metodologia ergonomia sue moo

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 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM UMA EMPRESA DO SETOR AUTOMOBILÍSTICO: SETOR MONTAGEM DE ESTRUTURAS DE BANCOS TRASEIROS Janaina Magalhães Universidade FUMEC, Belo Horizonte, Minas Gerais Francisco José da Mata Faculdade Pitágoras, Betim, Minas Gerais Márcio Alves Marçal Universidade FUMEC, Belo Horizonte, Minas Gerais Email:  [email protected] /[email protected]  Palavras-chave: Ergonomia, Produtividade, Análise Ergonômica, Trabalho r eal, Trabalho prescrito. Este estudo de caso foi realizado em uma indústria de autopeças, a partir de uma abordagem ergonômica,  buscando elementos para aprofundar as investigações sobre o processo de trabalho da atividade de solda de estruturas metálicas para confecção de bancos traseiros automobilísticos. O tema apresentado tem relação com os aspectos ergonômicos e os impactos na produtividade, sendo oportuno observar as reais condições de trabalho, visando uma melhoria nas condições laborais em prol à saúde dos trabalhadores para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos de forma que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia.  Keywords: Ergonomics, Productivity, Ergonomic Analysis, Real Work, Work prescribed This case study was conducted in an auto parts industry, from an ergonomic approach, seeking evidence to deepen the investigation into the working process of the activity of welding steel structures for production of automobile rear seats. The issue presented is related to the ergonomic aspects and impacts on productivity, timely look at the real working conditions, seeking an improvement in working conditions to promote the health of workers for the design of tools, machines and devices so that they can be used comfort, safety and efficacy. 1. INTRODUÇÃO A indústria automotiva detém hoje na economia mundial um papel importante, uma vez que grande  parte da população mundial se utiliza de algum tipo de automóvel, seja ele coletivo ou individual, movido a motores, para seus deslocamentos. Essa indústria, desde a sua criação, inspirou alguns movimentos que foram determinantes para os demais setores produtivos. A organização do trabalho é baseada nas escolas de administração instituídas por Ford e Taylor, surgindo à necessidade de instituir a produção em massa das linhas de montagem, (WOMACK ET AL., 2004). O setor automobilístico é muito competitivo exigindo qualidade, menor custo de fabricação e linhas de  produção flexíveis. Em decorrência disso, surgiu a administração do trabalho nas indústrias, dando origem à produção em série e/ou produção em massa, tornando o trabalho repetiti vo e monótono (BERGAMASCHI; DEUTSCH; FERREIRA, 2002). De acordo com LAVILLE (1977), essa nova forma de realização do trabalho e a manutenção de posturas desequilibradas proporcionam o surgimento de várias afecções, como, sobrecarga no aparelho respiratório, formação de edemas, varizes e problemas nas articulações, particularmente coluna vertebral, estresse da musculatura e aumento da tensão ligamentar. Diante disso, implica adotar de práticas ergonômicas, entre outros, visando à qualidade de vida no trabalho, o que, segundo BOM SUCESSO (1997), é condição essencial  para êxito de uma empresa ou de um empreendimento. Este estudo teve por finalidade entender quais são os impactos das inadequações ergonômicas na  produtividade da linha de mo ntagem do encosto do  banco traseiro de um veículo, operação 10 , visando alcançar alguns benefícios para toda a organização, especialmente para as linhas de montagem que utilizam dispositivos de montagem giratórios, ti pos parquinhos, sendo estes pesados dispensando grande esforço físico  por parte dos operadores. A ênfase do estudo será apresentação do campo de estudo da ergonomia física, que lida com as respostas do corpo humano em relação à atividade do trabalho. 2. METODOLOGIA A metodologia aplicada nesse estudo de caso tem como  pilar principal a análise ergonômica do trab alho, com registro de entrevistas, fotos, filmagens, verbalizações, traçando os objetivos, levantando as possíveis

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ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM UMA EMPRESA DO SETORAUTOMOBILÍSTICO:

SETOR MONTAGEM DE ESTRUTURAS DE BANCOS TRASEIROS

Janaina MagalhãesUniversidade FUMEC, Belo Horizonte, Minas Gerais

Francisco José da MataFaculdade Pitágoras, Betim, Minas Gerais

Márcio Alves MarçalUniversidade FUMEC, Belo Horizonte, Minas Gerais

Email:  [email protected]  /[email protected] 

Palavras-chave: Ergonomia, Produtividade, Análise Ergonômica, Trabalho real, Trabalho prescrito.

