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  • Ministrio de Minas e Energia Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico

    PLANO DECENAL DE EXPANSO DE ENERGIA 2019

  • Ministrio de Minas e Energia MME

    Ministro de Estado Edison Lobo - at maro/2010 Mrcio Pereira Zimmermann Secretrio Executivo Mrcio Pereira Zimmermann - at maro/2010 Jos Antonio Corra Coimbra Chefe de Gabinete do Ministro Jos Antonio Corra Coimbra - at maro/2010 Francisco Romrio Wojcicki

    Secretrio de Planejamento e Desenvolvimento Energtico Altino Ventura Filho

    Secretrio de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis Marco Antnio Martins Almeida

    Secretrio de Energia Eltrica Josias Matos de Araujo

    Secretrio de Geologia, Minerao e Transformao Mineral Cludio Scliar

    Empresa de Pesquisa Energtica EPE

    Presidente Mauricio Tiomno Tolmasquim

    Diretor de Estudos Econmico-Energticoss e Ambientais

    Amlcar Gonalves Guerreiro

    Diretor de Estudos de Energia Eltrica Jos Carlos de Miranda Farias

    Diretor de Estudos de Petrleo, Gs e Biocombustveis Elson Ronaldo Nunes

    Diretor de Gesto Corporativa Ibans Csar Cssel

    Ministrio de Minas e Energia MME

    Esplanada dos Ministrios Bloco U 5 andar 70065-900 Braslia DF Tel.: (55 61) 3319 5299 Fax : (55 61) 3319 5067 www.mme.gov. br

    Empresa de Pesquisa Energtica EPE

    Sede SAN Quadra 1 Bloco B Sala 100-A

    70041-903 - Braslia DF

    Escritrio Central Av. Rio Branco, 01 11 Andar

    20090-003 Rio de Janeiro RJ Tel.: (55 21) 3512 3100 Fax : (55 21) 3512 3198

    www.epe.gov.br

    Catalogao na Fonte

    Brasil, Ministrio de Minas e Energia, Empresa de Pesquisa Energtica

    Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 / Ministrio de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energtica. Braslia: MME/EPE, 2010

    2 v.: il.

    1. Energia_Brasil. 2. Poltica Enegtica_Brasil 3. Recursos Energticos_Brasil

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

    iii

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    PARTICIPANTES MME

    Coordenao Geral Altino Ventura Filho

    Coordenao Executiva Gilberto Hollauer Joo Jos de Nora Souto Paulo Altaur Pereira Costa

    Centro de Pesquisas de Energia Eltrica - CEPEL Albert Cordeiro Geber de Melo, Maria Elvira Pieiro Macieira Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico - SPE Coordenao: Altino Ventura Fillho Equipe tcnica: Adriano Jeronimo da Silva, Ana Kla Sobreira de Moraes, Andr Krauss Queiroz, Antnio Perez Puente, Bruno Xavier de Sousa, Carlos Alexandre Prncipe Pires, Carolino Augusto Cepeda, Cssio Giuliani Carvalho, Christiany Salgado Faria, Daniele de Oliveira Bandeira, Demtrio Matos Tomzio, Fernando Jos Ramos Mello, Gabriela Pires Gomes de Sousa Costa, Giacomo Perrotta, Gilberto Hollauer, Gilberto Kwitko Ribeiro, Gustavo Santos Masili, Hamilton Moss de Souza, Joo Antnio Moreira Patusco, Joo Luiz Tedeschi, John Denys Cadman, Jose Antnio Fabrini Marsiglio, Jos Luiz Scavassa, Leonardo Rangel de Melo Filardi, Lvio Teixeira de Andrade Filho, Luis Fernando Badanhan, Marco Aurlio dos Santos Arajo, Maurilio Amaro de Souza Filho, Osmar Ferreira do Nascimento, Paulo Antnio Gomes Monteiro, Paulo Augusto Leonelli, Paulo rico Ramos de Oliveira, Paulo Roberto Rabelo da Assuno, Roberto Carneiro Filho, Roberto Meira Jnior, Roberto Wagner Lima Pereira, Samira Sana Fernandes de Sousa, Sophia Andonios Spyridakis Pereira, Tarita da Silva Costa, Thiago Guilherme Ferreira Prado, Ubyrajara Nery Graa Gomes, Valdir Borges Souza Jnior, Vania Maria Ferreira. Secretaria de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis SPG Coordenao: Marco Antnio Martins Almeida Equipe tcnica: Adriano Gomes de Sousa, Aldo Barroso Cores Jnior, Antnio Henrique Godoy Ramos, Breno Peixoto Cortez, Cludio Akio Ishihara, Clayton de Sousa Pontes, Deivson Matos Timb, Diogo Baleeiro, Henrique Soares Vieira Magalhes, Hermann Helinski Arajo, Hugo Leonardo Gosmann, Igor Vasconcelos Santana, Jos Botelho Neto, Juliano Vilela Borges dos Santos, Lauro Doniseti Bogniotti, Luciano Costa de Carvalho, Luiz Carlos Lisba Theodoro, Manoel Rodrigues Parada Neto, Marlon Arraes Jardim Leal, Paulo Roberto Machado Fernandes Costa, Ricardo Borges Gomide, Ricardo de Gusmo Dornelles, Symone Christine de Santana Arajo, Umberto Mattei.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

    iv

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    PARTICIPANTES EPE

    Coordenao Geral Maurcio Tiomno Tolmasquim Coordenao Executiva Estudos econmico-energticos e ambientais: Amilcar Gonalves Guerreiro Estudos de energia eltrica: Jos Carlos de Miranda Farias Estudos de petrleo, gs e biocombustveis: Elson Ronaldo Nunes Consolidao e Sistematizao Jos Marcos Bressane, Juarez Castrillon Lopes, Carlos Henrique Brasil de Carvalho, Denilvo Morais

    Estudos econmicos e energticos Coordenao: Ricardo Gorini

    Equipe tcnica: Adriana Fiorotti Campos, Ana Cristina Braga Maia, Andre Luiz Rodrigues Osorio, Arnaldo dos Santos Junior, Bruno Bandeira Rocha, Carla da Costa Lopes Acho, Claudio Gomes Velloso, Daniel Vasconcellos de Sousa Stilpen, Emilio Hiroshi Matsumura, Fabiana Bastos de Faria, Fernanda Marques Pereira Andreza, Flvio Alberto Figueiredo Rosa, Glaucio Vinicius Ramalho Faria, Guilherme Oliveira Arantes, Gustavo Naciff de Andrade, Inah Rosa Borges de Holanda, Isabela de Almeida Oliveira, Jaine Venceslau Isensee, Jeferson Borghetti Soares, Jose Manuel Martins David, Kriseida C. P. Guedelha Aleskseev, Lena Santini Souza Menezes, Leyla Adriana Ferreira da Silva, Luciano Basto Oliveira, Luiz Claudio Orleans, Marcia Andreassy, Maria Fernanda Bacile Pinheiro, Marilene Dias Gomes, Monique Riscado da Silva, Natalia Goncalves de Moraes, Reinaldo da Cruz Garcia, Renata de Azevedo M. da Silva, Ricardo Dias das Neves, Rogrio Antnio da Silva Matos, Sergio Henrique Ferreira da Cunha, Silvana Andreoli Espig, Simone Saviolo Rocha

    Estudos de gerao de energia eltrica Coordenao: Oduvaldo Barroso da Silva

    Equipe tcnica: Amaro Pereira, Anderson da Costa Moraes, Angela Regina Livino de Carvalho, Danielle Bueno de Andrade, Fernanda Gabriela B. dos Santos, Gabriel Malta Castro, Leonardo Augusto da Fonseca P. SantAnna, Maurcio Smola, Patricia Costa Gonzalez de Nunes, Pedro Americo Moretz-Sohn David, Renata Nogueira Francisco de Carvalho, Ronaldo Antonio de Souza, Simone Quaresma Brando, Tereza Cristina Paixo Domingues, Thas Iguchi, Thiago Correa Cesar

    Estudos de transmisso de energia eltrica Coordenao: Paulo Csar Vaz Esmeraldo

    Equipe tcnica: Alexandre Melo Silva, Andr Firmino Gonzaga,Aretha de Souza Vidal Campos, Armando Leite Fernandes, Carolina Moreira Borges, Daniel Jos Tavares de Souza, Daniela Florncio de Souza, Dourival de Souza Carvalho Junior, Edna Maria de Almeida Arajo, Fbio de Almeida Rocha,Fernando Hevelton Oliveira, Henrique de Abreu Oliveira, Joo Mauricio Caruso, Jurema Baptistella Ludwig, Marcelo Willian Henriques Szrajbman, Marcelo Loureno Pires, Maria Alzira Noli Silveira, Marcos Vincius da Silva Farinha, Maria de Ftima de Carvalho Gama, Maxwell Cury Junior, Priscila de Castro Guarini, Roberto Luiz Magalhes Rocha, Thiago de Faria Rocha Dourado Martins, Tiago Campos Rizzotto, Vanessa Penteado Stephan, Vinicius Ferreira Martins.

    Estudos de petrleo e gs natural Coordenao: Csar Dias Ramos

    Equipe tcnica: Adriana Queiroz Ramos, Aloysio Vasconcelos Filho, Ana Ceclia Souza Lima, Antonio Marco Siciliano, Carlos Augusto Ges Pacheco, Claudio Bettini, Henrique Plaudio Gonalves Rangel, Jefferson Acioli Machado, Ktia Souza de Almeida, Marcelo Ferreira Alfradique, Marco Stiel Radu Halpern, Marcos Frederico F. de Souza, Moiss de Souza Gomes, Norival Brisola, Regina Freitas Fernandes, Reneu Rodrigues da Silva, Roberta de Albuquerque Cardoso, Sergio Martins de Souza, Victor Hugo Trocate da Silva, Wellington de Oliveira Campos.

