metodologia medição vazão de gás

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  • 3 Metodologia para medio de vazo de gs em escoamento de gs mido

    Conforme discutido no captulo 2, no h um consenso sobre a definio

    de gs mido na comunidade internacional. Neste trabalho, ser considerado

    que gs mido refere-se a um gs contendo uma frao volumtrica de lquido

    (gua e/ou condensado de gs natural) mxima correspondente a um nmero de

    Lockhart-Martinelli igual a 0,3.

    Apesar do processamento primrio que o gs natural sofre nas instalaes

    de produo, conforme descrito no item 2.1, este tratamento, em muitos casos,

    no suficiente para remover toda a gua ou o condensado presentes no gs

    antes da realizao do processo de medio de vazo deste gs, ou seja, a

    eficincia do processo de separao no de 100%. Desta forma, fraes de

    lquido so arrastadas juntamente com o gs natural, e o fluido no medido em

    condies monofsicas.

    Atualmente, existem no mercado medidores capazes de medir as vazes

    de gs natural e lquido (condensado e gua) presentes em um escoamento

    multifsico. No entanto, esses medidores so extremamente caros e complexos,

    o que dificulta e, na maioria dos casos, inviabiliza a sua utilizao nas

    instalaes de produo. Alm disso, h pouca experincia acumulada

    mundialmente com a utilizao desses medidores de gs mido (Wet Gas

    Meters).

    Dessa forma, para a medio de vazo de gs em escoamento de gs

    mido, so utilizados, em geral, medidores monofsicos de gs seco

    (principalmente a placa de orifcio), especialmente quando a vazo de lquido

    no varie significativamente e possa ser determinada por outros mtodos, como

    a tcnica de traadores qumicos ou radioativos. Neste caso, o efeito da

    presena do lquido sobre a medio de vazo deve ser conhecido, de forma

    que correlaes possam permitir a correo do valor medido para o valor real de

    vazo de gs natural. Em muitos casos, entretanto, nenhuma correo

    realizada sobre a medio de vazo de gs natural determinada pelos

    medidores monofsicos, mesmo em condies de gs mido. Para fraes bem

    reduzidas de lquido, o acrscimo na incerteza pode ser aceitvel; no entanto,

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  • 53

    caso a frao de lquido presente no escoamento seja considervel, os erros

    gerados tendem a ser bastante elevados quando no se realiza a correo da

    vazo obtida pelos medidores monofsicos.

    Tecnologias de medio monofsica que no utilizam o princpio de

    presso diferencial ainda no apresentam desempenho satisfatrio para a

    medio de vazo de gs em escoamento de gs mido, necessitando de

    estudos e maiores desenvolvimentos. No caso dos medidores ultrassnicos, por

    exemplo, surgem problemas como a refrao do sinal e a reduo de sua

    potncia devido presena da fase lquida, que dificultam a aplicao dos

    medidores em aplicaes de gs mido. Portanto, as solues geralmente

    encontradas se baseiam no princpio de presso diferencial [34].

    Quando o gs mido escoa atravs de medidores de presso diferencial,

    como venturi, v-cone ou placa de orifcio, a tendncia sobrestimar a presso

    diferencial em relao mesma massa de gs seco, ou seja, a presso

    diferencial maior do que aquela que seria produzida caso a fase gasosa

    estivesse escoando sozinha na tubulao. Isso ocorre devido s perdas de

    energia nas interfaces entre gs e lquido, quando ocorre o escoamento atravs

    do medidor, alm da perda adicional de energia devido acelerao do lquido

    ao passar pela restrio. Ocorre, ainda, uma reduo da rea da linha devido

    presena da fase lquida, causando um aumento na velocidade do gs e,

    consequentemente, na presso diferencial.

    Como a vazo calculada por meio da equao da conservao da

    energia, sendo funo da raiz quadrada da presso diferencial gerada no

    elemento primrio, a tendncia, portanto, sobrestimar a vazo de gs natural.

    No entanto, devido s variadas caractersticas construtivas, cada medidor reage

    de uma determinada maneira presena de lquido, no havendo uma regra

    geral para determinar a sobrestimao na vazo de gs. Alm disso, essa

    superestimao depende da forma como as fases esto distribudas ao longo da

    linha (interao entre o gs e o lquido), ou seja, do padro de escoamento

    gerado.

