microbiologia01
TRANSCRIPT
Programa de Educação Continuada a Distância
Curso de Microbiologia Geral
Aluno:
EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados
2
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Curso de Microbiologia Geral
MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
3
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
SUMÁRIO MÓDULO I 1. Introdução
2. Requisitos Básicos para Instalação e Funcionamento de um Laboratório de
Microbiologia
2.1. Boas Práticas de Laboratório
2.2. Regras Básicas das Boas Práticas Laboratoriais
2.3. Gerenciamento das Boas Práticas
2.4. A Rotina nos Laboratórios
2.4.1. Desinfecção
2.4.2. Esterilização
2.5 Normas de Segurança nos Laboratórios
2.5.1. Risco Físico
2.5.2. Risco Químico
2.5.3. Risco Biológico
2.5.4. Risco Ambiental
2.5.5. Risco Ergonômico
2.5.6. Proteção Contra Incêndio
2.6. Sinalização de Segurança
3. Coleta de Amostras
4. Transporte de produtos biológicos
5. Recepção de Amostras e Observações Preliminares
5.1. Critérios de Rejeição das Amostras
6. Cultivo de Micro-organismos
6.1. Preparo do Meio de Cultura
6.2. Isolamento e Obtenção de Cultura Pura
7. Microscopia
8. Principais Métodos de Coloração
8.1. A Fresco
8.1.1. Entre Lâmina e Lamínula
4
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
8.1.1.1 Salina
8.1.1.2. Hidróxido de Potássio (KOH)
8.1.1.3. Exame de Campo Escuro
8.1.1.4. Tinta da China (nanquim)
8.2. Fixados e Corados
8.2.1. Coloração Azul de Metileno de Loeffler
8.2.2. Coloração de Wright Giemsa
8.2.3. Coloração de Gram
8.2.4. Coloração de Ziehl-Neelsen
9. Controle de Qualidade
10. Biossegurança
MÓDULO II 1. As Bactérias
1.1. Estrutura
1.2. Taxonomia: classificação, nomenclatura e identificação das bactérias
1.3. Morfologia
1.4. Crescimento
1.5. Fisiologia
1.6. Coloração
1.7. Esporos
1.8. Sorologia
1.9. Metabolismo
1.10. Patogenicidade
2. Estafilococos
2.1. Staphylococcus aureus
2.2. Staphylococcus epidermidis
2.3. Staphylococcus saprophyticus
3. Estreptococos
3.1. Estreptococos beta-hemolíticos
3.1.1. Streptococcus pyogenes
5
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
3.1.2. Streptococcus agalactiae
3.2. Estreptococos alfa-hemolíticos
3.2.1. Estreptococcus pneumoniae
3.3. Estreptococos gama-hemolíticos (não hemolíticos)
3.3.1. Estreptococcus viridans
4. Enterococos
5. Neisserias
6. Bacilos
6.1. Gênero Corynebacterium
6.2. Gênero Bacillus
6.2.1. Bacillus anthracis
6.2.2. Bacillus cereus
6.2.3. Bacillus subtilis
6.3. Gênero Clostridium
6.3.1. Clostridium perfringens
6.3.2. Clostridium tetani
6.3.3. Clostridium botulinium
6.3.4. Clostridium difficile
6.4. Gênero Listeria
6.5. Gênero Mycobacterium
6.6. Gênero Actinomyces
6.7. Gênero Nocardia
7. Enterobacteriaceae
7.1. Gênero Escherichia
7.2. Gênero Proteus
7.3. Gêneros Klebisiela, Serratia e Enterobacter
8. Salmonela, Shigela e Pseudomonas
8.1. Gênero Salmonella
8.2. Gênero Shigella
8.3. Gênero Pseudomonas
9. Bacilos gram-negativos curvos
6
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
9.1. Gênero Vibrio
9.2. Gênero Campylobacter
10. Outras bactérias gram-negativas anaeróbias
10.1. Gênero Bacterioides
10.2. Gênero Haemophilus
10.3. Gênero Bordetela
10.4. Gênero Brucella
10.5. Genero Legionella
11. Bactérias Espiraladas
11.1. Gênero Treponema
11.2. Gênero Leptospira
11.3. Gênero Borrelia
12. Micoplasmas
13. Rickettsiae
MÓDULO III 1. Cultura Bacteriana
1.1. Interpretação de Resultados e Laudos
1.2. Identificação Bacteriana Presuntiva
1.3. Prova de Sensibilidade a Antimicrobianos
1.3.1. Método do Disco
1.3.2. Método da Fita
1.3.3. Diluição em Caldo
1.3.4. Diluição em Agar
1.3.5. Interpretação dos Resultados do Antibiograma
1.3.6. Métodos Automatizados
1.4. Análise Microbiológica
1.5. Algumas Sugestões Importantes
2. Os Vírus
2.1. Estrutura Viral
2.2. Classificação Viral
7
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
2.3. Cultivo e Quantificação Viral
3. Parvovírus
4. Papilomavírus
5. Herpesvírus
6. Adenovírus
7. Hepadnavírus
8. Poxvírus
9. Picornavírus
10. Orthomyxovírus
11. Paramyxovírus
12. Togavírus
13. Retrovírus
14. Rhabdovírus
15. Arenavírus
16. Reovírus
17. Coronavírus
18. Príons (Scrapie)
MÓDULO IV 1. Os Fungos
1.1. Estrutura e Crescimento
1.1.1. Bolores
1.1.2. Leveduras
1.2. Citologia
1.3. Parede Celular
1.4. Reprodução
1.4.1. Reprodução Assexuada
1.4.2. Reprodução Sexuada
1.4.3. Dimorfismo
1.5. Fatores de Crescimento
1.6. Metabolismo
8
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
1.7. Classificação
2. Estudo Visual dos Fungos
2.1. Estudo Macroscópico
2.2. Estudo Microscópico
3. Identificação e Isolamento dos Fungos
4. Micoses Superfciais
5. Micoses Profundas
5.1. Aspergillus
5.2. Blastomyces
5.3. Candida
5.4. Coccidioides
5.5. Histoplasma
6. Pneumocystis Carinii
7. Protozoários
7.1. Classificação
8. Cryptosporidium Parvum
9. Entamoeba Histolytica
10. Giardia Lamblia
11. Leishmania
12. Plasmodium
13. Toxoplasma Gondii
14. Trichomonas Vaginalis
15. Trypanosoma
16. Considerações Finais
17. Glossário
18. Referências Bibliográficas
9
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
MÓDULO I
1. INTRODUÇÃO
A microbiologia é definida como a biologia dos organismos microscópicos
que relaciona os organismos “invisíveis a olho nu”, pelo seu tamanho, com as
principais doenças infecciosas do homem e de seus animais domésticos.
