mini curso 33a reunião anp ed 2010

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33ª. Reunião Anual da ANPEd TEMPOS, ESPAÇOS E TERRITÓRIOS EDUCATIVOS As relações com a ampliação da jornada no Ensino Fundamental Ana Maria Cavaliere – UFRJ ([email protected]) Lúcia Velloso Mauricio – UERJ/FFP ([email protected]) NEEPHI

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Page 1: Mini curso 33a reunião anp ed  2010

33ª. Reunião Anual da ANPEd

TEMPOS, ESPAÇOS E TERRITÓRIOS EDUCATIVOSAs relações com a ampliação da jornada no Ensino

Fundamental

Ana Maria Cavaliere – UFRJ ([email protected])

Lúcia Velloso Mauricio – UERJ/FFP ([email protected])

NEEPHI

Page 2: Mini curso 33a reunião anp ed  2010

O tempo escolar nas sociedades contemporâneas

Desarmonia entre tempo escolar e organização social. Origem dos problemas: dentro da escola? fora da

escola? Trabalho feminino; mudança nos costumes; mudanças

nas jornadas de trabalho; exigências de lazer. Interesses em jogo: alunos, pais, professores e outros Diferenças entre países.

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O tempo escolar e as políticas educacionais no mundo

Países com jornadas longas: políticas de enfrentamento das desigualdades educacionais (França, Alemanha), mudanças organizacionais (Espanha, Itália)

Países com jornadas curtas e suas políticas de enfrentamento das desigualdades educacionais

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Por que ampliar a jornada escolar? Nossa história educacional: população escolar 1940: 1/3; 1970: 2/3; 2000: 98%.Não temos geração de pais 100% escolarizada.

Casassus (2007) Desempenho dos alunos do 1º. Segmento EF em todos os países da AL: fatores internos à escola podem reduzir processos de desigualdades produzidos pela sociedade; também podem agravar

Nery (FGV, 2009) Aumento da jornada é uma das principais variáveis de política educacional disponíveis para impulsionar desempenho dos alunos.

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Precursores no Brasil

Escola primária obrigatória deveria ser, sobretudo, prática, de formação de hábitos de pensar,de fazer, de conviver, de trabalhar, de participar de um ambiente democrático. Organizar a escola como uma comunidade com todo tipo de atividade, requer tempo.

Anísio Teixeira

O tempo de atendimento curto só penaliza, de fato, a criança pobre, porque ela só conta com a escola para adquirir o conhecimento formal.

Darcy Ribeiro

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Dados e Legislação brasileira

Documentos legais: LDB (Lei 9394/96, Art 34 e 87); PNE (Lei 10.172/01); PDE Todos pela Educação (Decreto

6.094/07); FUNDEB (Lei 11.494/07); Mais Educação (Portaria Interministerial 17

de 04/07), Decreto 7.083 de 01/2010.

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Dados BrasilFonte: INEP, Censo Escolar 2007, 2008, 2009

PORCENTAGEM MATRÍCULA 5 HORAS OU MAIS ENSINO FUNDAMENTAL

Região/Censo 2007 2008 2009

BRASIL 7,9 8,15 8,65

NORTE 0,96 1,17 1,36

NORDESTE 1,16 1,25 1,39

SUDESTE 18,39 18,68 19,65

SUL 1,37 1,68 1,69

CENTROESTE 4,37 4,63 5,07

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MATRÍCULAS TEMPO INTEGRAL EF POR SEGMENTO BRASIL, 2009.

Fonte: INEP, Censo Escolar 2009.

Total matrícula Matrícula HI %

ANOS INICIAIS 14.946.313 599.710 4,01%

ANOS FINAIS 12.665.753 345.334 2,73%

TOTAL 27.612.066 945.044 3,4%.

BRASIL: matrícula HI no EF 2009

63%

37%

Anos iniciais Anos finais

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MATRÍCULAS TEMPO INTEGRAL POR DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA Fonte: INEP, Censo Escolar 2009

BRASIL 2009 Anos iniciais Anos finais TOTAL Porcentagem

estado 177.647 206.572 384.219 40,7%

município 422.063 138.762 560.825 59,3%

TOTAL 599.710 345.334 945.044 100%

Porcentagem 63,5% 36,5% 100%

Matrículas TI por dependência administrativa

177.647 206.572

384.219422.063

138.762

560.825

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

1 2 3

Anos Iniciais Anos Finais Total

Estado município

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ESTADOS POR ORDEM PORCENTAGEM DE MATRÍCULASHI NOS ANOS INICIAIS DO EF. Fonte: INEP, Censo Escolar 2009

