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METODOLOGIA PARA O ESTUDO DA DEMANDA POR SERVIÇOS METROLÓGICOS NO BRASIL Cesar das Neves U.F.R.J - Escola de Engenharia - Departamento de Engenharia Industrial - Bloco F Av. Brigadeiro Trompowsky s/n. - Rio de Janeiro - CEP: 21.941-590 [email protected] José Glenio Medeiros de Barros U.E.R.J. - Campus Regional de Resende / Departamento de Ciências Básicas e Aplicadas Estrada Resende Riachuelo s/n. - Morada da Colina - Resende - RJ / CEP: 27.523-000 [email protected] Cyro Alves Borges Júnior U.E.R.J. - Faculdade de Engenharia / Departamento de Engenharia Mecânica Rua São Francisco Xavier, n. 524 - Maracanã - Rio de Janeiro / CEP: 20.530-013 [email protected] ABSTRACT This paper presents a methodology to study the demand for metrological services in Brazil. The proposal is based on researches done at the Laboratório Nacional de Metrologia - LNM / INMETRO. The objective is to develop a framework able to contribute for the planning, the organization and the improvement of the metrological services market in the country. Among other benefits, the proposed methodology makes possible for the institutions offering metrological services, the knowledge of the characteristics of their demand, enabling them to adequate their activities to the necessities of the market. Its application also allows a better control of the performances of their laboratories improving the quality of their services. This work presents also a short case study showing some partial results, obtained using EXCEL. The computational system designed to treat the data in a more friendly way is under construction. KEYWORDS: metrology, demand analysis. RESUMO Este trabalho apresenta uma metodologia para estudar a demanda por serviços metrológicos no Brasil. A proposta é fruto de pesquisas realizadas no âmbito do Laboratório Nacional de Metrologia - LNM / INMETRO. O objetivo é o desenvolvimento de um modelo capaz de contribuir para o

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METODOLOGIA PARA O ESTUDODA DEMANDA POR SERVIÇOSMETROLÓGICOS NO BRASIL

Cesar das NevesU.F.R.J - Escola de Engenharia - Departamento de Engenharia Industrial - Bloco F

Av. Brigadeiro Trompowsky s/n. - Rio de Janeiro - CEP: [email protected]

José Glenio Medeiros de BarrosU.E.R.J. - Campus Regional de Resende / Departamento de Ciências Básicas e Aplicadas

Estrada Resende Riachuelo s/n. - Morada da Colina - Resende - RJ / CEP: [email protected]

Cyro Alves Borges JúniorU.E.R.J. - Faculdade de Engenharia / Departamento de Engenharia Mecânica

Rua São Francisco Xavier, n. 524 - Maracanã - Rio de Janeiro / CEP: [email protected]

ABSTRACTThis paper presents a methodology to study the demand for metrological services in Brazil. The

proposal is based on researches done at the Laboratório Nacional de Metrologia - LNM /

INMETRO. The objective is to develop a framework able to contribute for the planning, the

organization and the improvement of the metrological services market in the country. Among other

benefits, the proposed methodology makes possible for the institutions offering metrological

services, the knowledge of the characteristics of their demand, enabling them to adequate their

activities to the necessities of the market. Its application also allows a better control of the

performances of their laboratories improving the quality of their services. This work presents also a

short case study showing some partial results, obtained using EXCEL. The computational system

designed to treat the data in a more friendly way is under construction.

KEYWORDS: metrology, demand analysis.

RESUMOEste trabalho apresenta uma metodologia para estudar a demanda por serviços metrológicos no

Brasil. A proposta é fruto de pesquisas realizadas no âmbito do Laboratório Nacional de Metrologia

- LNM / INMETRO. O objetivo é o desenvolvimento de um modelo capaz de contribuir para o

planejamento, organização e melhoria do mercado de serviços metrológicos no país. Entre outros

benefícios, a metodologia proposta torna possível às instituições que oferecem estes tipos de serviço

o conhecimento das características de seus mercados, permitindo uma melhor adequação de suas

atividades às necessidades do mercado. Sua aplicação também permite um melhor controle do

desempenho dos laboratórios prestadores de serviço com impacto na qualidade dos serviços

prestados. O trabalho apresenta um estudo de caso, bastante simplificado, mostrando resultados

parciais obtidos pelo uso do EXCEL. O sistema computacional para o tratamento “amigável” das

informações está em vias de conclusão.

Palavras chave: metrologia, análise de demanda

1. INTRODUÇÃO

Como resultado de atividades de pesquisa desenvolvidas junto ao INMETRO ao longo dos últimos

três anos, o presente trabalho descreve uma proposta metodológica para o estudo da demanda por

serviços metrológicos em âmbito nacional. O trabalho está voltado para o levantamento e análise da

demanda atendida pelas Redes Brasileiras de Calibração e Ensaio, compreendendo mais de 200

laboratórios, em aproximadamente 130 instituições prestadoras de serviços em todo o País. A

metodologia foi desenvolvida em caráter experimental e testada em unidades laboratoriais do

INMETRO vinculadas ao LNMi. Os resultados obtidos demonstraram a possibilidade de extensão

da metodologia às demais instituições envolvidas neste mercado permitindo um mapeamento

completo da demanda metrológica atendida pela Rede Brasileira de Calibração (RBC) e pela Rede

Brasileira de Laboratórios de Ensaio (RBLE).

