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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – CCH
ESCOLA DE BIBLIOTECONOMIA – EB
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS E PROCESSOS BIBLIOTECONOMICOS – DEPB
LUISI MARIA COSTA DE OLIVEIRA
A SAÚDE DO BIBLIOTECÁRIO:
EM BUSCA DE MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO
RIO DE JANEIRO
2018
LUISI MARIA COSTA DE OLIVEIRA
A SAÚDE DO BIBLIOTECÁRIO:
EM BUSCA DE MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Escola de Biblioteconomia da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro, como
requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel
em Biblioteconomia.
Orientadora: Profª. Drª. Lidiane Carvalho
RIO DE JANEIRO
2018
O52s Oliveira, Luisi Maria Costa de, 1996-
A saúde do bibliotecário : em busca de melhores condições
de trabalho / Luisi Maria Costa de Oliveira. – 2018.
133 p. : il. color. ; 30 cm.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
Biblioteconomia)– Escola de Biblioteconomia, Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.
Orientadora: Lidiane dos Santos Carvalho.
1. Bibliotecário – Saúde ocupacional. 2. Doenças
profissionais – Legislação – Brasil. 3. Bibliotecas
universitárias – Riscos ocupacionais. I. Carvalho, Lidiane dos
Santos. II. Título
CDD: 613.62
LUISI MARIA COSTA DE OLIVEIRA
A SAÚDE DO BIBLIOTECÁRIO:
EM BUSCA DE MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Escola de Biblioteconomia da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro, como
requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel
em Biblioteconomia.
Aprovado em _____ de _________ de ______
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Profª. Drª. Lidiane Carvalho (orientadora)
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
___________________________________________________
Prof. Dr. Eduardo da Silva Alentejo
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
___________________________________________________
Profª. Ma. Dayanne da Silva Prudêncio
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
“Se há apenas um conselho que posso lhe dar, é isso: quando
há algo que você realmente quer, lute por isso, não desista, não
importa o quanto pareça impossível. E quando você perder a
esperança, pergunte a si mesmo se daqui a dez anos você iria
querer ter tido outra chance. Porque as melhores coisas da
vida, elas não vêm de graça”.
(Meredith Gray)
Dedico este trabalho e todas as minhas futuras
realizações às mulheres da vida: a minha mãe
amada e minha querida avó in memoriam. Jamais
te esquecerei, tu és toda minha vida, és tudo que
sonhei, minha querida.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus, pela incontestável força nos momentos de maior
dificuldade, pela luz e sabedoria para realização deste trabalho. Sem Teu amor e zelo, eu nada
seria.
A toda minha família, em especial à minha querida mãe por todo apoio, compreensão
e credibilidade em mim. Você é a razão de tudo que já conquistei e ainda vou conquistar.
Ao meu amor, Matheus Fernandes, por todo carinho, apoio e cumplicidade durante
esses meses de conclusão de curso. Meu presente de Deus.
A Mariana Dias pela amizade e cumplicidade nessa trajetória. Obrigada por todos os
momentos.
A Brenda Souza pelo incentivo nos momentos difíceis. Obrigada pelos 7 anos de
cumplicidade.
Aos amigos queridos que encontrei ao longo desses anos de formação, em especial a
Andréia Alvarenga, Vinícius Soares, Sarah Campos, Amanda Sá, Leticia Souza, Raquel
Teixeira e Daniele Martins. Mesmo não fazendo todas as disciplinas juntos, foi um prazer
dividir esse caminho com vocês.
Aos bibliotecários participantes, inclusive minha irmã, que foram tão atenciosos e
solícitos para a construção deste trabalho.
Aos profissionais que tive o prazer de trabalhar ao lado e muito contribuíram para
minha formação profissional e pessoal, em especial a Ana Rosa Paixão, Ricardo Saraiva e
Simone Rosa.
À minha orientadora Lidiane Carvalho pelo apoio e incentivo na elaboração deste
trabalho. Aqui está o nosso resultado!
Aos professores, Dayanne Prudencio e Eduardo Alentejo por aceitarem meu convite
na composição da banca examinadora. Fico muito honrada com a participação e
contribuições.
A todos os professores da Escola de Biblioteconomia pelos ensinamentos e
capacitação para o exercício da atividade biblioteconômica, em especial à professora Dayanne
Prudencio e Patrícia Vargas que me possibilitaram vivenciar as nuances da vida acadêmica.
Muito obrigada a todos vocês!
RESUMO
Trata sobre a saúde ocupacional do bibliotecário. Objetiva reunir indicadores para contribuir
no reconhecimento da biblioteca como um ambiente que pode expor o bibliotecário a riscos à
sua saúde. Estuda os riscos e as doenças ocupacionais que o profissional está acometido
durante sua jornada de trabalho. Apresenta os aspectos legais relacionados à insalubridade
presentes na legislação brasileira. Para alcançar o objetivo delimitado foi realizada uma
pesquisa de campo com os bibliotecários atuantes nas bibliotecas universitárias federais no
município do Rio de Janeiro. Identifica a percepção e o impacto de um ambiente de trabalho
insalubre na saúde desses profissionais. Evidencia a necessidade de maiores engajamentos na
formulação de políticas de prevenção e promoção da saúde para a classe bibliotecária. Propõe
melhorias e boas práticas preventivas em bibliotecas a fito de atingir o mais alto nível de
satisfação da relação do bibliotecário com seu ambiente de trabalho. Revela a importância de
aprovação do Projeto de Lei n° 1.511/2015 que prevê a atribuição do adicional de
insalubridade aos profissionais da informação expostos a riscos ocupacionais.
Palavras-chave: Bibliotecário – Saúde ocupacional. Doenças profissionais – Legislação –
Brasil. Bibliotecas universitárias – Riscos ocupacionais.
ABSTRACT
It treats with the occupational health of the librarian. It aims to gather indicators to contribute
to the recognition of the library as an environment that can expose the librarian to risks to
their health. It studies the risks and the occupational diseases that the professional is affected
during his work day. It presents the legal aspects related to the insalubrity present in the
Brazilian legislation. In order to reach the defined objective, a field research was carried out
with the librarians working in the federal university libraries in the city of Rio de Janeiro. It
identifies the perception and impact of an unhealthy working environment on the health of
these professionals. It evidences the need for greater engagement in the formulation of
prevention and health promotion policies for the librarian class. It proposes improvements and
good preventive practices in libraries in order to achieve the highest level of satisfaction of the
relationship between a professional librarian and their work environment. It reveals the
importance of approving Bill n° 1.511/2015 which provides for the attribution of additional
health insurance to information professionals exposed to occupational hazards.
Keywords: Librarian – Occupational health. Occupational diseases – Legislation – Brazil.
University Libraries – Occupational Risks.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
QUADRO 1 – Especificação da iluminância, limite de ofuscamento e
qualidade da cor em bibliotecas............................................... 38
QUADRO 2 – Percepção de grau de insalubridade......................................... 45
QUADRO 3 – Classificação dos riscos ocupacionais quanto à natureza........ 63-64
QUADRO 4 – Limites de Temperatura, Umidade e Circulação de Ar........... 66-67
QUADRO 5 – Os contaminantes químicos e seus efeitos............................... 69
QUADRO 6 – Doenças relacionadas ao trabalho acometidas aos
bibliotecários............................................................................ 83-85
QUADRO 7 – Atividades realizadas em bibliotecas universitárias................ 96
FIGURA 1 – Higienização com a Mesa de Sucção....................................... 74
GRÁFICO 1 – Situações insalubres em bibliotecas......................................... 98
GRÁFICO 2 – Periodicidade na higienização de acervos................................ 98
GRÁFICO 3 – Periodicidade da limpeza do ar condicionado......................... 99
GRÁFICO 4 – Nível de satisfação com os aspectos ambientais...................... 100
GRÁFICO 5 – Realização de determinadas tarefas em posição incômoda..... 100
GRÁFICO 6 – Presença de sinalizadores de segurança (Mapa de risco,
combate de incêndios).............................................................. 102
GRÁFICO 7 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI) utilizados em
bibliotecas................................................................................ 103
GRÁFICO 8 – Quantitativo de casos de Doenças relacionadas à síndrome
LER.......................................................................................... 106
GRÁFICO 9 – Quantitativo de casos de doenças respiratórias........................ 106
GRÁFICO 10 – Quantitativo de casos de doenças de pele................................ 107
GRÁFICO 11 – Média geral das sintomatologias oriundas de atividades de
higienização e preservação do acervo...................................... 107
GRÁFICO 12 – Média geral de sintomatologias oriundas de atividades de
processo técnico....................................................................... 108
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Quantitativo de bibliotecários...................................................... 91
TABELA 2 – E-mails institucionais recuperados............................................... 92
TABELA 3 – Nível de satisfação quanto ao mobiliário..................................... 101
TABELA 4 – Quantitativo de afastamentos por doenças ocupacionais............ 105
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BU Biblioteca Universitária
BRAPCI Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência
da Informação
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CAT Comunicação de Acidente de Trabalho
CBO Classificação Brasileira de Ocupações
CBBD Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação
CFB Conselho Federal de Biblioteconomia
CID Classificação Internacional de Doenças
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CRB Conselhos regionais de Biblioteconomia
CRFB Constituição da República Federativa do Brasil
CSS Central do Centro de Ciências da Saúde
DORT Distúrbios Osteoarticulares Relacionados ao Trabalho
DPOC Doenças pulmonares obstrutivas crônicas
EPC Equipamento de Proteção Coletiva
EPI Equipamento de Proteção Individual
FEBAB Federação Brasileira Associações Bibliotecários
FIOCRUZ Fundação Oswald Cruz
FUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho
GL Ginástica Laboral
GO Goiás
IBUTG Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo
IES Instituições de Educação Superior
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
LER Lesões por Esforços Repetitivos
MEC Ministério da Educação
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
NBR Norma Brasileira aprovada pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas
NR Normas Regulamentadoras
ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial da Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
PCMSO Programa de Controle Médio de Saúde Ocupacional
PL Projeto de Lei
PPGAS Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
REDALYC Revistas Cientificas de America Latina y el Caribe, España y
Portugal
RBBD Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação
RJU Regime Jurídico Único
SAT Seguro Acidente de Trabalho
SED Síndrome do Edifício Doente
SC Santa Catarina
SiBI Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ
SINBIESP Sindicato dos Bibliotecários no Estado de São Paulo
SINDIB-RJ Sindicato dos Bibliotecários no Estado do Rio de Janeiro
SESMT Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho
SUS Sistema Único de Saúde
TIC Tecnologias de Informação e Comunicação
TST Tribunal Superior do Trabalho
UFF Universidade Federal Fluminense
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura
UNIBIBLI Sistema de Bibliotecas da UNIRIO
UNIRIO Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 15
1.1 OBJETIVOS.................................................................................................... 19
1.1.1 Objetivo geral.................................................................................................. 19
1.1.2 Objetivos específicos....................................................................................... 19
1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 20
2 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................ 21
2.1 A RELAÇÃO TRABALHO E SAÚDE.......................................................... 21
2.2 OS SENTIDOS E AS ALTERAÇÕES PELO TRABALHO NO SERVIÇO
PÚBLICO........................................................................................................ 27
2.3 AMPARO LEGAL.......................................................................................... 30
2.3.1 As Normas Regulamentadoras de maior interesse no trabalho
biblioteconômico e suas recomendações......................................................... 33
2.3.2 Órgãos da classe.............................................................................................. 39
2.3.3 Adicional de insalubridade e o Projeto de Lei n° 1.511/2015......................... 42
3 O BIBLIOTECÁRIO E SEU AMBIENTE DE TRABALHO.................. 49
3.1 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA.............................................................. 54
3.2 PRINCIPAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS........................................................................................ 57
3.3 RISCOS OCUPACIONAIS EM BIBLIOTECAS.......................................... 60
3.3.1 Agentes físicos................................................................................................. 65
3.3.2 Agentes químicos............................................................................................ 68
3.3.3 Agentes biológicos.......................................................................................... 72
3.3.4 Agentes ergonômicos...................................................................................... 74
3.3.5 Agentes mecânicos ou de acidentes................................................................ 77
3.4 ALGUMAS DOENÇAS ACOMETIDAS AOS BIBLIOTECÁRIOS......... 79
4 METODOLOGIA.......................................................................................... 87
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA.......................................................... 87
4.2 UNIVERSO DA PESQUISA.......................................................................... 88
4.2.1 Sistema de bibliotecas da UNIRIO.................................................................. 89
4.2.2 Sistema de bibliotecas da UFRJ...................................................................... 90
4.3 DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS PARA COLETA E ANÁLISE DE
DADOS........................................................................................................... 91
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS......................................... 95
5.1 DOS ASPECTOS GERAIS............................................................................. 95
5.2 DOS ASPECTOS AMBIENTAIS.................................................................. 97
5.3 DOS ASPECTOS ERGONÔMICOS E MECÂNICOS.................................. 100
5.4 DAS NORMAS, REGULAMENTOS, POLÍTICAS EM SAÚDE E
SEGURANÇA................................................................................................. 102
5.5 DAS DOENÇAS E AFASTAMENTOS......................................................... 104
5.6 DA PERCEPÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO FRENTE ÀS PENOSIDADES
VIVENCIADAS.............................................................................................. 108
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 113
REFERÊNCIAS............................................................................................ 116
APÊNDICE A – Questionário aplicado aos bibliotecários........................ 127
APÊNDICE B – E-mail para apresentação da pesquisa aos
bibliotecários.................................................................................................. 133
15
1 INTRODUÇÃO
A promoção do trabalho decente, a proteção dos direitos trabalhistas e promoção de
ambientes de trabalho seguros e protegidos para todos os trabalhadores fazem parte dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, especificamente o de
número 8 – Trabalho decente1 e crescimento econômico, elaborada pela Organização das
Nações Unidas (ONU). Ao identificar a saúde e integridade do trabalhador como um direito
trabalhista segurado pela legislação, o presente estudo coloca em pauta a saúde dos
bibliotecários atuantes nas bibliotecas universitárias federais no município do Rio de Janeiro.
É importante perceber e problematizar que ao longo dos anos, a biblioteca vem
sofrendo alterações pelas novas formas de gerenciamento e processos organizacionais. Com o
avanço e expansão do ensino superior no Brasil, ocorreu consequentemente o aumento das
bibliotecas universitárias. Este aumento requer estudos que possam dimensionar e atentar para
as necessidades internas dessas bibliotecas, sobretudo a discussão a respeito da saúde dos
profissionais inseridos nesses espaços, propondo diretrizes para minimizar ou mitigar chances
de contaminação, adoecimento e afastamento.
De forma generalizada, qualquer atividade ou ocupação desenvolvida no ambiente de
trabalho pode oferecer riscos à saúde do trabalhador. Os riscos ocupacionais são classificados
de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego como risco físico, químico, biológico,
ergonômico e mecânico (BRASIL, 1994). Esses riscos, em baixo ou alto nível de
concentração e exposição, podem desencadear efeitos adversos à saúde e integridade física
dos profissionais, provocando distúrbios, sofrimento e doenças ocupacionais.
No ambiente da biblioteca, conforme as tarefas e atividades da competência do
bibliotecário e para o técnico em Biblioteconomia elencadas pela Classificação Brasileira de
Ocupações (2002) é possível identificar algumas atividades que podem interferir na saúde
desses profissionais: a atividade de tratamento de recursos informacionais que demandam
concentração pode resultar em monotonia e repetitividade; o contato direto com agentes
biológicos decorrentes de atividades como inventariação e higienização do acervo pode
provocar o surgimento de doenças do trato respiratório, cutâneo ou ocular.
1De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (1999) trabalho decente é o conceito central
para o ODS 8 e se refere a condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das
desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. O
conceito sintetiza a missão da OIT que é a promoção de oportunidades para que todos e todas
obtenham um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e
dignidade humanas.
16
O contato com agentes biológicos é um exemplo das situações de riscos mais
evidentes e nocivas à saúde do bibliotecário, pois a exposição a esses agentes agressores está
no próprio contato com acervo da unidade. A preocupação incide sobre o acervo no sentido de
proteger e preservar esses materiais para garantir a guarda e acesso às produções de diferentes
áreas do conhecimento. Para tanto, bibliotecários, auxiliares de biblioteca, estagiários e outros
funcionários dessa instituição mantêm esforços para garantir o melhor atendimento e oferecer
o material de melhor qualidade para seus consulentes.
Neste sentido, durante o processo de preservação, conservação e restauração dos
materiais, os profissionais ficam expostos aos agentes agressores. Isso visto que vários são os
agentes de deterioração que livros, mapas, fotografias, periódicos, manuscritos, entre outros
materiais estão expostos, enquadrando-se aos riscos ambientais. Esses agentes são inimigos
do acervo e podem ser classificados nos grupos de risco físico, químico e biológico. Tais
agentes, quando superados os limites de tolerância à exposição, podem produzir danos à saúde
desses profissionais.
Além do surgimento das doenças desencadeadas pela exposição aos riscos ambientais,
diferentes pesquisas, por exemplo, Ajayi e Akindojutimi (2005); Barría González (2012);
Costa (2005) apontam para o surgimento de problemas de saúde nos bibliotecários
decorrentes de outros fatores. Em um estudo realizado com cerca de duzentos e cinco
bibliotecários participantes da Conferência Geral Anual da Biblioteca da Nigéria em 2004, foi
identificado que a maioria dos bibliotecários estudados usa óculos por causa da fadiga ocular.
Verificou-se que o uso de óculos melhora a produtividade e eficiência dos bibliotecários
(AJAYI; AKINDOJUTIMI, 2005, tradução nossa).
Outra pesquisa realizada por Barría González (2012), com bibliotecários chilenos,
demonstra que esses profissionais estão acometidos ao estresse relacionado ao trabalho devido
à tensão emocional que apresentam diariamente. O estudo mostra que as doze doenças típicas
de estresse em bibliotecários são: cansaço visual; dor de cabeça e enxaquecas; dores
musculares (pescoço, costas); tendinite; falta de concentração, lumbago (dor na lombar);
insônia; herpes; síndrome do cólon irritável; úlceras; refluxo; bruxismo; alergias (rinite) e
falta de apetite.
No Brasil, o trabalho de Costa (2005) investigou os bibliotecários da rede de
bibliotecas públicas municipais do Rio de Janeiro, verificando que são reconhecidos os riscos
de contaminação por parte dos profissionais, entretanto, faltam informações a respeito de qual
tipo de contaminação, e também conscientização das empresas contratantes e maiores
engajamentos dos órgãos da classe para a fiscalização em bibliotecas.
17
Em “Health and Safety Guide for Libraries” (2016) é apresentado métodos de
reconhecimento, avaliação e controle de riscos em bibliotecas. O guia apresenta que o
trabalho em biblioteca possui diferentes riscos à saúde e segurança dos profissionais, como:
estresse, risco de escorregões, tropeções e quedas, lesão nas costas, preocupações de
segurança, estações de trabalho inadequadas, inadequação da iluminação, poeira, mofo e má
qualidade do ar interior (CANADIAN CENTRE FOR OCCUPATIONAL HEALTH AND
SAFETY, 2016, tradução nossa).
O problema deste trabalho também evidencia questões semelhantes aos resultados de
pesquisas anteriores. Teve sua origem a partir de observações da autora em enquetes e posts
na rede social – Facebook, sobre reclamações dos profissionais da área de Biblioteconomia no
exercício da profissão, em muitas situações, em ambiente de trabalho considerado insalubre.
As questões variavam em relação às doenças respiratórias e cutâneas adquiridas pelos
bibliotecários durante suas atividades laborais; a necessidade de aprovação do Projeto de Lei
n° 1.511/2015 de 2015 que visa atribuir proteção ao trabalho realizado em arquivos,
bibliotecas, museus e centros de documentação e memória; a importância de maiores
informações sobre os riscos presentes em bibliotecas; conscientização das práticas de trabalho
para um labor saudável; preocupação de fiscalização e reconhecimento da biblioteca como
potencial ambiente insalubre.
A partir da identificação desta lacuna na área da Biblioteconomia, chega-se a algumas
questões norteadoras para o desenvolvimento deste trabalho: Quais atividades desenvolvidas
em bibliotecas podem oferecer maiores riscos à saúde dos profissionais? Os bibliotecários
atuantes nas bibliotecas do estudo recebem alguma orientação quanto à segurança do
trabalho? Há algum documento formal a respeito disso disseminado no contexto laboral? As
bibliotecas da atualidade adotam medidas preventivas que visam evitar a ocorrência de
acidentes e garantir a segurança da equipe? Há a ocorrência de afastamento ou aparecimento
de doenças decorrentes do trabalho? Neste contexto, a pesquisa identificou circunstâncias de
insalubridade das quais o bibliotecário deve ter ciência de modo a tomar decisões no contexto
da saúde laboral.
Neste sentido, o tema deste estudo delimitou-se em investigar a saúde ocupacional dos
profissionais de Biblioteconomia atuantes em bibliotecas universitárias federais no município
do Rio de Janeiro, identificando se em seu ambiente de trabalho há a presença de possíveis
agentes e riscos ocupacionais que possam provocar sofrimento e doenças e sua relação com as
atividades exercidas. Pretendeu-se identificar quais são os possíveis riscos de doenças
ocupacionais presentes em bibliotecas, quais são as doenças que mais afastam profissionais
18
bem como apresentar medidas que podem ser tomadas para diminuir e assegurar uma vida de
trabalho com mais saúde e qualidade.
O trabalho está estruturado em cinco seções. A primeira e presente seção, de caráter
introdutório apresenta a contextualização temática, algumas questões norteadoras, objetivo
geral, objetivos específicos e a justificativa para o estudo.
A segunda seção apresenta o referencial teórico que foi segmentada em três subseções
a fim de analisar com mais detalhes as questões relacionadas à temática. A primeira subseção
apresenta um breve histórico das áreas que estão preocupadas com a relação entre trabalho e
saúde. A segunda trata sobre os sentidos e alterações ocasionadas pelo trabalho no serviço
público. A terceira subseção discorre sobre o amparo legal para questões relacionadas à saúde
e segurança do trabalhador, debruçando em normas regulamentadoras do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), leis trabalhistas, órgãos e serviços que os profissionais podem
recorrer em caso de doenças ou possível exposição a riscos.
A terceira seção discorre sobre o bibliotecário e seu ambiente de trabalho e foi
dividida em quatro subseções. A primeira subseção apresenta uma breve contextualização da
biblioteca universitária, universo de pesquisa do presente estudo. A segunda identifica as
principais atividades desenvolvidas em bibliotecas a fim de identificar possíveis situações de
exposição aos riscos ocupacionais. A terceira discorre sobre os riscos ocupacionais presentes
em bibliotecas, identificando quais fatores configuram um ambiente insalubre. Foram
englobados também outros riscos, além dos riscos ambientais (físico, químico e biológico)
que possam vir a prejudicar a saúde do bibliotecário, como os riscos ergonômicos e
mecânicos. A quarta apresenta algumas doenças ocupacionais acometidas aos profissionais
bibliotecários de acordo com literatura.
A quarta seção constitui-se na Metodologia da pesquisa que apresenta os
procedimentos metodológicos do trabalho, características do estudo, universo da pesquisa, o
instrumento para a coleta de dados e técnica para análise. Também menciona os materiais
documentais que foram utilizados para esta pesquisa.
A quinta seção evidencia os dados obtidos da pesquisa realizada nas bibliotecas
universitárias federais do município do Rio de Janeiro. A pesquisa identificou a relação do
bibliotecário com seu ambiente de trabalho, quais são as atividades desenvolvidas por esses
profissionais e quais podem provocar alterações em seu organismo. A sexta seção apresenta
as considerações finais do estudo.
Nesta sequência, observa-se a relevância da pesquisa ao contribuir para a identificação
da biblioteca com a potencialidade de ser um espaço de trabalho insalubre e da necessidade de
19
maiores engajamentos da Classe para a melhoria nas condições de trabalho dos profissionais
da área, questões já apontadas por diversos autores nesta temática na área de Biblioteconomia.
Com isso, o presente trabalho orientou-se às ações na área da atenção à saúde dos
bibliotecários, apresentando orientações de áreas afins que contribuem para estudos desta
natureza e que visem à obtenção de ambientes salubres e de qualidade para esses
profissionais.
1.1 OBJETIVOS
O presente estudo tem o objetivo destacar e evidenciar elementos para mobilizar lutas
por melhorias de condições de trabalho que estabeleçam limites de tolerância à exposição a
riscos ocupacionais, reconhecimento dos agentes agressores à saúde do profissional bem
como o incentivo de equipamento de proteção coletiva (EPC) e equipamento de proteção
individual (EPI) em bibliotecas.
1.1.1 Objetivo geral
A pesquisa tem objetivo de reunir indicadores para contribuir no reconhecimento da
biblioteca como um ambiente que pode expor o bibliotecário a riscos à sua saúde, sujeitando-
o ao amparo legal das legislações trabalhistas voltadas para sua integridade física.
1.1.2 Objetivos específicos
Visando atender este objetivo geral, far-se-á necessário explorar os seguintes objetivos
específicos como:
a) Analisar na Literatura da Biblioteconomia, trabalhos que abordem a biblioteca como
local de possível surgimento de riscos e doenças ocupacionais;
b) Discutir a importância da saúde do bibliotecário e aplicação das legislações
trabalhistas no sentido de evitar doenças laborais e garantir um meio ambiente de
trabalho de qualidade para a saúde dos trabalhadores;
c) Identificar e analisar o impacto do ambiente insalubre na saúde dos bibliotecários
atuantes das bibliotecas universitárias federais no município do Rio de Janeiro.
20
d) Buscar indicadores que contribuíam para a aprovação do Projeto de Lei n° 1.511/2015
elaborado pelo Vereador Uldurico Junior que visa atribuir o adicional de insalubridade
para os bibliotecários expostos a riscos ocupacionais.
e) Analisar propostas de melhorias e boas práticas em seu ambiente de trabalho e
incentivar a busca de melhores condições de trabalho.
1.2 JUSTIFICATIVA
No ano de 2018 comemora-se 40 anos da Portaria 3.214 de 8 de junho de 1978 do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que apresentou as primeiras Normas
Regulamentadoras relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Tendo em vista essa
iniciativa na legislação, este trabalho justifica-se à medida que contribui para o
reconhecimento da biblioteca como espaço que pode proporcionar aos profissionais situações
de riscos à saúde. Assim, espera-se que cada vez mais sejam incentivadas práticas laborais
que visem à satisfação, qualidade, saúde e segurança no trabalho.
O interesse pelo assunto tratado neste estudo remete a participação da autora como
ouvinte em um curso oferecido pelo Sindicato dos Bibliotecários no Estado do Rio de Janeiro
(SINDIB-RJ) em agosto de 2017 sobre “Agentes Agressores a saúde do Bibliotecário no
ambiente de trabalho” onde foram abordadas questões relacionadas aos riscos inerentes ao
trabalho biblioteconômico.
Além do exposto, há de se ressaltar a necessidade de debate do tema em questão, uma
vez que a insalubridade nas bibliotecas é pouco debatida por profissionais da área. Perceber a
biblioteca como um ambiente que pode agredir a saúde do bibliotecário é fundamental para
atingir um labor com o mais alto nível de satisfação, pois um profissional incorporado nas
campanhas de prevenção de saúde e segurança sente-se seguro para exercer as atividades
inerentes a sua profissão.
21
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Esta seção apresenta a contextualização teórica que auxiliou na construção deste
estudo e deu suporte à análise dos dados.
2.1 A RELAÇÃO TRABALHO E SAÚDE
A preocupação com a saúde do trabalhador remota à primeira metade do século XIX,
com a Revolução industrial. Com o processo de aceleração do trabalho tornou-se inviável não
pensar na saúde e nas condições físicas dos operários em seu ambiente de trabalho, originando
assim o primeiro serviço de Medicina do Trabalho. Inicialmente, a necessidade dos
trabalhadores das fábricas terem cuidados médicos surgiu na Inglaterra e posteriormente,
expandiu-se em outros países junto ao processo de industrialização (MENDES; DIAS, 1991,
p. 342).
De acordo com Saliba (2010, p. 23) a Medicina do Trabalho “é fundamental no campo
da saúde ocupacional e complementa todos os meios prevencionistas, especialmente a higiene
ocupacional”. O autor comenta que apenas com a participação de profissionais qualificados da
área da saúde é possível reconhecer, avaliar e controlar os agentes físicos, químicos e
biológicos.
Com advento da máquina a vapor, o ambiente de trabalho passou por transformações
desde o aumento da produtividade até a exposição do trabalhador ao um ambiente agressivo,
resultando em novas formas de produção e de organização de trabalho. Em seus estudos,
Dejours (1987 apud MENDES, 1995, p. 34) demonstra que:
A organização do trabalho [é] a responsável pelas consequências
penosas ou favoráveis para o funcionamento psíquico do trabalhador
[...] Em certas condições emerge um sofrimento que pode ser atribuído
ao choque entre uma história individual, portadora de projetos, de
esperanças e de desejos e uma organização do trabalho que os ignora.
A organização do trabalho resultou o automatismo e adaptação ao um modelo de
trabalho. Na psicopatologia, Freud (1930) vai defender que a atividade do homem busca
ausência de sofrimento e obtenção do prazer. Com isso, “a busca do prazer no trabalho e a
fuga do desprazer constituem um desejo permanente para o trabalhador em face das
exigências contidas no processo, nas relações e na organização do trabalho” (MENDES, 1995,
p. 35).
22
Com a Resolução Industrial a figura do trabalhador é transferida do perfil “escravo”
no regime servil para o “livre” capaz de vender sua força de trabalho, em consequência,
Minayo-Gomez e Costa (1997, p. 22) dizem que o trabalhador “tornou-se presa da máquina,
de seus ritmos, dos ditames da produção que atendiam à necessidade de acumulação rápida de
capital e de máximo aproveitamento dos equipamentos, antes de se tornarem obsoletos”.
O novo cenário de competição entre humano e máquina desencadeou o surgimento de
diversos fatores de riscos, ocasionados pela “força motriz, a divisão de tarefas e a
concentração de várias pessoas em um mesmo estabelecimento”, como destaca Saliba (2010,
p. 19). Além desses fatores, Minayo-Gomez e Costa (1997, p. 22) comentam que:
As jornadas extenuantes, em ambientes extremamente desfavoráveis à saúde,
às quais se submetiam também mulheres e crianças, eram frequentemente
incompatíveis com a vida. A aglomeração humana em espaços inadequados
propiciava a acelerada proliferação de doenças infectocontagiosas, ao mesmo
tempo em que a periculosidade das máquinas era responsável por mutilações e
mortes.
Assim, no ambiente laboral os riscos de acidentes e doenças ocupacionais surgiram
rapidamente e desencadearam reações por parte do proletariado resultando em sucessivas
propostas normatizações e legislações que interviram nas empresas. Em 1833, o parlamento
inglês decretou a “lei das fábricas” proibindo o trabalho de menores de 18 anos e
estabelecendo limite de 12 horas diárias e 69 semanais por jornada de trabalho.
