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çpcrlno?' evr. MIGRANTE A ILUSÃO DA CIDADE GRANDE Eles vêm de todos os estados do país, e acreditam ser a cidade grande o paraíso, onde os pro- blemas serão resolvidos rapidamente... E a decepção não custa muito a aparecer, sob várias formas: o aluguel caro, o patrão que explora, as condições de transporte, a violência. E a sau- dade da terra começa a bater forte no peito, doendo e doendo. Mas voltar como? O assunto me- rece ser refletido com seriedade e em seus mínimos detalhes. Em primeiro lugar, por que tantas pessoas vêm morar em cidades grandes? É evidente: atrás de emprego. E por que muitas são da roça? É claro: um país como o Brasil, sem Reforma Agrária, oferece ao seu povo reduzidas saí- das. Uma delas é sair do estado natal, atrás de uma vida melhor: que infelizmente não aparece...

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çpcrlno?' evr.

MIGRANTE A ILUSÃO DA

CIDADE GRANDE Eles vêm de todos os estados do país, e acreditam ser a cidade grande o paraíso, onde os pro-

blemas serão resolvidos rapidamente... E a decepção não custa muito a aparecer, sob várias formas: o aluguel caro, o patrão que explora, as condições de transporte, a violência. E a sau- dade da terra começa a bater forte no peito, doendo e doendo. Mas voltar como? O assunto me- rece ser refletido com seriedade e em seus mínimos detalhes. Em primeiro lugar, por que tantas

pessoas vêm morar em cidades grandes? É evidente: atrás de emprego. E por que muitas são da roça? É claro: um país como o Brasil, sem Reforma Agrária, oferece ao seu povo reduzidas saí- das. Uma delas é sair do estado natal, atrás de uma vida melhor: que infelizmente não aparece...

Editorial Estávamos pensando, refletindo e tentando en-

contrar uma maneira de escrever algo sobre a nossa realidade, sem cair na impotência que ultimamente se instalou em nosso meio. Sabemos que recuperar a esperança do povo é tarefa urgente; mas como ter esperança diante dessa cansativa rotina da sobre- vivência? Para o nosso povo pobre, o universo está limitado pela preocupação de como chegar até o fi- nal do mês, da semana e mesmo do dia de amanhã. A pergunta fundamental em muitos lares hoje em dia é como sobreviver, com dignidade e esperança. E o grande desafio para milhões de pessoas.

Somos a oitava economia do mundo, com um Produto Interno Bruto por volta de 340 bilhões de dólares, para uma população total de 140 milhões e 56,8 milhões economicamente ativos, dos quais 36,2% são considerados miseráveis e indigentes, pois recebem menos que um salário mínimo por mês e outros 25% são considerados "pobres" porque seus salários ficam entre um e dois mínimos men- sais. O Brasil apresenta, em meio ao "modernis- mo", um quadro de miséria.

Porém, nem só de pobreza financeira sofre o tra- balhador. Aliada a isto, está a falta de investimentos nos setores sociais e públicos. As medidas gover- namentais neste sentido se aproximam do paterna- lismo e do assistencialismo, que não resolvem a miséria, mas a reproduzem e a institucionalizam. Vamos analisar um dos pontos dramáticos de nossas periferias: a saúde.

O Brasil está doente: 64% da população são sub- nutridos, 45% das moradias do país não possuem condições mínimas de infra-estrutura (Censo do IBGE-80); 8 milhões de atingidos pela esquistosso- mose; 12 milhões de portadores do Mal de Chagas; um milhão de vítimas de acidentes de trabalho por ano, resultando em 13 mortes por dia; 2700 casos de AIDS confirmados e 300 mil contaminados pelo vírus; 100 mil novos casos por ano de doenças evitáveis por vacinação; 380 mil casos de malária por ano; um milhão de atingidos pela dengue, ape- nas no estado do Rio de Janeiro. Isso tudo sem falar nos problemas dentários, vertebrais, mentais, audi- tivos e etc.

Com este verdadeiro retrato do Brasil, ficamos sabendo que as empresas privadas de saúde atendem 15% da população brasileira; os restantes 85% estão nas mãos da Previdência (ou da imprevidência...) Social. As empresas privadas tiveram em 1987 um faturamento da ordem de um bilhão e 800 milhões de dólares no país, beneficiando cerca de 22 mi- lhões de pessoas. Ou seja: pode-se dizer que somen- te essa parcela da população teve atendimento de saúde digno, dentro das mínimas condições necessá- rias. "Os custos do atendimento particular são ina- cessíveis para a maioria da população", justifica o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Medicina de Grupo, Mário Martins. São 300 empre- sas de medicina de grupo no país que detêm 54% do mercado por faturamento. A Golden Cross é a maior empresa do gênero da América Latina, "entidade sem fins lucrativos" que tem 2 milhões e 200 mil associados e movimenta mensalmente a cifra de 3 bilhões de cruzados. A AMIL possui faturamento mensal de 800 milhões de cruzados pagos por 300 mil associados. E o governo escolhe como Ministro da Saúde um representante da medicina privada.

O tom predominantemente pessimista desta nossa análise não vem, acreditamos, do "estado de espíri- to" de nossas discussões, mas de um fato significa- tivo: o governo não está mais se distanciando das demandas da sociedade, mas está indo contra elas, frontalmente. No discurso e na prática.

