memórias de um tempo_ revitalização do patrimônio histórico de bagé_prefeitura_ intendencia...

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Na edição anterior, contei como iniciamos o programa de restauro dos principais prédios de importância histórica, arquitetônica e cultural de Bagé. Lembrei que opiniões publicadas na imprensa levaram nossa equipe a mudar o foco na busca de recursos para programas culturais. Hoje, depois de já ter abordado neste espaço os processos de recuperação do Museu Dom Diogo de Souza, do Coreto e do Imba, vamos falar das intervenções em outros prédios, ações que deixaram nossa cidade mais bonita e que serviram de inspiração para que proprietários de imóveis particulares também fizessem o mesmo. Antes de mais nada, é necessário resgatar a qualidade dos técnicos, engenheiros e arquitetos, os grandes responsáveis pelo sucesso desses empreendimentos. Falo de pessoas como Adenaor Cassali, Cristina Wayne Britto, Joelma Lemos Silveira, Magali Nocchi Collares, Marlon Lameira, José Memórias de um tempo O brinde que deu problema Eduardo Torrescasana, Maria de Fátima Schmidt e Margot Jardim. Uns, como servidores municipais, foram os fiscais das obras. Outros, profissionais autônomos, aceitaram o desafio de elaborar os projetos para que pudéssemos captar os recursos. Era um contrato de risco. Receberiam pelos projetos se obtivéssemos sucesso na captação dos recursos. A comemoração O restauro da Casa de Cultura Pedro Wayne, que leva este nome graças a projeto de minha autoria, do tempo em que ainda era vereador, atendendo sugestão do jornalista Mário Pinheiro, foi patrocinado pela Eletrobrás, em 2006. Foi um investimento de R$ 360 mil com contrapartida da prefeitura. Convidamos o diretor da Eletrobrás, Walter Cardeal, para prestigiar a inauguração da nova Casa de Cultura. Tínhamos, à época, o programa Em Ação, veiculado aos finais de semana, em toda a mídia de Bagé. Era uma prestação de contas do que fazíamos

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Na edição anterior, contei como

iniciamos o programa de restauro dos

principais prédios de importância

histórica, arquitetônica e cultural de

Bagé.

Lembrei que opiniões publicadas na

imprensa levaram nossa equipe a mudar

o foco na busca de recursos para

programas culturais. Hoje, depois de já

ter abordado neste espaço os processos

de recuperação do Museu Dom Diogo de

Souza, do Coreto e do Imba, vamos falar

das intervenções em outros prédios,

ações que deixaram nossa cidade mais

bonita e que serviram de inspiração para

que proprietários de imóveis particulares

também fizessem o mesmo.

Antes de mais nada, é necessário

resgatar a qualidade dos técnicos,

engenheiros e arquitetos, os grandes

responsáveis pelo sucesso desses

empreendimentos. Falo de pessoas

como Adenaor Cassali, Cristina Wayne

Britto, Joelma Lemos Silveira, Magali

Nocchi Collares, Marlon Lameira, José

Memórias de um tempo

O brinde que deu problema

Eduardo Torrescasana, Maria de Fátima

Schmidt e Margot Jardim. Uns, como

servidores municipais, foram os fiscais

das obras. Outros, profissionais

autônomos, aceitaram o desafio de

elaborar os projetos para que

pudéssemos captar os recursos. Era um

contrato de risco. Receberiam pelos

projetos se obtivéssemos sucesso na

captação dos recursos. A comemoração

O restauro da Casa de Cultura Pedro

Wayne, que leva este nome graças a

projeto de minha autoria, do tempo em

que ainda era vereador, atendendo

sugestão do jornalista Mário Pinheiro, foi

patrocinado pela Eletrobrás, em 2006.

Foi um investimento de R$ 360 mil com

contrapartida da prefeitura.

Convidamos o diretor da Eletrobrás,

Walter Cardeal, para prestigiar a

inauguração da nova Casa de Cultura.

Tínhamos, à época, o programa Em

Ação, veiculado aos finais de semana,

em toda a mídia de Bagé. Era uma

prestação de contas do que fazíamos

com o dinheiro público e servia de

estímulo para que os contribuintes

pagassem os tributos, reduzindo a alta

inadimplência que encontramos. O

representante do Ministério Público à

época, entendia, ao contrário de nós,

que servia como promoção dos agentes

políticos.

Cenas captadas pelo câmera Mário

Pereira foram para a edição na

Stratégia, agência responsável pela

conta da prefeitura. O editor substituto -

pois o titular estava em férias - achou

bonita uma cena em que eu aparecia

brindando com o cardeal e colocou no

VT que iria ser veiculado na TV Bagé. Por

uma falha involuntária, não enviaram o

material para a revisão do Marcos Pérez,

nosso coordenador de Comunicação, e

foi ao ar. Soou, no Judiciário, como

provocação, o que nos deu muita dor de

cabeça.

Memórias de um tempo

O portão

Outro prédio que restauramos foi o

da prefeitura municipal. Entre os anos

de 2007 e 2008, com o patrocínio da

Petrobrás, investimos ali R$ 1,5 milhão.

Além do restauro, foi necessário,

igualmente, promover intervenções nas

partes elétrica e hidráulica do prédio,

além da criação de uma rede lógica.

Também criamos um anexo, onde

instalamos o Gabinete de Gestão

Integrada Municipal (GGIM).

Aqui, um dos aspectos mais

pitorescos foi o convite que fiz ao ex-

prefeito Carlos Sá Azambuja para visitar

o prédio durante a obra. Precisava

convencer a arquiteta Magali Nocchi

Collares Gonçalves, responsável pelo

projeto, de que não deveríamos

transferir a porta do salão de atos da

prefeitura para a entrada do prédio, seu

lugar original. Defendíamos que deveria

continuar guarnecendo o principal

acesso à prefeitura o grande portão de

900 quilos de ferro e 600 quilos de

bronze, doado ao município pelo

saudoso Roberto Magalhães Suñe, que o

havia adquirido de um antigo banco

uruguaio. Eu, como prefeito, tinha a

palavra final, mas sempre respeitei a

opinião dos técnicos.

Lembrei, então, do grande amor que

Azambuja tinha, a seu modo, pela

cidade. Não titubeei e fiz o convite para

uma visita, acompanhado da Magali.

Relembrou que o portão fora colocado

na entrada para preservar o original, de

Memórias de um tempo

*Esse texto faz parte de Memórias de Um Tempo, uma série publicada no Jornal Minuano de Bagé, em que procurei resgatar fatos de nossa gestão de oito anos na Prefeitura Municipal.

madeira. Infelizmente, disse ele, nem

todos os governos são como o de vocês,

que preserva o patrimônio público. Por

isso, resolvemos proteger a porta da

intempérie, pois, submetida ao sol e ao

vento, não duraria muitos anos. Explicou-

nos as inscrições que havia no portão de

madeira e convenceu a arquiteta de que

a melhor solução seria aquela que eu

também defendia.

Esta foi a primeira vez que falei

pessoalmente com meu adversário de

tantos tempos na política de Bagé.