mestrado 2010 - livros grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfa todos os professores do...

61
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE MEGAFAUNA PLEISTOCÊNICA DA FAZENDA CHARCO, POÇO REDONDO, SERGIPE – INTERPRETAÇÕES PALEOAMBIENTAIS MÁRIO ANDRÉ TRINDADE DANTAS MESTRADO 2010

Upload: others

Post on 27-Jul-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

MEGAFAUNA PLEISTOCÊNICA DA FAZENDA CHARCO, POÇO

REDONDO, SERGIPE – INTERPRETAÇÕES PALEOAMBIENTAIS

MÁRIO ANDRÉ TRINDADE DANTAS

MESTRADO 2010

Page 2: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

MESTRADO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

MEGAFAUNA PLEISTOCÊNICA DA FAZENDA CHARCO, POÇO REDONDO,

SERGIPE – INTERPRETAÇÕES PALEOAMBIENTAIS

AUTOR: MÁRIO ANDRÉ TRINDADE DANTAS

ORIENTADORA: PROF(A). DRA. ANA PAULA DO NASCIMENTO PRATA

CO-ORIENTADORA: PROF(A). DRA. SORAIA GIRARDI BAUERMANN

SÃO CRISTOVÃO, SERGIPE

JANEIRO, 2010

Page 4: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

D192m

Dantas, Mário André Trindade Megafauna pleistocênica da fazenda Charco, Poço Redondo,

Sergipe : interpretações paleoambientais / Mário André Trindade Dantas. – São Cristóvão, 2010.

56 f. : il.

Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação) - Universidade Federal de Sergipe, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Núcleo de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, 2008.

Orientadora: Profª. Drª. Ana Paula do Nascimento Prata Co-orientadora: Profª. Drª Soraia Girardi Bauermann

1. Ecologia. 2. Megafauna. 3. Pleistoceno superior. 4.

Caatinga. 5. Paleontologia. I. Título.

CDU 56:502.2

Page 5: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

ii

TERMO DE APROVAÇÃO

MEGAFAUNA PLEISTOCÊNICA DA FAZENDA CHARCO, POÇO REDONDO,

SERGIPE – INTERPRETAÇÕES PALEOAMBIENTAIS

por

MÁRIO ANDRÉ TRINDADE DANTAS

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da

Universidade Federal de Sergipe, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do

título de Mestre em Ecologia e Conservação da Caatinga.

Aprovada pela banca examinadora composta por

Dra. ANA MARIA RIBEIRO (Fundação ZooBotânica/RS)

Dr. CÁSTOR CARTELLE GUERRA (Museu de Ciências Naturais/PUC-MG)

Dr. ÉDISON VICENTE OLIVEIRA (Departamento de Geologia/UFPE)

e apresentada a banca examinadora composta por

__________________________________________

Dra. ANA PAULA DO NASCIMENTO PRATA (orientadora)

Núcleo de pós-graduação em Ecologia e Conservação/UFS

__________________________________________

Dr. ADAUTO DE SOUZA RIBEIRO

Núcleo de pós-graduação em Ecologia e Conservação/UFS

__________________________________________

Dr. MARIO ALBERTO COZZUOL

Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre/UFMG

São Cristovão/SE, 22 de janeiro de 2010

Page 6: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

iii

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa

de pós-graduação, nível de mestrado.

A essa força maior que chamamos de Deus, as energias positivas do Universo, a Vida

pelas oportunidades que me foram concedidas;

A professora, orientadora, e amiga, Dra. Ana Paula do Nascimento Prata

(Laboratório de Sistemática Vegetal/UFS) pela amizade e confiança em mim depositadas

na realização deste trabalho;

A professora Dra. Maria Helena Zucon (Laboratório de Paleontologia/UFS), por

sempre me apoiar em minha caminhada paleontológica, pelas sugestões apresentadas na

minha qualificação, e por disponibilizar, mais uma vez, o espaço do Laboratório de

Paleontologia/UFS para a realização deste trabalho;

A professora Dra. Soraia Girardi Bauermann (Laboratório de Palinologia/ULBRA)

pelas bibliografias disponibilizadas e pela co-orientação neste trabalho;

Ao Dr. Kleberson de Oliveira Porpino (Laboratório de Sistemática e Ecologia

Animal/UERN), pelas bibliografias disponibilizadas, e valiosas discussões sobre os

resultados deste trabalho;

A Dra. Edilma de Jesus Andrade (Núcleo de Geologia/UFS) pelas sugestões

apresentadas na minha qualificação;

A Dra. Maria Suzana Bargo (División Paleontología Vertebrados/Museo de La

Plata/Argentina) e Mariela Castro (mestranda em Biologia Comparada/USP) pelos

artigos disponibilizados;

Aos professores Dr. Adauto de Sousa Ribeiro e Dr. Fábio Santos do Nascimento

(Núcleo de Ecologia e Conservação da Caatinga/UFS) pelo apoio logístico e financeiro

nas idas a campo, e visitas aos Museus onde os materiais desta dissertação foram

comparados;

A todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos

ensinamentos em sala de aula, que ajudaram a ampliar meus horizontes acadêmicos;

Aos colegas Vinicius Reis, Anthony Ferreira, Sanny Souza, Paulo Souza, e ao técnico

Damião Assis pela ajuda nas coletas;

Page 7: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

iv

A Fabiana Vieira, futura arqueóloga e paleomastozoóloga, pela ajuda nas coletas, na

preparação dos fósseis em laboratório, e pelas horas de “silêncio” e conversas “jogadas

fora”;

Ao colega José Elvino (Laboratório de Botânica Sistemática/UFS) pela identificação

das espécies botânicas da Fazenda Charco, Poço Redondo;

Aos colegas de mestrado, em especial a Geziana Nunes, Juliana Cordeiro, Aline

Cândida, Paulo Augusto, Cleodon Teodósio, pela companhia em sala de aula e nos

corredores, pelas conversas descontraídas, e pelo apoio e amizade encontrados em cada

palavra e olhar;

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram em meu trabalho, mas que por

falha na memória não foram citados;

Muito Obrigado!

Page 8: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

v

“A caça aos fósseis é de longe o mais fascinante de

todos os esportes. Nele, a gente acha incerteza,

excitação e todo o arrepio do jogo de azar, sem

nenhum dos aspectos negativos dele. (...) No próximo

morro pode estar a grande descoberta (...). Além do

mais, o caçador de fósseis não mata, ele ressuscita!”

George Gaylord Simpson

Page 9: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

vi

Aos meus pais,

Aos meus irmãos,

Ao meu xamego.

Page 10: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

vii

SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................................... viii

ABSTRACT ......................................................................................................................... ix

Capítulo 1 - Introdução ..................................................................................................... 10

1.1. Considerações Gerais e Objetivos ............................................................................ 11

1.2. Histórico das pesquisas ............................................................................................. 12

1.3. A Caatinga no Pleistoceno superior ......................................................................... 18

1.4. A Caatinga no Holoceno........................................................................................... 18

Capítulo 2 - Megafauna Pleistocênica da Caatinga ........................................................ 29

Capítulo 3 - Conclusões ..................................................................................................... 55

Page 11: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

viii

RESUMO

Já se conhecia para a Fazenda Charco a ocorrência de cinco taxa de mamíferos

pleistocênicos: Eremotherium laurillardi, Catonyx cuvieri, Stegomastodon waringi,

Palaeolama major, além de um Toxodontidae indeterminado. Novas coletas nesta

localidade permitiram o registro de: Toxodon platensis, Pachyarmatherium sp. e Smilodon

populator. Os objetivos deste trabalho foram o registro de novas ocorrências na localidade

estudada, além da proposição de interpretações paleoambientais para a região de Poço

Redondo. O material analisado foi coletado em janeiro de 2009 em um tanque

(09°46’583”S, 37°40’634”W), localizado na Fazenda Charco, em área de Caatinga. A

associação de taxa encontrados geralmente é associada a uma vegetação do tipo Cerrado,

no entanto, estudos sobre as variações climáticas e vegetacionais da Caatinga nordestina,

baseados em analises polínicas, indicam que este tipo de vegetação já existia há pelo

menos 42.000 anos A.P. A diminuição das áreas de Caatinga aberta entre 15.500 a 11.800

anos, graças ao aumento de precipitação, estabeleceu um período mais úmido e frio do que

o atual, favorecendo o surgimento de corredores unindo as Florestas Amazônica e

Atlântica. Esta composição faunística, associada a dados polínicos coletados na região

Nordeste, permite uma nova interpretação, a de que a megafauna composta por mamíferos

de grande porte, durante o Pleistoceno, viveu associada a áreas de Caatinga, com

predomínio de áreas abertas, compostas por espécies herbáceas e arbustivas, em mosaico

com áreas de bosques, próximo a corpos de água.

Palavras Chave: Sergipe, Caatinga, Pleistoceno superior, Pachyarmatherium sp.,

Smilodon populator

Page 12: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

ix

ABSTRACT

It was know at Fazenda Charco the occurrence of five pleistocenic taxa mammals:

Eremotherium laurillardi, Catonyx cuvieri, Stegomastodon waringi, Palaeolama major,

included an indeterminate Toxodontidae. New findings in this localitie allowed the register

of Toxodon platensis, Pachyarmatherium sp. and Smilodon populator. The main goal in

this work was to came true same paleoambiental conclusions for Poço Redondo district.

The analysed material was collected in January 2009 in a tank (09 ° 46'583 "N, 37 °

40'634" W) located at Fazenda Charco, in Caatinga area. This mammal fauna is usually

associated with open Cerrado vegetation, however, studies of climate and vegetation

variability of the Caatinga in the northeast of Brazil indicates that this type of vegetation

has existed for at least 42,000 years AP. The reduction in open Caatinga areas, between

15,500 to 11,800 years, due to the increased of precipitation, set a longer wet and cold

climate, favoring the appearance of corridors linking the Amazon and Atlantic forests.

These data provides a new interpretation, that the Pleistocene mammal fauna lived, in

northeastern of Brazil, associated with areas of Caatinga, with a predominance of open

areas, composed of herbaceous and shrub species, in mosaic with areas of woodland, near

bodies of water.

Key words: Sergipe, Caatinga, Pleistoceno superior, Pachyarmatherium sp., Smilodon

populator

Page 13: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

Capítulo 1 Introdução

Page 14: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

11

1.1. Considerações Gerais e Objetivos

As mudanças climáticas que ocorreram durante o Pleistoceno final – Holoceno

influenciaram diretamente no surgimento e estabelecimento dos biomas encontrados

atualmente no Brasil. Esta afirmação é baseada em evidências apresentadas por estudos de

reconstrução paleoambiental, principalmente através de análises palinológicas (SUGUIO,

1999; DE OLIVEIRA et al., 2005).

Estudos desta natureza no Nordeste brasileiro ainda são escassos em comparação com

as demais regiões geográficas do Brasil (PESSENDA et al., 2004), sendo ainda mais raras

as pesquisas em áreas atuais de Caatinga (DE OLIVEIRA et al., 1999; 2005).

Com base na descoberta de fósseis de mamíferos, uma das hipóteses mais aceitas

atualmente é a de que no Nordeste, durante o Pleistoceno superior, o Cerrado (Savana)

dominava a fisionomia vegetal onde atualmente ocorre a Caatinga (CARTELLE, 1999).

No entanto, novas evidências demonstram que a Caatinga era a vegetação dominante (DE

OLIVEIRA et al., 2005).

Estudos sobre a flora de áreas atuais de Caatinga em Sergipe ainda são escassos

(SOUZA, 1983; FONSECA, 1991; DÓRIA NETO, 2009; FERRAZ, 2009), e até o

momento não foi realizado nenhum estudo palinológico com sedimentos do Pleistoceno

superior, visando obter informações que auxiliem na caracterização da fisionomia

vegetacional de Sergipe nesta época.

A caracterização desta fisionomia do Pleistoceno em Sergipe baseia-se atualmente na

ecologia de mamíferos (DANTAS & ZUCON, 2007). No entanto, apesar de indicar como

era o ambiente, não permite uma caracterização precisa da flora, já que até o momento não

foram encontrados fósseis de plantas desta época.

Diante do exposto, o presente trabalho pretende contribuir: (1) através da ampliação

do número de espécies de mamíferos do Pleistoceno superior para o Estado; (2) e, através

da Paleoecologia desses mamíferos, e dados palinologicos coletados em outros Estados do

Nordeste, realizar uma caracterização preliminar dos paleoambientes que existiram durante

o Pleistoceno superior na localidade estudada.

Neste primeiro capítulo, além das considerações gerais e objetivos, será apresentado, a

seguir, um histórico das pesquisas sobre a megafauna pleistocênica no Estado de Sergipe e

o conhecimento acerca da Caatinga de Sergipe desde o Pleistoceno superior até os dias

atuais.

Page 15: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

12

No segundo capítulo, a metodologia, resultados, discussão e considerações finais sobre

o tema estudado são apresentados na forma de um artigo, submetido a Revista Brasileira

de Paleontologia.

Por último, o terceiro capítulo com as concluões do trabalho.

1.2. Histórico das pesquisas

Em Sergipe, fósseis de mamíferos do Pleistoceno são encontrados desde meados do

século XIX. A descoberta desses fósseis ocorre, na sua grande maioria, em um tipo de

afloramento fossilífero denominado tanque, reservatório natural de água, escavado pela

natureza em rochas do embasamento cristalino pela ação do intemperismo químico e

físico.

A primeira descoberta ocorreu em 1848 no município de Canhoba, na localidade

denominada Sítios Novos, e foi realizada pela população local (VELOZO, 1961).

Em 1918, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe recebeu a doação de fósseis

descobertos em um tanque no município de Aquidabã, mas somente em 2004 estes fósseis

foram identificados, sendo atribuídos a preguiça gigante Eremotherium laurillardi (Lund,

1842) Cartelle & Bohórquez, 1982 e ao mastodonte Stegomastodon waringi (Holand,

1920) (DANTAS, 2004).