Equipe da PACOM

Diretoria Presidente - Juarez Vollet Filho, Vice-Presidente - José Sebastião Zago, , Primeira Secretária - Maria de Jesus Rodrigues, Segunda Secretária - Maria Cristina P. Pechtoll, Primeiro Tesoureiro - Aleto José de Souza, Segunda Tesoureira - Hilda Aparecida Nas- cimento; Colaboradores: Márcia Aparecida Fontana Rodrigues e Lourdes Felfcio dos Santos; Jornalistas responsáveis José Lourenço Pechtoll (RP Mtb 18450) e Guilherme Salgado Rocha (RP Mtb 2205). Arte: Kampus e Benê Pastup: Jorge Mariano Ilustração: RodRigo-Diás'Produção Gráfica AGEN-229 6734

^ATOfi

Este é o seu espaço Vale a pena repetir pra ficar bem guardado: muito mais que um jornal de

um grupo, de uma entidade, o Espalha Fatos quer ser veículo de debates, de denúncia, de troca de idéias. Por isto, queremos saber o que você pensa. E uma das maneiras é escrevendo a sua carta. Não fique inibido. Sobre qualquer assunto, mande sua mensagem para o nosso endereço. Será bem- vinda.

A PARTIR DA CRECHE, A MACUCO APARECE...

A Associação Comunitária Macuco merece ser conhecida. Começou a desenvolver suas atividades em meados de 83, a partir do atendimento a uma creche. Desde então, só fez crescer e organizar os moradores em tomo de seus problemas mais imedia- tos, sempre lutando por uma vida digna. Existem hoje quatro programas em andamento: com crianças e adolescentes, com as mulheres (costura, tricô e crochê), um programa voltado à saúde (prevenção de doenças e leite) e um núcleo de apoio e in- tercâmbio.

A ACM tem como objetivo principal, e daí não arreda pé, a promoção humana. Tudo o que diz res-. peito à educação, à saúde, à habitação e à cultura e ao lazer faz parte do trabalho da Macuco. E todos acreditam sinceramente que podem atingir essa meta através de atividades organizadas a partir das neces- sidades e interesses dos moradores da região. E, é claro, com a participação dos próprios...

Caso você esteja interessado em conhecer os tra- balhos que a Macuco desenvolve, não é difícil. Po- de, inclusive, aproveitar o caminho já traçado e ini- ciar uma outra atividade, em sua região ou bairro. Não existe caminho mais fácil, ou melhor, menos difícil, para se atingir a verdadeira justiça que a co- operação, a união, a solidariedade e a sensibilidade das pessoas.

Um dos projetos, dentro do programa com crian- ças e adolescentes, trata da geração de renda. As crianças fazem o detergente e saem às ruas venden- do o produto. Isto desde dezembro de 87. O que se refere ao projeto, todos os detalhes, é discutido pe- las crianças, que têm tempo, no dia, para brincar e estudar. Além de ganharem seu dinheiro, evitando

entrar no perigoso mundo da marginalidade, ao qual estão sujeitos todos os filhos de famílias pobres, tendo em vista as condições de desigualdade exis- tentes no Brasil.

Quem quiser manter contatos com a Macuco, basta escrever para a rua Remo Luiz Corradini, 105, Jardim Zaira, Mauá, São Paulo, CEP 09320.

CONSTITUINTES TRAÍRAM O POVO

Todo mundo viu a vitória da UDR na Constituinte. O que aconteceu foi o seguinte, traduzindo em termos mais simples: a partir da nova Constituição, toda terra produtiva, mesmo que não cumpra sua função social, não poderá ser desapropriada. Entendeu? Por exemplo: uma área de dez alqueires, com ma- ta e floresta, é terra produtiva, e não está cumprindo nenhuma função social. Segundo a votação da Constituinte, ela terá de perma- necer assim. Bem disseram alguns deputados ligados à esquerda, favoráveis à Reforma Agrária: "o jeito agora será deixar a cargo dos sem terra a decisão. Mas como sugerir que haja diálogo, calma e tranqüilidade, quando um lado (no caso, a UDR e os fazen- deiros) não cede um centímetro sequer?"

Com isto, os Constituintes estavam dizen- do que poderá, inclusive, haver violência, com os sem terra cansados de esperar uma decisão justa.

Para citarmos dados oficiais: o Ministro da

Reforma Agrária anunciou, no início do ano, que pretendia assentar 200 mil famílias em 88, o que parece bastante irreal, quando se sabe que o Ministério obteve a imissão de posse de apenas 1 milhão 232 mil 773 hecta- res de áreas desapropriadas entre 15 de mar- ço de 85 a 4 de março deste ano.

46 mil famílias - Os projetos de assenta- mento em execução têm uma capacidade de acomodar 46 mil famílias (dados oficiais). Ou seja: foi obtida a imissão de posse de uma área que corresponde a 2,8% da meta global do Plano Nacional de Reforma Agrá- ria (43 milhões de hectares até 1989), e o ministro anuncia que vai assentar em um ano um número de famílias quase cinco vezes su- perior ao que foi realizado em três anos!

O texto sobre a Reforma Agrária, final- mente, é sempre bom lembrar, traiu o desejo de 1 milhão 200 mil pessoas, que assinaram a emenda popular, em meados do ano passa- do...

COMO O BRASIL ENTREGA O OURO AO BANDIDO O jornalista do Uruguai Samuel

Blixen escreveu o seguinte, no princí- pio do mês de maio: "apesar do país não produzir uma só pepita de ouro, em menos de cinco anos passou a ser um dos maiores exportadores mun- diais desse metal e segundo abastece- dor dos Estados Unidos, ao legalizar o contrabando de ouro vindo fundamen- talmente do Brasil e da África do Sul".

