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O presente trabalho apresenta instruções para o desenvolvimento de um Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) em áreas de mineração de areia em cava úmida, que se traduz em um documento onde, tendo como suporte estudos bibliográficos e trabalhos de campo, são descritas as medidas fundamentais para a mitigação de impactos em áreas atingidas pela extração da substância mineral. Tais medidas devem ser adotadas em etapa de fechamento de mina, visando alcance de estabilidade do meio ambiente.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

    INSTITUTO DE AGRONOMIA

    DEPARTAMENTO DE GEOCINCIAS

    Trabalho de Graduao

    Metodologia aplicada confeco de Plano de Recuperao de reas Degradadas

    (PRAD) para empreendimentos de extrao de areia em cava mida.

    Amanda Cristine Santos da Costa

    Orientador

    Prof. Dr. Lucio Carramilo Caetano

    (DG/IA/UFRuralRJ)

    Fevereiro de 2014

  • 1 COSTA, AMANDA CRISTINE SANTOS

    Metodologia aplicada confeco de Plano de Recuperao de reas

    Degradadas (PRAD) para empreendimentos de extrao de areia em cava mida

    .

    Curso de Geologia / Departamento de Geocincias

    Instituto de Agronomia / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UFRRJ

    [Seropdica] Ano 2014

    Trabalho de Graduao

    Monografia

    rea de Concentrao: Geologia Legislao Mineral

    1

  • Agradecimentos

    Em primeiro lugar a minha famlia, que sempre destacou a importncia do estudo para a

    minha evoluo como pessoa. Obrigada pelo apoio, pacincia, carinho, e todas essas coisas que

    me fazem sentir saudades de casa durante a semana. Agradeo especialmente a minha me

    Edilene por ter enfrentado esses cinco anos de desafios junto comigo.

    Aos meus amigos que esto comigo desde tanto tempo que eu nem sei dizer: David,

    Dellano, Mrcio, Mrio e Tatiana, obrigada pelo companheirismo e pelas risadas.

    Ao Restine (Bao), por tantos motivos que se fosse lista-los, caberia mais de uma pgina

    dedicada a ele.

    Agradeo as amizades que tive a oportunidade de fazer graas geologia. Estudar com

    vocs foi um enorme prazer. Grupo Experi no falha nunca, s digo que nunca falhou e nunca

    falhar! Aime, Jota, Vini, obrigada pelas risadas, pela pacincia e pelas msicas,

    respectivamente, vocs so muito especiais para mim. Agradeo tambm integrantes da

    inicialmente Repblica da Terezola, agora Repblica Sossegada, Nathlia, Helder e Guilherme.

    Finalmente agradeo ao meu orientador, Lcio e ao Giancarlo pela imensa colaborao

    com esse trabalho.

  • Resumo

    Constitucionalmente, os recursos minerais so bens da Unio e podem ser lavrados

    apenas com autorizao ou concesso do rgo competente. De acordo com a legislao

    expressa no Cdigo de Minerao (DNPM, 1967) e Legislao Correlata, o aproveitamento de

    recursos minerais depende tambm de licenciamento ambiental pelo rgo especfico competente

    e que o titular de direitos minerrios responda pelos danos causados ao meio ambiente.

    O presente trabalho apresenta instrues para o desenvolvimento de um Programa de

    Recuperao de reas Degradadas (PRAD) em reas de minerao de areia em cava mida, que

    se traduz em um documento onde, tendo como suporte estudos bibliogrficos e trabalhos de

    campo, so descritas as medidas fundamentais para a mitigao de impactos em reas atingidas

    pela extrao da substncia mineral. Tais medidas devem ser adotadas em etapa de fechamento

    de mina, visando alcance de estabilidade do meio ambiente.

  • NDICE

    1 INTRODUO ......................................................................................................................... 1

    2 OBJETIVO ............................................................................................................................... 2

    3 METODOLOGIA ...................................................................................................................... 3

    4 CONCEITUAO DA EXTRAO DE AREIA EM CAVA MIDA ........................................... 4

    4.1 Decapeamento .................................................................................................................................. 4

    4.2 Extrao ............................................................................................................................................. 5

    4.3 Beneficiamento ................................................................................................................................. 6

    4.4 Deposio de rejeito e estril ............................................................................................................ 7

    4.5 Estocagem ......................................................................................................................................... 8

    A estocagem da areia pode ser feita no prprio silo ou em ptios a cu aberto (Figura 6) ......................... 8

    5 ORIGEM DO PLANO DE RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS E SUAS

    JUSTIFICATIVAS ........................................................................................................................... 9

    5.1 Base legal ........................................................................................................................................... 9

    5.1.1 O Licenciamento Ambiental ................................................................................................ 11

    5.2 Impactos associados minerao de areia em cava mida ............................................................ 13

    6 ROTEIRO PARA PLANO DE RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS ........................ 17

    7 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................................... 26

    7.1 Sobre a itemizao do PRAD ........................................................................................................... 26

    7.2 Sobre a efetividade de um PRAD ..................................................................................................... 27

    8 CONCLUSO ........................................................................................................................ 29

    10 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................................... 30

  • ndice de Figuras

    Figura 1: Processo de decapeamento atravs de corte mecnico. ........................................................ 5

    Figura 2: Dragas em operao enviam material composto por sedimentos e gua para os silos. ... 5

    Figura 3: Conjunto de duas caixas-silo com caixa de relavagem acoplada na parte superior. ......... 6

    Figura 4: Descarte de rejeito fino. ................................................................................................................ 7

    Figura 5: Pilha de rejeito grosso. .................................................................................................................. 8

    Figura 6: Estocagem de areia a cu aberto. .............................................................................................. 8

    Figura 7: Talude ngreme e exposto. Pequenos sulcos (indicados pelas setas) resultantes do

    processo erosivo pela gua em um areal abandonado no recuperado. ............................................ 13

    Figura 8: Partculas slidas em suspenso ocasionadas pela circulao de caminho em estrada

    de acesso ao areal, no pavimentada. ..................................................................................................... 15

    Figura 9: Ausncia expressiva de vegetao na entrada do ptio de extrao de um areal em fase

    inicial (3 anos de atividade) situado no Distrito Mineiro Seropdica- Itagua...................................... 16

    Figura 10: rea vizinha ao areal da figura 9 com presena de vegetao arbustiva com

    componentes arbreos. ............................................................................................................................... 16

    Figura 11: Esquema de margem de lagoa em situao de instabilidade. ........................................... 20

    Figura 12: Esquema de margem de lagoa estvel aps a execuo de retaludamento e

    revegetao. .................................................................................................................................................. 21

    Figura 13: Margens retaludadas e revegetadas em cava de areal recuperado cujas atividades

    encerraram a cinco anos. ............................................................................................................................ 21

  • ndice de Tabelas

    Tabela 1: Correspondncia entre etapas da minerao com a fase de licenciamento ambiental.

