metodologia e avaliacao do processo criativo no design

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METODOLOGIA E AVALIAÇÃO DO PROCESSO CRIATIVO NO DESIGN Marcelo José da Mota UNOESTE, Departamento de Design, Arquitetura e Engenharias [email protected] Resumo Este trabalho propõe uma metodologia e um sistema de avaliação para o processo de projetação em disciplinas práticas relacionadas ao Design. Alicerça-se em ferramentas pedagógicas e nas reflexões construtivas que visam a avaliação do ensino/aprendizagem não somente nos cursos de Design, mas também de Arquitetura, de Publicidade, entre outros, com disciplinas que necessitem de metodologia e de criatividade em projetos experimentais. A condução do conteúdo disciplinar, sua forma de abordagem em sala de aula e os recursos tecnológicos disponíveis serão apontados como instrumentos fundamentais para o cumprimento das diretrizes básicas do Projeto Pedagógico do Curso e ações educativas. Propõe-se uma metodologia estruturada no planejamento das fases do projeto e das etapas da criatividade descritas objetivamente e com critérios de avaliação mediados pela utilização de técnicas visuais e de conceitos justificados no trabalho apresentado pelo discente. Palavras-chave: Metodologia, Design, Avaliação e Criatividade. Abstract This research proposes a methodology and a system of evaluation for the process of project in related practical disciplines to the Design. It is also based in pedagogical tools and the constructive reflections that not only aim at the evaluation of education/learning in the courses of Design, but of Architecture, Advertising, among others, with disciplines that need methodology and creativity in experimental projects. The conduction of the disciplinary content, its form of boarding in classroom and the available technological resources will be pointed as fundamental instruments with respect to the fulfilment of the basic lines of direction of the Pedagogical Project of the Course and educational actions. A methodology structured in the planning of the phases of the project and the described stages of the creativity considers objectively and with criteria of evaluation mediated for

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METODOLOGIA E AVALIACAO DO PROCESSO CRIATIVO NO DESIGN

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Page 1: Metodologia e Avaliacao Do Processo Criativo No Design

METODOLOGIA E AVALIAÇÃO DO PROCESSO

CRIATIVO NO DESIGN

Marcelo José da Mota UNOESTE, Departamento de Design, Arquitetura e Engenharias

[email protected]

Resumo

Este trabalho propõe uma metodologia e um sistema de avaliação para o processo de projetação em disciplinas práticas relacionadas ao Design. Alicerça-se em ferramentas pedagógicas e nas reflexões construtivas que visam a avaliação do ensino/aprendizagem não somente nos cursos de Design, mas também de Arquitetura, de Publicidade, entre outros, com disciplinas que necessitem de metodologia e de criatividade em projetos experimentais. A condução do conteúdo disciplinar, sua forma de abordagem em sala de aula e os recursos tecnológicos disponíveis serão apontados como instrumentos fundamentais para o cumprimento das diretrizes básicas do Projeto Pedagógico do Curso e ações educativas. Propõe-se uma metodologia estruturada no planejamento das fases do projeto e das etapas da criatividade descritas objetivamente e com critérios de avaliação mediados pela utilização de técnicas visuais e de conceitos justificados no trabalho apresentado pelo discente. Palavras-chave: Metodologia, Design, Avaliação e Criatividade.

Abstract

This research proposes a methodology and a system of evaluation for the process of project in related practical disciplines to the Design. It is also based in pedagogical tools and the constructive reflections that not only aim at the evaluation of education/learning in the courses of Design, but of Architecture, Advertising, among others, with disciplines that need methodology and creativity in experimental projects. The conduction of the disciplinary content, its form of boarding in classroom and the available technological resources will be pointed as fundamental instruments with respect to the fulfilment of the basic lines of direction of the Pedagogical Project of the Course and educational actions. A methodology structured in the planning of the phases of the project and the described stages of the creativity considers objectively and with criteria of evaluation mediated for

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the use of techniques appearances and concepts justified in the work presented for the pupil. Keywords: Methodology, Design, Evaluation and Creativity.

