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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS CURSO DE QUÍMICA DE ALIMENTOS GERENCIAMENTO DE PQSE EM INDÚSTRIA DE ÓLEOS VEGETAIS – BUNGE ALIMENTOS S.A. – Relatório final de estágio apresentado à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação do Profº PhD Rui Zambiazi, como parte das exigências da disciplina de Estágio Supervisionado, do Curso de Química de Alimentos, para a obtenção de título de Bacharel em Química de Alimentos.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOSCURSO DE QUÍMICA DE ALIMENTOS

GERENCIAMENTO DE PQSE EM INDÚSTRIA DE ÓLEOS VEGETAIS

– BUNGE ALIMENTOS S.A. –

Relatório final de estágio apresentado à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação do Profº PhD Rui Zambiazi, como parte das exigências da disciplina de Estágio Supervisionado, do Curso de Química de Alimentos, para a obtenção de título de Bacharel em Química de Alimentos.

Marla SganzerlaPelotas, dezembro de 2007.

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ALUNONome: Marla Sganzerlae-mail: [email protected]

CONCEDENTERazão social: Bunge Alimentos S.A.Caracterização jurídica: Sociedade AnônimaUnidade onde foi realizado o estágio: Unidade de Passo Fundo I Setor(es) de realização do estágio: PQSE - Garantia da QualidadeEndereço: Rodovia RST 153, Km 02, nº 2000. Bairro Nossa Senhora Aparecida – Passo Fundo/RS. Fone: (54) 3316 1500Nome e cargo do supervisor: Engenheiro Químico Kenzzo Henrique Koketsu – Engenheiro do Edible&Oils / Engenheira Bioquímica Mariana Canéo – Coordenadora da Garantia da Qualidade

ESTÁGIOÁrea de atuação: Processamento de óleo vegetal de sojaPeríodo do termo de compromisso: 01/10/2007 a 14/12/2007Período coberto pelo relatório: 01/10/2007 a 14/12/2007Numero de horas: 450 horasNome do professor orientador: Rui ZambiaziSemestre/ano: 2/2007

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SUMÁRIOLISTA DE TABELAS....................................................................................................5

LISTA DE FIGURAS....................................................................................................6

RESUMO.....................................................................................................................7

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................8

1.1Bunge Alimentos – Unidade Passo Fundo I.........................................................11

2 OBJETIVOS............................................................................................................13

2.1Objetivo geral........................................................................................................13

2.2Objetivos específicos............................................................................................13

3 ATIVIDADES REALIZADAS...................................................................................14

3.1 Produtividade.......................................................................................................14

3.1.1 Descrição do processo do Crushing.................................................................15

3.1.2 Descrição do processo Edible & Oils................................................................18

3.2 Qualidade............................................................................................................19

3.2.1 Boas Práticas de Fabricação (BPF)..................................................................19

3.2.2 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)............................22

3.2.2.1 Revisão do plano APPCC do Edible&Oils (E&O)..........................................23

3.2.3 Verificação de não conformidades....................................................................24

3.2.4 Organização de evento: “Semana da Qualidade”.............................................25

3.2.5 Liberação de tanque de óleo refinado para envase..........................................26

3.2.5.1 Treinamento em análise sensorial.................................................................27

3.2.5.2 Treinamento em análises físico-químicas......................................................36

3.3 Segurança...........................................................................................................37

3.3.1 Treinamento Safety...........................................................................................38

3.3.2 Treinamento de bloqueios eletromecânicos.....................................................38

3.3.3 Treinamento para trabalho a quente.................................................................38

3.3.4 Treinamento para trabalho em espaço confinado.............................................39

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3.3.5 Treinamento de trabalho em desnível/ içamento..............................................39

3.3.6 Treinamento de riscos químicos.......................................................................40

3.4. Meio Ambiente....................................................................................................40

3.4.1 Destinação de resíduos....................................................................................41

3.4.1.1 Estação de tratamento de efluentes (ETE) da Bunge Alimentos...................41

3.4.1.2 Destinação de reagentes vencidos................................................................45

4 SUGESTÕES.........................................................................................................47

4.1 Sugestões ao curso de Bacharelado em Química de Alimentos/UFPel..............47

4.2 Sugestões à concedente Bunge Alimentos – Passo Fundo................................47

5 CONCLUSÃO.........................................................................................................49

REFERÊNCIAS.........................................................................................................50

APÊNDICE................................................................................................................52

ANEXOS....................................................................................................................53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Processamento na unidade Bunge Alimentos de Passo Fundo (RS) em

2007...........................................................................................................................15

Tabela 2 - Cronograma da Semana da Qualidade - PQSE.......................................26

Tabela 3 - Preparo das amostras para identificação dos gostos básicos..................29

Tabela 4 - Preparo das amostras para o teste de limiar dos gostos básicos............30

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Organograma de administração da Bunge Alimentos de Passo Fundo.................................................................................................................11

Figura 2 - Fotografia da vista aérea da fábrica Bunge Alimentos de Passo Fundo.................................................................................................................15

Figura 3 - Microscopia da célula do grão de soja.................................................17

Figura 4 - Esquema da reação de neutralização de ácido graxo livre................19

Figura 5 - Limiar dos gostos doce(A) e salgado(B)..............................................30

Figura 6 - Limiar dos gostos ácido(C) e amargo(D)..............................................31

Figura 7 - Método de preparação dos descritores do óleo..................................32

Figura 8 - Desempenho de julgadores no teste dos descritores........................34

Figura 9 - Classificação do desempenho dos julgadores por grupos................35

Figura 10 - Esquema convencional de tratamento por lodo ativado..................42

Figura 11 - Equação da respiração aeróbica.........................................................42

Figura 12 - Esquematização do floco do lodo ativado.........................................43

Figura 13 - Percentual de reagentes vencidos em cada ano.....................................46

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RESUMO

SGANZERLA, Marla. Gerenciamento de PQSE em indústria de óleos vegetais – Bunge Alimentos S.A., 2007, 54f. Relatório final de estágio apresentado ao Curso de Bacharelado em Química de Alimentos. Universidade Federal de Pelotas – UFPel.

A Bunge S.A. é uma empresa global e integrada com as áreas de fertilizantes, agronegócios e alimentos, caracteriza-se por ser líder mundial no processamento de oleaginosas e em óleos envasados para o consumo. A história da Bunge começa em 1818, quando foi fundada a Bunge & Co. na Holanda. Em 1905, a Bunge inicia suas atividades no Brasil. Em outubro de 2002, a Bunge Alimentos se instalou na estrutura que antes pertencia a Bertol S.A., dando início às atividades de extração de óleo vegetal de soja e produção de farelo de soja (Crushing). Em janeiro de 2003, iniciaram as atividades de refino e envase de óleo de soja (Edible&Oils). O estágio teve início com atividades de integração envolvendo treinamentos na área de segurança e se concentrou no setor da Garantia da Qualidade, com atividades visando preparação de treinamentos, manutenção e atualização de certificações de APPCC e ISO 9001:2004. Ao longo desse período foram realizadas visitas freqüentes à área de produção, acompanhando o processo desde a recepção da matéria-prima até a expedição do produto acabado. Em relação a meio ambiente, as atividades foram direcionadas para busca de soluções na destinação adequada de resíduos e na racionalização no uso de recursos naturais. O estágio realizado permitiu integrar o conhecimento adquirido com a prática industrial através do acompanhamento do gerenciamento de PQSE (Produtividade, Qualidade, Segurança e Meio Ambiente) da unidade, conhecendo o processo produtivo e sua viabilidade, questões relacionadas à segurança de trabalho e a responsabilidade ambiental.Palavras-chave: Óleos vegetais, processo produtivo, qualidade, segurança, meio ambiente.

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1 INTRODUÇÃO

A Bunge S.A. é uma empresa global e integrada com as áreas de fertilizantes,

agronegócios e alimentos, que opera em toda a cadeia produtiva do campo até a

expedição de produtos ao consumidor. Caracteriza-se por ser líder mundial no

processamento de oleaginosas e em óleos envasados para consumo.

A história da Bunge começa em 1818, quando foi fundada a Bunge & Co., em

Amsterdã (Holanda) por um negociante de origem alemã, Johannpeter G. Bunge,

para comercializar grãos e produtos importados das colônias holandesas.

Em 1859, a convite do rei do recém-criado Reino da Bélgica, a Bunge

transfere sua sede para Antuérpia (Bélgica), tornando-se o braço comercial da

expansão internacional do novo Reino. Alguns anos após inicia negócios na Ásia e

África, já sob o comando de Edouard Bunge, neto do fundador.

Em 1884, Ernest Bunge, irmão de Edouard, muda-se para a Argentina, onde,

com outros sócios, cria uma empresa coligada com o nome de Bunge Y Born, com o

objetivo de participar do mercado de exportação de grãos do país.

Em 1905, a Bunge participa minoritariamente do capital da S.A. Moinho

Santista Indústrias Gerais, empresa de compra e moagem de trigo de Santos (SP -

Brasil). É o início de uma rápida expansão no País, adquirindo diversas empresas

nos ramos de alimentação, agribusiness, químico e têxtil, entre outros.

Alguns anos depois, 1923, compra a empresa Cavalcanti & Cia., em Recife

(PE- Brasil), que resultou na formação da Sanbra, posteriormente denominada

Santista Alimentos. Já as atividades de mineração de rocha fosfática,

industrialização e comercialização de fertilizantes, matérias-primas e nutrientes

fosfatados, têm início em 1938, com a constituição da Serrana S.A. de Mineração,

cujo objetivo era explorar uma reserva de calcário na Serra do Mar (SP - Brasil).

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Em 1997 adquire a Ceval Alimentos, líder no processamento de soja e

produção de farelos e óleos e também a Iap, tradicional empresa de fertilizantes do

país. No ano seguinte, compra a Fertilizantes Ouro Verde.

Em 2000, adquire a indústria de fertilizantes Manah, uma das maiores

empresas do setor. No mesmo ano, decide fortalecer suas empresas de fertilizantes

e de alimentos no Brasil. Surge, então, em agosto, a Bunge Fertilizantes (união da

Serrana, Manah, Iap e Ouro Verde) e, em setembro, a Bunge Alimentos (união da

Ceval e da Santista).