Trinta e cinco anos depois, novos fósseis foram resgatados em Sítios Novos, Canhoba,

desta vez através de pesquisas realizadas pelo Sr. José Augusto Garcez (Figura 1A),

paleontólogo amador sergipano, em 1953, e posteriormente pelos estudantes secundaristas

do Clube Estudantil de Geologia Amadorista de Sergipe – C.E.G.A.S. (Figura 1B), em

1971. Em conjunto estes colecionadores resgataram, nesta localidade, diversos fósseis

atribuídos a preguiças gigantes (E. laurillardi), mastodontes (S. waringi) e toxodontes

(subfamília Toxodontinae), mas, infelizmente, nunca chegaram a publicar suas descobertas

(DANTAS, 2008).

Com o surgimento do Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal de

Sergipe (LPUFS) em 1978, coordenado pela Dra. Maria Helena Zucon, as pesquisas sobre

a megafauna pleistocênica deixaram de ter um caráter amador, e começaram a ter um

caráter científico, através da publicação dos resultados das descobertas em eventos

científicos e revistas especializadas (SOUZA-CUNHA et al., 1985; GOES et al., 2002;

DANTAS & ZUCON, 2005; DANTAS et al., 2005; DANTAS & ZUCON, 2007).

Page 16: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

13

Figura 1. (A) José Augusto Garcez e a coleção de fósseis de mamíferos exposta no Museu de História e

Ciências, década de 80 (Foto extraída do Jornal da Cidade, 1981). (B) Membros do Clube Estudantil de

Geologia Amadorista de Sergipe no Museu de Geociências de Sergipe, década de 70 (Foto acervo do

CEGAS, 1971).

A primeira descoberta desta nova fase ocorreu em 1981, com o auxílio do Sr. Fausto

Luiz de Souza Cunha, paleontólogo do Museu Nacional. O Laboratório de

Paleontologia/UFS realizou a descoberta de fósseis de uma preguiça gigante (E.

laurillardi) e de um mastodonte (S. waringi) na Lagoa do Roçado, município de Monte

Alegre (SOUZA-CUNHA et al., 1985).

Após quase vinte anos sem descobertas, em 1999, o Laboratório de

Paleontologia/UFS, com o auxílio de Cástor Cartelle, paleontólogo da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais, realizou a coleta de fósseis na Fazenda Charco,

localizada no município de Poço Redondo. Nesta localidade foram encontrados fósseis de

cinco táxons, duas preguiças gigantes (E. laurillardi e Catonyx cuvieri (Lund, 1839)), um

mastodonte (S. waringi), um toxodonte (Toxodontinae), e uma lhama (Palaeolama major

Liais, 1872) (GOES et al., 2002; DANTAS & ZUCON, 2007).

Em 2003, duas novas localidades foram estudadas, a Fazenda Tytoya, localizada no

município de Poço Redondo, onde foram encontrados fósseis de uma preguiça gigante

(Eremotherium laurillardi) (DANTAS & ZUCON, 2005), e a Fazenda Elefante (Figura

2A), localizada no município de Gararu, onde foram encontrados fósseis de nove táxons:

três de preguiças gigantes (E. laurillardi, Catonyx cuvieri, e uma espécie indeterminada da

subfamília Mylodontinae), uma de gliptodonte (Glyptodon clavipes Owen, 1839), uma de

mastodonte (Stegomastodon waringi), uma de toxodonte (Toxodontidae indeterminado),

Page 17: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

14

uma de lhama (Palaeolama major), uma de cavalo (Subfamília Equinae), e uma do tigre-

de-dentes-de-sabre (Smilodon populator Lund, 1842) (DANTAS et al., 2005).

Cabe aqui retificar algumas informações passadas por Dantas (2005a, b). O citado

autor havia atribuído a principio para a Fazenda Elefante a ocorrência da espécie

Ocnotherium giganteum (Lund, 1842) baseado em dois molares identificados como um M1

e um M4 D (DANTAS, 2005a). Uma revisão destas peças revelou que pertenciam na

verdade a dois táxons, o M1 a Mylodontinae indeterminado, e um M3 D, que tinha sido

interpretado como um M4 D, a espécie Catonyx cuvieri (DANTAS et al., 2005).

Dantas (2005b) também havia comunicado a ocorrência de Glyptodon sp. e

Glossotherium sp. na Fazenda Charco, mas o citado autor verificou posteriormente que na

verdade o material atribuído a estes táxons pertencia a Stegomastodon waringi e Catonyx

cuvieri, respectivamente (DANTAS & ZUCON, 2007).

Todas estas descobertas, até então, ocorreram em tanques. Apenas em 2007 foram

encontrados fósseis de mamíferos pleistocênicos em outro tipo de afloramento fossilífero:

as cavernas. Na caverna conhecida como Toca da Raposa (Figura 2B), localizada no

município de Simão Dias, foram descobertos fósseis de um gliptodonte (G. clavipes) e de

um preá (Galea spixii (Wagler, 1831)) (DANTAS, 2009).

Figura 2. (A) Tanque localizado na Fazenda Elefante, Gararu, Sergipe (Foto: Mário Dantas, 2003). (B)

Entrada da caverna Toca da Raposa, Simão Dias, Sergipe (Foto: Elias Silva, 2007).

Desta forma, a megafauna pleistocênica encontrada em Sergipe até o desenvolvimento

do presente trabalho (Figura 3, Tabela 1) é composta por preguiças gigantes

(Eremotherium laurillardi, Catonyx cuvieri, Mylodontinae indeterminado), gliptodontes

(Glyptodon clavipes), tigres-de-dentes-de-sabre (Smilodon populator), toxodontes

Page 18: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

15

(subfamília Toxodontinae), mastodontes (Stegomastodon waringi), cavalos (subfamília

Equinae), lhamas (Palaeolama major) e preás (Galea spixii) (DANTAS et al., 2005;

DANTAS, 2009).

A megafauna encontrada em Sergipe apresenta uma homogeneidade com as de outros

afloramentos fossilíferos (tanques) do Nordeste brasileiro, como pode ser observado na

Tabela 1 (SIMPSON & PAULA COUTO, 1957; MOREIRA, 1971; MAGALHÃES et al.,

1992; GUERIN et al., 1996; BERGQVIST et al., 1997; PORPINO, 1999; SILVA, 2001;

BORN et al., 2003; PORPINO et al., 2004; PORPINO & SANTOS, 2004; DANTAS et

al., 2005; SILVA et al., 2006; ARAÚJO & PORPINO, 2007; XAVIER et al., 2009;

XIMENES, 2008; DIAS NETO et al., 2008; PORPINO et al., 2009; CARTELLE et al.,

2009).

Figura 3. Megafauna pleistocênica de Sergipe, da esquerda para a direita: lhama (Palaeolama major), cavalo

(Equinae indeterminado), gliptodonte (Glyptodon clavipes), preguiças gigantes (Mylodontinae

indeterminado, Eremotherium laurillardi, Catonyx cuvieri), mastodonte (Stegomastodon waringi), toxodonte

(Toxodontinae indeterminado), tigre-de-dentes-de-sabre (Smilodon populator), preá (Galea spixii) (Imagens:

USEB, 2004; www.google.com.br).

Verifica-se, entretanto, que ainda pouco se conhece, visto que ainda não foi registrada

no Estado a ocorrência de espécimes de cães (Canidae), ursos (Ursidae), tatus

(Dasipodidae), cervos (Cervidae) e macrauquênias (Macraucheniidae) que poderiam

contribuir para uma melhor caracterização paleoecológica.

Page 19: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

16

Tabela 1. Megafauna pleistocênica encontrada em tanques nos Estados do Nordeste brasileiro.

Táxons BA SE AL PE PB RN CE PI MA

XENARTHRA Megatheriidae Eremotherium laurillardi (Lund, 1842)

x

x

x

x

x

x

x

x

Mylodontidae Mylodontinae indeterminado Glossotherium sp. Catonyx cuvieri (Lund, 1839) Valgipes bucklandi (Lund, 1839) Ocnotherium giganteum (Lund, 1839)

x

x

x

x x

x

x x

x

Megalonychidae Nothrotherium maquinense Lydekker, 1889

x

x

Glyptodontidae Glyptodon sp. Glyptodon clavipes Owen, 1839 Panocthus greslebini Castellanos, 1941 Panocthus jaguaribensis Moreira, 1965 Hoplophorus euphractus Lund, 1839

x x x

x

x x

x

x

x x x x

x x x

x

Dasypodidae Pampatherium sp. Pampatherium humboldti Ameghino, 1875 Homelsina paulacoutoi Cartelle & Bohorquez, 1985

x

x

x

x

x

CARNÍVORA Felidae Smilodon populator Lund, 1842

x

x

x

x

x

x

Canidae Cerdocyon thous (Linneus, 1766)(1) Protocyon troglodytes (Lund, 1838)

x x

x x

PROBOSCIDEA Gomphotheriidae Stegomastodon waringi (Holand, 1920)

x

x

x

x

x

x

x

x

x

(1)Espécies ainda viventes

Page 20: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

17

Tabela 1. (continuação). Megafauna pleistocênica encontrada em tanques nos Estados do Nordeste brasileiro. Táxons BA SE AL PE PB RN CE PI MA

NOTOUNGULATA Toxodontidae Toxodontinae indeterminado Toxodon platensis Owen, 1840

x

x

x

x

x

x

x

PERISSODACTYLA Equidae Equinae indeterminado Equus neogaeus Lund, 1840 Hippidion principale (Lund, 1846)

x

x

x x

x x

x x

x x

ARTIODACTYLA Camelidae Palaeolama major Liais, 1872 Cervidae Hippocamelus sulcatus (Ameghino, 1889) Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) Ozotoceros bezoarticus (Linneus, 1758) Tayassuidae Tayassu pecari (Link, 1795)(1)

x

x

x

x

x

x x

x

x x

x

x

x x

x

x

LIPTOTERNA Macraucheniidae Xenorhinotherium bahiense Cartelle & Lessa, 1988

x

x

x

x

x

(1)Espécies ainda viventes

Page 21: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

18

1.3. A Caatinga no Pleistoceno superior

Estudos sobre as variações climáticas e vegetacionais da Caatinga nordestina,

baseados em analises polinicas são escassos (DE OLIVEIRA et al., 1999; BEHLING et

al., 2000), não revelam quando a Caatinga surgiu, mas indicam que este tipo de vegetação

já existia há 42.000 anos A.P.

Nesta época existia no Nordeste brasileiro uma fauna de mamíferos gigantes, que de

acordo com Cartelle (1999) deveria estar associada a uma vegetação de ambientes abertos,

que poderia ser o de Caatinga, como demonstram os dados coletados por Behling et al.

(2000).

A mudança de clima e vegetação, graças ao aumento de precipitação, estabeleceu um

período mais úmido e frio do que o atual entre 15.500 a 11.800 anos, favorecendo o

surgimento de corredores unindo as Florestas Amazônicas e Atlântica (DE OLIVEIRA et

al., 2005), diminuindo as áreas de Caatinga.

Uma nova mudança climática durante o Holoceno, permitiu a regressão das áreas de

floresta, o que favoreceu o estabelecimento da vegetação de caatinga atual, que de acordo

com De Oliveira et al. (1999), baseado em dados coletados na Bahia, ocorreu há

aproximadamente 4.535 A.P.

1.4. A Caatinga no Holoceno

A Caatinga é um dos biomas brasileiros menos estudados e valorizados

(ALCOFORADO FILHO et al., 2003), apresentando grande variação fisionômica

(AMORIM et al., 2005). Ocorre nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,

Pernambuco, Alagoas, Sergipe e norte de Minas Gerais. Possui uma área de cerca de 900

mil Km², o que corresponde a aproximadamente 54% da região Nordeste e 11% do

território brasileiro, entre os paralelos 2°54’S a 17°21’S (ANDRADE et al., 2005).

Este bioma apresenta um solo fértil com níveis de pH e nutrientes que variam de

moderado a alto, com baixos níveis de alumínio (PENNINGTON et al., 2000), onde a

precipitação anual varia entre 300 mm a 1600 mm, e as chuvas são marcadamente sazonais

ocorrendo geralmente entre os meses de maio a novembro (MARES et al., 1985).

Compõem os ambientes deste bioma espécies arbóreo-arbustivas pertencentes,

principalmente, às famílias Bignoniaceae e Leguminosae, além de Anacardiaceae,

Page 22: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

19

Apocynaceae, Bixaceae, Bombacaceae, Boraginaceae, Burseraceae, Cactaceae,

Capparaceae, Chrysobalanaceae, Combretaceae, Euphorbiaceae, Flacourtiaceae,

Meliaceae, Myrtaceae, Olacaceae, Rhamnaceae, Rubiaceae e Sapindaceae, e herbáceas

pertencentes às famílias Bromeliaceae, Asteraceae, Malvaceae e Marantaceae

(PENNINGTON et al., 2000; MAIA, 2004).

Em Sergipe, estudos sobre a vegetação realizados por Souza (1983), Fonseca (1991),

Ferraz (2009) e Dória Neto (2009), complementados por coletas realizadas neste trabalho

na Fazenda Charco, Poço Redondo, revelaram uma composição de espécies arbóreo-

arbustivas e herbáceas pertencentes a quarenta e quatro famílias botânicas (Tabela 2).

Estudos sobre a fauna são raros, e os poucos disponíveis são desatualizados

(FRANCO, 1983), ou baseados na observação dos moradores da região (BISPO, 1998).

Ainda faltam trabalhos sistemáticos sobre a fauna da Caatinga.

Sobre os mamíferos, em especial, os trabalhos disponíveis (FRANCO, 1983; BISPO,

1998) revelam a ocorrência de uma fauna restrita, composta por animais de pequeno a

médio porte pertencentes a dezoito espécies e seis ordens (Tabela 3). Algumas destas

espécies conseguem sobreviver em áreas antropizadas (Dasypus septemcinctus, Dasypus

novemcinctus, Alouatta guariba, Callithrix jacchus), enquanto algumas são mais sensíveis

à diminuição de sua área de vida (Puma concolor, Panthera onca).