Os micro-organismos são encontrados em todos os ambientes, incluindo
solo, água, ar e participam de todas as funções vitais. Embora não possam existir
dúvidas de que bactérias e vírus sejam os patógenos mais numerosos e
importantes, o estudo da microbiologia também está ligado à micologia e
parasitologia.
A relação entre o hospedeiro e o micro-organismo pode se estabelecer de
diversas maneiras. Esta associação ou simbiose (viver juntos) pode ter uma
conotação de benefício ou prejuízo para o hospedeiro. Tentando categorizar
especificamente estas associações, os pesquisadores conseguiram por
conveniência identificar três categorias, que foram nomeadas como: comensalismo
(uma espécie utiliza a outra como seu ambiente físico; por exemplo, microbiota),
mutualismo (as duas espécies se beneficiam; por exemplo, bactérias entéricas de
ruminantes) e parasitismo (apenas uma espécie se beneficia, trazendo prejuízo ao
hospedeiro; por exemplo, vírus da raiva).
Estamos, agora, diante da oportunidade de ampliar e aprofundar temas
considerados essenciais dentro do estudo da microbiologia. Nossa expectativa é de
que os usuários desta apostila de Microbiologia Geral possam assimilar e alcançar
novos níveis de complexidade laboratorial. Não tivemos a pretensão de alcançar o
conteúdo e a profundidade dos livros-texto de microbiologia tradicionalmente
consultados e que também nos serviram de referência, mas sim, de incluir apenas
uma pequena parte de uma explosiva base de dados que se expande em forma
exponencial, concernente ao número e classes de micro-organismos e às
propriedades que lhes permite causar doenças.
10
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
O material apresentado aqui é apenas um “instantâneo” da microbiologia
atual, com respeitosa mesura aos avanços científicos dos anos passados e com a
visão de que as novas tecnologias descritas neste e nos próximos módulos já
revolucionaram as práticas laboratoriais e continuarão a afetar as abordagens atuais
e futuras da arte e da ciência da microbiologia.
Esta apostila foi programada em quatro módulos, abrangendo os seguintes
temas:
Módulo I – Introdução; Requisitos básicos para instalação e funcionamento
de um laboratório de microbiologia; Coleta e transporte de materiais clínicos;
Recepção de amostras e observações preliminares; Preparo de meios de cultura;
Exames microscópicos; Coloração; Controle de qualidade; Biossegurança.
Módulo II – Bacteriologia; Propriedades gerais das bactérias; Identificação
de Estafilococos; Identificação dos estreptococos; Identificação de outras bactérias
de interesse médico; Interpretação de resultados.
Módulo III – Virologia; Propriedades gerais dos vírus; Patogenia e
identificação de doenças virais.
Módulo IV – Micologia; Classificação das micoses humanas; Identificação
de fungos isolados em cultivos; Parasitologia; Riscos e prevenções de doenças
parasitárias; Identificação e diferenciação de parasitas.
O primeiro passo para o conhecimento dos micro-organismos é o mesmo
que se deve seguir para conhecer uma pessoa; é necessário saber seu nome. No
estudo do mundo dos micro-organismos como agentes de doenças no homem, é
primeiramente importante assimilar como as bactérias e outros micro-organismos
são denominados. Isto é a ciência da taxonomia.
11
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
2. REQUISITOS BÁSICOS PARA INSTALAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE
UM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA
Os requisitos básicos para um laboratório de microbiologia pretendem
elaborar e viabilizar boas práticas, normas para coleta, conservação e transporte de
material de interesse clínico. Além de estabelecer e executar rotinas microbiológicas,
dentro dos padrões técnico-científicos vigentes, que permitam o isolamento e
identificação dos principais agentes infecciosos de importância clínica, por gênero e,
se possível, por espécie.
O laboratório ainda precisa determinar a sensibilidade às drogas
antimicrobianas, efetuar o controle de qualidade de suas atividades e dos processos
de esterilização, além de divulgar e implementar normas de biossegurança.
Os equipamentos mínimos para funcionamento de um laboratório de
microbiologia consistem em: estufa bacteriológica, forno de Pasteur, autoclave,
microscópio binocular, centrífuga de baixa rotação, homogeneizador, banho-maria
de pequena dimensão, destilador para água, balança para tarar tubos, balança
comum com uma ou duas casas decimais, bico de Bunsen, geladeira e capela de
fluxo laminar.
Além desses equipamentos, o laboratório poderá contar com outros
aparelhos, como: microscópio estereoscópico, congelador (-20oC ou -70oC), bomba
de vácuo para filtração com membranas, potenciômetro e balança analítica.
2.1. BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO
O trabalho laboratorial executado de forma adequada e bem planejado
previne a exposição indevida a agentes considerados de risco à saúde e sem dúvida
evita acidentes.
Manipulação de agentes considerados contaminantes é regida por leis
federais, estaduais e municipais. A manipulação, armazenamento e transporte de
agentes de risco requerem licenças especiais que são controladas por órgãos
federais.O Regulamento Técnico de Funcionamento do Laboratório Clínico foi
12
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
elaborado a partir de trabalho conjunto de técnicos da ANVISA, com o grupo de
trabalho instituído pela Portaria nº 864, de 30 de setembro de 2003. Este grupo de
trabalho foi composto por técnicos da ANVISA, secretaria de atenção à saúde
(SAS/MS), secretaria de vigilância à saúde (SVS/MS), vigilâncias sanitárias
estaduais, laboratório de saúde pública, sociedade brasileira de patologia
clínica/medicina laboratorial, sociedade brasileira de análises clínicas, provedores de
ensaio de proficiência e um consultor técnico com experiência na área.
