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UNIDADE ECLESIÁSTICA Como superar seus desafios e conflitos março-abril de 2013 O batismo de Cristo e seu significado hoje, p. 12 Crescimento de igreja: O binômio da multiplicação, p. 24 Uma revista para pastores e líderes de igreja

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  • UNIDADE ECLESISTICAComo superar seus desafios e conflitos

    maro-abril de 2013

    O batismo de Cristo e seu significado hoje, p. 12 Crescimento de igreja: O binmio da multiplicao, p. 24

    Uma revista para pastores e lderes de igreja

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  • SALA PASTORAL

    iante de abordagens extrabblicas sobre a nu-trio da vida espiritual, faria bem aos cris-tos compreender o verdadeiro conceito da

    espiritualidade bblica. No caso de a experimentarmos, de que modo ela se manifesta? Numa dimenso mera-mente vertical (como compreendemos e crescemos em Cristo)? Ou numa dimenso tambm horizontal (como nos relacionamos com outras pessoas)? Quero sugerir quatro efeitos da verdadeira espiritualidade bblica, es-pecialmente no que se relaciona com pastores.

    Amor pelo Deus da Palavra. To importante como estu-dar a Bblia diariamente o perigo de algum transformar esse estudo em uma forma de salvao pelas obras, apenas mais um item da agenda, que tem de ser cumprido. Ademais, estu-dar as Escrituras sem completa submisso guia do Esprito San-to pode levar o estudante mera busca de confirmao para suas pressuposies ou ideias sobre determinado assunto.

    Certamente, ler a Palavra faz com que obtenhamos in-formaes sobre Deus; mas no nos leva necessariamente a nos apaixonarmos por Jesus. Embora raramente admitida, existe a possibilidade de que algum possa amar a Palavra de Deus sem amar o Deus da Palavra. Paulo falou da possi-bilidade de perda espiritual, pelo fato de os seres humanos rejeitarem o amor verdade que os poderia salvar (2Ts 2:10). A espiritualidade bblica me compele a amar de todo o meu corao o Deus da Palavra.

    Rendio total vontade de Deus. Se o amor ao eu foi o alicerce do primeiro pecado de Ado, compreen-svel que o egosmo seja nosso maior inimigo interno. Como pastores e pregadores, enfrentamos as mesmas tentaes; por exemplo, comparar o tamanho de nossa congregao com o de outras, focalizar sobre nossos ttulos e formao acadmica, entre outras.

    Durante a ltima noite de Jesus na Terra, Ele abriu o corao diante do Pai, em orao; mas terminou a prece dizendo: Contudo, no seja feita a Minha vontade, mas a Tua (Lc 22:42). Assim, entregou Seu caminho, Sua vida,

    ao plano de Deus para Ele. A espiritualidade bblica nos motiva a no buscar o caminho de menor esforo, mas a trilhar o caminho que Deus traou para ns, indepen-dentemente das aparentes inconvenincias.

    Aplicao da regra urea. Ainda na infncia, fui ensi-nado a decorar Mateus 7:12. Isso significa que eu sempre devia me colocar no lugar do outro e perguntar a mim mes-mo como gostaria de ser tratado, estando em igual situao. Fazer isso exige autossacrifcio; que eu abra meus olhos para ver outros, que suas necessidades podem ser mais prementes que as minhas. Requer que desviemos o foco de ns mesmos bem como de nossos interesses pessoais.

    Jesus estabeleceu o modelo de verdadeiro servio, no trato com Seus discpulos: Como o Filho do homem, que no veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos (Mt 20:28). A espiritualidade bblica requer que vivamos o ensinamento de Paulo: Nada faam por ambio

    egosta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos (Fp 2:3).

    Obedincia. Esse conceito envolve tudo desde a in-condicional e completa fidelidade vontade de Deus, resultante de nosso amor por Ele (Jo 14:15), misso de fazer discpulos (Mt 28:19). Alguns gostam de enfatizar o modelo apresentado em Atos 6, que reala a necessidade pastoral de investir tempo em orao e no ministrio da Palavra. Porm, falham em no acentuar devidamente o modelo de Jesus um Pastor que gasta tempo com pessoas que vagueiam como ovelhas sem pastor (Mt 9:36). A espiritualidade bblica nos inspira a seguir unicamente o mtodo de Cristo, o qual leva ao verdadeiro sucesso, e que envolve nossa interao com os perdidos, desejando o melhor para eles, conquistando a confiana deles antes de convid-los a seguir a Cristo (A Cincia do Bom viver, p. 143).

    Minha orao para que minha vida pessoal e profis-sional esteja alinhada com a vontade de Deus. Anseio pela verdadeira espiritualidade bblica! Que essa tambm seja a esperana e a orao de todos os ministros do evangelho.

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    Efeitos da espiritualidade bblica

    O estudo da Bblia deve alinhar nossa vida com a

    vontade de Deus

    Editor associado de Ministry

    Willie E. Hucks IIUma publicao da Igreja Adventista do Stimo Dia

    Ano 85 Nmero 505 mar/abr 2013 Peridico Bimestral ISSN 2236-7071

    Editor:Zinaldo A. Santos Editor Associado:Mrcio NastriniAssistente de Editoria:Lenice F. Santos

    Chefe de Arte:Marcelo de SouzaProjeto Grfico:Marcos SantosFotos:Capa - denis_pc | FotoliaEditor - Daniel OliveiraAutores - cortesia e Ministry

    Colaboradores Especiais:Carlos Hein; Rafael Rossi; Jerry Page; Derek Morris

    Colaboradores: Antnio Moreira; Bolvar Alaa; Carlos Sanchez; Daniel Marin; Edilson Valiante; Elizer Jnior; Eufracio Quispe: Geovane Souza; Horcio Cayrus; Jair Garcia Gis; Je Caetano; Jim Galvo; Leonino Santiago; Salomn Arana.

    Diretor Geral:Jos Carlos de Lima Diretor Financeiro:Edson Erthal de Medeiros Redator-Chefe:Rubens S. Lessa

    SERvIo DE AtENDImENto Ao ClIENtEligue Grtis: 0800 979 06 06Segunda a quinta, das 8h s 20hSexta, das 7h30 s 15h45Domingo, das 8h30 s 14hSite: www.cpb.com.brE-mail: [email protected]

    Ministrio na Internet: www.dsa.org.br/revistaministerio www.dsa.org.br/revistaelministerioRedao: [email protected]

    Todo artigo, ou correspondncia, para a revista Ministrio deve ser enviado para o seguinte endereo: Caixa Postal 2600 70279-970 Braslia, DF

    Assinatura: R$ 54,90Exemplar Avulso: R$ 11,30

    CASAPUBlICADoRABRASIlEIRA

    Editora da Igreja Adventista do Stimo DiaRodovia SP 127 km 106 Caixa Postal 34 18270-970 Tatu, SP

    Todos os direitos reservados. Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer

    meio, sem prvia autorizao escrita do autor e da Editora.

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  • nquanto escrevo este editorial, h um jovem brasileiro desaparecido, faz alguns dias, nas montanhas do Peru. Demonstrando otimismo, mas indubitavelmente aflitos, os pais empreendem todo esforo

    possvel a fim de encontr-lo, num desfecho que, neste momento, pode ser pintado a bel prazer da nossa imaginao. Esses pais no so os primeiros nem os nicos a viver a angustiante expectativa envolvida na busca de um filho perdido. Infelizmente, sabemos que notcias nesse sentido so frequen-tes e as causas podem ser atribudas tanto s aventuras perigosas, em busca do desconhecido, como violncia sequestro, por exemplo. Quo indes-critivelmente intensa deve ser a alegria do encontro com o perdido! Quo igualmente indescritvel deve ser a tristeza de no conseguir resgat-lo, ou de encontr-lo sem vida!

    Diante disso, podemos indagar a ns mesmos: De que modo reagiramos, caso estivssemos envolvidos em situao semelhante? Qual seria nossa prio-ridade, se soubssemos que um filho est perdido? Com quanta intensidade e dedicao oraramos e o buscaramos? nesse ponto que nos deparamos uma vez mais com o desmedido interesse de Deus em salvar uma pessoa. Aqui, temos uma plida ideia do intenso jbilo no Cu por um pecador que se arrepende (Lc 15:7), e do angustiante lamento de Jesus sobre Jerusalm (Lc 13:34). Acaso, temos ns alimentado o mesmo sentimento em relao aos que se encontram perdidos, longe de Deus? Como resumiu um pregador, se um homem pode estar perdido ou salvo por toda a eternidade (e ele pode), ento a coisa mais importante do mundo traz-lo a Jesus Cristo.

    Consequentemente, evangelizao no apenas um programa opcional da igreja, mas um estilo de vida que se expressa em ao redentora. a paixo que levou Paulo a dizer: Ai de mim se no pregar o evangelho! (1Co 9:16) e levou David Brainerd a tossir sangue dos pulmes tuberculosos, quando sobre a neve orava pela converso de uma tribo indgena. Evangelizao a paixo que custou a Deus o prprio Filho, e custou ao Filho feridas profundas, escr-nio, suor, sangue e morte humilhante, para ver em cada deciso de aceit-Lo como Salvador o penoso trabalho de Sua alma e ficar satisfeito (Is 53:11).

    Ainda seminarista, ouvi um notvel evangelista definir evangelismo como assalto ao inferno a fim de resgatar pessoas raptadas pelo inimigo e por ele destinadas perdio. Nesse assalto, podemos esperar todas as reaes, obstculos externos e internos engendrados pelo inimigo. Porm, trabalhan-do unidos, em orao e sob o poder do Esprito Santo, testemunharemos as maravilhas operadas por Deus e seremos participantes do glorioso desfecho.

    Zinaldo A. Santos

    Tudo por um resgate

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    EDITORIALUma publicao da Igreja Adventista do Stimo Dia

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  • 10 CRISTOS NO MUNDO PS-MODERNO Como aproveitar as oportunidades que o ps-modernismo oferece ao evangelismo.

    12 DEIXA POR ENQUANTOQue significa o batismo de Cristo, hoje, para o cristo?

    15 ESTRATGIA TRANSFORMADORAUm mtodo infalvel para fazer a igreja crescer.

    17 EM DEFESA DA UNIDADEComo superar conflitos na igreja.

    21 HISTRIA DE DUAS IMAGENS O que a imagem da besta tem que ver com a esttua de Nabucodonosor.

    24 O BINMIO DA MULTIPLICAO Telogo revela dois fatores indispensveis ao crescimento da igreja.

    27 O PASTOR QUE A IGREJA ESPERA A vida ministerial envolve compromisso incondicional com o Reino de Deus.

    32 QUESTO DE ATITUDE possvel manter sempre a mentalidade voltada para o xito.

    SEES

    2 SALA PASTORAL

    3 EDITORIAL

    5 ENTREVISTA

    8 AFAM

    30 MURAL

    34 RECURSOS

    35 DE CORAO A CORAO

    necessrio que haja pastores que

    modelem a si mesmos e o ministrio que

    realizam, de acordo com o padro do

    Pastor-Chefe. Afinal, o clamor da igreja por

    pastores legtimos. E. Glenn Wagner

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  • Embaixador vitalcio

    Sem remorsos, abandonei o sonho de ser diplomata brasileiro, para trabalhar em favor do Reino celestial, at morte, ou at que Jesus venha

    falecida num acidente automobilsti-co quando estudava na Universidade Adventista del Plata, na Argentina em 1999, perto de completar 21 anos. Jubilado no incio deste ano, o pastor Aliomar compartilha nesta entrevista um pouco da experincia adquirida ao longo de 40 anos de mi-nistrio ativo.

