula; o fato de todos os membros da Equipe já manterem,

anteriormente, algum nível de relacionamento com o CODES Sisal ou com as principais

organizações que o constituíram, facilitou a condução dos trabalhos.

Este Relatório Analítico tem o propósito de analisar os resultados da pesquisa do

Índice de Condição de Vida (ICV) do Território, ensaiando-se algumas interpretações sobre

os dados coletados. Compõe dos seguintes tópicos: o contexto, permitindo situar-se frente à

realidade do Território de Cidadania do Sisal; a discussão sobre identidade territorial, a

partir dos dados da pesquisa; a análise das capacidades institucionais; a avaliação dos

projetos executados pelo PROINF; a tentativa de análise integradora do contexto; as

principais ações propostas para o Território; e finalmente, as considerações finais. Em

1 Por não possuir sede própria, o CODES Sisal funciona nas instalações da FATRES.

2 A APAEB – Valente cedeu um espaço para a instalação da Equipe da Célula.

3 Por exemplo, da constituição do CONSORSIAL (Consórcio de Municípios do Território do Sisal), da

elaboração de Carta Consulta de negociação com o BNDES, das articulações com vistas à implantação de um

Campi da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) no Território e articulação com pesquisadores

da UEFS, da UFBA e da UFRB para um processo de identificação geográfica do sisal.

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anexo, alguns comentários sobre os instrumentos utilizados e um relatório contendo os

dados sistematizados de um questionário complementar aplicado durante a pesquisa do ICV.

Os conteúdos deste Relatório devem ser entendidos como elementos para alimentar o

debate acerca dos temas propostos. Assim, são preliminares e iniciais, mas necessários para

o trabalho de contribuição para as ações do Território do Sisal.

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2.0 - CONTEXTO

O Território do Sisal é constituído por 20 (vinte) municípios (figura 1), habitado por

582.329 pessoas e uma extensão territorial de 20.154 km², o correspondente a 3,5% do

Estado da Bahia. Tem fácil acesso por rodovia, através da BR 116 e BR 324, e das BA 409 e

BA 416; na cidade de Valente, sede do CODES Sisal, há um campo de pouso pavimentado

para pequenas aeronaves. Há emissoras de rádio AM nos municípios de Serrinha, Conceição

do Coité e Monte Santo, e FM em todos os municípios, destacando-se as Rádios

Comunitárias de Valente e Santa Luz. No tocante a educação publica, além das escolas de

ensino fundamental e médio existem dois campus universitários da Universidade Estadual

da Bahia – UNEB, localizados nos municípios de Serrinha e Conceição do Coité.

Inserido no semi-árido baiano, é caracterizado pela predominância de uma economia

agrícola e por ter a maioria da sua população estabelecida na zona rural, com 333.149

habitantes na zona rural, o que representa 57,21% da população (IBGE, 2011).

Figura 1. Mapa do Território do Sisal no Estado da Bahia.

Fonte: Adaptado do PTDRS Sisal (2010).

Uma das principais atividades agrícolas, em alguns municípios, advém da produção

do sisal (Agave sisalana). O cultivo do sisal é desenvolvido em pequenas propriedades e o

processo de extração da fibra é feito de modo semi-artesanal, com grandes riscos para a

saúde dos trabalhadores; historicamente, têm gerado um verdadeiro exército de mutilados

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adultos e envolvido um grande número de crianças, institucionalizando na região o trabalho

infantil, decorrente do nível de pobreza das famílias, minimizado a partir do PETI –

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, do Governo Federal, não contemplando

medidas efetivas que contribuam para elevação da renda das famílias de promoção do

desenvolvimento territorial.

Apesar da existência de crianças, adolescentes e jovens na população, numa faixa

etária compreendida de cinco a vinte e quatro anos, correspondendo a 39,14% da população,

não se dispõe de políticas públicas consistentes para assegurar o futuro dessa população. Isso

explica, dentre outros aspectos, a exploração do trabalho precoce de crianças e adolescentes

para contribuir com a renda familiar. Também coloca em evidência a situação precária da

educação pública dos municípios que não consegue atender as demandas da população, com

maior gravidade para o segmento rural pelo caráter descontextualizado do ensino. De certa

forma, isso tem contribuído para a migração de jovens e adultos para os centros urbanos e

capitais, que, sem qualificação profissional, partem em busca ilusória de melhores

oportunidades de vida.

Outro ponto de estrangulamento está na distribuição de renda, em que 50,83% da sua

população se encontram em situação de indigência (Tabela 1). São milhares de famílias que

sobrevivem com renda per capita de menos de meio salário mínimo. As principais fontes de

recurso que movimentam a economia desses municípios advêm da transferência de recursos

governamentais, principalmente através da previdência social e programas sociais de

assistência à família de baixa renda, e da agricultura familiar local. São bastante restritas as

possibilidades de geração de trabalho e renda na totalidade dos seus municípios.

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Tabela 1. Municípios que integram o Território do Sisal, População total, urbana e rural,

Índice de Desenvolvimento Humano Médio, Produto Interno Bruto e Índice de Indigência.

Município

População¹

IDH-M²

PIB³

2008 Milhões

Índice de

Indigência²

(%)

Total

Urbana

Rural

Araci 51.651 19.638 32.013 0,557 134,50 55,07 Barrocas 14.191 5.695 8.496 s/d 123,31 s/d Biritinga 14.836 3.517 11.319 0,596 42,22 45,38

Candeal 8.895 3.476 5.419 0,61 23,40 49.88

Cansanção 32.908 11.021 21.887 0,538 93,01 66,49

Conceição do Coité 62.040 36.278 25.762 0,611 250,32 46,57

Ichu 5.255 3.365 1.890 0,675 16,97 47,12

Itiuba 36.113 9.699 26.414 0,574 108,82 63,27

Lamarão 9.560 2.085 7.475 0,608 25,05 43,33

Monte Santo 52.338 8.845 43.493 0,534 135,17 69,05 Nordestina 12.371 3.921 8.450 0,550 32,50 47,66

Queimadas 24.602 12.492 12.110 0,613 75,76 50,94

Quinjingue 27.228 6.377 20.851 0,526 106,77 69,64

Retirolândia 12.055 6.722 5.333 0,625 45,99 61,38

Santaluz 33.838 20.795 13.043 0,66 102,44 38,18

São Domingos 9.226 5.916 3.310 0,624 33,22 52,70

Serrinha 76.762 47.188 29.574 0,658 319,55 44,50

Teofilândia 21.482 6.692 14.790 0,607 54,32 55,13

Tucano 52.418 21.958 30.460 0,582 153,57 54,34

Valente 24.560 13.487 11.073 0,657 92,75 55,13

TOTAL 582.329 249.167 333.182 0,600 98,48 50,83

% 100,0 42,79 57,21 ///// ///// ///// Fonte: (¹) IBGE, Censo Demográfico, 2010; (²) Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD, 2000.

Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 02 ago 2011.

Apesar de ser uma das principais atividades econômicas da região, a sustentabilidade

da agricultura familiar coloca em evidência a questão do acesso e permanência do agricultor

no campo. Percebe-se o enfretamento dos agricultores familiares com a concentração

fundiária no Território, além de sua produção está sujeita às variações constantes dos

períodos de estiagem e as dificuldades no acesso aos serviços de assistência técnica,

comercialização dos produtos e às linhas de crédito rural. Essas dificuldades estruturais

fazem com que necessitem criar alternativas para garantir a sobrevivência das suas famílias,

principalmente contextualizada em ações de convivência com o semiárido.

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A vegetação predominante do Território é a caatinga4 que apesar da sua importância

para a sobrevivência dessas pessoas, encontra-se em franco processo de degradação; estima-

se que menos de 20% da caatinga continuam preservados5.

O Território está encravado no sertão cujo o conceito é carregado de imprecisão e de

preconceitos pela literatura tradicional. É tratado como interior, interior pouco povoado,

lugar longe da costa, lugar inculto, incivilizado e assim por diante (BARROSO, 1962;

LIMA, 1999). Guimarães Rosa o considerou como algo que se procura e nunca se encontra e

quando menos se espera ele aparece (ROSA, 2006); para Patativa do Assaré, O sertão é um

livro aberto... (VASCONCELOS, 2007, p. 56). Ainda hoje é visto como lugar íngreme,

atrasado, distante; terra sem lei, terra de ninguém, com predominância da visão euclidiana

do início do século XX firmada a partir do ainda presente rebuliço do sertão com o massacre

de Canudos há menos de uma década. Para Euclides da Cunha, o sertão é tudo que está fora

da escrita, da história, da civilização e do espaço (CUNHA, 1973). Ainda nos dias atuais,

ouve-se pelos sertões adentro, expressão do tipo: pretendo conhecer a Bahia, com referência

à capital do Estado. Implicitamente, o reconhecimento de que o sertão está fora da Bahia6 o

que faz sentido se recorrermos à história de abandono de toda região pelo Estado.

O sertanejo é um homem místico, cordial e desconfiado. Místico porque, como

ninguém, sabe conduzir sua vida – a família, a economia, a política, a relação com a

natureza – norteado pela emoção e pela fé no sobrenatural, com absoluta incapacidade de

analisar de forma fria e racional as coisas do dia a dia, o que é próprio do ente religioso.

Talvez ninguém, como ele, saiba conciliar a produção, a cultura e a fé: enquanto trabalha, na

agricultura ou no traquejo dos animais, o sertanejo canta e faz suas orações.

O homem do sertão é cordial. Qualquer um que o procura, está sempre disposto a

ampará-lo, com respeito e cordialidade; diferente do comportamento do citadino, ele é

incapaz de cuspir no prato que comeu, ou seja, se recebe um favor de alguem, uma cortesia,

um simples reconhecimento, ele jamais esquecerá e procurará retribuir de alguma forma: é o

favor com favor se paga. E disso as oligarquias nordestinas souberam tirar proveito, 4 Caa=mata, tinga=branca. A caatinga corresponde ao maior de um conjunto de quatro biomas do Estado da

Bahia, ao lado de Mata Atlântica, Manguezais e Cerrado. É considerada rica a biodiversidade: nela existem

mais de 600 tipos de árvores conhecidas, enquanto em toda Europa não passa de 100. 5 Estudo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente, 68% da área do bioma caatinga encontra-se degradados,

sendo que 35% em situação de extrema degradação (BRASIL, 2002).

6 Há uma chula, cantada pelos sertanejos, que faz a seguinte referência: Horácio de Matos por ser malcriado

chegou na Bahia e morreu... ao referir-se à morte do temido ex-deputado, ex-senador, coronel do sertão e chefe

de grande bando de jagunços, em Salvador, em 15.05.1931, depois de provocar muitos conflitos armados no

sertão baiano.

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transformando direitos em favores. Um simples atendimento médico, o abastecimento

d’água com carro-pipa, feitos por um ógão público, com dinheiro do contribuinte, ou uma

visita inesperada, são suficientes para cativar o sertanejo para toda a vida7. Essa cordialidade

dos sertanejo foi, e continua sendo, importante fonte de poder político nos sertões

nordestinos.

O sertão é um misto de condições objetivas – clima, relevo, vegetação – e de

representações sobjetivas; de seca, escassez, fome, desespero, como também de exuberância

e fartura; de dor, sofrimento, mas também de alegria, presente nas inúmeras formas de

expressão cultural e de diversão. Um espaço de cordialidade e de dominação política, e de

respostas conforme o nível de interesse do sertanejo.

O Território do Sisal representa o sertão baiano com suas exuberâncias, sofrimentos

e farturas. Para compreensão da população sertaneja que habita esse Território, a Tabela 1

resume um conjunto de informações sobre a população total, urbana e rural do Território,

bem como sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Produto Interno Bruto (PIB)

e Índice de Indigência, com dados por municípios e totais. São dados que caracterizam a

população do Território do Sisal, demonstrando a concentração ainda rural e a necessidade

de superação do alto índice de indigência dos seus municípios.

7 Ele chegava, entrava na casa da gente, ia pra cozinha, descobria as panelas, comia com a gente... Era um

homem sem besteira. Votei nele até o dia que Deus chamou (depoimento de um camponês de Feira de Santana

sobre um chefe político do Município).

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3. 0 - IDENTIDADE TERRITORIAL

3.1 - Identidade como fator de coesão de território

O enfoque territorial tem sido uma das estratégias adotadas pelo Governo Federal e

em alguns estados da federação na busca da implementação de políticas públicas voltadas

para o desenvolvimento rural, sendo os territórios de identidade as unidades de gestão.

A política de desenvolvimento rural na ótica territorial, busca a coerência política,

ideológica e a prática de gestão e de planejamento, que exige um exercício teórico–

conceitual permanente, para a consolidação das ações e a compreensão das dificuldades e

potencialidades, visto serem esses elementos que determinam as estratégias de

desenvolvimento, o reconhecimento social e o empoderamento das comunidades rurais.

Para analisar a identidade como fator de coesão do território, busca-se através de

elementos endógenos investigar o que aglutina o território e o que determina o seu espaço,

visto que o espaço analisado é determinado pelo conjunto de elementos que o compõem e

suas relações, incluindo sociais, as instituições construídas e os valores adotados em todo

seu contexto.

Assim o território se reflete como dimensão política do espaço, como unidade de

gestão política que o distingue e o institucionaliza. Logo podem ser elementos geográficos, a

união de organizações territoriais, as características étnicas ou um espaço bem definido por

redes econômicas bem caracterizadas.

A identidade é que orienta e ordena as estratégias de desenvolvimento na busca do

bem-estar de toda comunidade, que se expressa como territorialidade através dos

sentimentos políticos à energia social e a vontade coletiva nas suas mais diversas

manifestações.

Assim alguns elementos podem ser determinantes para a delimitação do espaço

territorial, sendo os mais expressivos o ambiente, a agricultura familiar, a economia, a

pobreza, a etnia, a colonização e o aspecto político, elementos estes objeto de pesquisa, que

culminou com a aplicação de questionários, obedecendo critérios metodológicos definidos,

descritos em capítulo específico.

Das categorias analisadas como fatores mais significativos para a identidade

territorial aparece a agricultura familiar, o político e a economia, sendo classificados como

alto. No segundo plano estão classificados como médio-alto a pobreza e o ambiente,

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enquanto que se enquadram como médio, os aspectos relacionados à colonização e a etnia,

conforme apresentados no Quadro 1 e na Figura 2.

Quadro 1. Identidade Territorial: Categoria, Valor e Classificação de Identidade Territorial –

2011.

CATEGORIAS VALOR CLASSIFICAÇÃO

Ambiente 0,766 Médio Alto

Agricultura familiar 0,851 Alto

Economia 0,802 Alto

Pobreza 0,780 Médio Alto

Etnia 0,423 Médio

Colonização 0,506 Médio

Político 0,824 Alto

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Legenda:

0,00 - 0,20 = Baixo

0,20 - 0,40 = Médio Baixo

0,40 - 0,60 = Médio

0,60 - 0,80 = Médio Alto

0,80 - 1,00 = Alto

Figura 2. Composição da Identidade Territorial do Território do Sisal – 2011.

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

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3.2 – Agricultura Familiar

A agricultura familiar aponta para a influência das condições de desenvolvimento da

agricultura local, suas organizações, os problemas e expectativas dos agricultores. O político

refere-se à influência dos grupos políticos, filiação partidária e das organizações

comprometidas com processos políticos nos aspectos chaves do desenvolvimento territorial.

Já a economia indica o efeito dos processos produtivos, pólo de desenvolvimento, geração

de emprego e da estrutura econômica local.

Contextualizando os pequenos agricultores, enquanto unidade familiar de trabalho e

de seus desdobramentos no plano político, assim como integrantes do sistema econômico

dominante, são sujeitos dos processos que regem a produção/reprodução de formas, sociais

norteados por uma dinâmica histórica que tem o capitalismo como espinha dorsal.