    As normas existentes para determinao da vazo de gs nesses

    medidores de presso diferencial no levam em considerao a frao de lquido

    presente no escoamento; portanto, as vazes de gs obtidas so sempre

    sobrestimadas.

    Em um escoamento de gs mido, para se obter uma medio de vazo

    de gs com reduzida incerteza, utilizando medidores monofsicos de presso

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    diferencial, necessrio, ento, efetuar correes de forma a compensar a

    presena de lquido no gs natural.

    A equao bsica para determinao da vazo mssica de gs, em

    qualquer medidor de presso diferencial, assemelha-se Eq. (12) [19]:

    41

    ..2.

    p.Y.ACQ gtdm

    = (20)

    Da Eq. (20), temos:

    Cd coeficiente de descarga;

    relao entre o dimetro equivalente da restrio e o dimetro da

    tubulao;

    At rea na restrio;

    Y fator de expanso do gs;

    pg diferencial de presso atravs do medidor;

    massa especfica do gs.

    Em caso de medio de vazo de gs em condies de gs mido, o

    diferencial de presso medido atravs do medidor (pgu) , via de regra, maior

    do que aquele obtido em condies de gs seco (pg). Logo, necessrio obter

    um fator de correo capaz de relacionar a queda de presso na condio de

    gs mido (valor medido) e a queda de presso em condies de gs seco,

    permitindo encontrar a vazo real de gs natural para quaisquer condies

    operacionais e padres de escoamento encontrados na indstria.

    3.1. Correlaes para correo da vazo de gs natural

    Como na maioria dos problemas relacionados mecnica dos fluidos, a

    determinao da vazo de gs em escoamento de gs mido, atravs de

    medidores de princpio de presso diferencial, dependente de relaes

    complexas entre as caractersticas fsicas e operacionais do sistema, e os

    parmetros dos fluidos. De forma a analisar esses aspectos, foram realizadas

    diversas modelagens do escoamento, ajustadas por dados experimentais. Em

    geral, os modelos utilizam parmetros adimensionais, como o parmetro de

    Lockhart-Martinelli e o nmero de Froude.

    A partir dos estudos realizados, algumas correlaes foram ento

    desenvolvidas para correo da medio de vazo de gs natural em

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    escoamento de gs mido, em medidores do tipo presso diferencial. Estas

    correlaes visam a determinar um fator de correo para obteno da vazo

    real de gs em escoamento na tubulao, considerando a superestimao

    causada pela presena de lquido. Elas so possveis de serem aplicadas desde

    que o medidor apresente uma boa repetitividade em suas leituras, j que o erro

    sistemtico apresentado pode ser minimizado por meio da aplicao dessas

    correlaes.

    O fator de correo (FC) utilizado para corrigir a vazo de gs medida

    em um escoamento de gs mido da seguinte forma:

    FC

    QQ gug = (21)

    Onde Qgu representa a vazo de gs, em escoamento de gs mido, obtida

    pelo medidor de presso diferencial e Qg representa a vazo real de gs natural

    corrigida.

    Observa-se que, para a aplicao das correlaes, necessrio conhecer,

    a priori, a frao volumtrica de lquido presente no escoamento ou a vazo

    volumtrica de lquido. Na operao real em campo, esta informao pode ser

    obtida, por exemplo, a partir de mtodos que utilizam anlise peridica do fluido

    em laboratrio, injeo de traadores, ou leitura de histrico em separadores de

    produo ou de teste [34]. Deve-se buscar a determinao adequada dessa fase

    lquida, de forma a minimizar as incertezas na determinao da vazo de gs.

    Alm disso, as correlaes geralmente foram geradas e so vlidas para valores

    do parmetro de Lockhart-Martinelli entre 0 e 0,3 [12].

