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Mestrado Integrado em Engenharia Química Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural Tese de Mestrado de Andreia Sofia Nogueira Esparrinha Desenvolvida no âmbito da unidade curricular de Dissertação Orientador na FEUP: Prof.ª Olga Nunes Orientador na empresa: Dr.ª Margarida Valente Departamento de Engenharia Química julho de 2014

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Mestrado Integrado em Engenharia Química

Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

Tese de Mestrado

de

Andreia Sofia Nogueira Esparrinha

Desenvolvida no âmbito da unidade curricular de Dissertação

Orientador na FEUP: Prof.ª Olga Nunes

Orientador na empresa: Dr.ª Margarida Valente

Departamento de Engenharia Química

julho de 2014

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“Pedras no caminho guardo-as todas, um dia vou construir um castelo…”

Fernando Pessoa

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Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

Agradecimentos

A finalização deste trabalho representa para mim um marco na minha vida pessoal e profissional.

Não resulta de um esforço individual, mas sim da dedicação e do incentivo de muitos.

Em primeiro lugar, quero agradecer à pessoa que mais inspira a minha vida, a minha avó Isabel,

pelo seu incessante incentivo, paciência, carinho, dedicação e compreensão manifestada em todos

os momentos, desde a exaustão até à satisfação e também pelo tempo que não lhe concedi.

Ao Cláudio, que nada sabe sobre bactérias, mas que me apoiou e motivou nos momentos de

angústia, insegurança e ansiedade, que passou pela minha presença ausente e por ter celebrado

comigo os melhores momentos.

Quero também agradecer à minha mãe e aos meus tios Rui, São, Toni e Alice por terem acreditado

sempre nas minhas capacidades e no meu esforço.

Este estudo não teria sido possível sem a amizade da Sónia, da Bárbara, da Teresa e da Lucinda.

Muito obrigada também à Beta pelas dicas na área dos antibióticos e à Linda que me ajudou no pior

momento que passei durante este período.

A realização deste trabalho teria sido muito mais difícil sem as indicações e conselhos do meu

colega André Correia. Obrigada mais uma vez!

Um obrigada enorme aos colegas do laboratório que me acolheu, principalmente os da ala da

microbiologia: Joana, Maria João, Carolina e Manuel. Mais que colegas para mim tornaram-se

amigos e sem eles o trabalho não teria sido tão produtivo ou divertido. Vou ter saudades! Espero

um dia poder retribuir todo o companheirismo e ensinar-vos umas coisas, tal como fizeram comigo.

Obrigada também ao Zé Carlos e ao Eurico sempre disponíveis para me trazerem as amostras, e ao

Zé Carlos novamente por me ter mostrado as instalações.

Deixo aqui o meu agradecimento à engenheira Rita Reis pelo auxílio em toda a parte burocrática e

por tudo mais e também ao Dr. Vilaça e à engenheira Margarida Silva.

À Sílvia e à Paula dos laboratórios das aulas de microbiologia da FEUP, tenho de agradecer pela sua

disponibilidade e simpatia.

Obrigada D. Maria José por ter feito tudo o que era possível para acelerar o início do meu estágio.

Tenho muito a agradecer à Ivone por todo o auxílio prestado, por todas as dúvidas esclarecidas, por

todas as sugestões, explicações, flexibilidade e simpatia. Obrigada também ao Carlos que me

ensinou a preparar as soluções dos antibióticos, ao Gonçalo, à Rita, à Ana e à Patrícia.

Tenho também que agradecer à professora Célia Manaia que permitiu a realização da última fase do

trabalho no seu laboratório.

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À Professora Olga por ter despertado em mim o interesse e a curiosidade pela microbiologia, por

ter aceite ser minha orientadora, por ter-me indicado este estágio, pela sua disponibilidade, dicas e

sugestões.

Estou muito grata à Dr.ª Margarida por me ter recebido no seu grupo de trabalho, por me ter

ensinado e incentivado muito, pela sua absoluta disponibilidade e amabilidade e por todas as

sugestões que me deu relacionadas com o trabalho ou não.

A todos os que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho, o meu muito

obrigada!

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Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

Resumo

A descoberta dos antibióticos consistiu num grande avanço para a medicina na primeira metade do

século XX. Porém, as bactérias desenvolveram mecanismos de resistência e forma de os transmitir

através da recombinação genética. Esta propagação é potenciada pelo uso incorreto dos

antibióticos, nas áreas da medicina humana e veterinária e da agricultura. Assim, a resistência a

antibióticos é um problema de saúde pública, sendo que as bactérias resistentes estão presentes

não só a nível clínico, mas também em ambientes naturais, nomeadamente a água.

Os objetivos deste trabalho consistiram em verificar a prevalência de resistência de bactérias

coliformes e E. coli provenientes do rio Douro, face aos antibióticos meropenemo, ceftazidima,

ciprofloxacina, gentamicina e estreptomicina e analisar os efeitos da precipitação, turvação e da

temperatura da água na comunidade bacteriana do rio Douro. Pretendeu-se também identificar as

espécies resistentes à gentamicina através da análise por adaptação do método descrito na norma

ISO 9308-1:2000, da identificação fenotípica e pela sequenciação do gene para o rRNA 16S e, por

fim, comparar o desempenho dos meios seletivos e diferenciais utilizados, LSA e mFC.

Para as concentrações de antibióticos analisadas, todos os isolados demonstraram ser suscetíveis

aos antibióticos meropenemo e ceftazidima, sendo que os maiores valores de prevalência de

resistência foram encontrados para a estreptomicina, seguindo-se a ciprofloxacina e depois a

gentamicina.

Verificou-se que o rio Douro contém bactérias indicadoras de contaminação fecal e observou-se que

a precipitação está relacionada com a turvação da água, que por sua vez se encontra associada ao

número de bactérias presentes no rio.

A identificação fenotípica constitui um método eficiente na identificação de bactérias coliformes e

E. coli, obtendo-se resultados concordantes com os proporcionados pelos outros métodos. No

entanto, o mesmo não se verificou relativamente aos organismos dos géneros Acinetobacter e

Aeromonas.

Os meios de cultura seletivos utilizados apresentam contagens e taxas de prevalência de resistência

muito semelhantes.

Palavras-Chave: Antibióticos, Resistência, Bactérias coliformes, E. coli, Identificação Fenotípica,

Gene para o rRNA 16S, Sequenciação

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Abstract

The discovery of antibiotics was a breakthrough for medicine in the first half of the twentieth

century. However, bacteria have developed resistance mechanisms and how to convey them

through genetic recombination. This spread is enhanced by the incorrect use of antibiotics in

human and veterinary medicine and agriculture. Thus, antibiotic resistance is a public health

concern, whereas resistant bacteria are present not only at a clinical level, but also in natural

environments, including water.

The purposes of this work consisted in determine the prevalence of resistance of coliform bacteria

and E. coli, to the antibiotic meropenem, ceftazidime, ciprofloxacin, gentamicin and streptomycin;

analyzing the effects of rainfall, water’s turbidity and temperature on bacterial community of the

River Douro; identifying the predominant species resistant to gentamicin through the analysis by

adaptation of the method described in ISO 9308-1:2000 standard; phenotypic identification and

sequencing of the gene coding for 16S rRNA and finally compare the performance of selective and

differential media used mFC and LSA.

To antibiotic concentrations analyzed, all isolates were shown to be susceptible to the antibiotics

ceftazidime and meropenem, whereas the higher prevalence values were found to streptomycin,

followed by ciprofloxacin and gentamicin.

It was found that Douro River contains faecal indicator bacteria and it was observed that the

precipitation is related to turbidity, which is associated with the number of bacteria present in the

river.

Phenotypic identification is an efficient method for the identification of coliforms and E. coli

bacteria, once consistent results were obtained with those provided by other methods. However,

the same was not true in relation to organisms of the genus Acinetobacter and Aeromonas.

The selective culture media used presents counting and prevalence rates of similar strength.

Key words: Antibiotics, Resistance, Coliform bacteria, E. coli, Phenotypic Identification,

16S rRNA gene, Sequencing

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Declaração

Declara, sob compromisso de honra, que este trabalho é original e que todas as

contribuições não originais foram devidamente referenciadas com identificação da fonte.

Assinar e datar

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Índice

Introdução ............................................................................................................................................................... 1

1.1 Apresentação do Projeto ................................................................................................................. 1

1.2 Ciclo urbano da água......................................................................................................................... 1

1.3 Bacia Hidrográfica do rio Douro................................................................................................... 3

1.4 A importância dos antibióticos ..................................................................................................... 3

Meropenem ................................................................................................................................................................................. 5 1.4.1

Ceftazidima ................................................................................................................................................................................. 6 1.4.2

Ciprofloxacina ............................................................................................................................................................................ 6 1.4.3

Estreptomicina .......................................................................................................................................................................... 7 1.4.4

Gentamicina ................................................................................................................................................................................ 7 1.4.5

1.5 Contaminação ambiental com antibióticos .............................................................................. 8

1.6 Resistência ........................................................................................................................................... 9

1.7 Propagação da resistência ............................................................................................................ 10

Resistência natural/intrínseca ........................................................................................................................................ 10 1.7.1

Resistência adquirida .......................................................................................................................................................... 11 1.7.2

1.8 Dispersão de microrganismos resistentes ............................................................................. 12

1.9 Família Enterobacteriaceae, bactérias coliformes e a espécie E. coli ............................ 15

1.10 Organização da Tese ....................................................................................................................... 16

2 Materiais e Métodos ................................................................................................................................. 17

2.1 Pesquisa e Quantificação de bactérias coliformes e E. coli resistentes a antibióticos

……………………………………………………………………………………………………………………………..17

Colheita das amostras ......................................................................................................................................................... 17 2.1.1

Preparação das soluções de antibióticos .................................................................................................................... 17 2.1.2

Preparação dos meios seletivos ...................................................................................................................................... 18 2.1.3

Enumeração de coliformes fecais e de Escherichia coli ........................................................................................ 18 2.1.4

Cálculos efetuados ................................................................................................................................................................ 21 2.1.5

Taxa de Prevalência de Resistência .............................................................................................................................. 22 2.1.6

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2.2 Identificação dos isolados ............................................................................................................. 22

Isolamento de culturas puras - Coloração de Gram ............................................................................................... 22 2.2.1

Identificação Fenotípica ..................................................................................................................................................... 23 2.2.2

2.3 Sequenciação do gene que codifica o 16S rRNA .................................................................... 24

Extração do DNA .................................................................................................................................................................... 25 2.3.1

Amplificação do gene que codifica o 16S rRNA ....................................................................................................... 25 2.3.2

Purificação, sequenciação e análise do gene 16S rRNA ....................................................................................... 26 2.3.3

3 Resultados e Discussão ........................................................................................................................... 27

3.1 Quantificação dos Isolados ........................................................................................................... 27

3.2 Efeito da precipitação, turvação e temperatura da água ................................................... 30

3.3 Bactérias resistentes a antibióticos .......................................................................................... 32

3.4 Identificação dos isolados ............................................................................................................. 38

Identificação Fenotípica .................................................................................... 38

Sequenciação do gene para o RNA 16S ribossomal ...................................................... 39

3.5 Comparação entre os meios LSA e mFC ................................................................................... 43

4 Conclusões ................................................................................................................................................... 44

4.1 Limitações e trabalho futuro ....................................................................................................... 45

4.2 Outros trabalhos realizados ........................................................................................................ 45

4.3 Apreciação final ................................................................................................................................ 45

5 Referências .................................................................................................................................................. 46

Anexo 1 Equipamento e Material ...................................................................................................................... 51

Equipamento e Material para a Pesquisa e Quantificação de bactérias coliformes e E. coli ......... 51

Equipamento, reagentes e material para a Identificação Fenotípica .................................. 52

Equipamento, Reagentes e Material para a Sequenciação do gene para o rRNA 16S ................ 52

Anexo 2 Tabela de Referência para Gn A e Gn B ........................................................................................... 54

Anexo 3 Controlo de Qualidade ......................................................................................................................... 55

Elaboração de Carta Guia para o Controlo da Qualidade ................................. 55

Controlo Quantitativo ....................................................................................... 55

Resultados do Controlo Quantitativo ..................................................................... 56

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Controlo Qualitativo ........................................................................................ 57

Resultados do Controlo Qualitativo ....................................................................... 58

Duplicados ................................................................................................... 58

Resultados dos Duplicados .................................................................... 59

Testes de esterilidade ....................................................................................... 60

Resultados dos Testes de esterilidade ....................................................... 60

Anexo 4 Dados de precipitação, turvação e temperatura .............................................. 61

Anexo 5 Dados das contagens ............................................................................ 63

Anexo 6 Dados da caracterização fenotípica dos isolados ............................................. 65

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Índice de Figuras

Figura 1. Ciclo urbano da água. Adaptado de (Vaz-Moreira, 2012). ........................................................................................ 2

Figura 2. Enquadramento geral da localização da bacia hidrográfica do Douro. Adaptado do Modelo Digital de

elevação baseado nos dados do SRTM-V4 (90m), folhas nos 35-04, 35-05, 36-04, 36-35, 37-04 e 37-05

(http://srtm.csi.cgiar.org/). ........................................................................................................................................................................ 3

Figura 3. Utilização de antibacterianos para uso sistémico, na Europa, em 2010, expressa em DDD (Definied

daily dose) por 1000 habitantes por dia. Adaptado de (ESAC, 2010). ..................................................................................... 8

Figura 4. Possíveis vias de introdução de antibióticos e seus metabolitos, em recursos hídricos naturais.

Adaptado de (Anderson et al., 2011). ..................................................................................................................................................... 9

Figura 5. Introdução de bactérias originárias de humanos e animais no meio ambiente. Adaptado de

(Baquero et al, 2008). ................................................................................................................................................................................. 13

Figura 6. a) Colocação da membrana na rampa de filtração; b) Inserção do volume adequado no copo de

filtração; c) Colocação da membrana na placa de LSA após a filtração. ............................................................................... 19

Figura 7. a) Colónias típicas no meio LSA; b) Colónias típicas no meio mFC. .................................................................. 19

Figura 8. a) Detalhe do papel de filtro após a realização do Teste da Oxidase, demonstrando colónias oxidase

positivas (coloração rosa) e negativas (coloração branca); b) Inoculação do tubo contendo o meio Fluorocult.

............................................................................................................................................................................................................................... 20

Figura 9. a)Visualização, sob radiação UV a 366 nm, da fluorescência indicativa da presença da enzima β-

glucuronidase; b) Aspeto dos tubos de Fluorocult, contendo amostras positivas após a realização do Teste

Indol (tubos com coloração amarela e anel carmim à superfície) e amostras negativas (tubos com coloração

roxa). .................................................................................................................................................................................................................. 21

Figura 10. a) Inoculação da biomassa na lâmina; b) Secagem do esfregaço; c) Aplicação do violeta de cristal;

d) Aplicação da iodina de Gram; e) Aplicação da safranina; f) Lâminas prontas para observação ao

microscópio ótico.......................................................................................................................................................................................... 23

Figura 11. Passos diversos do procedimento da Identificação Fenotípica. a) Inoculação das galerias; b)

Galerias após incubação e inserção dos reagentes; c) Modelo da Microgen® Gn-ID para o registo dos

resultados da identificação. ...................................................................................................................................................................... 24

Figura 12. Passos diversos da extração do DNA. a) Amostras colocadas no banho a 95 °C; b) Amostras

colocadas em gelo; c) Passo de centrifugação. ................................................................................................................................ 25

Figura 13. Caracterização da população bacteriana presente no rio Douro, capaz de crescer em meio LSA.

Média das UFC/100 ml de bactérias totais, bactérias coliformes e E. coli e percentagens de bactérias

coliformes e E. coli obtidas neste estudo e no estudo prévio relativamente às bactérias totais. .............................. 28

Figura 14. Representação gráfica da Precipitação e Turvação das amostras de água do rio Douro, no período

de tempo em análise neste trabalho..................................................................................................................................................... 30

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Figura 15. Representação gráfica do número de UFC/100 ml de bactérias totais, coliformes e E. coli em

função da turvação do rio Douro. .......................................................................................................................................................... 31

Figura 16. Representação gráfica do número de UFC/100 ml de bactérias totais, coliformes e E. coli em

função da temperatura do rio Douro. .................................................................................................................................................. 32

Figura 17. Representações gráficas da prevalência da resistência média encontrada para as bactérias

coliformes e E. coli isoladas no meio mFC. ........................................................................................................................................ 34

Figura 18. Representações gráficas da prevalência da resistência média encontrada para as bactérias

coliformes e E. coli isoladas no meio LSA. .......................................................................................................................................... 34

Figura 19. Fotografia do gel de agarose (1,5%) apresentando os produtos de PCR das amostras 1, 2, 3, 4, 5, 6,

7, 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14. M corresponde ao marcador de peso molecular, sendo B o branco. ............................... 39

Figura 20. Tabela de Referência para GnA e GnB. ....................................................................................................................... 54

Figura 21. Carta Guia de bactérias coliformes no meio LSA sem antibiótico. .................................................................. 56

Figura 22. Carta Guia de E. coli no meio LSA sem antibiótico.................................................................................................. 57

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Índice de Tabelas

Tabela 1. Classes de agentes antimicrobianos e seu respetivo mecanismo de ação. ....................................................... 5

Tabela 2. Microrganismos resistentes e respetivo antibiótico em águas naturais (Adaptado de Zhang et al.,

2009). ................................................................................................................................................................................................................. 15

Tabela 3. Concentração do antibiótico utilizado nos meios de cultura LSA e mFC. ...................................................... 18

Tabela 4. Resumo do número de UFC/100 ml médio para o meio LSA e meio LSA suplementado com os

antibióticos meropenem (MEM), ceftazidima (CAZ), ciprofloxacina (CIP), estreptomicina (STR) e gentamicina

(CN). .................................................................................................................................................................................................................... 29

Tabela 5. Percentagem média (%) de bactérias capazes de crescer em LSA suplementado com cada

antibiótico. ....................................................................................................................................................................................................... 29

Tabela 6. Prevalência de resistência para as bactérias totais, coliformes e E. coli em relação aos antibióticos

meropenem (MEM), ceftazidima (CAZ), ciprofloxacina (CIP), estreptomicina (STR) e gentamicina (CN) e

respetivo meio de isolamento. ................................................................................................................................................................ 33

Tabela 7. Diversidade fenotípica entre as bactérias .................................................................................................................... 38

Tabela 8. Dados da caracterização, da identificação segundo a adaptação do método descrito na norma ISO

9308-1:2000, da identificação fenotípica e pela análise do gene para o rRNA 16S, aos isolados recolhidos em

meio mFC e LSA suplementados com gentamicina a 16 mg.L-1, n.º de acesso no EzBioCloud e n.º de pares de

bases analisados no BioEdit. .................................................................................................................................................................... 42

