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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS
CURSO DE QUÍMICA DE ALIMENTOS
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS EM SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL (FARINHA DE CARNE E OSSOS, FARINHA DE SANGUE E SEBO BOVINO)
Relatório final de estágio apresentado
à Universidade Federal de Pelotas,
sob a orientação do Professor Eliezer
Avila Gandra, como parte das
exigências da disciplina de Estágio
Supervisionado, do Curso de Química
de Alimentos, para obtenção do título
de Bacharel em Química de
Alimentos.
Samanta Xavier Mendonça
Pelotas, Novembro de 2008.
SAMANTA XAVIER MENDONÇA
e-mail: [email protected]
EMPRESA CONCEDENTE
Razão Social: FRIGORÍFICO EXTREMO SUL S/A.
Caracterização Jurídica: Sociedade Anônima
Setor de Realização do estágio: Laboratório de análises físico-químicas.
Endereço: BR 116, Km 526, Capão do Leão – RS
CEP: 96030-530
Telefone: (53) 32842700 Fax: (53) 32842717
Endereço eletrônico: [email protected]
Supervisor do Estágio: Danieli Oleiro Machado, Supervisora do Controle de
Qualidade
ESTÁGIO
Área de Atuação: Controle de Qualidade dos subprodutos de origem animal
Período do Termo de Compromisso: 21/07/2008 a 21/01/2009
Período Coberto pelo relatório: 21/07/2008 a 21/11/2008
Número de horas do relatório: 900 horas
Orientador: Eliezer Avila Gandra
Semestre e ano em que o relatório foi apresentado: 2º semestre de 2008.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. ORGANOGRAMA DA EMPRESA...................................................... 07FIGURA 2. INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA AMOSTRAGEM................... 12FIGURA 3. PONTOS DE COLHEITA DA AMOSTRA .......................................... 12FIGURA 4. FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO DE FARINHA DE CARNE E OSSOS E SEBO BOVINO..................................................................................... 14FIGURA 5. FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO DE FARINHA DE SANGUE BOVINO................................................................................................................. 15FIGURA 6. FLUXOGRAMA DA ROTINA DAS ATIVIDADES DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS........................................... 18FIGURA 7. FLUXOGRAMA DO PROCEDIMENTO ADOTADO PARA REALIZAÇÃO DE ANÁLISE DE PROTEÍNA....................................................... 26
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................... 04
1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 051.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA CONCEDENTE................................... 051.1.1 LABORATÓRIO DE ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS................................. 051.1.2 SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL...................................................... 071.1.3 PROCESSAMENTO DE FARINHA DE CARNE E OSSOS E SEBO BOVINO.................................................................................................................. 121.1.4 PROCESSAMENTO DE FARINHA DE SANGUE........................................ 142. OBJETIVOS....................................................................................................... 152.1. OBJETIVO GERAL........................................................................................ 152.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................... 153. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS...................................................................... 163.1 ATIVIDADES DE ROTINA............................................................................... 173.1.1 PREPARO DAS AMOSTRAS...................................................................... 18
3.1.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS.......................................................... 18
3.1.2.1 DETERMINAÇÃO DE GRANULOMETRIA .............................................. 193.1.2.2 DETERMINAÇÃO DE UMIDADE.............................................................. 203.1.2.3 DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNA BRUTA (MÉTODO DE KJELDAHL). 213.1.2.4 DETERMINAÇÃO DE ACIDEZ TITULÁVEL ............................................ 253.1.2.5 DETERMINAÇÃO DE GORDURA............................................................ 273.1.2.6 DETERMINAÇÃO DE PERÓXIDO............................................................ 283.1.2.7 DETERMINAÇÃO DE IMPUREZA EM SEBO BOVINO........................... 303.1.2.8 DETERMINAÇÃO DE CLAREAMENTO EM SEBO BOVINO.................. 315. SUGESTÕES..................................................................................................... 325.1 LOCAL DE ESTÁGIO...................................................................................... 325.2 CURSO............................................................................................................ 326. CONCLUSÃO.................................................................................................... 35REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS..................................................................... 36
RESUMO
Mendonça, Samanta Xavier. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS EM SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL (FARINHA DE CARNE E OSSOS, FARINHA DE SANGUE E SEBO BOVINO). 2008. Relatório Final de Estágio. Curso de Bacharelado em
Química de Alimentos, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
Este relatório descreve as atividades do estágio supervisionado curricular obrigatório
do curso de Bacharelado em Química de Alimentos, desenvolvido no período de
julho a novembro de 2008, com carga horária total de 900 horas, no Frigorífico
Extremo Sul S/A, registrado no Serviço de Inspeção Federal (SIF) sob o número
1651, situado na cidade de Capão do Leão, RS. As principais atividades realizadas
foram o acompanhamento e a realização de análises físico-químicas de controle de
qualidade de farinhas de carne e ossos e de sangue e sebo bovino produzidas no
frigorífico. O estágio teve como objetivos, além de desenvolver as análises, aplicar
os conhecimentos adquiridos durante o curso, aprimorá-los e adequá-los à realidade
da empresa, assim como acrescentar novos conhecimentos, aumentando as
perspectivas de crescimento profissional. As farinhas de ossos e de sangue são
destinadas à elaboração de ração animal e sebo para produção de biodiesel, sabão
e cosméticos. As análises físico-químicas dos subprodutos de origem animal fazem
parte do programa de garantia de qualidade da empresa, são realizadas análises de
umidade, proteína, gordura, peróxido, acidez, granulometria, para as farinhas e
acidez, umidade, branqueamento e impurezas, para o sebo bovino. Essas análises
são realizadas diariamente, em intervalos de aproximadamente uma hora, visando
um controle adequado e garantia da qualidade do produto final.
Palavras Chave: Carne bovina. Subprodutos. Garantia de Qualidade.
1. INTRODUÇÃO
1.1. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA CONCEDENTE
O estágio curricular foi realizado no Frigorífico Extremo Sul S/A, localizado no
município de Capão do Leão, RS, com número de registro no Serviço de Inspeção
Federal (SIF) 1651, sob a supervisão da Bacharel em Química de Alimentos Danieli
Oleiro Machado, responsável técnica da empresa.