É sabido que o processo de globalização porque passa a economia nacional muito tem estimulado a

inserção competitiva da indústria brasileira. Nos últimos anos este processo dinâmico de

transformação vem contribuindo efetivamente para a melhoria da eficiência produtiva, que introduz

os princípios da qualidade como estratégia de sobrevivência e crescimento das empresas. Buscando

a modernização e, diante das perspectivas favoráveis do quadro macroeconômico nos últimos anos,

muitas empresas estão investindo, adaptando-se não apenas para fazer frente a concorrência externa,

mas também para competir no mercado global. Como conseqüência destas transformações, a

indústria e os setor de serviços vem influenciando os níveis de demanda por ciência e tecnologia no

País, evidenciado inclusive, segundo [1, 2 e 3], pelo crescimento significativo da demanda por

serviços tecnológicosii. A forte demanda gerada pelo setor produtivo no mercado de serviços

tecnológicos e, em particular, na área de metrologia tem mobilizado governo e iniciativa privada à

investir na adequação da infra-estrutura existente. Mas sem o conhecimento da demanda estes

investimentos podem se revelar pouco eficazes.

Em sintonia com as necessidades crescentes de adequação da capacidade de atendimento às

demandas por metrologia no País, alguns pesquisadores e estudiosos do assunto [3 e 4]

identificaram a necessidade de melhor se estudar o mercado demandante de serviços metrológicos.

Segundo [5], “a falta de domínio mais efetivo sobre informações compartilhadas entre demandantes

e ofertantes de serviços metrológicos pode estar constituindo-se numa forte barreira para o

desenvolvimento do setor”. Tal necessidade tem origem na identificação da quantidade e amplitude

das ações que poderiam ser deflagradas a partir de um conhecimento mais profundo da demanda

metrológica nacional, ações estas discutidas inclusive no âmbito do Plano Nacional de Metrologia

(PNM).

O PNM [6], aprovado pelo CONMETROiii em 1998, foi elaborado em consonância com a

necessidade de um planejamento estratégico para o setor de metrologia. A partir de amplas

discussões e de levantamentos da atual situação da metrologia no País, foi concebido um

diagnóstico básico. Neste diagnóstico foram identificadas algumas das principais dificuldades do

setor, ou seja, necessidades do mercado demandante e, principalmente, as necessidades dos

laboratórios ofertantes de serviços em metrologia. No PNM foram estabelecidas as diretrizes que

nortearão ações por parte do governo e da iniciativa privada para os próximos anos (1998-2002), de

forma a permitir a organização e o desenvolvimento da metrologia no Brasil. Neste contexto, o

PNM deve apoiar e conferir subsídios à nova política industrial brasileira, dando suporte à

capacitação técnica e laboratorial na área de metrologia.

Dentre os principais problemas discutidos no âmbito do PNM, a questão da formação de recursos

humanos para a área de metrologia foi considerada uma das mais relevantes. Existe hoje no País

grave deficiência de mão-de-obra capacitada para o atendimento das necessidades do setor de

metrologia. Atento a essas deficiências, o governo implantou em 1995, portanto em período anterior

ao PNM, o Programa Nacional para a Formação e Capacitação de Recursos Humanos em

Metrologia (Programa RH-Metrologia). Programa este estruturado pela DIMCIiv / INMETRO e

apoiado financeiramente pela CAPES/MEC e CNPq/MCT. Desde então, muitas açõesv já foram

implementadas para formação e desenvolvimento de recursos humanos nesta área. Persiste porém

um sério problema. Para fornecer recursos humanos na área de metrologia nos diversos níveis e

especialidades também é necessário conhecer a demanda do mercado e não apenas a oferta. Tal

perspectiva vem de encontro aos propósitos do presente trabalho, ou seja, disponibilizar uma

metodologia que permita um conhecimento mais amplo da demanda metrológica nacional.

No âmbito do PNM também foram discutidas as questões relativas à investimentos para o setor

estratégico da metrologia. Determinadas especialidades metrológicas foram consideradas

prioritárias. Uma das diretrizes aprovadas intenciona tornar, através de investimentos direcionados,

os laboratórios metrológicos mais especialistas, evitando assim que recursos sejam investidos em

áreas da metrologia onde a demanda específica não justifica o investimento, ou ainda, que os

recursos mesmo necessários sejam aplicados em regiões ou até especialidades metrológicas

inadequadas. Para que estas diretrizes possam ser implementadas de maneira eficaz necessário se

faz conhecer, além da capacidade de oferta, o perfil da demanda metrológica no País.

A questão da demanda potencial por metrologia no Brasil é outro assunto que tem despertado a

atenção de estudiosos e entidades vinculadas ao setor. Pesquisa recente [7], coordenada pelo

INMETRO, envolvendo cerca de 1200 empresas dos mais diferentes setores industriais, revelou que

aproximadamente 52% dos potenciais usuários, principalmente pequenas e médias empresas, não

tinham conhecimento sobre a necessidade e os benefícios da calibração periódica de instrumentos e

equipamentos, além de não saberem de quanto em quanto tempo isto deveria ser realizado. Que

demanda potencial não estaria “escondida” por trás da falta de percepção ou conhecimento das

vantagens competitivas que a utilização regular da metrologia poderia facultar as empresas usuárias,

sem mencionar que a metrologia tem papel preponderante no incremento da produtividade e

qualidade junto as empresas. Neste particular, convém lembrar, que a utilização de serviços

metrológicos como, por exemplo, a calibração de equipamentos e instrumentos, constitui-se,

principalmente para o setor industrial, etapa essencial à certificação das empresas pelas normas da

série ISO 9000. Outro aspecto relevante, associado à carência de informações, refere-se às

demandas potenciais por determinadas especialidades da metrologia. As potencialidades da

demanda em áreas específicas da metrologia e a provável incipiência na capacidade de atendimento,

induz os pesquisadores a imaginarem inúmeras oportunidades ainda não dimensionadas. É o caso

por exemplo das demandas potenciais por metrologia química. Tal especialidade da metrologia, tem

experimentado no Brasil, a exemplo dos países mais desenvolvidos, uma procura cada vez mais

intensa. Esta demanda específica tem sido motivada pela necessidade de se aprimorar o controle de

qualidade nas indústrias, principalmente naquelas vinculadas aos segmentos alimentício e

farmacêutico, além da crescente demanda associada ao setor de serviços em análises clínicas. Os

atributos necessários à certificação das empresas pelas normas da série ISO 14000, acredita-se [7],

devem estar também estimulando intensamente a demanda por metrologia química no Brasil. Desta

forma, reportando-se aos argumentos descritos anteriormente, fica evidente a necessidade de se

dispor de “instrumentos” capazes de melhor estudar a demanda metrológica existente no País. A

elaboração da presente metodologia deve, portanto, favorecer o levantamento de informações que

poderão contribuir para subsidiar ações visando o desenvolvimento, não somente do setor

metrológico, mas também de outros segmentos econômicos associados, direta ou indiretamente, ao

setor de metrologia.

