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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS HORIZONTAIS DE BAIXO CUSTO – ESTUDO DE CASO EM LUCAS DO RIO VERDE - MT
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Filipe Zeni da Rosa
Santa Maria, RS, Brasil.
2015
MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS HORIZONTAIS DE BAIXO CUSTO – ESTUDO DE CASO EM LUCAS DO RIO VERDE - MT
Filipe Zeni da Rosa
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil
Orientador: Prof. Dr. Joaquim César Pizzutti dos Santos (UFSM)
Santa Maria, RS, Brasil
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o trabalho de conclusão de curso
MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS HORIZONTAIS DE BAIXO CUSTO – ESTUDO DE CASO EM LUCAS
DO RIO VERDE - MT
Elaborado por Filipe Zeni da Rosa
Como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil
COMISSÃO EXAMINADORA:
__________________________________ Prof. Dr. Joaquim César Pizzutti dos Santos
(Presidente/Orientador)
__________________________________ Carlos José Antonio Kummel Felix, Dr.
(Avaliador, UFSM)
__________________________________ Carlos José Marchesan Kummel Felix
(Avaliador, UFSM)
Santa Maria, 8 de Janeiro de 2015.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Armando Alcântara da Rosa e Alecir Zeni da Rosa por sempre
me apoiarem em todas as etapas da minha vida, sem eles não chegaria a lugar
algum.
Aos meus irmãos Samuel Zeni da Rosa e Katia Zeni da Rosa que sempre
estiveram comigo e na ausência dos meus pais foram a minha fortaleza.
Ao meu orientador Prof. Dr. Joaquim César Pizzutti dos Santos pelos
conselhos e conhecimentos compartilhados comigo.
Ao meu supervisor de estágio Eng. Cleber Delanora pela oportunidade a mim
concedida de trabalhar na Construtora Égide Ltda.
Aos meus amigos e colegas que estiveram comigo durante os anos de
faculdade, sempre ajudando e comportando-se muitas vezes como parte da família.
À UFSM e aos tantos professores que dedicaram seu tempo para possibilitar
a minha formação acadêmica e me proporcionar algo inestimável que é o
conhecimento.
E a todos que de alguma forma me ajudaram durante a vida acadêmica.
RESUMO
Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria
MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS HORIZONTAIS DE BAIXO CUSTO – ESTUDO DE CASO
AUTOR: FILIPE ZENI DA ROSA
ORIENTADOR: Prof. Dr. JOAQUIM CÉSAR PIZZUTTI DOS SANTOS
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 8 de Janeiro de 2015.
O trabalho tem como objetivo apresentar alguns dos atuais métodos
construtivos existentes no mercado da construção civil, entre eles, alvenaria portante
com tijolos de vedação e paredes de concreto moldadas in loco, ambas sobre
fundação de radier, estes voltados para a execução de obras de grande porte,
principalmente os condomínios residenciais unifamiliares de padrão popular. O
trabalho aborda ainda um breve histórico da construção civil, bem como as principais
vantagens destes métodos construtivos, e ainda, uma comparação entre os sistemas
de alvenaria portante com tijolos de oito furos e paredes de concreto moldadas no
local, juntamente com uma breve explicação de seu modo de fabricação e execução.
Este trabalho é de suma importância para definir qual o método mais conveniente a
ser aplicado para casas populares de baixo padrão na região de Lucas do Rio Verde
– MT onde foi realizado o estudo. Concluiu-se que cada método tem suas
vantagens, o sistema de alvenaria portante deve ser utilizado em locais onde exista
mão-de-obra abundante e a questão financeira seja a prioridade da obra, entretanto,
em obras com um pequeno prazo para entrega e em locais onde haja escassez de
mão-de-obra o sistema de paredes de concreto moldadas no local leva grande
vantagem, observando-se que deve ser escolhido o sistema construtivo mais
adequado de acordo com cada empreendimento, em função de diversas variáveis
que devem ser analisadas detalhadamente.
Palavras-chave: Alvenaria portante; estudo comparativo; paredes de concreto;
estudo de caso; condomínios residenciais horizontais.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Edifício Monadnock .................................................................................. 13
Figura 2 – Amarração direta de blocos ..................................................................... 16
Figura 3 – Amarração indireta de blocos ................................................................... 16
Figura 4 – Marcação da 1ª fiada ............................................................................... 18
Figura 5 – Fôrmas de alumínio .................................................................................. 24
Figura 6 – Espaçadores plásticos nas ferragens....................................................... 28
Figura 7 - Tijolo 9x19x19cm ...................................................................................... 33
Figura 8 - Planta Baixa .............................................................................................. 34
Figura 9 – Kit de esgoto. ........................................................................................... 35
Figura 10 – Tela Gerdau Q92. ................................................................................... 36
Figura 11 - Corpos de prova...................................................................................... 37
Figura 12 – 1ª Fiada. ................................................................................................. 38
Figura 13 - Encontro de paredes. .............................................................................. 38
Figura 14 – Instalações hidráulicas. .......................................................................... 38
Figura 15 - Comparativo de custos entre os sistemas .............................................. 44
Figura 16 - Comparativo do tempo de execução. ...................................................... 44
Figura 17 - Comparativo para 1500 residências ........................................................ 46
Figura 18 - Custo x Quantidade de casas ................................................................. 47
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Quadro comparativo entre tipos de fôrmas ............................................ 22
Quadro 2 – Orçamento Alvenaria Portante ............................................................... 42
Quadro 3 - Orçamento Paredes de Concreto ............................................................ 42
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
1.1 Objetivo geral .................................................................................................... 10
1.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 10 1.3 Justificativa ....................................................................................................... 11
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 12
2.1 Alvenaria Portante ............................................................................................ 12 2.1.1 Conceito de Alvenaria Portante .................................................................... 14 2.1.2 Parâmetros da Alvenaria Portante ................................................................ 14 2.1.3 Execução ...................................................................................................... 17
2.1.4 Vantagens e Desvantagens .......................................................................... 19
2.2 Paredes de concreto armado moldadas no local .............................................. 20
2.2.1 Conceito ....................................................................................................... 21 2.2.2 Fôrmas ......................................................................................................... 22 2.2.3 Concreto utilizado ......................................................................................... 26 2.2.4 Armadura ...................................................................................................... 27
2.2.5 Execução ...................................................................................................... 28 2.2.6 Vantagens e Desvantagens .......................................................................... 31
3. METODOLOGIA ................................................................................................... 32
4. ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 33
4.1 Fundação .......................................................................................................... 35
4.2 Fechamentos verticais ...................................................................................... 37 4.3 Cobertura e acabamento .................................................................................. 39
4.4 Paredes de concreto armado moldadas no local .............................................. 39 4.5 Quantitativo e orçamento .................................................................................. 40 4.5.1 Alvenaria Portante ........................................................................................ 40 4.5.2 Paredes de Concreto Armado moldadas no local ........................................ 41
4.5.3 Orçamento dos materiais .............................................................................. 41 4.5.4 Quantitativo da mão-de-obra ........................................................................ 42 4.5.5 Orçamento da mão-de-obra ......................................................................... 43
4.6 Análise dos dados ............................................................................................. 43
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 48
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 51
1. INTRODUÇÃO
Desde o momento em que o homem deixou de ser nômade e passou a
estabelecer-se em um local para poder usufruir do mesmo, surgiu à necessidade da
construção de residências para proteção e estocagem de materiais. No início era
tudo muito simples, as casas eram feitas com argila e partes de animais. Ao passar
dos anos os métodos construtivos foram evoluindo e com isso surgiram inúmeras
formas de se construir uma moradia.
Os métodos que procederam a argila tornaram-se grandes consumidores de
matérias primas e juntamente com a demanda cada vez maior de residências esses
meios de produção tornaram-se insustentáveis.