As atividades do frigorífico tiveram início no ano de 1975, ao longo desses
trinta e três anos, a empresa sempre trabalhou com seleção de rebanhos, dando
preferência para raças européias. A indústria apresenta um procedimento constante
de modernização de equipamentos e instalações, além de já ter implantado um
sistema de pleno de controle de qualidade. Estes monitoramentos e adequações
possibilitam que os produtos da empresa estejam dentro das exigências prescritas
pelo Mercado Comum Europeu, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela
Food and Drug Administration (FDA).
A empresa é caracterizada como um Matador Frigorífico, com graxaria anexa, e
vem se dedicando ao longo dos anos somente ao processamento de carne bovina,
sendo elaborados cortes resfriados e congelados com e sem osso, miúdos resfriados e
congelados, atualmente somente a graxaria está em operação produzindo farinhas de
carne e ossos e de sangue destinadas à elaboração de ração animal e sebo utilizado
na produção de sabão e cosméticos e mais recentemente, na produção de biodiesel.
A empresa é composta pelo setor de administração que cuida de toda a parte
burocrática do frigorífico, pelo controle de qualidade e por um laboratório de análises
físico-químicas que, juntamente com a Inspeção Federal, controla desde a chegada
do resíduo de abate e desossa até a saída dos subprodutos industrializados no
embarque.
Possui uma Estação de Tratamento de Água (ETA) e de Efluentes (ETE) e
duas caldeiras de queima de sólidos, que são operadas por uma empresa
terceirizada.
O frigorífico Extremo Sul disponibiliza, aos seus colaboradores, um refeitório
com refeições diárias, um ambulatório para atendimento médico e odontológico,
vestiários, lavanderia e áreas de descanso.
Atualmente a empresa presta serviços para o Frigorífico MERCOSUL sendo
toda a sua produção destinada a este.
A Figura 1 apresenta o organograma do Frigorífico Extremo Sul S/A, com
seus respectivos departamentos.
FIGURA 1 - ORGANOGRAMA DO FRIGORÍFICO EXTREMO SUL S/A.
1.1.1. Laboratório de Análises Físico-Químicas
A empresa conta com um laboratório de análises físico-químicas, na unidade
de processamento de resíduos para produção de subprodutos de origem animal
MATOPEL. Esta unidade foi criada dentro do frigorífico Extremo Sul S/A, para
aproveitamento dos resíduos de abate e desossa, não só da unidade do Extremo
Sul, como também das plantas de processamento e abate do grupo MERCOSUL.
O laboratório realiza análises físico-químicas em farinha de carne e ossos,
farinha de sangue e sebo, tais como: peróxidos, acidez, umidade, teor de proteína,
gordura, impurezas e análise da cor do sebo.
Todas as análises da produção descritas acima são realizadas de hora em
hora, para controle dos padrões exigidos pelos clientes e também pela empresa.
PRESIDÊNCIA
DIRETORIA
LABORATÓRIO GERÊNCIAADMINISTRATIVA
E FINANCEIRA
GERÊNCIADE COMPRAS
GERÊNCIACOMERCIAL
CONTROLE DEQUALIDADE
GERÊNCIAINDUSTRIAL
MANUTENÇÃO ECOMPRAS PRODUÇÃOESTOQUE E
EXPEDIÇÃOMERCADO INTERNO
MERCADOEXTERNO FINANCEIRO
RECURSOSHUMANOS CPD
Além das análises físico-químicas são realizadas análises microbiológicas
(Clostridium perfringens, Salmonella e Enterobactérias) em um laboratório
terceirizado, credenciado ao Ministério da Agricultura.
Também é analisado o efluente gerado pela empresa, este é coletado em
vários pontos, em intervalos de aproximadamente uma hora, no período
compreendido entre as 09 horas ás 15 horas, constituindo uma amostra composta e
o material enviado ao LACE (Laboratório de Análises de Celulose e Efluentes) para
ser analisado DQO, DBO, fósforo total, pH, sólidos suspensos totais, sólidos
sedimentáveis, óleos e graxas, temperatura e vazão.
A água é coletada quinzenalmente do ponto determinado pela Inspeção
Federal, e quinzenalmente pelo próprio controle de qualidade, do ponto anterior ao
determinado pela Inspeção Federal, sendo enviada para UNIVATES.
O resíduo recebido pelo frigorífico, (constituído em média de gordura das
vísceras, de acúmulo de carcaças, derivados da limpeza de contusões e da toalete
das carcaças, carnes e vísceras condenadas pelo serviço de inspeção sanitária,
recortes gordurosos e grande quantidade de ossos da seção da desossa, da triparia
provém miúdos, peles, etc.), é fotografado pelas monitoras do controle de qualidade
e se houver alguma não conformidade, às unidades, de onde provêm esses
resíduos, são comunicadas através de e-mail, indicando nas fotos quais os
problemas. O material que não estiver em conformidade, (como por exemplo,
resíduos em estado avançado de decomposição, olhos, feto com patas e pêlos,
úberes, chifres com osso, patas, resíduo gastrointestinal), é incinerado.
1.1.2 Subprodutos de origem animal
Segundo Regulamento Técnico da Inspeção Higiênico- Sanitária e
Tecnológica do Processamento de Resíduos de Animais, considera-se (MAPA,
2008):
Efluentes: resíduos sólidos e líquidos oriundos do processamento de
obtenção de farinhas, produtos gordurosos e outros derivados.
Esterilização: processo térmico que pode ser realizado antes, durante ou
depois da fase de cocção.
Fábrica de produtos não comestíveis: estabelecimento que manipula
matérias-primas e resíduos animais, para o preparo exclusivo de produtos não-
destinados à alimentação humana.
Farinha: subproduto não comestível, resultante o processamento de resíduos
animais, que atenda ao padrão de identidade e qualidade preestabelecido, nos
aspectos higiênico-sanitários, tecnológicos e nutricionais.
Farinha de carne e ossos: subproduto seco e triturado, obtido pelo
cozimento a seco de recortes em geral, aparas, resíduos e limpezas decorrentes das
operações nas diversas seções; ligamentos, mucosas, fetos e placentas, orelhas e
pontas de cauda; órgãos não comestíveis ou órgãos e carnes rejeitados pela
Inspeção Federal, além de ossos diversos.
Farinha de sangue: é o produto resultante do sangue fresco e limpo, sem
contaminantes a não ser aqueles involuntários obtidos dentro das boas práticas de
abate. A água é removida por processo mecânico e/ou evaporada por cocção até um
estado semi-sólido. A massa semi-sólida será transferida para um secador rápido
para remover a umidade restante.
