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MESTRADO CONTROLO DE QUALIDADE Mentha pulegium L.: Desenvolvimento e caracterização de uma formulação lipídica para modulação da atividade cerebral Rafael Santos Vilamarim M 2017

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MESTRADO

CONTROLO DE QUALIDADE

Mentha pulegium L.: Desenvolvimento e

caracterização de uma formulação lipídica para

modulação da atividade cerebral

Rafael Santos Vilamarim

M

2017

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Mentha pulegium L.: Desenvolvimento e caracterização de uma

formulação lipídica para modulação da atividade cerebral

Dissertação do 2º Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de

Mestre em Controlo de Qualidade

Especialidade Fármacos e Plantas Medicinais

Rafael Santos Vilamarim

___________________________________

Trabalho realizado sob supervisão da Prof. Doutora Paula Cristina

Branquinho de Andrade e co-supervisão da Prof. Doutora Patrícia Carla

Ribeiro Valentão

Porto, Julho 2017

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III

Eu, Rafael Santos Vilamarim, estudante do Mestrado em Controlo de Qualidade

da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, com o número 201507109,

assumo a responsabilidade pela originalidade desta dissertação.

É autorizada a reprodução integral desta dissertação/tese apenas para efeitos

de investigação, mediante a declaração escrita do interessado, que a tal se

compromete.

_________________________________

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IV

“Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele

possa ser realizado.”

Roberto Shinyashiki

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V

Agradecimentos

A realização deste trabalho foi possível devido ao incentivo, cooperação e apoio de

diversas pessoas, que de alguma forma me ajudaram para que todos os meus objetivos

fossem concretizados, às quais eu gostaria de agradecer.

Em primeiro lugar agradeço à minha orientadora, a Professora Doutora Paula

Andrade, responsável pelo Laboratório de Farmacognosia do Departamento de Ciências

Químicas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, com um grande obrigado

pela forma que fui recebido, pela sua orientação, pela constante disponibilidade e tempo

dispensado, pela aprendizagem transmitida e por me ter concedido a oportunidade de

realizar este trabalho.

À minha co-orientadora, a Professora Doutora Patrícia Valentão do Laboratório de

Farmacognosia do Departamento de Ciências Químicas da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto, pelo tempo dispensado, pela disponibilidade, pelo auxílio, por toda

a paciência, pelos ensinamentos transmitidos e palavras de incentivo durante todo o

trabalho.

Ao Professor Doutor Romeu Videira, Investigador Auxiliar do Laboratório de

Farmacognosia do Departamento de Ciências Químicas da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto pela disponibilidade, pelo tempo dispensado, pela ajuda prestada,

pelos ensinamentos transmitidos durante a realização da parte experimental e escrita desta

dissertação.

Ao Mestre João Bernardo, estudante de Doutoramento do Laboratório de

Farmacognosia do Departamento de Ciências Químicas da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto, pela ajuda constante, pelo encaminhamento, pela paciência em

ouvir sempre as minhas dúvidas e também pelos momentos de grandes risadas, um grande

obrigado do “Rúben”.

À Professora Doutora Beatriz Oliveira do Laboratório de Bromatologia e Hidrologia

do Departamento de Ciências Químicas da Faculdade de Farmácia da Universidade do

Porto, diretora de curso do Mestrado, por toda a ajuda, pela simpatia, pelo aconselhamento

e pela sua disponibilidade.

Aos colegas de laboratório que, sem excepção, me ajudaram, incentivaram e

ensinaram; além de contribuírem para a minha formação mostraram ser grandes amigos,

proporcionando-me bons momentos.

À Cátia, à Vera e à Sílvia, por todos os momentos passados, pela diversão, pela

motivação e pela coragem durante os dois anos de Mestrado.

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À Matos pela ajuda, incentivo e compreensão, fundamental para a realização desta

etapa, demonstrando que existem amigos independentemente da ocasião.

À Ana João, amiga de longa data, por estar sempre presente em todos os momentos

e como tal também se encontrou presente neste longo caminho importante da minha vida.

À Sandra, sempre presente nesta etapa, por todos os momentos passados, pelo

carinho, pelas palavras de incentivo e por acreditar sempre nas minhas capacidades, um

grande obrigado.

Aos meus amigos, de infância e da vida académica, que estão sempre presentes,

que dão força constantemente e permitem que alcance os meus objetivos.

Aos meus pais por todo o apoio, carinho, pelas palavras de incentivo, pelo esforço,

pela paciência, por acreditarem nas minhas capacidades e por toda a ajuda e conselhos

que deram para superar os obstáculos e concluir esta etapa, e próximas que virão,

tratando-se de um exemplo a seguir sempre no decorrer da minha vida.

Ao meu irmão e à minha cunhada pela preocupação, carinho e incentivo constante

para que eu alcance os meus objetivos e aos meus sobrinhos, Naroa e Luka, pela felicidade

que me transmitem.

A todos aqueles que me acompanharam nesta etapa da minha vida, e continuarão a

acompanhar em muitas outras etapas, proporcionando-me momentos únicos, um muito

obrigado!

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Índice geral

Agradecimentos ..................................................................................................... V

Índice geral ........................................................................................................... VII

Índice de figuras ..................................................................................................... X

Índice de tabelas ................................................................................................. XIII

Lista de abreviaturas ......................................................................................... XIV

Resumo ................................................................................................................ XV

Abstract .............................................................................................................. XVI

Capítulo I – Introdução .......................................................................................... 1

1) Sistema nervoso central como alvo terapêutico ........................................... 2

1.1) Afeções do Sistema Nervoso Central .................................................... 4

1.2) Passagem de fármacos para o Sistema Nervoso Central ..................... 7

1.2.1) Efeito de primeira passagem ................................................................ 7

1.2.2) Barreira hematoencefálica .................................................................... 7

1.3) Alvos terapêuticos do Sistema Nervoso Central .................................. 12

1.3.1) Monoamina oxidase ........................................................................... 12

1.3.2) Colinesterases .................................................................................... 14

2) Nanopartículas ........................................................................................... 15

2.1) Lipossomas ......................................................................................... 16

2.1.1.) Fitossomas ......................................................................................... 18

2.1.1.1) Composição lipídica de fitossomas .................................................. 20

2.1.1.2) Caracterização de fitossomas .......................................................... 21

3) Mentha pulegium L. .................................................................................... 22

Capítulo II – Objetivos .......................................................................................... 24

Capítulo III – Secção experimental ...................................................................... 26

1) Reagentes e substâncias de referência ..................................................... 27

2) Amostragem e preparação do extrato aquoso ............................................ 27

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3) Determinação dos compostos fenólicos no extrato aquoso de M. pulegium

por HPLC-DAD ............................................................................................................ 28

4) Inibição de enzimas isoladas ..................................................................... 29

4.1) hMAO-A .............................................................................................. 29

4.2) Colinesterases .................................................................................... 30

5) Extração lipídica a partir da gema de ovo .................................................. 30

5.1) Quantificação de fosfato nos extratos lipídicos ....................................... 31

5.2) Quantificação de colesterol nos extratos lipídicos .................................. 32

5.3) Separação das classes de fosfolípidos do extrato lipídico ........................ 32

5.4) Determinação de carotenoides no extrato lipídico por HPLC-DAD ........... 32

6) Desenvolvimento de formulações com extrato aquoso de M. pulegium

incorporado .................................................................................................................. 33

7) Eficiência de encapsulamento do extrato ................................................... 34

8) Estabilidade dos fitossomas dialisados ...................................................... 35

9) Potencial Zeta e tamanho da partícula nas suspensões de fitossomas

dialisadas… ................................................................................................................. 35

10) Homogeneizados de cérebro de rato e sinaptossomas .......................... 35

10.1) Determinação de proteína .................................................................... 36

10.2) Inibição da MAO-A nos sinaptossomas ................................................ 36

11) Análise estatística ................................................................................... 37

Capítulo IV – Resultados e discussão ................................................................ 38

1) M. pulegium: estudo químico do extrato e sua bioatividade ....................... 39

1.1) Extração .............................................................................................. 39

1.2) Determinação dos compostos fenólicos do extrato aquoso de M.

pulegium por HPLC-DAD ......................................................................................... 39

1.3) Inibição de enzimas do SNC ............................................................... 44

1.3.1) Colinesterases .................................................................................... 44

1.3.2) hMAO-A .............................................................................................. 45

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2) Desenvolvimento e caracterização de uma formulação lipídica para o

transporte dos compostos bioativos do extrato aquoso de M. pulegium ...................... 47

2.1) A gema do ovo: fonte de fosfatidilcolinas ............................................ 47

2.1.1) Quantificação de fosfolípidos e colesterol nos extratos lipídicos

provenientes da gema do ovo .................................................................................. 47

2.1.2) Deteção e identificação de carotenoides no extrato lipídico por HPLC-

DAD……………. ....................................................................................................... 49

2.2) Eficiência de encapsulamento do extrato nos fitossomas após

diálise………. ........................................................................................................... 50

2.3) Interação dos compostos bioativos do extrato aquoso de M. pulegium

com os fosfolípidos membranares: Avaliação por espetroscopia de

fluorescência……… ................................................................................................. 54

2.4) Análise qualitativa por HPLC-DAD dos compostos polifenólicos

encapsulados nos fitossomas após diálise ............................................................... 58

2.5) Estabilidade dos fitossomas dialisados, avaliada por UV-Vis .............. 59

2.6) Caracterização dos fitossomas: potencial Zeta e tamanho de

partícula…….. .......................................................................................................... 60

3) Inibição da MAO-A em sinaptossomas ....................................................... 67

Capítulo V – Conclusões e perspetivas futuras ................................................. 70

Capítulo VI – Referências bibliográficas ............................................................ 72

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X

Índice de figuras

Figura 1. Células neurovasculares na formação da barreira hematoencefálica

(adaptado de [42] ). ............................................................................................................. 9

Figura 2. Tipos de transporte através da barreira hematoencefálica (adaptado de [47]).

........................................................................................................................................ 11

Figura 3. Representação de um lipossoma (adaptado de: [89]). .............................. 17

Figura 4. Distinção de lipossomas e fitossomas (adaptado de: [106]). ..................... 20

Figura 5. Mentha pulegium L (fotografia de Rafael Vilamarim). ............................. 22

Figura 6. Cromatograma obtido por HPLC-DAD (330 nm) do extrato aquoso de

M.pulegium. 1: Ácido 3-cafeoilquínico; 2: Cafeoilpentósido; 3: Ácido 4-cafeoilquínico; 4:

Ácido salvianólico H; 5: Luteolina-7-O-glucuronato; 6: Luteolina-7-O-rutinósido; 7: Cafeoil-

hexosilpentósido; 8: Isómero do ácido salvianólico E; 9: Crisoeriol/diosmetina-7-O-

rutinósido; 10: Apigenina-7-O-glucuronato; 11: Ácido rosmarínico; 12: Feruloil-

hexosilpentósido; 13: Ácido litospérmico; 14: Isómero do ácido salvianólico C; 15: Ácido

feruloil-rosmarínico. ......................................................................................................... 40

Figura 7. Estruturas químicas de alguns dos compostos fenólicos encontrados no

extrato aquoso de M. pulegium. 1: Ácido 3-cafeoilquínico; 2: Cafeoilpentósido; 3: Ácido 4-

cafeoilquínico; 4: Ácido salvianólico H; 5: Luteolina-7-O-rutinósido; 6: Luteolina-7-O-

glucuronato; 7: Caffeoil-hexosilpentósido; 8: Isómero do ácido salvianólico E; 10:

Apigenina-7-O-glucuronato; 11: Ácido rosmarínico; 13: Ácido litospérmico; 14: Isómero do

ácido salvianólico C; 15: Ácido feruloil-rosmarínico. ........................................................ 42

Figura 8. Efeito do extrato aquoso de M. pulegium (A) e do controlo positivo (B) sobre

a AChE. ........................................................................................................................... 44

Figura 9. Efeito do extrato aquoso de M. pulegium (A) e do controlo positivo (B) sobre

a BuChE. ......................................................................................................................... 45

Figura 10. Efeito do extrato aquoso de M. pulegium (A) e do controlo positivo (B)

sobre a hMAO-A. ............................................................................................................ 46

Figura 11. Identificação das diferentes classes de fosfolípidos por CCF. A1 e A2

correspondem a diferentes amostras de extratos lipídicos extraídos da gema de ovo. PC

corresponde ao padrão de fosfatidilcolina. ...................................................................... 49

Figura 12. Perfil de carotenoides do extrato lipídico obtido da gema de ovo (preto) e

respetivos padrões (luteína 0,02 mg/mL (laranja) e zeaxantina 0,02 mg/mL (azul)) por

HPLC-DAD. ..................................................................................................................... 50

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XI

Figura 13. Espetros de absorção UV-Vis do extrato aquoso de M. pulegium (azul),

dos fitossomas antes da diálise (laranja), dos fitossomas após diálise (cinzento) e da

formulação sem incorporação de extrato (amarelo). Para as formulações com extrato

incorporado e para o extrato puro foi utilizada uma concentração final de 0,3125 mg/mL de

extrato no poço. .............................................................................................................. 51

Figura 14. Absorvência em função da concentração de extrato de M. pulegium

registada a 280 (azul), 330 (laranja) e 350 nm (cinzento). ............................................... 52

Figura 15. Eficiência de encapsulamento (%) dos fitossomas avaliada após diálise,

em função da concentração fosfolípidos, mantendo a concentração de extrato de M.

pulegium em 1 mg/mL. .................................................................................................... 53

Figura 16. Eficiência de encapsulamento (%) dos fitossomas avaliada após diálise,

em função da concentração de extrato aquoso de M. pulegium, mantendo a concentração

de fosfolípidos em 0,5 e 2,5 mM. ..................................................................................... 54

Figura 17. Espetros de emissão de fluorescência do extrato aquoso de M. pulegium

(cinzento), da solução/suspensão de fitossomas (62.5 µM em fosfolípidos) antes (azul) e

após diálise (laranja), fixando o comprimento de onda de excitação em 391 nm. Em todas

as situações a concentração de extrato aquoso de M. pulegium foi de 0,125 mg/mL. ..... 56

Figura 18. Espetros de emissão de fluorescência, fixando o comprimento de onda de

excitação em 391 nm, normalizados pelo valor da intensidade de florescência a 505 nm.

Extrato aquoso de M. pulegium (azul), fitossomas após diálise antes (laranja) e depois da

adição de detergente (0,05 mg/mL) (cinzento), preparados com 62,5 µM (A) e 1,25 mM (B)

de fosfolípidos em solução contendo 0,125 mg/mL de extrato. ....................................... 57

Figura 19. Cromatograma obtido por HPLC-DAD (330 nm) dos compostos

polifenólicos incorporados pelos fitossomas após diálise. 4: Ácido salvianólico H; 5:

Luteolina-7-O-glucuronato; 6: Luteolina-7-O-rutinósido; 7: Cafeoil-hexosilpentósido; 8:

Isómero do ácido salvianólico E; 9: Crisoeriol/diosmetina-7-O-rutinósido; 10: Apigenina-7-

O-glucuronato; 11: Ácido rosmarínico; 12: Feruloil-hexosilpentósido; 13: Ácido litospérmico;

14: Isómero do ácido salvianólico C; 15: Ácido feruloil-rosmarínico. ............................... 59

Figura 20. Variação da turbidez, avaliada pela absorvência a 610 nm, de formulações

de fitossomas dialisados em função do tempo. As formulações foram preparadas em

solução tampão suplementada com 1 mg/mL de extrato aquoso de M. pulegium com

diferentes concentrações de fosfolípidos, 0,5 mM (azul escuro), 1 mM (laranja), 2,5 mM

(cinzento), 5 mM (amarelo) e 10 mM (azul claro). ........................................................... 60

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XII

Figura 21. Intensidade de dispersão da luz em função do diâmetro da partícula (nm).

Fitossomas analisados imediatamente após diálise (A) e passados 7 dias (B); Fitossomas

extrusados analisados imediatamente após diálise (C) e passados 7 dias (D). ............... 63

Figura 22. Número de partículas em função do diâmetro da partícula (nm).

Fitossomas analisados imediatamente após diálise (A) e passados 7 dias de

armazenamento (B); Fitossomas extrusados analisados imediatamente após diálise (C) e

passados 7 dias de armazenamento (D). ........................................................................ 65

Figura 23. Efeito do extrato aquoso de M. pulegium (A) e do controlo positivo (B)

sobre a MAO-A presente nos sinaptossomas. ................................................................. 68

Figura 24. Efeito do extrato aquoso de M. pulegium, fitossomas após diálise e

fitossomas após diálise e extrusão na atividade da MAO-A presente nos sinaptossomas.

........................................................................................................................................ 69

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XIII

Índice de tabelas

Tabela 1. Regressão linear, limite de deteção e limite de quantificação para os

compostos fenólicos determinados. ................................................................................ 29

Tabela 2. Regressão linear, limite de deteção e limite de quantificação para os

carotenoides determinados. ............................................................................................ 33

Tabela 3. Parâmetros relativos à preparação do extrato aquoso de M. pulegium por

decocção. ........................................................................................................................ 39

Tabela 4. Espetro de UV e comportamento cromatográfico dos compostos

identificados por HPLC-DAD no extrato aquoso de M. pulegium e na solução proveniente

da extração líquido-líquido dos fitossomas com extrato incorporado após diálise. .......... 41

Tabela 5. Composição fenólica do extrato aquoso de M. pulegium.. ...................... 43

Tabela 6. Parâmetros relativos à extração dos fosfolípidos da gema de ovo. ........ 48

Tabela 7. Diâmetro (média ± desvio-padrão) e índice de polidispersidade (média ±

desvio-padrão) dos fitossomas nas formulações prepradas com e sem extrusão

imediatamente após diálise e depois de sete dias de armazenamento a 4 ºC. ................ 61

Tabela 8. Tamanho médio da partícula quanto à intensidade e número dos

fitossomas após diálise para as diferentes populações encontradas. .............................. 65

Tabela 9. Potencial Zeta dos fitossomas após diálise. ........................................... 66

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XIV

Lista de abreviaturas

ACh Acetilcolina

AChE Acetilcolinesterase

ATCI Iodeto de acetilcolina

BHE Barreira hematoencefálica

BHT Hidroxitolueno butilado

BSA Albumina de soro bovino

BSLCR Barreira sangue-líquido cefalorraquidiano

BTCCI Cloreto de S-butiriltiocolina

BuChE Butirilcolinesterase

CCF Cromatografia em camada fina

DLS Dispersão dinâmica de luz

DTNB Reagente de Ellman ou ácido 5,5’-ditio-bis-(2-nitrobenzóico)

hMAO-A Recombinante humana da MAO-A

MAO Monoamina oxidase

PA Ácido fosfatídico

PC Fosfatidilcolina

PE Fosfatidiletanolamina

PEG Polietilenoglicol

P-gp Glicoproteína-P

PI Fosfatidilinositol

PS Fosfatidilserina

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Periférico

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XV

Resumo

As doenças neurodegenerativas e neuropsiquiátricas são um dos principais

problemas de saúde da atualidade. Apesar dos avanços recentes as ferramentas

terapêuticas são ainda limitadas. A nanotecnologia permite criar sistemas

nanoestruturados capazes de incorporar produtos naturais, uma possível alternativa

promissora para o tratamento/contenção destas patologias. Neste trabalho desenvolveu-

se uma nova formulação lipídica para o encapsulamento dos compostos bioativos de um

extrato aquoso de Mentha pulegium L., com o objetivo de modular a atividade cerebral.

A análise do extrato obtido por decocção, por HPLC-DAD, mostrou tratar-se de uma

mistura com pelo menos 15 compostos fenólicos, 11 ácidos hidroxicinâmicos e 4

flavonoides. Esta fração fenólica corresponde a 84,00 ± 4,28 mg/g extrato liofilizado, sendo

o ácido rosmarínico o composto mais abundante (43,45% do total de compostos fenólicos).

