metodologia e procedimentos de pesquisa: desenvolvendo
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Metodologia e procedimentos de pesquisa:
desenvolvendo pesquisas para publicações de alto
impacto
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Dra. Izabela Simon Rampasso
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A pesquisa no meio acadêmico
Não basta buscar e criar conhecimentos, deve-se divulgá-lo.
Obra científica que comunique os fatos ou os assuntos técnico-
científicos pesquisados e refletidos.
Transcrição de ideias próprias sobre um determinado assunto.
O presente tópico se justifica em um contexto em que é exigido de
professores e alunos produção acadêmica.
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A comunidade da engenharia de produção necessita mobilizar esforços
voltados para o estudo metodológico.
Os desafios são direcionados para que a pesquisa seja conduzida de
forma essencialmente científica.
Torna-se necessário mobilizar os esforços da comunidade para a produção
de textos que venham acrescentar e enriquecer as experiências existentes,
considerando as particularidades de cada área.
Além disso, é preciso desenvolver uma postura mais crítica da produção
científica da engenharia de produção no país, com base no referencial
internacional.
A divulgação do conhecimento na engenharia de produção
Cauchick (2007)
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O que é uma pesquisa?
“Procedimento racional e sistemático
(método) que tem como objetivo
proporcionar respostas aos problemas
propostos. A pesquisa é requerida quando
não se dispõe de informações suficientes
para se responder ao problema”
(GIL, 2010)
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Validade de uma pesquisa e fidedignidade
Uma pesquisa é válida quando suas conclusões são corretas.
A validade pode ser interna ou externa.
É fidedigna quando seus resultados são replicáveis.
No nível de mensuração examinamos os escores ou observações e
perguntamos se são precisos e replicáveis.
No nível de delineamento de pesquisa examinamos as conclusões e
perguntamos se são corretas e aplicáveis (KIDDER, 2004).
(FONTE: TURRONI E MELO, 2012)
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O que é necessário para fazer uma pesquisa?
Conhecimento do assunto
Curiosidade
Criatividade
Integridade intelectual
Atitude autocorretiva
Sensibilidade social
Imaginação disciplinada
Perseverança e paciência
Confiança na experiência
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Sujeito de uma pesquisa é o macro tema de que se fala.
Exemplo: manufatura enxuta.
O objeto é o assunto ou a tópico a ser estudado.
Exemplo: sustentabilidade em projetos de manufatura enxuta.
Delimitação consiste em determinar fronteiras.
Exemplo: segmento metal-mecânico.
Método Sujeito-Ação-Delimitação para definição do tema
de pesquisa
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Verifique se não existem artigos publicados em bases científicas
internacionais de renome.
Verifique a disponibilidade de boas referências bibliográficas para a
aquisição de conhecimentos sobre o assunto.
Já tenha em mente possíveis congressos e revistas nos quais pretende
publicar seus resultados.
Considerações Importantes sobre a definição do tema de
pesquisa
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O Projeto de uma Pesquisa
Elementos requeridos em um projetos de pesquisa:
Formulação de um problema
Construção de hipótese (theory-driven)
Identificação do tipo de pesquisa
Operacionalização de variáveis
Seleção da amostra
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O Projeto de uma Pesquisa
Elementos requeridos em um projeto de pesquisa (continuação):
Determinação do método
Determinação estratégica da coleta de dados
Plano de análise dos dados
Cronograma de execução e orçamento.
Definição dos recursos humanos, materiais, etc.
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O que é um problema de pesquisa?
Trata-se da questão que irá direcionar e nortear
toda sua pesquisa, segundo Gil (2010).
Consiste em dizer de maneira explicita, clara,
compreensível e operacional, qual a dificuldade
com a qual nos defrontamos e que
pretendemos resolver. O objetivo da
formulação do problema da pesquisa é
torná-lo individualizado, específico.
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(FONTE: TURRONI E MELO, 2012)
O problema deve ser formulado de preferência em forma interrogativa e delimitado com
indicações das variáveis que intervêm no estudo de possíveis relações entre si. É um
processo contínuo de pensar reflexivo, cuja formulação requer conhecimentos prévios do
assunto, ao lado de uma imaginação criadora.