ESTADOS Matrícula HI Total

Porcentagem HI/EF

Número mat. Estadual HI

Porcent. mat. HI estadual

Rio de Janeiro 115.044 11,88% 21.803 18,95%

Tocantins 14.235 10,4% 6.267 44.03%

R.Grande Norte 23.222 9,13% 9.823 42,3%

Minas Gerais 105.786 6,98% 61.922 58,54%

Paraná 43.947 5,79% 426 0,97%

Santa Catarina 19.792 4,88% 8.840 44,66%

Ceará 33.130 4,75% 22 0,07%

Goiás 18.795 4,55% 10.946 58,24%

São Paulo 107.907 4,12% 35.747 33,13%

Mato Grosso 10.081 4,08% 522 5,18%

BRASIL 599.710 4,01% 177.647 29,62%

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Os formatos de ampliação da jornada

Foco na escola Diversas linguagens ao

longo do dia na escola: Possibilidade de horário

mesclado Contato entre os diversos

profissionais no cotidiano:Facilidade de consolidação da

equipe Contato prolongado entre

professores e alunos: Favorece articulação com

projeto da escola Recursos permanentes

Foco no “território” Diversas linguagens em

diversos espaços:Obrigatoriedade de atividades

no contraturno Diversidade de espaços Menor integração da equipe e

do projeto da escola

Espaços no entorno escolarMaior articulação com o entorno

e com outras instituições Necessidade de maior controle Recursos variáveis

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Pesquisa Secad/Mec: Educação integral/integrada em tempo integral – 2008/2010

Objetivos: mapear experiências de ampliação da jornada

escolar no ensino fundamental nos municípios brasileiros

Subsidiar proposição de políticas públicas de implementação de educação integral

Pesquisa quantitativa: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12372&Itemid=817

Universidades participantes: UNIRIO, UFMG, UFPR, UNB

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Municípios e experiências: BR/NE/SE

503 municípios / 800 experiências: SE: 46,1% NE: 25,4% Matrículas: máximo 29% Quem: professores efetivos e contratados Permanência 5 dias/semana:Br: 56,2%; NE: 48,3%; SE: 63,4% Permanência acima 7 horas: Br: 55,5%; NE: 46,8%; SE: 59,6% Tempo de implantação: 1 ano: 39%; 2 anos: 55% Atividades predominantes: esportes, reforço escolar, artes

Fonte: MEC/SECAD. Educação Integral / Educação Integrada e(m) Tempo Integral: Concepções e Práticas na Educação Brasileira, 2009.

Municípios

/Experiências

No. Total de Municípios

No. de Municípios com experiências

%

Brasil 5.564 503 9.04 %

Nordeste 1.793 116 6,47 %

Sudeste 1.668 225 13,49%

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ATIVIDADES PREDOMINANTES NAS REGIÕES NE, SE E BRASIL – 2008

ATIVIDADE/REGIÃO

Nordeste Sudeste BRASIL

No. %* No. %* No. %*

Música/dança/teatro 240 25,3 605 25,9 1260 26,1

Reforço/tarefa casa 183 19,3 404 17,3 816 16,9

Esporte/capoeira 18419,4

334 14,3 740 15,3

Artes plástica/visual 899,4

287 12,3 550 11,4

...** ... ... ...

Total 948 100 2.336 100 4.831 100

* As porcentagens foram calculadas com base no total de registro da região ou do país.** Esta linha em branco indica a existência de parcelas que não foram apresentadas. Fonte: MEC/SECAD. Educação Integral / Educação Integrada e(m) Tempo Integral: Concepções e Práticas na Educação Brasileira, 2009.

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LOCAIS AMPLIAÇÃO JORNADA DENTRO ESCOLA – NE/SE LOCAL/REGIÃO

Nordeste Sudeste BRASIL

No. % No. % No. %

Sala de aula 146 30,5 280 20,5 621 22,7

Pátio 92 19,2 242 17,7 483 17,7

Quadra de esportes 67 14,0 217 15,9 411 15,0

Biblioteca 49 10,3 203 14,8 367 13,4

Laboratórios 31 6,5 110 8,0 250 9,1

Auditório 31 6,5 84 6,1 165 6,0

Total 478 100 1.366 100 2.733 100

Locais de atividades dentro da escola

23%

18%

15%13%

9%

6%

16%

sala patio quadra bibli lab audit Outros

Fonte: MEC/SECAD. Educação Integral / Educação Integrada e(m) Tempo Integral: Concepções e Práticas na Educação Brasileira, 2009.

