metodologia de trabalho de campo ufvjm junho 2010

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MICHELLE DE OLIVEIRA FREITAS CIENTISTA SOCIAL Metodologia de Trabalho de Campo Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Teófilo Otoni 13 de Junho de 2010.

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Apresentação de minicurso "Metodologua de Trabalho de Campo" oferecido a alunos da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri pela cientista social Michelle de Oliveira Freitas.

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MICHELLE DE OLIVEIRA FREITAS

CIENTISTA SOCIAL

Metodologia de Trabalho de CampoUniversidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri

Teófilo Otoni 13 de Junho de 2010.

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Pesquisa de Survey como método para as ciências sociais

Em particular os SURVEYS são semelhantes a censos, sendo a diferença principal entre eles é o SURVEY examina uma amostra de população enquanto o CENSO geralmente implica uma enumeração da população toda.

Um dos primeiros usos de Survey de atitudes ocorreu em 1880. Um sociólogo político alemão enviou questionários pelo Correio a 25.000 trabalhadores franceses, para averiguação o grau de exploração pelos franceses pelos patrões: KARL MARX

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Características Científicas da Pesquisa de Survey

A pesquisa de Survey é somente uma das muitas ferramentas de pesquisa disponíveis para pesquisadores sociais. Podendo ser utilizado vantajosamente no exame de muitos temas sociais e combinado com outras metodologias.

Possui uma função pedagógica , porque todas as deficiências ficam mais claras nela do que em outros métodos de pesquisa social, permitindo assim avaliações mais conscientes de suas implicações.

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A pesquisa de Survey : é lógica, é determinística, é geral, é parcimoniosa, é específica.

Os surveys amostrais visam conhecer preferências e comportamentos em geral. E as análises explicativas em pesquisas de survey visam desenvolver proposições gerais sobre o comportamento humano. Esse formato metodológico nos permite observar, reunir e analisar ao mesmo tempo diversas variáveis possibilitando a identificação de vários perfis dentro da amostra escolhida.

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A pesquisa de Survey envolve a coleta e a quantificação dos dados, os dados coletados se tornam fontes permanentes de informações.

Um corpo de dados de Survey pode ser analisado depois da coleta e confirmar assim, um a teoria de comportamento social.

Caso haja a modificação da teoria é sempre possível retornar a base de dados e reavaliá-lo. (Instrumento permitido neste tipo de metodologia)

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Surveys por Entrevistas

Questionários aplicados por entrevistadores em lugar de respondido pelos próprios respondentes tem um índice de respostas que podem chegar até a 85%.

Outro aspecto que se faz interessante é a menor quantidade de resposta “Não sei” e “Sem resposta”, pois na presença do entrevistador a também outro ponto: a busca pela resposta que mais se aproxima da real opinião do participante.

Isso faz com que a pesquisa passe a ter um índice de respostas, e assim, de variáveis que assegure a teoria que se quer comprovar.

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A presença do entrevistador faz com que haja menos confusão com os itens a serem respondidos, pois o mesmo poderá esclarecer o intuito da pergunta, sem no entanto, modificar o sentido da mesma.

A presença do entrevistador num trabalho direto com o entrevistado serve também como: Observador participante, uma vez que ele pode recolher algumas informações acerca do perfil do mesmo, como cuidados no vestir, hábitos comportamentais, posturas em relação a assuntos mais polêmicos etc.

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A pesquisa de Survey é baseada numa teoria de cognição e comportamento de ESTÍMULO-RESPOSTA. E trabalhamos com características que julgamos como sendo Ideais.

Devemos supor que o conjunto pergunta-resposta tenha uma sequência lógica para os devidos fins: comprovação de teoria e o reconhecimento desta mediante algumas respostas. É necessário que o entrevistador também entre em sintonia com o que está apresentando ao entrevistado, tomando cuidado para não se manifestar pessoalmente.

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Para tal, a sua presença não deve afetar a percepção que o respondente tem da questão, ou da resposta.

PORTANTO: O Entrevistador deverá ser um meio neutro através do qual perguntas e respostas são transmitidas.

Se isso for feito, diferentes entrevistadores obterão exatamente as mesmas respostas do mesmo entrevistado.

