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GOVERNANÇA MIGRATÓRIA LOCAL MIGRA CIDADES

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Page 1: MIGRACIDADES...unidades da FAETEC dispostas a fornecer o curso. Foram selecionados para o piloto do curso os municípios de São Gonçalo e de Duque de Caxias. A partir dessa primeira

GOVERNANÇA MIGRATÓRIA LOCALMIGRACIDADES

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EDITORIALOrganização Internacional para as Migrações

SAUS Quadra 05, nº 17, Bloco N, Ed. OAB, 3º andar, Brasília-DF 70070-913

[email protected]

Chefe da Missão da OIM no Brasil

EXPEDIENTE TÉCNICOPesquisa Inicial

Camila Baraldi (Consultora OIM)Isadora Ste ens (OIM)João Guilherme Granja (Enap)Laura Boeira (Consultora OIM)Marcelo Torelly (OIM - Coordenador)

Elaboração do conteúdo

Camila Baraldi (Consultora OIM)

Revisão de texto

Dominique Ferreira Feliciano de Lima (Consultora OIM)

Revisão de conteúdo

Marcelo TorellyIsadora Ste ens

Diagramação e Arte

Simone Silva – Figuramundo

Governo do Distrito FederalGoverno do Estado de RoraimaGoverno do Estado de Santa CatarinaGoverno do Estado do Rio de JaneiroGoverno Federal (Ministério da Cidadania)Prefeitura de Belém do ParáPrefeitura de Boa VistaPrefeitura de CuiabáPrefeitura de Foz do IguaçuPrefeitura de IgarassuPrefeitura de São Paulo

parte da OIM, qualquer opinião sobre a condição jurídica dos países, territórios, cidades ou áreas, ou mesmo de suas

Por seu caráter de organização intergovernamental, a OIM atua com seus parceiros da comunidade internacional para:

bem-estar dos migrantes.

Este material faz parte do projeto Aprimorando a Governança Migratória no Brasil, da OIM em parceria coma Escola

Cada umas das 10 dimensões apresentadas neste material compõe um módulo do curso Governança Migratória Local, disponível no site da Escola Virtual de Governo da Enap: www.escolavirtual.gov.br

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Parcerias institucionais

Que elementos são necessários para o gestor público local estabelecer parcerias formais ou informais que tratem das migrações e de questões relacionadas?

PARCERIAS COM OSCS

As Organizações da Sociedade Civil (OSCs) podem tra-zer importantes contribuições, seja para o desenho das ações e políticas públicas, seja para a execução delas. As associações de imigrantes podem colaborar apresentando pontos de vista, reivindicações e suges-tões a partir da experiência de trabalho com as comu-

nidades imigrantes. Também podem atuar como pon-te entre o poder público e as comunidades, levando informação e divulgando ações e serviços disponíveis aos imigrantes. Podem ainda executar partes da po-lítica pública, aproveitando a experiência acumulada que já possuem.

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No Estado do Rio de Janeiro, a Caritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro (CARJ) é

responsável, em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, por um curso de português

para refugiados com professores voluntários. A Coordenação de Migração e Refúgio, da Subsecretaria

de Promoção, Defesa e Garantia dos Direitos Humanos (SEDSDH), percebeu a necessidade de ampliar a oferta

do curso de português no território do Estado. E realizou um levantamento dos locais de maior concentração de

moradia de refugiados e migrantes com a colaboração de organizações de imigrantes e refugiados, da Secretaria de

Estado de Saúde e da CARJ.

Constatadas “manchas” no mapa do estado, uma parceria com a Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC) levou ao cruzamento dos

locais do Rio de Janeiro em que existe a concentração do público com as unidades da FAETEC dispostas a fornecer o curso. Foram selecionados para

o piloto do curso os municípios de São Gonçalo e de Duque de Caxias. A partir dessa primeira turma, iniciada em outubro de 2018, e do processo de Acordo de Cooperação Técnica entre FAETEC e SEDSDH, estão sendo desenvolvidos o

aperfeiçoamento do curso e a expansão para outros polos.

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PARCERIAS COM OUTROS ENTES FEDERATIVOS

Ações de acolhimento e auxílio aos imigrantes podem ganhar ainda maior amplitude e eficácia por meio de parcerias com entes federativos (municípios, estados, a União). Parcerias com governos do mesmo nível podem promover trocas de experiências e alinhamento de padrões de tratamento.

Parcerias entre níveis diferentes de governo podem ampliar e fortalecer políticas, promover a implementação de ações. Podem ainda ampliar os recursos e a estrutura disponíveis para as ações locais. Nas parcerias com a União, há ainda a possibilidade de coordenação das ações no território nacional.

Organismos internacionais como a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e outros atuantes no tema das migrações, por sua vez, dispõem de amplo conhecimento e experiência que podem ser compartilha-dos com os entes locais.

O programa do Governo Federal de interiorização de venezuelanos envolve diversas parcerias com municípios que se dispõem a

receber os imigrantes em seu território. O município precisa expressar seu interesse em participar

do programa para receber apoio técnico e de recursos financeiros do governo federal, assumindo o compromisso

de estruturar o acolhimento aos imigrantes interiorizados durante um

determinado período.

