memÓria e esquecimento - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado,...

20

Upload: buithuy

Post on 29-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento
Page 2: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

MEMÓRIA E ESQUECIMENTO O Festival de Montemor-o-Velho é simultaneamente o festival de teatro mais antigo do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos tempos. Na definição de cada edição, foi sempre fundamental uma leitura do território, tanto a nível geográfico quanto artístico e temporal. Seguimos a linha da água, a linha do Mondego que oferece a ligação orgânica, fluída, em transformação permanente da paisagem, inscrevendo neste mapa em movimento Coimbra, Montemor-o-Velho e Figueira da Foz, que agora participam do Citemor. A obra como lugar e o lugar como obra, enunciado por alguns criadores, não é apenas um questionar da própria forma artística, é também uma interpelação do lugar que, de modo directo ou indirecto, está presente em muitas das criações ou na relação que os artistas têm com o festival e com o contexto em que este tem lugar. Esse permanente fluxo, do tempo que passa e o que resta, da água que corre, é fundamental para entender a urgência de pensar um corpo morfológico que transporta uma identidade, que pensa o seu passado como o seu futuro, pensa a impermanência e indeterminação dessa mesma identidade, que tantas formas assume, muitas delas estranhas, outras estranhamente familiares. O festival assume, de modo renovado, a sua vocação histórica de cruzar tempos e dinâmicas dos artistas que habitam o espaço e criam, em residência, tendo presente que todas essas formas relacionais que a arte suscita criam ressonância e significado, que não se esgotam no momento do espectáculo. A problematização do lugar e da memória reflete-se na escolha dos artistas e dos espectáculos, que reafirma relações, reformula pontos de vista e posicionamentos artísticos, e sublinha a importância do património efémero erguido. A problematização do lugar, que é em si poesia e ferida. A música arranca em força na edição de 2018, estabelecendo uma ligação fundamental com a dinâmica identitária do festival, dando a conhecer ao público português o búlgaro Ivo Dimchev, um artista emblemático presente regularmente nos principais palcos das artes performativas. O seu trabalho é uma intensa e colorida mistura de performance art, dança, teatro, música, ilustração e fotografia. Autor de mais de 30 espectáculos - quase sempre geradores de controvérsia - para os quais compôs e interpretou inúmeras canções, Ivo Dimchev começou a apresentar estas músicas em concerto e gravou posteriormente dois discos: “Songs from my shows - Live” e “Sculptures”. A voz de Ivo Dimchev é um conjunto de paradoxos, simultaneamente rugosa e límpida, rude e lírica, extravagante e sóbria. No espaço entre estes extremos revela-se uma complexidade que não pode ser reduzida a um "virtuosismo" vocal. É nestas antíteses que se estabelecem diálogos e confrontos entre estéticas musicais e performativas que questionam o "gosto", o "belo", o "exótico". Dimchev despega-se

Page 3: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

do corpo - um corpo em constante metamorfose e, por vezes, em convulsão - e materializa-o na voz. É esta maleabilidade interpretativa, esta entrega total à vocalidade que parece dar forma às suas composições musicais, também elas camaleónicas, fluídas, inquietantes e, por vezes, perturbadoras. Recentemente adoptou I-VO como assinatura para a sua obra musical, que apresentará em concerto no Teatro Académico de Gil Vicente, quinta-feira, 19 de Julho, às 21:30. Na sexta 19, no Teatro de Bolso do TEUC (Estudantes da Universidade de Coimbra), o coreógrafo Rafael Alvarez apresenta o projecto WAVE, um díptico formado pelo solo "No Intervalo De Uma Onda" e pelo dueto com Yuta Ishikawa "Na Onda Da Distância", em antestreia. O projecto tem origem na pesquisa e criação artística de Rafael Alvarez no Japão e traça uma relação simbólica a partir de um conjunto de factos que envolvem a onda de Hokusai e a sua divulgação no Ocidente, que a tornam numa das primeiras imagens japonesas globalizadas. No sábado, dia 20, às 21:30, o Citemor regressa ao TAGV com “Sobre Lembrar e Esquecer”, uma investigação sobre a memória e o esquecimento desenvolvida por criadoras provenientes de latitudes e experiências distintas. Paula Diogo, com Sónia Baptista, Estelle Franco e Masako Hattori, propõem refletir sobre “o modo como as lembranças operam nas nossas vidas: o que escolhemos recordar ou esquecer, ou o que somos capazes de recordar e esquecer”. Concluindo que “nós somos as nossas memórias” e concordando com André Breton, que as nossas memórias são resultado da imaginação, questiona, quem somos nós afinal. Nas semanas seguintes o festival desloca-se para o litoral e reparte-se entre Montemor-o-Velho e a Figueira da Foz, onde decorrem vários processos de residência de criação em simultâneo, de que resultarão acontecimentos únicos — Francisco Camacho, Angélica Liddell, Mónica Valenciano e Teatro do Vestido — e apresentará obras de Inês Campos, Diana Gadish, de Carolina Campos e Márcia Lança, e de João Fiadeiro. Fora de cena, os finalistas do Loops.Lisboa estarão na Figueira da Foz, onde o Citemor encerra a 11 de Agosto com um concerto de Luís Severo. Mais do que celebrar as 40 edições, somos motivados por um desejo de perspectivar o futuro. O projecto, que foi violentamente descapitalizado durante a anterior legislatura que o levou perto da extinção, só agora regressa aos apoios estruturais. Aos 40 anos estamos a recomeçar praticamente do zero, mas com o saber e prestigio adquiridos como capital próprio. E com a determinação da primeira vez. O festival dá sinais vitalidade e reforçou as suas dinâmicas, voltou a activar o programa de residências e recupera gradualmente a sua capacidade de produção, reafirmando-se como um lugar de criação.

