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LONGEVIDADE DE SEMENTES DE ARROZ E DE BIOTIPOS VERMELHO E PRETO NO SOLO Eng. Agr. M.Sc. ANA LAURA PEREIRA AMATO PELOTAS Rio Grande do Sul Abril 2011 Tese apresentada à Universidade Federal de Pelotas, sob orientação do Prof. Manoel de Souza Maia, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, para obtenção do título de Doutor em Ciências. MINISTERIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES

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LONGEVIDADE DE SEMENTES DE ARROZ E DE BIOTIPOS VERMELHO E

PRETO NO SOLO

Eng. Agr. M.Sc. ANA LAURA PEREIRA AMATO

PELOTAS

Rio Grande do Sul

Abril 2011

Tese apresentada à Universidade

Federal de Pelotas, sob orientação do

Prof. Manoel de Souza Maia, como

parte das exigências do Programa de

Pós-Graduação em Ciência e

Tecnologia de Sementes, para obtenção

do título de Doutor em Ciências.

MINISTERIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES

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COMITÊ DE ORIENTAÇÃO

Orientador:

Manoel de Souza Maia

Eng. Agr. Dr. Prof. Associado do Departamento de Fitotecnia

Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel – FAEM

Universidade de Pelotas - UFPel

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________________

Francisco Amaral Vilela

Eng. Agrícola, Dr. Prof. Associado do Departamento de Fitotecnia – FAEM – UFPel

____________________________________________

Orlando Antonio Lucca Filho

Eng. Agr., Dr. Prof. Associado do Departamento de Fitotecnia – FAEM –UFPel

_____________________________________________

Nilson Lemos de Menezes

Eng. Agr. Dr. Prof. Associado, CCA-UFSM

____________________________________________

Luis Osmar Braga Schuch

Eng. Agr., Dr. Prof. Associado do Departamento de Fitotecnia – FAEM –UFPel

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AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que de alguma maneira colaboraram para a realização deste

trabalho.

Ao Programa de Pós-Graduaçao em Ciência e Tecnologia de Sementes pela

possibilidade de realização do doutorado.

Ao Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria (INIA) pelo apoio e por

brindar-me o tempo necessário para a culminação do doutorado e especialmente aos

pesquisadores Carlos Rossi, Álvaro Roel e Walter Ayala.

Ao Professor Manoel de Souza Maia pela sua orientação, compreensão, apoio,

confiança e amizade durante o transcurso de toda a minha pós-graduação.

Ao Eng. Agr. Gonzalo Zorrilla de San Martín por compartilhar os resultados do

projeto de pesquisa desenvolvido sob sua coordenação durante sua função como

pesquisador principal do INIA.

Ao pessoal da Unidad de Semillas de INIA Treinta y Tres, Antonio Acevedo,

Miguel Duplat e Juan Duplat pela realização do trabalho de campo.

A Mabel Oxley, laboratorista do Servicio de Semillas que levou a cabo todos os

testes de laboratório e por seu fundamental apoio para a minha compreensão dos

registros e metodologia utilizada no desenvolvimento do trabalho.

A toda minha família que sempre me apoiou e incentivou para continuar

melhorando.

E especialmente a Mario e meus filhos Marcos e Diego por todo o carinho e

apoio que me deram sempre e pela compreensão do tempo que deixei de compartilhar

com eles para dedicar a este trabalho.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................iii

SUMÁRIO.......................................................................................................................iv

LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................v

LISTA DE TABELAS...................................................................................................vi

RESUMO ......................................................................................................................vii

ABSTRACT..................................................................................................................viii

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 3

2.1 A CULTURA E A PRODUÇÃO DE SEMENTES DE ARROZ NO URUGUAI 3

2.1.2 Situação atual ................................................................................................... 5

2.2 ARROZ VERMELHO ........................................................................................... 7

2.3 BANCO DE SEMENTES DO SOLO .................................................................. 12

2.4 DORMÊNCIA ...................................................................................................... 16

3 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 21

3.1 LOCALIZAÇÃO E CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS ................................ 21

3.2 MATERIAL EXPERIMENTAL .......................................................................... 23

3.3 TRATAMENTOS E DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ............................. 25

3.4 TESTES DE LABORATÓRIO ............................................................................ 29

3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................... 30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 31

4.1 CULTIVARES DE ARROZ ................................................................................. 31

4.2 ARROZ VERMELHO E PRETO ......................................................................... 34

5 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 45

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 46

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Precipitações pluviais acumuladas (mm) ocorridas entre períodos de

exumação das sementes (setembro a agosto) desde 1993 até 2005. ............................... 22

Figura 2 - Vista geral do experimento e enterrío dos cilindros de PVC. ........................ 26

Figura 3 - Disposição das sementes das cultivares de arroz e dos biótipos de arroz

vermelho e preto nos cilindros de PVC. ......................................................................... 27

Figura 4 - Extração dos cilindros do solo contendo os tratamentos. .............................. 28

Figura 5 – Exumação de plântulas e sementes do cilindro com os respectivos

tratamentos...................................................................................................................... 29

Figura 6. Dinâmica da viabilidade das cultivares El Paso 144, EEA 404 e INIA Tacuari

enterradas no solo a 5 e 15 cm de profundidade no período de junho de 1993 a setembro

de 1996. .......................................................................................................................... 31

Figura 7. Dinâmica da composição percentual das amostras de sementes dos biótipos de

arroz vermelho e preto enterradas no solo a 5 e 15 cm no período de 1993 até 2005. ... 35

Figura 8. Dinâmica da viabilidade (%) de sementes de biotipos de arroz vermelho e

preto enterrados a 5 e 15 cm. .......................................................................................... 36

Figura 9. Dinâmica da viabilidade das sementes de arroz vermelho e preto a

profundidades de 5 e 15 cm de enterrío em porcentagem de sementes dormentes e

quiescentes. ..................................................................................................................... 39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características do solo da área experimental localizada na Estação

Experimental de Paso de la Laguna, do Instituto Nacional de Investigación

Agropecuaria, no Departamento de Treinta y Tres, Uruguai. ....................................... 22

Tabela 2. Valores de germinação e massa de mil sementes das cultivares de arroz EEA

404, El Paso 144 e INIA Tacuari utilizadas no experimento 1. ..................................... 24

Tabela 3. Valores de peso da amostra, número total de sementes, massa de mil

sementes, teores de umidade inicial e de umidade final dos biótipos de arroz vermelho e

preto utilizados no experimento 2. ................................................................................. 25

Tabela 4. Porcentagem média de sementes viáveis, dormentes e quiescentes para os

biótipos de arroz vermelho e preto enterradas no solo. ................................................. 37

Tabela 5. Porcentagem média de sementes de biótipos preto e vermelho para sementes

viáveis, dormentes e quiescentes a 5 e 15 cm de enterrio. ............................................. 38

Tabela 6. Sementes viáveis, dormentes e quiescentes em porcentagem média para os

anos de 1993 até 2005. ................................................................................................... 41

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Longevidade de sementes de arroz e de biótipos vermelho e preto no solo. Autora:

Eng. Agr. (M.Sc.) Ana Laura Pereira Amato. Orientador: Prof. Dr. Manoel de Souza

Maia (UFPel).

RESUMO. O estudo teve por objetivo avaliar a longevidade de sementes de cultivares

de arroz e de biótipos de arroz vermelho (AV) e preto (AP), no banco de sementes do

solo na principal região produtora de arroz no Uruguai. A longevidade de sementes

enterradas em junho de 1993 foi avaliada em dois experimentos: experimento 1 (EXP1)

com sementes das cultivares de arroz El Paso 144, INIA Tacuarí e EEA 404;

experimento 2 (EXP2) com sementes de AV e AP. O delineamento utilizado foi o de

parcelas divididas com três repetições em ambos experimentos, onde a parcela principal

constitui-se da profundidade de enterrio das sementes a 5 e 15 cm. No EXP1 as

subparcelas foram diferentes anos de enterrío (10 para El Paso 144, 5 para as outras

variedades) e as sub-subparcelas às cultivares de arroz. No EXP2 as subparcelas foram

os dois biótipos enterrados por 20 anos. Cada tratamento consistiu de 200 sementes

enterradas em cilindros abertos de PVC. Três meses depois de enterradas, as semente

foram exumadas e posteriormente realizavam-se extrações anuais nos meses de

setembro-outubro. As sementes removidas foram classificadas quanto a sua viabilidade

e dormência através dos testes de germinação e tetrazólio obtendo-se porcentagens de

sementes viáveis (SV), dormentes (SD) e quiescentes (SQ). Para as cultivares de arroz

registrou-se uma sobrevivência máxima de três anos para EP 144. Observaram-se

diferenças na perda de viabilidade das sementes quanto á origem das cultivares,

apresentando para todas as japônicas uma perda maior a 80% de viabilidade aos três

meses de enterrio e para a cultivar índica, menos de 50% em média das duas

profundidades. A uma profundidade de 15 cm o AV e o AP apresentaram maior

quantidade de SV do que a 5 cm. Sementes de AV e AP apresentavam-se 100%

dormentes no enterrio, observando-se aos três meses 9% de SD para AV e 35% para

AP. Posteriormente, SD e SQ oscilam entre anos evidenciando ciclos de dormência.

Estes biótipos apresentaram uma longa sobrevivência de até doze anos para AV e de 11

anos para AP, observando-se uma viabilidade superior nas sementes de arroz vermelho

que nas de arroz preto em ambas profundidades no decorrer do período.

PALAVRAS-CHAVE: Oryza sativa, banco de sementes, viabilidade, dormência.

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Seed longevity of rice cultivars, strawhull and blackhull biotypes into the soil.

Author: Eng. Agr. Ana Laura Pereira Amato. Major professor: Prof. Dr. Manoel de

Souza Maia (UFPel).

ABSTRACT. The objective was to evaluate seed longevity of rice cultivars, strawhull

(SH) and blackhull (BH) biotypes in soil seed bank of the main rice production area of

Uruguay. Longevity of seeds buried in June 1993 was evaluated in two experiments:

- experiment 1 (EXP1) with seeds of the rice cultivars El Paso 144, INIA Tacuarí and

EEA 404; - experiment 2 (EXP2) with seeds of SH and BH. A split-plot experimental

design was used with three replications in both experiments, were burial depths of 5 or

15 cm treatments were located in the big plots. In EXP1, burial time treatments of

10years for El Paso 144 and 5 years for INIA Tacuarí and EEA 404 were located in the

subplots, where cultivars were considered as subsubplots. In EXP2, biotypes treatments

were located in the subplots and buried for 20 years. Each treatment consisted of 200

seeds buried in PVC open cylinders. Seeds were exhumed for the first time in

September 1993, after three months of burial. After that, seeds were exhumed on the

same date each year until no viable seeds were found. Exhumed seeds were classified

for viability and dormancy by germination and tetrazolium tests. SH and BH biotypes

seed samples were classified for percentage of viable seeds, dead seeds, glumes and non

identified loses. Data were analyzed using the SAS general linear model (GLM)

procedures. Means were compared using the Tukey test (p<0.05). Maximum viability

for rice cultivar seeds was registered as three years for El Paso 144. Differences were

observed in seed viability according to cultivar. At three months of burial, Japonica

cultivars had lost more than 80% of seed viability, while Indica cultivars had lost less

than 50% of seed viability, as an average of both depths. SH and BH biotypes showed

long viability, up to 12yr for SH and 11yr for BH; showing higher seed viability at 15

cm of burial depth than at 5 cm. SH showed longer viability than BH for both burial

depths.