1 Introdução

As seguintes páginas descrevem sobre os processos metodológicos relacionados a

projetação no Design e em áreas correlacionadas, nas quais têm como resultado um

projeto criativo. Neste trabalho foram considerados os aspectos referentes ao Design,

definições e princípios que o determinam como estruturador social e área de

conhecimento. Nos capítulos foram abordados questões que fomentam ações

pedagógicas e avaliativas no processo do ensino/aprendizagem. A proposta é

investigar e apresentar alguns parâmetros metodológicos que incentiva, compreende,

estabelece relações culturais, plásticas e afetivas para o desenvolvimento do projeto.

Tais parâmetros auxiliarão no planejamento de disciplinas práticas na elaboração, na

execução e principalmente na avaliação do processo educativo.

No capítulo dois será definido o Design enquanto um importante instrumento para

a transformação social e evolução das tecnologias. A pesquisa apresenta as

definições de Dijon de Moraes e André Villas-Boas do Design e sua importância para a

sociedade industrial e cultural. Neste capítulo, também serão abordados os caminhos

da criatividade e do processo criativo apresentados por Fayga Ostrower e Luiz Vidal

Gomes. Os autores apoiam-se nos processos cognitivos, perceptivos da linguagem

visual e meio ambiente para o desenvolvimento do projeto criativo e inovador.

No capítulo três será apresentada a metodologia dos autores Rodolfo Fuentes,

novamente Luiz Vidal Gomes e Peter Phillips. Em seus estudos apoiam-se no

desenvolvimento de um projeto de Design estruturado por um modelo dividido em

fases e etapas. A proposta dos autores é aumentar o controle do projeto, ativar a

memória visual e referências culturais, bem como aumentar as alternativas e soluções

criativas e inovadoras para o problema.

Parte destas reflexões serão acompanhadas por uma proposta metodológica de

ações e de procedimentos a serem realizados para o desenvolvimento da disciplina

Page 3: Metodologia e Avaliacao Do Processo Criativo No Design

prática. Será sugerido um modelo de memorial descritivo, fruto do conteúdo teórico

abordado em sala de aula no qual funciona como um relatório do projeto desenvolvido

e é um importante instrumento de avaliação.

2 Design como ferramenta criativa

Uma característica relevante do design é a caracterização no objeto informativo de sua

função. Adequar à funcionalidade, à expressão, à produção de qualquer projeto ao seu

público e à indústria. No objeto de design, com uma mensagem atribuída ao produto

pode ser definido seu caráter informativo de acordo com sua complexidade funcional e

estrutural. Nesta relação há a dependência da originalidade, gerando o que se chama

“novidade” fundamental para apresentar estímulo ao consumo.

O design é utilizado como fator determinante na construção da imagem do objeto

e é base para o fomento da cultura e de experiências no ato do projeto.

Segundo Moraes (1999, p. 85), a definição de design proposta em Veneza, em

1961, pela International Council of Societies of Industrial Design (ICSID), é:

O design consiste em projetar a forma do produto, isto é, integrar e articular todos os fatores que de um modo ou de outro participam do processo constitutivo da forma do produto. E, mais precisamente, se refere tanto aos fatores relativos ao uso, à fruição e ao consumo individual ou social do produto - fatores funcionais, simbólicos ou culturais - quanto àqueles relativos à sua apropriada produção - fatores técnico-científicos, técnico-construtivos, técnico-distributivos.

Por este ponto de vista, o autor eleva o design como atividade projetual e criativa

que transforma uma população exigente e qualificada em países em via de

desenvolvimento. Na verdade, o design atinge todos os aspectos relacionados ao

ambiente humano condicionado pela produção industrial, fornece os subsídios para o

desenvolvimento industrial e fomenta bases informacionais relativas ao produto.