Citemor Armando Valente 919 908 171 [email protected] [email protected]

Page 4: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

I-VO DIMCHEV LIVE SOLO CONCERT Qui 19 Jul 21:30 // Teatro Académico de Gil Vicente, Coimbra Ivo Dimchev (Bulgária, 1976) é coreógrafo, artista visual, cantor e compositor. O seu trabalho é uma intensa e colorida mistura de performance art, dança, teatro, música, ilustração e fotografia. Dimchev é autor de mais de 30 espectáculos. Foi distinguido com numerosos prémios internacionais de dança e teatro, e apresentou o seu trabalho por toda a Europa, Estados Unidos e América do Sul. É fundador e director da Humarts Foundation na Bulgária, organizando anualmente uma competição nacional dedicada à coreografia contemporânea. Fixa-se em Bruxelas, no ano de 2009, onde abre o Volksroom, um espaço dedicado à performance, apresentando semanalmente artistas emergentes internacionais. Em 2014 Ivo Dimchev abriu em Sofia, o MOZEI, um espaço independente dedicado à arte contemporânea e à música. De 2013 a 2017 foi “artista residente” no Kaaitheater (Bruxelas). Ivo Dimchev editou dois álbuns, “Songs from my shows - Live” e “SCULPTURES”. Desde então, vem trilhando o seu próprio caminho na indústria da música, estando atualmente em digressão por todo o mundo. www.ivodimchev.com soundcloud.com/ivo-dimchev facebook.com/IvoDimchevMusic

Page 5: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

RAFAEL ALVAREZ NO INTERVALO DE UMA ONDA, seguido de NA ONDA DA DISTÂNCIA [ante-estreia] Sex 20 Jul 21:30 // Teatro de Bolso do TEUC, Coimbra NO INTERVALO DE UMA ONDA revela-se através de um diálogo silencioso de escuta e de observação. A experiência estética do exercício da viagem materializa-se numa escrita coreográfica e plástica do invisível, do indizível, do imanente, do efémero, do frágil e do intuitivo. Nesta primeira viagem a Tóquio coleccionam-se e cruzam-se referências e impressões, obras e narrativas que alimentam o espólio de imaginários e imagens em torno do país do Sol nascente. A partir do meu olhar exótico deixo-me guiar pela acumulação de lugares comuns e clichés de uma certa imagem (ocidental) do Japão e simultaneamente mergulho num mar de descobertas e revelações engolido pela megalópole de Tóquio. Uma imagem iniciática motiva a criação deste solo, permanecendo invisível, mas presente ao longo do projeto – “A Grande Onda de Kanawaga”, obra icónica do pintor japonês Hokusai criada em 1830 e reproduzida a partir de meados de 1870 através de uma série de litografias partindo da técnica tradicional de estampa japonesa, conhecida por Ukiyo (literalmente, “mundo flutuante”). Neste mundo flutuante nada é demasiado pequeno ou insignificante para deter a nossa atenção. Este solo de sombras, evocações e máscaras cuja onda de Hokusai permite corporalizar é um convite duplo à viagem e à quietude.

Rafael Alvarezs Direcção Artística, Coreografia, Interpretação, Cenografia, Vídeo e Figurino: Rafael Alvarez Colaboração Artística (interpretação vídeo): Kotomi Nishiwaki Direcção Técnica e Desenho de Luz: Nuno Patinho Gestão e Produção: BODYBUILDERS / Rafael Alvarez�Assessoria de Imprensa: Mafalda Simões Fotografia de Cena: Elisabeth Vieira Alvarez Sonoplastia a partir de: Invitation au Voyage de Baudelaire, Unon.To de Yoko Ono, La Mer de Debussy, Sayonara de Irving Berlin (por Miyoshi Umeki) Coprodução: Festival Temps d'Images/Duplacena e BODYBUILDERS Apoios em Residência: Ryogoku Bear (Tóquio), Ko Murobushi Archive (Tóquio), Micadanses (Paris), Le Carreau du Temple (Paris), Teatro Municipal do Porto Campo Alegre (Porto), EIRA / Teatro da Voz (Lisboa), O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo)�Acolhimentos: BUoY Arts Centre (Tóquio), Ryogoku Bear (Tóquio), BUKATSUDO (Tóquio),Negócio / ZDB (Lisboa), Auditório Municipal Augusto Cabrita (Barreiro) Parcerias: Escola das Artes / Universidade de Évora, Escola Superior de Artes e Design – Caldas da Rainha / Instituto Politécnico de Leiria, Escola Superior de Dança / Instituto Politécnico de Lisboa Patrocínios: FUJIFILM Portugal, Companhia Portugueza do Chá – Vieira & Pinto Apoio à Internacionalização: Fundação Calouste Gulbenkian�Projecto cofinanciado pela Direcção-Geral das Artes / Governo de Portugal – Ministério da Cultura NA ONDA DA DISTÂNCIA, de um lado e do outro, dois corpos em forma de haiku navegam em silêncio por uma dança frágil que é onda e maré de encontros e desencontros. Perto e longe, os dois mergulhadores descobrem-se num diálogo invisível de memórias e histórias que não nos pertencendo invadem os nossos imaginários. Um espectáculo de papel desenhado a partir de uma dança aberta de

Page 6: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

sentidos e mergulhos noutras leituras – longe e perto, mais perto do que longe, a oriente e a ocidente, os dois intérpretes de um e de outro lado do oceano, trazem à superficie um mar de ilusões. Na onda da distância e à distância de uma onda que se aproxima, descobrem e revelam sombras e fantasmas. Nos seus corpos e mundos flutuantes naufragam desejos de memórias invisíveis escritas e respiradas no silêncio do espaço vazio do palco de papel que esconde e revela o movimento que os abraça. E no intervalo de uma onda dão lugar ao encontro (de uma outra onda).

