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A influência da Televisão Regional e Educativa no Grande ABCDomingo Glenir Santarnecchi - [email protected] Editora Nacional - FAENACSão Caetano do Sul – [email protected]
Domingo Glenir Santarnecchi - Advogado e Jornalista. Bacharel em Direito pela Universidade São Francisco. Especialista em Direito Administrativo pela PUC-SP; Mestre em Direito Civil pela PUC-SP; Diretor da APROCER – Associação dos Profissionais de Cerimonial do Grande ABC; Membro do Conselho Editorial da Revista Raízes, da Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul; Assessor de Imprensa da FAENAC – Faculdade Editora Nacional de São Caetano do Sul e Apresentador da TV São Caetano – Canal 45 UHF e a cabo
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s meios de comunicação do Grande ABC sofrem influência direta da imprensa da
Capital Paulista, devido a proximidade territorial, tanto que possui apenas um
jornal de grande porte, o Diário do Grande ABC, sendo que os demais são, em
sua maior parte, semanários de pequeno porte.
OA região do Grande ABC é constituída por sete municípios, a saber: Santo André, São
Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da
Serra, que congregam cerca de 2.500.000 habitantes, onde convivem, lado a lado, a
tecnologia avançada e os problemas socioeconômicos resultantes do processo de
globalização da economia. Eles estão localizados à Sudeste da Região Metropolitana da
Grande São Paulo, que congrega 39 município, juntamente com a Capital (Anexo I).
Historicamente, as sete cidades do Grande ABC nasceram de um núcleo comum,
formado por imigrantes italianos, o que, de certo modo, as torna similares em alguns
aspectos. O desenvolvimento individual, contudo, diagramou peculiaridades que singularizam
nessa equação, o denominador comum, sem dúvida, é o avançado processo de conurbação,
que gera desdobramentos idênticos quando se pensa na qualidade de vida dos habitantes.
Assim também acontece com a televisão, que desde a sua criação até 1989, vivia
apenas dos canais de TV aberta sediados em São Paulo – Capital, que pouca atenção
dedicava ao Grande ABC, somente dando destaque quando da ocorrência das grandes
inundações, dos crimes bárbaros, das rebeliões em cadeias ou das greves dos Sindicatos,
eventos que marcaram de forma indelével a atuação dos sindicalistas nos movimentos
reivindicatórios durante as décadas de 80 e 90. Hoje, o panorama mudou muito, devido à
situação econômica que o país atravessa, à despeito dos sindicalistas terem assumido o
Governo Federal, mas a conjuntura não é a mesma daquela época.
A região do Grande ABC até hoje não possui emissora de TV aberta e continua a ser
dependente em larga escala também de sua luminosidade e de sua atratividade cultural
porque não conta com veículos de comunicação de massa. O mesmo acontece com as
rádios que chegou a abrigar sete emissoras. Hoje, no entanto, possui apenas uma rádio
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comercial e uma rádio religiosa. E não pensem que a região não tem TV aberta porque falta
interesse de investidores. O problema é que tecnicamente isso não é possível. Precisaria
contar com uma barreira natural, isto é, com montanhas para interceptar as imagens geradas
em São Paulo e produzir imagens locais.
Como a topografia não ajuda e a tecnologia não faz milagres, a região fica apenas
com emissoras em UHF e a cabo que, têm audiências residuais e não dispõe de recursos
técnicos, materiais e humanos para programações que rivalizem com as dos grandes
conglomerados de comunicação, existentes na Capital Paulista. Assim, disputar audiência
com São Paulo é coisa ingrata e ficamos apenas na penumbra. A identidade municipal da
região foi despedaçada e aumentou consideravelmente o “Complexo de Gata Borralheira”,
em relação à Capital.
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Primórdios
o Brasil, a televisão aberta foi inaugurada em setembro de 1950. A primeira
emissora a entrar em funcionamento foi a PRF 3, TV TUPI , Difusora, pertencente
aos Diários Associados, cujo proprietário era o pioneiro, Assis Chateaubriand,
sendo também a primeira emissora a operar na América Latina e uma das cinco primeiras
em todo o mundo. Chateaubriand era dono de grande parte do mercado brasileiro dos meios
de comunicação, chegando a possuir 36 emissoras de rádio, 34 jornais e 18 canais de
televisão. Essa formação de oligopólio mostra, de certa forma, a tendência da economia da
década de 50.
