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  • 5/26/2018 Min Faz - Assistente - Atualidades 01

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    APOSTILAS OPO A Sua Melhor Opo em Concursos Pblicos

    Atualidades A Opo Certa Para a Sua Realizao1

    ATUALIDADES:1. Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade.1.1. Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactos navida poltica e social.1.2 O debate sobre a legalizao das drogas e seu impacto sobreas polticas pblicas e sobre a sociedade.1.3 Tecnologia e educao.

    2. Formas de organizao social, movimentos sociais, pensamentopoltico e ao do Estado.2.1. Movimentos sociais na era da internet.2.2 Conselhos de polticas pblicas.2.3. Instrumentos de participao e controle social.

    3. Transformaes das estruturas produtivas e influncia da econo-mia na sociedade global.3.1. A globalizao e as novas tecnologias de telecomunicao esuas consequncias econmicas, polticas e sociais.3.2. Poder econmico e responsabilidade social.3.2.1 Norma Brasileira de Diretrizes sobre Responsabilidade Social

    - ABNT NBR ISO 26000: 2010.3.3 Educao e trabalho.

    4. Desenvolvimento Sustentvel e Administrao Pblica.4.1. Origem e evoluo do conceito de Desenvolvimento sustent-vel.4.2. Questes ambientais contemporneas: mudana climtica,efeito estufa, chuva cida, biodiversidade.4.3. A nova ordem ambiental internacional - Rio/92, Agenda 21,Rio+20.4.4. O servio pblico e os desafios da sustentabilidade: AgendaAmbiental da Administrao Pblica; Contrataes Sustentveis,Plano de Logstica Sustentvel.

    1. Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade.1.1. Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactosna vida poltica e social.1.2 O debate sobre a legalizao das drogas e seu impactosobre as polticas pblicas e sobre a sociedade.1.3 Tecnologia e educao.

    Cultura

    Todos os povos, mesmo os mais primitivos, tiveram e tm uma cultura,transmitida no tempo, de gerao a gerao. Mitos, lendas, costumes,crenas religiosas, sistemas jurdicos e valores ticos refletem formas de

    agir, sentir e pensar de um povo e compem seu patrimnio cultural.Em antropologia, a palavra cultura tem muitas definies. Coube ao an-

    troplogo ingls Edward Burnett Tylor, nos pargrafos iniciais de PrimitiveCulture (1871; A cultura primitiva) oferecer pela primeira vez uma definioformal e explcita do conceito: "Cultura ... o complexo no qual esto inclu-dos conhecimentos, crenas, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outrasaptides e hbitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade."

    J o antroplogo americano Melville Jean Herskovits descreveu a cultu-ra como a parte do ambiente feita pelo homem; Ralph Linton, como a heran-a cultural, e Robert Harry Lowie, como o conjunto da tradio social. Nosculo XX, o antroplogo e bilogo social ingls Ashley Montagu a definiucomo o modo particular como as pessoas se adaptam a seu ambiente.Nesse sentido, cultura o modo de vida de um povo, o ambiente que umgrupo de seres humanos, ocupando um territrio comum, criou na forma deidias, instituies, linguagem, instrumentos, servios e sentimentos.

    Conceituao. A histria da utilizao antropolgica do conceito de cul-tura tem origem nessa famosa definio de Tylor, que ensejou a oposioclssica entre natureza e cultura, na medida em que ele procurou definir ascaractersticas diferenciadoras entre o homem e o animal a partir dos cos-

    tumes, crenas e instituies, encarados como tcnicas que possibilitam avida social. Tal definio tambm marcou o incio do uso inclusivo do termo,continuado dentro da tradio dos estudos antropolgicos por Franz Boas eBronislaw Malinowski, entre outros. Sobretudo na segunda metade dosculo XX, esse uso caracterizou-se pela nfase dada pluralidade deculturas locais, enfocadas como conjuntos organizados e em funcionamento,e pela perda de interesse na evoluo dos costumes e instituies, preocu-pao dos antroplogos do sculo XIX.

    S o homem portador de cultura; por isso, s ele a cria, a possui e atransmite. As sociedades animais e vegetais a desconhecem. um comple-xo, porque forma um conjunto de elementos, inter-relacionados e interde-pendentes, que funcionam em harmonia na sociedade. Os hbitos, idias,tcnicas, compem um conjunto, dentro do qual os diferentes membros deuma sociedade convivem e se relacionam. A organizao da sociedade,como um elemento desse complexo, est relacionada com a organizaoeconmica; os dois entre si relacionam-se igualmente com as idias religio-sas. O conjunto dessa inter-relao faz com que os membros de uma socie-dade atuem em perfeita harmonia.

    A cultura uma herana que o homem recebe ao nascer. Desde o mo-mento em que posta no mundo, a criana comea a receber uma srie deinfluncias do grupo em que nasceu: as maneiras de alimentar-se, o vestu-rio, a cama ou a rede para dormir, a lngua falada, a identificao de um pai

    e de uma me, e assim por diante. proporo que vai crescendo, recebenovas influncias desse mesmo grupo, de modo a integr-la na sociedade,da qual participa como uma personalidade em funo do papel que nelaexerce. Se individualmente o homem age como reflexo de sua sociedade,faz aquilo que normal e constante nessa sociedade. Quanto mais nela seintegra, mais adquire novos hbitos, capazes de fazer com que se considereum membro dessa sociedade, agindo de acordo com padres estabelecidos.Esses padres so justamente a cultura da sociedade em que vive.

    A herana cultural no se confunde, porm, com a herana biolgica. Ohomem ao nascer recebe essas duas heranas: a herana cultural lhetransmite hbitos e costumes, ao passo que a herana biolgica lhe transmi-te as caractersticas fsicas ou genticas de seu grupo humano. Se umacriana, nascida numa sociedade bororo, levada para o Rio de Janeiro,passando a ser criada por uma famlia de Copacabana, crescer com todas

    as caractersticas fsicas -- cor da pele e do cabelo, forma do rosto, emespecial os olhos amendoados -- de seu grupo bororo. Todavia, adquirirhbitos, costumes, a lngua, as idias, modos de agir da sociedade carioca,em que se cria e vive.

    Alm desses hbitos e costumes que recebe de seu grupo, o homemvai ampliando seus horizontes, e passa a ter novos contatos: contatos comgrupos diferentes em hbitos, costumes ou lngua, os quais faro com queadquira alguns desses hbitos, ou costumes, ou modos de agir. Trata-se daaquisio pelo contato. Foi o que se verificou no Brasil do sculo XIX comhbitos introduzidos pelos imigrantes alemes ou italianos; o mesmo suce-deu em sculos anteriores, com costumes introduzidos pelos negros escra-vos trazidos da frica. Tais costumes vo-se incorporando sociedade e,com o tempo, so transmitidos como herana do prprio grupo.

    certo que essa transmisso pelo contato no abrange toda a culturado outro grupo. Somente alguns traos se transmitem e se incorporam cultura receptora. Esta, por sua vez, se torna tambm doadora em relao cultura introduzida, que incorpora a seus padres hbitos ou costumes queat ento lhe eram estranhos. o processo de transculturao, ou seja, atroca recproca de valores culturais, pois em todo contato de cultura associedades so ao mesmo tempo doadoras e receptoras. Dessa forma, ohomem adquire novos elementos culturais, e enriquece seu tipo cultural.

    Esses elementos, que compem o conceito de cultura, permitem mos-trar que ela est ligada vida do homem, de um lado, e, de outro, se encon-tra em estado dinmico, no sendo esttica sua permanncia no grupo. Acultura se aperfeioa, se desenvolve, se modifica, continuamente, nemsempre de maneira perceptvel pelos membros do prprio grupo. justa-mente isso que contribui para seu enriquecimento constante, por meio de

    novas criaes da prpria sociedade e ainda do que adquirido de outrosgrupos.

    Graas s pesquisas em jazidas arqueolgicas, tem sido possvel re-compor ou reconstruir as culturas, o que permite conhecer o desenvolvimen-to cultural do homem, sobretudo no campo material. mais difcil, porm,

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    conhecer o desenvolvimento da cultura espiritual, embora muita coisa j setenha podido esclarecer. De qualquer forma o que se sabe que, nascidacom o homem, a cultura, sofreu modificaes ao longo dos tempos, enrique-cendo-se de novos elementos e adquirindo novos valores. A cultura acom-panha, pois, a marcha da humanidade; est ligada vida do homem, desdeo ser mais antigo. Com a expanso do homem pela Terra, ocupando osgrupos humanos novos meios ambientes, a cultura se ampliou e se diversifi-cou em face das influncias impostas pelo meio, cujas relaes com ohomem condicionaram o aparecimento de novos valores culturais ou o

    desaparecimento de outros.Sentidos de cultura. Assim, dentro do conceito geral de cultura, poss-

    vel falar de culturas e, por isso, se identificam sentidos especficos segundoos quais a cultura antropologicamente considerada. So quatro, a saber:(1) a cultura entendida como modos de vida comuns a toda a humanidade;(2) a cultura entendida como modos de vida peculiares a um grupo desociedades com maior ou menor grau de interao; (3) a cultura entendidacomo padres de comportamento peculiares a uma dada sociedade; (4) acultura entendida como modos especiais de comportamento de segmentosde uma sociedade complexa.

    O primeiro sentido apresenta aqueles elementos de cultura comuns atodos os seres humanos, como a linguagem (todos os homens falam, embo-ra se diversifiquem os idiomas ou lnguas faladas). So aqueles hbitos -- o

    de dormir, o de comer, o de ter uma atividade econmica -- que se tornamcomuns a toda a humanidade.

    No segundo sentido, encontram-se os elementos comuns a um grupode sociedades, como o vesturio chamado ocidental, que comum a fran-ceses, a portugueses, a ingleses. So diversas sociedades que tm o mes-mo elemento cultural; um exemplo o uso do ingls por habitantes daInglaterra, da Austrlia, da frica do Sul, dos Estados Unidos, que, entre si,entretanto, tm valores culturais diferentes.

    O terceiro sentido formado pelo conjunto de padres de determinadasociedade, por exemplo, aqueles padres culturais que caracterizam ocomportamento da sociedade do Rio de Janeiro; ou as peculiaridades queassinalam os habitantes dos Estados Unidos.

    O quarto sentido de cultura refere-se a de modos especiais de compor-

    tamento de um segmento de sociedade mais complexa. Uma dada socieda-de possui valores culturais comuns a todos os seus integrantes. Dentro,porm, dessa sociedade encontram-se elementos culturais restritos ouespecficos de determinados grupos que a integram. So certos costumesque, dentro da sociedade multplice do Rio de Janeiro, apresentam oshabitantes de Copacabana, os de uma favela ou de um subrbio distante. Aesses segmentos culturais de uma sociedade complexa, d-se tambm onome de subcultura.