    Estudos de derivados de petrleo e biocombustveis Coordenao: Ricardo Nascimento e Silva do Valle Equipe tcnica: Amanda Pereira Arago, Angela Oliveira da Costa, Antnio Carlos Santos, Carlos Alberto Ferreira dos Reis, Clara Santos Martins, Euler Joo Geraldo da Silva, Frederico Ventorim, Gildo Gabriel da Costa, Giovani Vitria Machado, Jos Mauro Ferreira Coelho, Juliana Rangel do Nascimento, Lenidas Bially Olegario dos Santos, Marcelo Castello Branco Cavalcanti, Marisa Maia de Barros, Patrcia Feitosa Bonfim Stelling, Rachel Martins Henriques, Rafael Barros Araujo, Rafael Moro da Mata, Railson Oliveira Motta, Vitor Manuel do Esprito Santo Silva

    Estudos socioambientais Coordenao: Ricardo Cavalcanti Furtado

    Equipe tcnica: Ana Castro Lacorte, Andr Correia de Almeida, Carina Renn Siniscalchi, Carlos Frederico Menezes, Csar Maurcio Batista da Silva, Cristiane Moutinho Coelho, Federica Natasha Ganana A. dos Santos Sodr, Flavia Pompeu Serran (Coordenao), Giam Carmine Cupello Miceli , Glauce Maria Lieggio Botelho, Gustavo Ramos dos Santos, Hermani de Moraes Vieira, Ktia Gisele Soares Matosinho, Luciana lvares da Silva, Marcos Ribeiro Conde, Marcos Vincius Fernandes Amaral, Mrian Regini Nuti, Paula Cunha Coutinho, Paulo do Nascimento Teixeira, Rafael Feitosa Siqueira Lobo, Robson de Oliveira Matos, Thiago Oliveira Bandeira, Valentine Jahnel, Vernica Souza da Mota Gomes

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

    v

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    APRESENTAO

    O Estado Brasileiro exerce, na forma da lei, as funes de planejamento, sendo determinante para o

    setor pblico e indicativo para o setor privado. Na rea energtica, cabe ao Conselho Nacional de

    Poltica Energtica CNPE a formulao de polticas e diretrizes de energia para o desenvolvimento

    nacional equilibrado.

    O Ministrio de Minas e Energia MME, responsvel pela implementao das polticas para o Setor

    Energtico e coordenao do planejamento energtico nacional, apresenta sociedade brasileira o

    Plano Decenal de Expanso da Energia PDE 2019. A publicao peridica do PDE representa um

    componente fundamental do processo de planejamento energtico.

    O PDE incorpora uma viso integrada da expanso da demanda e da oferta de recursos energticos

    no perodo decenal, definindo um cenrio de referncia, que sinaliza e orienta as decises dos agentes

    no mercado de energia, visando assegurar a expanso equilibrada da oferta energtica, com

    sustentabilidade tcnica, econmica e ambiental. O planejamento decenal constitui uma base slida

    para apoiar o crescimento econmico, dado que a expanso do investimento produtivo requer a oferta

    de energia com qualidade e confiabilidade.

    Desse modo, o Ministrio de Minas e Energia agradece a colaborao recebida de entidades da

    sociedade civil, rgos governamentais, empresas e agentes do setor energtico, a qual possibilitou o

    aprimoramento desta atividade de planejamento, assim como a inestimvel parceria com a Empresa

    de Pesquisa Energtica, responsvel pelo desenvolvimento dos estudos que subsidiaram a elaborao

    do Plano. O esforo contnuo deste Ministrio em prol do desenvolvimento nacional se efetiva

    plenamente no presente PDE 2019, proporcionando uma viso ampla e prospectiva para o setor

    energtico brasileiro.

    Braslia, abril de 2010

    Mrcio Pereira Zimmermann Ministro de Estado de Minas e Energia

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

    vi

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    ESTRUTURA DO RELATRIO

    Os diversos estudos contemplados neste relatrio foram agrupados nos quatro seguintes temas:

    (i) Contextualizao e demanda; (ii) Oferta de energia eltrica; (iii) Oferta de petrleo, gs natural e biocombustveis; e (iv) Aspectos de sustentabilidade.

    Aps a Introduo, de carter geral, feita uma sntese das anlises e resultados referentes a cada um

    dos temas acima, desenvolvida em dez captulos.

    Em volume parte, denominado Sumrio Executivo, so consolidados os principais resultados e

    constataes deste PDE.

    A estrutura geral do relatrio a seguinte:

    INTRODUO

    CONTEXTUALIZAO E DEMANDA

    Capitulo I - PREMISSAS BSICAS

    Capitulo II DEMANDA DE ENERGIA

    OFERTA DE ENERGIA ELTRICA

    Capitulo III GERAO DE ENERGIA ELTRICA

    Capitulo IV TRANSMISSO DE ENERGIA ELTRICA

    OFERTA DE PETRLEO, GS NATURAL E BIOCOMBUSTIVEIS

    Capitulo V PRODUO DE PETRLEO E GS NATURAL

    Capitulo VI OFERTA DE DERIVADOS DE PETRLEO

    Capitulo VII OFERTA DE GS NATURAL

    Capitulo VIII OFERTA DE BIOCOMBUSTVEIS

    ASPECTOS DE SUSTENTABILIDADE

    Capitulo IX EFICINCIA ENERGTICA

    Capitulo X ANLISE SOCIOAMBIENTAL

    CONSOLIDAO DE RESULTADOS

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

    vii

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    SUMRIO

    INTRODUO ....................................................................................................................... 12 CONTEXTUALIZAO E DEMANDA

    I - PREMISSAS BSICAS ........................................................................................................ 15

    1. Cenrio Macroeconmico de Referncia ....................................................................... 15

    1.1 Economia Internacional e Nacional: conjuntura e perspectivas ............................................. 16

    1.2 Aspectos Qualitativos do Cenrio de Referncia ................................................................... 18

    1.3 Quantificao do Cenrio de Referncia ............................................................................... 19

    2. Premissas Demogrficas ............................................................................................... 23

    2.1 Projeo da Populao Total Residente ................................................................................ 23

    2.2 Projeo do Nmero de Domiclios ....................................................................................... 24

    3. Premissas Setoriais ....................................................................................................... 25

    3.1 Expanso da atividade industrial .......................................................................................... 25

    3.2 Expanso da atividade no setor residencial ........................................................................... 27

    II DEMANDA DE ENERGIA ................................................................................................. 28

    1. Etapas do processo ....................................................................................................... 28

    2. Projeo Consolidada do Consumo Final por Fonte ....................................................... 29

    3. Energia Eltrica ............................................................................................................ 32

    3.1 Projeo do Consumo ........................................................................................................... 33

    3.2 Projeo da Carga ................................................................................................................. 35

    3.3 Comparao entre as Projees do PDE 2019 e do PDE 2017 ................................................. 37

    4. Gs Natural .................................................................................................................. 38

    5. Derivados de Petrleo .................................................................................................. 40

    5.1 leo Diesel ........................................................................................................................... 40

    5.2 Gs Liquefeito do Petrleo (GLP) .......................................................................................... 41

    5.3 Gasolina automotiva ............................................................................................................ 42

    5.4 Querosene de aviao (QAV) ................................................................................................ 45

    5.5 leo combustvel e outros secundrios de petrleo .............................................................. 46

    5.6 Produtos no-energticos do petrleo .................................................................................. 47

    5.7 Nafta .................................................................................................................................... 48

    6. Biocombustveis ........................................................................................................... 49

    6.1 Biocombustveis lquidos ...................................................................................................... 49

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

    viii

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    6.2 Biomassa da cana ................................................................................................................. 51

    6.3 Biomassa da lenha e carvo vegetal ...................................................................................... 52

    7. Carvo Mineral e Coque ............................................................................................... 53 OFERTA DE ENERGIA ELTRICA

    III GERAO DE ENERGIA ELTRICA ................................................................................ 55

    1. Introduo .................................................................................................................... 55

    2. Metodologia e Critrios ................................................................................................ 55

    3. Diretrizes e Premissas ................................................................................................... 57

    3.1 Sistema existente ................................................................................................................. 58

    3.2 Parque Gerador Contratado e em Implantao at 2013 ....................................................... 59

    3.3 Diretrizes Gerais para a Expanso da Gerao ....................................................................... 60

    4. Expanso da Gerao ................................................................................................... 65

    5. Balano Esttico de Garantia Fsica .............................................................................. 86

    6. Atendimento Demanda Mxima ............................................................................... 91

    IV TRANSMISSO DE ENERGIA ELTRICA ...................................................................... 102

    1. Consideraes Iniciais ................................................................................................. 102

    2. Topologia da Rede de Transmisso ............................................................................ 103

    2.1 Configurao Inicial ............................................................................................................ 103

    2.2 Expanso do SIN e integrao de novas fontes .................................................................... 104

    2.3 Interligaes Regionais ....................................................................................................... 109

    2.4 Interligaes dos Sistemas Isolados ao SIN ......................................................................... 112

    2.5 Interligaes com pases vizinhos ....................................................................................... 113

    3. Sistemas de transmisso regionais ............................................................................. 114

    3.1 Regio Norte ...................................................................................................................... 114

    3.2 Regio Nordeste ................................................................................................................. 125

    3.3 Regio Sudeste ................................................................................................................... 140

    3.4 Regio Centro-Oeste e estados do Acre e Rondnia ............................................................ 149

    3.5 Regio Sul ........................................................................................................................... 156

    4. Evoluo fsica e investimentos .................................................................................. 166

    5. Tarifas de Uso do Sistema de Transmisso ................................................................. 169

    5.1 Tarifas de Gerao .............................................................................................................. 169

    5.2 Tarifas de Carga .................................................................................................................. 172

    OFERTA DE PETRLEO, GS NATURAL E BIOCOMBUSTIVEIS

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

    ix

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    V PRODUO DE PETRLEO E GS NATURAL ............................................................... 174