Dentro de sua estratégia de crescimento, a Bunge cria, em 1998, a Bunge

Global Market, atual Bunge Global Agribusiness, uma empresa de atuação mundial,

especialmente voltada ao cliente e responsável pelo comércio internacional de

commodities da empresa. Com ela, a Bunge tem acesso aos mercados mais

promissores do mundo e amplia consideravelmente sua presença internacional,

firmando-se cada vez mais como uma empresa globalizada.

Ainda em 2001, na Argentina, a Bunge adquire a La Plata Cereal, uma das

maiores empresas de agribusiness daquele país, com atividades no processamento

de soja, industrialização de fertilizantes e instalações portuárias. Com a aquisição, a

Bunge torna-se a maior processadora de soja da Argentina.

Em 2002, a Bunge inicia a compra do controle acionário da Cereol, empresa

de agribusiness com forte atuação na Europa e Estados Unidos. Com a aquisição, a

Bunge amplia seus negócios na área de ingredientes, fortalece sua atuação no setor

de óleos comestíveis e abre acesso a novas áreas de negócios, como o biodiesel.

Em 2003, a Bunge anuncia uma aliança com a DuPont, com o objetivo de

fazer crescer seus negócios nas áreas de alimentos e nutrição de forma significativa.

Surge com essa aliança a Solae - que atua na área de ingredientes funcionais de

soja.

Atualmente, a Bunge tem unidades industriais, silos e armazéns na América

do Norte, na América do Sul, Europa, Ásia, Austrália e Índia, além de escritórios da

BGA (Bunge Global Agribusiness) atuando em vários países europeus, americanos,

asiáticos e do Oriente Médio. No Brasil, a BGA controla a Bunge Alimentos, a Bunge

Fertilizantes e a Fertimport, além de manter a Fundação Bunge que tem como

missão contribuir para o desenvolvimento da cidadania, por meio de ações de

valorização da educação e do conhecimento.

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O faturamento em 2006 foi de R$ 18,2 bilhões, contando com o número de

funcionários em cerca de 9 mil, atuantes em mais de 300 instalações entre fábricas,

portos, centros de distribuição e silos distribuídos em 16 estados brasileiros. E já no

terceiro trimestre de 2007, o lucro líquido da empresa foi de US$ 351 milhões. As

vendas cresceram 82%, que resultou num total de US$ 12,7 bilhões. "Os resultados

do quarto trimestre deverão ser sólidos, uma vez que a área de agronegócio e de

fertilizantes continua a se beneficiar dos bons fundamentos econômicos do setor",

relata a diretora financeira da Bunge, Jacqualyn Fouse, no comunicado "Prevemos

que os bons fundamentos econômicos persistirão pelo menos até boa parte de

2008" (GAZETA, 2007).

A Bunge, presente no Brasil desde 1905, é uma das principais empresas de

agribusiness e de alimentos do país, atuando de forma integrada em toda a cadeia

produtiva.

Por meio da Bunge Alimentos, a empresa produz ingredientes para nutrição

animal (farelos), processa e comercializa soja e outros grãos (soja, trigo, milho,

canola, girassol, sorgo e caroço de algodão), fornece matéria-prima para a indústria

de alimentos e food service (farinhas, óleos, gorduras, lecitinas e, também açúcar),

além de produzir alimentos para o consumidor final. É líder nacional nos mercados

de óleos vegetais, gorduras, margarinas e de farinhas de trigo e pré-misturas para a

panificação e indústria.

Para o consumidor, os produtos Bunge, como óleos vegetais, azeites,

margarinas e maioneses, são comercializados com as marcas Soya®, Salada®,

Primor®, Delícia® e Cyclus®. Os produtos destinados para padarias, confeitarias e

indústrias, são distribuídos por meio das marcas Bunge Pró® e Bentamix®. Estas

marcas estão profundamente ligadas não apenas à história econômica brasileira,

mas também aos costumes, à pesquisa científica, ao pioneirismo tecnológico e à

formação de gerações de profissionais.

A Bunge alimentos trabalha com foco total no cliente, com serviços

específicos voltados para a necessidade de cada um deles, dentro dos parâmetros

de total confiança, respeito e qualidade e, é hoje a síntese do novo foco de atenção

do agronegócio brasileiro e da sua integração.

A Bunge Alimentos tem sua sede em Gaspar (SC), onde está localizado um

Centro de Pesquisa e Desenvolvimento que dá suporte a todas as outras unidades

no país.

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1.1 Bunge Alimentos – Unidade Passo Fundo

Em 1994 existia a Sanrig em Carazinho, Cruz Alta e Passo Fundo, que

continham silos subordinados à regional de Esteio. Entre os anos de 1994 e 1998 a

Bunge adquiriu a Sambra, Sanrig, Santista e Encobrás. No ano de 1998, a Bunge

fez a aquisição da Ceval, que continuou operando com o nome Ceval por dois anos.

Em 2001, a regional que dava suporte aos silos foi transferida para Passo Fundo e,

nessa mesma cidade em outubro de 2002, a Bunge Alimentos se instalou na

estrutura que antes pertencia a Bertol S.A., dando início às atividades de extração

de óleo vegetal de soja e produção de farelo de soja (Crushing). Em janeiro de 2003,

iniciaram as atividades de refino e envase de óleo de soja (Edible&Oils).

A unidade Bunge Alimentos de Passo Fundo possui 127 funcionários próprios

e 60 terceirizados, conta com uma estrutura administrativa que segue padrões

coorporativos (BUNGE), tendo a frente da gestão o gerente da unidade, ao qual

estão subordinados demais setores da empresa (figura 1).

Figura 1 - Organograma de administração da Bunge Alimentos de Passo Fundo.

Conforme o organograma, tem-se independência adquirida a cada setor e, ao

mesmo tempo colaboração contínua e efetiva entre os mesmos, a qual é estimulada

pela gerência. Conjuntamente os setores do Edible&Oils, Crushing e Garantia da

Qualidade, com auxílio do técnico de segurança, respondem pelo PQSE (ou SQMP),

Gerência da Unidade - PF

CrushingEdible&OilsGarantia da Qualidade Administrativo

Financeiro D.O.

Laboratório

Refino EnvaseExpedição

Recepção da soja

Preparação

Extração

Armazém/Expedição de farelo

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que busca melhorias e manutenção das áreas de Produtividade, Qualidade,

Segurança e Meio Ambiente, seguindo políticas de gestão da Bunge e pondo em

prática seu compromisso com o desenvolvimento sustentável em todas suas

operações onde atua. Para a empresa, sustentabilidade baseia-se em três pilares:

Desenvolvimento econômico, através de parceria com o produtor rural e demais

stakeholders, gerando empregos, divisas e riquezas para o país; Responsabilidade

social, acreditando na participação comunitária e nos valores da cidadania

empresarial, moldando políticas em benefício de todos; e Responsabilidade

ambiental, constante preocupação com os recursos naturais e o respeito ao meio

ambiente, conduzindo políticas e ações que integram homem e natureza.

A Garantia da Qualidade na unidade, sob responsabilidade da Coordenadora

Mariana Canéo (Engenheira Bioquímica), cabe a implantação e atualização

constante de programas de qualidade como APPCC (Análise de Perigos e Pontos

Críticos de Controle) e Certificações de ISO 9001:2004, bem como de seus

requisitos: BPF (Boas Práticas de Fabricação) e Plano de Amostragem. Em relação

a meio ambiente é dado grande enfoque a destinação de resíduos e a otimização do

uso de recursos naturais – água e energia. A este setor está vinculado o laboratório

que fornece subsídios à verificação da eficiência das ações de controle, através de

liberações de tanques de óleo refinado ao envase e de farelo para expedição de

acordo com os padrões internos; análises do produto em diferentes estágios da

produção verificando o controle de cada etapa do processo.

Na unidade Bunge Alimentos de Passo Fundo são processados grãos de soja

e óleo degomado, e são produzidos farelo de soja que é destinado à alimentação

animal e óleo de soja refinado. O óleo de soja é comercializado a granel e embalado

sob as marcas Primor® e Soya®, em embalagens tipo Bag 180Kg, e em

embalagens metálicas de 900mL. Da planta da unidade ainda são produzidos o óleo

degomado, óleo branqueado e subprodutos como, borra da neutralização, cascas e

sujidades da soja.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Acompanhar o gerenciamento de PQSE com aprendizado e apoio na

manutenção da certificação NBR ISSO 9001:2004 e HACCP e identificar e implantar

melhorias nos procedimentos de higienização.

2.2 Objetivos específicos

Participar de treinamentos sobre segurança na fábrica;

Acompanhar o processo industrial de crushing e edible&oils;

Acessorar no treinamento de BPF;

Apoiar na manutenção de certificações APPCC e ISO 9001:2004,

identificando não conformidades e implementando melhorias;

Realizar o treinamento em análise sensorial de óleos refinados;

Acompanhar análises rotineiras no laboratório da indústria;

Elaborar registro para monitoramento da estação de tratamento de

efluentes e melhorias na área de meio ambiente.

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3 ATIVIDADES REALIZADAS

O estágio teve início com atividades de integração envolvendo treinamentos

na área de segurança, os quais capacitam os colaboradores. No treinamento são

abordadas regras de comportamento seguro, instruções para a parada de

linhas/equipamentos – os chamados bloqueios hidromecânico e elétricos, trabalho a

quente, em espaço confinado, em desnível ou com içamento e riscos químicos.

O estágio se concentrou no setor da Garantia da Qualidade, principalmente

em atividades de avaliação de documentações referentes a programas de qualidade

para preparação de treinamentos, manutenção e atualização de informações

necessárias a certificações de APPCC e ISO 9001:2004. Ao longo desse período

foram realizadas visitas freqüentes à área de produção, acompanhando processo

desde a recepção da matéria-prima até a expedição do produto acabado.

Em relação ao meio ambiente, as atividades foram direcionadas a soluções

em destinação adequada de resíduos e racionalização no uso de recursos naturais.

3.1 Produtividade

De acordo com o levantamento dos dados de processo da unidade Bunge

Alimentos de Passo Fundo (RS), para o ano de 2007, pode-se observar na tabela 1

a capacidade de produção da planta industrial.

