mestre philippe de lyon volume ii sevananda

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Sri SEVANANDA Swami O MESTRE PHILIPPE, DE LYON VOLUME II Prefácio à edição digitalizada Este trabalho é resultado do esforço de vários estudantes do Instituto, os arquivos aqui apresentados de forma inédita, são as obras digitalizadas na íntegra dos quatro volumes da obra O Mestre Philippe de Lyon escritos e editados por Swami Sevananda. Este esforço inicial dos estudantes foi motivado pela necessidade de uma nova publicação e conseqüente divulgação dos trabalhos de Sri Sevananda de forma unificada dos quatro volumes em um Único Volume que será publicado em número limitado destinado aos amigos e simpatizantes da AMO PAX. Se você desejar colaborar da forma que achar útil e conveniente, entre em contato conosco em http://amopax.org, pois, o PPP (Precisamos de Pessoas Positivas) lançado por Sri Sevananda na década de 50 continua agora e você é muito bem vindo. Eu decidi colocar os livro da AMO PAX na internet afim de combater a exploração capitalista de nossos amigos e simpatizantes por vendedores amadores que cobram preços exorbitantes nas obras ou cópias das obras deixadas pelos nossos mestres e instrutores. Meus sinceros votos de Luz e Ananda. Direção da AMO PAX 25 de dezembro de 2007. Contatos AMO PAX Caixa Postal 3871 Brasília DF 70089-970 http://amopax.org Fraternidade dos Sarva Swamis Brasília DF Brazil http://www.amopax.org

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Page 1: Mestre philippe de lyon volume ii sevananda

Sri SEVANANDA Swami

O MESTRE PHILIPPE, DE LYON

VOLUME II

Prefácio à edição digitalizada Este trabalho é resultado do esforço de vários estudantes do Instituto, os arquivos aqui apresentados de forma inédita, são as obras digitalizadas na íntegra dos quatro volumes da obra O Mestre Philippe de Lyon escritos e editados por Swami Sevananda. Este esforço inicial dos estudantes foi motivado pela necessidade de uma nova publicação e conseqüente divulgação dos trabalhos de Sri Sevananda de forma unificada dos quatro volumes em um Único Volume que será publicado em número limitado destinado aos amigos e simpatizantes da AMO PAX. Se você desejar colaborar da forma que achar útil e conveniente, entre em contato conosco em http://amopax.org, pois, o PPP (Precisamos de Pessoas Positivas) lançado por Sri Sevananda na década de 50 continua agora e você é muito bem vindo. Eu decidi colocar os livro da AMO PAX na internet afim de combater a exploração capitalista de nossos amigos e simpatizantes por vendedores amadores que cobram preços exorbitantes nas obras ou cópias das obras deixadas pelos nossos mestres e instrutores. Meus sinceros votos de Luz e Ananda.

Direção da AMO PAX 25 de dezembro de 2007.

Contatos AMO PAX Caixa Postal 3871 Brasília DF 70089-970 http://amopax.org

Fraternidade dos Sarva Swamis Brasília DF Brazil

http://www.amopax.org

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Doutor Philippe ENCAUSSE e Sri SEVÃNANDA Swami

O MESTRE PHILIPPE,

DE LYON

TAUMATURGO E “HOMEM DE DEUS” (Documentos inéditos)

SEUS PRODÍGIOS, SUAS CURAS, SEUS ENSINAMENTOS

VOLUME II

Capa

Publicado no Brasil. Ed. “ALBA LUCIS”, 2o volume, dos quatro.

1958 - 1959

Sua vida e doutrina, com comentários, profecias e farta documentação inédita. Ilustrações, fotografias, visões.

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(orelha do livro)

Segundo, Terceiro e Quarto Volumes da obra

“O MESTRE PHILIPPE, de LYON”

Quatro volumes, em lugar de dois, resultou ser a apresentação final desta obra;

as razões ficam expostas pelo autor, no texto da mesma, o que nos dispensa de

mais comentários, como editores.

A expressão “estudante sério” aparece tantas vezes, neste segundo volume,

que nos achamos obrigados, pela sensibilidade característica do povo brasileiro, a

dar ao leitor uma explicação, além das que irá achar no próprio livro.

O autor, deste segundo volume e dos seguintes, persegue claramente uma

finalidade seletiva. Longe de querer atrair aos que folheiam, compram ou, até,

chegam a ler a obra, Swami Sevânanda atua, através do texto, da ilustração, das

sugestões que as notas contêm, e até colocando, na capa traseira deste volume, à

disposição do público, um exemplo do material de estudos que os Martinistas

utilizam, de modo premeditado: procurando sacudir a indiferença, promovendo

violenta atração em uns, como não menos forte repulsa em outros.

Dado aquele feitio da nossa gente, a que nos referimos, poderia ser então

formulado um juízo precipitado, sobre a concordância entre o Ensinamento do M.

PHILIPPE e a técnica psicológica do Autor, que não parece tão suave ou fraternal,

como poderia pensar-se fosse indispensável num seguidor, e representante local, da

Corrente do citado M. PHILIPPE.

No entanto, “que aquele que faz o Bem continue, e o que faz o Mal prossiga e

faça ainda mais”, parece ser a chave de tão singular atitude. Numa palavra: tirar ao morno da mornidão... ao provocar nele ou algum entusiasmo que aqueça e

amadureça sua decisão; ou o esfriar daquele que prefira congelar-se no egoísmo e materialismo conscientes, com a qual atitude preparar-se-á, de acordo com os

Ensinamentos comentados e exemplificados nesta obra, “sacudidelas” eficientes

para o futuro próximo......

Seja como for, e seja qual for, também, o resultado que semelhante técnica

possa promover, é certo que a nossa Editorial ressentir-se-á de tal reação.

Conscientes disso, queremos dizer ao Povo Brasileiro, que seja qual for, em

nosso caso e futuro, também o resultado da divulgação desta obra, com a qual

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tomamos amplo contato com o leitor brasileiro, nos sentimos profundamente

satisfeitos em poder ter tido a oportunidade de apresentar a Verdade: oral, escrita, vivida e ilustrada, dos Ensinamentos do “Homem de Deus”: Mestre PHILIPPE, de

Lyon, assim como de documentar aos famosos “estudantes e pesquisadores

sérios”, com tão farto material.

E, se o grito de ALERTA, enérgico, deste segundo volume, do terceiro e, mais especialmente, do quarto volume for ouvido por alguns, já termos merecido um

pouco o nosso caráter de servir ao

“ALBA LUCIS”.

(Caixa Postal 133 LAJES, Sta. Cat. –Brasil)

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F. 1 – SRI SEVÃNANDA SWAMI (Fotografia tirada por Franco, por ocasião de uma visita do

Swami a casa do Disc. “Kabir”.)

IIª. PARTE

Autor: Sri Sevãnanda Swami

Consultar a obra Yo que Caminé por el Mundo (33 anos de aventura espiritual), na qual ficou claramente explicado porque um “Swami”, ou seja “renunciado em Ioga”, já não usa seus títulos nobiliários, culturais, sociais, místicos, e outros, os quais, por mais que tiver, nenhum há de levar quando desencarnar nem quando tiver de, novamente, encarnar...

Fig 1

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OBRAS DO AUTOR E DE SUA ESPOSA SÁDHANÂ

(R: rara D: disponível E: esgotada P: em preparação)

1. ORDEM MARTINISTA DA AMÉRICA DO SUL: História, Finalidades,

Estatutos e Horóscopo de Fundação (Publicidade Americana, Porto

Alegre, 1940). (E.) (16 páginas 1/16; uma ilustração.)

2. ORDEM MARTINISTA DA AMÉRICA DO SUL: Histórico da Ordem,

Constituição Geral e Leis Internas Ritual do Primeiro Grau

(Publicidade Americana, Porto Alegre, 1940). (R.) (75 páginas ilustr.)

3. ORDEM MARTINISTA DA AMÉRICA DO SUL: Ritual do 2º Graus

(Edição oferecida pela R. L. “Cedaior” Publicidade Americana, Porto

Alegre, 1940). (R.) (18 páginas com ilustração cerimonial.)

4. ORDEM MARTINISTA DE LA AMERICA DEL SUR: Finalidades,

História resumida, Horóscopo de la Orden (imp. Matutina,

MONTEVIDEO, 1942) (R.) (50 págs. Com retratos de Mestres e relatos

fenomênicos.)

5. ORDEM MARTINISTA: Reglamentos Internos, Programas de Estúdio,

Rituales Del Primer Grado (Montevideo, 1944). (Disponível.) 157 págs.

6. “YO QUE CAMINÉ POR EL MUNDO...”: Doutrina externa de Sri

Sevânanda Swami: Teoria, Treinamentos, Escolas do Oriente e

Ocidente. Muito ilustrada, 35 págs. (1ª edição, de luxo, em Córdoba, R.

Argentina Talleres Gráficos Selva, 1951). (Disponível.)

7. “YO QUE CAMINÉ POR EL MUNDO...”: (2ª edição). SARAIVA S/A, em

São Paulo, Brasil, 1953. (Disponível.)

8. ASSOCIAÇÃO MÍSTICA OCIDENTAL: Estatutos e Orientação, etc.

(Edição de Sevâshrama, Rio, 1954). (E.) (32 páginas. Anjo a cores.)

9. “AS PROMESSAS PARA SERVIR A JERARQUIA DO SUDHA

DHARMA MANDALAM” (12 págs. 22 x 28, ilustrado, 1954). (D., para

Discípulos.)

10. “ALBA LUCIS” (PRIMEIRA FASE): 16 págs. 21 x 33, ilustradas, Rio,

1954. (R.) (Nova edição da segunda fase, em preparação.)

11. Monastério AMO-PAX, Ashram de Sarva-Ioga e Mosteiro Essênio (72

págs. Ilustradas, Rio, 1955). (R.)

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12. IGREJA EXPECTANTE, Bases e Rituais (Batismo, Comunhão,

Matrimonial, Desprendimento e Morte). Edição mimeografada, 1955.

(D.)

13. IGREJA EXPECTANTE Instruções Sacerdotais (Reservadas aos

Noviços, Monjes, Monjas e Sacerdotes e Sacerdotisas). 1955. (D.)

14. “ALERTA” Comunicado n. 1, remetido ao Governo do Brasil, ao

Corpo Diplomático, Legislativo e às Nações Unidas, amplamente

divulgado por 13 Missionados. (R.) 1956. Mimeografado.

15. ORAÇÕES, do Monastério Amo-Pax (ilustradas e comentadas, para

uso consciente de adultos e com orações infantis). (D.) 1958.

16. O MESTRE PHILIPPE (2º, 3º E 4º VOLUMES). Saraiva S.A., S. P.,

para Editorial Alba Lucis. 1958/1959. (D.)

REVISTAS MENSAIS

Fundou, dirigiu, escrevendo a maior parte, os mensários:

LA INICIACIÓN, de maio de 1942 a dezembro de 1947. MONTEVIDEO. (D.)

BOLETIM AMO-PAX, de fevereiro de 1952 (no Uruguai) até abril de 1958 (no Brasil).

Mensário agora independente.

CORREIO INTERPLANETÁRIO: órgão da Associação Mundialista Interplanetária no

Brasil. RIO. De setembro de 1956 a maio de 1957. (D.)

TRADUÇÕES PRINCIPAIS

“LIBRO DEL SENDERO Y LA LÍNEA RECTA (de Lao-Tsê); colaborou, em 1919, em

Buenos Aires, com Edmundo Montagne, na revisão da versão de 1916, que o

citado escritor reeditou em 1924 (Editorial MINERVA).

LIBRO DE LAS LEYES DE VAYÚ (do Mestre CEDAIOR), versão francesa, do

original espanhol, ficou pendente de edição, em Paris (1923).

EL LIBRO DE LOS SABIOS (Eliphas Lévi): versão espanhola, do original francês,

em colaboração com sua discípula “Hypathia”. Publicada em Buenos Aires,

1943. Disponível.

“LE MAÍTRE PHILIPPE, de LYON” (4ª EDIÇÃO FRANCESA) DO Dr. Philippe

ENCAUSSE, versão brasileira. Editorial ALBA LUCIS, 1958. (oficinas Gráficas

Saraiva S. A. São Paulo). 208 páginas, muito ilustrada.

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“MEMORIAL MACROBIÓTICO” Do Dr. Georges SAKURASAVA OHSAWA

(Medicina Macrobiótica). Edição mimeografada. 44 páginas. ALBA LUCIS,

1958. (D.)

“UM NOVO POVO PARA UM MUNDO NOVO” (Dr. Hugh Schnfield), versão

brasileira, do original inglês, sobre as origens e Proclamação da República dos

Cidadãos do Mundo, incluindo excertos da grande imprensa da Grã-Bretanha.

(20 págs. Ilustrado. Imp. J. Gonçalves, Niterói. Maio de 1957.) Disponível.

De Swamini SÁDHANÂ

“COMA BEM E VIVA MELHOR!” Orientação prática sobre alimentos sadios,

vegetarianos e ioguísticos. Mais de 350 receitas, culinárias e para doentes e

lactantes. (155 páginas. Gráfica Progresso. Belo Horizonte, 1956.) Disponível.

Editorial “ALBA LUCIS” Obras em preparação

VIVÊNCIAS ESPIRITUAIS (Série): uma coleção de livrinhos, contendo Apólogos,

Contos, Ensinamentos, Excertos, Meditações, Relatos, etc., do vivido pelos

Discípulos e dado pelo M. Sevânanda, em anos de labor.

Cada ensinamento, comentado pelos fatos ou circunstâncias em que foi

dado. Cada ocorrência, iluminada pelo ensinamento outorgado.

TRATADO DE SARVA IOGA (Ioga Integral). Método que inclui os passos da ioga

para o Ocidente, desde a parte física (curso completo) até a parte

transcendental. Tudo isso, podado das complicações antiquadas. Doutrina

pessoal e adaptações, do fundador da Ordem dos Sarva Swamis, preparada

especialmente para os Membros da mesma.

ÁLBUM MÍSTICO DE PERCEPÇÕES AUTÊNTICAS. Visões reais, desenhadas

com exatidão e interpretadas, para os estudantes sérios. Edição com muitas

ilustrações, grande parte a cores.

ÁLBUM INFANTIL SOBRE A REALIDADE DA VIDA. O lado menos

freqüentemente visto, ta como ele é. Preparado especialmente para devolver

às crianças e aos menores e adultos também um sentir mais real do que

a Vida é. Um “conto de fadas” que não o é; um retorno à exata compreensão

do lado invisível, e o mais importante, da nossa existência, e da ação vibratória

da vida, bem como do laço permanente com os demais reinos e mundos, sem

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doutrinação espírita, sem dogma, aceitável pelos fiéis de todos os cultos. Muito

útil para dar à criança uma educação espiritual prática e racional.

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SRI SEVÂNADA SWAMI

O MESTRE PHILIPPE, DE LYON,

Taumaturgo e “Homem de Deus”

Este Segundo Volume (dos quatro que compõem a obra) contém especialmente: Vida do Mestre, e de Seus Discípulos, principais. Sucessores atuais dos diferentes setores do Seu Labor Mundial. Um Quadro Geral da Tradição Iniciática, 14 Gravuras de Visões autênticas, sendo 3, a cores, de Anjos, além de 33 fotografias, inéditas. Publicado no Brasil Editorial “ALBA LUCIS” Copyright 1958/1959. Impresso nas Oficinas Gráficas de SARAIVA S/A. Sampson, 265 S. Paulo.

Fig 02

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SE A GRATIDÃO ATRAI A GRAÇA

Em longínquos países do Oriente, a Ioga do Fogo (Agni-Yoga), a que fala

Daquele que há de vir, ensina que a Gratidão é uma das forças mais poderosas do

Universo. Aqui no Ocidente, onde a recente passagem do Muito Excelso Mestre

PHILIPPE reavivou, pelas Graças outorgadas, e pelos Milagres operados, a crença

no Ensinamento do CRISTO, também Ele, Philippe, nos ensinava que não se

agradece bastante. E procurava mover a gratidão nos corações...

Não sei, se o que procurei colocar, de meu, nas páginas da obra, terá um valor

espiritual, ou didático, suficiente para justificar sua existência, aos olhos Daqueles

que Sabem. Mas, se tal conteúdo for restrito, ainda assim confio nessa outra

energia, que de Sádhanâ e de mim emana com força, surge e irradia perenemente:

a Gratidão! para imantar este livro e fazer com que leve a Sua Mensagem, lá

onde possa germinar e frutificar.

E, se a Gratidão tem poder para atrair a Graça, com mais razão ainda, essa

outra fonte, da qual a própria Gratidão deriva: a Dedicação desinteressada, o

esforço por apoiar o que se sente ser bom, útil ou certo.

Por isso, tenho a certeza de que o Muito Excelso Mestre PHILIPPE, cuja obra é

de Amor e de Justiça, irá gostar de ver lembradas, nestas páginas de rosto da

segunda parte da obra, as colaborações de todos aqueles que, de uma maneira ou

de outra, têm facilitado sua publicação.

A das numerosas pessoas que, tendo conhecimento da próxima saída deste

livro, apressaram-se a remeter dinheiros, seja a título de ajuda para a impressão do

mesmo, seja em caráter de reserva de uma ou mais coleções. Não seria justo, nem

corresponderia ao nosso sentir, fazer distinções entre os que, com igual intenção e

merecimento, enviaram somas um pouco inferiores ou superiores, ao valor previsto

para a obra: inicialmente planejada com um ou dois volumes, e que acabou tendo

quatro!

A todos e a cada um desses generosos corações, iremos dedicar uma coleção

da obra.

Como também haveremos de autografar para cada um dos, de tão especial

dedicação a esta realização, que não podemos deixar de associá-los, nominalmente,

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como credores da nossa Gratidão, merecedores da do Leitor, e também da Graça

do Mestre, já que a eles se deve parte da imantação que a obra leva...:

Fidélis, com seu empréstimo generoso de cem mil cruzeiros, e o apoio dele e

do Grupo de Lajes, graças ao qual tivemos tão silencioso e tranqüilo Retiro, para

escrever o segundo, o terceiro e o quaro volumes. E também: Nélson e Leda, os do

afetuoso refúgio paulista...

O Major W. N. (Dharmadhasa) cujas doações generosas lembram a que Toth,

o Sacerdote Expectante de Guarapari, e Zanti, iniciaram com cinqüenta mil

cruzeiros!

O “mago”, das finanças da Ermida um dos Discípulo-financista que,

entregando-se de coração a ajudar a obra do Muito Excelso MESTRE, e sentindo

Seu apoio, conseguiu duplicar semestralmente fundos do Livro, que lhe eram

confiados...

Na parte “gráfica”, houve dedicações, tais como a do casal Satyamuni-

Saktidevi (que tanto já tinham feito pela Obra desde 1953!) que assumiram o custo

dos clichês... muitas dezenas de milhares de cruzeiros! E, as dedicações de Franco,

de Kabir no Rio; de Persistex em São Paulo, passando dias e noites, gastando

dinheiros e energias, em preparar fotografias, ampliações...

Está a obra, silenciosa e invisível sempre, de Sebastião, o qual, durante anos

já, despende tempo e verbas pessoais, em remeter cada semana:

correspondências, recortes, colaborações de múltiplas modalidades. E, a maior de

todas: o afeto leal e invariável! E, por seu intermédio, os letreiros “do bueno e do

Bueno”, e tantas outras!

Dos desenhos de Singelo, de Sarah, e de outros, o livro fala claramente! Não

creio que o Mestre gostasse que deixasse de apontar o labor profissional, tanto das

“Clicherias Reunidas Latt-Mayer, S.A.”, como das Oficinas Gráficas Saraiva S.A.:

especialmente nesta época, de despreocupação geral pelo “espírito de perfeição”, é

grato dever assinalar aos que fazem as cousas “não pelo dinheiro, apenas”, e que

ainda guardam as Tradições das Corporações, orgulhosas no bom sentido do

termo de seu esforço por melhorar a vida coletiva, pela eficiência, pela beleza.

De Mário Teles de Oliveira, falo adiante, sem muito comentário. Gostaria de

lembrar que, durante a preparação desta obra, achava-se em poder dele um

documento, no qual o designava como capacitado e autorizado, para terminá-la, se

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algum contratempo, como a desencarnação, ou alguma outra forma de perder o

tempo aplicável na Terra, me não permitisse rematá-la pessoalmente. Espero que,

ambos, vivamos ainda bastante para eu poder lhe compensar, nesta vida, o que fez

por esta obra.

A Sádhanâ, nada me é fácil lhe dizer, publicamente. Mas, sem dúvida alguma,

deve-se a ela, mais do que a mim mesmo, tudo quanto existe aqui, no labor visível

dedicado ao Muito Excelso MESTRE, certamente hão de recompensar a dedicação

de todos estes “Fiéis do Amor”, levando, a outros corações abertos, a Luz do Seu

Ensinamento!

Que assim seja, são os meus votos afetuosos.

Grato, Sevânanda.

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LONGA PALESTRA COM CAROLEI

“Há uma regra astrológica: toda cousa iniciada seis horas antes ou após a Lua Cheia, se fará rapidamente, tendo também ampla repercussão, não sendo mesmo possível mantê-la oculta”.

A TRADIÇÃO.

Quando, Onde, Como, Por que? Quatro perguntas que surgem na mente do

homem (da mulher também, às vezes...), a propósito de tudo. Haverão de surgir,

pois, na de quem folhear, espiar, quiçá compre (assim seja), leia, medite (os Anjos

os ajudem) e compreenda ou procure aplicar (os Deuses o protejam!) o conteúdo

deste livro!

Por isso, Carolei, resolvi começar por esta longa palestra, na qual iremos

procurar nos entender, eu e Você. Bem, desculpe chamar de Você, mas eu sou

assim mesmo. Mais espontâneo que mola de relógio, com corda garantida ad vitam,

automática como a Vida e antichoque, impermeável à sujeira e, “quase” exato, tal

como o MIDO n. 5409 que Satyamuni me deu, e no qual são agora seis horas da

formosa aurora (Alba Lucis) do dia 4 de abril, sexta-feira da Paixão ou sexta-

feira Santa, do ano da Graça de mil novecentos e cinqüenta e oito, contados da

Encarnação do Verbo.

Carolei, estou achando melhor Você saber quem eu sou até onde eu mesmo

souber e puder explicar bem como, é bom que todos fiquem sabendo quem é

Você, meu “longo” interlocutor, já que a palestra vai ser comprida!

Carolei é o mais recente dos muitos neologismos que fui criando, nesta vida na

qual nunca gostei de fazer nada como “todo mundo”, por causa desse cheirinho a

mofo que a rotina sempre tem! Pois bem: CAROLEI é você mesmo “CARO LEI-

tor”. Gostou? É curto, prático, com lembrancinha ao Rei Carol que mostrou que o

amor vale tudo, etc. Então, ficamos acertados. Eu me dirijo a Você, chamo-o de

Carolei e chamo-o de Você.

Pode reciprocar e me chamar de Sevânanda, e de Você. Eu sou “sem seca”,

como diz o sertanejo quando quer falar em pessoa sem cerimônias, nem nove-

horas.

Pois é, Carolei, temos muito que conversar. Em primeiro lugar, este livro irá ser

cheio de cousas tão sérias, tão graves, tão importantes para a tua, perdão, a sua

vida (repassei o trato e vi que o tu não entrava..., não faz mal, o deixaremos para

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Deus, que é menos suscetível...), que, no fim das contas, acho melhor esta

familiaridade amena, que irá permitir dizer a Você tudo quanto me ocorrer.

Ô Sevãnanda, e se Você “inventar” de me dizer cousa que me desagrade,

ou me fira, ou começar a me perguntar cousa que não quero responder, como fico

eu, que não tenho “nem voz nem voto” nessas suas páginas?

Meu filho, um pouco por velho e um pouco por estudioso e observador,

aproveitei ter nascido com Ascendente em Escorpião, que outorga a mania de

prever as cousas, e já dei um jeitinho nisso. Olha Carolei, é muito simples: cada vez

que alguma cousa lhe desagradar, Você FAÇA DE CONTA que o “Carolei” é aquele

outro coitado que também folheou, espiou... e não conseguiu parar nisso!... Acaso a

vida é outra cousa senão fazer de conta?...

Já são seis e vinte! Às seis e quarenta e cinco esgotar-se-ão as seis horas

após o Plenilúnio. Não faz mal, já fiz o que tinha que fazer. Olhe só: ontem à noite,

dentro das seis horas ANTES do Plenilúnio, fizemos uma cerimônia.

Ô Sevânanda, Você disse “fizemos”; quantos presentes, quem?

Carolei, meu filho, vou ter que lhe ensinar a primeira regra nossa: primeiro,

calma! Depois... calma!... depois... outra vez: calma! E pode-se, então, começar a

tratar do caso, seja qual for. Pois bem, a primeira pergunta não foi: QUANDO?

já ficou mais ou menos respondida: 6 horas de 4-4-1958, que noves fora, soma “22”,

meu número oculto. Já falaremos disso adiante.

Vamos para a segunda pergunta: ONDE? Carolei, seja gentil e apanhe o

primeiro volume. À página 9, no Prefácio, expliquei direitinho aquele fato

maravilhoso: quando o Muito Excelso Mestre PHILIPPE (que também chamamos de

AMO) fez cair aquele Raio “quase” sobre... e um pouco “dentro” do ABRIGO, junto à

Ermida Rodante, em 23 de outubro do ano passado, lá onde eu escrevi, nas

madrugadas tão formosas frente aos Picos das Agulhas Negras, a tradução do 1o.

Volume.

Pois é, Carolei, não há mais Abrigo. O vento levou. Levou mesmo. E, como

deixei há muitas encarnações a crônica social, vou contar “já”. Como Você já sabe,

nós fundamos, Sádhanâ e eu, aquele Monastério AMO-PAX, a doze quilômetros de

Resende. Neste livro, tornarei ao tema. Mas, desde agora, Carolei, Você deve saber

que, em 19 de fevereiro deste ano, por certas circunstâncias que constam das

páginas vindouras, eu disse, lá pelas duas horas da tarde, à minha querida

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Sádhanâ: “Olha, Caranguejo (chamo-a assim na intimidade, porque ela tem

Ascendente “Câncer”, Caranguejo em português) acho que termos de ir embora

daqui.” Dito e feito. (Para os Grandes: dito, é feito!) Lá pelas dezesseis horas, ou

seja quatro horas da tarde, pela antiga, já estava chovendo com vento. Mãezinha

Sádhanâ, escrevendo naquela mesa de madeira de polegada, que o Uramar fez tão

forte! Eu (Você não tem televisão? Bem.). eu, estava com Adam (versão Vulgata) ou

seja p Adão vulgar e silvestre, nuzinho da silva, do lado de fora, num reduto onde

nosso chuveiro ao ar livre (cortina em volta e céu aberto) convidava...

Nem cheguei lá! A chuva, engrossando, virou de pedra. E que pedras! O vento

meteu pé no fundo e deve ter chegado a grande quilometragem, mais de cem, pois

que árvores grossas, foram “retorcidas”, quebradas e transportadas a centenas de

metros. Eu, lá fora, com essa rapidez mental própria dos momentos importantes,

pensei: em Mãezinha primeiro, e, logo, nos muitos metros quadrados de VIDROS

dos grandes janelões do Abrigo, é SOUBE com certeza que desses vidros não

ficaria nada... utilizável! Voltei correndo, sem mesmo apanhara roupa, vento e

pedras batendo enfurecidamente sobre o Abrigo. Mãezinha tinha terminado de

entrar na Ermida Rodante (um trailer, de dois por cinco metros, com dez janelas,

uma casinha rodante de material leve e MUITO FRÁGIL). Apenas entrei e fechei

a porta! O vento “embolsou” os vidros e respectivas ferragens, que arrastaram as

seis colunas principais (três de cada lado), com altura de mais de três metros, de

tijolo e meio (45 x 45) e lá veio abaixo tudo. Foram duas e meia toneladas de telha

francesa, mais centenas de quilos de vigas e das três tesouras e dois eitões, tudo

isso jogado no chão e sobre a frágil Ermida.

Os janelões, feitos mingau no chão, entre troços de colunas. E o vento a

sacudir a Ermidazinha como papel, porém parou logo. O que TINHA QUE FAZER

ESTAVA FEITO. E... com que milagroso jeito! Do Abrigo, só ruínas imprestáveis.

Sobre a “frágil” Ermida, vigas e uma das pesadas tesouras, caídas e atravessadas.

E, agora, Carolei, é bom que Você vá se acostumando aos fatos raros, milagrosos,

ou mesmo a VER o LADO SUTIL dos fatos, até corriqueiros. Porque, sem isso,

Carolei... ia dizer “olha o cachorro”, mas Você não sabe o que isso seja, e lhe

contarei adiante. Pois bem, Você deve observar, pensar e concluir.

Não acha Você “raro” que DUAS horas após aquela frase, o vento vem e leva

mesmo? Não acha “interessante” saber que, pelas redondezas nada houve além de

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algumas bananeiras dobradas e de poucas telhas tiradas nas beiradas dos edifícios

do Monastério? Além disso, quero dizer: fora do Monastério: NADA. Nem rasto.

Não acha curioso, Carolei, que as cadeiras, de Mãezinha e a minha, e a mesa

dela, tenham ficado feitas “lenha picada para fogo” ou quase, e nós escaparmos

SEM UM ARRANHÃO, dentro de uma casa de papelão, à qual não aconteceu NADA

e da qual as dez janelas não tiveram NEM UM SÓ vidro quebrado, apesar dos tijolos

e telhas caídos, dos cacos de vidro e outros materiais jogados pelo vento a tal ponto

que uma bacia foi parar “lá em cima do morro” e que uma chapa de zinco de dois

metros foi levada a um outro morro a seiscentos metros? Bem, se Você “não acha”,

Carolei, receio muito que Você já passou do número de dioptrias oculares, mentais e

psíquicas, permitidas pelo Trânsito Celestial das almas evoluídas...

São quase sete horas, Carolei. Aproveitei bem o tempo astrológico

favorável. Vou parar por aqui. Tomo o mingau japonês explicarei o que seja

e já volto. Assim, Você descansa. Ou, poderia até tornar a ler. Nunca é demais. Até

já. Fique com Deus!...

O mingau era pouquinho, mas estava muito bom, obrigado! Vamos prosseguir

com a palestra, Carolei. Eu não fumo, nem suporto fumaça, pois a respiração iogue

torna a pessoa muito sensível, mas Você pode aproveitar que está longe e acender

o cigarrinho, ou até o cachimbo, se Você é do tipo meditativo. Porém NUNCA fume

perto de um Mestre no Oriente. E, mesmo cá, no Ocidente... é bom perguntar antes.

Então estamos aqui. Onde? É outra história interessante, que vou contar a

Você, Carolei, para Você ver o quanto engana-se essa gente toda que anda por aí,

que chega num lugar, dá uma espiada correndo, pensa que entendeu e sai até

opinando. Pois é: as aparências enganam. Todo mundo sabe disso, mas é só no

sentido desconfiado, útil nos negócios, pelo menos até quando a gente aprende a

comerciar honesta e abertamente. Mas, querido Carolei... (Caro Carolei... é muito

dinheiro, ou Você vale mesmo tanto assim? Oxalá!) ia dizendo que estamos aqui e

que isto e que isto é interessante. De fato. Até liga-se já a um dos ensinamentos do

Muito Excelso Mestre (daqui em diante escreverei MEM, para não cansar Você, nem

deixar de dar ao MESTRE o tratamento que lhe é devido...).

Esse ensinamento (n. 8) tem muitos outros sentidos, que comentarei quando

chegar à parte do livro destinada a esse labor, mas é bom que Você vá, Carolei, se

tornando experto (Vocês dizem “perito”, mas o termo francês usado assim como

galicismo, fica com os dois sentidos); experto-perito, pois, em perceber logo o laço

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que une as cousas, já que TUDO está unido no fenômeno ÚNICO da Vida. O fato

que nos interessa, irá pô-lo em evidência. Vamos ao conto.

Três anos antes de hoje, mais ou menos, não data por data, uma pessoa

estava neste lugar. Essa pessoa tinha consultado, em 1942, no Rio, a um quirólogo-

vidente alemão que por causa da guerra dizia-se inglês e que, sem conhecer

nada da consulente, disse-lhe, entre outras cousas que se cumpriram, que: ela na

devia preocupar-se tanto por achar um Mestre, pois tinha muita Proteção e que um

dia o “seu” (dela) Mestre viria a sua própria casa...

Os anos passaram. Essa pessoa não nos conhecia e nem estávamos no Brasil

nessa época. Ela construiu pouco depois esta casa, onde vinha passar fins-de-

semana e férias. Em 1955 de fato tive que ir a casa dessa pessoa, no Rio, lá ficando

poucos momentos. Ela adquiriu meu livro (Yo que Caminé por el Mundo...), mas,

não querendo nem passar os olhos nele no lufa-lufa da Capital, o trouxe para este

refúgio e, certa noite, quis começar a ler. O livro “abriu-se” na página 274, e a

pessoa ficou olhando aquele retrato meu (sem saber que o fosse) que está no

Diploma da O. K. R. C. ali colocado. Nisso, a luz elétrica deu um dos apagões

municipais de praxe...

Upasika (é o nome da Discípula) ficou com o livro sobre o peito e os braços em

cruz, meditando de olho aberto e, pouco após, viu no seu jardim, cheio de pinhos,

passar um cortejo de pessoas, das quais reconheceu apenas: ao Dr. Encausse

(como ela o chamava; é PAPUS), a seu próprio falecido Pai, Leon Debruyne e,

encabeçando essa primeira fileira, havia um homem de chapéu coco, com que

iam cobertos todos os demais também. Era um rosto severo, que perscrutava

tudo profundamente e que, quando chegou a olhar para o lado onde ele estava,

junto à janela do quarto em que lia na cama, encarou-a com certo ar de interesse,

com uma expressão que ela traduz com as palavras: “é ela”, e: “é aqui”. Mais duas

fileiras seguiam, composta por: Jean Jaurès, Zola, Eliphas Lévi, e o falecido

Presidente Fallières, a segunda; a terceira: Victor Hugo, Balzac, Péladan e Péguy.

Sabe, Carolei, que destas doze personagens (pois na primeira fileira havia também

uma quarta pessoa que Upasika não sabe identificar por não tê-la “visto”

nitidamente), pelo menos mais da metade são reconhecidamente Martinistas, outros,

Maçons e TODAS ELAS, pessoas dedicadas ao Serviço da Humanidade? Isso, sem

falar no MESTRE, pois qual não foi a surpresa de UPASIKA, quando, ao acender

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novamente a luz local, e continuando a folhear o livro, chegou ao grande Quadro dos

Mestres, colocado no fim e lá, bem no CENTRO DE TUDO, viu o rosto doloroso do

MEM PHILIPPE-AMO, em quem reconheceu o Homem de rosto tão grave que ia na

frente, sério e silencioso, enquanto Papus e De Bruyne trocavam palavras... Gostou,

Carolei? É, de fato, muito formoso, merecer VER um Grupo de Mestres e Discípulos,

todos eles “de etiqueta” (a rigor) vindo visitar, imantar provavelmente, um LUGAR

escolhido, para...

Voltemos 50 anos atrás, Carolei... Lá em Paris, quando eu era ainda menino de

7 anos, morava no 20 da Rue Condorcet. O primeiro andar era um grande

apartamento, de meus Pais, no qual Papus e outros, dos citados, mais de uma vez

estiveram. Meu Pai era amigo e Discípulo, de Papus e do MEM MESTRE era,

também, amigo de Debruyne, que até comprava, na loja sita no andar térreo, as

músicas para sua filha (UPASIKA), que era então uma jovem de 15 anos, estudando

violino e meu Pai e Mestre (CEDAIOR) tinha naquela loja: Edição de Música, Venda

e aluguel de Pianos e venda de todos os instrumentos e pertences, etc., sendo

Concessionário Gaveau, no bairro.

Ô Carolei, Você já entendeu? Não é bonito, como TUDO está ligado? E que

toda ação, todo sentimento, todo haver e todo dever em TODOS os sentidos de

todos esses termos fazem com que a gente se ache, encontre e torne a

encontrar, até liquidar contas ou até fusionar almas?... Desculpe, Carolei, avancei

sinal. É cedo ainda para falar nestas cousas. Mas lá chegaremos se Você não larga

do livro antes...

Então, cá estamos, na casa escolhida pelo MEM MESTRE, oferecida por

Upasika para ser o nosso retiro provisório, para escrever este volume. Ontem à

noite, ela chegou para passar a Páscoa conosco. E a iniciamos com uma cerimônia,

na qual muitos livros, escritos por Mestres ou por Discípulos adiantados do MEM

MESTRE, e que dedicaram suas existências a servir à VIDA, aos humanos, ao MEM

MESTRE e ao CRISTO, estavam colocados, junto a esta máquina, aos originais da

tradução, ao papel em que este volume está sendo escrito. E Mestre Sádhanã,

Upasika e eu, fizemos o nosso pedido e o nosso oferecimento. É só? Pois é. Só.

Algum dia, quando os humanos tiverem aprendido a fazer de toda a Vida UMA

CERIMÔNIA, não mais serão necessárias as pequenas cerimônias, a não ser as

espontâneas e singelas... A de ontem o foi, até onde nós o sejamos por agora...

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Carolei: já ficou sabendo onde estamos e quase “como”. Faltam uns

pormenores. Vamos liquidar o caso. Primeiro assunto a esclarecer, “O Monastério”:

estamos nos situando outra vez na ação mais livre e mais ampla, pois que nem

conseguimos fazer no e do Monastério, aquilo que estivera programado, por razões

que no decorrer do livro surgirão; nem podemos, depois dos SINAIS que os

MESTRES nos deram o do Abrigo foi “claro, preciso e contundente”, não acha,

Carolei? insistir e, ficar junto a poucas pessoas, que não acompanham (por não

poder ou não querer, dá na mesma!) o ritmo e o sentido que precisamos dar ao

pouco tempo que fica: a nós para desencarnar, a Você, Carolei e seus semelhantes,

para se prepararem para “o que vem aí”. O MEM MESTRE já falou nisso no primeiro

tomo e iremos procurar tornar a questão mais clara, logo adiante.

Estamos chegando ao Cachorro cui-da-do, Carolei, mor-de mesmo! Por

motivos que serão totalmente expostos a Você, quando falarmos das duas Vias: a

MENTAL e a CARDÍACA, fique Você sabendo, amado Carolei, que em certa época

da minha longa trajetória, interior e externa, fui levado a criar um sistema dito de

“Sarva Ioga”, ou seja, Ioga Integral, no sentido de abranger, da maneira mais

sintética, prática e contundente possível, tudo quanto tenha achado, seja em

sistemas antigos (alguns bem antiquados também...), ou em modernos, como na

minha própria experiência, feita tanto na minha pessoa como em centenas de

discípulos e amigos, que me pareceu comprovadamente ÚTIL para a finalidade

almejada: TORNAR O SER CONSCIENTE. Daí que, na Lição 6a. do Curso “B”

(intermédio) de Sarva Ioga, após comentar a diferença entre o Caminho Essênio

(Via do PAI, do MEM) e o Caminho Sarva (Via Mental, na forma Sarva), conclui-se

“amavelmente”: “Realizar-se, tornar-se consciente ou apodrecer, como cachorro à

beira da estrada, é o seu dilema”.

Viu, ô Carolei, que cachorro danado..., e que dilema danado... e quanta gente

danada! (provisoriamente, graças a Deus... mas isso é DA OUTRA VIA!). Assim,

Carolei, quando eu disser: “Olha o cachorro!”, agora já Você não pode se fazer de...

desentendido. Vamos a outro ponto, dos que prometi esclarecer.

Chegou a vez do mingau japonês. E, para Você ver como TUDO é importante

na Vida vivida mesmo, o tal de mingau é que vai nos servir para ligar ao ONDE com

o COMO (mesmo com trocadilho, porque Você vai ficar sabendo como como...).

Vamos lá. O livro traduzido no primeiro volume, foi feito com toda seriedade de

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fundo e de forma. A forma, então, é cuidada ao extremo, como corresponde a um

Senhor Médico, quando este tem, além da responsabilidade de todos os seus títulos

profissionais, a de ser filho de Papus, e a de querer conquistar (?) a boa vontade ou

o interesse dos leitores cultos, se possível portadores, não só de bacilos, mas

também de títulos universitários, sociais, funcionais, etc etc.

Dessa, eu já estou de volta, com cachorro e tudo. De pé no chão, na estrada

da Verdade, achei mais franca hospedagem nas choupanas que nos salões e

laboratórios. Daí que, não somente tenha resolvido adotar aqui a forma de não ter

forma FIXA, isto é, de falar séria e elevadamente do que assim for, como de relatar,

até em gíria quando me der na telha, o que convier; como, ainda e também (que

bonita redundância pleonástica!...) na própria modalidade de considerar o assunto,

resolvi seguir o Caminho que o mesmo MEM MESTRE nos deu, ao fundar a AMO

(veja Yo que Caminé por el Mundo...), isto é: AMPLIDÃO! Abaixo todas as barreiras

e cortinas: de ferro, de bambu, de mistérios religiosos, de escuridões sectárias, de

pretensões “tradicionais” (dos que mais IGNORAM o real conteúdo DA Tradição

que comentarei a seu tempo...) e de qualquer outra modalidade.

Por isso, Carolei, assim como, em 8 de janeiro de 1950 e, novamente, em 9 de

janeiro de 1955, fizemos, Sádhanâ e eu, aqueles jejuns só a líquidos (sistema

Abentín) por 67 e 50 dias, respectivamente, agora estamos EXPERIMENTANDO o

sistema do médico japonês Georges Ohsawa, que está fazendo milagres pelo

mundo, agora em Paris e, neste ano ainda, possivelmente, os fará no Brasil.

Ora, é um sistema curativo-educativo-filosófico. Mas, na parte dietética pura, há

um período de 10 a 15 dias com alimentos sólidos, somente, cereais 90%, certas

verduras 10%, porém tudo isso “seco” ou quase, sem molhos, sopas, nem bebidas

de espécie alguma. Nem uma só gota de água. Só enxaguar a boca duas vezes ao

dia, sem engolir nada. Creia, Carolei, não é difícil. Questão de saber O QUE SE

QUER. Em tudo, aliás: olha o cachorro...

Pois é. Ficamos em que, o que se quer, é AMPLIDÃO. Acho que tenho em

mão, vivências, documentos, provas de muitas espécies, para poder expor, em

forma aceitável até para os mais exigentes, a minha convicção PROFUNDA sobre o

real significado dos ensinamentos e da vida do MEM MESTRE e provar, entre outras

cousas, que:

a) Não há divergência real entre os ensinamentos aparentemente muito

diferentes ou mesmo divergentes, a não ser na limitação mental dos que “Lêem” (!)

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e, muito menos, é claro, porém ainda existentes às vezes, nos que procuram praticá-

los (sem se machucar...). Tal divergência é inexistente entre os que VIVEM a cousa

como ela é! Você já viu, ô Carolei, gente discutir sem respirar? Até quando

DISCUTEM sobre métodos de respiração, ou negando a utilidade da Ioga, ou da

janela aberta no quarto de dormir, até NESSES momentos, ô maravilha divina,

seguem respirando! Cachorro também, até morrer, e depois, porém diferente. (Outro

sinal avançado! Olha a carteira!)

b) Penso poder provar muitas outras cousas, por exemplo esta: que estão se

criando, para com o MEM MESTRE, “casos” análogos aos que já aconteceram com

o seu Divino Amigo. Certas Igrejas querem ter monopólio; os médiuns (alguns) o

chamam “O Maior Mediu”; meu amigo Vaz de Mello e outros querem que seja “O

Maior Anarquista”, etc etc. Hoje, já há na França, e fora dela, gente que gostaria:

ou de fazer do MEM MESTRE a propriedade privada, ou quase, da “Ordem” A, ou B,

ou C... (que nem se cheiram entre si...); outros, gostariam e tratam de provar que ele

é o primeiro da linha de CURADORES (ou às vezes curandeiros) a que os dito

cujos, naturalmente, pertencem. E assim por diante, pelos lados, e, até, por trás das

bombas, com jeitinhos muito pouco sérios às vezes...

Então, penso provar, dizia, que EXISTE um labor Mundial do MEM MESTRE,

no qual cabem, estão de fato, embora o ignorem muitas vezes, TODOS os que, com

o Coração amplo e a mente aberta e desinteressada (Você prestou atenção a isso,

Carolei?), procuram servir, de fato, ao semelhante, com base em ALGUM ou alguns

pontos e formas do Ensinamento do Mestre, que é muito mais multiforme do que

alguns quiseram fazê-lo parecer. Nisto, vou ser um pouco severo!

Ô Sevânanda, Você acha mesmo necessário tudo isso? Será desculpe o

mau jeito que o ensinamento do Mestre não passava muito bem e ou até

melhor, sem os seus comentários?

Estou começando a gostar cada vez mais de Você, Carolei. Isso é fala de

homem! Vamos examinar este ponto.

Como você possivelmente sabe, dei muitas conferências por aí. Para ser

“quase” exato (quem puder sê-lo 100%, levante o dedão...) pronunciei uma por dia,

durante sete anos, em forma de cursos públicos e de conferências (fora uns

trocados, antes, em outros países, desde 1922), em Montevidéu, de 1941 a 1949.

Logo, presenças, sem contar, é claro, os atos radiofônicos (nem os ensinamentos

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diários no Monastério, depois), e nem a conferência de 24 de março deste ano, com

a qual ABRI NOVO CICLO...

Em todos esses atos, Carolei, procurei observar o que o público aprova, com

olhar, gesto, etc... e, também, muitas vezes, por cartas ou consultas pessoais, foi-me

possível verificar o que entende, como o entende (!) e como e por que procura, ou

não, praticá-lo, etc.

Por outra parte, quando voltei da Peregrinação que fiz, em 1956, à Casa e ao

Túmulo do MEM MESTRE, procurei, durante meses, Ler, com alguns poucos

comentários, seus ensinamentos aos Residentes, bem como observar que

comentários e perguntas fazia nascer, neles, o ensinamento.

Ora, Carolei, desses Residentes, mesmo que entre eles houvesse alguns

vindos herbivoramente, para levar lá vida naturista, apenas, a maior parte tem sem

dúvida alguma um interesse espiritual. Alguns, são gente que está já anos ao lado

de mim (não disse junto, Carolei: se Você não aprende a meditar porque um

instrutor usa um termo ou uma construção e não outra vernacular... olha o cachorro!

Já viu que cachorro metido em tudo!?). Pois é, por mais boa vontade que tenham

posto esses Residentes, percebi que às vezes não captavam o significado do

ensinamento; outras, “pescavam” o sentido mais literal, mais banal ou singelo,

porém os outros sentidos ficavam “letra morta” (sinto muito, tive que usar um lugar-

comum, por exato).

Esse fato, meditado, levou-me à conclusão de que poderia ser interessante,

para o público (Discípulos e Caroleis em geral: viu, já lhe arrumei parentes...) que eu

COMPLETASSE O ENSINAMENTO DO MESTRE. Assim como estão ouvindo.

Afinal, eu já estou velho, vou “morrer” breve, e já falaram tão mal de mim nesta vida,

que pouca importância tem que me critiquem depois que eu passe a ouvi-los em

corpo astral! (Essa, Você não tinha achado sozinho, Carolei; tinha? Felicitações!)

E, antes que me atirem pedras mais grossas do que a minha blindagem, física

e prateada suporta, vou dizer logo, que apenas estou seguindo AO PÉ DA LETRA E

DO ESPÍRITO, o exemplo do MEM MESTRE, o Qual, como veremos no livro (se

Você já não “papou” no primeiro tomo) afirmou, assim como quem na quer nada,

que Ele, tinha vindo COMPLETAR o ensinamento de Cristo Jesus. Sai dessa, como

diz o Presidente Nacional da Legião da Boa Vontade (1957-58).

Então, pensei com os meus botões sevanandescos, que, se a LEI é a de DAR,

na escala infinita da Transmissão, eu tinha o dever “antes de vos deixar no

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melhores lençóis possíveis” (frase de Gurdjieff, conservada melhorando...) de vos

DAR tudo quanto pudesse. A rigor, este livro não passa de tentativa forte, lena, livre,

sem pretensão mas sem limitação alguma, de realizar isso mesmo.

Esses louvável propósito, Carolei, obriga-me a lhe expor ainda alguns pontos,

para que Você perceba melhor onde quero chegar. Este segundo volume, por

exemplo, vai conter muitas cousas. Após esta conversa geral que tenho o prazer de

manter consigo, entraremos juntos no estudo dos ensinamentos do MEM MESTRE,

o que não pode ser feito, sem antes dar-se uma olhadela em cada uma das páginas

que os precedem no tomo primeiro pois que elas contêm algumas cousas que

merecem meus reparos e outras que, Você não leve a mal, Carolei, acho que só

mesmo eu trocando a cousa mais em miúdos...

De maneira geral, penso proceder desta forma: aproveitar os números das

páginas e os que eu, sabidamente, pus nos próprios ensinamentos quando fiz a

tradução, para então, chamando a sua preciosa atenção (tem muita pedra preciosa,

sem lapidar ainda, Carolei...) sobre tal ou qual tema, comentá-lo, ir até onde possível

for no comentário (com vistas aos comprimentos das nossas respectivas orelhas,

não é, Carolei: na vida tudo é gradativo, relativo, perfectível); depois, quando for o

caso, dar o meu próprio ensinamento COMPLEMENTAR ou adaptador, se isso já

não tiver sido feito dentro do comentário, quando eu preferir fazer um

contrabandozinho para driblar a curiosidade, que não tem os mesmos direitos que a

aspiração, nem os da sagacidade.

Após, quando os Deuses permitirem (não fique abespinhado, Carolei, os

Pitagóricos, que são gente eminentemente respeitável, recomendavam render “aos

Deuses o culto consagrado” pela época e lugar , conservando para o ÚNICO

e SUPREMO, etc... veja os Versos Dourados, que são muito belos); então, quando

os Deuses permitirem, juntarei a Comentário e Subensinamento (meu...) alguma

história, sempre rigorosamente verídica, apenas com os nomes trocados, quando “o

milagre interessar mais que o santo...”. E, finalmente, Carolei, a minha

generosidade, estimulada pela proximidade da morte (daqui ninguém leva nada, a

não ser um saldo de Conta Corrente Moral...), irá por vezes até inserir no livro,

magníficos desenhos de Visões. Assim, por exemplo, cumprirei com o dever de

mostrar a cada Carolei sincero (desculpe, capaz de ter, na sua gente, algum menos

transparente...) a diferença que há, entre toda essa gente que DIZ que passa a vida

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vendo fantasmas (de gente morta é bem possível que vejam), mas que raramente

dá provas, para um entendido na matéria, de que possam ver os Seres da Natureza,

as Cores das auras das pessoas, e mil outras “cousas”, todas elas vivas, pois que

tudo que existe tem “vida”.

Você vai ver, Carolei, uma Maravilha! Pena que cada lâmina dessas, a cores,

vai nos custar uns bons DOZE MIL CRUZEIROS, com os clichês. Por aí Você vê,

Carolei, que se não colocamos mais, é porque: primeiro, o dinheirinho não dava (só

essa chegava, não é!), mas havia outra razão: o livro havia de ficar caro como o

diabo! E isso não serve, evidentemente, já que o diabo sempre faz pagar ainda

muito mais que dá!

Olhe, Carolei, vou lhe confiar um segredo: nós, do ALBA LUCIS, temos quilos

de desenhos de magníficos símbolos, visões de seres, lições simbólicas completas,

etc. Se, algum dia, Você achar de fundar uma forma qualquer de reunir amigos seus,

prontos a financiarem, ou simplesmente a encomendarem, com o valor adiantado, a

edição de um Álbum Místico de Percepções Autênticas (para os adultos perante a lei

civil; melhor se o forem também perante outras...) e, se gostarem, também um

Álbum Infantil sobre a Realidade da Vida, acho que, depois da boa legislação social,

dos bons governos e dos bons patrões, isso será uma arma (não ofensiva) contra o

materialismo e outros ismos que põem sua vida em perigo, Carolei! Vocês estão

facilitando muito demais. Oxalá acordem a tempo dessa brincadeira de deixar o

barco correr...

E não creia, meu caro, que seja fácil obter tais documentos místicos.

Precisamos, primeiro, VER. É MUITO DIFÌCIL VER COUSAS REALMENTE

SUTIS>>> È preciso ter quem possa, além de ver, LEMBRAR, e lembrar tão

fielmente e com tanto pormenor que possa... se talento tiver para tal, desenhar ou

pintar o que viu. Assim, Carolei, estou procurando lhe ajudar, e muito. Ainda não

percebeu a propósito de que? Mas, meu filho, se a gente não agradece,

profundamente, o que a vida brinda e o que os DEMAIS permitem que apreciemos

ou saibamos, então nos fechamos a próxima oportunidade! Estou lhe ensinando a

ser grato, cousa que se parece muito a começar a ser humilde.

Olhe, Carolei, quando Você achar alguém que ADMIRA a muita gente boa, e

que tem a gratidão real pelos Seres que deram alguma cousa grande à humanidade,

sem que isso tenha beneficiado DIRETAMENTE à pessoa considerada, então tenha

certeza que está diante de uma alma velha e ampla. Os pequenos, almas recém-

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saídas do forno, não admiram senão a si mesmos. Outros, nem isso: nem a si, nem

a outrem. São mortos que caminham, almas que se arrastam, até que alguma dor

bem grande as SACUDA!

Vou me referir, ainda, a duas palavras das páginas precedentes: eu falei, lá,

em Ler para terceiros e, linha adiante, citei uma frase do amigo Gurdjieff. Eu ensinei

na América Latina muitas cousas que ele estava ensinando na mesma época, na

Rússia ou na França, onde vim a conhecê-lo em 1923. Estávamos “na mesma

onda”, como se costuma dizer (ah! se os sábios acertassem tanto quanto o povo

emboca, que rápido seria o progresso!), sobre muitos e determinados assuntos. O

meu Yo que... está cheio disso, e, mais tarde, lhe mostrarei como isso também

“aconteceu” entre Gurdjieff e Papus, embora muita gente julgue até sacrilégio juntar

esses dois nomes. Lembra-me a nossa Cruzada, quando alguns “orelhas-

compridas” vinham nos dizer: “Como pode botar junto Jesus e Gandhi?” Além do s

que faltava na linguagem deles, também faltava sal no seu espírito... Tinham sido

unilateralmente cozinhados por aí...

Ora, Carolei, Gurdjieff, apesar de parecer muito mais rude do que eu (que já

sou considerado “ríspido” demais por aí: de fato, não gosto de gente que não leva as

cousas a sério. Uma cousa é bom humor, outra é levar tudo para a pândega!), era

um homem, um Mestre que dava a seus Caroleis, conselhos como este:

“Toda prece pode ser ouvida pelas forças superiores e atendida, sob a

condição de ser recitada três vezes:

“A primeira vez, pelo bem e o descanso da alma dos nossos parentes;

“A segunda vez, pelo bem do nosso próximo;

“E a terceira vez somente, pelo nosso próprio bem.”

E, acrescentava Gurdjieff, após citar essa sentença popular, vinda diz do

fundo das idades:

“Acho necessário, desde a primeira página deste primeiro livro1 pronto a ser

publicado, dar o conselho seguinte:

“Lede três vezes cada uma das minhas obras:

“A primeira vez, pelo menos na forma em que estais mecanizados a ler todos

os vossos jornais e livros;

1 Relatos de Belzebu a seu Neto ou Tudo e Todas as Cousas Prólogo

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“A segunda vez, como se estivésseis fazendo leitura, deles, um auditor

estranho ou estrangeiro;

“E a terceira vez, procurando penetrar a própria essência daquilo que escrevo.”

Só então, estareis aptos a formar um juízo imparcial, próprio de vós só, sobre os

meus escritos”...

Olhe, Carolei, pessoa que tem o privilégio de ler essas linhas e não as aplica,

merece continuar cachorro. E, se após procurar aplica-las, não tira real proveito do

livro que tiver em mãos, então, meu filho, aquela carrocinha é de fato “de utilidade

pública”!

E, a propósito disso, vou contar a Você uma cousa curiosa apenas como

fato psicológico sobre o modo displicente com o qual a humanidade deixa passar

o que lhe brindam e, como dizia Churchill, “Perde o Bonde”: dos tempos em que

Sádhanã e eu, com regularidade cronométrica, sentávamo-nos para as meditações

do entardecer que eu teimo em chamar de vespertinas, embora me digam que se

não usa o termo, mas se EU o uso, vazo nele o meu sentir, e isso me basta! Que

mais podemos querer, para transmitir, em forma VIVA, aquilo que séculos de

inatenção auditiva e de rotina lingüística mataram, ao ponto de se dizer, hoje, que

uma “torta” é “divina”...

Então, naquelas meditações, muitas vezes eu LIA, para os Residentes

(traduzindo de improviso), livros escritos em idiomas, para eles não habituais. Fazia

um tríplice comentário: o das inflexões de voz, ao ler; um segundo, a mímica com

que ressaltava certas cousas e, finalmente, comentários em palavras ou em fatos.

Cousa curiosa: uns, nada anotavam, certamente certos da certeza de terem

entendido de maneira certa. Outros, menos petulantes ou menos preguiçosos, ou

menos indiferentes, anotavam: só os pedacinhos do texto lido que conseguiam

apanhar! Tinham, assim, uma colcha incompleta, de retalhos inassimiláveis.

Compreende, Carolei, por que Gurdjieff disse aquilo?

Além disso, seja na presença física (é mais fácil, porém tem o obstáculo do

choque das personalidades humanas) ou na presença escrita, isto é, indireta (é mais

difícil, porém tem a vantagem do não-choque direto e, por isso, da menor resistência

de quem deve estar RECEPTIVO, para poder receber...), o instrutor sempre

IMPREGNA tudo quando dá, verbal, literária ou mentalmente, do seu poder de

transmissão, que varia em modo e força, conforme o Talhe e o Raio (Via) do

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Instrutor. Completando, à minha maneira, os conselhos de Gurdjieff, e já que a

minha Via é a de um “misticismo” (palavra conhecida sua, mas que convém

esclarecer, Carolei) mais aparente, isto é, mais visível, vejo-me na obrigação de

terminar esta palestra com alguma cousa que nos torne mais íntimos, Carolei!

Abrindo, pois, meu coração a Você, dir-lhe-ei primeiramente isto: não só me

desinteresso de atrair os curiosos, de instruir os pretensiosos ou de convencer os

incrédulos congênitos, senão que ainda escrevo este livro apenas para dar aos

MÍSTICOS, potenciais ou já florescidos, as JÓIAS às vezes ocultas no ensinamento

do MEM MESTRE ou de seus seguidores fiéis, embora menores; e, também, quero

procurar mostrar em forma irretorquível, inegável, que havia razões para dizer que:

APÓS JESUS, É O MAIOR QUE VISITA ESTA TERRA: entre os Grandes Seres que

cuidam desta Humanidade.

E, do Retiro Alba Lucis, lugar menos atraente que o Monastério, por não ter

muitos desses aspectos interessantes dados ao AMO-PAX em Resende, deve e

pode ficar certo, Carolei, que farei, apoiado e sucedido por outros fiéis, auxiliares

hoje, quiçá sucessores amanhã, o mesmo que fiz, com relativo insucesso dentro

da relatividade das cousas e que, em tom de advertência e de dádiva (quem

separa a Justiça da Misericórdia?), dediquei em 16 de fevereiro de 1956 aos

Residentes e que dedico, agora, a Você, esteja onde estiver, pois NADA ESTÁ

DESUNIDO, JÁ QUE TUDO É UM:

ADVERTÊNCIA

Lento, sem pressa nem pausa, Gira o sentir do Guru ardente, Tenaz, em torno a cada Residente, Como um silêncio pleno de causa! Lento, sem pressa nem pausa, Arrastando cada resistência, Pondo a oportunidade em evidência, Ante quem a tem e não a usa! Lento, sem pressa nem pausa, Gasta-se do Guru o coração, Numa transferência de realização! Lenta, sem pressa nem pausa, Extingue-se do Guru a presença, Ante quem a tem e não a usa!

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Se lembrarmos, ou melhor, se adianto a Você, Carolei, que o CORAÇÃO do

Muito Excelso Mestre PHILIPPE a Quem também chamamos AMO “estourou”

de dor, após anos procurando animar o “AMAI-VOS UNS AOS OUTROS”, mais fácil

lhe será, Carolei, compreender a JESUS, ao MEM MESTRE, e, quiçá, sentir-me,

como eu, ao longo deste livro, procuro SENTIR o que Você ais almeja!

Até a página seguinte. Um abraço do coração, do

Sevânanda

(São 16 horas, já!...)

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SEGUNDA PALESTRA COM CAROLEI

Tinha prometido, Carolei, voltar junto a Você, “na página seguinte”. Isso, foi em

4 de abril. Depois, estive “demorado”, lendo, relendo, marcando, um total de 118

livros, com 27.625 páginas, até 21 de abril, data em que comecei a escrever uma

primeira versão deste livro, projetada para ter 43 capítulos sobre “A Tradição” (dos

tempos Lemurianos até hoje), mas, além de perceber após já ter escrito umas 80

páginas que iria ser excessivamente volumoso, “senti” que o MEM MESTRE

queria a cousa em outra forma, ficando aquele trabalho para outro livro diferente...

Logo, em 25 de ABRIL 109o. aniversário do MEM MESTRE comecei tudo

de novo. Porém, já em 6 de maio tivemos, Sádhanã e eu, que ir retirar do

Monastério Amo-Pax com o qual já nada temos a ver a “Ermida Rodante”. Um

êxodo! Sacerdotisa Sarah, a Monja Silenciosa Perseverante, os outros dois íntimos

Louise e Sadak, pousavam: o último no jipe e os outros na casinha rodante, junto à

qual vinha a camioneta Dodge em que viajavam e dormiam os íntimos Thoth e

Zanti.

Após dez dias de viagem, chegamos a este Retiro ALBA LUCIS e somente

agora, num novo Abrigo de madeira, alegre e cômodo a Ermida e nós estamos

quietinhos...

Esta aparente demora, aparente “contratempo”, não são tais: o MEM MESTRE

sabe bem de que precisamos. Nos meses decorridos, iam chegando a meu poder

mais e mais documentos: respostas das cartas que eu dirigia a diferentes países,

solicitando complementos de informação de Amigos ligados a vários setores de ação

que guardam relação com o MEM MESTRE. Chegava-me, também, a 5a. edição

francesa do livro do Dr. Philippe ENCAUSSE.

A abundância de material, a impossibilidade de obrigar a Você, Carolei, a

compulsar continuamente o primeiro volume, e diferentes partes de um segundo que

se referisse, simultaneamente, a textos esparsos em ambos, obrigaram-me a

modificar o plano deste livro. Por outra parte, havia uma disparidade, às vezes de

opiniões, outras, de documentação, sobre temas ou ensinamentos que diferentes

autores, todos eles merecedores de igual admiração e crédito, expunham de acordo

com o que tinham recebido do próprio MEM MESTRE ou de seus diretos Discípulos,

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fossem estes os Íntimos que com Eles conviveram, ou que Lhe serviram

externamente.

O número de ensinamentos em meu poder havia crescido muito. A 4a edição do

livro do Dr. Philippe Encausse fora dividida por mim, na versão brasileira, em 471

ensinamentos. De outras fontes, incluindo aquilo que eu mesmo recolhera na

Europa em minhas peregrinações de 1956, já os elevara a 607. Na quinta edição do

seu livro, o Dr. Philippe Encausse brindou material novo, perto de 200 ensinamentos

na forma em que os numerei. Mas, outros fatores vinham complicar o problema

de apresentar tudo isso a Você, Carolei: a 5a edição de “LE MAITRE PHILIPPE”,

muito mais misticamente organizada que as anteriores, suprime inicialmente 29

páginas relativas a Curadores e problemas correlatos; faltam nela 15 ensinamentos

anteriormente dados; outros 14 estão um pouco ampliados; 29 foram truncados; 14

estão modificados. Por outra parte, o Autor comunica ter grifado os que são

provenientes do Manuscrito de Papus e verifiquei serem uns 163, do total de 671.

E, para terminar de “me complicar a existência” como se diz às vezes acontece

que a 5a edição traz quase a totalidade dos 671 ensinamentos, classificados por

ORDEM ALFABÉTICA de temas. Ora, eu disponho de 858 ensinamentos e a

CLASSIFICAÇÃO MÍSTICA dos mesmos não coincide com a que, na França, fez

com toda dedicação a Srta. O. de Barante.

Resolvi, então, o seguinte:

1o.) Escrever este livro como um todo homogêneo, incluindo não somente os

ditos 858 ensinamentos, como também um resumo da vida do MEM. MESTRE e

DOS SEUS DISCÍPULOS Íntimos e Externos mais ativos num sentido ou em

outro (curas, ação, etc.).

2o.) Organizar o livro em forma de ÉPOCAS e, dentro de cada uma delas,

apresentar o MEM MESTRE vivendo ou expondo os TEMAS do seu ensinamento e

da sua ação, apresentando o todo em forma tal que, a rigor, Carolei, Você pudesse

seguir esta obra quase sem ter que perder “o fio” recorrendo a não ser por

consultas sobre partes que não são de especial interesse para o Ensinamento ao

primeiro volume.

3o.) Pôr tudo quanto me fosse possível em plena luz. Quando, por exemplo,

certos ensinamentos diferissem em versões de origens diversas, expor as várias

versões, ou comentá-las amplamente. Quando, em certos outros casos, algumas

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partes do ensinamento PÚBLICO ou do ensinamento PRIVADO d MEM MESTRE

ganhassem relevo em serem colocadas em determinada seqüência, e assim

comentadas, isso fiz.

4o.) Finalmente, havendo uma coordenação e verificação sérias, no labor de

preparação deste livro, considerei oportuno também usar do seguinte método de

referências:

E. 1, E. 2, etc, é a numeração corrida dos ENSINAMENTOS DO MEM

MESTRE. Assim, os numerei ao identificá-los nas diferentes fontes.

Tais fontes estão, por mim, indicadas caso por caso, seja em forma explícita,

citando autor, livro ou circunstância; seja, no que se refere às fontes mais

freqüentes, recorrendo às formas de abreviaturas seguintes:

M.P.: Maniscrito de PAPUS S. Ly.: Anotações Sessões de LYON

L.B.: “Lumière Blanche”, de Marie Emmanuel LALANDE

Rev.: “Révélations”, de Michel de SAINT-MARTIN.

B.M.H.: “marc haven (Biografia de )” indicando qual a parte, por tratar-se

de obra escrita por seis Autores, além de ANOTAÇÕES do próprio

Marc Haven (Dr. Emmanuel LALANDE).

Os Comentários vão também numerados C. 1, C. 2, etc., facilitando

referências.

N. 1, N. 2, etc., são as NOTAS, numeradas em forma corrida, tendo-se

procedido em igual forma com as “HISTÓRIAS” (H. 1, H. 2, etc.) e com:;

F. 1, F. 2, etc.: Fotografias, numeradas e com indicação de sua origem.

D. 1, D. 2, etc.: Desenhos, numerados e com indicação de sua origem.

V. 1, V. 2, etc.: São as Visões Místicas, cuja autenticidade, bem como a dos

textos que as acompanham, é evidente, mas que torno a ressaltar, por motivos

óbviosN. 1.

N. 1 O querido Mestre PAPUS teve a felicidade de contar entre os seus Discípulos mais dedicados a

Condessa de Béarn, notável Vidente que percebia a miúdo quadros astrais interessantes. Uma de suas vidências mais notáveis é, sem dúvida, a da Montanha Branca, na qual Ancestrais e o Anjo vêm despedir-se da Alma que vai morrer no astral para nascer na Terra.

Também tivemos a felicidade de a Providência colocar, entre os nossos Íntimos, à Sacerdotisa Sarah, cuja intensa devoção, Amor ao Senhor e fidelidade humana, têm-lhe permitido elevar pouco a pouco sua Vidência bem acima das percepções astrais banais. Desde anos, já, percebe tanto os Seres do Mundo etérico (Gnomos, Fadas, e seres dos elementos em geral), como também lhe foi outorgada, muitas vezes A PEDIDO SECRETO NOSSO, a Graça de VER e OUVIR cenas que são elevados ensinamentos ou oportunas confirmações. Desenhista de talento, ela mesma reproduz o que vê.

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Assim, Carolei, desde este Plenilúnio de agosto de 1958, que acabamos de

celebrar há poucos instantes, espero poder, agora, terminar logo este livro que lhe

prometi que Você teria para o Natal!

Que o Muito Excelso Mestre PHILIPPE

nos proteja... e que o mereçamos!

Afetuosamente seu,

Sevânanda

1 hora de 28-8-1958, no Abrigo da “Ermida do Serviço”, no Retiro ALBA LUCIS, a 10 km de LA- JES (Sta. Catarina) Brasil.

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D. 1 O Nascimento no Plano físico, que equivale à real Morte no Plano Espiritual. A Condessa de

Béarn teve a Graça de poder “ver”, por ocasião da reencarnação, em sua própria família, de um novo ser, a Grande Montanha Branca, na qual os ancestrais vêm deixar o Espírito que se encarna. Viu, ainda, as despedidas tristes, e o Guia que se afasta, aos parentes, ao Espírito que se “escurece” ao voltar à carne.

Embora esta visão se refira a um “ser normal”, ajuda, Carolei, a compreender melhor “A Encarnação do Eleito”, magnífica Visão pela qual o Muito Excelso Mestre PHILIPPE teve, como sabemos pelos ensinamentos, a explicação do “Seu Mistério”.

Nas páginas que seguem, veremos que Sua infância e também a Sua vida toda, ajustaram-se às palavras do Ser alado, do Anjo que o acompanhou sempre e sobre o qual a ilustração da página seguinte esclarece, Carolei... D. 1 é reproduzido de la Réincarnation, Papus, Ed. De Dorbon-Aine, Paris, 1912 págs. 155 a 157, e não existe em edições ulteriores. Raridade, Carolei!

Fig 3 – D. 1

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I VINDA E INFÂNCIA DO MESTRE (1843-1861)

A Encarnação do Eleito é o primeiro fenômeno pelo qual, como em muitos

outros, o Muito Excelso Mestre Philippe pôs em evidência para nós, pobres

terrestres mergulhados nas nossas próprias trevas, sua semelhança, tão

impressionante, com seu Divino Amigo: Jashua, ou Jesus-O-Cristo.

Para Você, Carolei, que deverá ter visto, em Arpas EternasN. 2, a magnífica

descrição das regiões dos Amadores Eternos, ou Arpas do Eterno Amor, lá no

infinito para nós , lá, além da Constelação de Sírio, em zonas em que a pureza

astral tem por apoio, a pureza dos mundos que ali gravitam, a preparação para a

Descida de Jesus, acompanhado pelos Onze Sacrificados; para Você que já sente

no coração, ao menos como sentimento, de amor e devoção, humano, o que possa

ser “ter vivido tantas vidas” e ter realizado tantos sacrifícios, que já não tenha nada

mais a pagar, nem a seres, nem a cousas, nem a Anjos, nem a Deuses! E, após

isso, quando já “o sofrimento tinha se afastado”, voltar, voluntariamente,

conscientemente, abnegadamente, para ajudar aos que ficaram atrás; para pôr um

pouco de luz, de amor, de provas do Poder do Pai e da Misericórdia do Filho e da

Grande Virgem de Luz! Para Você, certamente, a Encarnação do Eleito soou a

música de celestes esferas, a canto de serafins e de mártires, quando viram passar,

novamente em direção à Terra a Philippe, o Eleito; a Philippe, o Imperador da

Humanidade, como Cristo é o Rei deste planeta, por Sê-LO de todos aqueles que

gravitam nos espaços povoados pela Manifestação!

Fácil é compreender, então, a presença, junto à extensa legião de Espíritos

luminosos, que vinham despedir-se do Eleito, daquele outro Ser, velado, vindo de

N. 2 “Arpas Eternas”, por Hilarión de Monte Nebo Edições da “Fraternidad Cristiana”. Como já

expliquei em “Yo que caminé...”, esta obra foi recebida por via mediúnica, totalmente inconsciente, por uma dedicada médium Argentina. Já tive a oportunidade de comentar, em conferências como em escritos vários, que “onde entra “Arpas Eternas”, lá entra também o perfume suave da Aura do Senhor”, pois tanto o estilo suave e poético, quanto o conteúdo interessante, apresentado em forma instrutiva e linguagem singela, facultam a todos o poder desfrutar intelectual e cardiacamente, desta obra de vulgarização do sentir místico dos Essênios.

Entretanto, o fato de haver notáveis coincidências com a realidade que, insofismavelmente ensina o Muito Excelso Mestre PHILIPPE, sobre a Vida, Missão e Ressurreição de N. S. Jesus Cristo, não basta para se considerar “Arpas Eternas” como relatando TODA A REALIDADE E SOMENTE A REALIDADE. Para o leitor, e pelos motivos apontados no início desta Nota, isso importa pouco, verdadeiramente, e nos daríamos por muito felizes se toda a gente conhecesse, lesse e aplicasse “Arpas Eternas”. Mas, nem por isso devíamos deixar de apontar que essa psicografia (e, aliás, como todas as psicografias) apresenta inevitavelmente interferências dos que “corrigiram” (?!) a Hilarión de Monte Nebo, ou quiseram introduzir e enriquecer o texto, seja no aspecto poético ou no histórico. Algumas divergências de certa importância e que Você mesmo, Carolei, perceberá facilmente existem entre “Arpas Eternas” (obra parcialmente de involuntária ficção) e o Ensinamento do MEM. MESTRE, Verdade do Plano do Verbo.

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um mundo superior, envolvendo ao próprio Eleito com uma intensa irradiação! Assim

como cada um de nós tem um Anjo da Guarda, designado pela Celeste Jerarquia

que a tudo preside, assim também, ao retornar, voluntariamente, na esfera de ação

das forças dirigentes da existência nesta Terra, o Eleito começava por acatar essa

primeira Lei. E recebia, se aceitasse definitivamente essa encarnação de

Sacrifício, o “Anjo” que o havia de proteger e defender, servir e consolar, também!

Com. 1 Quão formosas as palavras desse “Anjo” cuja Categoria me não

atrevo a revelar ainda! mostrando que “uma lágrima da celeste Virgem” isto é,

um decreto emanado do coração da Grande Mãe Providência, que é um cósmico

ser, de universal função, é o que tinha permitido que a missão fosse, e que o Eleito

descesse, e que um dos Grandes Guardiões, daqueles a que se refere o texto

gnóstico da Pistis Sophia, quando fala no Tesouro de Luz do 13o Mistério, onde o

Eon Jesus foi levado, viesse, também, cobrir com sua Luz e seu Poder ao Enviado

do Pai!N. 3

Com. 2 Mas, todas as duras condições dos mortais terrestres, mais as

outras terríveis condições reservadas aos Missionados, são apontadas ao Eleito!

Que martírio, e que glorificação! Que reprodução vivida, dia após dia, do grito de

Getsemâni, com seus dois sentidos: “Senhor, Senhor, por que me abandonastes”

e “Pai, Pai, quanto me glorificas!”!... Dupla prova histórica, se outras não

houvesse, do sacrifício na Cruz, torpemente negado por certas seitas, antigas ou

modernas, de “corações de pedra”, incapazes de senti-LO!...

Com. 3 E o Eleito, forte de sua própria fortidão, temperada em séculos de

lutas, assistindo a esta Humanidade, aceita também a terceira Lei: quando haja

escolhido a Mãe, quando tenha de gerar, junto com ela, o corpo de que haverá de

servir-se esta vez ( e cada um de nós passa por esse processo), beberá o Cálice do

Letes, o Licor do Esquecimento! E, durante anos, embora sentindo-se “diferente”,

terá que aceitar-se como um de nós, pelo menos nas horas de vigília...N. 4

N. 3 Deixando o comentário sobre o “Anjo” no que ao seu Talhe se refere para o fim desta obra,

citarei as palavras do texto gnóstico Pistis Sophia, nas quais Jesus disse aos Discípulos: “...e deixei aquele lugar (a segunda esfera celeste, chamada “heimarménê”) atrás de mim, e subi... e eis que quando cheguei aos doze Eões, seus véus e suas portas agitaram-se...” Pistis Sophia, citada por H. Leisegang, em La Gnose, págs. 252 e segs...

N. 4 A “Encarnação do Eleito”, tendo sido publicada, originalmente, assinada pelo próprio Papus, e dedicada a seu Mestre Philippe, em L’Initiation n. 30, março de 1896, pág. 197 e segs., não há dúvida alguma que se trata da encarnação do MEM PHILIPPE e não de Papus. Aliás, é o que Bricaud confirma, a pág. 12 de

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* * *

A Busca dos Pais começou já em 1843. Seis anos levou Ele, procurando achar

e unir um homem, que se chamasse só José (sem outro nome), e uma mulher que

não tivesse outro nome senão o de Maria!N. 5

Pois: cada vez que um Enviado do Departamento do Verbo retornar aqui,

submeter-se-á às três leis seguintes, que são absolutas: 1a.) será o primogênito de

uma família; 2a.) seu pai se chamará José; 3a.) sua mãe terá por nome Maria. E,

acrescenta Papus, quanto trabalho teve um espírito que vinha desse Plano, para

fazer com que seu futuro pai casasse com essa moça!

Com. 4 Isso me lembra, Carolei, os que me perguntam: “Por que, se Deus é

tão bonzinho e tão poderoso, não evita ele as guerras, as misérias, pragas, a seus

amados filhos?” Respondo: “Quando a gente vê o trabalho que teve o M. Philippe

para unir a seus futuros pais, imaginamos o que terá o Supremo Espírito, para nos

levar a viver como Ele deseja que o façamos, para que as guerras possam ser

evitadas!”...

E o “Anjo” dissera ao Eleito “nascerás pobre e humilde...”, e os pais achados

pelo M. Philippe eram camponeses, muito pobres, pequenos cultivadores rurais e

criadores modestíssimos, de velha raiz da Sabóia...

* * *

O Lugar era afastado e pitoresco: “quando a gente sobe, por pouco que seja,

nas montanhas, o ar torna-se, imperceptivelmente, mais e mais leve; na Sabóia,

esse ar é particularmente suave. O caminho que leva de Yenne a Loisieux, é todo

curvas, ladeado por precipícios profundos e por morros, que se sucedem sem

quebrar sua linha harmoniosa; cobertos de pastagens ou plantados de vinhas,

revestem-se de coloridos maravilhosos, misturados de sombras e luzes.

seu livro Le Maître Philippe, página em que achei uma frase muito curiosa e, ainda mais, por provir de Bricaud que disse “conheci muito ao M. Philippe”.

Eis a frase... “Foi igualmente nessa época (1892) que Ele entrou em contato com os ocultistas, e notadamente, PAPUS, que iria tornar-se um dos seus mais fervorosos discípulos, e que Ele teve, por vias misteriosas, a revelação das suas origens, revelação da qual Papus falou em termos velados em sua revista L’INITIATION de março de 1896, num artigo intitulado: A ENCARNAÇÃO DO ELEITO.” Os grifos são nossos, para ressaltar as frases em que se esteia a minha opinião de que M. PHILIPPE em pessoa foi quem teve tais Percepções Transcendentes, que, com sua vênia, Papus comentou com o entusiasmo, a veneração e o talento que sempre o caracterizaram.

N. 5 Confidência do MEM. MESTRE à Sra. Marie E. Lalande (L. B., pág. 9), completando o que fora divulgado por Papus em Traité Elémentaire d’Occultisme et d’Astrologie, pág. 152.

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“Depois de Loisieux, a estrada segue subindo, deixando à esquerda o pequeno

cemitério onde agora descansam desde muito tempo Joseph Philippe e Marie

Vachod. Chegando ao povoado do Rubathier, deixando o carro, toma-se um

pequeno caminho à direita, para achar-se, alguns passos adiante, junto a uma

choupana pequena, cujo teto é recoberto de ardósias (pizarra) e que é medianeira

da casa vizinha.

“Compõe-se dum quarto térreo, em cujo canto nasce uma escada de madeira

que leva a um dormitório, do qual quase a metade está ocupada por uma grande

cama, e mais nada. É lá que nasceu PHILIPPE, Nizier Anthelme.”N. 6

* * *

O Nascimento, em 25 de abril de 1849, não foi comum. “Sua mãe cantou

durante todo o tempo do alumbramento e não sentiu dor alguma. Tinha na mão um

ramo de planta da Páscoa.”N. 7

* * *

O Horóscopo de nascimento. A página 35 do nosso primeiro volume

constam os dados do tema que o astrólogo Marius Lepage estabeleceu com base

nas “3 horas da manhã”, bem como a opinião de alguns Discípulos, sobre o fato de o

nascimento ter-se, eventualmente, dado mais próximo da meia noite.

N. 6 Esta formosa descrição deve-se à alma sensitiva de Marie E. Lalande: em L. B., págs. 11 e 12. N. 7 O buxo, variedade rasteira, é usado, na Europa, como planta abençoada nas cerimônias

católicas e outras do Domingo de Ramos. Os devotos soem conservá-lo o ano todo, pois serve de laço, com os Agentes Providenciais, aos que cumprem o preceito da Páscoa. O pormenor sobre o nascimento: L. B., pág. 9.

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Esplendorosa e toda de luz, Imensa!... surgira a cruz. Luminoso o Anjo baixara, Doce sorriso, meigo o olhar. Medita tu, que tanta pressa tens, No caminho, um passo, detém, Do Anjo, não ouves a voz? Atende.

Não ouves o chamado da Cruz? Oh, tu que alheio passas, Detém o passo... Medita... No Anjo que sobe, Na cruz que fica...

(Sarah, em visão.)

F. 4: O ANJO DO LABOR MUNDIAL DO MUITO EXCELSO MESTRE PHILIPPE,

especialmente no setor do seu Discípulo “AMO” e outros nós inclusive. Foi visto inicialmente por “Mayadêvi”, mística pintora, cujo quadro reproduzimos sem as cores, por ter sido já muito divulgado este ANJO DE AMOR E DE JUSTIÇA...

F. 5 A casa natalícia do Muito Excelso Mestre PHILIPPE, em Loisieux (Sabóia).

Fotografia tirada em agosto de 1957 por um Martinista alsaciano, admirador do Mestre e publicada em primeira mão na 5a edição francesa de “Le Maître Philippe, de Lyon”, pelo Dr. Ph. Encausse.

A janela do quarto de cima situa o dormitório no qual teve lugar o nascimento que Marie Emmanuel Lalande descreve tão formosamente, como ver-se-á logo adiante.

Cabe, ainda, esclarecer que, se publicamos O ANJO DE AMOR E DE JUSTIÇA logo antes desta casa natalícia do MEM MESTRE, é por pensarmos que esse Anjo esteve pairando sobre ela, tal como foi visto em diferentes oportunidades, e até com o talhe que cobre um quarteirão, por pessoas que jamais tinham ouvido falar nele (fato presenciado por centenas de pessoas em conferências no “High Life” do Rio de Janeiro) e que comprovaram a exatidão da visão ao ser-lhes, logo, mostrada a fotografia do quadro.

Finalmente, convém ressaltar que, se não comentamos amplamente, aqui, a natureza desse ANJO, é por julgarmos que Carolei haverá de gostar mais e aproveitar melhor de tais esclarecimentos, quando tiver estudado os Ensinamentos e os Comentários e compreendido, por fim, que esse Anjo não “nos” protege, isto é, a “nós” somente, mas, sim, desde o labor das Nações Unidas (por exemplo) até quaisquer iniciativas individuais ou coletivas que mereçam a aprovação do MEM MESTRE, isto é, do:

“Homem colocado pela Providência à testa desse movimento imenso, grande eixo de poderosas combinações ( e que) levará pelo globo todo o facho das luzes...”

(Palavras proféticas de Louis Michel de Figanières. Ver I Vol., pág. 89.)

Carolei, Carolei! Quão baixo curvariam a cerviz os poderosos e até os que se acreditam humildes, se soubessem... aquilo que tentamos descrever quando, já perto do fim deste livro, mostrarei a Você: O IMPERADOR DO MUNDO!

Com. 5 Muito embora o M. Philippe nos ensine que, após a vinda de Jesus,

os aspectos astrais valham menos que o significado dos nomes de pessoas e

Fig 4

Fig 5

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lugares, o que veremos adiante o tema natalício é interessante; foi revisado

por Sádhanâ e dele brindamos, a pág. 25, uma figura, sobre a qual comentamos o

seguinte: os Peixes, no quinto grau, servem de Ascendente, conferindo, além da

serenidade e bucolismo próprios do signo, que é, notadamente, o que rege esta

Época e o Cristianismo, alta propensão psíquica apontada pela conjunção com o

místico Netuno, “Mensageiro entre os sistemas”, e ótimo aspecto (sextil) com o Sol,

mostrando assim a iluminação positiva de um Enviado do Pai. Não devemos

esquecer que os primeiros Cristãos e Gnósticos se reconheciam pelo signo dos

Peixes. Isto é significativo, portanto, no tema de quem vem completar o ensinamento

de seu Divino Amigo. E, ao interpretar o tema, será bom não esquecer o aforismo

(colocado na parte superior dos nossos formulários astrológicos): “Toda influência se

recebe conforme o estado daquele que a recebe.” Ora, neste caso, trata-se do

Imperador do Mundo, devendo pois DILATAR-SE a interpretação quase até o “talhe

da estatura espiritual do Cristo”...

Cousa curiosa, não há, neste tema, nenhuma “oposição”; os planetas estão

situados principalmente nas três primeiras casas do tema, parte que os astrólogos

chamam de “quarta ascendente” e que tende a elevar a pessoa. A casa número um,

que rege a personalidade, contém nada menos que 4 planetas. Marte, em estreita

conjunção com a poderosa Estrela fixa Fomalhaut, indica Poder e Fortuna, e, pelos

fortes aspectos de Marte com Netuno e com Júpiter, sitos, respectivamente, nas

Casas do tema que indicam Serviço, Curas e atividades misteriosas, já bastaria para

pressagiar destino invulgar.

Saturno, nessa mesma primeira Casa, em forte conjunção com a Roda da

Fortuna, por um lado nos indica um Sacrificado parte e missão espirituais e,

por outro, indica, pelos bons aspectos com Vênus e a Lua, a fortuna em imóveis

(Saturno) e a popularidade entre o Povo (Lua), que caracterizaram a vida do MEM.

MESTRE. Mercúrio, em conjunção com Urano, ainda na primeira Casa, porém já

no signo Áries da segunda que rege a Mente, confirma e amplia o que Saturno

também prometia: a velha sabedoria imorredoura: a Verdade!, e, ainda, poderes

mágicos, o saber técnico, a poderosa mente intuitiva (num mortal comum) que Nele

é Gnose, a Cognição Direta, ou Conhecimento sem investigação, nem recursos aos

sentidos primários, nem aos do intelecto.

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O Sol, sito na casa da atividade mental, e no signo do Amor, que governa a

garganta inclusive o uso do Verbo está em conjunção com a Fixa “Triângulo de

Deltoton”, que prognostica dons espirituais e inteligência.

Não pretendemos esgotar a interpretação deste Tema. Levaria muitas páginas

e aqui ficam os dados de base para os interessados na matéria. Diremos, ainda, que

Netuno, colocado na duodécima Casa, plenamente conjugado com o Ascendente,

indica um Místico, um Vidente, e, pela Quadratura com a Lua, sita na Casa das

atividades fraternais, mostra bem Aquele que vinha dedicar-se, sofrer e morrer pelo

“AMAI-VOS”, chave e leitmotiv, aliás, do Seu ensinamento... bem como a Sua

notável preferência pelos Humildes: de coração e de posição!

Finalmente, vemos que Júpiter, o “grande benéfico”, está na Casa da Saúde,

das Curas e do Serviço 6a casa no signo de Leão, que rege ao Coração e à

França, o que terminar por caracterizar onde, porque e como, cumprirá

principalmente, o Eleito, a sua dadivosa e maravilhosa encarnação!N. 8

* * *

A Primeira Infância. Mesmo quando ainda criancinha de peito ou de colo, já

o MEM. MESTRE manifestou ser totalmente diferente dos pequenos filhos dos

homens. Não esqueçamos o que Sédir nos afirmava (a página 71 do I Vol.):

“...espero que em Ele reconheçais a um destes “irmãos” misteriosos do Senhor, a

um grande, talvez o maior, arauto do Absoluto.” Assim, podemos compreender

N. 8 O Lugar do nascimento foi, pois, o Rubathier, povoado sito perto da vila de Loisieux, no distrito de

Yenne, município de Chambéry, no limite dos Departamentos de l’Ain-Sabóia. Tal lugar, diz Bricaud, está sito a uns mil metros de altitude, longe de toda via de comunicação e ao poente do Pico do “Dente do Gato”.

Fig 6 – Mapa Natal

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que, mais tarde, Ele tivesse tido a extraordinária memória das suas experiências

interiores dos primeiros meses de vida, como veremos agora:

E. 562: Não se deve enfaixar às criancinhas.N. 9

E. 564: Quando era criancinha gritava como um perdido, e ninguém me

entendia. Batia-me contra o diabo e tinham-me enfaixado! Nunca se deve enfaixar

às criancinhas. Até a idade de seis anos, aproximados, dormi de olhos abertos; sou,

aliás, propenso à morte letárgica.N. 10

E. 797: Com a idade de cinco anos, estando seu pai combatendo na campanha

da Itália, Ele fez-lhe afastar a cabeça no instante em que uma bala de canhão

passava, salvando-o, assim, da morte. (5a edição, pág. 207 M. P.)