    (Fonte: Brandt, W/IBRAM, 2001.Modificado pela autora) .................................................................... 12

    Tabela 2: Relao entre impactos caractersticos de extrao de areia em cava mida, medidas

    mitigadoras e medidas de monitoramento. ............................................................................................... 24

    Tabela 3: Associao entre substncia mineral, seu mtodo de lavra e alguns dos principais

    impactos associados atividade................................................................................................................ 27

  • 0

  • 1

    1 INTRODUO

    O estado do Rio de Janeiro posiciona-se como um dos mais densos do pas com seus 16

    milhes de habitantes (8,4% da populao brasileira), segundo o IBGE, 2012, concentrando

    intensa atividade comercial e industrial, fator que amplia a necessidade de construo civil e de

    materiais que atendam a essa demanda. Tal circunstncia somada a outras, consolida o estado

    no segundo lugar entre os que mais produzem agregados (16% da produo nacional), perdendo

    apenas para So Paulo (39%) (Valverde, 2006).

    Existe uma relao direta entre a viabilidade da explorao e a proximidade do mercado

    consumidor. O transporte do material corresponde a 2/3 do valor final do produto para areias e 1/3

    para britas, fato que ocasiona na concentrao de reas exploradoras num raio mximo de 150

    km de distncia de seus compradores (Valverde, 2006). Essa condio somada ao impulso que a

    explorao de agregados vem sofrendo visando atender s construes civis planejadas para dar

    suporte Copa do Mundo em 2014 e as Olimpadas em 2016, alm de oferecer estrutura para

    atender expectativa do aumento significativo da populao flutuante, vem aproximando cada vez

    mais a populao dos empreendimentos mineradores e consequentemente dos impactos

    associados, como a emisso de poeira, impacto visual, rudos e vibraes.

    A Regio Metropolitana do Rio de Janeiro vista dessa forma, como um ntido exemplo de

    desenvolvimento acelerado e conflitos de interesse associado minerao, o que torna

    necessrio que o desenvolvimento ocorra de forma harmnica, baseado em decises e tcnicas

    bem definidas desde a fase de pesquisa at o fechamento da mina.

    O Distrito Mineiro Seropdica-Itagua, por exemplo, abastece cerca de 70% da areia para

    construo civil na Regio Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), sendo seu principal

    fornecedor. A rea intensamente explorada a partir de cavas midas, ocasionando

    contaminao do lenol fretico e comprometendo o uso futuro da terra devido ocorrncia

    desordenada de lagoas abandonadas (Tubbs, 2011). Por se tratar de uma atividade de lavra a

    cu aberto, a lavra ocasiona em uma srie de efeitos negativos sobre a vegetao, fauna, guas

    superficiais e subterrneas, alm de alterao do perfil topogrfico local, agresso visual,

    intensificao de processos erosivos, rudos, formao de depsitos de rejeitos, poluio do ar

    pelo lanamento de particulados e o comprometimento da qualidade da gua pela contaminao a

    partir de produtos qumicos (Braga, 2003).

    Diante dos efeitos negativos da atividade, exigida pelo Instituto Estadual do Ambiente

    (INEA), a apresentao de um Plano de Recuperao de reas Degradadas, cujo principal

    objetivo a garantia da segurana e da sade pblica, atravs da reabilitao das reas

    perturbadas pelas aes humanas, de modo a retorn-las s condies desejveis e necessrias

    implantao de um uso ps-degradao previamente eleito e socialmente aceitvel (Lima et al.,

    2006).

  • 2

    2 OBJETIVO

    O presente trabalho objetiva a elaborao de um roteiro para a execuo de um projeto de

    recuperao de rea degrada para atividades de extrao de areia em cava mida, tendo em vista

    a insuficincia de informaes indicadas no Termo de Referncia para a Elaborao de Projetos

    de Recuperao de reas Degradadas aprovado pela Resoluo INEA PRES N 36 de 08 De

    Julho de 20111 para esta atividade especfica.

    1O Termo de Referncia em questo consiste num documento emitido pelo INEA que define uma srie de

    critrios para a elaborao do PRAD, com aplicao a projetos de recuperao, recomposio, reabilitao ou restaurao ecolgica de reas degradadas, alteradas, perturbadas ou desflorestadas.

  • 3

    3 METODOLOGIA

    A metodologia empregada para elaborao deste trabalho envolveu etapas de escritrio e

    trabalhos de campo.

    Os trabalhos de escritrio compreenderam o levantamento bibliogrfico e consulta

    profissionais com experincia no ramo da minerao de areia, elaborao de projetos de

    recuperao de reas degradadas e legislao ambiental e mineral.

    Os trabalhos de escritrio foram balizados pelo Projeto de Recuperao de reas

    Degradadas realizado no Areal Bandeirante pela empresa Gnese Consultoria e Projetos

    Ambientais. O relatrio tcnico baseou o roteiro proposto para a elaborao do PRAD.

    A multidisciplinaridade do projeto tornou necessrio o estudo de uma diversidade de temas

    durante a fase de pesquisa bibliogrfica. Para abordar os temas de minerao, meio ambiente e

    metodologias aplicadas na mitigao de impactos, recorreu-se a literatura geral (livros, artigos,

    dissertaes, teses e relatrios tcnicos).

    Para sanar as demais dvidas restantes e enriquecer o trabalho com informaes

    baseadas em experincias na rea, foram consultados os proprietrios e funcionrios dos areais,

    alm dos gelogos Lcio Carramillo Caetano e Giancarlo Silva Batista.

    O trabalho de campo foi realizado durante a segunda etapa de trabalho e teve como

    objetivo a visita a areais localizados no distrito mineiro de Seropdica/Itagua. Para a realizao

    do campo foram feitas visitas a quatro areais situados no Distrito Mineiro Seropdica-Itagua, que

    se encontravam em: fase inicial, fase avanada, fase final recuperada e fase final no recuperada.

    A partir dessa visita tcnica foi possvel a obteno das imagens e o relato descritivo das

    condies de cada estabelecimento que foram transcritos neste trabalho.

  • 4

    4 CONCEITUAO DA EXTRAO DE AREIA EM CAVA MIDA

    O bem mineral areia constitui um grupo de materiais para construo civil que, excluindo-

    se os combustveis fsseis, compem as substncias minerais mais utilizadas em todo o mundo.

    A utilidade da areia na construo civil est relacionada sua utilizao como agregado para

    concreto, argamassas, blocos de cimento e tambm na pavimentao de estradas (Tanno et al.,

    2003)..

    A areia para construo civil consiste numa substncia mineral inconsolidada, constituda

    por gros predominantemente quartzosos, angulosos ou arredondados, cuja granulometria varia

    num intervalo de 0,062 a 2,0 mm. A composio da areia resulta da eroso de vrios tipos de

    rochas matrizes, por esse motivo o nmero de espcies mineralgicas formadoras desse material

    deveria ser to grande quanto o nmero de minerais conhecidos, o que no ocorre, pois muitos

    minerais so eliminados ou transformados por intemperismo em sua rea-fonte ou durante seu

    transporte (Suguio, 2003). Embora as selees granulomtricas do processo de beneficiamento

    da areia no sejam muito precisas devido falta de qualidade do item selecionador, no mercado

    encontram-se trs tipos distintos de areia que so as: grossas (1,0 1,2 mm), mdias (1,2 0,42

    mm) e finas (0,42 0,062 mm).

