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MESA-REDONDA REFLEXÃO SOBRE A EXPLORAÇÃO E GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS NA PROVÍNCIA DE NIASSA

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MESA-REDONDAREFLEXÃO SOBRE A EXPLORAÇÃO E GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS NA PROVÍNCIA DE NIASSA

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TABELA DE SIGLAS

DIPREME Direcção provincial de Recursos Minerais e Energia

DPTADER Direcção Provincial de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

DUAT Direito a Uso e Aproveitamento de Terra

CTC Cooperativa Terras Comunitárias

CCPS Conselho Comunitário Provincial de Pescas

IIP Instituto de Investigação Pesqueira

SAIAB South Africa Institute for Aquatic Biodiversity

IDPPE Instituto de Desenvolvimento de Pesca de Pequena Escala

PCRs Poupança e Crédito Rotativos

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INTRODUÇÃO

As Fundação MASC em parceira com a Associação Estamos realizaram no dia 02 de Junho do ano em curso, na Sala de Santo Egídio em Lichinga uma mesa-redonda intitulada “Reflexão sobre exploração e gestão dos Recursos Naturais na província de Niassa” tendo os seguintes objectivos: Geral - Contribuir para uma reflexão entre os diferentes actores sociais e económicos da província sobre os diferentes factores e desafios para uma gestão sustentável dos recursos naturais, e seu impacto no desenvolvimento das comunidades afectadas, da província e do país e Específicos - (1) Discutir o nível de aplicação de procedimentos e políticas pelos diversos actores envolvidos na exploração e gestão dos recursos naturais e sua implicação para a sustentabilidade dos mesmos; (2) Reflectir sobre o nível de preparação das comunidades locais e do governo (provincial e local) para lidar com as mudanças decorrentes da exploração dos recursos naturais; (3) Explorar estratégias de coordenação e concertação regular entre os actores envolvidos na exploração e gestão dos recursos naturais com partilha de benefícios.

A iniciativa surge pelo facto de Niassa ser a maior, das dez províncias moçambicanas1, com um enorme potencial dos recursos naturais, desde florestais, lacustres, minerais

1 Tem 122 176 km2 de extensão territorial e uma população de 901 000 habitantes (2004)2 DW África, 21/05/2015

e, hidrocarbonetos. Adicionalmente, Niassa possui a maior Reserva Natural, que é uma área de conservação e um destino ecoturístico, com a pretensão de preservar o património natural. No entanto, a pilhagem dos recursos naturais à maior reserva natural de Moçambique são constantes com conivência de cidadãos nacionais e estrangeiros, que exploram recursos florestais madeireiros, e caça ilegal2 de animais de grande valor como o elefante.

Neste contexto, torna-se pertinente fazer-se uma reflexão a volta dos desafios que a província de Niassa enfrenta para uma gestão racional dos recursos naturais com o objectivo de estabelecer o equilíbrio entre o crescente interesse de investimentos, por um lado, e a necessidade de desenvolvimento socioeconómico, por outro lado, respeitando os interesses e direitos das comunidades locais.

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PARTICIPANTES

Participaram deste encontro 101 pessoas conforme a tabela que se segue:

Instituição Públicas RepresentaçãoParticipantes

H M

Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural. Directora Nacional. 1

Governo da Província de Niassa e Município

Governador, Director Provincial de Recursos Minerais; Director Provincial de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Ministério Público, Mistério das Finanças, Direcção Provincial da Justiça, Direcção Provincial da Indústria e Comércio, Direcção Provincial das Obras Públicas, Direcção Provincial de Migração, Instituto de Comunicação Social, Alfandega Provincial, Direcção Provincial dos Transportes, Direcção Provincial da Agricultura, Serviços de Geografia e Cadastro; Conselho Municipal de Lichinga.

1

Governos distritais Administradores dos distritos do Lago, Mipepe, Mavago, Sanga, Marrupa e Mecula. 1 5

Academia UniLúrio, UCM, UP, ISGECOF, IFAPA, Instituto Agrário.

Reserva Nacional do Niassa Administrador. 1

Órgãos de Comunicação Social Jornal Notícias, TVM, Rádio Esperança, Rádio Moçambique. 6

Sector privado Green Resource, Floresta do Niassa, CTA, BCI, Movitel.

