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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO UNIRIO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CCH ESCOLA DE BIBLIOTECONOMIA EB DEPARTAMENTO DE ESTUDOS E PROCESSOS BIBLIOTECONOMICOS DEPB LUISI MARIA COSTA DE OLIVEIRA A SAÚDE DO BIBLIOTECÁRIO: EM BUSCA DE MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO RIO DE JANEIRO 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – CCH

ESCOLA DE BIBLIOTECONOMIA – EB

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS E PROCESSOS BIBLIOTECONOMICOS – DEPB

LUISI MARIA COSTA DE OLIVEIRA

A SAÚDE DO BIBLIOTECÁRIO:

EM BUSCA DE MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO

RIO DE JANEIRO

2018

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LUISI MARIA COSTA DE OLIVEIRA

A SAÚDE DO BIBLIOTECÁRIO:

EM BUSCA DE MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Escola de Biblioteconomia da Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro, como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel

em Biblioteconomia.

Orientadora: Profª. Drª. Lidiane Carvalho

RIO DE JANEIRO

2018

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O52s Oliveira, Luisi Maria Costa de, 1996-

A saúde do bibliotecário : em busca de melhores condições

de trabalho / Luisi Maria Costa de Oliveira. – 2018.

133 p. : il. color. ; 30 cm.

Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em

Biblioteconomia)– Escola de Biblioteconomia, Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

Orientadora: Lidiane dos Santos Carvalho.

1. Bibliotecário – Saúde ocupacional. 2. Doenças

profissionais – Legislação – Brasil. 3. Bibliotecas

universitárias – Riscos ocupacionais. I. Carvalho, Lidiane dos

Santos. II. Título

CDD: 613.62

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LUISI MARIA COSTA DE OLIVEIRA

A SAÚDE DO BIBLIOTECÁRIO:

EM BUSCA DE MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Escola de Biblioteconomia da Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro, como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel

em Biblioteconomia.

Aprovado em _____ de _________ de ______

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Profª. Drª. Lidiane Carvalho (orientadora)

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

___________________________________________________

Prof. Dr. Eduardo da Silva Alentejo

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

___________________________________________________

Profª. Ma. Dayanne da Silva Prudêncio

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

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“Se há apenas um conselho que posso lhe dar, é isso: quando

há algo que você realmente quer, lute por isso, não desista, não

importa o quanto pareça impossível. E quando você perder a

esperança, pergunte a si mesmo se daqui a dez anos você iria

querer ter tido outra chance. Porque as melhores coisas da

vida, elas não vêm de graça”.

(Meredith Gray)

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Dedico este trabalho e todas as minhas futuras

realizações às mulheres da vida: a minha mãe

amada e minha querida avó in memoriam. Jamais

te esquecerei, tu és toda minha vida, és tudo que

sonhei, minha querida.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, pela incontestável força nos momentos de maior

dificuldade, pela luz e sabedoria para realização deste trabalho. Sem Teu amor e zelo, eu nada

seria.

A toda minha família, em especial à minha querida mãe por todo apoio, compreensão

e credibilidade em mim. Você é a razão de tudo que já conquistei e ainda vou conquistar.

Ao meu amor, Matheus Fernandes, por todo carinho, apoio e cumplicidade durante

esses meses de conclusão de curso. Meu presente de Deus.

A Mariana Dias pela amizade e cumplicidade nessa trajetória. Obrigada por todos os

momentos.

A Brenda Souza pelo incentivo nos momentos difíceis. Obrigada pelos 7 anos de

cumplicidade.

Aos amigos queridos que encontrei ao longo desses anos de formação, em especial a

Andréia Alvarenga, Vinícius Soares, Sarah Campos, Amanda Sá, Leticia Souza, Raquel

Teixeira e Daniele Martins. Mesmo não fazendo todas as disciplinas juntos, foi um prazer

dividir esse caminho com vocês.

Aos bibliotecários participantes, inclusive minha irmã, que foram tão atenciosos e

solícitos para a construção deste trabalho.

Aos profissionais que tive o prazer de trabalhar ao lado e muito contribuíram para

minha formação profissional e pessoal, em especial a Ana Rosa Paixão, Ricardo Saraiva e

Simone Rosa.

À minha orientadora Lidiane Carvalho pelo apoio e incentivo na elaboração deste

trabalho. Aqui está o nosso resultado!

Aos professores, Dayanne Prudencio e Eduardo Alentejo por aceitarem meu convite

na composição da banca examinadora. Fico muito honrada com a participação e

contribuições.

A todos os professores da Escola de Biblioteconomia pelos ensinamentos e

capacitação para o exercício da atividade biblioteconômica, em especial à professora Dayanne

Prudencio e Patrícia Vargas que me possibilitaram vivenciar as nuances da vida acadêmica.

Muito obrigada a todos vocês!

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RESUMO

Trata sobre a saúde ocupacional do bibliotecário. Objetiva reunir indicadores para contribuir

no reconhecimento da biblioteca como um ambiente que pode expor o bibliotecário a riscos à

sua saúde. Estuda os riscos e as doenças ocupacionais que o profissional está acometido

durante sua jornada de trabalho. Apresenta os aspectos legais relacionados à insalubridade

presentes na legislação brasileira. Para alcançar o objetivo delimitado foi realizada uma

pesquisa de campo com os bibliotecários atuantes nas bibliotecas universitárias federais no

município do Rio de Janeiro. Identifica a percepção e o impacto de um ambiente de trabalho

insalubre na saúde desses profissionais. Evidencia a necessidade de maiores engajamentos na

formulação de políticas de prevenção e promoção da saúde para a classe bibliotecária. Propõe

melhorias e boas práticas preventivas em bibliotecas a fito de atingir o mais alto nível de

satisfação da relação do bibliotecário com seu ambiente de trabalho. Revela a importância de

aprovação do Projeto de Lei n° 1.511/2015 que prevê a atribuição do adicional de

insalubridade aos profissionais da informação expostos a riscos ocupacionais.

Palavras-chave: Bibliotecário – Saúde ocupacional. Doenças profissionais – Legislação –

Brasil. Bibliotecas universitárias – Riscos ocupacionais.

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ABSTRACT

It treats with the occupational health of the librarian. It aims to gather indicators to contribute

to the recognition of the library as an environment that can expose the librarian to risks to

their health. It studies the risks and the occupational diseases that the professional is affected

during his work day. It presents the legal aspects related to the insalubrity present in the

Brazilian legislation. In order to reach the defined objective, a field research was carried out

with the librarians working in the federal university libraries in the city of Rio de Janeiro. It

identifies the perception and impact of an unhealthy working environment on the health of

these professionals. It evidences the need for greater engagement in the formulation of

prevention and health promotion policies for the librarian class. It proposes improvements and

good preventive practices in libraries in order to achieve the highest level of satisfaction of the

relationship between a professional librarian and their work environment. It reveals the

importance of approving Bill n° 1.511/2015 which provides for the attribution of additional

health insurance to information professionals exposed to occupational hazards.

Keywords: Librarian – Occupational health. Occupational diseases – Legislation – Brazil.

University Libraries – Occupational Risks.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUADRO 1 – Especificação da iluminância, limite de ofuscamento e

qualidade da cor em bibliotecas............................................... 38

QUADRO 2 – Percepção de grau de insalubridade......................................... 45

QUADRO 3 – Classificação dos riscos ocupacionais quanto à natureza........ 63-64

QUADRO 4 – Limites de Temperatura, Umidade e Circulação de Ar........... 66-67

QUADRO 5 – Os contaminantes químicos e seus efeitos............................... 69

QUADRO 6 – Doenças relacionadas ao trabalho acometidas aos

bibliotecários............................................................................ 83-85

QUADRO 7 – Atividades realizadas em bibliotecas universitárias................ 96

FIGURA 1 – Higienização com a Mesa de Sucção....................................... 74

GRÁFICO 1 – Situações insalubres em bibliotecas......................................... 98

GRÁFICO 2 – Periodicidade na higienização de acervos................................ 98

GRÁFICO 3 – Periodicidade da limpeza do ar condicionado......................... 99

GRÁFICO 4 – Nível de satisfação com os aspectos ambientais...................... 100

GRÁFICO 5 – Realização de determinadas tarefas em posição incômoda..... 100

GRÁFICO 6 – Presença de sinalizadores de segurança (Mapa de risco,

combate de incêndios).............................................................. 102

GRÁFICO 7 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI) utilizados em

bibliotecas................................................................................ 103

GRÁFICO 8 – Quantitativo de casos de Doenças relacionadas à síndrome

LER.......................................................................................... 106

GRÁFICO 9 – Quantitativo de casos de doenças respiratórias........................ 106

GRÁFICO 10 – Quantitativo de casos de doenças de pele................................ 107

GRÁFICO 11 – Média geral das sintomatologias oriundas de atividades de

higienização e preservação do acervo...................................... 107

GRÁFICO 12 – Média geral de sintomatologias oriundas de atividades de

processo técnico....................................................................... 108

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Quantitativo de bibliotecários...................................................... 91

TABELA 2 – E-mails institucionais recuperados............................................... 92

TABELA 3 – Nível de satisfação quanto ao mobiliário..................................... 101

TABELA 4 – Quantitativo de afastamentos por doenças ocupacionais............ 105

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BU Biblioteca Universitária

BRAPCI Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência

da Informação

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CAT Comunicação de Acidente de Trabalho

CBO Classificação Brasileira de Ocupações

CBBD Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação

CFB Conselho Federal de Biblioteconomia

CID Classificação Internacional de Doenças

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CRB Conselhos regionais de Biblioteconomia

CRFB Constituição da República Federativa do Brasil

CSS Central do Centro de Ciências da Saúde

DORT Distúrbios Osteoarticulares Relacionados ao Trabalho

DPOC Doenças pulmonares obstrutivas crônicas

EPC Equipamento de Proteção Coletiva

EPI Equipamento de Proteção Individual

FEBAB Federação Brasileira Associações Bibliotecários

FIOCRUZ Fundação Oswald Cruz

FUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do

Trabalho

GL Ginástica Laboral

GO Goiás

IBUTG Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo

IES Instituições de Educação Superior

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

LER Lesões por Esforços Repetitivos

MEC Ministério da Educação

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NBR Norma Brasileira aprovada pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas

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NR Normas Regulamentadoras

ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series

OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS Organização Mundial da Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

PCMSO Programa de Controle Médio de Saúde Ocupacional

PL Projeto de Lei

PPGAS Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

REDALYC Revistas Cientificas de America Latina y el Caribe, España y

Portugal

RBBD Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação

RJU Regime Jurídico Único

SAT Seguro Acidente de Trabalho

SED Síndrome do Edifício Doente

SC Santa Catarina

SiBI Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ

SINBIESP Sindicato dos Bibliotecários no Estado de São Paulo

SINDIB-RJ Sindicato dos Bibliotecários no Estado do Rio de Janeiro

SESMT Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em

Medicina do Trabalho

SUS Sistema Único de Saúde

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação

TST Tribunal Superior do Trabalho

UFF Universidade Federal Fluminense

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura

UNIBIBLI Sistema de Bibliotecas da UNIRIO

UNIRIO Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 15

1.1 OBJETIVOS.................................................................................................... 19

1.1.1 Objetivo geral.................................................................................................. 19

1.1.2 Objetivos específicos....................................................................................... 19

1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................ 21

2.1 A RELAÇÃO TRABALHO E SAÚDE.......................................................... 21

2.2 OS SENTIDOS E AS ALTERAÇÕES PELO TRABALHO NO SERVIÇO

PÚBLICO........................................................................................................ 27

2.3 AMPARO LEGAL.......................................................................................... 30

2.3.1 As Normas Regulamentadoras de maior interesse no trabalho

biblioteconômico e suas recomendações......................................................... 33

2.3.2 Órgãos da classe.............................................................................................. 39

2.3.3 Adicional de insalubridade e o Projeto de Lei n° 1.511/2015......................... 42

3 O BIBLIOTECÁRIO E SEU AMBIENTE DE TRABALHO.................. 49

3.1 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA.............................................................. 54

3.2 PRINCIPAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM BIBLIOTECAS

UNIVERSITÁRIAS........................................................................................ 57

3.3 RISCOS OCUPACIONAIS EM BIBLIOTECAS.......................................... 60

3.3.1 Agentes físicos................................................................................................. 65

3.3.2 Agentes químicos............................................................................................ 68

3.3.3 Agentes biológicos.......................................................................................... 72

3.3.4 Agentes ergonômicos...................................................................................... 74

3.3.5 Agentes mecânicos ou de acidentes................................................................ 77

3.4 ALGUMAS DOENÇAS ACOMETIDAS AOS BIBLIOTECÁRIOS......... 79

4 METODOLOGIA.......................................................................................... 87

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA.......................................................... 87

4.2 UNIVERSO DA PESQUISA.......................................................................... 88

4.2.1 Sistema de bibliotecas da UNIRIO.................................................................. 89

4.2.2 Sistema de bibliotecas da UFRJ...................................................................... 90

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4.3 DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS PARA COLETA E ANÁLISE DE

DADOS........................................................................................................... 91

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS......................................... 95

5.1 DOS ASPECTOS GERAIS............................................................................. 95

5.2 DOS ASPECTOS AMBIENTAIS.................................................................. 97

5.3 DOS ASPECTOS ERGONÔMICOS E MECÂNICOS.................................. 100

5.4 DAS NORMAS, REGULAMENTOS, POLÍTICAS EM SAÚDE E

SEGURANÇA................................................................................................. 102

5.5 DAS DOENÇAS E AFASTAMENTOS......................................................... 104

5.6 DA PERCEPÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO FRENTE ÀS PENOSIDADES

VIVENCIADAS.............................................................................................. 108

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 113

REFERÊNCIAS............................................................................................ 116

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos bibliotecários........................ 127

APÊNDICE B – E-mail para apresentação da pesquisa aos

bibliotecários.................................................................................................. 133

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1 INTRODUÇÃO

A promoção do trabalho decente, a proteção dos direitos trabalhistas e promoção de

ambientes de trabalho seguros e protegidos para todos os trabalhadores fazem parte dos

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, especificamente o de

número 8 – Trabalho decente1 e crescimento econômico, elaborada pela Organização das

Nações Unidas (ONU). Ao identificar a saúde e integridade do trabalhador como um direito

trabalhista segurado pela legislação, o presente estudo coloca em pauta a saúde dos

bibliotecários atuantes nas bibliotecas universitárias federais no município do Rio de Janeiro.

É importante perceber e problematizar que ao longo dos anos, a biblioteca vem

sofrendo alterações pelas novas formas de gerenciamento e processos organizacionais. Com o

avanço e expansão do ensino superior no Brasil, ocorreu consequentemente o aumento das

bibliotecas universitárias. Este aumento requer estudos que possam dimensionar e atentar para

as necessidades internas dessas bibliotecas, sobretudo a discussão a respeito da saúde dos

profissionais inseridos nesses espaços, propondo diretrizes para minimizar ou mitigar chances

de contaminação, adoecimento e afastamento.

De forma generalizada, qualquer atividade ou ocupação desenvolvida no ambiente de

trabalho pode oferecer riscos à saúde do trabalhador. Os riscos ocupacionais são classificados

de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego como risco físico, químico, biológico,

ergonômico e mecânico (BRASIL, 1994). Esses riscos, em baixo ou alto nível de

concentração e exposição, podem desencadear efeitos adversos à saúde e integridade física

dos profissionais, provocando distúrbios, sofrimento e doenças ocupacionais.

No ambiente da biblioteca, conforme as tarefas e atividades da competência do

bibliotecário e para o técnico em Biblioteconomia elencadas pela Classificação Brasileira de

Ocupações (2002) é possível identificar algumas atividades que podem interferir na saúde

desses profissionais: a atividade de tratamento de recursos informacionais que demandam

concentração pode resultar em monotonia e repetitividade; o contato direto com agentes

biológicos decorrentes de atividades como inventariação e higienização do acervo pode

provocar o surgimento de doenças do trato respiratório, cutâneo ou ocular.

1De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (1999) trabalho decente é o conceito central

para o ODS 8 e se refere a condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das

desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. O

conceito sintetiza a missão da OIT que é a promoção de oportunidades para que todos e todas

obtenham um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e

dignidade humanas.

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O contato com agentes biológicos é um exemplo das situações de riscos mais

evidentes e nocivas à saúde do bibliotecário, pois a exposição a esses agentes agressores está

no próprio contato com acervo da unidade. A preocupação incide sobre o acervo no sentido de

proteger e preservar esses materiais para garantir a guarda e acesso às produções de diferentes

áreas do conhecimento. Para tanto, bibliotecários, auxiliares de biblioteca, estagiários e outros

funcionários dessa instituição mantêm esforços para garantir o melhor atendimento e oferecer

o material de melhor qualidade para seus consulentes.

Neste sentido, durante o processo de preservação, conservação e restauração dos

materiais, os profissionais ficam expostos aos agentes agressores. Isso visto que vários são os

agentes de deterioração que livros, mapas, fotografias, periódicos, manuscritos, entre outros

materiais estão expostos, enquadrando-se aos riscos ambientais. Esses agentes são inimigos

do acervo e podem ser classificados nos grupos de risco físico, químico e biológico. Tais

agentes, quando superados os limites de tolerância à exposição, podem produzir danos à saúde

desses profissionais.

Além do surgimento das doenças desencadeadas pela exposição aos riscos ambientais,

diferentes pesquisas, por exemplo, Ajayi e Akindojutimi (2005); Barría González (2012);

Costa (2005) apontam para o surgimento de problemas de saúde nos bibliotecários

decorrentes de outros fatores. Em um estudo realizado com cerca de duzentos e cinco

bibliotecários participantes da Conferência Geral Anual da Biblioteca da Nigéria em 2004, foi

identificado que a maioria dos bibliotecários estudados usa óculos por causa da fadiga ocular.

Verificou-se que o uso de óculos melhora a produtividade e eficiência dos bibliotecários

(AJAYI; AKINDOJUTIMI, 2005, tradução nossa).

Outra pesquisa realizada por Barría González (2012), com bibliotecários chilenos,

demonstra que esses profissionais estão acometidos ao estresse relacionado ao trabalho devido

à tensão emocional que apresentam diariamente. O estudo mostra que as doze doenças típicas

de estresse em bibliotecários são: cansaço visual; dor de cabeça e enxaquecas; dores

musculares (pescoço, costas); tendinite; falta de concentração, lumbago (dor na lombar);

insônia; herpes; síndrome do cólon irritável; úlceras; refluxo; bruxismo; alergias (rinite) e

falta de apetite.

No Brasil, o trabalho de Costa (2005) investigou os bibliotecários da rede de

bibliotecas públicas municipais do Rio de Janeiro, verificando que são reconhecidos os riscos

de contaminação por parte dos profissionais, entretanto, faltam informações a respeito de qual

tipo de contaminação, e também conscientização das empresas contratantes e maiores

engajamentos dos órgãos da classe para a fiscalização em bibliotecas.

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Em “Health and Safety Guide for Libraries” (2016) é apresentado métodos de

reconhecimento, avaliação e controle de riscos em bibliotecas. O guia apresenta que o

trabalho em biblioteca possui diferentes riscos à saúde e segurança dos profissionais, como:

estresse, risco de escorregões, tropeções e quedas, lesão nas costas, preocupações de

segurança, estações de trabalho inadequadas, inadequação da iluminação, poeira, mofo e má

qualidade do ar interior (CANADIAN CENTRE FOR OCCUPATIONAL HEALTH AND

SAFETY, 2016, tradução nossa).

O problema deste trabalho também evidencia questões semelhantes aos resultados de

pesquisas anteriores. Teve sua origem a partir de observações da autora em enquetes e posts

na rede social – Facebook, sobre reclamações dos profissionais da área de Biblioteconomia no

exercício da profissão, em muitas situações, em ambiente de trabalho considerado insalubre.

As questões variavam em relação às doenças respiratórias e cutâneas adquiridas pelos

bibliotecários durante suas atividades laborais; a necessidade de aprovação do Projeto de Lei

n° 1.511/2015 de 2015 que visa atribuir proteção ao trabalho realizado em arquivos,

bibliotecas, museus e centros de documentação e memória; a importância de maiores

informações sobre os riscos presentes em bibliotecas; conscientização das práticas de trabalho

para um labor saudável; preocupação de fiscalização e reconhecimento da biblioteca como

potencial ambiente insalubre.

A partir da identificação desta lacuna na área da Biblioteconomia, chega-se a algumas

questões norteadoras para o desenvolvimento deste trabalho: Quais atividades desenvolvidas

em bibliotecas podem oferecer maiores riscos à saúde dos profissionais? Os bibliotecários

atuantes nas bibliotecas do estudo recebem alguma orientação quanto à segurança do

trabalho? Há algum documento formal a respeito disso disseminado no contexto laboral? As

bibliotecas da atualidade adotam medidas preventivas que visam evitar a ocorrência de

acidentes e garantir a segurança da equipe? Há a ocorrência de afastamento ou aparecimento

de doenças decorrentes do trabalho? Neste contexto, a pesquisa identificou circunstâncias de

insalubridade das quais o bibliotecário deve ter ciência de modo a tomar decisões no contexto

da saúde laboral.

Neste sentido, o tema deste estudo delimitou-se em investigar a saúde ocupacional dos

profissionais de Biblioteconomia atuantes em bibliotecas universitárias federais no município

do Rio de Janeiro, identificando se em seu ambiente de trabalho há a presença de possíveis

agentes e riscos ocupacionais que possam provocar sofrimento e doenças e sua relação com as

atividades exercidas. Pretendeu-se identificar quais são os possíveis riscos de doenças

ocupacionais presentes em bibliotecas, quais são as doenças que mais afastam profissionais

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bem como apresentar medidas que podem ser tomadas para diminuir e assegurar uma vida de

trabalho com mais saúde e qualidade.

O trabalho está estruturado em cinco seções. A primeira e presente seção, de caráter

introdutório apresenta a contextualização temática, algumas questões norteadoras, objetivo

geral, objetivos específicos e a justificativa para o estudo.

A segunda seção apresenta o referencial teórico que foi segmentada em três subseções

a fim de analisar com mais detalhes as questões relacionadas à temática. A primeira subseção

apresenta um breve histórico das áreas que estão preocupadas com a relação entre trabalho e

saúde. A segunda trata sobre os sentidos e alterações ocasionadas pelo trabalho no serviço

público. A terceira subseção discorre sobre o amparo legal para questões relacionadas à saúde

e segurança do trabalhador, debruçando em normas regulamentadoras do Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE), leis trabalhistas, órgãos e serviços que os profissionais podem

recorrer em caso de doenças ou possível exposição a riscos.

A terceira seção discorre sobre o bibliotecário e seu ambiente de trabalho e foi

dividida em quatro subseções. A primeira subseção apresenta uma breve contextualização da

biblioteca universitária, universo de pesquisa do presente estudo. A segunda identifica as

principais atividades desenvolvidas em bibliotecas a fim de identificar possíveis situações de

exposição aos riscos ocupacionais. A terceira discorre sobre os riscos ocupacionais presentes

em bibliotecas, identificando quais fatores configuram um ambiente insalubre. Foram

englobados também outros riscos, além dos riscos ambientais (físico, químico e biológico)

que possam vir a prejudicar a saúde do bibliotecário, como os riscos ergonômicos e

mecânicos. A quarta apresenta algumas doenças ocupacionais acometidas aos profissionais

bibliotecários de acordo com literatura.

A quarta seção constitui-se na Metodologia da pesquisa que apresenta os

procedimentos metodológicos do trabalho, características do estudo, universo da pesquisa, o

instrumento para a coleta de dados e técnica para análise. Também menciona os materiais

documentais que foram utilizados para esta pesquisa.

A quinta seção evidencia os dados obtidos da pesquisa realizada nas bibliotecas

universitárias federais do município do Rio de Janeiro. A pesquisa identificou a relação do

bibliotecário com seu ambiente de trabalho, quais são as atividades desenvolvidas por esses

profissionais e quais podem provocar alterações em seu organismo. A sexta seção apresenta

as considerações finais do estudo.

Nesta sequência, observa-se a relevância da pesquisa ao contribuir para a identificação

da biblioteca com a potencialidade de ser um espaço de trabalho insalubre e da necessidade de

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maiores engajamentos da Classe para a melhoria nas condições de trabalho dos profissionais

da área, questões já apontadas por diversos autores nesta temática na área de Biblioteconomia.

Com isso, o presente trabalho orientou-se às ações na área da atenção à saúde dos

bibliotecários, apresentando orientações de áreas afins que contribuem para estudos desta

natureza e que visem à obtenção de ambientes salubres e de qualidade para esses

profissionais.

1.1 OBJETIVOS

O presente estudo tem o objetivo destacar e evidenciar elementos para mobilizar lutas

por melhorias de condições de trabalho que estabeleçam limites de tolerância à exposição a

riscos ocupacionais, reconhecimento dos agentes agressores à saúde do profissional bem

como o incentivo de equipamento de proteção coletiva (EPC) e equipamento de proteção

individual (EPI) em bibliotecas.

1.1.1 Objetivo geral

A pesquisa tem objetivo de reunir indicadores para contribuir no reconhecimento da

biblioteca como um ambiente que pode expor o bibliotecário a riscos à sua saúde, sujeitando-

o ao amparo legal das legislações trabalhistas voltadas para sua integridade física.

1.1.2 Objetivos específicos

Visando atender este objetivo geral, far-se-á necessário explorar os seguintes objetivos

específicos como:

a) Analisar na Literatura da Biblioteconomia, trabalhos que abordem a biblioteca como

local de possível surgimento de riscos e doenças ocupacionais;

b) Discutir a importância da saúde do bibliotecário e aplicação das legislações

trabalhistas no sentido de evitar doenças laborais e garantir um meio ambiente de

trabalho de qualidade para a saúde dos trabalhadores;

c) Identificar e analisar o impacto do ambiente insalubre na saúde dos bibliotecários

atuantes das bibliotecas universitárias federais no município do Rio de Janeiro.

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d) Buscar indicadores que contribuíam para a aprovação do Projeto de Lei n° 1.511/2015

elaborado pelo Vereador Uldurico Junior que visa atribuir o adicional de insalubridade

para os bibliotecários expostos a riscos ocupacionais.

e) Analisar propostas de melhorias e boas práticas em seu ambiente de trabalho e

incentivar a busca de melhores condições de trabalho.

1.2 JUSTIFICATIVA

No ano de 2018 comemora-se 40 anos da Portaria 3.214 de 8 de junho de 1978 do

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que apresentou as primeiras Normas

Regulamentadoras relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Tendo em vista essa

iniciativa na legislação, este trabalho justifica-se à medida que contribui para o

reconhecimento da biblioteca como espaço que pode proporcionar aos profissionais situações

de riscos à saúde. Assim, espera-se que cada vez mais sejam incentivadas práticas laborais

que visem à satisfação, qualidade, saúde e segurança no trabalho.

O interesse pelo assunto tratado neste estudo remete a participação da autora como

ouvinte em um curso oferecido pelo Sindicato dos Bibliotecários no Estado do Rio de Janeiro

(SINDIB-RJ) em agosto de 2017 sobre “Agentes Agressores a saúde do Bibliotecário no

ambiente de trabalho” onde foram abordadas questões relacionadas aos riscos inerentes ao

trabalho biblioteconômico.

Além do exposto, há de se ressaltar a necessidade de debate do tema em questão, uma

vez que a insalubridade nas bibliotecas é pouco debatida por profissionais da área. Perceber a

biblioteca como um ambiente que pode agredir a saúde do bibliotecário é fundamental para

atingir um labor com o mais alto nível de satisfação, pois um profissional incorporado nas

campanhas de prevenção de saúde e segurança sente-se seguro para exercer as atividades

inerentes a sua profissão.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Esta seção apresenta a contextualização teórica que auxiliou na construção deste

estudo e deu suporte à análise dos dados.

2.1 A RELAÇÃO TRABALHO E SAÚDE

A preocupação com a saúde do trabalhador remota à primeira metade do século XIX,

com a Revolução industrial. Com o processo de aceleração do trabalho tornou-se inviável não

pensar na saúde e nas condições físicas dos operários em seu ambiente de trabalho, originando

assim o primeiro serviço de Medicina do Trabalho. Inicialmente, a necessidade dos

trabalhadores das fábricas terem cuidados médicos surgiu na Inglaterra e posteriormente,

expandiu-se em outros países junto ao processo de industrialização (MENDES; DIAS, 1991,

p. 342).

De acordo com Saliba (2010, p. 23) a Medicina do Trabalho “é fundamental no campo

da saúde ocupacional e complementa todos os meios prevencionistas, especialmente a higiene

ocupacional”. O autor comenta que apenas com a participação de profissionais qualificados da

área da saúde é possível reconhecer, avaliar e controlar os agentes físicos, químicos e

biológicos.

Com advento da máquina a vapor, o ambiente de trabalho passou por transformações

desde o aumento da produtividade até a exposição do trabalhador ao um ambiente agressivo,

resultando em novas formas de produção e de organização de trabalho. Em seus estudos,

Dejours (1987 apud MENDES, 1995, p. 34) demonstra que:

A organização do trabalho [é] a responsável pelas consequências

penosas ou favoráveis para o funcionamento psíquico do trabalhador

[...] Em certas condições emerge um sofrimento que pode ser atribuído

ao choque entre uma história individual, portadora de projetos, de

esperanças e de desejos e uma organização do trabalho que os ignora.

A organização do trabalho resultou o automatismo e adaptação ao um modelo de

trabalho. Na psicopatologia, Freud (1930) vai defender que a atividade do homem busca

ausência de sofrimento e obtenção do prazer. Com isso, “a busca do prazer no trabalho e a

fuga do desprazer constituem um desejo permanente para o trabalhador em face das

exigências contidas no processo, nas relações e na organização do trabalho” (MENDES, 1995,

p. 35).

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22

Com a Resolução Industrial a figura do trabalhador é transferida do perfil “escravo”

no regime servil para o “livre” capaz de vender sua força de trabalho, em consequência,

Minayo-Gomez e Costa (1997, p. 22) dizem que o trabalhador “tornou-se presa da máquina,

de seus ritmos, dos ditames da produção que atendiam à necessidade de acumulação rápida de

capital e de máximo aproveitamento dos equipamentos, antes de se tornarem obsoletos”.

O novo cenário de competição entre humano e máquina desencadeou o surgimento de

diversos fatores de riscos, ocasionados pela “força motriz, a divisão de tarefas e a

concentração de várias pessoas em um mesmo estabelecimento”, como destaca Saliba (2010,

p. 19). Além desses fatores, Minayo-Gomez e Costa (1997, p. 22) comentam que:

As jornadas extenuantes, em ambientes extremamente desfavoráveis à saúde,

às quais se submetiam também mulheres e crianças, eram frequentemente

incompatíveis com a vida. A aglomeração humana em espaços inadequados

propiciava a acelerada proliferação de doenças infectocontagiosas, ao mesmo

tempo em que a periculosidade das máquinas era responsável por mutilações e

mortes.