O problema, antes de ser considerado apropriado, deve ser analisado sob o aspecto de
sua valoração (MARCONI e LAKATOS, 2006):
Viabilidade: pode ser eficazmente resolvido por meio da pesquisa;
Relevância: deve ser capaz de trazer conhecimentos novos;
Novidade: estar adequado ao estágio atual da evolução científica;
Exequibilidade: pode chegar a uma conclusão válida;
Oportunidade: atender a interesses particulares e gerais.
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Problema de pesquisa
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KERLINGER (1980) aponta algumas questões que não são
consideradas problemas de pesquisa, já que possuem variáveis
que não podem ser testadas. Vide exemplos:
“Como fazer para melhorar os transportes urbanos?”
“Como aumentar a produtividade no trabalho?
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Exemplos de “não-problemas”
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Problemas de pesquisa mais específicos que podem ser analisados por
meio de uma pesquisa:
“A implantação do sistema de rodízios nos grande centros urbanos
contribui para a melhoria do trânsito?”
“A flexibilidade no horário de entrada dos trabalhadores contribui para o
aumento de sua produtividade?
Turroni e Melo (2012) tema “responsabilidade social nas indústrias
automobilísticas brasileiras” problema de pesquisa “Qual a percepção
dos clientes das indústrias automobilísticas brasileiras acerca das
iniciativas institucionais de responsabilidade social realizadas por elas nos
últimos três anos?”.
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Problemas bem definidos
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São respostas prévias que podem ser dadas ao problema de pesquisa
formulado e que devem ser testadas (Salomon, 2000). Algumas pesquisas
podem dispensar a necessidade da formulação de hipóteses.
Vide exemplos a seguir.
“A implantação do sistema de rodízios nos grande centros urbanos
contribui para a melhoria do trânsito?”
A hipótese que se faz inicialmente é que sim, tomando-se por base os
autores AAA (ano) e BBB (ano), mas isto será comprovado ou não a partir
de um estudo desenvolvido em 5 grandes centros urbanos.
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Hipóteses
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Segundo Appolinário (2006), as variáveis podem ser entendidas como aspectos ou
propriedades daquilo que o pesquisador irá examinar. Quando investigamos
determinados fenômenos por meio das pesquisas científicas, organizamos nossa
percepção e nossa compreensão dessa realidade pelo uso das variáveis. Além
disso, como o nome já denuncia, a variável possui um conteúdo inconstante.
As variáveis são as características ou as dimensões que o pesquisador elege como
relevantes para a sua investigação, donde se depreende que elas se constituem nas
entidades organizadoras centrais de um trabalho científico.
Exemplo: Gestão de projetos em automação industrial utilizou-se como
variáveis os 47 processos difundidos pelo PMBOK.
(FONTE: TURRONI E MELO, 2012)
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Variáveis de pesquisa
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Relação entre as hipóteses e as variáveis
TeoriaTeoria
HipótesesHipóteses
VariáveisVariáveis
ObservaçõesObservações
(Fonte: Marconi e Lakatos, 2006 apud Turroni e Melo, 2012)
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a) Variável genérica: típica em pesquisas descritivas, é a variável que serve apenas a
uma função descritiva. Utilizada na caracterização a amostra (APPOLINÁRIO, 2006);
b) Variável independente: é aquela que influencia, determina ou afeta outra variável.
É fator determinante, condição ou causa para determinado resultado, efeito ou
conseqüência. É o fator manipulado (geralmente) pelo pesquisador (MARCONI e
LAKATOS, 2006; APPOLINÁRIO, 2006); Exemplo: Variáveis que afetam a maturidade
de células de produção que operam de acordo com a filosofia lean.
c) Variável dependente: consiste naqueles valores (fenômenos, fatores, etc) a serem
explicados ou descobertos, em virtude de serem influenciados, determinados ou
afetados pela variável independente. (MARCONI e LAKATOS, 2006; APPOLINÁRIO,
2006). Em gestão da produção, a produtividade geralmente é uma variável
dependente. (FONTE: TURRONI E MELO, 2012)
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Tipos de variáveis de pesquisa
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A Classificação de uma pesquisa também recebe o nome de
caracterização. Ela é de extrema importância no momento de
divulgação dos resultados, pois torna mais claro os princípios que
norteiam o estudo. A Classificação aqui apresentada toma por base
Ruy (2002), Martins (1999), Silva e Menezes (2003) e Gil (2010).