    As principais correlaes desenvolvidas para correo da vazo de gs

    natural em escoamento de gs mido, conforme a literatura disponvel, so

    apresentadas a seguir. Pretende-se avaliar, neste trabalho, a aplicabilidade

    dessas correlaes para o medidor v-cone, j que, em sua maioria, foram

    desenvolvidas para o venturi ou para a placa de orifcio. Apenas uma correlao

    foi desenvolvida especialmente para o v-cone (correlao de Steven), mas essa

    correlao recente e ainda requer maior estudo e avaliao em testes de

    laboratrio ou de campo. importante considerar que uma correlao adequada

    deve apresentar bons resultados nas diversas condies operacionais,

    independentemente do padro de escoamento existente.

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    3.1.1. Correlaes desenvolvidas para placa de orifcio

    A placa de orifcio um medidor que, assim como o v-cone, gera uma

    presso diferencial proporcional ao quadrado da vazo. A placa de orifcio

    clssica concntrica, de parede fina e aresta viva [35]. Suas dimenses so

    completamente definidas em normas nacionais e internacionais. A Fig. 8 ilustra

    um sistema de medio de vazo por placa de orifcio, contendo os elementos

    primrios, secundrios e tercirio [10].

    Figura 8 - Sistema de medio de vazo por placa de orifcio

    Tradicionalmente, a placa de orifcio vem sendo utilizada para a medio

    de vazo de gs natural em escoamento de gs mido. Em muitos casos,

    nenhuma correo realizada sobre a medio de vazo de gs determinada

    pela placa, mesmo em condies de gs mido. Nos ltimos anos, essa

    aplicao tem sido evitada quando possvel, j que o lquido tende a se acumular

    na placa, gerando um fluxo de golfadas. Isso resulta em uma leitura de presso

    diferencial bastante instvel. Alm disso, a placa de orifcio est sujeita a

    deformaes, em casos de golfadas ou pulsos de presso [17].

    No caso de escoamento de gs mido, as correlaes mais utilizadas para

    a correo da medio de vazo de gs so as correlaes de Murdock e

    Chisholm, apresentadas a seguir.

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    3.1.1.1. Correlao de Murdock

    Em 1962, Murdock [36] publicou suas pesquisas sobre a resposta da placa

    de orifcio em condies de escoamento bifsico, gerando a correlao de

    Murdock. Aps os estudos realizados e o acmulo de dados de diversas placas

    de orifcio sob variadas condies operacionais, sugeriu que a sobrestimao

    causada pela presena de lquido era funo do parmetro de Lockhart-

    Martinelli. Murdock deduziu um fator de correo na medio da vazo do gs

    mido, para um escoamento em linha horizontal, utilizando o denominado

    XMurdock, que leva em considerao a frao de lquido carreada pelo gs e

    assume um fluxo estratificado. Este fator no considera o escorregamento entre

    a fase lquida e a fase gasosa, ou seja, a diferena de velocidades entre as fases

    no escoamento de gs mido. Pode ser aproximado por uma equao

    equivalente equao referente ao parmetro de Lockhart-Martinelli:

    g

    L

    g

    L

    L

    g

    g

    L

    g

    LMurdock

    Q

    Q

    M

    M

    p

    pX === (22)

    Da Eq. (22), temos:

    pL presso diferencial provocada pela vazo mssica de lquido;

    pg presso diferencial provocada pela vazo mssica de gs;

    ML vazo mssica de lquido;

    Mg vazo mssica de gs;

    QL = vazo volumtrica de lquido;

    Qg = vazo volumtrica de gs;

    L massa especfica do lquido;

    g massa especfica do gs;

    XMurdock - relao entre a raiz quadrada da presso diferencial provocada

    por uma determinada velocidade superficial de lquido e a presso diferencial

    provocada por uma determinada velocidade superficial de gs, quando ambas as

    fases escoam sozinhas.

    O fator de Murdock pode ento ser aplicado na equao abaixo, que

    relaciona a presso diferencial provocada pela vazo de gs mido (pgu) e a

    presso diferencial provocada pela vazo de gs seco (pg):

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    11 +=+= Murdockg

    L

    g

    gu Xp

    p

    p

    p (23)

    A Eq. (23) representa a correo da vazo de gs em condies ideais, ou

    seja, sem considerar o escorregamento entre as fases, a compressibilidade dos

    fluidos, as perdas por frico e atrito, e a heterogeneidade do escoamento. Aps

    a realizao de experimentos, Murdock ajustou a equao terica por um fator

    de 1,26:

    1.26,11.26,1 +=+= Murdockg

    L

    g

    gu Xp

    p

    p

    p (24)

    Logo, a correlao de Murdock para a correo da vazo de gs :

    Murdock

    gug X

    QQ

    .26,11+= (25)

    Onde Qgu representa a vazo volumtrica de gs, em escoamento de gs

    mido, obtida por meio da equao do medidor de presso diferencial (vazo de

    gs aparente) e Qg representa a vazo volumtrica de gs corrigida.