Assim, no ambiente laboral os riscos de acidentes e doenças ocupacionais surgiram

rapidamente e desencadearam reações por parte do proletariado resultando em sucessivas

propostas normatizações e legislações que interviram nas empresas. Em 1833, o parlamento

inglês decretou a “lei das fábricas” proibindo o trabalho de menores de 18 anos e

estabelecendo limite de 12 horas diárias e 69 semanais por jornada de trabalho.

Posteriormente, em 1884, as primeiras leis de acidente de trabalho foram surgindo na

Alemanha e aos demais países europeus, até chegar ao Brasil por meio do Decreto Legislativo

n° 3.724, de 15 de janeiro de 1919 (SALIBA, 2010).

Também em 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a partir

do tratado de Versailles o que resultou maiores movimentos em prol de serviços médicos bem

como a prevenção à saúde e integridade física do trabalhador. Diversas recomendações e

diretrizes em relação à proteção da saúde e os serviços médicos para os trabalhadores foram

estabelecidas (SALIBA, 2010).

Nos anos da Segunda Guerra Mundial, sobretudo no pós-guerra a partir do findar do

conflito bélico, o custo provocado pelas perdas de vidas nas fábricas era irreparável. O

período foi marcado por reivindicações da classe trabalhista de mão de obra produtiva e pelos

gastos das companhias de seguro com indenizações às pessoas incapacitadas em decorrência

de acidentes ou doenças do trabalho (MENDES; DIAS, 1991, p. 343).

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Concomitante aos acontecimentos de reivindicações, novas tecnologias industriais

estavam sendo inseridas nos ambientes de trabalho, apresentando novos processos,

equipamentos e produtos químicos. A Medicina do Trabalho da época, aliada ao empregador,

tinha como foco identificar processos danosos à saúde do trabalhador a fim de repará-los e

possibilitar o retorno do trabalhador à linha de produção. O trabalhador era visto como uma

peça de engrenagem no processo produtivo (MINAYO-GOMEZ; COSTA, 1997).

Assim, a Medicina do Trabalho estava preocupada em identificar as causas das

doenças e acidentes baseando-se na teoria da unicausalidade, ou seja, para cada doença, um

agente etiológico. Entretanto, muitas patologias geradas pelo trabalho são confundidas com

outras doenças, dificultando a identificação dos processos de produção que geram tais

doenças e a mera exposição a um agente exclusivo. O que demonstra a fragilidade da

Medicina do Trabalho na intervenção dos problemas de saúde dos trabalhadores a partir dos

processos de produção (MINAYO-GOMEZ; COSTA, 1997).

Neste sentido, eram necessárias contribuições interdisciplinares para a intervenção no

ambiente, definindo estudos sobre o ambiente laboral e a prevenção das doenças. Surge então,

sobretudo, dentro das grandes empresas a Saúde Ocupacional “com a organização de equipes

progressivamente multiprofissionais, e a ênfase na higiene industrial, refletindo a origem

histórica dos serviços médicos e o lugar de destaque da indústria nos países industrializados”

(MENDES; DIAS, 1991, p. 343).

Os estudos sobre a Saúde Ocupacional nas escolas de saúde pública dos Estados

Unidos centraram-se no termo “Higiene Ocupacional”, definido por Saliba (2010, p. 22)

como:

Ciência que atua no campo da saúde ocupacional, por meio da

antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do controle dos riscos

físicos, químicos e biológicos originados nos locais de trabalho e

passíveis de produzir danos à saúde dos trabalhadores, observando-se

também seu impacto no meio ambiente.

A área avança com uma proposta interdisciplinar preocupada com a relação do

ambiente de trabalho com o corpo do trabalhador. Diferente da teoria da unicausalidade

utilizada pela Medicina do Trabalho, a Saúde Ocupacional apresenta estudos com base da

teoria da multicausalidade, onde a produção de uma doença pode estar ligada ao um conjunto

de fatores de riscos que devem ser avaliados através da clínica médica e estabelecimento de

indicadores de relação exposição-efeito de riscos ambientais e biológicos, ou seja, a relação

entre agente-hospedeiro-ambiente. Apesar disso, a metodologia utilizada pela Saúde

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Ocupacional repetia as limitações da Medicina do Trabalho (MINAYO-GOMEZ; COSTA,

1997).

No Brasil, a adoção e o desenvolvimento da saúde ocupacional refletiram na vertente

acadêmica apresentando novos aportes nas instituições de ensino e pesquisa de escolas

médicas; na criação da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do

Trabalho (FUNDACENTRO); e na legislação expressou-se na regulamentação do Capítulo V

da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que trouxe reformulações sobre a

obrigatoriedade de equipes técnicas multidisciplinares nos locais de trabalho (atual Norma

Regulamentadora 4 da Portaria 3214/78); na avaliação quantitativa de riscos ambientais e

adoção de "limites de tolerância" em Normas Regulamentadoras (MENDES; DIAS, 1991).

Apesar dos avanços significativos no campo conceitual da Saúde Ocupacional na

relação trabalho-saúde, na década de 60, percebe-se a insuficiência do modelo uma vez que

estava enraizado no mecanicismo – focado na Produtividade e ao fato de não concretizar a

interdisciplinaridade com outras áreas (MENDES; DIAS, 1991, p. 343). Os autores também

destacam que

A insuficiência do modelo da saúde ocupacional não constitui

fenômeno pontual e isolado. Antes, foi e continua sendo um processo

que, embora guarde uma certa especificidade do campo das relações

entre trabalho e saúde, tem sua origem e desenvolvimento

determinados por cenários políticos e sociais mais amplos e

complexos (MENDES; DIAS, 1991, p. 344).

Outra questão que evidenciou a insuficiência do modelo foi a abordagem do

trabalhador como o “objeto” das ações de saúde, e não “trabalhador como sujeito ativo do

processo de saúde-doença, [incluindo-o] na participação efetiva nas ações de saúde” (NARDI,

1997, p. 220). As mudanças sociais, a participação dos trabalhadores em questões de saúde, a

nova organização do trabalho, as modificações dos processos de trabalho, a utilização de

novas tecnologias despertaram questionamentos sobre a relação trabalho-saúde, evidenciando

a insuficiência do modelo de Saúde Ocupacional.

A abordagem clássica da saúde ocupacional, avalia as consequências

do trabalho sobre a saúde e, embora procure adotar uma linha

multidisciplinar, conserva uma metodologia de análise de acidentes

tecnicista, monocausal e imediatista, sem se aprofundar em seus

mecanismos e eventos condicionantes (STRAUSZ, 2001, p. 9).

Surge então, a partir da segunda metade da década de 60, um novo movimento social,

nos países industrializados, sobretudo na Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e

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Itália. Essa nova geração estava engajada nas questões de saúde e segurança e apresentavam

questionamentos sobre o valor do trabalho e da liberdade. Começa o engajamento dos

trabalhadores nas questões relacionadas à sua saúde e segurança uma vez que são

protagonistas das situações concretas do cotidiano dos trabalhadores, expressas em

sofrimento, doença e morte (BERLINGUER, 1978; RIGOTTO, 1990 apud MENDES; DIAS,

1991, p. 345).

Em resposta ao movimento social, surgem novas legislações trabalhistas abordando as

temáticas de saúde e segurança do trabalhador. Todas essas legislações evidenciaram o

reconhecimento do exercício de direitos fundamentais dos trabalhadores. Além disso, a

década de 70 é marcada pela terceirização dos serviços e implantação de novas tecnologias, a

saber, a automação e a informatização, que modificaram a organização do trabalho

(MENDES; DIAS, 1991).

Situada no campo das relações entre trabalho e saúde, a Saúde Ocupacional e a

Medicina do Trabalho possuem como objeto de atenção a saúde, e não o trabalhador como

objeto central. Neste sentido, Nardi (1997, p. 220) destaca:

[...] a característica que diferencia a Saúde do Trabalhador, em seu

modelo teórico, é a afirmação do trabalhador como sujeito ativo do

processo de saúde-doença (incluindo aí a participação efetiva nas

ações de saúde) e, não simplesmente, como objeto da atenção à saúde,

tal como é tomado pela Saúde Ocupacional e pela Medicina do

Trabalho.

Neste sentido, Mendes e Dias (1991) complementam ao dizer que a Saúde do

Trabalhador rompe a hegemonia que estabelece um nexo de causalidade entre a doença e um

agente específico ou a um conjunto de riscos presentes no local de trabalho, como havia sido

tratado pela a Medicina do Trabalho e a Saúde Ocupacional, respectivamente.

Apesar das dificuldades desse modelo teórico-metodológicas, a Saúde do Trabalhador

tem seu objeto de estudo o processo de saúde e doença dos grupos humanos em relação ao seu

trabalho. Esse novo do modo de lidar com as relações de trabalho-saúde proporciona uma

interação mais sólida entre trabalhadores e profissionais especializados (MENDES; DIAS,

1991).

Ainda para os autores a “saúde do trabalhador considera o trabalho, enquanto

organizador da vida social, como o espaço de dominação e submissão do trabalhador pelo

capital, mas, igualmente, de resistência, de constituição, e do fazer histórico” (MENDES;

DIAS, 1991, p. 347).

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Novos questionamentos sobre o trabalho surgem na classe trabalhadora. Na relação

trabalho-saúde os trabalhadores buscam controle sobre as condições e ambientes de trabalho.

Aliada ao trabalhador e suas vivências sobre o ambiente de trabalho, os autores Laurell e

Noriega (1989 apud NARDI, 1997, p. 219) evidenciam que a Saúde do Trabalhador vai

orientar ações a partir de uma metodologia que visa a “análise dos impactos dos ambientes e

das formas de organização e gestão do trabalho na vida dos trabalhadores a partir da

determinação histórica e social dos processos de saúde e doença”.

Além disso, Strausz (2001) ressalta que historicamente, os acidentes de trabalho foram

vinculados ao trabalhador como resultado de sua própria responsabilidade. Entretanto a autora

ainda destaca que nos últimos anos, a Saúde do Trabalhador tem desmistificado a cultura de

culpabilização da vítima, apresentando novas abordagens interdisciplinares sobre as questões

relativas aos acidentes e doenças decorrentes do trabalho (STRAUSZ, 2001). Conforme

dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991 que dispõe sobre os Planos de

Benefícios da Previdência Social:

Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a

serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados

referidos [empregados, empregado doméstico, contribuinte individual,

trabalhador avulso, segurado especial] provocando lesão corporal ou

perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,

permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL,

1991a)

A lei supracitada também considera as doenças profissionais e doenças ocupacionais

como acidentes de trabalho, assunto que será tratado em seção 3.4 Algumas doenças

acometidas aos bibliotecários.

Ao longo dos anos, metodologias de análise dos acidentes de trabalho foram

desenvolvidas visando atender as necessidades oriundas da revolução industrial. Sendo um

campo interdisciplinar, contribuições de diferentes áreas foram constituindo o campo de

investigação da Saúde do Trabalhador, em especial das Ciências Sociais. Strausz (2001, p. 9)

destaca que essa área trouxe “uma abordagem sócio-técnica dos acidentes de trabalho,

enquanto a Ergonomia moderna trouxe uma nova visão do posto de trabalho”.

De acordo com Iida (2005, p. 189) posto de trabalho refere-se à “configuração física

do sistema homem-máquina-ambiente. É uma unidade produtiva envolvendo um homem e o

equipamento que ele utiliza para realizar um trabalho, bem como o ambiente que circunda”. O

autor ainda faz uma analógica biológica, considerando o posto de trabalho uma célula do

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organismo humano, onde o homem é o núcleo. Assim, o conjunto dessas células, ou seja,

postos de trabalho, constitui o tecido e o órgão, análogos aos departamentos, setores ou

escritórios.

A década de 1970 presenciou profundas mudanças nos processos de trabalho. É

assistida uma forte tendência à terceirização nas atividades econômicas dos países

desenvolvidos, observando o declínio do setor secundário (indústria) e o crescimento

exponencial do setor terciário. O período foi marcado pela implementação de novas

tecnologias baseadas em duas vertentes: a automação (máquinas de controle numérico, robots

e outros) e a informatização (MENDES; DIAS, 1991). Com a inserção das novas tecnologias,

Strausz, Machado e Brickus (2007, p. 70) destacam que:

O crescimento do setor de serviços, aliado à flexibilização dos

contratos e à precarização das relações de trabalho, tem trazido um

incremento de exposições a novos riscos ocupacionais e doenças

relacionadas ao trabalho. Os Distúrbios Osteoarticulares Relacionados

ao Trabalho (DORT) ou as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e a

Síndrome do Edifício Doente (SED) são alguns exemplos de

síndromes modernas relacionadas diretamente à organização e ao

ambiente de trabalho. As LER/DORT, mundialmente estudadas, já se

configuram como epidemia. A SED ainda carece de estudos mais

profundos em climas tropicais, como no Brasil, embora já seja

estudada há mais de vinte anos nos países dependentes de

climatização artificial (MOLHAVE, 1992; SKOV, 1992).

Ao colocar em pauta a preocupação com a saúde dos bibliotecários, ainda para autora

é evidente a importância de estudos com esta temática, uma vez que embora seja reconhecido

o adoecimento e afastamento de profissionais acometidos por problemas de saúde

relacionados ao seu ambiente de trabalho, há escassos estudos que comprovem a situação. A

autora destaca que “estudar o tema e divulgar os resultados, dá visibilidade às questões de

saúde desses trabalhadores e ambientes” (STRAUSZ, 2001, p. 9). Ao estudar sobre a relação

trabalho e saúde é fundamental compreender os sentidos e as alterações que o trabalho pode

provocar no indivíduo, desta forma a seção a seguir apresenta algumas considerações sobre as

modificações e influências do trabalho na vida humana.

2.2 OS SENTIDOS E AS ALTERAÇÕES PELO TRABALHO NO SERVIÇO PÚBLICO

O trabalho é uma das atividades fundamentais da vida humana. Esta atividade

“permite aos indivíduos produzir os bens e os serviços necessários e indispensáveis à vida

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moderna, e lhes permite integrar-se ao sistema de relações que compõe a própria trama da

sociedade” (DOLAN, 2006). Como resultado do trabalho, a remuneração financeira passa a

ter papel fundamental para atender as necessidades básicas do ser humano. Embora

considerado uma fonte de satisfação das diversas necessidades humanas, o trabalho pode ser

fonte de sofrimento (NUNES; LINS, 2009).

Para o homem, o trabalho proporciona o desenvolvimento de sua satisfação ou não, e

na concepção de ser uma atividade humana tem seu significado ancorado na tríplice material,

psicológico e social. Na satisfação material o trabalho é responsável por atender as

necessidades biológicas do ser humano como a alimentação, vestimentas, moradia, saúde

física e mental. Na questão psicológica, esta atividade vai transmitir ao indivíduo sentimento

de pertencimento a algo maior (empresa), proporcionando realização pessoal, segurança e

novas experiências. Já a satisfação social está ligada ao posicionamento desse indivíduo na

sociedade (MAURO, et al., 2007).

O sofrimento no trabalho pode ocorrer nas mais variadas atividades ocupacionais. No

serviço público, o sentido do trabalho de um servidor público “é estigmatizado, sendo

considerado privilegiado por ter um emprego estável, como se também não estivesse

submetido a condições de trabalho que podem levar ao sofrimento e adoecimento”

(CARNEIRO, 2006; WALLACE; LEMAIRE; GHALI, 2009 apud FARIA; LEITE; SILVA,

2017, p. 543).

Para Tavares Benetti e Ferreira de Araujo (2008 apud NUNES; LINS, 2009, p. 53-54)

servidor público refere-se “os servidores estatutários, ocupantes de cargos públicos providos

por concurso público e que são regidos por um estatuto definidor de direitos e obrigações”.

Desempenham atividades, sobretudo no setor de serviços, prestando “um serviço do tipo

intelectual (caracterizado no processamento de informações, negociações, fiscalização,

ensino, pesquisa, policiamento, entre outras)”, conforme apontado por Porto (2006 apud

NUNES; LINS, 2009, p. 54).

No âmbito das atividades de ensino e pesquisa, “as universidades públicas possuem

por definição uma tríade que representa sua função-fim: ensino, pesquisa e extensão. Para

atender a esses objetivos, são necessários servidores docentes e técnicos administrativos”

(FARIA; LEITE; SILVA, p. 2017, p. 542). Esses últimos, por desempenharam serviços-meio

são despercebidos frente às vulnerabilidades vivenciadas no ambiente de trabalho e “muitas

vezes, não é dada atenção prioritária nas políticas públicas e internas das instituições de

educação” (COUTINHO et al., 2008 apud FARIA; LEITE; SILVA, 2017, p. 542)

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Ao colocar em pauta as causas frequentes dos distúrbios patológicos desencadeados

pelo ambiente de trabalho, Mendes e Dias (1999, p. 432 apud DIAS, 2008, p. 16) evidenciam

que:

[...] o trabalho tem um papel fundamental na inserção dos indivíduos

no mundo, contribuindo para a formação de sua identidade a

construção da subjetividade e permitindo que os mesmos participem

da vida social, sendo elemento essencial para a saúde. Entretanto, na

forma como esse trabalho está organizado e é executado por um

grande contingente de profissionais, na sociedade atual, são

maximizados seus efeitos negativos, entre eles o adoecimento e a

morte.

Em razão do tempo que o trabalhador passa no trabalho, deve-se haver uma

conscientização das implicações e das consequências que essas questões têm sobre os

indivíduos. Dolan (2006) ao tratar sobre estresse, autoestima, saúde e trabalho vai abordar

essas relações entre as pessoas no ambiente corporativo, evidenciando uma ligação íntima

entre a estrutura organizacional e os inerentes processos psicossociais.

Além das novas tecnologias presentes na estruturação do trabalho, a presença humana

é um dos aspectos fundamentais para as organizações contemporâneas. Lucena (1990 apud

BLATTMANN; BORGES, 2005, p. 48) vai dizer que:

[...] Em sua essência, as organizações têm sua origem nas pessoas, o

trabalho é processado por pessoas e o produto de seu trabalho destina-

se às pessoas. As máquinas por mais sofisticadas que sejam são

ferramentas do homem no trabalho.

Entretanto, em algumas situações no ambiente de trabalho, a presença humana pode

estar sujeita a elementos agressores à sua saúde física e mental. A queda do rendimento e da

produtividade são sinais visíveis que indicam o início de alterações no trabalhador. Assim,

determinados elementos nesse cenário podem desencadear desequilíbrios que potencialmente

ocasionam danos à saúde do trabalhador. Mauro et al. (2004, p. 339) identificam as alterações

que o trabalho pode ocasionar no organismo e na personalidade do trabalhador:

a) Modificações fisiológicas: alteração do processo metabólico, aumento do ritmo

respiratório e cardíaco e alterações no teor físico-químico do sangue e dos tecidos

musculares, resultantes do esforço produzido;

b) Aquecimento: ou seja, intensificação do rendimento do trabalho pelo aumento da

capacidade dos músculos e nervos condicionados à atividade exercida;

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c) Queda da velocidade e qualidade do rendimento: observáveis com o

prolongamento forçado do trabalho, decorrente do esforço muscular e intelectual

que surge com a fadiga;

d) Reativação: é o súbito aumento do ritmo de trabalho, seja pelo estímulo do

supervisor ou apelo nas últimas horas de trabalho;

e) Alterações no controle e coordenação motora: observáveis na continuidade do

esforço físico.

Desta forma, o trabalho está presente na sociedade como forma de realização, mas em

alguns momentos pode ser visto como fonte de sobrevivência e sofrimento. Marx (1985) vai

dizer que no processo de trabalho há cargas de trabalho que em interação com o trabalhador

pode gerar sofrimento físico ou psíquico, desgastando a capacidade vital do profissional.

Quando tratamos do trabalho do bibliotecário, Santa Helena (2009) destaca que as

dificuldades enfrentadas por esses profissionais não são tão visíveis, o que faz duvidar sobre

questões de doenças ocupacionais decorrentes de bibliotecas.

Ao tratar sobre a influência do trabalho no ser humano, ora benéfica, ora prejudicial, é

fundamental que leis, decretos, normas entre outros documentos legislativos sejam

formulados a fim de apresentar requisitos e procedimentos relativos à segurança e saúde do

trabalhador em seu ambiente de trabalho. Neste sentido, a próxima seção apresenta os

principais amparos legais na legislação trabalhista brasileira.

2.3 AMPARO LEGAL

A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) promulgada em 5 de

outubro de 1988 prevê no Capítulo II dos Direitos Sociais, em seu art. 7°, inciso XXII, “a

redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”

(BRASIL, 1988). A CRFB é a lei que direciona e fundamenta as demais legislações em torna

da saúde e segurança do trabalho e apresenta como fundamentos a dignidade da pessoa

humana. Na relação trabalhista o direito à saúde constitui-se um direito fundamental do

indivíduo que exercem funções que o expõe a riscos bem como não deve ser negociado, mas

sim segurado integralmente. Neste sentido, Moraes (2002 apud MACHADO, 2016)

argumenta que o trabalhador pode se proteger a partir de instrumentos jurídicos quando sentir

ameaçado ou prejudicado nas atividades laborais ou no meio ambiente de trabalho.

Após o diagnóstico de uma doença relacionada ao trabalho realizado pelo médico, isto

inclui àqueles realizados pela rede pública de serviços do SUS (dispositivo criado pela

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CRFB), hospitais universitários ou filantrópicos, serviços médicos vinculados a planos ou

seguros-saúde ou pelo SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em

Medicina do Trabalho nas empresas, deve ser realizado o encaminhamento do

trabalhador/paciente à Previdência Social (INSS). O afastamento do posto de trabalho é

fundamental para a interrupção da exposição do trabalhador ao agente de risco que o estava

provocando distúrbio ou doença (BRASIL, 2001).

Após o diagnóstico realizado no trabalhador, deve ser aberta uma CAT –

Comunicação de Acidente de Trabalho. Refere-se a um documento que, preenchido em sua

primeira parte pela empresa contratante, reconhece a ocorrência de um acidente de trabalho

ou de trajeto bem como uma doença ocupacional (INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO

SOCIAL, 2018). Constitui-se de um instrumento de agravos relacionados ao trabalho

utilizados pelos trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que em

seu capítulo V do título II dispõe sobre questões relativas à segurança e medicina do trabalho

(BRASIL, 1977). Já a segunda parte deverá ser assinada pelo médico que atesta o Laudo de

Exame. De acordo com art. 336 do Decreto n.º 3.048/1999 que aprova o Regulamento da

Previdência Social, e dá outras providências fica estabelecido que:

[...] a empresa deverá comunicar à previdência social o acidente [...]

ocorrido com o segurado empregado, exceto o doméstico, e o

trabalhador avulso, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e,

em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena da

multa aplicada e cobrada na forma do art. 286. [Além disso, menciona

que] na falta de comunicação por parte da empresa, ou quando se

tratar de segurado especial, podem formalizá-la o próprio acidentado,

seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o

assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos

o prazo previsto neste artigo (BRASIL, 1999).

Vale ressaltar que de acordo com a legislação previdenciária há restrições para

adquirir ao direito do Seguro Acidente de Trabalho (SAT) que assegura benefícios

relacionados com os infortúnios provocados por acidente de trabalho como auxílio-doença,

aposentadoria por invalidez, pensão por morte, auxílio-acidente e aposentadoria especial.

Assim, o trabalhador/paciente pode ser enquadrado em três situações, sendo elas “segurado

pela Previdência Social e coberto pelo SAT; segurado pela Previdência Social, mas não

coberto pelo SAT; não segurado pela Previdência Social e, por conseguinte, também não

coberto pelo SAT” (BRASIL, 2001, p. 53).

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Em relação ao período de afastamento, nos primeiros quinze dias de afastamento

consecutivos da atividade por motivo de invalidez caberá à empresa pagar ao segurado

empregado o salário. No 16° dia de afastamento, o paciente/trabalhador/segurado deverá

passar por uma avaliação realizada pela Perícia Médica do INSS, que irá estabelecer a

incapacidade laborativa ou não. Se estabelecida irá conceder ao trabalhador o benefício do

auxílio-doença, pagamento este efetivado pelo INSS - Instituto Nacional do Seguro Social.

Em consonância ao estabelecimento pelo art. 9° do Decreto n.º 3.048/1999, lista os

segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: empregados,

empregados domésticos, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial. O

Decreto também sanciona que:

O servidor civil [regido pelo Regime Jurídico Único (RJU)] ocupante

de cargo efetivo ou o militar da União, Estado, Distrito Federal ou

Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são

excluídos do Regime Geral de Previdência Social consubstanciado

neste Regulamento, desde que amparados por regime próprio de

previdência social (BRASIL, 1991).

Normalmente, os servidores públicos não dispõem de um instrumento específico de

notificação de agravos relacionados ao trabalho, neste caso, o servidor que sofrer um acidente

de trabalho deverá ter:

[...] processo aberto na unidade ou no órgão no qual trabalha e deve

ser examinado pela perícia médica, a quem cabe caracterizar o nexo e

a eventual incapacidade para o trabalho. O RJU não prevê benefícios

específicos para o indivíduo vitimado por esses agravos, exceto a

aposentadoria com vencimentos integrais na vigência de incapacidade

total e permanente (BRASIL, 2001, p. 58).

Como aponta Machado (2016) na legislação brasileira há diversas documentações

elaboradas a fim de garantir a saúde e segurança do trabalhador nas relações de trabalho. O

órgão responsável pela a elaboração de Normas Regulamentadoras destinadas à Segurança e

Medicina do Trabalho é o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que aprovou em 8 de

junho de 1978 as primeiras Normas através da Portaria 3.214. No âmbito do Direito

legislativo brasileiro, as NR “são de observância obrigatória para as empresas privadas e

públicas, órgãos de Administração direta e indireta, bem como para órgãos dos Poderes

Legislativos que possuem empregados regidos pela CLT” (SEGURANÇA..., 2018).

Neste sentido, é importante mencionar que apesar do amparo legal que os

trabalhadores têm direitos ainda é perceptível a necessidade de melhorias no ambiente de

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trabalho em diversos setores. De acordo com o Observatório de Saúde e Segurança do

Trabalho estima-se que no Brasil ainda ocorre acidente de trabalho a cada 52 segundos. Por

isso o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) continua seu trabalho no aperfeiçoamento

das normas regulamentadoras, totalizadas no ano de 2018 com 36 normas, para a redução dos

números de acidentes e doenças laborais (SEGURANÇA..., 2018). As NR apresentam

disposições que visam a eliminação ou controle dos riscos ocupacionais presentes no

ambiente de trabalho.

2.3.1 As Normas Regulamentadoras de maior interesse no trabalho biblioteconômico e suas

recomendações

As Normas Regulamentadoras, editadas em 1978, contam atualmente com 36 normas.

Em geral, a literatura aponta as seguintes normas como sendo de relevância para o

bibliotecário: NR 4 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho (SESMT); NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); NR 6 –

Equipamentos de Proteção Individual (EPI); NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais (PPRA); NR 17 – Ergonomia; NR 23 – Proteção contra incêndio; NR 26 –

Sinalização de Segurança. Por isso, esta seção apresenta as NR’s que possuem maior relação

ao trabalho exercido por profissionais em bibliotecas, arquivos e centros de documentação.

Também serão apresentadas aqui algumas recomendações para tornar a biblioteca um espaço

seguro e de qualidade para o bibliotecário.

A NR 4 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho (SESMT) determina que as empresas privadas e públicas tanto da Administração

direta quanto indireta bem como os órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário que possuem

empregados regidos pela CLT, são obrigadas a constituir e manter um SESMT com o objetivo

de promover e proteger a saúde e integridade física do trabalhador em seu ambiente de

trabalho (BRASIL, 1978a).

O dimensionamento do SESMT está relacionado com ao grau do risco da atividade

principal e ao número de empregados no estabelecimento. A partir do dimensionamento com

base no Quadro II desta NR, serão estabelecidos o quantitativo de profissionais especializados

que se resume ao Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico de

Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar ou Técnico em Enfermagem do

Trabalho. São atribuições deste serviço: a promoção de atividades que visem conscientizar,

educar e orientar os trabalhadores quanto a prevenção de acidentes de trabalho e doenças

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ocupacionais, o registro em documento(s) específico(s) todos os acidentes e casos de doenças

ocupacionais ocorridos, manter-se entrosado com a Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes (CIPA), entre outras (BRASIL, 1978a).

Cabe ressaltar que a precisão na recuperação de informação acerca da existência do

SESMT no serviço público foi baixa. Isso se dá em razão da ausência do SESMT órgãos

públicos da administração direta e indireta. Neste aspecto, Souza (2011, não paginado)

anuncia:

Apesar de o Estado ter responsabilidade objetiva pelos danos causados

a terceiros, independente de culpa ou dolo, bem como pelos danos

causados aos seus servidores, o que se vê claramente aqui, data vênia,

é uma verdadeira omissão do estado com aqueles que colaboraram

para garantir a efetiva prestação dos serviços do Estado no seu menor

nível de atuação, o Servidor Público.

Ainda para o autor deve-se haver maiores engajamento para a implementação de

serviços especializados nas empresas públicas e nas autarquias que tenham servidores

públicos não-celetistas, assim como houve nas empresas privadas, uma vez que os servidores

públicos também “têm sido expostos aos infortúnios dos acidentes e doenças de trabalho” e

os benefícios vão desde a “redução dos gastos previdenciários com afastamentos por

acidentes e doenças do trabalho, além das aposentadorias por invalidez permanente [...]

aumento da produtividade e da eficiência dos serviços públicos” (SILVA, 2011, não

paginado).

A NR – 5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) estabelece que as

empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e

indireta, bem como qualquer instituição que admitam empregados deverá constituir uma

CIPA. Esta comissão será composta por representantes do empregador e dos empregados com

o objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho a fim de garantir a

preservação da vida e a promoção da saúde no trabalho (BRASIL, 1978b).

Das atribuições da CIPA destacam-se a identificação dos riscos inerentes ao processo

de trabalho que auxiliarão na elaboração do Mapa de Risco, com o assessoramento do

SESMT nas empresas que tiverem; colaboração no desenvolvimento e implementação do

Programa de Controle Médio de Saúde Ocupacional – PCMSO (NR 7) e Programa de

Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA (NR 9).

Conforme mencionado anteriormente, a CIPA é responsável pela elaboração do Mapa

de Risco que deve apresentar graficamente os riscos existentes no local de trabalho. Conforme

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a Portaria nº 5, de 17 de agosto de 1992, do Ministério do Trabalho e Emprego, o Mapa de

Riscos consiste na “representação gráfica do reconhecimento dos riscos existentes nos

diversos locais de trabalho, e visa a conscientização e informação dos trabalhadores através da

fácil visualização dos riscos existentes na Empresa” (BRASIL, 1994).