Adicionalmente, cabe ressaltar que o presente trabalho, ainda em fase de conclusão, é parte

integrante de uma tese de doutorado em desenvolvimento junto ao programa de engenharia de

produção da COPPE / UFRJ e cujos resultados parciais só foram possíveis de serem obtidos pelo

apoio do programa RH-METROLOGIA além do apoio efetivo do INMETRO.

2. OBJETIVOS DO TRABALHO

O principal objetivo do trabalho é fornecer uma metodologia suficientemente abrangente que

viabilize o estudo da demanda por serviços metrológicos no Brasil. Tal metodologia deve contribuir

para o planejamento, a organização e o crescimento do mercado de serviços metrológicos,

favorecendo inclusive à elaboração de políticas públicas de fomento, em consonância com o

desenvolvimento da infra-estrutura necessária ao setor. A metodologia, especifica um roteiro e

orienta as instituições prestadoras de serviços a fornecerem informações organizadas sobre a

demanda metrológica do mercado. Para que estas informações possam ser obtidas será necessário,

num primeiro momento, estimular as instituições a participarem de um esforço coletivo de

“mapeamento” da demanda por metrologia no País. Por outro lado, em termos estritamente

técnicos, necessário se fará também disciplinar e uniformizar o fornecimento de dados pelas

instituições partícipes do empreendimento, de forma a ser possível a agregação, tratamento e análise

dos dados disponibilizados. Portanto, uma das principais etapas na implantação da metodologia

proposta, consiste no desenvolvimento de um sistema ou base de dados que obedeça a padrões

comuns de organização e tratamento, permitindo a agregação de dados e a extração de informações

essenciais à análise da demanda de serviços do mercado. Assim, a metodologia concentra-se no

delineamento das informações substantivas que tal sistema deve incorporar e especifica

procedimentos para que, ao final de sua implantação, as instituições/empresas participantes

disponham de especificações suficientes para implementarem os seus próprios sistemas de

informação sem perder a uniformidade e compatibilidade requerida, de acordo com os propósitos de

estudo da demanda metrológica nacional.

Em última instância, objetiva-se ampliar o domínio sobre informações essenciais à organização e ao

planejamento do setor de metrologia, visando atender adequadamente às demandas por serviços

através da plena capacitação metrológica do País. Tais informações estão diretamente relacionadas

ao conhecimento do perfil (características) da demanda existente, facultando as instituições

ofertantes de serviços adequar suas atividades às necessidades do mercado demandante. Neste

contexto, a metodologia deverá favorecer a obtenção de informações essenciais ao cumprimento

dos seguintes objetivos específicos:

i) Subsidiar o planejamento e a organização do mercado de serviços metrológicos.

ii) Disponibilizar informações de base para o planejamento estratégico das instituições ofertantesde serviços metrológicos.

iii) Propor indicadores para o planejamento contínuo e controle gerencial dos laboratóriospertencentes às instituições prestadoras de serviços metrológicos.

iv) Servir como instrumento de informação tecnológica entre o INMETRO e as RedesLaboratoriais credenciadas, no tocante a oferta e a demanda de serviços metrológicos.

3. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

Para que os objetivos mencionados anteriormente possam ser alcançados, algumas etapas essenciais

deverão ser cumpridas, quais sejam:

♦ definir a estrutura do mercado brasileiro de serviços metrológicos com o propósito de favorecer

o entendimento das relações de oferta e demanda;

♦ definir e motivar o conjunto de instituições/empresas que fornecerão os dados necessários à

análise global da demanda metrológica nacional;

♦ definir as linhas de análise e elaborar os indicadores em função dos propósitos do estudo.

♦ definir uma estrutura de dados que possa ser compartilhada pelo conjunto das instituições

ofertantes de serviços metrológicos compatível com o registro de suas operações regulares. Esta

estrutura obedecerá aos requisitos descritos na proposição metodológica;

♦ estabelecer os contornos do sistema de informação, nos seus aspectos estratégicos e

operacionais, de maneira a viabilizar a obtenção e consolidação dos dados em prol do estudo de

demanda pretendido. Tal sistema deve garantir inclusive a confidencialidade das informações

agregadas;

♦ validar a metodologia, aplicando-a a laboratórios metrológicos, com a finalidade de testá-la

anteriormente ao processo de difusão.

A metodologia permite ampla combinação de variáveis de forma a se obter grande espectro de

indicadores e linhas de análise possíveis. Sob este aspecto, parte-se do princípio que a flexibilidade

é condição essencial para se alcançar os objetivos primordiais do estudo, compatibilizando os

interesses e necessidades próprias da diversidade de instituições ou empresas a serem engajadas.