A região onde a Fazenda Charco está localizada é bastante antropizada, havendo a

limpeza da terra através da retirada da vegetação nativa para a plantação de culturas de

subsistência (feijão, milho, palmas, dentre outros), e/ou a criação de bovinos e caprinos. A

vegetação encontrada nas proximidades da Fazenda é composta predominantemente de

espécies herbáceas (Tabela 2A)

Page 23: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

20

Tabela 2. Espécies herbáceas e arbóreo-arbustivas encontrada em algumas áreas da Caatinga de Sergipe: (A) Fazenda Charco, Poço Redondo; (B) Poço Redondo e Canindé do São Francisco (FONSECA, 1991); (C) Angico, Poço Redondo (FERRAZ, 2009); (D) Frei Paulo e Nossa Senhora da Glória (SOUZA, 1983); (E) Porto da Folha (DÓRIA NETO, 2009).

Família Espécie nome popular A B C D E Amaranthacea

Alternanthera sp. Amaranthus sp.

x x

Anacardiaceae

Myracrodruon urundeuva Engl. Schinopsis brasiliensis Engl. Spondias sp. Spondias tuberosa Arr.

aroeira braúna cajazeira imbuzeiro

x x

x

x x

x

x x

x x

Annonaceae Annona vepretcrum Mart. & Desv. araticum x x Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart.

Aspidosperma sp. pereiro mijão

x x x

x

Asteraceae Tridax procumbens sp. 1

x x

Bignoniaceae Tabebuia avellandae Lor. ex Griseb Tabebuia sp.(1)

pau d’arco roxo pau d’arco amarelo

x x

x x

x

Bombacaceae Ceiba pentadra (L.) Gaertn. Pseudobombax simplicifolium A. Rolym. Pseudobombax sp.

barriguda embiratanha embira

x x

x

x

x

x Boraginaceae Cordia insignis Cham.

Cordia leucocephala Moric. Cordia sp. Heliotropium procumbens

folha larga moleque duro caraíba

x

x

x

x

x

x

Bromeliaceae Bromelia laciniosa x Burseraceae Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillet imburana vermelha x x x Cactaceae Brasiliopuntia bahiensis Brite Rose

Cereus sp. Cereus jamacaru P. DC. Opuntia sp. Opuntia palmadora Britt. & Rose Pilosocereus sp. Pilosocereus gounelli (werdm. Byl. & Row. Pilosocereus piauhiensis (werdm. Byl. & Row.

rubemba mandacaru palmatória xiquexique facheiro

x

x

x

x

x

x x

x

x

x

Page 24: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

21

Tabela 2 (continuação). Espécies herbáceas e arbóreo-arbustivas encontrada em algumas áreas da Caatinga de Sergipe: (A) Fazenda Charco, Poço Redondo; (B) Poço Redondo e Canindé do São Francisco (FONSECA, 1991); (C) Angico, Poço Redondo (FERRAZ, 2009); (D) Frei Paulo e Nossa Senhora da Glória (SOUZA, 1983); (E) Porto da Folha (DÓRIA NETO, 2009).

Família Espécie nome popular A B C D E Capparaceae Capparis flexuosa L.

Capparis jacobinae (Moric.) Ex Eich. Cleome guianensis

feijão de jacu icó preto

x

x x

x x

x

Caricaceae Carica quercifolia (St. Hil.) Solms. grão de sagüim x Celastraceae Maytenus rigida Mart. bom nome x x x Cochlospermaceae Cochlospermum insigne St. Hil. algodão bravo x Commelinaceae Commelina erecta x Convolvulaceae Evolvulos glomeratus

sp. 1 x

x

Cuscutaceae Cuscuta sp. x Cyperaceae Cyperus surinamensis

Cyperus uncinulatus Eleocharis sp. Pycreus sp.

x x x x

Erythroxylaceae Erythroxylum revolutum Mart. rompe-gibão x x Euphorbiaceae Cnidoscolus obtusifolius Pohl.

Cnidoscolus phyllacanthus Pax. & K. Hoffm. Croton sp. Croton blanchetianus Euphorbia phosphorea Mart. Jatropha sp. Jatropha molissima (Pohl.) Baill. Jatropha mutabilis (Pohl.) Baill. Manihot sp. Manihot dichotoma Ule. Maprounea sp. Phyllanthus sp. Sapium cf. montividense Klotz. ex Baill. Sapium sp.(2)

faveleira 1 faveleira 2 marmeleiro branco marmeleiro cipó de leite pinhão bravo pinhão maniçoba mandioca brava murta pau de estalo burra leiteira pau de leite

x

x x x

x x

x x

x x

x

x

x

x

x

x x x x x

x x

x

x

x

Flacourtiaceae Bonara sp. murangica x

Page 25: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

22

Tabela 2 (continuação). Espécies herbáceas e arbóreo-arbustivas encontrada em algumas áreas da Caatinga de Sergipe: (A) Fazenda Charco, Poço Redondo; (B) Poço Redondo e Canindé do São Francisco (FONSECA, 1991); (C) Angico, Poço Redondo (FERRAZ, 2009); (D) Frei Paulo e Nossa Senhora da Glória (SOUZA, 1983); (E) Porto da Folha (DÓRIA NETO, 2009).

Família Espécie nome popular A B C D E Leguminosae

Caesalpinoideae Bauhinia cheilantha Steud. Caesalpinia ferrea Mart. Caesalpinia pyramidalis Tul. Cassia macranthera DC. Goniorrahachis marginata Taub. Hymenaea martiana Hayne Mimosoideae Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Mimosa malacocentra Mart. ex Benth. Mimosa nigra Huber Mimosa sp. Piptadenia sp.(1) Piptadenia sp.(2) Piptadenia zehntneri Harms. Pithecellobium diversifolium Benth. Chloroleucon dumosum Faboideae Amburana cearensis (Fr. All.) A.C. Smith. Erythrina velutina Willd. Pterodon sp. Zollernia ilicifolia Mog.

miroró pau ferro catingueira pau de São João itapicuru pitomba de cágado angico de casca jurema branca jurema preta espinhaço de cachorro arranhento branco arranhento vermelho angico monjolo carcarazeiro arapiraca imburana de cheiro mulungu putumuju corazeiro

x

x

x x

x

x x x

x x x x

x

x x x

x

x x x

x x x

x

x

x

x

x

x x x

x x x

x

x

x x x

x

Loranthaceae Phoradendron sp. x Malpighiaceae sp.1 x Malvaceae Sida sp.

sp. 1 x

x

Meliaceae Cedrella cf. odorata L. cedro x x Molluginaceae Mollugo verticillata x Myrtaceae Eugenia sp.(1)

Eugenia sp.(2) Psidium cf. decussatum DC.

arrebenta boi pitomba de cagado araçá

x

x x

Page 26: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

23

Tabela 2 (continuação). Espécies herbáceas e arbóreo-arbustivas encontrada em algumas áreas da Caatinga de Sergipe: (A) Fazenda Charco, Poço Redondo; (B) Poço Redondo e Canindé do São Francisco (FONSECA, 1991); (C) Angico, Poço Redondo (FERRAZ, 2009); (D) Frei Paulo e Nossa Senhora da Glória (SOUZA, 1983); (E) Porto da Folha (DÓRIA NETO, 2009).

Família Espécie nome popular A B C D E Nyctaginaceae Pisonia sp.(2)

Pisonia tomentosa Casar. mamona de zabelê

João mole

x

x x x

x

Poaceae Chloris sp. x Polygonaceae Polygala sp.

Rupreschtia fagifolia Meissn. quixabeira branca

pau caixão x

x

Rhamnaceae Ziziphus joazeiro Mart. juazeiro x x x x x Rubiaceae Alseis floribunda Schott

Coutarea hexandra (Jacq.) Schum. Guettarda angélica Mart. ex Muell. Arg. Randia spinosa Karst. Sickingia sp. Tocoyena bullata (Vell.) Mart.

goiabeira brava quina-quina rompe gibão

quatro espinhos candeia brava

genipabo-bravo

x

x

x

x x x x x

Rutaceae Fagara gardneri Engl. limão brabo x Sapindaceae Allophylus quercifolius (Mart.) Radlk.

Sapindus sp. pau de vaqueiro

pitomba x x

x

Sapotaceae Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) quixabeira x x x Selaginellaceae Sellaginella sp. x Solanaceae Erunfelsia uniflora (Pohl) D. Dom manacá x Sterculiaceae Helicteres sp. vara branca x x Tiliaceae Luehea sp. x Turneraceae Turnera sp. x Ulmaceae Celtis sp. juá mirim x Verbenaceae Stachytarpheta sp.

Vitex sp.

peroba x

x

Page 27: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

24

Tabela 3. Mastofauna encontrada na Caatinga de Sergipe, segundo (A) Franco (1983); (B) Bispo (1998).

Táxons Nome popular A B XENARTHRA Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) Dasypodidae Dasypus septemcinctus Linnaeus, 1758 Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758

tamanduá-mirim

tatuí tatu-galinha

x

x x

PRIMATES Cebidae Alouatta guariba (Humboldt, 1812) Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758)

bugiu sagui

x

x CARNÍVORA Canidae Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) Felidae Puma concolor (Linnaeus, 1771) Panthera onca (Linnaeus, 1758) Procyonidae Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798)

raposinha-do-mato

suçuarana onça pintada

guaxinim

x x

x

x x

x ARTIODACTYLA Cervidae Mazama gouazoupira (Fischer, 1814) Tayassuidae Tayassu pecari (Link, 1795) Tayassu tajacu (Linnaeus, 1758)

veado catingueiro

porco-do-mato -

x

x

x

x RODENTIA Caviidae Cavia aperea Cavia fulgida Galea spixii (Wagler, 1831) Kerodon rupestris Dasyprocta Dasyprocta prymnolopha Wagler, 1831

preá preá preá

mocó

cutia

x x x x

x x

x LAGOMORPHA Leporidae Sylvilagus brasiliensis (Linnaeus, 1758)

coelho

x

Referências Bibliográficas

ALCOROFADO FILHO, Francisco Guedes; SAMPAIO, Everardo Valadares de Sá Barretto; RODAL, Maria Jesus Nogueira. Florística e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botânica Brasileira, vol 17, n° 2, p. 287-303, 2003.

AMORIM, Isaac Lucena de; SAMPAIO, Everardo Valadares de Sá Barretto; ARAÚJO, Elcida de Lima. Flora e estrutura da vegetação arbustivo-arbórea de uma área de caatinga do Seridó, RN, Brasil. Acta Botânica Brasileira, vol 19, n° 3, p. 615-623, 2005.

Page 28: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

25

ANDRADE, Leonaldo Alves de; PEREIRA, Israel Marinho; LEITE, Uberlando Tiburtino; BARBOSA, Maria Regina V. Análise da cobertura de duas fitofisionomias de caatinga, com diferentes históricos de uso, no município de São João do Cariri, Estado da Paraíba. Cerne, vol 11, n° 3, p. 253-262, 2005.

ARAÚJO Jr., Hermínio Ismael de & PORPINO, Kleberson de Oliveira. Mamíferos Fósseis da Fazenda Lájea Formosa, São Rafael, Rio Grande do Norte, Brasil: interpretações paleoecológicas. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 8., 2007, Caxambu, MG. Anais… Caxambu: Sociedade de Ecologia do Brasil, 2007, p. 23-28.

BEHLING, Hermann; ARZ, Helge W.; PATZOLD, Jurgen; WEFER, Gerold. Late Quaternary vegetational and climate dynamics in northeastern Brazil, inferences from marine core GeoB 3104-1. Quaternary Science Reviews, vol 19, p. 981-994, 2000.

BERGQVIST, Lilian Paglarelli; GOMIDE, Márcia; CARTELLE, Cástor; CAPILLA, Ramsés. Faunas locais e mamíferos pleistocênicos de Itapipoca/Ceará, Taperoa/Paraíba, e Campina Grande/Paraíba. Estudo comparativo, Bioestratinomico e Paleoambiental. Revista Universidade Guarulhos: Geociências, vol 2, n° 6, p. 23-32, 1997.

BISPO, Glaucia Maria Lima. Vegetação e fauna da Caatinga no cotidiano do sertanejo, Umbuzeiro do Matuto – Porto da Folha/SE. Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, Universidade Federal de Sergipe, Dissertação de Mestrado, 1998. 113p,

BORN, Pollyana Andrea; DIAS NETO, Coriolano de Marins e; PELLAES, Fábio. Registro de mamíferos pleistocênicos no Estado de Alagoas, Nordeste do Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA, 18., 2003, Brasília, DF. Boletim de Resumos... Brazília: Sociedade Brasileira de Paleontologia, 2003, p. 81.

CARTELLE, Cástor. Pleistocene mammals of the Cerrado and Caatinga of Brazil. In: EISENBERG, John F. & REDFORD, Kent H. (eds.). Mammals of the Neotropics. The University of Chicago Press, 1999. p. 27-46.

CARTELLE, Cástor; DE IULIIS, Gerard; FERREIRA, Rodrigo Lopes. Systematic revision of tropical brazilian Scelidotheriine sloths (Xenarthra, Mylodontoidea). Journal of Vertebrate Paleontology, vol 29. n° 2, p. 555-566, 2009.

DANTAS, Mário André Trindade. Os fósseis da megafauna pleistocênica do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Canindé, n° 4, p. 383-393, 2004.

DANTAS, Mário André Trindade. Ocorrência de Ocnotherium giganteum (Lund, 1842) (Mammalia, Pilosa, Milodontidae) em Sergipe, Brasil. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE PALEONTOLOGIA DE VERTEBRADOS, 2., 2005, Rio de Janeiro, RJ. Boletim de Resumos... Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Paleontologia, 2005a, p. 92.

DANTAS, Mário André Trindade. Megafauna pleistocênica de Sergipe: novos achados na Fazenda Charco. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA / CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE PALEONTOLOGIA, 19 / 6., Aracaju, SE. Cd-rom de Resumos... Aracaju: Sociedade Brasileira de Paleontologia, 2005b.

DANTAS, Mário André Trindade. Paleomastozoologia Sergipana: as descobertas na localidade Sitios Novos, Sergipe, Brasil. Revista de Geologia – UFC, vol 21, n° 2, p. 159-168, 2008.