Desse modo, a CIPA, ao elaborar o Mapa de Risco de uma biblioteca, deverá

considerar a participação do maior número de bibliotecários bem como atender as orientações

do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). De

acordo com a Gerência de Saúde e Prevenção (2012) é fundamental a participação das

pessoas que estão expostas ao risco na elaboração do mapa, principalmente por conheceram

seu ambiente de trabalho e consequentemente as fontes geradoras de risco.

De acordo com a Portaria nº 25 de 29 de dezembro de 1994 para a implementação do

mapa de risco na empresa deve-se ser seguidas as etapas de reconhecimento do processo de

trabalho realizado no local em análise; identificação dos riscos existentes no local em

consonância a classificação de riscos ocupacionais (ver 3.3 – Riscos Ocupacionais em

bibliotecas); identificação das medidas preventivas que deverão ser implementadas;

estabelecer indicadores de saúde (doenças diagnosticadas; acidentes de trabalho ocorrido;

queixas mais frequente dos trabalhadores e causas de absenteísmo); conhecer os

levantamentos ambientais realizados no local bem como a elaboração do mapa de risco.

Na biblioteca ou em qualquer outro espaço de trabalho que possa oferecer riscos aos

trabalhadores, o mapa deverá ser afixado em local visível a todos e conter informações como:

a classe do risco e sua cor, representada por círculos de três tamanhos (pequeno, médio e

grande) que informam a gravidade de exposição; o número de trabalhadores expostos ao

risco; a especificação do agente de risco (por exemplo: fungo, umidade, ruído, ritmo

excessivo); causas mais frequente de afastamentos do posto de trabalho (BRASIL, 1994).

Neste sentido, Faustino, Silva e Silva (2015) argumentam que a elaboração do mapa

de risco justifica-se à medida que previne os acidentes de trabalho uma vez que a partir dele

os trabalhadores são informados sobre os riscos que estão expostos além do empregador

identificar quais são os aspectos no ambiente de trabalho que deverão ser melhorados.

Outra norma fundamental para a proteção do bibliotecário, principalmente nas

atividades que o expõem a agentes de risco é a NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual

(EPI). Esta Norma dispõe sobre a obrigatoriedade da empresa contratante no fornecimento,

gratuitamente, do Equipamento de Proteção Individual (BRASIL, 1978c). Além disso, a NR 6

define EPI sendo todo dispositivo ou produto com a finalidade de proteção de riscos do local

de trabalho que possa afetar a segurança e saúde do trabalho, de uso individual pelo

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trabalhador (BRASIL, 1978c). Compete ao SESMT, ouvida a CIPA e os trabalhadores

usuários, a recomendação do EPI mais adequado ao risco existente em determinada atividade.

Para o trabalho em biblioteca, Santos (2017) destaca uma lista de EPI que devem ser

utilizadas na realização das atividades biblioteconômicas além de alertar sobre a importância

de utilização do equipamento de proteção nas atividades de conservação e preservação, pois

são situações em que mais expõem o bibliotecário aos riscos físicos, químicos e biológicos. O

autor destaca que durante o processo de higienização do acervo é recomendado o uso dos

seguintes protetores: luvas, jalecos, óculos de proteção, protetor facial, equipamentos de

proteção respiratória, roupa de proteção, botas e gorros.

Os equipamentos de proteção são divididos em individuais e coletivos. O

Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) deve ser visto de forma prioritária pela empresa e a

utilização de EPI para atender as situações de emergência. Em bibliotecas em que as medidas

de ordem geral não ofereçam completa proteção ao bibliotecário contra acidentes de trabalho

e doenças ocupacionais, o uso do EPI torna-se de uso obrigatório. Em referência aos EPC,

Xarão (2009) apresentam alguns equipamentos coletivos que podem ser utilizados em

arquivos, equipamentos estes que devem também ser implementados em bibliotecas e centros

de documentação como: mesa ou cabine de higienização, chuveiro de emergência, recipiente

para materiais perfuro cortantes, sprinklers, captadores de fumaça, extintores e mangueiras de

incêndio, sinalizadores de risco. Ambos EPC devem ser implementados nas bibliotecas a fim

de proteger o bibliotecário da fonte produtora do risco.

A NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) apresenta em suas

disposições a obrigatoriedade dos empregadores e instituições contratantes que admitam

trabalhadores como empregados na elaboração e implementação dos PPRA (BRASIL, 1994).

Esse programa visa à preservação da saúde e da integridade do trabalhador, agindo de forma

antecipada no reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais (físico, químico e

biológico) existentes no ambiente de trabalho. Deverão ser adotadas medidas para o controle,

minimização ou eliminação dos riscos ambientais sempre que for verificada a exposição ao

risco acima dos limites de tolerância estabelecidos (BRASIL, 1994). O limite de tolerância a

riscos ocupacionais está apresentado na seção 2.3.3, contudo cabe destacar que ele não se

refere a uma divisão entre uma situação segura e insegura, mas sim “uma referência para a

adoção de medidas de controle no ambiente ocupacional e demais providências” (SILVA,

2014, p. 79).

As ações do PPRA devem ser desenvolvidas em todos os setores da instituição com a

colaboração dos trabalhadores e podem ser feitas pelo SESMT ou equipe de pessoas,

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designada pelo empregador, capacitada a cumprir o que está estabelecido nesta NR. Neste

sentido, o bibliotecário poderá “apresentar propostas e receber informações e orientações a

fim de assegurar a proteção aos riscos ambientais identificados na execução do PPRA”

(BRASIL, 1994).

A NR 17 – Ergonomia “visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das

condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a

proporcionar um máximo conforto, segurança e desempenho eficiente” (BRASIL, 1990).

Para a adaptação do homem ao trabalho, cabe ao empregador realizar uma análise

ergonômica do trabalho que deve apresentar considerações acerca das condições de trabalho.

Conforme apresentado na norma, as condições de trabalho englobam os “aspectos

relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos

equipamentos e às condições ambientais do posto e [...] organização do trabalho” (BRASIL,

1990).

Os princípios da Ergonomia podem ser aplicados em quaisquer organizações desde o

setor primário ao setor terciário, este responsável pela prestação de serviços, como setor de

informação, de comunicação, de educação e biblioteca. Além disso, a partir das dimensões da

Ergonomia física, cognitiva e organizacional, o ambiente das bibliotecas pode ser analisado e

adaptado às condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores

(SOUZA; SILVA, 2009).

Nesta NR são apresentadas algumas considerações acerca do levantamento, transporte

e descarga individual de materiais que podem ser consideradas em atividades realizadas em

bibliotecas como o peso carregado pelo trabalhador não deverá ser suscetível a danos à saúde

e segurança bem como àquele que transporta materiais através de impulsão (BRASIL, 1990),

como o carro de transporte de livros utilizados em bibliotecas que deverá ser manipulado de

acordo com a capacidade de força física do bibliotecário.

A automação dos serviços em bibliotecas provocou o aumento de tempo do trabalho

realizado na posição sentada por isso deve-se haver um planejamento e adaptação do

bibliotecário ao posto de trabalho observando aos requisitos mínimos: os assentos devem ser

ajustados à estatura do indivíduo e a função exercida; devem possuir a borda frontal

arredondada e encosto adaptado ao corpo para a proteção da região lombar; ter a distância

requerida dos olhos ao campo de trabalho; além disso, o espaço deverá possuir características

dimensionais que possibilitem a movimentação do trabalhador (BRASIL, 1990).

A Ginástica Laboral (GL) em bibliotecas pode ser uma medida adota para promover o

bem-estar do bibliotecário. Refere-se a uma importante ferramenta contra acidentes de

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trabalho, por meio de uma série de exercícios e atividades físicas que visa melhorar a saúde e

evitar lesões por esforços repetitivos e outras doenças ocupacionais. Os benefícios da

Ginástica Laboral já foram apontados por pesquisas na área da Biblioteconomia, onde os

bibliotecários das bibliotecas investigadas possuem mais disposição para o trabalho, índice de

stress reduzido bem como conscientização sobre as medidas de prevenção contra

LERs/DORT e outras exposições ocupacionais (SANTOS, 2014).

Em relação os equipamentos do posto de trabalho são preconizados que nas atividades

que envolvam a leitura de documentos para digitação seja fornecida suporte que proporcione a

leitura do documento em boa postura, evitando movimentação frequente do pescoço e fadiga

visual. Para as recomendações sobre iluminação deverá ser atendido os requisitos do posto de

trabalho dispor de iluminação adequada, natural ou artificial (BRASIL, 1990). Sobre os níveis

mínimos de iluminamento a serem observados no local deverão ser observados os valores de

iluminâncias estabelecidas na NBR 5413 – Iluminação de ambientes de trabalho, norma

brasileira registrada no INMETRO, substituída pela ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013. Os

parâmetros de iluminamento estabelecidos na NBR de acordo com o tipo de ambiente, tarefa

ou atividade realizada em bibliotecas deve seguir os padrões a seguir:

QUADRO 1 – Especificação da iluminância, limite de ofuscamento e qualidade da cor

em bibliotecas

Tipo de ambiente

Lux UGR R

Estantes 200 19 80

Área de leitura 500 19 80

Bibliotecárias 500 19 80

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2013).

Conforme exposto por Henn et al. (2008) e já comentado anteriormente, o risco de

incêndio é iminente em bibliotecas por isso é fundamental a prevenção e o combate contra

incêndios. A NR 23 – Proteção contra incêndio estabelece as medidas de proteção contra

incêndios que devem estar presentes no ambiente de trabalho. Cabe ao empregador fornecer

informações acerca da utilização dos equipamentos de combate ao incêndio; procedimentos

para a evacuação do local com segurança; dispositivos de alarmes, saídas de emergências

sinalizadas e de fácil abertura do interior do estabelecimento (BRASIL, 2011).

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Recomenda-se a disposição de extintores em locais bem sinalizados e de fácil

localização. Embora seja difícil estabelecer apenas um tipo de extintor para o ambiente de

bibliotecas, Trinkey (2001) preconiza o uso dos tipos pó químico de uso múltiplo

acondicionado sob pressão, utilizados em fogos de classe A, B, C. Além disso, a implantação

de sistemas automáticos de aspersão (Sprinklers) e equipamentos de detecção de incêndio

também são medidas que devem ser adotadas para assegurar a vida humana e das coleções.

Também apresentamos neste estudo as recomendações da NR 26 – Sinalização de

Segurança que tem o objetivo de fixar as cores para segurança no estabelecimento a fim de

indicar ou advertir acerca dos riscos existentes. Conforme esta norma, as cores são utilizadas

para identificar equipamentos de segurança, delimitar áreas e identificar tubulações que

funcionam como condutoras de líquidos e gases. Além disso, o uso de cores não dispensa a

implementação de outras formas de prevenção de acidentes de trabalho bem como seu uso

deverá ser bem distribuído de modo a não ocasionar distração, confusão e fadiga no

profissional (BRASIL, 2011).

Nesta seção foram apresentadas normas regulamentadoras como importante

instrumento para garantir a segurança e saúde dos bibliotecários em seu local de trabalho.

Embora já exista legislação voltada para normas, políticas e diretrizes para a saúde do

trabalhador brasileiro, é preciso ser desenvolvida legislações voltadas para o conforto

ambiental em bibliotecas bem como em arquivos, museus e quaisquer centros de

documentação. Por isso, a seção a seguir apresenta os órgãos da classe responsáveis pela

fiscalização do exercício profissional, defesa dos direitos dos bibliotecários e

desenvolvimento de leis no âmbito da Biblioteconomia.

2.3.2 Órgãos da classe

É da competência do Estado a organização, manutenção e execução da inspeção do

trabalho, previsto no inciso XVI do artigo 22 da Constituição Federal de 1988 sendo

“organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões”

responsabilidade privativamente à União (BRASIL, 1988). Embora seja o Estado o

responsável pelo controle do exercício das profissões, elas não são originadas pelas medidas

adotadas pela União, mas sim por demandas populacionais em determinados contextos e

momentos históricos. Côrtes (2015, p. 16) sustenta essa afirmativa ao dizer que “se a

atividade profissional nasce do desejo de uma sociedade, ela assume um caráter público,

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tornando-se objeto de fiscalização do Estado”. A autora continua ratificando que por meio

dos conselhos profissionais o Estado delega a função pública de:

[...] fiscalizar, defender e disciplinar o exercício da atividade

profissional, bem como o dever de zelar pelo interesse público.

Delega, também, a supervisão qualitativa, ética e técnica do exercício

das profissões, de acordo com a Lei, com o único objetivo de

assegurar qualidade aos serviços prestados à sociedade (CORTES,

2015, p. 16).

Neste contexto, no âmbito da Biblioteconomia, pode-se citar o marco para a profissão

que se deu a partir do Decreto nº 56.725, de 1965 (Anexo D) que possibilitou a instalação dos

órgãos da classe responsáveis pelas fiscalizações do exercício da profissão, sendo eles

Conselho Federal de Biblioteconomia e pelos Conselhos regionais de Biblioteconomia. Os

conselhos cumprem seu papel à medida que atuam no controle ético e técnico-profissional,

ratificando o seu compromisso com a sociedade na relação dos profissionais no exercício das

suas funções. Neste sentido, Cortes (2015, p. 18) nos ajuda a compreender que a missão dos

conselhos está na “atuação eficaz [protegendo] a sociedade de maus profissionais, de modo a

assegurar à população atendimento responsável e de qualidade, seja em um hospital, em uma

biblioteca, em um escritório de contabilidade”.

Com as mudanças ocorridas na Sociedade da Informação, os conselhos, de modo

geral, incorporam às suas atribuições, um movimento mercante de lutas na sociedade, que

segundo Rezende (2007 apud CORTES, 2015, p. 19) redimensiona seu papel “para além do

seu aspecto normativo e fiscalizador, voltando-se para o movimento da sociedade na defesa

dos direitos fundamentais do cidadão”. Com isso, no Sistema CFB/CRB, composto pelo

Conselho Federal de Biblioteconomia e pelos Conselhos Regionais de Biblioteconomia, é

percebido “esforços em diversas frentes, entre elas destaca-se o acompanhamento para

aprovação de Leis que privilegiem a cultura, a educação e a visão de bibliotecas como

equipamentos culturais” (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2018). Aos

Conselhos Regionais de Biblioteconomia compete:

[...] ações administrativas, normativas, supervisoras e disciplinares,

tendo ainda por finalidades gerais: zelar pelo bom conceito da

profissão, orientar e defender o livre exercício da profissão, julgar

infrações à Lei e à Ética, servir como órgão consultivo do Governo, no

que se refere aos interesses dos bibliotecários. Também é sua

atribuição a organização e manutenção de cadastros de profissionais

registrados, de escolas de biblioteconomia e de bibliotecas e centros

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de documentação (CONSELHO FEDERAL DE

BIBLIOTECONOMIA, 2010 apud SPUDEIT; FÜHR, 2011, p. 243).

Para além da fiscalização do exercício profissional, outro organismo fundamental para

a classe biblioteconômica é o Sindicato. Conforme De Plácido e Silva (1982 apud SPUDEIT;

FÜHR, 2011, p. 236) um sindicato tem o objetivo “a defesa dos interesses comuns de uma

classe, ou de um grupo de pessoas, ligadas entre si pelos mesmos interesses. Instituindo-se

para defesa de interesses de trabalhadores ou de pessoas de classes, qualifica-se como

sindicato profissional”. Ainda para os autores, tendo em vista a importância dos sindicatos e

atual sociedade capitalista, pode-se inferir que as representações em defesa dos direitos

trabalhistas e busca por condições mais justas e humanas de trabalho cabe aos sindicatos.

Ainda para Spudeit e Führ (2011) o primeiro registro de um sindicato de bibliotecários

no Brasil data de meados de 1970, localizado na Bahia, a partir do então Presidente da

Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB), Antônio Gabriel. Já em

1985, quando o movimento sindical começa a tomar força no país, é criado em São Paulo o

Sindicato dos Bibliotecários no Estado de São Paulo (SinBiesp), tornando-se um importante

organismo em defesa dos direitos dos bibliotecários atuantes naquele estado. Três anos mais

tarde, os bibliotecários do Paraná em busca da democratização do saber e o desenvolvimento

humano constituiu o Sindicato de Bibliotecários (SINDIB/PR) no ano de 1988.

No município do Rio de Janeiro, onde esta pesquisa foi realizada, os bibliotecários

contam com a representação legal do Sindicato dos Bibliotecários no Estado do Rio de

Janeiro que tem o objetivo de:

Defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria;

representar judicial ou extrajudicialmente os interesses coletivos e/ou

individuais da categoria, inclusive funcionando como substituto

processual da categoria; promover e participar obrigatoriamente das

negociações coletivas de trabalho com vistas à celebração de

convenções e acordos coletivos com os sindicatos patronais e/ou

entidades públicas ou privadas; propiciar a organização da categoria

promovendo a eleição de representantes e delegados sindicais;

promover a solidariedade entre seus representados e destes com as

demais categorias profissionais; promover o desenvolvimento cultural

e profissional dos representados; prestar assistência a seus associados,

na forma que a Assembleia Geral decidir; colaborar, como órgão

técnico e consultivo, com o poder público e o setor privado, no estudo

e solução dos problemas que se relacionem com a categoria

(SINDICATO DOS BIBLIOTECÁRIOS NO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO, 2018).

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Com base nas atribuições dos órgãos da classe biblioteconômica, pode-se inferir que

questões referentes às condições insalubres no ambiente de trabalho devem ser encaminhadas

ao sindicato do estado em que o bibliotecário contribui, uma vez que conforme apontam

Ribeiro, Miranda e Reis (2015) cabe aos sindicatos a fiscalização nas “relações de trabalho,

tais como salário, horas extras, insalubridade, acordos e dissídios coletivos, etc”. Desta forma,

segundo o estabelecido no Código de Ética Profissional do Bibliotecário, o profissional tem o

direito de dirigir-se aos referidos órgãos competentes caso julgue indignas as vulnerabilidades

vivenciadas no exercício da profissão (ver em 3, § 9°).

2.3.3 Adicional de insalubridade e o Projeto de Lei n° 1.511/2015

Etimologicamente a palavra “insalubre” deriva do latim e significa “tudo aquilo que

origina doença”, ou seja, característica ou condição do que é insalubre, conforme assinalado

por Silva (2014). De acordo com o dicionário Houaiss da língua portuguesa, insalubre

significa “que não é bom para a saúde, que causa doença, capaz de prejudicar de alguma

forma a saúde do trabalhador” (HOUAISS, 2001). A questão da insalubridade no trabalho está

relacionada ao surgimento das doenças ocupacionais e vem sendo estudada deste o século IV

a.C, quando Hipócrates identifica e descreve a contaminação por chumbo em trabalhadores

em atividades mineiras.

Ainda para Silva (2014), os debates que transitam no contexto sobre insalubridade

bem como periculosidade são complexos, até mesmo para os estudiosos da área da saúde e

segurança do Trabalho. No Brasil, a questão da insalubridade, tema central desta seção, surge

através do Decreto n° 21.417 de 17 de maio de 1932 que proíbe o trabalho de mulheres em

atividades insalubres. O que foi convalescido em 1943, com a promulgação da CLT através

do Decreto-Lei n° 5.452 de 1 de maio de 1943 que além do trabalho feminino em atividades

insalubres, proibia o trabalho infantil sob tais condições insalutíferas. O autor destaca que a

CLT, criada no governo de Getúlio Vargas com base na Carta Magna de 1937, objetivou dar

ao Brasil uma legislação que resguardassem os direitos trabalhistas dos trabalhadores

brasileiros.

A Portaria n° 3.214 de 8 de junho de 1978 que comemora no ano de 2018, 40 anos de

contribuição no âmbito da saúde e segurança do trabalhador, trouxe em suas disposições

diversas Normas Regulamentadoras (BRASIL, 1978), uma delas fazendo referência às

atividades insalubres, a saber NR 15 – Atividades e Operações Insalubres que:

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[...] estabelece os agentes que são considerados insalubres para efeito

de recebimento de adicional de insalubridade, inclusive seus limites de

tolerância, definindo, assim, as situações que, quando vivenciadas nos

ambientes de trabalho pelos trabalhadores, ensejam a caracterização

do exercício insalubre, e também os meios de proteção aos

trabalhadores de tais exposições nocivas a sua saúde (SILVA, 2014, p.

20).

Diante da afirmativa acima, a fim de reparar financeiramente os efeitos nocivos que os

riscos ocupacionais têm sob a saúde do profissional exposto à situação insalutífera,

instituições contratantes ficam obrigadas ao pagamento do adicional de insalubridade quando

não for possível a eliminação ou neutralização dos agentes insalubres presentes durante a

jornada de trabalho e comprovada a existência da insalubridade. Esse instrumento legal está

previsto no art. 7°, inciso XXIII, da Constituição Federal 1988 que dispõe sobre “adicional de

remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei”.

Desta forma, a insalubridade é definida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)

através do Capítulo V – Da Segurança e da Medicina, Seção XIII – Das Atividades Insalubres

ou Perigosas, art. 189 referindo-se às atividades ou operações insalubres que:

[...] que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho,

exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos

limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do

agente e do tempo de exposição aos seus efeitos (BRASIL, 1943).

Conforme estabelecido na CLT, para que o trabalhador tenha direito ao adicional de

insalubridade é necessário o estabelecimento entre a natureza e a intensidade do agente e o

tempo de exposição acima dos limites de tolerância permitidos em lei. O Limite de Tolerância

refere-se à “concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o

tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante sua vida

laboral” (BRASIL, 1978d). Além disso, com base no art. 190 da CLT, fica estabelecido que:

O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e

operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de

caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes

agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do

empregado a esses agentes (BRASIL, 1943).

Nesse sentido, o adicional de insalubridade é direito concedido ao trabalhador que está

exposto a agentes e riscos nocivos à sua saúde acima dos limites de tolerância definidos para

os agentes. A NR 15 apresenta quatorze anexos que dispõem sobre o limite de tolerância do

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44

respectivo agente insalubre bem como sua metodologia de avaliação (quantitativa ou

qualitativa), conforme apontado por Saliba (2010, p. 384). Além da lista oficial dos agentes

insalubres elaborada pelo MTE, para que o trabalhador tenha direito ao adicional de

insalubridade é necessário que ocorra a prova pericial conforme mencionado no art. 195 da

CLT que define “a caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade,

segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico

do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho” (BRASIL,

1943).

Assim, Silva (2014) nos ajuda a compreender que para “ser considerado um agente

insalubre, o mesmo deve constar em algum dos anexos da NR – 15. Caso não conste, para

efeito do pagamento do adicional de insalubridade, este agente não pode ser considerado

insalubre”. O que corrobora ao pronunciamento do Tribunal Superior do Trabalho (TST)

através da Súmula n. 448 SDI-1/TST que ratifica que “não basta a constatação da

insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo

adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial”

(BRASIL, 2014) que é disposta na NR.

Sobre o referido acima, é inegável que embora não seja reconhecido o direito do

adicional de insalubridade do bibliotecário, a empresa contratante não deve eximir-se de suas

obrigações para tomar medidas preventivas e proporcionar um ambiente de qualidade para o

profissional. Ao passo que, de acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), por meio

da Súmula nº 289, é ratificado que:

O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não

o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar

as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade,

entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo

empregado (BRASIL, 2007).

Desse modo, nos termos da Norma ficam estabelecidos os valores para o adicional de

insalubridade: 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo; 20% (vinte por

cento), para insalubridade de grau médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau

mínimo, com base no salário mínimo da região, conforme quadro a seguir:

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QUADRO 2 – Percepção de grau de insalubridade

Anexo Atividade ou operações que exponham o trabalhador Percentual

1 Níveis de ruídos contínuo ou intermitente 20%

2 Níveis de ruído de impacto 20%

3 Exposição ao calor com valor Índice de Bulbo Úmido

Termômetro de Globo (IBUTG) 20%

4 Revogado pela Portaria MTE nº 3.751 de 23 de novembro de

19902

-

5 Níveis de radiação ionizantes com radioatividade 40%

6 Ar comprimido 40%

7 Radiações não-ionizantes 20%

8 Vibrações 20%

9 Frio 20%

10 Umidade 20%

11

Agentes Químicos Cujas concentrações sejam superiores aos

Limites de Tolerância fixados no Quadro 1 do Anexo 11 da

NR 15

10%, 20% ou 40%

12 Limites de Tolerância para Poeiras Minerais 40%

13

Atividades ou operações, envolvendo Agentes Químicos,

considerados insalubres em decorrência de inspeção realizada

no local de trabalho

10%, 20% ou 40%

14 Agentes biológicos 20% ou 40%

Fonte: (BRASIL, 1978d; SILVA, 2014).

Ao olhar para biblioteca, a questão da insalubridade é tema recorrente nas

reinvindicações dos profissionais da área de Biblioteconomia e já foi objeto de estudo do

CFB. No início da década de 1990, a Nona Gestão do CFB realizou um levantamento sobre a

insalubridade e a profissão de bibliotecário. Foi proposta uma norma de conforto ambiental

para arquivos, bibliotecas e museus, gerando o Projeto de Lei nº 3.201/93, entretanto tão

iniciativa não encontrou o devido respaldo junto ao Ministério do Trabalho (CÔRTE, 2015).

2 De acordo com Silva (2014, p. 77) “o anexo 4, que considerava a iluminação como agente insalubre,

foi revogado pela Portaria n. 3.751 de 23 de novembro de 1990, que passou a considerar a questão da

iluminação em um ambiente de trabalho como um agente de conforto, sendo incluído na NR 17 –

Ergonomia”.

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Novamente, frente às vulnerabilidades vivenciadas no ambiente de trabalho do

bibliotecário, está tramitando na Câmara Legislativa o Projeto de Lei n° 1.511 de 2015,

elaborado pelo Vereador Uldurico Junior. A proposta do PL visa acrescentar ao art. 200 do

Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 o inciso IX –– “trabalho realizado em arquivos,

bibliotecas, museus e centros de documentação e memória, exposto a agentes patogênicos”

com o fito de atribuir medida especial de proteção ao trabalho realizado em arquivos,

bibliotecas, museus e centros de documentação e memória (CÂMARA, 2015).

Conforme mencionado por Santos (2017, p.67), o PL “obteve parecer favorável do

Relator na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC) em 21 de novembro de

2017”. Neste sentido, com a aprovação do Projeto espera-se que sejam estabelecidos Limites

de Tolerância para exposição aos riscos presentes nesses ambientes, o incentivo do uso

obrigatório de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e atribuição do adicional de

insalubridade para os profissionais das áreas de arquivos, bibliotecas, museus e centros de

documentação e memória.

Contudo, é importante mencionar algumas questões controvérsias a respeito do

adicional. Para Santos (2007) em sua revisão na literatura, verificou-se que há autores que

discordam do pagamento de insalubridade, uma vez que a monetarização do risco afasta a

devida atenção do objeto mais importante das reinvindicações, a saúde do trabalhador. A

autora apresenta os posicionamentos do jurista Sebastião Geraldo de Oliveira quem

argumenta que “o valor pago é tão irrisório que o empresário não tem o incentivo para

melhorar o ambiente de trabalho, uma vez que o custo é de apenas 10%, 20% ou 40% do

salário mínimo por mês”. (OLIVEIRA, 2002, p. 362 apud SANTOS, 2007, não paginado).

Ainda para Oliveira (2002 apud SANTOS, 2007) o valor do adicional de insalubridade

deveria incidir sob o salário contratual do empregado, como acontece com o adicional de

periculosidade. É importante destacar que o direito ao adicional será segurado ao empregado

desde que seja comprovado por laudo pericial, além disso, os adicionais só podem ser

somados em casos de exposições a situações de risco de natureza diferente.

Embora não seja tema central desta seção, é importante perceber as diferenças entre

esses dois adicionais. Silva (2014) nos esclarece sobre as diferenciações: o adicional de

insalubridade refere-se a situações que exponha o trabalhador a agentes insalubres como

ruído, calor, vibrações, frio, umidade e outros agentes contidos na NR 15, enquanto o

adicional de periculosidade é concedido ao empregado que é exposto a inflamáveis,

explosivos, eletricidade, entre outras situações dispostas na NR – 16 Atividades e operações

perigosas e seus anexos. Oliveira (2002 apud SANTOS, 2007) ainda contribui no

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entendimento de que os agentes periculosos provocam acidentes de trabalho, enquanto os

agentes insalubres ocasionam doenças profissionais ou do trabalho.

No âmbito do serviço público federal, o adicional de insalubridade é reconhecido no

Regime Jurídico Único através da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 (BRASIL, 1990)

em consonância a Lei n° 8.270, de 17 de dezembro de 1991 que dispõe sobre reajuste da

remuneração dos servidores públicos (BRASIL, 1991b). A normativa se dá por meio do Art.

68 da Lei nº 8.112/1990 que determinada que “os servidores que trabalhem com habitualidade

em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com

risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo” (BRASIL,

1990).

A Lei supracitada ainda menciona que o servidor que tiver o direito aos adicionais de

insalubridade e periculosidade deve optar por um deles além de passar por exames médicos a

cada 6 meses. Os percentuais para pagamento do adicional de insalubridade, incidentes sobre

o vencimento do cargo efetivo, terão como base os valores fixados de acordo com a legislação

específica Lei 8.270/1991, a saber: 5%, 10% e 20%, no caso de insalubridade nos graus

mínimo, médio e máximo, respectivamente (BRASIL, 1991b).

Cabe ressaltar que o Decreto nº 97.458, de 11 de janeiro de 1989 por meio do art. 1

estabelece que “a caracterização e a classificação da insalubridade ou periculosidade para os

servidores da administração federal direta, autárquica e fundacional será feita nas condições

disciplinadas na legislação trabalhista”. Portanto, os servidores públicos seguirão aos

dispostos do art. 189 a 197 da CLT. Além disso, os parágrafos 1º e 2º do art. 195 da CLT

estabelecem que:

§ 1º – É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias

profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a

realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o

objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades

insalubres ou perigosas.

§ 2º – Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por

empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz

designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver,

requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho

(BRASIL, 1943).

Tendo em vista os aspectos observados, o adicional de remuneração de insalubridade

deve ser visto como um recurso para reparar os efeitos danosos à saúde do bibliotecário e

auxiliá-lo, financeiramente, nos gastos oriundos de tratamentos, medicamentos e outros

mecanismos de defesa do organismo. Por isso, em concomitância ao pagamento de adicional

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de insalubridade para a classe bibliotecária, é preciso pensar em medidas que visem melhoras

nas condições ambientais e ergonômicos do ambiente de trabalho desses profissionais.

No contexto das condições e situações insalubres vivenciadas no ambiente de trabalho

pelo bibliotecário, as próximas seções serão responsáveis por apresentar a relação do

profissional com seu ambiente de trabalho, a conceituação da biblioteca universitária, isto

porque foi escolhida como universo de pesquisa bem como destacar as principais fontes

geradoras de riscos e as doenças desencadeadas pela exposição aos agentes agressores à saúde

do bibliotecário.