Produto gorduroso: é o produto não comestível resultante do
processamento de resíduos animais, denominado genericamente de sebo
(ruminantes), graxa (suídeos) ou óleo (aves, eqüídeos e pescados).
Matéria-prima: resíduos animais oriundos de estabelecimentos registrados ou
licenciados nos órgãos competentes.
Moagem: é a operação realizada em equipamento específico, a fim de se
obter farinha.
Processamento de resíduos animais: é o conjunto de todas as operações e
processos efetuados para a obtenção do produto acabado.
Produto acabado: farinhas, produtos gordurosos e outros derivados não
comestíveis, resultantes do processamento de resíduos animais, que atendem aos
padrões de identidade e qualidade preestabelecidos nos aspectos higiênico-
sanitários, tecnológicos e nutricionais.
Resíduos animais: carcaças ou parte de carcaças de animais, não
destinados ao consumo humano, ossos, penas sangue e vísceras permitidos para
uso em farinhas e produtos gordurosos.
Sebo bovino: são todos aqueles produtos gordurosos não-comestíveis
obtidos pela fusão de partes e tecidos não empregados na alimentação humana,
bem como de carcaças, órgãos e vísceras que forem rejeitados pela Inspeção
Federal.
Os resíduos animais devem ser processados em, no máximo 24 (vinte e
quatro) horas a partir do abate. O tempo entre o abate e o início do processamento
pode ser aumentado durante o transporte ou armazenamento quando for realizado
em temperatura de resfriamento.
Esses resíduos devem ser transportados em veículos apropriados, cobertos e
vedados, de forma a evitar derramamentos.
Os veículos transportadores de resíduos devem ser higienizados em local
apropriado no perímetro industrial de estabelecimento, imediatamente após o seu
descarregamento.
Durante o transporte, os resíduos animais devem estar acompanhados de
certificado sanitário, guia de trânsito ou de documento de transporte de resíduo
animal emitido pelo estabelecimento fornecedor.
Fica proibida a utilização de pêlos, cerdas, cascos, chifres, sangue, fezes,
conteúdo estomacal, resíduos animais abatidos em estabelecimentos não
autorizados e materiais especificados de risco (MER), como resíduos animais para o
processamento de farinhas de carne e/ou ossos ou produtos gordurosos.
Os materiais impróprios, presentes na matéria prima destinada à elaboração
das farinhas e produtos gordurosos, devem se segregados, acondicionados e
destinados adequadamente pelo estabelecimento processador (incinerados).
Fica permitido o uso de aditivos e conservantes, desde que autorizados pelo
órgão competente (MAPA).
A embalagem, rótulo ou etiqueta que identifica as farinhas e produtos
gordurosos de origem animal para uso na alimentação animal, além das informações
constantes da legislação vigente, deve conter os seguintes dizeres: “USO
EXCLUSIVO PARA FABRICANTES DE PRODUTOS DESTINADOS À
ALIMENTAÇÃO ANIMAL”, com o mesmo realce, visibilidade da denominação e com
letras não inferiores a 5 cm (cinco centímetros).
Quando se tratar de farinhas contendo proteínas de origem animal, exceto as
proteínas lácteas, deve incluir a seguinte frase em letras e cores diferenciadas e no
painel principal do rótulo ou etiqueta, em local visível: “ATENÇÃO – USO PROBIDO
NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES”, com letras não inferiores a 5 cm (cinco
centímetros).
O estabelecimento deve elaborar e implantar um plano de amostragem para o
controle laboratorial, conforme normas específicas reconhecidas, para assegurara a
qualidade dos produtos quanto às características físico-químicas e microbiológicas.
Os parâmetros físico-químicos estabelecidos no padrão de identidade e
qualidade dos produtos devem der atendidos.
Devem estar previstas análises periódicas para garantir a ausência de
Salmonella SP em 25 (vinte e cinco) gramas do produto acabado.
Para validação das medidas corretivas adotadas após a detecção de
eventuais falhas pós-tratamento térmico, devem ser efetuadas análises de
Enterobacteriaceae, conforme instruções específicas.
Devem existir registros de todas as atividades inerentes aos controles
efetuados.
As análises podem ser realizadas em laboratório do próprio estabelecimento
ou em laboratório terceirizado, desde que tenham um sistema de garantia da
qualidade e metodologias reconhecidas internacionalmente.
As amostras eram retiradas diretamente da produção, para as análises de
hora em hora.
No caso de embarque, as amostras eram retiradas das farinhas ensacadas,
com o auxilio de um calador ou uma sonda de profundidade, como mostra a figura 2
abaixo:
SONDA DE PROFUNDIDADE
Figura 2. Instrumentos para coleta das amostras de farinha.
Figura 3. Pontos de colheita da amostra para produtos ensacados.
1.1.3 Processamento de farinha de carne e ossos e sebo bovino
Durante o processamento dos subprodutos de origem animal, são efetuadas
medições de temperatura, pressão e tempo, conforme a IN nº 34 de 28/05/08, são
eles os parâmetros verificados:
a) Pressão: 3 bar
b) Temperatura: 133ºC
c) Tempo: mínimo 20 minutos
Os resíduos são oriundos do abate e desossa, estes resíduos são triturados
continuadamente durante o processo, sendo levados através de rosca
transportadora até a tolva de fluxo do digestor.
Conforme ocorre o recebimento dos resíduos o digestor é carregado,
possuindo uma capacidade de 13 tons/hora. Os resíduos sofrem tratamento térmico,
visando cozimento e esterilização durante aproximadamente uma hora,
permanecendo por no mínimo 20 minutos a uma temperatura de aproximadamente
133ºC sob pressão de 3 bar na massa do produto.
Continuadamente ao cozimento, o digestor é alimentado e descarregado
através de roscas helicoidais com arraste para o perculador, onde ocorre a primeira
separação da matéria sólida cozida e do sebo bovino. A matéria sólida segue por
roscas helicoidais até a tolva de homogeneização das prensas, por sua vez é
alimentada a prensa que tem por objetivo aplicar uma compressão na matéria sólida
extraindo o sebo bovino, o sebo bovino segue para um tambor rotativo, que retira a
impureza graúda, juntamente com o sebo extraído no perculador, este segue para
um tanque de homogeneização de sebo, onde se mantém em agitação continua.
Posteriormente este sebo que ainda possui matéria sólida segue para as
centrifugas onde é feita a retirada final de sólidos do sebo, finalizando o processo o
sebo segue para os tanques de decantação até o embarque.