N
São Caetano do Sul foi a segunda cidade brasileira a receber um aparelho receptor de
televisão para sintonizar a TV Tupi – Canal 3, instalado no recém inaugurado Mercado Inca,
conforme reportagem do Jornal de São Caetano de 13 de janeiro de 1951.
Somente depois é que tivemos a entrada de investimentos estrangeiros na indústria
da informação, demonstrando assim, que a internacionalização do mercado brasileiro
também marcou a norteamericanização da indústria cultural, especialmente no setor de
televisão. Houve também uma integração do mercado consumidor nacional, cuja área de
dependência foi o eixo Rio - São Paulo.
O período militar durou 21 anos e foi caracterizado por um declínio dos Associados,
ascensão e queda da TV Excelsior e o surgimento e ascensão da Rede Globo de Televisão,
com o suporte de acordos firmados com o grupo norteamericano do Time-Life.
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Nesta fase, o Estado desempenha uma atuação decisiva no que se refere à
regulamentação dos meios de comunicação de massa. É criada, em 1965, a Embratel que
inicia uma política modernizadora nas telecomunicações, ocasião em que o país se associa
ao Sistema Internacional de Satélite – INTELSAT. Mais adiante, em 1968, é inaugurado o
sistema de microondas, permitindo a interligação de todo o território nacional.
Toda a legislação básica que regula rádio e televisão no Brasil está enfeixada na Lei
4.117 de 27 de agosto de 1962, conhecida como Código Brasileiro de Telecomunicações.
Essa legislação estabelece que os serviços de radiodifusão são de interesse nacional e com
uma finalidade Educativa e Cultural. No ano de 1991 todas as concessões de rádio e
televisão são consolidadas num decreto que regulamenta o assunto.
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Pioneirismo Regionals tevês regionais, por uma série de questões, procuram dar cobertura maior para a
cidade mais importante da sua região. Este fato tem gerado muitas controvérsias,
com discussões e muitas críticas sobre o papel que as emissora deveriam prestar
para a região.
ANo entanto, as empresas ficam na defensiva dizendo que não possuem equipes
suficientes para realizar uma cobertura completa ou às vezes, não se justifica enviar uma
equipe para um município muito distante sem haver razão maior. Após o levantamento dos
dados no período pesquisado, percebeu-se que a Baixada Santista não é exceção a esta
regra.
Outro aspecto é a chegada das tevês a cabo e a chegada das comunitárias que vêm
modificando o papel das tevês regionais de sinal aberto. Elas atingem públicos diferenciados
economicamente, porém elas trabalham no mesmo território e, por isso, não poderão ignorar
as mudanças que isso acarreta na programação e até mesmo no mercado de trabalho.
Hoje, no Brasil, existem dezenas de tevês que apenas estão preocupadas em veicular
publicidade regional, mas nenhuma informação que interesse à população local. O jornalismo
pode ser um caminho que modifique esta situação. Talvez não seja o único caminho, mas é
uma forma das pessoas sentirem mais próximas de seus direitos ou de terem resposta aos
seus anseios.
Foi somente em 1989 que um grupo de empresários local se reuniram e conseguiram
obter a concessão para operar um canal de televisão local, fundando a TV São Caetano –
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Canal 45 UHF, em caráter experimental, de forma pioneira na região do Grande ABC. Essa
televisão era simples, quase amadora, engatinhando os primeiros passos com programas
pouco conhecidos, divulgando inicialmente mais o esporte da região, mas também os
acontecimentos e as atividades educativas e sociais das cidades locais, com a programação
dando maior ênfase à área esportiva.
Nessa mesma época, a Rádio Diário do Grande ABC, conseguiu obter uma concessão
junto ao Dentel, para operar um canal de televisão local em UHF. No entanto, não conseguiu
colocar no ar esse canal de televisão em caráter experimental. Passados alguns anos,
transferiram a concessão a um outro grupo, instalando a Rede Vida de Televisão, que se
consolidou e até hoje permanece no ar.