E como vai embora o ouro brasilei- ro? Vejamos: a 150 quilômetros de Marabá, no Pará, em plena Amazônia brasileira, se encontra uma gigantesca cratera: é o garimpo de Serra Pelada, a maior mina absrta do mundo. Há dez anos para lá vão os desesperados, os desocupados, os sonhadores, os aventureiros e os ambiciosos de qual- quer ponto do Brasil. Seiscentos mil

garimpeiros extraem de Serra Pelada todo o ouro que se produz em territó- rio brasileiro. Mas os tempos do Eldo- rado não existem mais. Hoje, o garim- peiro é um trabalhador de empreitada, obrigado a vender por um preço ridí- culo o precioso metal obtido. E^ Serra Pelada é uma região violenta. E zona de segurança nacional. E mesmo as- sim o ouro é contrabandeado, imagi-

nem... Mesmo os garimpeiros estando sujeitos a um estreito controle e à re- pressão para evitar o contrabando do metal em pequena escala, a evasão custou ao Brasil cerca de 800 milhões de dólares em 1987. A produção al- cançou 105 toneladas de ouro refina- do. Somente foram registradas, ofi- cialmente, 36. O restante saiu do paft como contrabando.

A

PAGINA DE ALFABETIZAÇAO ECONÔMICA N2

POR QUE EXISTEM PAÍSES RICOS E PAÍSES POBRES Os países ricos do Norte são

países industrializados. Produzem, sobretudo, produtos industriais, acabados.

Os países pobres estão pouco ou quase nada industrializados. Produ- zimos, sobretudo, matérias-primas que são industrializadas nas indús- trias dos países ricos.

Essas matérias-primas (açúcar, café, algodão, ferro, cobre, mine- rais, petróleo e muitas outras coi- sas) possuem cada vez um preço mais baixo em relação ao preço dos produtos industrializados dos paí- ses ricos. Cada vez nos pagam mais baratas as matérias-primas que pro- duzimos e cada vez nos cobram mais caros os produtos que com- pramos.

Essa desigualdade entre os pre- ços que possuem os produtos do Norte e os do Sul é o que se chama

DEGENERAÇÂO DOS TERMOS DE INTERCÂMBIO SOCIAL.

INTERCÂMBIO DESIGUAL Neste desenho se vê o que é o intercâmbio desigual. Se vê como a economia dos países pobres está cada vez mais corroída. No

entanto, a economia dos países do Norte está "tranqüila". Os ricos estão cada vez mais. E os pobres, cada vez trabalhando mais e cada

vez estamos mais magros. Cada vez mais subdesenvolvidos. O mundo do Sul, e dos países empobrecidos, subdesenvolvidos,

são uns 150 países. A maioria deles está unida no Movimento dos Países Não Alinhados. Uma das principais lutas desse Movimento dos Não Alinhados é para que haja no mundo uma Nova Ordem

Econômica Internacional. Para que termine o intercâmbio desigual e todos os países possam desenvolver-se igualmente.

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SANTO ANDRÉ

APOSENTADOS VÃO ATÉ BRASÍLIA

Os aposentados da cidade não viram vanta- fem alguma na nova lei aprovada em Brasília,

ila manteve os benefícios que antes queria abolir. E segundo os aposentados falaram ao Espalha Fatos, isto não é novidade. Querem ir até Brasília fazer pressão, a fim de tentar pas- sar a emenda para serem revistos todos os cál- culos das aposentadorias. Por exemplo: quem se aposentou de 79 a 84, teve uma defasagem de mais de 60%. Alguém duvida? Todos os aposentados estão convidados a participar das reuniões: na última quarta-feira de cada mês, às 14 horas, na Igreja do Bonfim (Parque das Nações, Santo André).

COMO PARAR DE BEBER A Associação Antialcoólica de Santo André

está de sede nova. Agora, funciona à rua Egi- to, 45, no Parque das Nações, e continua aber- ta a todos os interessados em parar de beber. As reuniões acontecem às terças e sextas, a partir das 20 horas. "Se você quer beber, o problema é seu. Se você quer parar de beber, o problema é nosso", diz o lema da Asso- ciação. Caso haja algum problema de alco- olismo em sua família, ou no círculo de ami- zades, encaminhe a pessoa à Associação An- tialcoólica mais próxima.

RIBEIRÃO PIRES

DE QUEM É O CORREDOR POLONÊS?

O movimento para a realização de um ple- biscito junto aos moradores da área conhecida como Corredor Polonês, localizada entre Ri- beirão Pires, Santo André e Rio Grande da Serra, será retomado ainda nesta semana. Quem está à frente são os moradores da Gleba

3 do Parque Represa Billings, junto à Prefeitu- ra de Ribeirão. A área é disputada na Justiça pelos três municípios. A indefinição prejudica sensivelmente a todos: não há pavimentação, não há guias e nem sarjetas. Quando chove, a coisa fica feia!