O Programa Brasileiro de Design (PBD, 1995), em uma definição do conceito pela

Council of Industrial Design (ICSID, 1961) por afirmação de Moraes (1999), o design

é uma atividade criativa, cujo objetivo é determinar as propriedades formais dos

objetos produzidos industrialmente. Estas propriedades não devem atender apenas as

características exteriores dos produtos, mas as relações estruturais e funcionais que

fazem de um ou mais sistemas de objetos uma unidade coerente do ponto de vista do

produtor como do consumidor.

Portanto, é evidente o papel ideológico e de produtor cultural, assumido pelo

Design, para dar sentido e formar a identidade social, ele legitima e idealiza a

contemporaneidade de produção e consumo de informações. O Design pode ser

definido como um processo de integração entre culturas e técnicas nos quais surgem

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elementos que são compartilhados em diversas disciplinas. Segundo Villas-Boas

(2002), a interdisciplinaridade torna possível o manejo de referências teóricas de áreas

correlacionadas como a comunicação, a arquitetura, a arte, a antropologia, entre

outras de maneira orgânica e permitem que o design seja determinado como disciplina

específica além de ser o principal viés metodológico.

2.1 Criatividade e projeto

Historicamente nossa sociedade é marcada por descobertas tecnológicas e invenções

importantes para a evolução do pensamento e de toda ação de construção de um

conhecimento universal. O homem aprendeu a encurtar caminhos e tempo com

objetos, ferramentas e utensílios práticos, pedagógicos ou não. Somos dotados de

uma razão que nos permite articular ideias, refletir sobre acontecimentos, produzir

cultura e fazer memória.

Em um projeto de design o ponto de partida é a expressão de uma necessidade.

Quando se configura algo e o define, surgem novas possibilidades (OSTROWER,

1997). A criatividade implica em uma força crescente e em constante transformação. O

potencial criativo surge de múltiplos níveis do ser sensível-cultural-consciente,

materializado em diversas formas ou possibilidades de representação.

Ostrower (1997) afirma que somente ante um ato intencional, ou seja, de um ser

consciente é que faz sentido a criação. Na visão da autora, criação é o surgimento de

soluções para um problema concebido interligadas ao imaginário.

Num sentido evolutivo, o homem biologicamente toma consciência de seu mundo

com estímulos advindos da cultura. A formação de padrões ou vínculos individuais e

coletivos influenciam na produção prática e intelectual que serão referências em novas

visões de realidade. A constante mutação social e a quebra de paradigmas permitem

ao Design ser uma área centralizadora na concepção de projetos carregados de

simbolismo e de informações educativas.

O homem estabelece relacionamentos entre múltiplos eventos que ocorrem e dá

significado às coisas como forma de interpretar fenômenos. Criar é ordenar e orientar

tais fenômenos individualmente. O potencial criativo da espécie humana se converte

em necessidades existenciais criadas por ela própria. Uma metodologia criativa deve

assegurar a assimilação do conhecimento técnico, científico e cultural à prática de

ações e de atitudes despertadas na obtenção de soluções inovadoras para um

problema sugerido.

Para tanto, na Educação do Design é necessário desenvolver no projetista os

seres sensível, cultural e consciente para obter-se criatividade. O primeiro deles é

quando a criação articula-se principalmente através da sensibilidade. Poder receber e

Page 5: Metodologia e Avaliacao Do Processo Criativo No Design

reconhecer estímulos e reagir adequadamente a eles. Assim, a metodologia criativa

deve promover e despertar o pensar sensível.

O segundo ser é o ser cultural no qual o homem apoia-se na cultura dentro de

uma cultura, ele é educado em diferentes formas materiais e espirituais, crenças e

hábitos segregados do convívio social. É uma nítida vantagem biológica do homem

criar, formar e articular cultura e poder se expressar através dela.

