memento pedagógico

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Emílio Eiji Kavamura 1 Memento Pedagógico MÉTODOS ECONOMIA E EFICIÊNCIA NOS ESTUDOS Aprender a aprender na Faculdade Quem acaba de ingressar em uma faculdade precisa ser informado sobre a maneira de tirar o máximo proveito do curso que vai fazer. Em primeiro lugar, o calouro vai perceber que muita coisa mudou em comparação à aquilo que estava acostumando em seus cursos de primeiro e segundo grau. E quem não puder compreender devidamente o espírito da nova situação para adaptar-se ativa e produtivamente a ela perderá preciosa oportunidade de integrar-se desde o início no ritmo desta nova etapa de ascensão no saber, que se chama vida universitária. Dizíamos que muita coisa mudou, e que é preciso entender o espírito desta mudança propositada e necessária, com vistas à adaptação a uma organização ativa e produtiva na vida de estudos. No curso médio, o estudante deve estar na sala de aula no horário exato, e não pode ausentar-se antes da saída do professor. Nos cursos universtitários não se exige esse mesmo rigor; quem não chegar a tempo pode assistir às aulas seguintes, e quem tiver necessidade de ausentar-se, antes do término da aula, pode fazê-lo . NO curso médio o estudante leva para casa tarefas diárias; não acontece o mesmo na faculdade. No curso primário os alunos, geralmente, andam uniformizados, não podem fumar nos recintos da escola e as classes são bastante homogêneas; nos cursos superiores nada disso acontece; as salas de aulas são mais amplas e bastante heterogêneas; não raro, ao lado de um jovem de dezoito anos senta-se um diretor de uma escola ou gerente de empresa. Os programas do curso médio apresentam dificuldade igual para todos os estudantes, enquanto que na faculdade a formação heterogênea dos alunos faz com que os programas não apresentem dificuldades iguais para todos. No colégio, os diretores e professores dão ordens e fiscalizam o seu cumprimento; na faculdade, os acadêmicos recebem orientações. Afinal, na faculdade, todos são tratados como adultos e responsáveis e capazes de dirigirem a própria vida Emílio Eiji Kavamura 2 social, disciplinar e de estudos. Mas sempre há o perigo de uma má interpretação deste novo clima, especialmente quando não se é, de fato, adulto e responsável. Que pensar de acadêmico que não se preocupa com a pontualidade porque o professor respeita o seu direito de chegar com algum atraso, por motivo que um adulto julgaria razoáveis? O que acontecerá com o acadêmico que não organiza o seu tempo de estudo particular para preparar aulas, para fazer revisões, só porque o professor não estabeleceu o controle das tarefas diárias? Que se há de esperar do aluno que transcura “orientações’ porque elas não se formalizaram como “ordens”? Quem acaba de entra para a faculdade percebe que muita coisa mudou, e deve perceber que também deve mudar, especialmente na responsabilidade, na auto- disciplina e na maneira de conduzir sua vida de estudos, para tirar o maior proveito possível da excelente oportunidade de crescimento cultural que a faculdade lhe oferece. Muitos calouros confessam que aprenderam muita coisa, mas que nunca aprenderam a estudar, isto é nunca aprenderam a aprender. Quem reconhece a própria carência já deu o passo mais importante para se dispor a a tomar o remédio adequado. E sempre haverá o que aprender para melhorar o rendimentos de nossos trabalhos e de nossos estudos e e, desta forma, aumentar nossa satisfação pessoal de êxitos alcançados. Esta parte introdutória e eminentemente prática de nosso trabalho deverá, pois, interessará vivamente a todos universitários. Quem fala que ingressar em uma faculdade sabe como deve orientar seus estudos particulares? Save como participar ativa e produtivamente das aulas? Sabe como ler com eficiência, fazer resumos, desenvolver temas, redigir trabalhos? Julga-se satisfeito por que entendeu tudo ou quase tudo que o professor disse? Percebe que aprender é principalmente analisar, assimilar, reter e ser capaz de reproduzir com inteligência? Observe que as sabatinas, ou provas, não examinam o que se entendeu vagamente sobre o problema apresentado; examinam sim, quanto se reteve e como se é capaz de reproduzi-lo adequadamente. Fazer um curso superior não é ouvir as aulas e adivinhar os testes, mas instrumentar-se para o trabalho científico. Mais vale esta instrumentação na mão do que o conhecimento de uma série de problemas ou o aumento das informações acumuladas

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Memento Pedagógico - roteiro para estudos

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Page 1: Memento Pedagógico

Emílio Eiji Kavamura 1

Memento Pedagógico

MÉTODOS ECONOMIA E EFICIÊNCIA NOS ESTUDOS

Aprender a aprender na Faculdade

Quem acaba de ingressar em uma faculdade precisa ser informado sobre a maneira de

tirar o máximo proveito do curso que vai fazer.

Em primeiro lugar, o calouro vai perceber que muita coisa mudou em comparação à

aquilo que estava acostumando em seus cursos de primeiro e segundo grau. E quem

não puder compreender devidamente o espírito da nova situação para adaptar-se ativa e

produtivamente a ela perderá preciosa oportunidade de integrar-se desde o início no

ritmo desta nova etapa de ascensão no saber, que se chama vida universitária.