Para a elaboração dos indicadores de interesse, determinadas informações devem ser obtidas a partir

da agregação dos dados oriundos das instituições ofertantes de serviços em metrologia. A seguir

estão resumidas algumas das principais informações que deverão ser obtidas em função da

aplicação da referida metodologia:

1.Identificação da origem (localização) da demanda

A localização geográfica dos demandantes ou usuários de serviços metrológicos tem por objetivo

permitir a agregação da demanda em nível regional, estadual e nacional; viabilizando inclusive a

análise do balanceamento da demanda frente a oferta de serviços em cada área geográfica

considerada. Esta análise é fundamental para o delineamento de políticas de fomento para o setor de

metrologia.

2.Caracterização e quantificação da demanda por metrologia

Significa conhecer não somente a quantidade de serviços efetivamente realizados (demanda

atendida) mas, também, a dos serviços demandados e não realizados (demanda potencial),

estabelecendo-se, inclusive, os motivos para o não atendimento. Os tipos de serviços mais

demandados e os valores da demanda são, igualmente, informações essenciais para as análises do

mercado metrológico nacional.

3.Qualificação dos serviços prestados

O objetivo aqui é identificar a qualidade dos serviços metrológicos prestados pelas instituições

ofertantes do mercado. Para isto foram definidos dois indicadores considerados fundamentais na

avaliação da qualidade de serviços de qualquer natureza, quais sejam: (i) tempo: que via de regra

denota produtividade na execução de serviços - com este indicador seria avaliado o desempenho da

organização para o rápido atendimento ao cliente e (ii) nível de qualidade na visão do cliente - esta

avaliação exigiria um instrumental próprio de coleta de dados, questionário de satisfação. Tal

instrumento seria utilizado para aferir periodicamente o nível de satisfação do cliente com o

atendimento dispensado.

4.Conhecimento da demanda potencial

O levantamento da demanda potencial do mercado deverá ser feito de duas maneiras distintas. (i) A

primeira maneira, diz respeito à demanda solicitada às instituições ofertantes de serviços, portanto

registrada, mas não atendida, por motivos diversos. Convém ressaltar que neste caso, o indicador

utilizado refere-se apenas à demanda potencial incidente sobre a instituição. Interessa

particularmente conhecer os motivos do não atendimento, pois estas informações subsidiarão ações

gerenciais e possivelmente investimentos na ampliação da capacidade de atendimento por parte das

instituições prestadoras de serviços. Para captar toda a demanda incidente, as instituições serão

solicitadas a registrar, em seus sistemas de informação, dados descritivos sobre todas as

solicitações formais (documentadas) de serviços. Sabe-se que muitas consultas são feitas por vias

informais como, por exemplo, telefone. Nestes casos, para enriquecer os dados e favorecer o seu

próprio planejamento, as instituições deverão adotar a sistemática de registrar tais consultas em

ficha própria, para posterior lançamento no sistema de informação.

No que diz respeito aos motivos do não atendimento, as instituições devem empenhar-se em adotar

a rotina do follow-up. Isto porque, alguns motivos do não-atendimento são unicamente de

responsabilidade da firma solicitante e, portanto, só serão identificados através de um contato com o

cliente, após o recebimento do orçamento do serviço. (ii) De outra forma far-se-á consultas

periódicas ao mercado consumidor em potencial. Neste caso porém, as informações de demanda

potencial, captadas pelos registros de atendimento das instituições ofertantes de serviços, nortearão

a pesquisa de mercado, isto é, a pesquisa será deflagrada toda vez que os dados coletados indicarem

uma possível demanda potencial significativa em uma determinada especialidade da metrologia.

5.Caracterização dos demandantes de serviços

Interessa saber o tipo de consumidor ao qual a instituição prestadora de serviços deve satisfazer. A

caracterização dos consumidores ou clientes far-se-á de três formas distintas. (i) pela identificação

da natureza jurídica do demandante, (ii) pelo tamanho ou porte do cliente e (iii) segundo o setor ou

segmento econômico a que pertence.

No primeiro caso, a natureza jurídica do demandante pode influenciar diretamente no perfil da

oferta. Como, por exemplo, a extensão do prazo de confirmação de um serviço ao cliente solicitante

se este for uma empresa pública (sujeita a processos mais lentos de decisão - licitações, etc). A

informação também é de utilidade para estudos prospectivos em cenários de reconfiguração jurídica

de empresas como, por exemplo, empresas públicas privatizadas, ou empresas brasileiras que são

adquiridas pelo capital estrangeiro. Já no segundo caso, a definição do porte do demandante é

relevante quando se deseja conhecer o tamanho das empresas mais atuantes na demanda por

metrologia no País. No último caso, objetiva-se identificar a origem da demanda segundo os

diferentes segmentos da economia. Trata-se de objetivo elementar na consolidação das diversas

demandas setoriais.

6.Identificação dos condicionantes da demanda

Esta informação é relevante para o entendimento da estrutura da demanda. Como principais

motivadores da demanda poder-se-ia citar, por exemplo: atendimento à exigências legais, busca de

qualidade, certificação do desempenho de produtos, melhoria da produtividade de processos

produtivos, etc.

7. Posicionamento das instituições ofertantes em relação ao mercado de serviços metrológicos

Na área de metrologia muitos dos serviços são prestados entre instituições ofertantes. Logo se

percebe que eventualmente algumas destas instituições cumprem o papel de demandantes. Neste

sentido, cabe traçar um mapeamento que caracterize esta demanda, esclarecendo quem demanda de

quem entre as instituições ofertantes de serviços.

Para a “produção” das informações que devem subsidiar o planejamento do setor de metrologia, a

metodologia propõe a uniformização de procedimentos entre as instituições/empresas ofertantes de

serviços metrológicos. Principalmente no tocante a armazenagem, organização e tratamento dos

dados relativos à demanda atendida. Tais procedimentos serão devidamente detalhados, a seguir,

nos Componentes da Metodologia.