    So esses sentidos que permitem verificar a diferenciao de culturaentre os diversos grupos humanos. Tal diferenciao resulta de processosinternos ou externos, uns e outros atuando de maneira diversa sobre ofenmeno cultural. Entre os processos internos, encontram-se as inovaes,traduzidas em descobertas e invenes, que, s vezes, surgem em determi-nado grupo e depois se transmitem a outros grupos, no raro sofrendomodificaes ao serem aceitas pela nova sociedade. Os processos externosexplicam-se pela difuso: a transmigrao de um elemento cultural de umasociedade a outra. Em alguns casos o elemento cultural mantm a mesmaforma e funo; em outros, modifica-as ou mantm apenas a forma e modifi-ca a funo.

    A caracterizao de Herskovits. Todos esses aspectos relacionadoscom o processo cultural de uma sociedade podem ser analisados base dealguns princpios. De acordo com a caracterizao de Melville Herskovits, acultura deriva de componentes da existncia humana, aprendida, estrutu-rada, formada de elementos, dinmica, varivel, cumulativa, contnua e uminstrumento de adaptao do homem ao ambiente.

    A cultura derivada de componentes da existncia humana, ou seja, o-rigina-se de fatores ligados ao homem. So fatores ambientais, psicolgicos,

    sociolgicos e histricos, que contribuem para compor a cultura dentro deuma sociedade estudada. Ela tambm aprendida, porque se verifica umprocesso de transmisso dos mais velhos -- pessoas ou instituies -- aosmais novos, proporo que estes se vo incorporando a sua sociedade.So as chamadas linhas de transmisso, isto , aqueles meios pelos quais

    se verifica a aprendizagem da cultura. A famlia, os companheiros de traba-lho, os professores, o esporte, a igreja, a escola, so linhas de transmisso,ou seja, transmitem a cultura, que se torna assim aprendida pelos que seincorporam sociedade.

    Do mesmo modo, a cultura estruturada, pois tem uma forma ou estru-tura que lhe d estabilidade no respectivo grupo humano, sem prejuzo daspossibilidades de mudana, que so imensas. estruturada no sentido deque, compondo-se de diversos valores, mantm entre eles uma estruturao

    orgnica.Constituda de diferentes valores, a cultura forma os complexos que, u-

    nidos e inter-relacionados, do o padro cultural. A organizao social, alngua usada, a organizao poltica, a esttica, as idias religiosas, astcnicas, o sistema de ensino so alguns dos elementos existentes em umasociedade. Esses elementos do forma cultura e a representam, emconjunto, de maneira a caracterizar a sociedade em que se manifestam. Noso iguais, porm, em todas as sociedades; da a cultura ser varivel. Acultura tambm cumulativa; vo-se acumulando nela, em face da respecti-va sociedade, os elementos vindos de geraes anteriores, sem prejuzodas mudanas que se podem verificar no decorrer do tempo.

    Cada gerao humana, em determinada sociedade, recebe os elemen-tos vindos de seus antepassados, e ao mesmo tempo vai acolhendo novoselementos que se juntam queles. Por isso mesmo, a cultura tambmcontnua: vai alm do indivduo ou de uma gerao, pois continua, mesmomodificada, mas sem interromper sua permanncia na sociedade a quepertence. o continuum cultural que liga cada sociedade a suas razes maisantigas. Se alguns valores se alteram, desaparecem e so substitudos pornovos, outros se mantm constantes, vivos, gerao aps gerao. Essacontinuidade cultural d sociedade sua estabilidade, pois apesar dasrevolues, invases, novos contatos com grupos diferentes, o fato que acultura permanece, e a sociedade prossegue em sua existncia.

    Por fim, a cultura um instrumento de adaptao do homem ao ambien-te. pelos valores culturais que o homem se integra a seu meio. Primeiro,como indivduo. Ao transformar-se em personalidade que se incorpora a seugrupo, vai adquirindo os hbitos, os usos e os costumes da sociedade a que

    pertence, de forma a adaptar-se inteiramente a ela. Aprende a lngua quedeve ser falada; adquire as noes de relaes com os companheiros;aprende os mesmos jogos infantis e as mesmas atividades juvenis; adquireuma profisso que atende aos interesses da sociedade. Em segundo lugar,cria instrumentos ou concebe novas idias, que o capacitam a melhor adap-tar-se ao ambiente.

    Classificaes da cultura. Apesar de formar uma unidade devidamenteestruturada, cumulativa e contnua, a cultura pode ser dividida. o que sechama de classificao de cultura, isto , a diviso dos valores culturaisexclusivamente por necessidade metodolgica, ou para fins pedaggicos oudidticos. Os elementos que integram uma cultura no dominam uns aosoutros; unem-se e ajudam a compreender a cultura e seu funcionamento. Aclassificao ou diviso da cultura apenas uma necessidade que tm osestudiosos para melhor apreciar os diferentes aspectos dessa cultura. Da a

    prpria variao dessas classificaes ou divises, em geral conforme aspreferncias ou pontos de vista em que se coloca cada autor.

    A mais antiga classificao se deve ao socilogo americano William Fi-elding Ogburn, que em Social Change: With Respect to Culture and OriginalNature (1922; Mudana social: referida cultura e natureza original) dividiu acultura em material e no-material ou espiritual. A primeira compreenderiatodos os elementos capazes de uma representao objetiva, em um objetoou fato. A segunda seria tudo o que criado pelo homem, como concepoou idia, nem sempre traduzido em objetos ou fatos.

    Outras classificaes podem ainda ser lembradas. Ralph Linton, base-ando-se na constatao de que os fatos culturais resultam das necessidadeshumanas, dividiu a cultura em: necessidades biolgicas, agrupando todos osfatos que correspondem vida fsica do homem (alimentao, habitao,

    vesturio etc.); necessidades sociais, em que se renem todos os fatosrelacionados com a vida em sociedade (organizao social, organizaopoltica, ensino etc.); e necessidades psquicas, que compreendem todos osfatos que representam manifestaes de pensamento dos seres humanos(crenas, esttica etc.). Melville Herskovits ofereceu a seguinte distribuio

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    dos elementos culturais: cultura material e suas sanes; instituies soci-ais; homem e universo; esttica, linguagem.

    Pode-se ainda assinalar a classificao dos elementos culturais, tendoem vista os sistemas operacionais de ao do homem: sistema ou nveladaptativo, em que se verificam as relaes do homem com o meio (ecolo-gia, tecnologia, economia); sistema ou nvel associativo, em que se estudamas relaes dos homens entre si (organizao social, famlia, parentesco,organizao poltica); e sistema ou nvel ideolgico, onde se compreendem

    os produtos mentais resultantes de relaes entre os homens e as idias ouconcepes (saber, crenas, linguagem, arte etc.).

    Uma ltima observao deve ser feita, em face da aplicao do sentidode cultura: que muitas vezes se tem confundido, na linguagem menoscientfica, o sentido de cultura com o de raa ou de lngua. Falar-se, porexemplo, de uma raa ariana um engano, pois o que existe so povos quefalaram originariamente as lnguas indo-europias ou arianas, tronco deonde nasceram as modernas lnguas faladas na Europa contempornea. Damesma forma um engano falar-se de raa judaica, pois o que existe soelementos humanos, que se aglutinam pela cultura, em particular pelosmesmos ideais ou sentimentos religiosos, e nunca pelas mesmas caracters-ticas fsicas.

    Convm salientar que as trs variveis -- cultura, raa e lngua -- so in-dependentes e no seguem a mesma direo. Encontram-se casos em quepersistem as caractersticas raciais e se modificam as lingsticas e cultu-rais, como se verificou com os negros da frica e na Amrica do Norte oucom os vedas do Ceilo (hoje Sri Lanka). Em outras ocasies, persistem ascaractersticas lingsticas e modificam-se as raciais; foi o que sucedeu comos magiares na Europa, vindos de um mesmo tronco lingstico, mas devariada formao racial. Pode tambm suceder a persistncia de caracters-ticas culturais e a modificao das caractersticas fsicas ou lingsticas. oexemplo encontrado nos povos chamados latinos. Com tais exemplos,conclui-se que cultura no se confunde com raa ou lngua.

    Padro cultural. Em antropologia, a expresso padro cultural se refere soma total das atividades -- atos, idias, objetos -- de um grupo; ao ajus-tamento dos diversos traos e complexos de uma sociedade. aquelaconfigurao exterior que uma cultura apresenta, traduzindo o conjunto de

    valores que expressa essa mesma cultura.A idia desse conceito comeou a formar-se com o antroplogo ameri-

    cano Franz Boas, que em 1910 afirmou a individualidade da cultura em cadatribo indgena americana por ele estudada. Essa observao decorreu dapresena de certos elementos que distinguem determinada cultura. No casodos grupos estudados, Boas mencionou o conservantismo dos esquims,sua capacidade de inveno, sua boa ndole, seu conceito peculiar danatureza e outros aspectos. Tais elementos no so conseqncia desimples difuso: resultam, em grande parte, de seu prprio mtodo de vida;e o esquim mesmo vai remodelando os elementos obtidos de outros gru-pos, de acordo com os padres dominantes em seu meio.

    A idia de padro, em seu sentido antropolgico, somente se formulou,no entanto, com a antroploga americana Ruth Benedict, em sua obraclssica Patterns of culture (1934; Padres culturais). Estudando as diferen-tes caractersticas das culturas tribais, ela ressaltou que existe um padropsicolgico modelador dos elementos culturais emprestados. Por sua vez,esse mesmo padro afasta aqueles elementos culturais que a ele no seconformam. A cultura como o indivduo, e tem um padro mais ou menosconsistente em seu pensamento e ao. Benedict analisa as culturas dosndios zunis, indicando os padres culturais de cada um desses grupos, paramostrar o que os caracteriza. Admite, igualmente, uma influncia da psicolo-gia gestaltista, que lhe permitiu demonstrar a importncia de tratar o todo emlugar das partes e provar que nenhuma anlise das percepes separadaspode explicar a experincia total.

    Por meio dos trs grupos tribais estudados na obra, Ruth Benedict pro-cura explicar, e no apenas expor, as caractersticas que cada um apresentaem seu padro cultural. Apesar da ampla difuso de sua obra e da imensa

    aceitao de seu conceito de padro cultural, no se podem negar as crti-cas feitas a seu mtodo de estudo, traduzidas principalmente nas observa-es de Robert Lowie; a este se afigurava que o desejo de distinguir umpadro de outro conduz necessariamente a uma tendncia de sobreestimardiferenas. Dessa forma podem produzir-se srias alteraes em virtude deuma seleo subjetiva dos critrios. Enfim, a Lowie parecia que se deveriam

    esperar investigaes ulteriores para chegar a uma definio adequada doconceito de padro.

    Escola histrico-cultural. Corrente etnolgica que procura explicar o de-senvolvimento cultural como processo de difuso, a escola histrico-culturalteve seus primeiros idealizadores na ustria e na Alemanha, donde o nomecom que tambm conhecida: escola austro-alem. O antroplogo e arque-logo alemo Leo Frobenius um de seus primeiros nomes. A ele se deve aidia dos ciclos culturais, de que a constncia na associao dos elementos

    culturais determina a formao de um ciclo -- um conjunto de determinadosvalores culturais partidos de um ponto nico dentro da rea ocupada. A reaocupada por esses valores de cultura o crculo cultural.