    O mtodo de extrao de areia por cava mida composto por trs fases principais:

    decapeamento, extrao e beneficiamento. A seguir sero descritas de forma detalhada cada uma

    das fases de extrao.

    4.1 Decapeamento

    Fase inicial do desenvolvimento da lavra, onde h a retirada do material estril que recobre

    o depsito de areia a partir de corte mecnico com a utilizao de escavadeiras (Figura 1). O

    material estril pode possuir sua origem a partir de produtos de alterao intemprica ou pode se

    tratar de material coluvionar, transportado atravs de agentes naturais e depositados na rea de

    ocorrncia do jazimento.

    Por se tratar de um material frtil, o ideal que seja adequadamente estocado para que

    aps o encerramento da atividade, seja utilizado na recomposio topogrfica e revegetao do

    local.

  • 5

    Figura 1: Processo de decapeamento atravs de corte mecnico.

    4.2 Extrao

    No mtodo de extrao por cava mida, a lavra dos sedimentos pouco consolidados feita

    por meio de dragas sobre balsas, acionadas normalmente por motor a diesel, que enviam

    imediatamente o material removido saturado em gua, para caixas-silo, onde ocorre o processo

    de beneficiamento (Figura 2).

    Figura 2: Dragas em operao enviam material composto por sedimentos e gua para os silos.

    DRAGAS

    SILOS

  • 6

    O mtodo de dragagem caracteriza-se por um sistema de bombeamento que promove a

    suco do material sedimentar acrescido de gua assentado na superfcie do leito submerso.

    Algumas dragas possuem um dispositivo mecnico situado na extremidade da tubulao de fundo

    e que atua como elemento desagregador do material, facilitando o procedimento j que o estado

    de consolidao do material um fator condicionante para que a dragagem consiga ser aplicada.

    As dragas so posicionadas nos locais de maior taxa de sedimentao e vale ressaltar que

    durante a operao das mesmas, as escavadeiras atuam como auxiliadoras, fazendo cortes de

    material arenoso na superfcie prxima a cava (margem) e arremessando o mesmo para dentro da

    cava mida, de forma a facilitar a suco de areia pela draga.

    4.3 Beneficiamento

    O processo de beneficiamento de areias explotadas a partir de cavas midas realizado

    concomitante extrao. A Planta de Beneficiamento desta atividade vulgarmente conhecida

    como Caixa-Silo (Figura 3).

    Figura 3: Conjunto de duas caixas-silo com caixa de relavagem acoplada na parte superior.

    As caixas-silo so equipadas com peneiras que retm o material de frao mais grossa e

    liberam o excesso de gua juntamente com a frao sedimentar mais fina. Em alguns casos,

    acopla-se uma caixa de relavagem para que o material sedimentar passe por duas etapas de

    seleo, tendo como produto final uma areia melhor selecionada.

    SILOS

    CAIXA DE RELAVAGEM

  • 7

    4.4 Deposio de rejeito e estril

    O solo superficial sem valor econmico denominado estril. Sua destinao varia

    conforme as necessidades do empreendimento, podendo ser utilizado no retaludamento de

    lagoas, como aterro na abertura de vias internas ao empreendimento ou podendo at ser

    encaminhada para algum local preparado para receber esse tipo de descarte.

    Quanto ao rejeito, existem dois tipos: o fino, observado na Figura 4 (constitudo pela

    frao silto-argilosa) e o grosso (composto por seixos quartzozos, galhos e pelotas de argila)

    como pode ser observado na Figura 5. O rejeito fino comumente conduzido diretamente para as

    chamadas lagoas de rejeito, enquanto o grosso fica reservado no ptio at passar por uma

    secagem natural e poder ser utilizado na abertura de acessos internos ou no nivelamento da

    praa de trabalho.

    Figura 4: Descarte de rejeito fino.

    REJEITO FINO

    E GUA

  • 8

    Figura 5: Pilha de rejeito grosso.

    4.5 Estocagem

    A estocagem da areia pode ser feita no prprio silo ou em ptios a cu aberto (Figura 6)

    Figura 6: Estocagem de areia a cu aberto.

    REJEITO GROSSO

  • 9

    5 ORIGEM DO PLANO DE RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS E SUAS

    JUSTIFICATIVAS

    Garantir o suprimento de matrias primas minerais juntamente com qualidade ambiental,

    se mostra uma tarefa de grande complexidade tendo em vista a agressividade dos mtodos de

    lavra aplicados, que embora ocorram de forma pontual, so bastante significativos quando

    observados em conjunto.

    O Plano de Recuperao de reas degradadas advm da combinao de:

    1) Imposio legal: j que os interesseres dos mineradores comumente se limitam ao

    benefcio da extrao mineral, deixando de lado todo o passivo ambiental2 por ele

    gerado.

    2) Responsabilidade social: pois os danos causados ao meio ambiente a partir da

    atividade minerria, trazem consequncias populao quando no recuperados.

    5.1 Base legal

    A preocupao ambiental relacionada com os danos ao meio ambiente oriundos de

    atividades potencialmente degradadadoras, encontra-se demonstrada principalmente pela

    Constituio Federal promulgada em 5 de Outubro de 1988, que em seu art. 225, garante

    populao um meio ambiente harmonioso, e impe quele que exercer atividade exploratria de

    recursos minerais, a obrigao de recuperar.

    Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do

    povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever

    de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

    1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:

    IV - exigir, na forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora

    de significativa degradao do meio ambiente, estudo prvio de impacto ambiental, a que se dar

    publicidade;

    [...]

    2 Conjunto de dvidas e obrigaes referentes aos danos ambientais atribudos a uma empresa ou pessoa.

  • 10

    2. Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente

    degradado, de acordo com soluo tcnica exigida pelo rgo pblico competente, na forma da

    lei. [...]

    Em 31 de Agosto de 1981, por meio da lei n. 6.938, foi deliberada a Poltica Nacional do

    Meio Ambiente com finalidade de preservao, melhoria e recuperao da qualidade ambiental,

    visando em seu art. 2 assegurar condies para o desenvolvimento socioeconmico, aos

    interesses da segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana, atendidos os

    seguintes princpios:

    I - ao governamental na manuteno do equilbrio ecolgico, considerando o meio

    ambiente como um patrimnio pblico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em

    vista o uso coletivo;

    [...]

    VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

    VIII - recuperao de reas degradadas; [...]

    Em tempos passados, o foco principal da desativao de um empreendimento mineiro

    compreendia apenas processos de reabilitao e revegetao, mas atualmente a legislao

    refere-se ao PRAD como instrumento bsico para o fechamento de minas, um mecanismo mais

    complexo que visa atender a toda necessidade de recuperao observada em um

    empreendimento degradador aps o encerramento de suas atividades. A obrigatoriedade de

    realizao do Plano de Recuperao de reas Degradadas encontra-se expressa pelo artigo 1

    do Decreto No 97.632, de 10 de Abril de 1989.