O extrato apresentou capacidade para inibir a acetilcolinesterase (IC50 =197,02 ± 17,95

µg/mL de polifenóis totais), a butirilcolinesterase (IC50 = 255,92 ± 16,19 µg/mL de polifenóis

totais) e a monoamina oxidase-A (hMAO-A) (IC50= 20,11 ± 0,86 µg/mL de polifenóis totais),

enzimas com relevância no funcionamento do SNC. Para aproveitar o potencial destes

compostos, prepararam-se formulações lipídicas (fitossomas) usando os lípidos extraídos

da gema de ovo. O estudo da eficiência de encapsulamento, em função da quantidade de

lípido e da quantidade de extrato, permitiu encontrar a razão adequada para maximizar

este parâmetro (54,61 ± 6,25%). Estas formulações foram caracterizadas quanto ao seu

tamanho, carga superficial e estabilidade em função do tempo de armazenamento. Os

fitossomas, com tamanho inferior a 200 nm e carga superficial negativa, resultam de

interações preferênciais entre os compostos fenólicos e os fosfolípidos, como revelado por

Dispersão dinâmica de luz, potencial Zeta e espetroscopia de fluorescência,

respetivamente. A capacidade do extrato inibir a MAO-A foi confirmada em sinaptossomas

obtidos de homogeneizados de cérebro de rato (IC50 = 19,54±0,89 µg/ml). Todavia, os

fitossomas mostraram-se incapazes de inibir esta enzima nos sinaptossomas, sugerindo

grande estabilidade da formulação e a inexistência de um sistema de transporte

(endocitose) dos fitossomas através da membrana plasmática dos sinaptossomas.

Assim, o encapsulamento do extrato aquoso de M. pulegium em formulações

lipídicas poderá constituir uma alternativa à modulação da atividade cerebral em patologias

associadas à MAO-A.

Palavras-chave: Mentha pulegium L.; Compostos fenólicos; Colinesterases; MAO-A;

Fitossomas.

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XVI

Abstract

Neurodegenerative and neuropsychiatric diseases are one of the main problems

nowadays. Despite recent advances, their aetiology remains practically unknown, thus

limiting the development of new treatments. Nanotechnology allowed creating

nanostructured systems able to incorporate natural products, promising alternatives in the

treatment/restraint of these pathologies. In this work, a new lipid formulation to encapsulate

the bioactive compounds of an aqueous extract of Mentha pulegium L. was developed,

aiming the modulation of the cerebral activity.

The analysis of the extract obtained by decoction, performed by HPLC-DAD, showed

that it was a mixture of, at least, 15 phenolic compounds, 11 hydroxycinnamic acids and 4

flavonoids. This phenolic fraction corresponds to 84.00 ± 4.28 mg/g lyophilized extract,

rosmarinic acid being the most abundant compound (43.45% of total phenolic compounds).

The extract displayed capacity to inhibit acetylcholinesterase (IC50 = 197.02 ± 17.95 μg /

mL total polyphenols), butyrylcholinesterase (IC50 = 255.92 ± 16.19 μg / mL total

polyphenols), and monoamine oxidase-A (hMAO-A) (IC50 = 20.11 ± 0.86 μg / mL total

polyphenols), enzymes with a relevant role in the functioning of the SNC. To take advantage

from these compounds potential, lipid formulations (phytosomes) were prepared using the

lipids extracted from egg yolk. The study of the encapsulation efficiency, as function of the

lipid amount and of the extract amount, allowed finding the adequate ratio to maximize this

parameter (54.61 ± 6.25%). These formulations were characterized regarding their size,

surface charge and stability along storage. The phytosomes, with size lower than 200 nm

and negative surface charge, result from preferential interactions between the phenolic

compounds and the phospholipids, as revealed by dynamic light scattering, Zeta potential

and fluorescence spectroscopy. The capacity of the extract to inhibit MAO-A was confirmed

in synaptosomes obtained from mouse brain homogenates (IC 50 = 19.54 ± 0.89 μg/ml).

Nevertheless, the phytosomes were unable to inhibit this enzyme in the synaptosomes,

pointing to the great stability of the formulation and to the inexistence of a transport system

(endocytosis) of the phytosomes through the plasmatic membrane of the synaptosomes.

Thus, the encapsulation of the aqueous extract of M. pulegium in lipid formulations

may be an alternative to the modulation of brain activity in pathologies associated to MAO-

A.

Keywords: Mentha pulegium L.; Phenolic compounds; Cholinesterases; MAO-A;

Phytosomes.

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Capítulo I – Introdução

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Introdução

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1) Sistema nervoso central como alvo terapêutico

O sistema nervoso tem a capacidade de receber milhões de bits de informação por

minuto e, de seguida, integrá-la e determinar a resposta desencadeada pelo organismo.

Trata-se de um sistema inigualável na execução de processos de pensamento e ações de

controlo de grande complexidade, [1] estando envolvido numa enorme variedade de funções

orgânicas: i) monitorização de inúmeros estímulos (temperatura, tato, paladar, olfato, som,

pressão arterial, pH dos fluidos corporais); ii) integração, processando a informação e início

da resposta; iii) atividade mental, através do encéfalo, coordenando a consciência, as

emoções, o pensamento e a memória; iv) controlo de músculos e glândulas (ex.

sudoríparas, salivares e do tubo digestivo); v) a nível de homeostasia, através de inibição

ou estimulação de diversas atividades em diversos órgãos. [2]

O sistema nervoso divide-se em dois subsistemas, o sistema nervoso central (SNC)

e o sistema nervoso periférico (SNP). O primeiro representa a maior parte, incluindo o

encéfalo (constituído pelo tronco cerebral, cerebelo, diencéfalo e cérebro) e a medula

espinal. [2] Este tem capacidade para receber a informação sensorial, avaliá-la,

armazenando parte dela, e seguidamente, desencadear reações. Por sua vez, o SNP

representa uma vasta rede de nervos espinais (ou raquidianos) e cranianos ligados à

medula espinal e ao encéfalo, recolhendo inúmeras informações, internas e externas,

retransmitindo-as ao SNC. [3]

A proteção do SNC envolve três elementos estruturais essenciais: a barreira sangue-

líquido cefalorraquidiano (BSLCR), a barreira sangue-aracnoide e a barreira

hematoencefálica (BHE). [4] Estas são estruturas especializadas do SNC fundamentais na

proteção, na homeostasia, como veículo para o transporte de substâncias importantes para

o SNC ou na remoção de resíduos e detritos. [5]

Estas barreiras limitam a entrada de componentes do plasma, glóbulos vermelhos e

leucócitos para o cérebro. No caso destes conseguirem atravessá-las, devido a lesão

isquémica, hemorragia intracerebral, trauma, processo neurodegenerativo, inflamação ou

distúrbio vascular, ocorre a formação de produtos neurotóxicos, podendo comprometer as

funções sinápticas e neuronais. [6]

Deste modo, o sistema nervoso é vulnerável a diversos perigos e danos, que são

representados por mais de 600 patologias já identificadas. [7] Entre estas destacam-se as

doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, a doença de Parkinson, a

doença de Huntington, a esclerose múltipla, entre outras, e as doenças neuropsiquiátricas,

nomeadamente a ansiedade, a epilepsia, a esquizofrenia, a neuroinflamação e a

depressão.

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Introdução

3

Embora os referidos elementos estruturais sejam importantes para o SNC, estes

também se tornam um obstáculo para o desenvolvimento de novos fármacos que

combatam os distúrbios do SNC. Aproximadamente 98% das moléculas de pequena

dimensão e todas as moléculas de grande dimensão usadas em neuroterapia, como o caso

de péptidos, proteínas recombinantes e vetores genéticos, não consegue atravessar a

BHE. De facto, apenas moléculas lipofílicas de pequena dimensão (< 400-500 Da) são

capazes de atravessar esta barreira. [6]

Assim, o desenvolvimento de fármacos novos para tratamento de qualquer patologia

neurológica continua a ser difícil. Nos últimos 10 a 15 anos foram realizados dezenas de

ensaios clínicos envolvendo milhares de pacientes com doenças neurodegenerativas e

neuropsiquiátricas, que não foram bem sucedidos. [8] Embora na última década o número

de estudos tenha aumentado, [9] este tipo de doenças ainda não tem cura, [7] existindo

apenas terapias paliativas. A maior parte dos fármacos existentes apenas promove o alívio

sintomático, tentando abrandar a sua progressão. No entanto, como a maioria das

patologias tem um início precoce e permanece assintomática por muito tempo, as terapias

iniciadas numa fase já adiantada da doença são pouco significativas para o paciente. [9]

Assim, a procura de terapias alternativas e preventivas que possam interromper ou impedir

a progressão destas doenças tornou-se essencial. [9]

O recente desenvolvimento da nanotecnologia nas áreas farmacêutica e biomédica

levou ao desenvolvimento de agentes terapêuticos e de diagnóstico nanoestruturados, que

poderão beneficiar o tratamento de muitas doenças do SNC. [10] A capacidade de

nanopartículas para atingir mais facilmente os órgãos, comparativamente com partículas

de maiores dimensões, causa grande expetativa do ponto de vista de obtenção de efeitos

em vários órgãos e também no SNC. As nanopartículas movimentam-se de forma única na

circulação sistémica para o SNC, devido ao seu tamanho pequeno e à sua grande área de

superfície. Desta forma, as nanopartículas podem atravessar mais facilmente as barreiras

protetoras do SNC, podendo ser usadas como ferramenta na administração de fármacos

com este alvo. [11]

Inicialmente, a nanotecnologia foi aplicada principalmente no diagnóstico e no

tratamento de tumores cerebrais. Com o intuito de contornar ou atravessar as barreiras de

forma mais eficaz, foram exploradas novas vias de administração e mecanismos de

transporte, como, por exemplo, a interrupção temporária da BHE (para aumentar a

permeabilidade da nanopartícula), a utilização de polímeros impregnados (para a

administração local de fármacos), a administração aumentada por convecção,

administração intranasal, entre outros. [10]

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Introdução

4

Os sistemas de libertação à base de nanopartículas têm sido muito utilizados para

incorporar produtos naturais, permitindo melhorar as suas propriedades terapêuticas e

aumentar a sua eficácia no local de ação. [12]

O uso de produtos naturais em terapêutica remonta ao início da civilização humana,

sendo que ao longo dos tempos os produtos minerais, vegetais e animais tornaram-se as

principais fontes de fármacos. [13, 14] As plantas, principalmente, têm sido muito utilizadas

para a obtenção de grande número de substâncias, quer na forma de compostos puros,

quer na forma de extratos, cuja incorporação em nanopartículas possibilitará o

desenvolvimento de medicamentos eficazes, com características desejáveis para uso

terapêutico. [12] O uso de produtos naturais tem aumentado devido ao facto dos

antioxidantes neuroprotetores serem considerados promissores para retardar a progressão

e limitar a extensão da perda de células neuronais em doenças neurodegenerativas. Têm

a capacidade de interferir com os radicais livres formados e limitarem a extensão dos danos

celulares, aliviando a carga metabólica secundária ao aumento dos níveis de radicais livres.

[15] Deste modo, a utilização de compostos naturais com propriedades antioxidantes em

nanopartículas é uma nova alternativa que tem suscitado interesse. [9]

1.1) Afeções do Sistema Nervoso Central

O sistema nervoso, tal como uma máquina complexa com grande número de peças,

está sujeito a inúmeras avarias, sendo vasta a bibliografia que descreve os diversos

distúrbios neurológicos. [16]

Um dos efeitos do envelhecimento sobre o sistema nervoso é a perda de neurónios.

Após os 30 anos, o nosso cérebro perde milhares de neurónios diariamente, podendo o

cortéx cerebral perder até 45% das suas células e o cérebro diminuir o seu peso em 7%

relativamente ao auge da vida. A capacidade de envio de impulsos nervosos fica diminuída,

tornando o processamento das informações mais lento, ocorrendo mudanças

degenerativas. [17]

A neurodegeneração corresponde a uma perda progressiva da função ou estrutura

neuronal, que resulta em danos cerebrais irreversíveis. [17] Esta é induzida por fatores

genéticos, ambientais e endógenos que se relacionam com o envelhecimento, cujo

potencial patogénico e mecanismos moleculares subjacentes não estão elucidados. [18]

A doença neurodegenerativa é o termo genérico para vários tipos de doenças

caracterizadas clinicamente pelo aparecimento em idades tardias, com sintomas

neurológicos específicos, tais como declínio cognitivo, ataxia, parkinsonismo, fraqueza

motora e disfunções neuronais progressivas, sendo geralmente acompanhada por morte

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Introdução

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celular de grupos específicos de neurónios. [19] Esta classificação abrange uma grande

gama de perturbações neurológicas agudas e crónicas caracterizadas pela perda de

células neuronais e gliais, tais como a doença de Alzheimer, a doença de Parkinson, a

doença de Huntington, a esclerose múltipla e a esclerose lateral amiotrófica, [20] estando a

prevalência destas patologias a aumentar a um ritmo alarmante por todo o mundo. [17]

As doenças neurodegenerativas têm características neuropatológicas comuns,

nomeadamente i) uma dinâmica anormal de proteínas (enrolamento incorreto, degradação

e agregação proteica defeituosa), ii) estado de stresse oxidativo, iii) deficiência

bioenergética, iv) disfunção mitocondrial, v) danos ao nível do DNA, vi) fragmentação do

aparelho de Golgi neuronal, vii) rutura do transporte axonal/celular, viii) disfunção das

neurotrofinas e ix) processos neuroinflamatórios/neuroimunes. [18, 21] A sequência segundo

a qual estes eventos ocorrem é difícil de identificar, tendo já sido demonstrado que os

primeiros sinais de doença são, normalmente, danos oxidativos no cérebro, derivados do

desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigénio e espécies reativas de

azoto e os sistemas antioxidantes da defesa celular. [13] Deste modo, estes mecanismos,

inter-relacionados em círculos viciosos complexos, levam à disfunção celular e morte do

indivíduo. [18]

Do ponto de vista histopatológico, muitas doenças neurodegenerativas caracterizam-

se pela presença de corpos de inclusão nos neurónios, bem como nas células gliais,

encontrando-se associadas a acumulações de proteínas com enrolamento incorreto e com

agregados de proteínas, como por exemplo, os corpos de Lewy na doença de Parkinson e

as placas senis na doença de Alzheimer. [19]

As doenças neuropsiquiátricas, por sua vez, são doenças com condições complexas

que afetam milhões de pessoas em todo o mundo, [22] sendo o número de distúrbios

neuropsiquiátricos substancial e responsável por cerca de um terço de incapacidade em

adultos. [23] Os distúrbios neuropsiquiátricos advêm de uma interação complexa de fatores

biológicos, psicológicos e sociais, representando um grupo de síndromes com

anormalidade nos domínios da cognição, afetivos e comportamentais, e sobreposição

significativa da sintomatologia em todos os domínios. [23]

A suscetibilidade às doenças neuropsiquiátricas é provocada por diversos fatores,

que incluem a predisposição genética, o desenvolvimento inadequado, as lesões cerebrais

e o envelhecimento natural (ou estado de doença), que no seu conjunto podem influenciar

as características moleculares, fisiológicas e estruturais do cérebro. Fatores externos,

como as exigências da vida, a perda de um ente querido ou abusos repetidos, também

podem ter um impacto negativo sobre a saúde do cérebro. [23] O stresse crónico e a

resposta inadequada às ameaças ambientais são considerados os fatores de risco mais

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Introdução

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importantes para o desenvolvimento de transtornos neuropsiquiátricos. [24] Desse modo, o

desenvolvimento de distúrbios neuropsiquiátricos é dependente de múltiplas variáveis,

resultando de trajetos diferentes com um mesmo resultado final: o aparecimento de uma

doença neuropsiquiátrica. [23] O progresso na compreensão da sua fisiopatologia tem sido

lento, apesar dos efeitos na saúde pública serem profundamente negativos, [25]

permanecendo os mecanismos patogénicos subjacentes a estes distúrbios praticamente

desconhecidos. [26]

A descoberta de novos mecanismos terapêuticos tem diminuído dramaticamente ao

longo da última década. Os mecanismos moleculares das principais classes atuais de

fármacos psicoterapêuticos continuam a ser os mesmos dos protótipos desenvolvidos há

mais de 50 anos e a maioria foi descoberta por acaso. [27]

Apesar de décadas de pesquisa, as bases biológicas da maioria dos distúrbios

neuropsiquiátricos são ainda impercetíveis. [23] A etiologia específica permanece

incompreendida, levando a que o número de tratamentos eficazes em pacientes ainda seja

muito limitado. [22] Embora nestas últimas duas décadas tenha ocorrido um progresso

rápido no desenvolvimento de tecnologias não invasivas para estudar a estrutura do

cérebro humano e a sua função, continuam a existir diversas limitações na capacidade de

investigar os detalhes da fisiologia e biologia molecular deste. [25] A heterogeneidade na

apresentação dos transtornos neuropsiquiátricos torna difícil a identificação de

biomarcadores específicos, levando a que alguns especialistas relacionem biomarcadores

com um grupo de sintomas em vez da doença como um todo. [23]

Assim, tenta-se proporcionar um tratamento eficaz para os distúrbios

neuropsiquiátricos, quer no que respeita ao diagnóstico correto da doença que causa os

sintomas, quer para iniciar o tratamento o mais cedo possível e monitorizar o impacto de

diferentes terapias de forma válida e confiável. [23]

Tanto quanto se sabe, a prevalência de depressão, ansiedade e stresse entre os

adolescentes e jovens adultos em todo o mundo é estimada entre 5 a 70%. Quase 25%

das mulheres e 12% dos homens são afetados por estas doenças. [28] Este tipo de doenças

está a aumentar significativamente e é esperado que os distúrbios neuropsiquiátricos

subam acentuadamente. [28] Uma grande análise europeia, em 2010, estimou que 38,2%

da população adulta da UE sofre de pelo menos um transtorno cerebral. [29]

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Introdução

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1.2) Passagem de fármacos para o Sistema Nervoso Central

1.2.1) Efeito de primeira passagem

Embora nos últimos anos tenha sido feito um vasto trabalho na pesquisa de fármacos

para o tratamento de doenças do SNC, os que se revelam promissores in vitro falham in

vivo. Na maioria dos casos tal acontece, provavelmente, devido ao rápido metabolismo e

eliminação sistémica. [30]

Como qualquer substância, após ingestão o fármaco sofre modificações no trato

gastrointestinal, por ação de diversas enzimas que o metabolizam antes de alcançar a

circulação sistémica. Estas modificações podem fazer com que o composto mantenha as

suas propriedades benéficas, ou se torne ineficaz ou mesmo prejudicial para o organismo.

A ingestão de alimentos com medicamentos é outro problema, pois pode alterar a

disponibilidade, ação e toxicidade dos fármacos devido à interação com os diversos

nutrientes. [31]

Para exercer a sua ação biológica o fármaco tem de atravessar a barreira epitelial da

mucosa intestinal, a fim de entrar na circulação sistémica. O tamanho molecular e a

solubilidade lipídica são fundamentais para que tal ocorra após a administração oral do

fármaco. [32]

A maioria dos fármacos administrados por via oral é absorvida pelo trato

gastrointestinal e transportada diretamente para o fígado, que é o principal órgão de

metabolização. [33] O fígado metaboliza os fármacos antes de alcançarem a circulação

sistémica e atingirem o órgão alvo, sendo responsável pela diminuição da sua

biodisponibilidade e degradação. [34] O efeito de primeira passagem hepática tem tal

significado que existem fármacos que necessitam de ser administrados por uma via

diferente da via oral, de modo a permitir a sua absorção. [33]

1.2.2) Barreira hematoencefálica

A BHE é um sistema especializado de células endoteliais capilares que protegem o

encéfalo de substâncias nocivas provenientes da corrente sanguínea e fornecem os

nutrientes necessários para o seu bom funcionamento. [35] Devido às suas características

anatómicas únicas, tem um papel fundamental na regulação do tráfego de substâncias

através do SNC. [36]

Adicionalmente, a BHE é responsável pela manutenção da composição do fluido

intersticial cerebral e do líquido cefalorraquidiano dentro de limites extremamente

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Introdução

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apertados, permitindo que os neurónios possam executar as suas funções complexas,

ajudando também a manter os neurotransmissores do SNC e do SNP separados conforme

a zona em que atuam. [35] Tem função neuroimunitária, incluíndo na secreção de citoquinas,

prostaglandinas e óxido nítrico, sendo capaz de receber um estímulo de um compartimento

e, simultaneamente, responder com secreções para o outro. [37] Outra função muito

importante é a neuroprotetora, protegendo o SNC de uma grande variedade de metabolitos

neurotóxicos e xenobióticos capazes de causar dano ou mesmo morte celular. Como a

reposição de células neuronais é baixa no SNC de mamíferos, só ocorrendo em duas zonas

diferentes (nas zonas sub-ventricular e sub-granular, parte do giro dentado do hipocampo),

[38] qualquer causa de morte de células neuronais irá resultar, com o avançar da idade, no

aumento acentuado do aparecimento de patologias degenerativas e no avanço natural da

debilidade. [35]

Conforme referido acima, a BHE (Fig. 1) é constituída por células endoteliais

capilares especializadas. Estas estão associadas à membrana basal e às células vizinhas,

sendo estas as células perivasculares, astrócitos, neurónios e microglia, [39] que

desempenham um papel essencial na manutenção das suas características. [40] O endotélio

microvascular na BHE é caracterizado pela presença de junções apertadas entre as células

endoteliais adjacentes, de poucas vesículas de pinocitose e falta de perfurações. [39] As

junções apertadas fecham o espaço entre as células endoteliais e bloqueiam a difusão livre

de substâncias polares hidrossolúveis. Estas células endoteliais possuem um número

maior de mitocôndrias, resultando num aumento da atividade metabólica. [40] Assim, ao

contrário dos capilares periféricos que permitem a troca (relativamente) livre de substâncias

através ou entre células, a BHE, limita estritamente o transporte de substâncias para o

cérebro através de barreiras físicas e metabólicas: [35] as físicas resultam das junções

apertadas entre as células endoteliais e as metabólicas ocorrem pela atividade de várias

enzimas que metabolizam fármacos e nutrientes.