No contexto atual da agricultura, a pequena produção sofre grandes transformações

em duas direções. De um lado uma grande parcela tende a proletarizar - se, pela

desestruturação das suas unidades produtivas, assumindo o papel de trabalhadores rurais e

urbanos. E isso se torna muito claro,quando consideramos os produtores de sisal, que na sua

grande maioria mantém suas residências nas cidades, vendem parte da sua força de trabalho

em atividades urbanas, educam seus filhos, reservando parte de seu tempo para as atividades

rurais. Uma evidência disso são os animais de monta, antes símbolo de mobilidade, hoje

substituídos pelas motocicletas. O outro segmento dos pequenos agricultores, permanece no

processo produtivo, mas perde o caráter autônomo e tende a subordinação a um mercado

monopsônico de matéria-prima agrícola.

No sentido de superar os problemas até aqui discutidos, resta ao pequeno agricultor

encontrar estratégias que lhe dêem condições mínimas de permanência no processo

produtivo. Uma dessas alternativas consiste em desenvolver suas atividades agropecuárias

associativamente, ou na forma de “organização de pequenos agricultores”, para que reúna

possibilidades de reter, em maiores proporções, a renda gerada em suas unidades produtoras,

resultando em melhoria da sua capacidade produtiva e de suas condições de vida (PEREZ)

1980. Destaca-se no território como elemento de coesão e de organização dos produtores

rurais, a APAEB - Valente.

O processo produtivo da pequena produção é definido por Silva (1981), a partir de

quatro elementos fundamentais: a) utilização do trabalho familiar; b) posse dos instrumentos

de trabalho ou de parte desses; c) existência de fatores (terra, forças de trabalho, meios de

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trabalho) que permitem uma produção de excedente destinado ao mercado; e d) não é

fundamental a propriedade, mas sim a posse da terra que mediatiza a produção como

mercadoria.

A agricultura familiar, numa visão orgânica, paralelamente a um processo de

sobrevivência, surge como mantenedora a zeladora de todo um contexto ambiental, mas toda

essa preocupação vem acompanhada por um processo de organização e postura

reivindicatória da sociedade civil, na busca de tecnologias apropriadas de convivência com o

semiárido. Muitas são as experiências de base agroecológicas empreendidas no território,

por agricultores familiares, que vislumbram uma melhor perspectiva de vida, quando

programam ações menos destruidoras do meio ambiente e dos recursos naturais cada dia

mais escassos. Na prática, o uso mais equilibrado dos recursos da natureza produz melhor e

mais recursos para a sobrevivência. Para alguns agricultores e parte das organizações já se

tem a consciência que junto com a destruição da caatinga esteve também se aniquilando a

agricultura familiar, que é a base de sobrevivência do homem no território.

Foi pensando assim que no território do sisal, surgiu com um olhar menos romântico

e mais pragmático os primeiros exemplos, em que as organizações da sociedade civil,

apoiados de certa forma pelo poder publico, na busca de soluções, aproveitando os recursos

naturais, e a vocação da cultura sisaleira com base para se criar condições de

sustentabilidade e construção de uma base sólida econômica para os pequenos agricultores.

Nesse sentido, é a agricultura familiar a base da economia do território, é esse o

ambiente que permite a coesão e a organização enquanto sociedade civil, e a definição da

economia como parâmetro coerente de identidade do território.

3.3- Economia

O Território do Sisal apresenta uma vegetação diversificada que se caracteriza por

plantas com adaptações morfofisiológicas para resistirem a longos períodos de estiagem.

Nesse particular, a agropecuária e a extração vegetal, notadamente o sisal, assumem

relevante função social por ocupar grande parte da força de trabalho da região.

A pecuária bovina do semiárido surgiu e se estendeu a partir da disponibilidade de

grandes áreas de terra para a criação extensiva onde a riqueza da biodiversidade da caatinga

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constituía-se em pastagens nativas, exigindo poucos investimentos em mão-de-obra,

constituindo-se numa alternativa para enfrentar as incertezas em relação à agricultura.

As políticas públicas também se tornaram um forte incentivo a bovinocultura, pois

o próprio crédito rural a priorizava, em detrimento da ovinocaprinocultura muito mais viável

para as condições do semiárido.

A biodiversidade da caatinga se constitui num rico potencial econômico para a vida

dos sertanejos. O bioma caatinga é composto por plantas arbustivas e arbóreas com uma

característica secular: as plantas, devido as suas formações e como medida de proteção à

desidratação perde grande parte de sua folhagem durante um determinado período do ano,

sem que isso resulte em sua morte. O solo na maioria da região é raso e pobre em

macronutrientes, embora tenha um substancial volume de cálcio e potássio o que não

impossibilita uma gama de espécies vegetais bem diversas. Destacam se entre essas espécies

o algodoeiro de seda, o caroá, o mandacarú, o umbuzeiro, a barriguda, o icó, a baraúna, o

faveleiro, o pau ferro, o ouricuri, e a umburana dentre outras além de uma grande variedade

de cactáceas. É essa rica diversidade que garante a vida humana e animal numa região com

grandes diversidades climáticas e pouca atenção pelo Estado quanto às políticas públicas.

Mas também é o que explica em parte a coesão territorial em busca de soluções para as suas

sobrevivências.

Assim diante das adversidades, desenvolveu-se uma agricultura de sequeiro

adaptada, tendo como expoente o sisal fornecedor de matéria prima que por muito tempo era

exportada sob a forma de fibra, e, mas recentemente, com a fábrica de tapetes da APAEB,

exportada beneficiada. Compõe também como elementos da economia o feijão, o milho e a

mandioca como cultivos de subsistência. Já a pecuária tem na ovinocaprinocultura seu

elemento de destaque, atualmente.

O produto interno bruto (PIB) do território tem dois terços da composição oriunda do

setor terciário, que inclui a comércio e serviço. Os demais setores contribuem com menos de

um terço (agropecuário e industrial), 30,2% juntos. Apesar da indústria aparecer com igual

participação do setor agropecuário, sabe-se que esses dados incorporam grandes distorções,

considerando que parte considerável das atividades agropecuárias está inserida no mercado

informal, sem estatísticas para alimentar o PIB de cada município não há dúvida de que a

agropecuária é o setor mais importante da economia do território.

O PIB do setor industrial é alimentado pela atividade mineradora, destacando-se o

ouro, pedras para construção, rocha ornamental, argila e quartzo dentre outros.

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Quando se analisa a forte influência da economia como fator de coesão territorial, é

porque de certa forma ela é muito homogênea em sua composição de arranjos em todo o

território, definida pelas questões climáticas, o que resulta em elementos convergentes na

busca de caminhos e soluções.

3.4 - Político

Os movimentos sociais do Território do Sisal têm uma história de muitas lutas,

ganhando destaque no ambiente nacional. Ainda no período da ditadura militar,

organizaram, com o apoio de ONGs, em 1979, a primeira mobilização de agricultores

familiares (à época chamados de “pequenos agricultores”) no Estado, pós 64, reivindicando

medidas do governo do Estado para flexibilizar a cobrança do ICM para os produtos

alimentares; com a fundação da Associação dos Pequenos Agricultores do Estado da Bahia

(APAEB8), em 1980, denunciaram as precárias condições de vida dos “mutilados do sisal”

(pessoas acidentadas no processo de desfibramento), reivindicando amparo previdenciário, o

que ganhou repercussão internacional; na década de 1990, enfrentaram os problemas do

trabalho infantil no sisal e nas pedreiras, também com repercussão internacional, de onde

nasceu o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) que hoje cobre todos os

municípios do Estado da Bahia; foram muitas as mobilizações reivindicando medidas de

combate aos efeitos das secas e de valorização do sisal.

Com a política de territorialidade do governo federal, a partir de 2003, a grande

maioria dos movimentos sociais passou a apostar na organização do Território de

Identidade, sendo o primeiro Território de Identidade a organizar-se no Estado. As

lideranças desses movimentos são, também, as lideranças do Partido dos Trabalhadores

(PT), que acabam se beneficiando do processo de trabalho para a ação partidária o que se

constitui, também, num entrave, na medida em que as lideranças políticas de outros partidos,

em desvantagem, acabam recusando a participar do processo de construção do Território de

Identidade. Trata-se de uma questão de disputa de poder: as forças políticas minoritárias, em

desvantagem, preferem não enfrentar a disputa democrática no espaço territorial. Dos 20

Municípios que integram o Território, 3 têm prefeitos do PT (que participam ativamente do

processo de trabalho territorial), 14 são de outros partidos aliados à base governamental, mas

originários dos antigos ARENA e PDS e não vêem o Território de Identidade como

8 Atual Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (APAEB).

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prioridade, embora, publicamente, considerem-se participantes, tanto eles (prefeitos) como

seus auxiliares permanecem ausentes; e 3 prefeitos são de partidos de oposição (DEM e

PMDB). Tal cenário, diverge do enquadramento “Alto” encontrado na pesquisa aplicada

enquanto elemento de coesão do território.

3.5 - Ambiente

Historicamente o homem modifica a natureza diante da possibilidade de ganho ou

satisfação de suas necessidades. Considerando-se ambos os argumentos, os recursos naturais

são explorados em ritmo acelerado, sendo praticados nos últimos decênios, a níveis

insustentáveis dado que, no processo de ocupação muitos erros foram cometidos em nome

de uma economia de caráter predatório.

No semi-árido, e em outras áreas do Estado os recursos florestais, pedológicos e

hídricos estão ameaçados e, por certo, comprometida a biodiversidade, constituindo-se numa

espécie de termômetro do padrão de qualidade ambiental.

Como se isso não bastasse, ampliam-se as situações de susceptibilidade a instalação

de processos de desertificação, com tendência ao desestimulo do uso das terras.

A incorporação da variável ambiental nos requisitos da análise da expressão da

identidade territorial, se faz necessária na medida em que as avaliações e prioridades de

investimentos passam necessariamente por estudos de impacto ambiental que definem

projetos setoriais, locais e de amplitude regional. Nesse processo, cuidar de forma

responsável o meio ambiente, em seu sentido amplo, pode ser economicamente viável, visto

que incorpora não como ação pontual, mas de forma a que se torne processual como

ferramenta básica, para a busca de um novo caminho, que se efetive enquanto elemento na

busca de um desenvolvimento auto-sustentado.

No semi-árido, onde o bioma, prevalecente é a caatinga, e ela que define os limites

naturais do território, embora a ação política interfira de certa forma nos limites naturais

sem, contudo mudar o cenário natural.

O uso da terra é a expressão das diferentes atividades econômicas que ocorrem no

território, caracterizando-se como retrato da atual situação, nos seus diversos tipos e

intensidade dos impactos a que estão submetidos os recursos naturais.

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As pressões que demandam a retirada da vegetação se dão por vários motivos, dentre

os quais se destacam: os avanços da fronteira agrícola, a exploração para produção de carvão

e lenha e em menor grau a atividade mineral.

Em regiões de floresta e cerrados, onde a retirada da vegetação ocorre de forma

devastadora, no semiárido tem ocorrido de forma lenta e gradual, mesmo porque a

ocorrência de prolongados estiagens tem funcionado como uma espécie de obstáculo à

implantação de grandes projetos agropecuários, diferentemente aos de irrigação, como

ocorre às margens do São Francisco. No caso de Território do Sisal, os empreendimentos

não se viabilizam em decorrência da falta de investimentos de infraestrutura hídrica que dê

suporte a grandes projetos, o que de certa forma atenua o processo de agressão ambiental.

Como o que se busca analisar é o fator ambiental, como fator de coesão de

identidade territorial, o que se observa é que, apesar das atividades guardarem certas

semelhanças, os interesses por parte de quem as explora, bem como as reações da natureza,

são diferenciadas de acordo com suas especificidades, o que se desdobra num cenário de

conflito e de interesses, não havendo coerência com o resultado encontrado na pesquisa.

3.6 - Pobreza

Os indicadores sociais, no geral não indicam uma boa posição dos municípios que

compõem o território. No conjunto, as receitas municipais são muito baixas o que alimenta o

circulo vicioso da pobreza. Conforme dados disponíveis no IBGE, em 2008 a relação entre

receitas municipais em Camaçari e a população, só a tipo de ilustração, corresponde a R$ 1,9

milhão por habitantes, enquanto que no Território do Sisal essa relação e de apenas R$ 703

mil, ou seja, 2,7 vezes menor.

Alguns dados indicadores mostram uma situação desoladora e preocupante. Como

exemplo tem-se o analfabetismo entre os adultos que em 2000, segundo IBGE, atingia mais

de um terço da população (35,4%), o que se constitui num grande limite para o processo de

desenvolvimento de território.

Observa-se, portanto, em todo território, certa singularidade quanto à distribuição de

renda e a predominância de estado de elevada pobreza, que não pode ser explicada tão

somente pelas questões da natureza, mas sim pelo secular abandono a que o território foi

submetido pelo poder público. Nesse sentido torna-se muito coerente a pobreza como fator

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que define o território visto ser objeto de interesse comum na busca de soluções e de

mudanças da realidade vivida, refletindo nos resultados encontrados através da pesquisa.

3.7 - Colonização

A partir de meados do século XVI, intensificaram-se as medidas de ocupação do

sertão. A pecuária extensiva foi um dos instrumentos utilizados para ocupar o espaço

territorial, pela sua capacidade de penetração pelo interior e pelos baixos custos que

representaram os criatórios bovinos. Essa foi a estratégia principal do principio latifundista

que permitiu a ocupação e a presença de populações em muitas localidades interioranas,

auxiliada, com a exploração de minérios.

Assim chegaram os colonizadores ao semiárido baiano, cuja notoriedade deveu - se

muito as secas, estiagens e, portanto, à carência de todas as formas econômicas e sóciais, o

que, se perpetuou interagindo fortemente na auto estima do sertanejo, rotulado pelo seu alto

grau de pobreza e de indigência, servindo como base de dominação pelos diversos setores

políticos. O estado, longe de implementar políticas que pudessem compensar as deficiências

naturais, ali montou toda uma historia marcada pela cultura do assistencialismo e do

clientelismo características nominais do estado de pobreza latente da região. Os

representantes do Estado não apenas legitimaram toda a situação como se esforçaram para

preservá-la ao longo dos tempos.

A região do sisal passa por todos os feitos dos portugueses e seus sucessores. Em

finais do século XIX para inicio do século XX, introduziu-se aqui o cultivo do agave

sisalana que encontra as condições edafoclimáticas adequadas para seu desenvolvimento. A

agave pouco se desenvolveu até finais de 1930, visto que havia um concorrente nativo

amplamente utilizado pelas populações nordestinas: o caroá.

Os historiadores apontam que a região do sisal é marcada pelo mesmo tipo de

expansão político-econômica da região semiárida e do conjunto do nordeste: dos tempos

colônias herda-se a cultura do latifúndio, o assistencialismo, o paternalismo, e uma forte

visão místico-religiosa de mundo, reforçada pelo coronelismo que constrói todo o arcabouço

político para sua consolidação, sustentado pelo medo e pela incerteza da população,

resultando num sistema oligárquico poderoso cuja reminiscência perdura até os dias atuais.

A história da região confunde - se com a produção econômica e as relações sociais

advindas de forma significativa da herança portuguesa e indígena.

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Vê-se, portanto, que o processo de colonização por não ser empreendido por

atividades econômicas intensivas em mão-de–obra e portanto, não requerer trabalho escravo,

denota pouca miscigenação, como aconteceu no sul, em que logo após a abolição, o

processo de ocupação se deu pela emigração de outros povos europeus. De certa forma há

certa coesão enquanto o elemento colonizador.