A construção civil é responsável pelo consumo de 40% a 75% da matéria-prima produzida no planeta. Atualmente, o consumo de cimento é maior que o de alimentos e o de concreto só perde para o de água. Para cada ser humano são produzidos 500 quilos de entulho, o que equivale a 3,5 milhões de toneladas por ano. Esses dados fazem da construção civil a indústria mais poluente do planeta.(VAHAN AGOPYAN: REDE GLOBO, 2013)
Com a percepção destes problemas, o aumento do custo da mão de obra e
com a necessidade do retorno rápido dos investimentos, foram surgindo outras
formas de produção que visaram à diminuição do consumo de fontes não renováveis
juntamente com a diminuição da quantidade de trabalhadores no canteiro de obras e
o tempo de execução das mesmas. Com esses novos métodos os materiais
começaram a ser reaproveitados, os sistemas tornaram-se mais eficientes e desta
forma a construção vem tentando tornar-se sustentável.
Uns dos principais locais que podemos ver a utilização destes métodos são
nas obras de condomínios residenciais horizontais de baixo custo. Como no Brasil,
estas obras normalmente são financiadas por programas do governo, o repasse de
verba acaba não sendo tão alto e as exigências são grandes, principalmente em
termos de qualidade e produtividade. Com isso, as empresas responsáveis pela
execução destes empreendimentos buscam desde a parte do projeto a máxima
economia, sempre pensando no montante gasto e no tempo de retorno do
investimento.
Entre os métodos construtivos que cumprem com estes requisitos, tem as
casas fabricadas em paredes de concreto armado com produção in loco e o de
Alvenaria Portante com tijolos cerâmicos, ambos construídos sobre fundação de
10
radier, que são os sistemas mais utilizados na construção de condomínios
residenciais horizontais de baixo custo no Brasil. Eles têm como grande vantagem a
velocidade de execução, com isso um retorno rápido do investimento, e não
necessitam de uma mão de obra muito especializada.
O presente estudo se desenvolverá a partir do dimensionamento e orçamento
de um condomínio residencial horizontal de baixo custo, composto por 350 casas no
município de Lucas do Rio Verde – MT, produzido em alvenaria portante com blocos
cerâmicos sobre fundação de radier. Além disso, será feito um orçamento da mesma
obra se fosse executada com paredes de concreto armado com formas em chapas
de alumínio moldadas in loco.
Ao final será feito um comparativo de custos das duas estruturas e as
conclusões serão feitas analisando os principais pontos positivos e negativos dos
dois métodos construtivos.
Estes métodos são os mais utilizados em nosso país na construção de
condomínios residenciais horizontais de baixo custo, por isso deve-se estudá-los
para poder obter o máximo aproveitamento destes com o menor custo possível.
Caberá aos profissionais da área de engenharia e arquitetura aprofundar o estudo e
assim obter conhecimentos para consolidarmos estes meios de produção no
território nacional.
1.1 Objetivo geral
Este estudo tem por objetivo apresentar as vantagens e desvantagens de dois
métodos construtivos distintos de produção de condomínios residenciais
unifamiliares de baixo padrão, fazendo um comparativo entre o sistema de Alvenaria
Portante com tijolos cerâmicos e o de paredes de concreto armado moldadas in
loco.
1.2 Objetivos específicos
11
O estudo deste trabalho compete à realização dos seguintes objetivos:
Realizar uma abordagem geral sobre os métodos construtivos utilizados em
condomínios residenciais horizontais de baixo custo, com foco no sistema de
alvenaria portante com blocos cerâmicos sobre fundação em radier;
Analisar as diferenças, apontando vantagens e desvantagens da alvenaria
portante com blocos cerâmicos e do sistema de paredes de concreto armado
moldadas in loco;
Através de um estudo de caso realizar uma comparação econômica e
funcional dos sistemas em alvenaria portante com tijolos cerâmicos e do
sistema de paredes de concreto armado moldadas no local.
1.3 Justificativa
A Alvenaria portante é um dos processos mais antigos de construção e ao
passar dos anos através de estudos se tornou mais eficiente e com isso ganhou
uma grande parcela do mercado nacional. O processo de produção com paredes de
concreto moldados in loco também vem ganhando bastante espaço no mercado da
construção civil, principalmente na execução de condomínios residenciais
horizontais de baixo custo. Hoje estes dois sistemas construtivos estão dividindo
este ramo da construção brasileira, por isso, um estudo comparativo entre estes
métodos é de grande importância.
Este trabalho tem uma grande abrangência devido ao fato de serem os
sistemas mais utilizados para construção de condomínios residenciais de baixo
custo no Brasil, e muitas empresas não terem a certeza de qual meio de produção
deve ser empregado em seu empreendimento, pois desconhecem as vantagens e
desvantagens dos mesmos.
12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Alvenaria Portante
Este tradicional sistema construtivo vem sendo utilizado a milhares de anos.
Inicialmente utilizaram-se blocos de rocha como o principal elemento de alvenaria,
encontrado em abundância na natureza para extração, por meio de técnicas
bastante rudimentares. A partir de 4000 a.C. notou-se que a argila era um material
que se úmido apresenta características plásticas, logo, deformáveis e fácil de se
amolgar, podendo moldar objetos que apresentem uma melhor forma geométrica
para a fixação. Assim obteve-se o tijolo de argila (TAVARES, 2011).
Com a obtenção do tijolo de argila foram surgindo construções com o material
de maneira empírica. Segundo Silva (2004), alguns sábios como Aristóteles e Da
Vinci criaram teorias que explicavam corretamente aspectos isolados da capacidade
de resistência da alvenaria. Como cita o mesmo autor, apesar destas teorias a
concepção estrutural não deixou de ser intuitiva e o dimensionamento empírico.
Um marco importante na história da alvenaria portante foi o Edifício
“Monadnock” (figura 1), construído em Chicago entre 1889 e 1891. Apresentando 16
andares e 65 metros de altura, sua estrutura em alvenaria armada era constituída
por paredes de 1,80 m de espessura na base, que iam diminuindo 10 cm a cada
andar sucessivamente, até chegar ao 16º com paredes de 30 cm de espessura, pois
esta era a dimensão considerada mínima para que uma edificação de pé-direito até
3 metros fosse considerada segura (SILVA 2004).
De acordo com Rauber (2005), no final dos anos 1940 foram realizados
estudos mais aprofundados sobre este tipo de estrutura na Europa, e em 1950
surgiram nos Estados Unidos regras práticas para a alvenaria, tendo como resultado
a publicação de códigos de construção.
13
Figura 1 – Edifício Monadnock – (Fonte: AISA, Javier 2011).
O marco inicial da Moderna Alvenaria portante aconteceu em 1951, quando
foi edificado na Suíça um edifício de 13 andares com paredes de 37 cm de
espessura em alvenaria estrutural não armada, evidenciando as vantagens deste
processo construtivo. A partir daí intensificaram-se as pesquisas, e os avanços
tecnológicos, tanto dos materiais quanto das técnicas de execução, foram
sucessivos, disseminando-se por todo o mundo através de diversos congressos e
conferências internacionais (ROMAN, 2000).
No Brasil, a alvenaria com conceito estrutural foi incorporada somente a partir
dos anos 60. Inicialmente o uso se manteve restrito à alvenaria estrutural armada,
para construção de edifícios de quatro pavimentos, destinados à habitação popular.
Posteriormente, como fruto de incentivos da promoção pública, a alvenaria portante
foi utilizada na construção de grandes conjuntos habitacionais (RAUBER 2005).
Esta técnica de construção mesmo sendo umas das mais antigas existente,
ainda é a mais utilizada em nosso território, e em conjuntos habitacionais vem
dividindo a atenção com as casas feitas com paredes de concreto, que assim como
a alvenaria portante é de rápida execução e não necessita uma mão-de-obra muito
especializada.
14
2.1.1 Conceito de Alvenaria Portante
Segundo Sabbatini (2002), alvenaria portante é uma alvenaria utilizada como
estrutura suporte de edifícios. Seu uso pressupõe segurança pré-definida,
construção e projeto com responsabilidades precisamente definidas conduzidas por
profissionais habilitados e construção fundamentada em projetos específicos.