Rafael Alvarez Direcção Artística e coreografia: Rafael Alvarez Criação e interpretação: Rafael Alvarez e Yuta Ishikawa�Direcção Técnica e Desenho de Luz: Nuno Patinho Produção e Difusão: BODYBUILDERS | Rafael Alvarez Gestão Financeira: Sara Lamares Assessoria de Imprensa: Mafalda Simões Fotografia de Cena: Elisabeth Vieira Alvarez Coprodução: 23 Milhas – Ílhavo e BODYBUILDERS Apoios em Residência: Le Carreau du Temple (Paris), Ryogoku Bear (Tóquio), Rimbun Dahan (Malásia), Estúdios Vitor Córdon / CNB (Lisboa), EIRA / Teatro da Voz (Lisboa), O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo) Acolhimentos: Citemor Festival / TEUC, Ryogoku Bear (Tóquio), FIAR/Cine-Teatro São João (Palmela), Auditório Municipal Augusto Cabrita / Câmara Municipal do Barreiro (Barreiro) Parcerias: Escola Superior de Artes e Design – Caldas da Rainha / Instituto Politécnico de Leiria, Escola das Artes / Universidade de Évora, CHAIA – Centro de História de Arte e Investigação Artística, Escola Superior de Dança / Instituto Politécnico de Lisboa, FIAR – Palmela, Plural_Companhia de Dança / Fundação LIGA, EIF/E) – Escola Informal de Fotografia (Espectáculo) Apoio: Camões – Centro Cultural Português em Tóquio / Embaixada de Portugal em Tóquio Apoio à Internacionalização: Fundação Calouste Gulbenkian Projecto WAVE é um projecto de dança internacional (Portugal-Japão-França-Malásia) de carácter multidisciplinar (dança/vídeo/fotografia) constituído pelo díptico formado pelo solo "NO INTERVALO DE UMA ONDA" (2017) e pelo dueto "NA ONDA DA DISTÂNCIA" (2018-19). Este projecto dirigido pelo coreógrafo Rafael Alvarez / BODYBUILDERS centra-se na sua pesquisa e criação artística no Japão. Em cena na obscuridade e na luz apenas dois elementos - corpo e papel revelam na sua plasticidade e na sua fragilidade e efemeridade, um ritual simbólico, abstracto e imagético que convida à viagem. A onda de Hokusai assim como as ondas destes dois espectáculos mergulham a Oriente e a Ocidente numa coexistência de leituras e sombras, onde o menos é mais. O projecto traça uma relação simbólica a partir de um conjunto de factos que envolvem a obra de Hokusai e a sua divulgação no Ocidente. Nomeadamente pelo impacto e influência que esta obra provocou no trabalho dos Impressionistas Franceses, na obra musical (La Mer) de Debussy ou no fascínio que Baudelaire revela pela obra/autor em questão e reciprocamente pela inspiração que o movimento do Impressionismo traz à sua obra contribuindo para uma marca revolucionária do ponto de vista pictórico pela escolha de cores menos usuais no contexto japonês (azul prussiano) e pelo desenvolvimento do tema e género da paisagem através dos seus ukiyo-e, constituindo-se desde então numa das primeiras imagens japonesas globalizadas, uma especie de imagem popque viaja através dos tempos. Solo e dueto,complementarizam-se entre si, permitindo um olhar cruzado entre as duas peças, lançando pistas dramatúrgicas e propostas estéticas autónomas mas dialogantes. O Projecto WAVE integra ainda um conjunto de actividades de formação/criação e de ligação à comunidade, envolvendo maiores de 55 anos e seniores, pessoas com deficiência/diversidade funcional, estudantes do ensino superior artístico e artistas em geral. www.bodybuilders.pt

Page 7: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

PAULA DIOGO SOBRE LEMBRAR E ESQUECER Sáb 21 Jul 21:30 // Teatro Académico de Gil Vicente, Coimbra Nos últimos 5 anos de vida a minha avó perdeu as faculdades muito rapidamente. Ela que sempre tinha sido uma mulher ativa e independente viu gradualmente o seu corpo e a sua cabeça deixarem de obedecer da maneira habitual. Para a obrigar a recordar-se de quem era, a minha tia arranjou um caderno onde lhe pedia para escrever um pouco da sua história: o nome, com quem era casada, onde vivia e onde tinha vivido até à data, onde tinha estudado, onde tinha nascido, onde tinha trabalhado, o número de filhos, netos e bisnetos que tinha e todos os seus nomes, etc. Penso que este poderia ser o ponto de partida para um espetáculo sobre as tarefas que inventamos para organizar as nossas lembranças e para as obrigarmos a moverem-se para uma zona de luz. Esta investigação sobre a memória e o esquecimento, realizada por cinco criadoras-intérpretes vindas de lugares e experiências distintas, é o primeiro capítulo de uma trilogia inspirada pelo livro “Les Formes de l’oubli” do antropólogo Marc Auge. Três espetáculos para refletir sobre o modo como as lembranças operam nas nossas vidas: o que escolhemos recordar ou esquecer, ou o que somos capazes de recordar e esquecer. Por hábito, por condicionamento, por autopreservação, por acidente. Nós somos as nossas memórias. E se as nossas memórias não são mais que um produto da nossa imaginação (como disse André Breton), o que somos nós então?