Tabela 9. Enumeração das UFC/100 ml para os meios mFC e LSA. ...................................................................................... 43

Tabela 10. Resultados associados ao Controlo Qualitativo. ..................................................................................................... 58

Tabela 11. Amplitudes e critérios de precisão relativos a bactérias coliformes, para gama alta. ........................... 59

Tabela 12. Amplitudes e critérios de precisão relativos a bactérias coliformes, para gama alta e baixa. ........... 59

Tabela 13. Valores de precipitação, turvação e temperatura da amostra. ........................................................................ 61

Tabela 14. Enumeração das colónias Totais, Típicas, Coliformes e E. coli obtidas e respetiva proporção de

UFC/100 ml para o meio LSA e LSA com os antibióticos. ........................................................................................................... 63

Tabela 15. Caracterização fenotípica dos isolados selecionados. .......................................................................................... 65

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Notação

16S rRNA Ácido ribonucleico 16S ribossomal

λ Comprimento de onda

EARS European Antimicrobial Resistance Surveillance

CAZ Ceftazidima

CIP Ciprofloxacina

CLSI Clinical and Laboratory Standard Institute

CN Gentamicina

ESAC European Surveillance of Antimicrobial Comsumption

ETA Estação de Tratamento de Água

ETAR Estação de Tratamento de Águas Residuais

EUCAST European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing

DNA Ácido desoxirribonucleico

LSA Lauryl Sulfato Agar

LIR Limite Inferior de Reprodutibilidade

LSR Limite Superior de Reprodutibilidade

MEM Meropenemo

mFC Membrane Faecal coliform

MIC Concentração mínima inibitória

MRC Material de Referência Certificado

MRD Maximum Recovery Diluent

N Número de unidades formadoras de colónias

NTU Unidades nefelométricas de turvação

NCTC National colletion of Type Cultures

pb Pares de bases

PBP Penicillin binding proteins

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viii

PCA Plate Count Agar

PCR Reação de polimerização em cadeia

RNA Ácido ribonucleico

STR Estreptomicina

TSA Triptona Soja Agar

UFC Unidade Formadora de Colónia

UV Ultravioleta

OMS Organização Mundial de Saúde

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Introdução 1

Introdução

1.1 Apresentação do Projeto

Este estudo visou avaliar a prevalência de resistência de bactérias coliformes, em particular a

Escherichia coli, aos antibióticos meropenemo, ceftazidima, ciprofloxacina, estreptomicina e

gentamicina, presentes em águas naturais, tendo sido a amostragem realizada no rio Douro, na

albufeira de Crestuma-Lever. As bactérias foram isoladas nos meios LSA e mFC de modo e

estabelecer uma análise comparativa entre os mesmos, utilizando-se uma adaptação do método

descrito na norma ISO 9308-1:2000.

Este trabalho pretendeu também observar os efeitos da turvação, temperatura e precipitação na

população microbiana presente no rio.

Recorreu-se à sequenciação do gene que codifica para o rRNA 16S, de modo a identificar as

bactérias coliformes e não coliformes resistentes à gentamicina na concentração mínima inibitória

(MIC), definida pelo Clinical and Laboratory Standard Institute (CLSI, 2013). Adicionalmente, a

identificação foi realizada recorrendo ao sistema comercial Microgen® Gn-ID, visando validar este

método e caracterizar fenotipicamente os isolados.

Este estudo contribui para a perceção do papel das enterobactérias na evolução e dispersão da

resistência em água natural, uma vez que estas têm um impacto significativo na propagação da

resistência em águas residuais (Ferreira da Silva et al., 2007) e estão também presentes em águas

para consumo humano (Kampfer et al., 2008).

1.2 Ciclo urbano da água

A água é um bem essencial à vida devendo estar garantida de forma segura e sustentável a todos

(WHO, 2011). Desta forma, a água potável é segura para o consumo, lavagem, higiene, preparação

de alimentos e outros fins domésticos, estando isenta de microrganismos patogénicos e substâncias

químicas que possam causar danos à saúde pública, bem como sem a presença de odor, sabor ou

sólidos suspensos (Council Directive 98/83/EC, 1998; WHO, 2011).

A água utilizada para consumo humano é captada recorrendo a processos mecânicos, em fontes

naturais de água, sendo posteriormente tratada em Estações de Tratamento de Água, ETA. O

tratamento consiste em processos de sedimentação, coagulação/floculação, filtração e desinfeção.

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Introdução 2

O processo de sedimentação visa a remoção de solo, areia, partículas minerais e outras. A água sem

sedimentos é bombeada para um tanque de coagulação/floculação, processo facilitado pela adição

de um agente coagulante, onde ocorre a formação e remoção de flocos contendo material insolúvel

e microrganismos. De seguida a água clarificada é filtrada, geralmente com filtros de areia,

conseguindo-se desta forma a remoção de matéria orgânica e inorgânica, possíveis partículas

remanescentes, bem como microrganismos. Antes de ser considerada potável, a água deve passar

por um processo de desinfeção, que geralmente consiste na cloragem, eliminando os

microrganismos que ainda persistem nesta fase. Adicionalmente, o cloro contribui para a

neutralizar diversos componentes orgânicos, o que leva a uma melhoria no sabor e odor da água.

Alternativamente, a desinfeção pode ser realizada recorrendo a radiação UV ou ozono, segundo von

Gunten (2003) (Alves, 2007; Vaz-Moreira et al., 2013). Por último, a água é armazenada num

reservatório, sendo posteriormente distribuída aos consumidores domésticos e industriais a partir

da rede pública de abastecimento.

Após a sua utilização, as águas resultantes das mais variadas atividades domésticas e industriais,

contendo microrganismos, compostos orgânicos e inorgânicos (detergentes, pesticidas, gorduras,

entre outros) e metais (Varela e Manaia, 2013) são diariamente encaminhadas para as Estações de

Tratamento de Águas Residuais, ETAR, para subsequente tratamento, que inclui processos físicos,

químicos e microbiológicos, que removem ou neutralizam os contaminantes. O tratamento inicia-se

pelo preliminar, onde ocorre a remoção física de sólidos de grandes dimensões, seguindo-se o

tratamento primário, onde há separação gravítica de sólidos de pequenas dimensões em suspensão

e gorduras. Posteriormente dá-se o tratamento secundário, que envolve tratamento biológico,

visando essencialmente decompor a matéria orgânica e ainda remover parte dos microrganismos.

Por fim, ocorre o tratamento terciário, nem sempre utilizado devido aos elevados custos que

implica, que inclui a remoção adicional de matéria inorgânica, e também a fase de desinfeção

(Madigan et al., 2009). Note-se que esta pode ser realizada recorrendo aos mesmos processos

explicitados para a desinfeção que decorrem nas ETA (Macauley et al., 2006). Os efluentes finais são

devolvidos ao meio recetor sendo a água posteriormente reutilizada, perfazendo o ciclo urbano da

água, representado na Figura 1.

Figura 1. Ciclo urbano da água. Adaptado de (Vaz-Moreira, 2012).

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Introdução 3

1.3 Bacia Hidrográfica do rio Douro

A bacia hidrográfica do Douro, ilustrada na Figura 2, situa-se na Península Ibérica com uma

orientação predominante Este-Oeste. Contém 79 000 km2, abrangendo em território nacional uma

área correspondente a 19 000 km2, perfazendo, desta forma, uma das bacias de maiores dimensões

entre os rios nacionais e não nacionais que atravessam Portugal (LNEC, 1994). Aqui habitam cerca

de 4,2 milhões de habitantes, distribuídos em 47% em Portugal e 53% em Espanha.

1.4 A importância dos antibióticos

Os agentes antimicrobianos são compostos naturais ou sintetizados quimicamente responsáveis

por matar ou inibir o crescimento de microrganismos, de entre os quais se destacam os antibióticos

(Madigan et al., 2009; van Hoek et al., 2011). Estes definem-se como substâncias quimicamente

diversas, capazes de inibir o desenvolvimento e a proliferação de bactérias, exercendo para tal

efeitos bacteriostáticos ou bactericidas, mesmo quando presentes em quantidades reduzidas

(Kümmerer, 2009a; Manaia et al., 2012). Uma vez que os antibióticos não são necessários para o

crescimento e desenvolvimento dos microrganismos, estes são considerados metabolitos

secundários, sendo produzidos perante condições de competição (Martinez, 2009; Lima Procópio et

Nascido em Espanha, na Serra de Urbión, o rio

Douro tem a sua origem a 1700 metros de

altitude e após perfazer um percurso de

938 km desagua na costa atlântica, entre as

cidades do Porto e Gaia.

Nesta bacia encontram-se delimitadas três

massas de água subterrâneas e 383 massas de

água superficiais, distribuídas pelas seguintes

categorias: 361 rios, 17 albufeiras, 3 águas de

transição e 2 águas costeiras.

A necessidade de água para usos consumptivos,

na região hidrográfica do Douro, está estimada

em cerca de 628 hm3/ano, sendo a agricultura

Figura 2. Enquadramento geral da localização da bacia

hidrográfica do Douro. Adaptado do Modelo Digital de

elevação baseado nos dados do SRTM-V4 (90m), folhas

nos 35-04, 35-05, 36-04, 36-35, 37-04 e 37-05

(http://srtm.csi.cgiar.org/).

responsável pelo consumo de 81% das necessidades totais da região. O setor urbano consome

cerca 17% das necessidades de água totais, seguindo-se a indústria que consome 1,3%, de acordo

com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 16-C/2013.

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Introdução 4

al., 2012; Manaia et al., 2012). No entanto, os antibióticos podem, na natureza, adquirir outras

funções como por exemplo atuarem como sinais bioquímicos (Fajardo e Martínez, 2008).

Em 1929, Alexander Fleming descobriu o primeiro antibiótico natural e com utilidade clínica, a

penicilina G (Fleming, 1929). Esta descoberta foi devidamente valorizada na Segunda Guerra

Mundial, pois permitiu o combate eficaz de infeções (Pelczar et al., 1996; Guimarães et al., 2010),

uma vez que os antibióticos são bastante tóxicos para os microrganismos, o que não se reflete nos

tecidos do hospedeiro (Madigan et al., 2009; Kümmerer, 2009a; van Hoek et al., 2011). Outros

antibióticos foram depois encontrados e isolados, sendo muitos desses modificados por ação

química ou enzimática, sendo estes os designados antibióticos semi-sintéticos (Lima Procópio et al.,

2012). Outros são produzidos inteiramente de forma sintética, pelo que a definição atual de

antibiótico inclui os de origem sintética e semi-sintética (Kümmerer, 2009a).

Os antibióticos assumiram importância extrema no tratamento de infeções contribuindo,

juntamente com a melhoria das condições sanitárias e programas de vacinação, para elevar a

esperança média de vida no século XX (van Hoek et al., 2011). Contudo apesar do sucesso

subsequente da sua descoberta e produção, as doenças infeciosas permanecem ainda como a

segunda causa de morte em todo o mundo (Lima Procópio et al., 2012). Assim, os antibióticos são

maioritariamente requeridos nas áreas da medicina humana, seguindo-se a veterinária e

posteriormente as áreas agrícolas, pecuária e aquacultura (Kümmerer, 2009a; Zhang et al., 2009;

van Hoek et al., 2011; Lupo et al., 2012), podendo ainda ser aplicados na produção de frutas,

vegetais e plantas ornamentais (Madigan et al., 2009; Kümmerer, 2009a).

Os antibióticos podem ser classificados das mais variadas formas, o que inclui a estirpe produtora, a

biossíntese, o espetro de ação, o mecanismo de ação ou a estrutura química, sendo que cada classe

diferenciada com base no seu princípio ativo. Os seus mecanismos de ação são diversos, estando

estes resumidamente explicitados na Tabela 1.

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Introdução 5

Tabela 1. Classes de agentes antimicrobianos e seu respetivo mecanismo de ação. Adaptado de (Hooper, 2001;

Dermott et al., 2003; Madigan et al., 2009 e van Hoek et al., 2011).

Classe Exemplos Mecanismo de ação

β-lactâmicos

Penicilinas: Oxacilina, Amoxicilina

Inibição da síntese de peptidoglicano

devido à ligação do antibiótico com PBP’s

(Penicillin binding proteins) Cefalosporinas: Ceftazidima, Cefuroxima

Cefotaxima

Cefprozil

Carbapenemos: Meropenemo, Imipenemo

Tetraciclinas Doxiciclina, Minoclina

Inibição da síntese proteica, interferindo

com a subunidade 30S dos ribossomas Aminoglicosídeos Estreptomicina, Gentamicina

Macrólidos Eritromicina, Diritromicina

Inibição da síntese proteica, interferindo

com a subunidade 50S dos ribossomas

Glicopeptídios Vancomicina Inibição da síntese de peptidoglicano

devido à sua ligação com o terminal

D-alaninia-D-alanina do peptidoglicano

Polipéptidos Bactricina, Polimixina Inibe a função da membrana plasmática

Sulfamidas Sulfametoxazol

Inibição competitiva da atividade da

enzima diidropteroato sintetase, afetando a

síntese de ácidos nucleicos e de

aminoácidos

Quinolonas Ciproflaxacina, Norfloxacina Inibição da topoisomerase DNA girase,

impedindo a replicação do DNA

Daptomicina - Inibição da síntese de macromoléculas

devido à despolarização da membrana

citoplasmática

Platensimicina - Bloqueia a biossíntese lipídica

Polienos Nistatina, Anfotericina B Inibe a função da membrana plasmática

Cloranfenicol - Interfere com a síntese proteica

Rifamicina - Inibe o processo de transcrição

Meropenemo 1.4.1

O meropenemo é um antibiótico de largo espetro que pertence à família dos carbapenemos, sendo

portanto um β-lactâmico (Mouton et al., 1995; Baldwin et al., 2008). Descoberto em 1987, este

antibiótico é administrado de modo parentenal (Alvan et Nord, 1995; FDA, 2014b), sendo que a

sua aplicação ocorre apenas em ambiente hospitalar (Prontuário Terapêutico online, 2014). É

indicado no tratamento de infeções abdominais, meningite, pneumonia nosocomial, infeções

urinárias, obstétricas e ginecológicas, bem como no auxílio do tratamento da fibrose quística e

ainda no tratamento de infeções na pele (Baldwin et al., 2008; FDA, 2014b). O seu espetro de ação é

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Introdução 6

eficaz contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas patogénicas, sendo estável perante

β-lactamases produzidas por um grande número de bactérias (Mouton et al., 1995), principalmente

por Pseudomonas aeruginosa e espécies da família Enterobacteriaceae. Contudo, em isolados

clínicos foi já verificada a resistência a este antibiótico (Hu et al., 2012; Harino et al., 2013; Sader et

al., 2014; Jones et al., 2014). Resta acrescentar que os mecanismos de resistência ao meropenemo

são a alteração do alvo, através da modificação do número, tamanho e seletividade das porinas

presentes na membrana celular ou a diminuição da afinidade do antibiótico com as PBP’s (Kumar et

Singh, 2013; Prontuário Terapêutico online, 2014).

Ceftazidima 1.4.2

A ceftazidima é uma cefalosporina de terceira geração, com largo espetro de ação e cuja

administração é parentenal e exclusiva ao internamento hospitalar (Prontuário Terapêutico online,

2014; FDA, 2014a; WHO, 2014a). Apresenta ação eficiente contra espécies Gram-negativas, como

enterobactérias, incluindo as estirpes produtoras de β-lactamases, Citrobacter sp., Escherichia coli,

Klebsiella sp., Neisseria meningitidis e Pseudomonas.

As aplicações terapêuticas da ceftazidima são várias, incluindo o tratamento de infeções do sistema

respiratório (pneumonia), sistema urinário, infeções ao nível de pele, do sistema nervoso central,

ginecológicas, abdominais, nos ossos e articulações e finalmente, sépsis intrahospitalar (FDA,

2014a; Culay Pérez et al., 2012). As bactérias resistentes a este antibiótico usufruem de bombas de

efluxo que expelem o mesmo para o exterior celular, demonstram uma afinidade reduzida para as

PBP’s ou apresentam impermeabilidade da membrana externa (Prontuário Terapêutico online,

2014).

Ciprofloxacina 1.4.3

A ciprofloxacina é uma fluoroquinolona de segunda geração sendo esta classe de antibióticos,

derivada do ácido nalidíxico, produzidos de forma sintética (ESAC, 2010; Prontuário Terapêutico

online, 2014). Apresenta um largo espetro de atividade, sendo eficiente na eliminação de bactérias

tanto Gram-positivas como Gram-negativas, incluindo estafilococos resistentes à meticilina e

Pseudomonas aeruginosa. Possui uma boa difusão tecidular e o seu perfil de reações adversas é,

geralmente, bastante favorável, sendo raras as graves. Este antibiótico está em Portugal, e na

maioria dos outros países desenvolvidos, associado ao regime de ambulatório, podendo ser

ingerido oralmente na forma líquida, sólida e semi- sólida (Prontuário Terapêutico online, 2014;

WHO, 2014a; EASC, 2010). Note-se que se encontra entre os antibióticos mais consumidos em

Portugal (EASC, 2010). O mecanismo de resistência que as bactérias apresentam perante a

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Introdução 7

ciprofloxacina corresponde à sua expulsão através de bombas de efluxo ou fazem a alteração da

DNA girase (Prontuário Terapêutico online, 2014).

Estreptomicina 1.4.4

A estreptomicina é a principal representante da classe dos aminoglicosídeos, que possuem um

grupo amino básico e uma unidade de açúcar, apresentando ação bactericida. Foi isolada pela

primeira vez em 1944, por Albert Schatz a partir de Streptomyces griseus, um microrganismo

presente no solo (Guimarães et al, 2010). Tendo sido implementada na terapia clínica na mesma

década, a estreptomicina não consta entre os antibióticos mais prescritos desta classe, no entanto

foi o primeiro antibiótico efetivo no tratamento da tuberculose. A sua ampla utilização também se

estende no combate de Escherichia coli, Proteus spp., Aerobacter aerogenes, Klebsiella pneumoniae e

Enterococcus faecalis causadoras de infeções urinárias ou Haemophilus influenzae em infeções

respiratórias, endocardites e meningite. O desenvolvimento de resistência a este antibiótico é uma

consequência do uso seu alargado, sendo o tratamento da tuberculose atualmente exercido por

antimicrobianos sintéticos (Madigan et al., 2009; FDA, 2014c). Saliente-se que a resistência é

conseguida através da acetilação do antibiótico (Manaia et al., 2012).

