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Mercosul – Aliança do Pacífico: prioridades para a indústria na agenda de negociações Fabrizio Panzini Gerente de Negociações Internacionais

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Mercosul – Aliança do Pacífico:

prioridades para a indústria na

agenda de negociações

Fabrizio Panzini

Gerente de Negociações Internacionais

Sumário

1. Aproximação entre Mercosul e Aliança do Pacífico

2. Comércio e investimentos

3. Os acordos comerciais em bens

4. Estratégia de negociação: Aliança do Pacífico e Mercosul

1. Aproximação entre Mercosul e

Aliança do Pacífico

A aproximação entre Mercosul e Aliança do Pacífico teve início em 2014...

...e resultou na assinatura da hoja de ruta em abril de 2017

Diretriz geral de trabalho para promover o aumento da integração dos blocos:

O documento não contém um mandato com previsão de negociações

Facilitação de comércio em serviços.

Cadeias regionais de valor e acumulação de origem

Facilitação de comércio e janelas únicas

Cooperação aduaneira

Promoção comercial e pequenas e médias empresas;

Barreiras não tarifárias

2. Comércio e investimentos

# Origem 2008 Origem 2017

1 União Europeia 36,2 União Europeia 32,1

2 Estados Unidos 25,6 China 27,3

3 China 20,0 Estados Unidos 24,8

4 Mercosul 14,9 Mercosul 11,9

5 Aliança do Pacífico 8,9 Aliança do Pacífico 10,8

6 Japão 6,8 Coréia do Sul 5,2

7 Nigéria 6,7 Japão 3,8

8 Coréia do Sul 5,4 Índia 2,9

9 Índia 3,6 Rússia 2,6

10 Taiwan (Formosa) 3,5 Argélia 2,3

Principais origens das importações brasileiras

# Destinos 2008 Destinos 2017

1 União Europeia 46,4 China 47,5

2 Estados Unidos 27,4 União Europeia 34,8

3 Mercosul 21,7 Estados Unidos 26,9

4 China 16,5 Mercosul 22,6

5 Aliança do Pacífico 13,7 Aliança do Pacífico 14,3

6 Japão 6,1 Japão 5,3

7 Venezuela 5,2 Índia 4,7

8 Rússia 4,7 Coreia do Sul 3,1

9 Santa Lúcia 3,6 Rússia 2,7

10 Coreia do Sul 3,1 Cingapura 2,7

Principais destinos das exportações brasileiras

Aliança do Pacífico se manteve como 5º destino das exportações e origem das

importações brasileiras na última década

No período, houve aumento de 21,3% nas importações e

4,6% nas exportações entre Brasil e Aliança do Pacífico

Fonte: FuncexData.

12% 12% 14%

22% 19% 20%

8% 6%

2008 2017

Peru

12,5% 15,0% 13,0%

23,9% 19,0%

18,1%

8,4% 8,6%

2008 2017

Chile

13,5% 14,9%

29,2% 26,3%

11,5%

19,0%

5,9% 5,0%

2008 2017

Colômbia

49,2% 46,4%

11,2% 17,6% 12,7% 11,6%

1,7% 1,3%

2008 2017

México

Nos últimos 10 anos o Brasil perdeu espaço no México, na Colômbia e no Peru

Participação nas importações dos países da Aliança do Pacífico (2008/2017)

Estados Unidos China União Europeia Brasil

Fonte: TradeMap. Elaboração: CNI

Participação do Brasil nas importações da Aliança do Pacífico por setores principais

Setor (Capítulo SH2) Mundo (US$ bi) Brasil (US$ bi) Part. BR/Mundo

2008 2017 2008 2017 2008 2017 Situação

Veículos automóveis e tratores 39,1 57,9 2,804 2,784 7,2% 4,8% Queda

Combustíveis minerais 54,4 54,6 2,113 2,076 3,9% 3,8% Queda

Máquinas, instrumentos mecânicos e suas partes 63,4 89,6 2,064 1,798 3,3% 2,0% Queda

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes 77,0 102,2 1,238 0,657 1,6% 0,6% Queda

