mentira

16
# 4 Você mente

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Mentira

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Page 1: Mentira

# 4

&

Você mente

Page 2: Mentira

A ciênciaprovaPor Lilian Ferreira

Eu, você e todo mundo mente. E mente muito. O

quanto exatamente varia. Uma pesquisa diz que

uma pessoa mente em uma a cada quatro

interações sociais: outra, que mesmos aqueles

que dizem não mentir falam uma inverdade a

cada dez minutos: uma terceira afirma que

contamos de 10 a 100 mentiras por dia!

"A maior mentira é dizer que não mente", afirma a

psicóloga Monica Portella. E por que mentimos

tanto? A resposta de especialistas é clara; para

Imagine que você acabou de brigar em casa. O limite do cartão decrédito estourou. A babá reclamou do salário. Você chega ao trabalhoe seu chefe pergunta; "E aí, tudo bem?". Você responde;

A ()

"Tudo."

B ()

"Uns probleminhasem casa só. Nada

demais."

C ()

"Briguei em casa,estou devendo atéas calças e a babá

ainda queraumento!"

Page 3: Mentira

conviver melhor com os outros e com nós

mesmos.

Mentiras leves são aceitas e até obrigatórias em

algumas situações. "Temos os rituais de

cumprimento. Somos obrigados a agir com

polidez, caso contrário, você pode ser tachado

de insensível", explica o psicólogo Ailton Amélio,

professor da USP (Universidade de São Paulo).

Amélio diz que há uma pressão interna para

sermos cordiais e, por isso, muitas vezes

mentimos ao dizer que uma mulher não está feia

com a roupa escolhida ou que sentimos muito

quando alguém conta uma notícia ruim, mesmo

sem qualquer comoção genuína.

Segundo o sociólogo Erving Goffman, nós

desviamos da realidade 95% do tempo. Nós

interpretamos papéis. Do ponto de vista evolutivo,

desenvolver fórmulas para enganar o outro foi

uma tática bem sucedida para a sobrevivência

da espécie.

Claro, a mentira não é válida para TUDO o que

falamos, senão sempre desconfiaríamos do que

nos é dito. Por isso, seguimos também o princípio

cooperativo que nos orienta a não afirmar nada

que seja deliberadamente falso.

Além de querer evitar o conflito, sempre

inventamos algo ao perceber que nossa

autoestima pode ser prejudicada. Dizer que

Homens mentem pela própriaimagem; mulheres, para oferecerbem-estar

Pesquisa de Robert Feldman, da Universidade de

Massachussetts

U

Page 4: Mentira

ganha mais, que conhece o assunto que está em

discussão ou que muitas pessoas estão

interessadas em você são alguns exemplos.

Essas são as mentiras leves ou brancas, que não

têm por fim prejudicar alguém. Amélio diz que a

maioria das mentiras atenua ou exagera a

verdade.

Bruno Simões, professor de Pensamento Crítico e

Ética do Insper, acredita que a mentira é uma

prática intencional. Para ele, estamos inseridos

num quadro social do qual a mentira já faz parte.

Simões dá como exemplo uma criança que

mente antes mesmo de desenvolver a linguagem.

O bebê descobre que ele consegue coisas a

partir do choro, seja a emoção verdadeira ou não.

Com dois ou três anos as crianças já dispõem de

um farto repertório de manipulações, fingimentos

e mentiras.

Brasileiros mentem melhor que asmulheres, mas as brasileiras sãomelhores em descobrir uma mentira

Pesquisa de Monica Portella, da PUC-RJ

U

Pessoas falam a verdade para parecer maishonestas. Isso porque elas estão mais

preocupadas com a autoimagem do que comoutro interesse

Pesquisa de Lusha Zhu, do Instituto de Pesquisa Virginia Tech Carilion

Page 5: Mentira

E quais seriam as razões para mentir? A

filosofia debate o tema desde os egípcios,

com Platão. Há a face política (a vida

coletiva), a psicológica (a vida individual) e a

ética (a vida comum).

Na política, a mentira foi tratada em "A

República", de Platão. O filósofo diz que ela é

necessária para que os homens possam

conviver. Afirma também que uns nascem

para mandar e outros para obedecer. Parte

do pressuposto de que as pessoas comuns

não estão preparadas para saber o que

ocorre na política.

Já na psicologia, Freud sustenta que a vida

seria insuportável caso não mentíssemos.

Imagine a quantidade de brigas e

desavenças que aconteceriam se você

falasse a verdade o tempo todo. Mentimos

para enfrentar a realidade e para atrair a

atenção do outro. Também criamos novas

versões, ficções e deturpações da realidade

que cumprem um papel psíquico para nós

mesmos.