Dizíamos que muita coisa mudou, e que é preciso entender o espírito desta mudança

propositada e necessária, com vistas à adaptação a uma organização ativa e produtiva

na vida de estudos.

No curso médio, o estudante deve estar na sala de aula no horário exato, e não pode

ausentar-se antes da saída do professor. Nos cursos universtitários não se exige esse

mesmo rigor; quem não chegar a tempo pode assistir às aulas seguintes, e quem tiver

necessidade de ausentar-se, antes do término da aula, pode fazê-lo .

NO curso médio o estudante leva para casa tarefas diárias; não acontece o mesmo na

faculdade. No curso primário os alunos, geralmente, andam uniformizados, não podem

fumar nos recintos da escola e as classes são bastante homogêneas; nos cursos

superiores nada disso acontece; as salas de aulas são mais amplas e bastante

heterogêneas; não raro, ao lado de um jovem de dezoito anos senta-se um diretor de

uma escola ou gerente de empresa. Os programas do curso médio apresentam

dificuldade igual para todos os estudantes, enquanto que na faculdade a formação

heterogênea dos alunos faz com que os programas não apresentem dificuldades iguais

para todos. No colégio, os diretores e professores dão ordens e fiscalizam o seu

cumprimento; na faculdade, os acadêmicos recebem orientações. Afinal, na faculdade,

todos são tratados como adultos e responsáveis e capazes de dirigirem a própria vida

Emílio Eiji Kavamura 2

social, disciplinar e de estudos. Mas sempre há o perigo de uma má interpretação deste

novo clima, especialmente quando não se é, de fato, adulto e responsável.

Que pensar de acadêmico que não se preocupa com a pontualidade porque o professor

respeita o seu direito de chegar com algum atraso, por motivo que um adulto julgaria

razoáveis? O que acontecerá com o acadêmico que não organiza o seu tempo de

estudo particular para preparar aulas, para fazer revisões, só porque o professor não

estabeleceu o controle das tarefas diárias? Que se há de esperar do aluno que transcura

“orientações’ porque elas não se formalizaram como “ordens”?

Quem acaba de entra para a faculdade percebe que muita coisa mudou, e deve

perceber que também deve mudar, especialmente na responsabilidade, na auto-

disciplina e na maneira de conduzir sua vida de estudos, para tirar o maior proveito

possível da excelente oportunidade de crescimento cultural que a faculdade lhe oferece.

Muitos calouros confessam que aprenderam muita coisa, mas que nunca aprenderam a

estudar, isto é nunca aprenderam a aprender. Quem reconhece a própria carência já

deu o passo mais importante para se dispor a a tomar o remédio adequado. E sempre

haverá o que aprender para melhorar o rendimentos de nossos trabalhos e de nossos

estudos e e, desta forma, aumentar nossa satisfação pessoal de êxitos alcançados. Esta

parte introdutória e eminentemente prática de nosso trabalho deverá, pois, interessará

vivamente a todos universitários.

Quem fala que ingressar em uma faculdade sabe como deve orientar seus estudos

particulares? Save como participar ativa e produtivamente das aulas? Sabe como ler

com eficiência, fazer resumos, desenvolver temas, redigir trabalhos? Julga-se satisfeito

por que entendeu tudo ou quase tudo que o professor disse? Percebe que aprender é

principalmente analisar, assimilar, reter e ser capaz de reproduzir com inteligência?

Observe que as sabatinas, ou provas, não examinam o que se entendeu vagamente

sobre o problema apresentado; examinam sim, quanto se reteve e como se é capaz de

reproduzi-lo adequadamente.

Fazer um curso superior não é ouvir as aulas e adivinhar os testes, mas instrumentar-se

para o trabalho científico. Mais vale esta instrumentação na mão do que o conhecimento

de uma série de problemas ou o aumento das informações acumuladas

Page 2: Memento Pedagógico

Emílio Eiji Kavamura 3

assistematicamente; ou o como já se disse, mais vale uma cabeça bem feita do que uma

cabeça bem cheia ( de informações, de erudição). Neste sentido terá feito bom curso

superior não tanto aquele que for capaz de repetir o que aprendeu, mas aquele que,

diante de problemas completamente novos, tiver nível e método para empreender um

pesquisa séria e profunda. Nesse sentido, diz Mira y Lopez que aprender é aumentar o

cabedal de recursos de que dispomos para enfrentar problemas que nos apresenta a

vida cultural. 1

Não se esperem amplos desenvolvimentos de teses nem elencos de conselhos neste

trabalho estritamente elementar, ms tão-somente alguns considerações sobre temas de

real importância para a eficiência de um curso superior. Tudo será simples, como é

simples uma vacina que salva da morte. Não se confuda simplicidade, praticidade, com

inutilidade ou superficialidade. É evidente que, ao examinar-se um conceito muito

simples, se procure, de preferência, verificar se ele está sendo posto em prática, e com

resultados.