A proposta de Regulamento Técnico elaborado pelo grupo de trabalho foi
publicada como consulta pública nº 50, em 6 de agosto de 2004. As sugestões
recebidas foram consolidadas pelos técnicos da gerência geral de tecnologia em
serviços de saúde (GGTES/ANVISA), pelos componentes do grupo de trabalho
juntamente com o consultor. Após discussões, as sugestões pertinentes foram
incorporadas ao texto do Regulamento Técnico, sendo produzido o documento final
consensual sobre o assunto.
Este Regulamento Técnico discriminado na resolução da diretoria colegiada
- RDC nº 302, de 13 de outubro de 2005, regulamenta:
“A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso
da atribuição que lhe confere o art.11, inciso IV, do Regulamento da ANVISA
aprovado pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de 1999, c/c o § 1º do art.111 do
Regimento Interno aprovado pela Portaria nº 593, de 25 de agosto de 2000,
republicada no D.O.U. de 22 de dezembro de 2000, em reunião realizada em 10 de
outubro de 2005; considerando as disposições constitucionais e a Lei Federal nº
8080, de 19 de setembro de 1990, que trata das condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, como direito fundamental do ser humano;
considerando a necessidade de normalização do funcionamento do Laboratório
Clínico e Posto de Coleta Laboratorial; considerando a relevância da qualidade dos
exames laboratoriais para apoio ao diagnóstico eficaz, adota a seguinte Resolução
da Diretoria Colegiada e eu, Diretor-Presidente substituto, determino a sua
publicação”:
13
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
• Art. 1º - Aprovar o Regulamento Técnico para funcionamento dos serviços
que realizam atividades laboratoriais, tais como Laboratório Clínico, e Posto de
Coleta Laboratorial, em anexo.
• Art. 2º - Estabelecer que a construção, reforma ou adaptação na estrutura
física do laboratório clínico e posto de coleta laboratorial deve ser precedida de
aprovação do projeto junto à autoridade sanitária local em conformidade com a
RDC/ANVISA nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, e RDC/ANVISA nº 189, de 18 de
julho de 2003, suas atualizações ou instrumento legal que venha a substituí-las.
• Art. 3º - As Secretarias de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito
Federal devem implementar os procedimentos para adoção do Regulamento
Técnico estabelecido por esta RDC, podendo adotar normas de caráter suplementar,
com a finalidade de adequá-lo às especificidades locais.
• Art. 4º - O descumprimento das determinações deste Regulamento
Técnico constitui infração de natureza sanitária sujeitando o infrator a processo e
penalidades previstas na Lei nº 6437, de 20 de agosto de 1977, suas atualizações,
ou instrumento legal que venha a substituí-la, sem prejuízo das responsabilidades
penal e civil cabíveis.
• Art. 5º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
É necessário que os profissionais sejam previamente conscientizados sobre
os riscos, assim como as medidas de controle e proteção adotadas para a
manutenção e respeito às normas de segurança. E o cuidado tomado pelos
administradores deve ser maior e mais rigoroso, para prevenir ou reduzir o risco de
desenvolver alguma doença profissional por exposição. A organização das
atividades e o respeito às normas de segurança é um aspecto fundamental para
segurança de todos os usuários e para a garantia da qualidade e dos resultados
precisos.
14
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
As medidas de controle e proteção laboratorial são divididas em medidas
coletivas (descarte e remoção de lixo, extintores de incêndio, lavador de olhos e
sinalização) como mostra a Figura 1.
A B
C D
A B
C D
Materiais relacionados com as MEDIDAS COLETIVAS de controle e proteção laboratorial. (A) Remoção do lixo, (B) lavador de olhos, (C) Descarte de materiais perfurocortantes e (D)Extintor de incêndio.
Fig. 1. Materiais relacionados com as MEDIDAS COLETIVAS de controle e proteção laboratorial. (A) Remoção do lixo, (B) lavador de olhos, (C) Descarte de materiais perfurocortantes e (D)Extintor de incêndio.
Fig. 1.
15
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
As medidas individuais referem-se ao emprego de equipamentos de
proteção individual - EPIs (luvas, máscara, avental de manga comprida, pró-pés,
óculos de proteção) como são mostradas na Figura 2.
E
D
B
C
A
D
E
E
D
B
C
A
D
E
Fig. 2. Materiais relacionados com as MEDIDAS INDIVIDUAIS de
controle e proteção laboratorial. (A) óculos; (B) máscara;
(C) avental, (D) luvas e (E) pro-pés.
É difícil quantificar o risco no trabalho em laboratórios, com relação aos
agentes infecciosos. Tem-se por base, porém, que o risco individual aumenta com a
frequência e com os níveis de contato com o agente infeccioso. O primeiro cuidado a
ser tomado no laboratório que trabalha com espécimes clínicas é com o risco de
exposição à infecção. Por outro lado, deve-se considerar que os riscos são
influenciados por uma relação variável entre o agente infectante, o hospedeiro e a
atividade desempenhada. Fatores aplicáveis ao agente incluem a virulência, a carga
infectante, o ciclo e a toxigenicidade. As principais variáveis que influem no risco do
16
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
hospedeiro são: idade, sexo, etnia, gravidez, uso de antimicrobianos, imunidade
(vacinação prévia), e o uso de drogas imunossupressoras. Finalmente, a natureza
da atividade laboratorial (por exemplo: diagnóstico, produção, pesquisa) pode afetar
significativamente o risco pessoal em razão do tipo, quantidade e concentração dos
agentes empregados, a manipulação dos agentes e a eficácia primária e secundária
dos equipamentos de proteção e práticas de laboratório.
2.2. REGRAS BÁSICAS DAS BOAS PRÁTICAS LABORATORIAIS
As regras básicas de segurança em laboratório serão descritas na Figura 3.
Estes itens são inegociáveis e devem ser respeitados rigorosamente sem exceção.
