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Meredith Wild

Ligação Explosiva

Carlos PereiraTradução

Hacker 2

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Para Jonathan

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Capítulo 1

– Não consigo acreditar que estou a fazer isto outra vez – disse eu.Blake rodeou-me os ombros com o braço. Puxou-me para si

e senti-me relaxar no seu calor habitual. Saímos do edifício de escri-tórios onde ele trabalhava e percorremos alguns quarteirões a pé. Inclinou-se e deu-me um beijo na face para transmitir segurança.

– Desta vez não haverá nenhuma inconveniência, prometo.Ri-me e revirei os olhos.– Está-se mesmo a ver.Quase acreditei nele. As últimas semanas tinham sido intensas,

mas algo mudara na nossa relação. Eu podia brincar, mas agora confiava em Blake. Depois de todos os fervorosos protestos e deses-peradas tentativas de lutar contra o que sentia por ele, acabara por ceder. Pelo menos mais do que já cedera a outra pessoa, e sentira que devia fazê-lo.

Blake exibiu-me um sorriso malicioso.– Não te preocupes. Não sou capaz de convencer a Fiona a usar

um truque do mesmo género.Trajando corsários brancos e um top azul-marinho, a irmã de

Blake, Fiona, esperava por nós junto à entrada de um café pitoresco. Parámos mesmo à porta. A tabuleta tinha gravado Mocha. A porta

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foi aberta por uma jovem e o intenso aroma do chocolate e do café acabado de moer escapou-se para o exterior, despertando-me sinais de felicidade pelo corpo. Quase me esquecera da razão de ser da nossa missão quando Fiona nos encaminhou para uma porta ao lado do café.

– É aqui por cima. – Fiona fez-nos subir uma escada estreita até ao segundo andar.

– Quem é o dono do prédio, Fiona? – tentei que a pergunta soasse a conversa de circunstância, mas a quem queria eu enganar? O facto de nos encontrarmos tão perto de uma fonte regular de cafeína era já um ponto importante a favor de fechar o negócio, mas Fiona conhecia a minha posição quanto a arrendar espaços pertencentes a Blake ou a qualquer dos seus subsidiários. Confiava nele, mas isso não significava que não continuasse empenhado em envolver-se a fundo nas minhas actividades sempre que possível.

Blake era um homem cheio de contradições. Podia ser doce e tre-mendamente querido num dado momento e provocar-me uma fúria incontrolável no seguinte, com as suas tendências compulsivas de con-trolo. Conseguia ajudar-me imenso na empresa em franco crescimento durante o dia e dar-me umas valentes fodas assim que entrávamos em casa à noite. Concedo que por vezes preciso de ambas as coisas, mas ainda não estou certa do que sinto quanto a este domínio sobre a minha vida. Deixá-lo entrar desta forma assusta-me, mas estou a aprender a ser mais aberta e a confiar o mais possível em Blake.

Hoje, uma parte de mim, a parte que precisa de separação e inde-pendência, queria certificar-se de que Blake não estava de novo a pregar-me alguma partida.

– Posso garantir-te que o Blake não é proprietário de qualquer parcela do edifício – tranquilizou-me Fiona.

Estava tudo muito bem, mas ainda não há muito tempo tentara vender-me um apartamento muito bem recuperado num prédio de que ele não só era dono como também habitava. A ténue linha entre

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as nossas vidas pessoais e profissionais já se encontrava demasiado indistinta. Neste caso havia que manter a firmeza.

– Fico satisfeita por ouvir isso.Fiona procurou algo na carteira. Apesar da desconfiança, as

minhas expectativas aumentaram. Abriu a porta e entrámos. A divi-são era comprida mas pequena, pelo menos quando comparada com o escritório de Blake. Embora exalasse um cheiro a bafio e estivesse com necessidade de uma equipa de limpezas, o espaço prometia. Blake suspirou atrás de mim.

– Fiona, a sério. Isto é o melhor que podes fazer?Fiona disparou-lhe um olhar de aborrecimento.– Nós; eu e a Erica; falámos sobre o orçamento dela, e tendo em

conta a localização e as dimensões, parece-nos uma opção razoável. É óbvio que o espaço precisa de limpezas e decoração, mas tens de admitir que tem potencial.

Olhei demoradamente em redor, visualizando as muitas possibili-dades. Tinha andado tão ocupada a dirigir as coisas a partir do meu apartamento, e fazendo contratações, que não tivera oportunidade de ficar excitada com esta decisão. Mas isto seria divertido.

– Adoro o chão de madeira.– Está um nojo. – Blake arrastou a sola do sapato sobre o soalho,

traçando uma linha através do pó.– Tens de ter um pouco de visão, Blake. Só precisamos de fazer

as devidas limpezas, e com alguns melhoramentos podemos trans-formar isto num estúdio.