No terreno da ética, entram as mentiras

contadas geralmente para o próprio

benefício, autopromoção ou até para destruir

um concorrente. Você tem autonomia para

escolher se vai mentir ou não.

E é nesse contexto que a mentira se torna

mais difícil, quando há chance de

consequências graves. Exige uma reflexão

do custo benefício da atitude. É normal

mentir para um desconhecido, mas quando

são envolvidas pessoas íntimas a mentira

pode tomar outra proporção.

Page 6: Mentira

"Quando a gente não se sente tão íntimo a

gente desvia da verdade. Já nas relações há

um contrato de honestidade, de um amigo

contar a verdade para o outro, por exemplo",

diz Amélio.

Pamela Meyer escreve em "Liespotting" que

nós mentimos mais para desconhecidos do

que para pessoas que conhecemos.

Estranhos mentem em média três vezes nos

10 primeiros minutos de conversa. Casais,

uma vez a cada 10 interações.

De acordo com Christian Dunker, professor

de psicologia da USP, homens pensam no

objetivo do ato de mentir, qual a finalidade: já

as mulheres enxergam o porquê, consideram

a razão mais importante.

"Mentimos para ser e mentimos para ter.

Mentimos porque queremos passar do

desejo de reconhecimento ao

reconhecimento do desejo (quando o outro

reconhece nosso desejo e mente para

atendê-lo, no caso da mentira branca). Mas

também o contrário, quando reconhecemos

um desejo e queremos algum

reconhecimento como é o caso da mentira

maldosa", afirma Dunker.

Num extremo, a mentira vira uma compulsão

quando a pessoa mente sem saber por que,

e as mentiras se tornam tão absurdas que

não mantêm nenhuma relação com a

O cérebro ainda se considera'honesto' quando ajuda a contarpequenas mentiras. Com grandesmentiras, não

Pesquisa de Dan Ariely com pessoas que mentiam

menos quanto maior era a recompensa

U

Page 7: Mentira

verdade. Nesse contexto, a área do

julgamento não é ativada normalmente no

cérebro do mentiroso.

A honestidade precisa de tempo.Quando você não tem tempo parapensar, é comum mentir mais

Pesquisa de Shaul Shalvi, da Universidade de

Amsterdam

U

A honestidade real não é resistir à mentira.Aqueles que pensam em mentir, mas dizem averdade, têm a mesma atividade cerebral de

quem mentePesquisa de Joshua Greene, da Universidade de Harvard

Mentir para si mesmo ésempre a pior mentira?

Assista a pelo menos um dos vídeos ao lado antes de

ler o texto. Assim, é mais fácil perceber como o

cérebro engana nossa percepção do mundo chamado

de real. Nós não vemos o que está ali, mas sim o que

Page 8: Mentira

aPreste atenção; Nem sempre o que você vê é a realidade

aO cérebro mente ao fazer você ouvir um som que não é oemitido

aO cérebro interpreta a realidade e apresenta uma ilusão

nosso cérebro quer que vejamos. A mesma coisa

acontece com nossos outros sentidos. Não vemos a

realidade para viver melhor.

Muitos animais enganam outros para sobreviver, mas

só o humano consegue mentir para os outros

esperando o engano, além de enganar a si próprio de

uma maneira que a mentira passa a ser realidade para

ele.

Nos anos 70, a gorila Koko mentiuusando a linguagem de sinais. Elaarrancou uma pia da parede de suajaula e, ao ser questionada, acusouum dos seus gatos de estimação

As pessoas fingem para manipular a percepção geral

sobre elas, o que geralmente as torna incapazes de

separar o que é verdade e ficção, afirma pesquisa de

Robert Feldman, autor do livro "Quem é o Mentiroso da

Sua Vida?".

Professor de psicologia da USP, Christian Dunker

lembra um trecho da "Poesia e Verdade", de Goethe,

como uma "história clássica que parece conter a

essência humana da mentira".

"Goethe descobre que o descompasso entre o ser e o

querer é a fonte maior da mentira, inclusive da pior

mentira, aquela que não reconhecemos como tal.

Aquela que erigimos contra nós mesmos", explica.

O conceito básico de mentira pressupõe dizer a

alguém algo que é contrário ao que se pensa, percebe

ou acredita. Mas isso significa dizer que este alguém

realmente sabe o que pensa, quer ou acredita. E, além

de pensar, querer e acreditar em coisas diferentes em

momentos diferentes e com pessoas diferentes, muitas

vezes nós mesmos não temos essas respostas.