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3 O BIBLIOTECÁRIO E SEU AMBIENTE DE TRABALHO

A prática biblioteconômica remota à época das grandes bibliotecas do Mundo Antigo,

responsável pela guarda, preservação e disponibilização da História da Sociedade.

Compreender a história da biblioteca é fazer uma retomada na história da humanidade, pois

“em sua gênese, a instituição biblioteca foi construída na Antiguidade para atender os

interesses da realeza, quer do ponto de vista administrativo, religioso, científico, econômico,

político e cultural” (FERREIRA, 2012, p. 76).

No Brasil, a formação do profissional e oficialização do primeiro curso de

Biblioteconomia se deu a partir da iniciativa de Manuel Cícero Peregrino da Silva, então

diretor da Biblioteca Nacional, em 1911. Foi apenas em 1915 que o curso passa a funcionar

nos porões da Biblioteca Nacional, voltado especialmente para os funcionários da Biblioteca

Nacional (CÔRTE, 2015).

A regulamentação da profissão se deu através da Lei n° 4.084 de 30 de junho de 1962

que regula seu exercício e dispõe sobre a profissão do bibliotecário, sendo incluída ao quadro

das profissões liberais, grupo 19, anexo ao Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943

(Consolidação das Leis do Trabalho). A Lei é estruturada por 37 artigos, divididos em cinco

seções que sancionam o exercício e atribuições profissionais, a fiscalização do exercício da

Profissão do Bibliotecário sob Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) e Conselhos

regionais de Biblioteconomia (CRB), anuidade e taxas, disposições gerais e disposições

transitórias. Assim estabelece diretrizes para o exercício da profissão dispondo a

obrigatoriedade de formação em Bacharel em Biblioteconomia para a realização de atividades

pertinentes a área (BRASIL, 1962).

São atribuições dos Bacharéis em Biblioteconomia, a organização,

direção e execução dos serviços técnicos de repartições públicas

federais, estatais, municipais e autárquicas e empresas particulares

concernentes às matérias e atividades seguintes: a) o ensino da

Biblioteconomia; b) a fiscalização de estabelecimento de ensino de

Biblioteconomia reconhecidos, equiparados, ou em vias de

equiparação; c) administração e direção de bibliotecas; d) a

organização e direção dos serviços de informação; e) a execução dos

serviços de classificação e catalogação de manuscritos e de livros

raros e preciosos, de mapotecas, de publicações oficiais e seriadas, de

bibliografia e referência (BRASIL, 1962).

Outro documento relevante na área é o Código de Ética do Profissional Bibliotecário,

uma vez que "a ética faz parte da competência profissional, do domínio dos conhecimentos

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necessários para desempenhar seu papel na sociedade, articulado com o domínio das técnicas,

das estratégias para realização do seu trabalho" como abordam Cuartas et al. (2003, p. 1).

Aranalde (2005, p. 354) comenta que:

A postura ética requerida de um profissional da informação, como no

caso de um bibliotecário, inclui a busca pelas melhores alternativas

para organização, recuperação e disseminação das informações, tendo

em vista as necessidades dos usuários com os quais interage e das

instituições em que está inserido.

No Brasil, a questão da ética no contexto da Biblioteconomia começou a partir do

primeiro trabalho elaborado por Laura Russo, apresentado no III Congresso Brasileiro de

Biblioteconomia e Documentação (CBBD), realizado em 1961. O texto foi aprovado pela

Plenária do Congresso e enviado à Federação Brasileira Associações Bibliotecários (FEBAB)

e para outras associações e instituições de ensino de Biblioteconomia no país, para que o

documento fosse analisado a fim de receber críticas ou sugestões de melhoria. No ano de

1963 foi aprovado, com algumas alterações do texto original de Laura Russo, o primeiro

Código Profissional dos Bibliotecários Brasileiros, durante o IV CBBD (CASTRO, 2000

apud CUARTAS et al., 2003, p. 3).

Vale ressaltar algumas disposições do Código de Ética Profissional do Bibliotecário,

como o art. 11° alínea “b” que assegura à classe biblioteconômica o direito de “apontar falhas

nos regulamentos e normas das instituições em que trabalha, quando as julgar indignas do

exercício profissional, devendo, neste caso, dirigir-se aos órgãos competentes, em particular,

ao Conselho Regional”. Além do mencionado, cabe ao bibliotecário em relação aos colegas

da classe, conforme disposto no art. 5°, alínea “c”:

[...] evitar a aceitação de encargo profissional em substituição a colega

que dele tenha desistido para preservar a dignidade ou os interesses da

profissão ou da classe, desde que permaneçam as mesmas condições

que ditaram referido procedimento (CONSELHO FEDERAL DE

BIBLIOTECONOMIA, 2002).

Souza e Silva (2007, p. 132) ainda destacam que:

A profissão de bibliotecário exige o emprego e muito esforço de todos

os sentidos humanos da pessoa que a exerce. Assim, o profissional

bibliotecário precisa estar em sintonia com o seu corpo e com sua

mente para responder aos seus compromissos profissionais, dando

destaque, no mínimo, para o que prescreve o Código de Ética de sua

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profissão (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA,

2002).

A elaboração e publicação da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), em 2002,

sob responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), também foi um

importante normativo para a área. A CBO apresenta as ocupações existentes no mercado de

trabalho brasileiro, sendo uma ferramenta fundamental para estatísticas relacionadas ao

emprego-desemprego, estudo das taxas de natalidade e mortalidade das ocupações, elaboração

de currículos, no planejamento da educação profissional, no rastreamento de vagas, entre

outras (BRASIL, 2018). Conforme citado por Santos, Neves e Job (2004, p. 42-43), a CBO “é

o resultado de uma extensa análise das atividades desenvolvidas em cada ocupação, realizada

por trabalhadores que as exercem e que são reconhecidos pelos seus pares como alguém com

alto desempenho”.

Este documento apresenta a família biblioteconômica na CBO, encontrando-a através

do código n° 2612-05, inserida em uma classe maior denominada “Profissionais da

Informação”, código n° 261. Essa por sua vez está inserida no Grupo 2 – Profissionais das

Ciências e das Artes. Neste código estão inclusos os Bibliotecários, Documentalistas e

Analistas de informações (pesquisador de informações de rede) (SANTOS; NEVES; JOB,

2004; SOUZA; SILVA, 2007).

A CBO/2002 é uma fonte de informação e diretrizes no sentido de contribuir para o

conhecimento de atribuições pelo profissional bibliotecário bem como os empregadores.

Através desse documento são apresentadas as habilidades dos bibliotecários e os possíveis

mercados de atuação. No site do Ministério do Trabalho e Emprego são identificadas as

principais habilidades desse profissional:

Disponibilizam informação em qualquer suporte; gerenciam unidades

como bibliotecas, centros de documentação, centros de informação e

correlatos, além de redes e sistemas de informação. Tratam

tecnicamente e desenvolvem recursos informacionais; disseminam

informação com o objetivo de facilitar o acesso e geração do

conhecimento; desenvolvem estudos e pesquisas; realizam difusão

cultural; desenvolvem ações educativas. Podem prestar serviços de

assessoria e consultoria (BRASIL, 2002).

Ao abordar o espaço de trabalho do bibliotecário é inegável o elo com a instituição

biblioteca. Essa foi considerada pelo indiano Shiyali Ramamrita Ranganathan como um

organismo em crescimento e sempre experimentou as transformações dos milênios: da

utilização da pictografia e do papiro, a construções de grandes bibliotecas como a Biblioteca

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de Alexandria datada de 323 a.C, a invenção do papel e da imprensa por Gutenberg, a

revolução industrial e a automação, a invenção do computador, o surgimento da informática,

microcomputadores e da internet, entre outros inventos. O advento da informática provocou

uma aceleração no surgimento de novos recursos na sociedade e modificou os

comportamentos sociais e profissionais, o que tem afetado a segurança, o controle, e as

perspectivas dos indivíduos em geral (VALENTIM, 2000).

As atividades desenvolvidas pelo bibliotecário também sofreram significativas

mudanças ao longo dos anos, sobretudo pela inserção de novas tecnologias em seu ambiente

de trabalho. De acordo com Morigi e Pavan (2004, p. 117) “o impacto das Tecnologias de

Informação e Comunicação (TIC) é sentido sobre toda a vida social, seja no trabalho, no lazer

e nas relações entre os indivíduos”. Conforme Ferreira (2003, p. 45 apud DIAS, 2008, p. 20)

[...] as profissões da informação têm-se caracterizado pela variedade e

pela multiplicidade de suas funções, parece plausível que um mesmo

profissional realize, ao mesmo tempo, atividades consideradas

tradicionais e atividades emergentes.

Valentim (2000) revela que o desenvolvimento tecnológico influenciou e provocou

mudanças nos modelos tradicionais de trabalho, principalmente para os profissionais que

lidam com a informação. Neste sentido, Borges (2018, p. 57) destaca que a nova sociedade da

informação e do conhecimento introduziu novos processos e instrumentos tecnológicos,

induzindo o “uso de intensivo e em larga escala do computador para processamento de dados,

redes de informação e comunicação, automação de processos produtivos”.

Percebe-se o surgimento de um novo profissional que deve dispor de habilidades e

competências para a realização das suas tarefas: gestor, catalogador, classificador, indexador,

disseminador, pesquisador, entre outras. O know-how do bibliotecário aprimorou-se,

sobretudo pela contribuição que as novas tecnologias trouxeram para suas práticas de

trabalho.

Entretanto, como aponta Santos (2014, p. 32) “as novas formas de trabalho originadas

pela evolução tecnológica levaram bibliotecários e trabalhadores de bibliotecas a ficarem mais

tempo frente a tela de computadores”. A autora ainda destaca que a automação dos serviços

ocasionou o surgimento de outras tarefas e o aumento da carga de trabalho, sobretudo aquelas

exercidas na posição sentada. Silva e Araujo (2003) ainda apontam que “a revolução

industrial, também, ajudou a mudança da biblioteca/museu, que deixou de ser a única

alternativa, passando a existir a biblioteca/serviço, oferecida ao público”.

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Ainda para Valentim (2000) tradicionalmente o mercado de trabalho mais reconhecido

pela sociedade e até mesmo pelo bibliotecário é o espaço da biblioteca. Neste contexto,

Targino (1984, p. 35 apud SANTOS, 2014) apresenta a tipologia desses espaços: públicas,

infanto-juvenis, especializadas, especiais, universitárias, escolares, ambulantes, comunitárias

e particulares. Apesar disto, é importante destacar os novos campos de atuação para esse

profissional:

As empresas privadas, independentemente de possuir uma biblioteca

ou um centro de informação/documentação, podem utilizar a mão de

obra de profissionais bibliotecários, como o setor de

informática/microinformática da empresa, uma vez que este setor gera

farta documentação de sistemas e necessita gerenciar, processar e

recuperar as informações. Outro setor em empresas privadas que

necessita de um profissional bibliotecário é a área de planejamento

estratégico, aqui o profissional da informação terá a função básica de

buscar informação relevante para a organização, disseminando-a para

setores chave da empresa, utilizando-se das tecnologias de informação

para distribuí-la (VALENTIM, 2000, p. 23).

Percebe-se um leque com diversos campos de atuação para os profissionais da

informação como em editoras e livrarias onde pode ser realizado o processo de normalização

das publicações, desenvolvimento de coleções para os clientes bem como a organização e

recuperação; em provedores da internet e bancos de dados, pois são âmbitos que necessitam

de organização e disponibilização das informações contidas em seus sites. Desta forma, esse

profissional, neste caso o bibliotecário, deve entender a informação como objeto central de

trabalho, conhecer e trabalhar as tecnologias da informação, fazer uso das técnicas

administrativas, criar produtos e serviços informacionais orientados pelas necessidades de

seus usuários, reorganizar a estrutura organizacional da unidade de informação quando for o

caso, utilizar outras ferramentas que ajudem nos processos da unidade, entre outras

capacidades (VALENTIM, 2000).

As alterações que as novas tecnologias trouxeram para o ambiente de trabalho e para

os campos de atuação dos bibliotecários também tiveram influência sob a necessidade de

surgimento de um novo perfil de profissional tanto na área de atuação como no mundo do

mercado de trabalho. Conforme destacam Arruda et al. (2000, p. 17) é requerido “ao

profissional além de maior qualificação profissional, maior envolvimento emocional e social

do trabalhador”. Os autores destacam a importância de um novo perfil de profissional que seja

comunicativo, possua a capacidade de interpretar dados, trabalhe em inter, multi ou

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transdisciplinaridade com outras áreas para atingir os objetivos da organização e no contexto

informacional, a geração, absorção e troca de conhecimento.

Além das alterações no perfil do profissional e campos de atuação, que exigem maior

qualificação profissional, as transformações nos espaços de trabalho são evidentes e demanda

do bibliotecário, aptidão para atuar em situações de trabalho diferenciadas. Torna-se evidente

“o conteúdo e a forma como o trabalho é realizado, como o trabalhador se relaciona e se

socializa no ambiente de trabalho”, de acordo com Arruda et al. (2000, p. 18). Assim, Souza

(2008 apud ARAUJO, 2014) preconiza que a biblioteca deve ser configurada em um espaço

propício ao trabalho do bibliotecário que deve atentar-se para as condições ambientais,

localização geográfica da unidade, acervo, mobiliário e layout dos setores (administrativos,

processamento técnico, referência, entre outros).

Conforme exposto, a literatura apresenta diferentes espaços para a atuação do

bibliotecário. Para este estudo, o campo empírico de análise selecionado foi a biblioteca

universitária, principalmente pelo papel primordial na produção de conhecimento por meio de

suas contribuições no ensino, pesquisa e extensão. Neste sentido, torna-se necessário uma

breve explicação desse tipo de instituição.

3.1 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

A palavra biblioteca analisada a partir da sua estrutura etimológica origina-se da

palavra grega bibliotheke que deriva dos radicais gregos biblion que significa “papel ou rolo

com escrita” e theke que tem o significado de “depósito”. Inicialmente, funcionavam como

“depósito de livros”, armazenando o conhecimento produzido de maneira restrita ao público

(CUNHA, 1997 apud SANTOS, 2012).

A Idade Média foi marcada pelo surgimento de três tipos de bibliotecas: as monacais,

as particulares, juntamente com as Bizantinas e ao final do século, as bibliotecas

universitárias. Até então a biblioteca era vista apenas como uma guardiã dos livros. Contudo,

devido ao crescimento do comércio livreiro e importantes mudanças intelectuais e sociais

ocorridas na Europa do século XIII, as primeiras bibliotecas universitárias surgem em paralelo

às primeiras universidades na Europa, sobretudo em Bolonha e Paris. Das principais

bibliotecas universitárias destacam-se a Biblioteca Jurídica de Orléans na França, a Biblioteca

Médica de Paris, a Biblioteca de Oxford, fundada em 1334, na Inglaterra e a de Cambridge,

fundada em 1444, na Inglaterra (REBELO, 2011; SANTOS, 2012).

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A partir do Renascimento, há um crescimento das bibliotecas universitárias motivado

pelo cenário característico do período: o livro como manifestação de status social. Com a

criação das bibliotecas universitárias, essas instituições assumem a função social de

disseminadoras de informação bem como o bibliotecário passa a ser agente central nas

bibliotecas, principalmente pelo seu caráter de disseminador da informação. Neste sentido,

desde a Antiguidade até a atualidade foi assistido o processo evolutivo das bibliotecas.

Decorrente dessa trajetória os processos e atividades funcionais desenvolvidas em bibliotecas

foram transformados bem como o conceito e objetivos dessa instituição foram adaptados de

acordo com o contexto vivenciados por elas e a partir do interesse e das necessidades

informacionais de diversos usuários (SILVA; ARAUJO, 2003; SANTOS, 2012; SILVEIRA,

2014).

Como aponta Pinheiro (2007, p. 20 apud ARAUJO, 2014) o conceito de biblioteca

sofreu alteração, sobretudo no século XV pelo advento da imprensa que parte da ideia de

armazenamento dos registros de conhecimento com o acesso restrito para um espaço aberto

que proporciona a diferentes públicos o acesso à informação, à cultura, à pesquisa e à

produção do conhecimento. Neste contexto, a Unesco (2009 apud SANTOS, 2014, p. 30) vai

definir biblioteca como:

[...] uma coleção organizada de documentos de vários tipos, aliada a

um conjunto de serviços destinados a facilitar a utilização desses

documentos, com finalidade de oferecer informações, propiciar a

pesquisa, concorrer para a educação e lazer.

O século XXI vem sendo marcado pelas transformações que a revolução digital tem

proporcionado. Diferentes instituições reúnem esforços para manter-se relevante no mercado

e a biblioteca, em especial a universitária, percebe a “necessidade de adaptações a assegurar

que as bibliotecas continuem a fazer parte integrante do compromisso da nossa sociedade com

a educação e ao acesso igualitário à informação” (CUNHA, 2010, p. 1).

Muitas foram então as inovações técnicas experimentadas pelas

bibliotecas universitárias em sua trajetória até a contemporaneidade.

Entre estas se têm a introdução de novos métodos de análise,

representação, organização, armazenamento e recuperação de

informações que se sucederam à medida que os suportes de fixação do

conhecimento humano foram evoluindo. Todavia, nada se compara à

introdução da informática combinada às telecomunicações, a qual

imprimiu nova dinâmica no ambiente de trabalho dessas organizações

(FERREIRA, 2012, p. 78).

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Portanto, é evidente que ao longo dos anos as bibliotecas sofreram alterações, mas

nunca deixaram de lado a responsabilidade de armazenamento, organização e disponibilização

da informação, visando atender as demandas informacionais do seu público que se constitui

de alunos, docentes, pesquisadores e servidores vinculados à instituição a qual pertence. Além

disso, a biblioteca vista como uma organização social é uma instituição de suporte à

organização à qual está inserida, neste sentido absorve, reflete e reprocessa as características

organizacionais de sua mantenedora, a universidade, a fim de atingir objetivos específicos

(SANTA HELENA, 2009; TARAPANOFF, 1982).

Neste sentido, a biblioteca universitária é parte integrante da universidade com função

social, uma vez que “universidade e biblioteca são agências sociais organizadas para atender

as necessidades da comunidade acadêmica e da sociedade de forma geral” (AQUINO, 1996,

p. 185-197 apud SOUTO, 2016, p. 2). Ainda para a autora, a biblioteca universitária tem a

finalidade de oferecer suporte ao ensino, pesquisa e extensão de modo a subsidiar o

desenvolvimento da educação, cultura e da ciência. Assim é caracterizada como uma

“organização prestadora de serviço de informação apoiando as atividades de ensino, aos

docentes, aos discentes e aos pesquisadores da universidade, pois em seu âmbito inicia o

processo de geração de conhecimento” (RIBEIRO, 2007 apud SOUTO, 2016, p. 2)

As bibliotecas universitárias possuem diversas funções, constituindo-se em

organizações complexas e como uma série de procedimentos, produtos e serviços. Apesar de

toda complexidade, o seu propósito é proporcionar acesso ao conhecimento. Em especial nas

instituições de ensino, a biblioteca universitária é vista como fonte provedora das informações

demandadas, seja pelo estudante, professor ou pesquisador, para a produção de conhecimento.

São instituições com papel fundamental nas atividades de pesquisa para a produção do

conhecimento das universidades. Assim, tais bibliotecas são responsáveis pelo suporte ao

ensino, pesquisa e extensão (CUNHA, 2010; TARAPANOFF, 1982). De acordo com

Damasio (2004, p. 1 apud SANTA HELENA, 2009, p. 5):

A biblioteca universitária detém um papel essencial nos processos de

pesquisa e inovação do país. Detém o conhecimento universitário e

têm a principal função de intermediárias entre o conhecimento

científico e tecnológico e seus usuários, pessoas físicas ou jurídicas.

Em 1970, durante 16ª Assembleia Geral da Unesco as bibliotecas foram classificadas

em seis categorias: nacionais, de instituições de ensino superior, especializadas, escolares,

públicas e importantes não especializadas. As bibliotecas de instituições de ensino superior

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podem ser categorizadas por: bibliotecas universitárias centrais; bibliotecas de institutos e

departamentos universitários; bibliotecas de centro de ensino superior que não fazem parte da

universidade (REBELO, 2011).

Portanto, a biblioteca universitária depende da universidade que a mantêm, refletindo

suas características e objetivos a fim constituírem-se em espaços de aprendizagem e produção

do conhecimento. Assim considera-se uma extensão da universidade que oferece serviços

com o intuito de promover, disseminar e transferir informações que garantam a atuação da

comunidade (alunos, professores e pesquisadores) na promoção do ensino, pesquisa e

extensão.

3.2 PRINCIPAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM BIBLIOTECAS

UNIVERSITÁRIAS

Diante das mudanças ocorridas no mundo científico e tecnológico, as organizações

vêm sofrendo transformações em suas estruturas organizacionais, sobretudo em seus

processos de trabalho, atividades e recursos humanos. A fim de obter uma base argumentativa

para exigências por melhores condições de trabalho, é importante identificar as atividades

desenvolvidas em bibliotecas, em especial para este estudo, as bibliotecas universitárias.

Assim, esta seção é responsável por apresentar as principais atividades e tarefas rotineiras das

bibliotecas universitárias, segundo a literatura.

Conforme mencionado por Ferreira (2012) foi, experimentada nas bibliotecas,

principalmente as universitárias, a inserção de novas técnicas que introduziram aos processos

de trabalhos novos métodos para o tratamento e distribuição da informação. As contribuições

da informática e das telecomunicações possibilitaram a introdução de processos técnicos mais

robustos e eficientes. Além disso, Lancaster (1993) destaca que profissionais que lidam com a

informação como atividade finalística encontram-se desafiados frentes as inovações

tecnológicas, pois cada vez mais devem elaborar produtos e serviços que atendam as

necessidades informacionais de seus usuários.

Como observado nas seções anteriores, a biblioteca possui como matéria prima a

informação, e na biblioteca universitária essa informação serve para atender as necessidades

informacionais e contribuir para produção acadêmica dos estudantes, professores,

pesquisadores e toda as pessoas que compõem a comunidade universitária. Em vista do

contexto de produção informacional exponencial que os cidadãos estão inseridos, a biblioteca

universitária deve dispor de mecanismos para cumprir seu papel social referente ao ensino,

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pesquisa e extensão, por isso ela deve engajar-se em atividades e tarefas para aperfeiçoar os

produtos e serviços a fim de atender as necessidades informacionais do seu público alvo e

potencial.

Há abordagens que identificam atividades básicas da biblioteca como adquirir e

armazenar materiais bibliográficos; identificar e localizar os materiais; e apresentar estes

materiais para os usuários. Na abordagem de Gilda Pires Ferreira (apud TARAPANOFF,

1982) as atividades desenvolvidas estão alinhadas aos objetivos de formação e

desenvolvimento de coleções; promoção de acesso às coleções; assistência ao usuário; e

cooperação entre bibliotecas. Desta forma, tradicionalmente, as bibliotecas universitárias

desenvolvem atividades como: processos técnicos, serviços ao público, administração.

Em bibliotecas são desenvolvidos diversos processos e subprocessos pelos setores

responsáveis. Os processos técnicos referem-se às atividades de seleção, tratamento e

preservação da informação. O fundamento dos processos técnicos está na concepção de

possibilitar a recuperação, acesso e uso da informação pelo usuário, por isso e em virtude das

mudanças tecnológicas, os processos devem ser continuamente adaptados de modo a oferecer

serviços qualitativos e dinâmicos (REIS; BLATTMANN, 2004; ARAUJO, 2015).

Categoricamente exposto pela CBO (2002 apud SANTOS; NEVES; JOB, 2004) as

atividades e tarefas relacionadas aos processos técnicos dos recursos informacionais são:

registro; classificação; catalogação; elaboração de linguagens documentárias, resenhas e

resumos; prestar informações para o desenvolvimento de bases de dados; efetuar manutenção

de bases de dados; gerenciar qualidade e conteúdo de fontes de informação; reformatar

suportes; migrar dados; e desenvolver metodologias para gerenciamento de documentos

digitais e eletrônicos; adquirir, inventariar, conservar, preservar e descartar acervo, entre

outras.

Os serviços voltados para o atendimento ao público incluem a circulação, referência,

serviço de orientação ao usuário e auxílio direto no uso da biblioteca por meio de

treinamentos e cursos. Nas atividades desenvolvidas que envolvem diretamente o usuário

estão: localizar e recuperar informações; prestar atendimento personalizado que inclui

orientação ao usuário quanto às diversas linguagens para recuperação da informação bem

como o funcionamento e recursos da Unidade de Informação; elaborar estratégias de buscas

avançadas; intercambiar informações e documentos; controlar circulação de recursos

informacionais; disseminar seletivamente a informação; elaborar clipping de informações;

elaborar boletim bibliográfico, entre outros (TARAPANOFF, 1982; CBO, 2002 apud

SANTOS, NEVES, JOB, 2004).

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Além dos processos técnicos e serviços prestados aos usuários, as bibliotecas

universitárias devem habitualmente “monitorar e aprimorar [...] suas políticas de gestão, uma

vez que fatores como satisfação dos usuários, qualidade em serviços, gerenciamento eficiente

da produção entre outros, são fundamentais para o sucesso e sobrevivência em longo prazo”

(SILVA; SCHONS; RADOS, 2006, p. 16 apud JACQUES, 2015, p. 49)

Na atual Sociedade da Informação, o gerenciamento das unidades de informação é

processo fundamental para permanência das bibliotecas frente às novas demandas do

mercado. Para isso, os gestores de bibliotecas devem estar cientes da visão, missão e dos

objetivos da instituição a qual atende além de participar nos processos e serviços gerenciais.

Dos serviços gerenciais em bibliotecas, destacam-se: elaborar programas e projetos de ação;

projetar custos de serviços e produtos; implementar atividades cooperativas entre instituições;

administrar o compartilhamento de recursos informacionais; desenvolver planos de

divulgação e Marketing; desenvolver políticas de informação; projetar unidades, redes e

sistemas de informação; automatizar unidades de informação; desenvolver padrões de

qualidade gerencial; controlar a execução dos planos de atividades; elaborar políticas de

funcionamento das unidades, redes e sistemas de informação; controlar a segurança

patrimonial da unidade, rede e sistema de informação, entre outros (BRASIL, 2002 apud

SANTOS, NEVES, JOB, 2004, p. 51-52)

É importante salientar os recursos humanos nas bibliotecas universitárias.

Normalmente, a equipe da biblioteca é formada pelo bibliotecário-chefe, bibliotecários e

demais funcionários como auxiliares de biblioteca, técnicos em Biblioteconomia, técnicos-

administrativos e estagiários. Para o funcionamento pleno da unidade é imprescindível que o

quadro de pessoal e as atividades sejam bem definidos, delegando tarefas profissionais para

bibliotecários e tarefas não-profissionais para técnicos e auxiliares de biblioteca (BARBOSA,

2005 apud SANTA HELENA, 2009).

3.3 RISCOS OCUPACIONAIS EM BIBLIOTECAS

Toda atividade profissional tem a probabilidade de oferecer riscos nocivos à saúde

visto que em determinadas situações pode haver a ocorrência de algum desequilíbrio ou dano

ao indivíduo. Conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (2010, p. 6) o termo

saúde refere-se ao “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente

a ausência de doença”. Essa definição corrobora ao que foi proposto pela Agenda 2030 que

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defende a promoção do trabalho decente, a proteção dos direitos trabalhistas e promoção de

ambientes de trabalho seguros e protegidos para todos os trabalhadores.

Vale destacar que o conceito de saúde vai além da presença ou não de alguma

enfermidade, ele envolve a harmonia dos aspectos culturais, sociais e físicos. Por isso, os

sentidos de saúde e doença, conforme Czeresnia, Maciel e Oviedo (2013) estão sujeitos a

transformações ocorridas nos contextos sociais e econômicos que repercutem nos modos de

perceber e agir em diferentes épocas. Ainda para os autores, “o tema da saúde é relacionado a

características que se vinculam ao bem-estar, mas que não são definidas de modo científico,

[ou seja], não há um conceito de saúde cientificamente fundamentado” (CZERESNIA;

MACIEL; OVIEDO, 2013, p. 11).

Deste modo, Canguilhem (1995 apud CZERESNIA; MACIEL; OVIEDO, 2013) irão

dizer que o estado da saúde e doença não deve ser pensado de modo cristalizado, mas

processual e dinâmico. Desta forma, o autor ainda ressalta que a saúde perfeita ou bem-estar

absoluto é uma utopia, pois as perturbações fazem parte da vida. Assim, a saúde pode ser

compreendida como a recuperação do indivíduo a determinada doença.

Apesar dos riscos que os profissionais estão sujeitos em seu ambiente de trabalho,

Mauro et al. (2004) preconiza que a vida humana deve ser alicerçada no equilíbrio dos

componentes biológicos e psíquicos da personalidade bem como nos fatores sociais e do

ambiente. A harmonia entre esses elementos proporciona ao indivíduo a sensação de bem-

estar. Neste sentido, para a obtenção de um ambiente saudável de trabalho é necessário

considerá-lo como um espaço para promoção da saúde e de atividades preventivas. Considera-

se ambiente de trabalho saudável como:

[...] aquele em que os trabalhadores e os gestores colaboram para o

uso de um processo de melhoria contínua da proteção e promoção da

segurança, saúde e bem-estar de todos os trabalhadores e para a

sustentabilidade do ambiente de trabalho tendo em conta as seguintes

considerações: [...] questões de segurança e saúde no ambiente físico

de trabalho; questões de segurança, saúde e bem-estar no ambiente

psicossocial de trabalho, incluindo a organização do trabalho e cultura

da organização; recursos para a saúde pessoal no ambiente de

trabalho; envolvimento da empresa na comunidade para melhorar a

saúde dos trabalhadores, de suas famílias e outros membros da

comunidade (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2010, p. 6).

Para isso, torna-se necessária maior atenção no ambiente laboral dos trabalhadores,

pois são espaços propícios à exposição de riscos ocupacionais. Deste modo, medidas

preventivas devem ser tomadas no sentido de mitigar os riscos inerentes das atividades

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exercidas. O estudo do ambiente de trabalho é fundamental para o reconhecimento das

principais características que contribuem para acidentes de trabalho. Neste sentido, Porto

(2008, p. 5) destaca que:

A análise dos riscos nos locais de trabalho deve necessariamente

incorporar a vivência, o conhecimento e a participação dos

trabalhadores, já que eles realizam o trabalho cotidiano e sofrem seus

efeitos e, portanto, possuem um papel fundamental na identificação,

eliminação e controle dos riscos.