A matéria sólida que é liberada das prensas segue para a tolva de fluxo do
esterilizador, onde é esterilizada, após este processo a matéria sofre resfriamento,
moagem, resfriamento e ensaque, os sacos ficam armazenados sobre estrados até o
momento do embarque.
Os subprodutos de origem animal são processados como segue na Figura 4
abaixo (RODRIGUES, 2005):
Figura 4 – Fluxograma de produção de farinha de carne e ossos e sebo bovino (RODRIGUES, 2005).
RESÍDUOS
TRITURAÇÃO
SEPARAÇÃO PRIMÁRIA
SEBO
FILTRAGEM ROTATIVA
HOMOGENEIZAÇÃO
CENTRIFUGAÇÃO
DECANTAÇÃO
EMBARQUE
HOMOGENEIZAÇÃO
COMPRESSÃO
TRANSPORTE
ESTERILIZAÇÃO
SÓLIDOSLÍQUIDOS
RESFRIAMENTO
MOAGEM
RESFRIAMENTO
EMBARQUE
DIGESTOR
ROSCA TRANSPORTADORA
HOMOGENEIZAÇÃO
SÓLIDOS
LÍQUIDOS
LÍQUIDOS
SÓLIDOS
1.1.4 Processamento de farinha de sangue
O sangue recolhido durante o abate é acondicionado em tanques e
transportado com auxilio de uma bomba para os digestores, o sangue é processado
durante aproximadamente 4 horas (RODRIGUES, 2005).
Após o cozimento a farinha é descarregada em um tanque e passa por
peneiras para a uniformidade da granulometria e retirada de quaisquer
contaminações físicas, das peneiras a farinha é acondicionada em sacos de ráfia
sobre estrados até o carregamento, como mostra a Figura 5 (RODRIGUES, 2005).
Figura 5 – Fluxograma de produção de farinha de sangue bovino (RODRIGUES,
2005):
ACONDICIONAMENTO DE SANGUE
TRANSPORTE
DIGESTORES
ACONDICIONAMENTO DE FARINHA
PENEIRAS
EMBALAGEM
ARMAZENAGEM
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Desenvolver análises físico-químicas de controle de qualidade de subprodutos
de origem animal, aplicando, aperfeiçoando e renovando os conhecimentos
adquiridos durante o curso de Bacharelado em Química de Alimentos.
2.2. Objetivos Específicos
Avaliar características físico-químicas de farinhas de carne e ossos, sangue e
sebo bovino produzidos no frigorífico;
Atuar no preparo de reagentes e materiais necessários para as análises; e no
recebimento, registro e preparo das amostras;
Auxiliar na coleta, preparo e envio de amostras de água e efluentes á
laboratório terceirizado para realização de análises quantitativas e qualitativas;
Documentar dados referentes às análises realizadas em planilhas específicas
para envio aos responsáveis pelo controle de qualidade e aos chefes de produção.
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
O estágio supervisionado curricular obrigatório do 8º semestre do curso de
Bacharelado em Química de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas -
Campus Capão do Leão – foi realizado no período de 21 de julho a 24 de novembro
de 2008, no laboratório de análises físico-químicas, na Unidade de Processamento
de Resíduos para produção de subprodutos de origem animal MATOPEL.
O plano de atividades constou de treinamento durante o período de
21/07/2008 a 21/08/2008, dentro do próprio laboratório com o auxilio das analistas
Aline de Ávila e Tatiane Canez.
No decorrer do estágio foi possível aplicar os conhecimentos adquiridos, no
curso de Bacharel em Química de Alimentos, como também foram adquiridos novos
conhecimentos dentro da própria empresa. Durante este período as atividades
realizadas constaram de: acompanhamento da chegada do resíduo (gordura das
vísceras, de acúmulo de carcaças, derivados da limpeza de contusões e da toalete
das carcaças, carnes e vísceras condenadas pelo serviço de inspeção sanitária,
recortes gordurosos e grande quantidade de ossos da seção da desossa, da triparia
provém miúdos, peles, etc.) e registro dos mesmos, através de fotos, análises dos
produtos acabados (farinha de carne e ossos, farinha de sangue e sebo bovino),
coleta de água e efluente para análises em laboratórios terceirizados.
Quanto às atividades realizadas dentro do laboratório, foram feitas as
seguintes análises físico-químicas: granulometria, umidade (em estufa comum),
proteína bruta (pelo Método de Kjeldahl, constando de três etapas: digestão,
destilação e titulação), acidez titulável (calculado em mg NaOH/g de amostra) para
farinhas de carne e ossos e farinha de sangue; já as análises de determinação de
gordura (com a amostra previamente seca) e peróxidos foram feitas somente em
farinha de carne e ossos.
Para o sebo bovino as análises realizadas foram: acidez titulável (calculado
em % acidez em ácido oléico), umidade (em estufa comum), impurezas (realizado
em centrífuga), branqueamento (com argila ativada para posterior leitura em
colorímetro Lovibond).
3.1 Atividades de Rotina
O laboratório de análises físico-químicas segue uma rotina de procedimentos,
as quais, para melhor entendimento foram esquematizadas na Figura 6.
Figura 6. Fluxograma da rotina das atividades do laboratório de análises físico-
químicas, com relação às farinhas de carne e ossos e farinha de sangue.
Conforme a Figura 6 pode-se verificar a seqüência da rotina do laboratório,
desde a coleta das amostras, passando pela identificação, registro e preparo das
mesmas.
Coleta das amostras (de hora em hora)
Identificação das amostras e registro em planilhas de controle
Preparo das amostras
Amostras homogeneizadas
Análises físico-químicas
Resultados
Emissão de laudos
Os tipos de análises a serem realizadas eram determinados pela indústria ou
por planilhas do laboratório de físico-química. Após os resultados das análises, o
produto é liberado, estes são estocados e armazenados sobre paletes (no caso das
farinhas) ou em silos de aço inoxidável (no caso do sebo bovino). De posse de todos
os resultados, os mesmos são armazenados em planilhas específicas em programa
de computador. As planilhas contendo os registros dos controles de produção são
enviadas a todos os supervisores da graxaria e também ao controle de qualidade,
através de e-mail e os documentos guardados junto ao laboratório.
