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MEMÓRIAS DA ESCOLA PÚBLICA EM CAMPINA GRANDE Melânia Mendonça Rodrigues UFCG [email protected] Patrícia Montenegro de Oliveira UFCG [email protected] Palavras-chave: Grupos escolares; Arquitetura escolar; Concepções político-pedagógicas UM BREVE ESCLARECIMENTO O século XX foi marcado por intensas transformações sociais, principalmente nos setores científico e econômico, que repercutiram de forma notável nas demais dimensões da sociedade. O avanço tecnológico, aliado ao neoliberalismo econômico e político, conseqüências e legado desse período, deram configuração à chamada sociedade do conhecimento. Passou-se a exigir mais das instituições educacionais, a questionar e a discutir seu papel dentro da sociedade. No entanto, estudos sistematizados sobre a história dessas instituições, que nos possibilitariam compreender-lhes a essência e fazer projeções futuras, começaram a desenvolver-se de maneira mais consistente, apenas na década de 1990. Passados tantos anos de história sem estudos próprios e contemporâneos acerca dessas instituições, é natural que se tenham perdido informações e documentos relevantes para uma compreensão efetiva da realidade das mesmas. Por isso, cabe ao historiador, como mediador entre uma realidade ida e o conhecimento produzido, utilizar-se de tantas fontes documentais quanto lhe forem permitidas. É nesse contexto que a fotografia aparece como importante instrumento de pesquisa que, muito além de apenas corroborar e/ou ilustrar dados/informações/hipóteses, complementa o estudo, no sentido de fornecer elementos que levam à compreensão do contexto e dos desdobramentos práticos do objeto/realidade estudado. Ela fornece dados, muitas vezes omitidos em outras fontes, mas que são de fundamental importância na formação de conexões entre elementos presentes/descritos e os implícitos que são de igual importância para a sistematização do estudo e a apresentação de uma realidade não mais existente. E nos aproxima de forma mais imediata do nosso objeto de estudo, no caso, as instituições escolares, as quais podemos analisar, tomando como referência a relação existente entre a configuração arquitetônica das edificações e a concepção pedagógica da época de sua implantação. Diante do exposto, é natural que haja um campo muito extenso de pesquisa sobre as instituições de ensino, motivo pelo qual decidimos concentrar nossos estudos nas primeiras edificações escolares da cidade de Campina Grande – Paraíba, de forma a fornecer, não apenas elementos, mas um ponto de partida para outras pesquisas posteriores. Assim, no âmbito das disciplinas História da Educação I e II, ministradas no Curso de Pedagogia do CH/UFC, realizou-se a pesquisa cujos primeiros resultados são aqui apresentados, norteada pelo objetivo mais amplo de contribuir para o resgate da história das escolas públicas da cidade de Campina Grande. Mais especificamente, buscou-se identificar, nos projetos arquitetônicos das escolas criadas nas décadas de 1920 e 1930, as marcas dos projetos políticos e educacionais vigentes. Para tal, adotaram-se dois procedimentos teórico-metodológicos articulados: a) um levantamento bibliográfico em livros, periódicos, publicações oficiais e outras, relativo à história – da educação e da sociedade – de Campina Grande, no período considerado; b) levantamento fotográfico: pesquisa no acervo de museus, de órgãos públicos e de particulares, bem como elaboração de fotografias.

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Page 1: MEMRIAS DA ESCOLA PBLICA EM CAMPINA GRANDE · 2012-06-17 · da cidade de Campina Grande – Paraíba, ... ministradas no Curso de Pedagogia do CH/UFC, ... Grupo Escolar Solón de

MEMÓRIAS DA ESCOLA PÚBLICA EM CAMPINA GRANDE

Melânia Mendonça Rodrigues UFCG

[email protected] Patrícia Montenegro de Oliveira

UFCG [email protected]

Palavras-chave: Grupos escolares; Arquitetura escolar; Concepções político-pedagógicas

UM BREVE ESCLARECIMENTO

O século XX foi marcado por intensas transformações sociais, principalmente nos setores científico e econômico, que repercutiram de forma notável nas demais dimensões da sociedade. O avanço tecnológico, aliado ao neoliberalismo econômico e político, conseqüências e legado desse período, deram configuração à chamada sociedade do conhecimento. Passou-se a exigir mais das instituições educacionais, a questionar e a discutir seu papel dentro da sociedade. No entanto, estudos sistematizados sobre a história dessas instituições, que nos possibilitariam compreender-lhes a essência e fazer projeções futuras, começaram a desenvolver-se de maneira mais consistente, apenas na década de 1990.