    Ao mesmo tempo que Frobenius aplicava essa teoria aos povos africa-nos, o etnlogo Fritz Graebner, em Berlim, estudava, dentro do mesmocritrio, os povos da Oceania. Comearam ento a surgir as bases dessanova teoria antropolgica, especificamente etnolgica, repercutindo sobretu-do em Viena, onde o padre Wilhelm Schmidt estudou tambm a distribuiodos grupos humanos em ciclos culturais. Viena e Berlim tornaram-se oscentros fundamentais da formao e desenvolvimento dessa escola, cujosprincpios metodolgicos esto sistematizados por Graebner, em livro publi-cado na primeira dcada deste sculo, sob o ttulo Methode der Ethnologie(1911; Metodologia etnolgica). Tambm Schmidt publicou um livro com osfundamentos metodolgicos da escola histrico-cultural.

    Os estudos de Wilhelm Schmidt nem sempre concordaram plenamentecom os de Graebner. Surgiram, entre os dois, certas divergncias de deta-lhes que no invalidam, entretanto, o conjunto. Alm dos critrios de Graeb-ner, que so o de forma e o de qualidade, Schmidt estabeleceu o princpiode causalidade cultural, quer dizer, apontou a existncia de causas externase internas que incidem na formao da cultura. As causas externas so asque, de fora, influem sobre o homem, tais como as foras fsicas e a prpriaatividade do homem; as causas internas so as vindas de dentro, do prpriogrupo, de natureza instintiva. So causas que nem sempre podem observar-se, salvo quando se traduzem em formas concretas.

    Uma das divergncias entre Graebner e Schmidt era o estabelecimentodos ciclos culturais. Enquanto Graebner considerava os tasmanianos comoo povo mais primitivo, Schmidt assim considerava os pigmeus da floresta da

    frica. Ora, um ciclo de cultura caracteriza-se pelo conjunto dos valoresculturais existentes naquele grupo, e pode no ter continuidade geogrfica.Chegou-se, pois, evidncia de que nem os tasmanianos so mais primiti-vos que os pigmeus africanos, nem estes mais que aqueles. Cientificamentecolocam-se num mesmo plano e, assim, dentro de um mesmo ciclo.

    O crculo cultural, alm de caracterizar uma distribuio geogrfica,considera ainda a histria do desenvolvimento cultural e estuda a estratifica-o dos elementos existentes. Nisso diverge do conceito, mais moderno, derea cultural, que considera territorialmente a existncia dos elementosculturais em face de semelhana de cultura material e de condies geogr-ficas. No considera como importante a reconstituio histrica dos elemen-tos. Baseia-se essencialmente em sua localizao. O conceito de reacultural foi um dos traos de diversificao e divergncia da escola america-na, liderada por Franz Boas, em face da escola histrico-cultural, da qual se

    originou.Diversidade cultural

    A diversidade cultural so diferenas culturais que existem entre o serhumano. H vrios tipos, tais como:a linguagem, danas, vesturio, religio e outras tradies como aorganizao da sociedade. A diversidade cultural algo associado dinmica do processo aceitativo da sociedade.Pessoas que por algumasrazes decidem pautar suas vidas por normas pr-estabelecidas tendem aesquecer suas prprias idiossincrasias (Mistura De Culturas). Em outraspalavras, o todo vigente se impe s necessidades individuais. Odenominado "status quo" deflagra natural e espontaneamente, e como diriaHegel, num processo dialtico, a adequao significativa do ser ao meio. Acultura insere o indivduo num meio social.

    O termo diversidade diz respeito variedade e convivncia de ideias,caractersticas ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto,situao ou ambiente. Cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) umtermo com vrias acepes, em diferentes nveis de profundidade ediferente especificidade. So prticas e aes sociais que seguem um

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    padro determinado no espao/tempo. Se referea crenas, comportamentos, valores, instituies, regras morais quepermeiam e "preenchem" a sociedade. Explica e d sentido a cosmologiasocial, a identidade prpria de um grupo humano em um territrio e numdeterminado perodo.

    Conceito Principal

    A ideia de diversidade est ligada aos conceitosde pluralidade, multiplicidade, diferentes ngulos de viso ou de

    abordagem, heterogeneidade e variedade. E, muitas vezes, tambm, podeser encontrada na comunho de contrrios, na interseco de diferenas,ou ainda, na tolerncia mtua. A diversidade cultural complicada dequantificar, mas uma boa indicao pensar em uma contagem do nmerode lnguas faladas em uma regio ou no mundo como um todo. Atravsdesta medida, h sinais de que podemos estar atravessando um perodo dedeclnio precipitado na diversidade cultural do mundo. Pesquisa realizadana dcada de 1990 por Lu Queiros (Professor Honorrio de Lingustica naUniversity of Wales, Bangor) sugeriu que naquela poca em mdia, umalngua caa em desuso a cada duas semanas. Ele calculou que se a taxade mortalidade de lnguas continuasse at o ano 2100, mais de 90% dosestilos falados atualmente no mundo sero extintos.

    A Origem da Diversidade Cultural

    H um consenso geral entre os principais antroplogos que oprimeiro homem surgiu na frica, h cerca de dois milhes de anos atrs.Desde ento, temos nos espalhados por todo o mundo, com sucesso emnos adaptarmos s diferentes condies, como por exemplo, as mudanasclimticas. As muitas sociedades que surgiram separadas por todoo globo diferiam sensivelmente umas das outras, e muitas dessasdiferenas persistem at hoje.

    Bem como os mais evidentes as diferenas culturais que existem entreos povos, como a lngua, vestimenta e tradies, tambm existemvariaes significativas na forma como as sociedades organizam-se na suaconcepo partilhada da moralidade e na maneira como interagem noseu ambiente. Joe Nelson, de Stafford Virginia, tem popularizado aexpresso "Cultura e diversidade", enquanto na frica, discutvel se essasdiferenas so apenas artefatos decorrentes de padres de

    migrao humana, ou se elas representam uma caracterstica evolutiva que fundamental para o nosso sucesso como uma espcie. Por analogia coma biodiversidade, que considerada essencial para a sobrevivncia a longoprazo da vida na Terra. possvel argumentar que a diversidade culturalpode ser vital para a sobrevivncia a longo prazo da humanidade e que apreservao das culturas indgenas pode ser to importante para ahumanidade como a conservao das espcies e do ecossistemas para avida em geral.

    Este argumento rejeitado por muitas pessoas, por vrias razes:

    Em primeiro lugar, como a maioria das questes evolutivas da naturezahumana, a importncia da diversidade cultural para a sobrevivncia podeser uma hiptese impossvel de testar, que no podem ser provadas nemrefutadas.

    Em segundo lugar, possvel argumentar que antitico conservardeliberadamente sociedades "menos desenvolvidos", pois isso ir negar spessoas dentro dessas sociedades os benefcios de avanos tecnolgicose mdicos desfrutado por aqueles no mundo "desenvolvido".

    Finalmente, h muitas pessoas, especialmente aquelas com fortesconvices religiosas, que afirmam que do interesse dos indivduos e dahumanidade como um todo, que todos respeitem o nico modelo desociedade que eles considerem correcto. Por exemplo, organizaesmissionrias evangelistas fundamentalistas como a Misso Novas Tribos doBrasil trabalham ativamente para reduzir a diversidade cultural, procurandoremotas sociedades tribais, convertendo-as sua prpria f, e induzindo-osa remodelao de sua sociedade de acordo com os seus princpios.

    Existem vrias organizaes internacionais que trabalham paraproteger sociedades e culturas, incluindo a Survival International e aUNESCO. A Declarao Universal da UNESCO sobre a DiversidadeCultural, aprovada por 185 Estados-Membros em 2001, representa oprimeiro instrumento de definio de padro internacional destinado apreservar e promover a diversidade cultural e o dilogo intercultural .

    Conflito

    O conflitosurge quando h a necessidade de escolha entre situaesque podem ser consideradas incompatveis.

    Todas as situaes de conflito so antagnicas e perturbam a ao oua tomada de deciso por parte da pessoa ou de grupos.

    Kurt Lewin define o conflito no indivduo como "a convergnciade foras de sentidos opostos e igual intensidade, que surge quando existe

    atrao por duas valncias positivas, mas opostas (desejo de assistir auma pea de teatro e a um filme exibidos no mesmo horrio e em locaisdiferentes); ou duas valncias negativas (enfrentar uma operao ou ter oestado de sade agravado); ou uma positiva e outra negativa, ambas namesma direo (desejo de pedir aumento salarial e medo deser demitido por isso)".

    Salvatore Maddi classifica as teorias da personalidade segundo trsmodelos, um dos quais o de conflito. Esse modelo supe que a pessoaesteja permanentemente envolvida pelo choque de duas grandes forasantagnicas, "que podem ser exteriores ao indivduo (conflitoentre indivduo e sociedade) ou intrapsquicas (foras conflitantes dointerior do indivduo que se do, por exemplo, entre os impulsos deseparao, individuao e autonomia e os impulsos de integrao,comunho e submisso)".

    O conflito, no entanto, pode ter efeitos negativos como positivos, masem certos casos e circunstncias, como fator motivacional da atividadecriadora.

    O conflito em algumas escolas da sociologia enxergado como odesequilbrio de foras do sistema social que deveria estar em repouso, isto, equilibrado, quanto foras que o compe. Segundo esta teoria, no seenxerga mais o grupo como uma relao harmnica entre rgos, nosuscetveis de interferncia externa.

    Os conflitos, para ter uma soluo pacfica, devem ter todos os meiospossveis de negociao de controvrsias, estas, precisam ser executadascom diplomacia, bons ofcios, arbitragem e conciliao

    Sempre que se deve escolher entre duas situaes incompatveis,

    sejam elas de prazer ou de perigo, instala-se um conflito.Conflito um antagonismo psicolgico que perturba a ao ou a

    tomada de deciso por parte da pessoa. Trata-se de um fenmenosubjetivo, muitas vezes inconsciente ou de difcil percepo. De modogeral, o indivduo tem conscincia apenas do sofrimento ou da perturbaode comportamento, originados do conflito reprimido.

    A abordagem condutista dos fenmenos psquicos entende que asituao de conflito fruto da concorrncia de respostas incompatveis, ouseja, um choque de motivos dentro do indivduo. O prolongamento doestado de conflito pode acarretar fadiga, fraqueza, depresso nervosa etc.O estudo dos conflitos ajuda a compreender melhor alguns aspectos decertos desajustes comportamentais, neuroses, psicopatias e psicosesfuncionais.