    3.1.1.2. Correlao de Chisholm

    Entre os anos de 1967 e 1977, Chisholm publicou suas pesquisas sobre

    escoamento de gs mido em placas de orifcio, gerando a correlao de

    Chisholm. Alm de considerar a frao de lquido carreada pelo gs, tambm

    leva em considerao a influncia da presso ou da razo entre as massas

    especficas de gs e lquido (nmero adimensional), na correo da vazo de

    gs. Apesar de, assim como Murdock, assumir o fluxo estratificado, Chisholm

    tambm incluiu os efeitos de escorregamento no seu modelo [37]. O fator de

    correo devido sobrestimao da medio de vazo de gs, em escoamento

    de gs mido, dado pela seguinte equao [38]:

    2XC.XFC ++= 1 (26)

    Dessa equao, temos:

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    4

    g

    L4

    L

    g

    C += (27)

    Alm disso, X representa o parmetro de Lockhart-Martinelli conforme

    definido anteriormente. Logo, a correo da vazo de gs ser dada por:

    2

    gug

    XC.X

    QQ

    ++=

    1 (28)

    3.1.2. Correlaes desenvolvidas para medidor venturi

    O tubo venturi tambm um medidor que gera uma presso diferencial

    proporcional ao quadrado da vazo. formado pelas seguintes partes:

    Uma parte cilndrica, onde fica localizada a tomada de alta presso;

    Um cone convergente;

    Uma garganta cilndrica, onde fica localizada a tomada de baixa

    presso;

    Um cone divergente.

    A Fig. 9 ilustra o medidor venturi [39], com p representando a presso e v

    representando a velocidade.

    Figura 9 Medidor venturi

    Em aplicaes de medio de vazo em escoamento de gs mido, o

    medidor venturi tende a acumular lquido na sua entrada, gerando pequenas

    golfadas. Essas golfadas causam variaes de presso, levando a leituras

    instveis do medidor de presso diferencial. No entanto, menos sensvel do

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    que a placa de orifcio formao de golfadas e pulsos de presso, pois a

    restrio ao escoamento no to abrupta como no caso da placa [17].

    No caso do medidor venturi, as correlaes mais recentes e adequadas,

    de acordo com a literatura, so as correlaes de Leeuw e Steven [12]. Os

    dados experimentais mostraram que as correlaes de Murdock e Chisholm,

    desenvolvidas para a placa de orifcio, no prevem adequadamente a correo

    da superestimao na vazo de gs, em condies de gs mido, para um

    medidor do tipo venturi. Isso porque a correlao de Murdock no leva em

    considerao a presso de processo nem o nmero de Froude (velocidade

    superficial do fluido), e a correlao de Chisholm no leva em considerao a

    dependncia do nmero de Froude.

    Os fatores de correo de Leeuw e Steven levam em considerao a

    presso de processo, o parmetro de Lockhart-Martinelli, e a velocidade

    superficial de gs ou o nmero de Froude de gs. Esses fatores esto

    apresentados a seguir.

    3.1.2.1. Correlao de Leeuw

    Em 1997, Leeuw apresentou seus estudos em medio de vazo de gs

    mido utilizando o medidor venturi [40]. Leeuw mostrou que os efeitos da

    concentrao de lquido (mostrados por Murdock) e os efeitos da presso ou da

    razo entre as massas especficas de gs e lquido (mostrados por Chisholm)

    nos medidores do tipo placa de orifcio tambm ocorriam para os medidores do

    tipo venturi. Alm disso, Leeuw verificou que a velocidade superficial de gs, ou

    o nmero de Froude, tambm influenciava na magnitude da sobrestimao da

    vazo de gs.