Para além disso, a BHE expressa numerosos transportadores de efluxo, tal como a

glicoproteína P (P-gp), proteínas de resistência a múltiplos fármacos, bem como

transportadores de absorção, como é o caso do transportador de glucose e os

transportadores de aminoácidos, que podem influenciar a absorção de um fármaco no

cérebro e no SNC. [41]

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Introdução

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Figura 1. Células neurovasculares na formação da barreira hematoencefálica (adaptado de [42]).

A capacidade de uma determinada substância para atravessar a BHE e penetrar no

cérebro depende de vários fatores: i) fatores relacionados com o fármaco, tais como

concentração, tamanho, flexibilidade, conformação, ionização (moléculas não ionizadas

penetram a BHE) e lipofilicidade da molécula, afinidade para os mecanismos de efluxo,

afinidade para os mecanismos de transporte, entre outros; ii) fatores relacionados com as

características físico-químicas, tais como o log Po/w do agente terapêutico [35] (medida da

lipofilicidade de um composto baseado na razão da concentração do mesmo, no equilíbrio,

após dissolução num sistema de duas fases formadas por dois solventes imiscíveis, água

e octanol), [43] que se trata de um dos parâmetros mais informativos. [35]

A lipossolubilidade de compostos tem sido utilizada para determinar a velocidade à

qual as moléculas são capazes de penetrar no cérebro pela via mediada por lípidos, sendo

maior quanto mais lipofílico for o composto. [41] A lipofilicidade de um determinado fármaco

está inversamente relacionada com o grau de formação de ligações de hidrogénio com a

água circundante. A presença de certos grupos funcionais na molécula, como amidas

terminais, aminas ou amidas primárias e grupos hidroxilo, favorece a formação de ligações

de hidrogénio, resultando na diminuição da lipofilicidade. Deste modo, aumentando a

lipofilicidade de moléculas pequenas, por diminuição das ligações de hidrogénio, promove-

se a permeabilidade e transferência do fármaco para o cérebro; a permeabilidade para

moléculas grandes ou com forte polaridade permanece baixa, independentemente da

lipofilicidade. [35]

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Introdução

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Apenas moléculas lipofílicas e pequenas moléculas hidrofílicas, [40] de peso molecular

inferior a 400-500 Da, [10] podem atravessar a BHE por difusão. No entanto, muitas

moléculas que possuem estas características são transportadas por transportadores de

efluxo muito eficientes, como o caso da P-gp, existindo também sistemas de transporte

específicos mediados por recetor para grandes moléculas, como péptidos e proteínas, [40]

o que faculta o acesso a nutrientes essenciais, como é o caso dos aminoácidos e glucose.

[35]

Tem sido demonstrado que a melhoria do acesso à BHE provoca um aumento da

resposta terapêutica, possibilitando melhores efeitos para diversas doenças relacionadas

com o SNC. [44] No entanto, é necessário que esta abertura seja reversível: é fundamental

que o aumento de permeabilidade não leve ao aumento da passagem de neurotoxinas

para o cérebro. [45]

Relativamente a transportadores de solutos através das membranas celulares,

alguns são unidirecionais e outros bidirecionais, permitindo assim que alguns solutos sejam

preferencialmente transportados para o cérebro e outros para fora dele. Outros solutos

dependem de gradientes de concentração, entrando e saindo conforme a necessidade do

SNC. [46]

Existem vários tipos de transporte através da BHE (Fig. 2): i) movimento de

leucócitos; ii) difusão passiva através das membranas celulares e das células endoteliais,

segundo a qual moléculas solúveis em lípidos e moléculas não polares irão penetrar no

SNC; iii) transporte por via de transportadores de efluxo, mediado por transportadores

ativos capazes de expulsar uma ampla gama de moléculas a partir da BHE e reduzir a sua

penetração no SNC para um nível inferior ao previsto pela solubilidade lipídica,

(normalmente fármacos anfifílicos e moléculas lipofílicas); iv) transporte por via de

transportadores de influxo mediado por transportadores ativos, fundamentais para a

entrada de muitos metabolitos e nutrientes polares necessários ao SNC, tais como a

glucose, aminoácidos, aminas, monocarboxilatos, nucleósidos e pequenos péptidos; v)

transcitose mediada por um recetor fundamental para algumas macromoléculas, proteínas

e péptidos, como, por exemplo, a insulina e a transferrina; vi) transcitose mediada por

adsorção para macromoléculas, em particular para macromoléculas catiónicas, como é o

caso da histona, a albumina catiónica e a avidina; vii) modulação das junções apertadas,

de forma a permitir o aumento do movimento de solutos polares para dentro do SNC. [47]

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Figura 2. Tipos de transporte através da barreira hematoencefálica (adaptado de [47]).

A transferência da maioria dos fármacos, a partir da corrente sanguínea, para o

cérebro é limitada pela BHE. [48] Apesar do avanço nas neurociências, a biodisponibilidade

dos fármacos para o tratamento de doenças do SNC continua a ser um grande desafio,

principalmente devido à natureza da BHE, [44] prejudicando um tratamento eficaz de muitas

doenças neurológicas/neuropsiquiátricas. [40] De facto, a melhoria da biodisponibilidade é

um incentivo para a investigação e desenvolvimento de novos medicamentos, [48] sendo

que nos últimos anos têm sido utilizadas estratégias diferentes para ultrapassar esta

barreira. Estas estratégias incluíram a abertura osmótica das junções apertadas, a

administração cirúrgica de fármacos diretamente no cérebro, a utilização de pro-fármacos

ou de sistemas veiculares como anticorpos [40] e a utilização de veículos de fármacos

coloidais, tais como lipossomas e nanopartículas, que têm como principal vantagem a

possibilidade de direcionar o fármaco por modificação da sua distribuição no organismo,

[47] podendo esta administração ser controlada. [49] Paralelamente tem-se observado um

incremento na exploração de transportadores para mediar o direcionamento para o SNC

de fármacos de síntese e semi-síntese, e também de moléculas orgânicas provenientes da

biotecnologia, tais como péptidos, proteínas e ácidos nucleicos, tendo sido usados modelos

celulares para prever a penetração na BHE. [50]

O avanço da nanotecnologia levou à utilização de lipossomas, nanopartículas sólido-

lípido ou diversas nanopartículas poliméricas, entre outras, no transporte de fármacos

através da BHE, tornando possível transportar um número crescente de fármacos com

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diferentes propriedades químicas. [40] Este avanço permitiu um aumento da entrega

intracelular do fármaco, [49] resultando assim em efeitos terapêuticos. Além disso, estas

nanopartículas não só aumentam o transporte do fármaco para o cérebro, como também

o protegem da degradação enzimática e são capazes de reduzir os seus efeitos

secundários. [40] Outra vantagem do transporte de moléculas dentro de nanopartículas

resulta da possibilidade de manipulação das suas propriedades de superfície, de forma a

evitar o reconhecimento pelos macrófagos, aumentando assim a probabilidade do fármaco

passar a BHE e atingir o seu alvo. [49]

1.3) Alvos terapêuticos do Sistema Nervoso Central

1.3.1) Monoamina oxidase

A monoamina oxidase (MAO) é uma flavoenzima que tem como cofator o dinucleótido

de flavina e adenina. Está ligada às membranas externas das mitocôndrias através de um

resíduo de cisteína, encontrando-se principalmente no tecido nervoso, fígado e pulmões.

[51-57]

Está envolvida no metabolismo de monoaminas, promovendo a desaminação

oxidativa de neurotransmissores como a epinefrina, norepinefrina, dopamina, serotonina

[55, 58-60] e β-feniletilamina, tendo uma grande importância no SNC. [57]

A capacidade da MAO para modular a função destes neurotransmissores específicos

permitiu a sua associação a diversos transtornos, como distúrbios de humor, ansiedade,

depressão, esquizofrenia, défice de atenção, hiperatividade, enxaqueca e doenças

neurodegenerativas, sendo cada vez mais considerada como alvo terapêutico. [52, 57]

Esta enzima existe sob duas isoformas distintas, a MAO-A e a MAO-B, que diferem

na sequência de aminoácidos (aproximadamente 70% de semelhança), na estrutura

tridimensional, na distribuição nos tecidos, na sensibilidade a inibidores e na especificidade

do substrato, sendo codificadas por genes distintos. [56, 57]

A sua seletividade para os neurotransmissores é diferente. A MAO-A degrada

preferencialmente a serotonina e a norepinefrina, enquanto a MAO-B tem preferência pela

β-feniletilamina. Esta distinção já não é feita relativamente à dopamina. [51, 52, 57, 61, 62]

A atividade da MAO tem sido associada a stresse oxidativo, neuroinflamação,

desencadeamento da apoptose, falha de depuração de agregados de proteínas, ativação

glial, agregação de α-sinucleína associada ao aparecimento de Parkinson precoce,

neurodegeneração dopaminérgica e morte celular neuronal. A sua ação leva à formação

de radicais hidroxilo que podem estar envolvidos em processos neurodegenerativos e

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Introdução

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desempenha um papel importante em diversos neurotransmissores associados a doenças

neuropsiquiátricas. [51]

No SNC, a isoforma A parece estar presente principalmente em neurónios

catecolaminérgicos [57] e níveis anormais, quer elevados, quer baixos, têm sido associados

a diversos transtornos neuropsiquiátricos. A MAO-B está localizada nos neurónios

histaminérgicos, [60] serotoninérgicos e principalmente na glia [57] e a sua atividade parece

estar aumentada em pacientes com doença de Alzheimer e doença de Parkinson. [62] Ao

contrário da maioria das enzimas, a atividade da MAO-B permanece inalterada até

aproximadamente aos 60 anos, aumentando de seguida de forma não linear. [63] Na doença

de Alzheimer o aumento da atividade desta enzima em certas regiões é de cerca de 40-

60% e está associado a grande quantidade de placas senis. A MAO-B parece atuar em

processos neurodegenerativos de duas formas. Através da desaminação da dopamina e

de outras aminas há formação de peróxido de hidrogénio, originando depois radicais

hidroxilo altamente tóxicos que reagem com as membranas neuronais, iniciando a

peroxidação lipídica e a morte celular. Por outro lado, a sua contribuição para a diminuição

de neurotransmissores no cérebro, nomeadamente de dopamina e serotonina, leva ao

aparecimento de sintomas de doenças neurodegenerativas observados em pacientes com

doença de Alzheimer. [64]

Conforme referido atrás, a inibição destas enzimas é uma aproximação terapêutica

importante, devido ao seu papel no metabolismo de neurotransmissores associados a

doenças neurodegenerativas e neuropsiquiátricas. Desse modo a identificação de

inibidores específicos para a MAO-A e MAO-B tem sido alvo de intensa pesquisa.

Inibidores seletivos da MAO-A são eficazes no tratamento da depressão e ansiedade, e

inibidores da MAO-B estão mais relacionados com o tratamento da doença de Alzheimer

e da doença de Parkinson. [54, 55, 59, 61, 65]

Vários compostos têm sido identificados como inibidores reversíveis e irreversíveis,

seletivos para a MAO-A e MAO-B. [54] A selegilina e rasagilina são inibidores seletivos da

MAO-B e demonstraram retardar a neurodegeneração em pacientes com doença de

Parkinson. [51, 55] Por sua vez, os inibidores seletivos da MAO-A são a clorgilina e

moclobemida e são importantes no tratamento de ansiedade e depressão. [51] Apesar da

existência destes inibidores, a procura de alternativas tem sido intensa devido aos efeitos

adversos destas moléculas, como, por exemplo, citotoxicidade, hiperpirexia, coagulação

intravascular disseminada, convulsões, rigidez muscular e até coma. [59]

O possível uso de derivados de plantas como inibidores de ambos os tipos de

isoenzimas tem suscitado grande interesse, como alternativa para o tratamento de doenças

neuropsiquiátricas e neurodegenerativas. [65]

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Introdução

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1.3.2) Colinesterases

A acetilcolina (ACh) é o principal neurotransmissor do sistema colinérgico, tendo um

papel importante na memória e na aprendizagem. [66] É fundamental na transmissão dos

impulsos elétricos entre células nervosas e/ou de músculos voluntários para involuntários.

[67] É sintetizada pela acetilcolina transferase e é degradada pelas colinesterases. Nos

vertebrados existem duas isoformas das colinesterases: a acetilcolinesterase (AChE) e a

butirilcolinesterase (BuChE). A AChE é associada aos neurónios e axónios, enquanto a

BuChE é secretada pelas células gliais. Enquanto a BuChE é capaz de metabolizar várias

moléculas, a AChE é altamente seletiva para a ACh. [66] A AChE está presente em níveis

elevados no cérebro, nos nervos e nos glóbulos vermelhos; a BuChE encontra-se no soro

sanguíneo, no pâncreas, no fígado e no SNC. [68] A AChE e a BuChE têm uma homologia

de 65% na sequência de aminoácidos, com formas moleculares e locais ativos

semelhantes, apesar de serem provenientes de genes diferentes. [69]

O sistema colinérgico está envolvido na doença de Alzheimer. Assim, a “hipótese

colinérgica” atribui o declínio cognitivo associado à idade avançada destes pacientes à

perda da função colinérgica no SNC. [66, 70] Tem sido observado que a acetilcolina

transferase é substancialmente reduzida nesta doença. [71] Os fármacos utilizados no seu

tratamento, com base nesta hipótese, têm como objetivo contrariar o défice cerebral de

acetilcolina. [72]

Têm sido implementados inibidores das colinesterases com capacidade de aumentar

a atividade dos neurónios colinérgicos no cérebro. [68] No entanto, para serem eficazes têm

de se ligar reversivelmente ao local ativo das enzimas, evitando consequências graves,

como, por exemplo, a morte. [73]

A função colinérgica normal é dependente da inativação hidrolítica da ACh pelas

colinesterases. A inibição parcial das colinesterases pode prolongar o efeito da ACh, sendo

este o principal modo de ação dos fármacos usados para o tratamento da doença de

Alzheimer: tacrina, donepezilo, rivastigmina e galantamina. [74] Assim, estas moléculas

levam ao aumento dos níveis de ACh nas sinapses colinérgicas e melhoria da transmissão.

[75] A tacrina foi o primeiro inibidor; no entanto, devido à sua hepatotoxicidade e baixa

biodisponibilidade passou a ser pouco utilizada. [76] O donepezilo, a rivastigmina e a

galantamina inibem principalmente a AChE. Apesar da galantamina inibir também a

BuChE, fá-lo com 4 vezes menor eficácia comparativamente à AChE; o donepezilo é 100

vezes mais seletivo para a AChE do que para BuChE, enquanto a rivastigmina inibe de

igual forma as duas colinesterases. [77]

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A inibição das colinesterases tem sido assim uma abordagem atual para o tratamento

das doenças neurodegenerativas. Quanto maior for a inibição destas enzimas, maior será

a comunicação entre as terminações nervosas e a atividade nas vias colinérgicas no

cérebro. [78] Os fármacos referidos têm diversos efeitos colaterais, como hepatotoxicidade,

distúrbios gastrointestinais, tonturas, vómitos e náuseas; a procura de novas fontes para a

inibição destas enzimas à base de produtos naturais tem sido implementada, para

encontrar substâncias com menos efeitos colaterais. [73, 78, 79] De facto, a descoberta da

galantamina, um alcaloide, provocou um aumento da procura de inibidores à base de

plantas. [73] Por exemplo, inibidores à base de compostos fenólicos têm sido procurados,

devido à grande capacidade de interação com enzimas, possuindo um potencial inibitório

interessante para enzimas humanas, além dos benefícios devidos à sua ampla gama de

propriedades biológicas, como antioxidantes, anticancerígenos e antimicrobianos. [79]

2) Nanopartículas

A nanotecnologia é um campo emergente e multidisciplinar onde são utilizadas

técnicas e ferramentas de diversas áreas, como a biologia, a engenharia, a química e a

medicina. [80] Além de ter um potencial enorme para revolucionar a medicina, têm aparecido

grandes inovações muito rapidamente, observando-se um aumento exponencial de

patentes na área farmacêutica. [81]

Envolve estudos em escalas atómica e molecular, geralmente usando estruturas na

ordem dos nanómetros. [80] Os produtos farmacêuticos relacionados com nanopartículas

oferecem diversas vantagens em relação a partículas de maiores dimensões. [81] A

versatilidade da tecnologia de partículas permite a adaptação dos sistemas de

administração de fármacos considerando o alvo, o perfil farmacocinético desejado e a via

de administração. [82]

As nanopartículas usadas normalmente para a absorção ou encapsulamento de um

fármaco, permitindo protegê-lo da degradação química e enzimática que ocorre no

organismo, [83] definem-se como partículas coloidais submicrónicas, ou seja, com tamanho

inferior a 1 µm. [84] Estas podem ser usadas como adjuvantes em vacinas ou como veículo

em que o composto ativo pode ser dissolvido, aprisionado, encapsulado, adsorvido ou

quimicamente ligado. [83]

Normalmente o tamanho de uma nanopartícula é inferior a 100 nm, havendo a

possibilidade de controlá-lo de modo a ter dimensões menores ou comparáveis às de uma

célula (10-100 µm), de um vírus (20-450 nm), de uma proteína (5-50 nm) ou mesmo de um

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Introdução

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gene (2 nm de largura, 10-100 nm de comprimento), permitindo assim chegar perto do alvo

biológico de interesse. [85]

As nanopartículas são preparadas a partir de materiais biocompatíveis e

biodegradáveis, como é o caso de polímeros naturais (como a gelatina e albumina) e

sintéticos (como poliláctidos, polialquilcianoacrilatos), ou de lípidos sólidos. [83, 84] Existem

nanopartículas monolíticas, também chamadas de nanoesferas, nas quais o fármaco é

adsorvido, disperso ou dissolvido por toda a matriz. Existem também nanocápsulas, nas

quais o fármaco está confinado a um núcleo aquoso ou oleoso rodeado por uma parede

de revestimento. Por vezes o fármaco pode também ser ligado à superfície de forma

covalente. [84]

A absorção das nanopartículas dá-se por diversos mecanismos, como transcitose,

absorção intracelular, transporte através das células epiteliais da mucosa intestinal e pela

captação através das placas de Peyer, [84] tendo como principal objetivo, enquanto sistema

de entrega, a libertação dos agentes farmacologicamente ativos no local desejado, numa

taxa e dose ideais. [83]

Assim sendo, as nanopartículas apresentam diversas vantagens: elevada

estabilidade e especificidade; grande capacidade de suporte, sendo capazes de incorporar

diversas moléculas de fármacos; viabilidade para incorporar quer substâncias hidrofílicas,

quer hidrofóbicas; possibilidade de administração por diferentes vias (por exemplo, oral e

inalação); libertação controlada e sustentada do fármaco, de modo a aumentar a sua

eficácia e diminuir os efeitos colaterais; incorporação do fármaco sem ocorrência de

reações químicas, ajudando assim à sua preservação; controlo da libertação e degradação

do fármaco; aumento da biodisponibilidade do fármaco no local alvo, na quantidade certa

e num período de tempo ideal; possibilidade de melhorar a solubilidade de fármacos pouco

solúveis em água; prolongamento do tempo de vida na circulação sistémica, com redução

da imunogenicidade; conforto para o paciente e melhoria do desempenho terapêutico em

relação a outros sistemas. [83, 84]

2.1) Lipossomas

Os lipossomas (Fig. 3), descritos pela primeira vez em 1965, foram uma das primeiras

plataformas de nanopartículas a ser aplicada na medicina, [86] existindo hoje em dia mais

de 20 formulações em ensaios clínicos ou já aprovadas para uso clínico. [87] São vesículas

constituídas por uma ou mais bicamadas de fosfolípidos orientadas concentricamente em

redor de um compartimento aquoso, servindo para o transporte de fármacos hidrofílicos e

lipofílicos. [88]

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Figura 3. Representação de um lipossoma (adaptado de: [89]).

