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SUS IE IE MinistÈrio da Sa˙de Fundação Nacional de Saúde ISSN 0104-1673 FUNASA Fatores de Risco para o Baixo Peso ao Nascer, com Base em Informações da Declaração de Nascido Vivo em Guaratinguetá, SP, no Ano de 1998 Risk Factors for Low Birtweight, in Accordance with Informations on the Birth Certificate, in Guaratinguet·, SP, 1998 Identificando Fontes de Dados nos Sistemas de Informações do SUS para a Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares Identifying Data Sources for Nosocomial Infection Epidemiological Surveillance among Brazilian Unified Health System Information Systems Programa de Controle da Tuberculose no Brasil: Situação Atual e Novas Perspectivas Tuberculosis in Brazil: General Information and News Perpesctives Volume 10 - Nº 3 Jul/Set 2001 INFORME EPIDEMIOLÓGICO DO SUS INFORME EPIDEMIOLÓGICO DO SUS

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SUSIEIE

MinistÈrio da Sa˙deFundação Nacional de Saúde

ISSN 0104-1673

FUNASA

Fatores de Risco para o Baixo Peso ao Nascer, com Base em Informações da Declaração de Nascido Vivo em Guaratinguetá, SP, no Ano de 1998Risk Factors for Low Birtweight, in Accordance with Informations on the Birth Certificate,in Guaratinguet·, SP, 1998

Identificando Fontes de Dados nos Sistemas de Informações do SUS para aVigilância Epidemiológica das Infecções HospitalaresIdentifying Data Sources for Nosocomial Infection Epidemiological Surveillanceamong Brazilian Unified Health System Information Systems

Programa de Controle da Tuberculose no Brasil: Situação Atual e NovasPerspectivasTuberculosis in Brazil: General Information and News Perpesctives

Volume 10 - Nº 3 Jul/Set 2001

INFORMEEPIDEMIOLÓGICO DO SUSINFORMEEPIDEMIOLÓGICO DO SUS

Presidente da RepúblicaFernando Henrique Cardoso

Ministro da SaúdeJosé Serra

Presidente da Fundação Nacional de SaúdeMauro Ricardo Machado Costa

Diretor-ExecutivoGeorge Hermann Rodolfo Tormin

Diretor do Centro Nacional de EpidemiologiaJarbas Barbosa da Silva Júnior

Diretor do Departamento de Saúde IndígenaUbiratan Pedrosa Moreira

Diretor do Departamento de Engenharia de Saúde PúblicaSadi Coutinho Filho

Diretor do Departamento de AdministraçãoCelso Tadeu de Azevedo Silveira

Diretor do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento InstitucionalAntônio Leopoldo Frota Magalhães

Ministério da Saúde

Fundação Nacional de Saúde

ISSN 0104-1673

Volume 10 - No 3Jul/Set 2001

INFORME EPIDEMIOLÓGICO DO SUS

SUS

25.000 exemplares

Editoração Eletrônica

Edite Damásio da SilvaMarcos Antonio Silva de Almeida

Revisão de TextoWaldir Rodrigues Pereira

Projeto Gráfico e EditorialAndré Falcão Tatiana Portela

Tiragem

CVE/SES - SPFIOCRUZ - RJFCM/UNICAMP - SPISC/UFBA - BAFM/USP - SPENSP/FIOCRUZ - RJDSC/UNB - DFATPS/MS - DF

Comitê Editorial

José Cássio de Moraes Maria Cecília de Souza MinayoMariliza Berti de Azevedo BarrosMaurício Lima BarretoMoisés GoldbaumPaulo Chagastelles Sabroza Pedro Luiz TauilAntonio Ruffino Netto

Editor GeralJarbas Barbosa da Silva Júnior

Consultores

Maria Adelaide MillingtonFábio de Barros Correia Gomes Eduardo Hage CarmoFabiano Geraldo Pimenta JúniorMaria de Lourdes Souza MaiaGuilherme Franco NettoLenita Nicoletti Marcia Furquim Maria da Glória Teixeira Maria Lúcia Penna

Editores Executivos

Maria Regina F. Oliveira Maria Margarita Urdaneta GutierrezAna Maria Johnson de Assis

CENEPI/FUNASA-DFCENEPI/FUNASA-DFCENEPI/FUNASA-DFCENEPI/FUNASA-DFCENEPI/FUNASA-DFCENEPI/FUNASA-DFFIOCRUZ - DFFSP/USP - SPUFBA - BAUFRJ - RJ

CENEPI/FUNASA-DFCENEPI/FUNASA-DFCENEPI/FUNASA-DF

CENEPI/FUNASA-DF...................................

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Os artigos publicados são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

2000. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde

Informe Epidemiológico do SUSIESUS

O Informe Epidemiológico do SUS é distribuído gratui-

tamente. Para recebê-lo, escreva para o CENEPI/FU-

NASA no endereço:

Setor de Autarquias Sul, Qd. 4, Bl. N, Sala 612

70.050-902 Brasília - DF

ou para o endereço eletrônico [email protected]

A versão eletrônica do IESUS está disponível na

Internet:

http://www.funasa.gov.br

Informe Epidemiológico do SUS / Centro Nacional de Epidemiologia, coord. - Brasília : Ministério da Saúde : Fundação Nacional de Saúde, 1992 -

Trimestral

ISSN 0104-1673

1. Epidemiologia

FICHA CATALOGRÁFICA

Correção BibliográficaRaquel Machado Santos

SUMÁRIO................................................................................

volume 10, nº 3 julho/setembro de 2001

IESUSInforme Epidemiológico do SUS

Editorial

Fatores de Risco para o Baixo Peso ao Nascer, com Base em Informações da Declaração de Nascido Vivo em Guaratinguetá, SP, no Ano de 1998 - Risk Factors for Low Birth Weight, Based on Information from Live Birth Certificates, in Guaratinguetá, SP, 1998Luiz Fernando Costa Nascimento e Sabina Léa Davidson Gotlieb

Identificando Fontes de Dados Nos Sistemas de Informações do SUS para a Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares - Identifying Sources of Data in the Information Systems of the Brazilian Unified Health Systema for the Epidemiological Surveillance of Hospital InfeccionsSandra Suzana Prade e Miguel de Murat Vasconcellos

Programa de Controle da Tuberculose no Brasil: Situação Atual e Novas Perspectivas - Tuberculosis Control Program in Brazil: Update and New PerspectivesAntonio Ruffino-Netto

Normas para Publicação

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E d i t o r i a lE d i t o r i a l

O Informe Epidemiológico do SUS(IESUS) vem se consolidando comopublicação de elevada relevância para osprofissionais de saúde pública e certamenteestá contribuindo para o desenvolvimentoda Epidemiologia no país.

No que se refere aos sistemas deinformação em saúde esta publicação vempossibilitando a divulgação de váriasexperiências, principalmente a partir dovolume 9 (2000), número 2, quando foramapresentados cinco artigos relacionadosà utilização do Sistema de InformaçõesHospitalares (SIH) como fonte comple-mentar para a Vigilância Epidemiológica. 1-5

Os dois números que se seguiramapresentaram um artigo sobre a qualidadeda codificação das causas de morte6 eoutro sobre a necessidade de mecanismosde gerenciamento dos sistemas de infor-mação.7 No número anterior a este, doisartigos abordaram a questão da inte-gração entre sistemas de informação debase nacional8,9 e um terceiro apresentourelatório de oficina de trabalho do GrupoTécnico de Informação em Saúde ePopulação da Associação Brasileira deSaúde Coletiva (GTISP/ABRASCO).10

A presente edição também contacom artigos baseados em sistemas de in-formação. O primeiro, de Nascimento eGotlieb, sugere que a declaração de nas-cido vivo (DN), documento por meio doqual são coletadas as informações doSistema de Informação sobre NascidosVivos (SINASC), “é instrumento útil e defácil acesso para avaliar a atençãodedicada à mãe e ao recém-nascido.” Osegundo artigo, de Prade e Vasconcellos,aborda a vigilância epidemiológica dasinfecções hospitalares, indica problemasresultantes da falta de integração entresistemas e salienta a dificuldade em seutilizar, para fins epidemiológicos,algumas fontes de informação disponí-

veis. O terceiro artigo, de Ruffino-Netto,apresenta a situação atual do Programade Controle da Tuberculose no Brasil edelineia o atual plano de controle, queutiliza abordagem epidemiológica paraseleção de prioridades, valoriza a atuaçãoda atenção básica à saúde e a integraçãoentre os dados do Sistema de In-formações de Agravos de Notificação(SINAN) e do Sistema de Informação daAtenção Básica (SIAB).

A freqüência com que temas rela-cionados à informação em saúde têm sidodivulgados pelo IESUS reflete não apenaso interesse editorial, mas também oesforço de qualificados profissionais quetrabalham no setor para melhorar aqualidade das informações disponíveispara ação em saúde pública. Visandocolaborar com tal aperfeiçoamento etomando como base os artigos destaedição e a experiência recente nogerenciamento dos sistemas de in-formações sobre mortalidade (SIM) enascidos vivos (SINASC), destacarei doispontos para reflexão sobre os sistemasde informação em saúde: a adoção deenfoque epidemiológico na construção egerenciamento de sistemas e a integraçãoentre sistemas.

O artigo de Prade e Vasconcellosilustra um dos problemas atuais da áreade informação em saúde: a existência degrande volume de dados dos quais nãose obtém uma utilização mais ampliada,principalmente para fins epidemiológicos.

A adoção de uma abordagem epi-demiológica (a que valoriza a informaçãopara a ação) na concepção e gerencia-mento de sis temas de informaçãopossibilita uma utilização mais eficientedos mesmos. O entendimento de que osdados gerados pelos sistemas podem teruma utilidade que ultrapassa os benefíciosmais imediatos é fundamental para essa

Abordagem ep idemiológica dos s istemas de informação noAbordagem ep idemiológica dos s istemas de informação noBrasil : gerenciamento, real ização de pesquisas eBrasil : gerenciamento, real ização de pesquisas e

divulgação no IESUSdivulgação no IESUS

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abordagem. Assim, um sistema destinadoa captar informações relativas a produçãode serviços de saúde poderia fornecerrelevantes informações epidemiológicascomplementares. Tal potencial tem sidodemonstrado em artigos publicados noIESUS, particularmente em relação aoSIH.

O enfoque epidemiológico tambémvaloriza uma utilização mais oportuna dasinformações. Um exemplo é a utilizaçãodos dados de estatísticas vitais. Recen-temente, a demanda por dados atualizadossobre óbitos e nascimentos tem pro-vocado intenso debate no país, parti-cularmente no que se refere à taxa demortalidade infantil (TMI). O processo dedescentralização do Sistema Único deSaúde (SUS) e a clara identificação dasresponsabilidades dos níveis de governoem relação à saúde da população exigema disponibilidade de dados de qualidade eoportunos para direcionar os investi-mentos no setor e avaliar os resultadosdas intervenções. Uma abordagem “esta-tística” ou “cartorial” frente aos eventosvitais não é admissível no contexto atual.A publicação de dados sobre mortalidadeou nascimentos em anuários após doisanos de sua ocorrência já não é sufi-ciente. É certo que no nível nacional asalterações no padrão de mortalidade nãoocorrem tão rapida-mente, entretanto onível municipal muito se beneficia de umadisponibilização mais oportuna dos dados,pois, por exemplo, ações efetivas de saúdepública podem influir rapidamente emproblemas como a mortalidade infantil ematerna.

