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A474 Alves, Silvio Dutra Mensagens curtas 9./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 198.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Graça 3. Fé. I. Título. CDD 230
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Sumário
Sim Sim, Não Não.................................................
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Um Viver Fiel..........................................................
10
Superando os Melindres..................................
15
Sem a Justiça de Cristo não Há Vida
Eterna.........................................................................
22
Renúncias Necessárias.....................................
28
Paz de Espírito........................................................
33
Para Quem se Sente Enfraquecido e Abatido......................................................................
35
Oração Para Quem Está em Desespero.....
37
Oração no Espírito...............................................
41
Obediência a Deus = Viver Vitorioso..........
42
O Que É o Pecado Original ? ...........................
44
O Juízo Perfeito Preserva o Amor.................
47
O Grande e Principal Problema é a
Incredulidade.........................................................
50
4
O Coração Quebrado É Precioso..................
54
O Arrebatamento do Profeta Elias..............
58
O Alvo da Consagração.....................................
72
Justiça da Lei x Justiça da Fé...........................
76
Força e Coragem Vêm do Senhor................
80
Esperança para Arruinados e
Fracassados.............................................................
86
Como Saber o que Deve Ser Aprovado......
90
Como Podemos Saber Que Deus é Amor? ........................................................................
93
Como Desfrutar a Vida......................................
95
Bênçãos Espirituais.............................................
102
Aperfeiçoamento Espiritual pelo
Espírito e Não Pela Carne.................................
104
A Vida Reta..............................................................
107
A Presença do Senhor é o que Importa...
111
A Troca da Antiga pela Nova..........................
116
O Evangelho Não Condena.............................. 127
5
O Evangelho é o Farol da Vida.......................
131
O Conhecimento da Verdade que
Liberta........................................................................
135
Jesus Não Veio Condenar mas Salvar.......
138
Entendendo as Palavras de João...................
141
Características do Evangelho
Verdadeiro...............................................................
153
Morte do espírito não significa aniquilamento.......................................................
156
Jugo Suave e Fardo Leve...................................
158
Honra, Dignidade, Valor..................................
160
Há Deficiências com as Quais Temos
que Viver...................................................................
164
Fé e Sofrimento.....................................................
169
Devemos Ter a Mesma Misericórdia Que Há em Deus...................................................
173
Devemos Entregar Nossos Fardos a
Jesus............................................................................
180
6
A Sublimidade da Mansidão e da Humildade...............................................................
184
7
Sim Sim, Não Não
“Mateus 5:37 Seja, porém, a tua palavra: sim sim; não não. O que disto passar vem do maligno.”
(palavras de Jesus Cristo)
”2Tm 4:2 prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta
com toda a longanimidade e doutrina.
2Tm 4:3 Pois haverá tempo em que não
suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias
cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos;
2Tm 4:4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.” (palavras do apóstolo
Paulo)
Quem deu ao homem o dom da Palavra foi Deus.
O próprio Deus é a Palavra. A melhor palavra. A
palavra agradável, verdadeira, edificante, criadora, inspiradora, encantadora.
Veja como Ele arrazoou com Moisés no diálogo que teve com ele:
Êxodo 4:10 Então, disse Moisés ao SENHOR: Ah!
Senhor! Eu nunca fui eloquente, nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou
pesado de boca e pesado de língua.
Êxodo 4:11 Respondeu-lhe o SENHOR: Quem fez
a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o
SENHOR?
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Êxodo 4:12 Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar.
Quão boa é a comunicação por meio da palavra!
Quanta alegria dá ao coração de Deus que nos
comuniquemos com Ele, falando das coisas que lhe agradam.
Estaria Ele alegre com devaneios?
Com mistificações?
Com coisas ofensivas e amargas?
Do que está cheio o coração a boca fala.
Nossas mensagens são a expressão daquilo que
somos no nosso interior.
Como diz o sábio no livro de Provérbios, que aquilo que o homem é em pensamentos em seu
coração, é isso o que ele é na realidade.
Assim, como poderia exaltar a mentira, o erro, se amo a verdade?
Como poderia falar de ilusionismo, quando
neste há engano e falsidade, e sabendo eu que Deus se agrada somente das coisas que são, e
das que são aprovadas, boas e convenientes em sua própria natureza?
Ah! Possa o Senhor criar em mim um coração
puro, e um espírito reto e inabalável, tal como lhe pedira um dia o rei Davi, para sentir e agir
com sabedoria e verdade, em tudo.
Ah! Que me seja concedido jamais me desviar deste alvo, por causa da busca de
reconhecimento e aplauso.
Que tenha sempre humildade para transferir todos os créditos a Jesus Cristo. A fonte de toda
inspiração edificante e verdadeira,
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Um Viver Fiel
Jamais poderemos ter a paz de Deus em nossas vidas e lares, se somos dados à prática de
gritarias, provocações, irritações, permitindo que nossos corações sejam facilmente
dominados pela ira e pela mágoa, sem que nos disponhamos à prática do perdão. E o único modo de se manter tal paz, é pela santificação,
que consiste basicamente num caminhar contínuo no Espírito Santo, por uma real
comunhão com Cristo.
Por isso se afirma no verso 14 de Colossenses 3
que o juiz do estado real em que se encontra o nosso coração é a paz de Cristo, ou seja,
poderemos saber se nossas ações, reações e decisões têm sido corretas e aceitáveis a Deus,
caso sejam feitas e tomadas quando a paz de nosso Senhor está reinando nos nossos
corações.
É por isso que decisões tomadas debaixo de iras
e aborrecimentos injustificados não podem contar com a aprovação de Deus, e na verdade,
não permitirão que permaneçamos em comunhão com Ele, porque nos está ordenado o
amor, a paciência e a paz.
Devemos vigiar portanto com todo o nosso
empenho, porque o diabo procurará incansavelmente nos tirar da nossa posição de
amor, paz e perdão, principalmente por nos provocar especialmente através das pessoas que
fazem parte da nossa convivência diária.
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Basta que alguém não esteja vigiando e se santificando, para se tornar um instrumento
nas mãos do diabo para afastar o cristão santificado da presença de Deus, e roubar-lhe
por conseguinte a sua paz.
E é tão vital para nós preservarmos a paz de Deus
no nosso coração, que é melhor sofrermos e suportarmos danos, abrindo mão de nossos
direitos em determinadas ocasiões, quando a reclamação deles nos conduzirá
inevitavelmente à perda da referida paz.
Por isso a Bíblia ordena aos cristãos o dever de não conduzirem a litígio público, irmãos em
Cristo, na presença dos juízes de tribunais terrenos, onde o julgamento não será realizado
segundo as leis de Deus, mas segundo as leis dos homens, conforme lemos em I Cor 6.1-8:
“1 Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os
injustos e não perante os santos?
2 Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por
vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas?
3 Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida!
4 Entretanto, vós, quando tendes a julgar
negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na
igreja.
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5 Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa
julgar no meio da irmandade?
6 Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos!
7 O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis,
antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?
8 Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o
dano, e isto aos próprios irmãos!” (I Cor 6.1-8)
Como a vida cristã nos impõe renúncias como
esta citada, dentro do mandamento geral de nosso Senhor em Lc 14.33: “Assim, pois, todo
aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”,
necessitamos então nos santificarmos diariamente, e caminharmos segundo tal
santificação para que possamos fazer tais renúncias com alegria e paz em nossos
corações.
E é importante sabermos que a santificação é operada pela Palavra de Deus aplicada em nós
pelo Espírito Santo, e é tanto santificação do espírito, quanto da alma, incluída aí a razão, a
mente, a vontade, os sentimentos e as emoções, como também é santificação do corpo, como
lemos em I Tes 5.23.
E a meta desta santificação é a de nos
transformar à imagem mesma moral de Cristo,
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como se vê nos versos 8 a 10 do terceiro capítulo da epístola aos Colossenses.
No privilégio e dever da santificação não há grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou livre, porque Cristo é tudo em todos, uma vez que não
há para aqueles que estão nEle qualquer diferença diante de Deus.
Deus santificará pelo Espírito Santo, do mesmo
modo, tanto a ricos quanto a pobres, pessoas de qualquer nacionalidade ou condição, desde que
elas estejam convertidas e unidas a Cristo.
Esta santificação não consiste somente no
despojamento ou mortificação do pecado, das obras da carne relacionadas aqui por Paulo
dentre tantas outras, mas principalmente na prática das virtudes que estão em Cristo.
Por isso, a vida cristã não é algo fácil, porque somente pode ser manifestada em nós pela
difícil e dolorosa crucificação do nosso ego carnal, coisa que muitos poucos estão dispostos
a fazer, porque nos chama a tratar honesta e sinceramente com aquilo que somos de fato, e
isto é algo humilhante para o nosso orgulho natural pecaminoso, e depois disso, demanda
que sejamos de fato transformados à imagem e semelhança de Cristo.
Daí o Espírito Santo ter afirmado pela boca do apóstolo Paulo que os últimos dias seriam
tempos difíceis, não propriamente pelas dificuldades que os cristãos encontrariam no
mundo, mas porque haveria uma tendência
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muito forte na maioria dos cristãos a rejeitarem o modo de se viver em Cristo, pela falta de
obediência à sã doutrina bíblica (II Tim 4.1-4), em troca de um viver segundo o mundo e
inclinações da sociedade corrompida e sensual dos últimos dias, conforme as características
que predominariam nas pessoas em geral, conforme descritas em II Tim 3.1-5.
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Superando os Melindres
Se alguém decidir viver por sentimentos,
certamente terá muitos problemas, porque a carne e o diabo sempre acharão ocasião para lhe ferir com suscetibilidades, ou seja, com
melindres, amuos e sensibilidades, que são muito pertinentes à nossa natureza terrena.
Então, para o propósito de vencer estes e outros tipos de problemas, é ordenado aos cristãos que
aprendam a viver pela nova natureza que têm em Cristo, e não pela antiga natureza carnal e
terrena.
O amor que tudo sofre, suporta, espera e perdoa, e que é paciente e benigno, é sempre exercitado,
quando não nos deixamos vencer por nossos sentimentos melindrados, e triunfamos pela
prática da Palavra de Deus, que nos ordena nunca termos um coração ressentido ou
magoado, seja contra quem for.
Honrar não depende de gostar.
Fazer o bem não depende de sermos aceitos,
aplaudidos e louvados.
Respeitar não depende de sermos também respeitados.
Entender não depende de sermos entendidos.
Amar não significa necessariamente gostar de algo ou alguém.
É terrível manter uma atitude de defesa dos
nossos sentimentos contra tudo e contra todos.
É muito contrário ao amor que tudo sofre e
suporta a atitude de tentarmos nos poupar a nós
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mesmos, fugindo de nos relacionarmos com os outros, pelo temor de sermos feridos por
alguma palavra ou ação, que possa nos atingir e fazer com que fiquemos magoados.
Não é este o tipo de prudência que nosso Senhor
nos ordena, porque isto não é prudência, mas fuga e temor de viver.
Por isso a Bíblia nos ordena que deixemos as
coisas próprias de crianças quando chegamos a ser adultos. Crianças não podem enfrentar
desafios pesados e encarar de frente as vicissitudes da vida, mas toda pessoa
verdadeiramente adulta, está capacitada a fazê-lo.
Pessoas maduras não vivem se justificando de tudo o que pensem estar lhe contrariando, por
estar em desacordo com o seu modo de pensar e sentir.
Aitofel era tão fraco emocionalmente se falando
que se enforcou quando o parecer que dera a Absalão foi rejeitado em face da aceitação do
que lhe fora dado por Husai.
Saul procurava se vingar de todo aquele que lhe
contrariasse, por discordar dele, mas Davi raramente deixava de agir segundo a vontade de
Deus, mesmo quando era contrariado e aborrecido.
Quanto não teve que suportar da parte de Joabe?
Com que grande dignidade suportou e enfrentou a rebelião de seu próprio filho
Absalão!
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Mas o exemplo máximo do espírito de paciência e tolerância que devemos ter especialmente em
face dos ataques do reino das trevas, com o intuito de nos roubar a paz, encontramos no
próprio Senhor Jesus Cristo, que jamais se deixou governar por sentimentos melindrados,
senão exclusivamente pela vontade de Deus Pai.
Importa termos sempre a atitude do apóstolo
Paulo, conforme ele se expressou em I Cor 4.3:
“Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser
julgado por vós, ou por qualquer tribunal humano; nem eu tampouco a mim mesmo me
julgo.” (I Cor 4.3)
Ainda que o juízo que fizerem de nós seja de inspiração satânica ou não, e se tal juízo não
corresponde à verdade, devemos nos guardar de qualquer tipo de melindre, porque por isto,
seremos vencidos pelo mal, não propriamente do ataque que nos fizeram ou que julgamos que
nos tenham feito, sem que fôssemos de fato atacados, mas, seremos vencidos pelo mal em
nós mesmos, do nosso próprio coração ressentido e abatido.
Importa então, se queremos ser sempre vencedores deste mal, para que possamos
manter a nossa paz, amor e alegria, diante de Deus e dos homens, que tenhamos a mesma
atitude do apóstolo Paulo, de não sermos conduzidos por nossos sentimentos ou pelos
juízos de outros, mas pelo que a Palavra de Deus afirma acerca do nosso comportamento ou de
nossas atitudes e reações.
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O grande alvo do reino espiritual da maldade em fazer com que nos firamos com
suscetibilidades, ou seja, que fiquemos melindrados com o que ouvimos ou vimos,
disseram ou fizeram em relação a nós ou a outros, e que não aprovamos, é principalmente
o de produzir amarguras e ressentimentos, que nos afastam da comunhão com o Senhor.
Por isso somos alertados a não abrigar tais sentimentos, como por exemplo no texto de Tg
3.13-18.
Nunca haverá qualquer perda em perdoar e
esquecer ofensas reais ou supostas como tal sem que o sejam, porque com isto estaremos
provando para nós mesmos que temos de fato nos negado para amarmos e perdoarmos os que
nos ofendem, sejam eles nossos inimigos ou não.
E sem o aprendizado desta negação do nosso ego, não poderemos viver a vida cristã e fazer
qualquer serviço constante para Cristo, porque o inferno não dará descanso às nossas almas,
sempre procurando nos tornar ressentidos contra alguém que nos tenha contrariado.
Alarguemos então os nossos espíritos e corações!
Amemos como Cristo nos ama, ou seja,
suportando ofensas e todo tipo de pecado, exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo.
Olhemos para o Senhor, e não para nós mesmos ou para os outros, para acharmos o perfeito
amor e o perfeito bem, porque isto jamais será
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achado em qualquer pessoa enquanto estivermos na terra.
Estejamos prontos então a superar ofensas, palavras proferidas precipitadamente, juízos
incorretos, ou qualquer ponto que possa suscitar algum tipo de discórdia onde deveria
reinar o amor, porque sempre estaremos sujeitos a errar, por maior que seja o nosso desejo de acertar.
Todavia não erremos no dever de perdoar, de esquecer ofensas, de amar até mesmo nossos
inimigos, de não guardarmos qualquer tipo de ressentimento ou rancor, porque nossa ira
acabará se voltando contra nós mesmos para nos destruir, e nos arrancará da nossa
comunhão com Deus.
Lembremos que somos convocados pela Bíblia a
sermos amadurecidos, espiritualmente se falando, e muito deste crescimento se
comprova pelo modo como nos conduzimos não segundo os nossos sentimentos melindrados,
mas segundo a verdade da Palavra de Deus.
Como já dissemos antes, se alguém decidir
continuar vivendo segundo os seus sentimentos, terá certamente muitos
problemas, mas se viver segundo a Palavra de Deus, os problemas surgirão, mas serão
vencidos pela verdade e pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo.
E uma vez desfeitas as amarras do mal, o navio da nossa alegria, força, e amor, seguirá o seu
rumo, vendo restauradas todas as coisas que
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haviam sido arruinadas pelo nosso mau temperamento, que se permitia ser vencido
pelo diabo.
Miremo-nos no exemplo que nos foi deixado
pelo apóstolo Paulo, o qual havia aprendido a ter o prazer da comunhão com Deus, o deleite de
praticar e fazer a Sua vontade divina, em meio às ofensas que lhe dirigiam, nas necessidades, nas
perseguições e nas angústias que suportava por causa do Seu amor a Cristo, de modo que sabia
que importa aprendermos a conviver com os espinhos na nossa carne, oriundos de
mensageiros de Satanás, que são usados para nos humilhar.
“9 e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso,
de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o
poder de Cristo.
10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas
injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque
quando estou fraco, então é que sou forte.” (II Cor 12.9,10)
Em troca da nossa paciência e decisão de suportar ofensas por amor a Cristo, o Senhor
nos dará do Seu poder e nos fará fortes não somente para suportar tais ofensas e angústias,
como também para que possamos fazer toda a Sua vontade, ou seja, continuarmos na prática
do bem, mesmo para os que nos tenham
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Sem a Justiça de Cristo não Há Vida Eterna
A justiça de Deus não somente perdoa até
mesmo os piores malfeitores, como também remove a sua culpa, e os transforma em pessoas justas e santas, pela simples expressão de
arrependimento e fé.
Porque lhes é imputada a justiça do próprio
Cristo, para perdão do pecado, e para promover a reconciliação do ofensor (pecador) com o
ofendido (Deus).
É portanto, somente por tal justiça divina, que é
a justiça da graça, a justiça da fé, que alcançamos a vida eterna.
De modo que aqueles que têm a justiça de Deus,
têm também a vida eterna, porque por ela são justificados (atribuição da justiça) e tornados
justos (implantação da justiça).
É por isso que se ordena que busquemos não apenas o reino de Deus, mas também a sua
justiça, porque sem esta justiça, não se tem a vida Deus.
Deste modo, o dom da justiça divina em Jesus Cristo é relacionado na Bíblia, à própria
salvação:
Is 46.13; 51.5,6,8; 56.1; Dn 9.24; Mal 4.2
E podemos ver então o quão crucial é que sejamos justificados por Deus para que sejamos
salvos, de modo a alcançar a vida eterna.
Quando se diz em Habacuque 2.4 que o justo
viverá pela sua fé, é importante observar que
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está sendo afirmado que somente os justos terão vida eterna.
Então o homem necessita da justiça perfeita de Deus para ter vida, e tal justiça lhe é concedida
por meio da fé.
Quando a palavra “justiça” é usada na Bíblia com o sentido de “juízo”, ela é vertida do original
grego “krisis”.
Mas quando é usada para se referir à salvação, a palavra da qual é vertida no grego é
“dikaiossine”, que é encontrada nos seguintes textos, dentre outros:
Lucas 7.29; João 16.8, 10; Atos 13.10; 24.25;
Romanos 1.17; 3.5, 21, 22, 25, 26; 4.3, 5, 6, 9, 11, 13, 22; 6.13, 16, 18, 19, 20; 8.10; 9.31; 10.3-6, 10; 14.17; I
Coríntios 1.30; II Coríntios 3.9; 5.21; 6.7, 14; Gálatas 2.21; 3.6, 21; 5.5; Efésios 4.24. 5.9; 6.14;
Filipenses 1.11; 3.9; I Timóteo 6.11; II Timóteo 2.22; 3.16; 4.8; Hebreus 5.13; 7.2; 11.7, 33; 12.11; Tiago
1.20; 2.23; 3.18; I Pedro 2.24; 3.14; II Pedro 1.1; 2.5, 21; 3.13; I João 2.29; 3.7, 10; Apocalipse 15.4; 19.8;
22.11.
Destes textos, veja por exemplo, o que se afirma em Rom 8.10:
”Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito
vive por causa da justiça.” (Rom 8.10)
Veja que se fala de uma vida do espírito por causa da justiça.
Em Fp 3.9:
“e seja achado nele, não tendo como minha
justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé
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em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;” (Fp 3.9)
Em Rom 3.21-26:
“21 Mas agora, sem lei, tem-se manifestado a justiça de Deus, que é atestada pela lei e pelos
profetas;
22 isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo
para todos os que creem; pois não há distinção.
23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;
24 sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo
Jesus,
25 ao qual Deus propôs como propiciação, pela
fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos;
26 para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e
também justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Rom 3.21-26)
Veja de que forma direta o apóstolo relaciona a justiça com a salvação, com a justificação
instantânea da conversão inicial, pela qual foram esquecidos todos os pecados cometidos
antes de se receber tal dom da justiça, que é por meio da fé, prometido por Deus desde os
profetas e até mesmo pela Lei de Moisés.
E em Rom 5.17,18,21:
“17 Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio
a reinar por esse, muito mais os que recebem a
25
abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.
18 Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação,
assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e
vida...
21 para que, assim como o pecado veio a reinar
na morte, assim também viesse a reinar a graça pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo
nosso Senhor.” (Rom 5.17,18,21)
No verso 17 está escrito: “reinarão em vida os
que recebem do dom da justiça”.
No verso 18 se diz em outras palavras que é pela
justiça de Cristo, que veio a graça para justificação e vida, com base na expiação do
pecado realizada por Jesus Cristo na cruz.
No verso 21 se afirma expressamente que a
graça reina por causa da justiça, para que tenhamos vida eterna por meio de nosso Senhor
Jesus Cristo.
A justiça verdadeira exige que sejamos e
hajamos em conformidade com o que Deus é, e segundo a Sua vontade.
Então, ser justo significa atender a tal exigência da justiça divina para que sejamos sobretudo
conformados à Sua santidade.
Assim, não basta ser justo apenas em relação
aos homens por cumprir os mandamentos de não adulterar, matar, mentir, furtar, cobiçar,
porque importa ser também justo para com
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Deus, por sermos santificados por Ele, para aquela vida perfeita que teremos no céu.
Todavia, não se pode ser e fazer tudo isso, sem Cristo, e daí se dizer que Ele se tornou da parte de Deus para nós a nossa justiça (I Cor 1.30) e que
a finalidade da lei de Deus é o próprio Cristo para a justiça dos que creem.
Como Cristo se torna a justiça dos cristãos?
Primeiro, através da justiça atribuída, quando se
arrependem e se convertem a Deus, e a isto a bíblia chama de justificação.
E em segundo lugar com a justiça implantada pela operação do Espírito Santo, através da
regeneração e da santificação.
Por que necessitamos da justiça atribuída, além
da implantada?
Porque é somente por ela que poderíamos ser
perdoados de nossos pecados e culpa, e sermos reconciliados com Deus.
Por que necessitamos da justiça implantada?
Porque é por meio dela que somos transformados à imagem de Deus aprendendo a
ser misericordiosos, longânimos, perdoadores, amorosos, justos, bondosos, etc, tal como é o
próprio Deus.
Somente Deus é a origem e a fonte da justiça
eterna e verdadeira, sem a qual ninguém pode viver em comunhão com Ele.
A justiça exige atos e pensamentos justos.
Deus pode perdoar os nossos pecados porque
eles foram totalmente castigados em Jesus.
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Assim, por sermos pecadores, toda a justiça de Deus para nós é de caráter evangélico, na qual
deve ser sempre lembrada a substituição que foi feita por Jesus, colocando-se em nosso lugar
para receber em sua morte na cruz, a condenação relativa à nossa culpa.
Se o caráter da nossa justiça é evangélico, isto é, baseado na expiação e perdão de Jesus, pela
nossa fé no evangelho, então, enquanto neste mundo, não somos justos para Deus pelo fato de
nunca falharmos ou errarmos, mas pelo fato de nos arrependermos de nossos pecados.
O arrependimento sincero fará com que achemos o favor e o perdão de Deus para nos
purificar de toda injustiça, como se afirma no primeiro capítulo de I João, porque o
arrependimento verdadeiro consiste numa real mudança de atitude e de comportamento,
deixando-se o que é mau, e praticando o que é bom e reto segundo a vontade de Deus,
conforme nos é concedido pelo poder da Sua graça.
Quando Adão pecou a justiça do homem foi perdida para sempre, de modo que necessita da
justiça de um outro, para que possa ter vida, a saber, a de Cristo, que jamais se perde ou acaba,
porque é justiça eterna e perfeita.
Vimos que é a justiça que dá vida, de modo que
não se pode viver sem ser justo, e é por causa da fé, que viverá eternamente.
Leia Rom 3.21-31.
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Renúncias Necessárias
Nós lemos no texto de Lucas 14.25-35 o seguinte:
“25 Ora, iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes:
26 Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e
mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu
discípulo.
27 Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.
28 Pois qual de vós, querendo edificar uma
torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?
29 Para não acontecer que, depois de haver
posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele,
30 dizendo: Este homem começou a edificar e
não pode acabar.
31 Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a
consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
32 No caso contrário, enquanto o outro ainda
está longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.
33 Assim, pois, todo aquele dentre vós que não
renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.
34 Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido,
com que se há de restaurar-lhe o sabor?
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35 Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça.”
A obediência e serviço a Cristo são na verdade uma sequência de renúncias feitas por amor a
Ele, e para que a Palavra de Deus se cumpra em nossas vidas.
Por exemplo, há necessidade que os pais renunciem a seus filhos, e os filhos a seus pais,
para que o propósito de Deus relativo ao casamento se consolide, pelo ato de deixar o
homem pai e mãe, se unir à sua mulher, para que não sejam mais dois, mas uma só carne aos
olhos do Senhor.