DIADEMA

Há mais de um ano, o movimento popular de Diadema e Mauá começou uma campanha de esclarecimento sobre as altas tarifas de água e luz. As famílias de baixa (ou nenhuma) renda conseguiram um avanço: junto à Eletro- paulo conquistaram a tarifa social. Em terre- nos onde existe mais de uma casa, a compa- nhia dá poste, fios e caixas. Antes, o dono dos terrenos dividia a conta pelo número de famí- lias e sobretaxava. Agora, cada família vai pa-

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MAUA

MULHERES E A CONSTITUINTE

No dia 4 de junho, às 14h30m, na sede da CUT (rua Coronel Ortiz, 35), haverá um en- contro preparatório ao encontro regional de mulheres sobre os direitos das mesmas na Constituição. E o encontrão, para o qual estão convidadas todas as mulheres (da CUT, do

PMDB, da Assembléia de Deus, do PDS, de tudo quanto é canto) será dia 11 de junho, no Sindicato dos Químicos (rua Lino Jardim). Aí não dá pra ninguém perder, é ou não é? Mais tarde, do encontrão sairão delegadas (não de

polícia, mas representantes das mulheres) para outro encontro, desta vez de todo o estado de São Paulo, dia 26 de junho, em local a ser confirmado... E do encontrão será redigido um documento, com a posição firme das mulheres.

CUMPRA A PROMESSA,PREFEITO As 28 famílias que abandonaram as casas

onde moravam, por não terem como pagar aluguel, estão querendo do prefeito Leonel Damo o cumprimento da promessa que fez aos moradores. A história, resumidamente, é a se- guinte: 28 famílias estavam morando no Cen- tro Social Urbano do bairro São João, em Mauá, e foram à prefeitura pedindo uma so- lução. O prefeito pediu que saíssem do CSU e fossem para uma escola desativada no Jardim Guapituba, onde moram precariamente, em condições bastante ruins Basta que qualquer

um vá lá e comprove. Tudo isto por causa do prefeito, que lhes

prometeu que em 30 dias arrumaria um terre- no. Seria na Vila Nova Mauá. Acontece que entraram na escola desativada dia 21 de março e até agora nenhuma decisão foi tomada. O pessoal de Vila Nova Mauá, de classe média, está fazendo um movimento para que as famí- lias para lá não se mudem, temendo que cons- truam uma favela no local. A mesma coisa acontece em Jardim Guapituba: tem gente à beca querendo despachar logo as famílias, que

ficam sendo jogadas daqui pra lá, como se fossem cachorro sem dono. Chega disto.

A indignação é tão grande que os envolvi- dos estão divulgando uma carta aberta pedindo apoio e mostrando que não são vagabundos e que merecem maior respeito. A decisão de to- dos é firme e a cada dia aumenta a união. Um recado ao prefeito: cumpra logo a promessa! Afinal, ninguém vai fazer favelas: todas as famílias querem, pelo contrário, casas de alve- naria, dignas para qualquer pessoa morar.

ENTIDADES S.BERNARDO DO CAMPO FECHAM

ANCHIETA MÃES CONDENAM

ASPECTO DA COMIDA A coisa está séria em São Bernardo. As

crianças estão comendo uma comida nada agradável. Tanto é que as mães começaram a elaborar um abaixo-assinado para ser enviado

ao governador do estado, exigindo que a "ração" (como é chamada a bóia) seja melhor. Com a atual comida, a meninada não come, e o aproveitamento escolar, é evidente, cai.

O dia 5 de junho é considerado o Dia Mun- dial do Meio Ambiente, você sabia? Existe um movimento em São Bernardo contra a poluição da Represa Billings (são 100 entidades, mais ou menos) que se reúne todas as terças-feiras na Câmara Municipal da cidade. Para protestar contra a poluição, os manifestantes vão fechar a Anhangüera e a Via Anchieta no dia 4 de junho, de 9 às 12 horas. A Anchieta na altura de Riacho Grande.

TARIFAS MENORES DE ÁGUAE LUZ

gar somente o que consumir. E a partir do consumo, podem chegar a ter descontos.

Por outro lado, na Sabesp, as famílias con- quistaram o cadastramento-economia:se existem mais de duas casas no mesmo terreno, é feito um croquis simples (sem necessidade de dese- nhistas profissionais) e levado à companhia. Sem mexer no hidrômetro, a Sabesp altera a tarifa, diminuindo seu custo. Boa esta...

O povo quer votar cm 88

Vamos dar alguns resultados do Grande ABC sobre o plebiscito realizado pela Ordem dos Advogados do Brasil sobre as diretas pra presidente

em 88. O objetivo da OAB é sensibilizar os deputados e senadores para as eleições diretas ainda neste ano. Veja como o povo votou:

Santo André São Bernardo Mauá São Carlos São Caetano Ribeirão Pires Diadema

total de votos

3600

20102

1319

791

44

1362

1575

SIM NAO

3312 288 18983 512 1269 50 723 62 40 04

1245 82 1486 75

BRANCOS E NULOS

607

06

35 14

REGIÃO ~T

Morar: um problema sério

Para fugir da fome e por não ter terra para viver, os trabalhadores vêm, em grande maio- ria, para as cidades. E a situação urbana também não é das melhores. Na verdade, den- tro de cada cidade brasileira existem duas ci- dades: uma realmente urbanizada, com servi- ços públicos instalados, e outra que vive sem condições básicas de infra-estrutura, cercada de dificuldades e mergulhada na violência. São pelo menos 11 milhões de desempregados nas cidades, a maioria vivendo em favelas, cortiços, loteamentos precários e até clandes- tinos, ombro a ombro com os subempregados ou com os que ganham salário mínimo. E o Grande ABC não foge deste quadro.