    1. Introduo .................................................................................................................. 174

    2. Previses de produo ................................................................................................ 175

    3. Evoluo das reservas totais e da razo R/P ............................................................... 180

    4. Implicaes econmicas ............................................................................................. 182

    VI OFERTA DE DERIVADOS DE PETRLEO ..................................................................... 184

    1. Perspectivas de Preos de Petrleos e Derivados ........................................................ 184

    1.1 Perspectivas de Preos Internacionais de Petrleos ............................................................ 185

    1.2 Perspectivas de Preos Internacionais de Derivados de Petrleo ........................................ 186

    1.3 Perspectivas de Preos Nacionais de Derivados de Petrleo ............................................... 188

    2. Expanso do Parque Nacional de Refino ..................................................................... 190

    2.1 Metodologia e Premissas Adotadas para o Abastecimento ................................................. 191

    2.2 Evoluo do Parque de Refino Atual ................................................................................... 193

    2.3 Novas Refinarias ................................................................................................................. 194

    2.4 Estimativa de Investimentos ............................................................................................... 197

    2.5 Hipteses de Evoluo do Parque Nacional de Refino ......................................................... 197

    2.6 Refino Consideraes Finais ............................................................................................. 209

    3. Infra-Estrutura Nacional de Transporte de Petrleos e Derivados ............................... 211

    3.1 Panorama Atual .................................................................................................................. 211

    3.2 Impactos das Movimentaes Previstas sobre a Infra-estrutura ......................................... 213

    3.3 Expanso da Infra-estrutura Nacional de Transporte de Petrleo e Derivados .................... 214

    VII OFERTA DE GS NATURAL ........................................................................................ 218

    1. Perspectivas de Preos de Gs Natural ....................................................................... 218

    1.1 Premissas para as previses de preos ................................................................................ 219

    1.2 Preos Henry Hub ............................................................................................................... 220

    1.3 Preos de GNL internalizado no Brasil metodologia netback value ................................... 221

    1.4 Competitividade do Gs Natural no Brasil ........................................................................... 223

    1.5 Projeo dos Preos de Gs Natural na hiptese de competitividade com OC ..................... 223

    2. Expanso da Oferta de Gs Natural ............................................................................ 224

    3. Balano de Oferta e Demanda de Gs Natural ........................................................... 227

    3.1 Estados da Regio Norte ..................................................................................................... 228

    3.2 Estados da Regio Nordeste ............................................................................................... 229

    3.3 Estados das Regies Sudeste, Sul e Centro-Oeste ................................................................ 230

    3.4 Balano de Oferta e Demanda do Brasil Malha Integrada ................................................. 231

    3.5 Consideraes Finais ........................................................................................................... 232

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

    x

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    4. Infraestrutura de Transporte de Gs Natural .............................................................. 233

    4.1 Panorama Atual .................................................................................................................. 233

    4.2 Expanso Prevista ............................................................................................................... 234

    4.3 Expanso Indicativa ............................................................................................................ 237

    4.4 Novos Sistemas em Estudo ................................................................................................. 237

    4.5 Expanso da Infraestrutura Via GNL .................................................................................... 238

    4.6 Estimativa de Investimentos ............................................................................................... 239

    VIII OFERTA DE BIOCOMBUSTVEIS ............................................................................... 240

    1. Expanso da Oferta de Etanol .................................................................................... 240

    1.1 Projees da demanda total de etanol ................................................................................ 240

    1.2 Projees da oferta de etanol no Brasil ............................................................................... 247

    1.3 Impacto das novas tecnologias ........................................................................................... 251

    1.4 Disponibilidade de rea para o plantio de cana-de-acar .................................................. 252

    1.5 Logstica de transporte do etanol para exportao ............................................................. 255

    1.6 Etanol consideraes finais .............................................................................................. 259

    2. Expanso da Oferta de Biodiesel ................................................................................ 260

    2.1 O consumo obrigatrio de biodiesel 2010-2019 .................................................................. 260

    2.2 Os leiles e o estoque estratgico de biodiesel ................................................................... 260

    2.3 Oferta de biodiesel ............................................................................................................. 261

    2.4 Perspectivas de preos de biodiesel .................................................................................... 263

    2.5 Potencial de consumo ......................................................................................................... 264

    2.6 Balano de capacidade instalada e demanda de biodiesel ................................................... 265

    2.7 A Infraestrutura de escoamento da produo de biodiesel ................................................. 266

    2.8 Biodiesel consideraes finais .......................................................................................... 267

    3. Biomassa de Cana-de-Acar para Oferta de Energia Eltrica .................................... 268

    3.1 O setor sucroalcooleiro e os leiles de energia eltrica ....................................................... 268

    3.2 Oferta de biomassa de cana-de-acar ............................................................................... 270

    3.3 Potencial tcnico de gerao de energia eltrica da biomassa de cana-de-acar ............... 271

    3.4 Biomassa de cana-de-acar - consideraes finais ............................................................. 273

    ASPECTOS DE SUSTENTABILIDADE IX EFICINCIA ENERGTICA ............................................................................................ 275

    1. Conceitos e definies ................................................................................................ 275

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019

    xi

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    2. Principais Resultados .................................................................................................. 277

    2.1 Setor residencial ................................................................................................................. 279

    2.2 Setor industrial ................................................................................................................... 280

    2.3 Setor comercial ................................................................................................................... 283

    2.4 Outros setores .................................................................................................................... 284 X ANLISE SOCIOAMBIENTAL ......................................................................................... 286

    1. Consideraes Iniciais ................................................................................................. 286

    2. Critrios e Procedimentos ........................................................................................... 286

    3. Gerao Hidreltrica .................................................................................................. 289

    4. Transmisso de Energia Eltrica ................................................................................. 297

    5. Produo de Petrleo e Gs Natural ........................................................................... 302

    5.1 Anlise Socioambiental do Setor Petrolfero ....................................................................... 302

    5.2 Benefcios Socioeconmicos ............................................................................................... 303

    6. Oferta de Gs Natural ................................................................................................ 305

    6.1 Anlise Socioambiental da Malha Planejada ....................................................................... 307

    6.2 Benefcios Socioeconmicos ............................................................................................... 309

    7. Oferta de Biocombustveis Lquidos ............................................................................ 310

    7.1 Etanol ................................................................................................................................. 311

    7.2 Biodiesel ............................................................................................................................. 316

    8. Emisses de Gases de Efeito Estufa ............................................................................. 317

    9. Indicadores Socioambientais ...................................................................................... 327

    10. Desafios para Sustentabilidade .................................................................................. 330

    11. Consideraes Finais .................................................................................................. 332

    CONSOLIDAO DE RESULTADOS ........................................................................... 333

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................................... 335

    LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................... 345

    LISTA DE GRFICOS ................................................................................................................... 349

    LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................... 352

    AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... 353

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 - Introduo

    12

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    INTRODUO

    O presente Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 incorpora uma viso integrada da expanso

    da demanda e da oferta de diversos energticos no perodo decenal.

    A elaborao pela EPE dos estudos associados a este Plano se desenvolveu contando com as diretrizes

    e o apoio da equipe da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico SPE/MME e da

    Secretaria de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis SPG/MME. Adicionalmente, houve

    uma participao importante de tcnicos das empresas do setor eltrico, o que possibilitou conferir a

    qualidade, eficincia e eficcia necessrias ao processo de planejamento.

    No mbito do processo de Consulta Pblica realizada sobre o Plano Decenal anterior, foram recebidas

    contribuies de diversos rgos e entidades, tendo-se procurado acolher a maioria delas, o que

    aportou aprimoramentos a este instrumento de planejamento.

    Contexto e enfoque dos estudos

    No que tange ao ambiente econmico, os indicadores do nvel de atividade ao longo de 2009, tanto

    no Brasil quanto nos demais pases, ratificam a anlise de que tenha passado o pior da crise

    internacional que se estabeleceu a partir de setembro/2008.

    No caso brasileiro, o cenrio de referncia reflete a percepo relativamente disseminada entre os

    analistas de que um novo ciclo de crescimento forte e sustentado da economia brasileira esteja se

    consolidando para os prximos anos. Tal cenrio decorre das importantes iniciativas governamentais

    nas reas fiscal e monetria que possibilitaram debelar os efeitos da crise financeira internacional,

    aliadas aos fundamentos macroeconmicos construdos ao longo dos ltimos anos, contemplando um

    slido sistema bancrio, o respeito s regras contratuais, o bom desempenho da gesto

    macroeconmica, o que criou condies para que o Brasil venha enfrentando a crise em posio muito

    menos vulnervel do que no passado.

    No que concerne ao setor eltrico, o modelo institucional vigente atribui os principais papis na

    expanso do sistema de energia eltrica aos agentes, tanto de gerao e transmisso, quanto de

    distribuio, responsveis, respectivamente, pelos investimentos e pela contratao da maior parcela

    de energia, com antecedncia necessria implantao dos novos empreendimentos. Visando

    contribuir para a expanso do sistema, o planejamento decenal tem a funo de orientar e subsidiar:

    a realizao dos futuros leiles de compra de energia de novos empreendimentos de gerao e de

    transmisso; a definio de quais estudos de expanso da transmisso devem ser priorizados, bem

    como de quais estudos de viabilidade tcnico econmica e socioambiental de novas usinas geradoras

    realizar e, ainda, quais estudos de inventrios devero ser feitos ou atualizados.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 - Introduo

    13

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    Confirmou-se em 2009 a solidez dos processos balizadores do modelo institucional vigente,

    concretizando-se a continuidade dos leiles de energia nova, bem como das licitaes de

    empreendimentos de transmisso. Vale destacar, em 2009, a realizao, com sucesso, do leilo de

    energia de reserva especifico para fontes elicas, o qual permitiu caracterizar a competitividade dessa

    fonte renovvel para a expanso do sistema eltrico.