A estreptomicina não se encontra entre os antibióticos mais consumidos, nem em termos de

ambulatório, nem em hospitalares (Madigan et al., 2009; ESAC, 2010). No entanto, em Portugal,

encontra-se disponível na forma injetável em farmácias hospitalares, bem como nos centros de

tratamento de tuberculose, apesar do seu efeito neurotóxico e nefrotóxico, funcionando como

reserva no caso do tratamento com outros antibióticos falhar (Madigan et al., 2009; Prontuário

Terapêutico online, 2014).

Gentamicina 1.4.5

A gentamicina foi descoberta em 1963 por Weinstein. Este é um antibiótico também pertencente à

classe dos aminoglicosídeos, constando entre os mais prescritos, sendo produzido pela

Micromonospora purpurea ou M. echinospora (Stead, 2000; Durante-Mangoni et al., 2009). Existe,

presentemente, sob a forma de sais de sulfato (O’Neil et al., 2001), sendo ativa perante S. aureus e

bacilos Gram-negativos, incluindo P. aeruginosa, segundo Walsh (2003) (Guimarães et al., 2010).

Tal como os outros aminoglicosídeos, é administrado por via intramuscular ou via intravenosa, uma

vez que a sua polaridade inviabiliza a toma por via oral (Stead, 2000; Guimarães et al., 2010).

Possuidora de largo espetro de ação, a gentamicina tem uma aplicação clínica diversificada que

inclui, segundo o British National Formulary, o tratamento de infeções sistémicas graves e infeções

associadas aos sistemas biliar e urinário (Stead, 2000). Tem sido também aplicada no tratamento

de infeções de cutâneas e oculares sob a forma de creme, loção, pomada ou colírio, para uso de

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Introdução 8

ambulatório, no entanto tal como a estreptomicina a gentamicina também não se encontra entre os

antibióticos mais administrados ou consumidos em Portugal (Prontuário Terapêutico online, 2014;

EASC, 2010). O mecanismo de resistência apresentado pelas bactérias face a gentamicina é a

alteração da estrutura química da mesma, através de mecanismo de fosforilação do antibiótico

(Prontuário Terapêutico online, 2014).

1.5 Contaminação ambiental com antibióticos

Diversos antibióticos, entre os quais os β-lactâmicos e aminoglicosídeos, ocorrem naturalmente no

solo, contudo não existem registos sobre a sua produção em ambientes aquáticos (Kümmerer,

2009a). Anualmente são produzidas industrialmente 100 000 toneladas de antibióticos (Nikaido,

2009), tendo sido a contaminação ambiental introduzida, pela ação direta ou indireta do Homem, a

partir de meados do século XX. O grau no qual cada antibiótico é metabolizado num organismo está

dependente do tipo de antibiótico em questão, sendo muitos deles excretados como compostos

ativos. Estes passam a ser parte integrante das águas residuais, que são encaminhas para as ETAR

(Kümmerer, 2009a; Varela et Manaia, 2013), sendo que nestas, segundo Göbel et al. (2005), é

possível encontrar vários antibióticos em concentrações apreciáveis (Baquero et al., 2008).

Figura 3. Utilização de antibacterianos para uso sistémico, na

Europa, em 2010, expressa em DDD (Definied daily dose) por

1000 habitantes por dia. Adaptado de (ESAC, 2010).

Diversos compostos farmacêuticos, incluindo

os antibióticos, não são eliminados de forma

eficaz durante os tratamentos proporcionados

nas ETAR (Hirsch et al., 1999). Desta forma, as

águas superficiais encontram-se bastante

poluídas pela sua presença, sendo difícil

encontrar áreas isentas destes agentes

(Baquero et al., 2008; Martinez, 2009).

Paralelamente à contaminação do ambiente

aquático, os antibióticos são também

disseminados em solos e sedimentos

(Kümmerer, 2009a). A excreção de

antibióticos por humanos toma uma posição

de liderança na contaminação ambiental, o

que está intimamente relacionado com os

níveis de consumo, como evidencia a Figura 3.

Porém, outros fatores contribuem para o aumento da concentração total de antibióticos nas águas

residuais e superficiais, estando estes resumidos na Figura 4. Uma vez em contacto com os

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Introdução 9

sistemas aquáticos naturais, alguns antibióticos, como as tetraciclinas, demonstram uma certa

instabilidade, acabando por sofrer hidrólise, sendo que outros, tais como quinolonas ou sulfamidas,

podem sofrer fotólise (Kümmerer, 2009a). Constatou-se ainda que vários antibióticos têm

capacidade de se adsorverem a matrizes ambientais, nomeadamente partículas sólidas, o que

aumenta a sua concentração local e retarda a sua degradação (Baquero et al., 2008; Kümmerer,

2009a). Quando presentes nas águas, os antibióticos podem erradicar espécies bacterianas

suscetíveis, o que afeta todo o ecossistema onde estão inseridas (Martinez, 2009; Tello et al., 2012),

ou selecionar e potenciar formas resistentes (Kümmerer, 2009b).

1.6 Resistência

A resistência adquirida a antibióticos é a capacidade de um microrganismo em opor-se aos efeitos

de um agente quimioterapêutico ao qual é normalmente suscetível (Madigan et al., 2009;

Kümmerer, 2009b). Nenhum antibiótico inibe todos os microrganismos, pois o produtor oferece

uma resistência natural ao antibiótico que produz, sendo capaz de o neutralizar ou destruir (Lima

Procópio et al., 2012); esta poderá ser a origem da resistência aos antibióticos (Madigan et al.,

2009).

O conceito de resistência associa-se à concentração mínima inibitória (MIC), definida com base em

amostras clínicas, que corresponde à menor concentração de determinado agente antimicrobiano

que inibe o crescimento de células (Andrews, 2001; Madigan et al., 2009; CLSI, 2013; Rizzo et al.,

2013). As capazes de proliferar na presença da MIC de determinado antibiótico são consideradas

resistentes.

Figura 4. Possíveis vias de introdução de antibióticos e seus metabolitos,

em recursos hídricos naturais. Adaptado de (Anderson et al., 2011).

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Introdução 10

A resistência foi potenciada pela utilização abusiva dos antibióticos, acumulação de agentes

profiláticos, detergentes, desinfetantes, resíduos da poluição industrial ou metais pesados em

ambientes naturais. Desta forma, a disseminação dos genes que conferem resistência entre a

comunidade microbiológica, particularmente entre a comunidade patogénica, bem como o

desenvolvimento contínuo de novas formas de resistência, uma ameaça universal à saúde humana,

animal e ambiental, uma vez que a administração dos antibióticos torna-se ineficaz em certos

cenários (Baquero et al., 2008; Martinez, 2009; Zhang et al., 2009; Kümmerer, 2009b; Vaz-Moreira

et al., 2014). Assim, as doenças infeciosas constam entre as principais causas de morte, tendência

que prevalecerá nos próximos anos (WHO, 2011; WHO, 2014b). Existem várias estirpes

patogénicas que apresentam resistência a todos os agentes antimicrobianos conhecidos, num

fenómeno designado por multirresistência (Aleksun et Levy, 2007). Entre elas constam as estirpes

de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina (MRSA) e as de Enterococcus resistentes a

vancomicina (VRE) (Kümmerer, 2009b; Lima Procópio et al., 2012; Nikaido, 2009; van Hoek et al.,

2011).

Diversos são os mecanismos de resistência aos antibióticos que são inerentes a certos grupos de

microrganismos, entre os quais estão a inativação do antibiótico decorrente da sua alteração

estrutural por via enzimática, a destruição do antibiótico (por exemplo pela quebra do anel

β-lactâmico em antibióticos pertencentes à classe dos β-lactâmicos), a impermeabilização da

membrana plasmática devido à ação de porinas modificadas, a modificação do alvo do antibiótico

ou o mecanismo de expulsão relacionado com bombas de efluxo (Madigan et al., 2009, van Hoek et

al., 2011). Saliente-se, no entanto que a resistência a certos antibióticos pode estar relacionada com

mais do que um dos mecanismos mencionados (Zhang et al., 2009).

1.7 Propagação da resistência

Resistência natural/intrínseca 1.7.1

Segundo Tenover (2006) as bactérias podem herdar a resistência a determinados antibióticos,

sendo esta a resistência natural/intrínseca, e assim coexistir com as substâncias antimicrobianas

naturais, bem como beneficiar com a sua presença (Manaia et al, 2012). Este tipo de resistência

resulta de um processo evolutivo e, não sendo uma consequência direta da exposição aos

antibióticos, segundo Alvarez-Ortega et al., (2011), representa uma característica fenotípica,

fisiológica ou bioquímica de uma espécie ou organismo, constando na sua insensibilidade face ao

antibiótico (Kümmerer, 2009b; Vaz-Moreira et al., 2014).

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Introdução 11

Para Martinez (2009), os antibióticos podem em, certas circunstâncias, ser tolerados pelas

bactérias, devido a possuírem estruturas semelhantes aos substratos que estas degradam. Estudos

de Davies et al. (2006) e Dantas et al. (2008) apontam para outras formas naturais de resistência

que incluem o uso de antibióticos como sinais bioquímicos, moduladores da atividade metabólica

ou como fontes de carbono (Manaia et al., 2012).

Pensa-se ainda que bactérias com resistência intrínseca têm vantagem em relação a bactérias não

portadoras desta na aquisição de genes que conferem resistência, pela sua transferência horizontal,

porém a transmissão da resistência intrínseca por recombinação genética permanece ainda

questionável (Kümmerer, 2009b; Vaz-Moreira et al., 2014).

Resistência adquirida 1.7.2

Diversas são as estirpes bacterianas com capacidade de se adaptarem, na presença de condições

desfavoráveis ou alterações ambientais do local onde se encontram, o que é frequentemente devido

a mutações. Estas são alterações aleatórias permanentes ao nível do genoma (Kümmerer, 2009b),

muitas vezes potenciadas por fatores antropogénicos (Baquero et al., 2008, Lupo et al., 2012). A

resistência a quinolonas é, frequentemente, devido a este processo (WHO,2014a).

No entanto, a recombinação genética é, segundo alguns autores, a forma mais fácil de adquirir a

resistência (Rowe et al., 1999; Salyers et al., 2004). Esta decorre no processo de transferência

horizontal de genes, sendo este um fenómeno no qual há aquisição por parte de uma bactéria

recetora de DNA exógeno, ocorrendo frequentemente entre organismos de grupos taxonómicos

distintos (Davison, 1999; Schwartz et al., 2003; Xi et al., 2009; Martinez, 2009; Lima Procópio et al.,

2012; Manaia et al., 2012). Desenvolve-se devido ao efeito da pressão seletiva exercido por

concentrações sub-inibitórias de antibióticos (Kümmerer, 2009b; Martinez, 2009) e, uma vez

adquirida, é transmitida à geração seguinte no processo de transferência vertical de genes

(Schwartz et al., 2003; Kümmerer, 2009b). Eventos que englobam a transferência horizontal de

genes desempenham um papel fulcral na disseminação da resistência entre bactérias e sua

evolução, sendo responsáveis pela transmissão a bactérias comensais e patogénicas. Saliente-se que

este tipo de resistência ocorre em algumas espécies representativas, sendo a grande parte dos

representantes suscetível ao agente antimicrobiano (Manaia et al., 2012). A resistência a

cefalosporinas de terceira geração é, muitas vezes, devida a este processo (WHO,2014a).

Os mecanismos de transferência horizontal de genes englobam a transformação, a transdução e a

conjugação (Madigan et al., 2009; Manaia et al., 2012). A transformação consiste num processo de

transferência de genes no qual DNA, oriundo de uma célula que sofrera lise, é incorporado numa

célula recetora, designada por célula de competência. A transdução decorre da transferência de

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Introdução 12

DNA de uma célula hospedeira para outra, sendo esta mediada por bacteriófagos. Esta está

associada ao ciclo lítico, em que fragmentos de DNA da bactéria hospedeira podem ser

encapsidados, gerando partículas transdutoras juntamente com os fagos. As partículas transdutoras

podem, após a lise celular que ocorre no final do ciclo lítico, atuar tal como os fagos transferindo o

DNA do hospedeiro nelas contido para outras bactérias. Qualquer gene da célula dadora pode ser

transferido para a célula recetora, contudo saliente-se que a frequência a que a transdução ocorre é

bastante reduzida, e por consequência, não é um mecanismo muito importante na recombinação

genética (Madigan et al., 2009). A conjugação é um mecanismo onde um plasmídeo F, contido na

célula dadora (F+), é capaz de transferir uma cópia de si mesmo para a célula recetora (F-), após a

replicação plasmídica pelo método dos círculos rolantes. A transferência é mediada um por um

tubo de conjugação denominado pilus e, desta forma, uma célula F- converte-se numa célula F+.

Saliente-se que os plasmídeos são capazes de se transferir e replicar numa gama variada de

hospedeiros, podendo conferir resistência quase a totalidade dos antibióticos usados clinicamente

(Zhang et al., 2009). Este é um processo com um grande impacto em termos ecológicos, uma vez

que se propaga rapidamente entre a população bacteriana do meio ambiente (Schwartz et al., 2003;

Zhang et al., 2009). Os processos anteriormente mencionados ocorrem em diversos meios como são

exemplos as águas e solos poluídos ou não, bem como em plantas e animais (Davison, 1999).

Os genes que conferem a resistência aos antibióticos são considerados poluentes ambientais, uma

vez que são nele facilmente introduzidos, mas muito difíceis de remover, mesmo quando a pressão

seletiva deixa de ser exercida, segundo Mackie (2007) (Pruden et al., 2006; Zhang et al., 2009).

Note-se ainda que genes que conferem resistência a isolados clínicos já foram identificados em

bactérias presentes em meios isentos de antibióticos (Zhang et al., 2009).

1.8 Dispersão de microrganismos resistentes

A resistência pode desenvolver-se principalmente em quatro setores distintos (Figura 5),

constando o primeiro na microbiota humana e animal, contida no trato intestinal, no qual os

antibióticos administrados exercem pressão seletiva (Baquero et al., 2008). Possivelmente é neste

local que a resistência tem maiores hipóteses de surgir, visto que a concentração do antibiótico,

quando administrado, é elevada (Hirsch et al., 1999).

No segundo setor incluem-se os hospitais e locais onde a prática de criação de animais é intensiva

ou onde haja indivíduos suscetíveis expostos a bactérias. Também a aplicação de estrume não

tratado em atividades agrícolas pode resultar na dispersão de bactérias resistentes para recursos

hídricos naturais (Baquero et al., 2008).

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Introdução 13

O terceiro setor inclui as águas residuais e outros resíduos biológicos gerados em hospitais, quintas

ou sistemas de aquacultura, estando presentes em ETAR. Estas, que destacam-se por ser um dos

habitats mais ricos em genes que conferem resistência (Vaz-Moreira et al., 2014), proporcionam o

contacto entre águas residuais hospitalares, domésticas e industriais e as águas superficiais e

subterrâneas, o que facilita a propagação de informação genética entre estes compartimentos

(Baquero et al., 2008; Kümmerer, 2009b). O tratamento realizado às águas residuais constitui uma

forma de eliminar a grande maioria das bactérias presentes, contudo no final persistem bactérias e

elementos genéticos que mostram resistências acentuadas (Armstrong et al., 1981; Hirsch et al.,

1999; Ferreira da Silva et al., 2007).

Finalmente, o quarto setor consiste nos solos, águas superficiais e subterrâneas, estando as

bactérias provenientes dos setores anteriores possibilitadas de interagir entre a sua comunidade,

bem como com organismos característicos dos solos e águas descritas. A Figura 5 mostra como os

organismos originários de humanos e animais, representados a preto, contactam com bactérias

nativas do meio ambiente, representadas a branco, o que viabiliza a transferência horizontal de

genes, levando ao aumento da variabilidade genética e potenciando novos mecanismos de

resistência.

Assim, a água constitui uma plataforma de bactérias e de genes que codificam a resistência, bem

como um vetor de propagação de microrganismos resistentes, resultando numa ecologia

microbiana totalmente distinta da era pré-antibiótica (Zhang et al., 2009; Martinez, 2009; Lupo et

al., 2012; Figueira et al., 2011a).

Figura 5. Introdução de bactérias originárias de humanos e

animais no meio ambiente. Adaptado de (Baquero et al, 2008).

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Introdução 14

As bactérias portadoras de resistência podem ser reinseridas nos humanos e animais, como as setas

apresentadas na Figura 5 sugerem (Baquero et al., 2008; Kümmerer, 2009b; Zhang et al. 2009; Xi et

al., 2009). Diversos são os estudos que reportam a presença de bactérias resistentes a antibióticos

em águas potáveis, sendo que estas permanecem mesmo após o tratamento realizadas pelas ETA,

penetrando nos sistemas de distribuição da água e na alimentação humana (Armstrong et al., 1981;

Schwartz et al., 2003; Zhang et al., 2009; Vaz-Moreira et al., 2012; Figueira et al., 2012). Infere-se

que o tratamento da água contribui para o aumento de bactérias resistentes e que os sistemas de

distribuição constituem um reservatório para a disseminação da resistência (Zhang et al., 2009).

Isto comporta um risco para a saúde pública, segundo Alpay-Karaoglu (2007) (Zhang et al., 2009),

pois a diversidade de genes que conferem resistência a antibióticos no ambiente é avassaladora,

podendo ser facilmente adquirida por

microrganismos patogénicos e oportunistas (Martinez, 2009; Aminov, 2011). Neste sentido, na

Europa os níveis de resistência a agentes antimicrobianos elevaram-se nos microrganismos

patogénicos Gram-negativos, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa

(EARS, 2011), verificando-se a presença de quase a totalidade dos genes que conferem a resistência

às diferentes classes de antibióticos nos sistemas aquáticos (Zhang et al., 2009). Deste modo, torna-

se essencial travar a prescrição, a venda e distribuição incorretas, a automedicação indiscriminada

dos antibióticos e a sua aplicação como promotores de crescimento para além da Europa

(Kümmerer, 2009b; Madigan et al., 2009; Zhang et al., 2009; Lima Procópio et al., 2012). Devem-se

fomentar práticas como a promoção da deteção da resistência a agentes antimicrobianos como um

parâmetro da qualidade da água, o incentivo à descoberta de novos mecanismos para eliminar

eficazmente os antibióticos em ETAR, bem como bactérias e genes resistentes e a instauração de

estratégias governamentais que estipulem a proibição da utilização de estrume não tratado e águas

provenientes de efluentes para irrigação de colheitas agrícolas (Zhang et al., 2009; Vaz-Moreira et

al., 2012; Lupo et al., 2012).

Na Tabela 2 apresentam-se exemplos de microrganismos resistentes a antibióticos encontrados em

águas naturais.