A crise na habitação nada mais é do que a existência de grandes faixas populacionais que não possuem meios para adquiri-la. No capita- lismo, os trabalhadores necessitam vender sua força de trabalho para sobreviver, e com seu salário comprar os elementos necessários à sua vida e à da sua família, entre os quais a habi- tação. Assim, o consumo da habitação faz par- te da questão social mais ampla: a distribuição de renda no país e as flutuações do mercado de trabalho. A existência do "exército indus- trial de reserva" influi fortemente nas con- dições habitacionais, no rebaixamento dos salários e na falta de condições de aquisição desta mercadoria.

Somente no estado de São Paulo existe um déficit de 2 milhões de moradias, sendo meta- de dele na cidade de São Paulo. Em 1985, o Plano Diretor do Município de São Paulo já identificava o fracasso das políticas de pro- dução oficial de moradias, estimando a popu- lação moradora em habitações subnormais em 55% do total de habitantes, com a proporção de 5% de favelas, 28% de moradores em cor- tiços e casas precárias alugadas e 22% entre os autoconstrutores. Em nível de Brasil, esti- ma-se, segundo dados do IBGE, em 1986, que havia 31,1 milhões de domicílios, com 589 mil domicílios com apenas 1 cômodo. Com apenas 1 dormitório existiam 9,7 milhões de casas ocupadas por 26 milhões de pessoas.

Segundo a mesma fonte, do total de mora- dias no Brasil, 21,7 milhões estavam ligadas às redes gerais de abastecimento de água, 18,2 milhões tinham lixo coletado, 25,8 possuíam iluminação elétrica, 17,3 tinham filtro de água, 29,5 possuíam fogões e 20,5 possuíam gela- deiras.

Entre os 31,1 milhões de domicílios, 19,9 milhões eram próprios, 6,7 alugados e 4,3 ce- didos. Conforme dados do Classifolha, os alu- guéis de domicílios com 1 dormitório sofreram um aumento de 300 a 468% entre janeiro de 86 e março de 87. Nas periferias e cortiços, os aumentos dos aluguéis passaram de 0,5 até 2,5 salários mínimos, sobrepujando em muito os reajustes salariais. É sobre essa população de baixa renda que incide o maior número de ações de despejo. E disso tudo vêm as con- seqüências. Para ficar perto dos locais de tra- balho, os trabalhadores não encontram maiores opções a não ser inchar as favelas, povoar os cortiços ou construir em qualquer lugar, mes- mo que tenham de colocar em risco a sua pró- pria vida e a de seus familiares. Ninguém quer favelas, cortiços ou morros abarrotados de barracos ou desafiando qualquer lei da enge- nharia. Mas existe outra saída?

WÊ RESISTIR COM VEÍCULOS PRÓPRIOS

COMO PODE SER

Jocasta e Édipo. Nomes dos perso- nagens principais de Mandala, a nove- la global que terminou no último dia 13. Jocasta e Édipo, nomes de cente- nas de crianças que nasceram nestes

^ _, ,_.». _.^i-*. . r**, ^-^ r^ últimos 2 meses no País. Quem passar

CHAMADO O SEU SINDICATO?--rurflt^T zendo a cabeça de todo mundo, im- pondo hábitos e massacrando a cultura popular.

O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de SBC, Mário dos San- tos Barbosa, que coordena os depar- tamentos de vídeo e formação sindical da entidade, diz que a peãozada não tem muita escolha: levanta cedo e tem uma jornada de trabalho cansativa; quando chega em casa, à noite, é a novela das 7, das 8... "Se algum canal transmite um debate que interessa, é muito tarde, e os trabalhadores não podem ver porque têm de se preparar para o batente do dia seguinte. Também não compram jornal de circu- lação normal, por causa do preço", constata.

Diante desta realidade, Barbosa afirma que o Sindicato está unido à Fenaj e outras entidades na mesma lu- ta pela democratização dos meios de comunicação que, nas mãos da bur- guesia, são utilizados para abafar a cultura popular: "Precisamos garantir aos trabalhadores acesso aos canais de TV, rádio e jornais, para que possam colocar sua mensagem".

O sindicalista explica que os meios de comunicação oficiais, como a Glo- bo, formam a opinião de acordo com os interesses da classe dominante. Com isso, as lutas sociais, como a dos negros nos quilombos, aparecem como "peças folclóricas" e não como histó-

Nos últimos anos, com a volta das grandes lutas dos sindicatos, tanto na cidade como no campo, conversar so- bre sindicatos passou a ter uma im- portância muito grande, concorda? Qual a diferença entre um sindicato e outro? Caíram na boca do povo muitas expressões, e o Espalha Fatos, com ajuda do Caderno de Formação dos Sem Terra, vai procurar dar uma orientação. De maneira geral, os sin- dicatos podem ser divididos em quatro grupos:

Primeiro - Sindicatos pelegos - São todos os que se afinam com o governo e os patrões... O presidente e a direto- ria preocupam-se apenas com o seu bem-estar. Não querem ofender os pa- trões, traem os trabalhadores e têm um respeito muito duvidoso pelas chama- das "autoridades constituídas". Você conhece algum sindicato assim?

Segundo - Sindicatos Reformistas - Na teoria eles utilizam uma linguagem de reivindicações, de defesa dos tra- balhadores. Mas ficam somente no discurso. Na prática, não organizam a categoria e não dão seguimento às lu- tas. Quando fazem alguma coisa são movidos apenas por interesses eleito- reiros ou pequenas lutas econômicas da categoria. A grande maioria dos sindicatos que estão na CGT tem este

tipo de comportamento, e não pensam duas vezes pra se aliarem aos pelegos lá de cima.