Este estudo de caso foi realizado em uma indústria de autopeças, a partir de uma abordagem ergonômica,buscando elementos para aprofundar as investigações sobre o processo de trabalho da atividade de solda deestruturas metálicas para confecção de bancos traseiros automobilísticos. O tema apresentado tem relação comos aspectos ergonômicos e os impactos na produtividade, sendo oportuno observar as reais condições detrabalho, visando uma melhoria nas condições laborais em prol à saúde dos trabalhadores para a concepção deferramentas, máquinas e dispositivos de forma que possam ser utilizados com o máximo de conforto,

segurança e eficácia.

 

Keywords: Ergonomics, Productivity, Ergonomic Analysis, Real Work, Work prescribed

This case study was conducted in an auto parts industry, from an ergonomic approach, seeking evidence todeepen the investigation into the working process of the activity of welding steel structures for production of automobile rear seats. The issue presented is related to the ergonomic aspects and impacts on productivity,timely look at the real working conditions, seeking an improvement in working conditions to promote thehealth of workers for the design of tools, machines and devices so that they can be used comfort, safety andefficacy.

1. INTRODUÇÃO

A indústria automotiva detém hoje na economiamundial um papel importante, uma vez que grandeparte da população mundial se utiliza de algum tipo deautomóvel, seja ele coletivo ou individual, movido amotores, para seus deslocamentos. Essa indústria, desdea sua criação, inspirou alguns movimentos que foramdeterminantes para os demais setores produtivos. Aorganização do trabalho é baseada nas escolas deadministração instituídas por Ford e Taylor, surgindo ànecessidade de instituir a produção em massa das linhasde montagem, (WOMACK ET AL., 2004). O setor

automobilístico é muito competitivo exigindoqualidade, menor custo de fabricação e linhas deprodução flexíveis. Em decorrência disso, surgiu aadministração do trabalho nas indústrias, dando origemà produção em série e/ou produção em massa, tornandoo trabalho repetitivo e monótono (BERGAMASCHI;DEUTSCH; FERREIRA, 2002).

De acordo com LAVILLE (1977), essa nova forma derealização do trabalho e a manutenção de posturasdesequilibradas proporcionam o surgimento de váriasafecções, como, sobrecarga no aparelho respiratório,formação de edemas, varizes e problemas nas

articulações, particularmente coluna vertebral, estresse

da musculatura e aumento da tensão ligamentar. Diantedisso, implica adotar de práticas ergonômicas, entreoutros, visando à qualidade de vida no trabalho, o que,segundo BOM SUCESSO (1997), é condição essencialpara êxito de uma empresa ou de um empreendimento.

Este estudo teve por finalidade entender quais são osimpactos das inadequações ergonômicas naprodutividade da linha de montagem do encosto dobanco traseiro de um veículo, operação 10, visandoalcançar alguns benefícios para toda a organização,especialmente para as linhas de montagem que utilizam

dispositivos de montagem giratórios, tipos parquinhos,sendo estes pesados dispensando grande esforço físicopor parte dos operadores. A ênfase do estudo seráapresentação do campo de estudo da ergonomia física,que lida com as respostas do corpo humano em relaçãoà atividade do trabalho.

2. METODOLOGIA

A metodologia aplicada nesse estudo de caso tem comopilar principal a análise ergonômica do trabalho, comregistro de entrevistas, fotos, filmagens, verbalizações,traçando os objetivos, levantando as possíveis

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hipóteses, antes de iniciar o estudo real. Utilizou-se deferramentas ergonômicas como o RULA (AnáliseRápida dos Membros Superiores) para avaliar osmembros superiores e a ferramenta; NIOSH (InstitutoNacional de Saúde e Segurança Ocupacional) paraavaliar o risco de lesão da coluna lombar; SUERODGERS (avaliação dos diversos segmentoscorporais, frequência e duração do esforço; MOOREGARG (avaliação da intensidade do esforço, duração,frequência, postura, ritmo de trabalho e duração na

 jornada de trabalho do esforço). Foram consideradosaspectos como jornada de trabalho, divisão formal dotrabalho, o contexto técnico e organizacional, seuprocesso produtivo e a população trabalhadora,apresentando a interação da linha de montagemcomposta por equipamentos, profissionaisespecializados, tendo como foco principal os aspectos

relacionados ao ambiente físico, e a relação entretrabalho prescrito e real, analisando de formaqualitativa e quantitativa a ergonomia física através dostópicos sobre manipulação de materiais, arranjo físicode estações de trabalho, demandas do trabalho e fatorestais como repetição, vibração, força e postura estática edinâmica, relacionadas com lesões músculoesqueléticas.