DANTAS, Mário André Trindade. Primeiro registro de fósseis de mamíferos do Pleistoceno final – Holoceno em cavernas do Estado de Sergipe, Brasil. Revista Brasileira de Paleontologia, vol 12, n° 2, p. 161-164, 2009.

Page 29: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

26

DANTAS, Mário André Trindade & ZUCON, Maria Helena. Sobre a ocorrência de dois taxa pleistocênicos na Fazenda Tytoya, Poço Redondo, Sergipe. Sciencia Plena, vol 1, n° 4, p. 92-97, 2005.

DANTAS, Mário André Trindade & ZUCON, Maria Helena. Occurrence of Catonyx cuvieri (Lund, 1839) (Tardigrada, Scelidotheriinae) in Late Pleistocene – Holocene of Brazil. Revista Brasileira de Paleontologia, vol 10, n° 2, p. 129-132, 2007.

DANTAS, Mário André Trindade; ZUCON. Maria Helena; RIBEIRO, Ana Maria. Megafauna pleistocênica de Gararu, Sergipe, Brasil. Revista de Geociências – UNESP, vol 24, n° 3, p. 277-287, 2005.

DE OLIVEIRA, Paulo E. de; BARRETO, Alcina Magnólia Franca; SUGUIO, Kenitiro. Late Pleistocene / Holocene climatic and vegetational history of the brazilian Caatinga: the fossil dunes of the middle São Francisco river. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, n° 152, p. 319-337, 1999.

DE OLIVEIRA, Paulo E. de; BEHLING, Hermann; LEDRU, Marie-Pierre.; BARBERI, Maira; BUSH, Mark; SALGADO-LABOURIAU, Maria Léa; GARCIA, Maria Judite; MEDEANIC, Svetlana; BARTH, Ortrud Monika; BARROS, Márcia A. de; SCHEEL-YBERT, Rita. Paleovegetação e paleoclimas do Quaternário do Brasil. In: SOUZA, Célia Regina de Gouveia; SUGUIO, Kenitiro; OLIVEIRA, Antônio Manoel dos Santos; DE OLIVEIRA, Paulo Eduardo. 2005. Quaternário do Brasil. Ribeirão Preto: Holos Editora. 2005, p. 52-74.

DIAS NETO, Coriolano de Marins e; BORN, Polyanna Andrea; CHAHUD, Arthur. Ocorrência de mamíferos extintos do Pleistoceno na localidade de Lagoa da Pedra, município de Igaci, Alagoas. Revista UNG – Geociências, vol 7, n° 1, p. 110-115, 2008.

DÓRIA NETO, A.L. Florística e fitossociologia de uma área de Caatinga em Porto da Folha, Sergipe. Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Sergipe, Monografia, 2009, 28p.

FERRAZ, Raphael Cavalcanti. Florística e fitossociologia de uma área de Caatinga localizada no Monumento Natural Grota do Angico, Sergipe. Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Sergipe, Monografia, 2009, 46p.

FONSECA, Marcelo Ramos da. Análise da vegetação arbustivo-arbórea da Caatinga hiperxerófila do noroeste do Estado de Sergipe. Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal, Universidade Estadual de Campinas, Tese de Doutorado, 1991, 187p.

FRANCO, Emannuel. Biogeografia do Estado de Sergipe. SEGRASE: Aracaju, 1983. GOES, Fábio Américo Santos; VIEIRA, Fabiana Silva; ZUCON, Maria Helena;

CARTELLE, Cástor; TEODÓSIO, Cleodon. Ocorrência de mamíferos Pleistocênicos em Sergipe, Brasil. Arquivos do Museu Nacional, vol 60, n° 3, p. 199-206, 2002.

GUÉRIN, Claude; CURVELLO, Maria Amélia; FAURE, Martine; HUGUENEY, Marguerite; MOURER-CHAUVIRÉ, Cécile. A fauna pleistocênica do Piauí (Nordeste do Brasil): relações paleoecológicas e biocronológicas. Fundhamentos, n° 3, p.: 56-103, 1996.

MAGALHÃES, Rosa Maria Mendonça de; MELLO, Márcia Gomide da Silva; BERGQVIST Lilian Paglarelli. Os cérvidas pleistocênicos da região Nordeste brasileira. Anais da Academia Brasileira de Ciências, vol 64, n° 2, p. 149-154, 1992.

MAIA, G.N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. São Paulo: D & Z editora, 2004, 413p.

Page 30: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

27

MARES, Michael A.; WILLIG, Michael R.; LACHER, Thomas E. The brazilian Caatinga in South American zoogeography: tropical mammals in a dry region. Journal of Biogeography, vol 12, n° 1, p. 57-69, 1985.

MOREIRA, L.E. Os gliptodontes do Nordeste do Brasil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, vol 43, suplemento, p. 529-552, 1971.

PENNINGTON R. Toby; PRADO Darién E.; PENDRY Colin A. Neotropical seasonally dry forests and Quaternary vegetation changes. Journal of Biogeography, n° 27, p. 261-273, 2000.

PESSENDA, Luiz Carlos Ruiz; RIBEIRO, Adauto de Souza; GOUVEIA, Susy Eli Marques; ARAVENA, Ramon; BOULET, Rene; BENDASSOLLI, Jose Albertino. Vegetation dynamics during the late Pleistocene in the Barreirinhas region, Maranhão state. northeastern Brazil, based on carbon isotopes in soil organic matter. Quaternary Research, vol 62, p. 183-193, 2004.

PORPINO, Kleberson de Oliveira. Estudo dos Cingulata (Xenarthra, Mammalia) fósseis depositados no museu Câmara Cascudo, Natal-RN. Programa de Pós-graduação em Zoologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Dissertação de Mestrado, 1999, 138p.

PORPINO, Kleberson de Oliveira & SANTOS, Maria de Fátima Cavalcante Ferreira dos. Novos registros de Xenarthra (Mammalia: Eutheria) na Fazenda Acauã, município de Rui Barbosa, RN. Paleontologia em Destaque, n° 44, p. 56, 2004.

PORPINO, Kleberson de Oliveira; SANTOS, Maria de Fátima Cavalcante Ferreira dos; BERGQVIST, Lilian Paglarelli. Registros de mamíferos fósseis no Lajedo de Soledade, Apodi, Rio Grande do Norte, Brasil. Revista Brasileira de Paleontologia, vol 7, n° 3, p. 349-358, 2004.

PORPINO, Kleberson de Oliveira; FERNICOLA, Juan C.; BERGQVIST, Lilian Paglarelli. A new Cingulate (Mammalia: Xenarthra) Pachyarmatherium brasiliense sp. nov. from the late Pleistocene of northeastern Brazil. Journal of Vertebrate Paleontology, vol 29, n° 3, p. 881-893, 2009.

SILVA, Fabiana Marinho da; ALVES, Rosembergh da Silva; BARRETO, Alcina Magnólia Franca; SÁ, Fabrício Bezerra de; SILVA, Ana Carolina Borges Lins e. A megafauna pleistocênica de Pernambuco. Estudos Geológicos, vol 16, n° 2, p. 55-66, 2006.

SILVA, Jorge Luiz Lopes da. Tafonomia em mamíferos pleistocênicos: caso da planície colúvio-aluvionar de Maravilha - AL. Programa de Pós-graduação em Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, Dissertação de Mestrado, 2001, 96p.

SIMPSON, George Gaylord & PAULA COUTO, Carlos de. The Mastodonts of Brazil. Bulletin of American Museum of Natural History, vol 112, n° 2, p. 1-65, 1957.

SOUZA, Gilvane Viana. Estrutura da vegetação da Caatinga hipoxerófila do Estado de Sergipe. Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Dissertação de Mestrado, 1983, 95p.

SOUZA-CUNHA, Fausto Luiz de; ANDRADE, Amaro Barcia; ZUCON, Maria Helena; SANTOS, Maria Margarida dos. Ocorrência de mamífero fóssil pleistocênico localizado em Monte Alegre, Sergipe, Brasil. Coletâneas de Trabalhos Paleontológicos, vol 7, n° 2, p. 29-33, 1985.

SUGUIO, Kenitiro. Geologia do Quaternário e mudanças ambientais, passado + presente = futuro?. São Paulo: Paulo’s comunicação e artes gráficas, 1999.

USEB (UNIÃO SUL-AMERICANA DE ESTUDOS DA BIODIVERSIDADE). Mamíferos pré-históricos da América do Sul. USEB, 2004.

Page 31: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

28

VELLOZO, José Mariano da Conceição. Flora Fluminensis. Publicações do Arquivo Nacional, n° 68, p. 242-245, 1961.

XAVIER, Márcia Cristina Teles; DANTAS, Mário André Trindade; SANTANA, Cristiana Cerqueira da Silva. Megafauna pleistocênica da Microregião de Senhor do Bonfim, Bahia. Canindé, n° 13, 2009.

XIMENES, Celso Lira. Tanques Fossilíferos de Itapipoca, CE - Bebedouros e cemitérios de megafauna pré-histórica. In: WINGE, M.; SCHOBBENHAUS, C.; SOUZA, C.R.G.; FERNANDES, A.C.S.; BERBERT-BORN, M.; QUEIROZ, E.T. (Eds.). Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. Publicado na Internet em 18/09/2008 no endereço http://www.unb.br/ig/sigep/sitio014/sitio014.pdf. 2008.

Page 32: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

Capítulo 2 Megafauna Pleistocênica da Caatinga

Page 33: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

30

MEGAFAUNA PLEISTOCÊNICA DA CAATINGA DE SERGIPE: NOVOS

REGISTROS TAXONÔMICOS E INTERPRETAÇÕES PALEOAMBIENTAIS

ABSTRACT – PLEISTOCENE MEGAFAUNA OF SERGIPE CAATINGA: NEW TAXONOMIC

RECORDS AND PALEOENVIRONMENTAL INTERPRETATION. It’s already registered in the Charco

farm the occurrence of five pleistocenic mammals taxa: Eremotherium laurillardi, Catonyx cuvieri,

Stegomastodon waringi, Palaeolama major, and an indeterminate Toxodontidae. New findings in this

locality reveal the occurrence of Toxodon platensis, and two more taxa: Pachyarmatherium sp. and Smilodon

populator. This mammal fauna is usually associated with open Cerrado vegetation, however, studies of

climate and vegetation variability of the Caatinga in the northeast of Brazil indicates that this type of

vegetation has existed for at least 42,000 years AP. The reduction in open Caatinga areas, between 15,500 to

11,800 years, due to the increased of precipitation, set a longer wet and cold climate, favoring the appearance

of corridors linking the Amazon and Atlantic forests. These data provides a new interpretation, that the

Pleistocene mammal fauna lived, in northeastern of Brazil, associated with areas of Caatinga, with a

predominance of open areas, composed of herbaceous and shrub species, in mosaic with areas of woodland,

near bodies of water.

Keywords: Sergipe, Caatinga, Pleistoceno superior, Pachyarmatherium sp., Smilodon populator.

RESUMO – Já se conhecia para a Fazenda Charco a ocorrência de cinco taxa de mamíferos pleistocênicos:

Eremotherium laurillardi, Catonyx cuvieri, Stegomastodon waringi, Palaeolama major, além de um

Toxodontidae indeterminado. Novas coletas nesta localidade permitiram o registro de: Toxodon platensis,

Pachyarmatherium sp. e Smilodon populator. Esta megafauna geralmente é associada a uma vegetação do

tipo Cerrado, no entanto, estudos sobre as variações climáticas e vegetacionais da Caatinga nordestina,

baseados em análises polínicas, indicam que este tipo de vegetação já existia há pelo menos 42.000 anos A.P.

A diminuição das áreas de Caatinga aberta entre 15.500 a 11.800 anos A.P., graças ao aumento de

precipitação, estabeleceu um período mais úmido e frio do que o atual, favorecendo o surgimento de

corredores unindo as Florestas Amazônica e Atlântica. Esta composição faunística, associada a dados

polínicos coletados na região Nordeste, permite uma nova interpretação, a de que a megafauna composta por

mamíferos de grande porte, durante o Pleistoceno, viveu associada a áreas de Caatinga, com predomínio de

áreas abertas, compostas por espécies herbáceas e arbustivas, em mosaico com áreas de bosques, próximo a

corpos de água.

Palavras chave: Sergipe, Caatinga, Pleistoceno superior, Pachyarmatherium sp., Smilodon populator.

INTRODUÇÃO

Já se conhecia para a Fazenda Charco a ocorrência de cinco taxa de mamíferos

pleistocênicos: Eremotherium laurillardi, Catonyx cuvieri, Stegomastodon waringi,

Palaeolama major, além de um Toxodontidae indeterminado (GOES et al., 2002;

Page 34: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

31

DANTAS & ZUCON, 2007). Novas coletas revelaram a ocorrência de dois novos taxa

para esta localidade: Pachyarmatherium sp. e Smilodon populator. Neste trabalho são

registradas estas novas ocorrências, novos materiais de táxons previamentos registrados e

são propostas interpretações paleoambientais para a região de Poço Redondo.

MATERIAIS E MÉTODOS

O material analisado foi coletado em janeiro de 2009, em um tanque (09°46’583”S,

37°40’634”W), localizado na Fazenda Charco, Poço Redondo, Sergipe (Figura 1), e faz

parte da coleção do Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal de Sergipe

(LPUFS).

Figura 1. Localização do município de Poço Redondo, Sergipe, Brasil.

Figure 1. Location map of Poço Redondo district, Sergipe state, Brazil.

Além dos fósseis de mamíferos, foram coletados sedimentos para verificar a ocorrência

de pólens nas camadas onde foram encontradas os fósseis. Este material foi processado no

Laboratório de Palinologia/ULBRA, segundo técnicas usuais em Palinologia do

Quaternário (FAEGRI & IVERSEN, 1989), no entanto, o resultado da análise dos

sedimentos mostrou que o mesmo era pouco representativo, sendo o resultado negativo

para a existência de palinomorfos.