Terceiro - Sindicatos atrasados - Seriam aqueles sindicatos que estão nas mãos de pessoas que não têm mui- ta idéia da importância e do significa- do do sindicato para a classe trabalha- dora. São ingênuos, sem compromisso político e preocupam-se somente em colocar médicos e dentistas no sindi- cato. Esse tipo de sindicato estaria presente em maior número entre os sindicatos de trabalhadores rurais e nas categorias urbanas de menor im- portância política, no setor de serviços e de profissionais liberais. Estão tanto na CUT como na CGT e representam, é evidente, a maioria dos nossos sin- dicatos conhecidos.

Quarto - Sindicatos combativos - São aqueles que procuram organizar a categoria ou levar adiante lutas con- cretas em busca da defesa e conquista de maiores direitos para os trabalha- dores. Enfrentam os patrões e o go- verno com coragem e intransigência. Esse tipo de sindicato, em geral, esta- ria mais alinhado à CUT, mas em al- guns estados se pode encontrar sindi- catos assim classificados, que por questões ideológicas se alinham à CGT.

ria real e contribuição cultural para o desenvolvimento do País.

Justamente para se contrapor à co- municação dominadora e frisar a cul- tura real e popular, o Sindicato sem- pre buscou desenvolver seus veículos próprios de comunicação, que visam, principalmente, informar, formar e mobilizar a categoria.

Há 9 anos, surgiu a Tribuna Me- talúrgica diária, que traz o dia-a-dia dos trabalhadores nas fábricas e as questões de interesse imediato, seja no âmbito da categoria ou nas questões gerais do País. A edição mensal da Tribuna Metalúrgica tem um papel po- litizador maior, tratando dos assuntos de maneira mais profunda.

Mas para se contrapor ainda mais à comunicação do poder dominante, o Sindicato desenvolveu também a TV dos Trabalhadores, um projeto em ví- deo que registra a história da catego- ria com imagens. Além disto, a enti- dade encaminhou ao Ministério das Comunicações pedido de concessão de uma emissora de rádio.

Contudo, para ampliar o espaço dos trabalhadores nos meios de comuni- cação de massa, Barbosa diz que ain- da será necessária muita pressão po- pular, em todos os níveis.

URSO FOGE DE ABELHA Caro companheiro: Você já deve estar com o corpo ca-

lejado de tanto levar chute de patrão. Também, sempre que a economia vai mal, sobra para o trabalhador, que pa- ga pelos erros do governo e pela ganância dos patrões com a perda do emprego. Mas tenho certeza que sua consciência também está calejada e atenta para a questão do desemprego.

Pois é: ao longo destes anos todos, a peãozada daqui do pedaço aprendeu

muitas lições. E falar sobre isto até parece chover no molhado. Mas cá en- tre nós, companheirão, qual de nós não sente aquele friozinho na barriga ao saber que está havendo um facão na fábrica? Alguns, pouco conscien- tes, até torcem para que seja atingida a cabeça do companheiro do lado, e não a sua.

Na verdade, não é estranho que is- so aconteça, pois o pão da molecada depende do nosso suor. Só que, numa

hora como esta, desespero não adian- ta. Aliás, é isto mesmo que quer a classe patronal: que fiquemos indivi- dualistas e arranquemos os cabelos, esquecendo que o que aconteceu ao companheiro da máquina ao lado pode acontecer com qualquer um de nós.

Agora, se tem uma coisa que patrão não quer, de jeito nenhum, é ver o peão colocar em prática o significado da palavra so-li-da-rie-da-de. Afinal, mesmo grandalhão, o urso foge do enxame de abelhas.

Se você recebesse em 1° de abril., Mas só recebeu em 10 de maio e a inflação .gj// papou 19,88%...

5^

Se já era ruim, em 10 de junho, com a inflação ^ prevista em 21%,

veja o que o seu salário poderá comprar:

m

MIGRANTE: ''HABITAR' A INQUIETUDE HISTÓRICA

CONHEÇA O DOCUMENTO "38* DA CNBB

A CNBB vem divulgando o seu documento número 38, que foi, in- clusive, discutido na diocese de San- to André, com o título Diretrizes Ge- rais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil, 1987/1990. O objetivo geral é evangelizar o povo brasileiro, em processo de transformação social, econômica, política e cultural. Em segundo lugar, anunciando a plena verdade sobre Jesus Cristo, a Igreja e o Homem, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres.

Outros pontos que norteiam o do- cumento são: a libertação integral do Homem, numa crescente participação e comunhão, visando formar o povo de Deus e participar da construção de uma sociedade justa e fraterna. Sendo sempre Sinal do Reino defini- tivo.

Os destaques pastorais da CNBB para o próximo triênio são 3: os Meios de Comunicação Social, a Ju- ventude e a Família.

ENCONTRO DE CEBS Aconteceu no dia 22 de maio o

Encontro Regional das CEBs, com a presença de aproximadamente 300 pessoas, havendo a apresentação de símbolos que retratam a caminhada da Igreja e de suas comunidades: a cruz, representando o sofrimento, o cfrio pascal (esperança do povo que se organiza, unido), a bíblia (pa- lavra de Deus iluminando a cami- nhada) e roteiros de reuniões e cele- brações, simbolizando o trabalho de base.

A seguir, foram apresentadas três encenações sobre as pastorais es- trutural, moral e psicossocial. Em grupo, foram discutidos os aspectos negativos e positivos das três. No plenário, o Frei Darci Rettore ajudou nas conclusões, visando uma pastoral transformadora. No final, a coleta realizada vai ser enviada para os tra- balhadores rurais assentados em Promissão e Porto Feliz, que estão organizando manifestações em São Paulo.