– Nem mais. O tijolo exposto está sempre na moda – acrescentou Fiona.

– É velho. – Blake enrugou o nariz.Ri-me e dei-lhe uma palmada no ombro.– Mostra-me um edifício em Boston que não seja velho.O espaço ficava muito aquém dos renovados e modernos escritó-

rios do Landon Group, mas as minhas expectativas eram modestas

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e realistas. O estado actual deste espaço deixava muito a desejar, mas com algum trabalho manual e algumas melhorias era possível pô-lo a funcionar.

Parámos à frente das grandes janelas que davam para a rua. Senti--me percorrida por uma leve excitação. Ter uma morada própria para o negócio seria um grande passo em frente e faria que tudo o que conseguíramos obter até agora parecesse muito mais real.

Virei-me para avaliar a reacção de Fiona.– Acho que gosto. E tu, que pensas?Fiona embolsou os lábios e olhou em redor.– O preço é justo e os termos do contrato de arrendamento dão-te

opções de crescimento. Tendo tudo isso em conta, diria que é uma aposta segura. Consegues ver-te a trabalhar aqui?

– Consigo. – Sorri, tendo renovado a fé nas capacidades de Fiona em matéria de mediação imobiliária. Em todo o caso, necessitá-vamos de um espaço de trabalho confortável e em conta para os novos membros da Clozpin, a rede social dedicada à moda que eu desenvolvera no último ano.

– Deixa-me fazer uns telefonemas para ver se te consigo bai-xar o preço. O Blake tem razão, isto está um bocado sujo. E, se tencionas renovar o espaço, isso dá-nos algo com que negociar. – Fiona sacou do telefone e dirigiu-se para o átrio de entrada, dei xan do-nos a sós.

– Não me perguntaste o que penso. – Blake dirigiu-me um sor-riso retorcido.

– Porque já sei o que pensas.– Podia dar-te o dobro da área e nem terias de sair do edifício

para me visitar. E um preço de namorada, sem concorrência nesta zona da cidade.

A não solicitada assistência de Blake em todos os assuntos era uma causa perdida. Era controlador, compulsivo e persistente como um raio, mas, em última análise, sobretudo alguém que resolvia

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problemas. Quando as pessoas de quem gostava tinham problemas ou queriam alguma coisa, Blake corria em seu auxílio, não se pou-pando a despesas no processo.

– Aprecio a oferta. A sério. Mas não podes pôr um preço na independência, Blake. – Já tivéramos esta conversa e eu defendia a minha posição. Era preciso que Blake confiasse em mim e na minha capacidade de fazer as coisas acontecer. Esta confiança circulava nos dois sentidos.

– Tu podes ser independente. Pomos tudo isso por escrito.– Na minha experiência, pôr tudo isso por escrito apenas me

obriga a depender dos teus amplos recursos durante o mínimo tempo possível. – Blake já me tinha amarrada a um contrato de arrendamento com a duração de um ano no que dizia respeito ao meu apartamento, embora ainda não tivesse levantado nenhum dos cheques que lhe dera para pagar as rendas.

– Chama-lhe controlo de rendas. Podíamos fixar o preço de namorada para, digamos, um contrato de vinte anos, e negociar a partir daí. – Rodeou-me com os braços, apertando-me com firmeza contra o peito, os lábios a centímetros dos meus.

O coração batia-me com força. Isto ia para lá do nosso habitual despique de nos suplantarmos um ao outro. Estávamos apenas jun-tos há poucas semanas e ele já pensava no longo prazo? Os lábios abriram-se-me ao de leve enquanto lutava por respirar. As palavras e a proximidade de Blake faziam com que o meu mundo girasse, uma e outra vez. Nunca ninguém me afectara desta forma e estava a aprender aos poucos a desfrutar da montanha-russa.

– Boa tentativa – sussurrei.Blake resmungou e fechou a boca sobre a minha. Apossou-se

de mim com gentil urgência, provocando-me com leves contactos da língua.

– Tu dás comigo em maluco, Erica.– Oh? – respirei fundo, tentando não gemer ao expirar.

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– Sim, de todas as maneiras possíveis. Vamos sair daqui. A Fiona trata da papelada se tencionas mesmo arrendar esta espelunca.

Blake agarrou-me pelas ancas e ensanduichou-me entre o corpo duro como pedra e a parede atrás de mim. Não sabia porquê, mas adorava que me prendesse contra superfícies duras. Passei-lhe as mãos pelo cabelo e devolvi-lhe o beijo com um sentimento de impo-tência, esquecendo-me com facilidade de mim nos seus braços. Que horas eram? Onde tinha de estar a seguir? Percorri mentalmente todos os possíveis obstáculos a encontrar-me nua com Blake. A coxa dele encontrou espaço entre as minhas pernas, exercendo a quan-tidade perfeita de pressão para que o tecido das calças de ganga me tocasse através das cuecas.