Todavia, há uma renúncia suprema que se
impõe ao próprio casal, de maneira que deverão aprender a renunciar-se mutuamente, para que
o amor e serviço a Cristo, venham em primeiro lugar em suas vidas.
Por isso, nosso Senhor enunciou claramente às
multidões que O seguiam, as condições necessárias para o discipulado, porque
ninguém poderá ser Seu discípulo se não renunciar a tudo quanto possui.
Quem quiser ser discípulo de Cristo terá que aprender a renunciar a tudo que lhe seja muito
querido, e até à Sua própria vontade.
Ninguém poderá guardar a palavra de
perseverança do Senhor, que consiste em não negar o Seu nome e os Seus mandamentos,
sejam quais forem as circunstâncias, caso não
30
se tenha um sincero amor a Cristo que seja superior a tudo o mais que ame neste mundo,
incluindo a sua própria vida.
Isto porque nas situações práticas da vida, o serviço ao Senhor exigirá renúncias da parte de
Seus discípulos.
Eles terão que sacrificar os interesses de outras pessoas e até os seus próprios interesses, para
que possam, não raras vezes, se dedicarem ao serviço do Senhor.
Para melhor esclarecer o caráter da renúncia
que se exige dos discípulos, nosso Senhor comparou tal renúncia como aquela que se faz
necessária aos que se empenham numa guerra.
Eles terão que reunir recursos para a batalha e terão que deixar todas as demais coisas que eles
amam para que possam se dedicar aos combates que terão que empreender na guerra em que
estiverem empenhados.
Para o mesmo propósito usou a ilustração de quem edifica uma torre.
Ele não poderá concluir a construção caso não calcule o custo dos materiais e caso não se
dedique totalmente ao projeto da torre que pretende construir.
Isto lhe tomará tempo e dinheiro e não poderá
estar mais dedicando a totalidade do seu tempo a outras atividades e interesses.
O afeto natural pelas pessoas que amamos terá
que ceder lugar muitas vezes ao afeto espiritual, que decorre do amor celestial divino, para o
atendimento daqueles aos quais devemos servir
31
pela vontade do Senhor, toda vez que tais afetos colidirem.
Servir ao Senhor é então comparado aos sacrifícios e renúncias que se exigem daqueles
que se empenham numa guerra ou num projeto de construção.
Quando o nosso afeto natural pelos nossos pais entrar em competição com o nosso dever
evidente para com Cristo, nós temos que dar prova do nosso amor ao Senhor, cumprindo o
que se exige de nós, conforme revelado na Sua Palavra, mesmo quando isto signifique
contrariar aqueles que amamos, ou então que tal implique um grande sacrifício a ser feito por
nós.
Cristo deve ter a preferência em todas as coisas,
se quisermos fazer a Sua vontade, e sermos agentes da sua bênção para muitas pessoas que
necessitam do seu amor.
Quantos interesses de amigos terão que ser deixados para trás para que possamos fazer a vontade de Deus, em relação a algum serviço
prático que Ele nos tenha ordenado.
Não raras vezes, Deus colocará o nosso amor por Ele à prova, fazendo com que tenhamos a
oportunidade de demonstrar na prática a nossa dependência dEle, e fidelidade a Ele e à Sua
Palavra, em meio às tribulações que nos alcançam em forma de enfermidades,
carências, perseguições, etc.
Se não estivermos dispostos a fazer a renúncia
total que Cristo exige de nós, é certo que o
32
inferno se rirá, e muitas pessoas também rirão de modo escarnecedor por termos começado
um relacionamento com o Senhor, e não termos permanecido de modo constante na realização e
consumação do nosso amor a Ele, por Lhe termos voltado as nossas costas.
Assim, todo verdadeiro cristão deve ter uma
posição firme e definida contra todo tipo de apostasia e corrupção de mente e de espírito,
porque tal apostasia e corrupção lhe tornarão inútil para os propósitos de Deus, e ele virá por
fim a ser como o sal que perdendo o seu sabor, para nada mais presta senão para ser lançado
fora para ser pisado pelos homens, como disse Jesus.
33
Paz de Espírito
“Porque a inclinação da carne dá para a morte;
mas a inclinação do Espírito dá para a vida e paz.” (Rom 8.6)
Estas palavras do apóstolo Paulo comprovam
que uma grande multidão de pessoas passaram e passarão por este mundo sem nunca terem
experimentado a verdadeira e magnífica paz de espírito.
Até mesmo cristãos autênticos podem se privar
por longos períodos desta paz sobrenatural de Cristo, porque não oram no Espírito Santo.
A comunhão com o Espírito Santo, que é obtida
por um viver em retidão e especialmente pela oração no Espírito é fundamental para que se
possa experimentar a paz sobrenatural de Jesus, que faz tão bem à nossa alma, ao nosso corpo e
ao nosso espírito, dando-nos um viver saudável e prazeroso até mesmo em meio a toda sorte de circunstâncias difíceis.
O viver na carne, apenas na vida natural, mata o
viver no espírito, por isso este viver natural deve ser suplantado e vencido pelo viver no Espírito
Santo, para que se possa experimentar verdadeiramente a vida ressurecta de Jesus e a
Sua paz sobrenatural.
Isto vem por se honrar e por se buscar ao Senhor Jesus, e por isso Paulo afirmou anteriormente
no verso 2 do mesmo capitulo de Romanos:
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“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.” (Rom 8.2)
35
Para Quem se Sente Enfraquecido e Abatido
Para o fortalecimento da alma e do espírito, não há fórmulas mágicas, e tudo o que se propõe
fora da fortificação que há em Cristo, é engodo ou algo passageiro e ineficaz.
É evidente que na hora em que os laços do inferno de nós se apoderam, e as angústias de
morte nos abatem, a ponto de parecer que estamos de fato sem esperança e mortos para a
vida.
Quando o vigor da alma foge.
O apetite some, a cabeça se transtorna, e o coração se estremece.
E o calafrio sobe sem que se possa exercer qualquer controle, porque é involuntário e nos
tira até a pouca força que temos.
Não há remédio no mundo que vença tal
abatimento, de modo seguro, restaurador, competente, duradouro.
Somente a oração ajuda nessas horas.
E não somente a nossa, e principalmente as
intercessões de outros em nosso auxílio.
Deus ouvindo e vendo o nosso estado terrível, se compadece e envia o socorro, ou diretamente pelo Espírito Santo, ou pela ajuda de anjos.
Uma batalha espiritual tremenda se estabelece.
Os olhos do corpo não veem.
Mas os do coração sentem e percebem quando
os poderes malignos são expulsos e vão embora.
E passa a reinar uma paz absoluta em nossa
alma.
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A paz de Jesus que excede todo o nosso entendimento prevalece, e vence qualquer tipo
de tormento.
“Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que
está em Cristo Jesus.” (II Timóteo 2.1)
“invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e
tu me glorificarás.” (Salmo 50.15)
Deus tem prazer em nos dar tal força e
livramento, porque isto comprova o quanto Ele cuida de nós e nos ama.
Ninguém deve ter vergonha de reconhecer a
sua necessidade de amparo e recorrer a Ele pedindo ajuda e alívio.
Afinal, quem é sensível, e que investiga a causa do bem, sempre estará sujeito a tais ataques que
são desferidos pelos poderes do inferno.
E não há quem possa de si mesmo, vencer a tais espíritos, senão somente nosso Senhor Jesus
Cristo.
Recorramos a Ele, com firme confiança,
aguardando com paciência pelo Seu socorro, e veremos o quanto Ele é poderoso e fiel, para nos
livrar, e nos encher do Seu poder e consolo.
37
Oração Para Quem Está em Desespero
Há momentos na vida que podemos dizer juntamente com o apóstolo Paulo:
“Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que
fomos sobremaneira oprimidos acima das nossas forças, de modo tal que até da vida
desesperamos;” (II Cor 1.8)
Então meu amado, minha amada, nós achamos
na Bíblia este testemunho de que pessoas que foram muito amadas por Deus, passaram por
momentos muito difíceis tal como eu e você já experimentamos, ou que ainda possamos estar
vivendo.
Mas olhemos para o exemplo das vidas de um
Paulo, de um rei Davi, de um profeta Jeremias, de um José no Egito, e de tantos outros.
E olhemos para o exemplo deles, para fazer o mesmo que fizeram nestas horas difíceis de
aflição: Eles olharam para Deus, e oraram, e contaram com as orações de seus irmãos,
conforme vemos nas palavras de Paulo em II Cor 1. 9-11:
“9 portanto já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos
em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos;
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10 o qual nos livrou de tão horrível morte, e livrará; em quem esperamos que também ainda
nos livrará,
11 ajudando-nos também vós com orações por nós, para que, pela mercê que por muitas
pessoas nos foi feita, por muitas também sejam dadas graças a nosso respeito.”
Juntemos então a nossa oração nesta hora, e
busquemos no Senhor, força, socorro e livramento.
“Pai amado, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, te peço: Dá-te pressa em socorre-me
querido, porque minha alma se encontra enfraquecida e angustiada.
Não há em mim mesmo força ou capacidade
para vencer o mal que me aflige.
Dá-me alívio e paz, e fortalece-me com a tua graça.
Tu és o Deus fiel e verdadeiro que não pode mentir, que tem prometido nos livrar no dia da
angústia, como dizes na Tua palavra:
“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
2 Direi do Senhor: Ele é o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio.
3 Porque ele te livra do laço do passarinheiro, e
da peste perniciosa.
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4 Ele te cobre com as suas penas, e debaixo das suas asas encontras refúgio; a sua verdade é
escudo e broquel.
5 Não temerás os terrores da noite, nem a seta que voe de dia,
6 nem peste que anda na escuridão, nem
mortandade que assole ao meio-dia.
7 Mil poderão cair ao teu lado, e dez mil à tua direita; mas tu não serás atingido.
8 Somente com os teus olhos contemplarás, e
verás a recompensa dos ímpios.
9 Porquanto fizeste do Senhor o teu refúgio, e do Altíssimo a tua habitação,
10 nenhum mal te sucederá, nem praga alguma
chegará à tua tenda.
11 Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus
caminhos.
12 Eles te susterão nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra.
13 Pisarás o leão e a áspide; calcarás aos pés o
filho do leão e a serpente.
14 Pois que tanto me amou, eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, porque ele conhece o meu
nome.
15 Quando ele me invocar, eu lhe responderei; estarei com ele na angústia, livrá-lo-ei, e o
honrarei.
16 Com longevidade de dias fartá-lo-ei, e lhe mostrarei a minha salvação.” (Salmo 91)
É verdade Senhor, o que é dito neste Salmo 91,
porque nenhum dos que em ti confiaram foi
40
abandonado ou ficou confundido, porque são muitas as tuas promessas de livramento,
conforme a que lemos também no Salmo 50.15:
“invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.”
Então estou invocando o teu nome Senhor, na minha angústia, na certeza de que me livrarás, e
eu te glorificarei porque o Espírito Santo encherá o meu coração e lábios de louvores pelo
teu livramento.
Eis que espero tão somente em ti, porque é vão o
socorro do homem.
Confio no teu amor, na tua bondade, na tua
misericórdia e na tua justiça.
Eu te agradeço desde agora, e sempre darei
graças ao teu santo nome, porque estou bem certo de que voltarás a alegrar o meu coração, e
ainda te louvarei na congregação dos justos.
Obrigado Pai amado pela Tua santa presença,
que me fortalece e conforta.
Obrigado por teu Filho amado Jesus Cristo, em
nome de quem te oramos.
Amém!
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Oração no Espírito
A maior dificuldade para não poucos cristãos
manterem a sua comunhão com Deus é porque oram pouco ou então não se esforçam para que a sua oração seja no Espírito Santo.
Sabemos quando alguém está orando ou não no Espírito.
E sabemos também, que na oração particular,
não é fácil reservar tempo para orar, e muito mais para prevalecer orando até que a oração
seja movida pelo Espírito Santo.
Isto, porque a carne sempre resiste ao Espírito,
e por conseguinte, procura nos impedir que oremos no Espírito.
Assim, esta resistência da carne sempre deverá
ser vencida pela nossa insistência em continuar orando, ainda que apenas com a nossa mente,
até que sintamos a presença e o mover do Espírito em nossa oração.
Daí termos a ordenança da parte de Deus de que
oremos em todo o tempo, e que nossa oração, tal, como a nossa adoração, seja em Espírito e
em verdade.
Paulo afirma que não sabemos orar como
convém, e que é o Espírito Santo que intercede através de nós.
Assim, concluímos que, se não orarmos no
Espírito Santo, não estaremos orando de fato, como Deus requer.
42
Obediência a Deus = Viver Vitorioso
“Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o SENHOR falara à casa de Israel;
tudo se cumpriu.” (Josué 21.45)
Este é o registro do relato final do livro de Josué depois de o Senhor ter dado a Israel conquistar
a terra de Canaã, e após ter sido concluída a distribuição das partes que caberiam por
herança a cada uma das tribos israelitas.
Tal sucedera porque o povo foi obediente e fiel à
Sua vontade debaixo do comando de Josué, que fizera todas as coisas conforme o Senhor havia
ordenado a Moisés, no fiel cumprimento da Palavra de Deus.
E o mesmo sucederá a qualquer que fizer a vontade do Senhor conforme esta se encontra
registrada na Bíblia.
Tal pessoa poderá dizer ao longo da jornada da
sua vida que nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o Senhor lhe fez: tudo
se cumpriu.
Foi por isso que o apóstolo Paulo, no ensejo de
ensinar e confirmar o modo pelo qual os cristãos são abençoados por Deus, escreveu a Timóteo
dando-lhe instruções específicas quanto ao comportamento que eles devem ter diante do
Senhor, especialmente os pastores e diáconos, para lhes servir de exemplo, conforme suas
palavras em I Timóteo 3.14,15:
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“14 Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve;
15 para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja
do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.” (I Tim 3.14,15)
Há portanto um modo determinado por Deus quanto ao comportamento dos cristãos, seja nas
coisas relativas ao governo da Igreja, seja da relação entre cônjuges, entre pais e filhos, entre
servos e senhores, entre cidadãos e as autoridades constituídas, entre aqueles que são
jovens em relação aos mais velhos etc.
E são tais ordenanças que devem ser praticadas,
caso desejemos de fato ver as boas promessas de Deus sendo cumpridas por Ele em nossas vidas.
Não há um caminho fácil para se obter a bênção, porque esta exige obediência e fidelidade a Deus
e à Sua Palavra. Este é o único e verdadeiro caminho da fé, a qual se traduz especialmente
em obediência à vontade revelada de Deus.
É a porta estreita e o caminho apertado referidos
por Jesus, que conduzem à vida plena e vitoriosa.
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O Que É o Pecado Original ?
Abandonando todas as definições teológicas sofisticadas e detalhadas sobre o assunto, e
considerando esta verdade do ponto de vista da simplicidade do fato havido no princípio da
criação, daí o nome original – de origem, podemos afirmar com toda segurança que o
pecado original consistiu no governo usurpador do espírito do homem, pela sua alma, por causa
do abandono do governo do Espírito de Deus.
E esta condição ruim, deste governo despótico da alma, em usurpação ao governo que Deus
havia dado ao espírito do homem, passou a existir porque o espírito morreu, ou seja, no ato
da desobediência, cessou automaticamente toda a comunhão espiritual que ele mantinha
com Deus.
A vida do nosso espírito depende inteiramente que ela seja insuflada pelo Espírito de Deus.
Cessada a comunhão com Ele, o nosso espírito
morre, fica separado da vida de Deus, e com isto nos tornamos fracos (Rom 5.6), incapacitados
para exercermos governo, por meio do nosso espírito, sobre a nossa alma (sentimentos,
emoções, vontade, razão).
Pecado é portanto, basicamente isto.
Tudo o mais (pensamentos, atos, omissões
errados) é mera consequência desta grande realidade que a tudo dá causa.
É somente em Cristo que esta situação pode ser
revertida.
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Porque sem Ele, não podemos ter a habitação e o governo do Espírito Santo, que é vitalmente
necessário para a ressurreição do nosso espírito, que se encontra morto (não aniquilado,
mas sem comunhão com Deus e incapacitado de todo ato de adoração em espírito e em verdade).
É por meio de Cristo que ocorre o reavivamento
da consciência (outra faculdade do espírito).
Da consciência que se achava morta quanto ao
conhecimento real da pessoa de Deus, e de quem somos de fato a seus olhos.
A razão desta morte da consciência em relação
ao que é espiritual e verdadeiro quanto às realidades espirituais, celestiais e divinas, é
consequente do fato de se achar o espírito também morto em delitos e em pecados.
Por isso Jesus diz que é somente nEle que podemos conhecer a verdade (sobretudo a pessoa de Deus e Sua Palavra), quando somos
libertados do pecado, ou seja, desta condição terrível de morte espiritual, na qual todos se
encontram naturalmente, sem Ele, e sem a habitação do Espírito Santo, que é o agente da
nossa ressurreição espiritual.
Col 2:12 tendo sido sepultados, juntamente com
ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus
que o ressuscitou dentre os mortos.
Col 2:13 E a vós outros, que estáveis mortos pelas
vossas transgressões e pela incircuncisão da
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O Juízo Perfeito Preserva o Amor
A EXIGÊNCIA DA JUSTIÇA DE DEUS é que o homem deve ser perfeitamente santo como Ele
é santo.
Afinal, criou o homem para este propósito.
A REIVINDICAÇÃO DO AMOR DE DEUS é que o
homem deve amá-lo com o mesmo amor com que Ele nos ama.
A EXIGÊNCIA DO SEU JUÍZO é que o que nele crê
seja salvo, e o que não crê condenado.
A EXIGÊNCIA DA SUA MISERICÓRDIA é que o homem seja perfeito em misericórdia tal como
Ele é misericordioso.
Estas perfeições exigidas também se aplicam à bondade divina, longanimidade, alegria, e a elas
devem ser acrescidas as relativas ao nosso dever de cultuá-lo, adorá-lo, servi-lo e também amar
ao nosso próximo.
CONCLUSÃO: Sem o perdão e salvação de Cristo o homem está perdido.
É desta forma que se deve fazer uma correta
apreciação da medida da relação do amor de Deus com os seus juízos.
48
Se for feita uma avaliação apressada e sem levar em conta todos os seus atributos, é bem possível
que se chegue a uma conclusão errada, principalmente no que respeita a não se
entender como Ele pode ser amor, e ao mesmo tempo condenar pessoas a um juízo de
condenação eterna.
Por incrível que pareça, é justamente pelos
juízos que executa com perfeição e reta justiça, que o amor é preservado e garantido.
Se o mal não fosse punido, e o bem fosse condenado, o amor seria totalmente arruinado.
Haveria a perversão do direito garantido pelo
que existe no próprio ser divino.
As demandas da justiça o exige, e o próprio
pecador clama por ser julgado, como também as suas causas, por um juiz que julgue com justiça
exata.
As ofensas não perdoadas e continuadas, permanecem ferindo, magoando os ofendidos,
e enchendo os corações dos ofensores de ódio, de ira, de violência e de taras. E porventura tudo isto, não é o oposto do amor?
Como poderia então Deus ser amor, fechando os
olhos para tudo aquilo que se faz de errado?
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E que contraria os próprios princípios da natureza implantados na consciência humana?
Os céus reclamam, e a terra também reclama, para que o Grande Juiz continue no seu trono,
cuja base é justiça, paz e segurança, para o conforto e encorajamento dos que amam.
Todavia, devemos ir um pouco além de tudo isto, e para sermos justos em medida correta,
deve ser dito que Deus provou o Seu amor dando-nos o Seu próprio Filho Jesus Cristo, que
se fez maldito no nosso lugar, para que pudéssemos ser perdoados, e capacitados pela
Sua vida e graça, pelo Espírito, a viver no amor e na justiça do modo que é por Deus exigido.
Embora ainda imperfeitos neste tempo, somos salvos na esperança, por um decreto divino,
daquilo que ainda seremos, quando partirmos para estarmos para sempre com Ele, nas
perfeições da Sua glória.
50
O Grande e Principal Problema é a Incredulidade
Quando lemos a epístola aos Hebreus,
especialmente os seus capítulos terceiro e quarto, nós vemos que o grande problema do
homem é a incredulidade.
A falta de fé em Cristo, do modo pelo qual
convém ser crido, em testemunho de uma vida transformada pelo Espírito Santo, é deveras o
único e grande problema da humanidade.
Porque tudo é possível ao que tem fé no Senhor, conforme Ele mesmo afirmara em Seu
ministério terreno.
Sem fé nEle é impossível agradar à justiça de
Deus.
Sem ser justificado pela fé, se permanece
debaixo da condenação da lei divina, em razão da natureza pecaminosa que existe em todas
pessoas, sem uma única exceção, conforme ensinado pela Bíblia, e especialmente em todo o
Novo Testamento.
Mais do que enfermo espiritualmente, o ser
humano se acha morto no que tange ao seu espírito, por causa do pecado.
Somente Cristo é a resposta para a ressurreição
espiritual que toda e qualquer pessoa necessita, para poder ter acesso ao reino dos céus e à sua
justiça.
Fé genuína e salvadora em Cristo é tudo quanto
é pedido por Deus, e quanto se necessita para ser
51
livrado da condenação eterna no dia do grande juízo de Deus, e para se ter acesso à vida do céu.
Nada mais pode dar ao homem a vida eterna.
Esforços para vencer o pecado serão em vão
para tal propósito da justificação, porque esta é somente por graça e mediante a fé.
Olhar para si mesmo e lamentar a condição de
pensamentos e erros praticados, e somente isto, será de pouca ou nenhuma ajuda, porque Deus
nos convoca a olharmos para Cristo com os olhos da fé, e somente isto, para que sejamos salvos.
Nosso grande problema não é portanto o quanto
temos acertado ou errado, mas se temos ou não temos a fé que salva.
Por isso, o problema central e principal do homem, como a Bíblia afirma, é a incredulidade.
É por ela que somos condenados.
Porque caso crêssemos seríamos salvos, e eternamente salvos.
Não foi sem motivo que nosso Senhor proferiu para Nicodemos as seguintes palavras no
diálogo que tivera com ele no passado:
“A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em
verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura,
voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?
52
Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não
pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.
Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim
é todo o que é nascido do Espírito.
Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode
suceder isto? Acudiu Jesus:
Tu és mestre em Israel e não compreendes estas
coisas?
Em verdade, em verdade te digo que nós
dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso
testemunho.
Se, tratando de coisas terrenas, não me credes,
como crereis, se vos falar das celestiais?
Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem que está
no céu.
E do modo por que Moisés levantou a serpente
no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado,
para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.
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Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o
mundo fosse salvo por ele.
Quem nele crê não é julgado; o que não crê já
está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (João 3.3-18)
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O Coração Quebrado É Precioso
Um coração quebrado não é precisamente um coração preocupado, ou meramente triste, mas
um coração que foi pisoteado, ferido. E maior será este quebrantamento, caso tenha sido
produzido por pessoas amadas e queridas.
Posso encontrar-me triste pelas preocupações que tenha em relação ao comportamento de
uma pessoa amada que esteja vivendo de modo contrário à vontade de Deus, todavia, tal pessoa,
ainda que me entristeça, não chega a quebrar o meu coração, porque não há, neste caso, a
intenção de me ferir ou prejudicar.
Então, não temos nisto um exemplo de um coração quebrantado ou quebrado, mas de um
coração simplesmente entristecido.
Mas, quando as atitudes ou ações de tal pessoa têm o propósito deliberado de me ferir, por
palavras, atos ou omissões que me são dirigidos com a intenção de machucar, humilhar e
magoar, então o coração poderá ser partido em centenas de pedaços que somente o amor e o
poder de Deus poderão juntar e sarar.
Todavia, um coração quebrantado é de grande
utilidade para Deus, conforme afirmado pela própria Bíblia, e, talvez daí, seja permitido por Ele que experimentemos tantas frustrações,
desilusões e dissabores neste mundo.
Isaías 61:1 O Espírito do SENHOR Deus está
sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para
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pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a
proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados;
Salmos 51:17 Sacrifícios agradáveis a Deus são o
espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus.
Salmos 34:18 Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito
oprimido.
Salmos 147:3 sara os de coração quebrantado e lhes pensa as feridas.
Para nos curar de um ego orgulhoso, egoísta e
inchado, Deus permite que primeiro sejamos quebrados, para que Ele possa realizar a cura
que nos libertará do nosso endurecimento natural, que nos impede de perdoar e amar
aqueles que nos têm ferido, até mesmo com atos de maldade, voluntários ou inconscientes,
inspirados ou não por demônios.
Como ajudaríamos ou compreenderíamos a grande massa de pessoas feridas que se
encontra vencida por mágoas, amarguras, tristezas e ressentimentos, caso nós mesmos
não tivéssemos o nosso coração quebrado especialmente por aqueles a quem amamos?
Como saberíamos quão duro e difícil é
permanecer numa atitude de paz, alegria e
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amor, uma vez que tenhamos sido feridos de maneira injusta e maldosa?
Como saberíamos que na verdade é impossível ser libertados por nossa própria capacidade e
poder de tais sentimentos de amargura, tristeza e ressentimento?
Como aprenderíamos que a vitória é alcançada, somente quando recorremos à graça de Deus,
nos humilhando debaixo da Sua vontade, e lhe pedindo que nos dê um coração amoroso e
verdadeiramente perdoador tal como o dEle, para que sejamos sarados das profundas feridas
que quebraram o nosso coração?
