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Mesma química une os seres vivos - 1/11 MESMA QUÍMICA UNE OS SERES VIVOS Cada criatura possui uma lista de instruções expressa em linguagem basicamente similar São mistérios que atormentam o espírito, principalmente depois que a humanidade tomou consciência de sua insignificância diante da amplitude do cosmos. Essa amplitude foi vislumbrada por Copérnico, que sacudiu as estruturas da Igreja, negando que a Terra fosse o centro do Universo. Mais tarde, Charles Darwin demonstrou que o fenômeno da vida também está sujeito às leis mundanas da seleção natural e das mutações. São questões tão estereotipadas quanto irrespondíveis. Quem somos? De onde viemos? Qual o nosso destino? Em resumo, o que é vida e o que significa viver? Não se pode ter a pretensão de respondê-las. Na falta de melhor definição, somos o resultado de uma associação de células que executam cópias de si próprias. De tanto vasculhar os segredos da vida escondidos dentro da célula, os biólogos descobriram que homens, moscas, bactérias - todos os habitantes do planeta - possuem a mesma química orgânica, o mesmo patrimônio herdado da sua evolução. Cada criatura possui a sua lista de instruções e, embora estas listas sejam diferentes umas das outras, são formuladas numa linguagem basicamente similar. De onde viemos? Tudo o que vive no nosso planeta é formado de moléculas orgânicas, construções microscópicas em que o átomo de carbono desempenha um papel primordial. Astrônomos imaginativos, como o inglês Fred Hoyle, sustentam que a vida fecundou a Terra a partir de cometas e que as nuvens de gases e matérias interestelares contém criaturas como as bactérias com capacidade para recompor suas estruturas genéticas afetadas pela radiação das estrelas. SUBSTÂNCIA DA VIDA - Esteja ou não correto, os radiotelescópios mostraram que nessas nuvens existem dezenas de tipos de moléculas orgânicas - uma abundância que leva muito astrônomo a acreditar que a substância da vida se encontra em toda a parte do Universo. Diz o americano Carl Sagan que, se tiver o tempo necessário, o Cosmo estará inevitavelmente devotado à vida e à sua evolução. Mas que entre os bilhões de planetas da Via Láctea, alguns nunca conhecerão essa substância da vida. Outros simplesmente a verão surgir e desaparecer, ou ainda, a se limitar a suas formas mais simples, sem nunca evoluir. Num pequeno número deles, enfim, poderão se desenvolver outras formas de inteligência e civilizações mais adiantadas do que a nossa. Talvez essas formas de vida diferentes, em comunicação com a Terra, nos ajudem a responder a questão sobre nosso destino final. A ESSÊNCIA DO HOMEM É COMO A DAS MOSCAS O que é vida? Essa questão tem fascinado filósofos, teólogos e cientistas desde a Antiguidade, mas foi somente após o grande desenvolvimento da biologia, ocorrido nas últimas décadas, que se conseguiu compreender melhor o que é vida. A grande lição da ciência moderna é que a vida é uma só, não importa o tipo de organismo, se homem, árvore ou micróbio, a vida sempre usa os mesmos tipos de moléculas, as mesmas reações químicas e as mesmas estruturas fundamentais. Na essência, um homem não difere da mosca ou do cogumelo. CÓDIGO GENÉTICO - A enorme diversidade de seres vivos que habita o planeta é resultado da maneira como os componentes fundamentais se Mesma química une os seres vivos - 2/11 organizam. A organização de cada ser vivo é determinada por “instruções” escritas em código, nos genes recebidos dos pais. De acordo com essas instruções, presentes nas moléculas de DNA que formam os cromossomos, um ser vivo transforma matéria e energia do mundo não-vivo em componentes do seu corpo, crescendo e se reproduzindo. A reprodução biológica não é apenas a produção de cópias idênticas aos pais; os descendentes podem apresentar características novas, que surgem como resultado ou de modificações nas instruções genéticas - mutações - ou de misturas das instruções recebidas dos pais. SELEÇÃO - A cada geração surgem indivíduos ligeiramente diferentes uns dos outros e a natureza seleciona aqueles que melhor se adaptam às condições ambientais; esses serão os pais da geração seguinte. É assim que a vida evolui. Todo ser vivo representa, portanto, a execução de um projeto genético, construído nos últimos 3,5 bilhões de anos pela seleção natural. O objetivo de tal projeto parece não ser outro senão a sua própria perpetuação. BACTÉRIAS CONTAM A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO A ciência está indo muito longe para refazer os caminhos da evolução. Bactérias de dois centésimos de milímetro de diâmetro, cujas idades são calculadas em 3,3 a 3,5 bilhões de anos, preservadas em formações rochosas do oeste da Austrália, são as mais antigas formas de vida identificadas. A estrutura das suas células primitivas será mostrada detalhadamente pelo paleontólogo americano William Schopf, diretor do Centro para o Estudo da Evolução e Origem da Vida, da Universidade da Califórnia, em um estudo que enviou à revista Science. Tudo indica que são bactérias capazes de fotossíntese e logo, produtoras de oxigênio. “Isso significa que numa época tão distante existiam seres vivos”, admira-se o professor Thomas Fairchild, da Universidade de São Paulo e colaborador de Schpf. “Esses primeiros microrganismos deram origem aos sistemas bioquímicos e à atmosfera rica em oxigênio de que a vida moderna depende”. Microfósseis de Apex Chert, Austrália, formados em associação com fluídos quentes próximos a uma estrutura vulcânica e que se assemelham as atuais cianobactérias (UCLA). 1 Na sua sala no primeiro andar do Instituto de Geociências, na Cidade Universitária, Fairchild, que também é americano, acumula pedras com vestígios de um passado igualmente difícil de conceber. Ele acredita ter encontrado indícios da existência de organismos vivos com 2,5 bilhões de anos onde hoje é a Serra dos Carajás, no Pará. São as formas mais antigas garimpadas na América do Sul. Outros microfósseis, melhor documentados, foram encontrados em rochas de Minas e Goiás e datam de 1,6 bilhões de anos. COMPANHIA - Foi durante o longo período pré- cambriano, por volta da quatro bilhões de anos atrás, que a vida começou devagarinho a conquistar a Terra. As solitárias descobertas de Schopf e os poucos testemunhos levantados por 1 Fonte: http:// www.astronomy.org.nz/aas/MonthlyMeetings/ MeetingAug2003 Review.asp