O terceiro ser necessário para obter-se criatividade é o ser consciente no qual

guia o indivíduo à sua existência individual ou coletiva. Apoia-se na forma intelectual

que gera o modo de sentir e de pensar fenômenos ou de articulá-los para a busca de

conhecimento.

No universo consciente de um ser criativo o papel da memória é fundamental,

bem como relacionamentos e associações despertadas por ela. O ser humano

recolhe-se de experiências anteriores à lembranças de resultados obtidos para

orientar-se em possíveis ações solicitadas no dia-a-dia da vida. De acordo com

Ostrower (1997, p. 18), “a memória articula os seres necessários para a criatividade,

faz-se conhecer, no curso das ações, como uma espécie de guia aceitando ou

rejeitando certas opções e sugestões contidas no ambiente”. Nossa memória reativa

conteúdos a cada momento que se baseiam na ativação de certos contextos e não de

fatos isolados. Similar ao da percepção, a memória articula informações e

experiências entre o que lembramos, pensamos ou imaginamos. Portanto, nossa

memória seria não-factual sempre com novas interligações e configurações.

Um projeto criativo envolve a educação do projetista. O desempenho e o

envolvimento do desenhador em sua tarefa é um fator determinante para o ato criativo.

Gomes (2004) define desenhador ou projetista como o profissional que participa da

construção de características técnico-formal, estético-formais e lógico-informacionais

em produtos industriais. O projeto de Design é constituído por um conjunto de

atividades para a criação de produtos industriais relativos a lugares, à ferramentas e a

utensílios, com os quais ampliam nossa capacidade sensorial e a elementos de

suporte visual que informam e traduzem ações ou ideias. Então, Design é o

equacionamento de fatores ergonômicos, estéticos, econômicos e ecológicos no

projeto.

O projeto criativo é aquele no qual se utiliza o Design como estruturador e

condutor de necessidades físicas e psíquicas necessárias à vida e ao bem-estar de

um indivíduo ou sociedade. Agir criativamente é tornar o projeto sinônimo de

qualidade de vida e de progresso científico-tecnológico.

Page 6: Metodologia e Avaliacao Do Processo Criativo No Design

3 Metodologia criativa no Design

Existem vários modelos de processo criativo adequados a diferentes necessidades. A

principal característica de todos eles são a objetividade da função atribuída ao

produto. O projeto deve ser caracterizado como um problema à ser resolvido no qual o

papel do projetista é encontrar caminhos que o levem a uma solução criativa.

Fuentes (2006) em seus estudos sobre os fundamentos do Design descreve a

metodologia de Guilhermo Gonzáles Ruiz, que divide o trabalho em três grandes

fases: analítica, criativa e executiva. Nesta proposta metodológica, a primeira fase o

problema é definido e também é reconhecido seus subproblemas para então, poder

avaliar e ordenar as alternativas. É nesta fase que se estrutura um projeto,

conhecendo caminhos realistas e justificáveis para a evolução projetual. Há também a

hierarquização do trabalho, bem como a divisão das tarefas quando se trata de um

grupo de projetistas.

Tais alternativas irão determinar a formulação de ideias diretoras e suas

implicações projetuais na fase criativa. Há extrema necessidade de verificação e de

cuidados com relação à função do produto e de qual é o seu objetivo para orientar a

criação. Os desenhos construtivos devem respeitar a ideia diretora, limites e conceitos

do projeto. Em seguida faz-se uma seleção da ideia e a formaliza como solução

adotada.

Na fase executiva há a valorização do processo, crítica e construtivo, como

também os ajustes industriais e organizacionais para a materialização ou implantação.

Nesta fase pode-se efetuar as correções através da observação de fatores

condicionantes observados no problema.

A figura 1 apresenta o processo de Design descrito acima, ilustrando com

entradas e saídas, inputs e outputs consecutivamente para a projetação. Neste

modelo pode-se perceber a interdependência das fases, ou seja da constante relação

entre as fases do projeto para atingir a solução do problema.