E. 420: Quando criança, mandavam-no cuidar dos rebanhos. Ele traçava um

círculo em torno do gado, e este, pastando, não podia atravessá-lo. (M. P., 4a e 5a

ed.)

E. 801: Quando era criança, Sua presença fazia desaparecer as dores de

cabeça daqueles dos seus camaradinhas que Lhe pediam que se aproximasse deles

para os aliviar. (M. P., 5a ed., pág. 212.)

Com. 6 Ele estudava com o Cura da sua aldeia, “que gostava muito dele e

queria fazê-lo Padre, pois achava-o muito inteligente” (l. B., 12), mas esse mesmo

Cura inquietava-se, em relação a essa criança de seis anos, que produzia

fenômenos tão raros, chegando a exclamar “Menino, deves ter sido mal batizado,

pois parece-me que o diabo é teu mestre!” (Bricaud, pág. 8.) Ora, Carolei, deixemos

de lado a humorística preocupação do sacerdote tanto mais engraçada por ter

sido ele, provavelmente, quem batizara ao pequeno Philippe! e anotemos que,

com relação a Ele, é a segunda vez que nos falam em “diabo”...

E, no E. 564, o MEM. É categórico! Mas, por que razão lamentava estar

enfaixado? Será que, para “bater-se” com forças opostas que neste caso

procuram destruir, na Infância, a nova Encarnação do Eleito, Ele “precisava” da

liberdade de gesto físico, também? Não haverá ali, Carolei, tema para meditar, no

poder que a alma quando encarnada necessita exercer através da matéria?

E, como generaliza o MEM: NUNCA se deve enfaixar às criancinhas! Se Você soma

N. 9 Ensinamento do Manuscrito de Papus, que fora publicado pelo Dr. Ph. Encausse a pág. 268 de

Sciences Ocultes, mas não figura na 4a e 5a edições de Le Maître Philippe. N. 10 Ensinamento nas mesmas condições do precedentemente apontado, e publicado inicialmente a

pág. 275 da obra citada.

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a isso as palavras de E. 564: “...como um perdido, e ninguém me entendia!”... não

terá assim o MEM pintado o drama da criança, de todas as crianças?... E, não será

também uma primeira aplicação da Lei: Ele, sofrendo terrível e conscientemente tal

luta, assim impedido ou tolhido pela ignorância humana, não estaria liberando a

futuras gerações de criancinhas?... em, se Você não acha, Carolei... veja a página 4

deste livro!

Com. 7 E, já que estamos tratando dos “mistérios” da primeira infância do

MEM, lembrarei as palavras de Louis Michel de Figanières a Seu respeito: “...É bem

jovenzinho ainda (16 meses: pág. 90, I Vol.); não importa. Nessa época outras

pessoas privilegiadas unirão seus esforços aos dele: especialmente uma, que o

embalou no colo, que teve a felicidade de jantar com seu pai e sua mãe...” Quem

será, ó Carolei, essa pessoa tão privilegiada, ou tão guiada, ou tão consciente ou

Vidente?

Seria o velho Curador M. BOUVIER, que tornaremos a achar sempre por trás

dos esforços de muitos, relacionados com o Labor do setor de Lyon, ligado ao

MEM? Seria aquela misteriosa mulher, que alguns têm por “bruxa” (?) e que surge

novamente na juventude do MEM? Seria algum Ser misterioso, dos que se ocultam

nas montanhas, apoiando invisivelmente a ação visível do MEM MESTRE? Lamento

não poder responder definitivamente a estas perguntas. Mas, acho que deviam ficar

nestas páginas, como as primeiras de uma longa série de incógnitas que ainda

pesam sobre a vida e a ação do MEM e de muitos homens e mulheres que,

especialmente na região de Lyon e arredores, constituem uma rede silenciosa de

místicos...N. 11

Com. 8 E, para terminar com a primeira infância, ressaltarei, ainda, um fato

que mostra não ser fácil, para as almas amplas, nem na meninice, “aceitar-se como

um de nós, pelo menos nas horas de vigília”! Efetivamente, a mais meiga de suas

N. 11 Para os que poderiam lamentar que as obras de Louis Michel de Figanières aquele Grande

Vidente que Papus admirava e citava tanto! tenham ficado esgotados, inacháveis mesmo, uma boa notícia: um dos Amigos místicos que tenho pelo mundo, o Sr. Eng.º Jean GATTEFOSSÉ (Villa Métanoia AINES-SEBAA Marroco) que esteve ligado com M. Bouvier e que nasceu em LYON em 1899, é o autor de interessantes livros sobre a Atlântida (tornaremos a este aspecto). Mas, também conserva os originais das obras de Louis Michel de Figanières: A CHAVE DA VIDA, A VIDA UNIVERSAL, A EXPLICAÇÃO DE TUDO, etc., que foram recolhidos, lá por 1885, por um Grupo de Discípulos. Em abril de 1957, Gattefossé me honrou consultando-me se deveria ele procurar, ou não, “juntar a obra de Michel à de Philippe, para elaborar a nova mística, apropriada para reconduzir a Humanidade no caminho de Deus”. Em junho de 1957 aconselhei VIVAMENTE que se esforçassem por tal publicação e, muito embora os atuais acontecimentos mundiais não facilitem a tarefa de Gattefossé, espero que esse Membro da “ALLIANCE UNIVERSELLE” tornaremos também a falar nisto! consiga seu objetivo.

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Discípulas, Marie E. Lalande, lembra: “um dia em que aguardávamos um casamento

ante a pequena igreja de Loisieux, que domina o vale do Ródano, Ele me disse,

contemplando a paisagem: “ Que tédio, sim, quanto tédio tenho passado aqui!” (L.

B., pág. 11) Assim, pois, essa criança, que curava aos camaradinhas só com a Sua

Presença e Oração interior, esse menino que já lembrava os mágicos círculos que

encerram até às feras, esse divino menino entediava-se terrivelmente naquele

ambiente... Quanto não se terá entediado O SENHOR, então!?

Fig 7

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LYON

Com. 9 Nenhum Grande Ser nasce em determinado lugar por acaso,

mesmo porque os termos: determinado e acaso... não casam! Isso, além de o Acaso

ser uma cósmica personagem, posta a serviço do Destino, como veremos mais

adiante. E, no caso de nascer um Enviado da Providência, o Maior após Jesus para

esta Terra, e ainda de nascer esse Enviado diversas vezes nessa região,

como provarei no fim do volume, fica evidente a importância do lugar: LYON!

Cederei a palavra aos que, de diferentes ângulos de visão chegaram, aliás, à

mesma conclusão que eu:

PAPUS, num longo artigo intitulado “Revelações Astrais”, publicado em 1895,

escreve: “...França, forma humana da qual cada habitante é apenas uma célula, eis

que nasce à minha luz a tua imagem amada. Três centros luminosos resplandecem

no azul sombrio, três focos cujos raios mil vezes repetidos asseguram a tríplice vida,

e esses focos estão, em teu corpo, manifestados por três grandes cidades. Primeiro,

a Cabeça, o foco cerebral, fonte de toda intelectualidade e de todo egoísmo: PARIS,

barco de Ísis, Bar-Ísis, orgulhosa cidade, maldita e bendita, escolhida pela

Providência para servir de último refúgio ao Espírito da Pátria e a desaparecer para

sempre, como desapareceram Tebas e Nínive, das quais apenas és nova e efêmera

materialização. O outro foco, é o Coração, com os seus desvarios e seus

entusiasmos, com sua loucura e sua dedicação: á LYON, o leão astral que se

manifesta mais diretamente a nós, escolhida pela Providência para berço da Fé que

deve regenerar ao mundo, cidade bendita e maldita que só desaparecerá em parte.

Finalmente, o Ventre, o foco abdominal, origem dos prazeres efêmeros e da

alegria despreocupada, MARSELHA, início e termo da evolução da França...” E,

após outras considerações, prossegue: “Tanto quanto tu, mestre amado, sofro com

estes tristes fatos. Vi, em Lyon, nesse centro astral da França, um dos vossos

queridos Eleitos, modelo sobre-humano de resignação, de coragem e devotamento,

o teurgo Philippe, cuja prece irradia até junto às falanges celestes, pois, à Sua voz,

os desesperados esperam, os paralíticos andam, e a própria morte se afasta,

impotente e vencida...”N. 12

N. 12 l’initiation, Vol. 27 8º ano (1895) abril págs. 1 a 7.

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Mais recentemente, Marcel RENEBON terminava assim um belo artigo, sob o

título de “Grandezas de LYON”: “... “Lyon não se entrega ao primeiro que chega.

Nem mais fácil é livrar-se dela. Esta cidade obseda ao exilado com fiel ranzinzice e

terno ciúme. Ela põe sobre os seres uma tampa e opera neles secretas

transmutações. Macera-se ali forçadamente, sob o estímulo da lamentação das

pedras. Salvador constrangimento. Lyon embainha os apetites, represa os prazeres,

encana os instintos. Lá, pouco se ri: é indecente. Sorri-se. Desfruta-se uma

liberdade corrigida pelos costumes, mantidos austeros. As disciplinas coletivas

espartilham o caráter. Conferem-lhe superação, grandeza...”

“Grandeza, é a palavra que corresponde a Lyon, que a ressalta. As piadas

batem no pé dessa virtude, mas não a desgastam. Se fosse preciso que a França

permanecesse por uma cidade, e se tivéssemos que escolher, teria que ser por essa

cidade do Norte, gelada ao Meio-Dia. Achar-se-iam nela, conservadas, intactas, as

menos imperfeitas das nossas humanas pobrezas.

“Lá, no alto, num cemitério a que se chega por caminhos nos quais cresce a

relva, por íngremes sendas com rampas e panoramas, um túmulo esmaga a

principal alameda. É nu e pesado. A pedra central traz este nome: Nizier Anthelme

PHILIPPE.”N. 13

E agora, Carolei, para que vozes vindas de mais longe se incluam nesse coro,

ouviremos ao meu amigo o Conde Christian de MIOMANDRE, da Bélgica, de quem

hei de falar muito, adiante, e cujos belos e místicos versos tenho vergonha de

apresentar em versão livre...

HINO A LYONN. 14

1. Ó Chalamond, Santo André de Corcy, Ó, os pântanos do coração E tu, cura de Ars-em-Dombes Com os teus prantos!

3. Ouvirei, coração do meu coração, No redemoinho das “Meuilles” O apelo antigo do teu amor Que me acolhe

5. De São Maurício de Bénod a Francheville De Sathonay a Oullins

N. 13 L’INITIATION (atual), Ano 31 (jan-julho 1957), págs 34, 35. N. 14 De “CHOIX DE POEMES”, do exemplar que o Poeta tão afetuosamente me dedicou em 12-2-

1958. Uma das razões ale, de sua beleza de ter publicado este poema, é familiarizar a Você, Carolei, com nomes regionais: Saône: afluente do Ródano, em Lyon; Fouvieres: histórica Catedral, na encosta a caminho de LOYASSE: o cemitério onde está o túmulo do corpo do MEM MESTRE. O Monte Tournier, e o lugar de l’ARBRESLE, Você já achou ou achará...

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Tracei uma cruz sem fim Que irradia.

7. Ó, olhares para o Bugey A montanha do imutável, O Monte Tournier que te protege No segredo!

9. Não, esperarei pacientemente Que de Loyasse um grito me chegue Que o Monte de Ouro esteja d’acordo Para esta viagem

2. Irei um dia rever Neuville Farejar o sangue de Saône Que carrega minhas dores Ao Rodano?

4. Subirei ainda a Encosta Que leva às colinas d’Arbresle Onde a felicidade me abrigou Outrora, naquele verão?

6. Miribel e Montluel Cantam sua esperança Enquanto chora a França Ferida nos olhos

8. Vos seguirei nas estações, Homens que passais indecisos, Levando em vossas bagagens, Tudo aquilo que passa?

10. Ó rever o horizonte Fourvières! Ser-me-á mister ainda subir, Subir como a prece Da profunda cidade.

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II A JUVENTUDE (1861-1869)

Com. 10 E o Anjo dissera ao Eleito: “Nascerás pobre e humilde, condenado

à humilhação e às mais rudes tarefas...” E, eis aqui que, para a glorificação do

MEM, teve Ele que descer, de pés no chão, aos 12 anos, da Sabóia para l’Arbresle,

onde colocou-se primeiramente como ajudante de tripeiro, onde ficou por alguns

mesesN. 15. Desejo comentar que, nessa ocasião, é bem possível que já conhecesse

acriança de dois anos que, mais tarde, seria sua paciente, sua esposa. Não há

registro histórico disto, mas é provável humanamente e interessante

misticamente que tenha tido que ir em primeiro lugar à cidadezinha de l’Abresle,

que ele tornou CENTRO ESPIRITUAL DO MUNDO...

E. 572: De l’Abresle, o jovem Philippe foi para LYON, onde passou a morar e

trabalhar com seu tio Vachod, que tinha açougue.N. 16 “Fazia entrega domiciliar e,

além de algumas gorjetas, recebia do açougueiro 30 francos por mês e a comida. É

com esse dinheiro, prossegue Papus, que Ele estudava pela tarde, pois seu patrão o

empregava só pela manhã.

“A tarefa assim feita o seguiu a vida toda. Quando Ele passava pela rua, diziam

mostrando-O com o dedo: “Olha! Lá vai Philippe, o açougueiro!”, tal como disseram:

“Eis Jesus, o carpinteiro.”N. 17

“Enquanto morava com o tio no bairro de la Groix-Russe, em Lyon, estudou

com os maristas, e um do Abades, chamado Chevalier, afeiçoou-se muito por Ele,

sendo recebido mais tarde em l’Abresle.N. 18

“Desde a idade de 13 anos fazia curas “quando ainda era apenas capaz de me

dar conta das cousas estranhas que se cumpriam por mim”.

Com. 11 Belo o ensinamento 572, de Papus, que com o tato místico que

sempre o caracterizou, soube pôr em evidência a semelhança , em mais um aspecto

outros muitos havemos de ver ainda! entre JESUS e o MEM MESTRE! Além

disso, vemos que Papus, que tinha conhecido de perto ao MEM, sabia até quanto

ganhava este no açougueiro. No que se refere às palavras “apenas capaz” e “se

cumpriram”, grifadas por mim, o são por duas razões: a primeira, por provirem de

N. 15 Bricaud, Le Maître Philippe, pág. 9 N. 16 L. B., pág. 12 N. 17 Papus: Tratado Elementar de Ocultismo e Astrologia, págs. 206-207. N. 18 Bricaud, obra citada, pág. 9 e L. B., pág. 12.

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uma fonte contemporânea do MEM, diferindo das que, posteriormente, foram usadas

pelo autor do artigo citado a pág. 35 do I volume; a segunda: apenas capaz, e

incapaz, têm muito diferente valor, nos lábios de um Mestre! E, ainda, isto: “Se

cumpriam por mim” é bem clarão: o menino de 13 anos não compreendia totalmente

na mente intelectual aquilo que seu EU gigantesco operava por intermédio da

“nova” encarnação! Este caso mostra, Carolei, como, se cada um entender de

mudar uma palavra aqui, outra acolá, daqui a poucos anos o MEM MESTRE “terá

dito” muitas cousas que jamais disse, e... terá deixado de dizer... aquelas que menos

agradam ou convêm a gregos e troianos. Daí que eu procure pôr tudo em primeiro

plano, inclusive o aparentemente excessivo citar de fontes.

“Contam, prossegue Bricaud de quem emana o texto acima comentado

que tendo o jovem Philippe ficado doente em casa do tio, uma velha, tida por

“bruxa”, examinou-lhe as linhas das mãos e dissera-lhe: “Ouve, menino, vejo que

tens os Dons, vou te dar as minhas receitas.” E, diz Bricaud, Ele começou, desde

então, a curar os doentesN. 19.

Com. 12 Não vejo nada que pareça motivar ocultarem certos autores o fato

relativo à “bruxa” (?). Bricaud, que o refere num livro publicado em 1926 (!) tinha

tido, portanto, dezenas de anos para pensar no caso, bem como para ouvir

confirmações ou desmentidos. Patriarca Gnóstico, tendo assumido a direção da

Ordem Martinista, tendo sido Discípulo direto do MEM MESTRE, sua palavra ou

informação merecem tanto interesse nosso, que as de outros.

Por outra parte, basta lembrar que todos os Enviados, ou quase, têm em suas

vidas “choques adicionais”, feitos para avisar neles a consciência do que já São,

mas ainda não compreendem ser. Acho, Carolei, que vamos ter que pôr esta “bruxa”

junto com o Ser que o embalou no colo, ou seja: na série de mistérios que O

rodearam... e que seguem já...

DIVERSAS RESSURREIÇÕES...

E. 450 Uma das suas primeiras curas data de 1866, na “Garganta do Lobo”.

Uma criança tinha morrido. Dois médicos tinham vindo. Tomavam-se já as medidas

do caixão, quando Philippe disse à criança que se erguesse, o que ela fez, com

grande emoção dos presentes! (M. P., 4a e 5a ed.)

N. 19 Bricaud, obra citada, pág. 9.

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E. 571 Citar-vos-ei outro fato mais. Não se devia falar de suas curas, de jeito

nenhum! Ele passou nos seus exames de medicina. Mas não foi recebido doutror

em França porque tivera a audácia de ressuscitar a um morto, quando era apenas

estudante de primeiro ano. Não lhe permitiram fazer mais inscrições. N. 20

E. 451 Foi também em 1866 que Philippe anunciou a guerra infeliz de 1870.

Por causa de tal previsão foi vigiado muitos anos pela polícia. (M. P., 4a e 5a ed.)

Com. 13 Eis-nos, pois, diante de um “caso” que, claramente, define ao MEM

MESTRE, desde a idade de 17 anos, quando fez a primeira das Ressurreições,

como a um Ser acima de todo e qualquer curador, médium, mago, iniciado, e até

dos Mestres mais devotamente citados, com exceção de um “moderno” (Babaji) e

DO SENHOR!

Mas, deixemos O Senhor para depois. Por agora, temos a um “jovem”, de 17

anos, que faz, com 4 anos de antecipação, uma profecia, que se cumpre, sobre uma

guerra e seu desfecho. E, no que se refere às diversas ressurreições, devo

acrescentar que Bricaud ainda escreveu: “Essa família de artesãos veio busca-LO

quando a filha deles já tinha morrido dezoito horas antes; Ele veio e, perante dez

testemunhas, a morta sorriu e abriu novamente os olhos à luz.”N.21 Temos, assim,

duas ou três ressurreições, no mínimo! Poderia lembrar, principalmente aos que

ouviram certas conferências minhas, que descrevi pormenorizadamente “como” (isto

é: sob que condições de amor...) foi feita uma de tais ressurreições, porém mais vale

falar em O SENHOR!

Com. 22 Tenho apontado, já, o quanto a vida do MEM MESTRE parece-se

com a do Seu Mestre: nomes dos pais; luta contra O Diabo; infância pobre e labores

humildes; poderes estranhos, quase que tão incompreensíveis na infância para

o Portador como para os que presenciam os milagrosos efeitos. Poderia, no entanto,

acontecer que Você, Carolei, resolvesse achar que o MEM MESTRE “permite-se

preceder” Ao Senhor, fazendo ressurreições em idade mais prematura. Não há tal.

E, em prova disso, vou lhe brindar uma jóia rara que, em homenagem AO SENHOR,

será também a primeira História das relatadas nesta obra.

N. 20 Papus, obra citada, pág. 206. N.21 Bricaud, obra citada, pág. 27, reproduzindo a Papus, de págs. 464 a 466 do seu Tratado Elementar

de Ciência Oculta, 8a edição, Paris, Olendorf, 1903.

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H. 1 A Primeira Ressurreição feita por Jesus

“...Um dia, em sua primeira infância, Jesus voltava da escola com crianças da sua idade: o terreno era acidentado, e num dos lados da estrada, o teto de uma casinha coberta com pedras chatas tocava quase o chão: os meninos subiram sobre esse teto; um deles, brincando, empurrou um dos seus companheiros que caiu do lado da frente da casa, de toda a altura do oitão e permaneceu inanimado imediatamente. As crianças, vendo que não voltava à vida, mas que estava bem morto, fugiram. Jesus ficou só sobre o teto. Os pais, que tinham ido buscar, chegaram e, no seu desespero, acusaram a Jesus de ter morto o seu filho. Então Jesus, que nada dissera até lá, virou-se, de cima do próprio teto, para o menino que estava morto, e chamando-o pelo seu nome: “Nathan Ben Iee, disse ele, fui eu quem te empurrou? “Não, respondeu imediatamente o menino, foi fulano!” E, levantando-se, recobrou a vida...”N. 22

Com. 23 Que maravilha, Carolei, essa história verídica! Quantos segredos!

O Senhor que nada tinha dito... e que, invocando, ao mesmo tempo: A Verdade e O

Nome do menino (manifestações: universal uma, e fragmentária outra, do Verbo!),

só com isso, faz surgir ambas: em palavra e em vida devolvida. Assim, pois, os

milagres de Jesus: ressurreição na infância e, mais tarde, a da filha de Jairo “que já

fedia” conforme a Escritura mesma , são os que MEM reitera, para provar,

2.000 anos após, aos incrédulos, a realidade das Promessas do Cristo. Por isso,

realiza uma, quando quase ainda menino e, a outra, quando a morta já falecera 18

horas antes! Vê, Carolei, quão belo é observar as minúcias místicas que o MEM nos

brindou em atos, que provam, fato atrás de fato, a Verdade do Seu ensinamento! É a

Voz do Cordeiro; ou o Verbo penetrando no Coração manso...

V. 1 “Perguntei à Cruz, em que caminhos andavas TU...”

(Visão da M. Sarah, em 23-5-1957; tornou-se símbolo dos Íntimos do

Retiro.)

N. 22 Da Tradição oral, secreta. Fragmento reproduzido em L’INITIATION, 1897, pág. 37.

Fig 8

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III A MOCIDADE (1870-1877)

Vimos que, desde os 13 anos de idade, o MEM “começou a curar aos doentes,

isto é: iniciou a sua dedicação pública a eles, que, durante quarenta anos iria

prosseguir!

E. 442 Em 1870 dava sessões no bairro de Perrache. Incorporaram-no ao

exército. Foi para o quartel mas, já no dia seguinte, 500 pessoas foram reclamá-lo

ao Prefeito. Este o mandou vir e pediu-lhe um exemplo do poder que lhe atribuíam.

Um conselheiro da Prefeitura, presente à entrevista, homem grande e forte,

desafiou-o a que o tornasse doente... Philippe recolheu-se por alguns segundos e os

presentes viram o conselheiro cair flácido como massa no assoalho. Estava

desmaiado.

Com. 24 O fato de “retirar a alma” momentaneamente do impertinente

Conselheiro, nos é fácil de admitir após as três ressurreições. E, quanto ao aspecto

técnico por assim dizer as “sessões” e os ensinamentos irão nos dar a chave,

páginas adiante. Por isso, Carolei, o que mais desejo, agora, é chamar a sua

atenção para as 500 pessoas que, no dia seguinte ao que o MEM foi mobilizado,

foram reclamá-LO: Você imagina a fama, o prestígio, a veneração, que um jovem de

21 anos (!) tinha já despertado em milhares de pessoas, para que quinhentas delas

fossem movidas, como acima dito? E, no ambiente europeu, daquela época, com o

“temor do ridículo” (que alguns chamam de respeito humano... para, nessa base,

desrespeitarem ao divino, eventualmente...), e, conhecida a indiferença dos

terrestres, Você não acha, Carolei, que vale a pena meditar no fato? E, ainda, que: o

amor do MEM aos semelhantes, o livrou de ir para o quartel e o combate?N. 23

Foi ainda nesse mesmo “ano de 1870 que, achando-se gravemente doente o

Sr. Landar, sua mulher, não tendo já esperança na cura dele, tinha ido ver ao

Mestre, de quem ouvira falar. Ele habitava então num quartinho apenas e, numa de

suas visitas, a Sra. Landar achou-O acamado, com forte tifo, sozinho, abandonado e

sem cuidados. Ela tornou a visitá-LO e tratou DELE”. (L. B., pág. 14)

N. 23 Sem nenhuma intenção de traçar paralelos, e, sim, com a de mostrar que tudo se processa proporcionalmente seguindo as mesmas linhas, lembraria que, quando voluntariamente fui da Argentina para a França e prestei mais de dois anos de serviço militar (ocupação da Renânia e do Ruhr), muito embora não me tivessem sido reconhecidos os meus estudos de Farmácia (por não haver tratado cultural franco-argentino em tal sentido, na época), bastou que eu tivesse pedido, interior e sinceramente, que nunca tivesse que usar armas nem violência, para ser sempre utilizado no Serviço de Saúde, Estado-Maior, cifra, etc. Carolei, Você “não acha”?, et... Essas são as lições práticas da Vida Mística...

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Com. 25 Pois é, Carolei, Você vai ter que “achar”, novamente: já vemos aí a

futura sogra do MEM, tomando contato com Ele, com fé, com dedicação, e vemos a

Gratidão recíproca a unir vidas! “Os Landar já tinham colocado no convento (do qual

falarei, adiante), quase pegado à casa deles e, l’ARBRESLE, sua filha, de frágil

saúde. Mais tarde, o MEM foi visitá-la às vezes.” (L. B., 14)

Em 1872, isto é, entre os 22 e 23 anos de idade, o MEM MESTRE deixou o

labor com o tio e abriu um consultório, no qual dava “consultas magnéticas”, no

Bulevar do Norte, n. 4 hoje Bulevar dos Belgas diz Bricaud, a pág 9, e

comenta: tal foi o início (da missão pública) do Mestre Philippe como taumaturgo.

* * *

Os Curadores, Magnetizadores, e o MESTRE. Com. 26 É chegado o

momento, Carolei, de completarmos a “olhadela”, que lhe prometi a pág. 11, sobre

tudo quanto precede no I Volume aos Ensinamentos do MEM propriamente

ditos. Essa interessantíssima dissertação do Dr. Philippe ENCAUSSE foi tão

oportuna quanto bem documentada, a meu ver. A questão do fluido, isto é, da

existência de alguma cousa material, isto é, mais material do que a “sugestão” (este

abstrato para a moderna psicologia, que só agora, e desde Calligaris, começa a

saber alguma cousa das ondas cerebrais, isto é, da vibração da matéria mental), é

problema superado. Aliás, o fato de até um ser como eu, que tão longe disto do

MEM ou mesmo de um magnetizador exercitado, poder mover um objeto material,

só projetando tal fluido: com a mão, ou mesmo com o olhar... basta para provar que

os “biômetros”, cuja agulha se move também sob tal influxo, mostram que “alguma

cousa”... empurra a agulha!

A missão de Mesmer foi, pois, fundamental para a evolução do pensamento

ocidental, em relação às chamadas “forças sutis”: o são apenas em relação a outras

mais densas, porém não há separação nítida, já que tudo, no Universo, é um

“contínuo”, constituído por séries de gradações, de matizes dispostos em nuanças

de graus tão insensivelmente diferenciados, que os nossos sentidos, físicos e sutis

também! precisam de longa experiência para perceberem cada tom da

universal sinfonia! Nela, o fluido magnético é, também, de muitas densidades ou

tenuidades, como o MEM, nos ensinará, adiante.

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Com. 27 O que diria Você, Carolei, se lhe contasse que Papus, entre

íntimos, deixava transparecer que ele fora Mesmer, antes... Você “não acha”

interessante que papus viesse, esta vez, já provido desse mesmo fluido, da mesma

combatividade, amor aos doentes, capacidade de divulgar, de criar cadeias

magnético-curativas ou de finalidades mais místicas e... da mesma resistência

paciente às ingratidões!?...

Com. 28 Os casos de cura ou melhora, medidos fisicamente, nos doentes

dos olhos (pág. 17 e segs. Do I Vol.), merecem uma curiosa observação. Como

casos de cura, são indiscutíveis. A pessoa que fez os tratamentos foi nada menos

que Lady CLERK, esposa do Embaixador britânico. Este fato me foi confirmado, em

Paris, pelo próprio Dr. FavoryN. 24 e a forma em que “o fizeram” encontrar-se comigo

prova a importância que dão lá no Invisível a esse fato, a meu ver. Mais tarde,

achei em outra fonte a confirmação da identidade da aristocrática Curadora.

Com. 29 Deixando bem claro que o MEM MESTRE só usava como

veremos reiteradamente do magnetismo como um caminho, a ser percorrido

pelos participantes e, ainda assim, sob certas condições que Ele exarava, podemos

agora examinar alguns aspectos das “curas técnicas”, que fazem as diferentes

espécies de “curadores”, isto é: médicos e não-médicos, quando conseguem curar,

ou, pelo menos, e isto é a realidade, cooperar com o esforço que o corpo ou mais

do doente, faz para curar-SE.

Já dei, em minha obra de doutrina externa Yo que caminé..., a progressão dos

métodos de cura, seguindo o mérito do doente. Resumirei, agora, em forma mais

acessível:

Os físicos, químicos, óticos, radiologistas, etc., nos auxiliam, determinando,

como “videntes à distância” (por meios “científicos”?) os índices de normalidade ou

não, dos materiais, órgãos e aparelhos do nosso corpo.

N. 24 Vamos ver se Você “acha”, Carolei: em inúmeras oportunidades, isto é,: excessivamente

freqüentes para serem coincidências (no sentido antietimológico e anti...lógico, em que empregam tal termo os que são trazidos. O caso do encontro com o Dr. Favory é bastante “raro” sob este aspecto. Eu fiquei só três dias andando pela cidade, em Paris. O resto da permanência foi entre as paredes de um Congresso, etc.

O pouco que andei foi, geralmente, de metrô. Uma única vez tomei um ônibus, desejando ver a paisagem, em direção da Ponte des Lilás, rumo a Bondy. Paris tem uns 12 quilômetros por 9, ou sejam: quase 8 mil hectares, metidos num perímetro de 36 quilômetros, dentro do qual perto de 3 milhões de habitantes circulam sobre uns 1.200 quilômetros de vias públicas.

Parece, então, “interessante” que o Dr. Favory se achasse precisamente sentado a meu lado, no ônibus, e que, no 20 minutos do trajeto, me dirigisse a palavra (cousa rara em Paris!...), falássemos em Ioga e Magnetismo, e me citasse as curas de Lady Clerk e sua própria identidade. Isso foi em 19 de setembro de 1956, isto é, NO DIA SEGUINTE ao que o Dr. Philippe Encausse me oferecera o Livro “Le Maître Philippe. “Acha?”...

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Logo, vêm os que, sem medicação, movem ou excitam ou retalham, a matéria

desse corpo, que, de mais “densos”, para menos, poderiam ser: os cirurgiões, os

chiro- ou quiropratas (que geralmente agem sobre a espinha dorsal, juntas, ossos,

etc.), os massagistas, os que aplicam acupuntura ou ultra-som, ou... magnetismo.

Que diferença real poderá haver entre uma aplicação de raios X, de ultravioletas, de

ultra-som, de magnetismo ou de... luz de cor (cromoterapia) ou, mesmo, de música,

já decorada com o nome científico de musicoterapia! Se tudo é vibração, é fácil

entender. E toda divisão não passa de limite: limitação...) no entendimento (ou falta

de tal) de quem olha para o fato!

Há, ainda, os casos “misteriosos”, ou quase, da chamada Ginástica

Espontânea, como comenta o Dr. Albert LEPRINCE, com relação à Sra. Heffe, de

cujo caso temos no Rio de Janeiro curiosa reiteração.N. 25

Com. 30 A Cromoterapia, ou cura pelas cores, é um caso a ser tratado à

parte, já que há, páginas adiante, ensinamentos do MEM sobre esta via terapêutica.

DA Alopatia para a Homeopatia, também é uma questão de compreender que

a massa grande de opostos (alopatia), age menos poderosamente que a pequena

massa de lêvedos, estímulos, ou como se lhes queira chamar, que agem pela lei dos

semelhantes. Lei que tornaremos a achar ao falar da medicina macrobiótica,

baseada em Yin e Yang.

Mas, a Homeopatia, seguindo um método de observação muito mais acurado

que o da Alopatia, especialmente sobre a relação entre o doente, os sintomas, o

ambiente, a hora, as partes e lados (pólos) do corpo, lesados ou afetados, chegou

por intermédio de certo médico homeopata austríaco a determinar os

chamados “meridianos homeopáticos”, ou linhas de pontos sensíveis ou dolorosos,

em cada tipo de doença. Ora, qual não foi a surpresa dos homeopatas e dos

acupuntores (ocidentais) quando, ao difundir-se ais na Europa a ciência da medicina

N. 25 Albert LEPRINCE: Le Pouvoir Mystérieux des Guérisseurs, pág. 84 e seg. em que relata

experiências análogas, embora bem menos ricas em modos e resultados, me parece às produzidas desde dezenas de anos Sra. Nevinha de CARVALHO que, apenas em contato com um doente sente, interiormente (em geral) movimentos inexplicáveis que o doente tem que fazer e que, sem ordem verbal nem mental dela, o doente faz mesmo, ainda que sejam aparentemente impossíveis pelo seu estado, ou estapafúrdios. E os resultados de curas ou melhoras aparecem. Pelo estudo que temos feito de tal ginástica espontânea (incompreensíveis para os médicos) trata-se, na realidade, de uma série de fatos em cadeia: 1) Percepção pelo Eu de Nevinha, ou por um Iogue sumamente douto em Hatha-Ioga, da doença e das posturas ou movimentos que podem produzir melhora. 2) Projeção (subconsciente se partida de Nevinha, ou do Iogue através de certa mediunidade (que temos verificado existir nela) da Sra. Nevinha. Interessantíssimo, pois abre campo a outras experiências, para quem medita, tanto para o diagnóstico, como para a quinoterapia. Recomendamos, aliás, a leitura do livro do Dr. Leprince aos curiosos na matéria.

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acupunturista, verificaram que os meridianos chineses, coincidiam notavelmente.

Ficou, assim, demonstrado que as observações de umas dezenas de anos, no

Ocidente, coincidiam com um fragmento da ciência milenária de curar os Povos

Antigos, do Oriente. Era um primeiro passo ampliando a compreensão das curas

técnicas.

Com. 31 Aconteceu, porém, que também verificou-se que os lugares em que

os acupuntores plantam suas agulhas (de ouro ou de prata, conforme se trate de

excitar ou de diminuir a vibração-labor de tal ou qual função (e isto vai da circulação

à respiração, e de dores ósseas até estados mentais como “temor a exames”,

“dificuldade de cálculo”, etc., com resultados que assombram!) verificou-se, dizia,

que tais lugares estão dispostos sobre meridianos, e sobre estes, há pontos. Por

essa senda, chega-se ao contato com o labor do Dr. Calligaris, labor que representa

uma real “geometria cutânea”, como dissera um médico, ao tomar conhecimento das

experiências extraordinárias desse Docente de Neuropatologia na Universidade de

Roma.

Em resumo, os trabalhos de Calligaris baseiam-se nisto: a superfície cutânea

humana e a regra é geral para todos, de todas as raças é divisível em zonas,

as zonas em placas, as placas em pontos. Se um ou mais de tais pontos recebem

estímulos, sejam térmicos, sejam de fraca corrente farádica, obtêm-se resultados

que vão: desde sensações singelas, até o poder de ver, em preto e branco, ou a

cores (conforme os pontos escolhidos), dentro ou fora do corpo, ou através, de

corpos (próprios e alheios) e, ainda, o andar: passado, presente e futuro de um

órgão doente, por exemplo. E, para que Você, Carolei, não pense que se trata de

fantasias mediúnicas ou opiáceas, convido-o a olhar, a pág 93 e seguintes da obra

Lês Radiations des Maladies et des Microbes, as fotografias que, pelos estímulos de

Calligaris, se projetam, de dentro para fora é claro, sobre a pele do doente, numa

placa que tem uns 7 x 8 centímetros, no bíceps do doente, mediante um método que

tem sido reiterado muitas vezes, e que permite obter imagens visíveis a olho nu e

que podem ser e já foram em inúmeras ocasiões fotografadas, tais como se

vêem na obra citada, ótimas fotos de bacilos de Koch, de espiroquetas, gonococos,

bacilo de Nicolaier (tétano esporulado) e, também, de micróbios ainda

desconhecidos, mas que, por esse sistema, tornam-se “fotogênicos”; exemplos: de

reumatismo, gripe, coriza, parotidite epidêmica, paralisia infantil, encefalite letárgica,

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raiva, a cancerose (Spherula dentata), apendicite, úlcera gastro-duodenal e de

infecções devidas a associações microbianas; exemplos: espiroqueta, blenorragia e

coriza, todos eles em ótimas fotos nas obras em apreço, que contêm, aliás, notável

documentação sobre tudo quanto se refere a Curadores e métodos curativos,

antigos e modernos.

A Medicina Macrobiótica: Velha de 4 a 5.000 anos, divulgada na China com o

nome de Medicina do Princípio Único, e, “mais recentemente” (há, somente,

quarenta séculos...), na Índia com o nome de Medicina Ayur-védica, baseia-se na

unidade da vida, seja ela universal, ou no seu reflexo e miniatura: a existência do ser

humano. YIN e YANG, as duas manifestações opostas e complementárias do

Grande Agente Único e Polarizável, são considerados em todos os planos da

manifestação. Daí que tal Medicina seja antes de tudo filosófico-transcendental, e,

por decorrência: lógica, dialética, social, educativa, preventiva e... na última etapa

inferior (única considerada geralmente no Ocidente): curativa!

Nesse aspecto aplicativo, o Dr. Georges Sakurazawa Ohsawa a está

difundindo pelos cinco Continentes, partindo de sua pátria: o Japão, o país cujo

próximo ciclo ascendente se aproxima... Já existindo obras dele à disposição do

público brasileiro, não insistirei a não ser sobre um aspecto: que, além da

discriminação que deve ser exercitada, para achar o Yin ou Yang de cada plano, ser,

fato, alimento, etc., existe a característica do uso de muito Sal, por ser considerado,

neste sistema, como o fator básico de saúde, pelo restabelecimento da taxa de

Sódio (yang), em relação à de Potássio (índice muito Yin), já que o predomínio deste

último fator o Yin é a causa, e também a evidência, dos estados anêmicos,

infecciosos, anormais, etc. Dizer que este sistema está causando assombro e

desgosto entre alopatas como entre naturistas é dizer a verdade, mas já há,

também, médicos alopatas adotando a Macrobiótica, felizmente.

Vemos assim uma progressão, tanto dos médicos, que vão desde os mais

físicos ou materiais, como a cirurgia; ou dos mais químicos, como a alopatia; até os

mais vibratórios, como a homeopatia, a medicina radiativa ou a acupuntura, até

métodos que apelam para o conjunto das atividades bioquímicas até mentais, como

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é o caso da Macrobiótica, que tem uma filosofia profunda, budista de apresentação

no caso do Dr. Ohsawa, a sua base.N. 26

Com. 32 Mas, todos os médicos considerados até agora, não são aquilo a

que aspira o Povo, quando procura o que ele, povo sofredor, entende por

“curandeiro”, ou curador. Quase todos os sistemas que consideramos, pouco exigem

do doente, a não ser certa disciplina física (dietas, regimes, restrições, etc.) e, um

pouco, dialética ou mental. Por outra parte, aqueles que exercem o papel de

“curadores” médicos ou não, insisto neste ponto pouco ou nada dão de si

mesmos, com raras exceções, a não ser boa fé, honestidade e dedicação,

geralmente incluídas na retribuição monetária dos serviços prestados. Raros são,

aliás, os médicos ou curadores que nada cobram habitualmente, embora sejam

inúmeros os que, generosamente, atendem de graça e ainda dão remédios aos

pacientes sem recursos. Veremos, agora, o setor dos que a voz pública denomina

de “curadores” propriamente ditos.

Desde 1950, especialmente na França, o público apaixonou-se pelo problema

dos “Curadores”, deixemos o nome de curandeiros para os que fazem curas

pelos simples, pela magia dos campos, por simpatia, etc., métodos esses que,

todos, têm bases reais, quando honestamente feitos, o que não significa que

aplaudamos sua prática. Pelo que o Dr, Philippe Encausse nos informava, a pág. 29

do I Vol., falou-se em 48 mil curandeiros na França, cifra que o Dr. Encausse reputa,

com toda razão, fortemente exagerada. De 25 a 31 de dezembro de 1950, o grande

jornal ICI PARIS HEBDO enchia sua 7a página totalmente com o tema do congresso

dos Curadores, a reunir-se no dia 27 daquela semana. Os retratos de Marie Jeanne

d’ANGIO, L. ALALOUF, Maurice MESSEGUE, Paul PARANDEL e muitos outros, de

reconhecida idoneidade, eficiência e fama, eram reproduzidos, com breve histórico

de “como” cada um deles tornara-se Curador.

O jornal, nessa reportagem de Roger MALHER, mostrava clara simpatia pela

fecunda idéia de ser estabelecido um novo estado de cousas, regulando e

permitindo as atividades dos Curadores, associados com o Médico, mais ou menos

na forma que preconizam os Professores que o Dr. Philippe ENCAUSSE cita, e que

ele mesmo aprova, sem dúvida. Posteriormente, em 1953, um livro realmente

N. 26 Para maiores esclarecimentos, Carolei, existe o “Memorial” da Medicina Macrobiótica, editado por

“Alba Lucis” também, e outras obras em preparação.

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notável e convincente, de Jean PALAISEUL: Com os Curadores que curamN. 27

punha o público ao par da existência de reais e abençoados Curadores. Reais, no

sentido das curas, múltiplas e bem verificadas, que obtinham: Leon ALALOUF, por

exemplo, possui 127.000 atestados de curas, completados por 2.000 radiografias.

Entre os pacientes gratos contam-se: Alfonso XIII, Anatole de Monzie, Gaston

Doumerge e Gandhi. Este último, que passou oito dias em casa de Alalouf em 1932,

declarou-lhe: “Você possui um assombroso poder de revitalizar os corpos

deficientes, um poder nitidamente superior ao meu”N. 28, e o Mahatma o levou a

visitar a Índia e o Tibete...

Direi, ainda, que entre tais Curadores, existem Padres católicos, como o Abade

Pierre Héritier, em Paris, ou o Ver. Pe. Muckensturm, Superior da Casa de Retiro

das Missões Africanas, de Lyon, residente de Mosela. Muitos deles curam à

distância, até de Continente a Continente. E o livro contém todos os endereços...

E, como curam? Há muitos métodos. Prevalece, contudo, a ação magnética,

estimulada em uns pela devoção ou prece, em outros apoiada em ervas ou

remédios; em outros, ainda, em associação com o pêndulo como modo de detectar

doenças e seu remédio, em forma automática, isto é, em alguns dos métodos,

funcionando mediante aparelhos que independem do poder, da cultura ou da opinião

do curador, ou do paciente (se este estiver presente). Entre os casos registrados,

verificados cientificamente, do poder pessoal do Curador, destaca-se, nitidamente, o

de M. PARLANGE, que prestou-se à seguinte experiência: em 20 de novembro de

1934, o Professor SABATIER levou de Paris para Tolosa, uma costeleta. Chegado

lá, à hora marcada, verificou que o poder magnético e vital de PARLAGE mumificara

a costeleta em Tolosa, vale dizer: a setecentos quilômetros de distância! É verdade

que Parlange esgotou-se bastante nessa experiência, mas ela foi decisiva: o “fluido

vital e magnético” ficou cientificamente comprovado, assim como sua ação à

distância.N. 29

Com. 33 Resta-nos ver, ainda, os Curadores Técnico-místicos, se assim

posso me expressar. Entenderemos, sob tal denominação aqueles que, unindo

N. 27 Em francês: “Chez lês Guérisseurs qui guérrissent” Jean Palaiseul. N. 28 Pág. 233 da obra supracitada N. 29 Possivelmente contribuirá um dia para a formação de Curadores Magnetopatas na América

Latina, a nossa exigência, nos Cursos da A. M. O., de que os Discípulos sigam as Lições Práticas. Muitos deles já nos têm apresentado bifes bem mumificadinhos, para poderem passar a outras instruções. Tais pessoas, sem dúvida, têm alguma possibilidade de aliviar ou curar, silenciosa e invisivelmente, sem sessões, sem passes, sem “mediunidades”. E, se fizerem passes magnéticos, darão o que é deles: sua Vida. Que assim seja.

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poderes técnicos tais como os que derivam do cultivo de diferentes Iogas,

assunto que não cabe examinar aqui a certas exigências feitas ao doente, não

mais técnicas, apenas, senão já procurando que ele, doente, pela dor ou pela

compreensão, chegue a certo estado de entrega, de receptividade, etc. Um

exemplo típico, e dos mais elevados nessa via (ainda sumamente inferior à que o

MEM utilizava mesmo publicamente), achamos na reportagem sensacionalíssima

que Georges REYER publicou em seis páginas de um exemplar de grande revista

PARIS-MATCH de 1957, sobre as curas assombrosas que o místico indonésio

Mohammed Pak Subuh (que durante vinte anos, em Java, laborou em conexão com

sábios dos Monastérios Zen e instruindo telepaticamente a Lamas do Tibete), está

operando na Inglaterra. A sensacional cura de Eva Bartok, movida pela “voz” que

ouviu enquanto estava numa clínica de Hollywood, à espera de melindrosa

operação, e a levou a partir nesse estado desesperado para Coombs Springs,

onde foi salva, atraiu a atenção do mundo inteiro sobre o mago indonésio e seu

principal auxiliar e expositor, John Godolphim Bennet, sábio matemático e filósofo,

que tornou-se discípulo e ao que parece herdeiro dos últimos segredos

comunicáveis de Gurdjieff! Mas, este mesmo Pak Subuh, que está

revolucionando os meios ingleses e outros pelo mistério de que se rodeia, cura

doentes graves, progressivamente; faz-lhes ressurgir mental ou moralmente, por

lento e forte esforço, mas, nem nele, nem em nenhum dos anteriormente

considerados, ou de seus colegas desconhecidos para nós, achamos nenhuma das

características que diferenciam ao MEM MESTRE dessa legião e pirâmide de seres

úteis, sábios muitos, nobres e elevados todos quando sinceros de intenção

altruísta e desinteressada pois:

Não vemos operar-se ressurreições; não há curas instantâneas e definitivas,

tanto de ossos como de faculdades perdidas; não há a base moral e espiritual da

cura da alma precedendo ou condicionando a do corpo; tampouco há o ensinamento

que, abrangendo o Universo, inclui também cada pormenor: de todos os planos,

planetas, substâncias... e do passado e presente de cada ser humano!

E, não há tudo quanto as páginas emocionadas e emocionantes, de Sédir

sobre o “Desconhecido”, ou de Papus em inúmeras partes de suas conferências e

obras sobre o seu Mestre Espiritual. Por essas razões, e outras muitas que Você,

Carolei, irá “achar” (assim o espero!) no correr deste livro, alegra-me repetir as

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palavras do filho de Papus, do Afilhado do Mestre, do meu Amigo philippe Encausse

(a pág. 32 do I Vol.):

“Seja-me permitido fazer, desde já, uma advertência necessária: É que não se

pode, de forma alguma, comparar o Mestre Philippe aos curadores modernos, nem

aos mais ilustres. Seria, efetivamente, tomar rumo errado, enganar-se, porque ele

era bem mais do que simples curador. Ele era um enviado, um missionado, um

representante da divina Providência”.

* * *

Em abono do que precede, passaremos diretamente a ver alguns

ensinamentos do MEM que tornam evidente o afirmado, além de esclarecer, desde

já, o que a totalidade dos Ensinamentos iluminará plenamente:

E. 235 P: Mas se amássemos ao próximo como a nós mesmos não

estaríamos sobre a Terra.

R: Não. Porém deve-se trabalhar para não ficar nela tempo demais. Não

deveremos desejar ir adiante? E quando tivermos adquirido tal adiantamento, nada

nos será negado, pois se a nossa alma não estivesse doente, o nosso corpo

tampouco o estaria.

E. 476 O mal que for curado sem que os pecados sejam perdoados, apenas

está adiado, aqui curamos perdoando os pecados e o mal conta como se tivesse

sido sofrido. (Palavras do MEM colhidas por Marie E. Lalande L. B., 33, 34 que

comenta com as palavras de S. Mateus (9,5): “pois qual é mais fácil? Dizer:

Perdoados te são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te e anda?)

E. 320 A feiúra do corpo não importa, é a alma que conta. É inútil orar, ou

antes, traduzi mal o meu pensamento, ao orar só se deve pedir alívio dos

sofrimentos quando o fardo que nos está confiado pareça pesado demais, e orar

também por aqueles que não sabem ou não podem fazê-lo. Não é preciso fazê-lo

pelos mortos. Deixemo-los onde estão e fiquemos onde estamos. E vos afirmo que

ao pedirdes por aqueles que não podem fazê-lo, pedindo para suportardes as penas

deles, dar-lhes-eis então o exemplo de suportarem também as de seus irmãos.

É o único meio de entrar no Céu, pois ninguém pode lá entrar se não ama seu

inimigo como a si mesmo, e se esse inimigo não entrar no Céu, tampouco vós lá

entrareis.

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Ah, bem sei, bom número de pessoas bem doentes mandam vir seu confessor,

pedem e recebem absolvição, e contudo morrem tendo pedido e acreditado receber

a cura. O sinal de que o mal está perdoado é sem dúvida ver que o mal se afasta do

doente, entretanto morrem.

E tenho visto, em relação a isso, “charlatães” virem à cabeceira de doentes em

agonia, prontos a morrer, dizer-lhes que seus pecados ficavam remidos, e vê-los

curar no momento.

Com fé, pode-se fazer milagres. Entretanto, cada dia, nas vossas preces,

dizeis: Meu Deus, eu vos amo, odeio ao pecado por amor a vós, creio em vós. E

cada dia também dizeis: Que faremos no próximo ano, em dez anos, e se o céu

caísse que seria de nós? Pó que pensais tudo isso?

Alguém diz: Porque na temos fé.

Com. 34 A afirmação final do E. 235 é clara e categórica; com o dito no E.

476, três novas afirmações tornam-se evidentes: sem remover a causa moral-

espiritual, ou raiz do mal (pecado) a sua manifestação física doença tornará a

surgir. Remédios e tratamentos podam, desgalham, roçam, as folhas do mal; o

perdão dos pecados desarraiga, destoca definitivamente o terreno humano: alma-

corpo!

A segunda afirmação, “aqui curamos perdoando”, é mais grave, pois implica a

de ter permissão e poder para fazê-lo... E agora, Carolei, vem a Graça: o mal

conta como se...! Por isso é tão importante chegar a encontrar-se com os Enviados,

ou com os “estados”, que podem produzir esse ato da Balança Moral, de

compensação espiritual.

O E. 320 nos situa, inicialmente, na oração, e para com os mortos. Mas,

cuidado, recomenda para pedir para suportar as penas dos outros. Quem o faz? O

E. aponta a conseqüência e condição. E o MEM passa logo a mostrar que a Lei é

uma só, pois usa para isso o termo mal jogando nos dois mundos: o moral e o físico.

Logo, aponta a prova, ou sinal do real perdão, mostrando ainda que alguns, tidos

pelo mundo profano e protocolar como “charlatães”, provavam sua pureza, e

conseqüente poder, remindo os pecados e outorgando a cura!N. 30

Creio, Carolei, que agora Você entendeu, sentiu, viveu, a diferença entre os

curandeiros, ou os curadores, e o MESTRE!

N. 30 E. 235 provém da S. Ly. De 4-12-1893; E. 320, da de 20-9-1894.

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* * *

Anos de Faculdade e Diplomas de Médico. Já vimos no I Vol., às págs. 34 a

37, que o MEM MESTRE, com 25 anos de idade (1874) fez quatro inscrições na

Faculdade de Medicina, sendo impedido de fazer as seguintes pelo que Papus

explicou e que já vimos: “ressuscitar um morto quando era apenas estudante de 1o

ano”, ou seja: a segunda ressurreição é posterior em 8 anos à primeira, sendo, em

ambos os casos, a presença ou queixa de médicos, que as autenticam... o que não

deixa de ter graça. Bem dizem que Deus escreve direito... Diante de tais

dificuldades, “o MEM pensou em mudar de Faculdade, mas, dada a oposição formal

da sua família, motivada por todos os aborrecimentos que ela ainda previa, Ele não

insistiu e continuou seu Caminho sem nenhuma proteção humana” (legal). L. B., 13.

Mais tarde, porém, o Céu e a gratidão humana o proviram de tal proteção em

três modos diferentes. Por agora citarei somente um: a Tese que foi por Ele

apresentada em 23 de outubro de 1884, perante a Universidade americana em

Cincinnati (ver Vol. I, pág. 43), e cuja introdução figura a pág. 19 de Lumière

Blanche, da qual citarei apenas as primeiras linhas, para dar uma idéia do estilo do

MESTRE sobre o tema tratado:

“A ignorância e os preconceitos, engendraram socialmente uma multidão de

erros, que são a base da destruição da saúde, e, entre esses erros, há um certo

número mais prejudicial que os demais; são os que se referem à mulher na gravidez,

durante e após o alumbramento. Acrescentemos que, não somente a mulher grávida

ou parturiente tem propensão, por si mesma, a cometer graves imprudências, mas

ainda as pessoas que vêm visitá-la aconselham-lhe atos desarrazoáveis que se

tornam, na maior parte dos casos, fontes de doenças mortais ou de achaques para o

futuro...”, etc. Além dos títulos que a capa da Tese em apreço apresenta, na

edição feita em Tolosa por Jules Pailhès, foi dedicada de modo que dá uma idéia de

consideração em que já era tido seu autor, como se vê pela nota (E. 802) que figura

ao pé da pág. 212 da 5a ed. Que reproduzimos em N. 31.N. 31

N. 31 “A sua Eminência o Decano da Faculdade de Medicina da Universidade americana de Cincinnati

A minha querida mãe Maria Vachod, amor filial A meu afetuoso pai Joseph Philippe A minha querida irmã Clotilde Philippe A meu dedicado irmão Hugo Philippe A minha bem-amada esposa A minha boa sogra Ao meu querido Filho A meu tio Hugo Vachod A minha querida Tia e seu Filho A meu querido amigo Mathieu Marieus A meu amigo Bernard Felix A meu excelente amigo P. Bailly Ao sábio doutor Radier Ao hábil doutor Picquet Ao bom amigo Joron Joannes A meu caro colega Claude-André Burnichon Ao ilustre doutor e amigo Surville, de Tolosa Ao sábio doutor Georges Monret, de Tolosa A meu antigo colega o doutor Fitte, de Berat Ao grande filantropo Godefroy Gairaud, Cônsul de Portugal em

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Tal tese foi, portanto, apresentada pelo MEM quando Ele tinha 35 anos de

idade. Somente 16 anos após, na Rússia, é que Ele passaria os “exames”... nos

quais curava doentes à distância, tanto quanto curavam-se todos aqueles que lhe

eram apresentados para diagnóstico. Seja numa ou noutra forma, os médicos

tiveram que lhe outorgar o Diploma, embora este, como bem salienta o Dr. Philippe

Encausse, nada signifique no caso do MEM MESTRE, é claro!

Veremos, agora, o período no qual a vida do MEM MESTRE se abre, por assim

dizer, em muitos sentidos simultaneamente.

F. 6 MESTRE PHILIPPE

em 1877, idade em que casou e inicia a vida LYON-L’ARBRESLE, tão fecunda.

(Fotografia de Lumière Blanche, também existente na 4a e 5a ed. Francesas.)

Carcassonne Ao célebre professor poliglota Comendador Gregoire Laureani, de Messina Ao praticante humanitário Comendador Barão Marc Papi, de Marselha” Nizier PHILIPPE.

Fig 9 – F. 6

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IV – O PAI DOS POBRES (1877-1892)

“Ousaram acusar de amor ao lucro àquele que, saindo de casa com um bom,

sobretudo de inverno, voltava de paletó, porque achara, no caminho, um infeliz que

tremia de frio. Pretenderam arranjar pretexto para apoiar essa calúnia, e a voz do

povo, em três palavras bem maiores que muitas belas frases, respondeu:

M. PHILIPPE É O PAI DOS POBRES!”

Após essas sentidas expressões de Papus (Vol. I pág. 63), cantam em nós as

de Sédir (pág. 77): “Ele nunca falava dessa chama admirável, ocultava o seu saber e

essa espécie de onipotência desconcertante sob as aparências de uma vida bem

burguesmente comum; ele dissimulava virtudes e superioridades como nos

dissimulávamos nossos vícios, e tornava-se necessário segui-lo nas suas longas

caminhadas pelas baixadas populosas para descobrir os excessos de suas

liberalidades: mães de famílias nas ultimas procurando-o pelas esquinas, casais, as

dúzias, dos quais pagava o aluguel, órfãos que mantinha, e com que atenção

rodeava aos velhotes e aos aleijados, com que delicadeza oferecia o seu socorro

aos tímidos a aos humildes, quão paciente era com os importunos com os semi-

sábios pretensiosos, com a triste tropa de medíocres!”

Com. 35 – Que bela descrição, de múltiplos sentidos: generosidade material,

monetária, unida ao esforço das caminhadas que as fecundam; a paciência, a

tolerância e a humildade delicadeza, ocultando sempre a penetração do seu Saber

Direito, da sua “Onipotência desconcertante”, como bem diz Sédir. E, a esse Homem

de Deus e que viremos ver agora, agora que já e o Pai dos Pobres, assumirem

ainda, voluntariamente, as responsabilidades de Esposo, Pai, Parente, e, com isto

provar, por inúmeros modos mais, que Ele podia cumprir a sua angelical e imperial

missão sem deixar de cumprir TODOS os deveres dos mortais comuns. Ó Carolei,

Você já reparou que o MEM esteve desde os 13 anos ate os 23, curando gente e ate

se tornando celebre e alvo de milhares de gratidões, sendo, durante esses dez anos,

empregado de açougueiro! Passam diante de mim alguns exemplares da “triste

tropa de medíocres”, os que não podem progredir, ou meditar, ou fazer bem aos

semelhantes, “porque as vibrações da cidade, ou o bife que a sogra pos na mesa,

etc..., os impedem...?”! Acha Carolei?... – Sabe o que eu acho?: Que seria ótimo –

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como diz meu amigo Huascar – que todos nos procurássemos todas as chaves

VIVAS que o MEM nos deixou, se estudarmos, não somente em seus Ensinamentos

– o que já e muito! – mas estudá-los a Luz da Sua Vida! Então sentiremos quem e o

Pai dos Pobres inclusive dos Pobres em decisão, em virtude, em humildade... –

Bem, Ele e o Pai da Humanidade terrestre, também!

* * *

O Seu Casamento – Ao contrair casamento, o MEM cumpria mais uma Lei, que

acharemos adiante, nos Seus Ensinamentos deixando-nos, assim, mais um exemplo

do seu respeito, e possibilidade de cumprir, as exigências – divinas ou ate as

convencionais – a que todos estamos submetidos. Casou religiosamente também –

constando o civil em l’ Arbresle e, segundo Bricaud (pág. 9), a cerimônia teria sido

na Igreja São Vicente de Paulo, na 2ª circunscrição de Lyon. O mesmo Bricaud

parece confirmar o que citei sobre o fato de ter o MEM conhecido a esposa muito

antes, pois disse “que a conhecera outrora”, e, também descreve a noiva, Jeanne

LANDAR, como “uma mulher que foi sempre, e sob todos os pontos de vista, uma

pessoa encantadora e perfeita”. Já vimos, a pág. 38 do I Vol., que Ele salvara vida

de sua consulente Srta. LANDAR, muito antes de ser sua noiva, já que, de acordo

com a Lei: depois que fosse diretamente e familiarmente ligada a Ele, nada mais

poderia por ela...

Segundo Bricaud, foi nessa época que fixou novo domicilio, por pouco tempo,

na Rua d’ Algérie. Mais tarde o veremos mudar-se para sua “base” definitiva em

Lyon. Mas, desde o casamento, uma vida dupla, cujo reflexo veremos: tanto na

existência do MEM como na de seus íntimos, instalou-se nos dois focos de sua

ação: o que chamarei “A Vida LYON-L’ARBRESLE”. E agora, Carolei, parece-me ter

chegado o momento oportuno, para introduzir Você mais junto da intimidade do

MEM MESTRE, dos seus Familiares e dos seus Discípulos íntimos.

Para isso, convido-o refazer comigo a minha recente – em 22 de setembro de

1956 - :

PEREGRINACAO A L’ARBRESLE

Paris-Lyon – Suponha Você, Carolei, que esteve comigo, em 18 de setembro,

no Santuário de Papus, na afetuosa companhia do Dr. Philippe Encausse, e que lá,

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o MEM PHILIPPE confirmou – e, assim, autorizou – a peregrinação que eu projetara

fazer a Sua residência de l’ Arbresle (também fia a Lyon, a Seu Tumulo, mas isso

veremos mais adiante), - Então, Carolei, mandou um telegrama ao Michel de Saint-

Martin, a quem verei, com apresentação do Dr. Encausse, em l’ Arbresle. Trens para

Lyon, há muitos: lentos, rápidos, ultra-rápidos! Com nove mil francos, e mais 770 de

taxa para os rápidos, eis-nos habilitados a partir às 21h15min, fazendo os 519

quilômetros com apenas poucas paradas, ate as 02h30min da manha. Junto a

Estação de LYON-PERRACHE, que esta o enorme e tradicional HOTEL TERMINUS

(12, cours de Verdun), onde, por 1.158 francos, o resto da noite passa no

apartamento de luxo um tanto antiquado, de n. 327.

Como na manhã é dedicada ao Túmulo, silenciarei sobre ela, com 220 francos

(70 cruzeiros apenas!), no Restaurante do Livre Serviço da estação LYON-

PERRACHE, almoço pão, entrada, prato de forno (legumes), sobremesa e

cafezinho. Já podemos recolher a mala, o Bastão e a Capa, que, na Plataforma n. 1,

via três, linha de ROANNE, aguardavam a saída do trem para L’ARBRESLE, às

12hs. e 21 minutos, como se pode ver na foto n. 6, que tiramos para os Amigos do

Brasil...

A passagem a l’ ARBRESLE, ida e volta “fim-de-semana”, custa só 180

francos, conforme consta no bilhete.N. 32 Quando os queridos Discípulos do Rio me

deram essa cômoda malinha, mal sonhavam eles que eu iria à casa do MEM; mas,

todos os objetos dados com amor encontram seu destino...

Carolei! Eis-nos já em l’ ARBRESLE! Pela rua principal, vamos descendo da

Estação ate o HOTEL D’OR , no qual o amável M. Ignacchiti nos dará um quartinho

a 500 francos (a quarta parte de Paris, em hotel de “2 estrelas só...”). – Viu Carolei,

do alto atrás da Estação, como l’ Arbresle e espalhada, dentro de sua relativa

importância? E cidade de Idade Media, figura em crônicas das mais diversas

espécies. Hoje, o “Guia” do governo a assinala: a 446 km de Paris; por ela passa a

auto-estrada que, 26 km adiante, nos deixaria outra vez em Lyon!

N. 32 O bilhete que se vê na foto n. 6 é um da coleção completa que veio da Peregrinação. Observe-se

que não somente deve ser destacada pelos Inspetores a parte “IDA”, como a de “VOLTA deve ser entregue... Porém, todos os bilhetes de passagens e mais controles, vieram para o Brasil. E, não creiam que por relaxamento dos Funcionários. Os outros passageiros entregaram, ou nos carros, ou nas borboletas de saída, os seus. Bem, Carolei, eu tinha desejado trazer todas as lembranças para os nossos íntimos e para fazer compartir um pouco mais, à querida Sadhanâ e a Vocês todos. “Acha” ! Há tanta gente que pergunta sempre: onde estão os poderes? Onde estão os fenômenos? Não será na vida diária, despercebidos dos...”olha o cachorro”?

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L’ARBRESLE está a 231 metros de altitude. Este dado e importante; servirá-

nos nas profecias do MEM! População atual, uns 2.959 habitantes (sem você e sem

mim!).

Veja Carolei, neste cartão (Foto n.7) que o querido amigo Conde de Miomandre

teve a fina atenção de separar dos seus arquivos, como se vê bem, como sinal

“PAX” sobre ela, a CASA DO MESTRE, com sua longa alameda. No outro extremo,

o Convento no que CHAPAS morou, instalou aquele Hospital, e onde, hoje, moram

seus descendentes e o Engenheiro R. (Michel de Saint-Martin). Vamos subir ate lá,

Carolei?...

Na esquina da rua principal, com a do Correio, passaremos entre o belo Jardim

da Prefeitura e a Farmácia, e tomaremos essa ruazinha que sobe, e muito! No topo,

à esquerda, desta vez. Pouco adiante, lá onde há este terreno cercado com a

esquina tão aguda, preferimos a Encosta de que nos falava o Poeta de Miomandre.

Vê, Carolei (foto n.8) essa porta a esquerda, bem junto ao Poste de iluminação? Ali

mora Michel de St.-Martin. Vê-lo-emos depois. Lá adiante está o que o nosso

coração almeja. À esquerda também, Aquele Portão amplo. (F. 9)

Já estamos nele. Vê Carolei, como o velho letreiro “CLOS LANDAR” está

apagado? Mas, e o tempo de MEM MESTRE: fique como esta! Que longa é essa

alameda que víamos no postal! Mas como são mais belos estes plátanos vistos

assim de perto!

Olhe, Carolei, aquela carroça carregada de palha de trigais! Olhe os jogos da

Luz na sombra! Não sente, Carolei, em que estou pensando? Naquela outra LUZ, a

Dele, quando esta alameda estava, às vezes cheia de gente. Lembra?

E. 455 – Na finca de l’ Arbresle, ele não recebia em torno da casa residencial,

nem sobre o grande terraço que o circunda; mas o pátio e às vezes grande parte da

alameda estavam cheios de gente; recebia aos visitantes diante do seu

laboratoriozinho. Quantas noites passou lá no trabalho, ou então sentado sobre o

murinho que rodeia o pequeno lago, em suas meditações! Era lá que ele se retirava

do mundo, da lufa-lufa da casa e dos importunos.

Temos que fazer umas boas fotografias de tudo isto, Carolei, para que todos

aqueles que não podem vir até aqui, tenham a possibilidade de viver isto também,

de visualizar estes lugares, tão cheios da Sua Aura, tão impregnados do convívio

com os Seus íntimos, tão carregados de quem sabe quantos milhares de Gratidões!

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Fig 10

F.6 – O Bastão, a Capa e a mala do Peregrino junto ao trem que vai de Lyon-Perrache para I’ Arbresle .

Fig 11

F. 7 – Parte chamada “Les Vernays”, de L’ARBRESLE, ressaltando o antigo castelo, depois “CLOS LANDAR”, no qual morava o MESTRE. À direita, a seta menor marca o Convento, mais tarde – e hoje ainda – chamado “Clos Santa Maria”.

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Fig 12

F. 8 – Os velhos muros, quantas vezes O vistes passar? Quantas vezes silvestres flores, perfumastes Sua Presença?

Fig 13

F. 9 – Humildes, doentes, príncipes e poderosos, todos entravam, sequiosos de Bem, e saiam levando centelhas da Sua Luz! Ainda e sempre algo dela paira ali...

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Fig 14

F. 10 – (Ampliação Franco-Kabir, do Rio) – A Alameda da Paz e da Gratidão. À esquerda, a entrada privada e o Terraço cercado.

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Fig 15

F. 11 – (Ampliação Franco-Kabir, do Rio) – Sobre os grossos muros, da antiga fortaleza, descansa o Terraço, em cujo isolamento o MESTRE recebia os Íntimos, ou convivia com Familiares e com os Anjos...

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E, vamo-nos chegando àquela portinha, logo após a coluna branca, à esquerda

da alameda (Foto grande, n. 10)... Não chame, ainda, Carolei. Olhe o terraço

interior, no qual Ele não recebia a doentes nem estranhos. Só aos íntimos!N. 33

Veja que silêncio, que paz, que suavidade impregna tudo aqui! – E que

estranhas são estas tílias prateadas, gigantescas!

Já reparou, Carolei, que cada árvore, tem aqui um rosto, como de pessoa?

Teria o MEM permitido a cada ente Vegetal assumir Personalidade?

Deste Terraço, Carolei, vê-se bem o vale onde corre o rio “L’ Arbresle”.

Também vê-se a linha férrea, profetizada pelo MEM.

E. 472 – Não havia trem, naquela época (1877-78), para vir de Lyon a l’

Arbresle e, um dia, o MEM PHILIPPE, tendo vindo a pé (26 km) disse as Senhoras –

esposa, sogra – ao regressar: “Ouvi apitar um trem, tereis breve uma estrada de

ferro para ir a l’ Arbresle”. “A família ia lá em landô e dava-se pão torrado molhado

em vinho aos cavalos, ao chegar. No alegre vale de l’ Arbresle, sito nos confins dos

Montes Lyonenses, tudo sorri ao viajor que souber apreciar a natureza.” (L. B., 17)

Veja, Carolei, esse mesmo Terraço, como um Banco Solitário, no qual, quem

sabe quantos entardeceres terá passado ali o MEM meditando, ou orando por

aqueles aos quais teria prometido cura ou apoio! (F. 12)

E veja, também, o murinho, no primeiro plano, à beira do pequeno Lago (F. 13),

“sobre o qual Ele meditava”, como diz o E. 455, e como me foi pessoalmente

descrito por Philippe MARSHALL e sua irmã Marie DOSNE, que me ofereceram esta

fotografia, na própria Casa do MEM, onde Marie Marshall (agora Sra. Marie Dosne)

reside com o marido.

Tornaremos a falar neles, quando visitarmos a casa, sob a afetuosa atenção

desses únicos herdeiros do MEM.

Por agora, Carolei, fiquemos no silencio, olhando para estes lugares, tão

purificados – a região toda – pelo Labor do MESTRE, que até velhas Ordens de

Meditação procuram erguer monastérios nas redondezas.N. 34

N. 33 As fotos de números 6, 7, 9, 10,11 e 12, tiradas por mim na Peregrinação, são parte das que

depositei no Retiro – O E. 455, de L. B., pág. 18, e das 4º e 5º ed. Francesas N. 34 A revista ELLE, em seu número 609, de 26 de agosto de 1957, trazia, com ilustração da maqueta

do célebre arquiteto Lê Gorbusier, o projeto do Monastério Dominicano, a ser erguido em Eveux, perto de l’ Arbresle, primeiro monastério de estilo ultramoderno, de cimento armado, e “lâminas de Vidro ondulatórias”. Cada cela tem sua salinha, pintada a cores vivas. Chão revestido de tapetes de borracha. Curiosa Igreja, em forma de paralelepípedo, sem janelas: com telescópios de luz.

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Silenciemos, pois, Carolei... Elevemos o nosso pensamento ao MESTRE, à sua

promessa de que “um só pensar me trará junto a vós”, e procuremos, com toda força

do nosso querer, do nosso amar, imaginar o que devia ser, para cada dia da vida

dos Seus familiares, dos Discípulos mais chegados, como Chapas e a esposa,

Lalande e suas duas esposas: a primeira, filha do próprio Mestre e, mais tarde, a

meiga Discípula, Marie E. Lalande, e o encantamento da Sua presença: grave e

jovial; séria e afetuosa; cósmica e , no entanto, tão singela.

Não nos concederá a Graça de vê-LO, como O viam os Seus íntimos? – Creia

e ore, Carolei... Seu sorriso e Sua Luz estão tão perto... Sempre ! VEJA!

OS ÍNTIMOS DO MESTRE

E. 454 – Ele curava os males mais inverossímeis e o efeito se produzia

instantaneamente; as testemunhas ficavam estarrecidas. Dizia sempre que não era

ele quem agia, mas o Céu, ou seu amigo, a quem podia pedir tudo. Na intimidade

era outro; na presença de um amigo que sentia estar mais próximo dele, entregava-

se mais, numa calma perfeita, que o inundava, e alguma cousa de inabalável fluía

dele para a gente.

E. 188 – P: Mas, após tantos sofrimentos, a que se aspira?

R: À perfeição. E a perfeição não existe sobre essa Terra. (Dirigindo-se a um

jovem que fizera a pergunta): Porém vós, não vos preocupeis com nada. Tu seguirás

a tua rota. Tu sempre terás alguém... (virando-se para a assistência): Ireis todos

para o Céu, porém tu, - tu me seguirás.

Com. 36 – Estes dois ensinamentosN. 35 mostram bem quanto é difícil, nesta

Terra, deixar que um pouco da Plenitude, da Amplidão, se derramem; poder ser

Espontâneo, para com tanta gente que se oculta, se fecha, ou simplesmente, está:

entre indiferente e ávida de cousas apenas secundárias! Percebem-se, claramente,

as condições para a Intimidade com um Mestre! No E. 188, além do dito sobre a

perfeição, há evidência de um dos modos de ser do MEM: repentinamente, deixando

de se dirigir à massa dos consulentes e ouvintes, passava a visar a uma mente mais

aberta, a um coração mais entregado, e a procurar dar a oportunidade da

aproximação, mediante o que chamaria – eu – de “profecia condicional”. E o tutear

forte e carinhoso, meigo e taxativo, ao mesmo tempo, penetrava... – Quantas dessas

N. 35 E. 454 provêm de L. R. , pág. 15, achando-se também nas 4ª e 5ª edições; o E. 188 vêm de S. Ly. . . de terça-feira 26-9-1893, pág. 115 do I vol.

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semeaduras germinavam, Carolei?... Mas, dos lábios do MEM, com que poder partia

o verbo e que a Promessa significava!

Fig 16

F. 12 – Será neste Seu banco solitário que o MESTRE irá nos aparecer?...

Fig 17

F. 13 – Ou, de tanto pensar em Sua amada Pessoa, que noites a fim, junto a este Lago, sofria e orava por nós... mereçamos VÊ-LO?...

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Fig 18

F. 14 – E o Seu sorriso meigo, Seu olhar bondoso e profundo, envolviam aos íntimos, penetravam-lhes e infundiam-lhes Amor, Fé, Humildade. (Foto original dos Arquivos de Papus, gentilmente cedida pelo Dr. Philippe Encausse.)

É por isso que Marie E. Lalande ressalta (L. B., pág. 31), o valor de certos

ensinamentos “que são respostas a perguntas feitas na intimidade”. – E, veremos

logo que certas de tais respostas eram dadas sem palavras. Os íntimos deviam estar

atentos a tudo quanto dizia, fazia, ou fazia acontecer, o MEM, já que, “em torno de

um Mestre, nada acontece sem uma razão”, como tantas vezes tenho procurado

gravar na mente – oxalá fosse no coração! – dos que dizem procurar: consciência,

luz, verdade, ensinamento, apoio...

E. 799 – (A pág. 210 e segs. da 5ª edição, o Dr. Ph. Encausse refere estes

encantadores e luminosos fatos): - Era hábito firmado, por parte dos Discípulos do

MESTRE, festejar-lhe o dia onomástico na data de São Nizier. Um dia, manifestou o

desejo de ser “festejado” no domingo de Ramos (lembra-se do nascimento Dele,

Carolei?), que, nesse ano (1901), caia em 31 de março. Nessa ocasião, muitas

pessoas trouxeram-lhe flores. Ele as fez repartir pelas Sras. Chapas e Condamin.

Mas, como nada era feito ao acaso, cada um recebeu ramos de flores, com as cores

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e espécies diferentes, simbolizando os gostos e o caráter daquele ou daquela que

os recebia.

Também achei – refere o Dr. Encausse – nos arquivos de Papus, dois bonitos

postais impressos, em homenagem ao Mestre, de 27 de março de 1899. Trata-se de

dois sonetos que lhe foram lidos por ocasião do seu dia, e cujo comovente texto

emociona pela singeleza e sinceridade dos dois humildes discípulos-autores (que

eles, Carolei, me perdoem e livre versão!):

Querido Benfeitor, meu Anjo da Guarda me disse: Vai filho querido, vai tu, o mais pequenino, Falar bem docemente, como na tua prece. Ao Apóstolo Divino que Deus pos na Terra. Em nome de todos, dize-Lhe que o Seu é bendito, Que nosso coração dá-Lhe amor infinito; Dize-Lhe que Sua grande alma, filho, muito cara nos é, Que Ele é o nosso Salvador, nosso benfazejo pai.

Para celebrar Sua doce e santa festa, Abre teu coração, une as mãos, sê poeta, Dize, por todos nos, com acentos bem comovidos: Ó Mestre amado, vossa bela fronte refulge Com esplendente e celeste coroa, Auréola de Amor, feita das vossas virtudes.

(27 de março de 1898)

Após ouvir esse soneto, o Mestre, comovido até às lágrimas por tanto Amor,

pediu para se retirar por breves instantes, para acalmar o seu coração...

Doce Mestre, em torno de vós, não mais males, não mais prantos A vossa meta está atingida, tudo é alegria e esplendores, A vida está, em nossa alma, à felicidade unida, Hosana! Tudo sorri, é a aurora bendita.

Que este humilde soneto seja o incenso das flores, Que canta com amor as estrofes dos nossos corações, Que numa arrebatadora e celeste harmonia, Leve aos pés de Deus a sua ternura infinita.

Ó Mestre bem-amado, querido delicado tesouro, Os Anjos do Senhor, em ardente revoada,

Coroem a nossa cabeça.

A flor murchará, amanhã, em alguns dias, Mas os nossos corações ficarão para celebrar sempre

A vossa imortal festa. (26 de março de 1898)

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Assim, Carolei, era a TERNURA com a qual os Discípulos rodeavam ao MEM

MESTRE, numa comovente tentativa na qual, realmente, não sei o que mais

emocionante fica: se o carinho respeitoso dos humanos, em torno a seu Protetor e

Instrutor, ou se a tentativa, quase angelical de intenção e intuição, dessas humildes

almas procurando reverenciar ao Grande Ser, entre elas permanecido por Amor...

* * *

Os Irmãos do Mestre – Sédir nos disse, a pág. 72 do I Vol., que ele era o mais

velho dos cinco irmãos – melhor dito, de quatro – e de uma irmã, cujo nome:

Clotilde, vimos na dedicatória da Tese. Um de seus irmãos, Benoit, lembrava-se de

existências anteriores; por vezes dizia a teu irmão: “Lembras, quando fazíamos isto,

ou aquilo?” Esse irmão veio, mais tarde, morar com os Philippe em l’ Arbresle. O

MESTRE amava muito esse irmão com quem podia falar mais do que outras

pessoas; e chorou quando foi levado pela epidemia de varíola que houve em l ’

Arbresle em 1881. (L. B. pág. 14)

E. 577 – Outro de seus irmãos, Auguste, - conforme foi-me relatado por Michel

de Saint-Martin, no Clos Santa Maria, também devia ser uma alma invulgar, pois

sentia tal respeito pelo MEM, que, cada vez que pronunciava o nome Dele,

acrescentava: “...digo, meu Irmão” e era preciso descobrir-se, gesto que todos os

íntimos faziam com muito sentido e natural respeito.

* * *

A Esposa do MEM MESTRE. – Já vimos à Srta. Jeanne Julie LANDAR, como

paciente e como noiva do MEM, e o casamento deles. Nascida em 18 de setembro

de 1859, mais jovem que o Mestre em dez anos, portanto, ela faleceu em l’ Arbresle,

em 25 de dezembro de 1839, tendo sido sempre a nobre e digna Senhora, cujo fino

trato com as demais famílias de íntimos veremos ao longo deste livro.

Sabemos que o MESTRE nada podia pelos seus, quando se tratasse de lutar

contra “O Destino”: acidentes, doenças, mortes.

Mas, em outras oportunidades, Ele podia usar – e usava – dos seus poderes

“desconcertantes”. Exemplo belo, pelo fato e pelo carinho humano que encerra,

este:

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E. 582 – No Pátio interior da Residência, havia – cousa muito rara na França –

um pé de laranjeira, que trazia anualmente frutas. Com o andar do tempo, exposto

ali a muita gente que ocupava o pátio, foi transplantado no jardim privado, junto ao

Terraço. Não obstante os cuidados, secou. Certo dia, o Mestre passou perto do

lugar em que, tristemente, a sua Esposa acabava de mostrar ao jardineiro o pé seco,

dizendo para removê-lo e plantar outra cousa. Emocionado, o Mestre perguntou:

“Gostarias, minha Joãozinha, que ele ainda vivesse?”... E, ao ler nos olhos da

“Joãozinha”, a suplicante afirmação, disse: “Pois então viverá”. E, a partir desse dia,

o pé ressuscitou, reverdeceu e tornou a dar folhas, flores e frutos por anos ainda.

Com. 37 – Esse Ensinamento me foi referido, também, por Michel de Saint-

Martin e, horas após, confirmado por Philippe MARSHALL, o qual, levou-me ao lugar

em que achou-se a árvore, outrora. Será cedo, pergunto, Carolei, para lembrar um

ensinamento que alguns “intelectuais” poderiam ter propensão a tomar em sentido

“figurado” (que triste figura fazem muitos pela sua dificuldade em “acreditar”!). Ei-lo:

E. 66 – Quando passa um homem que tem a vida do Pai, tudo renasce ao seu

contato. Se ele pisar árvore seca, essa árvore reverdecerá.

* * *

Os Filhos do MEM Mestre. – E o Anjo dissera ao Eleito: “... os poderes

conferidos por tua decisão, ninguém tos poderá tirar; serão vãos, porém, para ti e

para os teus entes próximos e serás incapazes de mandar no espírito da tua própria

criança, ao passo que terás pleno Poder sobre os estranhos e isso será mais fonte

de humilhação, porque os cegos dirão? “Olhai, pois, a esse mistificador que

pretende curar os outros e não podem impedir à doença e à morte de lhe atingir os

filhos”! “(I, 53)”.

Com. 38 – Em 11 de novembro, de 1878, nasceu VITÓRIA, a primeira filha do

MEM. – E, antes de seguir na consideração da pessoa – visível e aparente – dessa,

menina encantadora, seja-me permitido, Carolei, atrair sua atenção para uma das

profecias silenciosas de Imperador do Mundo: Ele deu à Sua filha o nome de Vitória,

dessa vitória que, em 11 de novembro de 1918, iria outorgar novamente a Paz, rota

pelos acontecimentos de 2 de agosto. A data dupla: em 1905, a desencarnação do

MEM e, nove anos após, a morte da paz européia. Há outras dessas “coincidências”,

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sobre as quais (pois eu já as tinha notado) tive o prazer de ouvir Philippe

MARSHALL chamar a minha atenção, no Clos Landar, em 1956.N. 36

A segunda criança nascida nesse Lar abençoado pelo Céu, foi o meninozinho,

que recebeu o nome de Alberto Philippe. – Conforme foi dito a pág. 38 do I Vol.,

nasceu em 1881, falecendo, aos três meses, da mesma epidemia de varíola que

vitimara, como já vimos, ao Irmão do MEM. Que dor, deve experimentar um Ser

TODO BONDADE, como o MEM, ao presenciar o sofrimento dos familiares e sabe-

se inibido – como o Anjo dissera – de toda intervenção, em favor dos que partem, e

dos que ficam!

Mas, voltemos a Vitória. Com exceção da sensível Marie E. Lalande, os

diferentes biógrafos do MEM não outorgaram até agora toda a importância que nos

parece merecer este Anjo, encarnado perto do MEM. – Procuremos nos aproximar

Dela, através de alguns comentários esparsos em diferentes fontes: “O Sr. E a Sra.

Philippe tinham uma filha, de natureza singela e afetuosa, bem afastada de toda

preocupação literária ou filosófica, mas ternamente apegada a seus parentes, criada

na admiração a seu Pai, e pronta a amar a seu Discípulo preferido.” N. 37

“Não conheci a M. Philippe, mas encontrei-me com sua filha, que era uma

encantadora criatura de sonho.”N. 38

“Victoire LALANDE era de natureza totalmente espontânea e inteiriça: ela

adorava a seu marido e pedia alivio para ele, a seu Pai, quando a saúde a

preocupava. Escrevendo a Sra. Marshall, ela traçou um coraçãozinho sob sua

assinatura. E, quando encontrou-se com ela, pouco após dizer-lhe “Vês, eu assino

com meu coração só para meu Bom Paizinho (ela sempre chamava assim ao Pai),

Emmanuel (o esposo) e tu: muito vos amo, então ponho meu coração sob meu

nome.”...” Sua alma era cristalina e toda ela pura.”N. 39

“Levezinha e miudinha, certa vez o seu marido a ergueu no braço e a fez girar

em torno de si, como uma criança, durante um jogo de “croquet”, sob os plátanos da

alameda...” (N. 39)

N. 36 A pág. 38 do Volume I, por um erro ocorrido na revisão dos originais da tradução, figura a data de

11 de outubro, inexata, já que, tanto na 4ª e 5ª Edições francesas do Livro do Dr. Ph. Encausse, como em Lumiere Blanche – pág. 17 – figura 11 de novembro, sem dúvida alguma.

N. 37 Palavras de M. André LALANDE – do “Institut de França”, e irmão do Dr. E. Lalande, que foi o esposo de Vitória, na I parte da B.M.H. a pág. 54.

N. 38 Jules LEGRAS, Professor na Sorbonne, 2ª parte da B.M.H., pág. 54 N. 39 Lembrança da Sra. Marshall, mais tarde segunda esposa do Dr. Lalande, em: L.B., Pág. 63, e em

B.M.H., págs. 82, 85 e outras.

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“Em novembro de 1897, dois meses após o casamento do Dr. Lalande, tive o

prazer – raro, creio – de ser recebido no lar deles, na Rua Tronchet, em Lyon, e de

apreciar todo o encanto da sua jovem esposa, loira (de olhos azuis), delicada, um

anjo, como foi dito”.N. 40

E. 443 – Victoire Lalande, “neé” Philippe, tinha anunciado a própria morte à sua

mãe, no momento do casamento. (M. P. 4º e 5º)

Victoire,casada em 2 de setembro de 1897 com o Dr. LalandeN. 41 faleceu em

24 de agosto de 1904, após poucos dias de cruel doença (N. 39),e, quando “Berthe

MATHONET foi avisar a Sra. Marshall que sua amiguinha falecera, a família

Marshall foi logo para l’ Arbresle. O MEM os recebeu na sala e disse à Sra. Marshall

“vês o que nos acontece”, e “vem vê-la”, e a levou acima, no quarto onde sua filha

repousava sobre o leito, toda branca e toda miudinha, em seu vestido de casamento.

O Doutor Lalande estava em Lyon. Ajoelhada ao pé do Leito, assim ficou a Sra.

Marshall, durante todo o tempo em que seu Mestre permaneceu, em pé, em frente

dela, do outro lado do leito. Ele fez um gesto, quis falar, mas havia outras pessoas...”

(N. 39)

Não sei Carolei, o que mais devemos admirar, nesse conjunto de fatos que – ó

tristeza para meu coração! – passam tão desapercebidos aos que lêem as biografias

dos Mestres e seus íntimos, apenas com os olhos do corpo, ou , quando muito, com

a atenção fria e seca dos buscadores de informação intelectual:

Com. 39 – Pois, em verdade, esse Anjo era, para o MEM, um companheiro, e –

na minha opinião – um sinal; sabia Ele que quando Victoire partisse, certos

acontecimentos, entre os quais a Sua própria partida, estariam próximos. E – acho

eu -, muito havia de O entristecer, ver que após tantos anos em meio a nós (os

mortais comuns...) tão pouquinho fora obtido!

Há muito mais: o aviso de sua própria morte, dado pelo Anjo Victoria; o suave

carinho dado por ela mesma à Sra. Marshall, a meiga e mística Discípula, que

haveria de ser o ponto de apoio para o total florescimento de Mare Haven, mais

tarde. E, ainda, como veremos, a própria condução que o MEM dava a estes

diversos seres, para que o destino providencial de cada um deles fosse se

N. 40 “Algumas lembranças” – 3ª parte da B.M.H., por L. Chamuel, pág. 67. N. 41 Do texto do Dr. André Lalande, já citado, a pág. 35 de B.M.H., onde consta esta fina observação:

“O convite de casamento, de original formato, trazia, em lugar de iniciais, um medalhão quadrado, no qual avançava, sobre uma água tranqüila, um cisne refulgente de luz. Em excerto, estas palavras tão apropriadas, e que, com notável acerto, formavam exato anagrama dos prenomes dos noivos: Cui lúmen, ei et amor.

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cumprindo. Por isso, Carolei, veremos novamente, adiante, como Ele, nos

momentos que, para mortais comuns seriam somente de sofrimentos, seguia

exercendo a Sua missão e labor de Mestre, e... de Profeta até entre os Seus...

* * *

Outra intima: Berthe MATHONET. – Com. 40 – Carolei, Carolei! Que triste fico,

quando vejo aos que pensam procurar elevação espiritual, e, no entanto, seguem

considerando classes sociais! E não dando toda atenção que merecem os humildes,

de aparência, de condição, mas que, muitas vezes, são os poderosos auxiliares dos

Mestres, pela fidelidade, pela entrega de coração – feita de uma vez para sempre --,

sem retrocessos nem condições! Sem variações nem flutuações! Por isso, Carolei,

cantam como uma real homenagem ao MEM as muitas páginas que, ao longo de

suas lembranças, tanto em Lumiére Blanche como na B. M. H. , dedica Marie E.

Lalande a Berthe MATHONET.

A atuação dessa fiel Servidora (não no sentido da sua função doméstica, senão

no espiritual!) ficou especialmente ligada ao labor do MEM, em um dos seus

aspectos mais secretos: o da química farmacêutica e o da Alquimia, como veremos

no capítulo especial. Aqui, convêm lembrar, apenas que: em 1881 ele criou um

primeiro Laboratório de química, na Rua Coubert. Mais tarde, outro laboratório,

secreto, foi instalado na Rua du Boeuf , n. 6, em Lyon e, finalmente, havia também o

seu laboratório, mais privado ainda, de l’ Arbresle...