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Tabela 1 - Processamento na unidade Bunge Alimentos de Passo Fundo (RS)

em 2007

Matéria-prima/Produtos

Processamento (ton/mês*)

Soja (grão) 34273Farelo de soja 27000

Óleo degomado 7000Óleo refinado 7500

*Valores das médias da produção de janeiro a novembro do ano de 2007.

A produtividade da unidade ganhou destaque no mês de outubro deste ano

quando houve quebra de recorde de produção “a fábrica da Bunge Alimentos em

Passo Fundo (figura 2) processou 41.746,158 toneladas de soja” (PLANETA

BUNGE, 2007). Destaca-se ainda que este índice foi alcançado sem sobrecarga de

trabalho e dentro de todos os padrões de segurança exigidos pela empresa.

Figura 2 - Vista aérea da fábrica Bunge Alimentos de Passo Fundo.

Fonte: BAL, 2007.

3.1.1 Descrição do processo do Crushing

O fluxo na planta industrial inicia com a recepção da matéria-prima, soja em

grãos, e neste momento começa o acompanhamento do controle de qualidade junto

a balança através da inspeção dos caminhões carregados que devem estar com a

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carga devidamente enlonada seguindo as especificações do contrato firmado com o

fornecedor.

Após a entrada do caminhão no pátio é realizada a amostragem da carga

para avaliação da qualidade da matéria-prima, quanto aos parâmetros de umidade,

sujidades, grãos avariados e grãos verdes, que devem estar dentro dos padrões da

unidade. No entanto, nesta operação observa-se uma não-conformidade, pois é

realizada em local sem cobertura (pátio) e o procedimento utiliza um balde para a

coleta da amostra que está no final da carga, não sendo portanto, representativa do

total de grãos presentes na carga. Com base nesta observação, a ação corretiva

indicada seria de mudanças estruturais na planta, com a construção de uma

cobertura no local de descarga e da adaptação de um bico de amostragem, que

consiste num sistema automatizado de coleta de amostras de grãos em diferentes

pontos da carga. No entanto, isto demanda grande investimento, sendo necessário a

elaboração de um planejamento para avaliar sua viabilidade econômica.

Quando a soja encontra-se dentro dos padrões, realiza-se a descarga na

moega, que dispõe de peneiras para a separação de impurezas. Em seguida a

matéria-prima passa por um processo de secagem para redução da umidade em

níveis próximos a 10%, e então é enviada para o armazém graneleiro, no qual

realiza-se o controle de temperatura através de sistema de movimentação da massa

e uso de ventiladores.

Antes da etapa de extração a soja passa por um processo de preparação, o

qual envolve o descascamento em peneiras vibratórias que promovem forças de

abrasão e separação das cascas em sistema pneumático. A casca segue para o

armazenamento, enquanto a soja descascada é enviada para silos metálicos (sob

condições controladas) que alimentam a trituração dos grãos em sistemas de rolos.

Estes sistemas de esmagamento devem estar alinhados para evitar formação de

farinhetas e otimizar a extração, onde o controle é realizado pela visualização dos

rolos, da massa que sai, e pelo monitoramento do painel de pressão.

A preparação do grão envolve o condicionamento da massa através de

aquecimento em cilindro horizontal giratório dotado de camisa de vapor e injeção de

vapor sob pressão no seu interior. Com isto ocorre o aumento da plasticidade da

massa, o que auxilia no processo de laminação, pela qual aumenta a superfície de

contato da massa que fica com espessura de 0,35mm, facilitando a extração do óleo

devido o rompimento dos bolsões protéicos que detém a sua difusão (figura 3). A

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massa laminada é submetida a um expander, que consiste em um sistema de

extrusão; uma rosca sem fim conduz a massa que recebe calor em sistema fechado

sob pressão, gerando características de porosidade, que facilita a percolação do

óleo e a posterior lavagem do solvente.

Figura 3 - Microscopia da célula do grão de soja.

Fonte: KEMPER, 2004.

A extração é realizada em tanques dispostos em série, onde ocorre a

circulação da massa e do solvente (hexana a 66-75°C) em contra-corrente,

permitindo o enriquecimento em óleo da micela. Os parâmetros que influenciam

essa etapa são tempo de contato, preparação, temperatura, concentração da

miscela, retenção de solvente e número de extratores (KEMPER, 2004).

Após a extração, a miscela de óleo e solvente é concentrada, passando a

seguir pela dessolventização em sistema de evaporadores seqüenciais que

permitem a recuperação de solvente: o primeiro evaporador utiliza gases do

Dessolventizador/Tostador – DT (equipamento do processamento de farelo); o

segundo evaporador usa vapor; e no terceiro evaporador (coluna stripping) com

sistema de vácuo o óleo entra em contato direto com o vapor. Desta operação

obtém-se o óleo bruto, o qual segue para a etapa de degomagem com água em

centrífugas, removendo os fosfolipídios hidratáveis que constituem a borra da

extração, da qual pode ser obtida a lecitina comercial. Como a planta não conta com

infra-estrutura adequada para este processo, esta borra é adicionada ao farelo de

soja. Na degomagem se faz o controle do teor de óleo que fica na borra, a fim de

avaliar o rendimento do processo.

A massa, depois da extração, segue para o DT, sistema dotado de camisa de

vapor e aplicação de vapor direto, que promove a dessolventização e tostagem do

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farelo. Nesta etapa existe um PCC (ponto crítico de controle), no controle dos

registros da temperatura, que deve ser superior a 100°C para destruir

microrganismos patogênicos e substâncias inibidoras da tripsina, que diminuiriam a

digestibilidade do farelo. Segundo Snizek Jr. (1999), a soja integral pode ser

considerada alimento de ótima qualidade, devido ao elevado nível energético e

concentração de proteínas de alta qualidade, porém não pode ser utilizada sem

tostagem na alimentação de animais monogástricos, por possuir elevada quantidade

de fatores anti-nutricionais. Os principais fatores inclusos são os inibidores de

proteinases (Kunitz e Bowman Birk), geralmente chamados de inibidores de tripsina;

hemaglutininas, também chamadas de lectinas; goitrogênios; anti-vitaminas e fitatos.

O farelo dessolventizado/tostado é submetido à secagem, pela qual ocorre

uma redução da umidade para 13%, seguindo para o túnel de resfriamento,

tornando-se então, apto ao armazenamento e expedição. Antes do processo de

secagem é ajustado o teor de proteína bruta para 46% através da adição da borra

da extração (fosfolipídios) e de cascas da soja, que aumentam o teor de fibras do

farelo. Esse ajuste protéico no farelo é justificado por questões econômicas.

3.1.2 Descrição do processo Edible & Oils

Para ser consumido, o óleo bruto deve passar por um processamento cujo

objetivo é remover as impurezas e compostos indesejáveis, com menor dano

possível aos triacilgliceróis e compostos bioativos, como tocoferóis e ácidos graxos

polinsaturados (CERIANI, 2005).

O óleo degomado obtido pelo processo de crushing da unidade, ou adquirido

de terceiros (transportado via rodoviária), é submetido ao condicionamento de

fosfolipídios não-hidratáveis com adição de solução de ácido fosfórico (80%), sendo

em seguida neutralizado/desacidificado com o uso de hidróxido de sódio (30°Bé) em

centrífugas, caracterizando o refino químico.

No refino químico, a etapa de desacidificação é efetuada por neutralização

com soda cáustica, ocasionando a conversão dos AGL (ácidos graxos livres) em

sabões (figura 4), que são removidos posteriormente por meio de centrifugação ou

decantação. O principal problema associado à etapa de neutralização é a perda de

óleo neutro devido à saponificação e ao arraste mecânico do mesmo na emulsão,

principalmente em óleos com alto teor de AGL (CERIANI, 2005).

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Figura 4 - Esquema da reação de neutralização de ácido graxo livre.

Da etapa de neutralização resulta a borra que é vendida à indústrias de

sabões, servindo também como parâmetro para qualidade do óleo degomado;

quanto maior a produção de borra menor será a qualidade do óleo. Nesta etapa é

realizado o controle do teor de óleo remanescente na borra, para realizar o controle

da etapa e verificação da eventual perda por saponificação de triacilgliceróis. O óleo

neutro segue para duas lavagens seqüenciais a fim de evitar a presença de resíduos

de sabões e de borra que ocasionaria um aumento do teor de fósforo no óleo.

Posteriormente, é submetido à secagem em tanque a vácuo e desaeração.

Quando destinado para a produção de biodiesel, o óleo neutro passa por um

processo de branqueamento, envolvendo a filtração com terra clarificante ácido-

ativada.

Se seguir para envase, o óleo neutro é enviado para a desodorização em uma

coluna de destilação de pratos, atingindo temperaturas de 240°C sob sistema de

vácuo. São destilados ácidos graxos de baixo peso molecular e ácidos graxos livres

remanescentes, tocoferóis e compostos que conferem odor e cor indesejáveis ao

óleo.

O óleo desodorizado passa por trocador de calor, reduzindo sua temperatura

para 130°C, quando recebe a adição de ácido cítrico sob vácuo, e então sendo

resfriado a 35°C. No final do processo, ainda é submetido a filtração de polimento

em filtros tipo cesto, para garantir que nenhum resíduo seja arrastado com o óleo e

então segue para a linha de envase.

3.2 Qualidade

3.2.1 Boas Práticas de Fabricação (BPF)

De acordo com a Portaria 326/MS, as BPF são um conjunto de medidas para

as indústrias de alimentos que visam garantir a qualidade sanitária e conformidade

dos produtos alimentícios com os regulamentos técnicos, a fim de proteger a saúde

do consumidor (BRASIL, 2007b). Assim, a unidade Bunge Alimentos de Passo

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Fundo objetiva, através das BPF, produzir e fornecer alimentos seguros isentos de

qualquer contaminação, garantindo a qualidade microbiológica, sensorial e química,

trabalhando com a otimização do processo, pois evitam-se perdas por contaminação

de matéria-prima/produto acabado e reprocessos que geram custos à produção.