2.3. GERENCIAMENTO DAS BOAS PRÁTICAS
Uma organização de gerenciamento das boas práticas, ou melhor, a garantia
da qualidade dentro do laboratório se faz necessária para ajudar a manter a ordem
minimizando os riscos de contaminação, além de elaborar planos de gerenciamento
de rejeitos químicos. Esta organização deve estar ligada à Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio), segundo a Lei 8.974, de 5 e janeiro de 1995.
A CTNBio regulamenta os procedimentos de segurança por meio de
instruções normativas, conforme o grau de periculosidade, bem como estabelece os
níveis de concentração e de tratamento dos resíduos, a liberação planejada para o
ambiente, transporte, importação, comercialização de organismos geneticamente
modificados e intervenções genéticas em humanos e animais.
As práticas de biossegurança baseiam-se na necessidade de proteção ao
operador, seus auxiliares e a comunidade local contra riscos que possam prejudicar
a saúde.Embasado nestes itens a CTNBio se responsabiliza por todos os
procedimentos institucionais, onde inspecionará e fornecerá licenças para áreas de
nível 1. E as solicitações de licenças para nível 2, 3 e 4 serão encaminhadas pela
Comissão Interna de Biossegurança para CTNBio e serão sujeitas as inspeções
desta. As áreas de nível de laboratório estão classificadas no sistema de grupo de
17
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
risco dos micro-organismos, e está baseada na potência de causarem doença em
seres humanos e contaminarem o ambiente.Os micro-organismos se dividem em
grupos quanto a patogenicidade para o homem, a virulência, o modo de
transmissão, a endemicidade e a existência de profilaxia e/ou de terapêutica
eficazes. Segundo a Resolução no 1, de 1998 do Conselho Nacional de Saúde, Cap.
X, art. 64, os micro-organismos podem ser classificados em classes de risco de 1 a 4
por ordem crescente:
Classe 1 – classificam-se os agentes que não apresentam riscos para o
manipulador, nem para a comunidade (ex.: Escherichia coli, Bacillus subtilis, vírus
adenoassociados).
Classe 2 – classificam-se os agentes que apresentam risco moderado para
o manipulador, havendo sempre um tratamento preventivo (ex.: Clostridium tetani,
Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus; Epstein-Barr Vírus - EBV,
Herpesvírus; Candida albicans; Plasmodium sp, Schistosoma sp).
Classe 3 – classificam-se os agentes que apresentam risco grave para o
manipulador e moderado para a comunidade, sendo as lesões ou sinais clínicos
graves e nem sempre há tratamento (ex.: Bacillus anthracis, Brucella sp, Chlamydia
psittaci, Mycobacterium tuberculosis; vírus da hepatite B, vírus da hepatite C, HTLV
1 e 2, HIV, flavivírus; Blastomyces dermatiolis, Histoplasma; Echinococcus sp,
Leishmania sp, Toxoplasma gondii, Trypanosoma cruzi);
Classe 4 – classificam-se os agentes que apresentam risco grave para o
manipulador e para a comunidade, não existe tratamento e os riscos em caso de
propagação são bastante graves (ex.: arenavírus, certos arbovírus, vírus da
encefalite de St. Louis e Coxiella burnetii).
18
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Boas práticas em laboratórioFig. 3. Boas práticas em laboratórioFig. 3.
19
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
2.4. A ROTINA NOS LABORATÓRIOS
Agora relacionaremos as rotinas que auxiliam na otimização do serviço dos
usuários:
a) Manter as bancadas sempre limpas e livres de materiais estranhos ao
trabalho.
b) Fazer uma limpeza prévia, com o solvente adequado, ao esvaziar um
frasco de reagente antes de colocá-lo para lavagem.
c) Rotular imediatamente qualquer reagente ou solução preparada,
utilizando etiquetas adequadas.
d) Retirar da bancada os materiais, as amostras e os regentes após o
término do trabalho.
e) Jogar papéis e outros materiais dispensáveis que não ofereçam riscos,
em lixos específicos.
f) Usar pinças e materiais de tamanho adequado e em perfeito estado de
conservação.
g) Limpar, imediatamente, qualquer derramamento de produtos e reagentes
protegendo-se se necessário, para fazer essa limpeza.
h) Tomar as seguintes providências em caso de derramamento de líquidos
inflamáveis, produtos tóxicos, biológicos, tóxicos e/ou corrosivos - Interromper o
trabalho/advertir as pessoas próximas sobre o ocorrido/solicitar ou efetuar a limpeza
imediata/verificar e corrigir a causa do problema.
2.4.1. DESINFECÇÃO
A desinfecção é definida como a eliminação parcial dos micro-organismos
presentes em um determinado ambiente. Os métodos de desinfecção pretendem
principalmente destruir as formas microbianas patogênicas ao homem, por meio da
utilização de um agente desinfetante ou antimicrobiano.
20
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Os diversos tipos de agentes antimicrobianos podem ser divididos em três
grupos: agentes físicos, químicos e quimioterápicos. O grau de eficiência de cada
um deles é dependente da concentração ou intensidade, das condições do ambiente
e do estado das células.
2.4.2. ESTERILIZAÇÃO
A esterilização é um processo de eliminação completa de todas as formas
vivas de um material ou ambiente. Por meio da esterilização dos meios de cultura e
do instrumental usado nos trabalhos, o isolamento e a manutenção das culturas
puras de micro-organismos se tornaram possíveis.
A esterilização pode ser feita por diferentes processos que empregam
métodos físicos (calor, atrito, radiação e filtração) e métodos químicos. Normalmente
são utilizadas embalagens para acondicionar os materiais durante a esterilização
para evitar contaminação posterior.
A eficácia da esterilização é monitorada pelo emprego de indicadores. A
maioria dos protocolos requer treinamento especial para adequada preparação dos
instrumentos com remoção de toda matéria orgânica, o correto preenchimento da
câmara e operação do ciclo de esterilização dentro de parâmetros estritamente
definidos.
Os métodos mais utilizados são: calor úmido, que provoca a inativação ou
coagulação das proteínas dos micro-organismos (autoclavagem e tindalização) e o
calor seco, que provoca a eliminação dos micro-organismos pela oxidação e queima
das proteínas (forno de Pasteur e chama).