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Introdução 15

Tabela 2. Microrganismos resistentes e respetivo antibiótico em águas naturais. Adaptado de (Zhang et al., 2009).

Antibiótico Microrganismos Resistentes (Filo) Referências

Tetraciclina

Escherichia (Proteobacteria),

Salmonella (Proteobacteria),

Serratia (Proteobacteria), Streptomyces (Actinobacteria)

Poppe et al., 2006; Cernat et al., 2007; Hu

et al., 2008; Thompson et al., 2007;

Nikolakopoulou et al., 2005

Aminoglicosídeos

Aeromonas (Proteobacteria); Escherichia, Pseudomonas

(Proteobacteria), Klebsiella (Proteobacteria), Raoultella

(Proteobacteria), Citrobacter (Proteobacteria),

Morganella (Proteobacteria), Vibrio (Proteobacteria),

Salmonella

Mukherjee et al., 2006; Henriques et al.,

2006; Taviani et al., 2008; Poppe et al.,

2006; Cernat et al., 2007

Cloramfenicol Pseudomonas, Salmonella Dang et al., 2008; Poppe et al., 2006

Vancomicina Enterococcus (Firmicutes), bactérias heterotróficas,

Staphylococcus (Firmicutes) Schwartz et al., 2003

β-lactâmicos Salmonella, Staphylococcus Schwartz et al., 2003; Poppe et al., 2006

Sulfonamida e

Trimetoprim

Escherichia, Salmonella, Vibrio

Park et al., 2003; Henriques et al., 2006;

Cernat et al., 2007; Antunes et al. 2006;

Mohapatra et al., 2008; Hu et al., 2008

1.9 Família Enterobacteriaceae, bactérias coliformes e a espécie E. coli

Os coliformes totais, pertencentes à família Enterobacteriaceae, abrangem, entre outros, os géneros

Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter. Podem ser encontradas nos solos, águas

superficiais e residuais domésticas e ainda no trato intestinal animais de sangue quente, dividindo-

se em espécies ambientais e fecais (WHO, 2011).

As bactérias coliformes são Gram-negativas, não formadoras de esporos, oxidase negativas, com

forma de bastonete, capazes de aerobiamente, ou de forma facultativa anaerobiamente, proliferar

na presença de sais biliares. Fermentam a lactose, produzindo ácido e aldeído em 36±2 °C em

24 horas e possuem a enzima β-galactosidase, sendo que as coliformes fecais fermentam a lactose a

44 - 45 °C.

A vasta maioria das bactérias coliformes não exibe patogenicidade, e em virtude da sua persistência

e facilidade de deteção, são utilizadas como indicadores de contaminação fecal, constituindo um

bom indicador do estado de higiene e integridade dos sistemas de distribuição de água, bem como a

potencial presença de biofilmes (Madigan et al., 2009; WHO, 2011).

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Introdução 16

A bactéria Escherichia coli, E. coli, habita na flora intestinal de animais de sangue quente e apesar do

importante contributo que aí exerce, quando presente noutras partes do organismo, é responsável

por infeções diversas (urinárias, peritonites espontâneas ou pós-cirúrgicas, infeções ao nível da

pele ou meningite neonatal) (WHO, 2011; EARS, 2011). Algumas estirpes de E. coli, entre as quais

E. coli O157:H7 ou E. coli O111 são patogénicas pelo que a sua ingestão, a partir do consumo de

água ou alimentos, causa problemas gastrointestinais (Madigan et al., 2009, WHO, 2011; EARS,

2011).

Uma vez que não se reproduz em ambientes aquáticos, a E. coli é frequentemente utilizada como

um indicador de contaminação fecal, prevendo-se a presença de bactérias, vírus e protozoários

patogénicos (Madigan et al., 2009). Desta forma, o decreto-lei nº 306/2007, de 27 de agosto, que

estabelece o regime da qualidade da água para consumo humano e que visa proteger a saúde

humana dos efeitos nocivos resultantes da eventual contaminação, define um valor paramétrico

para a E. coli de 0 N/100 ml, sendo igualmente de 0 N/100 ml para as restantes bactérias

coliformes (em que N corresponde ao número de unidades formadoras de colónias).

A E. coli apresenta, geralmente, resistência a β-lactâmicos, nomeadamente penicilinas, constatando-

se ainda que oferece resistência a fluoroquinolonas e aminoglicosídeos (EARS, 2011). Alguns

estudos detetaram a presença de E. coli resistentes a antibióticos em amostras de água superficial,

incluindo estirpes multirresistentes (Watkinson et al., 2007; Hu et al., 2008; Figueira et al., 2011a).

A presença de E. coli e outras bactérias coliformes capazes de se moverem entre os diferentes

compartimentos ciclo urbano da água, contidos na Figura 5, faz destes microrganismos

propagadores de excelência da resistência aos antibióticos no meio ambiente (Figueira et al., 2012).

1.10 Organização da Tese

Este trabalho encontra-se dividido em 5 capítulos, sendo estes a Introdução, Materiais e Métodos,

Resultados e Discussão, Conclusão e, para finalizar, as Referências Bibliográficas.

A Introdução, presente no Capítulo 1, apresenta a contextualização dos tópicos associados à

temática em estudo. O Capítulo 2 apresenta os Materiais e Métodos utilizados nas práticas

laboratoriais. No Capítulo 3 é possível encontrar os resultados obtidos, o seu tratamento e a sua

breve discussão, sendo que as principais inferências estão contidas no Capítulo 4. O trabalho

finaliza-se com o Capítulo 5, que lista a bibliografia consultada.

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Materiais e Métodos 17

2 Materiais e Métodos

2.1 Pesquisa e Quantificação de bactérias coliformes e E. coli resistentes

a antibióticos

Colheita das amostras 2.1.1

As amostras de água natural superficial foram colhidas entre o fim de março e meados de maio de

2014 no rio Douro, mais concretamente na albufeira de Crestuma-Lever. A colheita foi efetuada

utilizando dois recipientes de plástico de 1 L, em condições estéreis, sendo o transporte até ao

laboratório executado recorrendo a uma mala térmica refrigerada com termoacumuladores

congelados. Realizaram-se as análises nas 4 horas posteriores à colheita, sendo que até lá, estas

foram mantidas à temperatura de 5±3 °C. As análises relativas à pesquisa e quantificação de

bactérias coliformes e E. coli foram realizadas de acordo com o protocolo implementado no

laboratório, o qual está em concordância com a norma ISO 9308-1:2000 (ISO, 2000).

Todo o material e equipamento utilizado para a colheita das amostras, bem como para a restante

realização deste trabalho encontra-se listado no Anexo 1.

Preparação das soluções de antibióticos 2.1.2

Uma vez que os antibióticos foram adquiridos na forma pulverizada, foram preparadas soluções

stock esterilizadas por filtração em membrana com porosidade correspondente 0,22 μm. O

armazenamento das soluções exigiu a temperatura de 5±3 °C, e assim recorreu-se ao frigorífico,

bem como ao abrigo da luz, pelo que os recipientes contendo as soluções foram envolvidos em

papel de alumínio. Pretendeu-se, desta forma, evitar a contaminação das soluções e a sua possível

degradação.

A concentração dos antibióticos meropenemo, ceftazidima e gentamicina nos meios de cultura,

corresponde à concentração mínima inibitória (MIC), definida pelo Clinical and Laboratory

Standard Institute (CLSI, 2013). Relativamente à ciprofloxacina utilizou-se um valor abaixo da MIC,

sendo que esta é equivalente a 4 mg.L-1. A estreptomicina não tem uma MIC associada, tendo-se

utilizado a mesma concentração que para o outro aminoglicosídeos analisado, a gentamicina (CLSI,

2013). As concentrações dos antibióticos utilizados apresentam-se na Tabela 3.

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Materiais e Métodos 18

Tabela 3. Concentração do antibiótico utilizado nos meios de cultura LSA e mFC.

Antibiótico Concentração no meio de cultura (mg.L-1)

Estreptomicina (STR) 16

Gentamicina (CN) 16

Meropenemo (MEM) 4

Ceftazidima (CAZ) 16

Ciprofloxacina (CIP) 1

Preparação dos meios seletivos 2.1.3

Utilizou-se o meio de cultura Lauryl Sulfato Agar (LSA), da marca Oxoyd e de referência CM09019,

de modo a pesquisar e quantificar bactérias coliformes e E. coli, sendo que a sua preparação foi

realizada de acordo com indicações fornecidas pelo fabricante. A autoclavagem do meio ocorreu a

121±3 °C durante um período de 20 minutos, tendo seguidamente sido arrefecido num banho de

água a 45 °C. Posteriormente, o meio foi vertido para frascos de 100 ml onde os volumes adequados

de solução stock dos antibióticos, associados à concentração desejada, foram adicionados ao meio,

perfazendo a técnica da incorporação em agar. Imediatamente após esta operação, o meio foi

homogeneizado e distribuído por placas de Petri estéreis, com diâmetro de 55 mm, e finalmente

armazenado à temperatura de 5±3 °C.

Preparou-se adicionalmente o meio de cultura Difco mFC Agar, de referência 267720,

comercializado pela Quilaban. Este meio exigiu a introdução de uma solução a 1% de ácido rosólico,

da marca BD e com a referência 232281, em NaOH 0,2 N, tendo o procedimento de preparação, do

meio e da solução de ácido rosólico, sido disponibilizado pelo fabricante. Em seguida, procedeu-se

ao arrefecimento do meio, à introdução dos respetivos volumes de solução stock dos antibióticos, à

distribuição e armazenamento das placas de Petri de modo análogo ao explicitado para o meio LSA.

Note-se que esta técnica de incorporação do antibiótico no meio consta numa adaptação dos

métodos de microdiluição postulados pela CLSI e a EUCAST facilitando o procedimento

experimental, uma vez que o processo original é muito laborioso. Desta forma, os custos associados

tornam-se também menores (Rizzo et al., 2013).

Enumeração de coliformes fecais e de Escherichia coli 2.1.4

A sementeira foi realizada recorrendo ao método da filtração por membrana, sendo este

vulgarmente utilizado para a pesquisa, quantificação e isolamento de bactérias coliformes e E. coli

em amostras de água (APHA, 2005; Madigan et al. 2009). O método consistiu na filtração de

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Materiais e Métodos 19

volumes diversos de amostra, na rampa de filtração, utilizando uma membrana de nitrocelulose, da

marca Pall, com porosidade correspondente a 0,45 μm e 47 mm de diâmetro.

Em seguida, as membranas foram colocadas em placas de Petri contendo meio LSA e placas de Petri

contendo meio mFC, anteriormente preparados, tendo o cuidado de posicionar a grelha virada para

cima, como explicitado nas Figuras 6 a), b) e c).

Figura 6. a) Colocação da membrana na rampa de filtração; b) Inserção do volume adequado no copo de

filtração; c) Colocação da membrana na placa de LSA após a filtração.

Incubaram-se as placas a 36±2 °C durante de 21±3 horas, período ao fim do qual se observou o

crescimento de colónias. Destas foram contabilizadas as colónias lactose positivas, colónias típicas,

apresentando estas coloração amarela e azul nos meios LSA e mFC respetivamente, Figuras 7 a) e

b).

Figura 7. a) Colónias típicas no meio LSA; b) Colónias típicas no meio mFC.

Posteriormente repicaram-se aleatoriamente 5 colónias com as características típicas para o meio

TSA, previamente aquecido à temperatura de 36 °C, sendo que em seguida, procedeu-se à incubação

das placas de Petri por 21±3 horas a 36±2 °C. Findo este período, realizou-se o Teste da Oxidase,

que constou em embeber o papel de filtro com o reagente de Oxidase, da Merck®, com uma ansa

a) c) b)

b)

a) b)

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Materiais e Métodos 20

estéril e descartável de 1 μL recolher uma porção de colónia a partir do meio TSA e finalmente

esfrega-la no papel de filtro. O teste foi considerado positivo no caso de aparecimento de coloração

rosa nos 30 segundos após a aplicação da colónia no papel de filtro, o que é devido à presença da

enzima citocromo c oxidase, e negativo se manteve a sua coloração original, como ilustra a

Figura 8 a). Como anteriormente mencionado, bactérias coliformes são Oxidase negativas, pelo que

todos os isolados com esta característica foram considerados procedendo-se, em seguida, à

confirmação de E. coli. Desta forma, as culturas foram repicadas e posteriormente incubadas a

44,0±0,5 °C em meio Fluorocult, num período de 21±3 horas, para testar a presença da enzima

β-glucuronidase, Figura 8 b). Note-se que as β-glucuronidase negativas foram incubadas por mais

21±3 °C, para selecionar todas as E. coli dentre os isolados. Saliente-se ainda que a alteração da

coloração do meio, de roxo para amarelo, após o período de incubação, indica que ocorreu

fermentação com produção de ácido, o que é característico da E. coli, Figura 9 b).

Figura 8. a) Detalhe do papel de filtro após a realização do Teste da Oxidase, demonstrando colónias oxidase positivas

(coloração rosa) e negativas (coloração branca); b) Inoculação do tubo contendo o meio Fluorocult.

Considerou-se como positivo a presença de fluorescência estando a cultura exposta a radiação UV

no comprimento de onda, λ, correspondente a 366 nm. Em oposição, o negativo não apresenta

qualquer fluorescência quando a cultura está sob as condições previamente mencionadas. A Figura

9 a) mostra a fluorescência de uma amostra quando comparada com o controlo positivo (no centro)

e negativo (à direita).

Às culturas que apresentaram comportamento positivo face ao teste da presença da enzima

β-glucuronidase, foram adicionadas 3-4 gotas do reagente de Kovacs, da Merck®, no sentido de

fazer o Teste Indol, isto é, verificar a existência de produção de Indol a partir de Triptofano, o que é

característico da E. coli . Este facto é evidenciado pela formação da coloração carmim na superfície

do meio de coloração amarela, como ilustra a Figura 9b), que apresenta também tubos com

ausência de fermentação e consequentemente coloração roxa. Desta forma, as colónias oxidase

negativas, apresentando tubos de Fluorocult de cor amarela, β-glucuronidase e Indol positivas

foram consideradas E. coli.

a)

a) b)

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Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

Materiais e Métodos 21

Posteriormente à fase de confirmações foram realizados os cálculos apropriados.

Cálculos efetuados 2.1.5

De modo a realizar a confirmação bioquímica foi necessário selecionar as placas em conformidade

com os requisitos explicitados em seguida:

Número total de colónias (típicas e atípicas) igual ou inferior a 100

Colónias típicas perfeitamente isoladas

A contagem das colónias em membrana filtrante foi efetuada horizontalmente ao longo das linhas

definidas pela grelha da membrana, tendo sido o resultado expresso em UFC/100 ml de amostra

analisada.

Determinou-se, para cada uma das placas selecionadas, o resultado confirmado como uma

proporção das colónias que cumprem os critérios de confirmação, de acordo com a Equação 1,

na qual representa o número total de colónias confirmadas por placa, o número de colónias

confirmadas, o número de colónias presumíveis a confirmar e o número total de colónias

presumíveis.

Posteriormente estimou-se o número de UFC/100 ml, tendo em consideração o volume utilizado.

Saliente-se que, nos cálculos intermédios não se procedeu à realização de arredondamentos, sendo

estes apenas efetuados no resultado final, de acordo com os critérios estipulados pelo Microsoft

Excel®. Este é dado em termos de UFC/100 ml relativas às colónias confirmadas.

a) b)

a) b)

[1]

Figura 9. a)Visualização, sob radiação UV a 366 nm, da fluorescência indicativa da presença da enzima β-glucuronidase;

b) Aspeto dos tubos de Fluorocult, contendo amostras positivas após a realização do Teste Indol (tubos com coloração

amarela e anel carmim à superfície) e amostras negativas (tubos com coloração roxa).

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Materiais e Métodos 22

Taxa de Prevalência de Resistência 2.1.6

A taxa de prevalência de resistência (%) apresentada pelos isolados foi determinada a partir da

Equação 2.

2.2 Identificação dos isolados

Isolamento de culturas puras - Coloração de Gram 2.2.1

Após a realização dos testes confirmativos (Oxidade, verificação da ocorrência de fermentação nos

tubos de Flourocult, β-glucuronidase e Indol), efetuou-se a identificação de bactérias isoladas em

placas de mFC e LSA suplementadas com gentamicina na concentração correspondente a 16 mg.L-1.

Note-se que se consideraram para a análise bactérias coliformes (oxidase negativas) e não

coliformes (oxidase positivas). Procedeu-se ao isolamento prévio das culturas puras, em meio PCA,

da marca LiofilChem com referência 610040, tendo-se aplicado a técnica de estriamento. Saliente-

se que as colónias puras foram obtidas no 4º Quadrante, após incubação das placas a 30±2 °C

durante de 21±3 horas.

A pureza dos isolados foi verificada pela observação dos mesmos no microscópio ótico, após

coloração de Gram. No entanto, antes de efetuar a Coloração de Gram, inspecionaram-se

visualmente as placas cujos microrganismos se pretendiam identificar, procurando possíveis

contaminações bem como a sua ausência.

Espalhou-se uma porção de biomassa de um isolado com o auxílio de uma ansa numa lâmina,

aqueceu-se e após o seu arrefecimento, procedeu-se à coloração de Gram. Inicialmente coraram-se

as células com solução de violeta de cristal durante aproximadamente 30 segundos e, deste modo,

as células ficaram roxas. O violeta de cristal liga-se ao peptidoglicano nas células Gram-positivas e à

membrana exterior nas células Gram-negativas. Seguidamente adicionou-se iodina de Gram

durante aproximadamente 30 segundos e lavou-se a amostra com álcool 99%. Por último,

adicionou-se safranina, um corante secundário, que permite observar as bactérias Gram-negativas,

pois estas apresentam tonalidade vermelha, em alternativa às bactérias Gram-positivas que coram

de roxo avermelhado. Esta técnica, além de permitir distinguir Gram-positivos de Gram-negativos,

também permitiu identificar a morfologia dos organismos (cocos, cocobacilos ou bastonetes).

( ) (

) [2]

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Materiais e Métodos 23

Finalmente passou-se a placa de vidro por água e secou-se devidamente com papel absorvente. De

seguida, observou-se a amostra ao microscópio ótico, utilizando a ampliação de 100 vezes (Madigan

et al., 2009). Estes passos encontram-se ilustrados na Figura 10.

No caso de o isolado não estar puro efetuou-se a repicagem de uma colónia, aparentemente pura,

para meio PCA e incubou-se a 30±2 °C durante 21±3 horas, tendo-se posteriormente efetuado uma

nova coloração de Gram e posterior observação ao microscópio ótico. Este procedimento foi

realizado até se obterem colónias puras, que uma vez obtidas foram identificadas através de

métodos fenotípicos e pela sequenciação do gene que codifica o rRNA 16S.