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Classificação de uma pesquisa
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Métodos Amplos
Procedimentos Técnicos
Abordagem de pesquisa
Natureza
Objetivo
Técnica Utilizada
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Critérios clássicos para a classificação de uma pesquisa
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Critérios clássicos para a classificação de uma pesquisa
Métodos Amplos
Indutivo
Dedutivo
Hipotético-Dedutivo
Dialético
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Comparações das abordagens
(FONTE: TURRONI E MELO, 2012)
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Método Indutivo
CONSIDERAÇÃO IMPORTANTE:
Existem muitos debates em relação ao fato de algumas pesquisas serem classificadas
como indutiva na área de engenharia de produção sem apresentarem uma
amostragem probabilística (aquela em que todos os elementos da população têm
probabilidade conhecida, diferente de zero, de ser incluídos na amostra, o que garante a
representatividade da amostra em relação à população). Se você utilizar a indução para
estabelecer conclusões a partir de um estudo feito por meio de uma amostragem
não probabilística e por julgamento, deixe isto claro e aponte as limitações do
trabalho.
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Critérios clássicos para a classificação de uma pesquisa
ProcedimentosTécnicos e Estratégia da
Pesquisa
Pesquisa Bibliográfica
Pesquisa Documental
Pesquisa Experimental
Levantamento ou Survey
Estudo de Caso
Pesquisa Ex-post-facto
Pesquisa Ação
Pesquisa Participante
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Pesquisa Bibliográfica
Desenvolvida a partir de materiais já elaborados, constituídos principalmente de
livros e artigos. Quase todos os tipos de estudos contam com alguma pesquisa dessa
natureza. Tem por objetivo gerar o alicerce teórico para o desenvolvimento da
pesquisa e definição do estado da arte. Recomenda-se ampla utilização de artigos
científicos publicados em bases científicas renomadas.
Exemplo: Pesquisa bibliográfica sobre comunicação em gestão de projetos.
OBSERVAÇÃO: EXISTEM TAMBÉM OS ARTIGOS CIENTÍFICOS DEDICADOS
SOMENTE À REVISÃO DA LITERATURA.
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Qualis Capes em Engenharias III
Qualis é o conjunto de procedimentos utilizados pela Capes para
estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-
graduação. Os artigos publicados são classificados em estratos indicativos da
qualidade - A1, o mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C - com peso zero.
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Avaliação de periódicos no contexto internacional
Internacionalmente, a forma adotada para avaliar a qualidade de umapublicação consiste no interesse pela mesma, medido por meio do númerocitações desta pesquisa (Turroni e Melo, 2012).
Os dados de citações são categorizados por periódicos e publicados em formade indicadores no Journal Citation Reports (JCR). O mais conhecido indicadoré o fator de impacto - FI (Impact Factor).
O Fator de Impacto de 2016 = X/Y
X = o número de vezes em que os artigos publicados em 2017 e 2018 foram citados por periódicos indexados durante 2019
Y = o número total de itens citáveis publicados pelo journal em 2017 e 2018.
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Exemplos de alguns fatores de impactos - JCR
https://jcr.clarivate.com/
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Algumas dicas para desenvolver sua pesquisa bibliográfica
1. Defina claramente os termos de pesquisa e suas combinações. Exemplos:
“lean production” ; “lean manufacturing” ; “sustainability” ; “projects”.
2. Leia inicialmente 20 artigos de revistas conceituadas sobre o tema e veja
se é preciso fazer alguma lapidação nos termos e/ou acrescentar outros
termos. Exemplos: “lean philosophy”; “sustainable development”.
3. Realize uma nova busca e selecione todos os artigos relacionados ao seu
tema de pesquisa. Faça uma triagem inicial pela leitura de todos os
resumo.
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Algumas dicas para desenvolver sua pesquisa bibliográfica
4. Para os artigos selecionados, realize a leitura completa dos mesmo e
proceda com o fichamento. Torna-se bem interessante neste momento já
possuir uma ideia de estrutura de tópicos a serem redigidos, isto facilitará a
coleta de informações. Sugestão, utilize uma planilha em Excel.
5. Realize também o cadastro de todos os artigos selecionados em um
software gerenciador de citações/referências, isto tornará sua atividade
muito mais produtiva. Exemplo: Mendeley Desktop.