Em microbiologia a autoclavagem é utilizada na esterilização de material
usado na preparação de meios de cultura e esterilização em geral. O vapor d’água
sob pressão e uma temperatura superior a 1000C destroem os micro-organismos e
seus esporos (quando produzidos) em um curto espaço de tempo.
A tindalização é um processo de esterilização fracionada, para substâncias
que não podem ser aquecidas acima de 1000C. O processo consiste em aquecer o
material por três vezes consecutivas, em intervalos de 24 horas.
21
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Tanto o forno de Pasteur como as esterilizações pela chama são processos
que requerem temperaturas elevadas por longos períodos.
Outros métodos de esterilização são utilizados, tais como:
a) Irradiação pela luz ultravioleta (<330nm de comprimento de onda). Este
método é utilizado em câmaras de segurança microbiológica, em laboratórios, ou
também, pela radiação ionizante, por elétrons do cobalto-60 e ainda por um
acelerador linear para a esterilização de artigos plásticos descartáveis sensíveis ao
calor.
b) Filtração pela utilização de diferentes tipos de filtros, incluindo asbesto,
cerâmica e vidro prensado. Atualmente, são mais utilizados os filtros de membrana
de nitro-celulose que são utilizadas para a esterilização de líquidos sensíveis ao
calor, incluindo soro e antibióticos.
c) Substâncias Químicas, o gás formaldeído, a formalina líquida, o
glutaraldeído e o óxido de etileno que são esporicidas e viricidas e, por isso,
conseguem esterilizar materiais. No entanto, estas substâncias são tóxicas e
irritantes e seu uso é restrito.
2.5 NORMAS DE SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS
As normas de segurança são embasadas nos perigos e riscos que os
usuários podem sofrer durante o trabalho. Os perigos são divididos em risco físico,
químico, biológico, ambiental e ergonômico.
As normas de segurança adotadas para prevenção contra os acidentes
laboratoriais são:
a) Todo perigo e risco deve ser conhecido pelo manipulador, bem como o
respeito das regras gerais de biossegurança e ainda a execução das medidas de
proteção individual.
b) Todo experimento dentro ou fora do expediente, que não tiver o
acompanhamento do interessado, deverá ter uma ficha ao lado, com nome, horário
de experimentação, reagentes envolvidos e medidas a serem adotadas em casos de
acidentes.
22
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
c) Todo experimento que envolver certo grau de periculosidade exigirá a
obrigatoriedade da utilização de indumentária adequada (luvas, óculos, máscaras,
pinças, aventais, extintores de incêndio).
d) Todo laboratório ou sala de experimento deverá possuir os seguintes
equipamentos - óculos de segurança, máscara contra gases, um cobertor e um
chuveiro em funcionamento normal e caixas de primeiros socorros.
e) Todo e qualquer material que venha a prejudicar ou colocar em perigo a
vida ou a saúde dos usuários do ambiente, ou que cause incômodo, deverá ser
discutido ou comunicado ao responsável do laboratório, o qual sugerirá e/ou
autorizará o evento sob certas condições como avisos, precauções e horário que
deve ser feito.
f) Todo manuseio de produtos não deve ser feito sem o uso do equipamento
de segurança adequado, não faça improvisações.
g) Todo e qualquer acidente ou irregularidade deve ser comunicado ao seu
superior e à segurança.
h) Todo e qualquer produto químico não deve ser cheirado, nem ser
guardado em lugares impróprios.
i) Todo produto químico deve ser transportado de maneira segura.
j) Todo profissional deve ser e deve estar bem informado no que se refere à
maneira como a contaminação pode ocorrer, o que implica no conhecimento amplo
do micro-organismo ou vetor com o qual se trabalha.
Os equipamentos de segurança relacionados a seguir devem estar ao
alcance de todos os funcionários, como: extintores de incêndio (pó químico e CO2),
chuveiros de emergência, lavador de olhos, aventais e luvas de PVC contra produtos
corrosivos, máscaras e óculos de segurança, luvas de amianto ou raspa de couro,
máscaras contra gases e máscara contra pó (ex.: sílica, asbesto).
2.5.1. RISCO FÍSICO
Consideram-se agentes de riscos físicos os equipamentos que geram:
ruídos, vibrações, pressões anormais, radiações ionizantes, radiações não
23
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
ionizantes, ultrassom, materiais cortantes, materiais pontiagudos, calor, frio, chamas,
umidade, ultravioleta, infravermelha, raios laser, ondas de rádio, campo elétrico.
2.5.2. RISCO QUÍMICO
Consideram-se agentes de risco químico: as substâncias compostas ou
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória nas formas de
poeiras, fumaças (incluindo cigarro), névoas, neblinas, gases e vapores; ou que
possam penetrar no organismo por contato ou por absorção através da pele ou
ingestão nas formas de substâncias tóxicas, substâncias explosivas, irritantes,
oxidantes, corrosivas, voláteis, inflamáveis e cancerígenas.
2.5.3. RISCO BIOLÓGICO
Consideram-se agentes de risco biológico as bactérias, fungos, parasitos,
vírus, entre outros. Os agentes biológicos apresentam um risco real ou potencial
para o homem e para o meio ambiente. Por essa razão, é fundamental que se
prepare uma estrutura adequada para prevenção dos riscos encontrados nos
laboratórios.
2.5.4. RISCO AMBIENTAL
Consideram-se agentes de risco ambiental os equipamentos de vidro,
instrumentos perfurantes, equipamentos com gás comprimido, equipamentos de
trituração, incêndio, explosão, eletricidade.
2.5.5. RISCO ERGONÔMICO
Consideram-se agentes de risco ergonômico os assentos, a altura das
bancadas, entre outros que possam provocar lesões por má postura.