Tampouco satisfaz a utilização deestimativas demográficas em detrimentode dados diretos, quando já é possívelidentificar locais com cobertura e qua-lidade adequadas, propiciando a cons-trução de indicadores que utilizem aomáximo os dados dos sistemas de infor-mação.

O Centro Nacional de Epidemiologia(CENEPI) tem adotado uma abordagemepidemiológica no gerenciamento do SIMe do SINASC. A implantação das por-

tarias da FUNASA que regulamentamesses sistemas 11,12 (nos. 474 e 475 de31/08/00), propiciaram uma aceleração nadisponibilização dos dados. No final doano em que se publicou a portaria (2000)foi realizado o fechamento dos dados de1998. No final de 2001, foi realizado ofechamento dos dados de 1999. Nosegundo trimestre de 2002, será realizadoo fechamento dos dados de 2000, e nosegundo semestre de 2002 será realizadoo fechamento de 2001. Pelo menos noque se refere à velocidade de divulgação,o Brasil se coloca entre os países queconseguem divulgar estatísticas de óbitosmais rapidamente (Inglaterra - 10 meses;Japão, Rússia, México e Dinamarca - 12meses; EUA - 18 meses). Muitos desafiosprecisam ainda ser superados no que serefere à qualidade dos dados, entretantoa utilização intensa dos mesmos (aexemplo da numerosa participação deindicadores derivados desses sistemasnos pactos de saúde do SUS) tenderá afavorecer o desenvolvimento dos siste-mas pois facilitará a identificação dosproblemas que precisam ser corrigidos.

Os dois últimos artigos desta ediçãodo IESUS enfocam a questão da inte-gração dos sistemas de informação. Essaé uma questão recorrente, cuja neces-sidade de efetivação é consensual. Estademanda tem sido defendida em oficinasde trabalho organizadas pela ABRASCO10

(já mencionada anteriormente) e, maisrecentemente, pelo Conselho Nacional deSecretár ios de Saúde (CONASS),Conselho Nacional de Secretários Muni-cipais de Saúde (CONASEMS) e Minis-tério da Saúde.13

A rápida evolução tecnológicapossibilita a criação dos mais variadossistemas, que a depender do gerencia-mento podem ser integrados ou não.Assim, é fundamental para o desen-volvimento de sistemas integrados que adiscussão sobre a gestão dos mesmos sejaaprofundada e que não se limite a questõespuramente de informática.

Apesar da disponibilidade atual derecursos da micro-informática e da

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Internet, poucos são os sistemas deinformação em saúde que os utilizam parasuperar a fragmentação e comparti-mentalização dos mesmos. Muitos dossis temas atuais ainda perpetuam afragmentação, utilizando os recursos dainformática basicamente para agilizar seusfluxos internos. Essa atitude torna difícila utilização dos dados provenientes devários sistemas de informação pararealizar análises de situação de saúde.

Uma interessante discussão sobre aintegração de sistemas de informação emsaúde encontra-se em documento doCentro de Controle de Doenças dos EUAintitulado: Integrating Public HealthInformation and Surveillance Systems -A Report and Recommendations - Spring1995 - CDC / USA.”14 Esse relatóriosalienta que o “elemento chave para obtersistemas de informação integrados é afuncionalidade ao invés da singularidade”e reconhece que “com sistemas inte-grados, uma grande variedade de sistemasde informação individuais continuarão aexistir, mas esses sistemas devem sercoordenados, interconectados, compará-veis, e fáceis de usar, de modo que elespareçam um só para o usuário final”. Orelatório ainda cita que “três elementossão essenciais para a evolução de sistemasintegrados de informação em saúde:padrões de bancos de dados definidos,uma infra-estrutura de comunicações, eacordos no nível de formulação de polí-t icas quanto ao acesso dos dados,compartilhamento, e redução da carga detrabalho para os produtores da infor-mação.”

Espera-se que com o incremento nainterlocução entre as diversas instituiçõesbrasileiras envolvidas com a informaçãoem saúde e com a implantação do CartãoNacional de Saúde, a “integração fun-cional” entre os sistemas existentes nopaís seja favorecida.

Concluo este editorial, expressandoa confiança de que uma política nacionalpara a informação em saúde resultará domomento atual de discussão entre oscomponentes do SUS. Tal política faci-

litará o alcance de um dos principaisobjetivos dos sistemas de informação emsaúde na concepção do SUS, que segundoo Guia de Vigilância Epidemiológica15 doCentro Nacional de Epidemiologia, “épossibilitar a análise da situação de saúdeno nível local, análise essa que tomecomo referencial microrregiões homo-gêneas e, necessariamente, leve emconsideração as condições de vida dapopulação no processo saúde-doença.” Omesmo documento salienta a necessidade:da “existência de um sistema hierar-quizado, no qual o fluxo ascendente devariáveis se dê de modo inversamenteproporcional à agregação geográfica” ede “integração dos bancos de dados e umamaior dinamização das ações de vigilânciaepidemiológica, por meio da utilização dossistemas nacionais informações comopré-requisitos para o desenvolvimento deuma política de informação e informáticapara o SUS.”

Referências bibliográficasReferências bibliográficas1. Mendes ACG, Silva Junior JB, Medeiros

KR, Lyra TM, Melo Filho DA, Sá DA.Avaliação do Sistema de InformaçõesHospitalares (SIH-SUS) como fontecomplementar na vigilância e moni-toramento de doenças de notificaçãocompulsória. Informe Epidemiológicodo SUS 2000;9(2):67-86.

2. Lyra TM, Mendes ACG, Silva JuniorJB, Duarte PO, Melo Filho DA,Albuquerque PC. Sistema de Infor-mações Hospitalares: fonte comple-mentar na vigilância e monitoramentode doenças imunopreveníveis. InformeEpidemiológico do SUS 2000;9(2):87-110.

3. Mendes ACG, Medeiros KR, Farias SF,Lessa FD, Carvalho CN, Duarte PO.Sistema de Informações Hospitalares:fonte complementar na vigilância emonitoramento das doenças de vei-culação hídrica. Informe Epidemio-lógico do SUS 2000;9(2):111-124.

4. Mendes ACG, Albuquerque PC, LessaFD, Maciel Filho R, Farias SF,Montenegro TO. Sistema de Infor-mações Hospitalares: fonte comple-

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mentar na vigilância e monitoramentodas doenças de transmissão vetorial.Informe Epidemiológico do SUS2000;9(2):125-136.

5. Silva Junior JB, Mendes ACG, CamposNeta TJ, Lyra TM, Medeiros JR, SáDA. Sistema de Informações Hospi-talares: fonte complementar na vigi-lância e monitoramento das doençastransmitidas entre pessoas. InformeEpidemiológico do SUS 2000;9(2):137-162.

6. Santo AH. Avaliação da qualidade dacodificação das causas de morte noEstado de São Paulo, Brasil. InformeEpidemiológico do SUS 2000;9(3):189-198.

7. Almeida MF, Alencar GP. Informaçõesem saúde: necessidade de introduçãode mecanismos de gerenciamento dossistemas. Informe Epidemiológico doSUS 2000;9(4):241-150.

8. Mello Jorge MHP, Gotlieb LD. Sistemasde Informação de Atenção Básica comofonte de dados para os Sistemas deInformações sobre Mortalidade e sobreNascidos Vivos. Informe Epidemio-lógico do SUS 2001;10(1):7-18.

9. Scatena JHG, Tanaka OY. Utilização doSistema de Informações Hospitalares(SIH-SUS) e do Sistema de Infor-mações Ambulatoriais (SIA-SUS) naanálise de descentralização da saúde emMato Grosso. Informe Epidemiológicodo SUS 2001;10(1):19-30.

10. Moraes IHS, Santos SRFR. Infor-

mações para a gestão do SUS: ne-cessidades e perspectivas. InformeEpidemiológico do SUS 2001;10(1):49-56.

11. BRASIL. Fundação Nacional de Saúde.Portaria n. 474, de 31 de agosto de2000. Regulamenta a coleta de dados,fluxo e periodicidade de envio dasinformações sobre óbitos para oSistema de Informações sobre Mor-talidade - SIM. Diário Oficial da União,Brasília, v.138, n.171-E, p.33, 4 set.2000. Seção 1.

12. BRASIL. Fundação Nacional de Saúde.Portaria n. 475, de 31 de agosto de2000. Regulamenta a coleta de dados,fluxo e periodicidade de envio dasinformações sobre nascidos vivos parao Sistema de Informações sobreNascidos Vivos - SINASC. Diário Ofi-cial da União, Brasília, v.138, n.171-E, p.34, 4 set. 2000. Seção 1.

13. Oficina de Trabalho sobre Infor -mação e Informática em Saúde: umaagenda para os gestores do SUS;2002, maio 7-8; Rio de Janeiro,Brasil. Mimeo.

14. Integrating Public Health Informationand Surveillance Systems - a report andrecomendations - Spring 1995. Atlanta:CDC; [1995].

15. Fundação Nacional de Saúde. Guia devigilância epidemiológica [online] 2000[capturado 2001 jun 14]. Disponívelem http://www.funasa.gov.br/pub/GVEOOID.htm.