2.1 Descrição do setor

Todos os componentes utilizados na operação 10 são

armazenados em prateleiras a uma distância de 2metros. É obrigatório o uso de equipamentos deproteção individual. A iluminação é composta porluminárias com lâmpadas duplas e espelhos brancos,posicionadas de forma longitudinal aos postos detrabalho, sendo fundamental para que os soldadoresvisualizem os componentes. Há momentos em que aqualidade do ar fica prejudicada pela precipitação defungos metálicos provenientes da atividade de solda.Foi observada a constante preocupação dos operárioscom a possibilidade de acidentes provocados pelosmateriais, por exemplo, corte nas mãos pela chapa

metálica e o risco de contaminação dos olhos porpartículas.

Divisão do trabalho, atividade prescrita e real.A linha de montagem é composta por 3 (três)soldadores e 5 montadores e demais profissionais deapoio necessário para o bom desempenho.A jornada de trabalho semanal é de 44 horas,distribuídos em 3 turnos de trabalho (05:45h às 14:05h,14:05 as 23:37h e 23:15h as 06:15h.). Os intervalos dealmoço, jantar e ceia tem duração de 01:00h, sendo que

eventualmente o segundo trabalha em regime de horasextras aos sábados. As tarefas prescritas são evidências

do funcionamento da linha de montagem. (TABELA01).Nessa fase de desenvolvimento do estudo de caso, foi

necessário voltar à atenção para a atividade dossoldadores e montadores em seus postos de trabalho,sendo oportuno perceber uma série de atividadesextrínsecas em relação à atividade prescrita, o queprovocava uma reconfiguração na forma de trabalhar,conforme evidenciada por Wisner (1987); “Todas as

atividades que não se desenvolvem de maneirasatisfatória devem ser objeto de uma verdadeira análisedo trabalho, a fim de se conhecerem as razões entre astarefas prescritas e as tarefas reais e aplicar asmelhorias necessárias”. Para melhor entender foi feita uma comparação entreprocedimentos da atividade prescrita e o trabalho realdos operários da operação 10.

Tarefa Prescrita Tarefa Real

- Montar os pinos de articulação esuporte da trava juntamente com otubo de reforço;- Soldar a MIG os componentes dopasso 1.

Posicionar os componentes nodispositivo.

Soldar a MIG os componentes.Abastecer subconjunto suporte datrava. Abastecer subconjunto pino dearticulação.Set-up primeira peça produzida.Trocar arame de solda.Abastecer tubo perimetral.

Tabela 01 – Tarefa prescrita versus tarefa real

O montador após retirar a peça soldada e posicioná-lono escorregador gravitacional, deve estar atento paranão misturar as pecas processadas do lado “A” com

lado “B”,a fim de propor cionar a rastreabilidade daspeças.

3. RESULTADOS

Foram avaliados 08 trabalhadores executando a mesma

atividade, em tempos, turnos e dias diferentes e asseguintes informações foram registradas:

Cada operador executa de forma semelhante àsatividades. O tempo para cada operador difere entre 36a 38 segundos. Os mais antigos na função executam emmenor tempo e com maior facilidade a operação. Emrelação à produção, permaneceu semelhante entre osmeses de 2009 e início final de janeiro de 2000.Manteve a mesma produção durante os meses commínima variação, não interferindo em sobrecargas paraos trabalhadores. Os trabalhadores fazem de 100 a 130