KEY WORDS: Oryza sativa, seed bank, viability, dormancy.

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1 INTRODUÇÃO

A cultura do arroz no Uruguai ocupa uma superfície de aproximadamente 170

mil hectares com médias de produtividade entre 7 a 8 t/ha. Da produção anual menos

de 5 % se destinam ao consumo interno, sendo, portanto uma atividade basicamente

exportadora e fundamental para a economia do país. Nos últimos anos estes

rendimentos foram obtidos com a utilização de três cultivares principais que compõem a

maioria da área semeada, onde 58% é ocupada pela cultivar El Paso 144, 15% pela

cultivar INIA Tacuari e 20% por INIA Olimar. Outras cultivares ocupam áreas menores

para responder a demanda de mercados específicos como é o caso da cultivar EEA 404.

Produtividades máximas de 12 t/ha similares ao potencial alcançado em

pesquisas nesta região, têm sido alcançadas apenas por poucos produtores devido a

problemas de manejo do cultivo, que restringem que a maioria dos produtores não atinja

este potencial. Como um dos limitantes aos máximos rendimentos destaca-se a presença

de plantas concorrentes de difícil controle, como é o caso do arroz vermelho,

considerada pelos produtores como a terceira em importância nas lavouras no Uruguai

pela sua presença e interferência na cultura do arroz e como a primeira, pela dificuldade

de controle.

O arroz vermelho caracteriza-se pela grande rusticidade, onde a maioria dos

tipos é do mesmo ciclo ou mais precoce que as cultivares mais representativas de cada

região produtora. A grande dormência, que pode manter viáveis as sementes por vários

anos no solo associada a alta debulha são características de sobrevivência desta planta

que permitem acumular densos bancos de sementes no solo, o que contribui

decisivamente para a infestação crescente em cultivos subseqüentes na mesma área e a

dificuldade de controle.

O conhecimento das características do banco de sementes do solo é essencial na

escolha dos métodos de controle, tanto no caso de espécies concorrentes como o arroz

vermelho, como de mistura varietal, no caso de outras cultivares da mesma espécie.

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O objetivo deste trabalho foi avaliar a longevidade de sementes de cultivares de

arroz e de biótipos de arroz vermelho e preto, no banco de sementes do solo na principal

região produtora de arroz no Uruguai.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A CULTURA E A PRODUÇÃO DE SEMENTES DE ARROZ NO URUGUAI

2.1.1 Evolução histórica

As primeiras referências sobre a cultura do arroz no Uruguai datam de 1869,

estabelecendo-se a primeira lavoura comercial no ano de 1926. Poucos anos depois,

entre 1930 e 1935, organizaram-se as primeiras empresas arrozeiras na Bacia da Lagoa

Mirim, quando se obtinham produtividades de aproximadamente 3.000 kg/ha. Uma

década depois de estabelecida a primeira lavoura eram cultivados no país uma área total

de 4.735 ha, cuja produção era suficiente para abastecer o consumo interno, além de

concretizar-se a primeira exportação (Posadas, 1992).

No final da década de 1960 e durante a década de 1970 ocorreu significativo

aumento na área e na produtividade do arroz pela incorporação massiva da cultivar

Bluebelle e pelas primeiras contribuições da pesquisa nacional (Posadas, 1992).

A cultivar Bluebele foi introduzida em 1965 desde os Estados Unidos da

América por produtores de sementes envolvidos na exportação do arroz. Esta variedade

de alta qualidade culinária adaptou-se bem as condições locais e representou um marco

no aumento das exportações. Nas décadas de 1970 e 1980 mais de 80% da produção

nacional de arroz era desta variedade permitindo aos produtores uruguaios entrar nos

mercados internacionais com um produto de qualidade.

Por outro lado, foi fundamental nesta época para o crescimento do setor

arrozeiro e o desenvolvimento da cultura, a criação do programa de certificação de

sementes de arroz, que iniciou a qualificação da semente utilizada e o combate ao arroz

vermelho, que já representava um problema importante (FAO, 2007).

Em 1972, foram cultivadas cerca de 26.800 ha de arroz, mas ainda sem um

programa de sementes organizado. Apenas 70% da semente utilizada pelos produtores

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era submetida a algum grau de processamento ou limpeza. O resto da semente era

destinada a utilização pelos próprios produtores (FAO, 2007).

Em pesquisa realizada em 1972 foram coletadas e analisadas amostras das

variedades utilizadas pelos produtores revelando que 38% dos lotes de sementes

estavam contaminados com sementes de arroz vermelho. Destes lotes contaminados

90% provinham de pequenos produtores e 15% de grandes empresas arrozeiras que

foram os que iniciaram o desenvolvimento do programa de sementes. Os resultados

indicavam que o arroz vermelho estava presente em quase toda a área de cultivo do

arroz (Jorge, 1972).

A falta de pureza varietal e a contaminação com arroz vermelho foi afetando não

somente a produção de arroz, mas também a qualidade do produto. Isto fez com que o

desenvolvimento de um sistema que assegurasse o fornecimento de sementes de

qualidade e pureza varietal se tornasse prioridade (FAO, 2007).

Com a criação da Estação Experimental del Este (EEE) pelo “Ministerio de

Ganaderia, Agricultura y Pesca” (MGAP) em 1970, no Departamento de Treinta y Tres,

iniciou-se a certificação de sementes de arroz (FAO, 2007). No ano de 1989 esta estação

experimental passa a formar parte do Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria

(INIA), onde dentre seus objetivos era a produção de semente básica de arroz.

Em 1984, de uma área total de 80.700 ha cultivada com arroz, 48% foi cultivada

com semente certificada e a semente comercial foi produzida sobre estritas

regulamentações de controle de qualidade (Zorrilla e Acevedo, 1985). Os testes de

qualidade das sementes mostraram que todos os lotes amostrados estavam livres de

contaminação de sementes de arroz vermelho. O incremento no uso de sementes

certificada continuou até alcançar a mais de 85% da área nacional cultivada. O

progresso feito em estabelecer um sistema de fornecimento de sementes de qualidade e

o baixo uso de sementes próprias por parte dos produtores tem sido possível pelo forte

apoio da indústria arrozeira e a sua relação e cooperação com os produtores de arroz

(FAO, 2007).

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A partir do lançamento da cultivar El Paso 144 pelo programa de melhoramento

da Estação Experimental del Este, em 1986, o rendimento da cultura cresceu

continuamente até 1996/97, estabilizando-se entre 6000 e 6500 kg/ha. É possível

associar o aumento dos rendimentos da etapa mencionada com a substituição da cultivar

de tipo de grão longo americano Bluebelle pela cultivar de tipo longo não americana El

Paso 144 e, posteriormente, pelas variedades INIA Tacuari e Olimar de maiores

potenciais de rendimento..

Decorrente do aumento de produtividade, a partir do inicio da década de 1990,

verifica-se uma forte expansão arrozeira, inclusive devido a expansão do cultivo em

outras zonas não tradicionais (Norte e Centro) além da própria Bacia da Lagoa Mirim

ou região Este (MGAP, 2003). Em 1990 mais de 80% da área cultivada com arroz era

semeada na Bacia da Lagoa Mirim. Além da expansão da fronteira agrícola, ocorreu

também uma intensificação das rotações, com menos anos dedicados a pastagem entre

as lavouras de arroz. Isto teve como conseqüência imediata o incremento do banco de

sementes de arroz vermelho no solo, especialmente em áreas tradicionais da cultura do

arroz (FAO, 2007)

2.1.2 Situação atual

Desde as primeiras lavouras comerciais, a área de arroz foi aumentando até

ocupar na atualidade uma superfície de aproximadamente 170 mil hectares com médias

de produtividade entre 7 a 8 t/ha desde 2005. A produção anual supera um milhão de

toneladas das quais menos de 5 % representam o consumo interno sendo, portanto um

setor tipicamente exportador e fundamental para a economia do país (MGAP, 2010). Os

principais destinos das exportações de arroz do Uruguai têm sido o Irã, Brasil, Peru e

Iraque. No ano 2009 verificou-se a ausência de Irã e o ingresso de Iraque como um dos

principais destinos de exportação representando 29%, igualando-se às exportações ao

Brasil (Anuario OPYPA 2009).

Do total da área cultivada, 95% utiliza cultivares nacionais e desta, 85% é com

semente certificada contribuindo assim para reduzir a contaminação do banco de

sementes do solo com arroz vermelho.

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A cultura do arroz no Uruguai está baseada em geral, num sistema de rotações

com pastagens e culturas alternativas. O sistema se integra com a pecuária de corte,

procurando assegurar a sustentabilidade produtiva, econômica e ambiental. O arroz

ocupa na rotação um período entre 25-30% da duração e o restante é ocupado por

pastagens naturais melhoradas ou pastagens cultivadas (gramíneas consorciadas com

leguminosas). A utilização de rotações permite uma serie de vantagens como a baixa

utilização em quantidade e freqüência de agroquímicos e fixação simbiótica ao aporte

de nitrogênio ao sistema diminuindo as quantidades de fertilizante nitrogenado

aplicadas à cultura do arroz na ordem de 45 a 70 kg/ha de nitrogênio (ACA, 2010). As

características mencionadas permitem considerar o sistema uruguaio de produção de

arroz de baixa intensidade e impacto ambiental.

De acordo a informação da DIEA-MGAP (2010) nos últimos 12 anos,

aproximadamente 60% da superfície total da cultura é semeada em áreas que não foram

cultivadas com arroz na safra anterior, enquanto somente 11% da área é de arroz

semeado sobre resteva em forma contínua durante três ou mais anos. Pelas

características do sistema e pelas condições climáticas da região se realiza apenas uma

safra por ano.,

Na última safra, o número de estabelecimentos arrozeiros foi de 523 e mais da

metade com áreas inferiores a 200 ha, representando 19,4% da superfície total semeada.

Os estabelecimentos com lavouras de arroz de mais de 1000 há são apenas 4% do total e

foram responsáveis por quase um quarto da produção total (DIEA, 2010).

Uma elevada proporção dos recursos essenciais para a cultura do arroz – solo e

água – não pertencem aos orizicultores. Predominam os acordos de arrendamento e

parceria; os pecuaristas retêm a propriedade da terra e estes e outros agentes, como as

grandes empresas industriais, são proprietários das fontes de água e dos sistemas de

irrigação. Na última safra (2009-10), somente 21% dos agricultores eram proprietários

da terra e 57,3% compraram a água (DIEA, 2010).