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Exemplo de Software para gerenciar citações/referências
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Pesquisa Documental
Muito parecida com a pesquisa bibliográfica, caracteriza-se pela utilização de
documentos que não receberam tratamento analítico de acordo com os
objetivos da pesquisa. Na área de engenharia de produção é recorrente
o uso de informações apresentadas em manuais de qualidade, relatórios
de sustentabilidade, demonstrações financeiras, etc. Deve-se tomar
cuidado ao realizar comparações entre estes documentos. Exemplo:
comparação entre relatórios de sustentabilidade = preferir aqueles
que seguem o padrão GRI.
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Pesquisa Experimental
Caracteriza-se pelo exemplo “típico” de pesquisa científica. Consiste em
determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que são
capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação
dos efeitos que a variável produz no objeto (relação entre variáveis
dependentes e independentes).
Exemplo: uma pesquisa realizada em laboratório sobre como os aspectos
relacionados à ergonomia influenciam a produtividade do funcionário.
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Levantamento ou survey
Caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer. As conclusões são obtidas por análise
quantitativa das informações junto a um grupo significativo e qualificado
(Turroni e Melo, 2012)
Exemplo: 1) análise das principais dificuldades associadas a implantação de
programas TPM junto a 100 engenheiros de produção que lideram ou
lideraram a referida atividade. 2) percepção de especialistas sobre os pontos
mais críticos na adoção de práticas de RSC por empresas brasileiras.
O levantamento ou survey será detalhado mais a frente !!!!
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Estudo de Caso
Caracteriza-se pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos
para que se alcance um amplo e detalhado conhecimento do (s) mesmo (s).
Não há interferência do pesquisador
Exemplo: Avaliação dos conceitos de RSC utilizados por uma empresa
brasileira fabricantes de aviões, Embraer. (Anholon et al, 2016).
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Estudo de caso
Yin (2001) define o estudo de caso como uma investigação empírica que
analisa um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto,
especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão
claramente definidos.
Segundo Yin (2001), o estudo de caso torna-se apropriado quando:
Deseja-se verificar se as proposições de uma teoria estão corretas ou se
outro conjunto alternativo de explanações pode ser mais relevante;
Apresentar um caso raro ou extremo de interesse da comunidade
acadêmica;
Quando o pesquisador tem a oportunidade de observar e analisar um
fenômeno previamente inacessível à investigação científica.
(Fonte: Turroni e Melo, 2012)
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Estudo de Caso
(Fonte: Cauchick, 2007)
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Coleta de dados no estudo de caso
Para coleta de dados, múltiplas fontes de evidência podem ser utilizadas.
Usualmente, consideram-se entrevistas, análise documental, observações
diretas e, embora de forma restrita, pode-se incluir surveys.
Visitas ao “chão de fábrica” também são importantes para verificar o
fenômeno estudado na Engenharia de Produção.
A TRIANGULAÇÃO é princípio muito utilizado na coleta de dados em
estudos de caso, pois permite o uso de diferentes métodos para estudar um
mesmo fenômeno (Voss et al, 2002).
(Fonte: Cauchick, 2007 e Turroni e Melo, 2012)
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Pesquisa Ex-post-facto
Nesse tipo de pesquisa, realiza-se um experimento depois dos fatos, sem que
o pesquisador tenha um controle rigoroso das variáveis. Aproxima-se
muito da pesquisa experimental, com a única diferença que, nesse
caso, os fatos ocorrem de maneira espontânea. Não é muito utilizada
em Engenharia de Produção.
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Pesquisa Ação
É uma pesquisa com base empírica na qual os pesquisadores e
participantes representativos da situação estão envolvidos de modo
cooperativo e participativo.
Exemplo: o pesquisador é um engenheiro de produção que está
implantando a filosofia lean em sua empresa e descreve os benefícios
alcançados por meio desta em um artigo. Ele influencia nos resultados.
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Pesquisa Participativa
Assim como na pesquisa-ação, existe uma interação entre pesquisadores
e membros da situação investigada. A única diferença, segundo
Thiollent (2005) é que a pesquisa-ação se desenvolve de uma maneira
mais planejada.
