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Assinatura de Melville Jean Herskovits 1

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Page 1: Melville j. Herkovits

Assinatura de Melville Jean Herskovits

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50 anos da morte de Melville J. Herskovits, Amor pela África

Herskovits (1895 – 1963), filho de imigrantes judeus eslovenos, sediados em Ohio, EUA. Profissão: Antropólogo. Campo de pesquisa: antropologia econômica e as heranças culturais africanas nas Américas. Numa lista com os 10 maiores africanistas mundiais ninguém poderá exclui-lo, dado sua busca incansável na compreensão da antropologia africana e sua profunda influência nos estudos africanistas e para a antropologia em geral. Seu domínio em diversas áreas do saber era imenso, tanto quanto seu interesse e curiosidade em tudo. Aos 20 anos foi estudar teologia na Hebrew Union College e ingressou no mesmo ano Universidade de Cincinnaci e foi integrar o corpo médico do exército logo em seguida ao início da I Guerra Mundial. Retornando da guerra foi estudar história na Universidade de Chicago, onde obteve o bacharelado em filosofia em 1923. Em seu doutorado defendido na área da antropologia na Universidade de Columbia em Nova Iorque, sob a orientação de Franz Boas, estudou as teorias sobre as questões do poder e da autoridade em regiões do leste africano. Passou ainda a se interessar por biologia quando fez parte do Concelho Nacional de Pesquisas em Ciências Biológicas, o que lhe deu um ótimo suporte para seus posteriores estudos em antropologia física, estudando a variabilidade mestiça dos negros norte-americanos. Essa pesquisa foi determinante para seus trabalhos subsequentes que buscaram fazer um estudo sistemático comparativo das culturas negras nas Américas em relação à suas matrizes africanas.

Em 1927 Herskovits integrou o corpo de docentes da Universidade de Northwestern, em Illinois, onde fundou anos depois o departamento de antropologia. Além de seus estudos da influência africana nos EUA Herskovits empreendeu estudos sobre Haiti, onde esteve por três meses a observar sistematicamente elementos da religião haitiana do Vodu. Publicou no livro Life in a Haitian Valley de 1937 essas pesquisas que são até hoje consideradas modelos nos estudos haitianos. Estudou ainda a cultura do Suriname, da Guiana Holandesa, de Trinidade e esteve também na Bahia, onde empreendeu estudos sobre o candomblé, fazendo gravações valiosíssimas do culto aos orixás na década de 40 – o Museu Afro Brasil possui em seu acervo cerca de 30 dessas fitas de rolo originais; já a Biblioteca do Congresso norte-americano possui 112 (http://lccn.loc.gov/2009655449).

Com o advento da II Guerra Mundial e a tomada Italiana de posições britânicas na África, ficou evidente que a negligência intelectual em relação ao continente demonstrava uma fraqueza estratégica dos países aliados. Durante o conflito, Melville Herskovits serviu como consultor-chefe para assuntos africanos no Conselho Econômico de Guerra, auxiliando as forças democráticas na luta contra o nazi-fascismo. Ao fim da guerra sua posição foi rígida, já era tempo dos países colonialistas retirarem

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suas posições e exércitos na África; Herskovits apoiou francamente as lutas africanas pela independência. No campo teórico, seguindo os passos de seu orientador Frans Boas, ele foi crítico ao euro-centrismo, defendeu que o modo de ser dos negros americanos tinham paralelos definíveis com a cultura africana e desenvolveu noções de “relativismo cultural”, ao demonstrar que as culturas abordadas pelos antropólogos estrangeiros deveriam ser entendidas nos seus próprios termos.

Seu pioneirismo continuou no período do pós-guerra. Em 1948 ele fundou o que seria o maior programa interdisciplinar de estudos africanos dos EUA (African Studies – Northwest University). Ressalto também que, para a implantação deste programa por três anos, Herskovits obteve um apoio de trinta mil dólares da Fundação Carnegie (o que seriam mais de seis milhões de reais, segundo a taxa de conversão atual) e a Fundação Ford, em 1951 financiou o equivalente a mais de vinte milhões de reais atualizados, para o período de mais 5 anos do programa executado sob sua direção. Sabe-se, assim, que o grau de importância de uma instituição ou programa de pesquisa pode ser medido pela atenção dada e o volume de financiamento dispendido pelas organizações públicas e privadas. Herskovits soube, portanto, como sensibilizar essas instituições no pós-guerra chamando atenção para a importância estratégica da África no campo cultural, político e militar; ao mesmo tempo em que criticou a ideia em voga na época de ver a África apenas como uma estratégia para políticas favoráveis aos EUA na guerra fria. Herskovits não gastou o dinheiro do financiamento em viagens, em negócios de benefícios pessoais ou em seminários vazios. Em 1954, demonstrou a agudeza de sua convicção quando fundou a Biblioteca de Estudos Africanos, a mais vasta coleção de livros, periódicos, manuscritos e outros documentos raros sobre o continente africano da época, somando quase trezentos mil volumes encadernados, sendo cinco mil só em obras raras e quinze mil livros escritos em trezentas línguas africanas diferentes (hoje em dia, essa coleção cresceu cerca de 33%).

Em 1957 Herskovits ajudou a fundar a Associação de Estudos Africanos que congrega africanistas norte-americanos e canadenses numa reunião anual. Em 1965 esta Associação criou o prêmio que homenageia anualmente os trabalhos ou as traduções de africanistas de língua inglesa. Dentre os homenageados do conhecido posteriormente como “Prêmio Herskovits” estão: Jan Vansina (1967 e 1986); a canadense Gwendolen Margaret Carter, Leopold Sedar Senghor (1994), dentre outros. De acordo com a produtora e distribuidora de vídeos sociais California Newsreel, Herskovits não devia saber do grau de sua própria influência, pois, ao encontrar-se com o poeta Martinicano Aimé Césaire (1913- 2008) Herskovits perguntou-lhe o significado do termo “negritude”, ao que Césaire lhe respondeu: “Você mesmo é um dos pais da negritude Leia seu livro ‘The Myth of the Negro Past’ (‘O mito do Passado Negro’)”. Herskovits morreu dia 25 de fevereiro de 1963 aos 68 anos de idade.

Renato Araújo/ Abril 2013([email protected])

Saiba Mais

http://www.nasonline.org/publications/biographical-memoirs/memoir-pdfs/herskovits-melville.pdf http://www.newsreel.org/nav/title.asp?tc=CN0224

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http://www.library.northwestern.edu/libraries-collections/evanston-campus/africana-collection http://www.pbs.org/independentlens/herskovits/ http://en.wikipedia.org/wiki/Melville_J._Herskovits http://en.wikipedia.org/wiki/African_Studies_Association http://en.wikipedia.org/wiki/Herskovits_Prize http://ufdc.ufl.edu/UF00095610/00001/2j

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