3.8 - Etnia

A etnia representa a consciência de um grupo de pessoas que se diferenciam dos

outros. Esta diferenciação ocorre em função de aspectos culturais, históricos, linguísticos,

raciais, artísticos e religiosos.

A etnia não é um conceito físico podendo mudar com o passar do tempo. O aumento

populacional e o contato de um povo com outros (miscigenação cultural) pode provocar

mudanças numa determinada etnia. No território como reflexo da colonização e da ocupação

econômica os grupos étnicos são bem definidos constituindo-se em fator de coesão

territorial.

Mesmo que tecnicamente não se aplique, a população identifica-se como sertaneja,

uma etnia que apresenta traços físicos e culturais característicos de um povo sofrido e

resignado pelas condições socioeconômicas estabelecidas historicamente.

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4.0 - CAPACIDADES INSTITUCIONAIS

A regionalização surge com distintas abordagens de análises construídas no

enquadramento social, econômico e ideológico para o ordenamento do espaço geográfico

voltados para a promoção do desenvolvimento, com o reconhecimento de que a economia

surge em dimensões geográficas, em um ambiente heterogêneo que analisa a intervenção

humana no espaço geográfico.

Para tanto, é importante analisar a utilização do espaço geográfico em suas várias

escalas para o planejamento de políticas pelo Estado e suas limitações para a perspectiva de

consolidar a prioridade no ser humano em sua complexidade, riqueza e local plenamente

possível em tempos de globalização, a partir da identidade do lugar, principalmente na

possibilidade da participação social. As categorias analíticas da geografia contribuem para o

entendimento das formas complexas e contraditórias da realidade, bem como o seu contexto

histórico, e uma das categorias utilizadas para esse entendimento - é o território.

Isso porque falar em territórios não implica desenvolvimento e nem democracia,

porque os territórios por si não definem as formas das relações sociais. O problema reside

nas relações de poder e no desafio de inserção popular no gerenciamento de seu próprio

destino, como também na inserção de participação popular através das organizações sociais

pressupõe a descentralização da execução e da formulação das políticas públicas

(TONNEAU & CUNHA, 2005, p. 47).

A criação de programas e de políticas na dinâmica territorial foi uma tentativa de

ruptura do planejamento de ações, principalmente no campo rural brasileiro, que o enfoque

era de características regionais e passa a ser denominado de territoriais. Essa mudança não é

apenas conceitual, mas pressupõe premissas no planejamento das ações governamentais e na

participação das organizações sociais. Falar em inserção de participação popular através das

organizações sociais pressupõe a descentralização da execução e da formulação das políticas

públicas.

Na perspectiva da descentralização das políticas públicas, com enfoque no espaço

rural, foi fomentada a criação de outra instância, a instituição de Conselhos Territoriais para

a gestão, a partir de 2003, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

da linha de infra-estrutura, que foi denominada de PROINF – Apoio a Projetos de

Infraestrutura e Serviços em Territórios Rurais, voltado para os segmentos empobrecidos do

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meio rural. Anteriormente as decisões eram tomadas a partir de Conselhos Municipais de

Desenvolvimento Rural Sustentável – CMDRS no âmbito municipal.

Ao adotar a abordagem territorial, a Secretaria de Desenvolvimento Territorial –

SDT do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA justifica essa estratégia de apoio ao

desenvolvimento rural considerando que a escala municipal é restrita para o planejamento e

organização de políticas para o desenvolvimento rural, ao mesmo tempo em que a escala

estadual é ampla e não dá conta das especificidades regionais. A escala territorial, portanto,

seria a unidade que dimensiona os laços de proximidade e de efetivação da descentralização

das políticas públicas com o envolvimento de diversos atores sociais, principalmente da

sociedade civil organizada.

As capacidades institucionais estão ligadas diretamente às instituições que compõem

o Território Rural, enquanto planejamento e gestão do espaço geográfico. Numa perspectiva

macroinstitucional, a análise concentrou-se na importância que as instituições têm na

formação, na função e no papel institucional de composição do Conselho Territorial. Numa

perspectiva microinstitucional, a análise buscou compreender como os atores institucionais

diferem suas estratégias de ação diante das regras definidas para o planejamento e a gestão

territorial. Enquanto a primeira dimensão se concentra na análise interna da organização e

seu desempenho institucional, a segunda se preocupa com a dinâmica de ação econômica,

política e social e a sua organização. Optou-se, aqui, por tratar as formas de compreender as

capacidades institucionais a partir da gestão do Conselho Territorial no primeiro ponto de

vista, adotando uma abordagem institucionalista. Por esse ponto de vista, foram examinadas

a trajetória de criação e a composição do conselho territorial, as ações e as participações no

ambiente territorial.

A criação do Conselho de Desenvolvimento Sustentável do Territorial do Sisal –

CODES Sisal, em 2002, teve como finalidade: a) representar o conjunto de sócios que

integram o Conselho em assunto de interesse comum e de caráter Socioeconômico e

Ambiental, perante quaisquer outras entidades de direito público ou privado, nacional ou

internacional; b) planejar, adotar e executar ações, programas e projetos destinados a

promover e acelerar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da região

compreendida do território dos municípios integrantes; c) promover programas ou medidas

destinadas à recuperação, conservação e preservação do meio ambiente na região; d)

promover a integração das ações, programas e projetos desenvolvidos pelos órgãos não

governamentais, e empresas privadas consorciadas ou não, destinadas à recuperação e

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preservação ambiental da região compreendida no território dos municípios que compõem o

Conselho; e) planejar e apoiar o desenvolvimento rural centrado na agricultura familiar; f)

promover a melhoria da qualidade de vida da população residente nos municípios

formadores do Conselho Regional; g) apoiar o funcionamento dos Conselhos Municipais de

Desenvolvimento Rural Sustentável – CMDRS – da sua área de atuação (CODES SISAL,

2002).

A questão central da interpretação da trajetória institucional do Conselho Territorial é

entender como esse pode ser um instrumento que concentra o planejamento das ações

territoriais, mas com desafios no campo da gestão, se torna um elemento decisivo para

contemplar a necessidade de transformação cultural de concepções e de papéis que são

diferentes pela sua própria composição. Essa composição contempla, conforme apresentado

no Quadro 2, organizações governamentais e não governamentais, de diferentes áreas e

setores, cuja dinâmica precisa ser analisada, principalmente no contexto da intersetorialidade

e da efetivação na execução, no monitoramento, no planejamento e na avaliação dos

projetos, dos programas e das políticas publicas.

Quadro 2. Composição do colegiado do CODES Sisal, em 2011.

ORGANIZAÇÃO CLASSIFICAÇÃO REPRESENTAÇÃO

SOCIAL 1 Agência de Desenvolvimento Solidário

– ADS Bahia

Movimento Sindical Sociedade Civil

2 Agência Regional de Comercialização

do Sertão da Bahia - ARCO Sertão

Central de

Empreendimentos

Sociedade Civil

3 Angelim OSCIP Organização da Sociedade

Civil de Interesse Público

Sociedade Civil

4 Articulação das Entidades Urbanas de

Valente e Região – ARTAB

Associação Comunitária Sociedade Civil

5 Associação de Desenvolvimento

Sustentável e Solidário da Região

Sisaleira – APAEB Valente

Associação Sociedade Civil

6 Associação de Rádios Comunitárias do

Sisal - ABRAÇO Sisal Associação

Comunitária

Associação Comunitária Sociedade Civil

7 Associação dos Pequenos Agricultores

do Município de Araci – APAEB Araci

Associação Comunitária Sociedade Civil

8 Associação dos Pequenos Agricultores

do Município de Serrinha- APAEB

Serrinha

Associação Comunitária Sociedade Civil

9 Banco do Nordeste do Brasil – BNB Agência Feira de Santana Poder Público Federal 10 Central Associações Comunitárias de

Ocupação e Assentamentos do Semi-

árido B

Central de Associações Sociedade Civil

11 Centro de Apoio às Iniciativas Associação Comunitária Sociedade Civil

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Comunitárias do Semi-Árido da Bahia –

CEAIC 12 Companhia de Ação Regional – CAR Órgão Público Poder Público

Estadual 13 COOPERAFIS – Cooperativa Regional

de Artesãs Fibras do Sertão

Cooperativa de Produção Sociedade Civil

14 Cooperativa de Apicultores e

Meliponicultores do Semi-Árido do

Estado da Bahia – COOAMEL

Cooperativa de Produção Sociedade Civil

15 Cooperativa de Artesãs da Região

Sisaleira

Cooperativas de Produção Sociedade Civil

16 Cooperativa de Beneficiamento e

Comercialização - COOBENCOL

Cooperativa de Produção Sociedade Civil

17 Cooperativa de Produção de Jovens

da Região do Sisal - COOPERJOVENS

Cooperativa de Produção Sociedade Civil

18 Cooperativa dos Apicultores do

Semi-árido Baiano – COOPMEL

Cooperativa de Produção Sociedade Civil

19 Coordenação de Desenvolvimento

Agrário – CDA

Órgão Público Poder Público

Estadual 20 Diretoria Regional de Educação -

DIREC 12

Órgão Público Poder Público

Estadual 21 Diretoria Regional de Saúde – 12ª

DIRES

Órgão Público Poder Público

Estadual 22 Empresa Baiana de Desenvolvimento

Agrícola - EBDA - G Regional Serrinha

Órgão Público Poder Público

Estadual 23 Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária – EMBRAPA

Órgão Público Poder Público Federal

24 Federação de Cooperativas de Crédito

de Apoio a Agricultura Familiar –

FENASCOO

Central de Cooperativas Sociedade Civil

25 Fundação de Apoio ao desenvolvimento

Sustentável e Solidário da Região

Sisaleira – FUNDAÇÃO APAEB

Organização Mista Sociedade Civil

26 Fundação de Apoio aos Trabalhadores

Rurais e Agricultores Familiar da

Região do Sisal e Semi-árida da Bahia

Movimento Sindical Sociedade Civil

27 Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária – INCRA – SR 05

Órgão Público Federal Poder Público Federal

28 Movimento de Mulheres

Trabalhadoras Rurais - MMTR

Movimento Social Sociedade Civil

29 Movimento de Organização

Comunitária – MOC

Associação Sociedade Civil

30 Prefeitura Municipal de Araci Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 31 Prefeitura Municipal de Barrocas Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 32 Prefeitura Municipal de Biritinga Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 33 Prefeitura Municipal de Candeal Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 34 Prefeitura Municipal de Cansancao Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 35 Prefeitura Municipal Conceição do Prefeitura Municipal Poder Público

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Coité Municipal 36 Prefeitura Municipal de Ichu Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 37 Prefeitura Municipal de Itiuba Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 38 Prefeitura Municipal de Lamarão Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 39 Prefeitura Municipal de Monte Santo Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 40 Prefeitura Municipal de Nordestina Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 41 Prefeitura Municipal de Queimadas Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 42 Prefeitura Municipal de Quijingue Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 43 Prefeitura Municipal de Retirolandia Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 44 Prefeitura Municipal de Santa Luz Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 45 Prefeitura Municipal de São Domingos Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 46 Prefeitura Municipal de Serrinha Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 47 Prefeitura Municipal de Toofilandia Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 48 Prefeitura Municipal de Tucano Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 49 Prefeitura Municipal de Valente Prefeitura Municipal Poder Público

Municipal 50 Rede de Escolas Famílias Agrícolas

Integradas do Semi-Árido – REFAISA

Representantes de Redes

– Conselho

Sociedade Civil

51 Secretaria da Agricultura, Irrigação e

Reforma Agrária – SEAGRI

Órgão Público Poder Público

Estadual 52 Sindicato dos Trabalhadores do

Serviço Público Federal – SINTSEF

Movimento Sindical Sociedade Civil

53 Sindicato dos Trabalhadores nas

Indústrias e Empresas Fábricas de

Calçados – SINTRACAL

Movimento Sindical Sociedade Civil

54 Sistema Brasileiro de Apoio a Micro e

Pequena Empresa – SEBRAE

Sistema S Poder Público Federal

55 União das Cooperativas da

Agricultura Familiar e Economia

Solidária da Bahia – UNICAFES

Central de Cooperativas Sociedade Civil

56 Universidade do Estado da Bahia –

UNEB - Campus XIV

Universidade Publica Poder Público

Estadual

Fonte: Adaptado SGE (2011).

O Quadro 2 apresenta a composição do Colegiado Territorial, base da estrutura

formal de composição do CODES Sisal, e observa-se que na composição prevalecem às

organizações governamentais, principalmente as representações das Prefeituras Municipais e

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Estaduais e Federais, com 54,39% de participação no CODES Sisal: são 20 Prefeituras

Municipais, 7 Órgãos Governamentais Estaduais e 4 Órgãos Governamentais Federais.

As organizações da sociedade civil têm 45,61% de representação no CODES Sisal.

Há presença marcante de cooperativas de produção, associações comunitárias, associações

de outro caráter, movimento sindical, movimento social, centrais de cooperativas, de

empreendimentos e de associações. Isso porque é possível destacar a existência dessas

organizações principalmente porque esse território é conhecido pela força das organizações

dos trabalhadores na luta pelas condições de sobrevivência e de políticas públicas de

convivência com o semi-árido.

Foi observado que 64,3% das organizações que compõem formalmente o CODES

Sisal freqüentam e participam das Plenárias Territoriais, bem como das ações do CODES

Sisal. A participação das organizações da sociedade civil é de 64% do seu total, das

instituições do poder público municipal que compõem o CODES Sisal é de 75%, enquanto

do poder público estadual é de 42,9%; já para o poder público federal, o índice encontrado

foi de de 50%. A partir da composição e da participação no ambiente do CODES Sisal,

pode-se afirmar que as organizações do poder público federal e estadual apresentam menos

assiduidade no conjunto de atividades, o que pode ser justificado pelo fato dessas

organizações atuarem no ambiente do Território do Sisal a partir de programas

governamentais, sem, no entanto, possuírem sedes ou instalações físicas no Território do

Sisal.

Em relação ao Conselho de Administração, órgão responsável pela gestão de todo o

conjunto de ações, é constituído por 11 (onze) pessoas, conforme o Quadro 3, sendo 6

representantes da sociedade civil e 5 de instituições públicas municipais e estaduais. É

importante destacar que a composição também é equitativa na relação de gênero, com os

cargos representativos de Presidente e de Vice-Presidente assumidos por mulheres,

respectivamente da representação da sociedade civil organizada e do poder público

municipal.

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Quadro 3. Conselho de Administração do CODES - Sisal - Gestão 2011 - 2012.

NOME CARGO REPRESENTAÇÃO

Gilca Silva Morais Presidente FATRES

Marilene Laranjeira da Silva Vice-Presidente Prefeitura Municipal de Itiúba

Divanildo Almeida Gomes Secretário Executivo CODES – Sisal

Gerlândio Araujo Lima Conselheiro APAEB

Jacy Barreto de Souza Conselheira MMTR

Gerson Luiz de M. Sacramento Conselheiro EBDA

José Ivaldo Oliveira de Jesus Conselheiro DIREC-12

João Francisco da S. Neto Conselheiro MOC

Tânea Maria Mota Rios e Rios Conselheira Prefeitura Municipal de Valente

Helena Barreto de Souza Conselheira Prefeitura Municipal de Serrinha

José Raimundo Carneiro Santos Conselheiro SEBRAE

Fonte: CODES – Sisal (2001).

A partir da composição, da atuação e das informações do colegiado do CODES –

Sisal, foi estabelecido o índice de capacidade institucional do Território do Sisal, obtido

através da aplicação da metodologia formulada pela SDA (SDT, 2010). A metodologia

consistiu na aplicação de questionários fechados para os representantes das instituições do

poder publico e sociedade civil que compõem o colegiado territorial.