Após três anos de experiência, finalmente, em 1993, a TV São Caetano recebeu
autorização para funcionar em caráter definitivo. Foi a partir de então que houve uma
divulgação maciça pela imprensa e a televisão estabeleceu uma grade de programas, ainda
pequena, mas que ao longo desses anos foi crescendo substancialmente. O importante é
que, durante esse período e até hoje, a TV São Caetano quando tem a sua grade sem
programas ela entra em cadeia com a Rede Brasil e transmite a programação da TV
Educativa do Rio de Janeiro.
Os primeiros programas criados foram a Sala Esportiva, visando divulgar os eventos
esportivos da região; Momentos da Nova Era, dedicado a divulgar os profissionais atuantes
na área Holística; ABC Brasil, programa de entrevistas e debates com a participação dos
telespectadores através do telefone, fax e e-mail, dando maior interatividade com o público
assistente.
Deve-se ressaltar que esse período, de 1993 a 1996, se constituiu numa fase de
engatinhamento tanto técnica/operacional quanto dos apresentadores, que não contavam
com uma estrutura ideal para realizar o seu trabalho.
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Fase Profissionaluando o “Canal 45” UHF (agora com novo nome fantasia - ex-Tv São Caetano)
atingiu 8 anos de existência, em 1997, ele passou por uma completa reformulação
contando com uma estrutura profissional, reformulou seus estúdios, totalmente
digitalizados, instalações de novos transmissores de alta qualidade e mais potência, cujos
sinais foram ampliados para serem sintonizados com mais facilidade por toda a Grande São
Paulo.
QFoi nessa ocasião que surgiu a TV a cabo por assinatura e o Canal 45 passou a
operar não só por UHF, mas também a cabo, pelo canal 14 da TVA/Canbras, com uma
qualidade visual muito melhor, própria dos canais a cabo.
Também os programas nessa época foram reformulados e criou-se duas produtoras
para dar suporte profissional na montagem desses programas, ampliando a sua grade de
atividades. Criou-se ainda, um telejornal “Jornal Regional”, para atender a demanda de
informações dos acontecimentos da região e manter o público bem informado. Hoje esse
telejornal foi transformado no “TN – Tijucussu Notícias!, com um equipe externa que realiza a
cobertura in loco dos eventos.
Convém ressaltar que a exemplo do que ocorria na fundação, o Canal 45 ampliou
substancialmente o número de programas que compõem a sua grade. Continua participando
da Rede Brasil de Televisão, capitaneada pela TV Educativa do Rio de Janeiro e quando a
grade não possui programas próprios, ela transmite automaticamente a programação da TV
Educativa.
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No que tange à audiência, o Canal 45 sofre influência dos grande canais da Capital
que contam com noticiários nacionais em rede, novelas com alto índice de audiência, entre
outros. No entanto, foram realizadas várias medições em 2002 e chegou-se à conclusão que
o período de pico com maior audiência ocorre entre 22 e 24 horas, ocasião em que a TV é
sintonizada por cerca de 150.000 televisores, sendo que cada televisão é assistida, em
média, por cerca de 4,3 telespectadores, chegamos à cifra aproximada de 600.000 pessoas.
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Surgimento de novos canais Grupo TVA/Canbras, operadora de tv a cabo obteve, mais tarde, autorização da
ANATEL para os serviços de Comunicação Multimídia, operando não só na área
de tv por assinatura, mas também para Internet através da banda larga, com a
Canbras Net, ampliando o campo de trabalho. A Canbras Net surgiu com intuito de
proporcionar ao mercado também da Internet, o provimento de acesso em alta qualidade e
segurança, utilizando-se da rede de fibras óticas, o que melhorou sensivelmente a TV a cabo
por assinatura.
OA área coberta pela Canbras ultrapassou os limites da região do Grande ABC,
atendendo também a região de Guarulhos, Vale do Paraíba, através de São José dos
Campos e o litoral paulista pelas cidades de Guarujá, Santos, São Vicente e Praia Grande.
Com o surgimento da TV a cabo e por fibras óticas, a região do Grande ABC passou a
contar com dois canais de televisão, o Canal 45 e o Canal Local ABC-3. A equipe
responsável pela montagem dos programas desse novo canal está dando os primeiros
passos e crescendo visando dotar o público local de novas opções em programas. Essa
equipe composta por voluntários, em sua maioria, são estagiários de Comunicação, que aos
poucos vão adquirindo experiência e formando novos profissionais da área.