Portanto, como cita Rauber (2005) ao invés de pilares e vigas, utilizados nos
sistemas de concreto armado, com aço e madeira para resistir às cargas, há um
único elemento de suporte: as paredes do edifício. Segundo Cavalheiro (2011), “pela
dupla função que seus elementos básicos (paredes) desempenham nas edificações,
ou seja, vedação e resistência, o subsistema estrutural confunde-se com o próprio
processo construtivo”.
Devido à inexistência de pilares e vigas, o uso de fôrmas de madeira é quase
nulo. Outro ponto forte deste sistema é o tempo de execução, devido não existir
elementos de concreto armado, não desperdiçamos tempo aguardando a cura do
material, assim que a fundação está pronta a obra tem início e em nenhuma etapa é
necessário aguardar para iniciar a etapa seguinte.
2.1.2 Parâmetros da Alvenaria Portante
2.1.2.1 Unidades de alvenaria
Podemos classificar as unidades em blocos e tijolos, de acordo com
Cavalheiro (2011), o bloco diferencia-se do tijolo pelas suas dimensões, enquanto os
blocos possuem largura mínima de 14 cm, os tijolos podem chegar a dimensões
bem inferiores a esta.
As unidades podem diferenciar-se também pelo material que são produzidas,
sendo as mais comuns em material cerâmico e concreto.
Os blocos cerâmicos têm como principal matéria prima a argila,
predominando as ilitas e as montmorilonitas (TAVARES, 2011). O mesmo autor cita
15
que os blocos não devem apresentar defeitos sistemáticos, tais como, quebras,
superfícies irregulares ou deformações que impeçam seu emprego na função
específica.
Os blocos de concreto como o próprio nome diz são feitos com concreto
armazenado em formas normalmente metálicas com tamanhos devidamente
estabelecidos de acordo com a família a ser produzida. Eles possuem resistência e
densidade superior aos blocos cerâmicos.
Esses dois tipos de blocos tem normas que os regem que são a NBR 15270 –
2 - “Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural” e a NBR 6136 – “Blocos vazados de
concreto simples para alvenaria”, e para garantia de sua utilização os mesmos
devem preencher todos os requisitos exigidos nas mesmas.
Os tijolos, diferentemente dos blocos, normalmente não são utilizados com
função estrutural, somente em edificações residenciais de baixo custo onde fica
comprovada a resistência do mesmo frente aos esforços solicitantes. Em
condomínios populares de padrão baixo os tijolos são frequentemente utilizados
devido seu custo ser menor que o bloco e são suficientes para resistir às cargas a
eles impostas.
2.1.2.2 Amarração
A amarração entre as alvenarias é de suma importância para os elementos
trabalharem como um todo. Ela pode ser classificada em direta e indireta. De acordo
com Ramalho e Corrêa (2003), a amarração direta é obtida através do inter-
travamento dos blocos, havendo penetração alternada de 50% na parede
interceptada, como se pode ver na figura 2. A amarração indireta é obtida através da
colocação de armaduras nas juntas de argamassa, com ângulo de 90º, podendo ser
efetuada através de barras de aço dobradas, armadura industrializada em forma de
treliças ou grampos, chapas ou telas metálicas de resistência comprovada, como
mostra a figura 3.
16
Figura 2 – Amarração direta de blocos – (Fonte: TAVARES, 2004).
Figura 3 – Amarração indireta de blocos – (Fonte: FORLAN JÚNIOR, 2004).
2.1.2.3 Argamassa
Conforme descreve Kalil (2007), a argamassa de assentamento é o elemento
de ligação entre as unidades de alvenaria, normalmente constituída de cimento,
areia e cal. Cabe salientar que não é correto utilizar os procedimentos de produção
de concreto para produzir argamassas de boa qualidade, pois no concreto o objetivo
17
final é obter maior resistência à compressão, enquanto na argamassa os objetivos
são os seguintes:
- Solidarizar as unidades transferindo as tensões de maneira uniforme entre
as unidades;
- Distribuir uniformemente as cargas atuantes na parede;
- Absorver pequenas deformações que a alvenaria está sujeita;
- Compensar as irregularidades dimensionais das unidades de alvenaria;
- Selar as juntas contra a entrada de água e vento nas edificações.
2.1.3 Execução
Antes de iniciar a marcação da 1ª fiada, que é o passo inicial da alvenaria
portante deve-se conferir se as etapas preliminares foram devidamente concluídas e
a estrutura da base está em perfeitas condições de receber a alvenaria.
2.1.3.1 Marcação da 1ª fiada
Primeiro passo a ser realizado é a impermeabilização e marcação da primeira
fiada (figura 4), juntamente com vãos de portas e shafts de preferência utilizando
uma linha traçante, sempre começando pelo lado externo dos cantos das alvenarias.
Para ter segurança da marcação realizada, devem-se conferir as referências com o
gabarito de marcação ou locação da obra. Esta é uma etapa muito importante da
obra, pois, todas as etapas seguintes serão consequência desta.
18
Figura 4 – Marcação da 1ª fiada – (Fonte: Múltipla Engenharia 2011 apud ALVES E PEIXOTO, 2011).
2.1.3.2 Elevação da alvenaria
Antes de iniciar a elevação os escantilhões devem estar devidamente
instalados, juntamente com os gabaritos das portas. Executada essa etapa, deve-se
correr a linha utilizando os escantilhões para garantir o perfeito posicionamento dos
tijolos. Dependendo do tipo de fundação, normalmente fundações rasas como radier,
é necessário impermeabilizar o local onde serão assentes os blocos. Realizadas
estas etapas tem início o assentamento pelos cantos, para os mesmos servirem de
referência de alinhamento das fiadas. Ao longo desta etapa deve-se verificar a
posição das instalações elétricas, hidrossanitárias e as dimensões dos vãos se
estão de acordo com o projeto.
Após a conclusão da 1ª fiada, as próximas deverão ser elevadas da seguinte
forma: aplica-se a argamassa nas paredes longitudinais dos blocos com auxílio de
uma palheta ou bisnaga e em seguida vão se assentando os demais blocos de
acordo com o projeto, lembrando-se de preencher as juntas verticais e cuidar
quando há a necessidade de utilização de canaletas ou blocos tipo J, que podem ser
19
utilizados para execução de cintas, vergas, contra vergas ou pontos de enrijecimento
da região.
Outro cuidado que deve ser tomado durante a elevação da alvenaria é o
prumo da parede, como a própria alvenaria é o elemento estrutural ela deve estar
muito bem aprumada para que resista às cargas exigidas no projeto.
2.1.3.3 Ferragem
Alguns locais das paredes necessitam de enrijecimento, quem definirá estes
locais será o profissional responsável pelo projeto. Para enrijecer a estrutura se
utiliza ferragem e preenche com argamassa, as ferragens horizontais são colocadas
soltas dentro dos blocos canaletas ou blocos J, estas estão dispostas normalmente
abaixo ou sobre vãos e na última fiada de cada pavimento onde é necessária uma
viga de cintamento.
2.1.4 Vantagens e Desvantagens
Segundo Tavares (2004), a alvenaria portante apresenta algumas vantagens
que são elas:
- Técnicas de execução simplificadas proporcionam maior rapidez à
construção;
- Menor diversidade de materiais empregados, pois excluem as fôrmas para
vigas e pilares e no caso de blocos aparentes dispensam o revestimento externo;
- Apresenta redução no número de especializações da mão de obra ocupada
como, por exemplo, o carpinteiro e o armador;
- Há uma eliminação de interferências no cronograma executivo entre os
subsistemas, havendo a existência de apenas um elemento para assumir múltiplas
funções;
20
- Ótima resistência ao fogo, ótimas características de isolamento
termoacústico;
- Leveza do material empregado, diminuindo as cargas que chegam as
fundações.
O mesmo autor cita como desvantagem da alvenaria portante que o
desempenho é altamente influenciado por fatores inerentes a maneira como ela é
executada, por isso exige controle de qualidade eficiente tanto dos materiais
empregados como do componente alvenaria. Já Camacho (2001) comenta que a
principal desvantagem é a limitação do projeto arquitetônico impossibilitando a
adaptação da arquitetura para um novo uso.