4. COMPONENTES DA METODOLOGIA

A metodologia visa o estabelecimento de uma rede de âmbito nacional de informações

institucionais. Esta produziria regularmente serviços de informação em tempo real para os seus

membros e para a comunidade usuária dos serviços metrológicos. Entre os serviços previstos, há

alguns de manutenção e atualização da base de dados institucionais, incluindo o estabelecimento de

padrões de coleta e de tratamento dos dados sobre a demanda do mercado e a oferta das instituições,

além de outros relativos à análises e difusão das informações agregadas.

Assim, a estruturação da metodologia comporta seis componentes principais, a saber: (i) um que

trata do estabelecimento da rede de instituições, (ii) outro da introdução do sistema de informação

em cada instituição integrante da rede, (iii) outro descrevendo os procedimentos e aspectos técnicos

para o envio de dados, (iv) outro organizador da base central de recepção dos dados a serem

enviados pelas instituições associadas à rede, (v) outro estabelecendo o tratamento e análise dos

dados recebidos e, finalmente, (vi) o que trata da divulgação dos dados consolidados. Assim, poder-

se-ia relacionar os principais componentes da metodologia.

Componente 1: Estruturação da Rede de Instituições

Componente 2: Organização da Base de Dados Institucional

Componente 3: Transmissão de Dados

Componente 4: Organização da Base de Dados Central Receptora

Componente 5: Tratamento dos Dados, Análises e Resultados

Componente 6: Divulgação dos Resultados Consolidados

Como não é possível neste artigo, por limitações de espaço, apresentar em detalhes os componentes

da metodologia, será descrito a seguir, de forma resumida, apenas os aspectos mais relevantes.

COMPONENTE 1 - ESTRUTURAÇÃO DA REDE DE INSTITUIÇÕES

Este componente trata dos aspectos estratégicos e organizacionais de implantação de uma rede

nacional de informações a partir da interação de instituições ofertantes de serviços em metrologia.

A concepção e estruturação da rede de instituições deve partir do princípio de que a adesão ao

empreendimento será tanto mais espontânea quanto for a percepção coletiva dos benefícios a serem

alcançados, tendo vista o valor estratégico e gerencial das informações a serem consolidadas no

âmbito da rede. Neste particular, a compreensão da utilidade e aplicação das informações geradas,

deverá por si só, ser um grande atrativo a motivar a adesão. Porém, outros mecanismos podem e

devem ser utilizados como meio de estimular um engajamento mais eficaz.

Dentro do princípio de abordagem evolutiva a implementação da rede deve ser efetuada em etapas.

Num primeiro momento, considera-se conveniente estimular as instituições associadas à RBC e à

RBLE a participarem da estrutura inicial da rede de informações, visto que estas entidades já

desfrutam hoje de um nível de organização e interação, como rede de instituições, que muito

poderia favorecer a “edificação” da rede em sua fase inicial de implantação. Tal engajamento

permitiria um desenvolvimento mais seguro e estável da rede favorecendo inclusive o processo de

aprendizado e adaptações do sistema. Através da liderança natural exercida pelo INMETRO, junto

ao setor de metrologia, as instituições associadas a RBC e a RBLE seriam portanto convidadas a

participar de um esforço conjunto de estruturação da primeira etapa de implantação da rede. Numa

etapa posterior, como pré-condição ao credenciamento pelo INMETRO (ou outro organismo

habilitado para este fim), todo e qualquer laboratório, prestador de serviços metrológicos, seria

compulsoriamente integrado à Rede Brasileira de Informações em Serviços Metrológicos. Desta

forma, o credenciamento habilitaria o laboratório a se integrar não somente a RBC ou a RBLE, mas

também a rede de informações institucionais, ou seja, num primeiro momento, o crescimento da

rede se daria exclusivamente pela admissão de novos laboratórios ou instituições a RBC ou a

RBLE.

Dentro do princípio de operacionalidade a baixo custo, a estrutura da rede de informação deverá

primar pela utilização dos recursos já comumente disponíveis na maioria das instituições. Neste

contexto, a metodologia orienta na utilização de recursos e capacidade já instalada, principalmente

aqueles recursos referentes ao sistema de dados da instituição. Em relação a transmissão de dados

(componente 3 da metodologia), as instituições associadas a rede deverão apoiar-se em redes de

comunicação já disseminadas (internet). A lógica de funcionamento da rede de informações está

calcada no envio de dados das instituições associadas à um orgão central único, o qual será

responsável pelo recebimento, organização, tratamento e divulgação das informações consolidadas.

Entretanto, anteriormente ao processo de envio de dados, cada instituição participante da rede

deverá promover a adequação de sua base de dados. Tal procedimento, descrito no componente 2 da

metodologia (Organização da Base de Dados Institucional), permitirá um tratamento uniforme dos

dados quanto a coleta e processamento, viabilizando o envio de dados padronizados.

COMPONENTE 2 - ORGANIZAÇÃO DA BASE DE DADOS INSTITUCIONAL

Este componente trata da especificação do sistema de informação das instituições a serem

integradas à rede. Esta especificação se atém à identificação do tipo de sistema e sub-sistemas,

explicitando o conteúdo mínimo de dados que cada um destes deverá conter.

Assim, espera-se que, com base nestas especificações, cada instituição proceda o exame do sistema

em uso e introduza as modificações eventualmente necessárias. De certo modo, busca-se orientar o

setor de metrologia no sentido de se estabelecer procedimentos padrões, assim como ocorre em

vários outros setores de serviços. Neste contexto, para a organização da base de dados institucional,

foi detalhada na metodologia as seguintes diretrizes:

(1) Preparação da Instituição: aborda os principais aspectos relativos a preparação da instituição

para o esforço de coleta de dados e mudança do sistema interno de informação. (adequação de infra-

estrutura, treinamento de pessoal, etc.). (2) Base de Dados Histórica: define os dados a serem

coletados sobre o passado recente da instituição. (3) Base de Dados Padrão: define os dados a serem

coletados sobre as operações futuras da instituição.