    De acordo com o INEA, o PRAD consiste em um documento que contm a descrio de

    medidas a serem adotadas com objetivo de mitigar impactos ambientais decorrentes da

    implantao e/ou atividade de empreendimentos. O relatrio inclui detalhamento dos projetos para

    reabilitao das reas degradadas que podem ser os seguintes:

    Revegetao (Estabilizao biolgica);

    geotcnicos (Estabilizao fsica);

    remediao ou tratamento (Estabilizao qumica).

    O PRAD encontra-se inserido no contexto do processo de Licenciamento Ambiental, mais

    especificamente no Plano de Fechamento de Mina, que antecedido pelas etapas de obteno

    de Licena Prvia (LP), Licena de Instalao (LI) e Licena de Operao (LO).

  • 11

    5.1.1 O Licenciamento Ambiental

    O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) compreende a primeira etapa do licenciamento

    ambiental, condicionante da emisso da Licena Prvia e consiste numa avaliao de possveis

    consequncias ambientais decorrentes da instalao de um determinado projeto. O estudo deve

    ser realizado por uma equipe multidisciplinar de tcnicos habilitados e consubstanciada no

    Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA), o qual submetido anlise do rgo estadual

    competente para avaliao e aprovao. Este relatrio exigido para o licenciamento ambiental

    de qualquer empreendimento de extrao mineral, mas tratando-se de substncias de emprego

    imediato na construo civil, de acordo com as caractersticas do empreendimento, pode haver

    dispensa de apresentao do EIA e obrigatoriedade de apresentao do Relatrio de Controle

    Ambiental (RCA) que consiste num estudo mais simplificado, mas com os mesmos objetivos.

    A aprovao do EIA/RIMA fundamental para que se possa dar continuidade ao processo

    de licenciamento ambiental do projeto de minerao. O Sistema de Licenciamento Ambiental

    (SLAM) consiste em um instrumento de gesto ambiental disposto no Decreto n 42.159 de 02 de

    Dezembro de 2009, e obrigatrio para a localizao, instalao ou ampliao e operao de

    qualquer atividade de minerao objeto dos regimes de concesso de lavra e licenciamento O

    Licenciamento Ambiental est regulado pelo Decreto no 99.274/90, que d competncia aos

    rgos estaduais de meio ambiente para expedio e controle da Licena Prvia (LP), Licena de

    Instalao (LI) e Licena de Operao (LO).

    Licena Prvia: Licena que deve ser solicitada na fase de planejamento da

    implantao do empreendimento. Aprova a viabilidade ambiental do projeto, no

    autorizando ao incio das atividades.

    Licena de Instalao: Corresponde aprovao dos projetos. Autoriza o incio de

    implantao do empreendimento mineiro de acordo com as especificaes contidas

    no Plano de Controle Ambiental (PCA) aprovado.

    Licena de Operao: Aps as verificaes necessrias, autoriza o incio da

    atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos e instalaes de

    controle de poluio, de acordo com o previsto nas Licenas Prvia e de Instalao.

    A Tabela 1 apresenta as etapas de um empreendimento de minerao correlacionadas

    com a fase de licenciamento ambiental, nela possvel observar que a primeira vez em que o

    PRAD citado, corresponde etapa de elaborao do Plano de Controle de Ambiental, relatrio

    por meio do qual o empreendedor apresenta os projetos capazes de prevenir e/ou controlar os

    impactos ambientais decorrentes da instalao e da operao do empreendimento. Neste caso, o

  • 12

    PRAD consiste apenas em um dos captulos do Plano de Controle Ambiental3 (PCA) e trata-se de

    uma tentativa de antecipao de impactos possveis e proposio de medidas mitigadoras que

    devem ser revistos e atualizados ao longo da vida til do empreendimento, para que o relatrio

    sirva de base na elaborao PRAD apresentado na etapa de desativao da mina.

    Tabela 1: Correspondncia entre etapas da minerao com a fase de licenciamento ambiental.

    (Fonte: Brandt, W/IBRAM, 2001.Modificado pela autora)

    No contexto de encerramento da atividade de minerao, como observado em destaque na

    tabela 1, contempla-se a execuo do PRAD propriamente dito, que realizado levando em

    considerao a realidade da rea em situao ps lavra, dando origem a um planejamento mais

    objetivo e eficiente j que os impactos podero ser identificados, caracterizados e mensurados

    (Farias, 2002).

    3 Consiste em um trabalho executado com os objetivos de descrever as condies ambientais recentes do local do

    empreendimento mineral e os procedimentos que sero tomados para diminuir os impactos causados pela minerao.

  • 13

    5.2 Impactos associados minerao de areia em cava mida

    A interao dos meios fsicos, biticos e antrpicos constituem um meio ambiente em

    estado de frequente mudana. Quando a interferncia humana excede o equilbrio do meio, as

    taxas dos processos naturais variam, podendo ser acelerados, retardados ou suprimidos, o que

    caracteriza o impacto ambiental quando significativo. Sero apresentados a seguir os principais

    processos e fatores do meio ambiente, passveis de alterao pelas fases de instalao e

    funcionamento da minerao e os principais impactos negativos a eles associados.

    Eroso pela gua

    Consiste na formao de sulcos (Figura7), ravinas e pipings a partir da desagregao e

    remoo de solo, fragmentos e partculas de rocha devido atuao combinada de gravidade,

    gua proveniente de precipitaes (pluvial) e gua proveniente de escoamento (fluvial). As

    atividades mineradoras que contribuem para intensificao desse processo erosivo so a

    supresso vegetal (exposio de horizontes suscetveis eroso e facilitador para o escoamento

    superficial da gua) e modificao topogrfica da rea (gerao de corpos inclinados, aumentando

    a velocidade de escoamento da gua).

    Os possveis impactos decorrentes das alteraes provocadas por esse processo so a

    acelerao do processo de deposio dos sedimentos, perda de solo e risco da alterao exceder

    os limites da rea de minerao e atingir outras formas de uso e ocupao do solo, como matas

    nativas e reas edificadas (Braga, 2003).

    Figura 7: Talude ngreme e exposto. Pequenos sulcos (indicados pelas setas) resultantes do processo erosivo pela gua em um areal abandonado no recuperado.

  • 14

    Deposio de sedimentos ou partculas

    O processo est associado acumulao ou concentrao de partculas slidas em meio

    aquoso, iniciando-se quando a fora do agente transportador (curso dgua) suplantada pela

    fora de gravidade, ou quando a supersaturao de guas induz a deposio das partculas

    slidas (Infanti Junior e Fornasari Filho, 1998). Comumente este processo est associado

    intensificao de processos erosivos, mas pode tambm estar associado ao extravasamento de

    bacias de rejeito lquido ou por vazamentos em dutos transportadores de gua com material

    sedimentar.

    A deposio de partculas slidas em cursos dgua tem como possveis consequncias o

    assoreamento de cursos dgua e turvamentos de guas que pode interferir gravemente no

    habitat de espcies aquticas e comprometer o uso dgua a jusante do empreendimento.