2.2 Paredes de concreto armado moldadas no local
Ainda em fase de expansão no Brasil, o sistema construtivo de paredes de
concreto armado é amplamente utilizado em alguns países da América do Sul, como
Chile e Colômbia, (ALVES e PEIXOTO, 2011).
De acordo com a Associação Brasileira de Concreto Portland (ABCP) (2008),
na década de 70 e 80 o sistema paredes de concreto foi utilizado em diversas obras
com painéis de fôrmas deslizantes ou trepantes e, já nessa época, foi bem sucedido
na construção industrializada em concreto celular ou concreto convencional.
Lordsleem Jr. (1998) cita ainda que na década de 70 surgiram como grandes
inovações as fôrmas metálicas, que deram origem ao método construtivo que
utilizada paredes de concreto para elevação das construções, e que para uma
produção em massa de habitações populares se mostrava uma ótima opção entre
os métodos disponíveis.
Com o crescente interesse das construtoras por métodos com custos mais
acessíveis, começou no Brasil o destaque da produção de paredes maciças
moldadas no local, (COHABS, 1977 APUD NOGUEIRA, AGOSTINHO, CALISSI E
BARRETO, 2011). Mas depois de um volumoso período de produção, este sistema
sofreu com a baixa escala de obras, já que dependia de fôrmas grandiosas,
pesadas, pouco flexíveis, e que acima de tudo necessitava de alto investimento para
21
aquisição dos equipamentos, como consequência disto houve baixa procura e o seu
desenvolvimento foi interrompido por um longo período, (NOGUEIRA, AGOSTINHO,
CALISSI e BARRETO 2011).
Faria (2009) relatou que a Rodobens Negócios Imobiliários adotou o sistema
construtivo para execução de seus empreendimentos Terra Nova. No final de 2006 a
empresa recebeu os primeiros jogos de fôrmas de plástico para a execução das
casas de um condomínio localizado em São José do Rio Preto (SP). Foi nessa
época que este sistema voltou a ganhar espaço no mercado nacional.
De acordo com a Coletânea de Ativos da Associação Brasileira de Cimento
Portland (2008), com o boom que ocorreu no mercado imobiliário nacional, o sistema
de paredes de concreto encontrou um ambiente propicio para desenvolver-se, tal
como ocorre em países latino-americanos onde, a exemplo de nosso país, existe
uma grande demanda por moradias e uma vigorosa produção das edificações.
2.2.1 Conceito
A parede maciça moldada in loco pode ser definida como o elemento do
subsistema vedação vertical de formato laminar, obtido por moldagem no seu local
definitivo de utilização. Ela é caracterizada pela possibilidade de, ao ser solicitada,
distribuir os esforços por toda a parede (LORDSLEEM JÚNIOR, 1998).
De acordo com a Coletânea de Ativos da Associação Brasileira de Cimento
Portland (2008) este sistema é recomendado para empreendimentos com alta
repetitividade, como condomínios residenciais. Obras estas que exigem curtos
prazos de entrega, economia e otimização da mão de obra. Isto se deve ao fato de
as fôrmas metálicas possuírem um alto valor de aquisição, logo, para seu
investimento gerar lucros elas devem ser usadas em demasia até o fim de sua vida
útil.
22
2.2.2 Fôrmas
As fôrmas são estruturas temporárias que tem como objetivo moldar o
concreto fresco, compondo as paredes estruturais. A resistência às pressões do
lançamento do concreto até sua solidificação é um fator decisivo na escolha das
fôrmas (MISURELLI E MASSUDA, 2009). As fôrmas podem ser do tipo metálicas
(aço ou alumínio), mistas (metálicas com chapa de madeira compensada) ou
plásticas, cada uma com suas qualidades específicas.
Cada novo empreendimento necessita de um estudo detalhado. Alinhar a
necessidade de um projeto padronizado, com o alto grau de repetitividade exigida e
com a execução simultânea de estrutura e vedação, é o principal desafio de quem
projeta e decide qual o tipo de fôrma a ser adotada (CHAVES, 2007 apud
NOGUEIRA, AGOSTINHO, CALISSI e BARRETO 2011).
Antes de entrar em detalhes específicos de cada tipo de fôrma, podemos
compará-las através do quadro 1.
Quadro 1 – Quadro comparativo entre tipos de fôrmas – (Fonte Arcindo Vaquero y, 2009).
23
2.2.2.1 Fôrmas de Alumínio
Quando se trata da qualidade de superfície acabada de parede de concreto,
estas fôrmas são as que apresentam os melhores resultados, e se mostram mais
vantajosas (NOGUEIRA, AGOSTINHO, CALISSI e BARRETO 2011). De acordo com
o Manual da SH Fôrmas (2008), estes painéis não possuem nenhum tipo de furação
para ancoragem, rebite, emenda ou marca na face de contato com o concreto,
resultando em um acabamento perfeito da superfície.
Além de não existir uma medida de modulação padrão, todos os projetos
deste tipo de material são concebidos de acordo com a obra. Os equipamentos são
fabricados sob medida, impossibilitando as locações. Por isso, para o conjunto de
fôrma ser rentável, é necessário um alto número de repetições, como é o caso de
casas populares, com isso o valor é diluído casa a casa (NOGUEIRA, AGOSTINHO,
CALISSI e BARRETO 2011).
Um exemplo deste produto é a fôrma de alumínio LumiForm (figura 5), que
apresenta as seguintes especificações técnicas (CATÁLAGO SH FÔRMAS,
2013/2014):
Peso do painel: 17,75 kg/m²;
Equipamento para transporte: Nenhum;
Reutilizações: Tempo indeterminado, se respeitada às condições de uso e
manuseio;
Peças soltas: Passadores, cunhas e amarradores;
Resistência à pressão; 47kN/m²;
Altura do painel; conforme projeto do cliente.
24
Figura 5 – Fôrmas de alumínio – (Fonte: Catálogo SH fôrmas).
2.2.2.2 Fôrmas plásticas
De acordo com Nogueira, et. al. (2011), estas são as fôrmas mais antigas no
mercado nacional e são as mais utilizadas principalmente pelo seu baixo custo, alta
disponibilidade de locação e a não exigência da aquisição do material. Os mesmos
autores ainda citam que um grande problema deste tipo de material é a sua
exigência de projeto mais detalhado, devido aos seus módulos possuírem medidas
padronizadas, e por não aceitarem compensações, exigindo uma adequação mais
apurada e totalmente alinhada ao projeto executivo.
Outro fator negativo deste tipo de fôrma é a necessidade de mão de obra
adicional na etapa de travamento do sistema, pois há uma necessidade de um
reforço das fôrmas contra a pressão lateral exercida no momento do lançamento do
concreto (FARIA, 2009).
Um exemplo deste produto é o sistema Modular Metro Form, que apresenta
as seguintes especificações técnicas (ALVES E PEIXOTO, 2011):
Peso do painel: 9,0 kg/m²;
Equipamento para transporte: Nenhum;
Reutilizações: Mais de 100 vezes;
Peças soltas: Travas de união dos painéis;
25
Resistência à pressão; Varia com o dimensionamento do travamento
metálico;
Altura do painel; Qualquer altura múltipla de 50 cm.
2.2.2.3 Fôrmas mistas
As fôrmas mistas ou tradicionais, como popularmente são chamadas, são
painéis modulares formados pelo conjunto de uma estrutura de aço e chapas de
compensado plastificado com as bordas protegidas contra a umidade (NOGUEIRA,
AGOSTINHO, CALISSI e BARRETO 2011).
Assim como as fôrmas de plástico elas podem ser facilmente encontradas em
diversas regiões do país, por isso não tem a necessidade de sua aquisição (FARIA
2009). Este sistema é versátil, podendo ser aplicado em todas as peças da
estrutura, como paredes, fundações, lajes, vigas, pilares, e qualquer estrutura
vertical de concreto (CATÁLOGO GERAL ULMA, S/D).
O maior problema com este tipo de material é a presença do compensado
que tem seu tempo de vida útil inferior ao aço, por isto deve ser trocado em prazos
curtos em relação ao outro material, além do seu elevado peso.