– Oh, meu Deus.– Juro que se isto estivesse limpo te fodia aqui mesmo.Soltei uma risada.– Tu és mau.Os olhos de Blake escureceram.– Não fazes ideia.Ouviu-se um pigarrear. Fiona espreitava da porta com os olhos

muito abertos.Blake recuou de repente, deixando-me atordoada e por instantes

confusa. Pela primeira vez desde que o conhecia testemunhei que corava enquanto passava a mão pelo cabelo, aparentemente atrapa-lhado por ter sido apanhado pela irmã mais nova.

– Se já terminaram deixem-me dizer-vos que consegui baixar duzentos dólares ao preço. Podemos tomar uma decisão quanto a este espaço ou querem ver mais noutras zonas da cidade?

Endireitei-me e afastei-me de Blake para me juntar a Fiona, sabendo que quanto mais longe estivesse melhor conseguia pensar.

– A decisão está tomada. Vamos em frente.

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– É nova nestas bandas?A ruiva de seios fartos que fazia dois lattes crème brulée bem

quentes interrompeu-me os pensamentos enquanto via a corres-pondência electrónica com obsessiva compenetração.

– Mais ou menos. Vou arrendar um espaço comercial no segundo andar.

– Boa sorte. Eu já aqui estou há alguns anos. Abri este café com os meus pais, mas eles reformaram-se, e agora sou só eu e os empre-gados.

– Uau, parabéns. Não me tinha apercebido de que o café era seu.Já a vira diversas vezes ao passar nas redondezas enquanto pra-

ticava o melhor trajecto para o trabalho. É verdade, encontrava-me desejosa de estrear o escritório, e os aromas agradáveis que vinham do Mocha atraíam-me com regularidade.

– A maioria das pessoas não se apercebe. Ficam muito surpreen-didas quando pedem para falar com o gerente e ficam a olhar para mim.

Rimo-nos, e estendi-lhe a mão.– Eu sou a Erica.– Simone. Estes são oferta da casa.– Fantástico, obrigada.– De nada. – Simone rebolou de regresso ao balcão com curvas

que até eu invejei. Tinha uma presença voluptuosa e fazia um exce-lente latte, e portanto não era fácil esquecê-la. Os homens à minha volta seguiram-na com os olhares até Simone se encontrar a salvo, escondida atrás do balcão.

Liz empurrou a porta e deu com a minha mesa.– Uau, que belo bronzeado – pronunciei, admirando a capa-

cidade que Liz tinha de parecer um modelo de catálogo sem apa-rentar esforço algum. O cabelo louro perfeito parecia ainda mais claro que da última vez que nos encontráramos para beber café. O meu estava apanhado ao alto de forma caótica, e enfiara um par

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de velhas e adoradas calças de ganga bastante rasgadas e um top de alças desbotado, pronta para as limpezas no escritório antes da chegada da mobília.

– Obrigada! Barcelona estava fantástica. Tens de lá ir um dia. Os meus pais alugaram uma villa e passei o tempo quase todo na praia. Uma maravilha.

– Parece que sim.– Então, que tens andado a fazer? – Liz provou o latte.– Consegui financiamento para o negócio, tratei de arranjar escri-

tório e agora estou a renová-lo e a fazer contratações.– Ena, parabéns!– Obrigada.– Em que áreas estás a contratar?– Temos dois programadores novos, mas estou numa agonia para

encontrar um director de marketing. Ainda não descobri ninguém interessante, mas já não tenho muito tempo. Não posso acumular essas funções com o que já estou a fazer.

– Oh, meu Deus! Eu conheço a pessoa ideal. – Liz bateu palmas e depois começou a procurar algo na bolsa.

– Sim?– A minha amiga Risa. Ela tem trabalhado para uma empresa

de marketing durante o Verão. Fez o curso connosco e anda agora à procura de emprego. É doida por moda. Vais adorá-la.

Ergui as sobrancelhas. Eu não adorava propriamente moda. É verdade que dirigia uma rede social dedicada à moda, mas isso era um negócio. Alli era obcecada por moda, mas uma vez que a substituíra talvez valesse a pena falar com esta rapariga.

– Estou a tentar substituir a minha sócia que se mudou para Nova Iorque, e isso quer dizer que a tua amiga teria de estar disposta a assumir imensas responsabilidades em troca de um salário inicial baixo. Não é bem o emprego com o qual toda a gente sonha.