    Um aspecto relevante a ser ressaltado quanto expanso da gerao no horizonte do presente Plano

    a indicao da retomada da participao das fontes renovveis na matriz eltrica a partir do ano de

    2014, em detrimento das fontes baseadas em combustveis fsseis, contribuindo para o

    desenvolvimento sustentvel das fontes de gerao.

    O conceito de sustentabilidade constitui o paradigma que orientou os estudos socioambientais

    desenvolvidos para esta verso do Plano, tendo requerido a formulao de novos critrios e

    procedimentos. Para a anlise socioambiental dos projetos de gerao hidreltrica e transmisso,

    foram desenvolvidos ndices de sustentabilidade, segundo as interaes que realizam com o meio

    natural e com a sociedade. Esse novo enfoque tem como objetivo subsidiar os sucessivos ciclos de

    planejamento com novos projetos e alternativas mais sustentveis.

    Na rea de explorao e produo de petrleo e gs natural, com base nas reservas dos campos em

    produo e em desenvolvimento, nos volumes recuperveis de descobertas em avaliao e nas

    estimativas referentes a acumulaes a descobrir, elaboraram-se previses de produo de petrleo e

    gs natural.

    As demandas de derivados de petrleo, confrontadas com as previses de produo, permitem

    antever as condies de atendimento ao mercado, as possibilidades de exportao de petrleo e seus

    derivados, bem como os investimentos necessrios no parque de refino e na infra-estrutura logstica

    de petrleo e seus derivados.

    Prev-se, para o prximo decnio, um papel mais relevante para o Brasil no mercado mundial de

    petrleo, atuando como exportador lquido, no s de petrleo, como tambm de derivados, em

    funo da produo em campos j delimitados e do desenvolvimento da produo dos campos

    descobertos na rea do Pr-Sal (reas Contratadas at a 10. Rodada de Licitaes da ANP), assim

    como da expanso do parque nacional de refino.

    As projees de demanda de gs natural foram obtidas em um processo que envolveu a anlise

    crtica de dados obtidos em pesquisas realizadas pela EPE junto Associao Brasileira das Empresas

    Distribuidoras de Gs Canalizado (ABEGS), s companhias distribuidoras de gs canalizado e a

    consumidores industriais de gs natural. Um aspecto fundamental na avaliao da penetrao do gs

    natural na indstria refere-se competio direta com o leo combustvel, primordialmente atravs

    dos preos relativos do leo e do gs natural. Alm disso, outros aspectos tais como a preferncia do

    gs natural em processos industriais que exigem elevado grau de pureza do produto final foram

    elementos essenciais considerados nessa anlise. O cenrio adotado de preos relativos do leo

    combustvel e do gs natural confere uma ligeira vantagem ao gs, no curto prazo, e equipara os

    preos no restante do horizonte decenal.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 - Introduo

    14

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    Projeta-se para o perodo decenal uma ampliao da participao do gs nacional na oferta total de

    gs, devido ao incremento da produo interna. Prev-se tambm a manuteno da importao de

    gs natural boliviano e de GNL (atravs dos terminais instalados no Rio de Janeiro e no Cear)

    objetivando atendimento ao crescimento da demanda, mesmo considerando a perspectiva de novos

    terminais de GNL alm dos dois terminais do Rio de Janeiro e do Cear que iniciam sua operao em

    2009. Prev-se tambm que a importao de gs boliviano permanecer estvel nos nveis atuais.

    Quanto aos biocombustveis lquidos, foram analisadas as condicionantes de demanda e as

    perspectivas de atendimento, focando o etanol carburante e o biodiesel.

    Para o etanol carburante analisou-se sua competitividade em relao gasolina no mercado de

    veculos flex-fuel, que apresenta taxas de crescimento expressivas, bem como o potencial de expanso da capacidade de oferta, sua logstica de transporte e estimativa de investimentos

    associados, assim como o mercado internacional, avaliando-se as possibilidades de exportao do

    excedente de etanol. Foram tambm quantificadas a produo de cana-de-acar e a rea necessria

    para o atendimento demanda interna e exportao.

    No que tange ao biodiesel, foram analisados os aspectos de disponibilidade de insumos, a capacidade

    de processamento e de escoamento da produo, o potencial de consumo, a perspectiva de preos

    nacionais e sua competitividade face ao diesel fssil, bem como a existncia de condies para que a

    demanda ultrapasse as metas legais estabelecidas.

    Quanto biomassa de cana-de-acar para a gerao de energia eltrica, foi analisada a quantidade

    de energia advinda desta fonte j contratada pelo setor eltrico, assim como foi estimada a oferta de

    biomassa de cana e seu potencial tcnico de gerao de energia eltrica no perodo decenal.

    Finalmente, cumpre ressaltar a importncia deste Plano como instrumento de planejamento para o

    setor energtico nacional, no obstante a natureza dinmica do processo de planejamento, fruto dos

    condicionantes macroeconmicos e setoriais internacionais e nacionais que se modificam

    frequentemente.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Premissas bsicas

    15

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    I - PREMISSAS BSICAS

    este captulo inicial so apresentadas as premissas bsicas consideradas nos estudos deste

    Plano, abrangendo o cenrio macroeconmico de referncia, as perspectivas de preos do

    petrleo, as premissas demogrficas e as premissas setoriais. Outras premissas, de carter mais

    especfico dos diversos temas abordados, so citadas separadamente nos captulos que se seguem.

    As premissas demogrficas, macroeconmicas e setoriais, assim como aquelas relativas eficincia

    energtica e autoproduo, tm papel fundamental na determinao da dinmica do consumo de

    energia, com implicao direta no comportamento de vrios indicadores setoriais.

    Por exemplo, o consumo de energia no setor residencial depende de variveis demogrficas, como a

    populao, o nmero de domiclios e o nmero de habitantes por domiclio, e de variveis relativas

    expanso da renda e do PIB. Essas mesmas variveis influenciam, tambm, outros setores de consumo,

    como o caso de comrcio e servios.

    J o setor industrial mantm uma relao no s com a economia nacional, mas tambm com a

    economia mundial, em funo dos segmentos exportadores. Os estudos prospectivos setoriais,

    principalmente dos segmentos energointensivos, no que se refere a alternativas de expanso, rotas

    tecnolgicas e caractersticas de consumo energtico, so essenciais para a projeo do consumo de

    energia dessa importante parcela do mercado. Alm disso, na indstria que a autoproduo de energia

    ganha maior relevncia. A autoproduo de eletricidade desloca parcela do consumo final de energia

    que, dessa forma, no compromete o investimento na expanso do parque de gerao do setor eltrico

    brasileiro.

    Em adio, extremamente importante a formulao de premissas de eficincia energtica, as quais

    perpassam todos os setores de consumo, sendo, muitas vezes, considerada a forma mais econmica de

    atendimento da demanda. As premissas de eficincia energtica utilizadas na projeo de demanda de

    energia so tratadas parte, no Captulo IX.

    1. Cenrio Macroeconmico de Referncia

    Na anlise prospectiva da demanda por energia no longo prazo, tem-se utilizado a tcnica de

    elaborao de cenrios com o objetivo de delinear o ambiente, notadamente o contexto econmico,

    ao qual estaro referidas as projees da demanda por energia.

    Os estudos do Plano Decenal de Energia (PDE) tm como importante balizador a anlise de longo

    prazo conduzida no mbito do Plano Nacional de Energia, o PNE 2030, que estabelece, dessa

    maneira, as condies de contorno para a trajetria das principais variveis relacionadas ao setor

    energtico. Esta relao se d dentro do contexto do cenrio de referncia B1, conforme

    esquematizado na Figura 1.

    N

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Premissas bsicas

    16

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    Figura 1 Cone de cenrios: Relao entre o PDE 2019 e o PNE

    Alm disso, so tambm considerados os elementos conjunturais, bem como as definies e

    estratgias de mdio prazo, que podem influenciar parmetros relevantes no horizonte decenal, em

    particular, as taxas de expanso da economia.

    De relevante interesse neste PDE o desdobramento dos efeitos da crise financeira internacional,

    agravada especialmente a partir de setembro de 2008, sobre as perspectivas econmicas dos

    prximos 10 anos.

    No obstante, a recuperao do nvel de atividade econmica em ritmo mais rpido do que o

    esperado tem ensejado projees de crescimento em patamar ligeiramente inferior (entre 4,0% e

    4,5% ao ano) ao de antes da crise (de aproximadamente 5,0% ao ano). O PDE 2019 considera que o

    Brasil tem uma expanso econmica relativamente melhor (em torno de 5,0% ao ano). As

    justificativas desse desempenho relativo superior so apresentadas a seguir.

    1.1 Economia Internacional e Nacional: conjuntura e perspectivas

    O desempenho dos indicadores do nvel de atividade econmica ao longo de 2009, tanto no Brasil

    quanto nos demais pases, tem ratificado a anlise de que o pior da crise tenha passado, com a

    retomada da expanso global (FMI, 2009).

    No caso brasileiro, a recuperao da economia, verificada especialmente no 2 semestre de 2009,

    deve se intensificar ao longo de 2010, em consonncia com o desempenho dos pases emergentes

    mais dinmicos, e continuar acima da mdia mundial ao longo do horizonte decenal, em conformidade

    com uma das principais hipteses qualitativas dos cenrios de longo prazo da EPE.

    A discusso mais detalhada das perspectivas econmicas do mundo e do Brasil conduzida na

    sequncia.