As últimas décadas evidenciaram a preocupação em estudar os riscos nos locais de

trabalho. Foi assistida, sobretudo nos países da Europa e América do Norte, a mudança na

perspectiva de análise da causa de um acidente ou doença. Neste sentido, Porto (2008, p. 5)

revela que “em vez de sistemas compensatórios e de fim de linha, busca-se enfatizar mais o

aspecto preventivo, ou seja, atuar no controle e eliminação dos riscos na fonte, e não após a

ocorrência de acidentes e doenças”. Desta forma, atualmente há um enfoque em estudos

elaborados com antecedências orientados ao reconhecimento das possíveis fontes geradas de

riscos, agindo de maneira preventiva no controle e eliminação dos riscos.

Além de considerar o trabalhador como sujeito fundamental na análise e controle de

riscos, foram incorporadas outras questões relevantes para a análise de riscos como a própria

organização do trabalho e as práticas gerenciais sejam como aspectos fundamentos nas

políticas de segurança e saúde das empresas como também possíveis fontes de acidentes,

doenças ou sofrimentos ao trabalhador (PORTO, 2008). O autor supracitado ainda destaca:

A análise de riscos nos locais de trabalho não é um mero instrumento

burocrático: é um processo contínuo, que precisa periodicamente ser

revisado, principalmente quando surgem novas circunstâncias, como

mudanças tecnológicas ou organizacionais nas empresas (PORTO,

2008, p. 6).

Nessa perspectiva, é importante salientar que a inserção de novas tecnologias de

informação e automação possibilitou a ampliação das atividades e serviços oferecidos pelas

unidades de informação, constituindo-se instrumentos fundamentais para o trabalho

biblioteconômico. No entanto, a Organização Mundial da Saúde dá destaque aos problemas

de saúde ocupacional, em diferentes áreas, que foram desenvolvidos a partir do uso desses

mecanismos (SOUZA; SILVA, 2007).

Segundo estimativas do Observatório digital de Saúde e Segurança do Trabalho ainda

ocorrem um acidente de trabalho a cada 52 segundos no Brasil (SEGURANÇA... 2018). Já no

âmbito biblioteconômico, a pesquisa realizada por Santana (2014), tendo como base dados

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estatísticos coletados nas planilhas da Previdência Social brasileira, evidencia o quantitativo

de profissionais da informação (bibliotecários e arquivistas) que foram afastados de seus

postos de trabalho e receberam auxílio doença nos anos de 2008 a 2013. Das doenças com

mais incidências de afastamentos estão àquelas ligadas a transtornos mentais e

comportamentais; doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo; lesões,

envenenamento e algumas outras consequências de causas externas. Em matéria publicada

pelo Jornal do Brasil no ano de 2004 é mencionado que:

As doenças relacionadas ao stress e à fadiga física e mental também

são apontadas por especialistas como as que mais afetam os

trabalhadores apesar da subnotificação dos casos. É o que aponta uma

pesquisa realizada em 2002 pelo Laboratório de Saúde do Trabalhador

na UnB a partir de dados fornecidos pelo INSS. O estudo mostrou que

bibliotecários e profissionais de saúde são os que mais se afastam por

causa de doenças mentais (DOENÇAS..., 2004 apud SOUZA; SILVA,

2007, p. 132).

Conforme assinalado pela Trivaleto (1998 apud BRASIL, 2001, 37) o termo risco é

originário da palavra inglesa hazard traduzida para o português como perigo ou fator de risco

ou situação de risco que se refere a “uma condição ou conjunto de circunstâncias que tem o

potencial de causar um efeito adverso, que pode ser: morte, lesões, doenças ou danos à saúde,

à propriedade ou ao meio ambiente”. A partir da definição estabelecida pela Occupational

Health and Safety Assessment Services (2007, p. 2) perigo é entendido como “fonte, situação

ou ato com um potencial para o dano em termos de lesões, ferimentos ou danos para a saúde,

ou uma combinação destes”.

O conceito de risco é definido como a “combinação da probabilidade da ocorrência de

um acontecimento perigoso ou exposições e da severidade das lesões, ferimentos ou danos

para a saúde, que pode ser causada pelo acontecimento ou pelas exposições”

(OCCUPATIONAL HEALTH AND SAFETY ASSESSMENT SERVICES, 2007, p. 4).

Porto (2000) corrobora ao dizer que o conceito de risco, no contexto da saúde dos

trabalhadores, está associado à possibilidade de perda, dano ou perigo gerada por algum

elemento ou circunstância presente no ambiente ou em determinado processo de trabalho.

Essas situações geradoras de riscos podem causar danos à saúde do trabalhador, seja por um

acidente de trabalho, doença ou sofrimento.

Desta forma, o conceito de risco ocupacional está ligado à existência da probabilidade

da ocorrência de algum dano à vida do trabalhador. Além disso, Porto (2000, p. 9) destaca que

o termo é utilizado “para se referir aos riscos para a saúde ou a vida dos trabalhadores

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decorrentes de suas atividades ocupacionais”. Assim risco ocupacional está associado ao risco

inerente a uma função exercida rotineiramente.

Esses agentes que causam danos à saúde do trabalhador são classificados, de acordo

com sua natureza, pelo Ministério do Trabalho e Emprego como riscos, físicos, químicos,

biológicos, ergonômicos e acidentais ou mecânicos. Podem também envolver nuances dos

aspectos de ordem sociocultural, política psicológica e ética, de acordo com Lima e Silva;

Rover (2006). É importante destacar que é feita uma diferenciação dos tipos de riscos através

das cores, a fim de facilitar a sinalização no ambiente de trabalho, contribuindo para a

segurança do trabalhador. O quadro abaixo demonstra a Classificação dos riscos ocupacionais

quanto à natureza e as respectivas cores de sinalização.

QUADRO 3 – Classificação dos riscos ocupacionais quanto à natureza

Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV Grupo V

Riscos

Físicos

Riscos

Químicos

Riscos

Biológicos Riscos ergonômicos

Riscos de

Acidente

Ruídos Poeiras Lixo urbano Esforço físico

levantado

Arranjo físico

inadequado

Vibrações Fumos Vírus Levantamento de e

transporte de peso

Máquina sem

proteção

Radiações

ionizantes

Névoas Bactérias Exigência da postura

inadequada Ferramentas

inadequadas e

defeituosas Neblinas Protozoários Controle rígido da

produtividade

Gases Fungos Iluminação deficiente Probabilidade de

incêndio ou

explosão Radiações

não-

ionizantes

Vapores Parasitas Imposição de ritmos

excessivos

Substâncias

compostos ou

produtos

químicos em

geral

Bacilos Trabalho em turno

noturno Eletricidade

Doenças

Infectoconta-

giosas

Jornada de trabalho

prolongada

Armazenamento

inadequado

Temperatura

(frio e calor)

Monotonia e

repetitividade

Animais

peçonhentos

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Umidade Esgoto

Outras situações

causadas de stress

físico ou psíquico

Outras situações

de risco

Fonte: (BRASIL, 1994).

Categoricamente pode-se identificar que os riscos ocupacionais são classificados em

cinco grupos de acordo com a Portaria n° 3.214, do Ministério do Trabalho do Brasil, de

1978: risco físico, químico, biológicos, ergonômico e mecânico. A presença desses riscos no

ambiente ocupacional, em grau elevado de exposição, afeta diretamente a saúde do

profissional. O termo exposição refere-se ao “contato da substância ou agente tóxico com as

barreiras representadas pelas vias de introdução, podendo ou não ser absorvido” (VIEIRA,

1998, p. 83 apud SANTOS, 2007, não paginado). Em relação às vias de introdução, o autor

ainda destaca os principais acessos das substâncias no organismo humano: via digestiva; via

cutânea; via pulmonar; via parenteral; via ocular.

Neste sentido, riscos ocupacionais têm seu surgimento a partir das atividades

insalubres e perigosas decorrentes das condições ou métodos de trabalho que podem provocar

efeitos adversos à saúde do profissional. Além disso, Mauro et al. (2004) destacam que os

profissionais especializados em Higiene e Segurança do Trabalho possuem um consenso em

priorizar a obtenção de um ambiente totalmente saudável em detrimento de gratificações

financeiras como os adicionais de insalubridade e periculosidade. O autor comenta que essas

condições adversas à saúde do profissional costumam ser despercebidas pelos gerentes bem

como passam a ser tornar rotineira para o trabalhador, que muitas das vezes costumam manter

um autocontrole dos sintomas.

Em conformidade com o estabelecimento pelo Ministério da Saúde do Brasil o

reconhecimento das condições de risco no ambiente de trabalho é fundamental para a

identificação dos agentes potenciais de risco a saúde do trabalhador (BRASIL, 2001). Deve

ser realizado um conjunto de procedimentos que visam à identificação da existência ou não

dos riscos, e em caso da confirmação da presença desses agentes etiológicos, servir de

fundamento para tomadas de decisões quanto às ações que deverão ser implementadas.

Conforme exposto por Marano (2003 apud TERSARIOLLI, et al., 2005, p. 38) agentes

etiológicos das doenças ocupacionais referem-se

[...] àquelas numerosas causas que têm a capacidade de provocar no

homem um desequilíbrio físico-orgânico de suas funções e que se

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traduzem por alterações funcionais, trazendo como consequência um

estado que foi denominado como doença.

Deste modo, torna-se necessário o estudo e identificação das possibilidades de geração

e dispersão desses agentes nocivos inerentes aos processos de trabalho, às máquinas, às

operações e outros equipamentos utilizados nas bibliotecas bem como os produtos químicos e

demais matérias-primas que são utilizadas para a manutenção dos acervos. Neste sentido, as

bibliotecas assim como os arquivos mencionados por Xarão (2009, p. 34) são locais

“propensos a inúmeros fatores de risco, como acidentes, problemas ergonômicos, ataques

biológicos, entre outros”. Ademais, Souza e Silva (2007, p. 135) preconizam que:

[...] conhecer os direitos profissionais e os riscos potenciais que o

bibliotecário sofre à sua saúde, no ambiente de trabalho, representa

hoje um capital teórico que poderá resultar em instrumento de

valorização profissional e conquista de saúde e bem estar.

Cada um desses de riscos possui agentes que produzem possíveis efeitos adversos à

saúde, assim torna-se necessário o conhecimento a respeito das fontes geradoras de risco em

bibliotecas. Para isso, as próximas subseções descrevem os riscos ocupacionais segundo o

Ministério do Trabalho e Emprego, com base nas definições apresentadas pela Fiocruz e

disposto nas Normas, além de trazer apontamentos do Campo da Biblioteconomia.

3.3.1 Agentes físicos

São riscos decorrentes da exposição às diversas formas de energias, tais como: ruído,

calor, frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração, etc.

Relacionado aos agentes de ordem física nos ambientes das bibliotecas, podem-se identificar

aqueles relacionados ao calor, frio e umidade. Conforme Strausz, Machado e Brickus (2007,

p. 25) “a qualidade do ar de interiores de ambientes climatizados é uma preocupação mundial

há mais de vinte anos, principalmente em países dependentes de climatização artificial”. A

autora destaca que diversos estudos comprovam a influência dos agentes físicos, químicos e

biológicos nas manifestações patológicas dos trabalhadores, sobretudo pela crescente

utilização dos equipamentos de ar condicionado. Deve haver maior atenção a esses agentes,

pois podem provocar predisposições ou agravar outras doenças.

Da mesma maneira que “o calor e a umidade contribuem significativamente para a

destruição dos documentos, principalmente quando em suporte-papel”, como destaca Cassares

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(2000), esses agentes podem provocar efeitos adversos saúde dos bibliotecários. Além disso,

o autor comenta que “evidências de temperatura e umidade [relativamente] altas são

detectadas com a presença de colônias de fungos nos documentos” que em ordem biológica

também pode ser considerado um agente agressor aos profissionais e usuários que lidam com

esses materiais.

Trinkley (2001, p. 52) aponta que “o sistema de climatização constitui uma questão de

preservação frequentemente problemática” uma vez é necessário para a conservação dos

papéis, filmes e outros materiais, mas também pode prejudicar o conforto térmico dos

funcionários e usuários. O autor destaca que os “níveis de umidade de 30% podem ser bons

para o papel e o filme, mas podem também contribuir para o desenvolvimento de infecções

respiratórias das vias superiores entre os funcionários e os usuários” (TRINKLEY, 2001, p.

52).

Em relação às condições ideais para a permanência em ambiente de trabalho

climatizado artificialmente, Rocha (1998 apud STRAUSZ; MACHADO; BRICKUS, 2007)

recomenda que níveis de temperatura para a zona de conforto variem de 20 a 25°C e de 50 a

55% para a umidade relativa do ar. Os níveis de temperatura, umidade e velocidade do ar são

fundamentais para atingir o conforto térmico, já que níveis muito acima do estabelecido

podem provocar sonolência e níveis abaixo de 18% podem provocar tremores. De acordo com

Iida (2005, p. 499) “umidades abaixo de 40% favorecem a evaporação do suor, mas

aumentam o risco de infecções respiratórias. O ar seco provoca ressecamento e fissuras nas

vias respiratórias, por onde penetram as bactérias presentes no ar”.

Cada atividade realizada em bibliotecas requer níveis de umidade, temperatura e

circulação do ar adequados para a saúde do bibliotecário durante sua jornada de trabalho.

Assim, Lima e Silva (2014 apud SANTANA, 2014, p.62) preconizam limites recomendáveis

para o conforto dos profissionais, conforme quadro a seguir:

QUADRO 4 – Limites de Temperatura, Umidade e Circulação de Ar

Atividades desenvolvidas Item de climatização Limites

Tarefas de administração e treinamento TEMPERATURA 17-27ºC

Trabalhos em áreas de pintura, desenho,

artes gráficas, laboratório de restauração TEMPERATURA 18-22ºC

Bibliotecas, Arquivos e Museus TEMPERATURA +/- 20ºC

Áreas de armazenamento TEMPERATURA 10-12,7ºC

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Trabalhos em áreas de pintura,

desenho, artes gráficas e

laboratórios de restauração

CIRCULAÇÃO DE AR

(Velocidade do fluxo de

ar nos sistemas de ar

condicionado)

0,25 m/s

Outras atividades

CIRCULAÇÃO DE AR

(Velocidade do fluxo de

ar nos sistemas de ar

condicionado)

0,35 m/s

Tarefas de administração e

Treinamento

CIRCULAÇÃO DE AR

(Troca de ar) 30 m³/h

Trabalhos em laboratórios de

Restauração

CIRCULAÇÃO DE AR

(Troca de ar) 30 m³/h

Outros locais de atividade CIRCULAÇÃO DE AR

(Troca de ar) 50 m³/h

Fonte: (LIMA e SILVA, F. H. A, 2014, p. 39-40 apud SANTANA, 2014, p. 62).

Além disso, Trinkey (2001) indica que haja ventilação nas bibliotecas, pois, no olhar

da preservação do acervo, minimiza a probabilidade de eclosão de mofo e na perspectiva da

integridade física do bibliotecário e dos usuários, assegura a saúde e o bem-estar. Também é

importante ressaltar a necessidade de manutenção das tubulações de ar. Desta forma,

recomenda-se que a velocidade do ar entre 0,1 e 0,2 m/s em trabalhos leves a temperaturas

indicadas.

Outro fator de risco físico presente nas bibliotecas é o ruído. A conceituação mais

utilizada para ruído é “som indesejável” e na definição de natureza operacional, refere-se a

um “estímulo auditivo que não contém informações úteis para a tarefa em execução” (IIDA,

2005, p. 504). Normalmente a biblioteca é considerada um espaço silencioso, sobretudo pelo

seu papel na contribuição da produção de conhecimento dos usuários que utilizam esses locais

para estudo, entretanto em algumas atividades desenvolvidas pode haver picos de ruídos,

como conversas paralelas, inserção de livros nas estantes ou atendimento ao público

(FONSECA JUNIOR; CARVAHO; ALVES, 2017). Os autores continuam ao informar que

NBR 10152 (ABNT, 2000) estabelece os índices considerados aceitáveis de ruídos em

bibliotecas que devem estar entre 35 e 45 dB(A)3. Além disso, é possível adotar outras

medidas para garantir condições de conforto acústico agradável como: salas de estudo em

3 Decibel ou dB é uma unidade de medida utilizada para quantificar a intensidade do som.

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grupo e individual; pisos de características flutuantes; materiais que absorvam os ruídos dos

dutos e tubulações (RIBEIRO, 2006 apud FONSECA JUNIOR; CARVAHO; ALVES, 2017,

p. 9).

Com isso, pode-se percebe que há diversas doenças decorrentes da exposição aos

agentes físicos, em especial as relacionadas à temperatura e umidade, em condições extremas

como taquicardia, aumento da pulsação, cansaço, irritação, fadiga térmica, prostração térmica,

choque térmico, perturbação das funções digestivas, hipertensão, bem como relacionadas à

umidade como doenças do aparelho respiratório, da pele e circulatórias, e traumatismos por

quedas (GERÊNCIA DE SAÚDE E PREVENÇÃO, 2012).

3.3.2 Agentes químicos

Os agentes dos riscos químicos são aqueles que possuem a propriedade de penetração

no organismo do trabalhador, sejam substâncias, compostos ou produtos na forma líquida,

gasosa ou partículas. A absorção pode ocorrer pelas vias respiratórias por meio de poeiras,

fumos gases, neblinas, névoas ou vapores ou através do contato com agentes absolvidos pelas

vias cutâneas ou digestivas.

A via respiratória é o principal meio de absorção dos agentes químicos para dentro do

organismo, sobretudo pela exposição corporal em atmosferas contaminadas por substâncias

químicas. Já o acesso da substância por via digestiva é considerado normalmente um caso

acidental e ocorre por maus hábitos como roer unha, falta de higienização nas mãos ou

alimentar-se no local de trabalho. A via cutânea é um comum meio de acesso desses agentes,

uma vez há diferentes produtos químicos com a propriedade de penetração na pele

(PEIXOTO, 2011). O autor ainda destaca que “uma vez absorvida, a substância tóxica entra

na circulação sanguínea, provocando alterações, as quais poderão criar quadros de anemia,

alterações nos glóbulos vermelhos e problemas da medula óssea” (PEIXOTO, 2011, p. 44).

Alguns contaminantes atmosféricos são facilmente detectados em determinadas

operações como aquelas que expõem o trabalhador a agentes como vapores, neblinas ou

poeira. Em contrapartida, há compostos que em determinadas circunstâncias, não são

rapidamente identificados ora por não possuírem odor e, consequentemente, o organismo não

dispor de sensores biológicos para sua detecção, ora por ser serem produzidos acidentalmente

a partir de reações químicas (BRASIL, 2001).

Dos agentes químicos em bibliotecas pode-se inferir que a presença de sujidades no

acervo representa o “agente de deterioração que mais afeta os documentos” como aponta

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Cassares (2002, p. 26). Além da poeira encontrada nos livros, configurando-se um agente

químico nocivo ao bibliotecário, há outros contaminantes químicos presentes no ambiente da

biblioteca que podem provocar efeitos adversos à saúde do profissional e que provocam

sintomas como “[...] obstrução nasal, irritação da garganta e nariz, desidratação das mucosas

(nariz, boca, garganta e olhos), desidratação e rachaduras da pele, dor de cabeça, cansaço e

sonolência” (LIMA; SILVA, 2009 apud SANTANA, 2014, p. 49)

Ainda para Santana (2014) em relação aos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC)

orienta-se que os sistemas de climatização tenham manutenção adequada e tenha-se o hábito

de utilizar equipamentos de higienização de acervo a fim de evitar contaminações com os

agentes químicos presentes na atmosfera laboral. O autor também apresenta um quadro com

os principais contaminantes químicos presentes no ambiente de trabalho do bibliotecário com

base em Lima e Silva (2009).

QUADRO 5 – Os contaminantes químicos e seus efeitos

Contaminante

Químico Ocorrência Efeitos

Formaldeído Espuma de uréia-formaldeído

presente em isolante térmico Carcinogênico

Material Particulado

Inalável

Poeira, fuligem, resíduo de

fumaça, fibras têxteis e aerossóis

alcalinos do concreto

Aumento de doenças respiratórias

e diminuição da função pulmonar

Dietilaminoetanol

(DEAE)

Anticorrosivo usado em

tubulações de vapor

Irritações oculares e respiratórias,

erupções cutâneas e problemas de

saúde

Óxido de Etileno Fumigatório arquivos/coleções Câncer e Esterilidades

Para-

Diclorobenzeno

(PDB)

Repelente de insetos

Lesões no fígado, rins, anemia

hemolítica, perda de peso, rinite,

tumefação periorbitária (maior

risco em pessoas com pré-

disposição a doenças hepáticas,

renais, sanguíneas ou do Sistema

Nervoso Central)

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Naftalenos

(Naftalina) Repelente de pragas

Sudorese abundante, náuseas,

insuficiência renal aguda, dores

abdominais e de cabeça, hemólise

das hemácias e efeitos

carcinogênicos

Diclorvós (DDVP) Inseticida organofosforado para

o controle de pragas

Dores de cabeça, náusea, tonteira,

tremores e cãibras musculares,

salivação, desmaios, sensação de

incômodo no peito, febre, cianose,

coma, parada cardíaca, choque,

insuficiência respiratória e edema

pulmonar

Piretrinas Naturais e

Piretróides

Sintéticos

Inseticida de baixa toxicidade

aos mamíferos (extraído de

flores do Chrysanthemum

cinerariaefolium), porém

instável no meio ambiente

Irritação cutânea, dermatite

alérgica, dor de cabeça, náuseas,

vômitos e zumbido no ouvido

Brometo de Metila

(Bromometano)

Gás utilizado em fumigação para

controle de pragas

Irritação cutânea, olhos e trato

respiratório. Efeitos agudos entre

30 minutos e 6 h: mal-estar,

distúrbios de visão, náuseas, dor

de cabeça, vômitos, vertigens e

tremores nas mãos. A alta

exposição ao Brometo causa

tremores generalizados,

convulsões, coma e óbito

Fonte: (LIMA e SILVA, 2009 apud SANTANA, 2014, p. 50-51).

Os componentes mencionados são utilizados nos programas de higienização dos

acervos que são contaminados por agentes biológicos como fungos, roedores, baratas, brocas

(anobídios) e cupins (CASSARES, 2000). O autor ainda apresenta a definição das

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intervenções que são realizadas no acervo a fim garantir a integridade e existência dos

materiais, são elas: preservação, conservação e restauração.

Preservação: é um conjunto de medidas e estratégias de ordem

administrativa, política e operacional que contribuem direta ou

indiretamente para a preservação da integridade dos materiais.

Conservação: é um conjunto de ações estabilizadoras que visam

desacelerar o processo de degradação de documentos ou objetos, por

meio de controle ambiental e de tratamentos específicos (higienização,

reparos e acondicionamento).

Restauração: é um conjunto de medidas que objetivam a

estabilização ou a reversão de danos físicos ou químicos adquiridos

pelo documento ao longo do tempo e do uso, intervindo de modo a

não comprometer sua integridade e seu caráter histórico (CASSARES,

2000, p. 12).

Assim, os contaminantes químicos também podem ser encontrados em laboratórios de

restauração e preservação uma vez que são utilizados produtos químicos para a realização

dessas medidas. Essas atividades, sobretudo em bibliotecas com acervo histórico, devem ser

realizadas com o uso de Equipamentos de Proteção Individual como máscara facial, óculos de

proteção, luvas e jaleco ou avental, além de exigirem práticas higiênicas como lavar as mãos

após a realização do trabalho (CASSARES, 2000; XARÃO, 2009 apud MACHADO, 2016).

Ainda para Cassares (2000) é preconizada a realização dessas atividades por profissionais

especializados.

Outra questão importante relacionada aos agentes químicos é a preocupação de que a

biblioteca deverá assegurar o controle do fumo pelos funcionários e usuários. Trinkley (2000)

explica que além de apresentar risco à saúde e ao acervo resultado em incêndio, as partículas

propagadas pelo fumo são não removidas prontamente pelos sistemas comuns de

climatização, configurando-se em agentes nocivos ao ar circulante da biblioteca.

Neste sentido, observam-se diversos agentes químicos presentes em bibliotecas que

embora utilizados em diversas atividades, muita das vezes, não são identificados. Tais

agentes, principalmente os produtos e substâncias químicas utilizadas nos processos de

higienização/restauração, controle de pragas, entre outras intervenções no acervo, podem

provocar efeitos adversos à saúde do bibliotecário.

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3.3.3 Agentes biológicos

São microrganismos que incluem vírus, bactérias, riquétsias4, protozoários e fungos,

entre outros, que podem ser absorvidos pelas vias respiratórias, cutâneas ou digestivas.

Normalmente, os ambientes de trabalho com a presença desses agentes são hospitais,

laboratórios de análises clínicas e atividades agropecuárias, entretanto é possível a ocorrência

em outros locais. Além disso, “o fato de que frequentemente ocorrem em situações não-

ocupacionais complica o estabelecimento do nexo causal” (BRASIL, 2001). Outro agravante

para o reconhecimento desses agentes nos ambientes se dá ao fato de que em sua grande

maioria esses microrganismos não são visíveis ao olho nu (PEIXOTO, 2011).

Nas bibliotecas, o surgimento desses agentes ocorre principalmente pela falta de

higiene no ambiente, temperatura e umidade relativamente alta e falta de ventilação nos

acervos, conforme aponta Cassares (2000). Consequentemente, contaminam os ambientes

condicionados e facilmente se reproduzem em qualquer ambiente favorável a sua nutrição,

por exemplo, na poeira presente do local bem como nas fibras de papel, couro, madeira e

tecidos (STRAUSZ; MACHADO; BRICKUS, 2007).

Dentre as partículas suspensas na atmosfera que podem causar

problemas alérgicos respiratórios estão os fungos. Em sua maioria,

desenvolvem-se em material orgânico em decomposição, enquanto

alguns são parasitas obrigatoriamente. Necessitam para o seu

crescimento de fontes de carbono, nitrogênio e hidrogênio, além de

fatores adicionais e utilizam-se das mais diversas temperaturas. Em

sua maioria, se reproduzem a partir de elementos chamados esporos,

que são transportados pelo ar atmosférico e inalados pelo corpo

humano (STRAUSZ; MACHADO; BRICKUS, 2007, p. 28).

Percebe-se que a temperatura e a umidade são agravantes para o crescimento fúngico

nos espaços das bibliotecas. As espécies de fungos mais frequentes em ambiente fechados e

úmidos (anemófilos) são: Penicillium, Aspergillus, Fusarium e Rhodotorula, de acordo com

(Gambale et al., 1989 apud STRAUSZ, 2001, p. 29). São agentes responsáveis pelo

surgimento de doenças ocupacionais do trato respiratório, como a rinite e asma de

sintomatologia perene (STRAUSZ; MACHADO; BRICKUS, 2007).

4 Riquétsias: do latim rickettsia, é um gênero de bactérias que são carregadas como parasitas por

vários carrapatos, pulgas e piolhos.

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Pessoas que apresentem asma e alergia a este fungo podem sofrer

danos bronquiais e tamponamento bronquial intermitente, também

conhecido como “Aspergilose Bronco-Pulmonar Alérgica” (ABPA),

ou seja, trata-se de uma doença infecciosa no pulmão. Já o Penicillium

sp, o comum “bolor do pão”, além de causar problemas pulmonares

também pode causa perturbações dermatológicas. Existem muitos

outros fungos presentes no meio ambiente que podem vir a causar

alergias, doenças respiratórias e de pele (SANTANA, 2014, p. 51-52).

Assim como os fungos, os ácaros também necessitam de elevadas temperaturas para se

proliferarem. Esses agentes se alimentam de escamas de pele, resto de alimentos e insetos e

alojam-se em piso, carpetes, cortinas, estofados, etc. Nas doenças originárias desses agentes

estão: conjuntivite alérgica; rinite perene, cuja intensidade varia com a estação do ano; rinite

associada com crises asmatiformes; asma pura e, com menor frequência dermatite e urticária

(STRAUSZ, 2007).

As condições climáticas também oferecem riscos ao surgimento das bactérias do tipo

Legionella, Norcadia, Streptomyces, Pseudomonas, Actinomyces, etc. Das doenças

acometidas por essas bactérias, a Legionella pneumophila através do ar provoca doenças

pulmonares como a “doença dos legionários” ou “pneumonia dos legionários” ou em uma

versão menos intensa chamada de “febre de Pontiac”. Os sintomas variam do mal-estar geral,

dor de cabeça, febre e calafrios como também anorexia e mialgia. No ar também pode ser

encontrada uma espécie de bactéria chamada Bacillus subtillis que podem causar

enfermidades em pessoas com baixa imunidade (LIMA; SILVA, 2009 apud SANTANA,

2014).

Neste sentido, a fim de evitar a infestação de fungos e demais microrganismos nos

acervos e posterior contaminação pelos bibliotecários, Cassares (2000, p. 18) sugere que seja

estabelecida uma política de controle ambiental que estabeleçam limites de temperatura e

umidade recomendados, evitando oscilações acentuadas; praticar higienização no local de

trabalho e no acervo; orientar usuários e funcionários quanto às boas práticas higiênicas; ter

atenção quanto acidentes com substâncias aquosas.

Em relação à limpeza desses materiais a fim de eliminar as sujidades extrínsecas às

obras, Santana (2014) faz algumas considerações a fim de evitar a proliferação de bactérias e

fungos como a utilização da higienização mecânica (à seco) dos itens do acervo, além da

frequente limpeza das estantes e do local de trabalho. Quanto aos equipamentos que serão

utilizados nessa atividade, Spinelli (1997 apud SANTANA, 2014) recomenda a utilização do

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equipamento conhecido como “Mesa de Sucção” no processo de varredura de folha a folha do

item a ser higienizado.

FIGURA 1 – Higienização com a Mesa de Sucção

Fonte: Spinelli (1997)

Durante os procedimentos que envolvem uso de ferramentas, equipamentos e outros

materiais que expõem o trabalhador a agentes nocivos a sua integridade física, é recomendada

a utilização de Equipamento de proteção individual (EPI). Cassares (2000) indica o uso de

EPI para a limpeza de material com fungo como luvas de látex, máscaras, aventais, toucas e

óculos de proteção (nos casos de sensibilidade alérgica). As luvas, toucas e máscaras devem

ser descartáveis.

3.3.4 Agentes ergonômicos

São “os agentes caracterizados pela falta de adaptação das condições de trabalho às

características psicofisiológicas do trabalhador” (GERÊNCIA DE SAÚDE E PREVENÇÃO,

2012), provocando desconforto ou afetando à saúde do trabalhador. São exemplos de agentes

ergonômicos: esforço físico levantado, levantamento e transporte de peso, exigência da

postura inadequada, controle rígido da produtividade, iluminação deficiente, imposição a

ritmos excessivos, trabalho em turno noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e

repetitividade e outras situações causadas pelo stress físico e psíquico.

Basicamente, o sistema Neuro-Músculo-Esquelético tem funções de locomoção,

sustentação da postura ereta e o manuseio de objetos (WATKINS, 2001 apud TAUBE, 2002).