    Ministrio: Quais so seus senti-mentos neste incio de jubilao do tra-balho pastoral?

    Aliomar: muito bom olhar pa-ra trs e ter o sentimento de dever cumprido, sentir-se imensamente

    ENTREVISTA ALIOMAR MOURA E ARAJO

    do Reino celestial. Depois de alguma relutncia, aceitou o chamado e ini-ciou a carreira ministerial em 1972, tendo concludo o curso teolgico, no Instituto Adventista de Ensino, atual Unasp, campus de So Paulo. Alm desse preparo ministerial bsi-co, Aliomar estudou Lnguas Orien-tais (hebraico), na Universidade de So Paulo, e Letras, na Universidade Federal da Bahia. Tambm concluiu o mestrado em Teologia, no IAE, em 1984. De seu casamento com a enfermeira Nilza Boreli Tormes, em 1974, nasceram dois filhos: Nilton, advogado em Salvador, BA, e Alini,

    ilho de pais catlicos pra-ticantes, o pastor Aliomar Moura e Arajo se tornou

    adventista do stimo dia, graas influncia da Escola Adventista de Itaquara, estado da Bahia, nos anos 60. Seu pai, influente poltico na re-gio (chegou a ser prefeito da cidade), tambm aceitou Cristo e se uniu igreja adventista. Motivado por essa influncia poltica, o jovem Aliomar alimentou o sonho de se tornar diplo-mata. Foi durante a poca em que es-tudava, preparando-se para alcanar esse objetivo, que ele sentiu o chama-do divino para se tornar embaixador

    por Zinaldo A. Santos

    F necessrio que haja pastores que

    modelem a si mesmos e o ministrio que

    realizam, de acordo com o padro do

    Pastor-Chefe. Afinal, o clamor da igreja por

    pastores legtimos. E. Glenn Wagner

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  • ALIOMAR MOURA E ARAJOENTREVISTAabenoado, com a certeza de ter visto a mo do Todo-poderoso guiando, mantendo e sustendo. H um inex-primvel sentimento de gratido. Com toda fora, brota em meu co-rao um abarcante louvor que me faz quase explodir de alegria e desejo de servir ainda mais a meu Senhor.

    Ministrio: A expectativa do su-posto esquecimento parece ser o fan-tasma de muitos pastores prestes a jubilar-se. Isso preocupa o senhor?

    Aliomar: No. Isso no me preocupa. Para mim, o pastor s se aposenta, realmente, quando morre. Enquanto em mim houver alento de vida, continuarei servindo ao Senhor, com imenso prazer, atravs de muitas outras maneiras. No incio dessa fase, pretendo fazer algumas viagens com minha esposa. Depois, sempre que estiver na igreja da qual for membro, estarei disposio para ajudar o pas-tor, de maneira discreta e dentro dos limites da tica ministerial.

    Ministrio: O que o senhor acha que pode ser feito para amenizar o im-pacto que alguns pastores sentem, ao se aproximar a jubilao?

    Aliomar: Acredito que, ao ingres-sarem no ministrio, os pastores de-vem ter conscincia de que chegar o tempo em que devero ceder o lu-gar a outro mais jovem, assim como houve outros no passado que deixa-ram lugar para eles. Essa a lei da vida; uma lei que aplicvel a todos. Tambm acredito que a Associao Ministerial, por exemplo, deve co-nhecer seus pastores, de tal maneira que os acompanhe, aproximando-se

    daqueles que eventualmente acabem sentindo o impacto desse momento, lembrando a esses, com gratido e re-conhecimento, a glria do ministrio que desenvolveram e, sobretudo, seu futuro junto ao Mestre. Ademais, a jubilao no o fim da vida nem o fim da vocao do pastor; apenas outra fase da vida pastoral. Como afirmei anteriormente, o ministrio vitalcio. Somente com a morte o pastor encerra sua carreira.

    Ministrio: Para o senhor, o que significa ser pastor, pregador do evan-gelho?

    Aliomar: Ser pastor ser um ho-mem chamado por Deus para viver junto a Ele, encher-se de Seu amor e transmitir esse amor a todas as pes-soas e por todas as maneiras. Repito: esse homem deve permanecer junto de Deus, todo o tempo, permitindo-se encher desse amor. Isso envolve algo mais do que pregar. Alis, sem essa experincia, no h pregao poderosa e efetiva.

    Ministrio: Como e quando foi que tudo isso comeou em sua vida?

    Aliomar: No fim do ano 1966, o pastor Moiss Nigri e eu descamos a ladeira que leva ao Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro. Naquele trajeto, ele me perguntou o que eu fazia e o que desejava ser. Respondi-lhe que estu-dava no Colgio Pedro II e que estava sendo educado para ser diplomata. Justamente com esse obje tivo, eu es-tava estudando no Rio de Janeiro. O pastor Nigri fez outra pergunta: Por que no ser embaixador do Senhor Jesus? Eu frequentava a igreja de Bo-tafogo, onde era professor na Escola Sabatina e dicono. Sendo amigo do pastor daquela igreja, Voltaire Cava-liere, eu conhecia a dinmica da vida pastoral. Ento, respondi que minha vocao era ser diplomata. Inclusive, frequentava o Palcio do Itamarati, era conhecido do ento ministro Ju-raci Magalhes, amigo do meu pai. Despedimo-nos, mas em janeiro de

    1968, estando na casa do irmo Ha-roldo Castro Lobo, o assunto nova-mente veio tona. Ento, ele e eu resolvemos provar Deus e a resposta divina foi afirmativa. Decidi atender Seu chamado e abandonei, sem re-morsos, o sonho de ser embaixador brasileiro, para ser embaixador do Reino celestial, a servio do meu Rei Jesus a quem sirvo e servirei at morte ou at que Ele venha.

    Ministrio: Que atividades o se-nhor desempenhou na Igreja?

    Aliomar: Depois de haver termi-nado o preparo ministerial no IAE, em 1971, do incio de 1972 at o in-cio de 1980, trabalhei como pastor distrital nos estados da Bahia e de Sergipe. A partir da, tive o privilgio de ocupar a liderana dos departa-mentos de Jovens Adventistas, Edu-cao, Sade e Mordomia, na ento Misso Bahia, pois o estado de Ser-gipe passou a fazer parte da antiga Misso Nordeste. No perodo em que trabalhei como diretor de Educao, foi lanada a pedra fundamental do Iaene. Posteriormente, pedi para voltar a pastorear igrejas e me tornei o primeiro pastor daquele colgio. Em seguida, pastoreei outras igrejas e depois voltei ao Iaene como diretor interno e pastor da igreja, quando foi estabelecido o Seminrio de Teologia. Depois disso, trabalhei como capelo de hospital e nessa atividade tambm me senti realizado. Ministrar a pes-soas afligidas por vrias enfermida-des foi algo que muito me enriqueceu pastoralmente. Meu ltimo distrito foi o da igreja central de Salvador. O ministrio especificamente pastoral sempre me proporcionou a maior sa-tisfao. Nada se compara ao trabalho de visitar, apelar, instruir membros e interessados, ensin-los a amar a Jesus e testemunhar a resposta deles.

    Ministrio: Uma de suas igrejas acabou se tornando referncia no tra-balho com pequenos grupos. Fale sobre essa experincia.

    Nosso crescimento numrico e espiritual

    ser muito maior medida que

    trabalharmos mais ligados ao Esprito Santo

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  • ALIOMAR MOURA E ARAJO

    Aliomar: Nesse ponto, a igreja do Cabula (em Salvador, BA) foi espe-cial, com uma liderana envolvente, comprometida com a pregao do evangelho, e que aceitou plenamente a filosofia de trabalho com pequenos grupos. Ao assumir aquela igreja, no havia alternativa seno juntar-me a ela nesse propsito. A igreja tinha aproximadamente 240 membros e 22 pequenos grupos funcionando com muito entusiasmo. Todos sen-tiam a mo de Deus estendida para abenoar e o Esprito Santo conven-cendo as pessoas. O lema da igreja era: Unidos em misso. E todos os membros falavam a mesma coisa, testificando o que Deus realizava na vida deles. Realizamos vrios encon-tros de inspirao e treinamento na Universidade Estadual da Bahia, lo-tando o auditrio para 600 pessoas. Tivemos uma classe bblica com 220 pessoas na Escola Sabatina e, em 1999, batizamos 185 pessoas. A igreja cresceu e exerceu influncia marcante no bairro, pois a comuni-dade via a transformao da vida de ex-viciados, alcolatras, traficantes e das famlias. Era impossvel no se deixar contagiar pelo entusias-mo dos pequenos grupos. Por meio deles, muitas pessoas conheceram e aceitaram Jesus e todas as necessida-des da igreja foram supridas.

    Ministrio: Qual foi a nfase evangelstica da ltima igreja que pas-toreou (central de Salvador)?

    Aliomar: A igreja central de Sal-vador sempre esteve e ainda est plenamente engajada nos proje-tos Esperana e Reavivamento e reforma. Quase 50 mil livros A Grande Esperana foram adquiridos e continuam sendo distribudos. Em 2013, a igreja tem como objetivo atingir o centro histrico da cidade e bairros adjacentes, deixando um livro e o DVD gravado pelo pastor Luiz Gonalves em cada lar, de acor-do com o programa de trabalho da Diviso Sul-Americana. Graas ao

    testemunho de uma das nossas ir-ms, fomos convidados a participar de um culto de gratido com os trs mil operrios da Arena Fonte Nova (estdio da Copa do Mundo). O culto foi promovido em razo de no ter havido nenhum acidente durante 30 dias entre aqueles trabalhadores. Naquela ocasio foram distribudos trs mil livros. No projeto Vida por Vidas, doamos muito mais sangue do que o Hemoba podia armazenar. E o pessoal daquela unidade de sade se revelou altamente impressionado pela tima qualidade do sangue do nosso povo. A igreja continua firme no trabalho de alcanar as metas estabelecidas.

    Ministrio: O que mudou no tra-balho pastoral, desde a poca em que o senhor iniciou seu ministrio at hoje?