Apenas em 2002 surgiu o terceiro canal de televisão da região, a “TV+”, que opera
através do canal 8 da Canbras. Esse canal já dispõe de vários programas, mas o seu nicho
principal é a divulgação de empresas do comércio, indústria e da prestação de serviços, o
“ABC Shop”, ao estilo do Shop Tour dos canais da Capital.
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Hoje, portanto, a TV a cabo da Canbras transmite o Canal 45, o Canal Local ABC-3 e
a TV+, cujas perspectivas futuras são animadoras e com tendência ao crescimento dos
programas.
Tanto isso é verdade que a Canbras já comemorou sete anos de operação em abril
último, cobrindo atualmente cinco dos sete municípios da região. Cada domicílio tem em
média 4,3 telespectadores, com um tempo médio de exposição de 59%. Possui cerca de
200.000 assinantes e tem o maior índice de fidelização de assinantes entre as demais
operadoras do Brasil.
Isso significa que a região do Grande ABC ao longo da década de 90 cresceu e
evoluiu, conseguindo hoje, três canais de televisão regional dedicados, quase que
exclusivamente, à divulgação daquilo que acontece na comunidade local, não precisando
assim, depender das grandes televisões da Capital.
Também não quer dizer que a região ficou auto-suficiente e isolada, pois ainda
mantém-se cativa dos horários nobres das televisões paulistanas, mas significa que nos
momentos em que essas grandes televisões se tornam enfadonhas, sem criatividade e
manipuladora, os telespectadores locais têm agora a opção dos canais regionais, que se
aprimoram no dia a dia em busca da qualidade técnica e dos programas.
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A cultura esportiva televisivam fator muito presente em nossa sociedade é a comunicação televisiva, que aliada
ao fenômeno esportivo, muitos paradigmas que nos satisfaziam vão
desaparecendo e cedendo espaços para o surgimento de novos. Esta parceria
deve ser olhada de forma mais atenta.
UEstas duas áreas do conhecimento humano se aproximam de forma muito importante,
já que existe um fenômeno que deve ser estudado, o esporte, que obtém grandes audiências
em todos os veículos de informação, assim como a função e o desempenho da mídia
audiovisual nas veiculações de imagens esportivas geradas em virtude de uma transmissão,
ou então, por meio de um programa esportivo. Precisamos analisar com cuidado estes dois
produtos da sociedade de consumo.
O ponto central desta reflexão é a análise televisiva e as publicações e propagandas
pessoais, presentes na construção da imagem do ídolo, do herói esportivo, passando
também pela figura do político, que veiculando suas imagens na televisão, querem ser
identificados, consumidos, e assim atingirem o inconsciente dos indivíduos.
Podemos chegar à conclusão que a televisão é, por excelência, o maior divulgador
dos fenômenos esportivos entre as mídias. Com esse status conferido, esta tem a primazia
na divulgação das informações e notícias, ou seja, se constitui no meio comunicacional mais
procurado, pela sua estrutura e também em virtude dos seus recursos audiovisuais. Sua
hegemonia é por possuir uma comunicação muito mais rápida e diversificada de imagens,
com um movimento muito mais dinâmico, mais ágil e mais rico em detalhes.
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Desse modo, essa cultura esportiva ganha um papel muito relevante, influenciando e
interferindo na sociedade. Sentimos estes fatos nos aspectos comportamentais na maneira
de falar, assim como a adoção das gírias e dos jargões presentes no discurso do esporte, e
que estão incorporadas no cotidiano das pessoas.
Os elementos esportivos estão presentes no meio comunicacional televisivo brasileiro
e este soube aproveitar-se do objeto esporte. Esta parceria rende grande índices de
audiência para as emissoras. Os patrocinadores atingem também seu público-alvo, os
consumidores dos produtos esportivos. Nas transmissões esportivas vemos placas, faixas e
painéis, estrategicamente colocados no ângulo de visão da TV. As camisetas dos atletas
esportivos são espaços importantes, tanto que, não têm mais espaços para o seu próprio
nome, porque estes estão reservados para o nome dos patrocinadores, se constituindo em
verdadeiros outdoors ambulantes.