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Critérios clássicos para a classificação de uma pesquisa
Abordagemdo
problema
Pesquisa Quantitativa
Pesquisa Qualitativa
Pesquisa Combinada (mista)
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Pesquisa Quantitativa
Segundo Godoy (1995), numa pesquisa quantitativa, o pesquisador conduz
seu trabalho a partir de um plano pré-estabelecido, com hipóteses
claramente especificadas (se pertinente) e variáveis operacionalmente
definidas. Preocupa-se com a medição objetiva e a quantificação dos
resultados.
Para Turroni e Melo (2012), a pesquisa quantitativa considera que tudo
pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e
informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e
de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio
padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.).
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Pesquisa Qualitativa
A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o
mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo
objetivo e a subjetividade do sujeito. A interpretação dos fenômenos e a
atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa
qualitativa. Pode apresentar dados, mas em geral não requer o uso de
métodos e técnicas estatísticas. O ambiente é a fonte direta para coleta de
dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva (Godoy, 1995;
Turoni e Melo, 2012). Exemplo típico de estudos de caso.
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Pesquisa Combinada (Mista)
A pesquisa combinada considera que o pesquisador pode combinar aspectos das
pesquisas qualitativas e quantitativas em todos ou em algumas das etapas do
processo de pesquisa (Turroni e Melo, 2012).
Exemplo: uma pesquisa que irá definir as principais dificuldades associadas à
implantação do programa TPM em empresas brasileiras valendo-se da percepção de
100 engenheiros de produção. Para tal, será estruturado um questionário contendo 20
dificuldades levantada a partir da revisão da literatura, no qual cada dificuldade deverá
ser avaliada por meio de uma escala de 1 a 10. A análise dos dados será feita por
meio da Análise Fatorial Exploratória para redução de escala.
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Critérios clássicos para a classificação de uma pesquisa
Natureza
da
Pesquisa
Pesquisa Básica
Pesquisa Aplicada
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Pesquisa Básica x Pesquisa Aplicada
Entende-se por pesquisa básica aquela cujo principal objetivo é a geração de
novos conhecimentos sem uma aplicação específica: Contribuição à Teoria.
Por pesquisa aplicada entende-se aquela que procura gerar conhecimentos
para a solução de problemas específicos. Muito utilizada em Engenharia de
Produção (SILVA; MENEZES, 2006)
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Critérios clássicos para a classificação de uma pesquisa
Objetivos
da
Pesquisa
Exploratório
Descritivo
Explicativo
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Objetivos da Pesquisa
A pesquisa exploratória visa proporcionar maior familiaridade com o problema com
vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico;
entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema; análise
de exemplos que estimulem a compreensão.
A pesquisa descritiva “delineia o que é” e visa descrever as características de
determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre
variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta dados: questionário e
observação sistemática.
A pesquisa explicativa visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para
a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a
razão, o “porquê” das coisas.
(Turroni e Melo, 2012)
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Critérios clássicos para a classificação de uma pesquisa
Técnicas de Pesquisa
Entrevista (estruturada, semiestruturada
ou desestruturada)
Painel (ao longo do tempo)
Questionário
Simulação
Observação direta
Observação participante
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Entrevistas
Segundo Marconi e Lakatos (2006), a entrevista é um encontro entre duas
pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de
determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional.
É um procedimento, trata-se de uma conversação face a face, de maneira
metódica, proporcionando ao entrevistado, de forma verbal, as informações
necessárias. Existem diferentes tipos de entrevistas, que variam de acordo
com o propósito do pesquisador: ESTRUTURADA, SEMIESTRUTURADA OU
DESESTRUTURADA.(Turroni e Melo, 2012)
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Questionário
De acordo com Marconi e Lakatos (2006), o questionário é um instrumento
de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que
devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.
Antigamente utilizava-se o envio via Correios, mas hoje a preferência deve
ser dada a serviços eletrônico como o Google Forms e Survey Monkey.
O questionário deve ser limitado em extensão e em finalidade. Se for muito
longo, causa fadiga e desinteresse; se for curto demais, corre o risco de não
oferecer suficientes informações. Deve conter de 20 a 30 perguntas e
demorar por volta de (no máximo) 20 minutos para ser respondido.
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Simulação
Muito utilizada em pesquisas de engenharia de produção. Na simulação,
existe uma tentativa de se imitar um comportamento que ocorre no ambiente
natural, controlando-se diversas variáveis. Os dados de entradas devem ser
os mais precisos possíveis para que os resultados sejam válidos.