Ferro fundido, ferro e aço 14,0 14,1 1,186 0,757 8,5% 5,4% Queda

Plásticos e suas obras 21,1 29,5 0,424 0,774 2,0% 2,6% Aumento

Borracha e suas obras 6,3 9,7 0,413 0,350 6,6% 3,6% Queda

Obras de ferro fundido, ferro ou aço 10,1 12,3 0,330 0,120 3,3% 1,0% Queda

Papel e cartão 6,8 7,6 0,320 0,437 4,7% 5,8% Aumento

Minerios, escórias e cinzas 2,7 1,1 0,317 0,132 11,8% 11,7% Queda

Alumínio e suas obras 5,0 6,9 0,295 0,191 5,9% 2,8% Queda

Produtos farmacêuticos 6,2 8,5 0,236 0,276 3,8% 3,2% Queda

Produtos químicos orgânicos 11,3 12,2 0,226 0,288 2,0% 2,4% Aumento

Aeronaves e aparelhos espaciais, e suas partes 3,0 1,3 0,190 0,011 6,3% 0,8% Queda

Produtos diversos químicos 5,1 7,3 0,160 0,189 3,1% 2,6% Queda

Produtos de perfumaria e cosméticos 2,7 4,9 0,144 0,189 5,3% 3,8% Queda

Cereais 8,3 8,2 0,128 0,178 1,6% 2,2% Aumento

Instrumentos e aparelhos de óptica e médico-cirúrgicos 14,7 18,5 0,125 0,156 0,9% 0,8% Queda

Móveis e mobiliário médico-cirúrgico 3,4 5,3 0,120 0,115 3,6% 2,2% Queda

Calçados, polainas e artefatos semelhantes; suas partes 1,6 3,1 0,116 0,132 7,2% 4,2% Queda

Ferramentas, artefatos de cutelaria e talheres 1,9 3,1 0,105 0,103 5,7% 3,3% Queda

Pastas de madeira, papel ou cartão para reciclar 1,3 1,3 0,102 0,242 7,5% 18,5% Aumento

Preparações alimentícias diversas 1,6 2,4 0,094 0,212 6,0% 8,9% Aumento

Vidro e suas obras 1,5 2,1 0,083 0,072 5,5% 3,5% Queda

Tintas e vernizes; mástiques; tintas de escrever 2,3 3,3 0,081 0,065 3,6% 2,0% Queda

Demais 76,3 104,4 1,816 3,482 2,4% 3,3%

Total 441,0 571,3 15,231 15,789 3,5% 2,8%

Brasil perdeu participação em 19 de 25 setores nos países da Aliança do Pacífico

na última década

Apesar de ganho de mercado no Brasil, há espaço para ampliar a participação da

Aliança do Pacífico nas importações do Brasil

Participação de países selecionados nas importações do Brasil (2008/2017)

Fonte: FuncexData.

20,9%

18,5%

11,6%

15,8% 14,8% 14,4%

1,8% 2,4% 2,3%

2,0% 0,6% 0,9%

0,5% 0,8%

2008 2017

União Europeia China Estados Unidos Méxco Chile Peru Colômbia

Na década, países da Aliança do Pacífico somados subiram participação

no mercado brasileiro. De 5,2% para 6,1%. Única queda foi do Chile.

Principais origens dos investimentos no Brasil (acumulado 2003-2017)

# País Nº

projetos US$

milhões Empregos

Nº Empresas

1 Estados Unidos 1.182 81,1 161.766 801

2 Alemanha 330 27,9 62.437 214

3 Reino Unido 321 26,3 49.133 247

4 Espanha 319 26,1 70.406 202

5 Itália 162 25,3 50.620 104

6 Japão 247 20,6 50.254 180

7 França 277 18,5 43.113 182

8 China 122 15,0 38.638 96

9 Aliança do Pacífico 90 12,4 18.116 53

10 Coreia do Sul 62 10,2 23.308 43

Total 4.299 347,8 779.270 2.959

Principais destinos dos investimentos brasileiros no exterior (acumulado 2003-2017)