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Liz abanou a cabeça, sustentando a sua convicção.– Na verdade, acho que é perfeito para a Risa. Devias falar com

ela. Posso estar enganada quanto ao que ela procura, mas discutir o assunto não faz mal nenhum. Nunca se sabe.

Encolhi os ombros.– Está bem, mas não prometo nada, está bem?– Claro. Ela é minha amiga mas não somos muito próximas, e se

a coisa não resultar ninguém fica aborrecido.– Por mim, tudo bem.Aguardei que Liz me enviasse os dados do contacto para o tele-

fone, e deixei a mente enumerar tudo o que tinha de fazer antes de me instalar lá em cima no segundo andar.

– Estou muito satisfeita por nos termos reencontrado, Erica. – Liz exibiu um sorriso doce, trazendo-me de novo para o pre-sente.

– Eu também.– Pensei imenso no que disseste enquanto estive fora. – A expres-

são de Liz alterou-se, suavizando-lhe as feições. – Eu devia ter sido mais compreensiva com a situação. Não tinha nenhum termo de comparação, e é provável que não tenha reagido da melhor maneira. Lamento não te ter podido ajudar, mas quero tentar ser uma amiga melhor a partir de agora, se não for demasiado tarde. – A voz de Liz baixou enquanto falava comigo, embora as conversas dos restantes clientes ecoassem pelo café.

– Claro que não. Não te preocupes com isso.Fiz um gesto com a mão destinado a terminar com aquele pedido

de desculpas e com todas as emoções que ameaçava despertar. Uma das razões que fizera aumentar a distância entre nós fora a cons-tante recordação dos tempos difíceis na minha vida que havíamos partilhado. Queria de facto dar uma segunda oportunidade à nossa amizade, mas esperava que isso não significasse reviver o passado sempre que nos encontrássemos.

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– Tudo isso pertence ao passado, Liz. Eu segui em frente e não estou interessada em voltar atrás. Neste momento tenho milhões de outras coisas em que pensar.

– Certo. – Liz anuiu. – Não sei como consegues. Não sou capaz de me imaginar a dirigir um negócio. Nem saberia como co meçar.

– Vai-se aprendendo com o tempo, mas o mesmo se passa com qualquer outra actividade, julgo eu. Como vão as coisas no traba-lho? – Liz devia já ter assumido funções numa das maiores firmas de investimento da cidade.

– Excelentes, na verdade, tirando estar neste momento a passar um mau bocado com as folhas de cálculo. Mas estou a aprender imenso e a tentar progredir. Acho que gosto. E tem a vantagem de haver montes de tipos giros a trabalhar lá na firma. Um bónus muito importante.

Ri-me, lembrando-me de como Liz era louca por rapazes quando partilháramos o mesmo quarto do dormitório no nosso primeiro ano na universidade. De facto, o amor de Liz por rapazes e festas deve ter sido o que nos levou certa noite a um lugar menos reco-mendável. Abanei a cabeça, tentando não recordar aquela terrível noite com Mark.

Agora que conhecia a identidade do homem que me violara, encontrava-me ainda mais determinada em não deixar que a expe-riência me governasse a vida. Eu era mais forte do que a dor com que ele me deixara, e progredira o suficiente para deixar de lamentar a inocência que me roubara.

– Adorava ver o novo escritório um dia destes – disse Liz.– Claro, assim que tivermos tudo pronto, aparece. A propósito,

é melhor pôr-me a andar. O mobiliário é entregue amanhã, e tenho uma longa noite de limpezas à minha frente.

– Tudo bem. Foi bom ver-te.– A ti também. – Sorri e ofereci-lhe um breve abraço.

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Corri para o segundo andar. Não viera aqui desde que tomara a decisão de arrendar o espaço. Estava ansiosa por transformá-lo no meu espaço, mesmo que isso significasse sujar-me um pouco.

Parei junto à porta. Esta nada tinha a ver com a porta que vira há poucos dias. A madeira fora pintada de cinzento -acetinado e o vidro estava fosco, com a silhueta transparente do logótipo da nossa empresa no centro. Fiz rodar a chave na fechadura e accionei a brilhante maçaneta cromada para abrir a porta.

O soalho original encontrava-se agora envernizado e renovado. As molduras das janelas tinham sido pintadas de branco, assim como as paredes junto ao tecto. Fora instalada uma ventoinha de tecto e projectores que traziam o espaço para o século xxi.

Peguei no telefone e liguei para Fiona.– Olá, Erica.– Há alguma coisa que me queiras dizer?– O quê? Oh!– Pensei que já tínhamos ultrapassado isto. – Tentei manter um

tom cordial, mas quando ia ela aprender a deixar Blake de fora no que dizia respeito ao meu negócio?