Os produtores estão associados a poucas empresas industriais e comerciais que

reúnem a infra-estrutura de irrigação, beneficiamento e comercialização, além de

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financiamento dos insumos. Essa estrutura garante verticalização e organização do

setor.

2.2 ARROZ VERMELHO

Denomina-se “arroz vermelho” uma serie de arrozes selvagens muito

aparentados com o arroz cultivado que apresentam coloração avermelhada do pericarpo

dos grãos. A coloração vermelha está dada pelo pigmento proantocianidina, ausente na

imensa maioria do arroz cultivado (Gealy e Bryant, 2009) devido a uma deleção em

seus dois alelos do gene Rc (cromosoma 7) que anula sua atividade como regulador do

metabolismo do pigmento (Furukawa et al., 2006).

Estes tipos de arroz podem surgir de mutações de arroz cultivado ou hibridações

entre este e tipos selvagens. A pesar das numerosas denominações que se tem sugerido

para os diversos tipos, hoje se aceita que todos eles estão diretamente relacionados com

as duas espécies cultivadas Oryza sativa e Oryza glaberrima (Khush, 1997). Estima-se

que sua aparição na América teria sido conseqüência de mutações ou da introdução de

lotes de sementes contaminados e de variedades tropicais de endosperma vermelho

(Zorrilla, 1992). A planta foi identificada pela primeira vez como planta daninha

problemática no estado de Carolina nos Estados Unidos, em 1846.

As plantas de arroz vermelho apresentam grande variabilidade de características

anatômicas, biológicas e fisiológicas (Tang et al., 1997, Vaughan et al., 2001). Dois

biotipos deste arroz encontrados comumente no Uruguai são descritos por Zorrilla

(1992) e Gamarra (1996): o “arroz preto”, denominado assim pela coloração de suas

glumas, que apresentam arista comprida (4-5 cm) e resistente e o “arroz vermelho” de

glumas ocres e de arista curta. Ambos são de grão curto, grosso e pubescente.

Um estudo levado a cabo por Federeci et al. (2001) utilizando marcadores

moleculares em 26 amostras de arroz vermelho no Uruguai, também revelou dois

grupos principais coincidindo com as descrições anteriores. Um grupo incluiu plantas

com glumas pretas, ápice púrpura e arista comprida, mostrando caracteres selvagens

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evidentes, enquanto que o outro grupo apresentava glumas e ápices ocres, sem aristas,

similar às variedades cultivadas.

A planta em ambos os tipos é alta comparada às variedades modernas e de folhas

ásperas de uma coloração verde claro. Perfilhadora e de hábito decumbente, tende a

sobressair e inclinar-se sobre o arroz cultivado (Zorrilla,1992). As mesmas descrições

para plantas de arroz vermelho foram feitas por Know et al (1992) e Gamarra (1996),

Noldin et al. (1999).

A capacidade de hibridação natural do arroz cultivado com o arroz vermelho

permite adaptar-se rapidamente a mudanças no sistema da cultura devido à inclusão de

novas variedades. No Rio Grande do Sul observa-se a aparição de arroz vermelho tipo

“patna” poucos anos após a introdução das variedades de grão “comprido” (Galli et al.,

1980).

Como o gene vermelho é dominante, produz-se um avermelhamento progressivo

do arroz cultivado em lavouras de alta infestação de arroz vermelho. Este problema

agrava-se quanto maior for a porcentagem de cruzamentos, e vai ocorrendo um

fenômeno de “mimetização” do arroz vermelho que dificulta sua identificação na

lavoura (Gamarra, 1996).

A freqüência de cruzamentos naturais de arroz vermelho com as cultivares

comerciais de arroz é variável e tem sido quantificadas em diversas condições

experimentais, obtendo-se valores desde 0,05% (Cheng et al., 2004), até 36.12% (Jia et

al., 2007). Segundo Langevin et al. (1990) as freqüências de cruzamentos são maiores

quanto mais se assemelham os ciclos das cultivares e dos biótipos de arroz vermelho.

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O arroz vermelho apresenta características que lhe outorgam comportamento de

planta daninha e capacidade competitiva, permitindo-lhe crescer voluntariamente em

áreas cultivadas e provoca importantes perdas no rendimento da cultura. Sua eficiência

na competição por radiação solar e nutrientes está dada por: 1) rápida emergência e

crescimento vegetativo; 2) maior altura que as variedades modernas e 3) grande vigor e

capacidade de emitir caules secundários (perfilhos) durante todo o ciclo. Esta maior

altura e biomassa vegetativa reduz a eficiência da colheita. As características que lhe

outorgam comportamento de daninha são o degrane precoz que assegura uma eficiente

dispersão de sementes viáveis e a dormência descontinua de estas, que lhes possibilita

permanecer latentes até por 14 anos, germinando quando as condições são adequadas

(Ávila et al, 2000; Delouche et al., 2007).

Por pertencerem à mesma espécie botânica, as condições edafoclimáticas que

favorecem o arroz cultivado também favorecem o arroz vermelho (Agostinetto et al.,

2001). Contudo, sua extrema facilidade de degrane faz com que se forme um banco de

sementes do solo, aumentando gradativamente sua presença na área, independentemente

de ser também colhido juntamente com o arroz comercial.

Diversos estudos quantificam o efeito da presença do arroz vermelho. Segundo

Pantone e Baker (1991), a presença de uma planta de arroz vermelho por mˉ2 reduz em

média 2,1% o rendimento de grãos do arroz cultivado.

Cerca de 30 panículas de arroz vermelho por m2 podem ocasionar reduções

superiores a 40% na produção de grãos de arroz cultivado, devido à competição e

principalmente pelos prejuízos oriundos por acamamento de plantas (Amaral e Pinto,

2004).

A maioria dos biotipos de arroz vermelho, hoje presentes, é do mesmo ciclo ou

ligeiramente mais precoce que as cultivares mais representativas de cada região

produtora. A profunda dormência, que pode manter viáveis as sementes por vários anos

no solo, e a debulha, são fatores que contribuem decisivamente para a infestação

crescente em cultivos subseqüentes na mesma área (Amaral e Pinto, 2004).

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Além das perdas ocasionadas na produção do arroz cultivado, a presença de

arroz vermelho afeta também a qualidade industrial do arroz. A deterioração visual

ocasionada é muito importante, particularmente em um país como o Uruguai onde a

maioria do arroz produzido é destinado à exportação. Outra característica negativa é a

alta porcentagem de gessado do grão que aumenta a porcentagem de grão quebrado.

Somado a isto, o polimento deve ser mais severo para remover a cobertura vermelha o

que reduz a porcentagem de grão inteiro. Estes fatores diminuem a qualidade do produto

beneficiado, reduzindo o preço do arroz processado. (Diarra et al, 1985; Gamarra,1996)

Diferentes regulamentações são estabelecidas para controlar o ingresso à

indústria de lotes contaminados com arroz vermelho. No Uruguai, a base de

recebimento é de 1% de arroz vermelho e pune-se em 0,25% do valor por cada 1% de

incremento sobre a base. A tolerância máxima é de 5%, superando este valor o arroz

não é aceito.

Medidas de controle

Botanicamente, o arroz vermelho (Oryza sativa L.) pertence à mesma espécie do

arroz cultivado. Como conseqüência da semelhança entre ambos, o controle através do

uso de herbicidas seletivos torna-se difícil, requerendo a combinação de múltiplas ações

para erradicação ou minimizar a interferência. Fischer & Ramirez (1993) recomendam

uma serie de práticas de manejo para controlar o arroz vermelho tais como o emprego

de sementes isentas de arroz vermelho, mudança no sistema de cultivo, uso da rotação

de culturas, manejo adequado da água de irrigação e adoção de técnicas culturais

alternativas.

A prevenção é sem dúvida a forma mais importante de controle evitando a

contaminação de novas áreas. Portanto, o sucesso de qualquer programa de controle

inicia com o uso de sementes de arroz livres de sementes de arroz vermelho (Smith

Junior, 1991). Dadas as características desta planta concorrente, reduzido número de

sementes em um lote é suficiente para infestar um campo e torná-lo problemático em

poucos anos. As normas para comercialização de sementes no Uruguai estabeleceram

tolerância zero de sementes de arroz vermelho nos testes de pureza física em laboratório

para todas as categorias de sementes do arroz cultivado.

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O arranquio manual deve ser considerado como uma ferramenta chave nas

aparições esporádicas de arroz vermelho. A detenção, remoção e queima das plantas que

estão presentes em áreas restritas na cultura é a única oportunidade de um controle

efetivo e duradouro (Zorrilla, 1992).

Uma vez que o campo encontre-se infestado com arroz vermelho existem

diversos métodos que podem ser utilizados, mas nem sempre os resultados são os

esperados.

Segundo Menezes et al. (1994), dentre as alternativas mencionadas, a rotação de

culturas é a mais prática e econômica disponível para redução do banco de sementes de

arroz vermelho. Nesta situação o arroz vermelho pode ser combatido com herbicidas.

A semeadura direta com aplicação prévia de herbicida de ação total realizando-

se dessecação da vegetação existente (Souza, 1989; Zorrilla 1992) e a realização da

semeadura com sementes pré-germinadas ou através de mudas em solo encharcado com

lâmina de água são alguns dos métodos que tem dado melhores resultados para conviver

com esta planta concorrente. No entanto, nenhum é capaz de erradicá-la (Zorrilla,

1992).

Entre outras práticas que podem ser utilizadas no controle integral desta planta, a

lavração deve ser superficial para não incorporar as sementes em maiores profundidades

no solo o que favorece sua dormência. Enterrar a semente profundamente no solo

prejudica o futuro controle de arroz vermelho. Manter as sementes perto da superfície

reduz a dormência, promove a germinação e permite aplicar estratégias de manejo mais

eficientes. Em solos não arados, um adequado controle de plantas competitivas

emergidas durante vários anos pode diminuir o banco de sementes na camada

superficial do solo. (Swanton et al., 2001).

Pesquisando a distribuição vertical do banco de sementes de arroz vermelho do

solo em dois sistemas de semeadura, Ortega e Alvarado (2005) verificaram que em

sistema de semeadura direta mais de 66% das sementes que germinaram encontravam-

se nos primeiros 5 cm do perfil do solo.

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A utilização de herbicidas dessecantes de ação total (glyphosate, glufosinate e

paraquat), aplicados na fase de maturação fisiológica do arroz cultivado, suprimem a

produção de sementes de arroz vermelho e apressam a redução da umidade dos grãos de

arroz, o que permite antecipar a colheita. Para que a utilização desse método seja

possível, é necessário haver diferença entre os ciclos do arroz cultivado e do vermelho,

o que pode ser obtido pelo emprego de cultivares precoces ou super precoces

(Agostinetto, 2000).