24
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
2.5.6. PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO
As regras básicas em caso de incêndio no laboratório são:
a) Manter a calma.
b) Começar o combate imediatamente com os extintores de CO2 (gás
carbônico). Afastar os inflamáveis de perto.
c) Evacuar o local imediatamente caso a situação fuja ao seu controle.
d) Ligar o alarme (uma pequena caixa vermelha), quebrando o vidro para
acioná-lo.
e) Evacuar o prédio.
f) Desligar a chave geral de eletricidade.
g) Ir até o telefone mais próximo e discar para o corpo de bombeiros 193.
h) Dar a exata localização do fogo (ensinar como chegar lá).
i) Informar a condição de risco do laboratório para que os bombeiros saibam
como agir com rapidez e eficiência.
j) Tapar o frasco com uma rolha, toalha ou vidro de relógio de modo a
impedir a entrada de ar quando o fogo irromper em um béquer ou balão de reação.
k) Levar para o chuveiro quando o fogo atingir a roupa de uma pessoa, há
uma tendência para que a pessoa corra, aumentando a combustão, neste caso,
deve-se derrubá-la e rola-la no chão até que o fogo seja exterminado ou embrulhá-la
rapidamente em um cobertor. E ainda, pode-se também usar o extintor de CO2, se
este for o meio mais rápido.
l) Usar extintor de CO2 ou pó químico para apagar o fogo em um laboratório.
Nunca utilize água.
m) Usar extintor de pó químico quando o fogo atingir sódio, potássio ou lítio;
ou ainda os reagentes, carbonato de sódio (Na2CO3) ou cloreto de sódio (NaCl).
25
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
2.6. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA (Figura 4)
Sinalizações importantes para orientaçãoFig. 4. Sinalizações importantes para orientaçãoFig. 4. 3. COLETA DE AMOSTRAS
É possível que a coleta apropriada de uma amostra para cultivo seja a etapa
mais importante na confirmação final de que um micro-organismo é responsável pelo
processo de enfermidade infecciosa. Assim, todo resultado liberado pelo laboratório
de microbiologia é consequência da qualidade da amostra recebida.
O material colhido deve ser representativo do processo infeccioso
investigado, devendo ser eleito o melhor sitio da lesão, evitando contaminação com
as áreas adjacentes. Deve se estabelecer o momento ótimo para a coleta de
26
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
amostras com o objetivo de contar com a melhor possibilidade de isolar o micro-
organismo em questão. Deve-se obter quantidade suficiente de material para
permitir uma completa análise microbiológica. Caso a quantidade seja pequena,
priorizar os exames.
Portanto, a coleta inadequada pode ocasionar falhas no isolamento do
agente etiológico e favorecer o desenvolvimento da flora contaminante, induzindo a
um tratamento não apropriado. Quem colhe o material deve ser devidamente
treinado e periodicamente reciclado nesta atividade. Deve saber que o material
deverá ser destinado, o mais brevemente possível, ao laboratório. Deve conhecer ou
obter instruções sobre conservação e/ou transporte do material caso este não possa
ser realizado imediatamente.
Algumas considerações são fundamentais na coleta de amostras, como:
colher amostras antes da antibioticoterapia (sempre que possível); instruir
claramente o paciente sobre o procedimento; observar a assepsia na coleta de todos
os materiais clínicos. O pedido do exame deve conter, além da identificação do
paciente, dados como idade, doença de base, indicação de antibióticos, data e hora
da coleta e as amostras devem ser coletadas em recipientes esterilizados.
4. TRANSPORTE DE PRODUTOS BIOLÓGICOS
Os regulamentos sobre o transporte de agentes biológicos são definidos de
forma a assegurar proteção ao público e aos trabalhadores da rede de transporte à
exposição a qualquer agente que possa estar presente na embalagem.
As substâncias infecciosas e materiais orgânicos para diagnóstico precisam
estar embalados em um recipiente impermeável à água (recipiente primário), dentro
do qual se encontra a amostra. Este recipiente primário deverá estar dentro de um
segundo recipiente impermeável, de preferência de metal, contendo quantidade
suficiente de material absorvente entre suas paredes. Os recipientes primários e
secundários deverão conter uma etiqueta ou rótulo com a identificação da amostra e
deverão ser introduzidos em uma embalagem externa de envio que tem a finalidade
27
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
de proteção contra fatores externos. A embalagem externa deve estar rotulada
adequadamente com o símbolo “risco biológico” e outro rótulo com o endereço da
instituição (Figura 5).
Para evitar possíveis acidentes durante o transporte de amostra biológica,
dentro dos setores do laboratório, é necessário transportar em recipiente
impermeável, resistente à queda e o transporte de vidraria deve ser feito com o uso
de carrinhos para frascos de grande porte e bandejas para frascos de pequeno
porte.
Técnica apropriada para embalar materiais biologicamente perigosos.
Fig. 5. Técnica apropriada para embalar materiais biologicamente perigosos.
Fig. 5.
28
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
O objetivo primário no transporte de amostras para diagnóstico, seja dentro
de um hospital ou clínica, ou externamente por correio, para um laboratório de
referência distante, consiste em manter a amostra o mais próximo possível de seu
estado original (Tabela 1), ou seja, com deterioração mínima, e minimizar os riscos
para os transportadores das amostras. As amostras devem estar acondicionadas de
forma que resistam as condições ambientais.
Se for previsto um atraso prolongado antes que a amostra possa ser
processada, é preferível congelar a amostra a 70oC negativos. No entanto, se o
período de estocagem for breve pode ser utilizado um congelador a 20oC negativos.
Para a maioria das amostras pode ser utilizado um meio de manutenção ou
transporte, que consiste essencialmente de uma solução tampão isento de
carboidratos, peptonas e outros nutrientes e fatores de crescimento formulado para
conservar a viabilidade das bactérias durante o transporte sem permitir a
multiplicação das mesmas.
Tempo crítico para entrega da amostra ao laboratório e meios de transporte
Tab. 1.Tempo crítico para entrega da amostra ao laboratório e meios de transporte
Tab. 1.
29
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
5. RECEPÇÃO DE AMOSTRAS E OBSERVAÇÕES PRELIMINARES
Os laboratórios de microbiologia precisam ter uma área específica destinada
e reservada para a recepção de amostras para cultivo. E o manipulador deve usar os
equipamentos de proteção individual apropriados para manipulação da amostra.