Dependendo da conceção, o tamanho dos lipossomas pode variar entre a dezena de

nanómetros e micrómetros. [86] Em torno do compartimento aquoso interno podem

apresentar apenas uma única bicamada lipídica, chamando-se unilamelares, ou múltiplas

bicamadas, denominando-se de multilamelares. Os lipossomas podem ser classificados de

acordo com o tamanho lamelar: vesículas unilamelares, quando o diâmetro varia entre 20

e 100 nm; vesículas unilamelares grandes, se o diâmetro é superior a 100 nm; vesículas

unilamelares gigantes, quando o diâmetro é até 1 µm; vesículas oligolamelares, se o

diâmetro varia entre 0,1 e 1 µm; vesículas multilamelares, que têm até 500 nm de diâmetro.

[88]

Os lipossomas são também agrupados em niossomas, transferossomas, etossomas

e fitossomas. Os niossomas são formados por automontagem de agentes tensioativos não

iónicos numa dispersão aquosa, sendo flexíveis e mais estáveis do que os lipossomas

convencionais. Os transferossomas são vesículas compostas por fosfolípidos deformáveis,

geralmente administrados por via transdérmica. Os etossomas são lipossomas

convencionais ou transferossomas que contêm até 10% de etanol, podendo promover a

solubilização de fármacos hidrofílicos. Os fitossomas formam-se através da ligação de

componentes individuais de extratos de plantas à fosfatidilcolina. [88]

As características dos lipossomas tornam-nos nanotransportadores ideais devido à

facilidade em modificar as dimensões, à fluidez da membrana e à superfície. [90] Uma

característica que distingue os lipossomas é a camada dupla de lípidos que imita as

membranas celulares, facilitando a fusão com, por exemplo, micróbios infeciosos, e a

libertação da carga de fármaco transportada para as membranas celulares. [83]

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A biocompatibilidade, a biodegradabilidade, e a possibilidade de encapsular agentes

hidrofílicos no núcleo aquoso e agentes hidrófobos dentro das lamelas fazem dos

lipossomas transportadores excelentes para a terapêutica. [86] A bicamada lipídica

lipossómica é composta por lípidos presentes nas membranas biológicas, sendo

constituintes comuns a esfingomielina, a fosfatidilcolina e os glicerofosfolípidos. O

colesterol é incluído porque diminui a permeabilidade e aumenta a estabilidade do

lipossoma. [91]

As desvantagens dos lipossomas são a sua elevada instabilidade nos fluidos

biológicos, a elevada velocidade de libertação do fármaco, a capacidade de transporte de

cargas baixas, a instabilidade durante a armazenagem [92] e eliminação rápida pelo sistema

reticuloendotelial, principalmente no fígado e baço. De forma a reduzir esta eliminação a

estrutura dos lipossomas tem sido modificada através do revestimento com polímeros

inertes e biocompatíveis, como o polietilenoglicol (PEG), dando origem aos chamados

lipossomas de longa duração. [93]

De acordo com o trabalho que foi desenvolvido no âmbito desta dissertação, será

dado destaque aos fitossomas.

2.1.1.) Fitossomas

Um produto natural é um composto químico ou uma substância produzida por um

organismo vivo que normalmente exerce uma atividade biológica ou farmacológica

importante para a descoberta e conceção de novos medicamentos. Deste modo, os

produtos naturais, incluindo os provenientes de plantas, animais e minerais, têm sido a

base do tratamento de diversas doenças humanas. [94] Os derivados das plantas,

particularmente, sempre receberam grande atenção. [95]

As plantas têm capacidade para produzir uma vasta e diversificada gama de

compostos orgânicos. Os que não participam diretamente no crescimento e

desenvolvimento da planta (metabolitos secundários) revelam-se cada vez mais

interessantes, embora as suas funções não sejam totalmente claras. Os metabolitos

primários, contrariamente, são encontrados em todas as plantas e executam funções

metabólicas que são essenciais para a planta. [96]

A distinção entre metabolito primário e secundário é, no entanto, difícil e um pouco

ambígua. Assim, segundo uma definição funcional, os metabolitos primários são produtos

que participam na alimentação e nos processos metabólicos essenciais da planta,

enquanto os metabolitos secundários (produtos naturais) são aqueles que influenciam as

interações entre a planta e o ambiente envolvente. Desse modo, com base nas suas

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Introdução

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origens biossintéticas, os compostos vegetais naturais podem ser divididos em três grupos

principais: os terpenoides, os alcaloides e os compostos fenólicos. [96]

A biodisponibilidade destes compostos, no entanto, tem sido um grande obstáculo à

utilização de extratos de plantas no tratamento de doenças, principalmente daqueles cujos

compostos ativos são solúveis em água e têm tendência a agregar-se, como é o caso de

muitos polifenóis. [97]

Vários extratos de plantas e compostos provenientes de plantas revelam grande

atividade in vitro, o mesmo não ocorrendo in vivo. Tal facto pode ser devido à baixa

lipofilicidade ou a possuírem estruturas moleculares grandes, o que restringe a aptidão

para atravessar a membrana celular e a absorção no intestino, podendo também haver

perda de alguns constituintes devido aos sucos gástricos. [98-101]

De modo a aumentar a disponibilidade oral destes compostos, e dos extratos que os

contêm, têm sido utilizados sistemas de libertação nanoestruturados variados. [97] Existem

diversas vantagens no uso destes tipos de sistema para libertação de compostos de

plantas: além de melhorar a biodisponibilidade, permitem o aumento da solubilidade,

protegem da toxicidade, melhoram a atividade, proporcionam mais estabilidade, entrega

sustentada e previnem a degradação química. [102]

Ultimamente a complexação de compostos de plantas com fosfolípidos tem sido alvo

de grande interesse, melhorando a biodisponibilidade e eficácia terapêutica dos compostos

de plantas mal absorvidos. [97, 99, 101] No ano de 1989, um grupo de investigadores italiano

desenvolveu a primeira formulação que permitiu a ligação de moléculas solúveis em água

provenientes de plantas, como o caso dos polifenóis, a fosfolípidos (Phitossome ®),

possibilitando o seu transporte e aumentando a sua absorção e a biodisponibilidade. [30]

Esta descoberta permitiu um equilíbrio entre a hidrofilicidade, essencial para se dissolver

no fluido gástrico, e a lipofilicidade, necessária para ultrapassar as membranas lipídicas,

melhorando assim a absorção. [99, 101, 103, 104]

Na formação dos fitossomas é criada uma pequena estrutura, essencial para que os

componentes do extrato sejam protegidos da destruição pelas secreções digestivas e

bactérias intestinais e importante para a transição do ambiente hidrofílico para o ambiente

lipofílico das membranas. [100, 104, 105] A ligação química estabelecida permite uma maior

estabilidade, para além de proporcionar uma maior duração de ação. [100]

O passo principal na produção de fitossomas é a reação de uma quantidade

estequiométrica do fosfolípido com o extrato ou composto, formando um complexo

fosfolípido-composto bioativo. [101, 103] A formação desse complexo resulta de ligações de

hidrogénio, principal interação neste tipo de estruturas. Estas ligações ocorrem entre a

parte polar dos fosfolípidos, os grupos fosfato, e as secções polares das substâncias

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Introdução

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bioativas. [98, 100] Nos fitossomas a razão entre o composto ativo e o lípido utilizado para a

formação do complexo varia normalmente entre 1:1,5 e 1:4. [103]

A principal diferença entre um lipossoma e um fitossoma (Fig.4) é que no primeiro

não se estabelecem ligações de hidrogénio entre os fosfolípidos e os compostos bioativos.

No caso dos lipossomas o composto ativo está dissolvido na parte interna ou a flutuar na

parte da membrana, enquanto nos fitossomas o composto ativo está ancorado à cabeça

polar dos fosfolípidos, integrando a membrana. Estas diferenças permitem que os

fitossomas tenham uma absorção muito melhor e uma maior disponibilidade do que os

lipossomas. [98, 100, 101]

Figura 4. Distinção de lipossomas e fitossomas (adaptado de: [106]).

2.1.1.1) Composição lipídica de fitossomas

Os fosfolípidos são lípidos que contêm fósforo na sua composição, possuindo uma

parte polar e outra não polar. Os glicerofosfolípidos, os principais fosfolípidos das células

eucariotas, [107] são constituídos por uma molécula de glicerol ligada a dois ácidos gordos

e no terceiro carbono um grupo fosfato ligado a um álcool. [98] Existem diferentes

glicerofosfolípidos, como a fosfatidilcolina (PC), fosfatidiletanolamina (PE), fosfatidilserina

(PS), ácido fosfatídico (PA) e fosfatidilinositol (PI). [107]

As principais fontes de fosfolípidos são os óleos vegetais (soja, milho, girassol, colza)

e tecidos animais, como a gema do ovo e cérebro de bovino. [111] Os fosfolípidos produzidos

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Introdução

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industrialmente são facéis de obter, sendo a soja, o girassol e a gema do ovo as fontes

mais usadas. [98, 107]

O perfil de fosfolípidos difere significativamente conforme a origem natural,

principalmente ao nível do teor em PC. Por exemplo, a gema de ovo contém 73-74% de

PC, 0,4-1% de PI, 17-24% de PE e não apresenta PA. Deste modo, a fonte de fosfolípidos

usada na produção dos fitossomas condicionará a sua estrutura e estabilidade. [108]

A PC, a PS e a PE são os principais fosfolípidos utilizados na produção de

fitossomas. No entanto, a primeira é mais usada do que os restantes. [98] É uma molécula

anfipática, com um grupo fosfatidil (lipofílico) e um grupo colina (hidrofílico), muito

importante. A cabeça polar liga-se aos compostos bioativos pelas ligações de hidrogénio e

o grupo fosfatidil lipofílico permite envolver a mistura, promovendo a formação do complexo

fosfolípido-composto bioativo. [98, 109] Embora esta seja fundamental na produção de

fitossomas, além de atuar como transportador já demonstrou ser benéfica para a saúde,

verificando-se um efeito sinérgico quando certas substâncias são administradas. [98,100, 109]

Adicionalmente é fundamental na construção molecular de lipoproteínas e nas membranas

celulares. [110]

2.1.1.2) Caracterização de fitossomas

O comportamento dos fitossomas é devido a diversos fatores, como a

permeabilidade da membrana, o tamanho, a composição química, bem como a pureza do

material utilizado na sua preparação. Assim, o tamanho, forma, distribuição, composição

química e capacidade de encapsulamento são características importantes. [111]

A análise do tamanho da partícula, da integridade estrutural e do potencial Zeta dos

fitossomas são parâmetros importantes para avaliar a sua estabilidade num intervalo de

tempo adequado. O tamanho médio da partícula pode ser medido através de analisadores

de tamanho de partícula, como é o caso de analisadores de dispersão dinâmica de luz

(DLS), e por microscopia eletrónica em alto vácuo, enquanto a integridade estrutural pode

ser avaliada por microscopia eletrónica de transmissão e microscopia de força atómica. A

eficiência de encapsulamento permite verificar a quantidade de composto bioativo que foi

encapsulada e pode ser determinada por espetrofotometria (UV-Vis) ou métodos

cromatográficos (como o HPLC). [98]

O tamanho das partículas e a distribuição de tamanhos destas são as características

mais importantes nestes sistemas, pois determinam a distribuição e a sua toxicidade no

destino biológico. Quanto maior o número de nanopartículas pequenas, maiores serão as

vantagens, nomeadamente a nível de absorção intracelular e disponibilidade para maior

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variedade de alvos biológicos. Por sua vez, a libertação do fármaco será mais rápida,

devido ao facto do fármaco estar associado à superfície da partícula. [111]

3) Mentha pulegium L.

Existem diversas plantas com moléculas com atividade no SNC, sendo as da família

Lamiaceae as mais interessantes. Esta família botânica é composta por plantas ou

arbustos de pequeno porte, [113] incluindo 61 espécies do género Mentha que se encontram

espalhadas por todo o mundo. [114]

A Mentha pulegium L. (Fig. 5), conhecida vulgarmente como poejo, é uma planta

com 20 a 40 cm de altura, fortemente aromática, com grande distribuição em Portugal

continental e nos Açores. [115, 116] O óleo essencial e as partes secas da planta têm sido

tradicionalmente utilizados no tratamento de distúrbios digestivos, do fígado, da vesícula

biliar, da gota, de resfriados, de doenças de pele, para aumento da micção e interrupção

da gravidez, bem como em aromaterapia, cosmética e com fins gastronómicos. [117]

Figura 5. Mentha pulegium L (fotografia de Rafael Vilamarim).

A maioria dos estudos realizados com esta planta envolve o seu óleo essencial, [117]

que é tambem usado como repelente, contra pulgas e outros insetos, sendo eficaz no alívio

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Introdução

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do acne e mordidas de escorpiões e cobras. [115] Por sua vez, as partes aéreas floridas,

têm sido utilizadas tradicionalmente no tratamento da sinusite, cólera, intoxicações

alimentares, bronquite, tuberculose, mau estar menstrual, como anti-séptico no tratamento

de resfriados, como antiflatulente, carminativo, expetorante, diurético e antitússico. [118] O

decocto também foi usado para tratamentos de diversos tipos de cancro, como o da

gengiva, do cólon, baço, estomago e útero. [119]

No género Mentha estão descritos diversos compostos fenólicos, metabolitos

secundários com grande distribuição na natureza e biologicamente ativos. Este género é

rico em derivados do ácido cafeico, como o ácido clorogénico e o ácido rosmarínico, sendo

este último o principal constituinte. [120]

O ácido rosmarínico tem demonstrado propriedades interessantes para o combate

de doenças neurodegenerativas e neuropsiquiátricas. De Mello Andrade e colaboradores

demonstraram que este composto é um antioxidante capaz de inibir a peroxidação lipídica,

inibindo também a MAO-A, a MAO-B e a catecol-O-metiltransferase, enzimas relacionadas

com este tipo de doenças. [121] O ácido rosmarínico demonstrou igualmente capacidade

para inibir a AChE e para a BuChE em concentrações na ordem dos picomolar. [122]

Ferreres e colaboradores procederam à caracterização dos compostos fenólicos de

um extrato aquoso de M. pulegium, preparado de forma a mimetizar a forma habitual de

consumo da espécie. A análise por HPLC-DAD-ESI/MSn permitiu observar que 94% dos

compostos determinados eram ácidos fenólicos, sendo o ácido rosmarínico o principal, tal

como esperado para este género. Foram também encontrados derivados glicosilados de

flavonoides. [116]

Deste modo, a inclusão do extrato aquoso de M. pulegium em fitossomas, de modo

a ultrapassar barreiras naturais e melhorar a absorção dos compostos bioativos (como o

ácido rosmarínico), poderá ser uma alternativa para o tratamento de doenças

neurodegenerativas e neuropsiquiátricas.

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Capítulo II – Objetivos

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O presente trabalho tem como objetivos gerais o desenvolvimento de uma nova

formulação lipídica para encapsular os compostos bioativos do extrato aquoso de Mentha

pulegium L. (fitossoma) e investigar o potencial para modular a atividade cerebral, no

contexto de doenças neurodegenerativas e neuropsiquiátricas.

Os objetivos específicos são:

✓ Obter e caracterizar um extrato rico em compostos fenólicos de M. pulegium

destinado ao consumo humano;

✓ Avaliar o efeito do extrato em enzimas-alvo do sistema nervoso central

(MAO-A e colinesterases);

✓ Extrair os fosfolípidos da gema de ovo para preparar as formulações

lipídicas;

✓ Caracterizar as propriedades dos fitossomas em função da sua composição

lipídica e dos compostos fenólicos (interação composto fenólico-lípido, tamanho, potencial

Zeta, eficiência de encapsulamento e estabilidade).

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Capítulo III – Secção experimental

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Secção experimental

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1) Reagentes e substâncias de referência

O ácido 5-O-cafeoilquínico, ácido ascórbico, ácido cafeico, ácido fosfatídico (PA),

ácido perclórico, ácido rosmarínico, ácido sulfúrico, AChE extraída de Electrophorus

electricus, albumina de soro bovino (BSA), BuChE extraída do soro de cavalo, cloreto de

magnésio hexahidratado, cloreto de S-butiriltiocolina (BTCCI), colesterol, clorgilina,

clorofórmio, PC, PE, PI, PS, fosfato de potássio monobásico, galantamina, meio Hepes,

hidroxitolueno butilado (BHT), hidróxido de sódio, iodeto de acetilcolina (ATCI), luteína,

quinuramina, recombinante humana da MAO-A (hMAO-A), sacarose, sulfato de sódio, terc-

butilmetil éter, trietilamina, triton TM X-100, trizma ® HCl e zeaxantina eram da Sigma-

Aldrich (St. Louis, MO, EUA). O cloreto de sódio foi adquirido à José Manuel Gomes dos

Santos, LDA (Odivelas). A acetona foi obtida da VWR International S.A.S. (Fontenay-sous-

Bois, França). O ácido acético glacial, metanol e ácido fórmico foram da Chem-Lab NV

(Zedelgem, Bélgica). O molibdato de amónio foi adquirido à May & Baker Ltd. (Londres,

Reino Unido). O anidrido acético, acetronitrilo, ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) e

tartarato de potássio e sódio foram obtidos da Merck kGaA (Darmstadt, Alemanha). O ácido

5,5’-ditio-bis-(2-nitrobenzóico) (DTNB, reagente de Ellman) e etanol eram da Thermo

Fisher Scientific (Waltham, Massachusetts, EUA). O sulfato de cobre foi obtido da José M.

Vaz Pereira, LDA (Lisboa). O iodeto de potássio foi adquirido à LABKEM (Barcelona,

Espanha). O ácido ferúlico, luteolina 7-O-glucósido e apigenina 7-O-glucósido foram

obtidos de Extrasynthese (Genay, França).

2) Amostragem e preparação do extrato aquoso

A amostra (partes aéreas de M. pulegium) foi fornecida pela Direção Regional de

Agricultura entre o Douro e Minho (DRAEM). O material vegetal foi seco a 30 ºC durante

24 horas, pulverizado (< 910 µm) e armazenado, protegido da luz e da humidade.

De modo a mimetizar o extrato habitualmente preparado para consumo humano,

procedeu-se a uma decocção: foram adicionados 500 mL de água destilada a 3,00 g do

material vegetal, levando-se à fervura durante 20 minutos. O extrato obtido foi filtrado,

congelado a -20 ºC e posteriormente liofilizado num equipamento VirTis SP Scientific

Sentry 2.0. (Gardiner, NY, EUA).

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Secção experimental

28

3) Determinação dos compostos fenólicos no extrato aquoso de M.

pulegium por HPLC-DAD

A análise cromatográfica do extrato aquoso foi realizada conforme descrito por

Ferreres e colaboradores. [116] Foi usada uma coluna Kinetex (5 μm, C18, 100 Å, 150 x 4,6

mm, Phenomenex, Macclesfield, Reino Unido). A fase móvel (fluxo 1 mL/min) consistiu em

dois eluentes: água-ácido fórmico (1%) (A) e acetonitrilo-ácido fórmico (1%) (B), sendo

aplicado o seguinte gradiente: início com 10% de B, 30% de B aos 20 minutos, 30% de B

até aos 25 minutos, 90% de B aos 35 minutos, 90% de B aos 40 minutos. Foram injetados

20 µL do extrato (10 mg/mL) numa unidade de HPLC-DAD (Gilson; Villiers le Bel, França).

Os dados obtidos foram processados com o software Unipoint System (Gilson Medical

Electronics, Villiers le Bel, França).

Os dados espetrais de todos os picos foram acumulados entre 240 e 400 nm e os

cromatogramas foram registados a 330 nm. A quantificação dos compostos fenólicos foi

feita a 320 e 350 nm para os ácidos fenólicos e flavonoides, respetivamente, relativamente

a curvas de calibração externas (Tabela 1). Uma vez que não estão disponíveis

comercialmente substâncias de referência para todos os compostos identificados, os

glucósidos, trimeros e tetrâmeros de ácido cafeico foram quantificados como ácido cafeico,

o glucósido de ácido ferúlico como ácido ferúlico, os derivados da luteolina e da apigenina

como luteolina 7-O-glucósido e apigenina 7-O-glucósido, respetivamente; os ácidos

cafeoilquínicos foram quantificados como ácido 5-O-cafeoilquínico e o ácido rosmarínico e

os seus derivados foram quantificados como ácido rosmarínico.

