ministério de som

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Page 1: Ministério de Som
Page 2: Ministério de Som

INDÍCE Ministério de Som - Visão Ministerial ..........................................................................................3

1. Introdução e Noções Básicas..................................................................................................5

2. Som. O Que É? ..........................................................................................................................6

2.1. As Características do Som..................................................................................................6

2.2. Freqüência .........................................................................................................................6

2.3. Decibel...............................................................................................................................8

3. Equipamentos ..........................................................................................................................8

3.1. Microfones & Direct Boxes ................................................................................................8

3.2. Mesas de Som ...................................................................................................................9

3.3. Equalizadores ..................................................................................................................11

3.4. Processadores de Dinâmica .............................................................................................12

3.5. Efeitos .............................................................................................................................13

3.6. Amplificadores, Crossovers & Caixas Acústicas ...............................................................14

4. Ligação e Operação ................................................................................................................14

4.1. Ligação dos Equipamentos ..............................................................................................14

4.2. Regulando o Equipamento ..............................................................................................18

4.3. Operação .........................................................................................................................20

4.4. Manutenção ....................................................................................................................21

4.5. Treinando a Audição........................................................................................................21

5. Considerações Finais ..............................................................................................................23

ANEXOS ......................................................................................................................................23

Caixas Ativas ou Passivas? ......................................................................................................23

Dicas para Boa Sonorização....................................................................................................23

Manutenção Preventiva do Equipamento de Áudio...............................................................24

Longa vida à seu equipamento de áudio ................................................................................25

Equalização - A Arte ...............................................................................................................25

Equalizador — Um Bicho de Muitas Cabeças! ........................................................................26

Equalização – O Paramétrico ..................................................................................................27

Equalização e Retorno – Uma Relação Saudável ....................................................................28

Dirigir do Porta-Malas! ...........................................................................................................30

SOCORRO! O SOM ESTÁ MUITO ALTO! ..................................................................................32

Microfones: Amigos ou Inimigos? ..........................................................................................34

Treinar, ou não treinar? Eis a questão! ..................................................................................38

Balanceamento de Sinais .......................................................................................................39

A relação entre músicos e equipe técnica ..............................................................................44

Page 3: Ministério de Som

Ministério de Som - Visão Ministerial

Geralmente abordamos dois aspectos quanto à visão do ministério de som, infelizmente a maioria das pessoas, mesmo as que já estão no ministério acham que unicamente chegam na igreja, ligam a mesa de som, regulam e depois desligam tudo no final do culto. Mas o ministério de som não é apenas ligar o som para o pregador, para o louvor. Quem está na mesa de som está exercendo um ministério e faz parte do culto no seu contexto, não é um coadjuvante, e sim integrante do culto.

O que acontece quando uma pessoa entra na igreja e o som está altíssimo e ininteligível? Ela desanima, não é verdade? Como uma pessoa, mesmo que evangélica, pode ser liberta com o louvor e edificada na palavra e nos testemunhos se essa pessoa não conseguir entender o louvor e a pregação?

Pois é, para que as pessoas possam entender a palavra, o louvor, os testemunhos, as orações e as ministrações é preciso que haja alguém no som, e mais do que simplesmente operando, mas exercendo seu ministério.

Existe algo muito importante que ministramos: quem está no ministério de som está abrindo o culto junto com o oficial que está abrindo o culto; está ministrando o louvor junto com os levitas; está pregando a Palavra de Deus junto com o pastor. A "primeira lida" parece um pouco estranho, mas a voz de quem está no púlpito passa por quem está no som, que tem a responsabilidade de fazer as pessoas entenderem "confortavelmente" para que possam ficar concentradas e serem tocadas pelo Espírito Santo.

Para fazer algo junto com alguém e prosperar, é necessário caminhar na mesma visão e com o mesmo objetivo; e no ministério, com a mesma unção. Portanto o ministério de som tem que caminhar na mesma direção, na mesma visão e na mesma unção da igreja e dos demais ministérios.

O segundo aspecto envolve a unção do ministério de som. É um ministério onde é necessário buscar crescimento espiritual, santidade e unção, sim; mas o ministério de som envolve também conhecimento humano, pois áudio é uma ciência. Portanto além do preparo espiritual, é necessário existir um preparo humano/intelectual, e se os dois lados não andarem juntos e devidamente ordenados o ministério não prospera, tanto individual (operador/roadie) como coletivo (ministério em si).

No antigo testamento, quando foi construído o tabernáculo, foi necessário o trabalho de ourives, joalheiros, carpinteiros, marceneiros, costureiros, onde cada um trabalhou segundo a sua especialidade, fazendo a obra do Senhor com o emprego de seus conhecimentos e de suas profissões. É o que acontece hoje no ministério de som, fazemos a obra do Senhor empregando nossos conhecimentos e buscamos nos aperfeiçoar para podermos dar o melhor ao nosso Senhor, nosso trabalho é um trabalho de construção, de mão-de-obra que não é qualquer pessoa que sabe executar, como foi o trabalho daqueles à época da construção do tabernáculo.

E o que Deus fez quando da construção do tabernáculo? Vamos conferir em Êxodo 31:1-11. "Disse mais o Senhor a Moisés: Eis que chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri... e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade e de conhecimento, em todo artifício para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata, em bronze... para toda sorte de lavores. Eis que lhe dei por companheiro Aoliabe... e dei habilidade a todos os homens hábeis para que me façam tudo o que tenho ordenado: a tenda da congregação, a arca do Testemunho... eles farão tudo segundo tenho ordenado." E ainda em Êxodo 35:30-35. "Disse Moisés aos filhos de Israel: Eis que o Senhor chamou pelo nome a Bezalel... e o Espírito de Deus o encheu de habilidade, inteligência e conhecimento em todo artifício, e para elaborar... Também lhe dispôs o coração para ensinar a outrem, a ele e a Aoliabe... Encheu-os de habilidade para fazer toda obra de mestre, até a mais engenhosa...".

Se essa lista fosse refeita hoje colocaríamos o Som nela com toda certeza e esta unção está sobre o ministério de som:

1o - Deus nos chamou pelo nome, foi Ele quem nos escolheu para o ministério.

2o - Deus nos encheu com seu Espírito, e nos encheu de habilidade e de conhecimento para

trabalharmos com áudio, para trabalharmos no Ministério de Som. 3

o - No vers. 6 notamos que Deus deu capacidade aos homens hábeis para que fizessem segundo

aquilo que o próprio Deus planejara, portanto devemos nos habilitar, devemos buscar o conhecimento e aprender, o áudio e a acústica são ciências que caminham rápido e ainda vão demorar a chegar a um ponto de evolução mais lenta, cabe a nós nos habilitarmos, e a nossa capacidade vem de Deus (confira II Coríntios 3:5).

4o

- Deus também dispôs o coração deles para ensinarem. Portanto nos cabe também prepararmos

pessoas para exercerem o ministério.

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Apresentação

Esta apostila nasceu observando-se a necessidade, em meio às igrejas evangélicas, de se ter pessoas treinadas para operar, montar e cuidar dos equipamentos de áudio. Esse tipo de treinamento, porém, não poderia ser excessivamente técnico e teórico. Era preciso tornar a ciência do áudio simples e acessível a todos; deixando de lado a matemática e enfatizando a prática e o bom senso. Para isso, adotou-se uma linguagem simples e cotidiana, utilizando-se da familiaridade de muitos com termos da música.

É continuando neste objetivo que esta apostila chega à sua sexta edição, mais consistente, mais clara, mais madura. Um manual de treinamento para ser utilizado também no dia-a-dia, como um guia de consulta rápida, ou como uma explicação que se dá pessoalmente.

Espera-se que para muitos, este seja apenas um ponto de partida para o aperfeiçoamento, a descoberta dos porquês, e mesmo a profissionalização.

Finalmente, esperamos contribuir para a melhoria da qualidade de som nas igrejas evangélicas e, também, para uma mudança na maneira como são ―encarados‖ o equipamento e a equipe de áudio dentro das igrejas.

Boa leitura! Bom aprendizado. E uma ótima prática.

Filippo Valiante Filho

Taboão da Serra, Outubro de 2004.

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1. Introdução e Noções Básicas Quando estamos numa igreja, num teatro, ou num show, ouvindo um belo som estéreo

vindo das caixas acústicas, não nos preocupamos com o que foi preciso fazer, ou com o que aconteceu, para que aquele som chegue aos nossos ouvidos. Mas é preciso que muita coisa aconteça...

Os vários sons, de cada um dos microfones e de cada um dos instrumentos, precisam ser misturados para que possamos ouvi-los todos de uma vez. Esse é o papel da mesa de som, fazer a mistura e permitir que alguém a controle. A mesa se som fornecendo em sua saída um único ―som‖ com todos os outros misturados.

Só que a aparelhagem, o tamanho do local, a arquitetura, e muitos outros fatores, também influenciam no som. Para compensar essas influências, entram em cena o equalizador e alguns outros equipamentos periféricos.

E também têm aqueles equipamentos que tiram os chiados; dão uma ―freada‖ nos vocais, oradores e instrumentistas mais empolgados; os que produzem efeitos como a sensação de se estar num estádio, quando se está em uma sala pequena, ou de se estar em uma sala pequena, quando se está num salão de grande porte; os que...

No final, ―essa história toda‖ tem que chegar a nossos ouvidos. Para isso existem os amplificadores e as caixas acústicas. Pronto! Aquele belo som estéreo da primeira frase já está chegando aos nossos ouvidos que, a essa altura, já imaginam um pouco do que foi preciso fazer para que isso acontecesse.

Que tal conhecermos melhor esses equipamentos? Saber como ligá-los e, principalmente, como manuseá-los! Nos próximos capítulos, falaremos sobre o que é som e quais são suas características. Teremos uma noção básica dos principais componentes de um sistema de sonorização: microfones, mesas, equalizadores, compressores, gates, amplificadores e caixas acústicas. Vamos aprender como ligar um sistema de sonorização simples, ajustá-lo e, o principal, operá-lo.

A esta altura, você já deve ter reparado que a mistura que fizemos dos sons dos instrumentos e vocais, e também o ―som‖ que passa pelos equipamentos, não está em uma forma audível. O som, para ser trabalhado dentro de cada equipamento, está em forma de eletricidade. Portanto, a partir daqui, vamos chamar esse ―som‖ em forma de eletricidade de sinal (elétrico). Para que possamos ouvir esse sinal, ele precisa ser convertido em som ―audível‖.

Os microfones são os equipamentos que converte o som ―audível‖ em sinal elétrico. Os captadores magnéticos de violão, guitarra e contrabaixo exercem função semelhante. O sinal é convertido novamente em som ―audível‖ através dos alto-falantes, que compõem as caixas acústicas.

Apenas como curiosidade, na eletrônica, os microfones, captadores e alto-falantes são chamados de transdutores. As resistências do ferro de passar roupas e do chuveiro elétrico também são transdutores. Um transdutor é um componente que transforma um tipo de energia em outra. A resistência do chuveiro transforma eletricidade em calor. O microfone transforma som em eletricidade e o alto-falante, eletricidade em som.

Mais uma curiosidade para encerrarmos nossa introdução. A eletricidade produzida em um microfone possui tensão de ―zero vírgula alguns volts‖, menos que uma pilha de 1,5 volts. Enquanto em uma caixa acústica, a eletricidade produzida pode chegar a uma tensão tão grande quanto os 110 volts da tomada.

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2. Som. O Que É?

O grande (e pesado) Aurélio, define som como "fenômeno acústico que consiste na propagação de ondas sonoras produzidas por um corpo que vibra em meio material elástico. Sensação auditiva criada por esse fenômeno‖. Claro!?

Vamos tentar os livros de Física e Acústica. Eles definem som mais ou menos assim: forma de energia mecânica que se propaga como onda longitudinal num meio material e que tem a propriedade de sensibilizar nossos ouvidos.

Não precisa resmungar, o que eles querem dizer é que o som é:

Energia: quem nunca sentiu a roupa balançar perto de uma caixa acústica? Ou quem nunca sentiu o corpo tremer com um som grave?

Produzido por vibrações: observe a corda de um violão, ela só produz som quando vibra, certo? Idem para um prato de bateria ou qualquer de seus tambores. Nós falamos fazendo o ar passar através de nossas cordas vocais que vibram conforme nosso cérebro comanda as palavras. Para ouvirmos, essas vibrações chegam aos nossos ouvidos que possuem uma membrana, nossos tímpanos, que também passa a vibrar; essas vibrações são transformadas em impulsos nervosos enviados para nosso cérebro que faz com que entendamos o que está chegando aos nossos ouvidos.

Que se propagam em um meio: normalmente, ouvimos o som através do ar, mas será que você nunca reparou que pode ouvir alguém conversando do outro lado da parede em uma sala fechada? Se você mergulhar em uma piscina, e alguém gritar seu nome, você não ouve? Você nunca brincou, ou viu alguém brincar, com aqueles telefones feitos com copinhos e uma linha esticada? Isso nos mostra que além de se propagar no ar, o som se propaga também nos sólidos e nos líquidos.

Portanto, o som se origina de uma vibração que se propaga pelo ar (ou outro meio) até chegar a nossos ouvidos.

2.1. As Características do Som

O som possui quatro características:

Intensidade: relativa a força do som, distingue sons mais fracos de sons mais fortes. Imagine uma balada e um rock tocados ao piano ou violão, a balada é tocada mais fraca, com menor intensidade, enquanto o rock é mais intenso, mais forte. Há uma medida chamada decibel que se relaciona com a intensidade.

Timbre: costuma ser definido como a "cor" do som, pois através dele podemos identificar um mesmo som produzido por fontes diferentes como, por exemplo, dois instrumentos musicais tocando a mesma nota ou duas pessoas cantarolando a mesma melodia.

Duração: se os sons são mais longos ou mais curtos.

Altura: se os sons são graves ou agudos. Os sons mais baixos são os graves, como o som de um contrabaixo, de uma trompa, do bumbo da bateria. Os sons mais altos são os agudos como os de um apito, flautim, ou a voz de um soprano lírico. Os sons intermediários são os médios, como a maioria das vozes das pessoas, ou aqueles radinhos AM. Portanto, a rigor está errado pedir para alguém falar mais alto quando não se está conseguindo ouvir, falar mais alto seria falar ―mais fino", mais agudo; o certo seria pedir para a pessoa falar mais forte. A altura do som é ligada a sua freqüência.

2.2. Freqüência

Freqüência significa o quanto alguma coisa se repete e se essa repetição é maior ou menor. Por exemplo, se alguém perguntar com que freqüência você faz aniversário, a resposta será uma vez ao ano. Se a pergunta é com que freqüência você vai à escola, ou ao serviço, a resposta pode ser cinco vezes (dias) por semana.

Nós vimos que o som é produzido por vibrações e que para podermos trabalhar esse som, precisamos transformá-lo em eletricidade, que chamamos de sinal. Essas vibrações e as conseqüentes oscilações do sinal podem ser mais rápidas, ou mais lentas. Quanto mais

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rápidas, maior será a freqüência e mais agudo o som. Quanto mais lentas, menor será a freqüência, e mais grave o som.

Em áudio, e na eletrônica, medimos a freqüência em quantidades de oscilações por segundo. A unidade da freqüência é o Hertz (pronuncia-se rértiz), cujo símbolo é Hz. O múltiplo mais usado em áudio é o kilo (k). 1 kHz é igual a 1000Hz. O ouvido humano, tipicamente, escuta de 20Hz (sons mais graves) até 20KHz (sons mais agudos).

Para termos uma noção melhor de freqüência, vamos comparar as notas musicais com suas respectivas freqüências. Os instrumentos musicais são afinados com referência na nota lá (A) da oitava central, cuja freqüência é de 440Hz. Temos a seguir uma tabela das freqüências das notas na oitava central.

Nota Freqüência Nota Freqüência

Dó 263,63 Hz Fá # - Sol b 369,99 Hz

Dó # - Ré b 277,18 Hz Sol 391,99 Hz

Ré 293,66 Hz Sol # - Lá b 415,31 Hz

Ré # - Mi b 311,13 Hz Lá 440,00 Hz

Mi 329,63 Hz Lá # - Si b 466,16 Hz

Fá 349,23 Hz Si 493,88 Hz

Para obtermos as notas uma oitava abaixo, dividimos sua freqüência por dois. Para obtermos as notas uma oitava acima, multiplicamos por dois; duas oitavas por quatro; três oitavas por oito...