Como indicadores encontravam-se no questionário perguntas referentes à gestão do

colegiado; capacidade organizacional; serviços institucionais disponíveis; instrumentos de

gestão municipal; mecanismos de solução de conflitos; iniciativa comunitária e participação

(Figura 3).

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Figura 3. Variáveis da capacidade institucional no Território do Sisal – 2011.

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal – BA.

Os questionários foram aplicados no período de março a abril de 2011 através de

entrevistas realizadas pelas bolsistas da Célula. As entrevistas eram previamente agendadas

em função da disponibilidade do membro do colegiado. O indicador de capacidade

institucional encontrado foi de 0,425 (Quadro 4), considerado médio segunda a metodologia

da SDT. Tal fato pode ser atribuído pelo conhecimento apresentado pelos membros da

plenária do Colegiado Territorial.

Observa-se que nos indicadores de capacidade institucional, dois aspectos

apresentaram-se como médio baixo: os mecanismos de solução de conflitos e a participação.

Esses aspectos referem-se respectivamente aos mecanismos e instâncias que os municípios

do Território utilizam para as resoluções dos seus conflitos, bem como a presença de

movimentos e espaços presentes como referências, e ao grau de participação das

organizações municipais e dos beneficiários dos projetos na sua gestão, elaboração e

demanda.

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Quadro 4. Indicadores de capacidade institucional no Território do Sisal – 2011.

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Foram utilizados os indicadores de capacidades institucionais a partir da Gestão dos

Conselhos na sua atuação nos projetos e nos programas de âmbito territorial, a partir dos

financiamentos e da promoção da intersetorialidade das ações pelas instituições de âmbito e

de ação territorial. Para isso, foram consideradas por um lado, as capacidades das

organizações vinculadas ao segmento da agricultura familiar, principalmente as

cooperativas, as associações, as centrais e as organizações comunitárias, e, por outro, os

instrumentos de gestão municipal disponíveis para o desenvolvimento de sua gestão, na

organização do espaço geográfico, com planos de ação, projetos e estratégias de

coordenação com organizações governamentais federais e estaduais.

A análise caracterizada a partir das trajetórias de implantação do Conselho

Territorial, com identificação das organizações da sociedade civil e do poder público com a

utilização de indicadores, será importante instrumento de avaliação da política de

desenvolvimento territorial.

Os indicadores permitem construir sistema de governança, a partir da democratização

do conhecimento e da avaliação de ações de gestão. Para isso, o sistema de indicadores

depende de sua seleção, estruturação e organização, capazes de quantificar informações.

Nesse sentido, os indicadores precisam ser simples, objetivos, relevantes e acessíveis para

condições analíticas (MAGALHÃES JUNIOR, 1996).

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A construção dos indicadores sobre a Gestão Estratégica Territorial das Capacidades

Institucionais refere-se aos recursos e condições disponíveis para a composição das

estruturas organizacionais do Território Rural no seu arranjo produtivo, voltados para a

gestão das políticas publicas, dos programas governamentais, dos projetos de execução,

além do planejamento das organizações governamentais e de representação da sociedade

civil no contexto do desenvolvimento rural sustentável (SGE, 2011).

5.0 - GESTÃO DO COLEGIADO

Os resultados estatísticos encontrados na esfera da gestão do colegiado foram obtidos

através da aplicação da metodologia formulada pela SDA (SDT, 2010), através da aplicação

de questionários fechados junto aos membros do colegiado tanto da sociedade civil quanto a

do poder público.

Os questionários foram aplicados no período de fevereiro a agosto de 2011 através de

entrevistas, mediante agendamento prévio.

Quando perguntado sobre a existência ou não de um assessor técnico permanente na

gestão do Colegiado 85,72% demonstraram conhecimento da sua existência, 9,52%

declararam que o técnico não existia e 4,76% declararam desconhecer.

Não há, na realidade, um assessor técnico permanente na Gestão do Colegiado do

Sisal, há um Secretário Executivo indicado pelo colegiado que no entendimento dos

entrevistados trata-se de um assessor técnico. Como esse Secretário Executivo atua há

bastante tempo, é provável que os quase 10% que optou pela resposta negativa (gráfico 1)

tenha essa compreensão: não se trata propriamente de um assessor.

Gráfico 1. Existência de um assessor técnico que apóie permanentemente a Gestão do

Colegiado

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Fonte: SGE/CAI Território do Sisal – BA

No âmbito das entrevistas, quando perguntado (gráfico 2) se no caso de não existir

um assessor, existe algum outro técnico que apóie a ação do colegiado, aproximadamente

2,5 % disseram que existe um técnico do governo Estadual e a mesma quantidade se referiu

a existência de um técnico do governo Federal. Com isso podemos constatar que a maior

parte dos entrevistados desconhece o apoio dado ao colegiado pelo técnico, no caso do

CODES Sisal, através da figura do diretor executivo.

Gráfico 2 - No caso de não existir um assessor técnico, há algum outro técnico que apóie a

ação do Colegiado.

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL - BA

85,72%

9,52%

4,76%

Sim

Não

Não sabe

2,33 2,33

37,21

55,81

4,65

0

10

20

30

40

50

60

Sim, um técnico do governo estadual

Não Não sabe Nâo se aplica Outro

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A seleção para integração dos membros do Colegiado é feita a partir de dois

métodos: a simpatia e maior assiduidade nas reuniões. Aquelas pessoas que assumem

costumeiramente posturas polêmicas e questionadoras ficam de fora, principalmente quando

se observa que essas posturas não estão de acordo com o processo de construção coletiva.

Esse constitui um desafio para a construção territorial que é a visão coletiva a partir de ações

integradas e negociadas que precisa necessariamente se desvincular dos interesses apenas

municipais e de suas respectivas instituições.

No Gráfico 3, 86% do entrevistados afirmaram que a convocatória aberta para a

eleição dos representantes se constitui como a forma predominante de escolha dos membros

do Colegiado. Esse método demonstra um espaço de construção democrática para o

envolvimento de seus representantes.

Gráfico 3. Formas de seleção e a eleição dos membros do Colegiado do CODES Sisal.

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

O Colegiado tem se reunido com relativa freqüência. O difícil, talvez, seja identificar

o que são reuniões formais e informais, visto que a reuniões que deveriam ser formais, como

aprovação de propostas para Plano SAFRA, Projetos PROINF, Carta Consulta BNDES etc.,

acabam se tornando informais, visto que não há sequer a prática de registro dessas reuniões.

Observa-se no Gráfico 4 que ocorreram mais de 20 reuniões sejam elas de qualquer

natureza, mas que foram necessárias para a construção do espaço do colegiado nas suas

diversas temáticas e demandas.

Gráfico 4. Reuniões formais o Colegiado realizou desde a sua constituição.

2,33

86,05

9,34,65

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Convite pessoal Convocatória aberta para eleição de representantes

Convite direto a organizações selecionadas

Outro

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Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Segundo 52% dos entrevistados (gráfico 5) as reuniões acontecem a cada três ou

quatro meses. Em quanto que aproximadamente 34% dos entrevistados, afirmaram se

reunirem mensalmente. Notadamente há uma divergência entre a maioria dos entrevistados,

tendo em vista que na prática ocorre mensalmente a reunião do colegiado a qual acontece na

primeira quinta-feira de cada mês e não raras vezes, mais de uma reunião no mês.

Gráfico 5. Frequência das reuniões do Colegiado

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

O Gráfico 6 retrata que a freqüência do poder de decisão pertence com maior

intensidade às instâncias dos representantes dos agricultores familiares e de movimentos

sociais. Isso demonstra que o exercício de inclusão de participação da sociedade civil

organizada na política territorial tem avançado, mas ainda apresentam desafios

92,86%

2,38% 4,76%

Mais de 20

Entre 11 a 20

Não sabe

33,33%

52,39%

7,14%

2,38% 2,38% 2,38%

Mensalmente

A cada três ou quatro meses

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principalmente para ampliação nesta capacidade. Isso demonstra que as representações dos

agricultores familiares e de movimentos sociais saem de uma posição de subalternidade para

o exercício da cidadania de decisões enquanto membros de um Colegiado Territorial.

Gráfico 6. Avaliação da Capacidade de Decisão dos Membros do Colegiado

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Questões que integram os eixos temáticos do PTDRS e que deveriam estar na pauta

do dia-dia do colegiado estão parcialmente contempladas (gráfico 7). Com maior freqüência

destacam-se as temáticas de desenvolvimento agropecuário, meio ambiente e educação.

Entretanto, necessita-se de maior dedicação, por parte do colegiado, nas temáticas menos

contempladas. A exemplo: justiça e segurança, dentre outras.

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Gráfico 7. Frequência no tratamento de temáticas no Colegiado do CODES – Sisal.

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

O Gráfico 8 retrata a situação do Território do Sisal em termos de problemas que

prejudicam o colegiado, embora não contemple toda realidade. É notória a baixa capacidade

técnica para avaliação de projetos, a baixa participação dos produtores, a influência política,

a alta rotatividade dos membros do Colegiado Territorial e a pouca participação dos gestores

públicos. Nesse sentido deve-se buscar estratégias para minimizar tais problemas na busca

de uma melhor realidade para seu funcionamento.

Gráfico 8. Freqüência dos Problemas que prejudicam o Colegiado.

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal – BA

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Através do gráfico 9, por meio de perguntas com múltiplas respostas, pode-se

observar que 97% dos entrevistados afirmaram ter participado na concepção e elaboração do

plano territorial. O percentual passa a ser decrescente quando requer maior participação

qualificada. Com isso pode-se constatar que possivelmente houve influencia negativa na

qualidade do produto final.

Gráfico 9. Qual o papel desempenhado pelo Colegiado na elaboração do diagnóstico

territorial.

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL – BA

O PTDRS é o documento onde se encontra a Visão de Futuro do Território do

Sisal. Sendo conhecido por aproximadamente 98% dos entrevistados (gráfico 10), o que

demonstra ser o referido documento uma referência como instrumento de planejamento de

longo prazo para o território. Entretanto, mesmo o elevado percentual de conhecimento não

garante que os membros conheçam amiúde os conteúdos existentes neste documento.

97,67

67,44

34,88

020406080

100120

Participou na concepção e elaboração

Participou das oficinas de

discussão para sua formação

Participou da revisão

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Gráfico 10. Existência de documento que contenha uma visão de longo prazo do território

(Visão de Futuro)

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Em termos de elaboração do PTDRS 95 % dos entrevistados (Gráfico 11) afirmaram

ter participado da concepção e elaboração. Contudo, apenas 25%, ou seja 11 membros do

colegiado participaram da revisão. Um número relativamente baixo devido a importância

que esse documento representa.

Gráfico 11. Caso o território tenha o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural

Sustentável - PTDRS, qual foi o papel desempenhado pelo Colegiado Territorial na

elaboração do mesmo

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL – BA

97,56%

2,44%

Sim Não sabe

50,62%

33,33%

13,58%

2,47%

Participou na concepção e elaboração

Participou das oficinas de discussão para sua formação

Participou da revisão

Não sabe

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No que tange a tomada de decisão (gráfico 12) aproximadamente 63% dos entrevistados

afirmaram adotar o acordo por consenso. De fato observa-se nas plenárias esse tipo de

comportamento adotado.

Gráfico 12. Indique quais dos seguintes mecanismos são utilizados para a tomada de

decisões no Colegiado

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL – BA

O Gráfico 13 traz uma informação preocupante, apenas 34 % dos entrevistados

afirmaram lançar mão da análise de viabilidade técnica nos projetos de cunho produtivo para

o Território do Sisal. A informação de que 74% prioriza a seleção com base em critérios,

não é uma informação norteadora, tendo em vista que a pergunta não especifica os critérios

técnicos utilizados. Outra informação que nos remete a um questionamento, enquanto

realidade, diz respeito ao índice de 11 % dos entrevistados que afirmaram disponibilizar de

um especialista na área do projeto. A realidade territorial demonstra que é rara a existência

de especialistas em áreas especificas, o que se observa é a presença de profissionais

generalistas.

62,79%

41,86%

4,65%

Acordos por consenso

Votação por maioria

Articulação entre grupos (blocos) de interesse

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Gráfico 13. Quais ações são desenvolvidas pelo Colegiado para a gestão dos projetos de

desenvolvimento territorial

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL – BA

De modo geral, observando o gráfico 14, pode-se constatar que houve uma

distribuição em termos de capacitação nas temáticas disponibilizadas aos membros do

colegiado. Os percentuais apresentados para elaboração de projeto, desenvolvimento

Territorial e elaboração de planos de desenvolvimento tidos como os mais representativos

enquanto temáticas de capacitação não evidenciam na prática a utilização desses

conhecimentos como ferramenta de desenvolvimento territorial.

Gráfico 14. Em quais das seguintes áreas, os membros do colegiado receberam capacitação

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL – BA

74,42%

34,88%

34,88%

11,63%

Priorização e seleção com base em critérios

Análise de viabilidade técnica

Avaliação interna de mérito

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6.0 - AVALIAÇÃO DE PROJETOS

A avaliação de projetos no contexto do Território do Sisal foi a partir da lista

disponibilizada no SGE, divididos por programas de apoio a infraestrutura no período de

2003 a 2011, com dados da CEF. Os programas de apoio a infraestrutura no Território do

Sisal foram o PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar e o

PROINF – Programa de Infraestrutura e Serviços.

A avaliação de projetos de investimento financiados com recursos da Secretaria de

Desenvolvimento Territorial concentra-se nos empreendimentos econômicos (casa de

farinha, casa de mel, entre outros) e ou sócio-culturais (centro comunitário, escola família

rural, entre outros) previstos como metas dos projetos que já foram concluídos, dentre

outros.

A coleta dos dados referentes à avaliação de projeto foi realizada a partir do

Questionário de Avaliação de Projetos de Investimento (Q5) e visita aos empreendimentos

quando tratou-se de infraestrutura (figura 4).

Figura 4 – Fábrica de ração, municípios de Itiúba

Foto: Equipe célula/pesquisa de campo

Este instrumento, composto por 62 perguntas, contempla a coleta de informações

para a fase de planejamento, execução, incluindo a implementação e o gerenciamento das

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atividades dos empreendimentos em funcionamento e os indícios de impacto econômicos e

sócio-culturais.

Foi aplicado o questionário Q – 5 de Avaliação de Projetos as organizações

proponentes dos respectivos projetos, em sua totalidade as prefeituras municipais dos 9

municípios do Território do Sisal (Barrocas, Conceição do Coité, Itiúba, Monte Santo,

Nordestina, Queimadas, São Domingos, Serrinha e Valente), conforme a lista de projetos de

PROINF disponibilizada pelo SGE (quadro 5).

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Quadro 5. Relação dos Projetos de Investimento do Território do Sisal, com proponente, localização, recursos financeiros e situação, da

Secretaria de Desenvolvimento Territorial – SDT/ Ministério do Desenvolvimento Agrário – período de 2003 a 2011. PROGRA

MA

OBJETO LOCALIZA

ÇÃO

(Município)

PROPONENTE VALOR DO

PROJETO

VALOR DO

MDA

SITUAÇÃ

O

PRONAF Aquisição de Kit informática Barrocas Prefeitura Municipal de Barrocas 3.021,85 2.970,00 Concluída

PRONAF Aquisição de um veículo utilitário Barrocas Prefeitura Municipal de Barrocas 27.196,75 24.500,00 Concluída

PROINF Implantação do matadouro e frigorífico misto Barrocas Prefeitura Municipal de Barrocas 1.909.691,00 1.559.691,00 Não iniciada

PROINF Ampliação e modernização da infraestrutura

física do mercado municipal da agricultura

familiar

Conceição

do Coité

Prefeitura Municipal de Conceição

do Coité

521.000,00 500.000,00 Não iniciada

PROINF Aquisição de motocicleta 125 CC Conceição

do Coité

Prefeitura Municipal de Conceição

do Coité

15.755,63 13.110,00 Concluída

AFEM Aquisição de um conjunto: Trator e

implementos

Itiúba Prefeitura Municipal de Itiúba 91.924,61 80.000,00 Concluída

PROINF Reforma e adequação da Central de

Comercialização

Itiúba Prefeitura Municipal de Itiúba 295.006,94 250.000,00 Concluída

PROINF Aquisição de 02 veículos Itiúba Prefeitura Municipal de Itiúba 50.000,00 47.500,00 Concluída

PROINF Aquisição de 02 veículos Itiúba Prefeitura Municipal de Itiúba 50.000,00 47.500,00 Concluída

PROINF Apoio Educação no Campo no Município de

Itiúba – Ba.