peças por hora. Ocorrendo variação por operador entre

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36 a 38 segundos. O tempo determinado pelo processoé de 62 segundos de acordo o balanceamento da linha.É acrescentado 14% a mais do ciclo mais lento dooperador para cumprir com critérios recuperação defadiga.Como um operador gasta 36 a 38 segundos para aexecução da atividade foram dimensionadas para aoperação 02 pessoas para diminuir o tempo deprodução. Sendo dessa forma, não há necessidade deaceleração do trabalhador para cumprimento de metas.A atividade se desenvolve dentro de um quadrotemporal em uma jornada de 08 horas diárias, incluindoas pausas prescritas e de recuperação de fadiga. Ocorrerevezamento com outras tarefas, a cada 01 hora.Os trabalhadores mantêm o seu ritmo de trabalho,sendo que os mais experientes gastam menos tempo nociclo e os novatos mais tempo no ciclo (variação inter-

individual).Devido ao balanceamento da linha comdimensionamento de pessoas, o trabalhador possuimargens de liberdade para gerenciar seu tempo,podendo programar uma pausa mais curta ou maislonga durante cada ciclo.Elaboração do Pré-diagnósticoAtravés da aplicação do Questionário, verificou-se queos operadores apresentaram a seguintes opiniões sobreo posto de trabalho e o que mais o incomoda:“ o gabarito é um pouco pesado”; “correria que temos que trabalhar” 

“ falta de pessoas que trabalham no seu ritmo” “ calor” 

“ o gabarito é muito pesado e ter que soldar ele sem parar rapidamente é muito cansativo” 

“ falta de espaço” 

“ durante a noite a iluminação não é boa” 

O ritmo de trabalho para esta atividade não é impostopor máquinas, há possibilidade para variar as subtarefase movimentos corporais.O tempo mínimo para esta operação é de 72 segundos.Sendo dividido a operação em duas etapas de 36segundos (26 segundos para a atividade e 04 segundos

para o giro do dispositivo e 06 segundos para aguardarnova peça posicionada do dispositivo). Possui ritmo detrabalho livre, podendo o trabalhador auto acelerar oprocesso respeitando sua percepção de fadiga.A produção diária e distribuída na forma a seguir: 1ºt700 peças, 2ºt 800 peças e 3º 500 peças. Esta linha écomposta por 32 (trinta dois) operários ligados àprodução e 4 (quatro) trabalhadores responsáveis pelaadministração, contando com suporte de técnicos deengenharia e qualidade.Na operação 10, através de observação sistematizada,

percebe-se exigência de carga de trabalho nosoperadores, principalmente relacionados aos membros

superiores e coluna lombar. Durante o processo derealização da solda dos componentes, o soldador realizaum movimento de alavanca com o braço esquerdo a fimde posicionar corretamente a mesa com as peças aserem soldadas. A forma de construção destedispositivo permite ao soldador realizar o procedimentode solda, enquanto do outro lado são posicionados otubo e os componentes. Após o processo de solda, omontador deve girar o parquinho, estando exposto a duas situações de maior esforço, que aparentementecausa desconforto nos membros superiores, pernas ecoluna lombar. Em primeiro momento, aplica-se forçafísica em sentido horário para iniciar o movimento domesmo, logo em seguida em sentido contrário a fim depará-lo (fig. 01), que aparentemente causa umdesconforto nos membros superiores e coluna lombar.O peso a ser levantado pelo soldador durante o

movimento de alavanca é de 13 kg. para o montador iniciar o movimento giratório está entre 2 e 10 kg e o

de parada do dispositivo está entre 8 e 20 kg. 

Fig. 01 – Posicionamento dos movimentos paraacionamento do dispositivo

Há pausas embutidas no processo, relacionadas com aporcentagem de tempo para a recuperação de fadiga de14 % por cada ciclo, reuniões diárias de seguranças de05 a 10 minutos na jornada de trabalho. Que sãosuficientes para a recuperação dos movimentossolicitados durante as atividades. Mas de formapreventiva necessita de uma nova modificação,

incluindo mais pausas de 5 a 10 minutos por horatrabalhada.

Foi aplicado questionário aos trabalhadores do setor(100% da população) contemplando a percepção dascondições de trabalho e fatores organizacionais.De acordo com a opinião dos trabalhadores requer umaimplantação de melhoria no setor. O gráfico abaixodemonstra que 67% dos operadores nesta atividadesentem incômodos no trabalho e 33% não sentemnenhuma queixa sobre o trabalho. (fig. 02)

Sentido do movimentoSentido do giro inicial

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Fig 02 – Resultado dos incômodos no trabalho.