A figura seguinte, que será de grande valia para equalização, mostra a tessitura dos instrumentos e das vozes, bem como suas relações com as freqüências. A tessitura indica quais notas o instrumento, ou a voz, é capaz de emitir; ou em outras palavras, quais freqüências cada instrumento, ou voz, produz.

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2.3. Decibel

É hora de explicar o tão famoso decibel, aquele ―dB‖ que aparece escrito em todos os equipamentos de áudio. Primeiramente, esse nome foi dado em homenagem a Graham Bell, o inventor do telefone. O valor em decibel é resultado de uma relação matemática especial entre duas medidas, tomando um determinado valor em relação a outro valor de referência.

Pode parecer complicado, e de fato é, porém há uma maneira um pouco mais fácil de entender. Pense no seu aparelho de som, na sua casa, talvez o volume dele vá de 0 a 10. O quanto você sente o som ―bater‖ com o volume no 8 por exemplo? Agora, imagine-se num megashow, em um grande estádio. Vamos dizer que o volume do equipamento de som também esteja no 8... Com certeza você sentirá o som ―bater‖ muito mais, certo? Será como alguns dizem ―um tapa na orelha‖. Parece óbvio, então, que uma escala de 0 a 10 não se presta para compararmos intensidades de som, certo!?

Da mesma forma, há uma série de outras medidas que também não podem ser comparadas em uma escala de 0 a 10.

Agora imagine que, ao invés de comparar o volume de 0 a 10, você compare justamente o quanto o som está ―batendo‖, sem se preocupar com a posição do volume? Assim, se o seu equipamento de som for um pouco mais potente você talvez consiga a mesma sensação sonora de um equipamento de som para show. Parece que agora a medida vai dar certo. Mas ela ainda está muito subjetiva. Alguém que está acostumado com violão e voz pode achar o som de um show de música pop ensurdecedor, enquanto um metaleiro vai dizer que não está nem ―fazendo cócegas‖. A solução é adotar, e padronizar, uma referência comum para todos. Se adotarmos como referência o volume produzido naturalmente por um violão, veremos que no show de música pop o som estará alto, enquanto no show de heavy metal o som estará... bem, estará ensurdecedor, de fato.

Umas dessas referências, adotadas na prática, é o valor menos intenso que o ouvido humano é capaz de distinguir, o chamado limiar de audibilidade. Se medirmos o quanto o som está ―batendo‖, ou melhor, quanto de pressão sonora chega aos nossos ouvidos, uma relação matemática (logarítmica) entre esses valores nos fornece a intensidade do som em dB SPL, que é a abreviação de ―Sound Pressure Level‖ — Nível de Pressão Sonora. É justamente esse o tipo de medida fornecida pelos decibelímetros, e que aparecem nas leis sobre poluição sonora existentes no país.

Existem dezenas de referências padronizadas para o cálculo dos decibéis. A referência adotada é indicada por uma letra após o dB: dBu, dBv, dBU, dBV, dBi, dBm, dB SPL... Os ―dB‖ que aparecem nos equipamentos são, na maioria das vezes, dBu, que indica a intensidade dos sinais elétricos.

3. Equipamentos

3.1. Microfones & Direct Boxes

Os microfones são dispositivos eletrônicos responsáveis pela captação do som e pela sua conversão em sinal elétrico. Eles são as primeiras peças do sistema e das que mais influenciam no resultado final. Precisamos utilizar microfones de qualidade e apropriados para cada aplicação. Os microfones pertencem principalmente a dois tipos: dinâmicos e a condensador (que geralmente utilizam alimentação através de pilha ou phantom power).

Microfones a condensador (eletreto) respondem a freqüências mais altas e podem captar o som a distâncias maiores, por isso são mais utilizados como microfones para instrumentos de sopro, "overall" de bateria (para captar os pratos) e como microfones de coral (direcionais de longo alcance). Os microfones a condensador geralmente utilizam alimentação elétrica proveniente de uma pilha ou phantom power, que é uma tensão de 48VDC gerada pela mesa de som e que alimenta o microfone.

A vantagem da phantom power é eliminar interferências no sinal e permitir distâncias maiores de cabos. Seu nome (fonte fantasma) deve-se ao fato de não vermos qualquer tipo de fonte, pois a alimentação vai pelo próprio cabo do microfone. Nem todos os microfones a condensador podem ser ligados com phantom power, ao ligar-se um microfone que não é preparado para isso, teremos "churrasco" de microfone.

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Os microfones dinâmicos se prestam a praticamente toda e qualquer aplicação e não precisam de alimentação. Eles normalmente possuem um componente que bloqueia a phantom power, não havendo nenhum problema em utilizá-los, porém, alguns microfones de qualidade inferior podem sofrer um desgaste excessivo, ou mesmo dar choque quando ligados com phantom.

Cada microfone possui sua aplicação definida. Existem microfones que são específicos para vocais, geralmente possuindo uma resposta moldada para dar mais corpo e brilho a voz; microfones para instrumentos costumam ser mais fechados, para pegar apenas o que está na frente (alto-falante, tons e caixa de baterias); microfones de bumbo possuem uma resposta melhor nas baixas freqüências; microfones para coral, ou shotgun, para microfonação a distância, possuem um alcance longo e estreito (diretivos).

Um último detalhe sobre microfones é aquela espuminha que pode ser externa ou interna. O nome dela é wind screen e serve para diminuir aquele sopro, como na letra ―s‖ (sibilância) e também os ―soquinhos‖ provocados pela pronúncia das letras ―p‖ e ―b‖ (PB noise). Portanto, é fundamental conhecermos a aplicação dos microfones (suas próprias construções físicas já nos dizem muito) e usá-los corretamente.

Teclados e contrabaixos possuem freqüências graves que não conseguem ser captadas por microfones. Por isso, para "microfonar" esses instrumentos usamos direct boxes, que são divisores eletrônicos ligados entre o instrumento e o cubo, com saída também para mesa de som. O direct-box (DI Box) preserva o som que sai do instrumento e atenua o sinal para a ligação na mesa de som. Os direct-boxes possuem uma chave ―Ground Lift‖ que é utilizada para eliminar eventuais chiados ou ruídos. Alguns direct-boxes são alimentados com phantom-power, valendo-se das mesmas vantagens que são trazidas aos microfones.

Existem também as saídas de linha dos combos de instrumento (cubos), que são semelhantes aos direct boxes, porém após o combo (o direct box fica entre o instrumento e o

combo), mas possuem algumas desvantagens, por isso o mais usual é a microfonação dos combos de guitarra e o uso de direct boxes para teclado e baixo.

3.2. Mesas de Som

Também conhecida como mixer, do termo original em inglês, a mesa de som é o principal componente do sistema. Nela nós misturamos todos os sinais, mas principalmente, além de misturar, nós controlamos essa mistura equilibrando os volumes da maneira correta e regulando o sinal de cada canal para ter-se o melhor resultado possível. Vamos ver as conexões e os controles de uma mesa pela estrutura de cada canal, a partir da entrada e as diversas saídas, lembrando que veremos uma mesa genérica com os controles mais comumente encontrados. Podemos encontrar controles diferentes, mais ou menos controles, nomes e ordens diferentes, porém isto é o essencial das menores às maiores e melhores mesas de som.

Na parte de trás da mesa, ou em algumas na parte superior, temos as entradas de cada canal (in), geralmente com dois jacks, um para plugue XLR, balanceado, onde devem ser ligados microfones e direct-boxes, outro para plugue P10 para sinal de linha desbalanceado. Só podemos usar uma das duas entradas do canal por vez. Chamamos de sinal de linha ao sinal vindo direto de um instrumento, deck, cd player ou ainda saídas de linha de combos para instrumento; esses sinais possuem um nível mais elevado que os sinais de microfone.

Logo na entrada do canal encontramos o controle de ganho (gain, trim, sensitivity). Esse controle atenua, ou reforça, o sinal de entrada. É importante não confundi-lo com o volume que atua na saída no canal. Atenuamos o ganho quando o canal está distorcendo (saturando) e aumentamos o ganho quando percebemos que está faltando sinal na entrada da mesa.

Após o ganho podemos encontrar o botão PAD (ou -20dB) que atenua o sinal de entrada, usa-se nos canais com sinal de linha na entrada. Muitas das mesas que possuem dois jacks de entrada por canal possuem um circuito interno equivalente ao PAD no jack P10, dispensando a chave externa de PAD. Outras mesas, mesmo que com apenas um jack de entrada, podem receber

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níveis mais altos na entrada com o ganho no mínimo, também dispensando o PAD. Um outro recurso um pouco menos comum é a chave de inversão de fase elétrica,

representada pelo símbolo Ø. Essa chave inverte os pinos 2 e 3 do jack XLR (positivo e negativo). Ela existe porque as mesas inglesas têm a polaridade invertida entre positivo e negativo em relação as demais mesas, logo seus cabos também são invertidos. Assim, com esse recurso podemos utilizar qualquer cabo na mesa.

Na entrada dos canais também temos o botão que liga o "Phantom Power". O acionamento, de acordo com a mesa pode ser em cada canal, a cada grupo de canais (de 4 em 4 por exemplo) ou um único botão que aciona o phantom de toda a mesa ou de parte dela, porém de uma só vez. É bom lembrar que o phantom é utilizado sempre com conectores XLR.

Passemos ao equalizador, primeiramente podemos encontrar uma chave que liga ou desliga o equalizador (EQ), na posição desligada o sinal passa pelo equalizador sem sofrer nenhuma mudança. A seção de equalização pode ter diversas variantes, mas o mais comum é termos agudo, um ou dois controles de médios e grave. Esses controles de médios podem ser fixos, ou seja atuantes apenas naquela freqüência pré-determinada ou podem ser divididos em dois botões, um para atenuação/reforço e outro para a escolha da freqüência de atuação (semi-paramétrico). Por fim, na seção do equalizador, encontramos um botão que liga o filtro de graves (HPF, low cut filter) que corta o sinal abaixo da freqüência especificada, geralmente entre 70 e 100 Hz. Esse filtro é muito útil para evitar o som de "puf" dos microfones (ruído de P e B) e evitar a captação de sinais de baixa qualidade, já que os microfones comuns não respondem bem à baixas freqüências. Os controles de equalização respondem geralmente entre 10 e 12 kHz para agudos, entre 1 e 2,5 kHz para médios, quando fixos e, entre 60 e 100 Hz para graves.

Após o equalizador temos os controles das saídas auxiliares. Elas podem ser de dois tipos: "pre-fader" e "post-fader." Os auxiliares pre-fader são utilizados para monitoração (retornos de palco) e os auxiliares"post-fader", às vezes indicados como "EFF", ―EFX‖ ou "effect" em algumas mesas, são utilizados para ligação de efeitos. A diferença entre os dois tipos é que em um a saída é tomada antes do controle de volume do canal (pre) e no outro a saída é tomada após o controle de volume (post) e portanto se cortarmos o volume do canal cortamos também a saída auxiliar. Algumas mesas possuem um botão que determina se os auxiliares serão pre ou post-fader.

Prosseguindo, encontramos mais um botão giratório, só que esse leva o som junto com ele para o lado que você o virar, é o botão que nos dá uma visão panorâmica do canal, o lado em que o som vai sair, só do lado direito, só do lado esquerdo, igual para os dois lados ou um pouco mais para um lado do que para outro, essa é a função do botão PAN.

Chegou a hora daquele botão do contra, é o Mute, pressionando-o você corta o som do canal, deixando-o mudo como o nome já diz. Junto dele costumamos ter alguns leds (aquela luzinha colorida que na verdade é um componente eletrônico). Esses leds são: um para indicar que o canal está com o mute acionado; outro para indicar que há sinal na entrada do canal (-20dB, signal, sig), assim podemos saber quando e quais canais estão recebendo sinal e outro led para indicar que o canal está com sobrecarga (OL, peak), ou seja com o sinal já distorcendo. Algumas mesas têm um led bicolor que acende verde quando há sinal e vermelho quando há sobrecarga.

Temos agora os botões de solo para ouvirmos o som do canal ou dos canais selecionados no fone de ouvido. O solo pode ser antes do controle de volume (AFL) ou após o controle de volume (PFL) que é o mais comum. Um led se acende para indicar que o canal está com o solo selecionado. Lá pelo canto da mesa, perto dos masters encontramos o volume do fone de ouvido e em algumas mesas um botão para seleção entre AFL e PFL.

Chegamos, enfim, ao fim do canal, desculpe o trocadilho. Temos o controle deslizante de volume, mais conhecido como "fader" (lembram-se do pos e post-fader). Ao lado do fader, nas mesas com subgrupos temos os botões que endereçam o canal para os pares de subgrupos que selecionarmos e/ou diretamente para o master através do botão mix (ou L/R).

Acabamos o bloco dos canais, agora vamos para a "master section" a seção de saída da mesa. Ela fica no canto direito ou no meio da mesa, dependendo do modelo. Nela temos os subgrupos através dos quais facilitamos nossa mixagem, criando controles de volume de blocos, por exemplo, endereçando-se os canais de uma bateria para um subgrupo, para aumentarmos ou diminuirmos o volume da bateria como um todo mexemos no volume do subgrupo. Cada par de subgrupo costuma ter um par de faders, com seus respectivos PAN's e botões solo e um botão muito importante (Mix, L/R) que endereça o subgrupo para o master,

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assim ele pode funcionar como subgrupo ou como um sub-master (mais um master para alguma outra função).

E agora ele, o tão falado, o tão importante, o grande... Master! O master é o volume principal da mesa, pode também ser indicado como L/R ou Main. Hoje é cada vez mais comum as mesas possuírem o master estéreo normal e mais um master mono com a mistura dos dois canais, sendo que podemos usar as saídas mono e estéreo ao mesmo tempo. Junto ao master costumamos ter botão de solo e um botão de mute geral da mesa.

Vista a saída principal, vejamos os caminhos auxiliares, aliás os próprios também costumam ter um controle geral de volume com botão rotatório mesmo, uma espécie de master da via auxiliar sempre acompanhada do botão solo.

Para o caminho de ida do auxiliar criaram um caminho de volta, embora não seja o único, são os controles de AUX Return. Eles são como que canais estéreo com duas entradas (L/R) e um volume, os AUX geralmente não possuem equalização mas costumam possuir endereçamento, PAN e solo. São utilizados para ligação de efeitos, e também podemos utilizar com playback ou CD, que são fontes que geralmente não precisam de equalização, liberando-nos alguns canais na mesa.

É comum encontrarmos mesas com entrada estéreo de fita (Tape in) direta para o master e saída estéreo de gravação (Tape out) com o mesmo sinal do master, através de plugues RCA. Também podemos ter mais um par de saídas estéreo chamado de Control Room que possui o mesmo sinal do master, mas com um controle de volume a parte, geralmente é usado em estúdio, onde o master é utilizado para a gravação e os monitores do estúdio são então ligados na saída control room. É simplesmente uma cópia do master, por isso pode ter diversas utilidades.

Para facilitar a comunicação com o palco, criaram um tal de talkback, onde o operador fala em um microfone embutido na mesa ou ligado na entrada apropriada e o som sai nas vias de monitor. Podemos escolher as vias em que o som vai sair e obviamente controlar o volume.

Para acabar, faltou falar daquelas luzes que estão piscando até agora e você já estava achando que íamos esquecer de dizer o que é. As duas ou mais fileiras de leds (ou mostrador de ponteiro) são chamadas de VU e mostram a intensidade do sinal de saída da mesa, tanto de um canal quanto de uma saída (aux, main) que estiver com o solo selecionado. Para sabermos o que estamos vendo, há um led que indica se o que o VU está indicando é o nível do master ou do solo.

Todos esses controles que foram vistos possuem seus respectivos jacks para conexão. Saídas do master mono e estéreo, subgrupos, vias auxiliares, control room, tape out e fones de ouvido; e entradas de AUX, tape in, talkback mic e obviamente as entradas de cada canal.

Outra conexão que pode existir nos canais, subgrupos e master é a insert, que pode aparecer como um único jack P10 estéreo ou jacks in e out. As conexões de insert são como se a fábrica da mesa deixasse que nós ligássemos outro equipamento direto no circuito, abrindo-o e enviando o sinal para algum equipamento que o processaria e devolveria o sinal processado no mesmo local (no meio do canal antes do fader ou antes do fader do master). Usamos as conexões de insert para ligação de outros equipamentos ou como direct outs. Direct outs são saídas ligadas junto com o conector de entrada do canal para que se possa enviar o sinal para um gravador ou para outra mesa. Quando existe apenas um jack insert usamos cabos "Y" para a ligação de algum equipamento, no caso inserimos o plugue P10 pela metade (até a primeira trava) para o insert funcionar como direct out.