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Mesma química une os seres vivos - 1/11

MESMA QUÍMICA UNE OSSERES VIVOS

Cada criatura possui

uma lista de instruções

expressa em linguagem

basicamente similar

São mistérios que atormentam o espírito,principalmente depois que a humanidade tomouconsciência de sua insignificância diante daamplitude do cosmos. Essa amplitude foivislumbrada por Copérnico, que sacudiu asestruturas da Igreja, negando que a Terra fosse ocentro do Universo. Mais tarde, Charles Darwindemonstrou que o fenômeno da vida tambémestá sujeito às leis mundanas da seleção natural edas mutações. São questões tão estereotipadasquanto irrespondíveis. Quem somos? De ondeviemos? Qual o nosso destino? Em resumo, o queé vida e o que significa viver? Não se pode ter apretensão de respondê-las.

Na falta de melhor definição, somos oresultado de uma associação de células queexecutam cópias de si próprias. De tantovasculhar os segredos da vida escondidos dentroda célula, os biólogos descobriram que homens,moscas, bactérias - todos os habitantes doplaneta - possuem a mesma química orgânica, omesmo patrimônio herdado da sua evolução.Cada criatura possui a sua lista de instruções e,embora estas listas sejam diferentes umas dasoutras, são formuladas numa linguagembasicamente similar.

De onde viemos? Tudo o que vive no nossoplaneta é formado de moléculas orgânicas,construções microscópicas em que o átomo decarbono desempenha um papel primordial.Astrônomos imaginativos, como o inglês FredHoyle, sustentam que a vida fecundou a Terra a

partir de cometas e que as nuvens de gases ematérias interestelares contém criaturas como asbactérias com capacidade para recompor suasestruturas genéticas afetadas pela radiação dasestrelas.

SUBSTÂNCIA DA VIDA - Esteja ou não correto, osradiotelescópios mostraram que nessas nuvensexistem dezenas de tipos de moléculas orgânicas -uma abundância que leva muito astrônomo aacreditar que a substância da vida se encontra emtoda a parte do Universo. Diz o americano CarlSagan que, se tiver o tempo necessário, o Cosmoestará inevitavelmente devotado à vida e à suaevolução. Mas que entre os bilhões de planetasda Via Láctea, alguns nunca conhecerão essasubstância da vida. Outros simplesmente a verãosurgir e desaparecer, ou ainda, a se limitar a suasformas mais simples, sem nunca evoluir. Numpequeno número deles, enfim, poderão sedesenvolver outras formas de inteligência ecivilizações mais adiantadas do que a nossa.Talvez essas formas de vida diferentes, emcomunicação com a Terra, nos ajudem aresponder a questão sobre nosso destino final.

A ESSÊNCIA DO HOMEM É COMO A DAS MOSCAS

O que é vida? Essa questão tem fascinadofilósofos, teólogos e cientistas desde aAntiguidade, mas foi somente após o grandedesenvolvimento da biologia, ocorrido nas últimasdécadas, que se conseguiu compreender melhor oque é vida.

A grande lição da ciência moderna é que avida é uma só, não importa o tipo de organismo,se homem, árvore ou micróbio, a vida sempre usaos mesmos tipos de moléculas, as mesmasreações químicas e as mesmas estruturasfundamentais. Na essência, um homem não difereda mosca ou do cogumelo.