Fábio de Barros Correia GomesCoordenador Geral de Análises e Informa-ções de Saúde/CENEPI/FUNASA/MS

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Identificando Fontes de Dados nos Sistemas deIdentificando Fontes de Dados nos Sistemas deInformações do SUS para a VigilânciaInformações do SUS para a Vigilância

Epidemiológica das Infecções HospitalaresEpidemiológica das Infecções Hospitalares

ResumoO trabalho analisa os Sistemas de Informações ativos do Sistema Único de Saúde (SUS) e suasregulamentações, buscando fontes de dados secundários para o preenchimento de um FormulárioMínimo de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares (FMVEIH). Ele é composto a partir deinstrumento já utilizado em estudo brasileiro desta área, e atualizado de acordo com a legislação queatualiza as diretrizes do Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) no Brasil. O FMVEIHé composto dos campos de identificação do paciente e de seus dados clínicos como: diagnósticos; datasde internação, saída ou óbito; procedimentos invasivos de risco para infecções hospitalares (IH); tiposde IH por topografia e microrganismos causadores; antibióticos usados, febre, infecção comunitária einformações complementares que são úteis na análise e classificação das infecções e sua origem. Entreos sistemas analisados, os melhores subsídios foram encontrados no Sistema de Gerenciamento Hospitalar(HosPUB); no Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS) e nas Portarias do Ministro da Saúdeque modificam ou complementam este último. Conclui-se que estes Sistemas são inaptos em fornecer osdados necessários ao preeenchimento completo do Formulário Mínimo proposto, mas fornecem camposque, incorporados a este Formulário, podem gerar compatibilizações e interfaces entre si. Isto se foremadotados os padrões definidos pela Rede Interagencial de Informações para Saúde (RIPSA), SystematizedNomenclatures of Medicine (SNOMED) ou outros. A constatação justifica a necessidade da criação deum sistema de informações exclusivo para o PCIH, com característica modular, compatível com o futuroprontuário eletrônico do paciente e os Sistemas SIH-SUS e HosPUB, respectivamente. A validação dosindicadores e do sistema devem preceder sua concepção na forma eletrônica.Palavras-ChaveSistemas de Informação; Vigilância Epidemiológica; Infecção Hospitalar.SummaryThis study analyses the health information systems in use by the Brazilian Unified Health System (SUS)and their regulations, searching for sources of secondary data tocomplete a Minimum Form for theEpidemiological Surveillance of Hospital Infections (MFESHI). This form is composed of an instrumentalready used in a Brazilian study, and updated according to the legislation responsible for the norms ofthe Control Program of Hospital Infections (CPHI) in Brazil. The MFESHI is composed of fields designedfor the patient’s identification and clinical data, such as: diagnosis; hospitalization period; invasiveprocedures at risk for hospital infection; types of hospital infections by location and microorganismsinvolved; antibiotics prescribed; fever; community infection and complementary information useful forthe analysis and classification of infections and their origin. Among the analyzed information systems, thebest inputs were found in the Hospital Management System (HosPUB); the Hospitalization InformationSystem (SIH-SUS) and in the Regulations of the Ministry of Health which modify or complement the SIH-SUS. It was concluded that these systems are not capable of providing the necessary data to complete theinformation required for the proposed Minimum Form. Nevertheless they provide fields, which ifincorporated into this Form will be able to generate compatibility and interfaces among themselves -provided that the patterns defined by the Inter Agency Network of Information for Health Care (RIPSA),Systematized Nomenclatures of Medicine (SNOMED) or others standards are followed and adopted.Such evidence justifies the need for the development of a specific information system for the CPHI, withmodular characteristics compatible with not only the patient’s future electronic register, but also the SIH-SUS and HosPUB respectively. Validation of the indicators and the system should precede its developmentin electronic form.Key WordsInformation Systems; Epidemiologic Surveillance; Hospital Infection.

Endereço para correspondência: Departamento de Administração e Planejamento em Saúde - Escola Nacio-nal de Saúde Pública - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - 7 o andar. Manguinhos/RJ. CEP: 21.041-210. Tel: (21) 2643-5278.e-mail: [email protected]

Ident i fy ing Sources of Data in the Informat ion Systems ofIdent i fy ing Sources of Data in the Informat ion Systems ofthe Braz il ian Unif ied Health System for the Ep idem iolog icalthe Braz il ian Unif ied Health System for the Ep idem iolog ical

Surveillance of Hospital IntectionsSurveillance of Hospital Intections

Miguel de Murat VasconcellosMiguel de Murat VasconcellosEscola Nacional de Saúde Pública / Departamento de Administração e Planejamento em Saúde / FIOCRUZ

Sandra Suzana PradeSandra Suzana PradeEscola Nacional de Saúde Pública / Departamento de Administração e Planejamento em Saúde / FIOCRUZ

Informe Epidemiológico do SUS 2001; 10(3) : 121-128.

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Int roduçãoIntroduçãoO Programa de Controle de Infecção

Hospitalar (PCIH) é obrigatório no Brasil,desde 1983. Sua existência em todos oshospitais brasileiros visa manter sobcontrole a iatrogenia conhecida comoinfecção hospitalar, 1-4 atuando como“assessor do dirigente hospitalar”. Tema função de diagnosticar e vigiar afreqüência e distribuição do fenômenoentre os hospitalizados e egressos; inter-vir, por diversos meios, na padronizaçãoda qualidade de condutas profissionaisinvasivas nos pacientes e na orientaçãoda escolha terapêutica; e, de maneirasistêmica, prevenir e controlar fontes eformas de transmissão de microor-ganismos entre clientes, trabalhadores eambiente, de modo a manter em alto nívela qualidade assistencial prestada.5

No PCIH, dois blocos de dadosbásicos de informações são necessáriospara obter a análise da qualidadeassistencial: aqueles que se referem aosresultados assistenciais, detectados apartir da vigilância epidemiológica dospacientes hospitalizados e egressos, eoutro, que se refere às condições es-truturais e dos processos, disponibilidadedos recursos, do conhecimento e dahabilidade técnica para uma assistênciaproficiente e eficaz, pois, de acordo comDonabedian,6,7 a avaliação não pode serestringir só a resultados.

As informações geradas pelo PCIHdevem localizar quais procedimentos eprocessos assistenciais são de maior riscoe quais os pacientes mais suscetíveis deadquirir infecção hospitalar e revelar ograu de conhecimentos e habilidades dosoperacionalizadores da assistência emprevenir tal iatrogenia. Presta-se também,para apoiar decisões orientadas por sérieshistóricas de cada hospital, embasandopor um lado, o planejamento e a cons-trução do projeto institucional ou, poroutro, apontando a necessidade de inter-venções imediatas para debelar surtos ouepidemias.

No presente trabalho, busca-seidentificar fontes de dados clínicos depacientes hospitalizados nos diversos

Sistemas de Informações do SistemaÚnico de Saúde (SUS), que possamsatisfazer a coleta de dados para avigilância epidemiológica das infecçõeshospitalares nos moldes propostos naPortaria GM-MS 2.616/98.4 Justifica-setal investigação porque tanto esta Portariacomo as que a precedem indicam anecessidade de “informações sistemáticasserem fornecidas aos órgãos de saúde”,pelos hospitais. Mas inexiste tal sistemade informações ou vigilância para estaiatrogenia, em âmbito nacional.

Os dados secundários são indica-tivos ou “pistas” para localizar e definiras infecções hospitalares. As fontes5 são:a) o prontuário do paciente, composto

dos dados pessoais, história pre-gressa , exame de in ternação ehipótese diagnóstica, prescrições,evoluções, resultados de exames esumário de alta com diagnóstico;

b) os registros de intercorrênciascirúrgicas e anestésicas;

c) a liberação de antimicrobianos emateriais para procedimentos inva-sivos na farmácia e almoxarifado;

d) os sinais vitais do paciente internado;e) a reinternação de egresso ou consulta

de follow up pós-hospitalar; ef) as solicitações de exames labora-

toriais e de imagens com hipótese eresultado de infecção entre outros.

A qualidade dos dados coletadosdepende da habilitação e treinamento dosprofissionais técnicos, cujo conhecimentoe adesão aos critérios e conceitos devemser validados, para garantir informaçõesconfiáveis. Com a geração de infor-mações sistemáticas, é possível comporrelatórios analíticos que revelam osproblemas prevalentes e relevantes, assimcomo demonstram, historicamente, osefeitos das intervenções em minimizá-losou não.

A partir da constatação da inexis-tência de um sistema nacional de in-formações das infecções hospitalares ouseu controle, e a partir da Portaria GM-MS 2.616/984, que considera a neces-sidade de sistematização dessas infor-

Informe Epidemiológicodo SUS

Identificando Fontes de Dados Hospitalares nos Sistemas de Informação do SUS

Inexiste umInexiste umsistema desistema de

informações parainformações paraa vigilânciaa vigilância

epidemiológicaepidemiológicadas infecçõesdas infecções

hospitalares noshospitalares nosmoldesmoldes

propostos napropostos naPortaria GM-MSPortaria GM-MS

2.616/98.2.616/98. 44

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mações, além de determinar a constituiçãode Comissões de Controle de InfecçãoHospitalar para assessorar o dirigente dohospital, foi realizado inicialmente umestudo,8 na tentativa de encontrar soluçõesalternativas.

Neste estudo8 preliminar, foramentão analisados os sistemas de avaliaçãohospitalares, já instituídos no SUS(Auditoria, Acreditação, InspeçõesSanitárias, etc). O objetivo era localizarindicadores ou itens de verificação quepudessem suprir uma avaliação damagnitude ou gravidade das infecçõeshospitalares ou de seu controle, dentrodos moldes propostos pela Portariaanteriormente referida. Concluiu-se haverinsuficiência e repetitividade dos indi-cadores na maioria dos sistemas e, parano máximo, avaliarem a regularidade deobtenção de um ou dois indicadores, semimportar os valores relativos e o sig-nificado destes.

Em nenhum desses sistemas foiencontrado o dado sobre óbito associadocom infecção hospitalar.

Mediante a insuficiência de dadosque pudessem compor uma fonte únicaou mesmo integrada de coleta de dadosou informações do controle de infecção,que satisfizesse as necessidades indicadasna legislação brasileira, 3,4,9 busca-seanalisar neste trabalho os sistemas deinformação do SUS . A tentativa é deintegrar um sistema secundário deinformações, compatível com a “vigilân-cia epidemiológica sistemática dasinfecções hospitalares”.4 Nesta perspec-tiva propõe-se a valorizar todas aspossibilidades de dados já coletados ouinformações geradas com outras finali-dades, para compor tal sistema.

Assim, objetiva-se identificarfonte(s) para a coleta de dados secun-dários nos Sistemas de Informações doSUS, capaz(es) de preencher um for-mulário mínimo de vigilância epide-miológica das infecções hospitalares(FMVEIH), composto com a finalidadede vigiar o fenômeno e avaliar osresultados qualitativos da assistênciahospitalar prestada.

Mater ia l e métodosMater ia l e métodos Para chegar aos dados secundários

desejados, realizou-se um screening(separação) e um estudo avaliativo, emduas etapas distintas.

A primeira etapa consistiu emselecionar, dentre os sistemas de infor-mação ativos, quais os que se referiamao paciente hospitalizado ou contendodados da hospitalização pregressa, sendoesse o nosso critério inicial de inclusãodos sistemas no estudo. Desta maneira,participaram do screening o Sistema deInformações sobre Mortalidade (SIM),10

o Sistema Nacional de Nascidos Vivos(SINASC),10 o Sistema de InformaçõesHospitalares (SIH-SUS), 10 o SistemaAmbulatorial (SIA),10 o Sistema deAtenção Básica (SIAB) 10 e o Sistema deGerenciamento Hospitalar (HosPUB). 11

Os sistemas que se enquadraramnos critérios pré-definidos (referentes àhospitalização) foram o SIH-SUS e oHosPUB, porque eram os únicos quecontinham dados referentes ao pacientehospitalizado, alvo de nosso interesse. Osdemais não participaram da avaliação.