Terminamos de conhecer um pouco melhor o principal equipamento de um sistema de som, agora podemos ver os demais equipamentos.

3.3. Equalizadores

Começando novamente com definições formais, vamos ler um trecho de um antigo manual de um equalizador da Styllus Eletrônica a respeito de sua função:

"A função do equalizador é compensar de forma precisa, as diferenças tonais causadas pela acústica ambiente, pela resposta deficiente das caixas acústicas ou ainda pela qualidade da fonte de programa. As gravações em estúdios são feitas em ambientes tratados acusticamente, ao contrário de uma instalação domiciliar onde o local da audição normalmente não é ideal para uma boa reprodução, móveis em geral, cortinas ou qualquer outro objeto que esteja na sala de audição, podem refletir ou absorver determinadas freqüências. Uma diferença de nível entre os canais pode ocorrer quando da locação das caixas em ambientes acusticamente assimétricos. O equalizador é projetado para ajudar a restaurar a qualidade

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originalmente obtida no estúdio. A equalização pode também ajustar características tonais específicas tais como diminuir a freqüência de ressonância ou intensificar um solo delicado, bem como fazer a equalização de freqüência encontrada em muitas gravações ao vivo."

Em outras palavras, seja pela mesa, amplificadores, caixas acústicas e principalmente pelo próprio ambiente, nunca temos o som desejado, podemos perder um pouco de agudo, ou um pouco de grave, às vezes temos algumas freqüências sobrando, o som está embolado ou coisas deste tipo. A equalização (ajuste do equalizador) visa corrigir essas imperfeições reforçando ou atenuando o sinal em cada freqüência para que possamos ouvir todas as freqüências com a mesma intensidade (resposta de freqüência uniforme), melhorando a qualidade final do som.

Após equalizarmos, temos o gráfico das modificações simplesmente olhando para o equipamento, por isso o nome de equalizador gráfico.

Na parte traseira dos equalizadores temos os jacks Input e Output de cada canal além do conector de alimentação. Alguns equalizadores possuem também saída de gravação.

Na parte frontal temos os controles deslizantes com a freqüência em que atuam escritas embaixo de cada um. São duas seções de controles por equalizador (estéreo) mas também existem equalizadores mono. Quando os controles estão no meio, temos o sinal tal como entrou; quando abaixamos os controles temos uma atenuação do sinal e para cima temos um reforço do sinal naquela faixa de freqüência. Aproveitando, tanto o equalizador gráfico como os equalizadores da mesa de som quando posicionados para não reforçar e nem atenuar, ou seja, não modificar o sinal, dizemos que a equalização está flat.

Os botões In/Out definem se o equalizador vai atuar ou o sinal passará sem nenhuma modificação, inclusive sem alteração de ganho. O botão Power liga e desliga o equalizador e os controles Gain ajustam o ganho de cada canal. Os leds Peak ou Clip acendem indicando que o sinal de entrada do respectivo canal está muito alto. Caso existam leds Signal indicam que há sinal na respectiva entrada do equalizador. Os equalizadores também podem ter filtros HPF como os das mesas, só que variáveis, eliminando as freqüências abaixo da selecionada pelo respectivo controle. Esse recurso pode ser utilizado para eliminar ruídos indesejáveis ou interferências elétricas. Também podem aparecer filtros LPF, que eliminam as freqüências a partir da selecionada, poupando amplificadores, caixas acústicas e até ouvidos.

3.4. Processadores de Dinâmica

A dinâmica musical se constitui das variações de intensidade e das nuances de um programa musical, é algo bem conhecido para músicos. Pense em uma música bastante trabalhada, certamente ela tem trechos vocais quase sussurrantes e grandiosos e explosivos refrões, solos instrumentais arrasadores e aquela quebradinha bem suave; essa é a dinâmica da música, a variação da sua intensidade de execução. Um orador ora fala com intensidade normal, ora fala propositadamente mais baixo, mais alto ou até grita. Os processadores de dinâmica entram em cena para ressaltar a dinâmica e prevenir excessos tanto para o equipamento como para nossos ouvidos, protegendo ambos. Os processadores de dinâmica existentes são os compressores, os limiters (limitadores), os noise gates, os expanders (expansores) e os companders (compressores-expansores). Vamos falar um pouco mais sobre os dois primeiros que são os mais utilizados.

Os compressores atenuam o sinal de entrada quando este passa acima de um certo limiar nível escolhido pelo usuário (threshold) e a atenuação se dá numa proporção também escolhida pelo usuário, chamada de taxa de compressão (ratio). Exemplificando quando estamos com taxa de compressão de 2:1 temos o sinal de saída igual a metade do sinal de entrada, mas apenas onde o trecho do sinal passa do nível selecionado. Exemplificando em números, se o nosso limiar (treshold) for 5, e a taxa de compressão de 2:1. Um sinal de entrada de intensidade 7, será atenuado para 6; e um sinal de entrada de intensidade 10, será atenuado para 7,5. Isso melhora a extensão dinâmica do sinal e ainda preserva os equipamentos e os ouvidos. Lembrando que a principal causa de queima de caixas acústicas e amplificadores é a presença de sinal saturado em suas entradas, o que sobrecarrega seus circuitos. Os compressores e limiters evitam esse tipo de problema. Os limitadores são basicamente o uso de altas taxas de compressão para evitar que o sinal passe do nível selecionado (taxas tipicamente de 10:1 ou mais). Praticamente todos os compressores encontrados no mercado são compressores/limitadores.

Os controles existentes em todos os compressores são:

Threshold: é o nível de entrada a partir do qual o compressor vai atuar.

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Ratio: controle da taxa de compressão de 1:1, nenhuma compressão até :1, compressão total quando atingido o nível de threshold.

Attack: controla o tempo que levará para o compressor entrar em atuação após o sinal passar do nível de threshold.

Release: controla o tempo que levará para o compressor deixar de atuar após o sinal voltar a ficar abaixo do nível de threshold.

Output: é um controle de volume que pode ser usado para reforçar ou atenuar o nível de sinal de saída do compressor.

Peak/RMS ou Manual/Auto: botão que seleciona o modo que o compressor vai monitorar o sinal de entrada. No modo peak/manual o sinal é monitorado constantemente e podemos selecionar nosso próprio tempo de attack e release. No modo RMS/Auto o compressor ajusta automaticamente esses tempos.

Hard Knee/Soft Knee ou vocal/instrument: botão que seleciona entre uma curva de compressão mais brusca, imediata ou uma curva mais suave e musical.

Bypass: botão que desativa o compressor, fazendo com que o sinal passe sem ser modificado.

Os compressores costumam ter VU's com a indicação da redução do sinal, ou seja a atuação do compressor, nível de sinal de entrada e nível de sinal de saída. A depender do modelo, pode haver algum tipo de seleção da indicação.

Por fim, os compressores possuem um botão que sincroniza a atuação dos dois canais, para uso em estéreo.

Esses são os controles básicos existentes na maioria dos compressores. No painel traseiro temos as conexões de entrada e saída de cada canal e de alimentação. Também podemos ter uma conexão de side chain em cada canal que funciona como uma espécie de insert, podendo controlar a atuação do compressor através de um outro sinal, útil para narrações sobre uma música de fundo, por exemplo.

Os noise-gates atuam como ―botões mute inteligentes‖. Imagine a seguinte situação: um orador está falando normalmente e só percebemos sua voz, quando ele faz uma pausa ouvimos algum chiado que pode ser do próprio sistema, ou algum ruído ambiente captado e que passa a ser percebido. O ideal seria cortar o microfone durante a pausa e abrir novamente quando o orador for falar. E é exatamente isto o que os noise gates fazem.

Os noise gates cortam o sinal quando ele cai abaixo do nível selecionado no controle de threshold (limiar), ou atenuam muito no caso dos expander gates. Porém, antes de cortar ele espera um certo tempo selecionável por outro controle ou botão. Se o tempo for muito curto, ou o threshold muito alto, podem haver cortes indesejáveis do sinal. Os gates possuem um led para indicar quando o sinal é cortado. É comum encontrarmos gates incorporados à compressores.

3.5. Efeitos

Efeitos são aparelhos que modificam o som, essa modificação pode ser produzida de maneira analógica (hoje praticamente só utilizada para instrumentos) ou digital. Os efeitos digitais mais comuns são o reverber (reverberação) que simula ambientes, como hall (sala pequena), stadium (estádio), church (igreja); o delay que atrasa o som podendo gerar eco de acordo com o tempo de atraso e o chorus que simula várias vozes ou instrumentos a partir de um; esses efeitos possuem infinidades de variações, além de obviamente existirem muitos outros tipos de efeito. Hoje encontramos equipamentos multi-efeitos que possuem memórias e podem aplicar vários efeitos simultaneamente, além de outros processamentos como, por exemplo, o de-esser que elimina sibilância, aquele som chato de "sssss". As entradas dos processadores efeitos são retiradas da mesa e suas saídas retornam novamente para ela, para serem mixados com o sinal original. Como veremos mais adiante, efeitos são processadores paralelos.

Os efeitos geralmente vêm com programas pré-configurados, que podem ser modificados e armazenados. Alguns parâmetros importantes são o ―delay time‖ que determina o atraso de tempo para se começar a aplicar o efeito, o ―decay time‖ que determina por quanto tempo o efeito será mantido após cessar o sinal sobre o qual está sendo aplicado, o ―mix/dry/wet‖ que determina a mistura do sinal com e sem efeito (meio a meio, mais com efeito

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ou mais sem efeito) e o ―level‖ que determina o nível de efeito aplicado. Os processadores de efeito também possuem controles dos sinais de entrada e saída.

3.6. Amplificadores, Crossovers & Caixas Acústicas

Os amplificadores são a reta final do sinal de áudio antes que ele volte a ser som novamente. Eles aumentam o sinal, até aí muito baixo, dando-lhe potência suficiente para alimentar as caixas acústicas. Os amplificadores também recebem o nome de potências.

Na parte frontal dos amplificadores temos as chaves liga-desliga e os atenuadores de cada canal. Às vezes temos também um VU que indica o nível do sinal de saída. Existindo leds como protection ou fuse, quando acesos indicam que algum fusível se queimou ou foi acionado algum circuito de proteção.

Na parte traseira temos as conexões Input, que são as entradas dos amplificadores, e Speakers ou Outputs, onde ligamos as caixas acústicas. Também temos os fusíveis e as chaves 110/220V. Alguns amplificadores possuem dois jacks de entrada por canal, ligados juntos para que possamos enviar o mesmo sinal para a entrada de um outro amplificador. As chaves stereo/mono selecionam se o amplificador funcionará em estéreo, com duas entradas independentes ou mono, ligando as entradas dos canais internamente, fazendo com que os dois canais amplifiquem o mesmo sinal. Outro modo de operação do amplificador é em "bridge mono" onde os dois canais tornam-se um único canal mono capaz de extrair a potência máxima do amplificador.

A saída do amplificador possui uma impedância limite de funcionamento, a impedância corresponde à resistência elétrica que a caixa acústica (carga do amplificador) oferece ao mesmo. Podemos ligar as caixas acústicas até obtermos impedância maior ou igual a suportada pelo amplificador, o uso de impedâncias inferiores pode queimar o equipamento. Quando ligamos caixas de mesma impedância uma as outras, através de cabos comuns, obtemos a impedância resultante dividindo o valor indicado para uma caixa pelo número de caixas.

Por exemplo, temos uma caixa de 8 ohms, ligando-se esta caixa a outra de também 8 ohms a impedância resultante é de 4 ohms (duas caixas). Interligando-se quatro caixas obtemos 2 ohms. Essa regra vale apenas para caixas de mesma impedância. Três caixas de 8 ohms interligadas dão 2,6 ohms. Esta conta na verdade é uma associação de resistências em paralelo.

As caixas acústicas acomodam os alto-falantes, drivers e tweeters que são os transdutores, que como visto na introdução, convertem o sinal elétrico vindo do amplificador novamente em som. É preciso escolher e dimensionar corretamente o conjunto caixa acústica-amplificador e, quando necessário, o crossover, para obter-se o melhor resultado sonoro. O posicionamento das caixas acústicas também é um fator muito importante.

Uma caixa acústica possui alto-falantes específicos para graves e médios, drivers para médios e agudos e, ou, tweeters para agudos. As caixas "full-range" cobrem todas as freqüências e podem ser complementadas por caixas para sons graves, equipadas com ―woofer‖ ou "sub-woofer", que são alto-falantes específicos para baixas freqüências.

Os "crossovers", ou divisores de freqüência, separam o sinal que deve passar para cada transdutor da caixa acústica. Os divisores podem ser externos ou internos (dentro da própria caixa acústica), também podemos utilizar os dois ao mesmo tempo com um crossover externo separando sub-woofer de caixa full-range e o crossover interno da caixa full-range funcionando normalmente (ligação muito comum).

4. Ligação e Operação

4.1. Ligação dos Equipamentos

Antes de explicar as ligações propriamente ditas, vamos abordar mais um conceito importante. Usamos vários equipamentos num sistema de som: efeitos, compressores, equalizadores, gates, enhancers, etc. Nos efeitos, o sinal normal (sem efeito) é misturado com o sinal processado (com efeito), o que chamamos de processamento paralelo, ou seja, mixamos o sinal original e o processado. Equalizadores e processadores de dinâmica recebem

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um sinal em suas entradas, o modificam e apresentam um novo sinal na saída, deixando de lado o sinal original; a isto chamamos processamento serial.

As saídas dos efeitos voltam para a mesa em entradas específicas como as AUX Returns ou em canais comuns. Os processadores são ligados no caminho entre a mesa e o amplificador ou nos inserts da mesa, o que produz o mesmo resultado.

Eis um esquema de ligação típico para um sistema de som:

Ligamos microfones, instrumentos e playbacks na mesa. Como já comentamos quanto

aos efeitos, mandamos o sinal da mesa para eles através de uma saída auxiliar e retornamos por um canal ou aux return. Ligamos os processadores um seguido do outro, ou através de cabos Y nos inserts. Na primeira maneira ligamos a saída de um equipamento na entrada do próximo. Quando utilizamos inserts, ligamos o ―pé‖ do Y no insert desejado da mesa e ligamos as outras pontas, conforme a pinagem mais adiante, na entrada do primeiro equipamento e a outra na saída do último; interligamos os equipamentos com cabos da saída de um para a entrada do outro. A vantagem de utilizarmos os inserts das mesas é de manter um cabeamento mais organizado, além de facilitar a utilização do multicabo que pode ser ligado só na mesa, sem precisar ser esticado até um rack. Após os processadores, o sinal chega as potências, indo então para as caixas acústicas. PA e retorno utilizam potências e processadores diferentes; os retornos são ligados a partir das saídas auxiliares e as potências a partir do master da mesa.

P.A. é abreviação de ―Public Address‖ e é o som que é dirigido ao público. Os sides são uma espécie de mini P.A. que funcionam como retornos e são encarados como tal. Dentro desse esquema podemos ligar uma aparelhagem simples com mesa, equalizadores (PA e retorno), compressores (PA e retorno) potências e caixas (PA e retorno); ou qualquer outro sistema mais completo e complexo, com dúzia de equipamentos de efeito e processadores.

Obviamente alguns equipamentos possuem seu lugar correto nesse esquema. Por exemplo o mais usual é deixar compressores gerais (para master e auxiliar) após equalizadores e imediatamente antes do amplificador ou, caso exista, antes do crossover. Ficando a seqüência para P.A. e retorno: mesa - equalizador - compressor - amplificador - caixas acústicas. A próxima figura mostra um exemplo de ligação de um sistema de sonorização. A seqüência crossover-amplificador-caixas será explicada logo a seguir.

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Quanto aos crossovers, há duas maneiras de ligá-los. A primeira e mais utilizada, aliás,

no geral, mais recomendada, é antes de todos os amplificadores. No desenho temos o esquema para a ligação de uma caixa full-range com divisor de freqüências interno e uma caixa externa de sub-graves, utilizando um crossover externo de 2 vias. Esse é um tipo de ligação muito comum e devemos nos lembrar de que as caixas de graves e sub-graves têm melhor desempenho quando estão no chão. Se utilizássemos um crossover de 3 vias teríamos mais um amplificador ligado a mais uma caixa.

Outra possibilidade para essa configuração de PA é ligar o crossover como se fosse um ―bass-booster‖, sem cortar os graves das caixas full-range. Note que utilizamos a entrada do primeiro amplificador para ligar o crossover.