COMPONENTE 3 – TRANSMISSÃO DE DADOS

Este componente trata dos aspectos operacionais (físicos e conceituais) da rede, relativos ao envio

de dados pelas instituições partícipes e ao recebimento por parte de um orgão central receptor.

Envio de Dados à Central Receptora – numa primeira etapa de implantação da rede de

instituições, as informações deverão ser extraídas da base de dados primária das instituições

associadas a RBC e a RBLE. A organização da base de dados institucional deve seguir um padrão

comum de forma a permitir a homogeneidade dos dados a serem coletados. Tal organização da base

de dados deve seguir o detalhamento mencionado no Componente 2 da metodologia.

Em relação aos procedimentos para o envio de dados a central receptora recomenda-se

procedimentos já testados e amplamente utilizados, que poderão ser: (i) através do preenchimento

de formulário padrão, (ii) pelo preenchimento de formulário eletrônico, contido em arquivo de

disquete ou (iii) on line, através de telas de preenchimento via internet.

A forma mais convencional de se obter informações sobre a demanda atendida pelas instituições

integrantes da rede, consiste na utilização de um formulário padrão. Este deverá ser preenchido e

remetido periodicamente (via postal) por cada uma das instituições partícipes da rede. A

periodicidade de preenchimento e envio dos dados à central receptora deverá ser consensuada entre

os usuários do sistema.

No caso de formulários eletrônicos, a armazenagem de dados será feita através de planilhas Excel

com face de preenchimento (entrada e saída de dados) em linguagem Visual Basic. O

armazenamento dos dados de cada instituição deverá portanto ser disciplinado por telas elaboradas

nesta linguagem. Neste contexto, está sendo desenvolvido um software aplicativo, que objetiva

facilitar o “transporte” de informações através do envio de disquetes das instituições associadas à

rede a uma central receptora dos dados. O envio periódico de disquetes a esta central irá permitir a

agregação dos dados e a consolidação das informações de interesse.

Finalmente, como meio mais dinâmico para a movimentação de dados, acredita-se ser conveniente

a elaboração de um sistema baseado na transmissão de dados via internet. Os dados seriam enviados

on line pelas instituições da rede distribuídas por todo País. Estes seriam recebidos por uma central

nacional, responsável pelo tratamento e consolidação dos dados recebidos.

Dentre as melhores linguagens disponíveis para a implantação do sistema, destaca-se a linguagem

JAVA. Isto porque as características da linguagem JAVA podem, entre outros benefícios, garantir a

confidencialidade das informações através de um sistema de criptogramas.

Todas as três formas para envio de dados, descritas anteriormente, poderão ser utilizadas de forma

simultânea ou complementar. Cabendo a cada instituição, dentro das suas possibilidades, definir

aquela(s) de maior conveniência.

COMPONENTE 4 - ORGANIZAÇÃO DA BASE DE DADOS RECEPTORA

A metodologia detalha os principais elementos necessários à estruturação de uma base de recepção

dos dados a serem enviados pelas instituições associadas à rede em todo o País. Entretanto, não se

especifica o tipo de sistema nem os equipamentos (hardware e software) que deverão ser utilizados

na “construção” do núcleo; responsável pelo recebimento, organização, tratamento, análise e

divulgação dos dados a serem consolidados. Sugere-se porém, dentro do princípio da simplicidade a

baixo custo, a adoção de microcomputadores com capacidade de memória suficiente para suportar o

volume de dados e as operações necessárias ao tratamento e consolidação das informações de

interesse à análise da demanda. Outro aspecto essencial é a escolha do software. Este deve possuir,

entre outras características, alta comunicabilidade em relação aos diversos softwares comumente

utilizados pelas instituições que irão integrar a futura rede de informação. Outros elementos,

igualmente relevantes, também foram detalhados na metodologia, quais sejam: (i) a estrutura

organizacional da central ou base receptora dos dados, (ii) o sistema e equipamentos a serem

utilizados, (iii) os procedimentos operacionais, (iv) a manutenção do sistema de dados, (v) a

composição e perfil da equipe de trabalho, (vi) as instalações físicas.

COMPONENTE 5 - TRATAMENTO DOS DADOS, ANÁLISES E RESULTADOS

Apresenta-se a seguir algumas das saídas do sistema como exemplo de aplicação da base de dados

proposta. As informações consolidadas para o período global da análise devem estar sintetizadas em

gráficos e acompanhadas por tabelas numéricas correspondentes.

Análises da Demanda Institucional

Entre as diversas análises de interesse, recomenda-se as seguintes:

I - Por serviços atendidos:

(1) tipos de serviço x tempo (ao longo de um determinado período)

(2) quantidade de serviços por tipo de cliente (natureza jurídica) x tempo

(3) total dos serviços por tamanho ou porte da empresa demandante x tempo

(4) total dos serviços por setor econômico a que pertence o cliente demandante x tempo

(5) quantidade e tipos de serviços x procedência ou localização da demanda (unidades da federação)

(6) total dos serviços por laboratórios x tempo

(7) condicionantes da demanda de serviços x tempo

(8) evolução da quantidade de serviços prestados x tempo

II - Por arrecadação (faturamento) das instituições com a demanda atendida

Análogo aos itens relacionados acima por arrecadação.

Indicadores de Desempenho Institucional

Entre as diversas análises possíveis recomenda-se:

(1) Número de serviços prestados por laboratório

(2) Faturamento por laboratório

(3) Tempo de utilização dos laboratórios por tipo de serviço

(4) Tempo de realização dos serviços

• em laboratório

• no sistema (administração, expedição,etc.)