Passados tantos anos de história sem estudos próprios e contemporâneos acerca dessas instituições, é natural que se tenham perdido informações e documentos relevantes para uma compreensão efetiva da realidade das mesmas. Por isso, cabe ao historiador, como mediador entre uma realidade ida e o conhecimento produzido, utilizar-se de tantas fontes documentais quanto lhe forem permitidas. É nesse contexto que a fotografia aparece como importante instrumento de pesquisa que, muito além de apenas corroborar e/ou ilustrar dados/informações/hipóteses, complementa o estudo, no sentido de fornecer elementos que levam à compreensão do contexto e dos desdobramentos práticos do objeto/realidade estudado. Ela fornece dados, muitas vezes omitidos em outras fontes, mas que são de fundamental importância na formação de conexões entre elementos presentes/descritos e os implícitos que são de igual importância para a sistematização do estudo e a apresentação de uma realidade não mais existente. E nos aproxima de forma mais imediata do nosso objeto de estudo, no caso, as instituições escolares, as quais podemos analisar, tomando como referência a relação existente entre a configuração arquitetônica das edificações e a concepção pedagógica da época de sua implantação.

Diante do exposto, é natural que haja um campo muito extenso de pesquisa sobre as instituições de ensino, motivo pelo qual decidimos concentrar nossos estudos nas primeiras edificações escolares da cidade de Campina Grande – Paraíba, de forma a fornecer, não apenas elementos, mas um ponto de partida para outras pesquisas posteriores.

Assim, no âmbito das disciplinas História da Educação I e II, ministradas no Curso de Pedagogia do CH/UFC, realizou-se a pesquisa cujos primeiros resultados são aqui apresentados, norteada pelo objetivo mais amplo de contribuir para o resgate da história das escolas públicas da cidade de Campina Grande. Mais especificamente, buscou-se identificar, nos projetos arquitetônicos das escolas criadas nas décadas de 1920 e 1930, as marcas dos projetos políticos e educacionais vigentes. Para tal, adotaram-se dois procedimentos teórico-metodológicos articulados: a) um levantamento bibliográfico em livros, periódicos, publicações oficiais e outras, relativo à história – da educação e da sociedade – de Campina Grande, no período considerado; b) levantamento fotográfico: pesquisa no acervo de museus, de órgãos públicos e de particulares, bem como elaboração de fotografias.

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PONTOS DE PARTIDA

Desde os primórdios da sociedade humana, a transmissão de conhecimento foi um

dos pilares essenciais do seu desenvolvimento. A educação esteve sempre baseada na

estreita comunicação entre mestre e aluno. No início, o reduzido grupo que se

congregava ao redor do bruxo ou do sacerdote para assimilar os segredos do

incipiente saber científico não necessitava, além do fogo, de uma construção

específica. Ela tampouco foi importante na tradição clássica: Platão e seus

discípulos reuniam-se nos passeios do jardim de Academo, dando início à tradição

da cultura filosófica laica integrada à paisagem natural. O idílio acabou junto com a

crise do império romano. No surgimento do cristianismo, a educação voltou a

depender diretamente da religião, e, desde as primitivas catacumbas, desenvolveu-se

em um espaço fechado e introvertido. Monastérios e conventos medievais - como a

abadia de Cluny (1095) - estabeleceram as tipologias arquitetônicas de escolas e

hospitais até o século 19 (SEGRE, 2007)

A partir do momento em que o processo educativo passou a ocorrer em ambientes destinados a esse fim, a arquitetura escolar faz parte da vida na escola como um de seus determinantes, sendo o espaço físico onde a educação acontece, abrigando uma relação pedagógica, diferenciando-se dos demais espaços e configurando-se como um lugar próprio para atividades de ensino.