    Aliomar: Bem, evidentemente al-gumas coisas mudaram. Em primeiro lugar, posso dizer que os administra-dores se aproximaram mais dos pasto-res distritais, tornando-se mais acess-veis. Em segundo lugar, a participao da igreja e dos pastores na elaborao dos planos essencial e, certamente, torna mais produtivos esses planos. O planejamento imposto, que vem de cima, limita a criatividade dos pasto-res. Tambm temos buscado mais in-formaes de fontes externas, no que diz respeito a mtodos de trabalho evangelstico. Porm, no devemos nos esquecer de que o melhor mtodo de trabalho pastoral, evangelstico e administrativo o mtodo de Cristo, amplamente exposto na Bblia e nos escritos de Ellen G. White. O Mestre

    trabalhava intimamente ligado ao Pai e ao Esprito Santo. Deles buscava poder em Seus momentos intensos de comunho. No h nenhuma dvida de que nosso crescimento numrico e espiritual ser muito maior medi-da que trabalharmos mais ligados ao Esprito Santo, por meio da orao e da ao.

    Ministrio: Que mensagem espe-cial o senhor deseja transmitir aos pas-tores adventistas da Amrica do Sul?

    Aliomar: Meu desejo que todos ns busquemos uma experincia pes-soal cada vez mais rica e abundante com Jesus e que partilhemos isso com nossas igrejas. Que as pessoas s quais ministramos, pregamos e ensi-namos vejam em ns uma dinmica e divina unidade, uns com os outros e todos com Cristo. Devemos refle-tir nas palavras de Ellen G. White: Quando o povo de Deus crer plena-mente na orao de Cristo, quando praticarem na vida diria as instru-es nela contidas, ser vista em nos-sas fileiras unidade de ao. Irmo se achar ligado a irmo, pelos laos u-reos do amor de Cristo. Unicamente o Esprito de Deus pode efetuar essa unidade. Aquele que Se santificou a Si mesmo pode santificar tambm Seus discpulos. A Ele unidos, tambm es-taro unidos entre si, na mais santa f. Quando buscarmos essa unidade com o empenho que Deus deseja que empreguemos, ela vir a ns. No o grande nmero de instituies, nem grandes edifcios, nem a aparncia externa que Deus requer, mas a ao harmoniosa de um povo peculiar, um povo escolhido por Deus e precioso, unido um ao outro, tendo a vida es-condida com Cristo em Deus. Cada homem deve estar em seu lugar, de-sempenhando sua tarefa, exercendo influncia correta em pensamento, palavras e aes. Quando todos os obreiros assim procederem, e no antes, Sua obra ser um todo comple-to e simtrico (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 247).

    A jubilao no o fim da vida nem da vocao

    do pastor; apenas outra fase da vida

    pastoral. Somente com a morte o pastor encerra

    sua carreira

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  • AFAM

    C erto dia, uma linda mulher passeava sozinha, como se estivesse em um shopping, observan-do deslumbrada cada uma das vitrines. To entretida estava que nem percebeu quando um desconhe-cido se aproximou e comeou a conversar. Absorvida com tudo o que via, deixou-se levar pela conversa amigvel.

    Depois de ganhar a confiana dela, o estranho lhe ofereceu um produto supostamente maravilhoso, insis-tindo para que ela o experimentasse. Ela aceitou e, desde ento, o mundo sofre com a triste escolha feita por Eva, a mulher que aceitou experimentar o desconhecido.

    Como esposas de pastores, a exemplo de Eva, tambm passeamos sozinhas pelo mundo. Nem sempre nosso esposo pode nos acompanhar em um passeio de domin-go, uma visita a familiares ou viajar com a famlia num feriado. Muitas mulheres se queixam de estar sempre sozinhas. Se tm filhos pequenos, quase sempre vo igreja acompanhadas apenas de crianas, pois no podem ir com o esposo, cada sbado, a uma igreja diferente.

    Aquelas que trabalham fora nem sempre tm oportu-nidade de apresentar o cnjuge aos colegas, mesmo nas atividades sociais. E existem as estudantes que se sentem inapropriadas, ao interagir com pessoas bem mais jovens, a maioria das quais adota valores diferentes. Portanto, enfrentamos os mesmos perigos enfrentados por Eva.

    Vitrines perigosas

    O perigo Ellen G. White escreveu: Os anjos haviam advertido

    Eva de que tivesse o cuidado de no se afastar do espo-so enquanto se ocupavam com seu trabalho dirio no jardim. Junto dele, ela estaria em menor perigo de ten-tao, do que se estivesse sozinha. Mas, absorta em sua aprazvel ocupao, inconscientemente se desviou de seu lado. Percebendo que estava s, sentiu uma apreenso de perigo, mas afugentou seus temores, concluindo que ela possua sabedoria e fora suficientes para discernir o mal e resistir-lhe. Esquecida do aviso do anjo, logo se achou a contemplar, com um misto de curiosidade e admirao, a rvore proibida. O fruto era muito belo e ela pergun-tava a si mesma por que seria que Deus os privara desse fruto. Era ento a oportunidade do tentador (Patriarcas e Profetas, p. 53, 54).

    Como fiis representantes de Deus, conhecemos os valores pelos quais devemos viver e agir. No ignoramos os conselhos divinos, mas, a exemplo de Eva, s vezes os questionamos, esquecidas de que tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito (Rm 15:4).

    O inimigo sabe quais so nossos desejos e necessida-des. No caso de Eva, ao contemplar a beleza da rvore da cincia do bem e do mal, to atraente e aparentemente inofensiva, ficou surpresa e admirada quando assim

    A esposa do pastor precisa ser vigilante, pois o inimigo

    utiliza muitas armas na tentativa de seduzi-la

    Coordenadora da Ala Feminina de Apoio ao Ministrio, Afam, na Unio Central-Brasileira

    Sonia Rigoli Santos

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  • pareceu ouvir o eco de seus pensamentos (Ibid., p. 54). O que lhe causou a runa foi parar a fim de contemplar e conjecturar sobre a sugesto do inimigo. Em vez de fugir do local, deteve-se, maravilhada, a ouvir uma serpente falar... no tinha ideia alguma de que a fascinadora ser-pente pudesse tornar-se o intermedirio do adversrio decado (Ibid., p. 54).

    Precisamos ficar atentas. Hoje, tambm existem vitri-nes sedutoras e perigosas que tm atrado nossa ateno. Aqui esto algumas delas:

    Amizades. No somos ilhas. Fomos feitas para rela-cionamentos, gostamos de companhia. Precisamos dar e receber ateno, trocar ideias, ouvir e ser ouvidas. E, nessa nsia por companhia, sentindo falta da presena constante daquele que deve ser o mais ntimo em sua vida, algumas de ns se aventuram a busc-la fora do lar e, s vezes, fora da igreja, apesar de todos os riscos envolvidos.

    Outras, associando-se intima-mente com irms da igreja, passam a lhes confidenciar sonhos, dese-jos, pensamentos e lutas pessoais. s vezes, criticam o esposo, ex-pondo seus defeitos, minando o respeito e considerao que a con-gregao deve ter pelo pastor. preciso ter cuidado, pois a pessoa considerada melhor amiga pode trair a confiana, comprometendo assim o carter e a reputao da famlia pastoral.

    Trabalho. Nada existe de errado no fato de uma esposa de pastor procurar trabalho, dentro de sua es-pecializao, mesmo fora da igreja, quando esta no pode empreg-la em alguma atividade. O problema que, ao trabalhar fora, algumas acabam enredando o esposo, levando-o a se envolver em negcios desta vida (2Tm 2:4). Nesse caso, o pastor acaba no conseguindo atender as ovelhas. E a esposa, que devia ajud-lo, difi-culta ainda mais a realizao do trabalho pastoral.

    Estudo. tambm inegvel o fato de que devemos crescer e ampliar nossos horizontes. Mas visvel a mu-dana operada em algumas irms, ao ingressarem no meio acadmico. Paradigmas so mudados, princpios aparente-mente so esquecidos e elas perdem a oportunidade de ser o sal da Terra e a luz do mundo. Alm disso, tambm adotam o estilo de vestimenta, palavreado, costumes e padres de comportamento estranhos no relacionamento com o sexo oposto. Tem havido casos em que o pastor precisa deixar a misso a que foi chamado por Deus, para se adaptar ao novo estilo de vida da esposa.

    Internet. Ningum desconhece e nunca demais insistir nos perigos do mundo virtual. Muitas vivem

    longe de familiares, amigos, do ambiente em que foram criadas. Portanto, natural querer saber como esto aqueles a quem amam. Entretanto, correm srio risco, ao se expor demasiadamente, colocando em lugares pouco recomendveis fotos pessoais, com imagens des-contradas. Devemos nos lembrar de que, dessa forma, damos aos outros a viso de quem somos ou de quem gostaramos de ser.

    As consequnciasQuais so os resultados da contemplao dessas vi-

    trines? Note a descrio feita por Ellen White sobre a experincia de Eva: Ento, havendo ela transgredido, tornou-se o agente de Satans para efetuar a runa de seu esposo. Em um estado de exaltao estranha e fora do natural... insistiu com ele para comer, repetindo as palavras da serpente... Ela raciocinava que isso deveria ser verdade,

    pois que no sentia evidncia ne-nhuma do desagrado de Deus, mas ao contrrio, experimentava uma influncia deliciosa, alegre, a fazer fremir toda a faculdade de uma no-va vida, influncia tal, imaginava ela, como a que inspirava os mensa-geiros celestiais (Ibid., p. 56).

    Este o grande perigo: o de que a esposa acabe influenciando nega-

    tivamente o esposo, levando-o a condescender impercep-tivelmente com os mesmos padres, o que tornar seu ministrio rido e infrutfero.

    Por isso, a advertncia permanece: Eva tinha sido perfeitamente feliz ao lado do esposo, em seu lar ednico; mas, semelhante s inquietas Evas modernas, lisonjeou-se com a esperana de entrar para uma esfera mais ele-vada do que aquela que Deus lhe designara. Tentando erguer-se acima de sua posio original, caiu muito abaixo da mesma. Idntico resultado ser alcanado por todas as que esto indispostas a assumir com bom nimo os deveres da vida, de acordo com o plano de Deus. Em seus esforos para atingir posies para as quais Ele no as adaptou, muitas esto deixando vago o lugar em que poderiam ser uma bno. Em seu desejo de uma esfera mais elevada, muitas tm sacrificado a verdadeira dig-nidade feminina, e a nobreza de carter, e deixam por fazer precisamente o trabalho que o Cu lhes designou (Ibid., p. 59).

    Ao aceitar ser esposa de pastor, voc aceitou o chamado de Deus para estar ao lado de seu esposo, ser uma bno para ele, para os filhos, para a igreja, para a comunidade e para voc mesma. No se contente com menos do que isso. Fuja dos desejos de Eva!

    A esposa do pastor foi chamada a ser uma

    bno para ele, os filhos, a igreja, a comunidade e

    para ela mesma

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  • Michelson Borges

    Editor na Casa Publicadora Brasileira

    Cristos no mundo ps-moderno

    Podemos e devemos alcanar os ps-modernistas, utilizando suas prprias armas

    O termo ps-modernidade sur-giu por volta da dcada de 1930, mas ganhou amplitude a partir da dcada de 1970. Trata-se de um questionamento da Idade Mo-derna. Para se entender o pensamen-to ps-moderno, preciso v-lo no contexto do mundo que o deu luz, ou seja, o mundo moderno. Segundo muitos historiadores, esse perodo histrico nasceu no alvorecer do Ilu-minismo, ou mesmo antes, na Renas-cena, que havia elevado a humani-dade ao centro da realidade. Foi um momento de grande otimismo, com o fortalecimento da ideia de que o ser humano poderia dominar a natureza

    se descobrisse os segredos dela. A religiosidade medieval teocentrista deu lugar religio natural que, depois, acabou substituda pelo ra-cionalismo ctico. Acreditava-se que o conhecimento fosse preciso, objeti-vo, bom e acessvel mente humana. Assim, a felicidade repousava sobre os avanos cientficos e tecnolgicos (imprensa, plvora, caravelas, mo-tores...). At que eclodiram as duas guerras mundiais.