Assim, ao contarmos mentiras para melhorar nossa

imagem perante o outro, acreditamos um pouco na

nossa mentira e, para piorar, usamos o que o outro

Page 9: Mentira

acha de nós para criarmos nossa autoimagem e a

passamos para frente em looping.

"Descobrirmos o que temos e somos coletivamente.

Mas nós mesmos não sabemos bem quando estamos

mentindo quando o assunto é nós mesmos. Há uma

série de experimentos que mostram como nossa

percepção de nós mesmos, de nossos valores, de

nossos princípios e de nossa imagem é, geralmente,

muito, mas muito assustadoramente distorcida", diz

Dunker.

De acordo com o psicólogo Ailton Amélio, geralmente

quem tem autoestima elevada se acha "mais do que é".

Já quem tem uma baixa autoestima, mas não

exagerada, tem uma percepção mais próxima da

realidade. "A gente não tem autoimagem porque os

outros fingem nas reações com a gente".

O filme "Ele Não Está Tão a Fim de Você" retrata esta

estrutura no amor. Nele cada personagem feminina

recebe uma mensagem "equivocada" sobre o interesse

de seu pretendente. Ele diz que vai ligar e não liga, ele

faz uma gentileza e a mocinha já acha que é sinal da

paixão mais verdadeira. Por mais que a realidade

prove o contrário, as mulheres do filme insistem em

não enxergá-la e mantêm o autoengano pensando que

ele teve um problema e por isso não ligou, ou que uma

reação fria é apenas algum problema no trabalho.

Você, por exemplo, quando está a fim de alguém e ele

não dá as caras há um tempo, o que faz?

Liga para aquela amiga

que sabe que vai dizer

para ligar agora, pois é

isso o que você quer

fazer, mas precisa da

amiga para validar sua

decisão?

Você liga para aquela

amiga que vai dizer para

esperar, mesmo você

sabendo que vai ligar,

até porque o que você

quer é alguém para te

reprovar e amplificar sua

culpa?

Page 10: Mentira

De todo modo você se autoenganou, seja buscando a

amiga que iria falar o que você quer ouvir ou criando

uma situação para que, se tudo desse errado, você já

soubesse disso.

Mentir ou descobrir?Abaixo representamos uma cena que poderia acontecer na sua vida. Escolha um

personagem na história e o que você quer que ele faça. Com a ajuda de um

especialista vamos analisar as atitudes em uma situação de mentira.

HOMEM MULHER

MENTIR PARA OOUTRO

DESCOBRIR AMENTIRA

A cara da verdadeSaiba reconhecer expressões verdadeiras das sete emoções

para não ser enganado. Repare na testa, olho e boca

Page 11: Mentira

a

Os animais enganam, videa fêmea do chupim, que

põe ovos em ninho alheio.Mas eles não mentem

"Enganar e iludir têm umsentido mais amplo doque mentir. Ao enganar-sevocê não mente para si"

Cleber Conde, linguista do departamento deLetras da UFSCar

a

Quem conta umconto...

Agora que você já sabe reconhecer sinais da mentira e expressões

verdadeiras, tente adivinhar se as histórias contadas realmente

aconteceram

Alegria

Precisam aparecer os pés de galinha na parte externa dos olhos; a "alegria

no olhar". Os cantos da boca são puxados para trás e para cima. As

pálpebras inferiores são empurradas para cima pelas bochechas. Por isso, os

olhos parecem um pouco fechados

' %Èb

# 4

Mentira

Page 12: Mentira

Neste TAB você viu sinais que podem indicar

mentira, geralmente aqueles que mostram

nervosismo e tensão. Outro jeito de perceber

se alguém está mentindo é reconhecendo

expressões de emoções reais. É comum a

pessoa tentar parecer feliz, mas não fazer

uma expressão real, ou ainda apresentar

características de raiva, nojo ou tristeza. Só

10% das pessoas conseguem controlar os

movimentos da testa, por exemplo.

Unindo esses conhecimentos, fica mais fácil

desconfiar se alguém está mentindo, mas é

bom lembrar que eles são só indicativos.

Não acuse ninguém só baseado em um ou

outro detalhe.

Pessoas diferentes dão sinais diferentes. A

análise tem de ser mais complexa e levar em

consideração como a pessoa reage

Page 13: Mentira

normalmente, seu tom de voz e postura. Ah,

e a ciência diz que apaixonados são

péssimos para detectar estes sinais...

Desconfiando da mentira, avalie quão grave

ela é. Você pode usar a escala de

Münchausen, que vai do nível 1, mais leve ou

mentira branca, até o 5, a mais maligna. Veja

os critérios que formam cada grau desse

conceito, que pode indicar qual o perfil da

mentira e do mentiroso em questão;

1. A autoironia e o jogo em torno da verdade

são mais leves. É o nível sub-clínico no qual

a mentira aproxima-se de uma brincadeira ou

de um jogo.