    A teoria psicanaltica de Freud parte da hiptese bsica do conflitoentre os impulsos de prazer e as imposies da realidade, que seexpressam pelo choque entre as foras do id, que o substrato instintivoda psique, e a represso exercida pelo superego, que impe aocomportamento as exigncias tico-sociais. Desde o incio do processo desocializao, a criana se depara com situaes ambguas, em que abusca do prazer coibida pelo adulto quando esse prazer inconvenienteou ameaador. Assim, por exemplo, uma criana que rabisca as paredescom a inteno de corresponder ao desejo dos pais de que aprenda aescrever, pode ser castigada por isso. A ao do adulto ao mesmo tempoprotetora e restritiva, incentivadora e punitiva.

    inegvel a influncia dos conflitos interpessoais do mbito familiar naformao da personalidade e na gnese dos conflitos psicolgicos. De

    modo geral, a terapia psicanaltica busca mostrar claramente os conflitos aoprprio analisando, para que ele possa elabor-los e resolv-los.

    Com uma concepo terica diferente, Kurt Lewin define o conflitocomo a convergncia de foras de sentidos opostos e igual intensidade. Oconflito surge quando o indivduo atrado por duas valncias, positivas

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    mas opostas (desejo de assistir a uma pea e a um filme exibidos nomesmo horrio e em locais diferentes) ou duas valncias negativas(enfrentar uma operao ou ter o estado de sade agravado) ou umapositiva e outra negativa, ambas na mesma direo (desejo de pediraumento e medo de ser despedido por isso).

    A obra de Salvatore Maddi classifica as teorias da personalidadesegundo trs modelos, um dos quais o de conflito. Esse modelo supe quea pessoa esteja permanentemente envolvida pelo choque de duas grandes

    foras antagnicas, que podem ser exteriores ao indivduo (conflito entreindivduo e sociedade) ou intrapsquicas (foras conflitantes do interior doindivduo que se do, por exemplo, entre os impulsos de separao,individuao e autonomia e os impulsos de integrao, comunho esubmisso).

    Apesar das diferentes abordagens do conceito de conflito, todas elasreconhecem sua influncia na origem dos desajustes psicolgicos e at deprocessos perturbadores mais graves, como as neuroses e psicoses. Oconflito, no entanto, pode ter efeitos positivos, em certos casos ecircunstncias, como fator motivacional da atividade criadora.

    Vida em Sociedade

    Todos ns precisamos de algum.

    Nos desenvolvemos nos integrando com outras pessoas, dependemosuns dos outros direta ou indiretamente. Quando somos crianas depende-mos totalmente dos nossos pais, ao crescermos aprendemos a fazer coisassozinhos, mas precisamos deles para nos sustentar. Mesmo quando sa-mos de casa e temos nossa profisso dependemos do nosso emprego, emesmo se tivermos um negcio prprio dependemos dos clientes, ou seja,somos todos dependentes.

    Viver num crculo social no uma escolha apenas, mas sim uma ne-cessidade, mesmo que uma pessoa v morar sozinha em outro planetacom todas as condies de sobrevivncia, logo se sentiria solitrio, sentiriafalta de afeto e calor humano e certamente ficaria depressivo. Temosnecessidade de interao com os outros. Nossa constituio fsica e psico-lgica no permite que vivamos ss.

    A sociedade uma coisa muito antiga, desde os primrdios, o homensdas cavernas j se organizavam, com tarefas estabelecidas para cada um.Civilizaes antiqussimas tinham seu prprio jeito de organizar sua vidaem comum, com sua regras e leis. E at mesmo os animais tm hierarquiasque usam para organizar seu bando. A vida em sociedade organizada deacordo com os valores que construmos e se modifica de acordo com otempo.

    A Comunicao

    Falar bom, mas ouvir melhor.

    Se comunicar fazer-se entender por quem ouve. H certas pessoasque tem muita facilidade com a comunicao, so articuladas, falam onecessrio e conseguem manter a ateno para si. J outras pessoas tmmais dificuldade, no conseguem expressar o que pensam ou falam demaiscansando que o ouve.

    Devemos ponderam a maneira que falamos certos assuntos se qui-sermos ser bem compreendidos. Se falamos de um modo grosseiro oouvinte ficar na defensiva e o dialogo no ser feito como deveria.

    H pessoas que no se do conta que certos assuntos no devem serfalados em certos lugares e que no interessam a algumas pessoas. Quemfala o que no deve acaba sendo evitado e quem fala de mais acaba sendocansativo e causa a disperso do ouvinte no meio da conversa. Para saberse estamos sendo compreendidos e a conversa est sendo agradvel,devemos prestar ateno no ouvinte, conforme a sua reao podemosdosar o tom da conversa.

    Por outro lado tambm, necessrio saber ouvir, muito desagradveltentar conversar com uma pessoa que no te deixa falar, acabamos ficandodesanimados de conversar com ela.

    Para conhecermos as pessoas e aprendermos sobre elas precisoprestar ateno no que elas dizem, pois grande parte do que aprendemosvem pela audio. Imagine quanto conhecimento desperdiados no escu-tando. As pessoas tm muito a nos ensinar, no h pessoa to pequena ouinsignificante que no possa nos ensinar algo. At as crianas nos ensinammuito. Podemos aprender com a experincia dos outros ouvindo suashistrias. O interesse pelo outro ser humano uma qualidade muito enri-quecedora.

    A comunicao uma troca constante de informao que no perfei-ta, sempre corremos o risco de sermos mal interpretados. Muitas vezestentamos expressar algo, mas no achamos palavras. Os pensamentosque temos em forma de voz conseguimos transmitir com facilidade, mas ospensamentos abstratos no. Isso acontece porque esses dois tipos depensamentos se encontram em lugares diferentes do crebro, o pensamen-to em forma de voz se chama dialtico e o pensamento abstrato se chamaantidialtico. Quando tentamos expressar um pensamento abstrato comoum sentimento por exemplo, temos dificuldade, pois no conseguimosdesenh-lo em nossa mente. como quando temos um sonho, lembramosdele, mas no conseguimos contar com exatido o que sonhamos.

    A dificuldade de expresso pode ser confundida ainda que injustamen-

    te com incompetncia. Imagine-se criando um projeto, se dedicando aomximo a ele, perdendo horas para finaliz-lo, mas no momento de apre-sent-lo em uma reunio no capaz de dizer como ele funciona. Mesmocom todo o seu comprometimento e estudo na construo desse projeto vaiparecer que voc no sabe nada sobre ele. nesse e em outros casos quea m comunicao compromete o desempenho de uma pessoa. O segredonesses casos manter a calma e confiar em si mesmo. Se voc se dedicoutanto ao projeto e sabe responder qualquer pergunta sobre ele no h oque temer. Se o nervosismo for por conta das pessoas ao redor, saiba queelas estaro interessadas pelo que voc fez, no h motivos para ficar nadefensiva, respire e fale pausadamente.

    Quem se comunica bem transmite confiana nas pessoas e essa uma arma poderosa no mundo de hoje, no s no mercado de trabalho,mas na vida tambm, saber se expressar sem duvida um marketingpessoal.

    A Tolerncia

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    Precisamos rever nossos conceitos.

    No existe verdade absoluta, todos ns temos nossos conceitos sobreas coisas, mas quantas vezes nos vimos errados sobre um determinadoassunto pelo qual tnhamos uma opinio formada e dada como certa?Quantas vezes fomos obrigados a mudar de opinio pelas circunstncias?Quantas vezes rejeitamos um alimento por achar que fosse ruim e depoisque experimentamos vimos que era bom? Formamos um conceito sobre ascoisas sem saber do que realmente se trata. Fechamos a nossa mente

    porque achamos que estamos sempre certos.

    Quando a mente esta fechada para coisas novas ela no evolui, o tem-po passa e a pessoa continua do mesmo jeito. A mente que evolui aquelaque questiona se aquela opinio est certa ou no. Quando temos umamente fechada envelhecemos, ainda que sejamos jovens. Temos a certezade que o que pensamos o certo e ponto final, e que qualquer coisa dife-rente disso no ser bem recebida. Uma pessoa com a mente fechada cheia de pr conceitos e leis prprias. So crticas dos outros e nunca de simesmos.

    A constante reciclagem das idias faz a mente ficar ativa e pronta paraaprender mais, para se expandir. Isso no significa que devemos nosdeixar levar por modismos ou qualquer ideologia que aparea, mas simquestionar os nossos prprios conceitos.

    As coisas mudam numa velocidade espantosa, se no tivermos com-placncia, em alguns anos nos sentiremos como pessoas de sculos atrsque vieram parar nessa poca por meio de uma mquina do tempo.

    Uma mente complacente se d muito melhor com as outras pessoasque esto em constante aprendizado e constante dvida. No h limitespara a evoluo mental e nem idade para parar de aprender.http://inteligencia-social.info/

    Movimento cultural

    Um movimento cultural uma mudana no modo como diferentesdisciplinas (artsticas, cientficas, filosficas, etc.) encaram o seu trabalho., em grande medida, uma distino artificial, uma vez que raramenteexiste uma quebra radical, deliberada e consciente, antes as mudanas seprocessam lentamente e quase de forma inconsciente.

    Legalizao de drogas

    A legalizao de drogas, no que se refere s substancias recreativas, uma estratgia de reforma da poltica antidrogas proposta por alguns

    juristas e ativistas polticos. O fundamento enfraquecer a rede de trfico eseu poder de aliciamento de novos usurios, supondo-se ser mais fcil lidarcom os danos sade, distrbios psiquitricos e psicolgicos causadospelo consumo do que empregar foras policiais em luta armada a quadri-lhas de traficantes enriquecidos pelo comrcio ilegal e apoiados por funcio-

    nrios de delegacias e do sistema prisional ou por representantes polticoscorruptos. um tema extremamente complexo e polmico, inclusive adepender do modo como for feito pode-se ser enquadrado na legislao deproselitismo e incentivo ao consumo de drogas (Induzir, instigar ou auxiliaralgum ao uso indevido de droga) segundo legislao brasileira.

    Na legislao internacional existem iniciativas tal prtica na Holanda,Canad, Argentina, Chile, Inglaterra e Portugal. Observa-se que a polticade reduo de danos nesses pases vem acompanhada de um esquemapara tratar o usurio crnico por meio de um sistema de sade.

    O termo "legalizao" pode confundir, j que legalizar no se trata deliberar o uso indiscriminado de drogas, mas sim de regulamentar sua pro-duo e/ou distribuio. Nenhum dos pases supracitados tem o uso libera-do das drogas hoje ilegais no territrio brasileiro, estando as substncias

    "legalizadas" sujeitas a um rgido controle que vem muitas vezes acompa-nhado de uma poltica de reduo da oferta. As aes de preveno come-am com o dilogo dentro da famlia e a deciso sempre ser por conta doindivduo.

    O primeiro que, a legalizao das drogas, e, consequentemente, alegalizao do mercado de drogas, levaria a desmobilizao do crimeorganizado e da rede associada ao trfico. Estima-se que grupos crimino-sos perderiam sua fonte de receita e sua capacidade de corromper autori-dades e de aliciar jovens e novos usurios. Serguei Duz

    Legalizao de drogas cria novos problemas

    Foto: splifr/flickr/com

    A recente legalizao da maconha no Uruguai originou novas discus-

    ses sobre a racionalidade dessa deciso que, na opinio de peritos, nolevar a nada de bom.