Depois que os sistemas de infor-mação foram selecionados por seremconsiderados aptos, a segunda etapa,referente à avaliação, busca identificarnestes sistemas os dados que possampreencher o FMVEIH (Figura 1).

Dessa maneira, foram analisados oSIH-SUS e o HosPUB. O propósito desteestudo foi identificar os campos nosformulários desses sistemas que possamfornecer dados para o preenchimento deuma versão modificada da ficha devigilância epidemiológica das infecçõeshospitalares do Estudo Brasileiro daMagnitude das Infecções Hospitalares emHospitais Terciários 12 (Figura 1), queadotamos.

Esta técnica de seleção de campospara preenchimento do FormulárioMínimo foi inspirada na meta-análise.13

Julgamos importante esclareceralgumas características dos sistemasescolhidos, a seguir.

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Sandra Suzana Prade e Miguel de Murat Vasconcellos

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Informe Epidemiológicodo SUS

Identificando Fontes de Dados Hospitalares nos Sistemas de Informação do SUS

Figura 1 - Formulário Mínimo de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares absorvendo aspropostas finais de compatibilização com o Sistema de Gerenciamento Hospitalar (HospPUB) e a Autorização

de Internação Hospitalar (AIH)

Formulário Mínimo de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares

1) Paciente no 2) No AIH 3) (Privado) (convênio) 4) Código Avaliador/Gerente (sigla hosp)-uf-dd/mm/aaaa

5) HOSPITAL

5.1) Nome do Hospital: ................................................................... 5.2) CGC: ......................................................

5.3) Endereço: ........................................................... ..................... 5.4) Telefone: .................................................

5.5) Município: ............................................... 5.6) UF: ............. 5.7) Natureza ( )

6) PACIENTE

6.1) Unidade de Serviço:

6.2) Transferências: ( )dd/mm/aaaa>>>( )dd/mm/aaaa>>>( )dd/mm/aaaa >>>( )dd/mm/aaaa

6.3) Dias de Internação: _____ dias 6.4) Saída: dd/mm/aaaa 6.5) ( ) Óbito

6.6) Idade: ____ (Dia/Mês/Ano) 6.7) Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

6.8) Diagnósticos: 1o 2o 3o 4o 5o

7) TOPOGRAFIAS DE INFECÇÃO HOSPITALAR/GERMES

7.1) Respiratória: (1) (2) 7.2) Sangue: (1) (2) 7.3) Cirúrgica: (1) (2) (3)

7.4) Urinária: (1) (2) 7.5) Outras: (1) (2) (3) (4) (5) (6)

7.6.) Germes: ( ) código ( ) código ( ) código ( ) código ( ) código ( ) código

8) PROCEDIMENTOS DE RISCO PARA INFECÇÃO HOSPITALAR

8.1) Antibióticos (códigos) 8.2) (Função-Profilática/Terapêutica/Inadequada) 8.3) Sonda vesical demora ( )

8.4) Drenagem fechada ( ) 8.5) Tubo endotraqueal ( ) 8.6) Respirador ( ) 8.7) Traqueostomia ( )

8.8) Cateter vascular central ( ) 8.9) Cateter vascular periférico ( ) 8.10) Drenagem toráxica ( )

8.11) Cirurgia ......................................... 8.12) dd/mm/aaaa 8.13) Tipo ( ) L* ( ) PC* ( ) C* ( ) I*

8.14) Anestesia ( ) 8.15) Endovenosa ( ) 8.16) Inalatória ( ) 8.17) Outros ( )

9) OUTRAS INFORMAÇÕES

9.1) Peso nascimento: ........................ gramas 9.2) Idade gestacional: ........................ semanas

9.3) Temperatura (a) > 37,8oC ou (b) < de 36oC/data ............................................

9.4) Infecção comunitária ( )9.5) Resultados de exames (tipo/data/resultado)

9.6) Outros sinais e sintomas:

9.7) Outros procedimentos:

Fonte: Ministério da Saúde.14 Modificado.* Siglas: L=limpa; PC=potencialmente contaminada; C=contaminada; I=infectada.Legenda: Campo em negrito: pode ser preenchido a partir da AIH e do HosPUB;

( ) UTI2-Pediátrica ( ) UTI3-Neonatal ( ) Emergência ( ) Queimados ( ) Pediatria( ) Clínica ( ) Cirurgia ( ) Obstetrícia ( ) UTI1-Adulto

Campo em itálico: foi incorporado ao formulário a partir da AIH e do HosPUB. Esse campo pode ser preenchido a partir da AIH e do HosPUB.

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O SIH-SUS 10 incorpora todas asinternações financiadas pelo SUS, comescassas exceções para hospitaispúblicos. A Autorização de InternaçãoHospitalar (AIH) é o formulário preen-chido para cada paciente internado sob oSIH-SUS.

No SIH-SUS foram analisadostodos os campos dos formulários que sãopreenchidos para cada paciente internado.Para tal, estudou-se o Manual e oscampos da AIH, contidos no CD-RomMovimento Hospitalar15 e na legislaçãoque a atualiza: a Portaria GM-MS 212/99,16 que altera seu preenchimento e,também, na portaria que instala a coletade dados dos hospitais não pertencentesao SUS (Portaria GM-MS 213/99).17

O HosPUB11 é um sistema auxiliarda gerência de unidades, departamentose serviços hospitalares. É um sistema“online”, multiusuário, modular e de do-mínio público.

No HosPUB, foram analisadas asinformações geradas pelos módulos dosistema de gerenciamento hospitalar,através do Manual de Apresentação desteSistema.

A intenção era valorizar as fontesde dados para satisfazer o preenchimentomáximo possível do Formulário Mínimode Vigilância Epidemiológica das Infec-ções Hospitalares adotado como instru-mento de vigilância epidemiológica,que contém os campos que satisfazemas exigências da Portaria GM-MS 2.616/98.4

Todas as consultas foram feitas apartir da Internet e do CD-Rom Movi-mento de Autorização de InternaçãoHospitalar do SUS.15

ResultadosResultadosO estudo foi realizado em maio de

2000 e, na primeira rodada de avaliações,mostrou que o SIAB, SIA, SIM eSINASC eram inaptos aos objetivospropostos, porque não se referiam àsinformações hospitalares desejadas ounão continham campos que pudessem seraproveitados. Na segunda rodada deavaliações, estudou-se o SIH-SUS e o

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HosPUB, por se adequarem aos critériosdefinidos.

Na avaliação do Manual da AIHconjuntamente com a Portaria n

o 212/9916

(que atualiza a AIH), encontrou-se apossibilidade de utilizar os dados daquelasfontes, e que basicamente consiste na:

a) identificação do hospital;

b) identificação do paciente;c) identificação da clínica de internação

e diagnóstico principal; ed) alguns procedimentos.

Vale ressaltar que procedimentosespecíficos de risco para infecção hos-pitalar, além de cirurgia e anestesia,requerem aprofundamento da busca dedados e informações, pois sondagensvesicais, uso de tubo endotraqueal, catetervascular central e outros, são compo-nentes de procedimentos diagnósticos eterapêuticos, que também compõem“atos médicos”. Não fica claro atravésdesta fonte de dados (o Manual da AIH),a quantidade destes procedimentos etempo de uso, informação essa necessáriapara analisar a associação de risco cominfecção hospitalar.

Encontrou-se importante fonte dedados no Laudo Médico que está noprontuário do paciente. Este traz muitasinformações para o preenchimento doFormulário Mínimo de Vigilância Epide-miológica das Infecções Hospitalares,porque identifica hipóteses diagnósticas,resultados de exames preliminares ehistória pregressa. Tais informações sãonecessárias para diferenciar a classifi-cação das infecções comunitárias e ashospitalares, em função das condições deinternação do paciente (Portaria GM-MS2.616/98).4

Na Portaria no 212/9916 encontra-se

a mesma indicação de preenchimento dosdados da AIH, mas adiciona-se um campocom a informação de que o paciente temou não infecção hospitalar.

A partir do HosPUB 18 é possívelpreencher, além da identificação dopaciente e diagnóstico principal, os dadossobre procedimentos de risco para

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infecção hospitalar e também para os tiposde exames colhidos e seus respectivosresultados, desde que o hospital acione omódulo exames e programe-o dentro desuas necessidades.

O HosPUB dispõe também de taxade pacientes-dia e a média de permanênciano boletim de movimento hospitalar, alémdos dados individuais de cada pacientereferentes ao tempo de internação, idadee código diagnóstico.

Para registrar os procedimentosrealizados a partir dos registros da AIH edo HosPUB, é necessário conduzir aoutras pesquisas que detalham a com-posição de cada procedimento autorizadopara a internação hospitalar no SUS.Assim, poderá ou não ser usado res-pirador num procedimento de clínicamédica, em diagnóstico de pneumonia.

D i s c u s s ã oD i s c u s s ã oAnalisando o grau de preenchimento

do Formulário Mínimo de VigilânciaEpidemiológica das Infecções Hospita-lares a partir dessas duas fontes, como ogrifado em negrito na Figura 1,observou-se que:

a) os dados oriundos dessas fontes nãocompletam o Formulário; no entanto,o HosPUB é uma fonte de dados maisampla do que a AIH;

b) os dados oriundos da nova AIHintroduzem o campo que somente in-forma se o paciente teve ou nãoinfecção hospitalar, sem, no entanto,classificá-la e quantificá-la. Mastambém, não estão disponíveis nossistemas de informação na Internet;

c) quantitativamente, a antiga AIHpreenche mais campos do Formu-lário; no entanto, com os dadosgerados pelo HosPUB, é possívelencontrar dados referentes ao acom-panhamento da internação dopaciente e possível follow up ambu-latorial. Tais dados compõem a vigi-lância de pacientes egressos dohospital para infecções que semanifestem após esta, como previstona Portaria GM-MS 2.616/98;4

d) grande parte dos dados contidos nossistemas de informação estudadosvisam ao controle de custos e gastoscom procedimentos, tempo de in-ternação e serviços profissionais; e

e) alguns dados se repetem nos sistemasde informação estudados e, no entanto,se referem predominantemente à faturada conta hospitalar, e não ao registrode dados e informações clínicasrelativas a cada paciente, asseme-lhando-se a um prontuário.

Chamou a atenção a falta de infor-mações e dados clínicos e epidemio-lógicos nos Sistemas de Informação doSUS que foram estudados.

Achados curiosos foram encon-trados a partir da análise da Portaria SAS-MS 213/9917 que regulamenta o forne-cimento de informações hospitalares depacientes não atendidos pelo SUS, e nãocontempla a necessidade de informarquem teve ou não infecção hospitalar (seé nacional a necessidade de vigiar ofenômeno e seus acometidos!) e foipromulgada no mesmo momento que aPortaria SAS-MS 212/9916, que implantao campo Infecção Hospitalar na AIH.