(5) Qualidade na prestação do serviço

Ensaios de Mercado: Oferta e Demanda de Serviços Metrológicos

As instituições deverão enviar periodicamente ao agente centralizador (o INMETRO por exemplo)

dados para a composição de relatório contendo gráficos e tabelas a partir das análises acima

propostas. Os dados deverão ser agregados e consolidados em nível estadual e nacional.

O agente operará em rede com as instituições ofertantes dando-lhes feed-back e informações

estratégicas e gerenciais, tais como:

(1) O percentual (%) da demanda de um estado atendida pelas suas instituições

(2) O percentual (%) da demanda atendida por cada instituição

(3) A estrutura de consumo por serviços de cada setor industrial

Alguns outros tipos de estudos poderão ser executados pelo agente gerenciador com base na

interpretação das informações. Explica-se a seguir, sem aprofundamento, estes tipos de estudos:

(i) Balanceamento da Oferta Institucional com a Demanda Estadual

Por balanceamento da oferta com a demanda entende-se a comparação dos perfis de oferta das

instituições com o da demanda do Estado. Para a instituição esta comparação serve ao propósito de

identificar se seus esforços em termos de oferta está compatível com a demanda. Desta comparação,

a instituição poderá obter bons subsídios para seu planejamento estratégico.

(ii) Análise de Concorrência

Esta etapa pode ser complexa cabendo vários graus de profundidade. Apenas as análises mais

básicas serão mencionadas. Neste sentido, poder-se-ia dividir a análise de concorrência em duas:

(a) Análise da concorrência interna à área de mercado

Deseja-se, neste caso, detectar superposições (ou complementariedade) de áreas de atuação das

diversas instituições atuantes no mercado global considerado. Isto, pode ser realizado pela análise

dos dados de oferta das instituições. Desta forma, pode-se encontrar nesta análise: (i) aglomerado de

oferta de serviços similares (várias instituições ofertando o mesmo tipo de serviço numa

determinada região); (ii) complementariedade na oferta de serviços (identifica-se níveis de atuação

diferentes, porém complementares) e (iii) especializações na oferta de serviço (instituições atuando

em determinados nichos especializados de mercado).

Análises mais complexas de concorrência poderão ser feitas por pesquisa específica onde se solicita

dos clientes aspectos relativos ao nível do serviço (preço dos serviços, tempo de entrega, etc).

(b) Análise da concorrência externa à área de mercado

Considerando a área de mercado o País, esta análise procuraria identificar as compras de serviços

metrológicos realizadas no exterior, favorecendo inclusive a caracterização da demanda potencial .

Esta análise requer que a pesquisa de campo, proposta, seja aplicada junto às empresas clientes.

COMPONENTE 6 - DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS CONSOLIDADOS

Trata-se de etapa da maior importância para o sucesso de todo o trabalho. Uma ampla e competente

divulgação dos resultados se constituirá num marketing vigoroso a consolidar a permanência das

instituições junto a rede e ainda atrair aquelas mais resistentes quanto a adesão. Neste sentido,

sugere-se a adoção de algumas técnicas muito comuns na divulgação de trabalhos desta natureza,

quais sejam: (i) preparação de uma ampla publicação contendo os resultados consolidados do

trabalho. Em tal publicação deverá constar tabelas e gráficos, claros e objetivos, apresentando

resultados de interesse aos partícipes da rede; (ii) seminários a serem desenvolvidos nas principais

capitais do País, ao longo dos quais serão apresentados os resultados do trabalho e as implicações

para as instituições participantes. Sugere-se que os seminários sejam realizados em determinadas

capitais (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis, Recife, etc) favorecendo a

presença do maior número possível de instituições daquela região. A metodologia sugere ampla

divulgação dos eventos. Tal divulgação serve ao propósito estratégico de convencimento à adesão

das instituições ainda não participantes da rede, a partir da observação das vantagens de tal

engajamento; (iii) construção de um site específico, para a divulgação dos principais resultados e

(iv) divulgação dos itens i, ii e iii através de revistas especializadas como, por exemplo, a revista do

INMETRO, a revista BANAS Qualidade e outros veículos de informação próprios do setor de

metrologia e qualidade.

6. RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO

A metodologia proposta foi aplicada num estudo de caso envolvendo laboratórios vinculados ao

LNM. Escolhemos um dos laboratórios estudados para que se tenha visão de alguns dos resultados

que podem ser alcançados a partir da utilização da metodologia. O caso em questão é apresentado

de forma bastante parcial devido a limitação do veículo (artigo). Por questões de confidencialidade,

o laboratório analisado será denominado de “Laboratório A” e os resultados apresentados referem-

se à atividades de prestação de serviços realizados em 1996.

Tabela 1 - Distribuição das Calibrações Realizadas, Certificados Emitidos e Clientes Atendidospelo Laboratório A, Segundo a Procedência da Demanda

PROCEDÊNCIADA DEMANDA

Número deCalibraçõesRealizadas

DistribuiçãoPercentual

Número deCertificados

Emitidos

DistribuiçãoPercentual

Número deClientes

Atendidos

DistribuiçãoPercentual

RBC 20 36% 20 36% 14 54%RBLE − − − − − −RNML 18 32% 18 32% 2 8%INMETRO 9 16% 9 16% 1 4%OUTROS 9 16% 9 16% 9 34%Total 56 100% 56 100% 26 100%

Legenda:RBC – refere-se aos clientes associados à Rede Brasileira de Calibração atendidos pelo Laboratório A.RBLE – refere-se aos clientes associados à Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio atendidos pelo Laboratório A.INMETRO- refere-se aqueles laboratórios, sob a responsabilidade do INMETRO, atendidos pelo Laboratório A.RNML- Rede Nacional de Metrologia Legal são os Institutos de Pesos e Medidas Estaduais.OUTROS – refere-se a todos aqueles clientes atendidos pelo Laboratórios A que não puderam ser agrupados nas

classificações anteriores.