O desenvolvimento de plantas geneticamente modificadas, resistentes aos

herbicidas de ação total ou a produtos não seletivos, como no caso do grupo químico de

herbicidas imidazolinonas, apresenta-se como ferramenta alternativa para o controle

seletivo de arroz vermelho na lavoura de arroz (Linscombe et al., 1996). Porém, é

necessário considerar as variações de suscetibilidade existentes entre biótipos de arroz

vermelho e a possibilidade de ocorrer fluxo de genes da população cultivada resistente

para o arroz vermelho suscetível, (Agostinetto et al., 2000).

Apesar de que mais de 90% da semente de arroz utilizada no país é semente

certificada, tem aumentado a presença de arroz vermelho nas lavouras. Esta planta

concorrente é vista pelos produtores e a indústria como a terceira em importância nas

lavouras no Uruguai pela sua presença e como a primeira em importância pela

dificuldade de controle. Dentre as outras plantas concorrentes que dificultam a produção

de arroz variando sua importância segundo a região e a apreciação das empressas

encontram-se a Echinocloa sp., gramas, Digitaria sanguinalis e Cyperus sp.

2.3 BANCO DE SEMENTES DO SOLO

O sucesso da aplicação de medidas de controle depende das condições da cultura

e as características ecofisológicas das plantas daninhas. Como fora mencionado

anteriormente controlar o banco de sementes do solo é fundamental para evitar as

infestações de arroz vermelho. O conhecimento da dormência e a evolução do banco de

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sementes do solo são essenciais na escolha da rotação, assim como a profundidade de

germinação para estabelecer o tipo de preparo do solo a ser adotado.

O banco de sementes do solo (BSS) refere-se ao estoque de sementes viáveis

existentes no solo, desde a superfície até as camadas mais profundas, em uma dada área

e em um dado momento (Young et al., 1987).

A principal informação em relação ao número de sementes dormentes vem de

trabalhos de pesquisadores interessados no controle de plantas concorrentes em solos

cultivados (Cook, 1980).

O papel das sementes enterradas é formar uma reserva de indivíduos capazes de

reconstruir a vegetação no caso de distúrbio. Espécies que são submetidas a distúrbios

freqüentes tendem a gastar grande parte de seus recursos no desenvolvimento de

mecanismos de sobrevivência. Deve-se, portanto, esperar que a densidade de sementes

enterradas aumente com a freqüência e intensidade do distúrbio e diminua com a idade

de sucessão (Thompson, 1978).

A concentração das sementes que caem em uma área em particular depende de

uma variedade de fatores, tais como altura, distância e concentração da fonte de

sementes no solo, dispersabilidade das sementes e atividade dos agentes de dispersão

(Harper, 1977). Segundo Alexander e Scharag (2003), a sobrevivência da semente e o

tamanho do banco de sementes do solo podem depender das condições de enterrio e de

habitat, idade da semente, quantidade e predação, além de outros fatores como

herbivoria, que afetam o fluxo de entrada de sementes no solo.

O primeiro passo na formação de um banco de sementes é o enterrio. Enquanto

uma semente está na superfície do solo, ela provavelmente passará por uma das

seguintes situações: germinação ou predação. Uma vez enterrada, ambas as situações

tornam-se menos prováveis: predação porque a maioria dos predadores de sementes são

forrageadores de superfície, e germinação porque, em muitas sementes, ela é estimulada

pela luz ou um requerimento de luz é induzido pelo enterrio (Wesson e Wareing, 1969).

Muitas espécies que acumulam grande número de sementes no solo apresentam-

se em estado de dormência ou, pelo menos, em populações parcialmente compostas por

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sementes dormentes. O fato de essas espécies apresentarem grande número de sementes

de vida longa, aliado ao polimorfismo com respeito à dormência ou ao desenvolvimento

de dormência secundária, assegura fluxos de germinação por um longo período de

tempo (Bryant, 1989).

Segundo o grau de persistência das sementes no solo, os bancos de sementes no

solo são genericamente classificados em “transitórios”, se as sementes permanecem

viáveis por apenas um ano, geralmente germinando nesse período de tempo; e

“persistentes”, nos quais as sementes mantêm sua viabilidade por períodos mais longos,

geralmente apresentando maior grau de dormência (Harper, 1977; Thompson e Grime,

1979; Fenner, 1985).

Tanto o solo como o clima podem influenciar a longevidade das sementes

(Bekker et al., 1998a). Entretanto, esta influência não é determinante, pois a persistência

é, sobretudo, uma característica da semente, que pode ser ou não modificada pelas

condições ambientais (Fenner e Thompson, 2005).

Fatores do ambiente, particularmente temperatura e umidade, promovem grande

efeito na viabilidade da semente. Baixas temperatura e umidade favorecem a viabilidade

e segundo Roberts (1972), diminuindo a pressão de oxigênio também se aumenta a

longevidade.

A profundidade de enterrío é outro fator que afeta a longevidade das sementes

no solo. Em geral, a longevidade das sementes é maior se estas se encontram a maiores

profundidades no solo (Miller e Nalewaja, 1990). Em pesquisa realizada no sul dos

Estados Unidos, onde enterraram-se sementes de diferentes ecotipos de arroz vermelho

a 5 cm e a 25 cm de profundidade encontrou-se que ao cabo de 5 meses todos os

ecotipos enterrados a 25 cm apresentaram sementes viáveis entre 1 e 21 % de

viabilidade enquanto que a 5 cm alguns ecotipos tiveram menos que 1% de sementes

viáveis e outros não apresentavam sementes viáveis. Depois de 36 meses de enterradas a

25 cm, todos os ecotipos de arroz vermelho tiveram entre zero e menos de 1% de

sementes viáveis (Noldin et al., 2006).

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Pode-se esperar que diferenças no conteúdo de água do solo tenham impactos

relativamente fortes na sobrevivência das sementes, alterando a composição e o

tamanho do banco de sementes (Maia et al., 2004). Também existem evidências de

campo que a sobrevivência das sementes de plantas de habitats terrestres é

dramaticamente reduzida pelo enterrio em solos saturados (Skoglund e Verwijst, 1989).

Todavia existem densos bancos de sementes de espécies oriundas de solos saturados

(Van der Valk e Davis, 1976), em que adaptações metabólicas permitem a

sobrevivência e até mesmo a germinação na quase que completa ausência de oxigênio

(Bekker et al., 1998b).

A longevidade das sementes no solo depende criticamente dos mecanismos de

dormência que previnem que sementes completamente embebidas germinem, e pode-se

suspeitar que o padrão de mortalidade de sementes no solo esteja relacionado com a

superação dos mecanismos de dormência ao invés da distribuição normal da perda da

viabilidade das sementes estocadas (Cook, 1980).

Muitas espécies persistem no solo por anos ou décadas em estágio não dormente

(Thompson, 2000). Mesmo nas espécies que passam por diversos ciclos de dormência, a

persistência é devida não a dormência, mas à ausência de condições apropriadas à

germinação durante a parte do ciclo que as sementes não estão dormentes,

principalmente luz. O único tipo de dormência que pode ser um grande responsável pela

persistência das sementes é a dormência física (sementes duras), conforme Baskin e

Baskin (2001).

Analisando a relação entre semente dormente e persistência, Thompson et al.

(2003) afirmam que embora as sementes não-dormentes tenham tendência a serem

menos persistentes, a dormência não é nem uma necessidade nem uma condição

suficiente para a acumulação de um banco de sementes persistente; praticamente todas

as combinações de persistência e dormência existem.

Atrasos sazonais na germinação relativamente curtos estão, embora nem sempre,

associados com alguma forma de dormência, enquanto que uma alta persistência no solo

é muito menos dependente deste fenômeno. O motivo pelo qual as sementes persistem

por anos no solo é mais difícil de ser explicado (Thompson, 2000).

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A persistência no solo de sementes de plantas competitivas é uma característica

comum. Sementes de muitas espécies de plantas competitivas podem permanecer

viáveis no solo por mais de dez anos (Conn & Deck, 1995; Burnside et al., 1996) e

outras que chegam a sobreviver por até 120 anos (Telewski & Zeevaart, 2002).

Trabalhos sobre a longevidade de sementes de arroz vermelho referem-se a

períodos de sobrevivência contrastantes. Goss e Brown (1939) e Diarra et al. (1985)

verificaram que algumas sementes de arroz vermelho mantiveram germinação até

depois de dez e doze anos, respectivamente. Contrariamente, Noldin et al. (2006)

mostraram ocorrência de biótipos de arroz vermelho do sul dos Estados Unidos com um

lapso de vida muito curta, ocorrendo perda de quase toda viabilidade depois de três anos

de enterrada a semente. De todas formas, segundo a classificaçao de Harper (1977) dos

bancos de sementes do solo mencionada anteriormente, o arroz vermelho podería ser

classificado como um banco de sementes persistente.

Segundo Pons (1989), os experimentos de enterrio artificial de sementes

fornecem uma estimativa da longevidade, mas devem ser considerados com ressalva já

que ignoram o papel crucial dos mecanismos de enterrio natural e em muitos casos,

tendem a exagerar a longevidade das sementes.

2.4 DORMÊNCIA

A dormência de sementes afeta a longevidade em muitas espécies de plantas

competitivas e também em arroz vermelho (Garcia-Quiroga, 1987).

A dormência é normalmente classificada de acordo com a origem ou com os

prováveis mecanismos envolvidos. Quanto à origem, com base na classificação de

Harper (1959), são reconhecidas atualmente duas modalidades de dormência: primária

ou dormência inata e secundária ou induzida (Cardoso, 2004). Por outro lado, Harper

(1959) sugeriu que “algumas sementes tornam-se dormentes, algumas adquirem

dormência e outras são forçadas”, estabelecendo assim três categorias de dormência –

inata, induzida e forçada – cada qual mais ecologicamente orientada do que a

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classificação anterior. Dormência inata descreve a condição da semente enquanto na

planta mãe e durante a dispersão que previne germinação no embrião. Praticamente

todas as plantas possuem alguma forma de dormência inata.

A ocorrência de dormência nos estádios finais de amadurecimento é vantajosa

para a planta, pois representa uma barreira à germinação da semente madura ou quase

madura, quando ainda se encontra na planta mãe (Bryant,1989). A dormência pode

ocorrer quando o endosperma e as brácteas atuam como barreira mecânica na

elongação, impedindo a saída da radícula, ou interferindo na entrada de água e oxigênio

e na saída de CO2, ou devido à presença de inibidores contidos na cobertura seminal

que impedem o alongamento da radícula (Bewley, 1997). Segundo Takahoshi (1967), a

dormência também se deve à imaturidade fisiológica do embrião.

A dormência primária parece ter duas funções básicas: impedir a germinação

precoce das sementes durante a fase de maturação na planta e – estendendo-se após a

dispersão da semente madura – evitar a germinação sincronizada das sementes, ou seja,

evitar que germinem todas ao mesmo tempo (Cardoso, 2004).