Itiúba Prefeitura Municipal de Itiúba 367.000,00 348.650,00 Normal

PROINF Implantação de Unidade de Produção de

Ração Animal no Município de Itiúba – Ba

Itiúba Prefeitura Municipal de Itiúba 250.000,00 237.500,00 Normal

PRONAF Aquisição de veiculo, kit informática e kit

irrigação

Itiúba Prefeitura Municipal de Itiúba 39.618,65 24.750,00 Concluída

PROINF Agregação de valor para a agricultura

familiar através da construção de Abatedouro

Frigorífico

Itiúba Prefeitura Municipal de Itiúba 1.899.125,87 1.808.691,30 Não iniciada

PRONAF Construção de barragem, recuperação e

instalação de poços artesianos, construção de

cercas em áreas de pasto construção de uma

sala

Monte Santo Prefeitura Municipal de Monte

Santo

127.202,08 102.267,00 Concluída

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PRONAF Aquisição de um kit informática Nordestina Prefeitura Municipal de Nordestina 3.000,00 2.970,00 Concluída

PRONAF Construção da Casa de Beneficiamento de

Mel, aquisição de equipamentos

Nordestina Prefeitura Municipal de Nordestina 36.927,77 34.650,00 Concluída

PRONAF Aquisição de um kit informática Queimadas Prefeitura Municipal de Queimadas 3.583,23 2.970,00 Concluída

PROINF Assistência Técnica São

Domingos

Prefeitura Municipal de São

Domingos

29.351,03 27.138,00 Concluída

PROINF Aquisição de 02 veículos de passageiros e 01

motocicleta

São

Domingos

Prefeitura Municipal de São

Domingos

53.816,68 50.000,00 Concluída

PRONAF Construção de entreposto de mel e cera de

abelha, centro de treinamento.

Aquisição de um kit informática

Serrinha Prefeitura Municipal de Serrinha 144.056,45 106.920,00 Concluída

PROINF Construção de uma Escola Família Agrícola

de 2o Grau e aquisição de equipamentos

Serrinha Prefeitura Municipal de Serrinha 760.000,00 722.000,00 Não iniciada

PROINF Construção do Centro de Convenções

Tucano Governo do Estado da Bahia 445.234,02 200.000,00 Não iniciada

PROINF Apoio a estruturação e funcionamento do

Centro Tecnológico do Sisal

Valente Prefeitura Municipal de Valente 146.674,39 139.094,00 Concluída

PROINF Aquisição de motocicleta Valente Prefeitura Municipal de Valente 7.712,84 6.693,00 Concluída

PROINF Apoio a Educação no campo por meio da

estruturação do Centro de Formação e

Capacitação

Valente Prefeitura Municipal de Valente 200.000,00 194.000,00 Não iniciada

PROINF Implantação de unidade de beneficiamento de Secretaria Estadual da Agricultura,

Irrigação e Reforma Agrária

188.800,00 169.920,00 Não iniciada

PROINF Apoio a produção e comercialização do

artesanato

Secretaria Estadual da Agricultura,

Irrigação e Reforma Agrária

112.360,00 101.124,00 Não iniciada

PROINF Execução de obras para aproveitamento de

água subterrânea

Secretaria Estadual da Agricultura,

Irrigação e Reforma Agrária

13.200.000,00 11.880.000,00 Não iniciada

********* 28 projetos ****** TOTAL 20.978.059,79 18.684.608,30 ********

Fonte: Adaptado SGE (2011).

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A partir dos questionários aplicados, atribuíram-se valores por fase: A fase de

planejamento engloba a definição da área de intervenção, diagnóstico e formulação de

propostas. As fases de execução, preocupam-se em identificar as ações para garantir uma

boa gestão do projeto e os indícios de impactos preocupam-se em identificar a abrangência

dos resultados, atividades promovidas, nível de funcionamento do projeto, gerenciamento do

empreendimento e comparação entre os resultados previstos e alcançados por eles.

O cálculo é feito a partir de cada um destes componentes da avaliação gerando três

indicadores para avaliar a fase de planejamento, de execução e de indício de impacto e um

quarto grupo de indicadores que agrega resultados dos anteriores e foca-se em quatro

variáveis chaves para a gestão territorial de projetos: participação, capacidade de gestão,

público atendido e impactos positivos do projeto.

A avaliação de cada um dos indicadores calculados varia entre 0 (zero) e 1, sendo o

valor 1 a melhor avaliação e 0 (zero), a pior avaliação.

Neste contexto, baseado nos indicadores de avaliação de projeto de investimento que

estão atribuídos ao planejamento, gestão, execução e indícios de impacto (figura 5). A partir

do CAI foi atribuído o índice médio de 0.399 sendo classificado como ruim para esse grupo

de variáveis (Quadro 6).

Figura 5 - Apresentação dos Indicadores de Avaliação de Projetos de Investimento

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal – BA

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Quadro 6 – Indicadores

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Para a constituição dos indicadores de avaliação de projetos de investimento, cada

variável é composta por sub variáveis. No caso específico da variável avaliação da fase de

planejamento de projeto (figura 6) é composta por: a) Participação dos beneficiários na

fase de planejamento do projeto, b) Capacidade de planejamento do projeto, c) Atividade

sócio econômicas atendidas pelo projeto, d) papel das organizações locais no planejamento

do projeto e, e) Organizações locais apoiadas pelo projeto, o qual obteve a atribuição ruim

devido ao valor médio encontrado nessa variável de 0,277 ( Quadro 7). Contudo a sub

variável “A” enquadrou-se como crítico na avaliação.

Figura 6 - Avaliação da fase de planejamento de projeto

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

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Quadro 7 – Avaliação da Fase de Planejamento

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

No que tange a variável avaliação da fase de execução do projeto (figura 7), é

composta por sub variáveis: a) Participação dos Beneficiários na Fase de Execução do

Projeto, b) Capacidade de Execução do Projeto e c) Nível de Funcionamento do Projeto,

sendo a variável que mais se destaca em termos de avaliação, obtendo o índice médio de

0,608 classificado como Bom (Quadro 8).

Figura 7 - Avaliação da fase de Execução do projeto

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Quadro 8 – Avaliação da fase de execução do Projeto

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

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A figura 8 traz informações sobre os indicadores de indícios de impactos, os quais

são formados pelas sub-variáveis: a) Públicos Atendidos pelos Projetos, b) Impactos

Positivos na Qualidade de Vida dos Beneficiários, c) Tamanho do Mercado Coberto pelo

Projeto e d) Impactos Positivos nas Condições Sócio-Político-Econômicas. Nesta variável há

uma discrepância entre as sub-variáveis que há compõem. Observado o quadro 9, constata -

se que a sub variável “b” é enquadrada como Bom, a sub variável “ a” Regular, a sub

variável “ c” Ruim e por fim a sub variável “d” Crítico.

Figura 8 - Indícios de impactos

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Quadro 9 – Indícios de impactos

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Para finalizar os indicadores, a figura 9 apresenta a composição da variável

Indicadores gerais de gestão dos projetos, composta por sub variáveis. a) Índice de

Participação dos Beneficiários na Gestão do Projeto, b) Índice de Capacidade de Gestão do

Projeto, c) Índice de Variação do Perfil do Público Apoiado e Atendido, e d) Impactos

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Positivos para o Desenvolvimento Territorial (quadro 10). Essa variável foi enquadrada

como Ruim na avaliação do CAI, o que demonstra a fragilidade territorial na gestão.

Figura 9 - Indicadores gerais de gestão dos projetos

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Quadro 10 – Indicadores gerais de gestão do projeto

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

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7.0 - ÍNDICE DE QUALIDADE DE VIDA - ICV

O Índice de Qualidade de Vida (ICV) do Território do Sisal, foi obtido através da

aplicação de questionários fechados em setores censitários de dez municípios do Território

do Sisal: Monte Santo, Itiuba, Quijingue, Retirolândia, Conceição do Coité, Candeal,

Tucano, Araci, Santaluz e São Domingos, investigando-se as condições de moradia, renda

familiar, ocupação familiar, condições de habitação, dentre outras.

Os questionários foram aplicados junto aos agricultores familiares no período de

15/02/2011 a 01/09/2011 através de entrevistas em loco (figura 3) pelas bolsistas, pelo

técnico e pelos professores, com o acompanhamento de um interlocutor da comunidade

cedido pelo Sindicato de Trabalhadores Rurais - STR.

Figura 10 – Aplicação de questionário município de Tucano – Ba.

Fonte: Pesquisa de campo, 2011.

7.1 – Informações relevantes sobre população, educação, serviços básicos e

comercialização do Território do Sisal: análise dos resultados

7.1.1 - Características da população do Território do Sisal

Analisando os resultados sobre as características da população entrevistada pode-se

observar que houve uma pequena superioridade entre a condição de chefe da família (48%),

seguida pela esposa do chefe (45%). Esse percentual elevado da “esposa do chefe” está

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relacionado ao fato de que no momento da entrevista, muitos chefes de família se

encontrarem fora do domicílio, dedicando-se ao trabalho na unidade familiar.

Quadro 11. Condição Familiar do Entrevistado, em 2010-2011.

TERRITÓRIO DO SISAL

Total Chefe da

Família

Esposa do

Chefe

Filho(a) Outro

membro da

família

Não é

membro da

família

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

260 100,0 126 48,46 118 45,38 14 5,38 2 0,77 0 0,0 Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Quanto à faixa etária dos entrevistados, 65% possuem idade superior a 41 anos e

apenas 7% possuem idade inferior a 25 anos. Com isso pode-se constatar que as

comunidades entrevistadas ainda há um predomínio de casais mais velhos, os quais optaram

em se manter no campo. Quanto ao sexo, a situação é equilibrada com pequena vantagem

para as mulheres.

Quadro 12. Faixa etária e sexo dos entrevistados, em 2010 – 2011.

TERRITÓRIO DO SISAL

Total Faixa Etária (Anos) Sexo

Até 25 26 a 40 Mais de 40 Feminino Masculino

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

260 100,0 20 7,69 70 26,92 170 65,38 151 58,9 109 41,92 Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

Uma característica marcante do Território do Sisal é a forte presença da agricultura

familiar, sem a presença de latifúndios como encontrados na maioria dos territórios.

O Território do Sisal é conhecido por ter em sua maioria agricultores familiares. No

quadro 8, 80% dos entrevistados se enquadraram como agricultores familiares. Essa

informação é relevante no fomento de políticas públicas voltadas para esse perfil de

agricultor, o qual carece de maior atenção em todos os níveis de produção e

comercialização.

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Quadro 13. Perfil agrícola dos entrevistados, em 2010 – 2011.

TERRITÓRIO DO SISAL

Total Agricultura Familiar Agricultura Não familiar

Nº % c/produção s/produção

Nº % Nº % Nº %

260 100,0 209 80,38 4 1,54 47 18,08 Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

7.1.2 - Características da educação do Território do Sisal

As informações sobre educação, são de certa forma, surpreendentes: apenas 52 %

dos entrevistados (Quadro 14) disseram que os membros das famílias maiores de 15 anos

sabiam ler e escrever, e somente 10% declararam ter concluído o ensino fundamental (1º

grau). Outro dado de extrema relevância é sobre a matricula das crianças e jovens na idade

escolar: somente 56% disseram estar matriculados, o que significa que 44% estão fora da

escola. Leve-se em conta que muitos têm sido os incentivos (transporte escolar,

fornecimento de fardamentos e livros etc.) para integrar a população em idade escolar no

sistema de ensino, o que parece não estar gerando os resultados esperados.

Quadro 14. Situação Educacional dos Entrevistados, em 2010- 2011.

TERRITÓRIO DO SISAL

Total

Membros das

maiores de 15 anos

famílias

alfabetizados

Pessoas adultas

que

completaram o

1º grau

Pessoas em idade

escolar que

freqüentam a

escola

Nº % Nº % Nº % Nº %

213 100,0 111 52,11 22 10,33 120 56,34

Fonte: SGE/CAI Território do Sisal - BA

7.1.3 - Características de serviços básicos do Território do Sisal

Em relação aos serviços básicos do Território do Sisal, o Quadro 15 mostra que 97%

das famílias entrevistadas afirmaram possuir energia elétrica em suas residências rurais o

que revela eficiência do programa luz para todos, entretanto, para a quase totalidade dos

casos, a energia permite apenas a iluminação e uso de alguns aparelhos eletrodomésticos,

não suportando equipamentos para a produção que exigem maior capacidade de força.

Ainda segundo os dados do quadro 15, no que se refere a água, 91% dos entrevistados

afirmaram possuir água dentro ou próximo de sua residência, o que pode significar água

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potável, encanada, ou um simples barreiro; já 78% dos entrevistados possuem banheiro em

suas residências.

Quadro 15. Situação dos entrevistados em termos de serviços como energia, água e higiene

familiar, em 2010 – 2011.

Território

Do Sisal

- BA

Nº de Pessoas

Entrevistadas

Energia Elétrica

Água dentro ou

próxima de casa

Banheiros dentro

de

casa

Famílias

% Nº

Famílias

% Nº

Famílias

%

213 207 97.18 194 91.08 167 78.40

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL - BA

No que tange os equipamentos domésticos (quadro 16), 94 % disseram possuir fogão

a gás, o que permite inferir que 6% utilizam ainda o tradicional fogão a lenha; 83%

declararam possuir geladeira, 56% disseram possuir telefone (móvel) e apenas 1,4%

declarou possuir computador.

Quadro 16. Situação do uso de equipamentos domésticos, em 2010 – 2011.

TERRITÓRIO DO SISAL

Total Fogão a

gás

Geladeira Telefone Computador

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

213 100,0 201 94,37 178 83,57 120 56,34 3 1.41

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL – BA

7.1.4 - Características de comercialização do Território do Sisal

No quadro 17 encontram – se informações sobre as características de comercialização

dos produtos oriundos dos entrevistados. 23% dos entrevistados avaliaram como mais para

ruim a ação dos atravessadores. Em termos de logística para acessar o mercado 19% também

taxaram como mais para ruim. Quanto à venda dos produtos também houve superioridade

negativa (mais para ruim), 20%. Tais dados podem nos nortear sobre a fragilidade e carência

em termos de comercialização dos produtos, necessitando de ações eficazes e eficientes por

parte do poder público.

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Quadro 17. Avaliação das Condições de Comercialização, em 2010 – 2011.