    A correlao gerada por Leeuw se assemelha correlao de Chisholm

    para placa de orifcio, mas o parmetro C leva em considerao o nmero de

    Froude do gs. Leeuw descobriu que o expoente n, considerado constante por

    Chisholm para a placa de orifcio, deveria ser constante apenas em fluxos

    estratificados (baixas vazes de gs ou baixas presses), sendo funo do

    nmero de Froude do gs medida que o fluxo se aproxima das condies de

    fluxo anular-nvoa.

    A correlao de Leeuw foi levantada para presses de 15 a 90 bar e

    considerando o parmetro de Lockhart-Martinelli na faixa de 0 a 0,3. Os fluidos

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  • 61

    utilizados nos testes foram nitrognio e leo diesel (testes em laboratrio), e gs

    natural e gua (testes em campo).

    O fator de correo na superestimao da medio de vazo de gs, em

    escoamento de gs mido, dado pela seguinte equao:

    2Leeuw X.XCFC ++= 1 (29)

    Onde X o parmetro de Lockhart-Martinelli e CLeeuw dado pela seguinte

    equao:

    n

    g

    L

    n

    L

    gLeeuw

    C

    +

    = (30)

    Na Eq. (30), o expoente n funo do nmero de Froude do gs. Para

    nmeros de Froude inferiores a 1,5, n constante e igual a 0,41; para nmeros

    de Froude iguais ou maiores que 1,5, o ajuste do expoente n em funo do

    nmero de Froude do gs :

    ( )Fren .746,01.606,0 = (31)

    Temos, ento, que a correo da vazo de gs dada por:

    2Leeuw

    gug

    X.XC

    QQ

    ++=

    1 (32)

    A correlao de Leeuw foi gerada com gases de massa especfica maior

    que 17 kg/m3 e parmetro de Lockhart-Martinelli menor ou igual a 0,3; portanto,

    a correlao vlida, a princpio, nestas condies.

    3.1.2.2. Correlao de Steven

    A correlao emprica de Steven foi elaborada a partir de testes realizados

    no circuito de testes de gs mido do laboratrio National Engineering

    Laboratory (NEL), na Esccia, com um medidor do tipo venturi de 6 polegadas

    (6). Os testes foram realizados em presses de at 60 bar e vazes de gs de

    at 1 000 m3/h. Essa correlao foi proposta por Steven em 2001, buscando

    reduzir as incertezas na determinao de vazo de gs natural em medidores do

    tipo venturi, para um escoamento de gs mido.

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  • 62

    O fator de correo para a sobrestimao da vazo de gs natural, em

    escoamento de gs mido, tambm leva em considerao a presso de

    operao, expressa pela relao entre as massas especficas de gs e lquido, a

    frao de lquido presente na corrente de gs, expressa pelo parmetro de

    Lockhart-Martinelli, e a vazo de gs, expressa pelo nmero de Froude de gs.

    Pode ser representado pela seguinte equao [41]:

    ++++=

    D.FrC.XB.FrA.X

    FC1

    1 (33)

    Onde X representa o parmetro de Lockhart-Martinelli e Fr representa o

    nmero de Froude. A, B, C e D so constantes determinadas de acordo com as

    seguintes equaes:

    +=

    2

    0060,0085,2

    L

    g

    A (34)

    +=

    2

    0001,008,0

    L

    g

    B (35)

    +=

    2

    0042,0548,0

    L

    g

    C (36)

    +=

    2

    00009,0079,0

    L

    g

    D (37)

    Logo, a vazo de gs corrigida dada por:

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  • 63

    ++++

    =

    D.FrC.XB.FrA.X

    QQ gug

    11

    (38)

    3.1.3. Correlao desenvolvida para v-cone

    Em aplicaes de gs mido, diferentemente da placa de orifcio e do

    venturi, o v-cone tende a condicionar o escoamento medida que este passa

    pelo cone. Como no h uma seo convergente, no existe a tendncia de o

    lquido se acumular na entrada do medidor, o que evita a formao de golfadas e

    pulsos de presso e permite a gerao de leituras mais estveis de presso

    diferencial. Este fato credencia o v-cone como uma alternativa interessante a ser

    avaliada para medio de vazo de gs em condies de gs mido.

    Especificamente para o v-cone, foi desenvolvida recentemente uma

    correlao que visa a corrigir a vazo de gs em escoamento de gs mido.