Um exemplo deste produto é o Frami 270 Doka, que apresenta as seguintes
especificações técnicas (ALVES E PEIXOTO, 2011):
Peso do painel: 30,8 kg/m²;
Equipamento para transporte: Com grua ou guincho pode ser transportado em
conjuntos montados de painéis;
Reutilizações: Estrutura metálica – uso indeterminado / Chapa compensada –
aproximadamente 60 vezes, dependendo do manuseio;
Peças soltas: Grampos de união, ancoragem, consoles de trabalho e escoras
de prumo;
Resistência à pressão; 40 kN/m²;
Altura do painel; 2,70m.
26
2.2.3 Concreto utilizado
Neste tipo de sistema o concreto desempenha o papel principal tanto
estrutural quanto de conforto e durabilidade da residência. Por isso, deve-se tomar
muitas precauções quando for feita sua escolha e ter um controle tecnológico rígido
durante a sua execução.
Para este sistema de construção existe mais de um tipo de concreto utilizado
em sua execução, cada um destes com suas particularidades e usos de acordo com
a necessidade. Entre os concretos utilizados temos o concreto celular, com
agregados leves, com elevado teor de ar incorporado, convencional auto adensável
(MISURELLI E MASSUDA 2009).
2.2.3.1 Concreto Celular (Tipo L1)
O concreto celular é preparado com agregados convencionais (areia e brita),
cimento Portland, água e minúsculas bolhas de ar distribuídas uniformemente em
sua massa. Por causa das bolhas de ar adquire características como a baixa massa
específica e o bom desempenho térmico e acústico. É usualmente utilizado para
estruturas de até dois pavimentos, quando a resistência especificada seja igual a
resistência mínima de 4 MPa (ABCP, 2008).
2.2.3.2 Concreto com elevado teor de ar incorporado (Tipo M)
Tem características acústicas, térmicas e mecânicas parecidas ao concreto
tipo L1, é usualmente utilizado em residências térreas e assobradas, desde que
especificado com resistência igual à resistência mínima de 6 MPa (ABCP, 2008).
27
2.2.3.3 Concreto com agregados leves ou baixa massa especifica (Tipo L2)
Esse concreto é composto com agregados leves, tem características como
bom desempenho térmico e acústico, mas levemente inferior aos tipos L1 e M. É
usado em qualquer estrutura que necessite de resistência de até 25 MPa (ABCP,
2008).
2.2.3.4 Concreto convencional auto adensável (Tipo N)
Tem duas principais características: aplicação é muito rápida, feita por
bombeamento e a mistura é extremamente plástica, dispensando o uso de
vibradores. O caminhão betoneira é o transporte mais indicado (ABCP, 2008).
2.2.4 Armadura
Segundo Misurelli e Massuda (2009), a armadura utilizada é a tela soldada,
posicionadas em uma ou duas camadas na parede dependendo da solicitação
calculada em projeto. Segundo os mesmos autores, a tela deve estar posicionada no
eixo vertical da parede e salienta que todas as bordas, vãos de portas e janelas
devem receber reforços de telas ou barras de armadura convencional e que as
armaduras devem atender a três requisitos básicos: resistir a esforços de flexo-
torção, controlar a retração do concreto e estruturar e fixar as instalações.
Outra possibilidade de armação é a utilização de treliças ao invés de telas, a
escolha varia com o projeto e a empresa responsável pela execução do serviço.
28
2.2.5 Execução
A execução deste tipo de sistema construtivo vai variar com o tipo de fôrma e
ou tipo de concreto escolhido para o empreendimento. Para início de execução das
paredes, a fundação que normalmente é do tipo radier deve estar pronta com todas
as tubulações devidamente instaladas e os pontos das alvenarias marcados para a
instalação das fôrmas.
Neste caso, o exemplo de execução será com painéis metálicos e concreto
com ar incorporado.
2.2.5.1 Preparação e instalação dos painéis metálicos
A primeira etapa para execução das paredes de concreto armado é preparar
os painéis. Deve-se passar desmoldante nas chapas metálicas para evitar que o
concreto grude nos mesmos. Em seguida são montados os painéis internos, com
fixação de espaçadores nas treliças (figura 6) para garantir o cobrimento mínimo das
ferragens. Deve-se tomar cuidado para o tamanho dos espaçadores para eles não
evitarem que o concreto flua livremente pelos painéis (VENTURINI, 2011).
Figura 6 – Espaçadores plásticos nas ferragens – (Fonte: Revista Equipe de Obra, 2011, apud Alves
e Peixoto, 2011).
29
Instaladas as treliças inicia a implantação dos eletrodutos e tubulações
hidráulicas. Como cita Venturini (2011) as fôrmas possuem encaixes onde são
fixadas as caixas de comando e de distribuição, e estas são parafusadas nos painéis
para evitar que se movimentem durante a concretagem. Assim como as treliças os
eletrodutos também necessitam espaçadores para garantir o seu cobrimento.
Próximo passo é o posicionamento dos gabaritos das aberturas de portas e
janelas. Eles são dimensionados de acordo com o projeto e deixam uma folga de 1
cm para instalações das esquadrias. Os painéis possuem furos onde são
encaixados os pinos com buchas que determinarão a espessura das paredes. Com
os pinos instalados são colocados os painéis externos para o fechamento das
fôrmas, a parte de contato da fôrma com a fundação é vedada com argamassa para
evitar a fuga da nata do concreto. Após a desforma estes furos são preenchidos com
argamassa (VENTURINI, 2011).
2.2.5.2 Concretagem
Segundo Misurelli e Massuda (2009), para obter os resultados desejados a
aplicação do concreto deve obedecer a um planejamento detalhado, este método
aplicativo deve levar em consideração todas as características do concreto que será
empregado, a geometria das fôrmas, o layout do canteiro de obras e as
especificações do empreendimento.
Como cita Venturini (2011), quando o concreto chega à obra ele deve passar
por alguns testes antes de ser encaminhado para concretagem, entre eles o teste de
abatimento (slump), sendo que o mesmo deve estar de acordo com o exigido em
projeto. No caso de concreto com incorporação de ar, o incorporador de ar é
colocado quando o concreto chega a obra e deixa-se misturar dentro do caminhão
betoneira até formar uma mistura homogênea, no final do processo uma amostra é
pesada para verificar se houve a incorporação de ar.
No caso de ser um concreto auto adensável, ele recebe um aditivo
fluidificante que aumenta o seu abatimento fazendo com que ele deslize pelas
fôrmas sem necessidade de vibração (VENTURINI, 2011). Caso não for adiciono o
aditivo fluidificante o concreto deve ser adensado logo após o seu lançamento
30
utilizando um vibrador adequado que proporcione que a massa do concreto ocupe
todos os espaços que por ele devem ser ocupados.
O inicio da concretagem é feito por um dos cantos da construção, o concreto
é aplicado até as paredes próximas estarem cheias, este mesmo procedimento deve
ser feito para os outros cantos da obra (MISURELLI E MASSUDA, 2009). Durante a
concretagem das paredes não são admitidas interrupções com duração superior a
30 minutos. Caso este tempo seja ultrapassado fica caracterizada uma junta de
concretagem (COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO, 2011).
2.2.5.3 Desforma
Quando o concreto adquire uma resistência de 1 MPa, basicamente prevista
em 12 horas após a concretagem, pode se começar a desforma. Primeiro são
retiradas as cunhas de travamento, depois as réguas alinhadoras, os pinos, e
finalmente os painéis. Deve-se obedecer à sequência da numeração existente nos
painéis, que é a mesma com que eles serão montados nas próximas paredes ou
casas (VENTURINI, 2011).
Na desmontagem é importante que os painéis retirados fiquem posicionados
próximo do local a ser executada a nova concretagem. É necessário realizar uma
limpeza completa, removendo a película de argamassa (cimento + água + areia)
aderida ao molde. Esta etapa que vai garantir a vida útil das fôrmas, podendo se
executado com espátulas ou jato de água (MISURELLI; MASSUDA, 2009).
2.2.5.4 Cura do concreto
Como se tem conhecimento, mesmo após o endurecimento aparente do
concreto, o mesmo continua a ganhar resistência e para que isto venha a ocorrer é
necessário que este esteja sempre umedecido.