Figura 10. a) Inoculação da biomassa na lâmina; b) Secagem do esfregaço; c) Aplicação do violeta de cristal; d) Aplicação

da iodina de Gram; e) Aplicação da safranina; f) Lâminas prontas para observação ao microscópio ótico.

Identificação Fenotípica 2.2.2

Procedeu-se à identificação fenotípica, recorrendo ao sistema comercial Microgen® Gn-ID. Este

método, destinado à identificação de enterobactérias, bem como um vasto leque de bacilos Gram-

negativos e oxidase positivos, é constituído por duas galerias, GnA e GnB, o que perfaz um total de

24 substratos.

Deu-se início ao teste selecionando uma colónia isolada, a partir de uma cultura pura das bactérias

em análise. Seguidamente emulsionou-se a colónia em 5 ml de uma solução salina estéril 0,85%,

sendo que posteriormente se agitou vigorosamente. As galerias foram, em seguida, inoculadas com

a emulsão, pelo que se retirou a película adesiva que sela a galeria e utilizando uma micropipeta

adicionaram-se 100 μL da suspensão em cada poço. Aos poços 1, 2, 3 e 9, lisina, ornitina, sulfureto

de hidrogénio e urease, respetivamente, da galeria GnA foram adicionadas 3 a 4 gotas de óleo

mineral. Em seguida, selou-se novamente a galeria com a película adesiva previamente retirada.

Saliente-se que a colocação da fita adesiva foi realizada de modo às suas perfurações ficarem sobre

os poços 7, 11 e 12, proporcionando condições de aerobiose. Na galeria GnB, encheram-se com 3 a 4

gotas de óleo mineral os poços 20 e 24, arabinose e arginina, respetivamente, sendo que em seguida

se selou a galeria com fita adesiva, ficando a perfuração da fita sob o poço 14. Posteriormente, as

galerias foram incubadas durante 21±3 horas a 36±2 °C. Após a incubação, adicionou-se ao poço

Indol (8) duas gotas do reagente de Kovacs e efetuou-se a leitura passado 60 segundos, adicionou-

a) b) c) d) e) f)

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Materiais e Métodos 24

se ao poço V.P. (10) uma gota do reagente VP I e uma gota do reagente VP II (da Microgen

Bioproducts®) e realizou-se a leitura passados 15 minutos e finalmente juntou-se ao poço T.D.A.

(12) uma gota do reagente TDA (da Microgen Bioproducts®) tendo sido este lido passados 60

segundos. O procedimento de identificação está ilustrado nas Figuras 11 a) e b). Os resultados

foram analisados, de acordo com as tabelas de referência disponíveis no Anexo 2 e registados

conforme as especificações estipuladas pelo fabricante. Completaram-se as tabelas fornecidas e o

código octal, Figura 11 c), e utilizou-se o Microgen Identification System Software (MID-60)

procedendo-se à identificação.

No caso dos organismos a identificar serem oxidase positivos, adicionou-se ao poço ONPG (7) uma

gota de reagente Nitrato A e uma gota do reagente Nitrato B (da Microgen Bioproducts®), sendo

que a leitura foi efetuada passados 60 segundos da adição. Caso o poço permanecesse incolor,

adicionou-se pó de zinco. O poço Arginina (24) foi lido após 48 horas de incubação, de acordo com

as instruções do fabricante.

Foram, ainda, realizados testes de pureza e o controlo de qualidade para garantir a validade dos

resultados, como explicitado no Anexo 3.

Figu

Figura 11. Passos diversos do procedimento da Identificação Fenotípica. a) Inoculação das galerias; b) Galerias após

incubação e inserção dos reagentes; c) Modelo da Microgen® Gn-ID para o registo dos resultados da identificação.

2.3 Sequenciação do gene que codifica o 16S rRNA

De modo a estudar e caracterizar os microrganismos envolvidos neste estudo, efetuou-se a análise

da sequência parcial do gene para o RNA ribossomal 16S. Para tal, obtiveram-se previamente

colónias puras, como já mencionado, realizou-se a extração do DNA, a sua amplificação e por último

a sua purificação.

a) c) b)

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Materiais e Métodos 25

Extração do DNA 2.3.1

Utilizando uma ansa estéril, removeu-se uma colónia pura de um isolado, que foi inserida num tubo

Eppendorf contendo 70 μL de água ultrapura. Este foi colocado num banho à temperatura de 95 °C

por 10 minutos, sendo em seguida colocado em gelo por 5 minutos. Este processo promove a lise

celular, pelo que os ácidos nucleicos e restante conteúdo celular vaza do interior da bactéria.

Centrifugou-se o tubo Eppendorf por 2 minutos a 13000 g, ficando o pellet depositado na parte

inferior do tubo, enquanto que o DNA se mantêm em solução. Repetiu-se todo o procedimento

descrito para os restantes isolados em análise, como mostrado na Figura 12. Finalmente transferiu-

se a fase aquosa para um outro tubo Eppendorf estando o DNA pronto a amplificar. No caso da

reação de amplificação não ter sido realizada no mesmo dia, o DNA foi conservado a -20 °C.

Amplificação do gene que codifica o 16S rRNA 2.3.2

Para a amplificação do fragmento de DNA que codifica o RNA 16S ribossomal foi realizada a técnica

de PCR (Polymerase Chain Reaction). As reações de PCR foram realizadas num volume final de 50 μL

por Eppendorf, sendo os reagentes necessários: 5 μL de 10 x tampão de reação com (NH4)2SO4;

10 μL de dNTP’s (1mM); 5 μL de MgCl2 (25mM); 0,5 μL primer 1 (100 μM); 0,5 μL de primer 2

(100 μM); 0,25 de enzima Taq polimerase 5U/μL; 26,75 μL de água ultrapura e 2 μL de amostra de

DNA para perfazer o molde. Saliente-se que para primer 1 utilizou-se o 27F (5’-GAC TTT GAT CCT

GGC TCA G3’), sendo o primer 2 o 1492R (5’-TAC CTT GTT ACG ACTT-3’).

Em cada amplificação, efetuou-se um branco, contendo todos os reagentes excetuando a amostra de

DNA, que foi substituída por água ultrapura, assegurando-se assim a ausência de contaminações.

Em seguida, as amostras foram inseridas no termociclador, onde decorreu a desnaturação inicial do

DNA a 94 °C por 5 minutos, seguindo-se de 30 ciclos de 94 °C por 1 minuto; 55 °C por 1 minuto;

72 °C por 1minuto e 30 segundos, que incluem a abertura da cadeia de DNA, o emparelhamento dos

primers e extensão e 72 °C por 10 minutos, para a extensão final.

Figura 12. Passos diversos da extração do DNA. a) Amostras colocadas no banho a 95 °C; b) Amostras colocadas em

gelo; c) Passo de centrifugação.

c) a)

b)

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Materiais e Métodos 26

De modo a verificar o resultado da amplificação dos fragmentos de DNA, correram-se as amostras

num gel de agarose 1,5% em TEA 1x, contendo um corante da Midori® que permitiu a posterior

observação. Para tal colocou-se nos poços do gel para a eletroforese o marcador de DNA, o branco e

nos restantes 5 μL de tampão de carregamento juntamente com μL de amostra de DNA. A

eletroforese decorreu a 90 volts por 45 minutos. O gel foi depois fotografado num transiluminador

da BioRad, como ilustra a Figura 19, permitindo verificar se as amostras foram ou não amplificadas,

tendo o fragmento amplificado esperado 1500 pb (Madigan et al., 2009).

Purificação, sequenciação e análise do gene 16S rRNA 2.3.3

Recorreu-se ao kit da Grisp® - protocol for PCR clean up, com referência GK01.0100, de forma a

purificar os fragmentos obtidos.

Num tubo Eppendorf contendo uma coluna colocaram-se 250 μL de Gel solubilization solution e

50 μL de amostra de DNA, sendo este seguidamente centrifugado a 4 g por 3 segundos, o que

promove a adsorção das moléculas de DNA à parede da coluna. Não ocorrendo esta ligação entre os

resíduos dos reagentes previamente adicionados, estes são descartados.

Posteriormente, adicionaram-se 6 μL da solução Wash buffer 2* ao tubo contendo a coluna, de

modo a remover possíveis resíduos da solução Gel solubilization. Fez-se novamente uma

centrifugação a 14000 g por 30 segundos, descartando-se o conteúdo do tubo, e em seguida outra

centrifugação a 14000 g por 3 minutos.

Depois efetuou-se a transferência da coluna para um novo tubo, sendo o anterior descartado.

Adicionara-se 4 μL da solução Elution Buffer, tendo-se o cuidado de não tocar na membrana, e

incubou-se à temperatura ambiente por 2 minutos. Seguidamente realizou-se uma última

centrifugação a 14000 g por 2 minutos. A solução Elution Buffer promove a dessorção do DNA das

paredes da coluna, sendo esta descartada. Assim, no final destes procedimentos, o tubo conterá o

gene que codifica para o 16S rRNA na sua forma purificada e pronta a enviar à empresa de serviços

(Macrogen®) para sua sequenciação, conforme o método apresentado por Sanger et al. (1997).

Antes de serem enviadas, as amostras foram conservadas a -20 °C.

Analisou-se a sequência do gene que codifica para o rRNA 16S utilizando a aplicação BioEdit

(Hall,1999). As amostras em que a qualidade era satisfatória foram comparadas com as sequências

disponíveis na base de dados EzBioCloud (http://www.ezbiocloud.net/eztaxon), visando obter

informação relativa à percentagem (%) de similaridade com outras sequências aí depositadas.

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Resultados e Discussão 27

3 Resultados e Discussão

3.1 Quantificação dos Isolados

O isolamento das bactérias coliformes e E. coli foi realizado a partir de filtrações semanais de

amostras de água do rio Douro, sendo este um aspeto original deste trabalho uma vez que a

investigação da presença de resistência entre bactérias coliformes, resistentes a antibióticos, em

águas superficiais é muito reduzida.

A presença de bactérias coliformes e E. coli em águas de origem superficial está relacionada com

descargas de águas residuais tratadas e não tratadas, e com escoamento e lixiviação dos solos. Entre

estas poderão constar bactérias portadoras de patogenicidade, colocando em risco a segurança da

água utilizada em atividades recreativas, em irrigação, na produção de bivalves ou na produção de

água para consumo humano. Este risco aumenta consideravelmente quando as bactérias

apresentam perfis de resistência a antibióticos (Servais et Passerat, 2009).

O isolamento das bactérias decorreu no meio LSA para as amostras colhidas entre dia 31 de março

e 12 de maio, excluindo o dia 21 de abril. Paralelamente as amostras foram isoladas em meio LSA

suplementado com gentamicina, estreptomicina, ciprofloxacina e meropenemo nas concentrações

explicitadas na Tabela 3, numa adaptação do método descrito na norma ISO 9308-1:2000 (ISO,

2000). A partir do dia 7 de abril, a análise passou também a ser efetuada com o antibiótico

ceftazidima na concentração presente na Tabela 3, deixando de ser efetuada com o meropenemo no

dia 21 de abril.

Com o intuito de comparar o desempenho em meio LSA, as amostras foram também isoladas no

meio mFC e meio mFC suplementado com os antibióticos gentamicina, estreptomicina,

ciprofloxacina e meropenemo, nas concentrações explicitadas na Tabela 3. O isolamento decorreu

nos dias 31 de março e 7 de abril, estando os resultados presentes na secção 3.5.

Como já referido, colónias típicas apresentam coloração amarela no meio LSA (fermentação da

lactose presente no meio com produção de ácido), enquanto as atípicas possuem coloração rosa.

Das típicas, as que as possuem a enzima citocromo c oxidase foram consideras bactérias coliformes,

e destas as que fermentam a lactose presente no meio Fluorocult com produção de ácido, que

possuem a enzima β-glucuronidase e que produzem Indol a partir de triptofano foram consideradas

E. coli.

A Figura 13 permite caracterizar a população presente no rio e comparar os resultados obtidos com

os de um trabalho anterior, cuja amostragem foi realizada no mesmo local entre os meses de

dezembro de 2013 e janeiro de 2014 (Correia, 2014).

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Resultados e Discussão 28

Na Figura 13 encontram-se os valores médios por 100 ml de amostra de bactérias totais, bactérias

coliformes e E. coli capazes de crescer em meio LSA, obtidos nos dois estudos. Verifica-se que o

estudo realizado anteriormente encontrou uma maior quantidade de bactérias totais e coliformes,

sendo o número relativo à E. coli relativamente próximo. As diferenças encontradas devem-se,

possivelmente, à elevada pluviosidade que se fez sentir na altura das colheitas realizadas no estudo

prévio relativamente ao presente estudo (o estudo prévio apresenta 8,9 mm de precipitação média

e o presente estudo 2,7 mm). O maior número de bactérias encontrado no estudo prévio pode estar

relacionado com o arraste de solos e de bactérias que nele habitam, consequente da elevada

precipitação e ainda ao conteúdo das descargas efetuadas por barragens e afluentes do rio Douro

situados a montante do local de amostragem, que contêm efluentes provenientes de ETAR,

suiniculturas, lixeiras, aterros sanitários, entre outros (Leite, 2008).

Figura 13. Caracterização da população bacteriana presente no rio Douro, capaz de crescer em meio LSA. Média das

UFC/100 ml de bactérias totais, bactérias coliformes e E. coli e percentagens de bactérias coliformes e E. coli obtidas neste

estudo e no estudo prévio relativamente às bactérias totais.

Note-se que os resultados foram obtidos de acordo com o procedimento e os critérios descritos na

secção Materiais e Métodos. No entanto, uma vez que não se identificaram todos os isolados os

grupos aqui descritos podem incluir outros organismos (ver secção 3.4).

A Tabela 4 mostra um resumo do número de UFC/100 ml médio presente no meio LSA e LSA

suplementado com os antibióticos, nas concentrações mencionadas na Tabela 3. Os resultados de

todas as UFC/100 ml e das contagens encontram-se no Anexo 5.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Totais Coliformes E. coli

dia

UF

C/

10

0 m

l

Estudo presente Estudo prévio

E. coli

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Resultados e Discussão 29

Tabela 4. Resumo do número de UFC/100 ml médio para o meio LSA e meio LSA suplementado com os

antibióticos meropenemo (MEM), ceftazidima (CAZ), ciprofloxacina (CIP), estreptomicina (STR) e gentamicina

(CN).

Número LSA LSA+MEM LSA+CAZ LSA+CIP LSA+CN LSA+STR Total

Filtrações 6

Colónias Totais 553 0 0 47 22 49 671

Colónias Típicas 354 0 0 29 13 33 429

Colónias Atípicas 198 0 0 18 9 16 241

Coliformes 350 0 0 29 12 32 423

E. coli 251 0 0 28 8 29 316

*Os resultados do dia 21 de abril foram desprezados devido à desnaturação de algumas proteínas do meio, na fase de o liquefazer.

A Tabela 5 apresenta a percentagem média de bactérias capazes de crescer em LSA suplementado

com cada antibiótico relativamente ao meio sem a adição de antibiótico. Observa-se que não houve

crescimento de bactérias no meio LSA suplementado com meropenemo ou LSA suplementado com

ceftazidima. Em relação aos outros antibióticos em estudo, constata-se que a percentagem média de

bactérias totais, típicas, coliformes e E. coli com capacidade de proliferar em meio LSA

suplementado com ciprofloxacina e estreptomicina foi semelhante, enquanto que os valores

associados à gentamicina são bastante inferiores, para todas as bactérias analisadas.

Tabela 5. Percentagem média (%) de bactérias capazes de crescer em LSA suplementado

com cada antibiótico.

Antibiótico Totais Típicas Coliformes E. coli

Meropenemo (MEM) 0 0 0 0

Cefatzidima (CAZ) 0 0 0 0

Ciprofloxacina (CIP) 8,5 8,2 8,4 11,5

Estreptomicina (STR) 8,8 9,3 9,1 11,9

Gentamicina (CN) 3,9 3,7 3,0 3,2

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Resultados e Discussão 30

3.2 Efeito da precipitação, turvação e temperatura da água

A temperatura da água do rio, a turvação e a precipitação são fatores que influenciam a população

microbiana existente nas águas superficiais (Craig et al., 2004; Tornevi et al., 2014). Para constatar

o comportamento da população microbiana perante as condições climáticas foram reunidos os

valores de turvação e temperatura da amostra de água, na albufeira de Crestuma-Lever. Os dados

da precipitação foram obtidos através do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, registados

pelo radar meteorológico da Serra da Freita, em Arouca. Foi, então, possível analisar os efeitos da

turvação, da temperatura da água e ainda da precipitação no número de bactérias totais, bactérias

coliformes e E. coli. Todos os dados relativos à precipitação, turvação e temperatura do rio

encontram-se disponíveis no Anexo 4.

Inicialmente fez-se uma análise comparativa entre a precipitação e a turvação ocorrida no rio

Douro, para o período de tempo associado a este trabalho, como ilustra a Figura 14.

Figura 14. Representação gráfica da Precipitação e Turvação das amostras de água do rio Douro, no período de tempo em

análise neste trabalho.

Observa-se que tanto os valores apresentados para a precipitação como para a turvação sofreram

variações significativas no período de tempo em análise.

A Figura 14 permite constatar a existência de uma correlação entre a precipitação e a turvação;

após a ocorrência de elevada pluviosidade, a turvação eleva-se, uma vez que o aumento da

precipitação faz aumentar o caudal do rio e consequentemente, o arraste de sedimentos orgânicos e

inorgânicos. Conclusões semelhantes foram obtidas em estudos prévios (Mallin et al., 2001; Correia,

2014). No entanto, saliente-se que o caudal do rio, e assim o arraste de sedimentos e a turvação,

está diretamente dependente das descargas das barragens situadas a montante no rio Douro e seus

afluentes. Por outro lado, a turvação da água poderá ser também fruto do regime de funcionamento

da Barragem de Crestuma-Lever, visto que no regime de descargas de superfície (passagem da água

0

2

4

6

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10

12

14

16

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10

20

30

40

50

22-mar 1-abr 11-abr 21-abr 1-mai 11-mai 21-mai

Precipitação Turvação

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Resultados e Discussão 31

junto à superfície por cima da barragem) a água que corre próxima do leito embate na parede da

barragem podendo levantar sedimentos aí depositados. Os regimes de descargas de fundo ou de

descargas simultaneamente de fundo e pela superfície não terão tanta influência nos valores de

turvação no local de colheita.