O processamento das amostras inclui: o ingresso dos dados em um livro de
registro e/ou terminal de computador, exame visual e determinação de todos os
critérios para aceitação da amostra e exame microscópico de montagens úmidas ou
de esfregaços corados para o diagnóstico presuntivo.
5.1. CRITÉRIOS DE REJEIÇÃO DAS AMOSTRAS
Em todos os laboratórios devem ser estabelecidos critérios para a rejeição
de amostras não adequadas para o cultivo. Devem ser controlados: formulário do
pedido, etiqueta da amostra (nome, número de identificação, idade, sexo, domicílio,
nome do médico, data, hora), origem da amostra e procedimentos solicitados. A
história clínica do paciente também é útil, para saber se o exame solicitado é
compatível com o diagnóstico.
Sempre que uma amostra for rejeitada, a pessoa que o enviou precisa ser
comunicada para explicar a natureza do problema. Como regra empírica, deve-se
fazer o possível para não recusar amostras de difícil coleta (lavados brônquicos,
líquidos cefalorraquidianos, entre outros).
6. CULTIVO DE MICRO-ORGANISMOS
O estudo dos micro-organismos, sua identificação e avaliação de suas
populações nos diferentes materiais e ambientes requerem seu cultivo nas
condições do laboratório.
30
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
6.1. PREPARO DO MEIO DE CULTURA
Para preparar um meio de cultura é necessário conhecer as exigências
nutricionais dos micro-organismos. São considerados componentes essenciais do
meio de cultura: fonte de energia, fonte de carbono, fonte de nitrogênio, fatores de
crescimento, fonte de minerais e água.
Além dos nutrientes, o meio de cultura deve suprir algumas condições
ambientais, como: pH, atmosfera (presença de O2, CO2), pressão osmótica.
O meio de cultura pode ser classificado quanto à origem (naturais e
artificiais), quanto à composição (complexos e sintéticos), quanto ao estado físico
(sólido, semissólido e líquidos) e quanto à finalidade (gerais ou básicos,
enriquecidos, seletivos, indicadores ou diferenciais, dosagem, transporte, estocagem
ou manutenção).
6.2. ISOLAMENTO E OBTENÇÃO DE CULTURA PURA
A obtenção de culturas puras (ou axênicas) a partir de culturas mistas,
também denominadas isolamento é o primeiro passo para que se possa realizar o
diagnóstico dos micro-organismos. Esta técnica também é necessária na indústria
para a fabricação de antibióticos. O segundo passo consiste na análise do
crescimento em meio líquido, caldo nutriente, e correlação com as necessidades de
oxigênio dos micro-organismos presentes.
O procedimento mais prático para a obtenção de colônias isoladas consiste
na semeadura em superfície, no meio de cultura até o esgotamento do inócuo.
Desta forma, o inócuo é diluído progressivamente de modo que se obtêm, ao final,
células isoladas que darão origem a colônias puras (Figura 6).
31
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
7. MICROSCOPIA
O equipamento rotineiramente utilizado em laboratórios de microbiologia é o
microscópio óptico composto. Seu princípio de funcionamento baseia-se no aumento
da imagem por um conjunto de lentes convergentes, associado a uma forte
iluminação do campo de observação, isto fornece uma imagem translúcida dos
micro-organismos.
Com o passar dos anos a microscopia sofreu algumas modificações, tanto
no microscópio como nas técnicas de preparo das lâminas, como por exemplo:
microscopia de campo escuro, microscopia de luz ultravioleta (fluorescência e
imunofluorescência), microscopia de contraste de fase e microscopia eletrônica.
Isolamento de colônias de bactérias em meio sólido
Fig. 6. Isolamento de colônias de bactérias em meio sólido
Fig. 6.
32
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
8. PRINCIPAIS MÉTODOS DE COLORAÇÃO A perfeita visualização dos micro-organismos e/ou das suas estruturas só é
possível se, além da escolha do tipo mais eficiente de microscopia, a preparação
estiver adequada. A escolha do tipo de preparação depende da informação desejada
e do micro-organismo a ser avaliado. Duas técnicas são empregadas: a fresco
(direto e sem coloração) e fixado e corado.
De uma maneira geral, as bactérias têm afinidade por um grande número de
corantes, principalmente aqueles do grupo dos derivados básicos da anilina (azul de
metileno, cristal violeta e fucsina básica). Dentre todos os métodos existentes,
aqueles que têm mais importância dentro do laboratório de microbiologia são os
métodos de Gram e de Ziehl-Neelsen.
8.1. A FRESCO
As preparações deste tipo permitem o exame dos micro-organismos nas
condições normais de vida e são perfeitamente utilizadas nas seguintes situações:
quando a morfologia fica distorcida em virtude dos processos de fixação e coloração,
durante a verificação da motilidade, durante os processos fisiológicos (divisão
celular, produção de esporos) e durante a observação de corpúsculos (vacúolos e
material graxo).
8.1.1. ENTRE LÂMINA E LAMÍNULA
8.1.1.1 SALINA
Esta técnica pode ser usada para avaliar bactérias cultivadas em meio
líquido e fungos. A técnica consiste em gotejar com o auxílio de uma alça de platina,
esterilizada, no centro da lâmina, uma gotícula da cultura a ser investigada. Ou um
fragmento da cultura em meio sólido do fungo a ser analisado. Em seguida, cobrir
com lamínula e examinar ao microscópio.
33
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
8.1.1.2. HIDRÓXIDO DE POTÁSSIO (KOH)
Esta técnica é usada para pesquisa de fungos, proveniente de material
biológico como muco, restos celulares, pelos e unhas. A técnica consiste em colocar
uma pequena amostra do material biológico a ser pesquisado no centro da lâmina;
suspender o material com uma ou duas gotas de KOH, cobrir com uma lamínula e
aguardar 30 minutos ou aquecer ligeiramente a lâmina para acelerar o clareamento.