CÓDIGO GENÉTICO - A enorme diversidade deseres vivos que habita o planeta é resultado damaneira como os componentes fundamentais se

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organizam. A organização de cada ser vivo édeterminada por “instruções” escritas em código,nos genes recebidos dos pais. De acordo comessas instruções, presentes nas moléculas de DNAque formam os cromossomos, um ser vivotransforma matéria e energia do mundo não-vivoem componentes do seu corpo, crescendo e sereproduzindo. A reprodução biológica não éapenas a produção de cópias idênticas aos pais;os descendentes podem apresentarcaracterísticas novas, que surgem como resultadoou de modificações nas instruções genéticas -mutações - ou de misturas das instruçõesrecebidas dos pais.

SELEÇÃO - A cada geração surgem indivíduosligeiramente diferentes uns dos outros e anatureza seleciona aqueles que melhor seadaptam às condições ambientais; esses serão ospais da geração seguinte. É assim que a vidaevolui. Todo ser vivo representa, portanto, aexecução de um projeto genético, construído nosúltimos 3,5 bilhões de anos pela seleção natural.O objetivo de tal projeto parece não ser outrosenão a sua própria perpetuação.

BACTÉRIAS CONTAM A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO

A ciência está indo muito longe para refazeros caminhos da evolução. Bactérias de doiscentésimos de milímetro de diâmetro, cujasidades são calculadas em 3,3 a 3,5 bilhões deanos, preservadas em formações rochosas dooeste da Austrália, são as mais antigas formas devida identificadas. A estrutura das suas célulasprimitivas será mostrada detalhadamente pelopaleontólogo americano William Schopf, diretordo Centro para o Estudo da Evolução e Origem daVida, da Universidade da Califórnia, em umestudo que enviou à revista Science. Tudo indicaque são bactérias capazes de fotossíntese e logo,produtoras de oxigênio. “Isso significa que numaépoca tão distante já existiam seres vivos”,admira-se o professor Thomas Fairchild, daUniversidade de São Paulo e colaborador deSchpf. “Esses primeiros microrganismos deram

origem aos sistemas bioquímicos e à atmosferarica em oxigênio de que a vida modernadepende”.

Microfósseis de Apex Chert, Austrália, formadosem associação com fluídos quentes próximos auma estrutura vulcânica e que se assemelham asatuais cianobactérias (UCLA).1

Na sua sala no primeiro andar do Institutode Geociências, na Cidade Universitária, Fairchild,que também é americano, acumula pedras comvestígios de um passado igualmente difícil deconceber. Ele acredita ter encontrado indícios daexistência de organismos vivos com 2,5 bilhões deanos onde hoje é a Serra dos Carajás, no Pará. Sãoas formas mais antigas garimpadas na América doSul. Outros microfósseis, melhor documentados,foram encontrados em rochas de Minas e Goiás edatam de 1,6 bilhões de anos.

COMPANHIA - Foi durante o longo período pré-cambriano, por volta da quatro bilhões de anosatrás, que a vida começou devagarinho aconquistar a Terra. As solitárias descobertas deSchopf e os poucos testemunhos levantados por

1 Fonte: http:// www.astronomy.org.nz/aas/MonthlyMeetings/

MeetingAug2003 Review.asp

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Fairchild no Brasil e por outros cientistas na Áfricado Sul e Groenlândia, não significam que asbactérias de então tivessem pouca companhia.Calcula-se que uma única célula, no curso de umdia, podia formar uma família de 4,5 bilhões deindivíduos, quase como o total da populaçãohumana. Depois de algum tempo, não admira queelas ocupassem todos os nichos disponíveis noplaneta, nas rochas, na água ou no ar,aprendendo todos os truques químicosnecessários à sobrevivência.

SINAIS SÃO RAROS E INDIRETOS

Os antigos microrganismos eram vida“mole” que só deixaram restos imperceptíveis, dizo professor Fairchild. Uma maneira indireta deestudar a sua existência é buscar estromatólitos -curiosas estruturas em forma de cúpula,construídas de grãos de areia e pedras,acumulados no que se acredita serem osrevestimentos viscosos de grandes colônias debactérias e cianobactérias. Ainda hoje seencontram estromatólitos vivos na costaocidental da Austrália e na Antártida. Atualmenteeles são raros, exceto em certos locais especiais,hostis a outras formas de vida.

EFEITO - A presença desses descendentesvirtualmente inalterados de formas de vida dopré-cambriano vem reforçar uma vez mais que aevolução não é um processo de uma espéciesubstituindo outra. Ao longo do tempo, aquelasbactérias simples exerceram um efeitodevastador sobre a Terra, transformando aatmosfera de uma mistura de produtos deemissões vulcânicas, inclusive grande quantidadede dióxido de carbono, na mistura rica emoxigênio que hoje existe - que, de quebra, veioformar o escudo protetor de ozônio defundamental importância para que a vida pudesseexpandir-se à terra firme (e que hoje estáameaçada pelos CFCs - clorofluorcarbonos - feitospelo homem).