Possui papel fundamental na sobrevivência do indivíduo bem como na realização das suas

atividades de trabalho. Ao realizar uma determinada tarefa, o indivíduo manipula objetos que

o submete a algum grau de inclinação ou posição antifisiológica que oferece condições

ergonômicas inadequadas. De acordo com Iida (2005, p. 164) “postura é o estudo do

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posicionamento relativo de partes do corpo, como cabeça, tronco e membros, no espaço. A

boa postura é importante para a realização do trabalho sem desconforto e estresse”.

A imposição as cargas físicas intensas podem acometer os profissionais a doenças

relacionadas ao sistema do movimento, particularmente as doenças ocupacionais Lesões por

Esforço Repetitivo (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).

Essas doenças podem atingir qualquer trabalhador independente da natureza da sua atividade

e provocam afecções epidemiológicas principalmente nos membros superior e coluna. Desta

forma, a Ergonomia, possui papel fundamental para solucionar problemas ergonômicos

oriundos a realização da tarefa de trabalho (TAUBE, 2002).

A Ergonomia surge como campo científico no final da II Guerra Mundial, como

resultado da necessidade de analisar o trabalho interdisciplinar realizado por diversos

profissionais naquele período. Relaciona-se com os fatores relativos à organização do

trabalho, que estão presentes em quase todos os tipos de atividades humanas, esses

conhecidos como riscos ergonômicos (BRASIL, 2001).

Inicialmente, a Ergonomia era uma área aplicada apenas nas indústrias, com foco no

binômio homem-máquina, marcado pelo esforço repetitivo. Com a inserção de novos

processos de trabalho através de alta tecnologia e sofisticadas estratégias de gestão, ela passa

a atuar em um sistema mais complexo, principalmente no setor de serviço (saúde, educação,

transporte, lazer e outros), com a preocupação em observar questões relacionadas aos aspectos

cognitivos, ou seja, da aquisição e processamento de informações pelos trabalhadores. Assim,

a Ergonomia passa a ter como objeto de estudo o trinômio homem-máquina-ambiente,

apresentando diversas contribuições para a melhoria do ambiente de trabalho (IIDA, 2005;

BRASIL, 2001).

No Brasil, a partir da definição da Associação Brasileira de Ergonomia apresentada

por Iida (2005, p. 2), entende-se por Ergonomia o:

[...] estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização

e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar,

de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-

estar e a eficiência das atividades humanas.

Observa-se que a Ergonomia (ou fatores humanos) está preocupada com a adaptação

do trabalho para o homem uma vez que leva em consideração qualquer relacionamento

humano com uma atividade produtiva sendo observado o ambiente físico e os aspectos

organizacionais. A fim reduzir a fadiga, estresse, erros e acidentes, a Ergonomia configura-se

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em uma disciplina interdisciplinar com diversos profissionais envolvidos no planejamento e

projeto do trabalho como médicos do trabalho, engenheiros de projeto, desenhistas industriais,

engenheiros de produção, analistas de trabalho, psicólogos, enfermeiros e fisioterapeutas,

entre outros (IIDA, 2005). Além disso, o autor destaca que o para a redução de algumas

sintomatologias como fadiga, dores corporais, absenteísmo e doenças ocupacionais, é

fundamental o redesenho dos postos de trabalho.

Na área da Biblioteconomia, a produção bibliográfica5 em torna da Ergonomia

aplicada às bibliotecas ou centros de informação é mais acentuada em proporção aos outros

riscos. Conforme aponta Araujo (2014) os fatores ergonômicos possuem efeitos adversos à

saúde, entretanto os transtornos acometidos em profissionais de unidades de informação não

são percebidos imediatamente o que resulta no surgimento de doenças silenciosas. A autora

também destaca à luz do trabalho realizado por Souza (2013) que existe uma parcela de

profissionais inconscientes com questões ergonômicas bem como desprovidas de condições

ergonômicas adequadas.

Conforme Maia et al. (2007, p. 261), a Ergonomia avança com estudos e aplicações

sobre “adequação do trabalho às capacidades e realidade da pessoa que trabalha” com a

intervenção de propostas para a prevenção das DORTs através de exercícios ergonômicos

como a Ginástica Laboral (GL) bem como o uso de Equipamento de Proteção Individual

(EPI). Além dessas intervenções, a autora destaca que as instituições fazem uso de outros

mecanismos para a prevenção e promoção da segurança e saúde dos trabalhadores tais como

Avaliação dos Riscos Ambientais em consonância com a Norma Regulamentadora 09 –

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais que estabelece a obrigatoriedade da elaboração

e implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, visando à

preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores.

A iluminação também é um fator fundamental que deve ser levado em consideração

nas instalações de bibliotecas, pois permite que os objetos sejam visualizados e exerce

influência psicológica nos funcionários e usuários, além de auxiliar em atividades de leitura e

compreensão textual. Os níveis gerais de iluminamento em bibliotecas devem variar em

referência ao local analisado. Por isso a importância da separação do acervo com o posto de

trabalho do bibliotecário (THINKEY, 2001; FONSECA JUNIOR; CARVALHO; ALVES,

2017).

5 Diversos trabalhos foram realizados levando em conta os aspectos ergonômicos em bibliotecas como

dos autores Taube (2002), Blattmann; Borges (2005), Carvalho (2005), Souza; Silva (2007), Araujo

(2014), Freitas (2009), Lima; Cruz (2010), Wellichan; Santos (2017), entre outros.

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Em pesquisa realizada por Grandjean (1987 apud IIDA, 2005, p. 217) foi observado

que em salas de trabalho com computadores funcionários possuíam o hábito de retirar

algumas lâmpadas para reduzir a iluminação ambiente. Isso se dava ao desconforto provocado

pelo contraste entre o fundo escuro dos monitores com luminosidade do ambiente. O autor

destaca que a iluminação deficiente gera a fadiga visual que consequentemente provoca de

20% de todos os acidentes de trabalho. Neste sentido, é recomendável a prevenção para evitar

a fadiga visual.

Em postos de trabalho que dispõem de computadores para a realização das atividades,

é aconselhável que os níveis de iluminamento sejam entre 300 lux para a leitura de

documentos em bom estado e 500 lux para documentos de baixa legibilidade. Para

documentos que estejam em um grau inferior de legibilidade ainda menor é recomendável a

utilização de fonte localizada de até 1000 lux (IIDA, 2005).

A arquitetura da biblioteca deve promover também a utilização da iluminação natural,

pois segundo Cordeiro (2015 apud FONSECA JUNIOR; CARVALHO; ALVES, 2017, p. 9-

10) contribui na “conservação energética, beneficia manutenção de uma luz variável que

satisfaz a natureza psíquica do homem”. Além disso, Thinkey (2001, p. 49) preconiza que

“objetivo ideal para as bibliotecas é desenvolver maneiras de utilizar as qualidades da luz

ambiente e, ao mesmo tempo, proteger as coleções de sua exposição direta”.

Desta forma, além das situações de risco ergonômico presentes na biblioteca como

exigência da postura inadequada, iluminação deficiente, monotonia e repetitividade e outras

situações, pode-se também identificar que as disposições e aspectos arquitetônicos também

devem ser levados em consideração na análise dos riscos ergonômicos.

3.3.5 Agentes mecânicos ou de acidentes

Considera-se qualquer fator que exponha o indivíduo a uma situação vulnerável que

possa afetar sua integridade, e seu bem-estar físico e psíquico. São agentes que podem

provocar um acidente de trabalho como as máquinas e equipamentos sem proteção, arranjo

físico inadequado, ordem e limpeza do ambiente, sinalização, probabilidade de incêndio e

explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos etc.

Conforme apontado por Peixoto (2011) esses agentes podem provocar ao trabalhador

uma série de situações de risco com potencial de causar cortes, fraturas, escorregões entre

outras lesões, sendo assim, sua presença estática ou dinâmica pode gerar acidentes de

trabalho. Além disso, ainda para o autor “as máquinas desprotegidas, pisos defeituosos ou

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escorregadios, os empilhamentos de materiais irregulares são exemplos de fatores de risco”

(PEIXOTO, 2011, p. 45). Em bibliotecas, Dias (2008) comenta que pesquisas apontam os

fatores que mais acometem profissionais às doenças são aqueles de ordem biológica e

mecânica.

O espaço da biblioteca pode apresentar alguns dos agentes de riscos mecânicos

mencionados acima como: arranjo físico e armazenamento inadequado, ordem e limpeza do

ambiente de trabalho e probabilidade de incêndio. Quanto ao arranjo físico e armazenamento

inadequado, cita-se como exemplo uma estante sobrecarregada com número excedente de

livros que pode configurar-se como uma situação de risco à integridade do bibliotecário.

Devido ao encaixotamento de livros em depósitos para doação ou até mesmo nas

estantes, é possível o surgimento de animais peçonhentos (SANTOS, 2017). Além disso, a

falta de higienização, o hábito de alimentar-se no ambiente de trabalho ou até mesmo o local

geográfico onde a biblioteca está localizada, pode desencadear a proliferação de animais dessa

natureza. A ocorrência de acidentes que envolvem animais peçonhentos pode ser atípica

quando identificada em bibliotecas. Entretanto, Santos (2017) evidencia a importância de

considerar esse agente como agressor à saúde do bibliotecário. O autor menciona um acidente

com uma bibliotecária do município de Minas Gerais que foi picada por um escorpião ao

desmontar uma árvore de natal.

Esses animais são assim denominados uma vez que “possuem veneno e que podem

inoculá-lo, prejudicando a saúde do homem” (FUNDACENTRO, 2001). Entre os animais

peçonhentos mais perigosos estão as serpentes, aranhas, escorpião, taturanas, abelhas, vespas

e formigas. Neste sentido, recomendam-se modificações culturais e boas práticas no ambiente

de trabalho que incluem algumas considerações como limpeza meticulosa (elimine comida e

bebida), evitar o acúmulo de materiais, controle de temperatura e umidade (detém pragas),

restrição do local de alimentação e eliminação de lixo (TRINKEY, 2001).

A probabilidade de ocorrência de incêndio também deve ser levada em consideração

nas bibliotecas, pois materiais como madeira, papel e tecidos podem se tornar combustíveis

nessa situação. Embora não seja possível a estruturação de uma instalação completamente

segura contra incêndio deverá ser realizado o máximo de esforços para a implementação de

um projeto para prevenção de incêndio. Em relação à estrutura de uma biblioteca o

bibliotecário e o arquiteto devem considerar a importância de utilização de equipamentos

resistentes ao fogo, sendo assim Trinkey (2001, p. 64) destaca que

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Mobílias tais como escrivaninhas, mesas e cadeiras devem ser

incombustíveis ou de madeira tratada com retardadores de fogo.

Todos os estofamentos e plásticos devem ser auto-extinguíveis.

Tecidos e cortinas devem ser à prova de chamas. Carpetes (se

utilizados na biblioteca) devem ser de qualidade comercial com baixo

teor de propagação de chamas.

Neste sentido, Peixoto (2010) recomenda algumas medidas prevencionistas como

cuidado com o armazenamento de materiais inflamáveis, manutenção adequada das

instalações e equipamentos, instalação elétrica apropriada e bem protegida, ordem e limpeza

no local de trabalho e uso de instalações de para-raios nas edificações das bibliotecas. Além

dessas, outras recomendações foram apresentadas na seção sobre Normas Regulamentadoras,

especificamente a NR 23 – Proteção contra incêndio.

3.4 ALGUMAS DOENÇAS ACOMETIDAS AOS BIBLIOTECÁRIOS

Conforme exposto acima, diversos fatores ambientais, psíquicos ou sociais podem

provocar o surgimento de doenças ocupacionais em bibliotecários. Por consequência das

diversas atividades executadas em ambientes como bibliotecas, arquivos e centros de

documentação, são numerosos os riscos de acidentes de trabalho provocados pelos riscos

ocupacionais. De forma a contribuir para a percepção da biblioteca como espaço de trabalho

com potencial de provocar alguma perturbação à saúde, a presente seção pretende expor as

principais doenças ocupacionais acometidas aos profissionais presentes na literatura.

Os estudos voltados para a relação Doença/Trabalho são recorrentes na história da

sociedade humana e evidenciam trabalhadores que sofreram problemas de saúde relacionados

ao ambiente de trabalho. Conforme aponta Maia et al. (2007) os distúrbios desenvolvidos nos

indivíduos acompanham a evolução do trabalho. Em 1700 foi publicado na Itália o livro “De

Morbis Artificum Diatriba”, traduzido para o português “As Doenças dos Trabalhadores”,

pelo médico Bernardino Ramazzini que agrupou os sintomas clínicos relacionados a

cinquenta e quatro doenças ocupacionais (SILVA, 2014).

Demais estudos foram desenvolvidos relacionando as doenças desenvolvidas a partir

das condições laborais. Com relação à profissão biblioteconômica, Santa Helena (2009)

evidencia que as dificuldades vivenciadas pelos profissionais não são tão visíveis e causam

espanto quando são colocadas em pauta, sobretudo as questões relacionadas às doenças

psíquicas.

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80

De acordo com Barreira (1994 apud DIAS, 2008), a Organização Mundial da Saúde

(OMS) considera que diferentes fatores contribuem para o aparecimento de doenças

decorrentes do trabalho como físicos, de organização do trabalho, psicossociais, individuais e

socioculturais. Para tanto, torna-se importante o entendimento do que é uma doença

ocupacional.

Conforme exposto por com Costa (2009 apud SANTOS, 2014, p. 15) “doenças

ocupacionais são moléstias de evolução lenta e progressiva, originárias de causas igualmente

gradativas e duráveis, vinculadas as condições de trabalho”. Relaciona-se com a “falta ou

perturbação de saúde, ou seja, um distúrbio. É um estado de falta de adaptação ao ambiente

físico, psíquico ou social, no qual o indivíduo sente-se mal (sintomas) e apresenta alterações

orgânicas evidenciáveis (sinais)” (CRUZ, 2001 apud ARAUJO, 2014, p. 25). O termo

distúrbio é conceituado por Cruz (2001 apud TAUBE, 2002) como qualquer tipo de patologia

que acomete o ser humano, significando “perturbação orgânica”.

Além disso, essas doenças estão ligadas as atividades laborativas por um nexo causal,

que dispensa o infortunado de provar qualquer nexo de causalidade. Para o estabelecimento

do nexo casual, o art. 21-A da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991 estabelece que:

A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)

considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade

quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o

trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da

empresa ou do empregado doméstico e a entidade mórbida motivadora

da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças

(CID), em conformidade com o que dispuser o regulamento.

O nexo causal refere-se a uma investigação, por meio da anamnese ocupacional, que

apresenta subsídios para sustentar a hipótese diagnóstica do médico do trabalho para o

estabelecimento da relação entre a patologia e a exposição. Segundo Desoille, Scherrer e

Truhaut (1975 apud BRASIL, 2001), a comprovação deve basear-se em “argumentos que

permitam a sua presunção, sem a existência de prova absoluta”. A ideia de presunção permite

chegar a um diagnóstico que visa beneficiar o trabalhador e evite debates inacabáveis sobre

essas relações.

Ainda sobre o nexo de causalidade, Saliba (2010, p. 31) nos ajuda a compreender que

na ocorrência de um acidente de trabalho ou doença deve-se observar sua relação com o fato

danoso. O nexo de causalidade de acidentes de trabalho é mais simples de ser comprovado do

que de uma doença profissional ou do trabalho, pois esta implica em uma exposição

ocupacional a um agente ambiental. Deste modo, é imprescindível uma análise minuciosa do

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processo e ambiente de trabalho, da intensidade ou da concentração do(s) agente(s)

causador(es) de danos, o tempo de exposição, entre outros fatores que contribuam para o

estabelecimento do nexo de causalidade.

O estabelecimento da relação etiológica entre o dano/doença e o trabalho implica em

questões previdenciárias, trabalhistas, de responsabilidade civil e às vezes, criminal. A

investigação e o diagnóstico desencadeiam ações preventivas e deve ser sempre a mais sólida

o possível, pois quando incompletos ou displicentes podem provocar prejuízos críticos à

saúde do paciente (BRASIL, 2001).

A legislação previdenciária também apresenta uma definição para Doença

Ocupacional, equiparando-as à Acidente de Trabalho típico. No aspecto legal, as doenças

ocupacionais são subdividas entre doenças de trabalho e doenças profissionais. Os incisos do

art. 20 da Lei nº 8.213/91 as conceituam:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo

anterior, as seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada

pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e

constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho

e da Previdência Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada

em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com

ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no

inciso I.

§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:

a) a doença degenerativa;

b) a inerente a grupo etário;

c) a que não produza incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em

que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de

exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída

na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das

condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se

relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente

do trabalho (BRASIL, 1991).

Considera-se então doença ocupacional àquela diagnosticada a partir da sua relação

com o trabalho exercido pelo profissional que decorre do grau e tempo de exposição a agentes

etiológicos nocivos à saúde. Em relação às doenças que podem ser adquiridas pelo labor em

bibliotecas e centro de documentação, a literatura apresenta moléstias, em sua maioria,

relacionadas à natureza de ordem biológica e ergonômica. Ranney (2000 apud TAUBE, 2002,

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p. 29) ainda comenta que o termo doença ocupacional deve ser “utilizado apropriadamente

quando há relação direta entre um fator de risco e um dano à saúde”.

Cabe ressaltar que os sentidos de saúde e doença em um indivíduo são relativos a uma

experiência, ou seja, depende do que foi experimentado pela pessoa. Assim “quando alguém

adoece, o que está em questão é uma diminuição de disposição, perda da habilidade ou

capacidade de exercer uma atividade” (CZERESNIA; MACIEL; OVIEDO, 2013, p. 14).

Conforme destacado por Dias (2008) a identificação das doenças ocupacionais

inerentes a profissão do bibliotecário está relacionada com o tipo e características das

atividades exercidas. O quadro a seguir apresenta uma compilação de dados obtidos a partir

de diferentes pesquisas6 sobre doenças ocupacionais acometidas a bibliotecários, de modo que

apresente uma simplória e ainda imatura relação entre doença, agente e atividade geradora do

risco.

As doenças foram agrupadas de acordo com a Classificação Estatística Internacional

de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, também conhecida como Classificação

Internacional de Doenças (CID) publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para

este quadro foi utilizado os códigos das doenças da CID-10, contudo é válido destacar que a

CID-11 já foi elaborada e entrará em vigor em 1º de janeiro de 2022, apresentando um

panorama atualizado das doenças no mundo (OMS..., 2018).

Já as sintomatologias tiveram como base as informações dispostas no documento

elaborado pelo Ministério da Saúde do Brasil, intitulado de “Doenças Relacionadas ao

Trabalho” (BRASIL, 2001). Cabe salientar que as informações das doenças aqui expostas

foram obtidas a partir resultados apresentados na literatura e não possuem caráter científico

nem diagnóstico clínico feito por médicos do trabalho. Desta forma, este estudo não pretende

esgotar o assunto tampouco conceituar cientificamente cada moléstia.

6 TAUBE (2002) realiza uma análise da incidência de distúrbios musculoesqueléticos no trabalho do

bibliotecário, apresentando considerações ergonômicas com enfoque preventivo de LER/DORT;

TERSARIOLLI et al. (2005) aborda as doenças ocupacionais inerentes ao trabalho de profissionais de

unidade de informação; SANTOS (2007) apresenta as doenças ocupacionais respiratórias; DIAS

(2008) apresenta um estudo de caso da biblioteca do Centro de Ciências da Saúde Universidade

Estadual de Londrina, trazendo considerações em torno das doenças laborativas; LOURENÇO;

ALMEIDA (2008) trata sobre o estresse ocupacional e assédio moral em profissionais bibliotecários;

SANTA HELENA (2009) aborda a influência do trabalho na saúde física e psíquica dos bibliotecários

da área da saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; SANTOS (2014) também apresenta

algumas doenças ocupacionais relacionadas aos bibliotecários; SANTANA (2014) apresenta em uma

das suas seções dados coletados da Previdência Social entre os anos de 2008 a 2013 sobre as doenças

que mais afastaram bibliotecários e arquivísticas de seus postos de trabalho e que receberam auxílio

doença.

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QUADRO 6 – Doenças relacionadas ao trabalho acometidas aos bibliotecários

Doença ocupacional Sintomatologia Agente Classificação

do Risco

Situações

de exposição

Tra

nst

orn

os

Men

tais

e d

o

Com

port

am

ento

(G

rupo V

)

Estresse

Ocupacional7

Cansaço físico e emocional,

cefaleia, palpitações,

agressividade, falta de

motivação, absenteísmo,

aumento da frequência

cardíaca e da pressão

arterial;

Jornada, ritmo e sobrecarga

de trabalho; introdução de

novas tecnologias, natureza e

conteúdo do trabalho; assédio

moral;

Ergonômico

Administração do acervo;

Processo decisório;

Atender demandas de usuários cada

vez mais complexas;

Doen

ças

da p

ele

e d

o t

ecid

o

sub

cutâ

neo

(G

rupo X

II)

Dermatoses

ocupacionais

Lesões superficiais elevadas

contendo pus ou bolhas;

descamação e fissuras;

coceira;

Substâncias químicas como

solventes e produtos tóxicos Químico

Higienização e desinfestação do

acervo Microrganismos (bactérias e

fungos) e parasitas

infecciosos vivos

Biológico

Ferramentas infectadas e

defeituosas; traumatismos

repetidos; más condições de

higiene pessoal

Mecânico ou

de acidente

Utilização de ferramentas no

processo de higienização como

bisturi, pinça, espátula e agulha, que

podem provocar cortes e arranhões

7 Em 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) considerou o estresse como a doença do século. O estresse ocupacional é gerado no organismo quando

indivíduo se submete às situações que “exijam um grande esforço, sobretudo, emocional para serem superadas” no local de trabalho. Além disso, o estresse

em organizações pode apresentar sintomatologia a nível cardio-respiratório provocando sensação de opressão e hipercontração muscular, além de surgirem em

situações de assédio moral (LOURENÇO; ALMEIDA, 2008).

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Doen

ças

resp

irató

rias

(Gru

po X

)

Rinite

Sinusite

Ulceração ou

necrose e

perfuração do

septo nasal

(DPOC)8

Faringite

aguda

Laringotra-

queíte

Espirros, prurido do nariz, tosse seca,

congestão nasal, obstrução do fluxo de ar e

corrimento nasal;

Secreção nasal, tosse noturna, cefaleia e

febre;

Ardência e dor nas fossas nasais,

Tosse, secreção, dispnéia e perda de peso;

Dor de garganta, sensação de

ressecamento, inflamações na faringe;

Dor na laringe e traqueia e crises de tosse

seca.

Exposição a gases,

vapores, névoas e

poeira.

Inseticidas,

detergentes, tintas

aerodispersóides

Partículas e gases

tóxicos

Químico

Contato direto com

produtos químicos

utilizados nos

processos de

higienização e

restauração;

Vírus, bactérias e

fungos;

Biológico Manuseio de acervo

contaminado por

agentes biológicos.

8O Termo DPOC refere-se ao grupo de doenças pulmonares obstrutivas crônicas caracterizadas por limitação crônica ao fluxo aéreo como enfisema e

bronquite crônica (BRASIL, 2001, p. 327).

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Doen

ças

do S

iste

ma d

o T

ecid

o C

on

jun

tivo

(G

rupo X

III)

LER/DORT9

Dor intensiva na área da

lesão, parestesia, inflamação de tecidos,

fadiga, decadência do desempenho

profissional, crepitação nas articulações,

formigamento e dormência

Postura inadequada;

Repetitividade de

movimentos

Fadiga;

Ergonômico

Atividades que

envolvem a digitação

Carimbar, grampear,

limpar e

guardar livros;

Carregamento de um

montante de

volumes10

Fonte: (BRASIL, 2001).

9 Na revisão realizada por Brandimiller (1996 apud TAUBE, 2002) as manifestações de lesões ocupacionais referem-se sinovite, tendinite, miosite, fascite,

tenossinovite e neuropatia periférica por compressão. Estão inseridos no grupo de LER/DORT os transtornos do plexo braquial, mononeuropatias dos

membros superiores e mononeuropatias dos membros inferiores (BRASIL, 2001, 195). De acordo com os dados da Previdência Social obtidos por Santana

(2014) há sessenta e seis casos de afastamentos de profissionais bibliotecários e arquivistas por motivos de doenças do sistema osteomuscular e do tecido

conjuntivo entre os anos de 2008 a 2013. 10

De acordo com Bridger (2003 apud IIDA, 2005, p. 179) “o manuseio de cargas é responsável por grande parte dos traumas musculares entre os

trabalhadores. Aproximadamente 60% dos problemas musculares são causados por levantamento de cargas e 20%, puxando ou empurrando-as”. Em

biblioteca, tal atividade pode estar relacionada ao remanejamento do acervo.

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Diante desta lista de doenças ocupacionais ligadas ao trabalho biblioteconômico,

torna-se indispensável o reconhecimento dos agentes etiológicos causadores de doenças em

bibliotecas, arquivos e centros de documentação. Por meio da análise de dados realizada por

Santana (2014) nas tabelas estatísticas disponibilizadas pela Previdência Social sobre auxílio-

doença previdenciário concebido por atividades em Bibliotecas e Arquivos (91.01-5)

referentes ao ano de 2008 até 2013, foi evidenciado que do total de doenças que mais afastam

profissionais de seus postos de trabalho estão 22% ligadas às lesões, envenenamento e

algumas outras consequências de causas externas (S00-T98); 21% relacionadas a transtornos

mentais e comportamentais (F00-F99); 20% representam doenças do sistema osteomuscular e

do tecido conjuntivo (M00-M99); às outras doenças referem-se ao aparelho circulatório,

aparelho digestivo e demais fatores externos que influenciam o estado de saúde desses

profissionais.

Conforme exposto, foi percebido que algumas atividades desenvolvidas pelos

bibliotecários podem afetar diretamente sua saúde, sobretudo àquelas relacionadas com

tomadas de decisões que podem desenvolver situações de estresse e fadiga; procedimentos de

higienização, conservação, preservação e restauração de acervos, provocando doenças

respiratórias, ocular, digestivas e cutâneas; ocorrência das LER/DORT devida a interação

constante e monótona com computadores nas atividades de processo técnico.

A eliminação total dos riscos é utópica, entretanto desenvolver medidas

prevencionistas e estratégias que visam adequação do trabalho ao homem é primórdio para

atingir altos níveis de satisfações nos ambientes de trabalho. Portanto, a análise de risco é um

importante instrumento para a identificação dos problemas ou danos ocasionados pela

exposição aos agentes de risco. Reconhecer o ambiente da biblioteca como potencial espaço

de risco à saúde é fundamental para o incentivo de políticas e gestão de programas de saúde e

segurança que visem à eliminação ou controle dos riscos, maior visibilidade das

vulnerabilidades vivenciadas por esses profissionais nas instâncias jurídicas bem como

iniciativas preventivas para um trabalho de qualidade.

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4 METODOLOGIA

O processo de pesquisa busca sistematicamente a solução de determinado problema

que se coloca em pauta, sendo definida por Minayo (1994, p. 17) como “a atividade básica da

Ciência na sua indagação e construção da realidade”. Através da pesquisa há o aumento da

atividade de ensino bem como a atualização do conhecimento. Por meio das questões da

investigação ocorre a retroalimentação do ciclo de produção do universo científico. Desta

forma, toda pesquisa requer uma metodologia para atingir seus objetivos. A partir de uma

metodologia o pesquisador percorrer o caminho metodológico para atingir seus objetivos no

estudo. Entende-se por metodologia:

O caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da

realidade [...] inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto

de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o sopro divino

do potencial criativo do investigador (MINAYO, 1994, p. 16).

Na produção do conhecimento científico, segundo Habermas (1987 apud GUERRA,

2014, p. 7), a metodologia considera-se o caminho do pensamento. Guerra (2014, p. 7) nos

ajuda a entender que “cada área do conhecimento é constituída por um conjunto de técnicas

especializadas de pesquisa, que variam conforme a natureza e as características de seu objeto

de estudo”. Tendo em vista a importância da metodologia para a pesquisa, esta seção

apresenta os procedimentos metodológicos utilizados para atingir os objetivos estabelecidos

nesta pesquisa. Caracteriza a pesquisa, descreve a população para o estudo, apresenta o

instrumento de pesquisa e define os critérios para coleta e análise dos dados.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Caracteriza-se por uma pesquisa bibliográfica, ou seja, uma revisão do conhecimento

acumulado e apropriação dos conceitos fundamentais para compreensão do tema (GUERRA,

2014), pois o estudo incide sobre aspectos relacionados à saúde ocupacional, o profissional

bibliotecário e construções legais da saúde do trabalhador. Durante a revisão de literatura

foram realizadas buscas combinadas nas bases de dados em língua portuguesa e inglesa, a

saber: Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação

(BRAPCI), Repositório Institucional da Fiocruz, Portal de periódicos da CAPES, Repositório

da Universidade Federal Fluminense (UFF), Redes de Revistas Científicas de América Latina

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y el Caribe, España y Portugal (Redalyc). Para a recuperação dos documentos, utilizaram-se

as seguintes estratégias de busca: “saúde do bibliotecário”; “riscos ocupacionais AND

bibliotecari*; “saúde do trabalhador" AND surgimento; bibliotecário AND “ambiente de

trabalho”; bibliotecas universitárias AND atividades”; “occupational health AND

librarians”.

Apresenta-se como uma abordagem qualitativa-quantitativa com o objetivo de reunir

indicadores que evidencie a biblioteca como um potencial local de risco à saúde do

bibliotecário, e ao mesmo tempo, analisar a percepção desse profissional com o seu ambiente

de trabalho. Conforme Minayo (2008 apud GUERRA, 2014, p. 10) o método quantitativo é

utilizado para pesquisas que “têm o objetivo de mostrar dados, indicadores e tendências

observáveis, ou produzir modelos teóricos abstratos com elevada aplicabilidade prática”. Ao

passo que a análise qualitativa permite capturar “motivos, aspirações, crenças, valores e

atitudes” que não seriam perceptíveis em equações, médias e estatísticas (MINAYO, 1994, p.

22). Neste sentido, a autora destaca que os dados obtidos através de métodos quantitativos e

qualitativos não se opõem, mas sim, complementam-se à medida que apresentam uma

realidade social dinâmica e improvável de dicotomia.

Este estudo caracteriza-se também em uma pesquisa de campo e descritiva, pois teve

como característica o aprofundamento da temática “Saúde do bibliotecário” e foi construído a

partir de dados coletados de determinado grupo a fim de compreender a relação do

bibliotecário com o seu ambiente de trabalho. Além disso, este tipo de pesquisa permite que

novos olhares sejam feitos sobre este objeto de estudo. De forma semelhante, Gil (1999 apud

OLIVEIRA, 2011, p.22) defende que estudos descritivos “têm como finalidade principal a

descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de

relações entre variáveis”. A pesquisa descritiva permitiu estabelecer características do objeto

de estudo e correlações entre as variáveis.