– Erica, o Blake é o meu irmão mais velho. Que queres que faça? Ele queria ajudar. Sabes como é.

Sim, eu sabia como Blake era e como tornava impossível dizer--lhe que não, em particular quando estava concentrado numa coisa. Percorri a sala admirando a grande transformação que o espaço sofrera desde a última vez que o vira. Não conseguia imaginar que pudesse ter ficado melhor. A única coisa que podia fazer era decidir onde colocar o mobiliário. Blake fizera o resto. Bolas!

– Bem, está com um óptimo aspecto. Perfeito.– Eu sei. Fui dar uma espreitadela antes de te dar as chaves. Ele

fez um excelente trabalho. Precisamente o que eu tinha imaginado. – A preocupação de Fiona com a minha reacção desvanecera-se por completo e em seu lugar transparecia agora excitação.

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Suspirei e bati com o pé. Bolas, também me sentia excitada.– Muito bem, mas continuo zangada contigo – afirmei, num tom

nada convincente.– Pago-te um copo um dia destes e esqueces-te logo disso.– Vai ser preciso mais do que um para esquecer.Fiona riu-se.– Não vou argumentar contra isso. Bem, desfruta do teu novo

espaço. Parabéns.– Obrigada, falamos mais logo.Deixei cair a mala no chão, pesada como estava com produtos

de limpeza que não iam agora ser necessários. Sentei-me de pernas cruzadas no meio da sala, observando com atenção. Todos os peque-nos passos que déramos nas últimas semanas no que dizia respeito ao negócio tinham parecido avassaladores, e Blake conseguia levar sempre as coisas mais longe.

Nesse preciso momento, a porta abriu-se e Blake entrou na divi-são. Trazia uma garrafa de champanhe nas mãos, assim como uma manta e um saco de papel castanho. Um sorriso convencido cur-vou-lhe os lábios.

– Como está a minha patroa preferida?– Não me posso queixar – respondi num tom neutro, observando

a sua impressionante constituição a dominar-me lá do alto.Blake desdobrou a manta, sentou-se e indicou-me o lugar a seu

lado para que me instalasse.– O que é isto?– Estive a pensar que podíamos fazer um piquenique no escri-

tório para comemorar.Blake exibiu um leve sorriso e retirou a rolha da garrafa de cham-

panhe, vertendo em seguida o líquido para dois copos que tirou do saco.

Os nossos olhares cruzaram-se. Blake avaliava-me a disposição.– Estás zangada?

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– Talvez – menti.Era uma sorte que Blake tivesse feito um tão excelente trabalho,

pois isso permitira-me perdoar-lhe a ele e à sua cúmplice.As sobrancelhas ergueram-se-lhe como se estivesse a aguardar a

minha reacção. Fiquei um pouco perdida naqueles olhos. As belas íris cor de avelã sob as pestanas espessas e compridas eram o cen-tro das atenções numa face que me fazia perder a respiração com alarmante regularidade. As linhas abruptas do maxilar. A pele levemente bronzeada e os deliciosos lábios cheios que me faziam recordar as coisas terríveis e maravilhosas que me podiam fazer. Podia fitá-lo ao longo de horas e nunca me cansar da maneira como me fazia sentir. Possuída e obcecada. Nunca me sentira tão desejada ou tão arrebatada por outro ser humano. Blake era o produto acabado, um homem de enlouquecer, e eu adorava cada centímetro dele.

Suspirei, com esperança de não parecer tão apaixonada como me sentia.

– Estou a aceitar a tua loucura.– Linda menina. – Blake relaxou de forma visível e exibiu-me

um sorriso.Desejosa de estar junto a ele, aceitei o convite inicial e sentei-

-me a seu lado na manta. Peguei no copo de champanhe e bebe-riquei.

– Gostaste?– Adorei. – Apesar das dúvidas acerca da localização, Blake pare-

cia afinal ter algumas ideias quanto ao espaço.– Tinha esperanças de que gostasses.– Por que mudaste de ideias?Blake franziu o sobrolho.– Que queres dizer?– Não fizeste questão de ocultar que detestavas o sítio quando

viemos vê-lo.

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– É óbvio que te queria mais perto. Mas isto é o que tu queres. Estás a aceitar a minha «loucura», como lhe chamas, e eu estou a aceitar a tua obstinação.

Fitei-o por instantes. Não podia argumentar contra a descrição que fizera de mim.

– Há quem chame a isso progresso.Sorriu de uma forma que me fez crer que nunca ninguém chegara

tão longe com ele. Não discutíramos a questão, mas Blake não se me afigurava o género de pessoa que assumia compromissos com muita frequência. Para ser franca, nenhum de nós o era, mas estávamos a aprender a fazê-lo. Remodelar o escritório fora um exagero, mas aceitar a minha decisão era um passo na direcção certa.