Observa-se também, nos resultadosdos exames do HosPUB, que “só podemser acessados por médicos”, enquantoque outros profissionais e principalmenteo controlador de infecções hospitalaresnecessitam analisar tais exames e seusresultados (campos 7 e 9.5 da Figura 1),para desencadear investigações, instalarisolamentos ou outros procedimentosde controle da disseminação de mi-croorganismos no hospital, e também, deprevenção.

Com tal análise por um lado, e, poroutro mantendo a necessidade (ouobrigatoriedade ainda não cumprida), deâmbito nacional, de levantar dados paragerar informações de infecção hospitalar,é possível pensar em duas soluções:

a) a primeira é a incrementação do SIH-SUS e do HosPUB no sentido deampliar o detalhamento clínico dospacientes assistidos, assim comocompatibilizá-los entre si e implantá-

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Identificando Fontes de Dados Hospitalares nos Sistemas de Informação do SUS

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los em todos os hospitais próprios econveniados do SUS. E também, decapacitá-los em novas versões, paraabrigar dados clínicos, terapêuticos ediagnósticos que sustentem esta ne-cessidade de dados e informações; e

b) a segunda alternativa, e possivelmentea de menor custo e esforço, é acriação de um módulo informacionalespecialista ou exclusivo de infecçãohospitalar que comporte os dadosepidemiológicos e de qualidade as-sistencial relacionada, cujos dados seoriginem diretamente do prontuário dopaciente e do ambiente de cadahospital.

Pela insuficiência de dados e in-formações, os sistemas estudados sãoinaptos para fornecer dados que vigiemas infecções hospitalares, de acordo coma Portaria n

o 2.616/984 e a Lei n

o 9.431/

97.3 No entanto, alguns dados dossistemas estudados são úteis para realizarinterfaces e, possivelmente, checagens,cruzamentos e detalhamentos e, para talforam incorporados ao FormulárioMínimo (Figura 1: campos em itálico).Esta é uma intenção inicial de criarinterfaces com os Sistemas mais compa-tíveis, para o fornecimento de algunsdados apropriados ao Controle deInfecção Hospitalar.

Entretanto, para um completopreenchimento do Formulário Mínimo deVigilância Epidemiológica das InfecçõesHospitalares é requerido que os dadossecundários tenham origem impreterívelno prontuário do paciente, para que asdecisões e a classificação de infecções(hospitalares ou comunitárias), anti-bióticos (profiláticos, terapêuticos,inadequados) e procedimentos de riscodecorrentes sejam válidas e o sistemade vigilância sistemátic o, fact ível econfiável.

Mas, enquanto se discute umprontuário eletrônico único nacional, abusca de dados deve ser focalizada noprontuário atual dos hospitais, podendoser complementado pelas informações edados do SIH-SUS e HosPUB. O agente

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apto para coletar dados é o gerente docontrole de infecções hospitalares compresença indispensável em todos oshospitais brasileiros, conforme prevê alegislação fiscal.9 O processamento de taisdados deve necessariamente ser eletrô-nico, porque o volume de análises e aquantidade de dados impede qualquercontribuição em tempo real, se forprocessado manualmente.

Para uma produção sistemática efidedigna de informações que expressemo grau de magnitude e gravidade dasinfecções hospitalares e seu controle,tornando-os compreensíveis como pro-blema, aos níveis decisórios da saúde, énecessária uma plataforma exclusiva deobtenção de dados. Isso porque, a tentativade aproveitamento de dados coletados deoutros sistemas parece despender maisesforços para pouca efetividade dosresultados, do que construir um móduloespecialista com conteúdo e critériospróprios e exclusivos. Tal iniciativa deveaproveitar as possibilidades de interfacescom os sistemas hospitalares estudados,baseando-se nos padrões definidos pelaRede Interagencial de Informações emSaúde (RIPSA),

10 pelo Systematized

Nomenclatures of Medicine (SNOMED),19

ou outro adequado.Os efeitos da construção de uma

ferramenta informacional para o Controledas Infecções Hospitalares deve reper-cutir na melhor compreensão do fenô-meno como problema e, possivelmente vira integrar as agendas decisórias do setor;novas providências decorrerão damagnitude e gravidade do fenômenorelacionadas aos fatores de risco doprocesso assistencial, à proficiência dosatores profissionais e aos custos edesperdícios.

Referências bibliográficasReferências bibliográficas1. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria

n. 196, de 24 de junho de 1983.Expede instruções para o controle eprevenção das infecções hospitalares.Diário Oficial da União, Brasília, p.113-119, 28 jun. 1983. Seção 1.

2. BRASIL. Ministério da Saúde.

Alguns dadosAlguns dadosdos sistemasdos sistemasestudados sãoestudados sãoúteis paraúteis pararealizarrealizarinterfaces e,interfaces e,possivelmente,possivelmente,checagens,checagens,cruzamentos ecruzamentos edetalhamentos, edetalhamentos, epara tal forampara tal foramincorporados aoincorporados aoFormulárioFormulárioMínimo deMínimo deVigilânciaVigilânciaEpidemiológicaEpidemiológicadas Infecçõesdas InfecçõesHospitalares.Hospitalares.

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Portaria n. 930, de 27 de agosto de1992. Expede instruções para ocontrole de infecção hospitalar. DiárioOficial da União, Brasília, p.12279-12281, 4 set. 1992. Seção 1.

3. BRASIL. Lei n. 9.431, de 6 de janeirode 1997. Decreta a obrigatoriedade doPrograma de Controle de InfecçãoHospitalar em todos os hospitaisbrasileiros. Diário Oficial da União,Brasília, p.265, 7 jan. 1997. Seção 1.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Portarian. 2.616, de 13 de maio de 1998.Expede na forma de anexos asdiretrizes e normas para a prevençãoe controle das infecções hospitalares.Diário Oficial da União, Brasília,p.133, 13 mai. 1998. Seção 1.

5. Prade SS. Método de controle deinfecção hospitalar orientado porproblemas. Rio de Janeiro: Atheneu;1988.

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8. Prade SS. Análise da participação dosindicadores do controle de infecçãohospitalar nos sistemas de avaliaçãodo setor saúde-hospitalar [monogra-fia de conclusão do curso latu sensude gestão da qualidade em serviços].Brasília: FGV; 1998.

9. BRASIL. Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária. Resolução RCD n. 48,de 2 de junho de 2000. Estabeleceroteiro de inspeção do Programa deControle de Infecção Hospitalar parainspeção dos hospitais brasileiros .Diário Oficial da União, Brasília, p.27,6 jun. 2000. Seção 1.

10. Ministério da Saúde. Informações em

Informe Epidemiológicodo SUS

Identificando Fontes de Dados Hospitalares nos Sistemas de Informação do SUS

saúde [online] (s.d.) [Capturado em2001 fev 15] Disponível em http://www.saude.gov.br.

11. DATASUS. Informações em saúde[online] 1999 mai [Capturado em2001 fev 15] Disponível em http://www.datasus gov.br.

12. Prade SS, Oliveira ST, Rodriguez R,Nunes FA, Netto EM, Pereira M et al.Estudo brasileiro da magnitude dasinfecções hospitalares em hospitaisterciários. Revista do Controle deInfecção Hospitalar Cocin 1995;2:11-24.

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14. Ministério da Saúde. Relatório doEstudo Brasileiro da Magnitude dasInfecções Hospitalares em HospitaisTerciários. Brasília: Cocin; 1995.

15. Movimento de Autorização deInternação Hospitalar [Dados em CD-ROM], DATASUS. Brasília: Minis-tério da Saúde; nov 1997.

16. BRASIL. Ministério da Saúde.Secretaria de Assistência à Saúde.Portaria n. 212, de 11 de maio de1999. Altera a AIH e inclui o campoIH. Diário Oficial da União, Brasília,p.61, 12 mai. 1999. Seção 1.

17. BRASIL. Ministério da Saúde.Secretaria de Assistência à Saúde.Portaria n. 213, de 11 de maio de 1999.Cria sistema de informações parainternação não cobertas pelo SUS.Diário Oficial da União, Brasília, p.61,12 mai. 1999. Seção 1.

18. DATASUS. Manual do HosPUB.Disciplina de informação em saúde.Rio de Janeiro: ENSP/Fiocruz; 1999.

19. College of American Pathologists.SNOMED [online] 2001 jun [Cap-turado em 2001 jun 15]. Disponívelem: http://www.snomed.org.

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Programa de Controle da Tuberculose no Brasil:Programa de Controle da Tuberculose no Brasil:Situação Atual e Novas PerspectivasSituação Atual e Novas Perspectivas

ResumoO trabalho faz um relatório parcial das atividades do programa de controle da tuberculoseno Brasil, apresentando algumas informações epidemiológicas da doença e as novasperspectivas com implantação dos programas Programa de Saúde da Família (PSF) ePrograma de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Podemos observar significativamudança na cobertura das unidades de saúde que adotam tratamento supervisionado.Em 1999, apenas 100 unidades disponibilizavam este tipo de tratamento passando a1.106 unidades em outubro do ano de 2000, representado um aumento de 1.106%. Houvetambém, uma elevação no percentual de sintomáticos respiratórios, passando de 13%para 74% após o início do plano.

Palavras-ChaveTuberculose; Programas Nacionais de Saúde.

SummaryA preliminary report of the control activities of the National Tuberculosis Programme inBrazil is presented. General epidemiologic and operational information are describedand the new perspectives with the implementation of the Family Health Programme andCommunity Health Agents are discussed. An increase in the health unit coverage wasobserved. In 1999, only 100 health units had adopted the supervised treatment strategy,in comparison with 1,106 units in 2000, representing a 1.106% increase. After the controlplan was implemented, an increase of the percentage of respiratory symtomatics was alsoobserved, passing from 13% to 74%.

Key WordsTuberculosis; National Health Programs.

Endereço para correspondência: Departamento de Medicina Social - Faculdade de Medicina de RibeirãoPreto/USP. Av. Bandeirantes, 3.900 - Ribeirão Preto/SP. CEP: 14.049-900.e-mail: [email protected]

Tuberculos is in Braz i l : General Informat ion and NewsTuberculos is in Braz i l : General Informat ion and NewsP e r s p e c t i v e sP e r s p e c t i v e s

Antonio Ruffino-NettoAntonio Ruffino-NettoDepartamento de Medicina Social/Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP

Informe Epidemiológico do SUS 2001; 10(3) : 129-138.

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Magnitude do problemaMagnitude do problemaA tuberculose é, certamente, uma

das mais antigas doenças que afligem ahumanidade. No cenário brasileiro, vemse firmando como uma das principaiscausas de morbimortalidade, atingindoindistintamente diversas faixas etárias eclasses sociais.

A Organização Mundial da Saúde(OMS) estima que ocorram no mundocerca de 8 a 9 milhões de casos novospor ano e ao redor de 3 milhões de óbitospela doença. Para o Brasil, estima aincidência de 124 mil casos por ano.1

Acreditava-se que com os novosadventos tecnológicos as doençasinfecto-contagiosas seriam facilmentecontroladas e banidas do nosso meio. Arealidade, porém, mostrou-se contra-ditória. A epidemia da AIDS e o fantasmada multirresistência tornaram-se grandesdesafios a serem vencidos.