Por isto, a cura do concreto deve iniciar o mais cedo possível, diminuindo a
possibilidade do surgimento de fissuras superficiais, principalmente em lajes. O
31
método mais comum de cura é por molhagem: umedecimento do concreto com
água. Para isso é necessário que a superfície do concreto esteja continuamente em
contato com a água por pelo menos três dias, molhando a parede pelo menos 5
vezes ao dia (em regiões quentes e com grande incidência de ventos essa
molhagem deve ser maior) (COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO, 2011).
2.2.6 Vantagens e Desvantagens
De uma maneira geral, Franco (2004) cita como as principais vantagens deste
sistema:
- alta produtividade;
- custo geral da obra competitivo;
- execução simultânea da estrutura e da vedação;
- pode dispensar revestimentos;
- racionalização da produção das vedações, com alta produtividade, baixo
índice de perdas e mão de obra reduzida;
- aumento de produtividade, devido à existência de uma sequência definida
de tarefas;
- aumento da qualidade, tanto nos serviços de execução quanto de
acabamento;
- as fôrmas reutilizáveis permitem a construção de uma habitação por dia;
- as atividades exigem pouco conhecimento dos operários, sendo necessário
apenas um simples treinamento;
- aumento da área útil, com a diminuição da espessura das paredes.
O mesmo autor cita também algumas das desvantagens deste sistema:
- baixa flexibilidade;
- custo varia com a reutilização das fôrmas e da velocidade de execução;
- normalmente em desvantagem ao concorrer com alvenaria estrutural;
- necessidade, na maioria dos casos, de equipamentos de grande porte para
transporte do volume de concreto requerido.
32
3. METODOLOGIA
O presente trabalho tem como objetivo comparar dois sistemas construtivos
distintos para um único empreendimento, e através deste comparativo definir qual o
sistema mais viável de acordo com o que almeja a empresa.
Para alcançar os objetivos propostos vamos utilizar como local de coleta de
dados um condomínio residencial horizontal de baixo custo situado na cidade de
Lucas do Rio Verde – MT. Sendo utilizado um comparativo entre os sistemas de
construção em alvenaria portante e paredes de concreto.
Os dados para realização do orçamento foram retirados durante o tempo de
estágio realizado na obra, utilizando projeto estrutural, arquitetônico, hidráulico e
elétrico do empreendimento. Os valores dos insumos foram obtidos pelo Sistema
Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) referente à
Julho de 2014 na região de Mato Grosso e de fornecedores de materiais. Os valores
da mão-de-obra foram adquiridos também pelo SINAPI.
Com a conclusão deste comparativo podemos saber qual sistema entre os
dois citados é o mais viável economicamente para este empreendimento. Servindo
também de parâmetro para definir qual método construtivo executar em
empreendimentos com características semelhantes a este.
33
4. ESTUDO DE CASO
O estudo foi realizado em um empreendimento localizado na cidade de Lucas
do Rio Verde – MT. O mesmo trata-se de um condomínio residencial horizontal de
baixo custo financiado pelo programa Minha Casa Minha Vida do governo federal
denominado Residencial Vida Nova. O empreendimento possui um total de 350
casas e será construído pela construtora Égide Ltda. com sede em Cuiabá – MT.
A obra apresenta uma particularidade, ela é projetada para ser executada
pelo sistema de alvenaria portante, com a utilização de tijolos 8 furos de material
cerâmico com dimensões de 9x19x19cm (figura 7).
Figura 7 - Tijolo 9x19x19cm – (Fonte: Zé Carlos Materiais de Construção).
Cada residência será construída em um terreno de 15x40m, possuindo
41,58m² de área útil, sendo dividido em uma sala com cozinha conjugada, dois
quartos, um banheiro com possibilidade de adaptação para portadores de
necessidades especiais e lavanderia na área externa (figura 8). As casas serão
construídas sobre fundação de radier em terreno previamente compactado de
34
acordo com as exigências da caixa econômica federal (nível de compactação - 95%
do Proctor Normal).
Figura 8 - Planta Baixa
Todas as etapas da obra são de responsabilidades da construtora, desde a
aquisição do terreno, passando pela limpeza do mesmo, instalação dos sistemas de
água, esgoto tratado, drenagem, iluminação pública, distribuição elétrica, estradas,
passeios, paisagismo, entre outros. E o empreendimento somente será entregue
quando do término de todas estas etapas, inclusive a construção de uma estação de
tratamento de esgoto com filtro biológico.
Um percentual do concreto utilizado na obra é usinado e produzido dentro do
próprio canteiro, porém, por uma empresa terceirizada. Esta parceria traz algumas
vantagens, entre elas, a redução de 1R$/m³ de concreto comparado ao preço
apresentado pelas usinas da cidade, agilidade no transporte e melhor qualidade do
material que chega a obra. Entretanto, por possuir apenas um caminhão betoneira, a
construtora ainda é dependente de outras empresas de concreto da região.
35
4.1 Fundação
A fundação da residência é do tipo radier. Primeiramente tem-se a limpeza do
terreno para remoção dos materiais orgânicos, em seguida é feito o corte ou aterro
de acordo com a topografia, o terreno é compactado com rolo pé de carneiro até
chegar ao nível de compactação 95% do Proctor normal. Neste momento tem o
platô pronto para iniciar a preparação do radier. Os platôs foram feitos de maneira
individual apresentado rebaixo entre terrenos.
Cada platô é submetido a um ensaio de compactação para comprovar que
atendeu as exigências mínimas necessárias, somente com o resultado dos ensaios
em mãos temos início a montagem das fôrmas para execução do radier. A fundação
em questão apresenta vigas de contorno, por isso é feita escavação para
concretagem destas. A escavação também é feita nos locais onde serão instalados
os pontos de abastecimento de água e a rede de esgoto da moradia (figura 9).
Figura 9 – Kit de esgoto.
Sobre o terreno compactado é utilizada uma camada de 3 cm de seixo rolado,
em seguida é coberto com lona plástica para evitar que na hora da concretagem se
36
perca a nata do concreto. Na sequência é posicionada uma malha do tipo Gerdau
Q92 (figura 10), neste caso temos apenas armação simples. Nos cantos onde foi
escavado é locada uma treliça TG 8L que contorna todo o radier.
Figura 10 – Tela Gerdau Q92.
Com a fôrma devidamente parafusada e com todos os elementos citados em
seus lugares inicia-se a concretagem. Para o controle tecnológico são retirados três
corpos de prova de todos os caminhões betoneira, os quais serão rompidos para
comprovação da resistência do concreto que deve ser de 20MPa (figura 11). A
camada de concreto terá espessura de 8 cm no centro e 21 cm nas bordas. Com o
término da concretagem é aguardado dois dias para desenforma do radier e mais
um dia para iniciar a execução da alvenaria portante ou paredes de concreto.
37
Figura 11 - Corpos de prova
4.2 Fechamentos verticais
A estrutura da residência foi projetada para ser executada em alvenaria
portante com tijolos de oito furos. A 1ª fiada sobre a fundação de radier é
posicionada com os tijolos na vertical preenchidos com argamassa funcionando
como uma viga baldrame (figura 12). A partir da 2ª fiada os tijolos são colocados na
horizontal, sendo que nos encontros de paredes e locais onde passarão os
conduítes os mesmos ficam novamente na vertical e são preenchidos com
argamassa para solidarizar a estrutura e aumentar o travamento entre as paredes
(figura 13). O mesmo ocorre próximo aos vãos. As instalações hidráulicas passam
entre os tijolos (figura 14), para isso são feitos cortes na parede, gerando
desperdício de material.
Na última fiada da alvenaria são posicionados blocos vazados no formato
canaleta com treliça TG 8L e preenchidos com argamassa reproduzindo uma viga de
cintamento. A casa apresentará um pé direito de 2,60m. Com a conclusão da
elevação é feito o chapisco seguido do emboço e reboco, sobre o qual vai ser
executada a pintura.