Bebi um pouco do champanhe gelado. O silêncio instalou-se na sala.

– Tens de me deixar debater um pouco, sabes?Blake ergueu as sobrancelhas.– Estás a ouvir-te?– Estou, sim. E sei que não posso crescer se te tiver sempre a inter-

vir antes de enfrentar um desafio ou cometer um erro. E quero ter essas oportunidades, caso contrário fico limitada a prosseguir neste mundo de fantasia onde tu fazes desaparecer todos os meus proble-mas e nunca saberei como é de facto gerir um negócio.

Blake expirou de forma audível.– Muito bem. Até que ponto me queres envolvido?– Que tal deixares-me pedir-te ajuda quando dela precisar?Blake abanou a cabeça.– Nunca farás tal coisa.Revirei os olhos, mas em parte Blake tinha razão. Eu era teimosa

como um raio e raramente pedia ajuda.– Olha. – Blake pegou-me no queixo, virando-o na sua direcção.

– Sinto-me orgulhoso de ti.– Porquê? Por te ter sacado quatro milhões de dólares?

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Blake riu-se.– Se isso fazia parte do teu grande plano, então sim, sinto-me

muito orgulhoso de ti, já que nunca me apercebi de tal coisa.Sorri ao de leve, apesar de tudo. Teria feito quase tudo para evitar

usar o dinheiro dele, e Blake sabia-o.– Agora a sério, este foi um grande passo em frente. Quero que

te lembres de desfrutar do momento.E foi isso que fiz. Estar com Blake fazia que todos os momentos

parecessem mais agradáveis. Muito mais agradáveis. Blake dava a todas as coisas uma espécie de magia que fazia que me interrogasse sobre como conseguira eu sobreviver à entediante existência a que chamara vida antes de ele aparecer e virar tudo de pernas para o ar.

– Eu lembro-me, graças a ti. – Inclinei-me e beijei-o.Blake afagou-me a face com a palma da mão e percorreu-me os

lábios com a língua, fazendo-os entreabrirem-se, e mergulhando-a na minha boca com suaves estocadas.

– Não me vais perguntar o que está no saco?Recuei um pouco, sem fôlego e atordoada com o sabor e cheiro

de Blake. Limpo, duro e masculino, Blake e o seu modo de ser único. Blake virou-se e começou a esvaziar o saco castanho. Uma emba-lagem de morangos, chantilly e um pequeno frasco de molho de chocolate de alta qualidade.

– Que género de piquenique tinhas em mente?Blake ergueu o frasco de vidro.– Eles usam este fantástico molho de chocolate nos lattes e con-

fecções que fazem lá em baixo. Suponho que não está à venda mas quando lhes expliquei, com toda a educação, que serviria para o lam-ber do teu corpo nu para baptizar o escritório novo, acabaram por ceder.

Soltei uma risada e tentei imaginar aquela improvável conversa entre Blake e Simone. Blake rodou a tampa e deu-me a provar

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o chocolate. Mergulhei um dedo no frasco e depois enfiei-o na boca. O chocolate cobriu-me a língua com um sabor decadente e divino, e a experiência apenas ganhou um realce suplementar graças à certeza de que Blake em breve poria em prática os seus planos.

– Pensei que eras contra sexo no escritório – disse eu.– Este escritório é o teu. As regras são outras.– E vejo que já as estás a estabelecer. – Voltei a mergulhar o dedo

no chocolate, mas antes que o conseguisse levar à boca, Blake puxou--o com rapidez para a sua e lambeu-me o dedo de forma sugestiva.

– Tira a blusa e deita-te.Sorri e pus-me lentamente de joelhos, puxando o top por cima

da cabeça.– Hoje estás mandão.Blake retirou do saco uma máscara de seda negra e tapou-me

os olhos.– Não é defeito, é feitio, querida. Eu sou assim. É melhor que te

lembres disso.Sentia-lhe o calor da respiração na clavícula. Sustive a minha com

a expectativa de lhe sentir a boca mas fiquei surpreendida por sentir ao invés a mão de Blake a subir-me pelas costas. Os dedos habilidosos abriram-me o sutiã e ouvi a peça de roupa interior aterrar algures na sala. De seios expostos e a sentir a frescura da divisão, encontrava-me bastante consciente da minha presente vulnerabilidade.

– Deita-te e não me obrigues a dizer-to de novo.Voltei a respirar, de repente enfraquecida com o tom de comando

e brusquidão na voz de Blake. Argumentar contra aquele simples mas imperioso pedido era um pensamento distante, rapidamente sobrepujado pelo desejo de o sentir tomar o controlo do meu corpo durante o tempo que achasse conveniente.