    A desiluso tomou conta da hu-manidade. Ao evitar o mito ilumi-nista do progresso inevitvel, o ps-modernismo substitui o otimismo do ltimo sculo por um pessimismo

    corrosivo, afirma Stanley J. Grenz, em seu livro Ps-Modernismo (Vida Nova), p. 20. No se tem mais cer-teza de que a mente humana possa organizar a realidade de maneira co-esa. O que ocorre a partir da um duelo de textos, verdades relativas, pontos de vista distintos. Comeam os questionamentos na rea da lin-gustica e desconstrutivismo. As emoes e a intuio substituindo a to valorizada razo passam a ser vistas como caminhos vlidos para o conhecimento, que sem-pre incompleto e relativo. Impera a crena no fim da verdade absoluta. O conhecimento substitudo pela

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  • interpretao. Para Jean-Franois Lyotard, ps-moderno a incredu-lidade em relao s metanarrativas, ou cosmovises (weltanschauung).

    O bermensch (super-homem) de Nietzsche (filsofo considerado precursor do ps-modernismo) se revelou frgil e, com a morte da ideia de Deus, a humanidade, embalada ainda pela euforia de progresso mo-dernista, mal se deu conta de que morriam junto a famlia, a moral e a esperana. Mas como viver sem esses valores?

    Vazio existencial Os ps-modernos correram para

    as prateleiras dos supermercados da f na tentativa de preencher o vazio da alma com modismos es-pirituais. Como se distanciaram da crena bblica, passaram a adotar no lugar dela (no lugar do vazio espi-ritual) todo tipo de irracionalismo. Ao passo que negam a historicidade de Jesus, para no dizer a divindade dEle, acreditam em duendes, cristais e Nova Era. Graas aos resqucios do pensamento iluminista dos quais os ps-modernos talvez nem se de-em conta, ao mesmo tempo em que rejeitam a f tradicional, abraam crendices sem nenhum fundamen-to racional. Alis, o prprio Jesus esvaziado e o cristianismo se torna irracional e mstico.

    Assim, de um lado est a multido espiritualmente desnorteada tentan-do encontrar ou escolher uma crena que lhe d maior satisfao, numa aplicao espiritual do pensamento consumista. De outro lado, mas em menor nmero, os herdeiros do Ilu-minismo/Naturalismo, os neoateus e cticos, colocam no mesmo saco todo tipo de crena. Onde os cristos e particularmente os adventistas se inserem nesse contexto?

    Resistentes que so s verdades reveladas e s instituies religio-sas, os ps-modernos precisam ver na vida dos cristos a diferena e a relevncia que eles afirmam encon-trar no evangelho. Precisam ver que ainda existe esperana, mas ela no

    vem da humanidade: vem do alto. Somente o evangelho vivido since-ra, genuna e experimentalmente na vida dos cristos poder atrair os desesperanados e desesperados ps-modernos, sempre em busca dos prazeres, do consumismo e das expe-rincias msticas que, na verdade, s fazem aumentar o vazio existencial.

    A Igreja Adventista nasceu num contexto moderno. Mas no pode-mos ser nostlgicos a ponto de que-rer retornar modernidade. Temos que pregar o evangelho no contexto em que estamos inseridos e esse o ps-moderno. A apologtica ainda tem seu lugar, tendo em vista que os que desafiam as bases racionais da f herdeiros do Iluminismo con-tinuam por a. Por isso, os cristos devem se valer de todos os meios possveis para divulgar a superiorida-de da Bblia Sagrada, aproveitando-se dos poderosos recursos da era da informao. Mas nunca demais lembrar que isso no basta para o ps-moderno.

    A modernidade destronou a Reve-lao e colocou em seu lugar a razo como rbitro da verdade da ser necessrio, sim, usar a razo para chamar ateno Revelao. Mas o ps-modernismo minimiza ambas a Revelao e a razo e adiciona a intuio e o sentimento. E isso no ruim, pois, na verdade, a cosmoviso crist ultrapassa os limites da razo humana, avanando nos domnios do sobrenatural e da f. Alm disso, os cristos assumem uma postura cautelosa e at mesmo desconfiada em relao razo humana. Sabemos que, em decorrncia da queda da hu-manidade, o pecado capaz de cegar a mente humana. Estamos conscientes de que a obedincia ao intelecto, s vezes, pode nos desviar de Deus e da verdade (Ps-Modernismo, p. 237).

    A respostaSe quisermos alcanar os ps-mo-

    dernos, temos que ir alm da mera proclamao racional da verdade. Temos que nos relacionar com eles e mostrar-lhes a relevncia prtica

    do evangelho. S assim as pessoas podero ser convencidas de que, afinal, o estilo de vida proposto por Deus o nico que oferece verda-deira esperana. Vendo na vida dos cristos a felicidade, a harmonia, a sade, a paz valores procurados por todos , muitos se convencero de que a cosmoviso bblica tem sentido no apenas para os cristos, mas que se trata de boas-novas para todos. Alm disso, com todo tato e respei-to, preciso mostrar as incoerncias (alm das potencialidades) do ps-modernismo e a impossibilidade de ajust-lo ao dia a dia.

    O projeto iluminista favoreceu o dualismo mente e matria. A no-va gerao, no entanto, est cada vez mais interessada na pessoa como um todo. Os adventistas, em especial, podem dar sua contribuio apre-sentando a viso holstica que tm do ser humano e a importncia que do sade e educao integrais, ou seja, valorizando os aspectos f-sico, mental, espiritual e social, exa-tamente como Jesus fez durante Seu ministrio terrestre.

    Como os ps-modernos valori-zam a vida em comunidade, pode-mos nos valer de recursos como os pequenos grupos e mesmo as tra-dicionais reunies de culto com al-gum tipo de reformatao, mas sem descambar para o emocionalismo neopentecostal, para mostrar que concordamos com a ideia de que as pessoas se aproximam do saber por meio de uma estrutura cognitiva mediada pela comunidade da qual participam, que tambm essencial para a formao da identidade. Na verdade, devemos deixar claro que o conceito de comunidade extre-mamente valorizado nas Escrituras.

    Embora entendamos que os prin-cpios da Palavra de Deus no devam ser adaptados convenientemente s convenes e aos padres humanos, importante compreender o contex-to prevalecente a fim de que a pro-clamao do evangelho seja tornada relevante para as pessoas que vivem neste momento histrico. S

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  • Miguel Luna

    Secretrio ministerial da Diviso do Pacfico

    Norte-Asiticoestudo bblico

    Deixa por enquanto

    Experimentando o batismo, Jesus antecipou Seu prprio batismo de morte, pelo qual assegurou justia para todos.

    Voc j se perguntou por que Jesus foi batizado por Joo? Qual o significado desse batismo para os cristos de hoje? Joo apareceu no deserto com uma mensagem de arrependimento para perdo de pecados. Fariseus, sadu-ceus, coletores de impostos, soldados e pessoas comuns se reuniam para ouvi-Lo. Vinham de Jerusalm, de toda a Judeia e de toda a regio ao redor do Jordo. Confessando seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordo (Mt 3:5, 6). Joo promovia reavivamento e reforma, tendo em vista o aparecimento do Messias. Sua mensagem alcanou todas as terras da Judeia e Galileia, incluindo Nazar.

    Ellen G. White afirma: Em Nazar repercutiu na oficina de carpintaria que tinha sido de Jos e houve Algum que reconheceu o chamado. Seu tempo chegara. Afastando-Se de Seu labor dirio, despediu-Se de Sua me e se-guiu os passos dos compatriotas que afluam em multides ao Jordo.1

    Jesus foi a Joo para ser batizado. Mas, este tentou impedi-Lo, dizen-do: Eu preciso ser batizado por Ti, e Tu vens a mim? Respondeu Jesus: Deixe assim por enquanto; convm que assim faamos, para cumprir toda a justia. E Joo concordou (Mt 3:14, 15).

    Mateus relata uma srie de atos divinos, como aprovao celestial do batismo de Jesus. Assim que Jesus foi batizado, saiu da gua. Naquele momento o cu se abriu, e Ele viu o Esprito de Deus descendo como pomba e pousando sobre Ele. Ento uma voz dos cus disse: Este o Meu Filho amado, em quem Me agrado (v. 16, 17). Joo adicionou seu teste-munho: Ento Joo deu o seguinte testemunho: Eu vi o Esprito descer dos cus como pomba e permanecer sobre Ele. Eu no O teria reconhecido, se Aquele que me enviou para batizar com gua no me tivesse dito: Aquele sobre quem voc vir o Esprito descer e permanecer, esse o que batiza com

    o Esprito Santo. Eu vi e testifico que este o Filho de Deus (Jo 1:32-34).

    Perceba a presena da Trindade na cena batismal: Jesus saiu da gua, a voz de Deus declarou que Jesus Seu Filho e o Esprito Santo desceu sobre Ele como pomba, capacitando-O para Sua misso. E a misso de Jesus era ser o Cordeiro de Deus, em cumpri-mento do plano da salvao para a humanidade.

    Mas, por que Jesus, o nico sem pecado, necessitava ser batizado? Ali estava a multido de pecadores que realmente necessitavam de perdo para seus pecados, e ser batizados co-mo sinal de nova vida. Mas, Jesus? O prprio Joo ficou perplexo. Como poderia ele, pecador, batizar o Ino-cente? E por que haveria Aquele que no necessitava de arrependimento, de submeter-Se a um rito que era uma confisso de culpa a ser lava-da?2 A resposta para essa pergunta essencial para a plena compreenso do significado do batismo de Jesus.

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  • Cumprindo a justia hesitao de Joo quanto a ba-

    tiz-Lo, Jesus respondeu: convm que assim faamos, para cumprir to-da a justia (v. 15). O que significa cumprir toda a justia?

    Primeiramente, essa expresso sugere um relacionamento de con-certo para seguir a vontade de Deus3 e, nesse caso, um relacionamento en-tre o Pai e o Filho para implementar o plano de salvao para a humanidade (Jo 3:15-17). O evangelho de Joo se refere ao compromisso de Jesus com a misso de Deus. Ele afirmou: Eu tenho um testemunho maior que o de Joo; a prpria obra que o Pai Me deu para concluir, e que estou realizando, testemunha que o Pai Me enviou. E o Pai que Me enviou, Ele mesmo testemunhou a Meu res-peito. Vocs nunca ouviram a Sua voz, nem viram a Sua forma, nem a Sua palavra habita em vocs, pois no creem nAquele que Ele enviou (Jo 5:36-38). O Filho recebeu do Pai uma misso a cumprir pela redeno da humanidade. Nesse sentido, Ele estava cumprindo toda a justia.