Page 35: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

32

SISTEMÁTICA

TARDIGRADA Latham & Davies in Forster, 1795

MEGATHERIOIDEA Gray, 1821

MEGATHERIIDAE (Gray, 1821) Owen, 1842

MEGATHERIINAE Gill, 1872

Eremotherium laurillardi (Lund, 1842) Cartelle & Bohórquez, 1982

Material referido: Mandíbula direita LPUFS 4755; fragmento da mandíbula esquerdo

LPUFS 4756; molariformes isolados LPUFS 4757 a 4761; áxis LPUFS 4662 e 4763; corpo

de vértebras torácicas LPUFS 4764 e 4765; corpo de vértebra lombar LPUFS 4766; corpos

de vértebras caudais LPUFS 4767, 4768, 4846 e 4847; arco hemal LPUFS 4788; costela

LPUFS 4770; externebra LPUFS 4769; fragmentos de omoplata LPUFS 4771 e 4772;

parte do úmero direito LPUFS 4773; porção distal de rádio LPUFS 4775; radiais direitos

LPUFS 4776 e 4777; radial esquerdo LPUFS 4778; metacarpo III esquerdo LPUFS 4783;

metacarpos IV esquerdos LPUFS 4779 e 4780; metacarpos V direito LPUFS 4781 e 4782;

falange próximo-medial dedo III esquerdo LPUFS 4784; falange próximo-medial dedo III

LPUFS 4835; falange proximal dedo IV mão LPUFS 4785; falange medial dedo IV direito

mão LPUFS 4786; falange medial dedo IV LPUFS 4836; falange distal dedo IV mão

LPUFS 4787; fêmur direito LPUFS 4789; porções proximais de tíbias LPUFS 4790 e

4791; porções distais de tíbia esquerda LPUFS 4792 a 4794; calcâneo esquerdo LPUFS

4795; astrágalos direitos LPUFS 4796 e 4797; metatarso LPUFS 4840; ectocuneiforme

LPUFS 4844; falanges distais pé LPUFS 4848 e 4849.

Descrição: A mandíbula direita LPUFS 4755 (Figura 2A-B, Tabela 1) está em bom estado

de conservação, estando ausentes, provavelmente por fratura durante o processo de

fossilização: a porção incisiva do corpo mandibular, o primeiro molar inferior (M1), as

superfícies oclusais do segundo ao quarto molar inferior (M2-M4) e todo o ramo montante e

o processo angular.

O côndilo articular está desgastado, e em vista lingual observa-se que a sínfise

intermandibular é curta, não chegando a altura do M1, como é carcateristico em

Eremotherium. O tamanho desta peça sugere que pertenceu a um indivíduo jovem.

Page 36: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

33

Na mandíbula esquerda LPUFS 4756 (Tabela 1) estão ausentes, do corpo da mandíbula,

desde a porção incisiva até parte da porção molar, na altura do M2, além de todos os

molares. E do ramo mandibular parte do ramo montante e do processo angular, e todo o

côndilo articular.

Há cinco molariformes inteiros, mas destes apenas três peças estão em bom estado de

conservação.

Da dentição superior estão presentes dois exemplares do primeiro molar superior (M1)

LPUFS 4761 e LPUFS 4759, sendo este último do lado direito. Ambos apresentam, em

seção transversal, o formato subtriangular característico dos Megatheriinae.

Da dentição inferior foram resgatados dois exemplares do primeiro molar inferior

esquerdo (M1 E) LPUFS 4757 e LPUFS 4760, neste último a superficie oclusal apresenta-

se desgastada; e um segundo molar inferior direito (M2 D) LPUFS 4758 (Tabela 1).

Figura 2. Eremotherium laurillardi. dentário direito LPUFS 4755, (A) vista rostral, (B) vista oclusal.

Figure 2. Eremotherium laurillardi. right dentary LPUFS 4755, (A) rostral view, (B) oclusal view.

Page 37: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

34

Não foram encontradas vértebras inteiras em bom estado de conservação. As peças

encontradas apresentavam apenas o corpo vertebral, e através destes foram identificados a

presença de duas áxis LPUFS 4662 e 4763; duas vértebras torácicas LPUFS 4764 e 4765;

uma vértebra lombar LPUFS 4766; e quatro vértebras caudais LPUFS 4767, 4768, 4846 e

4847. Além dos corpos de vértebras foi encontrado um arco hemal LPUFS 4788.

Vários pedaços de costelas foram encontrados, mas apenas uma inteira, sendo

provavelmente umas das mais craniais do lado esquerdo LPUFS 4770. Apenas uma

externebra LPUFS 4769 foi encontrada, em bom estado de conservação, além destas,

foram resgatados fragmentos de escápula LPUFS 4771 e 4772.

Do úmero direito LPUFS 4773 está ausente toda a porção distal. Na extremidade

proximal visualiza-se a cabeça articular, estando ausentes as tuberosidades maior e menor.

De rádio está presente apenas uma porção distal LPUFS 4775, bastante fragmentada.

Da série carpal foram encontrados apenas três radiais, sendo dois direitos LPUFS 4776

e LPUFS 4777, e um esquerdo LPUFS 4778, as duas últimas peças estavam fragmentadas.

De metacarpais estão presentes uma metade de metacarpo III LPUFS 4783; metacarpos

IV esquerdos LPUFS 4779 (metade proximal) e LPUFS 4780, em bom estado de

conservação; metacarpos V direitos LPUFS 4781, inteiro, e 4782, apenas a porção

proximal.

Das falanges foram encontradas as: próximo-medial do dedo III LPUFS 4784

(esquerdo) e LPUFS 4835; falange proximal do dedo IV LPUFS 4785; duas falanges

mediais do dedo IV LPUFS 4786 (direito) e LPUFS 4836; e uma falange ungueal do dedo

IV mão LPUFS 4787.

O fêmur direito LPUFS 4789 está mal preservado, apresentando toda a face caudal

desgastada, estando ausente metade da porção distal, e partes da porção proximal. Cinco

fragmentos de tíbias também foram resgatados, duas peças representam as porções

proximais de tíbias LPUFS 4790 e 4791 e três as porções distais LPUFS 4792 a 4794.

Do esqueleto do pé estão presentes um calcâneo esquerdo LPUFS 4795 em bom estado

de conservação; dois astrágalos direitos LPUFS 4796 e 4797, em ambas as facetas ectal e

sustentacular estão ausentes; um metatarso LPUFS 4840; um ectocuneiforme LPUFS

4844; e duas falanges distais do pé LPUFS 4848 e 4849.

Comentários: No Pleistoceno sul-americano existem dois gêneros pertencentes à

subfamília Megatheriinae: Megatherium e Eremotherium.

Page 38: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

35

O gênero Megatherium apresenta, pelo menos, sete espécies, podendo este número estar

superestimado (PUJOS & SALAS, 2004): M. americanum (Cuvier & Blumenbach, 1796),

M. altiplanicum Santo André & De Iuliis, 1997; M. sundti Philippi, 1893, M. urbinai Pujos

& Salas, 2004; M. celendinense Pujos, 2006; M. medinae Philippi, 1893, M. tarijense

Gervais & Ameghino, 1880 distribuídas entre o Plioceno – Pleistoceno (SAINT-ANDRE

& DE IULIIS, 2001; PUJOS & SALAS, 2004; PUJOS, 2006; NASCIMENTO, 2008)

O gênero Eremotherium inclui duas espécies: E. eomigrans De Iullis & Cartelle, 1999

do Plioceno-Pleistoceno dos E.U.A, e E. laurillardi (Lund, 1842) Cartelle & Bohórquez,

1982 do Pleistoceno da América (CARTELLE & DE IULIIS, 1995; DE IULLIS &

CARTELLE, 1999).

A espécie E. laurillardi apresenta ampla distribuição geográfica (panamericana)

havendo registros desde Carolina do Sul, E.U.A até Rio Grande do Sul, Brasil

(CARTELLE & DE IULIIS, 1995).

Esta espécie, bem conhecida e estabelecida, é uma das mais abundantes em várias

localidades fossilíferas do Brasil. Em Sergipe a mesma já foi registrada em seis

localidades, incluindo a Fazenda Charco (GOES et al., 2002).

O material aqui descrito apresenta as características atribuídas para esta espécie (e.g.

sínfise intermandibular curta, não chegando a altura do M1), confirmando o registro

realizado anteriormente.

CINGULATA insertae sedis

Pachyarmatherium Downing & White, 1995

Pachyarmatherium sp.

Material Referido: osteodermos LPUFS 4798 e LPUFS 4799.

Descrição: Os osteodermos LPUFS 4798 e 4799 (Figura 3A-B, Tabela 2) são pequenos,

espessos e hexagonais. Apresentam uma figura principal deslocada para a parte posterior,

circundada por quatro figuras periféricas. A figura principal é hexagonal, delimitada por

um sulco principal, e separada das figuras periféricas por sulcos radiais. Os forames

pilíferos estão nas intersecções entre os sulcos central e radiais. A peça LPUFS 4798

possui um forame central, enquanto a peça LPUFS 4799 apresenta três forames, sendo um

central e um de cada lado.

Page 39: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

36

Comentários: O gênero Pachyarmatherium foi proposto por Downing & White (1995)

baseado em diversos osteodermos encontrados em sedimentos do Plioceno superior –

Pleistoceno inferior da Flórida, E.U.A. Este já foi encontrado na América do Norte e

Central (DOWNING & WHITE, 1995; MORA et al., 2005), em sedimentos do Pleistoceno

superior da Venezuela (RINCÓN & WHITE, 2007), e no Brasil há registros nos Estados

do Rio Grande do Norte (PORPINO et al., 2009) e Rio Grande do Sul (BOSTELMANN et

al., 2008; RIBEIRO et al., 2008).

Tabela 1. Comparação das medidas (mm) de mandíbulas e dentes dos taxa encontrados na Fazenda Charco

com os apresentados por (A) Cartelle (1992), (B) Vidal (1959), (C) Scherer (2005) e (D) Paula Couto (1955).

Legendas: (1) Comprimento máximo; (2) Comprimento do côndilo à borda rostral; (3) Comprimento da

borda rostral alveolar do M1 à sinfisária; (4) Largura transversa máxima sinfisária; (5) Altura no processo

articular; (6) Altura do corpo no plano do M3; (7) Largura do corpo no mesmo ponto; (8) Comprimento da

série molariformes (M1-M4); (9) Diâmetro mesio-distal dos dentes; (10) Diâmetro linguo-vestibular dos

dentes.

Table 1. Measurements (mm) of dentary and teeth of taxa founded in Fazenda Charco compared with the

data from (A) Cartelle (1992), (B) Vidal (1959), (C) Scherer (2005) e (D) Paula Couto (1955).

Abbreviations. (1) maximum lenght; (2) condilar to rostral bord lenght; (3) length of rostral alveolar bord of

M1 to sinfisaria; (4) maximum transverse width of sinfisaria; (5) height of articular process; (6) height of

mandíbula body in M3; (7) width in the same position; (8) lenght of molariforms series (M1-M4). (9) mesio-

distal diameter; (10) linguo-vestibular diameter.

Peça n° 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E. laurillardi

LPUFS 4755 462,0 385,0 75,0 59,5 236,0 150,0 59,8 180,0

LPUFS 4756 300,0 - - - 215,0 - 65,4 140,0(1)

LPUFS 4759 21,8 25,7

LPUFS 4761 35,4 41,3

(A) 28,0(2) 30,0(2)

LPUFS 4760 29,4 35,8

(A) 35,5(2) 42,5(2)

LPUFS 4757 29,0 28,8

LPUFS 4758 28,4 30,0

(A) 35,0(2) 37,0(2)

T. platensis

LPUFS 4809 19,30 19,00

(A) 23,00 21,00

Page 40: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

37

(B) 36,00 27,00

LPUFS 4810 24,40 24,00

LPUFS 4812 - 29,00

(A) 32,00 22,00

LPUFS 4811 33,60 21,60

(A) 39,00 26,00

(B) 48,50 29,00

LPUFS 4817 43,00 15,50

(A) 43,00 19,00

(B) 45,00 18,00

P. major

LPUFS 4830 33,0 15,2

(A) 27,2 14,3

(C) 32,3 13,2

S. populator

LPUFS 4832 89,0(3) - - - - - - - 28,3(4) 12,7(4)

(D) 223,0 - - - - - - - 30,0 14,0

(1) A medida foi feita do M2-M4, pois o alvéolo do M1 está ausente; (2) Média simples das medidas máxima e

mínimas apresentadas; (3) Medidas incompletas devido a fragmentação da peça; (4) Medidas do M1 implantado

na mandíbula. (1) Measurement made of M2-M4, because M1 alveolar is absence; (2) Average of maximum and minimum

measurements; (3) Measurement compromised by fracture; (4) M1 measurements.

Tabela 2. Comparação das Medidas (em mm) dos osteodermos de Pachyarmatherium sp. com os

apresentados por (A) Downing & White (1995), (B) Rincón & White (2007) e Porpino et al. (2009).

Legendas: (1) largura; (2) comprimento antero-posterior; (3) espessura.

Tabela 2. Measurements (mm) of Pachyarmatherium sp. osteoderms compared with the data from (A)

Downing & White (1995), (B) Rincón & White (2007) e Porpino et al. (2009). Abbreviations: (1) lenght;

(2) width; (3) thickness.

LPUFS 1 2 3

4798 19,0 16,0 7,0

4799 18,0 14,5 12,5

(A) 8,1 – 22,9 8,1 – 22,9 5,5 – 13,3

(B) 13,0 – 32,1 14,6 – 28,5 6,6 – 11,4

(C) 10,1 – 26,7 14,5 – 28,0 7,0 – 18,4

Page 41: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

38

A posição sistemática deste gênero ainda não é bem definida. Características

encontradas na carapaça, como, por exemplo, osteodermos pequenos e espessos, e ausência

de banda móvel, foram utilizadas para atribui-lo a superfamília Glyptodontoidea Gray

1869 (VIZCAÍNO et al., 2003; MORA et al., 2005). Por outro lado, a presença de

vértebras livres e garras, ao invés de cascos, levaram alguns autores a classificar

Pachyarmatherium em Dasypodoidea Cabrera, 1929 (DOWNING & WHITE, 1995;

RINCÓN & WHITE, 2007), embora estas características sejam provavelmente primitivas

dentro de Cingulata.