3.1.1 Preparo das amostras
As amostras (farinha de carne e ossos, farinha de sangue, sebo bovino,
coletadas de hora em hora, em quantidades suficientes para a realização das
análises em triplicata), chegam ao laboratório e são identificadas adequadamente
(com nome da amostra, local de onde foi feita a coleta, hora da coleta e data) com
etiquetas e registradas em planilhas, onde é feito um relatório da amostra que será
analisada. Só após esta etapa são realizadas as análises físico-químicas.
3.1.2 Análises físico-químicas
Todas as análises físico-químicas foram baseadas no Compêndio Brasileiro
de Alimentação Animal 2005.
3.1.2.1 DETERMINAÇÃO DE GRANULOMETRIA – FARINHA DE CARNE E OSSOS E FARINHA DE SANGUE
Baseia-se na determinação das proporções com que as partículas de
diferentes dimensões entram na composição da amostra, ou seja, determinar o
padrão de granulometria das farinhas (COMPÊNDIO BRASILEIRO, 2005).
O número de peneiras e o tamanho das malhas deverão ser estabelecidos
conforme o tipo de produto (COMPÊNDIO BRASILEIRO, 2005).
O procedimento para determinação da granulometria realizado no laboratório é descrito a seguir:
1. Pesava-se 100g de amostra;
2. Colocava-se nas peneiras T8 (malha com 2,36 mm de Ø), T10 (malha com 1,70
mm de Ø) e T12 (malha com 1,41 mm de Ø);
3. Pesava-se a quantidade de amostra retida nas peneiras.
*Cuidar a ordem das peneiras
Para farinha de carne e ossos, os limites máximos (da fração retida) para
cada peneira são:
T8 ≤ 3% do total do peso da amostra;
T10 ≤ 6% do total do peso da amostra;
T12 ≤ 10% do total do peso da amostra.
Para farinha de sangue, os limites máximos (da fração retida) para cada
peneira são:
T8 ≤ 0% do total do peso da amostra;
T10 ≤ 5% do total do peso da amostra;
T12 ≤ 10% do total do peso da amostra.
Os resultados eram expressos e catalogados em planilhas diárias, em forma
de percentual, tomando-se 100 g de mostra como 100%, o valor da fração retida era
convertida, também, em percentual.
3.1.2.2 DETERMINAÇÃO DE UMIDADE
A determinação de umidade é uma das medidas analíticas mais importantes
no controle da elaboração e qualidade dos produtos alimentícios, sendo muito
utilizada para a determinação centesimal dos alimentos (ZAMBIAZI, 2004).
Fundamenta-se na perda de umidade e substâncias voláteis a temperatura de
105º C (Compêndio Brasileiro, 2005).
Ao utilizar estufa sem renovação de ar recomenda-se não processar grande
número de amostras simultaneamente (Compêndio Brasileiro, 2005).
O resíduo obtido no aquecimento direto da amostra é chamado de resíduo
seco ou sólidos totais (ZAMBIAZI, 2004).
Este teste era aplicado tanto para as farinhas como para o sebo bovino.
O procedimento para determinação da umidade é descrito a seguir:
1. Pesava-se 5g de amostra homogeneizada
2. Levava-se a estufa por 1 hora (temperatura de aproximadamente 105 °C).
3. Levava-se ao dessecador para resfriar, até atingir a temperatura ambiente.
4. Pesava-se, até obter-se peso constante.
O cálculo para expressão dos resultados era realizado da seguinte forma:
Umidade= Perda de Peso x 100/ Peso da Amostra
Perda de Peso = (Peso do Cadinho + Peso da Amostra) – Peso do Cadinho
após Dessecador
3.1.2.3 DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNA BRUTA (MÉTODO DE KJELDAHL)
Este método baseia-se na determinação do conteúdo total de nitrogênio
(orgânico e inorgânico) na amostra. O nitrogênio presente nas proteínas (em sua
estrutura molecular) representa cerca de 16% de seu peso, por isso utiliza-se como
fator de correção do nitrogênio em proteínas, valores aproximados a 6,25 (100/16),
porque o percentual de nitrogênio varia para cada tipo de proteína, portanto variando
também para cada tipo de alimento (ZAMBIAZI, 2004).
O princípio do método de Kjeldahl baseia-se na transformação do nitrogênio
da amostra em sulfato de amônio, por digestão ácida, e em nitrogênio amoniacal por
destilação em meio alcalino (CECCHI, 1999).
Este método consiste de três etapas (CECCHI, 1999):
Digestão - durante a digestão, o ácido sulfúrico oxida a amostra, transformando o
nitrogênio em sulfato de amônio, o carbono em dióxido de carbono e o hidrogênio
em água.
Amostra-N + H2SO4 + CuSO4 + K2SO4 → (NH4)2SO4 (Sulfato de amônio).
Destilação - consiste na reação do sulfato com uma base forte para liberar a
amônia, a qual é recolhida em solução de ácido bórico, com formação de um
composto estável (borato de amônio) de coloração verde em indicador (indicador
misto).
(NH4)3SO4 + NaOH → NH3 + (NH4)3BO3 (Borato de amônio).
Titulação - o borato de amônio recolhido é titulado com ácido clorídrico, para
determinar o amoníaco absorvido pelo ácido bórico, onde vai ocorrer o retorno à
coloração rosa. Na titulação ocorre a transformação de cloreto de amônio e liberação
do ácido bórico.
(NH4)3BO3 + HCl → NH4Cl + H3BO3 (Cloreto de amônio).
A quantidade de ácido clorídrico gasto na titulação corresponde à quantidade
de nitrogênio contida na amostra, o valor encontrado é convertido com o fator
apropriado e corresponde ao teor de proteína bruta da amostra (ZAMBIAZI, 2004).
No laboratório de análises físico-químicas a determinação da proteína bruta
era realizada em amostras de farinha de carne e ossos e farinha de sangue, que
eram primeiramente fracionadas, homogeneizadas e pesadas até o valor de 1 g de
amostra.
O procedimento da análise é descrito abaixo:
DIGESTÃO1. Ligava-se o controlador de temperatura;
2. Pensava-se com exatidão 1,0 g de amostra moída;
3. Transferia-se para um tubo digestor em seguida colocava-se 6g de catalisador
e 5 a 7 pérolas de vidro;
4. Adicionava-se 20 mL de ácido sulfúrico concentrado;
5. Ligava-se a vazão de água para o SCRUBBER;
6. Verificava-se se a cuba de inox estava abastecida com água até o ladrão;
7. Ligava-se a chave geral do SCRUBBER;
8. Verificava-se se havia borbulhas na garrafa neutralizadora dos gases;
9. Adaptava-se o tubo de digestão ao equipamento;
10. Procedia-se a digestão por aproximadamente 2 horas e 30 minutos;
11. Aquecia-se a amostra gradativamente até atingir 400°C;
12. Após a digestão completa a solução ainda quente apresentava cor verde
cristalino;
13. Após o resfriamento a solução do tubo podia solidificar, caso isso ocorresse,
acrescentava-se água para solubilizar.