    Na realidade, a legalizao de drogas leves no Uruguai pode ser quali-ficada como acontecimento do sculo. Pela primeira vez, o Estado autorizae sujeita a seu controle todo o setor, das importaes para as exportaes,sem falar da semeadura, cultivo, colheita, transformao, compra, armaze-namento, venda e propagao. Mas evidente que o Uruguai no oprimeiro sujeito de direito internacional em que as ideias libertrias encon-traram apoio por parte de crculos de poder. Podemos falar com certeza deuma nova tendncia mundial, destaca o chefe da Seo da sia Mdia eCentral do Instituto dos Pases da CEI, Andrei Grozin:

    Aquilo que acontece hoje no mundo pode ser considerado como lega-

    lizao de drogas leves, da maconha, em primeiro lugar. Por um lado, este

    um acontecimento bastante extraordinrio, pelo menos para a UE, porqueos burocratas europeus tentavam at recentemente impedir esta aoliberal. Mas agora o pndulo moveu-se para outra parte. Atualmente, alegalizao de drogas leves uma certa tendncia. Por enquanto impos-svel prever quanto tempo durar esta situao. No diria que a legalizaode drogas leves uma tendncia de longo prazo. Mas avaliando as deci-ses tomadas agora por alguns governos, a maconha equipara-se ao

    tabaco e lcool.

    s primeira vista que a tendncia definida por peritos seja inofensi-va. As drogas leves, tal como as drogas em geral, o caminho mais curtoao inferno de onde no h sada, considera o presidente da Associao deSade Pblica da Rssia, professor e doutor em Medicina, Andrei Demin:

    Uma poltica absolutamente justa aplicada pelos pases que probemas drogas e perseguem seus produtores e vendedores. Mas o nmero deconsumidores enorme. Esta uma doena perptua: mesmo se umapessoa alcanar uma fase de remisso, ela dever ser controlada at o fimdos seus dias. Isso, infelizmente, no conhecido por todos. Mesmo asdrogas legais, como, por exemplo, as bebidas alcolicas e cigarros, so

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    capazes de alterar a mentalidade humana. No fundo, esta uma doenamental incurvel. Infelizmente, a cincia no pode propor-nos algo hoje emdia. A eficcia de aes de reabilitao constitui 3%, no ultrapassando os

    limites de erro estatstico.

    Se enfrentarmos o problema da legalizao de drogas leves (tal comooutros problemas discutveis) a partir da posio cui prodest, os consumido-res no so beneficirios. Na opinio de Andrei Grozin:

    A legalizao de drogas leves vantajosa para seus produtores. Atu-almente, o mercado de drogas superlotado devido situao no Afega-nisto. Sua quantidade cresceu em flecha. So tantas que o mercado emque se vendiam no capaz de absorve-las. Mas se o mercado legal ousemilegal de maconha ou de haxixe ir crescer, o volume de vendas au-mentar tambm. Tal pode ser vantajoso tambm para os setores daeconomia mundial, que so auxiliares para a produo, o trfico e o con-sumo de drogas. Em outras palavras, a legalizao de drogas leves noapenas facilitar a vida a narcobares, mas tambm a algumas companhi-as e estruturas financeiras que vivem conta desse negcio, encontrando-

    se ao mesmo tempo na esfera da economia absolutamente legal.

    Especialistas afirmam que os mitos que justificam a liberalizao da le-gislao, no resistem a quaisquer crticas. Por exemplo, a legalizao de

    drogas no reduz o nvel da criminalidade ligada ao seu consumo, noerradica o mercado paralelo e no enfraquece a atividade do crime organi-zado, assim como no impede a propagao da AIDS. Devemos constatarque a legalizao no acaba com antigos problemas e cria novos. Se nogoverno do Uruguai prevaleceu um ponto de vista diferente, tal aconteceucontrariamente aos fatos evidentes.

    Legalizao de drogas e a sade pblica

    Drugs legalization and public health-Ronaldo Laranjeira

    RESUMO

    O objetivo deste artigo para debate : (1) avaliar a racionalidade e aoportunidade desse debate; (2) tentar estabelecer pontes com drogaslcitas; (3) avaliar os dados disponveis sobre o efeito da legalizao de

    uma droga; (4) propor uma alternativa de poltica de drogas baseada emobjetivos claros a serem alcanados; e (5) descrever como a Sucia estlidando com o tema de restrio s drogas como cuidado social. Metodolo-gicamente, o texto constitui uma sntese das leituras e elaboraes doprprio autor, colocada de forma a provocar discusso.

    Conclui-se que quatro aspectos precisam ser levados em conta quandose analisa a poltica de drogas de um pas: (1) fatores externos influenciama poltica: tratados internacionais, polticas de sade e de assistnciasocial, direitos individuais, autoridade e autonomia dos mdicos e outrosprofissionais; (2) os objetivos estabelecidos influenciam as polticas formaise sua implementao; (3) a influncia simblica que transcende imple-mentao - pessoas influentes fazem declaraes que atingem fortementea legitimidade e a adeso s aes; (4) as polticas formais e sua imple-mentao recebem influncia direta dos danos percebidos socialmente pelo

    uso de drogas, o que pode ser independente do nvel real do seu uso emdeterminada sociedade.

    Introduo

    A intensidade do debate sobre legalizao de drogas no Brasil mostraque o assunto "drogas" produz efeitos nas pessoas, que se sentem levadasa ter muitas certezas e a ficar de um lado ou de outro da questo. Mostratambm que o debate profundamente ideolgico e que aps ouvirmos olado favorvel legalizao e o lado da proibio pura e simples, noficamos mais esclarecidos a respeito da melhor poltica a ser seguida.Quando somente um dos aspectos de uma poltica de drogas, como a quediscute apenas o statuslegal de uma delas, se torna o assunto principal dodebate, como se o rabo estivesse abanando o cachorro e no o contrrio.

    O objetivo deste artigo para debate : (1) avaliar a racionalidade e aoportunidade desse debate; (2) tentar estabelecer pontes com drogaslcitas; (3) avaliar os dados disponveis sobre o efeito da legalizao; (4)propor uma alternativa de poltica de drogas que seja baseada em objetivosclaros a serem alcanados; (5) descrever o exemplo da Sucia: restrio sdrogas como cuidado social; e (6) algumas concluses.

    Racionalidade da legalizao de uma droga

    Com a intensidade que o debate sobre as drogas gera, poderamosimaginar que a sociedade sempre tenha reagido de forma eficiente aotema, ao longo do tempo. Entretanto, historicamente, a sociedade no temavaliado muito bem os riscos do uso de uma nova droga ou uma novaforma de uso de uma velha droga. Por exemplo, a partir do comeo dosculo XX, inovaes tecnolgicas tornaram a produo de cigarros maisfcil, tornando a absoro da nicotina muito mais eficaz do que ocorria

    anteriormente. Alm disso, o preo do cigarro caiu dramaticamente. Pro-gressivamente, houve aumento no nmero de fumantes em todo o mundoe, por muitos anos, os danos fsicos associados ao cigarro no foramidentificados. Muitos governos chegaram a estimular o consumo, pelosganhos com impostos. Levou-se mais de quarenta anos para que os pasesdesenvolvidos identificassem os males causados pelo fumo e outros vinteanos para que implementassem polticas de reverso da situao. Essalentido em reconhecer danos em algumas situaes sociais faz que mu-danas no statusde qualquer droga, e principalmente quando um aumentode consumo uma das possibilidades, sejam encaradas com cuidado.

    Um dos motivos que dificulta a ao da sociedade o excesso de ret-rica sobre o problema: cada droga produz sua prpria retrica. Por exem-plo, no caso recente da maconha, no Brasil tem sido comum utilizar-se umaretrica na qual o uso da substncia estaria relacionado com a liberdade e

    os direitos do cidado. J o cigarro inspira outro tipo de retrica, que buscaestimular uma ao estatal para controlar o abuso das companhias produ-toras. A retrica pode mudar de pas para pas, de acordo com o momentohistrico.

    Tanto a intensidade do debate quanto o clima ideolgico sobre as dro-gas advm do fato de quase no haver informao objetiva para avaliar aspolticas que tratam da questo. Nesse sentido, importante ter algunsreferenciais tericos que ajudem na tomada de decises. A Figura 1 mostraos trs modelos que, de forma explcita ou no, acabam prevalecendo. Osque defendem a proibio total do uso de drogas acreditam que a curva a-brepresenta o controle ideal, significando que a proibio total a melhoropo, pois no causa nenhum dano social. Ao contrrio, os que esto dolado b da curva, ou seja, da legalizao das drogas, consideram que, com aproibio, o dano social aumenta. O argumento geralmente usado a

    histrica Lei Seca americana, que produziu aumento considervel da vio-lncia promovida pelo crime organizado. Muito tem sido escrito sobre esteperodo e os autores, em geral, enfatizam seu custo social. No entanto, doponto de vista do consumo de lcool, a lei foi um sucesso, pois diminuiuconsideravelmente o consumo global. Entretanto, houve aumento do con-sumo de lcool de pssima qualidade e um nmero considervel de pesso-as teve problemas srios de sade. De qualquer forma, uma simples anli-se de custo-benefcio mostra que essa foi uma experincia que nenhumpas ocidental quer repetir, embora os islmicos ainda adotem tal controlergido.

    H pessoas que defendem a legalizao total das drogas. A curva c-dilustra este modelo, em que a proibio total levaria a elevado nvel dedano, principalmente pelo crime que estaria associado com seu uso ilegal,maior corrupo social, nvel mais impuro da substncia no mercado negro

    e dificuldade das pessoas buscarem ajuda para se tratar da adico. Oargumento que a proibio total causa mais dano do que a legalizaototal. A grande fraqueza desse tipo de raciocnio que no leva em consi-derao que a legalizao produz maior oferta e, portanto, expe um nme-ro maior de pessoas ao consumo e a suas complicaes. Esses defensoresenfatizam em demasia o comportamento individual e no consideram onvel agregado do dano. Por exemplo, se legalizssemos completamente amaconha, uma das possibilidades seria maior consumo global da droga e,possivelmente, maior consumo na populao mais jovem, pois isto queocorre com o lcool e o cigarro. Portanto, com a legalizao, teramostalvez menor nmero de crimes violentos, mas a populao mais jovemteria maiores complicaes na escola e at poderia aumentar um tipo decriminalidade menos violenta por parte dos usurios a fim de conseguiremdinheiro para consumo.

    O terceiro modelo, intermedirio, baseia-se na curva c-e, que tem re-cebido grande suporte em termos de pesquisa. Nessa curva, podemosperceber que a proibio total de uma droga produz dano e, medida queela progride na escala de legalidade, aumentam sua disponibilidade social,o nmero de usurios e o nvel global do dano. As drogas lcitas oferecem

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    Atualidades A Opo Certa Para a Sua Realizao8

    evidncias para esse modelo. No caso do lcool, centenas de pesquisasmostram que quanto menor o preo e maior a disponibilidade, maior onmero de pessoas com problemas relacionados ao uso. A consequnciade adotar a curva c-e como modelo de poltica de drogas , em primeirolugar, diminuir o consumo global de todas as drogas. A estratgia paraatingir essa diminuio pode variar de droga para droga e depende domomento histrico.