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Observação direta versus Observação participante
Ruy (2002) alega que, na observação direta, o
pesquisador observa o objeto de estudo de maneira
passiva, ao passo que na observação participante ele se
torna parte dos eventos que estão sendo estudados.
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A implantação de uma survey
adaptado de Forza (2002)
Vínculo com o nível teórico: definições operacionais dos constructos, proposições sobre as hipóteses e limitações da unidade de análise e população.
Projeto: considerar restrições; especificar necessidades de informações; definir amostra alvo; selecionar método de coleta de dados; desenvolver instrumentos de medição.
Teste piloto: testar procedimentos de administração da survey; testar procedimentos para lidar com não-respondentes, dados faltantes e dados limpos; avaliar qualidade da medição
de uma forma exploratória. Possibilidades de melhorias no instrumento de pesquisa.
Coleta de dados: administrar levantamento; lidar com não-respondentes e dados faltantes; entrada e limpeza dos dados; avaliar qualidade da medição.
Análise de dados: análise da confiabilidade dos dados e análises estatísticas.
Gerar relatório: esboçar implicações teóricas e fornecer informações para replicabilidade
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Amostragem probabilística e não probabilística
Amostragem não probabilística por julgamento o pesquisador por meio de um bom
julgamento e estratégia adequada, escolhe os casos que ele acredita serem
necessários para que a amostra atenda às necessidades da pesquisa (HAIR et al., 2009,
p. 247).
Amostragem probabilística todos os elementos da população possuem chances
iguais de serem escolhidos População finita (abaixo de 10.000) ou infinita (acima de
10.000)? Qual o tipo de distribuição os dados seguem? Se normal, qual o desvio padrão
da população para estimativa da média? Qual o objetivo de seu estudo?
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Análise de dados
A ideia aqui não é detalhar ferramentas de análise de dados, pois em
Engenharia de Produção muitas são as possibilidades.
Se você não possui um projeto de pesquisa claramente definido, ficará difícil
escolher a técnica de análise de dados mais adequada.
Veja como proceder para cada análise em Malhotra (2012).
A técnica aplica é decorrente de seus objetivos e não o contrário.
Exemplos de técnicas possíveis de serem aplicadas: Análise Fatorial
Exploratória, Escalonamento Multidimensional, Modelagem por Equações
Estruturais - Vide livro do Hair (2009); TOPSIS, Fuzzy TOPSIS, Delphi, etc.
Converse com um estatístico antes de coletar dados !
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Análise de dados em survey
RECADO APÓS ESTA EXPLANAÇÃO DEFINA BEM SEU PROJETO
DE PESQUISA EM RELAÇÃO AOS OBJETIVOS ALMEJADOS E JÁ
TENHA UMA CLARA IDEIA DA FERRAMENTA QUE IRÁ UTILIZAR PARA
A ANÁLISE DE DADOS. ESTUDE CADA FERRAMENTA, VEJA SUA
APLICABILIDADE, ISSO É ESSENCIAL PARA POSTERIORMENTE
PUBLICAR SUA PESQUISA EM PERIÓDICOS INTERNACIONAIS.
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Estruturação de um bom resumo
Minha sugestão para a
estruturação de um bom
resumo é que sejam seguidas
as orientações apresentadas
pela Emerald Insigth (2017)
Veja as informações no link
http://www.emeraldgrouppublis
hing.com/authors/guides/write/a
bstracts.htm?part=1
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Itens opcionais para os
abstracts na Emerald:
- Research limitations
- Practical implications
- Social implications
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Referências Bibliográficas
ANHOLON, R. QUELHAS, OLG. LEAL FILHO, W. PINTO, J.S. FEHER. A. Assessing corporate social responsibility
concepts used by a Brazilian manufacturer of airplanes: A case study at Embraer. Journal of Cleaner Production, v.
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corporate social responsibility. Journal of Cleaner Production, 56, 7–17.
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acadêmicos - Apresentação. Rio de Janeiro, dez 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023 – Informação e documentação. Referências.
Elaboração. Rio de Janeiro, ago 2002b.
BIBLIOTECA GLADIS AMARAL. Estrutura do trabalho acadêmico, 2017. Baseado na norma NBR 14724: 2011.
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Referências Bibliográficas
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