8.1.1.3. EXAME DE CAMPO ESCURO
Esta técnica é empregada para observar a motilidade de bactérias
dificilmente observadas em microscopia a fresco com salina. A técnica consiste em
atritar as bordas da lesão suspeita com um swab ou alça bacteriológica, colher o
exsudato com a própria alça ou fazer um imprint com a lâmina e cobrir com a
lamínula (utilizar uma gota de salina). Realizar a pesquisa rapidamente, ou, se o
material for líquido (urina recém-emitida), centrifugar e examinar o sedimento. A
microscopia em campo escuro é realizada colocando-se óleo de imersão.
8.1.1.4. TINTA DA CHINA (NANQUIM)
Esta técnica é empregada para pesquisa de fungos em líquido
cefalorraquidiano e outros materiais, permitindo destacar a cápsula deste fungo
contra um fundo negro. A técnica consiste em pegar o líquido cefalorraquidiano
sedimentado ou uma amostra do meio de cultura líquido e ressuspender em uma
gota de tinta da china, fazendo um filme bem delgado entre lâmina e lamínula.
34
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
8.2. FIXADOS E CORADOS
As preparações fixadas e coradas são usadas para verificar as
características morfológicas, sendo bastante utilizadas na identificação das
bactérias, pois tornam mais fácil a visualização das formas e permitem a verificação
do comportamento tintorial do micro-organismo em relação às colorações
diferenciais.
8.2.1. COLORAÇÃO AZUL DE METILENO DE LOEFFLER
Esta técnica é utilizada principalmente na avaliação da morfologia de
bactérias em esfregaços de líquido cefalorraquidiano, pois os danos causados às
células são menores em razão do menor número de manipulações. Esta técnica
consiste em colocar o corante sobre o esfregaço previamente fixado deixando-se
corar por 3 a 5 minutos. Em seguida, escorre-se o corante, lava-se em água corrente
e deixa-se secar para posterior observação ao microscópio.
8.2.2. COLORAÇÃO DE WRIGHT GIEMSA
Esta técnica é utilizada para corar os elementos celulares em esfregaços
sanguíneos, para demonstração de micro-organismos intracelulares e também para
demonstrar inclusões intracelulares em esfregaços diretos, de pele ou mucosas.
Esta técnica consiste em colocar o corante sobre o esfregaço previamente fixado
deixando-se corar por 3 a 5 minutos. Em seguida, escorre-se o corante, lava-se em
água corrente e deixa-se secar para posterior observação ao microscópio.
35
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
8.2.3. COLORAÇÃO DE GRAM
A coloração de Gram, descoberta há pouco mais de 100 anos por Hans
Christian Joaquim Gram, é utilizada com muita frequência para o exame
microscópico direto de amostras e subcultivos, para demonstrar as propriedades
tintoriais de todos os tipos de bactérias.
As bactérias coradas por esta técnica pertencem a duas categorias distintas:
gram-positivas e gram-negativas. A diferença básica entre os dois grupos é
resultado da estrutura de suas paredes celulares. A técnica consiste na aplicação de
um corante básico, o cristal violeta e uma solução de iodo e iodeto de potássio
(lugol), em um esfregaço previamente fixado na chama. A preparação é, então,
tratada com um solvente orgânico (álcool ou acetona), com o objetivo de descolorir
as células.
As bactérias gram-positivas retêm o corante ou o complexo cristal violeta e
iodo após a descoloração e aparecem em azul escuro. As bactérias gram-negativas
não são capazes de reter o complexo cristal violeta e iodo após a descoloração e
são contra coradas com um segundo corante (fucsina ou safranina), chamado
corante de contraste e adquirem a coloração vermelha.
8.2.4. COLORAÇÃO DE ZIEHL-NEELSEN
Esta técnica é utilizada para corar os bacilos álcool-ácido resistentes
(BAAR). Estes bacilos são assim denominados porque possuem um envoltório céreo
que é resistente à coloração. Para o corante penetrar na célula é necessário calor ou
detergente. Uma vez coradas as bactérias álcool-ácido resistentes, estas resistem à
descoloração, enquanto outras bactérias descoram com o álcool-ácido. A técnica
consiste em corar o esfregaço previamente fixado com carbolfucsina (aquecer três
vezes), descorar com álcool-ácido a 3% e contra corar com o azul de metileno.
36
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
9. CONTROLE DE QUALIDADE
Em um sentido estrito, o controle de qualidade consistia em uma avaliação
contínua e sistemática do trabalho em andamento, para assegurar que o produto
final se encontrava em grau aceitável. Hoje, o controle de qualidade deve continuar
como antes, garantindo a qualidade do trabalho realizado. No entanto, os diretores e
supervisores do laboratório devem compreender que o controle de qualidade é
apenas uma das muitas facetas das certificações de qualidade do manejo de risco.
10. BIOSSEGURANÇA
Biossegurança pode ser definida como o conjunto de medidas voltadas para
a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de
pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços,
que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a
qualidade dos trabalhos desenvolvidos.
A segurança é, antes de tudo, um direito e uma obrigação individual. A
Biossegurança laboratorial deve ser sustentada pelos planejamentos prévios das
atividades, avaliação dos riscos e adequação das instalações.
A utilização de normas de segurança requer atitude, bom senso e boa
conduta do profissional. Desta forma a prevenção contra acidentes assegura os
resultados e a integridade das pessoas, instalações e equipamentos.
Em um laboratório, todos fazem parte de uma equipe, e a segurança
depende da ação dessa equipe, para avaliar os prováveis riscos e determinar as
condições de segurança necessárias para o trabalho.
Os ambientes voltados à prática de atividades relacionadas à saúde podem
não parecer, para muitos, mas também são locais de trabalho que não estão livres
de acidentes.
37
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
O profissional de saúde, como também pacientes, visitantes, pessoal de
apoio (limpeza e manutenção) e administração está inserido em um grupo, que
diariamente está em contato direto com elementos geradores de riscos em potencial,
tais como equipamentos e substâncias variadas utilizadas em processos de limpeza
e esterilização.
Quando não são orientados devidamente, no tocante à segurança, tornam-
se presas fáceis desses elementos, que causam danos aos seus corpos, muitas
vezes de forma irreversível.
----------- FIM MÓDULO I -----------