País/bloco Nº

projetos US$

milhões Empregos

Nº Empresas

1 Aliança do Pacífico 156 18 31.940 123

2 Argentina 98 6,5 25.152 65

3 Estados Unidos 169 5,9 13.772 113

4 Venezuela 12 4,0 4.481 9

5 Malásia 5 3,7 6.483 4

6 Canadá 12 3,5 3.604 10

7 Moçambique 9 3,4 2.097 4

8 Portugal 21 3,0 3.370 18

9 Angola 7 2,9 1.189 7

10 China 47 2,7 8.135 28

Total 869 71,0 144.230 378

Relevância cada vez maior da agenda de investimentos. Bloco da AP somado

recebeu maior valor e segundo maior número de projetos

Fonte: FDI Markets. Elaboração: CNI

3. Os acordos comerciais existentes

Panorama dos acordos comerciais entre Brasil e países da Aliança do

Pacífico

Bens Serviços Investimentos Compras públicas

Chile ACE-35 Protocolo ao ACE-

35 ACFI Protocolo ao ACE-35

Colômbia ACE-72

(produtos sujeitos a PF) - ACFI -

México

ACE-53 (produtos sujeitos a

preferências fixas e

limitado a 789 códigos) -

ACFI

-

ACE 55 (automotivo)

Peru ACE-58 Acordo de

expansão

ACFI (Acordo de

expansão) Acordo de expansão

Acordos celebrados pelo Brasil e os países da Aliança do Pacífico

Fonte: MDIC e CNI. Elaboração: CNI

Acordo de livre comércio desgravado totalmente desde 2013

Prazos

Ofertas

Brasil para o Chile Chile para o Brasil

Importações

Brasil-Chile

(US$ milhões)

Part. %

Exportações

Brasil-Chile

(US$ milhões)

Part.

%

100% a partir de

1/1/2013 3.167,3 100 4.556,0 100

Total de códigos

NALADI/SH 96 3.167,3 100 4.556,0 100

ACE 35: simulação das ofertas do Brasil para o Chile e vice-versa, por valor de comércio

(média 2016/17)

Fonte: Funcex.

ACE 58: simulação das ofertas do Brasil para o Peru e vice-versa, por valor de comércio

(média 2016/17)

Prazos

Ofertas

Brasil para o Peru Peru para o Brasil

Importações

Brasil-Peru

(US$ milhões)

Part. %

Exportações

Brasil-Peru

(US$ milhões)

Part. %

100% a partir de 1/1/2018 1.421,5 99,6 1.429,7 68,2

100% a partir de 1/1/2019 0,0 0,0 556,3 26,5

Não se aplica ao acordo 0,0 0,0 26,0 1,2

Bens usados 0,0 0,0 0,0 0,0

Outros - vide apêndices 5,4 0,4 85,0 4,1

100 % a partir de 1/1/2018 5,4 0,4 85,0 4,1

100% a partir 1/1/2019 0,0 0,0 0,0 0,0

Total 1.426,9 100,0 2.096,9 100,0

100% dos produtos do Peru vendidos ao Brasil não pagam tarifas de

importação, mas 26,5% do que o Brasil vende ao Peru será ainda totalmente

desgravado em 2019.

Fonte: Funcex.

ACE 72: simulação das ofertas do Brasil para a Colômbia e vice-versa, por valor de comércio (média 2016/17)

Prazos

Ofertas

Brasil para a Colômbia Colômbia para o Brasil

Importações

Brasil-Colômbia

(US$ milhões)

Part. %

Exportações

Brasil-Colômbia

(US$ milhões)

Part. %

100% a partir de 1/1/2018 1.169,1 99,5 1.865,7 78,7

Bens usados 0,0 0,0 0,0 0,0

Outros - vide apêndices 6,1 0,5 505,6 21,3

100 % a partir de 1/1/2018 0,0 0,0 5,9 0,2

PF até 50% 2,2 0,2 4,6 0,2

PF de 50% até 75% 3,9 0,3 345,0 14,5

PF de 75% até 94% 0,0 0,0 57,2 2,4

Produtos de carnes1 0,0 0,0 0,0 0,0

Leite, em pó ou creme de leite2 0,0 0,0 0,3 0,0

Produtos com Negociações Pendentes 0,0 0,0 92,6 3,9

Produtos com Medidas Regulatórias 0,0 0,0 0,0 0,0

Total de códigos NALADI/SH 96 1.175,2 100,0 2.371,3 100,0

Notas:

(1) 100% dentro do contingente a partir de 2018. Fora do contingente vigoram PF em geral de 25%.

(2) 100% dentro do contingente a partir de 2018. Fora do contingente o programa de liberalização comercial não se

aplica. A desgravação tarifária a 15 anos e as demais condições de acesso iniciarão sua aplicação quando as partes

assim o acordarem.

US$ 506 milhões que o Brasil exporta para a Colômbia ainda enfrenta tarifas

Fonte: Funcex.