Torna-se necessário criar alterna-tivas. Optar por um modelo de assistênciavoltado a uma prática de saúde par-ticipativa, coletiva e ao mesmo tempointegral, permanentemente vinculada àrealidade da comunidade, assistida poruma equipe multiprofissional cujosobjetivos de trabalho transcendem eultrapassam as fronteiras das Unidadesde Saúde é um passo importante que,espera-se, possa mostrar impacto sobreo problema em pauta.

As equipes de Saúde da Famíliarepresentam, hoje, uma forma de acessoà saúde para todos os cidadãos. Para suareal implantação, faz-se necessário umárduo e constante trabalho por parte dosgestores e dos condutores do campooperacional para que efetivamente seconstrua um novo paradigma para a saúdepública brasileira. A perspectiva para ospróximos anos é de expansão da im-plantação do Programa de Agentes Co-munitários da Saúde (PACS) e Programade Saúde da Família (PSF) em todo oterritório nacional, inclusive nos grandescentros. Até o ano de 2002, pelo menos50% da população estará coberta comPSF e 20 milhões de pessoas serão

assistidas pelo PACS. Para o ano de 2004,a meta é de aumentar a cobertura PSF/PACS para 70% da população brasileira.2

A proposta de se estender a estratégia doPSF/PACS para as grandes capitaisbrasileiras reforça ainda mais as pre-missas de regionalização, vinculação evigilância/avaliação dos processos, deacordo com as características e de-mandas de cada população.

Diante dos novos horizontes, é ne-cessário definir estratégias de capa-citação dos profissionais que estarão navanguarda deste processo inovador eaudacioso, com a premissa de levar a saú-de para todos e, mais ainda, transformaro imaginário social da doença. A tu-berculose é uma doença velha, mas queprecisa urgentemente de um novo olhar.Um olhar capaz de enfrentar tabus epreconceitos, trazer novas alternativas decontrole e, acima de tudo, ser capaz deresgatar profissionais e pacientes queestão investidos de uma cultura estig-matizante e perpetuadora de mazelasincalculáveis para a nossa saúde.

Entre os anos de 1996 e 1997, oMinistério da Saúde lançou o PlanoEmergencial para o controle da doença,selecionando 230 municípios prioritários,para implementar as atividades decontrole da doença. Nestes, concen-travam-se 75% dos casos estimados parao Brasil. Os critérios para escolha forambaseados na população e dados epide-miológicos e na operacionalização doprograma de controle da doença.

Em 1998, dada a permanência doproblema, com altas taxas de abandonodo tratamento, com baixo percentual decura e de detecção dos casos, foi lançadoo Plano Nacional de Controle da Tu-berculose. Este plano introduziu comonovidades: a extensão da cobertura, otratamento supervisionado (atendendouma das recomendações da estratégiadirectly observed treatment short-cause,DOTS, da OMS), nova forma de repassede recursos para os municípios, quepassa a ser feito sob a forma de bônus.Para cada caso de tuberculose des -coberto, tratado e efetivamente curado, o

Programa de Controle da Tuberculose no Brasil

Informe Epidemiológicodo SUS

A OrganizaçãoA OrganizaçãoMundial da SaúdeMundial da Saúde

(OMS) est ima(OMS) est imacerca de 8 a 9cerca de 8 a 9

milhões de casosmilhões de casosnovos denovos de

tuberculose portuberculose porano no mundo e 3ano no mundo e 3milhões de óbitos.milhões de óbitos.

Para o Brasil,Para o Brasil,estima-se aestima-se a

incidência de 124incidência de 124mil casos por ano.mil casos por ano.

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município informa o Ministério da Saúdee o repasse é feito automaticamente.3 Deveficar claro que adotar estratégia dotratamento supervisionado é forçar umareflexão sobre a estrutura e o processodos serviços de saúde em geral; a nossover, aí reside o ponto fundamental daquestão da adesão e/ou abandono dotratamento da tuberculose.

Em janeiro de 2000, a CoordenaçãoNacional de Pneumologia Sanitária foiintegrada no Departamento de AtençãoBásica (DAB) da Secretaria de Políticasde Saúde (SPS). Tal integração trouxecomo conseqüência a exigência depensar novas estratégias de controle datuberculose em harmonia com asatividades já desenvolvidas pelo DAB.

Visando a um salto de qualidade naatenção ao problema, o Ministério lançouo Plano Estratégico para a Implemen-tação do Controle da Tuberculose noBrasil (que será detalhado adiante),destinado a possibilitar aos profissionaisde saúde, com atuação na área daAtenção Básica, a elaboração de novosinstrumentos de trabalho, capazes deatingir o controle da doença em nívellocal, e mais que isso, estabelecermecanismos permanentes de vigilânciae avaliação do processo de trabalho. Ahumanização das práticas de saúde juntoà família e seu espaço social passa a sero referencial desta nova estratégia deenfrentamento, o que certamente seráfator de sucesso para os objetivos aserem alcançados.

Apresenta-se, neste momento, comogrande aliado, o Projeto VIGISUS, deestruturação do Sistema Nacional deVigilância em Saúde. Elaborado comouma estratégia para a criação de infra-estrutura nas três esferas de governo, éo responsável pelo desenvolvimento deações de monitoramento, avaliação econtrole de variáveis relacionadas aoambiente, às populações humanas e aosprodutos e serviços de interesse para asaúde, por intermédio de suas áreasprogramáticas e pela efetiva discussão deprogramas com detalhamento de projetos,especialmente na Região Norte do país,

incluindo os Estados que compõem aAmazônia Legal, proporcionando acobertura de um terço dos municípiosprioritários, com aproximadamente 10%da população brasileira.

Situação atualSituação atualNa Tabela 1, é apresentada a dis-

tribuição dos casos notificados detuberculose em 1999 por Unidade deFederação e por tipo da doença, onde seobserva que o problema é grave, no paíscomo um todo; os maiores números decasos notificados ocorreram, em ordemdecrescente nos Estados de São Paulo, Riode Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Rio Grandedo Sul. Em termos de coeficientes deincidência, esta ordem se altera para:Amazonas (82,7 por cem mil habitantes),Rio de Janeiro (78,1 por cem mil habitantes),Roraima (74,6 por cem mil habitantes) eAcre (71,4 por cem mil habitantes).

Na Figura 1, apresentamos umasérie histórica das taxas de detecção, decura, de sintomáticos respiratórios (SR)examinados e de abandono do trata-mento, no período de 1982 a 1999.Podemos verificar que o percentual dedetecção de caso é superior aos sinto-máticos respiratórios, donde deveríamosesperar o inverso, ou seja, dos SR exa-minados, seriam detectados os casos detuberculose não conhecidos.

Como estímulo para busca ativa decasos a serem feitos por intermédio deum exame de baixo custo, a baciloscopiateve seu valor aumentado, passando deR$ 2,50 para R$ 4,30, havendo de fatouma mudança no número de sintomáticosrespiratórios examinados e na quantidadede baciloscopias efetuadas (Figura 2).Em 1999, houve grande elevação do per-centual de SR examinados, passando de13 para 74% sem haver, contudo,aumento correspondente ao número decasos novos detectados.

No período de 1982 a 1999, houveum declínio constante das taxas dedetecção e de SR examinados. A taxade abandono permaneceu constante em14%.

Antonio Ruffino-Netto

volume 10, nº 3julho/setembro 2001

I E S U SI E S U S

1 3 21 3 2

Programa de Controle da Tuberculose no Brasil

Informe Epidemiológicodo SUS

Tabela 1 - Casos novos notificados de tuberculose e coeficientes de incidência no Brasil e nas UnidadesFederadas em 1999

Brasil

Norte

Rondônia

Acre

Amazonas

Roraima

Pará

Amapá

Tocantins

Nordeste

Maranhão

Piauí

Ceará

Rio Grande do Norte

Paraíba

Pernambuco

Alagoas

Sergipe

Bahia

Sudeste

Minas Gerais

Espírito Santo

Rio de Janeiro

São Paulo

Sul

Paraná

Santa Catarina

Rio Grande do Sul

Centro-Oeste

Mato Grosso do Sul

Mato Grosso

Goiás

Distrito Federal

41.434

4.216

331

238

1.288

103

1.957

134

165

12.295

1.361

719

2.229

570

667

1.767

627

340

4.015

18.132

3.046

885

5.224

8.977

4.848

1.384

770

2.694

1.943

439

601

615

288

66.307

5.668

499

354

1.783

175

2.423

178

256

20.644

2613

1.111

3.245

993

1.174

3.157

942

520

6.889

29.576

4.251

1.148

8.944

15.233

7.239

2.261

1.201

3.777

3.180

771

1.068

846

495

12.153

812

59

23

351

24

305

30

20

2.544

148

212

333

122

148

444

156

76

905

6.329

1.085

240

1.835

3.169

1.864

501

324

1.039

604

145

124

188

147

78.628

6.480

558

377

2.134

199

2.728

208

276

23.356

2.929

1.323

3.578

1.115

1.322

3.601

1.098

596

7.794

35.905

5.336

1.388

10.779

18.402

9.103

2.762

1.525

4.816

3.784

916

1.192

1.034

642

163.947.554

12.133.705

1.296.856

527.937

2.580.860

266.922

5.886.454

439.781

1.134.895

46.289.042

5.418.349

2.734.152

7.106.605

2.654.501

3.375.609

7.580.826

2.713.203

1.712.786

12.993.011

69.858.115

17.295.955

2.938.062

13.807.358

35.816.740

24.445.950

9.375.592

5.098.448

9.971.910

11.220.742

2.026.600

2.375.549

4.848.725

1.969.868

25,3

34,7

25,5

45,1

49,9

38,6

33,2

30,5

14,5

26,6

25,1

26,3

31,4

21,5

19,8

23,3

23,1

19,9

30,9

26,0

17,6

30,1

37,8

25,1

19,8

14,8

15,1

27,0

17,3

21,7

25,3

12,7

14,6

40,4

46,7

38,5

67,1

69,1

65,6

41,2

40,5

22,6

44,6

48,2

40,6

45,7

37,4

34,8

41,6

34,7

30,4

53,0

42,3

24,6

39,1

64,8

42,5

29,6

24,1

23,6

37,9

28,3

38,0

45,0

17,4

25,1

7,4

6,7

4,5

4,4

13,6

9,0

5,2

6,8

1,8

5,5

2,7

7,8

4,7

4,6

4,4

5,9

5,7

4,4

7,0

9,1

6,3

8,2

13,3

8,8

7,6

5,3

6,4

10,4

5,4

7,2

5,2

3,9

7,5

48,0

53,4

43,0

71,4

82,7

74,6

46,3

47,3

24,3

50,5

54,1

48,4

50,3

42,0

39,2

47,5

40,5

34,8

60,0

51,4

30,9

47,2

78,1

51,4

37,2

29,5

29,9

48,3

33,7

45,2

50,2

21,3

32,6

UnidadesFederadas

Pulmonar

Bacilífera Total

Extra-pulmonar

Todas asformas População

Coeficiente de incidência(por 100.000 habitantes)