Dentro de Glyptodontoidea Mckenna & Bell (1997) incluíram Pachyarmatherium

tentativamente na subfamília Glyptatelinae, que de acordo com Hoffstetter (1958),

abarcaria as formas mais basais entre os gliptodontes, incluindo os gêneros

Pachyarmatherium Downing & White, 1995; Glyptatelus Ameghino, 1897; Clypeotherium

Scillato-Yané, 1977; Neoglyptatelus Carlini, Vizcaíno & Scillato-Yané, 1997 (VIZCAÍNO

et al., 2003).

A classificação nessa subfamília também é incerta, já que a característica usada como

argumento, figura central deslocada posteriormente, ocorre em outros cingulados

(PORPINO et al., 2009). Além disso, análises cladísticas indicam que Pachyarmatherium

seria o grupo irmão de um clado formado por Pampatheriidade e Glyptodontidae

(PORPINO et al., 2009), e não um gliptodonte.

Atualmente são três as espécies reconhecidas neste gênero: P. leiseyi, do Plioceno

superior – Pleistoceno inferior da América do Norte e Central, P. tenebris e P. brasiliense,

do Pleistoceno superior da Venezuela, e Nordeste do Brasil, respectivamente (RINCÓN &

WHITE, 2007; PORPINO et al., 2009). Com bases nos osteordermos estas últimas

diferenciam-se da primeira principalmente pelo tamanho.

O material encontrado na Fazenda Charco possui morfologia e medidas concordantes

com a da espécie P. tenebris e P. brasiliense, mas o desgaste das peças, e escassez de

material pós-craniano impede uma atribuição específica.

A autoecologia de Pachyarmatherium ainda não é bem definida, mas baseados no

achado de fragmentos mandibulares sem dentição, como em Tamandua, e no tamanho

relativo do olecrano da ulna, indica que este era um animal escavador, alguns autores

sugerem que Pachyarmatherium se alimentava de formigas (DOWNING & WHITE,

1995), em um ambiente úmido composto por zonas ecotonais entre bosques e savanas

(RINCÓN & WHITE, 2007).

Page 42: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

39

PROBOSCIDEA Illiger, 1811

GOMPHOTHERIIDAE Hay, 1922

Stegomastodon waringi (Holand, 1920)

Material referido: pré-molar LPUFS 4800; Fragmento de molar LPUFS 4801; Atlas

LPUFS 4802.

Descrição: Da dentição só foram encontradas duas peças, um fragmento de molar LUFS

4801, que além de mal preservado, apresenta avançado estágio de desgaste oclusal; e um

pré-molar LPUFS 4800 (Figura 3D), trilofodonte (?), desgastado e sem raízes. A má

preservação destas peças impede uma descrição mais completa.

O atlas LPUFS 4802 (Figura 3C) está em bom estado de conservação faltando parte do

arco dorsal, e dos processos transversos de cada lado. Observa-se ainda na porção esquerda

a presença do forame vertebroarterial. As medidas desta peça são concordantes com a

variação observada para outros espécimes descritos de Stegomastodon waringi (Tabela 3).

Comentários: Os mastodontes sul-americanos são classificados em dois gêneros

Cuvieronius, com apenas uma espécie, C. hyodon Fischer, 1814; e Stegomastodon, com

duas espécies, S. platensis Ameghino, 1888 e S. waringi (Holand, 1920) (ALBERDI et al.,

2002; GARDENS-MARCON, 2008).

Tabela 3. Comparação das medidas (em mm) do atlas de Stegomastodon waringi. Legendas: (A) medidas

tiradas de Simpson & Paula Couto (1957); (1) altura máxima; (2) largura máxima; (3) altura do canal neural;

(4) largura do canal neural.

Table 3. Measurements (in mm) of the atlas of Stegomastodon waringi. Abbreviations: (A) measurements

taken form Simpson & Paula Couto (1957); (1) maximum height; (2) maximum width; (3) canal neural

height; (4) canal neural width.

LPUFS 1 2 3 4

4802 205,0 328,0 95,5 70,0

(A) 203,0 290,0 80,0 70,0

A espécie registrada no Brasil S. waringi tem ampla distribuição e ocorre em quase

todos os Estados do país, geralmente em associação com E. laurillardi (PAULA COUTO,

1979; GADENS-MARCON, 2008).

Page 43: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

40

Apesar do número reduzido de peças, e da má qualidade de sua preservação, o material

aqui descrito apresenta as medidas e morfologias descritas para a espécie Stegomastodon

waringi, corroborando a ocorrência registrada na Fazenda Charco por Goes et al. (2002).

Os mastodontes da espécie S. waringi apresentavam uma dieta mista, tendendo a

pastadora, vivendo em ambientes abertos (PRADO et al., 2001; 2005).

NOTOUNGULATA Roth, 1901

TOXODONTIA Owen, 1853

TOXONDONTIDAE Owen, 1845

TOXODONTINAE (Owen 1845) Trouessart, 1898

Toxodon platensis Owen, 1840

Material Referido: primeiro incisivo superior (I1) LPUFS 4806; primeiro incisivo

superior (I1) LPUFS 4807; segundo incisivo superior (I2) LPUFS 4808; segundo pré-molar

superior esquerdo (Pm2 E) LPUFS 4809; terceiro pré-molar superior direito (Pm3 D)

LPUFS 4810; quarto pré-molar superior esquerdo (Pm4 E) LPUFS 4811; terceiro pré-molar

superior direito (Pm3 D) LPUFS 4812; fragmentos de molares superiores LPUFS 4813 a

4816; segundo molar inferior esquerdo (M2 E) LPUFS 4817; úmero direito LPUFS 4818;

unciforme direito 4823; metacarpo LPUFS 4842; metacarpo II esquerdo LPUFS 4819;

metacarpo III LPUFS 4820; falange proximal mão LPUFS 4825; tíbia LPUFS 4805;

calcâneo esquerdo LPUFS 4826; calcâneo esquerdo LPUFS 4827; astrágalo esquerdo

LPUFS 4828; astrágalo direito LPUFS 4829; navicular LPUFS 4841; falange proximal pé

LPUFS 4824.

Descrição: Da dentição (Figura 3E-I, Tabela 1) foram encontrados vários dentes

superiores, e apenas um inferior.

De incisivos, há três peças, duas identificadas como primeiro incisivo superior (I1)

LPUFS 4807 e LPUFS 4806, sendo que nesta última a capa de esmalte está ausente por

fratura; e um segundo incisivo superior (I2) LPUFS 4808, que em corte transversal

apresenta seção triangular.

Da dentição superior foram resgatados: segundo pré-molar superior esquerdo (Pm2 E)

LPUFS 4809, de seção prismática, e que ao contrário do já observado por outros autores

(CARTELLE, 1992), apresenta capa de esmalte apenas na face rostral; o terceiro pré-molar

Page 44: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

41

superior direito (Pm3 D) LPUFS 4812 está fragmentado, e apresenta apenas o lóbulo

lingual.

O terceiro pré-molar superior direito (Pm3 D) LPUFS 4810 e o quarto pré-molar

superior esquerdo (Pm4 E) LPUFS 4811 estão em bom estado de conservação, são

bilobulados em vista lingual e apresentam uma faixa de esmalte no sulco interlobular como

em Toxodon platensis (CARTELLE, 1992; MENDONÇA, 2007). Vários fragmentos de

molares superiores LPUFS 4813 a 4816 foram resgatados, mas muito fragmentados.

A única peça da dentição inferior encontrada foi o segundo molar inferior esquerdo (M2

E) LPUFS 4817 (Figura 3I e M, Tabela 1). A capa de esmalte na face lingual está

fragmentada, porém observa-se que há dois sulcos bem marcados delimitando o

entoconido, caracterisica diagnostica atribuída a Toxodon platensis (MENDONÇA, 2007).

Na face vestibular do M2 E LPUFS 4817, há pits formando sulcos verticais (Figura 3M), o

que caracteriza a hipoplasia de esmalte, uma má formação nas bandas de esmalte

(FERIGOLO, 2007; MELO et al., 2007). Esta má formação não afetaria a funcionalidade

do molar e poderia ser resultante de stress ambiental (MELO et al., 2007).

Dos membros anteriores foram encontrados: úmero direito LPUFS 4818 (Figura 3J),

estando ausente nesta peça a sua porção proximal, e parte do côndilo na porção distal;

unciforme direito LPUFS 4823, apresentando toda a sua face distal desgastada; metacarpo

II esquerdo LPUFS 4819 (Figura 3K); e um metacarpo III LPUFS 4820 (Figura 3L), cuja

porção distal está fraturada.

Dos membros posteriores há uma tíbia LPUFS 4805, mal preservada, e sem as epífises

distal e proximal, demonstrando ter pertencido a um indivíduo juvenil; um navicular

LPUFS 4841; dois calcâneos esquerdos LPUFS 4826 e 4827 em bom estado de

conservação; e dois astrágalos, um esquerdo LPUFS 4828 e um direito LPUFS 4829.

Comentários: É reconhecida para o Brasil a ocorrência de três espécies pleistocênicas de

toxodontíneos: Toxodon platensis Owen, 1840, com ocorrência em quase todo o território

brasileiro; Trigodonops lopesi (Roxo, 1921) com registros em Rondônia, Bahia e Minas

Gerais (CARTELLE, 1992, 1994; NASCIMENTO, 2008); e Mixotoxodon larensis van

Frank, 1957, com registros no Acre, no entanto, alguns autores consideram a ocorrência de

apenas dois gêneros no Brasil, com variações.

Page 45: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

42

Figura 3. Pachyarmatherium sp., osteodermos (A) LPUFS 4798, (B) LPUFS 4799. Stegomastodon waringi.

(C) Atlas LPUFS 4802, vista anterior; (D) pré-molar LPUFS 4800, vista oclusal. Toxodon platensis. (E-I)

dentes em vista oclusal. (E) Pm2 E LPUFS 4809; (F) Pm3 D LPUFS 4812; (G) Pm3 D LPUFS 4810; (H) Pm4

E LPUFS 4811; (I) M2 E LPUFS 4817. (J) úmero direito LPUFS 4818, vista cranial; (K) metacarpo II

esquerdo LPUFS 4819, vista palmar; (L) metacarpo III LPUFS 4820, vista palmar; (M) M2 E LPUFS 4817,

em vista rostral, mostrando sulcos (círculo) em sequência formando séries verticais (setas) (N) calcâneo

esquerdo LPUFS 4826, vista distal; (O) astrágalo esquerdo LPUFS 4828, vista proximal; (P) calcâneo

esquerdo LPUFS 4827, vista distal; (Q) astrágalo esquerdo LPUFS 4828, vista distal.

Page 46: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

43

Figure 3. Pachyarmatherium sp., osteoderms (A) LPUFS 4798, (B) LPUFS 4799. Stegomastodon waringi.

(C) Atlas LPUFS 4802, anterior view; (D) pre-molar LPUFS 4800, oclusal view. Toxodon platensis. (E-I)

teeth in oclusal view. (E) Pm2 E LPUFS 4809; (F) Pm3 D LPUFS 4812; (G) Pm3 D LPUFS 4810; (H) Pm4 E

LPUFS 4811; (I) M2 E LPUFS 4817. (J) right umeri LPUFS 4818, cranial view; (K) left metacarpal II

LPUFS 4819, palmar view; (L) metacarpal III LPUFS 4820, palmar view; (M) M2 E LPUFS 4817, in rostral

view, showing pits (circle) in sequence forming vertical series (arrows). (N) left calcaneum LPUFS 4826,

distal view; (O) left astragali LPUFS 4828, proximal view; (P) left calcaneum LPUFS 4827, distal view; (Q)

left astragali LPUFS 4828, distal view.

Cartelle (1992) incluiu em Toxodon apenas uma espécie, T. platensis; e em Trigodonops

duas espécies, T. lopesi e T. larensis, esta última representando uma nova combinação para

Mixotoxodon larensis. Por outro lado, Mendonça (2007) incluiu em Toxodon duas

espécies, T. platensis e T. lopesi, com a realocação de Trigodonops lopesi no gênero

Toxodon.

Tradicionalmente Toxodon e Trigodonops são classificadas em subfamílias separadas,

Toxodontinae e Haplodotheriinae, respectivamente (PAULA COUTO, 1979; McKENNA

& BELL, 1997), no entanto, Cartelle (1992) classifica ambos na subfamília Toxodontinae,

o que foi confirmado por análise cladística (NASIF et al., 2000).

Em um estudo prévio na Fazenda Charco, Goes et al. (2002) registraram a ocorrência de

Toxodontidae indeterminado nesta localidade. O material aqui descrito é atribuido a

Toxodon platensis com base na distribuição geográfica e cronológica deste táxon e nas

características dentais, descritas anteriormente, as quais permitem uma diagnose mais clara

para as espécies de toxodontineos, visto que o material pós-craniano é muito semelhante

(CARTELLE, 1992; MIÑO BOILINI et al., 2006; MENDONÇA 2007).

Com relação à ecologia de Toxodon platensis diversos autores classificam esta espécie

como pastadora ou ramoneadora de áreas abertas ou bordas de floresta (McFADDEN,

2005; MIÑO BOILINI et al., 2006).

ARTIODACTYLA Owen, 1848

TYLOPODA Illiger, 1811

CAMELIDAE Gray, 1821

CAMELINAE Zittel, 1893

LAMINI Webb, 1974

Page 47: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

44

Palaeolama major Liais, 1872

Material referido: Terceiro molar inferior direito (M3 D) LPUFS 4830.