Nem os familiares ou íntimas pessoas do MEM tinham acesso a seus labores,

com exceção esporádica de alguns. Mas, Berthe MATHONET esteve sempre ao

lado, seja das fornalhas e aparelhos químicos, como da imensa autoclave e outros

aparelhos, nos quais misteriosas investigações e invenções do MEM se plasmavam.

Berthe, que nem sabia ler ou escrever, era assim, para tema de meditação de

muitos, a fiel ajudante de tão reservados labores!

Era, ainda, a fiel mensageira entre o MESTRE e os íntimos, levando cartas,

recados verbais, e os apontamentos místicos, dos quais hei de falar, adiante. –

Ciumenta por dedicação, desconfiada por função, Berthe chegava a receber com

prevenção as pessoas que , às vezes, haviam de se tornar prediletos do MEM,

pouco após; foi o caso de Mme. Marshall pois, “após tê-la recebido inicialmente

bastante mal, nos encontros que o MESTRE lhe marcava, Berthe chegou depois a

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pedir licença ao MEM para chamar à Sra. Marshall pelo seu nome de MARIA”

(B.M.H., pág. 81)

Era tal a dedicação total de Berthe que, “após o falecimento do MEM”, ela

continuava servindo fielmente aos Familiares e Íntimos do MESTRE, ficando até

chocada se algum deles ausentava-se na região na qual achava o Seu Túmulo, ao

qual Berthe subia diariamente e com quaisquer inclemências do tempo; tossindo

terrivelmente cada inverno, isolada pela sua própria impossibilidade de escrever e,

tendo tal angustia ao pensar que, algum dia, poderia ter que deixar a Rua du Boeuf,

onde tinha simultaneamente seu apartamentozinho e o Laboratório que conservava,

onde o MEM, e ela, tantas noites passaram, tendo Berthe, muitas vezes, terminado

uma preparação de acordo com Suas indicações, que a Sra. Marshall conseguiu

comprar, em nome de Berthe, o imóvel. Para obter acordo de seu marido, a Sra.

Marshall pediu a Berthe que fosse colocasse em seu testamento ao menino Philippe

MARSHALL que tornou-se, assim, herdeiro universal de Berthe MATHONET

(B.M.H., págs. 94 e 95).

Com. 41 – E, Carolei, para não esquecermos que, sempre, na vida, devemos a

outrem, e muitas vezes aos que nos parecem “menores” do que nós, os momentos

ou “cousas” mais preciosos da nossa existência, terminarei esta homenagem à fiel

Servidora, recordando – graças, mais uma vez, às lembranças de Mme. Lalande

(B.M.H., pág. 81) – que devemos a Berthe um dos mais belos Ensinamentos do

MEM: Ei-lo:

E. 588- “É a essa Berthe MATHONET que Ele disse um dia, quando,

desacoroçoada, ela não queria mais fazer certa cousa, perguntando se valia a pena:

que, se alguém tivesse ainda algumas mudas por plantar, e embora soubesse que o

mundo inteiro fosse terminar à noite, deveria assim mesmo plantá-las ainda pela

manhã, para ser um Filho do Céu”, - Obrigado, MESTRE!... Obrigado, Berthe!

Outro íntimo do MEM: Jean CHAPAS, o Sucessor diretoN. 42. - Já vimos, a pág.

170 e seguintes do Vol. I, alguns excertos do notável artigo de Christian de

MIOMANDRE, sobre Jean CHAPAS. Vamos resumi-los agora, situados com os

N. 42 Deve ficar bem claro, de uma vez por todas, para Você, Carolei, que estou apresentando, tanto

aos íntimos, que moravam com o Mestre ou perto Dele, como aos Discípulos externos – páginas adiante – seguindo exclusivamente a ORDEM CRONOLÓGICA DAS DATAS EM QUE CADA UM DELES ENTROU EM CONTACTO COM O MESTRE. Essa me pareceu a única forma de proceder que, ao mesmo tempo que apresenta vantagem lógica no aspecto histórico, também tem a de evitar qualquer ordem preferencial, seja minha ou de terceiros. REGISTRE-SE. – E registre-se, também, que irei mostrar – até onde a documentação mo permitir – quais são os sucessores, representantes, ou pessoas mais ligadas na atualidade, em relação a cada um dos Íntimos ou Discípulos diretos, comentados nesta obra.

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pormenores de outras fontes, o que nos dará, em conjunto, melhor Idéia do Filho de

Deus a quem MEM escolheu para Sucessor, principalmente no aspecto das Curas.

“O Mestre PHILIPPE tinha um colaborador que o acompanhava cotidianamente

em sua obra de cura e de soerguimento das almas; chamava-se Jean CHAPAS.

Gostaríamos, neste estudoN. 43, de mostrar a atividade e esboçar um retrato desse

Discípulo bem-amado de PHILIPPE, com o qual temos muito nos anos de 1921 a

1932”.

Jean CHAPAS nasceu em Lyon, em 12 de fevereiro de 1863... terminados seus

estudos primários e os de capitão de navegação no Ródano, cumprindo serviço

militar, já o MEM PHILIPPE trouxe para junto de si a este jovem no qual percebera

dons particulares para sua obra espiritual. (N. 43) Isso foi em 1883.

“Durante alguns anos, Chapas cumpriu em silencio, todas as tarefas que o

MEM PHILIPPE lhe confiou. Sabemos, pela própria Sra. Chapas, o que foram, para

o jovem, esses anos de provas espirituais e de formação interior, para o labor que o

aguardava.” (N. 43)

E. 538 – Finalmente , PHILIPPE entregou um dia a Jean Chapas, na presença

da moça que um dia seria sua esposa, uma corda com nós, que Ele tinha

confeccionado com especial intenção para Chapas, e disse-lhe, textualmente:

“Permanecerás diariamente uma hora no teu quarto; quando tiveres chegado a este

nó, estarás ante o Espírito Santo.” Jean Chapas nunca disse palavra alguma a

ninguém, sobre este assunto. (N. 43)

Após onze anos de fidelidade, Chapas viu aconteceu isto: “em 1894 o MEM o

apresentou a seus doentes na sala das sessões e disse-lhes, em 21 de fevereiro de

1894 (SS. Ly. –N. 44) :

E. 274 – Dizeis: Como é que agora estou sempre falando em Deus, quando

outrora não falava? Com efeito, agora o Senhor Chapas está encarregado de fazer o

que eu fazia outrora: ele anota o nome dos doentes e assume uma grande

responsabilidade. Eu não faço nada, peço a Deus. Agora isto: Deus só dará alguma

N. 43 Palavras do Homem de Letras Conde Christian de MIOMANDRE, sobre cuja personalidade

voltamos adiante. Cada vez que um Ensinamento dos citados neste tema provenha deste estudo, indicá-los-emos com (N. 43)

N. 44 Ao pé do citado artigo de Christian de Miomandre, no número 5 do ano 27 (set.-out., 1953) L’ INITIATION, uma nota do Dr. Philippe ENCAUSSE esclarece que o manuscrito das “Sessões” (publicadas no primeiro volume brasileiro por ordem de datas e, neste volume, por ensinamentos classificados misticamente) provém de anotações tomadas por um “canut” (trabalhador da indústria têxtil, típica de Lyon), mais tarde copiadas pelo Sr. François Galland de Nattages (Ain) e, finalmente, tornadas a copiar pelo Prof. Emile Bertrand, da Faculdade das Ciências da Universidade das Ciências da Universidade de Liege (Bélgica). – Como se vê, a “rede” dos estudiosos ocultos dos Ensinamentos do MEM... E digna da indústria têxtil de LYON...

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cousa a quem já tem e vos afirmo que toda pessoa que pedir por outras pessoas

que nunca vieram, estas serão curadas.

É possível, Carolei, que esses ensinamentos expliquem este fato:

E. 467 – Sua mulher, entrando certa noite no quarto em que ele estava em

oração, viu junto dele um brilhante Sol.

E, após esse ensinamento, do Manuscrito de Papus, vejamos outro, das

Sessões de Lyon:

E. 316 – É á vossa revelia que Chapas e eu procuramos com freqüência curar

a vossa alma, pois (do contrario) ser-nos-ia precioso obter de vós promessas que a

miúdo não ireis manter. Se a vossa alma não estivesse doente, o vosso corpo

estaria com boa saúde.

Isto foi dito em 9 de julho de 1894 e , diz Christian de MOIMANDRE: “Desde

então, Jean Chapas assistiu com regularidade ao Curador em seus trabalhos e, nas

suas obras para com todos aqueles que apelavam para Ele (N. 43)”. – Em 1898,

casou com Louise GRENDJEAN, filha de um artesão marceneiro; o casal teve duas

filhas, das quais a primeira faleceu menina.(N. 43) E, a respeito da tal morte, o

Manuscrito de Papus nos brinda o :

E. 466 – Ele teve uma primeira filhinha, batizada Martine, pelo Mestre em

março de 1899. Essa menina morreu ainda criança. Seu pai tinha perdido uma alma

sem defeitos; eis porque não pode ficar na Terra. Como ela adoecesse com

freqüência, seu pai foi a uma sessão de Mestre para pedir a cura. Foi-lhe

esclarecido que se ela vivesse, uma mãe de família deixaria os filhos órfãos. Então

Chapas respondeu: “Se deve haver lágrimas, prefiro que seja no meu lar.”

E por força do valor extraordinário de CHAPAS , que o MEM o tinha em estima

tão profunda, ao ponto de associá-lo em declarações espiritualmente

transcendentes, como as que se vêem neste ensinamento das Sessões de Lyon, de

27 de novembro de 1894:

E. 348 - Estou certo que ninguém pensa em agradecer a Deus quando lhe

chegam adversidades. É preciso ser forte para entrar no Céu; é preciso ser soldado,

e para sê-lo, é preciso ter feito exercício. A fraqueza não entra no Céu, porque os

fracos são preguiçosos.

É preciso antes de mais nada expulsar o orgulho do nosso coração, assim

como a maledicência. Os homens, esses, ficam às vezes irados contra um vizinho

que fez alguma coisa que lhes desagrada, porém as mulheres, essas vão primeiro

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ao porteiro contar um segredo que sabem a respeito do vizinho, depois no

mercadinho, etc. Tenho-vos recomendado com freqüência que não façais assim.

Tendes prometido. Levaste-o em conta? Nada disso. Às vezes dizeis a vós mesmos:

“Não vamos lá hoje”, e contudo sois levados a vir. São os vossos anjos da

guarda que vos empurram, e não achais que ao sair daqui estais mais aliviados, que

vos sentis mais fortes?

Chapas e eu, vos temos presos em nossas redes, somos os pescadores vindos

para pescar aos que queiram fugir. Aquele que quiser suportar as adversidades com

coragem será o meu amigo, mais que meu amigo, meu irmão. Ah! Ninguém queria

penas. Pensa-se que é o bastante se, vendo um comércio, honra-se aos

compromissos, cria-se a família, e morre-se após se ter confessado. Pensa-se entrar

facilmente no Paraíso depois disso, desenganai-vos.

Com. 42 – Compreende, Carolei: onze anos de preparação e provas; uma hora

de oração-adoração com um apoio santificado pelo MEM MESTRE; a

“responsabilidade” assumida, ao aceitar as promessas que outros fazem, para

serem curados pela Graça, e que ele, Chapas, terá, agora, que endossar; e que

apoiar, também com preces e com sacrifícios silenciosos como preço adiantado do

que pede...; a valentia moral e cardíaca de preferir a morte da própria filhinha, que

valia tanto que para salvá-la, mister teria sido morrer uma mãe de família. Pense,

Carolei, medite, chore um pouco, se puder... E se sentir porque Chapas preferia que

as lágrimas fossem no lar dele, e não alheio!

Compreende, agora, por que o MEM o admite como “amigo, mais que amigo,

irmão”?... Então, agora, iremos ver outros aspectos de Chapas, após a partida do

MESTRE... Comecemos com quatro ensinamentos do Manuscrito de Papus:

E. 470 – Após a morte do Mestre, ele assumiu o aluguel do número 35 da Rua

da Tête-d’Or, onde prossegue as sessões: belas curas.

E. – Certo dia, um homem veio pedir a Chapas dinheiro para pagar uma

promissória. Chapas deu-lhe imediatamente o que juntara para uma despesa

pessoal

E. 469 – O que deve ser notado nele é a discrição, a humildade, a total

ausência da maledicência.

E. 471 – Em 1909 movem-lhe um processo por exercício ilegal da medicina. A

seu pedido mando um relatório. Absolvição de Chapas.

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Christian de MIOMANDRE lembra, com relação ao processo de 1908, que o

tribunal teve que reconhecer que o Sucessor de M. PHILIPPE agia unicamente pela

prece, o que motivou perderem os médicos a questão.

Chapas, recebendo os doentes na Rua da Tête-d’or, 35, local que iremos

conhecer de mais perto em páginas vindouras, o fez, desde novembro de 1904, mês

no qual o MEM deixou de vir, até 1919-1920, pois a atmosfera local mudava. Diz de

MIOMANDRE, a tal respeito: “Jean CHAPAS tinha consagrado vinte anos da sua

vida aos que seu MESTRE lhe tinha confiado, tinha-o feito com todas as suas forças

e toda a sua fé, mas incidentes graves produziam-se; certas pessoas procuravam

abertamente hostilizar ao Amigo de Deus e vinham até provocá-lo no seu próprio

local. Chapas decidiu, então, pôr termo à sua atividade pública e passar a receber

apenas amigos íntimos... No que diz respeito a isto, quando o Amigo de Deus –

Chapas – foi-se para o outro lado, em 2 de setembro de1932, foi GAUTHIER, um

companheiro que o M. PHILIPPE pusera junto a Chapas para ajudá-lo em suas

tarefas materiais, quem continuou – dizem que por iniciativa própria – a receber aos

amigos íntimos, de 1932 até 1947, ano em que veio a falecer. “(N. 43)

Com. 43 – Carolei, acho que Chapas é figura bem transparente para nós, com

o que ficou exposto, no relativo ao seu papel e missão de curar, por transmissão de

Poderes feita pelo MEM MESTRE. Devo ressaltar que, em tudo quanto citei –

especialmente de Chr. de MIOMANDRE – afastei, propositalmente, o que se refere

ao próprio escritor, e a seu venerável Pai, a quem iremos achar entre os Discípulos

externos do MEM. Também deixei, para o tema das Profecias, as que Chapas fez,

completando, às vezes, as que M. PHILIPPE deixara expressas.

Finalmente, devo dizer que, no artigo citado na Nota 43, constam notáveis

ensinamentos de Chapas, numerados por mim de 538 a 554, e que irão aparecer

nos temas a que se referem.

Falta lembrar, aqui, que Chapas, como ficou pormenorizado no I Vol. – as

págs. 170 e segs. – utilizou a magnífica propriedade em que morava desde 1911 no

verão, em l’ Arbresle, para Hospital.

Esse vasto edifício fora Convento das Ursulinas. Já o vimos nas fotos da

Peregrinação. Tinha sido legado à esposa de Chapas pela Sra. SANTA-MARIA. Daí

chama-se hoje, ainda, “Clos Santa-Maria”. De 1914 até 1919, 60 leitos abrigaram ali

soldados feridos, aos quais Chapas dava as duas assistências. Alguns diretos

Discípulos de Chapas irão logo nos falar mais um pouco do “Amigo de Deus”.

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Um Discípulo contemporâneo: Christian de MIOMANDRE. – Este Homem de

Letras, delicado poeta, de místico sentir e pensar profundo N. 45, é filho do Conde

Maurice de MIOMANDRE, escritor e jornalista, de quem o próprio filho nos falou

(Vol. I, Págs. 171 e segs.)

Com. 44 – Realmente, Carolei, torna-se necessário fazer importante

esclarecimento: poderia Você admirar que eu situe e fale , aqui, do filho, Christian,

antes de falar do Pai: a razão, no entanto, já a dei em páginas anteriores:

acharemos ao Conde Maurice entre os Discípulos diretos do MEM, isto é: entre os

que com ele privaram, durante a existência física do MESTRE. – Outro aspecto: o

Conde Maurice convidou Chapas a permanecer na Bélgica; no entanto, só o coloco

ao filho Christian como Discípulo de Chapas pelas razões que ele mesmo deu: as de

ter privado com Chapas de 1921 até 1932. – Terceiro aspecto: o Conde Christian – e

muitas outras pessoas – consideram-se atualmente seguidoras de Philippe

MARSHALL, de quem falaremos logo a diante. Portanto, Carolei, é importante,

compreender bem, que o fato de figurar, tal ou qual pessoa, como Discípulo de um,

ou de outro, dos que transmitem, em mais direta sucessão, o ENSINAMENTO –

público e, ou, privado – do Muito Excelso Mestre, não deve aparecer em sua mente,

Carolei, como divisões, e sim, como malhas da luminosa rede na qual, todos nós,

procuramos que as nossas pequenezas, unidas, se esforcem por conter, reter,

conservar, distribuir, o que Ele nos deixou. E que, portanto, não há - nem poderia

haver – “donos” do Ensinamento do Mestre. O que sim há, certamente, é uma

diferença de conteúdo, e de modo de transmissão; segundo o grau de entrega, e de

compreensão; de misticismo ardente, ou de fria consideração, em relação ao MEM e

Sua Direção, de cada um.

N. 45 A família dos “Myomandre” (grafia antiga) é originária de Felletin, na região da Creuse, comuna de

Saint-Pardou d ’ Arnet. Enxameou no fim do século dezesseis para o Limousin... No século XVII contou com advogados Membros do Parlamento em Limoges, conselheiros, etc. – No reino de Luis XVI, dois membros da família, irmãos, foram postos na qualidade de guardas pessoais de Maria Antonieta. Um deles ilustrou-se pela coragem em defender a vida da rainha quando do ataque ao castelo de Versalhes, em 5 de outubro de 1789, pelos desordeiros vindos de Paris. Seu irmão, Marquês de Chateauneuf, emigrou para o principado episcopal de Liége (Bélgica), onde deixou descendência, antes de desaparecer misteriosamente, numa viagem a Paris feita na época do Consulado.

As linhas precedentes – da pág. 230 de L’ Initiation, set-out. 1953 – devo acrescentar, Carolei, que o atual Conde Christian é autor de onze obras poéticas que precedem e constam da duodécima, seu delicado volume POEMAS ESCOLHIDOS, que foi ainda sucedido, - até agora - por “Penseur et Jouvencelle”, que valeu-lhe ser Laureado de Poesia pela Academia Rhodanienne des Lettres, e por “Antiphonaire”. Destas três últimas obras, cujos Editores constam da Bibliografia, no fim desta obra, o Retiro guarda carinhosamente os exemplares dedicados pelo querido Poeta.

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Então, Jean CHAPAS, com 58 anos de idade, como o viu Christian em abril de

1921, era aquele homem alto, singelamente vestido, de olhar suave, tez curtida pelo

Sol, voz profunda de violoncelo; de cuja aura emanava paz profunda.

Foi nessa ocasião que aconteceu o notável episódio da empregada que

desmaiou, ao ver a Luz e a Túnica branca – perceptíveis para ela, doméstica,

Carolei!... – de que Chapas se achava revestido, quando, em pé, ergueu a mão para

dizer o PAI NOSSO... (Vol. I, pág. 173)

Ouçamos mais algumas lembranças íntimas de Christian de MIOMANDRE,

reproduzidas do artigo citado na Nota 44:

“Freqüentamos Jean CHAPAS mais intimamente alguns anos mais tarde, por

ocasião do nosso casamento, em 1928, com uma das suas sobrinhas. Tivemos

então uma grave doença, e foi a prece ardente do Amigo de Deus que devemos a

recuperação da saúde, condenada pela Faculdade, Desde então, Jean Chapas

houve por bem nos adotar como seus filhos, à minha mulher e a mim, e durante os

últimos anos de sua vida fizemos em casa dele longas estadas, durante as quais a

nossa família cresceu em mais duas meninas...

“Chapas falava pouco, mas com curtas frases e notável cortesia. Ele respondia

antes, e muito mais, às preocupações interiores dos seus interlocutores, que aos

ditos destes. – Isso, criava às vezes verdadeiros qüiproquós, que Chapas deixava

ao outros o cuidado de desfazer, pois, tendo ele certa dureza de ouvido, ninguém se

admirava se parecia não ter ouvido! Entretanto, quantas vezes temos presenciado

ele tornar a citar um pedido de um doente, que apenas lhe falara em voz baixa! –

Devemos admitir que, em tudo isso, a natureza apenas o protegia de ouvir vaidades

e conversas fúteis.

“Se, por um lado, sua presença era o mais aprazível e sereno dos encontros,

também punha a palestra no terreno dos nobres sentimentos, verdadeiros e sadios,

como também lamentava suavemente aos que os não sentiam. Não desgostava de

gracejar e adorava mexer com seus amigos, na mais jovial dos tons.

“Da sua orientação geral e modo de ser, nada ressaltava de pedante nem de

livresco; não lia nem o Evangelho, nem Péguy. Era tão amigo de MillerandN. 46 quanto

N. 46 “Millerand, ministro francês daquela época, do Gabinete cuja composição permitiu o trocadilho

sobre o “cúmulo da destreza de um aviador” “ Faire un vol Briand, devant Millerand, de Bourgeois, et atterir, près Dupuy, sans avoir Delcassé”. Os citados são todos homens, especialmente Briand, que lutaram tenazmente pela preservação da Paz, assim como Jaurés.

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do dono do bar da esquina, e dava conselhos a um casalzinho prestes a formar-se,

como recebia ao Ministro da Polônia, Sokal, que vinha lhe falar do seu desditoso

país.

“Figura estranha pela singeleza. Ele nos dizia um dia, ter visto, numa nuvem

que passava, o anúncio da queda de Poincaré (primeiro-ministro francês), o que

cumpriu-se dois dias após”.

E, inúmeros ensinamentos que, dia a dia, colhiam os íntimos, dos lábios desse

Amigo de Deus...

Com. 45 – Vê, Carolei, aí temos um belos exemplo dos inúmeros modos de

semear o Ensinamento do MEM, e o transmitido pelos seus íntimos: Christian de

MIOMANDRE escolheu o dom da Poesia; já tivemos uma flor dos seus canteiros;

outras virão, nesta obra. E, suave para nós, é fechar este tema com outro fragmento

dele; pedindo seu perdão pela livre – péssima – versão:

A Infância EspiritualN. 47

Como louros infantes ingênuos e sonhadores que ainda conservam a lembrança dos anjos, prosseguimos tua rota, ó Jesus dos louvores, numa floração ardente de fervores.

Nós não te pedimos nenhum outro favor pois teus lábios, ó Mestre, disseram como Deus muda os corações pelo sofrimento e como vindima dá, na prensa, um vinho de delicioso sabor.

E somos os mansos que passarão sobra a Terra elevando nossos corações ao Céu que refulge No tumulto da injúria e das pragas.

Nosso Reino é bem aquele da Tua promessa, é singelo e vivo e toda sua riqueza consiste num Tesouro infinito de perdão.

* * *

Outro seguidor de CHAPAS: “Michel de SAINT-MARTIN”. Com. 46 – Lembra-

se, Carolei, que, ao subirmos para o Clos Landar, vimos, na encosta, a porta do Clos

Santa Maria? Lá mora, junto com os descendentes de Chapas: uma irmã de certa

idade e seus filhos, dos quais um, Jean, já é homem – e me ensinou, em 1956,

como se repicam os porros...

N. 47 “ANTHIPHONAIRE”, pág. 35.

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Nos dois dias passados lá, muito palestrei com o Eng. M. R., cujo nome místico

é Michel de Saint-Martin – homenagem dupla, parece-me, a Michel de Nostradamus,

por um lado e, por outro, a Louis-Claude de Saint-Martin; de ambos teremos que

falar... – e, das nossas palestras intimas, resultou em colher para Você, Carolei, uns

dados, que vão nestas páginas; e ensinamentos que, junto com alguns extraídos da

obra deste seguidor de Chapas, haverão de dar clara idéia do valor de Michel de

Saint-Martin, cujo livro: Revélations, é de indiscutível interesse para todos os que

desejam estudar a multiplicidade de aplicações e, de modos de apresentação, que

os Ensinamentos do MEM tem gerado, tanto através de seu direto Sucessor Jean

CHAPAS, como dos comentadores: da época do MESTRE, e posteriores.N. 48

Deixarei de comentar o fato que Revélations contém tão abundantes citações

dos Evangelhos que poderia parecer, Carolei, um tanto contraditório com o que de

Miomandre comentava sobre Chapas: que “não lia os Evangelhos, nem Péguy”. O

MEM recomenda ler e estudar o Evangelho e, bem possível é, Chapas

eventualmente tinha uma forma diferente de orientar a uns e a outros, bem como

tinha - eu sei disso por própria experiência – fases ou épocas, em que achava mais

oportuno, por tal ou qual material de trabalho em evidência.

Voltemos a Michel de Saint-Martin: alto, forte, enérgico; homem de mente

técnica, que correu o mundo todo em função da profissão. Mato Grosso ou Java são

igualmente familiares. Viveu e sofreu; amou e lutou, em modos que não é

necessário relatar. Foi temperado como todos fomos, ou havemos de sê-lo!

Envolto continuamente, na nuvem de fumaça, pois se vê que as virtudes do

fumo são, para ele, de indiscutível eficiência, o que Chapas, aliás, ensinava.

E. 596 – Sobre o próprio CHAPAS, achamos em Revélations (págs. 50, 60, 76)

formosos testemunhos dados por Michel de Saint-Martin; entre eles, na “segunda

visita”: “O Senhor Oliver (Chapas)) tinha-se calado. O silêncio que sucedia às

vibrações de sua voz grave, parecia-me cheio de murmúrios angélicos. Não ousava

mexer-me, sentia-me pequeno, pequenino, junto a este homem que parecia viver

N. 48 Na 5ª edição francesa do livro do Dr. Ph. ENCAUSSE, consta que Revélations teve uma primeira

edição em 1938 (Edições Psyche, 36, rue du Bac, em Paris), graças ao Sr. Heugel , “um amigo certo e seguro”, a cujo grande coração o Dr. Encausse presta sentida homenagem, bem como a A. Savoret, que prefaciara aquela primeira edição.

Em 1955, prefaciada com ardentes palavras do Dr. Encausse, saía a segunda edição – e dela citamos os excertos e páginas nesta obra – da qual temos o prazer de resumir o Índice. Os 22 capítulos são: O Encontro – Segunda Visita (do Autor a Chapas) – o Gênese – a Redenção – Caridade, Destino e Livre-arbítrio – As Doenças – A Santa Virgem – O Septenário – Perguntas e Respostas – Os Soldados do Céu – Meditações – Após o Natal ( profecias e Prece).

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tudo aquilo que dizia e cuja sinceridade não oferecia dúvida alguma. A tal respeito,

devo dizer que, nos anos que se seguiram e no decorrer dos quais tornei-me um de

seus íntimos, pude verificar que nunca faltou, nem um vez, a Caridade. Ele parecia

viver uma vida retirada de camponês, mas era, na realidade, de uma atividade

assombrosa, pois multiplicava-se, literalmente. Ajudava a todo mundo; todos tinham

recorrido a ele por uma cousa ou por outra, e até aqueles que falavam mal dele,

vinham pedir-lhe ajuda nos momentos difíceis. E ele, sempre amável, prestava o

serviço pedido e a miúdo mais ainda. Mais tarde, diz M. de Saint-Martin, foi-me

pedido assistir as preces feitas por ELE. Confesso-me incapaz de descrever tais

momentos, a emoção que nos oprimia a todos... só o fato se escrevê-lo me

transtorna...

“Mas, não quero começar aqui a história de suas boas ações, e de suas

incessantes atividade; volumes não bastariam. Quero me contentar com dizer que vi,

com meus olhos, pelo menos a um homem sobre esta Terra, que vivia em meio de

nós, pondo em ação, em todas as circunstâncias de sua vida, os preceitos que

foram dados, há dezenove séculos, por Nosso Senhor Jesus Cristo.”

E, mais adiante (O Gênese), prossegue: “Nunca, desde cinco ou seis anos que

Catarina tratava da casa e me servia, por ocasião das minhas estadas, nunca tinha

me falado do M. Olivier; por isso, qual não foi a minha surpresa, ao vê-la falar

familiarmente com ele ao introduzi-lo. Mas, onde essa minha surpresa atingiu ao

cumulo, foi quando fiquei sabendo que os meus caseiros o conheciam, e que ele já

tinha, por duas ou três vezes, dado ajuda a animais da chácara, uma ovelha que

tinha torcido a pata, uma vaca que não ia bem no momento de parir, e não sei mais

o que; e o meu feitor me confessou que, quando estava sem saber o que fazer, ia

procurar a Monsieur Oliver para pedir conselho.”

E, ainda, no Cap. “A Redenção” achamos esta “revelação” (após cordial

diálogo, em casa de Michel de St-Martin, entre Oliver (Chapas) e o carteiro, a quem

M. Oliver apertara familiarmente a mão, comentando, para fugir aos agradecimentos,

a temperatura de quatro abaixo de zero daquela manhã...): “Ao voltar – da porta –

pensava M. Oliver me diria porque aquele bom homem – o carteiro – tinha-me

manifestado semelhante gratidão, mas não disse palavra! Muito posteriormente, é

que fiquei sabendo que a mulher do carteiro quase tinha, em conseqüência de

terrível crise de albumina, morrido de parto, e que os médicos nem mais esperavam

salvar a criança. Quatro médicos tinha sido consultados e foram unânimes: a infeliz

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estava perdida. Quando ela esteve no momento de dar a luz, sua cunhada foi

procurar a M. Oliver, e, ele mandou buscar a parteira, e quando lhe perguntaram

também se era preciso avisar ao medico, respondeu sorrindo: “Como gostem, mas

não há pressa para lhe comunicar o nascimento e o feliz alumbramento do vosso

filho; tudo irá bem, a parteira bastará.” Depois, deu alguns conselhos para os

cuidados à parturiente e ao pequeno, e partiu dizendo: “Voltarei depois de amanhã,

para cumprimentar a mãe e saudar o recém-chegado...”

Cabe, ainda, lembrar que, a pág. 87 da 5ª Edição do livro do Dr. Ph. Encausse,

o autor ainda assinala que o MEM PHILIPPE não deixou ensinamentos escritos,

salvo para muitos raros privilegiados, entre os quais Jean CHAPAS, e isso, a titulo

absolutamente pessoal e confidencial. Das minhas entrevistas com Michel de Saint-

Martin – setembro de 1956 – desejo brindar-lhe , Carolei, duas jóias:

E. 581 – Os Poderes de CHAPAS abrangiram: os minerais, vegetais, animais,

gentes e circunstâncias. (Palavras de M. de Saint-Martin.)

E, agora, esta história:

H. 2 – As moedas de ouro, não contadas

“Certo dia, refere Michel de Saint-Martin, ia acompanhando a Chapas, quando, ao atravessarmos uma ponte de Lyon, aproximou-se um homem,que solicitou-lhe uma certa quantia, para um pagamento premente. Chapas meteu a mão no bolso do paletó, tirou de lá, sem as contar, uma moedas de outro, que pos na mão do pedinte. Mas, eu tive tempo de perceber que, cousa rara, o numero, de moedas dava a soma exata pedida. E não creio que fosse hábito, de Chapas, carregar moedas de ouro no bolso do paletó”

Terminemos, Carolei, com as palavras do Dr. Philippe ENCAUSSE, a pág. 220

da 5ª Ed. De seu livro:

“...As Revelações de Michel de Saint-Martin não são outras, efetivamente,

senão certos ensinamentos do MESTRE PHILIPPE, recolhidos e transmitidos

depois, diretamente ao autor, por esse outro discípulo amado do Mestre, o saudoso

Jean CHAPAS... Por motivos muito bem explicados na época da primeira edição –

há alguns lustros – os nomes dos interlocutores tinha sido modificados. Mas, hoje, é

permitido apontar que “M. Oliver” não é senão o próprio Chapas. Revélations não é,

pois, uma obra como outra, como tantas outras,; é um testemunho vivo, um canto de

amor e de alegria, um hino à Divina Luz, um meio – para aqueles que tem olhos de

ver em um coração para compreender – de comungar com o discípulo e com o

MESTRE...

“Quantos ensinamentos a tirar da leitura dessas páginas ardentes e de

apaixonante interesse! Quantos progressos suscetíveis de serem realizados por

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aqueles que, ao aproximar-se os graves acontecimentos que se preparam, e que

são anunciados pelos adeptos, terão compreendido todo o valor da mensagem

assim transmitida pelo “mais humilde de todos...”

F. 15 Jean CHAPAS

1863-1932

35, Rua de la Tête-d’Or... – Com. 47 – em 1885, o MEM fixou residência no

palacete da “Rua da Cabeça de Ouro”, n. 35! – Atualmente, está ocupado o prédio

pela clausura das Irmãs Franciscanas. As portas que o MEM usava foram fechadas.

O ingresso faz-se, agora, pelo n. 85 da rua Tronchet, onde funciona também um

dispensário mantido por essas religiosas.N. 49

Teremos oportunidade de ver, pelo formoso fato acontecido, por ocasião d e

uma visita de Michel de Saint-Martin e de Phaneg, a descrição da SALA DAS

SESSÕES, local no qual, durante a vinte anos, o MEM MESTRE daria provas DO

PODER VERBO DE DEUS!

Outro Discípulo Intimo: “MARC HAVEN” – O Dr. Emmanuel LALANDE –

Existem, sobre ele, tanto na obra do Dr. Encausse, como na já tantas vezes por mim

citada, “Marc Haven” – Biografias – que, não fosse o fato de não estar, ainda,

traduzida esta última obra, não teria sido necessário fazer o pálido resumo que

intentarei brindar, a seguir, sobre este notável Discípulo.

Com. 48 – “Emmanuel Marc Henry LALANDE nasceu em Nancy, em 24 de

dezembro de 1868... deve à data esse místico nome... Seu pai era, então, Censor

dos Estudos no Liceu de Nancy... embora a família LALANDE seja de outra região,

da Borgonha. Pelo lado materno os Labastie são da região chamada Dauphiné,

havendo entre eles Presidentes de Tribunal e Conselheiros, em Grenoble, e há

ilustres membros e alianças, nessa família... Emmanuel parecia muito com sua Mãe:

“pelo físico, pelos traços, um tanto desparelhos, o rosto magro, a tez morena;

N. 49 Da pág. 18 da 5ª Ed. Francesa

Fig 19

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intelectualmente, pela sua imaginação, seu gosto pelos versos, seu espírito, seu tipo

de humor, sua faculdade de apagar logo os ridículos... Lépido, ardente em tudo

quanto empreendia, mas cortês, prudente e discreto em seus dizeres, dizia-se do

temperamento do delfinês... Desde a infância tinha a estranha rapidez em adivinhar

o sentido de charadas ou de provérbios. Mais tarde, tais dons faziam-no sentir quase

intuitivamente, o que os outros pensavam; e, quando médico, serviram

grandemente, à penetração do seu diagnóstico e à sua autoridade sobre os

doentes... N. 50

“...O seu pai, Sr. Lalande, ao vigiar os estudos dos filhos, tanto quanto lhe

permitiam suas funções, fazia muita questão de desenvolver neles músculos e

pulmões. Isso concorda, mais do que poderia parecer, com o tão marcado

espiritualismo das crenças dele (pai); tinha sido também muito desportivo... e, em

todas as cidades em que morou, usava as tardes livres, das quintas-feiras e

domingos, às vezes o dia inteiro, para fazer com eles excursões a pé. Em Digne,

especialmente, em meio às montanhas, Emmanuel Lalande, com a idade de seis ou

sete anos, realizou reais proezas do alpinismo que tanto desenvolveu mais

tarde...(N. 50)

“Após estudos de Liceu (secundários), terminados em Sens, foi,

posteriormente, para Paris, em 1887, encantado por ficar livre, solto, e por levar a

vida de um estudante de medicina, num Bairro Latino no qual a existência era mais

alegre, mais livre e mais fácil que hoje... em 1888 instalou-se num apartamento com

seu irmão, que ensinava em Paris. Lá reuniram-se futuros médicos, jovens,

professores, candidatos a Escola Normal... (muitos dele, ilustres hoje, cujos nomes

constam do livro citado) e lá tratavam de temas relevantes... No café Vachette foi

onde Emmanuel teve um primeiro caso, pessoal, de paramnésia, percebendo com

toda clareza um fato que iria ocorrer logo, e que “já tinha vivido” antes... Logo,

lançou-se em busca do “oculto”... terreno no qual reservou-se, sempre, estrema

liberdade de juízo, introduzido em 1891 no Círculo ocultista da Rua de Trèvise (por

uma amigo de Sens, o Sr. Lefort) conheceu lá, primeiro, a L. Chamuel, mais velho

que ele dois anos, e fundador da “Livraria do Maravilhoso”, à qual o Circulo estava

N. 50 Excertos, unidos em resumo, das quarenta primeiras páginas, de autoria do Sr. André LALANDE,

Membro do Instituto, na primeira parte da “Marc Haven”, e apresentados nessas nossas páginas, no “Comentário 48”. Evidentemente, no longo texto original, muitíssimos aspectos, desde os familiares, até os culturais e filosóficos, em torno do Dr. Emmanuel, LALANDE, têm um relevo, interesse e riqueza – naturais na pena de um Membro do Instituto – que se não podem refletir nos apontamentos resumidos já citados.

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anexado; e, por seu intermédio, a PAPUS (o Dr. Gerard ENCAUSSE) que, também

ele, fazia então estudos de medicina.

“Papus já era, porém, autor do Sepher Jesirah, do Taro dos Boêmios, do

Tratado Elementar de Ciência Oculta, de muitos artigos nas revistas L’INITIATION e

Véu de Ísis, das quais fora o fundador. Não obstante sua pouca idade – tinha

apenas vinte e cinco anos – Papus gozava nesse grupo de grande autoridade e

comunicava-lhe ativo impulso. É por seu intermédio que Marc Haven foi imposto em

relação com Stanislas de Guaita, um dos mestres do ocultismo, de mais fama na

época, que o acolheu com simpatia e consideração; mas tarde, com Dr. PHILIPPE,

de Lyon, que devia desempenhar tão grande papel na sua existência.(N. 50)

“...publicou em 1892 seu primeiro volume de poesia: Turris Ebúrnea, cujas

cinco partes simbólicas sobem: da vida banal ao triunfo do ocultismo, místico, mas

operante: “Saber, ousar, querer, calar.” Por isso, o último poema se reduz a um

titulo, “A Esfinge”, seguindo por duas linhas de pontos...(N. 50)

“Estudou Homeopatia.... foi recebido como Externo dos Hospitais com ótima

classificação... doutorou-se em 1896... e, em lugar da brochura de poucas páginas

com a qual muitos se livram da “tese”, o Dr. Lalande apresentou à sua banca

examinadora um volume de 192 páginas sobre um médico e alquimista de Idade

Media: Arnaud de Villeneuve, que o atraíra pelo duplo caráter: de inovador –

orientado para as nossas descobertas recentes, e de ocultista herdeiro de longa

tradição. Recebeu, por essa Tese, uma das medalhas de prata que a Faculdade

outorga, cada ano, aos melhores...(N. 50)

“Logo depois de formado, Emmanuel Lalande não clinicou imediatamente.

Participou primeiro de uma tentativa de fundar-se uma espécie de falanstério

(monastério), no qual uma parte do dia estivesse dedicada ao trabalho manual, o

resto à meditação, à arte, às pesquisas teóricas e experiências sobre as ciências

ocultas... fracassada a tentativa, esteve em diferentes lugares, experimentando

cidadezinhas: se lhe agradavam para a clinica e para lá viver... seus parentes

aconselhavam-lhe vivamente Grenoble, onde as relações, dele e dos seus,

assegurar-lhe-iam brilhante porvir... mais do que tudo, seu horror a ser controlado o

fez negar-se... mas foi fixar-se em Lyon, a conselho de Papus, que desejava

proporcionar um auxiliar, provido de formação medica, legalmente documentada,

àquele homem extraordinário, dotado de influencia realmente milagrosa, chamado

PHILIPPE. (N. 50)

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“Emmanuel Lalande, posto em contacto com Ele, apegou-se quase

imediatamente, a essa poderosa personalidade, com uma admiração e uma simpatia

como ainda não sentira para com ninguém... É em memória Dele, e para ajudar a

serem compreendidos por comparação, que o Dr., Lalande escreveu mais tarde

“Cagliostro, o Mestre Desconhecido.”... (N. 50)

“Chegando a Lyon, o jovem médico achava-se, pois, no meio mais simpático e

melhor disposto a acolhê-lo. Foi morar na Rua Tronchet, bairro de Brotteaux,

pertinho da Rua de la Tête-d’Or, onde M. PHILIPPE tinha sua casa, amplamente

aberta a todos os que necessitavam Dele, e cuja multidão heterogênea enchia, às

vezes, o pátio ou a sala grande, nas horas de afluência. Era comovente espetáculo,

vê-Lo ir de um a outro, confortando-os ou morigerando-os, endireitando as almas ao

mesmo tempo em que curava os corpos...” (N. 50)

“Com. 49 – Assim, Carolei, compreende-se melhor a atração, destas duas

almas, por assim dizer: a do Discípulo: poeta, filósofo – e a da Via do Silêncio, que

veremos nele florescer ainda mais, na idade madura: não podemos falar em velhice,

já que faleceu com 58 anos; a desse artista que foi, acima de tudo, este médico,

sagaz em todos os aspectos, profundamente singelos e até um pouco boêmios –

que às vezes chocavam aos burgueses e magistrados do ambiente regional,

segundo a B. M. H. afirma – o ideal ao qual, ele mesmo, Marc Haven, aspirava.

O MEM PHILIPPE, por sua vez, via, nesse Discípulo que, com tanto amor,

dava curso legal, com sua assinatura de médico, às receitas para os que precisavam

de remédios materiais (este aspecto havemos de ver muito adiante, Carolei!), um

colaborador, cuja entrega foi das que defini, páginas atrás: de uma vez para sempre!

– Assim, o Dr. Lalande, além de sua clientela pessoal, e do posto no Hospital St, Luc

– que lhe davam base matérias de existência – teve tempo e oportunidade para

concentrar sua atenção e vida à família PHILIPPE, da qual, como sabemos, passou

a ser parte, ao desposar, com 29 anos de idade, a filha do MEM, o “Anjo

VICTOIRE”, que tinha então 19, ou seja: dez anos menos que Marc Haven. Sobre

esse casamento voltarei, ao falar da segunda esposa.

Mais tarde, veremos que Marc Haven foi um dos raros Discípulos aos quais o

MEM confiava os segredos de seus remédios alquímicos...

Com. 50 – Iremos ver, agora, Carolei, outro aspecto de Marc Haven. E, antes

que Você se admire – eventualmente – da extensão que dou aos comentários sobre

este discípulo, possivelmente, convenha declarar as razões de tal. Em primeiro

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lugar: será uma alma “qualquer”, a que podia merecer a Graça de tornar-se: genro

do MEM, esposo de Victoire, colaborador e – em certo aspecto – parcial protetor do

MEM: e ainda, um seu colaborador diário, durante os quase dez anos mais intensos

e múltiplos de ação do MEM, acompanhando-O até na Corte da Rússia?

Em segundo lugar: há muitas pessoas, Carolei, que não compreendem bem

que: para ser um Discípulo Intimo e, ainda, um sucessor – mesmo que parcial, seja

no labor de expor os ensinamentos, ou de aplicá-los: do assistencial ao social, ou do

filosófico ao hermético, etc. – é preciso ser: antes, durante e depois do encontro com

o Mestre, um ser que sabe o que quer e o prova em atos. É possível que sobre isto

seja útil meditar, para tanto “João-ninguém”, como dizemos aqui, que não parece

entender porque não se lhes confia certos conhecimentos, chaves ou atribuições.

Não seria, primeiro, necessário, serem “de confiar”? Acha, Carolei?... Sim! Ótimo,

assim não mais precisarei voltar sobre este assunto, que tão evidente há de surgir,

tanto nos ensinamentos, como nas historias, que se seguirão.

Deixarei de lado os comentários, tão acertados e belos, que Jules LEGRAS –

Professor na Sorbonne – fez, na B.M.H., sobre a já citada Tese: A Vida e as obras

de mestre Arnaud de Villeneuve, e os, ainda mais profundos, sobre Cagliostro, o

Mestre Desconhecido, Estudo histórico e critico sobre a alta magia, já que com

relação a este último, hei de voltar nos Ensinamentos do MEM.

Na 4ª parte de Marc Haven, nas cinco breves, mas substanciosas páginas

escritas pelo Dr. J. DURAND, há muito para colher e, mais ainda, para meditar ou

averiguar..., pois começa por ressaltar que o mais interessante dos movimentos

secretos, constituídos em França, nos últimos anos antes do fim do século

precedente, não teve ainda historiador. E que, tal movimento, fundada por uma

inteligência, tão rara quanto poderosa, desagregou-se logo que seu chefe espiritual

ligou-se a outras realizações.

Refere-se, ainda, a Emmanuel Lalande, que, após ter estudado os grandes

místicos, dedicou-se ao “método de extensão por degraus, posto em obra no correr

dos séculos por todos os grandes os grandes espíritos que quiseram,

apaixonadamente, o desenvolvimento psíquico da humanidade”. E que, para tal fim,

o jovem Emmanuel, reuniu, em torno a si, seus primeiros Discípulos, jovens

inteligências aptas a fazerem toda espécie de pesquisas, e “que passavam

comodamente do trabalho coletivo à reflexão pessoal, do estudo dos velhos textos

aos ensaios mágicos, “do laboratório ao oratório”. E que, assim, constituiu-se “uma

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espécie de ordem terceira”, cujos membros tinham em comum, apenas, a obsessão,

das verdades essenciais “...N. 51

Comenta o Dr. Durand, que parece muito bem informado, o exame criterioso

que levou a curiosa confraria transcendentalista a não ligar-se ou aproximar-se das

seitas: rosa-crucianas, gnósticas, ou teosóficas. E que, com o Martinismo, cordiais

relações, sem serem uma aliança contratual, foram estabelecidas. Examinada a

Maçonaria, e afastada toda possibilidade de interesse pelos ritos: ou do Grande

Oriente – carente de todo estudo simbólico e metafísico -, ou do Escocismo, embora

tradicional e respeitado, pela orientação conservada nas Grandes Lojas; ou do

escassamente desenvolvido Rito de Memphis; ficou evidenciado que, somente a

Ordem Oriental de Misraim, pouco conhecida dos profanos, apresentava-se como

depositária de alta tradição iniciática... de lá, foi onde Marc Haven e seus

companheiros foram levar a verdadeira luz, que suas pesquisas lhes tinham

permitido desvendar...

Com. 51 – Em 1893, já Marc Haven tinha sido convidado, por Papus, e

Stanislas de Guaita, a ingressar entre os Doutores em Kabbala, da Ordem K, da

Rosa-Cruz, comenta L. CHAMUEL: “Marc Haven, já kabbalista eminente, quis

prestar exame, por modéstia e por deferência para com os chefes da Ordem. Tal

exame solene teve lugar no andar térreo da Avenue Trudaine, que os raros

sobreviventes dos amigos de Guaita lembram com emoçãoN. 52. Os examinadores

acima citados, revestidos de túnicas vermelhas, cobertos com o pschent branco das

iniciações martinistas, sentavam-se na célebre biblioteca revestida de vermelho,

enquanto o introdutor – o único que ainda possa contar o fato – e o candidato (nunca

mais de um) permaneciam no outro cômodo, em impressionante escuridão, pois a

porta de comunicação, aberta, ficou velada com leve cortina vermelha durante o

exame todo: Marc Haven falou, brilhantemente, o esoterismo da missa, e das

analogias dos arcanos, menores do Tarot, com os objetos do culto católico: cálice,

hóstia, casula, báculo...

Aliás, Carolei, bastaria estudar o que Marc Haven publicava, já em 1893-1894,

sobre a Magie d’Arbatel e a forma com a qual o fez, em 38 páginas e um quadro

N. 51 Do citado trabalho do Dr. J. Durand, págs. 57 a 60. B.M.H. E, Carolei, Você “acha“ interessante

meditar o que ficou grifado?... e... já sabe que a quase totalidade dos fracassos, ou das estagnações no caminhão, provém da falta dessa aspiração-obsessiva?

N. 52 Pág. 65 e, possivelmente, Carolei, lhe agrade saber que, nesse local, mais de uma vez estive, na minha juventude, levado pelo meu Pai e Mestre, CEDAIOR...

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sinótico, para perceber a sagacidade, e a seriedade de orientação e conhecimento

daquele que, ainda ia se tornar o muito modesto e dedicado Discípulo do MEM

PHILIPPE,N. 53, e de quem iremos, agora, perceber certos aspectos, ao ver desfilar a

vida curiosa de sua segunda esposa...

F. 16 Marc Haven no Terraço da Casa do Clos Landar. (Do livro “Marc Haven)

Uma grande mística: a Intima MARIE E. LALANDE. – Com. 52 – Há seres,

Carolei, cujas vidas trazem logo estranha marca: a do preço que haverão de pagar,

para merecerem certas realizações. Freqüentemente, a incompreensão de familiares

ou da posteridade, faz parte desse preço! Por isso espero, Carolei, que Você

perceba, pela própria leitura e meditação do que irá seguir, as minhas razões de ser,

também extenso ao procurar traçar a vida de MARIE (pois vou fazer como Bertha, e

pedir licença ao MEM, para tratá-la pelo nome com que Ele a chamava...).

Ela mesma, falando de si na terceira pessoa, numa liberdade interior admirável,

escreveu 36 páginas que, formam a sexta parte de Marc Haven, e nas quais, sob o

titulo de “Segundo casamento e últimos anos”, Marie descreve, com reservas de

mulher de grande coração, emoções de amante, e profundidades de pensadora

digna de afeto do MEM, e seu esposo, lhe prodigalizavam, a progressiva

aproximação das existências dela e do Dr. Lalande.

Nascida em 1878, na Rússia, na família Chestakoff, desposou, com 17 anos

(1895) ao Sr, MARSHALL, cidadão inglês, então diretor de uma usina de máquinas

agrícolas, na Rússia. – Já na infância, Marie tivera estranhas vivencias: com quatro

anos de idade, em vésperas de perigosa escarlatina, viu descer junto de si a um Ser

cuja harmoniosa presença a confortou, antes de desaparecer; aos onze, acordou um

dia sentada na cama, pois acabara de “ouvir a voz de Deus” que a chamava e

percebeu que ser-lhe-ia, doravante, impossível viver sem que o pensar Nele

estivesse sempre presente... dois anos após o casamento, forte depressão seguiu-

N. 53 “L’INITIATION”, 1893-94, Biblioteca do Retiro, pág. 12 á 50.

Fig 20

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http://amopax.org 101

se a uma época de provações e doença. Nem rezar podia mais. Então resolveu ir

buscar a Deus, atingi-lo (os grifos que uso, são os dela), para não naufragar.

Concentrada nisso, sentiu pouco após um choque e resistência, mais rígidos que se

fossem materiais. Dias após, os médicos a deram por perdida. Ela pediu então ao

Céu que lhe concedesse dois anos (este grifo é meu!) para fazer cousa melhor do

que a vida que levava, pensando que, se no fim do prazo, não chegasse a nada

essencial, deixaria a Terra sem saudade!

Obteve então, da família, que afastassem aos médicos. E, a contar desse dia,

começou a se recuperar, lenta, mas firmemente. Um ano após – 1898 –

acompanhando o marido à Inglaterra, ela parou em Lyon, para encontrar-se com a

mãe que lá chegara. Desde o dia daquele pedido, ela vira freqüentemente o Bom

Pastor, inclinado para ela, com suave olhar, mostrando-lhe, com a destra, o

cordeirinho branco aconchegado no braço esquerdo Dele, indicando assim: que se

despreocupasse como futuro. Poucos dias antes de chegar a Lyon, viu em sonho ao

Dr. Papus (em casa do qual sua mãe combinara ir passar umas semanas com ela) e

ao MESTRE PHILIPEE. Viu-os caminhando juntos conversando (Outro grifo meu,

Carolei... lembra-se de Upasika?...) Ela olhou especialmente para o MEM, mas

reconheceu nitidamente a ambos, posteriormente.

De tudo quanto cito, dela, Carolei, gostaria de ressaltar isto:

“Só aqueles que o ressentiram, sabem o que pode ser um leit-motir de toda

uma existência, como seu fundo nunca varia, que esforços constantes são

realizados pelo espírito, para chegar até a consciência, assim como o trabalho, não

menor, que realiza o cérebro, para se adaptar e poder traduzir, cá embaixo, as

cousas do além. O salmista bem o definiu com estas palavras: “porque me devora o

zelo da tua casa” N. 54. Esse fundo do pensamento, constantemente preocupado pela

razão das cousas, foi também uma similitude de disposições que, mais tarde,

aproximou num bater de asas, o Dr. Lalande e Marie (Mme. Marshall).

“No fim do verão de 1898, Marie assistiu algumas sessões da Rua da Cabeça

de Ouro, onde, já antes de conhecer ao MEM, lhe indicaram o Dr. Lalande, em pé

contra um dos lados da porta, e a Chapas do outro lado. O Doutor Lalande

N. 54 Na B.M.H., este Salmo está indicado como LXIX, 10. Entretanto, Carolei, não deverá se admirar se às vezes o achar com o número de Salmo 68 (de Davi), pois que isso provém da divergência entra os textos: grego e o da Vulgata, com relação ao hebreu (Veja pág. 36 do notável Saltério organizado pelo progressista exegeta Mons. Dr. João STRAUBINGER. Exemplar oferecido pelo Presb. A. Améndola dei Tebaldi, O.S.B.)

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raramente vinha, ocupado pelo seu consultório. Indisposta nesse dia, Marie quis

sair, mas nesse momento, tendo Chapas aberto a porta, entrou o MEM PHILIPPE,

empurrado por gente que vinha atrás dele. Marie também premida por outras

pessoas, achou-se apertada contra o MESTRE, ficando ambos assim, instantes,

sem poderem movimentar-se. Ele tinha os olhos baixos, mas emanava Dele tal

irradiação de todo o Seu Ser, que ela soube logo: Tudo estava aí. Tudo, a quanto

ela aspirara, o que procurava com todas as fibras de sua alma. Era a paz profunda,

e o refugio, houvesse o que houvesse.”

Com. 53 – Esse último grifo é dela, Carolei, bem como todas as citações desse

grito de amor de Marie: a Deus, à Vida e ao Mestre!

Ela, ainda, quem nos dirá, Carolei, cousas preciosas para nos ajudar a reviver

o que foram aqueles anos de encantamento, junto ao MEM...

E. 587 – “Durante a sessão, M. PHILIPPE falou-lhe; seu olhar era inesquecível

de Bondade e de Certeza. É impossível descrever tudo quanto se podia sentir na

Sua presença: uma bondade infinita vos penetrava e a gente achava-se novamente

na fonte de todas as cousas. Nem todos o que eu Dele se aproximavam,

experimentavam a mesma impressão: havia até uns, aos quais Ele inspirava grande

temor, a ponto de nem poderem Lhe dirigir a palavra; e outros, que não podia

agüentar o seu olhar.

Anos mais tarde, quando falava-se nisso, no decorrer de uma visita da família

Philippe aos Marshall, em SathonayN. 55, havia francos comentários, na Sua

presença. Então, virando-se para Mme. Marshall, o MEM perguntou-lhe se também

ela O temia. Marie tomou logo um banquinho para sentar-se a Seus pés, pois isso

era no parque, e: “Não, respondeu, porque seria injusto demais”. O seu coração

fervia de indignação e de revolta... e a palestra mudou de tema... – Carolei, Carolei,

como queima, aos frios, o fogo do amor dos ardentes; e como dói, aos ardentes, o

gelo, que tudo paralisa, dos indiferentes!... e dos temerosos!...

“...em outras visitas iguais, enquanto outros conversavam ou jogavam croquet,

ela ficava retida junto ao MESTRE. Na mesa, quando a palestra não era geral, era o

M. PHILIPPE quem falava, e às vezes levantando-se do seu lugar, e parecendo

esquecer, na sua vivacidade, o lugar em que se encontrava. O Doutor Lalande

ouvia, sorridente...”

N. 55 “Sathornay”: vilazinha do l’Ain, arredores de Lyon.

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Ela e seu marido, Sr. Marshall, passaram o inverno 1900-1901 no hotel, em

Lyon, onde o MESTRE, e as senhoras Philippe e Lalande, a vinham visitar.

VICTOIRE LALANDE, que não tinha filho, interessava-se pelo de Marie (Philippe

Marshall), que tinha então só alguns meses. Um pedido de Mme. Marshall ao MEM

bastou para obter que o lar dela ficasse em Sathonay, e , como M. Marshall achou

ocupação em Lyon, Marie teve facilidade para ir com freqüência a Lyon, assim como

entrou na intimidade do Lar do MESTRE, na Tête-d’Or, após as sessões, e nos

domingos e feriados. Ficou, assim, conhecendo mais ao Dr. Lalande e, embora ele

fosse muito reservado, sem se conhecerem mais, ambos estavam convictos de que

um e outro colocavam o M. PHILIPPE no ápice de seu coração. Marie também via

ao MEM, em casa dela ou na Dele, e no Seu Laboratório. Certa amizade

estabelecia-se, também entre o Sr. Marshall, dono de um carro Berliet, e o Dr.

Lalande, que guiava a Serpollet que os Grã-duques da Rússia haviam oferecido ao

MEM.

Certa vez que, a pedido de Marie, o Dr. Lalande queria ir visitá-la e solicitava o

acordo do MESTRE, este respondeu-lhe: “Mas meu “Dac” (assim chamava a Marc

Haven na intimidade: é o nome de cachorro fiel) quando se trata de ir lá, não

precisas me pedir, lá irei todos os domingos, se quiseres.”

Com. 54 – Você “não acha” , Carolei, que o MEM tem muito especial afeição

por Marie? Será pela sua ardente aspiração de mística? Será porque Ele já procurou

aproximar aos que, poucos anos após, devem unir-se? Será pelo filho de Marie:

Philippe MARSHALL? ...ou tudo isso são só aparências, aspectos do Labor do

MESTRE? Se você acha, Carolei, felicitações!... – Continuemos junto a Marie e M.

Haven.

O Dr. Lalande contava, mais tarde, a Marie que, embora tomando o trem de

manhã e à tarde com Ele, para ir de l’ Arbresle a Lyon, sucedia não trocar uma só

palavra com M. PHILIPPE em oito dias! – Que comunhão, Carolei, de seres

profundos e que respeito – mútuo – pela vida interior!

Muitos outros ensinamentos, Carolei, receberemos pela meditação de Marie

Marshall. Não esqueçamos que foi para ela que o MEM mandou às rolas mudarem o

pouso... – “Ele dissera a Marie, um dia, que Lhe escrevesse “como a uma amiga”. –

“Não tenho amiga”, foi à imediata resposta. O MESTRE sabia que ela guardava tudo

dentro de si mesma. Ele insistiu e indicou-lhe uma forma especial de escrever seus

envelopes. (Estes, Carolei, eram os que só o MESTRE abria, não os auxiliares...)

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Marie, contudo, pensava que Ele não os abria, porque não precisava abri-los para

lê-los. E o único ser que tornou-se, para ela, um amigo, foi – posteriormente – o Dr.

Lalande...” (B.M.H. pág. 84)

E. 589 – Ela mandava ao MEM PHILIPPE, sob forma de notas ou de cadernos,

tudo quanto ela via, sonhava ou compreendia, porque Ele lhe dissera que lhe

devolveria tudo isso anotado, e ela entendeu que isso significava que Ele a guiaria

no caminho. “Toda essa vida, ela a trouxe, mais tarde, ao Doutor.”

Com. 55 – Não lhe parece, Carolei, estar novamente nos tempos Essênios, em

que cada devoto ou discípulo transmitia, à Superioridade, os apontamentos diários

de sua Vida Interior; não lembra as anotações místicas e psíquicas que, com

desenhos das visões, lhe brindam, a Você, Carolei, através destas páginas, os que,

como Sarah, e muitos outros, enriquecem a sua alma, com a deles!...N. 56

O Doutor Lalande referiu, mais tarde, a Marie, que: à noite, no Terraço, e antes

que sua esposa Victoire fosse enterrada, O MEM tinha-lhe dito que tornaria a casar

e que isso, na ocasião o penalizou e até chocou um pouco. Foi então que Marie

lembrou e compreendeu o gesto de hesitação – pela presença de estranhos – que o

MEM tivera quanto quis lhe dizer alguma cousa, junto ao leito da filha morta.

E a atitude imóvel, gélida e impassível de Marc Haven no enterro, era bem

mais pungente de ver, do que o seria qualquer manifestação externa de dor. Marie

pensou tê-lo recebido em sua alma desde aquele dia!...

......................................................................................................................................

Silenciemos, agora, Carolei, os dias que Marie evocará para nós, em que veio

a Partida do MESTRE!...

Mme. Marshall teve, pouco após essa partida, a filha – a que o MESTRE tinha

prometido ao Senhor Marshall, certa vez que este viera visitar Victoire, doente, e

buscara remédios para ela. A Senhora Philippe aceitou ser madrinha dessa menina:

VICTOIRE MARSHALL.

N. 56 E, Carolei, não creia que estamos sozinhos, ou mal acompanhados, nessa senda mística. Sem

recorrer a fontes misteriosas, ou longínquas, veja o que o “Diário de Noticias”, recentemente, publicava sob o titulo de: “Renunciaram ao Mundo os MONGES DO SILENCIO”: ...E, após lembra e a historia dos Beneditinos, dos Cistercienses reformados (tornaremos a falar deles, a propósito do Papa Legítimo, Carolei...) e sua exortação “O PRAZER DE MORRER SEM PENA, BEM VALE A PENA DE VIVER SEM PRAZERES”, e de descrever a vida dos “Trapistas”, aponta que: “...A única concessão a vida cultural é o “diário”, que o trapista (e há conventos femininos) escreve todos os dias e cujo conteúdo é segredo – Quem não respeita essa lei, fica isolado na sua cela durante um longo período; em seguida, a sua comida não é mais abençoada e os irmãos não o saúdam ao encontrá-lo “- Carolei, quem come alimento não abençoado é “profano”, ou, profanador: esquecido de Deus, por esquecê-Lo. – E, quem não mais saudado é, com o “Lembra-te, Irmão, é preciso morrer”, é porque não mais está vivendo como QUEM PENSA na morte, ou, para ser mais claro: NA OUTRA VIDA... que os DIÁRIOS contém...

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Algum tempo após, Marie teve que atender a cartas do Dr. Lalande, que –

comunicando ter achado, entre os papeis do Mestre, os cadernos dela – pedia-lhe

também conselhos e preces, e indagava quando poderia ser recebido. – Querendo,

também, poupar prevenir eventuais preocupações materiais à família Philippe, Marie

obteve do marido acordo para irem morar, todos juntos, em l’ Arbresle, o que

permitiu ao Dr. Lalande cuidar do Sr. Marshall, cuja saúda tornara-se delicada.

Uma fórmula de locação-venda do imóvel foi combinada, e os Marshall fizeram

então construir no Clos Landar uma segunda casa residencial. As Senhoras Philippe

(viúva) e Landar (mãe) achavam a antiga muito grande para elas. Ergueu-se pois a

nova, menor, religando-a ao Laboratório no qual o MEM passara tantas noites! A

mudança foi em novembro de 1906. Em maio, a segunda filha do casal Marshall,

MARIE, nascia na antiga casa do Clos Landar, na qual ainda mora hoje.

No inverno de 1907, TCHAI, o belo galgo, do qual Victoire cuidava como a uma

criança, e que nunca suportara as ausências do MESTRE, adoeceu e o Doutor

comunicou: “Esta noite morreu em meus braços, o amigo dos nossos queridos entes

idos”...

Assim, muitas ocupações, preocupações, lembranças, tristezas e aspirações,

iam ligando cada vez mais as duas almas.

Foi nesse mesmo ano que o Marc Haven tornou a interessar-se pela esgrima, e

pelo judô, do qual fez profundo estudo.N. 57

Uma viajem á Suíça, da senhora Marshall, em 1909, para pôr o filho numa

Escola Nova de Lausanne, motivou que ela, no verão passado em l’ Arbresle,

preparasse a família toda para ir morar na vila que alugaram perto de Lausanne. O

Dr. Lalande, que mandava versos e poemas para lá, teve que ir á Suíça para, logo

após a morte de Berthe Mathonet, evitar que o prédio do Laboratório de Lyon, que

fora do MEM, caísse em mãos indiferentes ou hostis. Numa das viajem que fez,

Marie pediu ao Sr. Marshal que, sendo seu filho Philippe menor ainda, o Dr. Lalande

o substituísse como executor testamentário, com o que o Sr. Marshall, já doente do

diabete que o vitimou dois anos após, consentiu, antes de viajar, para a Itália.

Liquidaram, assim, o laboratório da Rue du Boeuf, como antes já Marie fizera, junto

com Berthe, em relação ao da Rua Colbert.

N. 57 Assim como nem todo Hatha-Iogue sobe até a etapa espiritual, mas todo Liberado conhece o

manejo ioguístico do corpo; assim também, nem todo lutador de jiu-jitsu chega à etapa filosófica nem... além; mas, todo praticante do Zen conhece, estuda e medita o judô. O sagaz M. Haven achara o rasto.

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Após viagens diversas, nas quais as famílias se encontravam, além de se

reunirem sempre no verão em l’ Arbresle, na primavera de 1912 morreu, ali, a Sra.

Landar e, no verão, a Sra. Marshall enviuvou, recebendo a nacionalidade francesa

por ocasião da sucessão.

Pouco após, o casamento de Marc Haven e Marie ficou resolvido. Devido à

paixão do Dr. Lalande pelo mar, e a sua necessidade de ar e sol, compraram na

Côte d’Azul – em Saint-Máxime -, um ninho que, com o nome de Tzour (rocha, base,

apoio) os recebeu, logo após seu casamento em 1º de março de 1913, mas,

infelizmente a doença, a guerra, a parcial ruína material, não lhes permitiu desfrutar

por muito tempo desse recanto, no qual o tempo dividia-se nos alegres passeios no

seu barquinho “Simorg” (o pássaro simbólico)m e nos longos trabalhos sobre o texto

do Zohar. Mais tarde foram para Nice, cidade na qual o Dr. Lalande também foi

comissionado, na guerra, lá treinando como radiologista, essa ciência nova

profetizada, anos antes, pelo MESTRE.

Após a guerra, a saúde de Doutor obrigava-o a numerosas ausências mas,

assim mesmo, ele, que já dominava, o hebraico, ainda aprendeu o chinês para

traduzir o Tao-te King , com o fim de estabelecer uma aproximação entre Lao-Tseu e

outros místicos, antigos e modernos, e tinha que permanecer às vezes em paris,

onde Marie ia unir-se a ele, quando excessivamente preocupada. Lá fechou-lhe os

olhos, em 31 de agosto de 1926 e levou-a para ser sepultado em Loyasse, pois ele

sempre desejara repousar perto do MESTRE... na noite após o falecimento, Marie

viu-se em sonho, de carro (tipo vitória) com o M. PHILIPPE, e o “Dac” Dele veio até

lá, como flutuando... só o busto; esgueirou-se entre ambos e disse com voz ainda

dorida, mas tão feliz: “Estou contente por vir convosco”...

Com. 56 – Viu, Carolei, que destino complexo e profundo, o de Marc Haven? –

Após aquele primeiro casamento, com um “Anjo”, que o ajudou a manter-se, assim,

mais freado, em maior esforço de pureza, por assim dizer, durante todo o tempo em

que teve de se preparar e de servir, junto ao MEM, veio para ele – preparada pelo

próprio amor do MESTRE – a etapa livre, ampla, de realização pessoal, com uma

mulher e amiga, do mesmo tipo e aspiração, como veremos no:

E. 590 – M. PHILIPPE disse um dia a Marc Haven, falando dele e de Marie, e

aludindo as marcas que ambos tinham na raiz dos cabelos, na nuca, que eram da

mesma “família espiritual”. – O que somente Marc Haven, estudando os

ensinamentos que veremos adiante, entendeu realmente.

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Com. 57 – Aliás, Carolei, temos que fechar este estudo sobre o tão

interessante casal d Discípulos Marc-Marie, com algumas palavras de um de outro,

que nos mostrem o que eles eram e viviam, como místicos. – Dizia Marie:

“Para viver perto do M. PHILIPPE, era preciso ter trazido consigo uma procura

e um desejo sem limites das realidades que o rodeavam, ou então um parcela

dessas mesmas verdades, ocultas bem no fundo da própria alma. Só o amor pode

conciliar a enormidade de uma presença espiritual com a pequenez dos

acontecimentos. O Amor ou o Espírito.” (Grifei para Você, Carolei...)

E, ainda, no diz Marie: “O Dr. Marc Haven não tinha sido atraído para junto do

seu MESTRE, pela esperança de herdar Dele, alguns poderes, nem pela

curiosidade de ver cousas excepcionais. Esse “sonhador de eternidade” sofria sem

um minuto de trégua, “dentro do tempo”, obsedado pela procura das verdades

eternas. Apesar de tudo quanto aprendera, ele desesperava de achar um remédio

para o seu vácuo interior, quando um grupo de Paris o enviou, a ele, o mais cético, o

mais fino, o mais difícil de enganar, para ver a esse Homem de Lyon. O Dr. Marc

Haven voltou após certo tempo, mas para dizer que retornava a Lyon, onde contava

estabelecer-se. Ele tinha visto o “bruxo”, o “homem de traços grosseiros”, o “antigo

ajudante de açougueiro” – e outras tantas lendas em muitos aspectos – e aquele

homem o tinha recebido simplesmente, tal como ele era. Quando o Doutor Lalande

achou-se em Sua presença, sentiu-se repentinamente liberado dos seus sofrimentos

morais, vislumbrou em termo para suas próprias dúvidas, e a possibilidade de uma

ascensão sem fim. Uma segurança e certeza desconhecidas o invadiram e

ressentiu, por essas mesmas presenças, a realidade da preponderância absoluta do

Espírito sobre a matéria.

“Através do seu MESTRE, ele tocava por fim na realização total. Os

engrimanços complicados ficavam longe, enquanto uma Bondade sobre-humana

tudo concedia e, ante esse milagre interior, o Dr, Lalande inclinou-se. O encontro

com M. PHLIPPE acentuou nele a passagem da via iniciática para o coração, ou

seja: A via mística no real sentido da palavra. Nunca se pode ser místico ou

contemplativo demais, porque “a língua de fogo sutil, entrando neles e saindo deles,

é o que unifica ao Mestre com realidade, já que ela (a língua de fogo) tem a

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qualidade de ser com Ela (realidade). Seu coração está com o Mestre, a quem não

deixa, e ele (fogo) é o signo da Unidade pura, que é a meta do ideal.”N. 58

Quanto a palavras de Marc Haven, sobre o MEM PHLIPPE, já vimos suas

frases a Dr. Philippe Encausse, no primeiro volume (pág. 48 e segs.), além de sua

obra Cagliostro..., já citada, e dos anos de fiel entrega!

Só lamento, Carolei, não poder citar mais alguma cousa, dos notáveis

trabalhos de unificação dos ensinamentos do Oriente-Ocidente, que Marc Haven fez,

os quais, na B.M.H. comentam (pág. 107), que um seu Discípulo “Daniel Nazir” irá

divulgar nem volume a ser publicado sob o nome de “Cui lúmen ei et amor”; ou

citado os excertos apresentados a pág. 142, precedidos de palavras de outro seu

Discípulo: Paul SERVANT. São ensaios que se seguem: O Homem das alturas e os

Homens da Torrente – O Corpo, o Coração do Homem e o Espírito – Provas pelos

fatos – Provas pelos Textos. As tais páginas seguem-se seis de palavras colhidas

“por mim mesmo – diz M. Haven – dos lábios de M PHILIPPE e anotadas quase

imediatamente”.

Achá-la-emos, em cada tema correspondente, como Ensinamentos (de

numeração 521 a 537, inclusive).

* * *

O herdeiro Direto: Philippe MARSHALL. – Com. 58 – Bem, Carolei, agora

podemos terminar a nossa peregrinação na Casa do Clos Landar. São menos de

oito horas da manhã. – Chamarei, agitando a campainha do portãozinho da

Alameda, no canto do Terraço. Não virá a mística Marie nos receber, fisicamente...

em 27 de dezembro de 1952 foi para o outro lado do Véu, junto ao “Dac”... mas vem

uma ajudante de família. Olha este monge cinzento, que vem do Brasil. Vai

consultar, lá dentro. Enquanto isso, colhemos umas folhas da entrada, para os

queridos íntimos de além-mar... – Estou já na salinha. Durante a pequena espera, a

gata da casa vem também inspecionar. Tem nome curioso “La Souris” (A

Camondonga). – Fica fotografada, também... – A Sra. Marie DOSNE (Marie

Marshall, em solteira) vem falar... que fácil é o interior contacto com esta pessoa

suave e singela... Quase que o dia todo passará com ela e seu irmão, com quem,

N. 58 Marie cita assim “A Candela ou Unidade Divina” manuscrito esotérico dos Drusos. – Ver “Voile

d”Isis”, junho de 1931.

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cousa curiosa, os amigos de Paris ainda não tinham pessoal relação. – Tinham-me

dito dele “É muito secreto...” É possível. Damo-nos bem.

Em minutos, estamos no terreno das confidências. Fala-me no MESTRE...

confirma fatos, esclarece outros... é suave, reservado e cordial... o seu coração é

tudo, neste homem singelo e humilde. Sua irmã o olha e ouve com evidente

respeito. Há entre eles um código de olhares, de sentir, quiçá mais... – Ela, Maria,

levanta-se e vai, no quarto onde o MEM vivia e faleceu, buscar dois livros, que me

são obsequiados: Lumiére Blanche e Marc Haven, para que eu possa complementar

a minha documentação, e a de outros...

Mais tarde, fico conhecendo a esposa de Philippe: Louise; e uma das filhas:

leva o mesmo nome civil que Sádhanã: Maria-Luísa, mas tratam por MITOU. E,

todos juntos, mas sem Mitou, vamos à Grande Sala..., lá onde está o Centro

Espiritual do Mundo... lá onde se acha o Retrato do Imperador do Mundo... sob os

traços de um homem singelo: ELE... O MESTRE PHILIPPE... e, permitem-me

também fotografar e reproduzir esse retrato, nunca antes publicado... Já o verá,

Carolei. Por agora, olhemos o de Philippe Marshall e Marie, a irmã...

Apesar da pouca luz na Sala, tenho fé no pedido que fiz ao MEM, para deixar

sair bem esse filme... – curioso: é a única vez, na viagem que tenho Kodak 300-X...

superveloz... cousas... – silêncio...

Agora, vamos para o parque e o terraço. Lá, conversamos. Ouço mais do que

falo: segredos do MESTRE. A matéria prima – secreta – da sua “Héliosine”... o lugar

da laranjeira reverdecida... e outros Ensinamentos que surgirão nos devidos temas..

Ficar para almoçar? Obrigado, prometi a Michel de Saint-Martin, mas virei logo

após e tomarei o café da tarde. Trem de volta a Lyon? Não, Philippe MARSHALL me

levará, devagar... mais uma hora de palestra, a sós, com ele... – Obrigado, Marie,

por essa fotografia do Laguinho, onde ELE meditava... – Louise deixa-se, também,

fotografar. Juntam sementes de Capuchinhas para mim levar, e colhemos, todos

juntos, um ramalhete bem grosso, com muitos galhinhos e folhas da “Arvore de

Natal” (Espinheiro-Santo: Houx, em francês), que, no tempo do Mestre já florescia ali

mesmo. Real Talismã de Devoção, do qual brindarei Folhas aos íntimos e plantarei

as sementes, como as dos Ensinamentos: onde a terra for Favorável...

Ao café da tarde, também está presente o marido de Marie: o Sr. Charles

DOSNE, um benfeitor local, da Sociedade Protetora da Infância, do Hospital, etc. –

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Não foi ele quem me disse, é claro. Ao entardecer, a hora de me despedir das

Senhoras e do Sr. Dosne, chegou.

Philippe MARSHALL tira o carro do pátio interno, e saímos... quanta cousa

mais, que com certa correspondência ulterior dele se ampliará. E o abraço, os beijos

na estação de Perrache, e seu gesto último, tão cordial e espontâneo... Que bom,

Carolei, este trem, o famoso “Mistral”, com suas rodas de borracha, em 4 horas e

meia, sem nada sentir, nem a chegada à plataforma em Paris, segui pensando em

tantas cousas... E sentindo outras muitas!

Mas, é chegando no momento de explicar a todos, o pouco que se pode dizer

de, ou sobre, Philippe MARSHALL, para que cada um conclua como quiser e

puder...

Com. 59 – Você lembra, Carolei: ele nasceu naquele ano passado por seus

pais em Lyon. Victoire interessou-se por ele. O MEM também. Devido às mudanças

de residência do Sr. Marshall pai, o jovem Philippe estudou em muitos Colégios

diferentes: em Lyon; depois, na Suíça; após, no Liceu de Nice. Adotou uma

profissão singela: possui e dirige uma Oficina Mecânica, em Marselha. – Que outras

atividades, mais intimas, tem, é o que muitos gostariam certamente de saber.

Olhe, Carolei, pense um pouco nestas cousas: o MEM dissera que, quando Ele

partisse, “já teria cinco anos” (palavras de Michel de Saint-Martin, a mim) ou que

“quando aqui voltar, terei quase cinco anos” (palavras de Philippe MARSHALL, a

mim). Ninguém está afirmando, e Philippe Marshall menos que outros, que ele seja

uma “reencarnação do MESTRE”. Mas , não poderá ser um veiculo, um depositário,

especialmente para a Corrente de Lyon, da via privada do MESTRE?

F. 17 Philippe MARSHAL e sua irmã Marie DOSNE, na parte do Terraço, atrás da Casa e perto do

“Espinheiro-santo” do MESTRE. (Foto Sevânanda Ampliação: Franco-Kabir Rio).

Fig 21

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F. 18 Louise MARSHAL, esposa de Philippe MARSHAL, na escada posterior da Casa do MESTRE. À

direita, vê-se ao bom Philippe, ajudando a colher Espinheiro-santo para os Íntimos do Brasil... (Foto Sevânanda, 23-9-1956)

F. 19 A Alameda termina nesse antigo portão do pátio interior do Castelo, pelo qual se vai para

o |Laboratório. Esse Cachorro também vigia discretamente

Alguns dados curiosos, a respeito: “Se acrescentais que o MESTRE PHILIPPE

tinha dito, em 1902, à Senhora Marshall, mãe, que seu filho Philippe tinha os dons

do CÉU, compreendereis que estamos, graças a Sua amizade, no Centro espiritual

imutável, como a chama no fogo... Mas ficaria mais feliz ainda se a Providência nos

fizer encontrar na casa do Clos Landar. Pois lá está o Centro espiritual oculto para

os olhos do mundo e que meu amigo Philippe MARSHALL teve por bem me

mostrar.” (Carta do Conde Christian de MIOMANDRE, em 12 de fevereiro de 1958)...

Fig 22

Fig 23

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“...Philippe MARSHALL... ele não escreve, mas os amigos podem sempre lhe

escrever e ir vê-lo... entreguei ao filho do Dr. Encausse todos os documentos que

possuía sobre o ensinamento público do MESTRE PHILIPPE... mas, seria preciso

que nos encontrássemos (o Conde e eu) para falar destas cousas. Será isso um

dia? Desejo-o. Penso que será junto a Philippe MARSHALL que nós nos veremos

mais tarde. É a Ele que devo confiar todos os documentos privados que possuo

ainda sobre o MESTRE e seus Amigos... Nosso Amigo sofre muito, etc...” (Carta de

Chr. De Miomandre, de 9 de maio de 1958).

Você lembra, Carolei, que Christian de Miomandre é parente de Chapas,

discípulo Dele, que morou anos no Clos Landar, que seu Pai era Discípulo direto do

MEM... deve estar em condições de julgar, e de sentir, não acha?...

E, para terminar estas “impressões” – não quero ir além, por agora – isto: em

abril deste ano, a propósito desta obra, escrevi a muita gente, para ver de que,

ainda, podiam dispor como material, para enriquecê-la, para Você!... Marie DOSNE,

em carinhosa carta de 12 de maio, após certas informações sobre Lumière Blanche,

- que eu lhe solicitara – me diz: nada mais poder dizer e conclui “não estou, aliás,

qualificada para isso... não sei se tendes noticias do meu irmão?...” – Está claro.

Carolei?...

E, para facilitar a compreensão da herança e de como tudo foi parar na mão de

Philippe MARSHALL, - curioso, não? – faço este quadrinho:

Dr. E. Lalande (1º casamento) com Victoire PHILIPPE: sem filhos (2º casamento) com a Viúva MARSHALL: sem filhos Berthe MARTHONET: herdeiro................. PHLIPPE MARSHALL Famílias PHILIPPE e LALANDE

Herdeiros diretos: Marie e PHILIPPE MARSHALL

Marie, casa com o Sr. Ch. DOSNE. Philippe MARSHALL, casado com LOUISE, tem três filhas: Jaqueline, já casada há anos: Colette – casou em 1956; e MITOU, ainda solteira.

Fig 24

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V – O PROTETOR DOS GRANDES (1892-1900)

Com. 60 – O titulo desta quinta parte da obra responde a este critério: os

Grandes da Terra, no sentido espiritual, não são os poderosos, material, social ou

politicamente falando, evidentemente. Mas, sim, aqueles que movem idéias e , mais

ainda, os que não “se batem” por ideais, senão que os servem, vivendo-os com real

esforço de superação.

Um MESTRE, do talhe do MEM, evidentemente, em cada passagem Sua por

esta Terra, não somente vem acompanhado de perto por Seres que O amam e

servem, como, ainda, Ele protege aos que estão esforçando-se pelo próprio

progresso e – especialmente – pelo coletivo. Daí que, como veremos logo adiante,

além dos Íntimos que com Ele moraram ou viveram muito perto, outros seres, às

vezes de considerável valor, receberam Seu apoio, ensinamentos e – em certos

casos – pequenas ou maiores “missões” a executar, ou orientação nas que eles

mesmos escolheram.

Certamente, carolei, um dos fatos espirituais que, ao mesmo tempo em que

uma forte demonstração de seu Poder, ótima para curvar a testa de certos desses

“Grandes”, que pedem mais facilmente “provas” da qualidade alheia do que das

outras – que os temperariam mais -, era também uma evidencia de como cumpria,

Ele, sua missão.

* * *

O Muito Excelso Mestre e o PASSADO ALHEIO...

Lembra, Carolei, que – a pág. 47 do I Vol. – Papus ressaltava que o MEM

“tinha uma noção completa da vida presente, com todos os pormenores, de todos,

os seres terrestres com os quais se achava em relação”? E, Carolei, isso era em

relação a todos os reinos, também.

E aos fatos que as pessoas julgavam mais ocultos: lembra-se daquele homem

altivo (I, 48)... mas que tinha estrangulado uma mulher, doze anos antes

possivelmente, e o MEM disse-lhe: data e hora, só para dar a esse homem a

oportunidade de pedir Perdão ao Céu, de não ser preso e, assim de levar alguns

anos de via, com real remorso, com real esforço de reparação, já que, como o

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http://amopax.org 114

próprio MESTRE ensinava: é aqui, na Terra, onde devem ser pagas as dívidas aqui

contraídas...

Veja, ainda, Carolei, o batismo do jovem Henri Durville (I, 47) e o MEM dando,

a um magnetizador já celebre, e contudo ainda incrédulo na parte espiritual (medite,

Carolei, como, até nesse terreno, a técnica pode andar divorciada, infelizmente, da

fé!) a oportunidade de “crer”, ao desmascarar, diante de Durville, de Papus, de

Chamuel (que a pás. 67 da B.M.H. esclarece ter assistido a isso, em dezembro de

1898, debaixo do pórtico da Igreja Saint-Merri), e de outros, a velha mendiga

pseudoparalítica dizendo-lhe quanto ouro ocultava no colchão!: O MEM “matava” –

por assim dizer – diversos coelhos com uma cajadada só; que magnífica

generosidade no uso do Poder!

Vejamos alguns ensinamentos esclarecedores, do MEM, sobre isso:

E. 279 – Cada ato meritório está, como tudo o mais, marcado em nossa fronte,

e ninguém têm o direito de nos julgar, já que Deus mesmo não julga: somos nós

mesmos que nos julgamos. Não acreditais que viemos para viver e não para morrer?

Não quero dizer que vivemos sobre esta Terra, mas aqueles que crêem em Deus

estão marcados no livro da vida. (S. Ly., 26-2-94.)

E. 386 – P: Quando se tem gozos íntimos, satisfações que não se pode

descrever, é a alma que se lembra?

R: Não, a alma não se lembra. A alma pode ter sensações que o corpo ignora.

O corpo também pode agir sem que a alma nada saiba. O espírito pode manifestar-

se e voltar atrás por certo período de tempo. Assim, que me aprouvesse saber de

uma pessoa que vem pela primeira vez, o que ela é, o que fez, o seu espírito, se eu

o interrogo e até sem isso, pode mostrar-me tudo quanto ela fez desde a mais tenra

infância. (S. Ly, 28-1-95.)

E. 287 – Tudo isso vos parece triste, porém acreditai que tudo tem a sua razão

de ser e que o agora feito tem a sua utilidade. Com freqüência as penas deste lado

prosseguem no outro, e no mesmo instante em que estes três indivíduos sofriam o

que tendes visto, seres que vinham de desaparecer foram liberados de penas

semelhantes (S. Ly., 28-1-95. Falta na 5ª Edição.)

Com. 61 – Cada ato está escrito, em diferentes modos, que se completam: tipo,

expressão, série, cores: são os modos gerais. Os fatos, em clichês que podem ser

vistos ou, diretamente sabidos, conforme veremos adiante, pelos que tem os

sentidos Íntimos, (não os astrais, que são os da mediunidade até a ioga, inclusive). –

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Ninguém tem o direito de nos julgar: cada um já foi ou ainda será, isso mesmo que,

às vezes, condena em outros; e por que julgar, se tanto trabalho nos daria

conhecermos-nos primeiramente? E, como julgar, se nada sabemos e se Deus não

julga? Esta última afirmação do MEM é tremenda, porque Ele provava que sabia o

que dizia! E, se somos nós quem nos julgamos, não precisamos: nem que outros

nos julguem, nem julgá-los. Mais, como nos julgamos: atraindo e aceitando

(progressivamente, neste último caso) o que bem sabemos que nos corresponde. E,

se Você se atreve a protestar, Carolei, no silencio de seu quarto e frente ao MEM,

faça-o!

Viemos para viver: isto é, para progredir, melhorando o que está escrito (por

nós), sobre e em torno de nós; e por isso sobre nós – agora no sentido do que

consta no Livro da Vida: os que crêem e se esforçam, sairão desta Terra, para o

lugar imediatamente superior...

Com. 62 – Cuidado: devo advertir que o MEM, de acordo com o espírito

intelectual de sua época e com a língua francesa, não usava o léxico adotado pelos

ocultistas: corpo físico, alma perfectível e transitória, espírito imortal. Ele expressava-

se na forma que seguiremos usando em todo este livro (por respeito a Ele): Corpo

mortal; Espírito intermediário (parte emocional do homem, parte astral, que o MEM

diferencia do duplo (etérico), do qual Ele fala em importantes ensinamentos). – A

Alma (imortal) não se lembra: ela vive fora do tempo e do espaço, é divina de

essência e de dimensão. O espírito pode manifestar-se; por exemplo, retomar o

exato aspecto que tinha: minutos, anos ou vidas, atrás. Por um período variável

conforme o valor e a consciência espirituais. Mas, porque o espírito da pessoa

mostra ao MEM “se o interroga e até sem isso”? O MEM, como faz sempre, fala com

múltiplos sentidos: até sem isso, porque: a) O MEM sabe – já o vimos – TUDO , DE

TODOS; b) Todo espírito na Terra, posto diante Dele, sabe, também, que tem que

se “apresentar”... no sentido militar do termo, se cabe a analogia. Entendido? –

Desde a mais tenra infância: e antes também, mas o MEM limita sua expressão,

para não chocar nem ser prematuro... – Sensações corporais só: as materiais,

quando não despertam eco emocional ou mental. – As só da alma: vividas em

abstração do corpo (na vigília), sem sua participação, senão de suporte; e, as de

sono, transe, etc., quando sem reflexos corporais, ou quase, cousa extremamente

rara. Certos estados que veremos mais adiante, também. Um ”estado”, muito

interessante para sobre ele meditar, Carolei, é o que se instala no Discípulo quando

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percebe, e aceita – ou não – que o preço do ensino recebido ou almejado, é

apresentar-se, mostrar-se como é, o mais aberta e reiteradamente possível, ao

Mestre!...

Com. 63 – Mais difícil de entender, por não estar descrita a experiência feita.

Mas, se UM QUE TEM O PODER DE DESATAR, faz com que seres vivos deste

lado, sofram o que, do outro, ressentiam certos espíritos, para pagar erros da

existência recente, cabe meditar que, todos temos uma parcela desse mesmo poder

de DESATAR a outrem de penas, se as assumimos, livremente sobre nós. Isto, vai

da divida com o Banco monetário, ao de sangue, ao Moral: o Livro da Vida-Conta-

Corrente Universal.

Conclusões:... Uma delas, pelo menos: cada um recebe o dom de enxergar, de

fato, no rosto ou no espírito alheio, na proporção em que é capaz de interessar-se,

de coração, por apoiá-lo ou carregar parte...