O objetivo é a maior coordenação e uma estrutura para a chegada dos imigrantes no território local. A OIM e outras agências do

Sistema ONU trabalham em conjunto com o governo brasileiro no programa de interiorização

de venezuelanos.

Com o seu conhecimento e experiência, eles orientam os imigrantes sobre a decisão da mudança para

que escolham de forma livre e com todo o conhecimento do processo, aumentando as chances de êxito na sua integração.

A OIM oferece serviços para garantir que todos os migrantes e refugiados sejam documentados e acessem avaliações de saúde e

imunização. Também participa dos processos de interiorização e oferece apoio à preparação das cidades de destino.

O Governo Federal também estabeleceu parcerias com entes locais para a criação de Centros de Referência e Atendimento ao Imigrante (CRAI) existentes hoje na cidade de

São Paulo e em Florianópolis. Em São Paulo a parceria realizada por convênio foi feita no nível municipal. Em Florianópolis o convênio é estadual, com o Governo do Estado de Santa

Catarina atuando como parceiro.

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PARCERIAS COM UNIVERSIDADES

As universidades têm se dedicado de forma crescen-te a estudar as características dos fluxos migratórios atuais, apontar suas necessidades, identificar lacunas e possibilidades de atuação com as comunidades imi-grantes. Elas atuam por meio de pesquisas científicas, da promoção de debates e da implementação de pro-jetos pontuais de atenção a imigrantes como ativida-des de extensão.

O trabalho na produção de conhecimento por parte das universidades é de grande valor para os gestores públicos. Ele proporciona subsídios relevantes para as tomadas de decisão do governo.

As universidades públicas federais, estaduais e munici-pais são as responsáveis pelos processos de revalidação de diplomas de graduação. Esse é um tema central para os imigrantes com formação universitária e que desejam exercer a sua profissão no Brasil. São competentes as uni-versidades públicas que oferecem cursos semelhantes ao do diploma a ser revalidado. Atualmente há um prazo máximo de 180 dias para a análise dos requerimentos.

De acordo com a nova regulamentação, documentos em inglês, francês e espanhol serão sempre aceitos sem tradução. Quanto aos demais idiomas, a necessi-dade de tradução fica a critério da universidade.

MAPA DA ESTRATÉGIA DE INTERIORIZAÇÃO

Dados de Dezembro/2019. Para ver o mapa da interiorização detalhado mais recente, acesse: www.brazil.iom.int

Brasília/DF - QOP

Amazonas4156 (15,3%)

Rondônia301 (1,1%)

Mato Grosso590 (2,2%)

Minas Gerais1548 (5,7%)

Bahia310 (1,1%) Sergipe

50 (0,2%)

Rio Grande do Norte201 (0,7%)

Ceará105 (0,4%)

Maranhão01 (0,01%)

Alagoas09 (0,03%)

Pernambuco559 (2,1%)

Paraíba485 (1,8%)

Goiás535 (2%)

Distrito Federal749 (2,8%)

Tocantins05 (0,02%)

Mato Grosso

do Sul2.025 (7,4%)

Rio de Janeiro900 (3,3%)

S. Catarina

São Paulo5.142 (18,9%)

Rio Grande do Sul

3.039 (11,2%)

Paraná3.140 (11,5%)

Espírito Santo114 (0,4%)

Acre15 (0,06%)

Porcentagem da populaçãototal interiorizada

10-15%

5-10%Manaus - 4.139

23.654BENEFICIÁRIOS

Piauí11 (0,04%)

Pará22 (0,08%)

3.210 (11,8%)

São Paulo - 2.055Dourados - 1.636Curitiba - 1.210Porto Alegre - 949

3.568BENEFICIÁRIOS

Amapá

<5%

>15%

27.222 BENEFICÍARIOS DESDE ABRIL 2018

CIDADES QUE MAIS RECEBRAM VENEZUELANOS

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É fundamental para a inclusão social e laboral dos imigrantes negociar com as universidades públicas a expansão das medidas para facilitar todas as etapas do processo de revalidação de diploma. O procedimento pode envolver a apresentação de documentos inacessíveis aos imigrantes, altos custos, exigências de tradução juramentada. É igualmente essencial pensar a estratégia de negociação com base na demanda local e na distribuição das universidades pelo território.

Os entes locais podem trabalhar junto às universidade pela extensão dos programas de bene� cios concedidos aos refugiados para todos os migrantes que estejam comprovadamente em situação de vulnerabilidade.

No estado de São Paulo há uma lei que prevê a isenção do pagamento de taxas de revalidação de diplomas de graduação, mestrado e doutorado para os refugiados no Estado que realizem a revalidação nas universidades estaduais. O Estado do Rio de Janeiro também possui uma lei no mesmo senti do. As iniciati vas legais, no entanto, não atendem a todos os imigrantes com formação universitária e que, ao buscar revalidar seus diplomas, se deparam com os altos custos do processo.