Descrição: O terceiro molar inferior direito LPUFS 4830 (Figura 4A-C, Tabela 1) está em

bom estado de conservação, no entanto, as raízes estão ausentes. Possui três lóbulos, sendo

que os lóbulos mesial e distal apresentam formato que lembram o de um “U”, indicando

que era um molar em uso há algum tempo. O entostilido, metastilido e parastilido são

quase imperceptíveis, apenas o protostilido é facilmente visualizado. Na espécie

Hemiauchenia paradoxa o protostilido e o parastilido são bem marcados, ao contrário do

que ocorre em Palaeolama major (SCHERER et al., 2007).

Comentários: No Pleistoceno brasileiro são reconhecidas duas espécies pertencentes a

tribo Lamini: Palaeolama major Liais, 1872 e Hemiauchenia paradoxa H. Gervais &

Ameghino, 1880, sendo esta última com ocorrência restrita ao Rio Grande do Sul

(SCHERER et al., 2007).

A ocorrência de Palaeolama major na Fazenda Charco já havia sido descrita por Goes

et al. (2002), baseada em material pós-craniano. A descrição desse molar confere maior

suporte à identificação.

P. major seria um animal pastador, que vivia em campos abertos, em regiões frias e

secas (SCHERER et al., 2007).

CARNIVORA Bowdich, 1821

FELIDAE Fischer, 1817

MACHAIRODONTINAE Gill, 1872

Smilodon populator Lund, 1842

Material referido: fragmento da mandíbula esquerda LPUFS 4832; rádio esquerdo

LPUFS 4833; metacarpo II (?) LPUFS 4834.

Descrição: Do fragmento de mandíbula esquerda LPUFS 4832 (Figura 4D, Tabela 1) estão

ausentes, rostralmente, a porção incisiva do ramo mandibular e o diastema até o quarto pré-

molar inferior (P4), e caudalmente quase todo o ramo mandibular, excetuando-se parte da

fossa massetérica. Do P4 está presente apenas uma das raízes, o primeiro molar inferior

Page 48: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

45

(M1) está completo, e suas medidas são concordantes com as medidas de Smilodon

populator fornecidas em outros trabalhos (Tabela 8).

O rádio esquerdo LPUFS 4833 (Figura 4F-G, Tabela 4) está em bom estado de

conservação, ao contrário do metacarpo II (?) LPUFS 4834, que se encontra frágil, e sem a

porção proximal, quebrada em coleta (Figura 4E).

Tabela 4. Comparação das medidas (em mm) do rádio e do metacarpo de Smilodon populator com os

apresentados por (A) Merriam & Stock (1932) e (B) Castro & Langer (2008). Legendas: (1) Comprimento

antero-posterior; (2) Diâmetro transversal extremidade proximal; (3) Diâmetro Antero-posterior extremidade

proximal; (4) Diâmetro transversal extremidade distal; (5) Diâmetro Antero-posterior extremidade distal

Table 4. Measurements (in mm) of radius and metacarpal of Smilodon populator compared with the data

from (A) Merriam & Stock (1932) e (B) Castro & Langer (2008). Abbreviations: (1) antero-posterior lenght;

(2) transversal diameter of the proximal end; (3) antero-posterior diameter of the proximal end; (4)

transversal diameter of the distal end; (5) antero-posterior diameter of the distal end.

LPUFS 1 2 3 4 5

4833 268,0 43,0 31,1 59,0 34,6

(A)(1) 265,0 48,4 38,1 58,3 41,9

(B) 270,0 - - 75,0 50,0

4834 84,2(2) - - 20,4 18,2

(A)(1) 90,9 21,3 30,6 24,8 - (1) Média das medidas máxima e mínimas apresentadas; (2) Medidas incompletas devido a fragmentação da

peça. (1) Average of maximum and minimum measurements; (2) Measurement compromised by fracture.

Comentários: Apesar das discussões acerca da classificação dos tigre-de-dentes de sabre

da América (e.g. PREVOSTI & POMI, 2007; CASTRO & LANGER, 2008), é bem aceito

que a espécie Smilodon populator deve ter sido a única espécie no continente

sulamericano, com ocorrência na Argentina, Bolivia, Equador, Peru, Uruguay e Venezuela

(UBILLA, 2004; ZURITA et al., 2004; AZURDUY, 2006; RINCÓN, 2006).

No Brasil essa espécie ainda não foi registrada nos Estados do Norte do país e no

Maranhão. Em Sergipe a primeira ocorrência foi registrada por Dantas et al. (2005) para o

município de Gararu.

A ocorrência desta espécie em Poço Redondo, baseado em material mais representativo

do que o encontrado em Gararu, amplia a ocorrência no Estado.

Page 49: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

46

Figura 4. Palaeolama major, M3 D (A) vista rostral; (B) vista lingual; (C) vista oclusal. Smilodon

populator, (A) fragmento da mandíbula esquerda LPUFS 4832, em vista rostral; (B) metacarpo II LPUFS

4834, em vista lateral; rádio esquerdo LPUFS 4833, em vista lateral (C), e medial (D).

Figure 4. Palaeolama major, M3 D (A) rostral view; (B) lingual view; (C) oclusal view. Smilodon

populator, (A) left mandibular fragment LPUFS 4832, in rostral view; (B) metacarpal II LPUFS 4834, in

lateral view; left radius LPUFS 4833, in lateral view (C), and medial view (D).

PALEOECOLOGIA

Na localidade estudada foram encontrados em associação fósseis dos táxons

Eremotherium laurillardi, Catonyx cuvieri, Stegomastodon waringi, Toxodon platensis,

Palaeolama major, Pachyarmatherium sp. e Smilodon populator.

Page 50: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

47

A autoecologia destas espécies ainda hoje não é completamente conhecida. As

informações hipóteses atualmente sugerem que as espécies Eremotherium laurillardi,

Stegomastodon waringi e Toxodon platensis deveriam ser generalistas, habitantes de áreas

abertas próximo a bordas de floresta (PRADO et al., 2001; McFADDEN, 2005; BARGO

et al., 2006).

O tatu gigante Pachyarmatherium sp., que possivelmente seria mimercófago

(DOWNING & WHITE, 1995), deveria viver também entre as áreas de bosque e savanas

(RINCÓN & WHITE, 2007).

Não há informações sobre a autoecologia de Catonyx cuvieri, mas será considerado aqui

como um ramoneador que se alimentava de espécies herbáceas. Esta inferência é feita

baseado nos dados sobre Scelidotherium leptocephalum, espécie que apresenta morfologia

dentária e craniana próxima a do citado táxon (BARGO et al., 2006).

A hipsodontia presente em Eremotherium laurillardi e Catonyx cuvieri sugerem a

presença de uma vegetação típica de ambientes abertos, já que alguns autores apontam que

a grande ingestão de partículas abrasivas do solo junto com o alimento era um dos motivos

para o alto grau de hipsodontia nestes xenarthros (BARGO et al., 2006)

A presença de Stegomastodon waringi e Palaeolama major que possuíam uma

alimentação baseada principalmente em gramíneas - plantas C4 (ALBERDI et al., 2002;

SCHERER, 2005), são congruentes com esta suposição.

Nesta comunidade Smilodon populator deveria ser predador de animais com massa

entre 1000–2000 Kg, vivendo, isolado ou em bando, nas áreas de savana (PREVOSTI &

VIZCAINO, 2006).

PALEOAMBIENTE & EXTINÇÃO

A presença de fósseis de espécies de mamíferos atuais em terrenos carsticos brasileiros,

em associação com fósseis da megafauna (GUERIN et al., 1996; CARTELLE, 1999;

PORPINO et al., 2004) geralmente é interpretada como evidência de que a megafauna

viveu até o Holoceno (e.g. PORPINO et al., 2004; DANTAS & ZUCON, 2007). No

entanto, Auller et al. (2006) encontrou para cavernas da Bahia e Minas Gerais, idades entre

300 mil a 16 mil anos para espécies extintas e atuais, indicando que estas espécies atuais já

existiam no Pleistoceno, e que em cavernas houve mistura temporal.

Page 51: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

48

Datações realizadas em fósseis coletados em tanques do Nordeste brasileiro indicam

idades entre, pelo menos, 60.000 anos e 21.000 anos (KINOSHITA et al., 2005; 2008).

Os fósseis encontrados nestes jazigos foram depositados por eventos de enxurrada, que

em alguns tanques ocorreram mais de uma vez, evidenciando a ocorrência de mistura

temporal (DANTAS & TASSO, 2007).

Esta fauna, encontrada em tanques e cavernas, é considerada sincrônica, e pertencente

ao Pleistoceno superior, associada a uma vegetação do tipo Cerrado (e.g. CARTELLE,

1999), no entanto, estudos sobre as variações climáticas e vegetacionais no Nordeste

brasileiro, baseados em analises polínicas, indicam que a vegetação de Caatinga já existia

há pelo menos 42.000 anos A.P. (BEHLING et al., 2000), indicando que a vegetação a

qual esta fauna estava associada no Nordeste brasileiro era a de Caatinga.

A Caatinga, também chamada de Savana Estépica (SILVA et al., 2005), apresenta um

mosaico de fisionomias que variam desde ambientes abertos com predominância de

espécies arbustivas esparsas, até o de áreas fechadas, com predominância de espécies

arbóreas altas (SILVA et al., 2005; ALVES, 2007).

Graças ao aumento de precipitação entre 15.500 a 11.800 anos houve o estabelecimento

de um período mais úmido e frio do que o atual, favorecendo o surgimento de corredores

unindo as Florestas Amazônicas e Atlântica (DE OLIVEIRA et al., 1999; BEHLING et al.,

2000), provocando a diminuição das áreas de Caatinga, o que deve ter influenciado

decisivamente na extinção desta megafauna durante o Pleistoceno.

A influência do homem na extinção da megafauna na América do Sul é apontada

(BARNOSKY et al., 2004; CIONE et al., 2009), no entanto, no Brasil, até o momento, não

foram encontradas evidências que suportem essa hipótese.

Há aproximadamente 4.535 A.P., graças à ocorrência de uma nova mudança climática

(DE OLIVEIRA et al., 2005), houve a retração dos ambientes de Mata Atlântica, e o

reestabelecimento das áreas de Caatinga.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados obtidos e provenientes de outros trabalhos possibilitam uma nova

interpretação paleoambiental, ou seja, a de que a megafauna viveu até o limite do

Pleistoceno uma vez que sua ocorrência no Nordeste brasileiro devia estar associada à

Page 52: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

49

vegetação de Caatinga. A posterior retração deste tipo de vegetação durante o limite

Pleistoceno – Holoceno colaborou com a extinção desta magnífica fauna.

Além disso, registra-se pela primeira vez a ocorrência de Toxodon platensis para a

Fazenda Charco, além de dois novos taxa para esta localidade: Smilodon populator e

Pachyarmatherium sp., sendo este último inédito para o Estado de Sergipe, e o terceiro

registro no país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERDI, M.T.; PRADO, J.L.; CARTELLE, C. 2002. El registro de Stegomastodon

(Mammalia, Gomphotheriidae) en el Pleistoceno Superior de Brasil. Revista Española

de Paleontologia, 17(2):217-235.

ALVES, J.J.A. 2007. Geoecologia da Caatinga no semi-árido do Nordeste brasileiro.

Climatologia e Estudos da Paisagem, 2(1):58-71.

AULER, A.S.; PILÓ, L.B.; SMART, P.L.; WANG, X.; HOFFMANN, D.; RICHARDS,

D.A.; EDWARDS, R.L.; NEVES, W.A.; CHENG, H. 2006. U-series dating and

taphonomy of Quaternary vertebrates from brazilian caves. Palaeogeography,

Palaeoclimatology, Palaeoecology, 240:508-522.

AZURDUY H.F. 2006. Primer registro de tigre dientes de sable (Smilodon) en la llanura

chacobeniana. Parque Nacional Kaa-iya, Bolivia. Kempffiana, 2(1):150-153.

BARGO, M.S.; DE IULIIS, G.; VIZCAÍNO, S.F. 2006. Hypsodonty in Pleistocene ground

sloths. Acta Palaeontol. Pol., 51(1):53-61.

BARNOSKY, A.D.; KOCH, P.L.; FERANEC, R.S.; WING, S.L.; SHABEL, A.B. 2004.

Assessing the causes of late Pleistocene extinctions on the continents. Science, 306:70-

75.

BEHLING, H.; ARZ, H.W.; TZOLD, J.R.P.; WEFER, G. 2000. Late Quaternary

vegetational and climate dynamics in northeastern Brazil, inferences from marine core

GeoB 3104-1. Quaternary Science Reviews, 19:981-994.

BOSTELMANN, E.T.; RINDERKNECHT, A.; PEREIRA, J. 2008. Primeros registros de

Glyptatelinae Cuaternarios (Mammalia, Xenarthra), para el cono sur de Sudamérica.

In: CONGRESSO LATINOAMERICANO DE PALEONTOLOGIA DE

VERTEBRADOS, 3, 2008. Boletim de Resumos, Neuquén, Patagonia, Argentina, p.

29.

Page 53: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

50

CARTELLE, C. 1992. Edentata e megamamíferos herbívoros extintos da toca dos ossos

(Ourolândia, BA). Programa de Pós-graduação em Morfologia, Universidade Federal

de Minas Gerais, Tese de Doutorado, 516pp.

CARTELLE, C. 1999. Pleistocene mammals of the Cerrado and Caatinga of Brazil. In:

EISENBERG, J.F. & REDFORD, K.H. (eds.). Mammals of the Neotropics. The

University of Chicago Press, p. 27-46.

CARTELLE, C. & DE IULIIS, G. 1995. Eremotherium laurillardi: the Panamerican late

Pleistocene Megatheriid sloth. Journal of Vertebrate Paleontology, 15(4):830-841.

CASTRO, M.C. de & LANGER, M.C. 2008. New postcranial remains of Smilodon

populator Lund, 1842 from south-central Brazil. Revista Brasileira de Paleontologia,

11(3):199-206.

CIONE, A.L.; TONNI, E.P.; SOIBELZON, L. 2009. Did humans cause the late

Pleistocene-early Holocene mammalian extinctions in South America in a context of

shrinking open areas?. In: HAYNES, G. (ed.). American megafaunal extinctions at the

end of the Pleistocene. Springer Science + Business Media, p. 125-144.