ENCONTRO DE CATEQUESE Na Cidade dos Meninos, dias 3, 4 Coordenadores de Catequese. Está

e 5 de junho, mais exatamente na sendo convidado um coordenador de Casa do Cursilho (rua Cáucaso), será cada paróquia, realizado um encontro diocesano de

A FÉ E A HISTÓRIA Piracicaba (AGEN) - Foi lançado

a 5 de maio, na Universidade Meto- dista de Piracicaba (Unimep), inte- rior de São Paulo, o livro "A Fé co- mo Ação da História", tese de douto- ramento de Ely Eser Barreto César, vice-reitor acadêmico da Unimep. O livro é uma co-edição da Editora Unimep com Edições Paulinas. Nu-

ma perspectiva ecumênica, o livro "procura lançar novos fundamentos de releitura bíblica, necessária ao momento atual das comunidades eclesiais brasileiras, no contexto econômico, social e político da Amé- rica Latina", como destaca o editor Hugo Assmann.

Seminário de Educação Cristã Porto Alegre (AGEN) - A Co-

missão Evangélica Latino-Americana de Educação Cristã - CELADEC promove, nos dias 3, 4 e 5 de junho, em Gramado (RS), um Seminário de Educação Cristã, de âmbito nacional. O Seminário, segundo os organiza- dores, é dirigido ao "pessoal envol- vido na elaboração de material para Escola Dominical/Catequese e na capacitação de agentes de Educação Cristã nas paróquias e comunidades locais".

Poderão participar do Seminário quatro representantes dos respectivos setores/equipes de produção de mate- rial/capacitação das Igrejas, para tro- car experiências e refletir sobre a concepção de Educação Cristã no Brasil de hoje, sobretudo na área da infância e adolescência.

Consulta - A realização de um Seminário sobre Educação Cristã foi sugerida durante a II Consulta Brasi- leira sobre CELADEC, realizada em outubro passado, com a participação de 29 representantes de 26 entidades, originários de 10 países. Posterior- mente aos Seminários nacionais, será realizado um Encontro Latino-Ame- ricano de Educação Cristã, com apoio do Conselho Latino-America- no de Igrejas (CLAI).

As atividades do Seminário de Educação Cristã serão realizadas no Lar da Juventude (Federação 25 .de Julho), no Lago Negro, em Gramado. Maiores informações na CELADEC - Brasil, à rua Edison, 1288, conjunto 2, CEP 04618, em São Paulo - SP - fone: (011) 530-4343, com Laan Mendes de Barros.

"Senhor, quem pode hospedar-se em tua casa? Quem pode habitar em teu monte sa- grado? Quem anda com integridade e pratica a justiça" (SI 15) "Uma coisa peço ao Senhor e a pro- curo: é habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida" (SI 27). "Quão amáveis são tuas moradas. Se- nhor. Minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor. Felizes os que habitam tua casa e te louvam sem cessar" (SI 84).

Que significa "habitar a casa do Senhor"? Tão freqüente nos salmos, esta expressão carrega, a nosso ver, um sentido bem preciso: habitar a in- quietude histórica. Frente a um mundo marcado pela injustiça, no bojo de uma história prenhe de sofrimento e morte, o salmista "habita" o desafio, deixa-se penetrar pela interpelação do tempo em que vive. E ergue ao Se- nhor um grito de angústia, uma pro- funda aspiração de justiça, um denso apelo à vida.

O grito, contudo, somente possui uma eficácia político-pastoral na me- dida em que "habitar" não se traduza por refugiar-se, esconder-se da reali- dade, criar uma auréola mística para escapar ao compromisso. A "casa do Senhor" não pode tomar-se um "ni- nho" confortável e aconchegante, no interior do qual se pretende louvar o Pai. A atitude é inversa: habitar aqui significa caminhar, vivenciar ansio- samente os imperativos do tempo, de- sinstalar-se a cada piinuto. A partir de sua "morada", o Senhor nos chama e nos re-envia para o mundo, movimen- to dialético e dinâmico que exige de nós a transformação concreta dessa estrutura de pecado e de injustiça. Que dizer, por exemplo, de numerosos representantes do clero que, tendo nos salmos sua oração predileta, outra coi- sa não fazem senão usá-los como es- cudo de defesa contra os desafios da realidade!

Tudo isso faz pensar no migrante, aquele que não tem morada fixa. Ha- bita a incerteza, a rua, a estrada, o fu-

turo. Sua peleja pela sobrevivência, seja individual ou coletiva, está den- samente permeada pela inquietude histórica. Seu constante peregrinar como que engravida o tempo novo. E seus passos, através de mil caminhos, levantam um clamor por um mundo recriado.

Pelas veredas de longa travessia, o migrante questiona o "aqui e agora" da economia e da política, bombardeia nossas posições pastorais rigidamente estabelecidas e reduz a pedaços as estátuas de pedra congeladas pela inércia. E um verdadeiro arquiteto da "casa do Senhor" - o tempo da justi- ça, da fraternidade e da paz. Habitante da tenda e da inquietude, andarilho da esperança, planta o alicerce de um amanhã renovado, inicia a construção da casa definitiva, abrigo não de al- guns, mas de todos.

(Serviço Pastoral dos Migrantes - SPM).