As práticas esportivas ou o esporte também estão presentes na telenovela, seja na
forma de cenário de uma academia, seja um personagem representando um professor de
educação física, no telejornal ou em uma transmissão esportiva que é um belo espetáculo.
O que nos atraem a atenção são os Jogos Olímpicos e as Copas do Mundo de
Futebol, que deixam milhares de telespectadores atônitos assistindo essas disputas que
ocorrem somente a cada quatro anos. A mídia aproveita todos esses trunfos para estarem
em evidência.
Desde a antiga Grécia, os grandes atletas eram eternizados pelas suas conquistas ou
atos, através de estátuas, de canções ou histórias de feitos, contados pelos homens mais
velhos das aldeias, servindo de exemplo para as gerações futuras.
Hoje a memória de uma sociedade ou povo, assim como os fatos e acontecimentos
heróicos, são vinculados através das imagens televisivas. Ela se caracteriza com a memória
da nossa sociedade dos anos 90.
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Azulão ajuda a estimularesde a sua fase experimental, em 1989, até a sua fase profissional nos dias atuais,
a TV São Caetano – Canal 45 UHF, sofreu várias mudanças no seu conteúdo
programático e operacional, objetivando disputar o público do Grande ABC junto
com as principais redes brasileiras de TV.
DPara tanto, procura fazer uma programação específica e delimitada para conquistar o
telespectador cada vez mais exigentes. Aproveitou a boa fase da equipe da Associação
Desportiva São Caetano (Azulão), dedicando maior espaço à divulgação do futebol. A sua
audiência foi estimulada em alguns momentos pelo programa esportivo pegando carona na
boa fase do Azulão, time que representa o Grande ABC. Nos últimos campeonatos o
programa de esporte passou a ter melhor audiência com a subida também do Esporte Clube
Santo André (Ramalhão) à Divisão Especial do Futebol Paulista.
Nos dias de jogos do Azulão ou do Ramalhão, registra-se uma queda no índice de
audiência, justificado que o Canal 45 não transmite os jogos, já que as grandes emissoras
são detentoras dos direitos de arena. Mas, nas segundas-feiras, quando da realização do
programa esportivo, a audiência cresce sensivelmente. Também as pesquisas comprovam
que nos dias de jogos, muito telespectadores procuram canais alternativos, uns porque não
gostam de futebol, outros porque o time que está jogando não é o seu.
A TV também apresenta ao vivo programa de entrevistas e debates com pessoas
representativas da região, permitindo a interação entre os telespectadores. Os programas de
debate ao vivo, como o ABC BRASIL, torna-se uma opção, mesmo porque o público do ABC
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sempre identifica os entrevistados que convivem na mesma comunidade. Nesses programas
o telespectador tem oportunidade de encaminhar e fazer, ao vivo, perguntas, sugestões e
críticas aos entrevistados: Prefeitos, Vereadores, Secretários, dirigentes de clubes,
associação, entidades, atletas, educadores, artistas, políticos, profissionais liberais etc.
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Televisão e Educação televisão exerce poderosa influência em nossa cultura, pois reflete, recria e difunde
o que se torna importante socialmente, como do imaginário criando uma ficção. Se
constitui, também, num importante papel educativo e na prática transforma-se
numa segunda escola, paralela à tradicional. A televisão é um processo eficiente de
educação informal, porque ensina de forma atraente e voluntária, já que ninguém é obrigado,
ao contrário da escola, a observar, julgar e agir individualmente e coletivamente para suprir
as deficiências da escola, da alfabetização, através do apoio às TVs Educativas e aos
Telecursos.
A
Se não estamos atentos às principais mensagens emitidas pela TV, ela nos escapa.
Muitos intelectuais, educadores, religiosos e líderes mantém com a televisão uma atitude
altamente preconceituosa, totalitária, só observando os aspectos negativos e maniqueístas.
A televisão, segundo o caminho trilhado pelo rádio, é um meio de comunicação complexo,
porque alia o entretenimento, a informação e o consumo (publicidade).