Ao instalarmos um equipamento de áudio devemos tomar cuidado com a parte elétrica,

pois ela pode ser fonte de interferências além de poder colocar o equipamento em risco

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quando mal feita. A instalação elétrica deve ser adequada e com bom aterramento, que é extremamente necessário. Por melhor e super-dimensionada que possa ser a instalação elétrica, devemos sempre utilizar filtros de linha e estabilizadores para os equipamentos.

Outro cuidado de suma importância é a utilização de bons cabos de áudio. O cabo deve possuir malha bem trançada, que não se desfaça sozinha ―só de olharmos para ela‖; acredite, isso acontece em muitos cabos. Seus condutores internos (+ e -) devem ser trançados e suas capas devem ser siliconadas, além disso a capa externa não deve ressecar facilmente. Quanto aos plugues, devem ser metálicos, resistentes e de tamanho (diâmetro) proporcional à bitola do cabo a ser utilizado. Procure utilizar plugues banhados a ouro, por possuírem durabilidade maior.

Os cabos de áudio podem ser desbalanceados (positivo e terra) ou balanceados (positivo, negativo e terra). Os cabos balanceados são mais imunes a interferências e podem ter comprimentos maiores, além das conexões balanceadas possuírem um nível mais alto de sinal (ganho de 6dB). Devemos usar ligações balanceadas sempre que possível. Utilizamos a malha do cabo para o terra, a cor quente para o positivo (vermelho) e a cor fria para o negativo (preto/branco); quando o cabo é desbalanceado podemos ligar o negativo com a malha. Nas figuras vemos a pinagem dos plugues XLR, que ainda são chamados por muitos de cannon, que nas verdade é uma marca. Vemos também a pinagem dos plugues P10 (plugues de guitarra). Lembrando que as mesas inglesas possuem os pinos + e - (2 e 3) do conector XLR invertidos.

A pinagem dos cabos Y para uso nos inserts das mesas é a seguinte:

É importante que os cabos sejam bem soldados (não tenham solda fria). Também é

sempre bom testá-los antes de utilizá-los, dado que um cabo em curto pode danificar a saída de um equipamento, ou dar uma boa dor de cabeça a quem estiver procurando o problema. Não se deve soldar a malha à carcaça do plugue XLR (a tira de metal oposta ao pino 3).

Cabos e mais cabos, vamos falar dos multicabos. Por dentro dessas ―mangueiras pretas‖ passam vários cabos juntos, de modo a facilitar a instalação dos sistemas de sonorização. A cada um desses cabos nos referimos como vias do multicabo. O uso mais típico e mais necessário é a interligação da mesa até o ponto de ligação dos microfones e

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instrumentos, geralmente o palco; mas também podemos usar outros multicabos como extensões do multicabo principal. Na ponta onde ligamos os cabos, há uma caixa que pode ser chamada de banheira, medusa, ou snake.

No multicabo podemos ter sinais indo e voltando ao mesmo tempo, ou seja, os sinais dos microfones e instrumentos vão até a mesa de som pelo multicabo. Os sinais para os retornos e para o PA voltam pelo mesmo multicabo até os amplificadores, ou crossovers. Jamais utilize sinal amplificado no multicabo pois isso traz uma série de problemas. Quando da instalação (passagem) do multicabo, evite cruzar com fios elétricos ou dar voltas excessivas; procure o caminho mais curto e deixe o multicabo bem protegido.

Algumas derradeiras considerações são fazer-se uma instalação limpa, organizada, separando ao máximo cabos de áudio de cabos elétricos, identificando adequadamente os cabos e equipamentos, não utilizando comprimentos exagerados e ocultando ao máximo os cabos. Sem uma boa instalação é impossível conseguir-se uma boa e duradoura qualidade de som. Reforçando: devemos tomar todo o cuidado com a instalação do equipamento para garantirmos o melhor de sua qualidade sonora e de sua vida útil. Jamais economize com cabos, plugues, ou adequação da instalação elétrica. A melhor qualidade de som não está em equipamentos caros e sim na boa instalação e na boa utilização dos equipamentos.

4.2. Regulando o Equipamento

Instalado o equipamento chegou a hora de o regularmos para se extrair o máximo rendimento. Vamos ver apenas o básico e começamos pelo mais importante que é a equalização. Vamos tratá-la de maneira que possamos fazê-la bem, mas com um mínimo de recursos. Juntamente com a equalização vamos ajustar também os ―volumes‖ das potências.

É importante saber, antes de começarmos a equalização, que há uma característica de nossa audição muito fácil de comprovar, mas que sempre passa desapercebida. Nós passamos a ouvir as freqüências mais baixas a partir de uma certa intensidade, portanto, quando começamos a aumentar o volume, iremos ouvir primeiro os sons médios e agudos e, depois de um certo ponto é que começaremos a ouvir os graves.

O procedimento para a equalização é o seguinte. Primeiro, ligamos um aparelho de CD na mesa de som. Escolhemos um ou mais CDs bem gravados e que conheçamos bem. Deixamos o canal da mesa flat, com o volume em 0dB e ajustamos o ganho de maneira que os trechos mais fortes da música atinjam 0 dB no VU da mesa (solo do canal). O master da mesa também deve estar em 0 dB. No equalizador deixamos os canais em in e o ganho inicialmente no zero. No equalizador, deixamos seus canais em in e colocamos todos os controles de freqüência no meio (flat) e podemos cortar (abaixar todo) o controle de 20Hz se houver e, caso seus falantes de graves sejam de 15", corte também os de 25 e 31Hz, se houverem. Para retornos, com o falantes de 10‖, ou 12‖, podemos abaixar todos os controles antes dos 60Hz, ou até os 100 Hz. Os equalizadores têm geralmente 15, 30 ou 31 faixas de ajuste por canal, por isso alguns equalizadores não terão todas as freqüências especificadas aqui. Se houver um botão para ajuste do ganho dos controles, deixe-o na posição de menor ganho. Podem haver também filtros para a máxima e mínima freqüência que o equalizador trabalha (HPF e LPF), deixe o LPF em 20 kHz e o HPF a partir da última freqüência que foi cortada (20 ou 31 Hz).

Os ―volumes‖ das potências devem ficar no máximo. Caso o som esteja alto demais, abaixe os atenuadores, até obter o volume desejado. Caso o som ainda esteja baixo, você pode aumentar o ganho do equalizador, mesmo que necessite colocá-lo no máximo. Esse ―volume‖ da potência, na verdade é apenas um atenuador. As potências não amplificam mais ou menos quando mexemos nele, elas amplificam sempre igual. Quando regulamos os atenuadores, diminuímos o sinal que chega na potência, fazendo com que ela tenha menos sinal para amplificar, por isso o volume é menor. Podemos atenuar de todo o sinal de entrada até deixar passá-lo totalmente. Portanto, não há nenhum problema em deixar as potências no máximo.

Equalize cada lado do PA por vez e depois repasse os dois lados juntos. Equalize cada via de monitoração (retorno) por vez (só o monitor sem PA) e repasse todas juntas. No final abrimos tudo, PA e monitores para vermos se está tudo legal e repassar o volume de cada um. Na equalização devemos ouvir o som de maneira direta, sem obstáculos, mesmo que para isso tenhamos de nos deslocar de onde está o equalizador. Nosso objetivo é obter o máximo de qualidade e nitidez.

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Provavelmente perceberemos que os PAs e retornos não estão perfeitos, precisamos então ajustar os controles de freqüências do equalizador em busca do melhor som possível. Podemos nos orientar pelo seguinte:

O controle próximo de 60 Hz pode ser usado para cortar ruído elétrico, junto com o de 80 Hz influenciam bumbo e contra-baixo; as vozes, guitarras, a parte superior do teclado e a maior parte dos instrumentos musicais estão nas freqüências médias, entre 0,4 a 4 kHz; os controles a partir de 5 kHz lhe proporcionam clareza e nitidez ou, quando em exagero, excesso de sibilância (éssss, ésssse); as freqüências abaixo de 250Hz atuam em instrumentos graves e também em baixos vocais, podem dar o peso necessário, mas quando em excesso abafam o som. A freqüência de 125 Hz costuma amenizar ruídos de P e B. Quando as freqüências médio-agudas ou agudas estão muito altas o som pode apitar (microfonia), a solução é atenuar essas freqüências.

É comum reforçarmos um pouco as freqüências mais altas, devido à nossa dificuldade de ouvi-las, porém, com algumas combinações de ambiente, equipamentos e caixas, pode ocorrer radicalmente o contrário. Se existir diferença de volume entre os lados do PA devemos atenuar o ganho do equalizador no lado mais forte até que ambos se igualem.

Durante a equalização devemos utilizar músicas mais suaves e músicas mais pesadas e quando terminarmos é interessante repassar tudo com um bom microfone para fazer-se os pequenos ajustes que ainda forem necessários. Para saber se a equalização está bem feita é simples, abaixamos o master até um volume mínimo, devemos ter nitidez no som, mesmo apesar do volume baixo. Aumentamos o master, passando do zero até ficar consideravelmente alto, o som não pode perder nitidez e começar a ―embolar‖ todo. Dois conselhos finais para a equalização: É sempre melhor atenuarmos as freqüências que estão sobrando do que reforçarmos as que faltam. Procure manter sua curva de equalização (o desenho formado após o ajuste) o menos forçada possível, se a curva estiver quase flat melhor.

A equalização não é para ser mexida a qualquer hora, ela é fixa, pelo menos na imensa maioria do tempo. A equalização da mesa sim é para usarmos a nosso bel-prazer.

O ajuste básico de compressores para PA ou side é:

Threshold: comece com 0dB e ajuste para começar a comprimir próximo dos picos de sinal de entrada; em alguns compressores com VUs coloridos, quando ele entrar no amarelo.

Ratio: a taxa mais comum para esse tipo de aplicação é de 4:1, ou 3:1.

Attack e Release: pode-se deixar automático ou experimentar sua própria configuração, quando bons pontos de partida são entre 5 e 50ms para attack e cerca de 500ms para release.

Output: deve ser utilizado para compensar eventuais perdas de volume com a compressão, ou quando for preciso conseguir um pouco mais de som. O ponto de partida é 0dB.

Selecione a curva de compressão mais suave e macia e, para aplicação em PA ou side, se o compressor estiver em estéreo "linke" os dois canais.

A maneira mais usual de se regular o noise gate, também para PA ou side, é ―abrirmos o som‖, isto é, levantar os volumes, inclusive os microfones, e ouvirmos o ruído existente. Ajustamo então o threshold do gate até que ele feche. Qualquer sinal que passar do nível de threshold fará com que o gate abra, deixando o sinal passa normalmente. Para PA e side costumamos usar tempos de acionamento de médio para lento.

Quando nosso sistema utiliza crossovers, eles devem ser ajustados antes do equalizador. Isto porque o ajuste da freqüência de crossover, ganho de graves e de médio-agudos, já são na prática uma equalização. Para ajustarmos a freqüência de crossover devemos considerar a resposta da caixa, que podemos obter em catálogo ou manual do fabricante, ou com o revendedor. No caso de graves, essa freqüência costuma estar entre 100 e 300Hz e para sub-graves entre 40 e 80 Hz. O ouvido deve ―dar a última palavra‖ para julgar a freqüência correta. O reforço, ou atenuação, de cada via deve ser ajustado para obter uniformidade no som da caixa. Esse ajuste fará com que o equalizador seja mantido mais próximo do flat.

Ajustado o equipamento é bom anotar a regulagem e guardar em um lugar seguro e ao mesmo tempo de fácil acesso, para quando for necessário arrumá-la ou refazê-la. Agora estamos prontos para aprender um pouco sobre a operação.

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4.3. Operação

Para sermos bons operadores de som precisamos de experiência; prática, prática, prática... Existem alguns pontos básicos e até alguns segredinhos que irão ajudar muito e que apresentamos a seguir.

Ao ligar o equipamento, comece pelo filtro de linha, depois a mesa, os periféricos em ordem, ou seja, primeiro os equalizadores, depois os compressores, etc. E, por fim, os amplificadores. Na hora de desligar, siga a ordem inversa, desligando primeiro os amplificadores, depois os periféricos, depois a mesa. Isto evita que os picos de sinal produzidos na saída dos equipamentos prejudiquem os equipamentos que estão ligados na seqüência. Isso inclui também aqueles ―estouros‖ nas caixas de som na hora de ligar o equipamento.

Os ajustes de equalizadores (PA e retornos), crossovers e delay são basicamente fixos, após regulados devem ser mantidos e conferidos, isto sim, sempre que operarmos o som. Já nos compressores e noise-gates mexemos um pouco de acordo com a necessidade.

Controles de ganho e volume na mesa nunca ficam no máximo, pois nessa condição o sinal é distorcido. O master costuma ficar estacionado em 0dB quando a mesa nos permite usar mais do que esse valor, ou um pouco abaixo quando o limite for o 0dB. Se estivermos precisando abaixar o volume de todos os canais ou aumentar, é sinal que precisamos mexer no master ou em algum outro equipamento para atenuar ou reforçar o sinal, o controle output do compressor pode ser uma boa saída quando precisamos reforçar o sinal.

E agora vai um segredinho: a relação entre ganho e volume nos canais. Devemos procurar trabalhar com os volumes de cada canal em torno do 0dB e ajustarmos o ganho para isso. Quando estamos colocando muito ganho, aumentamos um pouco mais o volume do canal. Quando estamos com o ganho muito baixo, a não ser que estejamos com sinal de linha onde o ganho geralmente é mínimo, abaixamos o volume do canal e aumentamos um pouco o ganho. Portanto o segredo é buscar o equilíbrio entre ganho e volume no canal, o que garante a melhor qualidade do sinal e, por conseqüência, do som.

Quanto a equalização valem as dicas que já foram colocadas, especialmente o parágrafo que fala sobre a atuação de cada freqüência. Os ajustes de graves das mesas costumam atuar na freqüência de 80 ou 100Hz e os agudos nas de 10 ou 12kHz. Os médios muitas vezes possuem a freqüência ajustável, são os chamados semi-paramétricos ou sweep, e ajudam bastante nosso trabalho. Os filtros HPF devem ser utilizados sempre, com exceção da utilização de aparelhos de CD, decks e rádio, direct-boxes (teclados e contra-baixos) e bumbo quando utilizando microfone específico; se bem que, mesmo no caso de microfones de bumbo, algumas vezes é conveniente utilizar o filtro HPF.

Ao aumentarmos o ganho do canal permitimos que os microfones captem o som mais longe, assim quando uma pessoa está utilizando um microfone, aumentando o ganho permitimos que ela fale mais longe dele; porém, ganho demais, ou agudo demais, são duas das causas da nossa arquiinimiga microfonia.

A microfonia é provocada pela realimentação do som, isto ocorre quando o som que sai na caixa acústica é captado novamente no microfone; daí saindo novamente na caixa acústica e retornando ao microfone, com o som retornando à caixa acústica e voltando ao microfone... Nesse processo o volume vai aumentando, aumentando, começa aquele zunido, até chegar no apito irritante e destruidor de tweeters, drivers e ouvidos, que é a microfonia. Portanto a microfonia mais comum é causada por um ou mais microfones captando o som que está saindo em alguma caixa acústica. As soluções, de acordo com o caso, são afastar o microfone da caixa ou, caso esteja apontado para a caixa (vocais com microfone de mão) mudar sua posição, ou diminuir o ganho do canal, ou o volume, ou ainda fazer tudo isso.

Para cortar momentaneamente a microfonia pode-se fazer uma jogada rápida de volume no canal específico ou no próprio master, abaixando-o um pouco e voltando-o para a posição original bem rápido (menos de 1 segundo), isto também funciona para evitar que a microfonia aconteça quando começa aquele zunido típico.

Outra causa de microfonia é quando o palco treme, então os microfones que estão nos pedestais podem provocar uma microfonia um pouco diferente, com som grave e que vai começando como um ronco. Para eliminá-la devemos atuar nos controles de grave, volume e sensibilidade dos canais, e também é importante firmarmos bem as bases dos pedestais de microfone, sem ficar com elas totalmente encostadas no chão.

Algumas mesas de som, nos volumes de cada canal, monitores e master, possuem dois estágios; no primeiro regulamos o volume até o centro, marcado com U ou 0, ou seja,

Page 21: Ministério de Som

regulamos desde a ausência do som até a intensidade de entrada (na posição U/0); do centro até o máximo é adicionado um ganho extra ao sinal. Da mesma forma na equalização, onde até o centro temos atenuação, no centro o ponto neutro e, após, reforço na faixa de freqüência correspondente.