Page 7: Metodologia e Avaliacao Do Processo Criativo No Design

FIGURA 01 - Fases do projeto de design proposta por Gonzáles Ruiz. Fonte: (FUENTES,

2006, p. 30)

A fase criativa no projeto de Design pode ser fragmentada em estágios orientados

metodologicamente para o aumento do grau informativo do produto. Esta fase

representa a realização de ações táticas e técnicas para poder resolver o problema de

forma criativa e inovadora.

Na figura 2, Gomes (2004) faz um detalhamento das etapas do processo criativo e

propõe a divisão do tempo de projetação em cada momento. O autor caracteriza o

trabalho tático como sendo o envolvimento do projetista com o problema e a solução

adotada. No trabalho técnico, o autor supracitado, faz a relação do estado-de-arte e

evolutivo do tema abordado, bem como se baseia no processo produtivo de

possibilidades de materialização da ideia e a qualidade estético-formal da solução

adotada.

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FIGURA 02 - Etapas e fases do processo criativo. Fonte: (GOMES, 2004, p.62)

No trabalho tático o autor divide em metades iguais. A primeira metade

corresponde à necessidade de ações na identificação e preparação do problema, na

delimitação do trabalho sob alguns aspectos estruturais e cognitivos. Na segunda

metade do trabalho tático fica entre a incubação da ideia até a verificação, ou seja a

importância do tempo dedicado às ações de afetividade e de modelagem no projeto.

A figura 2 também propõe a divisão de tempo correspondente ao trabalho técnico

no qual o Gomes (2004) divide o tempo de 10% dedicado da identificação à

iluminação e em 90% as ações referentes à modelagem 1D, 2D e 3D da ideia criativa.

Na apresentação material ou visual do projeto de Design os conceitos são

traduzidos em um sistema/estrutura adequados ao usuário, à cultura, ao meio

ambiente e à tecnologia. No processo avaliativo de disciplinas práticas relacionadas ao

Design o método deverá comtemplar os caminhos percorridos pelo discente de

maneira adequada, linear e construtiva. Com a utilização da metodologia proposta,

Page 9: Metodologia e Avaliacao Do Processo Criativo No Design

divididas em fases e subfases, haverá material objetivo para divisão e análise na

atribuição de valores nos trabalhos produzidos.

4 Memorial descritivo do projeto e avaliação

Em um trabalho prático de disciplinas que adotam o Design como moderador criativo

deve-se planejar as atividades de maneira objetiva seguindo as fases analítica, criativa

e executiva. As etapas para a projetação deverá seguir um cronograma que inicia-se

com a apresentação do problema no qual o aluno irá relacionar a teoria apreendida

como sugestão para a solução criativa.

As abordagens teóricas são fundamentais para o processo de Design. Deve-se

conscientizar e contextualizar o aluno no conhecimento e manipulação do alfabetismo

visual e das técnicas gráficas em produtos ou estruturas. Desta maneira, o aluno irá

obter justificativas para o projeto. O resultado é um trabalho prático fundamentado sob

os aspectos conceituais do Design despertados na forma ou na função do sistema.

O objetivo desta reflexão é apresentar mais uma ferramenta para o processo

avaliativo, é propor também ao docente os diferentes caminhos no desenvolvimento

do curso, com ferramentas pedagógicas adequadas na conceituação e na atribuição

de valores no projeto a ser desenvolvido. No programa da disciplina deverá constar

um cronograma de atividades com os itens necessários para o trabalho a ser aplicado,

neste caso deverá ser apresentado ao aluno um modelo de memorial descritivo.

No desenvolvimento de um exercício prático todas as fases e etapas devem ser

hibridas e derivadas de análises e pesquisas sobre o tema adotado e alicerçadas

pedagogicamente. A sugestão é que o aluno entregue o memorial descritivo anexado

ao projeto contendo os itens: briefing, estudo de campo, ficha técnica e conclusão.