4.2 UNIVERSO DA PESQUISA

A especificidade da pesquisa foi marcada pelo recorte geográfico no município do Rio

de Janeiro e segundo a tipologia da biblioteca, escolhidas para este estudo, as universitárias. O

recorte deu-se de forma intencional por ser o local onde a pesquisa acadêmica foi realizada. A

fim de mapear tais instituições, foi realizada uma busca na base de dados do Ministério da

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Educação (MEC) no primeiro semestre de 2018, onde contém informações relativas às

Instituições de Educação Superior – IES e cursos de graduação do Sistema Federal de Ensino.

Para este estudo foi delimitado que as bibliotecas fossem vinculadas a organizações

acadêmicas universitárias, de categoria administrativa na esfera Pública Federal e localização

no município do Rio de Janeiro. A delimitação de acordo com a organização, categoria

administrativa e localidade foi realizada para facilitar a coleta e análise de dados, isso porque

são instituições com características semelhantes quanto aos processos organizacionais. Em

seguida, constataram-se duas universidades públicas federais: Universidade Federal do Estado

do Rio de Janeiro (UNIRIO) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Consideramos importante uma contextualização das bibliotecas que fazem parte do universo

de pesquisa deste estudo. Portanto, a seção seguinte apresenta algumas especificações desses

espaços.

4.2.1 Sistema de bibliotecas da UNIRIO

Em 1986, com o objetivo de integração entre a Biblioteca Central e as Bibliotecas

Setoriais a fim de dotar aos padrões exigidos pela Rede Bibliodata11

, foi criado o Sistema de

Bibliotecas da UNIRIO (UNIBIBLI). A Biblioteca da UNIRIO participa do Bibliodata desde

o início, sendo uma das instituições contribuintes para Rede de catalogação cooperativa de

Bibliotecas brasileiras. O UNIBIBLI é composto por uma Biblioteca Central e de sete

Bibliotecas Setoriais. Atualmente, o UNIBIBLI é composto por 26 bibliotecários sendo

distribuídos em cargos Diretoria, chefe de divisão e unidades setoriais e função de

bibliotecário (UNIVERSIDADE... 2018).

A Biblioteca Central da UNIRIO foi criada através do art. 6° do Estatuto da

Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro – FEFIERJ, sendo

inaugurada em 11 de novembro de 1977 e registrada sob o n° 396 no Conselho Regional de

Biblioteconomia (UNIVERSIDADE... 2018). A Biblioteca tem como missão:

Fornecer apoio informacional ao desenvolvimento das atividades de

ensino, pesquisa, extensão considerando todos os campos de atuação

da UNIRIO. Para tanto, deve cuidar do patrimônio informacional da

Universidade, selecionando, adquirindo, processando, tornando

disponível e garantindo o acesso e a preservação dessa informação,

11

A Rede Bibliodata é uma rede de catalogação cooperativa das bibliotecas brasileiras participantes

que possuem os dados bibliográficos dos acervos disponíveis no Catálogo Coletivo Bibliodata

(FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2012).

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esteja ela registrada em qualquer tipo de suporte

(UNIVERSIDADE... 2018).

As bibliotecas do UNIBIBLI atuam como suporte às atividades da Universidade,

sobretudo no incentivo ao ensino, à pesquisa e à extensão universitária. Possuem um espaço

aberto à comunidade acadêmica bem como aos demais públicos. Em relação ao seu acervo, a

Biblioteca Central possui obras de literatura brasileira e estrangeira, psicologia, legislação,

história e teses. Este espaço também integra três, das setes bibliotecas setoriais do UNIBIBLI.

Além de possuir em suas dependências uma biblioteca infanto-juvenil, que atua no incentivo à

leitura de crianças e adolescentes (UNIVERSIDADE... 2018).

As bibliotecas setoriais, além do suporte ao ensino, à pesquisa e à extensão aos cursos

ministrados, também contribuem para os Programas de Pós-Graduação e de Mestrado

Profissional oferecidos pela Universidade. As três bibliotecas que estão nas dependências da

Biblioteca Central atendem aos cursos oferecidos pelo Centro de Ciências Exatas e

Tecnologia, Ciências Humanas e Sociais e Centro de Letras e Artes da UNIRIO

(UNIVERSIDADE... 2018).

As demais bibliotecas setoriais também atuam no fomento do ensino dos cursos de

Graduação das áreas de Biomedicina, Medicina, Enfermagem, Nutrição, Ciências Biológicas,

Medicina e Cirurgia, a Residência Médica, Ciências Jurídicas, Administração Pública e

Ciências Políticas, ou seja, as Escolas dos Centros da UNIRIO (UNIVERSIDADE... 2018).

4.2.2 Sistema de bibliotecas da UFRJ

A fim de desenvolver ações para promover a integração das bibliotecas da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1983 foi criado o Sistema de Bibliotecas e

Informação da UFRJ (SiBI). O SiBI consolidou seu apoio aos programas de ensino, pesquisa

e extensão bem como à cooperação técnico-científica, cultural, literária e artística da

Universidade. O sistema é responsável pelo gerenciamento das bibliotecas da instituição,

sendo órgão encarregado da capacitação de seus membros, desenvolvimento e tratamento dos

acervos, elaboração das políticas de informação e padrões técnicos (UNIVERSIDADE...,

2018).

O SiBI é o gerenciador das quarenta e cinco bibliotecas pertences à UFRJ e está

subdividido entre Coordenação, Secretaria, Centro Referencial, Desenvolvimento de

Bibliotecas, Processamento Técnico e Memória Institucional. As bibliotecas setoriais atendem

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as áreas de ciências humanas, ciências sociais e aplicadas, ciências exatas e da terra, ciências

da saúde e biológicas, letras e artes bem como bibliotecas de Memória e obras raras.

Atualmente, o SiBI conta com a participação de 224 bibliotecários nos campus da UFRJ no

Rio de Janeiro, Xerém e Macaé (UNIVERSIDADE..., 2018).

As bibliotecas centrais e setoriais da UFRJ têm o intuito de atender à demanda

informacional da sua comunidade acadêmica. Os acervos das unidades de informação estão

disponibilizados para consulta e empréstimo dos usuários, contendo aproximadamente

1.230.010 títulos e 3.347.326 exemplares físicos e 27.770 livros eletrônicos, com os mais

variados tipos documentais como livros, obras de referência, normas técnicas, coleções

especiais, teses e dissertações, obras raras e antigas, periódicos e multimeios (SIBI, 2016).

4.3 DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS PARA COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Conforme apresentado anteriormente, o estudo enveredou para uma pesquisa de

campo, contando com a participação dos bibliotecários atuantes em bibliotecas universitárias

federais do município do Rio de Janeiro. Deste modo, inicialmente, foi verificado o número

de bibliotecários do Sistema de Bibliotecas da UNIRIO e da UFRJ, conforme apresentado a

seguir:

TABELA 1 – Quantitativo de bibliotecários

Universidade mantenedora Número de bibliotecários

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) 26

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 213

Total 239

Fonte: A autora (2018).

Com isso, o universo de pesquisa foi composto por 239 bibliotecários. Referente aos

dados informados na seção anterior, torna-se importante destacar que para esta pesquisa não

foram contabilizados os bibliotecários das bibliotecas dos polos de Xerém e Macaé do SiBI da

UFRJ por não pertencerem ao município do Rio de Janeiro, além da Biblioteca Francisca

Keller do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGAS (UFRJ) pela

inviabilidade das respostas devido ao sinistro ocorrido no Museu Nacional, em 2 de setembro

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92

de 2018. A pesquisa restringiu-se ao município do Rio de Janeiro, sobretudo pelo escasso

tempo para a coleta dos e-mails institucionais dos bibliotecários e das bibliotecas.

Em consonância à fundamentação teórica, escolhemos o questionário como

instrumento para coleta de dados, definido por Marconi e Lakatos (1996, p. 88 apud

OLIVEIRA, 2011, p. 37) como uma “[...] série ordenada de perguntas, respondidas por escrito

sem a presença do pesquisador”. Além disso, Taube (2002, p. 50) anuncia que esse

instrumento permite “aprofundar-se no universo operacional dos trabalhadores colocando-os

em uma situação onde este possa expressar sua concepção sobre sua atividade de trabalho”.

Dentre as vantagens de utilização desse instrumento estão: alcance de número elevado

de participantes; a economia de recursos financeiros; assegura anonimato; facilita a

compilação e comparação das respostas. Em contrapartida, o questionário também oferece

algumas desvantagens, entre elas podemos destacar: interpretações distorcidas das perguntas;

o anonimato não assegura a sinceridade nas respostas; baixo retorno de respostas (MARCONI

e LAKATOS, 1996; LAVILLE; DIONNE, 1999; MALHOTRA, 2001 apud OLIVEIRA,

2011, p. 37).

Após a escolha do instrumento, iniciaram-se os esforços a fim de obter os e-mails

institucionais de cada bibliotecário do universo da pesquisa. Os recursos utilizados foram:

envio de solicitação de e-mails dos bibliotecários para o correio eletrônico da biblioteca ou

setor, telefonemas e mensagens instantâneas via messenger para bibliotecas com páginas na

rede social Facebook. O quadro abaixo apresenta o quantitativo de e-mails dos bibliotecários

recuperados.

TABELA 2 – E-mails institucionais recuperados

Biblioteca Número de e-mails

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) 25

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 121

Total 146

Fonte: A autora (2018).

O questionário foi elaborado através do Formulário do Google dispondo de 7

perguntas abertas e 22 perguntas fechadas (APÊNDICE A). As perguntas abertas tiveram

como objetivo obter respostas mais ricas e variadas, ao passo que as fechadas ofereceram

maior facilidade na tabulação e análise dos dados, conforme preconiza CERVO & BERVIAN

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93

(2002, p. 48, apud OLIVEIRA, 2011). O questionário foi estruturado em 6 seções, a saber:

dos aspectos gerais; dos aspectos ambientais; dos aspectos ergonômicos e mecânicos; do

conhecimento de normas, regulamentos, políticas em saúde e segurança; das doenças e

afastamentos; das informações adicionais.

Antes do envio oficial do questionário ao universo de pesquisa, foi realizado um pré-

teste com a população para verificar a clareza e possíveis melhorias no conteúdo a fim de

atingir os objetivos propostos da pesquisa, no período de 23 de outubro a 24 de outubro de

2018. A população-teste representou 5,85% do universo total da pesquisa, sendo os

bibliotecários participantes escolhidos de modo aleatório. Com o teste foi verificado a

eficiência de determinadas questões bem como evidenciou que outras deveriam ser

reformuladas para melhor compreensão dos respondentes.

O questionário oficial foi aplicado no dia 25 de outubro de 2018 e ficou disponível

para respostas até o dia 11 de novembro de 2018. As perguntas foram enviadas de modo

padronizado para os e-mails institucionais dos bibliotecários recuperados (APÊNDICE B).

Durante este período, foram realizadas duas tentativas a fim de aumentar o número de

respondentes ao questionário. O primeiro envio ocorreu no dia 25 de outubro e a segunda

tentativa no dia 5 de novembro de 2018. Quando não foi possível recuperar o e-mail de todos

os bibliotecários de determinada biblioteca, o questionário foi enviado para o e-mail da

biblioteca e quando foi possível recuperar o contato, para os setores.

A apresentação dos dados deu-se por meio de recursos estatísticos, tabelas e gráficos

que possibilitaram a sintetização das descrições dos resultados. Como último procedimento

metodológico utilizado nesta pesquisa, definimos a técnica para análise dos dados coletados.

Marconi e Lakatos (1996 apud OLIVEIRA, 2011, p. 46) nos ajuda a compreender a

importância da utilização de uma técnica apropriada, pois “a partir dela, é que serão

apresentados os resultados e a conclusão da pesquisa, conclusão essa que poderá ser final ou

apenas parcial, deixando margem para pesquisas posteriores”.

Desta forma, foi definida a Análise de conteúdo como a técnica empregada para

analisar os dados obtidos, definida por Bardin (2011, p. 48) como:

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a

obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo de mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que

permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de

produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens.

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94

Além disso, Trivinõs (1987, p. 137 apud OLIVEIRA, 2011, 46) infere que “[...] todos

meios que se usam na investigação quantitativa podem ser empregados também no enfoque

qualitativo”. A escolha dessa técnica deu-se pela sua contribuição para estudos, como este, de

abordagem quantitativa e qualitativa.

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95

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

“Se você não pode medir, você não pode gerenciar”.

(Peter Drucker)

O estabelecimento de indicadores permite uma análise profunda e precisa das

anomalias no ambiente de trabalho. Um bom indicador é capaz de evitar que determinado

problema se agrave ou proporcione sérios prejuízos ao profissional bem como alerta aos

responsáveis as informações necessárias para a implementação de melhorias no ambiente

laboral (ARAUJO, 2006 apud RIBEIRO, 2011, p. 8). É evidente que por se tratar de uma

pesquisa realizada no Campo da Biblioteconomia, não se pretende proporcionar índices

prontos para implementação de ações preventivas no ambiente de trabalho analisado, mas sim

apresentar aspectos e falhas que devem ser levados em consideração na elaboração de

políticas.

Para tanto, as próximas subseções apresentam os resultados da pesquisa que apontam

para a percepção dos bibliotecários quanto à sua saúde e às influências do ambiente de

trabalho em sua integridade física e mental. A estruturação da seção foi segmentada de acordo

com seis seções que compôs o questionário: dos aspectos gerais; dos aspectos ambientais; dos

aspectos ergonômicos e mecânicos; do conhecimento de normas, regulamentos, políticas em

saúde e segurança; das doenças e afastamentos; e das informações adicionais.

5.1 DOS ASPECTOS GERAIS

A pesquisa pôde alcançar a maioria dos bibliotecários atuantes no âmbito de universo

de pesquisa. Os resultados dizem respeito às amostras obtidas no sistema integrado das

bibliotecas universitárias da UNIRIO e UFRJ. Conforme descrito na Metodologia, foram

contabilizados 239 bibliotecários do Sistema de Bibliotecas da UNIRIO e UFRJ. Deste modo,

o estudo contou com a participação de 53,97% do universo total de pesquisa, ou seja, obtendo

o retorno de 129 profissionais, dos quais 31,8% ocupam cargo de Bibliotecário (a)-chefe e

68,2% de Bibliotecário.

Inicialmente, além do cargo ocupado pelo respondente, procurou-se identificar as

atividades rotineiras desses profissionais. Além das opções oferecidas: “Administrativo”,

“Processo técnico”, “Atendimento ao público” e “Treinamento ou curso”, a questão

possibilitou que os bibliotecários acrescentassem outros serviços prestados na biblioteca em

que atua bem como selecionassem mais de uma opção das atividades propostas. Desse modo,

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96

um bibliotecário pôde escolher todas as opções disponíveis e acrescentar outras tarefas

desempenhadas. Com isso, obtivemos as seguintes atividades realizadas:

QUADRO 7 – Atividades realizadas em bibliotecas universitárias

Atividades Respostas

Apenas Administrativo 3

Administrativo e Atendimento ao público 5

Administrativo, Atendimento ao público e Treinamento ou curso 8

Administrativo, Atendimento ao público, Treinamento ou curso e

Desenvolvimento de Coleções

1

Administrativo, Coordenação e Gerenciamento das atividades técnicas 1

Administrativo e Desenvolvimento de Coleções 1

Administrativo e Processo técnico 2

Administrativo, Processo técnico e Desenvolvimento de Coleções 1

Administrativo, Processo técnico e Treinamento ou curso 1

Administrativo, Processo técnico e Atendimento ao público 25

Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público e Treinamento ou

curso

24

Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público, Treinamento ou

curso e Contação de histórias infantis

1

Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público, Treinamento ou

curso, Normalização, Comutação e Gestão de bibliotecas

1

Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público e Treinamento ou

curso, Planejamento

1

Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público e Treinamento ou

curso, Visita guiada

1

Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público, Treinamento ou

curso e Atualização em redes sociais.

1

Atendimento ao público, Treinamento ou curso, Indexação, elaboração de ficha

catalográfica, busca e recuperação em bases de dados

1

Administrativo e Treinamento ou curso 1

Apenas Atendimento ao público 5

Atendimento ao público e Treinamento ou curso 3

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97

Atendimento ao público, Treinamento ou curso, Conservação e Restauração de

obras

1

Apenas Processo técnico 10

Processo técnico e Atendimento ao público 19

Processo técnico, Atendimento ao público e Normalização 1

Processo técnico, Atendimento ao público e Treinamento ou curso 8

Processo técnico, Atendimento ao público, Treinamento ou curso e Pesquisa,

digitalização de acervos raros e especiais

1

Processo técnico, Atendimento ao público, Treinamento ou curso,

Normalização e Pesquisa bibliográfica

1

Desenvolvimento de Coleções, organização de pequenos eventos e divulgações

de bases assinadas/adquiridas

1

Total 129

Fonte: A autora (2018)

A questão contou com a participação de 100% dos respondentes. Verificou-se que

59,7% (77 respondentes) desempenham funções administrativas, as atividades que envolvem

o processo técnico são realizadas por 75,2% dos profissionais (97 respondentes), os serviços

prestados durante o Atendimento ao usuário são realizados por 82,9% (107 respondentes) e

41,9% (54 respondentes) atuam no oferecimento de treinamentos e cursos na biblioteca. Das

atividades acrescidas pelos bibliotecários, destacam-se as atividades voltadas ao

Desenvolvimento de Coleções, mencionada por 1,67% (4 respondentes).

5.2 DOS ASPECTOS AMBIENTAIS

As questões que compuseram este bloco visaram verificar elementos que evidenciam

possíveis situações de risco para a saúde do bibliotecário, decorrentes dos riscos ambientais,

sendo eles o risco físico, químico e biológico. A primeira questão apresentou algumas

situações de vulnerabilidades vivenciadas em ambientes insalubres e objetivou verificar em

quais dessas situações aqueles profissionais reconheciam em seu ambiente de trabalho. Esta

questão foi respondida por 123 bibliotecários, o que nos faz inferir que o restante, totalizando

6 bibliotecários, não identifica tais situações em seu local de trabalho. Graficamente,

apresentamos os dados coletados sobre situações insalubres identificadas em bibliotecas:

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98

GRÁFICO 1 – Situações insalubres em bibliotecas

Fonte: A autora (2018)

Em seguida, tendo em vista que a higienização do acervo “deve ser um hábito de

rotina na manutenção de bibliotecas ou arquivos, razão por que é considerada a conservação

preventiva por excelência” (CASSARES, 2000, p. 26) e sendo um processo que expõe o

bibliotecário a agentes biológicos e químicos, a segunda questão desse bloco verificou a

periodicidade em que é realizada a higienização do acervo. Foi identificado que este processo

quase nunca é realizado nas bibliotecas.

GRÁFICO 2 – Periodicidade na higienização de acervos

Fonte: A autora (2018)

Na seção 3.3 Riscos Ocupacionais em bibliotecas, conforme aponta a literatura, foram

apresentados alguns componentes químicos utilizados para o controle de pragas e insetos no

acervo como uma medida preventiva, tais como: Formaldeído, Óxido de Etileno, Para-

45,50% – 56

70,7% – 87

52% – 64

61 % – 75

67,5% – 83

Infiltração na parede, aparecimento de

mofo e ou umidade excessiva

O acervo encontra-se com fungos,

mofo e ou empoeirados

Falta de ventilação

Falta de manutenção das tubulações de

ar

Falta de higienização no local de

trabalho e no acervo

0% 20% 40% 60% 80% 100%

3,9% 6,3%

10,2%

79,7%

Quinzenalmente

Mensalmente

Anualmente

Quase nunca

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99

Diclorobenzeno (PDB), Naftalenos, Diclorvós (DDVP) e Brometo de Metila. Contudo, chama

a atenção que apenas 1,6%, que equivale a 2 bibliotecários, têm conhecimento a respeito das

substâncias químicas utilizadas para a higienização do acervo e que 23,4% dos respondentes

não tem certeza sobre o uso. A maioria, 75% dos profissionais não utilizam produtos

químicos durante sua jornada de trabalho o que pode ser um bom indicador, entretanto pode

estar relacionado com a falta de higienização no acervo e, consequentemente, com

proliferação de fungo, mofo e poeira nos livros, conforme evidenciado nas questões

anteriores.

As questões correspondentes a 4ª até 6ª apresentaram aspectos referentes aos agentes

de risco físico, sobretudo aqueles ligados à temperatura e a umidade do ar nas bibliotecas. Em

relação à temperatura e umidade relativa do ar foi verificado que 23,4% (30 respondentes) das

bibliotecas possuem algum tipo de controle/monitoramento, ao passo que 76,6% (98

respondentes) não possuem. Já a adequação de temperatura do ar às exigências das tarefas

realizadas foi reconhecida por apenas 40,2% (51 respondentes) em contrapartida aos 59,8%

(76 respondentes) de bibliotecários que não reconhecem a temperatura do ar adequada. Em

relação à periodicidade de limpeza feita nos equipamentos de ar condicionado, verificou-se

que 36% não sabem informar sobre a manutenção, como demonstra o gráfico a seguir:

GRÁFICO 3– Periodicidade da limpeza do ar condicionado

Fonte: A autora (2018)

Com os resultados obtidos nesta seção pode-se inferir o nível de satisfação dos

bibliotecários com os aspectos ambientais em seu espaço de trabalho, aqui se referindo à

exposição à umidade, temperatura baixa ou elevada, ruído, poeira, produtos químicos, fungos,

bactérias é, em sua maioria, parcialmente ou totalmente insatisfeito.

4,1%

12,2%

11,4%

36%

36%

Mensalmente

Semestralmente

Anualmente

Quase nunca

Não sabe informar

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100

GRÁFICO 4 – Nível de satisfação com os aspectos ambientais

Fonte: A autora (2018)

5.3 DOS ASPECTOS ERGONÔMICOS E MECÂNICOS

Neste bloco, os bibliotecários foram questionados a respeito da adaptação das

condições de trabalho as suas características psicofisiológicas, levando em consideração o

levantamento de carga, posição inadequada ou incômoda e iluminação como agentes

ergonômicos, conforme exposto na literatura. Com isso, primeiramente foi verificado se

durante o exercício das atividades em bibliotecas o bibliotecário carrega algum peso,

constando que o levantamento ou transporte de cargas é realizado ocasionalmente por 53,5%

(69 respondentes), raramente por 29,5% (38 respondentes), frequentemente por 12,4% (16

respondentes) e nunca por 4,7% (6 respondentes). A pergunta seguinte verificou se a postura

inadequada é um agente ergonômico presente em bibliotecas com potencial de prejudicar à

saúde do bibliotecário, identificando que em determinadas tarefas é exigida a posição

incômoda.

GRÁFICO 5 – Realização de determinadas tarefas em posição incômoda

Fonte: A autora (2018)

28,7%

38,8%

5,4%

24%

3,1%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Totalmente

insatisfeito

Parcialmente

insatisfeito

Não satisfeito e

nem satisfeito

Satisfeito

parcialmente

Totalmente

satisfeito

31%

23,3%

45,7%

Sim

Não

Às vezes

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101

Conforme apresentado por Grandjean (1987 apud IIDA, 2005, p. 217) a iluminação

deficiente gera a fadiga visual que consequentemente provoca 20% de todos os acidentes de

trabalho. Por isso, foi averiguada a adequação da iluminação, uma vez que tem papel

fundamental na influência psicológica nos funcionários e usuários. Os resultados da pesquisa

apontam que 53,5% (69 respondentes) consideram a iluminação do seu ambiente de trabalho

adequada e 46,5% (60 respondentes) não. Ainda sobre os aspectos ergonômicos, verificou-se

qual o nível de satisfação quanto ao mobiliário (mesa, cadeira, por exemplo) do ambiente de

trabalho desses profissionais em relação à adaptação do seu biotipo e realização das tarefas,

evidenciando que a maior parte dos bibliotecários está parcialmente insatisfeito, como

demonstra a tabela a seguir:

TABELA 3 – Nível de satisfação quanto ao mobiliário

Nível de satisfação Respostas

Totalmente insatisfeito 27,1%

Parcialmente insatisfeito 32,6%

Não satisfeito nem insatisfeito 4,7%

Satisfeito parcialmente 24%

Totalmente satisfeito 11,6%

Fonte: A autora (2018)

Ao abordar os riscos mecânicos em bibliotecas, o risco da probabilidade de incêndio e

a importância de debate sobre esta temática nos atentou acerca da discussão em relação à

prevenção de incêndios. Por isso foram testadas perguntas referentes ao treinamento dos

profissionais quanto à prevenção de incêndios, à disposição da biblioteca com saídas de

emergências bem como à presença de sinalização de segurança nos espaços em que atuam

como o mapa de risco e combate a incêndio. Os resultados evidenciam que 14,1% (18

respondentes) possuem treinamento quanto à prevenção de incêndios e 85,9% (110

respondentes) não. As bibliotecas que atuam 23 dos bibliotecários participantes da pesquisa,

correspondente a 17,8% dos respondentes possuem saídas de emergências, ao passo que

82,2%, referente a 106 respondentes, não. Em relação aos dispositivos de sinalização de

segurança no ambiente de trabalho desses profissionais, foi verificado que, em sua maioria, as

bibliotecas não possuem sinalizadores de segurança.

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102

GRÁFICO 6 – Presença de sinalizadores de segurança (Mapa de risco, combate de

incêndios)

Fonte: A autora (2018)

5.4 DAS NORMAS, REGULAMENTOS, POLÍTICAS EM SAÚDE E SEGURANÇA

O conjunto de questões que compuseram este bloco visou verificar o conhecimento

dos bibliotecários sobre os riscos à saúde existentes no seu local de trabalho, demonstrando

que 57,4% não possuem informações, enquanto 42,6% estão conscientizados sobre os riscos

ocupacionais presentes no espaço onde atuam. Observou-se também que 96,1% das

bibliotecas não possuem algum regulamento interno quanto à saúde e segurança no trabalho,

entretanto, ainda que incipiente 3,9% dos bibliotecários responderam que a biblioteca em que

atuam possui algum tipo de documento sobre os riscos à saúde no ambiente interno. Também

recebemos retorno de 1 bibliotecário informando sobre o desenvolvimento de um Plano de

Contingência na biblioteca em que atua.

É importante destacar que essa é uma iniciativa imprescindível para garantir a

segurança dos bibliotecários e vem sendo implementada em bibliotecas12

em todo o país.

Conforme leitura dos Planos de Contingência de duas bibliotecas universitárias, uma em

Anápolis (GO) e outra em Florianópolis (SC) foi identificado que o conteúdo dos planos

apresenta informações a respeito da biblioteca, dos riscos presentes no local de trabalho, ações

conjuntas e procedimentos para a preservação de bens, ambientes e pessoas e procedimentos

em caso de emergência.

A terceira questão pretendeu identificar quais são os Equipamentos de Proteção

Individuais (EPI) utilizados pelos bibliotecários durante a realização das tarefas, normalmente

12

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Plano de contingência da BU/UFSC,

2018. Disponível em: <http://portal.bu.ufsc.br/files/2013/09/PlanoContingencia.pdf>. Acesso em: 10

nov. 2018.

FACULDADE FIBRA. BIBLIOTECA FIBRA. Plano de contingência da biblioteca, 2018.

Disponível em: <http://fibra.edu.br/wp-content/uploads/2016/08/Plano-de-conting%C3%AAncia-da-

biblioteca.pdf> Acesso em: 10 nov. 2018

21%

79%

Sim

Não

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103

recomendados nas atividades de conservação e preservação, pois são situações que mais

expõem o bibliotecário aos riscos físicos, químicos e biológicos. Foram fornecidas algumas

opções de EPI como luva de descartável, máscara descartável, avental descartável, touca

descartável e óculos de segurança. Além das opções, o bibliotecário pode acrescentar outros

EPIs utilizados bem como escolher mais de uma opção. Os resultados obtidos são

apresentados no gráfico a seguir:

GRÁFICO 7 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI) utilizados em bibliotecas

Fonte: A autora (2018)

Ainda sobre os aspectos normativos/legislativos, procuramos saber a opinião desses

profissionais acerca da aprovação do Projeto de Lei n° 1.511/2015 de 2015. Conforme

apresentado no referencial teórico, esse PL reivindica o incentivo financeiro do adicional de

insalubridade aos bibliotecários, uma vez que estão expostos aos agentes físicos, químicos e

biológicos no exercício de suas atividades (Ver em 2.3.3 Adicional de Insalubridade e o

Projeto de Lei n° 1.511/2015). A pesquisa mostrou que 96,8% concordam com a aprovação

do projeto de lei, contudo observamos em determinadas falas algumas ressalvas quanto ao

reparo de um incentivo financeiro de compensação ao bibliotecário que fica exposto a agentes

nocivos à sua saúde por um longo período de trabalho. Nesta perspectiva, alguns

apontamentos foram feitos:

Os bibliotecários são expostos a situações de trabalho insalubres, à

poeira, principalmente é comum, sendo assim, a insalubridade

deveria ser sim, obrigatória (Bibliotecário 2);

Todos os trabalhadores estão expostos aos agentes citados. Cabe

especificidade para atender aos requisitos da lei, e não correr o risco

de substituir as adequações necessárias dos ambientes de trabalho

por ínfima monetização para "concordar em receber" agravos

potenciais à saúde (Bibliotecário 13);

76,74%

65,11%

17,05%

10,07% 16,27%

2,32%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Luva de

descartável

Máscara

descartável

Avental

descartável

ou lavável

Touca

descartável

Óculos de

segurança

Jaleco ou

guarda-pó

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104

[Porque] adoecemos. Não é uma possibilidade, é uma certeza. E

dinheiro nenhum traz nossa saúde de volta. [O adicional de]

insalubridade seria apenas uma forma de amenizar os danos

(Bibliotecário 30);

É inegável que, por mais cuidado que [tenha], o ambiente de

biblioteca enseja preocupação quanto à questão de risco à saúde. Isso

acontece porque estes ambientes em geral recebem pouca atenção das

suas respectivas instituições mantenedoras no que se refere à

higienização dos acervos e do ambiente de trabalho. Em função disso,

nestas situações é importante que os profissionais sejam de alguma

forma compensados pelos riscos a que estão expostos. Como as

instituições não fazem isso de forma espontânea, é preciso uma

legislação para resguardar as pessoas da incidência destes riscos.

Daí a importância da lei (Bibliotecário 73);

O Projeto de Lei 1.511/2015 apresenta uma contradição aos

bibliotecários. Por um lado, reconhece os perigos da exposição aos

agentes físicos, químicos e biológicos que podem trazer prejuízos à

saúde do bibliotecário no exercício de sua atividade profissional.