    Economia Internacional

    510

    1520

    25

    Horizonte de anlise (anos)

    x

    PNE 2030

    Diagnstico

    Diretrizes

    Estratgia

    Sinalizao

    Cenrios possveis

    Cenrios

    A

    B1

    B2

    C

    1 trajetria mais provvel:

    1-5 ano = Definido

    6-10 ano = Normativo

    Anlises de sensibilidade

    PDE 2019

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Premissas bsicas

    17

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    Como assinalada no PDE 2008 2017, a forte contrao do nvel de atividade econmica e do

    comrcio mundial que se seguiu a setembro de 2008 no pde ser evitada apesar da vigorosa

    resposta dos governos nacionais em tentar minimizar seus efeitos negativos.1

    Embora a retomada da atividade global tenha se iniciado, com a visvel distenso das inquietaes

    relacionadas ao sistema financeiro internacional, a expectativa corrente do FMI a de uma

    estabilizao desigual e uma recuperao vagarosa (especialmente no que se refere ao nvel de

    emprego nos pases desenvolvidos), demandando, assim, uma gesto de poltica macroeconmica

    diferenciada ao longo dos prximos anos: no presente, buscando a necessria sustentao dos nveis

    de demanda (especialmente em pases-chave do ponto de vista de supervit em transaes

    correntes), mas que dever preparar o terreno para um desmanche ordenado dos nveis

    extraordinrios de interveno pblica em algum momento no futuro (FMI, 2009b).

    A questo da recuperao desigual na atividade econmica emerge como uma caracterstica

    importante dos ltimos anos que parece atravessar o rescaldo da crise. A elevao recente dos preos

    das commodities a partir do primeiro semestre de 2009 reforou, de certa maneira, a viso de uma recuperao mais rpida em alguns pases emergentes, visto sua relevncia para os saldos de

    transaes correntes e, portanto, para o nvel de atividade econmica desses pases.

    Em resumo, fundamental para a recuperao econmica mundial , segundo o FMI (2009a, 2009b) a

    pronta restaurao da sade do setor financeiro mundial com o restabelecimento da confiana neste

    setor. As medidas tomadas pelos governos dos pases desenvolvidos para a limpeza dos ativos txicos

    dos balanos das instituies financeiras, mesmo tendo um efeito positivo no curto prazo, ainda

    suscitam alguma dvida quanto ao seu sucesso a longo prazo.

    Um ponto importante a se considerar adicionalmente a reestruturao da indstria automobilstica

    mundial, em particular a americana. A interveno governamental pode gerar a oportunidade para a

    introduo de tecnologias mais eficientes do ponto de vista ambiental e de consumo energtico no

    mercado americano. Nos pases emergentes com grande mercado consumidor (China, ndia e Brasil),

    pode haver uma expanso mais forte do setor automobilstico baseado em menores custos de

    produo (mo-de-obra, especialmente) e em inovaes (carros mais compactos e de menor preo,

    uso de combustveis menos poluentes, etc.). A forma que tomar essa reestruturao poder moldar

    de forma significativa a demanda de energia no futuro.

    Economia Nacional

    Com o forte impacto da crise no comrcio mundial e nas restries de crdito no fim de 2008 e incio

    de 2009, tanto o setor industrial, quanto as exportaes (manufaturados) e as importaes

    (especialmente, de bens de capital) foram muito prejudicados. Ainda pelo lado da demanda, vale

    destacar a contrao significativa ocorrida do investimento, cuja expanso nos ltimos anos vinha

    ocorrendo acima do PIB.

    1 O abalo verificado em setembro de 2008 foi, na realidade, a conjuno de eventos relacionados solvncia de importantes atores globais do sistema financeiro internacional, tais como a falncia do banco de investimento americano Lehman Brothers, o resgate da empresa de seguros norte-americana AIG e uma srie de intervenes dos governos dos EUA e da Europa em vrias de suas instituies financeiras.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Premissas bsicas

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    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    No entanto, o resultado mais recente do Produto Interno Bruto PIB, referente ao 3 trimestre de

    2009, reitera a importncia das polticas governamentais tomadas em resposta crise financeira

    internacional no que diz respeito s polticas fiscal (reduo seletiva de impostos) e monetria

    (reduo dos depsitos compulsrios e da taxa bsica de juros).

    Essas iniciativas do governo, aliadas aos fundamentos macroeconmicos construdos ao longo dos

    ltimos anos, contemplando um slido sistema bancrio, o respeito s regras contratuais, o bom

    desempenho da gesto macroeconmica, criaram condies para que o Brasil venha enfrentando a

    crise em posio muito menos vulnervel do que no passado.

    Dessa forma, de acordo com o consenso que ora emerge entre os analistas, a perspectiva de

    crescimento em 2010 bastante positiva, aps a desacelerao em 2009, fruto de uma expectativa

    de relativa estabilidade na economia mundial, dos efeitos defasados das polticas monetria e fiscal

    sobre a economia brasileira, alm do carregamento estatstico (carry over), por conta da acelerao da expanso no 2 semestre de 2009.

    Por fim, o sucesso em debelar os efeitos da crise e a significativa expanso da atividade econmica

    esperada para 2010 tm pavimentado a percepo relativamente disseminada entre os analistas de

    que um novo ciclo de crescimento forte e sustentado da economia brasileira esteja se consolidando

    para os prximos anos. O cenrio de referncia descrito a seguir tambm reflete, de modo geral, esta

    viso comum.

    1.2 Aspectos Qualitativos do Cenrio de Referncia

    Do ponto de vista qualitativo, o crescimento da economia brasileira continua a superar a mdia

    mundial, mesmo em um contexto internacional de expanso mais moderada como a do primeiro

    quinqunio, refletindo os desdobramentos da crise financeira internacional.

    No entanto, a trajetria de crescimento nacional no horizonte decenal est calcada na expectativa de

    que os pases emergentes (em particular a China) vo retomar o crescimento mais rapidamente do

    que os pases desenvolvidos e, dado seu padro de desenvolvimento, afetar positivamente setores em

    que o Brasil possui importantes vantagens comparativas como celulose, agropecuria, siderurgia e a

    indstria extrativa mineral. Adicionalmente, a manuteno (e eventual expanso) do investimento em

    infraestrutura e no setor habitacional nos prximos anos contribuir para um desempenho relativo

    melhor de setores como a construo civil.

    Este padro de crescimento caracterizado por avanos importantes na resoluo de gargalos na

    infra-estrutura, ainda que no sejam completamente superados no horizonte decenal, e pelo aumento

    da Produtividade Total dos Fatores (PTF), concentrado nos segmentos mais dinmicos da economia.

    Na questo energtica, o esforo domstico de aumento de reservas e produo de petrleo e gs

    elimina gradualmente os riscos de segurana de abastecimento, embora questes ambientais possam

    ganhar peso maior na deciso do aproveitamento timo dos recursos.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Premissas bsicas

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    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    1.3 Quantificao do Cenrio de Referncia

    Em sntese, o principal resultado da avaliao qualitativa2

    Tabela 1

    do cenrio considerado no PDE 2019 que

    se espera que o crescimento da economia brasileira esteja acima da mdia mundial nos prximos 10

    anos ( ), como j apontado em estudos anteriores da EPE.

    Tabela 1 Taxas de Crescimento do PIB (mdias no perodo)

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    1999-2003 2004-2008 2010-2014 2015-2019 PIB Mundial (% a.a.) 3,4 4,6 4,2 4, 0 PIB Nacional (% a.a.) 1,9 4,7 5,2 5,0

    Fonte: IBGE e FMI (dados histricos) e EPE (projees).

    A recuperao da economia mundial ao longo de 2009, em ritmo melhor do que o esperado, tem

    levado a uma reviso para cima da trajetria da economia mundial (FMI, 2010), embora deva ocorrer

    em um patamar menor do que o ltimo ciclo de crescimento. No entanto, o impacto decorrente dos

    desdobramentos da crise ainda est por vir: a maior regulao sobre o sistema financeiro

    internacional e os efeitos de polticas econmicas voltadas para a sustentao da solvncia do setor

    pblico3

    Dentre as principais variveis exgenas consideradas no Modelo de Consistncia Macroeconmica de

    Longo Prazo - MCMLP (

    reduzem parcialmente o montante de investimento disposio de projetos nos prximos 10

    anos. Com isto, a taxa mdia de crescimento do PIB mundial a partir do segundo quinqunio atinge a

    casa dos 4,0% ao ano.

    Tabela 2), vale destacar as trajetrias da taxa de poupana e da Produtividade

    Total dos Fatores (PTF).

    Tabela 2 Principais variveis exgenas (mdias no perodo)

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    1999-2003 2004-2008 2010-2014 2015-2019 Taxa de Poupana (% PIB) 14,0 17,6 19,9 22,0 Crescimento da PTF1 (% a.a.) -0,1 1,6 1,2 1,5

    Nota: (1) Para o clculo da PTF ver Souza Jr. (2005) Fonte: IBGE (dados histricos) e EPE (Projees).

    Neste cenrio, aps um leve aumento no primeiro quinqunio em relao aos patamares histricos, a

    taxa de poupana de longo prazo da economia brasileira avana mais significativamente no segundo

    perodo, especialmente por conta do sucesso em derrubar, ao longo do horizonte, as restries a uma

    poupana pblica mais elevada. Alm disso, contribui para aumento da taxa de poupana a maior

    lucratividade das empresas, j que uma parte dos investimentos financiada por lucros retidos.4

    2 A trajetria econmica para o PDE 2019 quantificada com base no modelo de consistncia macroeconmica de longo prazo (MCMLP), cuja descrio pode ser obtida em EPE (2007).

    3 Notadamente aps os significativos aportes governamentais para sustentar a atividade nos pases desenvolvidos. 4 Uma parte desta elevao na taxa de poupana domstica pode ocorrer mais rapidamente mesmo que as medidas no sentido de aumentar a propenso a investir da economia tenham efeito defasado ao longo de um perodo relativamente mais extenso, pois os agentes econmicos podem antecipar os desdobramentos positivos destas medidas sobre o crescimento no futuro.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Premissas bsicas

    20

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    J o crescimento da PTF est mais relacionado ao desempenho de setores especficos, especialmente

    aqueles em que o pas apresenta vantagem comparativa, no primeiro quinqunio, mas a forte

    evoluo do investimento, governada pela expectativa de crescimento continuado da economia

    brasileira, acaba gerando incentivos ao aumento da PTF na economia com um todo, em particular no

    segundo quinqunio.