* * *

O Muito Excelso Mestre e OUTROS PODERES DELE. – Com. 64 – Vimos,

Carolei, que o MEM tinha, para dominar e guiar aos grandes – os que o eram, em

relação “à triste tropa dos medíocres” – o Poder de saber seu passado... e seu

futuro, como quando disse a Durville: “dentro de dois anos ireis crer”... – Veremos

outros Poderes, totalmente acima dos que se pode imaginar corretamente; lembrarei

o usado quando da exigência do Prefeito (em 1870) e “desmaiou” a um Conselheiro

pedante; eu expliquei: retirou o espírito do corpo, ou seja: paralisou o coração ou

mandou ao espírito sair. Quem faz isso, sem o menos gesto, só “concentrando-se

uns instantes”? Vimos também (Ens. 454, pág. 56), que Ele curava os males mais

inverossímeis e o fato se produzia instantaneamente: a característica exigida para

os milagres, como Você se lembrará, Carolei! Vamos dar alguns mais, que

completam e esclarecem ensinamentos já conhecidos:

E. 444 – Uma jovem senhora, que até então tivera apenas filhos natimortos,

falou-lhe nisso com desespero porque tinham-lhe dito que isso provinha de ter ela,

em anterior existência, destruído seus filhos. O Mestre ficou triste por haverem

afligido assim a essa mulher e, com muita doçura, disse-lhe que seria melhor tomar

o que lhe acontecera com uma prova e que, doravante, “alguém” dar-lhe-ia filhos

vivos. De fato, ela teve, depois disso, diversos filhos aos quais criou perfeitamente

bem. (4ª e 5ª)

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Com. 64 – Já pensou, Carolei, no que significa o Poder de prometer filhos

vivos, a quem só os traz mortos? E, tudo isso, porque o MEM julgou compensada,

moralmente, a falha que a mulher tivera alguma vez, pela aflição por ela vivida.

Resumiu o pecado e abriu conta nova. Só! Da mesma forma acontece quando, no E.

459, que não reproduzo por extenso, promete filho varão à Imperatriz. E esta lhe

beija a mão, por saber, sentir, que o que Ele promete, será. E foi. Para compreender

– em que partezinha: até nós podemos procurar isso – a fonte do Poder do MEM,

isto:

E. 440 – Um dia o Tribunal citou, e o Promotor Publico o acusou de atrair às

suas sessões pessoas às quais despojara das jóias (!). Dois dias após, o filho do

Promotor adoece de crupe diftérico; enlouquecido, o pai vem suplicar-lhe que cure a

criança. Ele pediu a cura ao Seu Amigo e a obteve. (4ª e 5ª)

Com. 65 – Acusado de forma tão baixa; atingindo na sua honra! E, agora, que

acontece, Carolei? O Anjo faz o filho do Procurador adoecer, para lhe dar a

oportunidade? Ou o MEM é “glorificado”, mais uma vez, dando-lhe como beneficiar?

O pai suplicou; o MEM pediu; o AMIGO: Jesus, concedeu. Não está tudo claro?

Mas, que poder de esquecer, de perdoar, é preciso cultivar, para chegar aos

outros!... E, o que mais dominava a grandes e pequenos, não era só a cura, senão

O MODO...

Também há aquelas curas a distância, como (E. 431) quando “passou os

exames” na Rússia, curando aos doentes, com só saber o número do leito!...

Na Rússia, também se fez “invisível”, vamos lembrar o fato:

E. 435 – Em outro desfile, ele se achava, à paisana, no carro da Tzarina... Um

Oficial da Guarda, vendo de longe aquele civil sentado junto a Tzarina, aproximou-se

a galope, admirado com tal anomalia, e verificou que a Tzarina estava sozinha! E

assim, em diversas oportunidades sucessivas, Philippe tinha-se tornado invisível! (4ª

e 5ª)

Mas, se lá, Ele tinha se rodeado de moléculas de diferente poder de refração

(e, para isso, é preciso PODER mandar nas moléculas), ou, se preferiu o método de

paralisar o poder visual alheio (sem fazer perder a consciência e livre ação?...) ou,

se usou do sistema de tornar-se totalmente neutro, não se saberá facilmente.

Vejamos, então, ouro caso mais curioso ainda; na França:

E. 576 - ...”As idéias mais raras circulavam a Seu respeito. Diziam que podia

tornar-se invisível. Ele teria até feito uma experiência diante do antigo livreiro

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Chamuel. Tendo colocado diferentes ervas num pote de barro, cozinhou-as; saiu

disso um liquido que, posto sobre brasas, deu espessa fumaça. Ele teria se

colocado no meio e teria se dissolvido com ela. Só dois dias após o tornaram a ver

chegar na Livraria. Sorridente, um pouco galhofeiro, mas não dando explicação

alguma para o acontecido...

“Em outra oportunidade, penetrou em uma reunião em que se achava Sédir e

Chamuel. A porta estava fechada com chave. Os dois amigos corrigiam provas. Se

não me engano, tratava-se do Livro das Encantações. Totalmente transtornado por

essa Presença, eles se levantaram, mas o M. PHILIPPE, tendo tomado uma folha do

manuscrito, a pôs no bolso, e desapareceu da sala, como um fantasma. Dois dias

após, Chamuel recebia, pelo correio, o manuscrito corrigido.”N. 59

Com. 66 – Assim, Carolei, tendo o Poder de desmaterializar Seu corpo físico

(você sabe que, hoje, nos Laboratórios da G. Electric, estuda-se essa possibilidade

e a de – futuramente – “viajar” Você por cabograma? – Estou falando serio; isto é

científico... em estudo). Mas, o MEM o operava. A fumaça não só ocultava certa

parte da operação, como, eventualmente, a facilitava e mantinha no ambiente certa

pureza. Há como relação entre certos aromas e certos estados. Mas, não confunda,

Carolei, não estou explicando como se faz, senão os passos da compreensão da

possibilidade material. O Poder é espiritual.

Eu tenho visto como, em milhões de estrelinha de ouro, aproximam-se Seres

que moram no outro extremo do planeta. Mas isso é outra historia...

O caso do manuscrito é melhor para ocidentais: não há fumaça; há uma porta

fechada; há dois homens de reputação ilibada, como testemunhas; e há um

manuscrito levado através da parede e devolvido, corrigido, pelo correio!

Desdobramento em corpo astral não serve: astral não carrega manuscrito! Em corpo

mental superior sim... com o Poder de MATERIALIZAR o corpo físico onde quiser!

É claro que, depois disso, todos os ocultistas da época (perdão: os pouquinhos

deles capazes de crer!) iriam se submeter como Discípulos, a Quem dava essas

provas... após muitos anos de fiel dedicação!

Bem, como não sou M. PHILIPPE, não irei ensinar Você, Carolei, “como tornar-

se invisível”. E nem creio que o MEM o ensinasse... Mas, deixando de lado os

N. 59 Do relato “a propósito do Mestre PHILIPPE...” por “X...”, na revista “L’INITIATION, de setembro de

1955 (ano 29, n. 3) pág. 125.

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engrimanços mágicos, posso lhe dar umas indicações, para ir treinando diferentes

métodos conjugados... Medite nisto: se um homem pode parar a mente à vontade e

entrar em real paz interior, não desperta eco nos que ficam pertos. – Se uma pessoa

aprende a distender e contrair sua aura, acontecerá o que muitas vezes me ocorre:

quando desejo, na rua não me vêem; e quando, pelo contrário, há muita gente e

podem incomodar Sádhanã, ela caminha atrás de mim, que ando com a aura um

pouco aberta. Os que passam pela rua, vão deixando um vão em torno de mim. Não

sabem porque. Imagine só, carolei, se um grão de pó como eu faz isso, que Pode

fazer o MEM! – Faltam duas receitas: quanto mais humilde se é, mais

desapercebido se pode passar, à vontade: há treinamento! E, quanto mais bonzinho

se é, mais atendido quando se pede para não ser notado. Já disse que são

acumuláveis...

E. 448 – Dois policiais levavam a um homem; ele aproximou-se (Chapas

estava presente). Philippe pediu-lhes que soltassem ao homem; os policiais se

negaram. Então, puxando um jornal do bolso, pô-lo entre as mãos dos agentes

dizendo-lhes: “Tomais, ai está o vosso preso!” E os representantes da autoridade

largaram do preso e levaram o jornal para a cadeia...

E. 796 – Estava um dia com Chapas sobre o cais. Passam dois gendarmes

levando um descritor. O M. PHILIPPE pede-lhes, cortesmente, que o soltem;

respondem-lhe grosseiramente. Então, Ele lhes aponta uma árvore próxima,

dizendo: “Mas, ai está o vosso prisioneiro. Segurem-no bem!” – E os dois

gendarmes aferram as mãos na árvore e....acordam uma hora após, olhados por

multidão irônica...

Com. 67 – Temos , assim, Carolei, dois ensinamentos mostrando que MEM:

não temia fazer demonstração de seu poder em plena rua, quando se tratava de

garantir a liberdade alheia; no segundo caso, há dois ensinamentos, além da

demonstração de Poder: um, que o MEM aprova a Objeção de Consciência (direito

de negar-se a matar, ou a prestar serviço militar, que é aprendizagem de

assassinato – N. 60); o segundo: que, pelo fato de terem respondido grosseiramente,

os gendarmes foram postos na prova de escárnio popular; generosidade do MEM,

N. 60 “O serviço militar obrigatório foi, desde mais de um século, a verdadeira causa de uma multidão de

males que afligiram a Sociedade.” (Carta de Sua Santidade o PAPA BENEDITO XV, em outubro de 1917, a Mons. Cesnelong, arcebispo de Sens.) E, não esqueçamos que o moderno Santo Católico, o Abbé PIERRE, defende corajosamente a “Objeção de Consciência”, primeiro passo para uma futura Era, na qual a Humanidade renunciasse – por maioria absoluta – às guerras!

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que lhes permitiu pagarem, assim, à vista, a dupla falha: a seu dever funcional, deles

e a Verdade que Ele representava.

E. 798 – Em sessão, dois auditores são solicitados a colocarem as mãos acima

da cabeça. Instantaneamente, ficam como coladas e, isso, apesar dos esforços

feitos por duas pessoas vigorosas para separá-las.

E. 800 – Um jovem dragão tinha se ferido gravemente pelo seu cavalo (fraturas

múltiplas). Resolvera-se uma amputação... O infeliz soluçava, antes da idéia de

perder uma perna. O M. PHILIPPE acerca-se dele e lhe diz: “Por que choras?

Amanhã estarás curado!” No dia seguinte, para total surpresa dos médicos, a cura

era completa!

Com.68 - Vemos, assim o uso do poder, desde a demonstração singela, de

dominar a força física e a vontade (duas coisas das quais todos nos orgulhamos

tanto, e demais!), até o uso - dádiva maior - para evitar que um ser, que certamente

o merecia, ficasse aleijado e perdesse seu lugar, na Cavalaria e na Vida social! - E,

isso, em silencioso desafio aos médicos, e à lei humana, cada vez que a ignorância

cientifica (relativa) não solucionava, bem o caso.

Falta-nos, agora, Carolei, olhar um pouco mais de perto: até onde podemos

entender essa vida dupla: a do “burguês visível”, e a do MESTRE nele ocultado,

voluntariamente; e, se ele mesmo deu algumas indicações sobre isto...

* * *

O Muito Excelso Mestre e A SUA VIDA SECRETA.- com.69 - Naturalmente,

não pretendo mostrar, neste comentário, toda a vida secreta do MEM. Em primeiro

lugar, conheço apenas parcelas dela; em segundo lugar, muitos dos aspectos que –

dela também – possam ser compreendidos, irão surgindo, nas linhas, ou entre elas,

nos temas ulteriores. Mas, convém fizermo-nos uma idéia do modo de ser e de

proceder do MEM, nos poucos aspectos que, dele, deixava perceber, não obstante

sua aparente singeleza; vejamos, por agora, algumas das facetas “externas”.

E.461 – Eis alguns pormenores sobre o comportamento de M. Philippe:

Ele era cortês e muito respeitoso para com qualquer funcionário. Caminhava

muito sem nunca apressar. Fumava enormemente longos cachimbos de barro. A

sua hospitalidade era muito liberal e sua generosidade muito grande.

Não tinha regime alimentício. Embora nunca apressado, nunca ficava inativo.

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Possuía grande habilidade manual para todos os trabalhos mecânicos, de ferro,

madeira, vidro, etc; dedicava-se muito à química farmacêutica.

Podia passar completamente sem sono.

E - 421-entre outras particularidades físicas, ele dorme muito pouco (3 horas no

máximo). Teme o frio, fuma muito, mas é muito sóbrio.

E. 430- ele possui completo conhecimento de química, de alquimia e de todas

as suas aplicações.

Com. 70 – cortês e respeitoso de leis e seus prepostos, já que isso ensinava.

Quantos estudantes fracassam nesse aspecto: são muito “espiritualistas” mas se

podem driblar um imposto, um decreto, um regulamento, uma alfândega, o fazem

que progresso só espera, depois, e que apoio do plano do Verbo-Verdade? Quem

caminha, muito, sem jamais se apressar, é meditativo e tem paz interior. – Quem

fuma enormemente, sem ser por vício - pois o MEM não podia tê-los – mostra, com

isso que, na época atual, Ele aprovava o uso do fumo; e, poderia ter fumado

“pouco”. Se fumava muito, será que há um uso especial do fumo, dinamizador astral

e estímulo da força criadora, no sentindo plástico; da imaginação para nós, homens

comuns. Aqui temos visto, muitas vezes, o MEM “consagrar” ou fazer o gesto – e

Nele, palavra e gesto, “são” o que indicam – de proteger ou aprovar alguma cousa,

depositando em cima, cinza de seus cigarros, charutos ou cachimbo.

Eu não fumo, mas tenho por obrigação mostrar este fato, para os que podem

usá-lo, não como pretexto para um hábito que os domina, senão para aprenderem a

utilizar aquilo que dominassem.

A hospitalidade era uma virtude Essênia, e, quem não for hospitaleiro e

generoso, nenhum progresso fará, pois se está fechado, e se é egoísta ou

indiferente em atos, de que lhe servem doutrinas? Por isso o modo de viver do MEM

é a Lição prática, que mostra como aplicar Seus ensinamentos. Tornaremos a achar

isto no tema “As duas Vias”. – Não tinha regime: mostrava, assim, que realizar-se ou

ser realizado, filho de Deus, Mensageiro ou Missionado Providencional, não

depende de regime, vegetariano ou não. Que, cada um pode viver como comporta a

época e o lugar em que lhe toca encarnar e atuar, sempre que faça o “essencial”. No

tema “Dieta”, ampliaremos isto, bem como os demais pontos do E. 461.

O poder passar completamente sem sono, representa também um poder e um

grau especial de consciência e de evolução; isto processa-se em cada reino, pois

vemos, por exemplo, que a formiga – cujo cérebro Huxley qualificara de “a partícula

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orgânica de mais perfeita organização, neste planeta” – passa sem dormir. Será por

isso que dizem que esse animal vem do planeta VÊNUS, onde tudo é mais

adiantado que aqui, assunto sobre o qual o MEM nos dirá alguma cousa…

É claro que, ao nos ser dito que Ele possuía um completo conhecimento de

Alquimia, Química, etc… já percebemos que esse burguês… não é tal!

E cabe lembrar, como transição, Carolei, aquele “caso” do E.462, em que O

vimos fazendo com que o capitão da lancha A Môsca deixasse de parar nos

embarcadouros nos obrigatórios no trajeto. Ninguém reclamou, nem percebeu…

mas, será que você, carolei, percebe a complicação real do caso: fazer um serviço

público sair do horário? Impedir a uns de embarcar e a outros desembarcarem? E,

QUEM arruma tudo que isso poderia desarrumar, mas vidas de toda essa gente? E,

QUEM faz com que, pelo contrário, fiquem beneficiados, por terem elaborado –

embora involuntariamente – naquilo que ELE tinha que fazer com tanta urgência? –

Como vê, Carolei, não são as cegas explicações “sugestão coletivas”, ou qualquer

outra asneira do mesmo quilate “intelectual”, que resolveriam o que ELE tinha que

resolver para fazer isso. Compreende, Carolei, que numa das condições do Poder

Espiritual é o sentimento de responsabilidade coletiva?

E, que gratidão, ou que outro laço, ligaria o capitão, para ele, sem sugestão,

em plena consciência dizer, só, ao MEM: “ah, sois Vós; está bem.”E ordenar logo a

plena marcha e a supressão das paradas. Gratidão e Decisão, aliadas, Fé e Entrega

também. Acha, Carolei? Ótimo!

Com.71- lembremo-nos, ainda, de que nos disseram que ele mudava a cor dos

olhos. Geralmente castanhos (o homem, e o tipo familiar), mas, às vezes,

apresentava-se com olhos de esplêndido azul (I, 50). Estes últimos eram os Seus

mesmo: os do Grande Ser celeste.

Com. 72 – não esquecemos, carolei, que o MEM tinha aquele misterioso

quartinho, já mencionado a pág. 46 do I Vol. – lá onde ele mostrou a Papus o “filme:

sucessão de clichês” da vida passada das duas mulheres que tinham deixado

morrer de fome á jovem parenta para dela herdarem; esse quartinho misterioso,

Carolei, era o ORATÓRIO DO MESTRE. Eu o tenho visto – nas minhas pesquisas

psicológicas, como diria o MEM -, assim: um quartinho pequeno, com paredes lisas,

pintadas de cor clara – marfim puxando a creme e mobiliado apenas com

banquinhos singelos, de madeira; mais tarde usei esse dado para desenvolver, em

alguns dos meus, a observação do que acontece na aura humana, quando a pessoa

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está em prece, ou sob sentimentos opostos. Já veremos alguma cousa das “auras”,

adiante…

Você imagina, Carolei, o que seja o ORATÓRIO de um Mestre como o MEM?

O lugar no qual ele orava pelos doentes e transviados; onde ele assumia as

promessas alheias - que já nos disse que endossava; e onde, também, aceitava os

sacrifícios capazes de compensar certos acontecimentos e mudá-los, ou suprimi-los!

– Por isso disse Papus que: “era uma grande honra”, ser admitido nesse quartinho…

no qual terá desfilado, mais tarde, tanta gente, sem ver outra cousa senão um

pequeno cômodo desconfortável… Isso é a imagem da vida, Carolei!...

Com. 73 – lembra, Carolei, já vimos que, só em certa época, mais ou menos

em redor de 1892, é que o MEM teve a Revelação do “Seu Mistério”: Encarnações

passadas, Missão atual, plano de Origem, e mais Mistérios transcendentes. – Isso

virá à luz, aos poucos… lembremo-nos, também, o que ele mesmo revelou:

E. 255 -… E, se não vou na hora indicada, não fica igualmente aliviado o

doente? E todas as pessoas presentes, quando eu disse que iria vê-las, não ficaram

aliviadas? E algumas não sentiram a minha presença? Pois bem, não posso ir a

toda parte ao mesmo tempo; e não vou a toda parte com os pés…

E. 496 – Não, me dizem o que peço; não preciso olhar; isso é possível, mas é

demorado demais e muito difícil; é preciso uma calma muito grande para isso. É

muito mais simplesmente que sei; conheço bem as pessoas, eis tudo. É exatamente

como para dizer o estado da vossa mão, não precisais olhá-la, é vossa e a

conheceis. (L. B., pág. 41).

Com.74 – Falta de fé das pessoas, às quais ele lembra que, quando ele

promete, embora elas nada vejam, nem confiem suficientemente, o prometido se

realizar; e, ainda, que ele vai a muitos lugares sem ser com os pés; vale dizer: em

corpo sutil, fato que ele prova logo, dizendo: uns me sentiram. (Poderia ter dito que

muitos O viram, pois era a realidade.) – No E. 496, a cousa sobe de plano: “…não

preciso olhar: SEI.” Que forma singela, mais do que discreta, de declarar a sua

posse da Gnose, que já comentei – O Saber, a cognição direta. E, o modo de dizer

“conheço bem as pessoas”, alude – ainda mais discretamente – às duas raízes

desse conhecimento: uma, as séries humanas (como eu as chamei sempre) e que o

MEM ensina como Caminhos-Famílias, etc, como veremos na parte mais reservada

de Seu ensinamento; a outra razão: Sua Presença entre nós, desde o inicio desta

Terra, cousa que ele, em forma velada declara, ao falar da “mão”. É como se

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dissesse: sois a minha mão, a ferramenta que tenho usado, desde o início, para

realizar o que a Vontade de Deus planejou, para esta que ele dá a prova do que

comentei aqui.

E. 579 – Vimos, a pág. 57 do I Vol. – no artigo de Pierre Mille – que o MEM

jogava na bolsa, para os pobres… - Acho interessante relatar um fato, que Michel de

Saint-Martin me contou em 1956: um homem vem consultar ao MEM, sobre como

jogar na bolsa para conseguir certo rendimento ou soma, que precisava; o MEM lhe

dá uma indicação. - Horas depois, outra pessoa vem, pelo mesmo assunto, e o MEM

lhe dá também indicação. – No dia seguinte, na Bolsa, estas pessoas se encontram,

pois são amigos, e contam-se o caso da consulta, verificando que o MEM dera

indicações diferentes. Cada pessoa resolve – secretamente – jogar na Bolsa com o

que fora dito ao outro. – Ambas perdem, pois jogam a contratempo; o MEM tinha

dado a cada um segundo o temperamento, etc… Mas, a pouca fé, a desconfiança e

o desejo de “lograr ao amigo” (pois outra cousa não era, no fim das contas!) fez

ambos perderem, embora o Boletim do dia mostrasse que o MEM acertara em

ambas as indicações.

Com. 75 – Como vê, Carolei, não é fácil seguir as indicações de um MESTRE,

pois elas sempre contêm, “testes”. Eu sei disso, arranjei bastantes desafetos por dar

algumas pequenas indicações nessa forma! Aliás, nem sempre o que quer lograr,

deixa de ser logrado. Vamos, Carolei, ver que o próprio MEM nem sempre achava,

não obstante a quotidiana prova de seu Poder, nem a entrega e nem a fé,

suficientes, para brindar mais oportunidades aos que o cercavam.

E. 580 – Michel de Saint-Martin também me referia isto: Diversas vezes, o

MEM, quando passeando com Discípulos, ao chegar perto das ribanceiras do Saône

ou do Ródano (e ambos são impetuosos e frios...) dissera: “Aquele de vós que

acreditasse, poderia atravessar este rio a pé, pois bastaria que eu lhe dissesse:

Vá…” Nunca achou “candidato”, como dizemos cá no Brasil! Isso, Carolei, é outra

imagem e razão do porque os Mestres levam de volta – por assim dizer – muito do

que trouxeram com intenções de nos brindar…

Com. 76 – Não devemos esquecer tampouco, Carolei, que o MEM MESTRE,

não só dava muita importância a tudo quanto lhe alcançavam os seus raros

Discípulos mítico-psíquicos (como Marie, Papus, etc.), como também anotava tudo

quanto ele mesmo prometia ao Céu, como aquela anotaçãozinha manuscrita, Dele,

escrita em 13 de julho de 1896, às 7 horas e 15 da noite (citada a pág. 66) do I Vol.:

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“Meu Deus, aceitamos as conseqüências do nosso pedido e aprouver enviar-nos”…

Seria ótimo, Carolei, nos acostumarmos a isso: anotar tudo que queremos

reformar, modificar, melhorar em nós mesmos; tudo que pedimos ao Céu; tudo que

prometemos fazer para ajudar a terceiros. E, olhar diariamente para essas

Promissórias Morais, pois essas também têm prazo, têm vencimento, exigências que

devem ser cumpridas; juros de mora, e, não o esqueçamos, podem ser apontadas e

protestadas, no Cartório do Destino, que nos embargará e retirará a Saúde, a

felicidade, o Passar, e até os Dons, necessários para cobrir o débito.

Não será uma das mais belas lições vividas, a que o MEM nos deixou, ao

legar-nos essa “anotaçãozinha”, que mostra que A LEI vale para o Imperador deste

mundo também… e com mais razão para nós!?

(N. 61)

E, a propósito de “como” é geralmente visto pelos Discípulos (pois O temos

visto em outras modalidades, ainda), cabe lembrar o:

E. 428 – Quando o vemos á noite não é sempre ele; é possível tomar a sua

forma emprestada. Quando a ele, sempre faz o possível por se apresentar

convenientemente vestido e de cabeça descoberta. Três vezes somente Seu Amigo

o fez cobrir-se. Se o vemos de oficial ou com longos cabelos arrastando no chão, é

sinal certo de ser ele.

Com. 77 – Nesta obra, Carolei, Você poderá achar quase todos esses modos

de O perceber!... E, oxalá lhe seja permitido Vê-LO diretamente!

O muito Excelso Mestre, os OCULTISTAS e as ORDENS. – com. 78 –

Somente os indiferentes e os cegos – do tipo que chamei de “adormecidos”, em Yo

que caminé… - consideram os fatos da vida isoladamente. E, cada ser é um fato que

caminha, e produz outros fatos, que são também seres. O conjunto terrestre de

todos eles: seres e fatos, que para o realizado são iguais, no sentido de serem

modos Da Manifestação, constitui, em cada momento e lugar – cuja totalidade é

uma época de vida terrestre – uma soma de CORRENTES espirituais, pelas quais o

Vento do Espírito sopra, vivificando, através de tantos instrumentos aparentemente

diferentes, mas na realidade complementários, o processar-se do progresso da

N. 61 A origem dos Ensinamentos citados ou, reproduzidos, dos quais não se citou a fonta no texto das

recentes pág. É a seguinte: Ens. 421,428,430,448,461 e 462, figuram nas 4º e 5º edições francesas, como “provindo de diferentes fontes” ( ver I Vol., pág . 163 ). – O E. 255 é de S. Lv, 22-1-1894

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Consciência e do Amor. Sendo assim, o MEM MESTRE - ainda mais na sua função

de Imperador deste Mundo – não poderia deixar de interessar-se por ajudar e unir, o

mais possível, aos Representantes – contemporâneos desta Sua última Encarnação

– das ditas correntes, vindas dos fundos da pré-história, ou seja: daquelas idades

sobre as quais a historia nada sabe, mas em que, isso não obstante, havia Vida

sobre a Terra.

Daí, Carolei querido, tornar-se imprescindível, já que não pude incluir neste

livro os “famosos” 43 capítulos sobre a Tradição, que ficaram para outro livro

diferenteN. 62, brindar a você pelo menos, o maravilhoso “Quadro Geral da Tradição”

que o sábio e generoso PAPUS organizara, com essa clareza de conceito que foi, é

e será a característica dos verdadeiros Martinistas, e os distingue dos amantes das

elucubrações, complexas e prolixas, que constituem grande parte da literatura “dita”

espiritualista, esoterista e Cia…

Com. 79 – Vamos ao Quadro, e ao MESTRE: depois dos primeiros Amarelos –

sobre os quais pouco se sabe ou se pode dizer – depois dos primeiros tempos

Egípcios (quando o sol se levantava do lado oposto ao de hoje, como prova o

Zodíaco de Denderah – N. 63, e depois, também, dos esforços dos Brancos com os

primeiros Drúidas, é que o Quadro começa a indicar datas; melhor dito: épocas,

iniciando com 8.640 anos antes da Vinda de Jesus.

Acompanhado as múltiplas Correntes, que atravessam os séculos e

caracterizam as Sociedades humanas, e as civilizações que resultaram de cada

Corrente, ou simbiose – mistura íntima – de duas ou mais delas, em cada época e

lugar considerados, é que Você, carolei amado, poderá entender alguma cousa, não

somente do papel que o MEM MESTRE desempenhou, nesta Encarnação – e em

N. 62– Ver a pág. 16, na “Segunda Palestra com Carolei”. Se for possível, hei de procurar, nesta

encarnação ainda, escrever um TRATADO DE SARVA IOGA, que provavelmente incluiria esses 43 capítulos. Se não puder ser, um Discípulo receberá certas indicações para poder organizar e escrever esse trabalho, que considero especialmente necessário na América Latina, em vista da grande ignorância reinante sobre o assunto, fato compreensível, já que os Espíritas são maioria – que se conforma com Kardec; e que, dos “esoteristas”, apenas alguns Teósofos parecem ter uma informação ponderável, embora muito unilateral, já que o Oriente os fascinas… infelizmente só na teoria em muitos casos. Daí, resultar valioso, a meu ver, a contribuição de um material sério sobre como é onde achar dados e provas. Da estreita união e seqüência dos efeitos e dos métodos práticos, que devemos as sucessivas Correntes de MÍSTICOS reais. O “Quadro” pode ser achado na págs. 108-109, isto é, no meio do 8º caderninho.

N. 63 – Não esquecer que o filosofo, escritor e iniciado em ioga, Paul Brunton em uma de suas obras: O Egito Secreto (pág. 198 da edição francesa de 1941) mostra que o Zodíaco de Denderah tem uns 90.000 (noventa mil, carolei…) anos de existência ou, pelo menos, de tradição astronômica. Por outra parte, os estudantes sérios poderão meditar, e comparar o dito por Immanuel Velikovsky, em sua obra Mundos em Colisão, obra que supera a tudo quanto tem exposto, com tantas palavras e fantasias, muitos autores modernos com “revelações astrais ou psicográficas”. Um pouco mais de ciência, e de conhecimento do que JÀ FOI DITO E PROVADO, não seria demais!...

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outras, Dele, que assinalarei, oportunamente – como também do papel: social,

cultural, religioso e místico (político, como simples e inevitável decorrência), que as

ditas Correntes tiveram sobre a vida coletiva; e, conseqüentemente, a importância

que o MEM tinha que dar aos Representantes ou chefes das mesmas e das Ordens

que, em forma séria e útil, moviam a essas mesmas Correntes,

contemporaneamente.N. 64.

Era, pois indiscutivelmente, parte do labor do MEM, orientar aqueles desses

chefes que tivessem humildade e entrega suficientes para aceitarem orientação ou

ordens – a diferença é grande! – e, também, porque o MEM, não podendo fazer tudo

sozinho, tinha que procurar, para semear a aplicar o que ele vinha nos trazer,

ajudantes – pequenos em relação e ele, mas grandes em comparação com “a triste

tropa…” – que, durante e após a Sua permanência física, fizessem esse trabalho,

cada um á sua maneira, e, em consideração com o tempo, lugar e circunstâncias..

Com. 80 – E, por falar em importância Carolei, acho realmente importante

lembrar que através da historia, houve, há e haverá os misteriosos Superiores

Incógnitos, que vem mover as peças do grande jogo…

E, Carolei, se combinarmos os dados do Quadro da Tradição, especialmente

os da época de Jesus em diante, e do laço das Sociedades Bizantinas de iniciação,

em particular, com o fato de ter sido dado, pelo próprio Constantino, o célebre

Lábaro, como Símbolo, acompanhando das palavras “Silêncio” e “Incógnito”, para

reconhecerem-se os misteriosos Membros, que procuravam receber e aplicar o que

os “Superiores Incógnitos” lhes transmitiam, não deixa de ser muito curioso – pelo

menos, Carolei! – que o MEM MESTRE, que evidentemente, não deixaria que

nenhuma sociedade humana se apossasse, Dele ou de seus ensinamentos, em

modo exclusivo ou mesmo preferencial. Deixe que se faça Dele um retrato que

ostenta, no canto (pág. 206 do I Vol.), precisamente o Signo dos S.: I.:, signo que,

muito mais tarde, foi também usado por numerosas Congregações e instituições,

entre as quais alegra ver aos Beneditinos, ao Movimento “Pax Christi”, etc, N. 65.

Julgo ter dito muito, já… Olhemos um pouco o panorama na região e época do MEM

N. 64 – Para compreender bem, Carolei, o verdadeiro papel dos Chefes de Ordens, de Correntes de real

importância e seriedade, ele, queira estudar o dito, no livro Yo que caminé el Mundo, sobre “Seres ejes-espiritualistas” etc… a pág. 88 e seguintes… e o que, nesse livro,está colocado em outras pág , para ser achado pelos que são “ de Inquieto para cima”… e sérios.

N. 65 – Os Membros da Ordem Martinista e outros estudantes sérios, poderão consulta com proveito, o notável artigo de J.de la C. (S.: I.: ), publicado em março de 1956, a pág. 21 da revista L’INITIATIONN, sob o título “O Martinismo e a Tradição dos Superiores Incógnitos”.

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MESTRE…

* * *

O muito Excelso Mestre, e “AMO”… e outros. – Com. 81 – O querido Mestre

CEDAIDOR, de quem falarei mais adiante, tinha-nos dito, mais de uma vez, que na

região de Lyson, era comum reverenciar-se ao MEM sob o nome de “AMO”. Mais

tarde, como veremos, foi fundada no Uruguai a “A.M.O.”, posta sob a proteção

desse Ser, e, sob tal denominação, reverenciava-se ao MEM, sendo que Ele, em

inúmeras oportunidades, deixou-SE ver, e também atendeu (curando ou protegendo)

quando invocado sob tal Nome, que tornou-se, assim como uma forma externa mais

discreta, de O designar, evitando- se o nome de PHILIPPE, que, “lá em cima” –

como se costuma dizer – mexe com Potências às quais não é oportuno apelar sem

um senso, muito grande, de proporção e responsabilidade.

Quando, posteriormente, foi fundado o Monastério Amo-Pax. Fruto do labor da

A.M.O. e da nossa Cruzada de Vida Espiritual foi colocado sob a mesma inovação e

Proteção. Já é tempo, pois, de ver o que é que há, como laço real, entre o MEM PHILIPPE e o nome de AMO...

Com. 82 – Já lhe tenho apontado, Carolei, que o MEM orienta um labor

Mundial, do qual um dos setores mais importantes abrange todos os esforços por

UNIR: instituições, igrejas, nações, etc. – Ora, o MEM costumava, como iremos ver

no decorrer desta obra, orientar, instruir, proteger, a determinadas pessoas, que se

tornavam seus Discípulos, mais ou menos diretos ou indiretos, para ajudarem,

tomando conta – até onde podiam fazê-lo – de algum desses setores ou subsetores.

Já aludi, quando falei, como sendo alguém que iríamos achar “por trás de

muitos…”, do Sr. Bouvier, curador, ocultista e espírita, que conforme testemunhas

contemporâneas, era orientado pelo MEM. Uma carta do meu Amigo, já citado

antes, Eng. Jean GATTEFOSSÉ, me dizia: “nasci em LYON… etc… estudei o

magnetismo e o espiritismo em Lyon, com M. Bouvier o curador, que era, ele

mesmo, fiel ao ensinamento do mestre Philippe”. Temos, assim, Carolei, um primeiro

Fig. 25

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http://amopax.org 129

dado sobre o elo – Sr. Bouvier – pelo qual o MEM manejava, por assim dizer, todo

um setor composto pelos mais amplos dos espíritas Lyonenses, cuja característica

se manifestava em dois aspectos: 1 – estudavam magnetismo (via positiva, cuja

importância extrema tornaremos a achar, adiante). 2 – Não temiam agir no aspecto

social e no procurar unir: igrejas, Nações, e, numa escala menor, porém

possivelmente mais difícil:… setores “espíritas e espiritualistas”!...

Numa carta de Jean BRICAUD, em nosso poder, vemos que estima e que

poder atribuía o autor da carta à “AMO”. Diz assim: “… Aliás, se houvesse uma falta

de harmonia persistente – o que não creio (ele se refere a “entre componentes de

grupo”) penso que poderíamos, em comum, trabalhar com AMO e diferentes

personagens que tiveram certa influencia no ocultismo…”.

Não esquecemos. Carolei, que esta opinião é a de quem já era: Patriarca

Gnóstico, Grã-mestre da Ordem Martinista de Lyon, autor de muitas obras valiosas,

etc. N. 66

Existia, alias, naquela época – antes de 1892 – em Lyon, uma “Fraternidade

Lyonense de estudos Psíquicos”, que em maio de 1892 era presidida por Elie Steel,

um dos homens que, com Cavarnie, Bouvier, “AMO” e outros, iriam dar a PAPUS o

maior apoio possível, mais tarde, como veremos em temas posteriores.

Assim, pouco a pouco, vemos desenhar-se o panorama Lyonene, e surgirem

as figuras de primeiro plano, entre as quais este “AMO”, sobre cuja personalidade e

ação direi, agora, precisões maiores.

“PIERRE VITTE (nome civil de “AMO”): um dos nossos bons amigos, um dos

homens que mais fizeram pelo progresso das nossas idéias deste vários anos, o Sr.

VITTE deixa a França dentro de poucos dias e parte o Oriente… este antigo

discípulo da Escola Politécnica, este engenheiro eminente é antes de tudo um

modesto e deve servir de exemplo a todos os que querem seguir a “via da

sabedoria” Vitte nunca quis ser parte exclusiva de nenhuma sociedade nem grupo

nenhum. Ele realizou o programa magnífico de ser o faro da união, em meio das

discórdias das pessoas e, se ele não foi membro de nenhuma sociedade

“espiritualista”, todas as sociedades, sem exceção, devem-lhe grandes serviços,

sérios apoios e numerosos membros.

“Percebendo, em virtude do seu posto, elevados vencimentos, Vitte só

N. 66 – A carta de Jean Bricaud, datada, em Lyon, em 29 de novembro de 1922, foi dirigida ao Eng. Jean

Gattefossé, que teve a fineza de nos ceder o precioso documento, que contém outras informações ainda.

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conversava o estritamente necessário para viver, e distribuía largamente o resto ás

obras, ou aos homens vencidos pela fatalidade. Ao partir, deixa uma obra

considerável a terminar: esse Congresso de 1900, que será a consagração da tarefa

de união, tão bem conduzida por esse excelente coração e esse bom Amigo, que os

nossos votos acompanham em seu êxodo.” (Artigo de Papus, que “ L’INITIATION” –

trimestre julho a setembro de 1895, págs. 286 e 287).

Resta-nos ver, Carolei: o que era esse “congresso de 1900”, e a prova do

estreito laço que unia o Servidor “AMO” ao MEM PHILIPPE, que lhe permitira usar

as “três primeiras letras de um Seu nome muito sagrado e secreto…”.

Já vimos como Papus o trata: com que estima quase reverente, e apontando-o

como um exemplo, merecidamente aliás. Na coleção de “L’INITIATION”, do tempo

de Papus, acham-se reproduzidos N. 67 diversos artigos, de AMO e de outras

pessoas, que dão uma idéia do que fôra o Congresso, projetado para 1900. Mas

existe um livro, cuja publicação foi, aliás, noticiada pela mesma “L’INITATIONN”; em

1 de outubro de 1897 (vol.37, pág . 223-224 com entusiástico comentários de

Papus: ao Livro e ao Congresso projetado.

Dizer que esse livro de AMO: “O Congresso da humanidade”, editado em 1897

por Chamuel – de quem terei de falar, também! – é inachável hoje, torna mais

evidente o interesse que o MEM tinha em me fazer encontrar um exemplar, em

circunstâncias típicas para quem, torna a pedir na prece com que abre cada dia! N. 68.

Esse volume, de 378 páginas, contém os principais artigos que foram

publicados, notadamente nos jornais e revistas: Paz Universal (cujo diretor era –

outra vez! – M Bouvier!), L’initiation, Le Lotus Bleu, A humanidade Integral, A religião

Universal, a curiosidade, A revista Cientifica do Espiritismo, A luz, etc…, - pró ou

contra – por inúmeros órgãos de diferentes países. O prefácio foi de Marius

DECRESPE, autor de um das interessantes obras sobre ciência e psiquismo,que

N. 67 – Citaríamos. Entre outros: “A via” (vol.28), “Unidade, Amor, Ação” (vol. 31). “O Amor e as Doutrinas”,

este dedicado a Madame Papus, em julho de 1896; “O Amor e a Felicidade” ( vol 32). )este em 1897. E de se apontar, pois, que muitos desse artigos são posteriores á sua ida, e a seu regresso, na viagem feita à índia, fato que constituí a melhor retificação desacertada frase de quem escrevera, em uma nota do artigo de pág.17 do vol.29, isto: “todas as nossas felicitações devem-se ao nosso irmão Jounet. Pela atividade inteligente de seus esforços em favor desse Congresso da Humanidade, proposto em primeiro lugar pelo nosso prateado em misticismo AMO.. Dói ver que um autor – místico cristão – possa considerar perdido e prateado a alguém , pelo fato de ter ido para o Oriente. – Essa mesma limitação é útil para estudaras obras do dito autor, cuja identidade reservamo-nos apontar apenas aos nossos estudantes sérios, pois discernimento e mexerico não são a mesma coisa!...

N. 68 – Em 1946, por ocasião de breve viajem ao Brasil, achava-me por alguns dias no Rio, e, ao passar pela rua rosário, senti repentinamente impulso – que meu Anjo, ou algum Mestre da Corrente Martinista, ou O MESTRE… - que me deram , para eu entrar numa Livraria, em cujas estantes distingui logo o livro raro… que me cobraram como tal alias!

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organizou o livro. De AMO, Só existe uma obra pessoal: “O espelho espiritual,

editado por Chamuel e admirado por Papus. Vejamos excertos, de AMO, que nos

Falarão, simultaneamente, dele do congresso e de seu laço com o MEM

PHILIPPE…

“O Congresso da humanidade é uma obra de Simpatia Universal. Ele deve,

através das divergências do sentimento ou do pensamento, operar a aproximação

dos homens de boa vontade, perturbar os credos de ódio que desolam o nosso

pequeno globo.

“Já que todas as seitas, religiosas ou não se mantêm senão por tal afirmativa,

elas serão chamadas em torno da idéia humanitária comum. Sua diligência em

responder ao apelo – dará a medida de sua sinceridade… N. 69.

“A meta do congresso da humanidade é procurar realizar, no plano ideal e

fazer entrever, desde já, no plano da vida prática, a Unificação da terra, a

constituição da humanidade integral – conforme o belo título do jornal que divulga

este bastante amor e belo titulo do jornal que divulga este artigo…

“O Congresso da humanidade será a chave dessa futura Harmonia entre nós,

se a nossa desditada Terra contiver, Hoje, bastante amor eficiente para realizá-la…

“Digamos, pois, com M. Bouvier, o simpático diretor de la Pais Universelles:

Diferentes Congressos poderão ter lugar simultaneamente, Congresso das

Religiões, Congresso do livre Pensamento, Congresso Espiritualista, Congresso da

paz, etc, mas caberá ao CONGRESSO DA HUMANIDADE reuni-los e enfeixar tudo”

(moral e intelectualmente, esclarece o artigo).

Com. 83 – Temos assim, a definição clara do que pretendiam intentar esses

beneméritos, dinamizados por AMO, no terreno comum em que iriam procurar reunir:

aos melhores representantes de religiões e instituições de fundo espiritualista,

começando por estas últimas, Já que a elas pertenciam e, por outra razão mais, que

esclarecerei quando haja de comentar as campanhas do ALBA LUCIS... – Vejamos,

agora, as convicções sociais do AMO; expostas em outro artigo (parte final do

mesmo, publicado em L’humanile integrale de abril de 1896):

“…Resta-me considerar o ponto de vista social da vossa carta. Aqui, falarei

como membro ativo da sociedade (humana), ou antes, da humanidade Balbúrdia à

qual pertencemos, e ireis achar – me completamente acorde com a vossa opinião.

N. 69 – Carolei: preste atenção a essa frase de AMO: precisaremos dela para compreender bem, mais

tarde, certas campanhas do ALBA LUCIS…

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http://amopax.org 132

“A Sociedade atual esta condenada; ela é egoísta e má rapace e covarde. Ela

é o feudalismo financeiro e a mediocridade burguesa; ela é a escravidão de toda

inteligência e de todo braço aos Senhores ao ouro, de pai a filho.

“Decora-se ao produto do trabalho com o nome de Capital, a fim de se ter

pretexto para açambarcá-lo.

“A Revolução não foi feita para isso; ela não foi feita para que os ladrões de

grande marca ganhem milhões ás centenas, traficando sobre os objetos de primeira

necessidade (açúcar,trigo,etc), enquanto não garantem um cruzeiro por dia ao pobre

velho, que pode morrer de fome, após ter empregado toda a energia da sua

juventude e da sua idade madura, para acumulação daquelas riquezas…

“Essa Sociedade está condenada; tem o machado em sua base, Nada vale.

Ela é um perpetuo combate da Fraude contra a Verdade (ah! As vergonhas guerras

de povos a povos), da iniqüidade contra a justiça!

“Aqueles aos quais se perseguem terão um dia estátuas: os que têm estátuas

serão aos que têm estátuas serão lançados ao esquecimento.

“Mas, se dou razão aos que se lançaram na dianteira, em nome do amor

sincero da Comunidade da Terra, também lhes grito:

“Amai, e sede justos para com vossos inimigos. Pregai com o Exemplo e a

Doçura; pois a violência, sempre condenável, chama a violência, serve-lhe de

pretexto, a perpetua.

“Amai, é o único segredo de toda força, de vida, de toda paz, de toda harmonia!

“Aqueles que ainda dominam, direi: apressai-vos, pois que uma evolução,

ainda que dolorosa, vale mais que uma espantosa Revolução. Que os melhores

dentre vós, não reneguem ao Povo do qual saíram.

“Por isso, caro Senhor e irmão, repito ainda: as palavras de Paz e de União,

que o amor e a Sinceridade nos ditam, são as únicas armas que devemos empregar

para a realização da humanidade - Una.

“O Congresso da humanidade é uma obra pacífica de fraternidade universal.

Que não lhe façam perder tal caráter! – AMO”.

Com. 84 – Temos assim, Carolei, a explicação da amizade e Proteção dadas

pelo MEM, não somente a este “AMO”, mas também aos Papus, aos Jaurês, e a

outros que… lembra o “grupo” visto por Upasika. UM socialismo e progressivo,

sincero, deísta de ápice e humano de base, teria sido remédio preventivo contra o

comunismo materialista… Agora, é mais difícil tornar a subir a ladeira, pela qual, o

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http://amopax.org 133

egoísmo e a indiferença, fizeram resvalar a Sociedade.

No artigo – dedicado a Mme. Papus (ver N. 67) – achamos isto:

“O Verdadeiro Martinista é um irmão do silêncio; que saiba reconhecer aos

irmãos do silêncio em toda circunstâncias. Estes conhecem-se entre si; a multidão

que ama o Ruído, não os conhece.

“Quem escreve estas linhas não é senão um muito medíocre aspirante, ele dá

o testemunho de fatos maravilhosos que são faculdade dos homens que conhece;

ele sabe também que outros virão mais tarde sobre a Terra, que serão puros,

poderosos e refulgentes como as próprias Potências do Céu …”N. 70.

Com 85 – Assim temos agora Carolei, a declaração múltipla de AMO:

Martinista, “Irmão do Silencio” e agindo “para dar testemunho” dos fatos

maravilhosos do MEM PHLLIPPE… a Quem não cita já que sabemos que, nessa

época, tudo quanto concernia à Pessoa e à Missão do MEM era segredo bem

guardado pelos Discípulos … especialmente os de Lyon!

Resta-nos ver, agora, “a triste tropa dos medíocres”, anulando, pelo menos

postergando – e tornando mais elevado o preço, mais tarde, de nova possibilidade

para – a realização desse Congresso. É um documento tão pungente quanto

sugestivo, pelo que contém entre as dolorosas linhas:…, publicadas em

L’INITIATION, vol. 41, 1898, págs, 271 e 272, com o comentário prévio de Papus,

dizendo: “O nosso amigo AMO comunica-me a declaração que segue. Lamentamos

vivamente a decisão de AMO, embora inclinando-nos com respeito, ante as

elevadas razões que, do invisível, o incitaram a tal determinação” “Cessação da

primeira iniciativa – devo levar ao conhecimento dos leitores da “Paz Universal” uma

decisão que sem dúvida comoverá a mais de um coração. Desde o 15 de setembro

de 1894, tomei, neste jornal, a iniciativa do Congresso da humanidade.

“Com esse fim, publiquei toda a Serie de artigos intitulados O Congresso da

Humanidade, assinados “A Redação”, para garantir o caráter impessoal de tal obra.

“O nosso excelente confrade, M. Bouvier, o simpático Diretor de A PAZ

UNIVERSAL, abriu-me totalmente as colunas de seu jornal. Nenhum entrave houve

nunca de sua parte, para com os nossos Esforços.

“Hoje, abandono para e simplesmente a grandiosa Tentativa que tantas almas

N. 70 A página 238 e 239 do livro citado, que menciona reproduzi-lo de “ LINITIAON”, julho de 1896. A

única diferença é que no livro, esqueceram de reproduzir a dedicatória a Mme. Papus, que citei na nota 67… felizmente os Arquivos do Retiro sã bastante completos…

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generosas saudaram através de todas as fronteiras.

“Se outros querem perseverar, reerguer este nobre e santo Estandarte, que o

façam!

“Não quero desanimar nenhum Esforço, e o Congresso da Humanidade

ingressa no Domínio público.

“Mas, e os motivos de semelhante Decisão? Dir-me-ão.

“Há-os muito misteriosos . O porvir esclarecerá vivamente este ponto.

“Enfim estamos em vésperas de um grande Ciclo… Depois, será o reino de

ouro que se estabelecerá pela Intervenção efetiva e publica da Onipotência sobre a

Terra…

“Disse-o, para confortar, apesar de tudo às almas amorosas, e não para desfiar

às céticas Legiões que tem tudo único Princípio: negar tudo quanto não

compreendem…

Com 86 – como se vê AMO fala como um pequeno Mestre. Pequeno, em

relação ao MEM, mas com que segurança e convicção profunda fala, em

comparação com a palavra, tão pretensiosa quanto retirente, de tantos outros! E,

Carolei, o artigo continua; mas estava destinado àqueles que, na época do MEM,

estavam familiarizados com certos ensinamentos do MESTRE, sobre o Destino e a

Missão Providencial das Nações em geral e da França em particular. Acharemos

isso, então, nos temas reverentes às Profecias do MEM PHILIPPE… bem adiante! .

Mas, agora Você sabe quem é “AMO”, Vê que laço ou laços, e que respeito

profundo o ligaram ao MEM. – Compreende-se, então, tanto a aparente confusão

entre AMO e PHILIPPE, voluntariamente ou não, acontecia em muitas vezes! –

quando invocado sob tal Nome, que, como já disse é o inicio do nome que ele tinha

em usam de suas mais gloriosas Encarnações, como iremos ver no seu devido

tempo!...

E, antes de deixar a “AMO”, possivelmente convenha ressaltar a sua viagem e

permanência na ìndia, como um dos motivos de ter sido escolhido pelo próprio MEM

para presidir aos trabalhos da “A.M.O”, de cujo caráter multilateral e unitivo do

Oriente-Ocidente já falei amplamente em Yo que caminé…, como, ainda,

eventualmente a sua decisão, de não mais insistir junto à parte da “humana

Balbúria” – termos dele – que se diz “espiritualista”… mas sabota tudo quanto não

for da sua seita!

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* * *

O muito Excelso Mestre e: ESSÊNIOS, GNÓSTICOS, TEMPLÁRIOS E ROSA-

CRUZES. – Com. 87 – Um autor que tratou dos Rosas-Cruzes escreveu: “Os Rosas-

Cruzes, herdeiros dos Templários, filhos estes dos Gnósticos, que vinham dos

Essênios… dos quais surgiu JESUS…”.

A rigor de verdade, Carolei, essa Frase poderia bastar, com uma olhadela ao

Quadro da Tradição – a págs. 108- 109, - para entender. Porém, como muitos dos

chefes de Correntes ou Ordens, que se aproximaram do MEM, estão relacionados

de modo mais ou menos direto, com alguma das “Correntes acima citadas, é bom

traçar algumas linhas orientadoras…

Os ESSÊNIOS. Dos quais só falavam, entre si, durante tantos séculos, os

iniciados e alguns raros teólogos ou exegetas, gozam recentemente de uma

renovada voga. É fácil, por outra parte, perceber o mal-estar, o desassossêgo, e, por

que não dizê-lo? O TEMOR com que, católicos, protestantes e judeus, tornaram este

assunto, quando do relativamente recente descobrimento dos “Pergaminhos das

Grutas do Monastário Essênio de QÛMRAM”, na primavera de 1947, junto à costa

oriental do Mar Morto. Esse pastor beduíno “Muhammed Adh-Dhid”, ou seja,

Mohamed o Lôbo, não supunha certamente ser escolhido pela providência, com o

achado que iniciou, causaram uma tremenda revolução, que ainda está nos

primeiros episódios, em nossos conhecimentos sobre As origens reais do

Cristianismo, bem como sobre a realidade da juventude de Jesus – o Homem, o

Essênio – e, por inevitável resultância, sobre todas as adulterações, voluntárias

umas, outras não, que igrejas e seitas várias acumularam, por ignorância ou por

fanatismo e ambição no decorrer dos séculos.

Umas quantas coisas resultam já evidentes como conseqüências do achado

do pastorzinho beduíno, e do sacrifício do Metropolitano da Igreja Síria, Mar

Asthanasius Yehue Samuel, que foi avisado logo no monastério de São Marcos em

que se achava então este Metropolitano arriscou muitas vezes a vida – por motivo

das então reinantes entre os bandos árabes e judeus – para carregar os manuscritos

que iam comprando. Com não menor sacrifício, durante anos, agüentou todas as

idas, marchas e contramarchas, de sábios, clérigos e governos, que, por um lado

que teriam gostado de saber o que continham os Pergaminhos, cuja importância e

antiguidade tornaram-se logo evidentes, e, por outro, temiam ver: uns, como os

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judeus, alterando ou anulando o valor dos seus textos “massoréticos” tradicionais

(isto, da época em que a letra e a interpretação foram fixadas); ou, como os cristãos

em geral que temiam - com uma pouca visão que não os favorece nada! – que o

Jesus Cristo único e divino viesse a sofrer, nesse caráter, pelas eventuais

revelações dos Pergaminhos. É triste tão limitada percepção da diferença, inevitável,

mas que deve ser feita entre a família, seita, raça, etc… (alguma havia de ter,

finalmente) em meio as quais Jesus “homem e Judeu” teve que nascer, criar-se, ser

educado, e etc; por mais cedo que se revelasse a Sua divina Origem, revelação que

os Gnósticos – como veremos adiante – situam somente quando completou-se a

fusão entre certa parte dos Seus Corpos superiores (como diríamos hoje) é o

menino de doze anos aproximadamente…

Mas, voltando aos Essênios, é evidente que não podemos servir à Verdade, se

nos deixarmos levar pela campanha que, com a tradicional, vêm construindo o setor

dos cleros, e, infelizmente, o católico com mais ênfase. Quando se estudam as

entrevistas e publicações como, por exemplo, as do R. do Pe. Barthélemy (Le

Monde, 31 de março de 1957), que concluí nivelando a “espiritualidade de Qûmram

a um dos adultos mais eficientes trazido ao solo judaico, o de Jesus insere um

germe novo “decido do céu”; ou do R. P. Daniélou (L’Express, 9 de agosto de 1957

em continuação a reportagens de 7-12-56 e 1-2-57), que, parecendo prestar

homenagem ao espírito monástico Essênios (em curioso contratempo, às vezes,

como outro entrevistado conjuntamente, o Sr. Del Médico, autor “Dois Manuscritos

Hebraicos do Mar Morto”, e de “O Enigma dos Manuscritos do Mar Morto” – N. 71, não

se atreve a ir até o fim da sua aprovação da idéia de Renan: “no fundo do

cristianismo é um essenianismo que triunfou”; ou, ainda, temos as novas tentativas

do Jesuítas, que, utilizam a mania moderna – nova crendice em certo modo – da

infalibilidade dos Cérebros eletrônicos (cuidado, é a arma de dois gumes para

Roma, também!) vão confiar a um “IBM-705” (que bonita propaganda! – ver Singra,

23-5-1958) a tarefa de procurar desviar atenção dos problemas profundos que os

Manuscritos trazem, para a conhecida chicana sobre termos e: não esquecemos o

cérebro eletrônico OPINA e OPINARÁ, apenas, em função dos elementos que se lhe

N. 71 – “Deux Manuscrits hébreuxz de la Mer Morte” – M. Del Médico. Ed. Geuthner. “L’Enigma des

Manuscrites de la Mer Morte” – M. Del Médico, Ed. Plon. – No que se refere as obras do R. P. Danielou, cabe citar: “Les Manuscrits de Mer Morte”, e “Origenes du Christianisme”, devendo-se, ainda, apontar que o citado Padre Professor do Instituto Católico, é francamente partidário da idéia de serem os Essênios o elo que faltava no “início do Cristianismo”, como bem apontou “L’EXPRESS” na longa reportagem de 4 grandes páginas e meia, citada.

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proporciona, e da classificação que se lhes dê na “grelha” ou rede de elementos que

ele deve digerir… Ao chegar ao tema da Automação, tornarei a mostrar o perigo da

nova escravidão e cretinização padronizada, que a mecanização do pensar está

levando a já “triste tropa…”…

É, nem aqui no Brasil escapamos do labor contra as verdades que os

Manuscritos Essênios põem agora em plana luz. Efetivamente os Manuscritos, uma

revista, tão bem feita e hábil quanto – infelizmente – capciosas às vezes N. 72, falando

dos Rosa-cruzes, que despedaça com inegável talento, aproveita para negar – com

essas afirmações categóricas das quais “sempre fica alguma coisa”, por menos

fundamento que tenha – que os Essênios não poderiam ter Cristo como discípulo e

continuador da tradição essênia. Se falam em “Cristo”, estamos de acordo. Não é

menos evidente o recurso usado…

Voltemos então, as vistas para as fontes sérias; vale dizer: as que não tem

interesse sectário, como os livros, de A. Powell Davies, o de E. Wilson, e outros. O

último citado apresenta a enorme vantagem de ter sido um inquérito feito para The

New Yorker, em 1955, e de ser totalmente imparcial e objetivo, expondo os

interresses em choque. Os argumentos de cada setor e as conclusões que se impõe

por si mesmas. Assim como o fato de ainda haver muita coisa por decifrar.

Felizmente, agora os Manuscritos-rolos, acham-se na Universidade Hebréia, não

mais sendo possível alterações de textos, já que foram amplamente fotografados,

com cópias ao alcance dos investigadores, bem como exposição pública dos

originais. N. 73.

Sobre a Comunidade de Qûmram, poderemos resumir, que, além de ser

composta de uns 4.000 Essênios – o que já se sabia pelos Historiadores antigos

como Josejo e Filo – Plínio descrevera bem o lugar e tipo do edifício e da biblioteca.

Interessantes considerações fazem tais autores antigos sobre os motivos que levam

os Essênios a considerarem a mulher imprópria para a vida de comunidade.

Entretanto, em Qûmram acharam-se uns poucos esqueletos femininos, confirmando

N. 72 – “Pergunte e Responderemos” – N. 2, de fevereiro de 1958, págs. 44 e segs. Do citado artigo, só

podemos aprovar o que, aliás, tínhamos deixados entrever, a pág. 286 e 287 de Yo que caminé por el Mundo, sobre certas sociedades comerciais que se intitulam Rosa-cruzes. Mas, isso não é coisa que acontece só neste setor! Mais vale não falarmos em comercialização das coisas sagradas, não é de D. Estevão?...

N. 73 – The Meanning of the Dead Sea Serlls – A. Power Davies. – Em espanhol, pode-se ler: “Los rollos del Mar Muerto” – E. Wilson, ótimo, claro e relativamente completo, para informação geral e imparcial. Existe, também, uma obra do Dr. Hugh J. Schonfield, que foi muito louvada pela sua imparcialidade, e que, infelizmente, não conhecemos ainda.

A conhecida revista LIFE – reproduzido do TIME – fez uma publicação ilustrada muito notável, na qual resume bem os trabalhos feitos nos diferentes setores.

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que não há regra sem exceção, e que algumas mulheres eram reconhecidas

capazes de seguir a austera via, o labor silencioso ou quase, e vida frugal.

Não sendo este livro a fazer a história nem descrever a doutrina Essênia,

salientarei apenas dois aspectos: um, que de fato, as buscas dadas lá, sobre a

direção do ativo padre De Vaux mostram um Monastério de pedra, de quase 30 por

40 metros, com vasta sala de reunião; outra, de estudos e redação; oficinas de

cerâmica, moinho de grão, etc. treze cisternas, duas quais seis grandes. Mas, no

aspecto material, o fato de que certos documentos achados, indicavam reservas de

200 toneladas de ouro e prata, parece confirmar a parte doutrinal de que eles

Essênios, se consideravam destinados a preparar a Nova Aliança, não apenas no

sentido que seus Manuscritos mostram que a recebiam misticamente, senão aquele

outro, mas grave na social e no espiritual, de que preparavam-se, para os tempos

que sabiam próximos, da missão: tanto de um João Batista, que teve indiscutíveis

laços com eles e não menor “tolerância” – poupar-te dos Essênios, devida a sua

forma de vida e de predica que era “revolucionária”de modo, embora coincidente de

fundo, como a do próprio Jesus, também indiscutivelmente ligado a eles, como

homem, isto é: Jesus, não o CRISTO. E, nesse aspecto é, onde os trabalhos do

orientalista francês Dupont-Sommer, em sua obra “Aperçus préliminaires sur les

manuscrits de la Mere Morte” levantaram celeuma entre os interessados em “não

mecher”…

São João, o do Evangelho do VERBO, isto é, o mais gnóstico de todos,

surgem também agora, numa luz que o faz considerar como mais “essênio, termo

que querem entender como mais judeu para significar provavelmente, menos

cristão…

Carolei, deixemos todos esses fariseus. Concluamos com as mesmas palavras

do inteligente artigo de LIFE: “E aos cristãos que desejam conhecer melhor a matrix

em que se gerou a sua fé, o povo que escreveu os pergaminhos estende uma mão

através dos séculos”…

Veremos, ainda como o MEM PHILIPPE, amigo “pessoal” – não temos outro

termo “humano” para dizer o que pensamos – de JESUS-O-CRISTO, nos explica as

duas naturezas de Jesus. E, por agora, olhemos para o Quadro da Tradição e

tornar-se-á muito claro como, por causa das Missões Budista, através dos místicos

da Pérsia, os Essênios tinham uma pré-Gnose que continha… tudo quanto está nos

pergaminho e muito mais ainda? E nessa, forma que devemos considerar Essênios

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e Gnósticos como estreitamente unidos, pela posse comum de certos conhecidos

idênticas vivências.

* * *

Os GNÓSTICOS. – Com. 88 – Carolei, se eu abandonasse Você aos cuidados

dos dicionários populares, cuja venda está subordinada a não chocarem “Os

Poderes Constituídos”: Igrejas, Governos & Cia. Ltda; Você teria que se conformar

com isso “Gnosticismo: Sistema teológico e filosófico, cujos partidários diziam ter um

conhecimento sublime da natureza e atributo de Deus”. Até lá ressalvando o

prudente e dubitativo diziam ter, podia-se ficar com isso, como definição de

divulgação; mas, a seguir, tanto Cândido Figueredo como Ubiratam Rosa (que, aliás,

usam texto idêntico em ambas as definições) nos dizem: “Gnósticos: Herege;

partidário do gnosticismo”. – de forma que, a única salvação que nos resta é a

definição que se dignam dar de “GNOSE’: Ciência superior às crenças vulgares.

Saber por excelência: gnosticismo – do grego: gnosis”. Vejamos documentação mais

ampla:

Gnose – etimologicamente “conhecer”, porém não no sentido intelectual, se

não no direito; isto é, como nos dirá Geyraud N. 74 “… é a inteligência ou

compreensão imediata das Coisas Divinas, o Ensinamento dado nas primeiras

idades do mundo, quando o Egrégoro humano (alma do reino humano) ainda estava

plenamente compenetrado de luz. A Gnose, é essa tradição transmitida de idade em

idade, zelosamente guardada nos Livros sagrados do Tibete, do Egito, da Caldéia,

nos Mistérios de Elêusis. É a Via, a Verdade, a Vida, cujo ensinamento esotérico é o

Logos. É a subconsciência do homem, que o acompanha através das idades. É na

Gnose que Lao-Tsé descobri sua doutrina. Maomé impregnou dela seu Alcorão, na

parte esotérica. E Jesus a ensinou a alguns discípulos escolhidos.” – “Assim, pois a

Gnose não pertence a confissão nenhuma: ele é a Fonte de todas as religiões”.

Dessa “Gnosis”, um Doutor Gnóstico, Teodoto, citado por Clemente de

Alexandria, diz: “é o conhecimento direto dos mistérios de Deus, recebidos sobre o

que éramos e nos tornamos; conhecimento de: onde estávamos e onde fomos

postos: a qual procuramos atingir e pela qual somos redimidos; Gnose, que é

N. 74 – Exerto de “Sectes et Rites”, de Pierre Geyraud. Sobre as obras e personalidade deste sacerdote

católico, fiz pessoalmente uma investigação em Paris, em 1956. tornaremos ao assunto, mais adiante…

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geração e regeneração” N. 75.

Os textos Herméticos (outra Corrente do Quadro, Carolei…) a definem como:

“uma aspiração, uma devoção interior, que é pura intuição espiritual, contemplação,

visão do Divino por meio dos olhos do coração (N.75).

Outra boa definição, que completa facetas: Gnose, é pois, autoconsciência; é a

conciliação, em nós, das aparentes antíteses do Universo” (N.75).

Um apanhado muito resumido de numerosas fontes, poderia dar a Você,

Carolei, essa visão do andar histórico da Gnose; com os seus diferentes ramos:

A “Disciplina dos Segredos”, transmitidas por Jesus a escolhidos, gerou a

corrente Gnóstica. – Antes de surgir alguma organização gnóstica, os primeiros

tempos da Igreja de Jesus, foram: A Igreja Ebionita, com Tiago como Pastor e Pedro

como Apóstolo: eles punham a circuncisão como condição para o batismo, e a Thora

(Lei-Doutrina-Judáica) como única porta de acesso ao Evangelho. Era, pois,

estreitamente nacional, buscando ainda em Cristo, o Rei social.

Com a chegada de Paulo, este conseguir afastar a exigência da circuncisão e,

a partir desse momento, é que os Gentios (os não Judeus) puderam tornar-se

Cristãos!... O Nazareísmo tornou-se Cristianismo, dando origem a novo tipo de

organização externa cristã: A Igreja Palestinense, que consta da Didaké, ou Doutrina

do Apóstolos, adaptação maravilhosa dos velhos catecismos, realizada em 150 e

descoberta em 1883 num Monastério do Oriente – Não tinha, tal igreja, ainda

doutrina fixa; outorgava Batismo, consagração Sacerdotal pela imposição de mãos e

Ceia mística, ágape comemorativo e simbólico celebrado, então, após o Ofício,

como ação de graças – Qualquer fiel podia batizar, havendo água, e preferindo a

imersão total. Diaconesas, existiam já nessa época. Celebrações em altares aos

sábados e, mais tarde, aos domingos também.

Aliás, Carolei, devemos ressaltar, antes de prosseguir, dois aspectos do já

exposto: um, que a aspiração, intuição espiritual, visão do Divino pelos Olhos do

Coração. E a autoconsciência, a conciliação, em nós, das aparentes antíteses do

Universo, não são, nem podem ser, uma posição filosófica, nem crença, nem credo,

e muito menos dogma, que resolva teoricamente e problema religioso ou místico de

ninguém! Por isso, “partidários da Gnose” é uma expressão que se presta a

confusão. Deveria dizer-se praticantes da Gnose, que é, exclusivamente?: uma

N. 75 – Exerto de “La Chiesa del Paracleto”, notável obre de Vincenzo Soro, gnóstico e martinista da Igreja

Gnóstica Italiana.

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ciência da vida interior, como veremos com umas noções mais, sobre sua primeira

manifestação externa, nas Igrejas dos primeiros tempos cristãos.

Mas, antes de voltar à Igreja Palestinense, é bom esclarecer o segundo

aspecto: que, hoje, graças ao descobrimento dos Pergaminhos de Qûmram, sabe-se

já que a famosa “Didaké” grega, não passa de uma derivação do Manual da

Disciplina dos Essênios, que já tinha, antes da vinda de Jesus, o batismo, precedido

por um jejum; e a ceia sagrada, que compreendia um pão partido e um copo de

vinho.

Assim, pois, na Igreja Palestinense, esse labor devocional, a prática do perdão

e da caridade, era tudo, nessa igreja e nessa época. Profundamente crentes numa

segunda vinda do Cristo à Terra e do estabelecimento do seu Reino nela, tinha

como palavra de reconhecimento essa mesma que vimos em Arpas Eternas:

“Maranaltha”, que significa “Eis aí o Senhor…”.

Entretanto, posto por Paulo na via da “gentilização” (administração dos não

judeus) o Cristianismo se difundia rapidamente no mundo pagão, atingindo

Alexandria, foco de sabedoria notável, onde a propaganda apostólica cultivou aos

novos discípulos de Platão. Desde então, a Filosofia Neoplatônica tornou-se a

poderosa aliada da tradição evangélica. Dessas núpcias da Rosa com a Cruz,

nasceu o Quarto Evangélico… cujas fontes anteriores remonta à sabedoria do Zend-

Avesta (Livro do Conhecimento, dos Masdeístas) como aparece às vezes no

Eclesiastes, no Livro do Daniel (164 a. C.) e, também, no Livro de Enoque, sendo

este último fonte central do conhecimento kabbalístico-gnóstico.

Pedro, Tiago, João, tendo sido os três preferidos íntimos Discípulos de Jesus,

conservaram em segredo aquela doutrina reservada que o Rabi da Galiléia lhes

confiara. Era a parte mais transcendente e mística. A Igreja-Mãe foi a depositária.

Mas, alguns deles não puderam aceitar que Paulo, que não tinha recebido tudo isso,

como Pedro ou João, dos lábios de Jesus, e sim da Gnose pré-Cristã, não

observasse tanto segredo e divulgasse os mistérios relativos ao CRISTO e ao

Reino, tanto aos judeus como aos gregos e romanos. Não é outra a origem do

conflito Pedro-Paulo, que dura até hoje…

A Gnose Joânica comportava como idéias (não dogmas) centrais, estas: fundia

o ensinamento kabbalístico dos “três Adãos”: A Humanidade Ideal: Homem

Espiritual coletivo de todos os mundos e planos…; Adão Planetário ou Astral: soma

das individualidades evoluindo em determinado planeta…: e, finalmente, o Adão

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humano, ou, em, terrestre: primeira manifestação limitada, ou seja: individualizada,

do Adam Kadmon, ou Humanidade ideal; com outros conceitos neoplatônicos: Deus

Criador, Logos, Verbo, Arquétipo.

Um resumo, mesmo breve, das doutrinas Gnósticas, teria que incluir,

inevitavelmente, uma apreciação da evolução da Gnose Joânica, através do tempo,

com as modificações e inovações de Simão o Mago – o primeiro Doutor Gnóstico,

célebre pela levitação que operou em público – e seus seguidores Cerinto

Menandro; ir pela Gnose Ciríaca, com Saturnino, até os Ofitas e Justino; passar por

Basílides, o segundo Luminar da Gnose; por Carpócrates; pelos Cainistas; por

Marcione, real pai da crítica bíblica; por Monoimo, sábio doutor árabe; por Valentino,

“o mais profundo dos filósofos” e seus movimento que animou as figuras como:

Marco, o matemático da Gnose, como Ptolomeu, Heracleone, Bardesano – o

salmista gnóstico – e muitos outros. Não tenho aqui espaço, nem a finalidade é fazer

exposição de doutrina, para o que, Carolei, Você deverá recorrer à bibliografia, no

fim do IV volume.

Mais tarde, já quase nas postimárias do século IV, continuou, agora no

Ocidente, a perseguição homicida que, no Oriente, tinha ferido à Gnose, na pessoa

de Manete, crucificado e de quem tiraram, em vida, a pele “a canivete”…

Priciliano foi, pois, mártir primevo, no Ocidente, não obstante a intervenção de

São Martin de Tours e S. Ambrósio de Milão. Durante os setecentos anos seguintes,

a Gnosis parecia adormecida, muitos dos seus fiéis reunidos na Armênia, sobe a

nome de Paulicianos – nome ainda hoje conservado pelos Gnósticos da Bulgária –

e, atravessando seus emissários e êxodos, o caminho da Trácia, pelos Bálcãs, a

Dalmácia, e daí a todo o Sul da Europa. Seu fervor religioso lhes fez merecer o

nome de “Bogomili” (os enamorados de Deus), ainda usado na Igreja Gnóstica

russa. Na Europa, tomaram logo o nome de Catharros (Puros ou purificados), do

grego catharsis: auto-aperfeiçoamento, autopurificação.

Orléans, na França, foi um grande centro gnóstico, destruído com o martírio de

28 de dezembro de 1022, onde pereceram muitos, entre os quais Heriberto, Teodoro

e o Chaceler Bispo Stephanus. Foi este último a quem a fria rainha Constância furou

um olho com a bengala…

Vinte anos após, houve os mártires de Milão, entre eles o Bispo Gerardo. Seria

tristemente longo, lembrar todo esse martirológio de defensores da liberdade

religiosa, da fé ampla e da idéia de federação livre das Igrejas. Foi preciso chegar ao

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Concílio Geral de maio de 1167, realizado em Saint-Felix de Ceraman, perto de

Toulouse, pra uma nova proclamação e decisões, doutrinais e administrativas. O

Patriarca Nikita, vindo especialmente de Constantinopla, com nobres palavras

abençoou e aprovou a Igreja do Paracleto (Igreja Gnóstica do Espírito Santo).

Mas, após breve tempo, no qual floresceram os “Fiéis do Amor” (aos quais

pertencia Dante Alighieri, cuja Divina Comédia é um poema gnóstico), veio logo o

drama Albigense e o inesquecível episódio de Montségur; após três anos de luta em

toda a região. A nobre Esclarmonde de Foix, levou a Patriarca Guilharbetro de

Castres a seu castelo, com todo o alto clero gnóstico, famílias e seguidores.

Quando, após um assédio de quase dezenove anos, houve um cerco direto de

duzentos dias, na última possibilidade, o Patriarca que já tinha abençoado a muitos

heróis mortos, abençoou então a duzentos mártires. Entregando-se, foram entrando

no fogo, como uma procissão numa catedral!: na frente, o Patriarca, seguido pelas

duas Arquidiaconisas Raimunda de Cuc e Esclarmonda de Perelhe, que lhes

seguravam o Manto Sagrado; vinha após os Bispos, os Diáconos e Diaconisas, logo,

todos os Cavalherios e damas… Do centro das fogueiras, num derradeiro

esforço,elevaram-se:

Saúde, amor e benção, em Nossa Senhora O Espírito Santo”. E, em torno dele,

elevou-se também, o grande coro de amor e de perdão…

* * *

OS TEMPLÁRIOS. – Com. 89 – Mas, os Drusos do Monte Athos e outros, por

um lado, os Templários por outro, reintroduziram na Europa o pensamento gnóstico.

Daí nasceu a Gnose Templária, organizada em Ordem tão poderosa que, já em

1244, tinham “Comendadorias” e domínios esparsos por toda parte, devido ao

segredo sob o qual ocultavam seu real propósito: o de reconstruir O Templo: uma

nova ordem de coisas, social e religiosamente falando, com instrução obrigatória

porém não leiga, e a liberdade de consciência como base.

Em 1312 a Ordem foi processada. E, no dia 16 de outubro daquele ano,

durante a leitura da ata de acusação, que os 300 Bispos do Concílio ouviam nove

Templários, desafiando o perigo de se mostrarem, já que ser Cavaleiro do Templo

equivalia a prisão e suplício, vieram se oferecer para demonstrar a inocência da

Ordem. O gesto, pela bravura e pela franqueza, agradou (isto é de outra época,

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Carolei…) e foram ouvidos até com simpatia a respeito. Mas o Papa, contra a

hospitalidade e a fé, os prendeu, tendo o Concílio portestado, um “Consistório

decreto” aboliu a Ordem, sem a menor consideração, nem a ela, nem aos

Consistório. Os Valdenses, com João Huss; e os Humanistas Rosa-Cruzes, com o

seu mártir Giordano Bruno, fecham essa página, rua de sacrifício por um lado e de

outro. Perdoemos, Carolei, aos que “não sabem o que fazem, e – parece – nem o

que se fazem”…

Os estudantes sérios poderão receber de nos, ou de outras fontes autorizadas,

os pormenores relativos ao “ressurgimento gnóstico moderno”, cujos episódios mais

salientes foram certamente os acontecidos com Doinel, funcionário da Biblioteca de

Orléans, que em 1886 achou um manuscrito de “Stephanus Heresiarcos

Chacelarius” ou seja: de Estêvão, o Chanceler gnóstico, “Principe dos Heréticos”.

Pouco tempo após, no Oratório da Duquesa de Pomar, perante dez pessoas,

entre as quais um Grande de Espanha, um Barão de um castelo dos Pireneus e

diversos luminares da vida oculta… houve nítidas manifestações “dos Bispos do

Sinodo Albigense de Moniségur”; cada um desses santos do Passado deu seu nome

e o Patriarca –Mártir Guillhalberto anunciou, em “voz direta”, a Sagração de Doinel,

o qual, efetivamente a recebeu, foi Patriarca um Bispo dos Velhos Católicos, da

Suíça, de maneira que, todos os Bispos Gnósticos dessa linha, são também

obrigatoriamente reconhecidos pelos demais Cleros, o Romano inclusive. N. 76.

Esse Patriarca Gnóstico “VALENTINIUS II” (Doinel), que teve auxiliares tão

valiosos como o próprio Papus (Bispo Gnóstico de Tolosa) e outros, teve como

sucessor a SYNESIUS (Frade des Essarts) e, mais tarde, entre outros na linha –

sucessória, achamos a JOHANNES II (o já tantas vezes citado, neste livro, Jean

BRICAUDE) que fixou em Lyon a sede da Igreja e, em 1907, funcionou as três

Igrejas: a Joanita Templária, a Carmelita Elíaca e a Neocatarra, sob a denominação

comum de Igreja Gnóstica Universal, intimamente aceita pelas e ligadas às Ordens

do Iluminados, Rosa-cruzes Kabbalósticos e dos Martinistas, cujos pormenores

podem ser estudados nos textos especializados, além da Tradicional Oral que

N. 76 – Não esqueçamos que, de acordo com o Direito Eclesiástico Romano, o Papa se vê, em casos como

esses, na obrigação de reconhecer tais Bispos como legítimos, embora possa – ao mesmo tempo – “excomungá-los” como rebeldes ou com qualquer outro motivo ou pretexto. Mas, continuarão BISPOS, com o direito de sagração a novos e legítimos Bispos. Isto, aliás, tem aplicação não somente no caso dos Bispos da Igreja Gnóstica, como mais recentemente, está ocorrendo no próprio sei da Igreja Romana, com os Bispos que, na China vermelha, estão sendo eleitos por assembléia do clero local (assembléia é igreja, em grego…) em lugar de serem designados pelo Vaticano. Essa velha tradição cristã não pode ser anulada (Ver: “A HORA, 16 de setembro de 1958.)

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contém muitos segredos dessas diferentes organizações, que sempre conservam

laços entre si…, o que já esclarece muito o Quadro Geral para Você, Carolei.

* * *

OS ROSAS-CRUSES. _Com. 90 – Assim, Carolei, desde os sinais, Palavras

de reconhecimento e Toques secretos dos Essênios, dos quais já se acham notícias

nos escritos de Filão-o-Judeu e muitos outros, até as curiosidades históricas de

Santo Lino de Linus, Essênio e Discípulo do Cristo, que tinha fundado uma Igreja em

Besançon (França) já no ano 54 da Era Cristã, igreja que Nero destruiu, e S. Lino foi

morrer em Roma, Soberano Pontífice, até Ferréol e Ferfeux, novos apóstolos em

Besançon, também Essênios e Sacerdotes da Ordem de São João Evangelista…

vemos que a história da TRADIÇÃO está cheia de martírios é o dos “Rosas-cruzes”.

Já comentei em foram externa, o que podia interessar a muitos, em obra

precedente, mostrando quais as diferentes sociedades – todas adaptam, parcelas da

doutrina Rosa-cruz, sem por isso poderem dizer que são “A Rosa-cruz” N. 77.

Não irei Carolei, citar Você longos e pesados excertos do - hoje inachável –

livro “Fama Fratenitatis” ou “Reforma Geral e Total do Universo”, editado em 1614,

reeditado em 1615 e tornado a editar com complementos, em 1681, um de cujos

exemplares tem passado, de mão em mão… até a minha, esperando a de outro

sucessor…

O fundador da Ordem, tal como a conhecemos hoje no Ocidente, foi Christian

Rosenkreutz (Rosa-cruz e Cristão…) que, já aos 16 anos foi para a Arábia, o Egito e

Marrocos. Tomou a sua ciência do misterioso “Lider Mundi” (O Tarot!...) que fôra

também conhecido por um certo Theophrasto… (isto é: Paracelso: Theophrastro

Bombastus…) O fundador associou-se mais tarde a outros sete, cujas iniciais são:

GV-IA-IO-RC-B-GG-PD. Todos tomaram o voto de castidade e as seis obrigações

seguintes: única profissão ou ocupação: curar gratuitamente; não usar uniforme;

reunir-se cada ano do dia C., no Templo do Espírito Santo ou notificar a causa da

ausência; escolher um discípulo a quem entregar os segredos antes de morrer;

conservar a palavra R-C que lhes serve de selo; permanecer ocultos por cem

N. 77 – Ver, a esse respeito, a págs. 280 a 288 de “Yo que caminé por el Mundo…”, bastante claro

“externamente” comentário sobre as diferentes organizações mais conhecidas nas Américas, bem como a posição nos diferentes cleros, tão nitidamente definida por PAPUS, e reproduzida nesse comentário…

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anos… I.O. morreu em primeiro lugar, na Inglaterra; D. foi o último da primeira série,

a morre, deixando por sucessor a “A”, que faleceu em Narbonne (França).

O fundador morreu com 106 anos de idade. 120 anos após foi achado e aberto

seu túmulo, onde achou-se a inscrição “Pos CXX annos patebo”, mostrando a

predição exata do achado. Uma descrição feita por Thomas Vaughan, em 1562,

desse túmulo, diz: sepultura com 7 faces, cada uma com 6 pés de largura e 8 de

altua. No centro, um Sol artificial. No meio, um altar – em lugar de laje mortuária.

Nesse altar circular, uma inscrição: “A.C.R.C. Hoc universi compendium vivus mihi

sepulchrum feci” – E, como lema: “Jesus mihi omnia; ou seja: “Jesus é tudo para

mim”…

No centro do Altar, quatro reveladoras inscrições:

Nequaquam vacuum Libertas Evangelli

Legis jugum Dci gloria intacta

A história dessa misteriosa Fraternidade continua sendo transmitida muito mais

oralmente, do que nos poucos livros que disseram o que podiam, entre os quais a

“Históire des Rose-Croix”, de Sédir, ocupa lugar preeminente, pela informação

invulgar de que dispunha…

Um dos livros da R-C, publicado em 1710 pur Sincerus Renatus (Sacerdote na

Saxônia) comenta que os Mestres da Rosa-Cruz retiraram –se na Índia… mas A

Ordem, como legião de albro especificado, continua, sob a direção de Chefes cujos

nomes são conservados. A partir de certa época, os Rosa-cruzes confiaram

pequena parte de sue símbolos à Franco-maçonaria, por intermédio de Elias

Ashmole, conseguindo assim voltar, ela mesmo, nas discretas sombras do labor

íntimo… surgindo, uma e outra vez, algum de seus Adeptos à luz do mundo… como

aquele que, em 1748, fabricou pra o Príncipe Eleitor de Dresden nada menos do que

quatro quintais de ouro, e desapareceu misteriosamente da prisão em que

pretenderam “conservá-lo”…

Um dos Missionários da Ordem, foi o célebre conde de Saint-Germain, de

quem falaremos a seu tempo.. assim como de Cagliostro ou de Martinez de

Pasqually. Alguns Jesuítas conseguiram penetrar no círculo externo da Rosa-cruz.

Em diferentes épocas e lugares certas instituições tiveram a oportunidade (raras

vezes aproveitada) de ter junto a si um dos Iniciados, que procurou inspirar

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determinados trabalhos. Por exemplo, em 1789, um rito maçônico chegou a criar os

“Irmãos Theoréticos” e, a contar do 3º grau, dava a teoria e prática da obra mineral”

(transmutação). O tão desconhecido “Rito Gótico” (que forma os graus 34, 35 e 36

do Escocismo) e que vive como fogo debaixo da cinza, principalmente na Holanda,

tem laços reais como a R-C, cujo chefe na Europa era, até antes da primeira guerra,

Leopoldo Engel, residente em Dresden.

O Dr. Frans Hartmann fundou na Alemanha, lá pelo ano de 1888, um Ordem da

Rosa-cruz Esotérica que, mais tarde, fundiu-se com a Ordem dos Templários

Orientais (O.T.O.). O Martinista Conde de Chazal foi aceito na Rosa-cruz e iniciou

mais tarde ao Dr. Sigismundo Bachstrom. O Conde de Chazal realizou a grande

obra (Pedra Filosofal das Transmutações) e, além disso, “via”, na Ilha Maurice, e

descrevia com toda exatidão, os horríveis acontecimentos da Revolução Francesa…

Num documento Rosa-cruz está exarado que, na Europa, a sociedade existe

desde antes de 1540, e que separou-se da Maçonaria a que se tinha parcialmente

unido em 1717; e que, o seu grande artigo de fé, é “a grande expiação que cumpre

Jesus Cristo sobre a Cruz Vermelha manchada e marcada com o Seu Sangue”. – As

“obrigações” que constam do documento de iniciação do Dr. Bachstrom contêm,

entre outras, estas: “manter segredo sobre si mesmo e sobre o que pudesse saber

dos segredos práticos: iniciar, antes de morrer, a um ou dois discípulos (homens ou

mulheres); permanecer pobre de aparência; desconhecido na sua real qualidade:

empregar suas riquezas na caridade, nunca pô-las a serviço de governo nenhum;

em nenhum empreendimento publico; a serviço de sacerdote nenhum; fazer as

esmolas secretamente; e não dar “fermento” (base da pedra filosofal) a nenhum

profano”. N.78

Um ramo Rosa-cruz interessante (entre tantas derivações secundárias, da

Ordem) é o que, desde 1860, existe na Inglaterra, cujos Membros encontram-se em

Londres na segunda quinta-feira de janeiro, abril, julho e outubro de cada ano… foi

renovado por Robert Wenteworth. Lord Bulwer-Lytton – o autor de ZANONI – foi

Grã-patrono da Ordem, e Membros como Frederic Ilockley, Kenneth Mackenzie ou

Harbrave Jennings, foram de fama mundial…

Ordo Roris et Lucius, bem como Hermetic Order of the Golden Davon são,

ainda sociedades sérias de inspiração rosa-cruciana, ensinando astrologia, alquimia

N.78 – Da “História dos Rosa-cruzes”, por Sédir.

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e outras ciências pra estudantes sérios e com cultura e mentalidade suficientes…

para começar, pelo menos!

Na América, exite a poderosa F.T.L (Fraternidade de Luxor) de origem oriental,

e outras.

A “Ordem Kabbalística da Rosa-cruz”, fundada pelo Marquês Stanislas de

Guaita, e da qual já ouvimos falar na Biografia de Marc Haven, tem para ingresso,

como aos sucessivos graus; estudos sérios, baseados principalmente na Tradição

Kabbalístico-Essênio-Gnóstica-Cristã, com os indispensáveis conhecimentos sobre

Pitagorismo, Egito e sua riqueza mística, etc. ninguém penetra nessa Ordem se ter,

antes subido todos os degraus da jerarquia martinista…

Desde 1898 estendeu-se pela Europa e América, também, a misteriosa F. T.

L., cujo modo de recrutamento e de organização nunca foi descrito. Os neófitos são

procurados mais ou menos como descrevia o cartaz que, em 1623, os Rosa-cruzes

espalharam sobre as paredes de Paris: “Aos que tem desejo sincero no coração,

Nós procuraremos, etc…” – Parece, Carolei, que esses “Nós” são gente que não se

deixa comprar, nem escolher’… nem procurar. São eles que escolhem… quando

“há” o que escolher!... Essa F.T. L. tem iniciação muitíssimo pura e essencialmente

crística.

Vamos terminar, Carolei, essa olhadela sobre os misteriosos Rosa-cruzes com

este resumo de comentários de Sédir: “… A Rosa-cruz só usou tal nome na Europa,

e isso, desde o século XVII. Não se pode dizer os nomes que ele teve em outra

parte, ou antes, ou depois… Aliás os R-C nunca desvendaram tais mistérios;

destruíram todos os seus manuscritos mais reveladores. O que sobra está fechado

em bibliotecas às quais nenhum profano tem acesso: NO Vaticano, na Suíça, na

Suábia, na Hungria ou em certos Retiros discretos.

“No que se refere à Rosa-cruz essencial, ela existe desde que há homens cá

embaixo, pois ela é uma função imaterial da alma da Terra. A vida terrestre é uma

filha do Sol amarelo que nos ilumina. Mas há outros seis sóis que fazem viver a

Terra; sóis atualmente invisíveis, mas que irão sucessivamente entrando em nosso

arco de visibilidade.

“O nosso Sol amarelo está comissionado à assimilação das funções vitais.

Debaixo, há o Sol vermelho que preside à aglomeração das células da vida terrestre.