Posteriormente, em 1884, as primeiras leis de acidente de trabalho foram surgindo na
Alemanha e aos demais países europeus, até chegar ao Brasil por meio do Decreto Legislativo
n° 3.724, de 15 de janeiro de 1919 (SALIBA, 2010).
Também em 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a partir
do tratado de Versailles o que resultou maiores movimentos em prol de serviços médicos bem
como a prevenção à saúde e integridade física do trabalhador. Diversas recomendações e
diretrizes em relação à proteção da saúde e os serviços médicos para os trabalhadores foram
estabelecidas (SALIBA, 2010).
Nos anos da Segunda Guerra Mundial, sobretudo no pós-guerra a partir do findar do
conflito bélico, o custo provocado pelas perdas de vidas nas fábricas era irreparável. O
período foi marcado por reivindicações da classe trabalhista de mão de obra produtiva e pelos
gastos das companhias de seguro com indenizações às pessoas incapacitadas em decorrência
de acidentes ou doenças do trabalho (MENDES; DIAS, 1991, p. 343).
23
Concomitante aos acontecimentos de reivindicações, novas tecnologias industriais
estavam sendo inseridas nos ambientes de trabalho, apresentando novos processos,
equipamentos e produtos químicos. A Medicina do Trabalho da época, aliada ao empregador,
tinha como foco identificar processos danosos à saúde do trabalhador a fim de repará-los e
possibilitar o retorno do trabalhador à linha de produção. O trabalhador era visto como uma
peça de engrenagem no processo produtivo (MINAYO-GOMEZ; COSTA, 1997).
Assim, a Medicina do Trabalho estava preocupada em identificar as causas das
doenças e acidentes baseando-se na teoria da unicausalidade, ou seja, para cada doença, um
agente etiológico. Entretanto, muitas patologias geradas pelo trabalho são confundidas com
outras doenças, dificultando a identificação dos processos de produção que geram tais
doenças e a mera exposição a um agente exclusivo. O que demonstra a fragilidade da
Medicina do Trabalho na intervenção dos problemas de saúde dos trabalhadores a partir dos
processos de produção (MINAYO-GOMEZ; COSTA, 1997).
Neste sentido, eram necessárias contribuições interdisciplinares para a intervenção no
ambiente, definindo estudos sobre o ambiente laboral e a prevenção das doenças. Surge então,
sobretudo, dentro das grandes empresas a Saúde Ocupacional “com a organização de equipes
progressivamente multiprofissionais, e a ênfase na higiene industrial, refletindo a origem
histórica dos serviços médicos e o lugar de destaque da indústria nos países industrializados”
(MENDES; DIAS, 1991, p. 343).
Os estudos sobre a Saúde Ocupacional nas escolas de saúde pública dos Estados
Unidos centraram-se no termo “Higiene Ocupacional”, definido por Saliba (2010, p. 22)
como:
Ciência que atua no campo da saúde ocupacional, por meio da
antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do controle dos riscos
físicos, químicos e biológicos originados nos locais de trabalho e
passíveis de produzir danos à saúde dos trabalhadores, observando-se
também seu impacto no meio ambiente.
A área avança com uma proposta interdisciplinar preocupada com a relação do
ambiente de trabalho com o corpo do trabalhador. Diferente da teoria da unicausalidade
utilizada pela Medicina do Trabalho, a Saúde Ocupacional apresenta estudos com base da
teoria da multicausalidade, onde a produção de uma doença pode estar ligada ao um conjunto
de fatores de riscos que devem ser avaliados através da clínica médica e estabelecimento de
indicadores de relação exposição-efeito de riscos ambientais e biológicos, ou seja, a relação
entre agente-hospedeiro-ambiente. Apesar disso, a metodologia utilizada pela Saúde
24
Ocupacional repetia as limitações da Medicina do Trabalho (MINAYO-GOMEZ; COSTA,
1997).
No Brasil, a adoção e o desenvolvimento da saúde ocupacional refletiram na vertente
acadêmica apresentando novos aportes nas instituições de ensino e pesquisa de escolas
médicas; na criação da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho (FUNDACENTRO); e na legislação expressou-se na regulamentação do Capítulo V
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que trouxe reformulações sobre a
obrigatoriedade de equipes técnicas multidisciplinares nos locais de trabalho (atual Norma
Regulamentadora 4 da Portaria 3214/78); na avaliação quantitativa de riscos ambientais e
adoção de "limites de tolerância" em Normas Regulamentadoras (MENDES; DIAS, 1991).
Apesar dos avanços significativos no campo conceitual da Saúde Ocupacional na
relação trabalho-saúde, na década de 60, percebe-se a insuficiência do modelo uma vez que
estava enraizado no mecanicismo – focado na Produtividade e ao fato de não concretizar a
interdisciplinaridade com outras áreas (MENDES; DIAS, 1991, p. 343). Os autores também
destacam que
A insuficiência do modelo da saúde ocupacional não constitui
fenômeno pontual e isolado. Antes, foi e continua sendo um processo
que, embora guarde uma certa especificidade do campo das relações
entre trabalho e saúde, tem sua origem e desenvolvimento
determinados por cenários políticos e sociais mais amplos e
complexos (MENDES; DIAS, 1991, p. 344).
Outra questão que evidenciou a insuficiência do modelo foi a abordagem do
trabalhador como o “objeto” das ações de saúde, e não “trabalhador como sujeito ativo do
processo de saúde-doença, [incluindo-o] na participação efetiva nas ações de saúde” (NARDI,
1997, p. 220). As mudanças sociais, a participação dos trabalhadores em questões de saúde, a
nova organização do trabalho, as modificações dos processos de trabalho, a utilização de
novas tecnologias despertaram questionamentos sobre a relação trabalho-saúde, evidenciando
a insuficiência do modelo de Saúde Ocupacional.
A abordagem clássica da saúde ocupacional, avalia as consequências
do trabalho sobre a saúde e, embora procure adotar uma linha
multidisciplinar, conserva uma metodologia de análise de acidentes
tecnicista, monocausal e imediatista, sem se aprofundar em seus
mecanismos e eventos condicionantes (STRAUSZ, 2001, p. 9).
Surge então, a partir da segunda metade da década de 60, um novo movimento social,
nos países industrializados, sobretudo na Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e
25
Itália. Essa nova geração estava engajada nas questões de saúde e segurança e apresentavam
questionamentos sobre o valor do trabalho e da liberdade. Começa o engajamento dos
trabalhadores nas questões relacionadas à sua saúde e segurança uma vez que são
protagonistas das situações concretas do cotidiano dos trabalhadores, expressas em
sofrimento, doença e morte (BERLINGUER, 1978; RIGOTTO, 1990 apud MENDES; DIAS,
1991, p. 345).
Em resposta ao movimento social, surgem novas legislações trabalhistas abordando as
temáticas de saúde e segurança do trabalhador. Todas essas legislações evidenciaram o
reconhecimento do exercício de direitos fundamentais dos trabalhadores. Além disso, a
década de 70 é marcada pela terceirização dos serviços e implantação de novas tecnologias, a
saber, a automação e a informatização, que modificaram a organização do trabalho
(MENDES; DIAS, 1991).
Situada no campo das relações entre trabalho e saúde, a Saúde Ocupacional e a
Medicina do Trabalho possuem como objeto de atenção a saúde, e não o trabalhador como
objeto central. Neste sentido, Nardi (1997, p. 220) destaca:
[...] a característica que diferencia a Saúde do Trabalhador, em seu
modelo teórico, é a afirmação do trabalhador como sujeito ativo do
processo de saúde-doença (incluindo aí a participação efetiva nas
ações de saúde) e, não simplesmente, como objeto da atenção à saúde,
tal como é tomado pela Saúde Ocupacional e pela Medicina do
Trabalho.
Neste sentido, Mendes e Dias (1991) complementam ao dizer que a Saúde do
Trabalhador rompe a hegemonia que estabelece um nexo de causalidade entre a doença e um
agente específico ou a um conjunto de riscos presentes no local de trabalho, como havia sido
tratado pela a Medicina do Trabalho e a Saúde Ocupacional, respectivamente.
Apesar das dificuldades desse modelo teórico-metodológicas, a Saúde do Trabalhador
tem seu objeto de estudo o processo de saúde e doença dos grupos humanos em relação ao seu
trabalho. Esse novo do modo de lidar com as relações de trabalho-saúde proporciona uma
interação mais sólida entre trabalhadores e profissionais especializados (MENDES; DIAS,
1991).
Ainda para os autores a “saúde do trabalhador considera o trabalho, enquanto
organizador da vida social, como o espaço de dominação e submissão do trabalhador pelo
capital, mas, igualmente, de resistência, de constituição, e do fazer histórico” (MENDES;
DIAS, 1991, p. 347).
26
Novos questionamentos sobre o trabalho surgem na classe trabalhadora. Na relação
trabalho-saúde os trabalhadores buscam controle sobre as condições e ambientes de trabalho.
Aliada ao trabalhador e suas vivências sobre o ambiente de trabalho, os autores Laurell e
Noriega (1989 apud NARDI, 1997, p. 219) evidenciam que a Saúde do Trabalhador vai
orientar ações a partir de uma metodologia que visa a “análise dos impactos dos ambientes e
das formas de organização e gestão do trabalho na vida dos trabalhadores a partir da
determinação histórica e social dos processos de saúde e doença”.
Além disso, Strausz (2001) ressalta que historicamente, os acidentes de trabalho foram
vinculados ao trabalhador como resultado de sua própria responsabilidade. Entretanto a autora
ainda destaca que nos últimos anos, a Saúde do Trabalhador tem desmistificado a cultura de
culpabilização da vítima, apresentando novas abordagens interdisciplinares sobre as questões
relativas aos acidentes e doenças decorrentes do trabalho (STRAUSZ, 2001). Conforme
dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991 que dispõe sobre os Planos de
Benefícios da Previdência Social:
Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos [empregados, empregado doméstico, contribuinte individual,
trabalhador avulso, segurado especial] provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL,
1991a)
A lei supracitada também considera as doenças profissionais e doenças ocupacionais
como acidentes de trabalho, assunto que será tratado em seção 3.4 Algumas doenças
acometidas aos bibliotecários.
Ao longo dos anos, metodologias de análise dos acidentes de trabalho foram
desenvolvidas visando atender as necessidades oriundas da revolução industrial. Sendo um
campo interdisciplinar, contribuições de diferentes áreas foram constituindo o campo de
investigação da Saúde do Trabalhador, em especial das Ciências Sociais. Strausz (2001, p. 9)
destaca que essa área trouxe “uma abordagem sócio-técnica dos acidentes de trabalho,
enquanto a Ergonomia moderna trouxe uma nova visão do posto de trabalho”.
De acordo com Iida (2005, p. 189) posto de trabalho refere-se à “configuração física
do sistema homem-máquina-ambiente. É uma unidade produtiva envolvendo um homem e o
equipamento que ele utiliza para realizar um trabalho, bem como o ambiente que circunda”. O
autor ainda faz uma analógica biológica, considerando o posto de trabalho uma célula do
27
organismo humano, onde o homem é o núcleo. Assim, o conjunto dessas células, ou seja,
postos de trabalho, constitui o tecido e o órgão, análogos aos departamentos, setores ou
escritórios.
A década de 1970 presenciou profundas mudanças nos processos de trabalho. É
assistida uma forte tendência à terceirização nas atividades econômicas dos países
desenvolvidos, observando o declínio do setor secundário (indústria) e o crescimento
exponencial do setor terciário. O período foi marcado pela implementação de novas
tecnologias baseadas em duas vertentes: a automação (máquinas de controle numérico, robots
e outros) e a informatização (MENDES; DIAS, 1991). Com a inserção das novas tecnologias,
Strausz, Machado e Brickus (2007, p. 70) destacam que:
O crescimento do setor de serviços, aliado à flexibilização dos
contratos e à precarização das relações de trabalho, tem trazido um
incremento de exposições a novos riscos ocupacionais e doenças
relacionadas ao trabalho. Os Distúrbios Osteoarticulares Relacionados
ao Trabalho (DORT) ou as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e a
Síndrome do Edifício Doente (SED) são alguns exemplos de
síndromes modernas relacionadas diretamente à organização e ao
ambiente de trabalho. As LER/DORT, mundialmente estudadas, já se
configuram como epidemia. A SED ainda carece de estudos mais
profundos em climas tropicais, como no Brasil, embora já seja
estudada há mais de vinte anos nos países dependentes de
climatização artificial (MOLHAVE, 1992; SKOV, 1992).
Ao colocar em pauta a preocupação com a saúde dos bibliotecários, ainda para autora
é evidente a importância de estudos com esta temática, uma vez que embora seja reconhecido
o adoecimento e afastamento de profissionais acometidos por problemas de saúde
relacionados ao seu ambiente de trabalho, há escassos estudos que comprovem a situação. A
autora destaca que “estudar o tema e divulgar os resultados, dá visibilidade às questões de
saúde desses trabalhadores e ambientes” (STRAUSZ, 2001, p. 9). Ao estudar sobre a relação
trabalho e saúde é fundamental compreender os sentidos e as alterações que o trabalho pode
provocar no indivíduo, desta forma a seção a seguir apresenta algumas considerações sobre as
modificações e influências do trabalho na vida humana.
2.2 OS SENTIDOS E AS ALTERAÇÕES PELO TRABALHO NO SERVIÇO PÚBLICO
O trabalho é uma das atividades fundamentais da vida humana. Esta atividade
“permite aos indivíduos produzir os bens e os serviços necessários e indispensáveis à vida
28
moderna, e lhes permite integrar-se ao sistema de relações que compõe a própria trama da
sociedade” (DOLAN, 2006). Como resultado do trabalho, a remuneração financeira passa a
ter papel fundamental para atender as necessidades básicas do ser humano. Embora
considerado uma fonte de satisfação das diversas necessidades humanas, o trabalho pode ser
fonte de sofrimento (NUNES; LINS, 2009).
Para o homem, o trabalho proporciona o desenvolvimento de sua satisfação ou não, e
na concepção de ser uma atividade humana tem seu significado ancorado na tríplice material,
psicológico e social. Na satisfação material o trabalho é responsável por atender as
necessidades biológicas do ser humano como a alimentação, vestimentas, moradia, saúde
física e mental. Na questão psicológica, esta atividade vai transmitir ao indivíduo sentimento
de pertencimento a algo maior (empresa), proporcionando realização pessoal, segurança e
novas experiências. Já a satisfação social está ligada ao posicionamento desse indivíduo na
sociedade (MAURO, et al., 2007).
O sofrimento no trabalho pode ocorrer nas mais variadas atividades ocupacionais. No
serviço público, o sentido do trabalho de um servidor público “é estigmatizado, sendo
considerado privilegiado por ter um emprego estável, como se também não estivesse
submetido a condições de trabalho que podem levar ao sofrimento e adoecimento”
(CARNEIRO, 2006; WALLACE; LEMAIRE; GHALI, 2009 apud FARIA; LEITE; SILVA,
2017, p. 543).
Para Tavares Benetti e Ferreira de Araujo (2008 apud NUNES; LINS, 2009, p. 53-54)
servidor público refere-se “os servidores estatutários, ocupantes de cargos públicos providos
por concurso público e que são regidos por um estatuto definidor de direitos e obrigações”.
Desempenham atividades, sobretudo no setor de serviços, prestando “um serviço do tipo
intelectual (caracterizado no processamento de informações, negociações, fiscalização,
ensino, pesquisa, policiamento, entre outras)”, conforme apontado por Porto (2006 apud
NUNES; LINS, 2009, p. 54).
No âmbito das atividades de ensino e pesquisa, “as universidades públicas possuem
por definição uma tríade que representa sua função-fim: ensino, pesquisa e extensão. Para
atender a esses objetivos, são necessários servidores docentes e técnicos administrativos”
(FARIA; LEITE; SILVA, p. 2017, p. 542). Esses últimos, por desempenharam serviços-meio
são despercebidos frente às vulnerabilidades vivenciadas no ambiente de trabalho e “muitas
vezes, não é dada atenção prioritária nas políticas públicas e internas das instituições de
educação” (COUTINHO et al., 2008 apud FARIA; LEITE; SILVA, 2017, p. 542)
29
Ao colocar em pauta as causas frequentes dos distúrbios patológicos desencadeados
pelo ambiente de trabalho, Mendes e Dias (1999, p. 432 apud DIAS, 2008, p. 16) evidenciam
que:
[...] o trabalho tem um papel fundamental na inserção dos indivíduos
no mundo, contribuindo para a formação de sua identidade a
construção da subjetividade e permitindo que os mesmos participem
da vida social, sendo elemento essencial para a saúde. Entretanto, na
forma como esse trabalho está organizado e é executado por um
grande contingente de profissionais, na sociedade atual, são
maximizados seus efeitos negativos, entre eles o adoecimento e a
morte.
Em razão do tempo que o trabalhador passa no trabalho, deve-se haver uma
conscientização das implicações e das consequências que essas questões têm sobre os
indivíduos. Dolan (2006) ao tratar sobre estresse, autoestima, saúde e trabalho vai abordar
essas relações entre as pessoas no ambiente corporativo, evidenciando uma ligação íntima
entre a estrutura organizacional e os inerentes processos psicossociais.
Além das novas tecnologias presentes na estruturação do trabalho, a presença humana
é um dos aspectos fundamentais para as organizações contemporâneas. Lucena (1990 apud
BLATTMANN; BORGES, 2005, p. 48) vai dizer que:
[...] Em sua essência, as organizações têm sua origem nas pessoas, o
trabalho é processado por pessoas e o produto de seu trabalho destina-
se às pessoas. As máquinas por mais sofisticadas que sejam são
ferramentas do homem no trabalho.
Entretanto, em algumas situações no ambiente de trabalho, a presença humana pode
estar sujeita a elementos agressores à sua saúde física e mental. A queda do rendimento e da
produtividade são sinais visíveis que indicam o início de alterações no trabalhador. Assim,
determinados elementos nesse cenário podem desencadear desequilíbrios que potencialmente
ocasionam danos à saúde do trabalhador. Mauro et al. (2004, p. 339) identificam as alterações
que o trabalho pode ocasionar no organismo e na personalidade do trabalhador:
a) Modificações fisiológicas: alteração do processo metabólico, aumento do ritmo
respiratório e cardíaco e alterações no teor físico-químico do sangue e dos tecidos
musculares, resultantes do esforço produzido;
b) Aquecimento: ou seja, intensificação do rendimento do trabalho pelo aumento da
capacidade dos músculos e nervos condicionados à atividade exercida;
30
c) Queda da velocidade e qualidade do rendimento: observáveis com o
prolongamento forçado do trabalho, decorrente do esforço muscular e intelectual
que surge com a fadiga;
d) Reativação: é o súbito aumento do ritmo de trabalho, seja pelo estímulo do
supervisor ou apelo nas últimas horas de trabalho;
e) Alterações no controle e coordenação motora: observáveis na continuidade do
esforço físico.
Desta forma, o trabalho está presente na sociedade como forma de realização, mas em
alguns momentos pode ser visto como fonte de sobrevivência e sofrimento. Marx (1985) vai
dizer que no processo de trabalho há cargas de trabalho que em interação com o trabalhador
pode gerar sofrimento físico ou psíquico, desgastando a capacidade vital do profissional.
Quando tratamos do trabalho do bibliotecário, Santa Helena (2009) destaca que as
dificuldades enfrentadas por esses profissionais não são tão visíveis, o que faz duvidar sobre
questões de doenças ocupacionais decorrentes de bibliotecas.
Ao tratar sobre a influência do trabalho no ser humano, ora benéfica, ora prejudicial, é
fundamental que leis, decretos, normas entre outros documentos legislativos sejam
formulados a fim de apresentar requisitos e procedimentos relativos à segurança e saúde do
trabalhador em seu ambiente de trabalho. Neste sentido, a próxima seção apresenta os
principais amparos legais na legislação trabalhista brasileira.
2.3 AMPARO LEGAL
A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) promulgada em 5 de
outubro de 1988 prevê no Capítulo II dos Direitos Sociais, em seu art. 7°, inciso XXII, “a
redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”
(BRASIL, 1988). A CRFB é a lei que direciona e fundamenta as demais legislações em torna
da saúde e segurança do trabalho e apresenta como fundamentos a dignidade da pessoa
humana. Na relação trabalhista o direito à saúde constitui-se um direito fundamental do
indivíduo que exercem funções que o expõe a riscos bem como não deve ser negociado, mas
sim segurado integralmente. Neste sentido, Moraes (2002 apud MACHADO, 2016)
argumenta que o trabalhador pode se proteger a partir de instrumentos jurídicos quando sentir
ameaçado ou prejudicado nas atividades laborais ou no meio ambiente de trabalho.
Após o diagnóstico de uma doença relacionada ao trabalho realizado pelo médico, isto
inclui àqueles realizados pela rede pública de serviços do SUS (dispositivo criado pela
31
CRFB), hospitais universitários ou filantrópicos, serviços médicos vinculados a planos ou
seguros-saúde ou pelo SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho nas empresas, deve ser realizado o encaminhamento do
trabalhador/paciente à Previdência Social (INSS). O afastamento do posto de trabalho é
fundamental para a interrupção da exposição do trabalhador ao agente de risco que o estava
provocando distúrbio ou doença (BRASIL, 2001).
Após o diagnóstico realizado no trabalhador, deve ser aberta uma CAT –
Comunicação de Acidente de Trabalho. Refere-se a um documento que, preenchido em sua
primeira parte pela empresa contratante, reconhece a ocorrência de um acidente de trabalho
ou de trajeto bem como uma doença ocupacional (INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL, 2018). Constitui-se de um instrumento de agravos relacionados ao trabalho
utilizados pelos trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que em
seu capítulo V do título II dispõe sobre questões relativas à segurança e medicina do trabalho
(BRASIL, 1977). Já a segunda parte deverá ser assinada pelo médico que atesta o Laudo de
Exame. De acordo com art. 336 do Decreto n.º 3.048/1999 que aprova o Regulamento da
Previdência Social, e dá outras providências fica estabelecido que:
[...] a empresa deverá comunicar à previdência social o acidente [...]
ocorrido com o segurado empregado, exceto o doméstico, e o
trabalhador avulso, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e,
em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena da
multa aplicada e cobrada na forma do art. 286. [Além disso, menciona
que] na falta de comunicação por parte da empresa, ou quando se
tratar de segurado especial, podem formalizá-la o próprio acidentado,
seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o
assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos
o prazo previsto neste artigo (BRASIL, 1999).
Vale ressaltar que de acordo com a legislação previdenciária há restrições para
adquirir ao direito do Seguro Acidente de Trabalho (SAT) que assegura benefícios
relacionados com os infortúnios provocados por acidente de trabalho como auxílio-doença,
aposentadoria por invalidez, pensão por morte, auxílio-acidente e aposentadoria especial.
Assim, o trabalhador/paciente pode ser enquadrado em três situações, sendo elas “segurado
pela Previdência Social e coberto pelo SAT; segurado pela Previdência Social, mas não
coberto pelo SAT; não segurado pela Previdência Social e, por conseguinte, também não
coberto pelo SAT” (BRASIL, 2001, p. 53).
32
Em relação ao período de afastamento, nos primeiros quinze dias de afastamento
consecutivos da atividade por motivo de invalidez caberá à empresa pagar ao segurado
empregado o salário. No 16° dia de afastamento, o paciente/trabalhador/segurado deverá
passar por uma avaliação realizada pela Perícia Médica do INSS, que irá estabelecer a
incapacidade laborativa ou não. Se estabelecida irá conceder ao trabalhador o benefício do
auxílio-doença, pagamento este efetivado pelo INSS - Instituto Nacional do Seguro Social.
Em consonância ao estabelecimento pelo art. 9° do Decreto n.º 3.048/1999, lista os
segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: empregados,
empregados domésticos, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial. O
Decreto também sanciona que:
O servidor civil [regido pelo Regime Jurídico Único (RJU)] ocupante
de cargo efetivo ou o militar da União, Estado, Distrito Federal ou
Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são
excluídos do Regime Geral de Previdência Social consubstanciado
neste Regulamento, desde que amparados por regime próprio de
previdência social (BRASIL, 1991).
Normalmente, os servidores públicos não dispõem de um instrumento específico de
notificação de agravos relacionados ao trabalho, neste caso, o servidor que sofrer um acidente
de trabalho deverá ter:
[...] processo aberto na unidade ou no órgão no qual trabalha e deve
ser examinado pela perícia médica, a quem cabe caracterizar o nexo e
a eventual incapacidade para o trabalho. O RJU não prevê benefícios
específicos para o indivíduo vitimado por esses agravos, exceto a
aposentadoria com vencimentos integrais na vigência de incapacidade
total e permanente (BRASIL, 2001, p. 58).
Como aponta Machado (2016) na legislação brasileira há diversas documentações
elaboradas a fim de garantir a saúde e segurança do trabalhador nas relações de trabalho. O
órgão responsável pela a elaboração de Normas Regulamentadoras destinadas à Segurança e
Medicina do Trabalho é o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que aprovou em 8 de
junho de 1978 as primeiras Normas através da Portaria 3.214. No âmbito do Direito
legislativo brasileiro, as NR “são de observância obrigatória para as empresas privadas e
públicas, órgãos de Administração direta e indireta, bem como para órgãos dos Poderes
Legislativos que possuem empregados regidos pela CLT” (SEGURANÇA..., 2018).
Neste sentido, é importante mencionar que apesar do amparo legal que os
trabalhadores têm direitos ainda é perceptível a necessidade de melhorias no ambiente de
33
trabalho em diversos setores. De acordo com o Observatório de Saúde e Segurança do
Trabalho estima-se que no Brasil ainda ocorre acidente de trabalho a cada 52 segundos. Por
isso o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) continua seu trabalho no aperfeiçoamento
das normas regulamentadoras, totalizadas no ano de 2018 com 36 normas, para a redução dos
números de acidentes e doenças laborais (SEGURANÇA..., 2018). As NR apresentam
disposições que visam a eliminação ou controle dos riscos ocupacionais presentes no
ambiente de trabalho.
2.3.1 As Normas Regulamentadoras de maior interesse no trabalho biblioteconômico e suas
recomendações
As Normas Regulamentadoras, editadas em 1978, contam atualmente com 36 normas.
Em geral, a literatura aponta as seguintes normas como sendo de relevância para o
bibliotecário: NR 4 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT); NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); NR 6 –
Equipamentos de Proteção Individual (EPI); NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA); NR 17 – Ergonomia; NR 23 – Proteção contra incêndio; NR 26 –
Sinalização de Segurança. Por isso, esta seção apresenta as NR’s que possuem maior relação
ao trabalho exercido por profissionais em bibliotecas, arquivos e centros de documentação.
Também serão apresentadas aqui algumas recomendações para tornar a biblioteca um espaço
seguro e de qualidade para o bibliotecário.
A NR 4 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT) determina que as empresas privadas e públicas tanto da Administração
direta quanto indireta bem como os órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário que possuem
empregados regidos pela CLT, são obrigadas a constituir e manter um SESMT com o objetivo
de promover e proteger a saúde e integridade física do trabalhador em seu ambiente de
trabalho (BRASIL, 1978a).
O dimensionamento do SESMT está relacionado com ao grau do risco da atividade
principal e ao número de empregados no estabelecimento. A partir do dimensionamento com
base no Quadro II desta NR, serão estabelecidos o quantitativo de profissionais especializados
que se resume ao Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico de
Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar ou Técnico em Enfermagem do
Trabalho. São atribuições deste serviço: a promoção de atividades que visem conscientizar,
educar e orientar os trabalhadores quanto a prevenção de acidentes de trabalho e doenças
34
ocupacionais, o registro em documento(s) específico(s) todos os acidentes e casos de doenças
ocupacionais ocorridos, manter-se entrosado com a Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA), entre outras (BRASIL, 1978a).
Cabe ressaltar que a precisão na recuperação de informação acerca da existência do
SESMT no serviço público foi baixa. Isso se dá em razão da ausência do SESMT órgãos
públicos da administração direta e indireta. Neste aspecto, Souza (2011, não paginado)
anuncia:
Apesar de o Estado ter responsabilidade objetiva pelos danos causados
a terceiros, independente de culpa ou dolo, bem como pelos danos
causados aos seus servidores, o que se vê claramente aqui, data vênia,
é uma verdadeira omissão do estado com aqueles que colaboraram
para garantir a efetiva prestação dos serviços do Estado no seu menor
nível de atuação, o Servidor Público.
Ainda para o autor deve-se haver maiores engajamento para a implementação de
serviços especializados nas empresas públicas e nas autarquias que tenham servidores
públicos não-celetistas, assim como houve nas empresas privadas, uma vez que os servidores
públicos também “têm sido expostos aos infortúnios dos acidentes e doenças de trabalho” e
os benefícios vão desde a “redução dos gastos previdenciários com afastamentos por
acidentes e doenças do trabalho, além das aposentadorias por invalidez permanente [...]
aumento da produtividade e da eficiência dos serviços públicos” (SILVA, 2011, não
paginado).
A NR – 5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) estabelece que as
empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e
indireta, bem como qualquer instituição que admitam empregados deverá constituir uma
CIPA. Esta comissão será composta por representantes do empregador e dos empregados com
o objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho a fim de garantir a
preservação da vida e a promoção da saúde no trabalho (BRASIL, 1978b).
Das atribuições da CIPA destacam-se a identificação dos riscos inerentes ao processo
de trabalho que auxiliarão na elaboração do Mapa de Risco, com o assessoramento do
SESMT nas empresas que tiverem; colaboração no desenvolvimento e implementação do
Programa de Controle Médio de Saúde Ocupacional – PCMSO (NR 7) e Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA (NR 9).
Conforme mencionado anteriormente, a CIPA é responsável pela elaboração do Mapa
de Risco que deve apresentar graficamente os riscos existentes no local de trabalho. Conforme
35
a Portaria nº 5, de 17 de agosto de 1992, do Ministério do Trabalho e Emprego, o Mapa de
Riscos consiste na “representação gráfica do reconhecimento dos riscos existentes nos
diversos locais de trabalho, e visa a conscientização e informação dos trabalhadores através da
fácil visualização dos riscos existentes na Empresa” (BRASIL, 1994).
Desse modo, a CIPA, ao elaborar o Mapa de Risco de uma biblioteca, deverá
considerar a participação do maior número de bibliotecários bem como atender as orientações
do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). De
acordo com a Gerência de Saúde e Prevenção (2012) é fundamental a participação das
pessoas que estão expostas ao risco na elaboração do mapa, principalmente por conheceram
seu ambiente de trabalho e consequentemente as fontes geradoras de risco.