Não mixe pelo fone de ouvido pois, o que ouvimos nele é bem diferente do que ouvimos no PA. O fone pode ser usado para identificar o que, ou quem, está em cada canal; para detectarmos problemas e para repassar a equalização em cada canal, ajustando algum detalhe depois que tudo já esteja arrumado. O fone deve ser uma ferramenta e não uma ―muleta‖, não se torne dependente de fone para mixar e se isto estiver acontecendo é melhor esconder seu fone por algum tempo.

Quando colocamos música de CD, ou fita, é de bom gosto começar a aumentar o volume lentamente, o que chamamos de fade in e no término da música abaixarmos o volume lentamente, fade out. Este recurso é muitas vezes utilizado em mixagens de fitas e CDs, ora feito pelos próprios músicos, ora feito na mixagem pelo operador. Muitas vezes podemos utilizar o fade com música ao vivo mesmo.

E por fim a essência da mixagem, um princípio da qualidade total: "um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar". Essa frase do programa 5S é a essência da boa mixagem. Cada instrumento e cada voz têm o seu lugar e a mixagem consiste em deixar cada coisa no seu lugar, ajustando o ganho e o volume para que aquela voz ou instrumento apareça o quanto precisa aparecer e, ajustando a equalização para que apareça com o som que deve aparecer. Assim o resultado será uma boa mixagem, ou seja, um bom som.

4.4. Manutenção

Toda instalação de sonorização requer cuidados para que sua qualidade seja mantida. Muitas vezes é difícil implantar uma cultura de manutenção preventiva, mas ela é sempre mais rápida, menos trabalhosa e mais barata que a manutenção corretiva, aquela quando o equipamento pifou.

Um cuidado básico para a conservação do equipamento é simplesmente cobri-lo. Ter uma flanela sempre a mão também é recomendável.

De tempos em tempos, ―desde que curtos‖, deve ser feita uma manutenção preventiva básica, onde, além da flanela, entrem em cena alguns panos umedecidos com detergente neutro (umedecido e não molhado), para a limpeza dos equipamentos. Aproveite para desconectar todos os cabos, e limpá-los. Pode-se passar silicone neles. Limpe as espumas que protegem as ventoinhas dos amplificadores. Inspecione os cabos e conectores e refaça, ou substitua, os que não estiverem bons. Enfim, limpeza, verificação e pequenos consertos.

A cada semestre, peça a ajuda de um técnico ou operador bem experiente para uma manutenção mais aprofundada. Essa manutenção deve incluir a limpeza interna dos equipamentos, caixas e cabeamento, inclusive as medusas; aproveite para fazer uma limpeza externa mais cuidadosa também. Deve-se checar o perfeito funcionamento de cada equipamento. Pode ser necessário limpar potenciômetros e botões, o que pode ser feito com um spray específico, ou requerer o trabalho de um técnico. Verifique também a instalação elétrica, a impedância das caixas acústicas e a fixação das mesmas. Troque as espumas dos microfones (wind screens) e, eventualmente, as dos filtros das ventoinhas. Após terminar a manutenção e religar o equipamento, aproveite para verificar novamente a regulagem.

4.5. Treinando a Audição

Para ser um bom operador de som é preciso ter uma boa audição, mas sobretudo uma audição bem treinada. Podemos treinar nossa audição seguindo algumas dicas simples, ensinadas muitas vezes em escolas de música. Nosso objetivo é conseguir identificar e separar cada voz e instrumento em meio a vários outros. Além disso precisamos conhecer cada estilo musical e suas características sonoras. Vamos adquirir também um pouco de senso crítico e começar a moldar nosso próprio estilo de operação de som.

Comece colocando duas ou três fontes de som ligadas ao mesmo tempo. Podem ser três rádios em estações diferentes. Deixe um deles num volume um pouco maior que os outros. Concentre-se no som produzido por ele de maneira a entendê-lo, isolando o som em sua mente, sem se preocupar com os outros rádios, como se os houvesse desligado. Quando

Page 22: Ministério de Som

conseguir fazer isso, coloque os rádios todos no mesmo volume e comece a tentar isolar o som de cada um, é difícil no começo, mas não é nada impossível.

Praticado o exercício anterior, vamos passar ao CD ou outra fonte sonora de boa qualidade que você tenha acesso. Vamos começar a ouvir diferentes estilos, observando quais instrumentos mais se destacam e quais são mais exigidos em cada estilo. Abaixe totalmente o volume de seu aparelho de som e comece a aumentar lentamente até que consiga ouvir baixos e bumbos com definição. Procure separar cada instrumento em sua mente, desligando os outros instrumentos; faça a mesma coisa com as vozes. Associe o som dos instrumentos com seus nomes, mesmo que você tenha que pesquisar para descobrir. É importante que um operador de áudio conheça os instrumentos musicais, seus nomes e seus timbres. Em tempo, o estudo dos instrumentos musicais recebe o nome de organologia. Comece com músicas que tenham poucas vozes e instrumentos e vá aumentando a dificuldade de seu treinamento, até chegar a orquestras e grandes bandas.

Comece a criticar o que está ouvindo, o que você ―mixaria‖ diferente? O que não ficou legal? O que ficou muito bom? Será que podemos encontrar algum erro de mixagem? Essas críticas lhe ajudarão a determinar seu estilo de mixagem. Não há um único jeito de mixar. Cada operador tem seu jeito e deixa a mixagem com sua cara. Tenha personalidade. O que é necessário é que sua mixagem seja correta e coerente com o estilo musical e o público, que as vozes tenham clareza e que a audição não seja prejudicada por falta ou excesso de volume. Continue exercitando sua audição e não pare jamais, a não ser que queira parar com áudio.

Page 23: Ministério de Som

5. Considerações Finais

Agora é a hora de praticar os conhecimentos, não tenha medo de errar ou fazer alguma besteira, o tempo e as experiências nos fazem ficarmos mais seguros e melhores.

Não tenha vergonha de ouvir outras pessoas, mesmo que saibam menos que você, o pouco que elas sabem pode ser algo que você ainda não sabe.

Procure pesquisar e aprender o máximo, através de outras pessoas mais experientes, revistas e livros técnicos, sites de empresas de áudio na internet e o que mais for possível. Aproveite todas as oportunidades de aperfeiçoamento e aprendizado e mantenha-se atualizado pois o áudio é uma ciência que ainda se desenvolve muito rapidamente.

Não tenha preguiça de ler os manuais. Não vicie em tais modelos e tais configurações, conheça novos equipamentos e as

possibilidades para o sistema que você trabalha normalmente. Devemos estar prontos para uma mudança.

Não se afobe para resolver um problema repentino, seja frio, pense primeiro e então aja.

Mais um vez, seja frio. Tenha bom senso. Dedique-se. Não é preciso ser profissional para agir com profissionalismo e fazer seu trabalho como

se fosse um. Peça capacidade a Deus.

6.ANEXOS

Caixas Ativas ou Passivas?

A escolha das caixas acústicas é algo um pouco mais complexo. É preciso verificar se as caixas

atendem às suas necessidades de cobertura sônica. A cobertura sônica depende fundamentalmente de dois

parâmetros: ângulos de dispersão (horizontal e vertical) e sensibilidade. Em geral, os fabricantes de caixas

mais baratas não oferecem quaisquer informações sobre o produto além de potência e impedância. Tente

conseguir um teste das caixas no templo e veja como se comportam. Mas não esqueça de tentar obter

essas informações com o vendedor, ou fabricante, se já não estiverem disponíveis. Sobre caixas ativas e

passivas, acho as ativas, de longe, uma melhor opção. As vantagens são muitas:

a) você pode mandar o sinal mixado por meio do multicabo, economizando na compra de cabos

para caixas;

b) praticamente elimina o problema de baixo fator de amortecimento, que é função da

impedância. As resistências dos cabos se somam às impedâncias das caixas, diminuindo o fator de

amortecimento, degradando o desempenho dos amplificadores. Como nas caixas ativas, os cabos são

eliminados, o fator de amortecimento do amplificador embutido na caixa não sofre alteração;

c) ocupam menos espaço e facilitam o transporte.

A principal desvantagem é o preço mais salgado. (DF, na lista somigrejas)

Dicas para Boa Sonorização

1. Só porque seu sistema de som é capaz de gerar 110 dBA não significa que você

tenha que usá-lo em toda a sua capacidade. Tente manter a música baixa o suficiente para que

todos ouçam, mas não tão alto de forma a gerar desconforto ou mascarar a adoração

congregacional.

2. O volume de voz da pregação deve ser confortável, natural. Onível deve ser

semelhante a uma conversação face a face. Se o volume da pregação estiver muito alto irá fatigar

a congregação. 65-70 dBA é o nível recomendado para ambientes de baixo ruído.

3. Se algo não está soando bem, concerte na fonte. Afine a bateria, troque as

cordas, mude o microfone, etc. Utilize seus ouvidos mais do que o equalizador.

4. Procure utilizar técnicas de microfonação adequadas. Mantenha o microfone

próximo da fonte sonora e o mais afastado possível das caixas. Afaste os microfones direcionais

Page 24: Ministério de Som

das caixas ou fontes de sons indesejados. Dessa forma, você conseguirá maior ganho antes da

realimentação e maior controle na mixagem. Entretanto, se você posicionar os microfones muito

perto de fontes como um coral, provavelmente não conseguirá captar a harmonia apropriada das

vozes.

5. Não microfone tudo. Seis microfones condensadores para um coro de 15 vozes

é bobagem. Em matéria de microfonação no palco, menos é mais. Microfones em excesso

confundem a mixagem e aumentam as chances de microfonia.

6. Seja inteligente e relativamente espartano com os efeitos. Você está mixando

em uma sala com reverberação natural? Então você não precisa adicionar reverb. Use efeitos

como tempero.

7. Processadores de dinâmica são seus amigos. Apesar das pessoas abusarem

freqüentemente dos compressores, eles são ferramentas maravilhosas quando usados

apropriadamente. E os gates podem ajudar a manter a mixagem limpa e prevenir microfonias.

8. Saiba como seu sistema de som se comporta em toda a sala. Talvez você esteja

mixando próximo a uma parede e por causa disso você escute mais graves que o resto da

congregação. Ou talvez a posição de sua console de mixagem não tenha cobertura direta para as

altas freqüências e você estoure os ouvidos de todos com os agudos. (DF)

Manutenção Preventiva do Equipamento de Áudio

1) Microfones e Cabos

- compre espumas protetoras para os mics... troque-as periodicamente (no máximo de 6

em 6 meses);

- oriente os usuários... mostre a eles como usar o microfone corretamente. Confira o

artigo Microfones: Amigos ou Inimigos?;

- com relação aos cabos, ensine aos membros de sua equipe a forma correta de enrolá-

los e armazená-los (nada de enrolar no braço e depois dar um nó);

- revise seus conectores a cada 6 meses... utilize sempre conectores de qualidade (Santo

Ângelo, Wire Conex, Neutrik...);

- faça o mesmo para os multicabos e cabos de conexão entre os equipamentos.

2) Mesas e Periféricos

- sempre proteja seu set depois da utilização (case, capa, etc...). Um dos principais

inimigos de equipamentos eletrônicos é a poeira;

- no mínimo, a cada 3 anos, submeta sua mesa à inspeção de um técnico em eletrônica...

peça a ele que meça os potenciômetros e verifique se estão dentro dos padrões... caso

contrário, substitua-os... se a utilização da mesa for mais intensa, diminua o prazo para

2 anos (a poeira que entra nos potenciômetros altera seus valores).

3) Caixas

- Verifique periodicamente as conexões da caixa... plugues mal conservados podem

causar curto-circuito e danificar o amp;

- meça a impedância do sistema caixa-cabos periodicamente... primeiro verifique a

caixa separada e depois a caixa + cabo... veja se o valor de impedância sofre alteração

significativa... em caso positivo, verifique o estado dos fios condutores do cabo para ver

se estão enferrujando... nesse caso, troque a cabeação.

4) Amps

- mantenha seu amp longe de poeira e em local arejado;

- a cada 4 anos, submeta seu amp a inspeção de rotina e verifique os transistores de

potência e os dissipadores de calor... se ele possuir ventilação forçada, limpe o filtro a

cada 6 meses... se a utilização for intensa, reduza os prazos acima à metade.

5) Procedimento padrão

- ligue o(s) amplificador(es) por último e desligue-o(s) primeiro... sempre com os

atenuadores fechados;

- mantenha um histórico de cada equipamento... partindo da data em que foi comprado

(se for possível), registre todas as ocorrências de manutenção executadas no aparelho...

isso o ajudará a saber o tempo correto para nova inspeção. (DF)

Page 25: Ministério de Som

Longa vida à seu equipamento de áudio

1) Ao ligar o equipamento, comece do filtro de linha (que você deve ter), depois a mesa,

os periféricos em ordem, ou seja, primeiro os equalizadores, depois os compressores... e

por fim os amplificadores. Na hora de desligar, siga a ordem inversa, desligando

primeiro os amplificadores, depois os periféricos, depois a mesa. Isto evita que os picos

de sinal produzidos na saída dos equipamentos prejudiquem os equipamentos que estão

ligados neles, isso inclui também aqueles “estouros” nas caixas de som ao ligar-se o

equipamento.

2) Cubra o equipamento para evitar acúmulo de poeira. As espuminhas que protegem as

ventoinhas jamais devem ser retiradas. Limpe-as constantemente e recoloquem no

equipamento.

3) Sempre que possível, ligue seu equipamento de som num circuito elétrico especial,

somente para ele e com disjuntor próprio.

4) Aterre todo o seu equipamento em um bom aterramento! Para saber se seu terra é

confiável, meça com um multímetro a tensão entre o pino terra e o neutro da rede. Deve

dar uma tensão menor do que 3 volts, se der maior não ligue nada nele e procure um

eletricista, seu terra não é confiável. Se der zero volts, provavelmente não há terra.

5) Procure não cortar o pino terra dos plugues dos cabos de alimentação e sim usar

adaptadores, especialmente aqueles um pouquinho melhores que indicam a conexão

correta da fase e do neutro. (FVF)

Equalização - A Arte

Você acha que estou exagerando!? Acho que não. Realmente, equalizar é uma arte! Se você

perguntar a qualquer pessoa quais são os principais atributos que um artista deve possuir, seja ele de que

área for – músico, cantor, ator, artista plástico, escultor, pintor, etc –, a maioria vai responder que é

necessário talento e, ou, sensibilidade. Um operador de áudio precisa ter exatamente esses atributos:

talento e sensibilidade. Eu diria que 80% de uma boa equalização são feitos com base na sensibilidade do

operador. Os outros 20% ficam por conta do seu conhecimento técnico. Mas estes 20% fazem muita

diferença. Você consegue imaginar um músico de talento que não sabe como tirar um Fá de seu

instrumento!?

É lógico que sua sensibilidade para equalizar é uma arma poderosa, mas conhecendo alguns

conceitos técnicos, você poderá potencializar seu talento de forma a realizar um trabalho de altíssima

qualidade. Vamos, então, analisar uma situação prática. Com base nela vou apontar alguns conceitos que

você poderá utilizar quando estiver diante de um equalizador, que em geral é uma ferramenta amiga, mas

que pode se transformar num monstro. Então vamos lá...

O que fazer quando...

... falta definição no som e não se consegue entender nada apesar do volume estar alto!?

O ouvido humano é capaz de perceber freqüências na faixa de 20 Hz a 20.000 Hz. Esses limites

variam de pessoa para pessoa e decrescem com a velhice.

É importante dizer que o ouvido não percebe as diferentes faixas de freqüência (graves, médios e

agudos) da mesma forma. Ele é um tanto seletivo e, por isso, quando o sinal sonoro chega, ele

automaticamente reforça os médios em detrimento dos graves e agudos. A maior seletividade do ouvido

se dá próximo aos 3.000 Hz.

Outro aspecto interessante é o fato de que essas características de audição vão se modificando à

medida que a intensidade sonora (volume) cresce. Ou seja, com o aumento do volume, o ouvido vai

igualando as faixas de graves e agudos aos médios, até estarem no mesmo nível. Entretanto, isso se dá

com um nível de pressão sonora altíssimo, o que é prejudicial à nossa saúde auditiva.

Sendo assim, a inteligibilidade do som está mais ligada à forma como o ouvido percebe os sinais

sonoros do que com o volume. Se você tem problemas de inteligibilidade, procure melhorar o ganho dos

médios, que estão compreendidos na faixa de 500 Hz a 5.000 Hz, e especialmente das freqüências

próximas a 3.000 Hz. Mas você deve estar atento ao fato de que se o volume sofrer alteração, a

equalização também sofrerá.