Pode-se observar pelos dados da Tabela 1 que 36% de todas as calibrações realizadas pelo

Laboratório A, em 1996, foram para clientes integrantes da RBC. A participação de clientes

oriundos da RNML (Institutos de Pesos e Medidas estaduais) foi bastante expressiva, com cerca de

32% do total de calibrações realizadas. Com cerca de 14 clientes demandantes a RBC correspondeu

a 54% do total de clientes atendidos pelo Laboratório A. Nenhuma instituição ou empresa associada

a RBLE foi atendida pelo Laboratório A em 1996.

Considerando os tipos de serviços constantes da Tabela 2, manômetros (48%) e balanças de pressão

(45%), responderam por 93% de toda a atividade de calibração realizada pelo Laboratório A em

1996. Percebe-se claramente pelos dados da Tabela 2 que o número de calibrações em balanças de

pressão (16) representou o tipo de serviço mais requisitado por clientes associados à RBC ( Rede

Brasileira de Calibração), seguido dos serviços de calibração em barômetros e manômetros,

eqüitativamente com (2) unidades calibradas em cada tipo de serviço.

O Estado de São Paulo concentrou a maior demanda pelos serviços realizados pelo Laboratório A

em 1996. Com (18) calibrações realizadas para instituições de São Paulo, estes serviços

corresponderam a 32% de todos os serviços de calibração realizados. (vide Tabela 3). Igualmente

com expressiva demanda, as instituições do Estado de Minas Gerais foram responsáveis por 22%

das calibrações executadas.

Há de se observar, pela Tabela 4, que calibração em balança de pressão foi o principal tipo de

serviço requisitado por instituições de São Paulo. Para instituições de Minas Gerais, Goiás e

Pernambuco a calibração de manômetros representou a demanda mais significativa. (vide Tabela 4).

As maiores fontes de receita com os serviços de calibração prestados pelo Laboratório A, em 1996,

foram oriundas das instituições associadas a RBC (com 54% do total) e de empresas não associadas

as Redes Brasileiras de Metrologia, agrupadas na categoria “OUTROS” (com 46% do total). Apesar

do Laboratório A estar localizado no Estado do Rio de Janeiro, do total arrecadado (R$ 19.243,00),

mais de 50% foram de clientes localizados no Estado de São Paulo, conforme dados da Tabela 5.

Segundo dados constantes da Tabela 6, clientes do Laboratório A, classificados no setor econômico

de prestação de serviços, localizados no Estado de São Paulo foram os responsáveis por cerca de

35% de toda a arrecadação com os serviços de calibração executados.

7. CONCLUSÃO

O presente trabalho resume resultados de uma pesquisa ainda em fase de conclusão. O objetivo

deste artigo é divulgar as linhas gerais do referido trabalho, a ser apresentado detalhadamente em

tese de doutoramento. Quer-se elaborar um sistema de informações voltado para análise de oferta e

de demanda por serviços laboratoriais e cujos resultados viabilizam o planejamento estratégico das

instituições e o próprio planejamento do mercado de serviços metrológicos.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS[1] FROTA, M. N., Impacto das Normas da Qualidade no Mercado Brasileiro de Serviços Técnicos. Artigo submetido

à revista Ciência da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT /CNPQ. Rio de Janeiro, 1994.

[2] BARROS, J. G. M., Estudo da Demanda de Serviços Técnicos Especializados da Indústria Naval. Dissertação deMestrado. Departamento de Engenharia Mecânica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 1994.

[3] FROTA, M. N., NEVES, C. & Colaboradores, Dimensionamento Preliminar do Porte do Mercado Brasileiro deServiços Tecnológicos. Relatório referente ao Projeto FINEP/TIB/PADCT, ref. 54.93.0393.00. Rio de Janeiro,1994.

[4] GUIMARÃES, F. C., O Mercado de Serviços Tecnológicos no Brasil. Texto para discussão. Instituto de EconomiaIndustrial – IEI / UFRJ. Rio de Janeiro, 1983.

[5] FROTA, M. N. & M. H. A., Acesso à Informação: uma estratégia de gestão tecnológica – publicado pelo InstitutoBrasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT / CNPq. Rio de Janeiro, 1994.

[6] PLANO NACIONAL DE METROLOGIA – Documento Síntese, elaborado pelo Comitê Brasileiro de Metrologia(CBM) e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) - aprovadopelo Conselho Nacional de Metrologia (CONMETRO) do MICT. Brasília – D.F., 1998.

[7] REVISTA BANAS QUALIDADE. Gestão do conhecimento. São Paulo: BANAS. Mensal, n. 83, p. 20-24, abril –1999. ISSN-13037242.

i Laboratório Nacional de Metrologia – compreende 18 laboratórios metrológicos, sob a responsabilidade doINMETRO, nas áreas de acústica e vibrações, térmica, óptica, mecânica e eletricidade. Fazem partem ainda do LNM, oInstituto de Radioproteção e Dosimetria - IRD e o Observatório Nacional - ON.ii Serviços Tecnológicos: deve ser entendido genericamente como um conjunto ordenado de conhecimentos técnicos ecientíficos que compreendem as funções de metrologia, normalização, certificação, propriedade industrial, informaçãotecnológica e tecnologias de gestão [5].iii CONMETRO – Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, é a entidade queinstitucionaliza as questões relativas ao setor.iv DIMCI - Diretoria de Metrologia Científica e Industrial.v Ações do Programa RH Metrologia: implantação de dois cursos de mestrado em metrologia (PUC-Rio e UFSC),estruturação de cursos especializados para a indústria, elaboração de estudos e produção de literatura especializada emmetrologia, organização de congressos nacionais e internacionais, etc.