DESTILAÇÃO1. Adicionava-se 50 mL de água destilada ao tubo de digestão;
2. Esperava-se esfriar novamente;
3. Ligava-se a água de abastecimento;
4. Ligava-se a chave geral do destilador;
5. Ligava-se a chave de nível para abastecer a caldeira até que o LED
acendesse;
6. Após o acendimento do LED desligava-se a chave de nível;
7. Ligava-se a chave de aquecimento;
8. Girava-se o potenciômetro para a posição máxima;
9. Esperava-se começar a fervura e o vapor sair pelo duto de teflon dentro
do tubo de digestão;
10. Voltava-se o potenciômetro para a posição 7 ou 8;
11. Desligava-se a chave de aquecimento;
12. Fazia-se a conexão do tubo de digestão contendo a amostra digerida ao
destilador Kjeldahl; ]
13. Verificava-se se a torneira está bem fechada;
14. Fechava-se o protetor de acrílico;
15. Adicionava-se 50 mL de NaOH 50% no copo dosador com a torneira
fechada;
16. Abria-se levemente a torneira para que a soda pudesse descer para
dentro do tubo de digestão;
17. Lavava-se o copo dosador com água destilada e auxílio de uma pisseta;
18. A amostra apresentava cor escura;
19. Fechava-se bem a torneira dosadora;
20. Ligava-se a chave de aquecimento;
21. Utilizava-se como receptor do destilado, frasco erlenmeyer de 250 mL;
22. Adicionava-se 50 mL de ácido bórico 4% com 8 a 10 gotas de indicador
misto;
23. Recolhia-se 50 mL de destilado;
24. A amostra apresentava cor verde;
25. Retirava-se o erlenmeyer e lavar o bico do condensador com água
destilada;
26. Desligava-se a chave de aquecimento;
27. Aguardava-se o fim da ebulição no tubo de digestão;
28. Retirava-se o tubo de digestão com auxílio de uma tenaz;
29. Procedia-se a higienização.
TITULAÇÃOTitular a amônia recolhida com solução de ácido clorídrico 0,1N até a viragem
do indicar verde para o rosa.
A expressão dos resultados era fundamentada na seguinte equação:
% PB = V x F x N x 6,25 x 14, 008 x 100
P x 1000
Onde:
V = Volume da solução de ácido clorídrico 0,1N gasto na titulação
F = Fator da solução de ácido clorídrico 0,1N
N = Normalidade da solução de ácido clorídrico
6,25 / 5,70 = Fator de transformação de nitrogênio em proteína bruta
14,008 = Equivalente grama do nitrogênio
P = Peso de amostra
Para um melhor entendimento, resumidamente, a Figura 7 ilustra o
procedimento para a realização da análise.
Figura 7 – Fluxograma do procedimento adotado para realização de análise de
proteína em farinha de carne e ossos e farinha de sangue.
Pesagem da amostra
Adição de mistura catalítica
Adição de ácido sulfúrico
Equipamento digestor e Scrubber(digestão e neutralização dos gases)
Adição de água destilada
Recepção do destilado em solução ácida (ácido bórico
4% + indicador misto)
Titulação com ácido clorídrico 0,1 N (até
coloração rósea)
Cálculo do percentual de nitrogênio contido na amostra
Resultado em planilha de controle
Destilação com NaOH
3.1.2.4 DETERMINAÇÃO DE ACIDEZ TITULÁVEL (PARA FARINHAS)A estabilidade, bem como outros fatores de um alimento, sofre influência
direta dos ácidos orgânicos presentes em sua composição. Esta acidez pode estar
presente naturalmente ou ser adicionada durante o processamento do alimento com
objetivo de preservá-lo por um maior período de tempo. Outro fator responsável pela
acidez em alimentos é o processo de degradação, por hidrólise, oxidação ou
fermentação que afetam a concentração de íons H+ presentes na amostra
(ZAMBIAZI, 2004).
Fundamenta-se na neutralização com solução alcalina padrão dos ácidos
graxos livres, extraídos por um solvente (CECCHI, 1999).
O ponto de equivalência durante a titulação ocorre quando o número de
equivalentes do ácido presente na amostra corresponde ao número de equivalentes
da base usada na titulação (ZAMBIAZI, 2004).
A acidez pode ser expressa em mL de solução normal por cento ou em
gramas do componente ácido principal (CECCHI, 1999).
O procedimento para determinação da acidez titulável é descrito a seguir:
1. Pesava-se 5,0 g de amostra em bécker de 250 ml, e anotar o peso;
2. Adicionava-se 150 mL de solução Álcool Etílico/Éter Etílico (1:1), já
neutralizado com Hidróxido de Sódio 0,1N;
3. Agitava-se e deixava-se em repouso por 15 minutos, fazendo agitações
ocasionais de (5 em 5 minutos);
4. Filtrava-se a solução em papel filtro acoplado em um funil sobre um
erlenmeyer de 250 ml;
5. Esperava-se a total filtração;
6. Adicionava-se de 4 a 5 gotas de Fenolftaleína 1%;
7. Titulava-se com Hidróxido de sódio 0,1N até o aparecimento da coloração
rósea persistente por 30 segundos.
A expressão dos resultados era fundamentada na seguinte equação:
Índice de Acidez em mg NaOH/g de amostra = V x N x FC x E/ P
Onde:
V = Volume de Hidróxido de Sódio 0.1N gasto na titulação
N = Normalidade da solução de Hidróxido de Sódio = 0.1N
FC = Fator de Correção da solução de Hidróxido de Sódio
E = Equivalente Grama do Hidróxido de Sódio = 40
P = Peso de amostra em gramas
3.1.2.5 DETERMINAÇÃO DE GORDURABaseia-se na extração da fração gordurosa e demais substâncias solúveis
através de arraste por solvente (CECCHI, 1999).