Bacilífera Totalpulmonar

Extra-pulmonar

Todas asformas

1 3 31 3 3

I E S U SI E S U S

58.258

67.70666.952

52.687

65.544

53.785

47.42344.940

35.926

48.232

36.624

15.366

13.0819.8457.372

5.247

JUN

JUL

AGOS

SET

OUT

NOV

DEZ

jan/00

fev/00

mar/00

abr/0

0mai/

00jun

/00jul

/00ag

o/00

set/0

0

Bac

ilosc

opia

s re

aliz

adas

Antonio Ruffino-Netto

volume 10, nº 3julho/setembro 2001

Figura 1 - Percentual de detecção de casos de tuberculose sintomáticos respiratórios (SR) examinados, abandonode tratamento e curas segundo o ano. Brasil, 1982 - 1999

Cas

os d

e T

uber

culo

se (%

)

Fonte: Área Técnica de Pneumologia Sanitária/Departamento de Atenção Básica/Secretaria de Políticas de Saúde/Ministério da Saúde

Figura 2 - Baciloscopias efetuadas para diagnóstico da tuberculose, segundo os meses no Brasil, 1999 - 2000

Bac

ilos

copi

as r

eali

zada

s (N

o )

Fonte: Área Técnica de Pneumologia Sanitária/Departamento de Atenção Básica/Secretaria de Políticas de Saúde/Ministério da Saúde

jun/99

jul/99

ago/

99se

t/99

out/9

9no

v/99

dez/9

9jan

/00fev

/00mar/

00ab

r/00

mai/00

jun/00

jul/00

ago/

00se

t/00

70.000

60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

10019

82

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

19991982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Detecção SR examinados Abandono de tratamento Cura

I E S U SI E S U S

1 3 41 3 4

2521

2959

2.755

3.050

2.7362.600

2.815

3.217

2.446

1.969

2.553

8171.011

841

451

284

jun/99

jul/99

ago/9

9

set/9

9ou

t/99

nov/9

9de

z/99

jan/00

fev/00

mar/00

abr/0

0mai/

00

jun/00

jul/00

ago/0

0

set/0

0

Na Figura 3, é apresentada a dis-tribuição dos bônus no período de junhode 1999 (quando efetivamente passou aexistir o pagamento) até setembro de2000, que demonstra ter refletido nosdados epidemiológicos.

Houve aumento no percentual decuras, passando de 75 para 78%, e a taxade abandono caiu para 12%. Durante osúltimos 20 anos, a taxa de abandonopermaneceu ao redor de 14%. Há Estados,por exemplo o da Paraíba, onde a taxapassou de 12% em 1998, para 1,9% em1999. Exemplos pontuais, como Cuiabá,caiu de 50 para 4%. Na cidade do Rio deJaneiro a região AP4 que corresponde aobairro Cidade de Deus caiu de 30 para 5%e no hospital Clementino Fraga Filho, daUniversidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ) passou de 30% para 4%.

Na Tabela 2, mostramos a evoluçãodas Unidades Sanitárias que estão utili-zando o tratamento supervisionado, porUnidade Federada.

Em setembro/outubro de 1999,havia cerca de 100 Unidades Sanitáriasfazendo o tratamento supervisionado.No início do ano 2000, eram 687 e,

em outubro, 1.106, havendo um incre-mento de 1.106% em relação ao anode 1999.

Os Estados tinham como meta parao ano 2000 ampliar este número (unidadescom tratamento supervisionado) de 100para 357. O aumento observado foi de 419,ou seja, o cumprimento das metas de117%. Atualmente, 18% das Unidades deSaúde (US) do país já têm tratamentosupervisionado.

No tocante ao Sistema de Informa-ção de Agravos de Notificação (SINAN),deve-se assinalar que ele não foi implantadoainda nos Estados do Amazonas, Acre,Amapá e Minas Gerais, e há Estados queestão fazendo a conversão de sistema deinformação: Rio Grande do Norte, Bahia ePernambuco. Nos demais, o sistema deinformação está ainda em ajustes.

Quanto ao diagnóstico laboratorial,ele aponta para a necessidade deampliação da rede de laboratórios deSaúde Pública, bem como melhoria daqualidade (das baciloscopias ou dolaboratório como um todo). Urge inten-sificar o controle de qualidade de toda arede tanto pública como privada.

Programa de Controle da Tuberculose no Brasil

Informe Epidemiológicodo SUS

Figura 3 - Bônus distribuídos aos municípios mediante notificação de curas de casos de Tuberculose.Brasil, 1999 - 2000

Fonte: Área Técnica de Pneumologia Sanitária/Departamento de Atenção Básica/Secretaria de Políticas de Saúde/Ministério da Saúde

Bôn

us

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

0

1 3 51 3 5

I E S U SI E S U S

Plano Atual - Novas PerspectivasPlano Atual - Novas PerspectivasCom a integração das ações de-

senvolvidas pelo DAB, espera-se umsalto qualitativo e quantitativo no pro-grama.

Está sendo proposto atualmente oPlano de Eliminação da Hanseníase eControle da Tuberculose em MunicípiosPrioritários Através da Atenção Básica.4

Na Tabela 3 é apresentada a distribuição

dos municípios prioritários e populaçãoalvo do plano.

O plano se propõe a:

I - ObjetivosEstabelecer ações de controle da

tuberculose nos 328 municípios prio-ritários (Tabela 2) que representam49,65% da população brasileira e ondese concentram 80% dos casos detuberculose, com os seguintes objetivos:

Antonio Ruffino-Netto

volume 10, nº 3julho/setembro 2001

Tabela 2 - Unidades de saúde com tratamento supervisionado implantado no Brasil - 2000

UnidadesFederadas

Total de unidadessanitárias

integradas aoPCT*

Implantaçãoinício2000

Previsão deimplantação atéfinal de 2000

Efetivoimplantadofinal 2000

Cobertura dasmetas (%)

Unidades com tratamento supervisionado (No)

RondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapáTocantinsMaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahiaMinas Gerais**Espírito Santo**Rio de Janeiro**São PauloParanáSanta CatarinaRio Grande do SulMato Grosso do SulMato GrossoGoiásDistrito Federal

Total

46359928

58635

214156144403306152193158

73347

---

1.180751225323119177193

43

5.986

608005

27152138

NR37267

62NR

-22

NRNRNR

717104072

357

6019

133

728

26678228306772130

455

219172

750

139152

1.106

001901

312

1622

2081124

522

30

100

219071

1177

52

687

100,0

12,5

60,0266,0

53,0123,0176,0

75,0115,0957,0116,0

204,0

100,029,0

0,0347,0214,0100,0

309,0

* Siglas: NR = não respondeu; PCT=Programa de Controle da Tuberculose.** Não enviou a Tabela 3 do bloco de dados.

***

*

*

I E S U SI E S U S

1 3 61 3 6

a) aumentar a taxa de detecção em20%;

b) elevar taxa de cura em 13%;

c) reduzir a taxa de abandono em 7%; ed) diminuir a taxa de letalidade em 10%.

II - Metasa) implementar ações de controle da

doença em 100% dos municípiosprioritários;

b) implantar atividades de controle datuberculose em 80% dos serviços desaúde existentes na rede destesmunicípios;

c) elevar em pelo menos 20% ao ano onúmero de sintomáticos respiratóriosexaminados;

d) implantar o tratamento supervisio-nado em 100% das unidades básicasde saúde destes municípios;

Programa de Controle da Tuberculose no Brasil

Informe Epidemiológicodo SUS

Tabela 3 - Municípios prioritários para tuberculose e hanseníase

UnidadesFederadas

Municípios(No)

População dos municípiosno ano de 1999

Total(%)

Populaçãototal em 1999

BrasilNorte

AcreAmazonasAmapáParáRondôniaRoraimaTocantins

NordesteAlagoasBahiaCearáMaranhãoParaíbaPernambucoPiauíRio Grande do NorteSergipe

SudesteEspírito SantoMinas GeraisRio de JaneiroSão Paulo

SulParanáRio Grande do SulSanta Catarina

Centro-OesteDistrito FederalGoiásMato Grosso do SulMato Grosso

32858

4163

21644

1168

266

231318895

9012169

533912131425

11176

81.392.4116.776.839

356.7341.832.709

365.6533.034.272

637.830199.316350.325

20.089.2771.298.2755.201.1782.943.1232.246.0301.533.3023.936.646

895.4651.244.255

791.00340.120.988

1.853.4765.496.5409.713.487

23.057.4858.575.871

3.488.0503.391.9871.695.834

5.829.4361.969.8681.765.8801.109.492

984.196

49,6555,8567,5771,0183,1451,5549,1874,6730,87

43,4047,8540,0341,4141,4545,4251,9332,7546,8746,18

57,4363,0831,7870,3564,38

35,0837,2034,0233,26

51,95100,00

36,4254,7541,43

163.947.55412.133.705

527.9372.580.860

439.7815.886.4541.296.856

266.9221.134.895

46.289.0422.713.203

12.993.0117.106.6055.418.3493.375.6097.580.8262.734.1522.654.5011.712.786

69.858.1152.938.062

17.295.95513.807.35835.816.740

24.445.9509.375.5929.971.9105.098.448

11.220.7421.969.8684.848.7252.026.6002.375.549

1 3 71 3 7

I E S U SI E S U S

e) elevar o diagnóstico dos casos espe-rados de 67 para 87%;

f) elevar a cura dos casos de 72 para85%; e

g) reduzir o abandono de tratamento de12,2 para 5%.

III - Principais açõesa) promover mobilização política para

a importância da implantação do planode atuação, com assinatura de carta-compromisso pelos Estados;

b) capacitar as equipes da atenção básicaincluindo PSF (2.481 equipes de saúdeda família e 39.053 agentes comuni-tários de saúde), já existentes paradetecção precoce, diagnóstico, trata-mento e prevenção da tuberculose;

c) disponibilizar dados referentes aosagravos de tuberculose, utilizando oSistema de Informações de Agravosde Notificação (SINAN) / Sistema deInformação de Atenção Básica (SIAB)e outras fontes de informaçõesexistentes em todos os municípiosprioritários;

d) garantir insumos e equipamentos paradiagnóstico e tratamento da tuber-culose na rede básica;

e) disponibilizar assessoria para aorganização da rede de diagnósticolaboratorial estadual, de forma aatender a demanda de baciloscopiareferida pelos municípios;

f) implantar / implementar o Bônus paratodos os municípios que tenhamUnidades Básicas de Saúde (UBS) quedesenvolvam ações ligadas aocontrole da tuberculose;

g) implantação imediata de 6.120 ACSem 24 municípios e 2.640 PSF em81 municípios prioritários;

h) promover a ampliação de 25.527Agentes Comunitários em 150 mu-nicípios e 5.183 equipes de saúde dafamília em 45 municípios, conside-rando o prazo de dois anos paraexpansão da cobertura do PSF e umano para o PACS;

i) disponibilizar, pelo Ministério daSaúde, assessoria técnica aos es-

tados e municípios para acompa-nhamento e avaliação do Plano; e

j) identificar áreas prioritárias emmunicípios com mais de um milhãode habitantes.