    Desde o incio de Seu ministrio, Jesus Se conduziu como servo do Senhor (Is 42:1), que entregou a pr-pria vontade de Seu Pai; pelas obras que realizou (Jo 4:34), no Getsmani (Mt 26:36-45), e finalmente na cruz (Lc 23:46). Quando Joo anunciou o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, estava proclamando a misso universal de Jesus que Sua morte resultaria na redeno do pe-cador. Assim, o batismo de Jesus a apresentao do Cordeiro de Deus e, consequentemente, Sua misso salvadora, que trata do problema do pecado e prov o meio pelo qual pe-cadores podem ser salvos.4

    O batismo de Jesus revela Sua inteno de seguir o plano do Pai relacionado salvao, mesmo que esse plano pudesse levar o Cordeiro de Deus morte. Ele no tinha outra opo, exceto seguir a vontade de Deus, e deixou isso bem claro em Seu dilogo com os fariseus. Embora sendo preexistente e Deus eterno,

    submeteu-Se vontade do Pai. Os fariseus, no entenderam que lhes estava falando a respeito do Pai. En-to Jesus disse: Quando vocs levan-tarem o Filho do homem, sabero que Eu Sou, e que nada fao de Mim mesmo, mas falo exatamente o que o Pai Me ensinou (Jo 8:27, 28).

    Em segundo lugar, cumprir toda a justia nos leva ao cumprimento do simbolismo do cordeiro pascal (1Co 5:7). A proclamao joanina de que Jesus o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1:29) diz, profeticamente, que o Cordeiro da Pscoa, entrou na Histria na pes-soa de Jesus, cuja morte resolveria o problema do pecado. Jesus o ltimo Cordeiro pascal. No pode ser perdi-da a conexo histrica estabelecida por Joo entre a Pscoa do xodo e o sacrifcio da cruz na Pscoa.

    Finalmente, cumprir toda a jus-tia tambm deve ser entendido co-mo cumprimento da declarao pro-ftica de que o Messias, na verdade, seria um Servo sofredor, cuja vida carregaria o pecado da humanida-de, conforme foi predito por Isaas: Certamente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e sobre Si levou as nossas doenas; contudo ns O consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido. Mas Ele foi transpassado por causa das nossas transgresses, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre Ele, e pelas Suas feridas fomos curados. Todos ns, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de ns se voltou para o seu prprio caminho; e o Senhor fez cair sobre Ele a iniqui-dade de todos ns. Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, no abriu a Sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ove-lha que diante de seus tosquiadores fica calada, Ele no abriu a Sua boca (Is 53:4-7).

    Desses trs significados para a expresso cumprir toda a justia, isto , cumprir o relacionamento de concerto na Trindade, que o plano da redeno, assumir o pa-

    pel do Cordeiro de Deus no estado encarnado do Filho, e ser o Servo sofredor, podemos comear a com-preender a profundidade do sig-nificado do batismo de Jesus. Ele no necessitava ser batizado como o restante da multido reunida no Jordo. Mas, escolheu ser batizado para inaugurar o esquema divino da salvao e o princpio do reino; isto , sem a cruz, no pode haver salvao nem redeno.

    Assim, em Seu batismo, Jesus antecipou Seu sofrimento e morte para assegurar justia para todos, em cumprimento da profecia de Isaas. Depois do sofrimento de Sua al-ma, Ele ver a luz e ficar satisfeito; pelo seu conhecimento Meu servo justo justificar a muitos, e levar a iniquidade deles (Is 53:11). Jesus veio para cumprir Sua misso como o inocente Servo do Senhor. Essa mis-so envolveu Seu sacrifcio vicrio e a participao do Pai e do Esprito Santo no processo. Experimentan-do o batismo, Jesus antecipou Seu prprio batismo de morte, pelo qual assegurou justia para todos.

    Portanto, o batismo de Jesus a demonstrao da antecipao dos Seus sofrimentos e, ao mesmo tem-po, a segurana de sacrifcio subs-titutivo pelo pecado. Como Ralph Earle sugere, a encarnao o maior de todos os milagres. O batismo de Cristo foi um preldio da cruz.5

    Lies para hojeQue significa o batismo de Cristo,

    hoje, para o cristo? Primeiramente, um bom lugar para comear o en-sino de Paulo sobre o batismo: Ou vocs no sabem que todos ns, que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados em Sua morte? Por-tanto, fomos sepultados com Ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressusci-tado dos mortos mediante a glria do Pai, tambm ns vivamos uma vida nova (Rm 6:3, 4).

    Por meio do batismo, somos batiza-dos na morte de Jesus, no no sentido de que ns temos alguma coisa que

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  • ver com nossa redeno do pecado. Essa uma tarefa cumprida apenas por Jesus. O que Paulo que dizer que ns renunciamos aos caminhos de pecado e renascemos para uma vida de justia pelo poder da ressurreio da nova vida em Cristo Jesus.

    Em segundo lugar, outro signifi-cado do batismo para o cristo en-contrado no livro de Atos, onde Fi-lipe confronta o eunuco etope com a figura do Servo sofredor, pintada em Isaas 53:7, 8. Filipe interpreta Isaas para o etope e mostra como a profecia foi cumprida na morte e ressurreio de Jesus como expiao e vitria sobre o pecado, eventos que, certamente, se tornaram fami-liares ao etope durante sua jorna-da por Jerusalm. Contudo, ele no podia ver o significado divino atrs desses eventos.

    Quando Filipe fez a ligao e apre-sentou as boas-novas sobre Jesus (At 8:35), o etope foi movido pela interveno divina na histria huma-na e perguntou: Que impede que eu seja batizado? (At 8:36). A pergunta indica que ele estava familiarizado com o significado do batismo, que uma entrada simblica ao reino messinico e constitui-se aceitao pblica do remdio de Deus contra o pecado. Essa familiaridade tambm fez sua profunda ligao e identifica-o com a crucifixo e ressurreio de Jesus, depois do estudo bblico dado por Filipe. O eunuco pediu o batismo e Filipe oficiou o rito. A solicitao do eunuco e o atendimento de Fi-lipe mostram que, para os cristos, o batismo significa primeiramente e acima de tudo a aceitao sem re-servas do sacrifcio vicrio de Jesus por nossos pecados.

    Em terceiro lugar, Paulo realou a riqueza do batismo, ao declarar: Se dessa forma fomos unidos a Ele na semelhana da Sua morte, certamen-te o seremos tambm na semelhana da Sua ressurreio. Pois sabemos que o nosso velho homem foi cruci-ficado com Ele, para que o corpo do pecado seja destrudo, e no mais se-jamos escravos do pecado; pois quem

    morreu, foi justificado do pecado (Rm 6:5-7). Pelo fato de que Jesus Cristo o Sacrifcio vicrio sobre a cruz, o cristo tem nova vida nEle. Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos pa-ra Deus em Cristo Jesus (Rm 6:11).

    Em quarto lugar, o batismo tam-bm possibilita ao cristo a oportuni-dade para afirmar publicamente seu novo relacionamento de concerto com Jesus. Nele, diz Paulo, vocs foram circuncidados, no com uma circunciso feita por mos huma-nas, mas com a circunciso feita por Cristo, que o despojar do corpo da carne. Isso aconteceu quando vocs foram sepultados com Ele no batis-mo, e com Ele foram ressuscitados mediante a f no poder de Deus que O ressuscitou dentre os mortos (Cl 2:11, 12). Note o paralelismo que o apstolo fez entre a circunciso da carne, o antigo sinal do concerto, e a circunciso do corao. O primeiro era feito por mos humanas; o se-gundo feito por Cristo.

    Para os israelitas, a circunciso era um sagrado sinal de concerto herda-do atravs de Abrao (Gn 17:9-14); mas, agora, para o Israel espiritual, apresentado como descendentes de Abrao e herdeiros segundo a promessa (Gl 3:29), o batismo mostrado como tomando o lugar da circunciso. Assim, o batismo herda toda a riqueza do simbolismo da cir-cunciso, sendo no a circunciso da carne, mas do corao (Rm 2:28, 29).

    Finalmente, o batismo tambm um smbolo de entrada na igreja de Cristo. A grande comisso de Jesus para Seus discpulos : Portanto, vo e faam discpulos de todas as naes, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Esprito Santo (Mt 28:19). A frase faam discpu-los aponta a misso da igreja como continuao da misso de Cristo. A palavra batizando indica que o cristo segue o exemplo do batismo de Jesus e aceita Sua morte e ressur-reio como a soluo para o perdo dos pecados e a segurana da nova vida em Jesus.

    Est claro na grande comisso que o batismo um imperativo para se entrar na vida da igreja. Sob o poder do Esprito Santo, Pedro proclamou multido em Jerusalm o que to-dos deviam fazer para experimen-tar a alegria da nova vida em Cristo: Arrependam-se, e cada um de vo-cs seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdo dos seus peca-dos, e recebero o dom do Esprito (At 2:38; 16:31-33).

    Em seu sermo, Pedro ligou a mor-te e a ressurreio de Cristo, a neces-sidade de arrependimento e batismo, o perdo dos pecados, o recebimento do Esprito Santo e o batismo de trs mil pessoas. A inaugurao da igreja comeou com o batismo daqueles que creram no significado da morte e res-surreio de Cristo e se arrependeram de seus pecados.

    O evento histrico do batismo de Jesus tem grande importncia para nossa compreenso do plano divino da salvao. Ele revela o relaciona-mento de concerto entre a Trindade para o cumprimento desse plano, e afirma que Jesus, o verdadeiro Cor-deiro pascal, trilhou Sua jornada cruz para resolver o problema do pe-cado. Seu batismo, uma antecipao de Seu sacrifcio, pinta o simbolismo de Sua morte e ressurreio, atravs das quais uma nova vida se torna disponvel a todos os que nEle creem.

    O batismo um novo sinal da cir-cunciso do corao, sinal do concer-to de reconciliao entre Deus e Seu povo, e uma contnua lembrana do modo pelo qual novos discpulos so acrescentados igreja diariamente, quando so batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Esprito Santo (Mt 28:19).

    Referncias:1 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Naes,

    p. 109.2 Ibid., p. 110.3 Gottlob Schrenk, dikaiosunen, Theological

    Dictionary of the New Testament, (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1964), v. 2, p. 198.

    4 John Phillips, Exploring the Gospel of Matthew (Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1999), p. 59.

    5 Ralph Earle, Matthew, v. 6, Beacon Bible Commentary (Kansas City, MO: Bacon Hill Press, 1964), p. 53.

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  • Estratgia transformadora

    Ao fundar Sua igreja na Terra, Cristo avanou com um pe-queno grupo de homens co-muns, naturais da Galileia. Depois de passar uma noite em orao, longe do burburinho da multido, Jesus esco-lheu doze homens para que estives-sem com Ele, os enviasse a pregar e tivessem autoridade para expulsar demnios (Mc 3:14, 15).