Conclui-se que há volume excessivo de produção,sendo: no primeiro turno 700 peças produzidas, nosegundo turno 800 peças e no terceiro turno 500 peças.Quando questionados sobre o volume de produção,78% consideram um volume excessivo de produção e22% não consideram excessivo.

Verificou-se que 56% dos operadores afirmam que sãocobrados com muita frequência com pouco tempo paraexecução de suas tarefas e 44% afirmam com poucafrequência.

Através do estudo verificou-se que há movimentaçãodos segmentos corporais, turno da manhã, são 700vezes o mesmo movimento dos braços e coluna, nosegundo 800 vezes e assim sucessivamente. Odispositivo de montagem é apresentou-se pesado, emmédia de 13 Kg a força exercida para empurrar e giraro dispositivo. O que através do questionário foievidenciado que 44% dos operadores sentem dores emalguma parte do corpo que possa estar relacionado aotrabalho e 56% relacionam que não.

Quando questionados por qual parte do corpo sentemalgum desconforto durante ou após a realização dasatividades, 61% responderam que não sentem nenhumdesconforto, 13% desconfortos nas costas inferior, 10%no braço direito, 10% no ombro direito e 06% no braçoesquerdo.

- 61% relatam não sentir dores relacionados ao

trabalho e 39% relatam sentir dores em alguma parte docorpo. Em relação a qual postura preferiria trabalhar,78% relatam que gostariam de alternar a posturasentada e em pé.

Ao acompanhar as atividades e através do questionárioverificou-se que o ambiente de trabalho permanece emcondições de conforto alterado, o que correspondeu a89% dos operadores referem à sensação de quente oambiente laboral.

Para validar a necessidade de melhorias sobre o

equipamento da operação em análise, 44% dos

operadores relataram que há problemas no posto detrabalho e 56% relataram que o posto está emcondições boas.

A percepção dos operadores sobre seu posto detrabalho apresentou-se 33% consideram cansativos e11% tenso, 34% interessante e 11% com consideramcom possibilidade de crescimento profissional.Restrições de saída para ir ao banheiro, beber água

etc.:100% dos trabalhadores consideram nenhumarestrição. Ao verificar o cumprimento das pausas,reforçaram que não há restrições quanto àsnecessidades e ocorrem as demais pausas diariamente.Horas extras: 56% dos trabalhadores consideram ashoras extras acontecem com freqüência mensal(durante os dois últimos anos e 33% com freqüênciamensal durante os últimos seis meses;

Em relação a pausas no trabalho- 89% relataram que há outras pausas além dasrefeições;Relacionamento com a chefia- Relatam 89% possuem bom relacionamento com achefia e 11% possuem ótimo relacionamento;Não foram identificados causas de absenteísmo queenvolvam esta atividade.

Os métodos utilizados foram: NIOSH – paralevantamento e manuseio de cargas; SUE RODGERS –  

Avaliação para membros superiores quanto ao esforço,freqüência e duração do esforço; Método MOOREGARG para avaliação intensidade do esforço, duração,freqüência, postura, ritmo de trabalho e duração na

 jornada de trabalho e RULA. (tabela 02)

FERRAMENTA PONTUAÇAO RISCONIOSH Há risco para

coluna lombarÍNDICE DELEVANTAMENTO MAIORQUE 02

RULA SCORE 06 Necessárias ações corretivaspara membros superiores

MOORE GARG SCORE 3,38 Risco duvidoso paraintensidade, ritmo e força

SUE RODGERS VERDE Prioridade baixa de mudançaspara membros superiores

Tabela 02 – Resultado das Ferramentas Ergonômicas

Concluímos após análise das ferramentas ergonômicasque a atividade de Montagem e solda nas estruturas hárisco LEVE a MODERADO para desenvolvimento deLER/DORT em ombros e coluna lombar.Constatou-se que há deslocamentos constantes dotrabalhador ao buscar peças ou revezar com outrasoperações que podem amenizar os riscos evidenciados

nas ferramentas ergonômicas e confrontados com as

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queixas dos trabalhadores que apresentaram 61% semíndice de queixas e desconfortos osteomusculares.Recomenda-se o estudo de novos dispositivos paraatividade de solda.O esforço para coluna lombar evidenciado no métodoNIOSH, foi referido durante a retirada das caixas depeças, estas ocorrem 1 a 2 vezes em cada jornada detrabalho.A incidência de Distúrbios OsteomuscularesRelacionados ao Trabalho - DORT aumentousubstancialmente o desempenho e rendimento dotrabalhador. Este aumento de distúrbios estáintimamente ligado à informatização e aos novosprocessos industriais (MARTINS, 2001).Através da ferramenta MOORE GARG, verificou-seque a intensidade do esforço, duração do esforço,freqüência, postura, ritmo de trabalho e duração do