De acordo com a Portaria nº 25 de 29 de dezembro de 1994 para a implementação do
mapa de risco na empresa deve-se ser seguidas as etapas de reconhecimento do processo de
trabalho realizado no local em análise; identificação dos riscos existentes no local em
consonância a classificação de riscos ocupacionais (ver 3.3 – Riscos Ocupacionais em
bibliotecas); identificação das medidas preventivas que deverão ser implementadas;
estabelecer indicadores de saúde (doenças diagnosticadas; acidentes de trabalho ocorrido;
queixas mais frequente dos trabalhadores e causas de absenteísmo); conhecer os
levantamentos ambientais realizados no local bem como a elaboração do mapa de risco.
Na biblioteca ou em qualquer outro espaço de trabalho que possa oferecer riscos aos
trabalhadores, o mapa deverá ser afixado em local visível a todos e conter informações como:
a classe do risco e sua cor, representada por círculos de três tamanhos (pequeno, médio e
grande) que informam a gravidade de exposição; o número de trabalhadores expostos ao
risco; a especificação do agente de risco (por exemplo: fungo, umidade, ruído, ritmo
excessivo); causas mais frequente de afastamentos do posto de trabalho (BRASIL, 1994).
Neste sentido, Faustino, Silva e Silva (2015) argumentam que a elaboração do mapa
de risco justifica-se à medida que previne os acidentes de trabalho uma vez que a partir dele
os trabalhadores são informados sobre os riscos que estão expostos além do empregador
identificar quais são os aspectos no ambiente de trabalho que deverão ser melhorados.
Outra norma fundamental para a proteção do bibliotecário, principalmente nas
atividades que o expõem a agentes de risco é a NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual
(EPI). Esta Norma dispõe sobre a obrigatoriedade da empresa contratante no fornecimento,
gratuitamente, do Equipamento de Proteção Individual (BRASIL, 1978c). Além disso, a NR 6
define EPI sendo todo dispositivo ou produto com a finalidade de proteção de riscos do local
de trabalho que possa afetar a segurança e saúde do trabalho, de uso individual pelo
36
trabalhador (BRASIL, 1978c). Compete ao SESMT, ouvida a CIPA e os trabalhadores
usuários, a recomendação do EPI mais adequado ao risco existente em determinada atividade.
Para o trabalho em biblioteca, Santos (2017) destaca uma lista de EPI que devem ser
utilizadas na realização das atividades biblioteconômicas além de alertar sobre a importância
de utilização do equipamento de proteção nas atividades de conservação e preservação, pois
são situações em que mais expõem o bibliotecário aos riscos físicos, químicos e biológicos. O
autor destaca que durante o processo de higienização do acervo é recomendado o uso dos
seguintes protetores: luvas, jalecos, óculos de proteção, protetor facial, equipamentos de
proteção respiratória, roupa de proteção, botas e gorros.
Os equipamentos de proteção são divididos em individuais e coletivos. O
Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) deve ser visto de forma prioritária pela empresa e a
utilização de EPI para atender as situações de emergência. Em bibliotecas em que as medidas
de ordem geral não ofereçam completa proteção ao bibliotecário contra acidentes de trabalho
e doenças ocupacionais, o uso do EPI torna-se de uso obrigatório. Em referência aos EPC,
Xarão (2009) apresentam alguns equipamentos coletivos que podem ser utilizados em
arquivos, equipamentos estes que devem também ser implementados em bibliotecas e centros
de documentação como: mesa ou cabine de higienização, chuveiro de emergência, recipiente
para materiais perfuro cortantes, sprinklers, captadores de fumaça, extintores e mangueiras de
incêndio, sinalizadores de risco. Ambos EPC devem ser implementados nas bibliotecas a fim
de proteger o bibliotecário da fonte produtora do risco.
A NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) apresenta em suas
disposições a obrigatoriedade dos empregadores e instituições contratantes que admitam
trabalhadores como empregados na elaboração e implementação dos PPRA (BRASIL, 1994).
Esse programa visa à preservação da saúde e da integridade do trabalhador, agindo de forma
antecipada no reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais (físico, químico e
biológico) existentes no ambiente de trabalho. Deverão ser adotadas medidas para o controle,
minimização ou eliminação dos riscos ambientais sempre que for verificada a exposição ao
risco acima dos limites de tolerância estabelecidos (BRASIL, 1994). O limite de tolerância a
riscos ocupacionais está apresentado na seção 2.3.3, contudo cabe destacar que ele não se
refere a uma divisão entre uma situação segura e insegura, mas sim “uma referência para a
adoção de medidas de controle no ambiente ocupacional e demais providências” (SILVA,
2014, p. 79).
As ações do PPRA devem ser desenvolvidas em todos os setores da instituição com a
colaboração dos trabalhadores e podem ser feitas pelo SESMT ou equipe de pessoas,
37
designada pelo empregador, capacitada a cumprir o que está estabelecido nesta NR. Neste
sentido, o bibliotecário poderá “apresentar propostas e receber informações e orientações a
fim de assegurar a proteção aos riscos ambientais identificados na execução do PPRA”
(BRASIL, 1994).
A NR 17 – Ergonomia “visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das
condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo conforto, segurança e desempenho eficiente” (BRASIL, 1990).
Para a adaptação do homem ao trabalho, cabe ao empregador realizar uma análise
ergonômica do trabalho que deve apresentar considerações acerca das condições de trabalho.
Conforme apresentado na norma, as condições de trabalho englobam os “aspectos
relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos
equipamentos e às condições ambientais do posto e [...] organização do trabalho” (BRASIL,
1990).
Os princípios da Ergonomia podem ser aplicados em quaisquer organizações desde o
setor primário ao setor terciário, este responsável pela prestação de serviços, como setor de
informação, de comunicação, de educação e biblioteca. Além disso, a partir das dimensões da
Ergonomia física, cognitiva e organizacional, o ambiente das bibliotecas pode ser analisado e
adaptado às condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores
(SOUZA; SILVA, 2009).
Nesta NR são apresentadas algumas considerações acerca do levantamento, transporte
e descarga individual de materiais que podem ser consideradas em atividades realizadas em
bibliotecas como o peso carregado pelo trabalhador não deverá ser suscetível a danos à saúde
e segurança bem como àquele que transporta materiais através de impulsão (BRASIL, 1990),
como o carro de transporte de livros utilizados em bibliotecas que deverá ser manipulado de
acordo com a capacidade de força física do bibliotecário.
A automação dos serviços em bibliotecas provocou o aumento de tempo do trabalho
realizado na posição sentada por isso deve-se haver um planejamento e adaptação do
bibliotecário ao posto de trabalho observando aos requisitos mínimos: os assentos devem ser
ajustados à estatura do indivíduo e a função exercida; devem possuir a borda frontal
arredondada e encosto adaptado ao corpo para a proteção da região lombar; ter a distância
requerida dos olhos ao campo de trabalho; além disso, o espaço deverá possuir características
dimensionais que possibilitem a movimentação do trabalhador (BRASIL, 1990).
A Ginástica Laboral (GL) em bibliotecas pode ser uma medida adota para promover o
bem-estar do bibliotecário. Refere-se a uma importante ferramenta contra acidentes de
38
trabalho, por meio de uma série de exercícios e atividades físicas que visa melhorar a saúde e
evitar lesões por esforços repetitivos e outras doenças ocupacionais. Os benefícios da
Ginástica Laboral já foram apontados por pesquisas na área da Biblioteconomia, onde os
bibliotecários das bibliotecas investigadas possuem mais disposição para o trabalho, índice de
stress reduzido bem como conscientização sobre as medidas de prevenção contra
LERs/DORT e outras exposições ocupacionais (SANTOS, 2014).
Em relação os equipamentos do posto de trabalho são preconizados que nas atividades
que envolvam a leitura de documentos para digitação seja fornecida suporte que proporcione a
leitura do documento em boa postura, evitando movimentação frequente do pescoço e fadiga
visual. Para as recomendações sobre iluminação deverá ser atendido os requisitos do posto de
trabalho dispor de iluminação adequada, natural ou artificial (BRASIL, 1990). Sobre os níveis
mínimos de iluminamento a serem observados no local deverão ser observados os valores de
iluminâncias estabelecidas na NBR 5413 – Iluminação de ambientes de trabalho, norma
brasileira registrada no INMETRO, substituída pela ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013. Os
parâmetros de iluminamento estabelecidos na NBR de acordo com o tipo de ambiente, tarefa
ou atividade realizada em bibliotecas deve seguir os padrões a seguir:
QUADRO 1 – Especificação da iluminância, limite de ofuscamento e qualidade da cor
em bibliotecas
Tipo de ambiente
Lux UGR R
Estantes 200 19 80
Área de leitura 500 19 80
Bibliotecárias 500 19 80
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2013).
Conforme exposto por Henn et al. (2008) e já comentado anteriormente, o risco de
incêndio é iminente em bibliotecas por isso é fundamental a prevenção e o combate contra
incêndios. A NR 23 – Proteção contra incêndio estabelece as medidas de proteção contra
incêndios que devem estar presentes no ambiente de trabalho. Cabe ao empregador fornecer
informações acerca da utilização dos equipamentos de combate ao incêndio; procedimentos
para a evacuação do local com segurança; dispositivos de alarmes, saídas de emergências
sinalizadas e de fácil abertura do interior do estabelecimento (BRASIL, 2011).
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39
Recomenda-se a disposição de extintores em locais bem sinalizados e de fácil
localização. Embora seja difícil estabelecer apenas um tipo de extintor para o ambiente de
bibliotecas, Trinkey (2001) preconiza o uso dos tipos pó químico de uso múltiplo
acondicionado sob pressão, utilizados em fogos de classe A, B, C. Além disso, a implantação
de sistemas automáticos de aspersão (Sprinklers) e equipamentos de detecção de incêndio
também são medidas que devem ser adotadas para assegurar a vida humana e das coleções.
Também apresentamos neste estudo as recomendações da NR 26 – Sinalização de
Segurança que tem o objetivo de fixar as cores para segurança no estabelecimento a fim de
indicar ou advertir acerca dos riscos existentes. Conforme esta norma, as cores são utilizadas
para identificar equipamentos de segurança, delimitar áreas e identificar tubulações que
funcionam como condutoras de líquidos e gases. Além disso, o uso de cores não dispensa a
implementação de outras formas de prevenção de acidentes de trabalho bem como seu uso
deverá ser bem distribuído de modo a não ocasionar distração, confusão e fadiga no
profissional (BRASIL, 2011).
Nesta seção foram apresentadas normas regulamentadoras como importante
instrumento para garantir a segurança e saúde dos bibliotecários em seu local de trabalho.
Embora já exista legislação voltada para normas, políticas e diretrizes para a saúde do
trabalhador brasileiro, é preciso ser desenvolvida legislações voltadas para o conforto
ambiental em bibliotecas bem como em arquivos, museus e quaisquer centros de
documentação. Por isso, a seção a seguir apresenta os órgãos da classe responsáveis pela
fiscalização do exercício profissional, defesa dos direitos dos bibliotecários e
desenvolvimento de leis no âmbito da Biblioteconomia.
2.3.2 Órgãos da classe
É da competência do Estado a organização, manutenção e execução da inspeção do
trabalho, previsto no inciso XVI do artigo 22 da Constituição Federal de 1988 sendo
“organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões”
responsabilidade privativamente à União (BRASIL, 1988). Embora seja o Estado o
responsável pelo controle do exercício das profissões, elas não são originadas pelas medidas
adotadas pela União, mas sim por demandas populacionais em determinados contextos e
momentos históricos. Côrtes (2015, p. 16) sustenta essa afirmativa ao dizer que “se a
atividade profissional nasce do desejo de uma sociedade, ela assume um caráter público,
40
tornando-se objeto de fiscalização do Estado”. A autora continua ratificando que por meio
dos conselhos profissionais o Estado delega a função pública de:
[...] fiscalizar, defender e disciplinar o exercício da atividade
profissional, bem como o dever de zelar pelo interesse público.
Delega, também, a supervisão qualitativa, ética e técnica do exercício
das profissões, de acordo com a Lei, com o único objetivo de
assegurar qualidade aos serviços prestados à sociedade (CORTES,
2015, p. 16).
Neste contexto, no âmbito da Biblioteconomia, pode-se citar o marco para a profissão
que se deu a partir do Decreto nº 56.725, de 1965 (Anexo D) que possibilitou a instalação dos
órgãos da classe responsáveis pelas fiscalizações do exercício da profissão, sendo eles
Conselho Federal de Biblioteconomia e pelos Conselhos regionais de Biblioteconomia. Os
conselhos cumprem seu papel à medida que atuam no controle ético e técnico-profissional,
ratificando o seu compromisso com a sociedade na relação dos profissionais no exercício das
suas funções. Neste sentido, Cortes (2015, p. 18) nos ajuda a compreender que a missão dos
conselhos está na “atuação eficaz [protegendo] a sociedade de maus profissionais, de modo a
assegurar à população atendimento responsável e de qualidade, seja em um hospital, em uma
biblioteca, em um escritório de contabilidade”.
Com as mudanças ocorridas na Sociedade da Informação, os conselhos, de modo
geral, incorporam às suas atribuições, um movimento mercante de lutas na sociedade, que
segundo Rezende (2007 apud CORTES, 2015, p. 19) redimensiona seu papel “para além do
seu aspecto normativo e fiscalizador, voltando-se para o movimento da sociedade na defesa
dos direitos fundamentais do cidadão”. Com isso, no Sistema CFB/CRB, composto pelo
Conselho Federal de Biblioteconomia e pelos Conselhos Regionais de Biblioteconomia, é
percebido “esforços em diversas frentes, entre elas destaca-se o acompanhamento para
aprovação de Leis que privilegiem a cultura, a educação e a visão de bibliotecas como
equipamentos culturais” (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2018). Aos
Conselhos Regionais de Biblioteconomia compete:
[...] ações administrativas, normativas, supervisoras e disciplinares,
tendo ainda por finalidades gerais: zelar pelo bom conceito da
profissão, orientar e defender o livre exercício da profissão, julgar
infrações à Lei e à Ética, servir como órgão consultivo do Governo, no
que se refere aos interesses dos bibliotecários. Também é sua
atribuição a organização e manutenção de cadastros de profissionais
registrados, de escolas de biblioteconomia e de bibliotecas e centros
41
de documentação (CONSELHO FEDERAL DE
BIBLIOTECONOMIA, 2010 apud SPUDEIT; FÜHR, 2011, p. 243).
Para além da fiscalização do exercício profissional, outro organismo fundamental para
a classe biblioteconômica é o Sindicato. Conforme De Plácido e Silva (1982 apud SPUDEIT;
FÜHR, 2011, p. 236) um sindicato tem o objetivo “a defesa dos interesses comuns de uma
classe, ou de um grupo de pessoas, ligadas entre si pelos mesmos interesses. Instituindo-se
para defesa de interesses de trabalhadores ou de pessoas de classes, qualifica-se como
sindicato profissional”. Ainda para os autores, tendo em vista a importância dos sindicatos e
atual sociedade capitalista, pode-se inferir que as representações em defesa dos direitos
trabalhistas e busca por condições mais justas e humanas de trabalho cabe aos sindicatos.
Ainda para Spudeit e Führ (2011) o primeiro registro de um sindicato de bibliotecários
no Brasil data de meados de 1970, localizado na Bahia, a partir do então Presidente da
Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB), Antônio Gabriel. Já em
1985, quando o movimento sindical começa a tomar força no país, é criado em São Paulo o
Sindicato dos Bibliotecários no Estado de São Paulo (SinBiesp), tornando-se um importante
organismo em defesa dos direitos dos bibliotecários atuantes naquele estado. Três anos mais
tarde, os bibliotecários do Paraná em busca da democratização do saber e o desenvolvimento
humano constituiu o Sindicato de Bibliotecários (SINDIB/PR) no ano de 1988.
No município do Rio de Janeiro, onde esta pesquisa foi realizada, os bibliotecários
contam com a representação legal do Sindicato dos Bibliotecários no Estado do Rio de
Janeiro que tem o objetivo de:
Defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria;
representar judicial ou extrajudicialmente os interesses coletivos e/ou
individuais da categoria, inclusive funcionando como substituto
processual da categoria; promover e participar obrigatoriamente das
negociações coletivas de trabalho com vistas à celebração de
convenções e acordos coletivos com os sindicatos patronais e/ou
entidades públicas ou privadas; propiciar a organização da categoria
promovendo a eleição de representantes e delegados sindicais;
promover a solidariedade entre seus representados e destes com as
demais categorias profissionais; promover o desenvolvimento cultural
e profissional dos representados; prestar assistência a seus associados,
na forma que a Assembleia Geral decidir; colaborar, como órgão
técnico e consultivo, com o poder público e o setor privado, no estudo
e solução dos problemas que se relacionem com a categoria
(SINDICATO DOS BIBLIOTECÁRIOS NO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO, 2018).
42
Com base nas atribuições dos órgãos da classe biblioteconômica, pode-se inferir que
questões referentes às condições insalubres no ambiente de trabalho devem ser encaminhadas
ao sindicato do estado em que o bibliotecário contribui, uma vez que conforme apontam
Ribeiro, Miranda e Reis (2015) cabe aos sindicatos a fiscalização nas “relações de trabalho,
tais como salário, horas extras, insalubridade, acordos e dissídios coletivos, etc”. Desta forma,
segundo o estabelecido no Código de Ética Profissional do Bibliotecário, o profissional tem o
direito de dirigir-se aos referidos órgãos competentes caso julgue indignas as vulnerabilidades
vivenciadas no exercício da profissão (ver em 3, § 9°).
2.3.3 Adicional de insalubridade e o Projeto de Lei n° 1.511/2015
Etimologicamente a palavra “insalubre” deriva do latim e significa “tudo aquilo que
origina doença”, ou seja, característica ou condição do que é insalubre, conforme assinalado
por Silva (2014). De acordo com o dicionário Houaiss da língua portuguesa, insalubre
significa “que não é bom para a saúde, que causa doença, capaz de prejudicar de alguma
forma a saúde do trabalhador” (HOUAISS, 2001). A questão da insalubridade no trabalho está
relacionada ao surgimento das doenças ocupacionais e vem sendo estudada deste o século IV
a.C, quando Hipócrates identifica e descreve a contaminação por chumbo em trabalhadores
em atividades mineiras.
Ainda para Silva (2014), os debates que transitam no contexto sobre insalubridade
bem como periculosidade são complexos, até mesmo para os estudiosos da área da saúde e
segurança do Trabalho. No Brasil, a questão da insalubridade, tema central desta seção, surge
através do Decreto n° 21.417 de 17 de maio de 1932 que proíbe o trabalho de mulheres em
atividades insalubres. O que foi convalescido em 1943, com a promulgação da CLT através
do Decreto-Lei n° 5.452 de 1 de maio de 1943 que além do trabalho feminino em atividades
insalubres, proibia o trabalho infantil sob tais condições insalutíferas. O autor destaca que a
CLT, criada no governo de Getúlio Vargas com base na Carta Magna de 1937, objetivou dar
ao Brasil uma legislação que resguardassem os direitos trabalhistas dos trabalhadores
brasileiros.
A Portaria n° 3.214 de 8 de junho de 1978 que comemora no ano de 2018, 40 anos de
contribuição no âmbito da saúde e segurança do trabalhador, trouxe em suas disposições
diversas Normas Regulamentadoras (BRASIL, 1978), uma delas fazendo referência às
atividades insalubres, a saber NR 15 – Atividades e Operações Insalubres que:
43
[...] estabelece os agentes que são considerados insalubres para efeito
de recebimento de adicional de insalubridade, inclusive seus limites de
tolerância, definindo, assim, as situações que, quando vivenciadas nos
ambientes de trabalho pelos trabalhadores, ensejam a caracterização
do exercício insalubre, e também os meios de proteção aos
trabalhadores de tais exposições nocivas a sua saúde (SILVA, 2014, p.
20).
Diante da afirmativa acima, a fim de reparar financeiramente os efeitos nocivos que os
riscos ocupacionais têm sob a saúde do profissional exposto à situação insalutífera,
instituições contratantes ficam obrigadas ao pagamento do adicional de insalubridade quando
não for possível a eliminação ou neutralização dos agentes insalubres presentes durante a
jornada de trabalho e comprovada a existência da insalubridade. Esse instrumento legal está
previsto no art. 7°, inciso XXIII, da Constituição Federal 1988 que dispõe sobre “adicional de
remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei”.
Desta forma, a insalubridade é definida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
através do Capítulo V – Da Segurança e da Medicina, Seção XIII – Das Atividades Insalubres
ou Perigosas, art. 189 referindo-se às atividades ou operações insalubres que:
[...] que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho,
exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos
limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do
agente e do tempo de exposição aos seus efeitos (BRASIL, 1943).
Conforme estabelecido na CLT, para que o trabalhador tenha direito ao adicional de
insalubridade é necessário o estabelecimento entre a natureza e a intensidade do agente e o
tempo de exposição acima dos limites de tolerância permitidos em lei. O Limite de Tolerância
refere-se à “concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o
tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante sua vida
laboral” (BRASIL, 1978d). Além disso, com base no art. 190 da CLT, fica estabelecido que:
O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e
operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de
caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes
agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do
empregado a esses agentes (BRASIL, 1943).
Nesse sentido, o adicional de insalubridade é direito concedido ao trabalhador que está
exposto a agentes e riscos nocivos à sua saúde acima dos limites de tolerância definidos para
os agentes. A NR 15 apresenta quatorze anexos que dispõem sobre o limite de tolerância do
44
respectivo agente insalubre bem como sua metodologia de avaliação (quantitativa ou
qualitativa), conforme apontado por Saliba (2010, p. 384). Além da lista oficial dos agentes
insalubres elaborada pelo MTE, para que o trabalhador tenha direito ao adicional de
insalubridade é necessário que ocorra a prova pericial conforme mencionado no art. 195 da
CLT que define “a caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade,
segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico
do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho” (BRASIL,
1943).
Assim, Silva (2014) nos ajuda a compreender que para “ser considerado um agente
insalubre, o mesmo deve constar em algum dos anexos da NR – 15. Caso não conste, para
efeito do pagamento do adicional de insalubridade, este agente não pode ser considerado
insalubre”. O que corrobora ao pronunciamento do Tribunal Superior do Trabalho (TST)
através da Súmula n. 448 SDI-1/TST que ratifica que “não basta a constatação da
insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo
adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial”
(BRASIL, 2014) que é disposta na NR.
Sobre o referido acima, é inegável que embora não seja reconhecido o direito do
adicional de insalubridade do bibliotecário, a empresa contratante não deve eximir-se de suas
obrigações para tomar medidas preventivas e proporcionar um ambiente de qualidade para o
profissional. Ao passo que, de acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), por meio
da Súmula nº 289, é ratificado que:
O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não
o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar
as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade,
entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo
empregado (BRASIL, 2007).
Desse modo, nos termos da Norma ficam estabelecidos os valores para o adicional de
insalubridade: 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo; 20% (vinte por
cento), para insalubridade de grau médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau
mínimo, com base no salário mínimo da região, conforme quadro a seguir:
45
QUADRO 2 – Percepção de grau de insalubridade
Anexo Atividade ou operações que exponham o trabalhador Percentual
1 Níveis de ruídos contínuo ou intermitente 20%
2 Níveis de ruído de impacto 20%
3 Exposição ao calor com valor Índice de Bulbo Úmido
Termômetro de Globo (IBUTG) 20%
4 Revogado pela Portaria MTE nº 3.751 de 23 de novembro de
19902
-
5 Níveis de radiação ionizantes com radioatividade 40%
6 Ar comprimido 40%
7 Radiações não-ionizantes 20%
8 Vibrações 20%
9 Frio 20%
10 Umidade 20%
11
Agentes Químicos Cujas concentrações sejam superiores aos
Limites de Tolerância fixados no Quadro 1 do Anexo 11 da
NR 15
10%, 20% ou 40%
12 Limites de Tolerância para Poeiras Minerais 40%
13
Atividades ou operações, envolvendo Agentes Químicos,
considerados insalubres em decorrência de inspeção realizada
no local de trabalho
10%, 20% ou 40%
14 Agentes biológicos 20% ou 40%
Fonte: (BRASIL, 1978d; SILVA, 2014).
Ao olhar para biblioteca, a questão da insalubridade é tema recorrente nas
reinvindicações dos profissionais da área de Biblioteconomia e já foi objeto de estudo do
CFB. No início da década de 1990, a Nona Gestão do CFB realizou um levantamento sobre a
insalubridade e a profissão de bibliotecário. Foi proposta uma norma de conforto ambiental
para arquivos, bibliotecas e museus, gerando o Projeto de Lei nº 3.201/93, entretanto tão
iniciativa não encontrou o devido respaldo junto ao Ministério do Trabalho (CÔRTE, 2015).
2 De acordo com Silva (2014, p. 77) “o anexo 4, que considerava a iluminação como agente insalubre,
foi revogado pela Portaria n. 3.751 de 23 de novembro de 1990, que passou a considerar a questão da
iluminação em um ambiente de trabalho como um agente de conforto, sendo incluído na NR 17 –
Ergonomia”.
46
Novamente, frente às vulnerabilidades vivenciadas no ambiente de trabalho do
bibliotecário, está tramitando na Câmara Legislativa o Projeto de Lei n° 1.511 de 2015,
elaborado pelo Vereador Uldurico Junior. A proposta do PL visa acrescentar ao art. 200 do
Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 o inciso IX –– “trabalho realizado em arquivos,
bibliotecas, museus e centros de documentação e memória, exposto a agentes patogênicos”
com o fito de atribuir medida especial de proteção ao trabalho realizado em arquivos,
bibliotecas, museus e centros de documentação e memória (CÂMARA, 2015).
Conforme mencionado por Santos (2017, p.67), o PL “obteve parecer favorável do
Relator na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC) em 21 de novembro de
2017”. Neste sentido, com a aprovação do Projeto espera-se que sejam estabelecidos Limites
de Tolerância para exposição aos riscos presentes nesses ambientes, o incentivo do uso
obrigatório de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e atribuição do adicional de
insalubridade para os profissionais das áreas de arquivos, bibliotecas, museus e centros de
documentação e memória.
Contudo, é importante mencionar algumas questões controvérsias a respeito do
adicional. Para Santos (2007) em sua revisão na literatura, verificou-se que há autores que
discordam do pagamento de insalubridade, uma vez que a monetarização do risco afasta a
devida atenção do objeto mais importante das reinvindicações, a saúde do trabalhador. A
autora apresenta os posicionamentos do jurista Sebastião Geraldo de Oliveira quem
argumenta que “o valor pago é tão irrisório que o empresário não tem o incentivo para
melhorar o ambiente de trabalho, uma vez que o custo é de apenas 10%, 20% ou 40% do
salário mínimo por mês”. (OLIVEIRA, 2002, p. 362 apud SANTOS, 2007, não paginado).
Ainda para Oliveira (2002 apud SANTOS, 2007) o valor do adicional de insalubridade
deveria incidir sob o salário contratual do empregado, como acontece com o adicional de
periculosidade. É importante destacar que o direito ao adicional será segurado ao empregado
desde que seja comprovado por laudo pericial, além disso, os adicionais só podem ser
somados em casos de exposições a situações de risco de natureza diferente.
Embora não seja tema central desta seção, é importante perceber as diferenças entre
esses dois adicionais. Silva (2014) nos esclarece sobre as diferenciações: o adicional de
insalubridade refere-se a situações que exponha o trabalhador a agentes insalubres como
ruído, calor, vibrações, frio, umidade e outros agentes contidos na NR 15, enquanto o
adicional de periculosidade é concedido ao empregado que é exposto a inflamáveis,
explosivos, eletricidade, entre outras situações dispostas na NR – 16 Atividades e operações
perigosas e seus anexos. Oliveira (2002 apud SANTOS, 2007) ainda contribui no
47
entendimento de que os agentes periculosos provocam acidentes de trabalho, enquanto os
agentes insalubres ocasionam doenças profissionais ou do trabalho.
No âmbito do serviço público federal, o adicional de insalubridade é reconhecido no
Regime Jurídico Único através da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 (BRASIL, 1990)
em consonância a Lei n° 8.270, de 17 de dezembro de 1991 que dispõe sobre reajuste da
remuneração dos servidores públicos (BRASIL, 1991b). A normativa se dá por meio do Art.
68 da Lei nº 8.112/1990 que determinada que “os servidores que trabalhem com habitualidade
em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com
risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo” (BRASIL,
1990).
A Lei supracitada ainda menciona que o servidor que tiver o direito aos adicionais de
insalubridade e periculosidade deve optar por um deles além de passar por exames médicos a
cada 6 meses. Os percentuais para pagamento do adicional de insalubridade, incidentes sobre
o vencimento do cargo efetivo, terão como base os valores fixados de acordo com a legislação
específica Lei 8.270/1991, a saber: 5%, 10% e 20%, no caso de insalubridade nos graus
mínimo, médio e máximo, respectivamente (BRASIL, 1991b).
Cabe ressaltar que o Decreto nº 97.458, de 11 de janeiro de 1989 por meio do art. 1
estabelece que “a caracterização e a classificação da insalubridade ou periculosidade para os
servidores da administração federal direta, autárquica e fundacional será feita nas condições
disciplinadas na legislação trabalhista”. Portanto, os servidores públicos seguirão aos
dispostos do art. 189 a 197 da CLT. Além disso, os parágrafos 1º e 2º do art. 195 da CLT
estabelecem que:
§ 1º – É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias
profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a
realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o
objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades
insalubres ou perigosas.
§ 2º – Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por
empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz
designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver,
requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho
(BRASIL, 1943).
Tendo em vista os aspectos observados, o adicional de remuneração de insalubridade
deve ser visto como um recurso para reparar os efeitos danosos à saúde do bibliotecário e
auxiliá-lo, financeiramente, nos gastos oriundos de tratamentos, medicamentos e outros
mecanismos de defesa do organismo. Por isso, em concomitância ao pagamento de adicional
48
de insalubridade para a classe bibliotecária, é preciso pensar em medidas que visem melhoras
nas condições ambientais e ergonômicos do ambiente de trabalho desses profissionais.
No contexto das condições e situações insalubres vivenciadas no ambiente de trabalho
pelo bibliotecário, as próximas seções serão responsáveis por apresentar a relação do
profissional com seu ambiente de trabalho, a conceituação da biblioteca universitária, isto
porque foi escolhida como universo de pesquisa bem como destacar as principais fontes
geradoras de riscos e as doenças desencadeadas pela exposição aos agentes agressores à saúde
do bibliotecário.
49
3 O BIBLIOTECÁRIO E SEU AMBIENTE DE TRABALHO
A prática biblioteconômica remota à época das grandes bibliotecas do Mundo Antigo,
responsável pela guarda, preservação e disponibilização da História da Sociedade.