Prazos

Ofertas

Brasil para o México México para o Brasil

Importações

Brasil-México

(US$ milhões)

Part. %

Exportações

Brasil-México

(US$ milhões)

Part. %

ACE 53

PF de até 25% 26,6 0,7 38,8 0,9

PFde 25% até 50% 60,8 1,6 128,7 3,1

PF de 50% até 80% 27,5 0,7 49,2 1,2

MP de 100% 475,9 12,3 230,2 5,5

Produtos com preferências variando entre

50% e 100% para quotas diferenciadas por

produtos; e preferenciais com percentuais

mais baixos para volumes que excedem as

quotas.

78,7 2,0 7,2 0,2

Total de produtos ACE 53 669,5 17,2 454,1 10,9

ACE 551

MP de 100% 1.699,6 43,8 1.428,1 34,3

Produtos fora dos acordos 1.513,9 39,0 2.281,5 54,8

Total de Códigos NALADI/SH 96 3.883,1 100,0 4.163,7 100,0 (1) O acordo automotivo listou 140 códigos NALADI/SH 2002 os quais tem relação com 138 códigos

NALADI/SH 96.

ACE 53 e ACE 55: simulação das ofertas do Brasil para o México e vice-versa, por valor de

comércio (média 2016/17)

Dos países da AP, o acordo com o México é o mais limitado em sua cobertura

Fonte: Funcex.

4. Estratégia de negociação:

Mercosul e Aliança do Pacífico

1. Equiparar condições de regras e acesso

2. Definir uma agenda para negociação em bloco

3. Definir uma agenda para negociação bilateral individual

4. Impulsionar negociações bilaterais Brasil-México

5. Definir agenda econômica de trabalho mais ampla

O que a indústria espera das negociações Mercosul Aliança do Pacífico?

Estratégia de negociação com Aliança do Pacífico

Negociação de regras em bloco

(Aliança do Pacífico e Mercosul)

Negociação de Acesso a mercados

individualmente Brasil + países da

Aliança do Pacífico

REGRAS ACESSO A MERCADOS

Principais regras que podem ser negociadas em bloco

Negociação Mercosul-Aliança do Pacífico

Acumulação de origem

Facilitação de comércio e cooperação

Barreiras técnicas ao comércio

Medidas sanitárias e fitossanitárias

Promoção comerciais e PMEs

Coerência regulatória

Certificação de origem digital

ATA Carnet

Investimentos

Vistos de trabalho

Acordo previdenciário

Exemplos de disciplinas das principais regras que podem ser negociadas em bloco

Facilitação de comércio e cooperação: incluir prazo máximo para liberação de mercadorias (48 horas), prazo para respostas à solução de consultas (150 dias),

transparência para encargos e taxas, interoperabilidade de janelas únicas e acordos

e reconhecimento de operadores econômicos autorizados.

Barreiras técnicas ao comércio: transparência e troca de informações entre as partes, promover iniciativas facilitadoras de comércio com vistas a selecionar setores para

convergência de regulamentos e tratamento igualitário para organismos de avaliação

de conformidade.

Obs: De 104 PCEs levantados pelos países da Aliança do Pacífico no Comitê TBT da

OMC, 10 foram contra o Brasil. Ex: cosméticos, eletrônicos, sardinhas, bebidas.

Foram levantados 38 PCEs no Comitê TBT contra os países da Aliança do Pacífico, sendo

4 pelo Brasil. Ex: Alimentos, rotulagem de alimentos.

Acumulação de origem: permitir aos países da Aliança do Pacífico acumularem origem na sua produção quando adquirirem insumos, de países do Mercosul e Aliança do

Pacífico, e exportarem para países desses blocos. Trabalho para desenvolver essas

regras precisa unir setor privado do bloco e governos.

Bens (México e Colômbia): No comércio com o México, 55% das exportações do Brasil ao país estão fora dos acordos atuais. Com a Colômbia, 20% do que o Brasil exporta

está sujeito a preferências tarifárias ou está fora do acordo.

Serviços: Atualizar o protoloco de serviços com o Chile e buscar acordos com regras e acesso a mercado para o comércio de serviços entre Brasil e Colômbia e Brasil e

México.

Compras governamentais: Negociar acordos com México e Colômbia, que possuem mercados de compras públicas de US$ 60 bilhões e US$ 25 bilhões respectivamente.

Acesso a mercados: negociação entre Brasil e os país da Aliança do Pacífico

individualmente