esforço na jornada de trabalho possuem risco duvidosopara desenvolvimento de LER/DORTs. O trabalhadorfica exposto a esta atividade durante 08 horas nodecorrer da jornada, porém alternando com outrasatividades de solda e armazenamento quepossivelmente possibilitam a diminuição do impactoreferente a montagem de peças que ocorre de 100 a 130peças por hora produzida. Totalizando 100 a 130movimentos de solda e de giro do dispositivo.A alternância de posturas deve ser mantida para aprevenção de DORTs, há uma cadeira próximo ao localde trabalho para períodos de pausa, para a execução da

atividade sentada, a operação não foi planejada paraesta posição. Podendo o trabalhador sentar-se duranteas pausas. De acordo com a percepção do trabalhadorsobre suas atividades verificou-se que os trabalhadorespreferem alternar as posturas durante a jornada detrabalho. O esquema de revezamento deve ser mantidoe acompanhado pelo Programa de gestão ergonômicapor propiciar a recuperação dos grupos musculares.

4. DISCUSSÃO

Após os resultados encontrados, conclui-se que há

sobrecarga de segmentos corporais que estãovinculados ao levantamento de peso e ao girar odispositivo de solda. De acordo com a opinião dostrabalhadores requer uma implantação de melhoria nosetor. O gráfico abaixo demonstra que 67% dosoperadores nesta atividade sentem incômodos notrabalho e 33% não sentem nenhuma queixa sobre otrabalho.

Conclui-se que há volume excessivo de produção,sendo: no primeiro turno 700 peças produzidas, no

segundo turno 800 peças e no terceiro turno 500 peças.

Quando questionados sobre o volume de produção,78% consideram um volume excessivo de produção e22% não consideram excessivo.Verificou-se que 56% dos operadores afirmam que são

cobrados com muita frequência com pouco tempo paraexecução de suas tarefas e 44% afirmam com poucafrequência.Através do estudo verificou-se que há movimentaçãodos segmentos corporais, turno da manhã, são 700vezes o mesmo movimento dos braços e coluna, nosegundo 800 vezes e assim sucessivamente. Odispositivo de montagem é apresentou-se pesado, 13Kg a força exercida para empurrar e girar o dispositivo.O que através do questionário foi evidenciado que 44%dos operadores sentem dores em alguma parte do corpoque possa estar relacionado ao trabalho e 56%relacionam que não.

Ao acompanhar as atividades e através do questionárioverificou-se que o ambiente de trabalho permanece emcondições de conforto alterado, o que correspondeu a89% dos operadores referirem a sensação de quente oambiente laboral.Para validar a necessidade de melhorias sobre oequipamento da operação em análise, 44% dosoperadores relataram que há problemas no posto detrabalho e 56% relataram que o posto está emcondições boas.A percepção dos operadores sobre seu posto detrabalho, apresentou-se 33% consideram cansativos e

11% tenso, 34% interessante e 11% com consideramcom possibilidade de crescimento profissional.Ao serem questionados pela postura durante a

execução das atividades, 78% gostariam de alternar apostura em pé e sentado enquanto 22% preferemtrabalhar em pé.

Sugestões para implantação de Melhorias

Através dessa análise verificamos:Deverá ser realizadas modificações sobre o dispositivode solda que deverá ser mais leve. Deve-se propor um

dispositivo semi automático para o giro sem que ooperador necessite de esforço físico.Deverá implantar no dispositivo de solda (parquinho)sistema pneumático para realizar o movimento damesa.Instalar cadeiras próximas ao posto de trabalho paraalternância de posturas (em pé ou sentado), para que ooperador possa escolher livremente a melhor posturapara se trabalhar ou quando surgir uma pausa que possasentar-se para descansar as pernas.Melhorar a circulação de ar no posto de trabalho, de tal

forma que melhore as condições ambientais.