Tal Sol dirige os agrupamentos cristais nas moléculas minerais; ele rege a

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morfologia, e as afinidades físicas e químicas. O Sol vermelho é a morada do Gênio,

do Anjo, do deus diretor do Instituto dos Rosa-cruzes: ELIAS ARTISTA…

“As pedras do nosso planeta são quase inertes, mas, no outro extremo do reino

mineral universal, há pedras que são tão diferentes das nossas, quanto somos

diferentes das nossas, quando somos diferentes dos seres que dirigem os cometas,

e que, contudo, são pedras: as pedras vivas, que refletem o esplendor da eternidade

e que São João viu e descreveu no Apocalipse (XX, 14, 19).

“É daquele mundo que dependia, e ainda depende, a Rosa-cruz. A Terra

necessita que suas energias se fixem. O termo da evolução do mineral, é o cristal.

Ora, os Rosa-cruzes eram minerais espirituais e queriam estender esses sistemas

esquemáticos que exploram os iniciados, nas crisptas da Índia ou nos pagodes do

Alto Camboje, poderá aprender a governar seus pensamentos de forma que seu

corpo mental se torne um diamante…

“Quando diversos homens se reunem e acham um modo de conjunto, fixo e

vigoroso como una das sinarquias primitivas, eles constituem um cristal

social. É pois, possível achar, entre as células de um povo ou de uma raça,

uma combinação tal que não haja nem oprimiddo nem opressor.

É o sonho que seguramos R-C: é o que explica a iniversalidade dos seus

trabalhos: no plano material, procuram uma medicina universal; no plano

intelectual, o cânon do saber integral; no plano social, a sinarquia; no plano

étnico, uma monarquia iniversal; no plano humano, uma fraternidade

universal”. (N.78)

Assim, deve haver um fórmula moderna, uma R.C.M.: Rosa-cruz moderna,

para realizar o ideal social que os Rosa-cruzes elaboraram…

Fig 26

V. 2 – O Cavalheiro Van PAAr,

conhecido entre seus Pares R-C, na Holanda, onde viveu lá por 16..., como “A Águia Solitária’. Faleceu, na posição acima ilustrada, no seu lugar, isto é, no Assento de Pedra do hemiciclo em que se reuniam, em certo sítio isolado… Hoje, tal como foi visto pelo Disc. “Jorge (atualmente Swami Sarvânanda), sua personalidade aflora, às vezes, à superfície da sua atual e triste encarnação: outra vez solitário, mas, esta vez, por ter aceito missão em zona na qual “ainda” não se encontram “Pares”: gente que queira estudar e dedicar-se seriamente aos Altos estudos, assim como às missões nas quais a “entrega” só pode ser total. Entre aquela encarnação e a presente, teve outras, uma delas como Discípulo de Louis-Claude de Saint-Martin e de Fabre d’Olivet…

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A corrente CRISTÃ. – Com. 91 – Agora, Carolei, e antes de passar a

considerar as Ordens e Chefes de Correntes que, mais diretamente estiveram em

contacto com o MEM PHILIPPE, será útil completar o já exposto nas páginas

precedentes e no quadro Geral da Tradição, com uns dados sobre a Corrente Cristã.

Embora não podendo, para não ser prolixo, reproduzir a totalidade dos nomes e

datas nela contidos, vou fazer uma longa citação – com algumas partes em resumo

– de um capítulo da erudita Tese que o Dr. Philippe ENCAUSSE apresentou para

sua formatura em Medicina N. 79:

“…É nesta Corrente que iremos encontrar os Mestres reais do Ocultismo

contemporâneo e seus mais ilustres representantes, antigos ou modernos… Os

Gnósticos abrem naturalmente a série com Simão o Mago… Valentim, o autor de

Pistis Sophia, etc. – Entre os membros do Igreja, os ocultistas reivindicam como

seus, a São João e São Paulo, tendo este último sido quem mais contribuiu para a

difusão da constituição trinitária do homem em “Spiritus, Anima ete Corpus”.

“Para seguir a corrente ocultista cristã, passamos logo a Tauler (1290-1361),

fundador do misticismo na Alemanha e seu discípulo Suso, criador da Fraternidade

“Os Amigos de Deus”. São todos adversários da Escolástica, essa criação pagã, dos

discípulos do exoterismo de Aristóteles, sob aspecto de ortodoxia cristã. Chega-se,

assim, aos Enciclopedistas e aos Realizadores do Ocultismo, únicos considerados

como místicos pelos críticos e historiadores, sem discussão. Reuchlin, Pico de

Mirândola , Paracelso (1493-1541), o grande realizador do ocultismo científico, da

Homeopatia e que situou bem o “corpo astral e o plano astral”, aos quais assim

denominou.

“O humilde Cardan; Guilherme Postel-o-Ressuscitado; Miguel Servete, Amos

Caménius, logo Jacob BOEHME, enciclopedista e fundador, por ordem dos Rosa-

cruzes, da Franco-maçonaria;. Os Van Helmont, pai, e o filho, que teve grande

influência sobre Goethe e sobre Leibniz e ajudou a publicar a “Kabbala Denudata”

(de Knorr de Rosenroth).

“Chegamos assim a Swedenborg, a quem se religam quase todas as

Fraternidades realmente cristãs do Ocidente. N. 80, já que ele foi o Mestre de

N. 79 – “Sciences Occultes et Déséquilibre Mental” – Tese de 198 páginas, apresentada e publicada em

1035. N. 80 – Você sabia, Carolei, que Swdenborg, de quem – apesar de seu enorme valor – fala-se cada vez

menos no Ocidente, é o Mestre Espiritual de seitas que incluem milhões de seres na Índia e outros lugares do Oriente? – Sabe por que? Porque Swedenbog ensina misticismo “vivido”. Não “discutido”…

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MARTINS DE PASQUALLY (1715-1779) que iniciou a CLÁUDiO de SAINT-MARTIN

(1743-1803) e foi a cabeça dessa Ordem Martinista que tanta importância teve

posteriormente.

“Lavater, precursor do Espiritismo; de Maistre e Ballanche nos levam até

Wronski e Eliphas Lévi, que, com Louis Lucas, são a tríade à qual se religam quase

todos os ocultistas contemporâneos…”

O autor, Carolei, cita então uma longa lista de astrólogos, alquimistas e magos

ou videntes, da qual mencionarei apenas: ao Jesuíta Delrio, autor das “Pesquisas

Mágicas”; Nicolás Flamel, célebre alquimista que, conforme a tradição oral, ainda

estaria vivo na Ásia Menor, o Papa Gregório VII, escritor Ocultista; Jehan de Meung,

autor do Romance da ROSA, que Dante completou com o da CRUZ; o próprio São

Jerônimo (hebraísta e kabbalista gnóstico notável…); Athanasio Kircher, o jesuíta

que teve a habilidade de mandar imprimir suas obras de Kabbala pelo Vaticano!!! –

faleceu em 1680; Raimundo Lullio, considerado justamente como um dos grandes

mestres do Hermetismo; o Conde de Saint-Germain, nome coletivo (diz o Dr.

Encausse) dos Iluminados que deram a Cagliostro a sua missão, o abade de Villars,

assassinado, por ter revelado certos segredos práticos dos Rosa-cruzes, em 1673,

estrada para Lyon…

“Lembrando que Shakespeare foi iniciado, que Goethe praticou o Hermetismo

e que, mais perto de nós, Balzac foi Martinista e Edgra Poe filiado aos Grupos

Pitagóricos, teremos as linhas mestras de tal sucessão…”

O Ocultismo contemporâneo (europeu, desde 1850) é resumido pelo Dr.

Encausse, como segue: “Desde o descobrimento e difusão ao público, dos fatos do

Magnetismo e do Espiritismo, os centros iniciáticos viram-se forçados a começar

uma campanha de propaganda e a ampliar muito os seus quadros, para evitar os

perigos de um Misticismo sem controle (grifo é meu, Carolei). – Além disso, a luta

contra o Materialismo e o Ateísmo, obrigava aos ocultistas a uma batalha mais

ardente que nunca, contra sua difusão crescente.

“Nessa época, o representante do Ocultismo tradicional, foi o Abade Constant,

mais conhecido como Eliphas Lévi. – Wronski, Louis Lucas e outros, tinham buscado

no Ocultismo vias de adaptação, porém Lévi dedicou-se ao ensinamento metodizado

e à história do Ocultismo. – A corrente Pitagórica estava representada pelos

discípulos de Fabre d’Olivet. O Martinismo prosseguia seu labor silencioso com

Delaage. – Engêne Nus colocava as primeiras bases do Movimento Espírita, que

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Allan Kardec iria realizar logo. O Barão du Potet despertava interesse pelas

experiências magnéticas.

“Tudo anunciava um renascimento ativo do Ocultismo. Lá pelo ano de 1882,

surge a Missão dos Judeus, do Marquês de Saint-Yves d’Alveydre. Ao mesmo

tempo que toda uma geração nova de discípulos de Eliphas: Joséphin Péladan,

Albert Jounet, Stanislas de Guaita, prosseguem o estudo do Ocultimso científico,

René Caillé funda uma “Revista dos Altos Estudos”, na qual iria revelar-se o mais

sábio dos ocultistas contemporâneos: F. Ch. Barlet. Foi nessa época que Papus foi

delegado à realizar do Martinismo e começou a agrupar as forças individuais. A

revista O LOTO, dirigida com grande autoridade por Félix Krishna Gaboriau, auxiliou

muito.

“Papus e os companheiros, fundam as primeiras Lojas Martinistas, que

funcionaram de 1887 a 1889 em Montmartre e contavam entre os Iniciadores com:

Guaita, Péladan, Papus, Sédir e todos os ocultistas até então isolados. – Em 1889, é

fundado o “Grupo Independente de Estudos Esotéricos”. Ao mesmo tempo, Papus

funda a Revista L’INITIATION…”

Daí por diante, Carolei, tudo se desenvolve fortemente, sob a égide de Papus,

com o apoio de todos os citados e outros muitos, cujos nomes surgirão nos temas

vindouros. A “Sociedade Alquímica de França”. Com Jollivet Castelot como

Secretário-Geral, prosseguia interessantes trabalhos também…

O Muito Excelso Mestre e o MARTINISMO. – Com. 92 – Há disto uns quase

exatamente, duzentos anos, um misterioso Enviado dos Rosa-cruzes, chamado

Martinez de PASQUALLY, iniciava em França sua missão.

Está demonstrado hoje que era de família e religião católicas. Sua

nacionalidade é considerada portuguesa por uns, espanhola por outros N. 81. Sua

única obra, inachável hoje, “Tratado da Reintegração dos Seres” é muito difícil de

estudar, mas apresenta em resumo as razões pelas quais o ser humano, seguindo

uma senda de resgate pela associação com Agentes Virtuosos Providenciais, pode

N. 81 Muito embora conste das “Memórias” do Barão de Gleichen que foi contemporâneo de Claude de

Saint-Martin, principal Discípulo de Martinez – que de Pasquilly era espanhol, muitos autores do consideram portugueses. As minhas investigações psíquicas pessoais (que podem não ser certas, é claro) me inclinam a pensar que um dia se descobrirá que era filho de um modesto armador português, dono de navios mercantes, e que explicaria as viagens, a que Martines alude em seu livro e cartas, à China, ao Oriente Próximo (e não cabe dúvida sobre seus conhecimentos sufis, árabes e hebraicos no que se refere a misticismo, unicismo e magia). – Não esqueçamos, tampouco, que, numa carta de Guaita a Papus (L’Initiation, Vol. 27, 1895) consta discípulo de Martines, chamado “La Chevallerie”, ter sofrido grande perigo numa evocação mágica que fazia sozinho e foi inspirado a certos recursos pelo seu Mestre MARTINES, que, mais tarde lhe provou ter visto à distância o que ocorria e tê-lo ajudado…(págs. 198 e segs.

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ser tornar um “menor-resgatado”, isto é: que começa a ter consciência de sua vida

interior e direto contacto com o mundo espiritual (por favor, não confundir com

mediunidade, falas com mortos, etc.) superior e, por essa via, ir reassumindo a sua

posição primeira. Não deixa de ser curioso que a sua “organização” – que recebeu

diferentes denominações -, e que em vão procurou introduzir na já materializada

maçonaria da época – tinha um grande ensinamento de tipo mágico. Alta Magia, isto

é: contato a tomar com Anjos (nada de desencarnados, de obsessores ou de

exus!...) e com Espíritos Planetários. – Naturalmente, isto não era fácil. Requeria

não só sérios estudos (kabbala, astrologia, etc…), como uma conduta diária

(profissional, social, etc…) e uma vida interior raras, como, também, muito difícil de

seguir no andar da vida ocidental, mesmo na relativamente calma de 1750 a 1770…

Dois de seus grandes Discípulos ficaram com os nomes gravados na História.

Um, com menor evidência: Jean Baptiste WIL-LERMOZ, que seguir a via mágico-

cerimonial típica da Martinez. Viveu até os 105 anos de idade, sempre em Lyon –

onde era forte comerciante de tecidos – e sempre fiel admirador do seu Mestre,

mesmo quando este já deixara a França e fora morrer em a Ilha da Martinica, sendo

o exato lugar do seu túmulo tão desconhecido como o de seu exato nascimento.

Como se vê, tomara sérias precauções para ficar Incógnito… Não é demais dizer,

Carolei, que a Willermoz deve a atual Maçonaria, não ser mais “des-simbolizada e

des-espiritualizada” do que já é, pois na célebre Convenção de Wilhemshad é que o

esforçado Willermoz conseguiu que fossem definitivamente conservadas na

Maçonaria determinadas noções espirituais que, hoje ainda, e não obstante o total

desinteresse de inúmeros maçons pelas coisas do espírito e pelas causas reais da

degenerescência, individual e social, contemporânea, nos aspectos mental, moral, e

psíquico conservam-se, ainda, pelo menos nos rituais de certas Grandes Lojas

escocesas e, melhor ainda, em certos Ritos, mais fechados que o Escocismo,

embora menos iniciático que o Martinismo.

O termo Martinismo provém, essencialmente, da ação do outro grande

Discípulo de Martines: Louis-Claude de Saint-Martin, nobre gentil-homem que

abandonou a carreira das armas para se dedicar, cem por cento, à vida espiritual.

Tornou-se célebre, na Europa, sob considerasse apenas um servidor desse Agente

Incógnito, que lhes proporcionou tão elevados conhecimentos, como prêmio aos

muito sérios estudos de anos e anos, feitos com seu Mestre – a quem serviu com

exemplar dedicação e sinceridade – e aos que fez dos ensinamentos de Jacob

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Boehme, o “sapateiro místico” autor de tão maravilhosas revelações na Senda

Interior.

Muitas obras já puseram em relevo a influência que Saint-Martin teve sobre o

próprio Romanticismo considerado como uma reação à tendência materialista que

começava a resumir a avalancha com a qual, a contar da Revolução Francesa e até

hoje, procuram submergir a civilização ocidental. Já deixei isso exposto em grandes

rasgos, a págs. 291 e segs. de Yo que…, que será consultado utilmente.

Convém, no entanto, ressaltar aqui que o místico de Saint-Martin, ao escrever

as numerosas e maravilhosas obras que nos deixou, tinha – como já aludi acima –

uma percepção transcendental, que iremos ver documentada na forma que

extraímos das – já citadas – Memória do Barão de Gleichen:

“…A ciência dos números, que ele representou sob o emblema de um livro de

dez folhas, era, de todos os seus ensinamentos, a que considerava de maior valor…

e que não comunicaria a ninguém… só confessava que os números davam a chave

da essência de todas as coisas materiais, desde que se lhes conhece o nome real,

na língua primitiva; que, pelas “palavras de pode” (é o que se chama de mantras, no

Oriente, Carolei…) podia-se saber, e certificar-se, dos que eram bons ou não… ele

acrescentava que o alfabeto hebraico, estava certo só até a décima letra inclusive,

estando o resto baralhado, mas que ele conhecia a real ordem a dar… e …N. 82

Se nos lembrarmos, Carolei, que no seu livro Tableau Naturel (pág. 155), o

próprio L.-C. de St-Martin diz que “…efetivamente, a palavra mesma, só se torna

inteligível para o homem ao tornar-se hieroglífica…” perceberemos que, para o

Mestre de St. Martin, isto se aplicava, também à linguagem e coisas do Mundo

Espiritual…

À parte o que deixei esquematizado, de sua biografia, em Yo que…, convém

lembrar que ele deixou organizada, em todos os países pelos quais passou: França,

Alemanha, Itália, Rússia, Inglaterra, a sua muito secreta “Sociedade dos Íntimos”,

que, por uma razão óbvia, trazia as famosas letras S. I. como iniciais, outras vez…

Mais tarde, após ter passado a tormenta da Revolução, das guerras

napoleônicas, e mais convulsões que levaram a França até o relativo estado de Paz

N. 82 – Os nossos membros da Ordem Martinista, e os estudantes sérios em geral, estudarão com proveito

o notável artigo “La Voie Dorienne”, publicado por Léon LEVRIER D’HANGEST, a págs. 131 a 135 do número de julho-setembro de 1955 de L’INITIATION (Ano 29, n. 3), em cujo artigo se acha a confirmação do fato citado, relativo aos “Traços de Fogo” que o Conde e Mestre LOUIS-CLAUDE de SAINT-MARTIN via em suas meditações…

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e felicidade, que a caracterizava nas décadas que terminaram o século passado,. E

a que iniciou o presente, e muito embora com nuvens (visíveis para os Iniciados e às

vezes pressentidas pelos mais perspicazes das chancelarias e estados-maiores) a

Ordem Martinista surgiu desta vez como uma organização muito notável tanto pela

estruturação dada, como pelos estudos e pela ação social e outras, que a

caracterizara, graças ao extraordinário dinamismo de seu criador: PAPUS.

Em 1898, como fôra divulgado naquela época e acha-se reproduzido a pág. 60

da “Tese” – já citada – do Dr. Philippe ENCAUSSE, a Ordem Martinista tinha

“formações” (Grupos e Lojas) assim distribuídas: França, 27 – Bélgica, 3 –

Alemanha, 3 – Dinamarca, 1 – Espanha, 3, Itália, 8 – Boêmia, 1 – Rússia, 2 –

Inglaterra, 2 – Tonquim, 2 – Egito, 1 Tunísia, 1 – Estados Unidos da América, 19 –

Havana, 1 – Colômbia, 1 – República Argentina, 7.

Caberia citar que, posteriormente, em 1904 por exemplo, existia no Brasil, em

São Paulo, uma Loja Martinista, a quem me referi a pág. 217 de Yo que…, por ter

sido fundada pelo Dr. Horácio de Carvalho, eu esteve especialmente em Paris, para

fazer-se iniciar por Papus; mas tarde escreveu um livro, muito difícil de achar hoje,

chamado “O CAPH” (décima-primeira letra hebraica, que corresponde ao hieróglifo

da Força…) e um Iniciado (Professor Dario Velloso) que, com “Apolônio de Thyana”

por nome simbólico, fundou e dirigiu até sua morte o Instituto Neopitagórico, de

Curitiba, hoje brilhantemente continuado pelo “novo Antigo” “Parmênides” (Dr.

Rozala Garzuze), como pormenorizei a pág. 220 e segs. do Yo que…

Voltemos à Ordem Martinista de PAPUS: brilhou nos anos de 1893 até 1016,

ano em que, a morte do Fundador por um lado e a hecatombe de 1914-18,, por

outro, reduziram seu labor… Do seu ressurgimento atual, falaremos depois. Por

agora, Carolei, convém considerar que, não só por meio dessa Ordem – cujas Lojas

na Rússia, Suécia, etc… eram presididas pelos Soberanos ou pelos Grã-duques –

manejava-se um Poder social muito importante, como, especialmente, seu caráter

de Cavalaria Cristã, aberta a Homens e Mulheres, fez dela um notável instrumento

para espalhar o que o MEM PHILIPPE procurava: um real espírito místico-cristão:

sem complexidades ritualísticas; sem os psiquismos duvidosos da magia ou do

espiritismo; sem as complicações doutrinárias de muitos setores. Ensinamentos de

Jesus, renovados, exemplificados e provados pelos do MEM, e suas profecias, com

os problemas imediatos e outros, próximos, que pesavam sobre o Ocidente

principalmente.

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Não faltam, tampouco, as razões “misteriosas” para fazer da Ordem Martinista

uma potência excepcional. Basta considerar a notícia, lacônica mas eloqüente, que

foi publicada a pág. 270 do Vol. 39 de I’ILINATION (2.º trimestre de 1898) e que diz

assim:

“Pela presente, o Supremo Conselho tem o prazer de levar a Ordem Martinista

uma potência excepcional. Basta considerar conhecimento de todos os delegados e

oficiais da Ordem, que um tratado de aliança foi assinado em 9 de maio de 1898

entre A ORDEM DOS ILUMINADOS e a ORDEM MARTINISTA. As assinaturas

trocadas por plenipotenciários nomeados para tal efeito pelas duas Ordens, foram

ratificadas pelo Areópago secreto dos Iluminados pr um lado, e pelo Comitê de

direção do Supremo Conselho da Ordem Martinista, por outro. O tratado torna-se

pois executivo a contar de 13 de junho de 1898. Os delegados das duas Ordens

receberam pessoalmente todas as instruções necessárias. Este tratado une pois as

duas Fraternidades mais poderosas da Tradição ocidental”.

Lembremos ainda o que, a pág. 200 do I Vol., achamos como curioso

comentário do que transpirou, publicamente, da proteção que o MEM PHILIPPE

dava – dá e dará, acrescento eu – à Ordem Martinista reorganizadas por Papus:

E. 575 – “…Martinista eu mesmo, inúmeras vezes Lhe pedi informações

confidenciais, que me transmitia como o teria feito um iniciado. Contudo, Ele me

declarou não estar ligado a nenhum grupo em particular, embora na realidade

pudesse apresentar-se lá onde fosse. Era sempre recebido como um Superior

Incógnito, como um mago, como um Mestre: o Dr. Encausse (Papus) teria contado

perante testemunhas que, certa vez em que presidia uma “sessão ritual”, ficara

estupefato ao reconhecer, entre os altos dignatários, ao M. PHILIPPE. Ele tinha-se

apresentado, tinha sido “reconhecer”, (pelos meios secretos dos iniciados); não tinha

sido possível deixar de O receber. Tratava-se de uma discussão muito grave. Ele

tomou a palavra para dar alguns conselhos, e deixou o local. Todo mundo ficou

obrigado a reconhecer que Ele respondera com extraordinária sabedoria às

preocupações…” N. 83.

Com. 93 – Para compreender melhor, Carolei, o espírito que animava á Ordem

Martinista, renovada por Papus, assim como seus laços com os postulados e

esforços das grandes CORRENTES que já temos examinado, deixaremos de lado

N. 83 – Segunda parte do relato “A propósito do Mestre PHILIPPE…”, publicado a pág. 125 de L’ILINATION

(julho-setembro de 1955) – Ano 29, n. 3.

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http://amopax.org 157

toda a doutrina, programas e cerimônias simbólicas da Ordem Martinista do tempo

de Papus, para lembrar apenas dois fatos:

Um, o de haver, entre os compromissos de mais elevada jerarquia na Ordem,

estas palavras: “…e fazer tudo que estiver em meu poder, para difundir o mais

possível os ensinamentos morais, sociais e religiosos do Martinismo, e para

contribuir assim pra a Regeneração da Família humana, trabalhando com todas as

minhas forças pelo restabelecimento, sobre a Terra, da Associação de todos os

Interesses, da Federação de todas as Nações, da Aliança de todos os Cultos e da

Solidariedade Universal’.

Como se vê, é um compromisso claro, certo, conciso e completo: as 4

características que – já o disse – devem achar-se sempre nos modos de falar e de

agir do Martinista verdadeiro.

O segundo fato é este: todos os que ocupam postos de importância, seja na

época de Papus ou logo após, na Ordem Martinista, estiveram mais ou menos

diretamente relacionados com o MEM PHILIPPE, como veremos ao examinar

Personalidades que precisamos conhecer um pouco, para compreender aos

esforços por elas feitos, em função dos Ensinamentos e – das missões aceitas, ou

recebidas -; o mesmo acontecendo, como veremos também, ao tratar do atual

ressurgimento da Ordem…

* * *

O muito excelso Mestre e meu Mestre CEDAIOR. Com. 94 – Em 1º de

setembro de 1872, nascia em Valence (departamento de Drôme, França), na casa

que fora do lendário Cavalheiro Bayard, o filho de Marie Delmas e de Eloy Cotet ou

Costet, visconde Mascheville (e mais outros títulos como: du Peuch, de la Chèvrerie,

de Ben-Hayes, etc… nessa família aparentada como os de Livron, de Taillefer, de

Segur, de Narbonne, de Rastignac e outros…) O nome “Cotet” vem, aliás de um

antepassado árabe: Abbon Cat, enobrecido, lá pelo ano 700, por motivos que meu

Pai e Mestre, me contava – na minha infância, revolvendo velhos pergaminhos e

brasões – junto com a do nosso antepassado que fôra buscar na Inglaterra o Rei

João-sem-Terra – quando o Príncipe Negro o liberou… De Cat: Cat: Cati, Coté,

Cotet, etc…

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O menino assim nascido, chamou-se Albert Raymond. Não foi uma criança

vulgar: aos 5 anos, certo dia em que a Mãe ralhava com ele, reagiu exigindo “mais

consideração que lhe era devida, desde aquele dia em que ela, mãe o jogara

nervosamente sobre a cama, quando ainda estava enfaixado e impossibilitado de se

“defender da queda”… Já vimos – ao falar do MEM – que essa prodigiosa memória-

consciência da meninice, é típica dos que “não perdem a consciência” facilmente!...

Com poucos anos, cansou de morar em Valence, onde já tinha obtido, pelos

seus dons especiais de ouvido, a proteção do célebre Charles Dancia, que lhe

ensinou violino e – bem contra a vontade materna – o recomendou para o

Conservatório de Paris. Antes de partir de sua terra natal – a Valência francesa, que

não fica longe de Lyon – ele tinha um amigo, mais velho que ele que contava pouco

mais de 13 anos.

Eu não me lembro, mas meu Mestre me assegurou reiteradamente, que esse

amigo dele, jovem químico chamado L.B……, morreu lá pouco antes do jovem

Albert viajar, e que esse amigo….. sou eu….

Para ir a Paris, teve que passar por Lyon, levado por um parente que devia ser

amigo de “um senhor de Lyon” (Bouvier?...) cujo nome ignoro e meu Mestre

tampouco lembrava. O caso é, que esse amigo dos seus pais, o levou à presença de

MEM PHILIPPE que “olhou” para o menino e, logo, lhe perguntou se não gostaria

de ficar uns dias em Lyon “para ajudar a curar a uma pobre senhora que sofria

muito”.

Obtendo, evidentemente, resposta afirmativa, o MEM pôs a Sua Mão sobre a

cabeça do jovem Alberto e certamente o abençoou e lhe transmitiu certo Poder, pois

recomendou que fosse levado cada dia junto à doente, ficando lá uma hora com a

mão sobre o seio carcomido do câncer. No fim de uma semana, os tecidos estava

totalmente reconstruídos… - É claro que quem inicia a vida iniciática com essa idade

(menos de 14 anos – em 1885) e nessa forma, com semelhante Bênção e

Oportunidade, tinha com todas certeza um Passado e um Porvir invulgares…

Assim, desde as campinas de Lamastre, atrás de Valência, onde ficara

antigamente o castelo familiar – destruído nas revoluções – o jovem Alberto chegava

para a buliçosa Paris, onde ficou morando com o tio paterno, bastante conhecido

como pintor naquela época. Não obstante a curta idade, o rapaz obteve facilmente

um lugar numa orquestra, na qual “estragava” em parte – tocando música popular

também – o que durante o dia estudava para o Conservatório, no qual iria ser

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recebido, anos mais tarde, como Primeiro Prêmio, ganhado ainda um concurso para

Professor em Nancy, cargo que não chegou a assumir.

Durante sua juventude musical em Paris, ainda solteiro, levou uma vida muito

séria para um jovem independente; teve uma dor muito profunda – com sua alma

sensitiva de jupiteriano – ao perder uma primeira noiva “Denise”, que às vezes lhe

aparecia em visões, conforme relatou-me meu Mestre. Com a idade de 18 a 19

anos, já se tinha tornado amigo de magnetizadores: por intermédio de Montagne, um

sargento do regimento no qual incorporou-se voluntariamente (eram 4 anos naquela

época!...), para gozar o privilégio de ficar em Paris. Tais magnetizadores eram:

Raumond, Robert e Moutin. O jovem Alberto ficou logo notado pela facilidade de ser

pôr em catalepsia voluntária, saindo à vontade do corpo, para ir a lugares que

descrevia com precisões fácies de verificar, e voltando sempre á hora por ele pré-

marcada.

Quando, posteriormente, foi apresentado a Sédir, e por este iniciado – em 1892

– na Ordem Martinista, tornou-se Mestre de Cerimônia da Loja “HERMANUBIS”, que

era presidida por Sédir e na qual se estudava especialmente a Tradição Oriental: é

possível que isso tenha influenciado para “reavivar” o seu passado oriental (todos

nós devemos ter um, Carolei!...) pois, que durante certa época, os seus

desdobramentos voluntários foram assistidos por Mestres do Tibete e de Allahabad,

que até o levaram a prestar certos compromissos perante a chamada “Grande Loja

Branca”, compromissos que lhe foram lembrados e exigidos mais tarde, como consta

de seu livro “As Leis de Vayu”.

Entre tais Mestres, um deles chegou a “materializar-se” (sem intervenção de

fenômenos mediúnicos, é claro) em Paris, e fazer “provas de fé”… como aquela na

qual CEDAIOR (nome iniciático com o qual ficou conhecido meu Mestre), recebeu

ordem de apontar um revólver para o peito da sua jovem esposa… e de atirar…

ficando a bala tremendo no ar e caindo no chão, ante o espanto dos quatro ou cinco,

que com Cedaior, compunham um grupo muito fechado…

Também com Albert de Rochas, o jovem Mestre Cedaior participou de

experiências e estudos sobre a exteriorização da sensibilidade, da motricidade e

levitação.

No Martinismo fez, rápidos progressos, galgando a jerarquia iniciática. Em

1894 já era S.I. e Gnóstico. Em 1894 foi sagrado Bispo, por “Valentinius”, em

Orléans mesmo, e nessa oportunidade o Patriarca (Doniel) lhe fez demonstração e

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vários poderes, inclusive o de profecia, ao dizer-lhe “Tudo que fazes na França é

apenas preparatório para ti, a tua missão pessoal é do outro lado do mar”.

Efetivamente, não obstante uma missão oficial no Egito – onde recebeu

iniciações também, e tornou-se amigo de Mariette-Bey, o conservador do Museu do

Cairo -, após o casamento que motivara essa viagem, foi ainda em Paris, até 1910

somente. Foi nesses anos, pois, que trabalhou com Papus, com Sédir e com outros,

tendo havido certo assombro, por ocasião de uma viagem do MEM PHILIPPE a

Paris, na qual diferentes Martinistas devia Lhe ser “apresentados”, tendo Cedaior

declarado que já O conhecia… e, pela primeira vez referiu publicamente o fato da

sua juventude em Lyon.

Membro da Ordem Kabbalística da Rosa-Cruz, também, fez estudos especiais

sobre o “Primandro” de Hermes. Colaborou ativamente com “Comitê de Survivance”,

que com pessoas como Boissy d’Anglas, L. Champion e outros, reuniram a

documentação para provar a descendência de Luís XVII (ver Yo que…, pág. 292).

Fez em Paris e arredores, junto com Oswaldo Writh, um campanha de conferências

sobre simbolismo, em Lojas de diferentes Ritos, sem resultados alentadores…

Ciente, pelas profecias do MEM e pela – relativa á sua pessoa – que lhe fizera

Valentinius, do futuro do Novo Mundo, saiu de França em 25 de fevereiro de 1910,

rumo a Buenos Aires,

Vejamos o que deixava “Feito” o Mestre Cedaior, ao partir da Europa; sua

viagem ao Egito tinha servido, não só para os estudos sobre: “som e o uso acústico

no instrumental egípcio” (que lhe valeu as “Palmas Acadêmicas”, por parte do

Governo’, como para reunir material notável, sobre a Esfinge, Pirâmides e: sobre

KARNAK, especialmente, pois em Paris, ele, com Sédir e outros continuaram os

ditos estudos, com a colaboração de minha Mãe – também Martinista – que além

dos talentos de grande pianista e compositora, tinha notáveis dons “psicométricos”.

Ela, com por uma pedrinha ou um fragmentozinho na testa, proveniente de um lugar

ou monumento do Egito, passava a “ver” e a descrever, minuciosamente e indo para

atrás no tempo, as gentes, acontecimentos e – até – cerimônias ou civilizações que

tinham sido “presenciadas”, por esse fragmento… Aí Você, Carolei, tema para

meditar, pois completei alguns aspectos do que, a pág. 18 de Yo que… , havia

indicado já.

Mestre Cedaior, como um dos mais esforçados fundadores do Sindicato dos

Músicos, como membro da Sociedade de Autores e Compositores de Paris (sua

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esposa também o era), e com um dos Violinos da Ópera Cômica, e Dirigente de

orquestras, tinha um vasto círculo de relações, além das que sua Casa Editora de

músicos e suas atividades, como socialista e como iniciado, lhe tinham

proporcionado não fosse a sua extrema independência de espírito, teria ficado

“encostado” à milionária sogra… mas esses são outros aspectos, que só no Tratado

de Sarva Yoga interessaria considerar!...”

Não me estenderei sobre a parte oriental de suas atividades, na América

Latina. Foram mais importantes que as do setor ocidental. E, para não pecar por

omissão, embora deixando para o futuro e eventual Tratado de Sarva Ioga os

pormenores de tais atividades, não posso deixar de lembrar que o próprio Mestre

Cedaior, desde 1914 a 1918, levou um período de vida totalmente casta, entregue,

novamente, a seu Mestre Vayusattwa, por cujas indicações escreveu a sua já citada

obra, publicada em 1919, e cujas 141 páginas estão totalmente dedicadas à futura

Era, Raça vindoura, e às terríveis Noites Cósmicas, ou seja: épocas catastróficas

que em cada fim de ciclo, e por isso, agora, já aproximadamente outra vez: quando

“os tempos são chegados” (fim de um ciclo e de uma raça), a Terra e os Céus

sofrem notáveis modificações. É por esse lado, aliás, que acharemos a “missão” real

do Mestre Cedaior, que, muito embora com apresentação oriental – por motivos que

não cabe apreciar neste livro – trouxe ao público latino-americano conhecimento,

previsões e profecias, que coincidiam com as do MEM, sendo que o Mestre Cedaior

pouco conhecimento tinha dos ensinamentos reservados e proféticos M. PHILIPPE.

Neste ponto, Carolei, deveremos meditar o quanto o MEM, embora protegendo a

todo ser sincero, deixava a cada alma seguir o seu Caminho: mais tarde haveremos

de estudar o que o MEM entende por “Caminhos”!...

A pág. 21 de Yo que… já falei da Igreja Expectante, fundada por meu Mestre

Cedaior, em 17 de agosto de 1919, em Buenos Aires, e da qual me toca, agora, ser

o Patriarca. Esse setor é, aliás, o que me liga mais diretamente ao labor do Mestre

Cedaior, “pela Nova Raça”, como descreverei ao falar da Sarva Ioga. Também, a

pág. 23 da citada obra, referi-me ao fato de ter o Mestre Cedaior litado, toda sua

vida, pelo ideal de “colônias espirituais”…

Não sabendo se terei, nesta encarnação, tempo para escrever mais livros,

acho necessário prestar homenagem, aqui, a certos Colaboradores ou Discípulos

dedicados do Mestre Cedaior, nesse setor. A primeira tentativa séria, foi a de Nahuel

Huapi (Neuquén, Argentina) com o Comandante Deuil e o Eng. Saurel, que conhecia

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depósito secretos dos índios, nos Andes, onde já tesouros em esmeraldas e outras

pedras. Já expliquei, no meu outro livro, porque nada se fez.

Outra tentativa foi em Mendoza, de 1921 até 1923. Não assisti ao fim da coisa,

pois achava-me na Europa. Mas, sim o Dr. Lemos, o Sr. Yanácare e o – então –

Governardor Lencinas, de Mendoza cuja vida o Mestre Cedaior salvou (mediante

visão antecipada de um atentado, cujo autor foi desarmado no gabinete da “vítima’,

o que comprovou o aviso…) e que ofereceu ao Mestre toda uma parte do Vale do

Sonda… Mas, o Mestre estava comprometido, por correspondência, com

“PEREGRINA” (Sra. Ida Hoffmann), filha de culto e iniciado Engenheiro, tendo sido

ela a companheira de “Peregrino” (Theodoro Reuss, chefe do O.T.O., e que fôra

também Grã-mestre do misterioso Rito de Memphis-Misraim), o que explica Carolei,

mais um dos muitos caminhos, pelos quais certos conhecimentos e certa

documentação, vieram concentrar-se em mãos do meu Mestre, e nas minhas mais

tarde.

Outra tentativa foi, pois, iniciada pelo M. Cedaior e Peregrino, comparando 120

hectares de terras, em “Monte Sol”, como denominaram o sítio, de mata virgem

cheio de canela, peroba e urucurana, adquirido em “Urubuquarinha”, no Paimital; a

uns 30 quilômetros de Joinville, bonita e agradável cidade de Santa Catarina, onde

tinha sua sede a “Cia. Palmital”, milionária empresa que nos vendeu as terras e da

qual, mais tarde, tornei-me Administrador do Palmital durante dois anos (Ver pág. 27

de Yo que…), há erguendo um Laboratório de magia cerimonial.

Em Joinville mesma, o M. Cedaior e Peregrina trabalhavam, musica e

pedagogicamente, para sustentar aos “naturalistas” que vinham tomar banhos de sol

na “Colônia”, da qual eu tomei conta com a minha esposa Lotusia, ao chegar de

Paris, em dezembro de 1924, e que liquidamos (a colônia, não as terras) ao

comprovar que, entre a falta de atividade ideal dos naturalistas e o excesso de

atividade dos pernilongos, transmissores de malária, era melhor desistir!

Em Curitiba, o M. Cedaior quase fundou uma colônia junto com Dario Velloso,

que me ofereceu também a “sucessão” do Instituto Neopitagórico, o que não aceitei

por irmos todos para Goiás, para tentar, por decisão da “maioria” (e contra minha

opinião), outra colônia! Na fotografia que ilustra estas páginas, pode-se ver na

Biblioteca (notável e rica do que há de melhor em ocultismo) do Instituto

Neopitagórico: ao dono da casa: Apolônio de Thyana”, cujo nobre rosto de vidente,

poeta e filósofo ressalta logo, sob os cabelos de neve. Ao piano, “Sôr Peregrina”,

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com o seu penteado “solar”. Era uma grande pianista e notável dançarina sagrada,

não profissional, senão por culto ao ritmo e ao belo. Executando o “pianíssimo” fina

de uma composição, o M. Cedaior, com toda a singeleza que o caracterizou a vida

toda N. 84.

Em Curitiba, o M. Cedaior continuou aos estudos sobre “Astrosismologia”, que

já o tinham tornado muito conhecido, quando em Mendoza publicara, com

antecipação, os dias e as horas dos grandes terremotos como o do Japão (1921), o

da Bolívia, e outros, avisando sempre antes aos Governos respectivos… que nunca

deram – é claro! A menor atenção!

Também prosseguiu nos estudos sobre “astrometerologia”, chegando a

predizer o tempo: secas, chuvas, vento, tormentas, com bastante precisão, para

qualquer zona do mundo, da qual se conhecessem bem as determinantes

kabbalistico-astrológicas. Esse ramo do saber está longe, aliás, na minha opinião de

ter sido resolvido pelo M. Cedaior, que apenas pretendeu a investigação dos

estudiosos.

Fig. 27

F. 20 Mestres CEDAIOR APOLÔNIO E PEREGRINA . na Biblioteca do Instituto Neopitagórico. Curitiba.(Foto de A. Peón. Membro do Instituto. 1925.)

Fig. 28

V. 3 – TRÊS LAGRIMAS DO MESTRE CEDAIOR…

Visão da Sacerdotiza Sarah, na Igreja Expectante, em 19 de janeiro de 1958. dezesseis (número ralacionado com a Sarva Ioga) galhos, comos espinhos virados pra dentro (dor interior do Mestre e outros…) formam o símbolo AMO-PAX. Da ROSA BRANCA (símbolo da Corrente do M.E.M. PHILIPPE) caem três lágrimas: na primeira (época): vê-se ao M. Cedaior, trajando a rigor, mãos atrás das costas (postura meditativa habitual nele) junto a um velório (de quem?...). – Na segunda (época) nota-se o Vale, com mais edifícios que os atualmente existentes. Na terceira (época) há um berço, cuidado por fiel cachorro. Parece ser indicação da nova encarnação do M. Cedaior. Nesse lugar, após passarem dolorosas épocas lá. Por essa visão – e outa na qual o 3º

N. 84 – Para maior compreensão do cruzer de fios que tecem o manto da Tradição e da Transmissão,

citarei, isto: “1908 – Constituição em Paris, em segmento ao Congresso Maçônico Espiritualista realizado em junho, no templo do Rito de Direito Humano, de um Soberano Grande Conselheiro-Geral do Rito de Memphis-Misraim, para a França e suas dependências. A Patente Constitutiva está outorgada pelo Soberano Santuário da Alemanhã, assinada e chancelada em 24 de junho, em Berlim, pelo Grã-mestre THEODOR REUSS (Peregrinos) que assistiu ao Congresso de Paris. O Grã-mestre e o Détré (TEDER). A Loja ‘Humanidad”, precedentemente religada ao Rito Nacional Espanhol, tornou-se Loja-mãe para o Rito de Memphis-Misraim em França”. – (De Notas Históricas sobre o Rito Antigo e Primitivo de MEMPHIS-MISRAIM, por J. Bricaud, que foi, posteriormente, o Grã-mestre.) E, Carolei, mais dados… aos “iniciados”…

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dos berços estava florescido – é que pensamos que, não obstante o fracasso do “Monastério” atual, é possível que o setor Sarva, ou Expectante, o levante alguma vez. Visão curiosa. Naõ se deve deixar de meditar no Lago, rodeado de tijolos, em forma de prato de Balança (moral) que ocupa o lugar do Cardo, na Jóia apresentada…

O mesmo, acho, deve ser dito das experiências sobre “determinação pré-natal,

ou mesmo pré-concepcional”, do sexo, com eliminação quase total de fatores

hereditários, mediante métodos que vão: desde o estudo dos temas astrológicos de

concepção e nascimento, somente; até os “pactos” pré-concepcionais entre: os

genitores vivos e uma pessoa, ainda viva também, que já escolhe seu futuro Lar, ou,

pelo menos seus futuros pais. Evidente é, que a “vidência’ e outros meios de

comunicação ou percepção – tão mal chamada hipersensorial – pode ser muito útil,

em tais experiências. As obras do M. Cedaior se resume: no citado “Libro de las

Leyes de Vayú”; num folheto de 30 páginas sobre “Astrologênesis” (apresentado à

Academia de Ciências de Paris… que nunca se dignou acusar o recebimento, de

acordo com amentalidade ancrônica do Velho Continente…), e noutro folheto sobre

“Previsão sismológica”. Alguns manuscritos estão também em nossos arquivos, ou

nos dos filhos de seu segundo casamento, realizado no Brasil.

Deixando agora de lado, o labor tão especial do M. Cedaior em favor da “Nova

Raça Ária ou pré-Olímpica”, que haverá de habitar o 6º Continente (Cujo mapa já

figura no Livro do Mestre), devemos apontar que certos de seus trabalhos, como por

exemplo o sobre a Ilha da Páscoa – ou Ilha de Vayú – (é curioso que o nome de

Deus Protetor da Ilha, seja o mesmo do Mestre que dirigiu a Cedaior), estão

recebendo confirmação, como é fácil ver pelos descobrimentos do investigador

alemão, Thomas S. Barthel, livre-docente da Universidade de Etnologia de

Hamburgo, que ecoaram tanto no mundo científico, recentemente, caracterizados

pela descobertas de sepulturas secretas, de teatros e elevadores: para mortos de

categoria serem colocados a “desidratar” pelo sol, no cimo do “Monte dos

Escultores”, etc…

Mas, o laço com os estudos do M. Cedaior, está em que Barthel achou figuras

femininas com cerca de três metros de altura, e outros dados – opostos às

civilizações masculinas e patriarcais da Polinésia e da Ilha de Páscoa, até então

conhecidas – e que parecem pender para uma civilização Matriarcal, como o M.

Cedaior achava que, num futuro sem data calculável, a humanidade tornaria a ter,

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passando pela partenogênese, a caminho de um androginia! N. 85 “Doutrina Neo-

ariana – Leis do Matriarcado”:

“… A Maternidade, em compensação, tem todos os direitos que aprova a

consciência individual da Mãe. – Se afirmamos esta nova teoria, é porque só a Mãe

está capacitada para conceber todos o alcance da nova forma de gerar. E quisemos

lhe dar, e conservar-lhe, toda a supremacia que necessita. – O que procede, implica

na supressão – pura e simplesmente – do casamento absoluto, como do amor livre,

da coabitação sob o mesmo teto em forma de poligamia ou de poliandria, e

assegura o jogo da Lei natural, tal como opera atualmente. Além disso, fica proibida

a união entre parentes, por remotos que sejam; bem como a união com pessoas que

não sejam de raça branca, ou que não aceitem a doutrina neo-ariana, especialmente

no que se refere – também – a morar no OESTE de ambas as Américas.”

Como se vê, a cor branca é exibida, já que a cútis da 6ª Raça será “branco-

azulada” e, evidentemente, isso não se obtém com pigmentação escura! Nem como

“nova mentalidade”, com os tabus, crenças e supertições afro-latino-americanas que

o tempo irá removendo. – o “Oeste” é preferido, por ser, no dizer do M. Cedaior, a

parte que mais se salvará, coisa que seu livro esclarece. E, note-se que não tenho,

aqui, espaço para tratar de muitos outros aspectos e de numerosas atividades do M.

Cedaior, que não poderão ser indicados aos que sigam o labor dele, em forma séria

e entregue.

A atividade Martinista do M. Cedaior. – Com. 95 – Este o setor, Carolei, que,

embora não sendo o mais ativo na vida do M. Cedaior, liga mais diretamente as

nossas atividades, aos seus ensinamentos e à transmissão que lhe devemos. Já na

França, embora respeitoso para com seus Iniciadores, e procurando lhes deixar a

honra de iniciarem a mais Martinistas, o M. Cedaior iniciou a umas dez pessoas

escolhidas. Citarei os que me consta estarem falecidos: M. René OUVEYE; grande

livreiro de Blois, que acompanhou ao Mestre e sua Esposa, na viagem ao Egito –

tinha por nome iniciático “Jeho”; outro, “Horême”, poeta egípcio que, por amor ao M.

Cedaior mudou para Paris, progredindo muito; faleceu jovem. “M. Quénisset”, cujos

N. 85 – Ver, e este respeito, ou os trabalhos de Barthel, ou o resumo que, num artigo intitulado “Novas

investigações na Ilha da Páscoa, fez Werner Brand, publicado no “Estado do Paraná” de 22 de junho de 1958… e, curioso será para Você, Carolei, saber que esse jornal trazia na mão, sem saber que me podia interessar, um Jornalista que veio me entrevistar, numa das minhas passagens pela Capital da terra dos pinheirais. Outra “coincidência”…

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trabalhos de fotografia astronômica tornaram conhecido mundialmente, o

Observatório de Juvisy, na época; e outros, cujos nomes calarei.

Na Argentina, de 1910 a 1923 – e são treze anos, Carolei! – embora tivesse

freqüentado ambientes tais como: maçons, espíritas, esoteristas e também católicos

(estava em muito bons termos com os Martinistas… até minha expulsão: veja Yo

que…, pág. 18), só iniciou a mim. As “formações martinistas” argentinas, já

desaparecidas nessa época, bem como a falta de atividade martinista do M.

Cedaior, durante todo esse período, contribuiu muito pra produzir um hiato

apreciável, não só nos seus contactos administrativos e culturais com a Ordem,

como na mentalidade, menos “tradicionalista”, que o M. me apresentou quando

cheguei à idade de palestrar sobre esses temas com ele.

Em 1918, como seu ajudante-geral, em 1920, como iniciado por ele; em 1922

porém normal: tinha morrido PAPUS, o “ser-eixo” do Egrégoro Martinista da época.

O resto era nulo, e meu M. Cedaior, de acordo como relatório que fiz, resolveu que,

no Brasil iríamos erguer uma Ordem autônoma, pelo menos até surgir na Europa um

Martinismo bem coeso e “Papusiano”, se me permite o termo, Carolei. – As

tentativas e preparações de alguns candidatos do M. Cedaior, na Argentina, nada

tendo de concreto, como já disse, podemos situar as primeiras iniciações no Brasil,

feitas pelo M. Cedaior ou por mim, e 1925, ano em que funcionou a primeira Loja

Martinista, que, em honra ao M. Cedaior, recebeu o mesmo nome que a dele em

Paris: “Hermanubis”. Como um dado curioso, poderei dizer que funcionava debaixo

do maior sigilo; em plena Rua 15 de Novembro em Curitiba…, aproveitando as horas

em que o seu Diretor-Fundador, Dr. Generoso Borges da Macedo (Gemini, na

Ordem), era um dos Discípulos do M. Cedaior, de quem foi fiel amigo até falecer em

São Paulo (Consultor Jurídico do Moinho Santista). Era uma grande alma e um

grande coraçãoN. 87.

Outro Membro falecido: “de Nerval” (Nerval de Araújo e Silva, odontólogo

baiano, que se expôs – e à família dele – a duros sacrifícios, quando da aventura da

colônia em Catalão, Goiás!). Outras Lojas houve, em Goiás, no Paraná, etc., até ser

fixada em Porto Alegre a sede da Ordem, cuja direção-geral assumi, em virtude de

um Tratado com treze cláusulas, assinado pelo meu M. Cedaior e por mim em 19 de

julho de 1936, pelo qual me tornava Soberano Delegado-Geral da Ordem, com

N. 87 – Essa Loja “Hermanubis” foi inaugurada, conforme seu tema astrológico, nos arquivos da Ordem –

em 22 de agosto de 1925, às 21:15. Não é de admirar, com essa data, que me tocasse ser seu Presidente…

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poderes para reorganizá-la, inteiramente, em condições que ficam ao dispor dos

Iniciados, no arquivos.

Em 15 de fevereiro de 1910, já podia reunir-se em sessão um Grande

Conselho. Em esse mesmo ano, publicações em português divulgavam: - um

Histórico, a Constituição Geral e o Ritual do Primeiro Grau. – Um templo muito

reservado, mas amplo, com dependências para o Grande Conselho, ficava

instalado. Os rituais de outros graus também foram publicados nesse ano ainda.

O M. Cedaior, que residia anos em São Paulo, foi transferido, com sua nova

família, para o mesmo prédio da Ordem, onde iria morar até falecer. Tudo crescia

muito bem, sob a orientação “à la Papus” e teria seguido em progresso… se não

surgissem os famosos “mentais”, promovendo uma divergência que, ao buscar evitar

se tornasse mais profunda, deu oportunidade de ser visto quando o MEM PHILIPPE

se preocupava por essa Ordem. Contarei a história, pois vale a pena:

H. 3 – O MEM PHILIPPE intervém na minha vida…

Um pedido do Membro da Ordem e Secretário do Grande Conselho, “Mauá”, para ser criada mais uma Loja, com outra orientação, indicava o nascimento de uma divergência de opiniões. Isso é “democraticamente” considerado com “bom”. Egregoricamente (trabalho espiritual grupal), é veneno mortal. – Sabedor disso, eu tomei a atitude (que mais tarde iria tomar outras vezes: em Montevidéu e o Monastério): de preferir me retirar, e deixar “os que dizem que sabem” mostrar o que são capazes de, realmente, fazer! Assim, declarei, em reunião do Grande Conselho, renunciar aos dois cargos diretivos: e do Poder Temporal-Administrativo: Soberano Delegado-Geral. Li os meus Decretos, nomeando para o cargo “reclamante”: “Mauá”. - Além disso, cantei alguns Mantras do Verbo, estudados em Saint-Yves d’Alveydre… e fomos dormir, todos em paz e satisfeitos… Mas, no outro dia, estando Solão em Meditação, viu, sem lugar a nenhuma dúvida, ao MEM PHILIPPE (de Quem, na realidade, pouco nos ocupávamos, pois era seu Braço Martinista PAPUS o nosso Modelo e Protetor, e bastante vezes sentimos essa Direção e Proteção!).

E o MEM disse a Solão que “devia ser-me devolvido o cargo de Presidente da Ordem (cargo vitalício, aliás), pois era necessário que eu continuasse nessa função”. E desapareceu.

Honestamente, Ir. Solão, na sua flamante função de Presidente do Grande Conselho. Nos convocou, expôs a visão e a ordem recebida e, logicamente, renunciou ao cargo, para eu reassumi-lo. Em oposição a isso, o outro negou-se a devolver o cargo em que fôra empossado na véspera. Daí resultou, então, uma separação – ainda apenas “interior”-, no sentir dos Membros. E, poucos meses após, na sessão 78.º do Grande Conselho, datada de 13 de novembro de 1941, decidia-se a remoção da Sede da Ordem para MONTEVIDÉU, onde uma nova etapa da vida Martinista, iria começar sob a orientação. Mas, o Sul do Brasil, posteriormente, o Ir. Mauá fez questão de continuar dirigindo em forma autônoma a parte que ficou conhecida como “Ordem Martinista da América do Sul”, e que tem, aliás, Personalidade Jurídica n. 443, registrada em Porto Alegre. E, portanto, uma Ordem independente, totalmente, da que, como ORDEM MARTINISTA, iremos ver funcionar como sede em Montevidéu.

E assim, Carolei, ficou PROVADO que MEM PHILIPPE tem as Suas Razões, para querer as coisas ou pessoas num lugar, ou em outro, independentemente, muitas vezes, das opiniões, e até das boas intenções, da nossa limitada visão.

E, para mim, Carolei, foi época DECISIVA, na minha vida, pois, não só o MEM PHILIPPE PENETROU NA MINHA VIDA – sem que eu O buscasse diretamente, aliás – como também isso marcou a minha libertação d toda atividade “comercial, profissional” ou como se lhe queira chamar. O resto… é “outra história”…

A Ordem Martinista no Uruguai – Morte do M. Cedaior. – Com. 96 – Em fins de

1041, pois, a Ordem Martinista, e eu, transferimos para o Tratado de Sarva Ioga, do

que para este livro, nessa transferência, convém dar alguns pormenores para que

Você, Carolei, possa usufruir das Lições práticas… - Em setembro de 1941, após

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terrível inundação cuja exata altura eu pré-desenhara nos muros visitantes,

Membros da Ordem. Um deles, médico italiano, jovem e cultíssimo, misticamente

conhecido como “Pitágoras”. Outro deles, era uma espécie de “contraparte” minha,

isto é: tudo que tenho em baixo-relevo, tinha em saliência, vice-versa. Era psíquico e

chefe de orquestras, Conde Della R…. – que trabalhara para o Serviço Secreto

Italiano e casara com uma bela dama… do Serviço Secreto francês… Desse par de

misteriosos artistas, nasceu, em Paris e em 1901, como eu, esse menino que

cresceu entre viagens à Rússia, à Itália, etc. Estudou na França, na Alemanha. Fez-

se químico (como eu). Casou cedo, na Suíça, e mais tarde divorciou-se. Residiu a

bordo de linhas que iam ao Japão e à Índia, cumprindo também às vezes certas

missões “confidenciais’… Aprendeu a negociar com pedras.

Mais tarde, em viagens por diferentes países do Oriente, interessou-se pelo

aspecto mais técnico que transcendental (aí, começamos a “contraparte”, Carolei).

Por meio de iniciações budistas, chegou ao contacto com misteriosos Membros

Tântricos budistas. Sofreu, até, operações no corpo, para facilitar certos

desenvolvimentos. Deixou a vida sexual normal, mas cultivou certos métodos, com

os quais alguns tântricos da mão esquerda conservam-se jovens, absorvendo

vitalidade dos ou das, que a eles se ligam. Nesse terreno, embora não tivesse

acontecido com a pessoa a que me refiro, é fácil cair na depravação sexual, como

aconteceu a certo discípulo nosso, que entendeu mal os métodos do Tântrico

citado… Viu, Carolei, como “discernir” é necessário, se não se segue um avia sem

magismos, nem fenômenos, buscados prematura e pretensiosamente!...

Mas, perguntará Você, Carolei, e as Lojas Martinistas, do Brasil, ou a que em

Montevidéu fundou-se como Centro para o Continente, que faziam, afinal? – Em

resumo, isto: cada Iniciador tinha a obrigação de ajudar a seus Discípulos a

estudarem os “Programas de cada grau” N. 88.

N. 88 – Em 1939-40, o programa de ESTUDOS, obrigatórios, incluía, como nos tempos de PAPUS: e por

graus, em exames severos: Estudo da Maçonaria simbólica, desde os três graus básicos até os superiores e a constituição de um Rito. Alfabeto hebraico, Kabbala e aplicações. Tarot. - Astrologia, desde os elementos até o cálculo de efemérides astronômicas. – Estudo de todas as Raças e Tradições. Uso de símbolos, Pantaclos, etc.- Fisiognomonia. – Obras de Saint-Martin. O Cristo e os Evangelhos, etc…e as partes práticas: do magnetismo até a Theurgia… - Posteriormente, EM MONTEVIDÉU, foi editado um livro de 157 páginas (ainda disponível), contendo Programas de Estudo, muito mais amplos, com Bibliografia do Oriente e Ocidente; Rituais e mais assuntos que definiam bem a posição e diferenças entre Maçonaria e Martinismo, etc. tal livro, embora não mais em vigência, é material muito útil de ser estudado, como História e como fonte de compreensão da evolução dos métodos, à medida que as Ordens mudam em adaptação, de acordo com o andar da vida coletiva geral. O ATUAL Martinismo, PAPUSIANO e DIRETAMENTE RELACIONADO COM O MEM PHILIPPE, tem orientação, mais singela, mais místicas, indispensáveis EM FUNÇÃO DOS TEMPOS QUE CHEGAM…

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Nas cerimônias coletivas, semanais, as reuniões tinham caráter múltiplo: além

da parte ritualístico-mística, que alimenta a alma psíquica e o Egrégoro; faziam-se

experiências magnéticas, outras de percepção metapsíquicas, etc. e, sem dúvida, a

parte mais essencial e útil, eram as longas cadeias de união, para a prece mágico-

mística pela qual obtinham-se curas, numerosas, tanto de doentes físicos como de

transviados morais e, às vezes, de certos problemas coletivos… Não há razões para

crer que tal orientação básica mude no Martinismo, mas sim as há para pensar que

os modos se tornem mais sutis, mais puros, ao ter-se tornado mais evidente, mais

divulgada, a influência de MEM PHILIPPE, como se verá quando eu falar de PAPUS

e de seu Filho, atual Grã-mestre dessa Venerável Ordem.

Assim, em 14 de dezembro de 1941, despedia-me de meu Pai e Mestre

CEDAIOR, na estação do Porto Alegre. Ele insistia e que nos tornaríamos a ver

“neste plano”. Quase ninguém, Carolei, vê claro cem por cento, quando é parte

interessada. Isso é tema de meditação , e também é gabarito, índice e medida… —

Seja como for, eu tinha insistido em almoçar a sós com meu Mestre, tínhamos

passado o dia juntos, na véspera da viagem, e tudo ficara acertado entre Pai e filho,

como entre Mestre e sucessor, pois também insisti em que eu sabia que não mais o

veria neste Plano, o que cumpriu-se. Em 16 de dezembro chegávamos: Luíse

(minha segunda esposa, pois a primeira falecera), minha filha e eu a Montevidéu. A

segunda etapa iniciática minha ia começar, como veremos adiante.

Em 22 de janeiro de 1943, o M. CEDAIOR falecia em Porto Alegre. O seu tema

natal “morrerás só e abandonado, longe dos teus”, cumpria-se, pois, não obstante o

carinho de sua segunda esposa e dos filhos desse matrimônio, bem como de certos

de seus Discípulos, como Solão, Paracelso, e do Dr. Rodolfo Foerthmann — do Rito

Schroeder —, ele ficou “largado” nos corredores da Santa Casa, logo, transportado

pela delicadeza do Dr. Antônio Pereira Júnior, à Casa de Saúde do mesmo, onde —

por curioso conjunto de circunstâncias — expirou sem nenhum dos seus junto a ele.

— Que bela morte, sossegada e tranqüila!

E Você queira relevar, Carolei, se sou um pouco extenso sobre o Mestre

CEDAIOR. Mas, em primeiro lugar, se não o faço, eu que sou o filho e o sucessor,

quem o fará, da triste tropa dos medíocres e indiferentes que por aí vejo?…

Outrossim, não deveríamos esquecer que, se há um pequeno grupo de martinistas

esparsos aí; se o próprio Papus é agora conhecido aqui sem ser pelo Tratado de

Magia (que mania há com isso !…), e se, finalmente, Você e outros estão dispondo

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de quanta obra traduzi ou mandei traduzir, e de tudo o que a Ordem Martinista, a

A.M.O., etc. fizeram e fazem, neste país e neste Continente, tudo isso se deve ao

Mestre CEDAIOR, que nos trouxe a dupla transmissão: Oriente e Ocidente, e seu

exemplo de perseverante sacrifício !

Será então suave a seu coração, Carolei, lembrar alguns aspectos do meu

Mestre, que também pode ser o seu, ou seja: um dos caminhos que levam ao MEM

PHILIPPE…

M. Cedaior tinha tipo celto-latino. Esbelto, de cútis tão alva como só os

Jupiterianos a têm, cabelos castanhos, olhos cor de avelã, que às vezes tomavam

nuances cinzento-azuladas… — Como todos os nascidos com Ascendente Sagitário

e bom tema, gostava das coisas singelas, um pouco primitivo até. Amava a Natureza

em forma ilimitada. Adorava o Egito como a Índia, e a França como o Brasil. Tinha

respeitosa amizade por Papus e Sédir, adoração por M. PHILIPPE, a quem só

chamava de Amo, com certa reserva sorridente…

Foi, para mim, toda sua vida o maior, o melhor, para não dizer o único Amigo,

embora fôssemos tão diferentes. Era um Artista e um precursor. Tinha o futuro

sempre presente. Eu sou ainda da velha raça e apoio, no passado, um presente que

para mim é tudo. O M. Cedaior tinha predileção por música sacra, grave. De Nardini

a Beethoven; de Bach a Mozart. Suas composições pessoais são essencialmente

bucólicas de forma, angélicas ou elegíacas de sentir.

Amava muito as flores. Lembro ainda os longos passeios, na França e mais

tarde, nos quais ele colhia o “Églantier”N. 89, cujas quatro singelas pétalas de Rosa

Silvestre, com o dourado centro de geração, o encantavam. Eu procurei gravar isso

num símbolo, que pode ser achado nas “Orações” que escrevi para o Monastério e

que, muito embora nunca se conseguisse fossem lá vividas — e só recitadas, não

resolve, Carolei — seguem sendo a lição sem a qual ninguém dará um passo, para

a frente, no caminho Essênio que leva ao MEM e a JESUS. Convém, pois, deixar as

ilusões, e buscar o que contém essa Flor de quatro pétalas. Dessas “Orações” (pág.

17) transcrevo estas poucas linhas:

“Apresentamos, ao querido Mestre CEDAIOR, O nosso propósito de fazer todas as coisas, Deste dia, em forma CONSTRUTIVA,

N. 89— Églantier: Cinorrodon (Rosa-de-cão) — (“Cynorrhodon Rosácea””), ou: Hagebutten (alemão) —

Hips (inglês). Da fruta: escaramujos ou cinosbatos (Frutus cynosbati) faz-se doce que tem virtudes astrais favoráveis…

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COORDENADA, CORDIAL E CONCENTRADA, Com a Transparência no centro de tudo …………………………………N. 90…………” .

H. 4 — Duas experiências na Loja Hermanubis

1. — Tínhamos recebido telegrama do Martinista “Platão n. 30”, de Joinville, pedindo socorro para seu filho moço (que não conhecíamos), gravemente doente. A martinista “Hypathia n. 58”, sentada em poltrona, no centro do Pantaclo…, foi magnetizada por mim. O M. Cedaior e outros Membros da Loja, formavam em volta protetor Círculo… — Desdobrei a sensitiva sujet magnética, mandei-a a Joinville e o meu pensamento a guiou até a residência de Platão, minha conhecida. A desdobrada, a quem ordenei poder contar o que seu corpo astral ia visitando, nos disse que a casa estava escura e fechada. Mandei, então que, pela imagem que, de Platão minha mente plasmou, ela o procurasse pela cidade toda. Pouco após, localizou-o: numa casa de saúde, descreveu o terno, camisa, listada, a esposa chorando, o rapaz agonizante no leito, etc… Oramos — após trazer Hypathia de volta — pelo fácil trânsito de moribundo. Novo telegrama confirmou a morte e carta posterior confirmou todos os pormenores relacionados com roupas e lugares visitados pelo sujet magnetizado e desdobrado pelos iniciados…

2. — Sentado no centro do Pantaclo, “Solão” (médico, professor universitário, vidente, e grande coração). Em torno, só três S.I.: o M. Cedaior, sua esposa Lorelair, eu. Experiência; invocar certos Mestres do Oriente, com os quais Solão pusera-se em relação através de “Dharma” (organização muito boa que “Rama-Schaim”, oficial da Marinha, dirigiu certo tempo no Rio), Depois de certas preparações, Solão é desdobrado, conscientemente, sem transes de tipo mediúnico, e visita certos lugares do astral, recebendo conhecimentos úteis. Após seu retorno ao estado de vigília comum, comparamos as percepções: o M. Cedaior viu aos três Mestres Orientais que dirigiram a “saída astral” de Solão, e os descreve apenas em linhas gerais, pois ele nunca era prolixo. Lorelair nada viu, mas sentiu as vibrações e intuiu os aspectos astrológicos (sua especialidade, aliás) e as condições mais “optima” para tais experiências. Eu, nada “vi” — no sentido que os videntes dão ao termo. Mas, descrevi minuciosamente o físico, as roupas, gestos, intenções, cores de raios emitidos pelos olhos e mantras usados, pelos ditos Mestres, especialmente pelo Chefe dos três. Isso, é o que chamamos o uso dos sentidos “íntimos”.

3. — Esta, carolei, é mais recente: passou-se numa Cela do Monastério AMO-PAX, antes de partirmos de lá. Tal Cela era ocupada por Ísis e um dos cantos da mesma tem um Pilar no qual, desde a fundação do Monastério, até…quando o MEM quiser, esteve depositado o Centro etérico no plano físico. Os “TRÊS”, a que o texto da vidente se refere, são alguns dos “ENCAPUÇADOS” — com certas características Martinistas, que os tornam identificáveis como tais, e que nenhum ser do astral inferior pode imitar ou usurpar porque O QUEIMARIAM… Eu tenho as minhas razões para pensar que um dos Três era o M. Cedaior. Você, Carolei, pode “achar” o que quiser. É, também interessante fazer constar, Carolei, que no dia do MEM PHILIPPE, ou seja, 25 de abril desse mesmo ano de 1957, eu recebera DÊLE, como consta da minha nota de Meditação (nos Arquivos conservados), este aviso, em francês: “ISIS DOIT PARTIR D’ICI”, ou seja: “Ísis deve retirar-se daqui”. E, muito embora eu tivesse dado quase um ano mais de tolerância ao caso, nem deixou de se cumprir e nem deixaram os Encapuçados Superiores Incógnitos de vir, 10 dias após o aviso, preparara substituição dos Etéricos Individuais no Etérico Egregórico, coisa que Você compreenderá mais plenamente quando chegarmos ao tema “EGRÉGOROS”, mas que eu tinha o dever de esclarecer um pouco, para tornar mais útil e inteligível a notável vivência de Monja Sarah.

O desenho e texto, que seguem, são dela mesma, e devidamente arquivados… “Ashram, cela, 5-5-1957: Um pouco mais das 21 horas — eu estava orando abraçada, como sempre, à

pequena cruz de madeira. Depois permaneci quieta, procurando ouvir alguma voz que viesse do mais profundo do meu ser. Concentrei-me no coração. Na Junção dos braços da Cruz, surgiu em linhas brilhantes o símbolo

martinista, que se ligou ao coração — fazendo-me vê-lo dilatado. As artérias muito aumentadas e gotas

N. 90 — Embora a tônica do Monastério nunca tenha logrado, nem agora, realizar como já disse, a vida

coletiva dessa “PRECE DO LABOR EGREGóRICO”, essa e outras das Orações desse Manual de Preces comentadas é útil, inclusive para as crianças, já que contém preces infantis. — Para MARTINISTAS, os quatro “C” poderiam também ser: Certo, Claro, Conciso, Completo, “não acha”, Carolei?… E, para outros: “Crux Christi Corona Christianorum”, que usei desde 1622.

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V. 4 — O uso dos Símbolos e seus efeitos numa cerimônia de mudança de fatores egregóricos.

como de chumbo derretido — passavam pausadamente nelas. — Nisto os “Três” apareceram de súbito à porta da cela. Projetaram sobre a pequena mesa forrada de azul celeste, um círio aceso, justamente abaixo do Quadro dos Mestres.

O meu etérico se pôs a orar, ajoelhado, diante deste altar improvisado. Com a espada traçaram às costas do etérico o mesmo símbolo da Cruz — isto é, os 2 triângulos entrelaçados e o círculo, nesta forma: triângulo ascendente do coronário às extremidades dos cotovelos. Triângulo descendente, dos ombros ao cóccix. Isto produziu no físico uma dor profunda e dolorosa no alto e dentro da cabeça que desceu pela coluna vertebral escoando pelos orifícios inferiores do tronco, cuja região ficou por algum tempo dolorida.

Quanto ao trabalho no cardíaco, produziu no físico uma dor nervosa e móvel, superficial, no lado esquerdo da cabeça, junto à nuca.

Vi depois que o meu etérico ( x ) ia tomando a forma de uma pedra retangular, que passou a se enquadrar na base de uma coluna. Adormeci… e não sei quando me retiraram. Notei apenas que os olhos dos “Três” eram muito inquietos e perscrutadores. É só. Sarah.”

O muito Excelso Mestre e AS PERSEGUIÇÕES. — Com. 97 — E a vida do

MEM continuava a se desenvolver, sempre de acordo com o que lhe fora dito

quando da “Encarnação do Eleito”: lembra, Carolei? :

“… Todos os corações dos ancestrais emitiram, nesse momento, suplicantes

desejos e, contudo, o espírito do Sacrificado disse: “Pedirei a Deus para me dar

forças para amá-lo sempre e suportarei o escárnio dos homens!” — Então, a voz do

Ser alado continuou: “Ainda não é tudo; as criaturas do Destino, os maus te

arrastarão perante os tribunais dos homens, e lá, teu inimigo se erguerá e te dirá:

“Diz a origem dos teus poderes, mostra a teus juízes quem és; …se recusas, é a

condenação humilhante e sem recursos…”

O resto dessa tão admirável posição do Eleito, já vimos, a pág. 53 do I Vol. —

Agora, iremos ver como se cumpriu e quais as conseqüências. Com relação às

diversas condenações — inicialmente sofridas pelo MEM, embora mais tarde

apagadas da sua folha-corrida, conforme Papus noticiou — achei, além do que

ficara dito a págs. 42 e 43 do I Vol., uma documentação que considero muito

importante, pelos motivos que verão a seguir. Trata-se de suas notícias, publicadas

em “L’INITIATION” de fins de 1893, a págs 183 a 187, e que resumirei como segue:

a primeira notícia refere-se a um “Congresso do Livre Exercício da Medicina”,

organizado pela “Liga Nacional pelo Livre Exercício da Medicina na França”,

incluindo dito Congresso, em seus cinco dias de duração, tanto sessões do mesmo,

como visitas à Escola Prática de Magnetismo, em seus setores de clínica —pela

Fig. 29 – V.4

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manhã — e de teoria — à noite. O comitê do citado Congresso incluía, ente seus

cinco Membros, a um Abade, um Médico, o magnetizador Durville e outros.

PAPUS, embora tendo ajudado a organizar tudo, demitiu-se antes de instalar-

se o Congresso, por excesso de tarefas… mas não deixou de colaborar mais

elevadamente, pois que, no mesmo número de sua Revista, e bem em seguida à

noticia do Congresso, publica o artigo “Exercício ilegal da medicina — Sugestão

mental — Contravenção” que inicia com este comentário grifado: “A lei do 19

ventôse (mês revolucionário) do ano XI, teve por objeto proteger de modo geral a

saúde pública, contra as empresas dos charlatães e dos empíricos, etc… resulta do

espírito e do texto dessa lei, que ela é absoluta e indeterminada no seu alcance,

devendo aplicar-se a todos que atraem a si os doentes, fazendo-lhes conceber

esperança de cura, sejam quais forem aos procedimentos curativos pretendidos,

mesmo que só tivessem por efeito, agir sobre a imaginação dos doentes”…

E assim julga e dá sentença, como segue, a Corte Correcional de Lyon, em 4

de abril de 1892:

“Considerando que P…, sem estar munido do diploma de médico ou de oficial

de saúde, tem atraído, desde diversos anos, grande quantidade de doentes, que

tratou pelas práticas do magnetismo, como foi constatado, em 1887, por juízo do

Tribunal Correcional de Lyon, etc… que o condenou… e por um segundo julgamento

com data de 21 de maio de 1890… condenando-o a 46 multas, etc… —

considerando que ficou provado pelos autos que, após sua última condenação e

apesar dos avisos reiterados da justiça, P…… continuou a receber em sua casa a

certo número de pessoas, sofrendo doenças diversas que ele tratou, por

procedimentos análogos aos precedentemente usados… que a Sra. C. declarou que

P…… (ao qual recorreu 25 vezes…) teria impressionado muito a imaginação dela,

falando-lhe do além e das almas dos mortos… que, por outra parte, a mulher G.

declara ter feito, no ano de 1891, cinco visitas a P……; que certo número de

pessoas achavam-se reunidas na mesma sala; que P……entrava, pronunciando

palavras misteriosas como se estivesse evocando — diz ela — algum espírito; que

ele passava diante de cada pessoa, olhava-a fixamente, perguntava pelo tipo da

doença e acrescentava “Isso melhorará…”, que, em cada visita a mulher G. pagou 2

francos, etc… — Considerando, ainda, que ficou provado, pelos autos e

notadamente pelas próprias declarações de P…… e do seu associado o Doutor

S……, que o contraventor pretendia agir sobre os doentes pela influência do

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magnetismo… e que o Médico do Tribunal declara que é possível agir mesmo sem

passes, só pelo olhar ou pela sugestão mental… etc… condena-o a 29 multas de 15

francos cada uma, bem como às custas, etc.”

Temos diferentes assuntos a considerar, agora, Carolei: — O primeiro deles, a

forma em que as pessoas sem cultura iam, sem querê-lo, prejudicando ao MEM, ao

não perceberem o fundo do Seu ensinamento, que viam através das superstições,

apenas. O outro, nos traz a revelação de que o MEM, ao entrar para as sessões,

continuava orando, murmurando as preces — quem sabe em que forma ORAVA

ELE, e que Nomes Divinos pronunciaria, e, em que idiomas, para não serem

profanados pelo vulgo… — O terceiro ponto que devo comentar é este: que

necessidade tem o MEM, que tudo sabe e tudo vê, de indagar qual o tipo da

doença? — Explico: o doente é quem necessita fazer-se consciente, de diferentes

coisas: do mal que sofre, da fraqueza ou transparência para com quem irá ajudá-lo

ou curá-lo.

Como quarto aspecto, temos o ensinamento que segue, proveniente de L. B.,

pág, 29, existente na 4.ª e 5.ª edições:

E. 456 — Em 1887, 1890 e 1892 notadamente, foi condenado por exercício

ilegal da medicina. Eis uma carta que escreveu a alguém que evidentemente queria

vir em socorro dele:

“Venho vos agradecer pelas vossas boas intenções a meu respeito. Nunca

solicitei pessoalmente nenhum testemunho em meu favor, algumas pessoas

apresentaram-se para testemunhar a verdade; riram; muitas dessas pessoas foram

certamente ridicularizadas, porém dia virá, e este dia está bem próximo, em que

Deus as recompensará.

“ O que faço, tornaria a fazê-lo ainda, pois eu nunca fiz o mal; fui inculpado, é

bem verdade, fui muito insultado, mas tenho grande satisfação de haver sempre

devolvido o bem pelo mal. Se o Tribunal me condena, o Tribunal Celeste me

absolverá, pois ele deu-me uma missão a cumprir que o poder humano não pode

cumprir por mim e nem pode impedir que cumpra os meus deveres. A hora soou e

deu o sinal das minhas provas; serei firme e não cederei uma polegada do território

confiado pelo meu Pai.”

Com. 98 — A posição do MESTRE, no tribunal e na carta acima, é bem a do

Eleito! E, debaixo da sua humildade e silêncio, como transparece a Sua Grandeza:

“missão a cumprir que o poder humano, etc.” e o “território confiado pelo meu Pai”.

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Quão cegos são, Carolei, os que, ante coisas como estas da própria mão do MEM,

não O reconhecem!… Isso, sem falar dos ensinamentos morais, bem claros, no texto

citado. E, sobre a “transparência” dos doentes, veja a N. 91…

E, chegamos ao ponto que desejava, como mais uma contribuição aos

“mistérios” em torno do M. PHILIPPE. Irei, assim, expor um teoria minha, sobre um

fato que acho raro. Poderei estar errado, mas se para o demonstrar, tiver que vir à

tona mais uma parcela da verdade, todos lucraremos com isso. O caso é carolei,

que todos os textos que tratam de Discípulos do MEM sempre velam,

cuidadosamente, a época exata, em que cada um deles conheceu ao MEM

PHILIPPE. Eu, para não perder o hábito, meditei nisso. E, concluí não ser apenas,

de interesse histórico procurarmos as razões de tanto mistério, que creio podermos

situar em três tipos eventuais, para fins de exame.

1.º — Durante a vida física do MEM poderia ter havido uma razão de simples

sigilo, já que Ele mesmo o exigia sobre a Sua Pessoa e Sua residência. Então, era

plausível que “Fulano”, indo a Lyon para O conhecer ou visitar, ocultasse

posteriormente a data do encontro, para evitar que — pela data — averiguassem

onde tinha estado e localizassem ao MEM. — Mas, se assim tivesse porventura

sido, tal mistério deveria ter ficado inexistente agora, o que se não verifica.

2.º — Poderia haver, ou ter havido, uma razão kabalística, por assim dizer, já

que os Ensinamentos Dele, incluíam ser muito reveladoras, as datas dos

acontecimentos importantes das vidas individuais. Certo, porém, tratando-se de

mortos, que já viveram e fizeram o que puderam, nada mais deveria haver para

ocultar: pelo contrário, seria interessantíssimo, a meu ver, que alguém faça um dia

— eu não tenho tempo agora — um estudo em tal sentido, sobre todos que entraram

em contacto com o MEM, com resultados ponderáveis…

3.º — E… por falar em “resultados”… não estará aí a chave do mistério? Em

muitos textos, vejo dizer que fulano ou sicrano, tendo entrado em contacto com o

N. 91 — A tal respeito poderia citar um caso, não excepcional infelizmente, mas bem típico. Em Buenos

Aires, há disto uns 14 anos, a nora de um Discípulo nosso, ficou gravemente doente. Deram-na por perdida. Nem assim, e nem a mim, a quem pediam ajuda, confessavam a doença, que era uma simples tuberculose, de origem sifilítico-hereditária, tara que toda a família levava escrita, para quem sabe certas coisas, como certo véu nos olhos que tenho descoberto como típico dessa tara. — A moça ia melhorando pelos cuidados magnéticos de um Discípulo, apoiados à distância por cadeias de preces. Mas… certas falhas morais no ambiente, certas posições mentais que não foi possível remover, provocaram, tempo após, uma recaída. A moça morreu. Nem assim diziam a verdade, o que provocou que outros membros se contagiassem, etc… — Mas, todo mundo é muito “cristão” e vive repetindo “ A Verdade vos libertará…”

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MEM, “em data que sabemos por ele mesmo — o fulano — mas que ocultaremos”

(???), fez então rápida evolução, etc…

Calma no Brasil! acho que aí está o xis do problema. Pois, pelo contrário,

embora TODOS aqueles que estiveram em contacto mais ou menos longo com o

MEM tenham, de fato e logicamente, feito progressos espirituais muito notáveis, há

precisamente, a meu ver, um fator que, por um lado parece estranho, mas que por

outro lado é profundamente alentador. É, justamente, a lentidão com a qual, todos

aqueles que estiveram, mesmo na intimidade do MEM, deixaram de ser como eram,

e o que eram, em modos, em manias, em atos, em desejos e até em certas atitudes

— pelo menos aparentemente — contraditórias com o Seu Ensinamento.

Isto dito, poderei então me contentar com apontar, sem tornar a comentar

amplamente o que acabei de expor, o tempo que cada um dos Discípulos levou,

para chegar ao misticismo puro, à entrega real, e tudo quanto sofreram para lá

chegarem! — E, agora, vamos à primeira investigação de épocas, procurando a

“nunca publicada” do encontro de PAPUS com o MEM, encontro que, de qualquer

maneira, situa-se muito depois do caso relatado a respeito do menino CEDAIOR,

que por isso ficou “biografado” antes de Papus, e por nem uma outra razão; assim

como PAPUS vem, agora, ocupar neste livro o seu lugar, antes dos que, como

mostrarei, creio terem conhecido posteriormente ao M. PHILIPPE.

Aliás, o fato de não haver, na revista de Papus: L’INITIATION a menor alusão,

mesmo que velada, a PHILIPPE, antes da publicação da sentença que resumi,

parece provar que, com o seu enorme coração, o que teria atraído a PAPUS a

investigar o que, realmente, havia de certo ou não sobre O Curador de Lyon, teria

sido o espírito de defender a Verdade, a Bondade, e o Direito de Curar com os Dons

do Céu. Aliás, a Vida de Papus está ainda, não obstante as biografias abundantes a

seu respeito, com “lacunas” que — pelo menos eu — creio seria agradável ver

preenchidas. Passemos, pois, a nos aproximar dele!

O Muito Excelso Mestre e PAPUS. — Com. 99 — Quando, em 1956, tive o

prazer de abraçar pessoalmente ao Filho de PAPUS — o Dr. Philippe ENCAUSSE

— lembro ter-lhe dito, na nossa primeira entrevista, na terça-feira 18 de setembro de

1956, no Santuário de seu Pai, que — evidentemente — eu não pretenderia querer a

PAPUS mais do que ele, Filho e Sucessor, o amava ! Porém, Carolei, também lhe

disse, que a minha convicção era: que ainda não se conhece bem, e não se

reconhece o que Papus, realmente, foi e fez.

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Não tenho, nesta obra, lugar para uma biografia, que aliás seu filho já fezN. 92

duas vezes, sem contar as inúmeras obras que falam do “Balzac do Ocultismo”!

Um rápido resumo da vertiginosa carreira de Papus, poderia ser intentado

assim: teve a merecida sorte de nascer filho de uma gitana espanhola, e de um

químico francês, bastante livre de espírito para contrair tal união. Gênio e dons

gitanos, espanhóis e franceses, estavam pois no sangue desse menino, ao nascer

(1865). Em 1869, seus pais o trazem para Paris, seu centro definitivo de ação. Aos

12 anos (1877) já tem bom certificado de estudos; aos 16 (1881) o de gramática e —

coisa possível naquela época — sem o bacharelato em ciências, já começa em

1882 — aos 17 anos — os estudo médicos. Em fins desse ano, é iniciado Superior

Incógnito por Delaage, fato notabilíssimo, nessa idade! Que vidência ou percepção

gnóstica, devia ter Delaage para escolher tal sucessor! — Aos 19 anos, escreve

suas “Hipóteses” (1884). — Em 1885, por ser o único ano no qual não consegui

achar nenhuma atividade dele na Europa, é quando deve situar-se a sua viagem à

Índia, que se acha citada duas vezes: no Prefácio que Charles de Brahy escreveu —

com documentação provida pelo filho de Papus — para a 6.ª edição do “ABC

ilustrado de Ocultismo”, e, novamente, a pág. 38 da primeira Biografia escrita pelo

próprio filho, que comenta que “a sua crença no poder das forças do astral ficou

assim fortificada”. Nesse mesmo ano, creio, deve situar-se seu contacto com a

misteriosa “H.B.L.” da qual já falei, e com seu primeiro “Mestre” prático.

As poucas referências sobre tal mestre, eram as de ser um Mago, de nome

Peter DAVIDSON, que Papus qualificava de “um dos mais sábios entre os Adeptos

ocidentais” e que o lançou no labor das sociedades secretas de ação socialN. 93; falei

disso em “Yo que…”, também. — Em 1886 situa-se o curioso fato da carta que

Papus escreveu a Eliphas LEVI, falecido muitos anos antes. Ora, como Levi era

amigo e protetor, tanto de Desbarolles, como de próprio Delaage, o iniciador de

Papus, temos aí uma prova a mais do contato sumamente breve, que houve entre

Papus e seu Iniciador…, e com isso só, Papus dedicou depois sua vida

N. 92 — A primeira biografia é “PAPUS”, sa vie, son oeuvre”, cujas 60 páginas são notavelmente bem

organizadas. A segunda, volumosa e abrangendo numerosos temas, correlatos e de elevadíssimo interesse, é “SCIENCES OCCULTES”, grosso volume cujas 546 páginas nunca poderiam recomendar-se bastante, aos que desejam informação séria.

N. 93 — Sobre Peter DAVIDSON: há breves referências a págs. 135 e 136 de “Sciences Occultes”, com relação à Hermetic Brotherhood of Luxor”, reproduzidas e comentadas por mim, a pág. 225 de “Yo que camine por el Mundo…” — Na coleção antiga de “L’INITIATION” aparecem duas referências, uma delas simplesmente fala, veladamente, de “Peto Davidson”, e, outra, a pág 84 do vol. 17, refere-se com poucos pormenores, à publicação da obra de P. Davidson, ou seja “THE BOOK OF LIGHT AND LIFE” editado simultaneamente em Londsville (U.S.A.) — onde estaria o autor na época — e em Glasgow, por goodwin, isso, em 1892.

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principalmente ao Martinismo. — Dá para ficar pensando nos discípulos que

dispõem de um Mestre durante anos… e nunca se decidem a entregar-se a nada

impessoal !

Em outubro de 1887, Papus merece mais um Mestre: o Marquês de Saint-Yves

d’Alveydre, a quem ele chamaria mais tarde: seu Mestre intelectual. Efetivamente,

Saint-Yves deu a Papus a CHAVE DAS SÍNTESES (ver Yo que…, pág. 269 e

seguintes), não só das Tradições religiosas e iniciáticas, como do andar das

civilizações e das mudanças sociais, resumidas na “Missão dos Judeus” e nos seus

trabalhos sobre a SinarquiaN. 94. — Não gostaria, aliás, já que não cabe nesta obra

maior estudo sobre o M. Saint-Yves d’Alveydre, que tampouco constam diretos laços

entre ele e o MEM PHILIPPE, deixar de assinalar que, se não houvesse outras

razões, bastariam o seu amor pelo Cristo, os seus esforço pela realização de um

Reino Social do Cristo, por convencer aos outros Soberanos (já que ele

considerava-se, com toda razão, como um Soberano Moral e Espiritual) a fazerem

obra de paz e de soerguimento moral, e, a sua Mathese Cristã, ou seja, um

esquema do Universo com base no Verbo Crístico e, finalmente, suas Missões junto

às diferentes Cortes da Europa (e graças a ele Papus, como sabemos, penetrou

mais facilmente na da Rússia), o classificam, sem dúvida alguma, como uma das

“Águias da Via Mental”, expressão que já usei no “Yo que…” e sobre a qual voltarei

no capítulo “As Duas Vias”.

Em 1890, Papus já estava distinguido com condecorações pelas suas obras

publicadas. — Oficial de Saúde em 1891 e Médico em 1894, casou-se em 23 de

fevereiro de 1895 com a jovem viúva Mathilde Inard d’Argence, viúva Thériet, que,

como veremos, foi uma das pessoas que o levaram até o MEM, por assim dizer, já

que o laços entre essas duas almas não devem ser “de agora”… — Em 1891 já

N. 94 — “Sinarquia”, ou seja: Governo de Todos, porém em Funções Sociais (em lugar de “classes” em

competição econômica) distribuídas de acordo com o esquema universal, Chamado por St.-Yves “Critério de Certeza” e do qual o Arqueômetro é a Chave viva, de aferição e adaptação. E, para que Você, Carolei, não pense que esse assunto de SINARQUIA é fantasia antiquada, direi que, de março a maio de 1956, o “JORNAL MUNICIPAL” de São Paulo publicou uma notável série de artigos de autoria do Eng. Plínio A. BRANCO, então Diretor do Departamento de Serviços Municipais e Membro do Conselho de Energia do Estado de SÃO PAULO, artigos que detalhavam a TESE apresentada por esse culto Engenheiro, ao I Congresso IBERO-AMERICANO, no qual ele integrou a representação oficial ao citado Congresso. E, sua Tese tinha por base e título: “O MUNICÍPIO NA ORGANIZAÇÃO SINÁRQUICA DO ESTADO”.

Convém, por outra parte, assinalar que, contrariamente aos trabalhos do Eng. Plínio Branco, que estão bem dentro do conceito de Saint-Yves, houve, tanto no México como na própria França, movimentos subversivos que se disfarçaram com a denominação de “sinárquicos”. Os estudantes sérios poderão ser informados com mais pormenores, se a sua especialização o permitir.