    A tendncia mundial , por exemplo, tornar progressivamente o lcool

    e o fumo mais prximos da proibio ou de controles sociais rgidos, atra-vs de leis e restries ao uso. No caso da maconha, no existe umatendncia mundial ntida. Alguns pases adotam penas leves ou um graumaior de tolerncia com os usurios, mas em nenhum lugar existe a legali-zao aberta. No caso das drogas mais pesadas, como herona e cocana,a tendncia marcante em relao proibio. O fato de existir polticasdiferentes para drogas diferentes muitas vezes apontado como hipocrisiasocial. Na realidade, essa deveria ser uma atitude pragmtica numa socie-dade que busque responder ao problema com foco em resultados e no emretrica e debate ideolgico. Tal proposta deveria ser julgada pelo seuefeito na diminuio do custo social de todas as drogas e no somente deuma droga especfica.

    As drogas lcitas podem nos ensinar algo?

    O lcool a substncia com maior potencial para ensinar como estabe-lecer uma verdadeira poltica de drogas baseada em resultados. Em 2003,a Organizao Mundial de Sade produziu um livro1 em que os maioresespecialistas do mundo propuseram medidas a ser implementadas emtodos os pases, buscando diminuir o custo social relacionado a essasubstncia. A concluso geral que todos os pases deveriam diminuir oconsumo global de lcool. A Figura 2 ilustra o modelo a ser seguido. Oconsumo de lcool de qualquer populao segue uma curva normal, quenesta figura seria a curva X onde, para melhor visualizao, foi excluda apopulao que no bebe. Temos, portanto, uma parte da populao quebebe um pouco, grande parte que bebe dentro da mdia e uma parte debebedores pesados. Inicialmente, se pensa que o foco seria diminuir onmero de bebedores pesados, mantendo-se a mdia de ingesto dapopulao. No entanto, essa diretriz poderia, quando muito, produzir umpequeno efeito quando implementada, como mostra a curva Y. Quando as

    orientaes so no sentido de diminuir o consumo global, como na curva Z,decrescendo a mdia de consumo populacional, existe um impacto muitomaior, pois um nmero menor de pessoas beber, um nmero menor ficardependente e, portanto, haver menor custo social global. Esse efeito temsido chamado do "paradoxo preventivo", pois se orienta para diminuirsubstancialmente a quantidade de pessoas dependentes e o consumoglobal de toda a populao.

    So vrias as diretrizes polticas que visam a diminuir o consumo glo-bal de lcool:

    (1) Polticas de preo e taxao so aes com maior impacto socialimediato. Estudos mostram que o preo do lcool segue o padro de qual-quer mercadoria e, quanto maior, menor o consumo. Existe uma elasticida-

    de no consumo, que no caso do lcool diferente de outras mercadorias.Mas para cada aumento de 100% do preo, existe cerca de 30% de quedade consumo global. Mesmo os bebedores pesados diminuem o consumonesse caso. Este tipo de poltica pode ser muito til no Brasil, onde o preodo lcool um dos mais baixos do mundo ocidental, cerca de U$ 1,5 porum litro de pinga.

    (2) Polticas que diminuam o acesso fsico ao lcool. Est demonstradoque, quanto menor o nmero de locais vendendo lcool, maior o respeito

    ao limite de idade. Maior a consistncia das leis do beber e dirigir, menor o consumo global de uma populao.

    (3) Polticas de proibio da propaganda nos meios de comunicao. Oobjetivo da propaganda do lcool no s buscar preferncia por determi-nada bebida, mas criar um clima social de tolerncia e estmulo ao lcool,visando nitidamente a aumentar o consumo global. A proibio da propa-ganda tem sido consistentemente mostrada em pesquisas como fatorimportante na diminuio do consumo.

    (4) Campanhas na mdia e nas escolas visando a informar melhor osefeitos de lcool. O efeito das campanhas quando feitas desacompanhadasdas demais diretrizes muito pequeno. De nada adianta a professorainformar ao aluno sobre lcool e outras drogas, se a televiso continuamostrando a alegria e a descontrao associada bebida e, sobretudo,essa droga transformada em "paixo nacional".

    Em resumo, o lcool apresenta as formas de controles sociais mais es-tudados e de polticas eficazes para diminuir seu uso global. Os princpioscitados podem muito bem ser usados em relao s demais drogas, visan-do a diminuir o acesso e o consumo.

    As leis influenciam o consumo das drogas?

    Uma pergunta importante : se os controles sociais so efetivos, porque tornar ilegais somente algumas das drogas? Como j salientado,estratgias diferentes deveriam ser usadas para o controle dos vrios tiposde drogas e as evidncias mostram que muito pouco benefcio traz trans-formar drogas ilegais em legais, pois h forte tendncia no aumento doconsumo. H uma questo que permanece: as leis efetivamente influenci-am o comportamento de consumo de drogas?

    No caso do lcool, tem sido demonstrado por inmeros trabalhos que aproibio da venda para menores diminui significantemente o consumo. Emvrios estados americanos, quando foram colocadas em prtica leis proi-bindo a venda de bebidas, houve diminuio substancial no nmero deacidentes de carro entre menores. O grande problema, ao responder oquanto as leis impedem o consumo que no existem muitos dados sobreas drogas que sempre foram ilegais. Em artigo recente, MacCoun2analisoua escassa literatura baseando-se tambm no efeito das leis em deter outroscomportamentos antissociais. Esse autor mostrou que leis e controlesinformais tm o poder de conter o consumo de drogas atravs de vriosmecanismos: disponibilidade da substncia, estigmatizao do uso, medodas consequncias de praticar atividades ilegais, efeito do fruto proibido eefeito simblico geral da proibio. A abolio das leis proibindo o consumoteria um efeito dramtico em vrios desses citados fatores, diminuindo,

    portanto, uma srie de impedimentos para o consumo.O mais importante nesse estudo so as evidncias de que a abolio

    das leis teria um efeito maior nas pessoas que comumente no consomemdrogas, potencialmente levando um maior nmero a experimentar e a setornar usurio regular ou espordico. Por isso, MacCoun2 ressalta quequalquer efeito dramtico no statuslegal de uma droga desaconselhvel,pois as consequncias so imprevisveis em relao ao aumento do con-sumo, por falta de controles sociais disponveis e ausncia de leis claras.Outros estudos mostram que, quanto maior o envolvimento com drogas,menor o impacto das leis em deter o consumo.

    Como construir uma poltica de resultados em relao s drogas?

    O desafio de formular e por em prtica uma poltica de drogas buscaro balano para cada uma, sempre visando a uma diminuio global doconsumo. A melhor atitude social seria de uma tolerncia contrariada, semfervor ideolgico, mas com pragmatismo afiado e persistente. No Brasil, porexemplo, corremos o risco de que o debate sobre a legalizao oculte asreais questes que devem pautar uma poltica baseada em exemplos eexperincias eficazes. O risco ficar num debate ideolgico improdutivo a

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    favor ou contra, com grande paixo e pouca informao, como o caso dodebate ideolgico sobre drogas injetveis e a infeco pelo HIV. Passamostodos esses anos discutindo se seria vlido trocar seringas e agulhas dosusurios de drogas injetveis e se isto seria ou no um estmulo ao consu-mo. Chegamos em 1996 com mais de 50% dos usurios de drogas conta-minados pelo HIV e milhares de usurios, suas esposas e filhos mortos. AInglaterra, por exemplo, comeou a discutir esse assunto em 1984 e im-plementou, rapidamente, polticas realistas, apresentando somente 1% dosusurios contaminados. Os ingleses buscaram uma poltica de resultados,

    em que a prioridade fosse manter vivos os usurios.O desafio do debate das drogas no Brasil no se devemos afrouxar

    as leis da maconha, mas apresentar dados e informaes e produzir umapoltica passvel de ser avaliada constantemente. A implementao dessapoltica no ocorre espontaneamente, mas como uma ao determinada degoverno. Talvez seja intil esperar por uma grande poltica nacional dedrogas. Os estados e municpios poderiam se envolver nessas aes coma ajuda comunitria. A sociedade civil j est bastante mobilizada sobre oassunto lcool e drogas. necessrio que os governos democraticamenteeleitos mostrem a sua capacidade de organizar uma resposta adequada aesse problema, que afeta milhes de brasileiros.

    Cada vez mais o custo social, econmico e emocional das drogas au-menta e na sua proporo existe a tendncia de buscar solues mgicas e

    simples como a de legalizao de todas. Os proponentes dessa soluono apresentam uma clara operacionalizao de como isso deveria ocorrer,mas aportam argumentos a favor. Primeiro, dizem que a quantidade decrimes associados ao uso de drogas diminuiria na medida em que fosseretirado o lucro dos traficantes. O segundo argumento que, tornando asdrogas disponveis legalmente, haveria uma srie de benefcios para asade pblica. A disponibilidade de drogas mais puras e seringas e agulhaslimpas poderiam prevenir doenas como hepatite e aids, por exemplo. Taisargumentos tm apelo somente no nvel superficial. Quando olhados emdetalhes, eles desabam. A ao direta de qualquer droga com potencial decriar dependncia refora a chance de que ela venha a ser usada nova-mente. As drogas que produzem dependncia ativam os circuitos cerebraisque so normalmente acionados por reforadores naturais como fome esexo. A ativao desses circuitos est na raiz do aprendizado, que ocorreno comeo do processo de dependncia qumica.

    A idia de que a legalizao diminuiria o crime no tem sido discutidacom o devido rigor, mesmo quando o argumento caminha para os eventu-ais benefcios de aumento da arrecadao do governo com a venda dasdrogas e que isso poderia ser revertido para a sociedade na forma detratamento ou preveno. Essa anlise de custo/benefcio ignora pelomenos dois fatores. Primeiro, subestima o custo da dependncia para osindivduos e suas famlias. A menos que as drogas sejam fornecidas degraa, os usurios deveriam pagar por ela. Como a maioria dos usurios dedrogas no tem empregos fixos e estveis, existe razo para acreditar quemuitos continuariam roubando para sustentar o consumo. Alm disso,muitos dos criminosos comearam a sua carreira no crime muito antes deusar qualquer droga. Uma suposta fonte legal de suprimento, eventualmen-te coordenada pelo governo, muito improvvel que no mude os determi-

    nantes comportamentais e sociais das pessoas envolvidas no crime. Por-tanto, qualquer anlise de custo/benefcio complexa e exige que muitasvariveis sejam levadas em conta.

    Ainda sobre a legalizao, mesmo que o custo/benefcio pudesse serdemonstrado, ningum at hoje apresentou um plano operacional paraisso. Um aspecto fundamental dessa operacionalizao : quem receberiaessas drogas legais? Deveramos restringir o acesso aos dependentesqumicos? Assumindo que tivssemos uma boa definio de quem seja umdependente, restringir a essa populao o acesso significa que o mercadonegro das drogas continuaria, pois boa parte dos usurios no preenche oscritrios de dependncia. Na realidade, com a oferta pblica de drogas,ainda teramos o risco de que parcela dessas fosse criminalmente desviadapara o mercado negro.