Mas essas bactérias não desapareceram. Emvez disso, surgiram em cena células

“aperfeiçoadas” que necessitavam de oxigêniopara viver e eram providas de núcleos comcontinham DNA com instruções genéticas paraseus descendentes. É desse tipo de células quesomos feitos. E foram elas que deram origem àexplosão de formas de vida verificada por volta d570 milhões de anos atrás.

Estromatólitos atuais – estruturas em camadasproduzidos pela precipitação de carbonato decálcio sobre filamentos de cianobactérias2.

CARBONO INICIA JOGO DE ARMAR

Nos filmes de ficção científica é frequenteque seres humanos sejam interpelados por outrasinteligências como “estruturas de carbono”. Porque isso acontece? O pressuposto é que estascriaturas tenham estrutura mais sofisticada doque a do carbono, embora o exame da tabela doselementos químicos não indique que isso sejapossível. A química orgânica associada à vida(embora matéria orgânica não signifiquenecessariamente matéria viva), é a química docarbono. Tudo começa com a forma de um átomode carbono, simples como o do hidrogênio,formado por um núcleo, composto por umnêutron e um próton, envolvido por um elétron.O elemento seguinte, o hélio, tem dois prótons nonúcleo orbitado por dois elétrons.

Os químicos mostram que os átomos seligam entre si formando moléculas, comtendência a atingir certa estabilidade. Aconfiguração do carbono, com 4 elétrons na

2 Fonte: http://www.kalipedia.com/ciencias-vida/tema/

estromalitos.html?x1=20070417klpcnavid_46.Kes

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camada mais externa, onde o número ideal seriaoito, faz com que ele receba e forneça elétronsnuma ligação com outros átomos para completara camada externa. Um átomo de carbono podeligar-se a outro, formando estruturas complexas,que lembram jogos de armar capazes de criar asmais variadas formas. Outros átomos nãodemonstram a mesma habilidade de formarestruturas químicas complexas e estáveis como ocarbono. O silício demonstra certa aptidão paraeste comportamento, a ponto de autoresimaginarem alienígenas como “estruturas desilício”. Mas a performance não se iguala à docarbono.

Estromatólito fóssil de 500 milhões de anos emSaratoga Springs, New York.3

PLANETA DÁ CONDIÇÕES PARA MUDANÇA

Há uns 4,5 bilhões de anos, logo após suaformação, não havia vida sobre a Terra, na suaatmosfera primitiva ou nos oceanos que apenas

3 Fonte: http://www.petrifiedseagardens.org/main.htm

começavam a se formar. Mas dois bilhões de anosdepois, o planeta já era rico em organismosunicelulares de razoável complexidade. Comoocorreu a mudança? Excluída a Teoria daPanspermia de Svante Arrhenius, de que a vida éum fenômeno comum no Universo e teria apenaslançado raízes na Terra, como uma sementetransportada pelo vento, é preciso admitir que elasurgiu mesmo aqui. Esse foi o trabalho do russoIvanovich Oparin (1894-1980) e do inglês JohnBurdon Sanderson Haldane (1892-1964). Oparinexpôs suas idéias num encontro da SociedadeBotânica Russa, em 1922, e, posteriormente, aspublicou em “A origem da Vida”, mas o trabalhosó foi traduzido para o inglês em 1937, quasejunto com as idéias de Haldane.

Eles propuseram que os gases quecompunham a atmosfera primitiva (a composiçãovariava nos dois casos), sob a ação de descargados raios ou radiação ultravioleta solar,produziram os constituintes básicos da vida comoos aminoácidos que teriam interagido nosoceanos para produzir a primeira forma de vida. Aexperiência de Stanley Miller, em 1953, sob aorientação do Prêmio Nobel Harold Urey,reproduziu estas condições em laboratório e, aoobter a síntese de aminoácidos, deu consistênciaà teoria de Oparin-Haldane.

Ingredientes do experimento de Miller:

Algumas moléculas complexas obtidas por

Miller4:

4 Fonte: http://www.emc.maricopa.edu/faculty/farabee/ BIOBK/

BioBookCELL1.html

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A atmosfera primitiva era fortementeredutora (pobre em oxigênio) e as formas de vidasó posteriormente teriam se adaptado a esse gáse feito dele um elemento vital. Os constituintesbásicos da vida teriam sido levados aos maresespecialmente pelas águas das chuvas e, se elesnão se formam ainda hoje, uma das razõespresumidas deve-se ao fato de a atmosfera atualser oxidante (rica em oxigênio). Nas águasoceânicas, os constituintes da vida teriam seagrupado no que Oparin chamou de coacervados,em cujo interior teria nascido a primeira célula.Oparin descreve o processo da seguinte forma:“As gotinhas de coacervados que se formaramnas águas se encontravam mergulhadas em umasolução que continha várias matérias orgânicas esais inorgânicos. Estas substâncias foramabsorvidas pela gotinha e partilharam com ela nasinterações químicas, ou seja, produzindo a sínteseorgânica”.