Organizações internacionais Oxfan Novib, We Effect, Irish Aid.

Organizações da Sociedade civil:

KUWUKA JDA, Estamos, Fundação MASC, WWF, Umoji, Roads, Progresso, FHI, Famod, Fofen, Amoproc, Acam, Ademimo, UPCN, Acodenia, Núcleo Provincial, Parlamento Juvenil, Nweti, iTC, Acabe, Caritas, Uca, FASCCIDL, Mais Vida, Unac, CTC-COOP.

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Líderes comunitários: Líderes Comunitários de Mavago e Sanga 2

Total de participantes 101

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APRESENTAÇÕES

Apresentação da Direcção Província de Recursos Minerais e Energia – DIPREME

PainelDirector Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural; Director Provincial dos Recursos Minerais e Energia e Procurador do Distrito de Mecula.

Moderação KUWUKA JDA

Breve Sumário

Niassa possui uma diversidade de recursos minerais, um potencial que é consubstanciado pela existência de enormes reservas de Carvão, Calcário, Ouro, Rubi, Granadas, Ferro, Metais Básicos, Terras Raras, entre outros.

A província não possui ainda nenhuma empresa que esteja a fazer a exploração de recursos minerais, existindo apenas empresas com licenças de prospeção e pesquisa; a exploração de minérios é feita numa escala artesanal com algun tipo de impactos ambientais.

De acordo com o director da DIPREME foram atribuídas, 47 Licenças de Prospecção e Pesquisa válidas por 5 anos e renováveis por igual período, 4 Concessões Mineiras válida por 25 anos e renováveis por um período máximo de 25 anos, 13 Certificados Mineiros válidos por 2 anos renováveis por igual período, 39 senhas mineiras válidas por 5 anos renováveis por igual período e 197 Licenças de Comercialização. Para se ter uma licença de comercialização não precisa, necessariamente, de ser detentor de uma licença, concessão, certificado ou senha mineira, pois a licença de comercialização serve, apenas, para comercialização, podendo a mesma licença ser válida para muitas provincias, pois é passada a nível nacional, e depende do tipo de minerais por comercializar.

A DIPREME avançou que as comunidades participam na gestão de recursos minerais através dos comités de gestão, servindo, por um lado, de elo entre as comunidades, empresas mineiras e o governo local e, por outro lado, as comunidades participam activamente na fiscalização da actividade mineira praticadas pelas empresas e pelos mineradores artesanais.

A DIPREME alertou que a Política de Responsabilidade Social Empresarial para a Indústria Extractiva (PRSEIE) alberga os procedimentos que deverão ser considerados, pelas empresas mineiras de modo a beneficiar de modo específico a comunidade abrangida pelos empreendimentos da indústria extractiva e de modo geral, a sociedade. As contribuições feitas pelos titulares ou concessionários em espécie e que beneficiem as comunidades abrangidas são consideradas como sendo investimento social e devem constar do Memorando de Entendimento e dos Acordos de Desenvolvimento Local.

Discutiu-se, igualmente, os impactos da exploração mineira categorizando-os em dois grupos: (a) positivo: a fonte de renda, melhoria de condições de vida das comunidade, infra-estruturas sociais ao nível das comunidades, postos de trabalho, bem como uma contribuição na receita da Província e do país em geral. (b) Negativos: a degradação ambiental, criminalidade, problemas de saúde pública, trabalho infantil, consumo de drogas, prostituição e interferência humana na paisagem.

Desafios do Sector

ØNecessidade de realizar campanhas de divulgação da legislação conducente a exploração sustentável dos recursos minerais ao nível da Província;

ØInclusão de todas as forças vivas na gestão dos recursos minerais e libertação dos títulos inactivos de modo a dar lugar a novo licenciamento.

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Apresentação da Direcção Provincial de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural-DPTADER

Painel Director Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural; Director Provincial dos Recursos Minerais e Energia e Procurador do Distrito de Mecula.

Moderação KUWUKA JDA

Breve Sumário

Niassa apresenta características físico-naturais diversificadas, facto que contribui para uma demanda cada vez mais crescente sobre os recursos naturais para diversos tipos de uso, sendo através de singulares ou através de investimentos nacionais/estrangeiros.