    Consideremos a venda de drogas apenas para adultos. Como j men-cionado, essa facilitao do acesso levaria a um aumento de consumo,mesmo entre eles. Mas examinemos um pouco mais fundo essa possibili-dade. Se algum que comprou a droga de uma fonte pblica machucaroutra pessoa sob o efeito dela, quem seria o responsvel? Como garantirque uma frao das drogas no seja repassada para crianas? Uma parte

    dos adultos no-dependentes poderia ter como motivao compr-las pararevender a crianas, tornando o acesso a esse grupo ainda mais fcil doque j nos dias de hoje.

    Existe tambm o problema da dose. Quanto deixar as pessoas com-prar? Se o objetivo suprir o dependente qumico da sua necessidade paraeliminar o mercado negro, teramos que fornecer a quantidade solicitada, oque, em muitas situaes, uma grande dose, pois vrios dependentesdesenvolvem tolerncia e usam uma quantidade que para outras pessoas

    significaria risco certo de overdose. Mas se devssemos fornecer a todosos adultos qualquer dose, o risco de desvio de boa parte das drogas au-mentaria ainda mais. Se fornecssemos uma dose pequena, no eliminar-amos o mercado negro. A experincia inglesa, que durante muito tempoprescreveu a herona para os dependentes, mostrou que alm do usoregular, os usurios buscam-na tambm em fonte ilegal.

    Esses argumentos so distantes de uma perspectiva puramente moral.O que argumentamos que tambm do ponto de vista da sade pblica errado legalizar as drogas. A soluo promover a preveno e o trata-mento baseados em evidncias e no em ideologia. Novas pesquisas comsuficiente financiamento deveriam buscar o que realmente funciona na reade preveno. Ainda sabemos pouco sobre os reais fatores de risco eproteo nesse particular. Na rea de tratamento, as pesquisas j avana-ram muito nos ltimos anos e temos condies de fornecer um sistema

    efetivo e eficaz para a doena chamada dependncia qumica. No entanto,o acesso a um tratamento de qualidade para a maioria da populao ainda um sonho de consumo distante.

    Existem muitas dificuldades prticas para uma poltica adequada emrelao s drogas. A humanidade ingere substncias psicoativas por maisde dez mil anos. E somente nos ltimos duzentos anos temos tentadocontrolar a produo, a distribuio e o uso dessas substncias. Poucasaes tiveram sucesso. bem possvel que tenhamos igual nmero desucessos do que de insucessos. No sculo XVII, aps os europeus levaremo tabaco da Amrica Latina, vrios pases tentaram proibir o seu uso, masem seguida desistiram. Entre 1920 e 1933, o lcool foi proibido nos EstadosUnidos, mas em seguida tambm a lei foi revogada.

    Para algumas questes, a cincia tem respostas claras e vlidas. Na

    farmacologia, sabemos muito bem os mecanismos de ao da maioria dasdrogas. Para cada droga, podemos prever a ao imediata e de uso crni-co. Os epidemiologistas j so capazes de mostrar o impacto do uso, doabuso, da dependncia e o custo social de cada uma das drogas.

    No entanto, vrios assuntos relacionados poltica das drogas perma-necem controvertidos. Como controlar as substncias que afetam a mente?A posse e a venda deveriam ser controladas por lei criminal? A qual drogao acesso deveria ser permitido? As leis produzem mais danos do quebenefcios? Como medir uma poltica em relao s outras? As penalidadespor uso deveriam ser mais duras ou mais leves? Todo mundo tem a suaopinio, muitas vezes simplistas para um problema to complexo. Somenteteremos uma boa poltica quando houver estratgias to complexas quantoo tamanho do problema.

    Teoricamente, possvel criar um tipo de regulao que possa evitaros danos da proibio s drogas ilcitas, mas a experincia sugere queexistem grandes dificuldades em se manter esse tipo de controle. Se nosomos capazes de evitar a promoo de lcool para menores de idade,como seramos capazes de evit-la em relao maconha, por exemplo?

    A experincia holandesa serve para alguma coisa? Houve duas fasesnesse pas na forma de tratar a questo das drogas. Inicialmente, na dca-da de setenta, houve uma deciso de tolerar a posse de pequenas quanti-dades de maconha, com o argumento de priorizar a represso s drogasmais pesadas. Durante esse perodo, no ocorreu aumento significativo doconsumo de maconha. Entretanto, de 1980 a 1988 - numa segunda fase -,houve tolerncia em relao venda de maconha nos coffee shops, e umaumento de mais de dez vezes no nmero desses estabelecimentos, com ocorrespondente aumento no consumo da droga. Se, em 1984, 15% dos

    jovens holandeses consumiam maconha, em 1992 esse nmero dobroupara 30% e se mantm nesse nvel at os dias de hoje. No entanto, aexperincia holandesa e de outros lugares como Austrlia e do prprioEstados Unidos mostra que remover penalidades criminais em relao aouso de maconha no aumenta necessariamente o consumo. Isso porqueremover somente a penalidade do uso sem a promoo comercial no

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    produz grande estmulo ao consumo. Vale ressaltar, porm, que a descri-minalizao, ou a despenalizao, no oferece grandes vantagens, poisdeixa intacto o submundo do trfico e todas as condies para a perma-nncia dos problemas relacionados ao uso.

    Escolher a melhor poltica no tarefa fcil. Com uma eventual legali-zao, podemos at ter uma diminuio da violncia individual, o que uma coisa boa. No entanto, se houver um aumento geral no consumo, aviolncia global pode aumentar. O dano total sociedade o resultado da

    mdia de dano nos indivduos pela quantidade de drogas consumida. Comuma poltica que resulte em muito mais usurios e talvez at mesmo deusurios mais pesados, o dano total sociedade deve aumentar.

    Existe uma grande dificuldade em transformar boas intenes em be-nefcio social. As polticas no deveriam ser consistentes apenas do pontode vista ideolgico, mas tambm do ponto de vista prtico; ou seja, diminuiro uso global das drogas. Quanto a isso, h uma briga de discursos, oumelhor, uma briga de significados que alguns socilogos chamam de men-sagem simblica. Independente do que possa ocorrer na poltica de drogas,as pessoas, inicialmente, se preocupam em apresentar a mensagem corre-ta.

    Uma definio legalista define que algumas drogas so ilcitas. Por e-xemplo, no Brasil, a Poltica Nacional sobre Drogas abrange somente asdrogas ilcitas, deixando de lado o lcool e o cigarro. Os legalistas aparen-temente esto dizendo que o problema das drogas diz respeito infraolegal e no a um dano sociedade. Assim, o uso de drogas proibidas considerado um ato de rebelio autoridade, o que ameaa sociedadeconstituda.

    Como disse o pesquisador americano Mark Kleiman, "qualquer polticade drogas que omita o "lcool" (ser que no se deveria incluir 'tabaco'?)ser como uma estratgia naval que omita o Oceano Atlntico e Pacfico"3.

    Por sua vez, o debate poltico partidrio no oferece mais confiana,pois apresenta vises contraditrias. Por exemplo, alguns polticos conser-vadores so contra a legalizao de drogas. No entanto, conservadoresextremos, como Milton Friedman, defendem sua total legalizao. ErichGoode, no seu livro "Between Politics and Reason: The drug legalizationdebate"4, prope a seguinte classificao dos polticos em relao poltica

    de drogas:

    (1) conservadores culturais: acreditam nos valores tradicionais e de-nunciam que as pessoas se afastaram dos valores tradicionais, que dever-amos voltar aos valores religiosos e familiares, s prticas sexuais conven-cionais, educao bsica, aos laos comunitrios, moderao no con-sumo de lcool e completa absteno de drogas ilcitas. Esse grupoacredita que todos so responsveis por suas aes que, em ltima instn-cia, so escolhas morais. Traam clara distino entre lcool e drogasilcitas. Sob essa ideologia, o abuso de drogas imoral e degrada a vidahumana.

    (2) libertrios do mercado livre: tambm esto no lado conservador noespectro poltico, mas discordam completamente em relao legalizao.Diferente dos conservadores, esse grupo considera que a distino entre

    as drogas artificial e deveria ser abandonada. Defendem que o governodeve ficar de fora e permitir o laissez-faire.Ningum seria obrigado a usardrogas e nem forado a parar de us-las. As leis deveriam proteger apenasos menores de idade. Portanto, defendem a descriminalizao completa.Thomas Szasz, no seu livro: "Our Right to Drugs. The Case for a FreeMarket5, faz a defesa da legalizao de drogas, baseada em consideraespoltico-filosficas.

    (3) construcionistas radicais: acreditam que a realidade socialmenteconstruda, que no existe um problema de drogas e sim os governosdeixam parecer que existe para criar uma causa conveniente e desviar aateno dos cidados de questes mais importantes. O pnico moraldispersaria o foco de outros problemas. As drogas so tratadas como efeitoe no causas de problemas sociais. Nessa linha, consideram que s resol-veremos o problema com a soluo da pobreza e das injustias sociais .

    (4) legalizadores progressivos: defendem acabar com a distino entredrogas licitas e ilcitas, que o Estado dispense as drogas para os depen-dentes e que as leis sobre drogas sejam problemas a serem solucionadospelo desaparecimento dessas prprias leis. Vem o debate sobre drogascomo problema de Direitos Humanos. Ou seja, a sociedade deveria parar

    de demonizar os usurios e de criminalizar a posse e uso das drogas ilcitaspor ser injusto, opressivo e desumano, um tipo de caa s bruxas quepenaliza o desafortunado. Defendem a reduo de danos como uma formade cuidado com o usurio. A chave desse pensamento a crena de que ouso de drogas deveria ser regido como qualquer outro comportamento, poisos usurios no so nem mais nem menos racionais em suas escolhas doque qualquer outra pessoa.

    A chamada "reduo de danos" representa uma mala ecltica cheia de

    propostas polticas. No nvel mais geral, defende a idia de que, se nopodemos eliminar as drogas, pelo menos podemos diminuir os danos. Areforma legal, portanto, no seria prioridade, mas sim a prtica concreta. Osque esto a favor ressaltam abertamente a tolerncia com os usurios, oque se transforma numa descriminalizao de fato. Existem dilemas teri-cos e prticos nessa abordagem. Algumas questes permanecem semresposta: como medir a diminuio de um dano em relao a outro? Aodiminuirmos o dano para alguns, no facilitamos o uso de muitos, aumen-tando o numero de usurios? Nessa perspectiva, teremos menos crime emais usurios? E se essa poltica melhorar a vida dos usurios dependen-tes e piorar a vida de outros, como fica a famlia dos prprios usurios? Sequisermos diminuir os danos, por que no enfatizar a diminuio das dro-gas legais, pois isso acarretaria maiores benefcios para a sociedade?