No Brasil, especificamente, a preocupação com a construção de prédios específicos para a educação se deu a partir da Proclamação da República (1889), quando o Estado passou a assumir a responsabilidade pela educação, mas apenas na década de 1920, foi surgindo uma preocupação com a educação das massas populares, consolidando-se na década de 1930.

Iniciando o processo de expansão da escola pública pelas Escolas Normais, que tinham nas Escolas Modelo seu campo de aplicação, a implantação das instituições escolares se deu pela criação dos grupos escolares, que reuniam as escolas isoladas mais próximas e funcionavam como escolas graduadas. Essas escolas estavam baseadas na concepção pedagógica de racionalização escolar, de normatização, homogeneização, dos processos de ensino, havia uma divisão dos alunos em graus e, para isso, era necessário um aporte arquitetônico que possibilitasse o agrupamento desses alunos e a divisão do trabalho do professor. Assim surgiram as primeiras escolas divididas em salas de aula. Como nos expõe SOUZA (2004, p.116), “os primeiros grupos escolares [...] atrelaram a retórica arquitetônica à racionalidade pedagógica da escola graduada. Vários edifícios foram construídos especialmente para essas escolas, adotando estilos arquitetônicos neoclássicos e ecléticos.”

Segundo SAVIANI (HISTEDBR, 2005) podemos agrupar as concepções de educação em duas grandes tendências: a primeira, que prioriza a teoria sobre a prática (diversas manifestações de pedagogia tradicional), configurando-se como teorias do ensino, que predominaram até o final do século XIX; e a segunda, que se compõe de concepções que subordinam a teoria à prática (diferentes modalidades da pedagogia nova), sendo as teorias da aprendizagem, século XX, mas que se manteve apenas até a década de 1930 (Primeira República), quando encontrou resistência na tendência tradicional representada pela Igreja Católica. Foi nesse período, também, que se deu a intensificação da industrialização brasileira, o que passou a exigir uma mão-de-obra especializada, requerendo um maior investimento em educação.

Era necessário que a escola pudesse transmitir os valores e conhecimentos necessários para o trabalho. E viu-se na configuração arquitetônica uma forma de condicionar a esse comportamento. Educação e arquitetura interagem

Segundo BUFFA (2007) “o edifício escolar [...] pode facilitar ou dificultar a aprendizagem, a

convivência, o desenvolvimento dos alunos”, mas vai muito além disso, “a organização do espaço escolar, como expressão de uma concepção de homem e

de mundo, tanto pode contribuir para a manutenção e reprodução do imaginário

social legitimando uma ‘ordem’, cuja raiz se baseia em uma relação de dominação,

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como pode suscitar a reação e a construção de uma alternativa de mundo e de

sociedade” (GONÇALVES, 1999)

E, como já vimos, a industrialização e urbanização do país e a conseqüente expansão da oferta de escolas sob a responsabilidade do Estado levaram a uma preocupação maior com essa relação entre a arquitetura e a finalidade pedagógica que permeava esse espaço. A relação do sistema capitalista com as relações de ensino pode ser entendida, por exemplo, através da relação em sala de aula: a quantidade de alunos por professor reproduz uma relação de um chefe e seus subordinados, a individualidade dos assentos corrobora a competitividade do liberalismo econômico, e também estabelece a igualdade entre os alunos, “garantindo” que cada um receberá a mesma educação que o outro (que equivale ao direito de todos à Educação, disposto na Constituição de 1934).

Dessa forma, quando da implantação das primeiras escolas na cidade de Campina Grande, a exemplo do que ocorria no Brasil, ocorreu a adoção de um estilo arquitetônico que, além de permitir a disseminação da concepção pedagógica, favorecendo o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, disseminasse a concepção política da época. O estilo adotado predominante era o neoclássico, com manifestações ecléticas. MAPEANDO A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM CAMPINA GRANDE

A busca das informações sobre as primeiras escolas implantadas na região de Campina Grande orientou-se, inicialmente, pelo levantamento realizado por PINHEIRO (2002), exposta no quadro a seguir.