Paula Diogo (A Sobre lembrar e esquecer seguir-se-ão outros dois espetáculos: “A estação de outono” com Paula Diogo e Alexander Kelly e “Paisagem” com Paula Diogo e Tónan Quito). Direção de projeto: Paula Diogo Criação: Estelle Franco, Mariana Ricardo, Masako Hattori, Paula Diogo e Sónia Baptista Interpretação: Estelle Franco, Masako Hattori, Paula Diogo e Sónia Baptista Apoio dramatúrgico: Alex Cassal Desenho de luz: Daniel Worm d’Assumpção Espaço cénico: Bárbara F. Fernandes e Frame Colectivo Fotos: João Tuna Legendagem: Patrícia Pimentel Produção executiva: Daniela Ribeiro Coprodução: Má-Criação e Teatro Maria Matos Apoio à criação: Arquipélago - Centro de Artes Performativas (Açores), Câmara Municipal de Lisboa / Polo Cultural das Gaivotas / Boavista, Causas Comuns, Centro de Criação de Candoso (Guimarães), O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo), Fórum Dança Apoio financeiro: Governo de Portugal / Direção-Geral das Artes, Fundação Calouste Gulbenkian Digressão: Festival Gil Vicente, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, Festival CITEMOR, TAGV/Coimbra Espetáculo em português, francês, japonês, inglês e espanhol com legendagem em português M/12; 80'

Page 8: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

INÊS CAMPOS COEXISTIMOS Qui 26 Jul 22:30 // Teatro Esther de Carvalho, Montemor-o-Velho Coexistimos é uma colagem de metáforas sobre o desafio de ser só um e querer ser tantos. Ser o tigre e o domador, um palhaço triste e um ataque de riso, viver vários corpos, querer ser a realidade dos seus sonhos. Como uma onda no mar, passar por estados temporários e estar inteiramente presente em cada um deles. O vaguear é um fim em si mesmo, Um frenesi tão bom que parece magia. E é, claro. Exprime a crença firme de que as artes são promíscuas e gostam da companhia umas das outras. Tem dança, teatro, cinema, manipulação de objectos, arquitectura em movimento e artifícios variados que tentam criar uma sucessão de ilusões. Assume a forma de 11 quadros, com linguagens que procuram manter-se autónomas e a salvo de contaminação mútua, e que surgem como pop-ups, cortando amarras com o bloco precedente e nada antecipando aquele que se lhe há-de seguir. É um desafio: 1. Congelar um momento no mundo e viver vários corpos: suas caras, objectos, ecossistemas, cérebro e coração. 2. Multiplicar as perspectivas de cada situação por meio de passagens rápidas por uma multitude de personagens ou de estados temporários não ligados entre si e todos eles equiparados. 3. Expor o ego como se fosse uma onda no mar, que vemos avançar, mas não corresponde, na realidade, a água que avança, é uma ilusão. É apenas o efeito que resulta por várias porções de água executarem um movimento circular que vão transmitindo a outras porções de água à sua frente. 4. Ligação intuitiva entre as coincidências e por livre associação de ideias. 5. Revisitar o passado através de sonhos escritos, desafios, de finições de beleza, cartas em papel, personagens, bichos, sinalética da estrada, letras de canções, esquemas, polifonias. 6. Usar uma linguagem visual com base numa colagem de metáforas que representam sonhos, coisas descaradamente auto-biográficas, memórias de infância e obsessões repletas de simbolismos ocultos, fetiches e imagens de animais. 7. Interpretar a realidade como se fosse uma metáfora que, a partir do que é do domínio dos sentidos, nos revela o que a transcende. As metáforas ajudam a que o intelecto deixe de «obscurecer» a mente com as suas interpretações lógicas, permitindo que se possa intuir, na vida, a manifestação do que nela há de mais profundo e misterioso. 8. Acreditar sinceramente em qualquer coisa a cada momento. Depois deixar que aquilo em que acreditamos vá mudando. O objectivo da vida é viver feliz. O vaguear é um fim em si mesmo.

Page 9: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

Concepção e Interpretação: Inês Campos �Sonoplastia: Filipe Fernandes e João Grilo Desenho de Luz e Operação: Mariana Figueroa Projecção e Desenhos: Raphael Decoster Adereços e Cenografia: Inês Campos, Mariana Figueroa e Marta Figueroa Aconselhamento Artístico: Pietro Romani Apoio Financeiro: Teatro Municipal Do Porto Residências: Teatro do Campo Alegre, Companhia Instável, Högskolan För Scen Och Musik Gothenburg, Teatro de Ferro, Devir Capa, Free Flow, Bando dos Gamboeiros Agradecimentos: António Campos, Miguel Carneiro, Jorge Soares, Jas, Johannes Hallikas, Maria Lis, Feio, Ni Araújo, Tiago Candal, Teia Campos e Tânia Carvalho. www.eira.pt

Page 10: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

CAROLINA CAMPOS + MÁRCIA LANÇA NOME Sex 27 Jul 22:30 // Casa Catela, Montemor-o-Velho Partimos do universo das imagens antigas, abandonadas em feiras, esquecidas, deixadas para trás. Agarramos nesse fragmento de mundo para o deslocar no tempo, resignificá-lo, dar-lhe um sentido diverso do da sua origem, fazendo-o explodir em diferentes direções e sentidos. Percebendo essas imagens como ficções que contém realidades, e não o contrário, construímos um território de trabalho onde verdade e mentira se tocam e se confundem, onde aceitamos a ideia de que uma vida qualquer é construída por narrativas inventadas e que o futuro de uma imagem serve também, para reescrever o seu passado. Olhar para a vida das imagens desta perspectiva levou-nos a construir biografias inventadas, reconstruir fatos, fazer ficção ultrapassando os limites entre o que é nosso e o que é de outros. Este trabalho propõe o exercício de imaginar que a nossa memória e o nosso esquecimento, aquela matéria absolutamente indispensável para nos tornarmos singulares, podem estar em qualquer corpo, em qualquer vida, num outro qualquer. ��

�Criação e Performance: Carolina Campos e Márcia Lança Acompanhamento Dramatúrgica: João Fiadeiro Desenho de Luz: Tasso Adamopoulos Produção: VAGAR Co-produção: Negócio ZDB e Atelier Real Apoio: Fundação GDA ��

Carolina Campos e Márcia Lança são artistas associadas do Atelier Real. Agradecimentos Leonardo Mouramateus, Daniel Pizamiglio, Stephan Jurgens, Martha Morais, Sinara Suzin, Zaratan Arte Contemporânea, Gonçalo Alegria, Rua das Gaivotas6, Sara Vaz, Patrícia Almeida, Adaline Anobile, DuplaCena, Hugo Barros, Ana Félix, Alfredo Haidar, Ivan Haidar, Carlinhos Santos, Paula Giusto, Cia. Matheus Brusa, Rene Mantiñan. vwww.vagar.pt

Page 11: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

MÓNICA VALENCIANO IMPRENTA ACÚSTICA EN (14 BORRONES DE UNA) APARICIÓN Sáb 28 Jul 22:30 // Sala B, Montemor-o-Velho (residência de criação, estreia nacional) Monica Valenciano: biografía curta na primeira pessoa Danço… como quem escava no corpo, transpondo obstáculos, abrindo novos circuitos possíveis que me permitem aceder á sua voz… a voz do corpo escondido no corpo que dança, movo-me ao encontro das suas possibilidades acústicas, através da respiração do movimento, o corpo que se evola, polifónico, dilatando o contacto entre a pele e o espaço, assisto à descoberta de texturas, tonalidades, qualidades que emergem num processo de revelação desde a prática quotidiana no momento da escuta do corpo, como instrumento musical, ou… lugar de ressonâncias. Continuo a explorar na escrita do movimento, na formulação de uma linguagem que não trata de explicar nada, mas sim de implicar… convocando o encontro. Desde a capacidade de perceção do instante, encontrar esse estado de presença no espetador. Anseio pela possibilidade de habitar qualquer espaço, a colaborar com o ato de aparição. Assim, construir, desvelar o tecido de um espaço para que algo apareça, é quase o movimento fundamental. Aprendo, em cada dança, a desaparecer melhor. Em jeito de SINOPSIS “Este encontro propõe-se, a partir de um mapa cartográfico, a transitar, viajando através de um leque de imagens… correspondência aberta, cartas de uma dança na formulação do seu próprio tecido. Entoações de um gesto, ritmos de um contacto, deslocações de uma ausência que joga. Corpografias de uma rede ao encontro dessa geografia que se abre em direção ao interior…Corpos de uma voz, ramificando-se em planos múltiplos. O espaço como protagonista vincula-nos no que deixa… a pele desse espaço que toca capaz de alojar um alvo inesperado…e ali onde o olhar nos convoca prende a sua visão: a baralhar… revelações orquestrais e a contratempo o alvo é um circo de olhos, começa no vazio. A pedrada é outono… cruzando o canto vindo de uma lágrima, dança, escuta a paragem marcando o ritmo do tempo. O medo desbota?… Um ponto ladrando soa na saliva e, o testemunho passeando no fundo dos teus olhos…”

Mónica Valenciano Direcção e Interpretação: Mónica Valenciano Assistência de Direcção: Raquel Sánchez Desenho de Luz: Cristina Libertad Bolívar Música: Anton Webern �Produção Executiva: Jorge Rúa �Audiovisual: Marta Blanco �Secretariado: Norma Kraydeberg Assessoria e Documentação: Cristina Marroquino Apoios: Naves Matadero, L'animal a l'esquena, Teatro Ensalle e Estudio 3.

Page 12: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

DIANA GADISH LUCY LIVE Qui 2 Ago 22:30 // Garagem Auto Peninsular, Figueira da Foz A estética de cabaret, café-teatro e “vaudeville” é utilizada como estereótipo de entretenimento. No entanto, o típico espetáculo de entretenimento acaba por não se materializar, Lucy, a protagonista, não é capaz de entreter o seu público como supostamente deveria fazer. Justamente desta incapacidade, surge algo novo, um mundo cheio de possibilidades de ações que vão para além do pré estabelecido, criando-se uma atmosfera indiscernível onde a precariedade acaba por revelar a sua beleza. Criacão e interpretacão: Diana Gadish Asistência artística: Amaranta Velarde, Miner Montell e Esther Freixa Desenho de luz: Joana Serra / Daniel Miracle Fotografía: Jordi Oset Apoios: Antic Teatre, CRA'P, Asociación Cultural Casa de Cent www.dianagadish.com

Page 13: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

JOÃO FIADEIRO I AM (NOT) HERE Sex 3 Ago 22:30 // Casa Catela, Montemor-o-Velho I am (not) here de/com João Fiadeiro a partir de I am here (2003) de João Fiadeiro que, por sua vez, foi construído a partir do imaginário da artista visual Helena Almeida . “Olhamos para o corpo e o corpo termina de repente nos pés, nas mãos. Acaba ali. Não há mais nada à frente, parece uma escarpa de um rochedo sobre o mar. De repente, termina.”