Ela é uma grande contadora de estórias (novelas, seriados, desenhos, mini-séries);
vive contando retalhos de histórias do dia-a-dia (programas informativos e noticiosos) e
alimenta a economia, o consumismo (através da publicidade e do merchandising). Uma
verdadeira e rica análise da televisão precisa escolher alguns momentos significativos das
três áreas – ficção, informação e publicidade – e interligá-las numa visão de conjunto.
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TV por asinatura só explode nas estatísticasatéria inserida no jornal O Estado de São Paulo, edição de 8 de novembro de
1997, afirmava que o Sistema por Assinatura terá explosão de oferta, vaticinando
que no ano seguinte teria um futuro brilhante e um negócio que seria muito
rentável. O ministério das Comunicações iria colocar em licitação um total de 1,6 mil
concessões de TV paga no Brasil nos meses seguintes, espalhadas por 450 municípios.
MA meta prevista então, era atingir em 2003 cerca de 16,5 milhões de usuários. E o que
aconteceu na realidade? Existem atualmente no Brasil cerca de 2,1 milhões de assinantes,
mas o governo quer atingir, no fim do ano que vem, 5,7 milhões. No Estado de São Paulo, o
preço de concessão da TV a cabo é de R$ 15 milhões. É a primeira vez que vai haver no
País licitações para esse tipo de serviço.
Atualmente, o setor de TV paga é dividido por duas grande empresas, ligadas aos
grupos Globo e Abril. Pesquisa do IBOPE Mídia, recentemente divulgada, mostra que o
índice de penetração nos lares brasileiros continuou patinando na taxa de 10% no início de
2000. Isso representa que, de cada dez lares no Brasil, apenas um tem o serviço.
Entre a extravagante projeção do Ministério das Comunicações, de que o Brasil teria
16,5 milhões de usuários de TV por assinatura em 2003, e o escancaramento da situação
econômica da Globo Cabo em 2002, há um fio condutor de exageros na prospecção do
potencial brasileiro que vai muito além das atividades de serviços.
Conclui-se então, que em todas essas estripulias, que ganham nomenclaturas
pomposas e estelares de fina flor do gerenciamento corporativo, omite-se o fato de que há
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dois Brasil em questão – o Brasil pequeno e punjante dos incluídos e o Brasil vasto e
vexatório dos excluídos.
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ANEXO I
REGIÃO DO GRANDE ABC_______________________________________________________________
Fonte: IBGE e FGV - 2000
Obs:- Em 1970 a região possuía apenas 988.677 habitantes_______________________________________________________________
C I D A D E S P O P U L A Ç Ã O Á R E A_______________________________________________________________
1- São Bernardo do Campo 742.887 habitantes 407,10 km2
2- Santo André 649.331 habitantes 174,30 km2
3- Mauá 377.782 habitantes 80,00 km2
4- Diadema 357.064 habitantes 30,07 km2
5- São Caetano do Sul 140.159 habitantes 14,18 km2
6- Ribeirão Pires 105.049 habitantes 107,00 km2
7- Rio Grande da Serra 37.091 habitantes 31,00 km2_________________________________________________________________________
T O T A L 2.409.363 habitantes 844,64 km
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Bibliografia
ANDRADE, Antônio. Revista Raízes – Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul – nº: 11, de julho de 1994.
CADERNOS INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Televisão, Poder e Classes Trabalhadoras – Cortez Editora, SP., nº 2, 1982.
INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação/GT Televisão, 1997.
IX CONGRESSO BRASILEIRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. Comunicação e Educação Popular. Editora Imprensa Metodista, São Bernardo do Campo, 1980.
LIMA, Daniel. Complexo de Gata Borralheira - Editora Livre Mercado, 2002.
LIMA, Daniel. Meias Verdade: Como usar a mídia para vender ilusões – Editora Livre Mercado, 2003.
MARANGONI, Nivaldo. Televisão: Fácil de ver, difícil de fazer – dicas de como aparecer bem na telinha – São José dos Campos/SP, Papercom Editora, 2002.
MATTOS, Sérgio (org.). A televisão e as políticas regionais de comunicação. São Paulo:
MORAN, José Manoel. Como ver televisão: leitura crítica dos meios de comunicação –São Paulo, Editora Paulinas, 1991.
PETROLLI, Valdenízio. Diário do Grande ABC: A construção de um jornal regional. Tese de doutoramento. São Bernardo do Campo, UMESP. 2000.
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