Do mapa de ocupação de terra na província apresentado pela DPTADER indica que a nível da província, dos 122.174 Km2 que Niassa possui, 5,34% corresponde a área do Lago Niassa, e 94,66% são da região continental ocupada por formações florestais, rochas e rios.

O DPTADER apresentou, igualmente, que a disponibilidade de terra arável em Niassa é de cerca de 65%, excluindo as áreas ocupadas pelas montanhas e águas que para agricultura não são apropriadas, e acrescentou que da terra arável disponível mais de 10 milhões de hectares é ocupada por florestas naturais com excepção do distrito de Mecula que não tem área disponível. A situação da Província de Niassa em termos de áreas de conservação, de plantações florestais e áreas de exploração florestal é de 9.356.056,97Ha, o que corresponde a 72,20% da área da província.

O DPTADER deu a saber os requisitos necessários para aquisição do Direito de Uso e Aproveitamento de Terras (DUAT), dos procedimentos e dos requisitos adicionais para apresentação de pedidos de Terra, afirmando que a terra é uma realidade finita e a explosão demográfica e a crescente procura de recursos naturais em que vivemos, levanta novos desafios cabendo ao Estado ter a capacidade de gerir a terra.

Desafios do Sector

ØOciosidade de terra, ou seja muitos DUATs com áreas extensas de terra que não está sendo usada;

ØOrdenamento do território;ØGarantir a exploração sustentável da terra.

Apresentação do Ministério Público do Distrito de Mecula

PainelDirector Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural; Director Provincial dos Recursos Minerais e Energia e Procurador do Distrito de Mecula.

Moderação KUWUKA JDA

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Breve Sumário

O Ministério Público apresentou suas experiências de trabalho na Reserva Nacional do Niassa (RNN), que possui uma área de cerca de 42.000km2, fazendo fronteira com o Distrito de Mueda, em Cabo Delgado, distrito de Marrupa, em Niassa e República Unida da Tanzânia a Norte, de onde é oriundo o maior número de caçadores ilegais. De acordo com o procurador distrital, até 2011 estimava-se a existência de cerca de 11.208 elefantes no interior da RNN, um número que reduziu bastante, com as mortes dos elefantes que estima-se 3 a 4 elefantes mortos diariamente.

O Ministério Público intervém em matéria de crimes ambientais e tráfico ilegal sempre que estiver em causa a defesa da legalidade, neste caso, com enfoque na legislação de florestas e fauna bravia. Todavia, a presença do Ministério Público ao nível do Distrito de Mecula está aquém do desejado, (com um e único magistrado para lidar com todos os processos-crimes). Além disso, os magistrados não têm especialização em matérias ambientais, o que constitui um entrave para o desempenho das suas funções no que diz respeito a crimes ambientais, como a caça furtiva e comercialização de espécies de fauna protegida.

A fiscalização da área ocupada pela RNN e áreas adjacentes é feita pelos fiscais do Estado e com auxílio dos fiscais comunitários, todavia, não há legislação que protege os fiscais ajuramentados/ fiscais comunitários, como acontece para os fiscais do Estado, que são protegidos por lei. Com o estabelecimento da força especial de Polícia de Protecção dos Recursos Naturais e Meio Ambiente, que apoia os grupos de fiscais da Reserva Nacional do Niassa, a fiscalização melhorou, mas esta força não tem formação básica sobre a legislação ambiental, o que limita a sua actuação nos termos da Lei.

Para o Ministério Público, as questões ambientais são complexas e interligadas, o que não favorece o trabalho na reserva. A insuficiência de fiscais, fraco sistema de patrulhamento, equipamento obsoleto, pobreza local, vulnerabilidade das fronteiras, corrupção, descoordenação institucional, quadro legal lacunoso, fraco cumprimento da legislação e planos e o crescimento da população no interior da reserva, são apontados como sendo as causas para a exploração desordenada e irracional dos recursos. Adicionalmente, o Ministério Público referiu-se a hostilidade entre os fiscais e as populações, a baixa moral dos fiscais e a fragilidade do sistema (ex: os fiscais não recebem os 10% das multas que devem ser pagas pelos infractores).