Helena Almeida INTRODUÇÃO I am (not) here é uma performance-instalação que adapta o espetáculo I Am Here de João Fiadeiro para um espaço não convencional, sem frente definida, onde o espectador se movimenta e relaciona com a apresentação a seu ritmo e a seu modo. Nesse sentido, I am (not) here aproxima-se de forma mais explícita do território que lhe deu origem: o das artes plásticas e da performance art, onde espectador e obra quase se cruzam, quase trocam de lugar. I am (not) here continua para lá da apresentação que lhe dá corpo. A sua presença manifestar-se-á através dos restos, rastos e traços resultantes da performance. APRESENTAÇÃO Em 1999 o Rui Catalão começava um texto que lhe encomendei para o livro DOC.LAB (que documentava a experiência de um laboratório de investigação artística que organizei no Lugar Comum) da seguinte forma: “A primeira vez que me apercebi da relação entre a realidade física e virtual, tinha onze anos. Estava perdido nas ruas de Gibraltar e um casal de meia-idade britânico, igualmente desnorteado, perguntou-me onde ficava uma rua qualquer. Atrapalhado por ter sido confundido com alguém da população local, e com a ajuda do famélico inglês que tinha aprendido no primeiro ano do preparatório, esquivei-me com a resposta “I am not here”.” O texto prosseguia na descrição das suas impressões e sensações em relação ao trabalho que desenvolvíamos, mas esta pequena história nunca mais me saiu da cabeça, por descrever de forma tão perfeita o que sinto tantas vezes, desde sempre, mesmo em adulto (sobretudo em adulto). �Mais tarde, quando surgiu a oportunidade de criar um trabalho a partir da obra de Helena Almeida pensei dar-lhe o título de “I am not here” e só não o fiz porque, numa daquelas coincidências significantes que acontecem quando os astros estão todos alinhados, fui informado (pela própria Helena) que a série de imagens em que estava a trabalhar para a Bienal de Veneza se chamaria “Eu estou aqui”. Achei essa coincidência tão forte que decidi deixar cair o “not” (um pouco como o Rui deixou cair o “from”) e aceitar a co-incidência que me cai nos braços. Mais tarde arrependi-me por sentir que o “not”, a meio da frase, corresponderia melhor ao trabalho de evocação e convocação (e não de ilustração ou representação) que tinha decidido fazer de relação com o imaginário da Helena Almeida. Mas já era tarde demais

Page 14: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

porque o trabalho ganhou vida própria e nunca mais pensei nisso. Até que 10 anos mais tarde surgiu a oportunidade de fazer uma performance-instalação a partir de “I am Here” (para o Colégio das Artes em Coimbra, em 2015, a convite do Delfim Sardo) e não hesitei um segundo em recuperar o “not” entretanto caído, colocando-o agora em parênteses (lugar de onde nunca saiu). �Entretanto, em mais uma daquelas coincidências sem explicação, quando estava à procura de material para escrever sobre este trabalho, encontrei, no fundo do baú de um disco rígido, numa pasta com o título “coisas para arrumar”, um outro texto que o Rui Catalão, agora sobre “I Am Here” e que, por uma razão que não me recordo, nunca chegou a ser publicado. Achei que o tom e ambiente que descreve se adequava de tal forma ao “I am (not) here”, que decidi usar uma parte para apresentar esta performance-instalação (o “not” é da minha autoria): “Em “I Am (not) Here” não há qualquer jogo com a localização ou a representação do corpo, mas antes com as formas (materiais) que ele produz, através da fotografia, do desenho e da sombra. Ao encenar a finitude do corpo (morfológico), cativo das suas fronteiras dentro da realidade, João Fiadeiro sublinha a emergência do (corpo do) trabalho, como se entre vida (presença) e morte (ausência) não existisse nem história, nem drama, nem tensão, mas apenas linhas marginais, que se cruzam, entrelaçam e desfazem no vazio.”

João Fiadeiro Sobre Helena Almeida (...) Helena Almeida sempre construiu imagens, mesmo quando ainda não as fazia como artista. A partir dos 10-11 anos, posava durante longas horas para o seu pai, o escultor Leopoldo de Almeida: «o corpo não existe e o meu corpo era também como se não existisse. Eu estava ali, parada. Era um modelo, não podia ter frio ou calor.» Uma presença tão requisitada pelo olhar do espectador com o passar do tempo criava dentro dela própria uma sensação de desaparecimento, de impertinência. O corpo de Helena Almeida era já naquela altura uma imagem, pela insistência na pose e pela exaustão que essa insistência provocava. O corpo como imagem tomava-se permeável com o espaço do atelier, com a temperatura e com a gravidade, mas o corpo continuava a existir. O que é tão comum a todos nós transformou-se então e para sempre num motor de perplexidades: como é que um corpo termina de uma maneira tão derradeira?

Maria Filomena Molder (in Dramatis Persona: Variações e fuga sobre um corpo)

(..) Para quem se interessa por questões do processo criativo, as obras de Fiadeiro e Almeida são passagem compulsiva (...) ambos usam o corpo como a única ferramenta que temos a certeza de possuir e em ambos parece evidente a necessidade de construir objetos ficcionais sobre a natureza e o processo de elaboração do que nos é apresentado como trabalho final.”