    Humanamente falando, os es-colhidos no tinham atributos que os credenciassem a cumprir o plano estratgico do Mestre. Justamente o que aparentava ter melhor prepa-ro, mais tarde O vendeu por trinta moedas de prata, alm de subtrair recursos da tesouraria do grupo para seus interesses pessoais. Assim, as li-mitaes eram grandes e gigantescas as impossibilidades de se tornarem mensageiros celestiais.

    Porm, Jesus viu alm do que os olhos humanos podem ver. Amoro-sa e graciosamente, viu o que eles poderiam ser sob Seu cuidado e lide-rana. Sabia que, embora o material disponvel fosse imperfeito, caso Lhe fosse dada permisso, esse material seria moldado por Suas divinas mos tornando-se uma linda obra de arte

    missionria. A estratgia envolvia a transformao daqueles homens em um grupo modelo, a fim de que, a partir deles, o mundo fosse transfor-mado. Sem isso, nenhum daqueles discpulos jamais poderia ser instru-mento de restaurao da humani-dade. Cada um deles necessitava ser moldado pelo Oleiro celestial.

    Capacitao constanteRefletindo sobre as condies

    em que eles foram encontrados, quo prontamente responderam ao chamado e deixaram para trs seus projetos, sonhos e negcios, con-clumos que eles tambm buscavam algo superior. Nota-se que alguns eram seguidores de Joo Batista (Jo 1:35-40), um pertencia ao grupo dos zelotes (Mt 10:4), e ainda hou-ve quem trocou o economicamente confortvel emprego de publicano pelo discipulado (Mt 9:9-15). Aque-les homens desejavam algum que os moldasse, os conduzisse para mais perto de Deus e os treinasse para moldar outras pessoas. Esperavam pela consolao de Israel e estavam dispostos a testemunhar dela.

    Esse desejo se harmonizava com o

    ideal do Mestre que, de acordo com A. B. Bruce, no somente desejava ter discpulos, mas ter perto de Si homens a quem Ele pudesse treinar para fazer outros discpulos.1 Deus sempre usa a pessoa que se dispe a ser usada por Ele, mesmo que no aparente ter as virtudes que entende-mos ser importantes e fundamentais para uma liderana de sucesso.

    Assim, visualizando-os em suas atividades dirias sob a orientao de Jesus, possvel notar um fio de ouro que passa pela associao, consagrao, pelo treinamento e misso. Embora os estgios se mis-turem, o processo transformador foi estendido por dias, noites, semanas, meses e anos, atravs de caminha-das, conselhos, sermes, lies ex-tradas da natureza e estilo de vida. Embora exercesse o ministrio da pregao, Jesus dedicava tempo a esse grupo de doze homens. Com-partilhava com eles os mistrios do Cu, ministrando-lhes com respeito, amor, correo, ensino e confiana. Tudo num ambiente discipulador, na atmosfera de comunidade entre Ele e os discpulos, um pequeno grupo modelo simples, mas bem-sucedido.

    Se j foi indispensvel compreender e seguir os corretos mtodos de ensino de Cristo, bem como imitar-Lhe o exemplo, este tempo agora

    discipulado

    Edimar Sena

    Diretor de Escola Sabatina e de Pequenos Grupos na Associao Brasil Central

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  • Os dilogos mantidos nas estra-das empoeiradas, praias, casas e nos montes seguiam um planejamento para moldar o grupo. Mesmo as ati-tudes eram usadas para transformar vidas. De maneira transparente, as-suntos eram debatidos e resolvidos, erros eram corrigidos, a f era estimu-lada e fortalecida, preconceitos eram quebrados. Ideias e ensinamentos distorcidos pelos religiosos da po-ca perdiam seu brilho ante o ensino de Jesus. Os discpulos sentiam na prpria vida a mo de Deus e a ao silenciosa do Esprito Santo, fazendo deles novas criaturas, desfazendo o velho e refazendo um novo homem.

    ResultadosPodemos imaginar o impacto

    da presena de Jesus na vida dos discpulos, quando O viam respon-der a questes delicadas, como por exemplo, a dos impostos: Deem a Csar o que de Csar e a Deus o que de Deus (Mt 22:21). Ou ao testemunharem a presso enfren-tada para que condenasse morte uma mulher flagrada em adultrio (Jo 8). Acrescente-se a isso o espanto causado pelos milagres de cura fsica e espiritual; a visita casa de Zaqueu (Lc 19:1-9). Que dizer da afirmao segundo a qual quem no receber o reino de Deus como uma criana nunca entrar nele (Lc 18:17)? Ou da permisso para que a uma mu-lher prostituta Lhe lavasse os ps (Lc 7:36-50)? Cada etapa e cada episdio os conduziam a uma no-va dimenso de f, amor e graa, aproximando-os mais e mais de seu extraordinrio Discipulador.

    Depois de um convvio de trs anos e meio com o Mestre, uma transformao aconteceu naqueles galileus. Lucas escreveu sobre a admi-rao das pessoas diante das atitudes dos discpulos: Tanto judeus como convertidos ao judasmo; cretenses e rabes... Atnitos e perplexos, todos perguntavam uns aos outros: Que significa isto? (At 2:11, 12).

    O mtodo usado por Cristo na formao dos lderes multiplicado-

    res produziu vida e edificou a igreja que nascia em meio religio formal da poca. Parecia improvvel que ti-vesse xito o trabalho do Redentor da humanidade, concentrado num grupo de pessoas to disfuncionais como eram aqueles galileus. Mas o tempo confirmou que o caminho para salvar o mundo nascia na Di-vindade e seguia atravs dos discpu-los, fazendo com que a comunidade crist desabrochasse, crescesse, mul-tiplicasse e se expandisse em Jeru-salm, em toda a Judeia e Samaria, e at os confins da Terra (At 1:8), causando verdadeira revoluo, se-gundo o testemunho dos judeus em Tessalnica: Esses homens, que tm causado alvoroo por todo o mundo, agora chegaram aqui (At 17:6).

    Hoje, passado tanto tempo des-de a ascenso de Cristo, e depois da morte dos discpulos, o evan-gelho continua espalhando-se pela Terra, alcanando os lugares mais distantes, transformando vidas. E tudo comeou com o Mestre e Seus doze discpulos. Numa escola sem paredes, tendo o cu como teto, um currculo com forte nfase relacional e o propsito de multiplicar discpu-los. Aqueles homens, transformados por meio da convivncia, do ensino e amor do Mestre, em um pequeno grupo, foram instrumentos nas mos de Deus para impactar o mundo.

    Nos passos do MestreCom frequncia, temos testemu-

    nhado nmero cada vez maior de pessoas que renunciam ao reino das trevas e so abrigadas no reino da luz. Maravilhadas com o que des-cobrem, decidem viver mais inten-samente a nova realidade. Como os discpulos do primeiro sculo, querem crescer na graa, servir a Deus e ser a igreja pela qual Cristo alcana outros pecadores. Tais pes-soas anseiam desfrutar as insond-veis e gloriosas riquezas de Cristo (Ef 3:8, 16). Impelidas pelo Esprito Santo, sentem que podem e devem crescer na vida crist e realizar mui-to mais pela causa de Cristo. se-

    melhana dos primeiros discpulos, buscam as alturas, desejam arden-temente que algum as discipule e conduza para a edificao e a vida em comunidade.

    Nesse sentido, Coleman sugere que a estratgia a ser utilizada deve ser a mesma do Mestre com os do-ze: discipulado individual, atmosfera relacional, no ambiente de pequeno grupo. Ele diz: neste ponto que devemos comear, exatamente do mesmo modo que Jesus. Ser um trabalho lento e doloroso. prov-vel que, a princpio, ningum sequer note nosso esforo. Contudo, o resul-tado ser glorioso. Mesmo que no vivamos o suficiente para testemu-nh-lo. Visto por esse ngulo, essa deciso se revela muito importante para o ministrio.2

    Por sua vez, Ellen G. White es-creveu: Se j foi indispensvel com-preender e seguir os corretos mto-dos de ensino de Cristo, bem como imitar-Lhe o exemplo, este tempo agora.3

    Felizmente, em muitos lugares, pastores e membros da igreja obede-cem ordem divina para formao de novos discpulos em ambiente rela-cional e atravs de pequenos grupos. Sentem repetir na vida eclesistica a experincia que os doze discpulos de Cristo desfrutaram no primeiro sculo. Vivem em crescimento es-piritual, arraigados e alicerados em amor, com todos os santos. Esto intensamente comprometidos com a misso dada por Cristo: Portanto, vo e faam discpulos de todas as naes, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Esprito Santo, en-sinando-os a obedecer a tudo o que Eu lhes ordenei. E Eu estarei sempre com vocs, at o fim dos tempos (Mt 28:19, 20).

    Nesse grupo de obedientes deve-mos ser achados.

    Referncias:1 A. B. Bruce, Treinamento dos Doze (So Paulo,

    SP: Arte Editorial, 2005), p. 20.2 Robert E. Coleman, O Plano Mestre do

    Evangelismo (So Paulo, SP: Editora Mundo Cristo, 2006), p. 29.

    3 Ellen G. White, Evangelismo, p. 53. de

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  • Em defesa da unidade

    Seus temores foram dissipados. Esvaram-se como a sombra que passa. A escura noite de tristeza havia passado. Raiou a manh. Eles j no se escondiam tremendo de medo no cenculo. Estavam repletos de f. A esperana transbordava em cada corao. Um vislumbre do Senhor ressuscitado os transformou. Jesus lhes deu nova razo para viver. Deu-lhe o que conhecemos como grande comisso: Vo pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas (Mc 16:15).

    Agora, eles estavam agarrados grande promessa. Sem ela, no po-diam cumprir a grande comisso. Imagine-se no cenculo com os dis-cpulos, dois mil anos atrs. A inte-gridade da palavra de Deus est em

    jogo. Sua reputao est na mira. A honra do trono de Deus depende do cumprimento de Sua promessa.

    Apesar dos esmagadores obst-culos e insuperveis dificuldades, os discpulos agarraram-se preciosa promessa: No saiam de Jerusalm, mas esperem pela promessa de Meu Pai, Ele lhes disse, da qual lhes fa-lei. Vocs recebero poder quando o Esprito Santo descer sobre vo-cs, e sero Minhas testemunhas em Jerusalm, em toda a Judeia e Samaria, e at os confins da Terra (At 1:4, 8).

    Os discpulos firmaram-se na palavra de Jesus. Eles confiaram na promessa do Salvador. Estavam confiantes de que, se cumprissem as condies, Ele cumpriria Sua pa-

    lavra. E esperaram. Confessaram pecados. Oraram. Creram. E o Cu respondeu. O Esprito Santo foi der-ramado abundantemente no dia de Pentecostes (At 2:1-4).