Coacervado – estruturas globulares formadasnaturalmente, via associação de peptídeos,lipídeos etc e que pode um dia ter abrigado asprimeiras formas de vida.5

UMA HISTÓRIA DE 600 MILHÕES DE ANOS

Pelas informações bíblicas, Deus ordenou aNoé que construísse uma arca onde embarcariasete casais de cada animal puro, salvando-os doafogamento do dilúvio universal. O trabalho dovelho patriarca não deve ter sido brincadeira.Pelos cálculos disponíveis hoje existe 41 milespécies de vertebrados. De qualquer forma, Noé

5 Fonte: http://2.bp.blogspot.com/_BxZx1HAOxVs/

SVJFvNIZ9HI/ AAAAAAAACHU/2TD2RNECZUs/s320/

proteinoides.jpg

deixou muitos exemplares de fora. Os cientistasimaginam que 99% das formas de vida quepassaram pela Terra depois da explosãocambriana - ocorrida a cerca de 600 milhões deanos - hoje estão extintas. No Pantanal Mato-grossense, por exemplo, onde atualmente jacarése tuiuiús lutam pela sobrevivência, já viverambizarras criaturas de alguns centímetros decomprimento. Há 570 milhões de anos, ali existiaum mar de águas rasas, onde as Cloudina lucianoi,com uma carapaça de carbonato de potássio,refestelavam-se após uma dieta de algasmarinhas.

Esquerda: tubos calcários secretados pelosprimeiros animais capazes de produzir algum tipode carapaça mineralizada (Cloudina lucianoi), deaproximadamente 545 milhões de anos de idade(limite Proterozoico / Fanerozoico), Mato Grossodo Sul. Foto: T. R. Fairchild.6 Direita:representação tridimensional de como deveria sera carapaça do grupo Cloudina sp.7

A identidade desses seres, cujos primostambém habitavam outros cantos da Terra, foiresgatada recentemente. Mais ou menos namesma época, na velha China, onde os biólogoslutam para salvar o urso panda, existiam vermes,organismos parecidos com medusas e águas-vivas, grandes esponjas e outros invertebradosque também viviam no fundo do mar. Adescoberta recente deste zoológico fóssil mostraque a evolução dos ancestrais dos animaismodernos deve ter sido um fenômeno súbito quese espalhou por toda parte.

6 Fonte: http:// www.igc.usp.br/geologia/de_volta_ao_passado.php.7 Fonte: http://www3.interscience.wiley.com:8100/legacy/college

/levin/0470000201/chap_tutorial/ch07/chapter07-4.html

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Antes da explosão cambriana, parece que asespécies só se sucederam lentamente. Após aexplosão cambriana, espécies maravilhosassurgiram umas após as outras, praticamente semdescontinuidade. É o que provam descobertas noCanadá, onde podem ser reconhecidos nasrochas, fósseis de 120 espécies pertencentes a 18filos. Dez deles não são encontrados em nenhumoutro lugar. Exemplares da hallucigenia, criaturaque andava sobre sete pares de pernas pontudas,do anomalocaris, com o formato de uma raia,mostram que a vida então era muito variada e, asua dizimação pode ter ocorrido por acaso.

As pesquisas mostram que as interferênciasna loteria de cada espécie têm sido muito maisfrequentes do que se pode imaginar. Sem que sesaiba ao certo por quê, algumas criaturas tiverammais sucesso e foram então “escolhidas” paraentrar na arca de Noé, ao passo que outraspassaram despercebidas e outras aindadesapareceram abruptamente durante as grandesextinções do passado, como aconteceu com osfamosos dinossauros há 65 milhões de anos.

Sabe-se que o motor da vida foi o mar, oque não é de se estranhar porque comparadacom a água fresca dos oceanos, a terra seca émuito mais hostil a hóspedes recém-convidados.As camadas de água filtram as radiaçõesprejudiciais do sol e mantém regular atemperatura que na terra varia grandemente dodia para a noite e durante as estações. Foipreciso, portanto, muito tempo e certaestabilidade antes que corais, moluscos, medusas,algas e os primeiros peixes surgidos há cerca de500 milhões de anos cedessem a vez às primeirasformas terrestres.

Quase todos os peixes modernosdescendem de espécies com mandíbulas,providos de nadadeiras aerodinâmicas. Outrogrande grupo desses peixes era possuidor depeças de material ósseo ligadas ao esqueleto eestendendo-se às nadadeiras que podiam sermuito úteis para rastejar na lama do fundo. Osdescendentes desses animais, que também eramdotados de pulmões, rastejaram para fora daágua e tentaram vida nova há cerca de 350

milhões de anos. Os anfíbios tinham esqueletos, oque permitiu que crescessem até demais.