Há uma curiosidade entre jovens a respeito de discussões teóricas sobre o método

perfeitos para estudar pouco e aprender muito. Não se verifica o mesmo interesse em

adotar e pôr em prática, com empenho e perseverança, nem o método mais perfeito

nem outro método qualquer, porque, na verdade, nenhum método é perfeito a ponto de

dispensar o trabalho que não se quer ter . Mas a idéia de um método que torne mais

eficiente o trabalho é válida. Podemos e devemos conhecer a maneira mais econômica

e mais eficiente de estudar para aprender de fato, para crescer culturalmente. Não será

difícil reconhecer um bom método; não será fácil arregimentar disposição para pô-lo em

prática com perseverança. Só esta decisão garantirá bom rendimento e satisfação

pessoal nos estudos, melhorará a capacidade de compreensão e facilitará a assimilação

a retenção, desenvolverá a capacidade de síntese, aumentará progressivamente a

clareza e a profundidade dos conceitos, conferirá eficácia à comunicação, disciplinará e

exercitará a mente.

1 Mira Y Lopez, Emílio. Como estudar e como aprender, p. 30.

Emílio Eiji Kavamura 4

Quem acaba de ingressar em uma faculdade precisa ser informado sobre a maneira de

conseguir pleno êxito no curso que vai fazer. Deve aprender a aprender na faculdade.

Deve ler e analisar as considerações exaradas neste texto.

Tempo para estudar

O progresso é, em grande parte, uma luta contra os ponteiros do relógio. Pergunte-se ao

empresário e ao industrial quanto vale o tempo, isto é, quanto vale o bom

aproveitamento do tempo como fator de produção, custo e comercialização de seus

produtos.

O primeiro passo para quem quer estudar consistem em reorganizar a vida de maneira a

abrir espaços para o estudo e planejar melhor o aproveitamento possível de seu tempo.

Há quem imagine que deva fazer um curso superior sem dispor de tempo para estudar,

ou mesmo para freqüentar as aulas das diversas disciplinas; e chega-se a imaginar que

a apresentação documentada de sua total falta de tempo será motivo nobre e suficiente

para dispensa das aulas, dos trabalhos, dos estudos, afinal, da obrigação de fazer o

curso. Como pretende estudar quem não pode estudar? É um ser curioso o aluno que

pretende conciliar o estudo com a impossibilidade de estudar.

Ninguém desconhece o sacrifício da quase totalidade do alunos, vão para a escolas

após uma jornada de oito horas de trabalho profissional. Se isso é sumamente louvável,

não o exime, por outro lado, do compromisso de estudar e, portanto, de descobrir tempo

para estudar. É preciso descobrir tempo. Tempo para freqüentar as aulas das diversas

disciplinas, e tempo para estudos particulares. Se procurarmos, o tempo aparecerá. E

lembremo-nos de que meia hora por dia representa três horas na semana, quinze horas

no mês e cento e oitenta horas por ano. E quem não conseguiria descobrir um ou mais

espaços de meia hora em sua jornada? Ou quem não conseguiria fazer aparecerem

esses espaços, se o quisesse realmente? Ou será que esses espaços não aparecem

poque nós não os procuramos, por medo de encontrá-los? Quem quer descobre tempo,

cria tempo, especialmente nós brasileiros, que somos, por assim dizer, capazes do

impossível.

Page 3: Memento Pedagógico

Emílio Eiji Kavamura 5

Para descobrir tempo

A maneira mais prática de descobrir ou fazer a parecer o tempo consistem e tomar uma

folha de papel, anotar os diversos dias da semana em linha horizontal e os diversos

afazeres em linha vertical; registrar depois, na coluna de cada dia da semana, as horas

plenas e os possíveis espaços ociosos, como segue:

Segunda-feira Afazeres

Início Término Tempo de duração

Levantar 7:00 7:00

Higiene 7:00 7:30 30 min.

Transporte 7:30 8:00 30 min.

Trabalho 8:00 12:00 4 h

Almoço 12:00 14:00 2 h

Etc.

É evidente que a meia hora de higiene pode ser reduzida e que se pode levantar dez

minutos mais cedo, abrindo um espaço utilíssimo logo de manhã. E não seria muito

aproveitar quinze minutos dos cento e vinte reservados para intervalo do almoço. E será

fácil o hábito de ler dez minutos antes de dormir.

Eis uma pergunta que surgirá fatalmente a esta altura: podem-se aproveitar dez minutos

apenas para cada seção de estudos?

Não será esta a duração ideal, é evidente. E quem não conhece outros detalhes sobre a

leitura, revisão, e fichamento, pouco ou nada produzirá em dez minutos. Mas, quem

souber ler, quem considerar e puser em prática nossas indicações sumariadas sobre

técnicas de leitura eficiente, de revisão, de fichamento, certamente lerá boas páginas em

dez minutos, descobrirá e assinalará a idéia principal ou central, as palavras-chave e os

pormenores importantes do contexto.

Entenda-se que não basta descobrir o tempo: é necessário desenvolver técnicas para

tornar qualquer tempo produtivo. Por ora, entretanto, nossa preocupação consistirá

Emílio Eiji Kavamura 6

numa revisão de nossa jornada, com o propósito de descobrir ou de fazer aparecer

qualquer porção de tempo que possa ser reservada aos nossos planos de estudo.

Quanto menos tempo tivermos, mais motivados deveremos estar para aproveitá-lo ao

máximo. Há alunos de períodos noturnos que trabalham oito ou mais horas por dia, e

que conseguem resultados, em seus estudos, bem maiores que alunos de outros

períodos que não trabalham ou que só trabalham em regime de meio expediente. Isso

não se explica pelo tempo disponível, mas pelo seu melhor aproveitamento.