Para determinar os compostos fenólicos incorporados na formulação preparada após

diálise procedeu-se à sua rutura. Para isso a formulação foi homogeneizada durante 1

minuto e misturada com metanol e clorofórmio, na proporção 1:2:1

(formulação:metanol:clorofórmio; 1 mL volume final). A mistura foi depois centrifugada

(Refrigerated Microfuge SIGMA 1-14K, SIGMA Laborzentrifugen GmbH, Alemanha) a 1500

rpm, durante 10 minutos. Adicionaram-se 250 µL de clorofórmio e 250 µL de água ao

sobrenadante, e analisou-se a fase aquosa.

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Secção experimental

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Tabela 1. Regressão linear, limite de deteção e limite de quantificação para os compostos fenólicos

determinados.

Composto Regressão linear R2 Intervalo de

concentrações (mg/mL)

LD a (mg/mL)

LQ b (mg/mL)

Ácido 5-O-cafeoilquínico

y= 7,2×108 x - 3,1×106 0,994 1,2×10-1 – 1,5×10-2 4,3×10-4 1,3×10-3

Ácido cafeico

y= 1,5×109 x + 7,5×106 0,992 1,6×10-1 – 8,0×10-3 6,4×10-4 1,9×10-3

Ácido ferúlico

y= 1,4×109 x + 6,2×106 0,994 1,3×10-1 – 6,0×10-3 4,7×10-4 1,4×10-3

Ácido rosmarínico y= 8,2×108 x + 6,1×106 0,994 2,1×10-1 – 1,1×10-2 1,3×10-3 1,4×10-3

Luteolina 7-O-glucósido

y= 4,6×108 x + 2,0×106 0,999 1,2×10-1 – 6,0×10-3 1,1×10-4 3,4×10-4

Apigenina 7-O-glucósido

y= 8,5×108 x - 1,5×106 0,997 1,4×10-1 – 1,7×10-2 4,3×10-4 1,3×10-3

a Limite de deteção. b Limite de quantificação.

4) Inibição de enzimas isoladas

4.1) hMAO-A

A capacidade de inibição da hMAO-A foi avaliada com base em métodos descritos

com algumas modificações, por Dittmann e colaboradores e por Novaroli e colaboradores.

[54, 63] Foram testadas 5 concentrações do extrato aquoso de M. pulegium (100, 150, 200,

400 e 800 µg/mL). Como controlo positivo foi utilizada a clorgilina.

O meio reacional consistiu em 5 µL dos diferentes extratos ou 5 µL de tampão fosfato

0,1 M (pH 7,4), no caso do controlo negativo, aos quais foram adicionados 350 µL do

tampão fosfato e 20 µL de quinuramina a 3,75 mM. A mistura foi incubada a 37 ºC durante

10 minutos. Após este período adicionaram-se 125 µL de hMAO-A a 17 U/mL e incubou-

se a mistura a 37 ºC, durante 70 minutos.

A reação foi concluída com a adição de 75 µL de NaOH 2N e as absorvências foram

lidas a 314 nm utilizando um espetrofotómetro (Thermo Spectronic, Unicam Helios Alpha,

Thermo Fisher Scientific, Waltham, MA, EUA).

A inibição enzimática foi calculada de acordo com a seguinte equação:

% Inibição = [(AbsControlo - AbsAmostra) / AbsControlo] × 100

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O valor de IC50 foi calculado a partir de três ensaios independentes, realizados em

triplicado.

4.2) Colinesterases

A capacidade de inibição das colinesterases foi avaliada com base no método de

Ellman, como relatado anteriormente. [123] Foram usados três tampões diferentes: tampão

A, constituído por Tris-HCl 50 mM (pH 8), tampão B, constituído por Tris-HCl 50 mM (pH

8), contendo 0,1% de BSA, e tampão C, constituído por Tris-HCl 50 mM (pH 8), contendo

NaCl 0,1 M e MgCl2 . 6H2O 0,02 M.

A ACh é hidrolisada pela enzima ocorrendo libertação da tiocolina, que reage com o

reagente de Ellman (DTNB), produzindo 2-nitrobenzoato-5-mercaptotiocolina e 5-tio-2-

nitrobenzoato, detetado a 405 nm. A enzima liofilizada foi dissolvida em tampão A (1000

U/mL, solução de stock) e adicionalmente diluída em tampão B (concentração final de 0,44

U/mL).

A atividade de AChE foi medida utilizando um leitor de placas (Multiskan Ascent,

Thermo, Electron Corporation). A mistura reacional em cada poço continha 25 µL de ATCI

15 mM em água, 125 µL de DTNB 3 mM em tampão C, 50 µL de tampão B e 25 µL de

amostra dissolvida em tampão A. Procedeu-se à leitura em modo cinético durante 2

minutos, a 405 nm, sendo adicionados 25 µL de enzima 0,44 U/mL por poço.

A atividade inibitória foi calculada recorrendo ao software Ascent, versão 2.6 (Thermo

Labsystems Oy). O extrato de M. pulegium foi testado na gama de concentração de 93,75

– 6000 µg/mL. A percentagem de inibição foi calculada comparando o valor controlo com

o das diferentes concentrações testadas.

O ensaio para BuChE foi realizado do mesmo modo, mas usando como substrato 25

µL de BTCCI 15 mM em água e 25 µL de enzima com concentração final de 0,1 U/mL. A

gama de concentração do extrato utilizada foi 93,75 – 4500 µg/mL.

Para ambos os casos foi utilizada galantamina como controlo positivo.

O valor de IC50, em ambos os casos, foi calculado a partir de três ensaios

independentes, realizados em triplicado.

5) Extração lipídica a partir da gema de ovo

A extração de lípidos foi realizada a partir do ovo, após remoção da clara. Foram

utilizados 100 mL de uma mistura de solventes, composta por metanol:clorofórmio:água,

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na proporção de 1:2:2 (v:v:v). À mistura foi adicionado também o antioxidante BHT a

0,005%, dissolvido em metanol:clorofórmio na proporção de 1:1.

Inicialmente adicionou-se metanol à gema do ovo. Procedeu-se à homogeneização

com uma vareta de vidro, promovendo-se a desnaturação das proteínas. Seguidamente,

foi adicionado clorofórmio e a mistura foi submetida a agitação magnética (30 minutos à

temperatura ambiente). Posteriormente a mistura foi filtrada e colocada numa ampola de

decantação, à qual se adicionou a água para separação das fases. O processo foi repetido

até esgotamento.

A fase orgânica, contendo os lípidos totais, foi depois centrifugada (ROTOFIX 32A,

Hettich,Tuttlingen, Alemanha) a 4000 rpm durante 5 minutos, para remoção de alguma

proteína que ainda pudesse estar presente. Assim, a fase inferior de clorofórmio contendo

os lípidos da amostra foi recolhida e o seu solvente foi concentrado até 1/3 do seu volume.

Para maximizar a obtenção de fosfolípidos, minimizando a presença dos restantes

componentes (como o colesterol e outros lípidos indesejados), procedeu-se à precipitação

dos fosfolípidos, aproveitando a diferença de solubilidade dos diferentes componentes

lipídicos, pela adição de um volume 10 vezes superior de acetona a 4 °C. A mistura foi

deixada a -20 °C até ao dia segunte para aumentar a eficiência do processo.

Por fim, os cristais lipídicos foram ressuspendidos num volume conhecido de

clorofórmio para posterior quantificação. Depois de quantificados, o clorofórmio foi

evaporado sob uma corrente de azoto, evitando-se a sua oxidação. Os resíduos lipídicos

foram guardados em tubos de vidro a - 20 °C.

5.1) Quantificação de fosfato nos extratos lipídicos

Os fosfolípidos provenientes da extração lipídica foram quantificados pela

determinação do fosfato inorgânico libertado, após hidrólise ácida dos fosfolípidos,

conforme descrito por Bartlett e Lewis. [124] De acordo com este método, ocorre a conversão

do fosfato inorgânico num complexo de fosfomolibdato, de cor azul e quantificado por

espetrofotometria. [125-126]

Alíquotas de 5 µL de extrato lipídico dissolvidos em clorofórmio foram transferidas

para tubos de vidro. O solvente foi evaporado sob uma corrente de azoto e efetuou-se a

hidrólise dos fosfolípidos com a adição de 0,5 mL de ácido perclórico a 70%. Os tubos

foram cobertos com esferas de vidro e foram aquecidos a 180 ºC durante 2 horas.

De seguida adicionou-se a cada tubo 3,3 mL de água, 0,5 mL de molibdato de amónio

(0,25 g/10 mL) e 0,5 mL de ácido ascórbico (1 g/10 mL). Após agitação os tubos foram

tapados com esferas de vidro e incubados num banho de água à ebulição, durante 5-10

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Secção experimental

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minutos. As absorvências foram lidas a 800 nm, no leitor de placas (Multiskan ™ GO

Microplate Spectrophotometer, Thermo Fisher Scientific, Waltham, MA, EUA). A

concentração de fosfato inorgânico nas amostras foi calculada a partir da curva padrão de

KH2PO4 e os resultados expressos em µmol de lípido por mL de clorofórmio.

5.2) Quantificação de colesterol nos extratos lipídicos

O colesterol dos extratos lipídicos foi quantificado de acordo com o método de

Liebermann-Burchard, com algumas modificações. Este método baseia-se na reação do

colesterol e dos ésteres de colesterol com anidrido acético e ácido sulfúrico concentrado,

resultando na formação de um complexo corado de azul-esverdeado. [126-127]

Os extratos lipídicos secos foram dissolvidos em 0,1 mL de ácido acético. Em seguida

foram adicionados a cada tubo 2 mL de reagente Liebermann-Burchard (120 mL de

anidrido acético, 60 mL de ácido acético, 4 g Na2SO4; 20 mL de ácido sulfúrico) e as

misturas foram incubadas à temperatura ambiente durante 30 minutos.

A absorção dos padrões e das amostras foi determinada em leitor de placas

(Multiskan ™ GO Microplate Spectrophotometer, Thermo Fisher Scientific, Waltham, MA,

EUA), a 630 nm. O teor de colesterol nos extratos lipídicos foi calculado a partir da curva

padrão e expresso em µmol de colesterol por mL de clorofórmio.

5.3) Separação das classes de fosfolípidos do extrato lipídico

O método usado foi descrito por Monteiro-Cardoso e colaboradores. [126] Procedeu-

se à cromatografia em camada fina (CCF) do extrato lipídico e de padrões de referência

(PS, PE, PC, PA, PI) em placa de gel de sílica, usando como eluente uma mistura de

clorofórmio:etanol:água:trietilamina (35:30:7:35). A deteção foi feita à luz ultravioleta (λ=

365 nm), após a pulverização da placa com primulina (50 µg/100 ml de acetona:água,

80:20).

5.4) Determinação de carotenoides no extrato lipídico por HPLC-DAD

O extrato lipídico dissolvido em clorofórmio (500 µL) foi seco sob corrente de azoto.

Ao resíduo obtido foram adicionados 10 mL de acetona com 0,05% de BHT e a mistura foi

submetida a 15 minutos de sonicação, seguidos de 45 minutos de maceração, sob agitação

(600 rpm), à temperatura ambiente. O extrato obtido foi filtrado por membrana de 0,22 µm

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de poro e seco sobre uma corrente de azoto. O resíduo foi posteriormente redissolvido em

100 µL de etanol e mantido a -20 ºC.

A análise de carotenoides foi feita num sistema de HPLC-DAD (Gilson Medical

Electronics, França) de acordo com o procedimento anteriormente descrito por Oliveira e

colaboradores. [128] Foi usada uma coluna C30 YMC (5 μm, 250 × 4,6 mm i.d., YMC, Quioto,

Japão), à temperatura ambiente. A fase móvel (0,9 mL / min) consistiu em dois solventes:

metanol (A) e terc-butilmetil éter (B). A eluição começou com 95% de A e utilizou-se um

gradiente em que é obtido 70% de A aos 30 minutos, e 50% de A aos 50 min. O volume de

injeção foi de 20 µL. Os dados espetrais de todos os picos foram recolhidos no intervalo

de 200 a 700 nm, e os cromatogramas foram registados a 450 nm. Os dados foram

processados no software Unipoint System (Gilson Medical Electronics, Villiers le Bel,

França). Os compostos foram identificados através da comparação dos tempos de

retenção e dos espetros UV-Vis com os de padrões analisados nas mesmas condições

cromatográficas.

A quantificação dos carotenoides foi realizada utilizando curvas de calibração

externas resultantes de seis concentrações dos padrões disponíveis. A Tabela 2

demonstra a regressão linear, o R2, o intervalo de concentrações utilizadas para cada curva

de calibração, o limite de detecção e o limite de quantificação.

Tabela 2. Regressão linear, limite de deteção e limite de quantificação para os carotenoides determinados.

Composto Regressão linear R2 Intervalo de

concentrações (mg/mL)

LD a (mg/mL)

LQ b (mg/mL)

Luteína y = 260231 x + 24,534 0,999 5,9×10-5 – 1,9×10-3 4,6×10-5 1,4×10-4

Zeaxantina y = 83020,206 x + 1,584 1,000 3,9×10-5 – 1,3×10-3 1,4×10-5 4,2×10-5

a Limite de deteção. b Limite de quantificação.

6) Desenvolvimento de formulações com extrato aquoso de M. pulegium

incorporado

Para o desenvolvimento das formulações lipídicas foi usada uma alíquota de extrato

lipídico extraído da gema de ovo com uma quantidade conhecida de fosfolípidos, dissolvida

em clorofórmio num balão de fundo redondo. O solvente foi de seguida evaporado, ficando

o extrato lipídico fixado na parede do balão.

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Ao balão contendo o extrato lipídico seco foram adicionados 7 mL de extrato aquoso

de M. pulegium dissolvido em tampão de NaCl a 50 mM e KH2PO4 a 10 mM (pH = 7,2).

Utilizou-se um banho de ultrassons à temperatura de 40 ºC e foram aplicados movimentos

circulares e amplos ao balão, mantendo a sonicação durante 5 minutos. De seguida, foram

aplicados os mesmos movimentos durante 10 minutos, sem o ultrassons ligado e

vortexando esporadicamente o balão. Por fim, o balão foi sujeito a movimentos circulares

amplos durante 2 minutos, com ajuda de ultrassons.

Em seguida, 2 mL da suspensão de fitossomas foram colocados num tubo de vidro

que foi armazenado a 4 ºC. O volume restante foi sujeito a diálise durante a noite, usando

para isso uma membrana de diálise natural, colocada no tampão utilizado para a sua

preparação.

No dia seguinte as formulações foram recolhidas, tendo o extrato que não foi

incorporado ficado retido no tampão. Os fitossomas dialisados foram armazenados em

tubos de vidro rolhados a 4 ºC no frigorífico.

Parte do volume das suspensões de fitossomas dialisadas foi filtrado recorrendo a

um extrusor manual com um filtro com poro de 200 µm de diâmetro.

7) Eficiência de encapsulamento do extrato

A eficiência de encapsulamento do extrato aquoso de M. pulegium nos fitossomas foi

avaliada espetrofotometricamente em leitor de placas (Multiskan ™ GO Microplate

Spectrophotometer, Thermo Fisher Scientific, Waltham, MA, EUA). Primeiramente foi

realizado um varrimento da absorvência entre 200 e 600 nm, com o extrato de M. pulegium

dissolvido em tampão, com suspensões de fitossomas antes e após diálise e com

formulações sem incorporação de extrato, de modo a conhecer o seu espetro de absorção

UV-Vis. Seguidamente foi verificado o intervalo de concentrações de extrato de M.

pulegium que obedece à linearidade da lei de Lambert-Beer, a 280, 330 e 350 nm,

comprimentos de onda correspondentes aos máximos de absorção dos compostos

fenólicos encontrados no extrato.

A eficiência de encapsulamento foi calculada através da seguinte fórmula:

Eficiência (%) = (1 - [ (Fitossoma330 – Fitossoma após diálise 330) / Fitossoma 330 ]) ×

100

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Secção experimental

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8) Estabilidade dos fitossomas dialisados

Para avaliar a estabilidade das suspensões de fitossomas dialisadas e armazenadas

a 4 ºC foi analisada a variação da absorvência a 610 nm em função do tempo, em leitor de

placas (Multiskan ™ GO Microplate Spectrophotometer, Thermo Fisher Scientific,

Waltham, MA, EUA). O grau de turvação, que é proporcional ao tamanho dos fitossomas

em suspensão, permite ver a modificação do seu tamanho, que pode ocorrer por fusão das

vesiculas nas formulações.

9) Potencial Zeta e tamanho da partícula nas suspensões de fitossomas

dialisadas

O tamanho de partícula foi determinado num analisador de DLS (Brookhaven

Instruments, Holtsville, NY, EUA). Todas as amostras foram diluídas (1:20) previamente

em água destilada. A determinação foi feita a 25 ºC, com um ângulo de luz fixa de 90 º.

Foram determinados o diâmetro hidrodinâmico médio e o índice de polidispersidade

correspondente à média de dez medições. As medidas foram realizadas em triplicado. Para

cada população encontrada foi calculada a média ponderada. O software utilizado para a

avaliação do tamanho da partícula foi o BIC Particle Sizing.

O potencial Zeta foi determinado através da medição da mobilidade eletroforética,

usando um analisador de potencial Zeta (Brookhaven Instruments, Holtsville, NY, EUA). As

amostras foram diluídas (1:20) em água destilada e foram analisadas a 25 °C. O potencial

Zeta foi obtido calculando a média de seis corridas (cada uma com dez ciclos). As medidas

foram realizadas em triplicado. O software utilizado para a avaliação do potencial Zeta foi

o BIC PALS Zeta Potential Analyzer.

10) Homogeneizados de cérebro de rato e sinaptossomas

Os ratos Wistar machos foram mortos por deslocamento cervical e decapitados de

modo a sangrar rapidamente. Os cérebros foram retirados cuidadosamente e colocados

em copos de vidro contendo tampão de homogeneização (250 mM sacarose, 0,5 mM

EDTA, Hepes 10 mM (pH 7,4)), previamente arrefecido a 4 ºC. O tecido de

homogeneização (1 g de tecido em 10 mL de tampão), mantido entre 0 e 4 ºC, foi cortado

em pequenas frações, transferido para um homogeneizador de vidro do tipo “Potter-

Elvejhem” com um pistão de teflon e homogeneizado a 500 rotações/minuto, para

libertação do conteúdo intracelular. A estrutura cerebral foi assim desintegrada em

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Secção experimental

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fragmentos de células, células intactas e organelos intracelulares, designando-se

homogeneizado de cérebro.

O homogeneizado de cérebro foi centrifugado (ROTOFIX 32A, Hettich,Tuttlingen,

Alemanha) duas vezes, durante 10 minutos, a 2500 rpm. O sobrenadante foi dividido por

eppendorfs, e procedeu-se a nova centrifugação (Refrigerated Microfuge SIGMA 1-14K,

SIGMA Laborzentrifugen GmbH, Alemanha) a 11 500 g durante 15 minutos (duas vezes).

O pellet, constituído por sinaptossomas e mitocôndrias não sinápticas, foi ressuspendido

num volume mínimo (1 mL) de tampão.

10.1) Determinação de proteína

A concentração de proteína foi determinada pelo método colorimétrico do biureto,

que consiste na formação de um complexo violeta, resultante da reação das proteínas com

o CuSO4 em meio básico, que é quantificado espetrofotometricamente. [129]

O homogeneizado do tecido cerebral (100 µL) foi solubilizado em 100 µL de Triton x-

100 a 10%, perfazendo-se o volume de 2 mL com água desmineralizada. Seguidamente

foram adicionados 2 mL do reagente de biureto (CuSO4.5H2O 0,15%, NaKC4H4O6.4H2O

0,6%, NaOH 3 % e KI 0,1%). Ao fim de 15 minutos de incubação à temperatura ambiente

foi determinada a absorvência a 514 nm, num leitor de placas (Multiskan ™ GO Microplate

Spectrophotometer, Thermo Fisher Scientific, Waltham, MA, EUA). A quantidade de

proteína foi calculada a partir de uma curva obtida com BSA (0-2,4 mg de proteína).