O Ministério Público revelou que constitui um desafio combater a caça furtiva e o tráfico ilegal de peças de marfim e de madeira, devido a conivências de alto nível e uma cadeia de valores, desde mandantes, intermediários, e executores, que muitas das vezes são membros da comunidade que o fazem devido a sua condição de pobreza, e também por não conhecerem o valor dos recursos, quer seja florestais ou faunísticos. Por isso, o Ministério defende ser imperioso que todas as forças vivas unam-se para travar este mal, que delapida a província e o país (governo, sector privado, doadores, ONGs e OSCs).

Desafios da Reserva

ØIntervenção na Fiscalização: É preciso reforçar as capacidades da força de fiscalização da RNN em termos do seu efectivo e na qualidade da sua formação, e no provisionamento de equipamento e tecnologia apropriada;

ØIntervenção na Sensibilização: Sensibilização ao alto nível governamental e político – incentivando pronunciamentos públicos sobre os impactos negativos da caça furtiva na imagem e reputação internacional do País, no desenvolvimento económico, especialmente no turismo, na segurança nacional;

ØIntervenção em iniciativas Comunitárias: Introdução de iniciativas e mecanismos de gestão comunitária de fauna – explorando, entre outras, as oportunidades abertas com a nova lei de conservação e as alterações feitas a esta pela Lei n°. 5/2017, de 11 de Maio;

ØPossibilidade de se iniciar uma reflexão para o reassentamento: é urgente pensar-se na possibilidade de reassentamento das comunidades que habitam no interior da Reserva Nacional do Niassa, por forma a reduzir os índices de caça furtiva e de desenvolvimento da RNN.

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Apresentação do Fundo Mundial Para a Conservação da Natureza (WWF)

PainelRepresentante da CTC, Residente no Madjedje, Líder Comunitário de Mavago, Representante de WWF, Representante da UMOJI e Representante da UniLúrio.

Moderação KUWUKA JDA

Breve Sumário

A WWF está a desenvolver várias iniciativas para a conservação da biodiversidade; redução da caça furtiva e a exploração ilegal de madeira; promoção da pesquisa científica para gestão sustentável dos recursos naturais e angariação de fundos para providenciar incentivos às comunidades através de programas de Maneio Comunitário de Recursos Naturais.

Participa, igualmente, na gestão integrada da bacia do Lugenda em parceria com a ORAM, com actividades de identificação e mapeamento de todos os usuários da bacia do rio Lugenda, actualização do mapeamento dos centros de pesca e pescadores; estabelecimento de Conselhos Comunitários de Pesca (CCPs) e Criação e formalização de fórum para gestão participativa e sustentável da bacia do rio Lugenda. Fizeram o lançamento do programa piloto de conservação comunitária sobre a bacia do rio Lugenda.

Na reserva do Niassa trabalham com UMOJI e a Direcção Provincial do Turismo na promoção de pesquisas científicas, monitoria da pesca na reserva parcial do lago Niassa em parceria com IIP e a SAIAB.

Em parceria com IDPPE, WWF tem promovido os PCRS; treinamento em processamento de pescado incluindo a construção de fumeiros; promoção de feiras para venda de materiais de pesca e construção e montagem de motores de embarcações de pesca que foram atribuídas a 3 associações.

Desafios

ØCometimento de todos parceiros para trabalhar arduamente na conservação da biodiversidade;

ØRedução da caça furtiva e a exploração ilegal de madeira,ØPromoção da pesquisa científica para gestão sustentável dos recursos naturais;ØAngariação de fundos para providenciar incentivos às comunidades através de

programas de Maneio Comunitário de Recursos Naturais.

Apresentação da Associação UMOJI Niassa

PainelRepresentante da CTC, Residente no Madjedje, Líder Comunitário de Mavago, Representante de WWF, Representante da UMOJI e Representante da UniLúrio

Moderação KUWUKA JDA

Breve sumário

UMOJI, uma associação comunitária, que foi fundada em 2003, por iniciativa de camponeses de 16 comunidades, dos Postos administrativos de Cóbue e Lunho no distrito do Lago, participa no desenvolvimento local através de comités eleitos e sua liderança tradicional, na planificação e zoneamento para que as comunidades possam maximizar o uso da terra que ocupam.

Intervenções em áreas temáticas de conservação dos recursos naturais permitem identificar alguns desafios na conservação destes recursos (aquáticos, florestais e faunísticos), bem como na adaptação e mitigação a mudanças climáticas pelas comunidades.