Algum tempo após a dispersão, uma semente pode ter a dormência inata

substituída por uma dormência induzida, na qual a semente pode apresentar embebição,

mas a germinação é impedida por alguns fatores inibidores do ambiente. Este tipo de

dormência é capaz de persistir mesmo depois da remoção das condições externas porque

uma dormência interna foi induzida. O fracasso das sementes na germinação durante a

dormência forçada é devido a algumas limitações diretas do ambiente, as quais, após

serem removidas, levam à germinação. É este o tipo de dormência que descreve as

condições da maior parte das sementes enterradas no solo (Roberts, 1972).

Parece provável que em uma série de espécies que formam banco de sementes

no solo ocorra o fenômeno da dormência secundária, ou seja, as sementes que não

foram expostas a condições de germinação apropriadas e tornaram-se dormentes

necessitam de um fator específico para induzir a germinação (Bryant, 1989).

A dormência das sementes induzida durante seu desenvolvimento é afetada por

luz, temperatura, umidade e pelas condições nutricionais da planta (Takahoshi, 1995).

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Várias causas podem interagir para determinar o grau de dormência das sementes, além

da predisposição genética (Bewley e Black, 1994). Tem sido comprovado que altas

temperaturas durante o processo de maturação reduzem a dormência das sementes de

algumas espécies.

Sementes da maioria das espécies de gramíneas podem germinar imediatamente

após se desprenderem da planta mãe, e poucas exibem dormência prolongada ou retém

viabilidade no solo por longos períodos (Grime et al., 1981; Howe & Chancellor, 1983;

Williams, 1984). A dormência das gramíneas está relacionada à presença de inibidores

na cariopse e glumelas da semente (Delouche, 1978). A lema, a pálea e o pericarpo

dificultam a troca de gases entre o embrião e o ambiente, assim como a difusão de

inibidores para fora da semente, quando esta é submetida à embebição. Apesar da

restrição à entrada de oxigênio não limitar a respiração embrionária, muitas espécies

dessa família respondem à perfuração da semente ou ao aumento da tensão de oxigênio.

Provavelmente essa resposta está associada à maior oxidação e inativação dos inibidores

da germinação presente nas sementes (Bewley e Black, 1994).

Para a maioria das espécies, o papel da dormência na persistência das sementes é

somente o de regular a época do ano na qual a semente pode responder a estímulos da

germinação ou impedir a germinação durante o período que se segue imediatamente

após a dispersão (Fenner & Thompson, 2005).

Flutuações na dormência das sementes durante o ano são citadas por diversos

autores para muitas espécies que formam bancos de sementes no solo. Estes atribuem os

ciclos de dormência e germinação a condições do ambiente que induzem às sementes a

entrarem em dormência secundária ou a superação da mesma, permitindo a germinação

das sementes (Egley, 1986; Bewley e Black, 1994; Peske et al., 1997; Benech-Arnold et

al., 2000).

A identificação de ciclos de dormência apresenta importante papel na

interpretação do comportamento ecológico da espécie no campo. Além disso, seu

conhecimento pode ajudar no desenvolvimento de técnicas visando a acelerar a redução

dos bancos de sementes de espécies daninhas.

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Quanto aos fatores que controlam a desativação da dormência, Benech-Arnold et

al. (2000) mencionam que podem diferenciar-se os que modificam seu nível ou

intensidade na população de sementes (temperatura e condições hídricas do solo), dos

que terminam ou eliminam as últimas restrições para a germinação da semente, uma vez

que o grau de dormência é suficientemente baixo (luz, flutuações de temperatura,

concentração de nitratos).

A temperatura é o principal fator ambiental condicionante dos ciclos de

dormência e germinação de sementes persistentes no solo (Egley, 1986; Benech-Arnold

et al., 2000), sendo as flutuações da mesma importantes na determinação do tempo de

germinação das sementes dentro de uma estação. Flutuações diurnas na temperatura do

solo predominam em climas temperados (Egley, 1986).

A amplitude da flutuação da temperatura é menor durante períodos de tempo

coberto ou sobre restos culturais, modificada também pela umidade do solo no qual a

alta capacidade de calor da água no mesmo diminui o índice de trocas de temperatura.

A amplitude da flutuação de temperatura é menor durante as estações mais frias.

Baskin e Baskin (1985) encontraram um ciclo estacional na dormência de arroz

vermelho. A dormência de sementes em biótipos de arroz vermelho diminuiu

significativamente depois de enterrados no solo durante o inverno, mas passaram a ter

entre 90 e 98% de dormência no verão. Sementes não dormentes de arroz vermelho

condicionadas a um conteúdo de umidade de 18,3 % de umidade e armazenadas por

dois meses a 20 para 30 ºC desenvolveram uma dormência secundaria de mais de 85 %

(Garcia-Quiroga, 1987).

Resultados similares foram encontrados por Peske et al (1997) constatando que

temperaturas decrescentes tendem a superar a dormência, enquanto o período de

aumento da temperatura ambiental tende a provocar dormência secundária das sementes

de arroz vermelho. Alguns biótipos de arroz vermelho apresentaram alta dormência

(acima de 80%) logo após a colheita, mas após quatro meses no solo o percentual de

sementes dormentes já estava inferior a 60 % e aos seis meses atingiu seu ponto mais

baixo, coincidindo com os meses de julho-agosto. Logo após, o percentual de sementes

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dormentes começou a subir rapidamente, atingindo no mês de março do ano seguinte

valores superiores a 60% para alguns biótipos.

Em sementes de arroz as glumas impedem a penetração de oxigênio para que se

realize o processo germinativo e também consomem oxigênio. À medida que a

dormência vai desaparecendo, durante o armazenamento, o consumo de oxigênio pelas

glumas diminui; levando a crer de que as glumas impõem dormência, impossibilitando

o embrião de absorver oxigênio (Bewley e Black,1985).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho constou de dois experimentos, onde foram avaliados a longevidade

de cultivares de arroz (experimento 1) e biótipos de arroz vermelho e preto

(experimento 2) no período de abril de 1993 a setembro de 2005.

3.1 LOCALIZAÇÃO E CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS

O trabalho foi conduzido na Estação Experimental de Paso de la Laguna, do

Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria, no Departamento de Treinta y Tres,

Uruguai, situada na latitude de 33º e altitude de 63 m.

O clima é subtropical úmido, classificado como Cfa (Köppen) apresentando as

quatro estações do ano bem definidas. As temperaturas máximas oscilam no entorno de

30 a 35ºC e as mínimas de 0 a 5ºC. Em anexo apresentam-se as médias das temperaturas

mensais mínima, máxima e média durante o período experimental obtidos da estação

meteorológica de Paso de la Laguna. As precipitações pluviais anuais obtidas da série

histórica situam-se cerca de 1200 mm distribuídas ao longo do ano, conforme observado

na Figura 4. Os dados de precipitação pluvial mensal para o mesmo período e obtidos

de igual fonte são apresentados na Figura 1.

O solo da área experimental é classificado como Solod Melánico L, típico das

áreas cultivadas com arroz irrigado no Uruguai, cujas principais características são

apresentados na Tabela 1.

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Figura 1. Precipitações pluviais acumuladas (mm) ocorridas entre períodos de

exumação das sementes (setembro a agosto) desde 1993 até 2005.

Tabela 1. Características do solo da área experimental localizada na Estação

Experimental de Paso de la Laguna, do Instituto Nacional de Investigación

Agropecuaria, no Departamento de Treinta y Tres, Uruguai.

Prof.

(cm)

Areia

(%)

Limo

(%)

Argila

(%)

MO

(%)

pH

Água

pH

KCl

Na Int.

(% sat.)

Na total

(% Sat)

0-5 39.5 46.5 14.0 2.2 6.9 5.4 14.7 29.5

10-20 21.1 45.8 33.1 1.1 8.6 6.9 28.9 66.7

Fonte: Uria,1996.

MO: matéria orgânica

Prof. : profundidade

Na Int. (% Sat.): Sódio int - % de saturação

Na total (% Sat): Sódio total – porcentagem de saturação

0

500

1000

1500

2000

2500

93/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05

Pre

cip

itacð

es (

mm

)

Períodos acumulativos Setembro - Agosto

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23

3.2 MATERIAL EXPERIMENTAL

Experimento 1

O material experimental constou de sementes das cultivares El Paso 144, EEA

404 e INIA Tacuari, descritas a seguir, colhidas manualmente em abril de 1993 nos

experimentos de cultivares do Programa de Melhoramento Genético de Arroz do INIA,

na Estação Experimental em “Paso de La Laguna”. As sementes foram debulhadas

manualmente, sendo posteriormente secadas ao sol e limpas no laboratório, sendo

armazenadas em sacos de papel, no ambiente do laboratório até a instalação do

experimento.

Descrição das cultivares de arroz

El Paso 144 - Esta cultivar foi selecionada em 1978 na “Estación Experimental Del

Este” (EEE)a partir de um material segregante do CIAT e entrou no esquema de

certificação a partir de 1986. Na atualidade ocupa 58,5% da área total. É uma cultivar

tropical (índica) de ciclo longo, com plantas alto perfilhamento, folhas eretas e pilosas

com altura média de 90 cm. Apresenta cariopses compridas, com glumas claras e

pilosas e alto rendimento.

INIA Tacuarí - Originária de cruzamento realizado na EEE e incluiu-se no processo de

Certificação em 1992. Atualmente ocupa 15% da área total. Possui um tipo de planta

moderno com folhas eretas e não pilosas, altura de 84 cm, cariopses com glumas claras

sem pilosidade, de bom rendimento de engenho e qualidade culinária. Apresenta ciclo

curto com 87 a 92 dias até a floração e 140 a 145 dias até maturidade. É uma cultivar

precoce que se tem destacado pelo alto potencial de rendimento numa ampla faixa de

épocas de semeadura e muito boa tolerância a baixas temperaturas na etapa reprodutiva.

Não apresenta problemas de degrane e acamamento. Foi a primeira variedade local de

qualidade “americana” de alto rendimento, igualando o potencial da variedade El Paso

144.

EEA 404 - Este material foi selecionado no Brasil, no Rio Grande do Sul pelo Instituto

Riograndense do Arroz – IRGA. No Uruguai foi cultivada pela primeira vez em 1968.

Apresenta ciclo longo com aproximadamente 110 dias da semeadura até a floração e

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160 dias até a maturação. É uma variedade de porte alto (1,30 m) e apresenta

suscetibilidade ao acamamento. Suas plantas são vigorosas e com alto potencial de

perfilhamento. Possui panículas pesadas. As cariopses são mais compridas e largas que

as variedades de tipo americano apresentando glumas brancas e ásperas. Ocupa uma

área reduzida para atender mercados muito específicos. Sua produtividade situa-se entre

4.500 e 5.000 kg/ha.