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Regras Gerais para Entrevistar

A condução das entrevistas depende de certo modo da população e do conteúdo do Survey.

Aparência e Comportamento: Em geral os entrevistadores devem se vestir como as pessoas que vão entrevistar. Mas mantendo os cuidados necessários para que não haja inibição por parte dos entrevistados.

Exemplos: Nem se vestir ricamente para entrevistar classes mais baixas e nem mal vestidos quando se entrevistar pessoas com um nível mais alto.

A questão aqui é a cooperação para que as respostas possam se aproximar da realidade.

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Familiaridade com o Questionário

Se não houver por parte do entrevistador uma familiaridade com o questionário anteriormente à entrevista, a pesquisa sofrerá e será posto um peso injusto no entrevistado.

A entrevista terá um tempo maior, e não inspirará ao entrevistado a confiança para que o mesmo mantenha o nível de suas respostas.

O entrevistador não conseguirá a familiaridade necessária para uma entrevista interessante com duas ou três leituras do questionário.

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O ideal do comportamento do Entrevistador é que ele estude o questionário, questão por questão, e que faça se necessário a leitura em voz alta do mesmo.

Outro aspecto do Entrevistador: ele deverá ler os itens do questionário sem errar, nem gaguejar nas frases e nas palavras.

Familiarizar-se com as instruções que acompanham o questionário (folha de rosto e quadros descritivos) procurando não saltá-los e nem ignorá-los.

Poderá acontecer do questionário não corresponder à realidade do entrevistado, o mais adequado é deixar a questão em branco e colocar as observações adequadas ao mesmo. Não colocando assim, os outros itens da pesquisa em risco.

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Redação da Questão e o Registro das Respostas

Quando os questionários tiverem perguntas abertas o entrevistador deverá: Anotar a resposta como foi dita pelo entrevistado. Não tente resumir, parafrasear ou corrigir erros de gramática. A resposta deverá ser escrita exatamente como foi dita!

Registrar as respostas do modo como foram ditas é de suma importância, uma vez que o entrevistador (normalmente) não sabe como a resposta será tabulada.

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Outra observação quanto às respostas abertas são os comentários marginais: anotados nos cantos dos questionários que servem como tradução para o quantificador do banco de dados, objetivando e traduzindo as incertezas, e certos padrões de comportamento que foram observados quando da pergunta feita e até mesmo como instrumento de clareza nas respostas incoerentes.

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Sondagem das Respostas

A sondagem das respostas também é importantes para a compreensão do trabalho de campo. Sendo mais comumente aplicadas às respostas abertas.

Mas podem ser utilizadas nas respostas fechadas onde o entrevistado responde alguma coisa fora do padrão escalar presente.

Exemplo: pedir ao entrevistado que concorde fortemente, concorde mais ou menos, discorde mais ou menos, ou discorde fortemente. E no caso o entrevistado lhe responde “acho que é verdade”.O entrevistador deverá instruí-lo do tipo de resposta que deverá informar dentro do que foi pedido.

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Outra técnica de sondagem para respostas mais completas é o silêncio, onde a pergunta foi feita e mantemos o papel e a caneta posicionada: o entrevistado por instinto completará com mais informações o que foi proposto.

Perguntas como: “De que maneira?” “Como assim?”, “Poderia esclarecer um pouco mais?”, “Mais alguma coisa?”

Tomando cuidado para não afetar a resposta dada, no máximo dar uma sugestão ou outra, próximas ao questionário (Para respostas mais consistentes).

Alguns questionários possuem quadros de instrução com os tipos de sugestão de sondagem de resposta) dependerá do tipo de Survey aplicado e o público que se quer atingir.

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Treinamento do Entrevistador

Todos Surveys e questionários diferem uns dos outros. E é necessário que haja sempre um treinamento para cada novo Survey.

O tempo de treinamento também difere, dependendo do escopo e da natureza da pesquisa e da experiência dos entrevistadores.

O treinamento sempre começa com a explicação escopo da pesquisa e o objetivo da mesma, para que o entrevistador tenha o cuidado e um maior interesse com o tema a ser desenvolvido.