Compreender a história da biblioteca é fazer uma retomada na história da humanidade, pois
“em sua gênese, a instituição biblioteca foi construída na Antiguidade para atender os
interesses da realeza, quer do ponto de vista administrativo, religioso, científico, econômico,
político e cultural” (FERREIRA, 2012, p. 76).
No Brasil, a formação do profissional e oficialização do primeiro curso de
Biblioteconomia se deu a partir da iniciativa de Manuel Cícero Peregrino da Silva, então
diretor da Biblioteca Nacional, em 1911. Foi apenas em 1915 que o curso passa a funcionar
nos porões da Biblioteca Nacional, voltado especialmente para os funcionários da Biblioteca
Nacional (CÔRTE, 2015).
A regulamentação da profissão se deu através da Lei n° 4.084 de 30 de junho de 1962
que regula seu exercício e dispõe sobre a profissão do bibliotecário, sendo incluída ao quadro
das profissões liberais, grupo 19, anexo ao Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943
(Consolidação das Leis do Trabalho). A Lei é estruturada por 37 artigos, divididos em cinco
seções que sancionam o exercício e atribuições profissionais, a fiscalização do exercício da
Profissão do Bibliotecário sob Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) e Conselhos
regionais de Biblioteconomia (CRB), anuidade e taxas, disposições gerais e disposições
transitórias. Assim estabelece diretrizes para o exercício da profissão dispondo a
obrigatoriedade de formação em Bacharel em Biblioteconomia para a realização de atividades
pertinentes a área (BRASIL, 1962).
São atribuições dos Bacharéis em Biblioteconomia, a organização,
direção e execução dos serviços técnicos de repartições públicas
federais, estatais, municipais e autárquicas e empresas particulares
concernentes às matérias e atividades seguintes: a) o ensino da
Biblioteconomia; b) a fiscalização de estabelecimento de ensino de
Biblioteconomia reconhecidos, equiparados, ou em vias de
equiparação; c) administração e direção de bibliotecas; d) a
organização e direção dos serviços de informação; e) a execução dos
serviços de classificação e catalogação de manuscritos e de livros
raros e preciosos, de mapotecas, de publicações oficiais e seriadas, de
bibliografia e referência (BRASIL, 1962).
Outro documento relevante na área é o Código de Ética do Profissional Bibliotecário,
uma vez que "a ética faz parte da competência profissional, do domínio dos conhecimentos
50
necessários para desempenhar seu papel na sociedade, articulado com o domínio das técnicas,
das estratégias para realização do seu trabalho" como abordam Cuartas et al. (2003, p. 1).
Aranalde (2005, p. 354) comenta que:
A postura ética requerida de um profissional da informação, como no
caso de um bibliotecário, inclui a busca pelas melhores alternativas
para organização, recuperação e disseminação das informações, tendo
em vista as necessidades dos usuários com os quais interage e das
instituições em que está inserido.
No Brasil, a questão da ética no contexto da Biblioteconomia começou a partir do
primeiro trabalho elaborado por Laura Russo, apresentado no III Congresso Brasileiro de
Biblioteconomia e Documentação (CBBD), realizado em 1961. O texto foi aprovado pela
Plenária do Congresso e enviado à Federação Brasileira Associações Bibliotecários (FEBAB)
e para outras associações e instituições de ensino de Biblioteconomia no país, para que o
documento fosse analisado a fim de receber críticas ou sugestões de melhoria. No ano de
1963 foi aprovado, com algumas alterações do texto original de Laura Russo, o primeiro
Código Profissional dos Bibliotecários Brasileiros, durante o IV CBBD (CASTRO, 2000
apud CUARTAS et al., 2003, p. 3).
Vale ressaltar algumas disposições do Código de Ética Profissional do Bibliotecário,
como o art. 11° alínea “b” que assegura à classe biblioteconômica o direito de “apontar falhas
nos regulamentos e normas das instituições em que trabalha, quando as julgar indignas do
exercício profissional, devendo, neste caso, dirigir-se aos órgãos competentes, em particular,
ao Conselho Regional”. Além do mencionado, cabe ao bibliotecário em relação aos colegas
da classe, conforme disposto no art. 5°, alínea “c”:
[...] evitar a aceitação de encargo profissional em substituição a colega
que dele tenha desistido para preservar a dignidade ou os interesses da
profissão ou da classe, desde que permaneçam as mesmas condições
que ditaram referido procedimento (CONSELHO FEDERAL DE
BIBLIOTECONOMIA, 2002).
Souza e Silva (2007, p. 132) ainda destacam que:
A profissão de bibliotecário exige o emprego e muito esforço de todos
os sentidos humanos da pessoa que a exerce. Assim, o profissional
bibliotecário precisa estar em sintonia com o seu corpo e com sua
mente para responder aos seus compromissos profissionais, dando
destaque, no mínimo, para o que prescreve o Código de Ética de sua
51
profissão (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA,
2002).
A elaboração e publicação da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), em 2002,
sob responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), também foi um
importante normativo para a área. A CBO apresenta as ocupações existentes no mercado de
trabalho brasileiro, sendo uma ferramenta fundamental para estatísticas relacionadas ao
emprego-desemprego, estudo das taxas de natalidade e mortalidade das ocupações, elaboração
de currículos, no planejamento da educação profissional, no rastreamento de vagas, entre
outras (BRASIL, 2018). Conforme citado por Santos, Neves e Job (2004, p. 42-43), a CBO “é
o resultado de uma extensa análise das atividades desenvolvidas em cada ocupação, realizada
por trabalhadores que as exercem e que são reconhecidos pelos seus pares como alguém com
alto desempenho”.
Este documento apresenta a família biblioteconômica na CBO, encontrando-a através
do código n° 2612-05, inserida em uma classe maior denominada “Profissionais da
Informação”, código n° 261. Essa por sua vez está inserida no Grupo 2 – Profissionais das
Ciências e das Artes. Neste código estão inclusos os Bibliotecários, Documentalistas e
Analistas de informações (pesquisador de informações de rede) (SANTOS; NEVES; JOB,
2004; SOUZA; SILVA, 2007).
A CBO/2002 é uma fonte de informação e diretrizes no sentido de contribuir para o
conhecimento de atribuições pelo profissional bibliotecário bem como os empregadores.
Através desse documento são apresentadas as habilidades dos bibliotecários e os possíveis
mercados de atuação. No site do Ministério do Trabalho e Emprego são identificadas as
principais habilidades desse profissional:
Disponibilizam informação em qualquer suporte; gerenciam unidades
como bibliotecas, centros de documentação, centros de informação e
correlatos, além de redes e sistemas de informação. Tratam
tecnicamente e desenvolvem recursos informacionais; disseminam
informação com o objetivo de facilitar o acesso e geração do
conhecimento; desenvolvem estudos e pesquisas; realizam difusão
cultural; desenvolvem ações educativas. Podem prestar serviços de
assessoria e consultoria (BRASIL, 2002).
Ao abordar o espaço de trabalho do bibliotecário é inegável o elo com a instituição
biblioteca. Essa foi considerada pelo indiano Shiyali Ramamrita Ranganathan como um
organismo em crescimento e sempre experimentou as transformações dos milênios: da
utilização da pictografia e do papiro, a construções de grandes bibliotecas como a Biblioteca
52
de Alexandria datada de 323 a.C, a invenção do papel e da imprensa por Gutenberg, a
revolução industrial e a automação, a invenção do computador, o surgimento da informática,
microcomputadores e da internet, entre outros inventos. O advento da informática provocou
uma aceleração no surgimento de novos recursos na sociedade e modificou os
comportamentos sociais e profissionais, o que tem afetado a segurança, o controle, e as
perspectivas dos indivíduos em geral (VALENTIM, 2000).
As atividades desenvolvidas pelo bibliotecário também sofreram significativas
mudanças ao longo dos anos, sobretudo pela inserção de novas tecnologias em seu ambiente
de trabalho. De acordo com Morigi e Pavan (2004, p. 117) “o impacto das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC) é sentido sobre toda a vida social, seja no trabalho, no lazer
e nas relações entre os indivíduos”. Conforme Ferreira (2003, p. 45 apud DIAS, 2008, p. 20)
[...] as profissões da informação têm-se caracterizado pela variedade e
pela multiplicidade de suas funções, parece plausível que um mesmo
profissional realize, ao mesmo tempo, atividades consideradas
tradicionais e atividades emergentes.
Valentim (2000) revela que o desenvolvimento tecnológico influenciou e provocou
mudanças nos modelos tradicionais de trabalho, principalmente para os profissionais que
lidam com a informação. Neste sentido, Borges (2018, p. 57) destaca que a nova sociedade da
informação e do conhecimento introduziu novos processos e instrumentos tecnológicos,
induzindo o “uso de intensivo e em larga escala do computador para processamento de dados,
redes de informação e comunicação, automação de processos produtivos”.
Percebe-se o surgimento de um novo profissional que deve dispor de habilidades e
competências para a realização das suas tarefas: gestor, catalogador, classificador, indexador,
disseminador, pesquisador, entre outras. O know-how do bibliotecário aprimorou-se,
sobretudo pela contribuição que as novas tecnologias trouxeram para suas práticas de
trabalho.
Entretanto, como aponta Santos (2014, p. 32) “as novas formas de trabalho originadas
pela evolução tecnológica levaram bibliotecários e trabalhadores de bibliotecas a ficarem mais
tempo frente a tela de computadores”. A autora ainda destaca que a automação dos serviços
ocasionou o surgimento de outras tarefas e o aumento da carga de trabalho, sobretudo aquelas
exercidas na posição sentada. Silva e Araujo (2003) ainda apontam que “a revolução
industrial, também, ajudou a mudança da biblioteca/museu, que deixou de ser a única
alternativa, passando a existir a biblioteca/serviço, oferecida ao público”.
53
Ainda para Valentim (2000) tradicionalmente o mercado de trabalho mais reconhecido
pela sociedade e até mesmo pelo bibliotecário é o espaço da biblioteca. Neste contexto,
Targino (1984, p. 35 apud SANTOS, 2014) apresenta a tipologia desses espaços: públicas,
infanto-juvenis, especializadas, especiais, universitárias, escolares, ambulantes, comunitárias
e particulares. Apesar disto, é importante destacar os novos campos de atuação para esse
profissional:
As empresas privadas, independentemente de possuir uma biblioteca
ou um centro de informação/documentação, podem utilizar a mão de
obra de profissionais bibliotecários, como o setor de
informática/microinformática da empresa, uma vez que este setor gera
farta documentação de sistemas e necessita gerenciar, processar e
recuperar as informações. Outro setor em empresas privadas que
necessita de um profissional bibliotecário é a área de planejamento
estratégico, aqui o profissional da informação terá a função básica de
buscar informação relevante para a organização, disseminando-a para
setores chave da empresa, utilizando-se das tecnologias de informação
para distribuí-la (VALENTIM, 2000, p. 23).
Percebe-se um leque com diversos campos de atuação para os profissionais da
informação como em editoras e livrarias onde pode ser realizado o processo de normalização
das publicações, desenvolvimento de coleções para os clientes bem como a organização e
recuperação; em provedores da internet e bancos de dados, pois são âmbitos que necessitam
de organização e disponibilização das informações contidas em seus sites. Desta forma, esse
profissional, neste caso o bibliotecário, deve entender a informação como objeto central de
trabalho, conhecer e trabalhar as tecnologias da informação, fazer uso das técnicas
administrativas, criar produtos e serviços informacionais orientados pelas necessidades de
seus usuários, reorganizar a estrutura organizacional da unidade de informação quando for o
caso, utilizar outras ferramentas que ajudem nos processos da unidade, entre outras
capacidades (VALENTIM, 2000).
As alterações que as novas tecnologias trouxeram para o ambiente de trabalho e para
os campos de atuação dos bibliotecários também tiveram influência sob a necessidade de
surgimento de um novo perfil de profissional tanto na área de atuação como no mundo do
mercado de trabalho. Conforme destacam Arruda et al. (2000, p. 17) é requerido “ao
profissional além de maior qualificação profissional, maior envolvimento emocional e social
do trabalhador”. Os autores destacam a importância de um novo perfil de profissional que seja
comunicativo, possua a capacidade de interpretar dados, trabalhe em inter, multi ou
54
transdisciplinaridade com outras áreas para atingir os objetivos da organização e no contexto
informacional, a geração, absorção e troca de conhecimento.
Além das alterações no perfil do profissional e campos de atuação, que exigem maior
qualificação profissional, as transformações nos espaços de trabalho são evidentes e demanda
do bibliotecário, aptidão para atuar em situações de trabalho diferenciadas. Torna-se evidente
“o conteúdo e a forma como o trabalho é realizado, como o trabalhador se relaciona e se
socializa no ambiente de trabalho”, de acordo com Arruda et al. (2000, p. 18). Assim, Souza
(2008 apud ARAUJO, 2014) preconiza que a biblioteca deve ser configurada em um espaço
propício ao trabalho do bibliotecário que deve atentar-se para as condições ambientais,
localização geográfica da unidade, acervo, mobiliário e layout dos setores (administrativos,
processamento técnico, referência, entre outros).
Conforme exposto, a literatura apresenta diferentes espaços para a atuação do
bibliotecário. Para este estudo, o campo empírico de análise selecionado foi a biblioteca
universitária, principalmente pelo papel primordial na produção de conhecimento por meio de
suas contribuições no ensino, pesquisa e extensão. Neste sentido, torna-se necessário uma
breve explicação desse tipo de instituição.
3.1 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
A palavra biblioteca analisada a partir da sua estrutura etimológica origina-se da
palavra grega bibliotheke que deriva dos radicais gregos biblion que significa “papel ou rolo
com escrita” e theke que tem o significado de “depósito”. Inicialmente, funcionavam como
“depósito de livros”, armazenando o conhecimento produzido de maneira restrita ao público
(CUNHA, 1997 apud SANTOS, 2012).
A Idade Média foi marcada pelo surgimento de três tipos de bibliotecas: as monacais,
as particulares, juntamente com as Bizantinas e ao final do século, as bibliotecas
universitárias. Até então a biblioteca era vista apenas como uma guardiã dos livros. Contudo,
devido ao crescimento do comércio livreiro e importantes mudanças intelectuais e sociais
ocorridas na Europa do século XIII, as primeiras bibliotecas universitárias surgem em paralelo
às primeiras universidades na Europa, sobretudo em Bolonha e Paris. Das principais
bibliotecas universitárias destacam-se a Biblioteca Jurídica de Orléans na França, a Biblioteca
Médica de Paris, a Biblioteca de Oxford, fundada em 1334, na Inglaterra e a de Cambridge,
fundada em 1444, na Inglaterra (REBELO, 2011; SANTOS, 2012).
55
A partir do Renascimento, há um crescimento das bibliotecas universitárias motivado
pelo cenário característico do período: o livro como manifestação de status social. Com a
criação das bibliotecas universitárias, essas instituições assumem a função social de
disseminadoras de informação bem como o bibliotecário passa a ser agente central nas
bibliotecas, principalmente pelo seu caráter de disseminador da informação. Neste sentido,
desde a Antiguidade até a atualidade foi assistido o processo evolutivo das bibliotecas.
Decorrente dessa trajetória os processos e atividades funcionais desenvolvidas em bibliotecas
foram transformados bem como o conceito e objetivos dessa instituição foram adaptados de
acordo com o contexto vivenciados por elas e a partir do interesse e das necessidades
informacionais de diversos usuários (SILVA; ARAUJO, 2003; SANTOS, 2012; SILVEIRA,
2014).
Como aponta Pinheiro (2007, p. 20 apud ARAUJO, 2014) o conceito de biblioteca
sofreu alteração, sobretudo no século XV pelo advento da imprensa que parte da ideia de
armazenamento dos registros de conhecimento com o acesso restrito para um espaço aberto
que proporciona a diferentes públicos o acesso à informação, à cultura, à pesquisa e à
produção do conhecimento. Neste contexto, a Unesco (2009 apud SANTOS, 2014, p. 30) vai
definir biblioteca como:
[...] uma coleção organizada de documentos de vários tipos, aliada a
um conjunto de serviços destinados a facilitar a utilização desses
documentos, com finalidade de oferecer informações, propiciar a
pesquisa, concorrer para a educação e lazer.
O século XXI vem sendo marcado pelas transformações que a revolução digital tem
proporcionado. Diferentes instituições reúnem esforços para manter-se relevante no mercado
e a biblioteca, em especial a universitária, percebe a “necessidade de adaptações a assegurar
que as bibliotecas continuem a fazer parte integrante do compromisso da nossa sociedade com
a educação e ao acesso igualitário à informação” (CUNHA, 2010, p. 1).
Muitas foram então as inovações técnicas experimentadas pelas
bibliotecas universitárias em sua trajetória até a contemporaneidade.
Entre estas se têm a introdução de novos métodos de análise,
representação, organização, armazenamento e recuperação de
informações que se sucederam à medida que os suportes de fixação do
conhecimento humano foram evoluindo. Todavia, nada se compara à
introdução da informática combinada às telecomunicações, a qual
imprimiu nova dinâmica no ambiente de trabalho dessas organizações
(FERREIRA, 2012, p. 78).
56
Portanto, é evidente que ao longo dos anos as bibliotecas sofreram alterações, mas
nunca deixaram de lado a responsabilidade de armazenamento, organização e disponibilização
da informação, visando atender as demandas informacionais do seu público que se constitui
de alunos, docentes, pesquisadores e servidores vinculados à instituição a qual pertence. Além
disso, a biblioteca vista como uma organização social é uma instituição de suporte à
organização à qual está inserida, neste sentido absorve, reflete e reprocessa as características
organizacionais de sua mantenedora, a universidade, a fim de atingir objetivos específicos
(SANTA HELENA, 2009; TARAPANOFF, 1982).
Neste sentido, a biblioteca universitária é parte integrante da universidade com função
social, uma vez que “universidade e biblioteca são agências sociais organizadas para atender
as necessidades da comunidade acadêmica e da sociedade de forma geral” (AQUINO, 1996,
p. 185-197 apud SOUTO, 2016, p. 2). Ainda para a autora, a biblioteca universitária tem a
finalidade de oferecer suporte ao ensino, pesquisa e extensão de modo a subsidiar o
desenvolvimento da educação, cultura e da ciência. Assim é caracterizada como uma
“organização prestadora de serviço de informação apoiando as atividades de ensino, aos
docentes, aos discentes e aos pesquisadores da universidade, pois em seu âmbito inicia o
processo de geração de conhecimento” (RIBEIRO, 2007 apud SOUTO, 2016, p. 2)
As bibliotecas universitárias possuem diversas funções, constituindo-se em
organizações complexas e como uma série de procedimentos, produtos e serviços. Apesar de
toda complexidade, o seu propósito é proporcionar acesso ao conhecimento. Em especial nas
instituições de ensino, a biblioteca universitária é vista como fonte provedora das informações
demandadas, seja pelo estudante, professor ou pesquisador, para a produção de conhecimento.
São instituições com papel fundamental nas atividades de pesquisa para a produção do
conhecimento das universidades. Assim, tais bibliotecas são responsáveis pelo suporte ao
ensino, pesquisa e extensão (CUNHA, 2010; TARAPANOFF, 1982). De acordo com
Damasio (2004, p. 1 apud SANTA HELENA, 2009, p. 5):
A biblioteca universitária detém um papel essencial nos processos de
pesquisa e inovação do país. Detém o conhecimento universitário e
têm a principal função de intermediárias entre o conhecimento
científico e tecnológico e seus usuários, pessoas físicas ou jurídicas.
Em 1970, durante 16ª Assembleia Geral da Unesco as bibliotecas foram classificadas
em seis categorias: nacionais, de instituições de ensino superior, especializadas, escolares,
públicas e importantes não especializadas. As bibliotecas de instituições de ensino superior
57
podem ser categorizadas por: bibliotecas universitárias centrais; bibliotecas de institutos e
departamentos universitários; bibliotecas de centro de ensino superior que não fazem parte da
universidade (REBELO, 2011).
Portanto, a biblioteca universitária depende da universidade que a mantêm, refletindo
suas características e objetivos a fim constituírem-se em espaços de aprendizagem e produção
do conhecimento. Assim considera-se uma extensão da universidade que oferece serviços
com o intuito de promover, disseminar e transferir informações que garantam a atuação da
comunidade (alunos, professores e pesquisadores) na promoção do ensino, pesquisa e
extensão.
3.2 PRINCIPAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS
Diante das mudanças ocorridas no mundo científico e tecnológico, as organizações
vêm sofrendo transformações em suas estruturas organizacionais, sobretudo em seus
processos de trabalho, atividades e recursos humanos. A fim de obter uma base argumentativa
para exigências por melhores condições de trabalho, é importante identificar as atividades
desenvolvidas em bibliotecas, em especial para este estudo, as bibliotecas universitárias.
Assim, esta seção é responsável por apresentar as principais atividades e tarefas rotineiras das
bibliotecas universitárias, segundo a literatura.
Conforme mencionado por Ferreira (2012) foi, experimentada nas bibliotecas,
principalmente as universitárias, a inserção de novas técnicas que introduziram aos processos
de trabalhos novos métodos para o tratamento e distribuição da informação. As contribuições
da informática e das telecomunicações possibilitaram a introdução de processos técnicos mais
robustos e eficientes. Além disso, Lancaster (1993) destaca que profissionais que lidam com a
informação como atividade finalística encontram-se desafiados frentes as inovações
tecnológicas, pois cada vez mais devem elaborar produtos e serviços que atendam as
necessidades informacionais de seus usuários.
Como observado nas seções anteriores, a biblioteca possui como matéria prima a
informação, e na biblioteca universitária essa informação serve para atender as necessidades
informacionais e contribuir para produção acadêmica dos estudantes, professores,
pesquisadores e toda as pessoas que compõem a comunidade universitária. Em vista do
contexto de produção informacional exponencial que os cidadãos estão inseridos, a biblioteca
universitária deve dispor de mecanismos para cumprir seu papel social referente ao ensino,
58
pesquisa e extensão, por isso ela deve engajar-se em atividades e tarefas para aperfeiçoar os
produtos e serviços a fim de atender as necessidades informacionais do seu público alvo e
potencial.
Há abordagens que identificam atividades básicas da biblioteca como adquirir e
armazenar materiais bibliográficos; identificar e localizar os materiais; e apresentar estes
materiais para os usuários. Na abordagem de Gilda Pires Ferreira (apud TARAPANOFF,
1982) as atividades desenvolvidas estão alinhadas aos objetivos de formação e
desenvolvimento de coleções; promoção de acesso às coleções; assistência ao usuário; e
cooperação entre bibliotecas. Desta forma, tradicionalmente, as bibliotecas universitárias
desenvolvem atividades como: processos técnicos, serviços ao público, administração.
Em bibliotecas são desenvolvidos diversos processos e subprocessos pelos setores
responsáveis. Os processos técnicos referem-se às atividades de seleção, tratamento e
preservação da informação. O fundamento dos processos técnicos está na concepção de
possibilitar a recuperação, acesso e uso da informação pelo usuário, por isso e em virtude das
mudanças tecnológicas, os processos devem ser continuamente adaptados de modo a oferecer
serviços qualitativos e dinâmicos (REIS; BLATTMANN, 2004; ARAUJO, 2015).
Categoricamente exposto pela CBO (2002 apud SANTOS; NEVES; JOB, 2004) as
atividades e tarefas relacionadas aos processos técnicos dos recursos informacionais são:
registro; classificação; catalogação; elaboração de linguagens documentárias, resenhas e
resumos; prestar informações para o desenvolvimento de bases de dados; efetuar manutenção
de bases de dados; gerenciar qualidade e conteúdo de fontes de informação; reformatar
suportes; migrar dados; e desenvolver metodologias para gerenciamento de documentos
digitais e eletrônicos; adquirir, inventariar, conservar, preservar e descartar acervo, entre
outras.
Os serviços voltados para o atendimento ao público incluem a circulação, referência,
serviço de orientação ao usuário e auxílio direto no uso da biblioteca por meio de
treinamentos e cursos. Nas atividades desenvolvidas que envolvem diretamente o usuário
estão: localizar e recuperar informações; prestar atendimento personalizado que inclui
orientação ao usuário quanto às diversas linguagens para recuperação da informação bem
como o funcionamento e recursos da Unidade de Informação; elaborar estratégias de buscas
avançadas; intercambiar informações e documentos; controlar circulação de recursos
informacionais; disseminar seletivamente a informação; elaborar clipping de informações;
elaborar boletim bibliográfico, entre outros (TARAPANOFF, 1982; CBO, 2002 apud
SANTOS, NEVES, JOB, 2004).
59
Além dos processos técnicos e serviços prestados aos usuários, as bibliotecas
universitárias devem habitualmente “monitorar e aprimorar [...] suas políticas de gestão, uma
vez que fatores como satisfação dos usuários, qualidade em serviços, gerenciamento eficiente
da produção entre outros, são fundamentais para o sucesso e sobrevivência em longo prazo”
(SILVA; SCHONS; RADOS, 2006, p. 16 apud JACQUES, 2015, p. 49)
Na atual Sociedade da Informação, o gerenciamento das unidades de informação é
processo fundamental para permanência das bibliotecas frente às novas demandas do
mercado. Para isso, os gestores de bibliotecas devem estar cientes da visão, missão e dos
objetivos da instituição a qual atende além de participar nos processos e serviços gerenciais.
Dos serviços gerenciais em bibliotecas, destacam-se: elaborar programas e projetos de ação;
projetar custos de serviços e produtos; implementar atividades cooperativas entre instituições;
administrar o compartilhamento de recursos informacionais; desenvolver planos de
divulgação e Marketing; desenvolver políticas de informação; projetar unidades, redes e
sistemas de informação; automatizar unidades de informação; desenvolver padrões de
qualidade gerencial; controlar a execução dos planos de atividades; elaborar políticas de
funcionamento das unidades, redes e sistemas de informação; controlar a segurança
patrimonial da unidade, rede e sistema de informação, entre outros (BRASIL, 2002 apud
SANTOS, NEVES, JOB, 2004, p. 51-52)
É importante salientar os recursos humanos nas bibliotecas universitárias.
Normalmente, a equipe da biblioteca é formada pelo bibliotecário-chefe, bibliotecários e
demais funcionários como auxiliares de biblioteca, técnicos em Biblioteconomia, técnicos-
administrativos e estagiários. Para o funcionamento pleno da unidade é imprescindível que o
quadro de pessoal e as atividades sejam bem definidos, delegando tarefas profissionais para
bibliotecários e tarefas não-profissionais para técnicos e auxiliares de biblioteca (BARBOSA,
2005 apud SANTA HELENA, 2009).
3.3 RISCOS OCUPACIONAIS EM BIBLIOTECAS
Toda atividade profissional tem a probabilidade de oferecer riscos nocivos à saúde
visto que em determinadas situações pode haver a ocorrência de algum desequilíbrio ou dano
ao indivíduo. Conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (2010, p. 6) o termo
saúde refere-se ao “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente
a ausência de doença”. Essa definição corrobora ao que foi proposto pela Agenda 2030 que
60
defende a promoção do trabalho decente, a proteção dos direitos trabalhistas e promoção de
ambientes de trabalho seguros e protegidos para todos os trabalhadores.
Vale destacar que o conceito de saúde vai além da presença ou não de alguma
enfermidade, ele envolve a harmonia dos aspectos culturais, sociais e físicos. Por isso, os
sentidos de saúde e doença, conforme Czeresnia, Maciel e Oviedo (2013) estão sujeitos a
transformações ocorridas nos contextos sociais e econômicos que repercutem nos modos de
perceber e agir em diferentes épocas. Ainda para os autores, “o tema da saúde é relacionado a
características que se vinculam ao bem-estar, mas que não são definidas de modo científico,
[ou seja], não há um conceito de saúde cientificamente fundamentado” (CZERESNIA;
MACIEL; OVIEDO, 2013, p. 11).
Deste modo, Canguilhem (1995 apud CZERESNIA; MACIEL; OVIEDO, 2013) irão
dizer que o estado da saúde e doença não deve ser pensado de modo cristalizado, mas
processual e dinâmico. Desta forma, o autor ainda ressalta que a saúde perfeita ou bem-estar
absoluto é uma utopia, pois as perturbações fazem parte da vida. Assim, a saúde pode ser
compreendida como a recuperação do indivíduo a determinada doença.
Apesar dos riscos que os profissionais estão sujeitos em seu ambiente de trabalho,
Mauro et al. (2004) preconiza que a vida humana deve ser alicerçada no equilíbrio dos
componentes biológicos e psíquicos da personalidade bem como nos fatores sociais e do
ambiente. A harmonia entre esses elementos proporciona ao indivíduo a sensação de bem-
estar. Neste sentido, para a obtenção de um ambiente saudável de trabalho é necessário
considerá-lo como um espaço para promoção da saúde e de atividades preventivas. Considera-
se ambiente de trabalho saudável como:
[...] aquele em que os trabalhadores e os gestores colaboram para o
uso de um processo de melhoria contínua da proteção e promoção da
segurança, saúde e bem-estar de todos os trabalhadores e para a
sustentabilidade do ambiente de trabalho tendo em conta as seguintes
considerações: [...] questões de segurança e saúde no ambiente físico
de trabalho; questões de segurança, saúde e bem-estar no ambiente
psicossocial de trabalho, incluindo a organização do trabalho e cultura
da organização; recursos para a saúde pessoal no ambiente de
trabalho; envolvimento da empresa na comunidade para melhorar a
saúde dos trabalhadores, de suas famílias e outros membros da
comunidade (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2010, p. 6).
Para isso, torna-se necessária maior atenção no ambiente laboral dos trabalhadores,
pois são espaços propícios à exposição de riscos ocupacionais. Deste modo, medidas
preventivas devem ser tomadas no sentido de mitigar os riscos inerentes das atividades
61
exercidas. O estudo do ambiente de trabalho é fundamental para o reconhecimento das
principais características que contribuem para acidentes de trabalho. Neste sentido, Porto
(2008, p. 5) destaca que:
A análise dos riscos nos locais de trabalho deve necessariamente
incorporar a vivência, o conhecimento e a participação dos
trabalhadores, já que eles realizam o trabalho cotidiano e sofrem seus
efeitos e, portanto, possuem um papel fundamental na identificação,
eliminação e controle dos riscos.
As últimas décadas evidenciaram a preocupação em estudar os riscos nos locais de
trabalho. Foi assistida, sobretudo nos países da Europa e América do Norte, a mudança na
perspectiva de análise da causa de um acidente ou doença. Neste sentido, Porto (2008, p. 5)
revela que “em vez de sistemas compensatórios e de fim de linha, busca-se enfatizar mais o
aspecto preventivo, ou seja, atuar no controle e eliminação dos riscos na fonte, e não após a
ocorrência de acidentes e doenças”. Desta forma, atualmente há um enfoque em estudos
elaborados com antecedências orientados ao reconhecimento das possíveis fontes geradas de
riscos, agindo de maneira preventiva no controle e eliminação dos riscos.