    A trajetria do preo do petrleo fundamental para a projeo de diversos aspectos da demanda e

    da oferta de energia do Brasil e sua evoluo esperada (no que se refere ao tipo Brent) por

    quinqunio apresentada na Tabela 3.

    Tabela 3 Evoluo do Preo do Petrleo tipo Brent

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    1999-2003 2004-2008 2010-2014 2015-2019 Preo do Petrleo tipo Brent (US$ maio 2008/barril) 32,69 73,01 82,79 91,36

    Fonte: Elaborao EPE.

    Levando em considerao a trajetria de crescimento econmico mundial admitida neste PDE, prev-

    se, mesmo reconhecendo as diversas incertezas de mercado, a progressiva retomada do crescimento

    da demanda mundial de petrleo at 2012 e sua moderao a partir de ento. Essa tendncia de

    moderao da demanda de petrleo no final do horizonte do PDE reforada tambm pelas polticas

    de substituio de derivados e de eficincia energtica institudas pelos governos dos pases grandes

    consumidores de energia.

    No cenrio de oferta de petrleo, considera-se uma defasagem at 2013-2014 da expanso da oferta

    em relao recuperao da demanda por petrleo aps a superao da crise econmica

    internacional. Isto porque a forte queda da demanda por petrleo e as restries de crdito para

    financiar investimentos levaram ao cancelamento/adiamento de projetos de E&P em 2008-2009.

    Assim, acredita-se que, superada a crise, no haja tempo hbil para a retomada dos investimentos em

    ritmo compatvel com a recuperao da demanda, de tal forma que o mercado ficar novamente

    apertado at 2015. A prpria capacidade ociosa dos pases da OPEP, que cresceu em 2008-2009 em

    decorrncia da poltica de quotas de produo da organizao, cair para patamares mais modestos

    medida que a demanda por petrleo se recupere.

    Com essa evoluo do balano de oferta e demanda, haver um novo ciclo de alta de preos, com a

    cotao do petrleo Brent alcanando mais uma vez o patamar de US$ 100/b. A partir de 2015, a

    combinao de vrios efeitos dever levar a um novo balano de oferta-demanda de petrleo,

    amenizando os preos do petrleo: i) retomada e maturao de projetos de E&P, que haviam sido

    cancelados ou adiados por causa da crise; ii) moderao do crescimento econmico mundial; iii) o

    prprio efeito da alta de preos sobre a demanda de derivados; iv) a maturao de polticas de

    substituio de derivados e de eficincia energtica. Desta forma, as cotaes do Brent devero cair,

    nesse cenrio, abaixo do patamar de US$ 85/b no final do horizonte (a valores constantes de maio de

    2008).

    As taxas de investimento (em proporo ao PIB) requeridas para sustentar a taxa mdia de

    crescimento considerada no cenrio de referncia so apresentadas na Tabela 4, com elevao significativa da taxa mdia de investimento ao longo do horizonte. O redirecionamento dos fluxos

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Premissas bsicas

    21

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    internacionais de investimento para mercados com grande potencial de crescimento, menor taxa de

    juros real de equilbrio ao longo do horizonte de estudo, aplicao de maiores lucros retidos das

    empresas, entre outros fatores, explicam a elevao da taxa de investimento total em relao ao

    histrico recente. Destaca-se adicionalmente a importncia do investimento pblico em infraestrutura

    (BNDES, 2009) especialmente nos primeiros anos do horizonte decenal.

    Tabela 4 Investimento e PIB (mdias no perodo)

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    1999-2003 2004-2008 2010-2014 2015-2019 Taxa de Investimento Total (% PIB) (1) 16,2 16,9 20,3 22,0 Taxa de Investimento Pblico (% PIB) (1) (2) 1,8 2,1 2,8 3,0 Taxa de Crescimento do PIB (% a.a.) 1,9 4,7 5,2 5,0

    Notas: (1) Taxas de investimento a preos correntes (2) Inclui empresas estatais federais

    Fonte: IBGE e Ministrio do Planejamento (dados histricos) e EPE (projees).

    No quadro fiscal, como mostra a Tabela 5, em que pese um investimento pblico maior, a trajetria

    das principais variveis mostra um quadro relativamente controlado no pas, especialmente quando

    comparado com a situao de forte deteriorao dos dficits oramentrios em diversos pases em

    decorrncia da atuao agressiva dos governos para manter os nveis de demanda domstica. A

    reduo das taxas de juros reais diminui a importncia da conta de juros em relao ao PIB na

    dinmica de evoluo da dvida, o que abriria espao para uma eventual reduo do supervit

    primrio ao longo do horizonte. Por fim, a dvida lquida do setor pblico em proporo do PIB

    continua em queda ao longo de todo o horizonte decenal.

    Tabela 5 Indicadores Econmicos do Setor Pblico (mdias no perodo)

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    1999-2003 2004-2008 2010-2014 2015-2019 Supervit Primrio (% PIB) 3,5 4,1 2,5 2,0 Dficit Nominal (% PIB) 4,1 2,4 2,2 1,1 Dvida Lquida do Setor Pblico (% PIB) 48,2 44,8 40,2 31,5

    Fonte: Banco Central (dados histricos) e EPE (projees).

    J os resultados do setor externo so apresentados na Tabela 6.

    Tabela 6 Indicadores Econmicos do Setor Externo (mdias no perodo)

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    1999-2003 2004-2008 2010-2014 2015-2019 Exportaes (US$ bilhes) 59,0 142,2 207,7 302,3 Importaes (US$ bilhes) 51,2 104,3 222,6 295,1 Balana Comercial (US$ bilhes) 7,7 37,9 -14,9 7,1 Investimento Externo Direto (US$ bilhes) 22,1 26,3 45,2 50,0 Saldo em Transaes Correntes (% PIB) -2,6 0,6 -3,4 -1,7

    Fonte: Banco Central (dados histricos) e EPE (projees).

    A recente crise financeira afeta especialmente as exportaes no primeiro quinqunio. Ainda assim,

    quando comparadas ao histrico, as mdias do volume exportado crescem, e mais fortemente no

    segundo quinqunio, refletindo o padro de crescimento econmico mundial e as vantagens

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    comparativas do pas. J as importaes continuam crescendo em funo da expanso econmica

    domstica. Com isso, o saldo da balana comercial atinge valores negativos j no primeiro quinqunio.

    A evoluo do investimento externo direto (IED) tambm condicionada pelo bom posicionamento de

    alguns setores da economia brasileira nos mercados mundiais, o que cria incentivos atrao de

    investimentos externos j nos primeiros cinco anos do horizonte, e depois cresce mais com a

    continuidade do crescimento econmico brasileiro.

    J o saldo em transaes correntes volta a ficar deficitrio. Contudo, importante notar que, quando

    comparados ao PIB, os dficits projetados ainda continuam relativamente confortveis do ponto de

    vista do seu financiamento nos mercados internacionais, ainda mais levando-se em conta o influxo

    esperado de IED no horizonte decenal.

    A evoluo setorial do PIB tambm reflete os impactos da crise financeira. Em particular, a indstria

    tem sido o setor mais afetado, esperando-se uma trajetria de recuperao mais lenta no primeiro

    quinqunio e mais intensa no segundo perodo.

    Nesse sentido, os segmentos de siderurgia, celulose, extrativa mineral e a agroindstria que

    apresentam vantagens comparativas e que so puxados pelas demandas dos pases emergentes mais

    dinmicos continuam a se beneficiar da recuperao econmica baseada no desempenho dos pases

    emergentes. No caso dos segmentos mais ligados dinmica de expanso domstica, o crescimento

    se concentra naqueles que esto relacionados infraestrutura e construo civil, refletindo a

    melhoria nas condies de crdito de longo prazo e em programas governamentais de incentivo a

    esses segmentos, ao longo do tempo.

    As projees decenais das participaes relativas setoriais na economia e na indstria so

    apresentadas na Tabela 7.

    Tabela 7 Participao Setorial Relativa

    Participao Relativa Histrico Projeo

    1999-2003 2004-2008 2010-2014 2015-2019

    % PIB nacional Agropecuria 6,2 6,2 5,9 6,0 Indstria 27,1 28,8 26,6 27,3 Servios 66,7 65,0 67,6 66,7

    % PIB Indstria Extrativa 5,4 9,0 13,3 14,4 Transformao 63,0 60,9 56,4 54,7 Construo Civil 19,5 17,2 18,8 19,4 Prod. e Dist. de energia eltrica, gua e gs 12,1 12,9 11,5 11,5

    Fonte: IBGE (dados histricos) e EPE (projees).

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    2. Premissas Demogrficas

    Ao longo das ltimas dcadas, o Brasil tem passado por profundas transformaes no seu perfil

    demogrfico, no s em termos da dinmica de crescimento populacional, mas tambm com relao

    sua distribuio espacial, ao seu rpido processo de urbanizao, pirmide etria, entre outros

    aspectos.

    Por sua vez, esses diferentes aspectos da evoluo demogrfica, por conta dos seus importantes

    efeitos sociais e econmicos, acabam se refletindo de forma significativa em termos do consumo de

    energia. Assim sendo, preocupao bsica de qualquer estudo prospectivo da demanda de energia

    estabelecer premissas com relao ao comportamento futuro da populao.

    Nesta seo apresenta-se uma reviso significativa dos nmeros divulgados no PDE 2008-2017 sobre

    as projees sociodemogrficas de interesse para o planejamento energtico. As novas estimativas

    levam em conta a atualizao das projees do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE,

    2008) baseadas na identificao das tendncias demogrficas observadas nos ltimos anos, tais como

    a reduo das taxas de fecundidade e de mortalidade, envelhecimento da populao brasileira e, em

    particular, uma taxa mdia de crescimento populacional consideravelmente menor.5

    Alm disso, objetivando a compatibilizao com os estudos de planejamento energtico, os nmeros

    divulgados pelo IBGE foram ajustados de forma que os dados populacionais tenham como referncia

    a data de 31 de dezembro de cada ano.