Nas aulas teóricas o docente deve conduzir a contextualização da sintaxe,

estética e percepção visual dos objetos; das funções do produto e categoria dos

sistemas construídos; da universalidade e geometrização das formas - morfologia dos

sinais e símbolos e apresentar a proposta de projeto seguida da apresentação do

modelo do memorial descritivo.

O memorial descritivo é uma peça importante para o processo educativo e de

ensino do Design, principalmente para gerar subsídios para o processo de avaliação.

Deve ser bem claro e definido os parâmetros da construção do memorial pelo docente,

significa que haverá um programa sugerido e um método a ser seguido. Desta

maneira, o discente deverá obedecer a um modelo que relaciona teoria à prática, com

justificativas e objetivação do trabalho e saber proceder na entrega do detalhamento

técnico e de representação gráfica do trabalho.

Page 10: Metodologia e Avaliacao Do Processo Criativo No Design

Existem muitos exemplos de memorial descritivo. O que se pretende aqui é

atender as necessidades para a descrição das atividades práticas e a identificação do

conhecimento adquirido pelo aluno no processo de projetação. O memorial também é

uma oportunidade do discente em apresentar o trabalho, formata-lo visualmente para

apreciação dos avaliadores. O formato também poderá ser variado e criativo, muitas

vezes assumem características da solução gráfica adotada e defendida pela arte

criada no projeto. É fundamental em um memorial descritivo para disciplinas práticas

no Design conter briefing, estudo de campo, ficha técnica e conclusão.

O briefing deve ser transparente e conter os elementos necessários para primeiro

item do memorial descritivo visando o conhecimento dos envolvidos no trabalho como

um modelo pedagógico que trará informações pertinentes às disciplinas práticas. Ele

proporcionará oportunidades para o aumento do grau criativo do aluno, no

conhecimento do problema como um todo e suas particularidades.

Phillips (2009) afirma que no briefing deve haver um claro entendimento do

designer sobre questões fundamentais: por que se desenvolve o projeto? Quais são

os resultados que se pretende alcançar? O conceito criativo a ser desenvolvido deve

refletir esses dois objetivos. Tais informações fornecem a matéria prima para a

criatividade e inovação. Os itens do briefing serão de acordo com a dimensão e a

complexidade do projeto.

O item estudo de campo do memorial comtempla a análise de similares

necessária para a criação de novos produtos ou sistemas. Neste momento o aluno irá

descrever suas referências baseadas em experiências reais orientadas para o tema do

trabalho. Este também é o momento de relacionar o que já foi criado e produzido no

mercado, como os conceitos abordados e soluções adotadas. O estudo de campo

ajuda na identificação das particularidades de um projeto e o caminho a ser seguido

para a criatividade e inovação.

A ficha-técnica aponta alguns itens referentes à criação da peça, ou seja, a

solução do problema pelo aluno/projetista. Consiste em responder de forma positiva

com ações comunicativas inerentes ao projeto. Na ficha-técnica deve conter:

- Conceito – refere-se ao conceito do Design tomado como matriz da criação. O

conceito poderá ser justificado e descrito detalhadamente como forma de justificativa

para o trabalho.

- Composição – está relacionada na materialização da ideia, nas relações

conceituais e nas possibilidades da ação comunicativa. Neste momento pode-se

descrever o processo e a solução criativa.

- Técnica Visual – neste item deverá ser apresentado os caminhos percorridos

pelas fases do projeto que resultaram na solução criativa. Pode-se neste momento

Page 11: Metodologia e Avaliacao Do Processo Criativo No Design

fazer as conexões com outras áreas como a psicologia da Gestalt e os fundamentos

do alfabetismo visual.