A implantação de BPF exige o envolvimento de lideranças, treinamento do

pessoal e investimento em instalações mediante um estudo para o conhecimento da

situação que serve de instrumento para elaboração de um plano de ação seguido da

tomada de ações corretivas. Os investimentos nas instalações visam atender os

princípios higiênico-sanitários relacionados à infra-estrutura da planta industrial que

abrangem desde a localização e arredores até as condições da construção e lay out

da distribuição das linhas de processo e de equipamentos.

O manual de BPF da unidade estabelece instruções seqüenciais para

realização de operações rotineiras e específicas na produção, armazenamento e

transporte de alimentos, estipulando a freqüência das ações, registros e

monitoramento através do Programa de Procedimentos Operacionais PPR

(programa de padrão de processo) e das IOP (Instruções Operacionais Padrão), que

dão suporte para:

Higienização das instalações, equipamentos e utensílios: especifica

metodologia, detergentes e instrumentos usados e procedimentos a serem seguidos,

além de parâmetros como concentração, temperatura e tempo de ação dos

produtos.

Controle da potabilidade da água: são avaliados periodicamente por

análises externas, parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos, com

registros por arquivamento dos laudos analíticos.

Higiene e saúde dos manipuladores: uso de equipamentos de proteção

individual (EPI) adequados, orientações de comportamento e hábitos higiênicos e

avaliação periódica do estado de saúde.

Manejo dos resíduos: na unidade há uma central de resíduos sólidos,

que são classificados, sendo a grande parte enviado para a reciclagem enquanto os

resíduos com elevado potencial de contaminação são recolhidos por empresa

especializada para incineração ou depósito em valas sanitárias em ações aprovadas

pela FEPAM. Também opera uma Estação de Tratamento de Efluentes na planta da

unidade.

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Manutenção preventiva e calibração de equipamentos: operações de

manutenção são sempre realizadas por pessoal especializado e aplica-se um check

list ao final do trabalho antes de reiniciar as atividades. A calibração é revalidada

anualmente e é realizada em equipamentos novos antes do seu uso por entidades

credenciadas ao INMETRO.

Controle integrado de vetores e pragas: é realizado por empresa

terceirizada (Inset Control), com desinsetizações mensais, verificação de armadilhas

e eliminação de condições favoráveis à pragas. No setor da Garantia da Qualidade

são anexados relatórios mensais e fichas técnicas dos produtos utilizados nas

operações de detetização.

Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens: através da

inspeção seguindo o PIN (padrão de inspeção) específico da unidade e os critérios

estabelecidos no contrato com o fornecedor.

Programa de recolhimento de alimentos – recall: consta a metodologia

de como proceder em caso de recolhimento de produto; a situação é classificada de

acordo com o risco e pela equipe da Garantia da Qualidade mobilizada. Simulações

de recall são realizadas anualmente a fim de avaliar o desempenho e a agilidade da

equipe.

O treinamento para os colaboradores é essencial para a conscientização da

importância das ações de limpeza e higienização do ambiente, bem como do

comportamento sob aspecto da higiene pessoal, além de desenvolver senso de

responsabilidade com a qualidade em todos os setores.

O treinamento passado aos colaboradores segue padrões da unidade, sendo

que todos os funcionários tem acesso ao Manual de BPF nos seus setores; sendo

assim, apenas se faz necessário a atualização das informações quanto a situação

da unidade no cumprimento das BPF.

Para isso buscou-se avaliar toda a planta industrial da Bunge. Algumas não

conformidades encontradas estavam relacionadas ao pátio, como a compostagem

inadequada de resíduos do refeitório e a presença de grama alta em alguns pontos

que favorecem a presença de pragas. A ação corretiva nestes casos ocorreu pela

limpeza do pátio e recolhimento dos resíduos do refeitório para a destinação fora da

unidade. Em alguns setores observou-se banheiros sem placas instrutivas de como

proceder a lavagem das mãos; estas foram repostas e a não conformidade sanada.

Na expedição de óleo envasado haviam irregularidades na disposição de pallets que

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estavam muito próximos a parede, e armazenamento de produtos acabados com

defeitos na embalagem ou prazo de validade vencido na mesma área de

armazenamento de produtos que são expedidos. Estas não conformidades

dificultam a limpeza e o controle de pragas e, podem caracterizar foco de

contaminação e ainda, não foram corrigidas.

Para a manutenção atuante do programa de BPF, a equipe da Garantia da

Qualidade se mostrou imparcial frente a não conformidades, as quais eram

comunicadas ao encarregado do setor de ocorrência que estipulava a ação corretiva

e o prazo para a implantação. Também foi sugerida a efetivação do método de

armazenamento FIFO (First In First Out), cuja idéia fundamental é que só pode

inserir um novo elemento no final da fila e só pode retirar o elemento do início, assim

os itens são consumidos por ordem de chegada. Além disso, durante o período de

estágio fez-se a manutenção de registros e amostras (contra-prova) dos lotes que

ficam armazenados por tempo determinado.

3.2.2 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)

Cada vez mais as indústrias de alimentos vem redirecionando seus sistemas

de gestão da qualidade no sentido de torna-los mais preventivos e menos corretivos

para, além de aumentar a capacidade de garantir a inocuidade dos alimentos,

racionalizar recursos e otimizar processos (SENAI, 1999). Com esta finalidade é

empregada a ferramenta APPCC que é de fato um controle de qualidade realizado

em nível de planta de produção, averiguando cada etapa do processo e não mais

apenas o produto acabado, isto é, identifica perigos potenciais, implementa as

medidas efetivas de controle e estabelece procedimentos de monitoramento destes

perigos.

O sistema APPCC está baseado em sete princípios: análise de perigos pela

observação de histórico detectando etapas com possibilidades de falhas;

identificação dos perigos e classificação como PC (Ponto de Controle) ou PCC

(Ponto Crítico de Controle); estabelecimento de limites críticos considerando

aspectos tecnológicos e científicos; monitoração de parâmetros relevantes para o

controle de determinada característica do produto; tomada de ações corretivas;

verificação através de análises externas; calibração e auditorias e finalmente;

manutenção de registros (BRASIL, 2007a).

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3.2.2.1 Revisão do plano APPCC do Edible&Oils (E&O)

O plano APPCC do E&O na unidade Bunge Alimentos de Passo Fundo

constitui na documentação original desde sua implantação, embora tenham ocorrido

mudanças de processo. Com o objetivo de atualizar e manter a certificação do plano

APPCC E&O e da certificação ISO 9001:2004 foi realizada a sua revisão em

preparação para auditoria que acontecerá no início do próximo ano.

As principais alterações ocorreram no fluxograma e na descrição das etapas

do envase, em função da extinção da embalagem de 18L e substituição do tipo de

embalagem para 180Kg, que antes consistia em bombona plástica que mudou para

bag, onde o óleo refinado é envasado numa embalagem de plástico flexível que é

tampada, e vai dentro de uma caixa de papelão a qual é acoplada um suporte de

plástico resistente na base para evitar contato direto com os pisos.

Na prática foram excluídas todas as etapas que mencionavam insumos para

envase em lata de 18L, e feita a substituição do tipo de embalagem 180Kg, com a

implementação de uma etapa de montagem e armazenamento para estas

embalagens. Na ordenação das matérias-primas não constavam os pallets, que de

acordo com o processo são utilizados na paletização das caixas contendo latas de

óleo de 900mL, o que também foi acrescentado. E na etapa que envolve estocagem

do óleo desodorizado em tanques antes do envase, havia filtração apenas para o

óleo destinado à linha de 900mL, assim nos documentos constava uma modificação

que consistia na instalação de um filtro na linha de carregamento de óleo refinado a

granel, que já havia sido implantada, contudo não atualizada na documentação.

Nessas circunstâncias o PCC2 referente ao perigo F21 (presença de corpos

estranhos decorrente da abertura de tampa de inspeção do tanque) passou a ser

simplesmente um PC. E para o óleo destinado a linha de 180Kg havia a etapa de

filtração entre o armazenamento e o envase, apenas não estava evidenciado na

documentação que foi devidamente incluída. Considerando a presença de filtros

para cada linha que parte do tanque de estocagem do óleo desodorizado, o PCC1

(que está relacionado a desodorização do óleo) também passa a ser um PC, os

perigos relatados eram de presença de polímeros oriundos do aquecimento do óleo

na etapa de desodorização (Q29) e presença de corpos estranhos provenientes de

etapas anteriores ou da abertura dos filtros (F23).

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No antigo PCC2, referente à estocagem de óleo desodorizado, também está

relacionado o perigo químico Q23 (presença de fluído térmico), que foi mantido

como PCC, pois nenhuma etapa posterior elimina o risco, e caso seja detectada a

sua ocorrência acima do limite crítico por avaliação sensorial, ocorre a não

possibilidade de reprocesso. Assim, este passou a ser o PCC1.

No plano original, o PCC3 se refere à etapa de filtração antes do envase,

quanto ao perigo F41 (presença de corpos estranhos) e como não há nenhuma

etapa posterior que possa reduzir ou eliminar o risco em caso de rompimento do

filtro, este continua sendo um PCC, onde o monitoramento é feito pelo registro da

pressão na saída do filtro. Passando a constituir o PCC2.

Em relação ao perigo F11, que se referia à presença de fragmentos de

embalagens durante o abastecimento, a severidade estava classificada como média

(m) e passou a ser considerada alta (a) com a justificativa de que corpos estranhos

poderiam causar danos no organismo do consumidor no momento da ingestão.

Foram feitas algumas alterações de texto: onde indicava um código de

registro para consulta das etapas anteriores ao processo E&O, que equivaleria ao

registro do plano APPCC do Crushing e estava em desuso, realizou-se a alteração

equivalente. Também foram realizadas mudanças corretivas no fluxograma de

neutralização do óleo degomado referente à entrada de água aquecida para

lavagem do óleo, que ao invés ser adicionada na linha o fluxograma demonstrava

sua dosagem na centrífuga.

3.2.3 Verificação de não conformidades

Sempre que uma unidade Bunge Alimentos é auditada, suas pendências ou

não conformidades são enviadas para o sistema corporativo, assim, todas as

unidades passam a ter acesso e devem fazer a verificação para a manutenção das

certificações de qualidade.