    Escoamento de guas em superfcie (runoff)

    O escoamento superficial ou deflvio corresponde parcela de gua de origem pluvial que

    percorre a superfcie quando a capacidade de infiltrao do solo excedida e no consegue mais

    absorver gua (Guerra, 2006). O escoamento superficial est ligado principalmente s

    propriedades hidrulicas dos solos, a cobertura vegetal e declividade da superfcie e podem

    provocar a eroso de solos, inundao de vrzeas, entre outros impactos (Jorge e Uehara,1998).

    Interaes fsico-qumicas na gua e no solo

    Para o funcionamento de um empreendimento areeiro indispensvel o seguinte

    maquinrio: draga de suco, caminhes e ps mecnicas ou retroescavadeiras. Tais dispositivos

    possuem funcionamento a leo diesel que acidentalmente pode vazar para o solo ou para a gua,

    desencadeando em reaes entre substncia e meio ambiente, alterando as propriedades

    naturais. A contaminao pode ter sua origem tambm a partir de fossas spticas mal

    construdas, uso de fossa negra, liberao direta a partir da lavagem de veculos contendo leos e

    graxas, ou qualquer tipo de descarte inadequado de substncias contaminantes.

    Os principais provveis impactos associados so a contaminao do solo e de corpos

    hdricos, podendo comprometer respectivamente o uso futuro do solo e possveis pontos de

    captao a jusante do empreendimento (Braga, 2003).

  • 15

    Circulao de partculas slidas e gases na atmosfera

    So vrios os causadores desse tipo de impacto em areais: exposio de corpos de bota-

    fora e de pilhas de estocagem, funcionamento de motores, trfego de caminhes em estradas no

    pavimentadas (Figura 8) e circulao de veculos com a carga descoberta.

    Figura 8: Partculas slidas em suspenso ocasionadas pela circulao de caminho em estrada de acesso ao areal, no pavimentada.

    O principal dano associado envolve o comprometimento da qualidade do ar, podendo

    acarretar em problemas respiratrios aos funcionrios e populaes vizinhas ao empreendimento.

    A flora circunvizinha pode sofrer interferncias, caso as partculas se depositem em seus

    componentes (Braga, 2003).

    Desenvolvimento de fauna e flora

    Os procedimentos da minerao que podem alterar o desenvolvimento dos componentes

    biticos so o decapeamento (que antecedida por supresso da vegetao local. (Figura 9 e

    10) e atividades geradoras de rudo como o descolamento de caminhes.

    Os impactos decorrentes dos danos vegetao tratam-se da intensificao dos

    processos erosivos e perda de habitat para as espcies animais. O componente faunstico fica

    exposto tambm a atropelamentos, destruio de ninhos e tocas e incmodos pela propagao de

    rudos (Braga, 2003).

  • 16

    Figura 9: Ausncia expressiva de vegetao na entrada do ptio de extrao de um areal em fase

    inicial (3 anos de atividade) situado no Distrito Mineiro Seropdica- Itagua.

    Figura 10: rea vizinha ao areal da figura 9 com presena de vegetao arbustiva com componentes arbreos.

    rea vizinha

    rea do areal

  • 17

    6 ROTEIRO PARA PLANO DE RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS

    Nesse captulo sero apresentados os elementos que devero constar no Projeto de

    Recuperao de reas Degradadas. Para a confeco desse documento tem-se por base o

    Termo de Referncia para a Elaborao de Projetos de Recuperao de reas Degradadas

    aprovado pela resoluo INEA PRES N 36 de 08 de Julho de 2011 e o PRAD redigido pela

    empresa Gnese Consultoria e Projetos Ambientais para o areal Bandeirante.

    O processo de recuperao de reas degradas compreende uma sequencia de atividades

    iniciada pela identificao e caracterizao dos processos atuantes e anlise das consequncias

    ambientais, seguida pelo planejamento da recuperao (fase de elaborao do PRAD), quando

    so traados os objetivos que devero estar intimamente relacionados a inteno de uso futuro da

    rea. Aps o planejamento, h a adoo das medidas determinadas na etapa anterior e por fim a

    fase de monitoramento, que visa garantir o funcionamento das medidas adotadas.

    Abaixo segue a descrio dos itens que devero constar em um PRAD:

    1 Etapa - Introduo

    Na primeira etapa deve-se apresentar de maneira sucinta o objetivo do relatrio.

    opcional fazer uma breve descrio do material extrado e do mtodo de lavra aplicado,

    lembrando que tais assuntos sero mais amplamente desenvolvidos ao longo do plano.

    Deve constar a descrio do empreendimento, com informaes do titular e dos

    responsveis tcnicos pelo projeto e da localizao do empreendimento.

    Para a identificao do titular, fundamental a apresentao dos seguintes dados:

    Nome ou razo social do(s) responsvel (is);

    RG e CPF ou CNPJ;

    endereo da pessoa fsica ou jurdica (logradouro, nmero, bairro/distrito, municpio,

    CEP);

    endereo para correspondncia, caso seja diferente do descrito acima.

    Para a identificao do elaborador e executor do projeto, so necessrios os mesmos

    dados pedidos ao titular, somado ao nmero da Anotao de Responsabilidade Tcnica (ART).

    As informaes referentes ao empreendimento que devem ser apresentadas so:

    Nome e endereo completo;

    rea total da propriedade em hectares;

    rea total a ser recuperada em hectares ou metros quadrados, quando inferior a 1

    (um) hectare.

  • 18

    2 Etapa - Caracterizao do empreendimento

    Este captulo deve apresentar:

    Plano de desenvolvimento da atividade de lavra - destinado ao relato do ciclo

    bsico de produo e de materiais que foram empregados com o objetivo da explorao

    do bem mineral. Tratando-se da extrao de areia por cava mida, o mtodo adotado

    quase invarivel e inclui o Decapeamento, Extrao do minrio e o Beneficiamento.

    Infraestrutura - descrio das estruturas de apoio existentes na fase de operao

    (exemplo: silo, draga, escritrio, tanque de combustvel, almoxarifado, oficina, etc) e da

    infraestrutura futura do areal (exemplo: retirada das dragas, dos silos, etc).

    Diagnstico ambiental - neste tpico a rea deve ser caracterizada em termos

    regionais quanto ao clima, hidrografia e geologia.

    Clima - definio da condio climtica para a regio, como temperatura, precipitao,

    evapotranspirao e ventos.

    Hidrografia - basicamente deve-se situar a rea em seu contexto hidrolgico indicando

    a bacia hidrogrfica dominante na regio, expondo caractersticas elementares

    (localizao das nascentes, principais afluentes, rea de drenagem, comprimento do

    rio principal e seus contribuintes, largura mdia dos corpos hdricos, entre outras

    informaes).

    Geologia - neste trecho so apresentadas informaes de geologia regional, obtidas a

    partir de consulta bibliogrfica. O contedo relevante para este captulo corresponde

    informaes litolgicas, tectnicas e estruturais.

    Meio bitico - trata da interao entre fauna, flora e meio antrpico e nele devem

    estar includas as caractersticas dessa relao no perodo anterior implantao do

    empreendimento, comparada situao mais atual.

    Situao ambiental da regio - descrio geral do estado presente da vegetao

    comparativamente sua condio anterior ocupao antrpica.