Delfim Sardo www.re-al.org

Page 15: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

FRANCISCO CAMACHO VIAGEM SENTIMENTAL # MONTEMOR-O-VELHO Sáb 4 Ago 22:30 // Sala B, Montemor-o-Velho (residência de criação) “Viagem Sentimental” é um projecto do coreógrafo Francisco Camacho que se centra na pesquisa de uma determinada zona geográfica para a construção de um espectáculo que reflecte essa observação dos locais onde se desloca. A metodologia pressupõe que o coreógrafo viaje para uma dada região, munido dos seus apetrechos para registar as primeiras impressões sobre o local e as suas gentes. Visita uma série de pontos de interesse e tem conversas com pessoas relevantes para a sua pesquisa, conhecedoras da história, dos hábitos e da cultura locais. Assume o lugar do forasteiro, num misto de curiosidade e inquirição, que tenta compreender os códigos da vida e as potencialidades coreográficas na paisagem e movimentos da terra. Um dos eixos que determina o desenvolvimento do espectáculo é a identificação de festividades e ritos da região envolvente, no sentido de os revisitar, desenvolvendo uma linguagem de movimento que estruturará a coreografia. Um dos outros eixos prende-se com a recolha de informação sobre figuras notórias da terra, seja porque se distinguiram na sua intervenção profissional, social ou cultural, sejam porque mantêm um papel importante no imaginário local, sendo figuras singulares - típicas ou atípicas pela sua excentricidade. A reelaboração dos materiais recolhidos prevê o desenvolvimento de cenas do espectáculo que evocam essas figuras, numa linha de trabalho habitual no coreógrafo, conhecido pela abordagem de personagens, e passa também pela escrita de textos a serem ditos ao vivo ou em gravação, ou ainda projectados. Desejavelmente, este primeiro contacto com a terra inclui um período de atelier artístico com interessados nas artes performativas e que, junto com o coreógrafo, abordam criativamente elementos que definem a cultura local. Estes participantes contribuem assim para a perspectiva cultural e artística do artista forasteiro, enriquecendo o seu trabalho. Estes contributos poderão chegar a contemplar participações cénicas ou em registo audiovisual a utilizar no espectáculo. Coreografia e Interpretação: Francisco Camacho Direcção Técnica e Desenho de Luzes: Hugo Coelho Produção: EIRA Agradecimentos: Devir-Capa, José Laginha, Diego Lasio www.eira.pt

Page 16: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

ANGÉLICA LIDDELL CUADERNO DE TRABAJO Qui 9 Ago 22:30 // Teatro Esther de Carvalho, Montemor-o-Velho (residência de criação, apresentação informal) Tenho 50 anos e não sei ler nem escever. Se corto um bocado do meu corpo e o deito numa panela de água a ferver, permanece cru. Nem consigo escutar com clareza, ouço apenas palavras soltas e estranhas. Tudo descamba uma e outra vez. O pior de tudo é que já não pode haver um título, nem um argumento, já não pode haver um início. Já não posso começar do início, de nenhuma maneira. Promete-me que não contas a ninguém. Vi uma serpente com a cabeça inchada. Mordeu-me no tornozelo e tive que matá-la. Quando tudo terminou e o bicho sangrava a meus pés dei-me conta de que a serpente era uma criança. Como os meus pais estão mortos, não tenho ninguém a quem pedir perdão. Guardo apenas dois frascos com cinzas. E, já que não posso ser perdoada, resta-me apenas o pobre recurso da expiação.

Angélica Liddell Criação e Interpretação: Angélica Liddell Assistência: Sindo Puche Iluminação: Octavio Gomez

Page 17: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

TEATRO DO VESTIDO PONTES DE SAL OU AS MÃOS GRETADAS Trabalho de campo para uma criação futura Sex 10 Ago 22:30 // Núcleo Museológico do Sal, Figueira da Foz (residência de criação, apresentação informal) Salinas, Figueira da Foz. Trabalho feito por gente. Gente com vidas que merecem ser contadas. Lugares que são parte dessas práticas em abandono, práticas em desuso, em desaparecimento. Lugares em desaparecimento. O Teatro do Vestido no CITEMOR, em busca de lugares, profissões e histórias em desaparecimento, neste seu esforço de inscrição permanente sob forma performática, na paisagem dos dias, na paisagem do festival, na vida dos que partilham desta forma de teatro-acontecimento-experiência, qualquer coisa como teatro-poema enquanto forma de escavar, desenterrar o que se quer enterrado e apagado, nessa voracidade de se pensar o futuro sempre para hoje, e tanta coisa nova para agarrar, comprar, descobrir. Ou: este plano tão bem montado do esquecimento. A bem de um presente sem memória. Com este projecto, o Teatro do Vestido regressa ao CITEMOR, esse lugar onde há espaço para estar, para escavar, para conduzir processos de investigação e residência. Com esta residência, iniciamos o nosso trabalho de campo, que culminará com a apresentação informal dos diários de campo desta primeira etapa.��

A esta distância, imaginamo-nos de mãos gretadas e boca seca do calor. E a querer falar sobre isso.

Joana Craveiro Direcção: Joana Craveiro Criação e interpretação: Carlos Marques, Joana Craveiro e Tânia Guerreiro Produção executiva: Cláudia Teixeira e Joana Cordeiro Co-produção: Teatro do Vestido e Citemor

Page 18: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

LUÍS SEVERO CONCERTO Sáb 11 Ago 22:30 // Garagem Auto Peninsular, Figueira da Foz Em 2016, na ressaca do bem sucedido "Cara d'Anjo" (2015), Luís Severo muda-se para o estúdio da Cuca Monga e grava o seu segundo álbum, o homónimo "Luís Severo" (2017), com a participação de Manuel Palha, Tomás Wallenstein, Salvador Seabra, (Capitão Fausto/Cuca Monga), Diogo Rodrigues (Cuca Monga), Calcutá, April Marmara (Maternidade), Bernardo Álvares, Primeira Dama e Violeta Azevedo. Apresentou o álbum homónimo em Março de 2017 da mesma forma como o compôs - ao piano - no duplamente esgotado Teatro Ibérico. Correu Portugal no Verão pelas rádios, com os singles "Escola" e "Boa Companhia", e por salas lotadas como a Galeria Zé dos Bois ou o Passos Manuel. No último trimestre de 2017 voltou ao formato piano e voz no Vodafone Mexefest, concerto que gravou para editar o "Pianinho", oferecido ao público no dia de Natal. Pelo meio, lançou o terceiro single, "Planície (Tudo Igual)". Terminou o ano no topo das listas, destaque para o Expresso, Público, Blitz e Radar. No início de 2018, voou para uma residência artística em S. Miguel, onde começou a preparar canções para o futuro. Para fechar o presente, e antes de fechar-se no estúdio, Luís Severo dá mais uma volta pelo país. Mas nunca vai só: ora vai com a habitual companhia do piano e/ou da guitarra, ora vai com a menos habitual companhia da sua banda. Fora deste projecto, Luís Severo já foi produtor musical de artistas como Filipe Sambado e Éme, compositor de canções para artistas como Cristina Branco e trabalha na agência/produtora/promotora musical Maternidade. luissevero.bandcamp.com facebook.com/luisseverocantor