10.2) Inibição da MAO-A nos sinaptossomas

A capacidade de inibição da MAO-A foi avaliada através de um ensaio fluorimétrico

baseado no trabalho de Morinan e Garratt, com algumas alterações. [130] O meio reacional

continha sinaptossomas correspondentes a 0,2 mg de proteína, tampão fosfato 0,1 M (pH

7,4) e quinuramina (92 µM), num volume final de 1 mL. Procedeu-se a uma primeira

incubação sem quinuramina durante 20 minutos a 37 ºC, seguida de outra (60 minutos a

37 ºC) já com quinuramina. Após este período foram adicionados 300 µL de ácido

perclórico (0,4 M), para parar a reação, e as amostras foram centrifugadas durante 1 minuto

a 11 600 g (Refrigerated Microfuge SIGMA 1-14K, SIGMA Laborzentrifugen GmbH,

Alemanha).

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Secção experimental

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A 1 mL de sobrenadante foi adionado 1 mL de NaOH 2 N e de seguida foi

determinada a fluorescência (excitação a 315 nm, emissão a 380 nm) num leitor de placas

de fluorescência (Synergy H1 Multi-Mode Reader, BioTek, Winooski, EUA).

O extrato aquoso de M. pulegium, as suspensões de fitossomas após diálise e as de

fitossomas após diálise e extrusão foram adicionados antes da primeira incubação.

A clorgilina (0,00025 - 25,921 µM) foi o controlo positivo.

11) Análise estatística

O rendimento da extração aquosa de M. pulegium por decocção foi expresso em

média ± desvio-padrão e obtido a partir de 5 ensaios independentes. A quantificação dos

compostos fenólicos por HPLC-DAD foi obtida a partir de 3 ensaios independentes e os

resultados foram expressos em média ± desvio-padrão.

Para avaliação do efeito sobre as enzimas in vitro foram realizados 3 ensaios

independentes, cada um em triplicado e foi calculado o IC50 ± erro padrão da média.

A quantificação do fosfato e colesterol presente nos extratos lipídicos foi obtida a

partir de 4 ensaios independentes. O potencial Zeta, o tamanho de partícula e a eficiência

de encapsulamento das formulações lipídicas foram calculados a partir de 3 ensaios

independentes e os resultados foram expressos em média ± desvio-padrão.

A análise estatística dos resultados da inibição da MAO-A em homogeneizados de

cérebro de rato foi feita pelo teste one-way ANOVA, seguido de post hoc Bonferroni

(GraphPad Prism, versão 6.01) e os valores de IC50, obtidos a partir de 3 ensaios

independentes, em triplicado, foram expressos em média ± erro padrão da média. O nível

de significância foi fixado num valor de p < 0,05. Na análise estatística dos resultados do

diâmetro das partículas e o do índice de polidispersidade das formulações lipídicas foi

aplicado o teste t-student. O nível de significância foi fixado num valor de p < 0,05.

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38

Capítulo IV – Resultados e discussão

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Resultados e discussão

39

1) M. pulegium: estudo químico do extrato e sua bioatividade

1.1) Extração

O ser humano recorre quase diariamente à extração por solvente (água), na

preparação, por exemplo, de café ou de tisanas. [131] Os processos de decocção e de

infusão são amplamente utilizados na preparação de tisanas, permitindo a libertação dos

constituintes da planta com interesse para a saúde humana. [132]

Por outro lado, a extração com solventes orgânicos, embora muito usada

industrialmente, apresenta diversos problemas, pois esses solventes são tóxicos para o

organismo, além de ser difícil realizar a remoção de todo o solvente residual sem custos e

e gastos de energia elevados, estando ainda associados à formação de novos compostos

tóxicos. [131] Assim, a extração com água constitui uma boa alternativa: pode ser feita de

modo simples quotidianamente, sem grandes custos, além deste solvente ser desprovido

de toxicidade.

A opção pela preparação de um extrato aquoso de M. pulegium teve como base o

facto de ser usado para consumo humano. A Tabela 3 mostra o rendimento obtido na

preparação de extratos aquosos de partes aéreas de M. pulegium por decocção.

Tabela 3. Parâmetros relativos à preparação do extrato aquoso de M. pulegium por decocção.

Extrações Massa de planta

seca (g) Extrato aquoso

liofilizado (g) Rendimento (%)

Extração 1 3,04520 0,92720 30,45

Extração 2 3,00151 0,85543 28,45

Extração 3 3,00074 0,86868 28,95

Extração 4 3,00070 0,91280 30,41

Extração 5 3,00350 0,97586 32,49

Média ± DP a 3,01 ± 0,02 0,91 ± 0,05 30,15 ± 1,58 a DP: desvio-padrão.

1.2) Determinação dos compostos fenólicos do extrato aquoso de M.

pulegium por HPLC-DAD

Dado o potencial biológico dos compostos fenólicos, e para tentar estabelecer

relações entre composição e atividade, procedeu-se à caracterização química do extrato

aquoso de M. pulegium por HPLC-DAD, em fase reversa. A identificação dos compostos

fenólicos presentes no extrato foi feita com base na análise do seu comportamento

cromatográfico (Fig. 6) e espetro de ultravioleta (UV) (Tabela 4) e por comparação com o

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Resultados e discussão

40

descrito anteriormente por Ferreres e colaboradores. [116] Foi assim possível confirmar a

existência maioritária de compostos com espetro de UV característico de derivados de

ácidos hidroxicinâmicos (1-4, 7-8, 11-15) (Tabela 4). Os compostos 1 e 3 são ésteres do

ácido cafeico com ácido quínico (Fig. 7). Os compostos 2, 7 e 12 são derivados do ácido

cafeico ligados a açúcares, (Fig. 7).

Figura 6. Cromatograma obtido por HPLC-DAD (330 nm) do extrato aquoso de M.pulegium. 1: Ácido 3-

cafeoilquínico; 2: Cafeoilpentósido; 3: Ácido 4-cafeoilquínico; 4: Ácido salvianólico H; 5: Luteolina-7-O-

glucuronato; 6: Luteolina-7-O-rutinósido; 7: Cafeoil-hexosilpentósido; 8: Isómero do ácido salvianólico E; 9:

Crisoeriol/diosmetina-7-O-rutinósido; 10: Apigenina-7-O-glucuronato; 11: Ácido rosmarínico; 12: Feruloil-

hexosilpentósido; 13: Ácido litospérmico; 14: Isómero do ácido salvianólico C; 15: Ácido feruloil-rosmarínico.

O composto 11, ácido rosmarínico (Fig. 7), é o composto maioritário do extrato

aquoso (Tabela 5), tal como descrito anteriormente por Ferreres e colaboradores. [116] O

composto 15 é um derivado do ácido rosmarínico e do ácido ferúlico (Fig. 7). Os compostos

4, 13 e 14, por sua vez, correspondem a trimeros e o composto 8 é um tetrâmero (Fig. 7).

89 10

0,0

0,6

1,2

1,8

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0

AU

Tempo (min.)

23

11

7

4

5

6

12

13

14

151

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Resultados e discussão

41

Tabela 4. Espetro de UV e comportamento cromatográfico dos compostos identificados por HPLC-DAD no

extrato aquoso de M. pulegium e na solução proveniente da extração líquido-líquido dos fitossomas com extrato

incorporado após diálise.

Tempo de retenção (min.)

Composto Extrato Solução

após diálise UV (nm)

1 Ácido 3-cafeoilquínico 3,78 - 300sh, 328

2 Cafeoilpentósido 4,92 - 300sh, 328

3 Ácido 4-cafeoilquínico 6,05 - 300sh, 328

4 Ácido salvianólico H 12,61 31,97 252, 286, 314sh, 344

5 Luteolina-7-O-rutinósido 13,44 32,61 256, 266sh, 348

6 Luteolina-7-O- glucuronato 14,62 33,31 256, 266sh, 348

7 Cafeoil-hexosilpentósido 15,08 33,66 300sh, 328

8 Isómero do ácido salvianólico E 16,30 34,42 256, 284, 316, 348

9 Crisoeriol/diosmetina-7-O-rutinósido 17,61 34,99 256, 268sh, 348

10 Apigenina-7-O-glucuronato 18,14 35,47 267, 337

11 Ácido rosmarínico 18,38 35,68 300sh, 328

12 Feruloil-hexosilpentósido 20,00 36,78 300sh, 328

13 Ácido litospérmico 22,65 39,39 298sh, 325

14 Isómero do ácido salvianólico C 24,55 40,00 262, 320

15 Ácido feruloil-rosmarínico 26,04 41,05 300sh, 328

Também foi observada a presença de compostos com espetro de UV característico

de flavonoides (5-6, 9-10) (Tabela 4). Os compostos 5 e 6 demonstraram ser derivados da

luteolina (Fig. 7). O composto 9 é também um heterósido, cuja aglícona poderá

corresponder ao crisoeriol ou à diosmetina, conforme descrito na literatura. [116] O composto

10 é um derivado de apigenina conjugado com ácido glucurónico (Tabela 4; Fig. 7).

Todos estes compostos tinham sido descritos anteriormente por Ferreres e

colaboradores. [116]

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Resultados e discussão

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Figura 7. Estruturas químicas de alguns dos compostos fenólicos encontrados no extrato aquoso de M.

pulegium. 1: Ácido 3-cafeoilquínico; 2: Cafeoilpentósido; 3: Ácido 4-cafeoilquínico; 4: Ácido salvianólico H; 5:

Luteolina-7-O-rutinósido; 6: Luteolina-7-O-glucuronato; 7: Caffeoil-hexosilpentósido; 8: Isómero do ácido

salvianólico E; 10: Apigenina-7-O-glucuronato; 11: Ácido rosmarínico; 13: Ácido litospérmico; 14: Isómero do

ácido salvianólico C; 15: Ácido feruloil-rosmarínico.

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Resultados e discussão

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A soma dos compostos fenólicos identificados corresponde a 84,00 ± 4,28 mg/g de

extrato aquoso liofilizado (Tabela 5). Os ácidos fenólicos representam 88,19% e os

flavonoides apenas 11,71% desses compostos. O ácido rosmarínico (composto 11)

corresponde a 43,45% dos compostos quantificados. Relativamente aos flavonoides, o

composto em maior quantidade foi a luteolina-7-O-glucuronato (5,68% dos compostos

determinados).

Tabela 5. Composição fenólica do extrato aquoso de M. pulegium.

Composto mg/g de extrato liofilizadoa

1 Ácido 3-cafeoilquínico 1,57 ± 0,02

2 Cafeoilpentósido 1,10 ± 0,06

3 Ácido 4-cafeoilquínico 6,43 ± 0,15

4 Ácido salvianólico H 4,96 ± 0,09

5 Luteolina-7-O-rutinósido 2,44 ± 0,10

6 Luteolina-7-O-glucuronato 4,77 ± 0,41

7 Cafeoil-hexosilpentósido 13,54 ± 0,69

8 Isómero do ácido salvianólico E 1,00 ± 0,01

9 Crisoeriol/diosmetina-7-O-rutinósido 1,60 ± 0,07

10 Apigenina-7-O-glucuronato 1,03 ± 0,07

11 Ácido rosmarínico 36,50 ± 1,52

12 Feruloil-hexosilpentósido 7,30 ± 0,96

13 Ácido litospérmico 0,14 ± 0,02

14 Isómero do ácido salvianólico C 0,31 ± 0,07

15 Ácido feruloil-rosmarínico 1,31 ± 0,03

∑ 84,00 ± 4,28

a Os resultados são expressos como médias ± desvios padrão de três ensaios independentes.

No seguimento desta dissertação os resultados foram expressos em termos de

quantidade de polifenóis quantificados por HPLC-DAD, que correspondem

aproximadamente a 8,4% do extrato aquoso de M. pulegium.

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Resultados e discussão

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1.3) Inibição de enzimas do SNC

Conforme referido atrás, a procura de alternativas para o tratamento de doenças

neurodegenerativas e neuropsiquiátricas tem sido constante. Devido ao envolvimento de

enzimas como a MAO-A e as colinesterases no metabolismo de neurotransmissores

associados a essas doenças, estas são alvos terapêuticos de interesse. Assim, procedeu-

se ao estudo da capacidade do extrato aquoso de M. pulegium para inibir estas enzimas,

de modo a avaliar o seu potencial no combate dessas patologias.

1.3.1) Colinesterases

Relativamente à AChE o extrato demonstrou um efeito inibidor dependente da

concentração (Fig. 8A), com um IC50 correspondente a 197,02 ± 17,95 µg/mL de polifenóis

totais. A galantamina (controlo positivo) (Fig. 8B) revelou-se mais eficaz a inibir esta

enzima: o valor de IC50 obtido foi quase 94 vezes inferior ao encontrado para o extrato.

Estes resultados sugerem que o extrato aquoso de M. pulegium não tem grande

capacidade para inibir a AChE.

Figura 8. Efeito do extrato aquoso de M. pulegium (A) e do controlo positivo (B) sobre a AChE.

Tal como observado para a AChE, o extrato também se revelou capaz de inibir a

BuChE (Fig. 9A). No entanto, o valor de IC50 encontrado (255,92 ± 16,19 µg/mL de

polifenóis totais) foi mais elevado, apontado para maior seletividade do extrato para a

AChE. De qualquer modo, tanto quanto sabemos foi a primeira vez que o extrato aquoso

de M. pulegium foi testado contra a BuChE. A galantamina foi igualmente testada contra a

BuChE (Fig. 9B), revelando-se cerca de 39 vezes mais eficaz do que o extrato (IC50 = 6,61

± 0,29 µg/mL).

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Resultados e discussão

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Figura 9. Efeito do extrato aquoso de M. pulegium (A) e do controlo positivo (B) sobre a BuChE.

Mata e colaboradores [72] e Vladimir-Knežević e colaboradores [133] já haviam testado

um extrato aquoso de M. pulegium tendo observado um efeito reduzido sobre a AChE.

Adicionalmente, Vladimir-Knežević e colaboradores estudaram a ação de alguns

compostos fenólicos encontrados nesse extrato e de seus derivados, tendo verificado que

o ácido rosmarínico, o ácido cafeico, o ácido clorogénico e o ácido ferúlico tinham um maior

potencial de inibição da AChE. [133]

De Mello Andrade e colaboradores [121] estudaram a capacidade de inibição do ácido

rosmarínico relativamente às duas colinesterases, tendo encontrado valores de IC50

superiores a 300 mM para ambas. Estes valores sugerem que o ácido rosmarínico,

composto maioritário do extrato aqui testado não será muito promissor relativamente a

estas enzimas. No entanto, a bibliografia é controversa. Por exemplo, num outro estudo,

realizado por Orhan I e colaboradores, o ácido rosmarínico, por comparação com a

galantamina, demonstrou baixa capacidade inibitória para a AChE, mas forte para a

BuChE, [134] enquanto Gülçin İ e colaboradores indicaram que o ácido rosmarínico é muito

eficaz na inibição da AChE, tendo uma atividade interessante relativamente à BuChE. [122]

De qualquer modo, os compostos fenólicos encontrados no extrato aquoso de M.

pulegium testado nesta dissertação poderão contribuir, pelo menos em parte, para o seu

efeito sobre as colinesterases.

1.3.2) hMAO-A

O extrato aquoso de M. pulegium foi capaz de inibir a hMAO-A, de forma dependente

da concentração, tendo-se encontrado um valor de IC50 de 20,11 ± 0,86 µg/mL de polifenóis

totais (Fig. 10A). Neste ensaio o controlo positivo foi a clorgilina (IC50 = 10,79 ± 1,50 µg/mL)

(Fig. 10B).

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Resultados e discussão

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Figura 10. Efeito do extrato aquoso de M. pulegium (A) e do controlo positivo (B) sobre a hMAO-A.

O potencial de inibição da hMAO-A do ácido rosmarínico, composto maioritário do

extrato, já se encontra descrito: [121] o valor de IC50 encontrado na literatura (50,1 ± 1,2 µM)

parece apontar para algum grau de seletividade para esta enzima, tendo revelado um maior

efeito inibitório da hMAO-A comparativamente a compostos fenólicos de estrutura

semelhante. O ácido rosmarínico mostrou atuar como inibidor reversível da enzima. Este

modo de ação tem vindo a ser procurado, devido ao facto de a inibição irreversível (como

acontece com a clorgilina) por vezes resultar em reações cardiovasculares graves após

ingestões de alimentos contendo tiramina. [135]

Também alguns dos flavonoides encontrados no extrato aquoso analisado nesta

dissertação já demonstraram inibir esta enzima: com a apigenina-7-O-glucuronato e a

luteolina-7-O-glucuronato foram obtidos valores de IC50 de 1,0-6,5 μM [136,137] e 118,6 μM,

respetivamente. [138] Num trabalho anterior verificou-se que a capacidade para inibir a

atividade da MAO-A segue a ordem flavona, flavonol e glicósidos de flavonas,

demonstrando-se ainda que esta capacidade diminui com a adição de grupos hidroxilo no

anel B ou com a introdução de uma glucose ou ácido glucurónico na posição 7-OH do

esqueleto da flavona. [139]

Assim, o efeito do extrato aquoso de M. pulegium na atividade da MAO-A será

resultante quer da ação dos ácidos fenólicos, quer dos flavonoides nele presentes.

Tendo em consideração os controlos positivos usados, os resultados obtidos na

inibição das três enzimas pelo extrato aquoso de M. pulegium apontavam para um efeito

mais interessante sobre a MAO-A. Assim, os estudos seguintes foram direcionados para a

possível utilização deste extrato em doenças do SNC associadas a esta enzima.

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2) Desenvolvimento e caracterização de uma formulação lipídica para o

transporte dos compostos bioativos do extrato aquoso de M. pulegium

2.1) A gema do ovo: fonte de fosfatidilcolinas

A escolha do biorrecurso para obtenção dos fosfolípidos que suportam a formulação

lipídica é uma etapa inicial importante, dado que condiciona a sustentabilidade do recurso,

influencia a viabilidade económica do processo de extração e o sucesso terapêutico da

formulação final. A PC, fosfolípido maioritário das membranas biológicas das células

animais, tem sido o fosfolípido mais usado para preparar fitossomas. [98] De facto, os ovos

de galinha são um recurso renovável e acessível e a suas gemas contêm elevado teor de

PC; além de fáceis de obter, apresentam uma diversidade de espécies fosfolipídicas que

permite a preparação de lipossomas com membranas fluidas à temperatura ambiente. [98,

107-108] Assim, a gema do ovo foi o recurso escolhido para a obtenção dos lípidos utilizados

na formulação.

2.1.1) Quantificação de fosfolípidos e colesterol nos extratos

lipídicos provenientes da gema do ovo

De acordo com literatura, [140] a gema do ovo é rica em lípidos sob a forma de

triacilglicerídeos, fosfolípidos e colesterol. Os triacilglicerídeos representam 61-72%, os

fosfolípidos 25-36% e os restantes lípidos, incluindo colesterol, ésteres de colesterol e

ácidos gordos livres, representam conteúdos inferiores a 10%. Assim, implementou-se um

processo de extração para maximizar a obtenção de fosfolípidos (PC em particular)

minimizando a presença dos restantes componentes, aproveitando as diferenças de

solubilidade dos diversos componentes lipídicos em acetona arrefecida a 4 ºC. Os

resultados obtidos em quatro extrações com amostras independentes estão apresentados

na Tabela 6.

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Tabela 6. Parâmetros relativos à extração dos fosfolípidos da gema de ovo.

Extração dos fosfolípidos da gema de ovo

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4

Gema de ovo (base

fresca) (g) 13,89 34,47 35,58 39,77

Extrato lipídico final

Fosfolípidos (µmol) 617,50 2573,44 1065,35 2068,60

Colesterol total (µmol) 49,63 81,82 82,55 74,34

Colesterol / fosfolípidos

(razão molar) 0,080 0,032 0,078 0,036

Percentagem molar de

colesterol (%) 7,43 3,08 7,19 3,47

Fosfolípidos/ massa de

gema (µmol/g) 44,46 74,66 29,94 52,01

Considerando os dados da Tabela 6, o processo de extração apresentou uma grande

variabilidade, como ilustrado pelos valores de percentagem molar do colesterol, a qual

variou entre 3,08 – 7,43%. Assim, antes de utilizar estes extratos lipídicos para a

preparação das formulações (fitossomas) o seu conteúdo em colesterol foi ajustado, pela

adição de colesterol puro, para uma percentagem molar de 7,5%. Assim, os fitossomas

foram preparados com uma proporção fosfolípido:colesterol de 92,5:7,5 (% molar).

Para avaliar a pureza do extrato lipídico obtido, os fosfolípidos foram separados por

classes. A Figura 11 mostra a separação por CCF dos lípidos de dois dos extratos, após

revelação por primulina e irradiação com luz ultravioleta. Os resultados indicam que as

fosfatidilcolinas são os lípidos maioritários do extrato lipídico obtido. No entanto, é possível

detetar quantidades vestigiais de outras classes de fosfolípidos ou lípidos não polares (e.g.

colesterol) com maior afinidade para a fase móvel.