Aliás, não raro o estudante se esquece de considerar, como tempo para estudo, as

horas que passa nas salas de aula, como se não devesse cuidar do aproveitamento

máximo de tempo tão precioso. Entretanto, por sua particular importância, trataremos

deste item mais adiante, com maior cuidado.

Programar a utilização do tempo

Depois de reconsiderar, de lápis na mão, sua jornada, com a atenção do empresário que

luta contra os ponteiros do relógio para poder produzir mais e a menor custo, devemos

programar a utilização dos espaços de dez minutos, de meia hora, de possíveis horas

inteiras que possam ser reservadas para o estudo, sem prejuízo das horas de lazer.

Aliás, aproveitar intensamente o tempo é uma espécie de condição para se dar sentido

às horas de lazer e para desfrutá-las intensamente. Parece que a satisfação e a força

restauradora das horas de lazer são proporcionais ao bom aproveitamento e à intensa

produtividade das horas de trabalho. Quem, nas horas de lazer, se preocupa com

tarefas não cumpridas nas horas de trabalho, não descansa nunca, nem nas horas de

trabalho, nem nas horas de lazer.

Não basta determinar, ao longo de nossa jornada, espaços para estudar. É preciso que

se determine o que estudar em cada horário de maneira programática, embora, se

alterem planos em determinadas circunstâncias ou se façam remanejamentos

periódicos, ou se deixem alguns horários opcionais.

Esta exigência não deve parecer excessiva ou utópica. A programação do que fazer em

cada horário evita vacilações, indecisões, adiamentos; evita, exatamente, a perda do

tempo reservado ao estudo, ou a sua má utilização. Se não houver uma prévia

Page 4: Memento Pedagógico

Emílio Eiji Kavamura 7

determinação programática, não aproveitaremos o tempo, simplesmente, ou

estudaremos só o que mais nos agrada, o que é um mal muito menor.

A perseverança no cumprimento do programa é o maior problema. Geralmente, nosso

tempo é pequeno, mas o pior é que o pequeno espaço de tempo se converte em nada

pela falta de perseverança.

O horário que o aluno descobriu ou fez aparecer para dedicar ao estudo deve ser

preenchido com três atividades que perfaçam o ciclo e criem o ritmo de trabalho

eficiente, a saber: preparação para a aula, revisão da aula e revisões gerais para provas

e exames. Trataremos. Separadamente, do “grande tempo das aulas“.

Horário de preparação para a aula

O aluno deve ter a mão o programa, bem como seu material de estudo, tais como: livros

texto, bloco para anotações, um bom dicionário, apostilas ou fontes indicadas para

leitura de aprofundamento.

O aluno deverá ler previamente a matéria que será desenvolvida na aula, por uma série

de razões; em primeiro lugar, essa leitura será feita em poucos minutos e aumentará o

rendimento das várias horas de aula que o professor utilizará para o seu

desenvolvimento em classe. Ora, se é possível conseguir, com trabalho prévio de meia

hora, aumentar o rendimentos de várias horas de trabalho posterior, essa leitura prévia

representa economia e eficiência no trabalho. Além disso, esta leitura prévia permitirá

que se assinale à margem do texto, com simples sinal de interrogação problemas que

exigirão entendimento durante a aula. Estas anotações permitirão uma espécie de

reciclagem da atenção, pois, enquanto estão em pauta passagens de fácil entendimento,

o aluno que preparou sua aula prestará uma atenção de intensidade normal; mas à

medida que o desenvolvimento da aula caminha para passagens anotadas com um

simples interrogação, ou reformuladas à margem sob forma de problema, redobrará sua

atenção. Se tudo ficou claro agora, muito bem; caso contrário, eis o momento de

formular sua dúvida inteligente.

Quem não preparou sua aula não pode distribuir convenientemente a intensidade de sua

atenção e pode não fazer perguntas, porque nem sabe que não entendeu. E os

Emílio Eiji Kavamura 8

problemas mais difíceis irão avolumando enormemente seu trabalho extra-sala de aula,

que se tornará anti-econômico, e reduzirá sensivelmente seu rendimento escolar e

conseqüentemente sua motivação para tal disciplina.

Outra razão para a leitura prévia do assunto a ser desenvolvido em sala de aula é a

qualidade dos apontamentos e das anotações. Os apontamentos dos alunos que vão

para a aula preparados são sóbrios, claros e localizam o essencial, enquanto que

apontamentos dos que estão tendo contato pela primeiríssima vez com o assunto da

aula são difusos, desordenados, obscuros, captam passagens secundárias e omitem o

principal. Tais apontamentos são um estorvo e não uma ajuda substancial ao trabalho

de revisão e preparação para as provas e exames.

Não deve restar dúvidas sobre a importância de se reservar no próprio horário de estudo

um espaço suficiente para a leitura prévia dos assuntos de aula. Essa leitura, que

poderá ser feita em poucos minutos, determinará melhor rendimento durante as aulas,

inteligente distribuição da atenção, ordem, clareza e perfeição nos apontamentos e

grande economia de tempo e trabalho nas revisões.

Entender isso parece fácil, não é tão difícil agir dessa forma. É preciso decidir-se a

começar, fixar o hábito e sentir de perto as vantagens de tal disciplina de trabalho. Quem

tem muito tempo pode proceder desta forma; quem nem pouco tempo tem, deve agir

deste modo, pois representa uma economia extraordinária de tempo, especialmente nas

revisões, e é fator de eficiência na vida escolar.

Horário das revisões de aulas

Não basta preparar-se para as aulas e conseguir entender tudo enquanto que o

professor desenvolve o assunto. É claro que isso é muito importante; mas não é tudo. É

necessário fazer revisões, e nestas revisões procurar questionar o assunto da aula e

responder claramente às questões ao menos mentalmente. Dizemos ao menos

mentalmente porque seria melhor reproduzir por escrito as questões e fundamentais. Às

vezes nos iludimos pensando que entendemos muito bem, mas, ao procurar formular

questões precisas sobre o assunto da aula e ao respondê-las por escrito, percebemos

que não conseguimos. E não vale a desculpa de que entendemos mas temos a

Page 5: Memento Pedagógico

Emílio Eiji Kavamura 9

dificuldade de expressar. Temos vocabulário e recursos suficientes para exprimir tudo

que entendemos, embora nos faltem recursos para traduzir tudo que sentimos. Ninguém

pode ter dificuldade de exprimir idéias claras e distintas; a presença da dificuldade, pois,

atesta que nossas idéias não estão tão claras e distintas. Quando o aluno se prepara

para a aula e, por isso mesmo, aproveita-a ao máximo, o trabalho de revisão torna-se

fácil e não toma muito tempo.

Devemos distinguir duas espécies de revisão, e planejar espaços para ambas em nosso

programa de horários reservados para estudo. À primeira denominamos de revisão

imediata: essa é a revisão que se faz da aula anterior, antes da aula subseqüente, ou

por ocasião da preparação dessa. Toma pouco tempo, porque o processo de

esquecimento não se desencadeou com sua ação demolidora. Para algumas matérias

seria interessante que a revisão consistisse na elaboração sumária do assunto com o

auxílio da bibliografia e dos apontamentos de classe. À segunda, revisões

globalizadoras ou integradoras. As aulas segmentam assuntos em unidades, em itens e

sub-itens, de acordo com os preceito da pedagogia e a seqüência lógica do problemas.

Não entendemos tudo de uma vez, nosso raciocínio é discursivo, isto é, passa de um

ponto para outro, discorre, caminha, flui. De outro lado, o todo complexo deve ser

desdobrado em partes, pela análise, para que possam ser definidos seus componentes.

Assim, são desmembrados, em aula, as partes dos vários assuntos. Restará para o

aluno o trabalho de síntese, reunificação e integração das partes no todo. Este

importantíssimo trabalho de revisão globalizadora é o mais eficiente recurso de

organização da aprendizagem, bem como a mais válida preparação de provas e

exames.

Horário das revisões para provas e exames

As provas, exames, sabatinas são exatamente, recursos pedagógicos utilizados não só

para efeito de avaliação dos alunos, mas para induzi-los a fazer revisões globalizadoras

periódicas. Pode, pois, o aluno programar suas revisões globais para a época das

provas e sabatinas.

Queremos observar que a esta altura dos ciclos de estudos bem ordenados não é hora

de entender, mas de de rever apenas. Há alunos que vão acumulando matéria pouco

Emílio Eiji Kavamura 10

elaborada e problemas não compreendidos nem durante a preparação da aula, nem

durante a aula, nem nas revisões imediatas, que, neste caso, não estariam totalmente

sendo feitas, e que deixam tudo para as vésperas das provas. Isto é um erro de

conseqüências nefastas para a eficiência dos cursos e até para a saúde física dos

desorganizados e imprudentes, que se vêem na contingência de serem reprovados ou

de intensificarem extraordinariamente seus esforços de última hora, que trazem muitos

prejuízos para a saúde e muito poucos benefícios para o estudo. A natureza não dá

saltos; as árvores crescem lentamente, e dão fruto no tempo devido; planta que cresce

muito depressa não tem cerne forte. O estudo deve ser também um processo de

desenvolvimento lento, constante e definido para que possa dar bons frutos em tempo

oportuno.

Quem se preparou para as aulas, quem trabalhou em classe como adiante veremos,

quem fez as revisões imediatas e as revisões periódicas e globalizadoras aproveitará

muito bem o tempo de preparação para os exames e as revisões de final de curso, que

são extraordinariamente vantajosas.

O grande tempo de todo estudante

O grande tempo de todo estudante são as aulas.

Pretendemos desenvolver um pouco mais este item por julgá-lo da mais alta

importância. E nosso objetivo, como sempre, será predominantemente prático ou

comportamental, pois visamos despertar consciências e motivar atitudes a partir de

esclarecimentos teóricos que serão apenas sumariados.

O aluno que, após um dia de trabalho, ao invés de ir pra casa, toma o rumo a faculdade,

às vezes, mesmo sem tempo para uma refeição, e, contrariamente a tudo que se

poderia supor, não aproveita as aulas, é um incoerente.

O aluno que paga uma faculdade para adquirir o direito de uma carteira dura, onde

possa perder tempo durante as aulas, está clamando aos quatro ventos que lhe falta

algo de muito importante na caixa craniana.

Nunca será demasiadamente encarecido aos estudantes, especialmente aos calouros

dos cursos universitários, a importância do tempo de aula, pois não basta oferecer a

Page 6: Memento Pedagógico

Emílio Eiji Kavamura 11

quem quer ser pianista um belo exemplar do instrumento e a mais completa coleção de

métodos. Em geral, é indispensável a freqüência às aulas, onde terá a orientação de um

professor.

Sabemos que a causa principal da aprendizagem é o aluno, é o próprio aprendiz. De

fato, a aprendizagem, concebida como resultado do processo da educação formal

institucionalizada na escola, tem por agente principal o próprio aluno. O mestre não

reparte sua ciência entre os alunos, nem fica mais pobre de conhecimentos depois de

cada aula, porque o aluno adquiri por si mesmo a ciência sob a ajuda externa do mestre.

Quem causa os frutos é principalmente a árvore, embora o faça soba a ação do

agricultor; quem sara é o principalmente o organismo do enfermo, embora sob a ação do

médico e dos medicamentos; quem aprende, predominantemente, é o aluno embora sob

a ação do mestre. Deve haver na planta, no enfermo, e no aluno um princípio intrínseco

ativo, operante, capaz de produzir efeitos da frutificação, da cura e da aprendizagem. A

ação do agricultor, do médico e do mestre tem caráter de causa eficiente auxiliar, e

coadjuvante apenas. Quem dá os frutos ou não é a planta; quem sara ou não é o

organismo do enfermo; quem aprende ou não é o próprio aluno. Ninguém ensinará a um

cabrito o Teorema de Pitágoras; por isso o magistério já era denominado pelos antigos

ars cooperativa nature, ou seja, o magistério apenas contribui com a natureza, mas é ela

que reage ativamente à arte do magistério. É esta reação, quando existe, a causa da

aprendizagem e é por isso que ninguém pode fazer um poste dar frutos, ou curar uma

múmia, ou ensinar teoremas a cabritos.

Lembramos esta indiscutível verdade não para diminuir a importância da ação do

mestre, mas para acentuar a responsabilidade do aluno.

Quem ensina exerce uma ação exterior e auxiliar apenas, é verdade, mas esta ação é

importantíssima no complexo processo de aprendizagem, como se pode depreender das

considerações que se seguem.

O mestre é necessário tanto para ensinar como para aprender. O mestre é necessário

para justificar por que aprender e por que estudar isso antes daquilo. O mestre é

necessário para organizar e ordenar o que aprender. O mestre é necessário para a

seleção de recursos, de instrumentos adequados ao trabalho do estudante, bem como

Emílio Eiji Kavamura 12

para iluminar com sua ciência objetos que a mente do aluno não veria fora desta luz. O

mestre é necessário como mediador entre o programa e o aluno.

A ação do mestre é uma arte ‘sui generis’, porque ele trabalha com um material que se

molda a si mesmo. Formar não significa, em educação, prensar numa matriz para dar a

um material a forma que se deseja. Quem trabalha material passivo são os escultores,

por exemplo, não os mestres.

A vantagem do mestre é que ele já conhece o caminho certo os desvios perigosos;

conhece o aluno como o médico conhece seu paciente e o agricultor sua lavoura.

Há quem se ilude imaginando que aproveitaria melhor o seu tempo ficando a estudar em

casa ao invés de ir às aulas. Isto pode ser até verdade em alguns casos, em alguns

dias, quando já se está orientado para determinados estudos. Mas tomando-se o curso

como um todo, pensar que se aproveita mais ficando em casa, sem orientação, sem

ajuda que as aluas lhe prestam no complexo fenômeno da aprendizagem metódica, é

uma grande ilusão. Fosse isso verdade, seria muito mais econômico aos cofres públicos

dar uma biblioteca básica para cada família do que manter a gigantesca rede oficial de

ensino.

Cremos ter acentuado a decisiva e principal importância do aluno no processo da

aprendizagem, bem como a importância decisiva, embora apenas auxiliar, do professor.

Examinaremos a seguir como o aluno deve proceder em aula, para que se beneficie ao

máximo do precioso tempo que passa na faculdade.

Como aproveitar o tempo das aulas

Na maioria dos casos, acreditamos que o tempo que o aluno passa nas salas de aula

constitua a maior parte do tempo que dedica aos estudos. E não se justificaria o esforço

de encontrar ou fazer aparecer pequenos espaços para os estudos dentro da jornada de

trabalho, se não se procurasse, principalmente, aproveitar o máximo o tempo, dilatado,

por mais de três horas, que o aluno passa diariamente na sala de aula. Aliás, ninguém

compreenderia o aluno empenhado nos estudos fora da aula, surdo aos convites da

televisão, dos jogos de computador e dos amigos, que, por outro lado, fosse

desinteressado pelo rendimento de seu tempo durante as aulas.

Page 7: Memento Pedagógico

Emílio Eiji Kavamura 13

O aluno que não aproveita o tempo das aulas com empenho já está julgado: não leva a sério sua vida de estudos.

Em primeiro lugar, para aproveitar o tempo das aulas, é preciso frequentá-las. E é muito

importante que se esteja em sala desde o início das aulas, primeiro porque aquele que

chega depois do início da aula tem dificuldade de apanhar o raciocínio e, em segundo

lugar, porque geralmente quem chega atrasado causa certa perturbação e prejudica o

andamento da aula. Quando não houver outra opção senão a de chegar atrasado, seja

discreto e sente-se logo, sem chamar muito a atenção. Há tipos que batem à porta,

pedem licença, cumprimentam o professor e colegas, justificam-se do atraso e

caminham lentamente até a última carteira, parando de quando em quando para

murmurar aos ouvidos deste ou daquele colega, sentando-se finalmente, após alinhar

melhor sua carteira com uma razoável notoriedade. E quando alguns estão prontos para

tudo que represente uma perda de tempo se voltam para vê-lo, o ridículo, o

desequilibrado e mentecapto está sorrindo de felicidade por ter sido objeto de alguma

consideração.

Não basta ir às aulas e chegar antes do seu início. É preciso levar consigo material

adequado para os trabalhos do dia. Quem só leva o jornal ou alguma revista ilustrada

carrega consigo estímulos à distração própria e à dos companheiros. É preciso levar os

livros recomendados pelo mestre, o texto que serviu para preparação da aula, bem

como o material para apontamentos.

É muito importante guarda silencio exterior para não distrair os outros e silencio interior

para se distrair. O silêncio interior consistem em deixar fora da sala todo problema que

nada tem a ver com a aula. É este silêncio interior que permite uma concentração mais

profunda e menos cansativa. O silêncio exterior cria o clima necessário para o bom

andamento da aula. O barulho e as conversas em paralelo distraem os demais e

refletem no próprio ânimo do professor. Não é fácil manter-se em ritmo de trabalho, de

dedicação e concentração diante de um público barulhento e conversador. Querem os

alunos que a aula seja boa? Comecem a oferecer ao professor condições mínimas de

trabalho.

Emílio Eiji Kavamura 14

Em aula, não adianta ficar sonhando com problemas domésticos, profissionais, ou

financeiros. Só vale a pena pensar naquilo que está sendo desenvolvido no momento.

Cada um deve criar seu silêncio interior e concentrar-se suave e ativamente no assunto

em exame.

O silêncio exterior e o interior não devem ser entendidos como uma imposição externa,

mas como autodisciplina de alunos conscientes de sua necessidade. Que se diria de um

grupo de jovens que ao irem a um cinema, pagassem os ingressos e ficassem a

conversar alheios ao desenrolar do filme? Não incomodaria aos demais presentes? Não

estariam se depreciando ante a crítica de todos?

Quando reina silêncio interior e exterior, quando a fantasia repousa e a boca se fecha, o

espírito se abre e a inteligência atua em melhores condições.

Neste clima e nesta atitude favorável ao trabalho o aluno acompanha a exposição do

mestre, participa ativamente dos debates, toma apontamentos e, principalmente, não

deixa sem esclarecimento nenhum ponto obscuro ou duvidoso. É muito importante não

levar dúvidas ou pontos obscuros para casa; debata-os até seu razoável e desejável

esclarecimento. Às vezes, determinado assunto constitui ponto de particular interesse

deste ou daquele aluno, mas não interessa aos demais. Em casos semelhantes, o

mestre poderia ser procurado em particular, dentro de sua disponibilidade de tempo, fora

do horário de aula.

Devemos ainda lembrar que todos, professores e alunos, devem empenhar-se no

sentido de manter um clima cordial de relacionamento. O trabalho em sala de aula é

cansativo tanto para os alunos compara os professores, mas o peso normal do trabalho

ficará agradável, e chegará, por vezes, a se tornar insuportável se não houver

cordialidade. Quando se instalam e se avolumam certas barreiras de desafeto mútuo, a

aula torna-se desgastante ao extremo. Trabalhar com aluno atento, empenhado,

participante e cordial causa uma satisfação íntima que, de certa forma, diminui ou

compensa o trabalho e os alunos irão se beneficiar, pois um professor animado com sua

sala produz muito mais; este aspecto também concorre para o crescimento da

cordialidade em sala. Neste sentido, podemos dizer que cada classe tem a aula que

merece.

Page 8: Memento Pedagógico

Emílio Eiji Kavamura 15

E se surgir um problema entre alunos e professor? Caso isso ocorra, o problema deve

ser enfrentado com elegância e correção. Nem se deve fugir dele, nem se deve

ultrapassar os limites da moderação. Em primeiro lugar, o representante da classe

poderá abordar o professor e dialogar com ele em particular, caso o problema seja de

toda a classe. A segunda instância poderá ser a exposição objetiva do problema ao

coordenador do curso, que deverá falar com o professor e, eventualmente, com a

classe. Em terceiro lugar, o assunto poderia chegar ao diretor pedagógico, ou ao diretor

administrativo, e assim por diante, até o Ministro da Educação. O que não se deve é

levar o problema diretamente ao diretor da faculdade ou ao Presidente da República.