39
4.3 Cobertura e acabamento
A cobertura da residência será feita com telhas do tipo Romanas, sobre
estrutura metálica, o forro será construído com material plástico do tipo PVC, e
somente sobre o banheiro vai ser posicionada uma laje de concreto, pois, no mesmo
local ficará localizada a caixa d`água. A escolha pela estrutura metálica para a
cobertura se deu pelo fato que a mesma é de rápida execução e apresenta uma
densidade menor que a madeira.
Para realização do acabamento primeiramente será realizado chapisco com
meio centímetro de espessura, na seguida emboço com um centímetro e meio de
espessura e reboco para receber a pintura com tinta PVA, e nos locais úmidos,
como o banheiro e na parede onde ficará instalada a pia, será assentado
revestimento cerâmico por toda sua extensão.
4.4 Paredes de concreto armado moldadas no local
Como citado anteriormente a residência foi projetada para ser executada em
Alvenaria Portante e para critério de comparação vamos utilizar a mesma planta da
casa e construi-la com o sistema de paredes de concreto moldadas no local com
espessura de 10 cm. As etapas preliminares, fundação, instalações elétricas,
hidráulicas e cobertura são as mesmas, o diferencial vai ser na execução dos
fechamentos verticais e acabamento das moradias.
Neste sistema vamos utilizar fôrmas metálicas do tipo LumiForm SH que têm
a função de moldar o concreto de acordo com a planta da casa. Estas fôrmas
possuem uma longa vida útil e poderão ser usadas durante todo o empreendimento
e em empreendimentos futuros. O concreto utilizado será convencional auto
adensável com fck de 20 Mpa, tornando desnecessário o uso de vibradores. Para
armação da parede será colocada no meio do vão uma tela Gerdau Q61. Como as
paredes de concreto com fôrmas metálicas apresentam uma textura propicia para a
pintura, não se faz necessário à etapa de chapisco e emboço. Serão utilizados
40
gabaritos para execução dos vãos e as instalações elétricas e hidráulicas estarão
embutidas nas paredes.
4.5 Quantitativo e orçamento
Nesta etapa vai ser quantificado e orçado a obra nos pontos onde a Alvenaria
Portante se diferencia do sistema de paredes de concreto. Como os serviços
preliminares de limpeza e preparo do terreno, execução da fundação e cobertura da
residência são comuns aos dois métodos, estas etapas serão desconsideradas para
o orçamento da obra. Logo, o que será quantificado é a parte de estrutura e vedação
da casa.
4.5.1 Alvenaria Portante
As quantidades de materiais utilizados para execução das paredes pelo
sistema de Alvenaria Portante seguem abaixo:
- Argamassa para assentamento: 3,0 m³
- Tijolo cerâmico 8 furos 9x19x19 cm ( 9 cm de espessura): 2600 unidades
- Treliça TG 8L: 48 metros ou 3 unidades
- Verga e Contra Verga pré-moldadas: 0,2304 m³
- Chapisco traço 1:4 (cimento e areia grossa) espessura de 0,5 cm: 1,0 m³
- Emboço ext. traço 1:2:8 (cimento, cal e areia média) esp. de 1,5 cm: 1,2 m³
- Emboço interno traço 1:4 (cal e areia média) espessura de 1,5 cm: 1,8 m³
Até a presente data, algumas casas deste empreendimento já tinham
alcançado esta etapa, logo o quantitativo está em perfeita conformidade com a obra
executada, sendo incluído no mesmo as perdas que ocorrem no processo,
principalmente de tijolos por não ser um projeto modulado. As vergas e contra
41
vergas são calculadas com base na quantidade de concreto utilizado na sua
fabricação.
4.5.2 Paredes de Concreto Armado moldadas no local
O quantitativo de materiais utilizados para execução das paredes de concreto
armado seguem abaixo:
- Fôrma Metálica LumiForm SH para 113,00 m² de parede.
- Tela de aço soldada nervurada Q61: 115,0 m²
- Concreto Auto Adensável: 10,0 m³
- Espaçadores: 500 unidades
Os dados para quantificação dos materiais utilizados pelo sistema de paredes
de concreto foram obtidos analisando os projetos arquitetônicos e estruturais da
residência. A tela será posicionada no centro das paredes, logo a sua área é o total
das áreas de todas as paredes retirando os vãos, mais uma porcentagem
necessária para reforço nas proximidades das aberturas. O concreto foi calculado
somando o total de m² de parede da casa e multiplicando pela espessura que será
de 10 cm.
4.5.3 Orçamento dos materiais
Realizado o quantitativo dos materiais, através do SINAPI e com pesquisas
de mercado se pode fazer o orçamento de cada sistema construtivo e compará-los
para saber qual é o mais viável neste quesito para o empreendimento em estudo.
Como se pode ver nos quadros 2 e 3, no quesito materiais a alvenaria portante com
tijolos cerâmicos é mais viável que o sistema feito em paredes de concreto armado
com fôrmas metálicas. Lembrando que o quantitativo é feito para cada residência,
42
somente o valor da fôrma que utilizamos o custo total da mesma e dividimos entre
as 350 moradias, isto porque a mesma será utilizada durante toda a obra.
Como mostram os quadros abaixo, a Alvenaria Portante com blocos
cerâmicos em questão de materiais apresenta uma economia de R$1519,36 em
relação ao sistema executado com paredes de concreto armado por residência, no
total do empreendimento a diferença fica de R$531.776,00. Porém, ainda devemos
levar em consideração a mão-de-obra e o tempo de execução.
Quadro 2 – Orçamento Alvenaria Portante
Quadro 3 - Orçamento Paredes de Concreto
4.5.4 Quantitativo da mão-de-obra
Foi analisado no empreendimento em estudo que uma equipe composta por
seis trabalhadores, sendo eles três pedreiros e três serventes levam em média trinta
e duas horas para concluir as etapas de alvenaria, chapisco e emboço em uma
residência. Enquanto que no sistema de paredes de concreto, de acordo com
43
fornecedores de fôrmas e pesquisas realizadas em empresas que utilizaram este
sistema, a mesma equipe levaria em torno de vinte horas de serviço.
4.5.5 Orçamento da mão-de-obra
De acordo com o SINAPI de Julho de 2014, um pedreiro ganha R$10,16 por
hora de serviço e um servente R$7,96 por hora. Ou seja, como são três serventes e
três pedreiros por residência, temos R$54,36 de mão de obra por hora. Como no
sistema de alvenaria portante são necessárias trinta e duas horas, o custo total será
de R$1739,52, enquanto que no meio de execução com paredes de concreto será
gasto R$1087,20. Assim, o sistema de parede de concreto gera uma economia de
R$652,32.
4.6 Análise dos dados
Analisando os orçamentos realizados percebe-se que cada sistema tem sua
vantagem, porém, no somatório dos dois orçamentos podemos perceber que o
sistema de Alvenaria Portante com tijolos cerâmicos apresenta uma economia de
R$867,04 por residência, entretanto, o tempo de execução é maior, chegando à
diferença de doze horas por moradia. Por isto, devemos saber qual a prioridade do
empreendimento para sabermos qual o melhor método construtivo.
Os gráficos abaixo demonstram de maneira mais visual a diferença entre estes
dois sistemas (Figura 15 e 16).
44
Figura 15 - Comparativo de custos entre os sistemas
Figura 16 - Comparativo do tempo de execução.
Analisando o gráfico da figura 16, fica clara a diferença no tempo de execução
de cada sistema, em apenas dez casas a diferença já é de 15 dias (cada dia como
oito horas de serviço). No final do empreendimento a diferença vai ser de 525 dias.
0
80 100
120 140
160 180
200
96
128
160
192
224
256
288
320
0
50
100
150
200
250
300
350
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ho
ras
de
se
rviç
o
Residências
Comparativo do tempo de execução
Paredes de concreto
Alvenaria Portante
45
Enquanto que o custo terá uma diferença de R$303.464,00. Se dividirmos a
diferença no custo total pela diferença de tempo de execução encontramos o valor
de R$72,25 por hora, ou seja, cada hora que a empresa pretender economizar terá
este custo.