Obedeci e deitei-me de costas, pousando as palmas das mãos no tecido rugoso da manta, fresca de encontro ao calor que sentia

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despontar-me por baixo da pele. Blake desabotoou-me as cal-ças e puxou-as para baixo, detendo-se antes de me expor a zona púbica.

Depositou-me quentes beijos de boca aberta ao longo da barriga que me fizeram perder o fôlego e ansiar por mais. Arqueei-me para melhor lhe sentir o toque enquanto Blake me acariciava as ancas com os polegares.

– Adoro esta parte de ti – murmurou-me. – Uma de muitas. O teu corpo… Erica, tu és tão sexy.

– Toca-me.– É o que tenciono fazer, mas não me quero precipitar. Pára de

te queixar.– Estás a torturar-me – resmunguei.Riu-se baixinho.– Ainda nem chegámos aí.Depois afastou-se, criando uma desconfortável distância entre

nós. A sala voltou a arrefecer. Onde estava e o que fazia? Estremeci com a primeira gota de líquido a deslizar-me pelo umbigo. Blake fez--me cair mais gotas sobre o peito, em redor dos mamilos, fazendo-os ficar erectos com a sensação.

– Gostas de morangos?Sorri com a sugestão.– Sim.– Óptimo. Vou dar-te um a provar.O fresco aroma a morangos misturou-se com o do chocolate

quando Blake me depositou a peça de fruta sobre o lábio inferior. Abri a boca, mas Blake conservou o morango fora do meu alcance. Arqueei-me para o apanhar até que acabei por lhe cravar os dentes. Mastiguei e engoli, saboreando a fruta e a nova experiência de com-binar a obsessão por Blake e o gosto por comida. Era uma sensação estranha, mas neste caso não podia argumentar que o que é de mais não presta.

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Blake depositou-me um inesperado beijo na garganta, mordis-cando-me a carne. Desceu por entre os seios. A língua abrandou e descreveu um círculo em redor de cada um deles. Chupou e lam-beu com lentas e aveludadas carícias distribuídas por todo o tronco, dedicando-se a todas as áreas de pele, por remotas que fossem. Perdi o fôlego com a sensação daquela língua provocando-me e levando o seu tempo a lamber-me a pele com chocolate. Quando terminou, enfiou-me a mão por dentro das calças e tocou-me o sexo através das agora encharcadas cuecas.

– Agora vou foder-te, Erica. Queres?Senti-lo respirar sobre a pele molhada do mamilo arrepiou-me

e sentia-me eléctrica em virtude de todas aquelas provocações.Gemi uma resposta afirmativa em voz alta, com as mãos quase

dormentes de agarrar a manta para me conter. Quase a explodir, larguei a manta e encontrei-lhe o cabelo, agarrando as madeixas sedosas que me deslizavam por entre os dedos enquanto lhe pres-sionava a boca contra o seio. Blake mordiscou-me ao de leve e gritei.

Em seguida, pegou-me nos pulsos e colocou-mos acima da cabeça.

– Está quieta.Voltei a ouvir ranger o saco e depois senti os pulsos serem amar-

rados com um tecido sedoso, o nó bem apertado, deixando-me sem dúvidas quanto às possibilidades de me libertar.

Blake despiu-me as calças e ouvi-lhe as roupas tombarem no chão a meus pés antes de lhe sentir o corpo cobrir o meu.

Torci os pulsos, um esforço inútil já que não tinha maneira de me libertar sozinha. Enquanto o tentava, o coração começou a bater-me com rapidez, instalando-se-me o pânico. Blake já fizera isto noutras ocasiões, deixando-me impotente, impossibilitada de lhe tocar ou mover-me. Mas desta vez encontrava-me imobilizada e não o via. Impotente e às escuras. Senti um medo frio, substituindo Blake com um pesadelo, uma negra memória.

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– Blake. – A voz soava-me insegura, transparecendo o descon-forto que crescia em mim. Não estava certa de conseguir levar isto até ao fim.

Ele conservava a mão sobre o meu coração e o peito subia-me e descia-me com rapidez, incapaz como me encontrava de controlar a respiração.

– Chhh, querida. Está tudo bem – murmurou.Em seguida cobriu-me o corpo com o seu, transmitindo-me

calor, apossando-se da minha boca com a sua, carinhoso e cheio de amor, silenciando-me os medos. Beijou-me o queixo e dirigiu-se à pele sensível do pescoço, logo abaixo da orelha.

– Sentes-me? Sou eu, querida. Para sempre.Com aquelas palavras, senti o corpo relaxar debaixo do dele.