Normalmente, o assunto ficará encerrado no primeiro contato com o mestre. Da mesma

forma o professor deverá, em primeiro lugar, entender-se com o representante de classe

ou com a classe toda, em diálogo franco ou comedido; sua segunda instância será o

coordenador do curso, e assim por diante. A experiência ensina que um diálogo franco,

honesto e comedido entre professor e alunos, ou seu representante, não só resolve os

problemas, mas estreita os laços de respeito e de cordialidade mútuos.

Como aproveitar o tempo em reuniões de grupo

Difunde-se cada vez mais a prática do estudo em grupos em meio universitário. Para

uma classe nova de alunos que não estejam familiarizados com esta forma de atividade,

tais reuniões podem representar apreciável perda de tempo, podem angustiar alunos e

gerar frustrações. Vamos, pois, neste pequeno texto dedicado aos que acabam de

ingressar em um curso do 3o grau, considerar este problema em seus aspectos mais

práticos e gerais. Saiba que o estudo em equipe é muito proveitoso sob todos os

aspectos, quando todos os componentes assumem sua parcela de responsabilidade e

se dispõem a trabalhar, contribuir e a participar ativamente. Todos devem trabalhar, não

só estes ou aqueles, por serem julgados mais inteligentes ou menos ocupados.

Logo no início do semestre, a classe deve distribuir-se em grupos de sete ou oito

participantes, aproximadamente, e é aconselhável que cada grupo escolha um

coordenador. Incumbiria ao coordenador de entrar em contato com os professores

quando for conveniente, tratar de interesses do grupo junto com o representante da sala,

Emílio Eiji Kavamura 16

presidir e coordenar reuniões, organizar e distribuir funções, anotar e cobrar a

colaboração de cada um do grupo.

A primeira exigência para que cada grupo funcione e atinja com suas reuniões os

objetivos previstos por esta estratégia de trabalho consiste exatamente na organização

prévia do grupo, que deve reunir alunos que tenha facilidade de se comunicar e de se

encontrar fora da escola também. Vamos enumerar outras exigências ou normas

necessárias para o bom andamento dos trabalhos dos grupos para que haja bom

aproveitamento do tempo consagrado a reuniões:

1. Ao receber um tema para o trabalho, o grupo deve reunir-se o mais rápido

possível para programar suas atividades e estabelecer a distribuição de tarefas

para a primeira sessão de trabalho. Se o tema já estiver definido e a bibliografia já

tiver sido apresentada pela disciplina, o primeiro trabalho consistirá na busca de

fontes ; cada participante se responsabilizará pela por providenciar determinado

texto, como também deverá lê-lo e esclarecer suas dificuldades antes da reunião

da equipe. O coordenador anotará estes compromissos e os solicitará

ordenadamente na reunião seguinte. Esta primeira reunião não deverá encerrar-

se sem que estejam esclarecidos o local, a data e o horário do próximo encontro.

2. todos deverão providenciar textos pelos quais se responsabilizaram, e deverão

estudá-los conforme será explicado em nosso texto. Sempre que se tratar de

pesquisa bibliográfica, como geralmente acontece, o primeiro passo é

providenciar a bibliografia, os livros e os textos. Isto é evidente. Entretanto, há

grupos que se reúnem sem material conveniente ou, quando há material, fazem a

primeira leitura durante a reunião da equipe. A leitura prévia é necessária para o

bom andamento do trabalho.

3. há uma ordem para que os participantes apresentem os textos pelos quais se

responsabilizaram e comuniquem brevemente o seu conteúdo. Em primeiro lugar,

o coordenador passará a palavra àquele que se encarregou de pesquisar

generalidades em dicionários, enciclopédias, manuais didáticos. Em seguida,

solicitará a contribuição daqueles que se responsabilizaram pela análise prévia de

segmentos do texto básico.

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Emílio Eiji Kavamura 17

4. não se deve alongar nos debates antes que se chegue ao final de uma primeira

apresentação de generalidades da leitura de textos básicos. Só depois deste

passo é que se deve voltar ao início para um contato mais intimo com o texto para

levantar seu esquema, para discutir suas idéias principais, para avaliar a

coerência interna das idéias, para ponderar o vigor dos argumentos, a perfeição

da análise, e assim por diante.

5. de acordo com o nível do grupo ou de sua familiaridade com o assunto em pauta,

espera-se que os debates, ao final, ultrapassem o texto, ou seja, caminhem além

do texto numa reinterpretação crítica de sua tese e de seus argumentos.

6. nenhuma reunião de equipe funcionará se seus componentes não providenciarem

o material necessário, ou não comparecerem preparados para contribuírem e

participarem ativamente. Como debater em um grupo de estudos se não se

estudou previamente a parte pela qual cada um se responsabilizou? Por outro

lado, se o grupo se organizou convenientemente, se escolheu seu coordenador,

se programou seu trabalho e distribuiu previamente atribuições limitadas,

específicas a cada participante, a experiência tem demonstrado que as reuniões

de grupo de estudos são de extraordinária eficiência quer para desenvolver itens

do programa em seminários quer para elaboração de monografias de caráter

didático-pedagógicas, quer para revisões gerais para exames e avaliações. Tudo

quanto apresentamos neste texto condensadamente tem caráter prático e

genérico. A classe deverá estar atenta especificações particulares que cada

disciplina solicita e exige dos estudos em grupo.