Além de considerar o trabalhador como sujeito fundamental na análise e controle de
riscos, foram incorporadas outras questões relevantes para a análise de riscos como a própria
organização do trabalho e as práticas gerenciais sejam como aspectos fundamentos nas
políticas de segurança e saúde das empresas como também possíveis fontes de acidentes,
doenças ou sofrimentos ao trabalhador (PORTO, 2008). O autor supracitado ainda destaca:
A análise de riscos nos locais de trabalho não é um mero instrumento
burocrático: é um processo contínuo, que precisa periodicamente ser
revisado, principalmente quando surgem novas circunstâncias, como
mudanças tecnológicas ou organizacionais nas empresas (PORTO,
2008, p. 6).
Nessa perspectiva, é importante salientar que a inserção de novas tecnologias de
informação e automação possibilitou a ampliação das atividades e serviços oferecidos pelas
unidades de informação, constituindo-se instrumentos fundamentais para o trabalho
biblioteconômico. No entanto, a Organização Mundial da Saúde dá destaque aos problemas
de saúde ocupacional, em diferentes áreas, que foram desenvolvidos a partir do uso desses
mecanismos (SOUZA; SILVA, 2007).
Segundo estimativas do Observatório digital de Saúde e Segurança do Trabalho ainda
ocorrem um acidente de trabalho a cada 52 segundos no Brasil (SEGURANÇA... 2018). Já no
âmbito biblioteconômico, a pesquisa realizada por Santana (2014), tendo como base dados
62
estatísticos coletados nas planilhas da Previdência Social brasileira, evidencia o quantitativo
de profissionais da informação (bibliotecários e arquivistas) que foram afastados de seus
postos de trabalho e receberam auxílio doença nos anos de 2008 a 2013. Das doenças com
mais incidências de afastamentos estão àquelas ligadas a transtornos mentais e
comportamentais; doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo; lesões,
envenenamento e algumas outras consequências de causas externas. Em matéria publicada
pelo Jornal do Brasil no ano de 2004 é mencionado que:
As doenças relacionadas ao stress e à fadiga física e mental também
são apontadas por especialistas como as que mais afetam os
trabalhadores apesar da subnotificação dos casos. É o que aponta uma
pesquisa realizada em 2002 pelo Laboratório de Saúde do Trabalhador
na UnB a partir de dados fornecidos pelo INSS. O estudo mostrou que
bibliotecários e profissionais de saúde são os que mais se afastam por
causa de doenças mentais (DOENÇAS..., 2004 apud SOUZA; SILVA,
2007, p. 132).
Conforme assinalado pela Trivaleto (1998 apud BRASIL, 2001, 37) o termo risco é
originário da palavra inglesa hazard traduzida para o português como perigo ou fator de risco
ou situação de risco que se refere a “uma condição ou conjunto de circunstâncias que tem o
potencial de causar um efeito adverso, que pode ser: morte, lesões, doenças ou danos à saúde,
à propriedade ou ao meio ambiente”. A partir da definição estabelecida pela Occupational
Health and Safety Assessment Services (2007, p. 2) perigo é entendido como “fonte, situação
ou ato com um potencial para o dano em termos de lesões, ferimentos ou danos para a saúde,
ou uma combinação destes”.
O conceito de risco é definido como a “combinação da probabilidade da ocorrência de
um acontecimento perigoso ou exposições e da severidade das lesões, ferimentos ou danos
para a saúde, que pode ser causada pelo acontecimento ou pelas exposições”
(OCCUPATIONAL HEALTH AND SAFETY ASSESSMENT SERVICES, 2007, p. 4).
Porto (2000) corrobora ao dizer que o conceito de risco, no contexto da saúde dos
trabalhadores, está associado à possibilidade de perda, dano ou perigo gerada por algum
elemento ou circunstância presente no ambiente ou em determinado processo de trabalho.
Essas situações geradoras de riscos podem causar danos à saúde do trabalhador, seja por um
acidente de trabalho, doença ou sofrimento.
Desta forma, o conceito de risco ocupacional está ligado à existência da probabilidade
da ocorrência de algum dano à vida do trabalhador. Além disso, Porto (2000, p. 9) destaca que
o termo é utilizado “para se referir aos riscos para a saúde ou a vida dos trabalhadores
63
decorrentes de suas atividades ocupacionais”. Assim risco ocupacional está associado ao risco
inerente a uma função exercida rotineiramente.
Esses agentes que causam danos à saúde do trabalhador são classificados, de acordo
com sua natureza, pelo Ministério do Trabalho e Emprego como riscos, físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos e acidentais ou mecânicos. Podem também envolver nuances dos
aspectos de ordem sociocultural, política psicológica e ética, de acordo com Lima e Silva;
Rover (2006). É importante destacar que é feita uma diferenciação dos tipos de riscos através
das cores, a fim de facilitar a sinalização no ambiente de trabalho, contribuindo para a
segurança do trabalhador. O quadro abaixo demonstra a Classificação dos riscos ocupacionais
quanto à natureza e as respectivas cores de sinalização.
QUADRO 3 – Classificação dos riscos ocupacionais quanto à natureza
Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV Grupo V
Riscos
Físicos
Riscos
Químicos
Riscos
Biológicos Riscos ergonômicos
Riscos de
Acidente
Ruídos Poeiras Lixo urbano Esforço físico
levantado
Arranjo físico
inadequado
Vibrações Fumos Vírus Levantamento de e
transporte de peso
Máquina sem
proteção
Radiações
ionizantes
Névoas Bactérias Exigência da postura
inadequada Ferramentas
inadequadas e
defeituosas Neblinas Protozoários Controle rígido da
produtividade
Gases Fungos Iluminação deficiente Probabilidade de
incêndio ou
explosão Radiações
não-
ionizantes
Vapores Parasitas Imposição de ritmos
excessivos
Substâncias
compostos ou
produtos
químicos em
geral
Bacilos Trabalho em turno
noturno Eletricidade
Doenças
Infectoconta-
giosas
Jornada de trabalho
prolongada
Armazenamento
inadequado
Temperatura
(frio e calor)
Monotonia e
repetitividade
Animais
peçonhentos
64
Umidade Esgoto
Outras situações
causadas de stress
físico ou psíquico
Outras situações
de risco
Fonte: (BRASIL, 1994).
Categoricamente pode-se identificar que os riscos ocupacionais são classificados em
cinco grupos de acordo com a Portaria n° 3.214, do Ministério do Trabalho do Brasil, de
1978: risco físico, químico, biológicos, ergonômico e mecânico. A presença desses riscos no
ambiente ocupacional, em grau elevado de exposição, afeta diretamente a saúde do
profissional. O termo exposição refere-se ao “contato da substância ou agente tóxico com as
barreiras representadas pelas vias de introdução, podendo ou não ser absorvido” (VIEIRA,
1998, p. 83 apud SANTOS, 2007, não paginado). Em relação às vias de introdução, o autor
ainda destaca os principais acessos das substâncias no organismo humano: via digestiva; via
cutânea; via pulmonar; via parenteral; via ocular.
Neste sentido, riscos ocupacionais têm seu surgimento a partir das atividades
insalubres e perigosas decorrentes das condições ou métodos de trabalho que podem provocar
efeitos adversos à saúde do profissional. Além disso, Mauro et al. (2004) destacam que os
profissionais especializados em Higiene e Segurança do Trabalho possuem um consenso em
priorizar a obtenção de um ambiente totalmente saudável em detrimento de gratificações
financeiras como os adicionais de insalubridade e periculosidade. O autor comenta que essas
condições adversas à saúde do profissional costumam ser despercebidas pelos gerentes bem
como passam a ser tornar rotineira para o trabalhador, que muitas das vezes costumam manter
um autocontrole dos sintomas.
Em conformidade com o estabelecimento pelo Ministério da Saúde do Brasil o
reconhecimento das condições de risco no ambiente de trabalho é fundamental para a
identificação dos agentes potenciais de risco a saúde do trabalhador (BRASIL, 2001). Deve
ser realizado um conjunto de procedimentos que visam à identificação da existência ou não
dos riscos, e em caso da confirmação da presença desses agentes etiológicos, servir de
fundamento para tomadas de decisões quanto às ações que deverão ser implementadas.
Conforme exposto por Marano (2003 apud TERSARIOLLI, et al., 2005, p. 38) agentes
etiológicos das doenças ocupacionais referem-se
[...] àquelas numerosas causas que têm a capacidade de provocar no
homem um desequilíbrio físico-orgânico de suas funções e que se
65
traduzem por alterações funcionais, trazendo como consequência um
estado que foi denominado como doença.
Deste modo, torna-se necessário o estudo e identificação das possibilidades de geração
e dispersão desses agentes nocivos inerentes aos processos de trabalho, às máquinas, às
operações e outros equipamentos utilizados nas bibliotecas bem como os produtos químicos e
demais matérias-primas que são utilizadas para a manutenção dos acervos. Neste sentido, as
bibliotecas assim como os arquivos mencionados por Xarão (2009, p. 34) são locais
“propensos a inúmeros fatores de risco, como acidentes, problemas ergonômicos, ataques
biológicos, entre outros”. Ademais, Souza e Silva (2007, p. 135) preconizam que:
[...] conhecer os direitos profissionais e os riscos potenciais que o
bibliotecário sofre à sua saúde, no ambiente de trabalho, representa
hoje um capital teórico que poderá resultar em instrumento de
valorização profissional e conquista de saúde e bem estar.
Cada um desses de riscos possui agentes que produzem possíveis efeitos adversos à
saúde, assim torna-se necessário o conhecimento a respeito das fontes geradoras de risco em
bibliotecas. Para isso, as próximas subseções descrevem os riscos ocupacionais segundo o
Ministério do Trabalho e Emprego, com base nas definições apresentadas pela Fiocruz e
disposto nas Normas, além de trazer apontamentos do Campo da Biblioteconomia.
3.3.1 Agentes físicos
São riscos decorrentes da exposição às diversas formas de energias, tais como: ruído,
calor, frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração, etc.
Relacionado aos agentes de ordem física nos ambientes das bibliotecas, podem-se identificar
aqueles relacionados ao calor, frio e umidade. Conforme Strausz, Machado e Brickus (2007,
p. 25) “a qualidade do ar de interiores de ambientes climatizados é uma preocupação mundial
há mais de vinte anos, principalmente em países dependentes de climatização artificial”. A
autora destaca que diversos estudos comprovam a influência dos agentes físicos, químicos e
biológicos nas manifestações patológicas dos trabalhadores, sobretudo pela crescente
utilização dos equipamentos de ar condicionado. Deve haver maior atenção a esses agentes,
pois podem provocar predisposições ou agravar outras doenças.
Da mesma maneira que “o calor e a umidade contribuem significativamente para a
destruição dos documentos, principalmente quando em suporte-papel”, como destaca Cassares
66
(2000), esses agentes podem provocar efeitos adversos saúde dos bibliotecários. Além disso,
o autor comenta que “evidências de temperatura e umidade [relativamente] altas são
detectadas com a presença de colônias de fungos nos documentos” que em ordem biológica
também pode ser considerado um agente agressor aos profissionais e usuários que lidam com
esses materiais.
Trinkley (2001, p. 52) aponta que “o sistema de climatização constitui uma questão de
preservação frequentemente problemática” uma vez é necessário para a conservação dos
papéis, filmes e outros materiais, mas também pode prejudicar o conforto térmico dos
funcionários e usuários. O autor destaca que os “níveis de umidade de 30% podem ser bons
para o papel e o filme, mas podem também contribuir para o desenvolvimento de infecções
respiratórias das vias superiores entre os funcionários e os usuários” (TRINKLEY, 2001, p.
52).
Em relação às condições ideais para a permanência em ambiente de trabalho
climatizado artificialmente, Rocha (1998 apud STRAUSZ; MACHADO; BRICKUS, 2007)
recomenda que níveis de temperatura para a zona de conforto variem de 20 a 25°C e de 50 a
55% para a umidade relativa do ar. Os níveis de temperatura, umidade e velocidade do ar são
fundamentais para atingir o conforto térmico, já que níveis muito acima do estabelecido
podem provocar sonolência e níveis abaixo de 18% podem provocar tremores. De acordo com
Iida (2005, p. 499) “umidades abaixo de 40% favorecem a evaporação do suor, mas
aumentam o risco de infecções respiratórias. O ar seco provoca ressecamento e fissuras nas
vias respiratórias, por onde penetram as bactérias presentes no ar”.
Cada atividade realizada em bibliotecas requer níveis de umidade, temperatura e
circulação do ar adequados para a saúde do bibliotecário durante sua jornada de trabalho.
Assim, Lima e Silva (2014 apud SANTANA, 2014, p.62) preconizam limites recomendáveis
para o conforto dos profissionais, conforme quadro a seguir:
QUADRO 4 – Limites de Temperatura, Umidade e Circulação de Ar
Atividades desenvolvidas Item de climatização Limites
Tarefas de administração e treinamento TEMPERATURA 17-27ºC
Trabalhos em áreas de pintura, desenho,
artes gráficas, laboratório de restauração TEMPERATURA 18-22ºC
Bibliotecas, Arquivos e Museus TEMPERATURA +/- 20ºC
Áreas de armazenamento TEMPERATURA 10-12,7ºC
67
Trabalhos em áreas de pintura,
desenho, artes gráficas e
laboratórios de restauração
CIRCULAÇÃO DE AR
(Velocidade do fluxo de
ar nos sistemas de ar
condicionado)
0,25 m/s
Outras atividades
CIRCULAÇÃO DE AR
(Velocidade do fluxo de
ar nos sistemas de ar
condicionado)
0,35 m/s
Tarefas de administração e
Treinamento
CIRCULAÇÃO DE AR
(Troca de ar) 30 m³/h
Trabalhos em laboratórios de
Restauração
CIRCULAÇÃO DE AR
(Troca de ar) 30 m³/h
Outros locais de atividade CIRCULAÇÃO DE AR
(Troca de ar) 50 m³/h
Fonte: (LIMA e SILVA, F. H. A, 2014, p. 39-40 apud SANTANA, 2014, p. 62).
Além disso, Trinkey (2001) indica que haja ventilação nas bibliotecas, pois, no olhar
da preservação do acervo, minimiza a probabilidade de eclosão de mofo e na perspectiva da
integridade física do bibliotecário e dos usuários, assegura a saúde e o bem-estar. Também é
importante ressaltar a necessidade de manutenção das tubulações de ar. Desta forma,
recomenda-se que a velocidade do ar entre 0,1 e 0,2 m/s em trabalhos leves a temperaturas
indicadas.
Outro fator de risco físico presente nas bibliotecas é o ruído. A conceituação mais
utilizada para ruído é “som indesejável” e na definição de natureza operacional, refere-se a
um “estímulo auditivo que não contém informações úteis para a tarefa em execução” (IIDA,
2005, p. 504). Normalmente a biblioteca é considerada um espaço silencioso, sobretudo pelo
seu papel na contribuição da produção de conhecimento dos usuários que utilizam esses locais
para estudo, entretanto em algumas atividades desenvolvidas pode haver picos de ruídos,
como conversas paralelas, inserção de livros nas estantes ou atendimento ao público
(FONSECA JUNIOR; CARVAHO; ALVES, 2017). Os autores continuam ao informar que
NBR 10152 (ABNT, 2000) estabelece os índices considerados aceitáveis de ruídos em
bibliotecas que devem estar entre 35 e 45 dB(A)3. Além disso, é possível adotar outras
medidas para garantir condições de conforto acústico agradável como: salas de estudo em
3 Decibel ou dB é uma unidade de medida utilizada para quantificar a intensidade do som.
68
grupo e individual; pisos de características flutuantes; materiais que absorvam os ruídos dos
dutos e tubulações (RIBEIRO, 2006 apud FONSECA JUNIOR; CARVAHO; ALVES, 2017,
p. 9).
Com isso, pode-se percebe que há diversas doenças decorrentes da exposição aos
agentes físicos, em especial as relacionadas à temperatura e umidade, em condições extremas
como taquicardia, aumento da pulsação, cansaço, irritação, fadiga térmica, prostração térmica,
choque térmico, perturbação das funções digestivas, hipertensão, bem como relacionadas à
umidade como doenças do aparelho respiratório, da pele e circulatórias, e traumatismos por
quedas (GERÊNCIA DE SAÚDE E PREVENÇÃO, 2012).
3.3.2 Agentes químicos
Os agentes dos riscos químicos são aqueles que possuem a propriedade de penetração
no organismo do trabalhador, sejam substâncias, compostos ou produtos na forma líquida,
gasosa ou partículas. A absorção pode ocorrer pelas vias respiratórias por meio de poeiras,
fumos gases, neblinas, névoas ou vapores ou através do contato com agentes absolvidos pelas
vias cutâneas ou digestivas.
A via respiratória é o principal meio de absorção dos agentes químicos para dentro do
organismo, sobretudo pela exposição corporal em atmosferas contaminadas por substâncias
químicas. Já o acesso da substância por via digestiva é considerado normalmente um caso
acidental e ocorre por maus hábitos como roer unha, falta de higienização nas mãos ou
alimentar-se no local de trabalho. A via cutânea é um comum meio de acesso desses agentes,
uma vez há diferentes produtos químicos com a propriedade de penetração na pele
(PEIXOTO, 2011). O autor ainda destaca que “uma vez absorvida, a substância tóxica entra
na circulação sanguínea, provocando alterações, as quais poderão criar quadros de anemia,
alterações nos glóbulos vermelhos e problemas da medula óssea” (PEIXOTO, 2011, p. 44).
Alguns contaminantes atmosféricos são facilmente detectados em determinadas
operações como aquelas que expõem o trabalhador a agentes como vapores, neblinas ou
poeira. Em contrapartida, há compostos que em determinadas circunstâncias, não são
rapidamente identificados ora por não possuírem odor e, consequentemente, o organismo não
dispor de sensores biológicos para sua detecção, ora por ser serem produzidos acidentalmente
a partir de reações químicas (BRASIL, 2001).
Dos agentes químicos em bibliotecas pode-se inferir que a presença de sujidades no
acervo representa o “agente de deterioração que mais afeta os documentos” como aponta
69
Cassares (2002, p. 26). Além da poeira encontrada nos livros, configurando-se um agente
químico nocivo ao bibliotecário, há outros contaminantes químicos presentes no ambiente da
biblioteca que podem provocar efeitos adversos à saúde do profissional e que provocam
sintomas como “[...] obstrução nasal, irritação da garganta e nariz, desidratação das mucosas
(nariz, boca, garganta e olhos), desidratação e rachaduras da pele, dor de cabeça, cansaço e
sonolência” (LIMA; SILVA, 2009 apud SANTANA, 2014, p. 49)
Ainda para Santana (2014) em relação aos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC)
orienta-se que os sistemas de climatização tenham manutenção adequada e tenha-se o hábito
de utilizar equipamentos de higienização de acervo a fim de evitar contaminações com os
agentes químicos presentes na atmosfera laboral. O autor também apresenta um quadro com
os principais contaminantes químicos presentes no ambiente de trabalho do bibliotecário com
base em Lima e Silva (2009).
QUADRO 5 – Os contaminantes químicos e seus efeitos
Contaminante
Químico Ocorrência Efeitos
Formaldeído Espuma de uréia-formaldeído
presente em isolante térmico Carcinogênico
Material Particulado
Inalável
Poeira, fuligem, resíduo de
fumaça, fibras têxteis e aerossóis
alcalinos do concreto
Aumento de doenças respiratórias
e diminuição da função pulmonar
Dietilaminoetanol
(DEAE)
Anticorrosivo usado em
tubulações de vapor
Irritações oculares e respiratórias,
erupções cutâneas e problemas de
saúde
Óxido de Etileno Fumigatório arquivos/coleções Câncer e Esterilidades
Para-
Diclorobenzeno
(PDB)
Repelente de insetos
Lesões no fígado, rins, anemia
hemolítica, perda de peso, rinite,
tumefação periorbitária (maior
risco em pessoas com pré-
disposição a doenças hepáticas,
renais, sanguíneas ou do Sistema
Nervoso Central)
70
Naftalenos
(Naftalina) Repelente de pragas
Sudorese abundante, náuseas,
insuficiência renal aguda, dores
abdominais e de cabeça, hemólise
das hemácias e efeitos
carcinogênicos
Diclorvós (DDVP) Inseticida organofosforado para
o controle de pragas
Dores de cabeça, náusea, tonteira,
tremores e cãibras musculares,
salivação, desmaios, sensação de
incômodo no peito, febre, cianose,
coma, parada cardíaca, choque,
insuficiência respiratória e edema
pulmonar
Piretrinas Naturais e
Piretróides
Sintéticos
Inseticida de baixa toxicidade
aos mamíferos (extraído de
flores do Chrysanthemum
cinerariaefolium), porém
instável no meio ambiente
Irritação cutânea, dermatite
alérgica, dor de cabeça, náuseas,
vômitos e zumbido no ouvido
Brometo de Metila
(Bromometano)
Gás utilizado em fumigação para
controle de pragas
Irritação cutânea, olhos e trato
respiratório. Efeitos agudos entre
30 minutos e 6 h: mal-estar,
distúrbios de visão, náuseas, dor
de cabeça, vômitos, vertigens e
tremores nas mãos. A alta
exposição ao Brometo causa
tremores generalizados,
convulsões, coma e óbito
Fonte: (LIMA e SILVA, 2009 apud SANTANA, 2014, p. 50-51).
Os componentes mencionados são utilizados nos programas de higienização dos
acervos que são contaminados por agentes biológicos como fungos, roedores, baratas, brocas
(anobídios) e cupins (CASSARES, 2000). O autor ainda apresenta a definição das
71
intervenções que são realizadas no acervo a fim garantir a integridade e existência dos
materiais, são elas: preservação, conservação e restauração.
Preservação: é um conjunto de medidas e estratégias de ordem
administrativa, política e operacional que contribuem direta ou
indiretamente para a preservação da integridade dos materiais.
Conservação: é um conjunto de ações estabilizadoras que visam
desacelerar o processo de degradação de documentos ou objetos, por
meio de controle ambiental e de tratamentos específicos (higienização,
reparos e acondicionamento).
Restauração: é um conjunto de medidas que objetivam a
estabilização ou a reversão de danos físicos ou químicos adquiridos
pelo documento ao longo do tempo e do uso, intervindo de modo a
não comprometer sua integridade e seu caráter histórico (CASSARES,
2000, p. 12).
Assim, os contaminantes químicos também podem ser encontrados em laboratórios de
restauração e preservação uma vez que são utilizados produtos químicos para a realização
dessas medidas. Essas atividades, sobretudo em bibliotecas com acervo histórico, devem ser
realizadas com o uso de Equipamentos de Proteção Individual como máscara facial, óculos de
proteção, luvas e jaleco ou avental, além de exigirem práticas higiênicas como lavar as mãos
após a realização do trabalho (CASSARES, 2000; XARÃO, 2009 apud MACHADO, 2016).
Ainda para Cassares (2000) é preconizada a realização dessas atividades por profissionais
especializados.
Outra questão importante relacionada aos agentes químicos é a preocupação de que a
biblioteca deverá assegurar o controle do fumo pelos funcionários e usuários. Trinkley (2000)
explica que além de apresentar risco à saúde e ao acervo resultado em incêndio, as partículas
propagadas pelo fumo são não removidas prontamente pelos sistemas comuns de
climatização, configurando-se em agentes nocivos ao ar circulante da biblioteca.
Neste sentido, observam-se diversos agentes químicos presentes em bibliotecas que
embora utilizados em diversas atividades, muita das vezes, não são identificados. Tais
agentes, principalmente os produtos e substâncias químicas utilizadas nos processos de
higienização/restauração, controle de pragas, entre outras intervenções no acervo, podem
provocar efeitos adversos à saúde do bibliotecário.
72
3.3.3 Agentes biológicos
São microrganismos que incluem vírus, bactérias, riquétsias4, protozoários e fungos,
entre outros, que podem ser absorvidos pelas vias respiratórias, cutâneas ou digestivas.
Normalmente, os ambientes de trabalho com a presença desses agentes são hospitais,
laboratórios de análises clínicas e atividades agropecuárias, entretanto é possível a ocorrência
em outros locais. Além disso, “o fato de que frequentemente ocorrem em situações não-
ocupacionais complica o estabelecimento do nexo causal” (BRASIL, 2001). Outro agravante
para o reconhecimento desses agentes nos ambientes se dá ao fato de que em sua grande
maioria esses microrganismos não são visíveis ao olho nu (PEIXOTO, 2011).
Nas bibliotecas, o surgimento desses agentes ocorre principalmente pela falta de
higiene no ambiente, temperatura e umidade relativamente alta e falta de ventilação nos
acervos, conforme aponta Cassares (2000). Consequentemente, contaminam os ambientes
condicionados e facilmente se reproduzem em qualquer ambiente favorável a sua nutrição,
por exemplo, na poeira presente do local bem como nas fibras de papel, couro, madeira e
tecidos (STRAUSZ; MACHADO; BRICKUS, 2007).
Dentre as partículas suspensas na atmosfera que podem causar
problemas alérgicos respiratórios estão os fungos. Em sua maioria,
desenvolvem-se em material orgânico em decomposição, enquanto
alguns são parasitas obrigatoriamente. Necessitam para o seu
crescimento de fontes de carbono, nitrogênio e hidrogênio, além de
fatores adicionais e utilizam-se das mais diversas temperaturas. Em
sua maioria, se reproduzem a partir de elementos chamados esporos,
que são transportados pelo ar atmosférico e inalados pelo corpo
humano (STRAUSZ; MACHADO; BRICKUS, 2007, p. 28).
Percebe-se que a temperatura e a umidade são agravantes para o crescimento fúngico
nos espaços das bibliotecas. As espécies de fungos mais frequentes em ambiente fechados e
úmidos (anemófilos) são: Penicillium, Aspergillus, Fusarium e Rhodotorula, de acordo com
(Gambale et al., 1989 apud STRAUSZ, 2001, p. 29). São agentes responsáveis pelo
surgimento de doenças ocupacionais do trato respiratório, como a rinite e asma de
sintomatologia perene (STRAUSZ; MACHADO; BRICKUS, 2007).
4 Riquétsias: do latim rickettsia, é um gênero de bactérias que são carregadas como parasitas por
vários carrapatos, pulgas e piolhos.
73
Pessoas que apresentem asma e alergia a este fungo podem sofrer
danos bronquiais e tamponamento bronquial intermitente, também
conhecido como “Aspergilose Bronco-Pulmonar Alérgica” (ABPA),
ou seja, trata-se de uma doença infecciosa no pulmão. Já o Penicillium
sp, o comum “bolor do pão”, além de causar problemas pulmonares
também pode causa perturbações dermatológicas. Existem muitos
outros fungos presentes no meio ambiente que podem vir a causar
alergias, doenças respiratórias e de pele (SANTANA, 2014, p. 51-52).
Assim como os fungos, os ácaros também necessitam de elevadas temperaturas para se
proliferarem. Esses agentes se alimentam de escamas de pele, resto de alimentos e insetos e
alojam-se em piso, carpetes, cortinas, estofados, etc. Nas doenças originárias desses agentes
estão: conjuntivite alérgica; rinite perene, cuja intensidade varia com a estação do ano; rinite
associada com crises asmatiformes; asma pura e, com menor frequência dermatite e urticária
(STRAUSZ, 2007).
As condições climáticas também oferecem riscos ao surgimento das bactérias do tipo
Legionella, Norcadia, Streptomyces, Pseudomonas, Actinomyces, etc. Das doenças
acometidas por essas bactérias, a Legionella pneumophila através do ar provoca doenças
pulmonares como a “doença dos legionários” ou “pneumonia dos legionários” ou em uma
versão menos intensa chamada de “febre de Pontiac”. Os sintomas variam do mal-estar geral,
dor de cabeça, febre e calafrios como também anorexia e mialgia. No ar também pode ser
encontrada uma espécie de bactéria chamada Bacillus subtillis que podem causar
enfermidades em pessoas com baixa imunidade (LIMA; SILVA, 2009 apud SANTANA,
2014).
Neste sentido, a fim de evitar a infestação de fungos e demais microrganismos nos
acervos e posterior contaminação pelos bibliotecários, Cassares (2000, p. 18) sugere que seja
estabelecida uma política de controle ambiental que estabeleçam limites de temperatura e
umidade recomendados, evitando oscilações acentuadas; praticar higienização no local de
trabalho e no acervo; orientar usuários e funcionários quanto às boas práticas higiênicas; ter
atenção quanto acidentes com substâncias aquosas.
Em relação à limpeza desses materiais a fim de eliminar as sujidades extrínsecas às
obras, Santana (2014) faz algumas considerações a fim de evitar a proliferação de bactérias e
fungos como a utilização da higienização mecânica (à seco) dos itens do acervo, além da
frequente limpeza das estantes e do local de trabalho. Quanto aos equipamentos que serão
utilizados nessa atividade, Spinelli (1997 apud SANTANA, 2014) recomenda a utilização do
74
equipamento conhecido como “Mesa de Sucção” no processo de varredura de folha a folha do
item a ser higienizado.
FIGURA 1 – Higienização com a Mesa de Sucção
Fonte: Spinelli (1997)
Durante os procedimentos que envolvem uso de ferramentas, equipamentos e outros
materiais que expõem o trabalhador a agentes nocivos a sua integridade física, é recomendada
a utilização de Equipamento de proteção individual (EPI). Cassares (2000) indica o uso de
EPI para a limpeza de material com fungo como luvas de látex, máscaras, aventais, toucas e
óculos de proteção (nos casos de sensibilidade alérgica). As luvas, toucas e máscaras devem
ser descartáveis.
3.3.4 Agentes ergonômicos
São “os agentes caracterizados pela falta de adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas do trabalhador” (GERÊNCIA DE SAÚDE E PREVENÇÃO,
2012), provocando desconforto ou afetando à saúde do trabalhador. São exemplos de agentes
ergonômicos: esforço físico levantado, levantamento e transporte de peso, exigência da
postura inadequada, controle rígido da produtividade, iluminação deficiente, imposição a
ritmos excessivos, trabalho em turno noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e
repetitividade e outras situações causadas pelo stress físico e psíquico.
Basicamente, o sistema Neuro-Músculo-Esquelético tem funções de locomoção,
sustentação da postura ereta e o manuseio de objetos (WATKINS, 2001 apud TAUBE, 2002).
Possui papel fundamental na sobrevivência do indivíduo bem como na realização das suas
atividades de trabalho. Ao realizar uma determinada tarefa, o indivíduo manipula objetos que
o submete a algum grau de inclinação ou posição antifisiológica que oferece condições
ergonômicas inadequadas. De acordo com Iida (2005, p. 164) “postura é o estudo do
75
posicionamento relativo de partes do corpo, como cabeça, tronco e membros, no espaço. A
boa postura é importante para a realização do trabalho sem desconforto e estresse”.