IV - Avaliaçãoa) Avaliar os indicadores de processo:- número de capacitações realizadas/

programadas; (observação: estainformação não foi especificada noplano inicial),

- incremento de unidades de saúdecom ações de controle da tubercu-lose,

- número de pacientes curados de tu-berculose/total de bônus solicitados,

- redução percentual da taxa de aban-dono após implantação do tratamentosupervisionado pelos agentes comu-nitários de saúde,

- número de baciloscopias para diag-nóstico da tuberculose realizadas/programadas,

- número de unidades básicas de saúdecom programa de controle da tuber-culose e tratamento supervisionado/programados, e

- número de casos de tuberculosepulmonar com baciloscopia positivae tratamento supervisionado/detec-tado.

b) Avaliar os indicadores de impacto:- taxa de incidência de tuberculose

pulmonar bacilífera por cem milhabitantes,

- taxa de incidência de tuberculosetodas as formas por cem mil ha-bitantes,

- taxa de incidência de notificação decasos por grupo etário,

- taxa de incidência de meningitetuberculosa em menores de cincoanos por cem mil habitantes, e

- tendência da mortalidade.

ConclusõesConclusõesOs dados expostos mostram que a

tuberculose é ainda grave problema desaúde pública no país. O programa

Antonio Ruffino-Netto

volume 10, nº 3julho/setembro 2001

I E S U SI E S U S

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necessita de implementação em termosoperacionais, principalmente maior detecçãodos casos, precisando diminuir o percentualde abandono e aumentar o percentual decuras. Em que pesem as perspectivas doimpacto do trabalho integrado com osprogramas do PSF/PACS, torna-se im-perioso atuar urgentemente nos grandescentros urbanos.

Referências bibliográficasReferências bibliográficas1. World Health Organization. Global

Tuberculosis Control. WHO Report-2000. WHO/CDS/2000-275.

2. Ministério da Saúde. Plano Estraté-gico para Implementação do Planode Controle da Tuberculose no Brasilno Período 2001-2005. Resumo Exe-cutivo. Brasília; 2000.

3. Fundação Nacional de Saúde. PlanoNacional de Controle da Tubercu-lose. Brasília: Ministério da Saúde;1999.

4. Ministério da Saúde. Plano Nacionalde Mobilização e Intensificação dasAções para a Eliminação da Han-seníase e Controle da Tuberculose.Brasília; 2001.

Programa de Controle da Tuberculose no Brasil

Informe Epidemiológicodo SUS

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I E S U SI E S U S

Normas para PublicaçãoNormas para Publicação

O Informe Epidemiológico do SUSé u m a p u b l i c a ç ã o t r i m e s t r a l d ecaráter técnico-científico destinadaprioritariamente aos profissionais desaúde. Editado pelo Centro Nacional deEpidemiologia da Fundação Nacional deSaúde (CENEPI /FNS) , t em comomissão a difusão do conhecimentoepidemiológico visando ao aprimoramentodos serviços de saúde do SUS. Tambémé um veículo de divulgação de portarias,regimentos, resoluções do Ministério daSaúde, bem como de Normas Técnicasrelativas aos Programas de Controle.

Serão aceitos trabalhos sob asseguintes modalidades: (1) Artigosoriginais nas seguintes linhas temáticas:avaliação de situação de saúde; estudosetiológicos; avaliação epidemiológica deserviços, programas e tecnologias eavaliação da vigilância epidemiológica(máximo 20 páginas); (2) Artigos derevisão: revisão crítica sobre tema re-levante para a saúde pública ou deatualização em um tema controverso ouemergente (máximo 40 páginas); (3)Relatórios de reuniões ou oficinasde trabalho: relatórios de reuniõesrealizadas para a discussão de temasrelevantes para a saúde pública comconclusões e recomendações (máximo25 páginas); (4) Comentários: artigosde opinião, curtos, sobre temasespecíficos; (5) Notas e (6) Artigosreproduzidos.

Os trabalhos encaminhados parapublicação deverão ser preparados deacordo com os “Requisitos Uniformes paraManuscritos Submetidos a PeriódicosBiomédicos” [Informe Epidemiológico doSUS 1999; 8(2).] e apresentados por meiode uma carta dirigida ao Corpo Editorialdo Informe Epidemiológico do SUS. Paraartigos originais, artigos de revisão ecomentários, os autores deverãoresponsabilizar-se pela veracidade e ine-ditismo do trabalho apresentado. Na cartade encaminhamento deverá constar que omanuscrito não foi publicado parcial ou

integralmente nem submetido a publi-cação em outros periódicos e deverá serassinada por todos os autores.

Os trabalhos serão submetidos àrevisão de pelo menos dois relatores e aoComitê Editorial do Informe, sendoaceitos para publicação desde queaprovados pelo Comitê Editorial.

Apresentação do material:

Os trabalhos deverão ser redigidosem português e impressos em espaçoduplo, fonte “Times New Roman”,tamanho 12, formato. RTF (Rich TextFormat), em papel A4, com margem de 3cm à esquerda e remetidos em três viasimpressas e em disquete de 31/2”. As tabelase figuras poderão ser elaboradas emprogramas do tipo Microsoft Office, CorelDraw ou Harvard Grafics, no formato.BMP (Bitmap do Windows) ou .TIFF, nomodo de cor CMYK. Todas as páginasdeverão estar numeradas, inclusive as dastabelas e figuras. Não serão aceitas notasde pé de página. Todos os trabalhos devemser enviados com:

a) Página de rosto: onde constarão títulocompleto, nome dos autores e dasrespectivas instituições por extenso,com endereço completo, telefone, faxe e-mail.

b) Título: título do trabalho em portuguêse inglês em letras maiúsculas e nomecompleto dos autores em letras mi-núsculas. No rodapé: nome da(s)instituição(ções) a que pertencem osautores, órgão financiador e endereçopara correspondência. Indicar tambémum título resumido para o cabeçalhodas páginas.

c) Resumo: colocado no início do texto,redigido em português e com um máximode 200 palavras. Após o resumo, listartrês a quatro palavras-chaves.

d) Resumo em inglês (Summary): devecorresponder à tradução do resumoem português e seguido pelas pa-lavras-chaves (Key Words).

volume 10, nº 3julho/setembro 2001

I E S U SI E S U S

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Os artigos originais devem conter aseguinte seqüência, além dos tópicos jádescritos:

a) Introdução: apresentação do problema,justificativa e objetivo do estudo.

b) Metodologia : descrição precisa dametodologia utilizada e, quando indicado,dos procedimentos analíticos.

c) Resultados: exposição dos resultadosalcançados, podendo constar tabelase figuras auto-explicativas (máximo6). As tabelas e figuras devem sernumeradas em algarismos arábicos eter título conciso. Devem ser apre-sentadas em folhas separadas, agru-padas em seqüência no final do textoevitando abreviaturas. Em caso de usarabreviaturas, incorporar legendasexplicativas.

d) Discussão: relacionar os resultadosobservados aos de outros estudosrelevantes, incluindo suas implicaçõese limitações.

e) Agradecimentos: os agradecimentosdevem se limitar ao mínimo indis-pensável e localizar-se após o texto doartigo.

f) Referências bibliográficas : as refe-rências citadas deverão ser listadas aofinal do trabalho, redigidas em espaçoduplo, numeradas em algarismosarábicos e ordenadas de acordo com aseqüência de citação no texto, no qual onúmero deve aparecer após a citação,sobrescrito e sem parênteses. Os títulosdos periódicos, livros e editoras deverãoser colocados por extenso.

g) Considerações éticas : quando perti-nente, citar os nomes das ComissõesÉticas que aprovaram o projeto original.

As referências deverão obedecer aoestilo e pontuação do “InternationalCommittee of Medical Journal Editors”,1997 (Vancouver), traduzido no InformeEpidemiológico do SUS 1999; 8(2), comodescrito abaixo:- Artigos de periódicos:Monteiro GTR, Koifman RJ, Koifman S.

Confiabilidade e validade dos atestados deóbito por neoplasias. II. Validação docâncer de estômago como causa básicados atestados de óbito no Município doRio de Janeiro. Cadernos de SaúdePública 1997;13:53-65.

- Instituição como autora:Fundação Nacional de Saúde. Ministérioda Saúde. Manual de normas devacinação. Brasília (DF); 1994.

- Livros:Fletcher RH, Fletcher SW, Wagner EH.Clinical Epidemiology. 2a ed. Baltimore:Williams & Wilkins; 1988.

- Capítulos de livros:Opromolla DV. Hanseníase. In: Meira DA,Clínica de doenças tropicais e infecciosas.1ª ed. Rio de Janeiro: Interlivros; 1991.p. 227-250.

- Resumos de congressos:Carvalho H, Thuler LCS. Perfil demortalidade por AIDS no estado do Rio deJaneiro. In: Resumos do XXXII Congressoda Sociedade Brasileira de MedicinaTropical 1996; Goiânia; 1996. p.48.

- Teses:Waldman EA. Vigilância Epidemiológicacomo prática de saúde pública [Tese deDoutorado]. São Paulo: Universidade deSão Paulo; 1991.

Os trabalhos serão aceitos parapublicação, uma vez reformulados,segundo os questionamentos e/ou su-gestões feitos pelos relatores e o ComitêEditorial.

Informações adicionais, incluindomaterial para publicação, devem serencaminhados para:

Centro Nacional de EpidemiologiaInforme Epidemiológico do SUSSAS Quadra 4 - Bloco N - Sala 608Brasília/DF - 70.058-902Telefones: (061) 314-6545 / 226-4002Fax: (061) 314-6424e-mail: [email protected]

Normas para Publicação

Informe Epidemiológicodo SUS

O informe Epidemiológico do SUS é uma publicação de caráter técnico-científico voltada à divulgação de análises das informações sobre o quadro sanitário brasileiro. É um instrumento destinado aos órgãos de administração e aos quadros de profissionais da área da saúde ou de outras áreas nas quais as questões de saúde são relevantes.

SUSIEIEO INFORME EPIDEMIOLÓGICO DO SUS é uma publicação trimestral de

caráter técnico-científico destinada prioritariamente aos profissionais de saúde. Editado pelo Centro Nacional de Epidemiologia da Fundação

Nacional de Saúde, tem como missão a difusão do conhecimento epidemiológico visando ao aprimoramento dos serviços de saúde do SUS.

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