CUIDADO COM O LUMEN 2000... O padre redentorista norte-ameri-

cano, Tom Forrest, esteve na Assem- bléia da CNBB, em Itaici, apresentan- do aos bispos dois projetos bilionários da Igreja Católica: o Lumen 2000 e o Evangelização 2000. A intenção é conquistar o mundo para Jesus Cristo, segundo o padre. A proposta foi ela- borada em conjunto pela Renovação Carismática Católica Internacional, Comunhão e Libertação e Movimento de Schoenstadt, abençoada pelo papa. Os dois investimentos vão implicar em um total de 400 milhões de dólares. O

projeto Lumen 2000 é específico à área de comunicação social e constará de programas de televisão e de rádio.

A CNBB está vendo com muitas

reservas a iniciativa. Afinal, a Igreja Católica tem sua linha de atuação bem clara. A opção pelos pobres é inques- tionável. As fontes de dinheiro são, sem dúvida, empresários norte-ameri- canos e europeus, e o Brasil é o alvo principal. Ninguém pode deixar de lembrar que o país é o que tem o maior número de católicos no mundo!

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Santos do mês

Este mês vamos falar sobre quatro santos. E to- dos conhecem esses grandes homens, que nos aju- dam a crescer na fé e na justiça. O primeiro deles é Santo Antônio, o santo casamenteiro. Comemora-se o seu dia a 13 de junho. Entrou para o colégio de Santo Agostinho aos 15 anos, e com apenas nove meses de aulas aprofundou tanto seus estudos da Sagrada Escritura que ficou conhecido pelo apelido de "Arca do Testamento". Teve muita fama por causa de suas extraordinárias pregações.

São João - Dia 24 de junho, quem não sabe? Foi o precursor do Messias. É o último profeta e o pri- meiro apóstolo. "É mais que um profeta", disse Je- sus. Castigador da hipocrisia e da imoralidade, pa- gou com o martírio seu rigor moral.

São Pedro e São Paulo - A data de ambos é 29 de junho. Morreram juntos. São Pedro, por exemplo, teve um martírio histórico. Por se julgar indigno de morrer como Cristo, foi crucificado de cabeça para baixo. A palavra e o sangue são a semente com que, unido em Cristo, gerou a Igreja inteira. Junto com São Paulo, foram mortos na Colina Vaticana, agora chamada de Três Fontes. São considerados pais de Roma, fundadores.

GENTE DO POVO

D. Santina: uma grande mulher

- Dona Santina, me dá um conselho...

E ela atende prontamente.

- Dona Santina, me vende uma vela... E se é atendido no

ato... - Dona Santina, me

ensina como fazer isto... E ela, com sorriso,

paciência e sabedoria, nos ensina, nos ajuda. Sem querer méritos. É assim

essa mulher de 75 anos.

que por amor a Deus e à Igreja, trabalha na sacristia da Paróquia de São Camilo de Lélis. Sem ganhos e às

vezes até doente, conta centavos como se fosse sua casa. Tudo limpo e organizado. Muito carinhosa com

as pessoas, faz parte do Apostolado da Oração. Quantos de nós não faríamos isto, somente por julgar um trabalho menor? Talvez este exemplo nos ensine o

que é a verdadeira fraternidade. Dedicação e amor. Este é o caminho. Parabéns, D.

Santina. Ela mora na rua Rio Claro, em Camilópolis, um

bairro de Santo André. Dona Santina Oliveira é uma grande mulher...

RECURSOS

As pessoas estão, de uma maneira ou de outra, envolvidas em movimentos. Em 88, por causa do tema da Campanha da Fraternidade, "Ouvi o clamor deste po- vo", muito se discutiu. Mas a campanha já terminou. E daí? Daí que devemos le- var adiante todas as conversas sobre os problemas, que são gritantes. E temos de conversar até serem encontradas so- luções a fim de todos terem uma vida mais fraterna. Não se deixe enganar: o racismo existe no Brasil... Você não sa- bia? Então, o melhor é informar-se. Va- mos dar algumas sugestões:

Eu, Negro-Discriminação Racial no Brasil. Existe? É um livro escrito pelo padre Anizib Ferreira dos Santos, publi- cado pelas Edições Loyola. E afirma: desde o instante em que o negro pisou em terras brasileiras até os dias atuais, se estabeleceram muitas e variadas formas de preconceitos e discriminação. E não há comparação com outras raças: o que sofre o negro é muito doloroso. E o livro mostra bem tudo isto. Vale a pena.

Identidade Negra e Religião - Publi- cado pelo CEDI e Associação Ecumêni- ca de Teólogos do Terceiro Mundo (ASCTT), Edições Liberdade. Exata- mente devido à importância da contri- buição afro-americana e suas expressões religiosas e a carência na reflexão teoló- gica latino-americana que não tem leva- do em conta essa contribuição, a regional latino-americana da Associação elaborou uma reflexão sobre a cultura negra e a teologia, a partir das comunidades dos negros, que além de sofrerem discrimi- nação racial, são ainda vítimas da intensa violência policial.

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Uma dica especialmente preparada pela equipe da PACOM, que tem excelentes co- zinheiras entre seus membros. Vejamos:

• Para que o bolo de fubá de SM festa junina faça sucesso, unte a fôrma Cóm mar- garina e polvilhe com ò próprio fubá penei- rado.

• Dica de sorte: na véspera de São João, à noite, antes de se deitar, quebre um ovo cru no prato e deixe lá. Quando acordar, vá conferir: se a clara estiver com formato de vestido de noiva (parecido, é claro) você se casará ainda este ano.

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