    O derramamento do Esprito no Pentecostes no ocorreu simples-mente porque os discpulos cum-priram as condies. Certamente, o Esprito Santo no teria sido derra-mado se eles no tivessem cumprido as condies, mas isso no tudo. O derramamento do Esprito Santo naquele dia foi um sinal, para a igreja primitiva, de que o sacrifcio de Jesus foi aceito pelo Pai no santurio celes-tial. Lucas deixou isso claro: Deus ressuscitou este Jesus, e todos ns somos testemunhas desse fato. Exal-tado direita de Deus, Ele recebeu

    Quando a igreja enfrenta desafios,

    nosso amorvel Senhor nos

    convida unio

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    Mark A. Finley

    Vice-presidente da Associao Geral

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  • do Pai o Esprito Santo prometido e derramou o que vocs agora veem e ouvem (At 2:32, 33).

    O poderoso derramamento do Esprito Santo no Pentecostes foi o dom celestial, confirmando a aceita-o por parte do Pai do sacrifcio de Cristo na cruz do Calvrio. Os trs mil batismos naquele dia foram o testemunho eloquente do poder do Cristo ressuscitado para transformar vidas. A plenitude do Esprito testi-fica da plenitude do poder de Jesus.

    Eram 120 os discpulos reunidos no cenculo naquele dia. O desafio de alcanar o mundo com o evange-lho parecia impossvel. As melhores estimativas para a populao mun-dial no primeiro sculo so de aproxi-madamente 280 milhes de pessoas. Embora certamente houvesse alguns cristos mais que os reunidos no ce-nculo, o percentual de cristos em relao populao do mundo era infinitesimal. Por exemplo, se usar-mos o nmero de 120, haveria ento um cristo para cada 1.4 milho de pessoas no mundo.

    Se compararmos isso ao nmero atual de adventistas do mundo, h aproximadamente um adventista para cada 422 pessoas. Em uma era de poder militar e materialismo ro-mano, filosofia grega e paganismo, a tarefa deles pareceu mais assusta-dora que a nossa. Ademais, aqueles primeiros cristos no tinham recur-sos de mdia, rdio, televiso, inter-net, nem redes sociais. No tinham sistema de transmisso via satlite. No tinham colgios, universidades, editoras nem hospitais. No havia igreja organizada. Tinham apenas a promessa de Jesus de que, com o derramamento do Esprito Santo eles impactariam todo o mundo com Sua mensagem de amor e verdade.

    Crescimento explosivoOs resultados foram extraordin-

    rios! Viaje comigo atravs do livro de Atos e prenda a respirao, enquanto nos embevecemos diante das aes do Esprito Santo. O livro de Atos revela o que Deus pode fazer em pouco tem-

    po por meio de homens e mulheres consagrados, que creem na Sua pro-messa e agem segundo Sua Palavra.

    Quando os discpulos acorda-ram no dia de Pentecostes, eles no tinham ideia de que seriam acres-centados trs mil novos membros igreja naquele mesmo dia. Os que aceitaram a mensagem foram batiza-dos, e naquele dia houve um acrsci-mo de cerca de trs mil pessoas (At 2:41). E isso foi s o comeo. Poste-riormente, muitos dos que tinham ouvido a mensagem creram, chegan-do o nmero dos homens que creram a perto de cinco mil (At 4:4).

    Note que, conforme o texto, o n-mero de homens era de cinco mil. Se acrescentarmos as mulheres e crian-as, o total aumentar significativa-mente. Alguns estudiosos avaliam que, nessa poca (Atos 4), a igreja crist contava com 15 a 20 mil mem-bros. Em poucas semanas, a igreja ex-plodiu em crescimento. O fenmeno continuou: Assim, a Palavra de Deus se espalhava. Crescia rapidamente o nmero de discpulos em Jerusalm; tambm um grande nmero de sacer-dotes obedecia f (At 6:7).

    Enquanto os discpulos pregavam sob a influncia do Esprito Santo, o Cristo ressuscitado tocava o corao de muitos lderes religiosos judeus. Muitos deles e as respectivas congre-gaes aceitaram a nova f. A igreja do Novo Testamento continuou cau-sando notvel impacto. Referindo-se ao alcance da ampla disseminao do cristianismo, um escritor romano disse: Vocs esto em todo lugar. Esto em nossos exrcitos, nossa marinha, nosso senado e comrcio.

    Plnio, o Moo, governador da provncia romana da Bitnia, na costa-norte da moderna Turquia, escreveu ao imperador Trajano, por volta de 110 a.D. Sua declarao significativa porque foi feita 80 anos depois da crucifixo. Ele descrevia o processo oficial que estava conduzin-do para encontrar e executar os cris-tos. Disse ele: Muitos de todas as idades, classes sociais, de ambos os sexos, esto sendo e sero chamados

    a julgamento. No apenas cidades, mas aldeias e distritos rurais tm sido invadidos pela infeco dessa superstio [cristianismo] (As Car-tas de Plnio, 10, 96, 9).

    Essa uma declarao notabi-lssima. Plnio nos mostra que, em poucas geraes, o cristianismo havia invadido todos os nveis da sociedade mesmo em lugares remotos, alm da provncia. Noventa anos depois, apro-ximadamente em 200 a.D., Tertulia-no, legislador romano que se tornou cristo, escreveu uma carta desafia-dora aos magistrados defendendo o cristianismo. Ele disse que quase todos os cidados de todas as cidades so cristos (Apologeticum, 37.8). A histria do livro de Atos a histria do notvel crescimento da igreja crist em curtssimo perodo de tempo.

    Estratgia demonacaDiante desse crescimento explo-

    sivo e do apaixonado compromisso missionrio dos cristos, o demnio tentou quebrar a unidade da igreja e frustrar a expanso dela. Vejamos trs exemplos especficos, segundo os quais essa unidade poderia ter sido facilmente fraturada. Analise-mos cuidadosamente cada um dos cenrios, observando no apenas as consequncias, mas o processo atra-vs do qual os discpulos resolveram as diferenas.

    Conflito na distribuio de ali-mentos. Atos 6 relata um srio conflito entre judeus cristos de as-cendncia grega e judeus cristos da Palestina. As vivas gregas se senti-ram discriminadas na distribuio de alimentos. Naqueles dias, crescendo o nmero de discpulos, os judeus de fala grega entre eles queixaram-se dos judeus de fala hebraica, porque suas vivas estavam sendo esqueci-das na distribuio diria de alimen-to (v. 1). Note que crescia o nmero de discpulos e houve uma queixa. Quando o Esprito Santo opera poderosamente, o inimigo suscita dissenso, que estrangula a misso, reprime o crescimento e limita a efe-tividade evangelizadora. O conflito

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  • o anestsico da paixo pelo testemu-nho. A unidade a cultura em que floresce o testemunho. Comentando sobre o conflito de Atos 6, Ellen G. White escreveu: Satans sabia que, enquanto essa unio continuasse a existir, ele seria impotente para deter o progresso da verdade evanglica; e procurou tirar vantagem de anterio-res hbitos de pensar, na esperana de que, por esse meio pudesse intro-duzir na igreja elementos de desu-nio (Atos dos Apstolos, p. 87, 88).

    O conflito mina nossa energia e absorve nossa ateno. A dissenso nos distrai da misso. O demnio est bem desperto para isso, a fim de que possa introduzir elementos de desconfiana e conflito. Felizmente, o Esprito Santo levou os discpulos a encontrar um caminho atravs da dificuldade. Os desafios que a igre-ja enfrenta hoje no so novidade, e estou confiante de que o mesmo Esprito nos ajudar a encontrar a maneira de super-los, assim como levou a igreja primitiva a resolver problemas que tinham potencial pa-ra dividi-la e enfraquecer sua efetivi-dade missionria.

    H trs grandes lies que po-demos tirar de Atos 6. Primeira: os discpulos agiram prontamente. A dissenso no se resolve por si mes-ma. Normalmente, o conflito no desaparece por si mesmo. A liderana deve ser suficientemente corajosa para encontrar solues. Deveriam agora ser tomadas medidas imedia-tas para remover todo o motivo de descontentamento, para que no acontecesse triunfar o inimigo em seus esforos de acarretar diviso entre os crentes (Ibid., p. 88).

    Segunda lio: os discpulos bus-caram consenso. Reuniram-se com os envolvidos, discutiram a situao e propuseram uma soluo. Um foro representativo foi chamado e a ele se pediu conselho (At 6:2).

    Ento, sete homens foram esco-lhidos para resolver o problema. Do grupo escolhido, dois eram bem co-nhecidos: Estevo e Filipe. A esco-lha de pessoas bem conhecidas na

    comunidade confere credibilidade escolha. Quatro eram relativamente desconhecidos, mas eram honestos, espirituais e sbios. Um era de Antio-quia. Os nomes, em sua maioria, eram gregos, para que as vivas pudessem ter uma percepo de imparcialidade.

    Diante de conflitos reais ou perce-bidos na igreja, a liderana deve agir prontamente, buscando consenso com um grupo representativo, a fim de propor solues justas e equitativas.

    Conflito no testemunho de Pedro a Cornlio. O segundo grande confli-to relatado no livro de Atos est nos captulos 10 e 11. A histria bem conhecida. Durante suas oraes, um centurio romano chamado Cornlio foi visitado por um anjo e foi instru-do a enviar seus servos a Jope, a fim de encontrar Pedro. Ao mesmo tem-po, Pedro estava orando e recebeu uma viso em que Deus lhe ordenou comer animais imundos que lhe fo-ram mostrados em um lenol (v. 13). Pedro ficou confuso. Enquanto ten-tava descobrir o significado da viso, os homens de Cornlio bateram sua porta. At ento, Pedro considerava impuros os gentios. Mas Deus usou aquela viso para impression-lo so-bre a necessidade de pregar o evange-lho aos gentios bem como aos judeus. Pedro respondeu positivamente ao convite dos servos de Cornlio e os acompanhou casa do centurio. Em Cornlio, Pedro encontrou algum com mente aberta e corao recepti-vo. O centurio e a famlia aceitaram Jesus e foram batizados.

    Pedro vibrou, mas os judeus cris-tos ficaram profundamente ofendi-dos. Atos 11 revela o curso da ao de Pedro. Ele foi a Jerusalm para encontrar os irmos e lhes explicar

    suas atitudes. O encontro no come-ou bem, pois quando Pedro subiu a Jerusalm, os que eram do parti-do dos circuncisos [judeus cristos] o criticavam. Qual foi a defesa de Pedro? A revelao divina. Calma-mente, o apstolo explicou que suas atitudes tiveram como base as dire-tas instrues de Deus. O Senhor lhe havia concedido uma viso e ele no poderia recus-la. Enquanto Pe-dro falava, o Esprito Santo mudou a mente dos opositores. Notemos o notvel contraste entre estes dois versos: os que eram do partido dos circuncisos o criticavam (v. 2). No apresentaram mais objees e louva-ram a Deus (v. 18).

    Ellen G. White descreve a mudana dos oponentes de Pedro: Ouvindo esse relato, os irmos ficaram em si-lncio. Convictos de que a conduta de Pedro estava em direto cumpri-mento ao plano de Deus, e que seus preconceitos e exclusivismo eram inteiramente contrrios ao esprito do evangelho, glorificaram a Deus, di-zendo: Na verdade at aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida.