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publicara o seu, justamente célebre, Tratado Metódico de Ciência OcultaN. 95. Em

1896, já fundara a notável “União Idealista Universal”, agrupando mais de 30.000

intelectuais, e que, com o título curioso de “Rendeiro”, ou seja: aquele que só cuida

da fazenda para o Dono, ele movia com entusiasmo e vigor, contra o materialismo

crescente…

Pela sua atividade múltipla como conferencista, como Missionado na Rússia, e

como centro de uma ação nunca antes, nem após, igualada, para MOVER a todos

os ambientes em favor de um ideal, sem sectarismos nem vaguezas, Papus

aparece, até hoje, como único.

Como iniciador através de obras, basta lembrar que as suas, perto de 160,

incluem pesados tratados, cujas teorias ele mesmo revisara, ou com a ajuda de seus

colaboradores, mediante experiências que iam: da alquimia à magia cerimonial; da

homeopatia ao magnetismo e da kabbala aplicada às ciências sociais até a teurgia

purificadora de corpos e de almas.

No Martinismo, é certamente onde PAPUS insuflou todas as energias que

semelhante “Cavalaria Cristã” podia assimilar como doutrina e tentar aplicar, nos

mais diversos campos externos.

Se olharmos agora o seu caminho interior — a passos largos e distanciados,

como marcos principais — através de certos fenômenos reveladores,

compreenderemos melhor o que significou para PAPUS — e para o MEM — o

encontro com o seu MESTRE ESPIRITUAL.

Já, aos 19 anos de idade, Papus tivera em sua vida um episódio que ressaltava

seu passado iniciático, e o qual a imposição de mãos de Delaage, ao iniciá-lo S.I.,

reavivara em essa alma ardente.

Ele tivera um desentendimento com outra pessoa, de má índole, que ofendera

a honra de Papus. Resolvido a “eliminar o bicho indigno”, o que Papus ainda

considerava um direito, senão um dever, ele o esperara, de arma em punho, no já

célebre Cabaret du Chat Noir. Mas, quando o adversário ia surgir, na noite

enluarada, sente uma mão pousar no seu ombro. Vira-se, indignado com a intrusão.

Mas fica petrificado: um ser luminoso, diáfano, de resplandecente beleza, que, de

N. 95 — De cujo Tratado Metódico, fizemos em Montevidéu uma notável tradução, devida ao labor de

“Pitágoras”, o médico do qual já falei, e cuja tradução foi depositada sem a minha anuência, por terceiras pessoas, numa Editora de Buenos Aires, com a qual entraremos em contacto, oportunamente, a respeito. Aliás, eu predissera que tal tradução não seria bem sucedida, porque tinham acrescentado notas querendo “melhorar” a Papus… que não estava precisando disso.

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humano só tem a forma, olha-o grave e suavemente e lhe diz: “Que ias fazer? —

Não és tua missão cometer tal ato de violência. Não deves deixar-te levar pelo

ressentimento. Perdoa a esse homem.” — “Mas ele…” — “Sei, ofendeu-te, não é?”

— “E como!…” — “Mas Cristo foi coberto pelo opróbio, e não somente perdoou a

seus detratores, mas ainda orou por eles…” Papus baixou a cabeça. Quando a

ergue a visão sumira. Mas ele, Papus, tinha reatualizado o que já treinara: exaltar-se

pelos ideais de bondade…

Com. 100 — Estou lhe ouvindo, Carolei: “Oh! Sevananda, e por que não são

assim tolhidos, todos os gestos irados e mortíferos?…” — Pois é, Carolei, bem triste

é, serem tão poucos os que já treinaram antes: um pouco de brio, mas também, um

pouco de humildade e de vidência. Só, por agora…

Anos após, provavelmente em 1895, conheceu ao MEM PHILIPPE — pois

Papus fizera já em 1895 e 1893, viagens a Marselha e a Lyon, nas quais poderia ter

conhecido ao MEM… mas, como batera-se em duelo com Jules BOIS, a quem feriu,

embora de leve, em 1893, creio que o MEM PHILIPPE não lhe teria permitido isso.

(Posso estar errado, é claro.) Por tal razão penso que os três fatos que vamos citar

agora, serão em favor da opinião emitida.

1.º) — Diz o Dr. Philippe ENCAUSSE: “ A propósito desse providencial

encontro entre Papus e M. Philippe, convém apontar que foi devido mais

especialmente a duas pessoas que tinham atraído a sua atenção sobre o Mestre.

Em primeiro lugar foi o massagista-magnetizador André ROBERT, falecido em 28 de

junho de 1895 (e a cuja viúva o MEM dirigiu, no dia seguinte ao decesso, esta carta:

“Minha muito querida amiga — permita-me tomar uma grande parte da

sua dor. — Aquele que acaba de partir, não está longe dos seus amigos. Em

verdade vô-lo digo. Robert está entre os bem-aventurados. Robert, pagou

além das suas dívidas. Durante a noite, de quinta para sexta, pelas 2h. ¾ da

madrugada, foi dada à sua alma a mais grata satisfação, e ele poderá, dentro

de bem poucas horas, pedir para vós, querida amiga minha, e obter, aquilo

que não podia durante sua vida material.

“Mais um vez, consolação e bênção vos serão dadas. O vosso Amigo,

PHILIPPE”.

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2.º) — A segunda pessoa foi, pois, a viuvinha Mathilde, neta da Condessa de

Waldner de Freundstein (curioso nome da velha nobreza alemã, que significaria:

Habitante ( ou Senhor) dos Bosques das Pedras Amigas, isto é: de bosques

sagrados dos Druidas…) Essa viuvinha, a quem vamos chamar de Mathilde,

diretamente, para abreviar, tinha permanecido com sua mãe em l’Arbresle e, tinham

conhecido ao MEM PHILIPPE, que predissera que ela casaria com o Dr.

ENCAUSSE (Papus). É claro que, tendo assistido aos milagres de lá, não deixou de

insistir com o pretendente, mais tarde o noivo, para que fosse lá… ver o MESTRE.

E, aí surge a notável história, inédita até ser incluída na 5.ª edição francesa,

que nos pinta o Papus mago, brioso, altivo e humilde ao mesmo tempo, isto é:

REALISTA, que sempre foi seu maior dom! Louis Marchand, um dos raros

companheiros de Papus, ainda vivos, que o conheceu desde 1897, refere isto:

“Gérard Encausse mostrou inicialmente desconfiança para com o M. Philippe,

esse desconhecido misterioso, do qual a sua noiva lhe falava sem cessar. Saturado

de Eliphas Lévi, repleto de conceitos mágicos, dos ritos, das sociedades iniciáticas,

das sombrias intrigas jesuíticas ou extremo-orientais, muito ufano por ser ele quem

mantinha em xeque à Sociedade Teosófica adolescente, havia um certo temor nele,

de se tornar o subalterno de alguém. Num sótão de Paris, perto da Estação do

Leste, tinha instalado um gabinete mágico. Um refletor de segunda mão, servia-lhe

de espelho mágico e um velho sabre de abordagem, era sua espada. Empregava a

magia dos Boêmios. Acreditando estar sendo objeto de sugestões telepáticas, por

parte de M. Philippe, tinha resolvido defender-se. Dono de vontade forte, tendo já

notáveis dons de magnetizador, Papus já tinha obtido, em magia, muito notáveis

fenômenos. Ele se propunha, pois, expulsar ao Incógnito e submetê-lo!… Traçou

seu círculo, queima o perfume, apanha um desses suportes de madeira branca, que

se utiliza para manter tábuas, batiza-o (no estilo boêmio), com os nomes e

sobrenome do Mestre “lyonense”…canta conjuração e empunha do sabre para

quebrar a madeira, e vencer assim a seu pretendido embruxador! Ora, nessa época,

Gerard Encausse, em plena força da idade, era um verdadeiro atleta. — Levanta o

braço, e, antes que o pudesse baixar o sabre é-lhe violentamente arrancado da mão

por uma força desconhecida! Tendo compreendido, caiu de joelhos e chorou…” (N. 96)

N. 96 — Reproduzido de páginas 6 a 8 da 5.ª edição francesa. Devo dizer que o termo “das” (suas

dívidas) ficou ressaltado PELO MEM MESTRE, marcando assim que Ele tinha “olhado” todas as contas de Robert, na Grande Contabilidade do LIVRO DA VIDA e achara saldo a favor de Robert… Não é maravilhoso carinho e a singeleza com os quais o AMIGO e o MESTRE dão a conhecer a quem estimam, o que ninguém

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Com. 101 — Não é emocionante, Carolei, o Poder do MEM, e a valentia, a

hombridade e, também, a inteligente humildade de PAPUS, o mais real índice de

sua grandeza? E, não é bonito, esse conquistar de novo a alma que já lhe pertence

— duas vezes: como Imperador do Mundo, e como um dos que Encarnaram antes…

— que o MEM faz, vencendo, embora mansamente, ao Mago no seu próprio

terreno?… Agora é mais fácil compreender, me parece, carolei, porque, se Jean

CHAPAS foi a mão do MEM, nas Curas; por sua vez, PAPUS foi o braço forte para o

labor de semear, de congregar, e para a ação social, visível ou oculta.

E isto nos leva a considerar, agora, alguns aspectos do Martinismo de PAPUS,

em suas relações com a doutrina e proteção do MEM na Europa e neste Continente.

O Muito Excelso Mestre e o MARTINISMO DE PAPUS… — Com. 102 — Para

compreender bem, agora, querida Carolei, a importância que para PAPUS e a

plêiade brilhante de valores, que com ele formaram a base do movimento ocultista e

realmente espiritual (não confundir com somente espírita ou espiritualista, pelas

razões que veremos depois), temos que nos lançar a considerar: os motivos

interiores que moveram as principais peças do Jogo da Época em direção ao Rei

Branco, desse Xadrez místico para receberem Dele o que mais apeteciam. — Isto

vai nos esclarecer o terceiro fato, que nos faltava examinar: A “peça PAPUS”, vinha

se movimentando nesta forma (no que à sua manifestação visível, nesta

encarnação, se refere): pela mãe gitana, pelos estudos de Lévi; pela síntese séria

que já fizera da Tradição (indo até traduzir — em 1888, já — o Sepher Jesirah,

chave da Alta Kabbalah); pela sua viagem à Índia — da qual voltou “Membro do I

grau de certa Fraternidade oriental”; pela sua filiação à “Fraternidade Hermética de

Luxor”, ou seja a Peter Davidson, ele já possuía chaves práticas. Dessa “H.B. of L.”,

de Davidson, já Papus publicara, em 1889 (“L’Initiation”, pág. 11) estas palavras: “…

pretendendo ser o círculo externo, novamente aberto, de um muito antigo centro de

iniciação, a H.B. of L. propõe-se desenvolver a teoria oculta, desde o ponto de vista

da intelectualidade e das tradições próprias do Ocidente, e, também, ensinar uma

prática que, contrariamente ao que foi dito pelos que a não conhecem, está livre de

qualquer elemento inferior, e tende exclusivamente ao desenvolvimento das

faculdades espirituais. Para chegar a essa sua meta (prossegue Papus), ela faz os

mais poderia afirmar, com semelhante certeza e precisões? —Quanto ao outro caso da magia boêmia, já ficou comentado.

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associados trabalharem, provendo-os de instruções manuscritas, ajudando-os nos

seus estudos e nas suas práticas, a cada um pessoalmente”.

Sabemos que, de St-Yves d’Alveydre, recebeu a chave de compreensão, não

só das Tradições, senão, principalmente, do nexo entre elas. O Quadro Geral da

Tradição, já elaborado por PAPUS antes de 1891 — bem como outros sinóticos

sobre Budismo, etc., explicam dois aspectos fundamentais do seu Martinismo: um, é

o desejo de dar um ensinamento sintético, completo, amplo, que abrangia o Oriente

e o Ocidente vistos como um todo; como o que são: as duas facetas da mesma

medalha, que é a sociedade humana na qual vivemos e na qual reencarnamos, nem

sempre no mesmo ponto…

O segundo aspecto, é a preocupação de PAPUS por dar aos que lhe seguiam,

“chaves práticas”. Mas, seu saber e sua intuição, sua experiência pessoal, já lhe

tinham mostrado que se devia buscar, sempre, o que pudesse desenvolver as

faculdades espirituais e os sentidos íntimos, e NÃO, só ou principalmente, aquilo

que apenas releva do físico, do astral ou, do mental de rotina e intelectual(N. 97).

Os programas de estudo e a parte ritualística, do Martinismo reorganizado por

PAPUS e seus colaboradores, como Chaboseau que era muito orientalista, Sédir

que era muito crístico de sentir, mas que buscava no Oriente o que não pudera

ainda achar nos ensinamentos ocidentais, e de outros como Lalande (Marc Haven)

que tinha seguido, como Papus aliás, a Tradição até cair sempre no Egito como

ponto de união: da Tradição antiga e prática, com Revelação Cristã e seus

bastidores gnóstico-kabbalísticos, indicam claramente essa BUSCA persistente.

PAPUS e seus grandes Companheiros, não eram dos que se conformam com o que

são e sabem, pensando “terem chegado”. Sabiam o muito que faltava, a eles como a

todos nós, por fazer e por ser. E, não ficavam parados, ou conversando. Por isso

disse eu, que ele, PAPUS, é uma alma ardente.

Voltemos à “L’INITIATION”. Após o artigo sobre a condenação pelo Tribunal de

Lyon, imposta a P……(Philippe) em 1892, e que Papus publicou em 1893, não se

N. 97 — As linhas que citei, relativas à “HB of L”, provêm de um longo e muito notável artigo no qual

PAPUS, com a penetração e seriedade que lhe são peculiares, analisava a situação dos movimentos que o título do artigo define “SOCIEDADES DE INICIAÇÃO EM 1889” (Maçonaria — Teosofia e derivados — H. B. of L. — Martinistas — Rosa-cruzes — Espíritas). — Devo dizer que muito do que Papus dissera, há SETENTA ANOS, pode considerar-se válido para as Sociedades ou Ambientes que cristalizaram em lugar de evoluírem e se adaptarem. Os estudantes sérios, poderão estudar com proveito esse material e as nossas instruções de adaptação.

Também devo chamar a sua atenção, Carolei, para o fato da semelhança (e, não será fraco o termo?…) entre essa HB of L, servindo de base de atualização espiritual das faculdades dos Associados, e o que com os nossos acontece, nas Práticas individuais do Suddha Dharma Mandalam…

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acha uma palavra só, nem velada, sobre o MEM, durante dois anos. Esse, é o

período da magnífica luta interior, que iria transformar ao PAPUS mago e

independente; conquistador de vontades e organizador impetuoso; num aspirante a

Teurgo, pela entrega ao MESTRE Visível, e — pela sua mediação e intercessão —

ao Divino Amigo(N. 98)

De repente, chega 1895. Nesse ano, Papus já era o Grã-mestre da Ordem

Martinista; o Delegado-Geral da Ordem Kabbalística da Rosa-cruz; o Presidente de

todos os Grupos Independentes de Estudos Esotéricos espalhados pelo mundo,

difundindo o que o central, por ele fundado em Paris anos antes, criara, como base

da Faculdade dos Altos Estudos (Herméticos e Espirituais); em janeiro de 1895, o

mesmo Papus, sob o seu nome de VICENTE — Bispo de Tolosa e Vice-Presidente

dos Muito Altos Sínodos (Gnósticos) — tinha que assumir a responsabilidade — em

vista da renúncia de VALENTINIUS II (Doinel) ao Patriarcado Gnóstico(N. 99) — de

convocar o M.A. Sínodo, para o outono desse mesmo ano. Tudo isso é importante,

porque iremos ver que todas as peças (humanas) e os modos ( de organização e de

meta), vão ser movidos, pelo encontro que o Dr. Philippe Encausse chamou, com

notável propriedade, de Providencial.

Ora, no número de fevereiro de 1895, págs. 125 a 129, aparece de repente um

artigo de “Photés”, com o muito sugestivo título de “A OBEDIÊNCIA AOS NOSSOS

GUIAS ESPIRITUAIS”, no qual o autor, após ótimas considerações sobre o que se

deve, como fé, confiança e obediência aos que são Guias…, oferece na última

página um trecho, que é muito significativo que PAPUS mandasse publicar na sua

Revista, após o “seu temor de tornar-se subalterno de alguém”, que, dois anos

antes, ainda tivera. — Eis o trecho:

“Antes de vos deixar, quiçá para sempre, permiti-me dizer-vos que, na França

mais do que em outros lugares, somos indiferentes; que, na França, menos do que

N. 98 — Apesar de este livro não ser o de Sarva Ioga, e sim, um da Via Essência, no qual tenho portanto

obrigação de procurar ser amável, paciente e compreensivo. Poderia lhe pedir, Carolei, o muito especial favor de não entender essa entrega ao Divino Amigo, apenas no sentido devocional barato, de toda essa gente que “vive com Jesus na boca” ou que “tem a Jesus por Mestre”, muito embora… (o resto da frase fica para o Tratado de Sarva Ioga !).

N. 99 — Ilusória ou não, com resultados evidentes ou não, com conseqüências que convenha divulgar ou não, o fato é que VALENTINIUS II, aceitou a difícil missão, não só de renunciar ao Primado Albigense e Patriarcado Gnóstico, senão também, de abjurar oficialmente de tudo, integrando-se no seio da Igreja Católica, para lá procurar lançar a Luz em certos corações aptos. Há coisas, Carolei, sobre as quais os Iniciados calam, mesmo ao preço de ter que deixarem a calúnia correr. Compare, por exemplo, com certos Oficiais, que são condenados e até “degradados” mediante a tão terrível cerimônia mágica, dos militares…para passarem, longe das filas, e no maior silêncio, a salvar vidas no Serviço Secreto. Às vezes, quando não morrem antes, acha-se uma “oportunidade” de os reabilitar, condecorar, etc., mas, não é sempre no plano visível. — Achou, Carolei? — Parabéns!

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em qualquer outra parte, obedece-se; e que a nossa opinião é: que sem a

obediência a nada chegaremos; e conste que nós, que assim opinamos,

começamos pela obediência… Então, na calma, a Voz do Espírito se fará ouvir. Ela

vos dirá os maravilhosos segredos, sempre desvelados, deste mundo encantado

que devemos descobrir a golpes de sacrifícios. Tudo está nisso. E, quem és tu, que

vens nos flagelar?: “Nada, meu irmão, um pó como tu. Mas, graças à obediência

absoluta, tornar-te-ás, também o cachorro do Pastor (N. 100). — E, para terminar, um

simples pensamento, recolhido dos lábios do grande PHILIPPE, o nosso Mestre. Eu

vo-lo deixarei com ele, eu só terei feito, é passar; ele permanecerá:

“Obediência, humanidade, sabedoria, suavidade, paz do coração!”

Nesse mesmo número de “L’INITIATION”, comentando uma excursão de

Mauchel (Chamuel) na França meridional, e que fundou “GIDEE” (Grupos

Independentes de Estudos Esotéricos) na Sabóia, em Marselha e em Genebra, diz

Sédir que convém citar a todos os Amigos de Lyon, e, especialmente ao “nosso

Irmão AMO” (cujos laços com o MEM já vimos).

E, em abril de 1895, estoura a bomba — por assim dizer. Agora é o próprio

PAPUS que, no artigo “Revelações Astrais” diz o seguinte: “…Vi em Lyon, nesse

centro astral da França, a um dos vossos queridos Eleitos, modelo sobre-humano de

resignação, de coragem e devotamento, o teurgo Philippe, cuja prece irradia até

junto às falanges celestes, pois, à sua voz, os desesperados esperam, os paralíticos

andam, e a própria morte afasta-se, impotente e vencida. Ora, Esse, suporta sem

queixas as mais odiosas perseguições, e as mais vis calúnias; os inimigos mais

pérfidos só acham Nele um amigo compassivo para seus males, e pronto a curá-los

se sofrem, a salvá-los se estão perdidos…” N. 101

Assim, vemos que “Photés” e outros místicos, que começavam pela

obediência, precederam a Papus no gesto tão magnífico com o qual, ele, PAPUS,

nas frases citadas, proclama a real grandeza de M. PHILIPPE. Se eu quisesse falar

“para Papus” diria: era o Leão inclinando-se ante o Anjo, a Águia reverenciando a

Pomba!… e, resolvendo segui-LA nas regiões da mansidão…

Em julho de 1895 — a pág. 195 da mesma Revista — Papus é quem assina

uma especial página necrológica, sobre a morte de ROBERT, o magnetizador. Cita

N. 100 — Gostaria de ressaltar, Carolei, que, dessa época em diante, PAPUS passou a usar com

freqüência alusões a esse “cachorro do Pastor”, que era, como se verá nos Ensinamentos do MEM, uma das expressões correntes do MESTRE.

N. 101 — L’INITIATION”, n. 7 (do oitavo ano), abril de 1895, pág. 5.

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(pois a generosidade de Papus sempre o levava a DAR aos Leitores), duas curiosas

experiências que Robert realizara em vida: a obtenção de um selo esotérico em

relevo, sobre o braço de uma pessoa presente, por meio de um sujet; e, a

precipitação de texto escrito, feita a plena luz. — Nessa página necrológica diz:

“nestes últimos anos, Robert tinha se tornado um entusiástico discípulo do célebre

Teurgo lyonense PHILIPPE, de quem teremos — em breve — oportunidade de

informar longamente aos nossos leitores”.

Como se vê, PAPUS metia-se, claramente, num compromisso firme, lógico

resultado de uma entrega total, a serviço de SEU MESTRE ESPIRITUAL. Não

poderia deixar de citar que, em nota ao pé da dita página mortuária, Papus, sempre

místico-realista, dá uma das chaves do poder de Robert e da sua real condição de

Discípulo do MEM. Diz assim: “Robert morreu na mais profunda miséria e deve, só a

amigos muito dedicados, o alívio dos seus últimos dias”… Que bonitos temas de

meditação, Carolei! E, que exemplo a seguir!…

Terminando o estudo da “articulação” PHILIPPE-Papus-Martinismo, só resta

considerar um ponto: Vimos, ao falar de Marc Haven, que foi ele “o mais sagaz”

etc… que fora enviado pelo Grupo de Paris, para “ver” ao discutido “Homem de

LYON” … (como ficou exposto a pág. 87 deste volume) e que o resultado foi:

resolver “entregar-se e ficar por lá”; tanto mais, que Papus o encarregara de

“missão” junto ao MEM, como vimos no Com. 49 — a pág. 77. A partir de 1895 e

1896, todos os setores da ação, nos quais PAPUS podia ter influência, são

conquistados para o MESTRE : É a Escola de Magnetismo, filial em Lyon; são as

visitas, como a de 16 de julho de 1896, em que há experiências ante sala cheia, na

presença dos doutores Durville, Encausse, Lalande, etc. (L. B., pág. 50); são as

sessões de M. PHILIPPE, como as de 24 de novembro e 5 de dezembro, publicadas

integralmente em “L’INITIATION”; e, na mesma revista, a maravilhosa “Encarnação

do Eleito”, com a categórica dedicatória de Papus “A meu mestre Philippe, de Lyon”;

são as estadas em Lyon, como verão de 1898, passado lá por Papus e esposa e no

qual combinaram aceitar — em pensão na sua casa de Auteuil, em Paris — por todo

aquele inverno, à Sra. Marie Sarshall, futura esposa de Marc Haven, e a sua Mãe:

os laços íntimos vão se apertando. Mas, também, os laços iniciáticos. Assim o

MARTINISMO ia se sublimando, e agora podemos compreender melhor o caminho

percorrido, que iremos examinar.

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Com. 102 — Lembremos que Martinez de Pasqually, o misterioso Profeta,

Mago e Místico — Louis-Claude de Saint-Martin — que já apresentava curiosas

semelhanças , nas sua maneira de viver e seu ensinamento pessoal, com a doutrina

de elevado misticismo cristão de Philippe. Papus, pelas razões que vimos, foi

fazendo evoluir o trabalhos das Lojas Martinista, em forma tal que, em Paris por

exemplo, as 4 que havia lá (entre as 160 Lojas espalhadas pelo mundo) achamos:

“A ESFINGE”, na qual se estudavam mais especialmente as adaptações estéticas

em geral ou artísticas; a “VELLEDA” (nome de sacerdotisa Druídica) na qual o

estudo da Tradição Ocidental, do Simbolismo — especialmente o da real Maçonaria

— e suas adaptações, era a base do labor; a “HERMANUBIS” — dirigida por Sédir,

como já vimos — dedicada à Tradição Oriental, e a mística (vivência interior e

entrega, etc…); finalmente, na Loja-mãe “O ESFINGE” (masculino da outra), faziam-

se os estudo gerais e outras atividades, entre as quais convém citar esta: Quando,

em 1900-1901, a (então) grande revista francesa “Je Sais Tout”, achou oportuno

fazer uma “enquête” sobre todos os setores das coisas espirituais, desde o

espiritismo, passando pelo exoterismo de divulgação, a magia, o esoterismo

cristão,etc… teve, naturalmente, que fazer uma entrevista com cada um dos

Luminares de cada seção. Ao entrevistar Papus, o jornalista teve a surpresa de

saber que, em pleno centro de Paris, a Cidade-luz, com fama de turbulenta e pouco

mística, havia misteriosas Lojas Martinistas nas quais, com preparação de música

clássica, homens graves, sérios, conhecedores dos segredos da dinamização da

Oração, não pela vontade humana, mas pelo Amor, pela entrega, e pelos sacrifícios

individuais oferecidos, reuniam-se para cumprir um dos preceitos — e dos objetivos

— do MEM PHILIPPE:

E. 736 — “Em breve, escolherei adeptos, que orarão em conjunto uma hora por

semana, pelos doentes. Há seres que oram por nós, é portanto uma dívida.

Devemos orar por outros.” (5.ª ed., pág. 175.)

PAPUS, obediente, não a ordens verbais de casernas, mas dessa obediência

superior, que, como o amor (e, porque é amor) procura fazer o que o Ser amado —

O MESTRE — deseja ou, apenas, sugere, tinha pois realizado, no Martinismo, o

ideal da Prece Coletiva, efetivada nas devidas condições. — Ressaltei o “devidas”,

para aludir ao motivo, citado no ensinamento, bem como ao fato de as condições

apropriadas fazerem, também, parte do nosso dever, para a prática da prece!

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Finalmente, seria injusto deixar de assinalar a preparação séria que os

Martinistas recebiam através de “L’INITIATION” que desde outubro de 1888 até

1914, foi: “o órgão vivo que reunia a todos os renovadores das ciências herméticas,

aos protagonistas de todas as revelações da ciência única: Stanislas de Guaita,

Péladan, Barlet, Matgioi, Marc Haven, Sédir, de Rochas, Chamuel, entre outras

personalidades agrupadas em redor de Papus”.

As linhas que precedem, são do Editorial com o qual, no início de 1953,

começava o Número UM, da nova série, de “L’INITIATION”, agora sob a direção do

Dr. Philippe ENCAUSSE, e sempre com o caráter de “Cadernos de Documentação

Esotérica Tradicional”, isto é: obrigatória para todo Martinista e utilíssima para todo

estudante sério N. 102

N. 102 — Convém lembrar, ainda, que aqui na América Latina, a “Ordem Martinista” independente, da

qual falei e que me tocou dirigir, publicou durante sete anos, mensalmente, com o nome em espanhol de “LA INICIATION”, uma revista, feita não só para instruir aos 442 Martinistas, das nossas 5 Lojas e 23 Grupos Martinistas, bem como aos “GIDEE” de Montevidéu, Buenos Aires e La Plata. Seus artigos eram doutrina martinista, cursos completos de astrologia, ioga, artigos sobre vida e idéias dos Mestres do Oriente e do Ocidente. O primeiro ano foi reimpresso em forma de volume (ainda disponível). — Os demais anos da revista existem, porém em coleções incompletas.

A citada “Ordem martinista” — de Montevidéu — fez também publicar as traduções — feitas por nós — de obras como: EL LIBRO DE LOS SABIOS (Eliphas Lévi) — EL TARO DE LOS BOHEMIOS (Papus) — EL HIJO DE ZANONI (Sevaka: Prof. Francisco Vladomiro Lorenz, Membro da Ordem) — APOCALIPSIS REVELADA (James Pryse) — LAS CURAS EFETUADAS POR EL CRISTO (Sédir), sendo de ressaltar que esta última obra foi financiada, totalmente, por um israelita, real místico que sentira a beleza da doutrina. — Fechada em 1947, de acordo com uma ordem dada pelo próprio Mestre PAPUS, a mim, na Sessão da Loja “PAPUS N. 5”, EM 25 de outubro daquele ano —como ficou documentado na publicação “MODIFICACIONES EM LA ORDEM MARTINISTA”, da qual uns exemplares estão arquivados. — As demais publicações da Ordem (citadas quando falei no Mestre CEDAIOR), e as que foram feitas no Uruguai, constam da lista de obras, no início deste volume. — Atualmente, tudo quanto resultou dos esforços daqueles Martinistas, está espalhado nos diferentes setores de labor. E, os que desejem trabalhar como MARTINISTAS, acharão, no documento “ORDEM MARTINISTA”, a seguir, todas as indicações desejáveis.

ORDEM MARTINISTA

Na “Documentação de Conjunto” — emanada do Supremo Conselho da Ordem , sito em Paris e presidido

pelo Dr. Philippe ENCAUSSE (filho de Papus e afilhado do Muito Excelso Mestre PHILIPPE) —, bem como na 5.ª edição francesa do livro “LE MAITRE PHILIPPE, de LYON” (pág. 252 e segs.) consta o mesmo texto que, para informação do público em geral,divulgamos, com caráter de documento OFICIAL da Ordem Martinista, a seguir:

“O MARTINISMO do qual Papus era o Grã-mestre da Ordem: criado pelo Dr. Gerard Encausse (Papus), a Ordem Martinista moderna conheceu até a morte física do saudoso vulgarizador do Ocultismo, um desenvolvimento considerável. A Ordem Martinista de Papus estava, efetivamente, representada tanto na velha Europa como nas colônias, nos Estados Unidos e na América do Sul. Sua influência exercia-se tanto entre os humildes quanto nos degraus de certos tronos e não dos menores… Graças a ela, as idéias espiritualistas ganharam um terreno precioso numa época em o Materialismo dava a impressão de achar-se prestes a triunfar.

“Em todos os corações onde uma vez penetrou, o Martinismo papusiano permitiu realizar as possibilidades de altruísmo que neles havia. Ele salvou da dúvida, da desesperação e às vezes do próprio suicídio a muitos espíritos, tão verdadeiro é que a Luz atravessa os vidros mesmo quando embaciados e que ela ilumina todas as trevas físicas, morais e intelectuais.

“No seu conjunto, a Ordem Martinista de Papus era sobretudo uma escola de Cavalaria moral esforçando-se por desenvolver a espiritualidade dos seus membros, tanto pelo estudo de um mundo ainda desconhecido do qual a ciência, até agora, não determinou ainda todas as leis, quanto pelo exercício da dedicação e da assistência intelectual, e pela criação, em cada espírito, de uma Fé tanto mais sólida por ter como base a observação e a ciência.

“O Martinismo de Papus constituía portanto uma cavalaria do altruísmo oposta à liga egoísta dos apetites materiais, uma Escola onde se aprendia a reconduzir o dinheiro a seu justo valor de sangue social e a não

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considerá-lo como algum divino influxo, finalmente, um Centro onde se se esforçava por permanecer impassível ante os turbilhões positivos ou negativos que transtornam a Sociedade.

“Aberto aos homens como às mulheres, não pedindo de seus membros nenhum juramento de obediência passiva e não lhes impondo nenhum dogma, acolhendo sem distinção a todos aqueles que tinham no coração o amor pelo seu semelhante e que desejavam lutar pelo bem comum, o Martinismo papusiano tem dado a dezenas de milhares de homens e de mulheres a possibilidade de acharem um refúgio na experiência e na filosofia dos Antigos e, como precisou o saudoso Téder: “Em presença deste regresso fatal para a Sabedoria da Antiguidade que produziu Rama, Krishna, Hermes, Moisés, Platão e Jesus, o Martinismo, depositário das tradições sagradas, saiu da sua escuridão voluntária e abriu seus santuários de ciência aos Homens de Desejo capazes de compreender seus símbolos, estimulando aquele que é ardente, afastando o que é fraco, até que a seleção especial dos seus Superiores Incógnitos estivesse completa”.

Formando o real núcleo dessa universidade que tornará a fazer um dia o casamento do Conhecimento sem divisões com a Fé sem epítetos, o Martinismo papusiano tem-se esforçado por tornar-se digno de seu nome estabelecendo grupos de estudo dessas ciências metafísicas e metapsíquicas desdenhosamente afastadas do ensino clássico sob ao pretexto de serem ocultas.

“Desde a morte de Papus, em 1916, — Papus, para quem a ação criadora revestia, em todos os domínios, particular interesse —, o Movimento Martinista em geral perdeu a sua unidade, como quiçá também parte da sua eficiência, e isso, seja qual for a personalidade dos “Grã-mestres”, que se tenham sucedido à testa dos diferentes Agrupamentos surgidos após a morte do criador da Ordem.

“É um fato que, para o profano, uma impressão bastante penosa nasce às vezes de todas essas discussões e retificações surgidas ora de Lyon, ora de Paris, com relação à “regularidade” dos sucessores de Louis-Claude de Saint-Martin e dos Agrupamentos criados por eles… Mas nem por isso convém menos render imparcialmente homenagem aos que, após Papus, com toda boa fé e com o ardente desejo de honrarem, também eles, a memória de Louis-Claude de Saint-Martin, o “Filósofo Desconhecido”, não pouparam nem seu tempo, nem seu esforço, nem sua saúde até, sob a égide: ou da Ordem Martinista Sinárquica, ou, finalmente, da Ordem Martinista Retificada, de criação bastante recente (1948) e cujo animador, Jules Boucher, deixou o nosso plano físico em junho de 1955.

“A Ordem Martinista de Papus representava a tradição Ocidental, egípcia, pitagórica, cristã, cabalística, rosa-cruciana e gnóstica. Estudar a tradição ocidental em geral e cristã exotérica em particular, sob a égide do “Filósofo Desconhecido, tal era o plano dos seus trabalhos.

“Cabia ao filho de Papus, rodeado de alguns amigos e admiradores de seu pai e do Mestre PHILIPPE de Lyon, Mestre espiritual de Papus, retomar a tocha com vistas a dar nova vida ao Martinismo papusiano, cujas grandes linhas foram evocadas no início deste manifesto, e criar um Movimento apoiado na tradição sem negligenciar a ciência contemporânea.

“Tal é a tarefa que ele se propôs, com seus amigos, em 1951, formulando votos que esta nova organização conheça, graças à ajuda dos nossos queridos entes idos e à dos vivos, o mesmo sucesso que a sua predecessora no combate que convém travar para que triunfe a causa do amor, do Belo e do Bem…”

Após os termos, exatos, prudentes e fraternos, com os quais o Supremo Conselho da ORDEM MARTINISTA DE PAPUS — que tem como Grã-Mestre a seu próprio Filho — expõe, linhas acima, o estado de coisas do Martinismo, cabe dizer ainda isto: como antigo dirigente da Ordem Martinista (independente) da qual já falei e, mais recentemente, ao procurar toda a documentação possível para esta obra e auxiliar a fusão dos “ramos martinistas”, tive contacto pessoal ou epistolar com os diferentes “Grã-mestres” (desde Bricaud, já falecido, até Dupont, octogenário sucessor no que a Ordem de Lyon se refere). Também tinha dirigido, desde 1924, as iniciações da aludida Ordem (independente, porém na mesma orientação papusiana) fundada na América do Sul pelo Mestre Cedaior (iniciado por Sédir e amigo de Papus). Tinha chefiado, desde 1936, essa mesma Ordem, da qual pequeno número de componentes fundara uma dissidência em 1942, no Brasil, que ainda segue trabalhando. Faço votos que todos esses setores martinistas possam fundir-se no seio da ORDEM MARTINISTA DE PAPUS, conforme parece estar acontecendo, pois que em 26 de outubro de 1958 uma reunião de Chefes, sob a Presidência do Dr. Philippe ENCAUSSE, em Paris, propiciava tal iniciativa, à qual não nos foi possível aderir em vista da exigência que se no fizera de abandonarmos toda prática “oriental”, e a Igreja Expectante, abandonos que seriam a negação de todos os esforços pela “união” do Oriente e Ocidente, que temos feito “desta vez” e que prosseguiremos, com a Sua Bênção.

Os interessados em filiar-se à “Ordem martinista”, podem escrever a: Dr Philippe ENCAUSSE — 46, Bolu. du Mont Parnasse — PARIS (15) FRANÇA.

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F. 21 — PAPUS — O Dr. Gerard ENCAUSSE, Médico, Mago, Vidente, Filósofo e Servidor de Cristo após

ter-se convertido no Braço Direito do MEM PHILIPPE. — Foi o Grã-mestre da ORDEM MARTINISTA, organizada por ele como “Cavalaria Cristã. — (Fotografia dos arquivos do Dr. Ph. Encausse.)

F. 22 — O Túmulo de PAPUS — o Grã-mestre da ORDEM MARTINISTA. — Convém meditar na

inscrição: “A Prece é o grande mistério…” — (Foto dos Arquivos do Dr. Philippe Encausse.)

Os que queiram saber como morreu PAPUS, poderão consultar o resumo que

dei, de sua ação, obra e morte, a páginas 293 e seguintes de “Yo que caminé…”,

inclusive de sua aparição imediatamente após seu falecimento, à Condêssa de

Béarn…

E, fecho este tema com as mesmas palavras com que iniciei: “A MINHA

CONVICÇÃO É: que ainda não se conhece bem, e não se reconhece, o que Papus,

realmente, foi e fez!”

Que a gratidão e o labor dos Martinistas

modernos, de lá e daqui, ajudem a Servir

Ao que Ele, tanto amou!

O Muito Excelso Mestre e Sédir, outro grande Discípulo. — Com. 103 — Após

tudo quanto ficou exposto, no primeiro volume, tanto sobre o próprio Sédir, seus

esforços juvenis, sua carreira iniciática e sua magnífica exposição “Um

Desconhecido”, relativa ao M. PHILIPPE, pode parecer supérfluo falar ainda nele.

Entretanto, Carolei, é bom dar mais algumas informações, tanto para que venerem,

mais e melhor, a este grande místico, como para indicar diferentes fontes… aos

estudantes sérios!

Oriundo da Bretanha, que sempre foi o refúgio da fé, na França, não da fé

complexa e sábia do Sul, com seu fundo iniciático; mas da fé singela, a dos

Fig.. 31 F. 22

Fig. 30 F.21

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pescadores, a dos camponeses, a que ainda vem, também, da influência Druídica,

Sédir encontrou-se com Papus, como vimos, em 1889. Seis anos após, já era

Membro do Supremo Conselho da Ordem Martinista e, ao mesmo tempo, nomeado

Diretor-adjunto do Grupo de Estudos Esotéricos. Já era pois, em 1895-1896, o

braço direito de Papus, inclusive no setor Gnóstico na qualidade de Bispo

devidamente consagrado.

Embora — e mais uma vez — a data em que encontrou-se com o MEM

PHILIPPE, não fosse divulgada, não me parece difícil situá-la — como a de Chamuel

— em novembro de 1897, em Paris mesmo. É possível que Sédir tivesse feito uma

viagem a Lyon, costumava (como eu me habituei a fazer, imitando-o), a deixar

sempre uma marca, para os que buscam. Seja como for, não passa desse ano tal

encontro. Eu veria, até, certa coincidência, no real sentido do termo, entre esse

encontro e a terminação, já em 1898, da publicação do “ALMANAQUE DO

MAGISTA”, QUE Papus e Sédir, em colaboração, vinham fazendo, e que era muito

notável. Em 1902, e após, continuam saindo obras de magia, porém só de Papus e

com outra finalidade. Sédir, autor de obras como “Os Espelhos Mágicos” (1895),

começa, com o “O Faquirismo Hindu e as Iogas” (1906) — obra que esqueci dizer

que também fiz traduzir e publicar, na Argentina — a demolir o entusiasmo, que

muitos estudantes ocidentais tinham pelas coisas do Oriente, e pelos métodos da

vontade e da técnica, que, segundo Sédir, “não vão além do astral superior”. —

Deixemos este ponto para ser examinado no tema “As Duas Vias”. Sédir, estava

fazendo isso, com o mesmo entusiasmo profundo e sincero com o qual — como está

relatado no primeiro volume a págs. 86 e 87 — buscara A VERDADE em todos os

setores, merecendo pela sua sinceridade e discrição, a intimidade de tantos

Instrutores místicos elevados, e de tão diversas tendências, que ele cita no texto de

sua carta de 1910, reproduzida no lugar acima apontado.

Já em 1908 publicara o seu notável livro Initiations, recentemente reeditado, e

cujo índice o Dr. Ph. Encausse teve a iniciativa, oportuna e afetuosa, de publicar na

quinta edição francesa de sua obra, e que também reproduzimos ao pé da página

(E. 609) N. 103.

N. 103 — A lista das obras de Sédir, poderá ser achada no Índice Bibliográfico, no fim desta obra. —

Quanto ao do livro “Initiations”, as suas 316 páginas se dividem assim: Estado de alma — Andréas (a personagem que, na realidade era o MEM PHILIPPE) — Orientalismos — A criança raquítica — Proletários — Exame da Vedanta — O Brahmane — o Duracapalam — A Evocação Brahmânica — Reconfortos — O Espiritualista — O Magnetizador — A União dos Espiritualistas — Incerteza — A Visão do Mental — Em Plaisance — O Homem atado à Terra — A Múmia — O Primeiro de Maio — Os Invisíveis — A Vinã —

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O exame de tal texto, bem como a leitura de suas obras ulteriores — cujos

títulos já são por si mesmos eloqüentes — mostram-nos duas coisas: uma, que de

fato Sédir evoluiu do “ocultismo” para a mística pura; a outra que: não obstante o

desejo de alguns de seus admiradores, em quererem considerar “rápida” a sua

evolução, basta ver que, ainda em 1903, publicava as “Lettres Magiques” e, só em

1908 — como já citei — o estudo sobre as Iogas refletindo — desta vez de modo

categórico — seu afastamento da “outra via”, para podermos compreender que só

pela experiência, só pelo sofrimento, e só com o tempo, é que o estudante se cansa

dos fantasmas espíritas, dos esquemas kabbalísticos, dos rituais simbólicos ou das

concentrações puramente técnicas; como — antes de procurar uma verdade

demonstrável — tinha-se cansado de dogmas, cuja análise fora-lhe vedada pelos

cleros, ou impossibilitada pela falta de estudos que exigem dezenas de anos de

especialização, tanto a um São Jerônimo, como a um Fabre d’Olivet… e nenhum

dos dois pode ser considerado membro “da triste tropa”…

E, para que Você, Carolei, possa perceber, e — espero — sentir qual a

diferença, realmente existente, entre os que já vivem a via mística pura e os que,

ainda, não a acharam, comentarei algumas das frases de Sédir, que revelam o que

ele escolhia e percebia, do que a Vida e o Mestre lhe brindavam, como a todos

brindam… mas cada um só toma o que lhe atrai e assim se situa, como assim

prepara o instante vindouro e a próxima oportunidade! Não comentarei os pontos de Sédir, que acho afastados do exato ensinamento do

MEM, como: “tomar os relatos dos Apóstolos ao pé da letra” e outros. — Os próprios

Ensinamentos ajustam tudo isso.

Com. 104 — Vejamos as pérolas e flores, colhidas e cultivadas por Sédir, com

relação ao MEM N. 104:

“Fugindo dos curiosos… recusando polêmicas… mudo sob as calúnias” (70) :

É esta, Carolei, a posição real dos Mestres, geralmente tão pouco compreendida

pelos Discípulos: para chegar à intimidade real do MEM, não bastaria, certamente,

viver perto Dele; mas sim, chegar a conviver, não pela imprudente curiosidade que Avalanche no Himalaia — A Provação — O Tigre — A Prece — O Phap — A Aviação — Na Côrte — Rumo à Iniciação Crística — A Babel Espiritualista — Teofania — Os Cometas — A Virgem — O Louvre — Em Compiègne — Natal — Antibes — A Batalha — Ressurreição. — (Conste, Carolei, que não recebi tal livro a tempo, para poder incluir, no meu, certos fatos e ensinamentos que poderiam ter enriquecido o referente ao MEM. Mais uma razão, pois, para recomendar que Você o leia, pois julgo o tema tão útil que classifiquei este índice de como E. 609…)

N. 104 — Os números colocados entre parênteses , neste Comentário, referem-se, todos, às páginas, do I Volume, de autoria de Sédir ou a ele relativas, nas quais se acham os trechos grifados, e comentados.

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enche de perguntas, senão pela aspiração silenciosa, provada por atos e por

mudanças aos modos de ser, pelos esforços evidenciados, que iriam, então,

mostrar ao MEM que já não é mais um “curioso”, que Dele se aproxima… E, para

quem vive uma verdade, nunca pode interessar polemizar sobre ela, ou sobre os

motivos que possa ter, para agir desta ou daquela maneira. Quantos teriam votado

a favor do Calvário, se Jesus tivesse posto o caso “a votação” entre os Discípulos

ou, mesmo, entre os detratores gratuitos?…

“…bonomia plenamente patriarcal de sua acolhida…” (71) : como mostra bem

Sédir, de dupla maneira, a forma externa: patriarcal-paternal, dessa bonomia: e a

patriarcal-funcional, nessa acolhida que o MEM reservava a todos, para: a todos dar

a oportunidade…

“…múltiplo — numa palavra — como a própria vida, da qual admirava todas as

riquezas…” (71) : é uma das frases mais cheias de sentido de Sédir, que mostra o

que ele mesmo era capaz de perceber, embora em menor escala, do que o MEM

vivia. Múltiplo como a própria vida! Quem dera aos Discípulos poderem sentir isso,

no que realmente contém! Todo este livro está dedicado a ressaltar isso, em todos

os aspectos que o múltiplo ensinamento de MEM abrange! Lembra, Carolei, aquilo

que lhe comentei sobre as almas velhas, cuja idade mede-se pela sua capacidade

de admirar!?…

“…condenava as práticas do esoterismo…” (72) : acho que isto irá merecer

comentários em sucessivas partes desta obra, pois poderia ser mal entendido, dado

que há uma parte do ensinamento do MEM que, por não ser pública — como

veremos adiante — pode ser qualificada de “esotérica”. O que não significa,

evidentemente, que contenha práticas do esoterismo ou da magia, das

popularmente consideradas como esotéricas. Lembremos que Papus, amante de

termos precisos, como bom Martinista, designava ao MEM como um “Teurgo”, o

que, na nossa muito limitada linguagem humana, é a única forma de falar dos seus

modos “visíveis ou inteligíveis” — para nós — de proceder!… Que drama (outra

forma “humana” de falar!) deve ser para os Deuses, ou se Você prefere — Carolei

— para os Seres de Cósmica Função, como o MEM, terem que ser “traduzidos” em

linguagem comum. É quase mais difícil, porque feito por nós — que tudo fazemos

tão imperfeitamente — do que o próprio MEM procurar e conseguir parecer “um

bom burguês”…, como na fotografia que ilustra esta página!…

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F. 23 — O ANJO CÓSMICO, disfarçado de Burguês…

Assim aparecia, no tranqüilo parque do Clos Landar em l’Arbresle, esse Mestre Espiritual, único após Jesus e que, como o Rabi Essênio, era incrivelmente humilde, mas cuja Grandeza mereceu ter Discípulos como Chapas e Papus, como Sédir e Lalande, e outros… — (Foto original, dos Arquivos, do Dr. Ph. Encausse.)

F. 24 — O MEM PHILIPPE, sentado.

Atrás, Lalande (Marc Haven); Sédir no centro e, à direita — sempre com o Bastão — o intrépido PAPUS, da ação.

F. 25 — Emile BESSON

Um dos poucos sobreviventes daquela maravilhosa época, e cuja Esposa recebeu Dons.

F. 26 — Já buscava unir a Ioga e… (F. 27), mais tarde a Magia Cerimonial… quiçá essas buscas tenham permitido sentir mais o que Papus e Sédir, e outros tenham vivido… (Fotos: Arquivo-Retiro)

Quem, Carolei, dos que não O ouvissem, e não tivessem: nem presenciado os

Seus milagres, nem pudessem perceber a Sua luz, quem, e quantos! na rua, no

trem, nas lanchas entre l’Arbresle e Lyon, terão visto este “burguês”, se, sentirem

Fig. 32 F. 23

Fig. 33 F. 24

Fig. 34 F. 25

Fig. 35 F. 26

Fig. 36 F.27

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que estavam ante o Imperador do Mundo!? — Não será essa, Carolei, a mais

profunda imagem dessa riqueza múltipla e infinita da Vida, sempre ante nós, e que

nunca vemos, senão através dos miúdos fragmentos que cada grande dor, ou cada

esforço ideal, nos descortina, ano após ano, vida após vida?…

“…considerava que só a prática da virtude pode levar-nos à perfeição,

mostrava-se pouco pródigo em discursos…” (72) : que lição, Carolei, tanto pra os

que procuram o progresso espiritual nos textos, ou nos truques técnicos, como para

aqueles que passam a vida ouvindo os discursos, seja dos “mortos” que acreditam

guiá-los, ou dos “vivos” que os enchem de discursos… enquanto lhes esvaziam a

bolsa ou a existência!…

“…o Caso da Hidrópica…” (76) : lembra-me uma série de fatos curiosos, que

devo citar como uma prova a mais, como mais um estímulo, notadamente, para os

que procurassem seguir ao M. PHILIPPE: inúmeras vezes, em conferências

públicas, ou ao ministrar ensinamentos na intimidade, como os que me seguem,

referi casos como o da hidrópica, quando ainda não tinham sido publicados todos os

pormenores. Ora, invariavelmente, tenho podido comprovar que, como se fosse

apresentada, não em forma de imagens visíveis (visão astral) mas, sim em foram de

clichês mentais (gnose — saber instantâneo) — eu podia descrever,

minuciosamente, toda a cena, e até re-viver os estados de ânimo, de tal ou qual

personagem do caso. E, ter a certeza certa, de que: aquilo que estava dizendo ou

ensinando era verdade. Não estará, Carolei, nesse tipo de vivências,

progressivamente aumentadas, em freqüência como em amplidão, o segredo da

felicidade de ligar-se a um Mestre-da-Verdade; não será isto o início daquilo que —

no ápice, eventualmente, antes quiçá… — permite exclamar, às vezes: Em verdade

vos digo…!?

E, a propósito desta hidrópica, e do comportamento do — então — Decano da

Faculdade de Medicina de Paris, Professor Brouardel, a 5.ª edição do livro do Dr.

Ph. Encausse (pág. 232) outorga novos pormenores de interesse:

E. 804 — Em conseqüência das insistentes diligências feitas pelo Tzar, para

obter para o M. Philippe (do governo francês) 0 título de “doutor em medicina”, o

professor Brouardel tinha sido mandado a Lyon e fora assistir a uma das sessões,

na Rua da Tête d’Or. Uma pobre mulher lá estava, sofrendo atrozmente do corpo

todo. M. PHILIPPE solicitou ao professor se dignasse examinar a doente, na saleta

vizinha, em presença de alguns discípulos que ele designou. Uniu-se a eles, ao

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finalizar a consulta. “Então — indagou do médico — que pensais desta mulher” —

Este declarou que ela era hidrópica, no último grau, e tinha provavelmente poucas

horas de vida.

Retornando à sala das sessões, aonde os precedera a mulher, literalmente

arrastada pelos discípulos, M. Philippe disse-lhe que andasse. — “Não posso!” —

“VEM!” — Ela deu, gemendo, alguns passos, e, após momentos, começou a andar

normalmente, de repente, gritou: “Agora, vou dançar.” — O que fez, segurando a

roupa, que tinha se tornado mais do que folgada (a que ficara no corpo!). — Ela

estava curada.

O professor a examinou. A inchação tinha sumido e não havia no chão nenhum

resto de líquido. Ele disse então a M. Philippe: “O que acaba de acontecer é

inexplicável pelas leis científicas atualmente conhecidas”. E, cumprimentando a M.

Philippe e aos presentes, retirou-se.

Com. 105 — Desse complemento sobre a cura da hidrópica, podemos agora,

Carolei, tirar mais umas liçõeszinhas: que, um Decano de Faculdade, só vai ver um

Teurgo, “mandado”, mesmo; que, nem assim mesmo, e nem a pedido de seu

Governo e do Tzar da maior Aliada de seu país, inclinar-se-á ante a Verdade, se

esta não convém à sua “ética” e vaidade profissional; e que, como saldo positivo

único, fica-nos que o caso foi: mais uma demonstração do poder do Verbo; “Vem!”

Só. Quanta coisa poderia ser feita, se dúvida não estivesse sempre a roer as

melhores possibilidades dos homens!

Com. 106 — Mais adiante, Sédir — com quem comungo tanto, no modo de

compreender, sentir e amar ao MEM! — diz: “Apenas imaginando um Ser capaz de

manter-se em equilíbrio, em todos os pontos em que o infinito penetra no finito,

ficariam esclarecidas as contradições que o nosso personagem parecia comprazer-

se em acumular” (71).

Que maravilhosa prova do poder contemplativo e perceptivo, de Sédir! Quem

vive essa contemplação?: de todos os momentos, pela qual nos penetra de

admiração, por um lado, o espetáculo desse infinito, penetrando, por mil fatos, que

são mil leis e mil modos Da Lei, pelas portas múltiplas da Vida Una! por outro, nos

penetra, também, a triste percepção de como penetram, em nós, por mil portinholas

que o nosso descaso vai deixando abertas, os diabinhos do passado: vícios e

defeitos, negligências e obstinações, ignorâncias e rebeliões, com os quais vamos

envenenando, esterilizando, cada instante… Imagine, então, Carolei, o que seja UM

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SER que se mantém em equilíbrio, consciente e regente, de todos os fatores que

incidem e — chegou o momento de reabilitar o termo, empregando-o para Ele —:

que “co-incidem”, em cada instante de todos os lugares e em cada fragmento de

todos os tempos! Pois “ISSO” é o MEM PHILIPPE, e isso é o que Sédir sentiu, e quis

pôr ante a nossa meditação e a nossa esperança!… E seria preciso comentar cada

linha, cada termo! Na é possível! Mas veremos alguns adiante…

Também diz Sédir: “… Um prodígio, de fato, vale, espiritualmente, o que vale

seu autor… ser testemunha de milagres, não é muito raro; fazer milagres,

verdadeiros milagres, não é muito difícil”(77).

De fato, Carolei, o “milagre” sendo, apenas, para os homens: fazer rápida ou

instantaneamente, o que a Natureza ou a Vida fariam com o andar do tempo: mudar

o doente, em são; mutar o ferro, em ouro: transmutar o ignorante, em sábio;

sublimar o mau, em bom; o rebelde em entregue! Compreende-se que o milagre

vale pelos meios usados, e os meios dependem da qualidade de quem pode usá-

los. Medite, Carolei, entre: quem quer lhe meter uma idéia ou conhecimento na

cabeça, à sua revelia, pela repetição do disco durante seu sono; e, no outro

extremo, na frase do MEM ao rapaz que lhe prometera melhorar de conduta: “então,

a sua memória volta neste instante”, isto é: o milagre de devolver uma faculdade

perdida e o livre uso dela… É, o que a Vida teria feito pela reencarnação. O MEM

acelerou um processo em: um resto de vida, uma morte, uma estada nos céus, uma

descida, uma vida fetal, um nascimento, uma infância… só! Não acha, Carolei, que

será preciso meditar mais, cada texto de Sédir e, muito mais ainda, os

Ensinamentos do MESTRE!?…

Diz, ainda, Sédir: “… Porém pensar, amar, sentir, sofrer, inflamar-se, querer,

segundo linhas constantemente concordantes com os raios eternos que levam ao

ministério do milagre, isso, é tarefa sobre-humana!… (77) — Ai dos mornos, que por

nada se inflamam, e muito menos por procurar seguir as linhas das Leis naturais,

morais e divinas, eternamente presentes em tudo, para quem busca vê-las e segui-

las, e, por elas, quando chegar a voluntário agente, obediente e humilde, da Sua

Vontade, acha-se, sem o pedir, sem o querer, e até parecendo o não saber,

investido do ministério do milagre, isto é, da função sagrada de fazer as obras do

Senhor!…

E, após enumerar aspectos do MEM, que são a lista das virtudes que nos falta

adquirir ou cultivar, Sédir descreve o estado habitual a que se deve e pode chegar. E

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recorre a esta imagem, maravilhosa para os que não têm “coração de pedra”:

“…Como o pintor ante a natureza olha, e como o músico escuta, assim vivia Ele no

Amor e para o Amor, por causa do Amor e pelo o Amor”… (77) Medite, sinta, ouça,

Carolei…

E isto, ainda: “… suportando os apadrinhados, as impaciências, as grosserias,

desempenhando esse papel de logrado voluntário e sorridente como se nunca

percebesse nada…” (78).

Gostaria, Carolei, de fazer sentir a você que poder, há por trás de cada atitude

do MEM e, por isso, de cada ato ou palavra que a isso se refira, quando é vivido

espontaneamente. E, olhe querido, que acabo de lhe dar uma chavezinha grande…

que ficará mais clara com o relato de uma experiência pessoal:

H. 5 — Uma projeção de partes do Poder do M.PHILIPPE

1942: Ano em que me dedicara muito a Ele; operava muitas coisas sob a Sua direta Proteção, Inspiração e Direção. Sabia, instantaneamente, muito de todos e, às vezes, tudo de muitos… e cultivava, cada vez mais, a arte de parecer nada saber, senão aquilo que é “clássico”: expositivo… Muitos milagres — pequenos e grandes, dos quais relatarei alguns mais adiante — aconteciam. Minha esposa e eu, quase morríamos de fome; às vezes nos apoiávamos um pouco nas paredes, na rua, pois a fraqueza nos dava certa tontura se em meio aos ruídos das grandes avenidas. Vivíamos, diariamente, em contato com “videntes”: uns, por mediunidade; outros, por terem estado na Índia e que, de fato operavam prodígios técnicos; um deles multiplicava coisas e obtinha “transportes” de flores… — Mas, nem um só deles “viu”, nunca, se não tínhamos almoçado, nem a cara de ingênuos ante certas histórias…

Nesse ano, numa viagem a Buenos Aires, fizemos no — então desocupado — subsolo da atual Livraria Saborido, uma exposição de quadros de ANJOS, pintados pela vidência de um Discípulo — já falecido — Sadânanda, grande coração de artista…

No fim da conferência, quando chegou esse momento em que “falo a 160” — dizem o taquígrafos — e que, de fato, tenho enorme trabalho em escolher termos para, em tão vertiginoso ritmo, unir: o que tencionava dizer; o que acho conveniente dizer por causa dos presentes: e, ainda, tudo quanto me é dado perceber nesses instantes, e são, às vezes, tantas sensações ao mesmo tempo: a idéia ou texto percebidos; o saborear todo o valor que têm; o procurar sentir, ou sentir mesmo — se, como no caso de provir do MEM, impõe-se naturalmente, sem esforço — qual a força, e qual a meta procurada, etc… Pois bem, mais ou menos num conjunto de condições dessas, foi quando:

O MUITO EXCELSO MESTRE PHILIPPE LANÇOU NA SALA UM POUQUINHO DA DOR DO MUNDO… e fui inspirado, diretamente com a Sua Aura em contato comigo, a dizer isto:

QUE MAIOR PODER?

Que maior poder, que o de não poder ser enganado, senão a sabendas? Que maior poder, que o capital de um perdão ilimitado e de um dar mais infinito? Que maior poder, que o de saber que não se é mais nada, porque vive-se no todo? Que maior poder, que o de não ter mais desejos, e nenhuma vontade…, e nenhuma energia, mais do que

aquele Deus Infinito, que Aquela Vontade invisível, que deixamos entrar como ímpeto de uma parte do Universo inteiro?… e

Que não se é nada mais do que a bolha de sabão que algum dia será esquecida, mas que enquanto viveu, não deixou de refletir tudo quanto a rodeava?

Que maior poder, que o de saber que não há mal que não seja um motivo do bem? Que maior poder, que o de ter a certeza de que não se pronunciará em vão nem uma frase, pois será

realmente a expressão de uma Verdade Universal oculta?… Que maior poder, que o de poder manejar em qualquer momento as forças físicas, as forças astrais e as

forças espirituais, de várias centenas de homens de diferentes ordens, de vários pontos do globo, e de poder pedir-lhes que anime o que alguns crêem que são apenas palavras… e que outros sabem que são como sóis para iluminar os cérebros e as consciências?…

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Que maior poder, que o de poder dizer, vivendo-o: “Que a PAZ seja convosco, como ela está constantemente com o MESTRE!… AMÉN!

Depois disso, Carolei, é que vi que na Sala, diferentes pessoas já tinham desmaiado, outras estavam como sufocadas pela força enorme que enchia o ambiente, e, NESSE INSTANTE, foi quando O MESTRE QUE ESTAVA COMIGO me pôs à prova e disse-me — na minha consciência gnóstica —: iremos, agora, lançar mais um pouco da DOR DO MUNDO…

E, Carolei, coisa incrível, vergonhosa, ilógica e quanta coisa mais Você queira pôr, como qualitativo, pois, estando COM O MESTRE, que se pode temer?… Mas, somos assim fracos e duvidosos, e TIVE MEDO! Não por mim, que apenas sentia enorme pressão de certo tipo, que bem conheço, quando Ele se une a mim… Tive medo por eles, pelos que estavam na sala. Um medo tolo, ridículo, mas… que bastou para terminar com tudo: O MESTRE, QUE NUNCA OBRIGA, foi diminuindo a pressão, tanto em mim como em todo o ambiente…

Momentos após, já nada sentia-se a não ser uma PAZ muito grande, e as pessoas já vinham falar-me, relatando muitas o que tinham visto: TODOS, ou quase, a LUZ DE OURO, que O caracteriza:… alguns, a forma em que eu estava, como “dividido em dois”, verticalmente: lado direito, totalmente luminoso, lado esquerdo, totalmente escuro: é fácil de entender, pois trata-se, apenas, de uma TOTAL POLARIZAÇÃO, momentânea… mas que faz com que a gente sinta: o coração como a estourar e o joelho direito como suportando o peso de toneladas, por ser o PONTO DE ENCONTRO do que vem da Terra e do Céu, nesse momento, ou melhor dito: mais perceptível, nesse momento…

Outros, ainda, tinham visto os estranhos símbolos, que, no plano mais elevado, são: o texto, por mim expressado…

Mas, o pior de tudo, Carolei, é que, muito embora as pessoas tenham saído de lá muito beneficiadas, pois houve curas, conversões, confissões, etc… poderiam ter tido uma experiência ainda mais forte!

E eu, não teria pago o terrível preço que, desde o dia seguinte e pelo período de um ano, aproximadamente, paguei, por uns minutos de COVARDIA quando uma das maiores Graças da minha vida me fora concedida. Isto, Carolei, é a NOSSA maneira de ver as coisas, e de tratar seriamente delas… Mais adiante, possivelmente referirei outras experiências pessoais, vividas dentro da Aura do Mestre. Pensei que esta, diretamente relacionada com O PODER DECORRENTE DE SER ENGANADO CONSCIENTEMENTE, citado por Sédir, lhe fosse proveitosa…

E, para Você ver “como tudo está unido”, e meditar como funciona a engrenagem geral, dir-lhe-ei ainda isto: essa vivência foi taquigrafada em 16 de setembro de 1942. Há, portanto, 16 anos. Hoje, 3 de outubro de 1958, em que estou escrevendo isto, deste segundo volume, aconteceram duas coisas mais: a primeira, que acabam de me trazer, agora, o primeiro volume, terminado de imprimir: parece uma Saudação do MEM. — A outra : Sadhak, discípulo que não estava comigo em 1942, acaba de receber uma visão — muito formosa — que é a exata continuação da que, quando voltei dessa conferência, o MEM deu à Srta. Podestá, em Montevidéu, para me confirmar, e avisar, qual o meu erro e qual seria o preço, se eu não me emendasse com todo esforço!… Já disse que levei um ano.

Mais adiante, ainda nos comenta Sédir que o MEM “não dava um corpo

doutrinal coordenado, mas, com o andar do tempo, as luzes sem laço aparente, que

um ou outro discípulo recolhia com paciência, terminavam organizando-se” etc, (80).

— Ora, Carolei, aqui há outra vez — e como sempre, no labor do MEM e, até, de

menores instrutores — diferentes lições a recolher: uma, é que também esse

sistema, era o mais automático e seguro, de que cada um só colheria aquilo que

tivesse: atenção, paciência e sagacidade, para colher e coordenar; outra, que se os

Discípulos trabalhassem em harmonia, unindo o que colhiam, como bons obreiros

fazendo um labor de favo, iriam colher muito; mas, se cada um , egoísta ou

indiferentemente (não faz muita diferença, aliás…) ficasse com o que pensava ter

colhido e compreendido, possivelmente a falta de compartir o privasse de: outras

partes, outras conclusões e outras vivências, relativas ao mesmo tema…

E vamos terminar, Carolei, as maravilhosas percepções de Sédir, pela frase de

real místico, quando ele diz — a propósito do aspecto e da vida diária aparente do

Mestre: “… Alguém “semelhante a um de nós”, e que realiza perante a opinião a

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forma mais incolor da miséria: a mediocridade. Tal foi, para o nosso século XIX, a

invenção admirável da misericórdia divina, já eu essa insípida mediocridade, servirá

de desculpa no último Dia para aqueles que não perceberam a Luz, porque a

lâmpada era banal…” (80)

Que suprema generosidade, pois, a do MEM em apresentar-se assim e por tais

razões! E, que alma realmente espiritual a de um Sédir que vê, admira e agradece

— por outrem — tal dádiva!

Deste Sédir, cujas obras posteriores, como já disse, começam com: Iniciações,

Breviário Místico, para ir a toda a série de alta mística cristã, um grupo de seus

Discípulos, como Albert LEGRAND, um editor de Rouen, como Max CAMIS e como

o próprio Emile BESSON, de quem falarei logo adiante, apoiaram ou continuaram a

obra pessoal, de adaptação dos Ensinamentos do MEM PHILIPPE,no modo que

recebeu o nome de “LES AMITIÉS SPIRITUELLES” (As Amizades Espirituais), das

quais já me falara, em 1923, o editor Chacornac, quando da missão a que aludi

antes. Eu não estava, naquela época, na “tônica” deles. Cada um tem o seu

Caminho — já prometi voltar a tal tema. Quanto ao das “Amitiés Spirituelles”, iremos

vê-lo agora.

Antes, terminarei de prestar a Sédir, não só a homenagem de lembrar tudo

quanto de belo — dele e sobre ele — consta do I Volume, e que recordei nos

comentários precedentes, como também evoco ao Mestre Cedaior, meu Pai, que

sempre contava com emoção, tudo que ao místico Sédir se referia: tanto as notáveis

reuniões da Loja “Hermanubis”, como as vivências que, com Sédir, tinham em

privado, em pequenos grupos mais fechados, dos buscadores mais obstinados e

mais decididos a ir, como Sédir foi, buscar a Luz Crística, ao preço de todo e

qualquer sacrifício, seguindo o exemplo de Papus e do “sobre-humano:

PHILIPPE!”…

O Muito Excelso Mestre e : Emile BESSON e Esposa. — Com. 107 — É muito

agradável, para mim que sempre tive profunda gratidão, a todos aqueles que me

ensinaram alguma coisa, evocar a figura desse Professor,culto e bondoso, que na

minha juventude no Collège Rollin — como já citei no “Yo que caminé…”, pág. 18 —,

ou nas relações cordiais que mantinha com meu Pai, o M. Cedaior, ou em casa de

amigos comuns, e também seguidores do Martinismo — como o Dr. Genêt e outros,

trazia a paz de seu olhar transparente e profundamente humano.

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Infelizmente, não sabia que ele estava morando em l’Arbresle, quando lá estive

— em rápida peregrinação — em 1956, o que me privou de rever, a um meu Mestre

e a um Companheiro de Papus, de Sédir, de Cedaior e a um direto Discípulo do

MEM MESTRE. — Tive oportunidade de saber, por Michel de Saint-Martin, como por

Philippe MARSHALL, que o MEM tinha transmitido à Sra. BESSON certos poderes

curativos, mas isso foi mencionado entre outras circunstâncias, e sem aludir ao fato

de lá residirem.

Também já vimos — no I Volume, a pág. 81 — que graças à erudição de Emile

BESSON, nos foi possível ler coisas tão belas, relativas ao Mestre Sédir. — E, a

pág. 183, vimos que Emile BESSON fazia parte do grupo suficientemente íntimo,

para poder ir à Estação despedir-se do MEM, junto com PAPUS e Senhora, Gerard,

Bardy e Sédir, quando o M. PHILIPPE, em 1900, foi à Rússia, secretamente.

Como consta da 5.ª edição francesa ser Emile BESSON, a quem é mais

oportuno dirigir-se para quanto concerne “Les Amitiés Spirituelles”, e respectiva

publicação, incluo ao pé desta homenagem a ele, a informação correlata N. 105. E,

lamentando não dispor de mais material, por agora, sobre este Discípulo do MEM e

de Sédir, fecharemos este tema transcrevendo umas linhas de BESSON, publicadas

em “L’INITIATION” (2.º semestre de 1956), notáveis pela sua ortodoxa

concordância, com a linha espiritual ensinada pelo MEM. — Ei-las:

“Não se deve dizer se eu fosse rico, faria o bem. Não se deve dizê-lo, porque é

um juízo formulado sobre os ricos que não fazem seu dever, e não devemos julgá-

los. Não se deve dizê-lo, porque todo ser, seja qual for a sua situação, pode prestar

ajuda a alguém, mais infeliz do que ele.”

O Muito Excelso Mestre e o Discípulo Conde MAURICE de MIOMANDRE. —

Com. 108 — No primeiro volume, a pág. 172, já vimos que foi em 1897, junto com

N. 105 — À pág. 60, da 5.ª edição francesa de “Lê Maître Philippe”, consta uma nota, da qual

reproduzimos o que não é puramente relativo à ação administrativa local do movimento em apreço: “A Associação” “AMIZADES ESPIRITUAIS” fundada por Sédir, foi registrada em 1920 (“Diário Oficial” de 16-7-1920) com o objetivo: Associação cristã livre e caritativa. A Associação é administrada por um Comitê diretor composto atualmente de dois membros: Max Camis (61, rue des Batignolles, Paris, 17º) e EMILLE BESSON (Chemin de Savigny, à L’ARBRESLE) (Rhônde) — a quem se pode pedir Estatutos da Associação e dirigir-se, para assinaturas do Boletim das Amizades Espirituais (4 números por ano: 350 francos franceses).

“A finalidade das “Amizades Espirituais é agrupar a todas as pessoas de boa vontade que reconhecem ao Cristo como o único Mestre da Vida interior e ao Evangelho como a verdadeira lei das consciências e dos povos.

“Não se trata, nem de fundar uma religião nova, nem de criar mais uma seita. Os membro deste grupo respeitam todas as formas sociais ou religiosas; estimam que nada existe que não tenha sua razão de ser e sua utilidade; não criticam nenhuma opinião, mas não querem depender senão do Cristo. Estão persuadidos que uma evolução coletiva real não pode se obter a não ser pela reforma individual e que todas as dificuldades terríveis que, hoje, ameaçam o mundo ocidental seriam vencidas se a maioria dos indivíduos, em todos os degraus, da escala social, cumprissem todos os seus deveres” (o grifo de “todos”, é meu, Carolei: eu nunca posso deixar de criticar um pouco aos colegas de existência…).

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Papus, que este escritor e jornalista teve a felicidade de ser apresentado ao M.

PHILIPPE. — Vimos também como o MEM: “longe de estimulá-lo na sua procura de

ascese interior… o aconselhou a voltar para sua cidade natal e interessar-se por

ação social”. Também vimos como Maurice de Miomandre viu cumprir-se a profecia

que o MEM lhe fizera, sobre a “a carreira para o mar”, etc.

De um muito notável artigo publicado pelo seu filho Christian — do qual já nos

ocupamos em tema precedente — e publicado em 1953 em “L’Initiation”, n. 5, do

ano 27.º — traduziremos alguns pontos que completam o dito no primeiro volume:

“Achei nas anotações de Maurice de Miomandre, um apontamento relatando

que PHILIPPE acabava de dizer-lhe: que poderia lhe mostrar mais tarde muitas

coisas, mas que para isso seria preciso um pouco de tempo, uns três anos

aproximadamente… “O nosso pai — prossegue Christian — nos referiu mais tarde,

que ele solicitou ao MEM um sinal para o convencer. PHILIPPE lhe respondeu que:

tal dia, a tal hora, ele tinha recortado, no laboratório da Universidade de Liège, o

sexo de um sapo.” Ele pediu ao nosso pai, que não fizesse mais tais experiências. A

declaração de tão exatos pormenores, assombrou tanto a Maurice de Miomandre,

que ficou convencido da autoridade do seu interlocutor.

“Quando, de acordo com o conselho recebido, M. de Miomandre voltou-se para

a ação social, “o soerguimento da classe laboriosa e da educação, a luta contra o

alcoolismo, tomaram todo seu tempo. Publicou, até, uma obra sobre o problema do

alcoolismo, que foi premiada em 1906 pela respectiva Associação Internacional”. —

Depois de casar, em 1900, ele tornou a ver ao MEM, o qual lhe anunciou numerosa

prole: de fato, teve seis filhos. A morte do MESTRE, em 1905, não lhe apagou a

chama. Pelo contrário, um incidente aparentemente miúdo, iria lançar a M. de

Miomandre na luta militar: encarregado pelo jornal Le Soir, de investigar sobre certos

fatos, relativos à insuficiência dos fortes de Liège e de Anvers, o jornalista descobriu

uma situação bem mais grave do que a que já imaginara… M. de MIOMANDRE

lembrou-se dos ditos proféticos do MEM, e da sua ação na Rússia, pelo

entendimento franco-russo. Decidiu manter livre a consciência e iniciou uma

campanha de imprensa, que bastante incomodou ao governo. Seus artigos

“Estamos prontos?” fizeram sensação… etc.”

Não é bonito, Carolei, ver — por fim! — a um Discípulo que, como Papus e

muito raros outros — bateram-se valentemente por difundir ideais, orientações e

profecias do MEM PHILIPPE, procurando salvar o que a desordem político-

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administrativa, geral em muitos países e a “burrice” que governos, diplomatas, e

outros que dispõem dos nossos recursos e vidas, insistem em manter com relação

ao Saber dos Mestres espirituais põe a perder!?

E, falando em previsões, nesse artigo de Christian, há diferentes profecias de

CHAPAS: vê-las-emos junto com as do MEM, no 4.º Volume. — E, assim, Carolei,

Maurice e MIOMANDRE nos trouxe mais um exemplo do já comentado — a pág. 95,

Com. 62 — sobre o Poder do MEM, de saber o passado, minuto a minuto, com

lugares e fatos, datas e pormenores, de quanto ser, de todos os reinos, vinha à Sua

Presença. Felizes os que, como Maurice de MIOMANDRE, souberam permanecer

fiéis à Presença e seguir a um grande Discípulo e Sucessor, como Chapas!

* * *

O Muito Excelso Mestre e “CHAMUEL”. — Com. 109 — Lembro-me sempre,

Carolei, da elevada estima que meu Mestre, CEDAIOR, tinha por Chamuel, ou seja,

o bacharel em Direito Lucien MAUCHEL, que foi certamente um modelo de servidor

modesto, paciente, metódico e generoso. Efetivamente, não é possível percorrer a

obra — escrita ou feita em outros modos — de qualquer dos ocultistas da época; de

Papus a Guaita, e de Sédir a Lalande, sem achar a “Chamuel e sua Livraria do

Maravilhoso”, tanto como ponto de encontro, de palestra, de reuniões que iam: das

mais singelas e cordiais, até outras que eram as preparatórias de solenes decisões

nos ambientes iniciáticos. E, não o esqueçamos, já vimos neste mesmo livro que

Chamuel até fazia viagens para ir fundar “GIDEE”, e para visitar os centros de

difusão do Martinismo; além de ter financiado mais de uma “edição-aventura”, ou de

ter ajudado poderosamente a lançar a campanha dos Clássicos do Espiritualismo

precedendo, em muito, o trabalho que os Chacornac e os Dorbon fizeram também,

mas após, nesse terreno, então difícil e pouco proveitoso no aspecto material.

Em novembro de 1897, quando da sua visita — em Lyon — ao jovem casal

Marc Haven-Victoire Philippe, o bom do Chamuel teve a boa estrela de que, como

refere (pág. 67 da B.M.H.), “após o almoço, no qual se falara quase somente nos

milagres do M. PHILIPPE — a quem vira um pouco, momentos antes, na estação de

Lyon — o MESTRE veio especialmente para me ver, e me dar conselhos cheios de

sabedoria e de prudência, que eu deveria ter seguido ao pé da letra (mas, teria eu

podido fazê-lo), o que sem dúvida ter-me-ia poupado muitas tribulações materiais e

provações, que aliás não lamento ter vivido. — As palavras Dele, ditas num

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ambiente tão cheio de cordialidade e de espiritualidade, produziram em mim uma

impressão com a qual fiquei muito comovido e como que inundado de beatitude”.

“Em dezembro de 1898, M. PHILIPPE veio a Paris, em companhia do seu

genro, para ser padrinho do último filho de Heitor Durville. Eu assisti ao fato de o

MEM desmascarar a farsa duma velha mendiga sob o pórtico da igreja São Merri…

etc.”

* * *

O Muito Excelso Mestre e Jean BRICAUD. — Com. 110 — Não obstante existir

uma biografia de Bricaud, muito clara e bem feita, pelo seu Sucessor Charles

CHEVILLON, nela pouco se acha que possa situar as relações de Discípulos a

MESTRE, que Bricaud teve com o M. PHILIPPE.

Já fiz, em muitas partes dessa obra, citações do livrinho publicado por Bricaud,

em 1926, editado por chacornac com o título “Lê Maître PHILIPPE”, em cujo

prefácio achamos estas palavras:

“Difundiram-se, sobre o M. PHILIPPE, diferentes lendas, bem como

quantidades de erros. Tendo-o conhecido muito, pensei que não deixaria de ser

interessante, para os estudantes de ocultismo, apresentar-lhes brevemente, mas

sob sua verdadeira luz, Aquele que Papus chamava “O Mestre Espiritual”, e fazer-

lhes conhecer, tanto quanto for permitido, os ensinamentos de Quem foi o nosso

Mestre, nosso guia, ao mesmo tempo que um dos maiores taumaturgos do século

XIX.”

Por tais palavras, Carolei, vemos que Bricaud assume, ao mesmo tempo, a

posição de quem muito conheceu ao MEM; de quem sabe e diz que, de seus

ensinamentos, só parte pode ser divulgada e, ainda, devemos ressaltar que, este

mesmo Bricaud que O proclama como Seu Mestre, nem por isso deixará de

seguir sua trajetória, tanto nos ritos de que se ocupava, como até chegar a

Patriarca da Igreja Gnóstica (à qual deu, aliás, desenvolvimento notável) e,

também, seus estudos "ocultistas", como diz, inclusive denominando ao

MEM como taumaturgo, quando o termo Teurgo teria sido bem mais

apropriado. Não é que devamos fazer questão de palavras, senão que,

como no caso de Sédir, mas em outro sentido, Bricaud também ressalta

aquilo que à sua mentalidade, e a seu caminho, mais sensível se tornou.

O conteúdo do livro foi quase totalmente citado, pois o que porventura

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o Dr. Philippe Encausse não tinha aproveitado, do livro de Bricaud (que tem

apenas 46 páginas, aliás), eu o citei — ou citarei ainda — quando for útil.

Bricaud, por exemplo, é quem explica que as sessões (ou consultas

coletivas) do MEM, eram inicialmente gratuitas; mas, que mais tarde teve

que fazer pagar um pequenino direito de ingresso. — A explicação é fácil e

nos mostra o porquê aquela mulher (da sentença de 1892) pagava dois

francos cada vez: se continuassem totalmente gratuitas, o local nunca

bastaria, já que as pessoas vêm sem discernimento — e muitas vezes até

com certa tendência ao abuso — quando alguma coisa é gratuita. Mas,

quando, no interior da França, numa época e região não muito ricas, há um

direito de ingresso a pagar, já uma primeira seleção de reais necessitados

se faz, isso, sem levar em conta que essas pequenas taxas reunidas, eram

utilizadas também pelos que precisavam ajuda material! Era — para usar as

expressões do Documento Martinista — como um pequeno vaso circulatório

do Sangue Social, na Caridade…

Bricaud refere muitas sessões - reproduzidas como já expliquei — e,

ainda, dá uma muito boa idéia da doutrina do MEM sobre a

responsabilidade celular, dados que, reunidos aos que colhi em outras

fontes, veremos a seu tempo, no 4.º Volume.

Mas, não podemos deixar de assinalar que, este Discípulo Bricaud,

que foi revestido de elevadas funções em sua vidaN. 106, foi quem recebeu,

após a morte de Papus, as misteriosas "pílulas de Vida" que o MEM

fabricava em seu laboratório secreto ... já falaremos nisso, no tema

"Doenças e remédios". — Não tendo a certeza de qual foi a exata posição

e papel, ocupados por Bricaud na "corrente de Lyon", — não do ponto de

vista martinista, ou gnóstico: esses os conheço muito bem! —, senão como

discípulo do MEM, prefiro limitar-me ao dito, que considero suficiente para

N. 106 — Muito embora, em conseqüência da documentação que reuni em 1923 (inclusive carta

manuscrita que Bricaud me escreveu e que está arquivada) eu não deva concordar com todos os títulos que figuram na biografia que lhe fizeram, dou a lista como ali figura: Patriarca Gnóstico, de .1908 a 1934. — Reitor da Rosa-Cruz. — Grã-mestre da Ordem Martinista. Grande Hierofante para a França do Rito de Memphis-Misraim e presidente da Sociedade Ocultista Internacional, de 1918 a 1934. — Em tal biografia, dizem que "estudou MAGNETISMO com o M. Philippe ... o que me parece um pouco ... pouco!

Seja como for, a obra de Jean Bricaud foi muito útil também e, não devemos esquecer que seu sucessor, Chevillon, foi fuzilado, só pelo fato de ser mação, martinista e gnóstico durante o último conflito, ingressando assim no rol dos que morrem por idéias elevadas.

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concluir prestando uma homenagem de gratidão a Bricaud, por ser o

primeiro — à parte o labor de Papus, é claro — em ter publicado alguma

coisa sobre os ensinamentos privados do Mestre.

Para os estudantes do Brasil, compreenderem melhor certos aspectos

da N. 106 e — também — porque o Dr. Ph. Encausse, na sua obra, lembra

continuamente a perseguição à livre investigação, feita no tempo da guerra

iniciada em 1939, lembraremos que, por exemplo, no "Suplemento en

castellano deI diario alemán "Deutsche La Plata Zeitung" - de Buenos

Aires, de quinta-feira 16 de abril de 1942, publicavam com destaque e —

certamente — com alegria, o seguinte: "DISSOLVEM NA FRANÇA OITO

LOJAS MAÇÔNICAS: Vichy, abril 15 (T.O.) — Um decreto emitido hoje

nesta, dispõe a dissolução das seguintes oito organizações maçônicas

secretas e das suas filiais nas colônias: A Grande Loja da Fraternidade

Universal; A Frande Loja Mista; A Loja Unida; A Igreja Católica Liberal; O

Rito Antigo e Primitivo de Mênfis-Misraim; A Ordem Martinista; A Igreja

Católica Gnóstica; As Lojas Maçônicas da Ordem Universal das Bene-

Berith". (Tradução nossa, e respeitando os erros do original, no que se

refere aos títulos e ortografia do mesmo.)

É fácil compreender também, porque, muito embora haja uma Corrente

que insiste "ser indispensável ingressar nas ordens maçônicas" para buscar

a iniciação; a outra, que vai buscar a fonte pura, não com base na idade do

pó dos arquivos, e sim com base na Luz dos Anjos que possa perceber, e da

Vida que possa assimilar, não pode e não poderá, senão muito dificilmente,

chegar a um acordo, que, por outra parte, seria tanto mais de desejar que:

completam-se, não somente essas duas facetas, mas todas as demais

facetas, denominadas: igrejas, seitas, escolas, etc ... E, como veremos, e

como já constava da Nota relativa às "Amizades Espirituais", a dificuldade

está em obter amplidão e colaboração, sem fanatismos nem separatividades.

É possível que o labor de Bricaud tenha sido, pelo menos em parte, limitado

pelos que, excessivamente apegados a "tradições simbólicas ou

cerimoniais", não percebiam que um só sorriso do MEM MESTRE valia por

tudo o mais!... Aliás, Esse problema continua de pé, como veremos pelo

próprio ensinamento e respectivos comentários. Mas, há muitos

"Caminhos"...

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* * *

O Muito Excelso Mestre e "BARLET". - Com. 111 - Em um "número

excepcional, de 128 páginas"N.107, dedicado a honrar a memória do ilustre

kabbalista e escritor, Stanislas de Guaita sobre quem nada escrevi nesta

obra, por não considerá-lo um direto seguidor do MEM - achamos magníficas

páginas de F. Ch. BARLET (anagrama do seu nome civil: ALBERT

Faucheux). Não esqueçamos que, o mais capacitado para classificar: Papus,

dizia que Barlet era "o mais culto dos ocultistas contemporâneos", apreciação

excepcional, na época da plêiade de valores que já citei.

Dizia, pois, Barlet, após eruditas considerações sobre a obra de Guaita,

truncada pela morte que o colheu ainda jovem: "... Eis-nos chegados,

seguindo-te — aos celestes confins das esferas divinas. Irás nos dizer agora,

o que é o Cristo Glorioso e, antes, qual é esse reino de Deus que ele traz

sobre a Terra: em que se resolve, portanto, a questão social… mas não,

infelizmente! não no-lo dirás. Devo deter-me aqui, onde a morte gelou tua

mão! Não devia ser-te permitido, Irmão bem-amado, nos fazer essas

revelações supremas... Um outro MESTRE, tu O sabes, um MESTRE que tu

reverenciavas, que o teu afeto, como o nosso, colocava no primeiro plano,

parece muito especialmente encarregado desse apostolado supremo, para o

qual, tão magistralmente nos preparaste!... ".

E, Barlet continua, pedindo a Guaita que ajude a verter sobre os que

ficaram, os raios benfazejos Dele e do Cristo Glorioso ... Barlet oferece, para

quem estuda — seriamente — sua obra e personalidade, um aparente

contraste. As obras dele são pesadas para se estudar, pois referem-se, como

as de Fabre d'Olivet, de Saint-Yves e outros, às aplicações principalmente

sociológicas da realização. E, não poderia ser de outra maneira, já que O

Cristo Social, é a única meta, e — portanto — a única compreensão, e o único

esforço que vale a pena, por parte dos que perceberam o andar da realização

N. 107 — No Número 4, do ano 11 — Volume 88, de janeiro de 1898, de "L'INITIATION", dedicado à

memória de Stanislas de GUAITA, há uma série de notáveis artigos: "A obra filosófica de Guaita, por F. Ch. Barlet, da qual citei as frases relativas ao MEM PHILIPPE. — A obra de realização, por Papus — O Kabbalista, por Marc Haven. — A obra de Guaita do ponto de vista oculto, por Sédir. — O Artista, por E. Michelet. — O Alquimista, por F. Jollivet Castelot — ocupando assim 63 páginas dedicadas ao falecido Grã-mestre da Ordem Kabbalística da Rosa-Cruz, a quem sucedeu primeiro Barlet e, mais tarde, o próprio Papus. — Fica, assim indicada mais uma fonte de referências, para os nossos estudantes sérios.

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da Sua Missão.

Estudando as obras de Barlet, aconteceu-me aliás, um fato muito curioso,

que vou referir, pois creio ser uma lição prática, tanto mais bela porque, desde

o ano de 1926, eu mantinha com Barlet o laço oriundo do fenômeno referido a

pág. 56 de "Yo que…", e que cumpriu-se de modo tão exato, assombrando ao

médico…

H. 6 - Identificação Mental com os Mestres

Tenho ensinado sempre, que há uma forma fácil — relativamente de formar laço com um Mestre e de receber dele: proteção, direção e ensinamentos. Seja ele vivo ou não, na Terra, bastará: estudar bem suas obras, sua vida, admirá-lo e amá-lo profundamente; procurar tomá-lo como modelo: desde o modo de vestir, de usar os objetos, de ser e de falar, como, principalmente, perguntando-se ANTES de fazer uma coisa: como pensaria e agiria O MESTRE, neste caso? — É claro que isso evitará bom número de "mancadas" na nossa conduta, em primeiro lugar. — Mas, vai além: após certa persistência, nota-se uma como que identificação parcial, cujos modos e amplidão variam, aliás, de acordo com cada Discípulo, já que se instala, e se mantém, em função: do grau de entrega; da pureza de aspiração; da idade espiritual; da freqüência e intensidade das "falhas, esquecimentos, rebeliões, etc...”.

Mas, voltemos a Barlet. Eu estudara certas de suas obras, mas não conhecia ainda a denominada "O OCULTISMO", embora seja a chave das outras. Ora, preocupado em dar aos Martinistas, que de mim dependiam: (era em 1941, antes de deixar o Brasil aquela vez que já citei), resolvi escrever, para os Discípulos, uma obra, para a qual o título "METODOLOGIA OCULTA", me pareceu conveniente.

