microrganismos multirresistentes

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Page 1: Microrganismos multirresistentes

Microorganismos multirresistentes e disseminação

Microorganismos multirresistentes são aqueles que resistem a diferentes

classes de antimicrobianos testados em exames microbiológicos, incluindo os

considerados de uso restrito pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

(CCIH). Também podem ser denominados de microorganismos pan-resistentes

aqueles com resistência comprovada “in vitro” a todos os antimicrobianos

testados em exame microbiológico. 1

São considerados internacionalmente pela comunidade cientifica, patógenos

multirresistentes causadores de infecções/colonizações relacionados à

assistência em saúde: Enterococcus spp. resistente aos glicopeptídeos,

Staphylococcus spp. resistente ou com sensibilidade intermediária a

vancomicina, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii, e

Enterobactérias resistentes a carbapenêmicos (ertapenem, meropenem ou

imipenem).2 Além disso têm ocorrido aumento nos casos de enterobactérias

resistentes aos carbapenêmicos (doripenem, ertapenem, imipenem e

meropenem), por meio da produção de uma enzima (carbapenemase) que

inativa todos os antibióticos beta-lactâmicos, incluindo os carbapenêmicos.2

A Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) é uma enzima que foi

identificada pela primeira vez em 2001 nos Estados Unidos, inicialmente em

Klebsiella pneumoniae, mas também pode ser produzida por outras

enterobactérias. Sendo um grave problema de saúde pública de âmbito

mundial devida à alta mortalidade e pelo reduzido número de opções

terapêuticas, sendo evidenciadas taxas de mortalidade em 30 dias de 40% a

50%. 3 As carbapenemases também são capazes de hidrolisar os demais beta-

lactâmicos, como cefalosporinas, penicilinas e monobactâmicos. Dentre os

mecanismos de resistência aos carbapenêmicos a produção de

carbapenemases, seja por sua eficiência hidrolítica, pela sua codificação por

genes localizados em elementos genéticos moveis móveis como plasmídios e

transposons, ou pela sua rápida disseminação em âmbito mundial, tem o

impacto mais significativo na saúde humana. 4

Podem ser encontradas no mundo hoje três grandes classes de

carbapenemases em enterobactérias, sendo mais relevante as do tipo KPC e

Page 2: Microrganismos multirresistentes

NDM que apresentaram rápida e ampla disseminação mundial após suas

descrições iniciais. No Brasil, desde sua descrição inicial, pôde ser encontrada

em diversos gêneros e espécies bacterianas enterobactérias produtoras de

KPC, inclusive bacilos Gram-negativos não fermentados, sendo sua

disseminação um grave problema clínico e epidemiológico nacional. 5 A NDM

foi identificada pela primeira vez em 2008, sendo que poucos casos foram

relatados na América Latina, porém recentemente foram detectados casos de

microorganismos produtores de NDM-1 no Estado do Rio Grande do Sul, na

cidade de Porto Alegre, sendo identificado em Providencia rettgeri e

Enterobacter cloacae.6

A propagação das bactérias está relacionada ao contato com reservatórios

ambientais (exemplo a água do banho) ou pacientes colonizados/infectados por

meio direto (paciente/paciente) ou indireto (paciente/profissional,

paciente/equipamentos). Por meio do antibiograma, teste in vitro, que consiste

no resultado de um exame laboratorial realizado para a sensibilidade de uma

linhagem de bactéria isolada para diferentes antibióticos, os pacientes podem

ser classificados em colonizados: aqueles que portam o micro-organismo (na

pele e/ou superfícies mucosas e/ou secreções e/ou excreções) sem nenhum

sinal e/ou sintoma de infecção; e em infectados: aquele que desenvolve

síndrome infecciosa de qualquer topografia (pneumonia, infecção de trato

urinário, infecção de corrente sanguínea, meningite, etc) com verificação do

microorganismo em cultura de liquido estéril (sangue, LCR, urina, etc) ou em

cultura de secreções não estéreis que preencham critérios qualiquantitativos de

infecção, segundo os critérios nacionais/ANVISA.7

Referencias

1. Prefeitura do Município de São Paulo – Secretaria Municipal de Saúde – COVISA. Gerência do Centro de Controle e Prevenção de Doenças Núcleo Municipal de Controle de Infecção Hospitalar. Informe Técnico XXXVII de Outubro de 2010. Infecções causadas por microorganismos multi-resistentes: medidas de prevenção e controle. 2010. [Acesso em 08 de Abril de 2014]. Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/informe_tecnicoxxxviimicroorganismosmultiresistentes_1287610209.pdf

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2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Nota técnica nº 01/2010. Medidas para identificação, prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde por microorganismos multirresistentes [internet]. 2010 [Acesso em 08 de Abril de 2014]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/6c8f7b8047457811857ed53fbc4c6735/nota25-10-2010.pdf?MOD=AJPERES

3. Navarro-San Francisco, C. et al. Bacteraemia due to OXA-48-carbapenemase-producing Enterobacteriaceae: a major clinical challenge. Clin Microbiol Infect, v.19, n.2, p. E72-9, Feb 2013. [Acesso em 08 de Abril de 2014]. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23231088 4. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nota técnica nº 01/2013. Medidas de Prevenção e Controle de Infecções por Enterobactérias Multiresistentes [internet]. Brasília, 17 de Abril de 2013. [ Acesso em 08 de Abril de 2014]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ea4d4c004f4ec3b98925d9d785749fbd/Microsoft+Word+-+NOTA+T%C3%89CNICA+ENTEROBACTERIAS+17+04+2013(1).pdf?MOD=AJPERES

5. Almeida, A.C. et al. First description of KPC-2-producting Pseudomonas anginosa in Brazil. Antimicrob Agents Chemother, v. 56, n. 4, p. 2205-6. Apr 2012. [Acesso em 08 de Abril de 2014]. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22290946

6. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Comunicado de Risco nº 002/2013 – GVIMS/GGTES – Anvisa. Atualização do Comunicado de Risco nº 001/2013 – GVIMS/GGTES – Anvisa, que trata da circulação de mircro-organismos com mecanismo de resistência denominado “New Delhi Metalobetalactamase” ou NDM no Brasil. 29 de Abril de 2013. [Acesso em 08 de Abril de 2014]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/6a9c2c804f8f09db8379f79a71dcc661/comunicado+de+risco+n+2+de+29-04-13-+sobre+NDM-1.pdf?MOD=AJPERES

7. UFSC. Hospital Universitário Prof. Dr. Polydoro Ernani de Sao Thiago – HU. CCIH. SCIH. Guia Básico de Precaucoes, isolamentos e medidas de prevencao de infeccoes relacionadas a assistencia a saude. Florianopolis. 2012/2013. [Acesso em 08 de Abril de 2014]. Disponível em: http://www.hu.ufsc.br/CCIH/manual_isolamento_2012-13.pdf