    Assim, sem controvrsias, derri-bou-se o preconceito, foi abandona-do o exclusivismo estabelecido pelo costume dos sculos, e abriu-se o caminho para que o evangelho fosse proclamado aos gentios (Atos dos Apstolos, p. 142).

    Esse foi um conflito que facilmen-te poderia ter dividido a igreja, caso Pedro tomasse uma atitude diferen-te, ou se recusasse a gastar tempo dialogando com os irmos.

    Aqui est outro princpio vital para soluo de conflitos na igreja: Quando uma questo ameaa sua unidade, no a julguemos rapida-mente nem rudemente. Descubra-mos os fatos. Ouamos o ponto de vista contrrio. O Esprito Santo po-de estar falando-nos atravs de nosso irmo. Pessoas honestas podem ter diferenas de opinio e o consenso acontece por meio do dilogo.

    Calmamente, Pedro explicou que suas atitudes estavam fundamen-tadas na revelao divina e seus

    O conflito o anestsico da paixo missionria. A unidade a cultura

    em que floresce o testemunho

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  • oponentes foram tocados. Precon-ceitos foram quebrados, paredes centenrias de separao foram des-moronadas e a unidade eclesistica foi preservada. O Esprito Santo a habilitou a encontrar o caminho para preservar sua unicidade em Cristo, mas isso requereu boa vontade para ouvir um ao outro.

    Buscando consenso. H um ter-ceiro assunto que poderia ter facil-mente dividido a igreja primitiva. Est em Atos 15. A questo ali envol-vida era se os crentes gentios deviam ser circuncidados ou no. O proces-so e as lies aprendidas nesse caso tambm so vitais para nossa com-preenso sobre a maneira de resolver dificuldades na igreja. Um grupo de judeus visitou Antioquia e exigiu que os convertidos gentios aceitassem e praticassem os costumes judaicos, argumentando que disso dependia a salvao. Isso levou Paulo e Barnab a uma grande contenda e discusso com eles (At 15:2).

    No contexto desse debate, foi determinado que Paulo e Barnab fossem a Jerusalm, a fim de se en-contrarem com os apstolos e os ancios, com o objetivo de encontrar soluo para o impasse. Que teria acontecido se Paulo e Barnab, ar-gumentando ser esse um assunto de sua prpria conscincia e deliberado pelo conclio em Antioquia, no ti-vessem trabalhado por uma solu-o cooperativa com a liderana em Jerusalm? Certamente, isso teria resultado em considervel dissenso.

    A linguagem de Atos 15 ex-tremamente instrutiva. O verso 4 informa que os representantes de Antioquia foram bem recebidos. O verso 6 declara: Os apstolos e os presbteros se reuniram para consi-derar essa questo.

    Quando surgia dissenso em uma igreja local, como mais tarde aconte-ceu em Antioquia e em outros luga-res, e os crentes no podiam chegar a um acordo entre si, no se permitia que tais assuntos criassem diviso na igreja, mas eram encaminhados a um conclio geral de todo o conjunto

    dos crentes, constitudo de delegados designados pelas vrias igrejas lo-cais, com os apstolos e ancios nos cargos de maior responsabilidade. Assim os esforos de Satans para atacar a igreja nos lugares isolados, foram contidos pela ao concorde por parte de todos; e os planos do ini-migo para esfacelar e destruir foram subvertidos (Ibid., p. 96).

    Depois que Pedro, Paulo e Barnab falaram, o apstolo Tiago, que presi-dia o conclio, props uma soluo: Os cristos gentios no precisavam seguir exatamente o mesmo estilo de vida dos cristos judeus (v. 7-12). Assim, os discpulos foram unidos em seu compromisso com o Senhor, Sua mensagem e Sua misso. Estavam dis-postos a buscar, juntos, em constru-tivo dilogo, a soluo de problemas.

    Na igreja de Antioquia, a conside-rao do assunto da circunciso deu em resultado muitas discusses e litgio. Afinal, os membros da igreja, temendo que o resultado de conti-nuada discusso fosse uma diviso entre eles, decidiram enviar a Jeru-salm Paulo e Barnab, juntamente com alguns homens de responsabi-lidade na igreja, a fim de exporem a questo perante os apstolos e ancios. Ali deviam eles encontrar--se com delegados de diversas igrejas e com os que tinham ido a Jerusalm para assistir s prximas festas. En-quanto isso, toda a discusso devia cessar at que fosse pronunciada a deciso do conclio geral. Essa deci-so devia ser ento universalmente aceita pelas vrias igrejas em todo o pas (Ibid., p. 190).

    Vitria garantidaUma vez que a soluo foi aceita

    pelos apstolos e os presbteros, com toda a igreja, representantes foram a Antioquia levando consi-go uma carta contendo o voto do Conclio de Jerusalm, para explicar claramente a deciso e evitar m in-terpretao. A essncia da unidade no ao uniforme, mas suficiente respeito, para que um oua o outro cuidadosamente, responda refleti-

    damente e decidam juntos. Nesse assunto, a igreja do Novo Testamen-to exemplo. Pode haver diferenas de opinio. Certamente, os judeus tinham fortes convices. Paulo e Barnab eram homens de convices firmes. Mas houve respeito mtuo at que, juntos, tomassem a deciso. Todos estavam unidos pelo Esprito Santo em uma estrutura eclesistica divinamente estabelecida. Dificulda-des insuperveis foram resolvidas quando lderes da igreja primitiva se reuniram, oraram e abriram mo de suas opinies pessoais, fazendo prevalecer a deciso do corpo mais amplo de crentes.

    Deus estabeleceu a estrutura da igreja, a fim de preservar sua unidade e proteg-la contra o fracionamento. Quando a igreja toma decises, nem todos se agradam, mas lderes cristos amadurecidos aceitam o consenso da maioria. A unidade pela qual Cristo orou mais importante que opinies individuais ou agendas pessoais.

    Deus investiu Sua igreja de es-pecial autoridade e poder, por cuja desconsiderao e desprezo ningum pode se justificar; pois aquele que as-sim procede despreza a voz de Deus (Ibid., p. 164).

    Quando a igreja enfrenta desa-fios, quando dificuldades surgem no horizonte, quando opinies fortes so formadas e posies so radica-lizadas, nosso amorvel Senhor nos convida unio, para expressar bon-dosamente nossos pontos de vista, ouvir um ao outro, dialogar, propor solues e, juntos, decidir sob a guia do Esprito Santo. Se estivermos comprometidos com um esprito cooperativo no processo de tomar decises e respeit-las, Jesus ser honrado, o demnio ser derrotado e a igreja triunfar.

    Podemos enfrentar nossos desa-fios, em unidade, dispostos a resolv-los em nome de Jesus, com a abso-luta segurana de que nEle, por Ele e por meio dEle, Sua igreja vencer. O Esprito Santo ser derramado so-bre uma igreja unida em orao. E o Senhor breve vir.

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  • Heyssen J. C. Maravi

    Coordenador de pequenos grupos na

    Misso Oriente Peruanaescatologia

    Histria de duas imagens

    Desde o Gnesis at o Apoca-lipse, o tema da adorao parte notvel no desenvolvi-mento das Sagradas Escrituras. A pri-meira batalha travada neste mundo girou em torno do tema da adorao (Gn 4:4-8, cf. 1Jo 3:12). Ser esse tambm o tema da ltima batalha (Ap 14:9-12). O livro de Daniel no alheio a essa peculiaridade bblica.

    Os primeiros versos desse livro mostram claramente esse conflito: No terceiro ano do reinado de Jeo-aquim, rei de Jud, Nabucodonosor, rei da Babilnia, veio a Jerusalm e a sitiou. E o Senhor entregou Jeo-aquim, rei de Jud, nas suas mos, e tambm alguns dos utenslios do templo de Deus. Ele levou os uten-slios para o templo do seu deus na terra de Sineara e os colocou na casa do tesouro do seu deus (Dn 1:1, 2). Esse fato se constitui um smile do grande conflito atravs da Histria, no qual Babilnia ataca o povo de

    Deus, Jerusalm.1 O fato de que os jovens hebreus tivessem que se abster dos alimentos no palcio real (Dn 1:8) tambm envolvia adorao (cf. 1Co 6:19). Segundo Jos Lus Santa Cruz, o livro de Daniel mar-cado pela adorao, no contexto do grande conflito,2 pois esse dos seus principais temas.3

    Apesar disso, especialmente Da-niel 3 apresenta um quadro interes-sante que no deve ser passado por alto, pois registra o tema da adorao na atitude dos trs jovens hebreus: Sadraque, Mesaque e Abedenego, diante do sonido ameaador que as-sinalava o momento em que todos deveriam se curvar diante da ima-gem de ouro erguida por Nabuco-nosor.4 Esse incidente torna real o conflito entre a verdadeira adorao desafiada por Babilnia, quando o confrontamos com a escatolgica imagem da besta mencionada em Apocalipse 13.

    Indubitavelmente, o captulo 3 do livro de Daniel est cheio de li-es envolvendo coragem, fidelida-de e destemor dos adoradores em contraposio necessidade de um homem egosta e idolatria de seus seguidores.

    A imagem de ouroUma possvel data para esse even-

    to seria o ano 594 a.C., quando Ze-dequias, como rei de Jud, foi cha-mado a se apresentar em Babilnia (Jr 51:59), muito provavelmente pa-ra a dedicao da esttua de ouro.5

    Tendo como base o sonho que lhe foi dado por Deus e que foi inter-pretado por Daniel, Nabucodonosor havia compreendido que seu reino teria fim (Dn 2). Porm, por causa do orgulho humano natural, alimentado em razo da prosperidade do reino, ele resolveu mudar a Histria, moti-vo pelo qual Daniel escreveu sobre a imagem de ouro.6

    A esttua de ouro de Nabucodonosor projeta acontecimentos do tempo do fim

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  • A palavra hebraica para imagem (tselem), em Daniel 3, a mesma pa-lavra utilizada no captulo 2, o que torna evidente a atitude rebelde do rei contra os desgnios de Deus, consi-derando que, no sonho do captulo 2, o reino babilnico representado pelo ouro se limitava cabea da imagem. Porm, no captulo 3, os desejos e planos que pretendia realizar na His-tria, da cabea aos ps, a esttua foi construda com ouro.

    Jacques B. Doukhan menciona que a esttua, medindo 60 cvados de altura por seis de largura, era a prpria imagem de Nabucodonosor. A extrema altura encontra eco na arrogncia de um rei que buscava impressionar sditos e visitantes de seu reino. Embora no simbolismo babilnico o nmero 60 represen-tasse a noo de unidade, o rei pro-curou cumprir sua vontade unindo o reino religio.7

    Podemos inferir que Nabucodo-nosor estivesse ansioso, obstinado mesmo, para que seu reino se tor-nasse eterno, o que seria possvel caso fosse conseguida a unidade po-ltica e religiosa em Babilnia. Ento, conseguiu reunir esses dois polos na esttua de ouro.

    A Bblia assinala expressamente que o rei convocou os strapas, os prefeitos, os governadores, os con-selhei