A determinação de gordura direta de lipídeos em alimentos é feita pela
extração com solventes orgânicos adequados (altas ou baixas temperaturas) como
éter etílico, éter de petróleo, acetona, clorofórmio, e hexano, os quais são removidos
no final do processo. O resíduo obtido denomina-se extrato etéreo, por representar
não somente o teor de lipídeos, mas também o teor de vários outros compostos
solúveis em solventes orgânicos (ZAMBIAZI, 2004).
O procedimento da análise é descrito abaixo:
1. Tarava-se o reboiler;
2. Pesava-se 2g de amostra seca e introduzia-se no cartucho;
3. Colocava-se o cartucho com a amostra no cesto e encaixava-o no gancho
travando a vareta na parte superior;
4. Colocava-se 100 mL de solvente em cada reboiler e o introduzíamos no bloco
já aquecido;
5. Segurando com uma das mãos o tubo recuperador, soltava-se a trava e
baixava-a até o reboiler, encaixando as juntas esmerilhadas. Feito isso, verificava-se
sua perfeita vedação;
6. Soltava-se a trava da vareta abaixando lentamente o cesto de amostra, até
que ficasse mergulhado no solvente;
7. Após, fixava-se a vareta nesta posição;
8. O tempo da extração por mergulho variava de 1h a 1h 30min, em função do
tipo de amostra;
9. Após o término da extração por mergulho, soltava-se a trava da vareta;
10. Levantavam-se os cestos até uma altura intermediária onde podiam receber o
gotejamento de solvente condensado, fixando a vareta nesta posição por 30 minutos
(ou mais);
11. Decorrido esse tempo, fazia-se a recuperação do solvente;
12. Soltava-se a trava da vareta e a puxávamos para cima até que a tampa de
teflon fecha-se a saída de solvente recuperado;
13. Travava-se nesta posição (para uma perfeita vedação convinha dar um giro
na vareta antes de travar). A recuperação seria executada, ficando a gordura no tubo
de reboiler e o solvente no tubo recuperador;
14. Realizada a recuperação, levantava-se o conjunto reboiler até travar na
posição superior;
15. Retiravam-se os cestos e deixava-se por um tempo o reboiler no bloco para
que o restante do solvente evaporasse;
16. Transferia-se para o dessecador durante 30 minutos e pesava-se. A diferença,
entre os pesos do reboiler final e inicial, obtida seria a quantidade de gordura da
amostra;
17. O operador devia coletar o solvente recuperado após a retirada dos reboilers
do bloco, que deveria ser desligado. Para isso, colocava-se um béquer embaixo do
tubo recuperador e soltava-se a vareta permitindo que o solvente escoasse.
O cálculo para expressão dos resultados era realizado da seguinte forma:
% Gordura= (Peso do Reboiler + Gordura) – Peso do Reboiler Vazio x 100/
Peso da Amostra
3.1.2.6 DETERMINAÇÃO DE PERÓXIDOConsiste em determinar as substâncias que oxidam o iodeto de potássio,
principalmente os peróxidos ou hidroperóxidos, expressando em miliequivalentes
gramas de oxigênio por 1 Kg de amostra (ZAMBIAZI, 2006).
Os peróxidos são os produtos primários da decomposição (oxidação) de óleos
e gorduras, e, portanto, expressam o grau de deterioração de um produto gorduroso
(ZAMBIAZI, 2006).
A determinação mais comum envolve a titulação iodométrica que mede o iodo
liberado de uma solução de iodeto de potássio, pelos peróxidos presentes na
amostra, o qual é titulado pelo tiossulfato (ZAMBIAZI, 2006).
As reações que ocorrem são:
2 KI + 2CH3COOH 2HI + 2CH3COO-K+
ROOH + 2HI ROH + H2O + I2
I2 + 2NaS2O3 2NaS2O + 2 NaI
O procedimento para determinação do índice de peróxido é descrito a seguir:
1. Pesava-se o erlenmeyer que seria utilizado na análise e anotava-se o peso;
2. Acoplava-se um funil já com o papel de filtro qualitativo ao erlenmeyer;
3. Adicionava-se a amostra até encher o funil;
4. Adicionava-se 80 mL de Hexano P.A. para extração da gordura da amostra;
5. Deixava-se a filtração chegar até o fim e evaporava-se o hexano em chapa de
aquecimento até que ficasse somente a gordura da amostra;
6. Deixava-se esfriar e pesava-se novamente o erlenmeyer com a gordura
extraída, anotava-se o peso;
7. Adicionava-se 30 ml de solução de ácido acético/clorofórmio (3+2);
8. Adicionava-se 0,5 ml de solução de KI saturada, tampava-se o erlenmeyer;
9. Homogeneizava-se e levava-se ao escuro por 1 minuto;
10. Adicionava-se 30 ml de água destilada e 1 ml de solução de amido;
11. Verificava-se se havia ou não o aparecimento da coloração azul escura, caso
negativo a análise terminava indicando Índice de peróxido igual a zero;
12. Se obtivesse o aparecimento da coloração azul escura, continuava a análise;
13. Titulava-se a amostra com Tiossulfato de Sódio 0,01N, até o aparecimento da
coloração branca;
14. Anotava-se o volume gasto.
O cálculo para expressão dos resultados era realizado da seguinte forma:
Índice de Peróxido meq/1000g de gordura = V x N x F x 1000/P
Onde:
V= Volume de Tiossulfato de Sódio 0,01N, gasto na titulação
N = Normalidade da solução do Tiossulfato (0.01N)
1000 = Conversão para miliequivalente
P= Peso da amostra, no caso das farinhas, o peso da gordura extraída
Para o sebo bovino eram realizadas as seguintes análises:
3.1.2.7 DETERMINAÇÃO DE IMPUREZA EM SEBO BOVINOO objetivo da análise é saber o quanto de resíduo (água e materiais
insolúveis) do processo de extração do sebo ainda restou na amostra. Esses
resíduos podem influenciar de forma negativa a qualidade do sebo, podendo influir
na sua acidez, coloração e até mesmo na sua estabilidade.
O método consiste em separar esses resíduos do sebo através da ação
centrífuga e da diferença de densidade entre ambos.
O procedimento da análise é descrito abaixo:1. Aquecia-se 300g de amostra a 60°C;
2. Homogeneizava-se a amostra;
3. Colocava-se 10 mL de sebo bovino em dois tubos para centrífuga;
4. Ligava-se o equipamento e aguardava-se o final do tempo pré-programado.
A expressão dos resultados era feita da seguinte forma:
Tubos graduados até 10 mL
Leia-se, onde 10 equivalem a 100%, ler a percentagem direta de impurezas
(água e material insolúvel).