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Outro aspecto da descrição da pesquisa é o seu patrocinador (fundações, órgãos de fomento à pesquisa, empresas privadas etc.) seu propósito básico e como a amostra de entrevistados foi selecionada.

Desenho do questionário, o processamento dos dados bem como a sua análise, para que o entrevistador compreenda o seu papel dentro do trabalho.

Quanto tempo durará cada fase da pesquisa, quantas horas por semana de trabalho, deslocamentos e tempo mínimo de dedicação.

Atenção ao conjunto de normas gerais, horários e forma de organização da equipe.

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Questionários e suas Especificidades

O questionário deve ser tratado passo a passo de forma a sanar as dúvidas dos entrevistadores, e bem como corrigir eventuais erros gramaticais. As explicações deverão ser feitas de forma explícita facilitando assim a compreensão global do mesmo.

A descrição de situações simples de condução da pergunta ao entrevistado, deixando claro, a intenção da pergunta e a postura do entrevistado.

Cuidado com situações de campo, anotá-las como a dificuldade de aplicação de determinada questão, a compreensão do entrevistado mediante o que foi perguntado e demais dificuldades que não foram previstas no pré-campo.

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Pré-testes e Estudos Pilotos

Os pré-testes são os testes iniciais de um ou mais aspectos do desenho da pesquisa. Significa a administração do esboço do questionário a um grupo de sujeitos.

O pré-teste do desenho de uma amostra pode indicar se este desenho é possível, nos permite avaliar as dificuldades e estimar o tempo e o custo necessários.

ENTRETANTO, você nunca terá controle de TODAS as variações ocorridas durante a aplicabilidade do SURVEY.

A função do pré-teste é minimizar as situações que se mostram adversas ou até mesmo um outro viés que ainda não havia sido detectado.

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Estudo-piloto

É um exame miniaturizado de toda a pesquisa, da amostragem ao relatório, que deve diferir do Survey final apenas quanto ao tamanho, estudando menos casos ( e usando menos tempo).

Diferente do Pré-Teste, o ESTUDO PILOTO deve fazer uma amostra representativa da população alvo. Portanto, a amostra do estudo-piloto deve ser selecionada exatamente da mesma maneira programada para o Survey final.

O questionário do estudo-piloto deve conter todas as questões planejadas, com a redação, o formato e a sequência que o pré-teste indicou serem os melhores. No entanto, ele não deve ser utilizado para testar novos itens ainda não pré-testados.

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Considerações finais: cuidados na aplicação

Alguns cuidados são importantes: A relação estabelecida entre o entrevistador /

entrevistado: tenha uma postura formal, independentemente se você possui / já possuiu algum tipo de contato com o entrevistado anterior à pesquisa.

Cuidado com a aparência: maquiagem forte, decotes insinuantes, piercings aparentes, camisas regatas, sandálias e bermudas.

O gestual também faz parte do conjunto, portanto, policie os gestos e cuidado com as gírias (confiabilidade).

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Vá para o Campo com roupas confortáveis, de preferência tênis e calça.

Levar sempre consigo: mapa, telefone do contato (se for possível), endereço da empresa ( caso seja no local de trabalho).

Deixar claro acerca do sigilo e a importância das respostas mais perto possível da realidade. Lembrando que, você está representando a Instituição, portanto, ética é importante.

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Referências Bibliográficas

BARBIE, Earl. Métodos de pesquisa de Survey, Tradução: Guilherme Cezarino. Belo Horizonte. Editora UFMG, 2001.

TOMÁS, M.C. XAVIER, F.P, DULCI, O.S. Interface dos Capitais Humano, Cultural e Social na situação Ocupacional e nos Rendimentos do Indivíduo. In: Neuma Aguiar. (ORG). Desigualdades Sociais, Redes de Sociabilidade e Participação Política. Belo Horizonte. Editora UFMG, 2007.

Consórcio de Informações Sociais- Departamento de Sociologia FFLCH/USP-BH AREA SURVEY- Pesquisa da Região Metropolitana de Belo Horizonte- 2002

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• MUITO OBRIGADA!!

E-mail de contato: [email protected] Pólo de Inovação Teófilo Otoni