A imposição as cargas físicas intensas podem acometer os profissionais a doenças
relacionadas ao sistema do movimento, particularmente as doenças ocupacionais Lesões por
Esforço Repetitivo (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
Essas doenças podem atingir qualquer trabalhador independente da natureza da sua atividade
e provocam afecções epidemiológicas principalmente nos membros superior e coluna. Desta
forma, a Ergonomia, possui papel fundamental para solucionar problemas ergonômicos
oriundos a realização da tarefa de trabalho (TAUBE, 2002).
A Ergonomia surge como campo científico no final da II Guerra Mundial, como
resultado da necessidade de analisar o trabalho interdisciplinar realizado por diversos
profissionais naquele período. Relaciona-se com os fatores relativos à organização do
trabalho, que estão presentes em quase todos os tipos de atividades humanas, esses
conhecidos como riscos ergonômicos (BRASIL, 2001).
Inicialmente, a Ergonomia era uma área aplicada apenas nas indústrias, com foco no
binômio homem-máquina, marcado pelo esforço repetitivo. Com a inserção de novos
processos de trabalho através de alta tecnologia e sofisticadas estratégias de gestão, ela passa
a atuar em um sistema mais complexo, principalmente no setor de serviço (saúde, educação,
transporte, lazer e outros), com a preocupação em observar questões relacionadas aos aspectos
cognitivos, ou seja, da aquisição e processamento de informações pelos trabalhadores. Assim,
a Ergonomia passa a ter como objeto de estudo o trinômio homem-máquina-ambiente,
apresentando diversas contribuições para a melhoria do ambiente de trabalho (IIDA, 2005;
BRASIL, 2001).
No Brasil, a partir da definição da Associação Brasileira de Ergonomia apresentada
por Iida (2005, p. 2), entende-se por Ergonomia o:
[...] estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização
e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar,
de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-
estar e a eficiência das atividades humanas.
Observa-se que a Ergonomia (ou fatores humanos) está preocupada com a adaptação
do trabalho para o homem uma vez que leva em consideração qualquer relacionamento
humano com uma atividade produtiva sendo observado o ambiente físico e os aspectos
organizacionais. A fim reduzir a fadiga, estresse, erros e acidentes, a Ergonomia configura-se
76
em uma disciplina interdisciplinar com diversos profissionais envolvidos no planejamento e
projeto do trabalho como médicos do trabalho, engenheiros de projeto, desenhistas industriais,
engenheiros de produção, analistas de trabalho, psicólogos, enfermeiros e fisioterapeutas,
entre outros (IIDA, 2005). Além disso, o autor destaca que o para a redução de algumas
sintomatologias como fadiga, dores corporais, absenteísmo e doenças ocupacionais, é
fundamental o redesenho dos postos de trabalho.
Na área da Biblioteconomia, a produção bibliográfica5 em torna da Ergonomia
aplicada às bibliotecas ou centros de informação é mais acentuada em proporção aos outros
riscos. Conforme aponta Araujo (2014) os fatores ergonômicos possuem efeitos adversos à
saúde, entretanto os transtornos acometidos em profissionais de unidades de informação não
são percebidos imediatamente o que resulta no surgimento de doenças silenciosas. A autora
também destaca à luz do trabalho realizado por Souza (2013) que existe uma parcela de
profissionais inconscientes com questões ergonômicas bem como desprovidas de condições
ergonômicas adequadas.
Conforme Maia et al. (2007, p. 261), a Ergonomia avança com estudos e aplicações
sobre “adequação do trabalho às capacidades e realidade da pessoa que trabalha” com a
intervenção de propostas para a prevenção das DORTs através de exercícios ergonômicos
como a Ginástica Laboral (GL) bem como o uso de Equipamento de Proteção Individual
(EPI). Além dessas intervenções, a autora destaca que as instituições fazem uso de outros
mecanismos para a prevenção e promoção da segurança e saúde dos trabalhadores tais como
Avaliação dos Riscos Ambientais em consonância com a Norma Regulamentadora 09 –
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais que estabelece a obrigatoriedade da elaboração
e implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, visando à
preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores.
A iluminação também é um fator fundamental que deve ser levado em consideração
nas instalações de bibliotecas, pois permite que os objetos sejam visualizados e exerce
influência psicológica nos funcionários e usuários, além de auxiliar em atividades de leitura e
compreensão textual. Os níveis gerais de iluminamento em bibliotecas devem variar em
referência ao local analisado. Por isso a importância da separação do acervo com o posto de
trabalho do bibliotecário (THINKEY, 2001; FONSECA JUNIOR; CARVALHO; ALVES,
2017).
5 Diversos trabalhos foram realizados levando em conta os aspectos ergonômicos em bibliotecas como
dos autores Taube (2002), Blattmann; Borges (2005), Carvalho (2005), Souza; Silva (2007), Araujo
(2014), Freitas (2009), Lima; Cruz (2010), Wellichan; Santos (2017), entre outros.
77
Em pesquisa realizada por Grandjean (1987 apud IIDA, 2005, p. 217) foi observado
que em salas de trabalho com computadores funcionários possuíam o hábito de retirar
algumas lâmpadas para reduzir a iluminação ambiente. Isso se dava ao desconforto provocado
pelo contraste entre o fundo escuro dos monitores com luminosidade do ambiente. O autor
destaca que a iluminação deficiente gera a fadiga visual que consequentemente provoca de
20% de todos os acidentes de trabalho. Neste sentido, é recomendável a prevenção para evitar
a fadiga visual.
Em postos de trabalho que dispõem de computadores para a realização das atividades,
é aconselhável que os níveis de iluminamento sejam entre 300 lux para a leitura de
documentos em bom estado e 500 lux para documentos de baixa legibilidade. Para
documentos que estejam em um grau inferior de legibilidade ainda menor é recomendável a
utilização de fonte localizada de até 1000 lux (IIDA, 2005).
A arquitetura da biblioteca deve promover também a utilização da iluminação natural,
pois segundo Cordeiro (2015 apud FONSECA JUNIOR; CARVALHO; ALVES, 2017, p. 9-
10) contribui na “conservação energética, beneficia manutenção de uma luz variável que
satisfaz a natureza psíquica do homem”. Além disso, Thinkey (2001, p. 49) preconiza que
“objetivo ideal para as bibliotecas é desenvolver maneiras de utilizar as qualidades da luz
ambiente e, ao mesmo tempo, proteger as coleções de sua exposição direta”.
Desta forma, além das situações de risco ergonômico presentes na biblioteca como
exigência da postura inadequada, iluminação deficiente, monotonia e repetitividade e outras
situações, pode-se também identificar que as disposições e aspectos arquitetônicos também
devem ser levados em consideração na análise dos riscos ergonômicos.
3.3.5 Agentes mecânicos ou de acidentes
Considera-se qualquer fator que exponha o indivíduo a uma situação vulnerável que
possa afetar sua integridade, e seu bem-estar físico e psíquico. São agentes que podem
provocar um acidente de trabalho como as máquinas e equipamentos sem proteção, arranjo
físico inadequado, ordem e limpeza do ambiente, sinalização, probabilidade de incêndio e
explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos etc.
Conforme apontado por Peixoto (2011) esses agentes podem provocar ao trabalhador
uma série de situações de risco com potencial de causar cortes, fraturas, escorregões entre
outras lesões, sendo assim, sua presença estática ou dinâmica pode gerar acidentes de
trabalho. Além disso, ainda para o autor “as máquinas desprotegidas, pisos defeituosos ou
78
escorregadios, os empilhamentos de materiais irregulares são exemplos de fatores de risco”
(PEIXOTO, 2011, p. 45). Em bibliotecas, Dias (2008) comenta que pesquisas apontam os
fatores que mais acometem profissionais às doenças são aqueles de ordem biológica e
mecânica.
O espaço da biblioteca pode apresentar alguns dos agentes de riscos mecânicos
mencionados acima como: arranjo físico e armazenamento inadequado, ordem e limpeza do
ambiente de trabalho e probabilidade de incêndio. Quanto ao arranjo físico e armazenamento
inadequado, cita-se como exemplo uma estante sobrecarregada com número excedente de
livros que pode configurar-se como uma situação de risco à integridade do bibliotecário.
Devido ao encaixotamento de livros em depósitos para doação ou até mesmo nas
estantes, é possível o surgimento de animais peçonhentos (SANTOS, 2017). Além disso, a
falta de higienização, o hábito de alimentar-se no ambiente de trabalho ou até mesmo o local
geográfico onde a biblioteca está localizada, pode desencadear a proliferação de animais dessa
natureza. A ocorrência de acidentes que envolvem animais peçonhentos pode ser atípica
quando identificada em bibliotecas. Entretanto, Santos (2017) evidencia a importância de
considerar esse agente como agressor à saúde do bibliotecário. O autor menciona um acidente
com uma bibliotecária do município de Minas Gerais que foi picada por um escorpião ao
desmontar uma árvore de natal.
Esses animais são assim denominados uma vez que “possuem veneno e que podem
inoculá-lo, prejudicando a saúde do homem” (FUNDACENTRO, 2001). Entre os animais
peçonhentos mais perigosos estão as serpentes, aranhas, escorpião, taturanas, abelhas, vespas
e formigas. Neste sentido, recomendam-se modificações culturais e boas práticas no ambiente
de trabalho que incluem algumas considerações como limpeza meticulosa (elimine comida e
bebida), evitar o acúmulo de materiais, controle de temperatura e umidade (detém pragas),
restrição do local de alimentação e eliminação de lixo (TRINKEY, 2001).
A probabilidade de ocorrência de incêndio também deve ser levada em consideração
nas bibliotecas, pois materiais como madeira, papel e tecidos podem se tornar combustíveis
nessa situação. Embora não seja possível a estruturação de uma instalação completamente
segura contra incêndio deverá ser realizado o máximo de esforços para a implementação de
um projeto para prevenção de incêndio. Em relação à estrutura de uma biblioteca o
bibliotecário e o arquiteto devem considerar a importância de utilização de equipamentos
resistentes ao fogo, sendo assim Trinkey (2001, p. 64) destaca que
79
Mobílias tais como escrivaninhas, mesas e cadeiras devem ser
incombustíveis ou de madeira tratada com retardadores de fogo.
Todos os estofamentos e plásticos devem ser auto-extinguíveis.
Tecidos e cortinas devem ser à prova de chamas. Carpetes (se
utilizados na biblioteca) devem ser de qualidade comercial com baixo
teor de propagação de chamas.
Neste sentido, Peixoto (2010) recomenda algumas medidas prevencionistas como
cuidado com o armazenamento de materiais inflamáveis, manutenção adequada das
instalações e equipamentos, instalação elétrica apropriada e bem protegida, ordem e limpeza
no local de trabalho e uso de instalações de para-raios nas edificações das bibliotecas. Além
dessas, outras recomendações foram apresentadas na seção sobre Normas Regulamentadoras,
especificamente a NR 23 – Proteção contra incêndio.
3.4 ALGUMAS DOENÇAS ACOMETIDAS AOS BIBLIOTECÁRIOS
Conforme exposto acima, diversos fatores ambientais, psíquicos ou sociais podem
provocar o surgimento de doenças ocupacionais em bibliotecários. Por consequência das
diversas atividades executadas em ambientes como bibliotecas, arquivos e centros de
documentação, são numerosos os riscos de acidentes de trabalho provocados pelos riscos
ocupacionais. De forma a contribuir para a percepção da biblioteca como espaço de trabalho
com potencial de provocar alguma perturbação à saúde, a presente seção pretende expor as
principais doenças ocupacionais acometidas aos profissionais presentes na literatura.
Os estudos voltados para a relação Doença/Trabalho são recorrentes na história da
sociedade humana e evidenciam trabalhadores que sofreram problemas de saúde relacionados
ao ambiente de trabalho. Conforme aponta Maia et al. (2007) os distúrbios desenvolvidos nos
indivíduos acompanham a evolução do trabalho. Em 1700 foi publicado na Itália o livro “De
Morbis Artificum Diatriba”, traduzido para o português “As Doenças dos Trabalhadores”,
pelo médico Bernardino Ramazzini que agrupou os sintomas clínicos relacionados a
cinquenta e quatro doenças ocupacionais (SILVA, 2014).
Demais estudos foram desenvolvidos relacionando as doenças desenvolvidas a partir
das condições laborais. Com relação à profissão biblioteconômica, Santa Helena (2009)
evidencia que as dificuldades vivenciadas pelos profissionais não são tão visíveis e causam
espanto quando são colocadas em pauta, sobretudo as questões relacionadas às doenças
psíquicas.
80
De acordo com Barreira (1994 apud DIAS, 2008), a Organização Mundial da Saúde
(OMS) considera que diferentes fatores contribuem para o aparecimento de doenças
decorrentes do trabalho como físicos, de organização do trabalho, psicossociais, individuais e
socioculturais. Para tanto, torna-se importante o entendimento do que é uma doença
ocupacional.
Conforme exposto por com Costa (2009 apud SANTOS, 2014, p. 15) “doenças
ocupacionais são moléstias de evolução lenta e progressiva, originárias de causas igualmente
gradativas e duráveis, vinculadas as condições de trabalho”. Relaciona-se com a “falta ou
perturbação de saúde, ou seja, um distúrbio. É um estado de falta de adaptação ao ambiente
físico, psíquico ou social, no qual o indivíduo sente-se mal (sintomas) e apresenta alterações
orgânicas evidenciáveis (sinais)” (CRUZ, 2001 apud ARAUJO, 2014, p. 25). O termo
distúrbio é conceituado por Cruz (2001 apud TAUBE, 2002) como qualquer tipo de patologia
que acomete o ser humano, significando “perturbação orgânica”.
Além disso, essas doenças estão ligadas as atividades laborativas por um nexo causal,
que dispensa o infortunado de provar qualquer nexo de causalidade. Para o estabelecimento
do nexo casual, o art. 21-A da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991 estabelece que:
A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade
quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o
trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da
empresa ou do empregado doméstico e a entidade mórbida motivadora
da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças
(CID), em conformidade com o que dispuser o regulamento.
O nexo causal refere-se a uma investigação, por meio da anamnese ocupacional, que
apresenta subsídios para sustentar a hipótese diagnóstica do médico do trabalho para o
estabelecimento da relação entre a patologia e a exposição. Segundo Desoille, Scherrer e
Truhaut (1975 apud BRASIL, 2001), a comprovação deve basear-se em “argumentos que
permitam a sua presunção, sem a existência de prova absoluta”. A ideia de presunção permite
chegar a um diagnóstico que visa beneficiar o trabalhador e evite debates inacabáveis sobre
essas relações.
Ainda sobre o nexo de causalidade, Saliba (2010, p. 31) nos ajuda a compreender que
na ocorrência de um acidente de trabalho ou doença deve-se observar sua relação com o fato
danoso. O nexo de causalidade de acidentes de trabalho é mais simples de ser comprovado do
que de uma doença profissional ou do trabalho, pois esta implica em uma exposição
ocupacional a um agente ambiental. Deste modo, é imprescindível uma análise minuciosa do
81
processo e ambiente de trabalho, da intensidade ou da concentração do(s) agente(s)
causador(es) de danos, o tempo de exposição, entre outros fatores que contribuam para o
estabelecimento do nexo de causalidade.
O estabelecimento da relação etiológica entre o dano/doença e o trabalho implica em
questões previdenciárias, trabalhistas, de responsabilidade civil e às vezes, criminal. A
investigação e o diagnóstico desencadeiam ações preventivas e deve ser sempre a mais sólida
o possível, pois quando incompletos ou displicentes podem provocar prejuízos críticos à
saúde do paciente (BRASIL, 2001).
A legislação previdenciária também apresenta uma definição para Doença
Ocupacional, equiparando-as à Acidente de Trabalho típico. No aspecto legal, as doenças
ocupacionais são subdividas entre doenças de trabalho e doenças profissionais. Os incisos do
art. 20 da Lei nº 8.213/91 as conceituam:
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo
anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada
pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e
constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho
e da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada
em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com
ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no
inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em
que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de
exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída
na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das
condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se
relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente
do trabalho (BRASIL, 1991).
Considera-se então doença ocupacional àquela diagnosticada a partir da sua relação
com o trabalho exercido pelo profissional que decorre do grau e tempo de exposição a agentes
etiológicos nocivos à saúde. Em relação às doenças que podem ser adquiridas pelo labor em
bibliotecas e centro de documentação, a literatura apresenta moléstias, em sua maioria,
relacionadas à natureza de ordem biológica e ergonômica. Ranney (2000 apud TAUBE, 2002,
82
p. 29) ainda comenta que o termo doença ocupacional deve ser “utilizado apropriadamente
quando há relação direta entre um fator de risco e um dano à saúde”.
Cabe ressaltar que os sentidos de saúde e doença em um indivíduo são relativos a uma
experiência, ou seja, depende do que foi experimentado pela pessoa. Assim “quando alguém
adoece, o que está em questão é uma diminuição de disposição, perda da habilidade ou
capacidade de exercer uma atividade” (CZERESNIA; MACIEL; OVIEDO, 2013, p. 14).
Conforme destacado por Dias (2008) a identificação das doenças ocupacionais
inerentes a profissão do bibliotecário está relacionada com o tipo e características das
atividades exercidas. O quadro a seguir apresenta uma compilação de dados obtidos a partir
de diferentes pesquisas6 sobre doenças ocupacionais acometidas a bibliotecários, de modo que
apresente uma simplória e ainda imatura relação entre doença, agente e atividade geradora do
risco.
As doenças foram agrupadas de acordo com a Classificação Estatística Internacional
de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, também conhecida como Classificação
Internacional de Doenças (CID) publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para
este quadro foi utilizado os códigos das doenças da CID-10, contudo é válido destacar que a
CID-11 já foi elaborada e entrará em vigor em 1º de janeiro de 2022, apresentando um
panorama atualizado das doenças no mundo (OMS..., 2018).
Já as sintomatologias tiveram como base as informações dispostas no documento
elaborado pelo Ministério da Saúde do Brasil, intitulado de “Doenças Relacionadas ao
Trabalho” (BRASIL, 2001). Cabe salientar que as informações das doenças aqui expostas
foram obtidas a partir resultados apresentados na literatura e não possuem caráter científico
nem diagnóstico clínico feito por médicos do trabalho. Desta forma, este estudo não pretende
esgotar o assunto tampouco conceituar cientificamente cada moléstia.
6 TAUBE (2002) realiza uma análise da incidência de distúrbios musculoesqueléticos no trabalho do
bibliotecário, apresentando considerações ergonômicas com enfoque preventivo de LER/DORT;
TERSARIOLLI et al. (2005) aborda as doenças ocupacionais inerentes ao trabalho de profissionais de
unidade de informação; SANTOS (2007) apresenta as doenças ocupacionais respiratórias; DIAS
(2008) apresenta um estudo de caso da biblioteca do Centro de Ciências da Saúde Universidade
Estadual de Londrina, trazendo considerações em torno das doenças laborativas; LOURENÇO;
ALMEIDA (2008) trata sobre o estresse ocupacional e assédio moral em profissionais bibliotecários;
SANTA HELENA (2009) aborda a influência do trabalho na saúde física e psíquica dos bibliotecários
da área da saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; SANTOS (2014) também apresenta
algumas doenças ocupacionais relacionadas aos bibliotecários; SANTANA (2014) apresenta em uma
das suas seções dados coletados da Previdência Social entre os anos de 2008 a 2013 sobre as doenças
que mais afastaram bibliotecários e arquivísticas de seus postos de trabalho e que receberam auxílio
doença.
83
QUADRO 6 – Doenças relacionadas ao trabalho acometidas aos bibliotecários
Doença ocupacional Sintomatologia Agente Classificação
do Risco
Situações
de exposição
Tra
nst
orn
os
Men
tais
e d
o
Com
port
am
ento
(G
rupo V
)
Estresse
Ocupacional7
Cansaço físico e emocional,
cefaleia, palpitações,
agressividade, falta de
motivação, absenteísmo,
aumento da frequência
cardíaca e da pressão
arterial;
Jornada, ritmo e sobrecarga
de trabalho; introdução de
novas tecnologias, natureza e
conteúdo do trabalho; assédio
moral;
Ergonômico
Administração do acervo;
Processo decisório;
Atender demandas de usuários cada
vez mais complexas;
Doen
ças
da p
ele
e d
o t
ecid
o
sub
cutâ
neo
(G
rupo X
II)
Dermatoses
ocupacionais
Lesões superficiais elevadas
contendo pus ou bolhas;
descamação e fissuras;
coceira;
Substâncias químicas como
solventes e produtos tóxicos Químico
Higienização e desinfestação do
acervo Microrganismos (bactérias e
fungos) e parasitas
infecciosos vivos
Biológico
Ferramentas infectadas e
defeituosas; traumatismos
repetidos; más condições de
higiene pessoal
Mecânico ou
de acidente
Utilização de ferramentas no
processo de higienização como
bisturi, pinça, espátula e agulha, que
podem provocar cortes e arranhões
7 Em 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) considerou o estresse como a doença do século. O estresse ocupacional é gerado no organismo quando
indivíduo se submete às situações que “exijam um grande esforço, sobretudo, emocional para serem superadas” no local de trabalho. Além disso, o estresse
em organizações pode apresentar sintomatologia a nível cardio-respiratório provocando sensação de opressão e hipercontração muscular, além de surgirem em
situações de assédio moral (LOURENÇO; ALMEIDA, 2008).
84
Doen
ças
resp
irató
rias
(Gru
po X
)
Rinite
Sinusite
Ulceração ou
necrose e
perfuração do
septo nasal
(DPOC)8
Faringite
aguda
Laringotra-
queíte
Espirros, prurido do nariz, tosse seca,
congestão nasal, obstrução do fluxo de ar e
corrimento nasal;
Secreção nasal, tosse noturna, cefaleia e
febre;
Ardência e dor nas fossas nasais,
Tosse, secreção, dispnéia e perda de peso;
Dor de garganta, sensação de
ressecamento, inflamações na faringe;
Dor na laringe e traqueia e crises de tosse
seca.
Exposição a gases,
vapores, névoas e
poeira.
Inseticidas,
detergentes, tintas
aerodispersóides
Partículas e gases
tóxicos
Químico
Contato direto com
produtos químicos
utilizados nos
processos de
higienização e
restauração;
Vírus, bactérias e
fungos;
Biológico Manuseio de acervo
contaminado por
agentes biológicos.
8O Termo DPOC refere-se ao grupo de doenças pulmonares obstrutivas crônicas caracterizadas por limitação crônica ao fluxo aéreo como enfisema e
bronquite crônica (BRASIL, 2001, p. 327).
85
Doen
ças
do S
iste
ma d
o T
ecid
o C
on
jun
tivo
(G
rupo X
III)
LER/DORT9
Dor intensiva na área da
lesão, parestesia, inflamação de tecidos,
fadiga, decadência do desempenho
profissional, crepitação nas articulações,
formigamento e dormência
Postura inadequada;
Repetitividade de
movimentos
Fadiga;
Ergonômico
Atividades que
envolvem a digitação
Carimbar, grampear,
limpar e
guardar livros;
Carregamento de um
montante de
volumes10
Fonte: (BRASIL, 2001).
9 Na revisão realizada por Brandimiller (1996 apud TAUBE, 2002) as manifestações de lesões ocupacionais referem-se sinovite, tendinite, miosite, fascite,
tenossinovite e neuropatia periférica por compressão. Estão inseridos no grupo de LER/DORT os transtornos do plexo braquial, mononeuropatias dos
membros superiores e mononeuropatias dos membros inferiores (BRASIL, 2001, 195). De acordo com os dados da Previdência Social obtidos por Santana
(2014) há sessenta e seis casos de afastamentos de profissionais bibliotecários e arquivistas por motivos de doenças do sistema osteomuscular e do tecido
conjuntivo entre os anos de 2008 a 2013. 10
De acordo com Bridger (2003 apud IIDA, 2005, p. 179) “o manuseio de cargas é responsável por grande parte dos traumas musculares entre os
trabalhadores. Aproximadamente 60% dos problemas musculares são causados por levantamento de cargas e 20%, puxando ou empurrando-as”. Em
biblioteca, tal atividade pode estar relacionada ao remanejamento do acervo.
86
Diante desta lista de doenças ocupacionais ligadas ao trabalho biblioteconômico,
torna-se indispensável o reconhecimento dos agentes etiológicos causadores de doenças em
bibliotecas, arquivos e centros de documentação. Por meio da análise de dados realizada por
Santana (2014) nas tabelas estatísticas disponibilizadas pela Previdência Social sobre auxílio-
doença previdenciário concebido por atividades em Bibliotecas e Arquivos (91.01-5)
referentes ao ano de 2008 até 2013, foi evidenciado que do total de doenças que mais afastam
profissionais de seus postos de trabalho estão 22% ligadas às lesões, envenenamento e
algumas outras consequências de causas externas (S00-T98); 21% relacionadas a transtornos
mentais e comportamentais (F00-F99); 20% representam doenças do sistema osteomuscular e
do tecido conjuntivo (M00-M99); às outras doenças referem-se ao aparelho circulatório,
aparelho digestivo e demais fatores externos que influenciam o estado de saúde desses
profissionais.
Conforme exposto, foi percebido que algumas atividades desenvolvidas pelos
bibliotecários podem afetar diretamente sua saúde, sobretudo àquelas relacionadas com
tomadas de decisões que podem desenvolver situações de estresse e fadiga; procedimentos de
higienização, conservação, preservação e restauração de acervos, provocando doenças
respiratórias, ocular, digestivas e cutâneas; ocorrência das LER/DORT devida a interação
constante e monótona com computadores nas atividades de processo técnico.
A eliminação total dos riscos é utópica, entretanto desenvolver medidas
prevencionistas e estratégias que visam adequação do trabalho ao homem é primórdio para
atingir altos níveis de satisfações nos ambientes de trabalho. Portanto, a análise de risco é um
importante instrumento para a identificação dos problemas ou danos ocasionados pela
exposição aos agentes de risco. Reconhecer o ambiente da biblioteca como potencial espaço
de risco à saúde é fundamental para o incentivo de políticas e gestão de programas de saúde e
segurança que visem à eliminação ou controle dos riscos, maior visibilidade das
vulnerabilidades vivenciadas por esses profissionais nas instâncias jurídicas bem como
iniciativas preventivas para um trabalho de qualidade.
87
4 METODOLOGIA
O processo de pesquisa busca sistematicamente a solução de determinado problema
que se coloca em pauta, sendo definida por Minayo (1994, p. 17) como “a atividade básica da
Ciência na sua indagação e construção da realidade”. Através da pesquisa há o aumento da
atividade de ensino bem como a atualização do conhecimento. Por meio das questões da
investigação ocorre a retroalimentação do ciclo de produção do universo científico. Desta
forma, toda pesquisa requer uma metodologia para atingir seus objetivos. A partir de uma
metodologia o pesquisador percorrer o caminho metodológico para atingir seus objetivos no
estudo. Entende-se por metodologia:
O caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da
realidade [...] inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto
de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o sopro divino
do potencial criativo do investigador (MINAYO, 1994, p. 16).
Na produção do conhecimento científico, segundo Habermas (1987 apud GUERRA,
2014, p. 7), a metodologia considera-se o caminho do pensamento. Guerra (2014, p. 7) nos
ajuda a entender que “cada área do conhecimento é constituída por um conjunto de técnicas
especializadas de pesquisa, que variam conforme a natureza e as características de seu objeto
de estudo”. Tendo em vista a importância da metodologia para a pesquisa, esta seção
apresenta os procedimentos metodológicos utilizados para atingir os objetivos estabelecidos
nesta pesquisa. Caracteriza a pesquisa, descreve a população para o estudo, apresenta o
instrumento de pesquisa e define os critérios para coleta e análise dos dados.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Caracteriza-se por uma pesquisa bibliográfica, ou seja, uma revisão do conhecimento
acumulado e apropriação dos conceitos fundamentais para compreensão do tema (GUERRA,
2014), pois o estudo incide sobre aspectos relacionados à saúde ocupacional, o profissional
bibliotecário e construções legais da saúde do trabalhador. Durante a revisão de literatura
foram realizadas buscas combinadas nas bases de dados em língua portuguesa e inglesa, a
saber: Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação
(BRAPCI), Repositório Institucional da Fiocruz, Portal de periódicos da CAPES, Repositório
da Universidade Federal Fluminense (UFF), Redes de Revistas Científicas de América Latina
88
y el Caribe, España y Portugal (Redalyc). Para a recuperação dos documentos, utilizaram-se
as seguintes estratégias de busca: “saúde do bibliotecário”; “riscos ocupacionais AND
bibliotecari*; “saúde do trabalhador" AND surgimento; bibliotecário AND “ambiente de
trabalho”; bibliotecas universitárias AND atividades”; “occupational health AND
librarians”.
Apresenta-se como uma abordagem qualitativa-quantitativa com o objetivo de reunir
indicadores que evidencie a biblioteca como um potencial local de risco à saúde do
bibliotecário, e ao mesmo tempo, analisar a percepção desse profissional com o seu ambiente
de trabalho. Conforme Minayo (2008 apud GUERRA, 2014, p. 10) o método quantitativo é
utilizado para pesquisas que “têm o objetivo de mostrar dados, indicadores e tendências
observáveis, ou produzir modelos teóricos abstratos com elevada aplicabilidade prática”. Ao
passo que a análise qualitativa permite capturar “motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes” que não seriam perceptíveis em equações, médias e estatísticas (MINAYO, 1994, p.
22). Neste sentido, a autora destaca que os dados obtidos através de métodos quantitativos e
qualitativos não se opõem, mas sim, complementam-se à medida que apresentam uma
realidade social dinâmica e improvável de dicotomia.
Este estudo caracteriza-se também em uma pesquisa de campo e descritiva, pois teve
como característica o aprofundamento da temática “Saúde do bibliotecário” e foi construído a
partir de dados coletados de determinado grupo a fim de compreender a relação do
bibliotecário com o seu ambiente de trabalho. Além disso, este tipo de pesquisa permite que
novos olhares sejam feitos sobre este objeto de estudo. De forma semelhante, Gil (1999 apud
OLIVEIRA, 2011, p.22) defende que estudos descritivos “têm como finalidade principal a
descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de
relações entre variáveis”. A pesquisa descritiva permitiu estabelecer características do objeto
de estudo e correlações entre as variáveis.