Conclusão É claro que isso também não é uma receita de bolo (vocês lembram de como minha mulher faz

bolo?). Num ambiente acusticamente deficiente, essas ações não serão suficientes para corrigir as

imperfeições da sala. Para estas situações, aconselho você a procurar um técnico especializado que possa

Page 26: Ministério de Som

avaliar os defeitos acústicos e realizar uma consultoria para a solução dos problemas. Entretanto, apenas

com essas informações vocês serão capazes de melhorar a qualidade do som produzido sem agredir

àqueles que estão ouvindo.

Também é bastante importante que todas essas ações de equalização e ajustes do sistema sonoro

sejam realizadas antes do culto. Você deve desenvolver um modo de trabalho em que o som possa ser

"passado" antes do início da reunião. Nessa hora você poderá fazer todos os ajustes necessários e quando

o culto começar tudo estará pronto, e nada mais deverá ser alterado. Mas você me dirá: equalizar com o

ambiente vazio é uma coisa, com o ambiente cheio é outra... Concordo, mas pra isso existem os controles

tonais das mesas. Quaisquer ajustes que se façam necessários durante o culto, que serão mínimos, devem

ser feitos na mesa e nunca no equalizador.

Outro aspecto que vale destacar é que, em geral, nós não nos contentamos em utilizar o

equalizador em posição flat. Sempre precisamos dar uma "reguladinha" aqui, outra ali para "melhorar" o

som.

Na verdade, quem possui um sistema sonoro no qual não precise fazer ajustes, é um felizardo.

Uma das principais ações para uma boa equalização é: "regule" o menos possível. Quanto menos você

"regular" melhor será sua equalização. Dessa forma você estará mantendo o sinal sonoro o mais próximo

possível da realidade.

Espero poder ter esclarecido algumas de suas dúvidas, mas se ainda tiverem algumas, podem me

mandar um e-mail ou ligar... só custa R$ 2,75 por minuto... eheheheh...

Equalizador — Um Bicho de Muitas Cabeças!

É verdade! Quantos faders (aqueles botõezinhos no painel) existem no seu equalizador? Se o seu

for igual ao da maioria, deve ter uns 30 daqueles controles! E isso em um canal só! Ou seja, no total

possui 60 botõezinhos. O que fazer com tanto botão!?

Bom, vamos devagar... Antes de saber o que fazer com eles, você precisa saber para que servem,

concorda!? Então vamos lá...

Filtros e Equalizadores

Todo EQ é composto de vários filtros eletrônicos. Os filtros eletrônicos são circuitos que deixam

passar, através de si, faixas de freqüências pré-determinadas, delimitadas por freqüências especiais que

chamamos freqüência de corte. Os filtros também são capazes de impor à faixa de freqüência um certo

ganho ou atenuação, ou seja, pode torná-la mais ou menos intensa.

Cada um daqueles faders, ou potenciômetros, ou controles deslizantes - você pode chamá-los

como quiser - encontrados no seu EQ é um filtro sintonizado, ou ajustado, naquela freqüência que vem

impressa no painel frontal do equipamento, sobre o fader.

Ah! Antes que eu me esqueça... Esses EQs que possuem tantos controles deslizantes são

chamados equalizadores gráficos. Existem outros tipos de equalizadores, como o paramétrico, sobre os

quais conversaremos em outra oportunidade.

Classificação dos EQs Gráficos

Os EQs gráficos podem ser classificados em 3 principais categorias: EQ de oitavas, de meia

oitava, ou de um terço de oitava. Opa, opa, opa! Pera lá! Que negócio é esse de oitava!?

Calma que já vou explicar, oitava é o intervalo entre duas freqüências onde a 2ª é o dobro da 1ª.

Quer um exemplo? No intervalo de 100 a 200 Hz, 200 Hz é a oitava de 100 Hz. Quer outro? A freqüência

do Lá fundamental é 440 Hz. Sendo assim, a oitava do Lá fundamental será outro Lá com freqüência

igual a 880 Hz.

Pra facilitar, normalmente o EQ traz impresso no painel qual é a sua classificação. Quanto mais

divisões de oitava o EQ possuir, mais potenciômetros ele terá. Em geral, os EQs de oitavas têm 10

controles (ou bandas), os de meia oitava têm 18, e os de um terço de oitava têm 30.

Posições Flat e Bypass

Como os filtros dos EQs podem incrementar ou atenuar as freqüências, a posição do controle

deslizante que não exerce influência sobre o sinal é a do meio, ou seja, quando o fader está posicionado

no meio de seu curso ele não introduz qualquer alteração no sinal. À esta posição de não influência

chamamos posição flat. Quando você ouvir alguém dizer que o equalizador está "fletado", ele estará

dizendo que todos os controles deslizantes estarão na posição flat, ou seja, de não influência sobre o sinal.

Outra forma de você "fletar" seu EQ é acionar uma chave, que em geral todos eles possuem,

chamada bypass. A chave bypass anula toda a influência dos filtros sobre as freqüências,

independentemente da posição dos faders. Isso quer dizer que o sinal de áudio sairá do seu EQ do mesmo

jeitinho que entrou.

Como e Onde Conectá-lo

Page 27: Ministério de Som

Bom, isso depende um pouco do objetivo final, mas em geral, o EQ deve vir logo após a saída da

mesa e antes de quaisquer tipos de processadores que você queira ligar ao seu sistema. Isso é receita de

bolo? Claro que não! Minha mulher, por exemplo, nunca segue exatamente a receita de bolo... A receita

diz para usar três ovos, mas ela só usa um e o bolo funciona... é assim também com o áudio. Colocar o

EQ na saída da mesa é a regra mais simples, mas você pode variar de acordo com sua necessidade. Não

tenha medo de tentar novas configurações para seu sistema... desde que não seja na hora do culto, claro.

Ah, e lembre-se sempre de conectar a saída da mesa (OUT) na entrada do EQ (IN). Parece óbvio, mas

nem tanto... Já vi muita coisa esquisita por aí...

A Equalização...

Bom, depois de toda essa "enrolação", cheguei onde você queria... A Equalização! Só que

"enrolei" tanto que acabou o espaço... Acho que vai ficar para o próximo artigo... Grande abraço.

Equalização – O Paramétrico

Muitos de vocês já devem ter ouvido falar do equalizador paramétrico. Qual é, então, a diferença entre ele

e o gráfico e para que serve? Bom, de início, enquanto o gráfico pode ter até 31 bandas por canal, o

paramétrico terá no máximo dez.

No entanto, a diferença fundamental não é essa. Para começar, você precisa entender porque este tipo de

equipamento é chamado paramétrico. Vamos lá.

O Sinal Senoidal, o Paramétrico e os Filtros

O sinal senoidal, representação matemática da onda sonora pura, possui alguns parâmetros básicos:

amplitude, freqüência, período, largura de banda. Veja a figura abaixo:

Parâmetros do Sinal Senoidal

Quando um equalizador qualquer atua no sinal senoidal, ele está agindo em um ou mais desses

parâmetros. O equalizador paramétrico então tem a capacidade de atuar em três parâmetros

simultaneamente, enquanto o gráfico atua somente em um. Essa é outra diferença fundamental entre eles.

Como nos gráficos, os paramétricos também são constituídos de filtros. Em geral possuem de três a dez

filtros, todos eles com capacidade de atuação nos parâmetros amplitude (level), freqüência central

(frequency) e largura de banda (bandwidth). Podem ser construídos com um ou dois canais. Veja abaixo

uma seção (filtro) de um equalizador paramétrico e suas funções:

Seção de um Equalizador Paramétrico

Vamos detalhar a função de cada parâmetro:

Level — Nível

Page 28: Ministério de Som

Esse parâmetro atua sobre a amplitude do sinal senoidal. De modo semelhante ao que ocorre no

equalizador gráfico, no paramétrico essa função nos permite atenuar ou reforçar o sinal que está sendo

trabalhado naquele determinado filtro. O nível de atenuação ou reforço é especificado em decibéis (dB).

Frequency — Freqüência Central Os filtros utilizados no equalizador paramétrico são do tipo passa-faixa. Esse tipo de filtro possui duas

freqüências especiais, chamadas freqüências de corte, uma inferior e outra superior, que delimitam sua

faixa de atuação. Como o nome sugere, esse filtro permite a passagem de toda a faixa de freqüências

compreendida entre os limites inferior e superior. Esses limites são conhecidos como freqüência de corte

inferior (fci) e freqüência de corte superior (fcs).

A freqüência central é aquela que está no meio da faixa que o filtro manuseia.

O paramétrico permite, por meio do ajuste da freqüência central, que o usuário escolha exatamente a

freqüência sobre a qual quer que o equalizador atue.

Bandwidth — Largura de Banda

A largura de banda é dada pela diferença entre as freqüências de corte superior e inferior. Esse parâmetro

informa a seletividade do filtro, demonstrando sua capacidade de atuar somente na freqüência que se

quer, ou de agir também sobre as freqüências vizinhas.

A bandwidth é especificada em oitavas que podem variar de 0,03 a 2. Quanto menor for a largura de

banda, maior será a capacidade do filtro de atuar na freqüência especificada sem atingir as vizinhas.

Para que serve?

O equalizador paramétrico é uma ferramenta poderosa para a correção de problemas de sonorização.

Deixe-me dar um exemplo: imagine que você está "passando" o som de um evento quando o orador sobe

ao palco para os ajustes de voz. Quando ele começa a falar você observa que, em função da dicção do

orador, há um problema de puf (b, d e p rachando). Normalmente esse tipo de problema ocorre na região

entre 80 e 100 Hz. Bom, você pensa: "vou atenuar essas freqüências no equalizador gráfico". Você pode

fazer isso, claro, mas alterará a resposta de todo o sistema, podendo prejudicar o restante do trabalho. Aí

você diz: "Vou tentar corrigir o problema nos controles tonais da mesa". Só que em função da faixa de

atuação do filtro ser grande, você também vai alterar freqüências que não queria.

"Pô, meu! O que é que vou fazer então?" Use um equalizador paramétrico, claro! Coloque-o insertado no

canal do orador, posicione o controle de freqüência central em 90 Hz (no meio da faixa entre 80 e 100

Hz), ajuste a largura de banda de modo a abranger a faixa em questão e atenue o nível do sinal até corrigir

o problema.

Veja, essa é apenas uma aplicação para o paramétrico... há muitas outras.

Aí você vai me perguntar: qual é, então, o melhor dos dois? Nenhum, vou responder. Cada um tem sua

aplicação específica, cabendo a nós, operadores e técnicos, saber como e quando utilizá-los.

Equalização e Retorno – Uma Relação Saudável

Muito bem pessoal, vamos falar novamente sobre equalização. Só que desta vez, vamos conversar sobre ela no contexto do monitor. É importante você ter em mente que estamos tratando de ambientes fechados e relativamente pequenos, caso da maioria dos templos onde nos reunimos. Outros cuidados, que não abordarei neste texto, se fazem necessários para ambientes grandes ou abertos. Então, vamos lá... O sistema de retorno – ou monitor – é bastante delicado, e muitas vezes é a causa, ou parte, dos nossos problemas de microfonia e falta de inteligibilidade. É um sistema independente em termos de setup e objetivos, com necessidades especiais, mas que interage continuamente com o sistema principal. Esta interação pode ser construtiva, mas na maioria dos casos é destrutiva. A principal função do EQ no sistema de monitor é corretiva. Em geral, o SPL gerado no palco, púlpito, etc,, é alto em função das diversas fontes sonoras instaladas nele (caixas monitoras, cubos, bateria, percussão, etc.) e seu espaço físico é bem menor que o espaço atendido pelo sistema principal. Estas são condições ideais para a geração de microfonia e queda da inteligibilidade. Vamos explorar algumas idéias... Eu preciso realmente de um EQ?

Devido à instabilidade do sistema, do espaço físico reduzido e do alto SPL no palco, a resposta é sim, você realmente vai precisar de equalizadores nas vias de monitor. E você entendeu certo... eu disse equalizadores mesmo, no plural. O ideal é que tenhamos um EQ em cada via de monitor.

Page 29: Ministério de Som

Mas antes que você ataque os faders do EQ, quero mostrar alguns procedimentos que podem ser adotados para facilitar sua tarefa na hora da equalização. 1º Passo – Escolha a posição do monitor de acordo com o padrão polar de captação do microfone. Na maioria dos casos, utilizamos microfones cardióides, que têm grande rejeição ao som à 180º (parte traseira). Veja a figura 1.

Figura 1 – Monitor e Microfone Cardióide

Se você possui microfones supercardióides ou hipercardióides, coloque os monitores na posição de 120º em relação ao eixo do microfone. Vide figura 2.

Figura 2 – Monitores e Microfones Super/Hipercardióides

2º Passo – Posicione o monitor bem próximo ao músico, ou cantor, e incline-o de forma que o som atinja diretamente os ouvidos dele, caso a angulação da caixa não seja suficiente para a tarefa. Isto permitirá a diminuição do SPL no palco. Procure utilizar caixas iguais para que haja homogeneidade na resposta do sistema de monitoração. Evite a interação entre monitores que atendam a músicos e cantores com mixagens diferentes. Procure não direcionar os sinais dos monitores para paredes ou outras superfícies lisas.

Page 30: Ministério de Som

3º Passo – Evite a utilização de microfones para captar amplificadores de instrumentos. Isto só aumenta a possibilidade de microfonia. Prefira a conexão via direct box (DI). A partir destes passos, os problemas com microfonia estarão bastante minimizados e podemos partir para a correção com o EQ. Qual tipo de equalizador devo usar?

A situação ideal é aquela onde podemos dispor de um EQ paramétrico em conjunto com um gráfico de 31 bandas. Como já vimos, o paramétrico é bastante versátil e nos permite atuar exatamente na freqüência problemática por meio dos ajustes de freqüência central e largura de banda (vide artigo Equalização III – O Paramétrico). Com o gráfico fazemos apenas o roll-off (atenuação suave e sucessiva) nas pontas do espectro. No entanto, o EQ paramétrico é um equipamento caro, que a maioria dos operadores tem receio de utilizar, e são poucas as igrejas que possuem um deles em seu rack. Sendo assim, a bola da vez é o gráfico. Como usar o EQ?

Bem, até aqui você já posicionou os monitores no palco de acordo com os tipos de microfones que serão utilizados e realizou outros ajustes. Agora siga a bula:

1. Abra todos os canais de microfones. 2. Levante uma das vias do monitor (com as outras fechadas) até que comece a

microfonia. Volte um pouco o volume da via. 3. Identifique a freqüência problemática (por meio de um RTA ou usando o ―ouvidômetro‖)

e, no EQ, dê um leve incremento. Se a microfonia retornar, você identificou a freqüência certa. Retorne o fader do EQ ao ponto de origem e depois atenue esta freqüência em 3 dB. Faça o mesmo procedimento com as freqüências vizinhas porque elas podem estar contribuindo para a microfonia.

4. Repita o processo na mesma via até eliminar as cinco ou seis freqüências mais problemáticas. Se não houver cinco ou seis freqüências problemáticas isto é muito bom. Não fique procurando ―chifres em cabeça de cavalo‖.

5. Faça o mesmo para todas as vias de monitor. Não esqueça de desligar a anterior. 6. Ao final, levante todas as vias do monitor. Se houver algum problema, corrija-o.

Este procedimento é apenas um dos muitos utilizados. No entanto é um dos mais fáceis e eficientes processos de alinhamento de monitor. Agora, lembre-se:

1. Para monitores de voz, corte abaixo de 100 Hz e acima de 10 kHz. Utilize um roll-off suave. Vá fazendo atenuações de 3 em 3 dB até -12 dB.

2. Evite dar ganho às freqüências no EQ: haverá menos problemas de fase, cancelamentos, etc. Prefira sempre as atenuações.

3. Não altere mais de seis freqüências simultaneamente para não criar buracos na resposta do sistema.

4. Evite atenuações maiores que 6 dB, com exceção do roll off, pela mesma razão. 5. Aproveite os graves vindos do PA e diminua os graves oriundos dos monitores. Você

conseguirá um som mais limpo. 6. Faça inversões da fase elétrica nos monitores e ouça o resultado. Muitas vezes os

monitores soarão melhor com a fase invertida em relação ao PA. Caso contrário, volte à fase original.

7. Não utilize side fill em ambientes pequenos. A possibilidade de ocorrência de microfonia e cancelamentos de fase crescerá exponencialmente.

8. Não utilize compressão nas vias de monitor. 9. Em Áudio, menos é mais. Altere apenas o necessário.

É claro que você pode fazer tudo o que eu disse acima e ainda assim o seu sistema não funcionar direito. Busque informação e não tenha medo de tentar novas possibilidades para a solução do seu problema. Abraços monitorados

Dirigir do Porta-Malas!