Nome Localização Ano Observações

Grupo Escolar Solón de Lucena Centro de Campina Grande

1924 Criado e inaugurado nesta data

Grupo Escolar Clementino Procópio

São José em Campina Grande

1937 Ano de conclusão da construção

Grupo Escolar Monsenhor Sales Galante em Campina Grande

1937 Ano de conclusão da construção

Grupo Escolar Afonso Pena Campina Grande 1937/1938

Grupo Escolar Teodósio de Oliveira Lêdo

Boa Vista em Campina Grande

1948/1949

Fonte: PINHEIRO, A. C. Ferreira, 2002.

A pesquisa voltou-se, mais detidamente, aos três estabelecimentos situados na cidade de Campina Grande, excluindo-se, provisoriamente, os do distrito de Galante e do – agora – município de Boa Vista. No entanto, quando confrontados esses dados com a relação das escolas fornecida pela Secretaria de Educação do Município, não foi possível identificar o Grupo Escolar Afonso Pena, de forma que a amostra restringiu-se às duas primeiras instituições: Grupo Escolar Solón de Lucena (1924) e o Grupo Escolar Clementino Procópio (1937).

O Grupo Escolar Solón de Lucena encontra-se atualmente em novo endereço, no entanto, a construção original permanece conservada, onde funciona atualmente o Museu de Artes Assis Chateaubriand, vinculado à Universidade Estadual da Paraíba. O Grupo Escolar Clementino Procópio, ao contrário, encontra-se instalado no mesmo local desde sua construção, em 1937, em prédio tombado pelo patrimônio público, logo, conserva também características do período de implantação.

É uma amostra pequena, principalmente se se considera a carência de material documental (fotografias) dos anos iniciais dessas escolas: em visita ao Museu Histórico de Campina Grande, apenas foi encontrada uma única imagem da fachada do Grupo Solón de Lucena. No entanto, procurou-se constatar, nas construções, aspectos que revelassem o estilo arquitetônico adotado, o qual se procurou relacionar à(s) concepção(ões) pedagógica(s) da época.

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Após esse primeiro levantamento, pretende-se dar seqüência ao estudo, ampliando seu foco, tanto na dimensão cronológica quanto na rede de ensino considerada, de modo a delinear a configuração arquitetônica das instituições escolares de Campina Grande, ao longo do século XX, nelas percebendo elementos das concepções político-pedagógicas por que se norteiam.

Grupo Escolar Solón de Lucena

Grupo Escolar Solón de Lucena (1924)

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Museu de Artes Assis Chateaubriand (Antigo Grupo Escolar Solón de Lucena, 2008)

Pátio interno da escola. Detalhe: estilo eclético nos elementos decorativos/ornamentos.

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Grupo Escolar Clementino Procópio (2008)

Janelões e pátio interno da escola

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Assim como ocorria por todo o país, também em Campina Grande (observa-se através da amostra coletada), a tipologia dos primeiros grupos escolares caracterizava-se pelo estilo neoclássico, acrescido de interferências ecléticas (que combinam, sem regras definidas, uma mistura de ornamentações típicas de diversos tempos e lugares, assim como a presença de relevos decorativos em profusão), que trazem as seguintes características:

• edifício imponente (melhor demonstrado na primeira edificação), que remete à idéia otimista do início da República de escola redentora do pecado da ignorância e responsável pelo progresso;

• eixo simétrico, grandes janelas verticais, que lembram a idéia de ordem e higiene (quando da preocupação com a circulação e ventilação) e, segundo Rita de Cássia Gonçalves, tais traçados rígidos e ordenados geometricamente para a circulação, por exemplo, facilitam o controle, mas também facilitam a compreensão das regras de controle, características marcantes da pedagogia tradicional que perdurou até o século XIX e voltou a predominar (se é que em algum momento deixou de prevalecer) a partir da década de 1930;

• corredores internos e pátio interno central, quadrado, ao redor do qual se distribuíam as salas de aula e demais dependências da escola, remetendo aos claustros jesuítas, o que denota a grande influência da Igreja Católica na concepção. Ainda segundo Rita de Cássia Gonçalves, um espaço bem aberto, amplo, parece despertar liberdade, mas também é um espaço onde a fiscalização é contínua.