    Flora - a partir de consulta bibliogrfica, devero ser expostas informaes do bioma

    no qual o empreendimento est inserido em termos regionais. Para uma anlise local

    se faz necessrio que um profissional qualificado realize o trabalho de campo.

  • 19

    Fauna - a anlise de espcies faunsticas exige observao em campo e entrevista

    com populao vizinha, juntamente com pesquisa bibliogrfica.

    Meio antrpico - os Impactos positivos e negativos gerados a partir da instalao do

    empreendimento devem ser relatados. Como impacto negativo temos a gerao de

    reas degradadas; depreciao de imveis circunvizinhos; criao de instabilidade em

    reas prximas a habitaes; possvel comprometimento da gua utilizada para

    consumo de moradores locais; entre outros. E como impacto positivo inclui-se a

    gerao de empregos; criao de novas vias de acesso e construes civis;

    crescimento local de atividades industriais e comerciais; entre outros.

    3 Etapa - Caracterizao local

    Nesta etapa ser definida a rea de influncia direta da atividade e suas caractersticas.

    Para compor esse segmento do trabalho, essencial a realizao de uma atividade de campo

    completa durante a fase final da atividade exploratria. Cabe ao diagnstico da situao atual

    caracterizar o passivo ambiental de maneira minuciosa, corroborando a informao a partir de

    fotos sempre que necessrio e indicando as reas que possivelmente necessitaro de

    interferncia. Outros objetivos associados consistem em descrever a condio local e mais

    recente da vegetao existente, hidrografia e fisiografia.

    Dentro desse captulo dever haver tambm a apresentao das espcies (nome

    cientfico, nome popular e famlia) levantadas em campo realizado na rea do empreendimento.

    4 Etapa - Aptido e inteno de uso futuro

    Aps a atividade exploratria, impossvel retornar a rea suas exatas potencialidades e

    funcionalidades anteriores. Para o desenvolvimento de um projeto de uso futuro, levam-se em

    considerao as novas aptides e possibilidades de uso do espao. Tratando-se do enfoque do

    trabalho, que aborda a questo do PRAD em areais que utilizam a tcnica de cava submersa para

    exercer a explorao, algumas das propostas de uso adotadas pelo empreendimento variam entre

    as citadas a seguir.

    Utilizao como reas de lazer e/ou parques aquticos;

    reflorestamento em torno das cavas;

    utilizao do estril na tentativa de cobrir cavas;

    utilizao para piscicultura.

  • 20

    importante ressaltar que so raros os casos em que o empreendedor opta por ir alm da

    recuperao ambiental e transformar a rea degradada em um local com alguma funcionalidade.

    5 Etapa - Conformao topogrfica e drenagem

    Conformao topogrfica - consiste no processo de preenchimento e correo de

    desnveis, onde comum a utilizao do material retirado nos cortes realizados nas

    margens das cavas midas e do solo orgnico removido no processo inicial de lavra,

    quando este adequadamente reservado. necessrio realizar o clculo da demanda e

    do material em disponibilidade. A utilizao do material orgnico que originalmente

    compunha a capa apresenta a vantagem de favorecer o plantio das espcies vegetais, pois

    se trata de um material frtil.

    As margens das lagoas encontram-se em estado de instabilidade, sendo necessria a

    adoo de medidas de estabilizao de taludes para que se possa realizar a revegetao

    nessas margens e para que o local se torne seguro no caso de pessoas ou animais de

    grande porte transitarem pela rea, dentro deste contexto contempla-se o projeto de

    retaludamento.

    Considerando a faixa entre o topo dos taludes at a linha do espelho dgua, o

    nivelamento topogrfico compreende-se pela padronizao da declividade em 45 por meio

    do corte e remoo de solo, como demonstra as Figuras 11 e 12, reduzindo a

    erodibilidade e proporcionando meios ao desenvolvimento da vegetao (Figura 13).

    Figura 11: Esquema de margem de lagoa em situao de instabilidade.

  • 21

    Figura 12: Esquema de margem de lagoa estvel aps a execuo de retaludamento e revegetao.

    Figura 13: Margens retaludadas e revegetadas em cava de areal recuperado cujas atividades encerraram a cinco anos.

    Drenagem - o desmatamento e a modificao topogrfica consistem no principal

    condicionante para a formao de eroses lineares no ambiente extrativo estudado. A

    eroso linear causada pela concentrao das linhas de fluxo de guas de escoamento

    superficial, resultando na formao de sulcos e podendo evoluir para ravinamento (Infanti

    Junior e Fornasari Filho, 1998).

  • 22

    Para estabilizao dos processos erosivos, devem ser indicadas medidas de

    condicionamento e controle de drenagem, de forma que minimize o potencial destrutivo

    das chuvas, que comumente so apontadas como principal agente erosivo de

    empreendimentos areeiros.

    O processo erosivo do solo desencadeado por meio de chuvas e compreende os

    mecanismos citados a seguir: desagregao de partculas por meio de impacto das

    chuvas, remoo e transporte de partculas por meio do escoamento superficial e

    deposio dos sedimentos produzidos gerando assoreamento (Junior e Filho, 1998).

    Por tal impacto advir da supresso da vegetao que expe o solo aos efeitos diretos

    de precipitaes e da modificao topogrfica na rea, criando desnveis num local

    originalmente plano, medidas de revegetao e planificao do terreno so suficientes

    para conter boa parte dos processos erosivos causados pela gua j que a caracterstica

    permevel dos solos arenosos de areais, somada a uma condio plana do terreno, do

    origem a uma rea de reduzida taxa de erodibilidade4.

    O princpio adotado para controle da erosividade5 proveniente de deflvios embasa-se

    na possibilidade de distribuio dos excessos hdricos pelo solo. Somente possvel por

    meio da proteo advinda da vegetao implantada dentro de suas diferentes classes e

    padres de desenvolvimento.

    De modo pontual e complementar, recomendada a instalao de estruturas fsicas

    de conduo de drenagens e conteno de solo nos taludes das lagoas de minerao de

    modo a distribuir o escoamento superficial, reduzindo significamente os processos erosivos

    nas margens das cavas e favorecendo o desenvolvimento da vegetao implantada

    nesses locais.

    6 Etapa - Conformao paisagstica

    Objetiva atender aos requisitos de regenerao ambiental e s demandas estticas para

    uso futuro da rea, este captulo se reserva ao detalhamento de atividades de implantao e

    manuseamento de flora dentro de diferentes classes de vegetao.

    Com relao reestruturao local, eficaz o revestimento imediato do solo visando

    atenuao de efeitos erosivos com regenerao da fertilidade, propiciando condies favorveis

    para o contnuo desenvolvimento dos demais elementos florsticos.

    Deve-se ressaltar que no so todos os empreendimentos que optam por realizar

    trabalhos paisagsticos na propriedade, se restringindo apenas realizao das atividades

    necessrias para o reestabelecimento do equilbrio local.

    4 Susceptibilidade que os solos possuem de ser erodidos. (Guerra, 2006)

    5 Propriedade que as guas das chuvas possuem em provocar a eroso dos solos (Guerra, 2006)

  • 23

    Existem trs passos a ser seguidos: definio das espcies, implantao da vegetao e

    elementos acessrios.