Algumas espécies mediam vários metros decomprimento e eram carnívoras, como indicam osrestos fósseis de seus dentes aguçados emaxilares possantes. Não eram os únicos quefizeram a mudança do mar para a terra. Antesdeles vieram pequenos invertebrados: aranhas,caracóis e os bem sucedidos insetos. E antesainda, plantas simples, que estavam confinadasnos oceanos, devem ter surgido na terra (asprimeiras há cerca de 400 milhões de anos).

Fóssil (superior) e representação tridimensional(abaixo) de uma hallucigenia.8

Enquanto os insetos consolidavam suaposição na terra, os vertebrados continuavam ase diversificar e a lançar novas espécies. Noprocesso, apareceram animais que

8 Fontes: http://www.hrw.com/science/si-science/biology

/animals/burgess/phallu.html e http://www.karencarr.

com/gallery_hallucigenia.html

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desenvolveram a fecundação do óvulo dentro docorpo da mãe e um ovo que só era posto depoisde revestido por uma capa protetora resistente.Essas espécies passaram a levar uma vantagemenorme sobre os anfíbios. Eram os primeirosrépteis que se propagaram rapidamente esubstituíram os anfíbios na maior parte doshabitats, tornando-se herbívoros alguns, e,outros, predadores. Um grupo de répteis foiexcepcionalmente bem sucedido, tendo resistidoinclusive às drásticas transformações doambiente, pouco mais de 200 milhões de anosatrás, que deram origem, por exemplo, às grandescadeias de montanhas. Foram os dinossauros, quedominaram a Terra durante 160 milhões de anos.O nome inclui os Tiranossaurus rex, um enormepredador de dentes aguçados, até espéciesherbívoras não maiores do que frangos.

Fóssil (A e B) e representação esquemática (C) deum anomalocaris.9

9 Fonte: http://www.futura-sciences.com/comprendre/

d/imprimer.php?id=281

Ao lado deles, mas na sua sombra,desenvolveu-se um grupo de animais capaz degerminar o ovo fecundado dentro do corpomaterno. Eram os mamíferos, que evoluíram dogrupo dos terapsídeos, répteis pequenos e dehábitos predadores, encontrados mais ou menospor toda parte. Quando os dinossaurosdesapareceram, há 65 milhões de anos, essesanimais saíram da obscuridade e ocuparam todosos ambientes terrestres. Mas os dinossauros nãose foram de todo. Sobraram as aves, quedescendem desses animais voadores. Não eramcompetidoras dos mamíferos, entre os quais jáexistiam os primatas, a ordem biológica que incluio homem, que haviam surgido enquanto osdinossauros ainda dominavam a Terra.

Há menos de 10 milhões de anos começou aevolução das primeiras criaturas que deramorigem aos seres humanos, evoluçãoacompanhada de um aumento espetacular doporte do cérebro.

Fóssil de um placodermo, um grupo de peixes queapresentavam uma carapaça óssea, datado em330 milhões de anos.10

COMETA PODE EXPLICAR EXTINÇÃO

Os cosmólogos Fred Hoyle e ChandraWickramasinghe discordam da teoria mais aceitaatualmente envolvendo a extinção dosdinossauros, há 65 milhões de anos. A hipóteseproposta pelo físico Luiz Alvarez diz que um

10 Fonte: http://cas.bellarmine.edu/tietjen/images/

placoderm_330_mybp.jpg

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asteroide chocou-se com a Terra e seu impacto,entre outros efeitos, provocou a formação deuma nuvem de vapor d’água ou poeira queobscureceu a luz solar, impedindo a fotossíntesepelas plantas e matando os dinossauros de fomee frio. Esse asteroide teria caído no Golfo doMéxico, segundo as pesquisas mais recentes.

Seymouria, um anfíbio do permiano inferior (270milhões de anos) encontrado na América do Nortecom aproximadamente 60 cm de comprimento.11

Lystrosaurus andersoni, um terapsídeo de 230-215milhões de anos encontrado na África do Sul.12

A versão da dupla Hoyle-Wickramasinghe,seguindo o mesmo raciocínio que usa paraexplicar a origem da vida na Terra, é um pouco

11 Fonte: http://diamante.uniroma3.it/hipparcos/ seymouria.htm12 Fonte: http://diamante.uniroma3.it/hipparcos/

lystrosauruscranio.htm

diferente. Eles pensam que a extinção dessesgrandes répteis foi produzida por um intensobombardeio feito por cometas que dizimaramnão apenas os dinossauros, mas uma amplavariedade de outras espécies, dando espaço paraa dominação dos mamíferos.