Em Foz de Iguaçu, a Universidade Federal da Integração Lati no-Americana (UNILA) e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) se dedicaram à formação de imigrantes. Em fevereiro de 2019, foi realizado um curso de formação políti ca para lideranças migrantes de Foz e região, no qual dialogaram a Associação de Venezuelanos, o poder público local e as universidades interessadas na temáti ca.

Na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), caso os refugiados não consigam apresentar diplomas e históricos escolares no requerimento de revalidação, poderão demonstrar a sua formação por todos os meios de prova admiti dos em Direito.

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Algumas universidades desti nam vagas específi cas para atender a população refugiada, portadores de vistos humanitários e imigrantes em situação de vulnerabilidade. São exemplos a Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), as Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Uni-versidade Federal de Roraima (UFRR).

Em Cuiabá, foi elaborada a Carta de Migração a parti r da realização do Fórum de Fluxos Migratórios na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O Fórum reuniu organismos do governo e da sociedade civil, estudiosos e militantes, além de migrantes e descendentes brasileiros de migrantes. A Carta foi adotada como estratégia de sensibilização para o tema da migração, circulou entre servidores públicos e foi divulgada no Blog Direitos Humanos MT.

Em São Paulo, a Coordenação de Políti cas para Migrantes e Trabalho Decente fi rmou, em 2013, um Acordo de Cooperação com o Insti tuto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP) para a realização de um diagnósti co do atendimento aos imigrantes nos serviços públicos municipais. O intuito foi subsidiar a formulação da políti ca pública local. Os resultados foram publicados em 2017 no e-book Imigrantes em São Paulo: Diagnósti co do Atendimento à População Imigrante no Município e Perfi l dos Imigrantes Usuários de Serviços Públicos.

Em Santa Catarina, o governo buscou formas de ampliar a inserção dos migrantes no mercado de trabalho. Uma saída foram parcerias com empresas locais. Por conta do conhecimento de idiomas estrangeiros, uma opção foi o emprego de imigrantes no setor hoteleiro. Na região onde está a Casa do Migrante existe um posto do Sistema Nacional de Emprego (SINE), que realiza cadastro, monta currículos e faz agendamento para emissão das carteiras de identi dade e de trabalho.

Em resposta a situações emergenciais, o governo apostou em parcerias locais para ofertar doações de espaços de moradia, bem como alimentos e arti gos de higiene. O intuito foi facilitar a saída das famílias dos abrigos.

PARCERIAS COM O SETOR PRIVADO

Considerando a busca de um emprego como um dos principais objeti vos e necessidades da maior parte dos imigrantes, parcerias com o setor privado que facilitem e promovam o acesso ao mercado de trabalho po-dem ser muito benéfi cas. O setor privado pode oferecer apoio com capacitações profi ssionais e outras áreas de atuação.

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Em Foz do Iguaçu, a prefeitura pactuou com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) a oferta de cursos com no mínimo uma vaga para migrantes e

refugiados, promovendo a capacitação profi ssional.

As parcerias podem ser formalizadas ou não. A for-malização pode exigir um tempo maior para efeti -vação em razão da necessidade de cumprir etapas burocráti cas. No entanto, uma vez superado esse processo, a parceria se torna mais robusta. Há defi ni-ção clara de atribuições das partes envolvidas, previ-são dos objeti vos a serem ati ngidos e maior garanti a de conti nuidade.

É comum que parcerias iniciadas de maneira informal, uma vez que se mostrem positi vas, venham a ser pos-teriormente formalizadas.

Cabe ao gestor local avaliar o seu cenário de atuação; buscar conhecer os potenciais parceiros para colaborar na construção de estratégia local de atenção aos imigrantes; dialogar com eles e procurar construir ações conjuntas mais amplas e efeti vas.

O Migracidades é uma parceria da Organização Internacional para as Migrações (OIM) – a agência da ONU para as migrações – com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para par� cipar do curso online sobre governança migratória local acesso o site da Escola Virtual de Governo da Enap! www.escolavirtual.gov.br

As opiniões expressas nas publicações da Organização Internacional para as Migrações são dos autores e não refl etem necessariamente a opinião da OIM ou de qualquer outra organização a qual os parti cipantes possam estar profi ssionalmente vinculados. As denominações uti lizadas no presente relatório e a maneira pela qual são apresentados os dados não implicam, por parte da OIM, qualquer opinião sobre a condição jurídica dos países, territórios, cidades ou áreas, ou mesmo de suas autoridades, nem tampouco a respeito à delimitação de suas fronteiras ou limites. OIM está comprometi da pelo princípio de que a migração ordenada e em condições humanas benefi cia aos migrantes e a sociedade. Por seu caráter de organização intergovernamental, a OIM atua com seus parceiros da comunidade internacional para: ajudar a enfrentar os crescentes desafi os da gestão da migração; fomentar a compreensão das questões migratórias; alentar o desenvolvimento social e econômico através da migração; e garanti r o respeito pela dignidade humana e bem-estar dos migrantes. Este material faz parte do projeto Aprimorando a Governança Migratória no Brasil, da OIM em parceria coma Escola Nacional de Administração Pública (Enap) com fi nanciamento do Fundo da OIM para o Desenvolvimento (IDF).