3.1.2.8 DETERMINAÇÃO DE CLAREAMENTO EM SEBO BOVINO
Sebo bovino bruto, que passa por um processo de tratamento de aquecimento
com argila, ganhando uma brancura exigida na formulação de alguns sabões
(COMPÊNDIO BRASILEIRO, 2005).
Sua principal finalidade é a remoção dos pigmentos indesejáveis, os quais
podem estar naturalmente presentes, ou que sejam produzidos por modificações e
decomposições da matéria-prima durante a estocagem, transporte e processamento.
Outras impurezas que também são eliminadas são traços de metais pesados,
produtos de oxidação, resíduos de fosfatídeos e material insaponificável (ZAMBIAZI,
2006).
Vários tipos de terras clarificantes têm sido utilizados, e na sua grande maioria
atuam com maior eficiência na isenção de umidade, sendo as terras ativadas as
mais utilizadas (ZAMBIAZI, 2006).
O procedimento da análise é descrito abaixo:
1. Aquecer 200g a 60°C;
2. Separar 100g em bécker;
3. Aquecer a 70°C com agitação continuada;
4. Acrescentar 3,00g de argila após a amostra atingir a temperatura;
5. Continuar aquecimento até 100°C;
6. Iniciar o processo de filtração;
7. Levar a amostra que está sendo clarificada à estufa a 100°C até obter 60 mL
do filtrado;
8. Colocar a cubeta na estufa por, no máximo, 1 minuto;
9. Verificar a temperatura do filtrado; a amostra deve estar a 50°C para ser
levada à cubeta;
10. Proceder a leitura no aparelho LOVIBOND;
11. Guardar a amostra em tubo de ensaio identificado com local, hora e cor.
I
32405. SUGESTÕES
5.1 Local de estágioO laboratório físico-químico desempenha funções muito importantes dentro da
empresa, uma vez que auxilia os setores produtivos no desenvolvimento e produção
dos subprodutos.
No entanto, a demanda de análises que o laboratório vem recebendo é cada
vez maior, excedendo sua capacidade em termos de vidraria e outros materiais, o
que eventualmente ocasiona atraso em alguns resultados.
Em relação à empresa, sugiro que os encarregados de cada setor recebam
treinamentos, incluindo de Boas Práticas de Fabricação e Procedimentos
Operacionais Padrões específicos de seus respectivos setores, podendo assim
melhor orientar seus subordinados.
5.2 Curso Quanto ao curso, sugiro aulas práticas mais voltadas para a realidade com a
qual nos deparamos nas empresas e realização de visitas durante o curso, não só às
linhas de produção das empresas, mas aos laboratórios de análises físico-químicas,
microbiológicas ou sensoriais, pois cada vez mais os laboratórios das indústrias
estão utilizando métodos rápidos e mais modernos de análises, visando aumentar a
produtividade e diminuir os custos destas.
Quanto às disciplinas de tecnologia ou até mesmo a disciplina de química
bromatológica, deveriam ser dada não apenas em um semestre, acredito que o
curso deveria ser anual, pois passamos muito rápido por certos aspectos da indústria
que só vamos nos dar conta quando estamos no estágio, pois muitos equipamentos
e metodologias não têm tempo de ser dadas durante as disciplinas.
Acredito que o contato com equipamentos um pouco mais atuais durante o
curso venha enriquecer nosso conhecimento, auxiliando tanto no estágio, como
profissionais.
Em relação à disciplina de tratamento de resíduos, também deveriam abordar
o aproveitamento de resíduos de origem animal para a fabricação de subprodutos
de valor agregado relativamente grande e de suma importância na área de
alimentos, como é o caso dos subprodutos que foram abordados e analisados
durante o estágio.
6. CONCLUSÃO
O estágio foi de suma importância, pois relacionei com a prática o que foi visto
na teoria, aplicando e ao mesmo tempo adquirindo conhecimentos.
Foi possível colocar em prática, através de todas as atividades desenvolvidas,
os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, contribuindo de maneira efetiva ao
funcionamento da empresa.
A análise dos subprodutos foi de fundamental importância, não só para
conhecer a composição centesimal dos subprodutos, como também saber sua
importância na alimentação animal. Além disso, poder nos familiarizar com produtos
que não são tão discutidos em sala de aula.
A obtenção desses subprodutos de origem animal também é uma ótima
solução para o problema de impacto ambiental, pois estes resíduos, antes eram
depositados em aterros sanitários, incinerados, e hoje são aproveitados para ração
animal, produtos de limpeza, biocombustível, etc.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CECCHI, H.M. Fundamentos teóricos e práticos em análises de alimentos. Campinas: Ed. UNICAMP, 1999. 251p.
BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria Nº 108, de 04 de
setembro de 1991, Aprova os Métodos Analíticos para Controle de Alimentos para uso Animal, publicado no Diário Oficial da União
de 17/09/1991, Seção 1, Página 19813. Brasília: Ministério da Agricultura e do
abastecimento, 1991.
BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Instrução Normativa Nº 34, de
28 de maio de 2008, Aprova o Regulamento Técnico da Inspeção Higiênico-Sanitária e Tecnológica do Processamento de Resíduos de Animais e o Modelo de Documento de Transporte de Resíduos Animais, publicada no Diário Oficial da
União, de 29/05/2008. Seção 1, Página 13. Brasília: Ministério da Agricultura e do
abastecimento, 2008.
PARDI, M.C., SANTOS, I.F., SOUZA, E.R., PARDI, H.S. Ciência, Higiene e Tecnologia da Carne. 2ª ED. 1V. GOIÂNIA: EDITORA DA UFG, 1995. 586p.
PRICE, J. F., SCHWEIGERT, B. S. Ciencia de la Carne y los Productos Carnicos. 2 ED. ZARAGOZA: EDITORIAL ACRIBIA, SA. 1994. 581p.
RODRIGUES, A. P. Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). CAPÃO DO LEÃO: FRIGORÍFICO EXTREMO SUL. 2005. 30p.
RODRIGUES, A. P. Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO). CAPÃO DO LEÃO: FRIGORÍFICO EXTREMO SUL 2005. 52p.
SINDIRAÇÔES, Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal, SÃO PAULO, SP,
2005.
ZAMBIAZI, R. Química Bromatológica I. PELOTAS,2004. 122p.
ZAMBIAZI, R. Tecnologia de Óleos e Gorduras. Pelotas, 2006. 140p.