A AVENTURA DO HOMEM ESTÁ SENDO RECONSTITUÍDA13

Cerca de 35 milhões de anos atrás, numaépoca chamada Oligoceno, um pequeno animal sealimentava de frutos e vivia nas árvores nonordeste da África. Era o Aegyptopithecus(macaco do Egito), uma criatura de 4 quilos. Eletalvez seja o mais antigo ancestral não apenas doshomens, mas de todos os outros primatasantropoides (macacos, orangotangos, gorilas,chimpanzés).

Mas a tarefa de recontar a história desseantepassado nos milhões de anos seguintesrequer mais informações do que os paleontólogosdispõem. Imagina-se que nossos tataravôsperdidos viveram em algum lugar da África entrecinco e dez milhões de anos atrás. Eles deramorigem a duas linhagens, uma de ancestrais dosmacacos modernos e outra, do homem. O maisantigo membro conhecido do ramo doshominídeos foi batizado de Australopithecusafarensis, mas é mais familiar pelo esqueletochamado Lucy. Sua idade varia: 2,5 a 4 milhões deanos e ele já caminhava gloriosamente sobre duaspernas nas savanas africanas.

EVOLUÇÃO CEGA

Diz o antropólogo Richard Leakey que o“processo evolutivo é cego, não envolve umafinalidade específica de desenvolvimento porparte das espécies”. Por isso, no período de 2,5milhões a 1,5 milhão de anos se seguiram, houvepelo menos três espécies de hominídeos naÁfrica, talvez mais em outras partes do mundo.

13 Existe material mais recente sobre a evolução

humana com novos detalhes e concepções sobre as

diferentes espécies de hominídeos ligados, direta ou

indiretamente, com a evolução do homem.

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Há vestígios da presença do Australopithecusafricanus e do Australopithecus boisei, assimcomo o do primeiro hominídeo com um cérebromaior, o Homo habilis, capaz de fabricar objetosrudimentares a partir de lascas de pedra. Com odesaparecimento do Australopithecus, restouapenas o H. habilis, descoberto no Quênia noinício dos anos 70 por Leakey. Até agora osantropólogos tinham prova da sua existência hácerca de dois milhões de anos, mas uma novaanálise de antigos fósseis, realizada no anopassado, demonstrou que ele tem meio milhão deanos a mais do que se supunha.

Representação de um casal de A. afarensis, umaespécie de hominídeo bípede de cerca de 2,5milhões de anos.14

MIGRAÇÕES

Seja como for, há mais de um milhão deanos, grupos de Homo erectus, descendentes doshabilis, começaram a migrar da África para aEuropa e Ásia. Em meados do ano passado,pesquisadores da Universidade de Berkeleyanunciaram a descoberta de uma espécieintermediária entre os humanos modernos, ouHomo sapiens e o Homo erectus, o ancestralimediato dos humanos, na China. Registros fósseismostram que populações de erectus existiamnessa região há 300 mil anos. Foram encontrados

14 Fonte: http://brattahlid.tripod.com/Image130.jpg

rastros da passagem de espécies intermediárias,com características de erectus e sapiens tambémna Europa e Oriente Médio.

O Homo sapiens, em sua forma arcaica,começou a aparecer entre 400 e 300 mil anosatrás, mais ou menos na época em que cessam osregistros do erectus. Ele teria originado o homemmoderno que apareceu na África e depois povoouo mundo através de longos episódios demigração. Mais ou menos na mesma época, há125 mil anos, surgiu na Europa o Neanderthal,que durante muito tempo foi considerado umaespécie intermediária. Sabe-se hoje que ele e osapiens foram contemporâneos e podem até terconvivido no Oriente Médio.

EXTINÇÕES MARCARAM A HISTÓRIA DAS ESPÉCIES

O grande vilão da atualidade chama-sehomem, acusado de promover a extinção de 1,2milhão de espécies nos próximos 25 anos. Masboa parte das criaturas que passaram pela Terrasumiu sem deixar vestígios devido a grandesepisódios de mortalidade que ocorreram muitoantes que os nossos antepassados existissem. Éprovável que o impacto de um asteroide tenhacausado a morte dos dinossauros - a extinçãomais falada, ocorrida no fim do Cretáceo. Mas asoutras extinções parecem estar ligadas a processogeológicos e climáticos, que demonstram como avida é vulnerável e ao mesmo tempo teimosa emnosso planeta. O primeiro caso ocorreu durante oOrdoviciano, há cerca de 450 milhões de anos,quando foram quase eliminados os trilobites,invertebrados que pareciam insetos e que hojenão existem mais. No Devoniano, há 395 milhõesde anos, desapareceram peixes, corais e outrosanimais marinhos. Mas nada foi mais catastróficona história da Terra quanto à grande extinção,cem milhões de anos depois, quando nove decada 10 espécies sumiram sem rastros.