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LOCAIS AMPLIAÇÃO JORNADA FORA ESCOLA – NE/SE

LOCAIS/REGIÕES NORDESTE SUDESTE BRASIL

No. %* No. %* No. %*

C. futebol/quadra 70 25,1 106 22,7 239 22,7

Pça. pública/parque 44 15,8 63 13,5 141 13,9

Biblioteca 21 7,5 51 10,9 89 8,8

Outra secretaria 23 8,2 40 8,6 88 8,7

Clube 19 6,8 46 9,8 87 8,6

Assoc. comunitária 19 6,8 31 6,6 82 8,1

Igreja 14 5,0 22 4,7 48 4,7

Casa particular 15 5,4 16 3,4 39 3,8

Museu 8 2,9 18 3,9 33 3,3

ONG 9 3,2 15 3,2 27 2,7

Outros 37 13,3 59 12,6 140 13,8

Total 279 100 467 100 1013 100

•A porcentagem foi calculada com base no total de registros da região ou do país.Fonte: MEC/SECAD. Educação Integral / Educação Integrada e(m) Tempo Integral: Concepções e Práticas na Educação Brasileira, 2009.

Page 17: Mini curso 33a reunião anp ed  2010

Mais tempo para quê?

Políticas compensatórias? Discriminação positiva? Inclusão social? Foco no indivíduo e foco nas coletividades? Mais dos mesmo recursos? Novos recursos?

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Ampliação da jornada e territorialização da educação

Territorialização das políticas educativas Adaptação da instituição escolar ao seu

“público” Nível local como protagonista do processo

educativo Projetos específicos (de escola, de região) Mobilização de profissionais e todos os

implicados (pais, comunidade, autoridades)

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Ampliação da jornada e política das cidades

Aproximação entre as realidades sociais e escolares

Abertura da escola ao seu entorno Mobilização dos atores implicados Território educativos e estruturação de redes Parcerias locais (encontro de projetos?) Parcerias institucionais (papel do Estado) Comunidades educativas Precarização dos meios

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Mérito ou Justiça Social?

Cada uma das concepções de justiça evocadas entra em contradição com outras. Uma meritocracia justa não garante diminuição de desigualdades; a preocupação com a integração social dos alunos tem probabilidade de confirmar seu destino social; a busca de um mínimo comum arrisca-se a limitar a expressão dos talentos; uma escola preocupada com singularidade de indivíduos age contra a cultura comum... Portanto não existe solução perfeita, mas uma combinação de escolhas e respostas necessariamente limitadas.

François Dubet

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Referências Bibliográficas

BRASIL. Decreto 6.094 de 24 de abril de 2007. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 de abril de 2007.

_______. Decreto 7.083 de 27 de janeiro de 2010. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 de janeiro de 2010.

_______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.

_______. Lei nº 10.172, de 09 de janeiro de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2001.

_______. Lei nº. 11.494, de 20 de junho de 2007. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jun. 2007.

_______. Portaria Normativa Interministerial n° 17, de 24 de abril de 2007. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 abr. 2007.

CASASSUS, Juan. A escola e a desigualdade. Brasília: Plano Editora, 2007.

CAVALIERE, Ana Maria. Tempo de escola e qualidade na educação pública. Educação e Sociedade, v. 28,n.100, 2007.

COMPÈRE, M.M., Histoire du temps scolaire en Europe, INRP, Ed. Économica, 1997.

DUBET, François. O que é uma escola justa? In: Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v.34, n. 123, 2004.

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Referências Bibliográficas

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS (INEP). Censo Escolar 2009. http://www.inep.gov.br/download/censo/2009/Anexo%20I.xls. Acesso 27/07/2010.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS (INEP). Censo Escolar 2008. http://www.inep.gov.br/censo/escolar/DOU_final_2008.htm. Acesso 20/06/2010.

MEC/SECAD. Educação Integral / Educação Integrada e(m) Tempo Integral: Concepções e Práticas na Educação Brasileira, 2009. http://portal.mec.gov.br /index. php?option=com_content&view=article&id=123 72 &Itemid=817

MAURÍCIO, Lúcia Velloso. Escritos, representações e pressupostos da escola pública de horário integral. Em MAURICIO, L. V., Aberto no. 80. Brasília: INEP, 2009, p. 15-31.

MONLEVADE, João. Estudo 1.159. Consultoria Legislativa para o Senado Federal: Senador Inácio Arruda, junho 2009.

NERI, Marcelo C.. Tempo de permanência na escola. Rio de Janeiro, FGV/IBRE, CPS, 2009.

RIBEIRO, Darcy. Balanço crítico de uma experiência educacional. Carta 15: O Novo Livro dos CIEPs. Brasília, Senado Federal, 1995.

TEIXEIRA, Anísio. Educação não é Privilégio. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 5ª ed., 1994.