A tabela 2 caracteriza as amostras de sementes utilizadas quanto a sua

porcentagem de germinação e a massa de mil sementes em gramos.

Tabela 2. Valores de germinação e massa de mil sementes das cultivares de arroz EEA

404, El Paso 144 e INIA Tacuari utilizadas no experimento 1.

Cultivar Germinação (%) Massa de mil sementes (g)

EEA 404 89 34,6

El Paso 144 96 28,5

INIA Tacuari 95 22,8

Experimento 2

Descrição dos biótipos de arroz vermelho e preto

Sementes de dois biótipos de arroz, um vermelho e o outro preto, foram

coletadas em áreas de resteva de arroz do ano anterior (1992) altamente infestada,

localizada próximo ao povoado de Vergara, Imediatamente após a coleta, as sementes

foram debulhadas manualmente sendo parcialmente secadas ao sol para serem

enterradas com umidades semelhantes ao que acontece no processo natural de abscisão

das sementes.

Os biótipos de arroz utilizados neste trabalho foram os comumente encontrados

no Uruguai, sendo um denominado arroz preto, por apresentar coloração das glumas

pretas, além possuir arista resistente e comprida (4-5 cm), e o outro denominado arroz

vermelho por apresentar coloração das glumas ocres e possuir arista curta. Ambos os

tipos são de cariopses curtas, grossas e pubescentes.

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25

A germinação de todos os materiais utilizados foi superior à exigida pelas

normas para a comercialização de sementes com ausência de dormência para as

cultivares e 100% de dormência nas sementes dos biótipos de arroz vermelho e preto.

Na tabela 3 são apresentados os valores de algumas características da amostra de

sementes.

Tabela 3. Valores de peso da amostra, número total de sementes, massa de mil

sementes, teores de umidade inicial e de umidade final dos biótipos de arroz vermelho e

preto utilizados no experimento 2.

Peso da

amostra (g)

Nº total de

sementes

Massa de mil

sementes (g)

Umidade

inicial (%)

Umidade

final (%)

Arroz preto 1.500 60.000 25 18,4 11,7

Arroz vermelho 1.220 53.000 23 18,7 11,6

3.3 TRATAMENTOS E DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

Para ambos os experimentos, os tratamentos constituíram-se da combinação dos

seguintes fatores:

Experimento 1

- profundidade de enterrio: 5,0 e 15,0 cm;

- genótipos: EEA-404, El Paso 144, INIA Tacuari

- longevidade:- 5 anos para EEA 404 e INIA Tacuari

- 10 anos para El Paso 144

Experimento 2

- profundidade de enterrio das sementes: 5,0 e 15,0 cm;

- genótipos: biotipos de arroz vermelho e preto

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Em base a revisão bibliográfica, estabeleceram-se tratamentos nominativos pelo

desconhecimento prévio da longevidade das sementes, ou seja, o número de anos que as

sementes permaneceriam viáveis no solo. Assim definiu-se um número de 20 anos que

assegurassem a continuidade do experimento.

Ambos experimentos constaram de um delineamento experimental fatorial

disposto em parcelas divididas, sendo a parcela principal profundidade, a subparcela

longevidade e a sub-subparcela genótipos para o experimento 1 e para o experimento 2

a parcela principal profundidade e subparcela o genótipo. Utilizaram-se três repetições.

As sementes foram enterradas no solo em junho de 1993. Para a obtenção das

profundidades de enterrio foram retiradas leivas de solo com vegetação, até a

profundidade desejada (5 e 15 cm) como pode ser observado na figura 2. Cada

tratamento foi conduzido em um tubo de PVC com diâmetro de 10,0 cm e altura de 4,0

cm abertos nas extremidades. Os tubos foram dispostos lado a lado ao acaso mediante

sorteio, sendo distanciados aproximadamente 6 cm entre anos e 4 cm entre genótipos.

Figura 2 - Vista geral do experimento e enterrío dos cilindros de PVC.

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As amostras foram constituídas por 200 sementes de cada genótipo distribuídas

nos cilindros correspondentes numa camada uniforme e sem superposição (Figura 3).

Finalmente, o solo foi reposto permanecendo a superfície praticamente inalterada,

obedecendo, entretanto, a profundidade dos tratamentos dispostos nas subparcelas (5 e

15 cm de enterrio) nos dois experimentos.

Figura 3 - Disposição das sementes das cultivares de arroz e dos biótipos de arroz

vermelho e preto nos cilindros de PVC.

A primeira exumação de sementes foi realizada em setembro de 1993, três meses

após serem enterradas. Nos anos seguintes, nos meses de setembro-outubro foram

realizadas as exumações, com remoção dos cilindros correspondentes a cada genótipo

(Figura 4).

Os cilindros foram levados ao laboratório e as sementes removidas

cuidadosamente do solo (Figura 5). As sementes que não se apresentavam visualmente

deterioradas foram submetidas ao teste de germinação. As plântulas normais foram

contadas e registradas como sementes viáveis quiescentes (não dormentes). A este

resultado, acrescentou-se o número determinado de plântulas que haviam germinado no

solo (cilindro). Sementes que não estavam deterioradas ao final do teste de germinação

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foram analisadas pelo teste de tetrazólio. As sementes viáveis detectadas pelo teste de

tetrazólio foram registradas como sementes viáveis dormentes. O total de viabilidade foi

obtido pela soma do número de sementes quiescentes e de sementes dormentes e os

resultados foram expressos como porcentagem do total de sementes viáveis enterradas

no solo. Para efeito de avaliação dos dados, todos os tratamentos foram considerados

com 100% de viabilidade, sendo abatido desse valor as perdas ao longo do tempo.

Figura 4 - Extração dos cilindros do solo contendo os tratamentos.

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Figura 5 – Exumação de plântulas e sementes do cilindro com os respectivos

tratamentos.

3.4 TESTES DE LABORATÓRIO

3.4.1 Germinação - O teste de germinação foi conduzido com o número de sementes

recuperadas das amostras contidas em cada cilindro que não se encontravam

visualmente deterioradas. As sementes foram colocadas em rolos de papel toalha como

substrato e levadas à câmara de germinação a uma temperatura de 25 ºC. A primeira

contagem realizou-se aos cinco dias e a contagem final aos catorze dias da instalação do

teste segundo as Regras Internacionais para Análise de Sementes (ISTA 2003). Os

resultados foram expressos em percentagem.

3.4.2 Tetrazólio - As sementes que não germinaram no final do teste de germinação

foram submetidas ao teste de tetrazólio para verificar sua viabilidade. Estas foram

cortadas longitudinalmente para expor o embrião à ação direta do tetrazólio.

Posteriormente a esta preparação, as sementes foram submersas em uma solução de sal

de tetrazólio a 0,5% e levadas à estufa por um período de 3 h a temperatura de 30 ºC

(ISTA, 2003). Após este período, procedeu-se a classificação das sementes em viáveis e

não viáveis, através da observação do embrião com auxílio de uma lupa. Os resultados

foram expressos em porcentagem.

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3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As variáveis avaliadas em cada experimento foram analisadas através do PROC

GLM (SAS, 2003), sendo realizada a análise da variância e a comparação das médias

utilizando-se o teste de Tukey (α =0,05).

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31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CULTIVARES DE ARROZ

A dinâmica da viabilidade das cultivares de arroz comercial desde o enterrío em

junho de 1993, até a data que em foram encontradas as últimas sementes viáveis, em

setembro de 1996, para as profundidades de 5 e 15 cm pode ser observada na Figura 6.

Figura 6. Dinâmica da viabilidade das cultivares El Paso 144, EEA 404 e INIA Tacuari

enterradas no solo a 5 e 15 cm de profundidade no período de junho de 1993 a setembro

de 1996.

*J 93: junho de 1993; S 93: setembro de 1993; S 94: setembro de 1994

* J 93 S 93 S94 J 93 S 93 J 93 S 93

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32

As cultivares japônicas EEA 404 e Tacuari apresentaram, em ambas as

profundidades, uma importante redução na viabilidade das sementes três meses depois

de enterradas, não se encontrando mais sementes viáveis na exumação realizada aos 15

meses. A cultivar Tacuarí obteve porcentagens de sementes viáveis de 5 e 20 (5 e 15 cm

respectivamente), sendo significativamente superior às porcentagens observadas para a

cultivar EEA 404 (1 e 2%).

A cultivar índica El Paso 144 também apresentou redução da viabilidade de suas

sementes, sendo, entretanto bem menos pronunciada que para as outras, mantendo

porcentagens de sementes viáveis de 47 e 62 para as profundidades de 5 e 15 cm,

respectivamente, em setembro de 1993. Verificou-se portanto, uma resposta diferencial

das sementes quanto à origem visto que a cultivar índica manteve uma viabilidade

superior às cultivares japônicas ao longo de todo o período.

Resultados similares aos obtidos neste trabalho, em referência a curta

longevidade de sementes de cultivares de tipo japônico no solo, foram encontrados por

Noldin (2006), estudando a longevidade de sementes das cultivares Lemont e Mars,

enterradas a 5 e 25 cm de profundidade, no estado do Texas, onde não encontrou

sementes viáveis, independentemente da profundidade no solo após cinco meses

enterradas.

Em setembro de 1993, após três meses enterradas, a porcentagem de sementes

viáveis média para as duas profundidades e para todas as variedades foi de 23%, sendo

significativamente superior ao valor de 6 % de viabilidade encontrada na primavera

seguinte, aos 15 meses enterradas. Em extrações posteriores, a viabilidade das sementes

foi menor que 0,1%. A cultivar El Paso 144 foi a única que apresentou sementes

viáveis até 28 meses (setembro de 1995), observándo-se no ano seguinte, aos 40 meses

enterradas, 0,2% de sementes viáveis a 5 cm de profundidade.

Em estudo realizado por Peske et al. (1997) no sul do Brasil, observou-se que

sementes de arroz das variedades BR-IRGA 410 com 18 meses de armazenamento no

solo, a 30 cm de profundidade, apresentaram cerca de 40% de sementes viáveis e após

dois anos a maioria encontrava-se inviável, germinando apenas um percentual inferior a

5%. A cultivar EMBRAPA-6-Chuí apresentou comportamento semelhante, sendo a

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porcentagem de sementes mortas maior que 90% no mesmo período de enterrío. Estas

variedades são de tipo índica e os resultados de viabilidade encontrados concordam com

os encontrados para El Paso 144 neste trabalho.

Os trabalhos mencionados confirmam a variabilidade existente na longevidade

das sementes de arroz conforme o genótipo. Outros fatores como o solo e clima podem

influenciar a longevidade das sementes (Bekker et al., 1998a). Entretanto, segundo

Fenner e Thompson (2005), esta influência não é determinante pois a persistência é

sobretudo uma característica da semente, que pode ser ou não modificada pelas

condições ambientais.

Considerando-se a profundidade de enterrio, observou-se uma tendência

(Pr>0,1) a maior viabilidade na profundidade de 15 cm para todas as cultivares, em

todas as datas de extração, em comparação à profundidade de 5 cm (Figura 6). El Paso

144 apresentou a uma profundidade de 5 cm, aos três meses depois de enterradas, 47 %

de viabilidade, não se encontrando mais sementes viáveis até a última exumaçao (0,2%)

aos 40 meses enterrada. Por outro lado, a 15 cm de enterrio apresentou,

respectivamente, 62%, 40% e 0,9% de sementes viáveis nas sucessivas extrações. Este

quase 1 % de viabilidade encontrado no segundo ano, apesar de que não ocasionaria

níveis importantes de contaminação, implicam a presença de plantas, o que deveria ser

tomado em consideração com o uso posterior desta área.

Os valores de viabilidade encontrados para a cultivar El Paso 144 indicam que

se um grande número de sementes desta variedade cairem ao solo após a colheita, estas

poderiam vir a germinar na lavoura seguinte. A utilização dessa área para semeadura de

outras variedades comerciais poderia implicar na presença de plantas não desejadas. No

caso de produtores de sementes pode-se evitar a multiplicação das sementes do banco

de sementes do solo utilizando manejos adequados. O tempo mínimo de pousio

requerido para retornar à mesma área de produção de sementes, segundo a legislação

vigente para Uruguai, é de quatro anos para a categoria de semente comercial e

certificada II e de seis anos para as categorias de sementes certificada I e básica. Pelos

resultados obtidos neste trabalho parece ser este um período suficiente para assegurar a

ausência de plantas de outras cultivares na lavoura.

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Quanto à dormência, as sementes de nenhuma das cultivares encontravam-se

neste estado quando foram enterradas, estando todas em estado de quiescência.

Entretanto, El Paso 144 apresentou reduzida porcentagem de sementes dormentes aos

três meses de enterradas e também nos anos posteriores.

Parece provável então, ter ocorrido o fenômeno da dormência secundária, a qual

se instala em uma semente quiescente, após a dispersão, quando esta encontra um

ambiente desfavorável ou estressante para a germinação, principalmente quanto aos

fatores água, temperatura, luz e oxigênio (Cardoso, 2004).

Como a quantidade de sementes dormentes que aparecem na cultivar El Paso

144 é baixa, a maior capacidade de sobrevivência das mesmas é devida a outro fator que

não a dormência. Provavelmente a maior sobrevivência de El Paso 144 seja sustentada

por alguma condição fisiológica ou pela estrutura física da semente. A proteção e

cobertura das estruturas que recobrem a semente poderiam ser consideradas como um

fator que lhe outorga maior viabilidade.

4.2 ARROZ VERMELHO E PRETO

A dinâmica da composição das amostras de sementes de arroz vermelho durante

o período de enterrio é apresentada na Figura 7. Observa-se que a proporção de

sementes não recuperadas, ou seja, cuja perda não pode ser identificada, é bem maior no

caso da profundidade de enterrio a 5 cm. A esta profundidade as sementes ficam mais

expostas à predação. As perdas nos bancos de sementes do solo estão determinadas pela

morte, predação e germinação das sementes. As perdas e os ganhos são influenciados

pelo ambiente e práticas de manejo correntes e prévias e estes interagem com a presença

de espécies (Harper, 1977).

A sobrevivência da semente e o tamanho do banco de sementes do solo podem

depender das condições de enterrio e de hábitat, idade da semente, densidade e

predação, além de outros fatores como herbivoria, que afetam o fluxo de entrada de

sementes no solo (Alexander e Scharag, 2003). Uma vez que as sementes tenham sido

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enterradas e formem um banco de sementes do solo persistente, o maior desafio a ser

enfrentado parece ser o ataque por fungos e bactérias patogênicas (Leishman et al, 2000;

Blaney & Kotanen, 2002).

Figura 7. Dinâmica da composição percentual das amostras de sementes dos biótipos

de arroz vermelho e preto enterradas no solo a 5 e 15 cm no período de 1993 até 2005.

É interessante ressaltar a grande quantidade de sementes recuperadas ao longo

dos anos, que foram obtidas neste trabalho. No caso das sementes enterradas a 15 cm,

após um período de oito anos de permanência no solo obtiveram-se valores próximos a

80% de recuperação de sementes. Isto se deve provavelmente, além da quantidade de

viáveis

e

perdas glumelas mortas

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sementes viáveis encontradas, à permanência das estruturas externas das sementes

(glumelas) pela presença em seus tecidos de substâncias que lhe atribuem grande

resistência como lignina, sílica e celulose.

Em trabalho realizado no sul do Brasil, onde foram enterradas sementes de

azevém anual a 5 cm as perdas não identificadas aos dois anos de enterrío estiveram

próximas a 90% (Maia, 2000).

A evolução da viabilidade das sementes dos biótipos de arroz vermelho e preto

nas diferentes datas de extração são apresentados na Figura 8. Nas extrações

posteriores ao ano de 2005 não foram encontradas sementes viáveis para nenhum dos

biotipos de arroz vermelho, apenas as glumelas das sementes. Neste estudo, registra-se

uma viabilidade máxima para sementes de arroz preto de 11 anos e de arroz vermelho

de 12 anos nas condições de solo e de clima desta região.

Figura 8. Dinâmica da viabilidade (%) de sementes de biotipos de arroz vermelho e

preto enterrados a 5 e 15 cm.

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Resultados similares foram obtidos por Goss e Brown (1939) e Diarra et al.

(1985), em que algumas sementes de arroz vermelho mantiveram germinação até depois

de dez e doze anos, respectivamente. Contrariamente, Noldin et al. (2006) mostraram

ocorrência de biótipos de arroz vermelho do sul dos Estados Unidos com um lapso de

vida muito curta, ocorrendo perda de quase toda viabilidade depois de três anos de

enterrada.

Esta grande diferença na longevidade das sementes encontrada nestes trabalhos

poderia ser atribuída às diferenças de solo e clima das regioes em que foram realizados,

além diferenças nos genótipos utilizados.

Apesar da alta longevidade encontrada neste trabalho, deve-se considerar as

apreciações de Pons (1989), afirmando que experimentos de enterrio artificial de

sementes fornecem uma estimativa da longevidade, mas devem ser considerados com

ressalva já que ignoram o papel crucial dos mecanismos de enterrio natural. Em muitos

casos, tendem a exagerar a longevidade das sementes.

Ao analisar a viabilidade das sementes dos biotipos de arroz vermelho, observa-

se uma redução em média das duas profundidades, obtendo-se diferenças significativas

entre anos até seis anos após o enterrio em 1999. Após esta data, as porcentagens de

sementes viáveis foram inferiores a 4%.

Na maioria dos anos, observou-se maior viabilidade nas sementes de arroz

vermelho em relaçao às sementes de arroz preto, em ambas profundidades. Entretanto,

esta diferença é mais acentuada a 15 cm de enterrío, sendo significativas as diferenças

entre os dois biótipos, o que não acontece na menor profundidade.

Tabela 4. Porcentagem média de sementes viáveis, dormentes e quiescentes para os

biótipos de arroz vermelho e preto enterradas no solo.

Genótipo Viáveis

(%) Dormentes

(%) Quiescentes

(%)

Vermelho 23 a 12 a 12 a

Preto 19 b 7 b 11 a

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Na profundidade de enterrío de 15 cm, tanto o arroz vermelho como o arroz

preto apresentaram maior quantidade de sementes viáveis ao longo dos anos comparado

com profundidade de 5 cm, com uma diferença média de 8% de viabilidade (Tabela 5).

Tabela 5. Porcentagem média de sementes de biótipos preto e vermelho para sementes

viáveis, dormentes e quiescentes a 5 e 15 cm de enterrio.

Profundidade (cm)

Viáveis (%)

Dormentes (%)

Quiescentes (%)

15 25 a 11 a 14 a

5 17 b 8 a 9 b

Em geral, a longevidade das sementes é maior se estas se encontram a maiores

profundidades no solo (Miller e Nalewaja, 1990). Pesquisa realizada no sul dos Estados

Unidos, onde foram enterradas sementes de diferentes ecotipos de arroz vermelho a 5

cm e a 25 cm de profundidade encontrou-se que ao cabo de cinco meses todos os

ecotipos enterrados a 25 cm apresentaram sementes viáveis entre 1 e 21 % de

viabilidade enquanto que a 5 cm alguns ecotipos tiveram menos que 1% de sementes

viáveis e em outros eram inviáveis. Depois de 36 meses de enterradas a 25 cm, todos os

ecotipos de arroz vermelho tiveram entre zero e menos de 1% de sementes viáveis

(Noldin, 2006). Neste mesmo trabalho, sementes localizadas na superfície do solo

apresentavam-se inviáveis aos 12 meses chegando a conclusão que a manutenção das

sementes localizadas na superfície do solo favorece a perda de viabilidade das sementes.

Além da maior profundidade de enterrio, baixa temperatura e umidade são

fatores que favorecem a manutenção da viabilidade e, Roberts (1972) afirma que

diminuindo a pressão de oxigênio também se aumenta a longevidade.

As sementes viáveis dos biótipos de arroz vermelho no momento do enterrio, em

junho de 1993, encontravam-se em sua totalidade no estado de dormência primária. Na

Figura 9 apresenta-se a dinâmica da viabilidade das sementes ao longo do período que

permaneceram enterradas. Na primeira extração em setembro de 1993, três meses

depois de enterradas, ocorreu alta superação da dormência das sementes, passando a

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valores de apenas 9% para o arroz preto e 35% para o arroz vermelho (em média das

duas profundidades).

Figura 9. Dinâmica da viabilidade das sementes de arroz vermelho e preto a

profundidades de 5 e 15 cm de enterrío em porcentagem de sementes dormentes e

quiescentes.

Ao comparar-se a porcentagem de sementes quiescentes nestes primeiros três

meses de enterrío, observa-se que é maior para o arroz preto nas duas profundidades.

Para as sementes de arroz vermelho obtiveram-se valores de 60 e 54 % de viabilidade

para as profundidades de 5 e 15 cm respectivamente, enquanto que para o arroz preto

Dormentes Quiescentes

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foram de 88% a 5 cm e 93 % a 15 cm. Este elevado número de sementes de arroz preto

com capacidade de germinar já no primeiro ano poderia em parte explicar a menor

sobrevivência deste biótipo, já que o período de exaustão do banco de sementes

ocorreria mais rapidamente. Contudo, nos anos seguintes observam-se maiores

proporções de sementes dormentes para os dois biótipos e variáveis em função do ano.

Esta variação na composição entre sementes dormentes e quiescentes pode dever-se à

entrada e saída de sementes em dormência secundária.

Neste sentido, Garcia-Quiroga (1987) encontraram que a dormência de sementes

em biótipos de arroz vermelho diminuiu significativamente depois de enterrados no solo

durante o inverno, mas passaram a ter entre 90 e 98% de dormência no verão.

Resultados similares foram encontrados por Peske et al (1997), ao constatarem

que temperaturas decrescentes tendem a superar a dormência, enquanto o período de

aumento da temperatura ambiental tende a provocar dormência secundária das sementes

de arroz vermelho. Alguns dos biótipos de arroz vermelho utilizados no trabalho

apresentaram alta dormência (acima de 80%) logo após a colheita, mas após quatro

meses no solo o percentual de sementes dormentes já estava inferior a 60 e aos seis

meses atingiu seu ponto mais baixo, coincidindo com os meses de julho-agosto. Logo

após, a dormência começou a subir rapidamente, atingindo no mês de março do ano

seguinte valores superiores a 60% para alguns biótipos.

Flutuações na dormência das sementes durante o ano são encontradas para

muitas espécies que formam bancos de sementes no solo. Os ciclos de dormência e

germinação são atribuídos a condições do ambiente que induzem às sementes a

entrarem em dormência secundária ou à superação da mesma, permitindo a germinação.

Quanto a isto, Benech-Arnold et al. (2000) mencionam que dentre os fatores que

controlam a desativação da dormência podem diferenciar-se os que modificam seu nível

ou intensidade na população de sementes (temperatura e condições hídricas do solo),

dos que terminam ou eliminam as últimas restrições para a germinação da semente, uma

vez que o grau de dormência é suficientemente baixo (luz, flutuações de temperatura,

concentração de nitratos).

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Tabela 6. Sementes viáveis, dormentes e quiescentes em porcentagem média para os

anos de 1993 até 2005.

Ano Viáveis (%)

Dormentes (%)

Quiescentes (%)

1993 86 a 19 c 66 a

1994 56 b 42 a 13 d

1995 49 c 25 b 24 b

1996 33 d 14 d 19 c

1997 22 e 12 d 10 d

1998 16 e 5 e 11 d

1999 7 f 4 e 3 e

2000 2 fg 1.6 e 0.8 e

2001 1 fg 0.5 e 0.4 e

2002 3 fg 1.3 e 2 e

2003 0,04 g 0.04 e 0 e

2004 0,84 fg 0.13 e 0.7 e

2005 0,043 g 0 e 0.04 e

Para a maioria das espécies, o papel da dormência na persistência das sementes é

somente o de regular a época do ano na qual a semente pode responder a estímulos da

germinação ou inibir a germinação durante o período que se segue imediatamente após

a dispersão (Fenner e Thompson, 2005).

A temperatura é o principal fator ambiental condicionante dos ciclos de

dormência e germinação de sementes persistentes no solo (Egley, 1986; Benech-Arnold

et al., 2000) e suas flutuações são importantes na determinação do tempo de germinação

das sementes dentro de uma estação. Flutuações diurnas na temperatura do solo

predominam em climas temperados (Egley, 1986).

A luz é outro fator que influi na superação da dormência. A exposição da

sementes a maior intensidade e diferente qualidade de luz, tende a reduzir a dormência

das sementes e promover sua germinação.

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Diferenças no conteúdo de água do solo podem também influir na sobrevivência

das sementes, alterando a composição e o tamanho do banco de sementes (Maia et al.,

2004)

Por último, destacam-se as concentrações de nitrato no solo como sinal

ambiental para determinar a emergência estacional de algumas plantas, desativando a

dormência.

Segundo a classificação de Fenner (1995) dos bancos de sementes do solo pelo

grau de persistência de suas sementes no solo, os bancos de sementes de arroz vermelho

podem ser classificados como persistentes, pois estas mantêm viabilidade por períodos

longos, apresentando elevada proporção de sementes dormentes.

As sementes de arroz vermelho, arroz preto e El Paso 144 mostraram diferentes

estratégias de sobrevivência. As sementes de arroz vermelho e preto encontravam-se

dormentes quando foram enterradas, e depois disto mantiveram equilíbrio flutuante

entre sementes quiescentes e dormentes ao longo dos anos. Os resultados evidenciam

que as sementes estavam entrando e saindo em dormência secundária, provavelmente

induzida por mudanças ambientais.

Por outro lado, as sementes de El Paso 144 encontravam-se sem dormência ao

serem enterradas, e nos seguintes anos na quase totalidade das sementes detectou-se

ausência de dormência. A capacidade de sobrevivência destas sementes foi

provavelmente sustentada somente por sua estrutura física.

Em trabalho onde discute longevidade e dormência Takahashi (1995), conclui

que a dormência teve um importante papel na longevidade das sementes de plantas

selvagens, entretanto não há correlação entre dormência e longevidade em sementes de

plantas cultivadas.

Entretanto, Thompson (2000) afirma que muitas espécies persistem no solo por

anos ou décadas em estágio não dormente. Mesmo nas espécies que passam por

diversos ciclos de dormência, a persistência é devida não a dormência, mas à ausência

de condições apropriadas à germinação durante a parte do ciclo que as sementes não

estão dormentes, principalmente luz. Segundo Baskin e Baskin (2001) o único tipo de

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dormência que pode ser fortemente responsável pela persistência das sementes é a

dormência física (sementes duras), especialmente no caso das leguminosas.

Uma recente análise da relação entre semente dormente e persistência no solo

demonstra que embora as sementes não-dormentes tenham leve tendência a serem

menos persistentes, a dormência não é nem uma necessidade nem uma condição

suficiente para a acumulação de um banco de sementes persistente; praticamente todas

as combinações de persistência e dormência existem (Thompson et al., 2003).

Atrasos sazonais na germinação relativamente curtos estão, embora nem sempre,

associados com alguma forma de dormência, enquanto que uma alta persistência no solo

é muito menos dependente deste fenômeno. O motivo pelo qual as sementes persistem

por anos no solo é mais difícil de ser explicado (Thompson, 2000).

Os resultados encontrados neste trabalho são semelhantes a conclusão de

Takahashi (1995) Biótipos de arroz vermelho, como espécies selvagens, revezaram em

acentuada dormência para manter a viabilidade das sementes no solo. A cultivar que

mostrou maior capacidade de sobrevivência (El Paso 144) não apresentou praticamente

dormência, possuindo, portanto alguma outra característica física ou fisiológica que

protege as sementes e torna possível sua manutenção no solo.

Destes resultados é possível realizar algumas recomendações para fazendeiros

uruguaios, sobre manejo do banco de sementes de arroz no solo. Realizar a rotação de

cultivares de um ano para o outro pode ser possível tratando-se de cultivares japônicas

mas ao utilizar-se a cultivar El Paso 144 pelo menos dois anos sem arroz seria o

adequado para evitar plantas desta cultivar no próxima lavoura. Neste caso, repetir

movimento de solo superficial pode efetivamente reduzir o banco de sementes, devido a

inexistência de dormência nesta cultivar.

Uma longa sobrevivência de sementes de arroz vermelho nos solos do Uruguai é

confirmada neste estudo. Rotações curtas com pastagens não é suficiente para o controle

de campos infestados de arroz vermelho pela alta sobrevivência encontrada e serão

necessários incluir outros fatores de manejo.

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Pesquisando a distribuição vertical do banco de sementes de arroz vermelho do

solo em dois sistemas de semeadura, Ortega e Alvarado (2005) verificaram que em

sistema de semeadura direta mais de 66% das sementes que germinaram encontravam-

se nos primeiros 5 cm do perfil do solo. É importante, portanto, como afirmam

Swanton et al. (2001) realizar trabalhos do solo superficialmente para não incorporar as

sementes em profundidade no solo que favorece sua dormência. Manter as sementes

perto da superfície reduz a dormência, promove a germinação e permite aplicar

estratégias de manejo de plantas competitivas mais eficientes. Em solos não arados, um

adequado controle de plantas competitivas emergidas durante vários anos pode diminuir

o banco de sementes na capa superficial do solo. Enterrar a semente profundamente no

solo complica esforços futuros de controle de plantas daninhas.

Os resultados do presente trabalho sugerem uma reflexão quanto à intensificação

do cultivo do arroz. O problema das infestações de arroz vermelho são decorrentes da

redução do tempo de utilização da área com pastagens. A história do cultivo de arroz no

Uruguai tem momento em que ocorre maior sustentabilidade ao se utilizarem três anos

de pastagem para um de arroz.

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5 CONCLUSÕES

- Sementes de cultivares de arroz apresentam longevidades diferentes no banco de

sementes do solo.

- Sementes da cultivar El Paso 144 mantêm viabilidade no solo por até três anos.

- Há uma relação direta entre longevidade e profundidade de enterrio de sementes no

arroz vermelho e arroz preto no banco de sementes do solo.

- O arroz vermelho apresenta maior persistência no banco de sementes do solo que o

arroz preto.

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53

Temperatura ºC

7 APÊNDICE

Tem

per

atura

s m

édia

s m

ensa

is m

áxim

a, m

ínim

a e

méd

ia n

o p

erío

do d

e se

tem

bro

de

1993 a

set

embro

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2005

na

Est

ació

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Resumo da análise de variância para as variáveis sementes viáveis, dormentes e

quiescente para arroz vermelho e preto.

Viáveis Dormentes Quiescentes

Causas da

variação

G.L Quadrados

médios

Pr › F Quadrados

médios

Pr › F Quadrados

médios

Pr › F

Prof. 1 2517.93 0.0051 445.54 0.0822 845.12 0.0185

Bloco 2 106.90 0.1087 78.73 0.3463 25.34 0.3880

Ano 12 8910.44 0.0001 1967.01 <.0001 4038.41 <.0001

Prof*ano 12 213.00 0.0010 45.66 0.2254 92.61 0.0007

Genotipo 1 458.64 0.0006 660.89 <.0001 18.42 0.2347

Prof*genótipo 1 167.19 0.0326 143.92 0.0342 0.87 0.7947

Ano*genótipo 12 54.67 0.1279 123.48 0.0002 127.73 <.0001

Prof*ano*gen 12 67.13 0.0510 37.80 0.2809 30.86 0.0140

Resumo da análise de variância para as variáveis sementes viáveis, dormentes e

quiescente para as cultivares de arroz.

Viáveis Dormentes Quiescentes

Causas da

variação

G.L Quadrados

médios

Pr › F Quadrados

médios

Pr › F Quadrados

médios

Pr › F

Prof. 1 509.63 0.1003 0.59 0.1835 475.62 0.1043

Bloco 2 12.14 0.9081 0.09 0.6125 7.44 0.8873

Ano 4 1736.00 <.0001 0.26 0.0089 1731.72 <.0001

Prof*ano 4 757.15 0.0040 0.29 0.0056 181.00 0.0046

Genotipo 2 1875.39 <.0001 0.77 0.0001 1801.04 <.0001

Prof*genótipo 2 227.60 <.0001 0.59 0.0006 205.85 <.0001

Ano*genótipo 8 901.94 <.0001 0.26 0.0017 895.52 <.0001

Prof*ano*gen 8 161.29 <.0001 0.29 0.0008 149.94 <.0001