Na Figura 15 observa-se a relação entre a turvação e a presença de bactérias totais, coliformes e

E. coli. Como esperado, visto que a turvação é um indicador da qualidade da água (Tornevi et al.,

2014), há uma relação evidente entre estas variáveis, no sentido em que quando a turvação se eleva

o número de bactérias totais, coliformes e E. coli também se eleva e quando a turvação decresce o

mesmo acontece com todas as bactérias em análise. Esta relação pode ser derivada do arraste de

sedimentos, anteriormente mencionado, uma vez que estes possuem bactérias a eles agregados.

Esta mesma inferência foi encontrada em outros estudos (LeChavallier et al., 1991; Malin et al.,

2001; Correia, 2014; Tornevi et al., 2014).

Foi ainda analisado o efeito da temperatura da água na comunidade bacteriana, como ilustra a

Figura 16. De acordo com os dados, parece haver uma relação inversa entre o número de bactérias

e a temperatura. Isto é, para temperaturas mais baixas o número de UFC/100 ml apresenta-se

maior, acontecendo o oposto para temperaturas mais elevadas. Note-se que o mesmo se verificou

noutros trabalhos científicos relativos a E. coli (Faust et al., 1975; Vasconcelos et Swartz, 1976;

Craig et al., 2004).

É de se salientar ainda que, apesar da temperatura exercer um efeito que tem um maior impacto,

segundo Mancini (1978) e Flint (1987), a sobrevivência das bactérias presente no rio Douro está

dependente de outros fatores, como o pH de acordo com Presser et al. (1998), a salinidade na

opinião de Bordalo et al. (2002), a ressuspensão do leito segundo Harmel et al. (2010) e intensidade

da luz sob a perspetiva de Sinton et al. (2002) (Blaustein et al., 2013).

0

2

4

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22-mar 1-abr 11-abr 21-abr 1-mai 11-mai 21-maiT

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NT

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10

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l

Totais Coliformes E. coli Turvação

Figura 15. Representação gráfica do número de UFC/100 ml de bactérias totais, coliformes e E. coli em função da

turvação do rio Douro.

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Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

Resultados e Discussão 32

3.3 Bactérias resistentes a antibióticos

Inicialmente assumia-se que a resistência apresentada pelas bactérias face aos antibióticos

encontrava-se confinada a isolados clínicos, por isso diversos são os estudos que abordam o tema

(Stelling et al., 2005). Porém, hoje sabe-se que estas bactérias estão presentes em ambientes

naturais, principalmente aquáticos, devido ao uso incorreto dos antibióticos pelos humanos nas

áreas clínica, veterinária e agrícola.

A informação disponível na literatura sobre bactérias coliformes que possuem perfis de resistência

a agentes antimicrobianos em águas superficiais é, atualmente, muito limitada. Hu et al. (2008);

Servais et Passerat, (2009); Ozgumus et al. (2009); Na Yoo et al. (2010); Luckskiewicz et al. (2011);

Kamruzzaman et al. (2013) são exemplos dos poucos estudos relacionados com a temática em

questão. Além disto, as diferentes condições de cultivo, os diferentes antibióticos utilizados e a sua

concentração colocam entraves à comparação entre trabalhos. Neste sentido, torna-se imperioso a

implementação de métodos standard, como os existentes na microbiologia clínica.

Como já referido, a pesquisa de resistência em bactérias coliformes e E. coli foi efetuada para os

antibióticos meropenemo, ceftazidima, ciprofloxacina, estreptomicina e gentamicina a

concentrações próximas das concentrações mínimas inibitórias (MIC’s) associadas a

enterobactérias (Tabela 3), utilizando os meios seletivos e diferenciais mFC e LSA, perfazendo a

técnica de incorporação em agar.

Na Tabela 6 apresenta-se a percentagem da prevalência de resistência (%) determinada para as

bactérias totais, bactérias coliformes e E. coli, obtidas neste estudo. A disseminação de coliformes

0

5

10

15

20

0

200

400

600

800

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22-mar 1-abr 11-abr 21-abr 1-mai 11-mai 21-mai

Te

mp

era

tura

(°C

)

UF

C/

10

0 m

l

Totais Coliformes E. coli Temperatura

Figura 16. Representação gráfica do número de UFC/100 ml de bactérias totais, coliformes e E. coli em função da

temperatura do rio Douro.

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Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

Resultados e Discussão 33

resistentes a antibióticos ocorre, eventualmente, devido à estabilidade da resistência, uma vez que

não é eliminável nem mesmo na ausência de pressão seletiva.

Tabela 6. Prevalência de resistência para as bactérias totais, coliformes e E. coli em relação aos antibióticos

meropenemo (MEM), ceftazidima (CAZ), ciprofloxacina (CIP), estreptomicina (STR) e gentamicina (CN) e

respetivo meio de isolamento.

As Figuras 17 e 18 mostram a prevalência da resistência média associada às das bactérias

coliformes e E. coli isoladas nos meios mFC e LSA suplementados com os antibióticos já

mencionados, nas respetivas concentrações.

Estabelecendo uma comparação entre a prevalência de resistência das bactérias coliformes,

associada a cada antibiótico nos meios de cultura mFC e LSA, constata-se que a esta foi nula

relativamente ao meropenemo e à ceftazidima. Para a ciprofloxacina, o meio LSA apresenta uma

Prevalência de Resistência (%)

mFC LSA

Data Antibiótico Totais Coliformes E. coli Totais Coliformes E. coli

31-03-2014

MEM 0 0 0 0 0 0

CIP 5,7 4,1 3,1 8,2 7,3 11,6

CN 4,6 2,3 3,1 2,9 3,2 3,8

STR 6,8 7,4 14,8 8,6 8,1 13,0

07-04-2014

MEM 0 0 0 0 0 0

CAZ 0 0 0 0 0 0

CIP 7,0 6,3 9,0 6,2 7,8 8,5

CN 4,2 1,9 2,7 3,3 3,8 3,4

STR 8,3 7,4 10,1 7,7 9,3 10,4

21-04-2014

CAZ - - - 0 0 0

CIP - - - 10,6 8,6 12,4

CN - - - 3,0 2,3 2,5

STR - - - 7,9 8,2 11,9

28-04-2014

CAZ - - - 0 0 0

CIP - - - 12,6 10,0 12,4

CN - - - 6,1 3,3 2,8

STR - - - 8,8 8,6 10,7

05-05-2014

CAZ - - - 0 0 0

CIP - - - 8,1 8,2 9,6

CN - - - 5,8 3,7 2,2

STR - - - 13,9 11,3 12,5

12-05-2014

CAZ - - - 0 0 0

CIP - - - 7,8 9,1 12,4

CN - - - 2,9 3,0 3,4

STR - - - 7,2 9,1 13,4

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Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

Resultados e Discussão 34

taxa de prevalência ligeiramente superior (8,4%) à correspondente para o meio mFC (7,4%).

Relativamente à taxa de prevalência para o antibiótico estreptomicina foram observados valores

ligeiramente superiores para o meio LSA (9,1%) relativamente ao mFC (8,3%), sendo que a

gentamicina tem valores de prevalência de resistência muito semelhantes para os meios mFC e LSA,

no que toca às bactéricas coliformes, sendo este de cerca de 3,0%. Relativamente à E. coli verifica-se

que os valores encontrados são muito próximos para a ciprofloxacina, cerca de 11,0%, sendo que a

estreptomicina apresenta uma prevalência ligeiramente inferior no meio LSA, equivalente a 12,0%,

enquanto no meio mFC é de 14,0%, aproximadamente. Os valores obtidos para a gentamicina são

de 3,2% e 2,2% para os meios LSA e mFC, respetivamente.

Verifica-se, desta forma, que os valores de prevalência de resistência encontrados para os meios de

cultura mFC e LSA são análogos.

Figura 17. Representações gráficas da prevalência da resistência média encontrada para as bactérias coliformes e E. coli

isoladas no meio mFC.

Figura 18. Representações gráficas da prevalência da resistência média encontrada para as bactérias coliformes e E. coli

isoladas no meio LSA.

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14

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%)

MEM CAZ CIP CN STR

0

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8

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14

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ara

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6

8

10

12

14

16

Pre

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%)

MEM CAZ CIP CN STR

11,5

3,2

7,4

3,0

13,9

11,3

2,2

8,4

3,0

9,1

11,9

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Resultados e Discussão 35

Nas análises posteriores são considerados os valores de prevalência de resistência obtidos com o

meio LSA, visto que este é o recomendado pela norma ISO 9308-1:2000 (ISO, 2000).

Como mencionado anteriormente, verificou-se que os betalactâmicos meropenemo e ceftazidima

inibiram o crescimento das bactérias coliformes em todos os ensaios realizados. Estes dados

encontram-se em concordância com os provenientes de outros estudos associados à família

Enterobacteriaceae isolada a partir de águas naturais superficiais recolhidas na região do Porto,

apesar destes terem optado por um procedimento experimental distinto ao apresentado neste

trabalho (Figueira et al., 2011a; Figueira et al., 2012).

Quanto à E. coli, apesar da diferente metodologia utilizada, Luczkiewicz et al. (2011) também

observaram a inexistência de resistência apresentada face ao antibiótico meropenemo, enquanto

Servais et Passerat (2009) observaram prevalências de resistência quase tão ínfimas como as

encontradas neste estudo para a ceftazidima, sendo esta de 1%.

Sendo estes antibióticos utilizados unicamente no caso de internamento hospitalar, e visto que o

meropenemo é utilizado, em Portugal, apenas em último recurso (Henriques et al., 2012) infere-se

que os antibióticos não estarão presentes em quantidade significativa nas águas residuais e

posteriormente de superfície, pelo que o desenvolvimento de resistência aos mesmos não ainda foi

potenciado. Note-se que a ausência de resistência ao meropenemo e à ceftazidima, por

enterobactérias, foi também observada em amostras de águas de ETAR recolhidas na região do

Porto, pelo que a hipótese de degradação destes antibióticos no meio ambiente é descartada

(Figueira et al., 2011a; Figueira et al., 2012).

É assumido que bactérias ambientais apresentam uma menor resistência aos antibióticos

comparativamente a isolados provenientes de amostras clínicas (Novo et al., 2013), o que é

constatado neste estudo. De facto, os isolados clínicos são frequentemente obtidos a partir de

pacientes submetidos a antibioterapia, muitas vezes intensa e por longos períodos de tempo, pelo

que elevadas prevalências de resistência são facilmente desenvolvidas (Manaia et al., 2012).

Para o meropenemo, a resistência entre os isolados clínicos foi observada, por exemplo, na Europa

e nos Estados Unidos da América (Jones et al., 2014). Num estudo realizado utilizando MIC’s, porém

recorrendo ao método das microdiluições descrito pelo Clinical and Laboratory Standard Institute

(CLSI), a percentagem de resistência para a E. coli é reduzida (0,1% na Europa e 0,5% nos Estados

Unidos da América) mas não negligenciável, visto que indica que a resistência a este antibiótico

poderá surgir em outros compartimentos ao fim de alguns anos de utilização.

Para a ceftazidima, a percentagem de resistência encontrada em E. coli, isolada clinicamente, é em

Portugal correspondente de 11,3% (WHO, 2014c). Este é um valor ligeiramente superior à

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Resultados e Discussão 36

prevalência de resistência à ceftazidima na Europa que é de 9,2%, segundo o estudo de Sader et al.

(2014).

A ciprofloxacina é dos antibióticos mais consumidos em regime de ambulatório em Portugal, sendo

frequentemente encontrada em amostras de água residual e superficial (Kümmerer, 2009b;

Ramalhinho et al., 2012; ESAC, 2010). Verifica-se, analisando a Tabela 6, que a taxa de prevalência

para a ciprofloxacina na concentração de 1 mg.L-1 situa-se entre 7,3% e 10,0% para os coliformes e

8,5% e 12,4% para a E. coli, sendo superior à encontrada em estudos realizados anteriormente com

amostras de águas residuais, que utilizaram a MIC da ciprofloxacina (4 mg.L-1), definida pelo CLSI

(Novo et Manaia, 2010; Manaia et al., 2010; Novo et al., 2013; CLSI, 2013). Os valores encontrados

são, contudo, semelhantes aos encontrados por Luczkiewica et al. (2011), que focaram o seu estudo

em amostras de água superficial para concentrações de ciprofloxacina também inferiores à MIC.

Esta redução da suscetibilidade apresentada pela E. coli face à ciprofloxacina pode dever-se a uma

mutação pontual, segundo Tamae et al. (2008), o que é frequente em quinolonas (Vaz-Moreira et al.,

2014; WHO, 2014c), e pode estar relacionada com o facto de, uma vez presente nas águas naturais,

a ciprofloxacina se adsorver a partículas sólidas e sedimentos retardando a sua degradação por via

natural, segundo Turiel et al. (2005) (Martinez, 2009), exercendo pressão seletiva sobre a

comunidade bacteriana.

Em Portugal, a percentagem de resistência baseadas em isolados clínicos corresponde a 27,2%

(WHO, 2014c), sendo este um valor bastante superior ao encontrado nas amostras de água natural,

como esperado.

A Tabela 6 permite observar que a taxa de prevalência da resistência, relativamente à gentamicina,

varia entre os valores 2,3% e 3,3% para as bactérias coliformes, e entre 2,5% e 3,8% para a E. coli.

Estes resultados estão de acordo com os observados noutros estudos envolvendo amostras de água

superficial que, embora utilizem diferentes metodologias para testar a suscetibilidade microbiana,

apresentam igualmente baixos valores de prevalência em relação à gentamicina (Hu et al., 2008;

Servais et Passerat, 2009; Yam et al., 2012; Figueira et al., 2012; Janezic et al., 2013). Por outro lado,

outros estudos, embora tenham realizado procedimentos experimentais distintos, revelam que a

resistência à gentamicina apresentada pela bactéria E. coli, bem como outros coliformes fecais, foi

também rara em águas residuais (Figueira et al., 2011a; Figueira et al., 2012). As baixas gamas de

prevalência da resistência encontradas em águas residuais e superficiais devem-se, possivelmente,

ao facto deste antibiótico possuir uma baixa taxa de consumo tanto em Portugal como em Espanha

(ESAC, 2010). Contudo, note-se que a taxa de prevalência de resistência para isolados clínicos, é

bastante superior ao observado em amostras de água, sendo de 14,4% nos Estados Unidos e de

14,5% na zona mediterrânica da Europa (Sader et al., 2014). Saliente-se, novamente que o trabalho

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Resultados e Discussão 37

experimental realizado por Sader et al., 2014, embora envolva a mesma concentração de

gentamicina, foi efetuado recorrendo ao método de microdiluições, descrito pelo CLSI (CLSI, 2013).

Numa tentativa de comparar o comportamento dos antibióticos pertencentes à classe dos

aminoglicosídeos, optou-se pela concentração de estreptomicina no meio de cultura de 16 mg.L-1, a

mesma utilizada para a gentamicina, uma vez que a estreptomicina não tem uma MIC associada

(CLSI, 2013).

Para a estreptomicina verificam-se taxas de prevalência entre a gama 8,1% e 14,5% para as

bactérias coliformes e 10,4% e 13,4% em relação à E. coli. Os valores da prevalência da resistência

encontrados estão próximos dos obtidos em outros trabalhos associados à família

Enterobacteriaceae em águas superficiais da região do Porto (Figueira et al., 2012), sendo

relativamente elevados. Valores superiores são encontrados, para a bactéria E. coli e outras

bactérias coliformes, em amostras de águas residuais recolhidas, igualmente, na região do Porto

(Figueira et al., 2011a; Figueira et al., 2012). Apesar do consumo de estreptomicina em Portugal e

Espanha ser reduzido e, globalmente, inferior ao da gentamicina (ESAC, 2010; Durante-Mangoni et

al., 2009), a prevalência de resistência elevada é compatível com o facto de este antibiótico ter sido

largamente implementado no tratamento da tuberculose, a partir da década de 40 (Comroe, 1978),

bem como na medicina veterinária, pelo que a resistência está bastante disseminada (van Hoek et

al., 2011). A resistência entre isolados clínicos está próxima dos 37% (Domínguez et al., 2002).

Observa-se, comparando as taxas de prevalência de resistência da estreptomicina com as da

gentamicina, que as associadas à estreptomicina são superiores, o que novamente é justificado pelo

elevado consumo deste antibiótico no século XX. Note-se que esta mesma relação foi observada nos

estudos já mencionados (Figueira et al., 2011a; Figueira et al., 2012).

Em resumo, analisando os dados recolhidos ao longo do trabalho, constata-se que os isolados são

mais suscetíveis a antibióticos mais recentes e/ou os que têm uma menor taxa de consumo de

consumo associada.

Este estudo demonstra também que bactérias resistentes a antimicrobianos estão presentes nas

águas superficiais, podendo estas constituir um reservatório para a disseminação dos genes que

conferem a resistência. Uma possível consequência poderá ser a disseminação da resistência a

antibióticos a animais selvagens urbanos, a águas recreacionais ou mesmo a água para consumo

humano.

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Resultados e Discussão 38

3.4 Identificação dos isolados

Identificação Fenotípica

Uma análise mais detalhada dos isolados requer a identificação ao nível da espécie. Assim,

procedeu-se à identificação fenotípica de 22 isolados, conseguidos nos meios LSA e mFC, tolerantes

à gentamicina na concentração de 16 mg.L-1, como referido na Tabela 3, utilizando os sistemas

Microgen® Gn-ID, de rápida e fácil execução.

Tabela 7. Diversidade fenotípica entre as bactérias

E. coli isoladas.

Reação E. coli com reação positiva (%)

Lisina 99,9

Ornitina 45,5

H2S 100

Glucose 100

Manitol 100

Xilose 99,9

ONPG 81,8

Indol 100

Urease 0

V.P. 0

Citrase 0

TDA 0

Gelatina 9,1

Malonato 0

Inositol 0

Sorbitol 81,8

Ramnose 81,8

Sucrose 9,1

Lactose 100

Arabinos

e

100

Adonitol 9,1

Rafinose 18,2

Salicina 9,1

Arginina 72,7

A identificação foi realizada nestes

isolados uma vez que estudos anteriores

demonstraram a ausência de resistência a

gentamicina em isolados recolhidos em

água superficial (Hu et al., 2008; Janezic et

al., 2013; Vaz-Moreira, 2012), embora este

último não se refira a enterobactérias.

É possível constatar, na Tabela 7, que

existe diversidade fenotípica entre as

bactérias E. coli encontradas. Esta

diversidade fenotípica foi também

encontrada em outros estudos

relacionados com a bactéria E. coli (Janezic

et al., 2013). Ainda, outros trabalhos

indicam que esta variedade estende-se, em

termos genéticos, dentro da população

existente na água superficial, sendo

frequentemente diferente da apresentada

em solos e sedimentos (Ibekwe et al,

2011; Goto et al., 2011).