4.2 UNIVERSO DA PESQUISA
A especificidade da pesquisa foi marcada pelo recorte geográfico no município do Rio
de Janeiro e segundo a tipologia da biblioteca, escolhidas para este estudo, as universitárias. O
recorte deu-se de forma intencional por ser o local onde a pesquisa acadêmica foi realizada. A
fim de mapear tais instituições, foi realizada uma busca na base de dados do Ministério da
89
Educação (MEC) no primeiro semestre de 2018, onde contém informações relativas às
Instituições de Educação Superior – IES e cursos de graduação do Sistema Federal de Ensino.
Para este estudo foi delimitado que as bibliotecas fossem vinculadas a organizações
acadêmicas universitárias, de categoria administrativa na esfera Pública Federal e localização
no município do Rio de Janeiro. A delimitação de acordo com a organização, categoria
administrativa e localidade foi realizada para facilitar a coleta e análise de dados, isso porque
são instituições com características semelhantes quanto aos processos organizacionais. Em
seguida, constataram-se duas universidades públicas federais: Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro (UNIRIO) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Consideramos importante uma contextualização das bibliotecas que fazem parte do universo
de pesquisa deste estudo. Portanto, a seção seguinte apresenta algumas especificações desses
espaços.
4.2.1 Sistema de bibliotecas da UNIRIO
Em 1986, com o objetivo de integração entre a Biblioteca Central e as Bibliotecas
Setoriais a fim de dotar aos padrões exigidos pela Rede Bibliodata11
, foi criado o Sistema de
Bibliotecas da UNIRIO (UNIBIBLI). A Biblioteca da UNIRIO participa do Bibliodata desde
o início, sendo uma das instituições contribuintes para Rede de catalogação cooperativa de
Bibliotecas brasileiras. O UNIBIBLI é composto por uma Biblioteca Central e de sete
Bibliotecas Setoriais. Atualmente, o UNIBIBLI é composto por 26 bibliotecários sendo
distribuídos em cargos Diretoria, chefe de divisão e unidades setoriais e função de
bibliotecário (UNIVERSIDADE... 2018).
A Biblioteca Central da UNIRIO foi criada através do art. 6° do Estatuto da
Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro – FEFIERJ, sendo
inaugurada em 11 de novembro de 1977 e registrada sob o n° 396 no Conselho Regional de
Biblioteconomia (UNIVERSIDADE... 2018). A Biblioteca tem como missão:
Fornecer apoio informacional ao desenvolvimento das atividades de
ensino, pesquisa, extensão considerando todos os campos de atuação
da UNIRIO. Para tanto, deve cuidar do patrimônio informacional da
Universidade, selecionando, adquirindo, processando, tornando
disponível e garantindo o acesso e a preservação dessa informação,
11
A Rede Bibliodata é uma rede de catalogação cooperativa das bibliotecas brasileiras participantes
que possuem os dados bibliográficos dos acervos disponíveis no Catálogo Coletivo Bibliodata
(FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2012).
90
esteja ela registrada em qualquer tipo de suporte
(UNIVERSIDADE... 2018).
As bibliotecas do UNIBIBLI atuam como suporte às atividades da Universidade,
sobretudo no incentivo ao ensino, à pesquisa e à extensão universitária. Possuem um espaço
aberto à comunidade acadêmica bem como aos demais públicos. Em relação ao seu acervo, a
Biblioteca Central possui obras de literatura brasileira e estrangeira, psicologia, legislação,
história e teses. Este espaço também integra três, das setes bibliotecas setoriais do UNIBIBLI.
Além de possuir em suas dependências uma biblioteca infanto-juvenil, que atua no incentivo à
leitura de crianças e adolescentes (UNIVERSIDADE... 2018).
As bibliotecas setoriais, além do suporte ao ensino, à pesquisa e à extensão aos cursos
ministrados, também contribuem para os Programas de Pós-Graduação e de Mestrado
Profissional oferecidos pela Universidade. As três bibliotecas que estão nas dependências da
Biblioteca Central atendem aos cursos oferecidos pelo Centro de Ciências Exatas e
Tecnologia, Ciências Humanas e Sociais e Centro de Letras e Artes da UNIRIO
(UNIVERSIDADE... 2018).
As demais bibliotecas setoriais também atuam no fomento do ensino dos cursos de
Graduação das áreas de Biomedicina, Medicina, Enfermagem, Nutrição, Ciências Biológicas,
Medicina e Cirurgia, a Residência Médica, Ciências Jurídicas, Administração Pública e
Ciências Políticas, ou seja, as Escolas dos Centros da UNIRIO (UNIVERSIDADE... 2018).
4.2.2 Sistema de bibliotecas da UFRJ
A fim de desenvolver ações para promover a integração das bibliotecas da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1983 foi criado o Sistema de Bibliotecas e
Informação da UFRJ (SiBI). O SiBI consolidou seu apoio aos programas de ensino, pesquisa
e extensão bem como à cooperação técnico-científica, cultural, literária e artística da
Universidade. O sistema é responsável pelo gerenciamento das bibliotecas da instituição,
sendo órgão encarregado da capacitação de seus membros, desenvolvimento e tratamento dos
acervos, elaboração das políticas de informação e padrões técnicos (UNIVERSIDADE...,
2018).
O SiBI é o gerenciador das quarenta e cinco bibliotecas pertences à UFRJ e está
subdividido entre Coordenação, Secretaria, Centro Referencial, Desenvolvimento de
Bibliotecas, Processamento Técnico e Memória Institucional. As bibliotecas setoriais atendem
91
as áreas de ciências humanas, ciências sociais e aplicadas, ciências exatas e da terra, ciências
da saúde e biológicas, letras e artes bem como bibliotecas de Memória e obras raras.
Atualmente, o SiBI conta com a participação de 224 bibliotecários nos campus da UFRJ no
Rio de Janeiro, Xerém e Macaé (UNIVERSIDADE..., 2018).
As bibliotecas centrais e setoriais da UFRJ têm o intuito de atender à demanda
informacional da sua comunidade acadêmica. Os acervos das unidades de informação estão
disponibilizados para consulta e empréstimo dos usuários, contendo aproximadamente
1.230.010 títulos e 3.347.326 exemplares físicos e 27.770 livros eletrônicos, com os mais
variados tipos documentais como livros, obras de referência, normas técnicas, coleções
especiais, teses e dissertações, obras raras e antigas, periódicos e multimeios (SIBI, 2016).
4.3 DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS PARA COLETA E ANÁLISE DE DADOS
Conforme apresentado anteriormente, o estudo enveredou para uma pesquisa de
campo, contando com a participação dos bibliotecários atuantes em bibliotecas universitárias
federais do município do Rio de Janeiro. Deste modo, inicialmente, foi verificado o número
de bibliotecários do Sistema de Bibliotecas da UNIRIO e da UFRJ, conforme apresentado a
seguir:
TABELA 1 – Quantitativo de bibliotecários
Universidade mantenedora Número de bibliotecários
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) 26
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 213
Total 239
Fonte: A autora (2018).
Com isso, o universo de pesquisa foi composto por 239 bibliotecários. Referente aos
dados informados na seção anterior, torna-se importante destacar que para esta pesquisa não
foram contabilizados os bibliotecários das bibliotecas dos polos de Xerém e Macaé do SiBI da
UFRJ por não pertencerem ao município do Rio de Janeiro, além da Biblioteca Francisca
Keller do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGAS (UFRJ) pela
inviabilidade das respostas devido ao sinistro ocorrido no Museu Nacional, em 2 de setembro
92
de 2018. A pesquisa restringiu-se ao município do Rio de Janeiro, sobretudo pelo escasso
tempo para a coleta dos e-mails institucionais dos bibliotecários e das bibliotecas.
Em consonância à fundamentação teórica, escolhemos o questionário como
instrumento para coleta de dados, definido por Marconi e Lakatos (1996, p. 88 apud
OLIVEIRA, 2011, p. 37) como uma “[...] série ordenada de perguntas, respondidas por escrito
sem a presença do pesquisador”. Além disso, Taube (2002, p. 50) anuncia que esse
instrumento permite “aprofundar-se no universo operacional dos trabalhadores colocando-os
em uma situação onde este possa expressar sua concepção sobre sua atividade de trabalho”.
Dentre as vantagens de utilização desse instrumento estão: alcance de número elevado
de participantes; a economia de recursos financeiros; assegura anonimato; facilita a
compilação e comparação das respostas. Em contrapartida, o questionário também oferece
algumas desvantagens, entre elas podemos destacar: interpretações distorcidas das perguntas;
o anonimato não assegura a sinceridade nas respostas; baixo retorno de respostas (MARCONI
e LAKATOS, 1996; LAVILLE; DIONNE, 1999; MALHOTRA, 2001 apud OLIVEIRA,
2011, p. 37).
Após a escolha do instrumento, iniciaram-se os esforços a fim de obter os e-mails
institucionais de cada bibliotecário do universo da pesquisa. Os recursos utilizados foram:
envio de solicitação de e-mails dos bibliotecários para o correio eletrônico da biblioteca ou
setor, telefonemas e mensagens instantâneas via messenger para bibliotecas com páginas na
rede social Facebook. O quadro abaixo apresenta o quantitativo de e-mails dos bibliotecários
recuperados.
TABELA 2 – E-mails institucionais recuperados
Biblioteca Número de e-mails
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) 25
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 121
Total 146
Fonte: A autora (2018).
O questionário foi elaborado através do Formulário do Google dispondo de 7
perguntas abertas e 22 perguntas fechadas (APÊNDICE A). As perguntas abertas tiveram
como objetivo obter respostas mais ricas e variadas, ao passo que as fechadas ofereceram
maior facilidade na tabulação e análise dos dados, conforme preconiza CERVO & BERVIAN
93
(2002, p. 48, apud OLIVEIRA, 2011). O questionário foi estruturado em 6 seções, a saber:
dos aspectos gerais; dos aspectos ambientais; dos aspectos ergonômicos e mecânicos; do
conhecimento de normas, regulamentos, políticas em saúde e segurança; das doenças e
afastamentos; das informações adicionais.
Antes do envio oficial do questionário ao universo de pesquisa, foi realizado um pré-
teste com a população para verificar a clareza e possíveis melhorias no conteúdo a fim de
atingir os objetivos propostos da pesquisa, no período de 23 de outubro a 24 de outubro de
2018. A população-teste representou 5,85% do universo total da pesquisa, sendo os
bibliotecários participantes escolhidos de modo aleatório. Com o teste foi verificado a
eficiência de determinadas questões bem como evidenciou que outras deveriam ser
reformuladas para melhor compreensão dos respondentes.
O questionário oficial foi aplicado no dia 25 de outubro de 2018 e ficou disponível
para respostas até o dia 11 de novembro de 2018. As perguntas foram enviadas de modo
padronizado para os e-mails institucionais dos bibliotecários recuperados (APÊNDICE B).
Durante este período, foram realizadas duas tentativas a fim de aumentar o número de
respondentes ao questionário. O primeiro envio ocorreu no dia 25 de outubro e a segunda
tentativa no dia 5 de novembro de 2018. Quando não foi possível recuperar o e-mail de todos
os bibliotecários de determinada biblioteca, o questionário foi enviado para o e-mail da
biblioteca e quando foi possível recuperar o contato, para os setores.
A apresentação dos dados deu-se por meio de recursos estatísticos, tabelas e gráficos
que possibilitaram a sintetização das descrições dos resultados. Como último procedimento
metodológico utilizado nesta pesquisa, definimos a técnica para análise dos dados coletados.
Marconi e Lakatos (1996 apud OLIVEIRA, 2011, p. 46) nos ajuda a compreender a
importância da utilização de uma técnica apropriada, pois “a partir dela, é que serão
apresentados os resultados e a conclusão da pesquisa, conclusão essa que poderá ser final ou
apenas parcial, deixando margem para pesquisas posteriores”.
Desta forma, foi definida a Análise de conteúdo como a técnica empregada para
analisar os dados obtidos, definida por Bardin (2011, p. 48) como:
[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a
obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo de mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens.
94
Além disso, Trivinõs (1987, p. 137 apud OLIVEIRA, 2011, 46) infere que “[...] todos
meios que se usam na investigação quantitativa podem ser empregados também no enfoque
qualitativo”. A escolha dessa técnica deu-se pela sua contribuição para estudos, como este, de
abordagem quantitativa e qualitativa.
95
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
“Se você não pode medir, você não pode gerenciar”.
(Peter Drucker)
O estabelecimento de indicadores permite uma análise profunda e precisa das
anomalias no ambiente de trabalho. Um bom indicador é capaz de evitar que determinado
problema se agrave ou proporcione sérios prejuízos ao profissional bem como alerta aos
responsáveis as informações necessárias para a implementação de melhorias no ambiente
laboral (ARAUJO, 2006 apud RIBEIRO, 2011, p. 8). É evidente que por se tratar de uma
pesquisa realizada no Campo da Biblioteconomia, não se pretende proporcionar índices
prontos para implementação de ações preventivas no ambiente de trabalho analisado, mas sim
apresentar aspectos e falhas que devem ser levados em consideração na elaboração de
políticas.
Para tanto, as próximas subseções apresentam os resultados da pesquisa que apontam
para a percepção dos bibliotecários quanto à sua saúde e às influências do ambiente de
trabalho em sua integridade física e mental. A estruturação da seção foi segmentada de acordo
com seis seções que compôs o questionário: dos aspectos gerais; dos aspectos ambientais; dos
aspectos ergonômicos e mecânicos; do conhecimento de normas, regulamentos, políticas em
saúde e segurança; das doenças e afastamentos; e das informações adicionais.
5.1 DOS ASPECTOS GERAIS
A pesquisa pôde alcançar a maioria dos bibliotecários atuantes no âmbito de universo
de pesquisa. Os resultados dizem respeito às amostras obtidas no sistema integrado das
bibliotecas universitárias da UNIRIO e UFRJ. Conforme descrito na Metodologia, foram
contabilizados 239 bibliotecários do Sistema de Bibliotecas da UNIRIO e UFRJ. Deste modo,
o estudo contou com a participação de 53,97% do universo total de pesquisa, ou seja, obtendo
o retorno de 129 profissionais, dos quais 31,8% ocupam cargo de Bibliotecário (a)-chefe e
68,2% de Bibliotecário.
Inicialmente, além do cargo ocupado pelo respondente, procurou-se identificar as
atividades rotineiras desses profissionais. Além das opções oferecidas: “Administrativo”,
“Processo técnico”, “Atendimento ao público” e “Treinamento ou curso”, a questão
possibilitou que os bibliotecários acrescentassem outros serviços prestados na biblioteca em
que atua bem como selecionassem mais de uma opção das atividades propostas. Desse modo,
96
um bibliotecário pôde escolher todas as opções disponíveis e acrescentar outras tarefas
desempenhadas. Com isso, obtivemos as seguintes atividades realizadas:
QUADRO 7 – Atividades realizadas em bibliotecas universitárias
Atividades Respostas
Apenas Administrativo 3
Administrativo e Atendimento ao público 5
Administrativo, Atendimento ao público e Treinamento ou curso 8
Administrativo, Atendimento ao público, Treinamento ou curso e
Desenvolvimento de Coleções
1
Administrativo, Coordenação e Gerenciamento das atividades técnicas 1
Administrativo e Desenvolvimento de Coleções 1
Administrativo e Processo técnico 2
Administrativo, Processo técnico e Desenvolvimento de Coleções 1
Administrativo, Processo técnico e Treinamento ou curso 1
Administrativo, Processo técnico e Atendimento ao público 25
Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público e Treinamento ou
curso
24
Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público, Treinamento ou
curso e Contação de histórias infantis
1
Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público, Treinamento ou
curso, Normalização, Comutação e Gestão de bibliotecas
1
Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público e Treinamento ou
curso, Planejamento
1
Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público e Treinamento ou
curso, Visita guiada
1
Administrativo, Processo técnico, Atendimento ao público, Treinamento ou
curso e Atualização em redes sociais.
1
Atendimento ao público, Treinamento ou curso, Indexação, elaboração de ficha
catalográfica, busca e recuperação em bases de dados
1
Administrativo e Treinamento ou curso 1
Apenas Atendimento ao público 5
Atendimento ao público e Treinamento ou curso 3
97
Atendimento ao público, Treinamento ou curso, Conservação e Restauração de
obras
1
Apenas Processo técnico 10
Processo técnico e Atendimento ao público 19
Processo técnico, Atendimento ao público e Normalização 1
Processo técnico, Atendimento ao público e Treinamento ou curso 8
Processo técnico, Atendimento ao público, Treinamento ou curso e Pesquisa,
digitalização de acervos raros e especiais
1
Processo técnico, Atendimento ao público, Treinamento ou curso,
Normalização e Pesquisa bibliográfica
1
Desenvolvimento de Coleções, organização de pequenos eventos e divulgações
de bases assinadas/adquiridas
1
Total 129
Fonte: A autora (2018)
A questão contou com a participação de 100% dos respondentes. Verificou-se que
59,7% (77 respondentes) desempenham funções administrativas, as atividades que envolvem
o processo técnico são realizadas por 75,2% dos profissionais (97 respondentes), os serviços
prestados durante o Atendimento ao usuário são realizados por 82,9% (107 respondentes) e
41,9% (54 respondentes) atuam no oferecimento de treinamentos e cursos na biblioteca. Das
atividades acrescidas pelos bibliotecários, destacam-se as atividades voltadas ao
Desenvolvimento de Coleções, mencionada por 1,67% (4 respondentes).
5.2 DOS ASPECTOS AMBIENTAIS
As questões que compuseram este bloco visaram verificar elementos que evidenciam
possíveis situações de risco para a saúde do bibliotecário, decorrentes dos riscos ambientais,
sendo eles o risco físico, químico e biológico. A primeira questão apresentou algumas
situações de vulnerabilidades vivenciadas em ambientes insalubres e objetivou verificar em
quais dessas situações aqueles profissionais reconheciam em seu ambiente de trabalho. Esta
questão foi respondida por 123 bibliotecários, o que nos faz inferir que o restante, totalizando
6 bibliotecários, não identifica tais situações em seu local de trabalho. Graficamente,
apresentamos os dados coletados sobre situações insalubres identificadas em bibliotecas:
98
GRÁFICO 1 – Situações insalubres em bibliotecas
Fonte: A autora (2018)
Em seguida, tendo em vista que a higienização do acervo “deve ser um hábito de
rotina na manutenção de bibliotecas ou arquivos, razão por que é considerada a conservação
preventiva por excelência” (CASSARES, 2000, p. 26) e sendo um processo que expõe o
bibliotecário a agentes biológicos e químicos, a segunda questão desse bloco verificou a
periodicidade em que é realizada a higienização do acervo. Foi identificado que este processo
quase nunca é realizado nas bibliotecas.
GRÁFICO 2 – Periodicidade na higienização de acervos
Fonte: A autora (2018)
Na seção 3.3 Riscos Ocupacionais em bibliotecas, conforme aponta a literatura, foram
apresentados alguns componentes químicos utilizados para o controle de pragas e insetos no
acervo como uma medida preventiva, tais como: Formaldeído, Óxido de Etileno, Para-
45,50% – 56
70,7% – 87
52% – 64
61 % – 75
67,5% – 83
Infiltração na parede, aparecimento de
mofo e ou umidade excessiva
O acervo encontra-se com fungos,
mofo e ou empoeirados
Falta de ventilação
Falta de manutenção das tubulações de
ar
Falta de higienização no local de
trabalho e no acervo
0% 20% 40% 60% 80% 100%
3,9% 6,3%
10,2%
79,7%
Quinzenalmente
Mensalmente
Anualmente
Quase nunca
99
Diclorobenzeno (PDB), Naftalenos, Diclorvós (DDVP) e Brometo de Metila. Contudo, chama
a atenção que apenas 1,6%, que equivale a 2 bibliotecários, têm conhecimento a respeito das
substâncias químicas utilizadas para a higienização do acervo e que 23,4% dos respondentes
não tem certeza sobre o uso. A maioria, 75% dos profissionais não utilizam produtos
químicos durante sua jornada de trabalho o que pode ser um bom indicador, entretanto pode
estar relacionado com a falta de higienização no acervo e, consequentemente, com
proliferação de fungo, mofo e poeira nos livros, conforme evidenciado nas questões
anteriores.
As questões correspondentes a 4ª até 6ª apresentaram aspectos referentes aos agentes
de risco físico, sobretudo aqueles ligados à temperatura e a umidade do ar nas bibliotecas. Em
relação à temperatura e umidade relativa do ar foi verificado que 23,4% (30 respondentes) das
bibliotecas possuem algum tipo de controle/monitoramento, ao passo que 76,6% (98
respondentes) não possuem. Já a adequação de temperatura do ar às exigências das tarefas
realizadas foi reconhecida por apenas 40,2% (51 respondentes) em contrapartida aos 59,8%
(76 respondentes) de bibliotecários que não reconhecem a temperatura do ar adequada. Em
relação à periodicidade de limpeza feita nos equipamentos de ar condicionado, verificou-se
que 36% não sabem informar sobre a manutenção, como demonstra o gráfico a seguir:
GRÁFICO 3– Periodicidade da limpeza do ar condicionado
Fonte: A autora (2018)
Com os resultados obtidos nesta seção pode-se inferir o nível de satisfação dos
bibliotecários com os aspectos ambientais em seu espaço de trabalho, aqui se referindo à
exposição à umidade, temperatura baixa ou elevada, ruído, poeira, produtos químicos, fungos,
bactérias é, em sua maioria, parcialmente ou totalmente insatisfeito.
4,1%
12,2%
11,4%
36%
36%
Mensalmente
Semestralmente
Anualmente
Quase nunca
Não sabe informar
100
GRÁFICO 4 – Nível de satisfação com os aspectos ambientais
Fonte: A autora (2018)
5.3 DOS ASPECTOS ERGONÔMICOS E MECÂNICOS
Neste bloco, os bibliotecários foram questionados a respeito da adaptação das
condições de trabalho as suas características psicofisiológicas, levando em consideração o
levantamento de carga, posição inadequada ou incômoda e iluminação como agentes
ergonômicos, conforme exposto na literatura. Com isso, primeiramente foi verificado se
durante o exercício das atividades em bibliotecas o bibliotecário carrega algum peso,
constando que o levantamento ou transporte de cargas é realizado ocasionalmente por 53,5%
(69 respondentes), raramente por 29,5% (38 respondentes), frequentemente por 12,4% (16
respondentes) e nunca por 4,7% (6 respondentes). A pergunta seguinte verificou se a postura
inadequada é um agente ergonômico presente em bibliotecas com potencial de prejudicar à
saúde do bibliotecário, identificando que em determinadas tarefas é exigida a posição
incômoda.
GRÁFICO 5 – Realização de determinadas tarefas em posição incômoda
Fonte: A autora (2018)
28,7%
38,8%
5,4%
24%
3,1%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Totalmente
insatisfeito
Parcialmente
insatisfeito
Não satisfeito e
nem satisfeito
Satisfeito
parcialmente
Totalmente
satisfeito
31%
23,3%
45,7%
Sim
Não
Às vezes
101
Conforme apresentado por Grandjean (1987 apud IIDA, 2005, p. 217) a iluminação
deficiente gera a fadiga visual que consequentemente provoca 20% de todos os acidentes de
trabalho. Por isso, foi averiguada a adequação da iluminação, uma vez que tem papel
fundamental na influência psicológica nos funcionários e usuários. Os resultados da pesquisa
apontam que 53,5% (69 respondentes) consideram a iluminação do seu ambiente de trabalho
adequada e 46,5% (60 respondentes) não. Ainda sobre os aspectos ergonômicos, verificou-se
qual o nível de satisfação quanto ao mobiliário (mesa, cadeira, por exemplo) do ambiente de
trabalho desses profissionais em relação à adaptação do seu biotipo e realização das tarefas,
evidenciando que a maior parte dos bibliotecários está parcialmente insatisfeito, como
demonstra a tabela a seguir:
TABELA 3 – Nível de satisfação quanto ao mobiliário
Nível de satisfação Respostas
Totalmente insatisfeito 27,1%
Parcialmente insatisfeito 32,6%
Não satisfeito nem insatisfeito 4,7%
Satisfeito parcialmente 24%
Totalmente satisfeito 11,6%
Fonte: A autora (2018)
Ao abordar os riscos mecânicos em bibliotecas, o risco da probabilidade de incêndio e
a importância de debate sobre esta temática nos atentou acerca da discussão em relação à
prevenção de incêndios. Por isso foram testadas perguntas referentes ao treinamento dos
profissionais quanto à prevenção de incêndios, à disposição da biblioteca com saídas de
emergências bem como à presença de sinalização de segurança nos espaços em que atuam
como o mapa de risco e combate a incêndio. Os resultados evidenciam que 14,1% (18
respondentes) possuem treinamento quanto à prevenção de incêndios e 85,9% (110
respondentes) não. As bibliotecas que atuam 23 dos bibliotecários participantes da pesquisa,
correspondente a 17,8% dos respondentes possuem saídas de emergências, ao passo que
82,2%, referente a 106 respondentes, não. Em relação aos dispositivos de sinalização de
segurança no ambiente de trabalho desses profissionais, foi verificado que, em sua maioria, as
bibliotecas não possuem sinalizadores de segurança.
102
GRÁFICO 6 – Presença de sinalizadores de segurança (Mapa de risco, combate de
incêndios)
Fonte: A autora (2018)
5.4 DAS NORMAS, REGULAMENTOS, POLÍTICAS EM SAÚDE E SEGURANÇA
O conjunto de questões que compuseram este bloco visou verificar o conhecimento
dos bibliotecários sobre os riscos à saúde existentes no seu local de trabalho, demonstrando
que 57,4% não possuem informações, enquanto 42,6% estão conscientizados sobre os riscos
ocupacionais presentes no espaço onde atuam. Observou-se também que 96,1% das
bibliotecas não possuem algum regulamento interno quanto à saúde e segurança no trabalho,
entretanto, ainda que incipiente 3,9% dos bibliotecários responderam que a biblioteca em que
atuam possui algum tipo de documento sobre os riscos à saúde no ambiente interno. Também
recebemos retorno de 1 bibliotecário informando sobre o desenvolvimento de um Plano de
Contingência na biblioteca em que atua.
É importante destacar que essa é uma iniciativa imprescindível para garantir a
segurança dos bibliotecários e vem sendo implementada em bibliotecas12
em todo o país.
Conforme leitura dos Planos de Contingência de duas bibliotecas universitárias, uma em
Anápolis (GO) e outra em Florianópolis (SC) foi identificado que o conteúdo dos planos
apresenta informações a respeito da biblioteca, dos riscos presentes no local de trabalho, ações
conjuntas e procedimentos para a preservação de bens, ambientes e pessoas e procedimentos
em caso de emergência.
A terceira questão pretendeu identificar quais são os Equipamentos de Proteção
Individuais (EPI) utilizados pelos bibliotecários durante a realização das tarefas, normalmente
12
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Plano de contingência da BU/UFSC,
2018. Disponível em: <http://portal.bu.ufsc.br/files/2013/09/PlanoContingencia.pdf>. Acesso em: 10
nov. 2018.
FACULDADE FIBRA. BIBLIOTECA FIBRA. Plano de contingência da biblioteca, 2018.
Disponível em: <http://fibra.edu.br/wp-content/uploads/2016/08/Plano-de-conting%C3%AAncia-da-
biblioteca.pdf> Acesso em: 10 nov. 2018
21%
79%
Sim
Não
103
recomendados nas atividades de conservação e preservação, pois são situações que mais
expõem o bibliotecário aos riscos físicos, químicos e biológicos. Foram fornecidas algumas
opções de EPI como luva de descartável, máscara descartável, avental descartável, touca
descartável e óculos de segurança. Além das opções, o bibliotecário pode acrescentar outros
EPIs utilizados bem como escolher mais de uma opção. Os resultados obtidos são
apresentados no gráfico a seguir:
GRÁFICO 7 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI) utilizados em bibliotecas
Fonte: A autora (2018)
Ainda sobre os aspectos normativos/legislativos, procuramos saber a opinião desses
profissionais acerca da aprovação do Projeto de Lei n° 1.511/2015 de 2015. Conforme
apresentado no referencial teórico, esse PL reivindica o incentivo financeiro do adicional de
insalubridade aos bibliotecários, uma vez que estão expostos aos agentes físicos, químicos e
biológicos no exercício de suas atividades (Ver em 2.3.3 Adicional de Insalubridade e o
Projeto de Lei n° 1.511/2015). A pesquisa mostrou que 96,8% concordam com a aprovação
do projeto de lei, contudo observamos em determinadas falas algumas ressalvas quanto ao
reparo de um incentivo financeiro de compensação ao bibliotecário que fica exposto a agentes
nocivos à sua saúde por um longo período de trabalho. Nesta perspectiva, alguns
apontamentos foram feitos:
Os bibliotecários são expostos a situações de trabalho insalubres, à
poeira, principalmente é comum, sendo assim, a insalubridade
deveria ser sim, obrigatória (Bibliotecário 2);
Todos os trabalhadores estão expostos aos agentes citados. Cabe
especificidade para atender aos requisitos da lei, e não correr o risco
de substituir as adequações necessárias dos ambientes de trabalho
por ínfima monetização para "concordar em receber" agravos
potenciais à saúde (Bibliotecário 13);
76,74%
65,11%
17,05%
10,07% 16,27%
2,32%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Luva de
descartável
Máscara
descartável
Avental
descartável
ou lavável
Touca
descartável
Óculos de
segurança
Jaleco ou
guarda-pó
104
[Porque] adoecemos. Não é uma possibilidade, é uma certeza. E
dinheiro nenhum traz nossa saúde de volta. [O adicional de]
insalubridade seria apenas uma forma de amenizar os danos
(Bibliotecário 30);
É inegável que, por mais cuidado que [tenha], o ambiente de
biblioteca enseja preocupação quanto à questão de risco à saúde. Isso
acontece porque estes ambientes em geral recebem pouca atenção das
suas respectivas instituições mantenedoras no que se refere à
higienização dos acervos e do ambiente de trabalho. Em função disso,
nestas situações é importante que os profissionais sejam de alguma
forma compensados pelos riscos a que estão expostos. Como as
instituições não fazem isso de forma espontânea, é preciso uma
legislação para resguardar as pessoas da incidência destes riscos.
Daí a importância da lei (Bibliotecário 73);
O Projeto de Lei 1.511/2015 apresenta uma contradição aos
bibliotecários. Por um lado, reconhece os perigos da exposição aos
agentes físicos, químicos e biológicos que podem trazer prejuízos à
saúde do bibliotecário no exercício de sua atividade profissional.
Dessa forma, reconhecem-se problemas nas condições de trabalho
que precisam ser contornados. Por outro lado, pressupõe a biblioteca
como um lugar de periculosidade à saúde. Nesse sentido, a biblioteca
pode ser concebida como um lugar com periculosidade aos
profissionais que nela atuam, mas, também, aos usuários que a
frequentam. Tendo em vista a contradição, projetos de lei que
dispusessem sobre as condições de salubridade das bibliotecas
poderiam ser mais efetivos do que inventivo financeiro adicional de
insalubridade (Bibliotecário 92);
Acho que o ideal mesmo era que usassem o dinheiro do pagamento de
insalubridade e investissem em ações de prevenção aos riscos
(Bibliotecário 108).