As iniciativas da UMOJI, para a redução da pressão sobre os recursos naturais, são: a criação de campos de demonstração de agricultura de conservação, uso de fogões melhorados e a criação de PCRs bem como o fomento de animais de pequeno porte com destaque para cabritos e patos. 

DesafiosØFortalecimento dos Comités de Gestão na administração sustentável dos recursos

naturais.

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Apresentação da Cooperativa para Terras Comunitárias (ITC-COOP)

PainelRepresentante da ITC, Residente no Madjedje, Líder Comunitário de Mavago, Representante de WWF Representante da UMOJI e Representante da UniLúrio

Moderação KUWUKA JDA

Breve Sumário

Para a Cooperativa para Terras Comunitárias (CTC-COOP) a questão da organização das comunidades deve ser considerada como um contributo para o desenvolvimento local e por isso, a importância e a urgência de ter-se as comunidades locais organizadas e estruturadas para melhor aproveitar as oportunidades de desenvolvimento local.

A CTC-COOP avançou que a organização conseguiu como resultados de 2010 a 2016 que cerca de 14 distritos realizassem 132 delimitações, abrangendo uma área total de 2.608.913Ha; 123 demarcações, numa área de 3.750 Ha, cobrindo 196.564 beneficiários dos quais 51 mulheres; 132 CGRN legalizados e 193 AAP legalizadas.

A capacitação dos conselhos consultivos locais poderá ser o próximo foco da CTC, uma vez serem órgãos de consulta, os conselhos consultivos devem ter algum domínio sobre certas matérias, tais como: desenvolvimento local sustentável e legislação dos recursos naturais, Gestão de fundos dos 20% das taxas florestais ou dos fundos comunitários provenientes das comparticipações das empresas de plantações florestais e outras formas de comparticipação.

Desafios

ØFraca capacidade dos provedores de serviços no apoio a implementação de planos de maneios das comunidades;

ØCapacitação do Conselho de Gestão de Recursos Naturais para fazer frente aos desafios da gestão sustentável dos recursos naturais e terra.

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Apresentação da UNILUÚRIO - Pesquisa sobre Degradação Florestal e seu impacto sobre o Meio Ambiente

PainelRepresentante da ITC, Residente no Madjedje, Líder Comunitário de Mavago, Representante de WWF, Representa da UMOJI e Representante da UniLúrio.

Moderação KUWUKA JDA

Breve Sumário

A UniLúrio apresentou uma compilação de alguns Trabalhos de Final de Curso de estudantes da Faculdade de Ciências Agrárias. Segundo os estudos, Niassa possui a menor taxa de desflorestamento a nível nacional (0.22%).

Os trabalhos de pesquisa, apresentados versavam sobre (a) Contribuição dos Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM) na geração de renda familiar em três comunidades abrangidas pelo programa Chipanje Chetu, no distrito de Sanga; (b) Avaliação do Nível de Degradação das Florestas de Unango, causas da degradação; (c) Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa a partir de Queimadas Florestais e (d) O Impacto de Corte de Árvores para Actividades Agrícolas e Pesqueira sobre a Floresta Ribeirinha ao Longo do rio Lugenda e seus afluentes na Reserva Nacional do Niassa.

No primeiro estudo há uma indicação de que a maior parte das espécies florestais exploradas pelas comunidades são usadas para alimentação, construção de casas e medicina; o segundo estudo aponta as queimadas, agricultura, extracção de lenha, produção de carvão, extracção de areia e pastagem como factores que contribuem para a degradação ambiental; o terceiro indica que o aumento da frequência e intensidade do fogo constitui ameaça a evolução natural dos ecossistemas florestais, a diversidade biológica e a economia das famílias rurais, bem como a emissão de gases de efeito de estufa com consequências para as mudanças climáticas; o quarto apresenta uma série de impactos com enfoque os ecológicos que passam pela mudança de uso de terra, por exemplo de áreas de conservação convertidas em áreas agrícolas, assoreamento do rio, erosão do solo e interrupção do corredor de fauna e fragmentação de habitat.

DesafiosØPrática de agricultura de conservação, Monitoria das áreas regeneradas, Educação

ambiental, melhorias das condições de fiscalização, reforço do zoneamento agro-ecológico e planeamento de uso de terra.