Abri os punhos que fechara e concentrei-me no toque de Blake, um toque ímpar. Nunca alguém me tocara como ele o fazia, como se me conhecesse o corpo melhor do que eu mesma.

O pânico recuou devagar, desvanecendo-se à medida que Blake se apresentava de novo ao meu corpo, e a sua voz trouxe-me de volta ao presente, o nosso presente.

– Tenho andado o dia todo cheio de tusa a pensar em ti desta maneira. Fazes ideia de como é complicado trabalhar neste estado? A pensar no teu lindo corpinho a estremecer debaixo de mim, pronto para me receber?

Centímetro a centímetro, a pele voltou-me à vida, intensifi-cando-se a sensação à medida que as mãos e boca de Blake se apos-savam de mim. Toques impulsivos e beijos quentes e molhados. A voz a dirigir-me durante o processo. As ancas acompanhavam o movimento dos seus dedos massajando-me, deslizando pela carne húmida e entrando em mim, uma promessa do que estava para vir.

A minha concentração variava em função do ponto de con-tacto. Estava ofegante, interrogando-me sem grande convicção sobre

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quanto tempo aguentaria ainda neste estado. Meu Deus, o homem adorava torturar-me.

– Estás bem? – Blake acariciou-me os pulsos e a pele sensível do interior dos braços.

Sustive por instantes o desejo para considerar a pergunta. O pânico ficara já bem para trás. Não conseguia pensar noutra coisa que não fosse a doce inevitabilidade de o ter dentro de mim.

– Mais que bem. Não pares.Afastou-me as pernas. Encontrou-me a abertura e empurrou,

com lentidão suficiente para me deixar quase louca. Sustive a respira-ção até o sentir bem fundo, alargando-me por completo. Tomou-me os lábios num beijo intenso e respirei na boca de Blake enquanto o sentia movimentar as ancas contra mim lenta e carinhosamente, fazendo-me recordar as diversas formas como me possuía a fundo. Gemi, e senti um fogo percorrer-me as veias, aquecendo-me os membros enquanto me colava ao seu corpo como podia. Cruzei os tornozelos por detrás das coxas de Blake, instando-o a penetrar-me, quase não conseguindo suportar a necessidade de o ter a mover-se contra mim.

Blake rodeou-me a cintura com o braço e abriu a mão no fundo das minhas costas, protegendo-me do chão duro enquanto me pene-trava com mais força. Mal conseguia respirar, inundada de alívio e êxtase.

Blake continuou a mover-se contra mim, encontrando um ritmo constante. Entre beijos, murmurou-me ao ouvido:

– Amo-te, querida. Estar dentro de ti… desta maneira. A con-trolar o teu prazer. Eu preciso disto.

Sussurrou-me as coisas que me queria fazer, como se sentia quando estava dentro de mim, para que eu nunca esquecesse quem me amava desta maneira.

– Blake, oh, meu Deus… – Ouvia apenas o som da sua voz e o membro a entrar em mim. Nenhuma distracção, apenas o corpo

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de Blake a possuir o meu com ferocidade. Os lábios tremiam-me à medida que a tensão crescia.

– E agora quero que te venhas à bruta a gritar alto para me apre-sentares aos vizinhos.

Blake prendeu-me as mãos com uma das suas, segurando--mas acima da cabeça enquanto a outra mão me encontrou a anca. Em seguida, erguendo-me do chão alguns centímetros, penetrou--me com força de modo a que o membro atingisse o ponto dentro de mim que me fazia ver estrelas.

Pronunciei-lhe o nome num grito rouco. Explodiram-me cores por detrás dos olhos enquanto o corpo se convulsionava em redor do de Blake, estremecendo até ao mais íntimo do meu ser.

– Meu Deus, Erica… foda-se, isso mesmo.Os dedos dos pés encaracolaram-se-me à medida que me desfe-

ria as estocadas que nos levariam a ambos para lá do limite. Blake agarrou-me as ancas com força e enterrou-se em mim uma última vez com um gemido alto.

Tombou sobre mim, com o corpo escorregadio e febril. Voltei a retorcer as mãos, querendo tocar-lhe e acariciá-lo durante o tempo que lhe durasse o orgasmo. Desatou febrilmente os nós, libertando--me. Pisquei os olhos contra a luz que entrava na sala quando me retirou também a máscara.

Tinha a face relaxada, mas os olhos tinham-lhe escurecido e tor-nado sérios. Acariciou-me a face com reverência, afastando pequenas madeixas de cabelo à medida que recuperávamos o fôlego.

– Não vi os teus olhos. Para a próxima quero vê-los enquanto faço amor contigo, até ao fim. Quero que vejas o efeito que tens sobre mim.

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