No Anexo 6 está expressa a caracterização

fenotípica detalhada relativa a cada

isolado.

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Resultados e Discussão 39

Sequenciação do gene para o RNA 16S ribossomal

Visando a validação do método de identificação fenotípica em vigor no laboratório recorreu-se à

sequenciação do gene que codifica para o RNA 16S ribossomal. Os resultados encontrados

apresentam-se na Tabela 8 sendo que nesta apresentam-se também os resultados obtidos para a

identificação fenotípica e a identificação segundo a adaptação do método descrito na norma

ISO 9308-1:2000.

Antes da sequenciação do gene que codifica o rRNA 16S procedeu-se à extração do DNA a partir dos

isolados selecionados, à amplificação do gene para o RNA 16S ribossomal por PCR e, por último, a

sua purificação recorrendo ao kit da Grisp®. Como resultado da reação de PCR foram obtidos

fragmentos com 1500 pb, tal como exemplifica a Figura 19, correspondentes ao tamanho do gene

que se desejou amplificar (Madigan et al., 2009). Note-se que o mesmo foi obtido para as restantes

amostras sequenciadas.

Figura 19. Fotografia do gel de agarose (1,5%) apresentando os produtos de PCR das amostras 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10,

11, 12, 13 e 14. M corresponde ao marcador de peso molecular, sendo B o branco.

Verifica-se, analisando a Tabela 8, que os três métodos distintos para a pesquisa de bactérias

coliformes e E. coli revelam-se concordantes. Isto é, para os isolados analisados, os testes

confirmativos que apresentam resultados da fermentação com produção de ácido,

β-glucuronidadase e Indol positivos, característicos da E. coli, corresponderam também a E. coli

segundo a identificação fenotípica, bem como para a identificação através da sequenciação do gene

que codifica o RNA 16S ribossomal. Aliás, a Tabela 8 permite constatar ainda que a espécie mais

frequentemente encontrada é de Escherichia coli, correspondendo a 50,0% do total. Este resultado

era esperado visto que os meios seletivos utilizados no procedimento experimental são indicados

para o crescimento de bactérias coliformes fecais, sendo a E. coli a espécie mais representativa.

Entre as amostras analisadas constam também outros géneros de coliformes, nomeadamente do

género Citrobacter (18,2 %) associada aos isolados n.º 10, 12 e 22. Novamente, como os meios de

isolamento utilizados promovem o crescimento de bactérias coliformes é natural encontrar este

género entre os isolados.

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Resultados e Discussão 40

Note-se também que todas as bactérias coliformes identificadas são oxidase negativas, Gram-

negativas e apresentam morfologia correspondente a bacilos.

Em ambos os meios de isolamento, mFC e LSA, observa-se a que 22,7% dos isolados não

correspondem a bactérias coliformes, pois são oxidase positivos (isolados n.º 4, 8, 14, 19 e 21),

sendo pertencentes ao género Aeromonas frequentemente encontrado em recursos hídricos

naturais (Vaz-Moreira et al., 2014). De referir que o método fenotípico e a identificação segundo a

sequenciação do gene que codifica para o rRNA 16S estão em concordância quanto ao género, mas

nem sempre quanto à espécie.

Para o isolado n.º 3, proveniente do meio mFC e que representa 4,6% do total, apesar de a

identificação realizada segundo a adaptação do método presente na norma ISO 9308-1:2000

sugerir que se trata de uma bactéria coliforme, uma vez que é oxidase negativo, a identificação

fenotípica e a sequenciação do gene que codifica o RNA 16S ribossomal indicam que se trata de uma

bactéria do género Acinetobacter. Apesar do género Acinetobacter ser comum em águas naturais

(Narciso-da-Rocha et al., 2013; Vaz-Moreira et al., 2014), não era esperado obter esta identificação

visto que meios seletivos para bactérias coliformes foram utilizados para realizar o isolamento.

Porém, como qualquer método de isolamento de bactérias, o método da incorporação em agar

contem uma margem de erro associada. Uma forma rápida de discriminar as bactérias coliformes

das pertencentes ao género Acinetobacter seria, por exemplo, colocar os isolados num meio

anaeróbio; uma vez que as bactérias coliformes são anaeróbias facultativas estas sobrevivem,

enquanto que as bactérias do género Acinetobacter não sobrevivem pois são obrigatoriamente

aeróbias, segundo Juni (2005) (Narciso-da-Rocha et al., 2013). Verifica-se ainda que não houve

concordância quanto à espécie identificada pois, segundo a identificação fenotípica trata-se da

espécie Acinetobacter lowfii, sendo que a identificação através da sequenciação do gene que codifica

para o rRNA 16S indica tratar-se de Acinetobacter soli. Este facto era esperado, pois segundo as

instruções do fabricante este método fenotípico não permite a identificação de Acinetobacter soli.

Existe um único isolado, n.º 18 (4,6% dos isolados identificados) recolhido no meio LSA, que se

revelou Gram-positivo tendo sido identificado como Bacillus anthracis, pelo que a seletividade do

meio LSA é questionada. No entanto, este isolado é facilmente distinguido das enterobactérias pelo

seu Gram, por ser oxidase positivo e pelo aspeto rugoso apresentado pelas colónias. A análise

fenotípica não permitiu identificar este isolado pois, tal como referido nas instruções do fabricante,

este não é um método aplicável à morfologia Gram-positiva. O Bacillus anthracis é uma espécie

formadora de esporos, é a causa da doença aguda, e frequentemente fatal para humanos e animais,

antraz (Helgason et al., 2000). Este organismo e os seus esporos são frequentemente encontrados

em solos (Madigan et al., 2009; CDC, 2014), pelo que a sua presença em águas de superfície está

relacionada com o arraste dos mesmos.

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Resultados e Discussão 41

Géneros encontrados nas amostras de água superficial analisadas neste trabalho, Citrobacter,

Aeromonas e Acinetobacter estão também presentes em amostras de águas residuais e águas

potáveis (Figueira et al., 2012; Figueira et al., 2011b; Narciso-da-Rocha et al., 2013). A sua presença

nestes diferentes tipos de ambientes sugere mais uma vez que estas bactérias, incluindo as

bactérias coliformes, estão associadas à propagação da resistência aos agentes antimicrobianos.

Saliente-se também que embora a sequenciação do gene que codifica o RNA 16S ribossomal ser um

método adequado para a classificação de géneros e bastante utilizado para identificar isolados

bacterianos de diferentes grupos, este nem sempre possibilita diferenciar membros pertencentes

ao mesmo género, apesar disto não ter ocorrido para os isolados analisados, visto que possuem um

grau de similaridade elevado, o que se verifica mesmo em regiões mais variáveis do gene

(Stackebrandt et Goebel, 1994).

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Resultados e Discussão 42

Tabela 8. Dados da caracterização, da identificação segundo a adaptação do método descrito na norma ISO 9308-1:2000, da identificação fenotípica e pela análise do gene para o

rRNA 16S, aos isolados recolhidos em meio mFC e LSA suplementados com gentamicina a 16 mg.L-1, n.º de acesso no EzBioCloud e n.º de pares de bases analisados no BioEdit.

N.º Isolado Data Meio Gram Morfologia ISO 9308-1:2000 Microgen® Gn-ID (%) Sequenciação do gene rRNA 16S (%)

(Similaridade)

N.º de acesso (EzBioCloud)

((EzBioCloud)

N.º de pb (BioEdit)

1 31-03 mFC - cocobacilos Escherichia coli Escherichia coli (93,40) Escherichia coli (100) EU014689 901

2 31-03 mFC - cocobacilos Escherichia coli Escherichia coli (98,66) Escherichia coli (99,59) CP001164 971

3 31-03 mFC - cocobacilos Coliforme Acinetobacter lowffii (76,91) Acinetobacter soli (98,21) APPU01000012 672

4 31-03 mFC - bacilos

filamentosos

Não coliforme Aeromonas hydrophila (81,69) Aeromonas media (100)

X74679 962

5 31-03 LSA - bacilos

curtos

Escherichia coli Escherichia coli inactive (92,13)

((100)

Escherichia coli (100) CP001164 861

6 31-03 LSA - bacilos

curtos

Escherichia coli Escherichia coli (97,81) Escherichia coli (99,54) EU014689 872

7 31-03 LSA - cocobacilos Escherichia coli Escherichia coli (99,64) Escherichia coli (99,64) CP001164 822

8 07-04 mFC - bacilos

longos

filamentosos

Não coliforme Aeromonas caviae (93,03) Aeromonas media (100) X74679 802

9 07-04 mFC - bacilos

curtos

Coliforme Citrobacter freundii (84,57) Citrobacter freundii (99,71) ANAV01000046 679

10 07-04 mFC - bacilos

curtos

Coliforme Citrobacter freundii (95,47) Citrobacter freundii (99,76) ANAV01000046 822

11 07-04 mFC - bacilos Escherichia coli Escherichia coli (92,90) Escherichia coli (99,89) AB273731 802

12 07-04 mFC - bacilos

curtos

Coliforme Citrobacter freundii (98,18) Citrobacter freundii (99,76) ANAV01000046 678

13 07-04 LSA - bacilos Escherichia coli Escherichia coli (99,64) Escherichia coli (99,89) CP001164 924

14 07-04 LSA - bacilos

longos

filamentosos

Não coliforme Aeromonas caviae (87,9) Aeromonas punctata (100) X74674 852

15 21-04 LSA - cocobacilos Escherichia coli Escherichia coli (76,4) Escherichia coli (100) EU014689 802

16 28-04 LSA - bacilos Escherichia coli Escherichia coli inactive (85,85) Escherichia coli (100) CP001164 832

17 28-04 LSA - cocobacilos Escherichia coli Escherichia coli (99,64) Escherichia coli (99,88) CP001164 832

18 28-04 LSA + bacilos Não coliforme Não identificado Bacillus anthracis (100) AB190217 633

19 28-04 LSA - bacilos

curtos

Não coliforme Aeromonas hydrophila (55,42) Aeromonas punctata subsp. Punctata (100)

(100)(100)

X6048 894

20 05-05 LSA - cocobacilos Escherichia coli Escherichia coli (99,6) Escherichia coli (99,89) X96963 914

21 05-05 LSA - bacilos Não coliforme Aeromonas veronii (98,34) Aeromonas veronii (99,88) X60414 853

22 12-05 LSA - cocobacilos Coliforme Citrobacter freundii (98,19) Citrobacter freundii (99,89) ANAV01000046 873

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Resultados e Discussão 43

3.5 Comparação entre os meios LSA e mFC

Na Tabela 9 é possível observar o número de UFC/100 ml em relação às bactérias totais, típicas,

atípicas, coliformes e E. coli isoladas nos meios de cultura mFC e LSA. Consta-te que os valores são,

no geral, muito semelhantes.

O meio LSA possibilitou o crescimento do isolado n.º 18 (Tabela 8), mesmo sendo este Gram-

positivo, o que não era suposto, ficando a seletividade deste meio questionada. Por outro lado, foi

encontrado no meio mFC um isolado, n.º 3, que apesar de ser oxidase negativo não é uma espécie

coliforme. Existe, portanto, um erro associado ao isolamento das bactérias coliformes e E. coli,

como esperado.

Tabela 9. Enumeração das UFC/100 ml para os meios mFC e LSA.

mFC LSA

Data Antibiótico Totais Típicas Atípicas Coliformes E.coli Totais Típicas Atípicas Coliformes E.coli

31-03

- 650 370 280 370 222 530 350 180 350 210

- 650 360 290 360 144 500 340 160 340 136

MEM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

CIP 47 25 22 25 25 42 25 17 25 20

CN 30 14 22 8 6 15 11

4 11 7

STR 44 27 26 27 27 44 28 16 28 22

07-04

- 970 550 420 550 440 930 570 360 570 570

- 950 510 440 510 306 970 590 380 590 590

MEM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

CAZ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

CIP 67 42 25 42 34 59 44 15 44 44

CN 40 25 20 20 5 31 22 9 22 18

STR 80 49 31 49 49 73 54 19

54 54

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Conclusões 44

4 Conclusões

O rio Douro apresentou uma maior percentagem de bactérias totais e coliformes entre os meses de

dezembro e janeiro comparativamente ao período entre o fim de mês de março e maio, o que

possivelmente está associado ao arraste de solos e de bactérias que nele habitam, resultante da

elevada precipitação ocorrida na altura e também ao conteúdo das descargas efetuadas por

barragens e afluentes do rio Douro situados a montante do local de amostragem. Os valores

relativos à bactéria E. coli podem ser considerados aproximados.

A precipitação influenciou os valores de turvação encontrados nos dias posteriores. Por sua vez, os

níveis de turvação estão relacionados com o número de bactérias totais, bactérias coliformes e

E. coli encontradas. Infere-se, assim, que a precipitação contribui indiretamente para o decréscimo

da qualidade de água do rio Douro, enquanto a turvação exerce uma contribuição direta.

As percentagens de resistência encontradas são inferiores às encontradas em águas residuais ou

amostras clínicas, como esperado, excetuando o caso da ciprofloxacina em que se utilizou uma

concentração inferior à MIC, observando-se valores superiores aos encontrados em ETAR.

A maior prevalência de resistência foi encontrada para a estreptomicina, seguindo-se a

ciprofloxacina e depois a gentamicina, sendo que não foi encontrada resistência aos antibióticos

betalactâmicos analisados, o meropenemo e a ceftazidima. Constata-se, assim, que os isolados são

mais suscetíveis a antibióticos mais recentes e/ou os que têm uma menor taxa de consumo de

consumo associada.

Este estudo demonstra que bactérias resistentes a antimicrobianos estão presentes na água do rio

Douro, podendo esta constituir um reservatório para a disseminação dos genes que conferem a

resistência. Não existe uma metodologia de avaliação da resistência que seja universal, o que

dificulta o processo de interpretação e comparação dos resultados com outros estudos. Desta forma

torna-se imprescindível o estabelecimento e fixação de tais procedimentos experimentais.

As três metodologias implementadas para a identificação da E. coli e outras bactérias coliformes -

adaptação do método descrito na norma ISO 9308-1:2000, identificação fenotípica utilizado os

sistemas Microgen® Gn-ID e análise da sequenciação do gene que codifica o RNA 16S ribossomal -,

apresentam resultados concordantes. No entanto, a adaptação do método descrito na norma

ISO 9308-1:2000 revelou-se insuficiente para discriminar bactérias coliformes da bactéria

Acinetobacter soli, pelo que mais testes seriam necessários para fazer esta distinção.

A identificação fenotípica constitui um método eficiente na identificação de bactérias coliformes e

E. coli, porém não identifica corretamente a espécie de bactérias dos géneros Acinetobacter e

Aeromonas.

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Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

Conclusões 45

Os meios de culturas seletivos utilizados, mFC e LSA, apresentam resultados, relativamente às

colónias e taxas de prevalência de resistência, semelhantes.

4.1 Limitações e trabalho futuro

A principal limitação deste trabalho foi o tempo, uma vez que o estágio não começou na data

prevista. Como trabalho futuro sugere-se relacionar o número e tipo de bactérias com as descargas

das albufeiras situadas a montante do local de colheita deste estudo; averiguar a resistência dos

isolados é intrínseca ou adquirida e apurar se o integrão de classe 1 contribui efetivamente uma

vantagem para a propagação da resistência; avaliar a diversidade de determinantes genéticos de

resistência para posterior comparação com isolados de proveniência clínica, recorrendo a métodos

genotípicos; identificar os diferentes subgrupos de E. coli com filogenias, fisiologias e ecologias

distintas, e presumivelmente com diferentes papéis na disseminação de agentes antimicrobianos e,

finalmente, estudar possíveis correlações de resistência entre os antibióticos analisados.

4.2 Outros trabalhos realizados

A realização do controlo de qualidade permitiu validar os resultados obtidos relativamente ao meio

de cultura LSA.

4.3 Apreciação final

Este trabalho foi muito gratificante no sentido em que tive oportunidade de aplicar conhecimentos

adquiridos durante o Mestrado Integrado e ter acesso a novos conhecimentos teóricos e práticas de

laboratório ligadas ao ramo do mestrado que escolhi. O tema é muito interessante e gostaria de o

explorar muito mais. O facto de ter efetuado o trabalho num laboratório de uma empresa

possibilitou ter uma visão do que é o ambiente empresarial, uma mais-valia para quem até ao

momento só teve a experiência académica. Foi também muito estimulante estar no laboratório de

microbiologia da professora Olga e da professora Célia onde contactei com diferentes metodologias

de trabalho e aprendi imenso com os colegas que lá estão.

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Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

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Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

Anexos 51

Anexo 1 Equipamento e Material

Equipamento e Material para a Pesquisa e Quantificação de bactérias coliformes e E. coli

Meios de cultura

Meio Lauryl Sulfato Agar (LSA)

Meio Membrane Faecal Coliform (mFC)

Meio Triptona Soja Agar (TSA)

Meio Fluorocult

Reagentes

MRD – Maximun Recovery

Diluent- (peptona salina 0,1%)

Reagente Kovacs

Reagente Oxidase

Equipamento e Material

Agitador magnético com aquecimento

Autoclave 121±3 °C

Balança de precisão

Banho de água 45±1 °C

Bico de Bunsen

Bomba de vácuo

Equipamento de filtração por membrana

Membranas filtrantes estéreis,

compostas por celulose, com poro

de diâmetro nominal de 0,45 nm, com grelha

Antibióticos

Gentamicina (Affymetrix®)

Ceftazidima (Sigma®)

Meropenem (Fluka®)

Estreptomicina (Sigma Aldrich®)

Ciprofloxacina (AppliChem®)

Microrganismos

Lentícula E. coli NCTC 9001

Lentícula K. oxytoca NCTC 8167

Hotte

Frigorífico 5±3 °C

Incubadora 36±2 °C

Incubadora 44,0±0,5 °C

Lâmpada UV, λ=366 nm

Material de uso corrente em

laboratório

Rampa de filtração

Reservatório para recolha de

filtrados

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Anexos 52

Microondas

Pipetas automáticas

Placas de Petri estéreis com diâmetro de 55 cm

Unidade purificadora de água

Vórtex

Equipamento, reagentes e material para a Identificação Fenotípica

Equipamento:

Bico de Busen

Vórtex

Equipamento, Reagentes e Material para a Sequenciação do gene para o rRNA 16S

Reagentes:

Água destilada

Água ultrapura

Álcool 99%

Iodina de Gram

Óleo mineral

Safranina

Gel 1,5% agarose em TAE 1x

Violeta de cristal

Reagentes:

Óleo mineral

Reagente Nitrato A

Reagente Nitrato B

Reagente TDA

Reagente VP I

Reagente VP II

Pó de zinco

Solução salina 0,85%

Equipamento e Material:

Ansas estéries

Galeria Microgen® GnA-MID64CE

Galeria Microgen® GnB- MID65CE

Micropipeta

Pontas para micropipeta

Vortex

Incubadora 36±2 °C

Hotte

dNTP’s (1mM)

MgCl2 (25mM)

Primer 1 (100 μM)

Primer 2 (100 μM)

Tampão de reação de PCR contendo NH4+

Corante Midori® Green Advanced

DNA stain

Enzima Taq polymerase (5U/μL)

Marcador de peso molecular (Grisp®)

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Anexos 53

Gelo

Kit de purificação Grisp®

Equipamento:

Banho a 95±2 °C

Câmera de segurança biológica

Centrífuga

Microscópio ótico eletrónico

Termociclador

Transformador

Transiluminador UV

Material:

Tubos Eppendorf estéreis de

1,5 e 0,2 mL

Ansa estéril

Micropipetas

Lâminas

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Anexos 54

Anexo 2 Tabela de Referência para GnA e GnB

GnA

GnB

Figura 20. Tabela de Referência para GnA e GnB.