No período de estágio, entre as não conformidades verificadas estavam a

ausência de prevenção de acesso de aves nas áreas de moega de recebimento, no

expander e nas instalações da extração. A não conformidade foi considerada

aplicável na unidade após a inspeção, e a ação corretiva envolve mudanças

estruturais bem como investimento. Em função disso, esta ação ainda está em

processo de orçamento e aprovação.

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As evidências de área externa suja pela presença de casca de soja entre

armazém e área de secagem, e de massa expandida na área de preparação,

também foi considerada aplicável; no entanto, a ação corretiva foi imediata, com

melhorias nas operações de limpeza e aplicação de check list.

Para a não conformidade “ficha de aplicação de praguicida” que descrevia a

aplicação do produto Actellic 500CE na concentração de 20mL/L, divergia das

recomendações do fabricante do produto (1% em água). A verificação foi realizada

nos registros do Manual de Controle de Pragas, com o conhecimento da substância

ativa deste produto (pirinifos-metílico), detectou-se que este produto não é utilizado

na unidade de Passo Fundo e, portanto, não é aplicável.

3.2.4 Organização de evento: “Semana da Qualidade”

A fim de promover maior integração entre os setores da unidade Bunge

Alimentos Passo Fundo e despertar o senso de responsabilidade com a qualidade

em todos colaboradores, a coordenadoria da Garantia da Qualidade lançou a idéia

de promover um evento para o próximo ano (2008). Em função disto foram

realizadas algumas reuniões com o pessoal do setor e estabelecido um escopo para

o projeto (tabela 2). Entre as definições alcançadas estavam de que o evento

seguiria uma linha de gincana onde setores da fábrica se uniriam para formação de

equipes que desenvolveriam tarefas ao longo de cinco dias. Ao final, a equipe com a

maior pontuação recebe uma premiação.

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Tabela 2 - Cronograma da Semana da Qualidade - PQSE

Dias da semana Atividades desenvolvidas

Segunda-feira

Abertura/ Formação de equipes

Questionário objetivo (5S, BPF, APPCC, IOP,

PPR da unidade)

Elaboração de check list para outro setor da

fábrica

Terça-feira

“Jogo dos Erros”: apresentação de imagens da

fábrica, onde deverão ser identificadas não

conformidades e apontadas soluções.

Verificação de pendências no sistema IsoDoc

de cada setor

Quarta-feira

Palestra sobre racionalização do uso de água

e tratamento de efluentes

Visitação à estação de tratamento de efluentes

da unidade

Desenvolver ou evidenciar ação ecológica

Quinta-feira

Entrega do questionário proposto

Entrega do check list elaborado

Apresentação da evidência de ação ecológica

Sexta-feira

Verificação do check list em cada setor

Contabilização dos pontos das equipes

Encerramento

3.2.5 Liberação de tanque de óleo refinado para envase

Devido ao processo de degradação que pode ocorrer no óleo refinado durante

a estocagem, é necessário realizar algumas análises antes de liberar o produto para

o envase.

A degradação do óleo durante a estocagem pode ocasionar a depreciação do

sabor. Distinguem-se três classes de degradação do sabor: reversão do sabor,

rancidez oxidativa e rancidez hidrolítica.

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A rancidez hidrolítica resulta na presença de ácidos graxos livres e ocorre

com mais facilidade nos ácidos graxos ligados às extremidades do glicerol. No óleo

podem caracterizar sabor característico de sabão quando a neutralização não for

bem realizada, prejudicando muito a qualidade do óleo.

A rancidez oxidativa é comum a todos os óleos que contenham ácidos graxos

insaturados, e se manifesta em um estágio mais avançado de oxidação (índice de

peróxido acima de 10); o sabor característico é de ranço.

A reversão do sabor é um tipo particular de oxidação que ocorre

principalmente nos óleos ricos em ácido linoléico (como no óleo de soja e no óleo de

colza) quando expostos ao ar; é acompanhada do aparecimento de sabores e

odores anômalos descritos como erva (gramíneo), odor a peixe ou de tinta. Esses

odores desenvolvem-se inclusive com baixos níveis de peróxidos (ORDOÑEZ,

2005). Segundo Reda (2007), os hidroperóxidos formados em óleos vegetais com

alto teor de ácidos graxos polinsaturados durante a estocagem, na presença de

traços de oxigênio, também resultam numa reversão do sabor pela formação de

produtos voláteis, resultantes da degradação de hidroperóxidos termolábeis em

radicais alcoxil.

Ainda no caso do óleo de soja, acredita-se que os precursores da reversão de

sabor estejam presentes no óleo recém-processado, como os ácidos graxos

furanóides e os fosfatídeos, que ao se decomporem originam diversos compostos

odoríferos responsáveis pelo sabor revertido (CEVAL, 1991).

A liberação de tanques de óleo desodorizado é prática comum na unidade e

implica nas análises de acidez livre, sabão, índice de peróxido, sabor, aspecto e cor.

Em função da grande importância e freqüência dessa atividade é de interesse da

fábrica a existência do maior número possível de colaboradores aptos a

desempenhá-la, envolvendo os setores da garantia da qualidade, refinaria e envase,

totalizando 24 colaboradores; no entanto, apenas 23 iniciaram o treinamento em

virtude de um colaborador estar em período de férias.

3.2.5.1 Treinamento em análise sensorial

O sabor do óleo é avaliado através de análise sensorial que, segundo Soares

(2004), constitui numa ferramenta que se destaca na avaliação da qualidade e

estabilidade de óleos porque nenhum teste instrumental ou químico pode substituir

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os receptores sensoriais. Os métodos objetivos medem algum fator indicativo da

oxidação, como produtos de decomposição, mas apenas a avaliação sensorial

quantifica a percepção total de intensidade de sabor ou de qualidade.

Para que os colaboradores tornassem-se aptos a avaliar características

sensoriais do óleo foi necessário aplicar um treinamento, visto que a principal

limitação dos testes sensoriais envolve sua baixa reprodutibilidade em comparação

com métodos objetivos; e de acordo com Soares (2004), essa limitação pode ser

reduzida mediante treinamento dos avaliadores e controle das condições dos testes.

Para realização do treinamento de análise sensorial partiu-se do

desenvolvimento de um plano com estabelecimento das etapas, participantes a

serem convidados e material que seria utilizado.

O treinamento de análise iniciou com esclarecimentos e apresentação dos

objetivos aos colaboradores convidados, também foi solicitado o preenchimento do

formulário “perfil do degustador” (anexo A). O perfil do degustador informa sobre

familiaridade com o produto a ser avaliado, sobre o estado de saúde dos

colaboradores, seus hábitos e disponibilidade para o treinamento – não sendo no

entanto de caráter eliminatório, e servindo muitas vezes de respaldo aos resultados

nas etapas posteriores.

O treinamento de análise sensorial foi estruturado em quatro diferentes

etapas: Identificação dos gostos básicos; Limiar dos gostos básicos; Apresentação

dos descritores de óleo; e Avaliação dos descritores. O local de realização dessas

etapas consistia em uma sala isolada que dispunha de bom espaço, no entanto as

cabines eram montadas em uma mesa (1,5m X 3,0m) com a sobreposição do

suporte de divisão, disponibilizando quatro cabines.

a) Identificação dos gostos básicosA primeira das etapas consiste no teste de identificação dos gostos básicos,

que exige 100% de acertos para que o colaborador prossiga no treinamento, mesmo

que para isso ele necessite repetir o teste. Foram avaliados quatro gostos básicos:

doce, salgado, amargo e ácido, cada um em duas concentrações, seguindo a

metodologia Bunge (2007) para a preparação das amostras (tabela 3).

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Tabela 3 - Preparo das amostras para identificação dos gostos básicos

Gosto básicoSubstância utilizada

Concentração (g/L)/ Intensidades

Fraca Forte

Doce Sacarose 20 40

Salgado Cloreto de sódio 2 4

Ácido Ácido cítrico 0,7 1,4

Amargo Cafeína 0,2 0,6

As amostras foram servidas em copos de plásticos contendo 20mL de

solução, codificados por números de três dígitos aleatórios. Nesta etapa, foram

utilizadas nove amostras, duas concentrações diferentes de cada gosto básico e

uma amostra de água destilada. Os participantes foram orientados a beber água ou

enxaguar a boca entre a prova das amostras.

Participaram desta etapa 23 colaboradores, destes 16 conseguiram identificar

as amostras sem a repetição do teste, 2 repetiram uma vez, 3 participantes

precisaram repetir o teste duas vezes e um dos colaboradores somente alcançou

100% de acerto na terceira repetição.

Um colaborador em especial foi dispensado do teste com base no Perfil do

Degustador e no teste realizado, onde ele foi capaz de identificar apenas as

amostras do gosto doce. Essa dificuldade se deu em função do participante ter

passado por cirurgias onde parte dos ossos faciais e a estrutura do palato foram

substituídos por próteses de platina e também, pelo uso contínuo de medicamentos.

Assim 22 colaboradores ficaram aptos a prosseguir o treinamento.

Para os colaboradores que necessitaram repetir o teste observou-se maior

dificuldade em identificar amostras dos gostos ácido e amargo, e em distinguir as

suas intensidades.

b) Limiar dos gostos básicosApós a aprovação no teste de identificação, o participante realiza o teste do

limiar dos mesmos gostos básicos. Neste teste, cada gosto básico é testado em

cinco concentrações diferentes, com base na ISO 3972 (tabela 4), e o objetivo é

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verificar a capacidade do julgador em ordenar e diferenciar concentrações mínimas

dos gostos básicos. 

Tabela 4 - Preparo das amostras para o teste de limiar dos gostos básicos

Gosto básico

Substância utilizada

Concentrações (g/L)

Doce Sacarose 0,94 1,56 2,59 4,32 12,0

Salgado Cloreto de sódio 0,34 0,48 0,69 0,98 1,40

Ácido Ácido cítrico 0,13 0,16 0,20 0,38 0,60

Amargo Cafeína 0,11 0,14 0,17 0,22 0,27

Considera-se como resultado a menor concentração que o participante

percebeu corretamente, desde que ele tenha ordenado corretamente todas as

concentrações acima desta.