    Essa correlao apresentada a seguir.

    3.1.3.1. Nova correlao de Steven

    A correlao de Steven foi desenvolvida a partir de testes realizados com

    v-cone de 6 polegadas (6), no laboratrio National Engineering Laboratory

    (NEL), nos anos de 2001 e 2003. Foram utilizados medidores com valores de

    beta iguais a 0,55 e 0,75. Nos testes realizados, foi verificado que os erros nas

    leituras de vazo de gs do v-cone podem ser dependentes do parmetro de

    Lockhart-Martinelli, da presso de operao e do nmero de Froude. O fator de

    correo da vazo de gs, conforme Steven [42], pode ento ser obtido por meio

    da seguinte equao:

    ++++=

    B.FrC.XB.FrA.X

    FC11

    (39)

    Onde X o parmetro de Lockhart-Martinelli e Fr representa o nmero de

    Froude. Os coeficientes A, B e C foram determinados para os dois valores de

    beta testados.

    Portanto, a vazo volumtrica de gs corrigida dada por:

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  • 64

    ++++

    =

    B.FrC.XB.FrA.X

    QQ gug

    11

    (40)

    Para v-cone de beta = 0,55, foram realizados experimentos que levaram

    gerao dos seguintes coeficientes:

    +=

    L

    g

    A

    1.141,0224,1 (41)

    =

    L

    g

    B

    1.00139,00334,0 (42)

    +=

    2

    1.0109,00805,0

    L

    g

    C (43)

    Para beta = 0,75, foram realizados experimentos que levaram gerao

    dos seguintes coeficientes:

    +=

    L

    g

    A

    1.3997,00013,0' (44)

    =

    L

    g

    B

    1.0317,00420,0' (45)

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  • 65

    +=

    L

    g

    C

    1.2819,07157,0' (46)

    3.2. Circuito de testes para avaliao do v-cone

    Atualmente, a quantidade de laboratrios no mundo para testes de

    medidores de vazo em condies de gs mido bastante reduzida. Como

    exemplo, pode-se citar o laboratrio National Engineering Laboratory (NEL),

    pertencente companhia de prestao de servios e consultoria TUV NEL,

    localizado na Esccia, e o laboratrio K-Lab, pertencente empresa produtora

    de petrleo e gs Statoil, localizado na Noruega. No Brasil, no h bancada de

    testes disponvel para avaliao de medidores de vazo em escoamento de gs

    mido. De forma a analisar o desempenho do medidor v-cone em escoamento

    de gs mido e avaliar a aplicabilidade das correlaes desenvolvidas para os

    medidores de presso diferencial, foram realizados testes de um medidor v-cone

    de 6 polegadas (6) no laboratrio National Engineering Laboratory (NEL). Estes

    testes foram feitos sob encomenda da Petrobras, no ano de 2008.

    O circuito de testes de gs mido do NEL est em operao desde 2005,

    sendo utilizado desde ento para pesquisas, testes e calibraes de medidores

    de vazo. O circuito se constitui de um loop onde h recirculao dos fluidos em

    torno de um separador bifsico (gs e lquido) de 12 m3. Normalmente, a seo

    de teste possui 4 ou 6 polegadas, mas podendo ainda variar de 2 a 8 polegadas

    dependendo da aplicao. Os fluidos utilizados nos testes so nitrognio e

    querosene, escolhidos para simular o mais prximo possvel um sistema de gs

    natural e condensado, considerando ainda aspectos de custo e segurana

    envolvidos. A 20 C, a fase lquida possui uma massa especfica aproximada de

    804 kg/m3 e uma viscosidade de 2,13 cP. O circuito opera em temperaturas

    ambientes de aproximadamente 20 C e permite press es de operao

    variveis, com um valor mnimo de 15 bar e um valor mximo de 62 bar de

    presso manomtrica. Nesta faixa de presso, a massa especfica do gs varia

    entre 19 e 75 kg/m3, aproximadamente.

    O gs natural, aps ser liberado no topo do separador bifsico, percorre o

    loop em uma vazo de gs seco mxima de 1 500 m3/h, a partir de um

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  • 66

    compressor de 200 kW. O lquido injetado na seo de testes por meio de uma

    bomba centrfuga de 130 kW e um spool de injeo, em vazes de at 90 m3/h.