Assim, por tudo o que foi exposto, pode-se afirmar que, ao mesmo tempo em que abriga as

relações de ensino-aprendizagem, a escola constitui-se, por sua arquitetura, como um pólo disseminador da cultura adotada como oficial e como divulgação do poder político junto à população. No entanto, é importante ressaltar, com a licença de Rita de Cássia Gonçalves (1999, s.p.), que

“as alterações na tipologia das escolas, apesar de concomitantes com alterações nas

propostas pedagógicas, nem sempre produziram alterações na prática do uso do

espaço. [...] observamos [...] possibilidades de interação entre a forma (arquitetura)

e a função (pedagogia), e não condicionamentos.”

Mas a relação existe. Desde quando se pensou em reunir, num só lugar, as características necessárias para a transmissão de conhecimentos, “o espaço escolar é um documento material, visível, que expressa os estilos, gostos, costumes, do passado e do presente” (GONÇALVES, 1999, s.p.). E, na falta de documentos mais precisos e específicos, é possível, sim, chegar a conclusões e reviver o passado, com vistas a compreender o presente e projetar o futuro. PARA CONTINUAR...

A arquitetura de um ambiente é tão importante quanto a sua finalidade e atividades ali praticadas, agindo sobre as sensações. A compreensão dessa relação levou ao questionamento acerca da possibilidade de estudo das instituições educacionais a partir da configuração arquitetônica das mesmas.

A constatação dessa possibilidade levou mais adiante, à finalidade de compreender a própria história da educação relacionando os aspectos identificados na arquitetura às concepções pedagógicas adotadas. E, por fim, o uso da fotografia enquanto material documental – na carência de fontes bibliográficas –, baseada na análise sistemática e em referências contextualizadoras, permitiu a construção de conhecimentos ainda não documentados.

Espera-se que, com essa pesquisa (tímida e também passível de revisões, correções, complementações e, ainda, modificações), seja possível fomentar o desejo da realização de estudos posteriores, de forma a avançar na construção de uma história da educação campinense de maneira a tornar a prática educativa cada vez mais fundamentada, responsável, coerente e comprometida com a realidade local.

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REFERÊNCIAS BUFFA, Ester. Os estudos sobre instituições escolares: organização do espaço e propostas pedagógicas. In: SAVIANI, Dermeval et. al. Instituições escolares no Brasil: conceito e reconstrução histórica. São Paulo: Autores Associados, 2007. CIAVATTA, Maria. Mediações do mundo do trabalho: a fotografia como fonte histórica. In: LOMBARDI, José Claudinei, SAVIANI, Dermeval, SANFELICE, José Luís (orgs.). Capitalismo, trabalho e educação. Campinas, SP: Autores Associados, HISTEDBR, 2002. GONÇALVES, Rita de Cássia. A arquitetura escolar como materialidade do direito desigual à educação. Ponto de Vista. 1999. s.p. LIMA, Sandra Cristina Fagundes. Memória e história das escolas rurais em Uberlândia (1933-1959): a fotografia das instituições escolares como fonte para a história da educação. Universidade Federal de Uberlândia. PINHEIRO, A. C. Ferreira, Da era das cadeiras isoladas à era dos grupos escolares na Paraíba. Campinas, SP: Autores Associados, São Paulo: Universidade São Francisco, 2002. (Coleção educação contemporânea). SAVIANI, Dermeval et. al. O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2004. SEGRE, Roberto. A razão construtiva nas escolas paulistas. Disponível em www.arcoweb.com.br. Acessado em 19/06/2007. www.vitruvius.com.br. Acessado em 11/07/2007. www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_e_arquitetura_escolar.htm. Acessado em 06/11/2007. www.pedagogiaemfoco.pro.br. Acessado em 24/02/2008. www.histedbr.fal.unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_036.html. Acessado em 24/02/2008. http://acadia2000.tamu.edu/exhibit/DME/2000_25/2000_25/estetica.html. Acessado em 24/02/2008.