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Resultados e discussão

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Figura 11. Identificação das diferentes classes de fosfolípidos por CCF. A1 e A2 correspondem a diferentes

amostras de extratos lipídicos extraídos da gema de ovo. PC corresponde ao padrão de fosfatidilcolina.

2.1.2) Deteção e identificação de carotenoides no extrato lipídico

por HPLC-DAD

Os carotenoides são os pigmentos responsáveis pela cor amarelo-laranja tipica das

gemas dos ovos, [141] estando a sua presença dependente da dieta alimentar das aves. [142]

Vários carotenoides, principalmente a zeaxantina, luteína, criptoxantina e o β-caroteno,

foram identificados na gema do ovo. No entanto, a luteína e a zeaxantina são usualmente

detetados em maiores quantidades. [143]

Visto que os extratos lipídicos finais, obtidos da gema de ovo, apresentavam uma

ténue tonalidade amarelo-laranja fomos averiguar a presença de carotenoides por HPLC-

DAD. A Figura 12 mostra o perfil de carotenoides do extrato lipídico obtido das gemas de

ovo. Os resultados indicam que o extrato lipídico contém quantidades vestigiais de luteína

e zeaxantina. A utilização de curvas de calibração externas construídas com as duas

susbtâncias de referência permitiu concluir que os referidos carotenoides se encontravam

em quantidade inferior à do limite de quantificação. Assim, o processo de extração não

permitiu eliminar por completo a luteína e a zeaxantina presentes na gema do ovo,

deixando-os em concentrações vestigiais. Dado que os carotenoides são bioativos em

células animais em concentrações muito superiores (várias ordens de grandeza) às

encontradas no extrato lipídico, [140] a presença em concentrações vestigiais não deverá

influenciar significativamente a bioatividade dos fitossomas utilizados no presente trabalho.

A1 A2 PC

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Resultados e discussão

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Figura 12. Perfil de carotenoides do extrato lipídico obtido da gema de ovo (preto) e respetivos padrões (luteína

0,02 mg/mL (laranja) e zeaxantina 0,02 mg/mL (azul)) por HPLC-DAD.

2.2) Eficiência de encapsulamento do extrato nos fitossomas após

diálise

A eficiência de encapsulamento dos compostos presentes no extrato aquoso de M.

pulegium nos fitossomas foi avaliada por espetroscopia de absorção na região do UV-Vis.

A Figura 13 mostra os espetros de absorção do extrato aquoso de M. pulegium na

concentração de 0,3125 mg/mL em solução tampão (NaCl 50 mM, KH2PO4 10 mM, pH 7,2)

(azul), dos fitossomas preparados em solução tampão suplementadas com 0,3125 mg/mL

de extrato aquoso de M. pulegium antes (laranja) e após diálise (cinzento) e de formulações

lipídicas equivalentes preparadas na ausência do extrato (amarelo). Os dados da Figura

13 mostram que soluções aquosas de extrato aquoso de M. pulegium apresentam, pelo

menos, quatro bandas de absorção: uma de grande intensidade com máximo a 214 nm,

outra detetada como um ombro próximo de 250 nm, uma terceira banda de absorção com

máximo a 287 nm e uma quarta banda que se estende até aos 370 nm e tem máximo de

absorção a 323 nm. A formulação não dialisada apresenta, no essencial, as mesmas

bandas detetadas no espetro do extrato aquoso de M. pulegium. Todavia, a intensidade de

cada uma das bandas é superior, sugerindo que os lipossomas, por si só, também

absorvem nesta região, como detetado no espetro (amarelo). A diálise reduziu

significativamente a intensidade de todas as bandas de absorção, indicando que os

compostos do extrato aquoso de M. pulegium não encapsulados foram excluídos do

0,0

0,1

0,2

0,3

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

AU

Tempo (min.)

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Resultados e discussão

51

sistema. Com exceção da banda de absorção com máximo a 214 nm, as bandas de

absorção tornaram-se menos definidas, mas não sofreram desvios significativos,

permitindo utilizar esta metodologia para avaliar a eficiência de encapsulamento.

Figura 13. Espetros de absorção UV-Vis do extrato aquoso de M. pulegium (azul), dos fitossomas antes da

diálise (laranja), dos fitossomas após diálise (cinzento) e da formulação sem incorporação de extrato (amarelo).

Para as formulações com extrato incorporado e para o extrato puro foi utilizada uma concentração final de

0,3125 mg/mL de extrato no poço.

Os compostos fenólicos possuem máximos de absorção a comprimentos onda

específicos, conforme a classe à qual pertencem. Por exemplo, as catequinas normalmente

possuem máximos de absorção a cerca de 280 nm e não absorvem a 330 e 350 nm; os

derivados hidroxicinâmicos têm um máximo característico entre 310 e 330 nm,

determinando-se normalmente a 330 nm, enquanto os flavonoides possuem máximo de

absorção entre 340 e 370, sendo quantificados usualmente a 350 nm. [144]

A Figura 14 mostra a variação da absorvência a 280, 330, e 350 nm, comprimentos

de onda correspondentes a máximos de absorção característicos dos compostos fenólicos

de soluções aquosas preparadas com diferentes concentrações de extrato aquoso de M.

pulegium. Os dados revelam que, para estes comprimentos de onda, a absorvência

aumenta linearmente com a concentração de extrato, pelo que é um parâmetro com

potencial para ser utilizado na avaliação da eficiência de encapsulamento. Todavia,

selecionou-se a absorvência a 330 nm por corresponder a um pico detetável na formulação

0,000

0,500

1,000

1,500

2,000

2,500

3,000

200 250 300 350 400 450

Ab

so

rvê

nc

ia

Comprimento de onda (nm)

280 330 350

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Resultados e discussão

52

de fitossomas após diálise, ter maior intensidade e um menor contributo dos lípidos que

formam o lipossoma.

Figura 14. Absorvência em função da concentração de extrato de M. pulegium registada a 280 (azul), 330

(laranja) e 350 nm (cinzento).

A eficiência de encapsulamento de compostos solúveis no tampão aquoso onde se

formam os lipossomas é afetada por diversos parâmetros sucetíveis de manipulação,

incluindo a concentração de compostos bioativos e a quantidade de lípidos, e parâmetros

inerentes ao processo de preparação dos lipossomas, como a temperatura, o procedimento

de preparação do filme lipídico e de hidratação dos fosfolípidos. No presente trabalho

fixaram-se os parâmetros inerentes à preparação dos lipossomas e estudou-se o efeito da

variação da razão concentração molar de lípidos/concentração de extrato aquoso de M.

pulegium.

A Figura 15 mostra a eficiência de encapsulamento (%) em função do aumento da

concentração de fosfolípidos, mantendo a concentração de extrato aquoso de M. pulegium

em 1 mg/mL. Os dados da figura revelam que a eficiência de encapsulamento cresce com

o aumento da concentração de lípidos e que os resultados experimentais podem ser

descritos convenientemente por uma função logarítmica (R2 = 0,9104). De facto, a

concentração de fosfolípidos afeta de um modo significativo a eficiência de

encapsulamento, sendo possível encapsular até 75,22 ± 6,27% dos compostos bioativos

presentes numa solução de extrato aquoso de M. pulegium com a concentração de 1

mg/mL.

y = 4,34x + 0,0301R² = 0,9987

y = 4,8158x + 0,0313R² = 0,9978

y = 2,8846x + 0,0165R² = 0,9991

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

0,000 0,200 0,400 0,600 0,800

Ab

so

rvê

cia

[C] extrato (mg/mL)

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Resultados e discussão

53

Figura 15. Eficiência de encapsulamento (%) dos fitossomas avaliada após diálise, em função da concentração

fosfolípidos, mantendo a concentração de extrato de M. pulegium em 1 mg/mL.

A variação da eficiência de encapsulamento em função da concentração de extrato

aquoso de M. pulegium, mantendo a concentração de fosfolípidos em 0,5 mM ou 2,5 mM,

é apresentada na Figura 16. Para ambas as concentrações de fosfolípidos, a eficiência

decresceu com o aumento da concentração de extrato aquoso de M. pulegium e os

resultados podem ser convenientemente descritos por uma função logarítmica (0,5 mM, R2

=0,8373; 2,5 mM R2 =0,9634). Adicionalmente, a redução da eficiência de encapsulamento

em função da concentração de extrato aquoso de M. pulegium é mais acentuada nas

formulações preparadas na presença de 2,5 mM de fosfolípidos, decaindo de 71,67 ±

8,24% para 22,84 ± 1,73% quando a concentração de extrato aquoso de M. pulegium

aumenta de 0,5 para 10 mg/mL.

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Resultados e discussão

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Figura 16. Eficiência de encapsulamento (%) dos fitossomas avaliada após diálise, em função da concentração

de extrato aquoso de M. pulegium, mantendo a concentração de fosfolípidos em 0,5 e 2,5 mM.

Combinando os resultados das Figuras 15 e 16 é possível determinar qual a razão

concentração molar de lípidos/concentração de extrato de M. pulegium que permite

maximizar a eficiência de encapsulamento, minimizando a quantidade de recursos

utilizados (i.e., quantidade de extrato aquoso de M. pulegium não encapsulado e de lípido

utilizado na preparação de lipossomas). Neste sentido, selecionaram-se as concentrações

de 2,5 mM de fosfolípidos e de 1 mg/mL de extrato aquoso de M. pulegium para preparar

os fitossomas utilizados nos restantes ensaios. Nestas condições a eficiência é de 54,61 ±

6,25%.

2.3) Interação dos compostos bioativos do extrato aquoso de M.

pulegium com os fosfolípidos membranares: Avaliação por

espetroscopia de fluorescência

A interação dos compostos bioativos presentes no extrato aquoso de M. pulegium

com a bicamada lipídica resultante da hidratação, em solução tampão (NaCl 50 mM,

KH2PO4 10 mM, pH 7,2), dos fosfolípidos obtidos da gema do ovo foi avaliada por

espetroscopia de fluorescência. A Figura 17 mostra os espetros de emissão de

fluorescência, fixando a excitação no comprimento de onda de 391 nm, do extrato aquoso

de M. pulegium a 0, 125 mg/mL em solução tampão (cinzento) e dos fitossomas (62,5 µM

em fosfolípidos) preparados na solução tampão suplementada com 0,125 mg/mL de extrato

M. pulegium antes (azul) e após (laranja) diálise.

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Resultados e discussão

55

Os dados da Figura 17 mostram que a solução de extrato aquoso de M. pulegium

emite fluorescência numa larga região do espetro vísivel, de 420 até 640 nm, com um

ombro na região do azul (454 nm) e um máximo na região do verde (515 nm), sugerindo a

presença de vários fluoróforos.

A solução contendo os fitossomas não dialisados apresenta uma diminuição muito

significativa da intensidade de fluorescência na região do verde e o máximo deslocado para

o azul, dado que ocorre a 505 nm. Adicionalmente, a emissão de fluorescência no azul

surge como um pico bem definido com máximo a 450 nm. Dado que esta solução de

fitossomas contém os compostos fluorescentes em concentração igual à da solução de

extrato aquoso de M. pulegium sem a presença de fosfolípidos, então o processo de

encapsulamento será o responsável pelas alterações no espetro de fluorescência. O desvio

para a região do azul do pico de maior intensidade de fluorescência sugere que os

compostos responsáveis por esta emissão estão num ambiente mais hidrofóbico, como a

bicamada lipídica. [145] A redução da intensidade de fluorescência na região do verde indica

que o encapsulamento promoveu um fenómeno de supressão de fluorescência. A

supressão de fluorescência depende da sexta potência da distância entre o fluoróforo e o

seu supressor, [145] estando relacionada com a formação de complexos (fluoróforo-

supressor) ou a ocorrência de choques moleculares durante o tempo de vida do estado

excitado do fluoróforo (da ordem de alguns nano-segundos). [145] Assim, o processo de

encapsulamento confinou os compostos fluorescentes presentes no extrato aquoso de M.

pulegium em pequenos volumes da solução/suspensão, eventualmente, pela própria

bicamada lipídica (interior hidrofóbico ou a sua superfície polar). A diálise remove da

solução os compostos do extrato aquoso de M. pulegium que não foram encapsulados,

pelo que o espetro da solução/suspensão de fitossomas dialisados deve evidenciar a

interação entre os compostos bioativos de M. pulegium e a bicamada fosfolipídica. De

facto, a intensidade de fluorescência da solução/suspensão dialisada é bastante inferior,

como evidenciado pela redução da fluorescência em ambos os picos de emissão no azul

e no verde. Adicionalmente, surge um novo pico de fluorescência na região do vermelho,

com máximo a 678 nm, o que implica um deslocamento de Stokes de 278 nm.

Deslocamentos de Stokes grandes estão normalmente associados a processos de

transferência de energia por ressonância; i.e., uma molécula com propriedades de

fluorescência, designada por doadora, absorve a luz de excitação e transfere-a, sem

emissão, para outra molécula também com propriedades de fluorescência, designada por

recetora, a qual emite luz a comprimentos de onda muito superiores aos da primeira

molécula. [145] Tal como o processo de supressão de fluorescência, também a transferência

de energia por ressonância exige grande proximidade entre os fluoróforos intervenientes.

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Resultados e discussão

56

[145] Assim, este novo pico de emissão de fluorescência na região do vermelho suporta a

hipótese de alguns compostos do extrato aquoso do M. pulegium serem incorporados na

membrana fosfolipídica.

Figura 17. Espetros de emissão de fluorescência do extrato aquoso de M. pulegium (cinzento), da

solução/suspensão de fitossomas (62.5 µM em fosfolípidos) antes (azul) e após diálise (laranja), fixando o

comprimento de onda de excitação em 391 nm. Em todas as situações a concentração de extrato aquoso de

M. pulegium foi de 0,125 mg/mL.

Com objetivo de mostrar que ocorre uma interação preferencial entre os compostos

fluorescentes presentes no extrato aquoso de M. pulegium e os fosfolípidos da bicamada,

procedeu-se à normalização dos espetros de emissão de fluorescência obtidos do extrato

aquoso de M. pulegium (solução aquosa 0,125 mg/mL) e de fitossomas após diálise,

preparados com soluções de 0,125 mg/mL em extrato aquoso de M. pulegium e com duas

concentrações de fosfolípidos distintas, 62,5 µM (Figura 18A) e 1,25 mM (Figura 18B), no

máximo de emissão da solução/suspensão de fitossomas após diálise.

Os dados da Figura 18 mostram que a solução/suspensão dos fitossomas apresenta

emissão a 454 nm (laranja) com uma intensidade relativa muito superior à da solução dos

extrato de M. pulegium (azul). Adicionalmente, esta diferença aumenta com o aumento da

concentração de fosfolípidos (0,39 para 62,5 µM de fosfolípido; 0,52 para 1,25 mM de

fosfolípido) (comparação entre a Figura 18A e 18B). Estes dados indicam que pelo menos

os compostos responsáveis pela fluorescência a 454 nm interagem fortemente com os

fosfolípidos. A adição de detergente (Triton TM X-100; 0,05 mg/mL no poço) aos fitossomas

(Figura 18, cinzento) promove a destruição das bicamadas levando à saída dos compostos

encapsulados na fase aquosa dos lipossomas, criando em alternativa estruturas micelares

contendo as moléculas de detergente juntamente com fosfolípidos. As micelas, tal como

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Resultados e discussão

57

os lipossomas, têm uma região apolar e uma região polar. Na presença de detergente, o

pico a 454 nm aumenta de intensidade, tanto mais quanto menor a concentração de

fosfolípidos utilizada para preparar os fitossomas. Adicionalmente, a adição de detergente

não altera o pico de fluorescência na região do vermelho, reforçando a hipótese deste

resultar de um processo de transferência de energia por ressonância confinado às

moléculas localizadas na região hidrofóbica das estruturas supra-moleculares lipídicas.

Portanto, os compostos do extrato aquoso de M. pulegium com emissão de fluorescência

a 454 e 678 nm preferem a fase lipídica à fase aquosa, pelo que no fitossoma deverão ser

parte integrante da própria membrana.

Figura 18. Espetros de emissão de fluorescência, fixando o comprimento de onda de excitação em 391 nm,

normalizados pelo valor da intensidade de florescência a 505 nm. Extrato aquoso de M. pulegium (azul),

fitossomas após diálise antes (laranja) e depois da adição de detergente (0,05 mg/mL) (cinzento), preparados

com 62,5 µM (A) e 1,25 mM (B) de fosfolípidos em solução contendo 0,125 mg/mL de extrato.

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Resultados e discussão

58

2.4) Análise qualitativa por HPLC-DAD dos compostos polifenólicos

encapsulados nos fitossomas após diálise

Os compostos fenólicos presentes no extrato aquoso de M. pulegium encapsulado

foram identificados por HPLC-DAD e a eficiência de encapsulamento avaliada por

espetroscopia UV-Visível. Todavia, o estudo das formulações por fluorescência, descrito

acima, sugere a possibilidade de o processo de encapsulamento ser seletivo como

resultado da interação preferencial de alguns polifenóis com os fosfolípidos membranares.

Assim, desenhou-se um procedimento experimental para tentar esclarecer a extensão

dessa interação e identificar os compostos fenólicos envolvidos. Para alcançar este

objetivo, os fitossomas dialisados foram submetidos a um processo de extração com uma

mistura de solventes (1 ml de fase aquosa (contendo os fitossomas): 2 ml de metanol: 1 ml

de clorofórmio). Nestas proporções forma-se uma fase única e promove-se a rutura dos

lipossomas. De seguida promoveu-se a separação de fases por adição de volumes iguais

de água e de clorofórmio; a fase aquosa foi recolhida e os compostos fenólicos nela

presentes foram analisados por HPLC-DAD (Fig. 19). O estudo cromatográfico revelou dois

aspetos curiosos: i) a afinidade dos compostos fenólicos para a fase estacionária (coluna

Kinetex (5 μm, C18, 100 Å, 150 x 4,6 mm)) aumenta de um modo significativo, como

demonstrado pelos tempos de retenção significativamente superiores; ii) com exceção dos

compostos mais polares (compostos 1, 2 e 3, respetivamente, ácido 3-cafeoilquínico,

cafeoilpentósido e ácido 4-cafeoilquínico), os compostos fenólicos presentes no extrato

aquoso de M. pulegium são também detetatos na fase aquosa resultante da rutura dos

fitossomas dialisados.

O facto de os compostos fenólicos serem detetados nos cromatogramas com tempos

de retenção significativamente superiores (entre 15 e 20 minutos) sugere que ocorre uma

interação entre estes e os fosfolípidos. Esta interação deve ser suficientemente forte para

arrastar para a fase aquosa fosfolípidos que na ausência dos compostos fenólicos ficariam

na fase clorofórmica. Assim, devem-se formar complexos do tipo fosfolípido-composto

fenólico, os quais são menos polares do que os compostos fenólicos originais, pelo que

apresentam maior afinidade para a fase estacionária da coluna de HPLC e,

consequentemente, tempos de retenção significativamente superiores aos dos compostos

fenólicos em soluções aquosas na ausência de fosfolípidos. Adicionalmente, o processo

de encapsulamento também deve excluir, total ou parcialmente, dos fitossomas os

compostos fenólicos mais polares, dado que o ácido 3-cafeoilquínico, o cafeoilpentósido e

o ácido 4-cafeoilquínico, não foram detetados no cromatograma da Figura 19, para além

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Resultados e discussão

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de que o composto seguinte com maior polaridade, o ácido salvianólico H (composto 4),

sofre uma redução da sua abundância relativa de aproximadamente 7,8%.

Figura 19. Cromatograma obtido por HPLC-DAD (330 nm) dos compostos polifenólicos incorporados pelos

fitossomas após diálise. 4: Ácido salvianólico H; 5: Luteolina-7-O-glucuronato; 6: Luteolina-7-O-rutinósido; 7:

Cafeoil-hexosilpentósido; 8: Isómero do ácido salvianólico E; 9: Crisoeriol/diosmetina-7-O-rutinósido; 10:

Apigenina-7-O-glucuronato; 11: Ácido rosmarínico; 12: Feruloil-hexosilpentósido; 13: Ácido litospérmico; 14:

Isómero do ácido salvianólico C; 15: Ácido feruloil-rosmarínico.