    As duas fases so medidas de forma monofsica antes de se misturarem no

    ponto de injeo. Aps a mistura, passam, ento, pela seo de testes, com

    trechos horizontais de at 15 metros. As temperaturas do gs e do lquido so

    controladas com trocadores de calor, de forma a manter temperaturas

    semelhantes na seo de testes. As fraes volumtricas de lquido podem

    chegar a at 10%, aproximadamente, dependendo das condies operacionais

    de teste. O escoamento bifsico, aps passar pela seo de testes, retorna ao

    separador, reiniciando o processo. As vazes de gs so controladas a partir da

    variao da velocidade do compressor, enquanto as vazes de lquido so

    controladas por meio de uma vlvula de controle.

    A vazo de referncia de gs medida a partir de um medidor ultrassnico

    de 6 polegadas (6), do fabricante Daniel. A vazo de referncia de lquido

    obtida por meio de medidores do tipo turbina, fabricante Emo, podendo ser

    utilizadas turbinas de 1 ou 3 polegadas. Os medidores so periodicamente

    calibrados, com rastreabilidade aos padres internacionais. Dependendo das

    vazes consideradas, pode ser utilizada mais de uma linha em paralelo para a

    medio. A incerteza expandida da medio de vazo volumtrica de gs de

    0,5%, na faixa de vazes obtida no circuito de testes. A incerteza expandida da

    medio de vazo volumtrica de lquido de 0,2%, na faixa de vazes obtida

    no circuito de testes. Esses valores de incerteza so considerados para um nvel

    de confiana de aproximadamente 95%.

    As medies de temperatura e presso, associadas a cada medidor de

    vazo, tambm so realizadas por instrumentos calibrados, com rastreabilidade

    aos padres internacionais. Estas medies podem ser utilizadas, por exemplo,

    para determinao da massa especfica do gs e para o clculo das vazes

    volumtricas nas condies padro (20 C e 101,325 kPa abs).

    Na seo de testes, tambm h as medies de temperatura e presso,

    realizadas por instrumentos calibrados, com rastreabilidade aos padres

    internacionais. Alm disso, trs medidores de presso diferencial calibrados so

    utilizados no v-cone em split range, ou seja, utilizando trs diferentes faixas de

    medio calibradas. Dessa forma, pode-se obter a varivel com uma maior faixa

    de medio e menor incerteza.

    Nos testes realizados, foram utilizados trechos retos de 6 polegadas (6)

    com comprimento de 40 dimetros (40D) a montante e 5 dimetros (5D) a

    jusante do medidor v-cone.

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  • 67

    A Fig. 10 apresenta um desenho esquemtico do laboratrio NEL, com um

    esboo geral e indicao de seus principais equipamentos.

    Figura 10 - Representao esquemtica do circuito de testes do laboratrio NEL

    3.3. Apresentao dos resultados dos testes

    A avaliao do desempenho do v-cone em medio de vazo de gs em

    escoamento de gs mido foi feita a partir da anlise dos resultados dos testes

    realizados no laboratrio NEL em variadas condies operacionais (vazes de

    lquido e gs, presses, fraes de lquido, etc). Basicamente, a avaliao foi

    realizada de acordo com as seguintes etapas:

    Obteno dos dados de teste no NEL (tais como presso,

    temperatura, presso diferencial, massa especfica, etc, nos

    medidores de referncia e no v-cone), com o clculo das vazes e

    dos valores de erro (sobrestimao) nas medies do v-cone, de

    acordo com as equaes apresentadas no captulo 2.

    Anlise dos parmetros que influenciam na sobrestimao da

    medio de vazo de gs do medidor v-cone, a partir dos dados

    obtidos e processados.

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  • 68

    Avaliao das principais correlaes geradas e disponveis na

    literatura para a correo de medio de vazo de gs em

    escoamento de gs mido, para medidores de presso diferencial,

    e sua aplicabilidade para o medidor v-cone. Essas correlaes

    foram apresentadas no item 3.1.