Lá, no meu "retiro" da Vila Assunção - arredores de Porto Alegre tracei o plano, cuja base era inteiramente alicerçada no jogo de "Spontaneité et Inertie", ou seja, uma interpretação das famosas letras "S.I", dando, no sentido ocidental a mesma chave que o Yin-Yang do Tao, etc... e comecei a escrever mentalmente, todo o livro... estava ficando bonito mesmo…" (Carolei, não seja maldoso, não é falta de modéstia: é observação. Veja o que segue)… e, um belo dia, andando pela Rua da Praia (Rua dos Andradas, aliás) aconteceu-me — mais uma vez — aquilo que já citei com o livro do M. AMO: de repente, o meu Anjo, ou um dos Mestres... quiçá o próprio Barlet, me fez sentir que tinha que entrar na Livraria Universal... e lá, bem na minha frente, na estante dos livros franceses, à qual me senti dirigido logo, estava "L'Ocultisme", de Barlet... que me custou sete mil-réis... e, de volta no meu "Ninho de Águia”... verifiquei que TUDO quanto tinha escrito mentalmente, já estava, direitinho, no livro de Barlet!...

Agradeci muito: especialmente, pela comprovação do laço e do apoio; pela proteção ao confirmar o ensinamento; e, finalmente, pelo "aviso" a tempo, para evitar um muito ridículo, mas totalmente involuntário PLÁGIO, que teria ocorrido, se chegasse eu a escrever e publicar o livro projetado.

Aliás, entre as muito numerosas experiências que nunca escrevi, e que contei a alguns raros Discípulos, capazes de compreender que as lições que servem, são essas: as vividas; posso dizer que, já com a idade de 20 anos, ocorrera-me causa idêntica: após projetar escrever e construir mentalmente, não um livro só, mas três; um tríptico, sobre a vida de uma mulher que cai na degradação, logo regenera-se e, finalmente se ilumina e sublima... "topei", dias após terminar o esquema mental, com uma "novidade" recém chegada da França, na vitrina da então existente Livraria Loubière (Rua Esmeralda, em Buenos Aires): era uma obra de Ian Kheith: mesmo plano, mesmo tema, três volumes e, para plena comprovação: mesmos três títulos, com a agravante que, para escrever essa (minha, eventual) obra, eu renunciara ao meu então habitual pseudônimo e escolhera um, bem bretão de ressonância: Ian Kermor. Não se pode achar mais provas. Dessas, tenho umas centenas, vividas em todos os planos...

Dá para meditar muito, Carolei, em: como é, de fato, possível, perceber tudo quanto outros seres mais elevados, ou antes chegados, do que nós, já formularam. Não será isto a maior certeza de que TODAS AS INICIAÇÕES E TODA SABEDORIA ESTÃO SEMPRE À MÃO, assim como TODAS as Tradições, para os que as busquem seriamente, por um labor esforçado e perseverante?

* * *

Voltemos a Barlet, que conhecera pessoalmente ao MEM PHILIPPE em

dezembro de 1898, como cita Chamuel (B.M.H., pág. 67), ao referir-se

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àquele mesmo dia do episódio com a mendiga de St. Merri: "...E, à noite,

ambos (o MEM PHILIPPE e seu genro Marc Haven) vieram com Papus ao meu

escritório, para ver a Barlet que travou conhecimento com o M. PHILIPPE e,

até teve a surpresa de ver revelar fatos que só ele conhecia...".

Para terminar estes breves apontamentos sobre BARLET, desejo,

Carolei, mostrar que quando um grande intelectual, um grande sábio mesmo,

como era Barlet, torna-se realmente Discípulo do MEM, vê-se logo por

diferentes fenômenos externos, como sejam: o merecer assistir a certos

fatos, isto é, participar deles; em segundo lugar, perder "isso que por aí

chamam de respeito humano, ou de senso do ridículo"(?) e ter a coragem —

moral e mística de proclamar a Verdade, mesmo quando se sabe que será

difícil que o interlocutor a possa aceitar; e, finalmente, a humildade que, sem

exibir-se, é bem fácil perceber nos fatos. Espero que todos esses aspectos lhe

sejam evidentes no que vou relatar agora...

Foi por ocasião dessa mesma "enquete" — de Je Sais Tout— que já

citei, na qual Papus teve oportunidade de responder ao repórter que

perguntava "se obtinham curas, de fato": aos milhões, senhor! frase que pode

parecer exagero, aparentemente. Mas, Carolei, medite em dois aspectos; um,

é este: o MEM PHILIPPE curou milhares de pessoas por mês, durante

quarenta anos, quantos são?... E, em segundo lugar: Você tem certeza de

que, quando o MEM curava ou orava, por alguém que se dispunha a fazer um

grande sacrifício moral, Ele não aproveitava para pedir e obter a cura, alívio

ou consolo, de outros, cujos casos fossem iguais ou análogos? Olhe, que eu

tenho algumas formosas experiências nesse gênero. E que, se surgissem

estudantes sérios (não é mania, não, é condição sine qua non... ) poder-se-ia

intentar alguma coisa, inclusive no plano social. Já voltaremos a isso. Por

agora, voltemos ao repórter, que entrevistou a Barlet. Este último referiu o que

resumo a seguir: "... em certa ocasião, um par de outros Discípulos e eu,

fizemos longo passeio pelos campos, com um Mestre, na região em que Ele

mora... foi anoitecendo e o MESTRE — que nada fazia sem uma razão —

disse-nos: pediremos janta naquela choupana... Fomos recebidos por um

casal de pobres camponeses, que, com seus filhos, acabavam de sentar à

mesa.

"Via-se a bondade, pois nos receberam e se apertaram em torno à mesa,

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sobre a qual a camponesa dispôs uns pratos mais, para nós. E, começou, após

a oração feita pelo Mestre, a repartir a sopa. Mas... por mais cuidado que

tivesse, terminou tal sopa, antes que a pilha de pratos a encher... E, de

repente, para assombro de todos: a sopeira ficou novamente cheia de sopa... "

Houve um silêncio na entrevista (como certamente o houvera na

abençoada choupana...) e o repórter, por fim atreveu-se a peruntar: "Mas,

afinal de contas, quem encheu a sopeira?..."

"OS ANJOS ..., Senhor!" — respondeu Barlet, o sociólogo erudito!

O repórter tomou algumas notas mais, e, antes de partir, pediu a Mestre

Barlet, uma fotografia de sua pessoa, para ilustrar a entrevista. Barlet calou,

recolheu-se por uns instantes, com a testa entre as mãos e logo disse,

suavemente: "Me permitem..." e dedicou o foto solicitada. — Entendeu,

Carolei? — Alegra-me!

* * *

O Muito Excelso Mestre e "PHANEG". - Com. 112 - Este é o último dos

Discípulos diretos, que adaptaram externamente os Ensinamentos do MEM,

que iremos considerar nesta obra, já que — como expliquei antes — se os há

na região de Lyon, mais ocultos e reservados, dependentes ou não de

Philippe MARSHALL, é o que o futuro esclarecerá, à medida que os corações

se abram... e que as mentes consintam em se unir!

De um notável artigo, escrito por Jean BOURCIEZ N. 108, resumirei o que

mais nos interessa, em relação ao MEM PHILIPPE: Em 1866, na Bretanha,

nasceu Georges DESCORMIERS, que tornou-se tão conhecido como

"PHANEG"; autor, aliás, de ótima biografia de Papus, de quem fôra discípulo,

admirador, e colaborador dedicado. Desenvolvendo a vidência voluntária,

publicou também obras sobre: Astrologia Onomântica, Alquimia, Método de

Clarividência e, por uma alusão de Papus, parece que também deve-se a

Phaneg a reedição, em 1902, do inachável livro de Jacob "Esboço Hermético

do Todo Universal".

O artigo que resumo, contém a "inevitável" frase sobre "o não importa a

N. 108 - Para mais pormenores, consultar, na moderna coleção de "L'INITIATION", N. 2 — ano 31 —

dezembro 1957, págs. 112 a 114, o artigo "Georges DESCORMIÉRS".

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data", do encontro de Phaneg com o MEM. O essencial, realmente, é o artigo

ressaltar que: "foi um hermetista que entrou na Rua da Tête-d'Or, mas foi um

evangelista que saiu, esperando que a hora de sua missão soasse”... o que

ficou concretizado quando "Tendo recebido do Alto, todas as diretrizes

necessárias, Phaneg fundou a "Entente Amicale Evangélique", onde, durante

20 anos, comentou luminosamente os Evangelhos. - Publicou em 1923, na

editora de seu amigo Beaudelot, o bom editor da Rua du Bac, uma série de

palestras sobre os Atos dos Apóstolos, com o título de "Após a Partida do

Mestre", e, em 1925, "A Caminho - Cartas a Crentes".

Semanalmente, Phaneg fazia uma palestra e, à parte, sessões de curas,

com inteira singeleza... "Na humilde sala da Rua Lecourbe, na qual entrava

quem quisesse, ressoavam unicamente o Pater e a Ave-Maria dos cristãos.

Não havia magnetismo, nem sugestão; uma simples Prece ao Pai. — Um

amigo — de quem já falamos, diz o articulista — foi, durante anos,

testemunha de curas, confirmadas por médicos: rins purulentos, uremia,

tuberculose pulmonar, paralisia, cediam à Bondade do Céu, que a prece de

Phaneg e dos assistentes chamavam desde o mais profundo de seu coração.

"Privativamente, Phaneg recebia com prazer a quem quisesse vê-lo.

Contou com conversões que pareceriam hoje sensacionais, e salvamentos

incríveis. Já dissemos que, antes de seu encontro com o M. PHILIPPE,

Phaneg era um vidente de rara agudeza. Ele sabia indicar o lugar exato de

um objeto perdido, como descrever a um historiador tal ou qual cena do

passado, para a qual este carecesse de detalhes. Sabia dizer ao médico

indeciso, qual o órgão doente no paciente, e indicar a exata data da cura.

Esse dom, deixou lugar a uma comunicação direta com M. PHILIPPE. Esse

modesto servidor não utilizou mais o dom que o Céu lhe tinha concedido, e,

passou a pedir ao Céu por intermédio de seu MESTRE. Nisso reside todo o

segredo das curas, das conversões e dos salvamentos que ele obteve."

"Assim, por ter achado a M. PHILIPPE, e, posto definitivamente,

unicamente, a sua confiança no Céu, Phaneg, um dos amigos mais modestos

de Papus, manifestou durante mais de 20 anos alguns dos poderes dos

Apóstolos. Nesse lapso, escreveu sobre a Virgem, luminosas páginas, com o

título de "Porta do Céu". E, em 1947, "Notas sobre o Apocalipse de João", nas

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quais projeta luzes sobre o misterioso escrito" (Obra póstuma).

Em 27 ele outubro de 1945, aos 79 anos de idade, Phaneg falecia, sem

deixar sucessor espiritual. Em temas ulteriores, tornaremos a nos encontrar

com Phaneg, vendo como mereceu até uma materialização do MEM, em

Lyon, em 1928... , onde O procurara, em 1902.

* * *

O Muito Excelso Mestre e... eu. - Com. 113 - Após a história de Barlet,

consultando para ver se "lhe permitem" dar uma sua fotografia, poderá

parecer ainda mais fora de lugar, eu vir falar de mim. Mas, como já disse a

pág. 10 deste volume, "estou velho" e, não só me importa pouco o juízo que

sobre mim formulem, como, ainda, devo levar em conta que diversos

daqueles, dos que pensei poder fazer sucessores ou colaboradores além da

morte, "pifaram", como se costuma dizer na gíria...

Cabe, então, Carolei, deixar aos que fiquem — se algum ficar — ou aos

que venham mais tarde — se os cataclismos deixarem oportunidade! — uns

apontamentos que, embora não valham a transmissão oral que poderia ser

feita, a discípulos sérios, no convívio egregórico, possam contudo fazer

compreender, "o porquê e o como" de certos comentários, indicações ou

sugestões, que depositei nesta obra; ou, ainda, de certos atos ou

campanhas, iniciativas ou tentativas, feitas ou encetadas, malogradas ou

vitoriosas. Tudo isso poderá, assim, ser melhor compreendido, do ponto de

vista oculto, ou místico, e, mesmo no seu aspecto aparentemente mais

evidente, às vezes.

Naturalmente, evitarei tornar a dizer o que já contei no livro Yo que...

Será bom, então, considerar o que aqui segue, como um complemento.

Digamos, um segundo andar. O terceiro, só poderia ser oral,

evidentemente...

Quando, perto dos oito anos de idade, tive aquela experiência com o

Gnomo, referida no outro livro, também começou para mim uma curiosa

época, na qual "lembranças" de vidas passadas se me apresentavam ao

ouvir algumas expressões, como: "Floresta Negra", por exemplo, que me

permitia ver-me a cavalo, entre outros Cavaleiros. Visitei assim, em "visão

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mental", por exemplo, o Castelo de Heidelberg, e, coisa curiosa, as

descrições que fiz dele, eram exatas... porém em relação ao castelo de antes

do incêndio que, no século XVII, causou uma reforma de certas partes. —

Outras experiências do mesmo gênero, faziam de mim uma criança que, bem

criança sob muitos aspectos, tinha no entanto, uma atenção interior diferente

...

Quem poderá explicar por que, nessa mesma idade — e antes até —

roubava da minha mãe todos os grandes alfinetes, quando os medalhões

dos mesmos — que se usavam, na época, para segurar os descomunais

chapéus femininos — traziam a efígie de Maria Antonieta?

E, por que não havia quem me fizesse entrar, em Versalhes, na Galeria

dos Espelhos — e no Palácio em geral —, mas me sentia muito à vontade no

Petit Trianon? — E, por que me perseguia a imagem de um homem jovem,

trabalhando naqueles jardins?.,

E, por que, aos treze anos, incomodado em aula por dois rapazes, que

não paravam de falar, virei-me e disse-lhes: "Se vocês soubessem que,

dentro de três meses, estarão ambos mortos, afogados, teriam outro

comportamento!" — E os pobres companheiros, gêmeos aliás, ficaram certa

vez — quando no rio Tigre, uma lancha cortou o bote deles — presos aos

pregos, que havia debaixo duma barcaça de fundo chato, sob a qual

procuraram passar, mergulhados!

E, por que, na época em que tive as "reminiscências" de obras e de

conhecimentos, relatados a pág. 19 de "Yo que...,", também me davam

experiências freqüentes, pelas quais via ou sabia, sem visão —, e às vezes

com muita antecipação, que: em tal lugar, há tal coisa. Ia..., e, havia mesmo.

E, por que em Paris, em 1924, após almoçar em casa de pessoas que

se tinham tornado espécies de discípulos meus, em conseqüência de

conferências feitas na "Salle des Sociétés Savantes", eu disse ao Dr. Maurice

Dircksen - cuja esposa, Sra. Blanche, me servira nesse dia de notável "sujet"

magnético: — "Vocês não precisam se preocupar, como fazem, pela velhice:

logo, morrerão juntos, no mar”? E, muito embora não tivessem nenhum motivo

nem probabilidade, de virem a viajar nunca, pois nem posses, nem tendências

ou obrigações os levavam a isso, no entanto, pereceram no naufrágio (e são

raros!) de um vapor misto, no qual o doutor aceitara fazer umas viagens como

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médico de bordo, "se o deixassem levar a mulher". Há mais coisas raras, neste

mundo, Carolei, do que acredita a vã filosofia materialista, ou as explicações

simplistas do espiritualismo barato. Eu soube disso, cedo, e dediquei-me a

buscar...

Com 19 anos de idade, resolvi dedicar quase um ano a pensar, e a

classificar, na mente, tudo quanto tinha já: estudado, lido, vivido e observado.

Inventei treinamentos pessoais, do tipo que citei mais tarde no "Yo que..."

(olhar, gesto, verbo, etc.), para estudar tudo que compõe o mecanismo

humano. Ao mesmo tempo, freqüentei todos os ambientes possíveis: políticos,

culturais, miséria e "baixo-fundo", como dizem os franceses. Saí de lá com

nojo. E, com muito mais das camadas pretensamente elevadas, que das

outras. Mas, por outro lado, embora em correspondência pessoal com um

Henri Barbusse, e com outros, vi logo que nos ambientes "de esquerda", havia

os mesmos interesses pessoais, as mesmas desavenças e... ainda faltava o

aspecto espiritual. — Na melhor das hipóteses, aquela gente traria uma

solução igualitária, ao nível dos ventres. Dos peitos, das mentes, das almas,

quem cuidaria?

Isso explica a fotografia N. 26, de 1923, época em que retomei a Ioga, da

qual recebera rudimentos — em 1922 — com aquele Iogue que acompanhara

certo tempo, a pé. Mas, havia em mim muito tumulto ainda, muito desejo de

ação, para ser um solitário. E, muita compreensão, para conformar-me com as

explicações espíritas ou do esoterismo elemental Na Europa, fui amigo de

Bourniquel, o braço direito de Gabriel Delanne, e assisti a trabalhos,

materializações, e à elaboração de obras. Mas, também olhei como viviam, o

que realmente acreditavam, qual o grau de entrega e de felicidade estável; de

destemor, em todos os sentidos, inclusive o da morte. — E, não me bastou.

Na Alemanha e na França, países nos quais permaneci vários anos,

freqüentei os Martinistas - então divididos e pouco operativos, após a morte de

Papus. É verdade que não tive contato com os discípulos silenciosos, do M.

PHILIPPE. Coisa curiosa: todos os medalhões do Martinismo, os próprios

Editores ocultistas, etc., com os quais falei, não me assinalaram a nenhum

deles. — Sédir, cujas "Amizades Espirituais" eram de recente fundação, ainda

era olhado sem compreensão, pelo menos por aqueles que conheci.

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Procurei os colaboradores de Jolivet-Castelot, pois, como químico, e

como astrólogo que já era também, não podia deixar de me interessar… Mas,

coisa curiosa, eu, a quem sempre trouxeram, para que os conhecesse, a todos

os descendentes das "linhas" martinistas, não achei em nenhuma parte o que

buscava.

No Estado-maior onde servi, meu chefe, o Gal. MICHAUD, da 33.ª

Brigada, era irmão carnal de Charles Michaud, o então representante em Paris

do Martinismo de Lyon, com cujo Grã-mestre, BRICAUD, entrei também em

contato, assim como com os Mussidon, os Meunier e muitos outros, cujos

nomes e endereços da época conservo, nos Arquivos do Retiro...

Haveria uma razão, Carolei, para uma evolução pessoal, separada, tão

independente quanto possível? - Creio que sim. Se, desde 1924 já trabalhei

como Iniciador Martinista, seriamente, isto é: ditando a cada Discípulo,

separadamente, as instruções de cada Disciplina e, ainda, vigiando

pessoalmente seus estudos de astrologia, etc. e servindo-lhes de tutor moral,

continuava procurando para mim, não só A Via, mas ainda: alguma coisa mais

do que "ocultismo". A fotografia de 1931 — e pela tríplice conjunção que ali se

vê: de Sol, Saturno e Mercúrio, em Capricórnio, indica a data de 6 de janeiro,

estando, aliás, mal colocada — aparentemente — a ficha de Vênus que

representava outra coisa — refere-se ao dito a pág. 27 de Yo que... sobre

magia cerimonial, da qual me ocupei, às vezes com outros Discípulos meus,

desde 1926 até 1932, com algumas interrupções, e com resultados alentadores

como obras de amor e de justiça (Curas muito boas; achado de obras muito

raras; obtenção da liberdade de pessoas injustamente acusadas; e... alguns

conhecimentos fora do que sempre reiteram os livros, também como, por

exemplo, curar a obsessão de uma menina de seis anos, a 300 quilômetros de

distância, etc.). Mas, isso não enche a alma de ninguém, que busca A Verdade

e a Paz Interior, ...e não está disposto a fazer abatimento!

Poderia lhe dizer, Carolei, uma coisa que reputo muito interessante: que

aprendi assim, entre outras coisas, e com a verificação vivida, que, cada vez -

seja na vida individual ou na vida grupal - que se aproxima a possibilidade de

uma elevação real, também vêm, antes já, as "provas". E, geralmente são tão

singelas, e por isso mesmo "sutis", que escapam à visão pouco sagaz dos

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pretensos "iniciados", que na realidade o são no real sentido do termo: foram

começados por alguém e... falta-lhes "apenas" se terminarem sozinhos!

E Carolei, quando vêm essas provas, pouco adiantam então a Baqueta

ou a Espada da fotografia 27. Os Nomes Divinos dos mágicos círculos

continuam sagrados… o Universo continua harmônico e a Vida continua

maravilhosa… Os Deuses esperam que façamos um real esforço interior, isto

é: não mais para chamar fantasmas, nem para subjugar forças ou entidades,

nem para traçar complexos esquemas das relações entre as causas

"inferiores e superiores". Eles esperam que nos resolvamos: a viver a vida

como Eles a criaram. Só! — E não, como a deformamos. — Só, também.

— Oh, Sevânanda: então Você não aprendeu nada em todos esses

anos?

— Algumas coisas, sim, Carolei. Amei muito, sofri bastante. Fiquei certo

de muitas coisas. — E, plantei raízes no Invisível... — Explico: quando se

chega a definir o que é real e não ilusório, nas Tradições, como nas

Cerimônias e Ritos; quando se perde as superstições, incluindo as que se

revestem de nomes pomposos; quando se renuncia a "mandar", por meio da

magia, de qualquer espécie; quando a gente chega, por fim, à profunda

convicção de ser tão pouca coisa, que procura, realmente, conservar esse

sentido de proporção, passa apenas a tomar um modelo, não tão elevado

como Deus ou Jesus; mas, sim, do mesmo raio e tipo que se escolheu seguir

e fazer (saber o que se quer, primeiro, e como sempre!). Então, vêm as

experiências.

Eu trabalhei, assim dezessete anos - de 1924 até 1941 - em comunhão

com Papus (pelo método que citei, quando falei de Barlet). E, posso dizê-lo

com profunda alegria, os resultados foram sempre muito notáveis. Apenas

pela imperfeição humana, minha e de muitos outros que (não tendo os

mesmos motivos que eu, para procurar se entregarem o mais possível), uma

e outra vez, punham tudo abaixo, nos momentos em que — como já

comentei — o preço de mais uma elevação era apresentado.

Se precisávamos de locais ou de fundos, tudo "chovia". Se queríamos

editar uma obra: editor e facilidades apareciam, às vezes em circunstâncias

tão "raras", que teria sido preciso ser cego, para não ver a Direção e

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Proteção superiores.

Se uma pessoa, a quem déramos funções, abusava delas para procurar

conquistar a uma discípula, esta seria a que levasse um nome tal que,

kabbalisticamente, ficava evidente que a pessoa nunca respeitaria nem a

amizade. Estas, Carolei, são, por exemplo, coisas que servem, das que

aprendi nos anos de juventude: a reconhecer, por mil maneiras técnicas, as

comprovações do que a intuição, ou a cognição, ou a visão, informam.

Se alguém que colaborava comigo, não cumpria — apesar de ser capaz

de multiplicar objetos — com a obrigação moral, de ensinar só a verdade; e

se eu formulava ao Mestre PAPUS e ao MEM, um pedido do coração, para

então eu passar a acumular — e embora já muito sobrecarregado - o

ensinamento de coisas do Oriente, além das do Ocidente, então, no dia

seguinte, surgia na minha residência um homem, já velho, que fôra outrora

amigo e discípulo de meu Mestre, Cedaior, e que, tendo sido iniciado no

Suddha Dharma Mandalam, pelo próprio Guru Subrahmanyânanda, vinha me

dizer: "Esta madrugada, recebi ORDEM de vir lhe entregar todo este arquivo

de coisas do S.D.M., com as quais nada mais posso fazer, porque... por tal

motivo... me afastei do caminho e sou apenas um guardião...". Isso, não

contei no "Yo que..." mas, Carolei: de tudo que conto, e do que não conto,

também, há nos arquivos documentos, fotografias ou alguma outra prova,

sempre. E, possivelmente convenha dizer que, de certos documentos que

acho importantes, sejam iniciáticos ou de outra espécie, aprendi há muito

tempo a fazer depósito de cópias, em diferentes países: assim, no caso,

nunca impossível, de guerras, perseguições de qualquer espécie ou origem,

é muito difícil chegar a destruir coisas, das quais nem eu mesmo sei já, onde

os guardiães as colocaram... Isso, faz parte do trabalho que chamamos de

"sério".

Muitas outras, das coisas que fiz ou intentei fazer, Você verá, seja nos

comentários sobre a A.M.O., a Cruzada, o Monastério ou o Alba Lucis.

Porém, da época do Martinismo de Montevidéu, creio dever lhe referir, ainda,

umas historietas, possivelmente instrutivas, especialmente no que se refere

ao MEM PHILIPPE...

E, Carolei, convém esclarecer que estas são apenas uma pequenina

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parte, do que poderíamos contar; mas, nem o livro dá para tudo, nem

podemos relatar muitos casos, que envolvem pessoas alheias ao labor... E,

também, antes de relatar as histórias vividas, é preciso lembrar que, naquela

época, eu tinha muito forte apoio e direto contato com o MEM, porque todo o

esforço era feito no sentido por Ele ensinado, em primeiro lugar; e, em

segundo lugar, durante certo tempo, um grupinho manteve-se

suficientemente unido para dar, senão base, pelo menos "esperança

egregórica"; e, como última razão, está a de termos sofrido — minha

segunda esposa e eu N. 109, não somente fome, como já contei — mas

insidiosas campanhas para nos separar, e muitas outras coisas que não é

oportuno referir aqui, mas que dinamizavam o nosso labor, pelo que,

consciente e voluntariamente, aceitávamos sofrer, caladamente.

Vejamos, pois, as histórias relativas ao Poder do MESTRE:

H. 7 - As "Consultas no GIDEE"

Av. 18 de Julho, 1018, 2.º e 3º. andar — bem em cima do "Club Argentino", um local nobre, todo de mármore Carrara; aluguel pesado ; atividades deficitárias durante três anos. Nos outros quatro, não. Entretanto, desde o primeiro ano, eu resolvera fazer pela rádio "LA VOZ DEL AlRE" um programa — sem propaganda, tempo pago por nós, os Martinistas — que, sob o nome popular de "La Hora de Ias Ciencias Misteriosas", fazia 15 minutos de divulgação acessível, e, depois, pelo microfone mesmo, dava o nome do doente pelo qual convidava a todos os radiouvintes a orar comigo naquele instante e a REITERAR A PRECE ÀS NOVE DA NOITE, hora em que os Martinistas faziam sua Cadeia de Curação. A música escolhida era A MESMA com a qual Papus e outros, na Europa, preparavam-se para essas mesmas Curas pela Prece Coletiva: O Largo de Haendel, que é, ainda, a música com a qual abrimos nossas cerimônias martinistas...

Os resultados colhidos foram estes: muitas curas, confirmadas. Sobre o tema CURAS, gostaria de voltar, oportunamente, no terceiro volume.

Anos depois, quando o programa não mais existia, AINDA recebia cartas de gente me escrevendo: e, cada noite, às 21 horas, estamos orando com Vocês.

N.109 — Assim como ensinei que, conforme o modo e idade em que uma pessoa penetra (em

cada encarnação) na Senda Espiritual, pode-se ou pode ela mesma — situar a sua idade espiritual, e possibilidades dadas naquela ocasião, assim também creio que, as circunstâncias e motivos que cercam o casamento de cada ser humano, tem um significado. Tenho meditado, por exemplo, nos modos em que casei, três vezes, nesta vida: a primeira vez, procurei pôr a salvo dos galanteios que me pareciam pouco elegantes, de um oficial, a uma das Damas da "A.D.F." que regiam uma instituição na Renânia ocupada. Pouco a pouco, descobri ser pessoa a quem, uma educação errada criara o complexo de "não casar" e de "não poder ser mãe". Quis demonstrar o contrário. Enamoramo-nos e casamos. Passamos dois anos "casados em branco". O resto, como seja a anunciação da filha, já contei no "Yo que... ". - Essa primeira esposa, cuja posição social e material desconhecia quando noivei, me trouxe facilidades econômicas para a primeira parte da minha missão.

A segunda — a que passou fome em Montevidéu" — era pessoa que estivera casada com um amigo meu, que ia tornar-se louco por doença nervosa. Avisei-o e, estando eu livre para casar, combinei com ele que assumiria a companhia da esposa dele. Foi uma fiel companheira durante muitos anos. E, se em certa altura nos divorciamos, foi em tão boa harmonia, que hoje ainda é Discípula e Colaboradora íntima, tão amiga de Mãezinha Sádhanâ como minha.

De Sádhanâ, já falei, e terei que falar ainda nesta obra. — Mas, não creio que todos possam viver estas experiências, com tal busca de reconstruir sempre o equilíbrio, não deixando desafetos, nem sacrificados, e, também respeitando sempre os dispositivos legais, de forma que cada situação se torne sempre totalmente normal e transparente.

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Outro fato curioso: — a partir daquele tempo, O LARGO DE HAENDEL se tornou mágico: A Cruzada pelos Tuberculosos, em Montevidéu; os mais variados movimentos assistenciais - até a L. B. V, no Brasil usam-no como uma de suas músicas prediletas. E, SE SOUBESSEM USÁ-LO com mais noção do que fazem e com laços com o M. PAPUS e o MEM PHILIPPE... veriam curiosas coisas acontecerem, como aliás acontecem também; em diversos lugares.

Em conseqüência desse programa, vi-me obrigado a receber consulentes três vezes por semana, à tarde. Das 15 às 17, atendia de 20 a 30 pessoas. Como é possível atender a tanta gente em tão pouco tempo, dirá Você, Carolei: — A razão é simples; DIRETAMENTE RELIGADO AO MUITO EXCELSO MESTRE, eu — já o disse — SABIA MUITO DE TODOS e às vezes TUDO DE MUITOS. Davam-se casos como este: entrava uma senhora e me dizia: Doutor (o meu trabalho todo era feito como Jehel, Doutor em Kabbala que sou, pela Ordem da R.C.) vim consulta-lo, pois o meu fígado...

Mas, eu não deixava a mulher prosseguir: Senhora, o seu fígado é cousa sem importância. Mas, a senhora já fez três abortos provocados. É verdade? - Pois bem, se pede perdão ao Céu e se me promete procurar ter pelo menos UM filho e criá-lo como ser útil à coletividade,- ficará curada! E, SE PROMETIA DE CORAÇAO, FICAVA MESMO!

Outra consulente; a moça mandada: Entrou, fechou a porta que separava da Sala de Espera. Falou que estava debaixo da influência de um mago; que gostaria de se livrar, que contava só comigo, pois me admirava, muito mesmo; _que até gostava de mim... e, levantando-se, veio até mim, e erguendo um pouco as roupas, sentou-se a cavalo sobre mim, enquanto seu olhar procurava "incendiar" o meu e seus lábios se ofereciam, embora "esperando" a minha reação. Quando, após um par de minutos dessa silenciosa luta entre a "tentação enviada" e a tranqüila espera, sorridente, sentiu-se desarmada, disse-me, envergonhada "Você tem poder, mesmo". E, desatou a chora, já sentadinha, quieta no seu lugar: o mago que a mandara, perdera a batalha com o MEM....

Expliquei-lhe, então, como tinha sido dominada pelo "seu" feiticeiro. Disse-lhe que não, tivesse medo dele; que, no próprio dia seguinte, arrumasse a trouxa, e viesse" embora

para o centro da cidade. Que eu lhe prometia, em Nome do MESTRE, se ela fazia as coisas de coração limpo, que acharia logo trabalho. Prometeu .

Por muito tempo nada mais soube, e só me lembrava dela nos pedidos. Um dia "topei" com ela na rua: muito decentemente arrumadinha. Perguntei como ia. - Muito bem; não

tinha aparecido porque, embora enormemente grata, tinha muita vergonha de como se apresentara a primeira vez. Estava empregada, vivia honestamente, tudo em ordem. - Gratidão e alegria.

Outro caso: A moça “anulada": Uns 23 anos, Capricórnio e Tauro combinados. Ficara órfã cedo. Uma tia a criança, mas agora a tinha quase de doméstica e a impedia de empregar-se, ou de namorar e casar. Desejava, profundamente, ser Mãe. - Expliquei-lhe quem era o MESTRE; a Balança Moral: e que, se queria prometer orar diariamente, para que lhe mandassem o homem ao qual ela pudesse ser mais útil, e as almas a que melhor pudesse servir como Mãe, então podia ir dizer a Tia que lhe dava oito dias de prazo, para resolver se queria lhe dar liberdade: de viver com ela, como moça que irá casar, ou se preferia que saísse. A tia, irascível, a mandou embora logo. Dois dias após, estava empregada no consultório de um Médico; três meses após: casada e feliz. Filhos bonitos vieram: mais umas vidas úteis e menos egoístas...

E, já o disse, Carolei, haveria centenas, de casos extraordinários a contar,

vividos naquela época. E, isso, sem falar nos de curas de doenças, tanto: das que

se obtinham nas "consultas" a meu cargo, como as que resultavam dos pedidos

coletivos, das misteriosas Cadeias Martinistas. Aliás, sobre este último tipo de

resultados, foram já publicadas, a título de estímulo, apenas, onze casos notáveis, a

páginas 41 e 42 do Relatório do Presidente do Grande Conselho, com data de 3 de

Janeiro de 1942. Creio que, dada a possibilidade de vir, a Ordem Martinista de

Papus, a florescer novamente nestas latitudes, será interessante reproduzir essas

duas páginas, que traduzimos do espanhol:

“CURAS DE DOENTES”

Numa de suas obras, PAPUS, diz que algumas das Lojas Martinistas,

chamadas místicas, têm o costume de se reunir para pedir a cura elos doentes

graves. Seguimos, nisso também, a Tradição, e até irmãos isolados têm pedido e

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obtido, dos MESTRES do Invisível curar extraordinária. Citarei somente algumas,

escolhidas entre as mais curiosas e, notadamente, entre aquelas que foram obtidas

por Irmãos que, sendo também MÉDICOS DIPLOMADOS, deram-se perfeitamente

conta do extraordinário delas. Antes de citar os casos, devo dizer que, na sua

maioria parte, foram obtidas graças ao apoio do MUITO EXCELSO MESTRE, que

em vida fazia curas que se tornaram notórias em toda Europa.

Cura n. 1 Doente com intensas dores de cabeça e que tinha as faculdades

mentais alteradas desde muito tempo atrás.

Um Irmão, Medico, o visitou e, à parte de um pequeno tratamento ostensivo,

quase somente destinado a cobrir a sua personalidade de Iniciado fazia fortes e

sinceros pedidos ao MEM. Cura Completa em dois meses.

Cura n. 2 Uma jovem, com duas hemoptises, foi posta em relação com um

Irmão nosso, que foi visto pela jovem, entrando no seu quarto em corpo espiritual,

acompanhado de um Ser muito grandioso: cura em alguns dias.

Cura n. 3 Menino de 12 anos, atacado de "corea minor", completamente

paralítico. Caso considerado perdido por todos os médicos. Um irmão nosso,

Médico, tratou de obter melhoria com um sistema homeopático multo bem feito,

Durante 30 dias, o doente se manteve sem melhorar, nem piorar. Então o Irmão,

compadecido do sofrimento do menino e de seus pais, pediu intensamente ao MEM

PHILIPPE durante três dias consecutivos: uma semana após, o menino joga

FUTEBOL.

Cura n. 4 Numa reunião de Martinista, pede-se por uma senhora que deu a

luz, por uma operação cesariana, a uma criatura quase morta. A paciente tinha 86

gramas de uréia antes da operação, e pouco antes do parto tinha sofrido grades

operações no ventre, e tinha albumina, o que agrava o caso. Pede-se no dia 17.

No dia 24, o irmão encarregado de trazer notícias da doente, comunica que in

sair do hospital, completamente restabelecida e com a criancinha em perfeita saúde.

A uréia baixou 36 gramas. Cura tipicamente "milagrosa" no diz! No dizer do médico

profano.

Cura n. 5 Durante várias reuniões, pede-se por uma por uma senhorita de

21 anos, atacada de tuberculose intestinal, febre de 39 a 40 graus durante meses.

Os médicos diagnosticam rápido fim. Um dos nossos irmãos, médico também, visita

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a senhorinha ao tempo dos pedidos e acha-a completamente restabelecida, sem

febre nenhuma, para estupefação dos demais médicos. Nunca mais teve recaídas.

Cura n. 6 Em Montevidéu, alguns Martinistas pedem pela cura de uma

senhora, residente em Buenos Aires, atacada de fortes reumatismos articulares.

Cura rápida.

Cura n. 7 (Excerto de uma carta...) ... O irmão X..., na sua qualidade de

tesoureiro, manifesta ter recebido uma contribuição voluntária, de 20 pesos, do

irmão Z..., que, como medico, a tinha recebido em virtude da insistência de uma

doente, cuja cura ele atribui exclusivamente à intervenção do invisível...

Cura n. 8 Dia 11, numa reunião, pede-se por uma senhora operadora de

apendicite grave, à qual após alguns dias declarou-se uma alta febre de mais de 40

graus. CURA EM 24 HORAS, voltando a doente a seu domicilio imediatamente.

Cura n. 9 Num dia 18, pede-se por um senhor, operado de hemorróidas,

com infecção no fígado e pulmão e cuja morte espera-se fatalmente. Melhoria

considerável no dia seguinte, cura em contados dias.

Cura n. 10 casso de uma senhora com OSTEOMELITE, numa perna,

operada diversas vezes, sem nenhum resultado: TRINTA DIAS após, caminha já

sem bengala.

Cura n. 11 Pede-se por um doente, cego, paralítico, com 8 de pressão

arterial. Um irmão recebe do invisível o tratamento a aplicar simultaneamente com

os pedidos: um pouco de alfafa (luzerna), crua, a por na salada diária. CURA TOTAL

da cegueira e da paralisia, em sete semanas.

“Poderia eu citar dezenas e dezenas de casos semelhantes, porem estes já

mostram, o que pode um pouco de BOA VONTADE, de ALTRUISMO e de

SINCERIDADE, utilizados pelos VENERÁVEIS MESTRES, dinamizando a nossa

ação sobre os doentes. – AMAI-VOS UNS AOS OUTROS.”

Assim termina Carolei, essa parte do relatório do P.G.C da Ordem Martinista,

naquela época. E, como você poderia se admirar que, após ter dito que iria tratar

das Curas bem mais adiante, no terceiro volume, esteja agora citando estes casos,

explico: nos casos acima, só citei os efeitos obtidos e o fato de se usar a Prece.

Mas, não ficam expostas as condições que podem: ou fazer com que tais Preces

sejam ouvidas e as Graças concedidas; ou, pelo contrario, as condições que,

motivadas pela conduta ou incoerência dos seres, tormam nula a ação, seja

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individual ou coletiva, provocando até, nas vidas particulares, pessoais ou das

agrupações, bruscas mudanças que dissolvem aquilo que já não se ajusta ao

“rotulo”... Quando este é de “marca responsável”. Porém como poderia acontecer

Carolei, que lhe fosse assim mais fácil compreender o real fundamento de tal

mecanismo, vou dando, nestes temas, preliminares e muito calculadamente

dispostos, o material que pode permitir compreender, aceitar, sentir... aplicar.

E, antes de deixar a “época Martinista do Uruguai: 1941/1948” vou lhe brindar

outras historietas, que mostram as mesmas leis, aplicadas a outros aspectos s ávida

dos seres, com fenômenos bem interessantes. Depois, infelizmente, também

teremos que ver o que acontece quando não aproveitam e não são gratos, nem

fieis....

H. 8 – Câncer, Roleta e Ingratidão

Montevidéu, 1941. O Sr. P.H.B. (Ashmole, 106, nos velhos registros da Ordem...), pede para ser iniciado martinista. Presta alguns serviços, de bom guru. Uma de suas cunhadas, com câncer no fígado é “aberta e fechada” pelos cirurgiões, que lhe dão “dias” de vida. “Ashmole” faz determinado sacrifício moral. Todos podem. A paciente é milagrosamente curada; cura verificada radiograficamente. (fim do primeiro ato.) – 1942 Ashmole cede e torna a jogar na roleta, inclusive: compromete fundos da direção Geral de Impostos “X...”, da qual e subdiretor. A situação torna-se grave. Será descoberto e processado. Arrepende-se, e implora ao MEM. Apoiamos com pedidos. – então, uma tarde, a sua filhinha de cinco anos, interrompe o brinquedo e, olhando grave para o pai (que nada contava em casa de sua terrível preocupação) lhe diz: “Sabe, paizinho, que hoje, às 21:17, o “17” sairá três vezes seguidas...”. lá foi ele, e ganhou exatamente a elevadíssima soma que devia e que repôs... a tempo! Imensa gratidão... na época. (Fim do segundo ato.) – 1944: Não resiste mais à tentação do jogo, nem a de “hipnotizar” a uma sujet, mediante a qual conseguiu ás vezes, saber os nomes de barcos afundados na guerra... e com isso poder se “exibir” ante os amigos... – Há uma denúncia, todo seu passado administrativo é investigado. É destituído e passa a subalterno. Recebe essa noticia na cama, á qual fica oito meses, com terríveis dores reumáticas, cem forno elétrico, etc. mais nada o alivia, por que: se ele não sofresse também em carne própria, teria de morre a cunhada, salva a seu pedido e mediante uma promessa que não está mantendo... Está começando a entender, Carolei?...

Tivemos a felicidade de poder intervir e reduzir um pouco o prazo do sofrimento...

H. 9 – O parto pré-visto de “Myriam - 159”

Primípara em condições desastrosas, conforme previsão médica. O perigo de morte, da mãe ou da criança, é grande. O temor da interessada, também. Os pedidos coletivos são fortes e persistentes, durante a gravidez. Um dia, ela “vê”, de madrugada, num estado que não consegue diferenciar se é sonho, torpor ou?, pois não e médium, nem sensitiva. É mental, em extremo. O que vê a e a si mesmo, conduzida em mesa redonda, de clinica, para a sala de operação. Vê as enfermeiras; repara nos médicos que lavam as mãos, põem as luvas. Mais tarde, vê-se num leito, com a criancinha – menina – do lado, sorrindo. Isso a reconforta. Fim da gravidez em ótimo estado: físico, mental e místico. Chega a época de internar-se. E, para surpresa sua, reconhece as enfermeiras; logo, reconhece a sala de operação e os médicos... chora de gratidão antes da anestesia e... acorda no leito que já “vira”, com a menina do lado... tudo bem... por um tempo. A gratidão humana é tão curta, comparada com a MISERICORDIA DELE!... Compreende, Carolei, porque é tão difícil fazer algo sério e sólido?...

H. 10 - Bofetadas, bifes e burla à policia ...

Esta história tem aspectos cômicos, como a nossa vida humana nunca deixa de ter, já que não somos sérios. - Também os tem muito graves. Você mesmo fará a classificação e verá a unidade que, contudo, impera no caso. Assim espero, pelo menos. – 1943: Por ocasião de uma de minhas visitas quase mensais, a Buenos Aires para ver aos Discípulos de lá, a esposa não discípula – de um deles, pede-me audiência. Explica-me,

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então, ser católica ardente, e querer "tirar de qualquer jeito" ao marido do seio dos discípulos, para "joga-lo aos pés da Virgem". - ... Após perguntar-lhe, se tem certeza de que a Virgem gostaria de tanto fanatismo e violência... vejo-me obrigado a dizer a essa Senhora, em particular, algumas cousas que não a honram muito. Curva-se, como todos nós temos que nos curvar quando põem à mostra... o que tanto trabalho nos dá evitar que outros vejam... ou que até fazemos de conta que não vemos em nós! Chegamos a um acordo: eu prometo que o marido (desenhista) deixará o labor acessório com o qual melhora o orçamento da casa (mulher e duas filhinhas): orquestra de senhoritas numa confeitaria, à noite... pois a devota esposa é ciumenta como um... tigre católico! Ela deixará o marido estudar e "permitirá" que ele saia uma noite por semana (das 20 às 23) para ir ao Grupo Martinista ao qual pertence. (Fim do primeiro ato.) - Seis meses depois: ele já procura (não por minha ordem) fazer-se vegetariano; ela briga por isso; chega, um dia, a tomar o bife cru e a lho esfregar no rosto, diante das filhinhas apavoradas, e a esbofetear ao marido que, felizmente, consegue manter a calma. Ele me consulta e me conta que ela ameaçou com "denunciar" as reuniões (?) de acordo com os conselhos do seu confessor (ainda bem que não foram "da Virgem"!).

Peço a "Spaldah-169" (o Discípulo) que continue: orando, trabalhando... e indo às reuniões. chamo à esposa e increpo sua falta de cumprimento do trato. Concito-a a melhorar a conduta, pois seu lar está em perigo.

A resposta dela é provocadora. Deram-lhe "corda". Parte como veio. Dias após, na casa do Prof. M. C. (colaborador de Einstein, mais tarde...) na qual se fazem as reuniões,

às 22 horas, batem na porta. A esposa dele, Discípula Th... vai abrir: Polícia: queremos revistar tudo; mostram ordem do Juiz. Pois não: Acham na sala o marido estudando; música aberta sobre o piano; apenas duas xícaras de chá sujas, na cozinha. Está claro que não há reuniões, como dizia a denúncia. Mas... por via das dúvidas, fazem bem seu trabalho: esvaziam todos os móveis; revolvem tudo; até o colchão é "sondado" com longas agulhas. NADA. Honestamente, lavram uma Ata, cuja cópia entrega ao dono da casa, a quem informam que: "no dia seguinte, querendo, poderá obter na Polícia os elementos para processar por calúnia, á denuncia... Sra. F..., "a dita cuja".

Claro que não interessa processar. Só Interessa: orar por ela. Mas agora vem o que nos interessa: 1.º) - No dormitório, lá onde mais revolveram, havia um móvel, espécie de pequena Secretária, bem cheio

de todos os papéis das reuniões, inclusive de atas de curas, cousa que, se a policia de Buenos Aires achasse, embora no fim das contas fosse possível provar, meridianamente, ser tudo feito só pela prece, teria dado uma trabalheira "danada", já que o ambiente portenho é cem por cento (ou pelo menos o era naquele tempo) oposto a tudo que não seja puramente material, "científico", etc...

Ora, esse móvel, nem o viram! Havia lá: dois investigadores e um escrivão. Curiosa cegueira, ou curiosa invisibilidade e intocabilidade de um objeto, pois, tinham que tê-lo visto e tinham que esbarrar nele, quando quase desmontaram a cama do casal!, Cousas do Muito Excelso Mestre",

2.°) - Nessa noite, era de fato dia de reunião. E, nesse grupo de uma dúzia, aproximadamente, de Martinista - número ao qual eu limitava os Grupos, por diferentes razões - a presença era de 90 a 100%, sempre, nunca suprimindo-se as reuniões, com exceção de feriados nacionais ou dias de aura perturbada, como os carnavais. Mas, nessa noite, tinham estado às vinte horas, uns três Membros do Grupo, avisando terem de comparecer, juntos, a determinado compromisso técnico. Outros, telefonaram: "impossibilidades imprevistos", E, a dona da casa, esposa do "Delegado Martinista" da zona, telefonou aos restantes e suspendeu a reunião.,.: Cousas do Muito Excelso ...

Conclusão: dois anos após, o citado Discípulo estava divorciado, e já casara com uma jovem, cujo ideal foi de acompanhá-lo na Senda Mística. Cada um prepara-se o amanhã que merece,.. Mas essa é uma solução muito pior, que a possível de ser obtida com um pouco mais de boa vontade, mútua,

Com. 114 - Você pensará, Carolei: Então, a que alturas e prodígios, devem ter

chegado, tanto nessas "consultas do Dr, Jehel", como nas Sessões Martinista!

Infelizmente não, Carolei. Explico, em duas palavras:

Certo dia, dois de meus Colaboradores (excelentes pessoas, aliás, porém com

os "seus" pontos de vista, e pouco dispostos a deixar de "opinar": direito sagrado em

toda democracia que se respeita, conforme dizem ... ) vieram falar comigo. O

terceiro, e o quarto, não eram dos que dão a cara". Eu continuava a cultivar a arte

que o carioca chama de "fazer-se de desentendido", E ouvi isto:

"Essas consultas não trazem (discípulos ... a maior parte é gente pobre ... até

mal trajados, .. e nem fica bem, tomarem o mesmo elevador que o senhor Sócios, do

Senhor Club, etc ... e não atraem Pessoas "Bem", etc ... " - Carolei, confesso que

hesitei por alguns segundos: entre jogá-los pela janela; ou sair uivando de dor; ou

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continuar a fazer cara de besta e consentir em que UMA DAS RAÍZES MAIS

FORTES DA OBRA fosse, assim, cortada pelo machado de estupidez humana, da

incompreensão, da ingratidão, etc, .. - Mas, dirá você: e por que "não lhes

explicou"?.. Se Você "acha", ainda, Carolei, que se pode explicar certas cousas, a

quem não as sente e não as vê ... então ainda está na etapa intelectual e

discutidora. - Mas, eu, que me guio pelos Sinais, já vi assim, desde 1943, que

aquele labor não daria o que se esperava. Mais tarde, em 1946, outro gesto de puro

egoísmo coletivo, em Montevidéu, impediu que SE FIZESSE o que era para fazer.

Não me interessa apontar fatos, pessoas, etc. Nem sequer os nomes ou ocasiões,

conservados nos arquivos, de todas as pequenezas que, reunidas, formam uma

GRANDE PEDRA posta ante toda roda de tantas obras úteis à sociedade humana.

O caso coletivo em apreço, não é nem uma exceção. Mas, por isso foi fechada essa

etapa, e nasceu uma outra, da qual falei em termos gerais, a páginas 207 a 21l de

"Yo que ... " e da qual preciso comentar alguns aspectos internos ou místicos, para

que se compreenda melhor, como continuou A Busca, no sentido de procurar qual a

melhor oportunidade, para os poucos estudantes sérios, dentro da mentalidade e

ambiente em que nos tocou atuar, tendo sempre; não o esqueçamos, o Martinismo

como base, mesmo quando invisível, e como padrão para avaliar modelos e

resultados, no labor.

* * *

O Muito Excelso Mestre e a "A.M.O.". Com. 115 Já vimos, Carolei, que,

em parte devido ao que o M. Cedaior nos dissera sobre o uso do nome de "AMO",

para designar ao MEM PHILIPPE (e já disse que, no fim desta obra - 4.° volume - se

descobrirá o real segredo que está por trás de tal afirmação); em parte porque, não

só sempre fomos muito atendidos e protegidos por ele, quando invocado nessa

forma (acho que, para ele, só vale a intenção e sinceridade, e pouco importam os

nomes! Deve ter usado tantos, em milhões de anos que nos dirige!); em parte,

também, porque a Sua Direção foi evidente, na fundação da A.M.O. - como referi no

outro livro -, aconteceu que, ao serem fechados o Martinismo (como labor coletivo-

cerimonial, só), e o ,"Gidee", sobrou o "Suddha Dharma", no seio da recém-formada

A.M.O., além da manifestação, sempre evidente das Correntes: Rosa-Cruz e

Martinista, que são como o Sol e a Lua... com relação à Terra.

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Mas, a preparação de futuros "íntimos", começou a A.M.O. com uma seleção,

destinada a fazer compreender que "o tempo de brincar" passar... Por um lado, o

prometido contacto (laço, comunicação, fenômenos sensíveis - e não mais

espirituais e morais somente) era dado, como uma oportunidade mais forte - embora

menos elevada - aos que, não tendo podido seguir o Caminho Crístico puro, iriam

ver agora a oportunidade da Senda-Múltipla.

Já que muitos ansiavam por mais psiquismo, treinamentos e possibilidade de

"manejar seus corpos sutis", etc ... isso lhes seria oferecido. .. com a respectiva

fatura! E, comigo e Sádhanã à testa, a experiência poderia ser levada até às suas

últimas conseqüências, já que para nós, tudo dava na mesma: a nossa entrega era

total e definitiva, para o que desse e viesse. E, Carolei, não esqueçamos que,

durante os anos de 1950 até 1953 - e após, em outra modalidade equivalente -

conseguimos fazer apontamentos Diários de: todos os fatos externos e internos;

todas as práticas, visões, avisos, profecias, êxitos e fracassos, de todos os principais

Discípulos, bem como de nós mesmos. - Nesse sentido, há nos arquivos muita

causa excepcionalmente útil, para os que exercem funções diretivas, ou que vão

assumir alguma das "missões", a que se alude em "Yo que ... " e das quais alguns

aspectos se comentam adiante.

Os Poderes do MEM e aos Mestres que O ajudam, em lugar de se

manifestarem, como até então, para curar aos de fora, foram dirigidos para retificar

aos de dentro, que "diziam" ter aspiração espiritual tão Veemente, tão ardente, que

estavam prontos a suportar... tudo! Quantos se queimaram... ou viram suas ilusões

sobre si mesmos, queimadas como noturna mariposa, que se aproxima

imprudentemente da Luz! Vou seguir o método das "Historietas", que, alem de não

ser pesado para ler, continua deixando, a cada um, livre de tomar o que quiser e

puder ...

H. 11 Três casos de castigos físicos

Fevereiro de 1949: No terraço da casa de uma Discípula, estão reunidos os principais membros da À.M.O. - Fenômenos interessantes foram anunciados, para completar outros já vistos na véspera. Um dos presentes, K..., teve "uns pensamentozinhos nada santos", conforme relatou - com notável franqueza - posteriormente. Ao passar por uma janela baixa, cai, quebra o braço e PAGA À VISTA: resolve ficar todo o tempo da reunião - 2 horas! - voluntária e conscientemente, com a fratura, para não perturbar. Recupera assim, certa posição interior ...

Março e abril de 1951: Sádhanâ e eu, já abandonamos toda e qualquer atividade "profissional". Vamos gastando o que temos, entregues... Mas, Sádhanâ sabe que não deve trabalhar. Certo dia (10 de março, na Agenda da Vida Mística, arquivada) "acha" que - para ajudar a certa pessoa "poderia" abrir uma exceção. Então, quando vai ligar, como todos os dias, a cozinha elétrica, há, de repente, um circuito - e os fusíveis são para 10 Amperes! - e ela fica com todo o interior da mão direita com queimadura de 3.° grau. Anda, aliás, pela cozinha,

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como uma leoa na jaula, mas não dá um pio! Pomada, médico, mão imprestável por muitos dias. E, não esqueça, Carolei, que a "idéia" dela, era apenas, de "eventualmente" aceitar até um emprego, para ajudar a obra, já que as minhas viagens à Argentina e outras despesas da Obra, comprometiam o nosso equilíbrio financeiro ... no qual cada tostão estava com destino certo (há apontamentos da época: a Obra lias custava uns 300 pesos uruguaios mensais).

Em 5 de abril, Sádhanâ. já tem um pelezinha nova, delicada, na mão; porem, na véspera, antes de deitar, veio uma visita: a de uma moça, discípula, que tinha pedido muito a Sádhanâ que "a ajudasse" numa dificuldade técnica, com uma cliente da moça. Sádhanâ "pensou" abrir exceção e aceitar.

Então, no dia 5, em outra parte da casa na qual a instalação elétrica está igualmente perfeita quando vai ligar a chaleira elétrica, novo circuito, lhe torna a queimar a mesma mão... naturalmente dói muito mais! Mas, agora, ela entendeu definitivamente: toda atividade profissional lhe está realmente vedada.

Viu, Carolei, como somos teimosos, todos! 1951: Eu tinha recebido ordem (nunca revogada, até hoje...) de sempre usar o Bastão. Mas, uma vez,

tendo que ir “pertinho de casa”, achei desnecessário... Minutos após, Sádhanâ me via voltar, penosamente: tinha destroncado o pé... Outra vez, era em Buenos Aires. Parava na casa de certo discípulo e, tendo que sair com ele, também dentro do próprio bairro..., não achei necessário... e não fiz dois quarteirões: pé destroncado de novo. No entanto, são centenas de pessoas as que me viram, mais tarde, no Monastério subir e descer morros, de tamanco. Mas, para pisar na rua, “a serviço” da Jerarquia, ou levo o Bastão, ou levo pau... É só escolher. Aliás, já o disse, Carolei: Sempre: é só escolher!

Com. 116 - Não gostaria de lhe deixar, Carolei, a impressão de que os

fenômenos eram sempre "castigos". Não! Também os havia (e continua havendo,

para quem merece e observa...), que eram estímulos, ou "testes". Alguns até

emocionantes, seja pelo carinho do MEM, ou dos outros "Mestres secundários"

(termo para clareza, apenas), e que, com um pouco de meditação, mostram bem "o

que esperam e desejam de cada Discípulo, antes de lhe entregar: ou dons, ou

poderes, ou mesmo conhecimentos, acima do banal, e livresco. Vou referir alguns

casos ...

H. 12 Fenômenos Diversos e Testes

8-12-1949: Sádhanâ fica imobilizada numa poltrona, e eu "pregado" ao chão, cada vez que me dirijo em certa direção. Mas, se volto para outra, para tornar definitiva a união dos nossos destinos, para Obra, a liberdade de movimento é total, - Após quase uma hora de comprovações nesse gênero, tomamos uma decisão que iria, de forma categórica, coroar tudo quanto os Mestres vinham nos apresentando, desde 20 de setembro do mesmo ano, inclusive todas as provas, de todos os enganos ou dissimulações de certas pessoas, que tornavam impossível continuar esse tipo de labor, em tais condições. Aliás, Carolei, foi essa experiência, de 1949, que nos serviu muito, em 1957, no Monastério, quando uma situação análoga apresentou-se e que, na mesma forma: provas e avisos começaram a nos chegar de todos os lados! Curiosa indicação psicológica para o futuro; enquanto Sádhanâ e eu vivíamos essa prova terrível de uma hora; duas pessoas que, pelos laços iniciáticos conosco, poderiam ter estado orando, perdiam lamentavelmente o tempo em conversa... Esses, Carolei, são os sinais que é preciso aprender a ver, a custa de dor,.. e de silêncio!

Ishma e os Bombeiros: Naquela época, o MEM estava procurando preparar a quem, mais tarde, seria a Monja Ishma, para certa Missão, Para isso, como ela, no; fundo de sua mente, tinha ainda certas dúvidas e certo temor D. morte, concederam-lhe a graça - reiterada! - de certas experiências, das quais relatarei algumas:

Na quarta-feira 11 de janeiro de 1950, Ishma vêm nos visitar, aflita por Uma explicação, do que lhe acontecera pela madrugada: "Deitada, disse, ouvia, no olvido do lado em que sou surda, o sino de alarma dos bombeiros, como se fosse bem defronte da minha casa. - Sentei na cama e o silêncio era completo, Por duas vezes mais, tornei a poder viver a mesma cousa: se deitava, ouvia com força aos bombeiros, a conversa de muita gente e, também, a sirena da ambulância pública. - Se me sentava, inquieta, tudo calava."

Comentei à Disc. Ishma que isso era um aviso; que estivesse atenta - Na tarde da quinta·feira, dia seguinte, Ishma voltava do centro da cidade, a pé, para sua casa, E, à medida que ia chegando para mais perto de seu bairro, os joelhos lhe tremiam, sem saber por que, Quando próxima à sua casa, viu as ruas cheias de gente,.. e bem defronte da sua casa, bem na direção de seu balcão, mas do outro lado da rua, estavam lá as mangueiras dos Bombeiros, pois um grande incêndio atacara um depósito de filmes cinematográficos, A ambulância veio, pois houve bombeiros feridos, Ela assistiu a todo o fim do terrível incêndio, do qual fora avisada umas 36 horas antes, "mas, o MEM quis lhe ensinar a "prestar atenção a todo sinal já conhecido", - Vejamos:

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No sábado dia 14, estando no outro extremo da cidade, em nosso Templo particular de Malvin, justamente após forte cerimônia devocional sentiu novamente o tremor dos joelhos e, minutos após, os Bombeiros passavam na rua, Bonita confirmação, quando a gente é capaz de aprender a prestar atenção e a perder as dúvidas!

E, no que se refere a perder o temor à morte, veja Carolei, que dádiva foi brindada à mesma Discípula (duas vezes, aliás): em 22 de agosto de 1950, pela primeira vez, no pequeno Templo do casal Samsaradasa-Samsaradevi, de Montevidéu, Ishma foi "destriplicada" (desdobrada é pouco, no caso!), pois, após certas experiências e cerimônias, procurando sentir a vida de suas células, etc, sentiu-se como "virada pelo avesso" e, logo, via: a seu corpo, sentado em postura de ioga, no chão (como realmente estava); a seu outro centro ou corpo, pleno de luz, ao lado e, ela mesma (consciência) estava à esquerda de ambos, e como a um metro do chão... (devo dizer, Carolei, que na segunda vez, ela ficou separada em quatro: físico, anímico, mental e consciência; sendo que esta última VIA aos outros três corpos, cada um com um aspecto, atitude e sensações totalmente diferentes, Mas, isso é ioga!

H. 13 Avisos sobre uma entrega fracassada...

Em 21 de março de 1950 (uma semana após terminar aquele Jejum de 67 dias), Sádhanâ teve esta visão: (às 21:30hs) - Uma Cruz de Malta prateada, sobre a qual ressaltava um grande e circular quadrante de relógio, preto, cujas agulhas claras marcavam 3 hs e 1 minuto (ou, 15hs, e 1 minuto), - Naquele dia e seguintes, não achamos a que podia se referir, embora essa Cruz seja....'martinista".

Em 31 de março, "viajamos juntos para Buenos Aires (camarote 122, é claro!) e Sádhanâ sonhou que: _ o Discípulo P-263 (não posso dar o nome, porque já é falecido) estava, junto comigo, frente a um espelho, e também com ela, que via que P-263 me oferecia uma casa-chácara, mas que eu esperava outra espécie de entrega, Eu relutava interiormente por achar como resolver tudo melhor".

Já, em 4 de abril, tínhamos um almoço marcado com uma Discípula (P-418), a cujo almoço devia comparecer também o amigo P-263, pois tratava-se de estudar a conveniência de unir as vidas, pelo casamento, desses dois seres, já de certa idade ambos; que Poderiam fazer muito, tanto por uma vida feliz e mutuamente útil, como pela obra. O almoço começou tarde, e, quando abri a boca para tratar do tema, vi, sobre o piano, o relógio da visão: marcava, exatamente: 15 e 1 minuto. E, na minha frente, na parede, estava o símbolo da Cruz de Malta. Mas, como sempre se deve fazer tudo, por dar a oportunidade a todos, tratei do assunto, que ambos acharam bom, pois já faziam estudos e ásana-ioga juntos e havia mútua estima e afeto.

Mas... em 11 de abril, P-263 tinha uma recaída na saúde (a vida fora-lhe salva pelo MEM meses antes, e, portanto ele devia entregar-se...) e, não podendo nem tomar o elevador do nosso hotel, eu desci para atende-lo numa leitaria onde..: me ofereceu sua resolução de "comprar uma casa-chácara, para fazer uma escolinha de ioga, etc... Foi-me difícil sair do assunto, não querendo "ferir" a um homem doente. E, por outra parte, vendo que não era possível fazer nada, pois já em 4 de abril mesmo, Samsaradevi, de Montevidéu tivera e nos comunicara a sua visão de "Duas pessoas examinadas dentro de uma GRANDE MÃO, etc. (arquivos ... ). - E, P-263 voltou à sua ocupação e crença favorita: a técnica só (Asanas. magnetismo, e médicos ...

Então, em 24 de abril, no dia e na hora, exatos, do aniversário de sua última iniciação a um determinado grau da A.M.O. ...caiu morto, dentro de um consultório médico. Sobre essa morte haveria muito mais para dizer, e do que depois aconteceu com ele, “do outro lado”. Mas, deixemos certos Mistérios para os estudantes sérios... e que já VIVEM determinadas cousas!

E se eu quisesse, Carolei, remexer arquivos e citar casos e cousas, não

bastariam dez volumes! O saldo da "A.M.O", foi pois o seguinte: que, como "escola

individual", isto é: para Discípulos isolados, que fazem em casa seus estudos e suas

praticas, e que nos enviam os resultados, para corrigirmos, orientar e enviar novo

material, é de bons resultados. Especialmente agora, que, após a experiência, tão

duramente colhida, resolvemos aqui no Brasil adotar o sistema de: se não

estuda e não envia lições bem feitas, não seremos nós, quem iremos perturbar o

seu comodismo!

Mas, como experiência de vida coletiva, em grupos: a A.M.O. resultou, apesar

das maravilhosas vivências, outorgadas pelos Mestres das diferentes Correntes, um

total fracasso. Os motivos são, tecnicamente, os seguintes:

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a) Se não há fenômeno, muita gente se desinteressa; mas, se os há, então

caem rapidamente na mesma doença que o espiritismo provoca tão facilmente:

consultar a respeito de tudo; perder assim a responsabilidade E a iniciativa; acreditar

em certos fenômenos, não bem verificados, inclusive em fantasias sobre "missões",

sobre reencarnações famosas, que teriam sido e que não condizem: nem com o

saber, nem com a conduta e nem com a entrega dos "interessados".

b) Os "grupos", se devem ser constituídos só por gente bastante, ou muito,

"adiantada", são extremamente raros e difíceis de formar; no entanto, é a única

solução, pois do contrário, e além dos aspectos citados em a, as reuniões - (pós-

reuniões - viram café-party, "mexerico-party", etc., sem - contar as intriguinhas, os

ciumezinhos, etc ...

c) Nunca faltam, como não nos faltou, os "interessados": desde os que vêm,

apenas, procurar apoio social, monetário ou sentimental, até os piores que - como

certo indivíduo - abusam de suas- possibilidades para perverter às moças ingênuas

... ou às casadas que o não são suficientemente! E, assim, destroem não só todo o

trabalho do Instrutor, mas ainda lares, esperanças e, cousa pior ainda: muita gente

bem intencionada, porém fraca de coração ou pouco sagaz, confunde "a religião

com um mau cura", e se desilude: daquilo que nada tem a ver, com um tarado a

mais ou a menos sobre a Terra.

d) As próprias "missões" (no seio de outras instituições, ou junto a Governos,

ou mesmo de divulgação pública) vêem-se rapidamente prejudicadas - quando não

impossibilitadas - pelas palhaçadas ou pelos desatinos ou má conduta, dos que, não

sendo discípulos sérios: isto é: preocupados, fundamental e constantemente pela

parte mais séria, elevada, e pelos meios e esforços por chegar a ela! tomam-se,

senão obstáculos ou pesos-mortos, simples auxiliares sem iniciativa e sem

entusiástica dedicação, muito piores que se fossem auxiliares contratados e

remunerados; pois, destes últimos, poder-se-ia, dentro das praxes comerciais, exigir:

honestidade, pontualidade, eficiência e, suportarem ser advertidos ou admoestados,

quando errassem. Mas, nada disso é possível, com "discípulos não sérios", que no

Instrutor vêem, apenas, uma espécie de professor-servidor (deles), que tem

obrigação de lhes dar atenção, carinho, e de lhes perdoar tudo e sempre,

Alias, como no caso daquele indivíduo a que aludi o problema de: perdão não é

nada fácil de resolver, Pois, os únicos que teriam de perdoá-lo, não se sentem

dispostos a fazê-lo; nem semelhante pessoa é capaz de implorar um perdão. E,

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portanto, o instrutor, que no consenso comum das gentes, é co-responsável, como

um chefe de firma o é pelos empregados, só tem a perder, em ambos os casos: se

não perdoa, possivelmente atua contra seu sentir espiritual; se o faz, provavelmente

dá-lhe - apenas - uma nova oportunidade de prejudicar, à mesma coletividade.

e) Sejam como forem, todos os aspectos já considerados, o fato é que: chega

um momento, como chegou para Sádhanã e para mim, no qual, pela dor acumulada,

pela interior certeza de que nada melhor se pode fazer pelos que estabilizaram por

perto, nem com eles para com terceiros, o desejo de procurar nova oportunidade,

para não estagnar e não morrer - espiritualmente - afogados e asfixiados na

banalidade rotineira do grupo provoca a atenção dos Mestres sobre o caso, E,

geralmente, resolve-se por uma dissolução grupal, ou, pelo egresso dos "Seres-

eixo", como aconteceu quando começamos a Cruzada de Vida Espiritual, cujo

mecanismo veremos agora.

O Muito Excelso Mestre e a CRUZADA DA VIDA ESPIRITUAL. - Com.117 -

Assim como disse, no comentário 116, que não gostaria que Você, Carolei, com

essa tendência geral dos terrestres de ver só ou principalmente, o lado negativo das

cousas, tivesse pensado que na “A.M.O”, a maior parte dos "fenômenos" eram tipo

castigo - e, por isso lhe mostrarei outros muitos -, quero agora tornar a ressaltar

que: as curas e graças mais assombrosas, serão citadas no terceiro volume quando

estudarmos certos ensinamentos do MEM que elucidam o mecanismo das mesmas

das mesmas,

Porém, a parte tais cura, e fenômenos de diferentes modos, dos quais citei

alguns exemplos nas historias vividas havia outras espécies de atividades, na

A.M.O., que convém examinar, por terem sido - também - raízes no visível e no

invisível e no, das futuras formas da mesma Busca - para nós mesmos e para os

que se uniam na vida coletiva, seja de perto ou mais indiretamente - e que tomaram,

como facetas, diferentes rótulos, de acordo com o setor de virtudes humanas que

procuravam desenvolver, assim como aos meios, métodos e coerentes; e, Mestres

que as imantavam, já que suas vidas foram o exemplo das mesmas; assim como a

nossa vida, isto é, a de Sádhanâ e a minha, é a lição que deverão estudar e seguir

os que querem compreender a via múltipla, ou: a experiência nos diferentes setores,

como iremos examinar agora.

E, ainda além das experiências, citadas no livro “yo que...” vividas com Gandhi,

com Mestres Sufis, e outros muitos do Suddha Dharma, da Maitreya Maha Sangah,

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etc..., é preciso perceber que, tanto os Discípulos como nós mesmos, tínhamos

assim enriquecido, e muito, a nossa vivência: intelectual, cerimonial, moral e

espiritual.

E, se ressaltei os dois últimos planos do ser, Carolei, é para deixar bem claro

que, em última análise, a seleção que os: Mestres fazem e a única distinção que o

Muito Excelso MESTRE faz, concerne somente a estes dois setores. Isso deve ser

tomado em conta, para compreender bem isto:

a) Que tudo quanto vou expondo, nesta obra, sobre as atividades que temos

ido promovendo, sucessiva e simultaneamente, o está sendo como eventual

ensinamento, para os que - como sucessores nossos, se algum surgir, agora ou

dentro de muitos anos: ou como simples estudantes que desejem entender as

"etapas" -, comparando e meditando, achem a relação que todos os planos da vida

guardam, e, mais ainda, a importância que tem tal relação, na vida dita iniciática, de

cada ser ou coletividade.

b) E, para que Você possa Carolei, dar a cada "fenômeno" ou circunstância -

que as "Histórias" relatam - a interpretação mais valiosa, isto é: como preparação de

almas, como direção pela superioridade, e como lições práticas sintéticas, isto é:

que abrangem sempre, simultaneamente: funcionamento técnico, circunstâncias que

o permitem, facilitam ou travam; reflexos na coletividade, etc ...

Com. 118 - Nesses aspectos todos, a A.M.O., tinha, no momento em que o

MEM iria nos lançar na “Cruzada", uma seleção de alguns muito dedicados

discípulos. Na Argentina, por exemplo, Solón, Theano e Fidelis, tinham ajudado

poderosamente em muitos aspectos, inclusive em sacrifícios materiais - deles e de

seus amigos - para facilitar a edição inicial de "Yo que...". - Muitos fenômenos

notáveis e experiências; curas e diagnósticos exatos inclusive à distância - bem

como de "identificação" conosco e experiências decorrentes, foram os estímulos que

os recompensaram.

Em Montevidéu - onde ainda atuam, silenciosamente - os componentes de um

casal (que mereceu chegar a ver a São Francisco, mais de uma vez, e receber

exatas orientações dele, sem mediunidades), eram usados como "mensageiros de

comprovação". Por exemplo: se Sádhanâ e eu estávamos recebendo, pela via

intuitiva, determinada orientação, mas que eu, sempre muito analítico e muito lento

para resolver as cousas que têm importância, não aceitava plenamente, ou

rapidamente, uma indicação que "parecia" vir do MEM, e me "plantava" na posição -

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recomendada pelo martinista, - de aguardar confirmação, então, aconteciam cousas

como esta:

H. 14 Simbolismo vivo, Cavalos, Cachorros e Águias

Na "Agenda 1050, da Vida Mística", achamos isto: que, em 2 de junho, eu estava me preocupando sobre as modificações a imprimir ao nosso labor. certas indicações estavam sendo recebidas, mas eu não as considerava suficientes e implorava - não só com preces, mas com contínua preocupação séria, porém quiçá um pouco impaciente - por mais categóricas ordens.

Nesse mesmo dia, veio Samsaradasa, que tinha ordem do MEM, de me trazer com urgência, toda visão apresentada à sua esposa Samsaradevi, a qual, desta vez na sexta-feira 2 de junho, às 23 horas (pág. 154 da Agenda) teve esta vivência:

"Vi ao MEM, de calça listada, paletó preto e com chapéu, que colocava a um cavalo branco entre os varais de uma carroça; logo, colocou ao cavalo preto, porém com muito mais trabalho."

Na mesma Agenda, consta esta minha observação: "Esta é, pois, a reposta aos meus apelos: Não me explica nada, senão que se me indica que é preciso ser mais quieto, mais paciente é mais confiante. - Compreendido, Senhor! Procuraremos sê-la. - Sevânanda".

E, já que estou com a mão na massa, Carolei, vou dar algumas chaves, desta forma de dar indicações: certas, claras, concisas e completas, por meio das visões simbólicas, que os Mestres usam com os Discípulos, como nós também, às vezes, procuramos sub-usar, projetando idéias ou cenas na mente dos que a nós se ligam, Mas, isso é outra história...

Sádhanâ sempre é representada por um cavalo branco (via da pureza, da maior inocência, da entrega menos maculada pela mente, etc ...) Eu, sou sempre representado:

No que se refere ao temperamento e ação: por um cavalo preto, tipo árabe, nervoso, e que vive roendo o freio que as pequenezas da vida, impõem a seu ritmo...

No que se refere aos sentimentos, à alma moral, etc.: por um cachorro, tipo policial, estudando para São Bernardo... enquanto cuida; dos que dele dependem e DO QUE OS MESTRES LHE CONFIARAM...

No que se refere à parte supramental, ideal, etc.: por uma Águia... Então, Carolei, não e preciso Você quebrar a cabeça, para saber o que sou ou deixo de ser, já que o

MEM mesmo, o mostra. Torne a ler yo que..."; veja os clichês da pág. 99 e medite... e verá quanto me falta para Anjo e para ter na parte superior a POMBA... que começa com a real mansidão, e culmina quando O ESPIRITO SANTO envia uma, DAS SUAS, aninhar sobre algum dos Seus Eleitos...

H. 15 Samsaradevi estuda para “cega”

Não seria oportuno, tampouco, Carolei, crer que qualquer um pode, facilmente, chegar a merecer obter e conservar, o dom de receber visões enviadas pelo MEM PHILIPPE, ou mesmo por seus Grandes Ajudantes (Mestres Papus, Cedaior, e outros...), - Samsaradevi, além de praticas, dedicação, etc... passou por diferentes provas, das quais algumas possivelmente se assemelhem, aquelas pelas quais um Chapas e outros, e todos, têm de passar, e sempre, já que cada etapa comporta novas séries: não há curso, por elevado que seja, sem sabatinas! Vejamos uns "casos" da Vidente uruguaia:

1.º) Na época em que havia uma forte oposição ao nosso labor, tanto por parte de ataques externos (toda ação desperta reação proporcional! e de sinal contrário ... ), quanto pelas dificuldades que, sempre, criam os "de dentro" que se não esforçam ou comportam devidamente (que bonito termo!... ), Samsaradevi teve um primeiro teste: Certo dia, enquanto descascava batatas em sua cozinha, ouviu que lhe diziam: "Se não abandonas ao Mestre Sevânanda e seu labor, irás ficar cega ... - Ela meditou bastante: cega, com o marido e três filhos por criar, mais a velhota da mãe! ... e, de repente, ESCOLIHEU: foi para o dormitório, pegou uma echarpe e vedou os olhos, dizendo em prece, diante de seu altarzinho; Então, é bom ir treinando, desde já, trabalhar sem ver, pois não penso em abandonar aos :Mestres! ..., - Sabe, Carolei, que, a contar dessa época, começou a ver com freqüência aqueles símbolos, ou textos EM LETRAS DE FOGO, ou como de gás néon, etc... Mais, Você conhece muita gente, capaz dessa entrega? E por casa, como andamos?

2.º) Certa vez, São Francisco deu-lhe um texto de Oração pela Paz (mundial), com ordem de levá-la, só aos Conventos e Igrejas as quais seria dirigida. - Um dia, saindo do dentista, sentiu que lhe iam indicando, em cada esquina, para onde ir, até que achou-se na porta da Cúria Metropolitana. Embora temendo ser incompreendida, ou mal recebida, cumprimento: entrou, foi atendida por um Sacerdote, que aceitou logo a Prece e, ainda, convidou-a e as suas amigas a irem participar de preces e novenas que pela paz mundial, estavam fazendo. ... Encantada com isso, Samsaradevi saiu e foi caminhando para o seu "ponto" de ônibus. Mas, no caminho, havia outra igreja, de bairro. E sem ter indicação, foi entrando ... quase a botam na rua brutalmente!... Entendeu, pediu perdão, interiormente, e ficou um momento, contemplando a figura do Crucificado e meditando: que dores físicas e outras, suportou por nossa causa! E, desejou ardentemente sentir, uma parte pelo menos, delas, para poder melhorar e ser mais útil. A noite, mãos e pés lhe queimavam; no dia seguinte, seguinte tinha AS CHAGAS, era mais uma estigmatizada (tivemos diversos casos, mas sempre os calamos, pois essas cousas

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são A VIDA SECRETA DOS MISTICOS, não são para propaganda, salvo quando há ordem ou quando o fenômeno se dá. publicamente).

'Trabalhou um par de dias, com dores atrozes, mas procurava fazer o que tinha a fazer. E, em certo momento, ofereceu de todo coração, todas as dores que tinha, ou viesse a ter, em benefício dos que sofriam de mãos e pés, involuntariamente, e com isso tinham problemas de ganha-pão, etc. - Momentos após, as chagas sumiam e as dores também... Entendeu Carolei?

3.º) Quando Samsaradevi estava grávida, da sua quarta criança, já nos últimos meses, era-lhe difícil vir, cada semana, à reunião em nosso Templo, pois o trajeto era mais de uma hora de ônibus, as vezes sem lugar sentado, ou apertada. Mas, disseram-lhe "Para ir as reuniões mística, tens a Proteção do MEM".

Então, vinha; e veio até o último dia, sem nunca haver contratempos. Mas, no último mês estava costurando em sua casa, quando faltou-lhe certo tipo de fazenda. Quis mandar a filhinha maior comprar, a dois quarteirões, rua em declive e um tanto escorregadia. A filha achou que a Mãe poderia ir escolhendo mais fàcilmente e disse: "Mas, Mãezinha, a Senhora viaja tão longe, não pode ir até a loja de fazenda?" - E a Vidente respondeu: "Minha filha, a Proteção que me dão, é para o Labor Místico; na vida diária, o discernimento deve servir para não querermos usar e abusar, para as cousas triviais, daquilo que é sagrado". - Está entendendo, Carolei, porque falo, tantas vezes, em discípulos sérios?

Com. 119 - Assim, Carolei, saímos em Cruzada, Sádhanâ e eu; com o apoio de

alguns muito raros Discípulos sérios, no que ao Grupos ou grupinhos mais

intimamente ligados, se refere. No Brasil e outros lugares, havia muitos Discípulos

externos, religados pelo livro yo que... e pelo "Boletim AMO-PAX", que desde

fevereiro de 1952 nunca deixou de sair, graças à dedicação do grupinho citados dos

Discípulos de Córdoba, sendo a expedição feita em La Plata pelos - então

Discípulos - meu genro e filha, que mais tarde também se afastaram, em

conseqüência dos desatinos daquela pessoa cujo papel parece ter sido, sempre, de

pôr à prova quanto era capaz de agüentar a paciência coletiva, e minha, em matéria

de enganos, morais e materiais. Mas, o MEM certamente lhe perdoou, como eu

também: de alguma cousa temos que morrer, todos, como veremos ao tratar do

falecimento do MEM PHILIPPE!...

A Cruzada, cuja organização material ficou explicada em Yo que... (págs. 331 e

segs.), teve pois por base psicológica, iniciática como certeza de receber sempre a

orientação Superior necessária, esse passado da A.M.O. - Materialmente, a Cruzada

e tudo quanto dela decorreu - foi fruto do esforço de Sádhanâ durante 32 anos, já

que quanto economizara, mais o que foi por nós aumentado até 1953, e invertido na

propriedade de Malvin, serviu para pagar as despesas do Labor, parte da edição do

livro: compra do jipe e da Ermida Rodante, material de Instrução - daquela época –

para discípulos por correspondência, na A.M.O, etc.

Não vou relatar, aqui, as peripécias da Cruzada, Direi, apenas que em parte no

Boletim Amo-Pax (números 1 a 20) até outubro de 1953; em parte nos Arquivos

místicos, existem inúmeras provas da Bondade e direção do MEM PHILIPPE;

indicando-nos quando e como viajar; salvando-nos de perigos graves - para os

veículos ou para nós; alertando-nos sobre pessoas e circunstâncias, etc., Também,

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já falei no prefácio, da quantidade de conferências e atos públicos promovidos. A

semeadura foi grande. Os resultados são muito difíceis de apreciar,

estatisticamente.

Mas, não se deve esquecer que, - como o tenho proclamado tão

reiteradamente nas próprias conferencias - não dou nenhuma especial importância,

ao que nelas exponho; não me creio possuidor de sabedoria rara, duvido mesmo

que alguém - tendo-a - possa expô-la, com proveito, em conferências; sempre disse,

e aqui repito, que o que me interessava, na Cruzada, era que os presentes

pudessem sentir, ver, viver, resolver mudar, etc.

A parte expositiva pareceu-me, sempre, muito secundária. E, neste. sentido,

com a rara exceção de uma pessoa que - na cidade de Campinas, vi tomar

apontamentos consecutivamente, dos quais me enviou mais tarde excertos

selecionados com notável discernimento - bem sei que a maior parte das pessoas,

mesmo com a melhor boa vontade, não consegue reter mais do que 30%, do que

ouve, e isso mesmo, de modo geral, indefinido, ou seja: não com a precisão que

pode permitir uma aplicação metodizada.

A finalidade de toda ação externa, de divulgação e de prédica, visa portanto,

para um místico: informar um pouco, entusiasmar e decidir mais, se possível; para

isso, indispensável torna-se a parte fenomênica que, graças à Proteção do MEM e

de seus Grandes Ajudantes, é abundante quando pomos os pés na rua!

A experiência interior, para nós - Sádhanâ e eu - tem sido, na Cruzada, de ver

o que contêm: os seres atuais, em geral; os que constituem os ambientes

denominados "espiritualistas" ou "religiosos", em particular. - Ver, dentro das ordens

recebidas, que possibilidades havia, há, ou haverá, de relacionar os diferentes

setores, nos aspectos culturais, fraternais e, especialmente, de ação social conjunta,

para “o que vem ai” - ponto que o "Alba Lucis", nos permitirá abordar de mais perto...

A Cruzada, no sentido das pessoas - individualmente consideradas - foi

bastante útil: curas, conversões, soerguimentos morais, etc... de tudo isso houve,

suficientemente para compensar o esforço, físico e moral, desse labor. No sentido

das Instituições, é tema que o Alba Lucis (primeira época do mesmo) sintetizará,

Durante a Cruzada, os Mestres, os Anjos, e outros Seres, que apóiam o labor e as

missões, foram tão freqüentemente vistos, tanto por pessoas que tinham faculdades

mediúnicas! desenvolvidas, como por muitas outras que nunca nada viram, que,

nesse aspecto, a Cruzada foi muito útil, pois deu oportunidade e provas, a inúmeros

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seres. E, não o esqueçamos, a forma em que está escrito "Yo que... outorgando

nomes e endereços, de tantas escolas e instituições iniciáticas, era também - além

do aspecto meramente informativo - uma lição para muitos, mostrando que, não só

procuramos divulgar o que de bom têm todas, como, ainda, quão pouco nos

interessa aumentar o número dos nossos Discípulos.

A Cruzada, também continuou as pequenas missões de ordem social, inclusive

junto a governos que estão no espírito do Alba Lucis, e que, desde 1950 - com a

iniciativa Gandhista no Uruguai - tinham tido início, Na parte Alba Lucis, farei

sintético resumo disso, Toca, então, examinar as suas derivações mais importantes

da própria Cruzada: a fundação do Monastério AMO-PAX e, o Alba Lucis. muito

embora o Alba Lucis tenha surgido primeiro, como semente de mais lenta evolução,

o fato de o Monastério ter-se concretizado antes, e também de ser uma experiência

terminada, para nós, torna aconselhável examiná-lo em primeiro lugar.

O Muito Excelso Mestre e o Monastério AMO-PAX. - Com. 120 - As raízes da

fundação do Monastério, misticamente falando, remontam a época de preparação da

própria Cruzada. Efetivamente, em 9 de maio de 1951, ou seja, muito antes da

Cruzada, quando estávamos visitando em Córdoba (República Argentina), a certos

Discípulos, um dos quais ainda era apenas "candidato" - e nada sabia de nós, no

que a labor interno ou projetos se refere, e a Cruzada ainda não era projeto, nem o

livro estava escrito trouxe-nos a uma Senhora, com quem passou-se isto:

H. 16 - O Guia árabe e sua Vidente

A Senhora O. Gr...i, viúva de um Médico da região, mora nas montanhas das serras cordobenses. Pouco vem à Cidade. - Vive de pequena renda e dedica-se a atender a doentes, por homeopatia. Receita, em parte pelo que aprendera com o marido, em parte pelo que lhe mostra, em visão, um Guia árabe, que responde pelo nome de MUJ HUSSEN. Diz ela, que tal Guia mando-a nos procurar, e mostra-me o seu retrato. Então, vou para o nosso quarto (da casa em que nos hospedaram) e, de lá. trago dois retratos iguais, que me foram dados por pessoas que, também, disseram em Buenos Aires - que esse Guia Sufi, árabe, interessa-se pêlo nosso labor.

A seguir em estado de concentração, mas sem incorporação nem fenômenos sem fenômenos de mediunidade, a Sra. Ofélia passa a ver e ouvir diferentes mestres dos a nos dirigem (e ela desconhece totalmente). Descreve-os, assim como dá os “recados para nós”. – entre 14 assuntos tratados (pág. 130 da agenda 1951 da vida mística), consta o que cito, completando com a parte da Tradição Oral:

Assunto 2º:.. e urge que Sevânanda termine um livro que esta pela metade ... (era exatamente, o caso de "Yo que caminé por el Mundo ... e, mais tarde, ficou provado que devia ter ficado terminado 15 dias antes, o que teria facilitado muitíssimas cousas ... )

Assunto 4.º: Sevânanda e Sádhanâ viajando muito pelos caminhos até os Estados Unidos. (Muito curioso, pois dois anos mais tarde, comprou-se a Casa Rodante e o Jipe, sendo inicialmente projetada como consta do meu livro, até os Estados Unidos, cousa que mudaram posteriormente ... ou por enquanto?)

Assunto 6.º:... e grandes consagrações para Sevânanda (houve-as, do SDM de julho a setembro de 1951, e outras, posteriormente, de outras Correntes) ... e, no fim da visão, colocam sobre a cabeça de Sevânanda uma formosa ROSA BRANCA.. (Isto é, no fim, como símbolo da Corrente do Muito Excelso Mestre ...).

Assunto 7.º: Com tudo isso, Sevânanda semeará uma GRAÇA pelo mundo, porém mais especialmente num pais - e, acrescentou: no qual não se fala espanhol, e no qual pararão bastante tempo ...

Assunto 12.º: Sevânanda irá a uma aldeia, entre altos pinhos, à casa de uma velhinha, receber - e dar mais - forças ... etc.

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Assim, Carolei, sabíamos, antes de começar a Cruzada, que teríamos que

demorar muito, e parar no Brasil. - Ora, se Você reconhece, na aldeia com os altos

pinhos e na casa da senhora idosa, o refugio da Upasika, aonde fomos tomar forças

(esgotadas pelos anos de martírio vividos no monastério ...) e dar forças: começar

nova obra de semeadura, com este livro, que lá foi preparado, então fica fácil ver

que o "assunto 7.º" - que vem bastante antes, era a parada NO Monastério, que a

muitos parecia definitiva, mas que nós, em grande parte por esse "recado" (cujas

outras partes também vão se cumprindo bem!...) sabíamos que não era cousa certa:

pois, tudo sempre pode ser mudado, se os Homens merecem e os Mestres

decidem!...

Então, na Cruzada, sempre fazíamos tudo "como se" tivéssemos que ir até os

Estados Unidos. E, por exemplo, assim viajávamos, ou com calma ou com pressa,

quando o: MEM PHILIPPE, apontava para esta última, como neste caso, cuja

importância convém observar:

H. 17 – A Viagem São Paulo -Resende-Rio, de 27-1-1953

Após terminar em São Paulo, uma estada muito ativa e fecunda da Cruzada, com uma conferência sobre o Mahatma GANDHI, na Biblioteca Municipal, superlotada por 650 pessoas, tendo voltado outras tantas por falta de lugar, preparamos tudo, no dia 27, desmontando barraca, arrumando Ermida e, após recebermos a visita de Discípulos, passarmos a tarde com eles e nos despedirmos deles, fomos nos encontrar, como marcáramos, com o querido "Thoth-50" (um dos poucos Martinistas vivos, no Brasil, ainda iniciados pelo M. Cedaior), velho e fiel amigo, que com seu carro nos encontrou, na parte em que a Rua Brigadeiro Luiz Antônio desemboca perto da Avenida Brasil. Lá estacionáramos o jipe, engatado na Ermida.