    6

    As projees da populao total residente e de domiclios do pas e desagregada por regies

    geogrficas so apresentadas na sequncia.

    2.1 Projeo da Populao Total Residente

    Conforme observado na Tabela 8, estima-se que o crescimento populacional brasileiro nos prximos

    10 anos ser maior nas regies Norte e Centro-Oeste, aumentando a participao dessas duas regies

    no total da populao do pas, mantendo, assim, a tendncia histrica verificada nos ltimos anos.

    Este ganho, entretanto, no ser suficiente para provocar uma mudana estrutural na diviso

    populacional do pas no horizonte decenal: no fim do perodo, a regio Sudeste continuar a ser a

    grande concentradora da populao nacional, com 42% de toda populao do pas, enquanto as

    regies Norte e Centro-Oeste correspondero, juntas, a apenas 15%.

    5 Para exemplificar a ordem de grandeza destas mudanas, a nova projeo de populao para 2030 considerada pelo IBGE cerca de 20 milhes de habitantes menor do que a estimada previamente. 6 Os dados divulgados pelo IBGE so referidos data de 1 de julho dos respectivos anos.

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    Tabela 8 Brasil e Regies, 2010-2019: Projeo da Populao Total Residente (mil hab)

    Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

    2010 15.663 54.294 81.932 28.028 14.174 194.091 2014 16.371 55.934 84.307 28.750 14.825 200.186 2019 17.110 57.649 86.788 29.504 15.505 206.556

    Variao (% ao ano)*

    2010-2014 1,1 0,7 0,7 0,6 1,1 0,8 2015-2019 0,9 0,6 0,6 0,5 0,9 0,6 2010-2019 1,0 0,7 0,6 0,6 1,0 0,7

    Estrutura de Participao (%)

    2010 8,0 28,0 42,2 14,5 7,3 100,0 2014 8,2 27,9 42,1 14,4 7,4 100,0 2019 8,3 27,9 42,0 14,3 7,5 100,0 Nota: Populao em 31 de dezembro.

    (*) Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014 Fonte: Elaborao EPE.

    2.2 Projeo do Nmero de Domiclios

    O nmero de domiclios estimado com base na relao habitante/domiclio, um indicador cuja

    evoluo pode ser extrada dos censos realizados nos anos 1970, 1980, 1991 e 2000. No Brasil,

    espera-se que este valor atinja 2,8 habitantes por domiclio no final do horizonte decenal.

    A tendncia decrescente da relao do nmero de moradores por domiclio se deve especialmente

    queda mais expressiva do crescimento populacional que, por sua vez, reflexo, como visto, da queda

    da taxa de fecundidade total. Entender as perspectivas de evoluo dessa relao fundamental j

    que, aplicada evoluo da populao do IBGE, possibilita estimar o nmero total de domiclios,

    varivel fundamental para a projeo do consumo residencial de energia.

    Na Tabela 9 so apresentados os resultados das projees do nmero total de domiclios particulares

    permanentes do Brasil e das regies para o perodo de 2009 a 2018.

    Tabela 9 Brasil e Regies, 2010-2019: Projeo do Nmero de Domiclios (mil)

    Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

    2010 4.259 15.295 27.152 9.591 4.547 60.844 2014 4.725 16.660 29.692 10.533 5.051 66.662 2019 5.305 18.384 32.917 11.723 5.663 73.992

    Variao (% ao ano)*

    2010-2014 2,6 2,2 2,3 2,4 2,7 2,3 2015-2019 2,3 2,0 2,1 2,2 2,3 2,1 2010-2019 2,5 2,1 2,2 2,3 2,5 2,2

    Estrutura de Participao (%) 2010 7,0 25,2 44,7 15,8 7,4 100,0 2014 7,1 25,0 44,6 15,8 7,6 100,0 2019 7,2 24,9 44,5 15,8 7,6 100,0 Notas: Domiclios em 31 de dezembro. Fonte: Elaborao EPE.

    (*) Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014

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    De acordo com as projees, tem-se um aumento de participao das regies Norte e Centro-Oeste

    no nmero total de domiclios do pas em detrimento das regies Nordeste e Sudeste. A regio Sul

    mantm sua participao em 15,8% do total de domiclios.

    3. Premissas Setoriais

    3.1 Expanso da atividade industrial

    Com a retrao do comrcio internacional provocada pela crise financeira internacional houve a

    necessidade de reviso dos cenrios de expanso dos respectivos segmentos industriais, no apenas

    pelo efeito direto de reduo da demanda externa, como tambm pelo efeito indireto das relaes

    intersetoriais. Por exemplo, a indstria siderrgica foi um dos segmentos mais fortemente atingidos,

    incluindo a sua cadeia a montante (minrio de ferro, pelotizao, ferroligas) e a jusante (produtos do

    ao).

    De modo geral, as projees setoriais de demanda de energia so elaboradas de acordo com o

    segmento industrial em estudo, partindo-se do seguinte conjunto de premissas:

    Para os setores que englobam uma gama de produtos mais heterognea (por exemplo, qumica, alimentos e bebidas, txtil, cermica, outras indstrias, no-ferrosos, excluindo-se alumnio, alumina e cobre, e outros da metalurgia), utiliza-se como premissa a evoluo do valor adicionado setorial proveniente do cenrio macroeconmico estabelecido como referncia pela EPE, de acordo com a abertura setorial contida no Balano Energtico Nacional BEN (EPE, 2008b);

    Para os setores com produo mais homognea (por exemplo, alumnio/alumina/cobre, siderurgia, ferroligas, papel/celulose e cimento), as principais premissas referem-se s perspectivas de expanso da capacidade instalada de produo de cada setor, compatveis com o cenrio macroeconmico adotado, dinmica dos mercados interno e externo dos respectivos produtos e ao comportamento da demanda interna frente ao crescimento da economia.

    Para as indstrias de alumnio (incluindo alumina e bauxita), siderurgia (ao bruto), ferroligas,

    pelotizao, cobre, celulose e papel, soda-cloro, petroqumica e cimento, so realizados estudos

    especficos7

    As perspectivas de expanso da capacidade instalada contemplaram a anlise crtica de informaes

    obtidas junto rea de Estudos Setoriais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social

    (BNDES) e a associaes de classe dos diversos grupos industriais, bem como informaes divulgadas

    na mdia em geral. As premissas de expanso de capacidade instalada e produo fsica para os

    grandes consumidores industriais de energia (entre os quais se destacam a indstria do cobre, que

    triplica no perodo decenal e as indstrias siderrgica e de celulose, cujas produes crescem

    aproximadamente 125% e 100%, respectivamente) so apresentadas na

    relativos ao consumo de eletricidade, dado que esses segmentos so responsveis por

    cerca de 40% do consumo industrial de energia eltrica.

    Tabela 10, enquanto a

    7 Esses estudos especficos englobam tanto as perspectivas de expanso da capacidade instalada de produo desses setores quanto a projeo da produo fsica a eles associada e a evoluo dos respectivos consumos especficos de eletricidade.

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    Tabela 11 mostra a evoluo dos consumos especficos mdios de eletricidade desses grandes

    consumidores industriais.

    Tabela 10 Grandes Consumidores Industriais: Capacidade instalada e produo fsica (mil t/ano)

    Setor

    Capacidade instalada (1) Produo fsica 2010 2014 2019 2010 2014 2019

    Bauxita 31.435 43.394 53.394 29.863 41.224 50.724 Alumina 9.418 13.409 16.769 8.947 12.738 15.930 Alumnio 1.610 1.738 2.155 1.530 1.668 2.069 Siderurgia 44.030 57.120 78.600 32.142 52.550 72.312 Ferroligas 1.406 1.562 1.962 1.125 1.484 1.864 Pelotizao 54.250 68.000 83.500 46.113 64.600 79.325 Cobre 776 1.786 2.358 699 1.696 2.240 Soda-Cloro 1.724 2.172 2.882 1.552 2.020 2.681 Petroqumica 3.790 5.190 5.790 3.544 4.931 5.501 Celulose 15.131 20.381 28.931 13.149 19.415 28.041 Pasta mecnica 520 520 820 494 504 795 Papel 11.112 14.239 19.854 10.000 13.100 18.266 Cimento(2) - - - 54.106 70.039 95.127

    Notas: (1) As capacidades instaladas e produes dos setores de siderurgia, soda-cloro e petroqumica so referentes aos respectivos produtos: ao bruto, soda custica e eteno.

    (2) Admitiu-se que o setor de cimento, que tradicionalmente vem operando com excesso de capacidade instalada, se adequar ao atendimento da expanso da demanda interna.

    Fonte: Elaborao EPE.

    Vale observar que o consumo especfico de eletricidade no segmento de ferroligas aumenta ao longo

    do horizonte, dado que o cenrio de expanso deste setor contempla participao crescente de

    ferronquel, cujo consumo especfico oscila entre 13,0 e 13,5 MWh/t, bem superior ao consumo mdio

    do segmento.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Premissas bsicas

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    Tabela 11 Grandes Consumidores Industriais: Consumo especfico mdio de eletricidade (kWh/t)

    Setor 2010 2014 2019 Bauxita 13 13 13 Alumina 298 296 293 Alumnio 14.767 14.650 14.486 Siderurgia 498 485 461 Ferroligas 7.161 7.505 8.204 Pelotizao 49 48 48 Cobre 1.555 1.511 1.495 Soda-Cloro 2.725 2.663 2.601 Petroqumica 1.581 1.588 1.579 Celulose 883 871 864 Pasta mecnica 2.187 2.171 2.153 Papel 695 688 681 Cimento 99 98 97

    Fonte: Elaborao EPE.