    Definio das espcies - listagem das espcies selecionadas, de acordo com as

    diferentes classes de vegetao e classificadas de acordo com os diferentes atributos

    paisagsticos associados.So desejveis espcies que atraiam a fauna nativa, pois

    estas colaboram no desenvolvimento do fluxo gnico vegetal entre fragmentos

    florestais isolados, que acabam funcionando como fragmentos ligados por corredores.

    Implantao da vegetao - inclui preparao do solo e a conformao das condies

    adequadas ao desenvolvimento das diferentes espcies implantadas. Medidas

    especficas de preparo do solo se fazem necessrias j que o programa de

    revegetao lida com diversidades de espcies com particularidades que devem ser

    atendidas para sua sobrevivncia e desenvolvimento. De maneira genrica, pode-se

    estipular um conjunto de atividades comum a todas as classes de vegetao: Controle

    de pragas; limpeza e padronizao do terreno; demarcao de reas de plantio;

    abertura de covas de plantio; adubao do plantio; endurecimento das mudas;

    plantio;tutoramento e coroamento; irrigao.

    Elementos acessrios - indicao de elementos acessrios no projeto de recuperao

    da rea est intimamente relacionada destinao final do local e por isso varia de

    acordo com o trabalho que ser implantado. Os itens mais comumente recomendados

    incluem cercas e sinalizao; implantao de faixa de aceiro; instalao de cata-vento.

    7 Etapa - Acompanhamento e monitoramento

    A imprevisibilidade dos recursos naturais requer atividades de monitoramento realizadas

    por um profissional tecnicamente capacitado aps a adoo das medidas sugeridas, para

    assegurar o equilbrio do projeto implantado e para fins de mensurao do avano das

    metodologias empregadas. Com a finalidade de avaliao do progresso na rea reabilitada,

    devem-se realizar nos anos recentes implantao, a anlise de uma srie de indicadores

    vegetativos (diversidade, riqueza, frequncia em similaridade) e comparao com algum

    fragmento florestal do entorno, para que seja possvel a comparao entre as reas.

    A observao de alguns indicativos so fundamentais para atestar o bom funcionamento

    das medidas implantadas. Segue na Tabela 2 a relao dos principais impactos caractersticos de

    areais, algumas medidas que podem ser adotadas para a preveno desses impactos e

    orientaes para o monitoramento e garantia de bom desempenho das instalaes.

  • 24

    Tabela 2: Relao entre impactos caractersticos de extrao de areia em cava mida, medidas mitigadoras e medidas de monitoramento.

    IMPACTO MEDIDAS ADOTADAS MEDIDAS DE MONITORAMENTO

    Acelerao do

    processo erosivo

    Instalao de sistemas de

    drenagem e implantao de

    cobertura vegetal

    Acompanhamento do desempenho do

    sistema de drenagem (por exemplo,

    linhas de fluxo dgua ao lado de

    canaletas indicam falha no sistema) e

    peridia observao das condies do

    sistema de drenagem

    Aumento no

    aporte de

    sedimentos para

    cursos dgua

    Instalao de tanque de

    decantao para onde devero ser

    direcionados rejeitos lquidos e

    guas pluviais antes da liberao

    para o meio externo

    Verificar periodicamente dutos e

    canaletas para a identificao de

    vazamentos e direcionamento de

    ateno para sistema de captao

    pluvial em pocas de chuva intensa

    Interaes fsico-

    qumicas entre

    elementos

    contaminantes

    com gua e solo

    Retirada de todo material

    potencialmente contaminante da

    rea; cercamento e sinalizao

    indicando que o local

    inapropriado para o descarte de

    lixo

    Anlise peridica de guas de poos e

    cursos dgua prximos ao

    empreendimento, afim de verificar

    nveis de contaminao; visita peridica

    a rea para assegurar que a populao

    circunjacente est respeitando o

    cercamento e a sinalizao

    Circulao de

    partculas e

    gases na

    atmosfera

    Instalao de barreira vegetal em

    torno do empreendimento;

    realizao de asperso de gua

    em acessos no-pavimentados

    verificar a suficincia da barreira

    vegetal e da asperso de gua sobre

    vias de acesso no-pavimentadas

    Alterao dos

    componentes

    florsticos

    Recomposio com espcies

    nativas, reas desprovidas de

    cobertura vegetal em toda rea de

    influncia do empreendimento

    Acompanhamento do desenvolvimento

    da vegetao para garantir adaptao

    da mesma.

    Alterao dos

    componentes

    faunsticos

    Sinalizao em trechos onde

    circulam animais, alertando a

    motoristas para trafegarem em

    baixa velocidade

    Registro de ocorrncias de eventuais

    atropelamentos de animais silvestres.

    8 Etapa Cronograma

    Apresentao de cronograma fsico por etapa (Implantao, manuteno, manejo e

    monitoramento) indicando o tempo que a realizao de cada fase ir levar.

    9 Etapa Anexos

    Acompanhando o relatrio, deve seguir em anexo planta da situao mais recente da rea

    e planta indicando as modificaes que devero ser feitas com o objetivo de recuperao da rea.

    Por fim, para a aprovao do relatrio, devem ser encaminhadas ao rgo juntamente com

    o relatrio, a seguinte documentao:

  • 25

    Documentos Gerais

    Requerimento padro (http://www.inea.rj.gov.br).

    No caso de Pessoa Fsica: cpia do RG, CPF e comprovante de residncia.

    No caso de Pessoa Jurdica: cpia do CNPJ e contrato social.

    Cpia da procurao no caso de representante legal, com firma reconhecida.

    Cpia do RG e CPF do representante legal.

    Documentos do Imvel

    Prova de justa posse, podendo ser apresentados um dos seguintes documentos:

    Cpia do ttulo de propriedade do imvel e certido de inteiro teor do Registro

    Geral de Imveis - RGI.

    Cpia da certido de aforamento, se for o caso.

    Cpia da Cesso de Uso, quando se tratar de imvel de propriedade da

    Unio/Estado, se for o caso.

    Cpia da Certido de Distribuidor Cvel junto com outros documentos que

    comprovem a posse, se for o caso.

    Cpia do ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural) e do CCIR (Certificado

    de Cadastro do Imvel Rural) atualizados, ou do IPTU, quando for o caso.

    Croqui de acesso propriedade, a partir da sede do municpio ou do distrito mais

    prximo com maior evidncia, ou outros de maior preciso.

    Documentos Tcnicos

    Cpia da Anotao de Responsabilidade Tcnica - ART de elaborao e

    acompanhamento do Projeto Tcnico, com comprovante de pagamento da ART e

    cpia da carteira de identidade profissional do responsvel tcnico.

    Cpia da Licena Ambiental do empreendimento, no caso da execuo do projeto

    ser condicionante de licena, exceto quando a apresentao do projeto for

    condicionante para emisso da licena.

    Cpia de documento de autuao lavrada por fiscal e cpia da Notificao ou

    Intimao requisitando a apresentao do PRAD, quando for o caso.