Nosso Senhor em seu grande amor pela
humanidade, conheceu no mais alto grau, o que é sofrer ingratidão, perseguição e até mesmo a
maldade dos homens, e isto da própria nação de Israel que Ele tanto amava.
O apóstolo Paulo também experimentou este
quebrantamento, conforme ele mesmo expressou em suas epístolas, e como podemos observar no relato do livro de Atos.
Todavia, eles não se deixaram vencer por
amarguras, mágoas e ressentimentos. Ao contrário, permitiram que Deus lhes desse
graça para suportarem muitas tristezas, ao mesmo tempo que lhes revestia de poder para
amarem ainda mais aqueles que os feriam.
Um coração que foi realmente quebrado poderá
receber graça da parte de Deus para ser sarado. E melhor ainda, ser convertido a Ele, porque o
ego inchado terá dado lugar a uma cerviz
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amolecida e a um espírito quebrantado que buscará e aceitará o socorro divino.
Não se deve desprezar portanto as muitas
feridas que se tenha sofrido ao longo da vida. Estas feridas são preciosas para Deus, porque
por meio delas pode fazer uma nova pessoa, transformada pelo Seu amor, e cheia de bondade e perdão, tal como eles existem no
próprio coração de Deus.
Oremos então pelo bem dos que nos amaldiçoam e perseguem. Amemos os nossos
inimigos e aqueles que sendo amigos agem no entanto, em relação a nós como se fossem
nossos inimigos. Porque é assim fazendo que Deus nos concede a Sua graça para que
possamos viver de fato sempre alegres no espírito, com paz em nossos corações, em
nossas mentes e almas, e cheios do Seu próprio amor divino.
58
O Arrebatamento do Profeta Elias
O primeiro grande ensinamento do arrebatamento de Elias é que Deus é poderoso
para intervir na condição de mortalidade a que ficou sujeita a humanidade, com o pecado
original, dando e mantendo a vida, de quem Ele quiser, segundo o conselho da Sua própria
vontade soberana.
Tendo feito a promessa de vida eterna àqueles
que se arrependessem dos seus pecados convertendo-se a Ele de coração, os tais podem
ter no exemplo do arrebatamento de Elias a garantia de que ainda que morram, não
morrerão no entanto, espiritual e eternamente, e terão os seus corpos ressuscitados para
experimentarem o mesmo tipo de arrebatamento do profeta, quando Cristo vier
buscar aqueles que nele creem.
Deus arrebatou Elias e confirmou posteriormente, que ele se encontra com Ele no céu, quando lhe deu também a grande honra de
estar juntamente com Moisés, na presença de Jesus no monte da Transfiguração.
Há grande recompensa para aqueles que lutam
contra o pecado e que procuram a todo instante, serem achados santificados pelo Espírito Santo
e pela Palavra, na presença do Senhor.
Assim como o arrebatamento de Elias foi
invisível aos olhos dos homens, quando ele subiu aos céus numa carruagem de fogo, exceto
para Eliseu, a quem foi permitido vê-lo, por
59
causa de um propósito específico de torná-lo sucessor de Elias, de igual modo, o
arrebatamento dos que creem em Cristo será também invisível aos olhos daqueles que não
forem arrebatados.
Deus fez isto com Elias e fará o mesmo com os que têm fé, no tempo do fim, porque é algo
muito precioso para Ele e para aqueles que o experimentarem, de modo que se torna algo
para ser alcançado somente por fé na Sua promessa.
Isto foi prometido a Elias, de maneira que até
mesmo os discípulos de profetas de Betel e de Jericó o souberam, mas não pelo fato de ter sido
alardeado o evento, mas por ter sido preanunciado pelo Senhor, antes que o fizesse.
Seria algo grandemente extraordinário, mas
Elias creu na promessa, assim como Eliseu.
A fé dos demais profetas não foi tão grande
quanto a deles, porque insistiram com Eliseu para procurarem pelo corpo de Elias, depois que
este havia desaparecido das suas vistas.
Assim se dá com todos os mistérios e promessas do Reino de Deus, que são concedidos por Deus
para serem experimentados e vistos somente por aqueles que se aproximam dEle com um
coração fiel, sincero e cheio da verdadeira fé que é dada por Ele como um dom, aos que se
aproximam dEle de tal maneira, de modo a poderem se comunicar com Ele e se tornarem
canais receptores da Sua infinita graça.
60
E este testemunho de piedade deve ser dado em meio a uma geração corrompida e má, tal como
fizera Elias e os profetas, que se uniram a ele em seu ministério, pois ao que vemos, ele manteve
uma de suas escolas de profetas exatamente na cidade em que havia um dos bezerros de ouro,
com o culto que havia sido instituído por Jeroboão, isto é, em Betel.
Quando ele soube que estava para ser elevado ao céu, num redemoinho, o Senhor o enviou a
Betel (II Reis 2.2); e também a Jericó (v. 4, 5), onde havia outra escola de profetas, provavelmente
com o propósito de confirmar a fé dos profetas que se encontravam tanto em Betel, quanto em
Jericó, e também para por à prova a determinação de Eliseu em ser o seu sucessor,
porque não somente quando Elias deixou Gilgal rumo a Betel (v. 1), como também quando foi
enviado pelo Senhor de Betel a Jericó (v. 4), e ainda quando partiu de Jericó em direção ao rio
Jordão (v. 6), ele disse a Eliseu que ficasse tanto em Gilgal, quanto em Betel e Jericó, mas este
não consentiu com o pedido de Elias e o seguiu com a firme determinação de quem espera por
uma grande bênção.
Ele sabia que o arrebatamento do profeta ocorreria naquele mesmo dia em que estiveram
em Betel, e que lhe cabia estar junto dele quando ocorresse o evento, porque ainda que
não lhe tivesse sido revelado diretamente pelo Senhor, com antecedência, sabia que algo
extraordinário ocorreria, para que tivesse a
61
convicção de que havia sido escolhido por Deus para ser o sucessor de Elias, com o recebimento
de uma medida do Espírito Santo ainda maior do que a que fora dada a ele.
Quando Elias parou junto ao rio Jordão acompanhado de Eliseu, cinquenta profetas os
seguiram e ficaram contemplando os dois de longe (v. 6,7).
Eles sabiam que Elias seria arrebatado, e foram lhes seguindo, certamente para satisfazerem à
sua curiosidade, sem saberem que não lhes seria permitido por Deus verem o profeta sendo
elevado aos céus.
Eles não testemunhariam o evento em si, mas
seriam testemunhas de que o Senhor havia de fato feito com que o profeta desaparecesse
debaixo das suas vistas.
Elias dobrou a sua capa, e com ela feriu as águas do rio Jordão, que se dividiram, de modo que
tanto ele, quanto Eliseu, atravessaram para o outro lado a pé enxuto (v. 8).
Elias estava coberto com o manto da justiça de Cristo, e foi por meio desta justiça, representada
na capa que trazia sobre si, que as águas do Jordão se dividiram, porque é a justiça de Deus o
grande divisor de águas deste mundo, pois é por ela, sendo recebida pela graça, por meio da fé no
Senhor, que podemos ser aceitos por Deus e fazer as Suas obras.
Elias tinha retornado à terra onde ele nascera, isto é, à Transjordânia, e assim, seria tomado aos
céus, a partir do mesmo lugar do qual havia
62
partido no início do seu ministério para entrar em cena em Israel, do outro lado do Jordão,
especialmente em Samaria, na tribo de Efraim, cidade em que se encontrava a capital do Reino
do Norte.
E debaixo da instrução do Senhor, Elias disse a
Eliseu que lhe pedisse o que queria que lhe fizesse, antes que fosse tomado aos céus.
Nós vemos nisto, mais uma vez, Deus provando o coração daqueles que desejam se aproximar
dEle para servi-lO no ministério.
Ele faz com que eles próprios possam conhecer
o quanto prezam os Seus dons, o quanto realmente desejam se consagrar ao Seu serviço.
Ele já conhece o que se encontra no nosso
coração e qual é a condição do nosso espírito, mas Ele quer que nós mesmos possamos
conhecer isto.
No caso de Eliseu, ele não pediu nada para si que
não fosse relacionado ao desejo do próprio Deus.
Ele não queria fazer a sua própria vontade mas
a do Deus de Elias, que era também o seu Deus.
Então ele ousa pedir uma medida maior,
dobrada, do espírito de Elias.
Aquilo que Elias havia sido para o Senhor ele desejava ser duas vezes mais. E tudo o que Elias
havia feito ele queria fazer duas vezes mais (v. 9).
Não admira portanto que a resposta de Elias
para ele tenha sido: “Coisa difícil pediste”, entretanto, como não era impossível mas
apenas difícil, foi respondido também:
63
“Todavia, se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não, não se fará.”.
Não estava na esfera de Elias assegurar um tal pedido, senão somente na do Senhor.
Ele devia estar esperando que Eliseu apenas lhe pedisse para ser o seu sucessor, conforme havia
sido ungido anteriormente por ele próprio para que o fosse, mas, pela sua resposta, nós
podemos supor que aquilo havia sido algo inesperado para ele, e assim, ele agiu debaixo da
direção divina de modo a que fosse dada uma evidência a Eliseu de que Deus havia atendido
ou não o seu pedido de receber uma porção dobrada do Espírito Santo.
Se esta porção na vida de Elias era muito grande e incomum, quanto não seria uma porção
dobrada da que ele havia recebido da parte de Deus?
Assim, não seria uma coisa difícil para Deus
fazer, senão para ser concedida.
Era de fato um pedido muito ousado e somente
estava na esfera do Senhor fazer isto ou não.
A sucessão não dependeria de nenhuma
confirmação ou evidência, pois era uma questão que já havia sido fechada pelo Senhor, mas este
pedido precisava de uma evidência, e como estava determinado que o arrebatamento não
seria visível a nenhum outro olho humano, senão ao do próprio Elias, então, por inspiração
divina, ele disse a Eliseu que caso o visse sendo tomado aos céus é porque Deus lhe concederia
o que havia pedido, e em caso contrário, ele
64
deveria se contentar com a medida que Deus tivesse planejado para ele.
Nós vemos nesta resposta que as questões relativas ao reino dos céus não estão fechadas
quanto à medida de consagração que possamos ter, e isto se aplica igualmente aos dons e tudo o
que se refira à graça e ao poder que podemos receber de Deus, dentro das faixas de limite máximo que Ele tenha determinado para cada
um de nós.
Por isso, somos incentivados a buscar os
melhores dons e a abundar neles (I Cor 12.31; 14.12), a pedir, a buscar e a bater (Mt 7.7), não
obstante, sabendo que Deus tem concedido uma medida de fé a cada um de nós, e que somente a
Cristo, o Espírito Santo não foi dado por medida (Rom 12.3-6).
O preparo de Eliseu por Elias foi adequado, de modo que o seu ministério poderia ser
encerrado para que Eliseu começasse o dele na condição de seu sucessor.
E ali estavam os dois caminhando e conversando junto ao rio Jordão, o mestre e o
seu discípulo, sob a expectativa da separação que ocorreria, quando um carro de fogo com
cavalos de fogo os separou elevando Elias ao céu num redemoinho (v. 11).
É bem provável que este carro de fogo com cavalos de fogo eram anjos seráficos, que
haviam tomado aquela forma, para dar ao profeta a honra de ser conduzido ao céu numa
carruagem celestial.
65
A palavra Serafim, significa ardentes ou abrasadores porque é uma palavra plural para
seraf, fogo.
É a mesma palavra que ocorre em Is 6.2, 6 para
designar os serafins, e que também encontramos em Nm 21.6, 8; Dt 8.15 e Is 14.29,
30.6, que é traduzida por fogo ou abrasadores, e nada impede que tenham sido eles ou alguma outra ordem de anjos que conduziu Elias ao céu,
pois é comum vermos no texto do Velho Testamento várias referências a anjos com
aparência de chamas de fogo, e que subiam ao céu no fogo do altar em que foram oferecidos
holocaustos a Deus, por exemplo pelos pais de Sansão (Jz 13.20).
“Ora, quanto aos anjos, diz: Quem de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de
fogo.” (Hb 1.7).
Este texto de Hebreus é muito instrutivo quanto
ao fato de que é o Senhor quem dá a forma de ventos e de labaredas de fogo ao seus anjos, pelo
Seu próprio poder, quando quer usá-los desta forma.
Quando Eliseu viu Elias subindo ao céu naquele carro de fogo com cavalos de fogo, num
redemoinho, clamou: “Meu pai, meu pai! o carro de Israel, e seus cavaleiros!”. E em
reverência a Deus e como sinal do impacto que sentiu com aquela separação abrupta ele rasgou
as suas vestes ao meio (v. 12).
Elias foi como um pai para ele e se sentia agora
como um filho que estava sendo desamparado
66
daquele que havia sido durante toda a sua vida o carro e os cavaleiros do exército espiritual de
Israel, pois era especialmente por ele que o Senhor trouxe os seus tremendos juízos contra
aqueles que se opuseram à Sua vontade.
Aquele único profeta valia para Deus muito mais do que mil exércitos.
A terra era agora deixada desamparada da sua
presença porque o Senhor o havia tomado para Si, tal como tinha feito com Enoque no passado.
Ele não saiu do mundo pela morte, mas ainda
em vida e em pleno vigor.
O mundo não merecia de fato aquele homem santo, que havia se consagrado inteiramente ao
serviço do Seu Deus, e que fizera dEle e da Sua vontade a sua única razão de viver.
Quando os nossos amados partem deste mundo, nós temos ainda o conforto da presença do Senhor, ao qual nós podemos nos dirigir, para
estar em nossa companhia.
Eliseu havia visto Elias subir ao céu, então isto
era sinal de que receberia a porção dobrada que havia pedido ao seu mestre.
Ele deve ter lembrado disto logo que se
recuperou de sua estupefação, e pegando o manto de Elias que dele caíra, quando subia ao
céu, dirigiu-se ao Jordão para atravessar para o outro lado, para Jericó, onde se encontravam os
discípulos dos profetas, que estavam defronte dele.
O legado visível que Elias lhe deixara foi o seu
manto, mas havia um outro legado, o do poder
67
do Senhor que seria manifestado agora diante daqueles profetas, de modo que Eliseu fosse
engrandecido diante deles como o escolhido do Senhor para ser o sucessor de Elias.
E isto foi marcado com a inspiração e grande fé que o Senhor deu a Eliseu para ferir as águas do
Jordão com o manto de Elias, fazendo-o em Seu nome, a saber o Senhor (YHWH) Deus (Elohim)
de Elias, isto é o mesmo Deus de Elias.
O resultado foi que tal como ocorrera com o
gesto de Elias, também sucedeu com o de Eliseu, pois as águas do Jordão foram divididas, para
que ele passasse a pé enxuto para o outro lado (v. 13, 14).
Mas o grande resultado esperado por Deus viria
ainda a acontecer, que foi o reconhecimento por parte dos demais profetas que viram aquilo
suceder, que o espírito de Elias repousava sobre Eliseu, isto é, o mesmo poder espiritual de Elias,
que lhe fora dado por Deus havia sido dado agora a Eliseu, e por isso eles reverenciaram o profeta
inclinando-se perante ele com o rosto em terra (v. 15).
A prova de que estes profetas não haviam visto nada relativo ao arrebatamento, senão apenas
que Elias havia desaparecido sem que eles o notassem, está nos versos 6 a 8, porque
insistiram muito com Eliseu para que fossem enviados cinquenta homens à procura de Elias,
porque pensavam que o Espírito Santo havia arrebatado Elias e o havia lançado em algum
monte ou vale.
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Eliseu lhes disse que não o fizessem pois havia visto Elias subir ao céu, mas como continuaram
insistindo ele o permitiu por causa do constrangimento, mas não por ter duvidado de
que Elias havia sido elevado ao céu.
E eles efetuaram uma busca de três dias, e não
tendo achado a Elias voltaram a ter com Eliseu em Jericó, onde ele havia permanecido, desde
que haviam saído para aquela busca que ele sabia de antemão que seria frustrada.
“1 Quando o Senhor estava para tomar Elias ao
céu num redemoinho, Elias partiu de Gilgal com Eliseu.
2 Disse Elias a Eliseu: Fica-te aqui, porque o Senhor me envia a Betel. Eliseu, porém disse:
Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim desceram a Betel.
3 Então os filhos dos profetas que estavam em
Betel saíram ao encontro de Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu
senhor por sobre a tua cabeça? E ele disse: Sim, eu o sei; calai-vos.
4 E Elias lhe disse: Eliseu, fica-te aqui, porque o Senhor me envia a Jericó. Ele, porém, disse: Vive
o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim vieram a Jericó.
5 Então os filhos dos profetas que estavam em Jericó se chegaram a Eliseu, e lhe disseram:
Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor por sobre a tua cabeça? E ele disse: Sim, eu o sei;
calai-vos.
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6 E Elias lhe disse: Fica-te aqui, porque o Senhor me envia ao Jordão. Mas ele disse: Vive o Senhor,
e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim ambos foram juntos.
7 E foram cinquenta homens dentre os filhos dos profetas, e pararam defronte deles, de
longe; e eles dois pararam junto ao Jordão.
8 Então Elias tomou a sua capa e, dobrando-a,
feriu as águas, as quais se dividiram de uma à outra banda; e passaram ambos a pé enxuto.
9 Havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te faça, antes que
seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja sobre mim dobrada porção de teu espírito.
10 Respondeu Elias: Coisa difícil pediste. Todavia, se me vires quando for tomado de ti,
assim se te fará; porém, se não, não se fará.
11 E, indo eles caminhando e conversando, eis
que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num
redemoinho.
12 O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu
pai! o carro de Israel, e seus cavaleiros! E não o viu mais. Pegou então nas suas vestes e as
rasgou em duas partes;
13 tomou a capa de Elias, que dele caíra, voltou e
parou à beira do Jordão.
14 Então, pegando da capa de Elias, que dele
caíra, feriu as águas e disse: Onde está o Senhor, o Deus de Elias? Quando feriu as águas, estas se
dividiram de uma à outra banda, e Eliseu passou.
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15 Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte dele em Jericó, disseram: O
espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vindo ao seu encontro, inclinaram-se em terra diante
dele.
16 E disseram-lhe: Eis que entre os teus servos há cinquenta homens valentes. Deixa-os ir,
pedimos-te, em busca do teu senhor; pode ser que o Espírito do Senhor o tenha arrebatado e
lançado nalgum monte, ou nalgum vale. Ele, porém, disse: Não os envieis.
17 Mas insistiram com ele, até que se
envergonhou; e disse-lhes: Enviai. E enviaram cinquenta homens, que o buscaram três dias,
porém não o acharam.
18 Então voltaram para Eliseu, que ficara em Jericó; e ele lhes disse: Não vos disse eu que não
fôsseis?
19 Os homens da cidade disseram a Eliseu: Eis que a situação desta cidade é agradável, como vê
o meu senhor; porém as águas são péssimas, e a terra é estéril.
20 E ele disse: Trazei-me um jarro novo, e ponde
nele sal. E lho trouxeram.
21 Então saiu ele ao manancial das águas e,
deitando sal nele, disse: Assim diz o Senhor: Sarei estas águas; não mais sairá delas morte nem esterilidade.
22 E aquelas águas ficaram sãs, até o dia de hoje, conforme a palavra que Eliseu disse.
23 Então subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo
caminho, uns meninos saíram da cidade, e
71
zombavam dele, dizendo: Sobe, calvo; sobe, calvo!
24 E, virando-se ele para trás, os viu, e os
amaldiçoou em nome do Senhor. Então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram
quarenta e dois daqueles meninos.
25 E dali foi para o monte Carmelo, de onde
voltou para Samaria.” (II Rs 2.1-25).
72
O Alvo da Consagração
Caso falte ao cristão uma real e sincera
consagração à vontade de Deus, por se colocar voluntariamente sob a disciplina do Espírito
Santo, sabendo que isto implicará muitas vezes não somente em que a sua própria vontade seja
contrariada, mas sobretudo crucificada, para que se cumpra em Sua vida o que é ordenado
pelo Senhor em Sua Palavra, tal cristão, não poderá viver a verdadeira vida cristã.
Isto pode ser resumido simplesmente nas
poucas palavras do apóstolo: “Já não vivo eu, Cristo vive em mim”. É Cristo vivendo em nós e
por nós, no que consiste a vida cristã.
Isto explica porque tantas promessas e votos de
fidelidade e obediência a Deus não duram mais do que breves momentos ou dias.
Muitos cristãos pensam que o ato da
consagração é um ato de mera deliberação de vontade. De expressão de um desejo de se
consagrar.
A consagração será medida por uma renúncia diária e cada vez maior a tudo e a todos, para que
se possa ter mais da vida de Cristo em nós.
Por isso necessitamos da disciplina do Espírito
Santo, que mortifica o nosso ego, pelas tribulações, e triunfando nós sobre elas pelo seu
poder divino, para que não estejamos mais ocupando o centro das nossas vidas, mas o
próprio Cristo.
73
Enquanto a nossa vida estiver nas nossas mãos pouco ou nada poderá o Senhor fazer por nós.
Mas se a colocarmos nas Suas mãos divinas, Ele nos modelará tal como faz o oleiro em relação ao
barro.
É de crucial importância, para todo cristão,
saber esta verdade, e mais do que conhecê-la, praticá-la, para que não viva a se iludir e a viver
uma espécie de vida cristã falsa e romântica, que não passa de expressões de meros desejos
de obedecer a Deus.
Simples deliberações nunca poderão nos
conduzir a uma real santificação, porque não haverá em nós o poder celestial e espiritual para
mortificarmos as paixões da carne e os desejos do ego contrários à Palavra de Deus, quanto
mais permitirmos que nossa alma seja governada pelo Espírito Santo, mediante os
mandamentos de Deus.
É uma ilusão portanto, pensar que meros votos
de fidelidade e obediência poderão produzir por si sós, uma verdadeira consagração.
É preciso ter real temor do Senhor e da Sua Palavra.
É preciso ter fé em tudo o que a Bíblia afirma.
E muito mais do que concordar com o que afirma o texto bíblico, é necessário ter
humildade para pedir e depender do Espírito Santo para ter o entendimento iluminado e
renovado, para que possa compreender e viver tudo o que Deus nos tem ordenado em Sua
Palavra.
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Isto não é algo fácil. É muito difícil, e demanda constância, vigilância, exercício do espírito,
fidelidade, oração, perseverança, para que o Espírito Santo possa nos disciplinar segundo
não a nossa própria vontade, mas segundo a vontade de Deus e a mente de Cristo.
Por isso o apóstolo indaga quem é suficiente para tais coisas, ou seja, quem teria poder para
alcançá-lo por si mesmo, pela sua própria capacidade e poder, caso não fosse assistido pela
graça de Deus?
Assim, o próprio ato de consagração, ainda que
verdadeiro e permanente, não é um fim em si mesmo, mas o meio necessário para que Deus
possa operar em nós a Sua vontade, pelo poder do Espírito.
Quem de si mesmo é apto para suportar ofensas?
Quem pode discernir suas próprias faltas, e as necessidades espirituais de outros?
Quem sabe quais palavras conduzirão alguém à
conversão a Cristo?
Quem pode ser submisso de coração a quem
convém, pelo seu próprio poder e vontade?
Quem dará honra a quem é devido honra,
mesmo quando for humilhado?
Quem caminhará a segunda milha? Quem dará a outra face que não foi ferida? Quem perdoará
até setenta vezes sete?
O que simplesmente afirma que reconhece que
necessita aprender obedecer a Deus?
75
Não! Pois muitos têm afirmado isto e têm falhado repetidas vezes.
Somente um vencerá, e é aquele que se deixou
vencer pelo poder do Espírito Santo, e que portanto, aprendeu a negar a si mesmo e a
carregar diariamente a sua cruz, seguindo as mesmas pegadas de nosso Senhor Jesus Cristo.
Não é o que diz que reconhece que necessita ser
obediente que virá a obedecer de fato a Deus. Jesus ilustrou isto de modo muito claro na
parábola dos dois filhos.
Não é pelo que dizemos que se conhece aquilo
que faremos de fato.
Isto não é uma mera questão de palavras, mas de vida.
Não se trata de dor de consciência, ou de mero remorso, porque isto esteve presente até
mesmo no próprio Judas.
É possível beijar a Cristo para negá-lo e traí-lo.
Por isso o nosso coração de pedra não deve ser melhorado, mas trocado. Ele não deve ser
curado, mas crucificado. E isto é tarefa para todos os dias das nossas vidas. Por um constante
recorrer à graça de Deus para que sejamos despojados do velho homem com os seus feitos
carnais, para sermos revestidos do novo homem que é criado segundo a imagem de Deus em
Cristo Jesus.
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Justiça da Lei x Justiça da Fé
Rom 1:16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego;
Rom 1:17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O
justo viverá por fé.
Há alguns anos atrás, com base neste texto da
Bíblia, se alguém me perguntasse que justiça de Deus é esta que se revela no evangelho, logo me
viria à mente a ideia de juízo divino, da justiça da sua lei que nos condena; e não a justiça da fé que
nos salva.
Apesar de o texto bíblico falar explicitamente de
uma justiça divina que é segundo o evangelho e a fé, de tão acostumados que estamos com a
noção de justiça sendo aplicada apenas para julgamento, torna-se muito difícil para nós
entendermos que a justiça do evangelho e da fé não é para condenação, para juízo, mas para a
nossa justificação, libertação, salvação.
No próprio texto da epístola aos Romanos, esta
justiça da fé é explicada abundantemente, como nas seguintes passagens:
Rom 4:2 Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante
de Deus.
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Rom 4:3 Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
Rom 4:4 Ora, ao que trabalha, o salário não é
considerado como favor, e sim como dívida.
Rom 4:5 Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é
atribuída como justiça.
Rom 4:6 E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui
justiça, independentemente de obras:
Rom 4:7 Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são
cobertos;
Rom 4:8 bem-aventurado o homem a quem o
Senhor jamais imputará pecado.
Este texto revela claramente que a justiça de Deus, que é revelada no Evangelho, é a mesma
justiça que operou no Velho Testamento, e que foi somente por esta justiça da fé em Deus, que
Abraão foi justificado e salvo.
A Lei viria somente 430 anos depois de Abraão com Moisés, e no entanto, a Lei que passou a
vigorar não poderia anular esta justiça da fé que operava e caminhava ao lado da Lei, desde o
início da criação, e que se baseava no cancelamento da nossa dívida de pecado, por
causa da fé no sacrifício que seria oferecido por Jesus na cruz, e cuja validade é eterna aos olhos
de Deus, podendo assim, também justificar aos que viveram no passado, antes do Senhor Jesus
ter se oferecido no nosso lugar.
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Rom 9:30 Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justificação, vieram a
alcançá-la, todavia, a que decorre da fé;
Rom 9:31 e Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei.
Rom 9:32 Por quê? Porque não decorreu da fé, e
sim como que das obras. Tropeçaram na pedra de tropeço,
A nação de Israel com a qual foi celebrada a Aliança da Lei, ou Antiga Aliança, não
conseguiu enxergar que ao lado da justiça da Lei, que não pode justificar e salvar, havia
também esta justiça da fé, e tendo se endurecido para a recepção da salvação, pela simples fé no
Senhor Jesus, não chegaram a alcançar a justificação, porque esta é somente e
exclusivamente por graça, e mediante a fé.
Deus determinou que deveria ser apenas por este modo e ponto final.
Não pode justificar e salvar por qualquer
caminho diferente deste que foi por ele estabelecido.
Rom 10:3 Porquanto, desconhecendo a justiça
de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.
Rom 10:4 Porque o fim da lei é Cristo, para
justiça de todo aquele que crê.
Rom 10:5 Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá
por ela.
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Rom 10:6 Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes em teu coração: Quem subirá
ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo;
Rom 10:7 ou: Quem descerá ao abismo?, isto é,
para levantar Cristo dentre os mortos.
Rom 10:8 Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a
palavra da fé que pregamos.
Rom 10:9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que
Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
80
Força e Coragem Vêm do Senhor
Salmos 29:11 O SENHOR dá força ao seu povo, o SENHOR abençoa com paz ao seu povo.
Salmos 118:14 O SENHOR é a minha força e o meu cântico, porque ele me salvou.
Isaías 12:2 Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o SENHOR Deus
é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação.
Jeremias 16:19 Ó SENHOR, força minha, e fortaleza minha, e refúgio meu no dia da
angústia
De onde vinha a força e a coragem de Davi, Isaías
e Jeremias para enfrentarem toda a sorte de inimigos que deram contra suas vidas?
Onde acharam paz e ousadia na enfermidade?
Onde acharam ânimo para prosseguirem em
sua caminhada com os terrores demoníacos que investiam constantemente sobre suas almas?
Na determinação deles de serem vencedores?
Somente isto lhes teria dado força e bom ânimo na aflição?
Porventura não foi o próprio Senhor a força e a coragem deles?
Certamente que sim.
De onde procedem a força e o bom ânimo do
cristão quando terríveis poderes do inferno investem contra o seu corpo, seu espírito e sua
alma?
Por isso vemos o apóstolo Paulo recomendando
aos seus cooperadores na obra do evangelho
81
que se fortalecessem no Senhor e na força do Seu poder. Que se fortalecessem na graça de
Jesus.
Isto correspondia também a lhes dizer que
nunca esquecessem qual era a fonte da alegria, da força e do bom ânimo deles nas tribulações e
em todas as lutas que tinham que enfrentar em prol do evangelho.
Sempre é o Senhor a nossa própria força.
Ai de nós se Ele não fortalecer o nosso coração!
Desfalecemos, enfraquecemos, desanimamos.
Basta que por um só instante Ele retire a Sua
mão fortalecedora de sobre nós, e logo nos vemos entregues a sentimentos de angústia e de
morte.
Isto porque o diabo não nos poupará, porque
sempre anda à espreita esperando o momento em que o Senhor permitirá que caminhemos
sem a Sua força, em alguns momentos de nossas vidas, para a prova da nossa fé, e para que
saibamos sempre, quando estivermos fortes e alegres, que é Ele próprio a fonte desta alegria e
força.
Por isso devemos orar por nós mesmos e uns
pelos outros, para que sejamos revestidos do Senhor e da força do Seu poder.
Não será portanto no nosso programa de disciplina quanto aos bons hábitos de vida, ainda
que isto seja importante, ou em qualquer outra coisa de proceda de nós mesmos, que
encontraremos a alegria e a força de viver.
82
É preciso praticar o bem, fazer o que é certo, adquirir sabedoria no viver. Tudo isto é
importante e necessário para um viver abençoado. Mas nunca será no fruto do nosso
próprio trabalho que se achará a força e alegria, porque isto sempre nos virá da parte do Senhor.
Sempre será no Senhor mesmo e no poder da Sua graça que poderemos nos achar com bom
ânimo em todas as circunstâncias.
Se Deus permitir que sejamos entregues a nós mesmos, logo nos acharemos deprimidos e
abatidos. E nenhuma força ou poder deste mundo poderá nos arrancar das mãos de tais
sentimentos arrasadores que dominam a nossa mente, o nosso corpo e o nosso espírito.
Palavras consoladoras para nada adiantarão
nestas horas.
A própria força da vontade nada poderá fazer, por mais que nos empenhemos em nos levantar
de tal abatimento.
É do céu que nos virá o socorro.
Nenhuma esperança genuinamente verdadeira
poderá nos chegar de qualquer outra parte.
E não somente seremos livrados do nosso abatimento como de tudo que possa ter dado
causa ao mesmo, quando o Senhor começar a agir em nosso favor.
Lembremos que Jesus é poderoso para nos
curar de toda e qualquer enfermidade.
Não há nenhum diagnóstico de doença incurável atestado pelos homens, que não possa
ser revertido por Ele e pela força do Seu poder.
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Não há nenhuma dificuldade, por maior que seja, que não possa ser contornada por Ele,
dando-nos a força e a coragem necessárias para enfrentá-la.
Não fiquemos portanto alegres pelo mero
pensamento de que Ele pode nos ajudar em todas as coisas, mas que efetiva e certamente
tornará a alegrar e a fortificar todos aqueles que nEle esperam e confiam tão somente nEle para
serem fortificados, alegrados e curados.
Não é portanto o nosso esforço para evitar
pensamentos de morte, temores, inquietações, ansiedades, que poderá nos livrar efetivamente de tudo isto, mas somente o poderoso braço do
Senhor.
Por isso devemos dar toda glória e honra tão
somente ao Seu grande nome, e nunca esquecermos, tal como o apóstolo Paulo que é o
próprio Senhor a fonte da nossa força e alegria, conforme podemos vê-lo fazendo tal citação em
textos como os seguintes:
Em Colossenses 1:11: sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em
toda a perseverança e longanimidade; com alegria,
Em Efésios 1:16-19:
16 não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações,
17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria
e de revelação no pleno conhecimento dele,
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18 iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu
chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos
19 e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força
do seu poder;
Em Efésios 6:10: Quanto ao mais, sede
fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.
Pastores nunca conseguirão congregações
fortes, animadas e alegres espiritualmente, por simplesmente exortarem os cristãos no sentido
de que sejam sempre alegres no Senhor e que evitem toda forma de pensamento negativo.
Alegrar-se no Senhor é um mandamento.
Pensar no que é bom e agradável é também outro mandamento.
Todavia, até mesmo os próprios pastores poderão ser entregues por Deus a profundos
sentimentos de depressão, enquanto continuam pregando aos cristãos debaixo do
seu cuidado, que eles devem estar sempre de bom ânimo e alegres. Que devem estar de bem
com a vida, sempre trazendo um grande sorriso em seus lábios.
Quem prega deste modo olhando somente para a congregação, e sem olhar para o alto
esperando que tal força e alegria de viver nos venham diretamente de Deus e do céu, pode
estar certo que terá seus esforços frustrados, por maiores e melhores que sejam suas
intenções.
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Afinal, demônios não são vencidos com argumentos.
As forças do inferno não recuam com o simples
exercício de pensamento positivo.
É pela fé no poderoso nome de Jesus que todos os nossos inimigos espirituais batem em
retirada, conforme podemos aprender fartamente em tantas passagens da Bíblia.
Em nossos abatimentos, em nossos
sofrimentos, olhemos tão somente para o Senhor, na expectativa de que a Seu tempo,
conforme o poder da Sua graça, tornará a nos alegrar e a fortificar o nosso coração.
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Esperança para Arruinados e Fracassados
A Bíblia revela como Deus trabalha com aqueles que falharam.
Deus trabalha para salvar nossas vidas das
consequências de nossos próprios fracassos e pecados.
Os fracassos tendem a fazer com que nos
depreciemos ou então que nos justifiquemos. Quando nos depreciamos. este sentimento
tende a nos colocar numa espiral descendente à medida que focalizamos os nossos fracassos.
Quando nos justificamos permanecemos cegos e endurecidos pelos nossos pecados, e não
conseguimos experimentar o amor e a misericórdia de Deus.
Frequentemente o sentimento de culpa pelos nossos fracassos interfere com a habilidade de
Deus para nos trazer restauração espiritual. A dificuldade para a restauração espiritual ocorre
porque Satanás nos tenta a pecar e busca nos envergonhar em esconder nosso pecado e culpa
diante de Deus, tal como fizera com Adão e Eva no jardim do Éden.
Satanás dirá que não temos o direito de orar por causa dos nossos pecados, e que é melhor
esconder nossos pecados do que ter uma atitude descarada de dizermos a Deus quais têm sido os
nossos erros e fracassos.
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A culpa que acompanha frequentemente o fracasso nos leva a sentir que Deus não ouvirá
nossas orações. Quando ficamos convencidos que Deus estará somente preocupado em nos
ferir quando falharmos, podemos estar seguros que estes sentimentos são incitados pelo Diabo.
Deus busca nos vestir com a retidão de Jesus Cristo. Ele quer que saibamos que permitirá que
nos levantemos na Sua presença, apesar dos nossos fracassos.
Todavia, a coisa mais fácil para se fazer se torna a coisa mais dura para ser feita, a saber, a de
buscar a misericórdia de Deus quando nós falhamos espiritualmente.
A razão da dificuldade de entoarmos louvores a Deus reside no fato de a natureza do pecado ser
tal que encobre quem nós realmente somos. O pecado é também de uma tal natureza que nos
oculta a própria natureza de Deus, que busca nos redimir, justificar em Cristo, e habitar em
cada um de nós.
Deus deseja olhar além de nossos fracassos. Ele
deseja nos limpar e nos vestir com a justiça de Jesus Cristo.
Assim, em vez de tentarmos esconder nossos
fracassos, necessitamos confessá-los a Deus, e reconhecer a nossa real condição de pecadores
diante dEle, se desejamos ser perdoados, justificados e salvos pela graça de nosso Senhor
Jesus Cristo.
Todavia, a presença santa e real de Deus não se
manifestará em nossas vidas enquanto não
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reconhecermos a necessidade que temos de permitir que Ele governe nossas vidas.
E como poderá o Senhor assumir o governo de nossas vidas se agirmos tal como fizeram Adão e
Eva tentando esconder a sua culpa e vergonha atrás das árvores do jardim, e cobrindo-se com
folhas de figueira?
Se não aceitarmos a vestimenta de peles de animais feita pelo próprio Deus para cobrir a
nossa culpa, vergonha e fracassos, não poderemos estar de pé diante dEle. E tal
vestimenta de peles que Ele fez para Adão e Eva representava em figura a veste da justiça de
Cristo que nos está sendo oferecida pela Sua graça e misericórdia.
Todavia, o Senhor não poderá cobrir a nossa
nudez até que reconheçamos que estamos nus, espiritualmente falando. Porque sem a veste da
justiça de Cristo, os nossos pecados continuarão à mostra diante dos seus olhos, tornando-nos
dignos da Sua condenação.
A Bíblia está repleta de histórias relativas à
redenção do homem, mas Satanás busca ocultar tal história de redenção e nos leva a focalizar os
maus desejos de nossos próprios corações.
Os filhos de Deus devem entender a luta que deve ser travada para estarmos diante de Deus,
mas devem entender também o amor misericordioso de Deus, orando tal como o
salmista:
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“21 Mas tu, ó Deus, meu Senhor age em meu favor por amor do teu nome; pois que é boa a tua
benignidade, livra-me;
22 pois sou pobre e necessitado, e dentro de mim está ferido o meu coração.”(Sl 109.21,22)
Quando nós confessamos nossos pecados Deus nos perdoa e nos purifica de toda a injustiça porque nosso Senhor Jesus Cristo é a
compensação para todos os nossos pecados.
“1 Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para
que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o
justo.
2 E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos
de todo o mundo.
3 E nisto sabemos que o conhecemos; se guardamos os seus mandamentos.
4 Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade;
5 mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus.
E nisto sabemos que estamos nele;” (I Jo 2.1-5)
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Como Saber o que Deve Ser Aprovado
O mero conhecimento da letra da Palavra de
Deus não é suficiente para que possamos fazer uma correta avaliação daquilo que deve ser ou
não aprovado.
Como discernir o que seja ou não da vontade de
Deus?
Como saber, especialmente em nosso relacionamento com as demais pessoas, o que
deve ser aprovado ou reprovado no seu comportamento?
A Bíblia nos dá a resposta para isto em textos como por exemplo Fp 1.9,10, onde lemos o
seguinte:
“9 E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e
toda a percepção,
10 para aprovardes as coisas excelentes e serdes
sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo,” (Fp 1.9,10)
Veja que o apóstolo Paulo afirma que orava para que o amor dos cristãos aumentasse
progressivamente em pleno conhecimento e toda a percepção para que pudessem aprovar o
que é excelente.
E que pleno conhecimento e toda a percepção são estes por ele referidos no citado texto?
Certamente é o conhecimento da vontade de Deus e o discernimento espiritual do que é e do
que não é aprovado por Deus.
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Este conhecimento e discernimento nos vêm das Escrituras, mas sempre pela iluminação e
revelação do Espírito Santo.
É portanto a testificação do Espírito Santo com o
nosso espírito, a chave para o reconhecimento do que devemos aprovar ou do que devemos
rejeitar.
Assim, não é propriamente aquilo que a sociedade como um todo considere aprovado, que seja necessariamente aprovado por Deus, e
isto poderemos saber, pelo modo como o Espírito Santo se move em nós, alegrando-nos,
entristecendo-nos, constrangendo-nos ou operando qualquer outro tipo de sentimento
que nos auxiliará no reconhecimento do que seja ou não aprovado.
Por exemplo, se numa reunião em que
estejamos participando, alguém ou um grupo de pessoas começa a agir de uma determinada
forma, julgada apropriada pelos participantes da reunião, a aprovação dos mesmos poderá,
não necessariamente, estar em conformidade com o modo pelo qual tal ação é julgada por
Deus, e isto poderemos conhecer pelo que está revelado na Palavra, e pelo modo como o
Espírito Santo se move em nós, aprovando ou rejeitando o que estiver sendo feito.
Deste modo, nem mesmo a nossa própria consciência é uma boa medida para nos dirigir
em tais decisões, porque é possível que estejamos interessados em sermos sinceros e
coerentes com o que pensamos a respeito do
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assunto, e todavia, nossa sinceridade e coerência poderão não estar em conformidade
com o julgamento de Deus.
Necessitamos então da direção do Espírito Santo
em todos os nossos julgamentos. E isto só será possível caso andemos diariamente no Espírito,
porque será impossível receber iluminação espiritual quando não temos qualquer
comunhão com Ele.
Isto explica porque há tantos cristãos que não aprovam as coisas excelentes, e aprovam coisas
que são reprovadas por Deus.
Andam por emoções e sentimentos.
Não julgam segundo a reta justiça.
São guiados pelo seu próprio modo de sentir e gostar, de maneira que, se gostam de alguma pessoa ou dos feitos de determinada pessoa,
eles se sentirão inclinados a aprová-los, ainda que sejam reprovados por Deus.
“E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas
das trevas; antes, porém, reprovai-as.” (Ef 5.11)
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Como Podemos Saber Que Deus é Amor?
“Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo
Espírito Santo, que nos foi outorgado.” (Romanos 5.5)
Como saber que Deus existe?
Melhor ainda: como saber que Deus é amor?
Isto não nos vem por nenhum conhecimento ou testificação fora de nós mesmos, mas no nosso
próprio coração, ou seja, no nosso espírito, no homem interior.
Não se trata de mero sentimento, quando se fala
em amor, mas num agir conforme Deus, por um mover de forças e influências espirituais que
operam em nosso interior nos impulsionando a nos gastarmos pelo bem do nosso próximo,
especialmente nas situações de serviço e locais, que por Deus nos forem determinados, pelo
amor que Ele derrama e que se apodera do nosso coração.
Sabemos então que Deus é amor, por causa
deste amor sobrenatural que nos toma de tal modo, que passa ser a própria atmosfera sem a
qual não viveríamos ou não acharíamos qualquer sentido na vida.
Oh, quão grande, profundo e inefável é este
amor de Jesus Cristo.
Depois de ter-me dedicado a servir o próximo, em congregações, em seminários, e em toda
parte, o amor do Senhor tem presentemente me
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inclinado a escrever e a divulgar o que havia escrito, sobretudo pela Internet.
E nisso tenho gastado todo o meu vigor, o meu
tempo, que na verdade não sinto como se me pertencesse, senão àqueles que tenho amado
em espírito, e por quem tenho orado, para que sejam abençoados pelo Jesus bendito.
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Como Desfrutar a Vida
O pensamento de que é possível desfrutar tudo o que se deseje, ainda que sejam coisas lícitas,
com o alvo de ser feliz, é exatamente o maior fator gerador de sentimentos de frustração.
Por isso nosso Senhor Jesus Cristo afirma a necessidade da renúncia, de modo que a vida
não seja orientada pelos desejos desordenados do ego.
Sublimar os desejos não funciona e não evita
frustrações, porque ainda que haja um controle racional sobre a expressão da vontade, o desejo
pode permanecer intacto no coração produzindo frustrações.
Suprimir os desejos através de uma rigorosa
disciplina religiosa também não é um bom caminho para se evitar frustrações, porque
coloca a pessoa numa posição que podemos chamar de frustração permanente da alma
assumida como forma e norma de vida.
Não ter desejos e não procurar satisfazê-los equivale a um estado de inexistência, ou de
simples existência vegetativa, sem vida, tal como sucede a todos os seres inanimados.
Como resolver então este dilema da criatura
humana?
Deus não criou o homem para que este tivesse desejos pecaminosos e muito menos para que os
concretizasse.
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Nem sequer o criou para ter desejos descontrolados e egoístas, ainda que não
pecaminosos.
Em resumo, o homem tem desejos, mas deve ter
seus desejos orientados e controlados pela graça divina.
E o modo de se fazer isto é pela crucificação das paixões que operam na nossa carne
pecaminosa.
E há somente um que pode realizar tal trabalho
em nós, a saber, o Espírito Santo de Deus.
Nossas vidas, sem este polimento do Espírito Santo, em todas as suas áreas, são como pedras brutas cujas asperezas causam feridas e
sofrimentos em nós mesmos e em qualquer um que nos tocar de algum modo que contrarie o
nosso ego.
Mas o corte de lapidação do Espírito Santo, nos deixará lisos e reluzentes, e nesta condição
nossas vidas já não mais ferirão, antes, serão agradáveis a nós mesmos e aos que se
relacionam conosco.
Estamos usando esta comparação para facilitar
a compreensão da necessidade de sermos trabalhados cirurgicamente pelo Espírito Santo,
se pretendemos ter verdadeira alegria e paz.
Em sendo assim tratados continuamente pelo
Espírito Santo, debaixo da Sua permanente instrução e do Seu poder transformador,
poderemos ter desejos apropriados em relação a coisas que não sejam comuns e rotineiras, sem
o risco de frustrações, caso não sejam
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concretizadas, ou que em sendo, não correspondam exatamente às nossas
expectativas.
Então, a solução não é renunciar aos desejos
lícitos, mas às expectativas relativas a tais desejos, quanto à forma da sua realização.
Isto pode ser aplicado até mesmo ao desejo de sermos curados de certas enfermidades físicas
incuráveis ou prolongadas.
Não devemos renunciar ao desejo de sermos
curados, mas à expectativa de que somente poderemos estar em paz e felizes caso sejamos
curados.
Pode ser aplicado também às projeções ou aos preparativos que fazemos psicológica ou
materialmente para encontros com outras pessoas, até mesmo íntimo com o nosso
cônjuge, que por força de qualquer circunstância imprevista, não puderam ser
concretizados.
Somente o suporte do Espírito Santo poderá nos
manter calmos e felizes, quando tais desejos são frustrados.
E a vida nos encherá destas frustrações que poderão arrasar com o nosso bom humor e
saúde mental e física, tornando-nos deprimidos e irritáveis, caso não tenhamos aprendido a
lição de andar continuamente no Espírito, estando bem instruídos quanto ao fato de que a
vida nos brindará neste mundo com toda forma de aflição, dentre as quais se incluem os desejos
frustrados.
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Todavia, é muito fácil esquecer tal lição, e a grande maioria da humanidade ignora esta
verdade.
O modo comum de pensar e agir, mesmo de pessoas otimistas, está orientado para a
satisfação pessoal a qualquer preço, pela concretização de desejos.
Não admira portanto, que haja tanta
murmuração e descontentamento no mundo.
As pessoas podem e devem desfrutar todas as
coisas lícitas, caso isto lhes seja possível, e mesmo em sendo possível, devem estar
preparadas para renunciarem com serenidade e paz, caso por qualquer circunstância, estas lhes
venham a ser negadas.
Podemos então ter este desejo lícito de desfrutar das coisas boas, até mesmo porque
foram criadas por Deus para nós, para tal propósito.
Todavia, devemos sempre lembrar que a felicidade não pode estar relacionada à
concretização de nossos desejos de desfrutar o que a vida pode oferecer, porque muitas vezes,
em vez do cálice do vinho de alegria, nos será dado a sorver o cálice amargo da tristeza e da
aflição.
E o modo de se sorver tal cálice não é com o fingimento de que tudo está bem afinal, que
tudo é bom, e que devemos buscar qualquer forma de substitutivo para o desejo que foi
frustrado.
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Esta é a razão de muitos buscarem uma compensação para as suas frustrações, em
bebidas alcoólicas, em drogas, ou em qualquer forma de atividade desenfreada e descontrolada
que sirva de cortina de fumaça para encobrir tais frustrações.
Não venceremos portanto a tristeza e a
frustração com o sentimento do tipo “vou me divertir independentemente de tudo aquilo que
possa estar me entristecendo e afligindo.”
Não adianta tentar tapar o brilho do sol com tal
peneira.
A realidade não pode ser desconsiderada, caso queiramos ser de fato felizes.
O Espírito Santo nos consolará e alegrará em meio às aflições e frustrações que nos
sobrevierem, caso recorramos ao Seu auxílio divino.
Exortações no sentido de desfrutarmos
somente o que há de melhor na vida, é algo muito perigoso porque tal atitude constitui em
si mesma, mais uma nova fonte de frustrações, porque a realidade não dará a mínima para o
nosso falso refúgio psicológico, que sempre nos manterá debaixo de uma terrível armadilha,
pronta para desabar sobre nós.
É tolice afirmar que tudo está bem quando o mal está prevalecendo.
A realidade deve ser aceita e encarada, e o melhor a fazer é clamar pelo socorro divino
enquanto choramos em nossas horas de luto,
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sabendo que chegará o dia em que o luto cessará.
A atitude de buscar uma solução imediata para se estar em paz, ou então de quem diz: “vou sair
por aí e fazer algo para me alegrar de novo”, jamais poderá produzir verdadeira alegria
nestas horas em que somos chamados a nos refugiar nos braços de Deus, para acharmos paz
e descanso para as nossas almas.
Então, se a hora é de alegria, desfrute a alegria
que a ocasião lhe oferece, mas não tente produzir uma alegria artificial nas horas de
tribulação e tentação, em que a nossa fé no Senhor está sendo colocada à prova, e não a
nossa capacidade pessoal de arranjarmos um jeito para mantermos a nossa alegria dos
momentos venturosos.
Se assim não fora, Jesus não teria sofrido no
Getsêmani, com tal agonia, a ponto de ter suado sangue.
Ele estaria sorrindo enquanto sofria o martírio nas mãos dos pecadores e enquanto morria na
cruz.
Na verdade, este mundo amaldiçoado por Deus, por causa do pecado, não pode nos oferecer a verdadeira alegria, porque esta é sempre
decorrente de um viver abençoado.
E tal viver abençoado não pode ser obtido de uma terra que foi amaldiçoada, mas somente
pela bênção que há em Jesus.
Somente Ele pode transformar em bênção o que
está debaixo de maldição.
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É muito importante saber isto e lembrar sempre disto, porque podemos ser achados debaixo do
governo de um pensamento ilusório, por uma falsa compreensão do que seja a nossa vida
enquanto aqui peregrinamos.
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Bênçãos Espirituais
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as
bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo;” (Ef 1.3)
Deus pode abençoar com muitos livramentos, com provisões de bens materiais, e com muitas ações exteriores inclusive no corpo físico.
Mas, a imensa e variada quantidade de bênçãos espirituais, somente podem ser concedidas por
Ele, através da comunhão que se tiver com o Espírito Santo, por uma busca de Jesus Cristo,
em espírito, especialmente por se orar no Espírito.
As bênçãos espirituais somente podem ser
obtidas por uma experiência real e viva com o Espírito Santo.
Não se deve ficar contente portanto, somente
com as bênçãos que se referem à vida natural que passa, pois é ordenado, para o nosso próprio
bem, que se busque as maiores, melhores e eternas bênçãos que vêm por se andar no
Espírito em plena comunhão com Ele.
O texto bíblico afirma que quando se é de Cristo, já se está abençoado com toda a sorte de
bênçãos espirituais nas regiões celestiais, ou seja, elas estão ao alcance da mão, estão bem
perto, porque o que ama a Cristo já está na posição espiritual na qual se encontram as
bênçãos, a saber, no Senhor Jesus Cristo.
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Todavia, Deus impõe o esforço da fé para experimentá-las. O esforço da santificação, pela
oração, exercício da fé, meditação e prática da Sua Palavra, renúncia ao ego carnal e
pecaminoso etc. Então, aquele que o fizer, viverá na dimensão da bênção do Espírito Santo, que
satisfaz plenamente a alma, e que o levará a ser grato por tudo e a estar contente em toda e qualquer circunstância.
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Aperfeiçoamento Espiritual pelo Espírito e Não Pela Carne
O apóstolo Paulo apresentou argumentos consistentes para convencer os crentes da
Galácia sobre o comportamento insensato que eles estavam demonstrando ao terem
abandonada a graça de Cristo, para tentarem se aperfeiçoar espiritualmente, pela observância
dos preceitos civis e cerimoniais da Lei de Moisés.
Eles sequer eram judeus. Eram gentios que se
deixaram iludir e encantar pelos argumentos falsos dos judaizantes que ensinavam que se
alguém não circuncidasse o seu prepúcio e não guardasse todos os mandamentos da Lei, de
modo algum poderia ser salvo por Deus da condenação eterna.
São palavras do apóstolo Paulo dirigidas aos
gálatas na epístola que lhes escreveu, e que se encontra incluída entre os escritos do Novo
Testamento:
“1 Ó Insensatos gálatas! quem vos fascinou para
não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi exposto
crucificado, entre vós?
2 Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da
fé?
3 Sois vós tão insensatos que, tendo começado
pelo Espírito, acabeis agora pela carne?
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4 Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão.
5 Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera
maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?” (Gál 3.1-5).
Veja que os chamou de insensatos.
E nesta insensatez eu mesmo me encontrei em certa ocasião, decerto não na mesma ordem e
grau, porque não foi por argumentos de judaizantes que me tornei insensato tentando
me aperfeiçoar espiritualmente, por um caminho diferente daquele que é determinado
por Deus nas Escrituras.
Lembro-me bem, que me esforçava com todo o empenho tentando melhorar meu
temperamento e modos, pensando que com isto estaria me santificando.
E o Espírito de Deus me repreendeu dizendo que não era nisto que consistia a santificação,
porque estava tentando, na verdade, aperfeiçoar o meu velho homem, a velha criatura decaída no
pecado, que em vez de ser aperfeiçoada, deve ser achada crucificada juntamente com Cristo,
pela fé, e da qual devemos nos despojar andando no Espírito e nos revestindo das virtudes de
Cristo, pela prática da Palavra de Deus, da comunhão e da oração.
Eu estava tentando colocar o vinho novo da
graça de Cristo, no odre velho da carne, ou seja, da natureza terrena pecaminosa que existe em
todas as pessoas.
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Nossa conversão a Cristo foi pela graça, mediante a fé, e a nossa santificação, de igual
modo, deve trilhar o mesmo caminho.
Que Deus nos livre do sentimento de justiça própria. De tentarmos estabelecer o modo de
Lhe agradar, fora do caminho estreito que é Cristo, que se tornou da Sua parte para nós, a
nossa justiça, santificação, sabedoria e redenção, como se lê em I Cor 1.30.
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A Vida Reta
É em razão do caráter prático da fé, quanto ao cumprimento das ordenanças de Deus, que se
afirma na Bíblia que o nosso culto é racional, ou seja, a fé possui também este caráter prático de
ser comprovada através do fato de darmos crédito aos mandamentos de Deus, para os praticarmos.
Demonstramos então que cremos
verdadeiramente em Deus, quando Lhe obedecemos praticando tudo o que nos tem
ordenado na Bíblia, para esta presente dispensação do Espírito Santo, ou da graça.
É assim que se revela que somos de fato pessoas
de fé. Pelo testemunho prático de nossas vidas pelo que pode ser observado pelos outros no
nosso modo de proceder, ou seja, no nosso comportamento.
Daí o apóstolo Tiago ter afirmado o seguinte:
“17 Assim também a fé, se não tiver obras, é
morta em si mesma.
18 Mas dirá alguém: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te
mostrarei a minha fé pelas minhas obras.”
E também de o apóstolo Paulo ter afirmado que aquele que não cuida dos seus familiares tem
negado a fé e é pior do que o infiel, porque muitos não cristãos assumem
responsabilidades no compromisso que têm em
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relação a seus esposos e filhos, cuidando deles e vivendo para eles, coisa esta, que muitos
cristãos não fazem por serem negligentes e desobedientes.
Como posso afirmar que tenho fé em Deus e não provejo o sustento de minha esposa, e não cuido
dos interesses dela muito mais do que os meus próprios interesses, e vivendo para agradá-la, e
não a mim mesmo, e amando-a e respeitando-a, tratando-a sem aspereza, conforme Deus exige
dos maridos em Sua Palavra?
Como posso afirmar que tenho fé em Deus e não
trago os meus filhos em sujeição em obediência a Cristo, e não governo o meu lar vivendo para
eles, e provendo o seu sustento, educando-os na justiça e na verdade, e em todos os caminhos de
Deus?
O mesmo tipo de raciocínio se aplica às esposas
e aos filhos, nos deveres que lhes são ordenados, respectivamente, na Palavra de Deus.
A prática destas ordenanças e deveres é para ser aprendida durante toda a nossa jornada terrena,
e o Senhor nos chama a fazer progressos cada vez maiores em tal aprendizado e prática.
A vida cristã é portanto algo muito difícil, e
diríamos até mesmo impossível de ser vivida se não nos for concedida graça da parte de Deus
para tal fim.
E esta graça será achada somente por um
caminhar em humildade perante o Senhor, reconhecendo que não poderemos chegar a ser
esposos, pais e filhos exemplares, caso não
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sejamos ajudados e capacitados por Deus, para tal objetivo.
Todavia, Ele não nos ajudará e capacitará caso não nos movamos a orarmos e a sermos
praticantes da Sua Palavra.
Por isso Deus não quer que sejamos meros
ouvintes da Palavra, mas verdadeiros praticantes, sabendo que este aprendizado é
para toda a vida, e que exigirá portanto de nós, paciência e perseverança, à medida que vamos
sendo tornados cada vez mais responsáveis, operosos, amáveis, dedicados e habilitados a
fazermos renúncias e sacrifícios por amor aos nossos familiares e ao nosso próximo.
Assim, importa reter cada nível maior de graça que tivermos alcançado e não nos darmos por
satisfeitos com o nível que tivermos atingido, por sabermos que há níveis muito mais elevados
de perfeição para serem alcançados e praticados, conforme é da vontade de Deus para
todos os Seus filhos, que sejamos perfeitos assim como Ele é perfeito.
A nossa imperfeição nunca será portanto, aceita por Deus, como uma desculpa para os nossos
fracassos.
Nem tampouco o excesso de confiança carnal de estarmos fazendo o que é certo poderá ser de
algum auxílio, ao contrário, será mais um dos motivos do nosso fracasso.
Não é portanto, de se admirar que até mesmo pastores estão sujeitos a fracassarem como
esposos ou pais, quando não praticam os
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preceitos de Deus relativos ao modo como devemos caminhar em Cristo, particularmente
nos deveres ordenados na Bíblia para os esposos e os pais.
Nem mesmo a aplicação da disciplina dos quartéis em nossos lares nos trará um viver
vitorioso, mas nos submetermos aos mandamentos de Deus.
Somente um viver em retidão, segundo a direção do Espírito Santo, mediante prática da
justiça evangélica revelada na Bíblia, poderá nos conduzir a recebermos da parte de Deus,
harmonia, alegria e paz verdadeiros para os nossos relacionamentos.
Esta é a razão de a Bíblia afirmar que devemos nos empenhar em buscar e alcançar a paz em
nossos relacionamentos, apartando-se do mal e praticando o que é bom (I Pe 3.11), porque este é
o único modo de vermos dias felizes e acharmos prazer em viver, uma vez que é somente sobre
os que procedem de modo justo que Deus faz os Seus olhos repousarem para atender às suas
orações e abençoá-los (I Pe 3.9,12).
Este é um dos principais motivos de se exigir dos
pastores que sejam exemplo dos fiéis na prática de todas as coisas ordenadas na Bíblia, para que
os cristãos possam achar neles qual é o modo prático pelo qual importa que vivam para Deus (I
Tim 4.12, Tito 2.7).
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A Presença do Senhor é o que Importa
Necessitamos da ministração da Palavra de
Deus.
Precisamos da oração.
Necessitamos louvar e adorar a Deus.
Todavia, nada disto terá sentido ou propósito
caso nos falte aquilo que é o principal, a coisa que mais necessitamos acima de todas as
demais, que é a manifestação da presença do próprio Senhor no nosso viver.
Isto explica o motivo do vazio espiritual que permanece no coração de muitos cristãos,
mesmo depois de terem participado de cultos animados de louvor e adoração, ou de terem
ouvido a pregação de um bom sermão.
Caso Deus mesmo não se manifeste entre eles,
o resultado sempre será este vazio espiritual.
É o próprio Senhor que é a nossa força.
É a Sua graça, e somente ela, quem nos fortalece
o espírito, sara a alma e o corpo, e nos dá bom ânimo em toda e qualquer circunstância.
Tomemos então o firme propósito de fixarmos por principal objetivo quando nos reunimos
para adorar ao Senhor, de orar e ter a expectativa em nossos corações para que Ele se
manifeste entre nós e em nós.
Todavia, nos sentiremos muitas vezes
enfraquecidos e experimentando as dores consequentes dos golpes que os demônios
desferem contra a nossa alma, em acusações e
112
toda sorte de ataque que tem por alvo enfraquecer a nossa fé.
Isto será permitido pelo Senhor para que saibamos que a força que temos não procede
propriamente de nós mesmos, mas da manifestação da Sua presença e graça.
Uma vez abatidos, humilhados, reconhecendo que necessitamos do Seu amor, poder e
cuidado, Ele nos exaltará e fortalecerá e fundamentará a nossa fé, de modo que somos
animados com isto a servi-lO e ao nosso próximo, uma vez que teremos disponibilidade
suficiente de graça para lhes ministrar em amor.
Bendito seja o Senhor, que nos instrui no caminho que devemos seguir, caminho este que
é Ele próprio.
Então se tivermos tudo o mais, e caso nos falte o
próprio Cristo e o Seu poder, somos pobres, cegos, nus e miseráveis naquelas coisas que
podem alimentar e sustentar o nosso espírito, alma e corpo. Coisas estas que recebemos
somente quando a presença do Senhor é manifestada em nós.
Destacamos a seguir algumas passagens bíblicas que confirmam as afirmações que
acabamos de fazer quanto à essencialidade da presença do Senhor.
“Tu me farás conhecer a vereda da vida; na tua presença há plenitude de alegria; à tua mão
direita há delícias perpetuamente.” (Salmo 16.11)
113
“No abrigo da tua presença tu os escondes das
intrigas dos homens; em um pavilhão os ocultas da contenda das línguas.” (Sl 31.20)
“Por que estás abatida, ó minha alma, e por que
te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação que há na sua
presença.” (Sl 42.5)
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que
sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do
Senhor,” (At 3.19)
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (Jo 6.56)
“Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto,
se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a
videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem
mim nada podeis fazer.” (Jo 15.4,5)
“Portanto, o que desde o princípio ouvistes,
permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também vós
permanecereis no Filho e no Pai.” (I Jo 2.24)
114
“E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança,
e não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda.” (I Jo 2.24)
“Todo o que permanece nele não vive pecando;
todo o que vive pecando não o viu nem o conhece.” (I Jo 3.6)
“Quem guarda os seus mandamentos, em Deus
permanece e Deus nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que
nos tem dado.” (I Jo 3.24)
“Ninguém jamais viu a Deus; e nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu
amor é em nós aperfeiçoado. Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós: por ele
nos ter dado do seu Espírito.” (I Jo 4.12,13)
“E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem permanece em
amor, permanece em Deus, e Deus nele.” (I Jo 4.16)
“Todo aquele que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem
permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho.” (II Jo 9)
À vista destes textos bíblicos, podemos entender
definitivamente que se há algo em que devemos
115
permanecer, este algo não é propriamente uma coisa, mas uma pessoa, a saber, nosso Senhor
Jesus Cristo.
Assim, é a Sua própria presença que devemos buscar mais do que a tudo. E uma vez estando na
Sua presença podemos nos dedicar a todas as demais coisas, com a certeza da Sua bênção e
aprovação, porque será na Sua presença que tudo faremos, diremos ou pensaremos.
A Bíblia nos alerta portanto, para que não erremos o alvo, sendo meros religiosos dados a
práticas cerimoniais e ritualísticas que não levem em conta tal necessidade de termos a
presença de Deus no coração.
116
A Troca da Antiga pela Nova
“Quando ele diz Nova, torna antiquada a
primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.”
(Hebreus 8:13)
Toda vez que abrirmos as páginas do Velho
Testamento, devemos sempre colocar como pano de fundo o Evangelho de Cristo, para que
não tomemos ao pé da letra, como mandamento divino ordenado aos discípulos de Jesus, muitos
dos preceitos da antiga dispensação, que durou de Moisés a João Batista (Mt 11.13; Lc 11.16), os
quais não podem e não devem ser aplicados na nova dispensação em que estamos vivendo há
cerca de dois milênios.
A Lei Antiga, determinada por Deus para vigorar em Israel, por cerca de 1440 anos
prescrevia:
. morte por apedrejamento em razão de
determinadas transgressões daquela Lei dada por meio de Moisés.
. como maldito de Deus deveria se anunciar a si mesmo publicamente o leproso.
. proibidos estavam vários alimentos
classificados como impuros.
. sacrifícios de animais oferecidos para cobrir o
pecado.
. e muitos outros preceitos civis e cerimoniais,
além dos morais.
117
Deus, pela Lei, revelava que era o Juiz do Seu povo e ensinava ao mesmo tempo o quanto é
oposto ao pecado.
Todavia, em sendo Juiz, é também pai bondoso, amoroso, misericordioso, perdoador e salvador.
E como revelou isto, já que os preceitos da Lei antiga poderiam ofuscar tais atributos relativos
à Sua completa longanimidade, amor e bondade?
Ele o fez trazendo uma nova lei por meio de
Cristo, para substituir a antiga.
Jer 31:31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que
firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.
Jer 31:32 Não conforme a aliança que fiz com
seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles
anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR.
Jer 31:33 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
Jer 31:34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles,
diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me
lembrarei.
118
Heb 8:7 Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma
estaria sendo buscado lugar para uma segunda.
Heb 8:13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e
envelhecido está prestes a desaparecer.
Heb 9:15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da
nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a
primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados.
Heb 10:9 então, acrescentou: Eis aqui estou para
fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
Heb 10:10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de
Jesus Cristo, uma vez por todas.
A Lei da nova aliança, do novo testamento, do evangelho, da graça, pela qual se revogou a
primeira, é chamada pelo apóstolo de lei régia (Tg 2.8), porque prescreve o amor ao próximo,
sem qualquer tipo de condenação legal, conforme ocorria na primeira, apesar de
também prescrever o amor ao próximo.
Assim, a lei do amor de Cristo não vigora pelo cumprimento de ordenanças cerimoniais e
civis, como a primeira, mas simplesmente por fé, graça, misericórdia e arrependimento.
A punição dos malfeitores é designada para as autoridades civis de cada nação, conforme
determinação da parte de Deus.
119
Não é portanto, uma característica ou atribuição do evangelho, pelo qual se oferta a libertação do
espírito do jugo e condenação do pecado.
A lei do evangelho é amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo.
O amor nunca busca o mal, ou que seja do
próprio interesse, não se conduz inconvenientemente, não é preconceituoso,
enfim, o amor faz somente o bem ao seu semelhante.
Mat 22:35 E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou:
Mat 22:36 Mestre, qual é o grande mandamento
na Lei?
Mat 22:37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.
Mat 22:38 Este é o grande e primeiro
mandamento.
Mat 22:39 O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Mat 22:40 Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.
Rom 13:10 O amor não pratica o mal contra o
próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.
Poderia haver uma lei melhor do que essa?
No episódio da mulher adúltera que Jesus livrou da condenação por apedrejamento, podemos
constatar o quanto Ele realmente mudou a antiga lei por uma nova, porque pela antiga, ela
deveria morrer apedrejada.
120
É por isso que é ordenado por Cristo aos cristãos, na Bíblia, que façam o convite da salvação pelo
evangelho a todas as pessoas e em todos os lugares da terra.
Mar 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e
pregai o evangelho a toda criatura.
Este convite consiste basicamente no oferecimento gratuito que Ele está fazendo da
Sua própria justiça divina, amor e misericórdia, para perdoar todos os nossos pecados e
justificar a todos os que nEle crerem, de modo que sejam livrados da condenação, e para o
recebimento da vida eterna.
Todavia, em havendo recusa em se ouvir a mensagem do evangelho, o próprio Cristo
ordena que não haja insistência.
Luc 10:16 Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita;
quem, porém, me rejeitar rejeita aquele que me enviou.
Mar 6:11 Se nalgum lugar não vos receberem
nem vos ouvirem, ao sairdes dali, sacudi o pó dos pés, em testemunho contra eles.
O evangelho é o tempo da paciência, da misericórdia, da longanimidade de Deus para
com todos os pecadores.
A ninguém Deus está condenando, enquanto durar esta dispensação. Ao contrário, está
salvando.
João 12:47 Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não
vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.
121
Joã 12:48 Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria
palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia.
O evangelho é a lei divina, se assim podemos nos referir a ele, na presente dispensação da
graça, e esta lei de justiça oferecida para a nossa justificação e perdão, a ninguém condena.
É a rejeição do evangelho, segundo nosso Senhor Jesus Cristo, que será o motivo da
condenação no último dia, como Ele o afirma em João 12.48.
João 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Joã 3:17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas
para que o mundo fosse salvo por ele.
Joã 3:18 Quem nele crê não é julgado; o que não
crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
Mar 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.
Mar 16:16 Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.
Esta nova dispensação do evangelho substituiu a chamada antiga dispensação da lei de Moisés,
porque Jesus se ofereceu a si mesmo como sacrifício, em nosso lugar, para satisfazer a
exigência da justiça divina.
122
Não é portanto do teor e essência do evangelho condenar as pessoas pelos seus maus atos e até
mesmo pensamentos, porque até os próprios cristãos que fazem a oferta do evangelho
também são pecadores, que foram remidos pela graça, mediante a fé em Jesus.
Aos que têm abraçado a fé no evangelho, Cristo
lhes impõe a disciplina da nova aliança, pela admoestação mútua à prática do amor e das
boas obras.
Outra característica do convite do evangelho é
que não se deve fazer distinção de qualquer pessoa, que não deve haver preconceito de raça, religião, condição social, ou de qualquer outra
natureza.
Desta forma, aqueles que têm sentimentos
preconceituosos, não estão de modo algum anunciando o verdadeiro evangelho de Cristo,
tal como ele se encontra registrado nas páginas da Bíblia.
Rom 3:21 Mas agora, sem lei, se manifestou a
justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;
Rom 3:22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem;
porque não há distinção,
Rom 3:23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
Porque isto seria uma contradição, uma vez que não se pode conciliar preconceito com o fato de
Jesus não fazer acepção, distinção de qualquer
123
pessoa, e de igual modo, devem portanto agir aqueles que falam em Seu nome.
Por outro lado, deixar de anunciar o evangelho, em desobediência ao mandamento de Deus,
para o bem eterno dos ouvintes que o receberem, por livrar o espírito da condenação
eterna a ser proferida no dia do Juízo Final, seria então uma grande prova de falta de amor e de
misericórdia para com nossos semelhantes, esconder deles esta mensagem, ou então
adulterá-la.
Por isso é também ordenado nas Escrituras que
se deve ter cautela com o ensino de falsos pastores, profetas e mestres que falam em nome
de Cristo, e que se dizem cristãos, e mensageiros genuínos do evangelho, quando na
verdade não são, e o fazem por motivo interesseiro e por torpe ganância.
Mat 7:16 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas
por dentro são lobos roubadores.
2Pe 2:1 Assim como, no meio do povo, surgiram
falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão,
dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor.
2Pe 2:2 E muitos seguirão as suas práticas
libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade;
Mat 10:16 Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes
como as serpentes e símplices como as pombas.
124
Mat 10:17 E acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas
suas sinagogas;
Mat 10:25 Basta ao discípulo ser como o seu
mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto
mais aos seus domésticos?
A prudência da serpente é recomendada pelo Senhor aos que se empenham na obra da
pregação do evangelho, ao lado da simplicidade das pombas.
As serpentes evitam confrontos desnecessários,
mas atacam quando são atacadas. Por isso o cristão deve reter apenas a prudência da
serpente, e associá-la à inofensividade das pombas, que nunca atacam quando são
atacadas.
Por fim, ao concluir esta breve explanação, deve
ser dito que a ninguém deve ser imposto o evangelho como uma forma de obrigação a ser
cumprida, e nem mesmo nas congregações de Cristo, porque Deus quer ser amado e adorado
em espírito e de modo voluntário.
Ninguém deve ser condenado ou acusado por conta da religião ou costumes que tenha
adotado, evidentemente, é claro, desde que não infrinjam as normas legais e os costumes de
cada sociedade à qual se pertença, mas isto não é um encargo dos cristãos enquanto cristãos,
mas das autoridades constituídas.
125
Os mensageiros do evangelho devem ser promotores da paz, e por isso é dito por Cristo
que bem-aventurados são os pacificadores.
Para este propósito, da promoção da paz e do
bem estar dos seus semelhantes, devem orar em favor de todos os homens.
1Tm 2:2 Antes de tudo, pois, exorto que se use a
prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens,
1Tm 2:2 em favor dos reis e de todos os que se
acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda
piedade e respeito.
1Tm 2:3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador,
1Tm 2:4 o qual deseja que todos os homens
sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.
Devem também os cristãos serem modelos de
bom comportamento e de conduta, como pais, filhos, empregados, empregadores, ou o que for.
Devem estar sujeitos às autoridades, porque conforme afirmado na Bíblia, não há autoridade
genuína que não tenha sido instituída por Deus.
Rom 13:1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas.
O evangelho não é pregado por mero dever de consciência ou por obediência ao mandamento
divino, mas sobretudo porque os discípulos de
126
Jesus são movidos em amor a fazê-lo, pelo mesmo Espírito Santo que neles habita, e que
também atuava em nosso Senhor Jesus Cristo.
“como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por
toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele;”
(Atos 10:38)
127
O Evangelho Não Condena
O que condena é a sua rejeição.
“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de
Deus...” (Rom 3.21a)
“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
Ora, a lei não procede de fé,...” (Gal 3.11,12a)
Quando João Batista disse que a Lei veio por
Moisés, mas que a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”, o que ele estava dizendo, em
outras palavras, era que no período da dispensação da Lei, que vigorou de Moisés ao
próprio João Batista, não houve nenhum evangelho em ação, apesar de ter sido
anunciado pelos profetas do Antigo Testamento.
No período do Velho Testamento,
correspondente à aliança da lei, imperava a condenação e a morte pelos juízos de Deus,
inclusive contra o próprio povo da aliança, a saber, Israel.
Daí Paulo ter chamado aquela antiga aliança de ministério da morte e da condenação.
Porque não havia evangelho naquele período.
128
Mas quando Jesus se manifestou e quando morreu no lugar dos pecadores na cruz, entrou
em vigor uma nova aliança, agora não apenas com Israel, mas com pessoas de todas as nações
da terra.
A graça e a verdade começaram a ser
abundantemente reveladas e manifestadas nas vidas dos que creem no evangelho, a saber, que
já não há morte e condenação para os que creem em Jesus Cristo.
Assim, no evangelho propriamente dito, não há
qualquer condenação, morte ou juízo, senão libertação, vida, salvação, que são o fruto da
verdade e da graça que operam e habitam naqueles que nele creem. Graça, justiça e
verdade que nos foram trazidas com a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo.
O ministério da Lei condenava, porque fora
instituído por Deus para este propósito.
Todavia, o do evangelho liberta e salva, porque
manifesta a honra, a glória, a majestade, o poder, a graça e todos os méritos que pertencem
à pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo.
Daí dizer o apóstolo que já não há nenhuma condenação para quem está em Cristo Jesus.
129
Não confundamos portanto, toda a Bíblia, como se fosse o evangelho.
Porque em suas páginas há também registros de
revelações e situações exclusivamente relativos à antiga dispensação da Lei.
O evangelho é encontrado, principalmente, nas
páginas do Novo Testamento, porque foram produzidas e inspiradas por Deus, no período
que marcou o encerramento da aliança do Velho Testamento, inaugurado com o advento
de Jesus Cristo.
Daí, Lei x Graça, ser uma boa indicação destes dois períodos distintos, das duas grandes
alianças instituídas por Deus, sendo que a antiga foi removida, por ter sido substituída pela nova
que é feita no sangue de Cristo.
Não devemos no entanto confundir juízo com condenação.
Deus julga os seus próprios filhos, mas não
como um juiz togado, senão como um pai amoroso que não os poupará da repreensão e
disciplina sempre que for necessário.
Ele açoita a todo filho a quem quer bem. Todavia, a nenhum deles condenará a uma
sentença de morte e danação eternas.
130
Nosso Senhor Jesus Cristo dirige as seguintes palavras à Igreja de Laodiceia:
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (Apo 3.19)
131
O Evangelho é o Farol da Vida
E não de uma vida natural, de uma vida qualquer, mas da vida espiritual, celestial e
eterna.
Portanto, se não cremos na mensagem do evangelho, permanecemos mortos
espiritualmente, em delitos e em pecados.
E qual é a razão disto?
Simplesmente porque o único modo de se achar a vida eterna é crendo na verdade e justiça
reveladas no evangelho.
Obviamente, no único e verdadeiro evangelho.
Se cremos em algo diferente, permanecemos perdidos.
Deus só pode ter a sua justiça satisfeita, que
exige de nós plena conformidade à sua santidade, quando reconhecemos que sem
Cristo, sem a sua justiça, estamos mortos em espírito, e não podemos de nenhum modo,
estarmos unidos a Deus em espírito.
Deus somente poderia sentenciar a nossa culpa, e executar a sentença condenatória que repousa
sobre nós, transferindo a nossa culpa para o
132
próprio Cristo, e descarregando sobre ele toda a sua ira contra o pecado, em sua morte na cruz.
É crendo na verdade de que aquela morte foi a
minha própria morte, que era eu quem estava sendo castigado em Cristo pelo meu pecado,
que a minha culpa pode ser removida, e assim, ser declarado perdoado e justificado por Deus.
E isto é totalmente por graça e por fé.
Tentemos lhe acrescentar algo, como até
mesmo as minhas boas obras, para que seja salvo por elas, e com isto anulo os méritos de
Cristo, a sua morte na cruz, a minha própria morte com ele, e assim, permaneço perdido e
sob a condenação da Lei.
Porque há somente um modo de ser livrado da justa condenação da lei de Deus, que é o de
morrer para ela, sendo considerado como morto juntamente com Cristo em sua morte
substitutiva.
Este é o evangelho no qual devermos crer.
É o único farol que nos indica com segurança o
caminho da salvação e da vida eterna.
É a única luz verdadeira apontando para a direção correta, entre tantas luzes foscas e
enganosas.
133
É o único farol que pode conduzir o barco da minha vida em segurança para o céu, em meio
às densas trevas da ignorância e da maldade deste mundo.
E por que isto?
Porque é somente pelo poder operante da graça
viva do evangelho, que é segundo a eficácia de nosso Senhor Jesus Cristo, que podemos
atender à demanda da justiça divina, que sejamos santos assim como Ele é Santo.
Não há portanto, santificação real e eficaz, sem
a qual ninguém verá a Deus, fora da fé no verdadeiro evangelho, porque é por ele, e
somente por ele, que podemos ser verdadeiramente santificados.
E o evangelho é graça, a qual é poder.
A Lei, que veio por Moisés, é simplesmente norma, mas a graça do evangelho, que veio por
Jesus Cristo, é poder. Poder transformador, poder vivificador, poder espiritual que dá vida
ao nosso espírito.
Por isso se diz que é pela justificação pela graça,
mediante a fé, que temos paz com Deus, ou seja, somos reconciliados com Ele, e é posto um fim
na inimizade que havia na carne contra Ele,
134
porque somos transformados em Seus filhos e amigos, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
E se diz também que sem fé é impossível agradar a Deus. E ainda, que tudo é possível a quem tem
fé.
Fé no evangelho, fé na palavra do evangelho, que é fé em Jesus Cristo.
Aleluia! Glórias ao Senhor, para sempre e sempre!
135
O Conhecimento da Verdade que Liberta
Deus havia dado, cerca de 750 anos antes de Cristo, a seguinte revelação ao profeta Oseias:
“Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o
conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.” (Os 6:6)
Então veio nosso Senhor em carne, a este
mundo, e não somente confirmou tal revelação, como acrescentou pontos de esclarecimento
para entendermos o seu significado, em duas passagens do evangelho de Mateus:
“Ide, porém, e aprendei o que significa:
Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao
arrependimento.” (Mt 9:13)
“Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não
teríeis condenado inocentes.” (Mt 12:7)
Veja que em Mt 9.13 nosso Senhor declara que o propósito expresso, relacionado à vontade de
Deus, é o uso da misericórdia, e que esta misericórdia por Ele referida consiste na sua
chamada de pecadores ao arrependimento.
E que sem a apresentação do que significa esta misericórdia, e convite aos pecadores, por meio
dos seus ministros, e sem o atendimento dos
136
que são convidados, ao chamado da misericórdia, de nada adianta apresentar
ofertas, culto, sacrifícios religiosos para tentar agradá-lo.
E na segunda passagem de Mt 12.7, em seu
confronto com a justiça própria dos escribas e fariseus, nosso Senhor lhes disse que eles
haviam condenado inocentes, por conta de não entenderem o significado desta expressão que
Deus lhes havia falado por intermédio do profeta Oseias: “MISERICÓRDIA QUERO”.
Mas, afinal, pecadores são inocentes aos olhos
de Deus?
O que Jesus pretendia então, nos ensinar com o que disse?
O motivo de os fariseus e escribas não terem entendido, é o mesmo pelo qual também não entendemos, se não formos instruídos por
revelação do Espírito Santo, quanto ao seu significado.
A carne, ou seja, o homem natural não pode compreender em que base a justiça divina opera
com os pecadores.
Em primeiro lugar, não há culpa para imputação de penalidade, nesta dispensação da graça, na
qual Deus decidiu usar de longanimidade e misericórdia para com todos.
A ninguém está o Senhor condenando, desde
que Jesus veio ao mundo, porque a base da condenação, não está sendo levada em conta em
razão daquilo que somos (pecadores com uma
137
natureza que não corresponde em plenitude à natureza santa de Deus).
É de tal ordem a extensão da graça que Deus nos
está oferecendo em Cristo, e aguardando pacientemente que nos rendamos a ela, para
acharmos misericórdia e salvação, que até mesmo o ato de não ouvir e não dar a devida
consideração à mensagem do evangelho, está sendo tolerado por Jesus, na expectativa de que
mudemos de opinião, e que por fim aceitemos que de fato, não podemos, de nós mesmos, viver
de modo agradável a Deus.
Veja as Suas palavras em Jo 12.47:
“Se alguém ouvir as minhas palavras e não as
guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.”
138
Jesus Não Veio Condenar mas Salvar
Marcos 2:17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de
médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores.
João 12:47 Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não
vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.
Dê a devida atenção a estas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo.
Até que Ele volte, a porta da salvação estará
aberta para todo aquele que se arrepender dos seus pecados e buscar viver para Ele.
Amados leitores, nosso Senhor mesmo definiu a
Sua principal missão em ter vindo a este mundo há cerca de 2.000 anos atrás, como sendo a de
salvar e não a de condenar pecadores.
Então, enquanto perdurar esse tempo de graça até que Ele volte, Deus está abrindo uma grande
oportunidade para todas as pessoas que queiram ser livradas da manifestação da ira
vindoura, em forma de juízo de uma condenação eterna, que há de vir sobre todos os
que viveram neste mundo, sem terem se convertido a Cristo.
Por isso, queremos ser muito claros, sinceros e
diretos em todas as mensagens transmitidas aos amados leitores, mantendo o foco do evangelho
que aponta somente para Jesus Cristo para que
139
sejamos salvos de tal condenação em razão do pecado.
É bom lembrar que um único pecado praticado ao longo de toda a vida já sujeita o seu praticante
à condenação eterna.
Portanto, não há um único justo, de si mesmo,
pela sua própria justiça, diante de Deus.
Por isso Jesus morreu em nosso lugar na cruz, carregando sobre si toda a culpa dos nossos pecados.
Em suma, tudo o que se refere à necessidade de
um viver reto, do dever de se guardar os mandamentos de Deus, e tudo o mais que se
refira à santificação de nossas vidas, somente pode ser praticado e vivido caso sejamos
convertidos a Cristo, e estando em comunhão com Ele, por meio do Espírito Santo.
Assim, se a Lei santa de Deus lhe condena justamente por causa do pecado, lembre que
pela fé em Jesus, nos está sendo oferecida gratuitamente a libertação de tal condenação,
ao mesmo tempo que somos por Ele capacitados a viver de modo aprovado pela justiça divina,
pelo poder da graça de Jesus, mediante o trabalho do Espírito Santo em nossos corações.
Não há qualquer condenação no evangelho, porque Jesus, pelo evangelho que nos trouxe, ou
seja, por esta maravilhosa notícia, que é o significado desta palavra no original grego do
Novo Testamento, tem se oferecido para ser a nossa justiça, de modo que Deus possa se
agradar de nós e se reconciliar conosco.
140
A rejeição do evangelho. Desta oferta de justiça da pessoa de Jesus, tão graciosa, é que traz
condenação.
141
Entendendo as Palavras de João
Leia o texto relativo ao início do evangelho de João, e tente interpretá-lo. Qual é o seu
significado? Pelo menos, o que podemos aprender sobre a verdade, com estas palavras do
apóstolo?
“1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio com Deus.
3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele
nada do que foi feito se fez.
4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
5 E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.”. (João 1.1-5)
A palavra “Verbo” do primeiro versículo, foi
vertida da palavra “Logos”, no original grego do Novo Testamento, e por isso as versões das
Bíblias inglesas trazem “Palavra”, em vez de Verbo.
Mas como verbo é palavra indicadora de ação, a maior parte das traduções da língua portuguesa
trazem Verbo em vez de Palavra.
Tanto um uso quanto outro estão corretos, mas
Palavra define melhor o pensamento de João ao usar esta palavra para se referir à Pessoa de
Jesus, porque certamente ele tinha em mente demonstrar que Jesus foi quem tomou parte na
criação ao lado de Deus e do Espírito Santo,
142
sendo a Palavra que tudo criou, porque é dito que o mundo foi feito pela Palavra de Deus, uma
vez que Ele disse em cada ato da criação: “faça-se”.
Foi portanto pelo uso da palavra, pelo uso do verbo, que é a classe de palavra que é indicadora
de ações e operações, que Deus trouxe todas as coisas à existência.
“Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo sopro da sua boca.” (Sl
33.6).
“Pela fé entendemos que os mundos foram
criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê.” (Hb 11.3).
“Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram
os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste;” (II Pe 3.5).
Ao fazer uso da palavra Verbo, João a associou aos atos da criação dos céus e da terra, conforme
se vê no verso 3.
Mas ao identificar Jesus como sendo o Logos, a
Palavra, ou Verbo eterno, podemos também considerar que a mente eterna de Deus foi
revelada a nós por meio dEle.
Os pensamentos puros, perfeitos e
conhecedores de tudo o que há em Deus, são inerentes a Cristo e Ele os revelou a nós.
É somente por meio dEle que os selos do livro da vida são removidos para que os mistérios da
verdade sejam revelados a nós.
143
Se Ele não tivesse se manifestado ao mundo, permaneceríamos nas trevas quanto a esta vida
do Espírito Santo que se manifesta nos cristãos, pela fé nEle.
(Quando falo “cristão” não estou contemplando nenhuma igreja ou denominação religiosa
específica, mas aqueles que professam o nome de Jesus Cristo, como Senhor e Salvador de suas
vidas).
Vida de poder espiritual e de comunhão em
amor celestial.
Vida de frutos e dons espirituais que são
comunicados entre aqueles que têm sido vivificados pela luz de Cristo, a qual, quando
permanecemos nela, faz com que a vida de Cristo se manifeste em nós.
Como a luz do sol garante a existência da vida
física na terra, de igual modo, Cristo é o único sol que sustenta a vida do espírito.
Neste sentido, pode-se dizer então que Cristo é a fonte mesma da qual procede toda a Palavra que
sai da boca de Deus, sendo que Ele mesmo é Aquele por quem se expressa esta Palavra.
Daí ter dito que a Palavra que Ele proferia não provinha dEle próprio, mas do Pai, isto é, tudo o
que o Pai expressa pela Palavra, Ele o faz por meio do Filho, de maneira que João havia
apreendido este ensino e verdade comunicado por Jesus aos apóstolos em Seu ministério
terreno, e pôde aprender que o mundo foi feito pela Palavra liberada pelo próprio Cristo, daí
dizer que Ele é a Palavra (Verbo) pela qual todas
144
as coisas foram feitas, e que sem Ele nada do que foi feito se fez (v. 3); isto é, o Pai nada fez sem a
participação de Cristo.
Somente Jesus tem as palavras de vida eterna. Pedro teve este reconhecimento que é dEle que
emana a palavra que dá vida aos pecadores (Jo 6.68), e a experiência comprova isto em todos os
testemunhos de conversão.
“Segundo a sua própria vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos
como que primícias das suas criaturas.” (Tg 1.18).
“tendo renascido, não de semente corruptível,
mas de incorruptível, pela palavra de Deus, a qual vive e permanece.” (I Pe 1.23).
Os textos destacados acima de Tiago e Pedro
revelam o ato da nova criação pela Palavra.
E João diz que esta palavra criativa é o Logos, e a identifica imediatamente com Cristo e afirma
que Ele próprio é esta ação criativa que traz todas as coisas à existência, e sabemos, inclusive
esta nova vida celestial que é dada aos cristãos.
Esta Palavra é a verdade, e Jesus disse também
ser esta verdade, a qual liberta e dá vida.
Há então poder e ação envolvidos nesta Palavra aqui referida pelo apóstolo, e a que é citada em
todas as passagens bíblicas que se referem a ações de criação, de salvação, de santificação, e
de tudo o mais que dependa da liberação do poder pela Palavra de Cristo.
Por isso Jesus havia dito que as suas palavras são
espírito e vida (Jo 6.63). E também que o homem
145
não vive somente de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus (Mt 4.4), porque é
pela palavra de ação poderosa, que novas criaturas com a vida que procede do céu são
geradas.
E que é a prática da Sua palavra, isto é, tê-la em devida consideração e vivendo segundo o seu
poder, que se tem a vida solidamente firmada num fundamento inabalável (Mt 7.24).
Era com a Sua palavra de ordem que Jesus
expulsava demônios e curava enfermos, e que ainda o faz através da Igreja (M 8.16).
É por isso que as palavras de Jesus jamais
passarão porque são eternas assim como Ele é eterno (Mt 24.35).
Desta forma, crer de fato em Jesus é permanecer
nEle, e permanecer nEle é permanecer portanto na Sua palavra; e como esta palavra é a vida
eterna, aquele que a guarda jamais morrerá eternamente (Jo 8.31; 51; 14.24).
Como Jesus é santo, é a sua Palavra que nos
santifica (Jo 15.3; 17.17).
Foi por isso que a Igreja Primitiva tinha poder
para pregar o evangelho, porque eles viviam e pregavam somente a Palavra (At 4.29, 31; 5.20;
6.2, 7; 8.4, 25;10.44; 11.14; 12.24; 13.5, 44, 48, 49; 14.3, 25; 15.35, 36; 16.32; 17.11; 18.5, 11; 19.10, 20; 20.32).
A fé é gerada por se ouvir a Palavra (Rom 10.17).
Nós vemos nas palavras de Paulo em I Cor 1.17; 2.1, 4, 13; I Tes 1.5 que a pregação desta Palavra
viva é muito mais do que simplesmente
146
exposição verbal de conceitos teológicos, ou de meras citações bíblicas, mas a liberação da
porção da verdade, conforme está revelada nas Escrituras, em exposição com palavras
ensinadas pelo Espírito e no poder do Espírito, conforme esta é revelada pelo mesmo Espírito
ao coração e mente do pregador (Ef 6.19):
“Porque Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho; não em sabedoria de
palavras, para não se tornar vã a cruz de Cristo.” (I Cor 1.17).
“E eu, irmãos, quando fui ter convosco,
anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria.”
(I Cor 2.1).
“A minha linguagem e a minha pregação não
consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de
poder;” (I Cor 2.4).
“as quais também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com
palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais.”
(I Cor 2.13).
“porque o nosso evangelho não foi a vós
somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo e em plena convicção, como bem sabeis quais fomos entre vós por amor de
vós.” (I Tes 1.5).
“no qual também vós, tendo ouvido a palavra da
verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo
147
nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa,” (Ef 1.13).
Assim, aqueles que têm a plenitude de Cristo
são aqueles que têm também a plenitude da Sua Palavra habitando neles ricamente (Col 3.16).
São estes que, segundo Cristo, podem comprovar que a doutrina que Ele pregou é
realmente do céu, provinda do Pai (Jo 7.17).
Então Jesus é esta Palavra eterna que criou o mundo e cria a vida eterna naqueles que
recebem dEle esta Palavra viva e poderosa, que gera vida e vida em abundância.
Aquele que permanecer nesta Palavra, conforme Ele ensinou e os apóstolos o
confirmam nas Escrituras, haverão de ter a atestação desta verdade em suas próprias vidas pela transformação que será operada nelas por
causa de permanecerem na Palavra, uma vez que o Espírito atuará neles por estarem
permanecendo na verdade, porque o Espírito é Espírito da verdade (João 14.17; 15.26; 16.13).
Esta Palavra já existia antes que houvesse mundo, antes da existência do tempo
cronológico, ao que João chama de “no princípio” mostrando que era, que é e sempre
será.
Não que tivesse começado com princípio de existência, mas por ter sempre existido sem
começo, nem fim, sendo ao mesmo tempo o Alfa e o Ômega (a primeira e a última letras do
alfabeto grego) de maneira que início e fim se
148
confundem por fazerem parte de um todo indissolúvel e eterno (Apo 1.8; 21.6; 22.13).
Cristo sempre esteve em coexistência com o Pai. Ele estava, está e sempre estará com Deus.
De maneira que crer em Cristo é crer em Deus
Pai porque o Pai e o Filho coexistem em perfeita unidade e são inseparáveis.
Temos visto então, nesta primeira parte do
nosso comentário sobre as palavra místicas de João em seu evangelho, o significado do Verbo
divino, e tentaremos descortinar na segunda parte, a referência que ele faz à luz.
Somente Jesus estava qualificado para efetuar a
nossa redenção porque Ele conhece perfeitamente a nossa constituição total, de
espírito alma e corpo porque Ele nos criou, assim como todas as coisas.
Somente Ele conhece também a nossa situação,
relativa à nossa constituição natural, que é totalmente de trevas espirituais. De densas trevas produzidas pelo pecado que nos
impedem de ver a Deus, compreendê-Lo, à sua vontade, e as coisas relativas ao reino dos céus.
João afirma no verso 4 que a vida estava em
Cristo, e que esta vida era a luz dos homens.
Jesus é então o sol da justiça que permite que os nossos olhos espirituais sejam curados e vejam
o mundo espiritual da verdade, celestial e divino.
Fora dEle, em relação ao entendimento das
coisas do espírito, tudo é trevas.
149
Ele é o Deus vivo, que não é Deus de mortos, mas de vivos, porque tudo o que vive tem a sua
origem em Deus, por meio de quem tudo subsiste.
Todo espírito que está ligado a Deus vive e viverá eternamente.
Mas fora de Deus tudo é morte.
O fato de ser a vida de Cristo a luz dos homens, isto está restringido no verso 5 àqueles que são
de Cristo, porque aqueles que amam as trevas não podem compreender esta luz, espiritual,
celestial e divina.
E estas trevas espirituais significam morte
espiritual. Assim como as trevas totais permanentes significam morte para a
existência física.
Precisamos portanto, de luz espiritual para ter
vida espiritual.
E esta vida está somente em Jesus.
É dele somente que a podemos receber.
Por isso é necessário que aqueles que foram alcançados por essa maravilhosa luz, que
andem continuamente na luz, porque ela lhes é necessária e vital.
Deus criou a humanidade para ser uma lâmpada
que brilhe com a Sua luz, queimando com o óleo do Espírito Santo.
João diz que a vida de Cristo é a luz dos homens, porque os cristãos devem ser como lâmpadas
que emitem a luz de Cristo.
150
É a Palavra eterna na lâmpada que é o cristão, que o faz brilhar com o brilho que procede de
Deus.
Sem a Palavra que acende esta lâmpada, ela
permanece apagada.
Por isso se ordena aos cristãos que não apaguem
o Espírito Santo, para não terem as suas próprias lâmpadas, que são suas vidas, apagadas.
Para que tenha luz, o cristão depende inteiramente de Deus, e portanto da Sua Palavra
e do fogo do Espírito Santo.
Deus uniu a ambos para que o cristão possa brilhar, e assim manifeste a vida eterna de Deus
para iluminar este mundo de trevas.
A luz condenará as obras infrutíferas das trevas
naqueles que permanecem no pecado, porque fará a exposição do que se ocultava nas trevas:
“Mas todas estas coisas, sendo condenadas, se manifestam pela luz, pois tudo o que se
manifesta é luz.” (Ef 5.13).
É pela luz da revelação divina que o pecado pode
ser condenado ou extirpado.
E João nos diz que a vida está em Jesus, e que esta vida era a luz dos homens; isto é, somente
quando a vida poderosa de Jesus se manifesta em alguém, que tal pessoa poderá vir para a luz
de Deus e conhecer a Deus e compreender as coisas espirituais e divinas.
Assim, fora de Cristo, não há tal possibilidade, porque vida e luz para os homens procedem
dEle.
151
A vida eterna que nós necessitamos para escapar da morte eterna está somente em Cristo
Jesus, e é nEle portanto que devemos buscá-la, e João nos indica o meio de obtê-la, a saber, por
meio da Palavra e pelo andar na luz.
É a luz de Cristo que ilumina o nosso entendimento e espírito para compreendermos
as Escrituras.
Elas permanecem como um livro fechado para nós até que Cristo abra o nosso entendimento e
se revele ao nosso espírito para que possamos compreendê-las; tal como fizera com os dois
discípulos no caminho de Emaús, aos quais lhes abriu o entendimento para compreenderem
tudo o que estava escrito acerca dEle nas Escrituras.
Não foi João quem conceituou Jesus como luz, pois Ele próprio fizera tal afirmação acerca de Si
mesmo durante o Seu ministério terreno, confirmando aquilo que as Escrituras do Velho
Testamento afirmam sobre Ele, especialmente de que Ele seria luz para os gentios.
“o povo que estava sentado em trevas viu uma
grande luz; sim, aos que estavam sentados na região da sombra da morte, a estes a luz raiou.”
(Mt 4.16).
“E o julgamento é este: A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz,
porque as suas obras eram más.” (Jo 3.19).
“Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou
a luz do mundo; quem me segue de modo algum
152
andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 8.12).
Veja que foi Jesus quem disse que é a luz que dá vida aos homens, de maneira que aquele que
não está na luz e que não é luz por ter recebido tal luz de Jesus, continua morto em seus
pecados. A vida eterna consiste portanto na manifestação desta luz no nosso viver.
“pois em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos a luz.” (Sl 36.9).
Jesus é a luz que nos tira das trevas da ignorância para a luz do conhecimento pessoal de Deus, e é
neste conhecimento de Deus e do Filho de Deus que consiste a vida eterna, conforme afirmação
do próprio Senhor Jesus Cristo.
153
Características do Evangelho Verdadeiro
Evangelho, semanticamente, reportando ao
significado da palavra no original grego do Novo Testamento significa literalmente "anúncio de
boas notícias". São boas em sua natureza e efeito para a humanidade.
Somente na Bíblia podemos achar os critérios
de determinação do evangelho verdadeiro.
São tantas características a serem consideradas, que é muito comum, focar apenas numa ou em
poucas, ou até mesmo distorcidas, e assim, não se chega a uma compreensão correta do
verdadeiro significado do evangelho, em sua essência real e nos seus efeitos positivos para
aqueles que o abraçam.
A principal característica que deve ser
destacada é a do caráter de completa libertação e salvação que está sendo oferecida
gratuitamente por Deus a todo aqueles que creem em Cristo, porque o próprio Jesus é a
única Justiça que nos justifica e nos torna perdoados e aceitáveis a Deus, de forma que
possamos ser reconciliados com Ele.
Uma segunda característica importante é que esta justificação que conduz à vida eterna, é
operada instantaneamente, num dado momento da vida, e tem validade para sempre,
por toda a eternidade.
154
Daqui em diante citaremos outras características sem enumerá-las.
Destaca-se também no evangelho, que é de fato boa notícia, a melhor das notícias, porque não
traz em si qualquer juízo condenatório, porque esta justiça que é oferecida pela graça, e obtida
mediante a fé, não é para condenar, mas para libertar da escravidão ao pecado.
Isto, por sua vez, nos conduz a um outro ponto
importante, que é o de que todo aquele que é justificado pelo evangelho, é também
instantaneamente transformado, ao que o Novo Testamento chama de novo nascimento do
Espírito Santo, ou regeneração.
Há de fato uma mudança radical nos objetivos
de vida de todo aquele que se converte, porque passa a habitar nele um novo princípio vivo
operante de santificação, motivado pela presença do Espírito Santo, em comunhão com
o espírito do convertido que se achava morto (separado de Deus, não participante da Sua vida
divina, sem o conhecimento pessoal de Cristo, sem comunhão com o divino).
Este novo princípio de santidade implantado na
natureza terrena do que crê, passa a exercer domínio e repulsa ao princípio vivo do pecado
que ainda opera na carne.
155
Daí sucede uma luta entre a natureza terrena
carnal, e a nova natureza espiritual recebida do Espírito Santo.
O alvo deste combate é o de crucificar o ego carnal e fazer prevalecer a mente de Cristo no
cristão.
Então, há uma ação real, espiritual, celestial e divina operando em nosso caminhar neste
mundo quando abraçamos o verdadeiro evangelho de Cristo, porque somente Ele é o poder de Deus para a salvação de todos os que
nele creem.
Sem esta realidade espiritual operando no viver não podemos dizer que somos autênticos
cristãos (discípulos de Jesus, filhos e servos do Deus vivo), porque tudo o que se ensina na Bíblia
a tal respeito cumpre-se somente nos que tiveram um verdadeiro encontro pessoal com Cristo.
156
Morte do espírito não significa aniquilamento
Tanto isto é verdadeiro, que quando Adão
pecou, seu espírito morreu, ou seja, ficou separado da comunhão com Deus, que ele tinha
anteriormente enquanto seu espírito vivia.
Nosso espírito é como uma brasa que necessita da chama divina para estar aceso, vivificado.
Mas uma vez revivificado o espírito, pela fé em Cristo, importa, santificá-lo, ou seja separá-lo,
daquilo que o mata, a saber, o pecado.
Isto pode ser feito somente pela renúncia ao eu,
determinada por Cristo. Que nada mais é do que a crucificação do ego carnal com sua paixões e
cobiças.
Veja o que o apóstolo Paulo diz em Gál 5.24:
"E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências."
Não que o nosso eu morrerá, ou será aniquilado. O que morre é o pecado que domina o nosso ego.
Mas isto não pode ser feito se o eu não for
renunciado.
Por isso Jesus nos ordena o seguinte em Mat
16:24 :
157
"Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a
sua cruz e siga-me."
Nosso Senhor Jesus Cristo disse que somos seus
discípulos se negarmos o nosso ego, ou seja, se o crucificarmos carregando diariamente a
nossa cruz.
Esta negação é basicamente a separação da nosso espírito, dos desejos do corpo e das
paixões da alma, não no sentido de não aturarem mais conjuntamente como uma
unidade, mas sim em trazer estas paixões e desejos debaixo do poder do nosso espírito
renovado, para que sejam vencidos pelo poder do Espírito Santo, de modo a vivermos segundo
a vontade de Deus, quando esta colidir com a nossa. Importa que a vontade dEle seja feita e
não a nossa.
Assim, o espírito do homem não morre no sentido de ser aniquilado, mas na verdade em
todo homem sem Cristo, o espírito está morto, ou seja, está de Deus separado, e isto significa
morte no sentido da vida eterna divina. O homem está morto para esta vida, assim como o
nosso corpo morre, quando o nosso espírito o deixa para seguir o seu destino.
158
Jugo Suave e Fardo Leve
“28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração;
e achareis descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” (Mt 11.28-30)
O desejo permanente do coração de nosso
Senhor Jesus Cristo é o de dar alívio aos que se sentem oprimidos, atribulados, aflitos, agitados,
desesperançados, e vencidos pelas cargas que a vida lhes impõe.
Tudo isto se reflete em mentes e corações
perturbados, que facilmente são vencidos por tristezas, irritações, abatimentos e angústias.
O fardo do cumprimento de obrigações religiosas impostas pela tradição dos homens,
tal como a dos fariseus, somente servirá para agravar ainda mais a nossa condição de falta de
paz e alegria.
Somente nosso Senhor mesmo, a Sua pessoa amada e divina, poderá nos dar o alívio
permanente tão necessário para tocarmos as nossas vidas, quer no enfrentamento de
dificuldades financeiras, sentimentais, emocionais e de qualquer outra natureza,
especialmente no que toca ao modo do nosso relacionamento com pessoas que nos ferem e
magoam, e ao passar por enfermidades graves.
159
Somos convocados pelo Senhor a aprendermos da Sua própria mansidão, que consiste
principalmente na perfeita submissão à vontade de Deus Pai, e também a aprendermos da sua
humildade de coração.
E isto conseguiremos por carregarmos o jugo suave e o fardo leve que o Senhor nos chama a
tomar, para acharmos descanso e paz para a nossa alma.
O jugo do Senhor, que consiste na obediência à
Sua vontade, não nos oprime a cerviz, porque é suave, e portanto, diferente daquele que é
colocado sobre os animais de carga, para que sejam conduzidos segundo a vontade dos seus
donos.
O fardo do Senhor é leve, e não é pesado como o dos deveres religiosos impostos pela mera
tradição de homens, tal como faziam os fariseus.
Seus mandamentos não são penosos, conforme afirma o apóstolo João, que por experiência
própria os havia praticado conforme era capacitado para tal pelo poder da graça do
Senhor.
Não olhe portanto para os seus muitos problemas, mas olhe somente para o Senhor.
Submeta-se a Ele. Ame e pratique a Sua Palavra, e você testemunhará que há somente descanso
e paz para o nosso coração e para a nossa alma, no próprio Jesus.
160
Honra, Dignidade, Valor
É justo que alguém que tenha feito muitas boas
obras possa vir a se perder eternamente, enquanto outra pessoa que tenha sido limitada
em tais obras seja salva por Deus?
É justo que um ladrão que veio a se arrepender somente quando estava morrendo numa cruz
tenha recebido de Cristo a promessa que estaria com Ele no paraíso, enquanto muitas pessoas
que se esforçam para serem honestas são condenadas ao inferno?
Se você for avaliar o assunto da salvação segundo o padrão da justiça terrena e humana,
a conclusão a que chegará é a de que não é justo.
Todavia, caso seja melhor esclarecido quanto ao que é a Justiça de Deus, e o que se exige de nós,
segundo a referida justiça, é bem possível, que logo mudará de opinião, e afirmará que é mais
do que justo.
Principalmente, se chegar por meio do
convencimento que é operado em nossa consciência, ao reconhecimento de que todas as pessoas, sem uma única exceção, possuem uma
natureza pecaminosa, ou seja, que não permite que vivam em perfeita santidade, desde o
nascimento até a morte, conforme é exigido pela justiça da Lei, que reflete o atributo da
justiça de Deus.
Não podemos esquecer que o homem foi criado
para ser à exata imagem e semelhança de Deus.
161
Ou seja, ser como Deus é em Seu caráter e atributos perfeitos.
Ora. Somente por esta verdade, concluímos que
não há portanto, um único justo aos olhos de Deus.
Daí se dizer que todos são pecadores.
Porque erramos o alvo para o qual fomos criados
por Ele.
E errar este alvo nos deixa na condição de ter
uma dívida eterna e impagável para com Deus.
Porque não podemos compensar-Lhe por não sermos aquilo que segundo o Seu propósito
divino, deveríamos ser.
Então o que fez o Senhor para nos salvar desta terrível condição em que nos encontramos?
Ele planejou morrer em nosso lugar para a
satisfação da exigência da Sua justiça, porque Ele não pode deixar de ser justo, e assim puniu e
condenou o pecado e o pecador, na morte de Cristo, que sofreu o castigo divino em nosso
lugar.
Assim, Jesus se fez maldição e pecado por nós, para que fôssemos aceitos pela fé nEle, como
santos, inculpáveis e justos por Deus.
É por esse motivo, que por mais importante que seja, e até mesmo segundo a vontade de Deus
que pratiquemos boas obras, elas não podem, no entanto, isoladamente nos livrar da condenação
eterna e nos tornar Seus filhos.
É portanto, somente por meio do arrependimento e da fé em Cristo que alguém
poderá ser salvo. Não há outro meio ou plano de
162
Deus para isso. E nem mesmo poderia haver, porque somos salvos por meio da nossa
identificação com Cristo, quer na Sua morte, quer na Sua ressurreição.
Ninguém além dEle, pagou ou poderia pagar a nossa divida de pecado, colocando-se no nosso
lugar e morrendo por nós na cruz.
Pois somente Ele possui méritos e dignidade
suficientes, e um valor infinito e eterno, porque é também Deus, de modo que poderia ser dado
em substituição a todas as pessoas que já viveram e que viverão neste mundo, e ainda há
mérito, dignidade e valor de sobra, de modo que houve nisto uma justa troca efetuada por Deus
Pai, a saber, a de Cristo, por todos os pecadores.
Honra, dignidade e valor infinitos e eternos,
somente pertencem a Jesus Cristo, nosso Senhor.
Por isso cantam os anjos e a multidão de remidos no livro de Apocalipse:
“Apo 7:9 Depois destas coisas, vi, e eis grande
multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé
diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palma
Apo 7:10 e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao
Cordeiro, pertence a salvação.
Apo 7:11 Todos os anjos estavam de pé rodeando
o trono, os anciãos e os quatro seres viventes, e
163
ante o trono se prostraram sobre o seu rosto, e adoraram a Deus,
Apo 7:12 dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a
sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos
séculos dos séculos. Amém!”
164
Há Deficiências com as Quais Temos que Viver
Somos muitos devedores a John Wesley, pela grande sabedoria que Deus lhe deu, e pela
sinceridade do mesmo em expor as realidades que nos acompanham em nossa jornada cristã.
Por exemplo, muitos sofrem por causa das coisas que pensam, ou pela incapacidade de se
fixarem somente nas coisas espirituais, celestiais e divinas, sem que possam deixar de
abrigar qualquer queixa em seus corações, quando estão passando por enfermidades
desconfortantes, que mexam poderosamente com o sistema nervoso central dos mesmos,
produzindo aquilo que Wesley chama de “pensamentos inconstantes”; que fogem da norma bíblica, de ocupar o pensamento com
aquilo que é agradável, que tenha boa fama e louvor.
Por longos sessenta anos tenho sofrido de constantes crises de rinite alérgica, e quadros
gripais intensos, que se agravaram com os medicamentos à base de cortisona, que tomei
por um extenso período, ignorando os males que produzem tais medicamentos.
A consequência disto é que o meu sistema
nervoso central foi muito atingido, a ponto de não poder me conter tranquilo quando estou
acometido de tais severas crises de rinite, que aprouve, à providência, até a presente data, não
me curar definitivamente das mesmas.
165
Minhas defesas orgânicas são muito baixas; de sorte que a mínima alteração de temperatura a
que fique exposto, é o suficiente para disparar todo o referido processo.
Atendi a apelos para cura física, vezes sem conta. Orei com todas as minhas forças ao
Senhor pedindo que me curasse; todavia, a enfermidade tem me seguido, lembrando-me
que não é preciso muito coisa para mexer com a minha paz de espírito.
Quão grande agonia é ficar sem poder respirar adequadamente, e com uma terrível secreção a
me sufocar.
Para complicar o quadro, sou hipertenso, e não
posso lançar mão da maioria dos antialérgicos e descongestionantes, porque alteram a pressão
arterial.
Então, encontro consolo nas palavras de
Wesley, que extraí do seu sermão intitulado “pensamentos inconstantes”, onde descreve
estas condições e situações em que não é possível permanecer inabalável, salvo se houver
uma intervenção direta e miraculosa da parte de Deus, curando-nos ou nos fortalecendo com a
Sua graça.
São palavras de Wesley:
“Em relação à última espécie de pensamentos inconstantes, o caso é muitíssimo diferente
(Wesley se referiu aos pensamentos inconstantes que são resultantes da
incredulidade, de ímpios, o que não é o nosso
166
caso – nota do articulista). Enquanto a causa não for removida, não podemos com boas razões
esperar que cessem os efeitos. Mas, as causas ou ocasiões de tais pensamentos permanecerão
enquanto permanecermos no corpo. Enquanto isto se verificar, temos toda razão para crer que
os efeitos também permanecerão.
Para focalizar o assunto de modo mais particular, suponha-se que uma alma, embora
santa, habite um corpo combalido; suponha-se que o cérebro esteja completamente
desorganizado, de modo que a esse estado suceda furiosa loucura. Todos os seus
pensamentos não serão selvagens e desconexos, enquanto durar aquela desordem?
Suponha-se que uma febre ocasione essa
loucura temporária, que chamamos “delírio”; pode haver qualquer concatenação de
pensamentos enquanto o delírio não for debelado?
Sim, suponha-se que o que se chama
“perturbação nervosa” chegue a tão alto grau, que determine, no mínimo, um estado de semi-
loucura; não haverá, então, milhares de variações de pensamento?
Esses pensamentos disparatados, não devem continuar enquanto subsistir a desordem que os
determina?
O caso não será o mesmo, em relação aos pensamentos que se formulam sob a ação de
dores violentas?
167
Eles mais ou menos continuarão, enquanto durarem aquelas penas, e isto por inevitável
imposição da natureza. Tal imposição, de igual modo, prevalecerá, nos casos em que os
pensamentos sejam conturbados, fragmentados ou interrompidos por qualquer
defeito de apreensão, juízo ou imaginação, oriundo da constituição natural do corpo.
E quantas interrupções podem resultar da
inexplicável e involuntária associação de nossas ideias!
Todas elas são, porém, direta ou indiretamente causadas pela pressão feita sobre a mente pelo
corpo corruptível. Nem podemos, entretanto, esperar que elas sejam removidas, até que “este
corpo corruptível seja revestido de incorrupção”.
Somente quando dormirmos no pó, seremos libertados dos pensamentos inconstantes,
ocasionados por aquilo que vemos e ouvimos em meio daqueles que nos rodeiam. Para evitar
isto, seria necessário sairmos do mundo, porque, enquanto permanecermos nele,
enquanto homens e mulheres estiverem à volta de nós, e tivermos olhos para ver e ouvidos para
ouvir, as coisas que vemos e ouvimos diariamente, por certo que nos afetarão a
mente, e mais ou menos quebrarão e interromperão a sequência de nossos
pensamentos.”
Bendito seja Deus por tais palavras verdadeiras.
168
Sejamos então, pacientes e sábios em nosso aconselhamento em relação aos que estão
sofrendo.
Não sejamos consoladores molestos, como os
amigos de Jó.
Não tentemos justificar a Deus condenando
quem não é digno de condenação ou reprimenda, porque, como temos visto, não há
nenhum mortal sobre a face da terra que possa produzir seu próprio consolo, mesmo quando o
busca em Deus.
Por mais que se esforce em tal sentido,
enquanto Deus não agir trazendo livramento das dores que fustigam seu corpo e alma, não
poderá esperar ser achado com um largo sorriso em seus lábios e grande alegria em seu coração;
senão gemidos, lamentos e tristezas que o próprio Deus entende, por saber que elas estão
realizando o efeito desejado por Ele, de nos manter conscientes de nossas inabilidades e
fraquezas, para que quando estivermos vivendo nos dias de conforto e alegria, não esqueçamos
que isto é fruto da Sua graça.
169
Fé e Sofrimento
Nós lemos em Lucas 13.10-17 o seguinte:
Luc 3.10 Ora, ensinava Jesus no sábado numa das
sinagogas.
Luc 13:11 E veio ali uma mulher possessa de um
espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum
poder endireitar-se.
Luc 13:12 Vendo-a Jesus, chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade;
Luc 13:13 e, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a
Deus.
Luc 13:14 O chefe da sinagoga, indignado de ver que Jesus curava no sábado, disse à multidão:
Seis dias há em que se deve trabalhar; vinde, pois, nesses dias para serdes curados e não no
sábado.
Luc 13:15 Disse-lhe, porém, o Senhor: Hipócritas, cada um de vós não desprende da
manjedoura, no sábado, o seu boi ou o seu jumento, para levá-lo a beber?
Luc 13:16 Por que motivo não se devia livrar deste cativeiro, em dia de sábado, esta filha de
Abraão, a quem Satanás trazia presa há dezoito anos?
Luc 13:17 Tendo ele dito estas palavras, todos os
seus adversários se envergonharam. Entretanto, o povo se alegrava por todos os
gloriosos feitos que Jesus realizava.
170
Quando a enfermidade ou a aflição assola por
longo tempo e de modo contínuo, parece que a fé por fim sucumbirá e não resistirá, porque a
enfermidade e a aflição geram uma fraqueza na alma, e perturbam a paz da nossa mente, de
maneira que pouco conseguimos fazer a não ser clamar a Deus para que seja misericordioso para conosco, dando-nos livramento de nossas dores.
Mas tal é a virtude da graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que Ele virá em nosso socorro,
mesmo quando não Lhe estivermos buscando para sermos curados, senão para adorá-lo e
sermos instruídos por Ele, tal como fizera aquela mulher enferma, há dezoito anos, que
fora à sinagoga para ouvi-Lo, tal como muitos estavam fazendo na mesma ocasião.
Havia um culto solene na sinagoga, e não seria de se esperar que ele fosse interrompido, na
sucessão dos atos relativos ao serviço de orações, leitura e exposição da Palavra de Deus.
Todavia, foi o próprio Senhor Jesus Cristo que tomou a iniciativa de parar a sua pregação para
chamar aquela mulher enferma para que a curasse.
De modo muito diferente daqueles que entre nós, seguem estrita e rotineiramente o costume
tradicional de pregarem sem permitirem que qualquer ação, ainda que do Espírito Santo,
venha a interromper a sua oratória, nosso Senhor Jesus Cristo nos mostrou o que deve ser
feito, mesmo quando estamos pregando,
171
porque interrompeu o seu ensino em pleno culto da sinagoga, para realizar uma cura
específica de uma determinada pessoa que se encontrava na congregação.
Nós vamos ao culto, ainda que em fraquezas de enfermidades, perplexidades, aflições, e toda
sorte de sofrimentos, na expectativa de simplesmente adorarmos ao Senhor e aprendermos a Sua Palavra, mas, em Sua
infinita graça e misericórdia, o Senhor vai muito além, e nos livra, muitas vezes, de nossas cargas
e sofrimentos.
Louvado seja o seu santo nome, que dia a dia,
carrega os nossos fardos.
Que nos ensina que o culto não é um mero
cumprimento de obrigações religiosas, mas um meio vivo e eficaz de sermos abençoados por Ele
com toda a sorte de bênçãos, enquanto nos dispomos apenas a adorá-lO.
Não importa que pessoas insensíveis e hipócritas, fiquem escandalizadas com Seus
atos de misericórdia, tal como sucedeu na Sinagoga, nosso Senhor haverá de atender as
nossas mais urgentes necessidades, independentemente da oposição que Lhe
possam fazer tais hipócritas religiosos insensíveis, que não querem dar lugar algum, e
o mínimo desperdício de tempo, conforme eles assim o consideram, com o exercício da
misericórdia.
Nosso Senhor continuará envergonhando estes
religiosos insinceros, enquanto o povo simples
172
e humilde que O adora, continuará se regozijando e Lhe glorificando pelos Seus
poderosos feitos.
Não será permitido pelo Senhor que aqueles
que dão honra à Sua Palavra, tal como a mulher enferma da nossa estória, fiquem encurvados
por um tempo além do que for permitido por Ele, debaixo das cargas que lhes são impostas
por Satanás, e assim, os livrará no tempo oportuno, para que seus filhos louvem a glória
da Sua graça, que Ele nos tem concedido abundantemente, não pelos nossos méritos,
mas pela exclusiva fé nEle e na Sua misericórdia.
Louvado seja o Seu grande nome, para todo o
sempre.
173
Devemos Ter a Mesma Misericórdia Que Há em Deus
Em Rom 1.18 a 21 lemos:
Rom 1:18 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que
detêm a verdade pela injustiça;
Rom 1:19 porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus
lhes manifestou.
Rom 1:20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua
própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos
por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;
Rom 1:21 porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe
deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o
coração insensato.
Nesta porção das Escrituras, o Espírito Santo, falou pela boca do apóstolo Paulo, nos versículos
20 e 21 qual é o motivo de Deus se irar contra os homens ímpios, a saber: eles não glorificam a
Deus e nem são gratos a Ele, por tudo que percebem dos Seus atributos invisíveis e do Seu
eterno poder, desde o princípio do mundo, atributos e poder estes que podem ser
observados através das coisas que Deus criou.
174
Veja que o texto fala de atributos e de poder.
E nisto destacamos especialmente o amor, a misericórdia, a paciência, a longanimidade, a
graça, a onipotência, e todos os demais atributos correlatos a estes, que fazem com que Deus seja
bom até mesmo para com pecadores como são todos os homens.
Afinal, não há um único justo sequer no mundo, desde que o primeiro homem pecou e virou as
costas para o Senhor.
Deus seria totalmente justo caso julgasse e mantivesse a todos os homens do mundo, e de
todas as épocas, debaixo das sucessivas manifestações do Seu desagrado e ira contra tal
ingratidão e falta de glorificação do Senhor por causa da falta de um procedimento santo em
suas vidas.
Todavia, não somente é longânimo Ele próprio com todos os homens, como também ordena
aos que se tornaram Seus filhos por meio da fé em Jesus Cristo, que O imitem especialmente
nos seus atributos de amor e de misericórdia, amando o próximo como a si mesmos.
Como? Deus ordena que aqueles que Lhe são gratos e que o glorificam, amem os Seus
inimigos? Sim.
Ele ordena que se dê alimento e bebida para matar a fome e a sede de quem persegue os que
andam retamente?
Sim. Porventura não o registrou em Sua
Palavra?
175
O grande motivo para isto é que o Senhor não tem levado o pecado em conta nesta
dispensação da graça, pois tem adiado tudo para o dia do grande Juízo.
E por que Ele o faz?
Porque sabe que, espiritualmente falando, todas
as pessoas se encontram naturalmente cegas quanto à sua condição de mortas espirituais
perante Ele, como também que elas desconhecem a extensão e profundidade do Seu
amor, da Sua justiça, bondade e misericórdia, para com todos os homens, em razão desta
condição enferma com a qual todos se encontram perante Ele.
É por isso que se compadece.
E nos chama a agir de igual forma, depois que o
conhecemos.
Agora, veja que o argumento bíblico diz que ao agirem contra a revelação da misericórdia e da
bondade de Deus, não se convertendo a Ele e deixando de Lhe dar a glória devia, tais pessoas
se tornam ingratas e irreverentes, e serão indesculpáveis no dia do grande Juízo de Deus,
porque deram as costas à mão perdoara que lhes fora estendida.
E não serão indesculpáveis por causa de uma única manifestação de bondade para com elas
em face de todo o mal que praticam.
Serão indesculpáveis, porque, na verdade, Deus
lhes tem dado um longo tempo para se arrependerem e se converterem em face de
toda a bondade e longanimidade, que não
176
apenas Ele, como todos os Seus filhos amados, têm demonstrado por elas por toda e uma longa
vida na terra.
E são mais indesculpáveis ainda, porque o que se lhes pede para que tal quadro seja alterado, é
que simplesmente reconheçam a sua condição de afastamento espiritual do seu criador, na
qual se encontram, e que confiem em Jesus Cristo para ser o Senhor e Salvador de suas
vidas, que lhes habilite a se reconciliarem com Deus e a agirem e viverem de modo que Lhe seja
agradável.
Tudo o que fizeram de mau, e por um longo tempo, lhes seria perdoado instantaneamente,
no momento mesmo em que se convertessem a Deus.
Todavia, como não se arrependem, não se
convertem, não são gratos a Deus e nem o glorificam, então, apesar dEle não desistir de
continuar sendo bom para com eles, não poderá ter qualquer amor de intimidade e comunhão
com os tais, e nada poderá fazer, por causa da sua incredulidade, senão deixá-los entregues a
si mesmos, e isto fará com que aumentem ainda mais a sua cota de pecados contra os céus
e contra Deus.
Olhem para o ministério de Jesus aqui na terra,
conforme o relato dos evangelhos.
Por acaso não mostrou tal amor, bondade, misericórdia e poder de curar, até mesmo a
ingratos e maus? (e afinal há alguém que seja
177
perfeitamente bom? Alguém que cujo espírito não necessite ser curado?)
Ele revelou em pessoa, que o caráter do
evangelho é realmente o de misericórdia, perdão, amor e bondade, para com todos os
pecadores.
E isto está sendo manifestado no mundo, desde então, até agora, e até o último instante da vida de cada pessoa que tem passado por aqui.
Ora, em face de tudo isto, o que devemos pensar,
quanto ao juízo eterno de fogo a que ficarão sujeitos todos os que resistirem bravamente à
tão grande oferta de graça que Deus está fazendo em Cristo, para que sejamos perdoados
e reconciliados com Ele?
Haverá porventura qualquer injustiça ou maldade da parte de Deus nisto?
Ninguém poderá ir para o céu sem ser
transformado.
Jesus derramou seu sangue na cruz para que fôssemos lavados e curados do pecado.
Pagou um grande preço sendo visitado pela ira
de Deus que castigou nEle, na cruz, a nossa culpa.
E rejeitando o único remédio pelo qual
poderíamos ser curados, seria de se esperar que saíssemos deste mundo ilesos, perfeitos e
abençoados?
Oh não!
Contra isto clama até a própria natureza, pois aprendemos dela, que o que não se renova se
estraga, morre, acaba.
178
Deus tem usado de misericórdia e sido longânimo para com todas as pessoas, e tanto
isto é verdadeiro, que ordena àqueles que o têm conhecido que sejam também misericordiosos
assim como Ele.
É por isso que está escrito na Bíblia que o juízo é
sem misericórdia sobre aquele que não usar de misericórdia.
Porque assim como é Deus, deve ser o homem a quem Ele criou para ser à sua exata imagem e
semelhança.
Deus perdoa e esquece os pecados dos maiores
transgressores quando eles se arrependem, e os tem suportado com grande paciência e
bondade, enquanto isto não acontece, na expectativa de que o façam.
Por isso devemos sempre lembrar, nas perseguições que sofremos, das seguintes
palavras proferidas pelo apóstolo Pedro, em I Pe 3.13:
1Pe 3:14 Ora, quem é que vos há de maltratar, se
fordes zelosos do que é bom?
1Pe 3:14 Mas, ainda que venhais a sofrer por
causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças,
nem fiqueis alarmados;
1Pe 3:15 antes, santificai a Cristo, como Senhor,
em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir
razão da esperança que há em vós,
179
1Pe 3:16 fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que,
naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom
procedimento em Cristo,
1Pe 3:17 porque, se for da vontade de Deus, é
melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.
180
Devemos Entregar Nossos Fardos a Jesus
“6 Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos
diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças;
7 e a paz de Deus, que excede todo o
entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.” (Fp 4.6,7)
Este texto de Fp 4.6,7 foi-me passado certa ocasião, por uma pessoa querida, para ilustrar a
experiência que tivera em relação a um sério problema que um de seus filhos estava
enfrentando. Ela havia tomado o fardo dele para si. Com isso perdeu a paz, e só via o problema
agravar-se dia a dia.
Isto prevaleceu até o Senhor exortá-la por um dos seus profetas, que nada sabia acerca do seu
problema, através de um idioma irreconhecível para o próprio, e para as demais pessoas
presentes à igreja, onde ela fora cultuar a Deus; exceto para ela, que tudo discernia em sua
própria língua.
A mensagem foi introduzida com o vocativo do seu nome, e afirmava-lhe o Senhor que queria
abençoá-la mais, entretanto, ela estava impedindo-Lhe de agir. O Senhor também
lembrou que o seu filho era também Seu filho, e que dele, Ele mesmo cuidava.
Ora, diante de tal exortação, e sob impulsão do
Espírito Santo em seu espírito, ela pôde pedir
181
perdão ao Senhor pela sua ansiedade e falta de confiança prática na Sua providência,
entregando-lhe o filho em Suas mãos na mesma hora. Veja bem! Entregou o filho, não
propriamente seus problemas. Com isto, todos os problemas foram resolvidos logo no dia
seguinte.
Que poder real! Que competência!
Esta experiência foi-me relatada para orientar-me, pois eu mesmo lhe dei ocasião, pois estava
compartilhando a situação que estava vivendo com uma pessoa muito querida, que se
encontrava em profunda depressão, pela qual eu vinha orando ansiosamente, sem ver o
problema resolvido. Nem médicos ou remédios estavam dando conta do problema.
Eu havia tomado aquele fardo sobre meus ombros, e confesso que estava bastante
sobrecarregado.
Mas, o compartilhar daquela noite abriu meu
entendimento espiritual, e agi da mesma forma, conforme sentia testificar no meu
espírito. Entreguei também a citada pessoa nas mãos de Deus. Afirmei que ela lhe pertencia e
não cabia a mim, tomar a dianteira do Senhor para a solução do problema.
E o que sucedeu depois disto?
A alegria veio pela manhã, para um choro que havia durado várias noites e dias.
É necessário reconhecer que nem todas as respostas para nossos problemas nos vêm de
forma tão rápida.
182
É preciso lembrar que para o Senhor mil anos são como um só dia (II Pe 3.8). Mas, bem faremos
em não abandonar nossa esperança e confiança nEle. De buscarmos Seu poder, que lança para
bem longe a ansiedade, de maneira que Sua paz guarde nossas mentes e corações, em Cristo
Jesus.
O importante é que estejamos quietos e
sossegados em nosso coração, independentemente das circunstâncias
adversas. Temos conhecimento que há muitos que têm servido fielmente ao Senhor, em meio
às maiores tribulações.
Há crentes tetraplégicos com um tremendo
testemunho de vida cristã. Gente com todo tipo de enfermidade congênita ou adquirida, que
tem prosseguido adiante com uma fé inabalável na providência de Deus, sabendo que Ele está no
comando de todas as coisas.
E o fundamental a ser aprendido de tudo isto, é que não importa o grau das tribulações que
sofremos, o Senhor quer que estejamos em paz e sossegados, com paz espiritual em nossas
mentes e corações, por confiarmos nEle, e permanecermos firmes na fé, não
propriamente para resolver nossos problemas, mas para não permitir que a nossa comunhão com Ele seja arranhada ou abalada, seja pelo que
for.
Sabemos não apenas que Ele tem disposto todas as coisas de forma que cooperem para o nosso
bem, especialmente no tocante ao nosso
183
crescimento na graça e na santificação, e também e principalmente, para provarmos que
o nosso amor por Ele é maior do que o que temos por nós mesmos, por nossos amados, pelas
coisas que aspiramos, de modo que nos gloriamos em nossas tribulações, tal como o
apóstolo Paulo, por sabermos que por este meio, nos tornamos coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, e assim confirmamos para nós
mesmos que somos de fato filhos de Deus, pela paz que Ele nos concede para prosseguirmos
adiante, livres de inquietações e ansiedades, desejando que em tudo Jesus Cristo seja
glorificado, quer na nossa vida, quer na nossa morte.
184
A Sublimidade da Mansidão e da Humildade
O amor em unidade é um dever.
Cristo ordenou aos Seus discípulos que eles devem se amar com o mesmo amor com o qual
Ele os tem amado.
As características deste amor estão destacadas
em I Cor 13 e ali nós podemos ver que não é um amor, que busca aos seus interesses, que não se
irrita facilmente, que é paciente, benigno, sofredor, longânimo, que não se alegra com a
injustiça, mas com a verdade, enfim é uma amor sobrenatural que procede da ação da graça do
Espírito Santo em nossas mentes e nos nossos corações.
É um dever imposto à Igreja permanecer neste amor.
E quão difícil é manter o amor fraternal na unidade do Espírito Santo, porque demanda
completa diligência da parte dos cristãos, na sua luta contra a carne, o diabo e o mundo.
Se alguém pretende fazer a vontade de Deus terá obrigatoriamente que renunciar ao que o
mundo lhe oferece, e especialmente àquilo que é reprovado, não somente pela Palavra de Deus,
como por uma boa consciência.
Entretanto, mesmo num mundo de trevas mais densas como o nosso, se comparado ao dos dias
de Paulo, Deus continua usando de misericórdia.
Deus é santo e em tudo é perfeito.
185
Contudo, planejou restaurar pessoas que Ele criou e que se tornaram não apenas imperfeitas,
como também completamente ignorantes de quem Ele seja.
A razão disto é a grandeza do Seu amor e da Sua
misericórdia.
Este amor e misericórdia de Deus não são meros sentimentos de empatia e compaixão por seres
que se tornaram de nenhum valor para Ele, e que viviam somente para os seus próprios
prazeres egoístas, indiferentes à Sua Pessoa e vontade, agindo como seus inimigos.
A extensão disto não pode ser avaliada adequadamente por nenhum de nós, senão
somente pelo próprio Senhor, cujo julgamento e conhecimento do real estado do nosso coração
são perfeitos.
Por isso o evangelho é sobretudo o oferecimento deste amor e misericórdia para
que pecadores possam ser restaurados pela graça à imagem de Jesus.
Podemos deduzir por nossos sentimentos, imaginações, pensamentos e ações, o quanto
estamos longe da santidade, bondade, amor, misericórdia, justiça e todos os demais atributos
infinitos e perfeitos de Deus, ou seja, de ser aquilo que Ele é em Sua própria natureza.
Tendo encerrado a todos debaixo da
desobediência, Deus revelou qual era o Seu propósito de usar de misericórdia para com
todos, como se vê em Rom 11.32, e demonstrou
186
fartamente tanto aos anjos quanto aos homens o quanto é um Deus misericordioso.
Ele demonstrou com isto que não é bom somente para com aqueles que são perfeitos
como Ele, mas para com todos os que desejam obedecer-Lhe, fazer Sua vontade e viver para
Ele, porque afinal, tem feito isto com os pecadores que se arrependem e se entregam ao trabalho da graça, para serem aperfeiçoados,
por meio da fé em Jesus.
Por isso o Espírito Santo habita nos cristãos, a
saber, para a realização deste trabalho de transformação, para que assim como Cristo é,
eles sejam também.
Deus não poderia ter exibido a Sua misericórdia
e perdão aos anjos eleitos, porque afinal, eles não caíram para uma perdição eterna como os
anjos não eleitos, e quem é perfeito não necessita de perdão.
No entanto, assim como caíram os anjos não eleitos para uma queda final e eterna, também
cairão os homens não eleitos, apesar de que no caso destes, foi feito a eles o convite da salvação
do evangelho o qual eles rejeitaram deliberadamente, sendo esta a causa da sua
ruína.
Contudo, não importa, quanto à eleição, o fato
de ser pecador, porque através da eficácia da Sua misericórdia e graça, e do Seu perdão, Deus
é poderoso para transformar pecadores em pessoas perfeitamente santas, porque elas
também aspirarão a tal santidade.
187
Assim, se por um lado Deus odeia o pecado, por outro, é completamente longânimo para com
todos os pecadores, especialmente nesta dispensação da graça.
Esta atitude de Deus para com o pecado e para com o pecador se explica pelo fato dEle saber
que sem a Sua graça o homem permanece caído num estado miserável diante da Sua perfeição e
santidade divina.
E por mais que se esforce para agradá-lo, toda
justiça própria do homem, não passa de trapo de imundície diante de Deus.
Somente a justiça de Cristo, que é atribuída (justificação), e implantada (santificação) pela fé
nos pecadores, é a única que pode agradar a Deus.
Assim, se o pecado, as falhas, as imperfeições
que vemos nos outros, ainda nos perturbam profundamente, a ponto de nos tirar a paz, é
porque ainda não fomos transformados à semelhança de Jesus, de forma a vermos o pecado da mesma maneira que Ele o vê, a saber,
com profunda misericórdia, especialmente, naqueles que desejam fazer a Sua vontade, mas
que ainda não sabem o modo como se deve andar na Sua presença.
Grandes avivamentos são demonstrações da
graça e misericórdia que Deus está oferecendo a todos os pecadores na presente dispensação.
São também demonstrações do amor de Deus porque o Espírito Santo é derramado
abundantemente, e quando isto sucede, ocorre
188
simultaneamente o derramamento do amor de Deus em nossos corações, porque Deus é amor.
Avivamentos são demonstrações abundantes da
bondade, longanimidade, misericórdia e amor de Deus pelos pecadores, porque aprouve a Ele
encerrar a todos na desobediência para usar de misericórdia para com todos, de maneira que
pudesse exibir aos anjos e aos homens quão grande é a Sua paciência, bondade, amor e
misericórdia, ao mesmo tempo em que demonstra o Seu juízo sobre aqueles que
rejeitam tão grande graça e compaixão.
Tal como Jesus é, somos também chamados a ser neste mundo, seguindo as Suas pegadas de
amor, graça e misericórdia.
Sem isto, o nosso zelo, sem discernimento
destas verdades, somente servirá para produzir feridas em nós mesmos e naqueles que estão ao
nosso redor, porque será um zelo sem amor e misericórdia; um zelo com muita ousadia e
nenhuma moderação, porque temos recebido o Espírito de ousadia, mas Ele é também Espírito
de amor e de moderação.
Lembremos portanto, que Deus detesta o pecado mas pode e quer perdoar qualquer tipo
de pecado, exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo.
Os cristãos não devem mais viver como viviam
antes da sua conversão.
Eles foram chamados para viverem em unidade
em amor, no poder e instrução do Espírito.
189
Então a unidade referida pelo apóstolo é tanto unidade de mente, incluídos aí os pensamentos
e a vontade; quanto de coração.
O homem não pode produzir isto. É fruto da graça de Deus.
Mas não podemos ter isto se não o buscarmos e se não formos diligentes nesta busca.
Os cristãos não devem ter um espírito de oposição porque Cristo veio desfazer todas as
inimizades.
Não há portanto maior inimigo para um cristão
do que o orgulho e a paixão, que nos levam a fazer as coisas em contradição a nossos irmãos.
Quando as fazemos para ostentarmos a nós mesmos, nós destruímos o amor cristão.
Lembremos que sem Cristo nada podemos fazer em relação às coisas celestiais, espirituais e
divinas.
Até mesmo para a nossa obediência a Ele, o
nosso coração e vontade devem ser dispostos pelo Seu poder e graça.
É Ele quem efetua em nós o querer e o realizar.
Se o Senhor não nos conduzir ao arrependimento pela Sua bondade,
permanecemos endurecidos e incapazes de lhe obedecer, fazendo Sua vontade.
Então, não está em nós, a capacidade para produzir esta vida de Deus.
Isto explica a necessidade de termos um derramar contínuo da graça e do amor do
Espírito Santo em nossos corações.
190
Cristo veio nos humilhar, e então não deve existir entre nós um espírito de orgulho.
Nós temos que ser severos com nossas próprias faltas, e misericordiosos com os julgamentos
que fazemos das faltas dos outros.
Um espírito egoísta destrói o amor cristão.
Por isso não devemos buscar aquilo que seja do nosso próprio interesse sem levar em conta o
que é do interesse dos outros.
Nós temos que amar o nosso próximo como a nós mesmos, sabendo que nós, tanto quanto
eles, estávamos destituídos da graça de Jesus, em completa situação de miséria e debaixo de
uma condenação eterna.
Importa fazer valer portanto sobretudo a
misericórdia e a humildade em nosso testemunho de vida.
Jesus nos deixou o exemplo supremo disto para que seguíssemos os Seus passos.
Se o fizermos somos bem-aventurados e temos a aprovação de Deus.
A Igreja de Filipos estava comunicando com as
necessidades de Paulo na prisão, mas ele estava lhes lembrando que ainda que dessem todos os
seus bens aos pobres, e ainda que dessem o corpo deles à fogueira, se eles não vivessem na
unidade do amor de Cristo, em humildade, nada disto lhes aproveitaria.
Os que são de Cristo devem viver como Cristo viveu neste mundo deixando-nos o Seu exemplo
para ser seguido por nós.
191
Cristo era totalmente manso e humilde de coração, como Ele próprio afirma em Mt 11.29.
Em tudo o que fez nunca estava buscando ser
servido, mas servir; nunca estava buscando o que era do Seu interesse, mas buscar e salvar o
que se havia perdido, como vemos em Lc 19.10; e tão intenso foi o Seu serviço em favor dos
homens, que não tinha sequer onde reclinar a Sua cabeça, e raramente tirava tempo para
descansar.
Ele se gastou completamente por amor aos
pecadores, até à morte na cruz.
Paulo chamou o exemplo de Cristo para alertar os filipenses porque ninguém jamais poderá se
humilhar tanto quanto Cristo se humilhou, porque Ele não era nenhum homem pecador,
mas se fez homem, sendo Deus, exaltado à destra do Pai, coroado de honra e glória diante
dos serafins, querubins, arcanjos e anjos no céu.
E o que Jesus fez?
Humilhou-se a si mesmo, esvaziando-se e
tomando a forma de servo, assumindo a natureza do homem, apesar de ser Deus, como
Paulo afirma nos versos 6 a 8 do segundo capítulo de Filipenses.
Ele fez isto porque era governado
completamente por um sentimento de humildade e não de orgulho.
E é este mesmo sentimento de Cristo que todos os cristãos devem ter, conforme se ordena em
Fp 2.5.
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Cristo não considerou uma desonra o fato de ter sido feito menor do que os anjos, ainda que por
um determinado período, a saber, enquanto viveu neste mundo esvaziado da Sua glória
divina, como vemos em Hb 2.9, porque considerou maior coisa fazer a vontade do Pai
relativamente à salvação dos pecadores.
Os cristãos têm um serviço para fazer para Deus,
que é a continuidade do mesmo serviço de Cristo, e para tanto eles necessitam ter o mesmo
sentimento de humildade que houve em Cristo Jesus.
Jesus comprovou a Sua humildade através da Sua obediência ao Pai, e é do mesmo modo que
a nossa humildade é comprovada diante de Deus, a saber, na nossa obediência a Ele.
Jesus se manifestou também para o propósito de nos ensinar qual é o modo correto de se viver
para Deus.
E este modo que ele nos revelou é em completa submissão e serviço, escolhendo fazer a vontade de Deus, em vez da nossa própria vontade, e
gastando-se inteiramente na Sua obra, porque afinal nos deu vida para que trabalhássemos
para Ele.
Fomos colocados neste mundo para tal propósito, e bem-aventurados são todos aqueles
que descobrem e se aplicam a isto.
A humilhação voluntária de Jesus se comprova
também no fato de que Ele tem o nome que é sobre todo o nome, como vemos no nono verso
do segundo capitulo de Filipenses; e por isso, ao
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nome de Jesus se dobra e se dobrará todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da
terra, e toda língua confessa e confessará que Jesus é Senhor.
Porque Ele sempre foi e será o Senhor de tudo e de todos.
E como se viu Este que é o Senhor, em Seu
ministério terreno?
Na forma de servo e em completa humildade.
Servo na verdadeira acepção da palavra, ou seja, servindo de fato tanto a Deus quanto aos
homens criados à Sua imagem e semelhança.
E como devem ser e andarem então os cristãos, os quais não estavam na glória do céu antes de
serem gerados, e que nunca tiveram e jamais terão a mesma intensidade de glória do Senhor
deles?
Caberia se deixarem dominar por qualquer forma de orgulho ou vanglória à vista deste
exemplo supremo?
Jesus viveu suportando pacientemente a
maldade dos homens, em grande pobreza a ponto de não ter onde reclinar a cabeça; viveu de
ofertas e sabia o que era a aflição; não viveu em pompa externa e não buscou nenhuma posição
que o exaltasse sobre os demais homens, buscando fama e honrarias deste mundo.
Ele não deu somente o Seu serviço aos homens
mas sobretudo a Sua própria vida morrendo por eles na cruz.
Ninguém nunca desceu tanto ou poderá descer
tanto em humilhação, quanto nosso Senhor,
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porque Ele estava na glória do céu quando veio assumir a nossa humanidade, ao ser gerado com
um corpo humano no ventre de Maria.
Ele passou a ter a natureza humana além da
natureza divina na qual Ele subsistia, e consentiu, apesar de sua perfeição gloriosa, em
suportar conviver com pecadores falhos, impuros, imperfeitos e ignorantes como nós.
Se Ele não tivesse feito isto, jamais poderíamos receber a natureza divina para estar em nós,
além da nossa natureza humana.
Para nós, receber a natureza divina é uma
grande honra e glória. Mas para Cristo, assumir a nossa natureza humana, sendo Deus, foi uma
grande humilhação, mas a Palavra nos afirma que Ele não se envergonhou disto, porque não
se envergonha em nos chamar de irmãos, por ter-se feito semelhante a nós, como lemos em
Hb 2.11 e 11.16.
Em face dos argumentos apresentados quanto à
humilhação de Cristo e da consequente exaltação relativa à recompensa da Sua
humilhação, e da necessidade de os cristãos seguirem o Seu exemplo, o apóstolo afirmou em
Fp 2.12 que a consequência lógica e natural de tudo isto é que todos os cristãos devem
desenvolver a sua salvação com temor e tremor; ou seja, os cristãos devem ter a devida
consideração para com estas verdades, quanto ao que é esperado deles, de maneira que se
tornem semelhantes ao Seu Senhor.
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Desenvolver a salvação nada mais é do que se santificar em obediência à vontade de Deus.
Não somos naturalmente humildes.
Ao contrário, somos governados pela carne
(natureza terrena pecaminosa).
Por isso é preciso mortificar a carne para que
possamos ser governados pelo Espírito Santo, e assim, crescermos em humildade diante de
Deus, para que Ele possa nos transformar segundo a semelhança de Cristo.
Ao falar de desenvolver a salvação, Paulo falou
também no mesmo versículo 12 sobre obediência voluntária e resultante de uma disciplina consciente em cumprir a Palavra de
Deus, mesmo quando não estamos na presença dos nossos líderes espirituais.
É necessário ter esta reverência ao Senhor com
santo temor e tremor porque é Ele quem opera em nós, em relação ao desenvolvimento da
nossa salvação, tanto o querer quanto o efetuar, não segundo aquilo que seja da nossa vontade,
mas da Sua boa vontade divina, como se vê no verso 13.
Porque a nossa vontade natural quer sempre fazer aquilo que seja do nosso próprio interesse
egoísta, mas a vontade de Deus é santa, perfeita, boa, agradável, e é esta vontade que o Espírito
Santo quer implantar na nossa natureza.
O Espírito Santo não nos foi dado portanto para
fazermos o que seja da nossa própria vontade, mas aquilo que é da vontade de Deus, na
transformação de nossas vidas.
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Quando o Espírito luta contra a carne não é para fazer a nossa vontade, mas para aplicar em
nossas vidas a vontade de Deus, como vemos em Gál 5.17.
Em outras palavras, se não tivermos temor e
tremor de Deus e da Sua Palavra, Ele consequentemente não atuará na nossa
vontade e não operará na liberdade do Espírito para nos dar amadurecimento espiritual.
Então efetuar, trabalhar, desenvolver a nossa
salvação nada mais é do que cooperar com o Espírito Santo para o nosso amadurecimento
espiritual, através do processo de santificação.
É a graça de Deus que inclina a nossa vontade ao
que é bom, e que nos permite executar o bem.
Não há nenhuma força, mérito ou capacidade em nós mesmos, que nos habilite a fazer a obra
de Deus.
Além destas coisas recomendadas, Paulo lhes
disse no verso 15 que para se tornarem irrepreensíveis e sinceros, como imaculados
filhos de Deus, resplandecendo como luminares no mundo, no meio de um geração
corrupta e perversa, deveriam fazer todas as coisas sem murmurações nem contendas; e
retendo a palavra de Deus, que Paulo chama de palavra da vida no verso 16, porque é por meio dela que recebemos a vida eterna do Senhor que
se manifesta em nós.
A fé é tanto maior, quanto mais habite
ricamente em nós a Palavra de Deus, porque a fé
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é gerada pela Palavra, e a vida, pela fé, porque se afirma que o justo viverá pela fé.
Estes três são portanto mutuamente
dependentes, e não podem ser separados, a saber: Palavra, fé e vida eterna.
A simples citação destas verdades não faz com que o nosso espírito se eleve, e sinta o desejo de louvar o grande nome do Senhor ?
Não há um mover do Espírito Santo quando aplicamos o nosso coração a meditar nestas
palavras?
Certamente que sim, porque são palavras verdadeiras, e Ele é o Espírito da verdade, que
exulta com a verdade, toda vez que nos aplicamos a ela.
Mais uma vez, como em quase todas as suas epístolas, Paulo afirma no verso 16 do segundo
capítulo de Filipenses, o propósito do esforço dos ministros em aperfeiçoarem os cristãos em
santificação: para que eles possam se gloriar no dia de Cristo de não terem se esforçado e
trabalhado em vão para Ele, preparando o Seu povo para se apresentarem diante dEle, ao
saírem deste mundo, santos, inculpáveis e irrepreensíveis.
Por isso, os cristãos não devem viver
murmurando, mas, ao contrário, dando graças por tudo a Deus; e também não em contendas,
mas num só espírito, vinculados pelos laços do amor do Espírito, e eles terão isto se aplicando-
se à prática da Palavra de Deus.
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Todavia, ainda que eles viessem a fracassar, Paulo diz nos versos 17 e 18 que estava disposto a
sofrer até mesmo o martírio em benefício da fé deles, e que continuaria se alegrando e se
regozijando com eles, porque afinal havia ganho todos eles para Cristo, e que por isto jamais
desistiria de continuar trabalhando em prol do aperfeiçoamento deles, motivo pelo qual também deviam se regozijar juntamente com
ele.