    3.2 Expanso da atividade no setor residencial

    No setor residencial brasileiro, destacam-se os consumos de eletricidade, gs liquefeito de petrleo

    (GLP) e lenha. Enquanto o consumo de eletricidade significativo para o uso de eletrodomsticos e

    outros equipamentos, o consumo de lenha e GLP, por exemplo, tem uma aplicao importante no

    atendimento da demanda por coco e aquecimento de gua.

    Em relao s perspectivas de expanso, a evoluo do consumo do setor residencial est relacionada

    ao aumento no nmero de domiclios e posse de equipamentos. No que tange ao incremento no

    nmero de domiclios atendidos pelo servio de energia eltrica ao longo do horizonte de anlise,

    admitiu-se o pleno sucesso do Programa Luz para Todos no ano de 2010. Com isto, o nmero de

    domiclios particulares permanentes com energia eltrica partir de 55 milhes de unidades no ano de

    2007 para cerca de 74 milhes de unidades em 2019.

    Com relao posse de equipamentos eletrodomsticos, admitiu-se que o aumento da renda per

    capita indutor da expanso do estoque desses equipamentos nos domiclios. A projeo do estoque

    realizada a partir da diferena entre a estimativa de evoluo das vendas e o sucateamento dos

    equipamentos considerados, admitindo-se a premissa geral de que ao final da vida til eles so

    substitudos por outros mais eficientes. Desta forma, o estoque se expande e se torna cada vez mais

    eficiente.

    Quanto utilizao de outros energticos nos domiclios, especialmente para usos trmicos, admitiu-

    se que o gs natural ir deslocar pequena parcela do gs liquefeito de petrleo, em decorrncia da

    expanso da malha de distribuio.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Demanda de energia

    28

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    II DEMANDA DE ENERGIA

    este captulo apresentada uma sntese do procedimento metodolgico utilizado para a

    elaborao da projeo de demanda dos diversos energticos, tendo como base as premissas

    indicadas no captulo anterior. So tambm consolidados os resultados obtidos para o consumo

    final energtico por tipo de fonte.

    1. Etapas do processo

    O detalhamento das premissas scio-demogrficas, do contexto macroeconmico mundial e nacional

    e de seus respectivos impactos est registrado no captulo I. Alm desses fatores, as projees de

    demanda de energia para o PDE 2019 apoiaram-se tambm na reviso das perspectivas de expanso

    de atividade nos diversos setores de consumo de energia, bem como na maneira como a energia

    dever ser usada neste horizonte. Assim, o processo de previso da demanda compreendeu o

    seguinte conjunto de etapas:

    Anlise do ano base das projees, a partir da compilao dos dados de oferta e demanda de energia disponveis no Balano Energtico Nacional 2009, ano base 2008 e do seu vnculo com o contexto macroeconmico;

    Reviso, a partir da interao com indstrias, associaes de classe, agentes do setor energtico brasileiro e com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), das premissas setoriais que contemplam as perspectivas de expanso de capacidade produtiva de segmentos industriais que so grandes consumidores de energia. Adicionalmente, avaliao do impacto do cenrio sobre o nvel de atividade no setor agropecurio, de servios e sobre o perfil de consumo das famlias no horizonte decenal;

    Projeo da demanda de energia por fonte neste horizonte;

    Consolidao da demanda de energia e elaborao de matrizes que relacionam as principais classes de consumo com as demandas projetadas de cada um dos energticos para anos selecionados.

    A Figura 2 exibe a inter-relao entre as etapas do processo de projeo de demanda de energia no

    horizonte decenal.

    N

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Demanda de energia

    29

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    Figura 2 Representao do processo adotado para a projeo da demanda de energia do PDE 2019

    O processo permite obter a demanda setorial de energia por fonte energtica, em mbito nacional.

    Energticos como a eletricidade, o gs natural e alguns derivados de petrleo, como o leo

    combustvel e o leo diesel, requerem maior grau de informao com relao localizao destas

    demandas por conta de implicaes na logstica de suprimento associada. Neste caso, demandas

    regionais so utilizadas para subsidiar estudos mais detalhados de expanso da oferta de energia no

    pas no horizonte decenal.

    Neste captulo, sero apresentados os principais resultados obtidos nas projees de demanda de

    energia, tendo como base as premissas descritas no captulo I.

    2. Projeo Consolidada do Consumo Final por Fonte

    Neste tpico apresentada a projeo consolidada da demanda total de energia para o perodo 2010-

    2019, contemplando o consumo final energtico associado ao cenrio macroeconmico de referncia

    (Tabela 12).

    O incremento anual mdio do PIB brasileiro no decnio 2010-2019 de 5,1%, e do consumo de

    energia, 5,9%, resultando em uma elasticidade-renda de 1,16 para o perodo. A intensidade

    energtica sobe durante o primeiro quinqunio, passando de 0,071 tep/10 R$ [2008] para 0,074

    tep/10 R$ [2008] em 2014, e depois se estabiliza em torno deste valor at o fim do horizonte.

    CenriosMundiais

    CenriosNacionais

    ConsistnciaMacroeconmica

    Mdulo Macroeconmico

    Estudos daDemanda

    Premissas setoriaisDemografiaEficinciaMeio Ambiente

    IndstriaAgropecuriaComrcio/serviosResidencialTransportesGerao termeltricaSetor energtico

    Uso energtico:Gs naturalNaftaNo energticos depetrleo (solventes,lubrificantes, asfaltos e outros)

    Uso no energtico:

    Projees de demanda

    Input para estudode oferta

    CenriosMundiais

    CenriosNacionais

    ConsistnciaMacroeconmica

    Mdulo Macroeconmico

    CenriosMundiais

    CenriosNacionais

    ConsistnciaMacroeconmica

    Mdulo Macroeconmico

    Estudos daDemanda

    Premissas setoriaisDemografiaEficinciaMeio Ambiente

    Premissas setoriaisDemografiaEficinciaMeio Ambiente

    IndstriaAgropecuriaComrcio/serviosResidencialTransportesGerao termeltricaSetor energtico

    IndstriaAgropecuriaComrcio/serviosResidencialTransportes

    IndstriaAgropecuriaComrcio/serviosResidencialTransportesGerao termeltricaSetor energtico

    Uso energtico:Gs naturalNaftaNo energticos depetrleo (solventes,lubrificantes, asfaltos e outros)

    Gs naturalNaftaNo energticos depetrleo (solventes,lubrificantes, asfaltos e

    Gs naturalNaftaNo energticos depetrleo (solventes,lubrificantes, asfaltos e outros)

    Uso no energtico:

    Projees de demanda

    Input para estudode oferta

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Demanda de energia

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    Tabela 12 Economia e Consumo Final Energtico 2010-2019

    Discriminao 2010 2014 2019 Variao anual*

    2010/ 2015/ 2010/ 2014 2019 2019

    PIB (109 R$ [2008]) 3.201 3.891 4.966 5,2 5,0 5,1

    Populao Residente (10 habitantes) 194.091 200.186 206.556 0,8 0,6 0,7

    PIB per capita (R$ [2008]/hab/ano) 16.493 19.437 24.042 4,4 4,3 4,4

    Consumo Final Energtico 10 tep 228.009 289.216 365.682 7,1 4,8 5,9

    Consumo Final de energia per capita (tep/hab/ano) 1,175 1,445 1,770 6,2 4,1 5,2

    Intensidade Energtica da Economia (tep/10R$ [2008]) 0,071 0,074 0,074 - - -

    Elasticidade-renda do consumo de energia(1) - - - 1,36 0,96 1,16

    Notas: Os valores de consumo final incluem o consumo do setor energtico. (1) O valor de elasticidade-renda refere-se sua mdia no perodo indicado. (*) Variaes mdias anuais nos perodos indicados, a partir de 2009 e 2014. Para o PIB considerou-se crescimento

    prximo de zero em 2009, 6% em 2010 e 5% ao ano a partir de 2011. Fonte: EPE

    O valor da elasticidade-renda do consumo final energtico no perodo 2010-2014, de 1,36, apesar da

    influncia do ano-base de 2009 com consumo deprimido em funo da crise financeira internacional,

    pode afigurar-se elevado na comparao com as elasticidades verificadas na maior parte do perodo

    histrico, assim como no confronto com a elasticidade da demanda de eletricidade, de 1,11 no mesmo

    perodo (Tabela 14). De fato, na maior parte do tempo, a demanda de energia eltrica tem crescido

    mais do que o consumo final energtico semelhana do que ocorre na maioria dos pases.

    No perodo 2003-2008, para um crescimento mdio do PIB de 4,2% ao ano, a elasticidade da

    demanda de energia foi de 1,00 contra uma elasticidade da demanda de eletricidade de 1,13.

    Contudo, nos anos mais recentes desse perodo, as elasticidades-renda da demanda de energia e do

    consumo de eletricidade foram se aproximando e se igualaram (a 0,96) no perodo 2005-2008. Por

    sua vez, nos ltimos trs anos do perodo, isto , 2006-2008, em que a economia cresceu 5,1% ao

    ano, a elasticidade da demanda de energia (1,00) ultrapassou a elasticidade da demanda de energia

    eltrica (0,89).

    No de se esperar que o padro dos ltimos trs anos se reproduza regularmente no futuro. No

    entanto, no primeiro quinqunio do perodo decenal, a demanda de energia crescer a um ritmo mais

    acelerado do que o consumo de eletricidade, em funo das especificidades do cenrio de expanso

    da indstria nesse horizonte. Algumas das premissas que justificam esse comportamento so listadas

    a seguir:

    O consumo de gs natural cresce acentuadamente em razo da expanso do refino e da indstria de insumos para fertilizantes (produo de amnia e uria), que no encontra paralelo no passado recente;

    Registra-se expressivo crescimento do consumo de carvo mineral e coque de carvo, devido expanso da indstria siderrgica concentrada na rota tecnolgica constituda por usinas

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2019 Demanda de energia

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    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    integradas a coque, para as quais a eletricidade representa, em mdia, pouco mais de 3% do consumo total de energia