Nesta etapa a prova das amostras foi realizada sob as mesmas condições da

etapa anterior, e para evitar a fadiga dos julgadores, no primeiro dia era realizado o

teste com as amostras dos gostos ácido e doce e, no segundo dia eram servidas as

amostras dos gostos salgado e amargo, ficando este por último devido a sua

característica de sabor residual persistente. Cada gosto básico era submetido à

avaliação separadamente seguindo o modelo de ficha de avaliação (Anexo B).

Participaram desta etapa 21 colaboradores; o resultado obtido para o gosto

doce e salgado estão ilustrados na figura 5.

Figura 5 - Limiar dos gostos doce(A) e salgado(B).

Com base nos resultados percebe-se que as concentrações utilizadas para

estes gostos básicos estavam dentro do limiar de todos os participantes, já que

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todos conseguiram identificar corretamente pelo menos a mais intensa das amostras

em cada gosto básico. Ainda, os resultados demonstram que grande parte dos

julgadores conseguiram identificar até a amostra de menor intensidade para o gosto

doce (42,9%) e o salgado (57,1%).

Para o gosto ácido e o amargo (figura 6) observou-se que as concentrações

utilizadas não compreendiam o limiar de alguns participantes, 9,5% e 42,9%

respectivamente. E mais uma vez, o gosto amargo foi o que conferiu as maiores

dificuldades de identificação aos julgadores, o que pode ser justificado pelo sabor

residual, já que para a ordenação se faz necessário provar algumas amostras mais

do que uma vez. Para Rodrigues (2007), o sabor residual representa o sabor

deixado na boca após a ingestão do alimento e ainda, com base em seus estudos, o

sabor residual de amargo apresenta o mesmo nível de intensidade do gosto amargo

inicial, ou seja, o gosto amargo se mantém perceptível na boca por mais tempo.

Figura 6 - Limiar dos gostos ácido(C) e amargo(D).

Descritores do óleoA preparação das amostras utilizadas nas etapas que envolvem os

descritores do óleo segue metodologia desenvolvida pelo Centro de Pesquisa e

Desenvolvimento da Bunge Alimentos S.A., Gaspar-SC (figura 7).

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Figura 7 - Método de preparação dos descritores do óleo.* os aromas dos descritores tinta, queimado, nozes, amanteigado e gramíneo correspondem

a Givaudan®, e os aromas a peixe e doce da Firmenich®.

As amostras contendo os descritores são preparadas utilizando óleo de soja

envasado em garrafa PET (polietileno tereftalato), pois este óleo é submetido a um

processo de refino mais rigoroso, garantindo a presença de um único descritor.

A metodologia empregada se aproxima ao método descritivo Perfil de sabor

(GULARTE, 2002), cujo procedimento envolve treinamento com testes de

sensibilidade (identificação e limiar dos gostos primários). Trabalha-se com uma lista

de atributos sensoriais (nesse caso os descritores) que caracterizam o produto.

Entre as desvantagens desse método está principalmente a necessidade de

treinamento bastante longo e, portanto dispendioso.

c) Apresentação dos descritoresEsta etapa realizada com os participantes do treinamento permite que os

colaboradores conheçam os descritores do óleo antes do teste final, através da

degustação das amostras identificadas com os respectivos descritores.

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As amostras estiveram à disposição dos participantes por seis dias, pois era

necessário que elas fossem degustadas pelo menos seis vezes antes da aplicação

do teste dos descritores. Foram servidas momentos antes de serem provadas, em

copos plásticos, contendo 30mL da amostra a uma temperatura de 35°C. Entre cada

amostra aconselhou-se enxaguar a boca com água destilada aquecida e proceder o

descarte em recipiente apropriado.

d) Identificação dos descritoresEsta etapa corresponde ao teste final, onde os 21 julgadores receberam as

amostras com os descritores do óleo em recipientes codificados, nas mesmas

condições da etapa anterior.

Para cada descritor identificado corretamente o julgador recebe hum (1)

ponto, sendo a pontuação acumulativa. Ao final do teste, a pontuação obtida pelo

participante é comparada com os limites inferiores e superiores estabelecidos para

classificá-lo como avaliador. Para serem considerados aptos a realizar atividades de

avaliação sensorial, os julgadores devem se manter acima do limite inferior. Os

degustadores que apresentarem resultados acima do limite superior, além de

estarem aptos a realizarem a análise sensorial, podem ser consultados em casos de

dúvida.

Os resultados obtidos por cada julgador no teste foram repassados para

planilhas baseadas no teste seqüencial de Wald (figura 8) desenvolvidas para o

armazenamento dos dados no sistema interno da Bunge Alimentos (Sistema BAL).

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Figura 8 - Desempenho de julgadores no teste dos descritores.

Fonte: BAL, 2007.

De acordo com essa planilha, os julgadores são divididos em 3 grupos: Grupo

1, Grupo 2 e Grupo 3. Estes grupos podem ser melhor identificados e

compreendidos através de gráfico (figura 9).

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Figura 9 - Classificação do desempenho dos julgadores por grupos.Fonte: BAL, 2007.

O grupo 1 inclui aquele participante apto a realizar a análise sensorial (entre

os limites inferiores e superiores); no grupo 2 está o participante apto a realizar a

análise sensorial e que possui sensibilidade para decidir em caso de dúvida (acima

do limite superior); e no grupo 3 se encontra o participante inapto a realizar análise

sensorial (abaixo do limite inferior).

Ao final do treinamento, verificadas as pontuações e elaborados os gráficos,

obteve-se como resultado: 13 colaboradores (62%) enquadraram-se no Grupo 1; 7

colaboradores (33%) mantiveram-se no Grupo 2;  e apenas 1 colaborador (5%)

enquadrou-se no Grupo 3.

Ao final do treinamento, dos 24 colaboradores convidados a participar do

treinamento, 21 completaram todas as etapas e 20 colaboradores estão aptos a

realizar a atividade de Análise Sensorial.

3.2.5.2 Treinamento em análises físico-químicas

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Após o treinamento de análise sensorial, os colaboradores aprovados seguem

para a etapa do treinamento de análises físico-químicas necessárias à liberação de

tanques. Dentre os parâmetros de verificação da qualidade do óleo, esse

colaborador passará, após ser treinado e aprovado, a realizar análises de acidez,

residual de sabão, índice de peróxido, aspecto e cor.

a) Determinação de acidez livreA presença natural de acidez livre é proveniente da hidrólise de alguns

triglicerídeos. Para controle do processo e atendimento das especificações,

monitora-se a acidez livre dos óleos. Para determinar a acidez, a amostra de óleo

(25g) é colocada em um erlemeyer com 75 mL de solução de álcool neutralizado, e

titulada com NaOH 0,1N, com indicador de fenolftaleína até viragem para cor rosa.

b) Determinação de sabãoO sabão é gerado no processo de refino na etapa de neutralização e é

separado do óleo neutro por centrifugação. Para o controle do processo e

atendimento das especificações dos produtos determina-se a quantidade de sabão

no óleo em ppm de oleato de sódio. Para esta análise, primeiramente, pesa-se cerca

de 40g de amostra em um erlemeyer e adiciona-se 1mL de água destilada e 50 mL

de solução de acetona neutralizada (contendo indicador bromofenol). Aguarda-se a

separação das fases: se a fase superior for amarela indica ausência de sabão; se

estiver verde, titula-se a amostra com HCl 0,05 N até a viragem para cor amarela

permanente.

c) Determinação de peróxidoOs peróxidos são os produtos primários da oxidação de ácidos graxos e

quando presentes no óleo, o caracterizam como rançoso. Para a determinação de

peróxido no óleo pesa-se 5g de amostra em erlenmeyer com tampa, adiciona-se

50mL de solução de ácido acético:isoctano (3:2) e 0,5mL de solução de iodeto de

potássio saturada; promove-se homogeneização e aguarda-se um minuto. Em

seguida, adiciona-se 0,5mL de solução de amido (1%). Se ficar claro o resultado é

negativo e se ficar cinza a preto, titula-se com solução de tiossulfato de sódio 0,1N

até perda da coloração escura.

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d) Determinação do aspecto e da corA determinação do aspecto do óleo é feita visualmente através da coleta de

aproximadamente 1L do óleo, então é feita avaliação quanto à presença de

impurezas e resíduos remanescentes de alguma etapa do refino.

Há uma preocupação também em manter o óleo com uma coloração padrão.

Se o usuário final perceber uma diferença na cor, este recebe um sinal inconsciente

de que “diferente” significa uma qualidade inferior. Por isso que a medição de cor é

uma das análises realizadas rotineiramente na avaliação do processo de refino. A

cor dos óleos se mede com instrumentos e, atualmente, se realiza por meio de um

colorímetro bastante difundido nas indústrias do ramo, denominado Tintômetro

(OLIVEIRA, 2001).

O método oficial de medição de cor mais utilizado nas indústrias de óleos

vegetais é o método Lovibond, estabelecido pela American Oil Chemists’ Society

(AOCS Cc 13e-92). Este é um método bastante subjetivo que consiste na

comparação visual de amostras de óleo contidas em uma cubeta de 5 ¼”, com a

combinação de padrões, nas cores amarelo (Y) e vermelho (R). Embora subjetivo,

os padrões de cor Lovibond são aceitos em quase todo o mundo como meio seguro

de se chegar a valores precisos de cores. O laboratório da Bunge Alimentos –

unidade de Passo Fundo dispõe de um Lovibond Tintometer model F®. 

3.3 Segurança

Na Bunge Alimentos S.A., segurança é tido como parte essencial na

construção de uma empresa cada vez melhor, tratando-se de um comprometimento

em especial com seus colaboradores.

A política de segurança adotada preconiza que trabalho algum é tão urgente

que não possa ser realizado com segurança; que todos os acidentes e doenças

ocupacionais são evitáveis; todos colaboradores são responsáveis por sua

segurança e a dos outros e ainda, tem-se a segurança como um indicador para

excelência operacional (BUNGE, 2007a).

Em função da importância dada à política de segurança, são realizados

treinamentos em segurança de caráter obrigatório a todos colaboradores, em

especial aos que desempenham atividades nos setores de produção. Os

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treinamentos são revalidados anualmente e também realizados sempre que um

novo colaborador integra o quadro de funcionários da empresa.