Olá, vamos falar sobre algo bem comum e que, por experiência própria, sei que incomoda muita gente.

Page 31: Ministério de Som

Quantas vezes você teve que operar o áudio de traz do P.A., salvo quando está na mesa de monitor?

Daí a expressão dirigir do porta-malas, pois fica complicado você ter que mixar de trás do P.A., o próprio.

1. Quando você está bem atrás das caixas vai perceber os graves sobressaindo. Então, intuitivamente, você vai abaixar os graves, pois eles vão te incomodar.

2. Os músicos estarão no palco pedindo tudo muito alto (como de costume) e toda a sua

referência será do palco.

3. Você sempre vai acabar em um som sem SPL e com muita reclamação de que ninguém está ouvindo a voz dos cantores, que a percussão está alta...

4. O contato direto com os músicos facilita e acaba obrigando a um compromisso maior

com os músicos e não com o público.

O que deve ser feito?

1. Se tiver disponibilidade chegue sempre antes dos músicos para que ter noção do que é realidade e o que que é pilha dos tais.

2. Procure que todos monitores estejam numa resposta plana, sem excessos de graves,

pois há uma soma com os que vêem do P.A. Isso vai te incomodar menos na mixagem, pois as freqüências de 250 a 500Hz começam a flutuar no palco porque às vezes tem um violão no chão com o volume aberto, ou o músico deixa o microfone no chão e você não acha o bendito, daí começa a cortar todas as freqüências nos equalizadores gráficos das vias afetando, assim, vias que não têm nada a ver com o problema causado e aí é que acontecem os maiores desastres.

3. Tenha uma conversa com os músicos para terem paciência, pois você precisará que

eles toquem um instrumental pelo menos uma vez para que você possa alinhar primeiro o P.A. Isto é muito importante para ter ganho, porque quando você inicia com os monitores vai abrir primeiro o auxiliar antes de realmente ajustar o nível de entrada (Gain).

4. Você pode dobrar o canal da voz para fazer a equalização sem interferir no P.A. Um

canal é direcionado só para o P.A., o outro só para as vias da frente como reforço, com a equalização que o músico está acostumado. Para dobrar o canal você pode sair por um direct out da console, ou um insert return, e retornar por um line in da console.

5. Isto sendo feito, sempre dê prioridade para o P.A. e sua mixagem. Depois acerte com

os músicos, pois aí é só nível de volume, timbre vai ser pouca coisa.

6. Deixe sempre a voz por último pois pra encaixar ela é fácil, nas vias da frente tire no gráfico tudo que for abaixo de 200Hz gradativamente, de três em três decibéis.

Espero que este artigo seja de bom uso e que gostem das dicas.

Page 32: Ministério de Som

SOCORRO! O SOM ESTÁ MUITO ALTO!

Em muitas ocasiões, quando participamos de cultos nas nossas igrejas, ouvimos os irmãos dizerem o

seguinte: “O som está muito alto!”. Não quero aqui discutir as razões pelas quais os níveis de intensidade

sonora que adotamos em nossas reuniões são tão altos porque creio que já os conhecemos muito bem.

Minha intenção em trazer esse assunto à baila é mostrar a você os prejuízos que essa prática tem trazido à

nossa saúde e aos nossos relacionamentos.

O problema que envolve os altos níveis de pressão sonora (conhecido como volume), que a partir de

agora chamarei de “SPL”, precisa ser analisada por dois pontos de vista: interno e externo. O ponto de

vista interno está relacionado à saúde auditiva do povo que assiste em nossos templos enquanto o ponto

de vista externo está ligado ao incômodo que levamos aos vizinhos de nossas igrejas. Vamos tratar das

duas abordagens individualmente.

Altos SPL no interior dos templos

Já ouvi algumas pessoas dizendo que “se o barulho que é produzido dentro dos templos não incomodar

aos vizinhos, não importa o que fazemos ali”. Devo discordar veementemente dessa postura. Nós, os

operadores e técnicos de som, somos responsáveis pela saúde auditiva das pessoas que freqüentam nossas

igrejas.

Há inúmeros estudos científicos que comprovam os prejuízos à saúde causados por exposição continuada

a altos SPL. Um desses prejuízos é a Perda Auditiva Induzida por Ruído, conhecida como PAIR, que é

irreversível.

A PAIR manifesta-se, primeiramente, com a perda de sensibilidade para as freqüências de 3, 4 e 6 kHz,

região onde está concentrada a inteligibilidade da fala. Perdas auditivas nessa faixa de freqüência

certamente causarão prejuízos à comunicação. À medida que a PAIR se aprofunda, perdas nas

freqüências de 500 Hz, 1, 2 e 8 kHz são percebidas.

A submissão contínua a altos níveis de ruído tem reflexos em todo organismo e não somente no aparelho

auditivo. Ruídos intensos e permanentes podem causar vários distúrbios, alterando significativamente o

humor e a capacidade de concentração (efeitos psicológicos), além de provocar interferências no

metabolismo de todo o corpo (efeitos fisiológicos). Observe, na Tabela 1, alguns desses efeitos.

Efeitos Psicológicos Efeitos Fisiológicos

Perda de concentração Perda auditiva até a surdez permanente

Perda dos reflexos Dores de cabeça

Irritação permanente Fadiga

Insegurança quanto à eficiência de seus atos Loucura

Page 33: Ministério de Som

Embaraço nas conversações Distúrbios cardiovasculares

Perda da inteligibilidade das palavras Distúrbios hormonais

Impotência sexual Gastrite

Disfunção digestiva

Alergias

Aumento da freqüência cardíaca

Contração dos vasos sangüíneos

Tabela 1 – Efeitos Psicológicos e Fisiológicos da Exposição a Altos SPL

Esses efeitos causam também a dispersão dos ouvintes que, incomodados com a aspereza da sonorização,

afastam-se da adoração genuína e da compreensão da Palavra pregada.

Outros estudos estabeleceram os limites diários para exposição a altos níveis de ruído, conforme

demonstrados na Tabela 2.

Nível de Ruído em dB(A) Tempo de Exposição Diária

85 8 horas

90 4 horas

95 2 horas

100 1 hora

105 30 minutos

110 15 minutos

115 7 minutos

Tabela 2 – Limites para Exposição Diária a Altos SPL

Sempre que possível, devemos usar protetores auditivos quando expostos a SPL acima de 85 dB(A) e

evitar exposições a valores acima de 100 dB(A). Para que você tenha uma idéia ao que estamos

submetendo nossos irmãos, observei por meio de medições utilizando um decibelímetro (medidor de

intensidade sonora), que na maioria de nossas igrejas são atingidos SPL entre 95 e 110 dB(A) durante os

momentos de louvor.

Altos SPL no exterior dos templos Outra preocupação que devemos ter, e não menos importante, é com o bem-estar dos vizinhos das nossas

igrejas. Em muitos casos, eles são afastados da Palavra pelo mau comportamento que adotamos ao utilizar

volumes extremamente altos em nossas programações, ignorando o incômodo que lhes causamos.

Havia uma determinada igreja vizinha à minha casa que não sabia por que razão as pessoas que moravam

em seu entorno não freqüentavam suas programações. Certa vez eu estava em meu quarto preparando

uma aula quando o culto naquela igreja começou. O barulho era tanto que resolvi realizar uma medição

com meu decibelímetro. Para minha surpresa medi, dentro do meu quarto, 105 dB(A). Gostaria de

ressaltar que minha casa ficava do outro lado da rua (distante cerca de 20 metros) e a parede da igreja que

estava de frente para mim não possuía janelas. Agora imagine: se dentro da minha casa, do outro lado da

rua, o nível de barulho atingiu 105 dB(A), qual não era seu valor no interior do salão?

Esse exemplo serve para demonstrar como o barulho pode afastar aqueles que queremos alcançar.

“Bom...”, você me dirá: “Paulo incomodava as pessoas por onde passava. Importa que obedeçamos a

Deus e não aos homens”. Muito bem, o texto bíblico em Atos 16:20 realmente afirma isso, mas nesse

caso, o que incomodava não era o barulho, mas a Palavra de Deus. Quando a Palavra incomoda, as

pessoas são atraídas; quando é o barulho que incomoda, elas se afastam.

A maioria das cidades tem legislação que disciplina o controle de emissão de ruídos. Aquelas que não

possuem esse tipo de lei específica se apóiam em legislação federal que trata do assunto. Há uma

resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), Resolução nº 01/98, que determina a

utilização, como referência, das normas da ABNT 10.151 e 10.152 para a elaboração de leis de controle

de ruídos.

Procure conhecer essas leis e normas. As leis, em geral, estão disponíveis para download nos sites de

Internet das prefeituras e as normas da ABNT podem ser adquiridas diretamente naquele órgão. Faz parte

de sua função, como responsável pela sonorização de sua igreja, conhecer as leis que regem sua atividade

para que, dessa forma, você possa demonstrar respeito e interesse pelo bem-estar dos seus vizinhos.

Page 34: Ministério de Som

Para terminar...

... gostaria que você analisasse bem essas informações e tomasse atitudes construtivas em relação a esses

problemas. Há profissionais que podem ajudar na medição dos SPL praticados por sua igreja dentro e fora

de suas paredes. Procure-os para melhorar as condições de conforto daqueles que freqüentam seus cultos

e não incomodar aqueles que residem próximo a vocês. Independentemente disso, você certamente pode

baixar um pouco mais o nível de SPL atirado sobre seus ouvintes e vizinhos.

Abraços silenciosos.

Microfones: Amigos ou Inimigos?

O microfone está para um sistema de sonorização assim como o ouvido está para o corpo humano. Ele é o

responsável por captar a onda sonora e transformá-la em algo que os equipamentos eletrônicos

(amplificadores, mesas, etc.) possam entender e usar. O microfone comporta-se exatamente como o

ouvido humano quando este capta as ondas sonoras e as transforma em sinais elétricos para que o cérebro

as entenda e processe.

Figura 1 - Constituição do Ouvido Humano

Sendo assim, é apropriado que seja adotado todo o cuidado no manuseio do microfone uma vez que ele é

parte sensível do sistema sonoro e, se bem empregado, pode tornar-se um aliado de quem o utiliza. De

forma contrária, se o microfone é utilizado com descaso poderá tornar-se seu inimigo durante uma

apresentação.

1. Composição dos microfones

Todo microfone, de uma forma geral, é composto por um diafragma e um elemento gerador. O diafragma,

assim como o tímpano do ouvido, é responsável por perceber o movimento das ondas sonoras. O

elemento gerador, como os ossos que compõem o ouvido interno (martelo, estribo e bigorna) - que podem

ser vistos na Figura 1 - é responsável por transformar a variação do diafragma em sinais elétricos

proporcionais aos movimentos das ondas sonoras. Na Figura 2 você poderá identificar as partes

componentes de um microfone.

Page 35: Ministério de Som

Figura 2 - Partes que compõem um microfone

Na figura anterior você pôde identificar o diafragma e os diversos componentes do elemento gerador:

bobina móvel, imã permanente e saída de AF (áudio freqüência).

Uh... assustei você?! Não se preocupe, não vou incomodá-lo com conceitos de eletrônica. Não é esse o

meu objetivo. Na verdade, meu propósito é fazer com que você tenha uma idéia de como os microfones

são construídos e da fragilidade dos seus componentes, e que a partir daí, você passe a cuidar bem deles

para que se tornem seus bons amigos.

2. O que fazer para tornar o microfone um amigo?

Bem, depois de tanta enrolação, vamos ao que interessa: há uma série de cuidados na utilização do

microfone que você pode adotar para torná-lo um amigo. Vejamos alguns desses cuidados. Vou chamá-

los de "Os 6 Mandamentos do Amigo do Microfone".

1o Mandamento: Não bata

É muito comum que você, ao segurar um microfone para utilizar, dê algumas "batidinhas" nele de modo a

verificar se ele está funcionando. Por favor, não faça isso. Lembra-se do diafragma e do elemento

gerador? Com o tempo, de tanto apanhar, eles se danificarão podendo partir-se.

O microfone vítima dessas "batidinhas" passa, depois de certo período de surras constantes, a reagir

apresentando um som "choco e rachado". É a forma que ele encontra para se vingar dos maus tratos

recebidos.

Como você consideraria alguém que, ao se aproximar de você, ao invés de cumprimentá-lo educadamente

fosse logo espancando você? Amigo ou inimigo?!

2o Mandamento: Não assopre

Page 36: Ministério de Som

Muitos de nós, também no desejo de verificar se o microfone está funcionando, temos o hábito de

assoprar o microfone: fu... fu... som... som... Não é assim que fazemos?

Pois é, de agora em diante controle-se e não faça mais isso. Ao assoprar o microfone você despeja alguns

mililitros de saliva sobre ele!!! Essa saliva vai gerar um mau cheiro no pobrezinho do microfone e ele não

pode tomar banho para se limpar... isso é muito anti-higiênico!!!

Quando você quiser verificar se um microfone está funcionando, apenas fale...

3o Mandamento: Não grite

Por favor, não grite... o microfone não é surdo!!! A finalidade de um sistema de sonorização é amplificar,

ou seja, aumentar o som que você está produzindo.

Sendo assim, não é necessário que você use extrema potência na sua voz porque ela será amplificada

dessa forma, e o microfone, que não está projetado para receber estes altos níveis de potência de voz, vai

distorcer o sinal. Você terá sua voz reproduzida de forma "rachada" e sem clareza. Isso sem falar dos

pobres irmãos que estão participando do culto que sairão da igreja meio zonzos e surdos.

4o Mandamento: Não fale movimentando-se

Page 37: Ministério de Som

Alguns de nós temos o hábito de falar/cantar movendo-se de um lado para o outro diante do microfone,

quando este está fixo. Os microfones têm uma capacidade "auditiva" limitada. Eles não são capazes de

"ouvir" se você estiver falando ou cantando muito afastado dele para as laterais. Você precisa falar e/ou

cantar diretamente em frente a ele. Aí ele poderá perceber toda a beleza de sua voz.

5o Mandamento: Não tenha medo

Muitas pessoas têm medo de microfones e por isso afastam-se dele demasiadamente. À medida que você

se afasta do microfone, ele passa a ter dificuldades de "ouvir" você. Sua voz ficará com excesso de

agudos e sem peso (graves): a conhecidíssima "voz de taquara rachada".

Para obter um bom desempenho, aproxime-se do microfone até cerca de 5 cm. Não se preocupe, ele não

morde.

6o Mandamento: Não o engula

Não vá para o evento com fome esperando engolir alguns microfones: eles dão indigestão!!!

Na ânsia de fazer uma boa apresentação, falamos tão próximo ao microfone que quase o engolimos. A

essa distância tão pequena certamente lançaremos sobre o pobre coitado aqueles mililitros de saliva,

lembra-se? E também alguns perdigotos (para quem não sabe o que são, lá vai: germes).

Essa prática prejudica também a qualidade do som: os microfones direcionais (usados por nós em 99%

das aplicações) têm uma propriedade chamada "efeito proximidade". Esse efeito encorpa os graves à

medida que o microfone é aproximado da fonte sonora. Sendo assim, você terá o som da sua voz cheio de

graves e provavelmente sem clareza, para não falar do maravilhoso efeito "puf".

É só lembrar do item anterior: a distância adequada para uma boa captação é cerca de 5 cm afastado da

boca e diretamente em frente ao microfone.

7o Mandamento: Não enrole

Page 38: Ministério de Som

Quando seguramos o microfone na mão, temos o hábito de enrolar o cabo do microfone: pare com isso e

não enrole, cante!!! Ou fale!!!

Ao enrolar o cabo do microfone, você provoca alteração nas propriedades elétricas do cabo e, com o

tempo, danifica as soldagens que unem o cabo aos plugs. O que resulta disso são chiados e barulhos

diversos.

Ao segurar um microfone, deixe o cabo completamente livre e solto.

Bom, agora que acabei de indicar a você algumas maneiras práticas de evitar problemas com os

microfones e de aumentar sua vida útil, gostaria de dar algumas outras dicas. Lá vai:

- Aceite as orientações do técnico de som. Ele está ali para ajudá-lo a obter o melhor

desempenho possível. Se você tiver alguma idéia, discuta-a com ele.

- Para evitar o problema de encher o microfone com saliva e minimizar o efeito "puf", use

espumas de proteção. Elas podem ser encontradas com facilidade no mercado.

- Você poderá obter sons mais graves ou mais agudos apenas se afastando ou se aproximando do

microfone. É só lembrar do "efeito proximidade", que pode e deve ser usado em seu favor.