TERRITÓRIO DO SISAL

Avaliação Atuação

dos

atravessa-

dores

Condições

para chegar

ao mercado

(distância,

transporte)

Condições

para a

compra de

insumos

Condições

de venda

dos

produtos

TOTAL

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Mais para

Ruim

21 9,86 28 13,15 32 15,02 27 12,68 108 38,57

Mais para

Bom

49 23,00 42 19,72 37 17,37 44 20,66 172 61,48

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL - BA

7.2 – Composição do Índice de qualidade de vida - ICV

Segundo a metodologia da SDT, o ICV é composto por informações contidas em três

dimensões: Fatores, Características e Efeito de Desenvolvimento. O resultado da análise

dessas variáveis que compõem cada dimensão, ao seu final compuseram o indicador que

revela o nível de melhoria na qualidade de vida dos entrevistados, segundo sua percepção. O

índice varia de 0 a 1, onde 1 é o melhor nível. Os dados foram extraídos da base de dados do

SGE.

a) Dimensão 1 – Fatores do desenvolvimento

No que tange os fatores estão contidas as informações extraídas das entrevistas em

termos de número de famílias trabalhando; mão de obra familiar; área utilizada para a

produção; escolaridade; condições de moradia; acessos aos mercados; programas do

governo; acesso a credito; acesso a assistência técnica e presença de instituições A figura 11

revela que quanto maior a distância da linha de cor rosa da extremidade da linha, mais

crítica encontra-se a situação da variável. Pode-se observar, por exemplo, o quanto são

críticas as situações de escolaridade e assistência técnica, ao contrário das boas condições de

moradia e da presença de instituições.

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Figura 11 – Composição dos Fatores de Desenvolvimento

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL – BA

O ICV referente aos fatores de desenvolvimento, relativo ao número de famílias

trabalhando, considerado Médio, poderia ter sido Alto, tendo em vista que todas as famílias de

agricultores familiares inserem-se no processo de trabalho na unidade familiar, inclusive as

crianças que assumem funções auxiliares no trabalho produtivo a partir de 6-7 anos de idade.

Quanto à mão de obra, apenas o cultivo e extração do sisal envolve mão de obra de fora

da família, o que, certamente, foi o fator determinante para o índice encontrado (Médio). Fora

disso, exceto em momentos de realização de mutirões, quando se juntam trabalhadores da mesma

ou de diferentes comunidades, para uma determinada tarefa ou em situações excepcionais, como

a colheita de determinado produto, dificilmente há contratação de mão de obra, prevalecendo o

trabalho dos membros da própria família na unidade de produção.

A área utilizada para a produção é sempre muito pequena. Segundo o Censo

Agropecuário (IBGE, 2006), 79% dos estabelecimentos agrícola do conjunto dos municípios do

Território têm até 20 Ha, e somente 2,7% têm mais de 100 Ha, o que implica no uso intensivo de

toda área disponível.

A educação é bastante crítica. Em 2000, 58,7% da população tinham menos de 4 anos de

estudo (analfabetismo funcional) e 35,4% eram considerados analfabetos (o analfabetismo

técnico e funcional somavam mais de 90%) e a população com 10 anos ou mais de estudo

correspondia a apenas 3,1%. Mesmo admitindo que o quadro hoje já não é mais o mesmo (o

analfabetismo técnico caiu para 18% da população com 15 anos ou mais), considerando os

resultados apurados no Quadro 18, o resultado deveria apresentar-se abaixo de médio.

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As condições de moradia são consideradas razoáveis. Embora se encontrem, ainda,

muitos casos de habitações em condições bastante precárias (sem reboco, piso, banheiro etc.) e

com cobertura com materiais impróprios. A grande maioria dispõe das condições básicas de

habitabilidade e possuem alguns eletrodomésticos como aparelho de TV (quase 100% dos

casos), móveis, fogão a gás e geladeira.

O ICV encontrado para acesso a mercados foi de 0,420 Médio Baixo, quase no limite

para baixo, o que efetivamente corresponde à realidade, visto ser um dos grandes gargalos da

agricultura familiar que comercializa, ainda, grande parte da sua produção através de

intermediários (atravessadores) que adquire os produtos por preços que variam entre 30% e 50%

abaixo dos preços de mercado. A institucionalização desses mecanismos se constitui num dos

fatores geradores da pobreza rural, considerando que implicam, sempre, na extorsão dos

verdadeiros produtores.

Quanto a Programas de Governo o destaque é para o Luz para Todos, que efetivamente

tem ampliado de forma significativa o número de famílias atendidas, e o Água para Todos, do

governo do Estado, que se confunde com o P1MC (Programa Um Milhão de Cisternas), fruto de

uma articulação entre o governo federal, a iniciativa privada, o governo estadual e as ONGs.

Muito provavelmente o índice Médio alcançado esteja em função desses programas em conjunto

com o PBF e o INSS.

Poucos agricultores utilizam o crédito em seu processo produtivo, daí ser estranha a

posição identificada (índice Médio). Através de questionário complementar pode-se identificar

que menos de 1/4 (um quarto) dos entrevistados acessou o crédito rural nos últimos três anos, o

que se explica especialmente pela burocracia do agente financeiro: a dificuldade é muito grande,

o agricultor vai uma, duas, até cinco vezes ao banco e não resolve nada, aí ele não pode

continuar perdendo tempo e desiste9. Por outro lado, levantamento feito pelo CODES-Sisal

mostrou que nos últimos cinco anos apenas 5% dos agricultores familiares têm acessado o

crédito.

Já no caso da assistência técnica, a situação é ainda mais crítica. Embora o índice

encontrado tenha sido Médio Baixo (0,342), pode-se constatar através de questionário

complementar que menos de 10% dos entrevistados declararam receber tais serviços. Além

disso, lideranças comunitárias do Território têm questionado a validade da assistência técnica,

levantando dúvidas quanto à sua qualidade e efetiva utilidade para os agricultores, sugerindo

uma revisão urgente na qualificação dos técnicos e nos procedimentos metodológicos.

9 Depoimento da Presidente do CODES/Sisal.

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Quadro 18. Fatores de Desenvolvimento

DIMENSÃO 1: FATORES DO

DESENVOLVIMENTO

ICV - T DOMICÍLIOS

COM

PRODUÇÃO

DOMICÍLIOS

AGRICULTURA

FAMILIAR

Número de famílias trabalhando 0,566 0,566

0,565

Mão de obra familiar 0,555 0,555 0,554

Área utilizada para produção 0,588 0,588 0,590

Escolaridade 0,484 0,484 0,482

Condições de moradia 0,658 0,658 0,659

Acesso aos mercados 0,420 0,420 0,415

Programas do Governo 0,510 0,510 0,508

Acesso a crédito 0,446 0,446 0,444

Acesso a assistência técnica 0,342 0,342 0,343

Presença de instituições 0,663 0,663 0,665

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL - BA

Legenda: 0,00 – 0,20 = Baixo

0,20 – 0,40 = Médio Baixo

0,40 – 0,60 = Médio

0,60 – 0,80 = Médio Alto

0,80 – 1,00 = Alto.

b) Dimensão 2 – Características do desenvolvimento

Compõe as características do desenvolvimento as variáveis: Renda familiar;

Produtividade do trabalho; Produtividade da terra; Diversificação da produção agrícola;

Diversificação nas fontes de renda familiar; Conservação das fontes de água; Conservação

da área de produção: solo e Preservação da vegetação nativa (figura 12).

Conforme figura 12, observa - se que quanto maior a distância da linha de cor rosa

da extremidade da linha, mais crítica encontra-se a situação da variável.

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Figura 12 .Características do desenvolvimento

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL - BA

A renda familiar encontrada com índice médio de 0,589 (quadro 19) poderia ser

superior, no entanto com a migração dos jovens para a sede do município ou para outros

pólos de trabalhos a exemplo colheita de café, cana e algodão, construção civil, acaba

contribuindo negativamente, não permitindo perspectivas de elevação futura de tal variável.

A produtividade do trabalho, da terra e a diversificação da produção agrícola, estão

diretamente relacionada com fatores climáticos, acesso a crédito e à assistência técnica rural

(ATER) de qualidade. Os índices encontrados são considerados Médios nas duas primeiras

(Quadro 19), porém poderiam ser elevados caso houvesse melhorias em termos de acesso a

crédito e ATER de qualidade. O mesmo acontece para a variável diversificação da produção

agrícola a qual foi atribuído o índice (0, 279) considerado Médio baixo.

Com o pior índice (0,245) na dimensão: Característica da produção, a variável

diversificação na fonte de renda familiar (Quadro 19) é considerado como um dos principais

gargalos da família agrícola. Esse fato pode estar relacionado com as condições que

envolvem a localização do Território do Sisal, a qual é caracterizada por concentrar grande

parte de sua mão de obra no setor público municipal e possuir parte de sua renda dos

benéficos sociais.

Pelos índices encontrados no Quadro 19, pode-se considerar que as variáveis de

Conservação das fontes de água e Conservação da área de produção: solo é uma

preocupação dos entrevistados, quando comparadas com as outras variáveis. Contudo

quando analisou-se a variável preservação da vegetação nativa, há uma diferença negativa

de quase 50% do índice. Isso é visível pois praticamente não se encontra área de vegetação

nativa no Território do Sisal, e as que ainda resistem estão sendo alvo do desmatamento para

alimentar os fornos das olarias.

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Quadro 19. Características do Desenvolvimento

DIMENSÃO 2:

CARACTERÍSTICAS DO

DESENVOLVIMENTO

ICV - T DOMICÍLIOS

COM

PRODUÇÃO

DOMICÍLIOS

AGRICULTURA

FAMILIAR

Renda familiar

0,589

0,589

0,589

Produtividade do trabalho

0,519

0,519

0,518

Produtividade da terra

0,518

0,518

0,517

Diversificação da produção agrícola

0,279

0,279

0,276

Diversificação nas fontes de renda

familiar

0,254

0,254

0,250

Conservação das fontes de água

0,629

0,629

0,627

Conservação da área de produção: solo

0,606

0,606

0,606

Preservação da vegetação nativa 0,377 0,377 0,376

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL - BA

LEGENDA:

0,00 – 0,20 = Baixo

0,20 – 0,40 = Médio Baixo

0,40 – 0,60 = Médio

0,60 – 0,80 = Médio Alto

0,80 – 1,00 = Alto.

c) Dimensão 3 – Efeitos do desenvolvimento

No que se refere aos efeitos do desenvolvimento, as variáveis Condições de

alimentação e nutrição; Condições de saúde; Permanência dos familiares no domicílio;

Situação econômica; Situação ambiental; Participação em organizações comunitárias;

Participação política e Participação em atividades culturais compõem essa dimensão.

Conforme figura 13, observa-se que quanto maior a distância da linha de cor rosa da

extremidade da linha, mais crítica encontra-se a situação da variável.

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Figura 13. Efeitos do desenvolvimento

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL - BA

As variáveis de condições de alimentação e nutrição e condições de saúde possuem os

índices bem próximos (Quadro 20), o que se justifica pela relação existente de

complementaridade entre ambos.

Quanto ao índice de permanência dos familiares no domicílio, é mais elevado das três

dimensões que compõe o ICV (0,830), Quadro 20. Pode ser ilustrado com a visível

permanecia de alguns filhos os quais acabam casando e constituindo família ainda na casa de

seus pais. Em muitos casos, são os avôs quem mantém essas famílias compostas por três

gerações com o beneficio da aposentadoria fomentada pelo governo.

Situação econômica tem como base a agricultura, mesmo tendo o setor de serviços

representado como o grande empregador da mão de obra.

O índice encontrado (Quadro 20) sobre a situação ambiental territorial (0,438) está

muito abaixo do desejado, contudo quando observamos a situação dos rios que cortam o

território; os topos dos morros desmatados; as pastagem degradadas; a exploração continua

de solo para produção de telhas, bloco e tijolos; a exploração indiscriminada de retirada de

pedras utilizando explosão por dinamite; a devastação das caatingas; extermínio da fauna,

dentre outros. Podemos constatar a veracidade do baixo índice encontrado e ao mesmo

tempo perceber a necessidade de intervenção imediata na contra mão da situação existente

visando buscar soluções para solucionar ou minimizar tais situações.

Em referência ao quadro 20 as variáveis que compõe a dimensão três: Participação

em organizações comunitárias; Participação política e Participação em atividades culturais

apresentam ICV médio bem próximos. No que tange a participação em organizações

comunitárias, observa-se no Território do Sisal um relativo número de associações,

cooperativas e ONGs, inclusive algumas dessas com maior representatividade Territorial

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compõe o colegiado. A participação política e notória, principalmente no período pré

eleitoral, onde as organizações e prefeitura tendem a apoiar representantes nas diferentes

esferas governamentais com interesses particulares das organizações. Em termos de

participação de atividades culturais, pode-se destacar a tradicional vaquejada da cidade de

Serrinha, a romaria da cidade de Monte Santo e alguns grupos de cantiga de roda,

rezadeiras e grupos de repentistas, esses últimos diminuindo com o passar do tempo.

Quadro 20. Efeitos do desenvolvimento

DIMENSÃO 3:

EFEITOS DO

DESENVOLVIMENTO

ICV

- T

DOMICÍLIOS

COM

PRODUÇÃO

DOMICÍLIOS

SEM

PRODUÇÃO

DOMICÍLIOS

AGRICULTURA

FAMILIAR

17. Condições de

alimentação e nutrição

0,687

0,700

0,628

0,699

18. Condições de saúde

0,649

0,651

0,638

0,650

19. Permanência dos

familiares no domicílio

0,830 0,839 0,787 0,840

20. Situação econômica

0,673

0,690

0,596

0,690

21. Situação ambiental

0,438

0,472

0,282

0,472

22. Participação em

organizações comunitárias

0,653

0,667 0,590

0,669

23. Participação política

0,639

0,651

0,585

0,654

24. Participação em

atividades culturais

0,601 0,613 0,548 0,615

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL – BA

7.3 – Índice de condições de vida médio baseado nas três dimensões

Após a análise das informações contidas nas três dimensões: Fatores, Características e

Efeito de Desenvolvimento, chegou – se ao índice de Qualidade de vida médio do Território do

Sisal o qual foi encontrado o valor de 0,544 (figura 14), considerado médio segundo a

classificação metodológica da SDT (Quadro 21).

Conforme figura 14, podemos observar que quanto maior a distancia da linha de cor

rosa da extremidade da linha, mais critica encontra-se a situação da variável.

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Figura 14 - Índice de Condições de Vida Médio

Fonte: SGE/CAI Território DO SISAL - BA

Quadro 21. Indicadores ICV

INDICADORES

Índice de Condição de Vida – ICV 0,544 Médio

- Fatores de Desenvolvimento 0,534 Médio

- Características do Desenvolvimento 0,470 Médio

- Efeitos do Desenvolvimento 0,661 Médio Alto Fonte: SGE/CAI Território do Sisal – BA

Legenda:

0,00 – 0,20 = Baixo

0,20 – 0,40 = Médio Baixo

0,40 – 0,60 = Médio

0,60 – 0,80 = Médio Alto

0,80 – 1,00 = Alto.

O índice médio do ICV encontrado foi 0,516, classificando-se como Médio para o

conjunto dos fatores utilizado, o que contraria um conjunto de indicadores socioeconômicos: o

Índice Médio de Desenvolvimento Humano (IDH-M) para o conjunto do Território é de 0,600,

portanto, baixo; a produtividade média das principais culturas (sisal, mandioca, milho e feijão), é

considerada das mais baixas; o índice de renda familiar encontrado foi 0,590, considerado na

faixa de médio, entretanto, próximo da faixa seguinte; quando se solicitou, através de

questionário complementar, que fosse declarada a renda familiar, 47,7% disseram que a renda

familiar era de até meio salário mínimo apenas 75% declararam que a renda familiar era de até

um salário mínimo, o que revela certa coerência com o baixo PIB per capita registrado (apenas

R$ 3.190,00/ano).

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8.0 - ANÁLISE INTEGRADORA DE INDICADORES DE CONTEXTO

Das categorias analisadas para o aspecto de Identidade Territorial como fatores mais

significativos, aparecem a agricultura familiar, o político e a economia, sendo classificados

como alto. Visivelmente o valor atribuído é identificado quando se analisa as ações a nível

do território desses três aspectos. No segundo plano, a pobreza e o ambiente estão

classificados como médio-alto. Ambos são gargalos no território: A pobreza em função da

baixa remuneração praticada, falta de empregabilidade e das oportunidades produtivas

comuns no semiárido baiano as quais são limitadas pela escassez e irregularidade de chuvas,

solos pobres e rasos, e ausência de rios perenes que permitam a implantação de projetos de

irrigação. O meio ambiente por não se observar ações mínimas de preservação ambiental no

Território, fruto de não haver um trabalho de conscientização da população quanto a

exploração do solo, dos recursos hídricos e do bioma caatinga de modo racional. Enquanto

que se enquadram como médio, os aspectos relacionados à colonização e a etnia. Pois estão

diretamente relacionados com a colonização portuguesa, fruto de um processo de

interiorização relacionado aos fatores econômicos como a pecuária e mineração.

Para os indicadores de capacidade institucional, dois aspectos apresentaram-se como

médio baixo: os mecanismos de solução de conflitos e a participação. Esses aspectos

referem-se respectivamente aos mecanismos e instâncias que os municípios do Território

utilizam para as resoluções dos seus conflitos, bem como a presença de movimentos e

espaços presentes como referências, e ao grau de participação das organizações municipais e

dos beneficiários dos projetos na sua gestão, elaboração e demanda.

A gestão do colegiado tem se apresentado com limitações não só pela baixa

capacidade de resolução dos problemas do território e articulação, que de certa forma

decorre pela baixa capacidade de gestão dos principais atores envolvidos, bem como pela

falta de clareza do papel de cada um.

Neste contexto, baseado nos indicadores de avaliação de projeto de investimento que

estão atribuídos ao planejamento, gestão, execução e indícios de impacto, foi atribuído o

índice médio de 0.399 sendo classificado como ruim. Pode-se constatar através da falta de

projetos estruturantes no âmbito territorial. Falta desses, refletem negativamente nas

condições de vida da população do Território do Sisal, resultando em níveis críticos de

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69

pobreza, baixa escolaridade, precariedade no serviço de saúde, saneamento básico,

abastecimento de água e moradia.

9.0 - PROPOSTAS E AÇÕES PARA O TERRITÓRIO

9.1 – Realizar novas pesquisas para o Território do Sisal:

a) Pesquisar as cadeias produtivas na realidade territorial com vistas a oferecer

elementos para o desenvolvimento socioeconômico sustentável do Território;

b) Pesquisa de oportunidades de investimentos nos diferentes setores da economia

territorial com vista a disponibilizar subsídios para ações de desenvolvimento publicas e

privadas;

c) Empreender esforços no sentido de agregar outros setores acadêmicos, especialmente

da UEFS, UNEB e UFRB, nas ações do Território, com a perspectiva de contribuírem para a

realização de pesquisas específicas e de atividades setoriais.

9.2 - Propostas de qualificação do Território do Sisal

A consolidação e fortalecimento da política de territorialidade, no Território do Sisal,

Bahia, dependem de algumas medidas que se consideram indispensáveis:

a) Instituir uma assessoria técnica, com pessoas comprometidas com a política de

territorialidade, porém qualificada tecnicamente, que possa contribuir para maior

qualificação das ações e melhor desempenho do CODES sisal. Leve-se em conta que

a constituição do Consórcio dos Municípios do Território do Sisal (CONSISAL) vem

atraindo as atenções do poder público municipal, relegando a sua participação nas

ações do Território e, se não houver uma ação mais qualificada do CODES sisal, o

CONSISAL pode se constituir numa “ameaça” às ações do colegiado.

b) Reativar e reestruturar os GTs temáticos (Grupos de Trabalho), com possível

supressão de alguns e criação de outros, instituindo-se uma dinâmica própria de

atuação. Atualmente, muitos dos GTs que foram instituídos no processo de formação

do Território não funcionam e precisam ser revistos. Por outro lado, esses GTs foram

estruturados como órgãos vinculados e dependentes da direção do CODES sisal, o

que precisa ser revisto, para que tenham vida própria.

c) O nível de escolaridade dos representantes das organizações da sociedade civil e do

poder público é muito baixo, o que se reflete diretamente na funcionalidade do

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70

Território. É urgente pensar numa sistemática de formação, de forma contínua, que

possa contribuir para melhor qualificação das lideranças, o que se refletirá

imediatamente no desempenho do CODES sisal e na funcionalidade do Território10

.

A médio prazo, há a perspectiva de avanços, com a possibilidade de implantação do

Campi Semiárido pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), cujo

processo de discussão e de negociação está sendo conduzido pelo CONSISAL com a

participação direta do CODES sisal. Uma comissão formada por professores da

UFRB, com representantes do CONSISAL e do CODES sisal, está sendo formada

para elaborar um (pré)projeto. Essa medida é considerada de grande potencial para o

desenvolvimento sustentável territorial nas áreas da pesquisa, da qualificação da

população e da formação de uma massa crítica no Território.

d) Urge também a construção da sede própria do CODES11

que possa lhe dar identidade

própria. Atualmente, ao ocupar um espaço de uma organização local12

, convive-se

com uma grande confusão para a maioria das pessoas, o que é fortalecida pelas

rotinas de trabalho.

e) Revisar o PTDRS, definindo as principais cadeias produtivas como prioritárias para

o desenvolvimento econômico do Território: sisal e ovinocaprinocultura.

10

Está em discussão, com a Equipe da Célula, um Curso de Formação com foco nas seguintes temáticas:

desenvolvimento regional, desenvolvimento sustentável, território, território de identidade, agricultura familiar,

projetos e gestão territorial. 11

Há um projeto aprovado pela SDT desde 2008, através da Prefeitura Municipal de Valente, mas que encontra

dificuldades políticas para a sua implementação. 12

Fundação de Apoio aos Trabalhadores da Região do Sisal (FATRES).

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10 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Território do Sisal, na Bahia, como a grande maioria dos Territórios Rurais,

enfrenta grandes dificuldades na sua afirmação enquanto entidade promotora do

desenvolvimento rural sustentável local, conforme apresentado e discutido neste relatório.

A interação entre a equipe da Célula e Colegiado Territorial está servindo, de um

modo geral, para reflexão dos principais protagonistas do CODES sisal no sentindo de

reconhecer as principais dificuldades, seja ao nível da compreensão da realidade

socioeconômica local – onde a pesquisa está tendo importante papel, seja ao nível da

estruturação e organização do colegiado, que se reflete no baixo nível de participação, com

destaque para o poder público municipal; as dificuldades de atuação dos Grupos de Trabalho

Temáticos; e o processo de gestão territorial com as limitações no acesso às políticas

públicas, dentre outros.

Essas dificuldades, assim, são de dois níveis: algumas, situam-se no espaço de

governança do CODES sisal, outras, na esfera macro das políticas públicas. Nesse sentido,

chamam a atenção para as dificuldades de relacionamento com o agente financeiro na gestão

dos recursos destinados a projetos estruturantes ou de custeio (Caixa econômica Federal) e

de acesso ao PRONAF, limitando-se a cerca de 5% dos agricultores familiares.

Uma das principais causas das fragilidades identificadas reside no baixo nível de

qualificação dos representantes do poder público e da sociedade civil e nos conflitos

decorrentes do jogo de interesses políticos, o que se pretende enfrentar com um Curso de

Formação que está sendo planejado para os principais protagonistas do Território.

Conforme foi registrado, os instrumentos de pesquisa utilizados não deram respostas

para muitas questões próprias da realidade local, ou deram respostas que se contrapõem a

outros dados e à observação empírica. Isso, entretanto, não diminui a sua importância, seja

pelo conjunto de dados produzidos, que está gerando todo um processo de discussão e de

aprendizado, seja pela metodologia empregada, que também contribui para o fortalecimento

da política de territorialidade.

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11. REFERÊNCIAS

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contemporâneo. Texto para Discussão n° 702. Rio de Janeiro: IPEA, 2000.

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ARRETCHE, Marta T. S. Políticas Sociais no Brasil: Descentralização em um estado

federativo. XXI meeting of the Latin American Studies Association. Chicago, Illinois,

September 24-26, 1996.

BARROSO, Gustavo. À margem da História do Ceará. Fortaleza: Imprensa Universitária

do Ceará, 1962.

BENKO, Georges. Economia, Espaço e Globalização: na aurora do século XXI. São

Paulo: Hucitec-Annablume, 2002.

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Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da caatinga.

Brasília: Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, 2002.

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IBGE. Censo Demográfico de 2010. Dados Preliminares. Disponível em WWW.ibge.gov.br

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LIMA, Nísia Trindade. Um Sertão chamado Brasil; intelectuais e representação

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MAGALHÃES JUNIOR, A. P. Indicadores ambientais e recursos hídricos: realidade e

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73

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MORAES, Jorge Luiz Amaral de & SCHNEIDER, Sérgio. Perspectiva territorial e

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NAVARRO, Zander. Desenvolvimento Rural no Brasil: os limites do passado e os caminhos

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NORTH, D. C. Intitutions, institutional change and economic performance. Cambridge:

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ROLIM, Cássio. É possível a existência de sistemas regionais de inovação em países

subdesenvolvidos? São Paulo, Nereus/USP, 2004.

ROSA, João Guimarães. Grandes Sertões: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

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2011. Disponível em: http://www.mda.gov.br/portal/sdt/arquivos/view/manuais-

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SANTOS, Domingos. Teorias de Inovação de Base Territorial. In: COSTA, José Silva

(Coord.). Compêndio de Economia Regional. 2ª. ed., Coimbra, APDR, 2005.

TONNEAU, J. P. TEIXEIRA, O. A. Políticas públicas e apoio institucional à agricultura

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(Coord.). Compêndio de Economia Regional. 2ª. ed., Coimbra, APDR, 2005.

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São Paulo: UCITEC, 1981.

VASCONCELOS, Claudia Pereira. Ser-Tão Baiano: o lugar de sertanidade na

configuração da identidade baiana. Dissertação de Mestrado. Salvador: UFBa., 2007.

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74

http//www.ufcg.edu.br/~raizes/artigos/Artigo_82. pdf>. (cesso 15/04/2009)

WWW.ibge.gov.br – Cidades@ (acesso 02/08/2011).

12.0 - Anexos

12.1 - Anexo I - Validação de Instrumentos e Procedimentos

Analisar a condição de vida de uma população pressupõe incorporar múltiplas

dimensões quantitativas e qualitativas: 1. Fatores quantitativos: a) Renda per capita; b)

preços dos bens e serviços básicos (alimentação, transporte, comunicação); c) produção para

o auto-consumo e para o mercado. 2. Fatores qualitativos: a) Acesso a serviços públicos de

educação, saúde, segurança; b) espaços de participação social; c) grau de subordinação

política; d) situação cultural; e) Condições de habitabilidade. Entre outros.

No Brasil, há ainda o agravante de que a pobreza se associa a outros fatores

geográficos, raciais e sexuais. Ao não contemplar esses e outros elementos, o ICV

encontrado acaba constituindo-se num índice superficial, com riscos de dissociação da

realidade concreta que determina a condição de vida da população.

1. No Território do Sisal, quase 70% dos estabelecimentos agrícolas têm menos de 20

hectares, em condições edafoclimáticas adversas e somente 3% têm mais de 100 ha.

Considerar apenas se a unidade familiar de produção é maior ou menor do que o

módulo rural (50 ha) escamoteia a realidade.

2. Muitas questões poderiam ser mais precisas. Alguns exemplos:

a) Energia elétrica: uso doméstico e na produção;

b) Água dentro ou próximo de casa. São situações completamente distintas. Água

perto de caso pode significar – e no caso, provavelmente significa – um simples

barreiro com água poluída que abastece a unidade familiar e os animais;

c) Banheiro dentro de casa. No semiárido nordestino, a palavra “banheiro” não tem

o mesmo significado na cidade. Pode significar apenas um “local pra tomar

banho” (a exemplo de um cômodo com quatro paredes sem chuveiro ou qualquer

outro equipamento, apenas para garantir a privacidde) e não um local com vaso

sanitário, lavatório etc.

d) Avaliar “mais para bom” ou “mais para ruim” estabelece uma margem muito

grande. Sabe-se que no Território do Sisal a questão da comercialização dos

produtos da agricultura familiar é um dos maiores gargalos, alimentando um

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75

sistema de intermediação (atravessadores) que retém parte significativa dos

ganhos dos agricultores. Apesar disso, a avaliação “mais para bom” saiu vitoriosa

(Quadro 17 - Comercialização) o que, certamente, não retrata a realidade.

12.2 Anexo II - Relatório de Pesquisa (Questionário Complementar)

RELATÓRIO DE PESQUISA

(Questionário Complementar)

1.0 – INTRODUÇÃO

A população da zona rural, ao longo dos anos, vem diminuindo drasticamente com a

queda nas taxas de natalidade das últimas décadas e com o acelerado ritmo do processo de

urbanização, com a migração relativamente intensa da população rural, especialmente o

segmento juvenil. Esse fenômeno já reflete na falta de mão de obra para as atividades rurais,

especialmente para o cultivo e extração do sisal, constituindo-se num grande gargalo e numa

forte ameaça à economia do Território, com reflexos negativos na cadeia da

ovinocaprinocultura e na produção de mandioca, milho e feijão.

A partir da necessidade de se compreender melhor as mudanças sociais e

econômicas que estão em curso, a partir de uma leitura por parte da Equipe da Célula do

Território de Cidadania do Sisal, Bahia, sobre o questionário para identificação do ICV,

decidiu-se elaborar um pequeno questionário complementar com algumas questões

específicas que pudessem oferecer informações sobre a situação socioeconômica da

população, cujos resultados estatísticos e pequena análise são apresentados a seguir.

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2.0 - METODOLOGIA

Aproveitando o momento da aplicação dos questionários nos municípios do Território de

Cidadania do Sisal para estabelecimento do Índice de Condição de Vida (ICV), com amostragem

e municípios previamente definidos pela SDT, elaborou-se um “Questionário Complementar”

que foi aplicado com o mesmo número de entrevistados que compuseram a amostra, com

questões elaboradas para “respostas fechadas” sobre o tamanho da família, tamanho da

propriedade, a presença de jovens, a renda familiar, crédito e a assistência técnica, o que oferece

resultados estatísticos complementares aos obtidos pelo questionário do ICV.

Os questionários foram aplicados com o/a chefe da família ou representante familiar,

após a aplicação do questionário do ICV.

3.0 - RESULTADOS

O índice geral do ICV encontrado foi 0,516 (média dos índices específicos),

classificando-se como Médio para o conjunto dos fatores utilizados, o que de certa forma

corresponde ao Índice Médio de Desenvolvimento Humano (IDH-M) que para o conjunto do

Território é de 0,600, portanto, médio-baixo; entretanto, produtividade média das principais

culturas (sisal, mandioca, milho e feijão), é considerada das mais baixas; o índice de renda

familiar encontrado pelo ICV foi 0,590, considerado na faixa de médio (próximo da faixa

seguinte), enquanto 47,7% dos entrevistados declararam que a renda familiar era de até meio

salário mínimo apenas 75% declararam que a renda familiar era de até um salário mínimo, o que

revela certa coerência com o baixo PIB per capita registrado (apenas R$ 3.190,00/ano).

3.1 Tamanho da Família

A tabela seguinte evidência que a numerosa família rural já não existe mais: 60% das

famílias entrevistadas possuem entre 3 e 5 membros, seguido por 21% possuem apenas dois

membros, ou seja, o chefe da família e seu cônjuge e apenas 18% têm seis pessoas ou mais.

Dentre os municípios objeto de estudo, Conceição do Coité, Monte Santo e Santaluz, possuem

82% dos seus estabelecimentos familiares de 3 a 5 membros.

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Tabela I - Número de membros por estabelecimento familiar

Municípios Até 02 03 a 05 06 a 08 Mais de

08

N/R Total

Araci 3 12 9 1 1 26

Candeal 2 9 4 1 0 16

C. do Coité 2 20 3 1 0 26

Itiuba 8 15 3 0 0 26

Quijingue 10 9 7 0 0 26

Monte Santo 7 34 9 0 2 52

Retirolândia 3 5 1 1 0 10

Santaluz 4 19 2 1 0 26

São domingos 5 21 0 0 0 26

Tucano 10 12 4 0 0 26

Total 54 156 42 5 3 260

% 20,8 60,0 16,2 1,9 1,1 100

Fonte: Pesquisa de Campo 2011.

3.2 Presença dos Jovens

Quanto aos jovens, estes parecem estar abandonando definitivamente o campo. Do total

de famílias entrevistadas, 62% declararam não haver nenhum jovem com idade entre 18 e 24

anos residindo no domicílio familiar e em 33% das famílias há um ou dois jovens, conforme os

dados do quadro seguinte.

Discutindo o assunto com as lideranças da sociedade civil do Território, elas são

unânimes em afirmar que os jovens estão, efetivamente, abandonando seu habitat; acredita-se

que a maioria migra para os centros urbanos e uma parcela expressiva está se deslocando para

atividades agrícolas noutros Estados, especialmente Minas Gerais e Mato Grosso do Sul

(migração sazonal). Conversando com um desses jovens que estava de mala arrumada para o

Mato Grosso do Sul, ele deu a seguinte declaração: ficando aqui, trabalhando dez horas por dia,

ganho R$ 80,00 por semana; lá, cortando cana, trabalhando dez horas, posso ganhar R$ 80,00

por dia.

Há um movimento juvenil organizado que tem discutido essa questão e tem levantado o

problema da descontinuidade da família rural com o argumento de que a família não confia

repassar para os jovens espaços significativos da sua propriedade, o que os deixa sem condições,

inclusive, de recorrer aos meios necessários para a atividade produtiva, inclusive o Pronaf

Jovem.

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Tabela II – Número de membros da família residentes nos domicílios rurais com idade

entre 18 a 24 anos.

Municípios Nenhum Até 02 03 a 04 Mais de 04 Total

Araci 13 10 3 0 26

Candeal 11 4 1 0 16

C. do Coité 22 4 0 0 26

Itiuba 19 6 1 0 26

Quijingue 18 6 2 0 26

Monte Santo 23 29 0 0 52

Retirolândia 3 3 1 3 10

Santaluz 13 12 1 0 26

São domingos 21 5 0 0 26

Tucano 18 6 2 0 26

Total 161 85 11 3 260

% 61,9 32,7 4,2 1,2 100

Fonte: Pesquisa de Campo 2011.

3.3 Renda Familiar

Um dos grandes desafios dos últimos governos é o combate a miséria, que vem

recebendo especial atenção nos últimos anos, com políticas públicas direcionadas, no entanto, no

que se refere aos municípios, objeto da pesquisa, localizados no território do Sisal, 44% das

famílias entrevistadas afirmaram sobreviver com apenas meio salário mínimo, ou seja, pouco

mais de R$ 60,00 reais por semana. O município mais crítico, em termos percentuais é o

município de Conceição do Coité com 80% vivendo com até meio salário mínimo, seguido por

Quijingue, Itiuba, São Domingos e Santaluz, com 70%, 60%, 54% e 50%, respectivamente. No

conjunto, 71,5% declararam que a renda familiar mensal situa-se entre meio e um salário mínimo

e somente 3% declararam renda igual ou superior a dois salários mínimos.

Tabela III - Renda Familiar (Casal e filhos)

Municípios Até -1/2

SM

1/2 a -

1,0 SM

1,0 a -2,0

SM

02 SM

ou mais

NR Total

Araci 8 9 9 0 0 26

Candeal 5 5 6 0 0 16

Conceição do Coité 21 5 0 0 0 26

Itiuba 15 7 3 1 0 26

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Quijingue 18 6 1 0 1 26

Monte Santo 17 17 13 2 3 52

Retirolândia 3 4 2 1 0 10

Santaluz 13 7 6 0 0 26

São domingos 14 2 4 6 0 26

Tucano 1 9 11 5 0 26

Total 115 71 55 15 4 260

% 44,2 27,3 21,2 5,7 1,4 100,0

Fonte: Pesquisa de Campo 2011.

3.3 Terra Disponível

A renda familiar tem a ver, certamente, com o tamano da terra utilizada pela unidade

familiar de produção. Embora o Censo Agropoecuário tenha registrado (IBGE, 2006), que

68% das propriedades do conjunto dos Municíopios do Território do Sisal tivessem até 20

(vinte) hetares (40% do módulo rural), encontrou-se uma situação ainda mais crítica: 70,8%

dispõem de até 20 (vinte) hectares, sendo que 55,4% dispõem de até 08 (oito) hetares. Por

outro lado, 17,3% dos entrevistados declararam não possuir terra própria e atuam na

condição de posseiros, meeiros ou arrendatários.

Tabela IV – Terra Disponível.

Área Disponível (Ha) Nº %

Até -1 71 27,3

1 a -2 14 5,4

2 a -8 59 22,7

8 a -20 40 15,4

20 ou mais 31 11,9

Não Possuem terra 45 17,3

Total 260 100,0 Fonte: levantamento de Campo, 2011.

3.4 Crédito

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), criado em

1996, quando foi institucionalizada a política nacional da agricultura familiar; é

considerado por estudiosos, pelas representações dos agricultores familaires e pelo

governo como o principal instrumento para o fortaleciemnto da agricultura familiar, com

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resultados no aumento da produção de alimentos e na melhoria da qualidade de vida no

meio rural. Financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores

familiares e assentados da reforma agrária com as mais baixas taxas de juros dos

financiamentos rurais: 0,5% a 4,5% ao ano.

Os agricultores pesquisados preenchem plenamente os critérios de participação no

Pronaf, quais sejam:

a) trabalhar na terra em condição de proprietário, posseiro, arrendatário,

b) parceiro ou concessionário (assentado) do Programa Nacional de Reforma

Agrária (PNRA);

c) residir na propriedade rural ou em local próximo;

d) dispor de área inferior a quatro módulos fiscais;

e) ter renda bruta familiar, nos últimos 12 meses, inferior a R$ 110 mil;

f) ter, no máximo, dois empregados, sendo que a mão de obra deve ser

prioritariamente familiar13

.

O Pronaf possui linha de crédito que atende a custeio e investimentos. O mesmo

possui modalidades que variam de acordo com o tipo de enquadramento ou necessidade de

atores agropecuários, tais como: Microcrédito Rural (grupo A ou A/C, e grupo B), Pronaf

Mulher, Pronaf Semi-Árido, Pronaf Agroecologia, Pronaf Agroindústria, Pronaf Eco, Pronaf

Floresta, Pronaf Custeio e Comercialização de Agroindústrias Familiares, Pronaf Cota-Parte

e Pronaf Mais Alimentos.

Os índices de participação dos agricultores familiares do Nordeste nas variadas

linhas de crédito do Pronaf têm sido muito inferiores aos verificados, por exemplo, nas

regiões Sudeste e Sul do país. Entre os fatores que explicam pequeno acesso dos agricultores

familiares nordestinos está a burocracia imposta pelo agente financeiro, como atesta a

presidente do CODES Sisal: o agricultor dá muitas viagens ao banco, perde muito tempo,

não resolve e acaba desistindo, sendo ainda pior nos casos da mulher e do jovem.

Notadamente, por se tratar de um Território onde a agricultura familiar é

representativa, teoricamente os Pronaf B e Pronaf Geral que estão enquadrados na linha de

Microcrédito Rural deveriam ser os mais acessados. Entretanto, conforme demosntrado no

quadro seguinte, não se constatou tal fato tendo em vista que 70% dos entrevistados

13 SDT/MDA. Acesso ao Pronaf; saiba como obter crédito para a agricultura familiar (2010-2011). Brasília:

SDT/MDA-SEBRAE, s.d., p.8.

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afirmaram não ter acessado nenhuma tipo de linha de credito nos ultimos 3 anos, sendo o o

Pronaf B (conhecido como Pronafinho) o mais acessado (25%), sendo que quase 82% dos

que participaram do crédito se concentram nos municípios de Monte Santo, Retirolândia,

Santaluz e São Domingos.

Observe-se que não se registrou nenhum acesso ao crédito nos municípios de

Candeal e Quijingue, e apenas um caso nos municípios de Araci e Itiúba. Para o Pronaf

Jovem, apenas um registro, em Monte Santo e Pronaf Mulher, nenhum rgistro foi

apresentado, o que se confirma com declarações de lideranças do território que afirmam

haver pouquíssimos casos no conjunto dos municípios.

Tabela V – Número de agricultores familiares que acessaram Pronaf nos últimos 3 anos

Municípios PRONAF

Geral

PRONAF

B

PRONAF

Jovem

PRONAF

Mulher

Nunca

acessou

Total

Araci 1 0 0 0 25 26

Candeal 0 0 0 0 16 16

C. do Coité 0 2 0 0 24 26

Itiuba 0 1 0 0 25 26

Quijingue 0 0 0 0 26 26

Monte Santo 4 19 1 0 28 52

Retirolândia 1 9 0 0 0 10

Santaluz 0 20 0 0 6 26

São domingos 0 12 0 0 14 26

Tucano 7 2 0 0 17 26

Total 13 65 1 0 181 260

% 5,0 25,0 0,4 0 69,6 100

Fonte: Pesquisa de Campo 2011.

No período de 2005 a 2009 foram realizadas 29.343 operações de crédito, nas várias

modalidades do Pronaf, numa média anual de 5,9 mil; quanto aos recursos, foram acessados

R$ 66,8 milhões, o correspondente a R$ 15,4 milhões a cada ano, o que é um volume muito

reduzido para uma população rural de 333.182 pessoas (2010). Observe-se que o número de

beneficiários vem decaindo desde 2005, registrando-se também redução no volume de

recursos a partir de 2006.

Considerando-se a média de 3,5 pessoas por família, e tomando-se por base a

população de 2010, em 2009, o número de famílias rurais seria 95,2 mil; considerando

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também ter havido uma operação por família, apenas 5,0% teriam acessado o crédito

naquele ano.

Tabela VI – Número de Operações e Volume de Recursos liberados pelo Ponaf no

Território do Sisal no período 2005-2009.

Ano Nº de Operações Valor R$

2005 7.889 14.518.000,00

2006 6.820 16.735.000,00

2007 5.224 14.419.000,00

2008 4.609 9.549.000,00

2009 4.801 11.541.000,00

Total 29.343 66.762.000,00

Fonte: CODES/Sisal.

3.5 Assistência Técnica

A assistência técnica tem sido um grande desafio no Brasil. As primeiras iniciativas

surgem com a Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural (ANCAR), na década de

195014

, para atender ao momento de expansão do capital na agricultura; o governo militar,

pressionado pelo capital internacional, institui o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e

Extensão Rural (SIBRATER) da década de 1970, com a criação da Empresa Brasileira de

Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER) que foram extintos pelo governo Collor

(1990), aumentando ainda mais o fosso já existente.

A partir da Constituição de 1988, mobilizações começam a surgir, desta feita da iniciativa

das organizações da sociedade civil e entidades representativas da pequena agricultura

(agricultura familiar, agricultura camponesa etc.), conquistando-se, a partir da década de 1990,

algumas medidas promissoras, a exemplo da institucionalização da Política Nacional de

Agricultura Familiar, através da Lei de nº 11.326/2006. A medida mais importante, entretanto,

foi a instituição da política nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER, através da

Lei nº 12.188/2010.

Apesar disso e da destinação de somas de recursos cada vez mais volumosos nos últimos

anos, a assistência técnica continua distante para a grande maioria dos agricultores familiares do

Estado da Bahia, cuja responsabilidade pertence à Empresa Baiana de Desenvolvimento e

14

Na Bahia, a Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural da Bahia (ANCARBA), foi fundada em

1963.

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Extensão Agrícola – EBDA, que, devido às suas fragilidades15

e incapacidade de atender aos

agricultores familiares de 417 municípios, tem levado o governo ao estabelecimento de parcerias

com ONGs para a prestação de serviços de assistência técnica. Contudo, mesmo com essa

medida não foram supridas as necessidades de ATER apresentadas pelos agricultores e

evidenciadas nos dados agropecuários do IBGE onde não apresentam aumento de produtividade

não cadeias produtivas do Território do Sisal ao longo dos últimos 10 anos.

O quadro seguinte demonstra que o número de agricultores familiares que recebem

assistência técnica regularmente nos municípios objeto da pesquisa é de apenas 9%; do total de

entrevistados, 88% afirmaram não receber esse tipo de serviço de nenhuma instituição, o que

contribui para a fragilidade do processo produtivo, de forma que os produtores continuam

excluídos das possibilidades de incorporação de tecnologias e outros procedimentos capazes de

aumentar a produtividade das cadeias produtivas.

Afora isso, embora não se tenha levantado essa informação com os entrevistados, as

lideranças comunitárias e sindicais do Território do Sisal reconhecem que a assistência técnica

prestada pouco contribui para a dinamização do sistema produtivo da agricultura familiar, o que

denuncia a qualidade dos serviços prestados.

Tabela VII – Número de Agricultores que recebem visitas técnicas por instituições do Território.

Municípios Recebem Não

Recebem

Total

Araci 1 25 26

Candeal 0 16 16

Conceição do Coité 1 25 26

Itiuba 1 25 26

Quijingue 0 26 26

Monte Santo 12 40 52

Retirolândia 1 9 10

Santaluz 6 20 26

São domingos 2 24 26

Tucano 7 19 26

Total 31 229 260

% 11,9 88,1 100,0

Fonte: Pesquisa de Campo, 2011.

15

A empresa foi completamente sucateada nos últimos anos, com grandes deficiências de infraestrutura e de

recursos humanos.

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4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelos dados coletados e analisados através do questionário complementar, o Índice de

Condição de Vida para os itens abordados mostram-se diferentes do obtido pelo “Questionário

ICV” o que aponta para desafios ainda maiores, com destaque para a continuidade da unidade

familiar de produção, para a renda familiar, o crédito e a assistência técnica.

Quanto à assistência técnica, por exemplo os dados sugerem que sejam repensados,

urgentemente, novos procedimentos metodológicos que permitam que seus resultados se reflitam

no ICV da população. Desse modo os dados da pesquisa longe de serem conclusivos nos

remetem a realidades que devem ter olhares diferenciados e portanto, soluções especificas.

Conclui-se, no entanto, que a pratica adotada a partir de um olhar intervencionista ou na melhor

das hipóteses assistencialista não deram os resultados requeridos pela população do território.

5.0 - REFERENCIAS

IBGE. WWW.ibge.gov.br – Cidades@ (acesso 02/08/2011).

LAKI, Polan. A Extensão Rural e o Desenvolvimento da Agricultura: uma alternativa

prática para uma situação de crise. FAO – TCP/RLA/6658, Oficina Regional para América

Latina e Caribe. Santiago: 1987 (mimeo).

PNUD. Atlas do Desenvolvimento Humano, 2001 (http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH-

M%2091%2000%20Ranking%20decrescente%20(pelos%20dados%20de%202000).

SDT/MDA. Acesso ao Pronaf; saiba como obter crédito para a agricultura familiar (2010-

2011). Brasília: SDT/MDA-SEBRAE, s.d.

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