2.5) Estabilidade dos fitossomas dialisados, avaliada por UV-Vis

A Figura 20 mostra a variação da absorvência, a 610 nm, de formulações de

fitossomas dialisadas em função do tempo. Este procedimento permite avaliar, de um modo

rápido e barato, a estabilidade das formulações ao longo do tempo, dado que os

componentes em solução não absorvem a este comprimento de onda e os valores de

absorvência refletem a turvação. O grau de turvação, para uma dada temperatura e uma

determinada quantidade de lípido, é proporcional ao tamanho dos fitossomas em

suspensão. As diferentes formulações foram preparadas com diferentes concentrações de

fosfolípidos mantendo-se a concentração de extrato aquoso de M. pulegium (1 mg/mL). Os

resultados da Figura 20 mostram que a turbidez das formulações é tanto maior quanto

maior a concentração de fosfolípidos e que não sofre alterações significativas durante 44

dias de armazenamento à temperatura de 4 ºC. Portanto, os fitossomas apresentam uma

boa estabilidade aparente, não sofrendo processos de fusão significativos, os quais

aumentariam o seu tamanho e, consequentemente, a turbidez da suspensão.

5

6

8

0,00

0,20

0,40

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

AU

Tempo (min.)

4

7

9

10

11

12

13 1415

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Resultados e discussão

60

Figura 20. Variação da turbidez, avaliada pela absorvência a 610 nm, de formulações de fitossomas dialisados

em função do tempo. As formulações foram preparadas em solução tampão suplementada com 1 mg/mL de

extrato aquoso de M. pulegium com diferentes concentrações de fosfolípidos, 0,5 mM (azul escuro), 1 mM

(laranja), 2,5 mM (cinzento), 5 mM (amarelo) e 10 mM (azul claro).

2.6) Caracterização dos fitossomas: potencial Zeta e tamanho de

partícula

O tamanho e carga superficial dos fitossomas são parâmetros que influenciam a sua

estabilidade no sistema circulatório e a sua biodistribuição, incluindo a capacidade para

ultrapassar as diferentes barreiras biológicas (e.g., BHE) existentes entre o local de

administração e o local de ação. [146-147] De acordo com alguns autores [147], a maioria das

nanopartículas que mostrou capacidade de transportar compostos farmacologicamente

ativos através da BHE apresentava carga superficial negativa e um diâmetro médio entre

150-300 nm. [147] Assim, o tamanho e carga superficial dos fitossomas são factores que

modulam a eficiência terapêutica da formulação. Portanto, procuram-se compostos e

metodologias que garantam a preparação de formulações de fitossomas com carga

superficial e tamanho bem definido, cuja heterogeneidade seja minimizada tanto quanto

possível, para que o sucesso terapêutico seja maximizado e reprodutível. [148]

Relativamente ao tamanho, o índice de polidispersidade, parâmetro que indica a

distribuição do tamanho das partículas em suspensão, é utilizado em associação com o

diâmetro médio das partículas, para aferir, do ponto de vista qualitativo, o potencial

terapêutico das formulações e a reprodutibilidade da metodologia utilizada na sua

preparação. Formulações com índice de polidispersidade inferior a 0,5 são consideradas

monodispersas, sendo constituídas por uma população homogénea de partículas. Por

outro lado, índices de polidispersidade superiores a 0,5 caracterizam formulações

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

0 10 20 30 40 50

Ab

so

rvê

nc

ia (

61

0 n

m)

Tempo (Dias)

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Resultados e discussão

61

polidispersas e representam normalmente várias populações de partículas com tamanhos

distintos. [149] As formulações com um índice de polidispersidade inferior 0,3 são

consideradas adequadas para fins terapêuticos. [150]

Uma formulação de fitossomas, preparada com 2,5 mM de fosfolípido e 1 mg/mL de

extrato aquoso de M. pulegium, foi submetida a diálise e analisada, imediatamente e após

7 dias de armazenamento à temperatura de 4 ºC, por DLS, para avaliar o tamanho e o

índice de polidispersidade das partículas em suspensão. Em paralelo, preparou-se, nas

mesmas condições, outra formulação de fitossomas que foram submetidos a um processo

de extrusão por filtro de 200 nm antes da diálise e depois analisada por DLS, tal como a

primeira formulação. Pretendeu-se com este procedimento estudar o impacto do processo

de extrusão no tamanho das partículas em suspensão e a influência do tempo de

armazenamento na estabilidade, em termos de tamanho, dos fitossomas preparados pelas

duas metodologias.

A Tabela 7 mostra a média dos diâmetros dos fitossomas e o índice de

polidispersidade das formulações preparadas pelos dois procedimentos, imediatamente

após a diálise e após 7 de dias de armazenamento.

Tabela 7. Diâmetro (média ± desvio-padrão) e índice de polidispersidade (média ± desvio-padrão) dos

fitossomas nas formulações prepradas com e sem extrusão imediatamente após diálise e depois de sete dias

de armazenamento a 4 ºC.

Tempo após diálise (dias) 0 7

Fitossomas Sem extrusão Com extrusão Sem extrusão Com extrusão

Diâmetro da partícula (nm) 294,3a ± 9,6 236,8b ± 8,0 364,6c ± 16,6 326,7d ± 9,2

Índice de polidispersidade 0,284a ± 0,02 0,266b ± 0,01 0,306c ± 0,02 0,290d ± 0,01

a,b,c,d diferenças estatisticamente significativas (p < 0,05).

Os resultados da Tabela 7 indicam que os fitossomas preparados sem extrusão

apresentam um diâmetro hidrodinâmico médio e um índice de polidispersidade

significativamente superiores aos obtidos pelo processo de extrusão. Assim, o processo de

extrusão permite obter formulações de fitossomas com maior homogeneidade e menor

tamanho. Curiosamente, o tamanho médio dos fitossomas é superior ao diâmetro do poro

pelo qual ocorreu a extrusão, sugerindo a ocorrência de processos de fusão durante a

diálise ou refletindo a flexibilidade das bicamadas lipídicas que permitem níveis

significativos de deformação, sem rutura, quando sujeitas à pressão subjacente ao

processo de filtração. Alternativamente, o tamanho médio dos fitossomas superior ao poro

do filtro de extrusão pode resultar na presença de várias populações de partículas em

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Resultados e discussão

62

suspensão, umas com tamanho inferior ao poro e outras com tamanho muito superior ao

poro, que resultaram da fusão. Para ambas as situações experimentais o processo de

armazenamento promove o aumento do tamanho dos fitossomas e da heterogeneidade

das partículas em suspensão, como refletido pelo aumento do índice de polidispersidade.

Estes dados sugerem que ocorrem processos de fusão durante o armazenamento dos

fitossomas. Adicionalmente, o armazenamento das formulações durante 7 dias promove

nos fitossomas submetidos a extrusão um aumento do seu diâmetro médio (90 nm)

superior ao dos fitossomas preparados sem extrusão (70 nm). Todavia, os índices de

polidispersidade mantêm-se inferiores a 0,5, pelo que as formulações podem considerar-

se monodispersas e adequadas para utilização com fins terapêuticos. [149]

O estudo da distribuição de tamanhos de partículas em suspensão por DLS permite

analisar os resultados considerando diversas variáveis correlacionadas, incluindo a

intensidade, o número e o volume. No presente estudo considera-se apenas a expressão

dos resultados em termos de intensidade e de número. Os dados relativos à análise do

tamanho dos fitossomas em termos de intensidade da dispersão de luz são apresentados

na Figura 21 e na Tabela 8. As formulações de fitossomas preparadas sem extrusão e

analisadas após diálise podem ser distribuídas por dois grupos de populações de

fitossomas com tamanhos distintos: um grupo formado por fitossomas mais pequenos, com

diâmetros entre 111,9 e 156,9 nm (média ponderada = 137,94 nm), e outro formado por

fitossomas maiores, com diâmetros entre 462,5 e 648,4 nm (média ponderada = 546,14

nm), que apresenta maior capacidade para dispersar a luz (Fig. 21A). A formulação

submetida a extrusão também apresenta dois grupos de populações de fitossomas: um

formado por estruturas com diâmetros entre 103,3 e 143,3 nm (média ponderada = 125,49

nm), e outro com diâmetros entre 382,1 e 529,8 nm (média ponderada = 460,21 nm) (Fig.

21C; Tabela 8); ambos os grupos têm tamanhos inferiores aos apresentados pela

formulação que não foi submetida a extrusão. Em ambas as situações experimentais, o

armazenamento durante 7 dias, apesar de preservar os dois grupos de populações de

fitossomas, aumentou o diâmetro médio dos fitossomas em cada um deles (Fig. 21B e D;

Tabela 8). Assim, na formulação sem extrusão o grupo com as populações de fitossomas

mais pequenas apresenta diâmetros entre 128,1 e 296,1 nm, enquanto no grupo de

populações com fitossomas maiores os diâmetros variam entre 578,8 e 1338,1 nm (Fig.

21B). Por outro lado, na formulação submetida a extrusão o grupo das populações com

fitossomas mais pequenos apresenta partículas com tamanhos entre 128,8 e 184,7 nm e

o grupo dos fitossomas maiores tamanhos entre 544,5 e 780,7 nm (Fig. 21D). Estes dados

sugerem que ocorre a fusão dos fitossomas durante o armazenamento.

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Resultados e discussão

63

Figura 21. Intensidade de dispersão da luz em função do diâmetro da partícula (nm). Fitossomas analisados

imediatamente após diálise (A) e passados 7 dias (B); Fitossomas extrusados analisados imediatamente após

diálise (C) e passados 7 dias (D).

A análise geral dos dados da Figura 21 pode sugerir que os fitossomas de maior

tamanho predominam nas formulações. Todavia, a dispersão da luz por partículas em

suspensão depende, no essencial, de três fatores: número, tamanho e forma.

Considerando que os lipossomas são estruturas esféricas independentemente do seu

tamanho, então a intensidade da luz dispersa aumenta com o número de partículas e, para

um mesmo número, a intensidade da luz dispersa é tanto maior quanto maior o tamanho

das partículas. Adicionalmente, a utilização de formulações de lipossomas para o

transporte de moléculas bioativas pretende maximizar a entrega dessas moléculas no alvo

terapêutico, a qual depende, entre outros fatores, do número de partículas. Assim, uma

análise da distribuição do tamanho dos fitossomas em suspensão tendo por base o número

(abundância) é um aspeto fundamental no processo de caracterização das formulações

preparadas para fins terapêuticos.

A Figura 22 mostra a distribuição do tamanho dos fitossomas em suspensão em

termos de número. Os dados da figura evidenciam, em todas as formulações, que os

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Resultados e discussão

64

fitossomas com tamanhos mais pequenos (com diâmetro inferior a 160 nm nas formulações

analisadas após a diálise) são os mais representados, dominando em termos de

abundância (número) nas formulações. De facto, os fitossomas com diâmetros

enquadrados no grupo das populações de fitossomas de maior tamanho apresentam

abundância relativa bastante reduzida. Nas formulações que não foram submetidas a

extração o conjunto das populações de fitossomas com tamanhos maiores representam

5,7% das partículas em suspensão e o seu armazenamento decresce a sua abundância

para 4,1%. Por outro lado, nas formulações submetidas a extrusão a abundância relativa

do grupo de fitossomas maiores é de 12,56%, decaindo para 4,17% com o armazenamento

durante 7 dias. Portanto, os processos de fusão ocorrem principalmente nos fitossomas de

maior tamanho. Adicionalmente, a fusão de fitossomas no grupo das populações com

tamanho mais pequeno também produz estruturas de maior tamanho, mas ainda

enquadradas neste grupo, como revelado pelo diâmetro médio dos fitossomas

apresentado na Tabela 8.

Os resultados da análise em número (Fig. 22) mostram que as populações de maior

tamanho estão em quantidades muito diminutas e que as partículas presentes em maior

quantidade, partículas de menor tamanho, possuem as características desejáveis para

ultrapassar a BHE, apontando para uma possível utilização dos nossos fitossomas no

tratamento de doenças do SNC.

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Resultados e discussão

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Figura 22. Número de partículas em função do diâmetro da partícula (nm). Fitossomas analisados

imediatamente após diálise (A) e passados 7 dias de armazenamento (B); Fitossomas extrusados analisados

imediatamente após diálise (C) e passados 7 dias de armazenamento (D).

Tabela 8. Tamanho médio da partícula quanto à intensidade e número dos fitossomas após diálise para as

diferentes populações encontradas.

Tempo

0 dias 7 dias

Fitossomas Sem

extrusão

Com

extrusão

Sem

extrusão

Com

extrusão

Diâmetro da

partícula

(nm)a

Intensidade População 1 137,94 125,49 196,96 157,98

População 2 546,14 460,21 872,83 652,31

Número População 1 128,13 116,77 165,10 151,21

População 2 500,05 451,44 798,03 673,09

a Média ponderada do tamanho das partículas para as diferentes populações de fitossomas.

O potencial Zeta corresponde ao potencial elétrico no campo de quebra (i.e., plano

de corte), definido como a distância da superfície da partícula a um ponto no fluído da

suspensão, onde os iões de carga elétrica oposta e as moléculas de água apresentam uma

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Resultados e discussão

66

orientação definida, de tal modo que se movem juntamente com a partícula quando

submetidas a um campo elétrico. Assim, o potencial Zeta é determinado pela mobilidade

eletroforética das partículas sujeitas a um campo elétrico. [151] Neste sentido, o potencial

Zeta emerge como uma medida da carga superficial das partículas em suspensão e traduz

a sua estabilidade na suspensão, dado que quando as partículas em suspensão

apresentam um potencial Zeta elevado (negativa ou positivamente) têm tendência a repelir-

se umas às outras, decrescendo a possibilidade de se formarem agregados. Portanto, a

carga superficial em termos de potencial Zeta traduz a magnitude de interações

eletrostáticas repulsivas entre os fitossomas, [152] influenciando a sua estabilidade e

comportamento nos sistemas biológicos. [153] Quando comparadas com nanopartículas

carregadas positivamente, as nanopartículas com potencial Zeta negativo apresentam,

normalmente, maior eficiência na entrega de fármacos no cérebro. Adicionalmente, as

nanopartículas carregadas negativamente também apresentam menor toxicidade do que

as suas congéneres carregadas positivamente. [154] Nanopartículas com valores de

potencial Zeta próximo de 30 mV são consideradas altamente estáveis, enquanto aquelas

cujo valor de potencial Zeta varia entre 20 e 30 mV são consideradas relativamente

estáveis. [155] Os valores do potencial Zeta dos fitossomas nas formulações dialisadas são

apresentados na Tabela 9.

Tabela 9. Potencial Zeta dos fitossomas após diálise.

Tempo

0 dias 7 dias

Fitossomas Sem extrusão Com extrusão Sem extrusão Com extrusão

Potencial Zeta (mV)a -15,45 ± 7,66 -15,15 ± 2,54 -10,69 ± 3,15 -26,07 ± 10,31

a Média ± desvio-padrão de 3 leituras independentes.

Os dados mostram que ambas as formulações apresentam fitossomas com valores

negativos de potencial Zeta (próximo de -15 mV) e que o processo de extrusão, tal como

o armazenamento durante 7 dias à temperatura de 4 ºC, não promove alterações

significativas dos valores de potencial Zeta. No entanto, é importante salientar que ao

tempo zero os fitossomas submetidos a extrusão apresentam maior homogeneidade

(traduzida pelo menor desvio-padrão) que o processo de armazenamento promovendo

uma maior heterogeneidade de carga superficial, tornando, em média, mais negativa a

carga dos fitossomas. Em oposição, o armazenamento da formulação que não foi

submetida a extrusão tornou, em média, a carga dos fitossomas menos negativa (-10,69 ±

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Resultados e discussão

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3,15 mV). Os valores de potencial Zeta negativos sugerem que as formulações devem

apresentar baixa toxicidade e uma estabilidade moderada. [154]

3) Inibição da MAO-A em sinaptossomas

Os sinaptossomas são membranas pré-sinápticas resseladas após fracionamento do

tecido nervoso. Estes correspondem aos terminais sinápticos dos neurónios e o seu

conteúdo inclui mitocôndrias, citoesqueleto e vesiculas sinápticas. Assim, os

sinaptossomas mimetizam estruturas celulares, mantendo algumas funções que ocorrem

in vivo: produzem ATP; a membrana contém canais iónicos, recetores e transportadores

funcionais; libertam neurotransmissores; a membrana tem capacidade de se renovar. Após

a sua preparação, estes permanecem viáveis por várias horas, mantendo as propriedades

dos neurónios intactas, embora os seus processos de transporte se tornem lentos e não

ocorra a reposição de proteínas. [156] Deste modo, os sinaptossomas constituem um

sistema interessante, mais próximo de um sistema in vivo e a avaliação do potencial de

inibição da MAO-A do extrato e das nossas formulações neste sistema pode ser mais

relevante. Por outro lado, a espetroscopia de fluorescência é uma técnica mais sensível, e

com menor interferência de sinal e ruído provenientes do elevado conteúdo proteico do

meio reacional verificados nas determinações por UV-Vis.

O extrato aquoso de M. pulegium inibiu a MAO-A de modo dependente da

concentração (Fig. 23A). O efeito observado num sistema com sinaptossomas foi

semelhante ao já descrito acima para a hMAO-A (Fig. 10A). Nestas condições

experimentais o valor de IC50 obtido foi de 19,54 ± 0,89 µg/ mL de polifenóis totais. Como

controlo positivo foi também avaliado o potencial de inibição da clorgilina (Fig. 23B). Este

inibidor específico revelou menor eficácia na inibição da enzima (IC50 = 180,71 ± 20,80

µg/mL) quando comparado com o extrato aquoso, sendo o valor de IC50 aproximadamente

9 vezes superior ao encontrado para o extrato.

Estes resultados confirmam que o extrato aquoso de M. pulegium tem capacidade

para inibir a MAO-A in vitro, tanto em modelos mais simples como em modelos mais

complexos como é o caso dos sinaptossomas. Visto este ser um modelo mais próximo da

realidade de um organismo vivo, os resultados obtidos com o extrato são muito

promissores.

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Resultados e discussão

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Figura 23. Efeito do extrato aquoso de M. pulegium (A) e do controlo positivo (B) sobre a MAO-A presente nos

sinaptossomas.

Os fitossomas após diálise e os fitossomas após diálise e extrusão foram também

testados neste mesmo modelo. A Figura 24 mostra o efeito do extrato aquoso de M.

pulegium, dos fitossomas após diálise e dos fitossomas após diálise e extrusão, ambos

adicionados numa concentração final de 0,03 mg/mL, na atividade da MAO-A presente nos

sinaptossomas. As formulações não afetam a atividade da enzima, ao contrário do

observado para o extrato aquoso de M. pulegium (Fig. 24). Dado que as condições de

ensaio foram as mesmas, pode-se inferir que os compostos encapsulados nos fitossomas

não conseguem interagir com a MAO-A. Uma possível explicação é a incapacidade de os

sinaptossomas promoverem a endocitose dos fitossomas, [156] impossibilitando a interação

posterior dos compostos fenólicos com a enzima que está no seu interior.

Neste sentido, a formulação permanece estável em situações que se aproximam da

das condições fisiológicas. A utilização de um modelo in vivo poderia permitir avaliar a

eficiência das formulações lipídicas relativamente à MAO-A.

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Resultados e discussão

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Figura 24. Efeito do extrato aquoso de M. pulegium, fitossomas após diálise e fitossomas após diálise e

extrusão na atividade da MAO-A presente nos sinaptossomas.

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Capítulo V – Conclusões e perspetivas futuras

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Conclusões e perspetivas futuras

71

Este trabalho permitiu concluir que o extrato aquoso de M. pulegium L. apresenta

vários derivados de ácidos hidroxicinâmicos e flavonoides, sendo o ácido rosmarínico o

composto maioritário (superior a 40% dos compostos fenólicos).

Este extrato tem capacidade para inibir a MAO-A, numa gama de concentrações

suscetíveis de ser alcançadas nos meios biológicos. Em oposição, a capacidade de

inibição das colinesterases é limitada, ocorrendo apenas a concentrações elevadas.

A gema de ovo revelou-se um recurso acessível de lípidos com relevância funcional

para preparar as formulações (fitossomas).

O processo de preparação das formulações permitiu estabelecer a razão

quantidade de lípido/quantidade de extrato necessária para maximizar a eficiência de

encapsulamento.

As formulações apresentaram fitossomas com homogeneidade relativamente ao

seu tamanho (inferior a 200 nm) e potencial Zeta negativo, indicadores de estabilidade, e

potencial terapêutico.

Estes ensaios in vitro permitem considerar os parâmetros necessários associados

às formulações destes fitossomas para desenvolver estudos in vivo com o objetivo de

avaliar a sua eficência na modulação de doenças associadas à hiperatividade da MAO-A.

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Capítulo VI – Referências bibliográficas

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