DANTAS, M.A.T. & TASSO, M.A. de L. 2007. Megafauna pleistocênica de Vitória da

Conquista, Bahia: taxonomia e aspectos tafonômicos. Sciencia Plena, 3(3):30-36.

DANTAS, M.A.T. & ZUCON, M.H. 2007. Occurrence of Catonyx cuvieri (Lund, 1839)

(Tardigrada, Scelidotheriinae) in Late Pleistocene – Holocene of Brazil. Revista

Brasileira de Paleontologia, 10(2):129-132.

DANTAS, M.A.T.; ZUCON. M.H.; RIBEIRO, A.M. 2005. Megafauna pleistocênica de

Gararu, Sergipe, Brasil. Revista de Geociências – UNESP, 24(3):277-287.

DE IULIIS, G. & CARTELLE, C. 1999. A new giant megatheriinae ground sloth

(Mammalia: Xenarthra: Megatheriidae) from the late Blancan to early Irvingtonian of

Florida. Zoological Journal of the Linnean Society, 127:495-515.

DE OLIVEIRA, P.E.; BARRETO, A.M.F.; SUGUIO, K. 1999. Late Pleistocene /

Holocene climatic and vegetational history of the brazilian Caatinga: the fossil dunes

of the middle São Francisco river. Palaeogeography, Palaeoclimatology,

Palaeoecology, 152:319-337.

DE OLIVEIRA, P.E.; BEHLING, H.; LEDRU, M.P.; BARBERI, M.; BUSH, M.

SALGADO-LABOURIAU, M.L.; GARCIA, M.J.; MEDEANIC, S.; BARTH, O.M.;

BARROS, M.A. de; SCHEEL-YBERT, R. 2005. Paleovegetação e paleoclimas do

Page 54: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

51

Quaternário do Brasil. In: SOUZA, C.R. de G.; SUGUIO, K.; OLIVEIRA, A.M. dos

S.; DE OLIVEIRA, P.E. Quaternário do Brasil, Ribeirão Preto, Holos Editora.

DOWNING, K.F. & WHITE, R.S. 1995. The cingulates (Xenarthra) of the Leisey Shell Pit

local fauna (Irvingtonian), Hillsborough County, Florida. Bulletin of the Florida

Museum of Natural History, 37:375-396.

FAEGRI, K. & IVERSEN, J. 1989. Textbook of pollen analysis. New York: John Willey &

Sons, 328p.

FERIGOLO, J. 2007. Paleopatologia em mamíferos. In: CARVALHO, I.S. &

FERNANDES A.C.S. (Eds.). Icnologia. Rio de Janeiro, Ibep Editora, p.88-110.

GADENS MARCON, G.T. 2008. Contribuição ao estudo dos Proboscidea (Mammalia,

Gomphotheriidae) do Quaternário do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista

UnG – Geociências, 7(1):93-109.

GOES, F.A.S.; VIEIRA, F.S.; ZUCON, M.H.; CARTELLE, C.; TEODÓSIO, C. 2002.

Ocorrência de mamíferos Pleistocênicos em Sergipe, Brasil. Arquivos do Museu

Nacional, 60(3):199-206.

GUÉRIN, C.; CURVELLO, M.A.; FAURE, M.; HUGUENEY, M.; MOURER-

CHAUVIRÉ, C. 1996. The Pleistocene fauna of Piauí (Northeastern Brazil).

Palaeoecological and biochronological implications /A fauna pleistocênica do Piauí

(Nordeste do Brasil), Relações paleoecologicas e biocronologicas. Fumdhamentos,

1:55-103.

HOFFSTETTER, R. 1958. Xenarthra. In: PIVETEAU, J. (ed.). Traité de Paléontologie.

Masson, p. 535-626.

KINOSHITA, A.; BARRETO, A.; ALVES, R.; FIGUEIREDO, A.M.; SARKIS, J.E. de S.;

DIAS, M.L.; BAFFA, O. 2008. ESR dating of teeth from northeastern Brazilian

megafauna. Radiation Measurements, 43:809-812

KINOSHITA, A.; FRANCA, A.M.; ALMEIDA, J.A.C. de; FIGUEIREDO, A.M.;

NICOLUCCI, P.; GRAEFF, C.F.O.; BAFFA, O. 2005. ESR dating at K and X band of

northeastern Brazilian megafauna. Applied radiation and isotopes, 62:225-229.

McFADDEN, B.J. 2005. Diet and habitat of toxodont megaherbivores (Mammalia,

Notoungulata) from the late Quaternary of South and Central America. Quaternary

Research, 64:113-124.

McKENNA, M.C. & BELL, S.K. (Eds.). 1997. Classification of mammals – above the

species level. New York, Columbia University Press, xii-631.

Page 55: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

52

MELO, D.J. de; HENRIQUES, D.D.R.; CARVALHO, C.R. 2007. Ocorrência de defeitos

de esmalte em materiais de Toxodon na coleção do Museu Nacional/UFRJ, uma

perspectiva paleoepidemiológica. Paleontologia: Cenários da Vida, 745-756.

MENDONÇA, R. 2007. Revisão dos toxodontes pleistocênicos brasileiros e considerações

sobre Trigodonops lopesi (Roxo, 1921) (Notoungulata, Toxodontidae). Programa de

Pós-graduação em Zoologia, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo,

Dissertação de Mestrado, 104p.

MERRIAM, J.C. & STOCK, C. 1932. The Felidae of Rancho La Brea. Carnegie

Institution of Washington, 422:1-231.

MIÑO BOILINI, A.R., CERDEÑO, E. & BOND, M. 2006. Revisión del género Toxodon

Owen, 1837 (Notoungulata: Toxodontidae) en el Pleistoceno de las provincias de

Corrientes, Chaco y Santa Fe, Argentina. Revista Española de Paleontología,

21(2):93-103.

MORA, C.L.; ZAMORA, A.L.V.; GAMBOA, E.A.P. 2005. Los xenarthras fósiles de la

localidad de Buenos Aires de Palmares (Blancano Tardío – Irvingtoniano Temprano),

provincia de Alajuela, Costa Rica. Revista Geológica de América Central, 33:83-90.

NASCIMENTO, E.R. do. 2008. Os Xenarthra Pilosa (Megatheriidae), Notoungulata

(Toxodontidae) e Proboscidea (Gomphotheriidae) da Formação Rio Madeira,

Pleistoceno Superior, Estado de Rondônia, Brasil. Pós-Graduação em Geociências,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dissertação de Mestrado, 113p.

NASIF, N.L.; MUSALEM, S.; CERDEÑO, E. 2000. A new toxodont from the Late

Miocene of Catamarca, Argentina, and a phylogenetic analysis of the Toxodontidae.

Journal of Vertebrate Paleontology, 20(3):591-600.

PAULA COUTO, C. de. 1955. O “Tigre-dentes-de-Sabre” do Brasil. Boletim do Conselho

Nacional de Pesquisas, 1:1-30.

PAULA COUTO, C. de. 1979. Tratado de Paleomastozoologia. Rio de Janeiro, Academia

Brasileira de Ciências, 590p.

PORPINO, K.O.; SANTOS, M. DE F.C.F. dos; BERGQVIST, L.P. 2004. Registros de

mamíferos fósseis no Lajedo de Soledade, Apodi, Rio Grande do Norte, Brasil.

Revista Brasileira de Paleontologia, 7(3):349-358.

PORPINO, K. de O.; FERNICOLA, J.C.; BERGQVIST, L.P. 2009. A new Cingulate

(Mammalia: Xenarthra) Pachyarmatherium brasiliense sp. nov. from the late

Pleistocene of northeastern Brazil. Journal of Vertebrate Paleontology, 29(3):881-893.

Page 56: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

53

PRADO, J. L.; ALBERDI, M. T.; AZANZA, B.; SÁNCHEZ, B. & FRASSINETTI, D.

2001. The Pleistocene Gomphotheres (Proboscidea) from South América: diversity,

habitats and feeding ecology. In: INTERNATIONAL CONGRESS, 1., 2001. Annals,

Rome, p. 337-340.

PRADO, J. L.; ALBERDI, M. T., AZANZA, B., SÁNCHEZ, B. & FRASSINETTI, D.

2005. The Pleistocene Gomphotheriidae (Proboscidea) from South América.

Quaternary International, 126-128:21-30.

PREVOSTI, F.J. & VIZCAÍNO, S.F. 2006. Paleoecology of the large carnivore guild from

the late Pleistocene of Argentina. Acta Palaeontologica Polonica, 51(3):407-422.

PREVOSTI, F.J. & POMI, L.H. 2007. Revisión sistemática y antigüedad de

Smilodontidion riggi (Carnivora, Felidae, Machairondotinae). Rev. Mus. Argentino

Cienc. Nat., 9(1):67-77.

PUJOS, F. & SALAS, R. 2004. A new species of Megatherium (Mammalia: Xenarthra:

Megatheriidae) from the Pleistocene of Sacaco and Tres Ventanas, Peru.

Paleontology, 47(3):579-604.

PUJOS, F. 2006. Megatherium celendinense sp. nov. from the Pleistocene of the peruvian

andes and the phylogenetic relationships of Megatheriines. Paleontology, 49(2):285-

306.

RIBEIRO, A.M.; SCILLATO-YANÉ, G.; CARLINI, A.A.; SCHERER, C.S.; LOPES,

R.P. 2008. Sobre a provável presença de Glyptatelinae (Cingulata, Xenarthra) para o

Pleistoceno da planície costeira do Rio Grande do Sul, Brasil. In: CONGRESSO

LATINOAMERICANO DE PALEONTOLOGIA DE VERTEBRADOS, 3, 2008.

Boletim de Resumos, Neuquén, Patagonia, Argentina, p. 213.

RINCÓN A.D. 2006. A first record of the Pleistocene saber-toothed cat Smilodon

populator Lund, 1842 (Carnivora: Felidae: Machairodontinae) from Venezuela.

Ameghiniana, 43(2):499-501.

RINCÓN, A.D. & WHITE, R.S. 2007. Los Xenarthra Cingulata del Pleistoceno tardio

(lujanense) de Cerro Mision, estado Falcon, Venezuela. Bol. Soc. Venezolana

Espeleol., 41:2-12.

SAINT-ANDRÉ, P.A. & DE IULIIS, G. 2001. The smallest and most ancient

representative of the genus Megatherium Cuvier, 1796 (Xenarthra, Tardigrada,

Megatheriidae), from the Pliocene of the Bolivian Altiplano. Geodiversitas, 23(4):625-

645.

Page 57: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

54

SCHERER, C.S. 2005. Estudo dos Camelidae (Mammalia, Artiodactyla) do Quaternário

do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Pós Graduação em Geociências,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dissertação de Mestrado , 177p.

SCHERER, C.S.; FERIGOLO, J.; RIBEIRO, A.M.; CARTELLE, C. 2007. Contribution to

the knowledge of Hemiauchenia paradoxa (Artiodactyla, Camelidae) from the

Pleistocene of southern Brazil. Revista Brasileira de Paleontologia, 10(1):35-52.

SILVA, R.A. da.; SANTOS, A.M.M.; TABARELLI, M. 2005. Riqueza e diversidade de

plantas lenhosas em cinco unidades de paisagem da Caatinga. In: LEAL I.R.;

TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. da. Ecologia e Conservação da Caatinga. 2ª ed,

Recife, Ed. da UFPE, 339-366p.

SIMPSON, G.G. & PAULA COUTO, C. de. 1957. The Mastodonts of Brazil. Bulletin of

American Museum of Natural History 112(2): 1-65.

UBILLA, M. 2004. Mammalian biostratigraphy of Pleistocene fluvial deposits in nothern

Uruguay, South America. Proceedings of the Geologists’ Association, 115:347-357.

VIDAL, N. 1959. Um Toxodon no Pleistoceno de Pernambuco. Boletim do Museu

Nacional, 30:1-17.

VIZCAÍNO, S.F.; RINDERKNECHT, A.; CZERWONOGORA, A. 2003. An enigmatic

Cingulata (Mammalia: Xenarthra) from the late Miocene of Uruguay. Journal of

Vertebrate Paleontology, 23(4):981–983.

ZURITA, A.E.; CARLINI, A.A.; SCILLATO-YANÉ, G.J.; TONNI, E.P. 2004. Mamíferos

extintos del Cuaternário de la provincia del Chaco (Argentina) y su relación com

aquéllos del este de la región pampeana y de Chile. Revista Geológica de Chile,

31(1):65-87.

Page 58: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

55

Capítulo 3 Conclusões

Page 59: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

56

1. Foram descritas para a Fazenda Charco, Poço Redondo, Sergipe a ocorrência de seis

taxa de mamíferos do Pleistoceno superior: Eremotherium laurillardi, Stegomastodon

waringi, Palaeolama major, Smilodon populator, Toxodon platensis, e Pachyarmatherium

sp. Destes, cita-se a primeira ocorrência das três últimas espécies para esta localidade,

sendo o registro de Pachyarmatherium sp. o primeiro para o Estado, e o terceiro no Brasil;

2. Verificou-se que os sedimentos onde foram encontrados os fósseis dentro dos tanques

são estéreis para a presença de palinomorfos do Pleistoceno, provavelmente por fatores

tafonômicos, cuja análise não foi objetivo do presente trabalho;

3. Através do cruzamento dos dados obtidos na literatura acerca da palinoflora do

Pleistoceno, com os obtidos na Fazenda Charco sobre a megafauna pleistocênica, infere-se

que esta fauna viveu associada a vegetação de Caatinga, e a sua retração no final do

Pleistoceno, provavelmente, contribuiu na sua extinção.

4. Compreende-se, através dos dados apresentados sobre datações em fósseis da

megafauna em tanques e cavernas, que esta fauna, ao contrário do que se imaginava, não

viveu no Nordeste brasileiro apenas no final do Pleistoceno, já que há registros de que

algumas espécies viveram há 300.000 anos.

Page 60: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 61: MESTRADO 2010 - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp121523.pdfA todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos ensinamentos em sala de aula,

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo