mensageiro

14
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO SOCIAL ANO LECTIVO DE 2010/2011

Upload: patricia-santos

Post on 04-Jul-2015

118 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAO INSTITUTO POLITCNICO DO PORTO LICENCIATURA EM EDUCAO SOCIAL ANO LECTIVO DE 2010/2011

ESCOLA: A CRIANA COMO MENSAGEIRA E MENSAGEM

Liliana Santos, Manuela Carvalho e Diana Silva

Porto, 18 de Abril de 2011

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAO INSTITUTO POLITCNICO DO PORTO LICENCIATURA EM EDUCAO SOCIAL ANO LECTIVO DE 2010/2011

ESCOLA: A CRIANA COMO MENSAGEIRA E MENSAGEM

Liliana Santos, Manuela Carvalho e Diana Silva

Trabalho desenvolvido no mbito da unidade curricular de Sociologia da Educao Docente: Lusa Barros

Porto, 18 de Abril de 2011

NDICE:INTRODUO ................................ ................................ ................................ ....................... 4 COMUNICAO ESCOLAFAMILIA/ FAMILIAESCOLA ................................ ............... 5 A CRIANA COMO MENSAGEM E MENSAGEIRA ................................ ......................... 6 O PAPEL DA CRIANA ................................ ................................ ................................ ....... 8 CONCLUSO ................................ ................................ ................................ ........................ 9 BIBLIOGRAFIA ................................ ................................ ................................ .................... 10

3

INTRODUOEste trabalho enquadra -se no mbito da unidade curricular de Sociologia da Educao, 1. ano da Licenciatura em Educao Social, ano lectivo 2010/2011, da Escola Superior da Educao, no Porto. Tem por base o texto Entre a famlia e a escola, a crian a mensageira e mensagem; do autor Philippe Perrenoud Ofcio de aluno e sentido do trabalho escolar editado em 1995, no Porto, pela Porto Editora . Assim sendo, este trabalho pretende explicar a perspectiva apresentada no texto - a do aluno em contexto escolar como mensageiro e mensagem, reforando-a com a ptica de outros autores. O trabalho encontra -se estruturado em 3 captulos. No primeiro captulo feita uma abordagem s vrias formas de comunicao escola famlia. No segundo iremos abordar a posio da criana como sendo mensageira transmite a mensagem da escola e dos pais e como mensagem (ser o assunto da mensagem que transmite) . Por ltimo abordaremos a posio da criana enquanto actor, a forma como ela utiliza e transmite a mensagem.

4

COMUNICAO ESCOLAFAMILIA/ FAMILIAESCOLAPhilippe Perrenoud, refere-se criana como sendo continuamente esquecida na relao entre a famlia e a escola, porm por ela, para ela que a relao existe, mas tambm com ela (Pedro Silva 2003 p. 295). A abertura da escola aos pais, que pretendiam estar a par do que se passava na escola com os seus filhos, aconteceu de vrias formas, como a entrevista com o professor, os recados ou telefonemas, sendo actualmente formas de comunicao rotineiras e at banalizadas. Maioria destas comunicaes so realizadas como Perrenoud (1995) afirma sem que a principal interessada saiba e mesmo quando est ao corrente do que se passa, nem sempre convidada ou informada sobre a exacta razo de ser da conversa. (p. 35). Tendo em conta a heterogeneidade de contedos e quantidade de informao, a comunicao directa (com efeito imediato), passa a ser feita atravs da criana; o principal elo de ligao, denominando -se, segundo o Perrenoud (1995), como comunicaes indirectas (p. 90). Segundo Paula Marques (2010) a ausncia de ligao directa entre os dois grupos indica um buraco estrutural. O aluno a ponte que permite transpor o buraco estrutural (p. 14). Desta forma o aluno tem um papel fundamental na relao escola famlia pois segundo a mesma autora, este tem capacidade e autonomia para esclarecer os pais sobre assuntos relacionados com a escola, ou at mesmo o preenchimento de impressos relacionados com burocracias escolares (p. 43). Segundo Virgnio S (2004) a principal barreira a ultrapassar nas relaes escola-famlia passa pela forma de comunicao, normalmente associada aos diferentes cdigos lingusticos utilizados pelos diferentes intervenientes (p.115) O aluno assume uma posio importante na relao escola famlia pois acaba por ser o elemento activo na relao (Virglio S 2004 p.435).

5

A CRIANA COMO MENSAGEM E MENSAGEIRAPerrenoud (1995) menciona as crianas, para alm de serem portadoras de mensagens e serem elas prprias uma mensagem, desempenham um papel fundamental de go-between. Ainda segundo o mesmo autor, pais e professores quando comunicam tem como mensagem o aluno, assumindo este o papel de mensageiro, pois a criana passa a informao e em simultneo a mensagem, pois a mesma o objecto da mensagem que transmite. Atravs deste processo atribuda autonomia e responsabilidade criana, pois ela funciona como rbitro na comunicao entre os pais e os professores (p.90). Segundo o estudo apresentad o pelo autor Virgnio S (2004), a comunicao entre as duas esferas comunicativas (professores pais) maioritariamente (40,3%) realizada atravs da caderneta escolar seguindo -se logo de seguida os cerca de 30% atravs da prpria criana. Segundo o mesmo a criana tem sempre um papel mediador pois atravs dela que a mensagem passada, seja utilizada a caderneta ou a prpria criana. A mesma pode sempre esquecer-se de mostrar a caderneta ou de transmitir os recados aos pais ou professores (p. 435). O autor Pedro Silva (2003) tambm da mesma opinio dos autores acima mencionados referindo-se s crianas como carteiros de servios (p.290). Para este autor, assume-se atravs das crianas a forma mais comum de comunicao entre as escolas e a famlia, seja atravs de recados orais ou escritos. Menciona esta relao como um jogo de ping-pong a que a criana submetida por incentivo dos prprios pais e professore (p. 290). O mensageiro nunca neutro, passivo, imparcial ou mesmo inofensivo aquando a transmisso de mensagens. (Pedro Silva 2003 p.291). Tanto Pedro Silva (2003) como Perrenoud (1995) defendem a importncia do papel de um go-between. Quando a mensagem for por escrito a criana pode sempre se esquecer de o fazer chegar aos pais atempadamente, se for oral, a criana pode facilmente voltar o contexto da6

mensagem a seu favor, ou seja a mesma chegar ao receptor de uma forma alterada da proferida pelo emissor.

7

O PAPEL DA CRIANAA grande questo colocada por Perrenoud (1995) se a criana ter conscincia do seu papel. Segundo o mesmo autor o seu papel ser positivo pois o elo de ligao no sentido da cooperao reforo, aproximao da ligao escola-familia. Por outro lado tambm apresenta aspectos negativos, como por exemplo o conflito. A criana surgir como agente duplo , e ir procurar estratgias sobre as comunicaes, tendo tendncia a ficar do lado que mais lhe convier. Assim, consciente do seu papel e manipulador , tirar proveito desse mesmo papel na comunicao escola-familia (p. 91-92). O go-between est constantemente entre dois lados (escola / famlia) tentando agradar a um lado ou a outro, mediante o que lhe for mais conveniente (Perrenoud (1995). Esta ideia reforada pelo facto de a criana ser o actor que melhor conhece os outros actores tirando partido diss o em seu beneficio (Paula Marques 2010) aproveitando a sua posio de intermedirio na estrutura social (p. 49). Segundo Perrenoud (1995) a criana definir estratgias consoante o que mais lhe for conveniente criando ora conflitos ora alianas entre os professores e os pais (p. 112). No entanto, o mesmo autor defende que nem sempre a criana tem conscincia do seu poder e nem sempre o usa em seu proveito (p. 113).

8

CONCLUSOA realizao do trabalho permitiu entender a importncia do papel da criana enquanto elo de ligao entre a escola famlia. Independentemente de os recados serem orais ou escritos a criana tem sempre o poder de transformar ou esquecer a informao que dever transmitir. Se o faz tem noo do que est a fazer e f -lo no sentido de agradar ambos os lados. No entanto, no t em a noo de que a forma como estabelece a ligao entre a escola e a famlia pode no s estar a amplificar como a estrangular a distncia que as separa. Com a realizao deste trabalho chegamos concluso que nem a escola nem a famlia tm a noo do verdadeiro papel da criana, desvalorizando a sua opinio sistematicamente, esquecendo -se muitas vezes que cada criana uma criana com personalidade prpria. O go-between continuar por isso a jo gar ao lado do elemento que lhe for mais oportuno perante as diversas situaes que lhe forem surgindo. Sendo ele um elo de ligao indispensvel na relao escola - famlia se tivermos em conta que por vezes os pais s entendem determinada informao quan do a criana os traduz para o cdigo lingustico dos mesmos.

9

BIBLIOGRAFIA- Marques, Paula - O ALUNO NA RELAO ESCOLA/FAMLIA: Perspectivas de Directores de Turma do 3. Ciclo do Ensino Bsico ; Universidade de Lisboa Faculdade De Cincias Sociais e Humanas; 2010 . Linha de investigao: Dissertao de Mestrado em Cincias da Educao rea de Especializao em Anlise e Interveno em Educao. Disponvel em: http://run.unl.pt/bitstream/10362/5484/1/disserta%C3%A7%C3%A3o.pdf consultado a 15 de Abril de 2011.

- Perrenoud, Philippe (1995), OFICIO DO ALUNO E SENTIDO DO TRABALHO ESCOLAR Cap. IV O GO-BETWEEN ENTRE A FAMILIA E A ESCOLA: a criana mensageira e mensagem. Porto, Porto Editora. Pg 87 - 113.

- S, Virgnio (2004) A PARTICIPAO DOS PAIS NA ESCOLA PBLICA PORTUGUESA - Uma abordagem sociolgica e organizacional. 1 ed. Braga: Lusografe. ISBN 972-8746-210.

- Silva, Pedro (2003) ESCOLA- FAMILIA, UMA RELAO ARMADILHADA Interculturalidade e Relaes de Poder . Ed. 856 Porto. Coleco Biblioteca das Cincias do Homem /Cincias da Educao/17 Edies Afrontamento. ISBN 972-36-0662-3.

10