Dessa forma, reconhecem-se problemas nas condições de trabalho

que precisam ser contornados. Por outro lado, pressupõe a biblioteca

como um lugar de periculosidade à saúde. Nesse sentido, a biblioteca

pode ser concebida como um lugar com periculosidade aos

profissionais que nela atuam, mas, também, aos usuários que a

frequentam. Tendo em vista a contradição, projetos de lei que

dispusessem sobre as condições de salubridade das bibliotecas

poderiam ser mais efetivos do que inventivo financeiro adicional de

insalubridade (Bibliotecário 92);

Acho que o ideal mesmo era que usassem o dinheiro do pagamento de

insalubridade e investissem em ações de prevenção aos riscos

(Bibliotecário 108).

Verificou-se nas falas acima que, embora o adicional de insalubridade seja um

mecanismo de reparar os danos à saúde acometidos os bibliotecários, o essencial vai além da

uma remuneração financeira. Conforme o discurso dos bibliotecários acima, evidenciamos a

necessidade de reformulações culturais e organizacionais nas ações de prevenção aos riscos

ocupacionais.

5.5 DAS DOENÇAS E AFASTAMENTOS

Esta seção permitiu verificar os índices de afastamentos e casos de desenvolvimento

de doenças ocupacionais em bibliotecários. Na primeira questão desta temática, investigamos

os afastamentos por problema de saúde relacionado ao trabalho e qual foi a causa. O

respondente pode acrescentar opções não oferecidas bem como escolher mais de um motivo

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105

para seu afastamento. Embora 54,5% dos bibliotecários (67 respondentes) nunca tenha se

afastado por doença ocupacional, observou-se um número de afastamento expressivo em

relação a doenças respiratórias, da pele e olhos, conforme evidenciado na tabela seguinte:

TABELA 4 – Quantitativo de afastamentos por doenças ocupacionais

Tipo de doença Número de casos Porcentagem13

Doenças respiratórias 35 28,45%

Doenças dermatológicas 15 12,19%

Doenças dos olhos 16 13%

Doenças pulmonares 8 6,50%

Transtornos mentais 8 6,50%

Doenças do trato digestivo 8 6,50%

Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido

Conjuntivo 6 4,87%

Problemas na garganta 1 0,81%

Doença ortopédica em razão de tombo na

biblioteca 1 0,81%

Total: 98

Fonte: A autora (2018)

Além dos afastamentos mencionados, houve casos específicos que, embora não tenha

afastado o profissional do trabalho, provocou o desenvolvimento de determinada doença ou

situação de sofrimento. Identificamos alguns casos isolados como:

[...] Também tive problemas de fungo na unha por um ano e

meio, devido à manipulação de acervo contaminado. Contudo,

não fiquei afastada das funções profissionais, mantive a rotina

de trabalho, paralela ao tratamento de saúde (Bibliotecário 14);

Ainda não fui afastada, mas preciso, por estresse (Bibliotecário

38);

Doença respiratória que atingiu as vias pulmonares, porém na

época, no dia seguinte que tive que buscar atendimento com

pneumologista a instituição entrou em greve e como eu não

estava bem não fiz o registro oficial da doença. Na época a

médica me deu 15 dias de licença (Bibliotecário 43);

13

Referente a 123 respondentes

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106

Não foi necessário o afastamento, mas tenho blefarite crônica e

rinite (Bibliotecário 62);

Tive uma tosse horrível que perdurou por mais de 1 mês, mas

não fiquei afastada do trabalho (Bibliotecário 113).

Ainda sobre a temática “Afastamento”, a maioria da população pesquisa 76,7% (99

respondentes) conhece alguém que tenha se afastado do trabalho por problemas de doenças

relacionadas às atividades desenvolvidas em bibliotecas, em detrimento de 23,3% (30

respondentes) que não. Em seguida, procurou-se saber quais são as enfermidades mais típicas

do conjunto de doenças relacionadas à síndrome de Lesões por Esforço Repetitivo – LER14

,

doenças do trato respiratório e de pele decorrentes da realização das tarefas desenvolvidas no

ambiente de trabalho. Os dados estão expostos nas ilustrações a seguir:

GRÁFICO 8 – Quantitativo de casos de Doenças relacionadas à síndrome LER15

Fonte: A autora (2018)

GRÁFICO 9 – Quantitativo de casos de doenças respiratórias16

Fonte: A autora (2018)

14

Para o aprofundamento das doenças relacionadas à síndrome de Lesões por Esforço Repetitivo –

LER em bibliotecários indicamos a leitura do texto Oswaldo Taube (2002) citado na referência. 15

Referente a 126 respondentes. 16

Referente a 127 respondentes.

42%

8% 22%

8% 3%

13%

48%

0%10%20%30%40%50%60%

47%

35%

2%

20%

5%

39%

2%

1%

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Rinite

Sinusite

Doenças pulmonares…

Faringite aguda

Laringotraqueíte

Nunca desenvolveu doenças…

Bronquite

Asma

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107

GRÁFICO 10 – Quantitativo de casos de doenças de pele17

Fonte: A autora (2018)

Na sexta questão deste bloco, ainda sobre as doenças ocupacionais tentamos obter uma

relação entre sintomatologias de doenças e os tipos de atividades desenvolvidas em

bibliotecas, a saber: higienização e preservação do acervo e processo técnico. Durante as

atividades ligadas à higienização e preservação do acervo, foi verificado que a maior

sintomatologia é espirros, seguida de coceira na pele.

GRÁFICO 11 – Média geral das sintomatologias oriundas de atividades de

higienização e preservação do acervo

Fonte: A autora (2018)

Já nas atividades de processo técnico dor na coluna e no pescoço são sintomas

recorrentes, conforme apresentado no gráfico a seguir:

17 Com base em 123 respostas.

26%

1%

2%

2%

69%

Dermatite alérgica de

contato

Cistos foliculares da

pele

Ceratose palmar e

plantar

Alergia devido a

fungos nas unhas

Nunca desenvolveu

doenças de pele

50%

7% 5%

33%

54%

6% 3%

72%

54% 54%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%

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108

GRÁFICO 12 – Média geral de sintomatologias oriundas de atividades de processo

técnico

Fonte: A autora (2018)

Conforme exposto nos quadros 11 e 12, pode-se identificar que os processos de

higienização e processamento técnico do acervo são atividades que expõem o bibliotecário a

agentes de riscos ocupacionais. Os profissionais são expostos a agentes que surtem efeitos

adversos à saúde daqueles que lidam constantemente com os materiais em tratamento. Além

disso, são atividades que exigem esforços corporais e impõem os profissionais a posições

incômodas e monótonas.

5.6 DA PERCEPÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO FRENTE ÀS PENOSIDADES

VIVENCIADAS

A última seção desta pesquisa abriu espaço para relatos das experiências vivenciadas

por esses profissionais no seu ambiente de trabalho. Por isso, o principal objetivo desta seção

foi verificar a percepção do bibliotecário frente às penosidades causadas por um ambiente

insalubre. Foram obtidos vinte e sete discursos acerca das vulnerabilidades vivenciadas pelos

profissionais. Neste sentido, explicitamos abaixo alguns depoimentos:

Após o recebimento de várias caixas de doação de periódicos mal

conservados e precisei trabalhar com eles diretamente, tive uma tosse

constante com catarro e precisei entrar em tratamento com

antialérgicos e com corticoide por um longo período (60 dias)

(Bibliotecário 22).

31% 38%

4%

17%

32%

43% 45%

34%

28%

14%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

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109

[...] e a falta de limpeza no acervo... Temos que ficar implorando para

o pessoal da limpeza passar um paninho, até nas nossas estações de

trabalho (Bibliotecário 23).

Eu já tive algumas vezes na vida crise de coluna por estar realizando

a higienização de livros, inventário, remanejamento... Também já tive

inúmeras crises de Rinite, Sinusite e outros problemas respiratórios.

Na crise mais recente a médica suspeitou de estar desenvolvendo

asma e me passou alguns exames, mas ainda não realizei os mesmos.

(Bibliotecário 48).

Embora a maioria dos relatos tenha enveredado para o reconhecimento da biblioteca

com um potencial ambiente insalubre ao bibliotecário, algumas falas elucidaram concepções

positivas sobre seu espaço de trabalho além de certificarem a importância de estudos que

abordem os aspectos ambientais, ergonômicos e mecânicos em bibliotecas:

O ambiente da biblioteca não é insalubre [porém] existem alguns

aspectos que precisam melhorar, como a higienização frequente, o

controle de umidade, a manutenção frequente do ar condicionado,

entre outras coisas (Bibliotecário 63).

Apesar de eu não ter queixas graves em relação à questão

insalubridade, acho de extrema importância que este assunto seja

tratado, trabalho com diversas pessoas que constantemente se

ausentam do trabalho devido às condições insalubres. Este é um

problema muito sério e acho que devido ao tempo de serviço, criei

uma defesa natural, um escudo (Bibliotecário 70).

[...] As condições, no geral, são boas, mas faltam serviços de

segurança contra incêndio, rotas de fuga, etc e nossas janelas são

gradeadas (Bibliotecário 79).

[...] os documentos históricos [...] são higienizados quando trazidos

para o acervo (Bibliotecário 85).

[...] Aqui não é totalmente insalubre. Temos duas faxineiras

exclusivas (pois o espaço é enorme) e só o que falta mesmo é uma

política de higienização, [porque] obviamente muita poeira acumula-

se nos periódicos mais antigos. Banheiros e cozinhas estão sempre

limpos [...] (Bibliotecário 104).

Em seguida, chama a atenção os relatos sobre as sintomatologias constantes durante a

jornada de trabalho como cansaço, irritação e estresse. São evidenciadas também situações

que provocaram o aparecimento de rinite alérgica como a presença de poeira no acervo. Além

disso, foram identificadas outras experiências insalubres ocasionadas, sobretudo pelos riscos

físicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos:

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110

Como funcionamos próximo à área om mata, temos sempre, na área

de biblioteca ocorrência de insetos como mariposa, mosquito e

aranhas (Bibliotecário 10).

Alergia se desenvolveu devido a micro-organismos provenientes do

carpete, falta de ventilação e umidade (Bibliotecário 16).

São vários os problemas, os móveis da biblioteca são todos

reaproveitados e ergonomicamente falhos, por serem antigos. Já

aconteceu alagamento quando teve um temporal e, por sorte, a água

não alcançou a tomada, que era uma "gambiarra" que ficava

pendurada quase encostando no chão. A iluminação também é ruim,

cansa muito a vista [...] (Bibliotecário 23)

Ficamos sem ar condicionado vários meses e neste período a

temperatura era muito alta e as condições insalubres para os

profissionais e usuários, atualmente recebemos novos aparelhos de ar

condicionado (Bibliotecário 79).

Como a biblioteca não possui ar condicionado já passei mal devido

ao calor, pressão baixa. Uma funcionária desenvolveu uma alergia

nas mãos e problema respiratório após o contato com periódicos

antigos. Lembrar que não apenas os bibliotecários, mas todos os

funcionários de uma biblioteca passam por situações como essa

(Bibliotecário 82)

[...] a maioria aqui já teve alergia respiratória ao manusear acervo

velho (Bibliotecário 104).

Colegas acometidas por fungos na garganta e pulmão (Bibliotecário

113).

Dos casos de doenças relatadas, é indispensável alertar sobre depoimentos abaixo:

Em virtude do tempo de exposição (29 anos), no ambiente insalubre

da biblioteca, foi detectado nódulos no pulmão, que de acordo com o

pneumologista tem sua origem nos ácaros e fungos do ambiente de

trabalho (Bibliotecário 49).

Já desenvolvi Síndrome de Pânico enquanto trabalhava na biblioteca,

por isso marquei Transtornos Mentais. Em maior ou menor grau as

atividades das bibliotecas causam desconforto e problemas de ordem

física ou psíquica, caso não tenham condições adequadas de trabalho

ou relaxamento (Bibliotecário 86)

Afastamento por doenças causadas por níveis baixos de limpeza e

higienização são recorrentes: conjuntivite, asma, espirros, coceira

nos olhos (Bibliotecário 105).

Quando à disponibilização e uso de EPI, foram feitos alguns apontamentos:

[...] temos luvas e máscaras à disposição para trabalhar

(Bibliotecário 104).

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111

Trabalhamos com livros antigos que nunca foram higienizados e sem

nenhum material de proteção (Bibliotecário 88).

Mesmo utilizando mascara e luvas, no manuseio do acervo, tive uma

crise muito forte de sinusite (Bibliotecário 107).

A fim de ratificar a proposta do estudo que foi reunir indicadores que evidenciem o

espaço da biblioteca com potencial agravo à saúde dos bibliotecários, observamos nas falas

abaixo a importância de atribuir o adicional de insalubridade à remuneração salarial do

bibliotecário:

Atualmente há um entendimento no serviço público federal de que

apenas servidores que lidam com produtos químicos perigosos, tais

como solventes e reagentes, fazem jus ao recebimento de adicional de

insalubridade. Contudo, eu acredito que aqueles que lidam

diretamente com livros e periódicos antigos, reconhecidamente

infestados por ácaros e fungos, também estão expostos a riscos

biológicos. Diante desta questão, penso que esses servidores

deveriam, também, fazer jus ao recebimento de adicional de

insalubridade (Bibliotecário 58).

Bibliotecários merecem insalubridade, pois trabalham com papeis e

poeiras, que às vezes causam muitos problemas, pois não são

identificáveis a olho nu se forem pós-prejudiciais ou que com a

temperatura se tornem nocivos [...] (Bibliotecário 87).

Por fim, foi relatado que na Biblioteca Central do Centro de Ciências da Saúde (UFRJ)

ocorreu uma contaminação fúngica, em 5 de setembro de 2017. Os profissionais informaram

que a suspeita surgiu a partir de reclamações de usuários e de alguns funcionários que

desenvolveram problemas oculares, respiratórios e cutâneos. Em nota, a referida biblioteca

informa que as colônias se concentravam no forro do teto, este já retirado, e que desde então

são realizadas análises toxicológicas a fim de constatar se o problema de contaminação foi

resolvido com essa ação (NOTA..., 2018).

Ainda sobre a biblioteca do CSS/UFRJ atualmente, a equipe está alocada em um

espaço temporário onde são concentradas atividades de técnicas, serviços de circulação

(empréstimos, consultas, reservas e nada consta) e alguns computadores para pesquisa. A fim

de atender à demanda da comunidade acadêmica, o espaço também oferece o setor de

referência (orientações de pesquisas científicas, revisões sistemáticas e fichas catalográficas),

e 40 cadeiras para estudo. Além disso, as atividades de treinamentos para grupos de pesquisa

foram mantidas (NOTA..., 2018).

Por enquanto, por questão de logística, o acervo está sendo higienizado conforme a

demanda da comunidade, sobretudo pelo critério de seleção dos livros mais emprestados,

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112

bibliografia básica e complementar dos cursos. Embora a biblioteca disponha de cerca de

17.000 itens, apenas 2.000 livros foram higienizados. Estima-se que mais 1.000 livros

entrarão no acervo temporário, entretanto o processo de higienização está parado devido à

troca filtro da máquina utilizada no processo. Espera-se que o processo seja finalizado ainda

no ano de 2018 (NOTA..., 2018).

Desta forma, o objetivo dessa coleta de dados foi reunir indicadores que ratifiquem a

importância de um olhar mais atento aos profissionais bibliotecários e suas condições de

trabalho e ao mesmo, alertar sobre a necessidade na formulação de políticas de prevenção e

promoção da saúde para a classe bibliotecária. Os níveis de afastamento e doenças podem ser

indicadores que evidenciem as diferentes fontes agressoras à saúde do bibliotecário. A média

geral das sintomatologias oriundas das atividades de higienização e preservação bem como

processo técnico são índices que demonstram a necessidade de intervenção na forma como o

trabalho é realizado.

Mesmo não sendo objetivo desta pesquisa, foi possível verificar a relevância da

temática, sobretudo pelo retorno que autora obteve dos bibliotecários. Muito foi mencionada a

importância na conscientização dos profissionais e dos órgãos legais sobre os riscos

ocupacionais inerentes à profissão bibliotecária. Durante a divulgação do questionário,

obtivemos o retorno de uma bibliotecária que nos informou sobre a criação da Comissão dos

Trabalhadores em Bibliotecas e Arquivos da UFF com a finalidade de lutar por melhores

condições de trabalho. Além disso, anualmente, a Comissão promove o Encontro de

Trabalhadores em Bibliotecas e Arquivos da UFF que aborda os diversos desafios que a

classe enfrenta para realização das atividades laborais.

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113

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo é resultado de pesquisa desenvolvida em nível de graduação, onde se

procurou reunir indicadores que evidenciem o espaço da biblioteca com potencial agravo da

saúde dos bibliotecários, em um trabalho específico junto com os bibliotecários atuantes nas

bibliotecas universitárias no município do Rio de Janeiro. A proposta de estudo pretendeu

contribuir para a aprovação do projeto de lei n° 1.511 de 2015, elaborado pelo deputado

Vereador Uldurico, que visa atribuir o adicional de insalubridade para os bibliotecários

expostos a riscos ocupacionais.

Inicialmente, com base na compreensão da literatura acerca desta temática, atingindo o

primeiro objetivo específico deste estudo, buscamos analisar as situações referentes aos

aspectos ambientais, ergonômicos e mecânicos bem como as práticas preventivas e legais para

o exercício do trabalho biblioteconômico. Com isso, o estudo identificou situações de

vulnerabilidades vivenciadas nos espaços da biblioteca, principalmente àquelas relacionadas

temperatura, umidade, fungos e poeira. O que se demonstra verídico a partir do Quadro 11 –

Média geral das sintomatologias oriundas de atividades de higienização e preservação do

acervo onde se destacam espirros, coceira na pele, corrimento nasal e dor de garganta como as

sintomatologias acometidas aos profissionais que realizam atividades diretamente com o

acervo.

Em um segundo momento, procurou-se identificar a importância da saúde do

bibliotecário e como se dá a aplicação das legislações trabalhistas brasileiras. Os resultados

obtidos nesta pesquisa reafirmam a necessidade de uma intervenção pelos órgãos da classe

junto ao Ministério do Trabalho reivindicando os direitos trabalhistas dos bibliotecários. Além

disso, ratifica a importância na formulação de políticas internas com o fito de promover e

orientar bibliotecários, auxiliares e técnicos em Biblioteconomia bem como outros

funcionários dessas instituições acerca da importância de boas práticas em saúde e segurança

no trabalho em bibliotecas.

Por isso, é lícito inferir que a aprovação do PL será de grande contribuição para os

bibliotecários uma vez que é devido a esses profissionais, pois estão expostos a riscos nocivos

à sua integridade física e mental. Além disso, a exposição aos riscos ocupacional, mesmo que

de maneira intermitente, não elimina o direito do profissional ao adicional de insalubridade.

Contudo, é fundamental compreender que o adicional não deve ser interpretado como um

eliminador de riscos, deixando de lado o mais importante, a saúde do indivíduo bem como

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114

não exime as instituições mantenedoras dessas instituições de oferecerem um ambiente

saudável para seus funcionários e engajado nas campanhas de prevenção e promoção à saúde.

A partir da revisão de literatura realizada e com base nos dados obtidos nesta pesquisa,

foi possível construir um debate acerca da saúde dos bibliotecários, principalmente àqueles

atuantes em bibliotecas universitárias que diariamente atendem demandas dos seus usuários

cada vez mais complexas, e consequentemente, dispõem de atendimentos cada vez mais

personalizados e serviços mais específicos. Neste sentido, sabendo das transformações

ocorridas nos ambientes de trabalho, sobretudo ocasionadas pelo avanço das tecnologias da

informação e comunicação que introduziram novas práticas de trabalho, é possível inferir que

tais profissionais, em decorrência da alta demanda de sua comunidade alvo, tem a

probabilidade da ocorrência de altos níveis de transtornos mentais, apresentando

sintomatologias como estresse, dor de cabeça, no pescoço, na coluna, fadiga ocular e cansaço

físico e mental. Neste momento, o objetivo específico foi atingido, pois foi possível

identificar e analisar o impacto do ambiente insalubre na vida dos bibliotecários atuantes em

bibliotecas universitárias.

Conforme verificado na pesquisa, para além de uma contribuição monetária às

vulnerabilidades vivenciadas por esses profissionais, torna-se necessária evidenciar algumas

recomendações para atingir o mais alto nível de satisfação da relação do profissional

bibliotecário com seu ambiente de trabalho. Deste modo, deve-se haver o aumento na

periodicidade de higienização do acervo e ambiente de trabalho bem como na manutenção dos

aparelhos de ar condicionado, maiores engajamentos para formulações de normas,

regulamentos e políticas internas que visem à saúde e segurança dos bibliotecários, higiene

pessoal após contato com materiais empoeirados ou contaminados, e principalmente, a

obrigação na utilização do equipamento de proteção individual nas atividades que exponham

o profissional a situação agravante à sua saúde.

No tocante aos regulamentos, normas e políticas internas recomendam-se a elaboração

de um Plano de Contingência nas bibliotecas pesquisadas com base nos riscos mais frequentes

nestas bibliotecas, incluindo regras de comportamentos em casos de sinistros. Espera-se que

com a elaboração desse instrumento, os índices de afastamentos e doenças e sintomatologias

decresçam e os níveis de satisfação com as condições ambientais e ergonômicas do trabalho

aumentam.

De qualquer forma, foi possível reunir indicadores que podem ser utilizados para

elucidar medidas de prevenção em saúde ocupacional dos bibliotecários. Mesmo que

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115

incipiente este estudo apresentou elementos, principalmente pelos relatos aqui expostos, que a

biblioteca pode ser reconhecida como potencial espaço prejudicial à saúde do profissional e

este deve ser objetivo de atenção das ações preventivas. Aqui, cabe a colocação da

implementação do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho (SESMT) no serviço público, sobretudo nas universidades.

Além disso, a maior parte dos bibliotecários, aproximadamente 58% do universo da

pesquisa, não reconhece os riscos ocupacionais presentes no seu ambiente de trabalho. Tendo

em vista este quantitativo torna-se importante a construção deste reconhecimento ainda na

graduação de forma a prevenir situações de exposição a riscos danosos à sua saúde. Neste

sentido, recomenda-se a existência de uma disciplina durante a graduação do curso de

Biblioteconomia voltada para a temática, de modo a conscientizar o profissional sobre os

possíveis riscos à sua saúde, formas de prevenção e proteção aos agentes agressores além de

boas práticas de trabalho em bibliotecas e quaisquer outros espaços de documentação e

memória.

Espera-se que este estudo instrumentalize os bibliotecários para reivindicações frente

às vulnerabilidades vivenciadas e distúrbios desencadeados pelo seu ambiente e atividades de

trabalho. Neste sentido, finaliza-se este estudo na esperança de futuros trabalhos empíricos em

níveis nacionais, trazendo visibilidade para as situações vivenciadas no ambiente de trabalho

dos profissionais da área de Biblioteconomia, de modo a contribuir no reconhecimento da

biblioteca como potencial ambiente insalubre e sujeito ao amparo legal da legislação

trabalhista brasileira.

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116

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APÊNDICE A – Questionário aplicado aos bibliotecários

I) DOS ASPECTOS GERAIS

1 Seu cargo na biblioteca:

( ) Bibliotecário-chefe

( ) bibliotecário

2 Quais serviços costuma realizar? Pode-se escolher mais de uma opção

( ) Administrativos

( ) Processos técnico

( ) Atendimento ao público

( ) Treinamentos ou cursos

( ) Outros: _____________

II) DOS ASPECTOS AMBIENTAIS

3 Das situações abaixo, quais você reconhece no espaço em que trabalha? Pode-se escolher

mais de uma opção:

( ) Infiltração na parede, aparecimento de mofo e ou umidade excessiva

( ) O acervo encontra-se com fungos, mofo e ou empoeirados

( ) Falta de ventilação

( ) Falta de manutenção das tubulações de ar

( ) Falta de higienização no local de trabalho e no acervo

4 Com que periodicidade é feita a higienização do acervo?

( ) Quinzenalmente

( ) Mensalmente

( ) Anualmente

( ) Quase nunca

5 Faz uso de alguma substância química para higienização do acervo?

( ) Sim

( ) Não

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( ) Não tem certeza

6 Existe controle/monitoramento da temperatura e umidade relativa do ar?

( ) Sim

( ) Não

7 Com que periodicidade é feita a limpeza do ar condicionado?

( ) Mensalmente

( ) Semestralmente

( ) Anualmente

( ) Quase nunca

( ) Não sabe informar

8 A temperatura do ar é adequada às exigências das tarefas realizadas?

( ) Sim

( ) Não

9 Qual seu nível de satisfação com os aspectos ambientais do seu espaço de trabalho?

(exposição a umidade, temperatura baixa ou elevada, ruído, poeira, produtos químicos,

fungos, bactérias...)

( ) Totalmente insatisfeito

( ) Parcialmente insatisfeito;

( ) Não satisfeito nem insatisfeito

( ) Satisfeito parcialmente

( ) Totalmente satisfeito

III) DOS ASPECTOS ERGONÔMICOS E MECÂNICOS

10 Qual o seu nível de satisfação quanto ao mobiliário (mesa, cadeira...) do seu ambiente de

trabalho estar adaptado ao seu biotipo e realização das tarefas?

( ) Totalmente insatisfeito

( ) Parcialmente insatisfeito;

( ) Não satisfeito nem insatisfeito

( ) Satisfeito parcialmente

( ) Totalmente satisfeito

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11 Durante o exercício das suas atividades você carrega peso?

( ) Frequentemente

( ) Ocasionalmente

( ) Raramente

( ) Nunca

12 Você costuma realizar suas tarefas em posições incômodas?

( ) Sim

( ) Não

( ) Às vezes

13 A iluminação do seu ambiente de trabalho é adequada?

( ) Sim

( ) Não

14 Você possui algum treinamento quanto à prevenção de incêndios?

( ) Sim

( ) Não

15 A biblioteca possui saída de emergência?

( ) Sim

( ) Não

16 A área em que atua possui sinalização de segurança? (Mapa de risco, combate a incêndio)

( ) Sim

( ) Não

IV) DO CONHECIMENTO DE NORMAS, REGULAMENTOS, POLÍTICAS

EM SAÚDE E SEGURANÇA

17 Você tem informações sobre os riscos à saúde existentes em seu local de trabalho?

( ) Sim

( ) Não

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18 A biblioteca possui algum regulamento interno quanto à saúde e segurança no trabalho?

( ) Sim

( ) Não

19 Quais equipamentos de proteção individual você utiliza? Pode-se escolher mais de uma

opção

( ) luva de descartável

( ) máscara descartável

( ) avental descartável ou lavável

( ) touca descartável

( ) Óculos de segurança

( ) Outros:______________

20 Caso tenha conhecimento, você concorda com a aprovação do Projeto de Lei n°

1.511/2015 de 2015 que reivindica o incentivo financeiro adicional de insalubridade, pois

estão expostos aos agentes físicos, químicos e biológicos no exercício de suas atividades?

( ) Sim

( ) Não

21 Caso a resposta anterior tenha sido negativa, justifique sua resposta.

V) DAS DOENÇAS E AFASTAMENTOS

22 Caso já tenha se afastado por algum problema de saúde relacionado ao trabalho, qual foi a

causa?

( ) Doenças respiratórias

( ) Doenças pulmonares

( ) Transtornos mentais

( ) Doenças do trato digestivo

( ) Doenças dermatológicas

( ) Doenças dos olhos

( ) Nunca se afastou por doenças ocupacionais

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23 Você conhece alguma pessoa que tenha se afastado do trabalho por problemas de doenças

relacionadas às atividades desenvolvidas em bibliotecas?

( ) Sim

( ) Não

24 Quais das doenças relacionadas à síndrome de Lesões por Esforço Repetitivo – LER foram

desenvolvidas com relação ao trabalho realizado na biblioteca? Pode-se escolher mais de uma

opção

( ) Tendinite

( ) Tenossinovite

( ) Bursite

( ) Síndrome do túnel do carpo

( ) Dedo em gatilho

( ) Mialgias

( ) Nunca desenvolveu doenças relacionadas à síndrome

( ) Outros: _____________

25 Quais das doenças respiratórias abaixo você desenvolveu na realização das suas tarefas no

ambiente de trabalho?

( ) Rinite

( ) Sinusite

( ) Doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC)

( ) Faringite aguda

( ) Laringotraqueíte

( ) Nunca desenvolveu doenças respiratórias

( ) Outros: _____________

26 Quais das doenças de pele abaixo você desenvolveu na realização das suas tarefas no

ambiente de trabalho?

( ) Dermatoses pápulo-pustulosas

( ) Dermatite alérgica de contato

( ) Cistos foliculares da pele

( ) Ceratose palmar e plantar

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( ) Úlcera crônica da pele

( ) Nunca desenvolveu doenças de pele

( ) Outros: ______________

27 Qual ou quais sintomatologias abaixo já sentiu após atividade de higienização e

preservação do acervo? Pode-se escolher mais de uma opção:

( ) Cansaço físico e emocional

( ) Inflamação de tecidos

( ) Frequência cardíaca

( ) Dor de garganta

( ) Coceira na pele

( ) Lesões na pele

( ) Sangramento no nariz

( ) Espirros

( ) Corrimento nasal

( ) Nunca sentiu nenhum sintoma

28 Qual ou quais sintomatologias abaixo já sentiu após atividade de processo técnico? Pode-

se escolher mais de uma opção:

( ) Estresse

( ) Dor de cabeça

( ) Crepitação nas articulações

( ) Formigamento e dormência

( ) Dor no punho

( ) Dor no pescoço

( ) Dor na coluna

( ) Irritação no nariz

( ) Fadiga ocular

( ) Nunca sentiu nenhum sintoma

VI) DAS INFORMAÇÕES ADICIONAIS

29 Nesta seção o(a) senhor(a) poderá relatar, caso queira, alguma experiência vivenciada em

seu local de trabalho referente às penosidades causadas por um ambiente insalubre:

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APÊNDICE B – E-mail para apresentação da pesquisa aos bibliotecários

Prezado(a) bibliotecário(a),

Meu nome é Luisi Oliveira, sou graduanda do curso de Biblioteconomia da UNIRIO e

gostaria de poder contar com sua colaboração para a realização do meu Trabalho de

Conclusão de Curso, orientado pela Profª. Dra. Lidiane Carvalho. A pesquisa tem o objetivo

reunir indicadores para contribuir no reconhecimento da biblioteca como um ambiente que

pode expor o bibliotecário a riscos à sua saúde, sujeitando-o ao amparo legal das legislações

trabalhistas. Esta pesquisa conta com a participação dos bibliotecários atuantes nas bibliotecas

universitárias federais no município do Rio de Janeiro. Para isso, faz-se necessário a aplicação

de um breve questionário que está sendo enviado neste e-mail.

Os dados coletados serão utilizados exclusivamente para a pesquisa, desse modo

seu nome não será mencionado no trabalho.

Desde já agradeço a disponibilização e colaboração do(a) senhor(a) para a realização

deste estudo.

Atenciosamente,

Luisi Maria Costa de Oliveira

Graduanda em Biblioteconomia