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Experiências comunitárias (distritos de Sanga e Mavago) na Exploração e Gestão dos recursos naturais

Painel Líderes comunitários de Mavago e Sanga.

Moderação KUWUKA JDA

Breve Sumário

No distrito de Sanga, a empresa Lupilichi explora Madeira, e tem contribuído para que as comunidades recebam a taxa de 20%. Com os rendimentos dos 20%, a comunidade construiu um centro de saúde (II Congresso), foram compradas chapas de zinco e distribuídas, contribuindo para a construção de casas melhoradas. De acordo com o líder comunitário, estes são incentivos que demostram que o trabalho de conservação é uma tarefa de todos.

No distrito de Mavago, o líder afirmou que somente 6 comunidades recebem os 20%. Há um trabalho de sensibilização nas comunidades, por exemplo em Milepa conseguiram comprar 5 barcos tradicionais que usam para travessia Milepa - Tanzânia e os fundos arrecadados nesta actividade beneficiam a toda a comunidade. Ainda de acordo com o líder comunitário, em Lipembo, a comunidade equipou o Posto de Socorro com cobertores e painel solar, uma vez que este localiza-se longe da vila sede do distrito; e em Nsawize foram construídos poços tradicionais e investiram, com os fundos em reabilitação e apetrechamento das mesquitas.

4 PRINCIPAIS QUESTÕESLEVANTADAS

2 A delimitação de terras comunitárias tem garantido a posse segura de terra? E para que fim?

2 As comunidades têm recebido os 20% da taxa florestal? Se sim, quanto é que receberam nestes últimos anos?

2 Alguns operadores baseados em Maputo têm áreas de exploração em Niassa. A questão que se coloca é: como é que a comunidade pode exercer o seu poder ou melhor actuar para um operador domiciliado fora do local?

2 As actividades de Garimpo ilegal têm poluído as águas dos rios. Como é feita a fiscalização e monitoria do processo de exploração mineiro na província? Como é considerado o impacto sobre a fauna?

2 Quais os cuidados estão a ser tomados em relação a devastação da floresta para a produção de carvão vegetal, sob pena do desaparecimento daquela floresta?

2 Qual o tratamento/o que se está a fazer em relação ao garimpo praticado pelos estrangeiros em detrimento dos nacionais?

2 Em relação aos crimes ambientais, qual a possibilidade de Moçambique trabalhar com os pais vizinhos para que o tratamento dos prevaricadores seja o mesmo?

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PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES5 2 Para melhor gestão dos RN é imperioso o zoneamento,

o mapeamento agro-ecológico e a actualização do cadastro;

2 Há necessidade de produzir uma base de dados para melhor partilha de informação e/ou criar um mecanismo/fórum ou plataforma de discussão sobre a gestão de RN;

2 Os estudos ambientais das empresas florestais devem ser tornados públicos, conforme exige a legislação;

2 Os estudos apresentados pela UniLúrio deveriam trazer as mudanças que ocorreram na vida das comunidades locais com as presenças das empresas florestais, desde 2007;

2 Necessidade do Admistrador criar um observatório para os recursos naturais por distrito, para que possa medir o pulsar do distrito;

2 Grande parte dos operadores tem registo em Maputo, e as taxas são pagas em Maputo, sendo por isso importante iniciar uma reflaxão sobre a descentralização fiscal;

2 Necessidade de aumentar o número de fiscais e de incentivos para os mesmos;

2 Excessiva burocracia para canalização dos fundos às comunidades, havendo casos em que esperam mais de 4 anos;

2 A DPTADER deverá partilhar os dados sobre as receitas dos 20% que devem beneficiar as comunidades;

2 Necessidade de maior coordenação entre o governo, sector privado e sociedade civil;

2 Necessidade de incentivar campanhas de sensibilização/consciencialização nas comunidades para não aceitarem serem “usadas em troco de migalhas”;

2 Necessidade de se trabalhar com a polícia, devido aos elevados índices de envolvimento de alguns agentes policiais na corrupção com a venda/aluguer de armas para furtivos;

2 Necessidade de formação/capacitação ao Ministério Público/fiscais em assuntos relacionados com crime ambientais;

2 Revogar as licenças e as terras ociosas, para dar lugar a novos investimentos sérios;

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