    Os resultados dos testes realizados com o v-cone foram avaliados com a

    utilizao de grficos que evidenciam os erros na medio de vazo de gs do v-

    cone em comparao com a vazo de referncia. Essa comparao entre as

    vazes pode ser feita em base volumtrica ou mssica. Neste caso, foi adotada

    a avaliao das vazes em base volumtrica.

    Foram obtidos os erros antes e aps a aplicao das correlaes, em

    diversas condies operacionais, para apresentao em forma de grficos. A

    Fig. 11 ilustra um grfico de erro em funo do parmetro de Lockhart-Martinelli,

    onde o erro pode ser expresso pela razo entre a vazo medida do v-cone e a

    vazo de gs de referncia, ou pela razo entre a vazo corrigida do v-cone e a

    vazo de gs de referncia. Neste exemplo, o erro representa a razo entre a

    vazo medida do v-cone e a vazo de gs de referncia.

    Portanto, um valor igual a 1 indica que a vazo medida ou corrigida do v-

    cone coincide com a vazo de gs de referncia (no h erro). O afastamento de

    1 indica um aumento no erro da vazo de gs medida ou corrigida. Portanto, o

    erro na medio da vazo um nmero adimensional expresso por:

    ref

    cor

    ref

    med

    Q

    Qou

    Q

    QErro = (47)

    onde Qmed representa a vazo de gs medida pelo v-cone, ou seja, vazo

    de gs aparente registrada pelo v-cone. Qcor representa a vazo de gs

    corrigida por meio da correlao e Qref representa a vazo de gs de referncia

    fornecida pelo medidor ultrassnico.

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  • 69

    Erro na medio de vazo de gs

    1

    1,1

    1,2

    1,3

    1,4

    1,5

    1,6

    1,7

    0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45

    Lockhart-Martinelli

    Err

    o (s

    obre

    stim

    ao

    ) na

    med

    io

    de

    vaz

    o de

    gs

    Figura 11 Exemplo de grfico apresentando os erros na medio de vazo de gs do

    v-cone

    Tambm foram obtidos os erros percentuais residuais aps a aplicao de

    uma determinada correlao, para apresentao em forma de grficos. A Fig. 12

    ilustra um grfico de erro percentual residual, em funo do parmetro de

    Lockhart-Martinelli. Neste caso em particular, h ainda uma diferenciao dos

    pontos de acordo com a presso de teste. O erro percentual residual calculado

    por:

    100*

    =

    ref

    refcor

    Q

    QQ(%) Erro (48)

    Nesta equao, Qcor representa a vazo de gs corrigida pela correlao

    (vazo de gs do v-cone corrigida) e Qref representa a vazo de gs de

    referncia.

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  • 70

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35

    Lockhart-Martinelli

    Err

    o re

    sidu

    al (

    %)

    P=15 barP=20 barP=30 barP=40 bar

    Figura 12 Exemplo de grfico apresentando o erro residual percentual na medio de

    vazo de gs do v-cone, aps aplicao de determinada correlao

    Aps a discusso dos resultados apresentados nos grficos, foram

    determinados os erros mximos encontrados das vazes de gs obtidas pelo

    medidor v-cone com relao s vazes de referncia, para cada presso de

    teste, aps a aplicao da correlao mais adequada de correo da vazo.

    Alm disso, foi realizada a avaliao das incertezas de medio, considerando

    duas metodologias de anlise propostas: metodologia 1, que baseada na

    anlise da disperso dos dados encontrados (disperso dos erros) e do erro

    sistemtico residual mdio; e a metodologia 2, que permite uma avaliao a

    partir da comparao direta (grfico) entre a vazo de gs de referncia e a

    vazo de gs medida pelo v-cone e corrigida por meio da correlao, utilizando

    um ajuste de polinmio pelo mtodo dos mnimos quadrados.

    Da mesma forma, tambm foram discutidos os resultados incluindo os

    testes realizados com altas fraes de lquido na corrente de gs (parmetro de

    Lockhart-Martinelli superior a 0,3).

    As anlises efetuadas permitiram discutir se as correlaes para correo

    das vazes de gs do medidor v-cone esto adequadas e se o desempenho do

    medidor pode ser considerado satisfatrio para aplicaes de medio de vazo

    de gs em escoamento de gs mido.

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