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Propor revezamento de atividades de maior produção emenor produção e diferentes posturas para que ooperador tenha possibilidade de descanso e não sinta oefeito do excesso de produção. Dessa forma tambémserá benéfico para a diminuição de queixas físicas queforam apresentadas no setor.Modificar a quantidade de peças nas caixas comsuporte da trava e pino de articulação de tal forma queo peso seja padronizado no máximo para 23 Kg. ( Estepeso é o ideal de acordo com o método NIOSH paralevantamento de peso)Modificar altura das prateleiras que armazenam ascaixas de tal forma que evite sobrecarga da colunalombar (de acordo com a literatura, NIOSH recomendaaltura mínima a 75 cm ao nível do chão, eGRANDJEAN recomenda altura máxima entre 150 e160 cm para homens e 140 e 150 cm para mulheres,

com profundidade de até 60 cm.Estudo para implantação de Insufladores capazes deabsorver as micropartículas acumuladas no ar devido aoprocesso de solda e assim contribuir para melhorconforto do trabalhador em relação ao ambiente dotrabalho e condições térmicas.

5. CONCLUSÃO

Na Análise Ergonômica do Trabalho foramcontemplados os itens elencados da NormaRegulamentadora nº 17 e o Manual de Aplicação da

NR-17.

O estudo da atividade de montagem de estruturas esolda dos bancos identificou que os riscos ergonômicosque demandam maior preocupação ergonômica são emdecorrência aos esforços ao girar o dispositivoconstante, pontos de solda, e altura das prateleiras quearmazenam as peças para solda.

O diagnóstico ergonômico propõe uma mudança nolayout e estudo de novas tecnologias para o dispositivode solda, com objetivo de minimizar os riscos

ergonômicos. Como fatores adicionais e necessáriospara a atenuação do risco deve-se manter e acompanharo cumprimento das pausas, o revezamento dasatividades, o balanceamento de linha, o controle dosciclos para recuperação de fadiga, o dimensionamentode equipe, o monitoramento das condições ambientais ea busca contínua de melhorias ergonômicas.

6. REFERÊNCIAS

ABERGO, 2000. Associação brasileira de ergonomia.

Disponível em: www.abergo.org.br Acesso em: 20 deset. 2009.

BERGAMASCHI, E.C.; DEUTSCH, S.; FERREIRA,E.P. A Ginástica Laboral: Possíveis implicações para asesferas física, psicológica e social. Revista Brasileira deAtividade Física & Saúde. Paraná, v. 7, n. 3, p. 23 – 29,2002.BOM SUCESSO, E. P. Trabalho e Qualidade de Vida.Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.COUTO, H., Como Implantar Ergonomia na Empresa:A Prática dos Comitês de Ergonomia, Belo Horizonte,Ed.Ergo, 2002GRANDJEAN, Etiene, Manual de Ergonomia, 4ªEdição – São Paulo, 1998LAVILLE, A. Ergonomia. São Paulo: EPU / Universidade de São Paulo, 1977.LYNN, M. & CORLETT, E. N.: RULA: a surveymethod for the investigation of work-related upper limbdisorders. Applied Ergonomics, Vol 24, Nº 2, 91-99,

1993MARTINS, Caroline de Oliveira; MICHELS, Glaycon.Saúde X Lucro: quem ganha com um programa depromoção da saúde do trabalhador? Revista Brasileirade Cineantropia & Desenvolvimento Humano.Florianópolis, Santa Catarina, v. 3, n. 1, p. 95-101,2001.MCATMAMNEY, L. & CORLETETT E. N. (1993),RULA: Um método de pesquisa para a investigação dedistúrbios relacionados com o trabalho dos membrossuperiores. Applied Ergonomics, 24(2) 91-99.MINISTÉRIO DO TRABALHO, Manual de Aplicação

da Norma Regulamentadora no. 17. – 2 ed. – Brasília :MIE, SIT, 2002. 101p.:IlMOORE,J.S & GARG, A. The strain index: a proposedmethod to analyze jobs for risk of distal upperextremity disorders, American Industry HygieneAssociation Journal, 56: 443-458, 1995WISNER, Alain. Por dentro do trabalho: ergonomia:método & técnica. Tradução de Flora Maria GomideVezza. São Paulo: Oboré, 1987.WOMACK, P e DANIEL, J, A máquina que mudou omundo, Ed. Campus, 2004.