E, no carro de "Thoth-59" (um dos Diretores do Laboratório Paulista de Biologia...), estávamos comendo sanduíches e palestrando afetuosamente, quando, às 20 hs e 55 o Muito Excelso MESTRE disse a Sádhanâ, que nos ia traduzindo o que, mentalmente, recebia: "Peguem a Estrada do Rio e sigam toda a noite. Existe perigo num ponto que deve ser passado antes da meia-noite. Não temam, a Mão do MESTRE está sempre sobre

Vós"... É claro que "engolimos" alimentos e despedidas, e - com Thoth que veio até a Ponte das Bandeiras,

saímos logo e fomos com "toda a velocidade" que a Ermida permite, quando o asfalto tem subidas e descidas: reduzida em 3º', ou seja: máxima de 23 e media de 17 a 18. - Depois da meia-noite, já começando a chover compreendemos o perigo: se a chuva nos pegasse antes, sendo a Presidente Dutra ainda nova, havia muitos lugares nos qual o barro vermelho tomava conta e a Ermida escorrega muito facilmente, não podendo mesmo descer rampas em tais condições.

As 3 e meia da manhã, os olhos não querendo mais obedecer, pois estávamos em pé desde a manhã cedo, dormimos, do lado direito fora da estrada, em Roseira (bonito nome Rosa-cruz...) e, no dia 28 - quarta-feira, às 7 h e 25 nos púnhamos em marcha, entrando às 11 :15 no Estado do Rio e chegando, diretamente na Academia Militar das Agulhas Negras, às 12 :30, à procura do Cel. Moacyr Uchôa, célebre pelas suas investigações metapsíquicas e pelas materializações de até 3 fantasmas ao mesmo tempo, verificadas por centenas de pessoas que mantivera, anos antes, na sua residência de Resende.

Note-se que, se não chegássemos nesse dia, a essa hora, todo o resto seria diferente, pois às 14 horas, estouraram granadas na Escola, matando um Cadete e transtornando todos os horários, etc., como é natural. Mas, já tínhamos falado com o Coronel, e, por seu intermédio, com o querido "Antônio Delfino e sua distinta esposa, que, num futuro próximo, iriam ser os AGENTES do Invisível, para promover, EM RESENDE, "a experiência Monástica". Aliás, nesse mesmo dia, fizemos em Resende - no Colégio Rosa-cruz, presidido por A. Delfino - uma palestra, das 21 às 23, com 83 presentes. E, no dia seguinte, às 10 da manhã, acompanhados pela Reportagem de "O CRUZEIRO", que viera "nos descobrir" em Resende, seguimos rumo no Rio, onde, no Aniversário de Gandhi deveríamos iniciar outra etapa de vida. Antes, porém, recebíamos em "Trevo Viúva Graça" (km: 47) onde estacionamos naquela noite, um aviso dos Mestres "de não ir para o Norte do País, até segunda ordem". - Ordem que, até hoje, ainda não chegou, e, de fato, nunca cristalizou-se nenhum dos convites

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que, daquela zona recebemos... E, como daquela mesma Mensagem consta que "o Rio fica na Vanguarda" sempre temos considerado aquela latitude como limite, pelo menos até não haver novos elementos de juízo.

Se acrescentarmos a isso, Carolei, que em Belo Horizonte, NO DOMINGO DE

PASCOA (e já sabemos quão querido e esse dia, para o MEM!) ou seja em 5 de

abril - após três dias de jejum e de silêncio (como consta do Diário de Viagem

arquivado) - recebemos misticamente avisos do MEM, relativo ao assunto "Ashram-

Colônia", do qual constavam, entre outros, estes conceitos: " ... o Ponto Central da

AMO será no Brasil - O Ponto Central será no Brasil - Ele mesmo (O MEM)

escolherá o lugar. Não preocupar-se com isso – Far-se-á todo necessário para

propagar a AMO. – O apoio será tão notável, que não ficara nenhuma dúvida – Será

um trabalho gigantesco, mas, para o futuro, uma base firme, etc..."

E, Carolei, após dois meses de acampamento no carinhoso "Abrigo Jesus",

voltando ao Rio, onde acampamos na Rua Ibituruna, como hóspedes da "Casa da

Mãe Pobre", lá mesmo foram feitos os Estatutos do futuro Monastério. E, conforme o

prometido pelo: MEM, "o apoio foi tão notável" que tudo "voava": o Delfino achou um

terreno otimamente situado; um casal, dono, que o vendeu em condições magníficas

e, mais tarde, doou a metade da dívida; os "cooperadores" também choviam e houve

dinheiro e facilidade até demais, pois os primeiros dois anos, os Residentes

acostumaram-se mal. Mas, vamos deixar de lado os pormenores que poderiam

caracterizar a A ou a B pessoa.

Não é isso, o que interessa. Sim, interessa, é "desmontar" a experiência, para

procurar extrair dela, tudo quanto possa ser útil aos estudantes presentes, e futuros.

Premonições, Previsões e Precauções do Cachorro. - Prevendo, por conhecer

um pouco a natureza humana, que a experiência qualificada pelo MEM de “trabalho

gigantesco”; - não iria ser fácil; as primeiras precauções que tomei, para preparar "o

terreno da experiência", foram: a) Dar, a cada setor do labor, uma Personalidade

Jurídica e organizações autônomas; b) Dar, ao futuro "Monastério"; "bases", ou seja:

Estatutos, que, não implicando nenhuma finalidade espiritual definida, lhe

permitissem: tanto servir de berço, cadinho e hospedagem, para quantos tipos de

organizações, lá quisessem se alojar; como, também, subsistir até em caráter de

simples colônia fraternista, humanitária ou, simplesmente, naturista ou cousa que o

valha.

Feito isso, dispusemo-nos a criar, ritualisticamente, isto é: lançar misticamente,

as bases astrais e espirituais do Monastério. Como isso foi feito, consta do Álbum do

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Monastério, e também das "Práticas n. 1" do Suddha Dharma Mandalam. - Em

resumo era: numa hora marcada, astrologicamente, fazer uma cerimônia,

depositando sob o pilar inicial do futuro Templo, certos documentos, etc.

E, cousa até hoje não divulgada a não ser, a contados íntimos, nessa mesma

madrugada, da noite de 19 para 20 de novembro, de 1953, ao vir tomar posse das

terras Em Nome do MEM AMO (já que o Monastério iria chamar-se Amo-Pax, como

usaram sempre a Cruzada e a Associação Mística Ocidental), deram-se três fatos

que, para um kabbalista, eram eloqüentes: a pessoa encarregada de fazer, antes de

a caravana chegar, a cova para depositar os objetos sagrados, estava calmamente

dormindo; outra que ocultava certo aspecto de sua vida, teve que vomitar durante a

cerimônia, pondo assim à luz uma gravidez dissimulada; e, finalmente, outra pessoa

mais, perdia as solas "de umas botas de opereta" que outra determinada pessoa,

não presente, lhe dera para trabalhar ali. A preguiça, a hipocrisia e a palhaçada, já

tinham assomado a ponta da orelha, - E, Sádhanâ e eu, já tínhamos o gosto amargo

na boca, antes de seguir mastigando o que, durante quatro anos e meio iríamos

deglutir, minuto a minuto...

Chegou o momento de perguntar, e de responder, isto: mas, que é, o que iria

se intentar fazer, naquele lugar?

Vamos estudar isso, pois reputo-o de elevado interesse místico.

Monastério Essênio e de Sarva Ioga. Com. 121 Para não ser

excessivamente longo, Carolei, procurarei expor este tema, abordando seus

diferentes aspectos: Raízes (origens conjugadas); Doutrina a aplicar (experiências a

viver); Como se procurou fazê-lo; Fatores negativos e fracassos; Fatores positivos e

resultados; O que é dado esperar, e o que falta viver...

Com relação aos Instrutores: Um instrutor espiritual, só merece tal nome, se

tem alguma realização. Tal palavra sintetiza três setores, que são: um saber

doutrinário, do qual a característica deve ser uma exatidão - de base tradicional -, e

uma oportunidade - de base de adaptação, nascida da experiência e da observação;

Um valor moral, evidenciado pela dedicação, pela concordância entre o

predicado e a vivência: pela capacidade e decisão de se sacrificar, física e

psiquicamente, na tarefa de procurar dar e transmitir;

Um poder espiritual, corroborado por eventuais - pequenos ou grandes -

poderes fenomênicos (cuja modalidade varia conforme o raio e talhe do instrutor), e,

muito notadamente, pela possibilidade de perceber e orientar, sobre assuntos que

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abrangem: desde as dificuldades de compreensão doutrinária, ou de problemas

físicos, morais ou psíquicos; como - ainda e especialmente - de orientação espiritual

dos discípulos, à medida que estes vão necessitando, e merecendo, tais modos de

assistência (mais adiante, veremos quais as condições que os ditos Discípulos

devem reunir, para isso).

Ora, Sádhanâ e eu - e falarei mais de mim, já que ela trabalha numa

modalidade muito menos perceptível, por motivos que surgirão nestas páginas... -

tínhamos trazido para “a experiência Monastério" as bases que vamos examinar:

O "momento interior" das tentativas grupais: Por motivos que se

compreenderão mais profundamente, ao estudarmos - no 3.º e 4.º volumes - os

Ensinamentos do MEM, mas que devo abordar aqui nas grandes linhas que eu tinha

ensinado - e procurado viver - desde muitos anos, era causa evidente, para mim e

para alguns dos que me seguiam, que todo Instrutor chega, em determinada altura

de sua carreira, a ter o desejo e a necessidade (procurar certa frase sobre o desejo,

em H. 5 ... ), de agrupar em torno de si, aos que parecem mostrar: mais afinidade e

maior aspiração. Dos Discípulos de Buda aos de Jesus, e aos que se agrupam em

torno a todo Santo, Asceta ou Mestre, o processo é, analogicamente o mesmo.

Variam os modos e os talhes, do "Ser-eixo" e dos que, com ele vão girar, ao

procurarem dar o passo que os retira, do círculo externo, para o intermédio.

Há - e necessário é haver - motivos de atração: afetiva, moral, mental, psíquica

e - se possível - espiritual. Geralmente predominam - feliz e infelizmente - os:

afetivos, porém maculados pela paixão ou, pelo menos pelo carinho possessivo e

egoísta dos humanos; e, os mentais, porém limitados à ambição de obter

informações, "roubar" segredos, e tudo quanto pode resumir-se em "obter", sem dar;

conseguir, sem entregar-se.

Com tais condições é que devem contar: tanto os que formam os "Ashrans" no

Oriente, quanto os que fundam Mosteiros no Ocidente. E, basta, por exemplo, ver o

que escreve - com notável franqueza o grande Ouspensky, quando, apesar de ser o

mais apto para compreender a Gurdjieff, e o mais seriamente interessado dos que

rodeavam aquele Instrutor da Via Mental N. 110, sobre as razões que o impediram de

N. 110 - "... Pelo contrário, todo o trabalho consiste em fazer o que o Mestre indica, conformando-se com as

sua idéias, mesmo quando não as expressa claramente; trata-se de ajudá-lo em tudo quanto faz. E, não pode haver outra atitude. E, Gurdjieff no-lo dissera muitas vezes! o mais importante, no trabalho (espiritual) é lembrar que a gente veio para aprender, e não para outra cousa .. , Se, por conseguinte, após três anos de trabalho, eu percebia que Gurdjieff estava, na realidade, nos conduzindo para o monastério, e que iria exigir de nós,

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participar da "experiência Monastério", que Gurdjieff iniciou na Rússia, montou em

Paris e... teve que abandonar.

No plano espiritual, como veremos ao falar dos Anjos e Egrégoros (anjos

criados, em parte, pela associação de Vontades, e Aspirações, e Devoções,

Humanas, com uma Potência Espiritual), há sempre um elevado interesse - "falta de

mão-de-obra especializada" - em criar "grupos egregóricos, conscientes de tal

função". Isso é muito difícil, Pois exige: saber, querer, e entrega. Quem estudar bem

as "Orações do Monastério" - e comentários às mesmas, que incluem - verá como

se procurou dar, aos que lá vinha residir, a contínua oportunidade de unificar:

doutrina, vida diária e inferior. Nisso, consistia, basicamente, a "experiência

Monastério”.

E, antes de passar a examinar as modalidades diferentes, que no Monastério

coexistiam, para dar a oportunidade das duas Vias: a Mental e a Cardíaca; vejamos

as condições e oportunidades comuns a ambas, e que o mesmo Monastério

brindava:

a) trabalho manual: sem o qual, além das necessidades a que o mesmo

responde, na vida dos seres, não poderia haver equilíbrio físico; nem moral, e nem

psíquico. Aliás, a preguiça física é um dos venenos, que mais trabalho tem dado

vencer, presente em toda vida grupal, seja no Ocidente ou no Oriente. Porém, neste

aspecto, o Monastério representou uma série de trunfos, e outra de erros. A parte

boa é que nesse terreno, ressalvando algumas exceções circunstanciais, pode-se

dizer que todos: residentes antigos, ou mais novos, ou - e até - os próprios

visitantes, sempre trabalharam fisicamente muito.

Até repito que, um dos erros, nossos ou, se preferem: meu, possivelmente foi,

de não diminuir mais tal trabalho, cousa que intentei mais fortemente nos últimos

tempos. Porém, por outro lado, quando se vê, que as atividade; superiores não

estão sendo ardentemente cultivadas, um bom-senso de equilíbrio pede que se

continue a manter ocupados: corpos e mentes, se a alma não trabalha bastante.

Outro problema era o da "disciplina". É um problema de raízes espirituais muito

mais profundas, do que julgam possivelmente muitas pessoas. Devemos meditar,

parece-me, nos dois termos que citei já, quando falamos em Barlet e na minha

doravante, a observância de todas (as condições de seu método)... era motivo para ir-me até arriscando assim perder a sua direção imediata..." ("Fragments d'un enseignement inconnu", pág. 319 e segs.).

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projetada "Metodologia Oculta". Espontaneidade e Inércia. - Levando os termos, à

realidade fenomênica que representam, chega-se à conclusão que uma série,

espiritual ou espiritualizante é: Yin, Espontaneidade, Expansão, Aspiração e, tem por

condição e conseqüência: a LIBERDADE.

A outra série: Yang, Inércia ou Constrição, Disciplina pela Obrigação (na falta

de aspiração, é claro) e, portanto, tende a privar citada liberdade.

Outro problema era o da hipocrisia, por um lado; e - também o de procurar se

demonstrar se podiam viver, juntos, homens e mulheres, não somente sem

irregularidades sexuais, mas, também, sem que isso trouxesse: desavenças de

ordem social entre as "famílias" já constituídas, nem problemas de ordem pessoal

para aqueles que, já casados ou ainda não, procurassem seguir a via ióguica de

certo tipo (pois nem todas têm tal exigência), que inclui a continência.

A forma escolhida, para experiência, foi a seguinte: pela manhã, nos primeiros

tempos do Monastério, dava-se no desjejum um tema de meditação (geralmente

sobre uma virtude ou vicio, para cada um se analisar e situar, em função disso),

cujos resultados deviam ser dados, no almoço, por cada pessoa, o que equivalia,

simultaneamente: a um labor interior durante o labor manual; e, ainda, ao esforço de

formular claramente o meditado, assim como a confessar em comum o vivido,

mostrando-se como se é.

Com exceção de, quem hoje é, Swami Sarvânanda, devo dizer que quase

todos, os residentes iniciais, procuraram mais ocultar sua vida interior e problemas

decorrentes. Então, como contra-experiência, deu-se o tema de meditação, sobre

assuntos mais gerais e transcendentais, e deixou-se de exigir os resultados.

Quando, esporadicamente, perguntava-se, a verificação pouco alentadora era: uma

ou outra consideração superficial ou, mais geralmente, a confissão - com mau humor

por ser colhido em falha - de não ter meditado, ou... até de ignorou totalmente qual

fora o tema dado. Como se vê, a via mental, não poderia esperar muitos

resultados...

Quanto à vivência coletiva, ficou evidente que: os casais não desistem da sua

preferência pelos próprios filhos e que, com o andar do tempo, isso torna a vida

coletiva minada de pequenos problemas, de índole puramente "caseira", mas que

criam até pequenos vulcões, nada oportunos para "tentativas egregóricas",

E, antes de passar a examinar o que, realmente, se quis experimentar e não se

obteve, muna e noutra via, devo deixar bem claro que, no que se refere ao fracasso

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do Monastério, e à não obtenção do que fora intentado, creio sinceramente que a

maior parte da culpa me deve ser atribuída, pela razão básica seguinte: cada um só

traz, realmente, aquilo que lhe interessa, profundamente, se entregue à liberdade e

iniciativa.

A tentativa de permitir, a pessoas que não tinham uma aspiração ardente,

procurar viverem essa experiência, era, evidentemente, ilusória. Mas, com ela,

temos lucrado todos, já que (assim o espero) - cada um deu-se conta do que é, do

que realmente deseja e também, de quais são os fatores, pessoais e grupais, que

lhe dificultam tal ou qual altura de resultados, seja qual for A VIA ESCOLHIDA.

E, antes de ir para a parte transcendental ou profunda, dessas Vias, direi

algumas palavras sobre o que, de positivo e útil se obteve do monastério, até a

época em que nos retiramos de lá:

Em primeiro lugar, e por cima de todos os outros aspectos: a experiência, já

que, muito embora certas pessoas não gostem do termo, é o único que nos dá:

saber e virtude. E o que nos faz passar, muito lentamente é certo: do papagaio que,

conversa fiado, ou imitativamente, para a águia que buscava verdades elevadas, e,

bem mais tarde, para pomba que as vive com amor espontâneo...

Em segundo lugar, não esqueçamos que cada pessoa é, por uma Lei moral

inquebrantável no mundo, beneficiada por cada boa intenção, palavra, gesto ou ato

que vive. E que, quanto mais desinteressada e idealmente o faz, mais valor tem e

transfere isso, para ela e para a coletividade humana. Ora, nesse sentido, o

Monastério tem sido muitíssimo útil; centenas de pessoas têm contribuído

monetariamente, para a sua fundação e manutenção, por ideal, para que outros

pudessem lá: viver e exemplificar, o que os dadivosos mantinham! Muita gente - e,

notadamente, muitos estrangeiros receberam, no Monastério, a notável lição da

generosidade - material e moral - do povo brasileiro, que tanto doou para essa obra

e que, em certos casos chegava a perdoar, tão facilmente: que não remetessem um

livro, cujo valor fora entregue a uma pessoa viajando sob a túnica do Monastério,

como as "fantasias" de quem procurara parecer conhecer as ervas pelo tacto, ou

que simulava ser a reencarnação do "ex-irmão" do atual marido." de uma senhora

que lhe interessaria como ... pretensa "ex-esposa" de outra encarnação!

Não sei, Carolei, se Você pensa que é fácil, para um Instrutor, saber e ver tudo

isso, e continuar procurar governar e oriental aos de dentro, e aos de fora, com o

mínimo de atritos possíveis, sem por isso deixar que a verdade, ou a moral, sofram

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reais acidentes. Se Você pensa isso... desejo-lhe que nunca chegue a instrutor já

que, assim como não se pode fechar o comércio, por que alguns comerciantes

roubam no peso, ou no preço; nem as igrejas - do Oriente ou do Ocidente - porque

alguns clérigos não vivem o que seu Credo representa; assim também, não é

possível evitar: nem os médiuns que simulam (e, felizmente, são poucos!), nem os

estudantes de esoterismo, ocidental ou Oriental, que, preferindo os fenômenos e as

ilusões a realidade, ou a, superação moral, pouco conseguem, numa ou na outra,

das duas Vias. Mas, como tantas vezes o disse, todos devemos ter sido: ladrão ou

canibal, meretriz (que é uma função de sacrifício social ...), e muitas outras cousas ...

de modo que: não é julgando aos outros severamente, que progrediremos!...

A Via Mental de Sarva Ioga. Com. 122 Na 6.º Lição de Sarva Ioga, tal

assunto está bastante bem exposto. Os que as compararem com as outras

Instruções da A.M.O. N.111, dar-se-ão conta que: a doutrina, a experiência prática, e

os métodos de preparação, que são oferecidos aos Discípulos externos também,

mas que os residentes no Monastério, que escolhessem tal via, deveriam aplicar

mais intensamente e com mais rápido ritmo, compõem-se do seguinte:

1) Método Sarva de recuperação: física, de equilíbrio glandular e, mais tarde,

percepção do ser etérico próprio, e rudimento do manejar do mesmo (sistema

extraído por mim, após estudo e prática de hatha, prâna, mantras e karma-iogas,

fazendo, como bom martinista, uma eliminação de todo o bagaço, acumulado nos

séculos, em tudo isso...). Para citar um exemplo, a Monja Perseverante (que já anda

perto do terceiro ano de silencio, agora) chegou a fazer mais de seis mil repetições

de mantras (orações jaculatórias conscientes e intensas) enquanto trabalhava

manualmente; ela e outros tiveram bonitas experiências, nesse sentido.

2) Análise profunda, freqüente e sincera de si mesmo (e nisso está a oposição

com a outra Via, por motivos que veremos adiante) até situar e reconhecer os

"Joõeszinhos" que compõem a nossa personalidade: instável e complexa, que não

tem: nem unidade nem coerência. Esta parte Sarva e uma simbiose de: teorias e

N.111 - As "Instruções da A.M.O" que os Discípulos recebem, nas condições já citadas: sucessivamente,

após o exame e aprovação de cada lição, incluem quatro Disciplinas, que, resumidamente, são: 1) - Meditações místicas, de ioga espiritual, para atualizar seu passado, no aspecto do psiquismo

superior. Provém do Suddha Dharma Mandalam, e, em certa cultura, convergem na Sarva Ioga. 2) - Probacionistas: instruções sortidas, de conduta e compreensão. 3) - Martinistas: nada que ver com o fato de pertencer, ou não, à ORDEM MARTINISTA, pois estas

instruções são, apenas, uma adaptação resumida, da doutrina sintética, e de algumas cousas práticas, Como magnetismo, etc... aplicativas.

4) - Sarva Ioga: Começa com ioga física, segue com a etérica, moral e mental, visando chegar à parte supramental, que muito poucos alcançam.

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experiências pessoais, com as de Gurdjieff. É claro que, para viver esta parte,

precisa-se uma coragem e perseverança muito grandes; uma sinceridade, para com

o Instrutor, e para consigo mesmo, total. É por isso, que, somente o atual Swami

Sarvânanda (cuja vida física, moral, mental, anímica, sexual, psíquica e espiritual

era espontaneamente apresentada, a mim, por ele) chegou a certos resultados

nessa Via, seguido pelo casal Peregrino-Peregrina, com a mesma sinceridade,

porem com menos continuidade, o que explica a diferença de resultados. Porém, um

casal com filhos, não tem a liberdade nem facilidade, para esta via, que tem um

solteiro introvertido. Daí que, para todos eles, a mudança de épocas seja na própria

Via Sarva, uma experiência de elevado valor. E se cito o caso deles é por ser um

exemplo a meditar.

3 )Minha doutrina – com alicerce firme na experiência pessoal – é, que não

somente temos em nos um arquivo de imagens,isto é:que a memória é, realmente,

um arquivo de negativos fotográficos, que se projetam em positivo, superposto em

cada momento de consciência, quando a luz da emoção (e pouco importa o nível de

estimulo) assim o permite; como também temos em nós, um arquivo analogicamente

dispostos, de todas as nossas encarnações.

Ora, Carolei, para revelar - no sentido fotográfico do termo, inclusive -, tais

imagens, basta reunir as condições necessárias. Uma delas, a essencial, aliás, é

levar a luz até os clichês arquivados.

Há dois métodos. Deixaremos o que corresponde a via Cardíaca, para depois.

Na Via Mental - e pelo método Sarva -, a meta não era evocar as imagens, para

poder ver - como um filme -, cenas do passado, o que não interessa senão aos

iludidos e pretensiosos. A meta real é: poder atualizar conhecimentos e

possibilidades, já cultivadas antes. De certo modo, cada um de nós tem isso,

involuntariamente, e o processo se move, devagar, para frente, através da vida.

Lembra a definição de milagre, que dei antes, Carolei?

Pois, o Sarva Iogue iria procurar aplicar isso, a si mesmo. E, se você quer olhar

a página 205 do primeiro volume, naquele discurso de Cagliostro, aos "de alma vã e

tão curiosa", verá que ele disse:

"...e, se mergulho no meu pensamento remontando o curso das idades, se

estendo o meu espírito para um modo de existência afastado daquele que

percebeis, tornei-me aquele que desejo ... "

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http://amopax.org 244

Assim também, Carolei, é possível "tornar a ser", voluntária e conscientemente,

por momentos quando necessário, por períodos mais longos se indispensável,

aquele que a gente já foi, o que, se bem meditado, equivale a retomar determinada

experiência, com as características específicas daquela oportunidade. Eu o tenho

vivido, antes do Monastério, e nele, e agora também. E procurava despertar esse

poder, nos que seguem a Via Mental Sarva. Aliás, não creio que a etapa de Satori

Zen, a busca de qual o rosto que tínhamos no começo, e antes do começo, seja

possível, sem passar (e: passar não significa chegar, nem ficar, nem estagnar,

nisso) por essas experiências. Pelo menos, essa é a minha experiência...

E, para terminar esse assunto, lembremos que - como está dito na "Segunda

Instrução de Probacionista: “...não somos ainda bons cristãos, porque nunca

chegamos a ser bons budistas, bons vedantinos ou bons "qualquer" outra

modalidade espiritual relativa... - que tivemos oportunidade de cultivar antes, é claro.

Daí a minha convicção pessoal de que, conscientes ou não do fato, retomamos,

evidentemente, o "Passado" e que, na via mental (sarvamente, ou não, cultivada

como método, pois isso é adaptação, apenas), podia-se procurar tal atualização por

trabalho interior profundo, e constante.

E, finalmente Carolei, chegamos à diferença mais essencial, a meu ver, entre

essas duas Vias, que o Monastério queria brindar, para escolha dos "interessados":

A via Mental é árdua, é seca, é dura. Tem por ciladas: o egocentrismo, e

(mesmo que não se use a Magia, que é cilada da parte ocidental dessa via e que dá

o orgulho), o narcisismo resultante. E claro que só quem pensa apenas em si, pode

conseguir o objetivo ioguístico: realizar-se, primeiro, antes de pretender ajudar a

outrem; realizar a Deus, ou à Verdade, antes de querer mostrar a senda a terceiros,

etc ...

Mas, até a condição de ingresso real, nessa Via, é bem diferente da outra. Na

via de Ioga, na via mental do Oriente, só se entra pelo nojo. Nojo de si mesmo

(imperfeição); nojo da vida externa tão vazia e banal; nojo da ação, individual e

coletiva, com suas pretensões, ilusões e fracassos; suas hipocrisias e suas sujeiras.

Mesmo grandes seres, grandes Gurus, e até o maior de todos os contemporâneos

dessa Via, Sri Aurobindo Gosh, concordam com isso. Ele mesmo disse: "...um

simples descontentamento agitado, da vida comum, não é preparação suficiente

para a nossa ioga. Um apelo interior positivo, uma forte vontade e uma grande

estabilidade, são necessários para triunfar na vida espiritual" ... (Guia da Ioga).

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É por isso, Carolei, que todas as vivências - algumas magníficas, que alguns

residentes - e eu mesmo - pudemos viver na hora das medições coletivas, quando

houve épocas dedicadas ao estudo e prática de doutrinas e métodos - por exemplo:

de Vivekananda, de Gurdjieff, de Aurobindo ou de Budismo Zen... diluíam-se, pela

incoerência com a vida diária, nos mexericos, ou na gula, ou nas indiferenças e

animismos alternados, dos residentes.

Bastaria citar o caso de uma pessoa que, não obstante vivências psíquicas

(não confundir com espirituais), de tipo devocional, e que acreditava ter "vocação",

para a via de silêncio, calma e percepção supramental (tipo via Aurobindo), oferecia

a curiosa contradição de não tolerar a menor indicação, de "merecer" que eu a

condecorasse como "Presidenta do Clube dos Mexericos" e, que, não o bastante ser

advertido duas vezes por um Siddha (grande ser ióguico) e uma vez por mim, no

sentido de cuidar da sua garganta... teve que ser operada dessa parte do corpo. - É

bom notar que há um ensinamento, martinista, que diz que todos sofrem das partes

que erramos, ou pecamos. Mais tarde, o ensinamento do MEM PHILIPPE, sobre

responsabilidade celular, irá nos esclarecer o caso.

E, para terminar com a "VIA MENTAL", na forma em que foi cultivada lá,

examinaremos algumas de suas derivações possíveis:

Á Igreja Expectante: Não se pode chamá-la de "mental", somente, já que

descansa, fundamentalmente (como cerimonial) sobre o culto aos Anjos, assim

como em ensinamentos que são nitidamente gnósticos de raiz, como se pode ver

em suas bases Rituais N.112, - Sendo contrario ao espírito desta Igreja, fazer

proselitismo ativo, não me estenderei sobre a mesma, dizendo apenas que: assim

como víramos: que o Martinismo tinha dotado e reconhecido, na Europa, a Igreja

Gnóstica como mais apropriada para seus membro, assim foi julgado oportuno que,

especialmente aqueles que se ligam ao ideal predicado pelo Mestre Cedaior, sobre

a "Nova Era" e "Sexta Raça", etc .. , tivessem a possibilidade de viver a parte

religiosa, o sentir devocional, de tal ideal, por meio da Igreja Expectante. E possível,

e assim o espero, que surja um dia uma pessoa homem ou mulher - capaz de

assumir o Patriarcado, ou o Matriarcado, de tal Igreja... Por agora, vemos na figura

respectiva que, o laço com a Via Mental Sarva (integral) está evidente na Estola que,

N.112 Sobre a Igreja Expectante, à parte suas publicações para distribuição gratuita, como certos

ensinamentos sobre o Pai Nosso, achar-se-ão informações mais completas em "Bases e Rituais" (para fiéis e o público em geral) e nas "Instruções Sacerdotais" destinadas à sua Jerarquia.

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além do símbolo Expectante colocado sobre a nuca do Sacerdote (ponto de ingresso

dos clichês...), e da Rosa crística (ombro direito), traz o Loto budista (ombro

esquerdo) e, na frente, ainda tem: o símbolo taoísta-budista do Yin-Yang; o da Igreja

Brahmânica oculta; e, o que unifica o símbolo Lamaísta da Swastika, com o duplo

triângulo do laço entre dois mundos: divino e astral; ou astral e físico... - Do outro

lado: o monograma de Cristo, ou Lábaro de Constantino, ou selo do Verbo (repetido

na garganta), debaixo, o símbolo Sufi, do coração com asas... e a Cruz Egípcia de

Ísis, a Divina Providência sob certo aspecto. No Colar patriarcal, constituído pelos 32

Tulasi grossos, oriundo do Tibete, e as 76 pérolas de sândalo, pende a Cruz

Expectante, feita pela união (macla, seria melhor) da Cruz com o OM, e do Bindu

com o Triângulo de todas as Trindades.

Fig 37

Pág. 230

F. 28 – Sevânanda, Patriarca da Igreja Expectante

(Foto Studio Nicolas, Rio)

“...Meu nome é o da minha função e o escolho, assim como a minha função, porque sou livre: meu país é aquele onde fica momentaneamente os meus passos...” – (Palavras de Cagliostro e minhas...)

F. 29 Sentado em “Sarva-mudra”, o Swami Sarvânanda está para começar no Instituto de Educação

do Paraná, em Curitiba, uma de suas demonstrações de Sarva Ioga, que foi precedida de um comentário nosso. Sádhanâ, como sempre, observa o público e... ora. (Fotografias de J. Kalkbrenner Filho, numa reportagem de página inteira, no Diário do Paraná, de 17 de março de 1957, tiradas na própria conferência e otimamente comentada pelo Jornalista Luís Rando.)

O que fica dito deve bastar para fazer compreender, tanto o que fui exposto,

sobre Sarva Ioga, como o que nos falta expor, deste tema, "mental".

O instituto juvenil de Ioga - Swami Sarvânanda, e sua esposa Daya, já que os

"Sarva Swamis" podem, à vontade, escolher entre a vida celibatária, e a da vida

matrimonial, resolveram intentar a função de um Instituto no qual, com base na

Sarva Ioga, bem como nos métodos mais amplos de pedagogia, isso é, com o

Fig 38 – F. 29

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http://amopax.org 247

menor condicionamento possível, se procurasse educar a crianças, que podiam

provir de duas fontes: ou "adotadas" pelo Instituto (e nos conta que, até esta data, já

têm umas três ou quatro lá, nestas condições), ou como a primeira criança do

casalzinho, "concebida" em especiais condições, de acordo com a doutrina do

Mestre Cedaior. É uma experiência múltipla, pois: sobre observações relativas à pré-

determinação de sexo e tendências, e sobre possibilidade - limitada ou ampla - de

recuperar moralmente a crianças, cujo tema natalício (astrológico) explica que: alem

de serem abandonadas ou doadas pelos pais, trazem, geralmente, tendências muito

contraditórias. É um labor muito difícil e uma experiência muito complexa. Nada mais

podemos comentar, sobre tal tentativa, a não ser isto ainda: que, não somente tem

merecido amplo apoio, por parte de muitos de seus "Cooperadores" (somente um

deles, o querido Thyagadasa - Rafael Tucci, dono da Cantina Cápri, no Rio, deve ter

investido lá, além de muita dor de cabeça, mais de cem mil cruzeiros no Pavilhão

"Rafael" e no da cozinha do citado Instituto). Por outra parte, nas suas viagens a

Vitória, Recife, etc., sabemos que o jovem Swami Sarvânanda tem obtido ampla

atenção, tal como sucedera no Paraná, quando lá estivera em nossa companhia,

recordação que fica ilustrada pela fotografia junto.

A Ordem dos Sarva Swamis. - Fundada por três membros (eu, Sádhanâ e o

citado Swami Sarvânanda) cabe, agora a ele - Sarvânanda - a total e independente

direção da mesma. Se os Deuses me permitirem escrever o projetado "Tratado de

Sarva Ioga", fá-lo-ei, muito comodamente, como um dos Monges: da Ordem...

Terminando com o tema, não desejaria Carolei, deixar de lhe brindar alguma

parte mística da mesma. Não disponho da possibilidade - e nem aqui é o lugar

apropriado - de mostrar muito dos notáveis símbolos instrutivos, recebidos em visão

- sobre a compreensão Sarva de muitas cousas. Mas, vou procurar lhe dar uma

idéia, de qual a meta dessa Via Sana, no seu aspecto mais oriental que ocidental, é

bem verdade.

A Via Mental, seja qual for o método seguido, será sempre a do Discernimento,

levada quando o buscador é capaz de tanto até à procura da verdade real: sobre si

mesmo (Consciência), sobre a vida (Universo) e sobre a Origem ou Começo (Deus).

Fig. 39

D. 5 – A Meditação do Buddha...

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http://amopax.org 248

Ora, Carolei, o Buddismo é sem dúvida a suprema explicação da vida, pela via

mental; pela via que começa no analítico, segue no introspectivo, continua pelo

supramental e explode - se lá chegar - nesse estado de iluminação mental que dá a

Compreensão de tudo. É, pois, a conquista da "Liberdade pela Verdade" (...e a

Verdade vos tornara livres...) porém conseguida pela evasão inicial. Esse ponto, e

não outro, e, aliás, a grande contradição, o real conflito, entre a via Cardíaca e a

Mental e, por derivação (apenas) entre a mentalidade ocidental e oriental, e seus

conceitos de "espiritualidade",

Mas, já que em 8 de fevereiro de 1958, mostravam na meditação, à Monja

Sarah (e ela é da Via Essênia!) o símbolo bem ioguístico de: "um livro aberto, grande

e antigo. Duas pegadas (de Swamiji) impressas nas suas páginas. Um círio aceso

projetava luz sobre elas"... e que, isso significa: que quando o Guru vai partir (ou

morrer) as suas plantas (porque o Pé do Guru mostra para onde guiava ...), é

conservado... e o Círio aceso é o Símbolo dos Mestres Passados, para os

Martinistas ... - é possível que eu já tenha "morrido", esta vez, para o labor Sarva.

Então darei algumas cousinhas mais:

Fig 40

V. 5 – Buddha Cósmico (Visão da Monja Sarah, em 14-258.)

"O Eterno Fogo do Amor Universal surge, simultaneamente, do Loto da

Suprema Pureza, que coroa o Branco Elefante do Cósmico Poder Criador, e, do

ponto em que o fim do Ciclo reintegra o Pensar que o criara, na Cabeça da Eterna

vida-Serpente-Sapiência. - Seis estrelas número de laço e de Amor, em equilíbrio

séries, tanto no Plano Divino, como no Astral, como no Denso, ladeiam a figura do

Sábio compassível; o Buddha de Compaixão, que, sendo Buddha, quis ainda ser

Buddhisattva, "Aquele-Que-volta-por-Compaixão", e cujo alento-vida, e a expressão-

verbo, está ligado pela Tromba do Verbo ao OM que tudo criara. E assim, Ele, o

compassivo, nos Campos de Buddha, sentado medita sobre os Sete Raios, que, lá

em cima, são os mesmos nove Fogos... Mas, lá em baixo, na Terra, os homens só

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http://amopax.org 249

vêem uma silhueta de homem, sentado, sorrindo enigmaticamente... , alguns

afortunados distinguem uma auréola..."

- Mas, como, Sevânanda, você fala agora em Compaixão? Não estava tratando

ela Via Mental, do Discernimento?

- Sim, Carolei, é verdade. Mas Em Verdade lhe digo, também, que as Vias se

unem. Mas o ponto de sua União é tão alto, tão alto, que lá poucos atingem... e,

enquanto não chegam lá, ficam discutindo: sobre vias e sobre mestres, sobre

deuses e sobre homens... Mas, quando, pelo Discernimento, atinge-se a

Compreensão, esta outorga a Benevolência, e por esta última, chega-se à

COMPAIXÃO!

Assim, Carolei, o ponto de união, é a Compaixão!

E, para que você possa compreender, finamente, Carolei, qual era esse

misterioso caminho Zen, suprema via mental equilibrada, dar-lhe-ei um desses

famosos "koân" (enigmas). Já o dera lá no Monastério. Ninguém trouxe-me nunca

solução, nem sequer intelectual. E, esta, seria apenas um primeiro passo. Pois a via

mental e seguir uma idéia, relacioná-la com tudo, esgotar as associações, deduções

e até a própria intuição, tornada função voluntária, nesta Via... até , Viver o Koân .. "

H. 18 - o Zen

"Mestre! Pediram os dois discípulos, debatemos em vão; diz-nos, por obsequio, qual é o melhor: Sankya (renunciar às obras) ou Ioga (obras, sem o apego) e se o Zen esclarece tal problema?"

Sevânanda tomou uma das belas maçãs que lhe trouxeram os Discípulos abriu sua afiada faquinha, cortou a maçã pelo meio e, sorrindo afetuosamente deu metade a cada um. Depois, com um de seus lencinhos bordados, limpou cuidadosamente a faquinha guardou-a e jogou o lencinho no chão, entre os Discípulos. E, deixou a sala de Meditação... N.113

Fig 41

V.6 – “O Lama dos Três Sois” – (Visão da Monja Sarah, no Ashram, em 3-11-1957)

O Muito Excelso Mestre e a VIA ESSENIA no Monastério. - Com. 123 - Assim

como o meu número misterioso é "22" o de Sádhanâ é "23". Começo esta parte com

tal indicação porque, espero de Você, Carolei, que já esteja prestando atenção a

nomes e números. Veremos, mais tarde, a grande importância que o MEM concede

a estes elementos, e por que a Via Essênia é a da hospitalidade do serviço à

N.113 - Como todo esforço merece atenção, cada solução bastante acertada que nos seja enviada sobre o “koân” acima, será recompensada, à escolha do interessado, com um livro, ou alguma outra publicação nossa, ou com elementos de estudo.

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coletividade e distingue-se, basicamente, da via mental, por ser a "cardíaca". Ora, no

Monastério, é bem verdade que, pessoas, como a Monja Sarah – devocional e

psíquica por excelência -, ou a Monja Perseverante, servidora de elevado sentido do

dever, auxiliavam muito para apoiar o "labor egregórico". Mas, costuma-se dizer que,

uma andorinha não faz verão...

Sádhanâ, que nunca gostou que lhe colassem ao nome, os de funções como

"Swâmini, Mestra, etc.", fazia o que podia: trabalhava manualmente, nos primeiro

anos - até deslocar parte do diafragma em esforços com picareta; procurava dar o

exemplo de autodisciplina e, por cima de todas as cousas, o de continuar sempre

orando, e apoiando a todos, inclusive àqueles que entravam em "guerra fria" com

ela, pois certo número entendiam que a Via Essênia "era viver como uma grande

família". - A definição teria sido boa, se nela não tivessem incluído uma porção de

cousas como por exemplo: que cada um continuasse a conservar seus gostos e

manias: familiares, nacionais, etc. em prejuízo da facilidade de vida coletiva.

Mas, essas são pequenas manias humanas, que não teriam, por si sós, levado

a terminar a "experiência Essênia", sob a nossa égide. É curioso como os humanos

esquecem rapidamente. Por um lado, é um bem, como veremos ao falar do perdão.

Por outro, é desfavorável, quando, como lá aconteceu com alguns, esquecem que o

MEM sempre vê tudo, sabe tudo, e que o Anjo AMO-PAX, que cobre o SEU Labor

Mundial, e sob cuja Proteção foi posto o Monastério, é Anjo de Amor e de Justiça,

Todos querem lembrar-se do Amor... e esquecer-se da Justiça! E claro que,

assim, as situações se saturam: tanto na parte psicológica dos humanos, como, na

muito mais importante, do plano MORAL.

E mais curioso, ainda, que orando diariamente a tantos Mestres e a tantos

Anjos, e sabendo por experiências próprias (pois a mais de um, fora dado ver Anjos,

e ver Mestres, e ver Gnomos, etc....), que tais Seres existem e tem funções

definidas, houvesse, por outro lado, a aparentemente ingênua, e ilógica, tendência

para uma falta de transparência... cousa que, de acordo com as nossas

experiências, do tempo do Martinismo brasileiro e uruguaio, como da A.M.O. inicial,

bem sabemos que o MEM não deixa correr muito tempo. Como, veremos no terceiro

volume, o Muito Excelso Mestre, punha, acima de todas as cousas, o amor fraternal.

Por isso, não poderia haver NADA, no Monastério, capaz de compensar a falta de

real vida fraterna, de profunda gratidão - provada em atos para com os Discípulos

Externos. Os Visitantes e os Benfeitores. Tampouco poderia haver NADA, capaz de

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compensar a falta de Prece - espontânea ou de utilidade coletiva - externa.

Resultou, então, que aos poucos: os atos, contraditórios com as preces

regulamentares; os atos dissimulados (aparentemente), aos Instrutores, ou aos

colegas de "caminho espiritual", iam fendendo os alicerces da união egregórica.

Veja, por exemplo, Carolei, um fato como este, que mostra, quão facilmente os que

não acreditam (no fundo de sua alma) , que há um mundo suprafísico e poderes de

o perceber, se deixam "pegar" pelos videntes ou pelos que têm a "gnose" ...

F. 30 – Mãezinha Sádhanâ (Foto Nicolas - Rio) Singela e decididamente entregue; para ela, nada existe mais importante que

um aperto de mão, com um “pode contar comigo”, que nunca mais se retrai, haja o que houver. E, na mesma forma, para com o Muito Excelso Mestre PHILIPPE, que, por isso, a tem mostrado sob a Rosa Branca...

F. 31 – A Capelinha do Muito Excelso Mestre, no Monastério

(Foto Ermida)

F. 32 – O Jipe puxa as 2 toneladas da Ermida Rodante no Êxodo. Da Caravana de Íntimos: Sevânanda, Sádhana, Luise e as Monjas Perseverante e Sarah, dormiam na casinha rodante. Sadhak, no Jipe. O Casal Thoth-Zanti na sua caminhonete dodge. – Trabalho não faltou: material e interior. Alegria havia bastante, como sempre que os humanos esperam uma etapa...

A “magnífica” estada que se vê... infelizmente era, na época, bem pequena parte de recurso total. Junto a ela, vêem-se os famosos Pinheiros que o MEM PHILIPPE pré-mostrara nas visões místicas. O Anjo da Ermida que não se vê na fotografia do plano físico, acha-se mais adiante...

V. 7 – Uma residente, com a aura irada, emitiu...

Relato da experiência: "Foi numa dessas manhãs, em que despertei com um laço muito estreito e afetivo com Mãezinha e, trabalhando no jardim, mantramizava junto a uma pequena planta, ao ser repentinamente surpreendida pelo ocorrido”:

Por detrás da pequena flor - cujo etérico estava, desfigurado, pétalas pendidas – soltou um mal pensamento, soltando uma estrepitosa gargalhada de mofa, esta figurinha escarlate; mas, quando ela ainda

Fig 42

Fig 43

Fig 44

Fig 45

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estava suspensa no ar, surgiu um Gnomo, tipo "cow-boy" que, sacudindo-a pela ponta do gorro enrolou-a como um "pé de meia" e enfiou-a no bolsinho de couro, levando-a.

Imediatamente depois disto, vi passar a figurinha de F.....reduzida ao mesmo tamanho do diabrete (uns 30 cm), dirigindo-se, indignada e decidida, em direção ao Gnomo que já a esta altura estava a caminho da Cachoeira.

Ela parou no meio do caminho, sentindo-se impossibilitada de agir ficou algum tempo, e retornou à cozinha, bastante zangada..

Não fosse o estado interior de oração e mantramização, assim como a posição interior de amor para com Vocês, eu teria apanhado "em cheio", a rubra onda de indignação e, foi também esse estado que impediu que F ..... , me visse e que permitiu que eu pudesse ver o que se passou, (10-4-58),

Seria um nunca-acabar, Carolei, se quisesse resolver os Arquivos, da história

de como e porque, resolvemos sair do Monastério; e como e porque, o MEM

PHILIPPE nos deu ordem de fazê-lo. Lá, tínhamos feito as experiências pessoais e

coletivas que podiam se feitas. – Nada mais, egregórico e, muito menos, essênio

podia ser tentado, pelo menos por nós. Tampouco adiantaria usar da possibilidade,

que tinha em mãos, de uma documentação, suficiente para terminar com o

Monastério, despedir a todos e recomeçar, lá mesmo, com alguns somente, ou com

novos elementos, Era preciso, também, atender ao que já citei, sobre as "Três

Lágrimas", deixando então a aberta uma possibilidade, tanto ao próprio Monastério,

como ao Instituto Juvenil de Ioga, única das instituições, que lá iria ficar,

Muito embora pudéssemos ter levado, também, o material místico que

trouxéramos, resolvemos Mãezinha e eu, para que lá não ficassem, apenas, terras e

prédios, deixar certos quadros, aos quais nós atribuímos enorme valor, e certo

poder: O do Anjo AMO-PAX, original, que ficou no Templo, assim como, na

Capelinha na qual está a Pedra de Fundação do Monastério, deixamos o Quadro do

Mestre PHILIPPE, que em Montevidéu servira nas Curas Místicas, tendo-se obtido,

então, verdadeiros milagres, Em um canto do nosso coração, uma esperança, que a

mente insistia em considerar como vã fazia deixar lá essa semente e essa, para nós,

Relíquia. E, só.

Com. 124 - E agora, Carolei, vamos olhar algumas das razões e indicações,

todas elas espirituais, que nos levaram a LAJES, e, qual a nova etapa a ser iniciada

lá,

Se revisamos, em primeiro lugar, as indicações recebidas psiquicamente, há tal

quantidade, que me vejo obrigado a citar apenas algumas:

1.º) - Em novembro de 1957, estando Sádhanâ, Ceres (irmã carnal de

Sádhanâ) e eu, passando uma temporada em Guarapari, hospedados pelo casal

Thoth (Sacerdote Expectante) e Zanti, tivemos lá umas experiências, segundo as

quais LAGES seria o lugar ou zona em que, ou faríamos curiosas experiências

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(inclusive com Discos Voadores), ou teria também início uma certa "missão mortal"...

- Isso passou-se entre Mãezinha e mim, somente, e não foi comentado com

ninguém",

2.º) - Por isso, achamos muito interessante quando, em 6 de março, ou seja:

sete dias antes de sairmos para o Retiro de Teresópolis, nada oficial, nem oficioso,

tendo sido ainda comunicado, aos do Monastério, sobre a nossa partida, e muito

menos para onde, a Monja Sarah teve uma visão que descreve assim: "...No

silêncio, logo: percepção de um ponto branco adiante de ajna chacra," e comecei n

sentir muito a influencia do Muito Excelso Mestre, produzindo pressão na têmpora

do lado esquerdo e trabalho intenso no nariz, - Logo, visão do seu rosto sorridente,

junto a um ramo de pinheiros, de cor brilhante; após, uns; instante de vácuo. Ele

tornou a aparecer, desta vez me fazendo uma saudação com o chapéu e logo,

abaixo dessa sua imagem, um trem passou, desses que vão para o interior: liguei

esta visão a de mim mesma - insistente durante três dias - vendo-me de túnica e

arrumando a mala, com grande alegria.. - Ainda no mesmo estado, vi nas mãos de

Mãezinha uma ROSA BRANCA, e que Mãezinha chorava, com ternura, sobre a flor".

- Acho muito claro, não, Carolei?

3.º) - No dia 13 de março (já estávamos em Teresópolis), mostram a Sarah, no

Monastério, o que transcrevo (sem o famoso desenho que acompanha a visão):

H. 19 - Visão do "futuro" Retiro ALBA LUCIS

Meditação, 11 de março de 1958: No silêncio, já com estado de boa disposição interior produzido pela leitura (7º. - Prática de Kamala e Ayur) comecei por visualizar o Rosto do SENHOR e, o meu desejo íntimo era o de ficar contemplando-o.

"Mas, a duração foi curta, pois, foi substituída esta visão voluntária, pela involuntária e espontânea do Rosto do Muito Excelso MESTRE, sorrindo, mais alegre que das outras vezes (hoje 12, que estão transcrevendo a visão, torno a vê-lo da mesma forma - o que me causa alegria e confiança - certeza, principalmente. Que a Sua Excelsa Bênção nos ajude a todos!).

Também esta visão durou muito pouco, como se fosse uma indicação; tão logo vi, como numa tela, se desenrolar a seguinte cena:

Mãezinha, depositando sobre o Altar (como se estivesse se despedindo) a ROSA BRANCA que estivera entre suas mãos e sobre a qual havia chorado nestes últimos dias (e depois):

"Entre arborização e debaixo de frondosas arvores, vi a Ermida; um bando de pássaros chegou em revoada; as águas do regato em frente corriam de manso... Sobre este regato estreito e raso, havia uma pequena ponte e um arco encimado por UM CORAÇÃO E UM SOL, despontando deste.

"Devia ser ainda de manhãzinha, pois estava tudo coberto de orvalho”. Uns seis monges - homens e mulheres -, e entre eles Mãezinha (vi-a nitidamente), trabalhavam na

preparação do terreno. "Era uma cena muito formosa e real: os pássaros cantavam; as águas continuavam a deslizar tranqüilas e

os monges trabalhavam... em silêncio. "Dentro de tal harmonia e beleza física, moral e espiritual, surgiu um Gnomo (vestido de branco: curioso,

pois eles adoram as cores vivas) e vi a Swamiji, sorridente, que veio recebe-lo. Tomou-o nas mãos, levantando-o como se faz com as crianças, e depois estreitou-o carinhosamente ao peito. O Gnomo entregou-lhe uma sacola (também branca), que intuí contivesse ervas ou coisas vegetais, próprias para rituais,

“O que mais me admirou e agradou, foram o respeito e a gravidade dos monges - pois, nem sequer ousaram levantar os olhos daquilo que estavam fazendo.

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“Acima de tudo, no céu azul pálido, apareceu a Jóia de Swamiji; debaixo, dois ramos de louro enlaçados - nesse enlaçamento dos ramos - o volante do JIPE se fazia bem visível; acima, acima de uma Coroa.

“Fiquei muito intrigada, quando, quando já nas notas, vi adiante do Altar um esqueleto humano. - Sarah.”

Bem, Carolei, acho que não é preciso ser "bruxo" para perceber ali: a

mudança, na exata paisagem e condições em que ficamos ao chegar ao novo

acampamento; as novas possibilidades de labor e a modalidade que seria a melhor

(silêncio, respeito, gravidade); o aviso de que Gnomos viriam conosco; e, além da

jornada "gloriosa" para o Jipe (e foi, de fato, uma viagem de 10 dias, bem difícil!) o

anuncio do fim da Cruzada, pois, dias mais tarde, o volante foi mudado nesse

simbolismo. Mas, isso é outra história,

4º) - Em l7 de março, ninguém sabia, no Monastério, onde andávamos, mas,

estávamos em São Paulo, como o Thoth Sacerdote, e nos reunindo com dois

representantes do Grupo de Lajes e, um deles, o “Fidelis", contando-nos dois

milagres, que o MEM fizera acontecer com ele, e que, punha à nossa disposição, em

usufruto: uns 35 hectares de terras e uma casa mobiliada, etc...

Fig 46

V. 8 – “O Sorriso do Muito Excelso MESTRE, é o motivo de sua Vida.”

- Ora, Carolei, nesse mesmo dia, no Monastério, e não obstante a atmosfera

bastante desarmônica que lá pairava, a Monja Sarah era agraciada com mais uma

visão. Ei-la:

Comentário da Vidente - e da visão: Ela teve, antes da visão ilustrada na pagina precedente, outra, magnífica com anjinhos voando em torno da jóia e mostrando como O MESTRE e os que LHE servem, avançam sempre incólumes e decididos...

Quanto a visão da figura V. 8, traz o texto seguinte: Alem desse campo de destroços (lado esquerdo. abaixo) floresce outro, cheio de Sol, e a vida e uma seqüência cheia de experiências... - Observe-se, ainda, isto:

O contorno do símbolo apresenta-se como um crivo finíssimo, de cor branca azulada; (Carolei: a cor da espiritualidade sutil e mansa).

- O casa rio (favo) de abelhas - indicando o labor (unido e egregórico) - é de cor dourado-ouro, muito formoso...

- Do Cardo da base do Coração, saem chamas de fogo: o Cardo é o emblema especial do labor essênio, humilde, decidido, etc... (ver "Yo que caminé...” ).

- Da parte superior deste Coração, e formando triângulo com as extremidades da balança, vêem-se o Lírio, o Loto e a Rosa (Carolei: A ROSA BRANCA, do Muito Excelso Mestre, esta sobre o FIEL DA RALANÇA). Ela, ou seja: ELE, é o fiel e os dois mudos da procura de pureza ou superação devem ser feitos: com o fogo do Cardo, dentro do Coração (que agora abrange todo o, campo da Jóia!).

- Por cima deste símbolo, esta a Rosa Sorridente do Muito, Excelso, MESTRE, e, embaixo, dos dois campos: um destruído e o outro verdejante e cheio de vida e de Sol! (Monja Sarah, Visão de 17 de março de 1958.)

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5º) - Nem todos, no Monastério, Carolei, eram pessoas que não levassem as

cousas a sério. O casal peregrino-peregrina, do qual já falei, embora instável às

vezes em seus estados, era de uma sinceridade provada, não só pelo seu sacrifício

material (investiram lá perto de meio milhão), como pelas etapas de meses de

continência, e pelas experiências tenazmente seguidas, das quais nos dava

minuciosa conta. Ora, mostraram a Peregrino, quando ainda nem se falava em

nossa saída definitiva, um letreiro grande "LAJES"... e bastante difícil me foi: não

confirmar, nem negar. Ainda não devia.

6.º) - O "Grupo de Lajes", a que aludi, formara-se desde que, no dia de Santa

Catarina, (25 de novembro de 1952) chegamos a Lajes, com a Cruzada, lá

permanecendo cinco dias. Posteriormente, estivemos outras vezes, fazendo também

conferências e visitando Discípulos. Trata-se, aliás, de um Grupo de amigos, que o

são; socialmente, idealmente, desde o incido do caminho quase todos vêm da

formação kardecista, desse kardecismo brasileiro, que tem o coração por base. A

doutrina do Muito Excelso Mestre foi, pois, direito aos que já estavam maduros, para

uma etapa independente da parte espírita propriamente dita. E, possivelmente, na

nossa opinião, uma grande parte do enorme apoio, que o MEM, tem dado a esse

Grupo (em curas e outros fatos..), bem como a Sua decisão, ele nos mandar para lá,

provém do sacrifício e da fidelidade, com que os outros componentes desse Grupo,

semanalmente reunidos durante seis anos, e unidos nos outros dias, num labor

silencioso e útil, em todos os setores, inclusive em três ou quatro que atacavam a

nós, ou a doutrina do MEM, deram assim prova de "saber o que queriam".

ORAÇAO PARA ABRIR O DIA

Reverentemente, saudamos ao SENHOR!... E saudamos, de coração, A todos os Avataras, Mestres de Compaixão, e Instrutores, De todos os Raios, Tempos e Lugares!..."

Especialmente, ao Muito Excelso Mestre PHILIPPE (Amós) E a todos os Mestres, do Oriente e Ocidente, Que junto com Ele orientam o Plano desta época.

E saudamos a todos os Anjos do Senhor! Aos que cuidam das Crianças, e de nós, Adultos; Especialmente ao Grande Anjo de Amor e de Justiça, Que cobre todo "O Labor Amo-Pax", E a todos os Seres dos Elementos, especialmente os desta região.

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E a toda essa Jerarquia de Seres e de Forças, Agradecemos toda a Direção, Proteção ou Ajuda, Constantemente recebidas, por cada um de nós, Até este instante, em que, ABRINDO este formoso dia. Dedicado ao Serviço Coletivo e ao labor interior, Tornamos a pedir essa mesma Direção, Proteção e Ajuda, Para nós, e para todos aqueles que a necessitem. Para o corpo, alma ou mente! Especialmente por...

E pedimos Amor e Paz, por grandes e pequenos, Amigos e inimigos, Discípulos e Benfeitores, E por todos residentes, presentes, ausentes e futuros, do Monastério AMO-PAX, desejando Profundamente Que realizem alguma coisa na vida essencial ou na Sarva Ioga.

E pedimos: que se cumpra todas a missões de todas as Igrejas, Fraternidade e Movimentos construtivos, Especialmente do Rearmamento Moral, de Pax-Christi, Da República dos Cidadãos do Mundo, da Legião da Boa Vontade. E outros análogos, que podem ser sentidos. E compreendidos por muita gente, ajudando assim A trazer um pouco de vida moral e espiritual, Neste país, neste continente e por toda parte!

Com. 125 - Com exceção do nome "Amós", em lugar de Amo, esta era a

versão abreviada da Oração da manhã, no Monastério. Meditar sua amplidão será

oportuno... - Os comentários desta versão, e a extensa, estão na já citada

publicação.

"ALBA LUCIS"

Com. 126 - Como já disse - a pág. 216, no Comentário 119 -, o Alba Lucis

surgira, antes do Monastério, como uma semente de mais lento crescimento.

Provavelmente, tanto nós mesmos, como aqueles que pudessem vir conosco, ou se

unir ao labor nesta fase toda especial, devíamos todos passar por certas

preparações, principalmente compostas por: dor, tenacidade e entrega.

O Alba Lucis, como foi amplamente divulgado na época respectiva, nasceu

quando, em Belo Horizonte, na Ermida estacionada no Abrigo Jesus, recebi em

meditação a "Última Oração". A imprensa e as radio difusoras mineiras, divulgaram e

comentaram amplamente, naquele mês de março de 1953, esse Alerta, esse grito

de angústia! Reproduzimo-la, na página seguinte, tal como ela foi impressa por nós,

e reproduzi da aos milhares, por corações generosos, que leram e sentiram o apelo,

que consta ao pé da mesma, e que reiteramos a Você, Carolei!

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Efetivamente, se percorre, com serenidade, o passado do próprio Monastério e

das atividades externas, chega-se a conclusão de que a utilidade coletiva maior, e

principalmente em relação à Via Essênia, foi composta pelos atos da Cruzada,

inicialmente; e, mais tarde, pelas campanhas e iniciativas, que o Alba Lucis tomou,

em sua primeira fase, e que vamos resumir em uma "História" sintética, apenas para

registro histórico e para que Você, Carolei, medite em quão difícil é, sacudir a

indiferença. humana!

Mas, como o Muito Excelso Mestre insiste em que “deve-se agir, mesmo

quando parece inútil, etc..." é claro que o Alba Lucis terá que ter essa tônica , nos

dois modos: o da passível ação externa (Movimento ALBA LUCIS), e o da

preparação interior mais profunda, dos que podem ser os Ajudantes Íntimos, ou

Sucessores, assim como a transmissão (Retiro Alba Lucis). Ambas as facetas estão

com base em Lajes, como diremos logo.

Antes, cumpre expor a primeira fase do Alba Lucis, que, por eu lhe ter dado

uma tendência excessivamente: gandhista, oriental e exigente, não teve suficiente

volume de adesões para, como movimento, tornar-se realmente eficiente. Ver-se-á

que, assim mesmo, realizou alguma cousa. Modificado, agora, espera-se que possa

ser mais útil; aos Anjos, aos Mestres e aos Semelhantes.

ULTIMA ORAÇÃO! A Jerarquia espiritual Terrestre, Já comunicou o terrível decreto: O castigo atômico vem concreto, Por havermos renegado ao Mestre!

E todos somos culpados desta sorte: Nosso egoísmo e indiferença Nossos ódios, vícios, mentira, descrença, Gerou violência, miséria, MORTE!

Até o Trágico Mundial Momento, De supremo terror e total confusão, Despertemos da material ilusão! Oremos com real arrependimento:

Limitai Senhor, Nessa Via-Crúcis, A dor e morte desta Humanidade! Que alguns filhos Vossos, por Caridade, Sobrevivam para ver "ALBA LUCIS"!

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Esta oração não tem credo definido. Ela foi dada, misticamente, no dia 27-3-

1953, no Brasil, após ter sido confirmado, no dia anterior, que: O CASTIGO

ATÓMICO E INEVITAVEL! Orai pela LIMITAÇAO DA DOR

(Sri Sevânanda Swami)

PEDE-SE IMPRIMIR MILHARES DESTA ORAÇAO, em papel leve, se possível

de cor celeste, e distribuir em todos os ambientes possíveis, meter dentro de

edições de jornais e revistas, reproduzir e divulgar amplamente!

H. 20 - Resumo sobre o ALBA LUCIS primeira fase

1. – Achando-se esgotada a edição do grande folheto ilustrado: "Alba Lucis", que fora publicado em 1954, reproduzimos o essencial da excelente síntese que a conhecida escritora brasileira, Sra. Diocólmata Berlese de Matos Dourado, membro fundador da academia Rio-grandense de Letras, escreve em outubro de 1955, em “AOR”, a boa revista que o Dr. Antônio Pereira Júnior, publica em Porto Alegre:

"ALBA LUCIS, ou Aurora ou Dealbar da Luz Espiritual, é um movimento místico espiritual, destinado a influir nos setores policiais, políticos, cultural, moral e religiosos da sociedade atual, tão abaladas pelas condições sísmicas da Nova Era que se aproximava ameaçando as velhas e corruptas instituições, eivadas de egolatria e utilitários.

... Não se acha ligado a nenhuma seita, partido, igreja, escola filosófica, Isto o torna eminentemente independente e realizador, e torna sua atividade pratica prática extraordinariamente intensiva e extensiva. – Põem o individuo em duas alternativas; ou colabora para soerguer as forças que determinarão o alevantamento da raça para o Terceiro Milênio, ou se nega peremptoriamente, e DEVE RECONHECER tal conjuntura perante sua consciência.

E um movimento, isto sim que visa reunir todas as falanges capazes, em moralidade e elevação, para formar uma América coesa e unida, liberta de todos os males, geradores do egoísmo e da indiferença, propulsores das atuais desesperadoras condições em toda a Terra.

Em sua Cruzada de Vida Espiritual, S. Sevânanda S., pregou inúmeras vezes a necessidade de se purificar o indivíduo, "um por um", dizendo que "A Paz Mundial é uma operação de santa. Daí, ALBA LUCIS invadir todas as esferas de ação humana, porque neste Continente existe, falando de modo geral:

Confusão: na vida espiritual de cada Ser adulto; a confusão resultante, na educação dos filhos; a conduta errada, no lar e fora dele; a confusão nos setores comercial, industrial, artístico e devocional; e, confusão em matéria política; nacional, continental mundial.

Em suas milhares de Conferências em recintos públicos, S. Sevânanda verificou que há muita gente desejosa de ser boa, pura, melhorar os padrões de vida moral e interna, ser mais Cristã. ALBA LUCIS, é um conjunto de métodos, que ensina por onde começar para atingir o fim colimado.

Partindo de "dentro para fora”, Alba Lucis preconiza: Compromisso individual para colaborar em Alba Lucis; organização por bairros, cidades, estados, países. Organização financeira. Ação do Alba Lucis: nos Lares; nos meios devocionais; nos meios científicos; nos meio filosóficos; nos meios artísticos; nos meios agrícolas e coloniais; nos meios governamentais.

2. - Isso foi em 1955. Desde então – e antes - os promotores do Movimento buscaram, efetivamente modos de cumprir, com as finalidades programadas. Não obstante o pequeno número de membros (13 ao todo) e conseqüentemente limitado ingresso de recursos mais de uma vez iniciativas ousadas - em comparação com os meios disponíveis - foram intentadas. É possível que não deixe de ser instrutivo recapitular algumas, para sua informação, e meditação, Carolei: e, todas as que citaremos, estão devidamente documentadas, inclusive nos diferentes nos diferentes arquivos de países diversos, como já expliquei, comentando o como e o porquê...

a) - 1949: contacto com certa Embaixada dos Estados Unidos, avisando sobre a invasão do Tibet, sobre urânio, etc. – Resultado visível: nulo.

b) - Aviso prévio a um governante latino-americano, de atentado a ser perpetrado contra ele (e o houve), bem como de uma revolução em país vizinho (e deu-se). - Resultado visível: nulo.

c) - Missão à Argentina (custo: 26 mil cruzeiros); entrevista de duas horas, em setembro de 1954, com o Secretário de Cultos; Perón interessado em procurar atrair (após o desastroso resultado das revelações, no Parlamento brasileiro, das manobras conjuntas - com alguns políticos daqui - para formação da Terceira força: Justicialista e Antiamericana) ao setor "espiritualista" que soma onze milhões de votos, no Brasil. Não obstante a nossa demonstração, do fracasso de suas tentativas de promover revoluções na França e na Itália (e lhe citamos nomes e somas despendidas...), nada obtivemos em nosso esforço por influir em que seu governo se aproximasse da posição América Unida (as TRÊS Américas) e mostrando-lhe que o futuro é: uma Aliança Latina

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http://amopax.org 259

forte, colaborando franca e lealmente com os Estados "Unidos, cujo papel, por algumas dezenas de anos, será ajudar a conservar o acervo da "civilização" cristã ocidental.

d) - Conseguimos demonstrar a certos "exilados paraguaios" - diplomatas - a inutilidade de "montar mais revolução" no seu país, apoiados em dinheiro e armas oferecidos por Perón. (Uma, das poucas iniciativas bem sucedidas...)

e) - Tendo estudado, astrologicamente, a situação e futuro de Getúlio Vargas, procuramos salvar a sua rida. As tentativas fracassaram, porque os intermediários (um Deputado e um "correio pessoal"' de Vargas), não conseguindo saber, de nós, o que era, exatamente, que devíamos lhe expor não se esforçaram a tempo. Getúlio é afastado do poder - por morte, como todos sabem - com um dia de diferença da data que indicaremos muitos meses.

f) - 1056: Campanha intensa e realista, por congregar nas Igrejas, Instituições espiritualistas de diferente denominações, etc., em torno da Legião da Boa Vontade, que desejava Criar o CONSELHO DA BOA VONTADE, para administrar o que, hoje, criticam que Alziro Zarur oriente de modo excessivamente pessoal: depois de o terem deixado só, e ainda, combatendo, por todos os meios de sua iniciativa que é, sem duvida alguma, a que mais adequadamente se ajusta ao SENTIR da massa religiosa do povo brasileiro..., que mais podiam esperar!? - Resultado visível, e publicado em circular: 92% de indiferentes, nas instituições, por tudo quanto for "trabalhar em certo grau de coordenação mesmo respeitada a autonomia administrativa e doutrinaria de cada um"! E, com isso, querem ajudar a salvar ao Mundo!, "

g) – 1956: Lançamos a treze pessoas do monastério (e ISSO e um dos atos úteis, coletivamente falando, que o monastério TEM no seu credito, no plano da balança moral.) naquela alerta sobre o perigo da Radiação atômica e da realidade dos discos voador extraterrenos. Resultado visível: bastante bom. Custo: mais de 150 mil cruzeiros. – resultados detalhados, inclusive o apelo que, OFICIALMENTE, a Organização das Entidades Não-Governamentais do Brasil fez encaminhar nos sentidos apontados, ao conselho de segurança das NAÇÕES UNIDAS. Tudo isso, publicado e documentado, na coleção da época, do “correio interplanetário”, que sucedera ao Boletim Amo-Pax, e que era impresso (3.000 exemplares) pela “Associação Mundialista Interplanetária”, seção do Brasil, que durante dois anos teve sua sede no Rio, na rua da Quitanda, 30, sala 612. – Hoje a cede e em Belo Horizonte, sob a presidência do professor Oséas Dompteur Marques. Rua Igai, n. 693, Vila Santa Rita.

h) tentativa de iniciar um momento de maior intercâmbio e união; na Europa, entre certos setores do espiritualismo; resultado visível: pobre.

i) – Suspensão das atividades do Movimento ALBA LUCIS, no que se refere à modalidade da PRIMEIRA FASE, e procurando encaminhar seus (então); Membros, para ns diferentes Comunidades - no Brasil - da. REPUBLICA DOS CIDADÃOS DO MUNDO, por julgar essa modalidade: mais impessoal, mais ampla, mais LIVRE e não tão diretamente ligada (na mente do público) a nós, nem as nossas demais atividades. É cedo, ainda, para opinar sobre este tema. Vê-lo-emos separadamente.

Com. 127 - Assim, Carolei, após os complexos preparativos, que no Rio

exigiram onerosa liquidação da sede da AMI; remoção de móveis, arquivos, edições,

etc. para Lajes, as diferentes Instituições como a escola (A.M.O.), e a própria Sede

do Movimento ALBA LUCIS, para suas atividades externas, editoriais inclusive,

ficava num local da cidade de LAJES. - O futuro dirá se os seres e as circunstâncias

externas levarão - a nós e, ou, aos nossos Colaboradores, a desenvolver mais: o

ALERTA ante o que “Vem aí", e tal se nos afigura ser, fundamentalmente, a missão

do Alba Lucis; ou se, pelo contrário, a indiferença humana da massa, e a falta de

V. 9 – A Monja Sarah estava (em férias) em LAJES, em 24 de junho de 1957, e ligando-a mim, mostraram-lhe este símbolo que parece indicar que quando viéssemos para LAJES a modalidade evidenciada encaparia tudo: o motivo central: O LABARO Gnóstico, rodeado por um Escudo, formada por uma corrente sustentada pelos bicos de Cinco Águias colocadas entre os braços da Estrela de Cinco Pontas (cuja relação com o MEM PHILIPPE veremos adiante). O Circulo (laço Universal) e Corda (laço no plano humano) devidamente entrelaçados...

Fig 47

Fig 48

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V. 10 – (Visão de 11 de janeiro de l957) relativa ao MESTRE CEDAIOR, cujo Anel pessoal, é usado pela M. Sádhanâ a quem dedico esta Visão, por achar que constitui um lacônico comentário do que ela é, e que o texto percebido por Sarah diz: " ... Aquele que está firme no caminho não se deixa levar por cousas vãs"... e, "um coração humano pulsante, cravado por um punhal a um velho tronco, no meio de um bosque de pinheiros... e, como era estranho, naquele antigo tronco, apoiado sobre duas raízes ... "

real entrega (material, física e moral) dos poucos que poderiam compreender e

sentir a gravidade da hora amarga que se aproxima ficar, impotentes e limitados a

divulgação pelos textos, neste Retiro, ou se, numa derradeira tentativa de nos,

utilizar, mais intensa e utilmente, nos enviarão para a missão mortal”.

Não creio ser necessário, Carolei, dizer que, para Mãezinha e para mim, é

totalmente igual. Nós, só estamos como militares que somos isto é Cavalheiros,

apenas "em disponibilidade", sem reservas, e sem condições. Assim, viraremos a

pagina, e olharemos um pouco o aspecto místico que, se não resolve o que os

humanos TEM que fazer, pelo menos lembrar-lhes que: os Anjos e mais Seres que

CUMPREM BEM com a Sua Vontade, estão sempre ajudando e protegendo...

Amén.

O Retiro Alba Lucis. - Com. 128. - Como está pormenorizado no "Boletim Alma

Lucis", a viagem da Caravana de íntimos, feita na época de chuvas, foi bastante

arriscada, dada à dificuldade de a Ermida percorrer, nessas condições, os 1.300

quilômetros, de Resende a Lajes. Viajava, além de sua velha placa do Rio, com a

Licença N. 23. Via-se, em muitos detalhes assim, como a tônica do Muito Excelso

Mestre, que tem por apoio indiscutível e principal, entre nós, o Coração entregue e

amoroso de Sádhanâ ia afastando os outros aspectos. É provável que a divulgação

do Livro vá ajudar tanto aos nossos Colaboradores, Discípulos e Amigos, como a

Você mesmo, Carolei, a sentir a parte profunda do Seu Ensinamento...

Creio, sinceramente, que a comparação das visões, isto é, do que se vê no

plano físico, e do que acontece no outro, possivelmente seja a melhor, quase

certamente a única, indicação que eu possa e deva brindar-lhe, antes de fechar este

volume, para iniciar os outros, nos quais, somente, os ensinamentos do M.

PHILIPPE lhe darão a prova da realidade de muitas, das causas que neste se

adiantaram: tanto sobre Anjos e Mestres, como sobre os Seres da Natureza; e,

também sobre as necessidades e oportunidades de procurar fazer alguma coisa,

para ajudar a melhorar o que, em cada instante sucessivo, a Humanidade, da qual

somos células responsáveis, vai merecendo... Assim, examinaremos as Visões, os

textos de quem viu e, os poucos comentários que for oportuno acrescentar ...

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Com. 129 - Como, na Cerimônia de fundação, as "notas" que cada pessoa

presente deu (ou ficou de dar) se acham muito bem expressadas pela de Sarah que,

além disso, contêm muito mais, já que lhe foi permitido ver, e até muito acima da sua

habitual percepção, iremos seguir suas próprias anotações, que o seu talento de

desenhista lhe permite ilustrar tão fielmente! Diz assim;

Fig 49

F. 33- (foto tirada por Sádhanâ) – Cerimonial de Fundação do Retiro Alba Lucis. Sevânanda, com as Insígnias e o Cetro, da S.I. Martinista, invoca os Anjos e os Mestres, antes de plantar o Jasmim (que estava junto ao Abrigo da Ermida, em Resende). Repare-se, além da real devoção dos presentes, na espontânea entrega da menina Ângela Maria – filha de Discípulos presentes – que sente a força que lhe desce as mãos.

"Domingo 1 de junho, inauguração do Retiro "ALBA LUCIS" - Vivência da

Monja Sarah - Em forte estado devocional, com contrações no plexo solar, e, a Voz

de Swamiji ouvida como se saísse do "âmago redivivo" de profunda e secular

caverna.

"Antes de surgir à visão, a imagem de Swamiji se transformou num óvalo

imenso e dourado, as "palavras ditas por ele formavam

Fig 50

V. 11 - Até os Gnomos arrumam as malas!... (É o inicio do texto da Vidente, que prossegue assim: "Ainda o dia Vinte e Dois... pois, no trabalho egregórico (oração que Sarah e mais duas pessoas faziam para ajudar) tive a visão de um Grupo de Gnomos - no bambuzal - arrumando seus pertences e roupas, e preparando as malas. E este formoso Gnominho permanece, pacientemente, sentadinho ao lado da ERMIDA, com a sua malinha já pronta", - (Sarah, 22 de abril de 1958: 10 dias antes de avisarmos a partida.)

vibrações onduladas e coloridas, circulando em enormes círculos e perdendo-se no

infinito.

Tais vibrações tinham as mesmas cores do Anel Vibratório do Anjo Azul (da

Ermida), ou seja: lilás, carmim, ouro, azul-celeste, azul-cobalto, laranja e verde-claro.

* * *

Visão de SERES: l.º) - O Anjo Azul sobre a Ermida, envolvida, como sempre,

em magnífica nebulosa azul-celeste pontilhada de diminutos e inúmero pontinhos de

luzes douradas. - Um diadema de Brancas Flores ornava seus belíssimos cabelos

dourados que terminavam em cachos azuis-claros.

Da fronte se irradiavam para o Alto dois fachos de luz dourada e um terceiro

que se projetava diretamente do Coronário.

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Das palmas de suas Mãos, desciam Projeções de luz que envolviam

completamente a Ermida; Asas Azuis de penas brilhantes circundadas por luz

dourada. Era MAGNIFICO tanto como forma como suavidade de movimentos, e,

encantador de gestos.

Eu diria que pelos três fechos de luz da sua cabeça, - recebia Ele as projeções

do ALTO e as retransmitia através os plexos palmares.

* * *

2.º) – Reunião em circulo de inúmeros Gnomos e Gnominhas. Fadinhas da terra e do

ar e os mais variados tipos de seres da Natureza menores, sutis e transparentes.

Primeiramente grande festa e alegre expansão entre eles; ao apresentarem-se, porém, os

outros SERES, concentraram-se e permaneceram quietos até o final da Cerimônia.

* * *

3.º) – Surgiram os seres da mesma vivencia com referência ao venerabilíssimo

e Sagrado Ancião AMOS, na caverna submarina!:

A) – Um Sacerdote vinha a frente, com manto roxo carmim sobre túnica Branca

e larga faixa a cintura; uma coroa dourada tendo na frente o emblema (martinista)

rodeado por 10 estrelas de 5 pontas. Estranho brilho emanava do centro do

emblema, provindo de formosa rubi.

* * *

B) – O 2.º Ser, igualmente de túnica branca, porem solta, trazia sobre os

ombros uma curta “capa” de cor carmim. Estava Ele encarregado do Estandarte que,

desta vez, diferia do outro, em fazenda brilhante branca com, apenas desta vez, a

palavra Sagrada AMOSS, em cor ouro fulgurante e irradiando luz própria.

C) – Diversos outros seres, usando simplesmente, túnicas brancas e soltas,

acompanhavam a cerimônia com cânticos sacros e trazendo luzes.

Com exceção dos dois primeiros, formavam estes, um circulo de 32 ao todo.

(Curioso pormenor: os humanos, também eram 32.)

D) – Ao ter inicio o Transcendental Cerimonial, o Sacerdote, depositou, então,

na cova preparada para receber o “jasmineiro”, uma antiga Pagina de Pergaminho

(trazida da mesma caverna submarina), a qual sobre esta uma Pedra triangular de

cor cinza.

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E) – Permaneceram durante algum tempo mais, em profunda concentração e

depois esfumaçaram-se curiosamente (digo assim, porque não sei explicar o

instantâneo desaparecimento).

Fig 51

V 12 O Anjo Azul da Ermida

Fig 52

V. 13 – Consagração Superior da Fundação do Retiro Alba Lucis.

F) – Foi então que os pequeninos Seres da Natureza, fadinhas e Gnomos,

misturaram seus risos e alegria, numa verdadeira “algazarra”, dançando, batendo

palmas e cantando.

* * *

Na Benção Expectante realizada logo após, vi o etérico do Jasmineiro em cor verde-

claro-brilhante, e sobre ele o símbolo crístico PAX, luminoso. Este símbolo era visto tanto

sobre a planta como no Templo improvisado – à frente da Imagem do SENHOR.

(Sarah, Sacerdotisa Expectante)

* * *

Com. 130 – E agora, Carolei, terminarei de lhe dar, neste volume, tudo quanto

temos para oferecer: a nossa profunda convicção sobre a necessidade de trabalhar,

pela União dos Crentes, que, sem duvida nenhuma, é chave mestra para a união

dos povos. Gostaria que Você meditasse nisso. E resolvesse fazer o que estiver em

seu poder, pois que todos e cada um têm condições para colaborar. – Gostaria,

também, que meditasse na faixa, com tantos símbolos, de tantas crenças, que este

estranho SERAFIM ALBA LUCIS, que vem ajudar a todos que procuram preparar-se

para auxiliar na hora amarga, conduz. Contemple, com freqüência, este Luminoso

Anjo! Ele lhe dará inspiração e proteção.

E, certamente também, os comentários de Sarah, que o viu (como eu e outros

viram também) estimulação do seu sentir, Carolei!...

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Meditação de 12 de junho de 1958, Retiro Alba Lucis – Leitura de trechos da

Imitação de Cristo – horário das 17 às 18 horas - ...Do centro de enorme clarão, a

visão do Anjo surgiu produzindo o efeito de uma e envolvendo-me em calor,

mansidão e paz...

Era como se seu hálito me invadisse todo o anahata, e o coronário a

transforma-se um uma substancia muito mais sutil que o ar ao penetrar nos pulmões

e em todo o corpo.

Parecia possuir um coração enorme, que este só seria maior que o meu próprio

corpo.

Sensação de flutuação, de ser feliz e estar longe do mundo. Senti que este

Anjo viera lançar uma nova ponte entre o invisível e o visível; entre o Céu e a Terra.

Este mesmo Anjo alumiava esta ponte, por inúmeros pontinhos dourados, - como

estrelinhas enfileiradas

É o Anjo mais estranho e belo que já vi,pois, possui três pares de Asas:

o 3.º - na esplendida cabeça, unidas a fronte por uma Flor de Lis.

o 2.º - as costas.

o 1.º - não são Asas douradas, mas, sutis e de cor azulada; estas estão

localizadas na parte baixa do tronco e, vistas através a vestimenta.

Seu pé esquerdo pousa, calca e afirma-se sobre uma serpente, de colorido

aproximando ao das Asas. Está enrolada em forma de espiral, dando três voltas ou

anéis.

O fogo do espírito jorrando de sua estranhas, lança fora uma chamarada

ardente que se transforma em faixa dourada com diversos símbolos gravados.

TUDO é silencio, porém, ainda ouço o suave farfalhar de suas asas. SUBIR

deve ser o seu cântico.

Em mim reside, no entanto, o estado de paz, profundidade, e mansidão no

coração...

(Sarah)

Fig 53

V. 14 – O Luminoso Serafim Alba Lucis... (Visão e desenho de Sarah, 12-06-1958)

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Que a Meditação deste Volume, Carolei, possa preparar sua Mente e seu Coração, para receber o influxo do Ensinamento do Muito Excelso Mestre, são os votos do seu Amigo,

Sevânanda.

(10 de outubro de 1958)

EPITAFIOS(1)

- 3-

Heine! Dizem que cairei no mar; Que bom! Quiçá possa, nesse esquife-mor, Caber: a dor toda, e todo o amor, Que não quis, ou pode na Terra derramar!

-2-

Corpo, porque desejavas com a morte, Abreviar esforço que não t´esgotara? Carregando, para novo avatara, A comum cruz que nos tocará em sorte!

-1-

Corpo, alma, calma! Só vos pedi ação! Se, de não agir se trata, essa parte, Deixai, é minha essência e arte! Vos pedi agir: morreste de reação.

(1) Esse “triptico epitáfico”, como certamente o denominaria o autor, foi escrito em previsão da “missão

mortal”... Consta, ainda, haver uma versão francesa, pelo menos do primeiro, isto é, do terceiro:

Heine! On Dit que je tomberai em Mer; Três bien: car il tiendra, em ce geant cercucil, Tout que répandre nái pu, ou voulu – orgueil? Sur Terre, de mon Amour, ma Douleur, ou d´Amer.

(Novo Intermezzo – SSS.)

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ÍNDICE DO SEGUNDO VOLUME

(Nota: o I Volume traz o tipo de índice adotado pelo autor do mesmo, Dr. Philippe ENCAUSSE, na França. Os três volumes seguintes, de autoria de Sri Sevânanda Swami, seguem um sistema que foi achado preferível, pela complexidade dos temas e da ilustração.)

LONGA PALESTRA COM CAROLEI

SEGUNDA PALESTRA COM CAROLEI

VINDA E INFÂNCIA DO MESTRE: A Encarnação do Eleito A Busca dos Pais O lugar e o Nascimento Horóscopo A Primeira Infância LYON (Com. 1 a 9) Ilustrações: A Grande Montanha Branca O Anjo Amo-Pax Casa natalícia do MEM Seu “Tema Astrológico”

A JUVENTUDE: Diversas Ressurreições Histórias: 1: A Primeira Ressurreição feita por Jesus (Com. 10 a 23) Ilustração: Símbolo dos Íntimos

A MOCIDADE: Curadores e Magnetizadores Cromoterapia Macrobiótica Curar Perdoando... Anos de Faculdade e Diplomas de Médico (Com. 24 a 34 Ilustração: M. PHILIPPE em 1877

O PAI DOS POBRES: Peregrinação a l’Arbresle O Clos LANDAR Os Íntimos do Mestre Os Irmãos do Mestre Sua Esposa Seus Filhos Berthe MATHONET Jean CHAPAS, o Sucessor direto Christian de MIOMANDRE Marc HAVEN (Dr. Lalande) A mística MARIE E. LALANDE O Herdeiro Direto: Philippe MARSHALL (Com. 35 a 59) História: 2: As moedas de ouro, não contadas Ilustrações: 6 fotos de l’Arbresle e do Clos LANDAR; Terraço, Lago e O SORRISO DO MESTRE Marc Haven Philippe MARSHALL e Marie Dosne Louise Marshall Christian de MIOMANDRE (fac-símile de carta e endereços...)

O PROTETOR DOS GRANDES: O Passado Alheio Outros Poderes Dele Sua Vida Secreta O MEM, os Ocultistas e as Ordens “AMO” Essênios, Gnósticos, Templários e Rosa-cruzes A Ordem Kabbalística da Rosa-Cruz A Corrente CRISTÃ O MEM e o MARTINISMO ... e o meu Mestre CEDAIOR Sua Morte As Perseguições ao MEM ... e PAPUS e o “seu” MARTINISMO ... e SÉDIR Emile BESSON Maurice de MIOMANDRE CHAMUEL Jean BRICAUD BARLET (Com. 60 a 112) Histórias: 3: O MEM intervém na minha vida...; 4: Duas Experiências na Loja Hermanubis Mudam um etérico do Monastério; 5: “Que Maior Poder!”: uma projeção de partes do Poder do M. PHILIPPE; 6: Identificação Mental com os Mestres Ilustrações: Quadro Geral da TRADIÇÃO, de 84 séculos O Cavalheiro Van PAAR Mestres CEDAIOR, APOLÔNIO E PEREGRINA Três Lágrimas do M. CEDAIOR Sarah e seu etérico PAPUS SEU TÚMULO “O ANJO CÓSMICO, disfarçado de Burguês!” O MEM, Lalande, Sédir e Papus Émile Besson Ioga em 1924 e Magia em 1931 (eu)

O MEM e... eu: Curas milagrosas A A. M. O. a Cruzada de Vida Espiritual O Monastério AMO-PAX Premonições... do Cachorro Monastério Essênio e de Sarva Ioga A Via Mental de Sarva Ioga A Igreja Expectante O Instituto Juvenil de Ioga O MEM e a VIA ESSÊNIA no Monastério Oração para abrir o dia O “ALBA LUCIS” A “Última Oração” O Retiro Alba Lucis (Com. 112 a 129) Histórias: 7: Consultas no GIDEE; 8: Câncer, Roleta e Ingratidão; 9: Parto pré-visto de “Myriam”-159; 10: Bofetadas, Bifes e burla à polícia...; 11: Três casos de castigos físicos; 12: Fenômenos diversos e Testes; 13: Avisos sobre uma entrega fracassada; 14: Simbolismo vivo, Cavalos, Cachorros e Águias; 15: Samsaradevi estuda para “cega”; 16: O Guia Árabe e sua Vidente; 17: A Viagem São Paulo Resende Rio; 18: O Zen; 19: Visão do futuro Retiro ALBA LUCIS; 20: Resumo sobre o ALBA LUCIS (missões político-sociais e outras...) Ilustrações: Sevânanda, Patriarca da Igreja Expectante Swami Sarvânanda A meditação do Buddha Cósmico O Lama dos Três Sóis Uma residente com sua aura irada Mãesinha Sádhanâ A Capelinha do Muito Excelso Mestre Jipe e Ermida, no Êxodo O Sorriso do MEM O Escudo do Labor O Coração do M. Cedaior e de Sádhanâ Até os Gnomos arrumam as malas! Cerimônias de Fundação do Retiro Alba Lucis Ilustrações a cores O Anjo Azul da Ermida Consagração Superior da Fundação do Retiro O Luminoso SERAFIM ALBA LUCIS

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Fig 54 - Contracapa