2. Ela não é percebida pela pessoa que

mente como uma mentira, em todas as suas

implicações. O ato é "edulcorado" com

expressões autoenganadoras; todo mundo

faz, ou todo mundo diz.

3. É o prazer de levar vantagem, não pagar a

conta, ou causar um mal estar sem ser

responsabilizado por isso. A fofoca e a

maledicência entram aqui também.

Page 14: Mentira

(http://www.facebook.com/sharer/sharer.php?

4. Envolve a repetição compulsiva da

mentira. Uma leva a outra, construindo um

castelo de cartas que o sujeito se ocupa em

manter. Neste caso, tudo o que o contrarie

ou desminta é recebido agressivamente

como ofensa pessoal.

5. É o que a psicopatologia chamava de

"mitômanos" ou "fabuladores" para os quais a

mentira torna-se parte de um delírio. Ela traz

todas as características anteriores acrescida

do desejo de impor a mentira.

Pois é. Eu minto (pouco! Juro!), você mente

(tenho certeza que também é pouco!), todo

mundo mente. E isso não é tão

surpreendente quanto você achava quando

começou a ler este TAB, não é? b

Lilian Ferreira

Editora de Ciência e

Saúde do UOL. Quer

a verdade sempre,

mas mente às vezes

[email protected](mailto:[email protected])

UNão, vocênão estágorda

UEu te amo

UDesculpa,perdi aligação /mensagem

ULinda a suaroupa

UVocê nãomudounada

UÉ só umaamiga

UAh, entendi

UComo vocêestá bem

UEstou comdor decabeça

UTenhocerteza quefoi porcausa dacomida...

UEu faleipara ele

UNão bebitanto assim

PARTICIPE

ENVIE AMENTIRA QUE

VOCÊ MAISOUVE POR AÍ

Page 15: Mentira

UIsso é tudoo quesemprequis

UFoi só umbeijo...

UEstava empromoção

UNãochegou oseu email

UAh, seiquem é,sim...

UNada deerrado, tátudo bem

Quero enviar por:

Após passar pela nossa equipe de moderação, asmelhores mentiras aparecerão aqui no TAB

HEmail

(mailto:[email protected])

WhatsApp

Esta reportagem também contou com apoio de:

Flávio Florido, fotografia; Luiz Ribalta, design; Cristiane Spina e Beto França, produção; Eduardo Bonavita e Eduardo Piagentini, edição de

vídeo. Agradecimentos: Grasiele Manhaes, Flávio Andrade, Luciana Pioto, Amanda Serra, Claudia Cotes, Raquel Vieira, Fábio Luís de Paula, Dani

Costa, Cayo Corrêa, Max Galise e Bárbara França.

bé um conteúdo produzido semanalmente pela equipe do UOL. Nossa missão é entregar uma

experiência única e interativa com conteúdo de alta qualidade, em formatos inovadores e com

total independência editorial. TAB só é possível por causa do patrocínio de algumas marcas, que

também acreditam em conteúdo de qualidade. We ^ them big time.

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Page 16: Mentira

A cara da morte(http://click.uol.com.br/?

rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/morte/)A exposição da vida pública começa a valer

para a morte. Com isso, cai o véu que antes

escondia o luto. (http://click.uol.com.br/?

rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/morte/)

(http://click.uol.com.br/?rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/morte/)

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Processo Seletivo(http://click.uol.com.br/?

rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/ex-detentos/)

Quando a sociedade vira o rosto para os ex-

detentos à procura de emprego, gera um

efeito colateral que fornece mão de obra ao

crime (http://click.uol.com.br/?

rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/ex-

detentos/)

(http://click.uol.com.br/?rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/ex-detentos/)

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Beleza Roubada(http://click.uol.com.br/?

rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/roubo-arte/)

A ficção exagera nas cores para retratar o

roubo de obras de arte. E nós contamos para

você a história preto no branco

(http://click.uol.com.br/?

rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/roubo-

arte/)

(http://click.uol.com.br/?rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/roubo-arte/)

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Direção

Rodrigo Flores

Edição

Daniel Tozzi

Reportagem

Juliana Carpanez

Lilian Ferreira

Mariana

Tramontina

Paulo Terron

Design/UX

Denise Saito

Mariana Romani

René Cardillo

Hugo Luigi

Desenvolvimento

Fernando Barros

Gabriel Furini

Vídeo

Danillo Sperandio

Ugo Soares

Colaboração

Elav

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