    Cpia de Termo de Ajustamento de Conduta - TAC Termo de Compromisso

    Ambiental - TCA, ou Autorizao de Supresso de Vegetao - ASV, quando a

    execuo do projeto for compromisso estabelecido em um destes instrumentos.

  • 26

    7 CONSIDERAES FINAIS

    7.1 Sobre a itemizao do PRAD

    Toda atividade de extrao mineral possui a obrigao de submeter um Plano de

    Recuperao de reas Degradadas aprovao do rgo ambiental competente (Decreto

    No 97.632, DE 10 DE ABRIL DE 1989) e no Rio de Janeiro, cabe ao INEA essa responsabilidade.

    O Termo de Referncia emitido pelo pela Resoluo INEA PRES N 36 de 08 De Julho de

    2011 possui a finalidade de orientar atividades mineradoras situadas no Rio de Janeiro, na

    confeco de seu PRAD ao fim da vida til da explorao, entretanto constitui um documento

    impreciso levando em considerao que destinado a empreendimentos diversificados no mtodo

    de lavra aplicado e no bem mineral produzido, como extrao de areia em cava mida ou em leito

    de rio, pedreira de brita ou de rocha ornamental, entre outros.

    Para a proposio de medidas de recuperao, fundamental que se avalie o impacto

    particular de cada empreendimento j que as variaes nos mtodos de lavra aplicados resultam

    em impactos distintos (tabela 3). A minerao em cava de areia, a quem o presente estudo

    direcionado, resulta em expressiva supresso vegetal (j que o bem mineral encontra-se abaixo

    do solo), desnivelamento de terreno e gerao de margens instveis em cavas extensas e

    profundas com o lenol fretico aflorante. Projetos direcionados recuperao desse tipo de

    empreendimento se diferenciam daqueles aplicados em extrao do mesmo bem mineral em

    leitos de rio, por exemplo.

    Por no ser direcionado especificamente para as particularidades de cada

    empreendimento, o citado Termo de Referncia norteia os projetos de recuperao nas

    caractersticas bsicas, deixando os projetos especficos por conta dos responsveis tcnicos

    executores dos programas, que sem uma orientao modelo geram relatrios despadronizados.

    Alm das discordncias no produto final do projeto, a falta de informaes mais precisas a serem

    exigidas ocasiona em divergncias no momento da cobrana, variando de acordo com os critrios

    do tcnico do INEA responsvel pela anlise, ou seja, um relatrio pode ser considerado

    satisfatrio em uma anlise, mas no em outra.

  • 27

    Tabela 3: Associao entre substncia mineral, seu mtodo de lavra e alguns dos principais impactos associados atividade.

    Substncia

    mineral

    Mtodo de

    Lavra

    Impactos associados

    gua mineral

    potvel ou de

    mesa (extrao e

    envasamento)

    Em poo Superexplotao compromete a qualidade do

    aqufero, desencadeamento de processo erosivo,

    alterao na qualidade das guas superficiais,

    gerao de resduos slidos.

    Areia em leito de

    rio

    Dragagem Fixao de ptio de operao, desmonte de

    margens fluviais, contaminao do corpo hdrico

    leos e graxas, remoo da vegetao, diminuio

    da infiltrao no solo, reduo espacial do habitat

    silvestre, emisso de gases, acelerao de

    processos erosivos, comprometimento da fauna

    aqutica, aumento da turbidez.

    Argilas para

    cermica

    vermelha

    Corte

    mecnico

    Superexplorao pode atingir o lenol fretico,

    Supresso vegetal, emisso de material particulado

    e gases, contaminao do solo por leo e graxas,

    poluio sonora, aumento das taxas de eroso,

    carreamento de sedimentos para cursos dgua.

    Brita Desmonte

    (uso de

    explosivos)

    Emisso de partculas, gases, vibraes e rudos,

    supresso vegetal, instabilidade nas encostas,

    destruio de habitats, blocos soltos, produo de

    resduos slidos.

    7.2 Sobre a efetividade de um PRAD

    A minerao caracteriza-se como uma atividade modificadora do meio ambiente e

    causadora de impactos ambientais indesejveis. Como j citado anteriormente, leis e

    regulamentos referem-se ao PRAD como o instrumento bsico de fechamento de minas, dando a

    entender que as medidas de recuperao devam ser adotadas apenas aps o exaurimento da

    jazida, porm idealmente, as empresas areeiras devem seguir durante toda vida til da lavra, as

    instrues contidas nos Relatrios Tcnicos de Monitoramento Ambiental6, objetivando uma

    reduo na acumulao do passivo ambiental ao final da atividade.

    No contexto urbano, a recuperao desempenha um importante papel social podendo

    conferir atividade minerria as seguintes funes:

    6 Relatrio exigido pelo rgo ambiental competente em detrimento da operao de empreendimentos

    potencialmente poluidores ou degradadores do meio ambiente onde so apresentadas orientaes sobre a situao atual da atividade, medidas de recuperao implantadas, prximas etapas de recuperao e seu respectivo cronograma.

  • 28

    Conter a degradao ambiental durante o funcionamento da atividade;

    Beneficiamento social ao fim da atividade a partir da transformao da rea

    remanescente em locais que atendam a necessidades pblicas ou privadas de uso

    do solo.

    Entretanto algumas das intenes de uso comumente propostas so tidas como inviveis

    tendo em vista que as possveis solues indicadas no so atendidas pelas caractersticas das

    cavas que normalmente so extensas, profundas, so preenchidas por gua cujas propriedades

    qumicas e fsicas foram alteradas e o leito possui composio essencialmente argilosa devido ao

    descarte de rejeito fino nas lagoas.. Ainda que a rea no possa ser contemplada com um projeto

    de uso futuro, as medidas mitigadoras de impactos devem ser adotadas afim de reduzir riscos a

    segurana e sade daqueles que sero obrigados a conviver com essa alterao ambiental.

    .

  • 29

    8 CONCLUSO

    Com relao a itemizao proposta pelo INEA para execuo de Planos de Recuperao

    de rea degradadas, a elaborao de textos orientativos especficos para cada condio

    constituiria uma base mais completa para o tcnico executor do trabalho e serviria como um

    parmetro melhor definido no momento de avaliao do trabalho pelo responsvel do INEA. Como

    conseqncia, menos relatrios cairiam em exigncia por terem sido orientados a apresentar todo

    contedo julgado necessrio pelo rgo responsvel.

    Tratando-se da eficcia, ainda que proprietrios de areais tenham conscincia da

    obrigao legal e social que possuem, comum localizar areais sem um mnimo vestgio de

    tomada de medidas de recuperao, com margens desmoronadas, infraestrutura abandonada,

    sem cercamento ou placa sinalizando os riscos que a rea oferece, solo infrtil, presena de

    poucas espcies vegetais e ausncia quase total de fauna.

    Essa atitude tomada pelos areais confirma que, apesar da existncia de leis que obrigam a

    recuperao de reas degradas, a ineficcia dos rgos competentes em exercer a fiscalizao e

    garantir o cumprimento da lei, oportuniza a leviandade dos mineradores com suas obrigaes

    ambientais.

  • 30

    10 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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