Não se sabe o que aconteceu naquelaépoca. Sabe-se no entanto, que as extinçõescontinuaram. No Jurássico, há cerca de 200milhões de anos, morreram 75% das espécies de

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moluscos. E no final do Cretáceo foi a vez dosdinossauros que deram lugar aos mamíferos -bichos então insignificantes que se espalharampela Terra e originaram o vilão Homo sapiens.Essa sucessão de catástrofes dá idéia demecanismos auto-reguladores em ação na Terra.Para simbolizá-los, o cientista inglês JamesLovelock propôs chamar esse gigantescoorganismo planetário de Gaia. E lembrou que é odestino de Gaia que hoje em dia é ameaçadopelos homens.

VIDA NA TERRA VEIO DO ESPAÇO, DIZ ASTRÔNOMO

Para explicar a origem da vida, o químico ePrêmio Nobel sueco Svante Arrhenius (1859-1927) desenvolveu a idéia da panspermia. ParaArrhenius, a vida é um fenômeno que semanifesta em todo o Universo e não umaexclusividade da Terra. O cientista propôs que avida chegou à Terra a partir de meteoritos quebombardeiam o planeta e outros astrospraticamente desde a criação do sistema solar, háuns cinco bilhões de anos.

A prova mais recente da teoria dapanspermia foi defendida pelo cosmólogo inglêsFred Hoyle na Reunião Anual da UniãoAstronômica Internacional. No mesmo encontro oastrofísico indiano Gurcharam Kalra apresentousuas pesquisas em radioastronomia envolvendocertas nebulosas, aglomerados de gases e poeirainterestelares como a formação do Saco deCarvão, vista sob a forma de uma mancha escuraao lado do Cruzeiro do Sul. De acordo com Kalra,estas nebulosas apresentam uma emissãosemelhante à exibida em laboratórios pormicrorganismos como a bactéria Escherichia coliou como algas marinhas diatomáceas. Ainterpretação do radioastrônomo é de que essasregiões aquecidas no meio interestelar possamfuncionar como campos de cultura para formaselementares de vida adaptadas às condições doespaço.

Fred Hoyle e seus colaboradores vêmreunindo pistas há quase duas décadas para

demonstrar que a vida não se originou na Terra,mas no espaço, e que a própria evolução estáligada a um certo ecossistema cósmico. Osprimeiros indícios Hoyle julga terem sidoencontrados no meteorito Orgueil, que caiu em1864 na França. Recolhido ainda quente devidoao atrito com a atmosfera, o meteorito foiexaminado por mineralogistas franceses queencontraram nele matéria orgânica. Análisesposteriores identificaram a presença deaminoácidos com características distintas emcomparação com os existentes na Terra,eliminando assim a possibilidade de ter ocorridocontaminação após a queda do corpo celeste.

Uma imagem ampliada do cruzeiro do sul e danebulosa Saco de Carvão.15

Além de Orgueil, os meteoritos de Murrayque caiu em 1950 nos EUA e de Murchison queatingiu a Austrália em 1969, mostraramaminoácidos que o químico Cyril Ponnamperumaidentificou como de origem extraterrestre.

ESPAÇO PODE CONTER VIDA INTELIGENTE

Desde 12 de outubro a NASA vem fazendouma minuciosa escuta dos sinais que chegam dasestrelas, procurando um eventual padrãointeligente, capaz de traduzir uma fórmulamatemática como o Teorema de Pitágoras oudescrever a estrutura de um átomo dehidrogênio, o elemento mais simples e abundante

15 Fonte: http://canopus.physik.uni-potsdam.de/~axm/photo.cgi?

Image=images/1998-01_06

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do Universo.

Um grande condrito carbonáceo que sedesintegrou e se fragmentou próximo à cidade deOrgueil – França, em 1864. Cerca de 20 peças,totalizando cerca de 12 kg foramsubsequentemente recuperados de uma área devários quilômetros quadrados.16

Até o início deste século, a comunicaçãocom eventuais inteligências fora da Terra era vistacom certa ingenuidade. Em 1900, por exemplo,foi estabelecido em Paris um prêmio de cem milfrancos para quem conseguisse o primeirocontato com um alienígena. O concurso tinhauma restrição: marcianos não valiam. O contatoera considerado “fácil demais”. Na época estavamem voga teorias do astrônomo norte-americanoPercival Lowell sobre a existência de “canais”construídos pelos marcianos para irrigaçãoagrícola.

Contrastando com o otimismo do início doséculo, o engenheiro e inventor croata NikolaTesla defendia que as ondas de rádio eram aúnica forma de se estabelecer um possívelcontato entre eventuais raças inteligentes.

OBSERVAÇÕES

• Este texto foi modificado de um artigopublicado no jornal Estado de São Paulo -

16 Fonte: http://www.daviddarling.info/encyclopedia/O/

Orgueil.html

Suplemento Ciência – em 14/03/93.Embora antigo, ele ainda apresentainformações relevantes e uma linguagemadequada. Infelizmente, não tenho o nomede seu autor.

• As imagens não estavam presentes noartigo original. Entretanto, elas foramadicionadas com fins didáticos.

Prof. Rogério F. de Souza