Page 19: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

LOOPS.LISBOA Qui 2 até Sáb 11 Ago // Ter a Sex 9:30 - 18:00 // Sáb e Dom 14:00 - 19:00 Museu Municipal Santos Rocha, Figueira da Foz Representante da linha de programação competitiva do Temps d’ Images Lisboa, e parte integrante da efetiva diversidade de olhares proporcionada por este festival de artes visuais e performativas, o Loops.Lisboa apresenta este ano três abordagens completamente distintas para a infinitude de significados que rodeiam o loop. Será este Uma filosofia? Uma crença? Um fluxo interior / exterior, composto por peças singulares / múltiplas? Ou simplesmente uma ferramenta de linguagem? As três propostas selecionadas, de entre as 236 submissões enviadas por artistas portugueses ou residentes em Portugal, apresentam caminhos singulares - porém unificados por um fio invisível, que percorre os caminhos de cada obra. “The Falls”, de Nuno Cera, sugere uma interpretação da paisagem para estabelecer um loop interior; “2017 personaloop_01”, de Tomaz Hipólito, traz uma performance encenada e editada para recriar a formalidade do loop em espaço real e virtual; e “Delphine Aprisionada”, de Ricardo Pinto de Magalhães, monta um video-essay tridimensional, enquanto distribuído por camadas de interpretação e de narrativas literalmente simultâneas. Os protagonistas, ou os objetos a serviço das obras interseccionadas por esta ideia invisível, são também distintos. Podem eles ser a natureza monolítica e a sua relação com a forma; o artista a interpretar a si próprio, e a recortar-se dentro do loop que criou para si; e a emblemática atriz (e antecessora nas questões de gênero e seus papeis) Delphine Seyrig, paradoxalmente a lutar contra um aprisionamento. Os trabalhos expostos no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC) — que o Citemor volta a apresentar, agora no Museu Municipal Santos Rocha — foram seleccionados por um júri composto por Irit Batsry, Alisson Avila e António Câmara Manuel.

Alisson Avila e Irit Batsry O júri de premiação, constituído por Emília Tavares, Conservadora e Curadora para a área da Fotografia e Novos Media no MNAC; Jesse James, Diretor do Festival Walk & Talk Açores e Jorge La Ferla, Curador e Professor da Universidade de Buenos Aires, declarou vencedor "Delphine Aprisionada" de Ricardo Pinto de Magalhães. DELPHINE APRISIONADA RICARDO PINTO DE MAGALHÃES Não consigo deixar de pensar que Delphine Seyrig estava constantemente aprisionada nos seus filmes, em perpétuo cativeiro. Presa no tempo, espaço, memória, rotina, a certos lugares e muitos outros tipos de prisão. Este filme experimental/ ensaio áudio-visual tenta provar isso, sendo que, ao mesmo tempo, aprisiona ainda mais, talvez para sempre, neste filme, que também pode funcionar como um loop.

Page 20: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - turismodocentro.pt · do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos ... uma investigação sobre a memória e o esquecimento

THE FALLS NUNO CERA The Falls é um vídeo inédito que explora a passagem do tempo e a ilusão das cataratas. Dividido em três momentos, um exterior (vista da massa de água) e dois interior (dentro da parede da catarata), numa progressão de planos e de velocidades atinge-se a unidade da gota de água. Do macro para o micro, num ciclo continuo de tempo, de deslocação e de escalas. The Falls como peça simbólica, como fluxo de energia e de vida, do organizado para o caótico. As características pictóricas do movimento, da filmagem em slow motion e da cor, reforçam o estimulo retiniano e formal do vídeo. O formato vertical reafirma a força da gravidade e da sua energia que tudo atrai. The Falls sem principio nem fim. 2017 PERSONALOOP_01 TOMAZ HIPÓLITO Em 2017 personaloop_01 Tomaz Hipólito propõe um novo olhar sobre o loop questionando o seu conceito e noção de repetição. Neste vídeo, é possível alcançar um conjunto de possibilidades infinitas. A série persona é recorrente no trabalho de Tomaz Hipólito e a relação do corpo do próprio artista com um espaço confere uma escala relacional ao mesmo. Esta estrutura de mapeamento é produzida através da constituição de um léxico de gestos que, através do uniforme impessoal negro o despersonaliza. Para Tomaz Hipólito o ponto de partida do trabalho é o espaço e a experiência que o revela. Assim, num sistema loop - e dentro do qual são inseridas variações loop - a repetição existe, mas a experiência é diferente em cada um dos momentos. Nesta proposta é possível observar esta contínua pesquisa sobre o mapeamento do gesto. Se o espaço apenas existe quando ocupado, e que é o gesto que confere realidade ao espaço, neste exercício a experiência real é colocada em comparação com a experiência virtual. É um trabalho de uma série que desafia as definições da experiência de um espaço e da sua percepção. Em suma, um exercício limite. www.duplacena.com