Verificou-se nas falas acima que, embora o adicional de insalubridade seja um
mecanismo de reparar os danos à saúde acometidos os bibliotecários, o essencial vai além da
uma remuneração financeira. Conforme o discurso dos bibliotecários acima, evidenciamos a
necessidade de reformulações culturais e organizacionais nas ações de prevenção aos riscos
ocupacionais.
5.5 DAS DOENÇAS E AFASTAMENTOS
Esta seção permitiu verificar os índices de afastamentos e casos de desenvolvimento
de doenças ocupacionais em bibliotecários. Na primeira questão desta temática, investigamos
os afastamentos por problema de saúde relacionado ao trabalho e qual foi a causa. O
respondente pode acrescentar opções não oferecidas bem como escolher mais de um motivo
105
para seu afastamento. Embora 54,5% dos bibliotecários (67 respondentes) nunca tenha se
afastado por doença ocupacional, observou-se um número de afastamento expressivo em
relação a doenças respiratórias, da pele e olhos, conforme evidenciado na tabela seguinte:
TABELA 4 – Quantitativo de afastamentos por doenças ocupacionais
Tipo de doença Número de casos Porcentagem13
Doenças respiratórias 35 28,45%
Doenças dermatológicas 15 12,19%
Doenças dos olhos 16 13%
Doenças pulmonares 8 6,50%
Transtornos mentais 8 6,50%
Doenças do trato digestivo 8 6,50%
Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido
Conjuntivo 6 4,87%
Problemas na garganta 1 0,81%
Doença ortopédica em razão de tombo na
biblioteca 1 0,81%
Total: 98
Fonte: A autora (2018)
Além dos afastamentos mencionados, houve casos específicos que, embora não tenha
afastado o profissional do trabalho, provocou o desenvolvimento de determinada doença ou
situação de sofrimento. Identificamos alguns casos isolados como:
[...] Também tive problemas de fungo na unha por um ano e
meio, devido à manipulação de acervo contaminado. Contudo,
não fiquei afastada das funções profissionais, mantive a rotina
de trabalho, paralela ao tratamento de saúde (Bibliotecário 14);
Ainda não fui afastada, mas preciso, por estresse (Bibliotecário
38);
Doença respiratória que atingiu as vias pulmonares, porém na
época, no dia seguinte que tive que buscar atendimento com
pneumologista a instituição entrou em greve e como eu não
estava bem não fiz o registro oficial da doença. Na época a
médica me deu 15 dias de licença (Bibliotecário 43);
13
Referente a 123 respondentes
106
Não foi necessário o afastamento, mas tenho blefarite crônica e
rinite (Bibliotecário 62);
Tive uma tosse horrível que perdurou por mais de 1 mês, mas
não fiquei afastada do trabalho (Bibliotecário 113).
Ainda sobre a temática “Afastamento”, a maioria da população pesquisa 76,7% (99
respondentes) conhece alguém que tenha se afastado do trabalho por problemas de doenças
relacionadas às atividades desenvolvidas em bibliotecas, em detrimento de 23,3% (30
respondentes) que não. Em seguida, procurou-se saber quais são as enfermidades mais típicas
do conjunto de doenças relacionadas à síndrome de Lesões por Esforço Repetitivo – LER14
,
doenças do trato respiratório e de pele decorrentes da realização das tarefas desenvolvidas no
ambiente de trabalho. Os dados estão expostos nas ilustrações a seguir:
GRÁFICO 8 – Quantitativo de casos de Doenças relacionadas à síndrome LER15
Fonte: A autora (2018)
GRÁFICO 9 – Quantitativo de casos de doenças respiratórias16
Fonte: A autora (2018)
14
Para o aprofundamento das doenças relacionadas à síndrome de Lesões por Esforço Repetitivo –
LER em bibliotecários indicamos a leitura do texto Oswaldo Taube (2002) citado na referência. 15
Referente a 126 respondentes. 16
Referente a 127 respondentes.
42%
8% 22%
8% 3%
13%
48%
0%10%20%30%40%50%60%
47%
35%
2%
20%
5%
39%
2%
1%
0% 10% 20% 30% 40% 50%
Rinite
Sinusite
Doenças pulmonares…
Faringite aguda
Laringotraqueíte
Nunca desenvolveu doenças…
Bronquite
Asma
107
GRÁFICO 10 – Quantitativo de casos de doenças de pele17
Fonte: A autora (2018)
Na sexta questão deste bloco, ainda sobre as doenças ocupacionais tentamos obter uma
relação entre sintomatologias de doenças e os tipos de atividades desenvolvidas em
bibliotecas, a saber: higienização e preservação do acervo e processo técnico. Durante as
atividades ligadas à higienização e preservação do acervo, foi verificado que a maior
sintomatologia é espirros, seguida de coceira na pele.
GRÁFICO 11 – Média geral das sintomatologias oriundas de atividades de
higienização e preservação do acervo
Fonte: A autora (2018)
Já nas atividades de processo técnico dor na coluna e no pescoço são sintomas
recorrentes, conforme apresentado no gráfico a seguir:
17 Com base em 123 respostas.
26%
1%
2%
2%
69%
Dermatite alérgica de
contato
Cistos foliculares da
pele
Ceratose palmar e
plantar
Alergia devido a
fungos nas unhas
Nunca desenvolveu
doenças de pele
50%
7% 5%
33%
54%
6% 3%
72%
54% 54%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
108
GRÁFICO 12 – Média geral de sintomatologias oriundas de atividades de processo
técnico
Fonte: A autora (2018)
Conforme exposto nos quadros 11 e 12, pode-se identificar que os processos de
higienização e processamento técnico do acervo são atividades que expõem o bibliotecário a
agentes de riscos ocupacionais. Os profissionais são expostos a agentes que surtem efeitos
adversos à saúde daqueles que lidam constantemente com os materiais em tratamento. Além
disso, são atividades que exigem esforços corporais e impõem os profissionais a posições
incômodas e monótonas.
5.6 DA PERCEPÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO FRENTE ÀS PENOSIDADES
VIVENCIADAS
A última seção desta pesquisa abriu espaço para relatos das experiências vivenciadas
por esses profissionais no seu ambiente de trabalho. Por isso, o principal objetivo desta seção
foi verificar a percepção do bibliotecário frente às penosidades causadas por um ambiente
insalubre. Foram obtidos vinte e sete discursos acerca das vulnerabilidades vivenciadas pelos
profissionais. Neste sentido, explicitamos abaixo alguns depoimentos:
Após o recebimento de várias caixas de doação de periódicos mal
conservados e precisei trabalhar com eles diretamente, tive uma tosse
constante com catarro e precisei entrar em tratamento com
antialérgicos e com corticoide por um longo período (60 dias)
(Bibliotecário 22).
31% 38%
4%
17%
32%
43% 45%
34%
28%
14%
0%5%
10%15%20%25%30%35%40%45%50%
109
[...] e a falta de limpeza no acervo... Temos que ficar implorando para
o pessoal da limpeza passar um paninho, até nas nossas estações de
trabalho (Bibliotecário 23).
Eu já tive algumas vezes na vida crise de coluna por estar realizando
a higienização de livros, inventário, remanejamento... Também já tive
inúmeras crises de Rinite, Sinusite e outros problemas respiratórios.
Na crise mais recente a médica suspeitou de estar desenvolvendo
asma e me passou alguns exames, mas ainda não realizei os mesmos.
(Bibliotecário 48).
Embora a maioria dos relatos tenha enveredado para o reconhecimento da biblioteca
com um potencial ambiente insalubre ao bibliotecário, algumas falas elucidaram concepções
positivas sobre seu espaço de trabalho além de certificarem a importância de estudos que
abordem os aspectos ambientais, ergonômicos e mecânicos em bibliotecas:
O ambiente da biblioteca não é insalubre [porém] existem alguns
aspectos que precisam melhorar, como a higienização frequente, o
controle de umidade, a manutenção frequente do ar condicionado,
entre outras coisas (Bibliotecário 63).
Apesar de eu não ter queixas graves em relação à questão
insalubridade, acho de extrema importância que este assunto seja
tratado, trabalho com diversas pessoas que constantemente se
ausentam do trabalho devido às condições insalubres. Este é um
problema muito sério e acho que devido ao tempo de serviço, criei
uma defesa natural, um escudo (Bibliotecário 70).
[...] As condições, no geral, são boas, mas faltam serviços de
segurança contra incêndio, rotas de fuga, etc e nossas janelas são
gradeadas (Bibliotecário 79).
[...] os documentos históricos [...] são higienizados quando trazidos
para o acervo (Bibliotecário 85).
[...] Aqui não é totalmente insalubre. Temos duas faxineiras
exclusivas (pois o espaço é enorme) e só o que falta mesmo é uma
política de higienização, [porque] obviamente muita poeira acumula-
se nos periódicos mais antigos. Banheiros e cozinhas estão sempre
limpos [...] (Bibliotecário 104).
Em seguida, chama a atenção os relatos sobre as sintomatologias constantes durante a
jornada de trabalho como cansaço, irritação e estresse. São evidenciadas também situações
que provocaram o aparecimento de rinite alérgica como a presença de poeira no acervo. Além
disso, foram identificadas outras experiências insalubres ocasionadas, sobretudo pelos riscos
físicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos:
110
Como funcionamos próximo à área om mata, temos sempre, na área
de biblioteca ocorrência de insetos como mariposa, mosquito e
aranhas (Bibliotecário 10).
Alergia se desenvolveu devido a micro-organismos provenientes do
carpete, falta de ventilação e umidade (Bibliotecário 16).
São vários os problemas, os móveis da biblioteca são todos
reaproveitados e ergonomicamente falhos, por serem antigos. Já
aconteceu alagamento quando teve um temporal e, por sorte, a água
não alcançou a tomada, que era uma "gambiarra" que ficava
pendurada quase encostando no chão. A iluminação também é ruim,
cansa muito a vista [...] (Bibliotecário 23)
Ficamos sem ar condicionado vários meses e neste período a
temperatura era muito alta e as condições insalubres para os
profissionais e usuários, atualmente recebemos novos aparelhos de ar
condicionado (Bibliotecário 79).
Como a biblioteca não possui ar condicionado já passei mal devido
ao calor, pressão baixa. Uma funcionária desenvolveu uma alergia
nas mãos e problema respiratório após o contato com periódicos
antigos. Lembrar que não apenas os bibliotecários, mas todos os
funcionários de uma biblioteca passam por situações como essa
(Bibliotecário 82)
[...] a maioria aqui já teve alergia respiratória ao manusear acervo
velho (Bibliotecário 104).
Colegas acometidas por fungos na garganta e pulmão (Bibliotecário
113).
Dos casos de doenças relatadas, é indispensável alertar sobre depoimentos abaixo:
Em virtude do tempo de exposição (29 anos), no ambiente insalubre
da biblioteca, foi detectado nódulos no pulmão, que de acordo com o
pneumologista tem sua origem nos ácaros e fungos do ambiente de
trabalho (Bibliotecário 49).
Já desenvolvi Síndrome de Pânico enquanto trabalhava na biblioteca,
por isso marquei Transtornos Mentais. Em maior ou menor grau as
atividades das bibliotecas causam desconforto e problemas de ordem
física ou psíquica, caso não tenham condições adequadas de trabalho
ou relaxamento (Bibliotecário 86)
Afastamento por doenças causadas por níveis baixos de limpeza e
higienização são recorrentes: conjuntivite, asma, espirros, coceira
nos olhos (Bibliotecário 105).
Quando à disponibilização e uso de EPI, foram feitos alguns apontamentos:
[...] temos luvas e máscaras à disposição para trabalhar
(Bibliotecário 104).
111
Trabalhamos com livros antigos que nunca foram higienizados e sem
nenhum material de proteção (Bibliotecário 88).
Mesmo utilizando mascara e luvas, no manuseio do acervo, tive uma
crise muito forte de sinusite (Bibliotecário 107).
A fim de ratificar a proposta do estudo que foi reunir indicadores que evidenciem o
espaço da biblioteca com potencial agravo à saúde dos bibliotecários, observamos nas falas
abaixo a importância de atribuir o adicional de insalubridade à remuneração salarial do
bibliotecário:
Atualmente há um entendimento no serviço público federal de que
apenas servidores que lidam com produtos químicos perigosos, tais
como solventes e reagentes, fazem jus ao recebimento de adicional de
insalubridade. Contudo, eu acredito que aqueles que lidam
diretamente com livros e periódicos antigos, reconhecidamente
infestados por ácaros e fungos, também estão expostos a riscos
biológicos. Diante desta questão, penso que esses servidores
deveriam, também, fazer jus ao recebimento de adicional de
insalubridade (Bibliotecário 58).
Bibliotecários merecem insalubridade, pois trabalham com papeis e
poeiras, que às vezes causam muitos problemas, pois não são
identificáveis a olho nu se forem pós-prejudiciais ou que com a
temperatura se tornem nocivos [...] (Bibliotecário 87).
Por fim, foi relatado que na Biblioteca Central do Centro de Ciências da Saúde (UFRJ)
ocorreu uma contaminação fúngica, em 5 de setembro de 2017. Os profissionais informaram
que a suspeita surgiu a partir de reclamações de usuários e de alguns funcionários que
desenvolveram problemas oculares, respiratórios e cutâneos. Em nota, a referida biblioteca
informa que as colônias se concentravam no forro do teto, este já retirado, e que desde então
são realizadas análises toxicológicas a fim de constatar se o problema de contaminação foi
resolvido com essa ação (NOTA..., 2018).
Ainda sobre a biblioteca do CSS/UFRJ atualmente, a equipe está alocada em um
espaço temporário onde são concentradas atividades de técnicas, serviços de circulação
(empréstimos, consultas, reservas e nada consta) e alguns computadores para pesquisa. A fim
de atender à demanda da comunidade acadêmica, o espaço também oferece o setor de
referência (orientações de pesquisas científicas, revisões sistemáticas e fichas catalográficas),
e 40 cadeiras para estudo. Além disso, as atividades de treinamentos para grupos de pesquisa
foram mantidas (NOTA..., 2018).
Por enquanto, por questão de logística, o acervo está sendo higienizado conforme a
demanda da comunidade, sobretudo pelo critério de seleção dos livros mais emprestados,
112
bibliografia básica e complementar dos cursos. Embora a biblioteca disponha de cerca de
17.000 itens, apenas 2.000 livros foram higienizados. Estima-se que mais 1.000 livros
entrarão no acervo temporário, entretanto o processo de higienização está parado devido à
troca filtro da máquina utilizada no processo. Espera-se que o processo seja finalizado ainda
no ano de 2018 (NOTA..., 2018).
Desta forma, o objetivo dessa coleta de dados foi reunir indicadores que ratifiquem a
importância de um olhar mais atento aos profissionais bibliotecários e suas condições de
trabalho e ao mesmo, alertar sobre a necessidade na formulação de políticas de prevenção e
promoção da saúde para a classe bibliotecária. Os níveis de afastamento e doenças podem ser
indicadores que evidenciem as diferentes fontes agressoras à saúde do bibliotecário. A média
geral das sintomatologias oriundas das atividades de higienização e preservação bem como
processo técnico são índices que demonstram a necessidade de intervenção na forma como o
trabalho é realizado.
Mesmo não sendo objetivo desta pesquisa, foi possível verificar a relevância da
temática, sobretudo pelo retorno que autora obteve dos bibliotecários. Muito foi mencionada a
importância na conscientização dos profissionais e dos órgãos legais sobre os riscos
ocupacionais inerentes à profissão bibliotecária. Durante a divulgação do questionário,
obtivemos o retorno de uma bibliotecária que nos informou sobre a criação da Comissão dos
Trabalhadores em Bibliotecas e Arquivos da UFF com a finalidade de lutar por melhores
condições de trabalho. Além disso, anualmente, a Comissão promove o Encontro de
Trabalhadores em Bibliotecas e Arquivos da UFF que aborda os diversos desafios que a
classe enfrenta para realização das atividades laborais.
113
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo é resultado de pesquisa desenvolvida em nível de graduação, onde se
procurou reunir indicadores que evidenciem o espaço da biblioteca com potencial agravo da
saúde dos bibliotecários, em um trabalho específico junto com os bibliotecários atuantes nas
bibliotecas universitárias no município do Rio de Janeiro. A proposta de estudo pretendeu
contribuir para a aprovação do projeto de lei n° 1.511 de 2015, elaborado pelo deputado
Vereador Uldurico, que visa atribuir o adicional de insalubridade para os bibliotecários
expostos a riscos ocupacionais.
Inicialmente, com base na compreensão da literatura acerca desta temática, atingindo o
primeiro objetivo específico deste estudo, buscamos analisar as situações referentes aos
aspectos ambientais, ergonômicos e mecânicos bem como as práticas preventivas e legais para
o exercício do trabalho biblioteconômico. Com isso, o estudo identificou situações de
vulnerabilidades vivenciadas nos espaços da biblioteca, principalmente àquelas relacionadas
temperatura, umidade, fungos e poeira. O que se demonstra verídico a partir do Quadro 11 –
Média geral das sintomatologias oriundas de atividades de higienização e preservação do
acervo onde se destacam espirros, coceira na pele, corrimento nasal e dor de garganta como as
sintomatologias acometidas aos profissionais que realizam atividades diretamente com o
acervo.
Em um segundo momento, procurou-se identificar a importância da saúde do
bibliotecário e como se dá a aplicação das legislações trabalhistas brasileiras. Os resultados
obtidos nesta pesquisa reafirmam a necessidade de uma intervenção pelos órgãos da classe
junto ao Ministério do Trabalho reivindicando os direitos trabalhistas dos bibliotecários. Além
disso, ratifica a importância na formulação de políticas internas com o fito de promover e
orientar bibliotecários, auxiliares e técnicos em Biblioteconomia bem como outros
funcionários dessas instituições acerca da importância de boas práticas em saúde e segurança
no trabalho em bibliotecas.
Por isso, é lícito inferir que a aprovação do PL será de grande contribuição para os
bibliotecários uma vez que é devido a esses profissionais, pois estão expostos a riscos nocivos
à sua integridade física e mental. Além disso, a exposição aos riscos ocupacional, mesmo que
de maneira intermitente, não elimina o direito do profissional ao adicional de insalubridade.
Contudo, é fundamental compreender que o adicional não deve ser interpretado como um
eliminador de riscos, deixando de lado o mais importante, a saúde do indivíduo bem como
114
não exime as instituições mantenedoras dessas instituições de oferecerem um ambiente
saudável para seus funcionários e engajado nas campanhas de prevenção e promoção à saúde.
A partir da revisão de literatura realizada e com base nos dados obtidos nesta pesquisa,
foi possível construir um debate acerca da saúde dos bibliotecários, principalmente àqueles
atuantes em bibliotecas universitárias que diariamente atendem demandas dos seus usuários
cada vez mais complexas, e consequentemente, dispõem de atendimentos cada vez mais
personalizados e serviços mais específicos. Neste sentido, sabendo das transformações
ocorridas nos ambientes de trabalho, sobretudo ocasionadas pelo avanço das tecnologias da
informação e comunicação que introduziram novas práticas de trabalho, é possível inferir que
tais profissionais, em decorrência da alta demanda de sua comunidade alvo, tem a
probabilidade da ocorrência de altos níveis de transtornos mentais, apresentando
sintomatologias como estresse, dor de cabeça, no pescoço, na coluna, fadiga ocular e cansaço
físico e mental. Neste momento, o objetivo específico foi atingido, pois foi possível
identificar e analisar o impacto do ambiente insalubre na vida dos bibliotecários atuantes em
bibliotecas universitárias.
Conforme verificado na pesquisa, para além de uma contribuição monetária às
vulnerabilidades vivenciadas por esses profissionais, torna-se necessária evidenciar algumas
recomendações para atingir o mais alto nível de satisfação da relação do profissional
bibliotecário com seu ambiente de trabalho. Deste modo, deve-se haver o aumento na
periodicidade de higienização do acervo e ambiente de trabalho bem como na manutenção dos
aparelhos de ar condicionado, maiores engajamentos para formulações de normas,
regulamentos e políticas internas que visem à saúde e segurança dos bibliotecários, higiene
pessoal após contato com materiais empoeirados ou contaminados, e principalmente, a
obrigação na utilização do equipamento de proteção individual nas atividades que exponham
o profissional a situação agravante à sua saúde.
No tocante aos regulamentos, normas e políticas internas recomendam-se a elaboração
de um Plano de Contingência nas bibliotecas pesquisadas com base nos riscos mais frequentes
nestas bibliotecas, incluindo regras de comportamentos em casos de sinistros. Espera-se que
com a elaboração desse instrumento, os índices de afastamentos e doenças e sintomatologias
decresçam e os níveis de satisfação com as condições ambientais e ergonômicas do trabalho
aumentam.
De qualquer forma, foi possível reunir indicadores que podem ser utilizados para
elucidar medidas de prevenção em saúde ocupacional dos bibliotecários. Mesmo que
115
incipiente este estudo apresentou elementos, principalmente pelos relatos aqui expostos, que a
biblioteca pode ser reconhecida como potencial espaço prejudicial à saúde do profissional e
este deve ser objetivo de atenção das ações preventivas. Aqui, cabe a colocação da
implementação do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT) no serviço público, sobretudo nas universidades.
Além disso, a maior parte dos bibliotecários, aproximadamente 58% do universo da
pesquisa, não reconhece os riscos ocupacionais presentes no seu ambiente de trabalho. Tendo
em vista este quantitativo torna-se importante a construção deste reconhecimento ainda na
graduação de forma a prevenir situações de exposição a riscos danosos à sua saúde. Neste
sentido, recomenda-se a existência de uma disciplina durante a graduação do curso de
Biblioteconomia voltada para a temática, de modo a conscientizar o profissional sobre os
possíveis riscos à sua saúde, formas de prevenção e proteção aos agentes agressores além de
boas práticas de trabalho em bibliotecas e quaisquer outros espaços de documentação e
memória.
Espera-se que este estudo instrumentalize os bibliotecários para reivindicações frente
às vulnerabilidades vivenciadas e distúrbios desencadeados pelo seu ambiente e atividades de
trabalho. Neste sentido, finaliza-se este estudo na esperança de futuros trabalhos empíricos em
níveis nacionais, trazendo visibilidade para as situações vivenciadas no ambiente de trabalho
dos profissionais da área de Biblioteconomia, de modo a contribuir no reconhecimento da
biblioteca como potencial ambiente insalubre e sujeito ao amparo legal da legislação
trabalhista brasileira.
116
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Acesso em: 31 maio 2018.
127
APÊNDICE A – Questionário aplicado aos bibliotecários
I) DOS ASPECTOS GERAIS
1 Seu cargo na biblioteca:
( ) Bibliotecário-chefe
( ) bibliotecário
2 Quais serviços costuma realizar? Pode-se escolher mais de uma opção
( ) Administrativos
( ) Processos técnico
( ) Atendimento ao público
( ) Treinamentos ou cursos
( ) Outros: _____________
II) DOS ASPECTOS AMBIENTAIS
3 Das situações abaixo, quais você reconhece no espaço em que trabalha? Pode-se escolher
mais de uma opção:
( ) Infiltração na parede, aparecimento de mofo e ou umidade excessiva
( ) O acervo encontra-se com fungos, mofo e ou empoeirados
( ) Falta de ventilação
( ) Falta de manutenção das tubulações de ar
( ) Falta de higienização no local de trabalho e no acervo
4 Com que periodicidade é feita a higienização do acervo?
( ) Quinzenalmente
( ) Mensalmente
( ) Anualmente
( ) Quase nunca
5 Faz uso de alguma substância química para higienização do acervo?
( ) Sim
( ) Não
128
( ) Não tem certeza
6 Existe controle/monitoramento da temperatura e umidade relativa do ar?
( ) Sim
( ) Não
7 Com que periodicidade é feita a limpeza do ar condicionado?
( ) Mensalmente
( ) Semestralmente
( ) Anualmente
( ) Quase nunca
( ) Não sabe informar
8 A temperatura do ar é adequada às exigências das tarefas realizadas?
( ) Sim
( ) Não
9 Qual seu nível de satisfação com os aspectos ambientais do seu espaço de trabalho?
(exposição a umidade, temperatura baixa ou elevada, ruído, poeira, produtos químicos,
fungos, bactérias...)
( ) Totalmente insatisfeito
( ) Parcialmente insatisfeito;
( ) Não satisfeito nem insatisfeito
( ) Satisfeito parcialmente
( ) Totalmente satisfeito
III) DOS ASPECTOS ERGONÔMICOS E MECÂNICOS
10 Qual o seu nível de satisfação quanto ao mobiliário (mesa, cadeira...) do seu ambiente de
trabalho estar adaptado ao seu biotipo e realização das tarefas?
( ) Totalmente insatisfeito
( ) Parcialmente insatisfeito;
( ) Não satisfeito nem insatisfeito
( ) Satisfeito parcialmente
( ) Totalmente satisfeito
129
11 Durante o exercício das suas atividades você carrega peso?
( ) Frequentemente
( ) Ocasionalmente
( ) Raramente
( ) Nunca
12 Você costuma realizar suas tarefas em posições incômodas?
( ) Sim
( ) Não
( ) Às vezes
13 A iluminação do seu ambiente de trabalho é adequada?
( ) Sim
( ) Não
14 Você possui algum treinamento quanto à prevenção de incêndios?
( ) Sim
( ) Não
15 A biblioteca possui saída de emergência?
( ) Sim
( ) Não
16 A área em que atua possui sinalização de segurança? (Mapa de risco, combate a incêndio)
( ) Sim
( ) Não
IV) DO CONHECIMENTO DE NORMAS, REGULAMENTOS, POLÍTICAS
EM SAÚDE E SEGURANÇA
17 Você tem informações sobre os riscos à saúde existentes em seu local de trabalho?
( ) Sim
( ) Não
130
18 A biblioteca possui algum regulamento interno quanto à saúde e segurança no trabalho?
( ) Sim
( ) Não
19 Quais equipamentos de proteção individual você utiliza? Pode-se escolher mais de uma
opção
( ) luva de descartável
( ) máscara descartável
( ) avental descartável ou lavável
( ) touca descartável
( ) Óculos de segurança
( ) Outros:______________
20 Caso tenha conhecimento, você concorda com a aprovação do Projeto de Lei n°
1.511/2015 de 2015 que reivindica o incentivo financeiro adicional de insalubridade, pois
estão expostos aos agentes físicos, químicos e biológicos no exercício de suas atividades?
( ) Sim
( ) Não
21 Caso a resposta anterior tenha sido negativa, justifique sua resposta.
V) DAS DOENÇAS E AFASTAMENTOS
22 Caso já tenha se afastado por algum problema de saúde relacionado ao trabalho, qual foi a
causa?
( ) Doenças respiratórias
( ) Doenças pulmonares
( ) Transtornos mentais
( ) Doenças do trato digestivo
( ) Doenças dermatológicas
( ) Doenças dos olhos
( ) Nunca se afastou por doenças ocupacionais
131
23 Você conhece alguma pessoa que tenha se afastado do trabalho por problemas de doenças
relacionadas às atividades desenvolvidas em bibliotecas?
( ) Sim
( ) Não
24 Quais das doenças relacionadas à síndrome de Lesões por Esforço Repetitivo – LER foram
desenvolvidas com relação ao trabalho realizado na biblioteca? Pode-se escolher mais de uma
opção
( ) Tendinite
( ) Tenossinovite
( ) Bursite
( ) Síndrome do túnel do carpo
( ) Dedo em gatilho
( ) Mialgias
( ) Nunca desenvolveu doenças relacionadas à síndrome
( ) Outros: _____________
25 Quais das doenças respiratórias abaixo você desenvolveu na realização das suas tarefas no
ambiente de trabalho?
( ) Rinite
( ) Sinusite
( ) Doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC)
( ) Faringite aguda
( ) Laringotraqueíte
( ) Nunca desenvolveu doenças respiratórias
( ) Outros: _____________
26 Quais das doenças de pele abaixo você desenvolveu na realização das suas tarefas no
ambiente de trabalho?
( ) Dermatoses pápulo-pustulosas
( ) Dermatite alérgica de contato
( ) Cistos foliculares da pele
( ) Ceratose palmar e plantar
132
( ) Úlcera crônica da pele
( ) Nunca desenvolveu doenças de pele
( ) Outros: ______________
27 Qual ou quais sintomatologias abaixo já sentiu após atividade de higienização e
preservação do acervo? Pode-se escolher mais de uma opção:
( ) Cansaço físico e emocional
( ) Inflamação de tecidos
( ) Frequência cardíaca
( ) Dor de garganta
( ) Coceira na pele
( ) Lesões na pele
( ) Sangramento no nariz
( ) Espirros
( ) Corrimento nasal
( ) Nunca sentiu nenhum sintoma
28 Qual ou quais sintomatologias abaixo já sentiu após atividade de processo técnico? Pode-
se escolher mais de uma opção:
( ) Estresse
( ) Dor de cabeça
( ) Crepitação nas articulações
( ) Formigamento e dormência
( ) Dor no punho
( ) Dor no pescoço
( ) Dor na coluna
( ) Irritação no nariz
( ) Fadiga ocular
( ) Nunca sentiu nenhum sintoma
VI) DAS INFORMAÇÕES ADICIONAIS
29 Nesta seção o(a) senhor(a) poderá relatar, caso queira, alguma experiência vivenciada em
seu local de trabalho referente às penosidades causadas por um ambiente insalubre:
133
APÊNDICE B – E-mail para apresentação da pesquisa aos bibliotecários
Prezado(a) bibliotecário(a),
Meu nome é Luisi Oliveira, sou graduanda do curso de Biblioteconomia da UNIRIO e
gostaria de poder contar com sua colaboração para a realização do meu Trabalho de
Conclusão de Curso, orientado pela Profª. Dra. Lidiane Carvalho. A pesquisa tem o objetivo
reunir indicadores para contribuir no reconhecimento da biblioteca como um ambiente que
pode expor o bibliotecário a riscos à sua saúde, sujeitando-o ao amparo legal das legislações
trabalhistas. Esta pesquisa conta com a participação dos bibliotecários atuantes nas bibliotecas
universitárias federais no município do Rio de Janeiro. Para isso, faz-se necessário a aplicação
de um breve questionário que está sendo enviado neste e-mail.
Os dados coletados serão utilizados exclusivamente para a pesquisa, desse modo
seu nome não será mencionado no trabalho.
Desde já agradeço a disponibilização e colaboração do(a) senhor(a) para a realização
deste estudo.
Atenciosamente,
Luisi Maria Costa de Oliveira
Graduanda em Biblioteconomia