De maneira geral, os treinamentos são proferidos pelo técnico em segurança

do trabalho da empresa através de aulas com duração de duas horas,

compreendendo avaliações ao término de cada assunto. Dentre os treinamentos são

abordados o programa Safety, que engloba 27 regras quanto a segurança, bloqueios

eletromecânicos, trabalho a quente, trabalho em espaço confinado, presença em

locais com desnível ou com içamento e por fim, quanto a riscos químicos.

3.3.1 Treinamento Safety

As 27 regras de segurança referem-se a conduta do colaborador e uso de

equipamentos de proteção individual, conceitua algumas generalidades e instruem

como proceder em caso de acidente fazendo a sua comunicação imediata,

acompanhando e colaborando nas investigações bem como, nas ações corretivas.

3.3.2 Treinamento de bloqueios eletromecânicos

Este treinamento serve de base a todas as atividades que necessitem da

parada de um equipamento ou linha de processo; tem como objetivo reforçar a

importância do bloqueio eletromecânico no dia-a dia da empresa para segurança de

todos os colaboradores.

Os tópicos abordados incluem a definição e identificação de energias

perigosas e seus controles, instruções para realização dos bloqueios e como

proceder na ocorrência de um bloqueio.

3.3.3 Treinamento para trabalho a quente

Este curso tem como objetivo a realização de trabalhos a quente com

segurança.

Entende-se por trabalho a quente todo o procedimento que envolva a

utilização ou presença de chama aberta, aquecimento de superfícies, formação de

faíscas ou fagulhas capazes de provocar ignição (BUNGE, 2007b).

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São exemplos de trabalho a quente o uso de lixadeiras, soldas elétricas,

maçaricos e furadeiras elétricas. Os tipos mais comuns de produtos combustíveis ou

inflamáveis presentes na fábrica são os grãos de soja armazenados, o hexano

utilizado no processo de extração do óleo, óleo diesel, lubrificantes, estopas, lonas,

plásticos e produtos de laboratório.

O trabalho a quente requer uma permissão para trabalhos perigosos (PTP)

que envolve além dos executantes do serviço um solicitante, um aprovador e o

suporte técnico. A PTP avalia as condições do local do trabalho, dos EPI dos

envolvidos, a sinalização e isolamento da área, além de cuidados preventivos a

outros equipamentos, bloqueios, combate a incêndios e meio ambiente.

3.3.4 Treinamento para trabalho em espaço confinado

A participação neste curso qualifica o colaborador para que possa ter acesso

a ambientes restritos classificados como espaço confinado, como no interior de

torres, vasos e caldeiras.

Entre os assuntos abordados tem-se a definição de espaço confinado, os

riscos envolvidos e seu controle. Estes trabalhos são dependentes de PTP, a qual

deve considerar todas as condições e prever serviços de emergência e resgate.

3.3.5 Treinamento de trabalho em desnível/ içamento

Qualquer trabalho realizado acima ou abaixo do nível da plataforma de

trabalho (em altura ou profundidade) e que ofereça risco evidente de queda,

independentemente da distância entre o funcionário e a plataforma superior ou

inferior é considerado trabalho em desnível. Içamentos de carga são definidos como

movimentação vertical ou horizontal de carga que ofereça risco evidente às pessoas,

meio ambiente ou patrimônio da empresa, independente do peso e altura do

içamento (BUNGE, 2007c).

Esses trabalhos também requerem PTP e esta, por sua vez, deve avaliar

todas as dificuldades e perigos existentes, considerando as condições de trabalho

do local e medidas preventivas que devem ser adotadas. Além disso, a área deve

estar devidamente isolada com tela laranja de acordo com os padrões da Bunge, e

em caso de necessidade também devem ser realizados bloqueios.

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3.3.6 Treinamento de riscos químicos

A Bunge (2007d) considera produto químico perigoso toda substância que

pelas suas características e/ou quantidades em que é armazenada, possa trazer

riscos às pessoas, meio ambiente ou ao patrimônio.

Assim, são considerados nessa classe de risco os produtos químicos

utilizados na limpeza de equipamentos e os empregados diretamente no processo.

Os principais produtos químicos de riscos manuseados dentro da unidade

incluem o hexano, soda cáustica, hipoclorito de sódio, nitrogênio e ácido cítrico.

Os trabalhos envolvendo riscos químicos devem ser realizados com a

liberação de PTP, a qual deve, além de avaliar todas as condições, considerar a

possibilidade de vazamentos e prever meios corretos de contenção de maneira

segura. É muito importante neste caso que o executante tenha conhecimento da

ficha de emergência do produto.

3.4. Meio Ambiente

A legislação ambiental, a conscientização ecológica e as relações de

comércio têm feito com que muitas empresas desenvolvam práticas ambientais que

resultem em maior qualidade ambiental para seus produtos, processos e serviços

(DAROIT, 2001).

A responsabilidade ambiental da Bunge se traduz na preocupação com os

recursos naturais e o respeito ao meio ambiente, conduzindo políticas e ações que

integram o homem e a natureza. Assim, a política de sustentabilidade da Bunge

estabelece compromissos de associar os objetivos de negócios às questões da

responsabilidade sócio-ambiental; buscar ir além do cumprimento da legislação

ambiental; promover a melhoria ambiental contínua e o desenvolvimento

sustentável, aplicando os princípios do gerenciamento, indicadores de desempenho

e avaliações de risco ambiental; manter uma postura ética e transparente em todas

as atividades e relacionamentos de negócios e; promover o uso responsável dos

recursos naturais.

3.4.1 Destinação de resíduos

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Com a evolução dos processos, a atividade industrial adquiriu um caráter

essencial na sociedade contemporânea. Embora a sua importância seja indiscutível,

essa atividade costuma ser responsabilizada, e muitas vezes com justa razão, pela

ocorrência da contaminação ambiental, principalmente pelo acúmulo de matérias

primas e insumos, que envolve sérios riscos de contaminação por transporte e

disposição inadequada; além da ineficiência dos processos de conversão, que

ocasionam a geração de resíduos. Embora exista uma preocupação universal em se

evitar episódios de contaminação ambiental, isto continua acontecendo, porque

grande parte dos processos produtivos são intrinsecamente poluentes (FREIRE,

2000).

3.4.1.1 Estação de tratamento de efluentes (ETE) da Bunge Alimentos

O sistema de tratamento adotado para os despejos industriais da unidade de

Passo Fundo da Bunge Alimentos envolve tratamento físico-químico por flotação

com tratamento biológico posterior. Este tratamento tem como finalidade primordial

melhorar a condição de lançamento dos efluentes líquidos gerados pela empresa.

Seguem para o tratamento na ETE a água oriunda da limpeza de piso e

equipamentos, e a água com os resíduos de centrífugas usada na lavagem do óleo

em diferentes etapas do processo da refinaria. Esse efluente passa por três tanques

de contenção de gordura, onde por diferença de densidade ocorre a separação

superficial da gordura. O resíduo de gordura é encaminhado para o estoque de borra

e o efluente segue para tratamento físico-químico.

O sistema físico-químico de flotação promove a remoção de sólidos flutuantes

e parte da matéria orgânica. Em um tanque de captação o efluente é tratado com

sulfato de alumínio (aproximadamente 2.000 a 3.000ppm) e polímero Polifloc®

(entre 2 e 3ppm), visando a flotação adequada. Também é realizado o ajuste do pH

para um valor próximo a 6, e a incorporação de ar na água, a qual na seqüência

segue para tratamento biológico.

Mediante a flotação, um sistema de raspagem superficial retira os resíduos

que vão para o estoque de borra, e a água é enviada juntamente com a água de

limpeza da caldeira e do processo de extração para um tanque de equalização, para

que não haja desequilíbrio de caráter alcalino ou ácido no tratamento. A

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regularização da vazão também é importante para evitar impactos sobre o sistema

de tratamento em relação à concentração de carga orgânica para então prosseguir

ao tanque de aeração (reator biológico), onde inicia o tratamento por lodo ativado

(figura 10).

Figura 10 - Esquema convencional de tratamento por lodo ativado.

Fonte: FREIRE, 2000.

Essa técnica envolve o fornecimento de oxigênio ao sistema aquoso onde se

permite o desenvolvimento de certos microrganismos aeróbios que degradam a

matéria orgânica liberando CO2, seguindo a equação geral da respiração aeróbia

(figura 11).

Figura 11 - Equação da respiração aeróbica.

Fonte: MELCHIOR, 2003.

Com a degradação da matéria orgânica, ocorre a liberação de energia, a qual,

é utilizada pelos microrganismos juntamente com nutrientes (nitrogênio e fósforo)

para a formação de novas células (biomassa).

O lodo do processo de Lodos Ativados é constituído por flocos (figura 12).

Estes flocos são formados por fragmentos orgânicos não digeridos, por uma fração

Conversão AeróbiaC6 H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + ENERGIA

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inorgânica, por células mortas e, principalmente, uma grande variedade de bactérias

dos gêneros: Pseudomonas, Achromobacter, Flavobacterium, Citromonas, Zooglea,

além de bactéria filamentosas, tais como: Nocardia sp, Sphaerotilus natans,

Microthrix parvicella, Thiothrix, etc. (MELCHIOR, 2003). Para Freire (2000), os flocos

do lodo ativado são constituídos, principalmente de bactérias, e estima-se que

existam mais de 300 espécies de bactérias no lodo que são responsáveis pela

oxidação da matéria orgânica.

Figura 12 - Esquematização do floco do lodo ativado.

Fonte: MELCHIOR, 2003.

No processo de tratamento o efluente flui para o tanque de decantação

dotado de ponte giratória com raspador (que previne incrustações), onde se remove

o lodo produzindo um efluente depurado. Uma parte do lodo está sempre retornando

ao tanque de aeração para se misturar com mais cargas de matéria orgânica,

recirculação que otimiza a remoção da matéria orgânica do esgoto (cerca de 85-

90%).