    Ningum pode ser contra a diminuio de danos provocados pelas

    drogas, pois exatamente isso que as polticas sobre o assunto buscam.Como objetivo geral, a proposta indiscutvel. No entanto, no acreditamosque a eventual diminuio do dano a alguns indivduos possa produzir umadiminuio global do dano.

    preciso tornar muito claro que o objetivo geral de uma poltica de re-duo de danos deveria ser a reduo total do uso de drogas. Para isso,precisamos distinguir entre os planos micro e macro. De forma esquemti-ca, temos a equao: dano total das drogas = mdia de dano por usurio xuso total. Em relao ao uso total, temos o numero de usurios e a quanti-dade que cada um usa. A mdia de dano por usurio tem dois vetores, odano causado a si prprio e o dano causado a outros.

    O exemplo da Sucia: restrio s drogas como cuidado social

    O sistema de controle de drogas de um pas uma construo com-

    plexa e na maioria das vezes controvertida. Desenvolve-se ao interior daprpria cultura, em dado momento histrico e influenciado por polticassociais e legais. Esse controle se faz somente em parte atravs de leis eest mais relacionado a sua aplicao que a sua letra. Alm disso, a polti-ca de sade, de segurana social, de formas de manejo do desvio social eos aparatos judicirios so todos intimamente conectados ao sistema decontrole.

    O sistema de controle de drogas sueco um dos mais debatidos nosanos recentes porque difere em muito do que ocorre no mundo e na Euro-pa, em particular. Ele muito mais restritivo e o uso de drogas no tole-rado. Na realidade, em 1977 foi declarado que um dos objetivos do sistemaseria criar uma sociedade livre das drogas. Para a implementao desseobjetivo, quantidade substancial de dinheiro foi alocada na preveno einformao, na poltica de controle e no tratamento, os trs pilares dosistema. Os indicadores disponveis mostram que o nmero de dependen-tes qumicos nesse pas relativamente muito mais baixo quando compa-rado com os da Europa.

    Para entendermos o modelo sueco, essencial discutir suas bases i-deolgicas e cientficas. Um autor influente nesse sentido foi Nils Bejerot6,que fez distino entre vrios tipos de dependncia, em especial do quedenominou "dependncia epidmica". Nesse conceito, ressaltava quepessoas psicolgica e socialmente instveis, aps influncia direta de outrodependente, comeam a usar drogas que no so aceitas socialmente,para obter euforia. Um ponto importante o significado do termo "epidmi-co", que mostra o carter de doena com incomum alta incidncia notempo, no lugar e no envolvimento de pessoas. Alm disso, Berejot7inclui ocarter de contgio, ou seja, o fato de um usurio influenciar o outro. Ele

    considera que a epidemia do uso de substncias tem alto grau de contgiopsicossocial em que a disponibilidade da substncia o fator mais impor-tante no desenvolvimento das formas de abuso. Uma vez que se organizaum grupo de usurios, cria-se uma subcultura da droga, o que contamina asociedade. Isso explica o termo "contgio psicossocial" ou "presso grupal".

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    Esse contgio pode mesmo ser colocado numa frmula "C=SxE, ou seja, ocontgio funo das suscetibilidades individuais e da exposio.

    Para Bejerot7, a suscetibilidade individual difcil de ser influenciada,mas a exposio tem um papel importante nesse sentido. No seu ponto devista, a sociedade deveria restringir o acesso s drogas e isso far efeito nonmero de pessoas usando substncias txicas. A poltica, portanto, deve-ria olhar para o usurio, que a parte central da "corrente das drogas", pelasua influncia direta em outros usurios. Os traficantes sempre sero

    trocados por novos traficantes dispostos a correr os riscos do dinheiro fcil.Os usurios, por outro lado, no deveriam ser repostos e sim ser conside-rados como o motor do sistema de preveno: "Ns temos que aceitar ofato doloroso de que no faremos avanos decisivos a menos que o abusode substncias, os usurios e a posse pessoal de drogas sejam colocadosno centro da nossa estratgia"3. Bejerot7 posicionase contra a repressopelo sistema legal, mas acredita que os usurios deveriam ser responsabili-zados por seu comportamento.

    Outro aspecto conceitual importante o da hiptese de "porta de en-trada", significando que a maconha levaria experimentao de drogasmais perigosas. Embora esse conceito seja objeto de grande debate cient-fico, o fato que o uso da maconha pode ser considerado, no mnimo,como fator de risco para a experimentao. Na realidade, um grande focoda poltica sueca a maconha e em como desestimular o seu consumo.

    Vale a pena olhar historicamente para outro fator que influenciou a pol-tica restritiva de drogas na Sucia: o desenvolvimento, por mais de umsculo, de aes relacionadas ao uso de lcool. Desde o sculo XIX, aSucia adotou uma poltica repressiva, tendo como base a limitao dedisponibilidade de bebidas alcolicas. Esse um modelo de sucesso,levando a que os suecos sejam o povo que menos consome lcool naEuropa. O modelo baseia-se no fato de que o consumo total do lcoolinfluencia o total de dano social causado pela substncia. E sugere que,quanto mais indivduos bebem numa sociedade, mais haver bebedorespesados. Portanto, do ponto de vista da sade pblica, a melhor opo manter o nmero menor possvel de bebedores.

    Esse modelo que mostra evidncias de eficcia em relao ao lcool usado para as drogas. Como resultado, a poltica de drogas foca em limitar

    o consumo total, comeando com qualquer forma de experimentao.Portanto, uma grande parte da preveno nesse pas baseia-se em preve-nir a experimentao da maconha. Um grande debate nacional criou umapercepo de risco bastante alto na populao em relao a essa substn-cia, tendo como consequncia um baixo uso quando comparado com osoutros pases europeus.

    Embora o uso de drogas seja considerado socialmente inaceitvel, oobjetivo da poltica no punir os indivduos. Ao receber cuidado e trata-mento, o usurio deveria se tornar livre das drogas e ficar reabilitado ereintegrado sociedade. Por exemplo, se um indivduo usa drogas empblico, ser encaminhado por uma assistente social para tratamento, senecessrio, de forma compulsria. O pas investe muito no tratamento paradependentes.

    Nos anos oitenta, houve uma mudana conceitual importante do siste-ma, que passou a buscar reduzir a demanda de drogas na Sucia. O obje-tivo no mais seria mais atacar os traficantes, mas os usurios, considera-dos como a engrenagem do trfico. O uso de drogas tornou-se criminaliza-do. Essa abordagem potencialmente permitiu identificar novos usurios eoferecer tratamento, o que, quando necessrio, conta com aes do apara-to policial. Na Sucia, existe uma boa relao dos policiais com a popula-o e 12% do tempo deles so gastos com problemas de usurios e uso desubstncias. A fora policial est focada no objetivo de ter uma sociedadesem drogas. Em 1988, o uso de drogas tornou-se crime nesse pas, mas apenalidade para o uso no a priso, e sim, uma multa. Mais recentemen-te, a pena aumentou para priso de at seis meses e a polcia tem vriosmeios a seu dispor para detectar o uso de drogas, mesmo que o indivduono tenha cometido nenhum delito. Os exames de urina para deteco dousurio so muito comuns e no parecem encontrar grande resistncia por

    parte da populao. Um bom nmero de usurios, especialmente de ado-lescentes, acaba indo para o sistema de tratamento dessa forma, no semantes pagar uma multa.

    O sistema legal sueco tem trs categorias de punio infrao em re-lao s drogas: menor, normal e maior. Depende da droga e da quantida-

    de apreendida. Quando algum identificado pelo teste de urina, recebeuma multa. Quando, alm do teste, a pessoa tem posse de pequenasquantidades, a priso at de at seis meses uma opo, mas isso rara-mente ocorre, pois a multa a penalidade mais comum na primeira ousegunda vez em que uma pessoa flagrada. Um usurio apreendido vriasvezes provavelmente ser condenado a um ms de priso. Quando algum apanhado vendendo drogas, ser preso em todos os casos. Embora a leino faa grande distino entre usurios e traficantes, na prtica a diferen-a existe. As infraes consideradas maiores recebem pelo menos dois

    anos de recluso. A sentena mxima de dez anos quando h posse demais de um quilo de herona ou de dois quilos de cocana. A quantidade dedrogas apreendidas por trfico relativamente baixa. A geografia do pasdificulta o acesso, mas, com certeza, a fiscalizao tambm outro fatorimportante. Vale a pena salientar que existe uma grande presso por parteda opinio pblica em reivindicar maior controle social e legal em relao sdrogas.

    Como j citado, o objetivo da poltica sueca no punir os usurios,mas oferecer reabilitao. O tratamento um dos trs pilares do sistema.Um conceito importante o de "corrente de cuidado", que significa articula-o dos elementos no sistema de tratamento: atividadesde outreach(busca ativa de usurios), desintoxicao, cuidados ambulato-riais e internao. Os assistentes sociais so muito importantes nesseprocesso, pois so eles que fazem a busca ativa dos usurios e determi-

    nam quem deve se submeter ao tratamento. Dois tipos de assistncia sodisponibilizados: voluntrio e involuntrio, com grande diversidade detcnicas. O sistema de comunidade teraputica domina e no incomumum usurio ficar dois anos internado. No sistema compulsrio, que rara-mente utilizado, a pessoa pode passar at seis meses e o principal objetivo motiv-la a se tornar voluntria no seu tratamento. A maioria do tratamen-to involuntrio ocorre com adolescentes recalcitrantes.

    Uma grande mudana ocorreu no sistema de tratamento nos anos oi-tenta, com o advento da aids. Diferente dos demais pases europeus, aSucia no adotou a poltica de reduo de danos. O governo decidiu que,com o risco da aids, o melhor seria identificar rapidamente os usurios eoferecer desintoxicao e tratamento imediato. Houve uma grande expan-so do setor de tratamento. A temida epidemia nessa populao de usu-rios no ocorreu.

    Algumas consideraes finais

    Um dos aspectos a destacar nesse debate que a utilizao contnuade qualquer substncia psicoativa produz uma doena cerebral em decor-rncia do uso inicialmente voluntrio. A consequncia que, a partir domomento que a pessoa desenvolve uma doena chamada "dependncia", ouso passa a ser compulsivo e acaba destruindo as melhores qualidades daprpria pessoa, contribuindo para a desestabilizao da sua relao com afamlia e com a sociedade.

    O uso de substancias altera mecanismos cerebrais responsveis pelohumor, pela memria, pela percepo, pelos estados emocionais e peloscontroles finos de vrios comportamentos. O uso de drogas regular modifi-ca a estrutura cerebral e pode demorar anos para voltar ao normal. Essas

    modificaes de vrios circuitos cerebrais so responsveis pelas distor-es cognitivas e emocionais que caracterizam as pessoas dependentes. como se o uso de drogas modificasse os circuitos de controle da motivaonatural, tornando esse uso quase como a nica prioridade do indivduo. Amaioria da comunidade de especialistas considera a dependncia de dro-gas uma doena cerebral com persistentes mudanas na estrutura e funodo crebro.

    A viso da dependncia gera controvrsias principalmente entre aspessoas com tendncia a apresentar uma viso unidimensional para pro-blemas complexos. Essas pessoas colocam a biologia como oposio mente do dependente, quando na realidade existe uma grande conexoentre o crebro e o c