Outra diferença que fica evidente com a análise dos gráficos é a porcentagem
do custo da mão-de-obra no custo final da elevação. Enquanto na Alvenaria Portante
ela representa 32,41% do custo total, no sistema paredes de concreto ela representa
apenas 17,44%. Este é outro critério muito utilizado para escolha do sistema de
execução das construtoras, principalmente em regiões onde há escassez de
trabalhadores.
Outra comparação que pode ser feita é a quantidade de trabalhadores
necessários para que o sistema de execução em alvenaria portante apresente o
mesmo prazo de conclusão da obra do outro sistema. Para que os tempos de
execução dos sistemas se igualem, é necessário dez homens (5 pedreiros e 5
serventes) estarem trabalhando na execução da alvenaria portante enquanto apenas
seis trabalham na execução das paredes de concreto. Com isto a mão-de-obra da
alvenaria portante terá um custo de R$90,60 por hora, trabalhando durante 20 horas.
O que elevará o valor da mão-de-obra para R$1812,00 por residência. Tornando a
alvenaria portante R$724,80 mais onerosa neste quesito comparada as paredes de
concreto armadas no local.
Logo, para um mesmo prazo de execução, a alvenaria portante ainda leva
uma vantagem financeira de R$794.56 em comparação às paredes de concreto
moldadas no local. Porém, algo que deve ser levado em consideração são as fôrmas
metálicas. Como foi visto na comparação entre os materiais dos dois sistemas, ela
apresenta grande influência no custo das paredes de concreto. Isto se deve ao fato
que ela pode ser reutilizada mais de mil e quinhentas vezes e em nosso
empreendimento a utilizamos apenas trezentas e cinquenta vezes, fazendo com que
o valor dela por residência ficasse elevado.
Caso o empreendimento possuísse mil e quinhentas moradias, e com isso
aproveitássemos toda a vida útil da fôrma, seu custo por residência cairia para
R$240,00. Uma diferença de R$788,00 em relação ao custo que encontramos na
obra em análise. Na figura 17 podemos ver um comparativo entre os sistemas para
o caso em questão, onde é aproveitada toda a vida útil da fôrma. Por isso, outro
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fator decisivo na escolha do sistema construtivo é a quantidade de residências a
serem produzidas.
Figura 17 - Comparativo para 1500 residências
Percebemos que com a execução de mil e quinhentas residências o custo dos
dois sistemas se torna muito próximo, a diferença por casa fica em apenas R$78,47,
um valor bem abaixo do encontrado para execução de apenas trezentas e cinquenta
moradias, e a diferença no tempo de execução sobe para 2250 dias.
A figura 18 nos mostra que de acordo com o aumento do número total de
residências construídas, a curva que representa o custo para fechamento vertical de
cada residência pelo sistema de paredes de concreto se aproxima da reta que
representa o custo do sistema em alvenaria portante. Se projetar a curva, descobre
que elas vão se cruzar quando forem produzidas duas mil duzentas e trinta casas,
valor este que supera a vida útil da fôrma em questão, porém, outras empresas que
produzem fôrma metálica colocam como indeterminada a vida útil do material desde
que seja devidamente manuseada.
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5. CONCLUSÃO
Realizada a comparação entre os dois sistemas, percebemos que cada um
apresenta sua particularidade e pode ser ou não recomendado de acordo com a
região, com a prioridade do empreendimento ou a disponibilidade de materiais e
mão-de-obra. São dois sistemas muito utilizados por todo o território nacional, sendo
o sistema de paredes de concreto encontrado com maior facilidade em regiões mais
industrializadas, principalmente região sul e sudeste do Brasil. Outras regiões onde
ainda existe elevada mão-de-obra e não existem empresas que produzem as fôrmas
para este sistema, ainda é difícil encontrar empreendimentos que o utilizem.
O sistema de paredes de concreto moldadas no local leva uma grande
vantagem em relação ao sistema de alvenaria portante quando o assunto é tempo
de execução. Por ser um sistema mais industrializado e que necessita pouca mão
de obra ele é muito mais dinâmico. Entretanto, se pretendermos aumentar a sua
produção não necessitamos apenas de mão de obra, mas, de outro conjunto de
fôrmas, que faz com que o custo do empreendimento sofra uma forte elevação.
Enquanto que no sistema de alvenaria portante podemos encontrar várias frentes de
serviço, o sistema de paredes de concreto é limitado pela quantidade de fôrmas no
canteiro. Logo, em regiões onde existe mão-de-obra abundante, é favorável
trabalhar com várias frentes de serviço pelo sistema de alvenaria portante, fazendo
com que a velocidade de execução deste meio de produção praticamente se iguale
as paredes de concreto, porém, com menor custo.
Uma comparação realizada e que mostrou bastante disparidade entre os
sistemas, foi a comparação de custo do empreendimento. Como vimos na análise de
dados, a alvenaria portante é muito mais econômica que o modo de produção de
paredes de concreto moldadas no local, e o fator crucial para isto é o elevado valor
de aquisição das fôrmas metálicas. Enquanto que a alvenaria portante não depende
de nenhum material externo a residência, ou seja, um material que não irá integrar a
estrutura depois de concluída a sua execução, nas paredes de concreto
encontramos as fôrmas. Por isso, o custo final do empreendimento depende muito
da quantidade de residências, quanto mais casas, a escolha tenderá para as
paredes de concreto, e o número chave desta comparação é quando forem
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produzidas duas mil duzentas e trinta casas, neste momento as fôrmas metálicas
terão seu valor diluído nas residências e o sistema se tornará mais econômico que a
alvenaria portante.
Outro fator que não foi analisado e que em empreendimentos deve ser levado
em conta é o tempo que o investimento ficará sem retorno. Mesmo o custo da
alvenaria portante sendo menor que as paredes de concreto, pelo fato do último
apresentar um tempo de execução reduzido ele trará retorno em menor tempo, logo,
o investimento trará dividendos que poderão ser investidos em empreendimentos
futuros em um menor prazo, gerando um lucro maior. Por isso, está análise deve ser
feita pelo proprietário do empreendimento, e se ele necessitar do retorno rápido do
investimento para aplicar em negócios futuros, ele deve optar pelo método de
paredes de concreto armadas no local.
Hoje em dia se deve preocupar com os resíduos gerados durante a execução
do empreendimento, principalmente em condomínios residenciais horizontais com
financiamento do governo federal, que sempre faz muitas exigências acerca deste
tema. Se compararmos os dois modos de produção, percebemos que as paredes de
concreto armadas no local levam uma grande vantagem em relação à alvenaria
portante. Devido ao fato do primeiro sistema ser mais industrializado que o segundo
ele gera uma menor quantidade de resíduos, pois não existe quebra de material e
nem retrabalho, enquanto que na alvenaria portante existe uma grande perda de
material, principalmente tijolos que muitas vezes são quebrados. Por isso, no quesito
geração de resíduos sólidos o sistema de paredes de concreto moldadas no local
leva vantagem em relação à alvenaria portante.
Por fim, se analisarmos todas as comparações entre os dois sistemas para o
empreendimento em estudo, chegamos à conclusão que o sistema de alvenaria
portante apresenta uma ligeira vantagem em relação às paredes de concreto
armadas no local. Primeiramente pela quantidade de residências do
empreendimento, por serem apenas trezentos e cinquenta casas, o custo da fôrma
metálica diluído entre elas apresenta um valor bastante elevado, tornando grande a
diferença no custo total do empreendimento entre os dois métodos. Outro fator que
favorece a alvenaria portante é a elevada quantidade de mão-de-obra da região, por
estar localizada no centro-oeste próximo de grandes polos exportadores de mão-de-
obra como o Maranhão e o Pará, a empresa nunca sofreu escassez da mesma e
sempre trabalhou em várias frentes de serviço. E por último o fato de não existir na
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região nenhuma empresa que produza fôrmas metálicas para este tipo de
construção, tornando o custo de aquisição da mesma muito elevado. Devido a estes
fatores o sistema de alvenaria portante é aconselhável na região para construção de
condomínios residenciais horizontais com trezentos e cinquenta moradias.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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