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Anexos 55

Anexo 3 Controlo de Qualidade

Elaboração de Carta Guia para o Controlo da Qualidade

Na determinação dos limites de controlo, o número de UFC, R, obtidas nas análises dos Materiais de

Referência Certificados (controlo positivo: E. coli e controlo negativo: K. oxytoca) foram

inicialmente logaritmizados (log10), sendo que posteriormente se procedeu ao cálculo da média e o

desvio padrão destes. Estas determinações são baseadas nas Equações 3 e 4:

71889,00414,00669,0...0483,00981,0logR [3]

0479,015/071889,0/log nRR [4]

em que n constitui o número de lentículas analisadas.

O desvio padrão, S, foi determinado com base nas médias móveis, Equação 5, visto que esta

metodologia de cálculo é menos influenciada por “valores extremos ou aberrantes”, muitas vezes

obtidos nas determinações de parâmetros microbiológicos.

S = 0,8865 R [5]

Os limites de controlo, aviso e ação, foram calculados recorrendo às Equações 6 e 7,

respetivamente.

Limites de Aviso: SX 2 [6]

Limites de Ação: SX 3 [7]

A Carta Guia foi produzida fazendo o anti-log dos valores X , SX 2 e SX 3 e marcando os

limites de aviso e de ação.

Controlo Quantitativo

O número de UFC obtidas no controlo positivo, E. coli, foi inserido na Carta Guia utilizada no

laboratório na pesquisa e quantificação de bactérias coliformes e E. coli no método de filtração por

membrana.

Utilizaram-se 20 valores obtidos em análises efetuadas a Materiais de Referência Certificados, num

período anterior ao da realização deste trabalho, para a elaboração da Carta Guia, isto é,

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Anexos 56

determinação dos limites de controlo (de ação e de aviso). Os valores que se encontravam fora dos

Limites de Ação foram eliminados, substituídos por outro valor e recalculados os limites.

A aceitação/rejeição dos resultados foi realizada em concordância com os limites de controlo

determinados. O resultado foi considerado fora de controlo no caso de: uma única violação dos

Limites de Ação ( SX 3 ); duas observações consecutivas excederem os Limites de Aviso

( SX 2 ); nove ou mais observações consecutivas do mesmo lado da média ( X ) ou seis ou mais

observações alinhadas em sentido ascendente ou descendente.

Resultados do Controlo Quantitativo

As estirpes E. coli NCTC 9001 e K. oxytoca NCTC 8167 foram também utilizadas para controlar a

exatidão do método e o desempenho do meio LSA sem antibiótico.

Neste sentido, as representações gráficas ilustradas nas Figura 21 e 22 constituem as Cartas Guias

utilizadas no Controlo Quantitativo relativa a bactérias coliformes e E. coli, em meio LSA sem

qualquer antibiótico, nas quais é possível observar a contagem associada a este trabalho. A

vermelho estão representados os limites de ação, estando os limites de aviso representados a

verde.

Figura 21. Carta Guia de bactérias coliformes no meio LSA sem antibiótico.

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Anexos 57

Figura 22. Carta Guia de E. coli no meio LSA sem antibiótico.

Note-se que todos os valores obtidos encontram-se dentro dos limites de ação e consequentemente

foram aceites.

Controlo Qualitativo

O controlo de qualidade que acompanhou este trabalho exigiu um controlo positivo e um controlo

negativo, sendo que para o efeito se utilizaram lentículas de E. coli e K. oxytoca respetivamente.

Como mencionado anteriormente a E. coli produz a enzima β-glucuronidase apresentando

fluorescência quando exposta à luz UV, aliada ao facto de produzir Indol a partir de Triptofano. A

K. oxytoca apresenta resultados negativos perante os dois testes explicitados, sendo as espécies

facilmente distinguidas.

O processo de controlo de qualidade, realizado semanalmente, inicia-se pela retirada das lentículas

E. coli NCTC 9001 e K. oxytoca NCTC 8167 do congelador, cuja temperatura corresponde a -20 °C,

tendo estas permanecido à temperatura ambiente por cerca de 15 minutos. Cada um dos tubos,

contendo as lentículas, foi cuidadosamente aberto, sendo cada lentícula transferida para um tubo

estéril com 4 ml de MRD, à temperatura ambiente, e em seguida devidamente apertado. Garantiu-

se, assim, a hidratação das lentículas. Uma vez completamente solubilizadas as lentículas foram

devidamente homogeneizadas, recorrendo ao vortex, e posteriormente transferidas para frascos

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Anexos 58

contendo 100 ml de água estéril, também à temperatura ambiente. Depois de homogeneizar

novamente cada uma das lentículas, procedeu-se ao método de filtração por membrana e posterior

incubação a 36±2 °C durante de 21±3 horas.

Em seguida, submeteram-se as amostras aos habituais procedimentos de isolamento e confirmação.

Resultados do Controlo Qualitativo

Como referido anteriormente, para a realização do Controlo Qualitativo, utilizou-se a lentícula de

E. coli NCTC 9001 como controlo positivo e de K. oxytoca NCTC 9167 como controlo negativo. Os

resultados obtidos encontram-se presentes na Tabela 10, estando estes de acordo com o esperado.

Tabela 10. Resultados associados ao Controlo Qualitativo.

E. coli K.oxytoca

Data Ácido em

LSA Oxidase β-glucuronidase Indol

Ácido em

LSA Oxidase β-glucuronidase Indol

31-03 + - + + + - - -

07-04 + - + + + - - -

21-04 + - + + + - - -

28-04 + - + + + - - -

05-05 + - + + + - - -

12-05 + - + + + - - -

Duplicados

Algumas das amostras foram analisadas em duplicado, tendo a validação dos resultados sido

realizada segundo as normas de precisão seguidas pelo laboratório, na determinação e

quantificação de bactérias coliformes e E. coli associadas ao método de filtração em membrana. Este

critério foi calculado a partir da amplitude dos logaritmos dos Duplicados (Rlog i), pela Equação 3, e

da média das mesmas (R) através da Equação 4.

Com base nestes cálculos foram determinados os Limite Superior de Reprodutibilidade (LSR) e o

Limite Inferior de Reprodutibilidade (LIR) para duplicados de amostras, segundo as Equações 8 e 9,

onde D1 e D2 representam o valor correspondente ao duplicado 1 e 2, respetivamente.

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Anexos 59

[8]

[9]

Resultados dos Duplicados

A avaliação de duplicados foi executada para todos os duplicados efetuados no presente trabalho,

sendo que a análise foi realizada para a contagem UFC de bactérias coliformes e E. coli, isoladas em

meio LSA. Os critérios definidos anteriormente foram obtidos previamente pelo laboratório, sendo

necessário apenas a inserção dos valores obtidos nas cartas de duplicados de modo a avaliar a sua

conformidade. Note-se que são utilizadas duas gamas distintas de valores, a gama baixa que

compreende valores de contagens entre 0 e 19 colónias e a gama alta que se associa a contagens

entre 20 e 100 colónias.

As Tabelas 11 e 12 apresentam os resultados obtidos para as bactérias coliformes e E. coli,

respetivamente. É de referir que todos os duplicados realizados explicitam resultados aceitáveis.

Tabela 11. Amplitudes e critérios de precisão relativos a bactérias coliformes, para gama alta.

Data Gama Volume D1 D2 R log i R LSR LIR Resultado

31-03-2014 alta 10 35 34 0,0126 0,0744 0,2434 0,0000 Aceitável

07-04-2014 alta 10 57 59 0,0150 0,0744 0,2434 0,0000 Aceitável

21-04-2014 alta 10 26 30 0,0621 0,0744 0,2434 0,0000 Aceitável

28-04-2014 alta 10 35 37 0,0241 0,0744 0,2434 0,0000 Aceitável

05-04-2014 alta 10 29 25 0,0645 0,0744 0,2434 0,0000 Aceitável

12-05-2014 alta 10 31 27 0,0600 0,0744 0,2434 0,0000 Aceitável

Tabela 12. Amplitudes e critérios de precisão relativos a bactérias coliformes, para gama alta e baixa.

Data Gama Volume D1 D2 R log i R LSR LIR Resultado

31-03-2014 baixa 10 14 36 0,4102 0,1337 0,4373 0,0000 Aceitável

07-04-2014 alta 10 57 47 0,0819 0,0766 0,2504 0,0000 Aceitável

21-04-2014 baixa 10 21 18 0,0628 0,1337 0,4373 0,0000 Aceitável

28-04-2014 baixa 10 21 37 0,2460 0,1337 0,4373 0,0000 Aceitável

05-05-2014 baixa 10 12 25 0,3335 0,1337 0,4373 0,0000 Aceitável

12-05-2014 baixa 10 12 16 0,1161 0,1337 0,4373 0,0000 Aceitável

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Anexos 60

Testes de esterilidade

De modo a avaliar a esterilidade dos meios de cultura, membranas filtrantes, solução de diluição

MRD, água de arrefecimento da rampa de filtração, pontas de micropipetas, placas e também os

copos de filtração, realizou-se um branco de esterilidade. Para o efeito, paralelamente à filtração

das amostras de água bruta, filtrou-se uma amostra contendo MRD ou água esterilizada.

Realizou-se ainda o controlo de qualidade, visando a garantia da esterilidade, a todos os materiais

utilizados, adquiridos já preparados ou preparados internamente no laboratório, tendo-se

efetuado-se testes de lote (por amostragem foi avaliado um representante de cada lote utilizado).

A esterilidade das ansas, usadas nos testes de confirmação, foi também avaliada, passando uma

ansa em meio TSA e posterior incubação, por um período de 21±2 horas, a 36±2 °C.

Note-se que o controlo de esterilidade fornece garantida no caso dos testes apresentarem um

resultado negativo a eles associados.

Resultados dos Testes de esterilidade

As análises realizadas com o intuito de avaliar a esterilidade forneceram resultados negativos,

garantindo-se desta forma a esterilidade de todo o procedimento experimental.

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Anexo 61

Anexo 4 Dados de precipitação, turvação e temperatura

Tabela 13. Valores de precipitação, turvação e temperatura da água.

Data Precipitação (mm) Turvação (NTU) Temperatura (° C)

31-03-2014 17,7 - -

01-04-2014 45,5 - -

02-04-2014 1,3 11 11,9

03-04-2014 1,3 - -

04-04-2014 13,5 - -

05-04-2014 5,6 - -

06-04-2014 0,1 - -

07-04-2014 0 15 -

08-04-2014 0 16 -

09-04-2014 0,1 9 13,0

10-04-2014 0 - -

11-04-2014 0 - -

12-04-2014 0 - -

13-04-2014 0 - -

14-04-2014 0,6 - -

15-04-2014 0 - -

16-04-2014 0 4,0 13,6

17-04-2014 0 - -

18-04-2014 0 - -

19-04-2014 0 - -

20-04-2014 0 - -

21-04-2014 0 - -

22-04-2014 0,1 - -

23-04-2014 0,2 3,9 15,2

24-04-2014 12,6 - -

25-04-2014 1 - -

26-04-2014 14,9 - -

27-04-2014 0 - -

28-04-2014 0 - -

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Anexos 62

Continuação da Tabela 13

29-04-2014 0 - -

30-04-2014 0 5 15,6

01-05-2014 0 - -

02-05-2014 0 - -

03-05-2014 0 - -

04-05-2014 0 - -

05-05-2014 0 - -

06-05-2014 0 - -

07-05-2014 0 4,7 17,2

08-05-2014 0 - -

09-05-2014 0 - -

10-05-2014 0 - -

11-05-2014 0 - -

12-05-2014 0 - -

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Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

Anexo 63

Anexo 5 Dados das contagens

Tabela 14. Enumeração das colónias Totais, Típicas, Coliformes e E. coli obtidas e respetiva proporção de UFC/100 ml para o meio LSA e LSA com os antibióticos.

Nº de colónias contabilizadas UFC/100 ml

Data Antibiótico Totais Típicas Atípicas Coliformes E. coli Totais Típicas Atípicas Coliformes E. coli

31-03-2014

- 53 35 18 5 3 530 350 180 350 210

- 50 34 16 5 2 500 340 160 340 136

MEM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

CIP 42 25 17 5 4 42 25 17 25 20

CN 15 11 4 5 3 15 11 4 11 7

STR 44 28 16 5 4 44 28 16 28 22

07-04-2014

- 93 57 36 5 5 930 570 360 570 570

- 97 59 38 5 4 970 590 380 590 472

MEM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

CAZ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

CIP 59 44 15 5 5 59 44 15 44 44

CN 31 22 9 5 4 31 22 9 22 18

STR 73 54 19 5 5 73 54 19 54 54

21-07-2014

- 37 26 11 5 4 370 260 110 260 208

- 42 30 12 5 3 420 300 120 300 180

CAZ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

CIP 21 12 9 5 5 42 24 18 24 24

CN 6 4 2 4 3 12 8 6 5 5

STR 31 23 8 5 5 31 23 8 23 23

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Anexos 64

Continuação da Tabela 14

28-04-2014

- 54 35 19 5 3 540 350 190 350 210

- 51 37 14 5 5 510 370 140 370 370

CAZ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

CIP 33 18 15 5 5 66 36 30 36 36

CN 16 10 6 3 2 32 20 12 20 8

STR 46 31 15 5 5 46 31 15 31 31

05-04-2014

- 46 29 17 5 2 460 290 170 290 116

- 43 25 18 5 5 430 250 180 250 250

CAZ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

CIP 18 11 7 5 5 36 22 14 22 22

CN 13 5 8 4 3 26 10 18 8 6

STR 31 19 12 4 3 62 38 32 30 23

12-04-2014

- 50 31 19 5 2 500 310 190 310 124

- 47 27 20 4 3 470 270 254 216 162

CAZ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

CIP 19 12 7 5 5 38 24 14 24 24

CN 7 4 3 4 3 14 8 6 8 6,4

STR 35 24 11 5 4 35 24 11 24 19

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Anexo 65

Anexo 6 Dados da caracterização fenotípica dos isolados

Tabela 15. Caracterização fenotípica dos isolados selecionados.

Isolado Data

Re

açã

o

Lis

ina

Orn

itin

a

H2

S

Glu

cose

Man

ito

l

Xil

ose

ON

PG

Ind

ole

Ure

ase

V.P

.

Cit

rase

TD

A

Gel

atin

a

Mal

on

ato

Ino

sito

l

Sorb

ito

l

Ram

no

se

Sucr

ose

Lac

tose

Ara

bin

ose

Ad

on

ito

l

Raf

ino

se

Sali

cin

a

Arg

inin

a

Identificação (%)

1 31-03-2014 + - - + + + - + - - - - - - - + - - + + - - - + Escherichia coli - inactive (93,40)

2 31-03-2014 + - - + + + + + - - - - - - - + + - + + - + - + Escherichia coli (98,66)

3 31-03-2014 + - - + + + + + - + + - - + + + + + + + - + - + Acinetobacter lwoffi (76,91)

4 31-03-2014 - - - + + - + + - - - - + - - + - + + - - - - - Aeromonas hydrophila (81,69)

5 31-03-2014 + - - + + + - + - - - - - - - + + - + + - - - - Escherichia coli - inactive (92,13)

6 31-03-2014 + + - + + + + + - - - - + - - + + - + + - - - - Escherichia coli (97,81)

7 31-03-2014 + + - + + + + + - - - - - - - + + - + + - - - + Escherichia coli (99,64)

8 07-04-2014 - - - + - - + + - - - - + - - - - + + + - - - - Aeromonas cavie (93,03)

9 07-04-2014 - - - + + + + - - - + - - - - + + + + + - - - - Citrobacter freundii (84,57)

10 07-04-2014 - - - + + + + - - - + - - - - + + + + + - + - - Citrobacter freundii (95,47)

11 07-04-2014 + - - + + + + - - - - - - - - + + - + + - - - + Escherichia coli (92,90)

12 07-04-2014 - - - + + - + - - - + - - - - + + + + + - + - - Citrobacter freundii (98,18)

13 07-04-2014 + + - + + + + + - - - - - - - + + - + + - - + + Escherichia coli (99,04)

14 07-04-2014 - - - + + - - + - - - - + - - - - + + + - - - - Aeromonas cavie (87,90)

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Prevalência de bactérias resistentes a agentes antimicrobianos em água natural

Anexos 66

Continuação da Tabela 15

Nº Data

Re

açã

o

Lis

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H2

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Lac

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Ara

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ito

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Raf

ino

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Sali

cin

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Arg

inin

a

Identificação (%)

15 21-04-2014 + - - + + + + + - - - - - - - - + - + + - - - + Escherichia coli inactive (96,4)

16 28-04-2014 - - - + + - + + - - - - - - - - - + + + + - - + Escherichia coli inactive (95,85)

17 28-04-2014 + + - + + + + + - - - - - - - + + - + + - - - + Escherichia coli inactive (99,64)

19 28-04-2014 - - - + + - + + - - - - + - - - - + + + - - - - Aeromonas hydrophila (55,42)

20 05-05-2014 + + - + + + + + - - - - - - - + + - + + - + - - Escherichia coli (99,60)

21 05-05-2014 - - - + + - + + - + - - - - - - - + - - - - - - Aeromonas veronii (98,34)

22 12-05-2014 + - - + + + + - - - + - - - - + + + + + - + - - Citrobacter freundii (98,19)

Lentícula E. coli

NCTC 9001

+ + - + + + + + - - - - - - - + + - + + - - - + Escherichia coli (99,64)

Espécies obtidas (%)

E. coli (50,00)

Citrobacter (18,18)

Aeromonas (22,73)

Acinetobacter (4,55)

Não identificado (4,55)

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