- Raff, layout ou modelo – referem-se ao processo de criação materializado no

desenho da forma e na função do projeto. No primeiro momento, no raff, ou seja

rabiscos, o aluno/desenhador deverá produzir simulações gráficas e construções

visuais espontâneas que poderão ser desencadeadoras de novas soluções em

momentos seguintes. Em seguida a solução adotada é apresentada em forma de

layout, que poderá ser compreendido como gráfico bidimensional (2D) ou um modelo

tridimensional (3D), sendo compreendido como protótipo, maquete ou mock-up.

Sugere-se que o memorial descritivo tenha uma conclusão. Este item é um

resumo ou fechamento crítico do trabalho. A conclusão também poderá ser uma

ferramenta para a auto-avaliação. Neste momento o discente descreve suscintamente

o processo e pode revelar facilidades e dificuldades no desenvolvimento do trabalho.

Os itens descritos neste capítulo orientam o discente no processo de ensino

aprendizagem para projetação, como também abrem possibilidades para o docente

conhecer melhor cada componente da equipe de alunos e suas capacidades criativas.

Com esta proposta metodológica o docente regulariza e facilita o processo de

projetação no Design, estabelece relações entre teoria e prática aplicadas nas fases

do projeto e também legaliza critérios de avaliação.

5 Conclusão

Este trabalho procurou esclarecer o processo de Design como caminho para a

obtenção de recursos educacionais, estruturais e metodológicos em disciplinas

práticas relacionadas com a criatividade. Foram estabelecidos os parâmetros do

processo criativo e propostas de um método que ajudam na compreensão do trabalho

e no desenvolvimento do projeto.

A tecnologia e as ações educativas voltadas à criatividade e ao ajustamento das

fases e etapas do trabalho são ferramentas necessárias para a transmissão do

conhecimento e para o bom relacionamento entre as partes envolvidas no processo do

ensino/aprendizagem do Design. Os assuntos abordados nos capítulos é fruto de uma

constante no atual cenário da Educação do Design. Os procedimentos aqui descritos

referentes ao processo da arte de projetar ajudam no planejamento e na programação

de disciplinas que fomentam a construção de um ser criativo e com referencial cultural.

Todo o sistema de ensino/aprendizagem no Design deve ser discutido, analisado,

adaptado ou reformulado, se necessário, para possibilitar a entrada de novos ideias,

meios metodológicos, tecnológicos ou culturais. O objetivo do trabalho orientado neste

Page 12: Metodologia e Avaliacao Do Processo Criativo No Design

modelo apresentado é criar novas alternativas de transmitir e valorizar a informação

que busque a construção do conhecimento e garanta o aprendizado.

O planejamento e as atitudes tomadas pelo professor é que irá promover a

hibridez das informações transmitidas pelos canais do ensino nos quais colocam o

aluno em contato com o universo pretendido. No ofício docente os múltiplos saberes

(ser, conviver, conhecer e fazer) devem ser articulados em comunhão com o convívio

e a afetividade das relações. O professor, não somente no ensino superior ou no

Design, mas em todas as etapas da educação, deve se preocupar em atender as

expectativas do aluno e a medir o grau de envolvimento das partes. Desta maneira,

pode-se intervir, redimensionar ou corrigir o processo educativo e principalmente

avaliar de maneira justa, objetiva e concreta.

Referências

FUENTES, Rodolfo. A Prática do Design Gráfico: uma metodologia criativa.

Trad. Oswaldo Antonio Rosiano. São Paulo: Rosari, 2006. GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Criatividade: projeto, desenho, produto . Santa Maria: sCHDs, 2004. MORAES, Dijon de. Limites do Design. São Paulo: Studio Nobel, 1999.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis:

Vozes, 2007. PHILLIPS, Peter L. Briefing: A Gestão do Projeto de Design. São Paulo: Blucher, 2009. VILLAS-BOAS, André. Design Gráfico: identidade e cultura. Rio de Janeiro:

2AB, 2002.