- Não passe na frente das caixas acústicas com o microfone apontado para elas. Isso causará

microfonia.

- Não envolva o globo do microfone (aquela parte redonda que protege a cápsula) com a mão.

Isso altera o padrão de captação do mic e pode causar microfonia.

- Visite seu dentista regularmente de seis em seis meses. Ops... acho que exagerei...

Treinar, ou não treinar? Eis a questão!

Há 15 anos, quando comecei a trabalhar com áudio numa igreja evangélica, no Rio de Janeiro, o que

conhecia do assunto era exatamente nada. Era um estudante de engenharia que conhecia alguma coisa de

eletrônica e nada mais.

Naquela época não havia a farta literatura e revistas técnicas que encontramos hoje, e estudar o assunto,

mesmo que por conta própria, era muito difícil. Sendo assim, o treinamento e a especialização, eram

privilégio de alguns.

Hoje, a situação que se apresenta é completamente diversa daquela que encontrei quando comecei.

Existem, em diversos pontos do país, notadamente no eixo Rio-São Paulo, empresas e profissionais

competentes que oferecem seus serviços para treinar e equipar aqueles que se dispuserem a aprender com

know-how (conhecer-como) de última geração.

O principal problema que enfrentamos em nossas igrejas reside no fato de que as técnicas para o emprego

do Áudio evoluíram, mas nós, enquanto grandes usuários dessa ciência, ainda a encaramos como um

mero detalhe nos nossos processos litúrgicos.

Em geral nossos templos são projetados levando-se em consideração os aspectos estéticos. São raros

aqueles onde se nota uma preocupação com a acústica, ou com a inteligibilidade da mensagem musical ou

da Palavra.

A preocupação é menor ainda quando se trata de oferecer capacitação técnica àqueles que são

responsáveis por manter e operar o sistema de reforço sonoro, que deve oferecer boas condições de

inteligibilidade à transmissão dessas mensagens.

Freqüentemente os operadores de som (ou sonoplastas) são lembrados quando ocorre algum problema

durante o culto ou programa especial. Todos olham em sua direção com expressões de recriminação em

Page 39: Ministério de Som

seus rostos como a dizer: “o que esse rapaz pensa que está fazendo?”, ou ainda, “se eu estivesse lá, isso

não aconteceria”.

O fato é que, em grande parte dos casos, “esse rapaz” para quem todos olham de forma condenatória, está

ali sem qualquer tipo de orientação ou, em muitos casos, sem conhecimento do equipamento que tem em

suas mãos para operar.

Precisamos nos lembrar que o som produzido em nossas igrejas, seja ele falado ou musicado, é o principal

meio de comunicação do Evangelho e por isso deve ser tratado com a importância que lhe é devida.

Há inúmeras vantagens em possuir, nas nossas igrejas, equipes de operadores de som bem treinadas.

Gostaria de enumerar algumas:

1. Redução dos Riscos de Defeitos

A primeira vantagem de possuir uma equipe treinada é a redução dos riscos de ocorrência de defeitos no

sistema de som.

Em vários trabalhos de consultoria desenvolvidos junto às igrejas, tenho notado que boa parte dos

problemas encontrados nos equipamentos de áudio são causados pelos operadores.

O mais comum está relacionado ao casamento de impedâncias entre o amplificador e as caixas acústicas.

O problema seria facilmente evitado se o operador tivesse passado por algum tipo de treinamento onde

veria, com toda a certeza, como fazer para casar as impedâncias do amplificador com seus sonofletores.

Um operador treinado sabe como dimensionar a bitola de seus cabos em relação às distâncias envolvidas

no seu sistema de reforço sonoro, sabe que tipo de cabo utilizar para conectar seus vários equipamentos,

etc.

São cuidados, dentre outros, que prolongam a vida útil do sistema e que certamente redundam em

economia de gastos da igreja com técnicos de eletrônica ou com a aquisição de novos aparelhos.

2. Orientação para Aquisição de Novos Equipamentos

Outra vantagem do sonoplasta capacitado se apresenta quando há necessidade da substituição de algum

dos equipamentos existentes, ou do redimensionamento do sistema como um todo. Supondo que haja uma

consultoria externa, o técnico de som é capaz de julgar a eficácia das propostas do consultor, avaliar o

trabalho que está sendo desenvolvido, aconselhar a liderança da igreja nos procedimentos a serem

adotados, sempre levando em consideração a relação custo-benefício.

Nos últimos dez meses venho prestando assessoria a uma igreja evangélica em Vitória, onde o

responsável pela sonoplastia é um técnico bastante competente e treinado. Em função disso, estabeleceu-

se uma comunicação eficiente e proveitosa. Ele, com os conhecimentos adquiridos no treinamento e

baseado em sua experiência, sabe traduzir com eficiência as necessidades da igreja e avaliar com

segurança a qualidade da consultoria que lhe está sendo oferecida.

3. Qualidade na Reprodução Sonora

Por fim, uma outra vantagem de se possuir uma equipe treinada é a qualidade da reprodução sonora na

igreja.

No trabalho desenvolvido junto às igrejas capixabas, tenho observado que as principais reclamações das

assistências são: volume muito alto, falta de inteligibilidade do que é dito ou cantado, som agudo demais,

etc... e a lista não tem fim.

Na verdade, a maior parte desses problemas listados são conseqüência da inabilidade do operador em

aproveitar os recursos dos equipamentos disponíveis em suas mãos.

Com o treinamento, o operador torna-se capacitado a utilizar todos os meios que, por exemplo, as mesas

de som e os equalizadores oferecem para que a qualidade do som que trafega em seus circuitos seja a

máxima possível.

Balanceamento de Sinais

Uma das perguntas mais constantes que ouço quando presto consultoria, ou ministro um treinamento, é a

seguinte: O que é balanceamento e para que serve?

Dificilmente ouvi uma explicação sobre esse assunto que tenha sanado as dúvidas dos interessados. Ouvi

respostas do tipo "se houver dois condutores e uma malha, o cabo é balanceado", ou "balanceamento é um

aterramento", ou ainda "o sistema balanceado elimina todos os ruídos".

Na verdade, a definição de balanceamento contém um pouco de cada uma dessas idéias e vai além.

Infelizmente, não posso pretender que você entenda o conceito de balanceamento sem abordar o assunto

com um enfoque apoiado na Eletrônica, uma vez que o balanceamento é um fenômeno genuinamente

eletrônico. Mas não se preocupe muito, tentarei fazer isso da forma menos dolorosa possível.

O que é balanceamento? A principal finalidade do balanceamento é o cancelamento, ou minimização de ruídos, de natureza

eletromagnética, induzidos nos cabos do sistema de áudio.

Page 40: Ministério de Som

O termo balanceamento se refere a uma técnica que aplica um sinal elétrico à entrada de um circuito

eletrônico e obtém dois sinais simétricos em sua saída: sinais de mesma amplitude e freqüência, mas com

fase invertida (vide Figura 1).

Figura 1 - Diagrama de Blocos do Circuito Eletrônico

Esses sinais são enviados, por meio de um cabo composto por dois condutores e malha, até o circuito de

entrada do próximo estágio do sistema. Na entrada do estágio seguinte há outro circuito eletrônico que

reconhece os sinais simétricos e os recompõem num só.

Os circuitos empregados na técnica de balanceamento de sinais são baseados em amplificadores

diferenciais.

Ops, você vai dizer... "lá vêm você com esses temos técnicos..."

Muito bem... deixe-me tentar explicar...

Os Amplificadores Diferenciais Os amplificadores diferenciais (vamos chamá-los de ampdif) são circuitos eletrônicos, com duas entradas

e duas saídas, construídos a partir de transistores e resistores, associados de forma a gerar sinais nas

saídas que dependerão da forma como foram aplicados nas entradas.

Esses amplificadores podem operar de três formas básicas: entrada simples, entrada dupla em fase (ou em

modo comum) e entrada dupla simétrica (ou em modo diferencial). Vamos entender:

Amplificadores Diferenciais Operando com Entrada Simples

Consideremos a operação do ampdif com um único sinal de entrada aplicado ao terminal 1. Pode-se

observar na Figura 2a que enquanto o sinal aplicado ao terminal 1 é amplificado e invertido no terminal 3,

ele sofre apenas amplificação no terminal 4. Se aplicarmos o sinal de entrada no terminal 2, observaremos

o sinal amplificado e invertido no terminal 4 e o sinal apenas amplificado no terminal 3.

Está acompanhando o raciocínio?

Page 41: Ministério de Som

Figura 2 - Amplificador Diferencial com Entrada Simples

Podemos afirmar, então, que o ampdif operando com entrada simples gera dois sinais amplificados,

simétricos e de mesma amplitude nos terminais de saída.

Amplificadores Diferenciais Operando com Entrada Dupla Simétrica Agora, imagine se ao invés de aplicarmos o sinal de entrada apenas a um dos terminais, apliquemos à

entrada dois sinais simétricos e de mesma amplitude, um em cada terminal. Vamos analisar o

comportamento das entradas separadamente e depois unir os resultados para que possamos entender

melhor. Veja a Figura 3.

Figura 3 - Amplificadores Diferenciais com Entrada Simples Simétrica

As Figuras 3a e 3b mostram o resultado de cada entrada atuando sozinha. Acompanhe comigo: (a) a

entrada aplicada ao terminal 1 produz uma saída com polaridade oposta e amplificada no terminal 3

enquanto no terminal 4 há uma saída amplificada e de mesma polaridade do sinal aplicado ao terminal 1;

(b) a entrada aplicada ao terminal 2 produz uma saída com polaridade oposta e amplificada no terminal 4

enquanto no terminal 3 há uma saída amplificada e de mesma polaridade do sinal aplicado ao terminal 2.

Sendo assim, ao aplicarmos simultaneamente os sinais de entrada simétricos nos terminais 1 e 2, teremos

o resultado mostrado na Figura 4:

Page 42: Ministério de Som

Figura 4- Amplificador Diferencial com Entrada Dupla Simétrica

Por superposição, os sinais resultantes em cada terminal de saída serão somados e a saída em cada

terminal será o dobro da obtida com um único sinal de entrada, o que representa um ganho de 6 dB além

do introduzido pelo amplificador.

Amplificador Diferencial com Entrada Dupla em Fase ou em Modo Comum Para este caso, imagine a aplicação de dois sinais de mesma amplitude e em fase aos terminais 1 e 2 do

ampdif, como mostrado na Figura 2.

De acordo com o processo narrado para a Figura 2, ao superpormos os sinais na saída, eles se somarão.

Como os somatórios das saídas são simétricos, o resultado será 0 volt nos terminais 3 e 4. A Figura 5

mostra esse resultado.

Figura 5 - Amplificador Operacional com Entrada em Fase

Conclusão sobre a Operação dos Amplificadores Diferenciais

Diante do exposto até agora, podemos concluir que:

a. Amplificadores diferenciais operando com entrada simples apresentarão sinais amplificados e

simétricos em seus terminais de saída;

b. Amplificadores diferenciais operando com entrada dupla simétrica apresentarão sinais simétricos

e amplificados duas vezes mais que com entrada simples (+ 6 dB) em seus terminais de saída e;

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c. Amplificadores diferenciais operando em modo comum ou com entrada em fase não

apresentarão sinais em seus terminais de saída. A este processo chamamos rejeição em modo comum.

O balanceamento de cabos Ok, mas como tudo isso funciona no balanceamento de cabos? Imagine, no interior do microfone, um

pequeno circuito ampdif operando com entrada simples. A cada terminal de saída do ampdif ligamos,

respectivamente, os terminais 2 e 3 do conector XLR. O que vai acontecer? O sinal sairá do elemento

gerador do microfone e será aplicado a apenas um dos terminais de entrada do ampdif. O ampdif gerará

em seus terminais de saída dois sinais amplificados, de mesma amplitude e simétricos, que serão enviados

ao cabo pelos pinos 2 e 3 do conector XLR. Esses sinais trafegarão pelos condutores do cabo ligados aos

pinos 2 e 3 com fase invertida. Observe a Figura 6.

Figura 6 - Tráfego do Sinal de Áudio no Cabo Balanceado

Note que o sinal de áudio está trafegando com fases invertidas nos condutores do cabo enquanto o ruído

trafega com mesma fase. Nos terminais de entrada do ampdif do estágio seguinte, que neste caso pode

estar no canal de entrada da mesa, o sinal de áudio chega em modo diferencial e o ruído em modo

comum. Como observamos naquela baboseira toda acima, o ampdif em modo diferencial amplifica o

sinal enquanto em modo comum ele o rejeita.

Sendo assim, todo ruído que for induzido no cabo, em geral de origem eletromagnética, será rejeitado na

entrada da mesa pela ação do ampdif. É importante destacar que ruídos gerados no microfone ou nos

circuitos internos dos equipamentos não serão rejeitados pelo balanceamento, porque serão aplicados aos

terminais de entrada do ampdif juntamente com o sinal de áudio.

Conclusão Para que o nosso sistema possa ser considerado balanceado necessitaremos que os cabos utilizados

contenham duas vias + malha. No entanto, possuir os cabos certos não nos assegura que o sistema é

balanceado. Se os equipamentos não permitirem conexões balanceadas, isto é, não possuírem ampdifs em

seus terminais de entrada e saída, o cabo pode estar montado corretamente mas o sistema não será

balanceado. Sendo assim, para que o sistema seja balanceado, necessitamos de cabos e equipamentos que

suportem essa tecnologia.

Vale destacar, também, que o balanceamento é uma técnica utilizada para melhorar a qualidade do sinal

de áudio, protegendo-o de ruídos induzidos nas linhas de transmissão. No entanto, essa tecnologia não é

capaz de eliminar ruídos causados por soldas mal feitas, cabos sem manutenção, potenciômetros com

problemas, etc.

Para esses problemas, a velha e eficiente manutenção preventiva é o melhor remédio. Enrolar e armazenar

corretamente os cabos, trocar periodicamente os conectores, manter os equipamentos em lugar seco e

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livre de poeira são boas atitudes que colaborarão, sem sombra de dúvidas, para uma sonorização livre de

ruídos.

Abraços balanceados.

A relação entre músicos e equipe técnica

Olá! Desta vez iremos abordar um tema delicadíssimo... Um relacionamento em que sempre sobram

farpas de um lado para outro, por mais que se busque a prática do amor ao próximo como a si mesmo: a

relação entre músicos e a equipe de áudio.

Como neste caso jogo nos dois times e, não posso bater em mim mesmo (opa, peguei pesado demais?),

tentarei aqui me desdobrar e dizer o que o meu “eu músico” e o meu “eu técnico” esperam um do outro e,

assim, ajudar outros músicos, operadores e roadies.

Como músico, gostaria que operadores e roadies...

Conhecessem o som (timbre) do meu instrumento e a melhor forma de captá-lo (tipo de combo,

tipo de microfone, uso de direct box, etc.).

Indicassem os locais onde posso ficar, as conexões de energia e de áudio e, se necessário, me

ajudassem com essas coisas.

Fossem transparentes quanto aos recursos disponíveis e limitações do equipamento e da equipe

técnica.

Havendo mais de uma opção de ligação, ou microfonação, que soubessem transmitir isso

oferecendo os elementos para que eu pudesse tomar a melhor decisão.

Testassem e ajustassem o som e o retorno de meu instrumento (ou voz) antes do início do culto,

ou apresentação (passagem de som).

Por falar em retorno, a última coisa, mas não menos importante, é que pudessem me oferecer um

retorno minimamente audível.

Agora, como operador de áudio, gostaria que os músicos...

Chegassem com a antecedência necessária para fazer a passagem de som e realmente a fizessem.

Respeitassem os pedidos para abaixar o volume, alterar a equalização, ou aumentar o volume

(sim, já vi músico reclamar de pedido para aumentar o volume).

Não usassem seus retornos, ou combos, no último volume, às vezes encobrindo um companheiro

ou o próprio PA.

Tivessem consciência de que o som do PA e do retorno nem sempre são iguais e que, o mais

importante, é o som que vai para o público.

Bom, fora as expectativas, atrapalham o relacionamento aqueles casos em que uma parte quer saber mais

do que a outra, teimosia, intransigência, narizes empinados, etc.

O que ajuda o relacionamento? Diálogo, afinal já diz o dito popular que conversando a gente se entende.

E também preparo e conhecimento.

É possível sim músicos e equipe de áudio viverem em harmonia, principalmente quando fazemos nosso

trabalho para o Senhor.

Depois desse tema espinhoso, não poderia terminar se não com a saudação de Judas, no versículo 2,

“misericórdia, paz e amor lhes sejam multiplicados”.