O tratamento por lodo ativado na unidade é do tipo aeração prolongada, no

qual a DBO (demanda bioquímica de oxigênio) ou carga de matéria orgânica é

reduzida, estando menos disponível às bactérias e fazendo com que elas se utilizem

da matéria orgânica das próprias células. Em decorrência disso o lodo excedente já

sai estabilizado e é destinado a agricultores da região para ser aplicado na

adubação. Segundo Yoneya (2007), o uso de lodo na agricultura pode ser uma

opção econômica para produtores, pois o resíduo orgânico é rico em nutrientes

(como nitrogênio e potássio) substituindo, parcial ou totalmente, a aplicação de

adubo mineral. O efluente oriundo do processo de lodo ativado tem seu tratamento

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complementado em lagoa de maturação, onde ocorre estabilização e melhora a

qualidade final do efluente pela remoção de patógenos e de nutrientes.

O tratamento biológico por lodos ativados é atualmente o mais utilizado para a

depuração de efluentes industriais caracterizados por contaminação de carga

orgânica e produtos nitrogenados, representando um sistema de tratamento com

baixo custo de investimento e alta taxa de eficiência (MELCHIOR, 2003). No

entanto, requer uma elevada capacitação para sua operação e necessita de um

controle efetivo das condições de operação.

Durante o período do estágio houve duas paradas da utilização do sistema de

lodo ativado devido a ocorrência de falhas no processo de cunho operacional que

resultaram na elevação do valor do pH (acima de 9) comprometendo a viabilidade da

microbiota constituinte do lodo. Uma dessas falhas se deu em função do aumento do

fluxo de saída da água de lavagem da caldeira, não permitindo boa sedimentação

das cinzas num tanque preliminar, e estas foram arrastadas para o tanque de

captação, juntando-se com os outros efluentes que seguiam ao tratamento biológico.

As cinzas são resíduos provenientes da queima de madeira, carvão e outros

resíduos combustíveis usados em caldeiras. São constituídas por materiais finos,

pós, brasa, escória e pequenas quantidades de material queimado ou parcialmente

queimado (PINTO, 2005); na sua maioria constituem-se em óxidos de metais

alcalinos e alcalino-terrosos, possuindo pH alcalino, podendo ser empregados na

correção da acidez do solo (DAROIT, 2001; SOARES, 2006).

O outro problema operacional que resultou na elevação do pH, ocorreu

mediante a ativação do sistema de desmineralização em substituição ao abrandador

para o tratamento da água que alimenta a caldeira. O sistema de desmineralização

promove a remoção de íons metálicos presentes na água através da ação de

resinas de troca iônica: catiônica e aniônica que funcionam como filtros e necessitam

de regeneração quando estão saturadas. Este sistema foi implantado na Bunge

Alimentos Passo Fundo pela sua maior eficiência, retirando além da dureza, grande

parte da sílica contida na água captada. As dimensões do sistema remetem para um

tanque de troca aniônica que o tanque de troca catiônica. Sabe-se que a

regeneração da resina catiônica é realizada pela lavagem com solução ácida (HCl

ou H2SO4), enquanto que na resina aniônica é com hidróxido de sódio (NaOH). E em

função do seu funcionamento, produziu-se efluente da lavagem das resinas com pH

elevado devido grande quantidade de solução de NaOH, que seguiu para o tanque

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de captação sem correção do pH. Juntou-se com outros efluentes a serem tratados

na unidade e com equalização de vazão, seguiu para o tanque de aeração.

Em função destes acontecimentos foi necessário fazer a recuperação do lodo

reestruturando a sua microbiota, através do lançamento de efluente diluído e com

adição de nutrientes, promovendo condições para adaptação e desenvolvimento dos

microrganismos no meio. Durante este período, o efluente gerado na fábrica foi

tratado na lagoa de estabilização, onde predomina o processo de digestão

anaeróbia, seguindo após para a lagoa de maturação para então ser lançado no

corpo receptor.

A fim de evitar episódios como este, foi proposto a intensificação das ações

de controle dos parâmetros de importância para o bom funcionamento da ETE

(estação de tratamento de efluentes) através da elaboração de uma planilha fixa de

registros (Apêndice A).

3.4.1.2 Destinação de reagentes vencidos

Após inspeção para controle de estoque de reagentes de uso laboratorial

verificou-se grande quantidade de frascos de reagentes vencidos no depósito, que

além de ocupar espaço, estavam acondicionados em caixas de contenção sem

identificação ou controle. Frente a esta situação, foi proposto a destinação adequada

destes reagentes em menor tempo possível.

Para realização desta atividade, primeiro fez-se o levantamento dos

reagentes vencidos que totalizaram 86 frascos (figura 13), destes 40,7% (35) ainda

estavam lacrados, indicando a necessidade de controle efetivo na compra de

reagentes em relação a demanda da rotina laboratorial.

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Figura 13 - Percentual de reagentes vencidos em cada ano.

Observou-se ainda grande quantidade de reagentes (10,47%) em que a data

de validade estava ausente em sua embalagem, entre os motivos destaca-se a falta

ou danos na rotulagem que em alguns casos impediam até a identificação do

produto, por isso foi dada muita importância ao uso de EPI’s adequados durante o

seu manuseio.

Após o levantamento dos reagentes vencidos no estoque, realizou-se contato

com empresas e consultorias ambientais da região para solicitação de orçamentos

para sua destinação, entre elas Somar de Caxias do Sul, Ecoambiental e Resiplan

com representações em Passo Fundo.

A solicitação do serviço foi realizada à Resiplan que já presta serviço a

unidade com o encaminhamento de outros tipos de resíduos.

Os frascos contendo reagentes vencidos foram acondicionados em caixas de

papelão devidamente lacradas e identificadas para saírem da unidade por transporte

especializado e terem destinação adequada em valas com licenciamento da

FEPAM.

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4 SUGESTÕES

4.1 Sugestões ao curso de Bacharelado em Química de Alimentos/UFPel

Realização de eventos de divulgação do curso e das suas atividades

para a sociedade em geral e principalmente para as indústrias do setor.

No decorrer do sétimo semestre, promover uma reunião entre os

alunos formandos e o núcleo de estágios, prestando esclarecimentos sobre a

disciplina de estágio supervisionado e também, orientar os alunos de como proceder

na solicitação de estágio junto às empresas e outras instituições.

Antecipar a disciplina de Análise Sensorial para, pelo menos, o quinto

semestre do curso para que possa ser melhor aproveitada nas tecnologias de

diferentes áreas.

Aproximação do núcleo de estágios com a reitoria, para melhor

comunicação e agilidade na liberação de documentação necessária ao estágio.

4.2 Sugestões à concedente Bunge Alimentos – Passo Fundo

Adquirir um conjunto com algumas cabines conforme padrões

estabelecidos disposta em um ambiente apropriado para a execução dos

treinamentos em análise sensorial em condições mais satisfatórias.

Além de capacitar os colaboradores dos setores da refinaria e do envase

para as análises de liberação de tanque, promover um treinamento sobre noções

gerais de segurança e conduta no laboratório.

Adaptar um sistema para reaproveitamento da água utilizada no

resfriamento do destilador de água, do extrator de Soxhlet e do destilador de

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proteína. Este reaproveitamento poderia ser em nível de laboratório para minimizar

custos de implantação do sistema, que basicamente seria composto por um

reservatório e linhas que conduzissem a água de descarte até o reservatório,

proporcionando assim o uso racional de recursos.

Avaliar a possibilidade de implantação de CEP (Controle Estatístico de

Processo) pela Garantia da Qualidade, afim de ter maior controle sobre possíveis

falhas e permitindo tomar ações com base em fatos acontecidos para correções e

implementações de melhorias.

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5 CONCLUSÃO

O estágio curricular como requisito à conclusão do curso de Bacharelado em

Química de Alimentos é de grande importância, pois além de permitir a integração

do conhecimento adquirido com a prática industrial, insere o acadêmico num novo

contexto, podendo muitas vezes, abrir portas junto ao mercado de trabalho ou pelo

menos deixá-lo mais preparado para este desafio.

Com as atividades desenvolvidas durante o estágio na Bunge Alimentos S.A.

pode-se compreender o gerenciamento de PQSE (Produtividade, Qualidade,

Segurança e Meio Ambiente) da unidade, tomando conhecimento do processo

produtivo e de sua viabilidade, das questões relacionadas à segurança tanto pessoal

como de processo e da importância da responsabilidade ambiental, refletindo em

ações de nível local e aumentando a credibilidade e a confiança de fornecedores e

clientes. Além de constatar como todos esses fatores estão intimamente

relacionados à qualidade na empresa.

Observou-se também como a organização e boas políticas de gerenciamento

são fundamentais e capazes de melhorar as condições de trabalho e na produção,

refletindo no crescimento e na lucratividade da empresa.

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REFERÊNCIAS

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BAL. Sistema interno Bunge Alimentos S.A. Portal de comunicação e armazenamento de dados. 2007.

BRASIL (a). Ministério da Agricultura e Abastecimento. Portaria n. 46, de 10 de fevereiro de 1998. Institui o sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle: APPCC a ser implantado nas indústrias de produtos de origem animal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 fev. 1998. Seção I.

BRASIL (b). Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária -Portaria 326 , de 30 de julho de 1997. Aprova o Regulamento Técnico sobre "Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos". Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 01 de agosto de 1997.

BUNGE (a). Cartilha Safety – 27 Regras de Segurança. 6p. 2007.

BUNGE (b). Manual de treinamento para trabalhos a quente. 18p. 2007.

BUNGE (c). Manual de treinamento para trabalhos em desnível ou com içamento. 42p. 2007.

BUNGE (d). Manual de treinamento para riscos químicos. 26p. 2007.

CERIANI, R. Simulação computacional de processos de desodorização e desacidificação de óleos vegetais. Tese de Doutorado. UNICAMP – Campinas, SP, 2005. 240p.

CEVAL. Manual de refinação de óleos vegetais. 1991. 134p.

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DAROIT, D. Melhores práticas ambientais em empresas do Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado. UFRGS. Porto Alegre, 2001. 137p.

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FREIRE, R.S. et al. Novas tendências para o tratamento de resíduos industriais contendo espécies organocloradas. Química Nova. 23(4), 2000. p. 504-511.

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YONEYA, F. Lodo é opção barata de fertilizante. O Estado de São Paulo – caderno Suplementos, 18/04/2007. p. 14.

APÊNDICE

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Apêndice A - Planilha de registros da ETE

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ANEXOS

Anexo A - Perfil dos degustadores

Anexo B - Ficha de avaliação do limiar de gosto básico

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